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MASSAS CERÂMICAS
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao grupo do Sou Cerâmica: Acácia Azevedo,
Cris Couto, Cristina Rocha, Darly Pellegrini, Flávia Pircher,
Luciana Thomaz e Rogério Carvalho, artistas tão
dedicados ao ensino e à divulgação da arte da cerâmica,
responsáveis pelo conteúdo do nosso Curso de
Modelagem Manual.
Raphael S. Oliveira
CEO OWL Estratégias Digitais
O2 10
A Origem e a Os Tipos de Forno para a
Composição da Argila queima de cerâmica
O3 11
A Formação da Argila Depoimento
O4
Os tipos de Massas
Cerâmicas
O5
A Classificação das
Massas Cerâmicas
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SUMÁRIO
As características das
Massas Cerâmicas
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Uso das Massas
Cerâmicas
08
A estrutura das Massas
Cerâmicas
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A ORIGEM E A
COMPOSIÇÃO DA
ARGILA
A argila, que é um Silicato de Alumínio hidratado, é
composta necessariamente por 3 elementos químicos:
Alumina, Sílica e água, apresentando a seguinte fórmula:
AL2O3.2SIO2.H2O. Estes elementos são naturalmente
agregados na natureza e formam a base da argila. Outros
elementos são adicionados posteriormente para formar a
pasta ou massa cerâmica.
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A FORMAÇÃO
DA ARGILA
Como a argila é formada na natureza? A argila tem uma
estrutura cristalina que se forma na natureza em um processo
de milhares de anos. Quando se retira um bloco de argila da
natureza, pode-se determinar se este é formado por argila
primária ou secundária.
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Passados muitos anos, através também da ação das
intempéries, o material depositado inicialmente em áreas
geograficamente baixas e que é denominado argila
primária, pode ter sido arrastado para muito mais longe,
distante da área do depósito inicial, e neste processo de
mudança as partículas de argila foram depositadas em
outras áreas, geograficamente ainda mais baixas que as
anteriores, como as margens de córregos e de rios, e as
áreas próximas a lagoas. Este material, que sofreu várias
intempéries naturais, irá formar um produto que
denominamos argila secundária ou sedimentar, que é
uma argila mais fina, mais delicada e plástica.
da resistência da argila.
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Quando se manuseia a argila ela é uma massa compacta,
mas a partir do momento que esta massa é queimada acima
de 700 graus, todos os materiais orgânicos desaparecem, e o
que permanace na argila após a queima são os materiais
minerais. É importante observar, que com a queima da argila
e a evaporação da água, suas moléculas ficam mais
compactadas, e o corpo cerâmico fica com seus poros mais
fechados, sendo que quanto mais alta a temperatura, mais
compactadas ficam as suas moléculas.
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OS TIPOS DE
MASSAS
CERÂMICAS
Para se modelar peças de cerâmica, o que se encontra
para comprar não é a argila pura, seja primária ou
secundária, mas uma massa cerâmica. A diferença é que a
argila é o material obtido diretamente da natureza, sem
nenhum elemento agregado. Hoje em dia, quando se
adquire uma massa cerâmica de um produtor, foi o
produtor que, a partir da argila secundária, tomada como
matéria prima, adicionou elementos para dar à massa
cerâmica características diversas, tais como: cor, textura,
maleabilidade e durabilidade.
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Também se deve considerar que as matérias primas são
tiradas da natureza, e por isso apresentam variações,
dependendo da localização geológica de origem do material.
A composição dessas matérias primas, portanto, é variável, e
certamente resultará em características diferentes no
trabalho final.
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A
CLASSIFICAÇÃO
DAS MASSAS
CERÂMICAS
Terracota
O nome Terracota vem do termo italiano “Terra Cozida”
(em Inglês Earthwear). Esta é a massa cerâmica mais
básica que existe, apresentando tons avermelhados –
vermelho, laranja e amarelo – dependendo de sua origem
geográfica. No Japão, por exemplo, há uma Terracota
amarela, mas a cor da massa só é percebida após a
queima. O tom avermelhado da massa cerâmica Terracota
se dá devido à uma maior quantidade de Óxido de Ferro
que compõe esta massa cerâmica. A Terracota é uma
massa cerâmica de baixa temperatura, devendo ser
queimada a até 1000 graus Celsius. Se passar muitodesta
temperatura, a Terracota tende a deformar, e a peça de
cerâmica pode perder a sua forma.
Faiança
Esta é uma massa cerâmica branca, também de baixa
temperatura, podendo ser queimada a até 1000 graus
Celsius. O nome Faiança dá margem a certa confusão, pois
este tipo de massa cerâmica foi desenvolvido na região de
Faenza, na Itália. Ocorre que na mesma região foi criado
um tipo de pintura em cerâmica que também é
denominada Faiança.
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As pessoas não tinham os conhecimentos atuais de que, na
verdade, nestas trincas havia um acúmulo de bactérias, e o
uso utilitário da peça cerâmica com trincas era nocivo para a
saúde. Apesar da peça ficar com linhas mais escuras e com
um aspecto visual interessante, seu uso para alimentos não
deveria ser recomendável. Hoje em dia a técnica de pintura
Faiança utiliza esmaltes que simulam o craquelado.
Grês
As massas cerâmicas de alta temperatura, nas quais os
produtores vão adicionando elementos, apresentam uma
infinidade de nomes: Granito, Granito rústico, Tabaco, Creme,
Chocolate, Branca, etc. Quando estas massas cerâmicas estão
no seu modo “in natura”, não é fácil de se prever como a peça
vai ficar depois de queimada, pois estas massas se modificam
muito com as queimas, que atingem mais de 1200 graus
Celsius.
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Quanto maior a temperatura que puder atingir, maior
será a sua resistência, porque os seus poros vão se fechar e
vão impedir que a água e os resíduos de alimentos
penetrem na peça. Mas a característica da massa
cerâmica é ter uma superfície mais áspera e, dessa forma,
apesar do processo de queima em alta temperatura, que
faz com que o corpo cerâmico se feche, quando se
confecciona uma peça de cerâmica utilitária, na qual se
vai colocar líquido internamente, é preciso usar várias
camadas de esmalte, porque a superfície, devido à sua
aspereza, pode eventualmente ficar manchada e isto pode
comprometer a peça visualmente.
Porcelana
A Porcelana é chamada de “a prima rica que não gosta de
se misturar”. Sua história se iniciou na China, na dinastia
Tang, quando os Chineses descobriram que misturando
uma matéria prima chamada Caolin à Sílica e ao Óxido de
Alumínio, produzia-se uma massa que podia ser
queimada a 1450 graus Celsius e tinha uma dureza
inacreditável para a época. A Porcelana é muito usada até
hoje, permitindo que sejam confeccionados vários
utensílios domésticos.
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Os Chineses, por exemplo, faziam inicialmente os telhados
das casas com Terracota, mas estes vazavam. Assim, passaram
a usar a Porcelana para fazer os telhados das casas ricas, que
além de serem muito mais resistentes, não deixavam
penetrar a água. Também na China a população passou a
enfeitar as casas com azulejos de porcelana. Atualmente, o
piso que frequentemente usamos em casas, denominado
Porcelanato, é feito tendo por base a mesma formulação da
porcelana.
Paper Clay
O Paper Clay pode ser considerado uma outra classificação
da massa cerâmica. É uma massa de um dos tipos acima
mencionados, à qual se acrescentou fibras de celulose.
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AS
CARACTERÍSTICAS
DAS MASSAS
CERÂMICAS
Plasticidade
A plasticidade é a maleabilidade da argila, isto é, o quanto a
argila permite ser modelada. O teste da plasticidade é o
seguinte: faça uma cobrinha com um pedaço de argila,
sempre compactando-a bem, e depois vire-a em forma de
ferradura. Na parte superior da pecinha pode-se ver o
aparecimento de estrias, e quanto maior o numero de estrias
que aparecerem, menos plástica é a argila, e quanto menor o
número de estrias que se apresentarem, mais plástica é a
argila.
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Chamote
O Chamote é uma partícula muito fina, um pó de massa
cerâmica que já foi queimada e triturada. Como o Chamote é
massa cerâmica queimada, é constituída só por minerais, pois
a água já se evaporou. Assim, pode-se dizer que o Chamote é
puro minério, resultado de uma massa cerâmica que perdeu
toda a água e a matéria orgânica, tendo sido posteriormente
acrescentado à outra massa cerâmica ainda úmida.
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A ESTRUTURA DAS
MASSAS
CERÂMICAS
A estrutura das massa cerâmicas é sempre a mesma, com
uma parte orgânica, responsável pela maleabilidade, e
uma parte mineral, formada por minérios que
permanecem na peça após a queima e mantêm o corpo
cerâmico mais compacto e duro. A estrutura também
pressupõe ligações químicas entre as moléculas que
compõem a argila.
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Como se pode ver no desenho abaixo, nesta fase as bolhas
de ar foram eliminadas e as partículas de massa cerâmica
foram alinhadas através das técnicas de sovar, compactar ou
furar a massa, mas também a umidade da massa foi reduzida.
Isto ocorre porque, conforme se vai sovando a massa
cerâmica em uma superfície que absorve água, seja tecido,
madeira ou placa de drywall, retira-se um pouco da umidade
da massa cerâmica.
Fase 3: Após a peça estar modelada, ela deve secar bem, até́
chegar ao ponto de secagem denominado Ponto de Osso.
Antes de secar, a peça ainda está́ úmida e fria, o que pode ser
sentido ao seu toque, e também na sua cor mais escura,
sendo ainda maleável e muito frágil. No Ponto de Osso pode-
se observar que a massa, ao ser tocada, não está fria ou
úmida, tendo tomado uma coloração mais clara e estando
dura. Observa-se na ilustração abaixo que ainda existe água
na massa cerâmica nesta fase. Se deixar secar bem a peça,
esta vai perder toda a água e o que vai ficar no seu lugar são
canais de ar. A massa cerâmica no Ponto de Osso é bem
aerada, semelhante a um chocolate Sufflair.
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A peça cerâmica em Ponto de Osso deve ser levada ao
forno para a1a. queima, chamada queima de Biscoito. O
Ponto de Osso é o ponto exato para se levar a peça ao
forno para biscoitar.
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Exatamente esta porosidade do biscoito é que permite que a
peça seja esmaltada e o esmalte penetre nos poros e fique
bem aderido à superfície e não descasque. Assim, após a 1a.
queima, estando a peça cerâmica no biscoito, pode-se
esmaltá-la com o esmalte cerâmico de baixa temperatura ou
de alta temperatura (vidrado) e a peça deve ir ao forno para a
2a. queima.
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Se tomarmos uma massa cerâmica na qual o rótulo do
pacote especifica que ela deve ser queimada a 1260 graus
Celsius, como um Grês ou Branco, e a usarmos para a
confecção da peça cerâmica e a queimarmos a 1220 graus
Celsius, não vamos obter uma sinterização ideal, pois os poros
da massa cerâmica ainda vão ficar um pouco abertos, e esta
estará um pouco porosa, sendo que o esmalte aplicado é que
vai ajudar no selamento da peça.
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ARMAZENAMENTO,
CUIDADOS E
RECICLAGEM DA
MASSA CERÂMICA
Armazenar a massa cerâmica exige cuidados e atenção. O
ceramista Rogério Carvalho, do grupo Sou Cerâmica,
armazena os pacotes da massa cerâmica em local arejado,
com um pouco de ventilação e sem sol. A ceramista Flavia
Pircher costuma armazenar suas massas em um armário
feito com pedra ardósia, fechado com uma cortina de
tecido grosso, onde não bate sol ou vento.
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Não é indicado juntar massas cerâmicas com diferentes
graus de umidade, pois isso prejudica o processo de
modelagem. A massa que sobra do trabalho realizado no
torno também pode ser reprocessada. Ela deverá ser
guardada e posteriormente ser misturada com um batedor
de tintas, encaixado em uma furadeira (foto abaixo). A massa
cerâmica reciclada é excelente também.
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OS TIPOS DE
FORNO PARA A
QUEIMA
Para a queima de peças de cerâmica usam-se fornos
especiais, que podem ser elétricos (com resistências), a gás
(com maçaricos) ou a lenha (carvão). Cada um desses tipos
de fornos tem uma organização específica de sua
atmosfera interna, proporcionando diferentes efeitos e
resultados na queima da cerâmica.
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Eventualmente um ceramista experiente pode usar o forno a
gás de forma a não consumir o oxigênio e fazer a queima das
peças cerâmicas sem transformá-las. Como o forno a gás
digital é muito caro, em geral, se usa o forno não digital, mas
este tem a necessidade de ficar sendo controlado durante
todo o processo da queima, o que demora muitas horas.
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DEPOIMENTO
FINAL DA AUTORA
O conhecimento sobre a matéria prima da cerâmica é de
grande importância para o ceramista, pois a escolha de uma
massa cerâmica adequada para cada projeto é fundamental,
tanto para o processo de confecção da peça cerâmica, como
para conseguir o produto final desejado. As aulas e workshops
do Sou cerâmica fornecem uma riqueza de detalhes técnicos
e informações relevantes para que o ceramista possa trilhar
um caminho seguro na sua aprendizagem, favorecendo o seu
desenvolvimento técnico e a conquista de níveis de
conhecimento mais elevados nesta trajetória. A minha
experiência, como aluna do Sou cerâmica, é que, além da
plataforma de ensino-aprendizagem preencher minhas
expectativas como aluna/ceramista, o processo ocorre de
forma variada e agradável, mostrando a competência, mas
também a grande generosidade dos mestres ceramistas do
Sou cerâmica.
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