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Anti-

Hipertensivos
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................3

2. IECA e BRA.........................................................................................................4
Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA)......................................... 4
Bloqueadores do receptor de angiotensina ii (bra)..................................................... 6

3. Alfa e beta- bloqueadores....................................................................................9


Alfa-bloqueadores......................................................................................................... 9
Beta- bloqueadores..................................................................................................... 11

4. Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC)..........................................................13


Classes de bccs........................................................................................................... 13
Ações........................................................................................................................... 15
Usos terapêuticos....................................................................................................... 15
Farmacocinética.......................................................................................................... 15
Efeitos adversos.......................................................................................................... 15

5. Outros anti-hipertensivos..................................................................................16
Vasodilatadores diretos.............................................................................................. 16
Simpaticoplégicos de ação central............................................................................ 18
Bloqueadores adrenérgicos........................................................................................ 19

Referências ...................................................................................................................... 22
1. INTRODUÇÃO
Fisiologicamente, tanto em indivíduos normais quanto nos hipertensos, a pressão
arterial (PA) é mantida pela regulação contínua do débito cardíaco e da resistência
vascular periférica (PA= DC x RVP) em três sítios anatômicos: as arteríolas, as vênu-
las pós-capilares e o coração. Um quarto sítio, o rim, também contribui para a manu-
tenção da PA ou regulação do volume do líquido intravascular. Nesses quatro locais,
os barorreflexos mediados por nervos autônomos atuam em combinação com me-
canismos humorais, como o sistema renina-angiotensina-aldosterona, coordenando
e mantendo a PA normal. O grande problema, nos hipertensos, é que os barorrecep-
tores e os sistemas de controle renais de volume sanguíneo/PA estão ajustados em
um nível mais elevado para a manutenção da PA.

Figura 1: Regulação da PA.


Fonte: Autoria própria.

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Níveis pressóricos cronicamente aumentados estão diretamente relacionados ao
aumento do risco de eventos cardiovasculares, como acidente vascular encefálico
(AVE) e doenças cardíacas, principais causas de morte no mundo. A hipertensão
ainda é fator de risco importante no desenvolvimento de doença renal crônica (DRC)
e insuficiência cardíaca. Por isso, o tratamento com anti-hipertensivos de diferentes
classes se torna essencial na estratégia de reduzir a morbidade cardiovascular e
renal, além da mortalidade em indivíduos hipertensos. Para a maioria dos pacientes,
o objetivo da terapêutica é alcançar uma pressão arterial sistólica menor que 140
mmHg e uma pressão diastólica menor que 90 mmHg.

2. IECA E BRA

INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE


ANGIOTENSINA (IECA)
A capacidade de reduzir os níveis de Angiotensina II com inibidores da Enzima
Conversora de Angiotensina (ECA) eficazes por via oral representa um importante
avanço no tratamento da hipertensão. O captopril foi o primeiro fármaco desse tipo a
ser desenvolvido. Desde então, enalapril, lisinopril, quinapril, ramipril, bezenapril, mo-
expril, fosinopril, trandolapril e perinopril foram disponibilizados.

Ações
Os IECAs diminuem a pressão arterial reduzindo a resistência vascular periférica
sem aumentar reflexamente o débito cardíaco, a frequência cardíaca ou a contratili-
dade cardíaca. Esses fármacos bloqueiam a ECA que hidrolisa a angiotensina I para
formar o potente vasoconstritor angiotensina II. A ECA também degrada a bradicini-
na, um peptídeo que aumenta a produção de óxido nítrico e prostaciclinas nos vasos
sanguíneos. Esses últimos são vasodilatadores. Os IECAs diminuem os níveis de an-
giotensina II e aumentam os níveis de bradicinina. Portanto, ocorre a vasodilatação
de arteríolas e veias. Reduzindo os níveis de angiotensina II circulante, os IECAs tam-
bém diminuem a secreção de aldosterona, resultando em menor retenção de sódio
e água. Os efeitos desses fármacos ainda atuam diminuindo pré-carga e pós-carga
cardíaca, reduzindo, dessa forma, o trabalho cardíaco.

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Figura 2: Atuação dos IECAs.
Fonte: Autoria própria.

Usos terapêuticos
• Os IECAs são fortemente indicados para o uso em pacientes com nefropatia
diabética, pois retardam a progressão dessa entidade nosológica e diminuem
a albuminúria. Os efeitos benéficos na função renal resultam da diminuição da
pressão intraglomerular devido à vasodilatação da arteríola eferente.
• Os IECAs são usados no cuidado de paciente após infarto do miocárdio e são
fármacos de primeira escolha no tratamento de pacientes com disfunções
sistólicas.
• Após infarto do miocárdio, os IECAs atuam na regressão da hipertrofia ventricu-
lar esquerda e na prevenção do remodelamento ventricular.
• Os IECAs são os fármacos de primeira escolha para tratar insuficiência cardí-
aca, os pacientes hipertensos com DRC e os pacientes com risco elevado de
doença arterial coronariana.
• Todos os IECAs são igualmente eficazes no tratamento da hipertensão em do-
ses equivalentes.

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Farmacocinética
Os IECAs são biodisponíveis como fármaco ou pró-fármaco por via oral. Todos
são convertidos no metabólito ativo no fígado, exceto o captopril e o lisinopril, que,
dessa forma, podem ser preferidos para o tratamento de hipertensão em pacientes
com grave insuficiência hepática. Os IECAs são eliminados primariamente pelos rins
e necessitam, por essa razão, terem suas doses ajustadas em pacientes com insufi-
ciência renal. As únicas exceções a essa regra são o fosinopril e o moexpril. O ena-
lapril é o único IECA disponível para o uso intravenoso.

Efeitos Adversos
Os efeitos adversos mais comuns são tosse seca, erupções cutâneas, febre,
alteração do paladar, hipotensão e hipercalemia. A tosse seca ocorre em aproxi-
madamente em 10% dos pacientes, sendo decorrente provavelmente do aumento
dos níveis de bradicinina e substância P na árvore traqueobrônquica. O aumento
dos níveis de bradicinina também pode ocasionar angioedema, um evento raro. Os
IECAs ainda podem induzir malformações fetais e, por isso, são contraindicados na
gravidez.

Saiba mais! Um fenômeno passageiro observado inicialmente


com o uso de IECAs em pacientes com insuficiência renal é a elevação de ureia
e creatinina sérica, habitualmente de pequena monta e reversível.
O uso de IECAs pode provocar hiperpotassemia em pacientes com insuficiência
renal, particularmente diabéticos.
O uso de IECAs pode promover redução da taxa de filtração glomerular e au-
mento em graus variáveis de ureia, creatinina e potássio em pacientes com
estenose bilateral das artéria renais ou com estenose de artéria renal em rim
único funcionante.

Bloqueadores do receptor de angiotensina II


(BRA)
São representantes dessa classe a losartana, candesartan, eprosartan, ibersatan,
telmisartan e valsartana. Ao antagonizar os efeitos da angiontensina II, esses agen-
tes não peptídicos relaxam o músculo liso, provocam vasodilatação, aumentam da
excreção renal de sal, reduzem o volume plasmático e diminuem a hipertrofia celular.
Existem dois subtipos distintos de receptores de angiotensina II: AT1 e AT2.
O subtipo AT1 localiza-se predominantemente no tecido vascular e miocárdico,
bem como no cérebro, no rim e nas células da zona glomerulosa das glândulas

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suprarrenais, que secretam aldosterona. O subtipo AT2 é encontrado na medula su-
prarrenal, no rim e no SNC e pode desempenhar um papel no desenvolvimento vas-
cular. Geralmente, desencadeiam respostas anticrescimento e antiproliferativas.

Ações
Os BRAs bloqueiam os receptores AT1, diminuindo a sua ativação pela angioten-
sina. Seus efeitos farmacológicos são simulares aos do IECAs por produzirem dila-
tação arteriolar e venosa e bloqueio da secreção de aldosterona, reduzindo, assim, a
pressão arterial e diminuindo a retenção de sal e água. Os BRAs se ligam ao receptor
AT1 com alta afinidade, tendo uma seletividade 10.000 vezes maior para o recep-
tor AT1 do que para o AT2. A ordem de afinidade do receptor de AT1 pelos BRA é a
seguinte:

Olmesartan > Irbersartan = Eprosartan > Telmisartan = Valsartana = EXP 3174 >
Losartana

EXP 3174: é o metabólito ativo da losartana


A inibição das respostas biológicas à angiotensina II é máxima e não pode ser
restaurada na presença de BRA, independentemente da concentração de angioten-
sina II. Esses fármacos inibem de maneira potente e de modo seletivo a maioria dos
efeitos biológicos da angiotensina II, incluindo a contração do músculo liso vascular,
as respostas pressóricas rápidas, as respostas pressóricas lentas, a sede, a libera-
ção de vasopressina, a secreção de aldosterona, a liberação de catecolaminas pelas
suprarrenais, o aumento da neurotransmissão noradrenérgica, o aumento do tônus
simpático, as alterações da função renal e a hiperplasia e hipertrofia celulares.

Se liga! os BRA não aumentam os níveis de bradicinina e NÃO de-


vem ser associados com IECA para o tratamento da hipertensão devido à simi-
laridade de mecanismo e de efeitos adversos.

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Saiba mais! Os BRA têm o potencial de exercer uma inibição mais
completa em comparação com os IECA, visto que existem outras enzimas,
além da ECA, capazes de gerar angiotensina II.

Farmacocinética
• CANDESARTANO: o candesartano cilexetila é um pró-fármaco inativo, totalmen-
te hidrolisado à forma ativa, o candesartan, durante a sua absorção pelo trato
gastrintestinal. São obtidos níveis plasmáticos máximos em 3-4 horas após a
administração oral, com meia-vida plasmática de cerca de 9 horas. A depuração
plasmática do candesartan ocorre por eliminação renal (33%) e excreção biliar
(67%). Essa depuração é afetada pela insuficiência renal, mas não pela insuficiên-
cia hepática leva a moderada.
• EPROSARTAN: são obtidos níveis plasmáticos máximos em 1-2 horas após
administração oral. A meia-vida plasmática varia de 5-9 horas. O eprosartan é
metabolizado, em parte, ao conjugado glicuronídeo. A depuração é feita através
de eliminação renal e excreção biliar. A depuração plasmática do eprosartan é
afetada pelas insuficiências renal e hepática.
• IRBESARTAN: são obtidos níveis plasmáticos em cerca de 2 horas após a ad-
ministração oral. A meia-vida é de 11-15 horas. O irbesartan é metabolizado, em
parte, ao conjugado glicuronídeo, sendo o composto original e seu conjugado
glicuronídeo depurados por eliminação renal (20%) e excreção biliar (80%).
Sua depuração não é afetada pelas insuficiências renal ou hepática leve a
moderada.
• LOSARTANA: cerca de 14% de uma dose oral são convertidos no metabólito
ácido 5-carboxílico (EXP 3174), que é mais potente do que a losartana como
antagonista dos receptores AT1. Os níveis plasmáticos máximos são alcança-
dos dentro de 1-3 horas após a administração oral. As meias-vidas plasmáticas
são de 2,5 h para o losartano e de 6-9 h para o EXP 3174. A depuração plasmá-
tica do losartano e do EXP 3174 é afetada pela presença de insuficiência hepá-
tica, mas não pela renal.
• TELMISARTAN: são obtidos níveis plasmáticos máximos em 0,5-1 hora após a
administração oral. A meia-vida é de cerca de 24 horas. Sua depuração ocorre,
principalmente, por secreção biliar do fármaco intacto. A depuração plasmática
do telmisartan é afetada pela insuficiência hepática, mas não pela insuficiência
renal.

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• VALSARTANA: os níveis plasmáticos máximos ocorrem em 2-4 horas após admi-
nistração oral. A meia vida é de cerca de 9 horas. A presença de alimento diminui
acentuadamente a absorção. A valsartana é depurada da circulação pelo fígado
(70% da depuração total). Sua depuração é afetada pela insuficiência hepática,
mas não pela renal.

Efeitos Adversos
Em geral, os BRAs são bem tolerados. Quando ocorrem, os efeitos colaterais as-
semelham-se àqueles descritos sobre os IECA. A incidência de angioedema e tosse
é muito menor do que aquela observada com IECAs. Assim como esses, os BRAs
também têm potencial teratogênico e devem ser interrompidos durante a gravidez.
Em pacientes cuja pressão sanguínea ou função renal dependem muito do Sistema
Renina-Angiotensina (SRA) (estenose da artéria renal, por exemplo) os BRAs podem
provocar hipotensão, oligúria, azotemia progressiva ou insuficiência renal aguda.
Paciente com doença renal ou em uso de suplementos de potássio ou ainda diuré-
ticos poupadores de potássio estão sujeitos a hipercalemia quando BRAs se fazem
presentes.

3. ALFA E BETA- BLOQUEADORES

ALFA-BLOQUEADORES
Os antagonistas dos receptores α exibem um amplo espectro de especificidades
farmacológicas e são quimicamente heterogêneos. Alguns desses agentes possuem
afinidades acentuadamente diferentes pelos receptores α1 e α2. A prazosina, por
exemplo, é muito mais potente no bloqueio dos receptores α1 do que no dos recepto-
res α2. A ioimbina, por sua vez, é α2-seletiva.

Ações
No sistema cardiovascular, a prazosina, a doxazosina e a terazosina produzem
bloqueio de adrenoceptores α1. Eles diminuem a resistência vascular periférica e re-
duzem a pressão arterial, relaxando os músculos lisos de artérias e veias. Esses fár-
macos ocasionam mínimas alterações no débito cardíaco, no fluxo sanguíneo renal e
na velocidade de filtração glomerular. Por isso, não ocorre taquicardia no tratamento
prolongado, mas sim retenção de sal e água.

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Saiba mais! Os α1-bloqueadores não afetam adversamente os
perfis dos lipídeos plasmáticos e até mesmo podem ter efeitos benéficos sobre
eles. No entanto, essa propriedade não demonstrou qualquer benefício nos re-
sultados clínicos.

Usos terapêuticos
Devido aos resultados fracos e ao perfil de efeitos adversos os α-bloqueadores
não são recomendados no tratamento inicial da hipertensão.
Preferencialmente, os α-bloqueadores são mais utilizados em associação com
outros agentes, como ẞ-bloqueador ou diurético.
Em virtude de seus efeitos benéficos em homens com hiperplasia prostática e sin-
tomas de obstrução vesical, esses fármacos são usados primariamente em homens
com hipertensão e hiperplasia prostática benigna.

Farmacocinética
A prazosina é bem absorvida após administração oral, sendo suas concentrações
plasmáticas máximas alcançadas em 1-3 horas após a dose oral. Esse fármaco liga-
-se fortemente as proteínas plasmáticas (primariamente à glicoproteína α1 ácida) e
apenas 5% encontram-se livres na circulação. As doenças que modificam a concen-
tração dessa proteína (processos inflamatórios, por exemplo) podem alterar a fração
livre desse fármaco. A prazosina é biotransformada no fígado e apenas uma peque-
na quantidade inalterada é excretada pelo rim. Sua meia-vida é cerca de 3 horas e
pode se prolongar para 6-8 horas na vigência de insuficiência cardíaca congestiva.
A doxazosina é um análogo estrutural da prazosina altamente seletivo dos recep-
tores α1. Sua meia vida é de cerca de 20 horas e sua ação pode se estender por 36h.
É extensamente biotransformada no fígado e seus metabólitos são eliminados, em
sua maior parte, nas fezes.
A terazosina também é um análogo estrutural próximo a prazosina. É menos po-
tente do que a prazosina, porém mantém uma especificidade pelos receptores α1.
Sua meia-vida é de cerca de 12 horas e sua ação se estende por mais de 18 horas.
A teratozina também é bastante metabolizada, porém, sofre pouco metabolismo de
primeira passagem.

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Efeitos Adversos
O principal efeito adverso potencial da prazosina e seus análogos é o efeito de
primeira passagem. Esse é caracterizado como hipotensão postural e síncope obser-
vados 30 a 90 minutos após uma dosagem inicial da prazosina e 2 a 6 horas após a
dosagem inicial de doxazosina. Fora isso, tontura, palpitações, cefaleia e fadiga tam-
bém podem ocorrer, porém são pouco frequentes e leves.

Beta- bloqueadores
O propranolol é um antagonista competitivo dos receptores ẞ e continua sendo
o protótipo com o qual são comparados os beta-bloqueadores. Esses fármacos
podem ser distinguidos pelas propriedades de seletividade em relação aos recepto-
res ẞ1 e ẞ2. Além disso, desempenham atividade simpaticomimética, bloqueio dos
receptores ẞ e apresentam diferenças no que diz respeito a lipossolubilidade e a
capacidade de induzir vasodilatação. Entre os inúmeros ẞ-bloqueadores testados,
a maioria apresentou efetividade anti-hipertensiva. As propriedades farmacológicas
de vários desses agentes diferem em certos aspectos que podem conferir benefícios
terapêuticos em determinadas situações clínicas.

Propranolol
Esse foi o primeiro ẞ-bloqueador que demonstrou ser efetivos no tratamento da
hipertensão e da cardiopatia isquêmica. Sua eficácia terapêutica e a maioria de seus
efeitos tóxicos resultam do bloqueio não seletivo. O propranolol diminui a pressão
arterial, principalmente em decorrência de redução do débito cardíaco. Além disso,
inibe a estimulação da produção de renina pelas catecolaminas que estimulam os
receptores ẞ1 nos rins. É provável que o efeito do propranolol se deva, em parte, à
depressão do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Apesar de ser mais efetivo
para pacientes com alta atividade da renina plasmática, esse fármaco também reduz
a pressão arterial em pacientes hipertensos com atividade da renina normal ou até
mesmo baixa. Os mais importantes efeitos adversos observados são bradicardia
ou doença de condução cardíaca, crise asmática, insuficiência vascular periférica e
diabetes.

Metoprolol e atenolol
O metoprolol e o atenolol são ẞ-bloqueadores cardiosseletivos muito bem em-
pregados no tratamento da hipertensão. A cardiosseletividade desses fármacos é
relativa e pode ser vantajosa no tratamento de pacientes hipertensos que possuem
asma, diabetes ou doença vascular periférica concomitante. O metoprolol é bastante
metabolizado pela CYP2D, com alto metabolismo de primeira passagem. Sua meia-
-vida é relativamente curta, de 4-6 horas. No entanto, existem preparações de libera-
ção prolongada que podem ser administradas em dose única ao dia. O metoprolol de

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liberação prolongada é efetivo na redução na mortalidade por insuficiência cardíaca.
O atenolol não sofre extenso metabolismo e é excretado pela urina principalmente.
Sua meia vida é de 6 horas. Os estudos já mostraram que o atenolol é menos efetivo
que o metoprolol na prevenção das complicações da hipertensão.

Nadolol e carteolol
O nadolol e o carteolol são antagonistas não seletivos dos receptores ẞ. Não so-
frem extenso metabolismo e são excretados, em grau considerável pela urina.

Betaxolol e bisoprolol
O betaxolol e o bisoprolol são bloqueadores ẞ1-seletivos, metabolizados primaria-
mente no fígado e com meias-vidas prolongadas.

Pindolol, acebutolol e pembutolol


Esses fármacos são considerados agonistas parciais. Eles são ẞ-bloqueadores
com alguma atividade simpaticomimética intrínseca. Qualquer um dos três conse-
gue reduzir a pressão arterial ao diminuir a resistência vascular e deprimir o débito
cardíaco ou a frequência cardíaca. Isso ocorre talvez devido a efeitos agonistas sig-
nificativamente maiores do efeitos antagonistas no receptores ẞ2. Pacientes com
bradiarritmias ou doença vascular periférica podem se beneficiar desses fármacos.

Labetalol, carvedilol e nebivolol


Esses fármacos exercem efeitos tanto ẞ-bloqueadores quanto vasodilatadores.
O labetalol exerce a redução da pressão arterial devido à diminuição da resistência
vascular sistêmica através do bloqueio α, sem alteração significativa da frequência
cardíaca ou do débito cardíaco. Em virtude de sua atividade α e ẞ-bloqueadora com-
binada, o labetalol pode ser usado no tratamento da hipertensão ocasionada por
feocromocitoma e nas emergências hipertensivas. O carvedilol é um bloqueador não
seletivo dos receptores ẞ-adrenérgicos. Sua meia vida é de 7 a 10 horas. Ele diminui
a mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca. O nebivolol, por sua vez, é
um bloqueador ẞ1-seletivo com propriedades vasodilatadoras que não são media-
das por bloqueio α. Seu efeito vasodilatador pode decorrer do aumento da liberação
endotelial de óxido nítrico por meio da indução da óxido nítrico sintase endotelial. A
meia-vida do nebivolol é de 10 a 12 horas.

Esmolol
O esmolol é um bloqueador ẞ1 seletivo rapidamente metabolizado por esterases
eritrocitárias por meio de sua hidrólise. Apresenta meia-vida curta de 9 a 10 minutos
e é administrado na forma de infusão venosa constante. O esmolol é usado no con-
trole da hipertensão intra e pós-operatória, e, algumas vezes, em emergências, parti-
cularmente quando a hipertensão está associada à taquicardia.

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Usos terapêuticos
De maneira geral, a vantagem terapêutica primária dos beta-bloqueadores é obser-
vada em pacientes hipertensos com doença cardíaca concomitante, como taquiar-
ritmia supraventricular (fibrilação atrial, por exemplo), infarto do miocárdio prévio,
angina pectoris e insuficiência cardíaca crônica. Doenças broncoespásticas, como a
asma, bloqueio de segundo e terceiro graus e doença vascular periférica grave são
condições que desaconselham o uso de beta-bloqueadores.

Efeitos Adversos
Os beta-bloqueadores podem causar bradicardia, hipotensão e efeitos adversos
no Sistema Nervoso Central (SNC), como fadiga, letargia e insônia. Ainda podem
diminuir a libido e causar disfunção erétil, o que pode reduzir acentuadamente a ade-
são do paciente. Alterações nos padrões lipídicos séricos também fazem parte dos
efeitos adversos. Os beta-bloqueadores não seletivos podem desregular o metabo-
lismo lipídico, diminuindo a lipoproteína de alta densidade (HDL) e aumentando os
triglicerídeos.
A retirada desses fármacos de forma abrupta pode causar angina, infarto do mio-
cárdio e até mesmo morte súbita de pacientes com doença cardíaca isquêmica. Por
isso, devem ser reduzidos gradualmente ao longo de algumas semanas em pacien-
tes com hipertensão e doença cardíaca isquêmica.

4. BLOQUEADORES DOS CANAIS DE


CÁLCIO (BCC)
Os canais de Ca2+ sensíveis à voltagem (canais de tipo L ou lentos) medeiam a
entrada de Ca2+ extracelular nos miócitos musculares lisos e cardíacos e nas célu-
las do nó sinoatrial (SA) e do nó atrioventricular (AV) em resposta à despolarização
elétrica. Nos miócitos tanto do músculo liso quanto cardíacos, o Ca2+ deflagra o
processo de contração, embora por mecanismos diferentes. Os bloqueadores dos
canais de cálcio inibem a função dos canais de Ca2+. Nos músculo liso vascular, es-
sa ação resulta em relaxamento, principalmente, nos leitos arteriais. Esses fármacos
também podem produzir efeitos inotrópicos e cronotrópicos negativos no coração.

Classes de BCCs
Os BCCs são divididos em três classes químicas, cada uma com propriedades far-
macocinéticas e indicações clínicas diferentes.

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Difenilalquilaminas
O verapamil é o representante dessa classe. Ele é o menos seletivo dos BCCs e
apresenta efeitos significativos nas células cardíacas e no músculo liso vascular. É
usada, além da hipertensão, no tratamento de angina e das taquiarritmias supraven-
triculares, bem como para prevenir a enxaqueca e a cefaleia em salvas.

Benzodiazepínico
O diltiazem é o representante dessa classe. Como o verapamil, o diltiazem afeta
tanto as células cardíacas quanto as do músculo liso vascular, mas apresenta efeito
inotrópico cardíaco negativo menos pronunciado quando comparado ao verapamil.

Di-Hidropiridinas
Esta classe de BCCs inclui o nifedipino, o anlodipino, o felodipino, o isradipino,
o nicardipino e o nisoldipino. Todas as di-hidropiridinas apresentam uma afinidade
pelos canais de cálcio vasculares maior do que pelos canais de cálcio do coração.
Por isso, esses fármacos são, particularmente, benéficos no tratamento da hiperten-
são. As di-hidropiridinas têm a vantagem de interagir pouco com outros fármacos
cardiovasculares, como a digoxina ou varfarina, que são frequentemente usados em
conjunto com os BCCs.

Figura 3: Comparação entre a ação dos fármacos Bloqueadores do Canal de Cálcio.


Fonte: Autoria própria.

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Ações
A concentração intracelular de cálcio atua na manutenção do tônus da muscula-
tura lisa e na contração do miocárdio. O cálcio entra nas células musculares através
dos canais voltagem-sensíveis. Isso dispara a liberação de cálcio do retículo sarco-
plasmático e da mitocôndria, aumentando adicionalmente o nível de cálcio citosó-
lico, Os BCCs bloqueiam a entrada de cálcio por se ligarem aos canais de cálcio do
tipo L no coração e nos músculos lisos dos vasos coronarianos e arteriolares perifé-
ricos. O resultado disso é o relaxamento do músculo liso vascular, dilatando, princi-
palmente as arteríolas.

Usos terapêuticos
• No tratamento da hipertensão, os BCCs podem ser usado como tratamento ini-
cial ou adicional.
• Os BCCs são úteis no tratamento de pacientes hipertensos que também pos-
suem asma, diabetes ou doença vascular periférica, pois não apresentam o po-
tencial de afetar adversamente essas condições.
• Todos os BCCs são úteis no tratamento da angina.
• O diltiazem e o verapamil são usados no tratamento da fibrilação atrial.

Farmacocinética
A maioria dos BCCs apresenta meia-vida curta de 3 a 8 horas após uma dose oral.
Preparações de liberação sustentada estão disponíveis e permitem a utilização de
dose única diária. O anlodipino tem meia-vida muito longa e não precisa de formula-
ção estendida.

Efeitos adversos
Bloqueio atrioventricular de primeiro grau e constipação são efeitos adversos
dose-dependentes do verapamil. O verapamil e o diltiazem devem ser evitados em
pacientes com insuficiência cardíaca congestiva ou com bloqueio atrioventricular,
devido aos efeitos inotrópicos e dromotrópicos negativos. A redução da pressão ar-
terial pela di-hidropiridinas podem ocasionar tontura, cefaleia e sensação de fadiga.
O edema periférico também é comum. A nifedipina e outras di-hidropiridinas podem
causar hiperplasia gengival.

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5. OUTROS ANTI-HIPERTENSIVOS

Vasodilatadores diretos
Essa classe é formada pelos vasodilatadores orais, a hidralazina e o minoxidil, uti-
lizados na terapia ambulatorial de longo prazo da hipertensão; pelos vasodilatadores
parenterais, como o nitroprusseto, o diazóxido e o fenoldopam; pelos bloqueadores
dos canais de cálcio (já supracitados) e pelos nitratos, administrados principalmente
na angina.
Todos os vasodilatadores úteis na hipertensão relaxam a musculatura lisa das
arteríolas, diminuindo, dessa forma, a resistência vascular periférica. O nitroprusseto
de sódio e os nitratos também relaxam as veias. A diminuição da resistência arterial
e da pressão arterial média desencadeia respostas compensatórias mediadas por
barorreceptores e pelo sistema nervoso simpático, bem como pela renina, angioten-
sina e aldosterona. Em indivíduos com reflexos simpáticos intactos, a terapia com
vasodilatadores não provoca hipotensão ortostática nem disfunção sexual.
Os vasodilatadores atuam melhor em combinação com outros agentes anti-hiper-
tensivos que se opõem às respostas cardiovasculares compensatórias.

Hidralazina
A hidralazina dilata as arteríolas, mas não as veias. Ela pode ser usada de maneira
mais efetiva de modo combinado com outros agentes anti-hipertensivos, sobretudo
no tratamento da hipertensão grave. A combinação de hidralazina com nitratos tam-
bém é efetiva contra a insuficiência cardíaca e deve ser considerada para pacientes
hipertensos que apresentam essa patologia, particularmente negros. A hidralazina
é rapidamente metabolizada pelo fígado durante sua primeira passagem. Sua meia-
-vida caria de 1,5 a 3 horas, porém os efeitos vasculares persistem por mais tem
devido à intensa ligação ao tecido vascular. Os efeitos adversos mais comuns são
cefaleia, náuseas, anorexia, palpitações, sudorese e rubor. Em pacientes com cardio-
patia isquêmica, taquicardia reflexa e estimulação simpática, pode haver angina ou
arritmias isquêmicas. Com doses acima de 40 mg/dia é possível a manifestação de
uma síndrome semelhante ao lúpus eritematoso, caracterizada por artralgia, mialgia,
erupções cutâneas e febre.

Minoxidil
O minoxidil é um vasodilatador muito eficaz e ativo por via oral. O efeito resulta da
abertura dos canais de potássio nas membranas musculares lisas pelo sulfato de
minoxidil (metabólito ativo). O aumento da permeabilidade ao potássio estabiliza a
membrana em seu potencial de repouso e torna menos provável a contração. Assim

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como a hidralazina, o minoxidil dilata as arteríolas, mas não as veias. Seu uso está
reservado em situações nas quais doses máximas de hidralazina não são efetivas ou
ainda para pacientes com insuficiência renal e hipertensão grave que não responde
de modo satisfatório à hidralazina. O minoxidil deve ser utilizado em combinação
com um ẞ-bloqueador e com um diurético de alça. Os efeitos adversos mais comuns
são cefaleia, sudorese e a hipertricose, particularmente em mulheres. Taquicardia,
palpitações, angina e edema ocorrem quando são administradas doses inadequadas
de ẞ-bloqueadores e diuréticos.

Nitroprusseto de sódio
É um poderoso vasodilatador administrado por via parenteral, utilizado no trata-
mento de emergências hipertensivas, bem como na insuficiência cardíaca grave. O
nitroprusseto dilata os vasos tanto arteriais quanto venosos, com consequente redu-
ção da resistência vascular periférica. A ação ocorre em consequência da ativação
da enzima guanililciclase, por meio da liberação de óxido nítrico, ou por estimulação
direta da enzima. O nitroprusseto é rapidamente metabolizado pela captação dos
eritrócitos, com liberação de cianeto. Ele reduz de forma rápida a pressão arterial,
porém seus efeitos desaparecem em 1 a 10 minutos. Além de redução excessiva da
PA, o efeito adverso mais grave observado está associado ao acúmulo de cianeto. Já
foi constatada a ocorrência de acidose metabólica, hipotensão excessiva e morte.

Diazóxido
É um dilatador arteriolar efetivo e de ação relativamente longa, administrado por
via parenteral, usado em certas ocasiões no tratamento de emergências hiperten-
sivas. A injeção de diazóxido resulta em rápida queda da resistência vascular sistê-
mica e da pressão arterial média. Esse fármaco assemelha-se quimicamente aos
diuréticos, porém não tem nenhuma atividade diurética. Ele se liga extensamente a
albumina sérica e ao tecido vascular, sendo metabolizado parcialmente. Suas vias
metabólicas ainda não estão bem elucidadas. Em doses altas (acima de 300 mg)
produz efeito hipotensor excessivo.

Fenoldopam
É um dilatador arteriolar periférico usado em emergências hipertensivas e na hi-
pertensão pós-operatória. Atua, principalmente, como agonista dos receptores D1
da dopamina, resultando em dilatações das artérias periféricas e natriurese. O fenol-
dopam é rapidamente metabolizado por conjugação principalmente. Ele apresenta
meia-vida de 10 minutos e é administrado por infusão intravenosa contínua. Seus
principais efeitos adversos consistem em taquicardia reflexa, cefaleia e rubor. O fe-
noldopam também aumenta a pressão intraocular e deve ser evitado em pacientes
com glaucoma.

Anti-Hipertensivos   17
Nitratos
A nitroglicerina pode ser considerada o protótipo desse grupo. Ela relaxa todos
os tipos de músculo liso, independentemente da etiologia do tônus muscular pree-
xistente. Praticamente não há efeito sobre o músculo cardíaco. Os principais efeitos
adversos hipotensão ortostática, taquicardia e cefaleia pulsátil.

MECANISMO EXEMPLOS

Liberação de óxido nítrico a partir de fármaco ou do Nitroprusseto, hidralazina, nitratos, histamina,


endotélio. acetilcolina

Redução do influxo de cálcio Verapamil, diltiazem, nifedipino

Hiperpolarização da membrana do músculo liso por


Minoxidil, diazóxido
meio de canais de potássio

Ativação dos receptores dopaminérgicos Fenoldopam

Fonte: KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 12. Ed.

Simpaticoplégicos de ação central


Esses fármacos reduzem a descarga simpática dos centros vasomotores no
tronco encefálico, porém permitem que tais centros conservem ou até mesmo au-
mentem a sua sensibilidade ao controle barorreceptor. Consequentemente, as ações
anti-hipertensivas e tóxica desses fármacos dependem menos da postura do que
dos efeitos que atuam diretamente sobre neurônios adrenérgicos. Com exceção da
clonidina, os simpaticoplégicos de ação central são, atualmente, pouco utilizados.

Metildopa
A metildopa, hoje, é prescrita, sobretudo para a hipertensão durante a gravidez.
Ela diminui a pressão arterial, principalmente, pela redução da resistência vascular
periférica, com diminuição variável da frequência cardíaca e do débito cardíaco. A
maioria dos reflexos cardiovasculares permanece intacta após a administração de
metildopa e a redução da PA não depende acentuadamente da postura. Algumas
vezes, ocorre hipotensão postural. A metildopa é uma análogo do L-dopa, convertido
em α-metildopamina e α-metilnorepinefrina. Sua ação anti-hipertensiva parece estar
relacionada com a estimulação dos receptores α-adrenérgicos centrais pela α-me-
tilnorepinefrina ou α-metildopamina. O efeito adverso mais comum da metildopa é
a sedação, particularmente no início da tratamento. Com a terapia de longo prazo,
os pacientes podem queixar-se de cansaço mental persistente e diminuição da con-
centração mental. A lactação também pode ocorrer tanto em homens ou mulheres

Anti-Hipertensivos   18
tratados com metildopa devido a um aumento na secreção de prolactina. Pesadelos,
depressão, vertigem e sinais extrapiramidais são relativamente raros.

Clonidina
A redução da PA pela clonidina decorre de uma diminuição do débito cardíaco,
devido à frequência cardíaca diminuída e ao relaxamento dos vasos de capacitância
(veias), bem como de uma redução da resistência vascular periférica. Após a injeção
intravenosa, a clonidina produz um breve elevação da PA, seguida de hipotensão
mais prolongada. A resposta pressórica se deve à estimulação direta dos receptores
α-adrenérgicos nas arterío­las. Esse fármaco é classificado como agonista parcial
dos receptores α, vis­to que também inibe os efeitos pres­sóricos de outros α-agonis-
tas. Em relação aos efeitos adversos é comum que haja o ressecamento da boca e
sedação. Ambos os efeitos são mediados centralmente, dependem da dose e coinci-
dem cronologicamente com o efeito anti-hipertensivo do fármaco.

Saiba mais! A interrupção de clonidina após uso prolongado,


principalmente em doses altas (mais de 1 mg/dia), pode resultar em crise hi-
pertensiva potencialmente fatal, mediada pelo aumento da atividade nervosa
simpática. Devido a isso, se houver a necessidade de interromper seu uso, a
suspenção deve ocorrer de modo gradual, enquanto são introduzidos outros
anti-hipertensivos em seu lugar.

Bloqueadores adrenérgicos
Esses fármacos reduzem a pressão arterial ao impedirem a liberação fisiológica
da norepinefrina dos neurônios simpáticos pós-ganglionares.

Guanetidina
A guanetidina inibe a liberação de norepinefrina das terminações nervosas simpá-
ticas. Ela é transportada através da membrana dos nervos simpáticos pelo mesmo
mecanismo que transporta a própria norepinefrina, ou seja, pelo NET (transportador
de norepinefrina dependente de sódio-cloreto). Após penetrar no nervo, a guanetidi-
na concentra-se em vesículas transmissoras, onde substitui a norepinefrina. Devido
a isso, esse fármaco provoca depleção gradual das reservas de norepinefrina na
transmissão nervosa. O uso terapêutico da guanetidina é associado com frequência
à hipotensão postural sintomática e hipotensão após o exercício, particularmente
quando o fármaco é administrado em doses altas. Nos homens, a simpaticoplegia
induzida pela guanetidina pode ocasionar ejaculação tardia ou retrógrada. Diarreia

Anti-Hipertensivos   19
também é um efeito adverso comum devido ao predomínio parassimpático no
controle da atividade do músculo liso intestinal. A guanetidina ainda pode produ-
zir crise hipertensiva pela liberação de catecolaminas em pacientes portadores de
feocromocitoma.

Reserpina
A reserpina bloqueia a capacidade de captação e armazenamento das aminas
biogênicas pelas vesículas transmissoras aminérgicas, provavelmente ao interferir
no transportador associado à membrana vesicular. Esse efeito é observado em todo
corpo, resultando em depleção de norepinefrina, dopamina e serotonina em neurô-
nios tanto centrais como periféricos. A depleção das aminas periféricas é o provável
responsável, em grande parte, pelo efeito anti-hipertensivo benéfico da reserpina.
Em doses altas, costuma provocar sedação, cansaço, pesadelos e depressão mental
grave. Pouco frequentemente, a reserpina, nas doses baixas habituais, pode produzir
sintomas extrapiramidais que se assemelham à doença de Parkinson, provavelmente
em consequência da depleção de dopamina no corpo estriado. Com bastante frequ-
ência a reserpina provoca diarreia leve e cólicas gastrintestinais e aumenta a secre-
ção de ácido gástrico.

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IECA BRA Alfa-bloqueadores Beta-bloqueadores

Bloqueiam a ECA que Diminuem a resistência Propranolol


Antagonizam os efeitos
hidrolisa a angiotensina vascular periférica e • Diminui a pressão arterial
da angiontensina II,
I para formar o potente reduzem a pressão • Inibe a estimulação da produção de renina
relaxam o músculo
vasoconstritor arterial, relaxando os pelas catecolaminas que estimulam os
liso, provocam
angiotensina II. músculos lisos de receptores β1 nos rins.
vasodilatação,
aumentam da excreção artérias e veias. Metoprolol, Atenolol
Captopril renal de sal, reduzem o • São β-bloqueadores cardiosseletivos
Enalapril volume plasmático Prazosina muito bem empregados no tratamento da
e diminuem a Doxazosina hipertensão.
hipertrofia celular. Terazosina • Vantagem no tratamento de pacientes
hipertensos que possuem asma, diabetes
Losartana ou doença vascular periférica concomitante.
Valsartana
Labetalol, Carvedilol
• β-bloqueadores e vasodilatadores.
• Usado no tratamento da hipertensão
ocasionada por feocromocitoma e nas
emergências hipertensivas.

Simpaticoplégicos de ação
Bloqueadores do Canal de Cálcio Vasodilatadores diretos Bloqueadores adrenérgicos
central

Bloqueiam a entrada de Relaxam a musculatura lisa Reduzem a descarga Impedem a liberação


cálcio por se ligarem aos das arteríolas, diminuindo, simpática dos centros fisiológica da norepinefrina
canais de cálcio do tipo L dessa forma, a resistência vasomotores no dos neurônios simpáticos
no coração e nos músculos vascular periférica. tronco encefálico. pós-ganglionares.
lisos dos vasos coronarianos
e arteriolares periféricos. Hidralazina Metildopa Guanetidina
Minoxidil Clonidina Reserpina
• Verapamil Nitroprusseto de sódio
• Diltiazem
• Nifedipino e Anlodipino

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REFERÊNCIAS
Katzung BG. Farmacologia básica e clínica. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
Goodman A. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12. ed. Rio de Janeiro:
McGraw­-Hill, 2012.
Whalen K, Finkel R, Panavelil TA. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed,
2016.
Sociedade Brasileira de Cardiologia. VII Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq
Bras Cardiol, v. 107, n. 3, Supl. 3, set. 2016.
Raffa RB, Rawls SM, Beyzarov EP, Netter FH. Netter’s illustrated pharma­cology.
Updated edition. [S.l.]: Elsevier, 2014.

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