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Obra de

Vinicius de Moraes
e
parceiros
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Vinicius de Moraes: biografia, obras, frases -


Português
Vinicius de Moraes foi um poeta, www.portugues.com.br/literatura/vinicius-de-
compositor, diplomata e escritor brasileiro,
considerado um dos grandes nomes da música moraes.html
popular brasileira e da literatura nacional. Nasceu
em 1913, no Rio de Janeiro, e faleceu em 1980. Vinicius de Moraes: biografia, obras e poemas
Vinicius de Moraes é conhecido por ter
escrito diversas canções famosas em parceria www.todamateria.com.br/vinicius-de-moraes
com outros artistas, como "Garota de Ipanema"
com Tom Jobim, além de ter sido um importante
diplomata e embaixador do Brasil em diversos
países. Sua obra literária também é bastante
significativa, com destaque para seus livros de
poesia e crônicas. Ele é considerado um ícone da
cultura brasileira e um dos fundadores da bossa
nova.

2 23
Onde anda você
Sumário
E por falar em saudade
Onde anda você Eu sei que vou te amar 05
Onde andam os seus olhos
Que a gente não vê A Rosa de Hiroshima 06
Onde anda esse corpo Soneto do amigo 07
Que me deixou morto O relógio 08
De tanto prazer
A foca 09
E por falar em beleza A casa 10
Onde anda a canção O pato 11
Que se ouvia na noite O Gato 12
Dos bares de então
Onde a gente ficava O Pinguim 13
Onde a gente se amava O Girassol 14
Em total solidão A Porta 15
Hoje eu saio na noite vazia Berimbau 16
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares
O Ar (O Vento) 17
Que apesar dos pesares O Elefantinho 18
Me trazem você Carne 19
As Borboletas 20
E por falar em paixão
Em razão de viver Soneto de Fidelidade 21
Você bem que podia me aparecer Onde anda você 22
Nesses mesmos lugares
Na noite, nos bares
Onde anda você

22 3
Soneto de Fidelidade

Obra de De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Vinicius de Moraes Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto

e E rir meu riso e derramar meu pranto


Ao seu pesar ou seu contentamento

parceiros E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive)


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

4 21
Eu sei que vou te amar

Onde vai a estrelinha?

As Borboletas
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Brancas, azuis, amarelas e pretas Em cada despedida eu vou te amar
Brincam na luz as belas borboletas Desesperadamente
Borboletas brancas Eu sei que vou te amar
São alegres e francas.
Borboletas azuis E cada verso meu será pra te dizer
Gostam muito de luz. Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
As amarelinhas
São tão bonitinhas! Eu sei que vou chorar
E as pretas, então . . . A cada ausência tua eu vou chorar,
Oh, que escuridão! Mas cada volta tua há de apagar
O que essa ausência tua me causou

Eu sei que vou sofrer


A eterna desventura de viver a espera
De viver ao lado teu
Por toda a minha vida.
20
5
A Rosa de Hiroshima
Carne

Pensem nas crianças


Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Que importa se a distância estende entre
Como rosas cálidas nós léguas e léguas
Mas oh não se esqueçam Que importa se existe entre nós muitas
Da rosa da rosa montanhas?
Da rosa de Hiroshima O mesmo céu nos cobre
A rosa hereditária E a mesma terra liga nossos pés.
A rosa radioativa No céu e na terra é tua carne que palpita
Estúpida e inválida. Em tudo eu sinto o teu olhar se
desdobrando
A rosa com cirrose
Na carícia violenta do teu beijo.
A antirrosa atômica Que importa a distância e que importa a
Sem cor sem perfume montanha
Sem rosa sem nada. Se tu és a extensão da carne
Sempre presente?

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O Elefantinho Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado


Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
Onde vais, elefantinho É bom sentá-lo novamente ao lado
Correndo pelo caminho Com olhos que contêm o olhar antigo
Assim tão desconsolado? Sempre comigo um pouco atribulado
Andas perdido, bichinho
Espetaste o pé no espinho E como sempre singular comigo.
Que sentes, pobre coitado? Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
— Estou com um medo danado O amigo: um ser que a vida não explica
Encontrei um passarinho Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica…

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O relógio
O Ar (O Vento)
Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora Estou vivo mas não tenho corpo
Passa, tempo Por isso é que não tenho forma
Bem depressa Peso eu também não tenho
Não atrasa Não tenho cor
Não demora
Que já estou Quando sou fraco
Muito cansado Me chamo brisa
Já perdi
Toda a alegria E se assobio
De fazer Isso é comum
Meu tic-tac
Dia e noite Quando sou forte
Noite e dia Me chamo vento
Tic-tac
Tic-tac Quando sou cheiro
Dia e noite Me chamo pum!
Noite e dia
Toquinho / Vinícius de Moraes
8 17
Berimbau A foca

Quem é homem de bem não trai Quer ver a foca


O amor que lhe quer seu bem Ficar feliz?
Quem diz muito que vai, não vai É pôr uma bola
Assim como não vai, não vem No seu nariz

Quem de dentro de si não sai Quer ver a foca


Vai morrer sem amar ninguém Bater palminha?
O dinheiro de quem não dá É dar a ela
É o trabalho de quem não tem Uma sardinha Lá vai a foca
Capoeira que é bom não cai Toda arrumada
Quer ver a foca Dançar no circo
E se um dia ele cai, cai bem! Comprar uma briga? Pra garotada
É espetar ela
Capoeira me mandou Bem na barriga
Dizer que já chegou Lá vai a foca
Chegou para lutar Subindo a escada
Berimbau me confirmou Depois descendo
Vai ter briga de amor Desengonçada
Tristeza camará
Quanto trabalha
Eh camará! Eh camará! A coitadinha
Eh camará! Eh camará! Pra garantir
Eh camará! Sua sardinha
Baden Powell / Vinícius de Moraes Toquinho / Vinícius de Moraes
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A Porta
A casa
Vinicius de Moraes
Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Era uma casa Mas não há coisa no mundo
Muito engraçada Mais viva do que uma porta
Não tinha teto
Eu abro devagarinho
Não tinha nada Pra passar o menininho
Ninguém podia entrar nela, não Eu abro bem com cuidado
Porque na casa não tinha chão Pra passar o namorado
Ninguém podia dormir na rede Eu abro bem prazenteira
Porque na casa não tinha parede Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Ninguém podia fazer pipi Pra passar o capitão
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa)
Na rua dos Bobos Que se uma pessoa é burra
Número zero É burra como uma porta

Eu sou muito inteligente!


Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!
Toquinho / Vinícius de Moraes Toquinho / Vinícius de Moraes
10 15
O pato
Vinicius de Moraes
Sempre que o sol Lá vem o Pato
Pinta de anil
Pata aqui, pata acolá
Todo o céu
Lá vem o Pato
O girassol
Fica um gentil
Para ver o que é que há
Carrossel O Girassol Lá vem o Pato
Pata aqui, pata acolá
Roda, roda, roda Lá vem o Pato
Carrossel Para ver o que é que há
Roda, roda, roda O Pato pateta
Rodador Pintou o caneco
Vai rodando, dando mel Surrou a galinha
Vai rodando, dando flor Bateu no marreco
Sempre que o sol Pulou do poleiro
Pinta de anil No pé do cavalo
Todo o céu
Levou um coice
O girassol
Criou um galo
Fica um gentil
Carrossel
Comeu um pedaço
De jenipapo
Roda, roda, roda Ficou engasgado
Carrossel Com dor no papo
Gira, gira, gira Caiu no poço
Girassol Quebrou a tigela
Redondinho como o céu Tantas fez o moço
Marelinho como o sol Que foi pra panela
Toquinho / Vinícius de Moraes Toquinho / Vinícius de Moraes
14 11
O Pinguim
O Gato
Bom dia, pinguim
Com um lindo salto Lesto e seguro Onde vai assim
O gato passa Do chão ao muro Com ar apressado?
Logo mudando De opinião Eu não sou malvado
Passa de novo Do muro ao chão Não fique assustado
E pega corre Bem de mansinho Com medo de mim
Eu só gostaria
Atrás de um pobre De um
De dar um tapinha
passarinho No seu chapéu jaca
Súbito pára Como assombrado Ou bem de levinho
Depois dispara Puxar o rabinho
Pula de lado Da sua casaca
E quando tudo Quando você caminha
Se lhe fatiga Parece o Chacrinha
Toma o seu banho Lelé da caixola
E um velho senhor
Passando a língua Que foi meu professor
Pela barriga. No meu tempo de escola
Pinguim, meu amigo
Não zangue comigo
Nem perca a estribeira
Não pergunte por quê
Mas todos põem você
Em cima da geladeira
Paulo Soledade / Toquinho / Vinícius de Moraes
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