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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS – IFCS

INSTITUTO DE HISTÓRIA – IH

ENSAIO DE HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA

Lucas lima de oliveira

DRE:121067238

Licenciatura, noturno
A partir da leitura do texto, em busca de outras histórias: duas propostas dos anos 80,
capitulo 3 do livro caminhos da história ensinada, de selva guimarães fonseca, onde não
somos apresentados primeiramente nesse capítulo ao currículo de história dos anos 70,
porém deixa claro que no fim deste século a sociedade acadêmica começa a notar que
repensar o ensino de história já tinha ganhado espaço em associações científicas, o
capítulo não mostra o currículo de história mas cita partes completamente retrógradas
deste currículo como por exemplo o ensino de história que somente é ensinado no
primeiro, segundo e terceiro grau, onde também somente o terceiro grau tem o
privilégio da produção do conhecimento histórico, começa então em dois estados
brasileiros, são paulo e minas gerais, o processo de revisão curricular para assim
elaborar uma nova e melhor forma de ensinar história nas escolas.

Passamos então a entender o propósito deste capítulo, que não é criticar o antigo
currículo, mas sim mostrar a evolução que o ensino de história teve nos estados de
minas gerais e são paulo durante os anos 80, onde os propósitos dos dois estados era a
implementação da produção de conhecimento histórico no primeiro e segundo grau, e
também romper com o ensino reprodutivista tradicional assim como ensinar história no
ensino fundamental também, porém vemos dois estados com os mesmos propósitos
tomarem caminhos muito diferentes para resolverem seus problemas educacionais.

Esse processo se inicia nos dois estados e evolui com o passar do tempo com as
reflexões nos vários encontros de professores que ocorreram nos dois estados, são paulo
por exemplo teve três propostas preliminares para o ensino de história no primeiro e
segundo grau, porém se desvencilhar completamente do antigo currículo era uma tarefa
muito difícil, a evolução inicia quando se começa o diálogo sobre o ensino fundamental
também ser um espaço de produção do saber histórico, e adotar também o trabalho de
reflexão, descoberta e elaboração, fica claro então o importante papel que essas
propostas tem de redimensionar o papel da instituição escolar nos diversos níveis de
ensino.

Essa nova historiografia brasileira inspira-se na historiografia social inglesa e na nova


história francesa, isso fica claro pois se pode apreender na proposta paulista influência
de debates realizados por autores como le goff, pierre nora e paul veyne, assim como
também faz referencia a abordagem do autor E.P. Thompson como diz o próprio autor
no final da página 93:"A proposta curricular referencia-se na abordagem thompsoniana
ao sugerir o resgate da ação dos homens, como sujeitos produtores de sua história,
processo ativo do fazer-se de uma cultura."

Cada proposta tem suas particularidades, a de são paulo por exemplo possui relação
com o contexto em que foi originada, mostrando sua historicidade, possui portanto uma
certa visão trabalhista da história, a proposta mineira se diferencia da paulista nesse
aspecto pois os autores fazem mais a crítica da historiografia tradicional a classificando
como linear, determinista e dissociada da realidade social, e que possui concepções que
se fundamentam na teoria marxista de história, que é muito criticada por vários
historiadores contemporâneos.

E finalmente chegamos ao esperado momento em que o autor mostra a sugestão de


conteúdos dos dois estados:
E agora podemos analisar as grandes diferenças das duas propostas, a proposta mineira
por exemplo até a quarta série do ensino fundamental é denominada formação social e
política numa tentativa de se diferenciar dos estudos sociais, e buscam “ formar um
novo tipo de homem, consciente dos problemas e do seu papel de cidadão”, essa
proposta também apresenta o conteúdo e faz o exercício de aplicar esse conteúdo as
mais diferentes situações e realidades, essa proposta também visa romper com a
fragmentação dos conteúdos através da ênfase na noção de totalidade, porém não se sai
tão bem sucedida nesse aspecto quanto a proposta paulista, e minas também adiciona o
estudo de brasil na quarta série o que não tinha antes, e a proposta paulista, apresenta
uma outra forma de aprendizagem, onde o conteúdo é apresentado e o conceito é
construído a partir da experiência dos alunos, utilizando como exemplo o conceito de
família que tradicionalmente é pai, mãe e filhos, nessa nova proposta passa a se tornar “
o lugar e as pessoas com as quais a criança vive”, no primeiro bloco dessa proposta os
autores dão ênfase ao desenvolvimento das noções de tempo, diferença/semelhança,
permanência/mudança que vão sendo aprofundadas no decorrer do curso, e que ajudam
no entendimento do eixo central da proposta paulista, que é o tema trabalho.

Uma questão interessante a comentar também sobre a proposta mineira é a


comemoração de datas cívicas defendidas pelos autores da proposta que admitem que
certas datas não podem deixar de serem comemoradas, como por exemplo o 21 de abril
e o 7 de setembro, mas propõem um novo tratamento para o antigo tema, já a proposta
paulista não aborda essa questão das datas como conteúdo curricular.

A autora termina o capítulo revelando qual era a essência dessas propostas e o que elas
significavam para a sociedade no fim da página 109: "As propostas expressam a
necessidade histórica de trazer para o centro da reflexão, ações e sujeitos até então
excluídos da História ensinada na escola fundamental."

Após ser apresentado a esse período de mudança na educação ocorrido nos anos 80, só
nos resta buscar saber o que houve após essas propostas serem colocadas em prática, e
como se trata de brasil a noticia não costuma ser boa, lendo o texto "a bncc da reforma
do ensino médio: o resgate de um empoeirado discurso" de monica ribeiro da silva,
podemos ter uma noção sobre a atual e complicada situação do ensino no brasil, a autora
escreve sobre a base nacional curricular comum (BNCC), e faz criticas a essa proposta,
primeiramente em seu texto ela descreve a base legal que o governo tem e as inúmeras
mudanças na lei promovidas pelo governo, um discurso apresentado como novo porém
que compõem velhas e ultrapassadas praticas de ensino, um currículo nacional é
criticado pela autora principalmente por ter um sentido limitador, excessivamente
prescritivo e atrelado as avaliações do estado além de ter como decorrência a ampliação
das desigualdades educacionais já existentes.

Após a leitura desses dois textos essenciais para compreender a história do ensino de
história no brasil, percebemos que toda proposta educativa que não foi proposta por
alunos e professores em conjunto, resultam em uma proposta que não os representa e é
amplamente criticada por especialistas da área, a escola como produtora do saber é
essencial, mas o que exatamente vai ser ensinado e como será ensinado é um grande
debate que gera muitas controvérsias, e por fim só nos resta pensar em como será o
futuro da educação no brasil em meio a tantas propostas que propõem coisas
extremamente diferentes umas das outras, aonde a falta de unanimidade levará a
educação do brasil.

BIBLIOGRAFIA:

Fonseca, selva guimarães. Caminhos da história ensinada.cap.3.em busca de outras


histórias: duas propostas dos anos 80.

Da silva, monica ribeiro. A bncc da reforma do ensino médio: o resgate de um


empoeirado discurso.

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