Você está na página 1de 3

Endereço da página:

https://novaescola.org.br/conteudo/2523/monteiro-
lobato-o-criador-de-um-mundo-fabuloso

Publicado em NOVA ESCOLA 01 de Março | 2011

Cultura e Lazer

Monteiro Lobato, o
criador de um mundo
fabuloso
No dia de seu aniversário, 18 de abril, comemora-se o Dia
Nacional do Livro Infantil. Apenas uma mostra da
importância da obra e da criatividade de um dos maiores
gênios da literatura brasileira
Ricardo Ampudia

Nenhum autor é tão representativo da


literatura infantil brasileira do século 20
quanto Monteiro Lobato. Seu primeiro livro
para crianças, A Menina do Narizinho
Arrebitado, foi publicado em 1920 e, desde
então, sua fantasia já atravessou décadas e
segue para a terceira geração de leitores, em
várias re-edições e até adaptações para a
televisão, do mundo hiperrealístico do Sítio do
Pica-pau Amarelo.

Monteiro Lobato: precursor da literatura


Nesse lugar fantástico acontecem as aventuras
infantil brasileira no século 20
de Narizinho e Pedrinho na companhia de
Visconde de Sabugosa, um sabugo de milho
que era um sábio, Emília, uma boneca de pano falante, Quindim, um
rinoceronte domesticado e Rabicó, um porco com título de marquês. Tudo
sob a tutela de uma ama negra superprotetora, Tia Nastácia, e de Dona
Benta, a avó das crianças. Vislumbrado pela literatura infantil mundial, Lobato
fez também Peter Pan, Alice, personagens da mitologia e até o Gato Félix
passearem pelo Sítio.

Por meio de linhas inventivas ou críticas, o escritor retratou um Brasil cultural


e socialmente atrasado e, ao mesmo tempo, deixou-se também levar pela
fantasia do imaginário infantil, no qual criou seu maior legado à literatura
brasileira: a possibilidade de criar o impossível.

Biografia

Nascido em 18 de abril de 1882, em Taubaté, no Vale do Paraíba (interior de


São Paulo), José Renato Monteiro Lobato - que, mais tarde resolveu mudar
sou nome para José Bento Monteiro Lobato - já demonstrava gosto pela
leitura e pela escrita desde os tempos de escola, escrevendo para
jornaizinhos acadêmicos quando adolescente.

Perdeu o pai aos 15 anos e a mãe, aos 16. Seguindo a vontade do avô,
concluiu os estudos e cursou Direito na Faculdade do Largo São Francisco, em
São Paulo.

Foi nomeado promotor público na cidade de Areias, no interior do estado,


mas não exerceu a função por muito tempo. Após a morte do avô, mudou-se
para Buquira (hoje Monteiro Lobato), para morar em uma fazenda que
herdara.

Ali iniciou sua projeção como grande escritor. Com base em personagens
reais, criou o mundo fantástico do Sítio do Pica-Pau Amarelo e fez a denúncia
da exclusão social com artigos para o jornal O Estado de S. Paulo. Esses
textos, protagonizados pela figura de Jeca Tatu, formariam seu primeiro livro
Urupês, em 1918.

Entediado com a vida na fazenda e sem o rendimento esperado, vendeu a


propriedade e comprou a Revista do Brasil, abrindo espaço para novos
nomes da literatura mostrarem seu trabalho. Com o grande fluxo de
trabalhos, o negócio cresceu e virou editora, mas fechou as portas anos mais
tarde, em 1925, devido à crise da indústria nacional e clima político instável
da época.

Após um breve período nos Estados Unidos a serviço do governo de


Washington Luís, voltou para o Brasil e iniciou uma luta em defesa do
petróleo e do ferro com forte cunho nacionalista e crítico ao governo de
Getúlio Vargas, o que lhe rendeu três meses na cadeia em 1940, além da
apreensão e destruição de algumas obras à venda.

Em meio a um clima político pesado e sob a censura, Monteiro Lobato se


aproximou dos comunistas liderados por Luís Carlos Prestes. Foi à Argentina
lançar alguma de suas obras e voltou ao país em 1947. Faleceu no ano
seguinte, aos 66 anos, vítima de um derrame, deixando como herança mais
de 30 livros publicados, uma obra reverenciada até hoje.

Você também pode gostar