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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE


CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Larissa Mello Vargas

PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE


FISIOLOGIA HUMANA: HOMEOSTASE

Projeto do Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Presbiteriana
Mackenzie.

São Paulo

2017
2

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE


CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIENCIAS BIOLÓGICAS

Larissa Mello Vargas

PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE


FISIOLOGIA HUMANA: HOMEOSTASE

Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências


Biológicas apresentado ao Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Universidade
Presbiteriana Mackenzie como requisito para a
obtenção do grau de Licenciatura em Ciências
Biológicas

Orientadora: Profa. Dra. Magda Medhat Pechliye

São Paulo

2017
3

“And further, by these, my son, be admonished: of


making many books there is no end; and much study
is a weariness of the flesh. Let us hear the
conclusion of the whole matter: Fear God, and keep
his commandments: for this is the whole duty of
man.”

Ecclesiastes 12:12-13
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AGRADECIMENTOS:

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por me ajudar a chegar até


aqui e por colocar pessoas maravilhosas na minha vida que me amam e me
ajudam a chegar mais longe.
Agradeço aos meus pais, Arnaldo e Márcia, por serem tão compreensivos
com meus estudos. São eles que desde o início acreditaram em mim mesmo
quando as dificuldades me faziam perder as esperanças. Obrigada por deixarem
a sala livre quando eu precisava estudar e por não fazerem barulho quando eu
precisava de silêncio. Obrigada por me cobrirem nas tarefas de casa quando eu
tinha que escrever o TCC e por entenderem que precisei trabalhar em muito
feriados e finais de semana. Vocês são pais maravilhosos que topam minhas
ideias malucas porque no fundo vocês acreditam em mim. Agradeço também a
meus avós paternos.
Queria agradecer também aos meus tios/pastores/pais também. Foram
muitos conselhos, muitos puxões de orelha e muitas orações em todos esses
anos. Agradeço por serem muito mais do que uma família de sangue para mim,
pois temos uma relação muito mais profunda do que tios e sobrinha.
Agradeço minha avó Miriam também por tudo o que fez/faz por mim. Você
sempre compreendeu que minha rotina é agitada e por isso sempre fez o
possível para que eu não precisasse me preocupar com as coisas pequenas.
Agradeço a Gi Santiago, Lucas, e Luis Gustavo (LG) por todo o
companheirismo e amizade. Foram algumas brigas e desentendimentos, mas
muitas risadas e consolos também.
LG obrigada pela sua amizade! Obrigada por me escutar quando preciso
desabafar e por fazer dos meus problemas os seus também! Obrigada por cada
conselho, por cada risada e meme engraçado que compartilhamos nesses anos.
Espero que nossa amizade ainda dure muitos e muitos anos, afinal, a morte não
é o fim para nós, mas o começo de algo muito maior. Conte comigo para o que
precisar!
Dear Juli, our friendiship is the proof that distance is not a problem for great
friends, but the factor that pulls us farther away. Thank you for all the movies (one
day I finish the list master hehe), tv series, books, funny memes, and for listening
5

to me when I need to unburden... Count on me for everything you need, buddy



¡Te quiero mi amigo!
Gostaria também de fazer um agradecimento muito especial para minha
querida orientadora Magda. Profa eu aprendi MUITO com você! Não me canso
de dizer que a Licenciatura mudou minha vida e grande parte disso foi fruto do
seu trabalho. Uma vez você nos disse que quando se formou achou que mudaria
o mundo, mas que com o passar dos anos percebeu que talvez apenas mudaria
a vida de alguns alunos. Bom, eu com certeza fui essa aluna! Aprendi a ser mais
comprometida, aprendi a reparar minhas incoerências, aprendi a escrever muito
melhor, aprendi que a melhor forma de ensinar valores é ser o modelo e o
exemplo, etc... Muito obrigada por todos esses anos de companheirismo e por
responder meus e-mails. Espero que eu me torne uma grande professora como
você!
Agradeço também a profa Rosana, pois ela sempre esteve próxima nessa
minha caminhada na Licenciatura e muito do que sei hoje devo ao carinho e
atenção com que sempre me tratou e me ensinou. Alguns professores passam
pelo nosso caminho e nos ensinam aquilo que não devemos ser, mas você me
mostrou o que significa ser uma ótima professora, aquela da qual posso dizer
“Sim, eu a conheci e devo grande parte da minha formação a essa grande
mulher!”.
Por último, gostaria de agradecer a todos os professores que participaram
direta e indiretamente de toda a minha caminhada até aqui, bem todos os
pareceristas que se dispuseram a avaliar meu trabalho. Agradeço também
especialmente à Jennifer e a profa Rosana por aceitarem fazer parte desse
momento da minha formação.
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RESUMO

Atualmente os conteúdos escolares mostram-se fragmentados e desconexos da


realidade dos alunos, os quais são impedidos de coparticiparem do próprio
processo de aprender. Os projetos educacionais são considerados importantes
ferramentas contra essa lógica de especialização e dentro deles as Sequências
Didáticas (SD) buscam maneiras de integrar diferentes disciplinas que têm a
concretização de um objetivo comum. Sabe-se que o ensino de Fisiologia
Humana (FH) nas escolas mostra-se distante do cotidiano dos alunos e prioriza
memorização de estruturas e processos que fazem pouco sentido. Levando-se
isso em consideração, o objetivo desse trabalho foi construir uma SD sobre FH
pela homeostase para ser submetida a avaliação de especialistas de diferentes
áreas do conhecimento, além de desmistificar do errôneo conceito de que
homeostase é sinônimo de equilíbrio estático. Para tal, foi enviado um projeto a
quatro avaliadores relacionados às áreas de FH e Educação. Nele estava
inserida a SD elaborada, junto com um pequeno roteiro contendo quatro tópicos
a serem analisados. Segundo os pareceres recebidos a mediação docente, a
criatividade, uso de diferentes estratégias e a valorização do ensino processual
foram os pontos altos do instrumento. A pouca interdisciplinaridade observada e
o grande número de aulas foram dois pontos criticados, além de alguns
problemas de aplicabilidade em algumas atividades. Todos fizeram sugestões
para melhoria da SD. Considerando-se os resultados obtidos, conclui-se que a
SD proposta é aplicável no contexto escolar e que ela conseguiu integrar a
fisiologia holisticamente, apesar de precisa passar por algumas retificações.

Palavras chave: Fragmentação; Sequência Didática; Fisiologia Humana;


Equilíbrio
7

ABSTRACT

Nowadays the school curriculum is shown as fragmented and disconnected from


the reality of the students, which are not allowed to participate in their own
process of learning. The working projects are considered important tools against
specialization logic, and as part of them Didactic Sequences (DS) seek ways to
integrate different disciplines that have a main objective in common. It is well
known that the Human Physiology (HP) curriculum is distant from the daily life of
students and prioritize the memorization of structures and process that most of
the time don’t make any sense. Regarding this, the aim of this study was to build
a DS about HP by homeostasis to be evaluated by specialists of different areas
and demystify the wrong concept that homeostasis is the same as static
equilibrium. For this purpose, a project was sent to four experts. The DS was
attached in the project with a little script telling the four analysis topics. According
to feedback received the teacher mediation action, diversity and creativity of the
activities, as well as the valorization of the process of learning were the high
points on the instrument. The lack of interdisciplinary activities and the number of
the classes were criticized, also a few problems of applicability in some activities.
All the referees gave suggestions to improve the DS. Considering the collected
results, we concluded that the proposed DS is doable in any school context and
it integrates the physiology holistically, although it still needs rectifications.

Key words: Fragmentation; Dicdatic Sequece; Human Physiology;


Equilibrium
8

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................9
2. OBJETIVO..............................................................................................11
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Fragmentação e descontextualização dos conteúdos..................12
3.2 Projetos de Trabalho e Sequência Didática..................................15
3.3 Ensino de Fisiologia Humana: Homeostase.................................20
4. MÉTODOS..............................................................................................23
5. RESULTADOS.......................................................................................26
6. DISCUSSÃO
6.1 Aspectos Positivos........................................................................35
6.2 Aspectos Negativos......................................................................39
6.3 Aplicabilidade...............................................................................47
6.4 Sugestões.....................................................................................49
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................52
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................54
9. ANEXOS
9.1 Anexo 1...........................................................................................56
9.2 Anexo 2...........................................................................................95

1. INTRODUÇÃO
Quando entrei no curso de Ciências Biológicas minha escolha pela
Licenciatura não foi imediata, mas me lembro claramente da professora Magda
dizendo na primeira etapa “Não execrem a licenciatura, pois vocês podem se
identificar muito com ela!”. Eu entrei sem muita certeza se eu gostaria, mas ao
longo dos semestres eu me identifiquei muito.
Hoje posso dizer: a Licenciatura mudou minha vida! Eu penso diferente,
enxergo as situações de outros ângulos. Acho que na Licenciatura nós
aprendemos a nos conhecer também. Ensinar envolve valores e muitas vezes
precisamos nos superar para que nossos alunos sejam melhores do que
fomos/somos.
A ideia central desse trabalho foi elaborada na quinta etapa na disciplina
de Projetos Educacionais para o Ensino de Ciências e Biologia na Licenciatura.
Meu grupo e eu precisávamos criar uma sequência didática sobre Fisiologia
Humana. Não conseguíamos entrar em nenhum acordo, então a Magda nos
perguntou “O que vocês acham que seus alunos não podem sair da escola sem
saber sobre Fisiologia Humana?”. E eu respondi instantaneamente “Quero que
eles saibam que homeostase não é igual a equilíbrio”.
Minha relação com a Fisiologia Humana (FH) é anterior ao meu ingresso
na universidade. Sempre estive envolvida com a área da saúde e quando iniciei
a graduação comecei a trabalhar na área e me encantei ainda mais pelo assunto.
Lembro-me muito bem que durante minha vida escolar pouco era dedicado à
FH, fato que ainda acontece. A divisão sugerida pelos órgãos públicos de
educação a coloca apenas no final do terceiro ano do ensino médio associada
basicamente a hábitos alimentares e nutrição. Por isso, bons trabalhos
publicados sobre o ensino de fisiologia são escassos e a criação de instrumentos
sobre o tema torna-se essencial.
Mas não foi assim que esse trabalho começou... Eu comecei o TCC na
quinta etapa fazendo um levantamento bibliográfico sobre concepção de
Ciência. Contudo, eu não conseguia avançar, pois não me identificava com
aquilo, apesar de gostar muito do tema. Então, encontrei um antigo amigo de
laboratório, o Luiz Finatti. Ele também tinha feito levantamento, mas disse que
se pudesse voltar atrás faria sequência didática pela aplicabilidade e impacto
que isso poderia ter tido na formação dele enquanto professor.
10

Nessa época precisei desistir do TCC1 no meio do semestre por


problemas pessoais e de saúde. Uma das escolhas mais difíceis e mais sábias
que já fiz. Foi apenas depois disso que tive coragem de ser honesta comigo
mesma, pois eu não estava feliz. Então perguntei para minha orientadora se
seria possível trocar o tema.
Foi só nesse momento que esse trabalho começou! Mais madura e na
sexta etapa pude desenvolver minha paixão pela Fisiologia Humana agora na
minha outra paixão: a Licenciatura, o que tornou tudo muito especial. Não utilizei
nada do que meu grupo produziu na quinta etapa, apenas a ideia central, que
tinha sido minha.
Começar foi difícil, mas no final a Magda me disse para parar de escrever
porque já estávamos com 19 aulas! Como amadureci nesse processo... Hoje
(15/04/17), refletindo sobre tudo o que aconteceu percebo o quanto eu precisei
me superar nas minhas escolhas, meus conhecimentos pedagógicos e
conceituais sobre fisiologia, minhas próprias incoerências... Não foi fácil, mas
valeu cada caractere escrito aqui!


11

2. OBJETIVO
O objetivo do seguinte trabalho de conclusão de curso foi analisar o que
especialistas de diferentes áreas do conhecimento pensam sobre uma proposta
de sequência didática para o ensino de Fisiologia Humana pela homeostase.
Os principais alvos dessa sequência foram permitir a percepção da
fisiologia humana no cotidiano e desmitificar o errôneo conceito de que
homeostase é equilíbrio estático.


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3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Fragmentação e descontextualização dos conteúdos
O desenvolvimento da ciência trouxe muitos atributos positivos para a
sociedade como o desenvolvimento de tecnologias, criação de medicamentos,
descoberta de novos tratamentos, entre outros. Entretanto, conforme ela foi se
desenvolvendo o fenômeno da superespecialização do conhecimento científico
foi crescendo também (MORIN, 2008).
Para Zabala (2002), a compartimentalização do saber trouxe às escolas
a divisão disciplinar dos conteúdos, de maneira que a fragmentação cultural e
intelectual ocasionou a dispersão do conhecimento. Diante desse fato tem-se
discutido como integrar o saber em uma visão interdisciplinar. Contudo, percebe-
se que de modo geral os cientistas já produzem um conhecimento especializado
e fragmentado, tornando o fenômeno de reagrupamento sempre desatualizado.
A ciência e a sociedade mudam e se aperfeiçoam mutuamente de
maneira que quando uma muda a outra logo é influenciada. No início do século
XX o modelo fordista ganhou força e junto com ele veio a divisão de tarefas,
juntamente com superespecialização da ciência e a lógica parcializadora da
educação (MORIN, 2008; SANTOMÉ, 1998; ZABALA, 2002). Vivia-se uma
política trabalhista desqualificadora em prol da mecanização (SANTOMÉ, 1998),
sendo que a mesma comparação pode ser utilizada para a educação brasileira:
privilegia-se a quantidade de informações descontextualizadas e desconexas a
fim de que o aluno aprenda “tudo” durante sua vida escolar (SANTOS, 2011).
O modelo fordista não trouxe apenas a divisão do trabalho, mas também
foi responsável pela introdução de um pensamento alienador: havia pessoas
responsáveis por pensar nos produtos, ter ideias inovadoras (representados
pelos ricos e donos das fábricas); e havia a mão de obra que apenas executava
tarefas previamente determinadas (SANTOMÉ, 1998). Dessa forma, percebe-se
que os operários eram isentos de refletir sobre a montagem dos produtos, ou até
mesmo nem sabiam o que estavam montando, pois detinham uma pequena
parte do todo.
Alves (2000) diz que a superespecialização isenta as pessoas da tarefa
de pensarem sobre algo que esteja fora do seu próprio círculo de conhecimento
e passem a responsabilidade para alguém mais habilitado para tal. Inicialmente
13

a proposta da especialização era que todos os especialistas pudessem trabalhar


em conjunto com seus conhecimentos. Contudo, ficou difícil delimitar onde
começava e terminava cada área, gerando muitos desentendimentos, assim
como Alves (2010, p.8) diz: “Físicos não entendem os sociólogos, que não
sabem traduzir as informações dos biólogos, que por sua vez não entendem a
linguagem da economia, e assim por diante”.
Assim como é difícil delimitar cada área do conhecimento, a
compartimentalização dos conteúdos em disciplinas torna-se, da mesma forma,
ineficiente, uma vez que a realidade não é dividida em subtemas, mas é a
interação dos saberes que permite a compreensão do real (ZABALA, 2002).
Zabala (2002) defende que atualmente vive-se em uma escola que tem como
objeto de estudo as disciplinas e não a realidade e o cotidiano dos alunos, sendo
que as disciplinas deveriam ser o meio para a compreensão e intervenção na
realidade.
Além disso, da artificialização da realidade corre-se um sério risco de o
ensino tornar-se pobre em interdisciplinaridade. Coimbra (2014) diz que a
interdisciplinaridade hoje é mais do que um mero capricho escolar, mas uma
necessidade para que o conhecimento produzido por uma sociedade possa ser
reformulado. A interdisciplinaridade pode ser definida como a relação de um
saber com o outro, e não como a relação existente entre diferentes saberes
(COZZA; SANTOS, 2004; FERREIRA 2005).
Essa definição é importante, pois muitas vezes se considera que basta
estabelecer algumas relações para que ela aconteça, o que é uma inverdade. O
primeiro passo para se alcançar a interdisciplinaridade é trazer o
cotidiano/realidade para a ensino, pois o real é complexo e não pode ser dividido
em partes, mas deve ser olhado holisticamente para ser entendido. Em outras
palavras é a forma de ver e lidar com a realidade através do conhecimento
(COIMBRA, 2014; FERREIRA, 2005).
Santomé (1998) também se mostra a favor dessas ideias quando
compara o modelo fordista à fragmentação e descontextualização que ocorre
nas escolas atualmente. Segundo ele, para os trabalhadores das fábricas que
sabiam executar apenas uma tarefa específica da montagem de um produto, não
havia compreensão do que realmente se estavam fazendo, pois eles foram
isentos da responsabilidade de pensar e intervir inclusive nas suas próprias
14

condições de trabalho, ou no porquê, para quê ou como se montavam aqueles


produtos. Essa isenção relaciona-se com o que já foi dito por Alves (2000). Os
alunos da mesma forma sentem-se perdidos durante o aprendizado por não
serem ensinados a intervir no próprio meio em que vivem, uma vez que os
conteúdos totalmente desconexos e descontextualizados impedem que haja
uma aprendizagem efetiva, afinal a recompensa dos estudantes é a nota e a
aprovação, que para os trabalhadores era o salário no final do mês (SANTOMÉ,
1998).
A fragmentação dos conteúdos prevê que os fenômenos sejam estudados
separadamente primeiro, pois assim eles poderão mostrar a complexidade da
natureza (LEWONTIN, 2000). Entretanto, não é isso que se observa na prática
educativa. É muito comum que o mesmo conceito seja estudado em várias áreas
da Biologia e que em cada uma delas possua uma definição diferente. Isso
significa que não existe um movimento de retomada que junte os saberes em
uma visão sistêmica, tornando a fragmentação falha.
Igualmente, essa fragmentação também se estende para o
funcionamento da sociedade, assim como Lewontin (2000) criticou ao dizer que
a ciência moderna acredita em uma sociedade que é produto do individual, ou
seja, são os comportamentos separados de cada indivíduo que levam à
organização do coletivo. Esse pensamento reducionista influencia as dinâmicas
escolares no âmbito das interações aluno-aluno e aluno-professor, pois as
pessoas são vistas com seres únicos que não vivem em relação umas com as
outras.
Além disso, a sociedade acostumou-se a esperar por uma intervenção
pessoal ou social realizada por especialistas de cada área do conhecimento
(ZABALA, 2002).
Isso se relaciona com as definições de Coimbra (2014), sobre
multidisciplinaridade, intradisciplinaridade e transdisciplinaridade. Para ele, a
primeiro é basicamente a soma numérica de disciplinas que não precisam se
relacionar umas com as outras, de maneira que o mesmo saber é visto sob
diferentes frentes. A segunda corresponde às relações que ocorrem dentro de
uma mesma disciplina, em que os conhecimentos estão relacionados dentro de
sua própria natureza sem se misturar com outras áreas do conhecimento. A
terceira corresponde ao nível mais alto de interdisciplinaridade que se poderia
15

chegar, uma vez que os diferentes saberes estão tão relacionados que não é
possível distinguir de onde eles vieram originalmente; todo o conhecimento se
unifica para a resolução de um problema que é maior do que uma própria
disciplina, mas tem a ver com a realidade/cotidiano.
Sabendo-se isso, estabeleceu-se uma ordem que mostra o quão
interdisciplinar o ensino está: primeiro vem a multidisciplinaridade, seguida da
inter e por último a transdisciplinaridade (SANTOMÉ, 1998).
A interdisciplinaridade tornou-se imprescindível para a sociedade e para
o processo de ensino e de aprendizagem, entretanto isso não significa que ela
seja fácil de ser realizada. Coimbra (2014) diz que ela vem pela constante
vivência prática que as transformações do mundo exigem.
Contra essa lógica da especialização e fragmentação Zabala (2002)
defende que é necessário se ensinar para a complexidade. Morin (2008) afirma
que a complexidade trata da realidade de uma maneira não-linear que vai além
da soma das partes de um todo, mas que considera a relação existente entre
elas. Assim, ensinar para a complexidade significa permitir que o aluno possa
identificar, entender, interpretar e intervir no meio em que vive, compreendendo
os fenômenos e acontecimentos em sua extensão e profundidade de maneira
holística.
Dessa forma, a primeira ação do professor deve ser escolher conteúdos
que façam parte da realidade e cotidiano do seu aluno, pois assim mais do que
o entendimento da teoria, é possível vivenciar conscientemente o que se
aprende (ZABALA, 2002).
Zabala (2002) defende que a aprendizagem significativa é alcançada
quando o aluno consegue refletir, compreender e agir na sociedade para
melhorá-la, e diz que um ensino com enfoque globalizador que diminua a
fragmentação do saber é fundamental para tal.

3.2 Projetos de trabalho e Sequência didática


No Brasil a escolha do que e como ensinar estão a cargo tanto do
professor quanto dos órgãos públicos de educação que publicam documentos
oficiais que guiam a ação docente, sendo que a função básica de ambos é
permitir aprendizagem significativa dos alunos.
16

O objetivo a ser alcançado norteará toda a prática do professorado, de


maneira que não existe “má estratégia”, e sim, estratégia incompatível com o
objetivo em que se pretende chegar (ZABALA, 1998).
Assim, se o objetivo é ter um ensino globalizado e não fragmentado os
projetos de trabalho podem ser uma solução plausível, uma vez que o
conhecimento não é ensinado por si só, mas por meio de relações de fenômenos
de diferentes naturezas de maneira a compreender a complexidade da realidade.
Além disso, planejam-se estratégias para a resolução de problemas que vão
além da compartimentalização disciplinar (HERNÁNDEZ, 1998).
Quando se ensina para a complexidade é possível dizer que se educa
para compreender e intervir na realidade em que se vive, sabendo-se que a
organização das disciplinas são o meio e não a finalidade do processo (ZABALA,
2002).
Dessa forma, um ensino que não tem relação com o cotidiano dos
estudantes e que se mostra dividido em pequenos subtemas separados um dos
outros, apresenta uma concepção individual e finalista de mundo e sociedade
(LEWONTIN, 2000), uma vez que o parcelamento da educação traz uma visão
artificial do cotidiano (ZABALA, 1998).
Carvalho (2014) fez importantes contribuições quando disse que o ensino
investigativo deve ser explorado nas escolas. Segundo a autora quando o aluno
é colocado frente a um problema sua reação é tentar solucioná-lo com a
quantidade de informações que tem naquele exato momento. É a partir do
levantamento de hipóteses, que está relacionada com os conhecimentos dos
estudantes, que se começa a construir novas informações. Os alunos se sentem
motivados a procurar respostas e passam a relacionar os conceitos e não
apenas procurar uma saída.
Paralelamente a isso, percebe-se que a metodologia adotada pelo
professor se relaciona à concepção do valor que se atribui ao ensino e como
ocorre o processo de ensino e de aprendizagem (ZABALA, 1998).
Atualmente tem-se discutido como introduzir o uso de tecnologias nas
escolas. Muitos conceitos biológicos são considerados abstratos e de difícil
visualização prática. A justificativa no caso da Biologia é extremamente relevante
e Ward (2010) defende que para que uma determinada estratégia seja
17

implementada ela precisa ser imprescindível ao processo de ensino e de


aprendizagem.
Zabala (2002) propõe um novo método de ensino em que se utilizem os
métodos globalizados, que consistem na mobilização dos alunos para a
resolução de algum problema/questionamento, sendo que para isso será
necessário que se aprendam conceitos, habilidades, se tomem atitudes, sem
que o fim do processo sejam as áreas do conhecimento, mas o processo o
processo pelo qual se passou até chegar na resposta.
Hernández (1998) vai de encontro às ideias de Zabala, dizendo que
existem 6 habilidades que são favorecidas pelos projetos de trabalho:
autodireção (os alunos tomam iniciativas para a resolução de problemas),
invenção (alunos buscam soluções criativas), resolução de problemas,
integração, tomada de decisões e comunicação interpessoal. Todas essas
características permitem dizer que a ênfase do ensino passa a ser o processo
de acomodação do conhecimento e não a resposta final.
O processo de ensino e de aprendizagem, assim como o próprio nome já
diz, é um processo. Leva um tempo para que o aluno possa desconstruir sua
teia de informações e adicionar o novo que chega (MAURI, 2006). Algumas
vezes são necessárias algumas idas e vindas de algumas atividades para que
um conceito seja aprendido. Villas Boas (2013) é um grande defensor do ensino
processual ao defender o uso de feedbacks e devolutivas constantes como parte
integrante da função do professor mediador. Segundo ele, as correções devem
fazer parte do amadurecimento do aluno e devem diminuir a distância entre o
esperado pelo docente e o alcançado pelo estudante.
Além disso, o ensino globalizado é desafiador porque o docente está
sempre lidando com o inesperado. Em outras palavras, a aula em uma
determinada sala nunca será como na outra, os alunos não aprenderão todo o
conteúdo da mesma forma, pois suas estruturas cognitivas e experiências
pessoais não são as mesmas (MAURI, 2006). Também é possível dizer que as
perguntas, as relações, tudo será diferente. O professor conta com a
participação do alunado e a aula se baseia no que cada um tem a contribuir, sem
um cronograma totalmente inflexível. Dessa forma, muitos profissionais utilizam
apenas os documentos oficiais e as demandas culturais da sociedade, sem se
18

perguntarem “O que eu gostaria que meu aluno soubesse?” (HERNÁNDEZ,


1998).
Aliado isso, a dinâmica das aulas em diferentes salas pode se alterar
totalmente. Sposito e Peralva (1996) fizeram contribuições importantes quando
disseram que nem sempre todo o tempo de aula é aproveitado como deveria.
Os alunos demoram para começar a trabalhar, se organizar em carteiras,
responderem chamada, pararem de conversar e quando o professor não
entende isso ele pode se frustrar. Ainda mais, o ócio é um grande vilão do ensino:
se os alunos estão sem atividade efetiva, eles bagunçam (SPOSITO; PERALVA,
1996).
Entretanto, essa imprevisibilidade do ensino permite que o professor
aprenda e pesquise, supere suas próprias incoerências e entenda que nos
projetos de trabalho não existe uma sequência única para nada (HERNÁNDEZ,
1998).
Mauri (2006) tem importantes contribuições relacionadas a essa
imprevisibilidade no ensino. Ela discorreu que os alunos são diferentes um dos
outros porque suas redes de conhecimentos são dessemelhantes. Cada um
constrói sua própria rede, sendo o professor apenas um mediador do processo,
mas não o depositador de conteúdos. Aquilo que se acabou de aprender vai se
relacionar com as experiências de vida e com outros conceitos previamente
aprendidos e resultar em uma rede totalmente diferente para cada indivíduo.
Lidar com o ensino globalizado significa entender que o docente não controla,
nem nunca vai controlar 100% o processo de ensino e de aprendizagem. E como
seria triste se pudesse.
Essa concepção de professor depositador foi previamente descrita por
Freire (2010), que diz haver dois tipos de educação: a libertadora e bancária. Na
educação libertadora o estudante é ator principal do seu processo de ensino e
de aprendizagem, construtor ativo e consciente de sua rede de conhecimento,
formando relações daquilo que já sabe com o novo aprendido. Já a educação
bancária é o oposto: os alunos são vistos como pequenos vasos onde se
depositam conteúdos, de maneira que eles são apenas agentes passivos que
recebem informações. Eles são isentos de pensarem sobre sua própria
aprendizagem e são totalmente dependentes da ação do professorado para
aprenderem.
19

Muitos professores prezam por “plágios” dos seus próprios escritos e


frases de efeitos dos cadernos dos alunos para as provas, mas isso é
extremamente pobre para o alunado. Cada um deveria ser capaz de elaborar
uma representação pessoal e saber se expressar com suas próprias palavras,
pois a aprendizagem é pessoal. Portanto, quando alguns professores elaboram
suas provas e gabaritos eles enchem as respostas de minúcias e informações,
que não deixam de ser importantes, porém ofuscam as partes que são realmente
imprescindíveis ao aluno (CALLUF, 2012). É difícil quando se encontra uma
questão em que se está escrito “Escreva tudo o que você sabe por...”, ou um
gabarito que não deu conta de priorizar o que era, de fato, importante. A escolha
das prioridades do ensino também são parte integrante da função do docente e
está intimamente relacionada em qual concepção de ensino se acredita, na
bancária ou na libertadora.
Para superar essa lógica depositadora no processo de ensino e de
aprendizagem, as Sequências Didáticas (SD) podem ser poderosas propostas
de projetos de trabalho, pois têm ferramentas contra a fragmentação e
descontextualização do ensino, uma vez que articulam diferentes atividades
indicando como cada uma delas colabora com a aprendizagem dos estudantes,
além dos objetivos educacionais a serem alcançados pelos docentes (ZABALA,
1998). As sequências didáticas, podem ser definidas como:
... um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e
articuladas para a realização de certos objetivos educacionais,
que tem um princípio e um fim conhecidos tanto pelos
professores como pelos alunos (ZABALA, 1998, p. 18).

A grande contribuição delas advém do fato de que todas as aulas estão


ligadas de alguma forma. Hoffmann (2006) defende que em uma sequência
progressiva uma atividade sempre possui relação com a que a antecedeu,
associando-se às palavras de Zabala (1998):
O parcelamento da prática educativa em diversos componentes
tem certo grau de artificialidade, unicamente explicável pela
dificuldade que representa encontrar um sistema interpretativo
que permita, ao mesmo tempo, o estudo conjunto e interativo de
todas as variáveis que incidem nos processos educativos
(ZABALA, 1998, p. 53).

De acordo com as Orientações curriculares para o Ensino de Ciências


(SÃO PAULO, 2007) as SD possuem quatro momentos principais:
20

1) Sensibilização e levantamento inicial: são atividades de conhecimento


prévio que estimulam os alunos a começarem a pensar sobre o tema
estudado. É o momento em que o professor pode planejar suas aulas com
mais clareza e direcioná-las para onde existem lacunas do conhecimento.
2) Problematização: aqui ocorre a contextualização do tema que permeia a
SD. Os alunos são provocados e estimulados a pensarem sobre um
problema ou questionamento. Nesse momento os estudantes são
estimulados a refletir e a criar suas próprias dúvidas acerca do tema.
Essa etapa é imprescindível porque ela dará estrutura às outras
atividades que permitirão que a reflexão feita resulte na construção dos
seus próprios conhecimentos.
3) Organização do conhecimento e desenvolvimento: os alunos passam a
desenvolver habilidades para trabalhar e resolver aquilo que foi colocado
na problematização. Muitas estratégias podem ser usadas para abordar
que várias habilidades e competências sejam trabalhadas.
4) Síntese e finalização: é a etapa final onde os conceitos são retomados,
bem como as atividades e procedimentos para sanar as possíveis dúvidas
e lacunas que possam ter finado pelo caminho.
As SDs são divididas didaticamente em etapas, mas elas não precisam
seguir uma linearidade única. Em outras palavras é possível que em uma mesma
aula estejam presentes mais de um momento. Tudo depende do objetivo do
docente. Talvez o nome “Sequência Didática” transmita a concepção errônea de
que só existe apenas um jeito de planejar as aulas em uma única ordem, mas
isso não é verdade, pois como já foi explicitado por Hernández (1998) mais
acima, não existe uma sequência única para nada.
Portanto, está claro que as sequências didáticas são altamente relevantes
para a desfragmentação dos conteúdos, pois abordam um olhar mais holístico
de mundo.

3.3 Ensino de Fisiologia Humana pela Homeostase


Da mesma forma que os conteúdos escolares, de maneira geral,
mostram-se desconexos, na Biologia isso não é diferente. O ensino de Fisiologia
Humana (FH), mais especificamente, mostra-se profundamente fragmentado e
21

descontextualizado do cotidiano dos estudantes. Diversos autores defendem


que os conhecimentos de fisiologia humana precisam se relacionar com
situações reais da prática e convivência dos alunos, a fim de que o conteúdo se
torne mais significante e a aprendizagem seja potencializada (ALVES et al.,
2011; GALVÃO, 2009).
O que se percebe atualmente é que os fenômenos e reações limitam-se
a memorização de fórmulas e nomes complexos de órgãos e sistemas que pouco
contribuem para a aprendizagem ou para a formação de profissionais que
atendam às demandas sociais, além de concepções errôneas de que o corpo é
estático e fechado à influências externas (VILLANI, 1999; GAVIÃO, 2011;
MEDINA; DIAS, 2014).
Como já dito anteriormente, a divisão do conhecimento em disciplinas
torna o processo de ensino e de aprendizagem fragmentado e artificial, mas
observa-se a existência de um outro fenômeno também prejudicial para a
educação: a divisão das disciplinas em subdisciplinas (ZABALA, 2002).
Esse é o caso da fisiologia humana, que se divide em pequenos sistemas
que quando somados resultam no funcionamento do corpo (GURGEL et al.,
2014). Entretanto, o objeto de estudo deveria ser o corpo humano, o qual está
entremeado em um contexto, em um ambiente, que influencia suas condições
fisiológicas (ALVES et al., 2011). Assim, a principal vantagem do estudo de FH
é que o aluno é seu próprio objeto de estudo e está o tempo todo em contato
com os conhecimentos aprendidos na escola. A fim de combater esse processo
de desconexão e descontextualização a proposta da SD elaborada era ensinar
FH com foco na homeostase.
Cannon (1929) visualiza o organismo como um complexo sistema aberto
e interno em que a cooperação de diversos órgãos e estruturas possibilitam que
o organismo permaneça vivo mesmo que as condições externas se alterem.
Quando ocorrem mudanças no ambiente automaticamente ativam-se reações
no interior do corpo que mantém o interior o mais estáveis e constantes
possíveis.
Maturana (1997) discorre sobre os sistemas abertos e fechados. Para ele
a matéria só alcança um sistema totalmente fechado quando está em estado de
equilíbrio estático, momento em que não existem mais relações entre o que está
dentro e fora do sistema. Dessa forma, a não ser na conjuntura de morte, o
22

organismo não está sujeito a essa condição e é por meio do desequilíbrio de


forças e energias que ele se organiza, uma vez que as coisas interagem. Ainda
assim, mesmo aberto à influências o sistema deve ser minimamente preservado
do exterior porque suas estruturas internas ainda precisam ser mantidas em
harmonia. O autor ainda discorre que as relações que regem a vida são de
desequilíbrio e que a inteligibilidade do sistema (do corpo humano, nesse caso),
em influenciar e em se deixar ser influenciado é uma parte constitutiva da
realidade, pois: “Logicamente, o sistema só pode ser compreendido se nele
incluímos o meio ambiente, que lhe é ao mesmo tempo íntimo e estranho e o
integra sendo ao mesmo tempo exterior a ele”. (MATURANA, 1997, p. 22)
A homeostase, por sua vez, é frequentemente confundida com o termo
equilíbrio, mas essa concepção é inadequada por dois motivos: primeiro porque
mostra a ideia de igualdade entre os meios extra e intracorpóreo, sendo que se
por algum momento o organismo se igualasse às condições ambientais
certamente haveria morte; em segundo lugar o conceito de equilíbrio denota o
significado de estático, parado, contudo percebe-se que é porque o organismo
pode se modificar e se adaptar às diferenças ambientais é que a vida torna-se
possível (CANNON, 1929). Essas proposições estão de acordo com Richet
(1900):

“O ser humano é estável. Isso ocorre para que ele não seja destruído,
dissolvido ou desintegrado pelas forças colossais, muitas vezes
adversas, que o cercam. Por uma aparente contradição mantém sua
estabilidade somente se é excitável e capaz de modificar a si mesmo
de acordo com os estímulos externos e ajustar sua resposta à
estimulação. Em certo sentido é estável porque é modificável – a leve
instabilidade é a condição necessária para a verdadeira estabilidade
do organismo” (RICHET, 1900 apud CANNON, 1929).

Diante disso, homeostase pode ser definida como a capacidade do


organismo de se modificar, mantendo-se vivo e estável mesmo com as variações
das condições ambientais. Homeostase não é o mesmo que equilíbrio, uma vez
que o organismo se organiza para a desordem - ativando e desativando reações,
secretando substâncias, gerando feedbacks positivos e negativos, aumentando
e diminuindo atividade de órgãos e estruturas, entre muitas outras ações – que
resulta, no final das contas, em vida (CANNON, 1929).
O ensino da fisiologia humana pela homeostase faz com que os alunos
23

olhem a fisiologia sistemicamente e entendam como todos os órgãos e


estruturas do corpo contribuem, de forma dinâmica - e não estática - para o bom
funcionamento do organismo e como as mudanças extracorpóreas influenciam
as regulações internas, abordando sempre situações cotidianas. Além disso, é
possível realizar discussões sobre as variações fisiológicas que ocorrem entre
as pessoas, ou seja, porque entre indivíduos expostos às mesmas condições
podem ser obtidas respostas fisiológicas diferentes, trabalhando-se assim a
incerteza também. Essa proposta de ensino vai de encontro ao que Zabala
(2002) diz:
É preciso construir um currículo que reflita o nível de incerteza
na vida, no qual é impossível obter sempre uma única resposta
válida e verdadeira para os múltiplos problemas que surgem em
uma realidade na qual se interrelacionam múltiplas e diferentes
variáveis e dimensões. Ou seja, uma visão que facilite uma visão
mais complexa de mundo, superadora das limitações de um
próprio conhecimento parcelado e fragmentado que, sabemos,
é inútil para enfrentar a complexidade dos problemas reais do
ser humano (ZABALA, 2002, p. 58).

Além disso, o entendimento da homeostase está intimamente relacionado


à complexidade porque o corpo é entendido como um sistema aberto a
influências externas, permitindo assim, que o mesmo fenômeno ou
acontecimento seja explicado por diversas hipóteses (GALVÃO, 2009). Segundo
Galvão (2009) a compreensão dela transcende a Fisiologia e aplica-se também
aos sistemas sociais, bem como admite um novo olhar para os conceitos de
resistência e mudança, tornando-se dessa forma, extremamente importante para
a formação do indivíduo.

4. MÉTODOS
Tendo em vista que o objetivo do presente trabalho de conclusão de curso
foi analisar o que especialistas de diferentes áreas pensam sobre uma proposta
do ensino de fisiologia humana pela homeostase, foi elaborada uma sequência
didática (SD). O tema deste projeto foi definido durante as aulas da disciplina
“Projetos Educacionais” na quinta etapa do curso de Licenciatura de Ciências
Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Foram elaborados os documentos de consentimento livre e esclarecido e


24

a carta de informação ao sujeito. Após a aprovação pela Plataforma Brasil


(processo nº 54212816.8.0000.0084 – Concepções e métodos relacionados a
questões gerais sobre o processo de ensino e aprendizagem em Ciências e
Biologia) e término da sequência didática iniciou-se a coleta de dados.
Nessa SD propõe-se o ensino de fisiologia humana. Para tal, as aulas
foram pensadas e elaboradas considerando-se situações cotidianas e
experiências vivenciadas pelos alunos, além das reações fisiológicas diversas
que o corpo pode apresentar frente a um estímulo ambiental e como o mesmo
estímulo pode gerar respostas diferentes com intensidades diferentes para cada
indivíduo.
As atividades propostas na SD são diversificadas e variam de aulas
expositivas-dialogadas à discussões, elaboração de textos, situações problemas
e trabalhos em grupo. O primeiro bloco de aulas consiste na sensibilização e
levantamento de conhecimentos prévios. A partir daí ocorre a elaboração do
conceito de homeostase e a desmitificação dela como equilíbrio estático. O
desenvolvimento das aulas baseia-se no uso de situações e experiências
cotidianas dos estudantes como objeto de estudo e síntese e finalização para
fechamento.
Ao término da elaboração da sequência didática ela foi submetida à
análise de quatro especialistas (pareceristas) tanto da área da Educação quanto
da área da Fisiologia Humana. O contato com eles foi realizado via e-mail, por
onde também foram enviados o projeto contendo a SD (anexo 1) e um roteiro
para guiar a análise.
Segue abaixo uma breve descrição dos 4 avaliadores:
- Primeiro: Formado em Licenciatura plena e Bacharelado em Ciências
Biológicas. Possui mestrado em Ciências Morfofuncionais. Atualmente atua na
área de formação de professores e no ensino de Ciências e Biologia.
- Segundo: Formado em Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas.
Atualmente faz especialização em Ciências da Natureza por área de
conhecimento e trabalha como professor de Ciências e Biologia.
- Terceiro: Bacharel em Ciências Biológicas. Atualmente está terminando o
mestrado em Medicina Translacional e atua na área de Fisiologia Humana.
- Quarto: Formada em Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas.
Possui mestrado em Ensino de Ciências com ênfase em Educação Ambiental e
25

História das Ciências. Atualmente atua como professora na educação de jovens


e adultos.
Juntamente com o roteiro enviado foi encaminhada uma tabela com
quatro tópicos para que os pareceristas completassem aula a aula, conforme o
modelo a seguir:

Aspectos Aspectos Aplicabilidade Comentários Gerais


Positivos Negativos

Aula
1

Aula
2

Aula
3

O uso do roteiro teve como objetivo facilitar a análise e não a imobilização


e engessamento das opiniões. Além disso, a escolha do envio para vários
especialistas fundamenta-se no enriquecimento da análise proveniente de
diferentes opiniões e comentários.
Após o recebimento das análises dos avaliadores os comentários foram
tabulados em tabelas separadas por tópicos. Nem todos os comentários
puderam ser mantidos na forma literal, pois alguns pareceristas comentaram em
forma de parágrafos ou grandes tópicos. Isso enriqueceu a análise, pois eles
puderam explicar melhor seus pontos, entretanto não seria possível deixar
grandes textos nas tabelas. Dessa forma, todos os comentários foram reescritos,
sempre mantendo a ideia original. No anexo 2 seguem todos os comentários
literais feitos e enviados por todos os avaliadores.
Todos os pareceristas fizeram sugestões para melhorar ou resolver
alguns problemas encontrados, então foi criado um tópico chamado “sugestões”
para alocar todas essas ideias. Além disso, o item “comentários gerais” não foi
contemplado por um dos avaliadores e visto que já eram esperadas respostas
muito diversas, todos os comentários desse item foram realocados para um dos
quatro tópicos.
26

Dessa forma foram feitas quatro tabelas, uma para cada tema, contendo
os comentários de todos os pareceristas sobre aquele item: aspectos positivos,
aspectos negativos, aplicabilidade e sugestões. Para facilitar a visualização e
entendimento, cada especialista teve seus comentários representados por uma
cor nas tabelas. Seguindo a ordem da breve descrição feita acima de cada um
deles, foram usadas as cores azul, preto, laranja e verde, respectivamente. As
análises foram feitas de acordo com o referencial teórico.

5. RESULTADOS
Os resultados foram obtidos a partir dos comentários de pareceristas
ligados às de Educação e Fisiologia Humana. Abaixo seguem as tabelas com os
pareceres tabulados. Apenas frisando novamente que nenhum dos comentários
a seguir foram mantidos na forma literal, mas foram parafraseados para melhor
ajuste e visualização geral. Todos os comentários literais (sem nenhuma
alteração) encontram-se no anexo 2.
• Aspectos positivos:
Parecerista 1

Priorizar o ensino de FH no ensino médio, principalmente no último ano

Levantamento de conhecimentos prévios são feitos adequadamente

Os assuntos abordados são próximo ao cotidiano dos alunos

O ensino de homeostase, utilizando o conceito de equilíbrio é muito criativo

Gabaritos no geral são muito claros e eficientes

Aula 9 é inusitada e interessante

Todos os blocos de aula são muito criativos e aplicáveis no contexto escolar

Existe respeito ao tempo de aprendizagem dos alunos

Uso de muitas socializações, pesquisas e trabalhos em grupos, sempre com


orientação docente presente
27

Atividade da teia é muito lúdica e dá possibilidade de ser aplicada de muitas


formas diferentes

Parecerista 2
Valorização da atuação do aluno com mediação do professor

Há uma grande variedade de estratégias de trabalho



Gabaritos no geral muito bem planejados

Descrição do público alvo bem detalhada

Problematização está clara, precisa e adequada

Justificativa do ensino de homeostase é bem convincente

A maior parte dos objetivos específicos propostos são adequados


Aulas no geral são detalhadas e têm boas propostas

Parecerista 3

Não aplicar nota na atividade de sensbilização é adequado

É importante dizer que a homeostase não ocorre só em humanos

A utilização de mídia em algumas aulas as enriquece

Devolutivas e constantes feedbacks são muito positivos

Os gabaritos criados são relevantes para os alunos saberem o que era


esperado e possam se corrigir

Aula 8 é interessante e a parceria com a Química é legal

A entrega de um texto-molde na aula 9 é extremamente relevante para os


alunos

Perguntas feitas na aula 10 são pertinentes ao dia-a-dia e aguçam a


curiosidade estudantil
28

O tempo destinado para apresentações em grupo ao longo da SD é adequado

Mediação docente ao longo das aulas de toda SD é muito importante

Parecerista 4

Público alvo escolhido é adequado para a proposta

Variedade de estratégias de trabalho

O tempo das apresentações em grupo ao longo da SD é aprorpiado

Há possibilidade de integração com outras disciplinas

Tarefas com vários feedbacks e possibilidades de refazê-las é um ponto muito


positivo

Produto final relacionando homeostase a diferentes áreas do conhecimento é


legal

Situações problemas são bem escritas e interessantes

Texto muito bem escrito, criativo e com ampla diversidade de estratégias

• Aspectos negativos:
Parecerista 1

Há pouca interdisciplinaridade, apesar disso estar no Referencial Teórico

As possibilidades de integração deveriam vir na SD e não apenas em um


tópico separado
29

Problematização do projeto poderia ser simplificada

O produto final deveria ficar mais para o final da SD. Na aula 9 os alunos
ainda não estão preparados para algo tão difícil

O gabarito da aula 7 (aula do experimento) contém muito mais conteúdo
do que a atividade proporcionaria. É necessário repensa-lo

É estranho afirmar que o corpo possui o objetivo de se manter estável e


vivo

A situação problema e o gabarito da resposta alérgica (aula 17) não estão


adequados

Alguns pontos das aulas 2 e 3 estão confusos e não se passa a real ideia
da complexidade para os alunos, pois não existe uma linha de raciocínio

A SD é muito extensa. O interessante seria algo em torno de 12 aulas

A atividade do experimento pode deixar muitos alunos ociosos. É preciso


rever a dinâmica ou mandá-la como tarefa para casa

O gabarito da aula 4 exige mais do que as aulas sobre o tema dão conta e
apenas um vídeo é insuficiente para a aula

Parecerista 2

Alguns trechos da justificativa estavam inadequados: 1) O texto não


convencia que a superespecialização é um sério problema; 2) A SD não
dá conta de integrar TODA a fisiologia; 3) Fala-se muito mal do ensino
tradicional, mas é possível aprender dessa forma também;

Objetivos gerais estavam fragmentados e não davam conta da real


extensão da SD

Produto final não é valorizado e destina-se pouco tempo para a


elaboração dele
30

Alguns objetivos específicos apresentaram inadequações: 1) Os órgãos


trabalham juntos e o objetivo certo a ser proposto seria conhecer essas

relações; 2) Conteúdo de ciclos biológicos não está presente na SD; 3)
Falta de clareza em alguns objetivos; 4) Alguns objetivos deveriam estar
presentes e não estão

Alguns conteúdos conceituais que estão escritos são pouco explorados

Conteúdos procedimentais estão inadequados: pouco específicos; mal


classificados; ausência de alguns que deveriam ter sido contemplados

Ausência de objetivos que sejam, de fato, atidudinais

Objetivo da aula 19 é muito mais complexo do que apenas uma aula pode
dar conta

Falta uma aula síntese para fechar a SD

Há pouca interdisciplinaridade e a pouca que tem deveria constar na SD e


não apenas em um tópico separado

A aula 1 é classificada como problematização, mas na verdade é


levantamento de conhecimentos prévios

Na aula 19 "vasos e veias" deve ser trocado por "vasos sanguíneos".


Além disso, nervos e hormônios não são órgãos

O gabarito da aula 7 (aula do experimento) é vago e se exige mais do que


a atividade dá conta

Parecerista 3

Na aula 1 os alunos foram deixados sem nenhum material de apoio para


consulta

Falta de recurso midiáticos em algumas aulas podem preudicar a


aprendizagem de alguns alunos
31

Nas duas primeiras aulas o foco é a homeostase em humanos. Entretanto, é


só na terceira aula que se desconstrói esse conceito e se diz que ela está
presente em outros seres também

Na aula 4 a entrega da comanda antes do vídeo pode tendencionar o olhar do


aluno para informações específicas

A comanda da atividade da aula 7 (aula do experimento) não está adequada


em alguns tópicos

O termo "xixi" é informal para uma turma de ensino médio

A escrita do produto final em trios é ruim, pois um geralmente não contribui

Utilizar os próprios aparelhos eletrônicos dos alunos para pesquisas pode


distraí-los

A escrita de muitos textos várias vezes durante a SD é muito cansativa

Parecerista 4

Nem todos os objetivos propostos podem ser alcançados com essa SD

Há ausência de levantamento de conhecimentos prévios

A SD valoriza sempre o resultado a ser obtido e não o processo em si

Os prazos para a entrega da atividade “O que é homeostase?" são muito


curtos

Não existe um momento em que professora e alunos conversem e avaliem


as apresentações feitas ao longo da SD

O tempo para o desenvolvimento de algumas atividades é muito curto


32

• Aplicabilidade:
Parecerista 1

No geral as aulas são bem aplicáveis em qualquer contexto escolar


A aula 7 (aula do experimento) deveria ser realizada em casa, pois os alunos
não terão tempo de beber toda a água e urinar em apenas 50 minutos

A quantidade de aulas é muito grande, dificilmente um professor destinaria


tantas aulas para um tema

Parecerista 2

Nas aulas 6 e 7 perde-se muito tempo indo ao laboratório de informática

A aula 7 (aula do experimento) apresenta problemas na dinâmica, pois nem
todos os alunos estarão participando ativamente

Aula 19 é muito extensa e seria preciso mais tempo nessa mesma atividade
para alcançar o objetivo proposto

É preciso separar um tempo para discussão após as apresentações

Parecerista 3

Nem toda escola pública tem uma sala multimídia

Na aula 12 há pouco tempo para montar as apresentações e terminar

pesquisas

É possível que a sala de informática esteja indisponível

Parecerista 4

SD facilmente aplicável, mas é necessário pensar em alternativas sem a sala


de informática
33

É necessário pensar com SD seria aplicada para alunos em diferentes níveis


de aprendizagem

As aulas não consideram o tempo que o professor perde para organizar a sala
e e começar. O tempo de 50 min é insuficiente para as atividades propostas

• Sugestões:
Parecerista 1

A atividade 9 é muito complexa e deveria ser passada para o final da SD



A atividade do experimento deveria ser feita em casa

Lição de casa da aula 3 é muito complexa para ser feita em casa e deveria ser
feita em sala

Parecerista 2
As aulas 6, 7, e 19 são extensas e precisam de mais de 50 minutos, então
a professora poderia trocar uma aula antes ou depois com o outro
professor para ter mais tempo

Acrescentar na descrição da escola que existe o jornal periódico

Seria interessante acrescentar os critérios de seleção para escolha dos


sites e livros indicados para consulta

Na aula 8 seria interessante desenhar também os nervos, pois eles são


importantes para a integração

Dividir os grupos de trabalho do bloco de aulas "A homeostase e as


sensações" de acordo com a afinidade pelos temas e não por sorteio

Elaborar mais perguntas para a comanda do grupo “medo” na aula 10

Na aula 15 os alunos recebem as situações problema e podem levantar


hipóteses antes de iniciarem as consultas

O bloco de atividades "A homeostase em diferentes situações" deveria ter


uma atividade de fechamento
34

Na aula 19 a atividade pode ser ampliada voltando os novelos de lã,


refazendo as relações

A exposição do produto final deveria ser mais valorizada, pois muito


tempo foi dedicado a essa tarefa

Parecerista 3

Fornecer material de leitura na primeira aula para os alunos terem alguma


base para responderem as perguntas


A discussão da homeostase poderia focar em como os processos acontecem

e não apenas no motivo

Na aula 4 seria interessante passar o vídeo uma vez antes e outra depois de
entregar a folha


Dar outra atividade aos alunos ociosos na aula 7 (aula do experimento)


Terminar o produto final para depois começar outra atividade

No bloco de aulas "A homeostase e as sensações" poderia ser feito um


gabarito com palavras chave


Seria interessante discutir o tema logo após as apresentações


A aula 17 (terceira socialização) é repetitiva e poderia ser substituída por outra
dinâmica.

Parecerista 4
Dedicar mais tempo para a elaboração de hipóteses, diálogos e dúvidas ao
longo da SD


35

6. ANÁLISE
Sabendo-se que o objetivo do presente trabalho foi analisar as opiniões e
comentários de especialistas das áreas de Educação e Fisiologia Humana sobre
uma sequência didática cujo tema era homeostase, os pareceres foram
analisados à luz do referencial teórico.
A análise foi realizada de acordo com os quatro tópicos descritos
anteriormente: aspectos positivos, aspectos negativos, aplicabilidade e
sugestões.

6.1 Aspectos positivos


Há alguns pontos em comum entre as avaliações dos pareceristas e o
principal deles, que esteve presente de diferentes maneiras em todas elas, foi a
questão da avaliação. Alguns pareceristas se atentaram à existência de
devolutivas constantes e feedbacks para os alunos, enquanto outros
comentaram sobre a criação de gabaritos para todas as atividades propostas.
Em relação às devolutivas e feedbacks, isso foi perceptível nas seguintes
falas: “Devolutivas e constantes feedbacks são muito positivos” (Parecerista 3);
e “Tarefas com vários feedbacks e possibilidades de refazê-las é um ponto muito
positivo” (Parecerista 4).
Villas Boas (2013) discorre sobre a importância dos feedbacks para o
sucesso do processo de ensino e de aprendizagem. A principal vantagem deles
é que para o professor é possível saber se os estudantes conseguiram alcançar,
ou não, os objetivos propostos; e para os alunos é possível uma reflexão que
contemple os pontos positivos e negativos do seu desempenho, bem como a
maturação do que poderia ser feito para melhorar.
A possibilidade de refazer uma atividade permite ao estudante voltar aos
conceitos aprendidos e a identificar onde estão suas próprias falhas. Muitas
vezes o aluno não sabia que tinha uma determinada dificuldade ou não sabia
que apresentava um erro conceitual até ser alertado sobre isso. Saber que errou
não garante a aprendizagem, mas a reflexão sobre ela e a criação de um
raciocínio para a elaboração da resposta correta envolvem uma série de
habilidades e competências, além do conteúdo conceitual propriamente dito.
36

Os feedbacks só são efetivos se eles diminuírem a distância entre o nível


atual dos alunos e o esperado pelo professor (VILLAS BOAS, 2013), como uma
ponte. Caso isso não aconteça, significa que houve uma quebra no processo de
ensino e de aprendizagem e alguns conceitos e habilidades podem ter se
perdido ao longo do caminho. Dessa forma, percebe-se o quanto a criação de
gabaritos para cada tarefa, aliada às devolutivas, são importantes para esse
processo, uma vez que eles são um ponto de comunicação importante entre
professor e aluno, onde o primeiro diz o que se esperava e o segundo reflete se
conseguiu chegar nesse ponto.
Hernández (1998) discorreu sobre as seis habilidades que podem ser
desenvolvidas nos projetos de trabalho e percebe-se que muitas delas são
exercitadas com o uso dos feedbacks: autodireção, resolução de problemas,
integração e tomada de decisões.
Foram observadas as seguintes falas referente aos gabaritos ao longo
dos pareceres: “ Gabaritos no geral são muito claros e eficientes” (Parecerista
1); “ Gabaritos no geral muito bem planejados” (Parecerista 2); e “ Os gabaritos
criados são relevantes para os alunos saberem o que era esperado e possam
se corrigir” (Parecerista 3). A presença deles em 3 dos quatro pareceres mostrou
um ponto realmente positivo da SD.
Além disso, as constantes devolutivas permitem que o aluno se sinta
valorizado por saber que suas atividades serão de fato corrigidas. Isso mostra
um cuidado do professor e um interesse docente na aprendizagem. Quando o
aluno é colocado frente às suas próprias falhas ele pode perceber por si só onde
precisa melhorar. É diferente quando o professor simplesmente coloca um
grande “x” na questão, o que faz com que muitos estudantes nem se interessem
por saber o que estava incorreto. As devolutivas constantes permitem que ocorra
a uma avaliação formativa, uma vez que o compromisso delas é com a
aprendizagem (VILLAS BOAS, 2013). Além disso, traz o aluno como construtor
da sua própria aprendizagem, sendo o professor apenas um mediador (FREIRE,
2010).
Esse ponto nos remete a outro item bastante citado pelos pareceristas: a
valorização do aluno e a mediação docente. Isso foi observado nas seguintes
falas: “ Uso de muitas socializações, pesquisas e trabalhos em grupos, sempre
com orientação docente presente” e “Existe respeito ao tempo de aprendizagem
37

dos alunos “ (Parecerista 1); “ Valorização da atuação do aluno com mediação


do professor” (Parecerista 2); “ Mediação docente ao longo das aulas de toda SD
são muito importantes” (Parecerista 3).
Na educação libertadora proposta por Freire (2010) o professor atua como
um facilitador que permite que cada um elabore e crie sua própria rede de
conhecimentos, sem simplesmente dar uma quantidade absurda de conteúdos
conceituais que no fim serão provavelmente, ou em grande maioria, no máximo,
decorados.
Esse ponto apresenta uma intersecção com o item anterior referente a
avaliação, uma vez que na avaliação formativa o aluno é colocado como sujeito
ativo no processo de ensino e de aprendizagem. O estudante passa a não ser
visto como um vaso passivo para a deposição de conteúdos, mas ele é agente
ativo.
É possível dizer também que isso ocorre porque de alguma forma existe
identificação do que se estuda com sua realidade. Para Mauri (2006), a
aprendizagem ocorre quando o estudante é capaz de elaborar uma
representação pessoal sobre o objeto de estudo. Então atividades que
estimulem a escrita constante tendem a ser benéficas nesse ponto, uma vez que
os alunos são levados a refletir e a pensar sobre o conteúdo o tempo todo. O
estudo da fisiologia humana nesse aspecto torna-se realmente importante, pois
muitas vezes o aluno é levado a pensar sobre si mesmo em um contexto
fisiológico, a entender como seu corpo trabalha e em como ele se modifica.
Estudar fisiologia humana nesse contexto significa refletir sobre si mesmo.
Isso se relaciona a proposição de três pareceristas que indicaram que a
SD proposta tem vários pontos de contato com o cotidiano estudantil, além de
apresentar uma problematização e justificativa de tema satisfatórias. As falas
foram: “Os assuntos abordados são próximo ao cotidiano dos alunos”
(Parecerista 1); “Problematização está clara, precisa e adequada” (Parecerista
2); “Perguntas feitas na aula 10 são pertinentes ao dia-a-dia e aguçam a
curiosidade estudantil” (Parecerista 3).
Essas falas permitem dizer que a SD criada parece ter conseguido trazer
a fisiologia para o cotidiano dos estudantes. Quando o ensino está
contextualizado e inserido no dia-a-dia a aprendizagem se torna muito mais
efetiva, pois o interesse dos alunos aumenta, bem como a participação e a
38

curiosidade deles (HERNÁNDEZ, 1998). Além disso, o ensino torna-se


globalizado, uma vez que leva em consideração as relações existentes entre o
homem e o meio e não isola o ser humano da complexidade que é a vida.
Outro importante aspecto citado pelos avaliadores foi a grande
diversidade de estratégias utilizadas e a criatividade de algumas atividades.
Foram muitas falas relacionadas a esse contexto, então foram separadas
apenas algumas para exemplificação: “ O ensino de homeostase, utilizando o
conceito de equilíbrio é muito criativo” (Parecerista 1); “ Há uma grande
variedade de estratégias de trabalho” (Parecerista 2); “ A utilização de mídia em
algumas aulas enriquece as aulas” (Parecerista 3); Situações problemas são
bem escritas e interessantes “ e “Texto muito bem escrito, criativo e com ampla
diversidade de estratégias” (Parecerista 4).
Existem alunos com diferentes tipos de habilidades: alguns são mais
comunicativos, outros são melhores escrevendo, alguns trabalham bem em
grupo e outros sozinhos. Dessa forma, a utilização de várias estratégias respeita
diversos tipos de habilidades e permite que os estudantes entrem em contato e
desenvolvam outras habilidades e competências que não têm.
Zabala (1998) discorre que as diversas estratégias de trabalho permitem
que o aluno aprenda diferentes valores, como lidar em diferentes contextos e
desenvolve distintas habilidades, que tornam o processo de ensino e de
aprendizagem muito mais completo. Além do mais, os estudantes se sentem
motivados, pois como as aulas são diversificadas eles estão sempre
impulsionados a fazerem coisas novas.
Outro ponto importante a ser ressaltado é que não existe uma fórmula ou
uma sequência correta para a disposição dos conteúdos e isso pode ser
observado na fala do primeiro parecerista que disse que o ensino da FH no
terceiro ano do ensino médio é uma boa estratégia, já que geralmente a genética
é o conteúdo mais valorizado nessa época. As Orientações Curriculares
condizem com isso ao afirmarem que não existe uma ordem exata par ao ensino
(SÃO PAULO, 2007).
Aliado a isso, alguns pareceristas disseram que a SD possui alguns
pontos em comum com algumas disciplinas. Esse item será retomado mais
profundamente nos tópicos abaixo, mas o importante nesse momento é que a
possibilidade de integração com outras áreas do conhecimento enriquece muito
39

o processo de ensino e de aprendizagem. A realidade não está relacionada a


apenas uma uma área do conhecimento de cada vez porque que os problemas
e situações cotidianas são complexos e o ensino deveria levar isso em
consideração (MORIN, 2008, HERNÁNDEZ, 1998, ZABALA, 2002). Portanto,
essas possíveis integrações são realmente importantes na SD.

6.2 Aspectos negativos


Ao contrário dos aspectos positivos, nesse item não houve tantos pontos
em comuns entre as avaliações dos pareceristas. As três principais áreas de
congruência foram: interdisciplinaridade, construção do Produto Final (PF) e aula
7 (aula do experimento).
Em relação à interdisciplinaridade os dois pontos explorados foram a
ausência explícita dela e o fato de ela ser colocada apenas em um tópico
separado no projeto, e não na SD em si. Isso ficou visível nas seguintes falas:
“Há pouca interdisciplinaridade, apesar disso estar no Referencial Teórico” e “As
possibilidades de integração deveriam vir na SD e não apenas em um tópico
separado“ (Parecerista 1); “ Há pouca interdisciplinaridade e a pouca que tem
deveria constar na SD e não apenas em um tópico separado” (Parecerista 2).
A interdisciplinaridade está intimamente relacionada ao estudo da
realidade e consequentemente do cotidiano. Uma das maiores críticas ao ensino
tradicional advém do fato dele considerar apenas as disciplinas, consolidando o
processo de ensino e de aprendizagem nas informações obtidas em diferentes
áreas do conhecimento e não na realidade, que relaciona diversas matérias.
Entretanto, sabe-se que a realidade não é dividida em áreas do
conhecimento. A resolução dos problemas e impasses sociais vai muito além da
química, da biologia e da matemática, por exemplo, mas vem da intersecção de
todas essas áreas (ZABALA, 2002; COIMBRA, 2014). Além disso, a
aprendizagem possui valor efetivo quando o conhecimento é aplicado a
deiferentes áreas e espaços da vida (COIMBRA, 2014). Nos aspectos positivos
vários pareceristas indicaram o quanto a SD proposta está próxima ao cotidiano
dos alunos, e esse é um tópico realmente relevante para a interdisciplinaridade,
pois Zabala (2002) discorre que é a partir do estudo daquilo que está presente
40

no dia-a-dia estudantil que se aproxima da compreensão e intervenção da


realidade.
Contudo apenas isso parece não ser suficiente para que a
interdisciplinaridade ocorra. Dessa forma, o que faltou a para que essa
sequência didática pudesse ser considerada interdisciplinar?
Coimbra (2014) define a interdisciplinaridade como o vínculo de um
conteúdo com o outro, e não apenas como a relação entre os conhecimentos.
Nessa definição os saberes são cúmplices que formam a realidade. É muito mais
do que apenas as relações entre objetos de estudo, mas é como eles se
influenciam mutuamente (COZZA; SANTOS, 2004). Ao se refletir sobre a SD
proposta percebe-se que ela não considerou esse vínculo, mas somente as
relações. Isso ficou claro porque as demais disciplinas, como a Química e a
Física, foram vistas apenas como um complemento a ser dado para o
entendimento mais profundo dos fenômenos fisiológicos, e não parte integrante
da construção do saber.
Ferreira (2005) diz que a interdisciplinaridade é uma ação consciente do
professorado, o que siginifica que ela não pode existir caso não exista uma
intenção clara e objetiva daqueles que a praticam. Esse é outro ponto a ser
criticado, uma vez que em nenhum momento na SD ficou claro se os professores
de outras áreas estavam cientes das possíveis interrelações. E de fato, não
estavam.
Ainda segundo as definições de Coimbra (2014) seria possível dizer que
a SD é, no máximo, multidisciplinar e intradisciplinar. Multidisciplinar porque ela
considera os saberes de áreas do conhecimento distintos de maneira numérica,
ou seja, a junção de duas ou mais áreas que não precisam estar em
comunicação; Intradisciplinar porque as relações tratam-se exclusivamente
dentro de uma disciplina (a fisiologia humana, no caso), que relaciona e integra
seus próprios conceitos dentro de si mesma sem considerar outros campos do
conhecimento.
Ainda pode-se dizer que a SD se preocupou tanto em integrar os órgãos
do corpo humano, de forma a não se ensinar a fisiologia fragmentada em
sistemas, e em considerar as relações entre o organismo e o ambiente externo,
sempre pensando no cotidiano dos estudantes, que ela não deu conta de realizar
a interdisciplinaridade corretamente. Isso não significa necessariamente um erro,
41

pois há muito valor em entender o corpo humano holisticamente, mas nesse caso
ou a sequência deveria ser reclassificada como intradisciplinar ou ela deveria ser
reelaborada para poder se assumir inter.
Esse argumento se torna ainda mais forte quando se considera uma das
críticas do parecerista dois: “ A SD não dá conta de integrar TODA a fisiologia”,
conforme era proposto no projeto. Esse é um objetivo muito pretencioso, pois
nunca seria possível estudar todas as relações existentes em todo o corpo
humano. Elas são inúmeras! Entretanto, esse ponto não desmerece a sequência
didática elaborada, uma vez que faz parte da função dos professores selecionar
os conteúdos que consideram mais relevantes.
Além disso, esse ponto se relaciona à outra crítica do parecerista 2 sobre
um dos objetivos propostos na SD, em que ele diz que ao invés de dizer que o
objetivo é “Relacionar como diferentes órgãos trabalham em conjunto” (assim
como proposto do projeto), o correto seria conhecer ou explicitar essas relações,
pois que os órgãos trabalham juntos é um fato e isso ocorre porque eles se
relacionam. Não se está criando uma relação anteriormente inexistente, mas se
está trazendo à luz a existência dela.
Coimbra (2014) diz que as dificuldades da realização da
interdisciplinaridade são dissolvidas a maneira que ela é praticada. Para fechar
esse ponto faz-se necessária a utilização das palavras de Santomé (1998) sobre
a interdisciplinaridade:
... Não é apenas uma proposta teórica, mas sobretudo uma
prática. Sua perfectibilidade é realizada na prática; na medida
em que são feitas experiências reais de trabalho em equipe,
exercitam-se suas possibilidades, problemas e limitações. É
uma condição necessária para a pesquisa e criação de modelos
mais explicativos desta realidade tão complexa e difícil de
abranger (SANTOMÉ, 1998, p. 66).

Como dito no início, o segundo ponto altamente criticado pelos


pareceristas foi a aula do experimento (aula 7). As principais críticas foram: “ O
gabarito da aula 7 (aula do experimento) contém muito mais conteúdo do que a
atividade proporcionaria. É necessário repensa-lo” e “A atividade do experimento
pode deixar muitos alunos ociosos. É preciso rever a dinâmica ou mandá-la
como tarefa para casa” (Parecerista 1); “O gabarito da aula 7 (aula do
experimento) é vago e se exige mais do que a atividade dá conta” (Parecerista
42

2); “ A comanda da atividade da aula 7 (aula do experimento) não está adequada


em alguns tópicos” (Parecerista 3).
Essa aula apresentou diversos problemas de aplicabilidade que não foram
observados no momento de construção da SD. Segundo os pareceristas muitos
alunos poderiam ficar ociosos, uma vez que apenas alguns participariam
ativamente, sendo necessário pensar em um jeito de que todos os que não
participam tivessem como acessar essas respostas para colocar em seus
próprios questionários. Além disso, uma aula de 50 minutos poderia não ser
suficiente para que os estudantes bebessem a água e urinassem a tempo, o que
poderia gerar saídas em massa aos banheiros em outras aulas e dificultaria
ainda mais o compartilhamento das respostas com os não estivessem
participando.
Problemas dessa natureza relacionados a dinâmica da aula foram
observadas por Sposito e Peralva (1996) por meio de uma entrevista realizada
com um docente. Ao lecionar a alunos entre 13 e 14 anos, quase mesma faixa
etária proposta no projeto, o professor entrevistado afirmou que eles precisam
se manter ocupados o tempo todo. Quando encontram o ócio logo começam a
conversar, bagunçar e isso pode resultar em uma série de “imprevistos” que
desgastam a relação entre estudante e professor. Além disso, contar que uma
aula de 50 minutos será aproveitada na totalidade torna-se utópico, uma vez que
eles vão demorar para se organizar em suas carteiras, ou para formar grupos,
responder a chamada, entre outros. Sposito e Peralva (1996) disseram que em
uma aula de uma hora tem-se no máximo 20 minutos realmente produtivos.
Assim, algumas sugestões foram feitas para melhorar esses impasses e
a saída mais plausível seria mandar esse experimento como uma atividade para
casa. Todos poderiam participar contando suas próprias experiências e haveria
tempo suficiente para que os alunos pudessem urinar e anotar seus resultados.
Em relação a ineficiência do gabarito as análises convergiram para a
super quantidade de conteúdos presente nele. Seria necessária muita mediação
docente para que se pudesse chegar a esse nível de detalhamento requerido, o
que demandaria mais tempo para o desenvolvimento das respostas e
consequentemente mais aulas dispendidas. A comanda deixada foi muito aberta,
o que prejudicou a elaboração de uma resposta final. Comandas abertas são
fáceis de serem elaboradas, mas não de serem corrigidas, pois o docente é
43

obrigado a aceitar um espectro muito grande de respostas. Calluf (2012) afirma


que não é necessário que 100% do que foi proposto, discutido e estudado nas
aulas precisa fazer parte da avaliação, ou do gabarito nesse caso, uma vez que
há alguns conceitos e pontos que auxiliam no entendimento e compreensão do
assunto. Quando pequenas minúcias são exploradas sobra-se pouca atenção
para o entendimento do que realmente é considerado imprescindível para o
estudante. Outro aspecto importante a ser considerado é que esperar que o
aluno coloque exatamente tudo que foi visto em sua resposta é o mesmo que
pedir que ele transmita todo o conhecimento que adquiriu, o que pode retomar a
educação bancária proposta por Freire (2010).
Dessa forma, o que poderia ser feito para melhorar isso é a criação de
roteiros com perguntas, como no bloco de atividades “A homeostase e as
sensações”, direcionando os alunos o raciocínio. Isso aliada a marcante
mediação docente e ao aumento da quantidade de aulas poderia resolver tal
problema. Caso a observação fosse realizada em casa essa própria aula “extra”
poderia ser usada, não precisando, portanto, acrescentar mais aulas.
Contudo, aumentar ainda mais quantidade de aulas pode ser um
problema, uma vez que o parecerista 1 mostrou seu descontentamento em
relação a isso, pois segundo ele a SD proposta já estava bastante extensa.
Contando que há três aulas de Biologia por semana, como proposto no projeto,
essa sequência precisaria de dois meses e meio par ser aplicada. Segundo esse
mesmo avaliador, o ideal seria um planejamento de no máximo 12 aulas, pois
no último ano do ensino médio o currículo tende a ficar mais apertado. Apesar
das SD não precisarem respeitar uma lógica, linearidade ou tamanho
(HERNÁNDEZ, 1998), esse parecerista trouxe um aspecto relevante,
considerando que há apenas nove meses letivos. Em termos práticos um terço
do planejamento anual seria direcionado para a FH.
O primeiro parecerista também mostrou seu descontentamento em
relação a outros dois gabaritos ao longo da SD, um localizado na aula 4 e o outro
na aula 15. Em relação ao primeiro citado, o avaliador afirma que o gabarito
exige mais do que a atividade pode proporcionar. Percebe-se que de fato apenas
o vídeo mostrado não seria capaz de levar os alunos à resposta esperada, pois
ele não conduz ao raciocínio do funcionamento da bomba de sódio e potássio,
mas mostra como ela funciona. Os exemplos e aplicabilidade não poderiam ser
44

alcançados apenas com isso, mas seriam necessários mais vídeos e outros
meios de consulta. Ainda assim, uma aula talvez não fosse suficiente para
chegar ao objetivo, vista a complexidade do conceito. A mesma discussão
aplicada a aula 7 (do experimento) pode estar presente aqui: é necessário fazer
gabaritos menos extensos que contenham as informações consideradas chave
(CALLUF, 2012).
Em relação ao gabarito da aula 17 o parecerista afirmou que havia
problemas na comanda e no gabarito, mas devido a falta de especificidade no
comentário, não foi possível identificar o real problema.
O Produto Final (PF) também recebeu várias críticas. As observações
feitas foram de diferentes naturezas: “O produto final deveria ficar mais para o
final da SD. Na aula 9 os alunos ainda não estão preparados para algo tão difícil”
(Parecerista 1); “ Produto final não é valorizado e destina-se pouco tempo para
a elaboração dele” (Parecerista 2); “ A escrita do produto final em trios é ruim,
pois um geralmente não contribui” (Parecerista 3).
Quando a SD foi criada houve a preocupação de que os alunos pudessem
ter vários feedbacks antes da entrega final e dessa forma, tivessem bastante
tempo para trabalhar em seus textos. Por isso a aula de introdução do PF foi
escolhida tão cedo. Caso essa atividade fosse deixada mais para o final seria
necessário aumentar ainda mais o número de aulas para que os alunos
pudessem trabalhar em sala na elaboração dele, o que não seria vantajoso,
considerando quão longa já está a sequência. Da maneira atual os alunos fazem
a maior parte do trabalho em casa, sempre com constantes devolutivas para que
o tudo seja processual e não sejam necessários mais momentos presenciais
para isso.
Assim, quando os dois primeiros pareceristas dizem que o PF não é
corretamente valorizado e que ele deveria estar no final da SD é necessário
pensar na questão de aplicabilidade envolvida e no impacto que essas
mudanças gerariam para o número de aulas propostas.
Como já dito anteriormente, não existe uma ordem ou linearidade para a
elaboração das aulas ao longo da SD e é possível que exista mais de um
momento ou etapa coexistindo ao longo dos 50 minutos propostos
(HERNÁNDEZ, 1998). Logo, o que mais importa não é em si onde uma tarefa
aparece, mas o quão bem elaborada e o impacto que ela tem na formação dos
45

alunos. O PF é uma das atividades de maior peso na avaliação final, e, portanto,


não pode ser simplesmente ser tratado como qualquer atividade.
Em relação a escolha por trios, talvez seja realmente melhor manter a
atividade em duplas, pois como a atividade será realizada majoritariamente em
casa, a docente não tem como monitorar ao vivo a dinâmica e discussões dos
grupos. O uso de duplas pode, com certeza, diminuir o ócio e aumentar a
produtividade.
O parecerista 3 indicou sua insatisfação quanto ao alto número de
atividades escritas ao longo da SD: “ A escrita de muitos textos várias vezes
durante a SD é muito cansativa”. Entretanto, a escrita estimula os alunos a
elaborarem representações pessoais e a organizar os conhecimentos
construídos, contribuindo, portanto, para a aprendizagem (MAURI, 2006).
Esse ponto ainda se mostra contraditório com o que foi comentado nos
aspectos positivos. A utilização de várias estratégias de trabalho é muito positiva
para o processo de ensino e de aprendizagem. Como dito anteriormente os
alunos precisam se manter ocupados, ou o ócio poderá ser muito maléfico para
a dinâmica (SPOSITO; PERALVA, 1996) e a utilização de muitas estratégias e
reflexões são uma parte imprescindível para a construção da teia de
conhecimentos de cada estudante (ZABALA, 1998).
A parecerista 4 fez o seguinte o comentário referente a sequência no todo:
“ A SD valoriza sempre o resultado a ser obtido e não o processo em si”. Contudo,
isso não parece ir de encontro ao que os outros pareceristas disseram. Nos
aspectos positivos a mediação docente e as constantes devolutivas e feedbacks
puderam classificar a SD proposta como processual, visto que as atividades
eram de fato desenvolvidas e refeitas várias vezes (VILLAS BOAS, 2013). Dessa
forma, quando se diz que o resultado é mais valorizado, há que se discordar.
Essa própria avaliadora indicou nos aspectos positivos que as várias devolutivas
eram um ótimo aspecto, o que significa que existe uma contradição em sua
opinião aqui.
O avaliador 2 diz haver problemas na aula 1 e na aula 19. Segundo ele a
primeira aula seria classificada como levantamento de conhecimentos prévios, e
não como sensibilização. Isso se relaciona ao comentário do parecerista 1 em
aspectos positivos, em que ele diz que o levantamento foi realizado da maneira
adequada. De qualquer forma, quando o aluno é levado a pensar no conteúdo e
46

percebe que talvez não esteja familiarizado com os conceitos, mesmo a


atividade de conhecimentos prévios pode funcionar como uma aula de
sensibilização (SÃO PAULO, 2007). Para muitos esse pode ser o primeiro
contato com algumas palavras, ou a primeira vez que são levados a aquele tipo
de raciocínio. Acredita-se que é o que acontece nessa SD. Além disso, é possível
que vários momentos estejam presentes em uma mesma aula, assim como já
foi explicitado algumas vezes ao longo da análise, a sequência não precisa se
restringir a uma estrutura rígida (HERNÁNDEZ, 1998).
Em relação a última aula o avaliador diz não haver um momento de
fechamento. Entretanto a última aula, que é a atividade da teia, pode ser
considerada como aula de fechamento, pois não se está vendo nenhum novo
conceito. Todos as estruturas presentes ali foram cuidadosamente escolhidas de
maneira que todas elas foram vistas ao longo da SD, pelo menos uma vez. A
atividade pode ser considerada ambiciosa tanto para os alunos quanto para a
mediação docente, mas ela pode funcionar perfeitamente como uma aula de
fechamento. Mesmo porque ela alcança um dos objetivos propostos no projeto,
que consistia na percepção de que o corpo está integrado de várias maneiras.
Não penas isso, mas os parâmetros curriculares nacionais (SÃO PAULO,
2007), caracterizam uma aula de finalização como o momento em que os
conceitos são retomados e as lacunas que puderam ter ficado durante o
processo são preenchidas. A atividade da teia proporciona exatamente essa
experiência.

6.3 Aplicabilidade
Alguns tópicos referentes a aplicabilidade já foram anteriormente
discutidos nos aspectos positivos e negativos porque isso deixou a análise mais
fluida e organizada. Alguns pareceristas acabaram repetindo comentários
anteriormente já ditos nesse tópico, o que deixou essa sessão pouco
diversificada e pouco profunda.
A questão da aula do experimento (aula 7) já foi previamente discutida,
assim como questão do produto final e o número de aulas. De maneira geral, os
4 pareceristas não apontaram problemas graves de aplicabilidade, sendo os dois
47

mais complicados de serem resolvidos a questão do tempo de duração das aulas


e a sala de informática.
Em relação ao primeiro item, a parecerista 4 indicou que acredita que as
aulas, no geral, são muito extensas para serem aplicadas nos 50 minutos
disponíveis. Segundo ela, é necessário considerar que leva um tempo até a aula
começar efetivamente, o que pode prejudicar a dinâmica de muitas atividades
que precisam de um tempo maior para a execução. Ponto previamente discutido
sob a entrevista dada por Sposito e Peralva (1996).
Essa é uma temática realmente importante a ser levada em consideração,
uma vez que as dinâmicas entre as salas podem ser bem diferentes e isso é algo
que não se tem como prever. Assim como defendido por Hernández (1998),
ensinar significa lidar com o inesperado o tempo todo, pois as aulas seguem
dinâmicas diferentes porque dependem da participação do aluno e da mediação
do professor. Ou seja, ambos os lados contribuem para o andamento das aulas.
Em uma determinada sala uma discussão pode se prolongar mais do que em
outras.
Uma das saídas para esse problema seria pedir que os estudantes
terminassem as atividades em casa, caso o tempo presencial não seja suficiente.
Entretanto, um dos pareceristas pareceu discordar desse fato, uma vez que
disse que “Existe respeito ao tempo de aprendizagem dos alunos”. De qualquer
maneira, o argumento da avaliadora 4 foi convincente e diz respeito a alguém
que atua na área da Educação, contribuindo, portanto, com sua experiência.
Em relação as aulas na sala de informática os comentários foram
diversos: “Nas aulas 6 e 7 perde-se muito tempo indo ao laboratório de
informática” (Parecerista 2); “ Nem toda escola pública tem uma sala multimídia”
e “ É possível que a sala de informática esteja indisponível” (Parecerista 3); “ SD
facilmente aplicável, mas é necessário pensar em alternativas sem a sala de
informática” (Parecerista 4).
De fato, algumas escolas públicas infelizmente ainda não possuem
recursos financeiros para manter uma sala cheia de computadores com acesso
a internet ou uma sala multimídia com projetor e equipamento de som. Caso
essa seja a questão algumas saídas são possíveis: as pesquisas seriam
realizadas apenas por meio de livros e seriam complementadas em casa com o
uso de internet; as apresentações poderiam ser feitas com cartazes
48

confeccionados pelos alunos com as informações mais relevantes; o link do


vídeo que seria passado na aula 4 poderia ser disponibilizado para que os alunos
pudessem acessá-lo de seus equipamentos eletrônicos.
Essa última saída pode não ser a melhor, pois isso depende da política
da escola em relação ao uso dos aparelhos eletrônicos em salas e além do mais
não é possível controlar o que os alunos estão, de fato, fazendo nos celulares.
Como a parecerista 3 disse nos aspectos negativos: “Utilizar os próprios
aparelhos eletrônicos dos alunos para pesquisas pode distraí-los”. Dessa forma,
a aplicação dessa atividade deve ser pensada cuidadosamente para cada
contexto e o professor que vai aplicá-la deve refletir se ela vale a pena ou não.
Uma outra possibilidade também poderia ser a realização de uma aula
dispositivo-dialogada sobre o tema.
Ward (2010) discorre sobre o uso de tecnologia nas salas de aula e para
ele uma determinada inovação só deve ser implementada caso não haja nada
mais que possa substituir ou ser efetivo para o sucesso processo de ensino e de
aprendizagem naquela situação. A apropriação de vídeos e imagens pode
contribuir, e muito, para visualização de processos e estruturas que são
consideradas tão abstratas para os estudantes, sobretudo na Biologia.
Entretanto, não se pode dizer que não seja possível aprender de outras formas,
afinal, as gerações passadas aprenderam e elas não tinham nada disso. Esse
ponto tem muita fundamentação, pois ultimamente prioriza-se a aquilo que é
novo em detrimento do simples que pode ser tão eficiente quanto. Não se pode
dizer que seria impossível que as aulas que precisam de recursos audiovisuais
e pesquisas apresentariam a mesma qualidade, mas é possível pensar em
meios de contornar esse impasse.
O último tópico, mas não menos importante diz respeito ao comentário da
parecerista 4: “É necessário pensar como a SD seria aplicada para alunos em
diferentes níveis de aprendizagem”. Assim como proposto por Hernández
(1998), o ensino globalizado é desafiador porque o docente não tem como
controlar todo o processo de ensino e de aprendizagem. Como um bom
mediador, a função do professor é dar subsídios para que cada estudante possa
construir sua própria aprendizagem, formando sua própria rede de
conhecimentos (MAURI, 2006). Essa construção não tem como ser controlada,
49

uma vez que as estruturas cognitivas e experiências pessoais não são as


mesmas.
A mediação docente torna-se extremamente relevante em todo esse
processo, inclusive para saber se o aluno está conseguindo alcançar os objetivos
propostos e é nesse ponto que se percebe uma das grandes vantagens do
ensino processual: o aluno não vai deixar acumular erros conceituais e
conteúdos mal-entendidos ao longo do ano letivo para ter que resolvê-los em
uma prova no final. Mas são os feedbacks e devolutivas constantes que
permitirão que os alunos cheguem ao nível mínimo, pelo menos. Logo, a solução
para isso seria o próprio processo de construção do conhecimento que foi
valorizado nos aspectos positivos.
Nesse aspecto a SD proposta parece contribuir bastante para a
construção pessoal de cada um porque como já foi anteriormente explicitado o
parecerista 1 disse nos aspectos positivos: “Existe respeito ao tempo de
aprendizagem dos alunos”. Ponto extremamente relevante para que esse
objetivo seja alcançado.

6.4 Sugestões
Esse item foi extremamente diversificado em relação aos comentários.
Todos objetivaram melhorar a SD proposta. Por conta disso ficou difícil elaborar
uma linha linear de raciocínio que integrasse todos eles. Alguns já foram tratados
anteriormente, como as críticas e possíveis melhoras na aula do experimento 7
e o produto final.
A seguir está o ponto ainda não mencionado do parecerista 1. Ele apenas
disse que a lição de casa da aula 3 deveria ser feita em sala, devido à
complexidade da tarefa. Nenhum outro parecerista chegou a comentar nada
dessa atividade e como já teriam sido realizadas 2 aulas sobre o mesmo tema,
ela não parece ser tão complexa de ser realizada como lição de casa, mesmo
porque terá feedback. Caso a professora veja muitos problemas ela pode voltar
novamente nos mesmos conceitos e sanar dúvidas gerais.
O parecerista 2 fez diversos comentários sobre diferentes assuntos. Em
um deles foi dito que algumas aulas podem ser muito compridas para
acontecerem em apenas 50 minutos (assim como a avaliadora 4). A entrevista
50

de Sposito e Peralva (1996) pode ser trazida novamente para embasar esse
comentário. Como sugestão o avaliador disse que talvez a professora poderia
conversar com o docente responsável pela aula anterior ou posterior da de
Biologia para trocar os horários, assim seria possível ter mais tempo para as
atividades mais extensas. Isso seria muito positivo especialmente naquelas que
envolvem apresentações.
O mesmo parecerista também disse que seria interessante anexar no
projeto os critérios utilizados para a escolha dos livros e sites sugeridos para as
pesquisas. Isso é algo realmente relevante que faltou ser adicionado. De
qualquer forma, essas referências foram escolhidas de acordo com o material
usado para o preparo das atividades, comandas e gabaritos.
Outra ideia interessante foi em relação a aula 15, em que os alunos
poderiam elaborar hipóteses antes de começar as pesquisas. Essa é uma ótima
sugestão, uma vez que o levantamento de hipóteses não foi muito explorado ao
longo da SD, apesar de haver várias pesquisas e situações problemas ao longo
dela.
Carvalho (2014) diz que a criação de um ambiente investigativo nas aulas
permite que os alunos relacionem seus conhecimentos prévios, ou espontâneos
como ela mesma define, com a elaboração de soluções para a pergunta que
estão tentando responder. Não se trata apenas de buscar uma resposta, mas de
reconstruir seus próprios conceitos, pensar e refletir sobre os próprios
conhecimentos. Essa sugestão poderia inclusive ser estendida a outras tarefas
também.
Além disso, pode-se relacionar esse comentário à única sugestão
realizada pela parecerista 4, em que ela disse a importância de mais tempo para
a elaboração de hipóteses, criação de discussões e esclarecimento de dúvidas
ao longo da SD.
Ainda segundo o parecerista 2, os grupos de trabalho para o bloco de
atividades "A homeostase e as sensações" deveria ser realizado por afinidade
de tema, e não pode sorteio. Esse ponto é muito relevante, pois quando os
alunos podem escolher trabalhar com o que se sentem mais confortáveis eles
rendem e ficam mais motivados a participar. Isso leva a um ponto que não foi
apontado por nenhum parecerista: não foi dita como seria a divisão dos grupos
em nenhum momento. De qualquer maneira, a divisão por afinidade parece ser
51

uma ótima saída, a não ser naquelas tarefas como o produto final, em que a
dupla se escolhe antes do tema.
Por fim, a última sugestão desse parecerista consistiu na ampliação da
aula 19. Segundo ele, os alunos poderiam voltar os novelos de lã, sendo
forçados a pensar em novas relações, mas agora sem o poder de escolher uma
estrutura, pois o caminho do fio já estaria traçado. Essa atividade é muito rica e
dá possibilidade de ser aplicada de muitas formas, assim como dito pelo
parecerista 1 nos aspectos positivos. De qualquer forma, a principal vantagem
dela é que os alunos precisam relacionar conceitos e são levados a olhar a
fisiologia sistemicamente, como ela é.
A terceira parecerista também apresentou alguns comentários
interessantes. Primeiramente ela diz que os alunos deveriam ser deixados com
material de apoio na aula 1, pois eles poderiam se sentir perdidos nas respostas
que devem dar. Entretanto, como essa atividade trata-se de um levantamento
de conhecimentos prévios isso não é uma possibilidade, uma vez que interessa
à professora o que os estudantes pensam sobre o assunto. Não existe certo ou
errado para eles nesse primeiro momento. Isso se relaciona com o que é
defendido pelos parâmetros curriculares nacionais (SÃO PAULO, 2007), em que
a principal característica da aula de levantamento inicial é provocar e estimular
o alunado, inclusive para que o professor possa direcionar as próximas aulas e
discussões com mais clareza.
Além disso, ela levanta novamente uma questão sobre o PF, dizendo que
ele deveria ser finalizado antes de começar outra atividade. Contudo, a questão
da aplicabilidade e da escolha da dinâmica já foram anteriormente explicitadas.
Em alguns momentos, não apenas com essa avaliadora, percebe-se muita
preocupação com lugar/período em que uma determinada atividade aparece,
mas não em si com o impacto final que ela terá na aprendizagem. Conforme já
dito por Hernández (1998) e explicitado várias vezes ao longo da análise, a
linearidade não é o foco de uma sequência didática, ao contrário do que o nome
sugere.
Um comentário extremamente relevante foi: “ A discussão da homeostase
poderia focar em como os processos acontecem e não apenas no motivo”. A SD
proposta tinha como preocupação, além da integração do corpo, permitir que os
alunos percebessem que o organismo não é um sistema totalmente fechado,
52

mas que possui comunicação com o meio externo, que pode fazer com que as
regulações internas se modifiquem para alcançar o equilíbrio dinâmico. O foco
eram sempre as respostas fisiológicas, o que criou o estabelecimento de uma
relação de causa e consequência ao longo das aulas. Seria um equívoco dizer
que isso é incorreto porque isso ocorre, mas a SD poderia ganhar alguns pontos
positivos se ela focasse um pouco mais nos processos em alguns momentos.
Isso se relaciona com uma importante frase dita por Carvalho (2014, p. 7):
“Ciências não é a natureza, mas leva a uma explicação da natureza”. Trazendo-
se essa frase para o contexto dessa SD, seria possível dizer que a Fisiologia
Humana não é o organismo, e sim o que usamos para estuda-lo. Portanto,
estudar como o corpo trabalha e não apenas como ele responde é um ponto
crucial.
Por fim, a última sugestão consistia na criação de discussões após os
momentos de apresentações dos grupos. Isso é bastante relevante e necessário,
não apenas para o aprofundamento de conceitos e estabelecimento de relações,
mas também para dar feedbacks para as apresentações em si. Como já dito por
Villas Boas (2013), os feedbacks são imprescindíveis ao processo de ensino e
de aprendizagem e as apresentações precisam fazer parte disso.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos as análises dos pareceristas especialistas em educação
e/ou Fisiologia Humana sobre a sequência didática desenvolvida, que objetivava
o ensino da fisiologia humana pela homeostase, extremamente cruciais para o
aprimoramento do instrumento bem como para atuação docente no ensino.
53

Em linhas gerais a SD foi considerada criativa, diversificada e possibilita


a aprendizagem dos alunos por meio da constante mediação da professora e
foco no processo de construção do conhecimento pessoal.
Apesar de terem sido levantados alguns pontos referente a
interdisciplinaridade, ou no caso a falta dela, é possível dizer que mesmo assim
foi possível alcançar o objetivo de se propor o ensino de fisiologia humana sem
a subdivisão do corpo em pequenos sistemas e nomes complexos que pouco
contribuem para a aprendizagem significativa.
Ainda há muitos ajustes a serem realizados no instrumento elaborado,
como por exemplo a redefinição dos objetivos do projeto no qual a sequência
está inserida, além da criação de dinâmicas que levem a construção de
conteúdos atitudinais. Percebe-se que os alunos poderão ver a fisiologia em
muitas situações corriqueiras, mas foram pouco estimulados a intervirem em
seus próprios cotidianos e a usar o que aprenderam para transformar suas
realidades.
Refletindo-se quão grande a SD se encontra talvez seja necessária
encurtá-la, tirando-se um ou dois blocos de atividades para que sejam
priorizadas mais discussões e elaboração de hipóteses.
Esse trabalho não pode e não vai terminar por aqui, pois após as
modificações necessárias pretende-se publicar a sequência elaborada para que
outros professores possam utilizá-la e até mesmo adaptá-la aos seus contextos.
De qualquer maneira as avaliações recebidas foram de grande valia para
minha formação enquanto professora. Não apenas porque estou me tornando
docente, mas porque a partir de agora a sociedade vai me considerar como
profissional que precisa aprender a receber e administrar críticas e que entende
que a ação reflexiva é uma parte importante da formação de qualquer indivíduo.
Além disso, ensinar significa ter valores pelos quais lutar e se superar a cada dia
em incoerências, erros e atitudes para que aqueles que estão vindo depois de
nós possam alcançar patamares mais altos do que alcançamos.
Da mesma forma que o processo de ensino e de aprendizagem não é
estático, a ação docente também não é. Isso significa que sempre teremos algo
a aprimorar, afinal “A consciência do mundo e a consciência de si inacabado
necessariamente inscrevem o ser consciente de sua inconclusão num
permanente movimento de busca” (FREIRE, 2006, p. 33).
54

8. REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS

ALVES, N. MENEZES, J. BARROS, W. BORGES, S. MELLO-CARPES, P. G.


Práticas inovadoras no processo de ensino-aprendizagem de Fisiologia
Humana. Rio Grande do Sul, 2011. Disponível em:
<https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/view/1779
> Acesso em: 4 nov. 2016.
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Paulo: Edições Loyola, 2000. p. 9-21.
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avaliação em Biologia Curitiba: InterSaberes, 2012. p. 54-59.
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Seus pressupostos, sua crítica. In: FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 44. ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010. p.79-106.
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da Autonomia – saberes necessários à prática educativa. 33ª ed. São Paulo:
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55

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MAURI, T. O que faz com que o aluno e a aluna aprendam os conteúdos
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professor: entrevista com François Dubet. Revista brasileira de educação, n. 5,
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SANTOMÉ, J. T. Globalização e interdisciplinaridade – o currículo
integrado. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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qualidade do Ensino Médio e o vestibular. Curitiba: Ed. UFPR, 2011.
Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
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SÃO PAULO. Orientações curriculares e proposições de expectativas de
aprendizagem para o ensino fundamental: ciclo II. 2007. Disponível em:
<http://portaleducacao.prefeitura.sp.gov.br/>. Acessado em 12 mai. 2017.
VILLANI, V. G. Um contexto de ensino e aprendizagem da Fisiologia Humana.
In: II ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS,
2., 1999, São Paulo. Anais São Paulo: EMPEC, 1999. p. 1-14.
VILLAS BOAS, B. M. F. Virando a escola do avesso por meio da avaliação.
Campinas, SP: Papirus, 2a ed. 2013.
WARD, H.; RODEN, J.; HEWLWTT, C.; FOREMAN, J. Ensino de Ciências. 2ª
ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
ZABALA, A. A prática Educativa – como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
ZABALA, A. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta
para o currículo escolar. Porto Alegre: Artmed, 2002.
56

9. ANEXOS
9.1 ANEXO 1

UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE


FISIOLOGIA
1. Descrição minuciosa do público alvo e local em que o projeto será
proposto.

O projeto será proposto aos alunos do terceiro ano do ensino médio de


uma escola pública. O bairro onde a escola se situa é predominantemente
residencial e possui vários estabelecimentos comerciais (mercados, farmácias,
padarias, loja, entre outros). Os estudantes que compõe a escola são, em sua
maioria, provenientes de famílias de classe média-baixa.
As aulas do Ensino Médio são administradas apenas durante o período
da manhã e todas as salas são mantidas em único prédio de dois andares. No
andar de baixo encontra-se as 6 salas de primeiros anos e no andar de cima 4
de segundos anos e 2 de terceiros.
No andar de baixo ainda há uma sala de informática equipada com
computadores e acesso a internet. Além disso, no segundo andar há uma sala
multimídia com um data show, tela, computador e caixas de som para a
apresentações previamente agendadas. No térreo encontra-se a área de
alimentação, que possui uma lanchonete, e um pátio com mesas e cadeiras.
Ainda no térreo, têm-se uma quadra coberta.
Cada sala, em geral, tem capacidade para 30 alunos, que é a média de
estudante por sala. As aulas têm duração de 50 minutos, sendo três aulas de
biologia por semana, uma em cada dia. Todas as salas de aula possuem dois
ventiladores, duas janelas que tomam uma parede inteira e uma lousa.

2. Problematização

Dessa forma, como é possível relacionar os diferentes mecanismos de


regulação corporal com as situações cotidianas e a homeostase?
57

3. Justificativa

A ciência avança continuamente, produzindo cada vez mais conhecimentos,


especializando-se e criando campos e áreas de atuação cada vez mais
específicos (MORIN, 2008). Essa grande quantidade de informação e
superespecialização dos conteúdos têm se tornado um dos problemas mais
sérios da educação brasileira.
Para Zabala (2002), a compartimentalização do saber trouxe às escolas
a divisão disciplinar dos conteúdos. Diante desse fato tem-se discutido como
integrar o saber em uma visão interdisciplinar (ZABALA, 2002). Contudo,
percebe-se que de modo geral os cientistas já produzem um conhecimento
especializado e fragmentado, tornando o fenômeno de reunificação do saber
sempre desatualizado.

A fisiologia compreende um campo com grande amplitude e diversidade


de assuntos, uma vez que são abordadas as estruturas morfológicas, a interação
dos diversos órgãos que constituem o organismo, bem como a interação destes
com o ambiente, sendo necessário conceitos principalmente de física, química e
anatomia (GURGEL et al., 2014).

O ensino de Fisiologia Humana (FH) mostra-se profundamente


fragmentado e descontextualizado do cotidiano dos estudantes. Infelizmente o
que se percebe atualmente é que os fenômenos e reações limitam-se a
memorização de fórmulas e nomes complexos de órgãos e sistemas que pouco
contribuem para a aprendizagem ou para a formação de cidadãos conscientes
do próprio corpo (VILLANI, 1999; GAVIÃO, 2001; MEDINA; DIAS, 2014). Além
disso, a FH também está isolada de muitas áreas do conhecimento, como a
química e a física, por exemplo.

Dessa forma, a principal vantagem do estudo da fisiologia é que o aluno


é seu próprio objeto de estudo e está o tempo todo em contato com os
conhecimentos aprendidos na escola. A fim de combater esse processo de
desconexão e descontextualização a proposta dessa sequência didática é
ensinar FH com foco na Homeostase, compreendendo como ela integra todas
as partes do corpo.
58

Cannon (1929) visualiza o organismo como um complexo sistema aberto


e interno em que a cooperação de diversos órgãos e estruturas possibilitam que
o organismo permaneça vivo mesmo que as condições externas se alterem.
Quando ocorrem mudanças no ambiente automaticamente ativam-se reações
no interior do corpo que mantém as condições internas as mais estáveis e
constantes possíveis (CANNON, 1929). Essas proposições estão de acordo com
Richet (1900):

“O ser humano é estável. Isso ocorre para que ele não seja
destruído, dissolvido ou desintegrado pelas forças colossais,
muitas vezes adversas, que o cercam. Por uma aparente
contradição mantém sua estabilidade somente se é excitável e
capaz de modificar a si mesmo de acordo com os estímulos
externos e ajustar sua resposta à estimulação. Em certo sentido
é estável porque é modificável – a leve instabilidade é a condição
necessária para a verdadeira estabilidade do organismo”
(RICHET, 1900 apud CANNON, 1929).”

O ensino da fisiologia humana pela homeostase faz com que os alunos


olhem automaticamente para a fisiologia sistemicamente e entender como todos
os órgãos e estruturas do corpo contribuem, de forma dinâmica - e não estática
- para o bom funcionamento do organismo e como as mudanças extracorpóreas
influenciam as regulações internas, abordando sempre situações cotidianas.

4. Objetivos Gerais e específicos


4.1 Objetivos gerais

Compreender o conceito de homeostase e de que maneira ela está


presente em todas as regulações do organismo. Além disso, perceber os
mecanismos responsáveis pela manutenção dela, bem como relacionar tais
mecanismos com as possíveis alterações fisiológicas em decorrência de
situações cotidianas.

4.2 Objetivos específicos


• Compreender o que é homeostase
• Compreender que homeostase não é equilíbrio estático
59

• Diferenciar equilíbrio estático de equilíbrio dinâmico


• Relacionar as sensações cotidianas à homeostase
• Relacionar como diferentes órgãos trabalham em conjunto
• Estar ciente das diferenças dos ciclos biológicos de cada indivíduo de
acordo com fatores ambientais
• Reconhecer as reações fisiológicas associadas às sensações;
• Compreender como o organismo está intimamente relacionado às
mudanças no ambiente;

5. Conteúdos a serem trabalhados


CONCEITUAIS

• Conceituar homeostase
• Conceituar equilíbrio dinâmico
• Entender a fisiologia de diferentes órgãos

PROCEDIMENTAIS

• Pesquisar e coletar informações;


• Relacionar homeostase à conceitos e situações fisiológicas;
• Levantar e discutir hipóteses acerca de hábitos cotidianos no
funcionamento dos mecanismos de manutenção homeostase;

ATITUDINAIS

• Perceber a influência dos hábitos cotidianos no funcionamento dos ciclos


biológicos;
• Trabalhar em grupo respeitando as diferenças;
• Perceber que apesar de termos regulações fisiológicas semelhantes,
cada um tem sua particularidade e podemos responder de maneiras
diferentes aos mesmos estímulos;
60

6. Método

6.1. Sequência Didática

Aula 1: Você sabe o que é homeostase? (Problematização e


sensibilização)
Objetivos: - Sensibilizar os alunos para como o corpo deles trabalha em
harmonia e sincronia; sem estaticidade.

Essa primeira atividade é de sensibilização dos alunos para o tema


homeostase. Portanto, não será aplicada nenhuma nota para acertos e erros.
Isso será explicitado no início da aula.

Essa aula será dividida em duas fases, sendo a primeira individual e a


segunda em dupla. No primeiro momento a professora entregará aos alunos uma
folha com perguntas referentes ao tema “homeostase” que deverá ser
respondida individualmente e sem consulta. Tempo estimado de 25 minutos.

No segundo momento os alunos devem se juntar em duplas para


discutirem as questões e, caso sintam que haja necessidade, podem retificar as
respostas (cada um na sua própria folha) com uma cor de caneta diferente antes
de entregar. Tempo estimado de 15 minutos. Os alunos receberão uma folha
com a seguinte comanda:
61

Nome: ______________________________________ Série ____ Nº ___

PRIMEIRO MOMENTO:

Responda individualmente às questões a seguir. Lembre-se de deixar bastante


espaço entre as respostas, pois isso será importante para o segundo momento de
nossa aula.

1-) Por que você acha que sentimos fome, sede, calor, dor, entre outros?

2-) Você acha que as regulações que ocorrem no nosso organismo mudam de
acordo com as alterações que ocorrem no ambiente? Justifique.

3-) Qual a diferença entre estável e estático?

4-) Você acha que seu corpo está em equilíbrio? Explique sua resposta.

5-) Você sabe o que é “homeostase”? Se sim, explique sua resposta.

SEGUNDO MOMENTO:

Junte-se com um colega e discutam suas respostas. Caso sinta a necessidade,


acrescente informações ou mude sua resposta sem apagar o que já foi escrito. Utilize
uma outra cor de caneta para essa segunda parte da atividade.

Aula 2: O que é homeostase afinal? – Primeira socialização (Organização


do conhecimento)

Objetivo: - Construir com os alunos o conceito de homeostase e responder as


perguntas da aula de sensibilização.

Previamente a professora analisará o que os alunos escreveram e anotará


as palavras e expressões mais usadas para serem utilizadas na discussão. No
62

início da aula os alunos arrumarão as cadeiras em um grande círculo para que


todos possam se olhar e receberão novamente suas folhas para que possam
acompanhar as perguntas e respostas.

Como há muitos conceitos a serem fechados, essa discussão precisará


de duas aulas para ser finalizada, a fim de se alcançar o aprofundamento
necessário. Dessa forma, a meta para essa primeira aula é discutir as três
primeiras questões.

A professora lerá com eles as perguntas do questionário, falando as


respostas mais comuns, utilizando exemplos, fazendo perguntas e mediando a
discussão para o entendimento dos seguintes pontos:

- Muito do que acontece no nosso corpo ocorre de forma involuntária, ou seja,


não nos damos conta de que está ocorrendo. Já imaginou se precisássemos
pensar para que nosso coração batesse ou para que continuássemos respirando
enquanto dormimos? Quais seriam as consequências a curto e longo prazo caso
isso acontecesse?

Respostas: A curto prazo precisaríamos nos concentrar em todos os músculos


e em cada estrutura para que elas obedecessem aos nossos comandos,
demandando muito esforço mental o tempo todo. Entretanto, o mais crítico seria
na hora de dormir, uma vez que não poderíamos descansar ou não
mandaríamos comando para o coração, pulmão e músculos para trabalharem.
No final das contas acabaríamos morrendo.

- Nosso organismo trabalha 24 horas por dia e nossas sensações nos ajudam a
perceber o meio à nossa volta. O que acontece quando colocamos nossa mão
em uma chapa quente? Caso não sentíssemos dor o que aconteceria?

Respostas: A dor indica que algo no nosso organismo está errado. Ao


colocarmos a mão na chapa quente, sentimos dor e a tiramos rapidamente,
impedindo que a queimemos.

- As condições ambientais estão sempre se modificando, mas internamente


precisamos nos manter estáveis. Entretanto, mesmo que tenhamos essa
63

capacidade existe uma faixa de normalidade compatível com a vida humana,


uma vez que nossa regulação não é eterna nem imbatível.

Nesse momento a professora poderia fazer as seguintes perguntas:

1) Tomando a temperatura corporal como exemplo, qual a faixa de


normalidade aceitável para a vida humana?
Resposta: Nossa temperatura interna pode varia de 35º C à 39º C, com ótimo
em 37ºC. A temperatura externa pode variar de - 29º C com roupas apropriadas
à 127º C ao ar seco durante 20 minutos.
2) Por que nosso corpo não consegue se adaptar a temperaturas fora dessa
faixa?
Resposta: Temperaturas muito altas desnaturam proteínas (perdem função) e
diminuem a pressão. Podemos desmaiar por falta de oxigênio e nutrientes,
ocorrem sangramentos no nariz, suamos até desidratarmos, entre outros. Já
temperaturas muito baixas diminuem o metabolismo do corpo e podem inclusive
causar queimaduras. Começamos a congelar, nossas enzimas ficam lentas e
nossas células param de trabalhar na velocidade certa. Todas as enzimas e
proteínas possuem uma faixa ótima de normalidade para trabalhar. Dessa forma,
o desrespeito a essa condição causa problemas em todo o funcionamento do
corpo.
Esse exemplo nos mostra como é importante mantermos nossa temperatura
corporal constante mesmo que a ambiental se altere.
- Estático e estável podem ser considerados sinônimos muitas vezes, mas não
são a mesma coisa. Estático significa sem movimento, parado, estagnado.
Estável, por sua vez, significa constante, regulado, ou seja, não é sem
movimento, mas é um movimento ordenado e duradouro. Dessa forma, o que se
diz é que existe um equilíbrio dinâmico, em que o corpo se desorganiza com o
intuito de se organizar.

Aula 3: O que é homeostase afinal? – Primeira socialização (Organização


do conhecimento)
Objetivo: - Construir com os alunos o conceito de homeostase e responder as
perguntas da aula de sensibilização.
64

A meta para essa aula é responder as duas questões remanescentes e


enfim formalizar o conceito de homeostase. A aula seguirá a mesma dinâmica
da anterior.

- Nosso corpo não pode estar em equilíbrio estático com o ambiente. Nem os
meios intra e extracelular de nossas células podem estar em igualdade entre si.
Caso houvesse equilíbrio estático, certamente morreríamos. O que existe é um
equilíbrio dinâmico, ou seja, tudo se mantém em ordem, mas sem estaticidade.
Quando somos colocados em alguma situação desconfortável ou desafiadora e
nossa estabilidade é confrontada, nosso organismo trabalha para alcançá-la
novamente.

- A homeostase é o processo realizado pelo corpo, mantendo-se vivo e estável,


mesmo que as condições ambientais variem. Todos os seres humanos se
mantêm em homeostase, ou do contrário não seria possível manter suas
condições internas estáveis de forma compatível com a vida. Podemos enxergá-
la praticamente o tempo todo e em quase todas as nossas sensações.

Um outro ponto que pode ser abordado durante a discussão para


complementá-la é:

- Além dos seres humanos, em que outros seres ela pode ser encontrada?

Aqui seria o momento para abordar que apesar do foco ser a homeostase em
pessoas, os animais e plantas também se mantêm nela para viverem. Apesar
das regulações dos animais, plantas e humanos serem diferentes em muitos
aspectos (também há semelhanças), são elas que permitem que o organismo se
adapte às condições e se mantenha vivo.

Ao final da aula a professora entregará a seguinte comanda com a uma


tarefa 1 para casa:
65

Nome: ______________________________________ Série ____ Nº ____

TAREFA 1 – O que é homeostase?

Com base nas nossas discussões, escreva o que você entende por homeostase.
Seu próximo prazo de entrega é nossa próxima aula, dia ____\____\____.

Gabarito TAREFA 1 – O que é homeostase?

Homeostase é o conjunto de regulações feitas pelo organismo para manter


a integridade do equilíbrio dinâmico, e consequentemente se manter vivo. O tempo
todo o corpo aumenta ou diminui a produção de substâncias, ou o trabalho de uma
estrutura ou órgão, por exemplo, sempre se desorganizando para chegar a uma
organização que seja compatível com a vida. Essa busca pela organização é
constante, pois uma regulação leva a outra e assim o corpo vai constantemente se
desorganizando e organizando sucessivamente. Equilíbrio estático só é possível
encontrar na morte.

As alterações que acontecem no ambiente têm impacto direto nessas


regulações, pois requerem que o corpo trabalhe mais ou menos para alcançar esse
objetivo.

Aula 4: O equilíbrio dinâmico e a célula (Desenvolvimento do


conhecimento)
Objetivos: - Compreender a homeostase na célula.

A professora recolherá a tarefa 1 (O que é homeostase?) para realizar


correção e comentáriose posterior reentrega.
Essa aula será na sala multimídia, pois a professora passará um pequeno
vídeo sobre a bomba de sódio e potássio. A tarefa dos alunos é assistir o vídeo,
realizando registros e em duplas formalizar um pequeno parágrafo explicando o
66

funcionamento da bomba. O vídeo encontra-se no seguinte link:


https://www.youtube.com/watch?v=ltAnJpSEwBI
Eles receberão a seguinte comanda:

Nomes: ______________________________________ Série ____ Nº __

TAREFA 2 – A homeostase celular

Com base no vídeo assistido elabore, em duplas, um pequeno parágrafo


explicando o funcionamento da bomba de sódio e potássio e porque ela é tão
importante para o organismo. Caso seja necessário, faça algumas pesquisas em
casa. Seu próximo prazo de entrega é nossa próxima aula, dia ____\____\____.

Gabarito TAREFA 2 – A homeostase celular

Nas nossas células possuem canais para a passagem dos íons de sódio e
potássio. A regulação correta desses canais é muito importante para o bom
funcionamento de todas as células, e consequentemente da nossa vida. Eles, em
conjunto com outros canais menores, ajudam a manter mais sódio fora da célula e
mais potássio dentro. Esse processo requer um gasto energético, fornecido pelo
ATP. Muitos processos dependem da bomba de sódio e potássio, entre eles
podemos citar a contração muscular. Além disso, toda vez que o íon sódio se
movimenta ele carrega consigo água, então problemas na concentração dele gera
problemas de solubilidade celular.

Aula 5: A homeostase e você parte I (Problematização)


Objetivos: - relacionar processos fisiológicos com o cotidiano.

No início da aula os alunos entregarão a primeira versão da tarefa 2 (A


homeostase celular) para comentar e devolver feedback.

Nessa aula os alunos farão um experimento para perceberem as


respostas que seus organismos apresentarão perante alguns estímulos. Cinco
voluntários serão sujeitos de pesquisa. Todos da sala receberão uma folha com
67

a comanda e devem preenchê-la com as respostas encontradas para posterior


discussão dos resultados. Segue abaixo a comanda:

Nome: ______________________________________ Série ____ Nº ___

Grupo Rim:

- Vá ao banheiro e faça xixi. Observe a cor e o volume de urina que você fizer. Anote
suas observações aqui:

____________________________________________________________.

- Observe se sente algum desconforto na região inferior do abdômen e se sente


dificuldade de ficar em ficar em pé. Anote todos os dados que coletar aqui.

__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________.

- Beba 1L de água e espere até sentir vontade de ir ao banheiro.

- Quando você sentir vontade de fazer xixi observe novamente todos os parâmetros
anteriormente percebidos e anote como eles estão agora. Caso você tenha notado
mais alguma diferença que não tinha percebido antes, anote neste momento.

__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________.

- Vá ao banheiro e observe novamente a cor e o volume da sua urina.

A professora recolherá as atividades para não correr o risco de os alunos


perderem a folha com as respostas e as devolverá na aula seguinte para que os
alunos possam trabalhar com os dados coletados.
68

Aula 6: A homeostase e você parte II (Organização do conhecimento e


desenvolvimento)
Objetivo: - Elaborar hipóteses que expliquem as regulações observadas na aula
anterior.

Inicialmente a professora irá devolver a tarefa 1 (O que é homeostase?),


comentada para que os alunos possam aprumá-la e devolvê-la na próxima aula.

Essa aula será realizada no laboratório de informática para que os alunos


possam utilizar a internet e pesquisar em sites confiáveis disponibilizados pela
professora. A professora dará apenas algumas sugestões, pois os estudantes
devem checar outras fontes também. No início da aula a docente entregará a
folha preenchida por cada um com os resultados do experimento da aula
anterior.

A tarefa dos estudantes é procurar explicações e elaborar hipóteses para


o que foi observado na aula anterior. Eles poderão pesquisar tanto sozinhos
como com outros alunos, do jeito que se sentirem confortáveis para trabalhar.

Tanto em grupo, quanto sozinhos todos devem realizar registros


individuais em suas respectivas folhas previamente comentadas. Ao final da
aula os estudantes a devolverão à professora para que ela leia e comente mais
uma vez, direcionando as pesquisas com perguntas e comentários pertinentes.

Caso o laboratório de informática esteja indisponível por alguma razão, a


docente poderá disponibilizar os sites para que os alunos consultem seus
próprios equipamentos eletrônicos e também trará livros e textos previamente
selecionados para consulta.

Sites: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/formacao-urina.htm

http://escolakids.uol.com.br/formacao-da-urina.htm

Livro: Amabis e Martho


69

Aula 7: A homeostase e você parte II (Organização do conhecimento e


desenvolvimento)

Objetivo: - Elaborar hipóteses que expliquem as regulações observadas na aula


anterior.

Os alunos entregarão pela última vez a tarefa 1 (O que é homeostase?)


para correção. A professora devolverá a tarefa 2 (A homeostase celular).

Essa aula também será no laboratório de informática e seguirá o mesmo


molde da anterior. Os alunos receberão suas folhas novamente comentadas
para que continuem suas pesquisas, explicando e elaborando hipóteses para os
resultados encontrados na aula 5.

Seguindo os comentários da docente eles devem terminar suas pesquisas


e começar a formalizar um trabalho individual escrito que será terminado em
casa e entregue na próxima aula. A mediação durante todo o processo será
imprescindível para que todos alcancem o esperado. Para essa tarefa eles
receberão uma folha com a seguinte comanda.

Nome: ______________________________________ Série ____ Nº ____

TAREFA 3 – O xixi e a homeostase

Com base nos resultados encontrados no seu experimento e nas pesquisas


realizadas por você até o momento, elabore um texto explicando os resultados que
você coletou. Seu prazo de entrega é nossa próxima aula, dia ____\____\____.

Foi elaborado um gabarito pela professora com as respostas esperadas


para essa tarefa. Esse é apenas um modelo.
70

Gabarito TAREFA 3 – O xixi e a homeostase

A cor do xixi varia de acordo com a diluição da urina. Quanto mais diluída,
mais clara será a cor. Em condições normais nosso corpo é perfeitamente capaz de
absorver a quantidade de líquido que precisamos para manter nossas funções e
processos fisiológicos em ordem. O órgão responsável por essa regulação é o rim.

Dentro do rim há pequenas unidades de filtração chamados de néfron que


recebem um grande aporte de sangue, filtrando-o e retirando aquilo que deve ser
excretado. Lá ocorre um controle fino da quantidade de água que será reabsorvida
pelo corpo e da que será excretada. O que será excretado seguirá pelos ureteres à
bexiga, onde será armazenado até o momento da micção.

Nosso organismo sabe a quantidade de água que precisa eliminar porque


existem células específicas ao longo do corpo que conseguem sentir a concentração
do sangue. Quando tomamos muita água nosso sangue tende a ficar mais diluído,
ou em outras palavras menos concentrado, e essas células especiais captam essa
informação e mandam para o cérebro. Como resposta o cérebro avisa o rim que ele
precisa eliminar mais água, o que faz com que o xixi saia bem diluído e claro. O
contrário também ocorre, uma vez que quando ficamos muito tempo sem beber água
nosso sangue tende a ficar mais concentrado, ou em outras palavras menos diluído.

Nossa bexiga é inervada e manda informações para o cérebro. Conforme ela


se distende, o cérebro entende quando é o momento de urinar e gera a vontade de
fazer xixi.

Ainda na bexiga e também na uretra há estruturas musculares que auxiliam


no controle da saída da urina. Em outras palavras, ajudam a segurar o xixi até o
momento da micção

Aula 8: Você e a sede (Organização do conhecimento e desenvolvimento)


Objetivo: - Conhecer e compreender as regulações do mecanismo da sede.

A professora recolherá a tarefa 3 (O xixi e a homeostase) para correção.


71

O foco dessa aula será uma exposição dialogada sobre a sede.


Inicialmente a professora começará ouvindo os relatos e as explicações que os
alunos acharam sobre o experimento do rim.

O primeiro ponto da discussão é a ideia de concentração. Nesse momento


pode-se propor uma parceria com o professor de química para que esse assunto
seja abordado com maior profundidade. Para essa aula o importante a ser
retomado é que a concentração relaciona duas variáveis, por exemplo, massa e
volume. A professora pode se apropriar de alguns exemplos bem conhecidos,
como mg\L para isso. A fim de explicar o mecanismo e a regulação da sede ela
fará um desenho na lousa que contenha o cérebro, o rim, e um vaso sanguíneo.

Inicialmente a professora formalizará alguns pontos da tarefa da aula


passada para auxiliar no entendimento dessa aula. O conteúdo teórico a ser
explicado aqui é que existem células específicas ao longo do corpo que
conseguem perceber a concentração do sangue. Quando tomamos muita água
nosso sangue tende a ficar mais diluído, ou em outras palavras menos
concentrado, e essas células especiais captam essa informação e mandam para
o cérebro. Como resposta o cérebro avisa o rim que ele precisa eliminar mais
água, o que faz com que o xixi saia bem diluído e claro. O contrário também
ocorre, uma vez que quando ficamos muito tempo sem beber água nosso
sangue tende a ficar mais concentrado, ou em outras palavras menos diluído.
Assim que essa informação é percebida no cérebro, ele nos manda dois avisos:
um para ingerirmos mais líquido (sensação de sede) e outro para o rim excretar
menos água.

Algumas perguntas que podem ser feitas durante a aula são:

- O que você acha que é concentração?

- Quando seu xixi ficou mais claro ele ficou mais ou menos concentrado? Por
que?

- Por que é importante sentirmos sede?

- Por que sentimos mais sede quando praticamos alguma atividade física ou
quando o dia está muito quente?
72

- Toda água que bebemos é excretada na urina?

- De que forma a homeostase está presente no mecanismo da sede?

Aula 9: A homeostase em outro contexto - Parte I (Problematização;


Organização do conhecimento e desenvolvimento)

Objetivo: - Relacionar a homeostase com outras áreas do conhecimento.

A professora entregará a última correção da tarefa 1 (O que é


homeostase?) no início da aula.

Essa aula será dedicada ao início da elaboração do produto final. A


proposta é que os alunos comecem a discutir em sala e terminem o trabalho em
casa com entregas periódicas definidas pela docente. A professora passará nos
grupos para ajuda-los e fazer mediação.

A homeostase pode ser entendida como sucessivas regulações que o


organismo realiza para manter a integridade do equilíbrio dinâmico, e
consequentemente se manter vivo. As alterações que acontecem no ambiente
têm impacto direto nas regulações, pois requerem que o corpo trabalhe mais ou
menos para alcançar esse objetivo.

Essa mesma situação pode ser observada em outros contextos além do


corpo humano. Ou seja, situações em que a própria reação regula o processo.
Seria interessante se os estudantes pudessem observar como a homeostase
está presente em outros campos de conhecimento.

Diante disso, para essa atividade os alunos devem pensar na homeostase


em diferentes contextos que não seja o biológico. A tarefa deles é criar, em trios,
um texto em que explique como eles enxergam a homeostase em um contexto
diferente. Cada grupo receberá, além da comanda, um texto escrito pela
professora como modelo e inspiração daquilo que eles precisam fazer.
73

Segue abaixo, respectivamente, a comanda e o texto entregue para os


estudantes.
Nomes:____________________________________________________________
_______________________________________________________
A homeostase e a economia
PRODUTO FINAL
Ah a economia... Sempre dinâmica. Todos os dias ouvimos notícias sobre

ela: uma hora o mundo está na eminência de uma crise, outra hora está tudo bem.
Com base
O dólar no etexto
sobe fornecido
desce, pela professora
assim como o preço deotudo
desafio de que
aquilo vocês é criar, em trio, um
compramos.
texto autoral contando como vocês enxergam a homeostase em um outro contexto
e área do
Já conhecimento que não
te contaram sobre a lei seja o biológico.
da oferta Quanto mais
e da procura? criativo,
Funciona melhor!
assim: imagine
quepossível
Se você (só vocêdigitado.
façam e ninguémNãomais) fabrique
esqueçam um ótimo as
de adicionar produto. Todos
referências vão querer
bibliográficas
que utilizaram. Utilizem no máximo, duas páginas escritas ou digitadas.
comprar sua mercadoria e você não terá concorrência nenhuma. Isso significa O prazoque
de
entrega final é na nossa aula do dia ____\____\____, momento em que faremos uma
é possível colocar o preço que bem entender no seu produto. Agora imagine que
socialização com toda a sala, mas teremos entregas periódicas até lá. Além disso,
mais alguém comece
publicaremos os textosa vender o mesmo
no jornal ou escola,
da nossa então algo
quemuito parecido
contará com edição
com uma o seu.
especial
Se seu sobre
preçoa estiver
homeostase.
alto Portanto, caprichemvão
os consumidores bastante!
preferir comprar do outro
comerciante... Então de repente você se vê na obrigação de baixar preço e diminuir
o lucro.

Quanto mais comerciantes vendendo o mesmo que você, mais baixo será
seu preço, pois quanto maior a procura, menores os valores tendem a ser. O
mercado financeiro está o tempo todo se ajustando e se autorregulando de acordo
com essas variações, sendo que os principais objetivos são se manter estável
economicamente e gerar lucro.

Dentro do seu corpo acontece algo similar: assim como um comerciante quer
sobreviver às intemperes do mercado financeiro, você quer se manter estável e vivo
mesmo que as condições do ambiente mudem.

Pense assim: seu organismo vivo é a economia. A estabilidade econômica e


o lucro, que são os objetivos da economia representam os do corpo que são se
manter estável e vivo. A lei da oferta e da procura, que é o que gera mudanças e
instabilidade no mercado financeiro interpretam o ambiente produtor de mudanças
e desafios para o organismo. O “sobe e desce” de preços da economia que regula o
mercado financeiro, é a homeostase, que são as regulações realizadas no
organismo.
74

Aula 10: A homeostase e as sensações - parte I (Problematização;


Organização do conhecimento e desenvolvimento)

Objetivo: - Elaborar hipóteses que expliquem regulações e respostas fisiológicas


cotidianas e relacioná-las com a homeostase.

Os alunos entregarão a primeira versão do Produto final.

As próximas 5 aulas serão dedicadas aos trabalhos em grupos sobre o


estudo de algumas sensações. Os alunos realizarão praticamente todo o
trabalho em sala de aula e ao final farão uma apresentação. Serão ao todo 4
temas: fome, frio, calor e medo. Cada grupo terá em média 6 alunos. Após
formarem os grupos haverá o sorteio dos temas. Os grupos receberão a seguinte
comanda de acordo com seu tema:
75

Nomes:___________________________________________________________
_________________________________________________________________

Grupo: Fome.

O desafio para as próximas aulas é entender de que forma a fisiologia está presente
no tema que receberam. Realize todas as anotações aqui. Lembrem-se de que dia
___\___\___ é a apresentação. Seguem abaixo algumas perguntas para ajudar a
começar:

“Felipe é um garoto muito curioso. Após ter aula sobre a glicose na escola onde
estuda, ele decidiu fazer um experimento em casa. Para isso mediu sua glicemia
antes de comer, logo após se alimentar e duas horas após a refeição. Ele observou
os seguintes valores:

- Antes de comer: 90 mg/dL

- Logo após comer: 150 mg/dL

- Duas horas após comer: 95 mg/dL

Esse experimento o deixou muito intrigado e ele escreveu as seguintes perguntas:

1- O que é glicemia?
2- Por que minha glicemia não ficou constantemente alta depois de
comer?
3- O que aconteceu com a glicose quando a glicemia abaixou?
4- Qual a relação das taxas de glicose com o processo homeostático?
5- Comemos apenas quando sentimos fome? Por que? ”
76

Nomes:____________________________________________________________
__________________________________________________________________

Grupo: Calor.

O desafio para as próximas aulas é entender de que forma a fisiologia está presente
no tema que receberam. Realize todas as anotações aqui. Lembrem-se de que dia
___\___\___ é a apresentação. Seguem abaixo algumas perguntas para ajudar a
começar.

“Imagine que você fez uma excursão para Manaus, onde as temperaturas chegam
a 40°C e a umidade relativa do ar alcançam 90% facilmente todos os dias. De
repente você começa a suar, a sentir tonturas e seu rosto fica vermelho.

1- Por que você se sentiu assim?


2- Qual a função do suor?
3- De que forma a temperatura ambiental influencia a perda de calor
do corpo para o meio?
Algumas horas depois você precisou ir ao hospital, pois seu nariz começou a sangrar
e seus pés incharam após uma visita a pé ao centro da cidade. Explique de que
forma seu corpo reagiu às altas temperaturas e os ajustes homeostáticos que foram
feitos para te deixar vivo. “
77

Nomes:___________________________________________________________
__________________________________________________________________

Grupo: Medo.

O desafio para as próximas aulas é entender de que forma a fisiologia está presente
no tema que receberam. Realize todas as anotações aqui. Lembrem-se de que dia
___\___\___ é a apresentação. Segue abaixo algumas perguntas para ajudar a
começar.

“Julia estava atrasada para o trabalho nessa manhã. Saiu apressadamente


de casa, correndo para não perder o ônibus das 07:00. Quando foi atravessar a rua
não percebeu a moto que vinha em alta velocidade em sua direção e quando ouviu
a buzina alta e estridente levou um baita susto! Na hora seu rosto tornou-se branco,
suas pernas mais fortes, suas pupilas dilatadas, os batimentos cardíacos mais
acelerados, assim como a respiração e os pelos de seu braço se eriçaram.
Felizmente ela escapou por pouco!! Entretanto, demorou alguns minutos para se
recuperar.... Ela teve que chegar atrasada no trabalho.

1- Por que o corpo de Julia agiu dessa maneira?


2- Estabeleça uma relação entre o aumento dos batimentos
cardíacos e aumento da frequência respiratória. “
78

Nomes:___________________________________________________________
_________________________________________________________________

Grupo: Frio.

O desafio para as próximas aulas é entender de que forma a fisiologia está presente
no tema que receberam. Realize todas as anotações aqui. Lembrem-se de que dia
___\___\___ é a apresentação. Segue abaixo algumas perguntas para ajudar a
começar.

“Sua família decidiu passar as férias de julho no Alasca, onde é verão nessa parte
do ano. As temperaturas ficaram entre 0°C e 5°C todos os dias. Ao longo dos dias
você percebeu que passou a comer mais do que o habitual e passou a urinar mais
vezes também.

1- Durante o inverno gastamos mais ou menos energia? De que


forma a fome relaciona-se a isso?
2- Por que é comum sentirmos mais vontade de fazer xixi no
inverno?
3- De que forma a temperatura ambiental influencia a perda de calor
do corpo para o meio?
Durante um passeio você percebeu que seus músculos começaram a tremer
involuntariamente. De que forma isso relaciona-se com o ganho de calor? “

A professora trará os materiais de leitura como livros e permitirá o uso de


aparelhos eletrônicos para a consulta em sites específicos, recomendados por
ela. Ao final da aula cada grupo deve entregar um registro de tudo o que foi
realizado para a professora. Durante as discussões a docente passará nas
equipes para esclarecer dúvidas e realizar a mediação.

Sites: http://www.infoescola.com/fisiologia/temperatura-corporal/

https://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/19837/fisiologia-das-
sensacoes-termicas

https://www.youtube.com/watch?v=229BxrV30Hw

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/saude-bem-estar/mecanismo-fome.htm

Livro: Amabis e Martho


79

Aula 11: A homeostase e as sensações - parte II (Organização do


conhecimento e desenvolvimento)

Objetivo: - Elaborar hipóteses que expliquem regulações e respostas fisiológicas


cotidianas.

A professora entregará a correção da primeira versão do produto final.

No início da aula os alunos receberão a folha entregue aula passada, com


comentários e perguntas da docente, guiando as pesquisas dos estudantes. Eles
ainda farão pesquisas e registros com consulta ao material fornecido pela
professora, a qual passará nos grupos para esclarecer dúvidas e realizar a
mediação. No final cada equipe entrega novamente sua folha.

Aula 12: A homeostase e as sensações - parte III (Organização do


conhecimento e desenvolvimento)

Objetivos: - Elaborar hipóteses que expliquem regulações e respostas


fisiológicas cotidianas.

- Elaborar uma apresentação.

Os alunos farão a segunda entrega do produto final.

Essa aula será no laboratório de informática. A professora devolverá pela


última vez as folhas comentadas e entregará uma outra contendo instruções de
como realizar uma boa apresentação. Sentados com seus respectivos grupos os
estudantes iniciarão a montagem da apresentação e pesquisa, caso falte algum
detalhe. Se for necessário os alunos precisarão terminar o trabalho em casa.
Eles deverão preparar os slides para apresentarem. A professora passará nos
grupos para dar algumas dicas pertinentes para elaboração de uma boa
apresentação.

A mediação ao longo dessas aulas será muito importante, uma vez que a
docente precisa garantir que cada grupo em seu respectivo tema alcance os
seguintes pontos:
80

Grupo Fome: Nosso corpo precisa de energia para todas as atividades que
realizamos. Dessa forma, precisamos comer de tempos em tempo para obter
energia. Existem muitas causas pelas quais sentimos fome, como ansiedade,
por exemplo.

Quando comemos transformamos aquilo que comemos em nutrientes,


que serão absorvidos pelo nosso organismo. Um deles é a glicose. Durante o
processo de digestão a glicose não usada prontamente é transformada em
glicogênio e fica armazenada no fígado. Após algumas horas sem comer ou
enquanto realizamos alguma atividade intensa nossas células precisam de
glicose para transformá-la em energia. Então o fígado é acionado para
transformar glicogênio em glicose e liberar na corrente sanguínea onde é
captada pelas células. Quando nossos estoques de glicose se encontram em
baixa nosso cérebro é notificado de que precisamos comer para repor, causando
a fome.

Períodos prolongados sem comer podem causar desmaios, fraqueza,


fadiga excessiva e até mesmo convulsões.

Grupo Calor: Nosso corpo está o tempo todo em contato com o ambiente. Calor
nada mais é do que energia térmica em movimento. A física diz que dois corpos
em contato trocam energia térmica entre si até que fiquem com a mesma
temperatura. Nosso corpo não é diferente! Uma boa parte de todo o nosso
metabolismo gera energia térmica como subproduto. As células estão o tempo
todo em atividade produzindo-a cada vez mais. Como precisamos manter a
temperatura constante e em torno de 37°C é necessário perdermos esse
excesso de energia térmica para o meio. Quanto mais frio mais fácil é perdermos
energia térmica e quanto mais quente, mais difícil.

Nosso corpo tem mecanismos de resfriamento e um deles é o suor. Não


é em si a perda de água que resfria o corpo, mas é o vento que bate na pele
molhada que auxilia na perda.

De maneira geral quanto maior a temperatura maior a velocidade das


reações, trabalho das enzimas, e mais rápido o fluxo sanguíneo nos nossos
81

vasos. Em temperaturas altas ficamos inchados porque o sangue circula com


maior pressão, dilatando e podendo causar até rompimento de pequenos vasos.

A energia térmica irradia por todo nosso corpo através das artérias e
veias, então quando a temperatura do ambiente está alta eles se dilatam para
ficarem mais próximos a pele, e assim auxiliar na perda de energia com o meio.
Por isso ficamos vermelhos.

Grupo Frio: Nosso corpo está o tempo todo em contato com o ambiente. Calor
nada mais é do que energia térmica em movimento. A física diz que dois corpos
em contato trocam energia térmica entre si até que fiquem com a mesma
temperatura. Nosso corpo não é diferente! Quando a temperatura ambiental está
baixa tendemos a perder energia térmica, então precisamos criar mecanismos
para isso não acontecer. Somos experts em aumentar nossa temperatura!

A contração da musculatura gera energia térmica, então quando


trememos é uma reação involuntária dos músculos para produzir energia
rapidamente. Além disso, nosso metabolismo aumenta consideravelmente. Uma
boa parte de todo o nosso metabolismo gera energia térmica como subproduto.
As células estão o tempo todo em atividade produzindo cada vez mais. Como
precisamos manter a temperatura constante e em torno de 37°C, o metabolismo
é aumentado.

Muitas alterações fisiológicas ocorrem no inverno, entre elas: o aumento


do apetite (para compensar o aumento do metabolismo); diminuímos a
quantidade de suor produzido, então urinamos mais para compensar; nossos
vasos se contraem para ficarem mais afastados da pele e não perderem calor
para o meio; entre outros.

Grupo Medo: O medo tem uma importância evolutiva: nos manter seguros.
Quando estamos com medo tendemos a não seguir adiante com aquilo que nos
amedronta.
82

Quando algo nos dá medo nosso organismo rapidamente se adapta para


a situação de fuga e combate. Quando nossos olhos ou ouvidos presentem
perigo nosso cérebro manda diversos comandos para diversos órgãos: as
pupilas dilatam para aumentar nossa visão e consequentemente a atenção; um
aporte considerável de sangue se concentra nas pernas para prover mais glicose
e oxigênio para os músculos, assim é possível correr e lutar (esse
direcionamento do fluxo sanguíneo faz com que a pessoa fique com o rosto
pálido); os batimentos cardíacos e a respiração aceleram para prover mais
sangue rico em oxigênio para os músculos; os pelos do braço se eriçam para
sentirmos o ambiente com mais facilidade; entre outros.

O principal hormônio é a adrenalina, que coordena junto com o cérebro


todo o preparo do organismo. Todos esses processos ocorrem em medos
explícitos (como imagens, sons, pessoas, entre outros que nos causam pavor) e
medos sem causas explícitas (aqueles que não estão ligados diretamente à a
algo específico), como a síndrome do pânico e ansiedade, por exemplo.

Aula 13: A homeostase e as sensações – Segunda socialização (Síntese)

Objetivo: - Compartilhar os resultados pesquisados nas últimas aulas.

A aula será inteiramente dedicada às apresentações. Para essa aula três


grupos irão apresentar, sendo que cada apresentação terá no máximo 15
minutos.

Aula 14: A homeostase e as sensações - Segunda socialização (Síntese)

Objetivo: - Apresentar os resultados pesquisados nas últimas aulas.

A professora entregará a segunda versão corrigida do produto final.

A aula será inteiramente dedicada às apresentações. Para essa aula 2


grupos irão apresentar, sendo que cada apresentação terá no máximo 15
minutos.
83

Aula 15: A homeostase em diferentes situações - parte I


(Problematização; Organização do conhecimento e desenvolvimento)
Objetivo: - Elaborar hipóteses que expliquem regulações que podem não estar
diretamente relacionadas com o cotidiano dos alunos.

Os alunos se dividirão em grupos de 5 alunos e receberão histórias


ficcionais sobre pessoas em diferentes situações. A tarefa deles é discutir de que
forma o corpo se adaptaria àquelas situações. Caso seja necessário, será
permitida a consulta em aparelhos eletrônicos como celulares, além dos
materiais trazidos pela docente para auxiliar nas pesquisas. Ao final da aula os
alunos entregarão uma folha por grupo com as respostas encontradas, possíveis
dúvidas e divergências entre os membros. A professora pode passar nos grupos
para tirar dúvidas e provocá-los com perguntas pertinentes.

Contando que a sala tenha aproximadamente 30 alunos, terão 6 grupos


com 5 pessoas cada. Isso significa que haverá dois grupos para cada situação
problema.

Seguem abaixo as 3 situações com as comandas:


84

Nomes:_____________________________________________________________
________________________________________________________

Leiam a situação problema abaixo e respondam o questionamento. Ao final das


próximas duas aulas escrevam as respostas encontradas, possíveis dúvidas e
divergências entre os membros.

– Augusto é um jogador de futebol da seleção brasileira. O próximo jogo será


daqui a uma semana na Bolívia, um país conhecido pela alta altitude. A
comissão definiu que todos os membros do time precisam chegar com 5 dias
de antecedência para que o corpo dos atletas se habitue às mudanças. Em nível
fisiológico quais seriam elas?

Nomes:
___________________________________________________________________
_______________________________________________________

Leiam a situação problema abaixo e respondam o questionamento. Ao final das


próximas duas aulas escrevam as respostas encontradas, possíveis dúvidas e
divergências entre os membros.

– Marina é mergulhadora e trabalha na Petrobrás nos oleodutos, onde os canos


chegam à 300 metros de profundidade. Sua profissão exige uma série de
cuidados especiais antes e depois de mergulhar para se adaptar às diferenças
de pressão. Quando precisa retornar à superfície ela precisa de 1 dia de
descompressão para cada 33 metros descidos. Isso significa que são
necessários 10 dias após sua missão para voltar para casa. Explique em nível
fisiológico de que forma o corpo de Marina reage às diferenças de pressão e
as alterações que seu corpo precisa fazer quando mergulha e quando volta à
superfície.
85

Nomes:
___________________________________________________________________
_______________________________________________________

Leiam a situação problema abaixo e respondam o questionamento. Ao final das


próximas duas aulas escrevam as respostas encontradas, possíveis dúvidas e
divergências entre os membros.

– Maria Eugênia comprou um cachorro há poucos dias. Entretanto, assim que


seu bichinho chegou em casa ela começou a espirrar e tossir todos dias.
Preocupada com sua saúde, ela foi ao médico que disse que a jovem estava
com alergia. De que forma o organismo de Maria interpreta os pelos de seu
cãozinho e como os rejeita? Explique em nível fisiológico.

Sugestão de livro: A vida no limite: A ciência da sobrevivência

Aula 16: A homeostase em diferentes situações - parte II (Organização do


conhecimento e desenvolvimento)
Objetivo: - Elaborar hipóteses que expliquem regulações que podem não estar
diretamente relacionadas com o cotidiano dos alunos.

Nessa aula os estudantes continuarão a tarefa nos mesmos grupos e a


pensar nas respostas para as comandas das situações problemas. A professora
entregará novamente para eles a folha comentada para que voltem a trabalhar
naquilo que falta.

Aula 17: A homeostase em diferentes situações – Terceira socialização


(Síntese)
Objetivo: - Compartilhamento dos diferentes casos e explicações fisiológicas em
um painel integrado.
86

A proposta dessa aula é fazer um painel integrado. Cada integrante de


cada um dos grupos da aula anterior vai receber um número que vai de um a
cinco. Depois todos os números 1 de todos os grupos se juntarão em um grupo,
todos os números 2 e assim por diante. No final todos os novos grupos terão
pelo menos um integrante de cada grupo antigo.

Cada aluno deve contar sobre a situação que recebeu e discutir com os
demais integrantes sobre as respostas fisiológicas do corpo naquelas situações.
Ao final da aula cada grupo de alunos receberá uma folha com uma comanda
para elaborar um pequeno texto relacionando a homeostase com as questões
fisiológicas das situações problema propostas.

Nome: ______________________________________ Série ____ Nº ____

TAREFA 4 – A homeostase em diferentes situações

Com base nas discussões realizadas hoje, elabore um texto relacionando a


homeostase com as questões fisiológicas das situações problema propostas. Seu
prazo de entrega é nossa próxima aula, dia ____\____\____.
87

Gabarito TAREFA 4 – A homeostase em diferentes situações

Em locais de alta altitude o ar tende a ficar mais rarefeito, ou seja, as


moléculas de oxigênio ficam mais afastadas entre si, pois há menor quantidade
desse gás disponível. Nosso corpo precisa garantir que exista uma quantidade
constante de oxigênio para todas as nossas células e se existe menos dele
disponível no ambiente, então o organismo precisa reagir para melhorar a
captação. A hemoglobina é a molécula responsável pelo transporte de oxigênio, e
em lugares como na Bolívia, por exemplo, reagimos aumentando a quantidade
dela no sangue para que todo o gás que conseguimos inalar seja aproveitado.
Esse processo leva alguns dias para ocorrer, por isso que jogadores de futebol
precisam viajar alguns dias antes da partida. O ambiente impôs uma condição
desafiadora e o corpo precisou se reajustar, desequilibrando-se para responder a
esse estímulo ambiental e continuar vivo.

O corpo reage de maneiras diferentes quando está sob pressões distintas.


Quando mais fundo no mar, maior a pressão a qual o corpo está submetido e caso
não sejam tomados os cuidados necessários a pessoa pode literalmente ser
comprimida pela coluna d’agua acima dela. O ouvido, boca, olhos podem ser
perfurados pelas altas pressões, então o mergulhador precisa usar roupas
especiais e um cilindro de ar com diferentes concentrações de gases. Ao subir
para a superfície o mergulhador precisa permanecer na câmara hiperbárica por
alguns dias, ainda no mar, para que tenha tempo suficiente para eliminar todo o
gás que entrou em seu corpo e para que sua fisiologia possa se ajustar novamente
às condições normais de pressão.

Para o corpo de Maria os pelos de seu cão são considerados invasores.


Quando a garota os inala ocorre uma acentuada ativação das células
imunológicas, que tentam expelir o causador dos males. Dessa forma, a garota
começa a espirrar, tossir e seus olhos coçam. Os pelos causam uma
desorganização no organismo da menina, passando a trabalhar mais para se
manter viva frente as dificuldades impostas pelo seu cãozinho.

Aula 18: A homeostase em outro contexto – Quarta Socialização (Síntese


e Finalização)
Objetivo: - Compartilhamento dos textos do produto final.
88

A professora recolherá a tarefa 4 (A homeostase em diferentes situações)


para correção.

Os alunos farão uma socialização para a classe e entregarão a versão


final da tarefa. Cada trio vai expor rapidamente sua ideia e no que pensou. Será
algo simples, sem a necessidade da elaboração de slides ou uma apresentação
formal. Cada trio terá 5 minutos para apresentar.

Aula 19: Atividade da Teia (Síntese e finalização)


Objetivo: - Integrar os órgãos do corpo e entender que todos os órgãos são
fundamentais para a manutenção da homeostase.

Para a finalização os alunos sentarão em roda, em duplas e receberão


aleatoriamente uma plaquinha com o nome de um órgão. A professora trará um
novelo de lã e a dupla que estiver com o órgão “cérebro” começará a atividade.
A tarefa dos alunos é ligarem o órgão que estão segurando a outro de outra
dupla, explicando a relação que existe entre eles. É imprescindível que as
relações tragam a ideia de homeostase. Não será permitido escolher um órgão
que já foi utilizado.

Serão utilizados os seguintes órgãos: cérebro; coração; pulmões; rins;


estômago; nervos; fígado; pele; vasos e veias; hormônios; bexiga; músculos;
olhos; ouvido.

É importante que a professora complete e faça a mediação de forma a


completar as lacunas que podem existir nas explicações, promover discussões
e outras formas de se pensar, sempre trazendo a homeostase como principal
foco.

O gabarito para essa discussão é muito difícil, pois ela depende do que
os alunos falarão e na ordem que ocorrerá. Apesar disso, foi elaborada uma
sugestão inicial, hipotetizando o que poderia acontecer.
89

Dupla Cérebro escolhe dupla pulmão. Explicação: não precisamos pensar para
respirar porque o cérebro sempre está controlando esse processo até mesmo quando
estamos dormindo.

Dupla Pulmão escolhe dupla coração. Explicação: no pulmão acontece a retirada do


gás carbônico do sangue e entrada do gás oxigênio vindo da respiração e o coração
bombeia esse sangue rico em O2 para todo o corpo.

Dupla Coração escolhe dupla vasos e veias. Explicação: o coração bombeia o sangue
para todo o corpo e que é transportado através de vasos e veias por/para todo o
organismo.

Dupla Vasos e veias escolhe dupla hormônios. Explicação: além do sangue os vasos
e veias transportam diversas substâncias, como os hormônios que agem em todo
organismo.

Dupla Hormônios escolhe dupla ouvidos. Explicação: quando ouvimos algo que nos
deixa com medo nosso corpo libera a adrenalina que age preparando o corpo para
uma situação de fuga.

Dupla olhos escolhe dupla músculos. Explicação: uma das ações da adrenalina é nos
músculos, aumentando a quantidade de sangue neles para podermos correr mais
rápido.

Dupla músculos escolhe dupla nervos. Explicação: todos os músculos do corpo são
presos aos ossos pelos nervos, que também auxiliam no movimento.

Dupla nervos escolhe dupla bexiga. Explicação: o fato de nossa bexiga ser inervada
permite que possamos identificar a hora que precisamos fazer xixi.

Dupla bexiga escolhe dupla rins. Explicação: a bexiga fica cheia com a urina produzida
pelos rins.

Dupla rins escolhe pele. Explicação: o rim é o principal órgão responsável pela
excreção de água, mas ele não age sozinho, pois a pele também elimina água por
meio do suor.

Dupla pele escolhe dupla olhos. Explicação: quando vemos algo nos deixa com medo
os pelos que existem na nossa pele ficam levantados. Isso acontece os pelos eriçados
dão a impressão de que somos maiores e intimidadores.

Dupla olhos escolhe dupla estômago. Explicação: quando vemos algo que gostamos
de comer nossa boca logo começa a salivar, preparando nosso corpo para o
recebimento da comida.
90

6.2. Recursos Materiais

No decorrer da descrição das aulas, foram citados os recursos que se


pretendem usar, entretanto segue uma lista de alguns materiais necessários:

- Giz e lousa;

- Data show e tela de projeção;

- Computadores com internet;

- Livros para consulta;

6.3. Cronograma

Aulas Biologia Língua Portuguesa Química Física

1ª Conceito de - - -
homeostase

2ª Conceito de - Discussão de Discussão de


homeostase equilíbrio equilíbrio

3ª Conceito de - Discussão de Discussão de


homeostase equilíbrio equilíbrio

4ª Bomba de Na+ e Discussão sobre Discussão de Discussão de


K+ diferentes gêneros íons átomo
textuais

5ª Experimento do - - -
rim

6ª Interpretação dos - - -
resultados do
experimento do
rim

7ª Interpretação dos Escrita - -


resultados do
91

experimento do
rim

8ª Exposição - Discussão de -
dialogada sobre a concentração
sede

9ª Homeostase em Escrita e - -
outro contexto interpretação de
texto

10 ª A homeostase e - - Discussão de
as sensações temperatura e
agitação das
moléculas

11 ª A homeostase e - - Discussão de
as sensações temperatura e
agitação das
moléculas

12 ª A homeostase e - - Discussão sobre


as sensações pressão

13 ª A homeostase e - - Discussão sobre


as sensações pressão

14 ª A homeostase e - - -
as sensações

15 ª A homeostase em - - -
diferentes
situações

16 ª A homeostase em - Discussão de -
diferentes pressão e
situações altitude
92

17 ª A homeostase em - Discussão de -
diferentes pressão e
situações altitude

18 ª A homeostase em Escrita - -
outro contexto

19 ª Atividade da Teia - - -

6.4. Produto Final

A elaboração do produto final poderá ser realizada em contribuição com


a professora de Português. A comanda e o exemplo encontram-se descritos na
aula 9. A tarefa consiste na elaboração, em trios, de um texto que contenha o
conceito de homeostase em uma outra área do conhecimento que não seja o
biológico. Com exceção da primeira aula, toda tarefa será realizada em casa,
com periódicas entregas para devolutivas das professoras.

Na aula 19 os alunos farão uma socialização para a classe e entregarão


a versão final da tarefa. Cada trio vai expor rapidamente sua ideia e no que
pensou. Será algo simples, sem a necessidade da elaboração de slides ou uma
apresentação formal. Cada trio terá 5 minutos para apresentar.

Para socialização com a escola, os trabalhos dos alunos poderão ser


publicados no jornal da própria instituição, que contará com uma edição especial
sobre a homeostase e publicará um texto por semana.

6.5. Avaliação

Média = (T1 x 2) +( T2 x 1) + (T3 x 2) + (T4 x 1) + (PF x 2) + (A x 2)

10

Tarefa 1 - O que é homeostase

T1 = (1a entrega) + (2 a entrega)


93

Tarefa 2 – A homeostase celular

T2 = nota única

Tarefa 3 – O xixi e a homeostase

T3 = (1 a entrega) + (2 a entrega) + (trabalho final)

Tarefa 4 – A homeostase em diferentes situações

T4 = (1 a entrega) + (trabalho final)

Produto Final = (1 a entrega x 2) + (2 a entrega x 2) + (trabalho final x 6)

10

Apresentação (aulas 13 e 14 – A homeostase e as sensações) = nota única

6.6. Possibilidade de integrar com outras matérias

• Nas aulas 2 e 3 (O que é homeostase afinal?) é possível trabalhar em


conjunto com a química e a física para discutir os diferentes tipos de
equilíbrio existentes. Por exemplo, existe o equilíbrio químico, elétrico,
iônico, entre outros.
• Na aula 4 (O equilíbrio dinâmico e a célula) é possível trabalhar junto com
a química para discutir o que é um íon, de onde vêm e o que fazem. Da
mesma forma é possível interagir com a física com a discussão de átomo
e íons também.
• Nas aulas 16 e 17 (A homeostase em diferentes situações) é possível
relacionar conceitos químicos e físicos de pressão e altitude para auxiliar
no entendimento das situações problemas.
• As aulas 7, 9 e 18 requerem trabalhos escritos mais elaborados que
podem ser trabalhados em conjunto com Português para trabalhar
conjugação, concordância e gêneros textuais.
94

• Nas aulas 10 e 11 é possível interagir com a física sobre temperatura e


como as partículas tornam-se mais ou menos agitadas com o calor. Essa
discussão é essencial para alguns grupos.
• As aulas 12 e 13 podem integrar com física para a discussão do que é
pressão, como ela varia de acordo com diferentes altitudes e
profundidades. Esses conceitos são importantes para pelo menos 2
grupos de trabalho.

Aspectos Aspectos Aplicabilidade Comentários


Positivos Negativos Gerais

Aula 1

Aula 2

Aula 3


95

9.2 ANEXO 2
Parecerista 1
Larissa, primeiramente tenho que te parabenizar pelo belo trabalho. Pude
acompanhar parte de seu desenvolvimento quando estava na graduação, e
percebo por este trabalho o quanto você cresceu. Espero que você siga na
carreira da educação, como eu fiz, depois de anos imerso no mundo da
fisologia... rs.

Me desculpe, mas estes registros estão um pouco diferentes da forma


como você sugeriu, aquela tabela limita um pouco as ideias, e em alguns
momentos eu precisei escrever mais para te ajudar.

Aspectos Positivos

O ensino de fisiologia nunca foi um destaque dentro do currículo de


biologia. Gosto do seu referencial didático, especialmente pela parte da
fragmentação e especialização, que de certa forma prioriza outras áreas, como
a genética no terceiro ano do médio.

Achei muito adequada a forma como são levantados os conceitos prévios


nas primeiras aulas. A comanda é clara, e aproxima o assunto do cotidiano.

Gostei do uso de termos como equilíbrio estático e dinâmico. São termos


que não são usados para se ensinar fisiologia no ensino médio, mas acho
interessantes dentro desse contexto como você apresenta o tema.

Os gabaritos, em toda sua sequência estão muito claros naquilo que se


espera. Tem alguns pontos negativos, que desenvolvo mais para a frente, mas
em geral está muito bom. Percebo que você pensou em quase todos os detalhes,
e tem uma clareza muito grande sobre o assunto e sobre quais conceitos quer
apresentar através da SD. Sua sequência é em geral, muito criativa.

Sobre a aula 9, achei bem interessante e inusitado esse trabalho. Pela


complexidade do trabalho, eu sugiro passar essa atividade ao final, quando eles
já terão em mente mais exemplos de como a fisiologia funciona no organismo.

Gostei muito da atividade final de apresentação (Homeostase e


sensações). A ideia é original, muito criativa, e as comandas estão bem escritas.
96

Para mim essa atividade é o ponto alto da SD. É super aplicável em qualquer
contexto escolar. Aliás, para mim a sequência estaria perfeita se terminasse ai,
com a apresentação como produto final.

Também gostei muito da atividade seguinte (homeostase e diferentes


situações). Novamente bem criativa. O uso do painel integrado (já até havia
esquecido esse nome... rs) é bem interessante.

Gosto de como você respeita o tempo dos alunos, reservando várias aulas
para eles socializarem, pesquisarem, trabalharem em sala sob orientação da
docente. Esse é um grande ponto positivo, fundamental na hora de elaborar uma
SD.

A atividade da teia acaba sendo uma forma lúdica de se trabalhar a


fisiologia. Lendo esta aula, pensei que essa mesma atividade pode ser aplicada
de diferentes formas, com mais ou menos alunos. Gostei da forma como você
sugere, torna a aplicação mais fácil.

Em geral sua SD é muito bem feita, bem planejada, com atividades novas,
criativas e ao meu ver permitem o aprendizado dos conceitos de fisiologia.
Parabéns!

Aspectos negativos

No seu referencial você mostra a importância de um ensino mais


interdisciplinar, o que eu concordo, mas vi muito pouco na sua sequência,
especialmente em física. Gostei das possibilidades que você apresenta ao final,
mas gostaria de ver isso inserido na sua sequência. Definitivamente, não é um
trabalho fácil, pois demanda que o docente domine um pouco de física e química.
Acho que a experiencia docente e a formação continuada são fundamentais para
a evolução desse processo.

Faltou a bibliografia no final, fiquei interessado em pesquisar alguns dos


trabalhos sobre fisiologia na educação.
97

Na problematização, sugiro simplificar para “como é possível relacionar


os diferentes mecanismos de regulação corporal com as situações cotidianas do
nosso corpo?”. (diferentes mecanismos de regulação é homeostase, certo?)

Nas aulas 2 e 3, sugiro algumas mudanças: Rever a escrita, alguns pontos


ficaram confusos; Acho que você andou lendo alguns referências sobre teoria
da complexidade, como eu também fiz no meu tcc com a Magda. Em seu texto,
você descreve a fisiologia como um processo que ordena o desordenado. Para
mim, essa visão é correta, porém você deve se ater a como levará essa ideia
aos alunos, pois não é algo que eles estejam familiarizados. Nos roteiros da aula
2 e 3, não vi linhas de raciocínio que levem o aluno a construir tal conceito.

Sugiro alterar a atividade de casa da aula 3. Como são conceitos mais


difíceis, acredito que essa discussão em roda deva vir acompanhada de
momentos de registro, no caderno, por exemplo. Do contrário, os alunos
perderão o que discutiram no dia anterior. É uma questão mais de aplicabilidade.

Achei muito bom você escrever um gabarito para suas atividades, pois
cria um padrão do que se espera que os alunos respondam. Só que mais uma
vez, a resposta que você espera não será possível de se obter. Na aula 4, o
vídeo não fala sobre a relação da bomba com a contração muscular, nem da
presença da molécula de água no processo. Isso são pequenos detalhes, mas
devem ser pensados. Como o vídeo é bem curto, sugiro exibir mais um ou dois
vídeos como esse, para dar mais suporte aos alunos na atividade. A atividade
em si é bem interessante e aplicável.

Fiquei intrigado com a atividade experimental da urina. Eu gosto da ideia


de usar o próprio corpo como modelo, é adequado ao tema. Mas não repetiria
essa atividade. Pela aplicabilidade, a primeira aula é descartável, pois só as
“cobaias” vão fazer algum trabalho, enquanto o resto da turma espera para
preencher em um minuto a ficha fornecida. No início, é dito que não há aulas
duplas de biologia, mas se as cobaias beberem um litro de água, elas
provavelmente só vão conseguir urinar na aula seguinte. Acho que esse
experimento pode ser feito por todos os alunos, mas em casa. Cada um pode
anotar suas observações individuais no caderno. As demais aulas estão
98

adequadas. Só cuidado com a comanda. Na segunda aula, me pareceu um tanto


vago a comanda, o que os alunos deveriam pesquisar.

Sua sequência é um tanto quanto extensa. Tendo em vista o terceiro ano


é mais corrido de todos, sugiro futuramente pensar em simplificar um pouco sua
SD, para algo em torno de 12 aulas.

Aplicabilidade

Em geral, sua sequência é bem aplicável, em qualquer contexto escolar.


Nos aspectos negativos registrei alguns pontos sobre a aplicabilidade, como a
necessidade dos alunos registrarem melhor a aula 3, rever as aulas sobre o
experimento, que ao meu ver não deve ser feito na escola; e rever o número de
aulas da SD.

Parecerista 2
Aplicabilidade

• Aula 6 e 7. A ideia das aulas é muito boa, mas gasta-se muito tempo
indo ao laboratório de informática, ligando computadores, passando
comando, explicando dúvidas das comandas, iniciando atividade,
desligando computadores, saindo da sala de informática e voltando
para a sala de aula. Duas aulas de 50 minutos é pouco. Sugestão:
planejar utilizar a aula do professor da aula anterior ou posterior,
trocando aulas com outros professores para que seja possível fazer
uma dobradinha de biologia. Ainda, pode-se propor que parte desta
atividade seja feita em casa. Enfim, a aplicabilidade destas aulas
deve ser melhorada de alguma forma.

• Aula 19. A proposta desta aula é muito extensa para ser aplicada
em apenas uma aula. Portanto, é necessário que se reserve mais
aulas para dar contar de alcançar o extenso objetivo: “Integrar os
órgãos do corpo e entender que todos os órgãos são fundamentais
para a manutenção da homeostase”.

Aspectos Positivos

• Valorização da atuação do aluno com mediação do professor.

• Em geral, os gabaritos apresentados estão muito bons.


99

• A descrição do público alvo está clara e detalhada.

• A problematização está adequada. Aspectos positivos: a pergunta está clara


e precisa. Além de nortear a proposta de sequência didática. No entanto, há
algumas considerações nos comentários gerais que podem ajudar a melhorá-
la ainda mais.

• A justificativa traz bons argumentos da importância de se estudar sobre a


homeostase, sobretudo em uma sequência didática.

• O projeto possui oito objetivos específicos. Os quatro primeiros e o último


são adequados, uma vez que são específicos, relevantes, plausíveis e
coerentes com o projeto.

• As aulas estão com descrições detalhadas e, como um todo, garantem uma


boa proposta.

• As aulas possuem uma boa variedade de estratégias de trabalho (produções


de sínteses e textos, observação experimental (atividade do xixi), seminários,
painel integrado, sendo desenvolvidas individualmente e em grupo).

Aspectos Negativos

• Justificativa. Aspectos negativos: incoerência e trechos confusos.


Explicação: embora a justificativa tenha bons argumentos, há quatro trechos
que comprometem a sua qualidade e devem ser revistos. Em suma, há
trechos comprometedores que são incoerentes com a proposta como um
todo e um trecho confuso. Neste sentido, segue algumas considerações:
I) Afirma-se na justificativa: “Essa grande quantidade de informação e
superespecialização dos conteúdos têm se tornado um dos problemas
mais sérios da educação brasileira”. Se você faz tal afirmativa há
necessidade de convencer o leitor que estas situações é um dos
problemas mais sérios da educação brasileira. Particularmente, o
texto não foi capaz de me convencer.
II) Afirma-se na justificativa: “A fim de combater esse processo de
desconexão e descontextualização a proposta dessa sequência
didática é ensinar FH com foco na Homeostase, compreendendo
como ela integra todas as partes do corpo”. Você não deve se
comprometer em “compreender como ela (homeostase) integra todas
as partes do corpo”. Por acaso, a sua sequência dá conta disso? Não
há problema a sequência didática não dar conta de integrar todas as
partes do corpo, mas não se pode colocar isso no projeto.
III) Eu não duvido que o ensino de Fisiologia Humano é fragmentado e
descontextualizado e nem que os autores Villani, Gavião e Medina
afirmam que: “os fenômenos e reações limitam-se a memorização de
fórmulas e nomes complexos de órgãos e sistemas”. Mas cabe eu
comentar que eu tive um ensino de Fisiologia Humano muito
tradicional, no entanto ele não se limitou a memorização de fórmulas
100

e a nomes complexos. A meu ver os limites, mesmo do ensino


tradicional, são bem maiores. Sugestão: no mínimo eu acrescentaria
termos como “descrição de mecanismos de regulação fisiológicas” e
“cascatas de reações”.
IV) O último parágrafo da justificativa está confuso. Há necessidade de
reescrevê-lo.

• Objetivo. Aspecto negativo: objetivo muito amplo. Explicação: o objetivo


compromete o projeto a “Compreender o conceito de homeostase e de que
maneira ela está presente em todas as regulações do organismo”, tornando-
o muito amplo. Assim, deve-se retirar o termo “todas” do objetivo.

• Objetivo Geral. Aspecto negativo: o objetivo geral não é tão geral assim.
Identifiquei quatro objetivos específicos, de maneira fragmentada, dentro do
objetivo geral. Todos os objetivos específicos devem ser reunidos, de
preferência, em um único objetivo que deve incluir o teor de todos os objetivos
específicos.

• Três objetivos específicos não estão adequados. Segue explicações:


I) Aspecto negativo: o verbo utilizado não é o correto. Objetivo:
“Relacionar como diferentes órgãos trabalham em conjunto”.
Explicação: Os órgãos trabalharem em conjunto é um fato. E isso
ocorre porque eles se relaciona. Assim, não é um conteúdo relacionar
qualquer coisa neste contexto, e sim conhecer e/ou explicar a relação
que existe entre os diferentes órgãos.
II) Aspecto negativo: incoerência com a proposta. Objetivo: “Estar ciente
das diferenças dos ciclos biológicos de cada indivíduo de acordo com
fatores ambientais”. Explicação: eu não compreendi como este
conteúdo está presente na sequência didática. Em nenhum momento
da sequência os termos “ciclos biológicos” são citados. Além disso, que
ciclos biológicos você está falando?
III) Aspecto negativo: termo inespecífico. Objetivo: “Reconhecer as
reações fisiológicas associadas às sensações”. Este objetivo não está
claro, uma vez que o termo “sensações” em geral é associado a visão,
olfato, tato, etc. E o objetivo do projeto é outro. Assim, recomendo rever
este objetivo especificando a quais sensações o projeto se refere.

• Objetivos específicos. Aspecto negativo: ausência de um objetivo


específico. Explicação: identifiquei a ausência do seguinte objetivo
específico: “Relacionar a homeostase com outras áreas do conhecimento”.
Desta forma, há necessidade de rever todo o projeto e criteriosamente pensar
se mais objetivos específicos são passíveis de serem alcançados com a
proposta.

• A qualidade da lista de conteúdos está comprometida. Segue explicações


específicas:
I) Conteúdos conceituais: 1) “Entenderão a fisiologia de diferentes
órgãos”. Aspecto negativo: conteúdo pouco explorado no projeto. Este
101

conteúdo é muito amplo conceitualmente é pouco explorado no projeto.


Haveria a necessidade de muitas aulas para se entender a fisiologia de
diferentes sistemas. Considerando que conteúdos são específicos, você
conseque ser mais específica em relação ao conteúdo de fisiologia
trabalhado?
II) Conteúdos procedimentais: 1) “Pesquisar e coletar informações”.
Aspecto negativo: o conteúdo não é especifico. Considerando que
conteúdos são específicos, quais informações serão pesquisas e coletas?
2) “Relacionar homeostase à conceitos e situações fisiológicas”. Isto é
procedimental? Tenho dúvidas, mas acredito que “relacionar” associa-se
com aprendizagem de conceitos, portanto, seria um conteúdo conceitual.
Obs.: conteúdos procedimentais associam-se com aprendizagem de
procedimentos, de como se faz. 3) Notei ausência de conteúdos
procedimentais relacionados a síntese. No projeto há vários movimentos
de sínteses que pressupões ensinar como se faz uma síntese e isto é um
conteúdo procedimental.
III) Conteúdos atitudinais: 1) “Perceber a influência dos hábitos cotidianos
no funcionamento dos ciclos biológicos”. Aspecto negativo: da maneira
como está escrita não é um objetivo atitudital. Apenas “perceber a
influência dos hábitos” não garante nenhuma atitude. Na minha opinião
“Perceber a influência... para melhorar alguma atitude do indivíduo” talvez
seja o conteúdo atitudinal que você pretende. 2) “Perceber que apesar de
termos regulações fisiológicas semelhantes, cada um tem sua
particularidade e podemos responder de maneiras diferentes aos mesmos
estímulos“. Aspecto negativo: não demonstra qualquer aprendizado
relacionado a atitudes e/ou valores.

• Aulas: há alguns erros conceituais e trechos confusos na descrição das


propostas de aulas. Estes erros são facilmente corrigidos e estão
especificados no item “comentários gerais”.

• Aula 19. Aspecto negativo: a proposta desta aula é insuficiente para


alcançar o seu objetivo. O objetivo desta aula é: “Integrar os órgãos do
corpo e entender que todos os órgãos são fundamentais para a
manutenção da homeostase”. Este objetivo é muito extenso. Portanto,
são necessárias algumas aulas para conseguir alcançá-lo com a devida
profundidade.

• Aulas: Não há uma aula derradeira que feche a sequência didática como
um todo. Esta etapa é importante para pontuar os aspectos mais
importantes estudados, realizar uma avaliação do processo e dar
oportunidade para os estudantes tirarem as dúvidas finais.

• Possibilidades de integrar com outras matérias. Aspecto negativo: nas


propostas de aulas as possibilidades de integrações entre outras matérias
não são exploradas. Explicação: embora exista um item específico para
indicar algumas possibilidades de integração com outras matérias, na
proposta de sequência didática essas ideias não são incluídas. As
indicações foram feitas, mas a sua integração no projeto não. Considero
102

que a ausência de interdisciplinaridade empobrece muito uma sequência


didática. Obs.: os itens 6.3 e 6.6 deveriam estar mais próximos

• Produto Final. Aspecto negativo: o produto final não é valorizado como


deveria ser. Explicação: poucas aulas foram destinadas a elaboração e
socialização do produto final. Um produto final deve ser valorizado,
portanto, necessita de bastante tempo para ser elaborado. Além disso, a
sua socialização também deve ser bem apreciada, haja visto que deu
trabalho para ser produzida. Assim, não é pertinente propor: “Na aula 19
os alunos farão uma socialização para a classe e entregarão a versão
final da tarefa. Cada trio vai expor rapidamente sua ideia e no que pensou.
Será algo simples, sem a necessidade da elaboração de slides ou uma
apresentação formal. Cada trio terá 5 minutos para apresentar“. Neste
contexto, termos como: “expor rapidamente sua ideia“ e “será algo
simples“ não são adequados.

Comentários Gerais

• Descrição do público alvo e da escola: embora a descrição esteja clara e


detalhada, há necessidade de acrescentar uma informação. Na aula 9 se
afirma que a escola tem uma publicação periódica de um jornal. Por ser
relevante, esta informação deve ser colocada no item de descrição do público
alvo e da escola.

• Problematização: a problematização está boa, mas eu reorganizaria da


seguinte forma: “Como é possível relacionar situações cotidianas com
diferentes mecanismos de regulação corporal e com a homeostase?” Obs.:
eu colaria a “situação cotidiadas” no início da pergunta por dois motivos: 1º)
por uma questão temporal, primeiro ocorre uma situação cotidiana e,
posteriormente, ocorre uma regulação corporal. Assim, eu respeitaria esta
ordem na pergunta norteadora do projeto; 2º) No projeto, as situações
cotidianas aparecem como problematizadoras. Neste sentido, parece-me
que o foco da sua problematização deve ser as “situalções cotidianas”.
Independentemente se e a sugestão for levada em consideração, haverá a
necessidade de retirar os seguintes termos da atual proposta de
problematização: “Dessa forma” e “as”.

• Conteúdos conceituais: particularmente eu acho estranho os conteúdos


conceituais começarem com verbos, mas não está errado. Ainda, se for
utilizar verbos eu preferiria usar o verbo “conhecer” a “conceituar”. Ex.:
Conhecer o conceito de homeostase. Obs.: eu gostaria de ressaltar que isso
é uma preferência minha.

• Conteúdos atitudinais: a sequência didática dá conta de algum objetivo que


trate da valorização dos conhecimentos adquiridos para a melhoria na
saúde? Por exemplo, algo relacionado aos hábitos cotidianos? Se sim, pode
ser uma possibilidade de indicar um conteúdo atitudinal.

• Aula 1. Esta aula é classificada como de sensibilização e de


problematização. Sua descrição condiz a uma proposta de sensibilização e
103

levantamento inicial. A problematização não aparece na proposta. Sugestão


para problematização: apresentar situações cotidianas incomuns por
consequência de pessoas com doenças raras e/ou situações de pessoas que
vivem em ambiente extremos.

• Aula 2. Em relação ao trecho: “A professora lerá com eles as perguntas do


questionário, falando as respostas mais comuns, utilizando exemplos,
fazendo perguntas e mediando a discussão para o entendimento dos
seguintes pontos”. Obs.: as perguntas menos comuns também podem ser
importantes de serem discutidas, pois podem ter argumentos incomuns para
o grupo, no entanto pertinentes.

• Aula 2. Em relação a uma resposta apresentada na descrição dessa aula,


afirma-se que em temperaturas muito altas ocorre a desnaturação de
proteínas (perdem função). Isto é verdade, mas acho que tem que tomar
cuidado ao utilizar os termos “desnaturar proteína”, pois isso não é sinônimo
de “perda de função”. E os alunos podem achar que são sinônimos da
maneira como está escrito.

• Aula 2. Além disso, no projeto, o contexto em que se refere este assunto


(desnatuação de proteínas) envolve as temperaturas do corpo humano.
Neste sentido, acho pertinente eu trazer algumas considerações, dúvidas e
anseios sobre a desnaturação de proteínas em seres humanos com febre (no
máximo 42 ºC). Uma proteína se desnatura em temperaturas muito altas,
apenas quando perde a sua estrutura terciária e secundária. Acredito que aos
42 ºC as proteínas presentes nos seres humanos saem da faixa de atividade
ótima, que é diferente para cada proteína. Porém, é muito comum
professores de biologia e textos na internet afirmarem que febre é perigosa,
pois pode desnaturar proteínas. Observações: as fontes que dizem que
situações de febres podem desnaturar proteínas não são cientificamente
confiáveis. Em ambiente de laboratório, proteínas são desnaturadas em uma
solução especifica, para facilitar o processo, aos 95 ºC. Bactérias que
suportam temperaturas de 70 ºC compartilham muitas enzimas com os seres
humanos. Neste sentido, faço a seguinte pergunta: será mesmo que a
situação de febre causa desnaturação de proteínas? Não achei a resposta
em nenhuma fonte confiável. Enfim, é preciso tomar muito cuidado quando
se referir sobre febre e desnaturação de proteínas e todo este contexto é uma
boa ideia para ser desmitificada na sala de aula.

• Aula 2. Em relação a resposta sobre a pergunta da dor/chapa quente tenho


uma observação para ampliar a resposta. No caso da dor, às vezes há
movimentos reflexos no nível da medula espinal. Isso ocorre antes de
sentirmos dor, que é algo que ocorre nos núcleos superiores. De qualquer
forma, sentimos dor porque os nociceptores foram ativados pela alta
temperatura e, principalmente, por que os nociceptores continuam sendo
ativados em uma área com lesão.

• Aula 3. Antes de iniciar a aula falando sobre o equilíbrio estático é importante


relembrar as definições de estável e estático, tratadas na aula anterior.

• Aula 3. No gabarito da Tarefa 1, o seguinte trecho está confuso: “O tempo


todo o corpo aumenta ou diminui a produção de substâncias, ou o trabalho
104

de uma estrutura ou órgão, por exemplo, sempre se desorganizando para


chegar a uma organização que seja compatível com a vida”. Há necessidade
de revisão.

• Aula 5. Na descrição desta aula se afirma que: “Cinco voluntários serão


sujeitos de pesquisa”. No entanto, em um experimento em um ambiente de
ensino não se faz pesquisa/ciência. Os voluntários são apenas voluntários
para se coletar xixi e não sujeitos de pesquisa.

• Aula 6. O objetivo da aula é: “Elaborar hipóteses que expliquem as


regulações observadas na aula anterior“. Acredito que para alcançar este
objetivo, um conteúdo procedimental será trabalho. Este conteúdo pode ser
incluído no item conteúdos a serem trabalhados.

• Aula 6. No planejamento da aula, afirma-se que os alunos deverão pesquisar


em sites confiáveis algumas informações. Quais são os critérios e/ou dicas
que a professora vai dar para os alunos saberem se o site é confiável ou não?
Estes critério tem que estar no projeto.

• Aula 6. Nesta aula, afirma-se que: “No início da aula a docente entregará a
folha preenchida por cada um com os resultados do experimento da aula
anterior“. No entanto, nem todos os alunos foram voluntários do experimento,
assim eles terão que receber uma cópia de algum voluntário/colega e isto
tem que estar no projeto. Além disso, acho importante que em algum
momento os resultados sejam socializados e discutidos pelos alunos. Acho
pertinente, as cinco anotações serem socializadas com a turma toda em uma
aula anterior. Após esta socialização, cópias deverão ser entregues aos
alunos que não foram voluntários para a coleta de urina. Apenas depois
dessas etapas que os estudantes poderão elaborar hipóteses para o que foi
observado.

• Aula 6. Nesta aula, afirma-se: “Caso o laboratório de informática esteja


indisponível”. É mais adequado colocar no projeto que a sala será reservada
antecipadamente para o desenvolvimento da aula.

• Aula 7. Especificamente em relação ao gabarito da Tarefa 3 há duas


observações a serem feitas: 1) No texto afirma-se: “O órgão responsável por
essa regulação é o rim”. No entanto, não está claro qual regulação está se
tratando, haja visto que anteriormente no texto não se cita nenhuma vez o
termo regulação. 2) O texto/gabarito está bom, mas ele tem muito mais
conteúdo do que eu espero que os alunos escrevem caso sigam à risca a
comanda. Se o seu objetivo é que os alunos estudem e façam um texto com
todas essas informações, haverá a necessidade de você reelaborar a sua
comanda, ou seja, direcionar melhor a tarefa. E eu acho muito pertinente que
isso seja feito.

• Aula 8. Nesta aula afirma-se: “A fim de explicar o mecanismo e a regulação


da sede ela fará um desenho na lousa que contenha o cérebro, o rim, e um
vaso sanguíneo”. Ao ensinar este conteúdo é importante também tratar da
importância dos nervos na regulação da sede. Por isso, também desenhar
nervos é essencial. Lembrar que nervos são mistos, mas há fibras sensoriais
que levam a informação para o cérebro e fibras motoras que levam a
105

informação motora para os músculos executarem uma ação. Obs.: é


importante estar no projeto o que o professor pretende com este desenho.
Qual o raciocínio de explicação o professor pretende utilizar após a
realização dos desenhos?

• Aula 8. Nesta aula afirma-se: “O conteúdo teórico a ser explicado aqui é que
existem células específicas ao longo do corpo que conseguem perceber a
concentração do sangue”. É uma turma de terceiro ano do ensino médio,
assim considero que é importante falar o nome destas células específicas e
onde elas estão no nosso corpo.

• Aula 9. Nesta aula afirma-se: “As alterações que acontecem no ambiente têm
impacto direto nas regulações, pois requerem que o corpo trabalhe mais ou
menos para alcançar esse objetivo“. Acho estranho afirmar que o corpo tem
este objetivo.

• Aula 9. Especificamente em relação ao texto “A homeostase e a economia”.


No trecho: “...sendo que os principais objetivos são se manter estável
economicamente e gerar lucro”. Os principais objetivos de quem? Obs.: o
último parágrafo desse texto está um pouco confuso, rever.

• Aula 10. Já nesta aula, pretende-se que os alunos entreguem a primeira


versão do Produto Final. Todavia, acredito que está muito cedo para receber
a primeira versão deste texto. Provavelmente os alunos gastariam a primeira
aula inteira para decidir o tema e fazer algumas pequenas considerações. Se
o seu objetivo é receber anotações iniciais, deixe isto claro no projeto. E isso
para mim não seria a primeira versão do produto final e sim apenas um
rascunho das primeiras ideias.

• Aula 10. Nesta aula pretende-se que ocorra a formação de grupos e um


sorteio para que os temas dos trabalhos serão distribuidos a eles. Neste
cotexto, pergunto: como os alunos decidirão quem fará parte de cada grupo?
E porque sortear o tema? Em minha opinião, sorteios como este têm que ser
a última opção. Acho mais pertinente que os alunos tentem entrar em um
acordo antes. Os temas estudados podem ser escolhidos de acordo com as
preferências individuais e, como consequêcia, os grupos serão formados por
afinidade temática. Pelo menos, o professor deve insistir para que isso
ocorra.

• Aula 10. Em relação a comanda do tema medo, é necessário elaborar mais


perguntas.

• Aulas 10, 11, 12, 13 e 14. Nas duas útlimas aulas se pretende que os grupos
apresentem suas conclusões, mas não é planejado separar um tempo para
discussão. Como cada grupo estudará profundamente apenas um tema, eu
acho pertinente que seja reservado uma aula para discussão de cada
apresentação (ou no máximo duas) para que o tema seja aprofundado pelo
professor e para que os alunos tirem dúvidas dos temas que não estudaram
na atividade. Além disso, serão cinco grupos e quatro temas. Um tema será
apresentado por dois grupos? Isto deve ser escrito no projeto.
106

• Aula 15. Nesta aula afirma-se: “Os alunos se dividirão em grupos de 5 alunos
e receberão histórias ficcionais sobre pessoas em diferentes situações. A
tarefa deles é discutir de que forma o corpo se adaptaria àquelas situações.
Caso seja necessário, será permitida a consulta em aparelhos eletrônicos
como celulares, além dos materiais trazidos pela docente para auxiliar nas
pesquisas”. As situações problemas são muito interessantes, mas acho
mais pertinente que em um primeiro momento os alunos levantem hipóteses
sem poder consultar informações em livros e na internet. Posteriormente,
eles poderão ter o desafio de resolver os problemas utilizando quaisquer
materiais.

• Aula 17. O exemplo e o texto do gabarito sobre a alergia não me


convenceram. Acho que se deve explicar melhor no projeto a relação entre a
alergia e a homeostase. Considero o gabarito para este tema enxuto e acho
importante ser discutido um pouco sobre resposta imunológica,
especificamente para a reação de hipersensibilidade (alérgica).

• Aula 17. Nesta aula se propõe trabalhar em um painel integrado. Trabalhar


com painel integrado necessita de um fechamento com o grupo todo. Esta
etapa é importante para avaliar o processo da atividade e dá oportunidade
aos estudantes de tirarem dúvidas. Este fechamento pode ser realizado de
várias formas. Enfim, há necessidade de propor um fechamento para esta
atividade.

• Aula 18. Nesta aula afirma-se: “Cada trio vai expor rapidamente sua ideia e
no que pensou”. Esta socialização tem que ser mais valorizado do que “expor
rapidamente as ideias”. As produções dos alunos devem ser valorizadas,
sobretudo o produto final do projeto.

• Aula 19. A ideia desta aula é muito complexa e o seu conteúdo é muito rico.
Por este motivo, acredito que uma aula de 50 minutos é muito pouco para o
seu desenvolvimento na profundidade adequada. Sugiro que mais aulas
sejam separadas para esta finalização da sequência didática. Ainda, acho
relevante tentar acordar com outros professores a possibilidade de aplicar
aulas seguidas de biologia para que esta etapa não seja realizada em dias
diferentes. Por fim, tenho uma sugestão para contribuir na ampliação da
profundidade do conteúdo trabalhado nesta aula. Sugestão: se a aula
proposta for bem-sucedida, um desafio maior poderá ser proposto. Depois
de toda a rede de lã ter sido formada, as placas de órgãos poderão ser
sorteadas e entregues a novas duplas. Assim, o desafio de cada dupla será
enrolar a lã até a dupla de que recebeu na primeira etapa da atividade e
relacionar os seus novos órgãos aos novos órgãos da outra dupla. Deste
modo, enquanto a primeira etapa consiste em os alunos poderem relacionar
com os órgãos que preferirem, nesta etapa o nível de dificuldade pode ser
aumentado. Obs.: acho que está sugestão é pertinente para aplicação em
turmas em que a primeira etapa da atividade for bem-sucedida.

• Aula 19. Vasos e veias são agrupados em um grupo. Mas veias são vasos.
Assim, sugiro usar o termo vasos sanguíneos, pois compreenderia artérias,
arteríolas, veias, vênulas e capilares sanguíneos.
107

• Aula 19. Nervos e hormônios não podem ser chamados de órgãos como é
feito no gabarito presente na aula 19. Considerando o contexto do projeto é
compreensível nervos e hormônios serem chamados desta maneira, no
entanto, para que não seja considerado um erro conceitual é necessário
colocar uma observação contextualizando a circunstância em alguma parte
da proposta.

• Aula 19. O trecho: “Explicação: no pulmão acontece a retirada do gás


carbônico do sangue e entrada do gás oxigênio vindo da respiração e o
coração bombeia esse sangue rico em O2 para todo o corpo” deve ser
revisado. Observações a serem consideradas: 1) A retirada do gás carbônico
do sangue e entrada do gás oxigênio se chama hematose. Este é um termo
importante de ser abordado no ensino médio. 2) Em fisiologia “respiração”
refere-se à respiração celular. A entrada e saída de ar dos pulmões se chama
ventilação. 3) É coerente citar a “pequena circulação”, a qual é designada
como a parte da circulação sanguínea na qual o sangue é bombeado para os
pulmões e retorna rico em oxigênio ao coração.

• Aula 19. Há um erro conceitual grave no trecho: “todos os músculos do corpo


são presos aos ossos pelos nervos, que também auxiliam no movimento”. Os
nervos são componentes do sistema nervo periférico e, portanto, não fazem
parte do sistema locomotor, o qual é responsável em realizar os movimentos.

Parecerista 3
108
Aspectos Positivos Aspectos Negativos Aplicabilidade Comentários Gerais

Aula Não aplicar nota neste Entregar a folha de questões sem Seria interessante fornecer algum tipo de
1 primeiro momento é bom, algum material de apoio pode material de leitura simples para os alunos
pois assim os alunos não deixar os alunos perdidos. se basearem. Nada muito complexo,
ficam com receito de errar podendo ser até mesmo uma matéria de
e têm mais liberdade nas revista, como a Galileu.
respostas.

Aula Não fazer uso de algum Seria interessante discutir um pouco


2 componente visual pode ser um sobre como acontece, e não focar apenas
aspecto negativo. Os alunos no porquê. Desta forma, despertaria mais
possuem diferentes tipos de curiosidade nos alunos.
inteligência. Alguns podem ter
facilidade de entender um
conteúdo ao escutar, mas outros
podem apresentar uma memória
mais visual.

Aula Deixar claro que não Dizer que a homeostase não é Seria interessante dar exemplos de
3 ocorre apenas no ser algo exclusivo do ser humano homeostase em outros seres vivos
humano é essencial. apenas no final da terceira aula enquanto explicava sobre homeostase e
pode der um aspecto negativo. A introduzia o assunto, não apenas no final.
docente constrói a ideia de que a Poderia usar exemplos mais próximos do
homeostase é algo exclusivo do ser humano, como macaco e outros
ser humano para, no final, mamíferos.
descontruir isso.

Aula Utilizar mídia. Entregar a folha de questões antes Nem toda escola Uma possibilidade seria passar o video
4 de passar o vídeo pode fazer com pública tem uma duas vezes. Uma vez antes da entrega da
que os alunos assistam de sala de folha de questões e outra vez após a
maneira tendenciosa, buscando multimídia. entrega.
apenas as respostas.

Aula Dar feedback da A segunda questão da comanda Os alunos que não participarão da
5 atividade anterior e denominada “Grupo Rim” está atividade da urina ficarão ociosos. Seria
discutir a respeito é confusa. Não entendo o sentido interessante dar alguma outra atividade
essencial. Tanto para o dos alunos responderem se para eles.
aluno compreender sentem dificuldade de ficar em pé.
melhor o conteúdo e
corrigir erros, quanto para
o professor acompanhar
a evolução dos alunos.

Aula Utilizar a internet da Permitir que os alunos utilizem A sala de Não entendi quais as “folhas previamente
6 escola é interessante. seus próprios aparelhos informática pode comentadas” em que os alunos deverão
eletrônicos pode ser arriscado, estar fazer seus registros.
pois eles podem perder o foco indisponível.
facilmente.
109

Aula Gabarito é importante Uso do termo “xixi” para alunos do A sala de O termo “xixi” poderia ser substituído por
7 para que o aluno saiba o Ensino Médio. informática pode urina. Nesta faixa etária os adolescentes
que era esperado e possa estar já entendem o que é urina.
questionar. indisponível.

Aula As questões estão claras Apenas o uso do quadro pode não Seria interessante uso de video, pois não
e acho interessante a
8 ser suficiente para a compreensão se sabe se os alunos tiveram conteúdo
ideia de fazer parceria
com o professor de de diluições, mesmo com a suficiente de química antes desta aula,
química.
presença do professor de química. para compreender tão rápido e isso pode
Os alunos podem ter uma gerar confusão.
bagagem escassa sobre este
assunto. Utilizar videos poderia
ajudar.

Aula A entrega de um texto Construir um único texto em três Sugiro fazer esta atividade individual ou,
9 modelo para que os pessoas é arriscado, pois sempre no máximo, duplas, para que o texto fique
alunos se baseiem é vai ter um dos alunos que vai mais homogêneo e todos trabalhem
importante para que eles trabalhar mais e algum pode ficar igualmente.
tenham um exemplo para ocioso.
se basear e não fiquem
muito perdidos na
elaboração do texto.

Aula Os casos expostos na Os alunos estarão fazendo o Seria interessante terminar o “produto
10 comanda e as perguntas produto final em sala de aula e, final” e só então começar a montar as
estão muito apropriados antes de concluí-lo, darão início a apresentações sobre os temas.
para motivação dos montagem do trabalho e
alunos, pois fazem parte apresentação sobre regulações e
do dia-a-dia e geram respostas fisiológicas cotidianas.
curiosidade. Talvez fique confuso.

Aula Tempo de aula Seria interessante um gabarito com


12 pode não ser palavras-chave que se espera dos alunos
suficiente para na apresentação final.
montagem das
apresentação e
para tirar
dúvidas de
todos os grupos.

Aula O tempo de 15 minutos Não foi especificado se haverá um Seria interessante uma discussão sobre o
13 para cada apresentação tempo para os alunos fazerem tema, logo após a apresentação.
é apropriado. perguntas ou discutir a
apresentação.

Aula O tempo de 15 minutos Não foi especificado se haverá um Seria interessante uma discussão sobre o
14 para cada apresentação tempo para os alunos fazerem tema, logo após a apresentação.
é apropriado.
110

perguntas ou discutir a
apresentação.

Aula Provocar os alunos com Permitir que os alunos utilizem


15 perguntas, ao longo da seus próprios aparelhos
aula, é interessante para eletrônicos pode ser arriscado,
que os alunos não pois eles podem perder o foco
percam a motivação e facilmente.
mantenham-se focados
na aula.

Aula Talvez os alunos terminem muito Seria interessante fornecer material para
16 antes do final da aula e fiquem pesquisa novamente.
ociosos.

Aula Painel integrado é uma A aula parece um pouco repetitiva. Talvez apenas a discussão e troca de
17 ideia interessante. Escrever um texto novamente ideias entre os alunos fosse suficiente
pode ser cansativo. para esta aula.

Aula A professora pode deixar livre para o


18 aluno escolher se deseja apresentar slide
ou não.

Aula A mediação da docente é A ideia a teia é genial. A aula 17, que ficou
19 essencial para que não se um pouco repetitiva, poderia ser
perca o foco do tema substituída por uma dinâmica deste tipo.
principal.

Parecerista 4

- Aspectos Positivos:

Público escolhido;

Realização de experimentos;

Elaboração de hipóteses;

Tarefas claras e objetivas;

Parceria com outra disciplina;

Tarefas com mais de uma devolutiva possibilitando a reformulação de ideias;

Texto bem escrito;

Produto final relacionando o aprendizado com outras situações;

Apresentação de questões problemas interessantes e contextualizadas;


111

Tempo adequado para as apresentações dos grupos.

- Aspectos Negativos;

A SD possui muitos objetivos e que, no meu ponto de vista, são difíceis de serem alcançados em
uma SD apenas;

Não há planos para que o professor descubra o que os alunos já sabem sobre o assunto;

Considero que a SD valoriza mais o resultado final do que o processo de construção do


conhecimento como, por exemplo, a aula 12 em que é enfatizado a necessidade de se chegar
em determinadas respostas;

Pouco tempo para a devolutiva da atividade sobre “o que é homeostase?”, assim como para a
elaboração de hipóteses na aula 6;

Não há uma aula para que os alunos e o professor conversem e avalie as apresentações;

Muitas atividades e produtos finais em pouco tempo.

- Aplicabilidade;

Pode ser aplicado em diferentes contextos escolares, mas sugiro que a autora indique
alternativas para uma escola sem espaço de informática.

Como professora de sala de aula e em contato com a realidade, penso que é essencial que a
autora pense em como a SD será aplicada em uma sala de aula com alunos em diferentes níveis
de aprendizagem.

Na SD, cada aula possui 50 minutos. É necessário considerar que nesse tempo o professor
precisa organizar a sala, a chamada, entre outras coisas que fazem parte do cotidiano escolar.
Para o que é proposto para cada aula, o tempo real é insuficiente.

- Comentários Gerais:

Gostei de ler a SD. O texto está bem escrito e é uma proposta criativa e que possibilita o
envolvimento dos alunos, pois apresenta temas interessantes, além de atividades práticas,
trabalhos coletivos e espaço para refletir os assuntos. Mas o que mais me chamou atenção foi a
proposição de se discutir vários temas e situações em pouco tempo. Penso que no ensino é
primordial que lancemos mão de conteúdos para valorizar a construção do pensamento. Em
outras palavras: menos é mais. A sugestão é que exista mais tempo para o diálogo, as dúvidas e
a construção de hipóteses.
112

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE


CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

FOLHA FINAL DE CIÊNCIA


Eu, professora Magda Medhat Pechlyie, estou ciente do conteúdo do Trabalho de
Conclusão de Curso apresentado pela aluna Larissa Mello Vargas com o Título
“PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE FISIOLOGIA HUMANA:
HOMEOSTASE” a ser defendido em sessão pública como parte dos requisitos para a
obtenção do grau de licencianda em Ciências Biológicas pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie.

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Assinatura da aluna

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Assinatura da orientadora – Universidade Presbiteriana Mackenzie

São Paulo, 22/05/2017.

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