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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

D545

Diciónario musical (1904) / Isaac Newton de Barros Leite (Autor


original). – 3. ed. – São Paulo: Pimenta Cultural, 2023.

Adaptadores: João Gracindo Neto, Aurélio Nogueira


de Sousa, Douglas Felipe Nogueira Rocha, Fellipe
Roberto Pereira da Silva, João Gracindo da Silva Neto,
Rafael da Silva Pinto, Welton Roger Paulino Araujo.

Coordenadores: Marcos Moreira, João Gracindo Neto,


Jean Lenzi.

492 p.; 14 X 21 cm

ISBN 978-65-5939-646-7

1. Dicionário de música. 2. Música. 3. História. I. Leite, Isaac


Newton de Barros (Autor original). II. Título.

CDD 780.3

Índice para catálogo sistemático:


I. Dicionário de música
Janaina Ramos – Bibliotecária – CRB-8/9166
ISBN da versão digital (PDF): 978-65-5939-644-3
Copyright © Pimenta Cultural, alguns direitos reservados.
Copyright do texto © 2023 os autores e as autoras.
Copyright da edição © 2023 Pimenta Cultural.

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Editora executiva Patricia Bieging
Coordenadora editorial Landressa Rita Schiefelbein
Diretor de criação Raul Inácio Busarello
Assistente de arte Naiara Von Groll
Editoração eletrônica Peter Valmorbida
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Bibliotecária Jéssica Castro Alves de Oliveira
Imagem da capa Acervo dos coordenadores, domínio público
Tipografias Swiss 721, Gravtrac, Acumin Variable Concept
Revisão Marcos dos Santos Moreira, Aurélio Nogueira,
Douglas Felipe Nogueira Rocha, Fellipe Roberto
Pereira da Silva, João Gracindo Neto, Rafael da
Silva Pinto e Welton Roger Paulino de Araújo
Autor Isaac Newton de Barros Leite
Adaptadores João Gracindo Neto, Aurélio Nogueira de Sousa,
Douglas Felipe Nogueira Rocha, Fellipe Roberto
Pereira da Silva, João Gracindo da Silva Neto, Rafael
da Silva Pinto, Welton Roger Paulino Araujo
Coordenadores Marcos Moreira, João Gracindo Neto, Jean Lenzi

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Felipe Henrique Monteiro Oliveira Jorge Luís de Oliveira Pinto Filho
Universidade Federal da Bahia, Brasil Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
Fernando Vieira da Cruz Juliana de Oliveira Vicentini
Universidade Estadual de Campinas, Brasil Universidade de São Paulo, Brasil
Gabriella Eldereti Machado Julierme Sebastião Morais Souza
Universidade Federal de Santa Maria, Brasil Universidade Federal de Uberlândia, Brasil
Germano Ehlert Pollnow Junior César Ferreira de Castro
Universidade Federal de Pelotas, Brasil Universidade de Brasília, Brasil
Geymeesson Brito da Silva Katia Bruginski Mulik
Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Universidade de São Paulo, Brasil
Giovanna Ofretorio de Oliveira Martin Franchi Laionel Vieira da Silva
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Handherson Leyltton Costa Damasceno Leonardo Pinheiro Mozdzenski
Universidade Federal da Bahia, Brasil Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
Hebert Elias Lobo Sosa Lucila Romano Tragtenberg
Universidad de Los Andes, Venezuela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
Helciclever Barros da Silva Sales Lucimara Rett
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Universidade Metodista de São Paulo, Brasil
Anísio Teixeira, Brasil
Manoel Augusto Polastreli Barbosa
Helena Azevedo Paulo de Almeida Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil
Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil
Marcelo Nicomedes dos Reis Silva Filho
Hendy Barbosa Santos Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Brasil
Faculdade de Artes do Paraná, Brasil
Marcio Bernardino Sirino
Humberto Costa Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
Universidade Federal do Paraná, Brasil
Marcos Pereira dos Santos
Universidad Internacional Iberoamericana del Mexico, México
Marcos Uzel Pereira da Silva Sebastião Silva Soares
Universidade Federal da Bahia, Brasil Universidade Federal do Tocantins, Brasil
Maria Aparecida da Silva Santandel Silmar José Spinardi Franchi
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Maria Cristina Giorgi Simone Alves de Carvalho
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow Universidade de São Paulo, Brasil
da Fonseca, Brasil
Simoni Urnau Bonfiglio
Maria Edith Maroca de Avelar Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil
Stela Maris Vaucher Farias
Marina Bezerra da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Instituto Federal do Piauí, Brasil
Tadeu João Ribeiro Baptista
Michele Marcelo Silva Bortolai Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Universidade de São Paulo, Brasil
Taiane Aparecida Ribeiro Nepomoceno
Mônica Tavares Orsini Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Brasil
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil
Taíza da Silva Gama
Nara Oliveira Salles Universidade de São Paulo, Brasil
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
Tania Micheline Miorando
Neli Maria Mengalli Universidade Federal de Santa Maria, Brasil
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
Tarcísio Vanzin
Patricia Bieging Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Universidade de São Paulo, Brasil
Tascieli Feltrin
Patricia Flavia Mota Universidade Federal de Santa Maria, Brasil
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
Tayson Ribeiro Teles
Raul Inácio Busarello Universidade Federal do Acre, Brasil
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Thiago Barbosa Soares
Raymundo Carlos Machado Ferreira Filho Universidade Federal de São Carlos, Brasil
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Thiago Camargo Iwamoto
Roberta Rodrigues Ponciano Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Brasil
Universidade Federal de Uberlândia, Brasil
Thiago Medeiros Barros
Robson Teles Gomes Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Tiago Mendes de Oliveira
Rodiney Marcelo Braga dos Santos Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Brasil
Universidade Federal de Roraima, Brasil
Vanessa Elisabete Raue Rodrigues
Rodrigo Amancio de Assis Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil
Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil
Vania Ribas Ulbricht
Rodrigo Sarruge Molina Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil
Wellington Furtado Ramos
Rogério Rauber Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil
Wellton da Silva de Fatima
Rosane de Fatima Antunes Obregon Instituto Federal de Alagoas, Brasil
Universidade Federal do Maranhão, Brasil
Yan Masetto Nicolai
Samuel André Pompeo Universidade Federal de São Carlos, Brasil
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil
PARECERISTAS E REVISORES(AS) POR PARES
Avaliadores e avaliadoras Ad-Hoc

Alessandra Figueiró Thornton Jacqueline de Castro Rimá


Universidade Luterana do Brasil, Brasil Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Alexandre João Appio Lucimar Romeu Fernandes
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil Instituto Politécnico de Bragança, Brasil
Bianka de Abreu Severo Marcos de Souza Machado
Universidade Federal de Santa Maria, Brasil Universidade Federal da Bahia, Brasil
Carlos Eduardo Damian Leite Michele de Oliveira Sampaio
Universidade de São Paulo, Brasil Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil
Catarina Prestes de Carvalho Pedro Augusto Paula do Carmo
Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, Brasil Universidade Paulista, Brasil
Elisiene Borges Leal Samara Castro da Silva
Universidade Federal do Piauí, Brasil Universidade de Caxias do Sul, Brasil
Elizabete de Paula Pacheco Thais Karina Souza do Nascimento
Universidade Federal de Uberlândia, Brasil Instituto de Ciências das Artes, Brasil
Elton Simomukay Viviane Gil da Silva Oliveira
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil Universidade Federal do Amazonas, Brasil
Francisco Geová Goveia Silva Júnior Weyber Rodrigues de Souza
Universidade Potiguar, Brasil Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Brasil
Indiamaris Pereira William Roslindo Paranhos
Universidade do Vale do Itajaí, Brasil Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil

PARECER E REVISÃO POR PARES


Os textos que compõem esta obra foram submetidos para
avaliação do Conselho Editorial da Pimenta Cultural, bem
como revisados por pares, sendo indicados para a publicação.
SUMÁRIO

Sobre o selo CEMUPE - Centro


de Musicologia de Penedo............................................................ 10
Apresentação ................................................................................. 12
Prefácio........................................................................................... 14
Prólogo desta edição..................................................................... 18
Nota sobre a edição....................................................................... 20
Prefacio........................................................................................... 23
Regra para a pronunciação
das palavras italianas que
se encontram n’este Diccionario................................................... 26
A........................................................................................................... 27
B........................................................................................................... 70
C........................................................................................................... 89
D......................................................................................................... 140
E......................................................................................................... 159
F......................................................................................................... 178
G......................................................................................................... 193
H......................................................................................................... 206
I........................................................................................................... 219
J.......................................................................................................... 233
K......................................................................................................... 237
L.......................................................................................................... 240
M........................................................................................................ 252
N......................................................................................................... 290
O......................................................................................................... 300
P......................................................................................................... 312
Q......................................................................................................... 353
R......................................................................................................... 359
S......................................................................................................... 377
T......................................................................................................... 413
U......................................................................................................... 442
V......................................................................................................... 447
W........................................................................................................ 466
X......................................................................................................... 468
Z......................................................................................................... 470
Obras Theoricas
e Elementares em Portuguez....................................................... 473
SOBRE O SELO CEMUPE - CENTRO DE MUSICOLOGIA DE PENEDO

O selo CEMUPE Centro de Musicologia de Penedo, vinculado a


Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em parceria com a Prefeitura
Municipal de Penedo e a Editora PIMENTA CULTURAL, traz a conti-
nuação das séries Mestres Musicais de Alagoas, Teses e Dissertações
Bandísticas e Séries Especiais. Apesar deste centro de pesquisa estar
a priori abordando temáticas da regionalização alagoana, pretende-
mos ampliar os volumes das séries sugeridas oferecendo publicações
tanto do Brasil como em outros países, não somente sobre o tema
banda de música e seus desdobramentos. É necessário ampliar outros
temas de análise musical no âmbito da musicologia (seja histórica ou
social) e da educação musical, permeando sobre pontos da etnomusi-
cologia e composição, oriundos das pesquisas realizadas pelo CEMU-
PE e seus atuais parceiros institucionais vinculados.

Atualmente o CEMUPE tem alinhado seus estudos com o Grupo


Caravelas da Universidade Nova de Lisboa-Portugal e o LAMUS-La-
boratório de Musicologia, vinculado a USP- Universidade de São Pau-
lo, conectando desta forma a UFAL, com outros grupos de pesquisas
brasileiros e de países colaboradores. Também contamos com grupos
entre os nossos pares alagoanos a exemplo do Grupo de Pesquisa
História, Memória e Documentação da Música também pertencente ao
Curso de Música em parceria com a Escola Técnica de Artes.

Ratificamos que as linhas de pesquisa envolvem Educação Mu-


sical, Musicologia, Composição e Análise. Tem como meta, produzir
livros, ensaios, artigos e transcrições de caráter inédito ou pouco di-
vulgado no meio musical, seja ele acadêmico ou não e biografias au-
torizadas de compositores. Tais produções, oriundas deste grupo, são
debatidas nos fóruns na anual programação do Festival Internacional
de Música de Penedo, evento vinculado ao CEMUPE.

sumário 10
Esperamos que o selo, com suas séries e publicações decor-
rentes, possa contribuir com a valorização do movimento da pesquisa
em Música em Alagoas e nordeste do Brasil.

Marcos dos Santos Moreira


Diretor do CEMUPE
Centro de Musicologia de Penedo Alagoas

sumário 11
APRESENTAÇÃO

Ao celebrar 30 anos de resistência na defesa dos valores cultu-


rais do povo penedense, a Fundação Casa do Penedo celebra também
o lançamento da terceira edição da “Diccionário Musical”, de Isaac Ne-
wton de Barros Leite, publicada originalmente em 1904, com segunda
edição lançada em 1908, e que se configura obra referencial para a
pesquisa e o estudo da lexicografia musical em Língua Portuguesa.

O projeto original para publicação desta terceira edição come-


çou a ser costurado no ano de 2004, quando a primeira edição come-
morava 100 anos. O doutor Francisco Alberto Sales, então diretor desta
Casa de Cultura, havia reunido as duas primeiras edições deste pionei-
ro trabalho do professor Isaac Newton, que hoje repousam preserva-
das na sessão de obras raras da Biblioteca F. A. SALES, e integram a
Coleção Alagoas do Centro de Referência do Rio São Francisco.

Quis o dileto amigo Francisco Sales, naquela ocasião, que a


apresentação da terceira edição deste “Diccionário Musical” fosse
feita por Moacir Medeiros de Sant’anna e que seu prefácio fosse as-
sinado por Ricardo Cravo Albin, este último por felizes aproximações
que ultrapassam não apenas o afeto e a sensibilidade pelas questões
penedenses, como também pelo relevante serviço prestado na pes-
quisa e promoção da Música Popular Brasileira que desenvolve junto
ao Instituto Cravo Albin.

Como questão de honra e respeito ao projeto original para reedi-


ção, esta obra que ora se apresenta ao leitor segue duplamente pres-
tigiada, primeiro pelo prefácio assinado por Cravo Albin e segundo por
ser lançada junto ao selo editorial do CEMUPE – Centro de Musicolo-
gia do Penedo -, importante laboratório de pesquisa que desenvolve
ações de preservação da identidade artística e da vocação musical do

sumário 12
povo das Alagoas, fruto da parceria entre a Universidade Federal de
Alagoas e a Prefeitura Municipal do Penedo.

A Fundação Casa do Penedo aplaude esta feliz iniciativa que


traz na dianteira de suas ações o dinâmico professor Marcos Moreira,
e agradece o gentil apoio em viabilizar este trabalho que põe em evi-
dência seu valioso acervo preservado.

Jean Lenzi
Penedo, 1 de outubro de 2022

sumário 13
PREFÁCIO

Esta vida de escritor a pesquisar por décadas a nunca acaba-


rem o que de fato vale a pena em nossa música popular pode conduzir
a caminhos decepcionantes, não fosse a nossa memória coletiva no
mais das vezes ausente, ou até cega, para aferir valores de referências
e de historicidade. Ou, ao contrário, pode surpreender com o apareci-
mento de pérolas inesperadas e de fato a serem abrigadas. E compar-
tilhadas com um maior número de estudiosos.

É precisamente este livro que o leitor tem às mãos. Para mim em


especial, com repercussões inesperadas em meu coração de entra-
nhamentos tão apaixonantes pela mais bela cidade de pequeno porte
do Brasil, a Penedo de minha família materna e de meus encantos
infantis, a Penedo cujo Centro Memorial – a Casa do Penedo – foi ar-
rebatadoramente imaginada e construída pelo meu melhor amigo de
infância, o mais tarde renomado médico Francisco Sales, logo transfor-
mado em memorialista número um da cidade fundada por Maurício de
Nassau. Sales foi igualmente agudo indagador de tudo que tivesse ali-
mentado as vísceras históricas ou literárias de Penedo. Consolidadas
todas elas através dos tantos séculos lambidos dia e noite pelo Velho
Chico, o que a fez permanecer presença luminosa em um país quase
nunca atento às grandezas que o põem de pé.

Chico Sales levantou sempre a necessidade de defender a cida-


de de eventuais maus tratos e modernices suspeitas, como também a
obrigação de lhe realçar alguns feitos produzidos por até inesperados
filhos relevantes.

O caso preciso deste “Diccionário Musical”, pesquisado, e di-


ria até milagrosamente antecipado, por nome que só agora será re-
conhecido, o talvez pioneiríssimo musicólogo da literatura da MPB, o

sumário 14
enciclopedista Isaac Newton de Barros Leite, cuja obra rara acabou
por incendiar o olhar atento do homem de cultura Jean Lenzi, atual
diretor da Fundação Casa do Penedo, de quem recebi o convite para
prefaciar o “Diccionário Musical”, publicado no Rio de Janeiro em 1908
(2ª edição, já que a primeira data de 1904, editada em Maceió pela
Tipographia Commercial. Isaac Newton (1857-1907) foi professor de
piano e hábil consertador, além de afinador célebre desse instrumen-
to. Em fragmentos incompletos – como já eu esperava – sua biografia
realça singular acontecimento que cabe perfilar. Treze dias antes da
sua morte em Maceió, aos 56 anos de idade, concluiria a fabricação de
um piano inteiramente construído com medidas das matas alagoanas.
O calendário indicava o dia 19 de setembro de 1907, e a imprensa da
capital alagoana celebrava o feito como um “trabalho de grande apuro,
bem acabado e no qual seu autor imprimiu a mais correta perfeição.”
O público de Maceió teria até feito fila para adentrar o atelier do artista
e ver o piano alagoano, a Rua do Livramento, 16. O destino que mere-
ceu esse piano? Quero pesquisar desde este momento e encareço a
eventuais leitores que me forneçam algumas pistas. Valeria certamente
a pena instalá-lo, se ainda existe, na Casa do Penedo, agora ao lado da
nova edição de 2022 do seu antológico Diccionário Musical.

A Tipographia Commercial de Maceió realizou a raríssima im-


pressão do Diccionário “abrigando todas as abreviações, expressões,
phrases, vocábulos, sua techinologia, a par da nomenclatura dos ins-
trumentos musicais desde sua mais remota antiguidade”. A volumosa
obra (313 páginas) foi dedicada ao então governador do Estado Joa-
quim Paulo Vieira Malta. O Diccionário de Isaac Newton foi algumas
vezes citado em obras brasileiras de musicologia, mas nunca teria sido
objeto de justa consideração como extraordinário esforço pioneiro de
lexicologia, que de fato é. De pouco valeria a frase com que Isaac abre
seu prefácio: “Contando apenas com a pouquidade de nossos recur-
sos, empreendemos essa obra, a fim de acolher os 4000 vocábulos de
que aproximadamente conta ele. Este trabalho representa o fructo do

sumário 15
esforço ingente de longos annos de perseverante estudo, inabalável
resolução e decidida força de vontade. No meio acanhado em que
vivemos e no qual a Arte definha, à míngua de escola e estímulos,
talvez encontremos óbices que possam influir para o bom acolhimen-
to d’este Diccionário. Entretanto só ao público indulgente cabe agora
fadar o nosso trabalho, tendo em vista que o empreendemos contan-
do apenas com nossa fraca mentalidade e com a complacência dos
entendidos, de quem esperamos a reparação para os senões n’êlle
encontrados.”

O autor considerava o seu Diccionário como uma compilação,


“na sua maioria de textos em língua estranha, que nem todos conhe-
cem.” Em português, apenas conhecia o de Rafael Coelho Machado
que era segundo ele deficiente e lacunoso em techonologia musical.
Isaac conclui sua catilinária de modéstias afirmando que “nada ino-
vamos, procuramos apenas aumentar o nosso trabalho, dando a co-
nhecer alguns termos modernamente criados para expressar canções
pátrias e instrumentos hoje muito usados, mas ainda desconhecidos
na história da música moderna.”

Certamente que o penedense pioneiro incidiu em seus arroubos


de modéstia em injustiça contra seu histórico trabalho. Até porque vá-
rios de seus conceitos apontam apurado conhecimento da cultura da
música tradicional, superando até mesmo obras publicadas posterior-
mente à sua. Alguns verbetes antecipam histórias que se cristalizariam
no futuro e são de extraordinário interesse, como o Chorinho – “espécie
de toada musical ao som da qual dançam o landu ou lundu. É também
o nome de uma das variedades de “danças a que chamam samba.”
Mais curioso e testemunhal, impossível.

Outro verbete, entre dezenas a merecerem cuidados e atenção,


é o referente ao Maxixe – “nome chulo impropriamente criado pela po-
pulaça para designar a dança de uma Polka-Tango que prima pelo
característico de meneios e requebros indecentemente exibidos pelos

sumário 16
dançantes, especialmente em bailados públicos carnavalescos. Esta
dança moderna, um pouco mais modificada, já vae sendo introduzida
até mesmo nos salões da melhor sociedade. ” Este verbete pode gerar
todo um apoio histórico de definições de época e de comportamento.
Inclusive como sentimentos de opinião sobre “requebros indecente-
mente exhibidos pelos dançantes” ou “nome chulo impropriamente
criado pela populaça.” A par de exibir também opiniões, reflete valiosa
crônica de época, todo um contexto factual do comecinho do século
XX. Portanto, e por tudo, este Diccionário Musical é obra sem paralelos
na aferição do que existia e como era vista a confluência da música do
povo nos primeiros anos do decisivo século XX, que estabeleceria a
fixação do gênero musical mais celebrado pelo mundo, o samba do
Brasil. E de seus criadores miscigenados.

Ricardo Cravo Albin


Rio, 04 de outubro de 2022

sumário 17
PRÓLOGO DESTA EDIÇÃO

No alvorecer do século XX, em 1904, o musicista penedense


Isaac Newton de Barros Leite escreveu e publicou a primeira edição
desta obra, hoje raríssima, fundamental para o estudo da lexicogra-
fia musical de língua portuguesa no Brasil. Algumas peculiaridades
marcam este trabalho: em primeiro lugar, o inusitado de se publicar no
interior brasileiro, fora dos dois grandes centros, Rio de Janeiro e São
Paulo, uma obra de características pioneiras; em segundo, ter sido
este trabalho fruto do esforço individual realizado por um intelectual
solitário e persistente.

A história registra que o primeiro dicionário musical escrito em


língua portuguesa - com 1.600 verbetes - foi publicado em 1842, na
cidade do Rio de Janeiro, por Rafael Coelho Machado. Entretanto, o
aludido escritor era natural de Angra do Heroísmo (Ilha Terceira, Aço-
res, Portugal), onde nasceu em 1814. Estes dados nos levam a con-
cluir que o penedense Isaac Newton foi o primeiro brasileiro a elaborar
um dicionário sobre música já escrito com cerca de 4.000 verbetes. A
publicação da segunda edição desta obra, revisada pelo autor, só foi
possível em 1908. Nas estantes da Biblioteca F. A. SALES, incorpora-
das à seção Alagoas, repousam protegidas estas duas edições.

O esquecimento a que ficou relegada esta obra é talvez exemplo


inconteste do pouco respeito que legamos aos nossos mestres.

Passados 114 anos desde o lançamento da segunda edição,


a Fundação Casa do Penedo em uma feliz parceria com o Centro de
Musicologia de Penedo – CEMUPE – possibilita ao leitor interessado,
graças aos esforços do professor Marcos Moreira, o acesso a uma
nova edição desta obra que sai prestigiada por um dos mais respei-
tados estudiosos da Música Popular Brasileira, o musicólogo Ricardo

sumário 18
Cravo Albin, penedense de alma e coração, que assina o préfacio des-
ta terceira edição de modo a pontuar também o desejo primeiro de seu
amigo, Dr. Francisco Alberto Sales.

O projeto para reedição do “Diccionário Musical” de Issac Ne-


wton foi idealizado em 2004, quando na oportunidade era celebrado
um século desde a introdução do nome Isaac Newton no rol dos mais
atentos e determinados pesquisadores e operários de música no país.
Quis o Dr. Sales, de pronto, que a reedição da obra original tivesse
as participações de Moacir Medeiros de Sant’anna e Ricardo Cravo
Albin, assinando prefácio e apresentação, respectivamente. Desse
planejamento primeiro, somente a gentil participação de Cravo Albin,
idealizador do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, nos
chega de forma alvissareira neste momento, quando as ausências do
Dr. Sales e do professor Moacir serão sentidas ad aeternum.

Jean Lenzi
Penedo, 1 de outubro de 2022

sumário 19
NOTA SOBRE A EDIÇÃO

Isaac Newton de Barros Leite foi músico, pesquisador, professor


e construtor de pianos em Alagoas. O seu dicionário musical, lançado
em 1904 pela da Tipografia Comercial de Maceió, conta com mais de
3500 verbetes, abrangendo uma grande variedade de termos musicais
e dedicando especial atenção aos que envolvem a cultura alagoana e
nordestina. Neste livro, apresentamos a transcrição integral da segun-
da edição do dicionário, publicada pela editora J. Ribeiro dos Santos
em 1908, no Rio de Janeiro, um ano após seu falecimento.

O Centro de Musicologia de Penedo tem se empenhado em


resgatar trabalhos musicais historicamente relevantes para Alagoas. O
dicionário de Isaac Newton foi um dos primeiros produzidos em língua
portuguesa, no Brasil, e tem sido referência em diversas enciclopédias
musicais brasileiras. Atualmente é uma obra rara e a Fundação Casa
do Penedo conta com exemplares de sua primeira e segunda edição,
plenamente preservados, que foram utilizados como referência para
este trabalho. Buscamos realizar uma transcrição “diplomática”, sem
alterações no texto original, com o intuito de viabilizar à comunidade
acadêmica o acesso à versão escrita pelo próprio autor. Sendo assim,
o conteúdo textual foi mantido conforme o original, assim como as
imagens foram produzidas de forma similar, respeitando a concepção
do musicólogo. Em alguns casos foram adicionadas notas de rodapé
para melhor compreensão do texto. Esta transcrição foi realizada pelos
pesquisadores Aurélio Nogueira de Sousa, Douglas Felipe Nogueira
Rocha, Fellipe Roberto Pereira da Silva, João Gracindo da Silva Neto,
Rafael da Silva Pinto e Welton Roger Paulino Araujo. As imagens foram
confeccionadas por Douglas Rocha e a direção de edição ficou a car-
go de João Gracindo e Marcos Moreira, assim como as revisões.

sumário 20
Por se tratar de uma edição fiel ao material original, pedimos
a compreensão do leitor quanto à gramática da época, eventuais la-
cunas ou até mesmo descrições com possível teor preconceituoso.
A linguagem utilizada no dicionário retrata sua época e optamos por
transcrevê-lo sem alterações.

João Gracindo
Maceió, 01 de outubro de 2022

sumário 21
DEDICADO
AO
Exm. Sr. Dr. Joaquim Paulo Vieira Malta
DIGNO GOVERNADOR DO ESTADO

Em signal de homenagem, pelo apoio e auxilio que sabe prestar ao desenvolvi-


mento das artes e mui especialmente no que se refere ao nosso caro Estado.

O autor.

sumário 22
PREFACIO

Si je n’ai pas fait ce que j’ai voulu,


au moins j’ai fait ce qu’il m’a été
possible de faire.

O AUTOR.

Dando á publicidade o presente trabalho, que ousamos sub-


metter hoje ao juiso dos competentes, sob o titulo de DICCIONAAIO1
MUSICAL, certo, não nos preoccupou o espirito a ideia de conquistar
a palma a quantos, com mais competencia, se teem occupado do
assumpto que nos traz ao tribunal da opinião publica, a ouvir o seo
consciencioso veredictum.

O sentimento bem comprehendido de sermos de alguma forma,


util aos nossos compatriotas, proporcionando-lhes mais completos co-
nhecimentos sobre Musica, cujos luminosos preceitos, abundam em
profusão, escriptos especialmente, na sua maioria, em lingua estranha,
que nem todos conhecem, foi o que nos incentivou á temeraria empreza
a que nos abalançámos, certamente mui superior aos nossos recursos.

E’ assim, que muitos tratados conhecemos e compulsámos ao


emprehendermos o nosso modesto trabalho, que não é mais do que
uma compilação de tudo quanto de melhor n’elles se encontra.

Relativamente a – Diccionarios – apenas conhecemos em por-


tuguez, o de Raphael Coêlho Machado, que, apezar de deficiente e
lacunoso no que diz respeito á technologia musical, nos foi entretanto
seguro guia no plano que nos haviamos traçado.

1 Conforme original. Leia-se: Diccionario.

sumário 23
Esse Diccionario que já conta tres edições, somente consta de
1.600 vocabulos.

Nada innovamos, procuramos augmentar ou enriquecer o nos-


so trabalho, dando a conhecer alguns termos modernamente criados,
para expressar canções patrias e instrumentos bastantemente usados,
e ainda desconhecidos na historia da Musica moderna.

Compilámos, repetimol-o, já traduzindo e transcrevendo em sua


integra artigos á feição dos assumptes tratados por autores estrangei-
ros e nacionaes, alguns dos quaes vão por vezes citados no corpo do
preseute DICCIONARIO pondo ao alcance de todos as theorias ensi-
nadas pelos que nos têm precedido n’este genero de trabalho.

Baldo de auxilio estranho, e contando apenas, com a pouqui-


dade de nossos recursos, emprehendemos a presente obra, para
cuja explanação não poupámos esforços, afim de podermos colher os
4.000 vocabulos approximadamente de que consta elle.

Este trabalho, representa o fructo do esforço ingente de longos


annos de perseverante estudo, inabalavel resolução e decidida força
de vontade; e, se não tem o cunho da originalidade, tambem não o
poderão ter jamais obras de tal natureza, a despeito dos maiores pro-
gressos que possam ter feito as Artes e as Sciencias; todavia temos
fé, será elle mui proveitoso aos principiantes e mesmo poderá servir de
estimulo á alguem que melhor que nòs o possa produzir mais perfeito.

No meio por demais acanhado em que vivemos e em que a


Arte definha á mingua de escola e estimulos, talvez encontremos obi-
ces que possam influir para o bom acolhimento d’este DICCIONARIO,
entretanto só ao publico indulgente cabe agora fadar o nosso traba-
lho, determinando-lhe o valor que merecer, tendo muito em vista que o
emprehendemos contando apenas com a nossa fraca mentalidade e

sumário 24
sobre tudo com a complacencia dos entendidos, de quem esperamos
a reparação para os senões n’elle encontrados.

A estes, pois, deixamos a explanação do assumpto em condi-


ções de satisfazer as exigencias, da actualidade.

Fisemos o que podemos.

O AUCTOR

sumário 25
REGRA PARA A PRONUNCIAÇÃO DAS PALAVRAS
ITALIANAS QUE SE ENCONTRAM N’ESTE DICCIONARIO

Ce – pronuncia-se – txe
Ci – pronuncia-se – txi
Che – pronuncia-se – ke
Chi – pronuncia-se – ki
é ou e ; (nunca tem o
E – pronuncia-se – som de i nem e mudo
como emportuguez.)
Ge – pronuncia-se – dge
Gi – pronuncia-se – dgi
Ghe – pronuncia-se – gue
Ghi – pronuncia-se – gui
Gli – pronuncia-se – lhi
Gna – pronuncia-se – nha
Gni – pronuncia-se – nhi
Gno – pronuncia-se – nho
ó, ô; (nunca tem som de
O – pronuncia-se – u como em portuguez.)
Sce – pronuncia-se – xé
Sci – pronuncia-se – xi
Sché – pronuncia-se – ské
Schi – pronuncia-se – ski

U tem sempre valor, mesmo depois de g e de q.

Z – pronuncia-se – dz.

As consoantes duplas tem duplo valor.

Todas as letras e syllabas não mencionadas pronunciam-se aproxima-


damente como em portuguez.

sumário 26
A
A. Primeira nota do tetrachordo grego, que
corresponde á sexta nota de nossa escala
moderna, a qual no solfejo chama-se lá.
O A tambem se encontra nas partituras, por
abreviação das palavras Alto ou Contralto.

sumário 27
Abafador. Abenlied. (All.)
Peça que suspende os sons nos ins- Canto da noite.
trumentos de teclado. Nos pianos des-
Abertura. (Em Italiano ouvertura.)
cança sobre as cordas affastando-se
Symphonia imponente, que serve de
á medida que os martellos as vão ferir,
preludio ás operas.
ou retirando-se simultaneamente por
meio do grande ou forte pedal. Abgestossen. (All.)
Destacado.
Abaritonado.
Semelhante a baritono. Abnehmend. (All.)
Diminuindo.
A’ batuta.
O mesmo que a tempo. A’ bocca chiusa. (It.)
Com a boca fechada.
Abbandonatamente.
Abandonadamente, com abandono. Aboiar.
Cantar ao gado. E’ um canto monoto-
Abbastanza.
no, compassado e plangente usado
Bastante: abbastanza lento, bastante
pelos boiadeiros nos altos sertões,
devagar.
especialmente ao norte do Brazil ao
Abediren. (Termo allemão) som do qual fazem conduzir, unido e
Solfejar, vocalisar. pacificado o gado em suas precisas
jornadas. Este canto quasi sempre
Abellimenti. (It.) sem lettra expressa, mas celebre pela
Ornamentos. originalidade caracteristita de sua
Abemolado. creação campestre, é monosyballi-
Abrandado por effeito do bemol. co e simplesmerte representado pe-
las vogaes O – U – alternativamente
Abemolar. n’uma melodia terna, commovente e
Abrandar, adoçar suavemente a voz apaixonada. Aos boiadeiros, dão-lhes
no canto. o nome de – Tangerinos. Si ao viajor
distanciado da patria (ao que dizem)
Abendmusick. (All.)
e errante atravez dos vastos e longin-
Musica para ser executada a noite,
cuos sertões de nosso paiz, acontece
nocturno, serenata.
ouvir, perto ou distante a enternece-
dôra toada do Canto do aboiar, não

sumário 28
raro é sensibilisar-se ao ponto de dar Abundante.
solturas a lagrimas de nostalgia tal Dá-se este nome aos intervallos aug-
a poderosa influencia que este can- mentados.
to tão simples quanto emocionante,
Academia de musica.
exerce no espirito d’aquelles que o
Reunião de musicos, professores ou
ouvem em taes condições.
amadores para executarem peças de
Abonar. musica. Na Italia chama-se Concierto
Antigamente significava, resolver so- (concerto.)
bre a consonancia.
A’ canto chamado.
Abono. Com o caracter de Canto-chão.
Chamavam antigamemte, a conso-
A’ Capella.
nancia sobre que resolvia uma pro-
Termo italiano, usado na musica de
longação; e esta denominavam elles
Igreja, (musica sacra). Designa um
ligadura. As tres partes de que se
compasso a dous tempos, isto é a
compõe uma prolongação, prepara-
duas partes.
ção, prolongação e resolução, eram
designadas por, prevenção, ligadura A’ Capricio. (It.)
e desculpa ou abono. Caprichosamente; isto é sem rigor de
compasso: Syn. Apiacere.
Abreviatura.
Nome que se dá a todos os signaes Acc. ou Accomp.
de convenção; usados na escriptura- Abreviatura da palavra – acompanha-
ção musical, como: mento. Vid.

Accarezevole. (It.)
Carinhoso, de maneira suave, mavio-
samente.

e outros. Accel.
Abreviatura da palavra – accelerando.
Absetzen. (All.)
Vid.
Destacar.
Accelerando.
Absono.
Este vocabulo designa augmento
Discordante, desafinado.
progressivo do andamento.

sumário 29
Accentato. se faz sentir com a maior exactidão
Accentuado; ben accentato il canto, o as divisões e subdivisões do tempo
canto bem accentuado. determinado pelo compasso. Consis-
te a accentuação rythmica em marcar
Accento. os pontos de repouso da melodia, se-
Signal que serve para fazer variar parando as phrases, seus membros e
as diversas partes de uma peça de desenhos. Da alteração em que qual-
musica pelas alterações da força, quer d’estas duas accentuações ou
da brandura, da ousadia, graça etc. mesmo em ambas, isto é da infrac-
Estes signaes a que chamam – som- ção ás leis que regulam compasso e
breamento, dão ao canto caracte- o rythmo, resulta a accentuação pa-
res especiaes; evita a monotonia e thetica. A accentuação é um dos mais
communicam-lhe mais sentimento. poderosos meios da expressão.
Os accentos tambem fazem-
Accentuare.
-se por letras, como p – piano; pp
Accentuar. Augmentar as intonações
– pianissimo; dol, doce, f forte, etc.
e inflexões da voz ou do instrumento,
Outras vezes os accentos fazem-se
para melhor expressão. E’ uma das
por palavras, taes como: expressivo,
qualidades mais essenciaes do can-
magestozo, ligado, ligeiro, com for-
tor ou do instrumentista.
ça, agitado, e etc etc. Estes accentos
applicam-se tanto ás vozes como aos Acciacatura.
instrumentos. Termo italiano, uzado na musica
instrumental, para ferir rapida e suc-
Accentuação.
cessivamente todas as notas de um
E’ uma propriedade da execução mu-
accorde. A notação é feita com um
sical que consiste em tornar mais sa-
traço vertical em zig-zag, precedendo
liente uma phrase, uma passagem ou
o acorde. ex. Outras vezes serve
simplesmente uma só nota. A accen-
para fazer ferir algumas notas que
tuação exerce a sua influencia sobre
não pertencem ao accorde. Assigna-
quatro dos principaes elementos da
la-se então com uma linha transversal
execução, a saber: a intensidade do
que corta o accorde donde se devem
som, o compasso, o rythmo e a arti-
tocar as notas estranhas. Tambem
culação. Divide-se em tres especies:
serve de appogiatura, que se fere
metrica, rythmica e pathetica. A ac-
quasi ao mesmo tempo que a nota
centuação metrica tem logar quando
principal.

sumário 30
Accidental. Accordare. (It)
Signal accidental é o que se chama Accordar, afinar, etc.
– diezes sustinido # bemol b e be-
quadro e que não sendo notado na Accordatore. (It)
Accordador, afinador etc.
clave, mas no decurso de uma com-
posição, não se refere ao modo ou Accordatura. (It)
tom principal. Chamam-se tambem Afinação. Vid.
accidentaes as linhas que se escre-
vem acima ou abaixo da pauta ou Accordo.
pentagramma. E’ a sensação produzida em nós por
dous ou mais sons simultaneos, for-
mando uma harmonia regular. Os
accordes se dividem em cousoantes2
e desonantes,. Accorde consoante é
Accidente. aquelle que não comprehende algum
Chama-se accidente ou signal acci- intervallo dissonante, pois elle deixa de
dental, qualquer sustenido #, bemol o ser, logo que o tem. A este accor-
b ou bequadro . de se chama perfeito, por que n’elle
Estes accidentes servem para alterar reside a perfeição musical, derivada
a tonalidade dos sons; e não sendo da natureza ou da resonancia dos
inclinado na clave, prolonga sua ac- corpos sonoros. E’ o accorde perfeito
ção por todo o compasso em que que constitue a harmonia: os outros
apparece, e as vezes até á primeira accordes não são senão meios inter-
nota do seguinte. Vid. Sustinido, Be- mediarios, e o ouvido, levado por meio
mol, Bequadro e Diezes. de accordes desonantes, tem sempre
necessidade de se repousar sobre o
Accordante.
accorde perfeito, para gosar o encan-
Syn. de harmonico, accorde etc.
to da melodia. O accorde perfeito é
Accordar. (Do italiano accordare) a relação de tres sons, perfeitamente
Concordar, harmonisar, afinar, tempe- consoantes entre si, e se compõe de
rar, por em harmonia, etc. tres notas: tonica, terça e quinta, ou to-
nica, mediata e dominante. Dá-se-lhe

2 Conforme versão original. Será possível notar, no decorrer do dicionário, que algumas pa-
lavras tiveram sua letra n trocada por u. Na frase seguinte a palavra é escrita corretamente,
com n.

sumário 31
o nome de triade harmonica: triade por mental, segundo a ordem natural do
tal forma unida, que os tres sons que proprio accorde, como: Do – Mi – Sol.
a compoem, não formam senão um Syn. Não transtornado.
para o ouvido, e se completam de tal
sorte que é impossivel os desunir, sem Accorde falso.
alterar o poder de sua impressão. E’ aquelle, cujos sons não são uni-
dos, segundo as regras da composi-
Accorde. ção musical.
Em execução musical, designa pro-
priamente o estado de um instru- Accorde fundamental.
mento, cujas cordas estão entre si E’ aquelle cujo baixo fundamental e
afinadas; e tambem todos os instru- seus sons estam dispostos, segundo
mentos, com relação a um dado ins- a ordem de sua geração, pelas leis da
trumento. Um instrumento de vento resonancia.
está sempre accorde com sigo, e Accorde imperfeito.
para pôl-o em accorde com outros, E’ aquelle que lhe falta uma ou mais
alonga-se ou encolhe-se, conforme notas, para ter quantas devem e po-
está baixo ou alto. dem entrar n’elle.
Accorde approximado. Accorde invertido.
E’ o que se contem dentro dos limites E aquelle que, em opposição ao ac-
de uma oitava. corde directo, substitue no baixo, por
Accorde diminuto. oitavas, os sons que devem estar aci-
E’ aquelle, em cuja quinta, forma um ma ou nas extermidades, ou os que
intervallo diminuto com a nota funda- devem occupar o meio e reciproca-
mental; assim o accorde Dò, Mi, Sol3, mente, como: Mi – Sol – Do, ou Sol
– Do – Mi, invertido de Do – Mi – Sol.
e Si, Ré, Fá, são accordes diminutos
A inversão é de grande auxilio para
porque diminuta é sua quinta, e assim
a harmonia, pois tão somente basta
os demais.
mudar a posição das notas de um
Accorde directo. accorde, para obter d’elle uma varie-
E’ aquelle, cujas partes vão do gra- dade de effeitos differentes.
ve ao agudo, sobre um som funda-

3 Conforme versão original. Acreditamos num possível equívoco, uma vez que o “Sol” ne-
cessitaria da indicação de bemol (b).

sumário 32
Accordemente. Colcheia ; ex:
Harmonicamente; suavemente; melo-
dicamente; melodiosamente. Achetelpause. (All.)
Pausa de colcheia; ex:
Accordeon.
Instrumento de vento, organisado de A’ comodo. (It.)
teclas. Tem um som mui dôce, proprio Commodamente.
para acompanhar a voz, tendo tres oi- Acompanhador.
tavas de extensão. Este instrumento Chama-se aquelle que acompanha
é de recente invenção, vindo da Al- um cantor ou tocador, no Piano, no
lemanha. Orgão, no Violão, etc.
Accordeonista. Acompanhamento.
Tocador de accordeon. E’ a arte de acompanhar. Ha trez es-
Accordo. pecies de acompanhamentos: – o
Alguns autores usam d’esta palavra, acompanhamento singelo, figurado,
em vez de accorde. Parece que d’ahi e o de partitura. Acompanhamento
derivaram-se as palavras Tetracordo, singelo, é o que consiste em tocar
Pentacordo, Monocordio, e outros de com a mão esquerda, sobre o te-
que fazemos uzo. clado o Basso escripto no papel de
musica, em quanto com a mão direita
Accordoir. (Palavra franceza) se executam os accordes indicados
Chave de afinar. por cifras, sobrepostas ao mesmo;
figurado, quando a melodia se junta á
Accrescendo. (It)
harmonia ; e de partitura que consiste
Crescendo; augmentando a força do
em tocar semelhantemente no Piano
som; ex:
todas as partes de uma orchestra.
Accetabulum. Acompanhamento.
Antiqussimo instrumento de percus- Antigamente chamavam acompanha-
são, da éra de bronse ou de prata, mento o que hoje chamamos instru-
semelhante ao Tan-tan. Chamavam mentação.
tambem Crepitaculum.
Acompanhar-se.
Achetel. (All). Acompanhar a propria voz em algum
Oitava. instrumento.
Achetelmote. (All).

sumário 33
Acontraltado. Acustica.
Se diz assim de uma vóz de soprano E’ a sciencia que tem por objecto a
que desce quasi como um contralto. theoria dos sons. Esta sciencia exa-
mina os phenomenos da resonancia
Acordoado. dos corpos sonoros, de diversas na-
Guarnecido de cordas. turezas, de varias dimensões, e os
Acridella. resultados que produzem no ouvido;
Nome que dão á uma especie de cor- portanto, nenhuma relação tem com
da para os instrumentos de arco. as leis da melodia e harmonia.

Acroama. Acustico.
Os romanos deram este nome à mu- Que pertence a acustica.
sica instrumental, especialmente á Ab.
que era de um genero alegre, bem Abreviatura da palavra latina – ad-libi-
como aos musicos que tocavam al- tum; á vontade; como quizer, e tam-
gum instrumento. bem, algumas vezes, por abreviação
Acto. do vocabulo italiano Adagio.
E’ a subdivisão de todo um drama, Adagietto.
ou representação cantada, que se Pequena peça de musica em anda-
chama Opera. O espaço de tempo, mento vagaroso; um adagio curto e
que medeia entre os actos, chama-se despretencioso.
– entre acto. Acto de cadencia, movi-
mento em uma das partes, principal- Adagio.
mente no Basso, que força todas as Vocabulo italiano que designa qual-
outras partes a concorrer para formar quer trecho de musica vocal ou instru-
uma cadencia, ou para evital-a. mental, de um caracter largo e melan-
colico. A palavra Adagio, escripta em
Actor. qualquer musica, exprime um certo
Cantor que desempenha um papel, gráo de lentidão pela seguinte ordem:
durante a representação de uma – Largo, Maestoso, Larguetto, Adagio,
Opera. O actor não só deve fazer sen- Grave, Lento, etc. Emprega-se tam-
tir o que diz, como o que deixa dizer bem adverbialmente: – Lentamente,
a musica. Pausadamente, etc. O Adagio é pro-
prio das composições, cuja expressão

sumário 34
languida, terna ou dolorosa convem á existem cantos desta natureza, com
tristeza ou á melancolia. Ao celebre o nome de Vocere.
violinista Corredi, do seculo XVII, se
Adornos.
deve a introducção do Adagio.
Nome que se dá a umas pequenas fi-
Addolorato. (It.) guras ou notas, que precedem as que
Doloroso, triste. são parte integrantes do canto ou me-
lodia. Ha quatro especies principaes,
Adel. (All.) com quatro denominações differen-
Nobre, grande. tes a saber: Appogiatura , Grupetto
Adirato. (It.) , Mordente Trino, tr. Vid. defini-
Irado. ções. Os italianos chamam – Fioriture,
que nós traduzimos por Floreios. Vid.
Adl ou Ad-lib.
Abreviatura do vocabulo latino – Ad- A’ due mani. (It.)
-libitum; á vontade; como se quizer. A’ duas mãos.
Muitas vezes se dá este nome ás
A’ due voci. (It.)
passagens de um sólo instrumental
A’ duas vozes.
ou vocal, cuja execução é facultativa
e livre. A’ due. (It.)
A’ duas vozes, ou á dois instrumen-
Ad-libitum.
tos. Syn. de Accopiati.
Expressão latina que significa – á von-
tade. Corresponde á expressão italia- Adufe.
na – A piacere. Quando esta expres- Pandeiro de madeira leve, coberto de
são se encontra no principio ou no dous pergaminhos, contendo dentro
meio de uma peça de musica, quer um cascavel ou soalhas infiadas em
dizer que aquella phrase ou trecho arames perpendiculares, o qual se toca
indicado, se deve cantar ou tocar á com todos os dedos, menos os pole-
vontade, como se quiser. gares, que servem para o sustentar.

Adonidia. Adufeiro.
Hymno funebre, ou endeixa de mor- O tocador de Adufe, e tambem o fa-
tos, que os gregos cantavam em bricante deste istrumento.
memoria de Adonis. Na Italia ainda

sumário 35
Aedo. cujas cordas vibravam pela acção do
Nome que deram os antigos gregos ar. Teve uma existencia ephemera.
aos poetas que ao mesmo tempo
Aevia ou Aenia.
eram cantores e tocadores de Lyra
Formula empregada no canto-chão,
ou de Cithara. Um dos celebres Ae-
como abreviatura composta das vo-
dos foi Homero.
gaes da palavra Alleluia. Tem a mes-
Aeolidicon. ma applicação, mas é muito menos
Instrumento cujo som é produzido usada do que est’outra: – Enond.
por linguetas d’aço postas em movi-
Affanato. (It.)
mento pelo ar.
Affanosamente. Ancioso, anciosa-
Aeolsharpe. (All.) mente.
Harpa eolia.
Affectuoso.
Aeriphono. Com affecto, com ternura, affectuoso.
Instrumento inventado em Paris, por Este vocabulo italiano, posto no prin-
M. Dietz, constructor de Pianos. A cipio de um trecho de musica, não só
base d’este instrumento è o ar que denota uma execução affectuosa e
passando por um orificio muito pe- expressiva, como tambem um movi-
queno, faz vibrar umas laminas metal- mento de compasso medio, entre o
licas, mui delgadas, as quaes dão um Adagio e o Andante.
som, mais ou menos forte, segundo a
Affecto.
maior ou menor força do ar. E’ de um
Com affeição; com ternura.
timbre mui agradavel. Debaixo dos
mesmos principios, inventaram tam- Affogato. (It.)
bem na Allemanha outros instrumen- Afogado. Na musica para Harpa, ser-
tos trasendo os differentes nomes ve para advertir que se deve abafar a
dos respectivos inventores, como vibração das cordas.
Fisharmonica, Eolina, Eolodion, etc.
Desta mesma familia é o Acordeon. Affretando. (It.)
Apressando, reforçando os sons.
Aero-clavicorde.
Instrumento inventado em 1790 pe- Affretamente.
los fabricantes allemães Schell e Ts- Vivamente, á pressa.
chirscki. Era uma especie de Cravo

sumário 36
Affretare. (It.) cia da Acustica, que tambem como
Apressar. Syn. de accelerare. ella tem pontos de contacto; sim: é
sempre mais preferivel para afinar um
Afinação. Piano o Afinador artista ignorante até
E’ o acto de temperar os instrumentos dos mais elementares preceitos da
musicos em geral, e o effeito resultante arte musical, que o musico perfeito e
do accordo entre si, ou com a voz hu- habil, ignorante das mais peqneninas
mana. A afinação é uma parte impres- regras da arte de afinar Pianos.
cindivel da arte musical, e o caracter
distinctivo de todo o ouvido ajustado. No tirocinio da profissão que exer-
O autor deste Diccionario querendo cemos, não raro é encontrarmo-nos
especialisar dentre os instrumentos de abarbados com os pseudos-afinado-
cordas a afinação ou teperamento do res musicos, á ouvil-os dissertar sobre
Piano, instrumento de um mechanis- o assumpto, cada qual mais despa-
mo complicado, como de afinação a ratado, se não impertinente nos seos
mais trabalhosa, senão a mais difficil, luminosos preceitos; e, tão simplices
julga mui a proposito a occasião para, quanto sinceros se julgam na materia,
autorisado por uma pratica não inter- vão até ao absurdo de determinarem
rompida e maior de 26 annos de tra- com precisão, o tempo que dizem ga-
balhos na profissão, expender o que rantir para a conservação de um Piano
pensa sobre o assumpto. por elles afinado: uns garantem por
tres mezes, outros por quatro, e outros
A afinação do Piano não é tão fa- ainda por seis mezes. Quem tal diria !..
cil como pretendem aquelles que jul- Entretanto, vejamos como se illudem,
gam, que para bem afinar um Piano, se não pretendem illudir.
não se precisa mais que um musico
qualquer; não : um musico, habil mes- O Piano é tão susceptivel de de-
mo que o seja, não poderá jamais afi- safinação logo depois de artistica-
nar um Piano, a menos que tenha elle, mente afinado, quanto impossivel de
d’antes, se preparado, não na arte uma afinação perfeita, no rigorismo da
musical, que não precisa, mas sim na phrase. (isto o disemos á surdina para
arte da afinação, que ignora, arte tão não escandalisar ouvidos sensiveis.).
distincta de outra qualquer, mesmo Sendo assim, como poderá o afinador
que seja da arte musical, si bem que neutralisar a elasticidade natural dos
com ella tenha affinidades, quanto o élos das cordas, para conserval-as
é distincta da arte musical, a scien- n’uma tensão sempre a mesma até o

sumário 37
tempo por elles determinado? Como ha nem pode haver intervallo perfeita-
poderá impedir a acção sempre cons- mente justo senão a oitava.
tante da variação atmospherica, que
A invenção da Afinação ou tempe-
tão poderosamente influe nas cordas,
ramento, é devida ao espanhol D. Bar-
nas caravelhas, na madeira etc? Nes-
tolomeu Ramos, maestro de capella
tas circumstancias como garantir-se
da cidade de Salamanca, que viveu no
que o instrumento conservará uma
seculo XV. Descoberta, que foram as
afinação aprasada por dias e mezes?
leis do temperamento, desapareceram
Por que talisman poder-se-ha paralisar
tantos calculos acusticos, que apenas
a nosso arbitrio a acção de leis natu-
serviam antes para embaraçar o estu-
raes e immutaveis, determidando-lhes
do da Musica, e a sobrecarregal-a de
o limite da acção em praso certo? E as
difficuldades, em detrimento dos pro-
mil variantes de accidentes da mecha-
gressos na pratica, que é o seu objecti-
nica e technicas do instrumento? Não
vo e não a averiguação da multidão de
os entendemos. A despeito, porem, do
sons em que possa dividir-se a 8ª.
systema para nós todo novo, que não
comprehendemos, vamos, entretan- Vejamos agora quaes são as leis
to, expor aos que desejarem de boa do temperamento, e em que se fun-
vontade se dedicar a arte do afinador dam ellas.
do Piano e congeneres, a theoria e Escolha-se em um piano uma te-
pratica precisas para o exercicio da cla que dê o som Dó, e afine-se sobre
profissão, tal como as temos explana- elle sua quinta ascendente Sol que
da pelo Snr. Melxior. Entendemos por seja justa; sobre este afine-se tam-
afinação ou temperamento, (diz elle :) bem justa sua quinta superior Ré. Fica
as alterações que se fazem em certos evidente que esta nota estará na 8ª
intervallos na escala diatonica. Outro immediata superior da em que princi-
autor define dizendo: que é um modo piamos, e que este Ré encontrará na
de modificar de tal maneira os sons por escala outro que o corresponda em
meio de uma ligeira alteração na justa oitava justa debaixo delle, e este fica-
proporção dos intervallos, que possam rá à uma quarta do Sol da primeira 8ª.
empregar-se as mesmas cordas para Afine-se em seguida o Lá da primeira
formar outros sem desagrado do ouvi- 8ª em 5ª justa do Ré da primeira 8ª, e
do; no Piano, no Orgão e em todos os logo o som Mi tambem 5ª justa deste
demais instrumentos de teclado, não La e por conseguinte o Mi da prime-
ra 8ª na 4ª justa debaixo deste mes-

sumário 38
mo La. Concluida esta opperação se sirva de limites aos intervallos, e que
achará que o ultimo Mi não forma uma todos os sons contidos, alem da es-
3ª maior justa com o primeiro som Dó: cala ordinaria, não são mais que repli-
isto é que não é possivel que Mi pos- cas, ou o que é o mesmo, a repetição
sa formar ao mesmo tempo a terceira de tudo o que ha precedido. Por esta
maior de Dó, e a 5ª justa de La, ou o razão si se alterasse a oitava, não po-
que é o mesmo, a 4ª justa de La bai- deria haver um ponto fixo na melodia
xando. Ainda mais: Si depois de haver nem na harmonia.
afinado successiva e alternadamente
E’ pois absolutamente necessario
as cordas Dó, Sól, Ré, La, Mi, por 5ªs
afinar o ultimo Dó, que é o Si # com a
e 4ªs justas entre si, se continua afi-
oitava justa do primeiro; donde resul-
nando por 5ªs e 4ªs justas as cordas
ta que na progressão de quintas, ou
Mi, Si, Fa #, Do #, Sol #, Ré #, La #,
o que é o mesmo na serie alternada
Mi #, Si #, acharemos que este Si #
de quintas e quartas Dó, Sol, Ré, La,
não forma oitava justa com o primeiro
Mi, Si, Fá #, Dó #, Sol #, Ré #, Lá #,
Dó, e que resulta mais alto sem em-
Mi #, Si #, é necessario que todas as
bargo de que este Si # não devia ser
quintas, ou ao menos algumas sejam
no Piano, differente da oitava alta de
alteradas. Supposto, pois, que não
Dó, supposto que este Si # e Dó são
haja rasão para que se alterem umas
identicos e que a 8ª ou a escala tão
com preferencia á outras, devemos
somente consta de doze semitons.
alteral-as todas. Por este meio, fa-
Daqui se segue necessariamente: zendo-se a alteração repartida igual-
– 1° que é impossível que todas as oi- mente em todas as quintas, será em
tavas sejam justas, se o são tambem cada uma dellas quasi imperceptivel;
as quintas. particularmente nos ins- e assim a 5ª que depois da oitava é a
trumentos de teclas e de trastes, nos mais perfeita de todas as consonan-
quaes não se conhecem intervallos cias, e a que nos vemos na neces-
mais pequenos que o semiton. 2° que sidade de alterar, é preciso que se
por conseguinte será preciso alterar altere o menos possivel.
as oitavas si se afinam justas as quin-
E’ verdade que as terceiras serão
tas; porem como a semelhança que
um pouco altas, porem sendo a ter-
existe entre um som e sua oitava não
ceira um intervallo menos consoante
permitte a menor alteração, segue-se
que a quinta, é necessario sacrificar a
que esta semelhança faz que a oitava
exactidão desta á da quinta; porquanto

sumário 39
quanto mais consoante é um intervallo neira que esta quiuta fique insensi-
tanto mais desagrada ao ouvido a al- velmente baixa.
teração. Na oitava a menor alteração a
Com dito Ré natural se dará prin-
faz intoleravel. Eis aqui toda a theoria
cipio á terceira parte. Nesta, como
do temperamento, que reduzida á prati-
nas das anteriores se farão as tres
ca, na afinação dos instrumentos de te-
terceiras maiores um pouquinho altas
clado, explicaremos do modo seguinte:
deste modo: Ré, Fa # – Fa #, La #
Dividimos o methodo em quatro – La # ou Si b, Ré, provando, si este
partes com tres quintas interpostas ultimo Ré está em 8.ª justa com o pri-
entre si. meiro. Feito isto com o Si b se afinará
o Mi b sua 5.ª baixa, de forma que o
A primeira parte principia no Dó
Mi b, fique um pouquinho baixo.
do segundo espaço da clave de Fá,
e devide-se a oitava em tres terceiras Finalmente com este Mi b se dará
maiores um pouquinho altas, de ma- principio á ultima parte. Tambem n’es-
neira que o som mais alto da ultima ta se tomarão as tres terceiras maio-
3.ª se encontra em 8.ª justa com o res algo altas, á saber: Mi b Sol – Sol,
primeiro Dó, do modo seguinte: Dó, Si– Si, ou Do b, Mi b; provando-se
Mi – Mi, – Sol # – Sol # ou La b, Do, logo si este ultimo Mi b está em oita-
provando-se depois se este ultimo Dó va justa do primeiro.
está em 8.ª com o primeiro. Feito isto
Executado isto com a possivel
se tomará o La b, e sobre este som se
exactidão não fica mais que fazer
afinará Ré b, quinta baixa de maneira
sinão afinar as oitavas sahindo do Mi,
que fique insensivelmente mais ainda.
terceiro espaço da clave de Fa com
Com este Ré b, se dà principio á se- sua oitava superior para subir, e do Si
gunda parte, a qual se devidirá tambem em cima da ultima pauta com a oita-
em tres terceiras maiores um pouqui- va inferior para baixar. Desta afinação
nho altas como na primeira: Exemplo: resulta que ás 4.ªs, hão de ser um
Ré b, Fa – Fa, La – La ou Si bb. Rè b, tanto augmentadas, as 5.ªs um pou-
provando depois si este ultimo Ré b co diminuidas, e as 3,ªs algo duras.
está em 8.ª justa com o primeiro. Somente com este sacrificio, que exi-
ge o temperamento se poderá afinar
Feito isto se tomará o La natural,
o Piano e o Orgão, sacrificio com o
e se afinará a 5.ª, baixa Ré de ma-
qual desapparece sua duvidosa de-
safinação, pelo complexo dos sons.

sumário 40
Afinado. as vozes saiam mais piano e doces.
Temperado, accordado, harmonioso. Aflautar a Rabeca, fazer imitar uma
Doçaina.
Afinador.
Geralmente da-se este nome pessoa Agadá.
que faz profissão de afinar instrumen- Instrumento de vento, usado pelos
tos musicos, de um mechanismo mais Abexins e Egypcios, da forma e ta-
ou menos complicado, taes como: manho de uma Flauta, que tocavam
Piano, Orgão, etc. Tambem se dá este com lingueta ou palheta.
nome a um pequeno instrumento,
Agalikeman.
composto sobre uma superficie sono-
Instrumento oriental, usado pelos tur-
ra, o qual dá com presteza os 12 maio-
cos, de arco e com um pé. Toca-se
res tons da escala, por afinação geral.
como o Violoncello.
Afinamento.
Agente.
Syn. de Afinação.
Antigo termo de contraponto. Já não
Afinar. é mais usado.
E’ por em relação exacta dois ou mais
Agevole.
sons, produzidos pelos instrumentos
Commodo. Denota um movimento
ou pela voz, ou por uns e outros reci-
commodo e facil.
procamente.
Agevolemente.
Afinidade de tons.
Com facilidade; naturalmente.
Tendencia que ha de uns para os
outros. Aggiustamente.
Ajustadamente, com exactidão.
Aflautado.
Da feição de uma Flauta, que a imi- Agiato. Agiatamente.
ta no som ou na forma; adelgaçado, O mesmo que Agevole e Agevole-
abemolado, etc. Voz. aflautada, agu- mente.
da de falsete.
Agilidade.
Aflautar. Se diz da facilidade que tem um ins-
Dar a algum instrumento o som da trumentista, para executar passos ra-
Flauta; affectar a voz, adoçal-a. Aflau- pidos e difficeis da musica.
tar o Orgão: tapar o registro, para que

sumário 41
Agilitá. Agudeza.
Agilidade; con agilitá, com agilidade, Qualidade que tem os sons quando
com prestesa. occupam a parte mais elevada na es-
cala musical.
Agitatamente.
Agitadamente; com agitação. Agudissimo.
São os sons elevados, uma oitava aci-
Agitato. ma dos sons agudos. A relação dos
Esta palavra que, quasi sempre, se sons graves, medios, agudos e agu-
encontra escripta no principio de um dissimos formam a base da harmonia.
trecho de musica, indica um caracter
de expressão turbulenta e agitada. Agudo.
Quasi sempre vem precedida da pa- Chama-se agudo o som elevado uma
lavra allegro. oitava acima dos sons medios. – Voz
agúda de mulher suprano ou tiple. –
Agitazione. Voz aguda de homem – Tenor.
Agitação; movimento apressado;
execução mais calorosa, etc. Aigle. (Franc.)
Estante grande do córo para o can-
Agogé. to-chão. Facistol)4. O nome de Aigle
Na musica antiga grega, esta palavra
(Aguia), provem do ornamento usual
tem dous sentidos. Umas vezes, quer
que tem estas estantes nas Igrejas de
dizer a marcha dos sons, do grave
França, collocado nellas, represen-
ao agudo e vice-versa; outras, o gráo
tando uma Aguia.
de celeridade ou lentidão, que dá ao
compasso o caracter da peça que se Air. (Franc.)
executa. Vid. Melopéa. Aria.

Agrafe. (Franc.) Airoso.


Presilha, gancho. Agrafes dos martel- Esta palavra que quasi sempre vem
los, são pequenos ganchos que pren- escripta no principio de um trecho de
dem o feltro dos mesmos nos Pianos. musica, significa, que seu movimen-
to deve ser solto, bem cadenciado e
Agrimusa.
com graça.
Nome que antigamente davam á gai-
ta de folle.

4 Na versão original não há abertura dos parênteses.

sumário 42
Ais. (All.) Alaudado.
Lá # segundo o alphabeto das notas Que imita o Alaúde.
musicaes usadas na Allemanha.
Alaúde.
Ais-dur. (All.) Instrumento de cordas, antigo e subs-
Lá # maior. tituido pela Guitarra. Era encordoado
com cordas de tripa, e tocava-se com
Ais-moll. (All.) os dedos de ambas as mãos.
Lá # menor.
Albogue.
Aissis. (All.) Instrumento musico, pastoril, usado
Lá # duplo. antigamente para acompanhar can-
Ajuntada. ções populares. A embocadura e a
Syn. de Accrescentada. Se diz assim, campana eram de corno.
com relação á primeira corda do sys- Aleancara.
tema antigo dos gregos. Antigo pandeiro, com couro e soalhas
Ajustado. no arco.
Toc r5 ou cantar ajustado é dar a ne- Alcancareiro.
cessaria entonação á voz ou ao instru- Tocador de Alcancara, e o que dança
mento, e sujeitar-se tambem ao com- ao som della.
passo e a todas as suas modificações.
Alçar.
Al ou Alla. Chamava-se o movimento da mão
Significa – ao –Al-fine, ao fim – Al seg- para marcar o compasso.
no, ao signal, etc.
Alfados.
Alafá. Pontos alfados; certas notas antigas
Lá b. E’ hoje desusado. na plana.
Alamire. Al fine. (It.)
Signo que modernamente chamamos Até o fim. Da capo al fine, desde o
Lá – , sexta nota de nossa escala principio até onde encontrar a pala-
musical; entretanto, é a segunda do vra fine.
systema antigo hexacordo. Syn. de
Diapasao.

5 Conforme versão original. Trata-se, certamente, da palavra “tocar”.

sumário 43
Alghosah. Alla Coda.
Especie de Flagiolet usado na India, Esta expressão serve para chamar ao
especialmente em Benguella. ponto em que a palavra coda estiver
assignada.
Aliquota.
Sons aliquotas, sons cuja avaliação Alla Direita.
numerica é representada por nume- Por movimento directo. Contra ponto
ros fraccionarios aliquotas da funda- alla direita, contraponto em que as
mental. vozes marcham só por gráos con-
junctos.
A livre ouvert. (Franc.)
A’ primeira vista. Alla Franceza.
Na Allemanha se põe, algumas vezes,
Allarma ou All’armi. (It.) esta palavra no principio de uma peça
E’ som da Trombeta, que dá o signal de musica, que deve-se executar,
de alarma; rebate, etc. com um movimento moderado, des-
Alla Breve. tacando bem as notas com um ligeiro
Vocabulo italiano, ordinariamente es- golpe de arco; e na Italia tambem se
cripto no principio de um trecho de usa desta expressão, para designar
musica, para indicar um augmento um genero de andameuto gracioso.
rapido, em compasso binario, com- Alla improviso.
posto de semibreves. Musica propria De improviso; subitamente.
de Igreja.
Alla Marcia ou Militar.
Alla Cacia. Execução de caracter e estylo militar.
No estylo das musicas que se usam
na caça. Ordinariamente são na maior All’antica.
parte estas musicas escriptas em com- A’ antiga, isto é segundo o estylo antigo.
passo de 6/8, andamento Allegretto.
Alla-octava.
Alla Capella. Indicação para se executar uma pas-
Esta expressão tem o mesmo sig- sagem toda em oitavas.
nificado de Alla Breve; e se dá este
Alla palestrina.
nome, porque só é usado em musica
Estylo de musica para camara e para
de Igreja.
Igreja, creado por Pedro Luiz, de Pa-

sumário 44
lestrina, no seculo XVI, que consistia Alla zingára.
em um contraponto fugado, levado á De uma maneira alegre e ruidoza
uma perfeição, até então, desconhe- como as danças dos Zingaros ou
cida. Suas obras ficaram sendo mo- bohemios.
delo deste genero.
Alla zoppa.
Alla Polaca. Expressão que denota um movimento
Indicação de que um trecho de musi- forçado, isto é, sincopado entre dous
ca está escripto em compasso a tres tempos, o qual produz nas notas uma
tempos, com um movimento modera- marcha desigual até o fim da peça.
do; isto é em andamento de Polaca.
Allargando.
Alla quinta. Demorando o movimento.
A’ quinta, fasendo o intervallo de
Allegremente.
quinta. Contraponto – imitazione – etc.
Allegremente, vivamente.
Alla russa.
Allegrettino.
Com caracter de melodia russa.
Pequeno trecho de allegretto. Movi-
Alla semibreve. mento animado.
Especie de musica antiga, que era o
Allegretto.
mesmo que Alla-breve, de uso mais
Diminutivo de allegro, e indica um mo-
moderno com differença de que se
vimento menos vivo que este. E’ de
escrevia com figuras ou notas semi-
caracter gracioso e ligeiro, e serve de
breves, em cada tempo do compasso.
movimento em allegro e andantino.
Alla siciliana.
Allegrezza.
Em andamento de siciliana.
Alegria; con allegrezza, com alegria.
Alla stretta.
Allegrissimo.
Accelerando o movimento.
Muito alegre.
Alla turca.
Allegro.
Trecho de musica de caracter extra-
Alegre. Andamento alegre e vivo.
vagante, burlesco, em andamento de
marcha, tal como alguns composito- Allein. (All.)
res, quiseram imitar a musica uzual Sólo, só, somente.
da Turquia.

sumário 45
Alleluia. All’improvista.
Expressão hebraica que quer dizer – De improviso.
louvae ao Senhor. Hymno sacro que
Al-loco. (It.)
se canta no sabbado da Semana
No proprio logar: isto é, tal como está
Santa, que principia por esta palavra
escripto.
– Alleluia.
Alamire ou alami.
Alleluiar.
Assim se chamava antigamente a
Cantar a alleluia.
nota que corresponde hoje á sexta de
Alleluiatico. nossa escala moderna, que no solfejo
Que pertence a alleluia, como: – Anti- chamamos Lá.
phona alleluiatica, responso alleluiati-
Alma.
co, psalmo alleluiatico; que terminam
Se diz da força e expressão com que
com o canto da Alleluia.
se toca ou canta algum trecho de
Allemanda. musica. Na Hespanha é mui uzada a
Chama-se assim a ária de baile, mui interjeição – Alma ! para animar um
commum na Suissa e Allemanha. Seu cantor, bailarino, ou tocador de ins-
movimento é belicoso e alegre, e seu trumento a dar mais movimento e ex-
compasso a dous tempos. Allemanda pressão ao que fáz.
é tambem uma peça de musica, cujo
Alma.
movimento grave e pesado indica sua
E’ um pequeno cylindro de maneira,
origem alleman.
que se colloca entre o tampo superior
Allentando, Allentato. e o inferior de alguns instrumentos,
Demorando, demorado. como: o Violino, Violeta, Violoncello,
Contrabaixo etc., para sustentar o
Allmahling. (All.) tampo superior, debaixo da pressão
Gradualmente, pouco a pouco. das cordas, e dar-lhes mais sonorida-
Allº. de com a communicação vibratoria
Abreveatura do vocabulo italiano de todas as partes do instrumento.
allegro. Alpha.
Allgtº. Ligadura obliqua.
Abreviatura do vocabulo italiano alle-
gretto.

sumário 46
Alphado. Alterados.
Com alpha. Chamam-se intervallos alterados
aquelles que, pela alteração de uma
Alphorn. nota, perdem sua analogia natural
Instrumento de vento de origem re- com o tom da peça. Ficam tambem
mota de que os pastores se servem notas alteradas as que, pela addicção
nos Alpes. de um signo estranho ao tom, se tor-
Alrigor di tempo. (Expressão italiana). nam taes.
No rigor do compasso. Altezza. (con.)
Alsegno. Com altivez; altivamente.
Ao signal. Indica voltar ao signal, e re- Alternado.
petir a musica d’alli até a palavra fim. Chamam canto alternado a manei-
Althorne. (All.) ra de cantar adoptada para certos
Saxhorne contralto, Saxtromba, cantos liturgicos, em que o côro se
divide entoando alternativamente os
Alt. (All.) versiculos dos psalmos e dos hym-
Contralto; Violeta. nos. Segundo a lenda christã o canto
alternado foi ensinado em Alexandria
Alteração.
pelo evangelista S. Marcos.
Alterar uma nota ou accorde é tiral-o
do som em que se acha por meio de Altgeige. (All.)
um accidente, e passal-o a outro ana- Violeta.
logo. Ha duas classes de alterações:
uma melodica e outra harmónica. Ha Altist. (All.)
alteração melodica. quando se intro- Altista. Cantor de contralto, tocador de
duz algum accidente nas notas, que Violeta. Os francezes chamam Altiste.
formam a melodia, da qual resulta Altista.
uma variação da escala, quer seja Cantor que nos córos executa a parte
momentaneamente, quer seja mais chamada Alto. Vid.
pronunciadamente, que obrigue a mu-
dar de tonica. Ha alteração harmonica, Alto.
quando se introduz accidente em al- Nome que se dava á voz castrado, a
guns dos sons que formam o accorde, qual correspondia á voz mais baixa
e que tambem o faz mudar de tonica. de mulher.

sumário 47
Contr’alto, ou a mais aguda Tenor. Amabilitá.
Neste caso, Alto vem a ser syn. da Amabilidade; con amabilita, com do-
palavra franceza Haute-contre, ou da çura; execução maviosa.
italiana Cortraltino.
Amador.
Alto. Syn. de Dilettante. Vid.
Tambem é syn. de elevado ou agúdo.
Amadores.
Alto Viola. Amantes, e apaixonados da musica,
Instrumento que corresponde á voz que a estudam e executam pelo pra-
do Alto, e que na musica instrumen- ser que n’ella encontram, sem fase-
tal, preenche as mesmas funcções, rem disto occupação; vulgarmente
que a voz d’Alto, na vocal. Hoje se lhe curiosos.
dá commummente o nome de Viola
Amaramente.
ou Violeta. Vid.
Com amargura.
Altposaune. (All.)
Amarevole. (Ital.)
Trombone, Contralto.
Com dôr, dolorosamente.
Altschlusser. (All.)
Ambon. (Lat.)
Clave de contralto, clave de Dó na
Nas antigas igrejas christans, desig-
terceira linha.
nava uma pequena cadeira sobre a
Alvorada. qual cantavão o gradual (Responso-
Canto dado ao romper d’alva, em ple- rium graduale.)
no ár. A alvorada está em uzo entre os
Ambedue.
corpos de musica militar, nas praças
Ambos ou ambas. Ambedue ou pe-
e quarteis.
dale sino alfine, ambos os pedaes até
Am. (All.) o fim.
Lá menor.
Ambira.
Amabile. Especie de Tambor africano.
Vocabulo italiano, para designar um
Ambito.
movimento medio entre o Andante e o
Nome que antigamente se dava á ex-
Adagio sustendo os sons com rudeza.
tensão de cada tom ou modo, desde
o grave ao agudo.

sumário 48
Amebêo. Amphion.
Composição em que duas partes Filho de Jupiter, e de Antiopia, rainha
cantam alternativamente. de Thebas, segundo a Mythologia,
edificou os muros desta cidade com o
Ambrosiano. (Canto.) suave toque de sua Lyra; e junto com
Chama-se assim o canto-chão, que seu irmão Zetho inventou a musica.
introduzio S. Ambrosio, arcebispo de
Millão, nos fins do seculo IV, na Igreja Amplitude.
de Millão. Entre os francezes é a distancia de vi-
bração que percorre o corpo posto em
Amila ou Alami. movimento, do ponto de equilibrio ás
O sexto signo no systema heptachor- extremidades: a amplitude das vibra-
do, usado ainda no canto-chão, que ções determina a intensidade do som,
corresponde á sexta nota de nossa seu numero, o gráo de elevação, etc.
escala moderna, que em solfejo cha-
mamos Lá. Anacampto.
Na antiga musica, significava uma se-
Amore. quencia de notas, que hiam descen-
Amor. con amore, com ternura e sen- do do agúdo ao grave. Era uma das
sibilidade. partes da antiga melopéa.
Amorosa. Ancora. (It.)
Nome que dão á uma certa peça de Ainda uma vez syn. Da Capo.
musica, mui pathetica e grave execu-
tada na Viola. Anacrosis.
Era na musica antiga o preludio ou
Amorosamente. primeira parte do Pitio.
Esta palavra que regularmente appa-
rece no principio de uma execução, Anacrouse.
indica um movimento lento e uma Nome que se dá a medida apparen-
execução terna e delicada. temente incompleta que se acha no
começo de um pedaço ou de uma
Amoroso. phrase musical, que principia sobre
Indica um movimento e execução ter- um tempo fraco do compasso. A for-
na e graciosa. ma anacrousica. é o verdadeiro pon-
to de partida, do estado primitivo de
toda formação musical.

sumário 49
Anafil. justo, rapido, etc., e, algumas vezes.
Era uma Trombeta mouristica, igual, na accepção de caracter, quando di-
direita, sem voltas com menos bocca semos: – Esta composição tem um
e mais larguesa do que as nossas, e andamento regular, etc.
semelhante á clarinêta.
Andamento.
Anafilheiro. Maior ou menor gráo de ligeireza ou
Tocador de Anafil. Trombeteiro. vagar com que se executa um trecho
de musica. Os andamentos são cinco
Analyse. principaes: – Largo, Adagio, Andante.
Exame do artificio, bellezas e mais Allegro e Presto; e suas modificações
partes de qualquer peça musical. são : – Larguetto, Andandantino, Alle-
Analysar é destinguir a natureza dos gretto, Prestissimo que se encontram
accordes que contem suas marchas, em seus respectivos lugares alphabe-
as modulações, a destribuição das ticos do presente Diccionario.
partes, etc.
Andante.
Anapera. Esta palavra que ordinariamente vem
Entre os antigos, era uma especie de escripta no começo de uma peça de
rithmo proprio para musica de Flauta, musica, designa o terceiro dos cin-
do qual não nos ficou vestigio, para co gráos principaes em que os ita-
conhecer de sua natureza. lianos destinguem o movimento do
Anaphoneso. compasso, e quer dizer – movimento
Era entre os antigos o nome que da- moderado de rhythmo sensivel, entre
vam ao exercicio ou arte de exercitar-se Lento e Allegro.
no canto, e formar os orgãos da voz. Andante.
Andamento. Si toma tambem como substantivo
Vocabulo italiano que serve para de- para se dizer commummente: – um
signar, relativamente á fuga, um pe- Andante de Mozart, etc.; para desig-
riodo, uma composição uma especie nar a parte da composição que gira
de thema que percorre todas as cor- sobre este movimento.
das da escala e comprehende muitos Andant.º
membros. Toma-se tambem a pala- Abreviatura do vocabulo italiano An-
vra Andamento na accepção de Mo- dantino. Vid.
vimento, e disemos: Um movimento

sumário 50
And. te Anglaise.
Abreviatura do vocabulo italiano An- Especie de dança, de um caracter bri-
dante. Vid. lhante e marcado, cuja melodia se com-
põe de duas partes, de oito compassos
Andantino. cada uma, e repetidas a dois tempos, e
Diminutivo de Andante. Movimento um de um andamento mais ou menos vivo.
pouco mais animado que o Andante. Chama-se, ás vezes, Contradança, da
Anemochordio. palavra ingleza – Contrydance. Dança
E’ um instrumento inventado por Juan usada entre os aldeões.
Schnell, na Allemanha em 1789). E’ Angossia. (con.)
de teclado, e suas cordas se movem Com angustia.
por meio de uma corrente de ar, que
as agita. Imita a muitos instrumentos, Anhange. (All.)
como tambem á voz humana. A pala- Coda.
vra Anemochordio se deriva de ano-
Anim.
mos, vento; e chorde, corda.
Abreviatura do vocabulo italiano –
Anemometro. Animato. Vid.
Apparelho de phisica para medir a
Anima.
força e a violencia do vento, applica-
Alma. Con anima, com alma; expres-
do aos grandes orgãos modernos.
são energica.
Angelica.
Animado.
Nome de um instrumento de tecla-
Esta palavra corresponde ás italianas
do, semelhante á uma Espinhêta ou
– Con moto ou Con brio. Indica que se
Clavicordio, usado na Inglaterra, e
deve augmentar de viveza e velocida-
que se julga, fôra inventado por um
de o compasso.
fabricante de Orgãos, – Ratz, no prin-
cipio do seculo XVII na Alsacia. Tem Animato.
17 cordas. Animado; execução e movimento
animado.
Angelica.
E’ tambem um nome que dão á uma Animo. (Con.)
especie de jogo de Orgão, composto Expressão que ás vezes, se encontra
de canudos cylindricos e de palheta. em musica para indicar um caracter
de energia na execução.

sumário 51
Animoso. Anticipação.
Corajoso; animado. E’ uma nota ou accorde accidental, que
anticipa á outra consonante. Como as
Anleitung. (All.) syncopadas retardam a resolução, as
Instrucção, conselhos, guia, methodo. antecipações ás precedem, só com a
Anmuth. (All.) differença de que são de um uzo me-
Graça, encanto. nos commum, e que somente podem
empregar-se com exito em poucos ca-
Anmuthig. (All.) sos, porque produz poucos recursos e
Gracioso, graciosamente. é preciso que sejam mui opportunas,
para que não produsam uma duresa
Anschwllen. (All.)
insupportavel. A antecipação, para ser
Crescendo.
boa, deve ser sempre nota real do ac-
Ansia, Ansietá. (Con.) corde seguinte, pois que o precede, e
Anciosamente, Ancioso, Anciosissi- ha de ter pouco valor.
mo. Estes vocabulos italianos empre-
Antienne. (Franc.)
gam-se para indicar uma execução
Antiphona. Nome dado primitivamente,
anciosa, agitada, etc.
entre os francezes, ao canto alternado
Antecedente. de dous córos, um dos mais antigos
Syn. de motivo ou fuga. Vid. modos de canto do ritual catholico.

Presentemente o Antienne ou An-


Anteludium.
tiphona, não é mais que uma especie
O mesmo que Preludium, Preludio. Vid.
de preludio, ou psalmo que determina
Antheme. a tonalidade e o caracter.
Canto religioso da Igreja Anglicana.
Antiphona.
Anthropoglosa. E’ um canto-chão, usado na musica
Nome que deram antigamente ao re- de Igreja, assim chamado, porque em
gistro do Orgão que modernamente sua origem se cantava por dois córos,
denominamos voz humana. que se respondiam alternativamente,
e com este titulo entravam tambem os
Anthropophonica. (Greg.) hymnos e os psalmos. Hoje se chama
Sciencia da natureza da voz humana. Antiphona, o versiculo que se entôa
no principio de um psalmo, e é se-

sumário 52
guido do canto, alternado ao mesmo uma prancheta de madeira. Colloca-
psalmo. Entre os antigos chamava-se -se esta prancheta sobre o appare-
– antiphona uma peça executada por lho, e se o põe em movimento, com
diversas vozes ou instrumentos, em o auxilio de uma alavanca.
oitava, em opposição á que se execu-
Comprehende-se que em qual-
tava em unisono, e que se chamava
quer dos casos, as pontas, encon-
homophonia.
trando na passagem os bicos de aço,
Antiphonario. estes se abaixam e transmittem o mo-
Livro que contem todas as antipho- vimento ás teclas.
nas do anno, postas em musica de
Antiphonia.
canto-chão.
Nome que deram o antigos gregos á
O Papa Gregorio, o grande, passa uma especie de symphonia ou can-
por ser o primeiro autor dessas col- to que se executava com differentes
lecções. vozes, e tambem instrumentos em oi-
tava ou dupla oitava para differençar
Antiphonel. da que se executava em unisono, a
Machinismo inventado, em 1846, por qual chamavam homophonia Estas
M. A. Debaim. Este machinismo se palavras vem de duas outras grégas:
adapta a um Orgão, a um Harmo- Anti contra, e phono voz.
nium ou a um Piano, e executa sobre
estes instrumentos as arias mais dif- Antiphonica.
ficeis. Compõe-se elle de uma caixa Execução para instruir a oitava entre
oblonga, recoberta de uma placa de os gregos.
metal, ferida de uma serie de peque-
Antistrophe.
nas aberturas mui aproximadas, dan-
Entre os antigos gregos, chamavam
do passagem a bicos de aço que por
assim a estancia de Ode ou hymno
ellas fazem sahir. Estes bicos se pro-
que o côro cantava nas peças dra-
longam ao interior da caixa e corres-
maticas, dirigindo-se na scena da es-
pondem ás teclas do instrumento. As
querda para a direita, em opposição
arias Ordinarias são tocadas com o
á Strophe, que elle cantava, indo da
auxilio dos pontos implantados sobre
direita para a esquerda.
uma roda, que põe em movimento
uma simples manivella. As arias mais
complicadas, são notadas, sobre

sumário 53
Do mesmo modo tinha logar com Apiacimento. (It).
as Odes ou hymnos nas cerimonias O mesmo que a’ comodo.
religiosas.
Apitar.
Antrologinm. Tocar apito; chamar, indicar por um
Livro liturgico de diversos cantos. signal dado por apito.

Annunciar. Apito.
Dar o tom ao celebrante para a en- Instrumento de metal ou aço, d’onde,
toação do Gloria, Credo ou d’outro por meio do sopro, se extrahe um
qualquer canto. som estridente, e só proprio para dar
signal de indicação ou chamada; etc.
Antigamente era um das obriga-
ções do chantre, (cantor) no tempo Apobaterion.
em que este titulo as honras inheren- Nome que deram os antigos gregos a
tes pertenciam a um cantor. um certo canto de despedidas.

A’ piacere. A’ poco a poco.


A’ vontade do executor. Synonimo de Esta expressão italiana, junto dos
Adlibitum. signaes de o crescendo ou decres-
cendo, indica que se deve reforçar ou
Aphonia.
rebaixar a voz ou som gradualmente,
Falta de voz.
pouco a pouco.
Aphonico.
Apodipné.
Privado da voz.
Canto grego depois da ceia.
Apiha.
Apollo.
Estribilho de uma canção antiga.
Tinham-no, segundo a mythologia,
Apilha. como o chefe das nove musas, bem
Certo estribilho poetico, e musical- como o Deos da poesia, da medicina,
mente usado pelos antigos. da musica e das artes.

A’ piac. Apollon.
Abreviatura do vocabulo italiano A’ Instrumento da especie do alaúde,
piacere. Vid. com 24 cordas, inventado em Paris, em
1678, por um musico de nome Promt.

sumário 54
Appollon. Apotono.
Na mythologia grega, o deos do Sol Entre os antigos gregos era o que res-
que despertava as vozes da nature- tava de um tom maior, quando se lhe
za, regulava a marcha dos planetas. a diminuia uma limma: certo intervallo
harmonia das sphéras, considerado o de musica grega.
deos da poesia e da musica.
Aposipesis.
Apollonicon. Era entre os gregos o signal que indi-
Nome dado a um grande Orgão de cava o fim do canto, pausas geraes.
cylindro, tocado ao mesmo tempo por
Apassionatamente.
muitos musicos, por meio de teclados,
Apaixonadamente.
postos ao lado um dos outros.
Apassionato.
Apollonio.
Apaixonado; expressão sensivel e
Instrumento de dous teclados, in-
apaixonada.
ventado nos fins do seculo XVIII, por
João Valler. Apassionavole.
E’ como um Piano de dous tecla- Syn. de Apassionatamente.
dos, com registros d’Orgão, tendo so-
Appenato. (It.)
bre elle um authomato, que toca Flauta.
Penalisado: tristemente.
Já não é mais usado.
Appoggiato.
Apojectura. Que tem ou leva appoggio.
Nota sobre a qual se apoia.
Appogiatura.
Apontar. Uma ou mais notas, regularmente me-
Escrever ou compor musica, redusin- nores que as communs , que pre-
do as regras ao contra-ponto. cedem a um som qualquer, tomando
uma parte do seu valor no compasso;
Apotêto.
ou por outra a appoggiatura é um or-
Nome proprio que deram os gregos ás
nato da melodia, que consta de umas
Flautas que usavam em suas musicas.
pequenas notas sem valor real
Apothome. collocadas acima ou abaixo da nota
Chamava-se assim entre os gregos o ordinaria que se lhe segue. Na classe
intervallo de tom imperfeito ou segun- das appoggiaturas comprehende-se o
da menor. mordente o grupetto , O trillo

sumário 55
tr., ou cadencia que serve para ligar Ha peças para seis, oito e mesmo
com o som da que as antecede, e dar- doze mãos, que se executam sobre
-lhe mais força e expressão. O verda- muitos instrumentos.
deiro fim deste adorno musical, é o fa-
Arabelbah.
ser sentir com maior prazer a nota que
Instrumento formado de uma corda
segue, dando á melodia um sabor de
apoiada sobre uma bexiga, usado
doçura e amenidade. A appoggiatura
nas costas da Berberia.
é sempre accentuada, auxiliada pela
nota de valor, á qual ella se liga. A’ rancho.
Toque militar de corneta ou Tambor.
Appogio.
Pequena nota que antecede e succe- Arbitria.
de ás notas regulares, para as ornar, Nome que deram ás passagens ar-
e dar-lhes maior graça. bitrarias, denominadas vulgarmente
Cadencias.
A’ prima vista. (It.)
A’ paimeira vista. Vid. Arcada.
Golpe de arco; é a passagem repen-
A’ primeira vista.
tina do arco sobre as cordas de um
Talento que consiste em executar de
instrumento de arco.
repente uma parte que ainda se não
viu, nem ouviu. Esta expressão cor- Archet. (Entre os francezes)
responde em francez – A livre ouvert. Arco.
A’ punta d’arco. (It.) Archi ou arci.
Com a ponta do arco. Prefixo grego empregado com o
nome de diverso instrumentos anti-
A’ punto. (It.)
gos; servia para designar um modelo
Exacto; interpetrando exactamente o
especial de instrumentos, tanto pela
que está escripto.
grandeza como por sua extensão.
Apycinos.
Archetto.
Nome que davam na antiga musica
Diminutivo de arco.
grega aos sons chamados estaveis.
Assim denominavam antigamente
A’ quatro mãos.
os italianos o arco do Violino por que
Se diz da musica escripta, para ser exe-
o arco propriamente dito era o da Vio-
cutada por duas pessoas que toquem
la, que tinha maiores proporções.
simultaneamente no mesmo Piano.

sumário 56
Archialaúde. los da cauda dos cavallos, que unta-
Era uma especie de Alaúde de menores dos com certa resina preparada (co-
proporções guarnecido de 20 cordas, lophonia) servem para fazer vibrar as
que se afinavam duas a duas. Este ins- cordas de instrumentos, taes como:
trumento tinha o som muito mais cheio Violino, Viola, ou Violêta, Violoncello,
que todos os demais de mesmo gene- Contra-baixo etc.
ro; porem o excessivo comprimento do
Da arte de ter o arco e conduzil-o
braço que fazia encommodo para to-
sobre as cordas, tem-se feito materia
car, fel-o cahir em abandono. Hoje não
de um estudo serio em seu manejo;
se encontra nem se uza.
posto que se tenha chegado a conhe-
Archicantor. cer que a entoação do instrumento
Primeiro cantor; cantor eminente. depende da maior ou menor pressão
do arco sobre as cordas.
Archicembalo.
O arco exerce sobre a arte dos
Especie de Cravo de grandes dimen-
instrumentos, que com elles se to-
sões, inventado no seculo XVI por Ni-
cam, uma acção mais importante do
colau Vincentino.
que geralmente se crê, especialmen-
Archiparaphonista. te no Violino, no qual se necessita
O mesmo que Archicantor; primeiro mais tacto que em nenhum dos de-
cantor. mais de sua familia.

Archiphonascus. (Lat.) O manejo do arco não consiste,


Primeiro mestre de canto; primeiro di- como muitos pensam, somente em
rector do côro, mestre de capella. empurral-o e tiral-o alternativamente,
pois desse manejo, depende a maior
Architarra ou Archiviola. força ou doçura, ou mais dureza ou
Guitarra ou Viola de grandes dimen- brandura dos sons.
sões entre os italianos.
A experiencia tem demonstrado
Architeorba. que não podem pôr-se em harmonia
Cithara grande e antiga. os movimentos do arco e os dedos,
senão debilitando, tanto quanto se
Arco. possa, a acção do braço que derige
Varinha delgada flexivevel e curva em o arco, de modo que o punho obre
um extremo, em que se fixam cabel- com liberdade.

sumário 57
A vista dos movimentos de um instrumento que, jamais, se conhece-
violinista habil, nada parece mais facil rá bastante pelo importante papel que
que esta independencia do punho; representa na musica moderna.
porem para adquiril-a, se necessita
Ardente. (It.)
de muitos annos de estudo.
Ardentemente, com intrepidez.
O tirar e empurrar o arco é suscepti-
vel de uma infinidade de combinações. Ardito. (It.)
Ousado, intrepido.
Algumas vezes se ligam muitos
sons com um só golpe de arco, e isto Ardore. (It.)
exige muita economía em desdobrar Ardor; con ardore, com ardor; isto é
o braço; outras vezes, se tiram todas com intrepidez, com ousadia e vigor
as notas com um movimento rapido no ataque.
por um numero de golpes d’arco,
igual ao das notas, o qual exige uma Arghul.
perfeita simultaneidade, entre os mo- Instrumento usado pelos campone-
vimentos dos dedos da mão esquer- zes do Egypto; pertence ao gerero
da e os do braço direito. do Oboé; toca-se com palheta dupla,
tem dous tubos, cada qual com, sua
Ha ainda outras combinações palheta, um curto e com seis buracos
que offerecem uma serie de sons li- para variar as intonações, outro mais
gados, uma successão de notas que cumprido que dá sempre o mesmo
se picam com um movimento rapido, som á maneira do bordão, na Gaita
com uma só arcada, já tirando, já de folle.
empurrando o arco este ultimo pas-
se, que se chama stacato, exige uma Este tubo mais comprido pode
habilidade particular. ser acrescentado com um ou dois
outros e assim produzir um som mais
Não somente deve o artista pro- ou menos grave.
curar vencer estas difficuldades,
como tambem deve estender seus O tocador sopra ao mesmo tem-
estudos á arte de modificar os sons, po nas duas palhetas fasendo resoar
por meio do arco. ambos os tubos.

De tudo isto resulta a inesgotavel Aria.


variedade de effeitos que os grandes Nome generico que designa toda
artistas sabem tirar deste precioso peça de musica para uma voz.

sumário 58
A forma e estructura das arias teem Todos os objectos pitorescos da
dependido sempre da inspiração do natureza, todos os sentimentos e
compositor, e tambem da necessida- inspirações do coração humano são
de de accommodar-se ao verso ou á modelos aptos para serem imitados.
situação theatral A attenção, o interesse, o encanto do
ouvido e a commoção, são o fim des-
Podemos, entretanto distinguir
tas imitações.
tres classes de arias: – As de um
periodo que se chamam pequenas Uma aria agradavel e sabiamente
arias, e comprehende as canções de harmonisada, uma aria invertada pelo
poucos versos, que cada povo as tem genio e composta com esquisito gos-
particulares e cuja melodia não exige to, é uma obra prima de musica. Nella
plano, nem connexão, não sendo em pode sobresahir uma bella voz; nella
geral mais do que a inspiração de um emfim a paixão commove a alma por
pensamento, filho, muitas vezes, do meio dos sentidos.
accaso. As arias de dous periodos
Aria agigunta.
que geralmente só tem um por base,
Aria ajuntada suplementar, que não
no segundo se repete o primeiro com
faz parte da partitura primitiva.
as variações que se julga opportunas,
ou se modula até algum tom relativo, Aria buffa.
que se chama cavatina, etc. As arias Aria burlesca, comica.
de tres periodos que são melodias de
maiores dimensões, assemelham-se, Aria cantabile.
em sua estructura, aos Rondós. Aria gracicsa, em estylo agradavel
e facil.
Estas arias principiam em um tom
á escolha do compositor no primeiro Aria d’abilitá.
periodo, que se chama principal; no E’ o mesmo que aria de bravura. Vid.
segundo se modula até um dos tons
relativos ao principal, e no terceiro se Aria d’entrada.
volve á primeira escala do tom. E’ aquella que se canta ao entrar em
scena.
Uma aria em uma opera é a tela
no fundo em que se pintam os qua- Aria de bravura.
dros da musica imitativa; a melodia é Aria muito desenvolvida numa opera,
o debuxo, a harmonia o colorido. em que o cantor tem que desenvolver

sumário 59
todos os recursos vocaes e dramati- Aria tedesca.
cos para commover o publico. Aria allemã.

Era muito frequente nas antigas Arietina.


operas italianas, constituindo muitas Diminutivo de arieta. Pequena aria.
vezes um acto de exame para os can-
tores e o maior attrativo do especta- Arion.
culo: porem o máo gosto e as imita- Nome de um celebre musico da Mi-
ções estragaram o genero a ponto de thologia, que, sentenciado á morte
o tornarem ridiculo. por ter roubado a bordo de um navio,
obteve permissão para primeiro tocar
Aria de chiesa. o seu Alaúde, a cujo som se juntaram,
Aria de Igreja: trecho de musica reli- em roda do mesmo navio, os delfins;
giosa para canto. e lançando-se ao mar, um delles o
conduziu á praia são e salvo.
Aria de concierto.
Aria expressamente escripta para ser Arioso.
cantada em sala de concerto. Vocabulo italiano que denota uma
passagem brilhante,sustentando, de-
Aria di sortita.
senvolvendo e apropriando o canto á
Aria de sahida, em que o cantor sae
aria.
immediatamente da scena depois de
a ter cantado. Ariston.
Instrumento de manivella, especie de
Aria fugata.
realejo, de invenção moderna, allemã.
Em estylo de fuga, cujo acompa-
nhamento é feito em imitação, como Aristoxenos.
nas fugas. Nome que se dava áquelles que se-
guiam a seita de Aristoxeno, a qual se
Aria parlante.
oppunha aos Pythagoricos, sobre a
Aria em que a orchestra ou qual-
medição dos intervallos, e composi-
quer instrumento executa a melodia
ção dos sons.
em quanto a voz apenas recita, sem
cantar, fazendo coincidir o rythmo Arithmetica.
dos versos com o da musica. Da aria (Divisão). Os musicos do seculo XVI
parlante deriva a valsa recitada que, a dividiam a oitava em duas propor-
alguns annos, tinha certa acceitação ções desiguaes a saber : – por 5.ªs
nas pequenas salas de Lisbôa. e por 4ªs. A primeira se chamava di-

sumário 60
visão harmonica, e constituia o modo Arpa doppia. (It.)
authentico; a segunda se chamava di- Harpa dupla.
visão arithmetica, e constituia o modo
Arpanella. (It.)
plagal. Estas divisões se fazem, to-
Arpanetta; pequena Harpa.
davia, no canto-chão; porem, já não
estão em uso na musica moderna. Arpeje. (Franc.)
Arpejo.
Armadura.
Reunião de signos que se acham na Arpegiar.
clave, e que affectam o tom e o modo E’ tocar os sons de um accorde, uns
em que o trecho musical é escripto. após outros, e não todos juntos. Vem
da palavra harpa, que em principio se
Armamento.
tocava como dissemos, da qual os
Chamam-se os diversos signaes que
italianos tiraram o vocabulo arpeggio.
se collocam ao pé da clave, e indicam
o tom, o compasso, o andamento, etc.

Ha instrumentos nos quaes não se


podem tocar as notas de um accorde
Armar á clave.
todas juntas, e neste caso é preciso
E’ pôr depois della os accidentes, que
valer-se do arpegio; taes são todos os
entram no tom em que se quer escre-
de arco. Outros ha, em que se usa o
ver uma peça de musica.
arpegiar, para prolongar os sons, por
serem estes de curta duração; se bem
que se possam tocar as notas juntas,
como no Piano. Até nos instrumentos
de vento se podem tocar accordes de
Armonia, Armonico, Armonioso,
tres e quatro sons por meio de um ar-
Arpa. etc.
pegio ou passagem rapida dos mes-
Vid. Harmonia, Harmonico, Harmonioso,
mos sons que o compõem.
Harpa, etc.
Arpegio.
Arp.
E’ a acção de arpejar.
Abreviação do vocabulo italiano – Ar-
peggio. Vid.

sumário 61
Arpicordo. tro arco maior comprime por meio da
Especie de Cravo antigo, cujas cordas cordagem ou parafusos.
eram collocadas verticalmente supe-
Arrabil.
riores ao teclado, apresentando apro-
Rabeca ou Lyra rustica.
ximadamente a forma de uma Harpa.
Foi bastantemente usado no seculo Arrabilheiro.
XVII como objecto de luxo artistico, em O tocador de Arrabil.
lugar do Cravo que era mais vulgar.
Arranhador.
Arpinella. (It.) Pessimo tocador de Rabeca ou Vio-
Pequena Harpa. loncello, que, dilacera os ouvidos
com sua aspereza; e bem assim,
Arpone.
d’outro qual quer instrumento de cor-
Harpa grande. Instrumento inventado
das ou mesmo de sopro.
pelos fins do seculo passado por um
italiano chamado Miguel Barbaci, de Arranhar.
Palermo. Tocar mal um instrumento.
Arpista. Arranjado.
Vid. Harpista. Preparado, composto, etc. Se diz da
reducção da partitura de uma Opera,
Arqueado.
de uma abertura, de uma aria, ou de
Nos instrumentos de arco, se chama
outra qualquer peça de musica a um
um golpe ou movimento que se faz
pequeno numero de instrumentos ou a
com elle sobre todas as cordas ou
um só, ou tambem mudar-lhe a nature-
parte d’ellas.
za, arranjando, por ex.: – um concerto
Arquete. deViolino para Piano e vice-versa.
Diminutivo de arco. Pequeno arco
Arranjar.
com que se tocam certos instrumen-
Concertar, compor, coordenar.
tos musicos, como: arco de Rabeca,
de Rabecão, etc. Arrepia.
Termo popular e chulo em Portugal para
Arquilho.
designar uma musica executada no
Arco delgado, de madeira ou metal,
Violão, que serve principalmente para
nos Bombos e Tambores, sobre o
marcar o rythmo nas danças chulas.
qual está estendida a pelle que ou-

sumário 62
Arrôlo ou Arrullo. Artista.
Canto para acalentar e adormecer Epitheto que se dá ao musico que faz
crianças. da arte musical, uma profissão.

Arromba. Artisticamente.
Certa canção ruidosa acompanhada Se diz de uma peça de musica, feita
á Viola. com todas as regras d’arte, precedi-
da do gosto e da delicadesa.
Arrulhar.
Cantar embalando para adormecer a Artistico.
criança. Feito com arte; que desperta o senti-
mento do bello; Relativamente ás artes.
Arrulho.
Canto com que se faz adormecer As. (All.)
crianças. La da nomenclatura alphabetica usa-
da pelos allemães.
Arsis e Thesis.
Palavras gregas da sciencia musical e Ascarum.
da prosodia. Arsis se deriva de um ver- Instrumento de percussão, quadrado,
bo que quer dizer:– eu levanto, e indica sobre o qual havia segundo Polux,
o forte musical, ou a sylaba longa na umas cordas estendidas que, quando
prosodia; e Thesis se deriva de outro se as fazia dar voltas, produsiam sons
verbo que significa: – eu abaixo, e indi- semelhantes ao de uns cascaveis.
ca tempo debil, ou a syllaba breve. Por-
Ascaulo.
tanto, Arsis é a arte de levantar a voz, e
Nome que os gregos davam á Gaita
Thesis, pelo contrario, a de baixar.
de folle. Ascaulo significa odre-flauta
Articular. ou Flauta unida ao odre.
E’ fazer ouvir distinctamente as pala-
Este nome provinha da circums-
vras no canto, e ferir as notas com pre-
tancia de ser o folle.composto de
cisão e nitidez, já cantando, já tocando.
odre ou pelle de animal lanigero e o
Artificio. tubo que produsia o som ter seme-
Se diz do modo de enlaçar as bellezas lhança com a Flauta. Os romanos
harmonicas em uma peça musical. chamavam tibia urticularis, que signi-
fica o mesmo.

sumário 63
Ascendencia. Tambem se toma á boa parte,
Harmonia produsida por uma combi- quando o cantor emprega um breve
nação de quintas, subindo. suspiro, para ornar o seu canto, ou
quando sabe cautelosamente tomar
Ascendente. a respiração, sem deixar de sustentar
A harmonia ascendente é aquella que o timbre e a progressão da voz.
nasce de uma continuação de quin-
tas, subindo, como de Dó a Sól; de Aspirar.
Sol a Ré, ou de Ré a Lá, etc. Respirar, absorver o ar exterior.

Ascior. Assai. (Adverbio italiano.)


Instrumento usado entre os Hebrêos, Bastante; muito. Junto a um subs-
com dez cordas, as quaes se po- tantivo que indique um movimento
diam tocar dedilhando, e tambem de compasso, como : – Presto assai,
com um pletro. Largo assai, augmenta a celeridade
da primeira e a lentidão da segunda.
As-dur. (All.)
Lá b maior. Por abreviação: Asd. Assobio.
Som agudo, penetrante, que faz o ar,
As-mol. (All.) inspirado por algum orificio, formado
La b menor. Por abreviação: Asm. pelos labios contrahidos. Syn. de apito.
Asperamente. Assoluto. (It.)
Tocar ou cantar com asperesa; dura- Absoluto. Allegro assoluto, absoluta-
mente, etc. mente allegro.
Aspero. Assonancia.
Se diz dos sons duros, fortes, gros- E’ a repetição de som correspondente,
seiros, etc. como o ai que faz o écho.
Aspiração. Assonia.
E’ a acção de fazer entrar o ar nos Consomnancia, haimonia metrica.
pulmões, cantando; é tambem a
prolongação da nota inferior á nota Assoprado.
superior. Disigna ainda o defeito do Soprado; levado de um sopro.
cantor, quando colloca um h diante
Assoprar.
das vogaes e, algumas vezes, das
Soprar: levar de um sopro.
consoantes.

sumário 64
Assopro. (Musica de) Atabaleiro.
E’ aquella que se executa com instru- Tocador de Atabale, Timbaleiro, Tam-
mentos de vento como Flauta, Orgão, borileiro.
etc. As musicas são de quatro sortes,
Atabaque. ou Tabaque.
como: de assopro, de cordas, de pan-
Especie de Tambor, feito de um tron-
cadaria e de écho.
co ouco, guarnecido de couro em
Assovelado. uma de suas extremidades, no qual,
Dá-se este nome á voz de falsete; voz em lugar de baquetas, batem os ne-
assovelada. gros e indios com as mãos, e delles
se servem, como instrumento musi-
Assumpto. cal, em seus batuques.
Thema; motivo sobre o qual se de-
senvolve a musica. Em S. Paulo o chamam – Tam-
baque, e no Parà – Curimbó. Moraes
A’s surdas. menciona, como synonimos, Taba-
Tocar ou cantar ás surdas è fazel-o de que, Atabaque com significação de
modo furtivo e surrateiramente, instrumento usado na Asia e Costa
d’Africa, sem nos dar, entretanto, a
A suo arbitro. (It.)
origem do come.
Como lhe parecer; syn. de apiacere.
Atabaquinho.
A suo beneplacito.
Entre os portuguezes é diminutivo de
(Como lhe parecer; igualmente como
Atabaque, Tamboril.
o precedente, syn. de apiacere.
Atabaqueiro.
A’ surdina.
Tocador de Atabaque.
Tocar ou cantar á surdina é fazel-o
com mui pouco ruido, e applicando Atacar.
ao instrumento de sopro ou de cor- Emittir o som no momento em que se
das a peça que abafa os sons, que começa uma peça de musica ou se
se designa com o nome de surdina. continúa depois de ter havido pausa.

Atabale. A unidade de ataque numa or-


O mesmo que Timbale, mais usado. chestra é uma das mais apreciaveis
Especie de Tambor de cobre com fun- qualidades que a batuta firme de um
do redondo e couro de um só lado, bom chefe pode obter de musicos
que se emprega nas grandes orches- disciplinados, briosos e attentos. Tão
tras. Vid. Timbales. imponente é o effeito de um ataque

sumário 65
energico, realisado instantaneamen- Atrombetado.
te por toda a orchestra sem a menor Em forma, ou com os sons de Trombeta.
hesitação, nem uma só falta, como
Atropus.
desenxabido se torna quando os exe-
Instrumento antiquissimo, bastante-
cutantes, por deleixo ou má direcção
mente citado, mas, cuja forma não é
atacam, uns depois dos outros, es-
conhecida.
tonteadamente, aquelles mais tarde
por medo, estes mais cedo por ex- Attaca subito.
cesso de zelo. Expressão italiana que denota que,
ao concluir um trecho de musica, se
Atadilho.
tem de principiar o seguinte, imme-
Parte inferior da Guitarra onde estão
diatamente sem descanço.
os botões que prendem as cordas.
Attacar um som ou uma corda é
Atado. (Ponto.) tomar a entoação com a voz ou com
Chamavam assim antigamente a duas um instrumento, de repente, sem pre-
figuras, entre si, ligadas. Vid. Ligatura. paração, sem titubiar e sem adorno
de nenhuma especie.

Attacare. (It.)
Attacar. Acção do cantor ou instrumen-
tista que começa um trecho de musi-
A’ Tambor.
ca, ou continúa depois de um silencio.
Vid. Tambor.
Attaco. (It.)
A’ tempo.
Ataque. Antigamente os contrapontis-
Esta expressão signica, que depois
tas italianos, davam este nome á uma
que, em uma peça de musica se te-
pequena fuga, cujo sujeito era muito
nha alterado o movimento do com-
curto, composto apenas de tres ou
passo em maior lentidão ou veloci-
quatro notas.
dade, se volve a tomar o compasso
primitivo da peça, o qual segue com Attenção!
o mesmo movimento, até que algum Esta voz interjectiva, bastantemente
outro signo previna o contrario. empregada pelo director ou regente
de uma orchestra em execução de
Athone.
musica e seus ensaios, serve para
Especie de Flauta, antigamente usa-
restabelecer o silencio, ligeiramente
da pelos gregos.

sumário 66
interrompido, e para chamar a atten- Audiphone.
ção do musico ou musicos para o Apparelho que transmitte a voz pelos
que importa conhecer e saber. dentes; é somente applicavel aos surdos.

Attento! Audivel.
O mesmo que Attenças! Que se ouve, perceptivel; que fere o
ouvido.
Attenzione. (It.)
Attenção. Con attenzione, com attenção. Aufgewckt. (All.)
Syn. de colla voce, colla parte. Vivo, depressa, animado.

Attracção. Auflebend. (All.)


Propriedade que a tonalidade moder- Animado.
na attribue ao sepțimo grau da esca-
Augmentação. (Ponto de)
la diatonica, chamado por isso nota
E’ aquelle que se põe adiante de
sensivel de tender para uma resolu-
qualquer figura ou nota, a qual vale a
ção sobre a tonica; a mesma proprie-
metade do valor da figura, ante a qual
dade é attribuida ao quarto grau, que
está posto.
tende para o terceiro, principalmente
quando se harmonisa com o septimo, Augmentado. (Intervallo)
formando assim a denominada disso- È aquelle que tem um semitom mais
nancia natural ou harmonia attrativa. que o justo, como: a segunda maior,
E’ o mesmo que Affinidade. Vid. que somente consta de um tom; si é
augmentado, tem um tom e um semi-
Atzeberoscim.
tom. O intervallo de terceira maior que
Nome geral que deram os Hebreos
somente tem dous tons, si é augmen-
a todos os instrumentos de musica,
tado, tem dous tons e um semitom, e
construidos de madeira.
assim são os demais.
Aubade. (Franc.)
Auledia.
Alvorada, matinada.
Palavra grega, derivada de aulos, Flauta
Audace. (It.) e óde, canto. Nome que designa a arte
Audaz, audaciosamente. de acompanhar a voz com a Flauta.

Audição. Auledica.
Acção que consiste em ouvir os sons Entre os antigos gregos é o que diz
que nos vem ferir os ouvidos. respeito á arte de acompanhar a voz
com a Flauta.

sumário 67
Aulete. A segunda, pela quarta, se cha-
Palavra que entre os gregos designa mava divisão arithmetica, e constituia
o tocador de Flauta. o modo plagal.

Auletica. Estas divisões que, todavia, exis-


Entre os gregos, é a arte de tocar Flauta. tem no canto-chão não estão mais
em uso na musica moderna.
Auletico.
Entre os gregos, o que pertence á Flauta. Auto.
Representação theatral antiga, popu-
Aulos. lar, e ornada de musica, creação de
Nome com que genericamente disig- Gil Vicente em Portugal no principio
navam os gregos as diversas especies do seculo XVI.
de instrumentos de sopro, semelhan-
Consistia em córos, danças, vilan-
tes ao que hoje exclusivamente deno-
cetes, cantigas e intermedios instru-
minamos – Flauta. Esta tinha o nome
mentaes.
de Plagiaulos e era tambem conhecida
por – Flauta Egypcia. As especies mais Auto-pianista.
usadas tinham os nomes seguintes : Mechanismo se adapta ao teclado
Syrinx, Monaulos, Calamaulos, Plagiau- de um Piano, e que por meio de uma
los, Diópe, Photinx, Elyme, Paramien- manivella actua sobre as teclas exe-
ne, Bombix, Thebana e Beociana. cutando trechos de musica.

Ausdruck. (All.) Avêna.


Expressão, expressivo. Flauta pastoril fabricada da palha de
avea.
Ausgabe. (All.)
Edição. Avicinium.
Registro dos Orgãos antigos que imi-
Authentico. (Tom)
ta o chilrear dos passaros.
Os musicos antigos dividiam a oitava
de duas maneiras, e em proporções Consiste n’um pequeno vaso com
desiguaes, pela 5.ª e pela 4ª. agua, no qual se immergem alguns
tubos de zinco que, por meio de um
A primeira proporção se chama-
someiro especial, recebem o vento e o
va divisão harmonica, e constituia o
transmittem á agua fasendo-a agitar ao
modo authentico.
mesmo tempo que produsem o som.

sumário 68
A’viola. A’ vozes.
Proprio para ser cantado ao som da Levantando a vóz, por meio do canto;
Viola; tocando na Viola o acompanha- entoadamente, accordemente.
mento do canto.
Ayabéba.
Aviolado. Instrumento antiquissimo dos mouros.
Com o som ou a forma da Viola; á se-
Azione sacra. (It.)
melhança da Viola.
Oratorio; representação theatral de
um assumpto religioso.

sumário 69
B
B. Esta letra corresponde á nota – Si – da
nossa escala moderna.

Os antigos designavam pelo – B – o tom


immediatamente superior áquelle que for-
mava a base do seu systema.

Os italianos e hespanhoes exprimem pelo


– B – a nota a que os francezes chamam
– Si.

Antigamente a letra – B –, collocada no


principio de qualquer trecho musical, mos-
trava ser propria para o Baixo cantante, e,
segundo Viterbo, tambem se empregava
para significar – Muito.

sumário 70
Babylonico. Alguns compositores teem posto
Estylo de musica proprio para excitar o titulo de Bacchanal á uma peça de
a alegria, adoptado na Arabia. musica alegre e muito ruidosa.

Bachetta. (It.) Os francezes chamam Baccanale.


Baqueta. Pequena vara, em sentido
Badinerie. (Franc.)
primitivo; em sentido restricto, nome
Puerilidade. Titulo com que os com-
de pedaços de madeira, cujo tama-
positores francezes dão a pequenos
nho é de 15 pollegadas, mais ou me-
trechos de caracter infantil e alegre.
ros, e que servem para tocar Tambor
ou Caixa de rufo. B. dur. (All.)
Si b maior.
Existem tambem – baquetas – de
Tambor de Psalterios e Timpanos. B--fami.
Em alguns instrumentos é tambem Nome da septima nota do systema
a indicação para tocar-se de modo a antigo dos gregos, que corresponde
ser imitado o effeito que produzem as a Si de nossa moderna escal.
baquetas, até que o executante en-
Bagatella.
contre na musica a palavra – Arco.
Pequena e facil composição musical
Bacia. para principiantes.
E’ a parte da Harpa que serve de base
Baglattéa.
ao instrumento, onde se acham os
Instrumento de treze cordas, adopta-
pedaes que, puxando pelas varetas,
do entre os Arabes, que toca-se com
põem em movimento o mechanismo
uma palheta ou plectro.
da consola.
Baguette.
Bacia do Orgão.
Nome com que os francezes dão á
Nome que dão á tribuna que tem al-
batuta.
guns orgãos, com a capacidade suf-
ficiente para conter os cantores e o Bahiano.
organista; corêto. Nome de uma musica alegre, atrah-
ente e chula, ao som da qual se exibe
Bacchanaes.
a plebe em seus regosijios, dançan-
Festas que os gregos e os romanos
do de modo buliçoso com meneios
celebravam em honra de Baccaho.
e requebros extravagantementes

sumário 71
sobordinados á monotonia de um Baixo fundamental, nota que em
compasso tripudiado e singular. um accorde no estado directo occupa
o gráo mais grave dos sons por elle,
E’ uma imitação do landú ou lun-
formados.
dú brasileiro, e pensamos ter sua ori-
gem no estado da Bahia, donde lhe Baixo continuo, aquelle ao qual
veio o nome. não interrompem os recitativos, se-
gundo o conceito antigo.
Bailar.
Dançar a compasso de instrumento Baixo-cantante, aquelle que execu-
musico. ta um canto melodioso, vivo e ligeiro.

Tambem assim se chamam as


Baile.
cordas grossas ou bordões de certos
Ajuntamento de pessoas para o exer-
instrumentos.
cicio de dança, ao som de musica
festiva e apropriada. Baixo figurado, aquelle em que o
valor das notas se divide em outras
Baixar. muitas de menor valor e debaixo do
E’ descer a entonação d’uma nota, mesmo accorde.
por estar demasiado alta, ou porque
a voz tenha falta de energia. Finalmente, denomina-se Baixo
o instrumento ou vóz que não chega
Baixão. (Do Franc. Basson, e do It. ao tom ordinario, e assim se diz: – Voz
Bassom.) baixa, instrumento baixo, etc.
Fagote; instrumento de páo que se
toca com palheta e por meio de so- Baixo fundamental.
pro; é o Baixo do Oboé, de timbre E’ o som mais baixo que serve de fun-
dôce e caracter campestre. damento á harmonia.

Tambem se dá este nome na Al- Baixo profundo.


lemanha ao Contra-basso do Fagot- Voz de baixo muito grave, descendo dos
te, cujo som é de uma oitava inferior limites que a voz humana pode attingir.
ao deste, por serem maiores as suas
Os francezes chamam Basse-
proporções.
-contre.
Baixo.
Balafo.
Voz ou instrumento que na harmonia
Instrumento semelhante ao Cravo, com
occupa a parte mais grave do diapa-
sete cordas de arame, que tocavam
são geral.

sumário 72
por meio de baquetas os pretos da O assumpto da ballada é de ordi-
Costa do Ouro. nario um passo de historia, verdadei-
ro ou falso, desenvolvido sob forma
Balalaika. de Odes e dividido em estrophes.
Especie de Mandolina de forma trian-
gular, com tres cordas, usado pelos Balladine.
aldeões da Russia. Diminutivo de ballata ou ballada entre
os francezes.
Recentemente alguns amadores
de musica russos teem-se dedicado Pequena ballada.
ao estudo deste instrumento, procu-
Balla d’horne.
rando pôl-o em moda no seu paiz en-
(All.) Especie de Trompa com á campa-
tre as classes mais elevadas.
na voltada para baixo, e de tubos mui-
Balaleiga. to grossos, com os quaes produz um
Especie de Guitarra de treze cordas, som mais velado que a Trompa usual.
usada na Russia.
E’ invenção recente e pouco vul-
Balança pneumatica garisada.
Apparelho adaptado aos grandes
Ballad’Opera.
Orgãos para mostrar a quantidade e
Entre os inglezes, uma opera com-
compressão do vento que se enprega.
posta na maior parte, sobre arias po-
Ballabile. pulares.
Sorte de baile mui curto, entre os fran-
Ballata.
cezes, composto somente de alguns
Termo de que se servem os composi-
passos dança; se o introduz algumas
tores para designarem de preferencia
vezes em uma obra scenica, para
uma certa forma musical, a cujo som
augmentar,em um momento dado, á
dança-se e canta-se ficando assim
intensidade da côr local ou o pittores-
distincta da ballata que antigamente
co d’acção.
era o nome dado a qualquer narrativa
Ballada. simples, poetica ou mesmo historica.
Canção de origem que remonta ao
Ballatella. (It.)
seculo XII, e ainda se conserva na
Diminutivo de ballata; pequena ballada.
Inglaterra, na Irlanda e na Escossia.

sumário 73
Balleto. (It.) instrumento de cordas, quando por-
Syn. de baile. ventura se o quer ridicularisar.

Ballo. (Tempo de) Bandurriar.


Compasso de dança entre os italianos. Acção de tocar a Bandurra.

Bambula. Bandorrilha.
Especie de Guitarra feita de bambú, Pequeno instrumento de cordas, da
usada pelos americanos do sul. forma de uma Guitarra que se toca do
mesmo modo que o Bandolim. Tem
B. mol. (All.) um som muito agudo e forma o tiple
Si b maior. dos instrumentos de sua especie.
Band. (All.) Bandurrinha.
Livro, tomo. Diminutivo de Bandurra. Pequena
Banda de musica. Bandurra.
Companhia de instrumentistas mar- Banjo.
ciaes. Instrumento originariamen te tosco,
Bandolim. usado pelos indigenas da America
Instrumento composto de uma caixa hespanhola; compõe-se de um Pan-
ovoide, sonora e de um braço sobre o deiro tendo addicionado um braço
qual estão estendidas quatro cordas estreito e comprido com duas ou
duplas, afinadas como as do Violino. mais cordas; e tocador dedilha as
Toca-se com uma palheta apropriada, cordas e bate no Pandeiro, fazendo
e é usado na Italia e na Hespanha, assim um acompanhamento grotes-
onde se conhece pelo nome de Ban- co ás danças e cantos populares.
dola. E’ menor que a Guitarra e maior Este instrumento que ha poucos
que a Bandurra. annos era apenas conhecido na Euro-
pa como objecto de curiosidade, tem
Bandurra.
sido imitado e aperfeiçoado, figurando
Instrumento semelhante á Viola de
hoje nos cathalogos das principaes
tres cordas. Na Russia existe um
fabricas de instrumentos musicos.
instrumento denominado – Bandorra
Armam-os com um bordão e tres ou
– mui semelhante á Bandurra; Tam-
quatro cordas de tripa com a afinação
bem se applica este nome a qualquer
do Bandolim e do Violino, e tambem
com seis cordas como a Viola.

sumário 74
Banza. compridas do que as da Pectis (Ci-
Antigamente era uma especie de Gui- thara pequena), e, por consequencia,
tarra, usada pelos negros. resoava oitava abaixo em relação á
esta. Chamavam-se-lhe por isso tam-
Na linguagem chula e popular, dá-
bem Baynitos, que quer dizer, instru-
-se este nome á Viola portugueza, ins-
mentos de cordas graves.
trumento de cordas de arame, usado
pelos fadistas; tem um som melanco- Barcarolla.
lico e abafado, que torna mais plan- Canção composta e executada pelos
gentes as cantigas que acompanha. gondoleiros de Veneza, subordinada
sempre ao compasso dos remos.
Baqueta.
Tem um accento doce e agradavel; as
O mesmo que Bachetta. Vid.
palavras desta canção são naturaes
Barbarismo. como as proprias convenções por el-
Accorde falso e cacophonico, inad- les usadas.
missivel ao ouvido, e que prova a
Bardismo.
crassa ignorancia de quem o com-
Systema de musica adoptado pelos
põe. Tambem assim se denominam
Bardos.
as liberdades que nos grandes artis-
tas são arrojo, e nos principiantes ou Bardito.
ainda não bastante conhecidos, po- Canto de guerra, usado pelos Ger-
dem ser produsidos pela ignorancia manos; assim denominado por ser
das regras da arte. de composição dos Bardos.

Barbarizo. Bardos.
Confusão de vozés desentoadas, imi- Poetas e sacerdotes antigos e ao mes-
tando á algazarra dos barbaros. mo tempo musicos de muito apreço e
consideração entre os germanos e ou-
Barbitão.
tros povos da antiguidade.
Antigo instrumento, cujo modelo, não
obstante desconhecido, suppõe-se, Baribasso. (It.).
entretanto, era semelhante ao da Lyra. Voz de baixo profundo.

Barbitos. Baripycine.
Especie de Lyra dos gregos. Tinha Nome que, na antiga musica, se dava
nove cordas e era mais alta no ta- a cinco dos oito sons adoptados pelo
manho do que a Cythara média; as velho diagramma musical.
suas cordas eram duplamente mais

sumário 75
Baritenor. (It.) Bas dessus.
Voz de tenor grave, quasi baritono; Entre os francezes, voz de meio so-
tenor baritonado. prano, segundo soprano dos córos.
O cantor que tem esta voz.
Baritono, Barytono.
Voz de homem ou de instrumento Basse.
que fica entre. o baixo e o tenor. A sua E’ o mesmo que tonico; som funda-
clave é de Fá, escripta na 3ª linha do mental.
pentagramma.
Basquaise.
Tambem se denomina baryto no E’ entre os francezes a musica de
um antigo instrumento de doze cor- uma certa dança popular da Biscaia.
das, seis das quaes se tocavam com
arco, como a Rabeca, e seis com os Bass. (All.)
dedos, como á Viola. Este instrumen- Baixo.
to foi inventado em 1700.
Bassa. (It.)
Baritono ou Barytono. Baixa; basso ottava, oitava grande.
Antigo instrumento de arco semelhante
Bassanello.
á Viola baixa, inventado no principio do
Especie de Oboé venesiano.
seculo XVIII, na Italia. Chamava-se-lhe
Viola de bordone. Tinha sete cordas de Baschlussel. (All.)
tripa que se tocavam com arco, e su- Clave de Fá.
pplementarmente algumas de arame
que resoavam feridas com o dedo po- Bassclarinete. (All.)
legar. Este instrumento teve certa voga Clarinete baixo.
no tempo de Haydn, que compoz para
Basse-contre.
elle muitos trechos de musica. Pouco
Baixo profundo entre os francezes.
depois foi abandonado.
Basse de Viola.
Barra.
Nome que os francezes deram anti-
Linha perpendicular ao pentagram-
gamente á Viola baixa.
ma, que serve para divisão dos com-
passos. Basset.
Antigo nome allemão do Violoncello.

sumário 76
Basse-taille. Basson.
Baixo cantante, baritono entre os fran- Chamam assim os francezes ao que
cezes. nós outros chamamos Fagote. Vid.

Bassethron. (All.) Bassonista.


E’ o que os francezes chamam Cor de O tocador de Baixão.
basset, os italianos Corno de bassetto
Basspsaune. (Al)
e nos outros á uma especie de Clari-
Trombone baixo
nete em Fá.
Basstuba. (All.)
Bassêto.
Instrumento de metal inventado na
Instrumento musico Italiano, que nós
Allemanha em 1835 pelos fabricantes
outros chamamos Viola.
Moritz e Wieprecht.
Bassgeige. (All.)
E’ muito usado nas orchestras al-
Viola baixa, Violoncello.
lemãs, constituindo o Baixo dos instru-
Basshorne. (All.) mentos de metal em lugar do Saxhor-
Saxhorne baixo. ne, contrabaixo usado nas orchestras
d’outros paizes.
Bassi. (pl. de basso).
O Bass-tuba, na sua forma primi-
Nome sobre o qual se comprehende
tiva, tem cinco cylindros, está em tom
o conjuncto dos Violoncellos e con-
de Fá; visto que a sua nota mais grave
tra-baixos, em uma orchestra sym-
sem auxilio dos cylindros é o Fá.
phonica.
Pertence por tanto á classe dos
Bassista. instrumentos transpositores.
O que toca Contra-baixo ou Violoncello.
Este instrumento é de um timbre
Bassiste. pastoso claro e de uma grande elasti-
O tocador de Violoncello ou Contra- cidade de som; tam facilmente attinge
baixo entre os francezes. a um poderoso fortissimo, como pode
produsir um pianissimo extremo.
Basso. (It.)
O mesmo que Baixo. Vid. Bastardo.
Denominação que se dá á musica,
Bassoflicorno. (It.)
cujo autor se propõe imitar a outros,
Saxhorne baritono.
adoptando estylos estranhos.

sumário 77
Os partidarios da antiga musi- Baton de pause.
ca franceza chamam bastardos aos Designação dada pelos francezes aos
compositores que primeiro reforma- traços com que se indica o compasso
ram a monotonia do seu canto e a de espera; na musica impressa esses
confusão com que fasiam. traços são verticaes e figuram pausas
de longa ou de breve, representando
Batalha. cada um, quatro, ou dois compassos
Composição marcial, onde se nota a de silencio.
imitação dos acontecimentos que se
dão em um combate. Na musica manuscripta escreve-
-se simplesmente um traço obliquo
Bateria. tendo sobre ponto os algarismos
Termo modernamente criado por al- correspondentes ao numero de com-
guns musicos, para designarem os passos a esperar; os gravadores de
instrumentos de percussão e panca- musica actuaes estão empregando
da, quando reunidos. o mesmo systema, abandonando os
Bateria, é, pois, a reunião dos ins- antigos batons de pause.
trumentos de pancada. Batte.
Bathyphone. (Greg) que dá sons graves.) Maceta do Bombo entre os francezes.
Nome de um instrumento de vento e Battemente.
de madeira, construido por Skorra em Mordente entre os francezes .
Berlim, em 1829.
Batimento.
Este instrumento, occupa na escala
Especie de mordente ou trinado que,
dos sons um lugar analogo ao do Con-
em vez de começar pela nota mais
trabaixo mas mui pouco tempo foi em-
alta, começa pela mais baixa imme-
pregado em certas musicas militares.
diata principal.
Bater o compasso.
Marcar com a mão ou com o pé as prin-
cipaes divisões binarias ou ternarias.

Baton de mesure. Battuta.


Batuta entre os francezes. Palavra italiana, que significa com-
passo, como se vê na expressão á
battuta, que quer diser, a compasso,

sumário 78
encontrada em differentes partituras com o fim de applicar ao solfejo a no-
musicaes desta Nação. menclatura alphabetica dos son.

Tambem assim se chama a vari- Por este systema são as notas


nha com que o regente de orchestra entoadas com as syllabas seguintes:
marca o compasso.
A, B, C, D, E, F, G,
Batyphon. La, Be, Ce, De, Me, Fe, Ge.
Instrumento de metal usado na Rus- Era uma imitação do systema bel-
sia, aperfeiçoado em 1839 pelo fabri- ga intitulado Bocedisação. Vid.
cante Wieprecht.
Bedon.
Consiste n’uma especie de Ophi-
Antiga especie de Tamboril usado na
cleide com boquilha como a do Clarine-
edade media; tinha o fuste muito lon-
te; o som é semelhante ao do Saxopho-
go, de madeira, e o diametro relativa-
ne baixo, e a extenção abrange duas
mente pequeno.
oitavas e meia desde Fá 2 a Si b bemol.
Beduro.
Baxam.
Signal com que, na musica antiga, se
Antigamente Baxão.
procurava nullificar a acção do bemol.
Baylada.
Ben. ou Bene. (It.)
Antigamente Balada: cantiga para
Bem.
bailar.
B fá.
Bec.
Abreviatura de Bfámi.
Boquilha entre os francezes.
Bfami.
Bécarre.
O terceiro signo do systema antigo
Bequadro entre os francezes, .
dos gregos, que corresponde a Mi;
Becco polaco. terceiro de nossa escala moderna.
Especie de Gaita de folle muito gran-
Bellicosamente.
de, de que, em certos logares da Ita-
Marcial, de um modo estrondoso, ar-
lia, usam os aldeões.
rogante.
Becedisação.
Antigo systema de solfejar inventado
na Allemanha por Hitzler (1575-1635)

sumário 79
Bellisono. com a qual as amas ou mães de fami-
Que dá som bellicoso ou marcial. As lias, cantam embalando o berço das
bellisonas trombetas etc. crianças para adormecel-as, tomada
quasi sempre do repertorio popular.
Belloneon.
Instrumento marcial antigo. Presentemente os compositores
francezes dão muitas vezes o titulo
Bemol. de Berceuse, a obras de pequenas
Um dos accidentes musicaes, cujo dimenções, correspondendo mais ou
caracter, em forma de b, (b) se põe menos ao caracter que exige o desig-
adiante de uma nota para indicar, que nio primitivo.
ella deve baixar meio tom.
Bergamasca.
Bemolado. Antiga aria de dança originaria de
O mesmo que abemolado; canto Bergamo.
brando, por effeito do bemol.
Berrar.
Bemolisar. Gritar cantando e forçar o volume na-
Collocar bemoes na clave para mu- tural da vóz.
dar a ordem e o lugar dos semitons.
Bfasi.
Septimo signo do antigo systema
heptachordo. ainda usado no canto-
-chão, que corresponde á nota Si de
Bensoante.
nosso systema moderno.
Sonoro; que um som agradavel e me-
lodioso. Bi.
Antiga syllaba adoptada em fins do
Bequadro.
seculo XVI e principios do seculo XVII
Um dos accidentes da notação musi-
por alguns didacticos para designar
cal, cujo fim é nullificar o effeito pro-
no solfejo a septima nota da escala,
dusido por outro qualquer accidente,
que até então não tinha nome.
sustenido # ou bemol b fasendo voltar
a cantoria ao seu primitivo estado. Bianca.
Nome que dão os italianos á mínima.
Berceuse.
Palavra franceza com que designam
uma canção mui cadenciada e terna

sumário 80
Bicha. Birimbáo.
Em Portugal alguns tocadores de ins- Instrumento formado por dous pe-
trumentos de metal dão o nome de quenos braços de ferro que se ligam,
Bicha, às molas espiraes dos Pistons. arqueando-se, entre os quaes uma
lingueta tambem de ferro que, pren-
Bicinium. (Lat.) dendo-se pela bocca. faz vibrar o ar
Composição a duas partes, especial- e dá um som monotono e sem graça.
mente para o canto.
E’ um grande divertimento dos pe-
Bicordatura. quenos e usado antigamente entre os
Propriedade que tem os instrumentos negros da Costa do Ouro.
de cordas de produsir a mesma esca-
Em França chamam-lhe Guimbarre,
la ou a mesma passagem sobre duas
em Italia Spassapensiero.
cordas differentes.
O berimbáo é de origem Arabe, ao
Bifara. (Antigamente Tibia bifaris) que parece.
Flauta de som duplo.
Bis.
Bilros. Prefixo latino que significa duas vezes,
Dão nome de bilros ás duas baquetas e serve na musica para faser repetir
com que se toca Timbales. a peça que ella findou, dizendo bis
São mui delgadas e flexiveis, feitas aquelle que a executa, e mesmo para
de barba de baleia, de ebano ou buxo. marcar alguma passagem que se
deve repetir duas vezes consecutivas.
Os bilros em italiado denomina-se
bachette e em francez baguettes. Bischero. (It.)
Caravelha.
Binario.
Compasso a dous tempos. Bisar.
Repetir a pedido um trecho de musica
  vocal ou instrumental.

Binion. Biscroma.
Nome que dão os francezes á uma Nome italiano que se dá á semico-
especie de Gaita de folle usada na cheia. Vid. semicolcheia.
Bretanha.

sumário 81
Bisogna. (Ital.) Bluette. (Franc.)
E’ preciso, é necessario. Faisca.

Bisognare. (Ital.) Alguns compositores francezes


Precisar. Da capo sibisogna, desde o dão este nome a pequenos trechos
principio se for preciso. de caracter brilhante e animado.

Bissex. Boaz.
Instrumento semelhante ao Violão, Foi o nome que antigamente deram
inventado em Paris por um musico ao Oboé.
chamado Vanhocke, em 1770, com
Bôcca.
12 cordas, e de oitava e meia de ex-
Nome que dão á uma abertura hori-
tenção.
sontal na parte inferior de um canudo
Bizzarramente, Bizzaria, Bizzarro, de Orgão, a qual deixa cahir o ar que
Termos italianos, que significam – ex- dentro em si contem.
travagancia, capricho etc.
Boccal.
Blanche. Peça metalica, de madeira, marfim, e
Nome que dam os francezes a minima. congeneres, de forma cylindrica, de
cinco a vinte milimetros de diametro,
serve na embocadura dos instrumen-
tos de metal.
Blas-accaordion,
Boccino. (It.)
Accordeon de sopro. E’ um pequeno
Boccal.
instrumento popular da Allemanha.
Bocedisação.
Blasinstrument,
Antigo systema de solfejar inventado
Intrumento de vento da Allemanha.
no seculo XIV pelo compositor belga
Blasmusik, Humberto Waelrant, para destruir o
Os allemães dão este nome á musica processo das mutanças attribuido a
para instrumentos de vento. Guido dÁrezzo, no qual só hávião seis
syllabas, Dó, Ré, Mi, Fa, Sol, La, para
Blechinstrument, representar os sete sons da escala.
Instrumento de metal entre os allemães.
Waelrant substituio essas seis sylla-
bas por sete que ele inventou, a saber:

sumário 82
Bo, Ce, Di, Ga, Lo, Ma, Mi; das qnaes Nos de madeira, como Flauta,
se formou a palavra Bocedisação. Clarinete etc. a bomba é encaixe de
metal posto na peça principal para
O systema de Bocedisação ensi-
unil-a com a outra, e tambem serve
nadona Antuerpia, espalhou-se por
para elevar ou descer a entonação do
toda Flandres e foi imitado na Italia e
instrumento.
na Allemanha.

As mutanças vieram effectivamen- Bombarda.


te a acabar, mas as notas belgas tam- Instrumento de vento e de madeira,
bem não ficaram completamente,pre- muito em uso no seculo XVII; era, se-
valecendo as seis syllabas de Guido; gundo Melcior, da família do Oboe, e
foram porem acrescentadas com a se divide em varias classes.
syllaba Si, que Waelrant fisera Ni e os Tambem se chamava de Bombar-
outros queriam que fosse Bi. da um jogo ou registro de Orgão, mui
forte e de lingueta.
Bocina.
Instrumento de ar semelhante á uma Bombardino,
Trombeta, fabricada em França, se- Diminutivo de Bombardon.
gundo Melchior, em 1680, o qual,
introduzido na Allemanha, foi depois Bombardon,
aperfeiçoado. Instrumento de metal, mui grave e
com cylindros, cujo timbre differe do
Bolero. do Ophicleide, se bem que pertença
Canção popular, usada exclusiva- á mesma família.
mente na Hespanha, a tres tempos,
E’ um instrumento proprio para
cujo caracter è tão original, que em
bandas militares.
vão outros povos o tem querido imitar.

Esta canção, para ser melhor de- Bombilho,


sempenhada, necessita do acompa- Pequeno Bombo usado pelas socie-
nhamento de Guitarra e Castanholas. dades de bandurristas e Sol – e Dó.

Bomba. Bombo,
Nos instrumentos de metal é um pe- Instrumento de percussão semelhan-
daço de tubo a ele unido, que se ajus- te a um grande Tambor.
ta perfeitamente por seus extremos Foi usado a principio somente nas
ao seu todo. bandas marciaes ; hoje,porem, tem

sumário 83
sido admittido com o melhor resulta- Mi Fa Mi, a nota Fa é uma bordadura;
do nas orchestras e até nas operas. em Dó Si Dó, a nota si é outra borda-
dura. Pode ser tambem dupla, triplice
Bombx. e quadrupula, como: em Dó Ré Si Dó,
Instrumento usado pelos antigos o Ré e o Si são bordaduras; em Dó Ré
gregos, e de difficil execução, (se- Si Ré Dó, o Ré Si e Ré são bordaduras
gundo Melcior) muito comprido e tríplices. Chamam-se tambem borda-
provavelmente provido de uma pa- duras os adornos que os cantores
lheta de canna. fazem nas melodias, syn. de floreios.
Boquilha.
Peça de madeira, marfim ou metal,
de formas diversas, que faz parte dos
instrumentos de vento.

As Boquilhas dos Clarinetes e de


mais instrumentos congegeres, teem
mais ou menos, a figura de um bico
de pato, e as dos instrumentos de
metal teem a figura de um cone, fa-
bricados de metal ou marfim.

Da boa construcção das boqui-


Bordão.
lhas depende o bom som e a boa
Nome dos sons mais graves de um
afinação dos instrumentos.
instrumento; as cordas grossas dos
Boquilheiro. instrumentos tambem se chamam
Estojo para guardar boquilhas. bordões, principalmente aquellas que
são cobertas de fio metallico.
Boquine.
Chama-se o boccal postiço da corne- Os antigos davam o nome de bor-
ta, pelo qual se sopra. dões a um Baixo continuo que produ-
sia sempre o mesmo som, como são
Bordadura. os dos tubos largos de uma Gaita.
E’ assim que se denomina uma nota
accidental que se encontra entre no- Bordão.
tas semelhantes, com distancia de Em França dão o nome de bordão,
segunda maior ou menor, como em (bourdon) á um mui grande sino, cujo

sumário 84
som bastante grave se faz ouvir mui Branca. (Voz)
distante. Chamam vulgarmente vozes brancas,
as de soprano e contralto.
Borderie. (Franc.)
Ornato; ornamento. Chamam assim Branda.
os francezes, ao que nós outros cha- Aria curta de dança de caracter alegre
mamos escarcejos. e andamento vivo, usada na Italia, e
na França com o nome de branle.
Bourrée.
Aria de dança, oriunda d’Auvergue, Brando.
que antigamente dançava na côrte. Palavra frequentemente encontrada
Era de duas partes de oito compas- nas composições musicaes, e quer
sos cada uma, em tempo binario. dizer: doce, suave, agradavel ao ou-
vido, sonoro etc.
Boutalle. (Franc.)
Improviso. Termo empregado sobre- Braule.
tudo para designar pequenos baila- Antiga dança franceza de um movi-
dos improvisados, de fantasias ins- mento moderado e de rythmo binario.
trumentaes.
Como todas as danças antigas é
Brabançone. provida de canto e strophe seguido
Hymno nacional dos Belgas. de um estribilho.

Braço. Bravissimo. (Sup)


Traço curvo que abrange dous ou de bravo. Vid.
mais pentagrammas.
Bravo!
Exclamação com que mostra um au-
ditorio a sua completa approvação a
qualquer composição musical que se
tenha executado, instrumental ou vo-
calmente; e particularmente ao instru-
mentista que tiver executado um solo
Braço. com maestria e perfeição.
E’ tambem a parte superior dos ins-
trumentos de cordas dedilhadas, ou Bravura. (Peça de)
de arco, que serve de apoio á mão Aria brilhante e de effeito, que pela
n’esses instrumentos. difficuldade, e extenção que a carac-

sumário 85
terisa, faz sobresahir a habilitação e o Brite-expressive.
genio de quem a executa. Termo de que se servem os francezes,
para designar, na factura de Orgãos,
Bravura. uma sorte de camara separada, na qual
Ousadia, vigor, coragem, animo. encerram um certo numero de jogos.
Cantar com bravura, cantar, em- Os repartimentos desta camara,
pregando todos os recursos da vóz são, em parte, formados de gelosias,
e do talento. de que o organista regra a abertura por
Brazzo. meio de um registro ou pedal especial.
Instrumento de cordas antiquissimo, O som chega ao seu máximo de
que tocava-se com arco. Os Allemães intensidade, quando as gelosias es-
e outros povos chamavam-no Braz, tão inteiramente abertas.
ou Bratsch, segundo Melcior.
Brioso.
Breve. E’ o mesmo que brilhante, animado etc.
Nota ou figura antiga que tem o valor
de dous compassos, e que já não é Bruscamente.
mais uzada. Arrebatadamente; com rudez.

Breve. Buccina.
Ligeiro, rapido etc. Nome que os Romanos Burlesco.
Effeito comico, jocoso, davam a um
Brill. instrumento de metal, cuja forma era
Abreviatura da expressão italiana bril- curva em semicirculo.
lante. Vid.
Chamavam tambem Cornu e delle
Brillante. deriva a Trompa moderna.
Brilhante. Esta palavra, que quasi
Bucoliasmo.
sempre vem precedida da palavra al-
Antiga canção pastoril.
legro, quer dizer que a execução deve
ser rigorosa, viva e animada. Bucsim.
Moderno instrumento de latão com
Brisé.
dous tubos em forma de bomba e de
Entre os francezes, arpejado.
grandes dimensões.

sumário 86
A sua boquilha é de latão, marfim Bujamé.
e congeneres, e sua forma é meio co- Instrumento de sopro usado na Africa
nica e cylindrica. portugueza.

Toca-se mais ou menos como o Buquim.


Trombone de vara, e pertence á esta Instrumento rustico de que se servem
classe de instrumentos, com a diffe- os pastores de alguns paizes para
rença de que, além de outras, a sua guiar os rebanhos.
campana tem a configuração de uma
Os italianos o chamam Cornetino.
serpente, e o seu som é mais abafado
e secco, si bem que mais volumoso. Burlesco.
Effeito comico , jocoso, zombeteiro, etc.
Buffa.
Nome com que se conhece a parte Burletta.
jocosa de uma opera. Os francezes Nome que se dava á uma pequena
chamam opera comica, quando os opera comica, ou farça em musica.
italianos a chamam – buffa.
Busio.
Buffet. Concha univalve dos moluscos gas-
Frontespicio de Orgão, entre os fran- teropodes, de forma retorcida, e da
cezes. feição de corneta, furado na extremi-
dade aguda, donde se tira, soprando,
Buffo.
bastante cheio e forte para ser ouvido
Titulo que se dá ao cantor de operas
á grande distancia.
buffas.
Os antigos fiseram delle um ins-
Bugle.
trumento, que usavam em lugar de
Instrumento antigo, semelhante á
Trombeta.
Trompa, de som bastante desagra-
davel. Hoje entre nós, é bastantemente
empregado para dar signaes de con-
Foi depois melhorando, e hoje os
venção, notoriamente nas fazendas
seus sons são menos asperos, e por
e engenhos do norte da Republica,
isso mais supportaveis.
especialmente; como tambem empre-
O Bugle tem agora o nome de gam-no para chamariz ou reclame dos
Corneta de chave. vendedores publicos de vitualhas.

sumário 87
Os canoeiros e barcaceiros do A Buzina, modernamente adopta-
baixo S. Francisco, como tambem da ás bandas militares, uma especie
do Norte e Manguaba do Estado de de Trombão, cujo pavilhão tem a for-
Alagoas, na simplicidade de suas ma de guela serpente.
crenças, dão a este instrumemto at-
Buzio.
tributos pro videnciaes, acreditando
Trombeta.
que os sons delle vibrados, teem o
poder de attrahir os ventos, quando Buzurk.
em calmaria; pelo que, em suas pre- Um dos deze modos principaes da
cisas viagens, não cessam de o tocar, musica Arabe, cujo caracter é melan-
sempre que o vento lhes falta. colico e triste.
Neste instrumento apenas se po- Os turcos servem-se d’esse modo
dem tirar tres notas distinctas: tonica, em seus romances amorosos, e em
quinta e oitava. suas rogativas funebres.
Buzina.
Especie de Trombeta, forma conica,
de que usavam os antigos romanos
na guerra.

sumário 88
tempos, chamado quaternario
C
C. Esta letra indica o compasso de quatro
e corta-
do transversalmente por uma linha, indica
o compasso denominado Binario , que
não obstante ter quatro tempos, também
é marcado a dous tempos. O C, quando
fóra da pauta, significa – canto. Na antiga
musica, era um signal de prolação menor
e imperfeita.

Ainda o C voltado e seguido de dous pontos,


um sobre o outro, é a clave de Fá mos-
tra que a nota fá se acha na linha que passa
entre os dois pontos.

sumário 89
Cabaleta. ou mal escolhidos, de maneira que
Pensamento ou phrase breve mu- nos molesta e incommoda.
sical, e melodiosa, de rythmo vivo e
Cacophonico.
bem accentuado.
Que encerra cacophonia.
A Cabaleta é um meio de que os
compositores da escola actual, abu- Cadeia.
sam para darem a conhecer o fim da Chamam assim em Portugal os que
peça, e provocar applausos. Esta me- nós outros chamamos – alma –, pe-
lodia ligeira e simples se grava por tal queno cylindro de madeira, que se
modo na memoria, que dá logar a que colloca entre o tampo superior e in-
se ouçam cantar algumas, até mesmo ferior de alguns instrumentos, como:
nos passeios e lugares publicos. o Violino, Violeta, Violoncello e Con-
trabaixo, para sustentar o tampo su-
Caballetta ou Cavatinetta. (It.) perior debaixo da pressão das cordas
Significa pequena aria. e dar-lhes maior sonoridade com a
comunicação vibratoria de todas as
Cabeça de córos.
suas partes.
Na Italia chamam capo deicori ao can-
tor que guia a todas as demais vozes. Cadencia.
E’ uma necessidade, o escolher E’ a terminação de uma frase harmo-
entre os coristas, o melhor musico nica ou melodica sobre um repouso
para guia dos demais, áfim de que musical.
haja mais unidade no canto. As cadencias melodicas podem
dividir-se em cadencias, semicaden-
Cacheiro.
cias, quartos de cadencia, segundo é
Parte superior do braço onde se collo-
mais ou menos marcado o repouso
cam as caravelhas nos instrumentos
que formam, e correspondem aos
de arco, e que tem a forma de cajado.
signaes da pontuação de um discur-
Cachucha. so. Assim depois de uma phrase me-
Dança espanhola ornada de musica lodica, ha um quarto de cadencia que
semelhante ao boléro. corresponde á comma ; depois de
um membro melodico ha uma semi-
Cacophonia. (Do grego Kakos, cou- cadencia, que corresponde ao ponto
sa má; e Phone, som). e comma, ou dous pontos ; e depois
Desagrado que produz em nossos
ouvidos a união de sons discordantes

sumário 90
de um periodo ha uma cadencia, que no accorde perfeito do mesmo salta á
corresponde ao ponto final. septima dominante de outro tom.

Tambem ha na melodia caden- A cadencia rôta se verifica quando


cias interrompidas, e estas se verifi- da 7ª dominante de um tom se pas-
cam quando os periodos, em vez de sa á um accorde perfeito, distincto do
concluir na tonica, saltão de repente que annuncia a expressada 7ª. A estas
á outra nota, e, neste caso, não ha sahidas chama-se tambem enganos,
verdadeiro repouso, e nem finalisa o por que enganam (digamos assim) ao
periodo melodico. ouvido, o qual espera a cahida para
um accorde perfeito correspondente á
As cadencias harmonicas são uns
7ª enunciada, e ouve outro distincto.
repousos que põem termo ás phra-
A cadencia plagal é um repouso no
ses harmonicas. Estas cadencias são
acorde directo precedido do accorde
mais ou menos marcadas, e mais ou
de 4ª directa ou inversa. Regularmente
menos absolutas ; e d’ahi nasce tam-
se faz depois de um accorde perfeito,
bem a divisão de cadencias, semica-
e no fim de um trecho de musica.
dencias e quartos de cadencia.
Chamamos tambem cadencia, no
As cadencias põem termo mais ou
canto, uma flexibilidade da garganta,
menos ás phrases, subdividindo-se
que os italianos chamam trillo, o qual
em cadencia perfeita e cadencia in-
se faz geralmente sobre a penultima
terrompida, cadencia rota e cadencia
nota de um periodo musical, d’onde
plagal. Cadencia perfeita é o repouso
tirou o nome de cadencia.
que se faz no fim de uma phrase sobre
o accorde perfeito na ordem directa, Cadencia.
precedida da 7ª dominante sem in- Qualidade de uma bôa musica, a qual
versão, cahindo o accorde perfeito no dá, aos que a ouvem e executam, um
primeiro tempo do compasso. instincto de compasso, que marcam
A cadencia perfeita chama-se tam- quase sem estudo. Esta qualidade deve
bem authentica, da palavra autentes, ser a principal na musica, para os bailes.
que significa – superior. Para que uma musica seja bem
A cadencia interrompida se verifica cadenciada, é preciso que a harmo-
quando, desde o accorde de septima nia e o rythmo concorram de par a fa-
dominante de um tom, em vez de cahir zer sentir a exactidão do movimento e
do compasso.

sumário 91
Cadenciado. de uma nota á outra ou mais alta ou
Compassado, não forçado, medida mais baixa.
natural.
Antigamente se assignalava este
Cadenciar. adorno com um pequeno colchete;
Marcar bem a medida ou som da hoje, porem, se nota inteiramente,
musica. quando se o quer fazer. A cahida é
uma inflexão da voz, desde o som
Cadencioso. forte a outro mais baixo.
Com cadencia; compassado.
Cainorfica.
Cadenza. Instrumento inventado ha annos por
Palavra italiana, que indica o que se M. Roelling de Vienna, o qual tem a
chama, entre os francezes, punto de forma de uma Harpa grande, com um
organo, e que o compositor deixa ao teclado semelhante a um Piano.
arbitrio do que executa a parte princi-
Para cada corda tem um arco que
pal, afim de que, segundo o caracter
o faz vibrar no instante em que o dedo
da peça de musica, haja os passos
toca a tecla correspondente á ella.
mais convenientes e proprios da voz
ou do instrumento. Caisse. (Vocabulo francez)
Chama-se cadenza, porque ordi- Caixa. Casse claire, caixa forte. Cais-
nariamente, se faz sobre a ultima nota se roulante, caixa de rufo. Caisse pla-
de uma cadencia final. te, tarolla. Gosse caisse. Bombo.

Chama-se tambem arbitrio ou ad- Caixa.


-libitum, pela liberdade que se deixa Tambor cujo diametro é mais ou me-
ao executor para seguir sua propria nos o dos Tambores ordinarios. E’
inspiração e gosto. empregado na musica marcial.
Cadenziado, Cadenziar, Cadenziozo.
Caixa de Guerra.
O mesmo que cadenciado, caden-
Tambor forte.
ciar, cadencioso.
Caixa de Musica.
Cahida.
Instrumento de musica mechanico.
Chamam alguns a um adorno do
Consiste n’uma caixa contendo um
canto ou dos instrumentos, o qual só
cylindro crivado de pontas que, quan-
differe do accento em que este se faz
do o cylindro gira ferem n’uma espe-

sumário 92
cie de teclado composto de laminas Calabis.
d’aço muito finas; um mechanismo Era uma canção e dança, entre os
de relojoaria põe o cylindro em mo- Laconios, que se cantava no templo
vimento, executando assim diversos de Diana, em honra d’essa Deusa se-
trechos de musica. gundo Melcior.

A caixa de musica é um dos mais Calacione.


agradaveis instrumentos de seu ge- Instrumento de tres cordas semelhan-
nero. Produz effeitos picantes de pas- te a um Bandolim, com um braço mui
sagens rapidas, arpejos, etc. O seo largo, usado em Napoles pelo povo
timbre fraco não incommoda. baixo em seus regosijos.
Fabricam-se especialmente na
Calacorda. (Antigo termo de milicia).
Suissa.
Toque especial de Tambor para se dar
Caixa de resonancia. a descarga.
Nome que dão ao corpo principal na
Calamo.
maior parte dos instrumentos de cor-
Nome poetico da Flauta rustica.
das; e tem por fim reforçar as vibra-
ções; da sua conformação depende a Calamaulla.
intensidade do som e em parte o timbre Antigamente chamavam assim a
característico de cada instrumento. Flauta direita simples, cujo tubo era
feito de canna.
Nos theatros e salas de concertos
reservam os constructores um espa- Calando.
ço vasio, ordinariamente por baixo da Esta palavra quer dizer: ir diminuindo
orchestra, para reforçar os sons, que a força do som, desde o forte até o
tem igualmente o nome de caixa de piano.
resonancia.
Ha compositores que empregam
Caixa de rufo. esta palavra, não só para diminuir a
Tambor, caixa surda, de som doce. força dos sons, como tambem para
diminuir a viveza do movimento.
Cal. (Abreviatura da palavra calando).
Com suavidade e progressiva debili- Calandrone.
tação dos sons. Instrumento rustico de sopro, usa-
do antigamente na Italia, especie de
Charamella. A palavra deriva de ca-

sumário 93
landra, que na baixa latinidade signifi- Calinico.
cava cylindro. Musica de dança dos antigos, que se
executava com Flautas.
Calata.
Antiga dança italiana, de andamento Calliope.
tranquillo e rythmo binario. Nome de uma das nove musas, a
qual preside á musica e á poesia.
Calcographia Musical.
E’ a arte de gravar a musica sobre la- Calma.
micompostas de estanho e chumbo, Socego; con calma, com quietação.
ou mesmo sobre outros nas metaes.
Calmato.
Este gravado tem sido geralmen- O mesmo que o precedente.
te adoptado pelos editores de musi-
ca da Europa, para multiplicarem os Calore. (It.)
exemplares de operas e outras peças Calor; con calore, com calor, isto é,
de musica. com energia.

Caldeira. Caloroso.
Especie de bacia com a forma de Execução animada, energica.
meia esphera que constitue o corpo
Calyce.
principal do Timbale.
Canto antigo das mulheres gregas.
Caldeirão.
Cambiata. (It.)
E’ um signo musicalantigo, que se põe
Nota de apogiatura.
sobre uma nota com o fim de suspen-
der as vozes e instrumentos á exe- Campana.
cução, onde quer que seja encontrado. Este instrumento conhecido de todos,
O Caldeirao tem uso muito fre- e redusido ajustas proporções, ou a
quente na melodia e especialmente um tomproprio, foi empregado em
no canto. alguns passos de operas, com muita
propriedade, pelo maestro Rossine,
Modernamente chamamos retar- formando uma especie de pedal, em
do de cadencia, clausula, suspenção, quanto os instrumentos percorrem
firmata, etc. varios accordes, porem é necessario
que esteja no tom da peça de musica.

sumário 94
Campana. Campanello ou Campanille.
Chama-se tambem a parte dos instru- Campanario. Parece que é syn. de
mentos de ar, por onde sae o som. pavilhão chinez.

Campanario harmonico. Campainhas.


Machina inventada em Napoles, no Instrumento de percussão que até ha
anno de 1784, por Domingos Galeota, poucos annos se usava nas grandes
clerigo. Sua forma exterior se parecia bandas militares.
com uma palmeira de 58 polegadas
Cumpunha-se de uma haste de
de largo, 41 de alto e 100 desde a baze
pouco mais de meio metro, seguran-
ao campanario do meio, que tinha ou-
do uma especie de chapéu chinez de
tros dois mais baixos em cada lado.
metal, guarnecido de guisos e campa-
Esta machina continha um Piano, um
nhias. O todo era ornamentado appa-
Clave, dois Violinos. Trompas de caça,
ratosamente com emblemas, caudas
Cornetas, Contrabaixo, Orgão, Timba-
de cavallo, etc. Tocava-se agitando a
les, Pratos e um Campanologo, cujas
haste ou fazendo girar o chapéu, que
campanas estavam dispostas de
era atravessado por um eixo, para que
tal modo que semelhavam-se a um
as campainhas soassem.
Campanario. Os varios instrumentos
de vento que continha, tocavam por Os francezes chamavam chapeau
meio de uns folles se moviam com chinois ou pavilhon chinois.
que pedaes, com os quaes se com-
Campanellino.
binavam varios registros. Por meio de
Pequena Campainha.
tão engenhosa combinação se punha
em acção toda aquella reunião de ins- Campanista.
trumentos com um teclado a gosto de Sineiro, carrilhador.
quem o tocava.
Campanologo.
O todo do apparato apresentava
Singular instrumento composto de
um formoso movel adornado com
uma grande collecção de campainhas
elegantes pinturas, excellentes es-
devidamente afinadas, que os artistas
culpturas e preciosos dourados.
manejam com extrema pericia, execu-
Campanella. tando diversas peças de musica.
Campainha. Em 1865 a 1868, percorreu as prin-
cipaes cidades da Europa e America

sumário 95
uma companhia de musicos, que se das canções, e aos que as cantam ou
intitulavam Campanologos. vendem.

Can-can. Cancionista.
Musica de certa dança franceza de Compositor de canções.
movimentos rapidos.
Cançoneta.
Canção. Diminutivo de canção. Pequena canção.
Composição lyrica em verso,destina-
Cançonista.
da principalmente a ser cantada, e
Vid. cancionista.
dividida muitas vezes em estancias
iguaes, chamada coplas. O uso das Canevas. (Palavra franceza).
canções parece ter uma consequen- Palavras irregulares escriptas em uma
cia natural da palavra, pois é tão an- aria, para servirem de modelo a outras.
tiga e natural, como ella, e parece
fôra inventada, sem duvida, para afu- Cangoéra.
gentar o fastio ou supportar melhor o Especie de Flauta que os indios do
trabalho; taes são nossas arias, fan- Brasil fasiam dos ossos dos finados.
dangos, boléros, romances, as bar-
Canon.
carollas dos venesianos e etc
Na musica antiga era uma regra ou
Todos os povos as teem, dc ca- methodo para determinar as relações
racter que lhes è proprio. dos intervallos.

Canções melismaticas. Dava-se tambem o nome de ca-


Nome que dão a certas melodias po- non ao instrumento por meio do qual
pulares tão naturaes, melodiosas e se encontravam estas relações.
simples que com facilidade gravam-
Em geral se chama sectio cano-
-se na memoria dos que as ouvem.
nis a divisão do Monochordio por to-
As barcarollas dos venesianos, por
dos os referidos intervallos, e cánon
exemplo, são canções deste genero,
universalis ao Monochordio dividido
e cada povo as tem criado do carac-
desta maneira, ou á taboa que o re-
ter que lhe é proprio.
presentava, Vid. Monochordio.
Cancioneiro.
Canon.
Da-se este nome á uma colleção de
E’ tambem uma especie de imitação
canções, e tambem ao que faz a poesia
musical, sujeita a certas restricções,

sumário 96
donde lhe vem o nome de canon, isto Cantar.
è, – regra – . Na accepção mais geral, é formar com
a voz sons variados e apreciaveis; po-
Canon. rem, mais commummente, é produzir
Especie de fuga que se chama perpe- differentes inflexões com a voz, sono-
tua, em que as vozes, partindo umas ras, e agradaveis ao ouvido, com inter-
apóz outras, repetem, sem cessar, o vallos melodicos, admitidos na musi-
mesmo canto. ca, segundo as regras da modulação.
Canone. Canta-se, mais ou menos, de
Antigo modo de se escrever a palavra modo agradavel, segundo se tem a
canon. voz, mais ou menos exercitada; o or-
gão mais ou menos flexivel; o gosto
Canoro.
formado, alem de um perfeito estudo,
Sonoro, suave, harmonioso. Que pro-
a pratica na arte de cantar, para bem
duz um som suave e harmonioso.
expressar os affectos que se devem
Cantado. communicar aos que o ouvem.
Recitado com o canto, e muitas vezes Para se cantar bem não basta ter
tambem com acompanhamento. uma voz bella, posto que esta precio-
sa vantagem seja uma das principaes
Cantador.
qualidades, a qual não pode substituir-
Que canta ; cantor popular.
-se por muita habilidade que se tenha,
Cantabile. é preciso que se reuna á ella a arte de
Cantavel e proprio para ser facilmen- conduzir a vóz, a segurança na ento-
te executado,pela voz. Esta palavra nação, e habilidade de tirar recursos
caracterisa sempre um canto claro e de sua extenção è flexibilidade.
simples.
Para se cantar com perfeição, são
Cantante. necessatias cinco qualidades princi-
Que canta; que é proprio para se can- paes: – 1.ª Uma voz sonora, dôce,
tar; que se canta facilmente. Compo- flexivel, agradavel e de sufficiente ex-
sição cantante, composição em que o tenção; 2.ª Uma exquisita sensibilida-
autor deu principalmente importância de; 3.ª Um gosto apurado; 4.ª Uma
aos effeitos da melodia. Parte cantante, escola methodica e bôa; 5.ª Um ouvi-
a melodica d’uma composição musical. do fino, delicado e exercitado.

sumário 97
Quanto ás qualidades accesorias Cantatilla.
para bem cantar-se, vid. Cantor. Esta palavra italiana é um diminutivo
de cantata; uma cantata mui peque-
Cantares. na. O genero da cantatilla é inferior ao
Canticos, hymnos, cantigas etc. da cantata, pois nella não ha desen-
Cantarina. volvimento de quadros e paixões, e é
Syn. de Cantora e Cantatriz. somente susceptivel de alguma gra-
ça melodica.
Cantarino.
Syn. de Cantor, executor de canto. Cantatriz.
Nome que dão os italianos á canto-
Cantaróla. (Termo chulo). ra ou cantarina do theatro, ou que
Canto desentoado. faz profissão de cantar, mesmo por
curiosidade.
Cantarolar.
Cantar desentoadamente em vóz baixa. Cantavel.
Que pode ser cantado ; digno de ser
Cantata.
cantado; próprio para se cantar. etc.
Da-se o nome de cantata a um pe-
queno poema posto em musica, Cantico.
que em outro tempo se cantava com Hymno poetico, composto em louvor
acompanhamento de instrumentos. da Divindade. Os canticos fazem par-
te da liturgia da religião reformada.
Estas composições, destinadas
á musica de concerto, deviam, não Sua melodia varia segundo as na-
obstante, ter o calor e a graça da mu- ções, as linguas e os usos particula-
sica imitativa e theatral. res de cada Igreja.

Estas cantatas foram abando- Cantiga.


nadas, e em seu logar se compõem Canção; trovas; coplas de arte menor
scenas de ópera, pelo que são ellas para se cantar.
hoje consideradas como verdadeiras
peças dramaticas, theatros, executa- Cantiguinha.
das, não em mas, em concertos. Diminutivo de cantiga; pequena
cantiga.
Vulgarmente chamamos cantata
á uma canção qualquer, e tambem á
uma serenata.

sumário 98
Cantillena. resulta da duração e da successão dos
Palavra italiana syn. de melodia, canção sons, regrada com as leis do rythmo,
ou pensamento musical, que se execu- quer se ache em um instrumento, quer
ta com a voz ou com um instrumento. em uma ou mais vozes.

E’ a menor e mais simples phrase As accepções em que se pode to-


musical que pode inventar, por exem- mar a palavra canto, podem redusir-se
plo um pastor, uma ama ao acalentar ás seguintes: 1.ª Como a união de va-
uma criança no berço, e d’ahi a melo- rios sons imitados pela voz humana ou
dia ou cantiga singella de um gênero pela ficticia de algum instrumento: 2.ª
melancolico e sentimental. Como palavra, que applicada á musica,
indica a parte melodica que resulta da
Os hespanhoes chamam cantile-
duração e da sucessao dos sons, da
na ; e os francezes, berceuse.
qual depende principalmente a expres-
Canto. (col). são para tudo o que fica subordinado :
Quando esta palavra se acha escripta 3.ª Como arte do canto: 4.ª Como uma
na parte de um instrumento, denota das quatro vozes humanas, que cha-
que se deve tocar em unisono com a mamos soprano ou tiple: 5.ª como uma
voz que canta. certa parte de um poema où de uma
composição poetica: 6.ª finalmente
Canto. como um nome de canto applicado, em
Entendemos por esta palavra uma mo- lingua italiana, aos sons agudos de um
dificação da voz humana, com a qual Violino, quando executa uma melodia
se formam sons variados e aprecia- simples, que imita algum trecho da voz.
veis, isto é, capazes de fazer com ella
intervallos mais ou menos distantes. O canto tem tantas outras accep-
ções como tantos generos se conhe-
O canto melodioso e apreciavel é cem, e seu conhecimento se adquire
uma imitação artificial dos accentos pelo estudo de methodos especiaes.
da voz fallante e apaixonada; e como
de todas as imitações a mais interes- Ha canto natural e canto artificial;
sante é a das paixões humanas, as- canto vocal e instrumental: canto sylla-
sim de todas as maneiras de imitar, a bico ou fallante; canto nacional; canto
mais agradavel é o canto. coral; canto Ambrosiano; ou canto-
-chão; canto composto: canto figurado;
Applicado o canto á musica è a canto Gregoriano: canto fugado; canto
parte melodica della, ou aquella que de capella, de estante e profano sacro.

sumário 99
O canto é tão antigo como o fallar e, O canto-chão se chamou tambem
por tanto, tão antigo, como o homem. cantofirmo ou fermo, sobre cujo typo
ensinavam os antigos mestres a com-
Canto ambrosiano. posição; canto coral, canto romano e
Canto ecclesiastico formado por S. canto ecclesiastico.
Ambrosio, bispo de Milão, tomando
por typo os modos Dorico, Frigio, Eo- Canto fermo.
lio e Jonico dos gregos. Expressão italiana, syn. de canto-chão.

Canto-chão. Canto Gregoriano,


Nome que se dá ao canto eccle- Nome que se dá ao canto-chão refor-
siastico que – serve para cantar os mado por S. Gregorio, que viveu no
psalmos, hymnos, antiphonas que se seculo VI. Esta reforma consistio em
usão nas Igrejas Catholicas. ter se juntado aos quatro tons esta-
belecidos por S. Ambrosio, outros
Este canto, tal como subsiste hoje,
quatro mais.
é um resto mui precioso, posto que
desfigurado, da musica dos antigos. Canto Ison ou Igual.
Em principio o canto-chao somen- E’ uma maneira de cantar a psalmo-
te se escrevia em pauta de quatro dia, que consiste em não empregar
linhas. mais de dous sons.

As claves que se empregam no Muitas ordens religiosas não can-


canto-chão, são, unicamente as de tam a psalmodia senão em Ison.
Fá e Dó, de figura dissimilhante das
Canto Parisiense.
que se usam no canto de Orgão.
Especie de canto-chão usado na
A tonalidade do canto-chão diffe- diocese de Paris. E’ mais simples e
re bastante da musica ordinaria, pela menos bello que o canto Gregoriano.
collocação de seus meios pontos em
Cantor.
todas as escalas e em não ser com-
Geralmente se chama assim o indivi-
posta d’um tom maior e do seu rela-
duo que canta; porem especialmente
tivo menor.
se dá este nome ao artista que canta
Ella se divide em oito tons, quatro por carreira ou officio de cantar.
dos quaes se chamam authenticos, e
Tambem conhecemos por este
outros quatros Plagaes, ou Maestros,
nome os que possuem as vozes de
e discipulos.

sumário 100
soprano ou tiple, mezzo soprano ou O cantor, verdadeiramente, gran-
segundo tiple, alto ou contralto, tenor, de, é o que se identifica com o per-
barytono e baixo, e se dedicam a cantar. sonagem que representa, com a
situação em que se acha, e com os
Alem das cinco qualidades de voz
sentimentos que devem agital-o; que
e execução que deve ter um bom can-
se abandona ás inspirações momen-
tor, e que foram explicadas na palavra
taneas, como o teria experimentado o
cantar, do presente DICCIONARIO,
compositor quando escrevera a musi-
deve possuir ainda outras, aquel-
ca que executa, e que nada descuida
le que se dedica verdadeiramente
de tudo quanto possa contribuir ao
a cantar. Julgando esta doutrina da
effeito, não de um trecho avulso, mas
maior importancia na arte, tomámos
de um papel inteiro. O conjuncto de
para este artigo as ideias, que das
todas estas qualidades, constitue o
qualidades de um bom cantor, verte o
que se chama expressão. Vid.
celebre maestro Fetis, em sua «Musi-
ca ao alcance de todos». Jamais haverá perfeito cantor
sem expressão, por mais perfeito que
Este auctor, depois de enumerar
seja o mechanismo de seu canto.
as qualidades geraes de um bom
cantor, se explica nos termos seguin- Cantora.
tes : – «O mais perfeimento de um bom A que canta, ou possue a arte da can-
cantor; mas ainda aqui não está tudo. tar. Syn. de Cantatriz.
A gradação da voz a mais satis-
Cantoria.
factoria, a respiração mais bem regu-
Acção de cantar ; canto execução de
lada, a execução a mais pura dos or-
musica vocal, concerto de vozes, etc.
natos do canto, e, o que é muito raro,
a entoação a mais perfeita, são os Canto syllabico.
meios por onde o grande cantor ex- Canto em que cada nota correspon-
prime sentimento de que está possui- de á uma syllaba.
do, mas são puramente meios; o que
se persuadisse de que nisto se cifram Canudos de Orgão.
todos os quilates da sua arte, poderia Chamam-se os tubos de páo, d’es-
causar ás vezes tranquillo prazer aos tanho, ou metal de forma quadrada,
ouvintes, porem nunca lhes faria ex- cylyndrica ou conica, pelos quaes se
perimentar vivas emoções. introduz o vento que produz o som
n’este instrumento.

sumário 101
Canum. costume de levar bir para a guerra a
Instrumento de cordas semelhante capa de S. Martinho, que tinha sido
ao Psalterio allemão. Tem cordas de soldado. E como tinha-se de celebrar
tripa que se ferem com plectros de a missa na tenda em que se guardava
tartaruga. a capa, chamavam-na por esta razão
– Capella, e Capellao ao celebrante.
Canzone. (It.)
Canção. Nome que se dava princi- Capital.
palmente, nos seculos XV e XVI, a Dão este nome ou epitheto ao tom
um canto profano á muitas vozes, de em que está uma peça de musica,
factura popular, donde se subdividia que modernamente chamamos – tom
em Canzone, Napoletane, Siciliane, principal.
Francesi, etc.
Capo. (It.)
Canzoneta. (Do Italiano, Canzoneta). Chefe, cabeça, principio.
Pequena canção com acompanha-
Capila.
mento.
Vid. Capo-tasto.
Cãosinho.
Capo-tasto.
Pequena canção melodica, popular e
Palavra italiana para designar uma
chula, que se canta ao som da Viola
pequena peça de madeira, marfim
de arame.
ou páo duro, que se fixa nos bra-
Capella. ços dos instrumentos de cordas por
Esta palavra significa, em primeiro lu- meio de um parafuso, fazendo as ve-
gar, o sitio em que se reunem os mu- zes de um cavalête movel, para subir
sicos em uma Igreja; e em segundo a afinação geral do instrumento, um
logar, o corpo o corpo de musicos ou mais pontos.
que a executam; e por extenção to-
Os hespanhoes chamam cejilla ou
dos os musicos assalariados para o
cejita. Os francezes chamam Barre.
cantar e tocar nas Igrejas com o seu
director ou regente, que toma o nome Capricio.
de Mestre de Capella. Capricho. Composição em que o ar-
tista, sem sujeitar-se a nenhum plano
A palavra Capella, dizem que se
determinado na composição, se en-
originou do seguinte modo: Os reis
trega somente á sua inspiração de
de França e seus generaes tinham o
momento e ao fôgo de suas ideias.

sumário 102
Chama-se tambem capricho o Em fim o caracter, da musica é,
trecho de musica que executa um ar- propriamente dito, a philosophia pra-
tista sobre um instrumento, sem sujei- tica da composição.
tar-se ás fórmas estabelecidas.
Sente-se; mas não se explica, e
Capricho é ainda uma expressão melhor demonstra o genio do com-
italiana indicando, que o trecho de positor.
musica que a leva escripta deve fa-
Caracteres da Musica.
ser-se a gosto do executor.
São os differentes signos que se em-
Vem a ser syn. de ad-libitum. pregam para representar os sons e
suas diversas phrases de valor, de
Caracaxá.
tempo, de compasso e expressão.
Vóz onomatopica com que conhecem
Vid. Signos. Notas, etc.
em S. Paulo uma especie de Maracá
com que se entretêm as crianças. Caramillo.
Em alguns estados do norte da Instrumento de vento com boquilha,
Republica, caracaxá vem a ser o mes- semelhante ao Flagiolet hespanhol, de
mo que Gansá. Vid. que usavam antigamente os pastores.

Caracter. Carezzando.
Se diz, em musica, da expressão que Adoçando os sons e ligando-os;
um autor imprime á sua obra,è de unindo-os com suavidade.
conformidade com o objecto para
Caricato.
que a destina. (Vid. Estylo e Expres-
Nome que se dá ao cantor de baixo
sao). Aquelle que quer compor uma
de medianos recursos, que nas ope-
peça de musica,deve ter presente,
ras buffas ou comicas está encarre-
ao escrevel-a, que sentimentos quer
gado dos papeis graciosos, por isso
inspirar a seus ouvintes; se religiosos,
que se o chama búfocaricato. E’ pa-
sua composição deve ser majestosa
lavra italiana.
como as ceremonias religiosas, se-
vera como o dogma e augusta como Carita. (Ital.)
a Religião; si dramatica, ha de pintar Ternura; con arita, com o accento de
todas as situações do actor com pro- ternura e sensibilidade.
priedade; si alegres, deve escolher
tom, modo e movimento mais proprio
para inspirar regosijo.

sumário 103
Carnaval. mais peças sacras são, pela maior
Composição musical de caracter ale- parte, em carta volante.
gre e festivo cujo nome é oriundo da
Castanhetas.
propria palavra que representa.
Instrumento de percussão bastan-
O Carnaval é uma musica com- te usado na Hespanha para marcar
posta especialmente para os festejos melhor o compasso em seus bailes
do carnaval, ao som da qual bailam nacionaes, como o boléro, a jota, o
e cantam os foleoes do Deos Momo. fandango, etc.

Carrilhão. Compõ-se de duas peças conca-


Reunião de sinos afinados em diffe- vas de madeira ou marfim, em forma
rentes tons, de modo que nelles se de duas conchas, que se prendem
possam executar peças de musica. aos dêdos por meio de um cordão que
as une e se batem uma contra outra
Este instrumento produz o som
por meio de certo manejo dos dêdos.
por meio de um teclado semelhante
ao do Cravo, ou por meio de um cy- Seu som, acompanhando outros
lindro posto em movimento com o pé. instrumentos, dá á tocata uma certa
animação, e um caracter alegre e bu-
Tambem se chama carrilhão o
liçoso, pelo que diz o adagio: – Alegre
trecho de musica escripto para este
como umas castanhetas.
instrumento.
Castrado. (Voz do)
Carrilhão.
E’ a voz contralto ou soprano, que se
Moderno instrumento semelhante, na
conserva o homem, que desde meni-
forma, á uma Lyra antiga, composta
no se privou dos orgãos da geração
de umas laminas de aço temperado
para impedir o desenvolvimento phisi-
e afnado em escala diatonica.
co na edade da puberdade.
Toca-se batendo com uma pe-
Os cantores celebres, do secu-
quena baqueta.
lo XVIII, em sua maioria, foram cas-
E’ de um bello effeito nas musicas trados. Este barbaro costume só se
militares, quando bem manejado e a uzou na Italia.
proposito. Parece que teve origem no seculo
XV; porem foi abolido depois que Na-
Carta ou cartina volante.
poleão invadiu aquelle Reino.
Parte avulsa de uma peça de musica.
Os solos, duettos, etc. das missas e

sumário 104
Catacustica. A cabeça é o corpo da nota; a cau-
E’ a sciencia que ensina a theoria dos da é uma linha perpendicular que par-
sons reflectidos, ou aquella parte da te da cabeça e que, indifferentemente
acustica que dá rasão a da proprie- voltada para cima ou para baixo, atra-
dade dos échos. vessa a pauta ou pentagramma.

Depende desta sciencia a contruc-


ção dos theatros e salões de concerto.

Cataphonica. No canto-chão a maior parte não


O mesmo que catacustica. têm cauda, e na musica figurada mo-
derna somente a semibreve não a tem.
Catapleon.
Nome da musica que se tocava em Cauda. (Piano de).
quanto se executava a dança pyrrhi- Piano cuja caixa tem um prolonga-
ca, na qual se elevava o compasso, mento oblongo.
trocando uns com outros os escudos
e as armas. Caudato.
Que tem cauda; notas caudatas, no-
Catastomo. tas que tem caudas.
Antigo nome que deram á emboca-
dura das Flautas. Cavalete.
Peça de madeira em que descançam
Catatropa. as cordas de certos instrumentos,
Palavra que significava – corrida. para as desviar do ponto, e dar-lhes
mais tensão e suavidade, como no
Segundo a divisão de Terpandro,
Violino, Violeta, Violoncello.
era a 4.ª parte do modo citharistico.
Cavaquinho.
Catêrêtê.
Instrumento de quatro cordas, de for-
Especie de batuque que consiste em
ma semelhante á da Viola; mas de
danças lascivas ao som da Viola. E’
muito menos dimensão.
usado entre os negros da Costa.
Cavatina.
Cauda.
Chamava-se assim antigamente as
São as notas ou signaes musicaes
arias curtas de um só movimento e sem
que se distinguem pela cabeça e pela
repetição; porem depois, seguindo
cauda.

sumário 105
a etymologia da palavra, se deu o Figuradamente se diz de quem
nome de cavatina á toda aria que can- tem a voz aguda.
ta um actor ou actriz em sua primeira
Celere.
entrada á scena, de uma ópera.
Rapido; execução ligeira, accellerada.
Os modernos compositores não
têm formas fixas para a composição Celeste.
da cavatina, alem do argumento do Esta palavra que ordinariamente se
poeta, cujo libreto põem em musica, encontra nas musicas de Piano, indi-
as compõem com recitativo ou sem ca o emprego do pedal da esquerda,
elle, e com arbitrarios movimentos ; com o nome francez de jeu celeste.
porem, em geral, as compõem com
Celestino.
a dimensão binaria.
Instrumento de cordas e teclado,
Ha cavatinas que não teem repli- inventado na Allemanha por um me-
ca nem segunda parte, as quaes se chanico chamado Walker, em 1784.
encontram mui frequentemente nos Debaixo das cordas d’este instrumen-
recitativos obrigados. to passava um cordão de seda, que
se punha em movimento por meio de
Caxambú.
uma roda de pedal.
Especie de batuque de negros ao
som do Tambor. Umas pequenas polias postas no
extremo de cada tecla aproximavam
E’ semelhante ao Quinbête, com
o cordão ás cordas, e as fasiam re-
a differença de que este se uza nas
soar com as modificações do cres-
povoações, e aquelle nas fasendas,
cendo e decrescendo.
em Minas Geraes.
Cello.
Cebell.
Abreviatura da palavra – Violoncello.
Antiga denominação ingleza d’uma
Usa-se para indicar a entrada d’este
gavota de movimento rapido.
instrumento.
Cegarrega.
Centone.
Instrumento que imita o ruido do mes-
Deram este nome á uma ópera com-
mo nome.
posta de musica de differentes au-
Serve para certos effeitos na mu- tores. Os italianos chamam tambem
sica imitativa. pasticio.

sumário 106
Centonisar. Chacona.
No canto-chão quer diser compor um Aria de dança, de origem italiana, que
canto de ideias differentes, recolhidas tem um compasso mui pronunciado,
e regradas para uma melodia. e um movimento moderado. De todas
as tocatas de baile, esta tem sido a de
Cercar la nota. (It.) mais extensão, e antigamente servia
Procurar a nota. N’arte do canto; quer de final ás óperas e aos bailes.
dizer dar antecipadamente a nota que
cabe sobre a syllaba seguinte, como A chacona, nascida na Italia e
de ordinario se faz no portamento. adoptada na França e na Hespanha,
já não é mais uzada.

Chacota.
Nome de certa cantiga villanesca, de
caracter alegre e ruidoso.

Chacotear.
Ces. (All.) Cantar chacotas.
Dó b.
Chalumeau.
Cesure. Nome que os francezes dão á Cha-
Os francezes chamam Cesure ao ramela e aos tubos que produsem os
tempo de pausa que para dar um sons, na Gaita de folle.
sentido á phrase musical, o execu-
Chamada.
tante deve fazer sentir, por uma ligeira
Signal com Tambor ou Cornêta. Tocar
separação dos differentes membros
chamada, dar sinal com Tambôr ou
da phrase.
Cornêta.
Chabil ou Khabil.
Chanceleta.
Nome hebraico de uma especie de
Pequena canção : copla.
Flauta mencionado varias vezes na
Biblia. Chanterelle.
Chamam assim os francezes á corda
Chacara. (Do castelhano, siguidilha).
mais delgada dos instrumentos de
Cantiga alegre e festiva, ao som da
cordas, como: no Violino, Violoncel-
Viola.
lo,Guitarra e outros; e por conseguinte
áquella que produz os sons mais agu-

sumário 107
dos, que as demais. A essa corda nòs orchestras dos grandes theatros. E’
chamamos prima (primeira); porque é uma especie de chapéo de latão,
sobre ella que se executa o canto prin- terminado em ponta e guarnecido de
cipal de um trecho qualquer. muitas ordens de campainhas.

Chantre. (Cantor). E’ fixado o chapéo chines sobre


Nos primeiros tempos da Igreja o uma haste de ferro por meio de uma
cargo de chantre era considerado corrediça.
como honorifico e santo, e se con- Quem o toca pega com uma das
fiava aos sacerdotes e aos diaconos. mãos por esta haste e o vibra n’um
S. Gregorio se oppôz a este cos- movimento de rotação,ou o sacode
tume, porque o impedia de dedicar-se fortemente em cadencia, de modo que
ás occupações mais essenciaes de toquem juntamente as campainhas
pregar e distribuir esmolas. nos tempos fortes do compasso.

Nos seculos seguintes se deu a Charamba.


direcção do canto religioso aos sub- Musica de dança popular dos Açores
diaconos e outros clerigos. em Portugal.

O corpo de chantres tem perdido Charamella.


todo seu antigo explendor,e ficou re- Instrumento proprio de musica pastoril.
duzido a um simples cantor de Igreja
E’ uma Flauta delgada que tem o
que disfructa um soldo.
som de tiple mui agudo, de pequenas
Entretanto o chantre é um dos dimensões, e sua escala não chega a
principaes papeis da Capella Musical, duns oitavas.
dedicado ao serviço do culto divino e
das solemnidades religiosas. Vid. Pri- Charamelleiro.
micerio. O que toca ou tange a charamella.

Chapéo. Charamellinha.
Peça espheroidal que tapa a parte su- Diminutivo de charamella. Pequena
perior da Flauta. charamella.

Chapéo chinez. Charanga.


Instrumento de percussão, usado Nome que dão á musica militar exclu-
em musica mlitar, e até mesmo nas sivamente composta de instrumentos

sumário 108
de latão, como: Cornetas, Cornetins, Chegança ou Marujada.
Trompas e outros, sem que entre nella Termo chulo creado pela populaça
os instrumentos de madeira. para designar um bailado ao ar li-
vre, ao som de musica attrahente e
Na Charanga, entretanto, entram,
ordinariamente pelas festas do Natal,
os instrumentos de percussão, como:
sobre um tablado as vezes, imitando
Bombo, Caixa de rufo, Pratos, etc.
um convéz de navio sobre o qual re-
Charivari. presentam, vestidos a caracter, um
Palavra franceza, que designa uma simulacro de combates navaes entre
reunião de tocadores desafinados. Mouros e Christãos.
Corresponde ao que nós outros, cha- Este bailado que constitue um
mamos Pandórga. Vid. grande divirtimento publico é bastan-
Chatzotzeros. temente usado nos Estados do Norte
Nome hebraico da Trombeta sagrada da Republica.
que a Biblia menciona. Cheio.
Chave. Exprime o todo da orchestra em ac-
Nome que se dá á peça, que serve ção. Syn. de tutte. Vid.
para fazer girar as caravelhas em que Chelis.
estão enroladas as cordas de certos Syn. de Lyra, ou especialmente a Lyra
instrumentos, como: a Harpa o Piano, de Mercurio.
e etc., para os afinar.
Na epocha da Renascença, em que
Tambem chamam-se chaves as se ‘affectava imitar á arte grega, deram
peças moveis dos instrumentos de este nome á uma especie de Viola.
vento, por meio das quaes o musico
abre e fecha os orificios respectivos. Chengue ou Keng.
Orgão pequeno portatil usado pelos
Dá-se tambem o nome de chave
chinezes.
ao primeiro signal, que se colloca no
principio da pauta – , porque figura Consiste n’um feixe de tubos de
a chave com que na musica, abre a bambú, cravados n’uma pequena
porta para sua execução. taboa, que cobre a circumferencia
de uma cabaça, tendo cada um, na
Che. extremidade inferior, uma lingueta de
Significa – Que: che apena si senta; metal que produz o som.
que apenas se perceba.

sumário 109
O tocador pega no instrumento Chirimia.
com a mão esquerda, e com a direita Instrumento de vento, cuja emboca-
abre o tubo que pretende fazer resoar, dura é semelhante à do Oboé.
soprando ao mesmo tempo por uma
embocadura collocada no corpo da Chirogymnasta.
cabaça. O numero de tubos do Chen- Apparelho destinado a exercitar os de-
gue varia de trese a vinte quatro. dos ás pessoas que estudam Piano.

Chevrotimente. Chiromontes. (Termo antigo).


Dão os francezes este nome á uma Trinchantes que cortavam as viandas
especie de termulo ou vibrato produ- em cadencia, ao som de instrumentos.
sido pela voz. Chiroplasto ou Chiroplastico.
Os italianos chamam-lhe trillo ca- Instrumento para facilitar o estudo do
prino Piano, por meio de apparelho de me-
6 tal ou madeira, tendo por fim dar uma
boa posição às mãos dos principian-
tes, e bem regular o movimento dos
dedos. Este instrumento foi inventado
Chiarezza. (It).
em Dublain, por Logier.
Claresa ; nitidez; con chiarezza, clara-
mente; perceptivel, etc. Chiste.
Era antigamente uma certa cantiga
Chiavette.
burlesca e obscena.
Nome que na França os musicolo-
gos modernos dão ás claves trans- Chitarra.
portadas. Nome que dão os italianos á Guitarra:
Violão.
Chibante.
Certa musica burlesca e monotona Chitarrone.
executada na Viola de arame. Antigamente os italianos chamavam
assim á Viola baixa; Theorba.
Chica.
Certa dança africana e lasciva, ao Chofre. (De).
som de extravagantes batuques. De repente; de golpe. Dar uma nota
de chofre, é fazel-a sentir de passa-
gem, e quando o accorde vae passar
a outro differente.

6 Esta imagem encontra-se neste verbete no material original.

sumário 110
Choir organ. Chorodidascalio.
Nome que deram primitivamente na Maestro dos córos entre os gregos, o
Inglaterra, a um pequeno Orgão, com- qual batia o compasso, e ensinava a
prehendendo mui poucos jogos fortes dança e o canto.
e destinados a acompanhar os córos.
Chroma. (Greg. Cór)
Choradinho. Syn, de meio tom chromatico, isto é,
Especie de toada musical, ao som o intervallo que separa um som da es-
da qual dançam o Landu ou Lundú. cala fundamental (som não alterado)
E’ tambem o nome de uma das varie- do som do mesmo nome alterado por
dades dos bailados, a que chamam um accidente. Exemplo.
samba.

Chorado.
Tocado ou cantado em tom plangente.
Chromametro.
Choral. (Canto).
Instrumento destinado a facilitar a
Especie de canto religioso; socieda-
afinação do Piano aos que não estão
de que se reune para cantar córos.
habituados. E’ composto de um pe-
Choreion. queno corpo sonoro, com um longo
Nome de um baile particular entre os cabo dividido em semitons, e com
antigos. uma corda, na qual se faz correr um
pêso movel, como um capo-tasto,
Chorica. (Termo antigo). que varia as entoações, segundo as
Flauta para acompanhar os dithiram- disposições do cabo.
bos, eatre os antigos gregos.
Uma tecla de tamanho ordinário
Chorion. faz mover um martello, que bate na
Nome de uma canção dedicada corda e esta sôa. Foi inventado em
á mãe dos deuses, inventada por 1827 por M. Roller.
Olympio Frigio.
Chromaticamente.
Chorodia. De uma maneira chromatica, isto é,
Musica executada pelo côro. por semitons.

sumário 111
Chromatico. Crotta.
Na antiga musica dos gregos, era o Instrumento uzado antigamente na
modo particular de dividir o tetrachor- Inglaterra, ao qual chamavam os in-
do, ou a quarta, isto é, o intervallo de glezes Crowde.
dois tons e meio em um semitom;
Não podemos firmar uma discrip-
um outro semitom e um trisemiton
ção segura sobre a natureza d’este
(terceira maior).
instrumento pela inverosimilhança
Na musica moderna, é um genero que encontrámos nos auctores que
que procede por semitons, consecu- consultámos; pois que, uns dizem
tivos, e onde as modulações são fre- ser instrumento de arco, outros po-
quentes e rapidas. rem, de sopro.

Antigamente destinguiam-se três Chula.


generos de musica: o diatonico, o Musica lasciva; profana.
chromatico e o enharmonico. (Vid.
estas palavras). Hoje já não se fasem Churumbella.
essas distincções, porque a musica Instrumento muito semelhante á Chi-
actual é um entrelaçamento continua- rimia; porem de menores dimensões.
do dos tres generos antigos.
Cifrado. (Baixo).
Chronomerista. E’ aquelle que na parte da musica, con-
Quadro ou apparelho indicando to- têm os accordes designados por cifras.
das as decomposições possiveis do
Cifras.
compasso.
São os numeros, que se põem emci-
Chronometro. ma ou debaixo das notas do Baixo,
Instrumento apropriado para determi- para indicar, ao que acompanha, os
nar a medida do tempo em musica e accordes que devem levar; assim: 2
indicar as diversas modificações do significa uma Segunda, 3 uma Tercei-
vagarozo e do apressado. E’ syn. de ra, 4 uma quarta, etc.
Metronomo. Vid.
Cinelli.
Chronos protos. Escala de pequenas campainhas, to-
Entre os gregos significa a menor uni- cadas por baquetas.
dade de tempo.

sumário 112
Cinismo. Circumvolução.
Tocata que se executava antigamen- Termo de canto-chão.
te, com Flauta, e uma dança, que, a
E’ uma especie de periclesis que
seu som, se bailava.
se faz introdusindo entre a penulti-
Cinnara. ma e ultima nota da entoação de um
Instrumento uzado pelos Romanos, canto, outras tres notas a saber: uma
que se julga ser o mesmo que a Har- mais alta e duas mais baixas que a
pa, porque Cinnara é tradução de ultima, as quaes se ligam com ella e
Kynnor ou Kynnar, que no texto he- formam um contorno de terceira an-
breu da Sagrada Escriptura indica ser tes de pronuncial-a.
a Harpa de David.
Cithara.
Cinór ou Kinnor. Alguns autcres pretendem que este
Instrumento de musica dos Hebreus. instrumento é o mais antigo que se
O Cinór era feito de madeira, tinha conhece, baseando-se em que Tubal
uma forma triangular, e as suas cordas é appellidado na Santa Escriptura por
eram feitas de intestinos de animaes Pater Canentium Cytharoe: porem se-
estendidas ao longo do instrumento, gundo o texto hebreu, é muito obscu-
e o numero d’ellas era muito variado. ra esta significação.

Outros attribuem sua invenção a


Ciranda.
Appollo.
Nome de uma toada cantata musical
ao som da qual bailam, e cantam em Antigamente este instrumento era
seus divertimentos, as moçoilas e os uma pequena Lyra que se chamava
folgazões. tambem Chelys, a qual se tocava com
os dedos, sem plectro.
Circolomezzo.
Expressão italiana, que significa um A Cithara, tal como se usa na Hes-
signo de adorno, que corresponde, panha, é um instrumento, se melhante
em abreviatura, a umas notas peque- á uma Guitarra pequena, cujas cordas
nas que antecedem á uma nota real. em ordem triplices são metallicas, e se
E’ um signal de convenção que tem afinam, começando pela mais baixa
a semelhança de um S. deitado. que é o terceiro sol do Piano, da forma
Syn de Grupetto. seguinte: Sól, Ré, Si, Sól, Ré, Mi.

sumário 113
Entre os camponezes ainda se Os sons são produzidos por uma
usa este instrumento que tocam com colleção de timbres, cujos martellos
uma penna ou cousa equivalente. são expellidos por um cylindro que a
manivella faz, girar.
Citharedo.
Cantor. E’ tambem o nome de registros
nos orgãos antigos.
Citharedico.
Da Cithara. Clarão.
Pequeno Clarim, usado na musica da
Citharista, idade media. Era uma oitava alta do
Musico que toca Cithara, e tambem o clarim ordinario.
que toca Lyra.
Chama-se tambem clarão um
Citharistico. fogo de palheta de estanho, que se
Que pertence á Cithara, musica ou emprega nos orgãos de França e dos
poesia propria para ser acompanha- Paizes Baixos e mesmo no nosso.
da pela Cithara. São como a oitava do jogo da mesma
especie, chamado Clarim.
Este genero de musica, de que fa-
zem inventor a Anphion, filho de Jupi- Clarim,
ter e de Antiope, tomou mais adiante Instrumento de metal e sopro, de som
o nome de lyrico. claro, agudo e tymbre marcial.
Este instrumento, que em princi-
Citharoides.
pio servia para a guerra, foi depois
Nome que deram os gregos á uma
introduzido nas orchestras.
canção que acompanhavam com a
Cithara, ou á uma tocata propria para Como a trompa, o clarim podia
este instrumento. mudar de tom por meio de tubos su-
pplementares chamados tons. Um
Clangor. inglez, chamado Halliday adoptou ao
Som de Trombeta. Clarim as chaves : (Vid. Bugte) e com
este melhoramento mudou a natureza
Clangozo.
do instrumento; mas o melhor meio de
Que imita o som de uma Trombeta.
que hoje se servem, é o dos pistons,
Clarabella. que permittem fazer todas as notas da
Instrumento de manivella, invenção escala chromatica, em sons abertos.
allemã recentissima.

sumário 114
Clarina. Estas differentes construcções
O Fabricante Allemão W. Hechel in- de clarinetas foram imaginadas, para
ventou em 1891 uma especie de cla- que cada uma pudesse tocar nos
rineta de metal para as bandas mili- tons mais favoraveis á sua entona-
tares, á qual poz o nome de clarina; ção, produzindo os sons mais puros
este instrumento é uma imitação do e sonoros. Assim a Clarineta em Dó
saxophone soprano em sib. é propria para os tons de Dó e Fá; a
de Sib para os de Sib e Mib ; a de Lá,
Clarinéta. para os de Lá e Ré; e a de Si natural
Instrumento de sôpro de madeira, para os de La e Mi naturaes.
composto de cinco peças de buxo,
ebano ou granadilha terminando em Por muito tempo a Clarineta só
pavilhão vasado, e que se toca por teve tres chaves; mais tarde, porem,
uma boquilha, á qual se adapta uma teve doze.
palhêta de canna. O tubo é guarneci- Muller a completou, dando-lhe tre-
do de chaves e buracos que servem ze; emfim, M. Sax Filho, lhe deu vinte
de modificar as entoações. e quatro. As Clarinetas de mais curtas
A Clarinêta tem sons mais graves dimensões se chamam, entre nós, Re-
que a Flauta e o Oboé, e uma exten- quintas porque sôam uma 5.ª mais alta.
ção maior que a deste instrumento, Para sua extensão, classes e de-
pois abrange quase quatro oitavas mais explicações, veja-se a palavra
desde o mi, terceiro espaço da clave Requinta, no seu respectivo logar al-
de Fá e percorre uma escala diatoni- phabetico.
ca – chromatica até o Dó mais agudo.
A Clarineta é de invenção de João
As clarinetas se constróem de Christovão Donner, fabricante de ins-
quatro tons e dimensões differentes, trumentos em Nuremberg, no anno
a saber: Clarineta em Dó, que toca de 1690.
em unisono com os violinos; em si be-
mol, especialmente para as bandas Clarinete.
marciaes ; em Lá para as orchestras; Registro dos orgãos modernos que
em Si natural, si bem que seja de um se obtem reunindo os jogos de Flauta
bellissimo effeito por seus sons limpi- ao do Clarim.
dos, se faz todavia, mui pouco uso.
Clarinetista.
Musico que toca a clarineta.

sumário 115
Clarino. (Ital). Clave.
Syn. de Tromba – Trompette nome que Instrumento de teclado de figura qua-
se dava outr’ora, na Allemanha, ao drilonga, montado de cordas de aço
trompette a solo agudo. feridas por umas laminas de cobre,
collocadas nos extremos de cada tecla.
Clarioflute.
Instrumento de manivella, invenção Este instrumento substituiu aos
Allemã com tubos flautados, como os que usaram os orientaes chamades
realejos antigos. Chanonpsalterio, etc. Ignora-se a
época fixa de sua invenção. Alguns
Clariophone. dizem que e do seculo XV, outros, po-
Instrumento de manivella semelhante rem firmam ser de data anterior.
ao anterior com a differença de não
ter tubos. Clave.
E’ uma figura ou signo musical, que
Claron. serve para determinar nome das no-
Termo antigo. Clarim. tas da escala, e tambem manifestar
a relação que devem guardar entre si
Clarone basso. (Ital).
as vozes e instrumentos.
Clarinete baixo.

Classicos. (Autores).
Applica-se esta palavra,em musi-
ca,aos maestros d’arte, que são au- Antigamente chamavam claves as
toridades n’ella; que sobresahem na letras que se collocavam no principio
sciencia theorica e pratica, dando- de cada pauta ou pentagramnia, com
-nos modelos a imitar. as quaes se signalavam os sons da
escala.
Chama-se tambem classicas as
composições que teem sido consi- Na musica moderna, porem, te-
deradas como obras primas d’arte, e mos tres claves differentes, que estão
que se tem adoptado para servir de á uma 5ª de distancia, uma das ou-
modelo no ensinamento da mesma. tras, a saber: a de Fa a mais baixa de
todas; a de Dó uma 5ª mais alta que
Clausula. a primeira, e a de Sol uma 5ª mais alta
Vid. Cadencia. Phrase etc. que a segunda ; convindo observar
que, por um costume mui antigo, a

sumário 116
clave se colloca sempre sobre a linha, não só para o fim que deixamos dito,
e não no espaço. como tambem para quando quiserem
transportar a clave.
A variedade de vozes deu origem
ás claves distinctas, as quaes escrip- O uso tem querido até agora que
tas no principio do pentagramma, in- o 1.º tiple, ou a voz de soprano se es-
dicam que canto das notas pertence a creva na clave de Sol ou na de Dó na
tal ou qual voz; assignando-se a clave 1.ª linha; o segundo tiple nesta ultima
de Fá para as vozes e instrumentos clave ou na de Dó na 2.ª linha; o con-
graves; a de Dó para as vozes ou ins- contralto na de Dó na 3.ª linha, o te-
trumentos medios, e a de Sol para as nor na de Dó na 4.ª linha; e houve um
vozes ou instrumentos agudos. tempo em que a voz média entre o
baixo e o tenor, chamada barytono, se
A Clave de Fá pode ter duas si-
escrevia na clave de Fá na 3.ª linha.
tuações no pentagramma, a saber:
na 3.ª e na 4.ª linha. Seja-nos permittido uma conside-
ração Diz Melcior “Uma das causas
que mais embaraça a vista e a intelli-
gencia em uma partição ou partitura,
A de Dó pode ter quatro situações a á a confusão que resulta da multidão
saber: na 1ª, 2ª, 3ª, e 4ª linha. A de Sol de claves, que se usam no canto e
pode ter duas situações, na 1.ª e 2.ª li- na instrumentação, até nos familiari-
nha. Destas claves, a de sol na 1ª linha, sarmos com a algaravia que resulta
é absolutamente dispensavel, porque de tantas claves e de tantas notas de
o Sol que cahe nesta linha é o mesmo egual som, em differentes posições.
representado pela clave de Fá na quar-
Não resta duvida, que depois de
ta e que o faz cahir na mesma, deven-
muitos annos de pratica, chega-se
do-se observar somente que as notas
por fim a adquerir certa facilidade
da clave de Sol na 1.ª linha se acham
em conhecer as diversas relações de
á dobrada oitava das da clave de Fá.
umas claves com outras; mas, não se
A clave de Fá na 3.ª, posto que mui pode negar a confusão que d’ahi re-
pouco usada, não é inteiramente dis- sulta a um discipulo de composição,
pensavel, porque serve para encontrar para vencer esta difficuldade: Se que-
a tonica no espaço da 1.ª para a 2.ª remos caminhar para a simplificação
linha, e mesmo porque importa, que da arte, devemos eliminar todas as
os cantores com ella se familiarisem,

sumário 117
difficuldades pueris, para não occu- Esta materia não necessita mais
pamo-nos mais difficil. demonstração.

Observando-se a extensão de um Clave-Viella.


Piano de sete oitavas ver-se-ha, que Um fabricante de clavicordios, de Pa-
somente com as duas claves de Fá ris, querendo dar aos instrumentos de
e de Sol na 4.ª e 2.ª linha, se executa teclados a faculdade de sustentar os
uma extenção, de sons no grave e no sons, como nos de arco, propoz-se
agudo, que quasi nenhum dos instru- a vencer esta difficuldade, inventando
mentos conhecidos alcançam, o que em 1717 um instrumento, ao qual deu
prova que, em rigor, estas duas claves o nome de Clave-Viella, porque se pa-
são sufficientes para todas as vozes e recia com uma Viella posta sobre uma
instrumentos. meza e produzia um som semelhante
E na verdade! Porque o tiple e o te- á mesma ou á Gaita Zamorama. Este
nor não se poderão escrever em uma instrumento foi approvado pela aca-
mesma clave, suppondo-se esteja uma demia de Sciencias.
voz para a oitava de outra? O mesmo
Clavecim.
dissemos do baixo e do contralto.
Antigo instrumento formado de uma
E não se tenha receios de que caixa, de madeira, contendo um ou
d’ahi venha cacophonia ou mal sonan- muitos teclados e cordas metallicas,
cia; pois que cada voz cantaria em seu duplas ou triplices.
proprio tymbre, do mesmo modo que
O Piano moderno não é outra
uma Flauta e um Flautim tocando uma
cousa que o Clavecim aperfeiçoa-
mesma nota em uma mesma clave,
do, ferindo as cordas com o auxilio
suppondo-se esteja uma voz para a
de pequenos martellos enfeltrados
oitava de outra? O mesmo dissemos
differindo apenas do Clavecim, que
do baixo e do contralto.
traz na extremidade posterior do te-
E não se tenha receios de que clado uma lamina de madeira cha-
d’ahi venha cacophonia ou mal so- mada martinete, a qual é armada de
nancia; pois que cada voz cantaria uma pequena ponta de penna de
em seu proprio tymbre, do mesmo corvo que tambem fere as cordas. A
modo que uma Flauta e um Flautim principio foi elle modificado para dar
tocando uma mesma nota em uma lhe, como ao orgão, timbres e jogos
mesma clave, e neste caso o Flautim differentes; e ainda se aperfeiçoou o
dará a oitava da Flauta.

sumário 118
mechanismo, chegando-se successi- Clavi-Lyra.
vamente ao estado actual do Piano. Nome de um instrumento do mesmo
genero que Clavi-harpa, inventado na
O Clavecim não era conhecido
Inglaterra por Batemam em 1830.
antes do século XV; parece entretan-
to, ter sido inventado na Italia. Clavi Oboé.
Antiquissimo instrutrumento, que não
Claveciniste.
é mais usado.
Cravista, tocador de cravo entre os
francezes. Clavi-Orgão.
Instrumento muito harmoniozo, que
Clavicembalo.
tem cordas como o Piano e Flautas
Vid. Cymbalo.
ou Canudos como o Orgão.
Clavicitherio.
Clavi-Cylindre.
Instrumento de cor das de tripa, postas
Este instrumento de teclado da for-
em vibração por meio de uns pedaços
ma de um clave viu-se em Paris pela
de bufalo, movidos por teclas. Este ins-
primeira vez em 1806. Seu inventor,
trumento, como a Virginal e o Clavi-Cor-
o physico Chlandim, guardou o se-
dio nasceu da imitação do Alaúde.
gredo de sua construcção, vindo a
Clavicordio. descobrir-se mais tarde. Seu mecha-
Instrumento de sopro fabricado de la- nismo consistia em certo numero de
tão, inventado em Paris, por um fabri- cylindros metallicos, os quaes faziam
cante chama do Grischard em 1829. mover uns arcos e produziam os sons
por meio de teclas.
Sua construcção é mui semelhan-
te a do Clarim de Pistons sua exten- Parece que não teve acceitação.
ção é de mais de duas oitavas.
Clavi-Zinco.
Clavi-harpa. Instrumento de teclado e cordas me-
Este instrumento das do genero da tallicas, hoje abandonado e e substi-
Harpa com cordas de tripa verticaes, tuido pelo Piano.
que se faziam resoar por meio de um
Clef.
teclado. Foi inventado, em Paris, por
Chave entre os francezes.
M. Dietz em 1812; porem não teve ac-
ceitação.

sumário 119
Clepsiangos. sendo parte essencial da peça, pode
Nome que davam os gregos aos ins- as vezes supprimir-se.
trumentos que não eram de seu Paiz,
Codetta.
segundo Aristoxenes.
Diminutivo de Coda; pequena Coda.
Climax.
Codonophone.
Deram este nome ao canto em que am-
Instrumento que serve para a imita-
bas as vozes procedem por terceiras,
ção dos sinos no theatro. O codo-
subindo e baixando diatonicamente; é
nophone é uma especie de armario
também um canto que se repete mui-
contendo vinte e cinco tubos de di-
tas vezes seguido e ascendendo de
versas dimensões, sobre os quaes
cada vez um tom. Tambem se dá este
batem outros tantos martellos,postos
nome a um certo genero de Cánon.
em acção por meio de teclas.
Cloca.
O tubo maior tem 1m e 40 cm, e o
Nome que deram antigamente se-
menor 60 cm, podendo qualquer tubo
gundo Polux, aos tocadores de Flauta
que pese dois kilos, produzir o som
pouco destros.
de um sino de 80 kilos.
Côco. Este instrumento ideiado por Mr.
Nome impropriamente creado pela Gailhard, foi depois aperfeiçoado por
populaça, para designar uma dança Mr. Lacape.
e musica, chula brasileira, ao som da
qual se exhibe a plebe em seus re- Cogliarco. (Expressão italiana)
gosijos, dançando de modo buliçoso com os arcos Cogl instrumenti, com os
com requebros e meneios indecen- instrumentos.
tes, e sobordinado á monotonia de
Coiduepedali. (Expressão italiana)
um batuque de palmas e castanho-
com os dois pedaes.
las. E’ uma verdadeira imitação do
Lamdú ou Lundum. Coincidentes. (Tons)
Chama-se tons coincidentes, aos que
Coda.
têm as escalas compostas dos mes-
Comprehende-se por esta palavra
mos sons, mas, reprezentados por
italiana, o remate nas peças de musi-
outras notas. Dasse-lhes tambem os
ca, porque a palavra, códa, significa
nomes de homophonos, synonymos e
Cauda ou terminação. A coda, não
enharmonicos.

sumário 120
Colascione. Colcheia.
Antigo instrumento de cordas dedi- Nota de cabeça prêta com cauda e
lhadas, usado na Italia e em França um pequeno traço em forma de gan-
no seculo XVI e XVII. Era uma especie cho na extremidade da cauda.
de Guitarra com duas ou trez cordas,
Vale a metade de um tempo ou
tendo as costas convexas como o
parte de um compasso.
Bandolim e o braço comprido como o
Tambor dos Arabes. Davam-lhe tam- Collachon.
bem o nome de Guitarra mourisca. No Entre os francezes, instrumento de
principio do seculo passado ainda se corda semelhante a Mandolina e to-
em Napoles alguns musicos ambu- cado com ella por meio de um media-
lantes tocando Colascione. dor. Seu uso é, sobretudo, espalhado
no Sul da Italia.
Col ou Colla.
Significa – com; colla parte, com a Os italianos chamam Calascione
parte; colla voce, via com a voz. – ou – Colascione.

Col-canto. Colorir.
Quando esta palavra se acha escrip- Pitar com côres convenientes.
ta na parte de um instrumento, de- E’ applicavel ao compositor e ao exe-
nota que deve tocar junto com a voz cutante, que dispõem de diversas
que canta. gradações do som, para bem colorir
a musica, o colorido musical é a alma
Colcheia. da execução.
E’ o nome da musica de certa toada
mui popular, composta e executada Colophonia.
á Viola de arame ou Guitarra, e de Resina preparada para esfregar as
origem plebéa. Esta musica que mo- sêdas do arco nos instrumentos, que
dada á uma poesia pobre e singela o tem para lhes dar prêsa sobre as
de conceitos, apesar disto tem uma cordas.
suavidade de côr e um vago de con-
Col-larco.
tornos que na rusticidade do meio de
Com arco. Esta expressão italiana,
sua creação, faz entretanto a delicia
que ordinariamente se encontra de-
dos que a ouvem.
pois da palavra Pizzicato, quer dizer
Não tem arte, mas tem sentimento. que é preciso de novo tomar o arco
para a execução que se segue.

sumário 121
Collinet. E’ incontestavel que uma tocata
Nome popular que dão os francezes em sustenidos terá um colorido mais
ao Flageolet ou Flauta rustica. brilhante, que a mesma em bemóes,
effeito que resulta da comma, no que
Combrio. excede a escala de uma, para a escala
Com força e viveza. da outra.
Come. Isto explica a razão, porque os tons
Significa como: come sopra. de sustenidos são mais brilhantes, que
os de bemóes.
Comma.
E’ a nona parte de um tom. ou uma Comarchios.
das nove partes em que elle se divide. Antigamente era um canto com
Este pequeno intervallo de que se não acompanhamento de Flautas.
pode fazer uso na musica pratica, os
theoricos são obrigados a dar conta Come-sopra.
d’elle, no calculo das proporções ma- Expressão italiana, que commumente
thematicas da escala musical. se encontra em partituras. Quando se
encontra em uma parte ou no fim de
Um tom que corresponde a nove um trecho de musica, quer dizer que
commas, se divide em semitom maior se tem de repetir a parte já ouvida.
e semitom menor: semitom maior é o
que comprehende cinco commas, e Comirs.
semitom menor, o que compreende Nome que deram antigamente a uns
quatro, da maneira seguinte: de Dó a farçantes, que tocavam varios instru-
Dó# vão cinco commas; que chama- mentos, e cantavam as obras dos dos
mos, um semitom maior; e de Ré a Ré trovadores. Na França succederam
2 vão quatro commas, que chamamos, aos histriões, e se lhes deram tambem
um semitom menor. os nomes de bodoques e bufões.

Disto resulta uma desharmonia nas Commodo.


escalas musicaes, que, si bém que Palavra italiana, que ordinariamen-
identicas nos instrumentos de teclado, te se encontra precedida da palavra
se ouvem distinctas em uma reunião de Allegro, para indicar, que não se tem
instrumentos. de tornar o compasso tão vivo como
indica dita palavra.

sumário 122
Commutação. A duração igual de cada tempo se
Quando duas partes harmonicas se compõe de notas que passam com
trocam entre si, fazendo a parte in- mais ou menos rapidez, á proporção
ferior passar a superior e viceversa, de seu numero, ás quaes se dá dif-
chama-se commutação das partes. ferentes fórmas para assignalar sua
distincta duração.
Compar.
Que vai a par de outro, Tom compar, Temos na musica moderna dois
é aquelle que acompanha outro, que compassos fundamentaes que se
lhe é correlativo e correspondente. chaniam perfeito e imperfeito.

O compasso perfeito, consta de


Compassado.
quatro partes iguaes, o compasso
Esta palavra é applicavel a certas par-
imperfeito consta sómente de trez.
tes do recitativo, que não se dizem li-
vremente e sem compasso. O compasso perfeito, que tam-
bem se chama Quaternario, se repre-
Compassinho. senta com um C depois da clave, e
Detença que se faz no meio do com- este compasso serve de typo e pon-
passo, com um geito da mão, para to de comparação para os demais
dar tempo á voz. compassos que se uzam na musica
Compasso. moderna. Tomou-se por unidade do
E’ a divizão ou duração do tempo em compasso a semibreve, cujo va-
partes iguaes, bastante largas, para lor é de um compasso inteiro, egual
que o ouvido possa apreciar e subdi- em duração a quatro seminimas;
vidir a quantidade, e bastante curtas por conseguinte, os demais compas-
para que a ideia de uma não se apague sos,são somente uma fracção do dito
antes que vôlva á outra e que se deixe compasso, cujo numerador é a quan-
sentir a igualdade. Serve, pois, o com- tidade de seminimas que entram no
passo para fixar a medida e o valor, que compasso proposto, e cujo denomi-
em uma peça de musica, teem as fi- nador expressa as partes em que se
guras musicaes. Cada uma das partes temdividido a unidade musical ou as
iguaes de que se compõe o compas- figuras que se tomam porcompara-
so, se subdivide em outras aliquotas, ção, cujo numero seja suficiente para
chamadas tempos, que se marcam formar um compasso perfeito. Vamos
pelo movimento da mão ou do pé. demonstrar esta doutrina para melhor
comprehensão. – Quando queremos

sumário 123
compor em um compasso ternario, O gráo de lentidão ou velocida-
cujo valor, nas figuras, seja um tem- de do compasso depende do valor
po por cada nota, nos valeremos da das notas de que se compõe, e do
fracção 3/4 isto é, temos de pôr em movimento que se expressa no prin-
cada compasso tres semínimas cipio dos trechos de musica, como
do valor das quatro notas que entram são: Adagio, Largo, Andante, Allegro,
no compasso perfeito ou quaternario. Presto e das modificações que delles
se fazem ou ainda do movimento do
Se neste compasso ternario qui-
chronometro ou Metronomo. Vid.
zermos diminuir o valor das notas, po-
remos 3/8, isto é, tres notas em cada Compiacevole. (Ital).
compasso, das quaes, no compasso Agradavel, graça e amenidade na
perfeito ou quaternario, entram oito, execução.
isto é, trez colcheias.
Complainte.
No compasso 12/8 entram doze
Palavra franceza que designa uma
notas em cada um, das que, no per-
especie de Romance popular de
feito ou quaternario, entram oito, e
um genero pathetico. Este pequeno
como neste entram oito colcheias,
poema é ordinariamente a narração
colcheias, serão tambem as que en-
de uma historia lastimosa, que se su-
tram neste compasso.
ppõe feita pela propria personagem.
Do compasso perfeito ou qua-
Complemento.
ternario, e do imperfeito ou ternario,
Complemento de um intervallo é a
nascem outros compassos derivados
quantidade que lhe falta de sons para
delles, que se notam com uma frac-
chegar á oitava, assim: a 2ª e a 7ª, a
ção, como no compasso ternario 3/4.
3ª e a 6ª, a 4ª e a 5ª, são complemen-
Do compasso perfeito nascem tos da outra.
oito derivados, a saber: – 2/4, 6/4,
12/4, 6/8, 12/8, 16/8, 6/16, 12/6. Do Complemento-harmonico.
compasso ternario ou imperfeito nas- São os sons que completam os accor-
cem os derivados seguintes : – 3/1, des, depois de dispostos e coordena-
3/2, 9/4, 3/8, 9/8, 9/16. Todos estes dos, segundo as regras da harmonia,
compassos se marcam a dous, trez os dous primeiros. Estes podem ser
e quatro tempos. o tiple, o contralto, ou o tenor com o
baixo. Si as duas primeiras vozes ou

sumário 124
sons são o tiple, o baixo, o contralto Comporta.
e o tenor formarão o complemento: si Modinha popular que se canta á Viola.
é o contralto e o baixo, as vozes com-
Composição.
plementares serão o tiple e o tenôr; e
E’ a arte de inventar e escrever cantos
si é o tenor e o baixo, o serão, o tiple
melodiosos, acompanhando-os com
e o contralto, de forma que o baixo
uma conveniente harmonia; em uma
deve ser uma das vozes primitivas
palavra, é fazer uma peça de musica
que tem de ser contrapontadas. Cha-
completa em todas as suas partes.
ma-se também Complemento-har-
monico a addição dos instrumentos O fundameuto da composição é
de vento ao quartetto a que serve de o conhecimento de todas as regras
fundamento; isto é, depois de bem da harmonia, postas em pratica;
dispostas e harmonisadas as partes mas não basta saber collocar to-
de Violinos, Violetas e Baixos. A este dos os accordes, preparar e salvar
complemento chamam os italianos as dissonancias, encontrar o baixo
Ripieno, e os francezes remplissage. fundamental, e outros conhecimen-
tos menores; tão pouco é sufficiente
Completorium. (Lat).
conhecer o caracter e extensão das
A ultima das canonicas da tarde, ou
vozes e instrumentos, os passos de
o conjuncto dos cantos, (psalmos,
facil ou difficil execução n’elles, ter
hymnos) etc, que a Igreja Romana
um intimo sentimento dos differentes
prescreve para este officio.
compassos e das modulações, para
Compunium. applicar um e outro opportunidade, é
Instrumento inventado em 1820 por mister ainda mais, encontrar cantos
um mecânico hollandez, chamado Wi- novos e bellos, capazes de commo-
rkel, o qual guardou o segredo de sua ver e de expressar o espirito da letra e
invenção e com elle morreu. Dizem a ideia do poeta.
que, por meio de uma combinação A composição por suas fórmas,
admiravel, improvizava variações dif- se devide em vocal e instrumental, ou
ferentes, quasi ao infinito, tornando-se em ambas reunidas.
ele um orgão notavel pela sua belleza.
Uma composição para voz ou
Compor. instrumento com acompanhamento
Acção de inventar musica e de a es- de outras vozes ou instrumentos se
crever, segundo as regras da arte. chama Sólo: Uma composição á duas

sumário 125
vozes, levando juntas ou alternativa- Compustura.
mente a melodia, se chama duo. Se Termo antigo. E’ syn. de composi-
a composição é a trez vozes, se cha- ção. Vid.
ma tercetto; si a trez instrumentos, se
Comprimario.
chama trio. Se é á quatro partes, sejam
Chama-se aquelle que substitue a um
vozes, sejam instrumentos, se chama
primeiro papel, seja de soprano, de
quartteto: si é a cinco, quintetto; se á
contralto, de tenor ou baixo.
seis sextetto e assim por diante.

A composição em seu genero se Comus.


divide tambem em musica sagrada, Nome de uma musica de baile entre
musica dramatica e musica de con- os antigos.
certo, ou de salão.
Con.
A composição da musica sagrada, Significa Com Con expressione: com
como são as Missas, Psalmos, Hym- expressão.
nos, etc. deve ter um caracter simples,
magestoso, e solemne, e que inspire Con-anima.
uncção e reconhecimento. Com alma, com brio, com esplendor,
com um caracter brilhante, etc.
A musica dramatica é susceptivel
de abraçar uma composição com toda Con brio.
especie de adornos e floreios, e desde Syn. de con anima. Con brio, isto é,
o mais pathetico até o mais alegre. com força e viveza.

A musica de concerto ou de salão Cone d’apel. Buzina entre os fran-


que consiste em differentes tocatas cezes.
para dois ou mais instrumentos em
Con Expressione.
cantatas, romances, arias, duos e trios
Com expressão, ou com sensibilida-
compostos para ser cantados em cer-
de e doçura.
tas occasiões, é de um genero de com-
posição que abraça a todos os demais. Con moto.
Com andamento decidido; com calor
Compositor.
e agitação.
O que compõe musica, e sabe as re-
gras da arte para fazel-a. Concertado.
Palavra italiana que

sumário 126
significa um estylo severo chamado tempo e com difficuldade, nos outros
de Capella. instrumentos.

Concertante. Concertino.
Syn. de Concertista. Nome que se dá na Italia ao primeiro
Violino de um theatro, tocando a solo
Concertante. e que tem a seu cargo executar os
Se diz de uma peça em que as diffe- Solos, ou obrigados escriptos por elle.
rentes partes brilham alternativamen-
te; um duo ou trio concertante; uma Concertista.
symphonia concertante etc. Chama-se áquelle que toca ou can-
ta uma peça difficil em um concer-
Concertare. to, ou ao que toca, a solo, qualquer
Concertar. Exercicio que duas ou instrumento.
mais vozes ou instrumentos fazem si-
multaneamente, afim de que a execu- Concertmeister. (All).
çao da peça venha a ser mais unifor- Nome que os inglezes dão ao primei-
me, mais egual, e aprezente a mesma ro Violino, á solo, de uma orchestra,
forma e a mesma expressão. quando o violinista assume as func-
ções de chefe da mesma.
Concertina.
Instrumento moderno de folle, de in- Concerto.
venção e fabrico de Weathstone, de Composição musical expressamente
Londres. Este notavel instrumento preparada, para fazer sobresahir o ta-
comprehende dois do mesmo nome lento de um instrumentista, em quan-
em um só, cada um dos quaes, tendo to outros o acompanham; ha concer-
notas ao uníssono, e dando ao toca- tos de Violinos, Pianos, Flantas, etc.
dor a faculdade de executar – Duos
Concerto de Camara.
e melodias com acompanhamento,
Expressão Italiana, com a qual desig-
dão resultados impossiveis de obter
naram, outr’ora, um concerto acompa
sem nenhum outro instrumento de
Inhado somente por um Basso.
sua classe. A combinação das cha-
ves dá tanta facilidade á execução, Concerto grosso.
que uma pessoa que não saiba musi- Antiga expressão Italiana que signifi-
ca, pode adquirir uma perfeição, que cava um concerto, em que varios ins-
não conseguirá, senão com muito trumentos acompanhados por toda a

sumário 127
orchestra tocavam juntos. Hoje cha- Conjuncção.
mam os Italianos concertone. Termo antige. Corda commum, a dois
tetrachordos consecutivos.
Concertstück.
Nome que os allemães dão á um con- Conjuncta.
certo, de um só movimento, e este livre. Nome que os antigos deram ao acci-
dente, que applicavam no canto por
Conclusão. necessidade de consonancia, obri-
Syn. de Cadenza. Vid. gando-os a uzar de vozes, que os
Concordancia. signos não tinham.
Consonancia das vozes: harmonia Conjuncto.
das vozes e sons. Intervallos conjunctos são aquelles,
Concordante. que se acham dispostos entre si de
Chamam os francezes á uma voz inter- tal maneira que, de um som a outro,
media, entre o Tenor e o Baixo, vóz que só haja a distancia de uma segunda,
nos e os italianos chamamos – Baryto- quer maior, como a de Dó a Ré, quer
no. E’ tambem syn. de harmonico. menor, como a de Mi a Fá.

Marchar por gráos conjuncto,


Conduzir a vóz.
quer dizer – marchar diatonicamente.
E’ coordenar tão perfeitamente, quan-
to seja possivel os movimentos da Con-octava.
respiração na emissão do som, e de- Palavra mui frequentemente empre-
senvolver o poder deste tanto quan- gada nas musicas de Piano e que
to o supportem o tymbre do órgão a quer dizer – com oitava superior, se a
conformação do peito, sem chegar indicação é feita na parte superior das
até o esforço, que faz degenerar o notas; com oitava inferior, se aparece
som em grito. E’ syn. de Portamento. por baixo dellas.

Con expressione. Consequente.


Com expressão. Este epitheto italia- Nos Cánones, fugas e demais trechos
no posto no principio de uma peça de musica em que entra a imitação,
de musica, ou em alguma passagem chama-se consequente, a parte que
della, adverte, que se ha de tocar ou se segue á primeira chamada antece-
cantar com uma sensibilidade parti- dente, e que imita, nota por nota, o
cular, e mui marcada. canto e o movimento. A’ primeira par-

sumário 128
te os italianos chamam guia; os fran- significação desta palavra se concre-
cezes, motivo, proposição, petição; e ta em demonstrar a reunião de dois
á segunda, resposta ou replica. Na ou mais sons, cujo intervalo é agra-
Hespanha chamam tambem guia ou davel ao ouvido.
antecedente á primeira parte, e con-
As consonancias se dividem em
sequente à sua resposta; nomes que,
perfeitas ou justas, e em imperfeitas.
com propriedade, expressam a mar-
cha das vozes e seu reciproco officio. São consonancias perfeitas aquel-
las, que não se podem alterar sem
Conservatorio. deixar de ser consonancias, como
Na Italia, dão este nome ás escolas são, a 4ª, e 5ª e a 8ª, e são imper-
publicas de musica e tambem ás ca- feitas, aquellas que se podem alterar
zas fundadas e mantidas por particu- com um semitom, ou serem maiores
lares, nas quaes são admittidos os ou menores sem deixar de o serem,
meninos expostos, orphãos e filhos com a 3ª e a 6ª.
de paes pobres, onde são mantidos,
vestidos e ensinados gratuitamente. Consonante.
Chama-se, o intervallo que dá uma
Destas escolas ou conservatorios
consonancia. Um accorde consoante
tiram os theatros e as Igrejas, os pro-
se compõe de sons consoantes.
fessores que necessitam.
Consonantemente.
Consólo.
Com consonacia, harmoniosamente.
E’ a parte superior da Harpa, que en-
cerra a mais complicada porção do Consonar.
mecanismo dos pedaes e na qual se Ter consonancia.
acham fixadas, as caravelhas. Tem a
forma de um S deitado. Consono.
Consonante, harmonioso.
Consolante.
Expressão agradavel e persuasiva. Contagem.
Os executores chamam contagem, a
Consonancia. qualquer numero de compassos de
Segundo a rigorosa etymologia da silencio.
palavra, é o bom effeito produzido
por dois ou mais sons ouvidos ao Contra.
mesmo tempo: mas commumente, a Antigamente se déu este nome á parte
que nós outros chamamos contralto.

sumário 129
Esta palavra adoptada pelos italia- principios do seculo 18, afim de dar
nos applica-se ás vozes destinadas a mais robustez ao Baixo das orches-
fazer harmonia com outra, ou digamos tras. O primeira que se introduziu na
melhor, contra outra. Contra, é tambem opera foi em 1700 e o tocou um mu-
um grosso tubo de Orgao que produz sico chamado – Monteclair. O contra-
um som mui profundo e que regular- -baixo, em França, Italia, e Hespanha
mente se toca com os pés. só tem trez cordas mui grossas, que
se afinam por 4.ª nas duas ultimas na-
Contralto. ções da fórma seguinte: – Lá – som
Palavra que nos veio da Italia e que mais baixo; Ré, corda do meio; Sol,
quer dizer, um tymbre de voz entre o corda mais aguda. Os francezes o
tiple ou suprano e o Tenor. Os italianos afinam por 5.ª da forma seguinte: –
deram o nome de contralto á voz dos Sol – som mais baixo: Ré, corda do
castrados. Nós outros chamamos meio, e Lá –corda mais aguda. O
contralto – á voz de mulher, que tem Contra-baixo allemão tem quatro cor-
um tymbre mais baixo que o tiple, e das, afinadas por 4.ª desta fórma : Mi,
damos a mesma denominação á som mais baixo: Lá, corda que segue;
voz de um homem, que, tendo-a cla- Ré as medianas e Sol a mais aguda.
ra, pode lavantal-a até umas cordas Este Contra-baixo tem a vantagem de
mais altas que o Tenor. fazer mais facil a execução de certos
Contextura. passos. O Contra-baixo é presente-
O tecido da fórma porque estão reuni- mente o fundamental das orchestas,
dos os elementos de que se compõe se que o possa substituir outro qual
um obra musical. qualquer, pois, não ha igual jança e
instensidade.
Contra-basso.
Jogo de orgão, cujos canudos são de Contra-canto.
16 ou 32 pés. Nome que antigamente davam ao
que, até então, se chamava – con-
Contra-basso. traponto, e também – discanto, as
Instrumento de cordas, o mais baixo regras do contra-ponto.
e corpulento da familia dos Violinos,
com os quaes se parece em sua fór- Contra-dança.
ma, posto que suas dimensões sejam Especie de dança, que succedeu a to-
gigantescas. Inventou-se na Italia, em das as danças antigamente uzadas, e
que se executa por pares. As muzicas

sumário 130
das contradanças são regularmente, ma motivo ou canto firme, como era
em compasso binario, de caracter ale- d’antes. A cantoria, que se dispõe em
gre e brilhante, em melodia simples. contra-ponto com a primeira se cha-
ma – contra-motivo ou contra-intento.
A palavra contradança veio do
inglez Cuntrydance, que significa – Contra-parte.
dança campestre. Parte de composição em contrario á
outra, particularmente nos – duetos.
Contra-fagotte.
Instrumento mui semelhante ao Fa- Contra-Pontista.
gotte, porem de maiores dimensões. Musico que sabe as regras do con-
Este instrumento é de difficil execu- tra-ponto.
ção, e da os sons com lentidão, pelo
O Contrapontista, em sua verda-
que só se escreve para elle as notas
deira accepção, é aquelle, que pos-
do Baixo-fundamental, afim de dar
sue as regras grammaticaes da arte,
mais força ao Baixo de harmonia.
a combinação dos sons, sua parte or-
Para se o tocar, necessita-se de thographica, finalmente, o que não se
um peito forte e robusto. occupa de outra cousa mais, senão
de sua parte scientifica. O compositor
Contra-fuga.
differe do contra-pontista, porque es-
E’ aquella, cuja marcha é contraria a
tuda os meios de dar, á sua composi-
de outra, antes estabelecida.
ção, um merito esthetico, adornando-
Contra-harmonia. -a com quantas bellezas tem a arte,
Nome que se da á uma especie de sem que se julgue, por isto, capaz de
proporção harmonica. ser bom compositor, ignorando as re-
gras do contraponto.
Contra-intento.
O mesmo que contra-motivo. Contra-ponto.
E’ a arte de escrever a musica com
Contra-motivo. as regras ou leis tradicionaes dos an-
E’ o que antigamente se chamava – tigos, e as que a experiencia demons-
contra-parte. trou posteriormente, que agradavam
Quando se compõe um contra ao ouvido.
ponto a duas vozes, a primeira que Sua origem vem do modo de
se estabelece, como typo, se cha- notar a musica na idade media, em

sumário 131
que se escrevia com pontos no pen- por uma voz, emquanto que as outras
tagramma. harmonisavam dito passo de differen-
tes maneiras.
Contra-ponto-dobrado.
E’ o contraponto, susceptivel de ser Contra-ponto-saltado.
invertido. Nesta composição, era prohibido
mover as vozes por movimentos con-
Contra-ponto-florido. junctos.
E’ uma composição em que o autor,
sobre um accorde dado, emprega, Contra-ponto-simples.
com livre elecção e gosto, quaesquer Contra ponto que não é susceptivel
figuras nas notas e duração nos sons, de inversão.
nas vozes e nos instrumentos.
Contrario. (Movimento).
Contra-ponto-fugado. No contra-ponto, chama-se movimen-
Contra-ponto que consta de imita- to contrario, quando as vozes mar-
ções, canones e outros artificios. cham em sentido opposto; isto é, uma
caminhando até o agudo e outra des-
Este Contra-ponto é o que as mais
cendo até o grave.
das vezes, se emprega nas partições
das operas, symphonias, quartetos e Este movimento é o mais harmo-
outras peças. nieso de todos e deve-se empregar
com preferencia, afim de evitar as 5.ª
Contra-ponto-inverso. e 8.ª, seguidas, que se prohibem em
Especie de composição systematica toda classe de contrapontos.
em que, uma ou mais partes se exe-
cutam as avessas e em movimento Contra-senso.
contrario, quando outras se fazem Chama-se o defeito, em que pode
ouvir em movimento recto. cahir o compositor, que não se cinge
ao sentido da lettra, que traduz musi-
Contra-ponto-ligado. calmente.
Era, entre os antigos, uma composi-
ção, na qual se prohibiam os saltos Contra-sentido.
de 3.ª e 4.ª, etc. Chama-se o vicio, no qual incorrem
os compositores e instrumentistas,
Contra-ponto-obstinado. quando compõem ou executam um
Neste, não se admittia mais que um trecho de musica em sentido diferente
só passo repetido continuadamente d’aquelle que lhe é proprio, ou dão um

sumário 132
pensamento distincto do que devem compositor que, se apropria de pas-
expressar, como por exemplo :Compor sagens inteiras de outros autores, e
uma musica religiosa com caracter de as faz passar por suas.
drama lyrico, produzir com brilhantes
Copista.
sons as palavras tristes, e ao contrario,
Chama-se aquelle que faz o officio
dar, ás mesmas modulações, oppos-
de copiar musica; chama-se ainda
tos sentimentos etc. Ha Contra-senti-
copista ao individuo, que plagiando
do, sempre que não se observam as
um trecho qualquer de outro autor, o
regras d’arte e os preceitos de uma
copia e o faz passar como se effecti-
critica illustrada, ou que haja um trans-
vamente fosse elle de sua invenção.
torno philosophico nas composições.
Copla.
Contra-tempo.
Estrophe que se canta n’uma melodia
O ouvido exige, que todos os repou-
de andamento animado.
sos musicaes caiam no tempo forte
do compasso, e que todos os accor- Copophone.
des, que chamam, por assim dizer, Singular e moderno instrumento com-
a outros dissonantes ou não, caiam posto de uma caixa sonora de forma
n’um tempo fraco. A infracção desta quadrilonga, onde se veem dispostos
regra é o que se chama em musica, em fileiras, uma, duas ou mais col-
marchar a contra-tempo. lecções de copos de chrystal, devida
mente afinados pela maior ou menor
Contra-Tenor.
quantidade d’agua que se lhes deita
Quando principiaram a uzar do con-
com o auxilio de uma pequena serin-
traponto, deram este nome á parte
ga apropriada. Os seus sons de um
que depois se chamou simplesmente
tymbre mui limpido, doce e chrysta-
– Tenor.
lino, se fazem ouvir pela simples fric-
Contra Thema. ção nas suas bordas com os dedos
Phrase de acompanhamento que se bem limpos de ambas as mãos do
introduz nas fugas, para formar, com tocador, levemente pulverisadas com
o thema, um contraponto dobrado, rezina (collophonia). Este instrumen-
susceptivel de ser invertido. to, simples em sua primitiva forma, é
entretanto de um bellissimo effeito,
Copiar. quando bem manejado por um artista
E’ transcrever uma musica ou trecho habil, levando ainda a vantagem de
della, e é tambem o plagiato de um

sumário 133
poder ser executado á uma, duas, aos bordões, que são cobertos de fio
trez e a quatro mãos. E’ mui proprio de arame, e que servem para os sons
para salões. graves dos instrumentos de cordas.

Copophonia. Cordas neutras.


Musica de copophone. Classificação que deram os Gregos
á aquellas que são communs a dois
Copophonista. generos.
O tocador de copophone.
Cor-de-basset.
Corda. Instrumento de vento e de madeira,
Pode-se tomar como syn. de tom, ou semelhante á Clarineta, de forma cur-
como a extenção de uma voz ou de va, e que se toca da mesma maneira.
um instrumento. Temos tres cordas, a
saber: – baixa, media e aguda. Seu som é doce, cheio e proprio
para passagens patheticas. Usa-se
Quando uma peça está escripta regularmente nos – solos; porque faz
demasiado alta, ou baixa para uma um bellissimo effeito e se acha entre
voz dada, dizemos – não está em sua a Clarineta e o Fagotte.
corda.
Foi inventado em 1770 por Pas-
Cordas. saw, na Baviera. Tem quatro oitavas
As cordas dos instrumentos são fei- completas e sua musica se escreve
tas de fios retorcidos, fabricadas de na clave de Sol.
tripas de carneiro.
Cordier.
Estas cordas são proprias de Nome que os Francezes dão á peça
instrumentos de arco, como Violino, de madeira, sobre a qual estão fixadas
Violeta, Violoncello, Contra-baixo, etc. as cordas dos instrumentos de arco.
bem como dos que se tocam dedi-
lhando, como a Harpa, a Guitarra e Cordometros.
outros semelhante. Ha ainda cordas, Instrumento para medir a grossura das
que produzem sons por meio do cho- cordas, e para manter a afinação de um
que, que são de metal, de aço para instrumento com igual grau de força.
as altas, e de latão para as baixas,
Côr dos Sons.
servindo estas para o Piano e os de-
Algumas vezes se toma esta expres-
mais instrumentos de sua especie.
são, como syn. de tymbre.
Da-se tambem o nome de cordas

sumário 134
Corêto. aço construido em forma de forquilha,
Pequeno côro para exhibição de mu- cuja vibração da um som, que serve
sica, em pavilhão ou palanque arma- para pôr no mesmo tom todos os ins-
do nas praças, para alguma festa ou trumentos. Ha coristas que produzem
cerimonia publica. um som de Lá e outros um de Dó;
mas isto é indifferente. Se o conhece
Cor-Inglez. tambem com o nome de Diapason.
Este instrumento de vento é uma mo-
dificação do Oboé e se pode consi- Cornamuza.
derar como o contralto d’este. Foi Instrumento antiquissimo, composto
invenção de um italiano chamado de uma pelle de carneiro, que se en-
Ferlendis de Bergamo, no principio che, como uma bexiga e deixa sahir o
do seculo XVIII. ar por trez tubos, um dos quaes tem
buracos para variar os sons.
Devido ás suas grandes dimen-
sões foi precizo, para facilitar sua exe- Pensamos ser o mesmo que a
cução, dar-lhe uma forma encurvada, Gaita de folle.
como a que tem. O Cor-ingles tem
Cornamuza.
um som pathetico e proprio para os
E’ uma Trombeta larga, que, no centro
movimentos lentos. E o que mais se
do seu comprimento, tem uma rosca
aproxima da voz humana. Sôa uma 5ª
mui grande.
mais baixa que o Violino, e seu tom
natural é o de Fá. Em um estylo reli- Corneta.
gioso ou melancolico, produz um ex- Instrumento de ar, assim chamado,
cellente effeito, pois que, a differença porque, na sua forma primitiva, tinha
de seu tymbre, faz um feliz contraste a semelhança de um corno, tal como
com os demais instrumentos de uma uzavam o Romanos.
orchestra. Regularmente se emprega
tocando á solo, e sua musica se es- A elle succedeu o Clarim. Vid.
creve na clave de Dó, na 2ª linha.
Corneta.
Corista. Jogo de Orgão, composto de quatro ca-
Nome que se dá ao homem ou mu- nudos, que soam juntos em cada nota.
lher, que toma parte nos córos que se
Corneta de Chave.
cantam nas operas. Tambem se dá o
E’ uma modificação do antigo Clarim
nome de corista a um instrumento de
ou Corneta.

sumário 135
Esta nova invenção deve-se, se- Cornetin de Pistons.
gundo dizem, a um Inglez, que lhe Foi este instrumento inventado por
pôz o nome de Hornbugle. Os Fran- Henrique Staclzel, e é tambem da
cezes chamam – Bugle, e os Italianos familia do Clarim, mas de som mais
– Tromba. agado que este.

A principio este instrumento uza- Tem todos os sons de uma escala


va-se somente nas musicas militares: maior de duas oitavas com os seus
porem hoje já se o tem introduzido semitons. Os ha de trez cylindros,
nas orchestras de theatro. Conheceu- com sete tons em Sib, e em Dó.
-se varias cornetas de chave.
Cornêto.
Corneta de Piston. Outro instrumento da familia do Cla-
Depois que os fabricantes apuraram rim, que produz um som mais volu-
seu invento na construcção das Cor- moso que o Cornetin. Os ha de trez
netas de chaves, adoptaram os pis- cylindros em Sib, e em Dó.
tons, que são uns tubos rectos, ter-
Cornitromba.
minando em botão, por meio de cujo
Instrumento musico e guerreiro, de
mechanismo produzem-se todos os
som forte, e da especie de Tromba ou
sons da escala.
Tuba retorcida.
Aquelles tubos moveis introdu-
zem-se em outros, que estão unidos Côro.
ao instrumento,fazendo-os subir e Presentemente damos este nome a um
baixar com os dedos da mão direita trecho de musica, disposto em comple-
para emittir sons. ta harmonia de vozes, acompanhadas
de toda uma orchestra. Antigamente
Corneteiro. chamou-se – gramcoro (grande córo)
O tocador de Corneta. para destinguil-o de outro chamado –
pequeno coro, que somente se com-
Cornetin.
punha de trez partes. Designa-se tam-
Instrumento de latão, da familia do
bem com este nome a parte da Igreja,
Clarim, de som mais agudo que este,
onde se canta o officio divino, que é
de forma circular e de uma emboca-
separado da que se chama – nave.
dura semelhante ao instrumento, do
qual procede. Corona.
Vid. Caldeirão.

sumário 136
Corpo de voz. Cracoviana.
A voz humana tem differentes graus Musica de dança. de caracter festivo
de força e de extensão. Quando se na Cracovia, Cidade da Polonia.
trata de força, chama-se – corpo de
Cravelha.
voz, ao numero d’ellas, e quando se
Vid. Caravelha.
trata da extensão, chama-se – volume.
Cravista.
Corpo sonoro.
Pessoa que toca Cravo.
Da-se este nome a tudo que produz
sons, como: uma corda tendida, um Cravo.
sino, um canudo de Orgao, etc. Instrumento de teclado e cordas de
arame, que se toca com pennas ou
Corrente.
martellos; é maior que a Espinheta.
Aria de dança em compasso ternario,
usada antigamente nos bailes. Cravo de martellos.
Ja cahiu da moda. Instrumento que podemos conside-
rar, como a origem do Piano, cuja in-
Corridas. (Fazer). venção, deve-se a um manufactor de
Passar rapidamente as notas em um Paris, chamado Mario.
compasso com modulação agradavel.
Crembala.
Coriphêo. Instrumento entre os antigos, seme-
Nome que antigamente davam os lhante a umas Castanhólas, o qual se
Gregos ao chefe dos coristas que tocava com os dedos.
batia o compasso, e ainda hoje se
dá este nome ao principal cantor que Cres.
dirige os córos nas Operas. Abreviatura da palavra Crescendo.

Corybantes. Crescendo.
Segundo a Mytologia, Padres de Palavra italiana, que se colloca debai-
Cybelle, que dançando ao som do xo das notas musicaes para denotar,
Tambor, adoravam á Deusa. que o som dellas deve augmentar
insensivelmente de intensidade, en-
Couplet. (Palavra franceza) tre o piano e o forte. O crescendo e o
Copla de comedia. decrescendo são matizes mui bellos,
uzados opportunamente, e quando se

sumário 137
executam com uma gradação insensi- Cronometro.
vel; porem é mister muita igualdade e Vid. Chronometro.
união para que tenha um bom effeito.
Crotalos.
Crivo. Instrumento de percussão antiquis-
E’ uma prancha com buracos, que simo, feito de madeira, e tambem de
serve para sustentar os canudos do ferro, mais ou menos semelhante aos
Orgao com a embocadura collocada nossos pratos, porem, de menores
no sommeiro. dimensões.

Croma. Crupezion.
Antigamente chamou-se, Croma; Especie de sandalias sonoras, que
posteriormente tomou o nome de – calçava o diretor de orchestra, antiga-
diesis ou sustenido. mente, e com ellas batia o compasso.

Cromametro. Crustira.
Vid. Chromametro. Musica de um baile entre os antigos
Gregos, que tocava-se com Flautas.
Cromatico. Esta musica chamava-se tambem,
Vid. Chromatico. Thirocopia.
Cromorno. Crwth.
Esta palavra nasceu de outra allemă Instrumento originario do paiz de Gal-
Krumphorn que quer dizer – corno les, de forma quasi quadrada, com
retorcido. um braço e cordas alçadas sobre um
Este instrumento.parecido com o cavalete ; tocava-se com um arco.
Tarloroto, é uma Corneta recurvada, Elle existiu n’aquelle paiz, desde a
cuja forma era a de uma ponta de boi mais remota antiguidade, e foi contem-
torcida, com buracos na parte inferior; plado, na Inglaterra, como o pae das
foi usado no seculo XV. diversas especies de Viola e de Violino.
Cromorno. Cymbala.
Registro de Orgao, que consta de ca- Registro agudo de Orgão, que entra
nudos cylindricos e de palheta, cujo no numero dos jogos de mutação.
som é um pouco semelhante ao do Compõe-se de tres canudos com
Fagotte. bocca de estanho, e as vezes de

sumário 138
mais, que resoam juntos em cada co, inventado por um jesuita, chama-
nota. São afinidos em 3ª, 5ª e 8ª. do La Borde, em 1759, no qual o fluido
electrico produsia o som, como o ar
Cymbalo ou Clavicymbalo. produz no Orgão, etc. etc.
Estas palavras italianas as tradusi-
mos, por Clave (instrumento) ou Cra- Vid. Pratos.
vo (Vid. estas palavras).
Cynura.
Conhecemos diversos instrumen- Era antigamente uma especie de Lyra.
tos com o nome de Cymbalo, mui an-
Cysne.
tigos e inventados em diversos paizes,
Nome de que os poetas se servem,
como: O Cymbalo acustico ou harmo-
para designar algum musico ou can-
nico, inventado em Paris por um tal
tora celebre.
Verbés ; – o Cymbalo – organistico que
era uma especie de Piano, inventado Czakan.
em Veneza, pelo Abade Frentin : – o Especie de Flauta com forma de can-
Cymbalo de arco, inventado, em 1759, na, que, em 1800, esem voga na Al-
por Hohlfeld, machinista de Berlin, lemanha.
com cordas de tripas e arco com se-
das, que mais tarde, aperfeiçoado por Era de grande suavidade de sons.
outros, tomou o nome de Senorfica E’ tambem designada o nome de
ou Violino Cymbalo; o Cymbalo ange- Stockflote.
lico, especie de Clave, inventado em
Czucos.
Roma, ornado de martellos cobertos
Aria e dança dos pastores hungaros.
de couro pelludo ; – o Cymbalo electri-

sumário 139
D
D. Esta letra corresponde á nota Ré da
nossa escala moderna, e alguns tambem
a empregam como abreviatura da palavra
italiana. Dolce. Vid. O D é tambem o nome
do quarto tom da escala fundamental dos
Allemães e dos Inglezes, correspondendo
ao Ré dos Francezes, dos Italianos, etc.

O D é ainda algumas vezes empregado por


abreviação da palavra franceza droite (direi-
ta) e por tanto m. d. ou d. m. – mão direita.

sumário 140
D. C. vam os antigos um rythmo, que se di-
Abreviatura da expressão italiana – vidia em dois tempos desiguaes.
Da capo, que frequentemente encon-
Dar o compasso.
tra-se escripta no fim de um trecho de
E o primeiro tempo delle, ou o que
musica da estructura de um Rondó.
também se chama, o tempo forte, o
Esta abreviatura, ou expressão – Da-
qual cabe na primeira nota, depois
-capo, quer dizer que, concluida a se-
das linhas ou barras, que dividem os
gunda parte, deve-se voltar ao princi-
compassos.
pio, continuando até que encontre-se
a palavra Fine. Debile.
Palavra italiana, que significa debil,
Dactylion.
fraco; execução languida, sentimental.
Engenhozo apparelho inventado pelo
celebre pianista H. Herz em 1825, Decacordio.
para dar aos dedos das mãos dos Instrumento de dez cordas, chamado
jovens pianistas certa egualdade de também – Harpa de David.
forças, impondo-lhes uma acção, que
desenvolvessem a independencia Decamerides.
debcada um delles. Nome que, M. Sanveur, deu a um dos
elementos de seu systema, que con-
Este apparelho consiste na acção
siste em dividir a 8.ª em 43 partes, que
de anneis prezos por molas, coloca-
chamou Merides – e estas em sete
dos por cima do téclado do Piano de
partes que chamou – Eptamerides.
modo que, os dedos entrados n’elles,
terão de vencer uma certa força de re- Decima.
sistencia, para leval-o á proximidade Chama-se a um intervallo, cujo som
da tecla. A nota ferida e sustentada está á distancia de dez graus diatoni-
durante o tempo determinado por seu cos de outros.
valor, faz com que os anneis e de los,
A decima é propriamente a 3ª da
retornem á sua posição perpendicu-
8ª do som fundamental, e considera-
lar por cima do teclado, debaixo da
-se o mesmo que a 3ª, da qual é sua
acção da mola, que levanta o dedo á
oitava.
altura primitiva.
Decima-nona.
Dactylo.
A dobrada oitava da quinta.
Nome de uma dança mui uzada entre
os athletas. Com este nome express

sumário 141
Decima-oitava. que a situação scenica exige. No fun-
A dobrada oitava da quarta. do de sua sensibilidade fará o cantor a
verdadeira declamação, isto é, aquel-
Decima quinta ou Quizena. la especie de linguagem de accento,
A dobrada da septima. que, por sua unica inflexão, indica os
Decima-sexta. sentimentos e paixões que nos domi-
A dobrada oitava da segunda. nam. Porém, não é só a voz o unico
meio a empregar o cantor para expres-
Decima-septima. sar as paixões d’alma pois os olhos e
A dobrada oitava da terceira. os gestos são também interpretes de
taes sentimentos.
Decima terceira ou Trezena.
A dobrada sexta. E’ portanto, indispensavel juntar a
eloquencia dos olhos e os movimen-
Decimino. tos do corpo as entonações e infle-
Instrumento de ar semelhante a Flauta, xões da voz, para alcançar a verdade
mas de proporções inferiores. na declamação sem que seja menos
Este instrumento é mais próprio necessário pronunciar-se bem, articu-
para musicas marciaes por seu som lar com limpeza e clareza, ter um exac-
bastante agudo e penetrante. Tem a to conhecimento da prosodia musical,
mesma extenção que o Octavino ou e possuir um orgão flexivel.
Flautim.
Decrescendo.
Declamação. Diminuindo progressivamente a in-
E’, na musica, a arte de produzir o tensidade dos sons.
accento grammatical e o oratorio por
Dedilhação.
meio das inflexões da voz, que é o que
Resultado do mechanismo dos de-
mais propriamentee, se chama recita-
dos sobre os instrumentos. E’ syn. de
do, no qual se prescinde da regulari-
Digitação Vid.
dade nas phrases e rythmos, para se
ter toda attenção, em ditos accentos. Dedilhado.
Nas peças dramaticas, a declamação Se diz da musica que tem os dedos
musical é a arte de reprezentar scena apontados por algarismos, o que é
o papel de um personagem, com ver- mais frequente nas peças de Piano,
dade e propriedade comica, a par da destinadas á principiantes.
exacta entonação e inflexões da voz,

sumário 142
Dedilhar. Delicado. (ouvido).
Regular os dedos sobre o instrumen- áquelle que ouve bem, que destingue
to, segundo certas regras estabele- os differentes sons e suas modifica-
cidas, afim de facilitar a igualdade e ções.
rapidez da execução.
Delicatamente.
Deducção. Com graça; execução delicada.
Serie de notas que sobem ou des-
Delicatezza.
cem diatonicamente ou por graus
Delicadeza: con delicatezza; com
conjunctos.
mimo; com delicadeza.
Deduccional.
Delicatissimo.
Canto que segue uma só deducção
Muito delicado.
no antigo systema, ou no systema de
mutanças, ainda usado entre nós. Delicato.
Delicado.
Degráo.
E’ a posição relativa de cada nota da Dello. (It).
pauta sobre as linhas da pauta. Significa do ou da; colla parte, dello
canto, com a parte do canto.
Deixa.
Da-se este nome a um ou mais com- Demi-ton. (Franc).
passos do final de um solo, duetto O mais pequeno intervallo melodico
etc. que é preparado servir de conti- ou harmonico, do qual se faz uso em
nuação da peça. nosso systema musical actual.
Deixas. Destingue-se o demi-ton diatoni-
Finaes das partes ou trechos musi- co e o demi-ton chromatico; porque o
caes que previnem aos executores diatonico somente se encontra entre
as suas respectivas entradas. dous sons situados sobre degraus
differentes, mas contiguos da escala
Deliberatamente. (It).
fundamental por ex:
Deliberadamente; execução energi-
ca, decidida, sem hesitação.

Deliberato.
Deliberado, resoluto, animado. Syn.
Con brio.

sumário 143
Denis d’or. Descantar.
Instrumento semelhante a um Cra- Dar descante, isto é, dar concerto de
vo com pedal, inventado por um musica.
cherigo na Moravia, chamado Divis,
Descantar.
em principios do seculo XVIII. Di-
Desentoar; transformar o concerto.
zem que este instrumento imitava,
de 130 formas, todos os instrumen- Descante.
tos de cordas e de sopro. Concerto de vozes acompanhadas,
de instrumentos. Antigamente a pa-
Desacorde ou Desacordo.
lavra – descante era um contraponto
Falto de harmonía, dissonante, desa-
a muitas vozes, improvizado sobre
finado, desentoado etc.
o canto-chão. Os Inglezes chamam
Desafinação. descante á voz de suprano em musi-
E’ faltar á afinação ou á entoação que ca de Igreja, porque em musica pro-
correspon de as notas. Syn. de De- fana chamam – treble. Os Allemães,
sentoação. como os Inglezes, chamam também
– descante.
Desafinamento
Syn. de Desafinação. Desafinar. E des- Descante.
truir a afinação, não dando a entoação Nome de uma espécie de Guitarra.
que corresponde ás notas, ou á uma Empregam tambem a palavra des-
voz com as demais, a que acompa- cante como syn, de serenata.
nham, fazendo os intervallos maiores
Descenção.
ou menores do que devem ser.
Chama-se o movimento, para baixo
Desafio. de quem bate o compasso: oppõe-se
Nome modernamente criado pela po- á elevação do movimento, para cima.
pulaça, para designar uma versalha-
Descender.
da arranjada entre dois, ou mais indi-
E’ succeder os sons de uma voz ou
víduos que cantam alternativamente
instrumento, dos agudos aos graves.
ao som da Viola. Nesta toada, em
desafio, cada um dos contendores ou E’ o inverso de ascender.
poetas improvizados procuram, a seu
modo salientar-se pelo melhor desen- Descer.
volvimento de suas satyras. E’ baixar o tom da voz e passar á nota
mais baixa da escala.

sumário 144
Descompor. Desencordoar.
Por em discordancia. Tirar as cordas a um instrumento, a
um arco, etc.
Desconcertado.
Que desconcertou. Desenhar.
Conceber, imaginar o plano ou a
Desconcerto. coordenação musical.
Desarranjo ou desmancho da boa
harmonia. Desenho.
E’ a disposição das diversas partes
Desconcordancia. de um trecho musical.
Dissonancia das vozes e dos instru-
mentos. Desentoação.
Acção e effeito de desentoar, falta de
Desconcordante. entoação; cantar ou tocar desentoado.
Que não concorda; voz disconcor-
dante, que é dissonante. Desentoadamente.
Sem consonancia, fóra do tom natu-
Desconcordar. ral; de sons desentoados.
Discordar; ser dissonante, não fazer
boa harmonia nas vozes e instru- Desentoado.
mentos. Desafinado; que não entoa.

Desconcorde. Desentoamento
Discordante, discorde, dissonante. Falta de consonancia, syn, de desen-
toaçao.
Desculpa.
Substituição de uma voz perfeita por Desentoar.
uma imperfeita e falsa. Desafinar; sahir do tom natural can-
tando, ou tocando instrumento.
Desculpar.
Salvar a dissonancia, fazer uma des- Desharmonia.
culpa. Falta de harmonia.

Desencordoar. Desharmonisar.
Tirar as cordas a um instrumento, a Perturbar; destruir a harmonia, o con-
um arco, etc. certo.

sumário 145
Designio. Destacar.
Segundo M. Fetis, trez couzas são Separar os sons nas execuções; tocar
necessarias ás producções artisticas secco, não ligado, mas picado e solto.
musicaes a saber: – designio, con-
Destemperadamente.
ducta e aperfeiçoamento. Designio,
Desafinadamente; com um som dis-
é a invenção e disposição das partes
sonante.
essenciaes d’uma peça, que, ligadas
entre si, lhe dão caracter e expressão. Destemperado. (Tempo popular).
Sendo o designio umadas qualidades Desafinado.
mais importantes n’uma obra, exige
da parte do compositor a mais sèria Destemperar.
attenção; porquanto, sem uma dis- Desafinar um instrumento de modo,
tribuição bem entendida e seni uma que não produza sons accordes.
justa proporção em todas as partes, o
Destoar. (Pouco uzado)
designio será sempre imperfeito.
Perder o tom.
E’ das attribuições da – conducta,
a continuação das ideias principaes Déstra. (It).
com as ideias accessorias, de as fa- Mão direita.
zer sobresahir nos principaes perio- Esta palavra que ordinariamente
dos, debaixo de formas differentes. se encontra escripta nas músicas de
Ao aperfeiçoamento cabe essa Piano designa, na passagem em que
especie de lima, que tem de polir as se acha escripta, que se deve tocar
bellezas accidentaes de uma compo- com á mão direita.
sição artistica.
Détaché. (Palavra franceza).
Desligar. Destacado. Vid.
Desculpar uma dissonancia posta em
Determinado. (Som)
ligadura.
Fixo que se comprehende ou avalia;
Desmusico. som musical e apreciável.
Termo comico antiquado; mal entoa-
Deux-quatre. (palavra franceza).
do, desharmonioso, dissonante.
Dois por quatro; compasso binário
Destacado. indicado com algarismo 2/4.
Separado; solto, não ligado. Os Italia-
nos chamam – Staccato.

sumário 146
Devaneio Musical. Diacordio.
Peça de música instrumental e ca- Instrumento que uzavam os antigos,
racterística, na qual o compositor li- especialmente os Egypcios, o qual
cenciando-se um pouco das severas tinha somente duas cordas. Era de
prescripções da arte, abandona-se forma do Alaúde achatado, com um
aos arroubos de sua imaginação exal- braço largo.
tadas, sem plano nem disposição, dei-
Diacustica.
xando-se conduzir apenas pela inspi-
E’ a investigação das propriedades
ração do momento.
do som reflectido atravez differentes
Devoccione. intermedios, uns mais densons e ou-
Devoção; con devocione, com devoção. tros mais raros.

Dezanovena. Diagramma.
Registro de órgão, cujos sons se pro- Era, na música dos antigos Gregos,
duzem, uma decima-nona acima do a taboa que apresentava á vista a
flautado, de doze, aberto; é oitava extenção geral de todos os sons do
acima da dezena, duas oitavas acima systema, que nós outros hoje chama-
dos nasardos e uma quinta acima do mos – gamma ou escala.
flautardo de trez ou de quinzena.

Di.
Significa, De (di tempo diminuto)
compasso e andamento de minuete.

Diachismo. Dialogo.
Na música antiga era um intervallo que E’ uma composição musical a duas vo-
valia a metade de um semiton menor. zes ou dois instrumentos, pelo menos,
que respondem alternativamente com
Diacomatico.
a mesma ou differente modulação.
Nome dado, por Serre, a um quarto
genero de música, que resulta de cer- Muitas das scenas de operas, são
tas transições harmônicas, durante diálogos neste sentido, especialmen-
as quaes a mesma nota, ficando em te a – dois.
apparencia, sobe e desce uma coma

sumário 147
Diapasão. a ultima nota do canto, regularmente
Os Gregos chamaram assum o inter- depois de um intervallo ascendente.
vallo da oitava. Serviam-se também Intercadencia.
deste nome, quando queriam designar
Diastaltico.
um intevallo maior que a oitava; assim,
Um dos generos em que, segundo
á undécima chamavam diapason cum
o caracter ou sentimentos que des-
diatesseron;.duodecima – diapason
pertavão, era dividida a melopéa dos
cum diapente; a dupla outava – disdia-
Gregos; o genero diastaltico, era o que
pason. Na musica moderna, diapason
provocava sentimentos generozos, in-
é a extenção que pode percorrer a voz
fundia coragem e grandeza d’alma.
ou um instrumento, desde o mais bai-
xo até o mais alto. Diastema.
Os antigos chamavam assim o inter-
Diapasão.
vallo composto simples, por oppo-
é também um instrumento de aço
sição ao intervallo composto a que
composto de duas vergas que vibram
davam o nome de – systema.
em unisono e servem oara dar i tom
nas orchestras. Os fabricantes de Diastole.
instrumentos músicos chamam dia- Empregava-se também antigamente
pason ás taboas, em que se acham este termo como equivalente de ar-
assignaladas as meidas dos instru- sis, isto é, para significar o levantar
mentos e de todas as partes. da mão no bater do compasso. Dias-
tole oppõe-se a systole, como arsis
Diapente.
opposto á chesis.
Nome que deram os Gregos ao in-
tervallo, que hoje chamamos – quinta Diastolico. (Greg).
e outro dominante, que é a segunda Nome que os antigos theoricos deram
das consonâncias. á theoria da pontuação musical.
Diaphonia. Diathessaron.
Nome que deram os Gregos a todo Nome que deram os Gregos ao inter-
intervallo do accorde dissonante. vallo que hoje chamamos – quarta,
que é o terceiro, na ordem das con-
Diaptosis.
sonâncias. No canto-chão chamam
No canto-chão, é uma espécie de
– diathessarou, á quarta.
perielesis ou passo, que se faz sobre

sumário 148
Diatonicamente. Diaula.
segundo a ordem diatonica. Especie de Flauta dobrada, usada
na antiguidade; assim chamada por
Diatonico. opposição á Flauta simples, que cha-
Palavra derivada do Grego, que quer mavam monaula.
dizer – por-tons E’ um genero de mu-
sica, cuja escalada procede de tons Diazanxis.
e semitons maiores, que é sua divi- Na musica antiga era o tom que se-
zão natural,isto é, aquella, cujo menor parava dois tetrachordes, disjunctos,
intervallo é um grau conjunto, posto e que unido á um delles formava o –
que possa proceder também de ou- diapente. O diazeuxis encontrava-se,
tros maiores, com tanto que se volvão algumas vezes, entre a messe e a
sobre os gráos da escala diatonica, para messe: isto é, entre o som mais
E’o genero que, actualmente, se em- agudo do segundo tetrachordo, e o
prega com mais frequencia. O ge- mais grave do terceiro.
nero diatonico dos Gregos tinha sua
Diacção.
origem das trez regras pricipaes, que
Modo de dizer. E’ uma sas qualidades
haviam estabelecido para o accorde
mais apreciaveis n’um bom cantor, a
dos tetrachordios Este genero se divi-
boa dicção.
dia em muitas espécies, segundo as
differentes relações em que se podia Dicceto.
dividir o intervallo que o determinava. Composição para dez instrumento
antigo de duas cordas.
Diatono.
Esta palavra é applicavel de duas Dicordio ou Dechordio.
maneiras distinctas; a primeira e mais Instrumento antigo de duas cordas.
geral, é o descanço que faz a voz
sobre uma vogal, apoiando-se com Diésis.
mais força n’ella, que nas demais que No systema de musica antiga, era um
compõem a mesma palavra; a segun- pequeno intervallo que nós chama-
da refere-se á uma especie de modu- mos – comma. Na musica moderna é
lação ou inflexão da voz, que se uza o mesmo que sustenido, # indicando
no canto ecclesiastico. assim, que a nota deve subir meio tom.

sumário 149
Diezeugmenou. Dactylion chiroplasto e outros destina-
O terceiro tetrachordo regular no sys- dos para este mesmo fim. Foi inventa-
tema dos Gregos. do o digitorium pelo fabricante Mark,
e tem o privilegio de sua construcção
Differença. a casa “Chappeland” em Londres”.
Nome que davam antigamente ao
que hoje chamamos – variação. Dilettante.
Palavra italiana que passou para a lín-
Digitação. gua franceza, e quer dizer: - Amador
Nome tomado da palavra franceza ou affeiçoado á musica.
doigter. E’ a arte de mover os dedos
da mão, dando a cada um delles o Deminuendo.
seu valor normal, melhormente de- Diminuindo a intensidade. Syn. de
terminado por um modo methodico Decrescendo.
e conveniente, com o auxilio de exer-
cício ou estudo do mecanismo, para Diminuto.
bem executar, sob um instrumento, Chama-se ao intervallo justo, do qual
todos os passos que possam occor- se tem rebaixado um semitom, assim:
rer em um trecho de musica; é enfim, Dó Solb é uma quinta diminuta, por-
escolher entre os agentes dóceis da que da 5ª justa Dó Sol se rebaixou um
mão, aquelles que a reflexão desig- semitom com o bemol posto no Sol.
na como os instrumentos os mais Tambem se verifica, quando a
habeis, os mais bem dispostos a tra- nota imferior do intervallo sobe de um
duzir a nota escripta. A digitação por semitom, assim: Dó# Sol natural é
assim dizer, é a orthographia correcta também intervallo diminuto. Chama-
da execução musical. -se accorde diminuto aquelle em que
a 5ª forma um intervallo diminuto com
Digital.
a nota fundamental; assim; o accorde
Termo applicado aos instrumentos
Dó, Mib, Solb e Si. Ré Fá são accor-
que se tocam com os dedos como: a
des diminutos, porque, o é sua 5ª e
Harpa, o Psalterio e outros.
assim os demais.
Digitorium.
Dinamica.
Apparelho para exercitar os dedos
Doutrina do movimento das vozes.
no estudo do Piano, semelhante ao

sumário 150
Diope. uma orchestra (Director de orches-
Flauta simples usada pelos Gregos a tra); de uma musica militar – Musico
qual só tinha dois orifícios na extremi- Maior; de um corpo de coristas – Di-
dade do tubo. rector dos córos de um conservató-
rio ou collegio, e das musicas das
Dioxia. Catedraes – Maestro de capella. To-
Nome que deram os antigos, algu- dos estes. Cada um em sua classe,
mas vezes, á consonância da 5ª que, dirigem a execução de uma musica,
mais commummente chamavam - não só do conjucto de vozes, como
Diapente. de instrumentos ou simplesmente de
Directo. (Intervallo) instrumentos.
E’ aquelle que forma uma harmonia Discanto.
qualquer sobre o som fundamental Na musica antiga, era uma espécie
que o produz. Assim, a 3ª maior, a 5ª de contraponto em que os cantores
e 8ª, são rigorosamente os únicos in- compunham, de improviso, sobre
tervallos directos sobre a fundamental uma parte escripta.
Dó; mas, por extensão, chamam ainda
intervallos directos a todos os outros, Discipulos.
quer consonantes, quer dissonantes, chamavam, antigamente, a certos
que formam cada uma das partes com modos baixos do Canto-chao o que
o som fundamental pratico, que está tem a 4ª por baixo e a 5ª por cima
ou deve estar abaixo dellas. Syn. de Plagaes.

Chama-se também directo o ac- Discordancia.


corde, cujas partes vão do grave ao E’ o effeito de sons mal combinados na
agudo sobre um som fundamental; composição accordes mal enlaçados,
assim o accorde Dó, Mi, Sol – Dó ou ou de desafinação de uma ou mais
Sol, Dó – Mi, é inverso. Movimento di- partes, sejam vozes ou instrumentos.
recto, é quando duas ou mais partes
sobem ou baixam juntas; mas, com- Discordante.
mumente se chama – semilhante. Que desentoa ou discrepa da harmonia.

Director de Musica. Discordar.


Da-se este titulo, em geral, a todo Desentoar; tocar ou cantar dissonan-
professor que se acha á frente do temente.

sumário 151
Discorde. Disjuncta.
Diz-se de um instrumento, que não E’ a passagem rapida feita de uma
está afinado com os demais, ou de propriedade a outra, valendo-se das
uma voz que canta com desafinação. vozes relativas a cada uma, isto,
Uma entoação que não seja afinada, quanto aos systemas antigos – hexa-
produz um tom falso, e uma serie chordo e heptachordo.
destes tons produz um canto discor-
Disjunctivo.
dante; e d’ahi vem a differença que
Era antigamente o movimento, que
ha entre as palavras, falso e discorde.
passava de uma deducção á outra.
Discordemente.
Disjuncto.
Com dissonância; sem afinação.
Chamavam os Gregos a dois tetra-
Discurso Musical. chordos que seguem imediatamente,
E’ um quadro mais ou menos grande, quando a corda mais baixa ou grave do
formado de uma ou mais ideias mu- agudo era um tom superior á mais agu-
sicaes, mais ou menos estendidas, da do grave, em vez de ser a mesma.
para vozes ou instrumentos ou para
Na musica moderna chama-se
ambos reunidas. O discurso musical
disjuncto os intervallos, que não se
se compõe de palavras ou conceitos,
seguem imediatamente na ordem da
de membros e de períodos, tudo dis-
escala sem que estejam separados
posto, segundo as regras ou leis do
por outro intervallo como: - Dó – Mi –
rythmo, sobre o que fallaremos nos
Sol etc. Os intervallos tomam o nome
seus respectivos artigos no presente
da distancia que medeia, entre am-
Diccionario.
bos, assim: Dó – Mi – é um intervallo
Disdiapasão. de 3ª; Sol – Dó – é um intervallo de 4ª
Nome que deram os antigos Gregos etc; e neste cazo tomam o nome de
ao intervallo que chamamos dobrada intervallo disjuncto.
oitava, e que tambem chamaram –
Dissonancia.
systema perfeito.
Reunião de sons que não se harmo-
Disjuncção. nisam, e que só podem servir de pas-
Assim chamavam a separação de sagem para uma consonancia.
dous tetrachordos unidos.

sumário 152
Dissonante. que em solfejo chamamos simples-
O intervallo ou accorde que não é mente – Ré.
consonante, que não está no tom, in-
Dó.
grato ao ouvido; aspero, etc.
Mososyllabo substituído na França e
Dissonar. na Italia por – Ut, por mais suave pro-
Formar sons dissonantes; discordar; nunciação, para designar a primeira
soar desentoado, falso etc. nota da escala no solfejo moderno.

Dissono. Dobrada-fuga.
E’ o accorde, que não tem relação Fuga que consta de duas partes,
com o que segue, segundo as leis da das quaes a segunda apresenta um
harmonia; é tambem um intervallo re- desenho todo differente da primeira.
provado esses instrumentos deviam Vid. fuga.
executar separadamente duas ou
Dobrada-oitava.
mais partes harmônicas, e não tocar
E’ o intervallo composto de duas oi-
em unisono segundo costumam.
tavas, que os Gregos denominaram –
Divisões. disdiapasao. Syn. de Dupla oitava ou
Chamam-se divisões, as linhas per- Quindecima.
pendiculares que atravessam a pauta
Dobradas.
ou pentagrama para dividir os com-
Os instrumentos de arco podem pro-
passos. Syn. Barras.
duzir harmonia a duas partes, tocan-
do com o arco em duas cordas ao
mesmo tempo; é o que vulgarmente
se chama tocar em cordas dobradas.
Dizer.
Syn. de Cantar ou Tocar. Dobrado bemol.
Signal, bb que serve para diminuir um
D-Lá-Ré. semiton á nota que já tem bemol. Syn.
O segundo signo no systema hepta- Duplo bemol.
chordo antigo, e ainda hoje usado no
canto-chão. Dobrado sustenido.
Signal figurado por quatro pequenas
D-Lá-Sol-Ré. hastes encruzadas e serve para
Com esta expressão denominaram aumentar um semiton á nota que já
a segunda nota da escala diatonica,

sumário 153
tem sustenido. Syn. de Duplo susteni- Doglio. (com) (It).
do, Vid. Diesis. Com magua; o mesmo que dolente.

Dobrado. (Passo) Doigter. (Franc)


E’ um musica composta expressa- Dedilhar.
mente para marchas militares. O com-
Dol.
passo é regularmente marcado a dois
Abreviatura da palavra italiana.
tempos por 2/4 ou 6/8, e a velo cidade
Dolce. Vid.
do seu movimento ha de ser tal que se
façam 120 passos por minuto. Dolce.
Palavra italiana, empregada para ex-
Dobrar.
primir com doçura e suavidade as
Dobrar uma parte, é reproduzir mui-
phrases do canto., a que ella se re-
tos sons n’um só, em oitava, por um
fere sem excluir, todavia, certo vigor
ou muitos instrumentos, sem mudar
no som, nem ultrapassar os limites do
a harmonia. Isto tem unicamente por
messo-forte.
fim reforçar o som.
Dolcemente.
Dobrar.
Docemente, isto é, de modo a expres-
E’ reproduzir em unisono ou oitava
sar os sons com suavidade, brandura
um trecho, uma frase ou simples-
e graça.
mente uma ou algumas notas. Na
harmonia dobram-se as notas de um Dolcezza.
accorde para prehencher o numero Doçura; com dolcezza com suavidade.
de partes que são necessarias ou
para substituir algumas notas que se Dolcissimo.
tenham suprimido. Muito doce.

Doçaina. Dolendo. (Ital).


Especie de Flauta ou Trombeta de Queixoso, lamentável.
som mui doce.
Dolente.
Docena. Lastimoso; execução lastimosa e
Intervallo composto de doze sons sentida.
diatônicos, comprehendidos os ex-
Dolentemente.
tremos, A docena é a 8ª da quinta.
Com pezar; com muita ternura.

sumário 154
Dolore. Dorio.
Dor; con dolore; com dor, syn. do pre- Um dos trez modos mais antigos da
cedente. musica grega e o mais grave dos que
posteriormente se chamaram – au-
Dolorosamente. thenticos.
Doridamente syn. do precedente.
Doublette.
Doloroso. registro nos orgãos francezes; é de zin-
Maviozo; exprimindo dor. co e som, oitava acima do – prestante.
Dominante. Corresponde á quinzena dos nos-
Chama-se geralmente a 5ª nota das sos Orgãos.
que constituem o acordo perfeito.
No tom de Dó por exemplo, Sol – é Dous por quatro.
a dominante. Chama-se dominante, E’ um compasso de dois tempos,
porque domina sempre e se empreg, que contem o valor de duas semíni-
em um sem numero de accordes, que mas em cada um, o qual se assigna
não admittem a tonica. depois da clave, com esta formula
fraccionaria 2/4.
Done.
Dama, indica, nas partituras das Doutor em musica.
operas, as entradas das cantoras ou Dignidade conferida nas Universida-
cantarinas. des de Oxford e Cambridge, na Ingla-
terra, depois de obter-se o titulo, em
Dopo. gráo de Bacharel.
Significa, depois. Cadenza do poil
signo, depois da cadenza ao signal. Doxologie. (Greg. Canto de louvores)
A grande Doxologia – é o Gloria in
Doppelbe. (All). excelsis Deo (Hymnus angelicus), o
Bemol dobrado bb. canto dos anjos na noite de Noel; a
pequena Doxologie – o Gloria patri
Doppio.
et filio et sporitui santo (sicut erat in
Significa dobrado. Doppio tempo,
principio et nunc et semper in siecula
movimento dobrado, dobrada preste-
sieculorum, amen), que se o ajunta ao
za na execução.
canto dos psalmos.

sumário 155
Dozena. Duetto.
E’ tambem o registro de orgão cha- Composição para duas vozes ou dois
mado – quinta real: soa uma decima instrumentos.
segunda (quinta sobre a oitava) acima
Dulciano.
do flautado de doze abertos (oito pés),
Registro do orgão de palheta. Que já
uma quinta acima do flautado de seis,
não está em uzo na Allemanha.
e oitava acima do razardo. Pertence á
classe dos registros de mutação. Dulcimer. (Ingl. doce canto).
Expressão que corresponde a de
Drama-lyrico.
Tympanon.
E’ o mesmo que opera. Vid.
Dulcisono.
Dramatica.
Que soa docemente, com muita sua-
Epitheto que se dá á musica imitativa,
vidade.
própria para theatro, chamada tam-
bem, opera, ou musica lyrica. Dulcissimo.
Muito doce.
Dramatico.
Relativo ao drama: autor, ou com- Duo.
positor dramatico, aquelle que mette Significa dous. Em geral, da-se este
os dramas em musica; obra ou peça nome á toda musica a duas partes
dramatica; a musica imitativa que se principaes, sejam vozes ou instru-
executa nos theatros, como opera. mentos, quer cantem juntos, ou uma
depois de outra, em forma de dialogo,
Dritta. (It).
repetinho a segunda, o que cantou a
Direita. Mano dritta, mão direita.
primeira, debaixo do mesmo rhthmo
Dualisme harmonique. e com idênticos ou differentes sons.
Systema, que admitte na harmonia,
Duodecima.
uma base dupla: consonancia para
A oitava da quinta, que comprehende
maior, (ascendente a partir da mesma).
doze sons.
Due. (It).
Chama-se Dozena, em contra
Significa, dous; duas; due corda, a
ponto.
duas cordas.
Duo-dupla ou Duodena.
Duetino.
Nome que antigamente davam ao
Diminutivo de dueto; pequeno duetto.
compasso o quaternario composto,
que se indica com os algarismos 12/8.
sumário 156
Duolo. (It). Duplo Sustenido.
Lucto; con duolo; com tristeza, dolo- Vid. Dobrado sustenido.
rosamente; exprimindo dor.
Duplo-diesis.
Dupla nota. Syn. de Dobrado sustenido.
Nota que se dobra sobre as cordas do
Duramente.
Violino, Viola e Violoncello, colocando
Asperamente; que exige uma execu-
n’ellas duas caudasm, uma para cima
ção forte; effeito aspero.
e outra para baixo. Nos instrumentos
de ar, quando são escriptas para Durcisseur.
duas partes, a dupla nota quer dizer, Aparelho de invenção recente, cons-
que ambos os instrumentos teem de truído na fabrica de pianos, Pleyel e
emittir o mesmo som que a assignala. Wolff, destinado ao estudo gymnasti-
co do piano; torna o teclado mais ou
Duplicação.
menos duro como se deseja, afim de
No Canto-Chão, é uma espécie de
excitar a força dos dedos.
perielesis que se faz dobrando a pe-
nultima nota, quando esta é do grau Duro.
immediantamente inferior á ultima. Tom maior, segundo os Allemães.
Duplo-Trino. Duthra.
E’ aquelle, que se executa com dois Nome de uma Flauta dobrada, mui
dedos ao mesmo tempo, sobre duas usada na Russia, a qual compõe-se
cordas do Piano, Violino, etc. que es- , de dous tubos desiguaes em longi-
tejam no intervallo de 3ª ou 6ª. tude com trez buracos, em cada um.
Duplo. Dynamique. (Greg).
Dobrado, proporção dupla, propor- Theoria da força e dos movimentos;
ção dobrada. Chamam-se intervallos em musica, theoria da graduacção da
duplos, aos que execedem uma oita- intensidade dos sons. Toda impres-
va, como a nona que é a oitava da são musical repousa, em parte, sobre
segunda; a decima que é a oitava da o emprego raciocinado dos differen-
terceira, etc. tes grãos de intensidade dos sons;
seja opposição, formando contraste,
Duplo bemol.
de forte e piano, seja augmentação
Vid. Dobrado bemol.
ou diminuição (crescendo ou decres-

sumário 157
cendo) gradual de sonoridade. Diz G. culas. O pianíssimo é o symbolo de
Humbert; os diversos effeitos da Dina- tudo, que está fora dos conhecimen-
mica obram com uma força elemen- tos naturaes dos sentidos humanos.
tar, a qual é impossivel de sustentar; o
E tanto isto é assim. Que, até nas
fortíssimo produz uma impressçao de
evocações espiritas, se faz uso deste
grandeza, poder e de nobreza. Ele-
recurso, e , somente depois que a re-
va-se formidável e sobrenatural; não
velação se manifesta, é que se pode
destroe; não afflige e não espanta.
lançar mão do forte. O forte como
O pianíssimo, por opposição, produz
o gráo maior, é a imagem do dia; o
uma impressão semelhante a que ex-
piano, como o menor, é a imagem da
perimentamos em examinando a na-
noite. Todos os noturnos, em grande
tureza ao microscopio, descobrindo a
parte, se movimentam a piano.
vida orgânica até nas menores mole-

sumário 158
E. Os músicos Allemães designam com
E
esta lettra a 5ª corda de sua escala diato-
nica – chromatica. Sua longitude com rela-
ção á primeira C, está na proporção de um
a quatro quintos. Esta lettra corresponde a
Mi, na nossa escala moderna. O E’ serve
tambem de abreviatura de expressão em
registros dos Harmoniums.

sumário 159
Echo. Ecossaise.
Nos grandes Orgãos que tem quatro Musica de dança nacional da Esco-
ou cinco teclados manuaes, um d’es- cia, que teve certa voga nos salões
ses teclados é chamado echo por ser de Paris, no fim do seculo passado. E’
especialmente destinado a produzir uma especie de polka em andamento
effeitos semelhantes. moderado.

Echo. E ou Ed.
Emprega-se tambem a palavra echo, Sygnifica: E; ed energico. Execução
para designar em determinada parte brilhante e animada.
da musica, sua execução imitativa.
Effeito.
Echometria. E’ a impressão dorte e agradavel que
E’ a arte de constituir abobadas de produz uma musica no espirito dos
echo nos recintos destinados á musica. ouvintes. Para que uma musica pro-
dusa effeito, é necessario certo tino e
Echometro. talento n’aquelle que a compõe; certo
Pequeno instrumento que serve para manejo no que a executa, bem como
medir a duração, e intervallos dos certa disposição no que a ouve. O ef-
sons. Vid. Metronomo. feito no que excuta, resulta da estricta
Eclyse. observancia da orthografia musical
Na antiga musica grega era uma e nas perfeitas graduções do piano
alteração no genero enharmonico, e forte do crescendo e diminuindo, e
quando se baixava accidentalmente dos demais signaes orthographicos.
uma corda, tres sustenidos mais bai- O effeito no que ouve, é um phe-
xa que seu accorde ordinario. Desta nomeno relativo que depende dos or-
maneira o Eclyse era o contrario do gãos physicos do ouvinte, resultado
espondeasmo. de sua educação ou grande cultura,
em geral, e ao que tem relação com
Ecmele.
a musica, em particular. Uma boa
Os sons ecmeles eram entre os Gre-
composição musical não agradará
gos, os da voz inapreciavel ou fallan-
de igual modo a todos os homens, e,
te, que não produsem melodia, por
por conseguinte, não será igualmente
opposição aos sons emmeles, ou
boa ou má para todos.
musicaes.

sumário 160
E-la-fa. a melodia, a harmonia, a instrumen-
Antiga denominação de mi#. tação, etc.

E-la-Mi. Elephantina.
Nome antigo da 3ª nota da escala Nome da Flauta de marfim cuja inven-
diatonica, entre os Italianos, a qual ção é devida aos Phenicios.
corresponde, na musica moderna, ao
El eud.
signo Mi de nossa escala.
Antigo e estimado instrumento de
Electricidade. cordas, usado pelos Arabes.
Aos factores de Orgãos ingleses Bark
Este instrumento, visto de frente,
e Bsycesou, devemos a introducção
tem uma forma semelhante á nos-
da electricidade emprego na cons-
sa Guitarra, com a differença de ser
trucção dos Orgaos modernos.
maior e mais comprido; suas costas
Elegante. são como o Bamdolin bombeadas:
Indica execução pura e graciosa. a cabeça inclinada para traz, e não
tendo braço dividido em pontos para
Elegantemente. colocar os dedos. E’ de 14 cordas de
Com elegancia; com anumação. tripa, afinadas em unisono a duas e
duas. Toca-se com uma lamina de
Eleganza. (It).
tartaruga, O Eleud, é o instrumento
Elegancia; execução animada.
que os Arabes trouxeram para a Eu-
Elegia. ropa e que, sob os nomes de Laud,
Lamentação; canto sobre assumpto Lud, Alaude e Luth, tão estimado foi
triste. Syn. de Nenia. até aos fins do seculo XVII.

Elemento Metrico. Elevação.


Parte do compasso, que resulta da Chama-se assim o acto de levantar
divisão do tempo, em duas ou tres a mão, quando com ella se marca o
notas do mesmo valor. compasso. A elevação recae sempre
na parte debil d’lla, que chamamos –
Elemento. alçar. A elevação nos sons é ascen-
Os elementos da musica são: a nota- dente do grave ao agudo. Elevar a
ção, o som, o compasso, o movimen- voz, é não só passar do grave ao agu-
to e o rythmo, dos quaes se derivam do, como tambem dar-lhe mais força;

sumário 161
Elodicon. Emboccar.
E’ um instrumento de ar, que emite Applicar-se á bocca um instrumento
sins por meio da vibração de umas de vento para tirar delle os sons.
laminas metálicas, que põem em
Embolada.
movimento um folle artificial. Este
Termo chulo e impropriamente criado
instrumento, cujo som participa do
pela populaça, para designar uma
Clavicordio e do Orgao, foi inventado
versalhada satyrica e improvisada
em 1820.
as vezes sobre costumes e proce-
Elyton. dimento indiciduaes, chistosamente
Baixo de metal. cantada com musica alegre e chula,
ordinariamente a sólo ou ao som da
Embateriana. viola ou violão. A Embolada constitue,
Era uma espécie de Flauta entre os entre a plebe, um grande divertimento
Gregos, de que se serviam nas via- por occasião de festas, especialmen-
gens para distrahirem. te nos Estados do norte da Republica.
Esta Flauta parece ser a mesma
Emeles. (Sons).
que os Lacedemonios usavam em
Entre os antigos veis e capazes de
suas marchas.
melodia, por opposição aos sons
Emboccadura. ecmeles, que eram somente os da
E’ a parte dos instrumentos de vento, voz fallante.
que se aplica á bocca ou lábios para
Emissão da voz.
soprar-se. Cada instrumento tem uma
Por esta palavra entende-se a arte
emboucadura particular. Chama-se
de conduzir, guiar e polir a voz para
tambem emboccadura a boa ou má
o canto. A voz é um instrumento de-
disposição dos lábios do que toca o
licado, cujas difficuldades participam
instrumento do vento. A contracção ou
dos instrumentos de vento e dos de
dilatação delles, mais ou menos bem
corda, cujo mechanismo é, sem em-
dirigidos, produz no som, uma modifi-
bargo, de uma extrema simplicidade.
cação, mais ou menos áspera; e d’ahi
Nós a consideramos debaixo das re-
resulta, o chamar-se boa emboccadu-
lações seguintes: - 1ª a emissão do
ra, aquella a que tira do instrumento,
som, que é o principio fundamental
sons mais ou menos doces.
do canto: 2ª a natureza do som, Que
é a intensidade, a pureza, a elastici-

sumário 162
dade e a igualdade das notas entre Encordoar.
si, apezar das differença de registros: Por cordas em um instrumento musi-
3ª a flexibilidade, a pronunciação, a co; ou em um arco, etc.
accentuação, natureza e a esthetica
Encrociate.
da expressão.
Encruzadas. Mam encrociate, mãos
O melhor, o mais essencial e, qua- encruzadas; indicação na musica
sí, por assim dizer, o unico exercício para piano a duas ou a quatro mãos,
necessario para emittir a voz, é fazer afim de indicar, que se deve crusal-
escalas, já filando o som á cada nota, -as, passando uma sobre a outra.
já executando-as com mais ou menos
velocidade. Taes são, em resumo, as Endosimon.
bases geraes, indicadas pela natu- Chamam os Gregos a regra que o
reza e pela experiencia dos grandes maestro dos coros dava a estes, para
professores, de quem temos colhido que lhes servisse de guia no canto.
o prezente artigo.
Energia.
Em Mãos. Com energia; com expressão animada.
Ter uma passagem, ou trecho em
Energicamente.
maos, é saber estar no caso de bem
Com força; syn. de energia.
executal-o.
Energico.
Emozione. (con)
Execução enérgica, rigorosa.
Com emoção.
Enfeites.
Em-unisono.
Vid. Ornamento.
No mesmo som.
Engano.
Encapelladura.
Diz-se em harmonia, sahida por en-
Coberta de pelle de anta que reves-
gano, quando na resolução de um
te os martellos do piano, á qual está
accorde, em vez de terminar em ou-
sobreposto o feltro que lhes serve de
tro analogo, salta, digamos assim, a
segunda capa.
outro accorde que nenhuma relação
Encordoação. tem com o anterior.
Totabilidade das cordas que guarne- Todas as cadencias evitadas e
cem um instrumento. interrompidas, são deste genero, e,

sumário 163
quando não se abuza dellas, colo- Enharmonium.
cando-se-as opportunamente, pro- Instrumento recentemente inventado
duzem um bello effeito. por um physico Japonez, Shoé Tama-
ka residente em Berlim; é um peque-
Engorola-notas. no Orgao afinado de modo que pode
Musico que sabe ler musica com faci- produzir todos os sons musicaes,
lidade; mas que é destituído de gosto como elles se produzem, segundo as
e de expressão. leis physicas e não modificados pelo
Enharmonia. temperamento.
Esta palavra nos foi transmittida da Enneacordion.
musica dos Gregos, com uma appli- Especie de cythara usada pelos an-
cação differente, pois estes tiveram tigos Gregos asiaticos; tinha nove
um genero enharmonico que não cordas como o nome indica; - ennea
cabe na musica actual. – nove, chorde – corda.
No estado da musica moderna a
Ennechordio.
enharmonia consiste n’uma modula-
O mesmo que Ennecordion.
ção, em que as notas não mudam,
senão de nome, sem mudar de en- Ensaiar.
toação sensível, como, por exemplo: Examinar; fazer prova de alguma
n’um accorde de Sol # se converte em peça de musica, antes de executal-a
Lá b para entrar no accorde seguinte. em publico, para corrigir defeitos.

Enharmonico. Ensalada.
Termo de musica antigo. O genero Era antigamente uma peça de musica
enharmonico, era a maneira particular para duas ou mais vozes em dialogo,
de dividir, a quarta ou espeço de dois especie de recitativo.
tons e meio, em um quarto de tom e
um segundo quarto de tom, e um di- Ensembre. (Franc).
tono ou terça maior. Modernamente, Conjuncto. Peça de musica concer-
o enharmonico é o modo de escrever, tante.
no genero chormatico, designando
Ensoar.
o mesmo som successivamente por
Antigamente significava pôr lettras
duas notas differentes.
em musica.

sumário 164
Ensedadura. Entoamento.
Porção de crina de cavalo a que cha- mesmo que Entoação. Vid.
mam – sedas, que, se tendem no arco
Entoar.
dos instrumentos as quaes enducta-
Cantar ajustado ao tom; afinar a voz
das de resina, friccionam as cordas
em tom musical; dar determinado
para produzir os sons. Os Francezes
tom á voz.
chamam Meche de crins, os Italianos
Mazetto crini. Entonação.
O mesmo que Entoação. Vid.
Ensedar.
Armar o arco pondo-lhe a ensedadura. Entonado.
O mesmo que Entoado. Vid.
Enthusiasmo.
Segundo M. Fetis, é a exaltação da Entonamento.
alma que não pode definir-se e que, O mesmo que Entonação. Vid.
neste estado, com mais facilidade,
vae por diante a produção musical. Entonatorio.
E’ um livro, em que se apontam os
As ideia, acodem, por aissim di-
principios das antiphonas com as
zer, a flux, debuxam-se e dispõem-
notas de canto-chao, para que dê a
-se com a rapidez do relâmpago, de
entoação no côro, aquelle que o tem
modo que, sem mesmo attender as
a seu cargo.
regras d’arte tudo se acha collocado
pela melhor ordem. Entorchado.
O mesmo que Bordao. Vid.
Entoação.
Acção de entoar. Solfejo que canta o Entrada.
principiante de musica. Principio de uma parte de musica.

Entoado. Entrastamento.
Afinado; voz entoada; voz que canta A forma porque estão collocados os
afinada. tastos na Viola, Guitarra e outros.

Entoador. Entrastar.
Nome d’aquelle que dá o tom ás pri- Chamar o braço da Viola, Guitarra,
meiras palavras que se cantam. etc. com tastos ou trastes.

sumário 165
Entrar. era Lá, sua terceira Dó, e sua quinta
Se diz do momento em que, uma voz Mi, igual ao menor de Lá, da nossa
ou instrumentos que acompanham musica moderna.
a outro ou outros, devem empregar
Sua corda fundamental estava em
em cantar ou tocar, depois de feitos
tom mais alto que a do modo Frigio. O
alguns compassos de silencio.
nome de Eolio vem da Eolia, província
Neste sentidos e diz, a Clarineta da Asia menor, onde se inventou. Pare-
não entrou a tempo, etc. ce que este modo era grave e mages-
toso, próprio para a musica religiosa.
Entre-acto.
E’ o espaço de tempo que decorre, Epi.
entre o fim de um acto e o principio Acima, sobre; epi diapente, quinta aci-
de outro. ma; epi-diatessarao, quarta acmia, etc.

Chama-se tambem entre-acto o Epiaulia.


canto ou symphonia cômica, execu- Nome que deram, os antigos Gregos,
tada entre dois actos de uma Opera, á classe de canção particular dos ho-
Drama, etc. mens que tiravam agua nas fontes.

Entrecho. Esta canção era mais conhecida


Disposição das diversas partes que com o nome de – Himaios.
compõem um poema lyrico ou um
Epicedio.
trecho de musica, e regresso periódi-
Canto funubre, entre os Gregos.
co das ideias principaes.
Epigonion.
Entrée.
Instrumento antigo dos Gregos, que ti-
Entrada. Dão os Francezes este
nha, segundo se crê, quarenta cordas.
nome, a um trecho de musica que se
executa no Orgao, quando começa Epilena.
qualquer solemnidade religiosa. Antiga canção grega.
Entre-linhas. Epinicio.
São os espaços ou intervallos, que Canto ou hymmo de victoria, com o
estão entre as linhas da pauta ou qual celebravam os Gregos o trium-
pentagramma. pho dos vencedores.
Eolio ou Eolico. Epiodio.
Nome que deram os Gregos a um Marcha funebre.
dos seus modos ou tons, cujo final

sumário 166
Episinapho. Epodo.
Era a conjucção dos trez tetrachor- era a terceira parte da ode, depois da
dos gregos, o Hipaton, Meson e o antístrofe; as odes tinham trez partes;
Synemenon. a strophe, antístrofe e epodo.

Epsodio. Eptachordio ou Epithacordo.


E’ uma parte da composição da fuga, Antiga Lyra ou Cythara, de sete cordas.
isto é, uma phrase composta do fra-
Tambem deram os Gregos este
gamento do motivo ou dos contra
nome, a um systema de musica,
motivos, que se dispõem á maneira
formado de sete sons, como os de
de Canones, imitações, marchas har-
nossa escala. Houveram differentes
monicas e outros contrapontos.
eptachordos, e, segundo a nota que
O episodio serve para dar mais va- se tomava por fundamental, que se
riedade á fuga, deixando descansar o era destiguiam.
motivo e a resposta, e para enlaçar
Equisonancia.
os outros reprodusidos em differen-
Este vocábulo, na musica moderna,
tes tons. Ordinariamente, escreve-se
nos dá uma ideia clara da differença
no tom primitivo ou participa dos dois
que ha, do unisono em 8ª, e dupla e
tons que quer unir. Os italianos cha-
tripla oitava.
mam aos episodios Andamenti; e al-
guns clássicos – Divertimentos. Estes sons, em rigor, não são
unisonos e sim equisonos, ou sons
Epsodiar.
semelhantes, para diferençar do uni-
Ornar de epsodios.
sono, que quer dizer um mesmo som,
Epsodico. ou que reprezenta som identico.
Que tem caracter de epsodio.
Equisono.
Epthalamio. som que parece unisono; que sôa
Canto nupcial que, em outro tempo, igual; que assemelha-se aos da oitava.
cantava-se na porta dos recem-casa-
Erbabo.
dos, cujo assumpto era desejar-lhes
Entre os Arabes era uma Rabeca, que
uma larga e feliz união.
tinha somente uma corda. Vid. Arrabil.
Epitrito.
Erotica. (Grego).
Era um dos rythmos da musica gre-
Canto de amor.
ga, cujos tempos eram na razão de
sesquialteras.

sumário 167
Esbarrado. Escala grave é a que se com-
Esta palavra, modernamente introdu- prehende desde o Sól, debaixo da pri-
zida na musica, serve para denotar meira linha do pentagramma na clave
o som aspero e quase inapreciavel, de Sol, até o Fá mais immediato Esca-
que, á força de vento, é sacado dos la media é a que se comprehende do
instrumentos de metal. Sons esbarra- Sol, que segue ao dito Fá, até a oitava
dos; sons desagradaveis. deste Fá, que cahe na quinta linha.

Esbarrar. Escala aguda é a que se com-


Soprar com força; exceder a força na- prehende, desde este ultimo Fá, até
tural do instrumento; obrigar as vibra- o de sua oitava. Si os instrumentos
ções a perderem o seu isochromismo. tiverem maior extensão chamar-se-
-hão sons agudissimos ou sobre agu-
Escada. dos; e gravíssimos, ou regraves, aos
Nome, que davam os italianos ao que sons mais baixos que os graves. As
hoje chamamos – Systema – Vid. escalas musicaes, por sua natureza,
dividem-se em trez gêneros, a saber:
Escala.
Nome que se dá á uma succeção dia- Diatonico, Chromatico e Enharmo-
tonica, de sons ascedentes ou des- nico, os quaes se compõem de igual
cendentes. Compõe-se a escala de numero de sons; porem, distribuídos
uma serie de sons correspondentes de differentes maneiras. A escala dia-
aos sete signos. tonica procede de tons e semitons
maiores e compõe-se de cinco tons e
Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, quando
dois semitons maiores; a escala chro-
ascendentes; e Si, Lá, Sol, Fá, Mi, Ré,
matica procede de semitons maiores
Dó, quando descendentes.
e menores e consta sete semitons
O grau de gravidade ou de agu- maiores e cinco menores.
deza com que principiamos a primeira
Total, seis tons. A escala enhar-
nota, dá o epitheto de grave, médio e
monica procede de quartos de tons,
agudo; porque sobre dita nota se po-
e, como na musica moderna, não
dem estabelecer muitas escalas, até
serve senão para a transição de uma
onde alcance a voz ou instrumento,
escala á outra, augmentada ou di-
somente com o repetil-a em oitava, ou
minuída de um quarto de tom; feita
dupla, opu triple oitava da primeira.
a transição, esta escala não é outra
mais, que a diatonica augmentada ou

sumário 168
diminuída de uma comma. A enume- Escarcejo.
ração do sons diatonicos de nossa Chama-se escarcejo a distancia se-
escala, collocados como temos dito, mitonada de um tom a outro qualquer
chamavam os Gregos Tetrachordos, immediato, superior ou inferior. Se diz
porque sua escala somente se com- escarcejo elevado ou intenso, quando
punha de quatro sons, que repetiam sobe, e demisso ou abatido, quando
de tetrachordo em tetrachordo como desce. Vid. Solevato.
fazemos de oitava em oitava.
Eschola ou Escola.
O Papa S. Gregorio variou o tetra- Se diz das tradições de um cantor ou
chordo dos antigos em epitachordo, instrumentista celebre.
ou escala de sete sons, correspon-
dentes ás sete lettras do alfabeto – A, Esercizio. (It).
B, C, D, E, F, G, que correspondem Exercicio.
ás nossas syllabas Lá, Si, Dó, Ré, Mi,
Esforço.
Fá, Sol, que servem para o solfejo em
Defeito que se descobre na emissão
o nosso moderno systhema musical.
da voz, em cortes cantores.
Escapamento. Muitas vezes este defeito provem
Parte da mechanicado Piano, cujo fim de terem sido mal dirigidos os seus
é o de fazer recahir o martelo em sua estudos de vocalização. Mas a cauza
posição inicial, logo que tem ferido as verdadeira é, quasi sempre, a ingrata
cordas. natureza do orgão vocal.
O duplo escapamento, é um dos
E-Si-Mi ou E-Mi-Si.
mais importantes aperfeiçoamentos,
O terceiro signo do systhema de hep-
empregados na mecanismo do Piano.
tachordo, que corresponde á Mi, ter-
Escapo. ceira nota de nosso systema moderno.
Peça do mecanismo dos Pianos.
Espaço.
Consiste n’uma pequena lingueta E’ o intervallo que ha entre uma e ou-
de madeira, apoiada verticalmente por tra linha da pauta, ou pentagramma,
meio de um eixo, que lhe dá mobilida- onde collocm-se as notas. Os espa-
de, entre a forquilha de outra pequena ços da pauta são quatro, que se de-
peça. Alguns chama-lhe – alma. nominam – naturaes.

sumário 169
Os espaços superiores e inferio- a mesma que intervallo, e a algumas
res, como tambem as linhas corres- vezes syn. de nota.
pondentes, não teem numeros certos.
Especie.
Espanholeta. Os músicos do seculo passado, cha-
Modinha espanhola. mavam, especies, aos intervallos em-
pregados na harmonia e contra-ponto.
Espatula.
Extremidade das claves nos instrumen- Especulativa.
tos de sopro; parte oposta á concha. (Musica) E’ a parte da musica, que
se occupa da averiguação curiosa
Especie. das causas e propriedades dos sons,
Nome que deram, nossos antigos considerando a natireza e perfeição
professores de musica, á differença das consonâncias e dissonancias, e
de intervallo entre as notas, e assim de seus admiráveis effeitos.
chamavam por determinar, esta diffe-
rença, o caracter que tem cada nota Esta parte da musica, em rigor
comparada com outra. deve chamar-se – sciencia.

Assim é que, em sua nomenclatu- Espelho.


ra, tinham tres especies: As perfeitas, Peça, sobre a qual põe-se os dedos
as imperfeitas e as falsas. A primeira nos instrumentos de corda e braço, a
nota de uma escala é, pois, uma espé- qual é lisa nos instrumentos de arco e
cie perfeita, tanto comparada comsigo dividida por trastos nos de pizziacato.
mesma, como com suas oitavas. A se- Antigamente deram tambem o
gunda nota, comparada com a primei- nome de Espelho á abertura circular
ra, é uma especie falsa, assim como no tampo das Violas, Guitarra, etc.
suas oitavas. A quarta e quinta são,
Espigão.
especies perfeitas, bem como suas
Cylindro de páo terminando ordinaria-
compostas e tricompostas. A terceira
mente por uma ponta de ferro, crava-
e a sexta são especies imperfeitas, e
do na parte inferior do Violloncello e
assim tambem suas oitavas. A septi-
Contrabaixo, occupando o ponto de
ma é, especie falsa, bem assim sua oi-
juncçãodas costilhas inferiores; serve
tava; tudo comparado com a primeira.
para que a caixa harmonica esteja
Do que dito fica, conclue-se que a isolada do chão, afim de que esta não
palavra especie, no idioma musical, é abafe a sonoridade.

sumário 170
Espiguêto. A expressão pode ser de compo-
Som muito agudo do orgão. sição ou de execução, e o concurso
de ambas é o que produz o effeito
Espinêta. musical, mais agradavel e poderoso.
Instrumento de cordas, semelhante a
um Clavicordio, de figura quadrada e Para dar expressão a suas obras,
construido com teclas, como este. deverá o compositor eligir e comparar
todos os rasgos que caracterisam o
Houve tambem uma especie par- seu objecto e as producções de sua
ticular de espinheta, cujo som era mui arte; deve sentir ou conhecer o effeito
doce, pelo que dava-se-lhe o nome de todos os caracteres, afim de elevar
de – Sordina. ao grave, que convenha, aquelle que
Estes instrumentos, á medida que tenha elegido como principal; porque,
foi o Piano se generalizando, cahiram assim como o bom pintor não deve dar
em desuso. igual grau de luz a todos os objetos,
tão pouco o musico habil deverá dar
Espondaula. a mesma expressão a todos os seus
Nome que, antigamente deramao to- sentimentos, nem tão pouco, igual
cador de Flauta ou outro qualquer ins- força a todas as suas ideia, devendo
trumento, que, durante o sacrifício da somente colocar cada parte no lugar
Missa, tocava ao ouvido do Sacerdote, que convenha, não tanto, para fazel-a
afim de que nada escutasse elle, que valer por si só, quanto para que deste
podesse distrahil-o de suas funcções. modo, seja maior o effeito, do todo.

Espressione. (It). Depois de haver examinado o


Expressão; com expressione; com que deve fazer, verá o melhor modo
expressão. de dizel-o, e é d’aqui onde começa a
applicação dos preceitos d’essa arte,
A expressão é filha do sentimen-
que substitue um idioma particular,
to d’aquelle que toca ou canta, e do
no qual o musico quer ser entendido
qual não pode dar a razão, o mesmo,
por seu audictorio. A melodia, a har-
que o sente.
monia, o movimento, a elecção das
A expressão, diz o Sr. D. Carlos vozes e dos instrumentos, são os
Melcior, é uma qualidade, pela qual princípios constitutivos da linguagem
o musico sente vivamente, e produz musical; e a melodia por sua imediata
com energia todas as ideias, que relação com o accento gramatical e
deve produzir, e todos os sentimen- oratório, é a que imprime o caracter a
tos, que deve expressar. todos os demais.

sumário 171
Assim, pois, no canto, é onde e reter as cordas, abaixo, ou por cima
deve buscar-se a principal expres- do cavallête.
são, tanto na musica vocal, como na
Estante.
instrumental.
Apparelho de madeira ou de ferro, apro-
A musica tem admittido, em sua priado, para nelle serem collocados os
pratica, uma grande variedade de sig- livros de musica, ou musicas avulsas,
nos de expressão, que tem relação que tem de ser lidas ou executadas.
com a força ou doçura dos sons; ou-
tros, com o ligado delles; outros com Esthetica.
o movimento, e outros finalmente, com Vem do grego esta palavra que signi-
as modificações de movimento e gra- fica – sentimento – A esthetica, appli-
ça da execução. As palavras que se cada á musica, diz Carlos Melcior,
empregam na expressão, são, quasi é a investigação do que constitue o
todas italianas como tambem são, a bello e o sublime da arte; é a apre-
maior parte, das que compõem a no- ciação das sensações produzidas
menclatura musical, e se usam mais á pela melodia e pela harmonia juntas
miúdo, em abreviaturas. Estes signos e separadas, emfim, é a averiguação
de expressão, e estas abreviaturas se- da origem de nossas commoções, já
rão explicadas nos respectivos luga- tristes ou alegres, já com calmas ou
res alfabéticos deste Diccionario. turbulentas, etc. Um livro que tratasse
da origem destes diversos sentimen-
Espressione. tos, incontestavelmente seria já um
Expressão. Este epítheto italiano que verdadeiro adiantamento. Até que o
se encontra no principio de uma peça tenhamos, sentiremos, mas não sa-
de musica, ou mesmo em alguma beremos á razão, nos commovere-
passagem della, indica que se tem de mos, nos agitaremos e todas as nos-
tocar ou cantar com uma sensibilida- sas commoções havemos de encarar
de particular e bem marcada. pacientemente sem outro conheci-
mento, que não seja o nosso próprio
Esses.
sentido e a situação physica e moral
Antigo signal de repetição, e só usado
em que nos acharemos.
em manuscripto, compõe-se de trez
ou quatro S.S.S atravessado na pauta. Estinto. (Ital).
Moderna indicação para o mais extre-
Estandarte.
mo pianíssimo.
Puxar, estender. Peça que serve nos
instrumentos de arco para sustentar

sumário 172
Estinguendo. Estylo ou Stylo.
Expressão italiana frequentemente E’ o caráter com que se destinguem
empregada na terminação de um as producções, tanto na composição,
periodo, para significar, que se deve como na execução. Este caracter va-
concluir, com um pianíssimo extremo. ria, segundo os paizes, o gênio dos
autores, as matérias, os lugares e as-
Estudantina. sumptos relativos á composição.
Reunião de estudantes que executam
musicas vocaes e instrumentaes. Assim disemos – o estylo de Ros-
sine não é o de Marcadante, etc., em
Estudo. uma palavra, cada compositor tem
Entendemos por estudo, o trabalho e um estylo que lhe é próprio. Marmon-
applicação, que se faz, para adquirir tel diz: A musica como litteratura tem
todos os conhecimentos necessá- seus elementos, sua syntaxe, sua
rios no ramo da arte á que se dedica rhetorica e seus differentes estylos.
a pessoa, quer seja na composição
Na arte do compositor se designa
quer no canto, ou mesmo no tocar
por estylo, o conjuncto das qualida-
instrumento. Com este trabalho se ad-
des, processos e execução, que cada
quire a theoria e a pratica da arte, e o
mestre dá na maneira de exprimir e
conhecimento das bellezas e defeitos
conduzir suas ideias.
das producções musicaes. Na musi-
ca, como nas demais artes, o denio, O estylo não é o genio, mas o
acompanhado do estudo; é tudo. envolucro brilhante que serve para o
fazer valer.
Estudos.
Composições musicaes que tem por O atributo do gênio é o dom de
fim facilitar a execução, vencer toda crear; o estylo é a arte de bem dizer.
sorte de difficuldades, e dar gosto e O genio dá a vida, o estylo dá a
expressão ao que toca ou canta. Se forma.
compõe estudos para todos os instru- O caracter do genio está na in-
mentos, como tambem para a voz; to- venção, o do estylo na habilidade do
dos os quaes condusem á perfeição e trabalho.
á execução, até onde possão alcançar. O homem de genio tem maneira
de pensar, de sentir, e de exprimir que
Estylo á Capella.
lhe é proprio.
Syn. de Estyllo grave; sacro.

sumário 173
O estylo consiste unicamente Etiqueta.
na arte de escolher com gosto suas Botão ou puchadores dos registros
ideias, e de as apresentar com clare- nos Orgãos, que teem inscriptos os
za, observando as leis de relação e nomes daqueles a que pertencem.
das justas proporções.
Etouffé.
A elegância, o natural, a energia, o (Franc). Indicação frequente nas par-
poder, etc., são qualidades do Estylo. tes de Tymbales, de Cymbales ou
A inspiração é espontanea, é o tralo de de Tamtan, nas musicas francezas,
fogo que faz brotar o genio; em quanto fasendo constar ao instrumentista,
que para adquirir a belleza de estylo, que deve fazer cessar a sonoridade
é necessario uma longa e lenta cultu- immediatamnte depois do golpe.
ra. O trabalho, a reflexão podem, sós,
desenvolver este genero de trabalho. Eudronia.
Sonata que tocavam com Flauta nos
O estylo é claro, imaginado, bri-
jogos esthernicos, instituídos em Ar-
lhante, se o compositor possue uma
gos, em honra de Jupiter.
imaginação expansiva, uma grande
lucidez na maneira de formular seus Euouae.
pensamentos; em fim o talento ne- Palavra barbara, formada das seis vo-
cessario para os desenvolver nas sa- gaes, que conteem as dicções latinas
bias e harmoniosas proporções. – Seculorum amem, que somente se
usa no Canto-chão. Sobre as lettras
Ao contrario, o estylo é terno, in-
vogaes d’ests palavras, é que se in-
color, diffuso, pesado, se o escriptor
dicam, depois das antiphonas, as
musical é baldo de invenção, de es-
notas de cada tom, em que devem
pirito e de habilidade de conduta ne-
terminar os psalmos ou cânticos.
cessaria, para apresentar convenien-
temente suas ideias. Euphonie. (Greg).
O caracter do compositor, como o Acção de soar agradavelmente.
do escriptor, se communica ás suas
Euphonium. (Greg).
obras, sua expressão é d’elle impreg-
Soando bem. Instrumento construido
nada, (o que fez Buffon dizer): Le style
por Chladni em 1790, e composto de
c’est I’home.
tubos de vidros afinados, que se fric-
cionavam com os dedos molhados.

sumário 174
Euphone. Euterpe.
Regitro nos Orgãos francezes; tem os Uma das noves Musas que os poe-
tubos de estranho e boccal de palheta. tas fazem presidir á musica. Repre-
zentam’na ordinariamente na figura
Euphonia. (Palavra grega). de uma donzella coroada de flores,
Som agradavel de uma só voz, ou ins- e, tendo junto a si, papeis de solfa e
trumento. Neste sentido, é opposto á instrumentos musicos.
cacophonia que é um som desagra-
davel. Evitado.
Evitar uma cadencia, é passar brus-
Euphonico. camente, d’ umas d’estas notas de
Que produz eufonia. cadencia a um accorde differente
Euphonicon. d’aquelle que a mesma nota anuncia-
Instrumento de metal com tres ou va; ajuntar a este accorde final uma
quatro cylindros, em Dó ou Si b ; é dissonancia, para fazer transição.
usado unicamente na Allemanha, em Evolução.
lugar do Bombardino. Subversão do tiple ao basso e reci-
Euphono. procamente, sem que resulte a menor
Instrumento inventado em 1790 pelo dissonancia na harmonia.
Dr. Chlandni, de Witemberg. Consiste Exarchordio.
em uma caixa quadrada com 42 cylin- Escala de seis sons, invetada por
dros pequenos de vidro, cuja fricção, Guido Arentino, em substituição das
exercida por um mecanismo interior, lettras que, para expulsal-os, se usa-
o faz vibrar. ram antes de sua invenção.
Eurythimia. Execução.
E’ a escolha feliz do rythmo e do mo- E’ a acção de tocarcertos instrumen-
vimento de um trecho de musica, bela tos, ou de cantar uma peça de musica.
proporção entre as partes de que é
formado. A execução deste terceto, desta
opera, etc.
Eurhythmico.
Que tem um rythmo regular. Excedente.
Nome que os musicos antigos, de-
ram aos intervallos que hoje denomi-
namos – augmentados.

sumário 175
Executor. a contra-posição, que é uma imitação
O que executa vocal ou instrumental- da exposição, não poderá ser boa.
mente, uma peça ou parte de musica. A contra-posição não é obrigatoria,
e não se emprega, jamais, em uma
Exercicios. fuga dentro de duas partes, e raras
Collecção de passagens destinadas vezes, em uma de trez.
para familiarizar um executante com
as difficuldades do canto ou de um Expressão.
instrumento. qualidade pela qual o compositor
sente vivamente, e manisfesta com
Os exercícios diferem geralmente
verdade e posição todas as ideas e
dos estudos, por não serem arranja-
todos os sentimentos que exprimir.
dos em forma de peça mais ou menos
Predicado do artista musico, que faz
melodiosa e em que os estudos só tem
commover os ouvintes. A expressão,
por objecto o manejo instrumental; em
diz o sr. Marmontel, é um dom natural,
quanto que os exercícios teem applica-
que a educação e a direcção dada
ção ás vozes e a os instrumentos.
aos estudos não podem deixar de
Exposição. guial-o, desenvolvel-o ou modifical-o;
Nome que se dá á primeira parte de mas o germem desta preciosa qua-
uma obra musical, na qual os diffe- lidade está, sobre tudo, inherente á
rentes themas são apresentados pela nossa organização. O professor mais
primeira vez. habil nunca preencherá, por melhor
que seja o seu methodo, e sua sen-
Exposição. sibilidade nativa, esta impressionabili-
Chama-se assim um exordio do dis- dade intima, que nos torna aptos para
curso musical, e principalmente de traduzir, de uma maneira expansiva,
uma fuga. nossos sentimentos e nossas emo-
E’ a maneira de fazer entrar cada ções. A afinidade das impressões
parte n’ella, e a ordem em que devem entre amadores e compositores é,
ser apresentadas e seguir as ideias. independente do mérito individual do
Em uma exposição tudo deve ser cla- executante, uma bôa interpretação.
ro, elegante facil de reter, procurando Um artista será tanto mais inspi-
captivar o auditorio por meio de ideias rado, quanto o pensamento que deve
felizes, novas e cantabiles. Se a ex- exprimir, quanto o pensamento que
posição tem todas estas qualidades deve exprimir, possa corresponder

sumário 176
mais intimamente ao que desperta ou variadas obras musicaes de diversos
sobreexcita sua propria sensibilidade. estylos, é o que se chama – qualida-
Este phonomeno sympathico se pro- de expressiva do executante. Traduzir
duz em nós mesmo no ponto de vista de uma maneira poetica, calorosa,
da audição e obra, muitas vezes, sem colorida, nossas impressões, nossas
que o conheçamos, quando escuta- sensações na linguagem musical, é o
mos com recolhimento, composições que se chama – dar expressão.
que traduzem, na poeticalinguagem
Expressão.
dos sons, os doces desvarios, ou os
Registro dos harmoniums para modi-
movimentos apaixonados de nossa
ficação do som.
alma. Estas mysteriosas relações de
sensações estabelecem, então, entre Expressivo.
os executantes e ouvintes, como que O mesmo que Expressione.
uma corrente musical, que se eleva
até o enthusiasmo, quando as obras Extensão.
do genio teem por interpetres artistas, Se diz da distancia, ou quantidade de
cujo coração e imaginação vibram ao sons, que alcança a voz ou um instru-
unisono do talento, e para um audito- mento, desde o mais grave ao mais
rio de gosto, que se apaixona pelas agudo. Assim, diz-se – a extensão
bellezas de uma obra e pelo fim de deste Piano é de seis outavas, a voz
sua execução. tem muita ou pouca extensao. Segun-
do sejam mais ou menos extensos
A expressão tem seus differen-
seus limites, do grave ao agudo.
tes generos, como o estylo de que
ella dimana. Encontramol-a alterna- Exterior.
tivamente – simples, nova, patheti- Registro de Orgão composto de tu-
ca, apaixonada; e a mesma phra- bos de chumbo que se veem collo-
se, diversamente accentuada pode cados verticalmente no frontespicio e
accusar differentes caracteres que concorrem para sua ornamentação.
a approximam ou affastam do senti-
Pertence á classe dos flautados e
mento verdadeiro do autor. A precio-
o som maior tem 32 ou 16 pés; fazem
sa faculdade de sentir vivamente e de
parte deste registro, os maiores tubos
representar com a mesma energia de
que o Orgão tem.
expressão, as intenções delicadas e

sumário 177
F
F. Esta lettra correspondente á nota Fá de
nossa escala moderna. Na idade media o
F era signo da Clave de Fá, O F, posto de
baixo de uma ou muitas notas, quer dizer –
forte e dois ff, fortíssimo; isto é, muito forte.

sumário 178
Fá. Fabordão.
E’ o quatro signo, ou voz no systema E tambem tomado no sentido de mu-
moderno. sica pouco agradavel ao ouvido; Can-
tar por fabordão, é desentoar.
Vid. Signos e Vozes.

Fá, tambem se chama Clave, que Facilitá. (It).


se assigna na 3ª e 4ª linhas do pen- Facilidade; variante escripta em pe-
tagramma; na 3ª linha serve somente quenas notas, para facilitar uma pas-
para o canto quando se transporta a sagem.
clave, e na 4ª serve para se escrever
Facilmente.
as vozes e os instrumentos de sons
Jogo fácil; com facilidade.
graves, como são os – Contra baixos,
Fagottes, etc. Fá; designa tambem o Facistol.
tomou escala em que se compõe uma Estante grande, do coro, onde se col-
peça de musica, porque a tonica da locam os livros de Canto-chão.
dita escala é a supradita nota Fá. A nota
Fá dá 350 vibrações em um segundo. Fadinho.
Toada musical executada em Portu-
Fá. gal, de onde é oriunda, ao som da
Nome que se dá, Italia, na França, na qual exhibem uma dança, mui seme-
Belgica, na Hespanha, ao sexto som lhante ao nosso Landú.
da escala fundamental de nosso sys-
tema actual; corresponde ao F dos Fadista.
Allemães, dos Inglezes, dos Hollan- O que canta ou toca o Fado.
dezes, dos Suécos etc.
Fado.
Fabordão. Nome de uma canção musical exe-
E’ uma musica a quatro ou mais vozes, cutada á viola, mui popular entre os
em compasso de dois tempos velozes, Portuguezes.
cujas notas são, quasi todas, de igual
F-Dó-Fá ou Fá-Ut.
duração, e sua melodia, syllabica.
O quarto signo do systema eptachor-
E’ propria da Igreja, e com ella se do. Ainda usado em Canto-Chão-
cantam psalmos, canticos e outras (Vid. signos e vozes).
peças do officio.

sumário 179
Fagotte. Fagottista.
Instrumento de sopro, composto de O tocador de Fagotte e por extensão,
varias peças de pau, furadas e guar- se diz, do que é mui destro em tocal-o.
necidas de chaves de metal, que se
Faixas.
tova com uma palheta adaptada a um
Chamão-se as taboas delgadas e
canal de latão, chamado – tudel ou
curvas, que fórmão a expessura dos
boquilha.
Violinos, e dos de mais de sua família,
Os italianos chamão – Fagote; os sobre as quaes repousão, os tampos,
Francezes – chamão – Bassom e os superior e inferior, deste instrumento.
Hespanhoes – Fagot ou Fagotte. O
Fagotte pertence á família dos Oboés Falsa-Quinta.
e occupa o mesmo lugar, que o Vio- Os antigos maestros derão este nome,
loncello com relação ao Violino. a um intervallo dissonante, que os
Gregos chamarão – hemi-diapente.
Foi inventado em 1539, por J.
Aphnaneo. O Fagotte é instrumento, Falsado ou Falseado.
quasi indispensável nas orchestras, Syn. de desafinado.
por seu tymbre mavioso e caracter
melancólico, nobre e tocante. Falsar ou Falsear.
Dar som falso; desentoar, falta á jus-
Em uma melodia religiosa inspira teza dos intervallos. Falsear a corda
piedade e doce recolhimento; em um desafinar, por defeituosa; Falsear a
Solo, modula com graça e doçura; voz, desentoar.
nos sons graves, tem tal força, que
faz estremecer, assemelhando-se ao Falsa Relação.
rugido dos feras. Suas notas graves Intervallo diminuto ou superfluo. Ge-
e seus sons médios são de grande ralmente, entende-se, por falsa rela-
effeito nos acompanhamentos. ção o encontro aspero e dissonante
produzido entre duas partes, que não
Fagotte. marchão, por movimento regular; isto
E’ tambem um registro de orgãos, é, conforme as regras. Vid. Relação.
que imita, o instrumento deste nome. A falsa relação é hoje prohibida, so-
bre tudo, nas vozes; porque é difficil
Fagottino.
de entoar, e faz muito mau effeito,
Diminutivo de Fagotte; pequeno Fa-
que duas vozes differentes, cantem
gotte. Era usado nos séculos XVI XVII
sucessivamente, uma nota natural, e
e XVIII, mas, nunca foi admittido na
orchestra moderna.

sumário 180
outra a mesma nota alterada por al- E’ entre nós, o nome que dão um baia-
gum acidente. do, ao ar livre, sobre tablado, ao som
de musica alegre, festiva e apropriada,
Falcete. ordinariamente, pelas festas do Natal,
Voz sobre a larynje, chamada tam- nos Estados do Norte da Republica,
bem, voz de cabeça. Este genero só onde se exibem os bailaristas, repre-
existe, entre os homens, e particular- sentando, vestido a caracter, uns si-
mente, entre os Tenores. mulacros de combates navaes, e epi-
Falsetear. sodios histórico, constituindo isso um
Cantar por falsete. grande divertimento publico.

Falso. Fanfar.
Se diz do que é opposto ao justo ou Pequena banda de instrumentos bel-
exacto. Se canta falso, quando não licos, taes como o Clarim, Corneta,
se entôa os intervallos com exati- etc. propria dos corpos de cavalaria.
dão, por demasiado altos, ou de- As suas composições tomam o mes-
masiado baixos. mo nome.

Há vozes falsas, cordas falsas, Fanfarra.


instrumentos falsos, entonação falsa Aria militar, curta e viva, em modo
e accorde falso, etc. maior, executada por dois Córos e
dois Trompetes.
Falso bordone.
Fá bordão. Por extensão se dá este nome a
toda musica militar, assim como á
Fandango. toda reunião de musicos, servindo-se
Dança de origem hespanhola, que de instrumentos de cobre.
provem de uma época mui remota.
A musica desta dança é a trez tem- Fanfarriar.
pos, e seu movimento mui animado e E’ uma tocata, composta especial-
voluptuoso. Regularmente se executa mente para Trompas e Trompettes,
por duas pessôas, ao som da Guitar- para celebrar-se uma festa domesti-
ra, Castanholas etc; e muitas vezes ca, e para animar e dar alegria a es-
em forma de contradança. sas funcções. Geralmente é escripta
no compasso 6/8.
Fandango.
Fantasia ou Phantasia.

sumário 181
Antigamente era uma peça de musica ideias inconnexas, e cantos de inspi-
instrumental que se compunha ao cor- radas formas e desusadas combina-
rer da execução, e na qual o compo- ções. Nellas se empregam tambem
sitor se integrava a todos os arroubos instrumentos de um modo differen-
de sua imaginação, sem plano nem te de quaesquer outras especie de
disposição da arte, posto que enco- musicas e o compositor se entrega
berta. Na musica moderna, as phan- a todos os extravios de sua imagina-
tasias são peças trabalhadas com ção, sem sujeitar-se á nenhuma das
plano, com symetria e determinadas formulas ordinarias.
proporções, de forma que já deixaram
Fantasticamente.
de ser o que eram a principio. Regu-
De effeito phantastico.; bisarro.
larmente se escolhe um thema, que
quasi nunca pé original, tomado de Fantastico.
um motivo de alguma Aria de opera, Exige uma execução ostentoza.
sobre o qual se fazem variações etc.
Farndola.
Entre o Capricho e a phantasia,
E’ uma dança que executam muitas
propriamente ditos, há a differença
pessoas, formando uma cadeia. Re-
de que o Capricho é uma collecção
gularmente se cumpõe de 20 e mais
de ideias inconnexas que a imagina-
pessoas, alternando os seus sexos.
ção reúne, emquanto que a fantasia
obedece sempre a um plano artistica- Cada uma baila ou salta, como
mente concebido. lhe parece, em cadencia, sem cuidar
de dar grande regularidade aos pas-
Fantasioso. sos. Depois, juntando-se todas as fi-
Cheio de phantasias; imaginativo. guras, formavão um séquito que deve
Este termo é applicavel, tanto ao pro- obedecer áquella, que vai na frente
fessor, como á composição. da farandola, e que serve de guia.
Esta dança está em uso na França,
Fantast.
na Hespanha, e lhe dão tambem o
Abreviatura da palavra Fantastica-
nome de Contra-passo.
mente ou Fantastico.
A aria desta dança é de movimen-
Fantastica.
to vivo e cadenciado.
E’ propriamente fallando, musica de
fantasia, na qual se reúnem, muitas

sumário 182
Farça. Fermo.
Nome que se da na Italia a uma opera Firme; execução segura e não duvido-
de genero comico, que tem somente sa. Quando esta palavra se usa fora
um acto. da escripturação, ordinariamente tem
outro sentido, como nota-ferma, nota
Fastisol. prolongada; Baixo-fermo, Baixo pro-
Canto antigo, destinado nas Igrejas, longado. Antigo syn. de Canto-chao.
aos dias festivos. Sym. de Canto de
estante. E’ opposto ao Canto-chao Feroce.
por conter harmonia. Feroz; ataque duro; expressão ríspida.

Favarios. Ferocemente.Ferosmente.
Os antigos deram este nome, segun- execução violenta, que exprime dureza.
do Bulanger, aos cantores que co-
FF.
miam favas, e as julgavamboas para
Abreviatura da palavra – fortíssimo,
conservar e fortificar a voz.
isto é, muito forte.
Ferial.
F-fa-ut.
O Canto-chão próprio dos dias não
O septimo Signo no systema de hexa-
santificados, nas festas menores ou
chordos. Corresponde á fá, no syste-
de terceira ordem, e tambem o livro
ma moderno. Vid. signos.
que contem, os officios para as festas
dos Santos. Ferrinhos.
Denominação vulgar que se dá ao
Fermamente. (It).
Triangulo.
Firmimente; ataque rigoroso.
Festa. Festividade.
Fermata.
Solemnidade religiosa. Missa cantada.
Syn. de Cadenza, Suspenção, Corona,
Calderon, ou pausa geral. A fermata Festival.
indica um repouso ou suspensão do Festivo, festa. Modernamente se de-
movimento, do qual se aproveita al- signa, com este nome, uma grande
gum cantante ou instrumentista, para solemnidade Musical, ou concerto
fazer luzir seu talento na execução. festivo e grandioso.

sumário 183
Festivamente. Festivitá. (con). se apoderam, por seu turno, da pas-
Festivo, festosamente, festoso. De sagem favorita.
modo alegre, brilhante, em ares de
Figurado.
festa etc.
Contra-ponto figurado, é aquelle em
Fiaco. (It). que entram notas de diversos valores
Sem energia. e que se opõem ao Contra-ponto igual,
que só admitte notas do mesmo valor.
Fiato. (It).
Sopro. Instrumenti de fiato, instrumen- Harmonia figurada, é aquella em
to de sopro. que se faz passar muitas notas, sobre
um accorde.
Fieira.
Fio de cobre vermelho, pratiado ou Figurar.
dourado, ou mesmo de prata, que Fazer passar muitas notas, por uma;
nos bordões se enrola em volta da juntar notas no canto expresso; dar
madre, ou corda principal. harmonia, ligando-a por sons inter-
mediarios.
Fieramente. (It).
Feramente; expressão nobre e firme; Figuras.
sons animados e seguros. Chamam-se assim as notas de diffe-
rentes valores; as pausas correspon-
Figle. dentes, e, geralmente, todos os sig-
O mesmo que Ophicleide. Vid. naes empregados na escripta musical.

Figura. Figura obmissa.


Dá-se este nome a um grupo de no- Syn. de Pausa ou Silencio.
tas, a um fragmento de motivo que
o compositor gosa de reproduzir em Filete.
todas as partes de um trecho musical, Ornato no tampo harmonico dos ins-
cujas modulações elle faz variar, sem trumentos de cordas.
nada mudar no designo adoptado. A
Filhota.
figura, passa do Basso ao Violino, do
Musica de dança campestre antiga,
Fagotte áa Flauta, estabelecendo-se
em compasso ternario e semelhante
uma lucta, entre os instrumentos que
ao fandango.

sumário 184
Filo de voce. (It). ascendentes etc. As fiorituras que
Cantar á flor dos lábios. Canto doce, nós tradusimos por floreios, são in-
suavíssimo. dispensáveis no canto, para embele-
zar ou variar a melodia escripta; mas
Final. é preciso não abusar d’elles. Syn. de
Nota pela qual se acaba uma anti- gargantear.
phona, um hymno, ou outra qualquer
peça de Canto-chão. Fiscorno.
E’ um instrumento de latão, de forma
Trecho de bastante desenvolvi-
horisontal, cuja contrucção tem muita
mento e riqueza de harmonia com
semelhança com o Trombone ou Fi-
que finalisa-se o acto de uma opera,
gle, sem ser tão longo, nem ter o diâ-
ou mesmo, uma composição de mu-
metro, como este. Seu timbre, posto
sica instrumental.
que muito semelhante ao Fgle, tem
Finale. (It). os sons mais claros e agradaveis.
Indica, na escripturação, a passagem N’elle, se podem exercitar pas-
em que termina uma obra musical. sos mais difficeis e mais rápidos, por
Fine. meio dos pistons. Há Fiscornos de
Fim. Designa o lugar, onde deve ter- distinctas dimensões. Ha Contraltos,
minar uma peça, que foi mandada á maneira de Corneta, Altos, em tom
repetir. Da Capo al fine, tornar a co- de Mi b e de Fá; Tenores em Si b e em
meçar até a palavra – fine. Baixos, todos de uma mesma familia.

Flor di labbra. (cantare á) Fisharmonica.


Expressao italiana. Cantar á flor, dos Vid. Eolina, Eolodicon.
lábios. Canto doce, suavíssimo, pare- Fistula.
cendo ser formando entre os próprios Flauta pastoril entre os Latinos.
lábios e não ter origem na garganta,
nem reforça das cavidade vocaes. Fixas.
Cordas fixas, as que eram comuns a
Fioritura. todos os tres gêneros musicaes nos
Vocabulo italiano, com o qual se de- tetrachordos dos Gregos.
signa geralmente toda a especie de
adornos e em particular, passagens Flagiolet.
compostas de escalas diatonicas E’ um instrumento de ar, construido
ou chromaticas; passos de terceiras de madeira, contendo seis orificios,

sumário 185
para variar os tons, e guarnecido de para a maior parte das cerimonias re-
chaves de metal. ligiosas, para os festins, casamentos,
funeraes e outas funcções solemnes.
E’ o antigo Caramillo, mais aperfei-
A condição mais necessária para
çoado. Em principio, foi mui defeituo-
bem tocar a Flauta consiste em uma
so na afinação dos sons, e mui limita-
boa emboccadura, isto é, certa dis-
do a respeito dos meios de execução;
posição nos labios, para fazer entrar
porem desde que se lhe poz as cha-
no instrumento todo o ar que sahe
ves, desappareceram seus defeitos, e
da bocca, a fim de que não se ouça,
hoje é um instrumento de orchestra,
certa especie de ruido produzido pela
que se tem adoptado e produz mui
saliva, e que é mui desagradavel ao
bello effeito na musica dos bailes.
ouvido. A Flauta se destingue por sua
Sua extensão é a mesma da Flauta, extensão e pela riqueza e varieda-
porem, com uma oitava mais aguda. de dos sons. Está armda no tom de
O som d’este instrumento é mui forte, Ré, e suas escalas mui proprias para
de timbre campestre e agradavel. abrilhantar sua execuções, são as de
sustenidos, a saber: Ré, Sol, Lá, Mi e
Flagiolet.
seus relativos a menores.
Nome que dão, ao mais agudo de to-
dos os jogos do Orgão. Flauta doce.
Registro de Orgão de tubos de esta-
Flageoleto.
nho, em forma de maçaroca.
Italianos escrevem as vezes, esta pa-
lavra em alguma passagem de uma Flautado.
parte de Violino concertante, para Com som de Flauta. Registro flauta-
indicar, que as notas, assignaladas do; o registro de Orgão.
por ella, sejam executadas em sons
harmonicos. Flautati. (It).
Sons harmonicos.
Flauta.
Este instrumento de vento é conheci- Flautato.
do, desde a mais remota antiguidade. Flautado dou aflautado; que imita o
Entre todos os povos que tem culti- som da Flauta; sons doces e maviosos.
vado a musica, se encontram Flautas
Flautim.
de differentes formas. Na India, Chi-
Pequena Flauta. Instrumento em tudo
na, Egypto, as tem havido variadas.
semelhante á Flauta, porem de pe-
Os Gregos e os Romanos as tiveram

sumário 186
quena dimensão. Chama-se tambem sons nas phrases particulares, como
Octavino. Tem a mesma extenção que tambem nos períodos musicaes.
a Flauta, posto que tenha uma oitava
Floreios.
mais aguda que ella.
Pequenas notas que adornam o
O seu timbre é marcial. canto.

Flautista. Vid. Fioritura, glosa, Glosar, Orna-


Tocador ou executor de Flauta. mentos etc.

Flautone. (It). Florido. (Contra-ponto).


Flautão; Flauta grave, oitava faixa da E’ uma composição, em que o autor,
ordinaria. sobre um accorde dado, emprega
com livre elecção e gosto, quaisquer
Feb.
figuras nas notas e duração nos sons,
Abreviatura da palavra Febile.
nas vozes e nos instrumentos.
Febile. Este, Contra-ponto é o que , mais
Vocabulo Italiano que, ás vezes, se a miúdo, se emprega nas participa-
junta com outros que indicam movi- ções das operas, symphonias, quar-
mento, e, então segnifica – triste e lasti- tettos e outras peças.
moso: como Andante ou Largo flebile.
Flottole.
Flicorno. (It). Especie de canto melodioso, que os
Corneta de piston. discípulos dos Conservatorios, de
Veneza cantavam nas procissões
Flute. (Franc).
dos Santos.
Flauta. Registro dos Harmoniums.
Nos Orgãos de sala, Americanos, o Fluidez.
registro Flute sôa oitava a cima do Nas composições musicaes se diz
Diapasão e é o seguinte do registro haver Fluidez, quando o compositor
de Viola. faz encaminhar seu trabalho faz enca-
minhar seu trabalho debaixo de uma
Flexibilidade.
illação e enlace de sons e accordes,
Se diz de uma certa elasticidade que
com uma marcha natural e fácil, de
deve ter a voz no canto, para aug-
modo, que o compositor tivesse fei-
mentar ou diminuir a intensidade dos
to esforço algum em seu trabalho,
parecendo que tudo veio á imagina-

sumário 187
ção quasi ao acaso, sem o emprego Os Orgãos teem dois, tres ou
de saltos incoerentes na melodia e mais folles segundo sua grandeza,
accordes mal enlaçados. O estudo cujas dimensões são tambem mui
da fuga é o mais próprio para conse- variadas.
guir esta preciosa qualidade.
Folleiro.
Flutet. Nome que dão ao individuo encarre-
Instrumento de sopro, antiquíssimo gado de mover os folles no Orgão.
na França, e que ha mais de dous
Folia.
seculos, não está em uso, senão
Dança extravagante, viva e rapida,
na – Provença. E’ o mais festivo de
subordinada ao rythmo do Pandeiro.
todos os instrumentos campestres e
o mais agudo de todos os de sopro. Força a voz.
E’ da forma da Flauta de bico, com E’ sahir-se, no canto, do diapasão.
tres buracos, e toca-se com uma só Quando se força a voz, raramente se
mão, em quanto a outra fere com uma canta ajustado, e quando se excede
pequena baqueta o Tambaril, que a até o agudo, mais se grita, do que
acompanha, e desafia os camonezes se canta. O mesmo succede com os
a dançarem. instrumentos que, em sahindo dos
seus limites, perdem sua entonação
Foco.
e doçura.
Este vocábulo italiano, unido a outro
que expresse movimento, indica que Forlana.
se há de dar energia e ardor á exe- Musica de um baile do mesmo nome,
cução, como: Alegro con foco; presto mui commum em Veneza, e espe-
con foco. Syn. de Fuoco. cialmente entre os gondoleiros. Seu
compasso é o de 6/8, muito vivo.
Foglietto.
Dá-se este nome, em Italia, á parte Forma.
do primeiro Violino, que canta o Solo Qualdidaecom que se distinguem as
e os entoados das outras partes de composições musicaes, segundo o
orchestra; é uma especie de partitura genero e a escola a que pertencem.
abreviada. Estas formas são unicamente exterio-
res, pois há outras que fazem parte
Folle.
da beleza de taes composições, e
Apparelho nos Orgãos e Harmo-
consiste na unidade e variedade de
niums, que acumula o ar impelindo-o
bem combinal-as.
ressoar na sua passagem.

sumário 188
Forniture. modificar a intensidade de modificar a
Jogo de Orgão, syn. de mistura ou intensidade dos sons do forte ao fraco e
Jogo-cheio. vice-versa, tomara este nome; hoje de-
nomina-se simplesmente – Piano. Vid.
Forquilha.
Parte do mecanismo nas Harpas Fortissimo.
modernas, Consiste n’um pequeno Muito forte. Por abreviatura, escreve-
disco metallico com duas hastes em -se somente .
forma de forquilha, collocado por bai-
xode cada corda, de modo que esta Forza. (It).
passe pelo meio das hastes; quando Força; con forza, com força; animan-
a forquilha gira sobre si mesma, im- do a execução.
pulsinonada pelo pedal correspon-
Forzando.
dente, as hastes enbcontram-se com
Forçando os sons; augmentando a
a corda, a qual desce na afinação,
intensidade.
meio tom, ou um tom, inteiro.
FP.
Forte.
Abreviação das palavras – Forte – pia-
Vocabulo italiano que corresponde a
no, isto é, 1º forte, depois piano.
fuerte, isto é, a dar intensidade e rigor
aos sons nas partes onde se encon- Fragmentos.
tram. Por abreviatura, escreve-se so- Nome que, antigamente, se dava na
mente a lettra F. Opera de Paris, á uma escolha de
muitos actos de bailes ou de operas,
Fort-Bien.
que nenhuma relação tinham entre si;
Especie de Piano, inventado em
mas que formavam um espectaculo
1758, em Gira, por um manufactor de
variado de duração, ordinária. Ha-
instrumentos de nome, Federice.
viam até fragmentos compostos com
Forte-piano. determinada intenção.
Na escripturação musical, indica ou
Francaise.
exige a primeira nota forte e a segun-
Antiga musica de dança em compas-
da fraca, ou primeira forte e as se-
so 6/8, de movimento moderado; es-
gundas fracas. E’ syn. de crescendo,
pecie de contradança.
diminuindo.
Franchezza. (It).
Forte-piano.
Franqueza; execução franca, e clara;
Foi o nome dado antigamente ao ins-
não duvidosa.
trumento, que pela sua propriedade de

sumário 189
Freddza. se fasem com fragmentos de motivo,
Con freddzza, expressão um pouco tão prompto em figura de imitação ou
desanimada; com friesa. de cânones, como de progressões e
Contra-pontos livres ou inversos, e,
Frauta. (Termo poetico). por tanto, a matéria principal da fuga
Flauta. se compõe de todas as combinações
Fretta. (It). scientificas, que podem fazer-se na
Pressa; in fretta ou con fretta, com pres- harmonia e na melodia.
sa, isto é, estreitando o movimento. A fuga pode ser considerada
como uma transição, entre a musica
Fuga.
de estudo e a composição livre.
Se dá este nome a um genero de
composição, cujas partes parecem Ella nos ensina a tirar partido de
perseguir-se e fugirem uma, de outras um motivo, e a desenvolvel-o debai-
continuamente. xo de todas as formas, conservando
sempre, nas partes deste todo, um
A palavra fuga, vem de um nome
caracter de unidade.
latino que significa – fugida.
A fuga encerra todas as regras da
A fuga, entre os antigos compo-
poetica musical, e pode representar-
sitores, era uma especie de Con-
-se como o typo de todo o trecho de
tra-ponto, feito á semelhança das
musica, que todo o trecho de musica,
imitações e dos cânones, sobre um
que exige extensão, e, por conseguin-
Canto-chão; porém hoje se dá o
te, desenvolvimentos.
nome de fuga, a um trecho de musica
no qual se desenvolvem debaixo de Ha fugas de muitas especies; po-
certas regras, um motivo, fasedo-o rem as duas principaes são a fuga do
passar continuadamente de uma voz tom e a fuga livre.
a outra, por inteiro ou por partes. Ha tambem fugas de imitação, re-
Assim é que a fuga representa gulares e irregulares; fugas em movi-
um discurso musical, no qual se re- mento contrario, invertido, retrogrado,
produz, sem cessar e em muitos tons e composição em estylo fugado.
differentes, um motivo principal. As Todos estes se derivam da fuga
phrases que servem para enlaçar a do tom, e da fuga livre, e se podem
transposição destes differentes tons compor de duas, tres, quatro ou mais
chamam-se – epsodios. Os epsodios

sumário 190
partes e em todos os tons. Uma fuga Fugado ou Fugato.
qualquer se compõe de motivo, res- Trecho de musica, concebido no esty-
posta, contra-motivos, streta, e algu- lo de fuga, que, sem sujeitar-se a to-
mas vezes de pedal. Toda matria da das as regras estabelecidas neste ge-
fuga deve derivar do motivo ou dos nero de composição, participa de seu
Contra-motivos, e não se pode intro- estylo por varios conceitos. Assim se
duzir nenhum outro estranho, nem no chama Contra-ponto fugado, quando
canto, nem no valor das notas. Com- se introduzem n’elle, cânones, imita-
põe-se tambemde motivos transpor- ções e outros artifícios que se encon-
tados aos tons relativos, de toda sorte tram na fuga.
de contrapontos, imitações, canones,
Fuglhorn. (Termo allemão).
marchas e harmonicas; da inverção
Saxhorne.
do motivo por movimento contrario,
de stretas, sempre mais interessan- Fugheta.
tes; do motivo contrario, natural e de Pequena fuga.
sua inversão por outro augmentando
ou diminuindo o valor das notas em- Função.
pregadas simultaneamente, e do pe- Festa. festividade.
dal com o qual se enlaçam o motivo,
Fundamental.
o contra-motivo e a streta.
Som fundamental, é aquelle que ser-
O merito de uma fuga de estudo, ve de fundamento a um accorde, ou
depende do emprego, mais ou me- a um tom.
nos fliz, de todas estas combinações.
Baixo fundamental é o som mais
Vid. Motivo, Epsodio, Moducações, baixo que serve de fundamento á
Contra motivos, Streta ou Estreta, para harmonia. Accorde fundamental é
melhor comprehenção do estudo da aquelle, cujo baixo fundamental e
fuga, que quando bem dirigida, ensina: seus sons estão dispostos segundo
1º a unidade nas escalas com a pos- a ordem de sua geração pelas leis da
sivel variedade 2º a modular com pro- ressonância. Nota fundamental é toda
priedade: 3º a dar etensão ás ideias, aquella, sobre que se basêa o tom.
desenvolvendo-as para tirar d’ellas o
melhor partido; 4º finalmente, a obser- Funebre.
var a mais escrupulosa unidade. Triste; toques funebres, toques que
inspiram tristeza.

sumário 191
Funerio. Furore.
Sentimental; expressão dolorosa. con furore, com furor. Syn. de furia.

Fuoco. (It). Fussella.


Fogo; con fuoco, com fogo; expres- Antigo nome italiano da Semicolcheia.
são fogosa, bastante animada.
Fuste.
Fuocoso. (It). O corpo principal do Tambor e do
Fogoso; muito enérgico. Bombo. Consiste n’um cylindro largo
e curto.
Furia.
Con furia, com bastante impeto. Fuza.
Nota ou figura, com trez caudas,
Furiosamnte.
valle a oitava de um tempo, ou parte
Execução forte, impetuosa e decidida.
de um compasso; equivalendo oito
Furioso. á uma Seminima, quatro, á uma Col-
Arrebatado; expressão agitada. cheia e duas a uma Seminima.

sumário 192
G
G. Esta lettra corresponde á quinta nota
de nossa escala moderna que em solfejo,
chamamos – Sol.

sumário 193
Gaio. Gaita Zamorama.
Alegre; caracter alegre; andamento Instrumento de cordas e teclado.
vivo; expressão animada. Ha gaitas desta classe, construidas
como o Alaúde, com corpo de Gui-
Gaiamente. tarra. O teclado compõe-se de treze
Allegremente. teclas brancas e dez pretas; sua ex-
Gaita. tensão é de duas oitavas. Parece que
Instrumento de vento antiquíssimo. este instrumento, é o mesmo que os
Compõe-se de uma pelle de cabra, Francezes chamam – Viella.
que enche-o de ar, aquelle que o toca, Gaiteado.
por meio de um canudo de madeira. Acompanhado com Gaita.
Este instrumento, assim consti-
Gaitear.
tuído, é collocado debaixo da axilla
Toque de gaita.
esquerda e levado ás imediações da
bocca; tendo na parte inferior uma Gaiteiro.
Flauta com a emboccadura de can- O tocador de Gaita.
na e alguns buracos, que tapados e
destapados com os dedos de ambas Galharda.
as mãos produzes os sons, que se Musica, composta em compasso de
deseja. Elle ainda está em uso entre tres tempos, que servia para um baile
os povos montanheses da Hespanha do mesmo nome, que se executava,
e chamam-lhe – Gallega, porque teve umas veses, dando grandes cabrio-
sua origem na Gallia. las, e outras levantando apenas o pé,
dando voltas ao largo e dentro da sala.
Gaita.
Em outro tempo chamou-se – Ro-
Nome vulgar, pelo qual, designam,
manesca, por ter vindo de Roma.
qualquer instrumento musico de so-
pro, como Flauta e Pifano. Galope. (Termo fran).
Dança húngara, a dois tempos, e de
Gaita de folle.
um movimento forte, introduzida en-
Syn. de Cornamusca. Vid.
tre os Francezes, formando uma das
Gaitada. figuras do quadrilha. Seus passos
Toque de gaita. imitam muito o galopear dos cavalos.

sumário 194
Galubet. chumbo ou de milho, que, agitados,
Nome de uma pequena Flauta de produz um chocalhar estridente.
ponta, que se toca, com uma só mão,
Este instrumento é bastantemente
e serve para as festas campestres na
empregado em batuques, especial-
Hespanha.
mente nos Estados do norte da Re-
Gamba. publica, e já hoje empregam-no nas
Registro de Orgão, flautado de 16/8 bandas de musicas militares, para
ou 4 pés, cujos tubos, de conforma- certos e determinados effeitos.
ção muito delgada, tem um timbre
Garbo.
especial, que imita os instrumentos
Graça; con garbo, com graça.
de cordas.
Garganteado.
Gamma.
Trinado, que imita o gorgeio dos pas-
Serie de successão de sons, da es-
saros; requebrados, cantado com tri-
cala diatonica, que comprehende as
nados.
sete notas principaes da musica, dis-
postas, segundo o ordem natural, no Garganteio.
intervallo de uma oitava, Dó, Ré, Mi, O cantar garganteado; gargantear,
Fá, Sol, Lá, Si. trinando com a voz.

Garrice.
Gorgear ou gargantear, imitando o
chilro ou gorgeio dos pássaros.

Os Musicos da escola antiga cha- Gaturda.


mavam-na Gamma; nome que todavia, Modinha que se tocava na Viola, ou
se uza hoje, como syn. de – Escala. na Guitarra. Termo antigo.

Gandú. Gauche. (Franc).


Antiga toada, que se executava na– Esquerdo; main gauche, mão esquer-
Viola. da. Por abreviação: - M.G.

Ganzá. Gavotta.
Instrumento de percussão composto Dança originaria dos Gavotos, habi-
de um cylindro de folha de Flandres tantes de Gau. A musica é, em com-
contendo dentro, pedrinhas, grãos de passo a dous tempos, de movimento

sumário 195
gracioso e animado, marcando um por isso mudar de som, pelo que obri-
repouso de dois em dois compassos. gam a certas regras de harmonia.

E’ bailado por duas pessoas. Na musica moderna, os generos


são mixtos, porque participam ordina-
Generala. riamente, de tres outros com as novas
Toque de tambor para tomar as armas. denominações de – semi-chromatico,
Generante. (Nota). semi-diatono ou diatonico chromatico,
E’ a que serve de fundamento aos por participarem de um e de outro, ou
accordes; neste sentido, é o mesmo finalmente, diatonico-chromatico enhar-
que fundamental. monico, por participarem dos tres.

Os antigos, como nós, tinham tam-


Generador. (Som)
bem tres gêneros, com as mesmas
Chama-se assim, a tonica relativa
denominações: consideravam-nos
aos accordes perfeitos e de septmia
porem sob diversos pontos de ideias,
diminuta, que elle engendra. O accor-
bem differentes das que nós temos.
de generador é a primeira face dos
accordes, tanto consonantes, como Genio.
dissonantes, e a falsa quinta, relativa- E’ o dom ou a faculdade de crear, in-
mente aos mesmos de septmia dimi- ventar ou executar alguma cous, de
nuta e de segunda e septima dimina, um modo novo e original.
que a comprehende.
E’ aquelle fogo nobre, que anima
Genero. o musico, quer quando compõe quer
Os sons, considerados quanto á sua quando executa. O genio é sempre
melodia ou entonação, devide-se em profundo, posto que possa ser inculto
tres gêneros: - Diatonico, Chromatico e abandonado; e tem, por caracteres,
e Enharmonico. a fecundidade e a originalidade.

Diatonico, o que procede natural- E’ essencialmente um dom da


mente; chromatico, o que usa dos ac- natureza, pelo que se destingue do
cidentes; chamando-se chromatico talento e do gosto.
duro, quando procede de sustenidos,
Genis.
e chromatico molle quando por be-
Nome italiano de uma especie de
moes; Enharmonico, o que consiste
Saxhorne alto, em Mi b.
na mudança de nome ou signo, sem,

sumário 196
Georgeophone. Gingrason ou Gingrina.
Instrumento de metal, semelhante Entre os Gregos, era uma Flauta pe-
ao Saxophone; foi inventado para o quena direita, com palheta, de sons
substituir. melancolicos. Chamavam-lhe tam-
bem Flauta phenicia.
Tem, cobre aquelle, a vantagem
de produsir melhores sons graves e Giocosamente. (It).
ser mais commodo. Facetamente; brincando.
Ha duas especies de Georgeo-
Giocoso. (It).
phone: – Baritono, em Mi b, e Baixo
Gracioso; jovial; execução pouco sé-
em Si b, os quaes na extensão e tes-
ria e alegre.
situra correspondem ao alludido Sa-
xophone. E’ privilegio dos fabricantes Giocoso. (Drama)
francezes – Pélisson Fréres. Syn. de Opera buffa.

Gerador. (Som). Giojoso. (It).


Nome que se dá ao som principal que Contente; execução viva e galhofeira.
produz um corpo sonóro, para o dis-
tingui dos outros sons concomitantes. Giovale. (It).
Expressão alegre, engraçada e folga-
Tambem damos o nome de Gera- san.
dor ao Baixo fundamental de todos os
accordes. Giraffes. (Franc).
Nome que deram os Francezes a cer-
Giga. tos specimens de antigos Pianos de
Esta palavra, que, primitivamente, cauda, dos quaes ainda se acham
designava um instrumento de cor- raros exemplares em uso aqui e alli,
das, muitas vezes citados nas obras como era antigamente.
francezes, da idade media, foi depois
applicada á uma aria de dança, de Gironda.
um movimento vivo, que fez furor, na Sanfona.
França, no seculo XVIII.
Giustamente. (It).
Gimnopédia. Justamente; com precisão.
Tocata, a cujos sons, bailavam, nuas,
Giusto. (It).
as jovens de Lacedemonia.
Justo; exacto. Quando este vocábu-
lo se junta ao andamento, indica um

sumário 197
movimento apropriado ao caracter da Glota.
peça; depois de um retardando, indi- Uma das partes de que se compunha
ca o primeiro movimento, e, então, é a Flauta antiga. As glotas eram umas
syn. de tempo primo; no principio de linguetas, que vibravam por meio do
uma peça, posto como andamento, sopro d’aquelle, que a tocava.
exprime movimento moderado; tem-
Glottis.
po giusto, andamento moderado.
Chamava-se entre os Gregos, a em-
G-la-fa. boccadura dos instrumentos de sopro.
Antigamente Sol b.
Glottis.
Esta palavra formou-se com a let- E’ tambem a parte carnuda do or-
tra G e as syllabas Lá e Fá, porque no gão da voz, cujos movimentos con-
systema de mutanças o sol b podia tribuem, para a articulação dos sons.
ser designado com qualquer d’ellas,
segundo o caso. Glosa.
Syn. de Floreios ou Fiorituri. Passagem
Glacibarifono. que remata uma ligação harmonica.
Especie de Clarineto baixo inventado
por um musico italiano em 1838, Não Golpe de arco.
teve aceitação. E’ o modo de manejar o arco nos ins-
trumentos que se tocam com elle. E’
Glissando. uma das mais importantes qualida-
(Do Franc). Escorregando; passando des para, se executar com perfeição
com muita velocidade a escala sobre
As divisões do golpe de arco, em
o teclado branco do Piano, com um
geral, podem redusir-se a tres: 1ª o
só dedo, se ella é simples, ou com
stacato, que consiste em empregar
dous, se é de terceiras, sextas ou oi-
uma pequena parte do arco para picar
tavas. Esta forma de execução no Pia-
muitas notas, com um mesmo golpe,
no, sendo reprovada pelos mestres
e um certo grau de rapidez: 2ª o esta-
antigos, como propria de charlatães,
cado ou tirado, que consiste, em pas-
acha-se restabelecida pelo celebre
sar todo ou a maior parte do arco so-
pianista – Henri Herz, que a permitte,
bre as cordas; 3ª o ligado, que é fazer
em caso de muita necessidade, ad-
duas, ou mais notas com um só golpe.
vertindo, ao memso tempo, que não
se abuse d’esta licença.

sumário 198
O modo de tel-o e conduzil-o per- Este vocábulo designa uma pas-
tence á escola do professor, que en- sagem rapida, executada com a voz.
sina o instrumento, pois está sujeito a Os melhores cantores antigos e mo-
tantas modificações, quantos são os dernos empregam-na sempre com
carecteres da composição musical. prudencia.
Por meio do gorgheggio se evita
Gongo. a frequente repetição das palavras, e
Instrumento musical usado pelos In- se faz realçar mais a voz.
dios e pelos Chinezes.
Gorgoristas.
Gongon. Chamam gorgoristas os sobrecarre-
Instrumento mui commum nas costas gados floreios ou glosas quando o
d’Africa; porem, particularmente, en- cantor, abusa da licença empregada,
tre os Hotentotes. faltando á escola do canto.
Os ha de differentes maneiras, e
Gosto.
todos de uma mesma construcção,
E’ o discernimento ou o tacto imper-
que consiste em um arco de ferro
ceptível, que conduz o musico na es-
ou madeira, encurvado por meio de
colha das ideias, que devam produsir
uma corda de tripa. No extremo do
o effeito desejado dando, a cada nota
arco, se introduz na corda o cano de
ou phrase, o tom, o caracter e o lu-
uma penna.
gar que lhe convem; é finalmente um
O que toca este instrumento, so- dom musical, que nasce com o indi-
pra na penna, e produz diffetentes viduo, e que não se aprende, por que
tons, segundo a maior ou menor força não se pode ensinar.
com que o pratica.
Gradação da voz.
Gorgeio. Um dos mais belos ornatos do canto
E’ a passagem rapida de sons, exe- e da voz – é entoar mui soavemente
cutados com a voz, que indica muita uma nota de longa duração, ou de
flexibilidade na garganta. Da agili- uma cadencia, augmentando gra-
dade com que se executa tomou o dualmente o som, do piano ao for-
nome de – gorgeio, como se diz do te, diminuindo, do forte ao piano, na
canto das aves. mesma proporção.

Gorgheggio. (It). Gradazione. (It).


Garganteio. Gradação.

sumário 199
Este vocábulo, indica a gradação Grammatica Musical.
dos sons, augmentando ou diminuin- E’ um resumo das regras necessarias,
do sua intensidade pouco a pouco. E’ para saber ler e escrever a musica, e
applicavel tambem á maior ou menor combinar os sons e accordes. N’ella
celeridade do compasso. se comprehendem os conhecimentos
preliminares, ou a theoria do solfejo;
Grade. a applicação dos caracteres musi-
Syn. de Partitura, E’ chamada assim, caes, ou seja synthese, ou o rythmo
por que as grandes dimensões, dis- e a prosodia.No solfejo se conteem
postas perpendicularmente, para di- os signos e notas musicaes, a claves,
vidirem os compassos de todas as as figuras ou signos de valor e de si-
partes, fornecem uma grade com as lencio; os compassos, ou signos de
pautas ou linhas horisonaes. medida; os accidentes, ou signos de
Grado. alteração das notas; os adornos e o
E’ a differente posição de duas notas, movimento. A synthese trata do som,
collocadas em uma pauta ou penta- do tom e sua divisão; da oitava e sua
gramma, e em uma mesma clave. formação, dos intervallos e maneira
de formal-os, do modo e sua theoria,
Os gráos servem para denotar a dos accordes e de sua doutrina, das
maior ou menor elevação dos sons cadencias, das dissonâncias e suas
da escala musical. resoluções. O rythmo comprehende
Chamam-se grados conjuctos, a symetria das phrases e dos mem-
quando os intervallos, entre duas bros que compõem os períodos; o
notas, formam uma segunda; e cha- arranjo das partes melódicas com
mam-se disjunctos, quando o inter- relação á sua extensão. A prosódia
vallo é maior de uma segunda. Tam- musical é, que ensina a applicar os
bem se diz, n’aquelle caso, gradatim sons á accentuação das palavras, á
immediato ou consecutivo. duração das syllabas e á terminação
das dicções, em todos os versos de
Gradual. differente construcção.
Livro litúrgico que contem o Canto-
-chão de todo o officio da Missa. Grau-cassa. (It).
Bombo.
Graduale. (Lat).
Syn. de Antiphonario. Grand choeur.
No Orgão, a reunião de todos os jogos.

sumário 200
Grand jeu. Grasnar.
Registro dos Harmoniums, o qual por Tirar de certos instrumentos, taes
meio d’um só puchador abre todos como o Oboé, Fagotte, etc,um som
os outros registros, excepto o celes- fanhoso e rouco, que se parece com
te. Nos Orgãos Americanos de sala e o grasnar do pato ou do ganço.
mesmo em muitos Harmoniums fran-
Acontece isto aos principiantes,
cezes, o cheio ou grande jeu, tem por
mormente nos sons graves por não
puchador uma joelheira.
cerrarem a palheta com os beiços.
Gran-jogo ou Gran-côro. Os Francezes disem Canarder; e os
Denominação, que se da á uma peça Italianos Sgrisciare.
de Orgão, executada sobre os tecla-
Grave.
dos reunidos do grande Orgão, e do
Quer diser, som opposto ao agudo;
positivo com os pedaes, no qual se
porem a gravidade não é jamais ab-
juntam todos os jogos de palheta,
solutam senão relativa a outro som
combinados, com os de mutação.
mais agudo, comparando-se entre si.
Grand-Opera. A gravidade dos sons nos instru-
Nome que antigamente, se dava á mentos de cordas, depende da gros-
Opera de Paris, para destinguil-a da sura, longitude e extensão d’ellas, e
Opera cômica. em geral do volume e da massa dos
Hoje se chama simplesmente – corpos sonóros pois, quanto mais
Opera. lentas são as vibrações, mais grave é
o som. A gravidade nos instrumentos
Grandioso. de ar depende da longitude e capa-
Effeito pomposo e solemne. cidade interior dos tubos, de que são
construídos.
Granido.
Syn. de Trillo ou Trinado. Gravicembalo. (It).
Syn. de clavicembalo. (clavecim) é
Gráo.
provavelmente uma destas desfigu-
Degráo; gradação; divisão da escala.
rações de nomes tão frequentes no
Os grãos se devidem em conjuctos e
seculo XVI, bem que a alusão a grave
disconjunctos. Vid. Grado.
não pareça contradictoria, pois este
instrumento funcionava ao lado da

sumário 201
Teorba, da Archiviola, da Lyra e do quasi exclusivamente fornecidas pelo
Violão, como instrumento baixo. auxilio de grnde numero de obras
theoricas.
Gravidade.
A gravidade dos sons depende da E’ um facto bem conhecido, que a
grossura das cordas ou tubos, da Musica, como as demais artes, era tida
largura, do diâmetro, e em geral, do em alta estima na antiguidade e que
volume e da massa do corpo sonoro. estava longe de ser exercida, como
na media edade, por vagabundos e
Gravissimos. occiosos, As justas poéticas e musi-
Chamam-se os sons baixos do sys- caes, ocupavam um logar importante
tema musical, e que ficam antes dos nos jogos Olimpicos, Pythios e Isthi-
sub-graves. Vid.Son. micos dos Gregos. A historia primitiva
da musica grega é por tal forma eiva-
Gravura musical.
da de legendas, que é quasi impossi-
E’ a arte de gravar musica.
vel de se extrahir uma serie de factos
Grazia. (It). certos. A invenção dos instrumentos
Graça; con grazia, com graça. de musica, assim como da arte musi-
cal em geral, é attribuida aos Deoses
Graziosamnte. (Apollo, Mercurio, Minerva, Pan) etc.
Graciosamnte. No principio da peça, A musica grega ignorava todo syste-
exprime o mesmo sentido que Grazio- ma harmônico semelhante ao nosso,
so. Vid. pois os Gregos não tinham a noção
da poliphonia; entretanto não se limi-
Grazioso.
tavam exclusivamente á acompanhar
Este vocábulo italiano, que acompa-
as vozes ao unisono, ou á oitava, mas
nha sempre a outro, que indica movi-
podiam executar certos ornamentos
mento, quer dizer que a expressão há
e certas figuras de acompanhamento
de ser suave e elegante, e dar muita
compostos do que nós chamamos
graça á peça de musica.
modernamente – appogiaturas e no-
E’ mui frequente encontrar-se de- tas de passagem, ou bem ainda, não
pois de algumas das palavras Andan- fazerem ouvir, ao contrario, senão os
te ou Addantino. sons accentuados dos da melodia
vocal. A theoria grega da musica não
Grega. (Musica)
é bem desenvolvida e suas consta-
As instrucções que possuímos sobre
tações teem empregnado aos theo-
a Musica da Grecia antiga, nos são

sumário 202
ricos occidentaes de uma somma
enorme de trabalho. Fizeram reserva
de sua sciencia por muitos séculos;
entretanto, parecendo-lhes que accu-
mulavam uma bagagem consideravel se liga e que as vezes se pode ex-
de conhecimentos viu-se a final, que primir sem ellas, por certo signal de
tudo não passava de superfluidades. convecção, que representa, mais ou
menos, um S. deitado adiante da
Gregoriano. (Canto) nota, que a precede.
Applica-se á musica ou Canto-plano,
restaurado ou aperfeiçoado por São
Gregorio Papa.

G-Ré-Sol.
O quinto signo, no septimo heptar-
Grupo.
chordo, ainda usado no Canto-chao
Chama-se tambem a reunião de mui-
moderno, que corresponde á nota
tas cordas n’um instrumento, afin
Sol, de nossa escala musical.
das, em unisono, ou em oitava, que
Os Italianos chamam G-Sol-Ré ou devem ser feridas com o dedo, tecla,
–Sol-Ré-Ut. plectro ou outro meio qualquer, As 24
cordas do Alaúde formam 12 grupos,
Gritar.
de duas cordas cada um. Cada tecla
E’ esforçar a voz em termos, que os
de um Piano fere um grupo de duas,
sons, que se produsem, são desaper-
tres, e mesmo quatro cordas.
cebiveis e. quasi, inapreciaveis.
G-Sol-Ré-Ut.
Grosse-Caisse. (Franc)
O primeiro signo no systema Guido-
Bombo
miano.
Grupo ou Grupeto. (It). Corresponde á nota Sol, de nos-
E’ um ornamento melódico que, or- so systema moderno.
dinariamente, consta de trez ou qua-
tro pequenas notas, de pouco valor, Guadok.
precedendo ou seguindo o ataque da Nome de um Violino rustico, de tres
nota essencial a que cordas, usado entre os Camponezes
russos.

sumário 203
Guaracha. Guimbarde. (Franc).
Certa dança hespanhola. Berimbáu.

Guerreiro. Guimdomano.
Syn. de Marzialle; marcial. Systema guindomano, o de hexacor-
do, inventado por Guido Aretino Vid.
Guia. systema.
O mesmo que motivo. A voz na fuga,
que dirije ou mostra o caminho ás Guinada.
outras. O salto de voz desentoada.

Guia-mãos. Guisos.
Apparelho de madeira, inventado por Pequenas espheras ocas, de metal,
Kalkbrenner, celebre pianista alemão, contendo dentro grãos de chumbo,
destinado a corrigir convenientemen- para produsir som, ao agitarem-se.
te a má posição do ante-braço e
Guitarra.
mãos dos jovens pianistas, impedin-
Instrumento de cordas mui comum na
do-os assim, de contrahirem mãos
Hespanha. De todos os instrumentos
habitos. Este apparelho, consiste em
da família do Alaúde, a Guitarra é a
uma altura, de meio palmo, em toda
unica combinação d’aquelle que tem
extensão da escala do Piano, presa a
seis cordas; sua extensão é de duas
dois pequenos braços angulares de
oitavas e meia.
madeira, sobre que descançam.
Sua corda mais grave está no tom
As mãos sustentadas assim em
de Mi (grave do Piano) a 5ª em Lá; a
uma elevação determinada pelo pro-
4ª em Ré; a 3ª em Sol; a 2ª em Si, e
fessor, podem percorrer o teclado ou
a 1ª em Mi.
ficarem quietas, deixando aos dedos,
toda a liberdade de acção. Guitarrada.
Concerto de Guitarras. Trecho execu-
Guião.
tado na Guiatarra.
Certo signal de musica, posto no fim
da pauta, para indicar a nota, que co- Guitarreiro.
meça na linha seguinte. Este signal Fabricante de Guitarra.
se põe no Canto-chão sempre; po-
rem vai cahindo em desuso, em toda Guitarrinha.
outra classe de musica. Diminutivo de Guitarra.

sumário 204
Guitarrista. larynge, isto é, quando sahem da
Tocador ou professor de Guitarra. garganta e não do peito.

Gustevole. Guzla.
Syn. de gustozo. Instrumento de musica campestre.

Gusto. (It). E’ uma especie de Violão, guar-


Gosto; con gusto, com mimo e deli- necido de uma só corda de crinas
cadeza. de cavallo, entrançadas; serve para
acompanhar os cantos nacionais
Gustoso. (It). chamados – Pisne.
Agradavel, execução delicada.
Gymnopedia.
Gustosamente. (It). Entre os antigos Gregos, chamavam,
Agradavelmente, expressão limpa e assim, as festas, em que os mance-
aprazivel. bos cantavam os louvores dos milita-
res mortos na guerra.
Gutural.
Se diz, que os sons das vozes são
gusturaes, quando se formam na

sumário 205
H
H. Esta lettra, na escola allemã, designa o
Si natural da nossa escala moderna.

sumário 206
Halali. são: 2.º em fazer succeder as harmo-
Nome de uma aria, que tocam as nias de um tom a outro, por meio da
Trompas de caça, quando o animal modulação, cujas leis se extrahem
vencido succumbe. de certas affinidades, que há entre
os sons. Pondo de parte, questão
Harmatias. tão controvertida, vamos expor aqui
Na antiga musica dos Gregos, era o modo de conceber a harmonia em
um canto dactilico, por que n’elle se nossos dias, segundo a forma com
empregava com frequencia o rythmo que, aplicam-na, os autores, ou o fun-
dactilo, cujo compasso se dividia em damento, sobre o qual se apoia esta
dous tempos. parte da sciencia musical.
Harmodia. Tratando deste assumpto, diz
Nome de uma canção, que os Athe- Melcior: “Quando usamos da palavra
nienses cantavam nos seus festins, fundamental, queremos indicar o som
em honra de Harmodio e Aristogiton, grave, que serve de cimento á for-
para tornal-os livres da tyrania. mação dos accordes, em sua ordem
directa, ou em suas inversões. Os ac-
Harmonia.
cordes se compõem de uma reunião
A’ esta palavra se tem dado tantas
de differentes intervallos.
definições, quanto, de autores, hão
escripto sobre ella. Quando a nota de um accorde
que está em sua posição natural, isto
Deixando, pois, para um lado,
é, em progressão de terceiras, como
estas deficientes definições, adop-
Do – Mi – Sol, a mais grave é a que
taremos a de M. Fetis, que diz ser a
chama-se – fundamental. Cada inter-
harmonia a sciencia dos accordes;
vallo expressa a distancia que ha, de
por que esta definição abrange o
um som a outro. Assim, se chma – se-
conhecimento d’elles e a habilidade,
gunda, o intervallo, que se encontra
emos saber empregar, que é o que,
entre um som e o que está mais pro-
verdadeiramente, constitue a sciencia
ximo a elle – terceira, o comprhendi-
harmonica. Ella por tanto, consiste:
do entre dois sons separados por um
1º. em accompanhar, cada nota da
terceiro; quarta, o que comprehende
escala de um tom, com as harmonias
quatro sons, e assim successivamen-
naturaes ou modificadas, que lhe são
te. Um intervallo, em quanto a seu
proprias, e praticar as leis de succes-
gráo de extensão, pode ser diminuido

sumário 207
menor, maior ou augmentado; e com uma nota dissonante, pode resolver-
relação ao effeito, que produz em -se de tres maneiras, igualmente boas,
nosso ouvido, pode ser – consonante ficando-se no mesmo grado, subindo
ou dissonante. ou descendo. Todos os accordes se
derivam de um só, que se chama –
Os intervallos consonantes, são
accorde perfeito. Compõe-se da nota
os de 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 8ª, os dissonan-
fundamental, da 3ª e 5ª e, juntando-
tes são, os de 2ª, 7ª, e 9ª. Todos os
-se-lhe uma 3ª menor, se obtem o
accordes teem a propriedade de in-
accorde de 7ª dominante. Os demais
verter-se; ou todas as notas que os
não são, senão modificações d’estes
compõem, podem collocar-se em
dous principaes, sobre os quaes des-
uma posição superior e mesmo infe-
cança, o systema inteiro da harmonia,
rior, a respeito, uma das outras.
quaesquer que sejam as formulas
Desde logo se concebe a immen- com que tenham as formulas com que
sa variedade que deve resultar des- tenham querido revistil-o, – o genio, a
tas inversões, porque, a harmonia preocupação, ou a rotina.
dos accordes, pode apresentar-se
O Enlace dos accordes está en-
ao nosso ouvido, debaixo de tantas
cadeado sobre as notas fundamen-
formas, quantas as notas que entram
taes expressas, ou subentendidas,
em sua composição.
porque, por meio das inversões de
Os intervallos consonantes são que temos fallado, podem ser col-
agradaveis por si mesmos; e os dis- locadas em outras partes destinctas
sonantes só podem sel-o, por certas da base, e devem produsir entre si os
combinações com os primeiros. intervallos, que prescrevem, a expe-
Daqui se segue, que se pode fazer riencia, o ouvido e o gosto.
uma progressão de consonancias tão Fazendo, pois, ouvir sucessiva-
extensa, quanto se queira; porem, não mente muitos accordes, se tivermos o
se pode empregar, senão uma disso- cuidado de observar as regras sobre
nancia de de salval-a, ou resolvel-a em a marcha das notas fundamentaes,
uma consonancia. A nota dissonante, podemos estar seguros de que, a
diziam os maestros antigos, deve des- harmonia que resulta, será não so-
cender de um grado invariavelmente; mente agradavel, como tambem rica
mas os nossos modernos professo- de effeito. Ha na harmonia notas, que
res, melhores instruídos nos segredo; são extranhas aos accordes, e sobre
maravilhosos da harmonia, dizem que os quaes não fazem mais do que

sumário 208
deslisarem-se. Ellas se collocam, or- afinadas por semitons. Esta Harmoni-
dinariamente, nos tempos fracos do ca inventada por Franklin, é anterior
compasso, ou rodeiam a outras (par- a 1700. De então por diante, deram
te integrante dos accordes) fazendo o nome de – Harmonica a muitos ou-
uma especie de adorno melodico. tros instrumentos parecidos, por ana-
logia de sons; porem differentes em
E tambem são chamadas – notas
construcção, taes são: – a Harmonica
de passo ou apoggiaturas.
Virginal, que imita á voz humana: a
Ha outras, que se encontram em Harmonica dobrada, que é uma du-
tempos fortes, chamadas – suspen- pla serie de campainhas de vidro col-
sões; porque suspendem a integran- locadas em uma caixa; a Harmonica
te de um accorde, durante certo tem- de cordas que é uma combinação do
po do compasso, para fazel-a ouvir Piano e da Espinheta; o Harmonicorde
em seguida. Estes são os materiaes que é um piano de cauda contendo
proprios, para construir o edificio da um mechanismo, que se move com
harmonia Musical. As regras para ma- pé; o Harmonium, orgão de muitos
nejal-a, se encontrarão n’um grande registros, com linguetas livres, que se
numero de Tractados de harmonia, communicam com encaixes chatos
por diversos autores nacionais e es- no interior, formando casos acústi-
trangeiros, e neste Diccionario, alguns cos; o Harmonifon ou Harmoniflute,
artigos, collocados a seu tempo, e instrumento de vento que se toca
nos respectivos lugares alphabeticos. com a bocca, por meio de um tubo
elastico, e produz sons análogos aos
Harmonia figurada.
do Oboé; o Harmonicon de Mulher,
Se diz d’aquella, em que se faz pas-
que tem quatro jogos de Orgãos; a
sar muitas notas sobre um accorde.
Fisarmonica; a Elarmonica etc.
Harmoniaco.
Harmonica de bocca.
Vid. Harmonico.
Pequeno instrumento popular de in-
Harmoniar. venção allemã. E’ uma especie de
Vid. Harmonisar. Accordeon sem folle nem teclado, em
que o som se obtem soprando e as-
Harmonica. pirando nos canaes de uma pequena
Antigo instrumento de musica, forma- caixa oblonga, onde estão mettidas
do de um cylindro horizontal, ao qual duas ordens de palhetas metálicas
se adaptam campainhas, de vidro, como no Accordeão.

sumário 209
Harmonicamente. Harmonicos. (sons)
Segundo as Leis da harmonia. São os sons concomitantes ou aces-
sorios, que, pelos princípios da reso-
Harmonico. nancia dos corpos sonóros, acom-
Que pertence á harmonia; em que há panham a outro som qualquer. São
harmonia. tambem sons harmonicos, os que se
Harmonicon. tiram de um instrumento de cordas,
E’ uma Harmonica aperfeiçoada por quando n’elle tocam os nium ou a a
Muller, com registros de Flauta e Sambuca e o Tetra-dedos suavemen-
Oboé, para reforçar os sons. te, e sem apertal-os ao braço do mes-
mo instrumento, dando frouxamente
Harmonicor. a 8ª da 5ª e a dobrada oitava da 3ª
Pequeno instrumento de sopro e te- d’um som grave.
clas a pistons, modernamente sahido
do atelier – Thibouville, em Paris. Este Harmoniflute.
instrumento, de mui bela configura- Pequeno Orgão portatil, de teclado,
ção, tem uma simples emboccadura pedaes e registros com ou sem cy-
mechanica é montada sobre um pe- lindro e manivella, de sons mui doces
queno sylindro de madeira, terminado e aflautados, e uma escala que não
em pavilhão. excede a quatro oitavas. Este instru-
mento, que representa uma das va-
Seus sons, mui fracos, asseme- riedades do Harmonium, tão generali-
lhão-se aos do Oboé, ouvido ao lon- sado em nossos dias, destina-se, mui
ge, ou ao do Violono, em surdina. bellamente, ao preenchimento do offi-
Aquelles sons são obtidos pela cio Divino, em oratorios privados, po-
disposição digital de suas teclas, dendo ser executado á vontade, por
n’uma ordem semelhante a dos Pia- meio de teclado, ou mechanicamente
nos. A extensão de sua escala, pouco com auxilio da manivella e cylindros.
mais pode exceder de duas oitavas.
Harmonioso.
Harmonicordo. Cujas partes são harmonicas; em que
Instrumento inventado por Kanffman, ha harmonia; cheio de harmonia.
em Dresde, cuja forma é a de um Pia-
Harmoniphone.
no de cauda vertical, e seu som se-
Instrumento de vento e teclado, in-
melhante á uma Harmonica.
ventado em 1837. Seus sons são

sumário 210
semelhantes aos do Oboé, e produ- successivamente, ao Fagotte, Oboé,
zidos, soprando-se com a bocca em Clarim, Cór inglez, Flauta, Octavino,
um tubo elastico, que serve para a Clarineta etc.
introdução do ar, dedilhando-se ao
Harmonometro.
mesmo tempo, sobre o teclado – que
Instrumento que serve para medir as
é igual ao do Piano. Sua extensão é
relações harmonicas dos sons. Vid.
como a do Oboé, ou Cór inglez, e foi
Monochordio.
inventado em Paris, por Dijon.
Harpa.
Harmonisar.
Instrumento musico, de figura triangu-
Por em harmonia. Syn. de Instrumental.
lar, montado, hoje, de 42 a 46 cordas
Harmonista. verticaes e munido de pedaes.
Que sabe as regras da harmonia.
As cordas se tocam com os de-
Harmonium. dos. Em estado natural, ellas não for-
Nome que se tem dado a um instru- necem, senão sons de uma escala.
mento de vento e teclado, inventado ha O mechanismo, annexado aos pe-
poucos annos, no qual se produsem daes, permite a todos elles, darem os
os sons, por meio de umas laminas meios tons, e até um tom inteiro, acima
metallicas, as quaes teem communica- d’aquelle que elles dão por si. A Harpa
ção com umas caixinhas de madeira, se toca com ambas as mãos, e tem a
especie de tubos acusticos, que fasem mesma extensão que o Piano, de seis
o officio de corpos sonóros. oitavas, assim como, uma sonorida-
Applicados taes tubos ao interior de mais bella; passa do som o mais
de outras caixas, collocadas sobre ruidoso, ao murmurio mais doce, por
um folle, o ar põe as laminas em vi- nuances, quasi insensiveis. A primeira
brações, produsindo sons de um vo- invenção da Harpa se perde na obs-
lume e intensidade, comparaveis aos curidade dos seculos. A antiguidade
tudos de um Orgão de 16 pés. As conhecia o Trigochordo dos Gregos,
differentes combinações das laminas que eram especies de Harpas.
constituem sua diversidade de sons Parece, que todos os instrumentos
e o timbre nos varios jógos, cujos antigos de cordas, como o Nablum,
resultados se obtem, por meio de o Barbitos, o Magade, o Psalterio e o
registros, collocados sobre o tecla- Samburgo, de que se falla na sagrada
do. Os jógos de Harmoniums imitam escriptura e nos escriptos da antigui-

sumário 211
dade, eram do genero Harpa, como N’ella se substituiu o mechanismo
também a Cinara, Kynnor ou Kinnar, dos pedaeas da grande Harpa, por
Harpa de David. A Harpa, ao principio, um movimento particular dos dedos.
só tinha treze cordas de tripa, por que,
Harpalice.
os povos da antiguidade, não conhe-
Era, entre os antigos Gregos, uma
ceram os bordões, nem as cordas de
canção, que modulavam as mucha-
fio de latão. Os Romanos conserva-
cas, durante seus labores.
ram, por muito tempo, o uzo da Harpa
na solemnidade dos sacrificios. Harpista.
No tempo da Cavallaria, foi o Artista musico que toca Harpa, e,
instrumento favorito dos Bardos, e mais particularmente, o professor,
em mãos dos Trovadores produziam que tem a habilidade de tocal-a.
melodias ou cantos, consagrados ao
Hautibois. (Frac).
amor e ao combate. Muito tempo de-
Oboé.
pois da Cavallaria, a Harpa cahiu em
desuzo e, somente, na Allemanha, Haute-Contre. (Frac).
nos Paizes de Galles, e na Inglaterra Contralto.
se conservou seu uso.
Em italiano chama-se á esta voz –
Harpa harmonico-forte. Tenore Contraltino, ou Tenorino.
Este instrumento é como a Harpa or-
Havanera.
dinaria. Foi inventado, em 1809, por
Musica de dança hespanhola, a dois
Lisle, que juntou 34 cordas de latão,
tempos, de caracter festivo.
afinadas de duas em duas, formando
uma especie de Contra-baixo, de 17 Helicon.
semitons, as quaes se tocavam com Instrumento moderno de metal, de
o pé, por meio de 17 teclas, a que grandes dimensões.
correspondiam outros tantos martel-
los, que as feriam. E’ um Saxhorne Contra-baixo em
Mib, ou Contra-baixo grave em Sib,
Harpa-ditale. cuja volta do tubo é circular, deixando
Pequena Harpa, de uma extensão no centro um espaço vasio, para o to-
de quatro oitavas, construida por cador poder collocal-o a tricollo como
Pheiffer – em Paris. a Trompa de caça. Torna-se por isto
muito mais portatil do que Saxhorne

sumário 212
usual, sendo principalmente preferido Hemiolia.
na – Cavallaria. O nome de Helicon foi Na musica grega, era o mesmo que
lhe dado pela semelhança, que apre- Hermiche. Os autores antigos italia-
senta, com a figura de um helice. nos davam, todavia, o nome de He-
miolo ou Hermiolia, á uma especie de
Hemi. compasso ternario, que levava uma
Esta palavra grega, muito em uso nas nota em cada tempo.
artes e na musica, significa o mesmo
que semi: a metade de uma cousa. Se esta nota era quadrada, cha-
mava-se, Hemiole Maggiore, e se
Hemiche. triangular, Hemiole Minore.
Palavra grega, que significa um inteiro
e sua metade, ou, mais claramente, Hemiolio.
um meio. Nome qeu deu Aristoxeno á uma das
tres especies do genero chromatico.
Esta dicção, com relação á musi-
ca, expressa duas quantiades em ra- Hemiope.
zão de 15 por 10. Chama-se também Flauta de mediana grandeza.
razão sesquialtera, que é da que nas-
Era uma das numerosas especies
ce a consinancia, chamada diapente
de Flautas, usadas pelos Gregos, e
ou quinta, Tirou a origem do antigo
tinha também o nome de Mesocope.
rythmo – sesquialtera.
Hepta.
Hemidiapente.
Palavra grega que significa – Sete, e
Na musica antiga grega, era uma
forma parte dos vocabulos technicos
quinta diminuta.
da arte musical; ex. Heptachordo.
Hemiditono.
Heptachordo.
Na musica grega, era o intervallo de
Instrumento de cordas, dos antigos,
uma terceira maior diminuida, de um
como uma Lyra, ou Cithara, que tinha
semiton, isto é, a terceira menor.
sete cordas.
Hemiditono maior.
Heptamerides.
Segunda maior, de cinco commas.
Nome que deo M. Sauveur a um dos
Hemiditono menor. intervallos de seu systema. Este autor
Segunda menor, de quatro commas. divide a oitava em 43 partes ou me-
rides, e cada uma d’estas em sete

sumário 213
Heptamerides, de sorte que a oitava Os Gregos davam este nome a
inteira comprehende 301 Heptameri- um instrumento que tinha seis cordas.
des ou sete partes, que é o que signi- Vid. systemas.
fica este vocabulo.
Hexarmonio.
Heptaphono. Nome de um canto ou de uma me-
Echo que repete um som, sete vezes. lopéa effeminada pela qual foi, Fibo-
xeno, seu autor, reprovado por Aris-
Hermosmenos. tophano.
Parte da musica dos antigos, que
consistia, em saber conhecer e ele- Hieracio.
ger a propriedade ou conveniencia, Nome ou canto grego, chamado as-
em cada genero de musica, não sim por Hierax, seu inventor.
permittindo dar, a cada sentimento e
Hilar os tons.
a cada objecto, todas as formas de
E’ prolongar os sons, ou o canto, tanto
que podesse ser susceptivel, e só a
quanto possa permittil-o a respiração.
obrigação de limitar-se ao que era
opportuno ao assumpto, á occasião, O modo de fazel-o, com maestria,
ás pessôas e ás circumstancias. é principiar piano, e ir augmentando
progressivamente até o forte, e logo,
Herophone.
os diminuindo, pouco a pouco, até
Pequeno instrumento de manivella, in-
chegar ao ponto de partida.
venção recente semelhante ao Ariston.
Himea.
Hex.
Canção entre os antigos Gregos, a
E’ uma palavra grega que significa
qual se chamava tambem Epiaulia.
seis, e entra na formação de alguns
vocabulos musicaes, exemplo: – He- Homogeneos. (sons)
xachordo. Semelhantes.

Hexachordo. Applica-se aos dois sons de pro-


Intervallo de seis sons Divide-se em porções differentes, mas emprega-
maior e menor. dos, como de proporções iguaes:
assim, Dó# e Réb são homogeneos
Hexachordo maior é o que se
na praxe. Este termo não se emprega
compõe de quatro tons e um semi-
theoricamente, e somente, como dis-
ton maior, Hexachordo menor, o que
se – por praxe.
consta de tres tons e dous semitons
maiores.

sumário 214
Homologos. (sons) de S. Lucas, a saber: – A magnificat, o
São os que se assemelham nos ins- Benedictus e o Nune dimittis. O Hymno
trumentos de teclado, como Dó# e Ambrosiano ou Te Deum foi composto
Réb ou Fá# e Solb. por S. Ambrosio, arcebispo de Milão.

Este termo é somente applicavel Está adoptado por toda a Cris-


na pratica. tandade, para se cantar em certas
funcções particulares, já em musica
Homophonia. figurada, já em Canto chão, como o
Na musica grega, era uma especie de mais proprio em dar graças ao Om-
symphonia, que se tocava, ao uniso- nipotente.
no, po opposição á antiphonia, que
se executava com oitava. Hymnographo.
Compositor de Hymnos.
Homophonos.
Sons iguaes; consonantes. Hymno-legion.
Colleção geral dos hymnos: livro de
Hymineu. canto lithurgico da Igreja Grega.
Entre os Gregos e os Romanos, cha-
mavam Hymineu aos versos que can- Hymnologia.
tavam nas bôdas dos espósos. Colleção de hymnos.

Hymnario. Hypata:
Livro liturgico, que contem os hymnos A corda principal ou fundamental de
com a notação do canto. cada tetrachordo.

Hymno. Hypata-hypaton.
Canto triumphal ou patriotico. Com- Hypata das hypatas; a primeira corda
posição escripta para excitar os ani- do tetrachordo hypaton.
mos, ou em honra de alguem e com
Hypate-meson.
uma entonação forte e elevada.
Era a corda mais baixa do segundo
Hymno Sacro. tetrachordo, e ao mesmo tempo a
Cantico de louvores em estylo subli- mais aguda do primeiro, porque os
me. Alem do – Te Deum laudamos – tetrachordos eram conjunctos.
e varios outros Hymnos, emprega a
Hypate.
Igreja em suas cerimonias uns tres,
A segunda e a quinta cordas.
cajo texto, são tirados do evangelio

sumário 215
No systema dos Gregos, tinham Hyperiastio ou Mixo-lidio.
esta denominação, e differençavam- Nome que deram os antigos ao
-se pelo nome do tetrachordo, que se modo, chamado, mais commumente
lhes ajuntavam. – Hyperjonico.

Hypatoides. Hyperjonico.
Entre os Gregos, era a ordem dos Chamado tambem hyperiastio ou
sons graves. Mixo-lidio.

Hypaton. Tinha seu fundamento n’uma


As quatro cordas mais graves do dia- quarta superior ao do modo Jonico.
gramma. Este tetrachordo era o doudecimo, na
ordem do grave ao agudo.
Hyper. (Prefixo grego).
Significa – Sobre, acima de; exem- Hyperphrigio.
plo: Hyper diapente, quinta superior; Era o mais agudo tom dos 13 modos
Hyperdiatessaron, quarta superior, etc. de Aristoxeno, o qual fazia o diapa-
são, ou a oitava com o hypodorio, o
Hiperbolio. mais grave de todos. Chamavam-no
Era o mais agudo dos cinco sons, que tambem – Hypomixo-lidio.
compunham o systema dos Gregos.
Hyperlidio.
Hiperboloide. Era o mais agudo dos 15 modos da
Som agudo. Voz de soprano na anti- musica dos Gregos, cuja nota funda-
ga musica dos Gregos. mental, era uma quarta superior á do
modo lydio.
Hiperdiazeuxis.
Distincção de dois tetrachordos, se- Hypo.
parados pelo intervallo de uma oitava, (Prefixo grego). Significa – debaixo,
como era o tetrachordo dos hypates e debaixo de, exemplo: hypodiapente,
os tetrachordos do hyperboleon. quinta inferior; hypodiapason, oitava
inferior, etc.
Hypereolio.
Modo de musica grega, cuja nota fun- Hypocrita.
damental ou tonica era uma quarta Musica propria para as danças pan-
mais alta do modo – Eólio. tomimicas.

sumário 216
Chamavam-na os Gregos – Or- Hypomixolydio.
chesis, e os Romanos – Saltatio. Era o oitavo dos modos da musica
antiga, que alegravam com sua me-
Hypodiazeuxis. lodia.
E’ o intervallo de quinta, que se en-
contra entre dois tetrachordos, sepa- Hypophrigio.
rados por uma disjuncção. Modo, uma quarta baixa do Phrygio.

Hypodorio. Hypophorbo.
Era o modo de cantar, mais baixo e Especie de Flauta, que inventaram os
grave que o Dorio. povos da Lydia, com a qual davam
uns sons agudissimos, semelhantes
Hypoeolio. ao relincho de um cavallo.
Era o modo de cantar mais baixo e
grave, que o Eólio. Hypoproslambanomenos.
Nome de uma corda accrescentada
Hypoionio. por Guido Aretino, um tom mais abai-
Modo accordado de uma quarta abai- xo, do que o Proslambanomenos dos
xo do modo Jonio ou Jonico. Gregos, isto é, mais grave que todo o
Hypojonico. systema. O autor desta nova corda a
E’ o segundo dos modos da musica expressou com a lettra G do alphabe-
antiga, principiando pelo mais grave; to grego, de onde nos veio a palavra
e chamavam tambem Hyposiastio e gamma, que entre nós, é tambem o
Hypofrigio grave. nome de nossa moderna escala.

Sua nota fundamental é uma Hyporchema.


quarta inferior a do modo Jonico. Os Gregos deram este nome á uma
especie de poesia feita tão somente
Hypolidio. para cantar e tocar com a Flauta, ou,
Era o modo de cantar mais baixo e mais commumente, com a Lyra;como
grave que o Lydio. tambem para bailar ao som das vo-
zes e instrumentos.
Hypominolidio.
Modo que juntavam, aos antigos mo- Hyposinapho.
dos dos Gregos, cuja nota fundamen- Era na musica dos Gregos, a disjunc-
tal era a mesma do Dorio. ção de dous tetrachordos, separados
por meio da interposição de outro ter-
ceiro, conjuncto a ambos.

sumário 217
Hypotheatras. Hypotretes.
Era antigamente uma especie de Certa especie de Flauta dos antigos.
Flauta, a qual se suppõe, chamar-se
d’aquella forma, porque servia unica-
mente para os Theatros.

sumário 218
I

sumário 219
Iastio. do canto, ou sua transposição, da-se,
Syn. de Ionio. então, o que verdadeiramente se cha-
ma-uma imitação. A imitação pode
Idylle. (Franc) ser simples, dupla, triple, etc. Simples,
Idyllio. Pequeno canto, de caracter quando não se repete mais do que um
pastoril. só motivo, ou phrase, seja qual for o
II. (It). intervallo; dupla e triple, quando se re-
O; il piu presto possible, o mais pres- petem, ao mesmo rempo, duas ou tres
to possivel; il basso stacatto, o Baixo phrases differentes, qualquer que seja
destacado, etc. o intervallo em que se faz a repetição.
As imitações podem faser-se em to-
Igual. dos os intervallos ; entretanto as mais
Nome que deram os Gregos ao syste- naturaes, são as que se reprodusem
ma de Aristoxeno; porque este autor nos intervallos de 4ª e 5ª oitavas, em
dividia geral. mente cada um de seus unisono, porque, n’este caso, os tons
tetrachordos em trinta partes iguaes e semitons se correspondem em uma
das quaes assignalava, um certo nu- e outras escalas.
mero, á cada uma das tres divisões
A estas imitações chamamos –
do tetrachordo, segundo o genero e a
regulares, e y aquellas que se fazem
especie que queria estabelecer.
nas escalas, em que não se corres-
Imbia. pondem os tons e semitons, cha-
Certa Bozina de som forte para com- maremos – livres. A mais facil. mais
bates dos Gregos. regular e mais usada, é a que se faz
pela oitava, Ao primeiro canto se de-
Imitação. nomina – motivo, thema, guia ou phra-
No sentido technico, em que se deve se, e á reproducção d’elle, é ao que
tomar esta palavra, entendemos por se dá o nome-de imitação. A imitação
imitação a repetição de um mesmo é uma das leis fundamentaes que re-
canto, ou de algum outro semelhan- gem a forma na arte musical.
te em muitas partes, umas depois de
outras, com differentes intervallos, que Imitativa.
o reprodusem. A imitação é um dos Dá-se este nome, á musica que tem por
mais bellos recursos da composição. objecto, produzir effeitos semelhantes,
ou analogos aos que se observam na
Quando se distribue, em differen-
natureza, taes como: – o imitar uma
tes vozes, ou instrumentos, a repetição
tempestade, o ruido de uma cascata,

sumário 220
o galopear dos cavallos, o troar do ca- o mesmo autor, nos inspira sentimen-
nhão, o silvo de uma locomotiva. a voz tos de piedade; a brilhante e alegre,
de certos animaes, etc. etc. nos incitam ao goso; a militar nos
inflamma. A Musica nos põe diante
Posto que esta classe de imita-
da imaginação, scenas de amor, de
ções não seja inteiramente imperfeita,
enthusiasmo, de ventura, de prazeres
por isso que só produz effeitos de con-
campestres e de sensações subli-
venção, torna-se, todavia, necessaria
mes. sem ter a menor analogia com
em certas e determinadas occasiões.
as impressões, que fazem aquelles
A musica dramatica, por exemplo,
mesmos objectos em nossos sen-
deve ser sempre imitativa; porque, nos
tidos. Os artificios de que se teem
dramas, tem que se imitar as differen-
valido alguns compositores, para in-
tes paixões das pessoas que entram
troduzirem, em suas symphonias ou
na representação, com a maior viveza
ouverturas, o estampido do canhão,
possivel. Entre as bellas artes, a que
o canto das aves, o murmurio das
mais nos exalta, entre as que mais re-
fontes, os horrores de uma tempes-
move todos os nossos sentimentos, e
tade, etc., não são mais do que côres
nos alija do mundo em que vivemos
imperfeitas, para representarem, um
e dos objectos que nos circumdam, e
quadro grandioso, scenas pueris,
a que menos meios de imitação pos-
proprias de quem não sabe buscar a
sue – é a musica; entretanto, como
expressão, nas mais nobres e phylo-
mui bem disse D. Carlos Melcior, ne-
sophicas combinações musicaes.
nhuma producção artistica affecta tão
de prompto as nossas faculdades, Imitazione: (It).
nenhuma emprega recursos tão va- Imitação; con imitazione, com imita-
riados, nenhuma falla um idioma tão ção; isto é, execução imitativa, ex-
universal, nenhuma se apodera tanto pressão semelhante.
de toda nossa existencia, como uma
conposição instrumental ou vocal, em Immediato:
que a novidade, a graça, a magestade Os Professores usam d’esta palavra
ou melancolia da parte melodica se substantivamente, para designar a
ajuntam á sabedoria, e aos bem ma- segunda parte de uma peça, ou dis-
nejados tons do acompanhamento. curso musical.

Não ha fibra no coração do ho- Inpazientimente: (It).


mem que não se abale ás vibrações Impacientemente; vivamente; com im-
do som. A musica religiosa, continúa paciencia: execução inquieta e agitada.

sumário 221
Imperioso: Improvisamente.
Execução imperiosa; arrogante. Subitamente; de improviso.

Imperfeito: (Accorde) Improvisar.


Chama-se accorde imperfeito, aquel- Compor de repente, o que pode dar-
le em que lhe falta uma ou mais no- -se. cantando, tocando ou escrevendo.
tas, para ter quantas devem e podem
Nem todos os musicos são aptos
entrar n’elle.
para improvisar: pois muitos d’elles
Chamam tambem consonancia não fazem mais do que reproduzirem
imprfeita, áquella, que pode receber cantos e accordes, conservando na
uma alteração, ou ser maior ou me- imaginação os que teem ouvido.
nor, como as 3ªs e 6ªs. E’ imperfeita
Improviso.
uma cadencia, quando não termina na
Invenção espontanea de um trecho
nota, em que deve terminar tambem
de musica.
uma oração musical; é, finalmente, im-
perfeito em musica, tudo que se aparta De verdadeiros improvisos, pou-
das regras da composição, afinação e cos exemplos ha. Quando o artista
execução. No Canto chão, são modos está a sós, é quando improvisa verda-
imperfeitos, os que são defeituosos no deiramente; então, no meio de pen-
agudo ou no grave. samentos vagos ou insignificantes,
apparecem alguns, que teem o cunho
Impeto. (Com)
e o caracter da originalidade. A’s mais
Com impetuosidade; execução vehe-
das vezes, o que se apresenta com o
mente: com grande fervor.
titulo de improviso, não é mais do que
Impetuosamente. o complemento de um quadro pre-
Com impeto; energicamente. parado d’ante mão, e no qual entram
muitas ideias já determinadas.
Impetuositá. (It).
Os Francezes chamam – Im-
Impetuosidade expressão ardente.
promptu, os Italianos – Inprovisata.
Impromptu. (Franc).
In abbandono. (It.)
Improviso. Vid.
Com abandono; syn. de abbandona-
E’ bastantemente empregada tamente.
esta palavra, como titulo de peque-
nos pedaços de musica para Piano.

sumário 222
Inapreciavel. Indisparte.
Que se não pode avaliar. Som inapre- E o mesmo que, á parte.
ciavel, é o que procede da falla, de
Infernale. (It).
uma pancada, etc. E’ o som que o
Infernal. Effeito sombrio, derrivel: ex:
ouvido reprova, por não conhecer o
pressão dura, terrificante.
seo gráu deagudeza, ou gravidade.

Syn. de Indeterminado. Vid. Som. Ingano. (It).


Cadensa d’ingana.
Inciso.
Assim chamavam os Italianos a
Alguns autores, dão este nome á
cadencia que, evitando a resolução
mais curta subdivisão da phrase mu-
natural, modúlava inexperadamente
sical, equivalente a um desenho.
n’outro tom. Syn. de Cadenza rompida.
Incomposto.
Inharmonia.
Antigo termo de musica. Intervallo In-
Syn. de desharmonia. Vid.
composto, é aquelle que se não póde
dividir em outros menores. Inharmonico.
Applicavam tambem os interval- Que não produz ou não admitte har-
los, dados de salto, como entoando monia.
– Dó, Sol –, por opposição aos que
Innocente.
chamavam por gráos conjunctos,
Expressão simples, ingenua.
como entoando – Dó, Ré, Mi, Fá, Sól,
(intervallo de 5ª). Innocentemente.
No principio de uma peça, indica
Indeciso.
movimento moderato, de caracter
O effeito indeciso, ou duvidoso, ob-
simples; no decurso da composição,
tem-se alterando um pouco o movi-
designa o mesmo que – innocenza.
mento e o valor das notas.
Innocenza.
Indeterminado.
Ingenuidade. Con innocensa, com in-
Syn. de Inapreciavel.
nocencia; com simplicidade.
Indifferenza. (It).
Inquieto.
Indifferença; execução negligente,
Expressão agitada; inquieta.
pouco accentuada.

sumário 223
Insensibilmente. (It). resultado das combinações. O com-
Insensivelmente, isto é, augmentan- positor, dispondo inteiramente do
do, ou diminuindo gradualmente o conjuncto dos instrumentos, e coor-
movimento, ou intensidade, segundo denando, o que se chama – partitura,
a palavra que o precede; eres incensi- isto é, a reunião de todas as partes
bilmente, crescendo pouco a pouco; que podem concorrer para um bom
stringuendo insensibilmente, accele- resultado, escreveria aventuradamen-
rando gradualmente. te, se não tivesse presente a qualida-
de do som de cada um, seo accento,
Insonoro. e os effeitos que resultam de suas
Sem som; desharmonioso. combinações totaes particulares.
Inspiração. E verdade que algumas vezes se
Silencio ou pausa com o valor de uma obtem resultados, que não se haviam
seminima. Syn. de Tempo, ou Parte. previsto, e em outros casos occor-
rem negativos, a pesar dos esforços
Instante.
empregados para produzil-os porem,
Na musica medieva chamava-se ins-
geralmente, um compositor habil,
tante, a duração representada pela
chega a conseguir o fim, a que se
semibreve e que então se considera-
propoz no arranjo da instrumentação.
va a parcella de tempo mais diminuta
que o ouvido podia apreciar clara- Não é uma das menores maravi-
mente. A unidade do tempo musical lhas da musica esta difficuldade de
– tempus harmonicum, era represen- prever, pela unica força das faculdades
tada pela breve e dividia-se em tres intellectuaes, o effeito de uma orches-
instantes, ou semibreves. tra, cuja instrumentação se dispõe,
como se aquella tocasse, realmente,
Instrumentação. durante o trabalho do compositor;
E’ a arte de empregar os instru- entretanto assim succede. cada vez
mentos do modo mais convenien- que se imagina um trecho qualquer de
te, para tirar d’elles o melhor effeito musica; porque o canto, a harmonia,
possivel, na musica. Esta arte pode o effeito dos instrumentos, tudo afinal
aprender-se com o tempo, e á força concebe de um só golpe, um Musico
de experimentar-se os seos effeitos; que nasceu digno d’este nome. Em
porem, assim como as demais partes quanto aos que não alcançam estas
da musica, exige uma disposição par- cousas, senão separadas umas das
ticular, e um certo presentimento do outras, pode se as segurar que sua

sumário 224
comprehensão musical, ficará sempre tensivo e patente, a musica necessita
em estreitos limites. do socorro da palavra. Nós podemos
estar fortemente commovidos, quan-
Ha tambem conhecimentos mate-
do ouvimos os accentos da tristeza,
riaes que não são inuteis ao compo-
da dor, da desgraça, mesmo em lin-
sitor, e são: os recursos proprios de
guagem que nos seja desconhecida,
cada instrumento, os passos que po-
mas quando, o que profere sons las-
dem executar, e os que offerecem dif-
timosos, se expressa em um idioma
ficuldades insuperaveis. Estes conhe-
que entendemos; quando sabemos
cimentos podem adquirir-se facilmente
do motivo e das causas immedia-
com o estudo das partituras, ou com as
tas de quaisquer soffrimentos, nossa
licções de um mestre, e, melhor ainda,
commoção sobe certamente de pon-
cultivando alguns dos instrumentos.
to. Isto nos demonstra, com claresa,
Instrumental. (Musica) que a musica não produz um effeito
E’ aquella que consta de sons não arti- completo, sinão quando vae unida á
culados, e que, para fazer sentir o que palavra, e muito melhor, á poesia: isto
expressa, não se vale das palavras. é, quando a musica vocal e instrumen-
tal caminham juntas e se casam bem.
Differe da musica vocal, em que,
nesta se expressam os sons com Instrumentalista.
palavras intelligiveis. Toda musica ba- Pessoa que toca algum instrumento;
seia-se no poder que teem os sons, fabricante de instrumentos.
mesmo não articulados, de expri-
mirem differentes paixões. Debaixo Instrumentar.
deste ponto de vista, parece que, na Escrever a musica, para ser executa-
arte musical. a musica instrumental, é da por instrumentos.
o principal objecto. Syn. de Orchestrar.
Effectivamente, nas danças, nas
Instrumentista.
festividades solemnes, nas sympho-
Musico que faz profissão de tocar um
nias, nas marchas militares, etc., se
instrumento qualquer. Tambem se da
pode prescindir absolutamente da
o nome de instrumentista ao fabrican-
musica vocal, pois que os instrumen-
te de instrumentos de musica.
tos podem, por si sós, entreter e ex-
citar sentimentos convenientes, ou Instrumento.
determidadas circumstancias: porem, Debaixo deste vocabulo generico,
quando se tem de expressar estes comprehende-se todos os corpos
mesmos sentimentos de um modo os- que podem produsir e variar os sons,

sumário 225
á imitação da voz humana. Todos arco: 2ª os de cordas pontuadas: 3ª
os corpos; capazes de agitarem o os de teclados: 4ª os de ar; e 5ª todos
ar por algum meio, e excitarem-no os de percussão.
com suas vibrações, fazendo ondu-
Cada genero de instrumentos exi-
lações bastante frequentes, podem
ge qualidades particulares para serem
dar sons; e todos aquelles capazes
tocados. Assim, pois, os de arco pe-
de accelerarem, ou retardarem estas
dem, antes de tudo, um ouvido fino
ondulações. podem variar os sons.
e muita flexibilidade no braço para
Instrumento de musica. manejal-o. Nos instrumentos, de cor-
Divide-se em tres grandes grupos: 1° das pontuadas, que os dedos tenham
os de percussão; 2° os de cordas: 3° grande energia para resistirem à pres-
os de vento. são das cordas, e sacarem d’ellas bo-
nitos sons. Nos instrumentos de tecla-
Os primeiros subdividem-se em do se acham já todas as entonações
quatro classes: – os que se tocam feitas, só se exigindo dedos compri-
com baquetas, como o Tambor, Tim- dos, flexiveis, ageis e fortes.
bales, etc:-os que a percussão cahe
sobre metal, como Tringulo, Campa- Para adquirir certa habilidade
nas, etc; os que são de madeira, em nos instrumentos de ar, é necessario
que se chocam uns pedaços com a mesma finura de ouvido, e mais a
outros, como Castanholas, etc: e os faculdade de mover os labios com
que, em vidro produzem o som, como facilidade de modificar a pressão, e
a Harmonica ou Copophone, etc. regular sua força, qualidades que se
conhecem geralmente com o nome
Os instrumentos de cordas po- de – emboccadura.
dem dividir-se com relação á materia
de que são fabricados, ou sejam: de Em quanto aos instrumentos de
metal, de tripa, de seda, ou mixtos, percussão, parece, á primeira vista,
ou relativamente ao modo de tocal-o. que todo homem robusto e forte pos-
Os instrumentos de vento, (abstração sue as qualidades necessarias para
feita do Orgão) se destinguem em tocal-os.
instrumentos de madeira e de latão. Para os Timbales, porém, é neces-
De tudo isto resulta, haverem sario ter certa flexibilidade de punho,
cinco maneiras de produzir os sons e certo tacto, que não se pode avaliar.
por meio de instrumentos : a 1ª com- Os instrumentos são tão antigos,
prehende todos os que se tocam com como a musica, e todas as nações

sumário 226
antigas e modernas os fabricavam de Esta intensidade tem variados ma-
differentes modos; alguns de timbre, tises, desde o mais débil, até o mais
mais ou menos doce, e outros de tim- forte e ruidoso. Cada um d’estes mati-
bre, mais ou menos aspero. Muitos ses tem sua philosophia e applicação
d’elles cahiram em perfeito olvido; de na composição, e pode produsir mui-
outros, porém, nos respectivos, luga- tas sensações. Os sons doces, por
res alphabeticos do presente Diccio- exemplo, são proprios para as scenas
nario, daremos noticias, taes como de calma, repouso e praser intimo: os
as havemos colhido do estudo que ruidosos, ao contrario, são proprios
fisemos. Vid. quadro.7 para expressarem a colera, o valor,
a desesperação e todos as paixões
Intabolatura. violentas porem, não como sempre a
Chama-se a execução em diversas musica pinta as modificações d’alma,
claves, ao mesmo tempo, como a de pois ha casos em que só ha um objec-
partitura, que se apresenta ao Pianis- to vago e indeterminado.
ta, ou Organista.
Para elles se reservam os sons de
Intavolare. (It). mediana intensidade, e esta varieda-
Significa – pôr em tablatura, isto é, de, é o que constitue a musica mais
transcrever uma obra da notação or- agradavel, affastando-a de toda mo-
dinaria para a notação especial, que notonia e fastio.
se queira.
Intenso. (sons)
In tempo. (It). São aquelles que vibram fortemente,
No mesmo tempo. e que se ouvem ao longe.

Intenção. Sons fortes e energicos.


Syn. de motivo. Intento.
Syn. de motivo, ou sujeito.
Diz-se de uma aria de primeira
intenção, que foi produsida por uma No primeiro caso, é mui antigo, e
inspiração de momento. no segundo, é pouco usado.

Intensidade. Interlude. (Lat).


E’ uma qualidade do som, pela qual se Nome que se em prega mais particu-
lhe dá um gráu de differente força, inde- larmente, designar a passagem do
pendente de sua entoação e duração. Orgão, que une dois versiculos d’um
mesmo choral.

7 Página seguinte.

sumário 227
Classificação dos instrumentos, em seus tres grandes grupos

Instrumentos de percussão Instrumentos de cordas


DE SONS DE SONS FRICCIONADOS DEDILHADAS PERCUTIDAS
APRECIAVEIS INAPRECIAVEIS
Timpanos. Sixto Tambor ou Violino, Violeta, Harpa, Violão, Piano, Cithara,
ou Carrilhões, Caixa, Bombo, Violoncello, Bandurra, Psalteiro,
Timbales, Sinos, Triangulo, Contra- baixo, Cavaquinho, ou Bandolin,
Marimbas, etc. Pandero, etc. Bachete, etc. Guitarra, etc.
Castanheta,
Tan-tan,
Campanhia,
Guisos, etc.
Instrumentos de vento
COM COM PALHETA COM PALHETA COM BOCAL COM TECLADO
EMBOCADURA SIMPLES DUPLA
Flauta, Flautim Clarineta, Oboé, Cór Inglez, Cornetas, Orgão,
ou Octavino, Requinta, Fagotte, Sarruso- Corne-tins ou Harmo-niums,
Flagiolet, Saxopho- phones, etc. Pistons, Trompa, Accordeão,
Ocarina, etc. nes, etc. Trombo-ne, Concerti-
Ophe-cleides, nas, etc.
Basse-tuba,
Saxhor-nes, etc.

Advertencia. – Classificamos a Guitarra e o Bandolin entre os instru-


mentos de cordas percutidas, por que taes instrumentos, como o Psal-
teiro e a Cithara não são verdadeiramente dedilhadas; alem disto essa
classificação tem a vantagem de reunir, em grupo, os instrumentos que
tiveram uma origem commum.

sumário 228
Interludio. que a reunião dos primeiros, forma
Trecho de phantasia do genero do os intervallos simples.
preludio, que se intercala n’uma
Simples ou compostos, os inter-
composição grande dividida em di-
vallos são sempre naturaes, se seus
versas partes.
dous elementos pertencem á serie
O mesmo que intermedio ou inter- diatonica: e no caso contrario, isto
mezzo. é, se um dos elementos é acciden-
tado, o intervallo é augmentado ou
Intermezzo. (It). diminuido, e se designa, quer pela
Intermedio; transição musical, de annexação das palavras, – superflua
uma parte á outra, ou tambem uma pela augmentação: diminuta ou me-
serie de pedaços de musica para Pia- nor pela diminuição, ou por denomi-
no, estreitamente ligados entre si. nações particulares. Os principaes
Intervallo. intervallos, tanto naturaes, como mo-
E’ a distancia que separa dous sons, dificados pelos accidentes, são: Se-
de um grave a outro mais agudo; e gunda diminuta, um meio tom terceira
o menor intervallo, admittido na pra- menor, um tom e meio; terceira, dous
tica da musica, é o de semitom. Os tons; quarta, dois tons e meio; quarta
intervallos tiram seu nome do espaço, superflua ou triton, tres tons; quinta
que separa o agudo do grave, sobre diminuta, ou falsa quinta, tambem tres
a escala diatonica. tons; quinta tres tons e meio; sexta
menor, quatro tons e meio; septima
Ha pois, intervallos de segundas, diminuta, cinco tons; septima, cinco
de terceiras, quartas, quintas, sextas, tons e meio; oitava, seis tons.
septimas, e oitavas.
Os intervallos são descendentes,
Pode-se mesmo continuar a quando veem do agudo ao grave, e
contal-os acima da oitava, e temos: ascendentes quando vão do grave
nonas, decimas, duplas oitavas, tri- ao agudo. Destes intervallos, uns são
ples oitavas, etc; mas, para todas as consonantes, outros dissonantes:
particularidades da harmonia, estes São consonantes, aquelles que pro-
maiores intervallos, que a oitava, vol- duzem em nós uma agradavel sensa-
tam ao intervallo diminuido. Tomados ção e dissonantes, os que não teem
todos juntamente, se lhes dá o nome a mesma propriedade do consonan-
de intervallo composto, em quanto te, ou se a tem, é em gráu menor.

sumário 229
Os intervallos dissonantes ou são por No Canto-chão é a acção de pór,
sua natureza, ou por accidentes. um canto, no tom que lhe compete.

Os dissonantes por sua natureza, Intonação.


são a segunda e a septima: todos os A intonação de um instrumento é o
de mais são – por accidentes. ultimo ponto de sua fabricação, e
Os intervallos consonantes são ella consiste supprimir as pequenas
susceptiveis de tornarem-se disso- desigualdades de timbre, que a fabri-
nantes por accidentes. cação, a mais escrupulosa, não pode
impedir de se produzir; no Piano, por
Os intervallos consonantes são – exemplo, a disposição minuciosa-
a terceira menor, a terceira maior, a mente exacta dos martellos, da revi-
quarta perfeita, a quinta justa, a sexta são dos feltros, da regragem do te-
menor, a maior e a oitava, todos os clado, etc. Na arte vocal, a intonação,
mais são dissonantes. Em resumo: é quasi syn. de emissão; porem se
São intervallos consonantes, todos relaciona mais particularmente com
os que podem formar entre si os sons a altura dos sons emittidos: (pura, in-
de uma mesma harmonia; (accordo certa, falsa, etc).
maior ou memor): São intervallos
dissonantes, aquelles, que são com- Intonar.
postos de sons, que não podem fazer O mesmo que entoar: executar, á solfa.
parte de uma mesma harmonia.
Syn. de solfejar.

Intrep.
Abreviatura da palavra intrepidamente.

Intrepidamente.
Interruzione. (It). Com intrepidez.
Interrupção suspensão. Intrepideza.
Intoação. Intrepidez: con intrepideza, com fir-
O mesmo que entonação. meza execução decidida.

Intonação. Intrepido.
Maneira de observar os tons, e, em par- Ataque firme e intrepido.
ticular, a acção, pela qual, se começa a
entrar em alguma aria de canto.

sumário 230
Introducção. Inversão.
Symphonia curta, que serve de aber- Transformação estranha d’um thema
tura á uma opera. musical, particularmente em uso na
fuga, e, em outras formas, baseadas
E’ tambem um trecho musical de
sobre a imitação; ella consiste em imi-
um motivo lento, que precede ao pri-
tar, diversamente, todos os intervallos
meiro allegro de uma symphonia, de
do thema; tornando os ascendentes
uma abertura, ou de qualquer outra
em descendentes e vice-versa.
peça instrumental.

Hoje é obrigatoria. Inversão dos accordes.


Os accordes são de duas maneiras: –
Emprega-se tambem o termo de directos ou invertidos.
introducção, como titulo do primeiro
pedaço d’uma seguida, ou como de- Directos, quando a sua nota mais
signação do recitativo, que precede á grave está no Baixo; invertidos, quan-
uma aria de concerto, ou a um peda- do esta nota fundamental é transpor-
ço do mesmo. tada a qualquer outra parte.

Introduzione. Inverso. (Contra-ponto).


(It). Introducção; especie de preludio, E’ o nome de uma especie de compo-
que prepara a peça e annuncia o seu sição systhematica, em que uma ou
caracter. muitas partes executam, ás avessas,
isto é, em movimento contrario.
Syn. de Introito e Prologo.
Inverter.
Introito. Mudar a posição de uma nota com re-
Principio: entrada. Syn. do Precedente. lação á outra, de modo que fique mais
Invenção. alta, se era mais baixa, ou vice-versa.
Syn. de phantasia, ou de improviso. Invocazione. (It).
Invenção. Invocação. Usa-se deste vocabu-
Inspiração: faculdade de inventar. lo, principio de alguma peça, assim
como Introduzione.
Não é possivel prescrever regras
de inventar, pois é um dom da nature- Ionien.
za, que, a bem poucos, é concedido. Nome de uma tonalidade grega é de
um modo ecclesiastico.

sumário 231
Ionio ou Ionico. Isochrono.
Um dos modos da antiga musica dos Que tem tempos iguaes; vibrações
Gregos. isochronas, as que se executam com
igualdade de tempo.
Ironicamente.
Com ironia. Ison.
Vid. Canto.
Irregulares. (Tons).
São tons irregulares, no Canto-chão, Isophono.
aquelles que, guardando as regras Que tem igual timbre de voz.
de uma boa composição, não aca-
Istesso. (It).
bam no seo fim ordinario, mas sim,
O mesmo. Istesso tempo, o mesmo
no extremo superior do seo diapasão.
tempo.
Irres.
Ithimbo.
Abreviatura da palavra Irresoluto.
Nome de uma canção, em honra de
Irresoluto. Baccho, que usavam no outre tempo
Execução indeterminada; com hesita- os Gregos e sua musica servia tam-
ção; não decidida, syn. de Indecizo. bem para dança.

Irresoluzione. Dava-se ainda o mesmo nome, ao


Irresolução: con irresolusione, com musico que a cantava.
indecisão.

Isochronismo.
Igualdade de tempo; isochronismo
das oscillações, igualdade do tempo
das vibrações.

sumário 232
J

sumário 233
Jacara. Jocoso.
Canção hespanhola, inventada em Italiano, Giocoso.
principio do seculo XVI, que se ac-
Epitheto que se dá á uma com-
companhava regularmente com a
posição Lyrico-Dramatica, do genero
Guitarra, na qual se fasia menção de
comico. Dramas giocosos, etc.
algum succeso particular, amoroso.
Jogo.
Sua poesia, era do genero dos
Este termo é de uma elasticidade
romances. Chamava-se tambem –
enorme na Techinologia musical. No
Jacara – a musica e o baile, que se
Orgão, serve para designar uma serie
executavam ao som d’ella.
completa de tubos de um mesmo tim-
Jalemias. bre, correspondendo ao teclado e aos
Nome que davam aos cantos fune- pedaes. O jogo, é unido ou separado
bres, com que celebravam os fune- do conjuncto, por meio de um registro,
raes de Jalemo, filho de Apollo, se- que, por um simples botão, o Organis-
gundo a Mythologia. ta maneja com facilidade. Esses jogos.
cujo numero augmenta consideravel-
Jaleo. mente, graças ás invenções, cada vez
Dança nacional hespanhola, executa- mais aperfeiçoados pelos modernos
da por uma só pessoa, de movimento factores, são entretanto subdivididos,
moderado, a 3/8, e rythmo de Casta- em duas grandes cathegorias etermi-
nholas. nadas, pelo modo de produsir – o som:
Jambico. jogos de bocca, instrumentos de vento
Na musica dos antigos Gregos Jam- e – bocca; jogos de palheta, instrumen-
bico, era uma especie de versos, que tos de vento e palheta.
se recitavam e cantavam ao som de E’ assim que se pode obter um
instrumentos. certo numero de jogos de caracteres,
mais ou menos diversos. A palavra
Janeiras. (Em Portugal)
jogo, serve tambem para designar a
Cantigas, trovas populares, que se
reunião das cordas estendidas so-
cantam no primeiro dia do anno.
bre um instrumento, como tambem a
Janeiro. serie d’aquellas que lhes são neces-
O cantador de Janeiras. sarios. No – Piano – a palavra jogo,
corresponde, não só aos toques do

sumário 234
teclado, como tambem aos dos pe- E’ semelhante ao Maracatú e ao
daes; jogo, é ainda a acção de exe- Candomblé.
cutar, nos instrumentos; jogo duro,
Jonico.
passagem de difficil execução bom
O modo Jonico era, na musica anti-
jogo, que fica commodo, etc.
ga dos Gregos, o segundo dos cinco
Jogo celeste. modos medios, contando-se desde
Dá se este nome ao pedal esquerdo os sons graves, aos agudos.
do – Piano.
Este modo se chamou Lastio e
Jogral. tambem Phrigio – grave.
Palavra derivada do Latim jocularis,
Jonio.
divertido. Significava, na idade me-
Vid. Ionio.
dieva, o individuo que tocava qual-
quer instrumento, cantava ou recita- Jota-aragoneza.
va, tomando parte nos divertimentos. Baile muito commum e vulgar na
Hespanha. A musica é em compasso
Quando a poesia Provençal se es-
ternario; mui vivo no seu movimento,
palhou pela Europa, originada pelos
alegre e graciosa.
Trovadores, o nome de Jogral ficou
especialmente reservado aos Musi- Juntada ou Supernumeraria.
cos de profissão. Na antiga musica dos Gregos, era uma
Como, porém, esse nome era nota, que completava os dois tetra-
dado tambem genericamente aos chordos da gamma, a qual designava-
das ruas, bôbos. farçantes etc., os de -se com a palavra Proslambanomenos.
mais elevada cathegoria repudiaram-
Justa.
-no e intitularam-se – Menestreis.
Qualificativo que se applica a um cer-
Desde então a denominação de to numero de intervallos.
Jogral se tornou completamente de-
Os intervallos Justos, são:
primente e até injurioso, applicando-
-se-a só aos individuos despresiveis. O unisono, a quarta, a quinta a oi-
tava e todos os seos augmentos.
Jongo.
Nas Provincias meridionaes, é uma Justeza.
especie de danças de batuques, com Divisão exacta dos intervallos; ento-
que se entreteem os negros boçaes. nação perfeita; justeza, é a parte es-
sencial da boa execução.

sumário 235
Justo.
Chama-se assim o intervallo inalte-
ravel, sem deixar de ser consonante,
como: o de 4ª, de 5ª e de oitava.

Justo, se diz tambem do canto ou


execução, que entoa bem os sons,
com exactidão e sem a minima dis-
crepancia.

Syn. de Afinado, Justo etc.

Justos.
Vid. Intervallos.

sumário 236
K

sumário 237
Kaleldophono. como: tecla, clave, armadura, tonali-
Apparelho para experiencias acusticas, dade, etc.
o qual tem por fim tornar visiveis as vi-
Kin.
brações, por meio de traços luminosos.
Instrumento chinez, remontando á
Foi inventado em 1827, pelo phy- mais alta antiguidade: tem uma certa
sico – Wheatstone. analogia com a Cithara e as cordas
de 5 a 25, são de seda torcida.
Kent-horn.
Instrumento seme lhante ao Bugle de Sua invenção é attribuida ao ce-
chaves, introdusido na musica militar lebre philosopho – Confucio, que ti-
ingleza pelo duque de – Kent. nha por elle uma grande predilecção.
O Kin é composto de uma simples
Kénos. prancha servindo de tampo harmoni-
Pausa da notação grega. co, sobre o qual estão estendidas cin-
Kemangeb. co, ou mais cordas, que o tocador faz
Nome que es Arabes dão a diversas vibrar, dedilhando-as. Produz sons
especies de instrumentos de arco. extremamente tenues e suavissimos.

Keranlophone. King.
Registro de Orgão, empregado mo- Nome que deram a um original ins-
dernamente. trumento musico de curiosa inven-
ção, entre os Chinezes, formado de
Os seus tubos são de zinco: tem o pedras sonoras mui apreciadas por
boccal flautado, mas, pela sua dispo- elles, e descobertas nas margens
sição particular, imitam os de palheta. dos rios d’aquelle Paiz, segundo um
Foi inventado para diminuir o numero antigo commentario de Clou-King, de
dos registros de palhetas, que se de- quem, parece, tomou o nome.
safinam e deterioram com facilidade.
Kinnery.
Kermesse. Especie de Marimbas; instrumento de
Nome que dão á certas composições percussão composto de laminas me-
musicaes, apropriadas para festas tallicas ordenadas sobre uma caixa, e
campestres. que se tocavam com duas baquetas.

Key. (Ing). E’ muito usado e estimado nos


Termo que entre os Inglezes, tem uma paizes Orientaes.
diversidade de significações, taes

sumário 238
Kinor. pares de cordas, e a caixa harmonica,
Especie de Harpa usada pelos Hebreus. é em forma de pera, como a do Ban-
dolin, Alaúde e Guitarra.
Kiries.
A primeira parte da Missa cantada, A semelhança destes nomes: Ki-
que começa por estas palavras: Kirie tarah, Cithara, e Guitarra, indica, bem
eleison. claramente, a origem commum dos
instrumentos, que elles designam e
Os Kiries são a introducção mu- que proveem da mais remota antigui-
sical da Missa e deve ter um estylo e dade.
desenvolvimento em perfeita harmo-
nia com o plano geral da composição Kitharros ou Kitharro.
a que pertence, devendo primar por Nome hebraico, muitas vezes citado
um caracter solemne, de effeitos e ar- na Biblia, como significação de um
tificios, graves e simplices. instrumento musical; é a Cithara usa-
da no Egypto e na Syria, que depois
Kissar. passou á Grecia e aos povos Latinos.
Instrumento arabe muito grosseiro,
com uma figura semelhante á anti- Kobsa.
ga Lyra dos Gregos; tem só cinco Instrumento primitivo, semelhante ao
cordas, e o corpo é formado por um Lut, da pequena Russia; serve para
cepo cavado de um lado, e coberto acompanhamentos.
com uma pelle, que serve de tampo
Koto.
harmonico.
Instrumento nacional e favorito da Im-
Os escriptores europeus cha- peratriz do – Japão.
mam-lhe tambem Lyra ethiopica ou
Sobre este instrumento, nada mais
Lyra berbére.
podemos dizer, por isso que fenecem-
Kit. (Ing). -nos os precisos dados, apezar dos
Nome que os Inglezes dão ao antigo reiterados esforços por nós emprega-
Pochette (pequeno Violino). dos, para poder mos descrevel-o.

Kitarah ou Kuitra.
Instrumento de cordas usado pelos
Arabes berbéreses, muito semelhan-
te á Guitarra portugueza; tem quatro

sumário 239
L
L. Artigo italiano (por lo ou la) diante de
uma vogal.

sumário 240
La. Ladainha.
Nome que os Francezes, os Italianos Supplica. Serie de versiculos que o
e os Hespanhoes, dão ao primeiro povo canta, alternadamente, termi-
som da escala fundamental de nosso nando cada um pelas palavras, ora
systema musical actual corresponde pro nobis, (rogai por nós).
ao A dos Allemães, dos Hollandezes
Lacerante.
e dos Inglezes.
Execução forte; exprimindo desespero.
E’ o sexto signo de nossa escala
moderna. Antigamente, no systema Laço de partitura.
de solmisação, chamava-se Alamire, E’ o signal que abrange duas, ou
ou simplesmente Amila. O La é tam- mais pautas ou pentagrainmas. Syn.
bem o nome da segunda corda.do Braço de colchete.
Violino, a prima da Violeta, do Violon-
cello, do Contra-baixo etc; o segundo
bordão da Viola franceza e a quinta
do Violão.

La. (It). Lacrimosa.


A; la secunda volta. a segunda vez. Primeira palavra da oitava strophe na
sequencia da Missa dos mortos. Pe-
Labial.
daço especial de musica geralmente
Que pertence aos labios. Applica-se
doce e queixosa, de grande appara-
aos instrumentos de metal; porque o
to, nos requiens.
maior trabalho, para se lhes sacar os
sons, depende dos beiços. Lacrimoso.
Esta palavra, junta a de largo, ou ada-
Labios.
gio, indica, que se ha de dar á musi-
Restias da pequena abertura que teem,
ca um movimento grave e repousado,
na parte inferior, os tubos de Orgão
bem como uma execução sentimen-
chamados flautados, contra os quaes
tal e chorosa. Tambem se usa no prin-
se refrange o vento produzindo o som.
cipio de uma peça, para expressar os
Labios vocaes. mesmos sentimentos, etc.
Restias que formam a abertura da
Lage. (All).
larynge.
Posição. Vid.

sumário 241
Lais. (Ing). pouco vivo. Pelo rythmo e caracter
Nomre que davam na idade medieva da melodia, assemelha-se á canção
á arias, ou canções populares. tyroleza.

Lambutum. Landú ou Lundú.


Nome que, em latim barbaro, alguns Dança e musica chula brasileira, de
Escriptores medievaes deram ao batuques de palmas estravagantes,
Alaúde. em que as dançarinas agitam inde-
centemente os quadris.
Lamentabile. (It).
Lamentavel. No principio de uma Langsan. (All).
peça de musica, indica uma expres- Lentamente.
são melancolica na execução, é uma
Languendo. (It).
certa lentidão no compasso. No mes-
Afrouxando, ou debilitando os sons,
mo sentido se toma a palavra Lamen-
pouco á pouco, com execução balda
tavole que, muitas vezes, se encontra
de adornos. No mesmo sentido se
no principio de um trecho musical.
toma a palavra Languente.
Lamentação.
Languideza.
Canto triste, usado na Semana Santa,
Syn. de Languore.
e variado, á vontade, pelos cantores,
com acompanhamento do Orgão. Languido.
Syn. Elegia. Brando: execução molle.
Lamentação de Jeremias. Languore. (It).
Elegias que se cantam na Semana Frouxidão. Indica execução branda e
Santa: tres na quarta, tres na quinta, movimento frio.
e tres na sexta-feira.
Larga.
Lamentavolemente. Termo que, antigamente, servia para
Syn. de Lamentabile. designar uma duração de nota, ainda
superior maxima.
Lamire.
Syn. Diapasão. Largamente.
Movimento largo, e sons cheios.
Landler.
Musica de dança popular austriaca,
especie de valsa em andamento

sumário 242
Largo. formando dois feixes oppostos um ao
Esta palavra, escripta no principio de outro e ligeiramente approximados
uma peça de musica, indica um mo- em sua extremidade superior.
vimento no compasso, mais lento que
Laryngoscopio.
o adagio: é o ultimo em lentidão.
Apparelho para observar a larynge,
E mui proprio para expressar sen- util no tratamento das doenças das
timentos de tristeza, de calma resig- cantoras.
nação, e de solemnidade religiosa.
Concorreu muito para o aperfel-
Muitas vezes encontra-se esta pa- çoamento deste apparelho o cantor
lavra, seguida de outra que a modifi- Manoel Garcia (Portuguez), que em-
ca, como – largo assai. pregou as maiores deligencias em
Para que este movimento não analysar a sua propria larynge, afim
chegue a fastidiar, é preciso que a de conhecer, com exactidão, todo o
peça não tenha muita extensão. organismo da voz.

Larguetto. (It). Laud.


Andamento entre largo e andante ex- Palavra hespanhola.
pressão menos severa que a do lar- O Laud era convexo no dorso, e cha-
go. E um diminutivo de – Largo. to por cima; tinha um braço largo dividi-
do em dez trastos para os dedos, e para
Larguezza.
variar as intonações. Era ainda monta-
Execução larga e firme.
do com onze cordas, nove das quaes,
Larigó. eram dobradas: tres ao unisono, e seis
Jogo de Orgão, que consta de canudos á oitavas; ao todo 24 cordas. A cabeça
de bocca, e soa, 5ª acima do dublette. do instrumento era encurvada.

Este jogo, é dos mais agudos do Os baixos afinavam-se segundo o


Orgão. tom em que se queria tocar. Este ins-
trumento foi levado para a Hespanha
Larynge. pelos Mouros que a invadiram.e seu
Como instrumento de musica, a voz uso foi-se depois, diffundindo por toda
humana entra na cathegoria dos de a Europa. Sua forma serviu, mais adian-
vento, ou de palheta dobrada; são te, de modello para a construcção de
as cordas vocaes que preenchem outros da mesma natureza, como fo-
na larynge as funcções de palhetas, ram, o Archilaud, a Tiorba, e a Guitarra.

sumário 243
Os sons do Laud eram ternos e Legando. (It).
sentimentaes. Era instrumento de Ligando. Vocabulo que quer dizer,
grandes recursos, pelo que esteve que hão de ligarse os sons; isto é,
mui em uso nos seculos XVI; XVII, e passal-os com a voz por uma inflexão
principios do XVIII; porem a invenção da garganta; nos instrumentos de ar-
da Harpa e da Guitarra, fizeram-no co,por um só golpe d’elle; nos de ven-
desapparecer da scena musical, cah- to, por um só golpe de lingua: e nos de
indo em desuso. teclado, por um passo de dedos, de
uma tecla á outra, com a correspon-
Landes. dente velocidade, e sem levantal-os.
Canticos de louvor. Ao mesmo genero de execução cor-
Ultima parte das horas canoni- responde a palavra legato, que se põe,
cas; seguem ás matinas e prece- ás vezes, debaixo das notas, e tudo
dem á prima. isto se assignala com uma curva que
abraça todas as que se teem de ligar.
Laute. (All).
Luth.

Laye. (Franc).
Caixa de ar, nos Orgãos.

Le. (It). Legatissimo.


Artigo masculino adiante das pala- Muito ligado.
vras, que começam por – S –, segui-
Legato. (It).
do de uma consoante, e adiante da
Ligado: sons unidos; exprime execu-
que começa por uma vogal, apostro-
ção ligada. independente do signal
phada em l’.
indicativo de – Ligadura.
Le. (It).
Legg.
Os; le tenore, os Tenores.
Abreviatura da expressão italiana
Leader. (Ing). Leggiero.
Primeiro Violino a solo.
Leggerezza. (It.)
Leg. Com agilidade; execução destra.
Abreviatura da palavra italiana Legato.

sumário 244
Leggieramente. Lepsis.
Com ligeireza, graça e soltura na exe- Nome grego de uma musica de tres
cução da musica. E’ o mesmo que partes da antiga Melopéa chamada
Leggiero. tambem Euthia, pela qual o composi-
tor indica que se deve collocar o canto
Leggiero. (It.) nos sons baixos, chamados Hypatoi-
Ligeiro. Algumas vezes não é relativo des, nos medios que eram Mesoides,
ao movimento, porem á expressão, ou nos agudos que eram Netoides.
exigindo uma execução destra e fina.
Leque.
Leggio. (It.) Machinismo da Guitarra, collocado
Estante. na parte superior do braço em substi-
Leggno. (It.) tuição do cravelhal.
Vara do arco. Col legno, batendo com Compõe-se de uma chapa me-
a vara do arco; algumas vezes em- talica com fendas, de onde sahem
pregado para effeitos grotêscos. uns grampos, que prendem a exter-
midade da corda n’uma engrenagem
Leitton. (All.)
movida por parafusos, a fim de dar a
Nota sensivel.
tensão necessaria á corda.
Lemma.
Ler musica.
Silencio, ou pausa de um tempo bre-
Dar os nomes ás notas, segundo a
ve, na musica antiga.
clave, sem as cantar. Saber ler musica,
Lentamente. é conhecer, á primeira vista. os signos
Movimento largo; com lentidão. proprios de cada clave. Não saber ler é
ignorar os nomes das notas, pelos sig-
Lentando. nos, ou conhecel-os, só, em uma clave.
Relaxando o movimento.
Lesto. (It.)
Lentezza. (It). Rapido, ligeiro; lesto lesto, mui rapido.
Lentidão; con lentezza, com lentidão;
lentamente. Lettra.
Os versos ou palavras da musica
Lento. para o Canto-chão: coplas.
Esta palavra corresponde á de Largo;
isto é, ao movimento, o mais pausado
de todos.

sumário 245
Lettras Gregorianas. requiem, e começa pelas palavras –
Chamamse assim as sete lettras dos Libera-me Domine de morte eterna.
signos A-B-C-D-E-F-G. – Livra-me Senhor, da morte eterna.

Alguns autores attribuem a Guido Liberamente. (It.)


Aretino a lembrança de tomar estas Livremente, jogo desembaraçado e
sete lettras do Aphabeto latino, para facil.
designar os sete signos do periodo
diatonico; outros, porem a attribuem Libreto.
a S. Gregorio Magno, por isso que (It.) Pequeno livro.
chamam – Lettras Gregorianas. Nome que se da ao texto de uma
obra vocal de grandes dimensões, so-
Lettrinha. (Pouco uzado). bre tudo d’uma opera. Ao autor deste
Pequena poesia para canto; coplas. texto da-se-lhe o nome, de – Libretista.

Levantamento. Licença.
Nome que se da ao principio, ou en- Da-se o nome de licença á liberdade
trada dos tons; por que elles teem de alguns compositores para infringi-
principio.meio e fim. rem certas regras estabelecidas, a fim
de seguirem outras contrarias. E, com
Lexicos.
quanto a licença seja necessaria e
Os lexicos musicaes são de tres sor-
mesmo permittida, em certos casos,
tes; 1° Lexicos technologicos, que
não convem que o compositor abuse
conteem a definição, collocada por
arbritariamente d’ella, para não cahir
ordem alphabetica, da discripção dos
em grandes faltas, como frequente-
instrumentos de musica e a explicação
mente se observa.
mais oumenos detalhada das leis da
composição: 2° Lexicos biographicos Licenza. (It.)
e bibliographicos contendo biogra- Liberdade; licença. Canone con al-
phias de musicos arranjadas por or- cune licenza, canon com algumas
dem alphabeticas; 3° Lexicos encyclo- licenças.
pedicos formados pela reunião dos
elementos das duas primeiras sortes. Lidio.
Nome de um dos modos da musica
Libera-me. antiga dos Gregos, o qual occupava
Responsorio que se canta no fim o meio, entre o Eolio e o Hyperdorico.
dos officios de defunctos e Missa de

sumário 246
Chama-se tambem Barbaro, por le, ou por golpe de lingua, nos instru-
ter o nome da Lidia. O caracter do mentos de vento.
modo lidio era proprio para effeminar
Ligadura.
as paixões e por isto Platão o banio
Signal em forma de semicirculo
de sua Republica.
abrangendo duas, ou
Lied. (All.) muitas notas, para se exprimirem de
Os Francezes adoptam este termo, uma maneira suave, unindo os sons:
para designarem a união intima de un se as notas ligadas são do mesmo
poema lyrico com a da musica, de tal nome, isto é unisonas, basta pronun-
maneira que a palavra fallada exprima ciar a primeira e prolongar o seu valor
a palavra cantada e que os elementos com o da segunda.
musicaes da linguagem (rythmo, ca- Antigamente se chamavam – liga-
dencia) sejam tranformados em ver- dura voluntaria.
dadeira musica, ou molodia rythmica
ordenada. Ligadura harmonica e Melodica.
Em harmonia, tem lugar a ligadura,
Liedertafel. (All.) quando procede de uma successão
Nome que dão na Allemanha, á uma de sons taes, que as notas funda-
sociedade choral de homens – Syn. mentaes que acompanham um ac-
de Orpheon. corde, servem para o seguinte, ou
alguns sons d’elle servem tambem
Ligação.
para o que segue. A estas ligaduras
Nome que se da na notação, ao signal
se chama, mais propriamente, – Pro-
que indica, ora a necessi- longações, e outras – Retardos ou
dade do jogo legato, ora, quando liga Suspensões. Os antigos chamavam
dous sons iguaes, sustentando-o du- Prisão, Sinalefa, Plica, etc.
rante toda a duração que representa
a somma das duas notas ligadas. E’ Ligar.
syn. de Ligadura. Unir, ligar as figuras ou notas, enla-
çando-as com este signal semicircu-
Ligado. lar de convenção.
Unido. Notas ligadas; que levam liga-
dura, e que se executam com uma so Ligatura.
arcada no Violino, Viola ou Violoncel- Syn. de Ligação.

sumário 247
Limma.
Na antiga musica dos Gregos, era
um intervallo, com uma comma de
menos, que o semitom maior, vindo
Sobre elles, e no espaço de uma
a ser, aquelle intervallo, um semitom
á outra pauta, se escrevem as notas,
menor de quatro commas.
segundo seus graus de elevação. An-
Lingua musical. tigamente chamavam Raias.
A musica considerada como lingua, No pentagramma que usamos,
diz Raphael Machado, tem seus prin- não ha mais do que cinco linhas,
cipios elementares, sua orthographia, com seus quatro espaços correspon-
sua pontuação, prosodia, phrase, pe- dentes; porém, como estas linhas e
riodos, rythmos, proposições e caden- espaços não são bastantes, para re-
cias: em uma palavra, sua gramma- presentarem todos os sons em uma
tica, poesia e rhetorica. Pode-se por extensão maior, de pouco mais de
conseguinte, ler, recitar e declamar uma oitava, imaginou-se, addicionar-
em musica, como em qualquer outra -se-lhes pequenas linhas e espaços
lingua: ella pode mesmo ter seus de- ás notas que sobem, ou que descem
feitos, communs á lingua fallada, como mais do que as do pentagramma e
por exemplo – balbuciar, gagueijar etc., supprimil-as, quando já não são ne-
o que pode ser devido à falta de exerci- cessarias.
cios de dedos, ou de vocalisação.

Lingueta.
Pequeno pedaço de madeira colloca-
do na extremidade dos martinetes, nos
antigos Cravos, onde fixava-se a penna
de corvo, que hia ferir a corda, quando Mui engenhosa foi esta invenção,
o martinete era impellido pela tecla. pois, se o pentagramma ou pauta
constasse de tantas linhas e espaços,
Linhas. quantos são precisos para todas as
São os traços horisontaes e paralle- intonações, ou para abraçar a exten-
los, que compõem a pauta ou pen- são da maior parte dos instrumentos,
tagramma. resultaria uma confusão, que a vista
mais perspicaz não poderia decifrar.

sumário 248
A estas linhas, pois, se deu o um pensamento verdadeiro, sob uma
nome de supplementares superiores forma musical tão simples e natural,
as que sobem; e supplementares in- como as proprias convenções por
feriores, ás que descem. elles usadas. E’ um simile das Bar-
carolas Venezianas, a solo, a duo, ou
A musica de Canto-chão tinha
mesmo á maneira de dialogo.
antigamente. apenas quatro linhas na
pauta, e em França ainda hoje conti- Loco. (It).
nua este uso; na Hespanha porem, já Lugar. Indica execução das notas no
não se escreve, senão em pauta de proprio lugar em que estão collocadas.
cinco linhas.
Esta palavra vem regularmente
Linos. depois da transposição, ou signal –
Nome de um canto rustico entre os 8ª sopra, infra, etc.
antigos Gregos.
Logarithmos.
Lintaio. Euler, foi o primeiro que fez uzo dos
Nome que dão os Italianos ao fabri- logarithmos, para representar evi-
cante de Alaudes e por extensão, dentemente as differenças da altura
fabricante de instrumentos de corda. dos sons.

Litanie. (Lat). Longa.


Canto de supplica, para a intercessão Antiga nota do valor de quatro com-
da graça de Deos e dos Santos. passos.

Linto. (It) Sua figura era quadrada, e equi-


Alaúde. valia á duas breves.

Lôa. Longetudinaes.
Simples e original toada composta e (Vibrações).
executada especialmente pelos ca- As vibrações longetudinaes são a
noeiros do baixo S. Francisco e lagoa das columnas de ar, nos instrumentos
do Norte e Manguaba no Estado de de vento, ouainda. as das cordas fric-
Alagôas subordinada, quasi sempre, cionadas no sentido do comprimento.
ao compassar dos remos.
A forma opposta de vibrações
De um accento doce e melanco- a aquellas, chamam-se – vibrações
lico, as palavras desta toada de ca- transversaes –; (vibrações ordinarias
racter vulgar e singelo, representam das cordas).

sumário 249
Lotos. Serviam especialmente nos com-
Flauta originaria do Egypto, feita com bates e nas cerimonias religiosas. De
haste de lodão. um feitio muito delicado, elles provam,
que no tempo da idade de bronze, já
Chamava-se tambem Flauta lybica.
eram conhecidas as regras da musica.
Loure.
Lugub.
Nome de certo instrumento, que já
Abreviatura da palavra lugubre.
não está em uso na França, muito pa-
recido com a Gaita de folle. Lugubre.
E’ tambem o nome de uma aria de Expressão profundamente triste, me-
dança, de estylo grave e andamento lancolica e sombria.
vagaroso, em 3/4 ou 6/4.
Lundú ou Landum.
Lourer. Dança e musica chula brasileira, em
O mais antigo instrumento de musica. que as dançarinas agitam indecente-
mente os quadris.
O dr. Kemmerich, de Copenha-
gue, conhecido por seus tratrabalhos Lunga.
na historia da musica, fez uma de Vocabulo italiano. Longa.
suas mais interessantes conferen-
Lusing.
cias, sobre os instrumentos em uso
Abreviatura da expressão italiana –
nas regiões do norte.
Lusingnando.
Segundo diz elle, o Lourer, instru-
mento de sopro, foi o primeiro ensaio Lusingando. (It).
conhecido n’este genero, pois remonta Jogo gracioso, insinuante, tirando-se
á idade de bronze, isto é, ha um milhar de leve os sons.
de annos, antes da nossa éra historica.
Lusingato. (It).
Vinte e tres d’estes instrumentos Lisongeiro; agradavel; que causa pra-
foram descobertos, ha cem annos, ser; e que sôa bem ao ouvido.
em uma turfeira de Fricterikosburg,
perto de Copenhague. Lutenista.
Tocador, ou tangedor de Alaúde.
São de bronze, do comprimento
de dois pés, e representavam, mais Luth.
ou menos, a forma de uma serpente. Instrumento desusado, ha mais de
um seculo.

sumário 250
O Luth é de origem Arabe. Seu va com os dedos, ou com um peque-
nome é ainda empregado pelos Poe- no instrumento de marfim, chamado
tas, como o da Lyra, para designarem plectro. A Lyra dos Gregos tinha a
um instrumento qualquer que acom- forma de duas pontas de carneiro,
panha o canto. separadas por uma travessa, onde
pendiam as cordas. A mesma Lyra
Luthier. era nome generico dos instrumen-
Palavra franceza. Violeiro, fabricante tos de cordas dedilhadas entre os
de Alaúdes, Guitarras, Violas, etc. antigos, taes como: Cythara, Chelis,
Luto ou Ascanio. Phorminx, etc.
Nome que, segundo a mythologia, de- Lyra.
ram os Iúlos aos hymnos que se can- Dá-se tambem este nome á uma
tavam em honra de Ciris e de Libéra. variedade do Violão, que esteve em
Lychamos. voga, desde 1795 até 1810.
A quarta e septima corda na antiga mu- Tinha effectivamente, alguma
sica dos Gregos, e que se designam analogia de forma com a antiga, e só
pelo tetrachordo a que pertencem. differençava-se pelo braço, que per-
mettia variar as entonações de cada
Lydio.
uma das cordas; ao todo, seis. Como
E’ o quinto dos oito modos ou tons da
esta forma era pouco favoravel ao ef-
musica antiga dos Gregos seu carac-
feito dos sons, abandonaram-na.
ter era triste, porem animado.
Lyra.
Lyra.
Bem que a Lyra já esteja em esque-
Instrumento de cordas, de construc-
cimento, todavia emprega-se ainda
ção mui variada.
a palavra Lyrico ás poesias, expres-
A mais antiga Lyra, e a mais sim- samente compostas para entrarem
ples, parece ter tido tres cordas so- em musica; por que, antigamente, a
mente. O numero das cordas subiu, poesia, destinada a se cantar, era o
depois a quatro (tetracordos); depois acompanhamento da Lyra. Eis por
a cinco (pentachordo); a seis (hexa- que designamos hoje uma opera,
chordo) a sete (heptachordo) e a oito com o nome de Drama lyrico, e o
(octachordo). A principio fiseram-na treatro, em que representam peças
com a concha do casco da tartaruga; de musica, Theatro lyrico.
e depois de madeira. A Lyra se toca-

sumário 251
M
M. Esta lettra, em muitas occasiões, é en-
contrada por abreviatura das palavras ita-
lianas – meno, menos; mano mão; mezzo,
medio, etc.

sumário 252
Ma. Madre.
Syllaba com a qual, alguns musicos O fio principal dos bordões, em volta
solfejam, o mib, e tambem chamam – do qual se enrola a fieira (fio de cobre).
fi ou fa#.
Madrigal.
Maceta. Antigo termo de musica. Era uma peça
E’ a peça que serve para bater no de musica sabiamente trabalhada e
Bombo ou Tan-tan. combinada, muito em moda na Italia
no seculo XVI, e só desusada depois
Machete. do apparecimento da musica drama-
Especie de Cavaquinho, muito usado tica. Os madrigaes se compunham,
na Ilha da Madeira. ordinariamente, para musica vocal, e
Machincho. a cinco ou seis vozes, todas obrigadas
Especie de Viola pequena. Syn. de ao estylo das fugas. Tambem os Orga-
Bandurra. nistas compunham seus madrigaes,
pelo que presume-se, que o madrigal
Machol ou Machal. foi inventado para este instrumento.
Flauta mencionada no texto hebraico Esta especie de Contra-ponto, que es-
da Biblia, como instrumento especial- teve sugeita á leis mui rigorosas, usa-
mente destinado ás festas e danças. da em outras composições, tomou o
nome de estylo – madrigalesco.
Machrokitah.
Especie de Flauta, que o livro biblico Seo assumpto é quase sempre
de Daniel menciona, como um dos amoroso.
instrumentos usados pelos chaldeus
Madrigalesco.
que parece ser o mesmo que o Syrinx.
Que pertence ao madrigal. Estylo madri-
Macinho. galesco, diz-se da musica e da poesia.
Syn de martinette.
Maestá. (It.)
Machuca. Magestade. Con maestá, com ma-
Certa tocata monotona, executada na gestade; estylo nobre e grandioso.
Viola de arame, de caracter festivo e
Maestoso.
chulo.
Esta palavra italiana, posta no prin-
cipio de um trecho de musica, indi-
ca, que deve se cantar, ou tocar de

sumário 253
um modo magestoso e emphatico, e to e septimo, por opposição aos que
por conseguinte com certa lentidão e chamam discipulos que são os tons
marcada expressão. A’s vezes á esta – segundo, quarto, sexto e oitavo.
palavra, se junta outra para expressar
A palavra maestro, fallando-se de
movimento, como por exemplo; largo
tons, é o mesmo que – authenticos; e a
maestoso, andamento maestoso, etc.
de discipulo, o mesmo que – plagaes.
Maestrino.
M. F.
Diminutivo de maestro. Nome moder-
Abreviatura da expressão italiana me-
namente introdusido na technologia
zzo forte: meio forte.
musical, para designar aquelle que,
ainda novel, dirige com maestria os Magades.
corpos de musica, mesmo não sendo Especie de Cithara grande, com vinte
o compositor. cordas, usada na – Grecia.

Maestro. A Magadis permittia, que se exe-


Mestre. Em musica dá-se este nome, cutasse a melodia em oitavas, e para
não só aos que ensinam esta arte, isso o verbo magadisar, significava,
como tambem a todos os composito- não só tocar – Magadis, como tam-
res, especialmente aos de operas, ou bem cantar em oitavas.
dramas, lyricos.
Magadisar.
Dá se ainda o nome de maestro Na musica grega, era o mesmo, que
ao que dirige os musicos e cantores cantar á oitava.
de operas, mesmo não sendo o com-
Os cantos Magadisados, eram
positor d’ellas.
sempre – antiphonias.
Maestro de capella.
Magana.
Director das Oschestras Religiosas.
Nome de uma tocata antiquissima.
Este maestro tambem tem o dever de
ensinar, aos meninos de córos, canto Magas.
e a composição, afim de que com o Dão este nome á uma cavidade for-
correr do tempo, cheguem a ser com- mada, contra a parte baixa da Lyra,
positores. para augmentar-lhe o som.

Maestro. Maggiolata.
No Canto-chão, chamam-se maes- Nome que dão os Italianos á Festa de
tros os tons – primeiro, terceiro, quin- Maio; canto de Maio.

sumário 254
Maggiore. (It). Mandoleta ou Mandoreta.
Maior, serve esta palavra para advirtir, Pequena Bandurra – Bandolin.
que o modo vai ser maior.
Mandolin.
Maior. Instrumento de cordas, da familia do
Indica a qualidade de um intervallo Lut ou Laud, de menores porporções,
maior, que o menor, da mesma deno- com cinco cordas, que se afinam, do
minação. grave ao agudo, da maneira seguinte:
– Si – Mi – La – Re – Mi.
Os intervallos maiores são os de
2ª, 3ª, 6ª e 7ª. O semitom maior é pro- Mandolina.
duzido por notas de nomes diversos. Instrumento de cordas, composto de
O modo maior é aquelle, cuja terceira uma caixa ovoide sonora e com um
da escala se compõe de dois tons. braço, sobre o qual estão estendidas,
quatro cordas dispostas e afinadas
como as do – Violino.

Ha Mandolinas de cordas duplas,


á excepção da prima. Toca se este
Mal soante.
instrumento ferindo as cordas com
Que soa mal; dissono.
um pequeno plectro de tartaruga ou
Mam. com um palito, de penna, chato, ou
Nome egypcio de uma Flauta direi- coisa semelhante.
ta, construida com haste de lodão, e E’ usado na Hespanha e Italia.
que por este motivo os Gregos deno-
minavam – Lotos. Mandolinata.
Canto melodico ou pecade musica
Mancando. instrumental e caracteristica, apro-
Desfallecendo, diminuindo gradual- priada para a Mandolina.
mente a intensidade, de maneira que
pareça, expirar no fim da phrase. Syn. Mandora.
de morrendo, perdendo-se, smorzan- Instrumento de cordas semelhante
do, decrescendo, diminuindo, etc. ao Alaúde, mas de afinação differen-
te e se toca com os dedos. Haviam
Mandola ou Mandurra. Mandóras de quatro cordas, de seis,
Instrumento de cordas dedilhadas, e chegaram mesmo a ter oito grupo
usado na idade media; especie de dellas, afinadas de quinta, em quarta,
pequeno Alaúde. Bandurra. que fasiam, 6ª.

sumário 255
Este instrumento ha muito tempo Ha pouco tempo, (lemos algures);
que está em desuso, e é o mesmo appareceu em Lisboa um rapaz vin-
que Bandurria. Vid. do das Provincias, que descobrira o
modo de imitar perfeitamente os sons
Mandorone. da Flauta, por este meio engenhoso.
Augmentativo de Mandóra. Grande
Bandurra. Esse rapaz tocava excellente-
mente arias e variações com uma
Maneros. facilidade pasmosa: pelo que foi de-
Nome que deram os Egypicios á uma nominado – Maniflautista, nome que
canção lugubre, que tambem se usava conservou, percorrendo diversos
entre os Gregos com o nome de – Linos. Paizes onde se fez admirar pela sua
Esta canção, segundo Herodoto, extraordinaria habilidade.
trouxe sua origem da morte prema- Mano. (It).
tura de Moneros, filho unico do pri- Mão; mano destra, mão direita; mano
meiro Rei do Egypto, e para honrar sinistra, mão esquerda.
a memoria sua, compuseram este
canto, ao qual deram o nome, do Esta indicação é somente propria
mallogrado Principe. das musicas de Piano.

Manichordio. Manochordio.
Instrumento de cordas de arame, te- Termo de musica da antiguidade, Ins-
clado etc. semelhante ao Clave ou trumento de uma só corda usado en-
Espinheta. tre os Gregos, que o tocavam, giran-
do sob as cordas um cavalete movel,
Maniflautista. dedilhando a parte livre. Attribue-se
Nome que dão a aquelle, que por uma a Pythagoras a invenção deste ins-
certa habilidade particular se exerci- trumento. O Manchordio, não servia
tou em tirar sons, semelhantes aos da para executar musica, por isso que o
Flauta, soprando, por entre os dedos seu fim, era determinar os principios
das mãos juntas, e formando, assim, numericos dos sons.
um tubo curto, mas sufficiente para
dar intensidade aos sons, que variam Mano-harmonica.
de altura, por meio de certos movi- Nome que deu Guido Aretino á esca-
mentos dos dedos da mão direita. la, que creou para demonstrar a rela-
ção do exachordio inventado por elle,

sumário 256
de seis lettras, e de seis syllabas com ristas para entoar, marcar o tempo e
os cinco tetrachordos dos Gregos. bater o compasso.

Representou esta escala debaixo Marabbá.


da figura esqueletica da mão esquer- Instrumento Arabe que tem duas cor-
da, sobre cujos dedos estavam as- das, em unisono, cujo corpo é cober-
signalados todos os sons d’ella, tanto to, de ambos os lados, por uma pelle
pelás lettras correspondentes, como estendida.
pelas syllabas, que a ellas iam unidas,
O Marabbá toca-se com um arco.
passando pelas regras das mudanças
de um tetrachordo, ou de um dedo a Maracá.
outro, segundo eram os tetrachordos, Chocalho com que brincam as crianças.
conjunctos, ou disjunctos. E’ o nome que os Aborigenes,
tanto no Brazil, como no Paraguay,
Mano-musical.
davam aos chocalhos feitos de caba-
Nome que deram á taboa, em que
ça ôca, com pedrinhas dentro, para
Guido dispoz os intervallos, com a
usarem, como instrumento musical,
figura da mão, para demonstrar a
nas suas danças e festas.
semelhança dos sons hexachordos
com os tetrachordos antigos. Em S. Paulo, como entre nós, se
dá a esse chocalho o nome de Cara-
Mansosinho.
caxá. Vid.
Tocar mansosinho, de mansinho: em
sons baixos; pianissimo. Maracatú.
Especie de dança com que se entre-
Manual.
teem os negros boçaes.
Que se toca com as mãos.
E’ semelhante ao Candomblé e ao
Manualcopel. Jongo das Provincias meridionaes
Registro de Orgão allemão que reune
Deve, talvez seu nome ao uso que
os teclados dos manuaes.
fasem do Maracá, como instrumento
Manuductor. musical de percussão.
Nome com que, antigamente, se de-
Marcatissimo.
signava um official que, collocado no
Muito marcado.
meio do coro, dava o signal aos co-

sumário 257
Marcato. acompanhar os cadaveres á sua ul-
Marcado; expressão distincta; notas tima morada.
nitidamente pronunciadas.
Estas marchas são regularmente,
Marcha. das que se fasem com o andamento
Peça de musica, composta especial- de 60 passos por minuto.
mente para instrumentos de vento e Seu caracter pathetico e triste, é o
percussão, destinada a regular o pas- que melhor convem á esta classe de
so das tropas. musica.
Algumas vezes tambem se em pre-
Marcha harmonica.
ga a marcha na musica theatral, juntan-
E’ a progressão harmonica e regular
do-se-lhe, quasi sempre, um côro.
ascendente, ou descendente, sobre
O andamento da marcha mode- um modo dado, de que o Baixo fun-
rado; porém bem caracterisado, e de damental faz a parte essencial, mais
compasso quaternario. importante; é uma parte de Contra-
-ponto, ou estudo harmonico.
Ha marchas, chamadas regulares,
nas quaes se marcam 60 passos por Marcha melodica.
minuto, e outras dobradas ou passos Quando em um trecho de musica se
dobles, em as quaes se marcam 120 quer passar de uma ideia accessoria
passos por minuto, e com este typo outra principal, isto é, volver ao pri-
se tem de regular os seus passos. meiro motivo, regularmente se põe,
Sempre que se encontre em um um calderon ou firmata, sobre a ultima
trecho de musica a palavra – tempo nota do periodo, que termina no tom
de marcia, se deve entender o com- da quinta do principal.
passo de 60 passos por minuto. Então se faz uma phrase curta,
melodica, que seja arbitraria e condu-
Marcha.
sa ao tom primitivo.
Tambem se diz por extensão, de uma
aria de musica, que, tem o movimento Esta phrase é que se chama –
á semelhança de uma marcha militar. marcha melodica ou enlace, que Ita-
lianos chamam – condotta.
Marcha funebre.
E’ aquella que se compõe para si-
tuações tristes, nas operas, ou para

sumário 258
Ella se faz de varias dimensões, contramos fasendo as delicias dos
e, algumas vezes, é tão curta, que só folgasões de ambos os sexos.
tem duas, ou tres notas.
Marimba.
Marchar. Instrumento musico dos Cafres.
Diz-se da successão dos sons e dos
Chamam tambem Marimba a cer-
accordes, que seguem n’uma certa
to som, que os rapases tiram, tocan-
ordem.
do com as mãos fechadas nos bei-
Marcia. ços, e dando supapos na barba.
(It). Marcha. Aria militar de um rhy-
Marimbar.
thmo pronunciado. O caracter desta
Tocar Marimba.
musica deve ser sempre analogo e
apropriado á occasião. Marselheza.
Celebre hymno da Revolução france-
Marcial.
za, cuja lettra e musica, de inspirada
Esta palavra geralmente se encontra
composição, deve-se ao Capitão de
junta de outra, que expressa movi-
engenheiros – Rouget de L’Isle, que
mento, e no principio de um trecho
se immortalisou.
de musica.
Este hymno civico, a principio foi
Com ella se quer dizer, que a to-
intitulado – Canto do exercito do Rhe-
cata deve ter um caracter bem mar-
no, mas até a pouco tempo se negou
cado, brilhante e militar, assim como
a Rouget de L’Isle sua paternidade,
uma energica execução.
attribuindo-se-a alternativamente a
Marla-cachucha. Gossec, Grety, Pleyel, Dalayrac, Gri-
Nome de uma certa toada musical em sons, Boucher, Mehul, e finalmente,
tom maior, no compasso de 6/8. de a Navoigille que Fetis designa, como
origem plebéa. seo verdadeiro autor.

Esta musica é accommodada Entretanto, firmado em fontes au-


á lettra de uma poesia livre, e quasi thenticas, que repousam nas narrati-
sempre executada a solo, nos Esta- vas de contemporaneos, diz Edmond
dos do norte da Republica e espe- Neukemm o seguinte:
cialmente em Alagôas, onde a en- «Rouget de L’Isle, Capitão de en-
genheiros, estava de guarnição em

sumário 259
Strasburgo, quando foi proclamada Opera, n’um a proposito de Gossec,
n’essa cidade a de claração de guerra intitulado La Reprise de Toulon.
ao Rei da Bohemia e da Hungria. (24
A Convenção prestou apoio pu-
d’Abril de 1792). Excitado pela com-
blicamente ao seu auctor, decidindo
moção originada por tal successo e
que seu nome e seu canto, fossem
depois de um jantar dado em casa
mencionados na acta da sessão de
de M. de Dietrich, maire da cidade,
14 de Junho de 1795. Decretou mais
augmentando-se o enthusiasmo pa-
a Convenção que a Marselheza fosse
triotico o moço official recolheu se á
tocada todos os dias ao render das
casa, tomado de um accesso febril, e
guardas. Conta-se que os soldados,
compoz, de noite a lettra e a musica
ao ouvirem pela primeira vez, esta
do hymno de que tractamos.
musica, cujo accento viril echoava até
No dia seguinte Melle de Dietrich ao intimo da alma, disiam uns aos ou-
fez ouvir aquelle canto aos convivas tros, admirados: – Que diabo d’aria, é
da vespera. esta? Parece que tem barba?!.

Essa audição attingio ao delirio. Esta impressão continuou, aug-


mentando sempre atravez do secu-
Toda gente se abraçava e chorava.
lo, que nos separa d’aquelle hymno.
Alli mesmo tiraram-se cópias, que Cruel! Barbaro! Exclamou dolorosa-
se destribuiram aos musicos, que a mente. Kotsebue dirigindo-se a Rou-
executaram depois. Este hymno de- get de L’Isle, quantos irmãos me não
dicado ao marechal Lukner, chegou á mataste?!
Marselha por intermedio de um jornal,
Klopstock, encontrando uma vez
de que Dietrich era director. Um dos
o auctor da Marselheza, disse-lhe: –
Batalhões marselheses estudou-o e
O seu hymno desimou cincoenta mil
tendo-se demorado, de passagem por
valentes Allemães.
Paris, tocava-o, ao render das guar-
das, e d’ahi lhe veio o nome de – Mar- Outros escriptores Allemães ci-
selheza, sob o qual se popularisou. O tam, em suas obras de theoria mu-
enthusimo não foi menor alli do que em sical, a Marselheza, como typo por
Strasburgo. A Marselheza orchestrada excellencia da marcha da guerra. Os
por Gossec, foi representada, depois artistas tomam-no por modello, la-
de accommodada á uma acção na mentando que não tenha – um senão.
O Dr. Grosheim, em 1832, exclamou

sumário 260
melancolicamente: Será possivel que Martinetes.
se diga ainda, que nunca faremos coi- Peças de madeira cobertas de ca-
sa alguma que se lhe pareça! murça, feltro etc, em forma de martel-
los, usados nos Pianos e Cravos, para
Em summa, Meyerber, que enten-
vibrar as cordas.
dedor, disia: que o brado – Aux armes
citoyens, era o que havia de mais bel- Marujada.
lo em musica. Bailado ao ar livre sobre um tablado,
figurando o convez de um navio, onde
Marsyas.
os bailarinos, trajando a caracter, se
Celebre satyro mythologico, que pri-
exhibem ao som de musica apropria-
meiro poz, em musica, os hymnos
da e attrahente, com a representação
consagrados aos Deuses.
de un simulacro de combates navaes,
Martellando. (It). entre Mouros e Christãos. baseados
Picando as notas. E’ o ataccato mais em cpisodios historicos.
solto. Este bailado é ordinariamente
Executa-se tirando á nota tres posto em pratica, por occasião das
quartos do seu valor. festas populares do Natal. especial-
mente entre nós. (Estado de Alagoas).
Martellato. (It).
Picado; solto. Syn. de Staccato. Marziale. (1).
Marcial.
Martello.
Na factura instrumental, se faz uso de Massa.
duas sortes de martellos; o martello Chama-se, o conjuncto das vozes e
de madeira ligeiro e elastico e o mar- instrumentos de uma peça de musica:
tello feltrado que, nos Pianos, percute assim se diz, – a massa da orchestra,
a corda, ou cordas. a massa dos instrumentos, etc. ou de
muitas partes consideradas, como fa-
O nome de Piano a martellos foi
zendo um todo harmonico, e se diz-os
por algum tempo dado aos Pianos
arpejos dos Violinos e das Violas, que
verticaes, por opposição ao antigo
ligados pelas tenutas dos instrumen-
Clavecim, Clavicodio etc. nos quaes
tos de sopro, formam – bellas massas
as cordas eram dedilhadas ou friccio-
de harmonia, etc.
nadas, em vez de serem feridas.

sumário 261
Matraca. Esta nota cahiu em desuso, logo
Instrumento de percussão com o qual que se inventou as barras ou linhas que
se dão signaes nas Igrejas, durante a atravessam a pauta ou pentagramma,
semana santa; tem sido empregada para separar os compassos, poden-
na musica para certos effeitos. do-se supprimir aquella nota, em sua
duração com as de som continuo, por
Masur. meio das ligaduras .
Dança polaca syn. de Masurka.
Maximo.
Mater consonantiarum.
Chamam, intervallo maximo, aquelle
A primeira das consonancias: deno-
que é o maior de todos da sua espe-
minação que os antigos davam á oi-
cie, e que não pode notar-se; por que,
tava perfeita.
se assim se fizesse, não se chamaria
Matinas. maximo, e sim augmentado.
Officios religiosos pertencentes ás
Maxixe.
horas canonicas.
Nome chulo impropriamente criado
Primitivamente tinham o nome de pela populaça para designar a musi-
vigilias e deviam celebrar-se à meia ca de dança de uma – Polka – Tango,
noite. Seguem ás vesperas e prece- que prima pelo caracteristico de me-
dem aos laudes, cantando-se nas neios e requebros indecentemente
vesperas de quaesquer solemnida- exhibidos pelos dançantes, especial-
des. mente em bailados publicos carna-
valescos. Esta dança moderna, um
Mavioso. pouco mais modificada, ja vae sendo
Se diz dos sons, que exprimem a ter- introdusida, até mesmo nos salões
nura, a compaixão, etc. da melhor sociedade.

Maxima. Mayure.
Antiga nota, do valor de oito compas- Instrumento indiano de cordas usado
sos, de forma quadrilonga. N’aquel- em Bengalla, cuja caixa harmonica
le tempo se considerava, como a tem a forma de um pavão.
unidade musical, donde partiram as
demais, em progressão geometrica, Chamam-lhe tambem Tayuc.
descendente do valor. E’ semelhante a outro instrutru-
mento indiano chamado Esrar.

sumário 262
Mazurk ou Mazourka. Mediante.
Dança nacional Poloneza, de um ca- Nome da terceira corda do tom, seja
racter cavalheresco, em medida a tres maior, seja menor.
tempos, mais lentos que os da – valsa.
Medida.
Mechanica ou Mechanismo. Medida em musica, é a exacta divisão
Nome que se dá ás disposições mais dos tempos do compasso, a obser-
ou menos complicadas que, no inte- vação pontual e justa de cada valor
rior dos instrumentos de musica, e das notas, ou suas pausas em um
sobre tudo, Orgãos, Orchestrões, de- momento dado, – é uma das bases
rigem a transmissão dos movimentos da execução. Vid. compasso.
necessarios á producção dos sons.
Medio. (Termo)
Mechanismo. Meio termo.
Parte puramente mechanica do jogo
Parte central do diapasão d’uma
dos instrumentos. O estudo do mecha-
voz, ou de um instrumento, igualmen-
nismo, cujo conjuncto forma a technica
te distante das extremidades – grave
d’um instrumento ou do canto. se pro-
e agudo.
põe de uma parte, a desenvolver a agi-
lidade da execução, e de outra, a obter Mediophone.
uma escola de sonoridades variantes, Pequeno Orgão expressivo sob uma
em intensidade e em qualidade. engenhosa combinação de palhetas
e canudos, modernamente fabricado
Para os instrumentos de teclado,
nos ateliers de Paris, para o officio de
trata-se, sobre tudo, de adquirir, por
Orgãos de côro das pequenas Igrejas.
este genero e estudo, a força dos
dedos, a flexibilidade do punho, e a Meia-pausa.
segurança absoluta da digitação. Tomando a nota semibreve, como
unidade da duração do som em um
Medesimo. (It.)
compasso, a pausa é um signo de
O mesmo; medesimo tempo, o mes-
silencio de meio compasso.
mo tempo.
Meio suspiro.
Media aspiração. (It.)
O mesmo que media aspiração.
Meia aspiração. Signal de silencio, de
igual duração á uma semicolcheia.

sumário 263
Meios sons. Os Gondoleiros de Veneza, como
Chamam-se aquelles que, na extenção entre nós, os barqueiros, ou canoeiros
de uma oitava occupam o medio de do baixo S. Francisco e Lagôa do Nor-
uma voz, ou instrumento, equidistante te e Manguaba, são ferteis na criação
de seus extremos-do grave e do agudo. de canções d’este genero, tão natu-
raes, tãomelodiosas e simplices que,
Meio soprano. com facilidade se gravam na memoria.
Era um tiple fraco, que os antigos jun-
tavam ao primeiro, e de que hoje não Os Compositores italianos, das
se faz quase uso algum; escrevia-se canções Venezianas, intercalam-nas,
na clave de Dó, assignada na segun- as vezes, em suas operas sérias, para
da linha da pauta. Vid. claves. melhormente agradarem ao publico.

Meio tom. M. F.
O mesmo que semitom ou semitono, Abreviatura da expressão italiana me-
ou a metade de um tom, ou tono. zzo-forte, isto é, meio forte.

Mélico. Melodia.
Adjectivo poetico com que sygnoni- E’ uma successão de sons, ordenada
misam palavra melodioso. segundo as leis do compasso e do
rhythmo, e a unica capaz de expres-
Mélifluo. sar todos os sentimentos e paixões
Doce, harmonioso. humanas; é tambem uma linguagem
universal que commove a todos, mais
Melismatico.
ou menos, segundo sua organisação
Diz-se de tudo quanto se executa nos
physica, e a disposição de seu espirito.
adornos do canto, ou do instrumento.
A melodia, diz D. Carlos Melcior, é
Verifica-se isto, quando, uma nota de
de uma variedade prodidigiosa; é um
alguma duração, se divide em outras
cofre opulento de recursos para variar
pequenas, que juntas, teem ella intei-
quase ao infinito, e somente, dispon-
ra, dando deste modo um gyro gra-
do para tanto, dos unicos sete sons,
cioso para a execução, e para agra-
de que se compõe a nossa escala
davel novidade. Chamam-se canções
musical! Que prodigio!? Vejamos: –
melismaticas, certas melodias mui
Combinadas, de differentes modos,
simples, faceis de decorar, e proprias,
as cinco notas Do – Re – Mi – Fa – Sol,
em geral, para os populares.
nos produzirão 120 melodias distinc-

sumário 264
tas; a combinação de seis notas nos conheceram a successão dos sons;
dará 720 melodias; a de sete notas e é de presumir que a voz fosse o pri-
– 5.040; e a de oito – 40.320, todas meiro instrumento que os emittiu em
tiradas somente da escala diatonica. differente tonalidade, ou que formou
uma escala.
Si tomamos a escala chromatica
por bemóes, ou por sustenidos, uni- Assim é que a melodia é muito mais
dos á escala diatonica, formaremos antiga que a harmonia, sendo certo
uma enharmonica de 21 sons, e estes que muitos annos se passaram, sem
produzirão 204.204 melodias distinc- que os homens podessem explicar a
tas, que, para escrevel-as, se neces- origem de suas sensações, a causa de
sitaria de muitissimos annos. acharem prazer em uma successão de
sons collocados de certa maneira, e do
Ajuntando-se á esta simples com-
desagrado que experimentavam collo-
binação a variedade que resulta dos
cados em outra ordem.
sete valores das notas, que estas po-
dem ter, os sete pontinhos com que Com o tempo, e a observação
podem augmental-a, as sete pausas chegaram a assentar em regras fixas
que entre ellas se podem intercalar, e invariaveis, para que se podesse
as syncopes, os ligados, os trecillos, crear melodias interessantes e apro-
seiscillos etc., os differentes compas- priadas para representarem paixões
sos que se podem adoptar, os diffe- e sentimentos.
rentes movimentos, desde o Largo
Digamos alguma cousa sobre a
até o Prestissimo, os intervallos sim-
importancia da melodia em toda clas-
ples e compostos, todos os adornos
se de composição.
que se podem introduzir, como são
as apoggiaturas, trinos, mordentes, O fim de toda composição é agra-
arpejos etc.; as passagens, em uni- dar; e a melodia consegue, quasi ex-
sono, os ligados pizzicatos, dolce, clusivamente, este desideratum.
piano, crescendo, diminuindo e todas Verdade é que suas bellezas ras-
as demais modificações do som e da cem mais do genio e do gosto, do
expressão, teremos um colosso inex- que das regras; porem tambem é cer-
gotavel de recursos para o genio! to, que com estas, o genio e o gosto
A melodia foi, sem duvida nenhu- tomam um vôo rapido, e caminham
ma, a primeira ideia musical, pois que com mais segurança, impedindo, que
os primeiros homens, tão somente uma imaginação ardente, ou um en-
thusiasmo arrebatado os extravie.

sumário 265
Em musica, a melodia é o principal, Melodicon.
e a harmonia somente è o accessorio, Instrumento inventado na Allemanha
e ainda que, em algumas occasiões, por Dietz. Sua forma é semelhante á
uma harmonia bem combinada pro- do Piano, e tem, como a Harmonica,
duza, por si só, um bello effeito, um pedaes com os quaes se fazem mover
Professor perceberá a melodia que umas rodas. O Melodicon imita perfei-
encerra e o praser que sentimos, atra- tamente á maior parte dos instrumen-
vez das combinações harmonicas. A tos de ar, taes como – Flauta, Clari-
melodia agrada por si só as bellezas neta, Fagotte, e marca os gráus mais
da harmonia são conhecidas somente imperceptiveis do forte e piano, cres-
pelos Professores ou por pessôas de cendo e diminuindo. Outros o chama-
um talento musical cultivado; E como vam Melodium, ou Orgão expressivo.
em um auditorio ha pouca gente nes-
Melodiosamente.
te caso, deve o Compositor empregar
De um modo melodioso.
todo esforço possivel para crear cantos
graciosos, e motivos que estejam ao Melodioso.
alcance de todos. Geralmente fallando Cheio de melodia; que tem melodia.
a harmonia só ha de servir para encher
de realce a melodia, como a sombra Melodrama.
realça a imagem de um quadro. Nome que se deu a principio, á uma
sorte de drama, que era acompanha-
Assim como, se um poeta, baldo
do de musica, vindo a ser, o que hoje
de engenho e gosto, fisesse versos,
chamamos – Opera.
nos quaes observasse somente a
consonancia e a metrificação, mas Melodramatico.
que as palavras fossem incoherentes Que diz respeito ao melodrama.
ou triviaes, do mesmo modo, uma
harmonia onde não houvesse melo- Melographia.
dia expressa, seria uma reunião de Um Inventor mexicano de nome, João
sons bem combinados, mas faltos de Nepomuceno, imaginou um systema
rhythmo e de symetria. particular de notação, que expoz
n’um folheto publicado em 1855, em
Melodicamente. Paris, denominado Melographia.
De um modo melodico.
Esse systema consistiu em traçar
Melodico. uma serie de linhas verticaes distan-
Que pertence á melodia.

sumário 266
ciadas entre si, como as teclas de um A terceira, que se approximava
Piano, do modo seguinte: ao modo chamado – bachico ou di-
thyrambico, tendo um canto, que não
se entendia, senão pelos agudos.

A melopéa antiga, não tem ana-


logia com a musica moderna; ella é
susbstituida pelas regras que consti-
Melographo.
tuem a composição e a melodia.
Apparelho que reproduz escriptos, ou
gravado, com signaes particulares, Melopeo.
os sons que se excutam n’um Piano. Musico perfeito; compositor perito.

Melomania. Melopharo.
Paixão excessiva pela musica. Especie de estante ôca, onde se
colloca a luz, e cujos caixilhos estão
Melomaniaco.
abertos, para receberem as partes de
Fanatico amador de musica.
musica, escriptas sobre papel trans-
Melomano. parente. Deste modo serve o Melopha,
Diz-se daquelle, ou da quella que tem ro,8 para dar-se serenatas ao ar livre.
paixão pela musica.
Melophilo.
Melopéa. Amigo da melodia.
Entre os antigos, era a arte de compor
Melophone.
cantos e de produzir melodias.
Instrumento de folle, á maneira de
Esta arte tinha regras sevéras mul- Guitarra, tendo, no braço, pequenas
tiplas, destinguindo-se tres especies teclas metallicas, que abrem os tubos.
de Melopéas. A primeira, apropriada
Foi inventado em 1837 por um re-
ao modo tragico, tinha um canto, que
lojoeiro de Paris, chamado – Leclere.
reinava somente, sobre sons graves;
era uma sorte de recitativo. A segun- Meloplasto.
da, que se alliava a um modo creado Methodo de musica, inventado em
para o culto de Apollo, modo nomico, Paris por Pedro Galin, em 1817, con-
exigia um canto que se baseasse so- sistindo de um quadro, no qual estão
bre os sons medios. marcadas as cinco linhas do penta-

8 Preservamos a forma escrita na versão original. Leia-se: Melopharo.

sumário 267
gramma, com algumas outras addi- Membro.
cionaes em cima ou abaixo do mesmo. Na sciencia da melodia, é a reunião
de duas ou mais phrases melodicas,
Este quadro, a que recorre o
que, juntas, compõem um rythmo.
Maestro com um ponteiro, termina-
do por uma pequena esphera, serve Ha membros que occupam todo
para representar, por meio de uma um periodo, porem estes são irregu-
notação movel, as melodias, que lares; os demais perio dos admittem
cantam os discipulos, á medida que dous, ou muitos.
o ponteiro lhes indica os sons, dis-
Menelegion.
pensando-os de aprenderem a leitura
Na Igreja grega, era um canto para as
dos signos ordinarios da musica e de
festas dos Santos Martyres.
conhecerem as claves e os demais
elementos da notação fallada. Menestrel.
Musicos poetas, ou unicamente toca-
Melos.
dores de instrumentos, que desde o
Em grego, é o mesmo que doçura do
seculo XI, iam pelas cidades e villas
canto.
cantando e acompanhando-se por
E’ difficil distinguir, entre os autores algum instrumento.
d’aquella nação, o sentido da palavra
Os Reis e os Grandes da Côrte ti-
Melos, do sentido da palavra melodia.
nham, quasi todos, menestreis a seu
Platão applica a palavra mellos ao serviço.
simples discurso e parece que enten-
Presumimos que esta palavra –
de por elle, o canto da palavra. Me-
menestrel, tinha sua origem da ingle-
los, significa, melodia agradavel, ou
za – ministril, nome que deram á esta
melodiosa, pois vem de uma palavra
especie de musica.
grega, que significa – mel.
Ministre.
Melotrope.
Instrumento de menestreis; Charamella.
Apparelho recentemente inventado,
que reproduz os sons, apresentando- Meno. (It).
-os em traços luminosos. Menos; menomosso, menos vivo.
Membé.
Instrumento feito de ossos.

sumário 268
Menores. Mensuralista.
Chamam-se intervallos menores – Compositor, ou auctor didactico de
os que podem soffrer alteração sem musica.
chegarem a ser falsos.
Mentoniere.
E’ tom menor o diatonico que ha Pequena peça de ébano, ou de caut-
entre Ré e Mi, e entre Lá e Si, em toda chouc que os Violinistas usam para
a escala. addicionar ao Violino, no lugar em
Os semitons são também – maio- que encostam, ou firmam o queixo,
res – e menores –. O semitom maior, é afim de terem melhor apoio.
o intervallo que ha entre Mi e Fá, e entre
Mercurio.
Si e Do; é semitom menor, o que me-
Um dos Deozes da Mythologia, que
deia entre uma nota natural e a mesma
sabia musica á ultima perfeição; e
accidentada, como é de Dó natural, a
conta-se, que furtando a Lyra de
Dó#; a de Si natural a si b, e vice versa.
Apollo, se servira d’ella para com
Tom ou modo menor, é o nome seus accordes adormecer Argo, a
que se dá a escala, cujos semitons quem matou.
se acham na disposição propria e pe-
Homero attribue a Mercurio, a in-
culiar da escala menor.
venção da Lyra.
Se dá tambem o nome de menor
Merlinda.
ao accorde, em que a terceira nota
E’ uma especie de Orgão de cylindros,
da fundamental é menor; isto é, que
que serve para ensinar melros e piscos.
dista somente d’esta – um tom e um
semitom.– O som da Merlinda é mais for-
te que o do Realejo, de que se usa
Mensura.
para ensinar a cantar os canarios e
Compasso. E’ desusado.
pintasilgos.
Mensural.
Merula.
Que é concernente á medida.
Antigo registro de Orgão que, em Fran-
Chama-se canto Mensural, o can- ça, se chamava, as vezes, Rouxinol.
to dirigido por compasso; canto com-
Consistia elle n’uma bocêta de
passado.
estanho cheia d’agua, com dous ou
tres tubos, nos quaes a agua era agi-

sumário 269
tada pelo vento. Este registro imitava, Mesocoro.
o gorgeio dos passaros, e hoje não Era entre os Gregos e Romanos, o
está em uso. Musico, que dirigia e condusia os
concertos, assignalando o compas-
Messa di voce. (It). so, e batendo-o sobre o sólo, com
Nome que dá, a escola de canto ita- suas sandalias sonoras.
liana, á emissão fraca de um som,
augmentado depois, até o fortissimo Mesoide.
e de novo diminuindo até o – pianisis- Especie de melopéa, cujos cantos
mo. Este effeito é indicado por: se accentuavam sobre as cordas
médias, que se chamavam tambem
mesoides, da palavra messe, ou do
O messa di voce é um dos es- tetrachordo meson.
tudos technicos, o mais importante
Meson.
para o Cantor.
Nome que deram os Gregos a seu
Messe. segundo tetrachordo, principiando a
Na musica grega antiga, era o nome contar do grave.
da corda mais aguda do segundo te- Era tambem a denominação, pela
trachordo. qual se destinguia cada uma de suas
A palavra messe, significa media- quatro cordas, que correspondiam
na, e se deu este nome á aquella cor- aos demais tetrachordos.
da, porque occupava precisamente Assim é, que a primeira corda
o meio, entre os dois primeiros tetra- do meson de que se falla, se chama
chordos de que se compoz, a princi- hypate meson; a segunda, peripate
pio, este systema. meson; a terceira lichamos meson, ou
Messel. meson diatonos, e a quarta messe.
Medida. Nome que os Theoricos Mesopyeine.
Arabes e Persiaños, dão á seu modo Deram os antigos este nome, aos ge-
particular de determinações dos inter- neros approximados ou cerrados do
vallos musicaes. segundo som de cada tetrachordo; e
Mesocopo. por esta rasão os sons mesopycinos,
Especie de Flauta entre os Gregos. eram cinco.

sumário 270
Mesto. (It). para denotar a entrada dos instru-
Triste: ralentando um pouco o movi- mentos de metal, ou cobre.
mento.
Metabola.
Mestre de capella. Era na antiga musica dos Gregos, a
Professor de musica; compositor mudança no decurso de uma melo-
d’ella para os Templos; o que nas dia, de um modo para outro; equivale
funcções das Igrejas dirige os musi- á modulação, no sentido moderno
cos e cantores batendo o compasso. d’esta palavra.

Mestre de musica. Metarcha.


O que ensina a ler musica; porem ge- Segundo Terpandro, era na musica
ralmente dá se esta denominação, ao antiga, a terceira parte do modo Cy-
encarregado de dirigir uma banda de tharistico.
musica marcial.
Methodo.
Mestres. Modo de cantar, ou de tocar algum
São os tons do Canto-chão, que teem instrumento, segundo determinados
a quarta por baixo e a quinta por cima; principios; recopilação de proceitos
são ainda, os pares 1, 3, 5, 7 e 11. e regras proprias para formar bons
cantores e instrumentistas.
Syn, de authenticos.
O methodo é absolutamente indis-
Mesure. (Frac). pensavel para aprender-se com mais
Compasso. brevidade, exactidão e perfeição, tan-
Metacatatropa. to as sciencias, como as artes.
Esta parte da musica antiga, é tida Convencidos os Professores d’esta
por Terpandro, como o 5º modo dos verdade, teem recompilado, em todos
Cytharistas. os ramos da sciencia as regras e pre-
ceitos, que lhes forneceo a experien-
Metal de voz.
cia; e d’ali nasceram tantos methodos,
Qualidade de som emittido pelo or-
quantos teem escripto para aprender-
gão vocal, e, neste sentido, se pode
-se a cantar e a tocar differentes ins-
tomar como syn. de timbre. Vid.
trumentos, pois que presentemente os
Metaes. ha, para cada uma das partes em que
Esta palavra, sempre que se encon- se devide – a Arte musical.
tre na parte do Violino regente, serve

sumário 271
Metrico. partes do compasso, por meio de
Compassado, em que ha medida; suas oscillações, com relação á sua
musica metrica, bem accentuada, lentidão, ou viveza. Quarenta golpes
e na qual as palavras se accommo- d’ellas marcam maior gráu de lenti-
dam, de uma maneira natural á melo- dão, e 208, o maior gráu de presteza.
dia, no que toca á cadencia. Estes dois pontos extremos, e todos
os seus intermedios, estão calcula-
Segundo Aristides Quintiliano,
dos sobre a duração de um minuto.
era em geral, a parte da musica que
Depois da invenção do metronomo,
tinha por objecto – combinar as let-
muitas peças de musica levam assig-
tras, as syllabas, os pés, os versos e
nalado, o gráu, que, no instrumento,
o poema. Entre a musica metrica e a
corresponde ao movimento, que quiz
rhythmica ha a differença de que, a
dar-lhe o autor, o qual se assignala,
primeira só se occupa da forma dos
por meio de um numero e uma nota.
versos e a segunda dos pés de que
se compõe. Dahi se segue que as O numero indica o ponto em que
linguas modernas podem ter, toda- se ha de fixar o contrapezo do pendu-
via, uma musica metrica, posto que lo na escala, que leva o metronomo,
tenham poesia; porem, não uma mu- e a nota, o valor de uma oscillação.
sica rhythmica por quanto sua poesia Por este meio o autor de musica está
não consta de pés. seguro de que suas peças serão to-
cadas e cantadas com um mesmo
Metro. movimento de compasso, seja qual
Medida, certa regra do compasso na fôr o Paiz, em que se as executem,
musica. Syn. de Rhythmo. ainda mesmo em sua ausencia.
Metronomico. Mez-voce. (It.)
Que pertence ao metronomo. Mez-voce, á meia voz.
Metronomo. Mezza orchestra.
Instrumento inventado em 1816, por Indica silencio para a metade dos
Maelzel para a maior ou menor veloci- executores, ordinariamente de Violi-
dade do compasso, conhecido tam- nos, como se dá no acompanhamen-
bem com o nome de chronometro. to de um solo, afim de diminuir-se a
Este instrumento consta de um força instrumental até a palavra tutti,
pendulo que marca os tempos, ou onde deverão entrar todos.

sumário 272
Mezzo a. (It.) Um porta vóz é um instrumento
Meio, a mezza voce, à meia voz; me- micracustico.
zzo-forte, meio forte.
Microphonia.
Mezzo caracter. Enfraquecimento da voz.
Epitheto que se dá ao estylo de certas
Microphonio.
operas, ou de certas peças d’ella, do
Instrumento que torna perceptiveis os
mesmo modo que se dá a alguns mu-
sons, ainda os mais fracos, quando
sicos contractados para papeis comi-
se o põe em contacto com um corpo
cos ou buffos, e outros mais serios.
sonante.
Mezzo soprano.
Microphono.
E’o mesmo que segundo tiple, como
Que tem a voz fraca.
dizem os Castelhanos.

E’ uma voz propria dos meninos e Milacor.


algumas mulheres, alcançando dois Um Cura de aldeia, apresentou na ex-
tons mais graves que o soprano, ou posição de industria em Paris, no anno
primeiro tiple. de 1839, um Orgão chamado Milacor,
que qualquer pessôa pode tocar, sem
M. F. conhecer instrumento algum, e sem
Abreviatura da expressão italiana – que possa produzir accorde falso.
mezzo forte; meio forte.
Este Orgão pode servir para uma
Mi. Igreja de Aldeia, e qualquer visinho
Nome que se dá na Italia, em França, d’ella, acompanhar o Officio Divino.
na Belgica, etc., ao quinto som da es-
Militarmente.
cala fundamental de nosso systema
Com magestade, caracter e estylo de
actual, correspondendo ao E dos Al-
marcha militar; execução arrogante.
lemães, dos Inglezes etc.

E’ o terceiro signo de nosso syste- Militar. (Banda de musica.)


ma moderno. A corporação dos musicos de cada
Batalhão.
Micracustico.
Instrumento appropriado, para apre- Mim.
ciar os sons fracos. Abreviatura da palavra italiana minuin-
do; isto é, ir diminuindo pouco a pou-
co os sons.

sumário 273
Mineiro pão. Dava-se tambem o nome de mi-
Musica de uma certa dança, que sen- nuette ao trecho, a tres tempos, que
do mui popular nos Estados de Per- nas symphonias precede, ou segue
nambuco e Alagoas, é entretanto de ao adagio ou andante.
origem plebéa.
O minuetto consta ordinariamente
Esta musica e dança, executada á de duas partes, as quaes se repetem;
Viola de arame ou Guitarra, é subor- porem para mais variedade n’esta mu-
dinada sempre á montonia rythmica sica, juntou-se-lhe outra melodia do
das palmas, representando uma das mesmo rhythmo, chamado trio. Este
mil variantes do Côco (musica de segundo minuetto se chamou assim,
dança chula brasileira) mui commum por ser, de ordinario, desempenhado
em folganças nos dias festivos. por tres partes, sendo que o minuette
principal era o executado por toda a
E’ bastantemente usada em re-
orchestra, segundo alguns, e segun-
uniões familiares, substituindo-se o
do outros, por duas partes somente, a
acompanhamento, pelo de Piano.
saber: pelos 1º e 2º Violinos, em uni-
Minima. sono, acompanhados pelos Bassos.
Figura ou nota musical, cujo valor no O minuetto é originario de Poiton, anti-
compasso é de dois tempos, ou duas ga provincia de França.
partes; equivalendo á duas semini- Para os amadores de então, era
mas, a quatro colcheias, a oito semi- uma dança que primava pela simpli-
colcheias, etc. Vid. notas. cidade, nobreza, e graça.

D. João d’Austria, vice-rei dos Pai-


zes-Baixos, correu um dia açodado e
veio a Paris unicamente para ver dan-
Minima consonancia. çar – Margarida de Borgonha. Luiz XIV
Denominação que os antigos deram dançou o minuetto, acompanhado de
á quarta perfeita. uma musica, que elle proprio havia
composto.
Minuette ou Minuetto.
Aria em tempo ternario, de um anda- Minuetto.
mento moderado, que tira seu nome (Tempo de) Expressão italiana que,
d’uma dança antigamente usada, no collocada no principio de um um tre-
seculo XVIII. cho de musica, indica um compasso

sumário 274
ternario pausado e ao mesmo tempo Misura. (It.)
bem marcado. Compasso.

Miscellanea Musical. Miudinho.


E’ um conjuncto de differentes trechos Ruidosa e singular tocata executada
musicaes, de um mesmo auctor ou de na Viola de arame, ou Guitarra, mui se-
auctores diversos, reunidos com gos- melhante ao – fado – dos Portuguezes.
to e arte, formando um todo perfeito e
Mixis.
harmonico. Syn. de Potpourri. Vid.
Uma das partes da antiga musica gre-
Mise. de voix. ga, pela qual o compositor aprendia a
Expressão franceza que quer dizer – combinar bem e seus intervallos, e a
gradação da voz. Vid. destribuir bem os generos e os mo-
dos, segundo o caracter do canto a
Miserere. que se propunha.
Psalmo da penitencia, que começa
pelo versiculo – Miserere mei Deus, Mixolidio.
que se canta no fim dos Officios da Nome de um dos modos da antiga mu-
Semana Santa. sica, chamado tambem hiperdorico.

Missa. Dentre os sete modos antigos,


Chama-se a musica composta para era este o mais agudo, de caracter
uma missa de festas. affectuoso e apaixonado, proprio dos
grandes movimentos e por conse-
Missal. guinte – tragico.
Termo de musica sacra.
Mixtos.
Collecção dos cantos introdusi- No Canto-chão se dá o nome de –
dos por S. Gregorio, para uso do cul- mixto ao canto, que excede de uma
to catholico. oitava, e entra de um modo a outro,
Misteriosamente. participando desta maneira do au-
Augmentando os sons mysteriosa- thentico e do plagal.
mente. Esta mescla não se faz, senão
nos correlativos, como do primeiro
Misterioso.
tom ao segundo, do terceiro ao quar-
Descobrindo os sons com mysterio.
to, em fim, do plagal a seu authentico,
e reciprocamente.

sumário 275
Mobiles. Modilho.
Na antiga musica grega chamavam Musica breve e menos grave, como
assim as cordas, que eram differen- ordinariamente são, as cantigas po-
tes, em todos os tres generos. pulares.

Mocha. Modinha.
Nota de solfejo antigo. Diminutivo de Cantiga. Poesia lyrica
posta em musica; pequenas composi-
Moda. ções que andam em voga, e que qual-
Expressão popular em logar de modi- quer curioso as pode crear e compor.
nha. Syn. de cantiga. Vid.
Modo.
Modal. E’ uma determinada disposição das
Corda ou nota, que caracterisa o escalas e da harmonia, que qualifica
modo maior ou menor. toda oitava com relação à sua toni-
Modalidade. ca, ou primeira nota d’elle. O tom e o
Indicação do modo, no qual se toca. modo se differençam, em que o tom
só indica o som, ou nota que deve ser-
Moderatamente. (It.) vir de tonica á uma peça de musica, e
Moderadamente; com moderação; o modo determina a terceira da escala
movimento moderado. e classifica toda a oitava.

Moderato. (It.) Nossos modos não estão fundados


Moderado. Esta palavra italiana é sobre caracter algum do sentimento,
como um ponto central, entre os di- como os dos antigos, e sim, unicamen-
versos gráus do movimento, isto é, te, sobre nosso systema harmonico.
serve para indicar um movimento in- Tres são as cordas essenciaes do
termediario, entre o lento e o presto. modo, as quaes formam, juntas, um
O Allegro moderato e o Andamen- accorde perfeito, a saber: a tonica ou
to moderato, modificam a viveza do corda fundamental do tom e do modo
primeiro e a lentidão do segundo. ; – a quinta da tonica, que se chama
dominante, e a terceira que é a que
Moderazione. (It.) constitue propriamente o modo, a
Moderação; que exige um movimento qual chamamos – mediante, porque
moderado. occupa o meio, entre a tonica e sua
quinta. Como esta terceira pode dis-

sumário 276
tar da tonica um tom e um semitom, e Deixamos dito no artigo modo, e
tambem dois tons, sem deixar de ser repitiremos aqui, que a respeito da
consonante, resulta que d’esta altera- modulação, ha duas classes de mo-
ção veio a chamar-se: modo menor, o dos; o principal e o relativo. Modo
primeiro, e maior, o segundo. principal, é aquelle em que principia e
acaba uma peça de musica; e relativo,
E como para produzir variedade
aquelle, que, por sua affinidade com o
na musica, nem sempre continua a
tom principal, o podesucceder imme-
peça no modo em que se tem princi-
diatamente, por nataralidade. A modu-
piado, originou-se d’ahí a distincção
lação mais agradavel e homogenea, é
de modo principal e modo relativo. O
a que procede de quintas ascenden-
principal é aquelle em que principia e
tes, ou descendentes, ou de – terceira
acaba uma peça, e relativo o que se
baixa, se é maior, e de terceira alta, se
enlaça com o principal; durante ella
é menor. Debaixo d’este principio va-
para modular. Vid. modulação.
mos reduzir as regras que se devem
Modulação. observar relativamente á esta succes-
E’ a arte de mudar de tom e modo nas são, que comprehende unicamente
composições de musica, segundo as dois meios nas differentes maneiras
regras estabelecidas e sanccionadas de enlaçar os modos entre si.
pelo gosto. No artigo modular procu- Regra 1ª – Um tom principal tem
raremos dar um resumo d’estas re- como relativos, aos de suas quintas,
gras como as colhemos. uma superior e outra inferior, e de sua
Modulado ou Modulo. terceira mais baixa, se é maior, ou ter-
Diz-se do canto variado, cheio de mo- ceira alta se é menor. Regra 2ª – Os
dulações. Canóro; sonóro, etc. tons relativos para a quinta devem ser
do mesmo genero que o principal,
Modulador. isto é, maiores, ou menores como el-
O que modula, ou sabe todos os pre- les. O tom relativo para a 3ª, deve ser
ceitos e regras de modular. de um genero opposto, isto é, menor,
se o principal é maior, e maior se o
Modular.
principal é menor.
Segundo Melcior, é mudar de um
tom, ou de um modo a outro diffe- Apresentaremos agora outros
rente, tomando a palavra – tom – por dois meios proprios para condusir a
semitono de escala. modulação; 1º meio: quando, de um

sumário 277
tom principal se tem passado a ou- dulação inteira;tambem podem ir uni-
tro relativo, pode este tomar-se – por das ás modulações inteiras e ás pas-
principal – e applicar-se as duas re- sageiras. Estas offerecem um meio
gras anteriores, quer para passar á para modular em tons affastados.
outros tons e modos, quer para voltar
Na musica moderna se encontram
a aquelle tom, 2º meio: tomando suc-
muitas modulações passageiras, por
cessivamente, por tons principaes,
produsirem uma harmonia mais rica e
aos relativos de cada tom relativo,
elegante, e isto se dá não sò nos tons
considerando este, como principal,
relativos, como ainda em outros.
e applicando as duas regras prece-
dentes, se poderá estender a modu- Com estas apontações e a pratica
lação tão longe, quanto se queira, ou se poderá usar deleitavelmente d’es-
retroceder, do tom mais affastado ao tes adornos da harmonia.
principal, ou ao primeiro.
Modulo.
Este segundo meio, como pode Entoado; harmonioso; harmonico;
observar-se não é mais que o corol- melodioso.
lario do primeiro.
Modulo.
Modulação passageira, Quebro de voz melodiosa.
ou Semimodulação.
Esta modulação se verifica, quando Moll. (All).
não está determinada, por uma ca- Menor.
dencia, o tom a que pertence.
Molle.
Si bem que não se possa estabe- Brando; chromatico molle o que pro-
lecer regras fixas para saber empre- cede de bemóes; chromatico duro, o
gar as modulações passageiras, to- que procede de sustenidos.
davia, indicaremos alguns principios.
Molemente.
Um dos melhores meios de obter Brandamente; expressão molle.
estas modulações é o mudar chromati-
camente um, ou dous son, do accorde. Moliphone.
Apparelho para o estudo do Piano,
No curso de uma phrase, podem
construído na fabrica Pleyel e Wolff.
haver, uma ou muitas outras escriptas
em differentes tons, sem que haja mo-

sumário 278
E’ destinado a emfraquecer os unisonas, o qual serve para regular
sons do Piano, afim de se poder es- os tons de outros.
tudar sem incommodo dos visinhos.
Monodia.
Molto. (It). Chama-se assim ao canto de uma só
Muito; allegro molto, muito allegro; lar- voz, por opposição ao que chama-
go molto, bastante largo; allegro non vam os antigos chorodia ou musica
molto,não muito allegro etc. de córos.

Monaulo. Os cantos funebres ordinariamen-


Era uma Flauta de um unico tubo, te se recitavam por uma sóvoz, e por
usada entre os povos da antiguidade. isso, muitas vezes, se vê chamar –
monodia – ao canto funebre.
Monferina.
Aria de dança em compasso de 6/8, Monodiado.
de um andamento vivo e alegre. usa- Pranteado em canto, Montar. por
da no Piemonte e na Lombardia. meio de uma só voz.

Monochordo. Monodiar.
Syn. de Sonometro. Instrumento com- Prantear musicalmente por uma só
posto, de uma só corda sonóra, de voz.
que os antigos se serviam para de-
Monodico,
terminarem os principios numericos
Cantado por uma só voz, e relativo á
dos sons; sua invenção foi attribuida
monodia.
a Pithagoras.
Monodrama.
A corda é montada sobre uma
Drama cantado por uma só persona-
prancheta, ou sobre uma caixa rec-
gem; scena dramatica em monológo.
tangular, contendo varias entona-
ções, por meio de um cavalete movel, Monologo.
tocando-se com os dedos na parte Recitativo obrigado á uma só voz nas
desembaraçada. operas; é uma das mais difficeis par-
Dá-se tambem o nome de – mo- tes da musica, tanto para a composi-
nochordo – a um instrumento com- ção,como para o executor.
posto de muitas cordas, mas todas
Monophonia.
Producção de um som unico.

sumário 279
Monophonico. Montante.
Que produz um som; o mesmo que Escala que vai do grave, para o agudo.
monotono.
Montar.
Monorythmia. Ir do grave, para o agudo, por interval-
Uniformidade no rythmo. los conjunctos,ou disjunctos,

Monorythmico. Mor.
Que tem um rythmo uniforme. Abreviatura da palavra mordente.

Monoson. Mordant.
Palavra grega, que quer dizer, um uni- Palavra franceza; mordente. Vid.
co som, ou a unidade sonóra.
Mordente.
Chama-se assim ao primeiro som Chama-se mordente, o ornamento
resultante da primeira existencia mu- composto de duas pequenas no-
sical, ainda que seja da entonalidade tas que formam, na melodia de gráu ou
do ruido; som desnudado de valor, de de salto, com o som a cujo lado se põe.
nome, ou caracter gammico, na esca-
la diatonica. O mordente toma seu valor da
nota, que o precede, de gráu inferior;
Se, sobre este som neutro, ou Isto é, se a nota que o precede é col-
ambiguo, se funda uma escala, en- cheia, o mordente se assignala com
tão o monoson será tonico, porque semiclocheia; e se é semicolcheia,
dá nome á mesma e representa um com a fusa etc.
lugar determinado, entre os sons d’el-
la. Quando porem permanece neutra, Estes ornamentos são de multa
ou ambigua, o monoson será atonico; graça em seus effeitos.
porque não representa officio algum,- Mordente.
nem na melodia, nem na harmonia. Ataque vivo e picante.
Monostrophe. Mormorando. (It.)
Canção de uma unica estrophe. Murmurando; susurro; imitando o
Monotono. murmurio d’agua, que corre ; emittin-
Uniformidade fastidiosa de um só tom. do um som semelhante.

sumário 280
Morr. Os musicos do seculo XIII e XIV da-
Abreviatura da palavra morrendo. vam o nome de motettus á parte can-
tante, que hoje chamamos – contralto.
Morrendo.
Diminuindo a intensidade dos sons, Motettino.
até quasi, não se perceber. Pode-se Diminutivo de motette; pequeno mo-
tomar como syn. de perdendo-se. tette.

Mosaique. Motivo.
Palavra franceza com que designam E uma phrase, uma expressão, ou
uma peça de musica instrumental, uma ideia primitiva e principal, sobre
cuidadosamente extrahida e com- a qual o compositor determina seu
posta de pedacinhos diversos e va- plano, e arranja suas partes. O motivo
riados, de uma opera. Syn. Pot pourri. principal deve estar sempre na sua
imaginação, sem perdel-o de vista, e
Mosso. fazendo conhecer-se o sabor de sua
Esta palavra italiana, junta a outras melodia, em toda ella, sem o que elle
que expressam movimento, quer di- divaga, ou junta cantos e accordes
zer, que se deve augmentar a viveza sem nenhum enlace. Alem do moti-
de sua execução. vo principal que como havemos dito,
Allegro mosso, Allegro vivo; piu não é mais que uma ideia primitiva, ha
mosso, mais vivo, etc. outros particulares, que são as ideias
determinantes das modulações, dos
Motette. enlaces e texturas harmonicas. O
Antigamente esta palavra significava motivo na fuga-chama-se tambem
uma composição mui trabalhada e proposição, antecedente, thema, guia
rica de todas bellezas d’arte, em um ou intento. Chamamos ainda motivos,
periodo muito curto, pois vem segun- a qualquer cantoria que sirva de typo,
do alguns, o nome de motette, da ou fundamento, e sobre a qual se har-
palavra franceza mot. Hoje porem, monisam as outras partes chamadas,
chama-se motette, toda especie de contra motivos, contra intentos, etc.
musica composta sobre palavras lati-
nas, para Igreja Romana, como psal- Moto. (It.)
mos, hymnos, antiphonas, responsos Movimento; con moto, com impulso,
e tudo quanto, em geral, se denomina andante con moto, andamento com
musica latina. movimento mais vivo.

sumário 281
Motu. (It.) Esta confusão fez lembrar aos Ita-
Modo; moto di marcia, andamento lianos a invenção de umas palavras,
proprio de marcha, isto é, andamento que passaram a ser technicas da arte
de 60 passos por minuto. musical; largo, adagio, andante, alle-
gro e presto. Cada uma dellas exprime
Moviles. (Cordas.) gráus de velocidade, que se subdivi-
Os Gregos chamavam cordas movi- dem e se modificam em outros, dos
les, ou sons moviles as duas medidas quaes tem que distinguir-se os que tão
de cada tetrachordo, pois se afinavam somente indicam o gráu de presteza ou
differentemente, segundo os generos, lentidão, como: larguetto, andantino, al-
por opposição ás extremas, que não legretto, prestissimo, e os que tambem
variavam jamais de som, e que cha- só assignalavam o caracter, ou expres-
mavam – cordas estaveis. são da musica como : agitato, vivace
Movimento. grazioso, con brio etc. Vid. todos.
E’ o gráu de presteza ou lentidão no Movimento harmonico,
compasso de uma peça de musica. ou symphonico.
Os antigos tomavam, como regra do E’ a marcha dos sons, desde o gra-
movimento, uma pulsação, ou um se- ve ao agudo e vice-versa. Tres espe-
gundo de tempo, representado por cies de movimentos se empregam na
uma nota semibreve. marcha dos sons a saber: movimento
Se queriam que a musica tivesse semelhante, movimento contrario e
um movimento mais veloz, partiam- movimento obliquo.
-na para figurar no compasso com Marcham as notas em movimento
uma linha perpendicular, ou punham semelhante, quando todas as partes
um 2 ao lado da clave, e deste modo sobem, ou descem ao mesmo tem-
conhecia o musico que, no tempo de po; por movimento contrario, quando
uma pulsação, se haviam de executar umas sobem ao mesmo tempo, que
duas semibreves, ou dous compas- outras baixam; e por movimento obli-
sos. Quando a musica devia expressar quo, quando umas sobem, ou bai-
languidez, usavam do compasso 6/4, xam, em quanto outras estão quietas.
para mostrar que, em um compasso, Quando se repetem as notas sem va-
devia-se empregar tres pulsações ou riar de entonação, se lhes dá o nome
tres semibreves. de movimento parallello, porque este

sumário 282
movimento é proprio tão somente dos Convem suspender durante a cri-
instrumentos. se, todo estudo de canto.

Muance. Multiforme. (canto).


Antigamente, quando não havia mais Os musicos antigos davam o nome
que seis nomes para as sete notas da de canto multiforme ou musica mul-
escala, designavam assim, aquella tiforme á musica, ou canto mensural,
que não tinha nome para completar especialmente, quando era a diver-
as sete da escala; e para isto repe- sas vozes em contra ponto.
tiam o nome de algumas d’ellas.
Multiplex.
No seculo XVII se acrescentou a O primeiro dos cinco generos de pro-
syllaba Si ás notas da escala de Gui- porção desigual, em que o numero
do; e, por tal, as muances se torna- maior contem o menor duas, ou mui-
ram inuteis, e foram abandonadas. tas vezes, e nada sobra. Vid. Propor-
ção e Genero.
Mudança da voz.
Chama-se assim, a alteração da voz Mulungú.
no tempo da puberdade. Opera-se Instrumento de percussão grosseiro
esta alteração na voz dos homens, e campestre, formado de um pedaço
substituindo sons graves e masculos da madeira de que tomou o nome, de
pelos sons agudos do tempo intan- forma cylindrica e ôca, tendo em uma
til; de sorte que o todo da mesma se das extremidades uma pelle estendi-
acha uma oitava ou oitava e meia, da sobre a qual batem com ambas
mais baixo. Entre as mulheres é quasi as mãos, produzindo um batuque, ao
imperceptivel esta mudança de voz, som do qual exhibem danças grutes-
e não se dá a conhecer, senão uma cas e extravagantes, por occasião de
maior intensidade no timbre, depois festas e regosijos populares, os pretos
de certa epocha. boçaes nos Estados de Pernambuco e
Durante a mudança, propriamen- Alagoas, do Norte da Republica.
te dita, e no momento critico da pas-
Murky.
sagem, a voz enrouquece, torna-se
Nome que deram á uma especie de
penosa, ou mesmo impossivel na
composição para Piano, já desusada,
emissão dos sons.
na qual o Basso constava unicamente
de oitavas interrompidas.

sumário 283
vem, segundo uns, de musa, e, segun-
do outros, da palavra Egypcia – mosar.

Deixando de parte as investigações


etymologicas, que perdem, pelo carac-
Musêtta. ter inverosimil que se nos apresentam,
Especie de Cornamusa. E’ um ins- vamos, para dar ao presente artigo
trumento de sôpro composto de tres toda a importancia, que nos merece,
canudos com palhetas, e de uma es- recompilar de varios autores, a quem
pecie de bexiga, ou bolsa de pelle de havemos consultado, tudo quanto
carneiro, que o tocador sustenta de- teem dito sobre o presente assumpto.
baixo do braço esquerdo, e sopran-
Diz J. J. Rousseau: «A musica, é a
do, o enche como um balão, com o
arte de combinar os sons de uma ma-
auxilio de um apito, chamado-port-
neira agradavel ac ouvido». M. Charles
-vent. O maior dos tres canudos cha-
Soullier diz: «A musica, é a arte de com-
ma-se – grand-bourdon; tem quasi
binar os sons, de maneira propria para
um metro e se lança por cima da es-
commover a alma e fallar ao coração.
padua esquerda; o segundo chama-
-se petti-bourdou; o terceiro é crivado Segundo Kant: «A musica é a arte
de buracos que servem para modifica de exprimir uma agradavel succesão
as entonações pelo jogo dos dedos. de sentimentos por meio do som; e
Morel diz-que é a arte de exprimir sen-
A Musetta tem o timbre agudo e
timentos determinados, por meio de
penetrante, que se allia bem ao ca-
sons bem coordenados. Agostinho
racter das danças de campanha; sua
Savard diz simplesmente, em seus
escala abraça tres oitavas.
principios de musica : A musica é a
Este instrumento era conhecido arte de combinar os sons; e M. Fe-
dos antigos, e os Romanos o chama- tis diz-que a musica é o resultado da
vam – Tibia-utricularis. Dá-se tambem combinação dos sons, cujo objecto é
o nome de Musétta á uma aria cam- commover a alma de differentes ma-
pestre, propria para este instrumento. neiras, e agradar ao ouvido».

Musica. Se algumas destas definições


(All. Musik; Ingl. music; It. e Lat. musi- convem melhor á musica primitiva,ou-
ca). A etymologia da palavra musica, tras entretanto,são bem applicaveis á
musica que se seguio, e mais ainda

sumário 284
á actual. Como quer que se defina, o tasias, caprichos, cantatas, noctur-
seu fim propriamente dito é, como dis- nos, romances, canções, etc.
se Buillet,-commover pelo concurso
A musica militar não faz mais do
da melodia, da harmonia e do rythmo.
que tomar d’ellas suas composições,
A musica, continua o mesmo au- e as adaptar para seu uso, e para isto
tor, não comprehende somente a suc- emprega, sobre tudo, os instrumen-
cessão e simultaniedade dos sons; tos de cobre.
ella se occupa ainda da sua intensi-
A invenção da musica foi attribui-
dade e de seu timbre.
da, na antiguidade, á uma multidão
Do gráu de doçura, ou de força de personagens; entre os Egypcios, a
dos sons, habilmente combinados, re- Hermés, ou a Osires; na India, a Brah-
sulta a sua expressão; o timbre depen- ma, entre os Chinezes, a Fó-hi; entre
de dos orgãos productores dos sons, os Hebrus, a Jubal; entre os Gregos,
que são: a voz e os instrumentos. a Apollon, a Cadmus e a Anphion.

A musica, quer vocal, quer instru- A musica vocal precedeu, sem


mental, se divide, segundo suas di- duvida á musica instrumental; os
versas applicações, em tres grandes instrumentos primeiramente conhe-
generos distinctos : -musica sacra, cidos, foram os de vento ou sôpro,
musica dramatica e musica de con- nomeadamente, a Flauta, de Pan.
certo ou de camara. Musica sacra, Thamyrs e Thales, aperfeiçoaram,
é aquella que se canta nas Igrejas e disem, a musica instrumental; Phe-
nos concertos espirituaes; ella com- mius inventou os modos; Terpandro,
prehende o Canto-chão, os coraes,os contemporaneo de lycurgo, deu as
cantos que não admittem mais que o primeiras regras á musica; em fim,
acompanhamento do Orgão, como Lasus, que viveu no tempo de Darius,
as Missas, os motettos, os oratorios, foi quem primeiramente escreveu so-
etc: a dramatica, é a que admitte bre esta arte.
todos os tons, e que comprehende
Pythagoras, Platão e outros de-
a opera, a opera comica, ou buffa,
ram, á palavra musica, uma accep-
e o bailado; a de concerto, é aquel-
ção muito mais extensa, que nós lhe
la a que pertencem as symphonias,
damos actualmente: Sem querermos
os quartettos, quintettos, as sonatas,
nos estender largamente sobre a sua
concertos, arias, arias variadas, phan-
historia em um ligeiro artigo de Dic-

sumário 285
cionario, dizemos todavía, como dis- E se todos os desgraçados são
se um escriptor – A musica é coéva propensos ao canto, é claro haver
da creação – quer a consideremos, uma harmonia occulta nas desgra-
como Pythagoras, derivada da har- ças, como disse Chateau-briand. E’
monia das espheras, quer, como pois tão natural no homem o canto,
outros, o resultado da imitação, do como a palavra.
canto das aves, ou occulta em forma
Concluindo, transcrevemos o se-
primitiva, no ramalhar das arvores,
guinte topico, muito a proposito, de
o que é certo, que ella já existia no
um artigo do sr. Julio Ferreira (Portu-
mundo, sob uma forma inconsciente,
guez). Nenhuma arte tem o poder de
quando o homem appareceu. Não
imprimir no organismo tão estranha e
ha theogonia, em que se não cite o
profunda vibração; nenhuma é mais
advento do homem, como posterior
extensa e de maior alcance psycolo-
aos outros seres creados, o que de-
gico, do que a musica que commo-
monstra, que elle, ao nascer teve já as
ve e seduz, desde o canto das aves,
suas primeiras horas embaladas pela
até as vocalisações das cantoras
musica anonyma do universo.
celebres, desde as canções popula-
Sem embargo, não devemos res da Polonia e da Hespanha, que
daqui inferir, que, quando o homem caracterisam um povo, ou allegram
pela primeira vez cantou. fosse le- uma multidão, até as complicações
vado pelo instincto, ou pela neces- geniaes das symphonias e da opera,
sidade de exprimir o que sentia, por que expressam, mais do que a ideia e
uma fórma, mais ou menos musical, o pensamento, as crises transitorias e
que primeiro lhe acudisse ao espirito. inaccessiveis de nossa alma.
Desde que elle viu e conheceu que a
Nenhuma das manifestações ar-
sua voz poderia baixar, ou elevar-se,
tisticas é tão delicada e subtil, como a
ora mansa e rasteira, como as plantas
musica, que exerce sua influencia não
humildes, ora entonada e altiva, como
só sobre os seres inferiores, como so-
as montanhas, então percebeu que a
bre os superiores, na escala animal.
musica era tão propria d’elle. como
Ella com tal influencia revoluciona
da creação inteira.
até o que guardamos occultamente,
Lamartine disse : – O instincto de tirando de tudo isto grande partido,
cantar é tão natural á alma, como o de para se nos apresentar, umas vezes
fallar : – Canta a dor e canta a alegria. como um meio de divertimento, ou-
tras, como um meio civilisador e ou-

sumário 286
tras finalmente, como um poderoso Ladainhas, Psalmos, etc. O Canto-
recurso therapeutico. -chão é a musica primitiva da Igreja.

Musica de baile pastoril. Musica dramatica.


Pequenas composições musicaes, E’ aquella que é destinada ao Theatro.
moldadas ao genero idylico de modo
Musica especulativa.
representativo, versando a lettra da
E’ aquella parte da musica, que se oc-
poesia sobre scenas campestres ex-
cupa da averiguação curiosa das cau-
trahidas das legendas tradiccionaes
sas e propriedade dos sons; que avalia
dos acontecimentos biblicos, para
a natureza, a perfeição das consonan-
exhibições publicas, bailados, quasi
cias e dissonancias, e de seus admira-
sempre ao ar livre sobre tablado e or-
veis effeitos; é aquella parte por conse-
dinariamente por occasião das festas
guinte, que deve chamar-se – sciencia.
do Natal, mui em voga especialmente
nos Estados do Norte da Republica. Musica instrumental.
Estas representações lyricosceni- E’ aquella que é composta para os
cas, constituem um grande e interes- instrumentos.
sante divertimento publico.
Musica militar.
Musica de Camara. E’ aquella que é composta, para ser
Antigamente a musica de camara, era executada por instrumentos de sôpro
aquella que se executava na Côrte e percussão á frente das tropas, para
perante a familia dos Principes. excitar o heroismo guerreiro.
Modernamente se entende por As principaes composições da
musica de camara aquella que é pro- musica militar são: as marchas,e do-
pria para executar-se em uma sala de brados, ou passos dobrados, que ser-
concerto, como symphonias, noctur- vem para regular a passada em mar-
nos, quartettos, sonatas, arias, phan- cha de 60, por minuto,ou de 120 para
tasias, variações, solos. etc. os dobrados. Vid. Marcha. Dobrado.
Musica de Igreja. Musica vocal.
Musica sacra. E’ aquella que é com- E’ aquella que escripta somente para
posta e adaptada ás palavras da Mis- as vozes.
sa, Vesperas, Antiphonas, Hymnos,
Musical.
Que tem relação com a musica.

sumário 287
Musicale. (It). Musicographo.
Musical. Autor que escreve sobre musica; e
tambem instrumento para escrevel-a.
Musicalmente.
Segundo as regras e preceitos da Musico litterato.
musica. E’ aquelle que, aos estudos da mu-
sica especulativa, reune conhecimen-
Musicar. tos litterarios, devidos, á uma educa-
Termo pouco usado. Fazer musica; can- ção escolastica.
tar ou tocar musica; pôr em musica.
Musicologo.
Musicare. (It.) Que discorre sobre a arte musical.
Musicar; fazer, ou tocar musica.
Musicomania.
Musicato. Especie de alienação mental, carac-
Posto em musica. terisada uma desenfreiada paixão
Musicista. pela musica.
Termo modernamente introduzido na Musicone. (It).
thechnologia musical, para designar Musica estrepitosa, e tambem, musi-
um autor novel de musica, cuja cele- co de reputada fama.
bridade se vae desenvolvendo pro-
gressivamente. Musicosia-philologica.
(De Bet Musicosinho. Diminutivo de
Musico. muti).
Pessoa que sabe a arte da musica, e
mais particularmente, o que faz pro- Musicosinho.
fissão de compor ou executal-a. Diminutivo de musico. Syn. de Musi-
quin.
Musico ambulante.
Que anda por festas populares, to- Musiqueta.
cando por funcções. Termo chulo. Diminutivo de musica.

Se diz tambem d’aquelle, que, mui Musequin.


limitados conhecimentos,tem d’arte. Syn. de musicosinho.

Musicographia. Mutança ou muanza.


Arte de escrever ou desenhar os ca- Na musica dos ultimos seculos se deu
racteres empregados na musica. este nome ás differentes maneiras de

sumário 288
applicar as notas, os nomes syllabi- No genero, quando o canto pas-
cos d’ellas, segundo as posições dos sava do diatonico ao chromatico ou
semitons da oitava, e segundo os dis- enharmonico e reciprocamente; no
tinctos caminhos para chegar á ella. systema, quando a modulação unia
dois tetrachordos disjunctos, ou se-
Como Guido A. só inventou seis
parava a dois conjunctos, o que é
syllabas, quando os signos da escala
o mesmo quando, do bemol hia a
eram sete, foi necessario repetir os
melodia ao bequadro e vice-versa ;
seus nomes.
no modo que era o transito do Dorio
Assim é que veio o costume de se ao Phrigio, ou do Lydio e vice-versa;
chamarem, mi fa, as duas notas, entre no rythmo quando, se variava de um
as quaes se encontram os semitons, movimento a outro,como do lento ao
Como os semitons estão sujeitos a presto, ou de um genero de compas-
mudar de sitio na modulação, e na mu- so a outro; na melopéa, quando se
sica, ha uma multidão de modos dis- interrompia um canto grave, serio, ou
tinctos de applicar aquellas seis sylla- magestoso, para passar a outro ale-
bas, chamando-se estes-mutanças, ou gre, impetuoso ou boliçozo.
muanzas, pela rasão de que taes notas
variavam continuadamente de nome. Mysterio.
Melodrama de assumpto Biblico.
Logo que se juntou a syllaba Si
para nomear a septima nota, as muan-
zas tornarão-se inuteis, com grande
adeanto e aproveitamento dos disci-
pulos de solfejo, que, por este meio,
avantajaram-se muito em aprendel-o.

Mutações ou muanzas.
Na musica antiga, se deu este nome,
a todas as passagens de uma ordem,
ou de um motivo de um canto a outro.
Estas mutações eram divididas em
cinco especies principaes: no gene-
ro, no systema, no modo, no rythmo e
na melopéa.

sumário 289
N

sumário 290
Nablo. Florentinos, a fim de achar uma base
Instrumento muito antigo, que se jul- para suas reformas.
ga fôra inventado pelos Phenicios, e
Natura.
do qual fizeram uso os Hebreus.
Natureza, propriedade de natura,
Differentes são as opiniões sobre canto no qual não ha accidente, por
a forma do Nablo e seu uso, pois uns sua essencia; Fa, por natura, é uma
tomam este instrumento pela Vio- voz usada neste ou n’aquelle signo,
la moderna, outros disem que era, tambem da mesma natureza. A pro-
como o Psalterio, com 22 cordas, ou priedade de natura consiste, em co-
tres oitavas. meçar sua deducção do signo C.

Nacchere. (It.) Natural.


Timbales. (desusado). Chama-se assim, a escala que não
tem accidentes na clave, como a de
Naccherino. (It.)
Do maior, e de La menor. Se diz tam-
Timbaleiro. Este termo é desusado.
bem das notas, que não teem altera-
Naipe. ção alguma em seus sons. Solfejar
Chama-se assim ao pessoal empre- ao natural é seguir os nomes syllabi-
gado nos instrumentos de madeira. cos das notas, ainda quando, tenham
metal, etc. sustenidos ou bemóes, pela escala
natural, sem transportar a clave. Se
Napolitana. (Escola) diz que um canto é natural, quando
Nome que deram á reunião de musi- é fluido, doce, facil e gracioso; assim
cos, que em Napoles, se dedicavam como se diz tambem, que uma har-
mais particularmente á composição monia é natural, quando se enlaçam
scenica, imprimindo na opera um ca- bem os accordes, quando estão todos
racter totalmente differente do estylo preparados e resolvidas as dissonan-
representativo dos mestres Florenti- cias, que recorre a poucos, e affasta-
nos. Napoles tornouse assim o berço dos, marchando a modulação de um
da Opera italiana, na qual o canto é modo, que deixa satisfeitos, aquelles
tudo, no sentido restricto da palavra, que ouvem a musica.
ao passo que a instrumentação e o
elemento dramatico são adistrictos Nay.
ao minimo possivel. Na emergencia, E o instrumento de sôpro mais esti-
Gluch foi obrigado a remontar-se aos mado pelos Arabes, Persas e Turcos.

sumário 291
Consiste n’uma especie de Flauta, Nekel ou Nekiloth.
cujo som se produz soprando obli- Nome de uma especie de Flauta usa-
quamente n’uma das extremidades. da pelos antigos Hebreus, menciona-
Este instrumento tem umgrande nu- da no Texto hebraico da Biblia.
mero de variedades, segundo a ex-
Parece que devia ser uma Flauta
tensão e diametro do tubo.
dupla, como as que usavam antes os
O maior, cujo comprimento attin- povos antigos do Oriente, os quaes
ge a 77 centimetros, produz um som tambem a transmittiram aos Gregos
doce, pouco velado e sympathico; a e Latinos.
sua escala abrange oitava e meia.
Nenia.
Todos os musicos Arabes sabem to-
(Do Grego, dôr). Canto triste, lamento-
car o Nay.
so, funebre, cuja invenção se atribue
Nazardo. a Lino.
Jogo de Orgão que deri-va o seu
Especie de hymno funebre com
nome da qualidade do som nazal e
acompanhamento de Flautas, e que
fanhoso, que lhe é proprio.
os Romanos antigos cantavam nas
Sôa á quinta do prestante. O nasar- exequias solemnes.
do pertence á classe dos jogos de Or-
Nel ou Noll. (It).
gãos, chamados-Jogos de mutação.
Em o; piano nel basso, piano no Basso.
Negligente.
Nete.
Que exige uma execução branda e
A decima terceira e decima sexta
dolente.
corda do systema grego;tinham este
Negligentemente. nome, assim como a quarta do tetra-
Com deleixo; brandamente. chordo acrescentado.

Negligenza. (It). O nome do tetrachordo a que per-


Negligencia; frouxidão; exprimindo tencem, e que se lhes junta, é que as
certo deleixo. destingue.

Nei. Nela. (It).


Especie de Flauta feita de canna, de Em a; sforzando sempre nella prima,
que se servem os Turcos. esforçando, sempre na primeira nota.

sumário 292
Netoides. O tocador dedilhava o teclado
Eram chamados assim os sons agu- com a mão direita e movia o folle com
dos na musica grega, e de que tracta a esquerda, podendo tambem cantar
a melopéa, ensinando ao compositor ao mesmo tempo.
quando d’elles devem usar. Vid Lepsis.
Nischmass.
Nettamente. (It). Hymno religioso dos Israelitas.
Distinctamente; com clareza.
Nitidez.
Netto. (It). A maneira de articular todas as no-
Nitido; execução clara e bem pronun- tas com pureza de som, proporção e
ciada. Vid. nitidez. equilibrio no mechanismo, de sorte,
a não deixar o menor equivoco, ou a
Neuma. menor confusão; é uma das bases da
Ligadura extensa, ou combinação de boa execução.
notas sem lettra,usada pelos antigos, e
assim chamada, porque ella tinha lugar Nôa.
no fim de uma palavra, ou phrase em A hora canonica do Officio religioso,
que se inclinava a cabeça; este uso era que se canta antes das vesperas.
proprio do Canto-chão. Nôa é contracção de hora nona, cor-
respondendo á uma hora da tarde.
Syn. de modulação.
Canta-se com maior solemnidade na
Neutras. (Cordas) quinta feira de Assumpção para com-
As que eram communs a dois gene- memorar a ultima vez, que os Disci-
ros, e differentes, em um só, na musi- pulos de Jesus estiveram reunidos.
ca dos Gregos.
Nobre.
Nicolo. Indica estylo nobre, elevado execu-
Nome que se dava antigamente á uma ção sublime e graciosa; expressão
especie de Oboé, que era o contralto animada.
d’este instrumento, e já não está em
Nocturno.
uso. Foi substituido pelo Cór-Inglez.
Antigamente se deu este nome á mu-
Ninfalli. sica composta, para ser cantada e
Nome latino dado a uns pequenos acompanhada de instrumentos ao ar
Orgãos portateis que se suspendiam livre e em serenatas.
ao pescoço com uma correia.

sumário 293
Tambem se tem dado este nome Nomos.
á uma especie de musica de certa ex- Hymno, canto; melodia composta de
tensão, de caracter doce e pacifico, conformidade com as regras estabe-
que se compõe para uma, duas, ou lecidas pela melopéa.
mais vozes, com acompanhamento,
Segundo alguns autores, nomos
de um, ou mais instrumentos, e ain-
era propriamente uma especie de
da para instrumentos sós, sobre as-
thema, sobre o qual se improvisava
sumptos que dizem respeito aos en-
um canto extenso.
cantos de uma bella noite de luar, etc.
Non. (It).
Noels.
Não; non tanto, não tanto; allegro non
Simples canticos, que, pelas festas do
tanto, não muito allegro; adagio non
Natal, se cantam nas Igrejas de França.
tanto, pouco adagio.
Esta antiga musica traz sua ori-
Nona.
gem da Provença e da Borgonha.
Intervallo dissonante de rove degráos,
Nome. ou oitava da segunda.
Todo canto estabelecido, debaixo de
A nona é de tres especies: maior,
regras, que, não se podiam infringir,
menor e augmentada.
tinha entre os Gregos a denominação
de nome. Nonetto.
Denominação adoptada para indicar
Haviam nomes bipartidos e tripar-
uma peça de musica escripta para
tidos, que se cantavam sobre tres mo-
nove instrumentos.
dos a saber: o Dorico, Phrigio e o Lidio.
Non tropo. (It).
Nomion.
Não muito; non tropo ollegro, não muito
Era uma canção, que versava sobre
apressado, non tropo adagio, não mui-
assumptos amorosos, entre os anti-
to lento; non tropo forte, não muito forte.
gos Gregos.
Nota.
Nomico.
Syn. de signo, ou figura.
O estylo musical, que leva este nome,
era dedicado, entre os Gregos, a
Apollo, Deus do verso e das canções.

sumário 294
Notação. Nota fundamental de harmonia.
Chama-se assim o conjuncto dos sig- A primeira, ou principal do accorde
nos que se empregam para escrever não transtornado.
musica.
Nota gerante.
Estes signos correspondem á E’ a que serve de fundamento aos ac-
entonação, á duração, dos sons, e cordes; neste sentido é o mesmo que
á expressão. Os de entonação são fundamental.
as notas, os accidentes e as claves;
os de duração, são os compassos, Nota sensivel.
as differentes figuras das notas e as A septima do tom, por sua tendencia a
pausas, ou signos de silencio; e os subir para oitava, e annunciar a tonica.
de expressao, são as apoggiaturas, Sua posição é achar-se distante de
mordentes, grupettos, etc, todos os uma 3ª maior sobre a dominante, ou de
quaes vão explicados em seus res- um semitom, debaixo d’aquella nota.
pectivos lugares alphabecticos.
Notar.
Nota cambiada. (Termo de acompa- E’ escrever a musica notando-a.
nhamento no Orgão).
A primeira nota, a que se attende, Notas.
com o acompanhamento proprio da São os signos, ou caracteres de que
segunda, nos segundos tempos do nos servimos, para expressar o gráu
compasso. de elevação dos sons e sua duração
relativa.
Nota caracteristica.
E’ a que caracterisa o modo de um ac- As notas para o canto, são como
corde, taes são a 3ª e a 6ª, que por sua as lettras, para a leitura.
posição, de maiores ou menores, deu Os Gregos serviam-se das lettras,
o nome ao accorde. Outros chamam, do alphabeto, para representarem a
nota sensivel. Conhece-se tambem elevação ou descida dos sons,ou,
por nota caracteristica, aquella que, na digamos, os differentes gráus de en-
entonação dos psalmos, mede as syl- tonação, os quaes collocavam em
labas, que precedem á cadencia. cima das syllabas do canto: pois que
sua musica era mais deste genero,
Nota fundamental.
do que do instrumental. Estas lettras
E’ a primeira sobre a qual se forma o
indicavam somente a maior ou menor
tom, e em que começa a escala. Syn
elevação dos sons, porem, não sua
de nota principal.

sumário 295
duração, porque, para isto, não ha- citado) redusío, a quatro, as linhas
viam outras regras, alem da prosodia para representarem os sons.mas va-
de seu idioma. lendo-se tambem dos espaços para
collocar as notas. Deste modo, com
Os Romanos, adoptando a musi-
as quatro, linhas, podia se figurar tan-
ca dos Gregos, mudaram os nomes
tas vozes, quanto as sete.
dos sons, que compunham os quatro
tetrachordos, pelas primeiras lettras Com o correr dos tempos, estas
do alphabeto.Durou este modo de notas receberam diversas formas e
notar até o tempo do Papa S. Gre- tambem differentes nomes. Ellas a
gorio. que, lhe parecendo excessivo principio se denominavam pontos,
o numero de 15 lettras necessarias e se chamavam : – maximo, longo,
para expressar os 15 sons dos qua- breve ou quadrado, semibreve ou
tro tetrachordos, os redusio a sete,a triangulado e semibreve alfado, todos
saber: A, B, C, D, E, F, G, que cor- elles eram pretos, porem de variados
respondem ás nossas syllabas La, Si, caracteres e de outros valores. D’ahi
Do, Re, Mi, Fa, Sol. tomaram as notas, novas denomina-
ções, como: – longa, dobrada, perfei-
Quando os sons eram graves,se
ta, imperfeita, breve, alterada, semi-
expressavam com as lettras a cima,
breve maior e menor, etc.
figuradas maiusculas; e se eram agu-
das, se as duplicavam. Muito tempo Em principio do seculo XV o dr.
depois tractaram de simplificar o re- João Muris, (Francez) aperfeiçoou
ferido modo de escrever a musica, e consideravelmente o systema de no-
para istoresolveram tirar sete linhas tação , inventando novas figuras com
parallelas, pondo no principio de seus silencios, ou pausas equivalen-
cada uma d’ellas as lettras, que as- tes á cada nota.
signalavam os sons, marcando, com
Logo que introduziram, na escrip-
pontos as differentes entonações.
turação, as divisões de compasso,
Comprehende-se que tantas li- abandonou-se as figuras ou notas de
nhas haviam de offuscar a vista, e que um valor extenso, como a maxima,
devia necessitar-se de muito exercicio longa e breve, das quaes, hoje, não
para cantar as notas escriptas pelo se faz mais uso. Substituidas por ou-
referido methodo; porem, á falta de tras de menos valor, se tomou, d’entre
outro melhor, seguiram assim, até que ellas a semibreve, por unidade musi-
o monge Guido Aretino, (tantas vezes cal, e, partindo d’ella em progressão

sumário 296
geometrica descendente, disemos A palavra nota designa differentes
que a semibreve tem o valor de significações.
um compasso; a mínima a metade
Nota é tambem syn, de som, quan-
do valor daquella; a seminima me-
do disemos, que a escala se compõe
tade do valor da minima; a colcheia
de sete notas distinctas, em vez de
metade do valor da seminima; a
sete sons, e assim em outros casos.
semicolcheia metade do valor da
colcheia; a fusa a metade do valor Notas accidentaes.
da semicolcheia: e a semifusa a São as que se introdusem na harmonia,
metade da fusa. estranhas ao accorde correspondente.
Voltando á historia das differentes Estas notas são as que dão va-
notas ou figuras d’ellas nos falta di- riedade á musica, e sem as quaes
ser, que Guido Aretino adoptou para o não haveria, quasi, melodia possivel.
solfejo os seis monosyllabos Dó, Ré, Posto que sujeitas a certas regras,
Mi, Fá,Sol, Lá, tirados do hymno de S. dependem bastante do bom gosto,
João, cujos versos são os seguintes: da imaginação e do genio.
UT-queantlaris RE-sonare fibris
Servem ainda para enlaçar as que
MI-ragestorum FA-muli tuorum
são partes integrantes de uma me-
SOL-ve polluti LA-bureatum
lodia, dando-lhes uma physionomia
Sante Joannes.
nova e picante.
E para repesentar as lettras que
Constam de duas especies.
usavam antes, juntaram á cada uma
a syllaba, que representava a 4ª e 5ª, Na 1ª se comprehendem floreios,
ou antes suas quintas, superior e in- adornos de todas as classes, apoggia-
ferior, resultando dahi a combinação turas e notas de passo: na 2ª os retar-
seguinte: A – mi – re. B – fa – m9. C – dos, suspensões e o pedal.
sol – fa. D – la – sol. E – bi – la. F – ut
A differença que ha entre am-
– bi. G – re – ut. Cinco seculos depois,
bas as especies, é que as primeiras
um Flamengo accrescentou, á sylla-
se podem faser em um só accorde,
ba Si, ás seis primeiras, e completou
mas, as da segunda necessitam, ao
a oitava, segundo a qual disemos Dó,
menos, de dois, porque são sempre,
Ré Mi, Fá, Sol, La, Si; serie de sylla-
uma prolongação do accorde que as
bas que constituem a nossa escala
antecede. As notas accidentaes de
moderna.

9 Conforme escrita original. Certamente seria mi.

sumário 297
Iª especie se dividem em notas, que com intervallos entre si, de 3ª ou de 6ª,
se encontram entre duas notas har- e algumas vezes por movimento con-
monicas semelhantes, como são as trario; neste ultimo caso, podem dar-se
bordaduras, ou as que se põem antes sempre entre estas notas accidentaes,
das harmonicas, como as apoggiatu- os intervallos de 5ª e 4ª, 2ª, e 7ª.
ras e em outras que se acham entre
Para as notas de passo que tão im-
duas harmonicas differentes como as
portante papel representam na musica
notas de passo, todas as quaes serão
moderna, encontram-se, nos Tracta-
explicadas em seus respectivos luga-
dos de composição, exemplos sobre
res alphabeticos.
o modo de manejalas com acerto.
Notas harmonicas.
Notas picadas.
São todas aquellas que formam parte
São aquellas que se produzem nos
dos accordes, ou entram n’elles.
instrumentos, tanto de arco, como de
Notas Ligadas. sopro, por meio de uma certa sequidão
São aquellas que, em differente com- na sua execução, que se assignalam
passo, ou parte d›elle, conservam o por meio de uns pontinhos collocados
som, durante o valor, que teem. em cima ou mesmo debaixo d›ellas.

Isto se expressa, com uma linha


semicircular que as abraça.

Notas de passo.
São aquellas, que se acham, entre as Notas reaes.
harmonicas e servem para enlaçal-as. São partes integrantes dos accordes.

Estas notas devem caminhar E o mesmo que – notas harmonicas.


sempre por gráus conjunctos, incluin-
Notas repetidas.
do os intervallos. qne ha entre duas
Este genero de repercussão rapida
notas reaes differentes.
das notas melodicas está muito em
As notas de passo cahem ordi- uso entre os Pianistas modernos.
nariamente nos tempos debeis do
Para o bom effeito desta sorte se
compasso, ou tambem debeis dos
faz preciso, conduzir rapidamente os
tempos, sobretudo, quando se collo-
dedos para o centro da mão, logo de-
cam no baixo: si são postas em muitas
pois do ataque ao teclado, recome-
partes do mesmo tempo, teem de ser

sumário 298
çando successivamente sua acção Nsambei.
viva e regular, para a repercussão Especie de Guitarra muito em uso
medida das notas melodicas. entre os habitantes do Congo, com
a qual acompanham suas canções
O effeito produzido deve fazer
amorosas.
bastante illusão para que se possa
crer em sons sustentados, com vi- As cordas deste instrumento são
brações tremulantes, semelhantes ás fabricadas de fios de palmeira, e tem
cantilenas em tremolo que diariamen- um som bastante melodioso.
te ouvimos nos Orgãos populares, O
Nuance. (Franc).
primeiro effeito é bello, mas torna-se
Claro escuro; gradação na intensida-
logo enervante, como a expressão
de do som.
tremulante de certos Violinistas.
Nudos.
Notas syncopadas.
M. Sauveur, dá este nome aos pontos
Vid. Syncope.
fixos, pelos quaes uma corda sonóra,
Notographo. posta em vibração, se divide em par-
Machina inventada na Allemanha para tes aliquotas.
reproduzir por meio de signaes, a mu-
Numero epitrito.
sica que se executa em um Piano; es-
Chamavam antigamente a 4ª. perfeita.
pecie de melographo.
Numero hemiolio.
Novena.
Chamavam antigamente a 5 ª perfeita.
Festividade religiosa que se realisa
durante nove dias ou noites consecu- Numeros sonóros.
tivas, precedendo uma festa solemne. Materia musical; sons apreciaveis, etc.
Novena. Nuovo. (It).
Chama-se novena a 8ª da 2ª nota da Novo; di nuovo vivente, animando de
escala, e se da este nome, porque, novo o movimento, porem gradual-
para chegar á ella, são necessarios mente, ou pouco a pouco.
nove som diatonicos, desde a tonica.

A novena é maior ou menor, como


a segunda, da qual é oitava.

sumário 299
O
O. Na musica antiga, o O designava, o que
se chama entre nós tempo perfeito, e que
era marca do, já pelo O simples, já pelo O
com um ponto no centro, e tambem pela
mesma lettra atravessada por uma linha
perpendicular.

sumário 300
Obbligato. (It). Sua cavidade interior é pyramidal
Obrigado. e termina em uma campana. Com-
põe-se de tres peças que entram, de
Epitheto, que se dá a um instru-
uma á outra, por um extremo.
mento que, nas orchestras, toca a
parte principal, e conduz o canto, ou Ignora-se a épocha de sua in-
melodia. Assim disemos que um con- venção, sabe-se entretanto, que, em
certo é obrigado a Violino, Flauta, ou fins do seculo XIV, já estava em uso
a qualquer outro instrumento, para entre os menestréis ; porem n’esse
designar, que aquelle, é a parte prin- tempo era um instrumento grosseiro,
cipal, e para que realce a habilidade que produsia um som rouco e duro,
de quem o toca. Se escrevem, em sua que não tinha mais de oito buracos,
parte, as passagens mais lusentes e e sem chaves.
difficeis. Obbligato se toma tambem
Continuou por muito tempo em tão
substantivamente, e assim se diz: – um
imperfeito estado, que não mereceu
obrigado de Clarineta,de Trompa, etc.
ser introdusido nas orchestras, servin-
Obliquo. do apenas para a musica campestre.
E’ um dos movimentos das partes, e No anno de 1690, puseram uma
consiste, em que uma sobe, ou desce chave, e um Fabricante, em Paris,
gradatim, ou de salto, emquanto outra chamado Lusse, juntou uma outra,
permanece em um mesmo gráu. em 1780.

Oboaz ou Bujamé. Desde então fiseram outras me-


Instrumento de sôpro, que os pretos lhoras, até chegar-se ao estado de
tocam ás portas das Igrejas, na Africa perfeição, em que hoje se o encontra.
Portugueza.
A qualidade do som do Oboé se
Oboazes. presta maravilhosamente á sua ex-
Registro nos Qrgãos antigos, tinha pressão, quando bem tocado.
um timbre muito aspero e muito forte. Seu som tem mais accento e
variedade, que o da Flauta, e, não
Oboé.
obstante ser produsido por um ins-
Instrumento de vento, que se toca por
trumento pequeno, tem muito vigor,
meio de uma emboccadura de can-
sobresahindo, entre muitos outros,
na, ou palheta.
mesmo nas orchestras numerosas.

sumário 301
A arte de tocar o Oboé, com certa Este instrumento faz boa harmo-
maestria, teve origem na Italia. A dif- nia, porem monotona por causa da
ficuldade maior que ha a vencer-se, igualdade de seu timbre.
para tocal-o bem, consiste na neces-
Toca-se soprando, como a flauta.
sidade, de deter o sôpro para dulcifi-
car o som e evitar, o que vulgarmente Occarinista.
se chama pifias ou gaitadas, cujo de- O tocador de Occarina, e tambem o
feito apparece, quando a canna vibra, fabricante deste instumento.
sem que o instrumento produza sons.
Octachordo.
Oboista. Instrumento, e tambem um systema
Musico tocador de Oboé. de musica, composto de oito sons.

Obra. Igual numero tinha o – octachor-


Palavra, com que designamos as do de Pythagoras, ou sua Lyra, que
composições muslcaes d’um autor. comprehendia dois tetrachordos con-
junctos.
Os Italianos chamani – Opera.
Octava. (It).
Obrigações.
Oitava. E’ a repetição de uma nota
Passagens obrigadas ou indispen-
qualquer, oito sons mais baixo, ou mais
saveis em uma parte de concerto, e,
agudo. Chama-se octava, porque, para
cuja falta, é logo sentida geralmente.
passar-se de um som até ella, tem-se
E’ syn. de solo. de percorrer oito sons diatonicos.

Obrigado. A oitava, é a primeira das con-


Se diz do instrumento musical, que sonancias, na ordem de seu gege-
não pode deixar de tocar sem notavel ro, e a mais perfeita. Compõese de
desharmonia. cinco tons e dois semitons maiores;
não obstante, no contraponto e em
Occarina. composição, não deve fazer-se duas
Moderno Instrumento de barro cosi- oitavas seguidas, e, sobre tudo, por
do, cujo corpo assemelha-se ao de movimento semelhante, por que fa-
um passaro; é crivado de buracos, zem duvidoso o tom e o modo; entre-
para a formação dos sons e para a tanto, é permittido, em certos casos,
passagem do ar. fazer-se marchar toda massa de uma
orchestra,por oitava, em unisonos.

sumário 302
Octava. (Regra da) o que se chama – octavar. O mesmo
E’ uma formula harmonica, que de- se dá nos instrumentos de cordas,
termina os accordes com que se quando o arco se avisinha muito do
deve acompanhar os sons de uma cavallete, e é applicado com força ex-
escala diatonica, tanto em maior, cessiva; porem isto é mais frequente
como em menor, e tanto subindo, nos de sopro, como o mais succepti-
como baixando. vel deste effeito.

Esta formula, inventada, segun- Octavina.


do se diz por M. Delaire, em 1700, foi E’ uma especie de pequena Espinhe-
adoptada pelos musicos d’aquelle ta, que para ser transportada mais fa-
tempo, como um canon harmonico, cilmente, tinha somente a metade da
de que não era licito despresar-se-a, extensão de um Piano.
porem mais tarde, se conheceu, quam
pobre era ella, que precisava-se de Octavino.
inventar outros acompanhamentos; Instrumento de vento, de igual exten-
pelo que os compositores livrando- são e construcção á da Flauta, po-
-se de semelhante jugo, fiseram-na rem de dimensões mais curtas e da
desapparecer entregando-se a suas entonação de uma oitava mais alta
inspirações com a ideia do gosto e as que aquella, d’onde lhe veio o nome
bellezas d’arte. de Octavino. Este instrumento não só
se usa nas musicas militares, como
N’aquelle tempo não se podia
tambem nas orchestas, nas quaes,
fazer qualquer marcha em quartas
produz um excellente effeito, quando
sustentadas por terceiras nos baixos,
bem empregado e com opportunida-
que era uma das mais deleitozas.
de, sem se abusar d’elle; pois que seu
Octavado. (It). timbre vem a proposito, para ser intro-
Oitavado, Produsido por oitavas; pas- dusido indistinctamente em toda musi-
sagens em oitavas, simultaneas ou ca e sua extensão é igual, á da Flauta.
successivas. Ha Octavinos em Re, em Mi b, em
Fa e em Re b. O Octavino chama-se
Octavar. (It).
tambem – Flautim.
Oitavar. Quando se força demasiada-
mente o sôpro em um instrumento de Octo échos.
vento, o som, em vez, de sahir como Oito tons do Canto-chão
se intenta, sobe à oitava; e a isso é

sumário 303
Octo-basse ou Octo-bajo. Ode symphonie.
instrumento de cordas inventado pelo Nome que dão os Francezes á uma
fabricante parisiense Villaume. symphonia com côro.

Consiste n’um Contra-baixo de di- Odeon.


mensões monstruosas, fixo n’um es- Era entre os antigos, o lugar ou edi-
trado. Suas cordas pisadas por pes- ficio destinado para a execução das
tanas moveis e governadas por um musicas theatraes; e ainda, algumas
machinismo habilitam o tocador por vezes, se usa deste vocabulo, para
meio de pedaes. Para se poder tocar designar o corêto, ou outro qualquer
com o arco na altura propria é neces- ponto destinado á musica.
sario subir a um banco. O Octobasse
tem tres cordas afinadas em Do, Sol, Odeophono.
Do. Tem-se tentado aproveitar este Nome de um instrumento, inventado
instrumento para as orchestras, mas em Londres por Vanderburg de Viena,
sem resultado definitivo; por emquau- o qual consiste em uma modificação
to só figura nos museus, existindo no bem ideiada do Clavicylindro: produz
do Conservatorio de Paris o primeiro o som por meio de uns pedacinhos
que o seu inventor construio. de metal, postos em vibração, por um
teclado ou cylindro.
Octuplo.
Que contem oito; proporção do genero Offertorio.
multiplex, e consiste em que o numero Cerimonia da Missa solemne, depois
maior, absorve o menor, oito vezes e do Credo ou em seguida á leitura do
nada sobra, como 16 – 2. Evangelho, quando não ha Credo.

Ode. Officio.
Canção, hymno. Na linguagem mo- Em geral é qualquar solemnidade re-
derna applica-se o nome de Ode a um ligiosa; em particular designa-se com
poema lyrico, e alguns compositores este nome as matinas que se cantam
teem no adoptado como titulo de cer- na Quarta, Quinta e Sexta feira San-
tas obras para vozes e orchestras, so- tas, e tambem de defunctos.
bre um assumpto laudativo e proprio
Oitava.
para se executarem em concerto.
Conjuncto de oito notas, como, des-
Antigamente, era um poema sim- de um até outro Dó, que vem a ser
plesmente destinado a ser cantado. oito gráus da escala tonal.

sumário 304
Os Italianos chamam Octava. aquelle Imperador, é ricamente guar-
necido de ouro lavrado e pedras pre-
Oitavar. ciosas.
Formar oitavas, ou diapasões nos
instrumentos de cordas. Os Italianos Ombi.
chamam Octavar. Especie de Harpa tosca usada pelos
indigenas da Guiné.
Oitavino ou Octavino.
Vid. Flautim. Omnitonico.
Que pertence a todos os tons. Empre-
Oito pés. ga-se este termo para designar os ins-
Denominação commum dos Orgãos, trumentos que podem tocar em todos
cujo canudo maior do jogo flautado os tons, por opposição aquelles que o
aberto, tem oito pés de comprimento, não podem faser.
ou altura.
Ondiggiamento. (It).
O canudo de oito pés aberto sôa
Ondulação. E’ o mesmo que tremulo,
unisono com a 4ª solta do Violoncello.
somente com a differença,o movi-
Oito pés tapados. mento deste é mais grave, e os sons
jogo de Orgão, da especie do flau- da voz, ou do instrumento teem muito
tado, que se compõe de tubos com mais amplitude.
bocca, tapados na extremidade supe-
Ondulação.
rior.Chamam-lhe tambem Bordão de
Em acustica, é syn. de Oscillação.
dezesseis, na França ; e entre nós,de
doze; porque alli ha o costume de me- Ondulação.
dir os canudos do Orgão por pés, e Syn. de Ondiggiamento. Esta palavra
nòs por palmos. apparece algumas vezes na musica
dos instrumentos de arco, e designa,
Oliphante.
um movimento muito ligado sobre a
Corneta usada na idade medieva, fei-
harmonia ou arpejo em que se acha,
ta com um dente de elephante, don-
o qual é semelhante ao das ondas.
de parece que Opera. Palavra italiana
que originou-se nome. Onzena ou Umdecima.
Na Cathedral de Aix-la-Chapel- Intervallo de onze degráus, ou oitava
le, guarda-se o Oliphante de Carlos da quarta.
Magno, que disem ter pertencido a

sumário 305
Antigamente, chamava-se accor- uma sorte de opera comica, muitas
de d’onzena, o que hoje chamamos vezes, toda em musica, mas sempre
accorde de quarta e quinta. caracterisada pela presença de uma
personagem graciosa ou buffa.
Op.
Abreviatura da palavra italiana Opera A opera é de origem italiana, e
(obra). remonta ao seculo XV. Foi o Cardeal
Mazarino, (dizem) que fez representar
Os Compositores, geralmente em Paris as primeiras operas italianas.
teem o habito de numerarem suas
obras, na ordem de sua origem ou de Opera baile.
sua publicação, da maneira seguinte: Expressão que os Francezes adop-
Op. 1; op. 2 e etc. taram, para denotar um espectaculo
muito em moda na França, até 1775,
Opera. o qual constava de cantoria e dan-
Palavra italiana que significa, obra. ça,hoje quasi esquecido.
E’ um drama posto em musica,
Opereta.
para o qual concorrem, quasi todas as
Palavra que, segundo dizem, fôra for-
bellas artes reunidas, Tal como temos
jada por Mozart, para designar com-
hoje, este espectaculo, pode dizer
posições em miniatura, que admittem
que, a par dos mais imponentes, é um
canções, ou coplas de Vaudevilles.
dos mais bellos, porque, para sua bel-
leza e propriedade, concorrem a poe- Na Italia denominaram – Farças.
sia, a musica e outros accessorios.
Ophicleide.
Distingue-se em grande opera, Palavra allemã. Instrumento da ordem
(opera séria) e opera comica. A gran- dos de sopro, de metal, armado de
de opera é um drama lyrico, no qual o chaves e tambem com pistons.
canto não é jamais interrompido, e os
Os seus sons são fortes e redon-
dialogos e monologos são preenchi-
dos, e de timbre muito agradavel.
dos pelos recitativos. Opera comica,
Este instrumento é empregado não
é aquella que o canto é alternado com
só nas musicas militares, como nas
palavras. Debaixo destes principios, a
orchestras. Syn, de Figle.
grande opera é para a opera comica,
o que a tragedia é para a comedia. Oppure. (It).
Os Italianos chamam opera buffa á Ou, quando não.

sumário 306
Oratorio. Orchestração.
Drama ordinariamente composto em Se diz do modo porque as partes
musica, e seu assumpto é tirado dos de uma orchestra estão accordadas
Livros Sagrados, servindo para se re- entre si.
citar durante a quaresma.
Orchestrar.
Este uso é muito commum na Ita- Escrever as partes de uma orchestra;
lia; entre nós, porem, não é de costu- ordenar; dispor para a orchestra.
me metter-se, esta especie de drama, A arte de orchestrar; é syn. de
em musica. composição.

Orchestra. Orchestrino.
Nos theatros gregos, dava-se o nome Instrumento inventado em França por
de orchestra a um lugar bastante ex- um machinista chamado M. Pouleau,
tenso, comprehendido entre o pros- em 1808 ou 1810.
cenio, occupado pelos actores, e os
Tem a fórma de uma caixa quadra-
assentos do theatro, que era destina-
da; em um de seus extremos ha um
do para collocar os córos.
teclado, como o mechanismo de um
Hoje a palavra orchestra se appli- Piano; e no outro ha segundo teclado,
ca á musica, debaixo de differentes destinado a fazer mover uns peque-
accepções Chama-se orchestra o nos arcos cylindricos, que fazem soar
sitio, que occupam os musicos no umas cordas de tripa. Este instrumen-
theatro; chama-se orchestra e reu- to, que imitava o Violino e a Viola de
nião de todos os instrumentos em amor, tinha muita semelhança com
qualquer parte; chama-se ainda or- outro, que M. Sahmitd, fabricante de
chestra, a collecção de todos os mu- Pianos em Paris, apresentou na ex-
sicos de execução instrumental, e, posição de productos industriaes, no
neste sentido, se diz que a orchestra anno de 1806.
é boa ou má, para expressar, que o
conjuncto dos instrumentos toca, ou Orchestrion.
não, com exactidão e afinação. Na Este nome deram a dois instrumentos
musica de uma opera, a da primeira de teclado, que inventaram em fins do
importancia que os instrumentos da seculo XVIII. Um d’elles é um Orgão
orchestra estejam bem combinados; portatil, composto de quatro teclados,
e á sua boa distribuição se deve effei- de 63 teclas cada um, e mais um ou-
tos sorprehendentes. tro de pedaes com 39 teclas. O todo

sumário 307
do instrumento, é um cubo de 9 pés, e Organo. (It).
foi construido na Hollanda, sob o pla- Orgão.
no que deu d’elle o Abbade Vogler; e
Organographia.
pela primeira vez foi apresentado no
Termo empregado no sentido de dis-
Amsterdam, em Novembro de 1789.
cripção de instrumentos de musica.
Este instrumento tinha um registro
de crescendo e decrescendo, e sua Orgão.
intensidade era igual a de um Orgão Instrumento de vento e teclado, que
de 16 pés. O outro instrumento do se usa nas Igrejas, para dar maior so-
mesmo nome foi inventado em Paris, lemnidade aos Officios Divinos.
em 1796, por Thomaz Antonio Kunz,
o qual figurava um Piano com alguns O nome de Orgão parece que na
registros de Orgão. antiguidade, indicava todo instrumen-
to de vento, e neste mesmo sentido
Ordinario. se tomava a palavra Organum.
Qualidade de compasso. Vid.
Segundo diz Fetis, o Orgão é de
Organeiro. todos os instrumentos de vento,o
Official que fabrica Orgãos. maior, o mais magestoso e rico em
variedade de effeitos, e ao mesmo
Organica. tempo, o mais bello.
Assim se denomina a musica instru-
Se tem dito que elle é mais uma
mental, entre os Gregos.
machina que um instrumento; e, quan-
Organista. do mesmo não seja assim, por qual-
Pessoa que faz a profissão de tocar quer modo que se o qualifique, não
Orgão, e tambem o fabricante deste é menos certo, que é uma das mais
instrumento. bellas in venções do espirito humano.

Organista harmonico. O Orgão, dentre os instrumen-


Apparelho que se adapta a qualquer tos de teclas é o mais antigo que se
Harmonium e que por meio de mani- conhece. Disem que os primeiros
vella executa trechos de musica, Orgãos foram inventados por Archi-
medes; e que esses Orgãos eram
Organistrum, movidos pela agua.
Nome que tinha na idade media a
Sanfona.

sumário 308
Orgão expressivo. pequenas teclas, as quaes abrem os
Um amador de Paris chamado Gre- tubos pneumaticos, para dar passa-
nié, teve a ideia de faser expressivo gem ao ar e produzir os sons.
o Orgão, por meio de um pedal, cuja
Orgão hydraulico.
pressão, mais ou menos forte désse
Deste instrumento, so se conhece o
a maior ou menor intensidade dos
nome; pois as discripções que os au-
sons. O inventor fez a prova de sua
tores da antiguidade fazem d’elle, são
descoberta, applicando-a primeiro
tão obscuras, que não é facil formar
aos Orgãos pequenos, e logo depois
ideia de sua fórma e mechanismo e
a outrosmaiores, obtendo bellissimos
tão somente sabe-se, que produsia o
effeitos. M.Erard, fabricante de Pianos
som por meio d’agua.
em Paris, aperfeiçoou esta invenção,
reunindo a expressão do pedal em Orgão lyricon.
dois teclados de um grande Orgão, Este instrumento foi invenção de um
pela pressão do dedo, sobre o terceiro Francez, chamado Saint-Pern, em 1810.
teclado. Com esta applicação o Orgão
é verdadeiramente o instrumento mais Sua fórma era, como a de um ar-
magestoso e poderoso, que existe, mario.
em doçura, variedade, força e exten-
Ornamentos.
são: profundo e sevéro como a fé, é
Syn. de Fioritures, Glosar, Floreios
inimitavel na magestade e em seus
etc. Vid.
effeitos grandiosos, podendo-se dizer
ainda, uma das obras magistraes do Ornitophone.
engenho humano. Instrumento que imita o canto dos
passaros.
Orgão cylindro.
Este instrumento é um Orgão que se Orpharion.
toca, por meio de um cylindro eriçado Instrumento de cordas dedilhadas,
de pequenos pontos de metal, collo- especie de Alaúde com oito cordas
cados artisticamente e, segundo as de metal usado no seculo XVII.
regras respectivas, dentro de uma
caixa de madeira. Orphenico.
Musical; harmonioso.
Posto em movimento o cylindro,
as pontas metallicas movem, succes- Traz sua origem de Orpheo, filho de
sivamente ou simultaneamente, umas um Rei de Tracia, tido por um dos mais
celebres musicos da antiguidade.

sumário 309
Tem-se encontrado gravuras em As teclas d’este instrumento são
pedras, representando Orpheo, to- tão estreitas, que só podem ser toca-
cando na sua Lyra, rodeado de ani- das por mãos de meninos.
maes ferozes.
Oscillação.
Orpheon. Movimento librado; convulso. Syn. de
Da-se o nome de Orpheon, á uma re- vibração; termo acustico.
união de córos. compostos de vozes,
Ossia. (It).
que cantam sem acompanhamento.
Ou. Emprega-se no mesmo sentido
Orpheonico. que Oppure. Vid.
Que pertence ao Orpheon.
Ottava. (It).
Orpheonista. Oitava.
Cantor de Orpheon ; corista.
Tocar uma oitava acima ou abai-
Orpheonion. xo, do que está escripto, conforme se
Instrumento da familia dos Alaúdes, a applica, superior ou inferiormente
que tem oito cordas de metal, e já não á passagem. Este signal, differente
está em uso. deste outro con 8a….., ou col 8a…..,
proprio das musicas de Piano, desig-
Orpheo. na, tocar uma passagem em oitavas,
O cantor legendario da Grecia prehis- em quanto permanece a duração do
torica, que viveu ao tempo da expedi- signal, o que serve para evitar a con-
ção dos Argonautas (1350, antes de J. fusão, que produzirão as notas muito
Christo). agudas, entre duas partes ou penta-
Era não somente um cantor de grammas.
primeira ordem, que acompanhava- Otteto.
-se pela Cytara de sete cordas, mas Peça de musica escripta para oito ins-
ainda o fundador de uma sorte de sei- trumentos.
ta mistica, chamada – Orphica.
Oton.
Orphica. Instrumento indiatico e monophe, isto
Instrumento de teclado, que deve sua é, de uma nota só.
invenção a Roelling.

sumário 310
Ouvertura. O sentido do ouvido é, tem sido
Palavra franceza que significa – e será sempre o unico legislador, em
abertura. materia de musica; fallamos do ou-
vido musical e cultivado, e não do
Termo usado e igualmente adop-
physico puramente; pois, d’este ao
tado nas Operas italianas para sig-
musical, ha uma notavel differença.
nificar a entrada ou abertura d’ellas,
indicando o seu caracter, e principaes Os homens do campo e ós selva-
motivos. Vid. Symphonia. gens teem, em geral, um ouvido mui
fino; porem não musical. Um ouvido
Ouvido. fino e bem educado, é um juiz que
Esta palavra,linguagem musical,só é decide, sem appellação, das belle-
empregada em estylo figurado. Ter zas de todas as fórmas harmonicas.
Ouvido, é o mesmo que ter este or- Elle é o que tem dictado, em todos os
gão sensivel, fino e exacto, que sabe tempos, as leis musicaes, e o que tem
apreciar os primores da musica. inventado as successivas melhoras,
Não ter ouvido é não conhecer a que se tem introdusido na musica,
afinação ou desentoação dos sons, affirmando incontestavelmente, que
quando se toca, ou canta. tudo o que convem e agrada, é bom,
e tudo que desagrada, é máo.

sumário 311
P. Esta lettra ortographica musical é uma
P
abreviatura da palavra – piano, que quer di-
zer brando, brandamente.

Se esta lettra estiver duplicada (P.P.). quer


dizer – mais brandamente, mais piano; se
estiver triplicada (P. P. P.), quer dizer – pianis-
simo, muito brandamente.

sumário 312
Paciente. tam-na, e da quantidade do ar que se
Os antigos contrapontistas davam lhe introduz.
este nome á nota que no Contra-pon-
Palheteria.
to, permanecia quieta; e chamavam
Collecção de todos os registros do
Agente – áquella que movia-se em dif-
Orgão, cujos tubos produzem os
ferentes sentidos, para passar de uns
sons por meio de palhetas.
intervallos consonantes a outros tam-
bem consonantes, ou dissonantes, ou Pananlon.
de dissonantes á consonantes. Flauta travéssa que desce até o Sol
do Violino, fabricada em Viena.
Paleomagada.
Era uma Flauta antiga que dava somen- Panarmonicon.
te dois sons, um grave e outro agudo. Instrumento inventado por J. Maelzel,
Suppõe-se que esta Flauta devia o qual, por meio de um duplo folle, e
compor-se de dois tubos, um que de um cylindro, imitava com bastante
dava o som grave, e outro o agudo. propriedade os instrumentos de ar e
Segundo diz Atteneo,este instrumen- percussão.
to era o mesmo que a Magada.
Pancadaria.
Palheta. Termo modernamente empregado
Lingueta singella ou dobrada que para designar os instrumentos de per-
vibra pela acção do ar, e cujas ver- cussão ou pancada, quando reunidos.
berações são os agentes do som em Pancadaria, pois é a reunião dos instru-
certos instrumentos de sôpro. mentos de pancada. Vid. Percussão.
Estes instrumentos são o Oboé,
Pandeiro ou Pandereta.
Cor-inglez, Fagotte, Clarineta etc.
Instrumento de percussão, que consis-
As palhetas, são de canna,umas te em um arco de madeira munido de
simples, como as da Clarineta, Sa- vãos e arames em que se acham en-
xophone, etc; outras duplas, como fiadas varias laminas ou soalhas que,
as do Oboé, Fagotte, etc. Estas teem chocando-se umas com as outras, pro-
applicação na parte superior do ins- duzem um som agudo e chocalhado
trumento, chamada – boquilha. A bel- quando se brande, tange ou vibra. Sen-
leza dos sons d’estes instrumentos do o vão do arco occupado por uma
depende da qualidade da palheta, da pelle, chama-se Tambor turco; mas,
configuração dos beiços que aper-

sumário 313
se,em lugar das soalhas, são campa- Panflote.
inhas, denomina-se Tambor Chinez. Flauta de Pan; Syrinx, segundo os Al-
lemães.
Estes instrumentos, naturalmente,
devem ser mui antigos, pois tem-se Panharmonicon.
encontrado suas figuras em pinturas Especie de Orgão, com cylindro, que
e baixos relevos de idade assaz re- faz ouvir todos os sons dos diversos
mota. E tão familiarisado está este instrumentos, como Flauta. Clarineta,
instrumento, que temol-o visto em- Baixo, Trombone. Cor-inglez, Trompet-
pregado nas musicas militares e até te, Bombo, etc.
mesmo nas Operas.
Panmelodion.
Pandeiro. Instrumento inventado em Viena, em
Nome que os Hespanhoes dão ao 1810, por M, Loeppch, o qual consis-
tambor de basco. syn de Tamborim. te em um cylindro conico movido por
uma roda que põe em vibração uns
Pandora.
pedacinhos de metal em angulos rec-
Especie de Laúd, com o mesmo nu-
tos, os quaes se tocam ligeiramente
mero de cordas, a mesma extensão
por meio de um teclado.
e o mesmo modo de afinar-se; com a
differença, porem, de que a Pandora Pan’orgão.
tinha as cordas de latão ou aço, e o Pequeno Orgão expressivo, que mo-
Laúd tinha-nas de tripa. Em sua cons- dernamente se une ao Piano, para
trucção, ha tambem a differença de produzir variados effeitos.
que o reverso da Pandora, é plano,
Os melhores, são aquelles em
ou menos convexo do que o do Laúd.
que as duas peças são perfeitamente
Este instrumento já não se usa. independentes, podendo se ajustar
ou separar á vontade.
Pandorga.
Musica ruidosa, estrepitosa execu- Pansynphonicon.
tada por muitos instrumentos, espe- Instrumento de musica automatico de
cialmente de metal e percussão em jogo de palhetas, sorte de Orches-
completa discordancia. Syn. de Cha- trão, construido por um Monge fran-
rivari entre os Italianos; Entre nós (Es- ciscano de Salzbourg, em 1839.
tado de Alagoas) dão á esta musica o
nome improprio de Carapéba.

sumário 314
Pantaleon.
Nome de um instrumento, inventado
por um musico allemão chamado Pan-
taleão, em principio do seculo XVIII.
Paramesse.
Tinha a extensão do Clave, com
Na antiga musica grega, era o nome da
duas fieiras de cordas, umas de metal
primeira corda do tetrachordo diezeug-
e outras de tripa. Produzia uns sons
menon. E’ preciso ter presente, que o
mui magestosos, principalmente nos
terceiro tetrachordo podia ser conjunc-
baixos.
to ao segundo, e, então, sua primeira
Pantomima. corda era a messe, ou a quarta corda
E’ uma musica composta expressa- do segundo, sendo ella commum aos
mente para bailes pantomimicos, nos dois; porem, quando este terceiro te-
quaes os actores representam com trachordo principiava, era disjuncto,
a acção e o gesto sem empregar as pela quarta chamada paramesse, a
palavras. qual, em vez de confundir-se com a
messe, se encontrava em um tom mais
Esta musica deve ser de caracter
alto, e este tom não fazia a disjuncção
imitativo, afim de ajudar a intelligencia
ou distancia entre a quarta corda, ou a
do publico nos diversos passos que
mais aguda do tetrachordo meson, e a
faz o actor.
primeira ou mais grave do tetrachordo
Paradiazeuxis. diezeugmenon. Paramesse, pois, quer
Na musica dos Gregos, era o inter- dizer immediato á messe.
vallo de um tom entre as cordas de
Paranete.
dous tetrachordos; tal era a especie
Nome que deram na musica antiga
de disjuncção que havia entre o te-
dos Gregos á terceira corda de cada
trachordo synemenon e o tetrachordo
um dos tetrachordos sygmenon die-
diesengmenon.
zeugmenon e hyperboleon; corda
Parafo. que muitos não distinguiam, senão
E’ um signal que denota, que os com- pelo nome do genero em que se em-
passos entre os quaes se acha colloca- pregavam os tetrachordos.
do, se devem repetir. Estes signaes são Assim, a 3 corda do tetrachordo
convencionaes, pois os ha de muitas hyperboleon chamava-se hyperbo-
maneiras, como:

sumário 315
leon-diatonino, e outros chamavam Os sons parentes no 1° grau são
paranete-hyperboleon. consonantes. São parentes em 2°
grau os sons que, não pertencendo
Paranienna. á uma mesma harmonia, não podem
Flauta pequena du sons, como o uni- ser cotejados, directamente uns com
sono que chamava-se homophonia, outros, mas unicamente por interme-
nem da replica dos sons, como a oi- dio de sons parentes no 1° grau.
tava que tinha o nome de antiphonia;
mas de sons realmente differentes, Quanto aos sons parentes no 3°
como a 5ª e a 4ª que eram as unicas e 4° gráus, é superflua a distincção;
paraphonias admittidas na musica, pois que todos os sons que não são
não contando por taes a 3ª e a 6ª, por directamente parentes, são dissonan-
que as tinham por dissonantes. tes, uns com relação aos outros.

Parentesco dos sons. Pares.


Concepção moderna que se rela- Os tons ou modos pares são: 2, 4, 6,
ciona á afinidade dos sons com as 8; os nonos ou altos, 1, 3, 5, 7.
harmonias.
Pariambidos.10
Aquelles que fasem parte de uma Palavra com a qual pla, de tubos
só e mesma harmonia natural, são iguaes, empregada pelos Gregos.
parentes em 1º gráu ou directamente
parentes. Paraphonia.
Na musica antiga era uma especie
São parentes de Dó no 1° gráu os de consonancia não resultante dos
sons Sól, Fá, Mi, Láb, Lá e Mib; por- mesmos os pequenos tangedores,
que: Sól pertence ao accorde de Dó designavam um modo particular de
maior ou de Dó menor, Dó: – Fá ao tocar Cithara, segundo a explicação
accorde de Fá maior ou de Fá menor, que da Polux.
Dó: – Mi ao accorde de Dó maior ou
de Lá menor, Dó: – Láb ao accorde de Parlando. (It).
Láb maior ou de Fá menor, Dó: – Lá ao Fallando.
accorde de Fá maior ou de Lá menor, Indica uma maneira de cantar
Dó: – Mib ao accordo de Láb maior, analoga á simples recitação, com
ou de Dó menor. uma ligeira emissão de som.

10 Na edição original de 1908, este verbete encontra-se supostamente incompleto.

sumário 316
Parlante. (It). terceira de tres. As primeiras partes
Falante; execução articulada, exprimin- são sempre fortes, n’ellas cahem
do distinctamente as notas ou sons. sempre os accentos, musical e vocal
nos cantos.
Parodia.
Trecho de musica ou symphonia so- Parte de compasso.
bre a qual se arranjaram as palavras E’ uma fracção em que se divide o com
de um canto. passo; assim, disemos – compasso de
dous, tres ou quatro tempos ou partes,
Na ordem natural e ordinaria, se in-
as quaes se compõem de um numero
venta um canto sobre as palavras; po-
de notas, de valor determinado, segun-
rem na parodia se arranjam ellas sobre
do a natureza do compasso.
o canto. Todas as coplas de uma can-
ção, excepto a primeira são – parodias, Parteniana.
o que se conhece ficando estropiada a Nome de uma Flauta, a cujos sons
prosodia nas restantes. O theatro ita- bailavam as Virgens gregas.
liano tem estado por muito tempo de
posse da parodia. Esta palavra signifi- Partes reaes.
ca litteralmente – imitação burlesca. E’ o mesmo que sons harmonicos, ou
sons que são partes integrantes dos
Partes. accordes.
São periodos musicaes que formam
Disemos que um canto é a quatro
um trecho de musica,Não ha peça
partes reaes, quando cada uma d’el-
que não se divida em duas ou mais
las levando uma marcha differente,
partes, nas quaes se vê muitas vezes
produz os accordes.
uma troca de tom, ou de modo, para
tornal-a mais variada. Partialtone. (All).
Sons harmonicos.
Parte cavada.
Chamam assim o papel extrahido da Particello ou Partichello. (It).
partitura de uma peça musical, cor- Grande papel pautado sobre o qual
respondente á voz ou instrumento, se forma uma composição qualquer,
que concorre para sua execução. distribuida á cada parte, o que lhe
pertence, segundo o gosto e a vonta-
Parte debil do compasso.
de do compositor.
E’ a segunda e quarta parte, de dous
e de quatro tempos, e a segunda e E’ syn. de Partitura ou Cartella.

sumário 317
Partichella. seguindo com a vista, e tambem para
E’ tambem o resumo de uma partitura acompanhar e ensaiar.
propria para reger.
Participação. (Termo antigo)
Particion ou Partitura. E’ a repartição na afinação dos instru-
E’ a collecção de todas as partes, tan- mentos de tecla, pela impossibilidade
to vocaes, como instrumentaes, que que tem elles de exprimirem as dimi-
compõem uma peça de musica, as nutas partes, em que theoricamente
quaes, reunidas, formam a harmonia e se divide o tono.
melodia. Por meio da Particion ou Parti-
A participação consiste pois na
tura se vê, de um golpe de vista, o jogo
boa afinação dos instrumentos de te-
das differentes vozes e instrumentos
clas, distribuindo-se, dentro de uma
que concorrem ao todo da composi-
oitava, quantidades diminutissimas
ção; e um conhecedor julga logo do
para a admissão de todas as conso-
merito de uma peça de musica, sem
nancias possiveis.
ouvil-a, o que seria impossivel, se as
partes estivessem escriptas soltas. Desta operação resulta, que os in-
tervallos accrescentados ou diminui-
O uso das partituras é indispensa-
dos fiquem subtilmente modificados,
vel para compor, e não o é menos ao
para que o ouvido não possa perce-
que tem de dirigir um concerto, para
ber que elles não estejam rigorosa-
ter á vista todas as partes, e saber,
mente em suas devidas proporções.
se cada uma d’ellas está sendo bem
executada. Vid. Afinação.

E’ igualmente necessario ao que Partimente.


tem de acompanhar, para seguir Denominação italiana de certos exer-
com exactidão a harmonia; porem cicios preparados para o estudo do
não aos demais musicos, aos quaes acompanhamento e da harmonia, os
se distribue separadamente as res- quaes se acham adoptados nas es-
pectivas partes. colas da Italia.
Nas partes do canto se põem re- Com estes exercicios de partes de
gularmente o baixo continuo para evi- baixo, onde os accordes veem indica-
tar ao cantor a difficuldade de contar dos com cifras sobrepostas ás notas,
os compassos ou pausas de silencio, devem estes serem tocados com a

sumário 318
mão direita dos alumnos, em quanto desenvolvimento, que tambem ser-
executam o basso com a esquerda. ve de antecedente, ou guia em unia
fuga. Em todas estas accepções é
Varias collecções ha dos exerci-
syn. de Passo, e antigamente chama-
cios que se tornaram classicos.
vam os Italianos passo forzado á uma
Partitino. (It). clausula que havia de reproduzir-se
Pequena partição ou partitura supple- por inteiro, ou por fracções.
mentar. Modernamente, entendemos por
Partitura. passagem uma successão de notas
Syn. de Particion. rapidas, em um trecho de musica de
difficil execução.
Parypate.
E’ o nome da corda que segue imme- Passa mezze.
diatamente ao hypate, desde o grave Especie de baile sobre um canto á
ao agudo. italiana, que outr’ora servia de intro-
ducção a outros bailes.
No diagramma dos Gregos haviam
dous parhypates a saber: – o parhypa- Consistia em dar algumas voltas
te-hypaton e o parhypate-meson. pela sala, donde lhe veio o nome ita-
liano, passa mezzo, como se disses-
A palavra parhyate significa – de- semos – passa pelo meio.
baixo, cercando ao principal.
Dava-se tambem o mesmo nome
Passa caille. á musica destinada á esta classe de
Aria de dança de caracter um pouco baile.
melancolico, e de andamento mode-
rado em 3/4, e de oito compassos Passa mezzo.
sem repetição. Antiga dança italiana em compasso
binario.
Antigamente era muito usada nas
operas e nos bailes; mas hoje já está Passa pé.
fora da moda. Dança que já não está mais em uzo, e
que, disem, viera da Bretanha.
Passagem.
E’ uma clausula musical, ou uma Era de caracter gracioso e de uma
phrase que serve de typo á uma imi- alegria que não excluia a nobreza.
tação, ou a um motivo susceptivel de

sumário 319
Constava de duas partes, de oito Pastoral.
compassos cada uma, em 3/8 ou 3/4, E’ uma composição destinada aos
e levava andamento um pouco mais bailes campestres dos povos dedica-
vivo que o minuetto. A musica desta dos á vida pastoril.
dança tinha o mesmo nome.
Esta musica, em sua origem, com-
Passionato. (It). punha-se de umas arias puramente
Estylo apaixonado; execução animada. simples, tocadas com a Gaita e com
um instrumento chamado – Torlorotos.
Passionatamente. (It). Dá-se tam bem o nome de Pastoraes
Apaixonadamente, isto é, com pai- a outras peças de musica de cantos,
xão; expressão calorosa. que imitam os dos pastores; cantos
populares, que são de um genero ter-
Passione. (It).
no e doce.
Paixão; com passione, com calma e
energia. Chama-se tambem Pastoral, uma
pequena opera campestre, em que os
Passo. actores se apresentam como se fos-
Syn. de Motivo, Thema, Guia, etc. sem de vida pastoril. O assumpto de
Esta palavra antigamente era que usam é agradavel e nascido da
mais usada tractando-se das fugas. imaginação, ou do improviso, de accor-
do com as fabulasda edade de ouro. O
Pastel. poeta não deve separar-se no Poema,
E’ syn. de Pot pourri ou Miscellanea do caracter campestre, e a musica ha
musical. de cingir-se á simplicidade dos costu-
mes inherentes aos pastores. Pastoral
Pasticcio.
é syn. de Pastoril.
Denominação que dão os Italianos á
toda obra composta de pedaços hete- Pastorale. (It).
rogeneos, e em musica, e á toda peça Exige estylo pastoral, campestre; ex-
composta de differentes conceitos, ou pressão simples e ingenua.
passos tomados de diversos autores.
Pastoril.
Os Francezes chamam Pastiche,
O mesmo que Pastoral.
palavra que não tem corresrespon-
dente em portuguez; e os Hespa- Pastoso. (It).
nhoes – Pastel. E’ syn. de Pot-pourri Docil; flexivel; execução branda.
ou Missellanea musical.

sumário 320
Patente. Este signo corresponde á dura-
Epitheto que se dá ás quintas e oitavas ção das notas que representam, e,
que se encontram nas partes extremas tomando na musica moderna, a semi-
da harmonia, ou entre o tiple e o baixo, breve por unidade da duração, se re-
em cujo encontro verifica-se a lei musi- presenta o silencio como uma pausa,
cal, cujo legislador é – o ouvido. e a metade desta duração com uma
meia pausa.
Chama-se tambem Manifesta.
Se bem que se designe com o
Pathetico. nome de pausa toda classe de si-
Expressão tocante e pathetica de estylo lencios, quando representa notas de
triste, que commove e excita as gran- menor valor de meio compasso, se
des paixões. lhes dá todavia, mais propriamente
Pathetico. o nome de suspiros ou aspirações.
Na musica se diz de certos tons e mo- São tambem pausas os signos de
dos que inclinam o animo á tristeza. silencio de mais de um compasso,
e por convenio geral se tem estabe-
O mesmo disemos de certas. lecido, que uma barra perpendicular
phrases melodicas e harmonicas ao pentagramma, que abrace tres
que, por sua estructura, expressam linhas, expresse o silencio de quatro
melancolia, e uma certa compressão compassos; porem, quando abranja
de animo. muitos compassos que se tem de ca-
Ha fibras que recebem mais pra- lar, adoptou-se o signo de uma bar-
zer na musica pathetica, e outras ra diagonal, sobre a qual se põe em
na musica alegre. A causa d’isto é algarismos o numero de compassos
desconhecida áquelle mesmo que a que tem de passar em silencio.
sente; o que não é extranho, pois, a
organisação huhumana é um myste-
rio,como effectivamente o são muitas
cousas que nos rodeiam. As aspirações ou suspiros podem
Pausa. receber um augmente de valor igual
E’ um intervallo de tempo, durante ao das notas que representam, por
o qual o instrumento, ou voz tem de meio de pontos.
calar-se em quanto durar este signo
de silencio.

sumário 321
Pausa final. Deu-se-lhe esta denominação,
Signal que indica o fim de uma peça, porque as figuras que se faziam bai-
ou de partes d’ella; compõe-se de dois lando, formavam uma roda como a
travessões juntos, collocados perpen- cauda do pavão. Sua musica tinha
dicularmente na pauta. Vid. Ritornello. um movimento pausado e grave. Para
esse baile o cavalheiro não deixava a
capa, nem a espada, e por allusão á
attitude de seus movimentos, creou-
-se o verbo pavonear-se, quando al-
Pausa geral. guem faz attitude vaidosa.
Syn. de pausa final.
Pavilhão.
Pauta. E’ a parte dos instrumentos de vento,
Nome do um apparelho de folha de por onde sahe o ar quando se toca.
latão, composto de cinco laminas do-
Chama-se tambem Campana por
bradas, da mesma materia, colloca-
ter d’esse instrumento a figura.
das em igual distancia, com um cabo
de madeira ou mesmo de latão, por Pavilhão Chinez.
meio do qual se traçam cinco linhas Instrumento de percussão, antigo,
paralellas no papel, as quaes servem mais conhecido pelo nome de arvore
para se escrever a musica. de campainhas.
Ha pautas que se compõem de
Pé.
differentes divisões, de cinco linhas
Designação emprestada dos termos
cada uma, para pautar mais papel
de medida do Orgão, para indicar a
em menos tempo, e se fazem mais
altura relativa aos sons na escala to-
ou menos approximadas, segundo
nal. (8 pés, 16 pés e etc.)
o numero de pautas que se quer. Or-
dinariumente dá se o nome de pauta Peça.
as cinco linhas paralellas, onde se es- E’ uma obra musical de certa exten-
creve a musica. Tambem se lhe dá o ção, umas vezes de um só trecho ou
nome de – pentagramma. periodo, e outras de muitos forman-
do, um todo, para ser executado.
Pavana.
Era um baile muito usado na Hespa- Deste modo, uma ouvertura, uma
nha, nos seculos XVI e XVII. symphonia, um duo, um côro, uma

sumário 322
aria, etc são peças de musica, e o é parte mais baixa da harmonia. Parece
tambem uma opera inteira, não obs- que esta palavra teve sua origem do
tante suas subdivisões, que formam Orgão, cujos tubos maiores se tocam
outras tantas peças. com os pés. O pedal tem o privilegio
de adaptar-se a todos os accordes,
Peças concertantes. por affastados que estejam do princi-
Nome que se da a todos os trechos pal. A prolongação de seu som se faz,
dramaticos, executados por mui- ou com a nota fundamental do tom,
tas pessoas. Um duo, trio, quartetto, ou com sua quinta, ou com ambas ao
quintetto, sextetto etc são peças con- mesmo tempo, e então, chama-se –
certantes, desde que as partes sejam pedal duplo. Sua duração é arbitraria,
bem distinctas, formem dialogos e se porem deve principiar e concluir-se,
unam ás vozes; entretanto, os córos, quando seja nota harmonica do ac-
mesmo compostos de muitas partes, corde. O pedal, pois, ou é nota har-
não são comtemplados como – pe- monica, ou dissonante do accorde, e
ças concertantes. Quanto aos duos quando seja nota integrante d’elle, ja
e trios, posto que sejam peças con- não se dará o nome de pedal.
certantes, todavia, parece que este
nome, de ordinario, só se da aos Este pode tambem ter dois ou
quartettos, quintettos, e etc. tres compassos somente, e, neste
caso, não se chama senão – pedal
Pectis. passageiro.
Instrumento de cordas, usado entre
O melhor pedal, em geral, é
os antigos, e especialmente entre os
aquelle que alternativamente é nota
Lidios. Atteneo disse que não tinha
harmonica e dissonante do accorde,
mais que duas cordas; outros, porem,
e, para que seu effeito seja menos as-
affirmam que o Discordio, era um ins-
pero, se ha de ter cuidado em que os
trumento igual ao Pectis.
accordes, estranhos ao pedal, cami-
Ped. nhem por gráus conjunctos.
Abreviatura da palavra pedal. Vid.
Pedaes.
Pedal. São as teclas do Orgão que se tocam
Chama:se11 pedal, á uma nota pro- com os pés, e servem para fazer ouvir
longada por muitos compassos, na as notas do baixo, em quanto as mãos

11 Assim como o escrito original de 1908.

sumário 323
executam outras partes nos teclados maneira judiciosa, isto é, os fazer fal-
superiores. Chama-se tambem pe- lar ou se calar a proposito.
daes a umas pequenas pranchas de
Pedal celeste.
latão, que servem para fazer subir um
Nome de uma peça do Piano, a qual
semitom as cordas da Harpa simples,
faz correr o teclado para a direita, afim
ou um tom inteiro, a gosto de quem
dos martinetes baterem n’uma só cor-
executa na Harpa de duplo movimento.
da, ao mesmo tempo que se usa do
Pedaes. pedal dos abafadores.
No Piano são peças de certo machi-
Pedaletto.(It).
nismo, por meio do qual se modifica,
Pequeno pedal, que tem os Orgãos
á vontade, a qualidade do som no ins-
italianos, para abrir todos os registros
trumento, ja levantando os abafadores,
geraes.
ja fazendo mover o teclado para bater
os martinétes n’uma ou duas cordas Pedal harmonico.
somente, ja finalmente interceptando Nota mais ou menos prolongada no
a vibração das mesmas pelo contac- baixo, e sobre a qual passam varios
to de uma peça infeltrada, collocada accordes, dos quaes alguns lhe são
entre o machinismo e as cordas do estranhos; pode ser feita em fórma de
instrumento. arpejo, porem de accordo com ás leis
O pedal forte, designado pelo da harmonia.
nome de grande pedal, é indicado
Pedalier.
na musica pela abreviação ped; o
Nome que os Francezes dão, no Or-
pedal doce ou pequeno pedal é indi-
gão, ao teclado destinado a ser toca-
cado pelas palavras – una corda. Os
do com os pés.
pedaes empregados por virtuoses
habeis, diz Marmontel, produzem ef- Pedal passageiro.
feitos preciosos, de uma sonoridade Chama-se assim o de curta duração.
mui variada ; mas o abuso é o vicio
unido a todos os usos; pelo que Pedras sonóras.
aconselha mui frequentemente aos Ha na China uma classe de pedras,
discipulos a não se servirem d’elles, chamadas sonóras, das quaes se fa-
senão o mais tarde possivel, quando sem alli instrumentos de musica, mui
então poderão empregal-os de uma estimados.

sumário 324
Os autores mais antigos, d’aquelle Em 1847 apresentou outra inven-
Imperio fallam d’estes instrumentos. E’ ção de um instrumento duplo da mes-
difficil de saber-se, si a China, quando ma especie, ao qual chamou Duplex
colonia, já tinha conhecimento d’essas pelitti.
pedras e, conseguintemente d’esses
Este era um instrumento com
instrumentos, ou se somente o teve
duas ordens differentes de tubos e
depois de sua independencia.
duas campanas, porem só com um
Um, antigo commentario de machinismo de pistons e um boccal;
Chou-King disse que, havendo seus uma valvula transpositora movida pela
antepassados notado que a corrente mão esquerda do tocador produzia a
dos rios fasia resonar as pedras das passagem de um para o outro corpo
margens, quebrando-se contra ellas, do instrumento, de modo que se po-
tiraram algumas e, sorprehendidos dia obter variados effeitos, como em
de seu som, fiseram um instrumento dois instrumentos differentes.
chamado – King.
Pendulo.
Conhecem-se pedras sonóras de A importancia do compasso na exe-
differentes classes, as quaes se distin- cução da musica fez suggerir a mui-
guem entre si por sua maior belleza, tos a ideia de empregar as oscillações
pela força e duração do som, e por de um pendulo, para determinar, de
seus gráus de dureza, solidez e finura. um modo fixo e invariavel, o genero
A primeira chama-se Yú que é a de movimento que o compositor qui-
mais precioza e estimada de todas a zesse dar ás suas producções.
segunda, em bondade, é chamada As palavras italianas – Allegro, An-
Nicou yeon che; a terceira é a Hiang- dante, Adagio, Presto etc. são mui va-
-ché; e a quarta que se parece com o gas, e não expressam com exactidão
marmore; não sabemos o seu nome. o gráu de velocidade que tem de dar-
-se ao compasso, e pará fixal-o, hou-
Pelittone.
ve alguem que, com mais ou menos
O fabricante italiano Giuseppe Pelit-
resultado, tomou o pendulo por typo,
ti, de Milão, inventou em 1845 uma.
e com elle fez differentes ensaios.
fórma especial para os instrumentos
de metal (systema Sax) que designou Veja-se sobre isto o que disse-
com o nome de Pelittone. mos nas palavras – chronometro e
metronomo.

sumário 325
Pêpa. Pentatino.
Especie de Guitarra usada pelas da- Dava-se este nome na musica antiga,
mas chinezas. ao intervallo que, nós, outros chama-
mos – 6ª augmentada.
Consiste n’uma caixa em fórma
de pêra, cuja parte mais delgada Compunha-se de quatro tons, de
constitue o braço; feita de uma só um semitom maior e outro menor,
peça de páu aperfeiçoada. E’ conca- d’onde lhe vem a palavra pentatino
va, sendo a cavidade coberta por um que quer diser – cinco tons.
tampo harmonico.
Per.
Compõe-se ainda de quatro cor- Abreviatura da palavra – perdendo-
das de tripa que se ferem com uma -se: debilitando o som, até fazer-se
palheta, como as do Bandolin. quasi, imperceptivel.

Pentachordo ou Pentachorde. Percussão.


Nome que deram á Lyra antiga, quan- Chama-se percussão o estrondo cau-
do se lhe ajuntou a quinta corda; deste sado pelos instrumentos de pancada,
modo conseguiam neste instrumento admittidos nas musicas marciaes e
a consonancia da quinta, alem da 3ª grandes orchestras.
e da 4ª que produsia o tetrachordo.
Os instrumentos de percussão
A palavra pentachordo quer dizer, são todos aquelles que produsem um
cinco cordas; designava tambem uma som uniforme, que não teem varieda-
ordem ou systema formado de cinco de diatonica, e somente servem para
tons, e neste sentido a 5ª ou diapente augmentar o volume musical, quando
se chamava ainda – pentachordo. acompanham a outros melodicos.

Pentagramma. Os instrumeutos desta classe


Assim chamavam os antigos Gregos são, entre outros, o Bombo, Caixa de
á pauta, quando passou a cinco li- rufo, Timbales, Pratos, Triangulo.
nhas; foi a reforma que fiseram na
Perdendo-se.
denominação primitiva.
Esta palavra que ordinariamente é en-
O pentagramma hoje chama-se – contrada nos trechos de musica, indi-
pauta. Vid. Da-se tambem este nome ca a diminuição progressiva do som,
a um apparelho pro prio para riscar o até, quasi não se perceber.
papel para a musica.

sumário 326
Perfeição. ma cousa, de conservar um mesmo
Os mensuralistas consideram como movimento, um mesmo caracter no
perfeição, a proporção ternaria do ry- canto, empregando os mesmos pas-
thmo, classificando de imperfeição, o sos e as mesmas figuras ou notas.
rythmo binario.
Taes são os baixos continuos,
Perfeito. semelhantes ás antigas chaconas,
E’ a qualificação de muitas palavras e uma infinidade de maneiras. de
musicaes. acompanhamentos continuos, cha-
mados pelos Italianos – perfiate, e
Quando disemos que uma obra é que dependem do capricho dos com-
perfeita, é por que todas as suas par- positores.
tes concorrem a fazel-a isempta de
falta, por isso que ella satisfaz ao ou- Periambo.
vido e á imaginação; finalmente n’ella Antiquissimo instrumento de cordas,
não se encontra o menor defeito. de que faz menção Polux; porem não
descreve sua figura, nem o uso que
Unido o adjectivo perfeito á pala-
se fazia d’elle.
vra accorde, significa, uma reunião de
sons, todos consonantes, sem mescla Alguns autores dizem que havia
alguma de dissonancia, taes são os uma especie de Flauta d’este nome,
accordes – fundamental, terceira, quin- cujo som era mais proprio para acom-
ta, e oitava. Unido á palavra cadencia panhar, que os outros, e, com espe-
expressa a queda, desde o accorde de cialidade, os versos Jambicos.
5ª ao da tonica. Se é unido á palavra
Perielesis.
consonancia, demonstra um intervallo
Termo de Canto-chão, que é a interpo-
justo, e que não pode ser maior, nem
sição de uma ou mais notas na ento-
menor, como são os de 4ªs, 5ªs e 8ªs.
nação de certas peças de canto para
Finalmente, quando qualifica a manter a nota final, e advirtir ao côro
palavra modo, quer dizer que o com- que deve proseguir-no que segue.
passo corresponde ao de quatro tem-
A perielésis chama-se tambem
pos, isto é, ao quaternario.
cadencia ou pequena neuma, por tres
Perfidia. maneiras a saber: – por circumvolu-
Vocabulo sacado do verbo italiano çao, por intercedencia ou diaptosis,
perfidiare que significa uma certa af- e finalmente por simples duplicação.
fectação em fazer sempre uma mes-

sumário 327
Periferia. grau de repouso e neste caso cha-
Antigo termo musical, que significa ma-se – cadencia. 2.ª á qualidade ry-
uma successão de notas, tanto as- thmica ou ao numero de compassos
cendentes, como descendentes, que comprehendidos na parte melodica,
procedem inversamente, até o ponto bem como ao que chamamos – qua-
d’onde partiram. dratura de phrase, ou mesmo corres-
pondendo áquelles, nos membros
Perigordine. do periodo, que podem estender-se
Musica de dança antiga, franceza, a tres, quatro, cinco compassos, etc.
especie de rondó em compasso 6/8. sendo mais agradaveis, os de qua-
Outros dizem em compasso ternario. tro. 3ª. á qualidade logica, isto é, ao
Periodo. que é preciso para fazer um sentido
Termo de que nos servimos em mu- perfeito, circumstancia que tambem
sica, para designar uma phrase com- importa observar na união de duas
pleta, isto é, que assenta n’uma fórma melodias, afim de que ellas, em sua
grande, sobre elementos metricos. forma exterior, não pareçam fazer
mais do que uma só.
O periodo comprehende, quando
sua composição é absolutamente Permutação.
normal, oito medidas reaes, constan- Syn. de Mutança. Vid.
do de duas, tres e quatro phrases.
Perpetuo. (canon)
Periodologia. Canon que não tem fim, e que sem-
E’ a sciencia que tem por objecto a pre se pode tornar a começar.
symetria rythmica, e ensina o modo
Pesante.
de reunir diversas phrases para d’el-
Pesado, rude.
las formar um periodo completo.
Applica-se este vocabulo á uma
Na composição musical cumpre
phrase ou á uma serie de notas,que
attender, não só á relação intrinseca
deve ser executada rudemente, com
das phrases que devemos unir, senão
uma accentuação fortissima para
ainda ás condições seguintes: 1.ª
bem faser sobresahir os sons.
à pontuação ou formula final de um
membro periodico, que exprime um Pesantemente.
sentido perfeito. com maior ou menor Rudemente sensivel.

sumário 328
Pestana. Philelia.
Pequena peça de marfim, ebano, ou Era um canto ou hymno que os an-
madeira preta, collocada acima do tigos Gregos dedicavam ao Deos
espelho, ou braço dos instrumentos Appollo.
de cordas dedilhadas, que serve de
Philomele.
ponto de apoio ás mesmas e um pou-
Instrumente de cordas usado na Alle-
co elevada do dito espelho ou braço.
manha. E’ uma especie de pequena
Pettéa. Cithara, da qual apenas se destingue
Palavra grega, e nome da ultima das a fórma, que se assemelha á de um
tres partes em que se dividia a antiga Violino.e não ter o ponto marcado
melopéa. Era a arte de saber apreciar com tastos.
os sons de que se podia usar; os que
As quatro cordas d’este instru-
deviam repetir-se com mais frequen-
mento são metallicas, duas sinjellas e
cia, finalmente os sons pelos quaes
dois bordões que se afiquintas – Sol,
se devia principiar e os que deviam
Re, La, Mi.– tocando-se com palheta,
servir para terminar.
como a pequena Cithara.
A Pettéa era o que constituia os
Philorphenico.
modos na musica, e o que determi-
Syn de Philarmonico.
nava a composição na elecção do
genero de melodia relativa ao movi- Philosophia da arte.
mento, e ao que se pretendia expres- Vid Esthetica.
sar excitando a alma, segundo as oc-
casiões e as pessoas. Philosophia da Musica.
A philosophia da musica, consiste na
P. F. indagação das leis que são a base
Abreviatura da expressão Piano forte; da creação de toda obra musical, no
isto é, primeiro piano e depois forte. estudo dos effeitos que ella produz
sobre o auditorio e de suas causas
Phantasia.
primitivas; ou por outra, a philosophia
Vid Fantasia.
da musica comprehende o conjuncto
Philarmonico. (a) da theoria especulativa d’esta arte,
Concernente á harmonia; amigo da theoria que não obstante os esforços
harmonia. O que possue a sciencia que se empregue, jamais se poderá
da harmonia.

sumário 329
chegar ao verdadeiro conhecimento Phonetica.
de certos effeitos. Theoria dos phenomenos vocaes.

Phisarmonica. Phonetico.
Especie de Orgão com laminas de Que tem relação com a voz.
metal, inventado por Hackel em Viena.
Phonocamptico.
Este iustrumento notavel aperfei- Se diz de tudo que reflete os sons.
çoado pelos Francezes, chama-se
hoje – Orgão expressivo. Phonographia.
Arte de reproduzir graphicamente as
Phonação. vibrações sonóras.
Emissão do som, fallado ou cantado.
Esta palavra tem sido algumas
Phonalidade. vezes empregada como syn. de – no-
Caracter dos sons. tação.

Phonaseus. Phonographo.
Vigario do côro; o que derige o coro Apparelho que recebe a impressão
no Canto-chão, graphica dos sons e pode repetil-os
depois, infinitas vezes.
Phonautographo.
Apparelho acustico para reproduzir Foi inventado em 1877 por Edi-
graphicamente as vibrações sonoras. son, e desde então successivos aper-
feiçoamentos tem-no tornado uma
Consiste n’uma especie de gran- das maravilhas da sciencia.
de corneta acustica, tendo na abertu-
ra mais estreita uma membrana com Phonographo.
um estylete muito fino e flexivel, ao E’ tambem o nome que deram a um
qual se encosta um cylindro girante apparelho, que se adapta a um instru-
revestido de negro-fumo. Os sons mento de musica e de teclado, e que
produzidos na abertura larga do pho- escreve o trecho ao mesmo tempo
nautographo são por este reforçados, que se executa.
fazendo vibrar a membrana e com
Phonometria.
elle o estylete, que traça no cylindro
E’ a arte de medir a intensidade dos
linhas onduladas produzidas pelo
sons da voz.
movimento vibratorio.

sumário 330
Phonometro. phrases que compoem um membro,
Apparelho proprio para avaliar a in- sendo que muitos membros – com-
tensidade dos sons. põem um periodo. As phrases se se-
param entre si por meio de repousos
Phorbea ou Phorvia. mui curtos, que se chamam quartos
Apparelho que os Auletes Gregos de cadencia, para differençarem-se
atavam em torno dos queixos e da dos repousos que ha entre os mem-
cabeça, afim de lhes apertar as faces bros, que se chamam – cadencias fi-
e tapar a bocca, em cujo sitio tinha naes ou perfeitas. Diz o sr. Melcior: “A
a Phorbea duas aberturas nas quaes phrase considera modo com que se
o Aulete (Flautista) introduzia as em- succedem os sons; a mais pequena
boccaduras da Flauta dupla. alteração no valor das notas produz
A Phorbea em latim denominava- uma phrase distincta e um sentido
-se – Capistrum. melodico diverso. Uma phrase é sem-
pre menor que um rythmo, o qual, re-
Phorminx. gularmente, compõe-se de duas ou
Especie de Cithara grega, cujos sons mais phrases.
eram graves, mui usada na antiguida-
de, ao tempo de Homero. Tambem é a phrase menor que um
membro, pois que este pode compor-
Photinx. -se de varias phrases: não obstante,
Flauta dupla, originaria do Egypto e pode succeder, que n’um membro
usada pelos povos antigos. curto não contenha mais que uma,
principalmente em compasso de
Phrase musical.
duas e tres partes, e em movimento
E’ uma breve ideia musical, ou mem-
accelerado. Disemos que as phrases
bros mais ou menos completos dos
se separam umas de outras por um
pensamentos musicaes, quer na
breve repouso, que chamamos quar-
execução por meio da expressão,
to de cadencia; porem, este repouso
quer na notação por meio de signaes
pode tambem verificar-se por meio de
especiaes, no fim dos quaes se en-
uma pausa, ou de uma nota de mais
contra um repouso, que serve para
larga duração.
distinguil-a e separal-a de outra.
O compositor de talento que quei-
Os Italianos chamam concepto ou
ra inventar phrases originaes, e de-
disegno. A reunião de duas ou mais

sumário 331
senvolvel-as com arte, será sempre Seu caracter era ardente, altivo,
um homem de merito. impetuoso e vehemente. Foi inventa-
do por Marsyas Phrigio, e occupava o
As vezes, da acertada elecção de
centro entre o Dorico e Lidio.
uma phrase musical, depende todo o
bom exito de uma peça. O modo Phrigio corresponde ao
3° tom de nosso Canto-chão, e o
Ha tambem phrases na harmo-
Hypoprigio unisono ao 4º.
nia, que consistem na estructura e
marcha harmonica dos accordes, en- Phtougo.
laçados entre si, por meio de disso- Assim chamavam os antigos Gregos,
nancias expressas ou subentendidas. ao que hoje chamamos – unisono.
Estes accordes se resolvem em
Piacere. (It).
uma cadencia mais ou menos perfei-
Vontade. Apparece sempre com a
ta, segundo o sentido é mais ou me-
preposição – á –; á piacere, á vonta-
nos completo e bem acabado.
de; execução a gosto; é syn. da locu-
Na invenção de phrases musi- ção latina – adlibitum.
caes, em suas proporções e enlaces,
Piacevole. (It).
consiste as verdadeiras bellezas da
Agradavel; estylo gracioso.
musica.

Um compositor que phrasea bem, Piacevolemente. (It).


é um artista de primor. Agradavelmente.

Um cantor, ou mesmo um instrui- Piacevolezza. (It).


nentista que sente e marca bem as Agrado; con piacevolezza, com gra-
phrases e o accento musical é um ar- ça: expressão alegre.
tista de gosto, porem, o que não sabe
expressar bem as notas, o tempo, os Piangendo. (It).
intervallos e as palavras, por mais Esta palavra indica uma execução
exacto que seja n’outras partes, não triste, lamentavel.
será mais que um musico mediocre.»
Pianissimo.
Phrigio. Superlativo de piano, com o qual se
(Modo) Era um dos quatro principaes denota uma diminuição da voz ou
e mais antigo modo da musica dos som, até ser quasi imperceptivel.
Gregos.

sumário 332
Por abreviatura assignala-se – P. P. por meio da electricidade, differentes
sons que assemelham-se perfeita-
Pianista. mente aos sons do Harmonium, Or-
Designamos com este nome a um ar- gão, Violino, Violoncello e Harpa.
tista habil em tocar o Piano, e sobre
tudo quando é uma notabilidade. Logo que, de leve, se fira o tecla-
do, incontinenti se manifesta uma cor-
Pianista. rente electrica, a qual imprime á corda
E’ tambem o nome que deram á um a necessaria vibração. Esta corrente
mechanismo a pouco tempo inventa- pode produzir o som breve, quando
do em Paris, que adaptado a algum interrompida ligeiramente; mas con-
Piano ou Orgão, qualquer pessoa, servando-se em sua verdadeira ac-
sem saber musica, poderá tocar ção, o som prolongar-se-ha, o que
brilhantemente peças de difficilima não se dá nos Pianos communs.
execução, só com o auxilio de uma
O Piano electrico funcciona, não só
manivella.
pela acção da corrente, como pela da
Este apparelho que com vanta- percussão; isto é pode uma corda ser
gem é empregado nos Pianos dos vibrada pela corrente, em quanto outra
salões de dança, é applicavel tam- ou outras são vibradas pela percussão.
bem a um Orgão de Igreja, para o
Dahi essa infinidade de combina-
Officio Divino.
ções variadas, de que procedem os
Piano. sons, que se confundem, ou asse-
Esta palavra denota a diminuição da melham-se aos dos instrumentos, de
voz ou do som dos instrumentos, até que acima tractámos.
um gráu suave. Regularmente se as-
Piano electrophonico.
signala com um P por abreviatura da
Na exposição de electricidade realisa-
palavra piano. e com dois P. P., quan-
da em França em 1891, foi apresenta-
do se quer expressar a palavra muito
do um Piano em que as vibrações das
piano. Neste sentido a palavra piano é
cordas são obtidas por correntes elec-
opposta a forte,e syn. de mezza-voce.
tricas em substituição dos martellos.
Piano electrico.
Piano forte.
Este novo instrumento ultimamente
Phrase que indica tocar a primeira
inventado em Berlin pelo Dr. R. Ein-
nota fraca e a segunda forte; forte pia-
senmann, tem a propriedade de dar,
no exprime o contrario.

sumário 333
Piano ou Forte piano. augmentou seu aperfeiçoamento fa-
De todos os antigos instrumentos de sendo uma verdadeira revolução na
teclas, como o Claviciterium, Virginal, arte de construil-os.
Clavichordio, Espinheta, Clave e al-
Quando o estabelecimento de
guns outros nasceu o Piano-forte.
Erard adquiriu uma importancia, que
Em 1816, diz o sr. Melcior um fa- durou até 1815, chamou a Paris o
bricante de Paris, chamado Marius, seu irmão João, porem este, desde
apresentou á Academia de sciencias que chegou até 1823, regendo a fa-
dois Clavicordios, nos quaes, em vez brica, se obstinou em conservar os
de lami nas para ferirem as cordas, antigos martellos. quando os demais
haviam martellos. Dois annos depois, constructores haviam adoptado o
um Florentino de nome Christofole, escape de Petzold, pelo que sua
aperfeiçoou esta invenção, e fez o fabrica perdeu uma parte da repu-
primeiro Piano, que serviu de mo- tação d’antes conquistada. Em vista
dello aos que se fabricaram depois, d’isso João Erard precisou valerse
até 1760, tempo em que Zumpe, na do mesmo machinismo de escala
Inglaterra, e Siberman na Allemanha, com seu fiiho Pedro volveu depois
estabeleceram fabricas regulares. O a realisar a gloria, que em seu tem-
Piano passou da Alsacia á Inglater- po havia adquirido. A Allemanha e a
ra, e esta Nação esteve por muito Inglaterra precederam no emprego
tempo habilitada.a fabrical-os para d’estes instrumentos; mas na França
a França, Hespanha outras nações, foi que recebeu o Piano seus maio-
continuando tambem os Allemães em res desenvolvimentos. Tambem na
prover d’elles á sua nação e á Italia, Hespanha se tem construido Pianos,
até que Sebastião Erard, natural da de meio seculo á esta parte, e posto
Alsacia, passou á Pariz, em 1775, de- que, em principio, fossem pequenos
dicando-se á construcção de Pianos, e de pouca solidez, hoje já se fabri-
pelo que adquiriu elle uma notavel cam excellentes, com especialidade
superioridade sobre todos quantos em Madrid e Barcelona. O Piano é
se haviam dedicado a construil-os. presentemente, dos instrumentos de
Ja havia confundido a todos os seus teclas, o mais cultivado; e este su-
rivaes, quando Petzold trouxe de So- cesso deve-se á vantagem que tem
xonia um novo mechanismo, chama- de formar uma harmonia completa,
do – de escape, e esta descoberta e de permittir a um só executante,

sumário 334
reduzir todas as partes de uma or- Picado.
chestra. A sua fórma tem variadó, Solto, desligado; é o stacato mais
pelo que temos Pianos quadrilongos, pronunciado.
de cauda e verticaes, sem que sua
O picado executa-se com um som
figura prejudique-lhe a bondade.
secco, tirando á nota ¾ de seu valor.
Piano melographo. Syn. de Martelato.
Nome que deram na exposição de
Paris, de 1844, a um instrumento com
o qual se imprime a musica, á medida
que se vae tocando o Piano.

Parece, entretanto, que seu resul-


Picados. (sons)
tado não foi muito satisfactorio.
São os que se produzem nos instru-
Piano mudo. mentos, tanto de arco, como de sô-
Pequeno Piano sem cordas nem me- pro, por meio de uma certa sequidão
chanismo, proprio para exercitar os na execução das notas.
dedos sem fazer ruido.
Piccolo. (It).
Piano pedalier. Pequeno.
Piano com pedalheira. Epitheto que se junta á Flauta, ao
Violino, etc., quando se quer dizer: –
Modernamente fabricam-se Pia-
pequena Flauta (Flautim), pequena
nos com teclado de pedaes como o
Rabeca (Violino), etc.
Orgão. correspondendo esse teclado
ás duas oitavas graves do teclado Pieno. (It),
manual. Com este apparelho offere- Cheio. Registro geral do Orgão, que
ce o Piano recursos novos, podendo abre todos os outros; abreviatura de
tambem executar integralmente toda Organo pieno.
a musica escripta para o Orgão. Alem
d’isso o Piano pedalier é util para os Pifano.
Organistas se exercitarem no teclado Instrumento de vento, semelhante, em
de pedaes, quando não teem á sua sua construcção, ao Flautim, e com
disposição um Orgão para o estudo. igual quantidade de buracos, pofem
sem chave alguma, com o qual se
acompanha, de ordinario, o Tambor.

sumário 335
Foi a Suissa que o introduziu nos la, para particularisar de um modo
regimentos, depois da batalha de chistoso, a Viola de arame e mesmo
Marignan, em 1515, bem como na o Violão.
França, ao tempo de Luiz XI. Desde
Pipia.
então se foi generalisando,sendo tra-
syn de soprano e tiple.
zido para Hespanha pelos Corpos
Suissos, onde uzou-se até o fim da Pipia.
guerra da Independencia. Dizem que Instrumento de barro cosido e da con-
o nome de Pifano se deriva do Coro- figuração de um passarinho, de voz
nel Pfifer, cujo Regimento foi o primei- imitativa ao assobio, para divertimento
ro que usou deste instrumento. Entre creanças que, soprando, tiram d’elle
nós elle é toscamente construido de os sons onomatopicos dos passaros.
um gomo de taboca, com o qual os
Camponezes se entretem em seus Dão tambem o nome de Pipia a
regosijos populares. um assobio feito com a canna da ce-
vada, com que as creanças se entre-
Pifar. tem tambem.
Chama-se pifar aos sons desagrada-
veis que produzem os instrumentos Pistons.
de vento, por causa da falta de em- E’ um mechanismo accrescentado ás
boccadura, ou desigualdade relativa Trompas, Cornetas, Clarins e outros
do sôpro. muitos instrumentos de metal, afim
de se poder obter todos os tons e se-
Pifaro. mitons da escala musical. Os pistons
O mesmo que Pifano. são uns tubos rectos, que terminam
em botão. Estes tubos, que se intro-
Pietosamente. (It.)
duzem em outros pegados ao instru-
Piedosamente.
mento, produzem entonações que
Como quem implora; expressão d›antes careciam, fazendo-os subir e
terna e maviosa. baixar com os dedos da mão direita,
ou de ambas.
Pietoso. (It).
Piedoso; expressão implorante. Ultimamente adoptou-se a pala-
vra, cylindro que vem a ser o mesmo.
Pinho.
Termo popular bastantemente empre-
gado em linguagem graciosa e chu-

sumário 336
Pin. (It). Plaine.
Mais; piu allegro, mais allegro; pin Lamentação; musica de caracter tris-
largo, mais largo; piu chepiu, muito te entre os Fraaċezes.
mais; piu tosto mais vivo, etc.
Plagal. (Tom ou modo)
Pin allegro. (It). Quando a oitava acha-se dividida ari-
Mais allegro. thmeticamente, segundo a linguagem
commum, isto é, quando a 4ª se en-
Piu dolce. (It). contra na parte grave, e a 5ª na agu-
Mais doce. da, se diz que o tom ou modo é pla-
Pin-forte. (It). gal, para destinguir-se do authentico,
Mais forte. em que a 5ª se acha na parte grave e
a 4ª na aguda.
P.P.
Hoje somente se conserva esta
Abreviatura do vocabulo – pianissi-
distincção no Canto-chão.
mo; muito piano.
Plagiario.
Pin presto. (It).
Diz-se daquelle que se apropria das
mais presto.
ideias ou doutrinas, de outros. Este
Pizz. defeito é commum em todas as
Abreviatura da palavra Italiana pizzicato. sciencias, tanto na litteratura, como
na musica. Assim, o que exhibe uma
Pizzicato. peça de musica, composta de tre-
Vocabulo italiano que quer diser pon- chos ou ideas alheias, é um plagia-
teado. rio. Chamamos pois, plagio á toda
Quando esta palavra se encon- composição que, contendo pedaços
tra acima ou abaixo das notas de ou motivos de outrem, os fasemos
um instrumento de arco, entende-se passar, como nossos.
que, em vez do arco, se empregam
Plagiaulos.
os dedos para fazer resoar as cordas
Flauta transversal usada pelos Gregos
e executar as notas dedilhando as, e
antigos e originaria do Egypto, asse-
isto dura até que se encontre a ex-
melhava-se ao instrumento que hoje
pressão – col arco.
designamos particularmente com o
Placido. (It). T nome de Flauta.
ranquillo, commodo etc.

sumário 337
Plena. para ferir as cordas das Citharas,
Perfeita elevação da voz; distancia de Mandolinas, Guitarras e etc.
tom ou segunda maior.
Pleno jogo.
Plectro. (Do latim plectrum) Registro de Orgão que se compõe
Era, em geral, uma varinha que servia dos jogos de mutação, chamados
para produzir sons nos instrumentos Cymbala e cheio, a cuja combinação
de cordas. adccionam-se os registros fundamen-
taes. como bordões, flautados e pres-
Nos tempos idos, fiseram-na de
tantes. Estes registros assim combina-
osso ou de chifre de animaes, de-
dos offerecem pujança e. magestade.
pois de materias differentes, como o
marfim, etc. Pleximetro.
Na fórma houveram tambem al- E’ uma machina, semelhante ao metro-
gumas variedades; e os encurvados nomo, que inventou o dr. Joan Finazzi.
pela ponta foram os mais communs. Differença-se do metronomo de
Plectro é hoje o nome generico do ins- Maelzel, em marcar o primeiro tempo
trumento auxiliar que serve para fazer, de cada compasso pelo escape de
vibrar os corpos sonóros, taes são as umas palhetas com rodas, que se en-
baquetas e a penna com que se ferem contram successivamente.
varios instrumentos de cordas, como o
Bandolin, a Guitarra e outros. Plica.
Na antiga musica, era uma especie
Plectro ou Euphonico. de ligadura, ou signo de retardo ou
Nome de uma especie de Piano, in- lentidão, syn, de prisão, sinalefa, liga-
ventado por M. Gama, de Nantes, o dura, etc. Vid.
qual tinha a propriedade de susten-
tar os sons como os instrumentos de Pneumatico.
vento e os de arco. Que tem relação com o ar. Instrumen-
to pneumatico, em que os sons são
Este instrumento foi ouvido pela
produzidos pela acção do vento ou
primeira vez em Paris, em 1828.
do sôpro.
Plectro.
Pochette.
Pequena lamina de escama, marfim,
Palavra franceza para designar uma
madeira ou metal de que se servem
pequena Rabeca de algibeira (poche,

sumário 338
de que se servem os Mestres de dan- O Poichilorgano tem a fórma de
ça para dar suas lições. um Piano quadrado, e só tem tres pés
de largo, sobre dois de comprimento.
E’ uma oitava alta da Rabeca ordi-
naria. Syn. de Picolo. Polaca.
Peça de musica que na Polonia serve
Pochettino. (It).
para o baile nacional. O compasso é
Um quasi nada ; ralentando pochet-
de 3/4.
tino, demorando o menos possivel;
uma leve differença, Em outras partes da Europa se
compoem tambem polacas, as quaes
Pochetto. teem um caracter inteiramente dis-
Diminutivo de pouco ; muito pouco; tincto das que usam na Polonia.
stringendo pochetto, accelerando
muito pouco. O verdadeiro caracter da polaca,
propriamente dito, é solemne e gra-
Poco-poco. (It). ve, e geralmente se toca com Trom-
Pouco a pouco; poco poco cres, pas, Oboés e outros instrumentos
crescendo pouco a pouco; augmen- semelhantes.
tando gradualmente a intensidade.
Ultimamente a musica solemne
Poema. da verdadeira polaca tem soffrido
Obra escripta em verso para ser pos- consideravel alteração, pelos ador-
ta em musica.. Os Italianos chamam nos e floreios que os Italianos teem
libretto e drama-lyrico. introdusido n’ella.

Poi. (It). Polka.


Depois ; poi segue, depois segue. Dança ornada de musica a dous tem-
pos, oriunda da Bohemia.
Poichilorgano.
Instrumento de teclado, inventado Poloneza.
por Cavailler (pai e filhos), fabricantes O mesmo que Polaca.
de Orsgãos, construidos debaixo do
Poly. (Prefixo grego que significa
mesmos principios, que a Physarmo-
muito).
nica; e cujo som mui forte, sobretudo
Este prefixo é,em musica, de um uso
nos baixos, é susceptivel de esforço e
mui frequente.
de diminuição.

sumário 339
Polychorde. especialmente, a musica escripta em
Que tem muitas cordas. Diz-se de estylo dialogado,ou a contra-ponto.
alguns instrumentos, como o Piano,
Polyphonico.
Psalterio e outros do mesmo genero.
Que pertence a polyphonia; que pro-
Polychordio. ou Policordio. duz muitos Echo polyphonico, echo
Instrumento de arco e cordas, inven- multiplo que repete muitas vezes os
tado em 1799, por Hilmer de Leipsik, sons produsidos pelo centro phonico.
e semelhante ao Contra-baixo, que
Polyplectro.
bem o imitava, embora não tivesse
Instrumento de teclado, inventado por
mais que 42 centimetros de compri-
M. Dietz, em 1828, que tem a proprie-
mento, sobre 28 de largura, com um
dade de sustentar os sons como os
braço de 11 polegadas tambem de
instrumentos de arco.
comprimento e 4 de extensão.
Consiste seu mechanismo em
Distingue-se o Polichordio dos
dous arcos sem fim, compostos de
demais instrumentos d’arco em ter 10
correias, mui delgadas, que giram ao
cordas e a extensão de duas oitavas,
redor de um cylindro collocado na par-
isto é, desde o Do, segundo espaço
te superior do instrumento, e de outras
da clave de Fa, até o Do, terceiro es-
correias que estão sobre o teclado.
paço da clave de sol.
O movimento das teclas faz acer-
E’ elle guarnecido de teclas para
car o arco com a corda, por meio de
as entonações.
uma lamina de cobre, produzindo
Polymorpho. immediatamente um som susceptivel
Que tem muitas fórmas. Thema poly- de variar de caracteres, dependentes
morpho, thema apresentado sob diver- do modo de atacar a nota.
sos aspectos, ou que é susceptivel de
Segundo M. Fetis, os principios,
se modificar de differentes maneiras.
segundo os quaes construio M. Dietz
Polyphonia. este instrumento, estão mais confor-
Reunião de muitos sóns. Na accep- mes com o que elle ensaiou sobre a
ção rigorosa da palavra,este termo observação da resonancia dos instru-
é syn. de harmonia, porem está mo- mentos de arco, do que aquelles que
dernamente admittido, para designar, haviam adoptado seus predecessores.

sumário 340
Polyton. Ponticello.
Baixo de metal. Esta palavra italiana corresponde a
puenticillo, em Castelhano.
Polytonoganismo.
Nome creado por Virués em sua Ge- Quando em um trecho de musica
neuphonia, para representar a multidão ou parte d’elle se encontra a expres-
de tonicas do systema musical, capaz são sul ponticello, quer dizer que o
cada uma de, só por si, engendrar uma arco tem de ficar perto do cavallete,
escala diatonica, ou chromatica, para se executar os passos assig-
nalados com dita expressão, produ-
Toda explicação que a respeito zindo deste modo um som forçado e
da dito autor se reduz, a provar que aflautado.
qualquer som apreciavel pode ser,
primeira nota de uma escala diato- Pontilhos.
nica, dispensando-se o systema da Nome que se dá a duas barras que
resonancia, como insufficiente para atravessam a pauta, perpendicular-
demonstrar sua geração. mente, com dois pontinhos no meio
d’ellas, para denotar que a parte ou
Polyrythmico. partes em que terminam com este
Que se compõe de muitos rythmos; signal, deve repetir-se.
que tem o rythino muito variado.

Pomposo.
Expressão grandiosa. Syn. de
maestoso.
Ponto.
Ponta d’arco. E’ um signal convencional de que se
Quando em um trecho de musica se usa para augmentar a metade do valor
encontra esta expressão, quer signi- da nota que o precede.
ficar, uma certa execução somente
com a ponta do arco sobre as cordas,
que produz uns sons desligados ou
picados.
Deste modo uma semibreve com
Ponticello. (It). um ponto tem o valor de tres minimas;
Cavalete dos instrumentos de arco. uma seminima com um ponto, tem o
valor de tres seminimas, etc.

sumário 341
Quando tem dois pontos, o segun- o que nós propriamente chamamos –
do augmenta metade do primeiro;e suspensão.
tendo tres, o terceiro augmenta me-
Pontuar.
tade do segundo; assim, uma minima
E’ empregar os dedos para tocar
simplesmente pontuada, ficará valen-
nos instrumentos de cordas, como
do tres tempos com ponto duplo, tres
Violino, Viola e etc que teem arco, e
tempos e meio, e com ponto triplo, tres
tambem n’aquelles que não o teem,
tempos e tres quartos.
como a Guitarra, o Violão e outros.
O ponto por cima das notas indica Quando os de arco teem de tocar-se
que estas devem ser destacadas, fa- com os dedos, os Italianos o assig-
zendo-lhes perder metade de seu valor. nalam com a palavra pizzicato, que
Na musica antiga havião seis es- todos nós temos adoptado.
pecies de pontos, a saber: – o ponto
Porta baquetas.
de perfeiçao, o ponto de imperfeição,
Chapa de metal com dous pequenos
o ponto de augmento, o ponto de di-
cylindros presos a um talabarte de
visao, o ponto de translaçao e o ponto
couro a tiracollo, onde os tocadores
de alteração
de Caixa enfiam as baquetas em des-
Ponto. canço, antes e depois de haverem
Chama-se tambem, nos instrumen- tocado.
tos de cordas dedilhadas e de arco,
Portada.
a parte superior do braço, forrada de
O mesmo que pauta.
ebano ou madeira preta, sobre a qual
os dedos comprimem as cordas para Portamento ou Conducção da voz.
variar suas entonações. Chama-se assim a articulação de
dous sons que se faz, unindo o pri-
Ponto d’Orgão.
meiro ao segundo, por uma ligação
E’ um signal que se põe em cima de
da garganta.
uma nota, da figura de um C deita-
do, com um ponto no centro, que se
chama tambem corôna, ou ponto de
repouso. Quando este signal se
encontra em todas as partes, ou em
suas notas correspondentes indica
um suspenção geral do compasso. E’

sumário 342
Esta palavra italiana, indica a fa- distancia em que se fasem as notas
cilidade de condusir a voz sobre o dos accordes, com relação ao baixo.
som que se deve atacar, ou de baixar
Nos accordes de tres notas, pode
passando pelos intermediarios, até
cada uma d’ellas achar-se, mais ou
chegar á entonação que se quer. Este
menos approximada ao baixo. d’onde
methodo produz bom effeito, quando
resultam tres posições, uma compac-
não se abusa d’elle.
ta, que é quando as notas distam pou-
Porta vento. co do baixo; approximada, quando es-
E’ o canal do Orgão que impelle o tão mais distantes; e extensa, quando
vento dos folles para os someiros; medeiam duas, ou mais oitavas.
conductor.
Posição da bocca.
Posato. Diz Fetis que, sendo a posição da
(It). Pausado; movimento bem mar- bocca um dos pontos mais essen-
cado. ciaes a se observar na arte do canto,
a regra prescripta por uma boa es-
Posição. cola, é ter a bocca aberta de modo
Chama-se o lugar da pauta, onde se que os dentes da mandibula superior
collocam as notas. para fixar o gráu fiquem perpendiculares aos da man-
de elevação do som. Estas, com rela- dibula inferior, e que, sem o menor
ção á pauta, não teem mais que duas desalinho e com uma especie de
posições differentes; nas linhas e nos brando sorriso, a bocca se conserve,
espaços que ha entre ellas. No ma- segundo a posição indicada, n’uma
nejo dos instrumentos de cordas se attitude de graça natural.
dá tambem o nome de posição, ao
lugar do braço, onde se deve collo- Posição do corpo.
car a mão, segundo o tom em que Diz ainda Fetis que, quem toca deve
se quer tocar. A primeira posição é a em geral procurar uma posição de-
mais proxima da pestana; as outras, cente, e evitar um movimento ef-
á medida que vão subindo aos sons fectado e duvidoso. só proprio de
agudos, se chamam 2ª, 3ª e 4ª po- pessoas de pouca educação e des-
sições, etc., e se marcam com alga- tituidas de gosto.
rismos, seguidos da palavra posiçao. O Pianista deve estar sentado em
Tambem se dá o nome de posiçao á frente ao meio do teclado, um pou-
co mais perto dos tiples dos baixos;

sumário 343
deve conservar direito e n’uma distan- Positura.
cia sufficiente para poder crusar as Posição dos accidentes; lugar em que
mãos, sem faltar á devida compos- devem ser collocados, junto á clave.
tura; o antebraço deve estar firme e
Posthron.
immovel, quanto seja possivel; a mão
Pequena Trompa ou Corneta, usada
arredondada e horisontalmente collo-
pelos correios na Allemanha,
cada com os dedos sempre prompt-
cs e dispostos a ferir as teclas. Postura.
Outr’ora era o Rabequista obriga- E’ a situação do corpo do artista, na
do a estudar com as mãos elevadas execução.
e a cabeça levantada : hoje, porem, Cada instrumento tem a sua pos-
dá-se o contrario, tem-se as mãos tura, e conforme ella, offerece mais ou
baixas e a cabeça um pouco inclina- menos commodo, tal é a melhor ou
da, o que dá mais força e facilidade peior situação do corpo do executor.
á execução. O arco cae muito mais a Nos Tratados ou Methodos particula-
prumo, desde que se conserva, quasi res de cada instrumento, se ensina a
direito, sobre a corda e o pollegar se boa posição que deve tomar o toca-
firma sobre a Rabeca; convem que o dor, e elle deve estudar e aprendel-
alto do braço esteja, por assim dizer, -a, não só porque mais commoda se
unido ao corpo, a mão bem revirada, torna a posição do instrumento, como
a barba apoiada sobre a parte esquer- ainda mais facil a sua execução. Uma
da da Rabeca, perto do estandarte, e attitude elegante, uma postura airosa
o pé esquerdo atraz do direito, a dez e nobre, incontestavelmente tendem
pollegadas de distancia em frente ao a dispertar o espectador em favor do
calcanhar d’este. N’estas condicções instrumentista, como a experiencia
fica firme o instrumento, e a mão es- tem demonstrado.
querda pode percorrer livremente
toda a extensão do ponto, em quanto Pot-pourri.
o braço direito maneja o arco. Chamam os Francezes a umas peças
de musica instrumental, que se com-
Positivo. põe de muitos trechos já conhecidos,
Parte do Orgão que contem os regis- enlaçados com outros imaginados
tros aflautados e que é governada pelo compositor.
pelo primeiro teclado, sinual.

sumário 344
Os Italianos denominam o Pot- A principio, este instrumento ser-
-pourri – flores da Opera. Syn. de Mis- via apenas para acompanhar o som
sellanea Musical. rouco do Bombo nas musicas milita-
res; porem, já se o tem introdusido
Prata. (Voz de) nos theatros, e faz parte da orchestra
Limpa, sonóra, argentina etc. em algumas operas para augmentar
Expressão de que se servem os o effeito de certas passagens que,
poetas, para enaltecerem uma bella umas vezes produsem um brilhante
voz musical. resultado e outras nos rouba a at-
tenção, que sem estes instrumentos
Pratica. ruidosos de percussão, nos faria a
Nome que dão a um pequeno instru- harmonia mais agradavel.
mento de metal, que os tocadores de
Titeres mettem na bocca, como a um Tudo depende de opportunidades.
Berimbau, para mudarem de voz. Praxe.
Servem-se sobre tudo, para fazer Termo usado nos Tractados antigos.
fallar ou cantar um boneco.
Precadencia.
Pratica. Alguns Harmonistas Hespanhoes,
Execução dos preceitos theoricos, chamam precadencia ao accorde da
parte da musica, que consiste na dominante, porque precede á tonica
execução vocal, ou instrumental, se- na cadencia perfeita.
gundo os preceitos d’arte.
Preccentor.
Pratico. Primeiro cantor no Canto-chão, a
Syn. de executor. Experimentado, quem incumbe levantar o canto e diri-
déstro, exercitado, etc. gir os outros cantores.

Pratos. Precipitadamente.
Instrumentos de percussão com- Movimento precipitado; execução ar-
posto de dous pratos, de metal com rebatada.
uma pequena cavidade no centro, os
Precipitado.
quaes batendo-se, um contra o outro,
Execução precipitada; syn. de preci-
produsem um som metallico mui agu-
pitoso.
do, ruidoso; e vibratorio.

sumário 345
Precipitazione. (It). tacto, pois neste instrumento se tem
Precipitação; con precipitazione mo- de attender, de prompto, a todos os
vimento e expressão assomada. tons mais salientes que se pode tirar
d’elle, tanto nos bellos motivos, como
Precipitoso. em modulações, fugas de imitações e
Syn. de precipitado. transições harmonicas.
Prefacio. Nos preludios é onde os grandes
Parte da Missa que precede á Con- musicos dão a conhecer sua intelli-
sagração; é cantada pele celebrante gencia em harmonia, e onde, livres
e concluida pelo côro, que entoa o dos entraves que lhes imprimem as
Sanctus. regras, fazem brilhar, com sabias mo-
dulações, sua habilidade, arrebatan-
Preghiera.
do os ouvintes.
Trecho de musica, cuja poesia é uma
invocação aos Deoses, quando se Não basta ser bom compositor,
tracta de opera mythologica – Grega, manejar bem o teclado, e estar bem
ou Romana etc, ou ao Deos verdadei- exercitado no instrumento; necessi-
ro n’aquellas, cujo assumpto é tirado ta-se, alem disto, de jogo, de enthu-
da historia dos povos christãos. Deve siasmo, espirito de invenção, e saber
esta composição ter caracter religio- encontrar, de momento, os motivos
so, andamento vagoroso e harmoni- mais sabios e graciosos, as harmo-
co, e uma melodia que inspire respei- nias mais E favoraveis e mais agrada-
to e devoção. veis ao ouvido.

Preludiar. Preludio.
E’ cantar ou tocar em um instrumento Trecho de musica que serve de intro-
algum motivo ou phantasia bastante ducção a um canto ou á uma sonata.
curta, porem passando pelas cordas O preludio é geralmente um capricho
essenciaes do tom da peça, que vae ou phantasia de quem toca, e no qual
tocar ou cantar, quer seja para pre- se annuncia o tom.
dispor a voz, ou para provar o instru- Os preludios devem ser curtos.
mento em differentes sentidos antes
de principiar. Preparação.
E’ dispor un accorde consonante, de
A arte de preludiar no Piano e no
maneira a passar a outro dissonante,
Orgão, exige mais conhecimentos e

sumário 346
sem offender o ouvido com a aspe- Presto.
reza que resultaria se não houvesse Esta palavra indica o mais vivo e ani-
preparo. mado dos cinco principaes movimen-
tos, em que se divide a duração do
Preparar. compasso. Para apressar-lhe ainda
E’ previnir a dureza que necessaria- mais, se valem os Compositores do
mente produziria um accorde dis- superlativo prestissimo.
sonante, que fosse ferido sem esta
precaução. Prevenção.
O mesmo que preparaçao. Vid.
Toda dissonancia carece de ser
preparada, e essa preparação, é Prima.
sempre feita segundo a natureza da Nome que se dá á primeira corda
harmonia, ou dos accordes que se mais delgada dos instrumentos de
vão ligar. Vid. Ligadura. cordas, que d’entre elles, dá o som
mais agudo.
Pressante.
Urgente; afincado; execução vehe- Prima consonancia.
mente; exprimir com instancia, com Denominação que os antigos davam
urgencia. á oitava perfeita.

Prestante. Prima dona.


Registro de Orgão; o mesmo que oi- Nome que se dá á primeira e principal
tava real. cantarina ou cantatriz do theatro.

Prestamente. (It). Prima intenzione. (It).


Com presteza; vivamente. Se diz de qualquer trecho de musica
concebido, de repente, por um com-
Prestezza. (It).
positor inspirado e de imaginação ar-
Vivacidade; con prestezza, com viva-
dente, contendo todas as suas partes
cidade, bastante vivo; movimento ac-
e ideias de tal modo enlaçadas, que
celerado; execução animada.
não exprimem mais que uma só ; por
Prestissimo. quanto isto depende principalmente
Muito presto. E’ o mais rapido dos do genio e do talento.
andamentos; n’elle se emprega todo Estes trechos são os unicos
calor e agilidade possiveis. que podem causar aquelles extasis,

sumário 347
aquelles arrebatamentos e aquelles Processionario.
impetuosos vôos d’alma, que trans- Livro de Cantochão que contem as
portam os ouvintes, até as regiões Ladainhas e outras peças para se
estranhas! cantarem nas Procissões.

Primeira vista. (A) Producente.


Talento que consiste em executar, de Chamam os Italia nos septima produ-
repente, uma parte que ainda se não cente ao accorde, que nós outros da-
viu nem ouviu. Esta expressão corres- mos o nome de septima dominante.
ponde em francez – a livre ouvert.
Professor.
Primicerio. Pessoa que se tem dedicado á musi-
Director de canto ecclesiastico da Ca- ca, desde seus tenros annos, e que
pella Musical. Vid. Chantre. està versado na theoria e pratica da
parte que se propoz a saber de prefe-
Principal. rencia, ja como cantor, ja como instru-
Com este nome se designa a parte mentista, e ja como compositor.
mais essencial de uma peça de mu-
sica instrumental, para distinguil-a Tambem se dá este titulo ao que
de outras, que somente servem de ensina algum ramo da arte musical,
acompanhamento, como Violino prin- nos Collegios, Conservatorios etc.
cipal, Clarineta principal, etc. A escolha d’um Professor elemen-
tar e esperimentado, é a nosso ver,
Principalmente. da maior importancia; por que a di-
Vem a ser o mesmo que o precedente. recção dada aos primeiros estudos,
não somente exerce uma influencia
Principio harmonico.
immediata nos progressos dos prin-
Ao ferir-se uma corda sonóra e grave,
cipiantes, como tambem ainda tem
alem do som que lhe é proprio, pro-
uma acção mui pronunciada sobre
duz ella ainda outros sons; os mais
seu futuro musical.
sensiveis, dos quaes são: a oitava da
quinta e a dobrada citava da terceira. Progressão.
Destes tres sons dimana o primei- Quando se repete algumas vezes sy-
ro accorde, ou accorde perfeito que metricamente em differentes graús,
se chama tambem principio harmoni- quer subindo, quer baixando, uma
co, por ser d’elle que derivam todas phrase composta de alguns accor-
as consonancias.

sumário 348
des, então se faz uma progressão depois do signo do modo, com um
harmonica. circulo e um ponto no meio , ou
semicirculo com, ou sem ponto .
Esta primeira phrase chama-se
modello, desenho primeiro; as outras Prologo.
phrases que imitam á esta primei- Pequena peça que precede á grande;
ra, chamam-se segundo, desenho que annuncia e lhe serve de introduc-
terceiro, etc; conseguintemente, a ção. Syn de Introduzione.
progressão ou marcha harmonica é
a reunião de muitos modellos. Estes Prolongação.
devem proceder com regularidade Chama-se a nota que, tendo sido ou-
e com enlace. E’ regular o modello vida em um accorde. se prolonga por
quando os accordes de que se for- uma ligação sobre o seguinte.
ma, se unem segundo os principios
do enlace geral delles. Pode se for-
mar de um só compasso, ou de uma
ou mais notas.
Pronunciação.
Prohibido.
E’ a arte de articular as palavras no
Epitheto que se emprega nas pala-
canto, dando á cada syllaba e á cada
vras – oitava e quinta. Em melodia
lettra, quer vogal, quer consoante, o
tem-se,como nullo o intervallo, o salto
som que deve ter, segundo os bons
e a progressão que é difficil, se não,
principios da prosódia da lingua em
quasi impossivel, de entrarem nella.
que se canta. A pronunciação é o an-
Cae nestes defeitos quem não estu-
nel que liga a parte material á parte
dou a arte do canto, nem as regras
moral do canto, por que d’ella deri-
do contraponto.
vam a accentuação e a expressão.
Prolação. O estudo da pronunciação consiste:
Na antiga musica era um certo modo – 1° no solettrar energico e com ple-
de determinar o valor das notas semi- to da consoante com que termina a
breves com relação ás breves, ou das palavra; 2° na articulação conveniente
minimas com relação ás seminimas. sem emphase nem mesquinhez das
consoantes, que ligam as vozes entre
Esta prolaçao se assignalava
si ; 3° na pureza phonica dos dipton-
depois da clave, e algumas vezes
gos; 4° na emissão sonóra das vo-

sumário 349
gaes que formam as syllabas, sobre Era mui frequente nos primeiros
as quaes descança a voz, e no carac- tempos da Igreja o uso das prosas.
ter que tem de dar-se ás syllabas fi-
Proschorda.
naes, que é o que melhor se percebe.
Syn. de unisono, unisonancia, homo-
Um som maestro de canto é o uni- phonia, etc.
co que pode guiar com segurança a
pronunciação de todas os vocabulos Proslambanomenos.
da lingua em que se canta. Termom de musica, antigo). Era o som
mais grave do systema musical dos
Pronunziare. (It). Gregos; e queria dizer supernumera-
Pronunciar; exprimir bem as notas; ria ou juntada, porque ligava uma nota
executar nitida e expeditamente. que completava as dos tetrachordos.

Proposição. Prosodia.
Primeira phrase de uma fuga, conten- Por esta palavra se entende o modo
do o sujeito e todos os contra-sujeitos. regular de pronunciar no canto, cada
uma das syllabas de uma palavra;
Proposta.
isto é, seguindo o que exige esta syl-
O mesmo que sugeito.
laba em separado, e considerando se
Propriedade. as suas tres propriedades que são: o
Termo antiquado do systema hexa- accento, a respiração e a quantidade.
chordo da musica dos Gregos, que Sendo o canto uma declamação
estabeleceram as tres propriedades mais livre e accentuada com mais for-
seguintes: propriedade de natura, ça que a ordinaria, não pode o cantor
propriedade de bequadro, e proprie- seguir restrictamente as regras da
dade de bemóes. prosodia, e dar á cada palavra um
Protophonia. grupo de notas que se accommode
Abertura; preludio ou symphonia de justamente á quantidade das sylla-
introducção. bas que a compõem. Importando isto
uma restricção mui prejudicial ao de-
Prosa. senho melodico, devese ter o cuidado
Peça de Canto-chão, adoptada em de collocar as syllabas fortes, abertas
certas circumstancias. e significativas, sobre as notas boas
e nos tempos fortes, fazendo cahir

sumário 350
as syllabas fracas, sobre os tempos Psalterio.
tambem ‘fracos. Dever-se ha ainda Instrumento antiquissimo, de madeira
ter o cuidado de ajustar a quantidade e cordas de metal, que se tocava com
das palavras, com a das notas, assim as unhas do index e do pollegar.
como o sentido do discurso orato-
Os Hebreus serviam-se d’este
rio com o musical, de sorte que um
instrumento para acompanhar os
não fique suspenso, quando o outro
seus cantos religiosos. Modernamen-
termine. A prosodia grammatica é a
te é um instrumento de fórma triangu-
cadencia das palavras; prosodia da
lar, de treze ordens de cordas, umas
musica, a cadenci. das notas.
de aço e outras de latão, que se toca
Prosodia. com uma baqueta.
Era o nome de um hymno que se can-
Pulsar.
tava em honra do Deus Marte, inven-
Tocar; ferir as cordas do instrumento,
tado por Olimpo.
ou tirar sons de qualquer outro.
Prothesis.
Puntatura.
Na musica antiga era a pausa de um
Pequena phrase melodica; variante
tempo longo, em opposição á lemma,
que os cantores introduzem nas arias
que era a pausa de um tempo breve.
que cantam.
Psalmodia.
Pupitre. (Franc).
Canto de psalmos sobre uma só en-
Estante.
tonação de voz, de sons pausados e
com accento oratorio. Puro.
Se diz na musica, do canto, da exe-
Psalmista.
cução instrumental; uma voz pura e
Cantor de psalmos ou canticos sa-
suave; uma execução pura, etc.
grados.
Pycna.
Psalmo.
Sucessão de meios tons e quartos
Canto ecclesiastico, hymno tirado da
de tons, nos generos chromaticos e
Biblia.
enharmonicos dos Gregos.
Psalmodiar.
Pyrophone.
Entoar psalmos. Syn. de Psalmear.
Instrumento original inventado por Fr.
Kastner, em 1875 – (Allemanha.) Este

sumário 351
instrumento consiste n’uma serie de A extensão sonóra d’elle com-
chammas de gaz que, ardendo nos prehende a escala chromatica de tres
tubos de dimensões diversas, produ- oitavas.
zem sons determinados. As cham-
Pyticos. (Jogos)
mas acezas e regradas por meio
As justas musicaes – Citharodica, Ci-
d’uma corrente electrica, são regidas
tharistica e Aulética, tiveram um papel
por um teclado.
importante nos Jogos pyticos, que os
antigos Gregos celebravam a Del-
phos, em honra de Apollo.

sumário 352
Q

sumário 353
Qanon. Instrumento antigo, ou systema de
Especie de Psalterio Arabe. Tem 75 quatro sons, e, neste ultimo sentido,
cordas de tripa afinadas em unisono é Syn de Tetrachordo. Vid.
de tres a tres, formando uma escala
Quadrilha.
diatonica de 25 notas.
Certo numero de contradanças, ac-
Os tocadores do Qanon teem no commodadas aos passos e figuras
dedo indicador de cada mão uma es- da dança, e que se usa nos salões.
pecie de annel ou dedal sem fundo, e Diriva o seu nome do numero dos
entre o annel e o dedo entalam uma dançadores, que ordinariamente é
palheta de tartaruga com que ferem composto de quatro pares, sob musi-
as cordas. Os nossos antigos es- ca de um caracter mui Alegre, de um
criptores escreviam Canon, em hes- andamento vivo, em compasso de
panhol, Caño; presentemente é que 2/4 e 6/8. Vid. Baile.
apparece escripto – Qanon, Quanon,
Kanon. Quadro.
reunião de objectos, formando um todo.
Quadernario.
Uma peça de musica pode apre-
Termo antigo e improprio. Vid Quater-
sentar muitos quadros, bem ou mal
nario.
desenhados.
Quadratura de phrases.
Quadruplo.
Disposição symetrica do numero de
A proporção quadrupla é aquella em
compassos, que constituem duas
que o numero maior contem o menor,
phrases de melodia, formando um
quatro vezes; pertence ao genero
periodo. Como as phrases são de
multiplex.
quatro compassos, d’ahi é que vem a
expressão de quadratura de phrases; Qualidade do som.
entretanto, ha tambem phrases de Não se pode determinar a qualidade
tres e seis compassos, mas sempre do som, porque as diversas materias
quadradas, porque em si mesmas que empregam na construcção dos
conteem a symetria do numero. Vid. instrumentos, a maneira de os tocar,
Phrase Periodo e Rhythmo. ou mesmo outras invenções, podem
produzil-o totalmente differente d›a-
Quadrichordo.
quelle que teem os instrumentos ac-
Que tem quatro cordas.
tualmente usados.

sumário 354
Quantidade. Quartetto de Orchestra.
Termo acustico: Entende-se, por Especialisa os instrumentos de cor-
quantidade, a medida dos sons pelos das, nos quaes existe sempre a base
quaes se ajustam. Duração relativa, da instrumentação.
que as notas ou syllabas devem ter. A
Quartino. (It).
quantidade produz o rhythmo.
Requinta.
Quarta.
Quarto de tom.
Intervallo de quatro sons, subindo ou
A quarta parte do intervallo de um
descendo. Syn. de Diathesarao.
tom, entre os povos Orientaes acostu-
A quarta justa inclue dois tons e mados a fazer uso de uns pequenos
um semitom maior; a diminuta dois intervallos na musica, que tem uma
tons e a augmentada – tres tons. escala chromatica por quartos de tom.

Quasi. (It).
Quasi alegro; andamento quasi alle-
gro.

Quaternario.
Composto de quatro. Compasso de
Quarta e Sexta.
quatro partes ou tempos, que são
Accorde de quarta e sexta, accorde
indicados pelos caracteres – C – ou
perfeito na segunda divisão.
12/18; o primeiro comprehende qua-
Quarta de nazardo. tro seminimas ou notas equivalentes,
Jogo d’Orgão, composto de uma e o segundo doze colcheias, trez em
mistura de chumbo e estanho, que cada tempo ou parte; notas equiva-
sôa quarta acima do nazardo, ou oi- lentes. Vid. Compasso.
tava alta do prestante.
Quatrozena.
Quartetto. Decima quarta; intervallo que com-
Trecho escripto para quatro vozes, prehende quatorze sons; é a replica
ou quatro instrumentos obrigados; é da septima.
caracterisado pelas melodias alterna-
tivas de suas partes.

sumário 355
Quatro mãos. (A) mar a palavra parte, no sentido de com
Trecho à quatro maos. Peça compos- posição, e sim por parte harmonica.
ta para ser executada por duas pes-
Quialteras.
soas sobre o mesmo Piano.
Por abreviatura, tresquialteras, quin-
Quatuor. (Lat). quialteras, sesquialteras, septiquilate-
Trecho de musica vocal ou instru- ras etc. Proporções menos regulares
mental, escripto para quatro vozes, do compasso; são todas as notas
ou quatro instrumentos. Os quatuors que apparecem fóra da proporção bi-
para instrumentos de cordas, ordina- naria, e que ordinariamente, vem mar-
riamente escriptos para dois Violinos, cados com o algarismo, que altera o
um Alto e um Violoncello, compreen- seu valor ou numero regular.
dem quatro partes.
Quieto.
Allegro ou moderato, andante, Socegado; execução calma doce,
Scherzo ou minuet e um final. suave.
Quem primeiramente organisou
Quilombo.
o quatuor foi Haydn, e depois d’elle
E’ o nome que dão à uma certa dan-
Mozart, Beethoven e outros.
ça grotesca exhibida pela plebe des-
Quebro. preocupada e ao som de uma musica
Inflexão; trinado. Os quebros da voz. boçal, sui generis; especie de batu-
Syn. de modulaçao. que, meio do qual representam ves-
tidos, a caracter, uns simulacros de
Quena. combates havidos entre negros fo-
Especie de Flauta que tocam os In- ragidos e refugiados nos vastos ser-
dios do Pará e Bolivia. tões de nosso Paiz e indigenas que,
em os aprehendendo, vendem-nos
Querpfeife. (All).
aos espectadores, sendo o producto
Antigo instrumento semelhante, mas
empregado nas despezas da folgan-
não identico, ao Octavino ou Flautim.
ça. Esse espectaculoso divertimento
Questo. (It). que,allude ao celebre Quilombo de
Este, Esta, Isto; sempre staccato in palmares, (1696 a 1699) na encosta
questa parte, sempre staccato nesta oriental das cercanias – Barriga e Jus-
parte. Entende-se que não se deve to- sára ao sul da então Villa da Impera-
tris, hoje Cidade da União do Estado

sumário 356
de Alagoas, é ha muitos annos repre- é a 4ª augmentada, que se compõe
sentado, mesmo na Capital, á tarde e de tres tons e dois semitons. Na anti-
ao ar livre. Convem notar que os taes ga linguagem musical, á 5ª diiminuta
grupos, occupam barracas, que as deu-se o nome de 5ª falsa e á 5ª aug-
armam nas praças, nos dias festivos, mentada, o de superflua.
e nas quaes elles descançam para
dar novos assaltos, até se decidir
da sorte do grupo vencedor. Importa
isto n’um remate de festas e algumas
pessoas se entretem com estas fol-
ganças, não obstante parecerem a
outras de máo gosto. Quinta e Sexta.
Presentemente a folgança não é, A segunda inversão dos accordes de
como nos tempos primitivos, pois ja septima.
se acha bastantemente modificada.
Quintalão.
Quimbete. Registro de Orgão, cujos tubos são
Especie de batuque de negros ao construidos de madeira, fazendo sa-
som do Tambor. E’ semelhatte ao Ca- lientar a quinta do som fundamental.
xambú de Minas Geraes.
Quinta falsa.
Quindecima. Os antigos deram este nome a um
Nome que se dá á dupla oitava. intervallo dissonante que os Gregos
chamavam – hemidiapente.
Quinta.
Intervallo de quatro gráus diatonicos, Quintteto.
composto de cinco sons; a melhor e Composição de musica para cinco
a mais bella das consonancias. Ha na vozes ou cinco instrumentos.
musica tres especies de quintas: 1ª a
Quintivolav
quinta justa que se compõe de tres
Nome que os Factores de Orgão
tons e um semiton, que é a segun-
Allemães adoptam para um jogo de
da consonancia perfeita na ordem
quinta que, ferido, é semelhante, ao
da geração harmonica; 2ª a quinta
da Viola.
diminuta ou menor que se compõe
de dois tons e dois sem itons: a 3ª

sumário 357
Quintolet. A’ alguns Quissanges são addi-
Figura de cinco notas de igual valor, cionados uma cabaça para augmen-
equivalendo a quatro ou seis da mes- tar-lhes a sonoridade.
ma especie.
Quintuplo.
Geralmente se indica o quintolet, Que comprehende cinco. Proporção
por meio de um 5 collocado acima ou quintupla é aquella em que o nume-
mesmo abaixo do grupo. ro maior inclue o menor cinco vezes
exactamente; pertence ao genero
Quinton.
multiplex. Vid. Proporções.
Antiga Viola pequena ou soprano de
Viola, predecessora do Violino. Quinzena.
Dobrada oitava. Chama-se assim por
Quissange.
conter 15 sons, considerada,diatoni-
Instrumento usada pelos negros da
camente. Syn. de Octava composta,
Africa occidental. Consiste n’uma
ou dupla octava.
pequena peça oblonga de madeira
muito leve, trabalhada de modo que Quolibet.
offerece uma cavidade gradualmen- Esta palavra adoptada pelos Alle-
te mais funda; no centro está fixada mães, significava, antigamente, uma
uma serie de laminas de ferro, um peça de musica, de caracter comico
pouco recurvadas, de varias dimen- e trivial. Duas vozes, cantando uma,
sões, produsindo,por conseguinte, com lettra totalmente differente da que
differentes sons. O tocador faz vibrar a outra canta, produsem uma reunião
essas laminas com os dedos pollega- de palavras ridiculas e desparatadas,
res, em quanto os outros seguram o ao que davam o nome de quolibet.
instrumento. Os sons produsidos são
Hoje damos este nome á uma
harmoniosos e suaves.
Miscellanea Musical.

sumário 358
R

sumário 359
Rabeca. (Termo vulgar) desenvolvia uma columna, nove vezes
Vid. Violino. mais extensa do que o comprimento
apparente do instrumento. Produsia o
Rabecada. (Termo popular). som por meio de uma palheta dupla,
Arcada sobre as cordas da Rabeca. como a do fagotte. Em francez era de-
Rabecão. (Termo vulgar) nominado – Cervellas.
Vid. Violoncello ou Contrabaixo. Raddolcendo. (It).
Rabel. Adoçando os sons.
Antigo instrumento, pequeno e de Raffrenando.
cordas, semelhante ao Laúd, que só Este vocabulo italiano, escripto de
tinha tres cordas, afinadas por 5ª, baixo de algumas notas quer dizer,
como o Violino. que se ha de ir moderando o movi-
Tocava-se com um arco como mento do compasso.
este, e tinha um som mui alto e agudo.
Ragabellum.
O Violino hoje não é mais que um Na idade medieva e até o seculo 17,
Rabel aperfeiçoado. usou-se de uma especie de peque-
Haviam, de quatro especies. Al- nos Orgãos portateis, que receberam
tos, Quintas, Tenores, e Baixos. em latim barbaro, o nome de Raga-
bellum ou Regabellum.
Deixou-se de usar desde o fim do
seculo XVII. Deste nome formou-se em fran-
cez, o de Régale; em italiano, Riga-
Rabequinha. bella; em hespanhol, Rialexo e em
Diminutivo de Rabeca. Pequena Ra- portuguez, Realejo.
beca.
Raiado.
Rackett. O mesmo que pautado; e assim disse-
Especie de Fagotte usado principal- mos, – papel raiado para musica etc.
mente na Allemanha durante o seculo
16; consistia n’um cylindro muito largo Raias.
e curto, dividido interiormente em nove O mesmo que linhas da pauta ou
pequenos canaes, ligados entre si, de pentagramma ; e assim chamamos –
modo que o ar, percorrendo em todos,

sumário 360
Clave de Dó, na quarta raia, clave de Tem dois metros de comprimen-
Fá, na terceira raia, etc. to, e o tocador para conserval-o em
posição horisontal sustenta-o com
Raiz harmonica. uma vara, ou penduro-o n’um cordão
Dão este nome á septima diminuta, que desce do tecto; empregam-na
ou ao accorde de terceiras menores; somente em cerimonias funebres, e
porque, por meio d’elle, se pode mo- produz uns sons graves e lugubres.
dular e passar com promptidão a to-
dos os tons e modos. Rapidamente.
Com viveza; movimento; expressão
Ralhar. (Termo popular). animada.
Designa o tocar na Viola de arame, de
um modo ruidoso, singular e habil. Rapiditá. (It).
Rapidez; con rapiditá, com rapidez;
Rall. execução nova.
Abreviatura do vocabulo italiano Ral-
lentando. Vid. Rapido.
Com rapidez.
Rallentando. (It).
Relaxando o movimento; retardando Denota uma execução veloz nas
o movimento do compasso na parte notas, em que se encontra esta pa-
em que está escripto. lavra.

Rancisono. Rapsodia.
Termo poetico que dão ao som rouco. Entre os Gregos, cantar.

Rans das vaccas. Rapsodistas.


Nome de uma das, arias populares Assim se chamavam na Grecia antiga,
das montanhas da Suissa. os musicos que Recantavam fragmen-
tos das poesias de Homero, e outros.
E’ celebre em naturalidade e no
caracter campestre de sua melodia. Rasgado.
Preludio dos Boleros e das Seguidilhas
Ransinga. que os hespanhoes executam no Vio-
Trombeta indiana excessivamente lao, fazendo soar rapida e successiva-
comprida, cujo tubo é direito e forma- mente todas as notas com o pollegar,
do de quatro peças embutidas, umas
pas outras.

sumário 361
Rasgados. O Ravanastron, desde muito tem-
Singular tocata na Viola de arame; es- po foi abandonado.
pecie do fado, entre os Portuguezes.
Ré.
Rasguear. Syllaba que serve para solfejar e de-
Se diz do instrumento modo de cor- signar a segunda nota, ou signo do
das que se toca dedos, fazendo ouvir, systema moderno, que corresponde
de com os todos os sons do accorde. á lettra D.

Este methodo de tocal-os é usado Vid. Signos e vozes.


mais particularmente, para acompa-
Realejo.
nhar melodías hespanholas
Nome que se dá a um Orgão manual
Ratten. e pequeno, que se faz soar, por meio
Abreviatura do vocabulo italiano, rat- de uma manivella.
tenendo.
Tem cylindro de madeira, cujos
Rattenendo. (It). cravinhos levantam a tapadura dos
Retendo; demorando o compasso ou canudos, para sahir o som, que o fol-
o movimento. le emitte.

Ravanastron. Rebab.
Instrumento de arcousado na India. Instrumento antiquado, de arco, usa-
do pelos povos do Oriente e muito
Consiste simplesmente n’um semelhante ao Kenamgeh tem igual-
cylindro ôco de madeira de synco- mente só duas cordas, braço compri-
móro, tendo por tampo harmonico do e grande espigão, differençando-
um pedaço de pelle de serpente, e -se principalmente pelo corpo que é
por braço um pau comprido, em cuja formado de um caixilho trapesoidal,
extremidade, um pouco mais grossa algumas vezes tambem quadrado,
e inclinada para traz, estão entalha- com uma folha de pergaminho col-
das duas caravelhas, que esticam lada na frente, para servir de tampo
as duas cordas unicas d’este tosco harmonico, e outra por detraz,servin-
instrumento. O arco é um bambú del- do de fundo.
gado e curvo, ao qual está presa uma
mecha de crinas de cavallo. Este instrumento assim tosco, é
aquelle de que usam geralmente os
Arabes da Asia e do Egypto: os da Al-

sumário 362
geria teem outro Rebab com uma for- Recimbala.
ma mais singular e mais artisticamen- Registro de Orgão, cujos tubos são
te construido. Ao Rebab dos Arabes, afinados, oitava a cima da Cimbala.
introduzido na Europa e usado com
Recita.
especialidade pelos Jograes mouris-
Representação theatral de peça co-
cos e musicos ambulantes, deram os
mica ou lyrica.
nossos antepassados os nomes de
Rabel, Rabil, Rabeca, Rebel, Rebe- Recitação. (Pouco usado).
quin, Rebequinha, Arrabel e Arrabil. O acto de recitar papel de drama mu-
sical, ou lyrico.
Rebate.
Toque de Tambor ou Corneta para Recitado.
avisar o ataque do inimigo, entre os Syn. de Cantado.
corpos militares; e tambem para dar
signaes de incendio, assalto, perigo Diz-se de algum solo ou parte
eminente, etc. principal, Muitas vezes toma-se como
syn. de recitativo. E’ tambem uma de-
Rebec. clamação musical, ou um meio entre o
Instrumento de forma quasi seme- canto e a declamação ordinaria. Como
lhante á do Violino, de que se fazia canto, procede de tons determina dos,
uso em França, na idade media, e proprios da escala musical, sem alte-
que só no fim do seculo XVII foi aban- rar o rythmo; como declamação. se-
donado pelos menestreis. gue exactamente as regras da proso-
dia, do accento e das inflexões da voz.
Era de tréz cordas e haviam Ti-
ples, Tenores e Bassos de Rabeca. Recitador ou Recitante.
Os Italianos chamam Ribeca ou. Ri- Pessoa que recita a parte; que canta
beba, d’onde nos veio a denomina- o recitativo.
ção de Rabeca.
Recitar.
Rebeca, Rebecão, Rebequista: Declamar musicalmente; cantar obri-
Vid. Rabeca, Rabeca, Rabequista. gado.
Rebecão. Recitativo.
Vid. Violaucello ou Contra-baixo. Phrase recitada sem compasso, á
maneira de quem falla, com acompa-
nhamento de Basso e Piano.

sumário 363
Chama-se recitativo livre ou sim- Indicação que serve na execus-
ples. E’ muito usado na opera buffa são do canon retrogrado.
italiana. Os recitativos obrigados, são
Redobre.
acompanhados pela orchestra, e, seu
Dobramento de notas no mesmo
merito principal, está na expressão do
som. Especie de trinado, semelhan-
canto e na energia do accento.
te aos redobres dos passaros. Este
São particularmente usados nas vocabulo é mais usado pelos Pro-
tragedias lyricas, e nos dramas ou fessores dos instrumentos de metal,
operetas de mezzo caracter – (meio porque, nestes, se fazem os redobres
caracter). com muita perfeição. A Corneta lisa
ou singela trabalha muito em redo-
Reclamo.
bres, pela escassez da sua escala.
E’ um signal, em fórma de S, cortado
por uma pequena linha, com quatro Redova.
pontinhos, e que serve para fazer Antiga musica de dança originaria da
repetir um pedaço de musica. Bohemia, em compasso 3/4, de esty-
lo gracioso e movimento moderado,
Recordanza. (It.).
como a Mazurka, com a qual tem se-
Recordação; composição em que se
melhança.
reunem motivos differentes, oriundos
da memoria. Appareceu nos theatros em 1848.
Sendo dançada pela primeira vez em
Recorder. (Ing). Lisboa no theatro S. Carlos em 1850.
Antiga Flauta de bico, com oito bura- Não chegou porem a ser acceita nas
cos, dos quaes um d’elles é coberto salas, como a valsa e a polka.
de uma fina membrana.
Reducção.
Recto. Syn. de Arranjo. Musica arranjada
Igual; movimento em que, v. g. duas para Piano ou para um pequeno nu-
partes sobem ou descem igualmente, mero de instrumentos.
quer por gráos disjunctos, quer gra-
datim. Vid. movimento. Redusir.
Syn. de Arranjar.
Recto e Retro.
(Antes e depois). Refrain. (Franc).
Estribilho; ritornello.

sumário 364
Regale. (Franc.) Elle é de certo modo, o paciente,
Realejo, no sentido que antigamente o solista, ou concertante e o agente,
tinha esta palavra. relativamente á intensida de e movi-
mento do compasso.
Regale.
O mais antigo dos jogos de palheta Modernamente está adoptado o
no Orgão, e que ja não são usados uso de se reger a orchestra por um
nos modernos. Mestre que, armado de uma batuta,
emprega toda sua attenção na parti-
Regente. tura, para melhormente desempenhar
O Professor que rege e dirige a or- o seu papel.
chestra.
Regina consonantiarum.
Este cargo pertence ao primeiro (Termo latino).
Violino, escolhido entre os mais ha- A rainha das consonancias; assim
beis e experimentados. A responsa- chamada pelos musicos latinos, e
bilidade que pesa, quasi inteira, sobre que alguns autores modernos, da
elle, não é convenientemente avalia- mesma sorte, a denominam,
da! O regente desempenha a parte
mais difficil da orchestra, cujas faltas Registro.
são por elle suppridas, sustentando o Parte do mechanismo do Orgao e do
movimento dado, tudo de modo ser Harmonium que faz resoar ou calar
somente percebido por aquelles que um jogo ou jógos de determinada
teem por dever, observal-o, e seguir ordem de tubos, segundo se tira, ou
suas indicações. introduz o respectivo puchador. O re-
gistro dá ao Organista o meio de go-
Por meio de seu poderoso ins-
vernar o vento contido nos someiros.
trumento, elle faz sentir o caracter da
peça e suas differentes expressões. Registros da voz.
Nas peças de cantoria, tem rigorosa São as differentes modificações d’el-
obrigação de sujeitar-se, em tudo, la em sua extensão, natural. As vozes
ao canto, segundo os preceitos do de baixo e de contralto só teem um
acompanhador, e nas operas as ob- registro, que se chama de peito. As
servações do maestro, ou compositor de tenor tem dois, a saber a de peito
que está ao teclado; assim tambem e a de cabeça, que chamamos tam-
nos solos, concertos etc. bem falsete. As mulheres carecem

sumário 365
da faculdade de subir por meio do Regra de composição.
falsete. Si bem que o baixo não pos- E’ a collecção de todos os preceitos
sa subir a pontos mais altos da voz que hão formulado os Maestros de
de peito, não é usado ordinariamen- todos os tempos, guiados pela ob-
te, pelo contraste desagradavel, que servação, pela meditação e pela ex-
apresenta na emissão de suas vozes periencia.
agudas e debeis, com os sons firmes,
Estas regras teem variado, á me-
e sonóros das naturaes. Os tenores,
dida que se tem aperfeiçoado a scien-
cuja voz é mais doce e menos varo-
cia harmonica, e apurado o gosto. A
nil, tirão melhor partido do meio ficti-
historia da musica encarregar-se-ha
cio que empregam para passarem da
de tirar a illação dos adiantos que se
voz de peito, á de cabeça, ou falsete;
tem feito na composição musical, até
porem para fazer este passo, sem
chegar ao estado actual. Todas as
que se pareça sensivel e sem que se
artes e sciencias seguiram o mesmo
perceba,teem que faser grandes e
rumo, e isto se deve aos progressos
perseverantes estudos.
da intelligencia humana, que caminha
Os registros ou proporções da sempre para a perfeição.
voz não são iguaes, em quanto ao
Regra da oitava.
numero de notas que abraçam, pois
E’ a formula que determina, pela mar-
variam de um cantor a outro. As notas
cha diatonica do baixo, o accorde que
de cada uma destas divisões são to-
corresponde á cada uma de suas no-
das de peito, e a unica differença que
tas, tanto subindo, como descendo, e
existe entre ellas, consiste na posição
tanto no modo maior, como no menor.
da larynge, que exige uma modifica-
ção mysteriosa para executar a pas- Houve tempo em que se julgou,
sagem de um registro a outro, sem que com esta regra se havia feito um
que a debilidade da ultima nota do descobrimento harmonico da maior
primeiro, contraste com a sonorida- importancia; entretanto depois se fi-
de da primeira nota do segundo. Os zeram tantas melhoras na escola dia-
estudos para falicitar estas transições tonica do baixo, que a regra da oitava
concorrem tambem para obter-se fle- veio por fim a ficar collocada entre as
xibilidade e velocidade necessarias antiqualhas musicaes.
para o gorgeio.

sumário 366
Regraves. Relativos. (Tons)
Nome que se dá ao sons mais baixos, Chamam-se relativos os tons e mo-
que os graves. Syn. de subgraves. dos que teem relação com outros, e,
por serem aquelles em que principia
Regretta. a peça de musica, se lhes dá o nome
Tira linhas, de cinco pennas, propria- de – principaes.
mente chamada pentagramma, que
serve para pautar o papel de musica. Religiosamente.
Que exige um estylo serio e grave.
Regular. (Movimento).
Chama-se movimento regular de har- Religioso
monia, aquelle que dá lugar á boa Estylo de musica sacra. Vid. sacro.
sucessão de intervallos; no caso con-
Relogio musical.
trario, dizemos que é – irregular.
Um curioso francez, litterato e amador
Reisado. de musica, Charles Soullier, lembrou-
Nome de um bailado popular, que se -se de fazer construir um relogio que
executa aos sons de musica original, marcasse as horas, por meio das no-
e que representa, segundo parece, tas de um accorde perfeito, dando á
assumptos bellicos. sua invenção o nome de – Accordina
ou Relogio musical.
O Reisado é sempre usado entre
pessoas do povo, por occasião das Ignoramos, entretanto, se esta
festas do Natal, especialmente nos invenção produziu effeito satisfacto-
Estados do Norte da Republica, onde rio, porquanto, em todos os autores
prima pelo caracteristico de uma que consultámos, nada encontrámos
folgança mui antiga, denominada – alem do que dissemos.
Bumba meu boi, – subordinada sem-
Remedos.
pre á monotonia de uma melodia. que
Syn. de imitação.
não enfastia, pela veriedade dos con-
ceitos dialogados entre um vaqueiro Reminiscencia.
e o côro que, em unissono responde E’ a reprodução de uma ideia, já
alternativamente n’um constante e emittida por seu auctor, ou prove-
imperturbavel – E’ bumba! niente da imaginação de outro, da
qual não se lembra.
Relação.
Comparação dos sons ; sua affinida- Só um genio creador, não terá
de relativa aos accordes e ao modo. necessidade de reproduzir ideias já

sumário 367
escriptas ou ouvidas; sendo certo Repetizione. (It).
que um compositor não se despren- Repetição; senza repetizione, sem re-
de com facilidade do que tem ouvido petição.
ou escripto.
Replica.
Remissos. Syn de repetizione: Al fim senza repli-
Chamam-se remissos, os sons fracos ca, ao fim, ou até o fim sem repetição.
que se approximam, ou do extremo
Repouso.
agudo ou do extremo grave.
uma phrase, depois da qual o E’ a
Repentista. terminação de uma phrase, depois
Chama-se repentista ao que toca ou da qual o canto ou a melodia faz uma
canta sem estudo previo, á primeira especie de descanço.
vista.
Ha duas ordens de repousos, –
Esta qualidade somente se alcan- aquelle em que o ouvido fica satisfeito
ça á força de muita leitura musical, ou sem esperar a continuação do canto,
por outra, preciza-se de una grande e que chama-se cadencia perfeita, e
pratica, para chegar-se á perfeição. aquelle ou o que pode ser, mais ou
menos absoluto e pronunciado, e de
Repercussão. distincta duração, que chama-se, se-
O mesmo que percussão Vid. micadencia ou quarto de cadencia.
Repetição – Repetições. Reprise.
Diversos signaes de palavras de con- Palavra francesa, commumente em-
venção, que designam as executor a pregada para designar, toda parte
repetição ou repetições de um trecho de uma aria, que deve ser executada
de musica, afim de evitar escrever-se duas vezes.
uma mesma cousa, duas ou mais
vezes; os mais modernos são: o re- A primeira reprise de uma ou ver-
clamo, ritornello, simples e dobrado, tura, signo que indica esta repetição.
ésses, Da capo, al signo, bis e etc. E’ figurado por duas linhas perpen-
diculares, traçadas sobre a altura da
Repetir. pauta, e acompanhado de dous pon-
Faser o mesmo; tornar a tocar, a reci- tinhos ao lado.
tar ou a cantar.

sumário 368
Resonante.
Som que resoa ou retumba.

Resolução.
Requebro.
Denominação technica do encadeia-
Inflexão lasciva da voz, que canta
mento de um accorde dissonante
com quebro trinados.
com o consonante que segue imme-
Ornamento; desenho composto diatamente.
de algumas notas rapidas para dar
maior graça ao canto; trinado. Resoluto.
Execução energica, e bem pronun-
Requiem. ciada.
Missa cantada pro defunctis. A Mis-
sa de requiem só tem da festiva tres Resoluzione. (It).
peças : Kirie, Sanctus e Agnus Dei; as Resolução: con resoluzione, com re-
demais são: a Sequencia, Dies ire o solução.
Offertorio – Domine Jesu e a oração
Resonancia.
Lux æterna. Depois canta-se o Libera
E’ a reflexão de um som, produsido
me, durante o qual se realisa a ceri-
por qualquer corpo sonoro.
monia das absolvições.
O echo, por exemplo, é o resul-
Requinta. tado da resonancia de um som as
Instrumento de sôpro, semelhante, em caixas e tampos harmonicos nos
tudo, á Clarineta, de menores dimen- instrumentos de cordas teem por
sões; porem de igual extensão relati- objecto, produsir o phenomeno da
va. Ha quatro classes de Requintas; resonancia, reforçando as vibraçães
em Mib, em Fá, em Ré e em Lá. Este das cordas.
instrumento é muito usado, e indispen-
savel nas musicas militares, por ser de Resonancias.
um timbre mui forte e estridente. Denomina-se tambem assim os sons
secundarios. produsidos por um cor-
Resoado. po, ou por outra, as partes aliquotas
Syn, de Retumbado. que um corpo sonóro faz ouvir e,
quando posto em vibração.
Resoar.
Tornar a soar; faser echo: retumbar; Resonante.
repetir o som, o cantico etc. Que faz echo; que retumba.

sumário 369
Resonar. baixo, em todas as notas, que teem
Tornar a soar; reflectir o som. ligadura sobreposta.

Respiração. No canto o resvalade se faz, pas-


O acto de respirar. sando duas ou tres notas debaixo da
mesma articulação.
A arte de respirar é de mui grande
importancia para os cantores. Convem observar que o uso fre-
quente dos resvalados, tanto nos ins-
Respiração. trumentos, como no canto, é sempre
Pequena pausa, occasionada pela digno de censura. Os Francezes cha-
necessidade de respirar-se, para a mam – coulé.
continuação do canto.
Retardo.
Responder. Esta palavra é empregada para indi-
Cantar por seu turno, o ramo do psal- car que toda dissonancia é um retar-
mo ou dos versos que lhe toca por do da consonancia, como se verifica
sua respectiva distribuição. nas prolongações e nos accordes
syncopados. E na verdade, quando
Responso.
se ennucia uma dissonancia o ouvido
Canto liturgico da Igreja Romana,
fica inquieto, permanecendo assim,
com que se responde a outro canto.
até que ella desappareça, e somente
Resposta. fica satisfeito quando depois d’ella,
Na composição de uma fuga, chama- se entra na consonancia.
-se resposta, a transposição do seu
Retinir.
motivo, a um tom differente.
Produzir som agudo.
Resvalado.
Retintin.
Esta palavra que corresponde ao
Voz onomatopica que imita o som de
strisciato do italiano, designa um esty-
dois corpos sonóros, quando se em-
lo particular de execução, emprega-
batem.
do principalmente nos instrumentos
de arco, e consiste em deslizar sobre Retumbar.
o ponto de uma nota á outra com o Resoar; reflectir o som á semelhança
mesmo dedo, continuando com a do echo. syn. de Ribombo.
mesma arcada para cima, ou para

sumário 370
Retumbo. Rhapsodia.
Som reflexo da voz, ou dos instru- Na Grecia antiga, era a colleção de
mentos syn. de Ribombo. trechos musicaes extrahidos de obras
alheias.
Reverie. (Palavra franceza).
Peça de musica instrumental, na qual Rhythmica. (Musica)
o compositor, se entregando aos ar- Aquella que está ordenada com per-
roubos de sua imaginação phantas- feita symetria nos membros de com-
tica, sem plano nem disposição e põe seus periodos.
libertando-se um pouco das severas
Um acompanhamento rythmico, é
prescripões da arte, deixa-se tão so-
aquelle em que o compositor faz ouvir
mente condusir pela inspiração de
constantemente um grupo uniforme,
momento.
e o arpejo adoptado, emquanto a har-
E’ syn de, Phantasia. monia varia seus accordes.

Ricercata. Rhythmo.
Nome que os compositores italianos Palavra derivada do grego, que signi-
do seculo XVII davam a certos trechos fica metro, medida ou cadencia.
polyphonicos escriptos livremente, em
A theoria do rhythmo, ou a rhyth-
que as imitações se realisavam por to-
mica, tem por objecto o estudo dos
dos os intervallos, sem terem o rigor do
effeitos artisticos resultantes das
canon, nem seguirem o plano da fuga.
relações ou duração dos sons, ou
A esta maneira de escrever cha- por outra, o rhythmo é a successão
mavam – ricercare de fantasia ou sim- regular dos sons fortes e dos fracos;
plesmente – ricercare. é a exacta divisão dos tempos bem
cadenciados; é uma especie de com-
Ritornello. passo musical, que mede as phrases
A parte da aria, ou da musica que se melodicas, assim como o compasso
repete. ordinario mede as notas. O compas-
Retreta. so divide, em partes iguaes, uma con-
Tocar a retreta; tocar a recolher. Toque tinuação de tempos simples, como
que se dá para este fim. são – as seminimas, no compasso
de quatro tempos. O rhythmo divide
Rfz, ou Rinf. ainda, em partes iguaes e symetricas,
Abreviatura do vocabulo italiano, Rin- uma sucessão de compassos. De-
forzando. baixo destes principios, bem se pode

sumário 371
dizer que o compasso é um tempo Ribattuta. (It).
simples do rhythmo, como as semini- Nome que deram outr’ora á alterna-
mas constituem o tempo simples do ção, a principio lenta, e depois mais e
compasso. Syn. de cadencia. Não se mais accelerada, de um som com sua
confunda a rhythmica com a metrica, segunda superior.
pois esta apenas se occupa das rela-
ções dos sons no ponto de vista de
sua accentuação; ao passo que o es-
tudo do rhythmo e o do metro são tão
inseperaveis, como os da harmonia e
da melodia. Ribeca, Rabel ou Ribeba.
Foi de onde nos veio a denominação
Rhythmetro. de Rebeca. Vid.
Nome que deu M. Duclós, relojoeiro
de Paris, á uma machina de sua in- Ricercare ou Ricercata. (It).
venção (1782) para medir a velocida- Ensaio.
de do compasso. Trecho de musica, baseado na
Esta machina foi posta ao olvido, imitação de um, ou muitos themas,
desde que M. Pellitier de a conhecer que concorrem para formar um todo
as vantagens do Chronometro. Vid. melodico e harmonico.
Metronomo.
Rigodon.
Rhythmopéa. Musica de dança na Provença.
Nome de uma parte da sciencia musi- Era em compasso binario, de mo-
cal antiga do Gregos, que prescrevia vimento vivo e alegre.
á rhythmica, as leis do rhythmo.
Rigore. (It).
A rhythmopea era para a rhythmi-
Rigor; con rigore,com rigor; com mo-
ca, o que a melopéa era para a me-
vimento exacto.
lodia. Sabe-se que a rhythmopéa se
devidia em tres modos principaes: Rigorosamente.
um baixo e approximado, outro eleva- Rigorosamente compassado.
do e grande e o mediano passivel e
tranquillo. Rigoroso.
Execução exacta, sem alteração,

sumário 372
Rinf. Risoluzione. (It).
Abreviatura do vocabulo italiano rin- Resolução; con risoluzione, com re-
forzando. Vid, solução.

Rinforzando. (It). Ristringendo. (It).


Reforçando a intensidade do som Apressando o movimento,
gradualmente, do piano ao forte e
Risvegliare. (It),
deste ao prestissimo.
Dispertar; avivar a execução; animal-
Ripanso. -a.
Livro que contem os Officios da Sema-
Risvegliato. (It).
na Santa, e serve para guiar, nas mãos
Despertado, reanimado, vivo.
do Mestre de Capellas, a orchestra sa-
cra, debaixo de sua direcção. Indica execução animada; avivan-
do-a progressivamente, como quem
Ripieno. (It).
disperta.
Chama-se ripieno a parte interme-
diaria de um canto ou de um instru- Rit. (It).
mento, que o compositor introduz na Abreviatura do vocabulo, Ritenuto.
melodia, para reforçar, ou dar mais Vid.
volume á peça de musica.
Ritard. (It).
Os Francezes chamam á esta Abreviatura do vocabulo Ritardando.
operação, remplisage; e os Hespa- Vid.
nhoes, complemento.
Ritardando. (It).
Ripresa. Syn. de Ralentando. Retardando,
Vocabulo italiano que significa o mes- afrouxando ou demorando o movi-
mo que repetição. mento progressivamente.
Risoluteza. (It). Ritenendo. (It).
Resolução; com firmeza; sustentando Contendo ; retendo o movimento:
os sons. execução tardia.
Risolutissimo. (It). Ritenuto. (It).
Muito resoluto. Detenso; execução detida. Designa
tambem, ás vezes, firmeza e igual-
Risoluto. (It).
dade.
Execução viva, vigorosa, resoluta.

sumário 373
Ritornello. A musica escripta no estylo de ro-
Trecho de musica que se emprega, mance, deve ser simples e de melo-
umas vezes como especie de prelu- dia suave e natural.
dio no começo de uma aria, cujo can-
Romanesca.
to annuncia, e outras vezes se colloca
Celebre aria de dança do fim do se-
de permeio nas composições para
culo XVI.
descançar a voz, e esforçar a expres-
são, ou aformosear a peça. Romanza. (It).
Chama-se tambem ritornello, a Este vocabulo significa, romance.
pausa final de repetição, e que se Aria de estylo doce e sentimental.
lhe augmenta dois pontos de lado, a
fim de separar as partes de que se Ronda.
compõe a peça, indicando repetição. Aria de dança popular, campestre,
Chama-se simples e dobrado; sim- composta para se cantar, dividida
ples quando tem somente dois pon- em quadras, com um estribilho, que
tos ao lado muitas vezes se repete em côro, e ao
som do qual saltam os dançarinos
rodando. E’ em compasso de 2/4 de
andamento animado.
e dobrado, quando tem dois pontos
de ambos os lados, indicando repeti- Rondino.
ção das respectivas partes. Diminutivo de rondó. Pequeno Ron-
dó Vid.

Rondo.
Peça de musica, composta regular-
Rohrflote. mente de tres partes, cada uma das
Registro nos Orgãos Allemães,aflau- quaes pode ter um mais periodos;
tado; tapado como o da oitava. porem, em geral, cada parte se com-
põe de um só periodo E’ caracterisa-
Romance. do pela repetição do primeiro verso ou
E’ uma peça de musica que acom- phrase. A palavra Rondó ou Rondeau
panha a um canto, cuja poesia tem o é franceza; e os italianos dão á estruc-
mesmo nome. tura d›esta peça o nome de – cavatina.

sumário 374
Rondoletto. pistons, em que o mesmo resultado
Syn. de Rondino. Pequeno Rondo. se obtem pelo movimento vertical de
um cylindro.
Rosa.
Nome que se da á abertura circular e Rotineiro.
ornamentada nos tampos dos instru- Musico de orelha, na expressão vulgar.
mentos de cordas dedilhadas. Alguns
Aquelle que, toca ou canta pe-
chamam bocca.
daços de operas, contradanças, val-
Rosalia. sas, etc.
Nome de uma phrase muitas vezes
Ronguejar.
repetida, subindo, de cada vez, um
Tirar sons roucos.
gráu. Antigamente fiseram d’ella um
grande abuso; mas, depois, o bom Roulade. (Franc).
gosto banio essas repetições por de- Passagem rapida da intensidade
feituosas. vocal.

Rota. Rubato. (It).


Instrumento de cordas usado na. eda- Roubado. Indicação designando ás
de media, a respeito do qual os His- passagens partícularmente expressi-
toriadores modernos estão em desa- vas e approximadas; uma certa liber-
cordo. Diz Fetis, que a Rota era uma dade de movimento.
especie de Psalterio com fórmas arre-
O rubato não é mais do que uma
dondadas, outros porem confundem
sorte de exageração do stringendo –
a Rota com a Sanfona; outros em fim
calando, ordinariamente impercepti-
sustentam que a palavra Rota não é
vel, de toda phrase musical expressi-
mais do que a modificação de Crouttu
va. O Rubato, segundo authorisadas
ou Chrotta, instrumento dos bretões.
opiniões, deriva do Canto Gregoria-
Rotação. no, em que os Chantres sustentavam
Systema de cylindros instrumentos de certas notas á vontade, passando
metal, em nos que os tubos parciaes rapidamente por outras, para con-
são postos em communicação com servarem sem duvida, a tradição da
o tubo geral por meio do movimen- declamação cantada pelos rapso-
to giespecie de pequeratorio de uma distas Gregos. Do Canto Gregoriano
no tambor; oppõe-se ao systema de passou, depois, para a musica instru-

sumário 375
mental, Modernamente a palavra ru- Toque de Tambor e Timbales execu-
bato emprega-se para significar, que tado pelo movimento alternativo de
não se deve obedecer ao rigor do duas baquetas, fazendo dar á cada
compasso, nem dar valor exacto ás uma, duas pancadas successivas,
notas, mais executal-as com rhythmo com rapidez.
vago e indeciso.
O rufo dos Tambores é de um ef-
Rudimente. (Franc). feito prodigioso no crescendo e no
Rudemente. Com rudez; de modo forte de uma numeroza orchestra.
grosseiro.
Ruído.
Rufar. Chama-se assim á toda vibração ina-
Tocar de certo modo no Tambor ou preciável de um corpo sonóro, e nes-
mesmo no Pandeiro. se sentido é opposto ao som.

Rufo. Rythmico, Rythmo.


Vid Rhytmico, Rhythmo.

sumário 376
S
S. Esta lettra encontra-se, ás vezes, escrip-
ta ao pé de um trecho de musica, por abre-
viatura da palavia solo, e tambem, ella, só,
significa – soprano.

Da-se ainda o nome de S ao tubo da pa-


lheta do Fagotte, com o qual assemelha-
-se e ás aberturas do tampo harmonico do
Violino, Violoncello, etc. O S atravessado
obliquamente por um traço, emprega-se
ás vezes, como signal de repetição .

sumário 377
Sacabuche. rem titeres, nas exhibições de feiras
Instrumento de sopro, ao qual hoje populares.
chamamos – Trompão, Trombone, ou
Salterio.
Trombeta.
Vid. Psalterio.
Sacro.
Salto.
Canto sacro: musica sacra, são syn.
E’ toda successão de notas que não
de – Musica Religiosa.
segue estrictamente a ordem da es-
Sahida. cala, subindo ou descendo; e neste
Terceira parte da ligadura. Syn. de sentido, são notas de salto, todas as
Desculpa. que procedem de graus disjunctos.

Sahiré. Temos salto regular e salto irre-


Certa dança burlesca de batuque, en- gular. Regular, quando o intervallo é
tre os tapuyos. consonante; e irregular. quando é dis-
sonante. Salvar. Vid.
Salicional.
Registro de Orgão aflautado muito Salvar.
grave. E’ o mesmo que resolver. Vid

Este nome se deriva do latim – sa- Samba.


licis fistula – Flauta de salgueiro. Nome generico de bailados popula-
res, ordinariamente executados ao
Salmo. som da Viola de arame, ou de instru-
Vid. Psalmo. mentos de percussão.
Salpinx. Sambuca ou Sambugo.
Trombeta dos Gregos antigos. Instrumento antiquado, de quatro
Salta notas. cordas, e de forma triangular, mais ou
Musico charlatão. menos semelhante á Harpa, inventa-
do na Syria por Sambices, donde (pa-
Vid. musequin. rece) lhe veio o nome.

Saltarello. Sanctos.
Dança napolitana de um rhythmo Parte da Missa cantada, que serve de
vivo, de compasso a dois e mesmo continuação ao Prefacio e precede á
a tres tempos, propria para dança- Elevação.

sumário 378
E’ um canto de glorificação em Sanfonista.
que se repete tres vezes a palavra – Syn. de Sanfonineiro.
Sanctus. Os compositores teem feito
Sanglot.
do Sanctus um trecho muito desen-
Antigo ornamento de canto, consis-
volvido.
tindo em um accento, ou uma queda
Sanefas. sobre a interjeição Oh! Ah! etc.
Pequenas peças de pau que refor-
çam interiormente as costilhas dos
instrumentos de cordas.

Sanfona.
Antiquissimo instrumento de cordas,
Santal, Santoral.
que se toca fazendo mover umas es-
Livro litúrgico antigo, contendo os
pecies de teclas, de que usavam os
hymnos dos Santos; hymnario.
cégos, cantando a seu som.

E’ tambem muito usado entre os Santille. (Franc).


Pastores. Sorte de golpe d’arco que os Italianos
chamam saltato.
Sanfonha.
Instrumento agreste, á maneira de Santir.
Pifano. Nome arabe do Psalterio.

Sanfonina. Sapatilha.
Diminutivo de Sanfona. Pequena Especie de pequena almofada re-
Sanfona. donda, de pelle muito fina e cheia de
algodão em rama, adaptada á con-
Sanfonina. cha da chave de certos instrumentos,
Termo chulo de que se servem para exercendo as funcções de valvula
designar uma Cantilena desengraçada. para a produção dos sons.

Sanfoninar. Saphico. (a)


Tocar Sanfona. Celebre cantor, ou cantora lyrica.

Sanfonineiro. Sarabanda.
O tocador de Sanfona. Fórma de dança de origem hespa-
nhola, de caracter grave, em medida

sumário 379
ternaria, de andamento nobre e com- O Sarrusophone constitue uma
passado, e de mencios indecentes e série, composta de Sopranino, Sopra-
saracotiados. no, Contralto, Tenor, Barytono, Baixo e
Contra-Baixo.
Saramba.
Especie de fandango, semelhante ao A sua escala é semelhante á da
Sarambéque, dança alegre e boliço- Clarineta, a palheta como a do Oboé
sa, usada pelos pretos ao som de para os instrumentos agudos, e como
batuques. a do Fagotte para os graves.

Parece ter sido imaginado com o


Sarambéque.
fim de substituir o Oboé e o Fagotte
Especie de batuque de negros, ao
nas Bandas militares, ao mesmo tem-
som do Tambor, E’ semelhante ao
po que competisse com o Saxopho-
Caxambú de Minas Geraes.
ne; nada porem se conseguio, por-
Sarambú. que não tem sido generalisado.
Especie de fandango com que se en-
Sax.
treteem os negros boçaes em seus
Adolpho Sax, de nação belga es-
regosijos, ao som de extravagante
tabelecido em Paris, celebrisou-se
batuque.
pelas vantagens adquiridas nos ins-
Saráu. trumentos de sôpro, em geral, e par-
Baile ou reunião festiva e noturna, en- ticularmente de la tão, fasendo assim
tre familias em casa. onde se dança e uma completa revolução. De genio
se faz musica de concerto. investigador e innovador e ao mes-
mo tempo fabricante e professor de
Sarrusophone. varios instrumentos, soube aproveitar
Instrumento de metal com palheta se dos pequenos e infructiferos acus-
dupla inventado em 1868 pelo fabri- ticos fiseram antes d’elle, ensaios que
cante Gautrot, que lhe poz aquelle outros fabricantes para aperfeiçoal-
nome, em homenagem a um mestre -os em maior escala applicando-os
de Banda militar, appelidado Sarrus; ao seu systema, em instrumentos já
que em 1856 tinha dado a primeira conhecidos, e inventados por si, chea
ideia para a construcção de um ins- crear uma numerosa fagando milia
trumento d’esta especie. musical.

sumário 380
Taes instrumentos, quasi sempre, Saxophone.
tomam o nome de seu inventor como: O mais notável dos instrumentos in-
ventados por M. Sax, destinado a
Saxhorne. preencher um papel mui importante
Contra baixo em Mib a cinco pistons – nas orchestras e nas musicas milita-
Sua extensão é desde o Mi grave, até res, tanto pela qualidade de sua voz,
o Si b sobre-agudo, na clave de Fá. como pela extensão dos sons inter-
Ha o Saxhorne Contra-Baixo no mediarios, debeis e fortes ; tem um
mesmo tom, a tres pistons, cujo dia- timbre original e extrema suavidade.
pasão é como uma oitava mais alta, A afinação é perfeita em toda sua
isto é, do Fá Ré grave, até o Solb so- extensão, que é consideravel e abra-
bre-agudo, na clave de Sol. ça, quasi por inteiro, a collectividade
Saxhorne. geral dos sons, entre os demais Saxo-
Instrumento que substitue a Corneta phones de diapasões differentes.
de chaves. E’ em Si, a tres pistons. O Saxophone differe de todos os
instrumentos, não só pelo som que é
Saxhorne.
redondo, forte, sympathico e expres-
Instrumento para uso da Cavallaria. E’
sivo. como tambem pela figura que
em Sib, a tres e quatro pistons.
varia, segundo o diapasão e tonalida-
Saxhorne. de de cada um.
Instrumento menor ou requintado, em Os Saxophones são todos de la-
Mi b, a tres pistons, para Cavallaria, o tão, de um só tubo, armado de cha-
qual substitue a Corneta, de chaves, ves, terminando na parte superior
requintada. com uma boquilha igual á da Clarine-
Este nome é composto do appel- ta, porem de maior dimensão.
lido Sax e da palavra allemã – horn,
Saxophone.
Trompa.
Sobre-agudo, em Dó ou em Sib, de
Saxhorne-baixo. um só tubo conico e recto, terminado
Instrumento que, por sua extensão de em campana.
intensidade, substitue ao Figle baixo,
Saxophone.
ou de acompanhamento.
Agudo em Fá ou em Mib, formado,
E’ em Sib, a quatro pistons. como os anteriores, terminando no

sumário 381
extremo superior com um arco sa- M. Sax inventou ainda uma classe
liente. de Fagottes para as musicas milita-
res, em os quaes fez desapparecer a
Saxophone. opacidade e desafinação dos sons,
Soprano em Sib. defeitos que notou no antigo Fagotte,
Saxophone. e d’estarte simplificou muito o mecha-
Tenor ou barytono em Mib Estas três nismo dos alludidos instrumentos.
classes de Saxophones são construi- Saxtuba.
das de um só tubo recto e conico no Especie de saxhorne contra-baixo,
corpo principal. Todos terminam em que corresponde ao Basse-tuba dos
arco, pela parte superior, augmentan- Allemães.
do de diametro pela parte inferior. São
encurvados e munidos de campana. Por suas grandes dimensões, não
tem sido bem adoptado.
O timbre do Saxophone barytono
e tenor, em Mib, é mui parecido ao do Saynete.
Violoncello. Pequena peça theatral com musica,
para se representar no intervallo, ou
Saxophone. no fim de um drama.
Soprano em Sib instrumento da fórma
do Oboé, com igual timbre e exten- Denominação hespanhola adop-
são; pode se bem chamar – o Oboé tada entre os Francezes como syn.
das Bandas militares. de – farça musical.

Saxophone baixo. Sbalzo. (It).


em Do ou Sib. Salto; de sbalzo, de salto; não ligado.

Saxophone contra baixo:, Scherz.


em Do ou Si Estas seis classes de Sa- Abréviatura da palavra italiana –
xophones, teem a estructura vertical, Scherzando.
e sua figura é quasi igual a do – Figle.
Scherzando. (It).
Saxtromba tenor. Brincando; execução facil e graciosa.
em Mib, a tres pistons. Este instru-
Scherzevolemente. (It).
mento substitue o Figle tenor, em Mib
jocozamente; como quem brinca.
Saxtromba, a quatro pistons, que ta-
rabem substitue o Figle tenor em Mib.

sumário 382
Scherzo. (It). Sciolt.
Brinco; composição do genero joco- Abreviatura do vocabulo italiano sciol-
so; de um rhythmo alegre. tamente; de modo solto.

Scherzosamente. (It). Scioltamente. (It).


Com jocosidade; tocando as notas Ligeiramente destacado.
com ligeireza; exprimindo alegria e
Sciolto. (It).
jovialidade.
Solto; destacado; execução não
Scherzoso. (It). ligada, notas soltas e feridas com
Folgasão; expressão ligeira,como de agilidade.
quem brinca.
Scordante ou Sicordato. (It).
Schiettamente. (It). Discorde, desentoado.
Ingenuamente. Execução pura, clara
Scordanza. (It).
e simples.
Discordancia; falta de harmonia.
Schietto. (It).
Scordatura.
Simples, natural,
Nome que os Italianos dão á afina-
Schisma. ção de um instrumento, distincta da
O menor intervallo na musica grega; ordem natural da entonação dos ac-
é a metade de uma comma; seu valor cordes, subindo ou baixando um se-
é incalculavel. mitom, ou um tom mais, segundo o
capricho d’aquelle que toca,afim de
Schofar. facilitar, por esta operação, a execu-
Especie de Trombeta curva, empre- ção de certos passos musicaes, que,
gada pelos Hebreus nas grandes so- de outra fórma, não poderiam verifi-
lemnidades religiosas. car-se e produsir effeitos novos.
Schottische. Sdegnoso. (It).
Escosseza. Musica de dança de sala, Arrebatado ; execução fogosa.
comtempora nea da Mazurka e da
polka, com a differença de ter um an- Sdrucciolare. (It).
damento mais vagaroso. Escorregar; passar ligeiramente.

Nos instrumentos de cordas ou


arco, quer diser, escorregar ou des-

sumário 383
lisar os dedos da pontuação, produ- Segno. (It).
sindo a ligadura muito pronunciada Signo; al segno, ao signal.
; e no Piano é o mesmo que glisan-
Segue.
do; escorregando, ou passando os
A seguir.
dedos sobre as teclas; maneira de
executar modernamente certas vo- Depois de uma abreviatura em a
latas mui rapidas, ainda mesmo em notação de uma passagem, indica
terceiras. que é preciso continuar do mesmo
modo.
Sebi.
Flauta transversal dos Egypcios; era Seguente. (It).
muito comprida e tinha os orificios da Seguinte; non se fa cadenza, se atta-
escala, quasi na extremidade inferior. ca subito il seguente, não se faz ca-
dencia, ataca-se immediatamente o
Secc.
que segue.
Abreviatura da palavra secco.
Seguidilha.
Secco.
Nome que se dá na Hespanha a di-
Desabrido; execução na qual se deve
versas arias de dança a tres tempos,
ferir as notas a golpe secco.
de um movimento rapido.
Secondo. (It). As arias, sobre as quaes se dan-
Segundo; la seconda volta, a segun- ça os boleros e fandangos,são se-
da vez, etc. guidilhas.

Sedas. Seguido.
As crinas de cavallo impregnadas de Seguindo; muitas vezes é relativo ao
resina (colophonia) e estendidas de estylo, ou expressão e ao movimento,
uma á outra extremidade do arco, ou intensidade, já indicada anterior-
com as quaes se fricciona as cordas mente.
de certos instrumentos para produzir
os sons. Segunda.
E’ um intervallo de duas notas im-
Seg. mediatas, na ordem diatonica, como
Abreviatura da palavra – Segue. Dó, Ré.

sumário 384
Ha tres especies de segundas, Semeiotochinia musical.
a saber: segunda menor, como Si, E’ o conhecimento dos signaes gra-
Dó; segunda maior, como Dó, Ré; phicos da musica; sciencia da leitura
e segunda augmentada, como Fá, musical.
Sól#. Todas as segundas são disso-
Semi.
nantes, quer na ordem directa, quer
Palavra latina que quer dizer meio ou
na inversa, e neste caso formam as
metade; entra na composição de mui-
septimas; maior, como a primeira,
tas palavras da technologia musical.
menor, como a segunda e diminuta,
como a terceira. Semibiscroma. (It).
Semifusa.
Seicillos.
Denominação que se dá ao conjunc- Semibreve.
to de seis notas que se põem em uma Nome de uma nota musical, da fi-
parte do compasso, em vez de qua- gura de um 0, cujo valor é de um
tro, que corresponde a elle. compasso inteiro de quatro tempos,
Esta addição de notas não aug- equivalendo a duas minimas, ou a
menta o valor intrinseco do tempo; quatro seminimas; a oito colcheias,
porem perde a sua duração respec- a dezeseis semicolchcias, ou a trinta
tiva, quando d’elle se necessita para e duas fusas.
pronunciar, ou entonar seis notas, em Esta nota só pode ter lugar no
vez de quatro. Essas notas são ordi- compasso quaternario, e presente-
nariamente – semicolcheias, fusasria- mente é a nota de maior valor.
mente ou semifusas.
Semichromatico.
Semeiographia. Genero mixto que participa do chro-
Semeiographia musical é a discrip- matico e diatonico, e por isto tam-
ção dos signos, e comprehende: bem se denomina semidiatonico ou
Pautas, claves, notas, figuras, pausas, semidiatonico-chromatico, querendo
accidentes, cadencia, fermatas, flo- dizer: meio diatonico e meio chroma-
reios, travessões, pausas finaes e a tico, ou diatonico imperfeito. confor-
ortographia musical. me a etymologia que dermos; é effec-
Em resumo, é a sciencia do dese- tivamente o genero predominante na
nhador e gravador de musica. musica moderna.

sumário 385
Semicirculo-virgular. Semiditono.
Nome os antigos davam ao compas- Intervallo que consta de um tom e um
so que largo, que nós chamamos – semitom; terceira menor. Chama-se
quaternario. ditonoce imperfeito.

Semicolcheia. Semiditono-com-diapente.
Nota de cabeça preta ou fechada Denominação que nossos antigos es-
com haste e duas caudas, cujo criptores davam á septima maior, por
valor no compasso é a metade de ser ella composta de um diapente e
uma colcheia, ou a quarta parte de um semitom.
uma seminima,
Semifusa.
Semicolom. Meia fusa. Nota de cabeça preta ou
Antigo signal de pontuação, que valia fechada, com haste e quatro caudas
meia pausa e de Semicopadas. São com a metade do valor de uma
as notas que uma comma. fusa, ou a oitava parte de uma col-
cheia.
Semicopadas.
são notas que se encontram entre Semimodulação.
duas, que juntas teem o mesmo valor, O mesmo que modulação passageira.
da semicopada.
Seminima.
Semidiapasão. Meia minima. Nota de cabeça preta
Intervallo dissonante de oito vozes, ou fechada, com haste, e sem cauda
quatro tons e tres semitons maiores; cujo som tem a duração de meta-
quer diser – diapasão imperfeito. de da minima.

Semidiapente. Seminspiração.
Intervallo de dous tons e dois semi- Pausa que dura a metade de uma
tons maiores; quinta remissa ou quin- inspiração, e equivalle á pausa de
ta imperfeita. colcheia.

Semidiathesarão. Semiplena.
Quinta diminuida, intervallo dissonan- Imperfeita elevação da voz; intervallo
te, de quatro vozes, um tom e dous de segunda menor ou tom imperfeito,
semitons. Chama-se diathesarão im- que os Gregos chamavam apthome.
perfeito, ou incompleto.

sumário 386
Semiserio. (It). Semitons com diapetente.
Qualificativo applicado á uma opera Denominação que nossos antigos
séria, que contem algumas scenas escriptores davam a um diapente
comicas, ou buffas. augmentado, pela parte superior, de
um semitom maior, constituindo uma
Semitiple. sexta menor.
Significa o mesmo que meio soprano;
é um tiple fraco, que os antigos collo- Semivibração.
cavam entre o primeiro e o contralto. Meia vibração.

Semitom ou semitono. Semplice. (It).


E’ o menor intervallo da musica mo- Simples; semplice ma con sentimen-
derna. Ha duas classes de semitons, to, expressão simples, mas sentida.
a saber; o maior e o menor.
Semplicemente. (It).
O semitom maior é a distancia que Simplesmente com singeleza; ex-
ha do som Mi, ao som Fá, ou do som pressão simples.
Si, ao som Dó da escala diatonica. O
semitom menor é o intervallo que ha Semplicitá. (It).
entre Do natural e o Dó#, e, em geral, Simplicidade; com simplicidade.
de uma nota, á mesma, alterada com
Sempre. (It).
um sustenido ou bemol. Ha tambem
sempre piu affectando il tempo, acce-
outros semitons, que são o maximo,
lerando sempre mais e mais o movi-
o medio e o minimo; porem são so-
mento.
mente conhecidos nos calculos ma-
thematicos, que de nada servem na Sensibile. (It).
pratica. Não fasemos distincção entre Sensivel: expressão sentida; tocante.
o semitom maior e o menor, pois os
consideramos iguaes, porque bem Sensibilidade.
apreciado, não ha tal distancia nos Disposição, d’alma que inspira ao
instrumentos de teclado, visto como compositor as idéas vivas, de que elle
ella desapparece ante as leis da afi- tem necessidade, ao executor a ver-
nação que as iguala. Vid. Afinação. dadeira expressão destas mesmas
idéas e finalmente ao auditor a doce
Semitonado. impressão das bellezas da musica
Que procede de semitons, tal é a es- que se lhe offerece.
cala chromatica.

sumário 387
Sentim. Septima.
Abreviatura da expressão italiana Intervallo dissonante que os Gregos
sentimentale. chamavam heptacordo ou hepta-
chordo; porque se compõe de sete
Sentimentale. (It). sons diatonicos, que é a inversão
sentimental com sentimento. da segunda. Ha na musica quatro
Sentiment. especies de septimas, que são: a 7ª
Com dor: expressão delicada e dolo- menor, composta de quatro tons e
rosa. dois semitons; a 7ª maior, composta
de cinco tons e um semitom; a 7ª di-
Sentimento d’arte. minuta, composta de tres tons e tres
Segundo Fetis, é a faculdade de des- semitons, e a septima augmentada
tinguir, não só o que é bello, do que composta de seis tons.
é vicioso nos trabalhos d’arte,como
Esta ultima não tem uso na me-
tambem, a de reconhecer e sentir os
lodia, nem na harmonia, e sua inver-
meios de que usou para dar ao que é
são tão somente produz um semitom
bellc o seu maior esplendor, sem que
enharmonico.
por isto se possa conhecer, segundo
a natureza e a phylosophia da arte,- Septisono.
dos motivos pelos quaes uma cousa Que tem sete sons ; Lyra septisona,
se apresenta clara ou viciada. Lyra antiga de sete cordas.

Senza. (It). Septivoco.


Sem: senza tempo, sem compasso. Que tem sete vozes.

Septetto. Sequencia.
Composição musical, composta de Sorte de poema religioso offerecendo
sete vozes, ou de sete instrumentos. grandes analogias com o hymno. As
melodias das sequencias, são toma-
Septiclavio.
das do antigo canto Gregoriano.
Reunião das sete claves; de Dó, na 1ª
3ª e 4ª linhas; de Sol, na 2ª e de Fa. Sereia.
na 3ª e 4ª, assim chamada por alguns Apparelho de acustica inventado, em
musicos. 1819 pelo physico francez Cagniard
de la Tour, com o fim de contar as vi-
Septicorde ou Septichorde.
brações dos sons.
Que tem sete cordas; Lyra deste nome.

sumário 388
Serenata. Sesqui.
E’ um concerto vocal, ou instrumen- Adverbio latino que significa mais de
tal. executado por musicos, que se metade.
sentam pelas calçadas, ou mesmo
Sesquialtera.
andam em passeiatas, expostos ao
Se diz de duas quantidades, em que
sereno da noite.
uma contem a outra, uma vez e meia.
Foi dahi que deram a taes concer- E’ do genero – superparticularis.
tos o nome de serenatas e bém assim
á musica que lhe é adequada. Sesquiquarta.
Proporção do geconsisnero – super-
Serenin. particularis;te em que o numero maior
O mesmo que serenata. contem o menor, uma vez e uma quarta
E’ desusado. parte do mesmo. Deste modo se com-
põem as mais proporções do mesmo
Séria. (Opera) genero, declarando-se sempre a parte
grande opera, opera tragica, opera aliquota que sobra como sesquiquarta,
heroica, o contrario da opera buffa, sesquiquinta sesquiterceira etc.
opera comica.
Sestina.
Serpeggiando. (It) Grupo de seis figuras Os antigos theo-
Serpejando isto é escorregando, des- ricos empregavam-no, como: prefixo
lisando flexivelmente. em alguns vocabulos relativos ao rhy-
thmo e aos sons. com o valor alterado,
Serpentão.
representando o numero quatro.
Instrumento de vento, cuja figura en-
curvada em differentes direcções, Sestupla.
toma a fórmade uma serpente cami- Proporção do multiplex, cujo numero
nhando. maior comprehende o menor, seis
Este instrumento foi inventado vezes.
por Guillaume, no anno de 1590. Na Setima.
Hespanha só se o usava nas musicas Vid. Septima.
militares, pela aspereza de seu som.
Ja não está mais em uso. Sexta.
E’ um intervallo de seis graus diato-
nicos.

sumário 389
Ha quatro especies de sextas; a do da voz, abrangendo mais de duas
diminuta, composta de dois tons e oitavas.
tres semitons; a menor, de tres tons
Sforz.
e dois semitons ; a maior de quatro
Abreviatura da palavra italiana Sfor-
tons, e um semitom; e a augmentada
zando. Vid.
de cinco tons.

Na harmonia se conhece um Sforzando. (It).


accorde de sexta augmentada, que Forçando os sons, isto é, reforçando-
te um serve para modular, median -se a intensidade.
enharmonismo, convertendo-a em 7
Sforzatamente. (It).
dominante, especialmente para evitar
Energicamente; com animação.
a 3ª diminuta, é intervallo enharmoni-
co. Sendo varias e largas as regras Sforzato. (It).
que se tem de observar em seu em- Forçado; ataque vigoroso.
prego, dever-se-ha recorrer aos Trac-
tados de composição. Sforzo. (It).
Esforço; con sforzo, com energia.
Sextetto.
Composição para seis vozes, ou seis Sfz.
instrumentos. Abreviatura do vocabulo italiano, Sfor-
zando.
Sextillos.
E’ o mesmo que seiscillos. Vid. Sgrisciare. (It).
Grasnar; tirar de certos instrumentos,
Sextolet. taes como, o Oboé, Fagotte, etc, um
Figura de seis notas, cuja duração to- som fanhoso e rouquenho, á seme-
tal deve ser equivalente-á de quatro lhança do granido do pato ou ganço.
notas ordinarias da mesma especie. Os Francezes chamam – Canarder.

Sextuor. Si.
Peça de musica para seis vozes ou O septimo signo do systema moder-
seis instrumentos. Syn. sextetto. no, ou septima syllaba, ou voz de sol-
misação.
Sfogato. (It).
Desafogado. Applica-se ao soprano Antigamente solfejavam com
que sobe facilmente ao extremo agu- diversas syllabas, como Di, Bi, Ni,

sumário 390
e finalmente com o Si que foi o que Silencio.
prevaleceu. Não estão de accordo os Signo que representa a nota ou notas
autores sobre quem fosse o inventor que se tem de calar durante o tem-
da dita syllaba; porem a maior parte po correspondente aos seus valores.
é de opinião que fora João de Muris, Syn. de pausa.
conego de uma Igreja de Paris. Antes
Silencioso.
do seculo XVII só serviram se de seis
Indica o grau de intensidade, mais
notas, preenchendo-se o Si por meio
fraco possivel.
de combinações que chamavam –
nuances. Vid. Sillet. (Franc).
Pestana.
Siciliana.
Antiga sonata pastoril, propria da Si- Simeiras.
cilia, em compasso de 6/8 ou 12/8, Chamam assim em Portugal, as cor-
de um andamento semelhante ao das mais graves da Viola.
andantino.
Simile. (Lat).
Signos. Semelhante.
A notação musical é uma serie de sig-
nos destinados á serem comprehen- Simples.
didos d’uma maneira intuitiva, directa, Esta palavra indica simplicidade ou
sem o auxilio da reflexão; os signos naturalidade na execução.
que a compõem são bem convencio-
Simplicidade.
naes, mas, em parte, podem-se tor-
A verdadeira simplicidade na execu-
nar arbitrarios.
ção, consiste em executar a melo-
A cada momento novos signos, dia com tanta habilidade, e de uma
directamente penhoraveis, tomam o maneira tão analoga ao caracter da
logar dos antigos. Os signos com- peça, que se possa expressal-a per-
prehendem: as notas, chaves, pau- feitamente, sem recorrer a ornatos
sas, pontos, sustenidos, bemóes, be- accessorios.
quadros e todas as modificações de
notas e modo de executal-as. Sinafo.
Confusão de sons tetrachordios, ou,
De tudo isto, tractamos em seus
fallando com mais propriedade, reso-
respectivos lugares alphabeticos.
nancia de quarta ou diathesarão, que

sumário 391
se acha entre as cordas homologas Sinistra. (It).
de dois sinafos, no systema grego. Esquerda; mano siproprio nistra, mão
esquerda; é da musica de Piano, para
Sinalefa. advertir que a passagem pertence á
Nome com que antigamente desig- esta mão.
navam o signal de convenção que
servia para prolongar o som da nota, Sino. (It).
todo o tempo de que necessitavam Até; sino al fine, até o fim.
para executar a nota seguinte, com a
Sino.
qual juntavam.
Instrumento de metal que serve prin-
Corresponde ao que hoje chama- cipalmente para annunciar as cere-
mos ligadura. monias do culto Divino.

Sinaulia. Segundo opinião geral, foi S. Pau-


Concerto de muitos musicos que, an- lino o seu inventor.
tigamente, tocavam se respondiam
Sino al fine ou Sino al segno.
alternativamente, por meio de Flau-
Até o fim,ou até o signal. Estas ex-
tas, sem mescla de vozes.
pressões italianas, designam que se
Sincopa. (It). deve somente repetir qualquer parte
Syncope. Vid. de uma execução, até certo signal
indicado, e muitas vezes emprega-se
Sinemmenon. simplesmente a palavra – fine.
Os Gregos davam este nome a seu
terceiro tetrachordo, quando era con- Siréne. (Franc).
juncto com o segundo e separado do Instrumento por meio do qual se pode
quarto. Quando, porém, era o contra- determinar exactamente o numero de
rio, isto é, quando era conjuncto com vibrações d’um som, em um espaço
o quarto e separado do segundo, de tempo dado. O principio da Siréne
este tetrachordo tomava o nome de é muito simples e consiste n’uma pla-
diezengmenon. ca provida de buracos, cujas dimen-
sões correspondem exactamente ás
Sinfonia. do tubo, deante, do qual ella está
Vid. Symphonia. collocada fechando e abrindo alterna-
Sinfonietto. (It). tivamente, uma corrente de ar com-
Pequena synphonia. primido. Um movimento de relojoaria

sumário 392
indica o numero das rotações da pla- Sistro.
ca. A successão rapida dos golpes Instrumento de percussão mui antigo,
de ar lhe proporciona um som fixo. sobre tudo, entre os Egypcios.

Multiplicado o numero das ro- E’ de fórma oval, e, consta de uma


tações da placa, em um espaço de lamina de metal sonoro, cuja circum-
tempo, pelo numero de buracos, ob- ferencia tem diversos furos oppostos,
ter-se-ha o numero de ondas sonóras, por onde atravessam algumas vare-
ou de vibrações do som percebido. tas metallicas. Sôa agitando se-o em
cadencia. Este instrumento era o fa-
Este instrumento foi construido
vorito dos antigos Egypcios, queain-
sob fórma mui rudimentar, por See-
da hoje usam d’elle, bem como os
beck; depois aperfeiçoado por Cag-
Abyssinios. Os Europeus empregam-
niard e posteriormente por. Dove.
-no em sua musica militar.
Sirinette.
Sistro.
Instrumento que se toca por meio
Especie de Guitarra de quatro cordas
de uma manivella, como no Realejo,
de metal, inventada pelos Allemães.
proprio para ensinar canarios; é um
Já não usam mais.
pequeno Orgão, com someiro, tecla-
do, canudos e apitos, e que está em Sitar.
perfeita harmonia com o timbre d’es- Instrumento de cordas de dilhadas,
tes passaros. indiano.

Sirventes. (Fran). E’ principalmente usado em Delhi,


Nome que deram á toda uma ca- Benares e Bengala; julga-se que seja
thegoria de cantos dos Trovadores, uma imitação dos instrumentos euro-
pelos quaes, elles se dirigiam, não a peus da mesma especie.
aquellas pessoas que lhes eram do
Slargando. (It).
peito, mas, somente, a algum Senhor
Alargando. Este vocabulo é syn. de
ou a qualquer Principe.
Rallentando.
Em fim não tinham vontade propria.
Stentando. (It).
Sistole. Syn. de Lentando.
A acção de bater o compasso; o tem-
po forte d’elle, assim chamado pelos Smania. (It).
Gregos. Frenesi; com smania, com frenesi;
loucamente.

sumário 393
Smaniozo. (It). Soave. (It).
Tempestuoso, furibundo. Doce; expressão agradavel.

Sminuendo. (It). Soavemente.


Syn. de Diminuendo. Com suavidade; aprasivel; docemente.

Smofiozo. (It). Sobre agudos.


Affectado, commovido. Chamam-se assim os sons que ficam
sobre a ordem aguda, isto é, entre os
Smorz. (It). agudos e agudissimos. Vid Som.
Abreviatura da palavra – smorzando.
Sobre bemol.
Smorzando. (It). Accidente que faz diminuir um semi-
Extinguindo os sons: deixando-os es- tom á nota que já tem bemol. Syn. de
morecer, pouco a pouco. Duplo bemol ou Bemol dobrado.
Soada. Sobre dominante.
Syn. de Toada. A sexta nota de qualquer tom.
Melodia mal expressada; musica
Sobre sustenido.
confusa, da qual não se percebe o
Accidente que faz augmentar mais
sentido.
um semitom à nota, que já o tem ou
Soado. (raras vezes) um tom á natural que se
Que soou. encontra.

E’ pouco usado no sentido musical. O sobre sustenido e o sobre be-


mol, nunca se ajuntam á clave, como
Soalhas. os outros accidentes. Syn. de Dobra-
Chapinhas de metal, enfiadas hori- do sustenido e Diesesenharmonico.
sontalmente nos arames do arco do
Pandeiro. Sobre tonica.
A segunda nota de qualquer tom.
Soante.
Que sôa; bem soante, mal soante, etc. Sol.
Nome que se dá na Italia, em França,
Soar. Belgica e Hespanha ao quinto signo
Ferir o ouvido; pôr o ar em vibração; do nosso systema moderno.
produsir som.

sumário 394
Corresponde ao G dos Allemães Solfejado.
e dos Inglezes, etc. Entoado com os nomes.

Solau. Solfejação. (Desusado).


Romance, cantiga, ou toada musical Solfejo. syllabicos da escala, cantan-
affectada de um estylo commumente do por solfa.
triste.
Solfejar.
Sol e dó. E’ aprender a ler as no tas syllabicas
Nome que se dá a um concerto popu- da musica, enos nomes toal-as, pro-
lar de Guitarras, Flautas e Violas. Syn. nunciando d’ellas, e acompanhando
de Musica. este exercicio com o conhecimento do
compasso que se acha assignalado.
Solemnemente.
Saccando e produsindo sons cheios Este primeiro exercicio, devem
e vigorosos. praticar aquelles que aprendem a
musica, afim de acostumarem a vis-
Solennitá. (It). ta á posição das notas, ben como
Solemnidade; con solenitá, com aos intervallos de sua entonação, e
pompa. a bater o compasso com a maxima
exactidão.
Solevato. (It).
Os musicos da escola hexachorda Solfejo.
chamavam escarcejo solevato a um Exercicio vocal destinado a desen-
accidente que apparece entre duas volver, entre aquelles que se dedicam
notas naturaes, isto é, a entonação de ao estudo da musica, a faculdade da
tres notas, das quaes a do meio tem apreciação e da entonação dos inter-
um sustenido ou bequadro. vallos, ou ainda, o interesse pela lei-
tura musical.

O estudo da musica, pode-se


bem comparar, ao de uma lingua,que
comprehende tres gráus: 1° a leitura e
Solfa.
a recitação: 2° a gramatica e as regras
Principios de leitura musical; papel
da linguagem 3° a applicação destas
que contem estes principios; tambem
regras ao discurso, e conhecimen-
se applica a qualquer peça em que o
to das leis do gosto, que se adquire
principiante se exercita: Syn. de solfejo.

sumário 395
com seu uso. Estes mesmos gráus A Flauta, o Oboé e em geral todos
se acham no estudo da musica. O os instrumentos de sôpro são – ins-
primeiro comprehende a leitura musi- trumentos solinotas.
cal, e o canto elementar; o segundo,
Solista.
a gramatica musical, a construcção
Artista musico encarregado dos so-
melodiaca da phrase e as regras da
los, tanto na parte vocal dos córos,
formação e da successão dos ac-
como na instrumental.
cordes; e o terceiro comprehende a
rhetorica e a poetica musical, isto é, a Solito. (It).
composição e todas as partes de que Acostumado; ordinario; usual; al soli-
se compõe esté ramo da arte. to, ao ordinario; como é costume.
Na França, Belgica, Suissa etc.
Solmisação.
consideram o solfejo como um cur-
Solfejo; a acção ou effeito de solfejar.
so elementar, indispensavel a todos
os discipulos, tanto das classes ins- Solo. (It).
trumentaes, como das vocáes; infe- Só. Esta palavra, que se encontra nas
lizmente, porem, (força é disermos) partituras, ou nas partes de um instru-
este ensino é muito descurado entre mento, ou de canto, serve para adver-
nós! Acreditamos na utilidade absolu- tir ao que canta ou toca, que elle, só,
ta do solfejo, como base de uma boa deverá executar o canto ou a melodia
educação musical, tanto, quanto não com, ou sem acompanhamento.
acreditamos na solidez de um edifi-
Neste sentido se diz: – um solo
cio, sem alicerces.
de Flauta, de Oboé, ou de outro
Solfista. instrumento. E’ palavra inteiramente
O que solfeja; o que lê musica, ou o opposta a duo, tutti etc.
que canta por solfa; que põe em solfa
Solo inglez.
a cantoria.
E’ o nome de uma musica mui antiga
Solinota. a dois tempos, de movimento anima-
Denominação generica que alguns do, ao som da qual é exhibida certa
musicographos modernos, dão aos dança por uma só pessoa, execu-
instrumentos que só podem produsir tando passos variados e difficilimos
uma nota de cada vez; isto é, que só em suas duas unicas partes, a oito
executam melodia e não harmonia. compassos, de que consta ella. Esta

sumário 396
musica e dança nos foi importada, ao da duração da agitação do ar. Em-
que parece, da Inglaterra, e tornou-se quanto esta existe, aquelle elemento
celebre em tempos que ainda não es- vibrando sem cessar, vem ferir o or-
tão longe. gão de nosso ouvido de maneira que
produz a alludida prolongação e sua
Hoje, porem, já vae cahindo no
sensação. Sendo continuas as vibra-
olvido.
ções, a impressão, a cada instante,
Solução. se renova.
Diz-se de um canon enigmatico, cuja Tal agitação é produsida, ainda,
clave ou solução se pode descobrir. por outra semelhante, na parte de um
Som. corpo sonóro, cujas vibrações podem
E’ a sensação produsida no orgão observar-se facilmente.
auditivo pelas vibrações d’um corpo Tocando-se no corpo de um Con-
sonóro que o ar lhe communica; por tra-baixo, ao mesmo tempo que se vi-
outra, é um ruido apreciavel por nos- bre uma de suas cordas, a mão sente
sos ouvidos, capaz de produsir sen- certo tremor, durante o tempo em que
sações agradaveis. a corda vibra; e, a proporção que vae
A acustica estabelece, entretanto, cessando a vibração, a mão sente-
uma distincção entre o som e o ruido; menos o tremor. Mil outras experien-
ella chama som, a impressão auditiva cias poderiamos citar; mas não ne-
resultante das vibrações regulares de cessitamos de mais de monstrações.
um corpo elastico; e chama ruido, a Duas cordas de uma mesma materia,
que resulta de vibrações irregulares. iguaes em grossura e tambem ein
Com relação á musica, tem o som tensão, darão um unisono perfeito;
tres pontos principaes a considerar se as longitudes são desiguaes, a
: – o tom ou entonação, a força ou a mais curta dará um som mais agudo.
intensidade, e o timbre. Tomemos uma d’estas cordas; redu-
samol-a á metade de sua longitude,
Debaixo de cada uma destas re- e veremos que o som que produsir
lações o som pode modificar-se, des- será a oitava do total da longitude; se
de o grave ao agudo, desde o forte redusimol-a aos dois terços veremos
ao piano, e desde o desagradavel ao a 5ª do primeiro; se redusimol-a aos
doce e melifluo. A sua resonancia ou 4/5, veremos a 3ª maior; aos 5/6 á 3ª
permanencia e prolongação, nascem menor; aos 8/9 um, tom maior; aos

sumário 397
9/10 um tom menor; emfim, aos 15/16 Som fundamental.
o semitom, como o que se encontra E aquelle que serve de fundamento a
em nossa escala do Mi ao Fa, ou do um accorde ou à um tom.
Si ao Dó.
Som gerador.
A força do som depende das vi- E o que produz um corpo sonóro,
brações do corpo sonóro; quanto para distinguil-o dos outros sons con-
maiores e mais fortes forem ellas, comi Damos tambem este nome ao
mais forte e vigoroso é o som. A diffe- baixo fundamental de tantes. todos
rença que se observa nos sons pela os accordes.
qualidade de seu timbre, não depen-
de do grau de sua elevação, nem tão Someiro.
pouco de sua força. Receptaculo do vento que teem os
Orgãos e os Harmoniums. A parte do
Cada instrumento tem seu timbre
Piano e da Harpa onde as cordas se
particular, pelo que se differença do
prendem ás caravelhas. Os France-
de outro. Até nas vozes ha um timbre
zes chamam sommier.
particular que as destingue, posto
que sejam de uma mesma corda. Sonancia.
Estas tres qualidades principaes: – o União de dous, ou mais sons, de pro-
tom, a força e o timbre, si bem que porções iguaes. Syn. de Consonan-
em differentes proporções, entram cia, Harmonia, Unisono etc.
no objectivo da musica, que é o som,
em geral. O compositor não conside- Sonante.
ra somente,se os sons que emprega Que soa no mesmo tom; que produz
devem ser graves ou agudos; é preci- som.
so tambem attender a que devem ser
Sonata.
fortes ou debeis, asperos ou doces,
Dá-se este nome á uma peça de mu-
brilhantes ou surdos. Com esta at-
sica, instrumental, composta para un,
tenção os destribue por instrumentos
dous, tres ou mais instrumentos. So-
differentes, entre vozes distinctas. em
nata vem do vocabulo italiano Suona-
coros, arias ou recitativos, nos extre-
re que quer diser – tocar ou tanger. A
mos ou no medio dos mesmos instru-
sonata, como a symphonia e o quar-
mentos e vozes, com pianos e fortes,
tetto, divide-se em muitos trechos de
segundo considera conveniente.
differentes caracteres.

sumário 398
Commumente principia com um Sonoridade.
movimento allegro; depois segue em Propriedade de ser sonoro.
adagio, e acaba com um – rondo.
Sonorito. (It).
Presentemente, compõem-se poucas
Sonoridade Syn. de sonoramente.
sonatas, propriamente ditas, e ellas
estão substituidas pelas Phantasias, Sonóro.
Caprichos e Themas variados etc. Tudo quanto produz som. Diz-se par-
Ha sonatas compostas expressa- ticularmente de tudo quando dá um
mente para um instrumento,que con- som forte, suave, limpido, e de bom
duz á melodia; acompanhadas de timbre; e tambem do instrumento ou
outros, ás quaes geralmente, se dá o voz que reune estas qualidades.
nome de – Concertos.
Sonoroso.
Sonatina. Harmonioso; sons sonorosos, que
Diminutivo de Sonata. Pequena Sona- soam harmoniosamente.
ta; difficil execução para principiantes.
Sons ecmeles.
Sonido. Eram entre os Gregos, os sons da
Estrondo; ruido; som confuso. Syn. voz, inapreciaveis, ou fallantes, que
de som Vid. não produsiam melodia.

Sonometria. Sons emeles.


Arte de medir com o sonometro. Eram entre os Gregos, os da voz.
apreciaveis e capazes de melodias.
Sonometrico.
Que se refere ao sonometro ou á so- Sons harmonicos.
nometria. Estes sons setiram de differentes ins-
trumentos de cordas, como o Violino
Sonometro. e os demais de arco, Violon, Harpa,
Instrumento inventado, ha alguns an- etc.
nos, por M. Montu, de Paris, o qual
No Violino sé os obtem, descan-
serve para medir a intensidade, ou as
çando o dedo ligeiramente sobre as
relações harmonicas dos sons. Syn.
cordas, em differentes divisões d’el-
de Monochordio.
las, sem pisal-as fortemente sobre o
Sonoramente. braço, ou espelho do instrumento.
Com sonoridade; sons claros. Estes sons são mais distinctos, tanto

sumário 399
no tom, como no timbre, o que não Sons sobre agudos.
aconteceria se o dedo se firmasse for- Chamam-se aquelles que se acham,
temente sobre as cordas. Em quanto uma oitava mais alta que os agudos.
ao tom, darão a 5ª, quando dariam
N’este sentido, é o mesmo que
a 3ª, ou darão a 3ª, quando dariam
agudissimos.
a 6ª. Em quanto ao timbre, são mui-
to mais doces e suaves, e por esta Sons tapados.
rasão chamam-lhe sons aflautados, Chamam se aquelles que se execu-
porque effectivamente, se parecem tam com a Trompa liza, introdusindo
com os de uma Flauta. a mão direita no pavilhão ou campa-
na do instrumento, meio pelo qual se
Sons homologos.
conseguem entonações, que sem
Chamam-se aquelles que são seme-
este recurso não se obteriam.
lhantes nos instrumentos de teclado,
como: Dó# Réb, ou Fá# e Solb. Este Sopra.
termo é somente applicavel na pratica. Palavra italiana que significa – sobre,
e d’ella se faz uso algumas vezes
Sons medios.
como por ex. – sopra una corda, que
São aquelles que, nas vozes e ins-
quer dizer, não se dever sahir d’ella;
trumentos, distam dos extremos, em
sexta sopra, sexta á cima, sinistra
que estão os graves e os agudos.
sopra,a mão esquerda por cima da
Os sons medios teem uma ex- direita, na musica de Piano.
tensão tal, que variam, segundo os
Sopra una corda. (It).
instrumentos. Os as vozes e sons
Sobre uma corda.
agudos são brilhantes; porem quase
sempre forçados; os graves são mais Usa-se d’esta expressão, quando
magestosos; porem mais surdos. se quer executar, em uma so corda,
alguma passagem, que se poderia
Um meio termo é mais melodio-
executar em duas, ou mesmo trez.
so,e satisfaz melhor ao ouvido.
Soprano.
Sons modicos.
Os Italianos designam com esta pala-
Nos accordes perfeitos, tanto maio-
vra a voz aguda, que nós outros cha-
res, como menores, são sons modi-
mamos – tiple.
cos os de 3ª e 6ª, porque determinam
o modo a que pertencem.

sumário 400
Esta voz é a que naturalmente Sost.
teem as mulheres e os meninos, e Abreviatura da palavra italiana soste-
tambem os castrados. Ao Segundo nuto; sustentado.
tiple chama-se mezzo Soprano. Esta
Sostenante piano forte.
voz é a primeira no concerto vocal;
Nome de uma especie de Piano que
syn. de Tiple, Pipia, etc.
tinha a propriedade de refrear os sons
Sord. como nos instrumentos de arco, e foi
Abreviatura da palavra Sordina. Vid. inventado por M. de Brigton, em 1812.

Sordan. Este instrumento, parece que não


Abreviatura da expressão italiana sor- teve acceitação, porque não preen-
damente. Surdamente. chia, no todo, as condições de seu
nome.
Sordelina.
Instrumento de vento, que tem muita Sostenuto. (It).
semelhança com as nossas Gaitas. Sustentado; sustido. Esta palavra se
Attribue-se sua invenção a João Bap- une geralmente a outras, que expres-
tista Riba e a Julio Vicencio. sam movimento, como: Andante sos-
tenuto, Adagio sostenuto, e outras,
Sordina. (It). para indicar um movimento mais pau-
Vid surdina. sado e sustentado.

Sortitta. Sótto. (It).


Indica os pequenos sólos que uma ou Debaixo, sob. Expressão para indicar
outra parte canta só, no côro. Estas que na passagem em que estiver es-
sortittas veem indicadas nas partes cripta a palavra – sotto deve tocar-se ou
com a palavra sólo e tutti, que indica cantar-se á meia voz, ou dar-se pouca
a entrada para os demais Cantores. intensidade ao som. E’ usada como
syn. de mezzo forte ou mezza voce.
Sospirando. (It).
Suspirando; exprimindo-se dolorosa- Sotto voce. (It).
mente, como quem geme. A’ meia voz.

Sospirato. (It). Esta expressão corresponde qua-


Suspirado, imitando os suspiros. si, á palavra piano, ou á locução fran-
ceza demi-voix, – demi-jeu.

sumário 401
Spartire. (It). Spondeasmo.
Separar. Cavar as partes da partitura. Na musica da Grecia antiga, era uma
alteração no genero harmonico; dava
Spartito. (It). quando uma corda se ele vava acci-
Partitura. Vid. dentalmente, tres sustenidos sobre
Spicato. (It). seu ordinario accorde, de sorte que o
Secco; notas soltas e bem destaca- spondeasmo era o contrario do eclise.
das. Stabab Mater.
Spinato. (It). Celebre cantico religioso da Igreja
Largo, amplo. Catholica, durante a quaresma, que
descreve as dores de Nossa Senho-
Spineta. (It). ra, ao assistir á morte de Jesus; co-
Espineta ou Espinheta. meça pelas palavras – Stabab Mater-
dolorosa.
Spirit.
Abreviatura da palavra italiana spirito, Stace.
espirito. Abreviatura do vocabulo italiano stac-
cato. Vid.
Spirito. (It).
Animo; con spirito, com animação. Staccando. (It).
Distacando; indica que se hão de
Spirituosamente. (It).
desligar as notas, de modo que, de
Animadamente com calor.
um a outro som, passe um intervallo
Spirituoso. (It). de tempo mui curto.
Espirituoso; animado.
Stacatissimo. (It).
Spondola. Muito destacado.
Nome que os antigos Gregos deram
Staccato. (It).
ao tocador de Flauta, ou de outro
Destacado; destacar os sons, pro-
instrumento semelhante, que fazia-o
nuncial-os soltos e fora da ligação.
vibrar ao ouvido do sacerdote, em-
quanto offerecia os sacrificios, com o Stentando. (It).
fim de não poder escutar cousa algu- Difficultando. Esta expressão italiana
ma que o distrahisse. que dizer: – executar com custo, re-

sumário 402
laxando um pouco,e quasi forçada- Streich-Melodicon.
mente, o movimento. Instrumento de cordas usado na Alle-
manha, especie de Cithara; é identico
Stentor. á Philomele, somente com a differença
Nome de um Capitão grego citado sensivel de ter tastos. As suas quatro
por Homero na Illiada, cuja voz era cordas são metallicas e afinam-se em
tão forte, como a de cincoenta ho- quintas; Sol, Ré, Lá Mi, como o Violino.
mens; e d’ahi vem o dizermos: – voz
de Stentor, para designarmos uma Streich-Ziter. (All).
voz excessivamente forte. Pequena Cithara.

Stesso. (It). Strepito. (Con).


Mesmo; lo stesso tempo, o mesmo Strepitosamente.
movimento; andamento semelhante.
Streptoso. (It).
Stinguendo. (It). Indica uma execução ruidosa.
Extinguindo os sons; syn. de estin-
Streta ou Estreta.
guendo.
Esta expressão italiana é, em uma
Straciato. (It). fuga, uma nova exposição desta, na
Rasgado; harmonia feita com muita qual uma parte entra com a resposta,
rapidez, da nota mais gravé á mais antes que a outra tenha terminado o
aguda. motivo; e, em geral, é approximal-a ao
motivo; e como esta approximação
Syn. de Assiacatura. Vid.
pode dar-se em espaços, mais ou
Strapheo. menos largos, podem faser se tam-
Nome que deram os Gregos aos seus bem muitas stretas.
compositores musicaes. As que mais se acercam, serão
Strappato. (It). as mais interessantes, e por isto será
Arcada; golpe de arco, no Violino, Vio- melhor guardal-as para o fim da peça,
la, Violoncello e Contra baixo, – dado afim de auginentar seu calor : Sempre
com força e seccamente. que se tiver de produsir uma streta, é
conveniente ligar mais e mais as no-
Strascinando. (It). tas iniciaes da resposta ás primeiras
Arrastando. Indicação para se execu- do motivo.
tar,d’uma maneira arrastada, languida.

sumário 403
Deste modo se obtem um effeito Strillante. (It).
sorprehendente. Gritador; indica uma execução forte,
estridente.
Em geral deve-se attender ás re-
gras seguintes: 1°. se o motivo prin- String.
cipia em tempo forte, tambem n’elle Abreviatura do vocabulo italiano Strin-
deve principiar a resposta, e, do mes- gendo.
mo modo, se o motivo principiar em
um tempo debil, tambem a resposta Stringando. (It).
tem de entrar neste tempo; 2° quan- Apressando gradualmente o com-
do em um compasso de dous tem- passo.
pos fortes, o segundo pode imitar o
Stringendo. (It).
primeiro, e vice versa; .o que succede
Syn. de stringando.
nos tempos debeis; 3° se a primeira
nota do motivo occupa a metade de Strisciare. (It).
um compasso, deve faser o mes- Arrastar.
mo a resposta; 4ª no compasso de
E’ uma affectação que os máos
tres tempos, se ha de imitar o motivo
cantores empregam exagerando o
igualmente. As mesmas regras tem
portamento. Entretante striciare é al-
de seguir-se, quando o motivo imita
gumas vezes empregado especial-
á resposta. Ha tambem strettas em
mente pelos bons cantores de thea-
augmento e diminuição, e por movi-
tro, em certas situações dramaticas.
mento contrario. Ha ainda uma stretta
para exprimirem uma commoção for-
chamada canonica, na qual o motivo
te, uma dor intensa, etc.
e a resposta se imitam até o o fim.
Esta streta, é a mais interessante e se Strofiedel. (All).
aguarda para o fim da fuga, afim de Xilophone. Especie de Marimbas com
augmentar-se o effeito e vehemencia, laminas de madeira.
por meio da approximação do motivo
com a resposta. Strumento. (It).
Instrumento.
Stretto piu stretto. (It).
Restricto; mais restricto. Stylo ou Estylo.
Maneira de exprimir.
Significa o mesmo que piu mosso:
apressado, mais apressado.

sumário 404
O estylo se divide em muitas es- Suavitá.
pecies: – estylo dramatico, proprio Suavidade; doçura na execução.
para excitar paixões; estylo sagrado,
Subbass. (All).
sério, grave e magestoso, proprio
Contrabaixo; registro de pedaes nos
para a Igreja; estylo hyporchematico
Orgãos Allemães.
que excita a alegria, o prazer, sendo
cheio de movimentos agradaveis, Subdiapente.
vivos bem cadenciados; estylo sym- Quinta abaixo; sub-diatessarão, quar-
phonico, proprio para as peças deste ta a baixo, e assim todos os interval-
nome, estylo melismatico ou natural, los precedidos da preposição sub.
que serve aos principiantes; estylo
de phantasia, pouco ligado, cheio de Subdominante.
ideias, livre de todo constrangimeuto, Quarta do tom, assim chamada pelos
e estylo dançante,alegre e rhythma- Francezes.
do, o qual se divide em tantos ramos
Subgrave.
differentes, como de caracteres, que
Inferior a grave.
tem a dança. Vid a palavra Estylo.
Subir.
Styriene.
Elevar a entonação, tanto na voz,
Aria de dança nacional da Styria, Paiz
como no instrumento.
austriaco.
Assim é que passar de Do á Rè,
E’ em compasso ternario, de an-
é subir um tom; ou tambem é passar
damento moderado e gracioso, se-
dos sons graves aos agudos, em to-
melhante á Tyroleza.
dos os casos analogos.
Su ou Sul. (It).
Subitamente.
sobre, sul una corda, sobre uma cor-
Ataque subito, e vivo.
da; sul ponticello, sobre o cavallete.
Subito.
Suave.
De improviso; sem demora; prestes.
Melodioso, expressão suave e deli-
cada. Submediante.
Chama-se assim a terceira nota da
Suavemente.
escala; entretanto, deve entender-se,
Com suavidade.
uma nota mais baixa que a terceira,
isto é, a segunda. Syn. de supertonica.

sumário 405
Substituição. Sumponiah.
Mudança de nota em um accorde. Instrumento citado pela Biblia no. livro
de Daniel, como sendo um dos que se
Sueca. usava na Côrte de Nabucodonosor.
Antiga musica de dança de um anda-
menio ligeiro. Com effeito, era uma especie de
Gaita de folle usada pelos povos As-
Suffarak. syrios, Chaldeus e Phenicios; ainda
Especie de Flagiolet usado pelos hoje na Syria existe um instrumento
Arabes. Tambem o chamavam, Cha- d’esta especie, com o nome de, Sam-
bbabeh. bogna, e na Italia, é tambem denomi-
nado, Zampogna.
Suite. (Franc).
Serie. Titulo que alguns compositores Superdominante.
teem dado á uma obra formada de di- Nome á sexta nota da escala; sexta
versos trechos, ligando-se apenas por do tom.
uma analogia mais ou menos evidente.
Superflua ou Superfluos.
Sujeito. Chamam-se assim a todos os inter-
Objecto, assumpto; parte principal do vallos que excedem á justeza.
desenho musical, que serve de fun-
Hoje já se vae despresando a pa-
damento a todas as ideias que po-
lavra superflua, e em seu lugar se tem
dem occorrer aos compositores.
adoptado a augmentada, com mais
E aquelles que se veem privados propriedade, pelo accrescimo que re-
desta inspiração, não passarão de in- cebemos intervallos, que sendo jus-
sipidos, e monotonos. tos, se lhes ajunte, um semitom.
Entretanto se apresentarem ideias Supernumeraria ou juntada.
que não são suas, cabelhes o epithe- Na antiga musica dos Gregos era
to de plagiarios. uma nota que completava os dois te-
Aquella parte é a que mais depen- trachordos da gamma e a designaram
de do genio, porque n›ella consiste a com a palavra – Proslanbanomenos.
invenção.
Superparticularis.
Um dos cinco generos musicaes dos
antigos Gregos.

sumário 406
Compõe-se dos dois primeiros gene- e outros, com mais acerto, chamam,
ros e fórma o quarto; consiste em que notas de passo, ou de transito.
o numero maior contem o menor, uma
O segundo sentido em que se em-
só vez e sobra uma parte aliquota me-
prega a palavra supposição é, quando
nor. Vid. Generos.
o baixo continuo suppõe um novo som
Superpartiens. mais grave que o baixo fundamental,
Um dos cinco generos musicaes dos resultando, que os accordes chama-
antigos Gregos; consiste em que o dos por supposição passem sempre
numero maior compréhende, uma da extensão de uma oitava.
vez, o menor, e sobram algumas par-
Suprano. (It).
tes aliquotas do mesmo.
Soprano Vid.
Supertonica.
Suggarah.
Nome antigo que deram á segunda
Especie de Gaita de folle usada pelos
nota da escala.
Arabes.
Supplementares. (Linhas)
Surdina.
São aquellas que se addiccionam
Instrumento antigo de cordas que
ás cinco linhas naturaes da pauta ou
eram feridas ou vibradas por marti-
pentagramma.
netes cobertos de panno; asseme-
Alguns chamam-nas, rajas acci- lhava-se à Espinheta, e tinha um som
dentaes, ou linhas supplementares. surdo, mas agradavel.

Supposição. Surdina.
A’ esta palavra se tem dado em mu- Pequena peça de madeira, marfim, ou
sica dois sentidos: Quando muitas metal, que se adapta sobre o cavallete
notas sobem ou descem diatonica- do Violino, Violeta, Violoncello etc, sem
mente em uma parte, sobre a mes- tocar nas cordas, afim de interceptar
ma nota, nem todas ellas podem as vibrações das mesmas e diminuir-
ser harmonicas, nem entrarem no -lhes o som, tornando-o, assim, mais
mesmo accorde; pelo que algumas doce, sombrio e melancolico.
d’ellas não se contam e a estas notas
Alem dos instrumentos de cor-
estranhas á harmonia são as que se
das, usa-se tambem da surdina, nos
tem chamado, notas por supposição;
de vento, de fórmas proporcionadas

sumário 407
á sua construcção, porem, se ha de entonação natural, sem que, por isto,
ter presente, que as surdinas nos mude de posição e de nome. (#) E’
instrumentos de vento fasem subir a Syn. de Dieses-chromatico.
entonação.
Sustenisado.
Suriada. (Psalmodia) Que tem sustenido ou sustenidos.
assim chamavam antigamente a um
Sustenisar.
modo de psalmodiar, do cantochão,
Marcar com sustenidos.
que consistia na alternação dos ver-
siculos entre o côro e os cantores S. V.
acompanhados pelo Orgão, Abreviatura da expressão italiana –
sotto voce.
Susana.
Esta palavra que se encontra como Svegliato. (It).
titulo em algumas composições de Esperto, animado.
musicas do seculo XVII. parece signi-
ficar o mesmo que variaçao. Syllabico.
Diz-se canto syllabico, aquelle em
Suspença. que cada nota corresponde á uma
Clausula feita na medição do tom, e syllaba.
que não fecha a cadencia. Syn. de
Confinal ou Intermediaria. Symetria.
E’ a adequada proporção e duração
Suspenção. de uma peça de musica em suas
Signal que faz suspender o movimen- partes.
to do compasso, por um pouco;
algumas vezes marca a cadenza. A symetria na musica pode com-
Syn. de Fermata. parar-se com a architectura e a pintu-
ra, artes, que sem ella não encerram
Suspiro. a ideia do bello e do proporcionado. A
O mesmo que aspiração; pausa ou symetria é tão poderosa para interes-
signo de silencio; correspondente á sar-nos á musica, como o compasso
uma colcheia. Syn. de Respiração. e o rhythmo; e se estes são tão in-
fluentes no systema musical, não o
Sustenido.
é menos a symetria, entre as partes
Accidente que augmenta a nota, a
que concorrem ao todo. Faltando a
que se junta, um semitom, sobre sua
symetria, não fica mais que a confu-

sumário 408
são de ideias e o desvio nos tempos Symphonia.
do compasso. Antigamente, entre os Gregos, de
quem é derivada esta palavra, era a
Sympathicas. (Vibrações). união dos sons que formavam um
As vibrações sympathicas são um concerto. E’ opinião recebida, e quasi
dos phenomenos acusticos impor- demonstrada, de que os Gregos não
tantes sob o ponto de vista musical; conheciam a harmonia no sentido
e este phenomeno consiste em que que, nós outros, hoje a conhecemos.
todo corpo sonóro vibra, quando o Sua symphonia, pois, não formava
som que lhe é proprio resôa em sua accorde, se não os que resultavam
visinhança, por exemplo: uma corda do concurso de muitas vozes, ou de
afinada em Lá, vibra e resoa ainda muitos instrumentos, cantando,ou to-
por muito tempo, se acontecer que cando, ao mesmo tempo, a mesma
alguem fira a mesma nota em qual- melodia. Isto se fasia de duas manei-
quer instrumento, ou por meio da voz. ras; ou tocavam a unisono, e então
Estas cordas resonadoras executam a symphonia se chamava, mais parti-
vibrações sympathicas sempre que cularmente komophonia, ou tocavam
uma das harmonicas superiores de e cantavam uma parte ao unisono da
seu som fundamental resoe em sua outra, ou tambem á oitava e então, se
visinhança; ellas são d’a principio lhe dava o nome de antiphonia.
parciaes somente, de maneira á en-
cerrar o som dado, mas ao lado d’es- Actualmente, a palavra sympho-
tas vibrações parciaes, o corpo que nia se applica á toda musica instru-
vibra sympathicamente faz tambem mental, composta, tanto de peças
vibrações totaes mais fracas, porem destinadas para instrumentos a so-
que se distinguem perfeitamente, los, como para as que se executam
quando o som excitado é subitamen- com acompanhamento de vozes; po-
te abafado. A serie harmonica inferior rem, especialmente, se dá o nome de
tem, por conseguinte, uma existencia symphonia á peça de musica que se
condicionalmente real que explica toca antes de principiar o drama das
a consonancia menor, do mesmo operas. Antigamente, chamavam ou-
modo que a serie harmonica superior vertura; e os Francezes, usam desta
explica a consonancia maior. palavra. Nós porem, como os Italia-
nos, continuamos a dar lhe o nome
Symphone. de – symphonia. Não obstante, ja se
Que produz symphonia.

sumário 409
escrevem operas, sem que preceda Symphonisar.
symphonia propriamente dita, e sim Cantar em oitavas.
uma especie de abertura ou prelimi-
Sinalepha.
nar, da opera. A symphonia, em sua
Semicirculo por cima das notas
fórma primitiva, tem recebido algu-
mas variações. signal para indicaar dicar a
ligação d’ellas. Syn. Ligadura.
Symphonia caracteristica.
E’ a que tem por fim, pintar algum Synapre.
caracter moral, como o Distratto de Conjuncção de dous tetrachordos,
Hayden, ou algum phenomeno phy- ou resonancia dos sons homologos
sico, como uma tempestade, um in- d’elles.
cendio, etc, etc. Syncopado.
Symphonia concertante. Que fórma syncope.
Peça concertante para muitos instru- Syncopar.
mentos obrigados, com acompamen- Faser syncope.
to de orchestra.
Syncope.
Symphonista. Se dá este nome á uma ou mais
E’ aquelle que compõe musica, ou o notas, que estão encaixadas entre
que é musico de orchesta. outras de um valor immediatamente
Symphonico. inferior, ou tambem á prolongação de
Que pertence á symphonia. um som que principia em um tempo
debil e alcança até o tempo forte do
Symphonion. compasso seguinte. A syncopa tem
Especie de Caixa de musica que se por objecto repartir o valor da nota em
fabrica na Allemanha, em que o cylin- duas metades que se juntam a outras,
dro das usuaes é substituido por uma anterior e posterior. A nota syncopada
placa crivada, como o Ariston. se reputa, como duas notas de igual
valor e som, as quaes são abraçadas
A placa, podendo muito facilmen-
por uma ligadura. Ella pode existir na
te tirar-se e trocar-se por outra, per-
harmonia, como na melodia; nesta
mitte variar infinitamente as peças de
serve para dar expressão e gosto ao
musica.
canto; mas, na harmonia, é onde tem
sua principal utilidade, para manejar

sumário 410
as dissonancias, servindo a primeira Synonimos.
parte da syncopa, de preparação e a A musica tem demasiadas palavras
segunda, de dissonancia. synonimas para a perfeição de sua
linguagem, e seria para desejar que
Em um seguimento de dissonan-
se simplificassem. para não obs-
cias, a primeira parte da syncopa ser-
curecer uma arte, ou sciencia, que
ve, ao mesmo tempo, para resolver
deveria ser clara, concisa e demons
a dissonancia que a precede, e para
travel. Presentemente se tem já elimi-
preparar a que segue. Tambem ha oc-
nado uma infinidade de vozes, uza-
casiões em que ha syncopas, sem que
das pelos antigos.
haja dissonancia. A estas notas cha-
mam – syncopadas ou semicopadas. Syntonia.
Continuação do mesmo tom.
Syncromicos.
Sons simultaneamente effectuados Syntonico.
em um mesmo intervallo. Epitheto antigo, usado por Aristoxe-
no, para designar as duas especies
Syncrono.
do genero dia, tonico ordinario.
Que se faz no mesmo tempo. E’ relati-
vo ás vibrações. Vid. Isochromo. Syntono.
Que tem um tom, ou com um tom.
Syndiapente.
Syn. de Semidiapente. Syntono-lidio.
Nome que deram a um dos modos da
Synemenon.
musica antiga que, segundo Platão,
Adaptado. Tetrachordo acrescentado
era para faser derramar lagrimas.
pelos Gregos aos seus systemas;
contem quatro cordas, como os ou- Syringx ou Syringe. (Flauta de Pan)
tros, que fasem parte dos tetrachor- A Flauta pastoril dos Gregos, hoje
dos regulares, ou principaes. ainda usada em alguns Paizes da
Europa, pela gente rustica; foi objec-
Synolia.
to de varias ficções da mythologia.
Concerto de duas Flautas que se res-
Compõe-se de uma serie de peque-
pondiam, alternativamente, na musi-
nos tubos feitos de caniços, com o
ca dos Gregos.
comprimento graduado para produ-
sirem uma escala; são unidos entre
si por pequenas reguas transversaes.

sumário 411
O tocador obtem os sons sopran- Davam o nome de systema parti-
do obliquamente contra uma aresta cular a todo aggregado de dous inter-
cortada em bisel na entrada de cada vallos; e geral, que mais comumente
tubo. A Siringx é a forma mais singela denominavam diagrama, á somma
e primitiva da Flauta, que os latinos de todos os sons que empregavam
denominavam – Fistula ou. Calamus. na musica. Modernamente damos o
nome de systema a um methodo de
Os Francezes chamam-na Sirin-
calculo para determinar as relações
ga. E’ d’ella que falla Virgilio,attribuin-
des sens admittidos na musica, ou
do o invento ao deus Pan. Na antigui-
uma ordem de figuras estabelecidas
dade foi sempre considerada como
para expressal-as; e geralmente se
instrumento rustico, figurando só nas
chama systema o methodo que cada
mãos de pastores, faúnos, e satyros.
um tem de conceber os sons melo-
Systema. dicos e harmonicos e de expressar
Comprehende-se por systema tonal, suas regras.
a definição theorica das relações
Systema de solfejo.
musicaes que são a base da pratica
Vid. Solfejar.
musical, ou por outra, dá-se o nome
de systema a todo intervallo compos- Systema maximo.
to, ou que se imagina composto de Quinsena ou dupla oitava. syn de
outros intervallos mais pequenos, os Bisdiapasao, Diapasao; constitutio
quaes considerados como elementos maxima.
do systema, se chamam por opposi-
ção – diastema. Systole.
Era antigamente a acção de baixar a
Ha uma infinidade de intervallos
mão para bater o compasso.
differentes ; e por tanto uma infinida-
de de systemas possiveis. Os antigos
dividiam os systemas, em geral e par-
ticulares.

sumário 412
T

sumário 413
Tabaque. ria. Nos methodos de instrumentos,
Vid. Atabaque. acompanha sempre, no seu começo,
uma tablatura.
Tabil ou Tablat.
Denominação que os Arabes dão ge- Taboa de harmonia.
nericamente aos Tambores e Timbales. Nome que se dá á prancha de madei-
ra, mui delgada, que cobre a caixa dos
Tablatura. instrumentos de cordas, sobre a qual
Outr’ora esta palavra significava a to- se apoiam as cordas do Piano, dos
talidade dos signos da musica. Violinos, Violoncellos, Contra-baixo, etc.
Muito tempo depois da invenção Esta prancha que serve para
das notas que se usam presentemen- augmentar a sonoridade de ditos ins-
te, alguns compositores Allemães, ao trumentos chama se tambem taboa
escreverem a musica para muitas sonora ou caixa de harmonia. Sabe-
vozes e instrumentos, empregavam -se hoje que uma taboa de harmonia
a Tablatura; isto é, as mesmas letras não tem vibrações transversaes e que
e syllabas com que hoje designamos ella não encerra o som simplesmente
os tons, collocando por cima certos conforme a lei das vibrações sympa-
signos, para indicar em que oitava thicas; (Vid.) mas bem ao contrario,
devia tomar-se o tom, para dar a co- seu fim não é attingido senão pela
nhecer sua especie. ausencia de vibrações transversaes,
Esta maneira de escrever com por meio de folhetas colladas debai-
lettras se chamou Tablatura Allemã, e xo da taboa, atravessando o angulo
quando escreviam por notas davam direito de suas fibras. As vibrações da
o nome de Tablatura Italiana. Hoje taboa de harmonia são todas molecu-
dão tambem o nome de Tablatura lares, e sua intensidade depende da
a um mappa, no qual se acha ordi- força que se lhe imprime, emquanto
nariamente pintado um instrumento que seu periodo é absolutamente
qualquer, com a escala que lhe é independente da corda. E como as
correspondente, com linhas traçadas vibrações d’ella, são uma nova fonte
horisontalmente, onde se fixam as de outras tantas moleculares, as de
differentes posições dos dedos, cor- intensidade destas tem o mesmo pe-
respondentes ás differentes notas da riodo que as da corda, donde resulta,
escala, cujas posições servem para que em toda sua superficie, a taboa
dar a entonação que lhes é necessa- de harmonia communicando-se com

sumário 414
o ar, produz um numero de choques Talão.
periodicos, correspondendo exacta- A parte inferior do arco junto á sua nóz.
mente ao som dado. Somente assim
Talento musical.
é que se explica o facto de uma boa
Se diz da disposição ou aptidão, que
taboa de harmonia encerrar igualmen-
tem uma pessoa para esta arte. Este
te todos os sons, emquanto que, se
talento, em uns se demonstra de um
ella vibrasse conforme as leis das vi-
modo, e em outros, de outro. Syn. de
brações sympathicas, não encerraria
Vocação musical.
senão certos sons. O som de uma
corda é excessimamente fraco, quan- Tambaque.
do não é apanhado pela taboa de har- Vid. Atabaque.
monia, porque a superficie, d’onde as
vibrações se communicam com o ar, Tambor.
é muito estreita. Instrumento de percussão, que serve
para marcar o compasso e derigir as
E’ deste modo ainda, que se ex-
marchas e evoluções militares. Com-
plica o effeito do pavilhao ou campa-
põe-se, presentemente, de uma caixa
na nos instrumentos de vento.
lindrica, de madeira ou metal, cujas
Taboleiro. boccas são cobertas de pelle tensa,
Nome que se dá á parte do Piano, de carneiro. Toca-se com baquetas.
onde assenta o teclado. Este instrumento é antiquissimo, e
não se pode bem fixar a épocha de
Tacet. sua invenção.
Tempo do verbo latino que significa –
Os Gregos atribuem-na aos Ph-
cala. Indica silencio total na parte em
rigios, e cs Romanos aos Sirios; po-
que se acha collocado, em quanto
rem, é mais provavel que os Gregos
uma ou mais partes executam algum
a tomassem dos Asiaticos, e a trans-
solo, duetto, tercetto, etc. A pausa
mittissem á Italia, dando-lhe o nome
que produz a palavra tacet, é regu-
de – Timpanion, e os Romanos o de
larmente de muitos compassos, e ás
– Timpanum. Hoje é este instrumento
vezes de um trecho inteiro.
tambem empregado nas orchestras, e
Tachigraphia Musical. produz um bom effeito, quando toca-
E’ a arte de escrever a musica com do por um Professor, n’um a proposito.
signaes abreviados e convencionaes.

sumário 415
Tambor chinez ou Tambor turco. bombeado, caravelhas em forma de
Vid. Pandeiro. martello, e cordas de arame, cujo nu-
mero varia de quatro a oito, afinadas
Tamboril ou Tamborino. em unisono de duas a duas.
Diminutivo de Tambor. Pequeno Tam-
bor, que se toca em festas, nas aldeias. Tamburo. (It).
E’ muito usado na Provença. Tem-se Tambor.
empregado algumas vezes o Tamboril
Tamburone. (It)
nas musicas das operas comicas.
Bombo.
Este instrumento nos veio dos
Sarracenos. Tampo.
A parte superior da caixa harmonica
Tamborilar. sobre a qual estão estendidas as cor-
Imitar o som do Tambor, tocando-o das nos instrumentos; chama-se tam-
com os dedos. bem – Tampo harmonico.

Tamborileiro. Tanger.
Tocador de Tamboril. Syn. de Tocar.

Tamborilete. Tangêres.
Pequeno Tambor. Syn. de Tamboril. Tocatas. Syn. de soados de instru-
mentos.
Tamborim.
Syn. do precedente. Tangido.
Syn. de Tocado.
Tamborino. (It).
Syn. do precedente. Tango.
Musica de baile dos Bohemios.
Tambur.
Instrumento de cordas dedilhadas, Tango.
de origem Arabe muito vulgarisado Musica e dança de origem Hespanho-
no Egypto, Persia, Turquia, Bulgaria e la, de caracter jocoso e animado, a dois
outros paizes onde os Arabes predo- tempos syncopados, hoje bastante-
minam. Subdevide-se em muitas es- mente usado nos bailes publicos e par-
pecies; mas todos caracterisados por ticulares de boa sociedade, entre nós.
terem o braço muito comprido, fundo

sumário 416
Tan-tan. Tasto-solo.
Instrumento de percussão, origina- Esta expressão mui usada entre os Ita-
rio da China.Sua forma é a de uma lianos nos acompanhamentos de Or-
Pandereta de maiores dimensões, gão, quer dizer que, quando se acha
construido de uma ligação de cobre e escripta em um, ou mais compassos
estanho. Toca-se com uma especie de da peça de musica, hão de tocar-se
maceta, semelhante a um bilro, enfel- unicamente, as notas do baixo e não
trado, que produz um som fortemente as que completam o accorde.
estridente, metallico, grave e duradou-
Tautophonia.
ro. Tem-se feito uso deste instrumento
Repetição continua do mesmo som.
em algumas operas nas scenas, em
que se quer inspirar terror e espanto. Technica.
Dão-lhe tambem o nome de – Entende-se por technica da composi-
Gongo. ção e da execução, toda a parte pu-
ramente mechanica, como todos os
Tapa-boquilha. recursos indispensaveis ao exercicio
Pequena peça de metal ou de ma- d’arte.
deira, semelhante a um barrete, com
que se cobre a boquilha da Clarineta, Technico.
Saxophone, etc. Esta palavra é applicavel ás signi-
ficações proprias das artes e das
Tapados. (Sons) sciencias.
São os que se executam com a Trom-
A linguagem technica da musica é
pa, introdusindo a mão direita no pa-
a recopilação de todas as vozes em-
vilhão,ou campana do instrumento, e
pregadas nos differen tes ramos em
deste modo se consegue entonações
que ella se subdivide. Quando os Artis-
que, sem aquelle recurso, se torna-
tas e Professores teem de falar de sua
riam impossiveis.
arte ou sciencia, regularmente empre-
Tarambote. gam vocabulos e expressões que lhes
Termo chulo. Musica jocosa, de vozes são proprias, e a estas palavras ou
ou instrumentos. expressões se dá a denominação, de
vozes technicas ou termos technicos.
Tarantella.
Musica de baile e canto napolitano, Technologia musical.
de caracter alegre e melodioso, n’um E’ a arte de escrever e ler as combina-
compasso de 6/8 muito vivo. ções dos signos.

sumário 417
Teclas. teclado nos instrumentos de cordas,
Peças do Orgão do Piano, do Cravo e pertence á musica moderna.
outros instrumentos congeneres, em
Os Italianos chamam – Tastiera,
que o tocador carrega com os dedos
os Francezes – Clavier, os Allemães –
para tirar sons.
Klavier,e os Latinos – Tegularum.
Estas peças são cobertas de mar-
Teclado-mudo.
fim, osso, celluloid, ebano ou de ma-
Este apparelho inventado por M. Jo-
terias semelhantes, para formar-se o
sephe Gregoir, consiste em um tecla-
teclado respectivo. Os Italianos cha-
do de Piano de vinte e cinco teclas, á
mam, Tasto, os Francezes, Touche, os
cada uma das quaes é adaptada uma
Allemães, Taste e os Latinos, Tegula
mola, que dá, por meio de um mecha-
ou Clavis.
nismo muito simples, diversos gráus
Teclado. de resistencia, permittindo augmentar
Apparelho essencial da reunião ou gradualmente a força de resistencia de
conjuncto de todas as teclas bran- cada tecla separadamente, sobre toda
cas e pretas, que servem para faser a extensão do teclado, de maneira a
resoar, debaixo dos dedos do toca- fazer cada dedo fraco, os exercicios,
dor, as cordas de certos instrumentos a um gráu de pressão mais elevado.
como o Piano, o Orgão e etc.
Este trabalho isolado e ralativo
Os teclados dos Pianos, presen- de cada dedo, sobre tudo do quar-
temente, teem seis, seis e meia, e to, chega forçosamente a dar a cada
mesmo sete oitavas. Cada oitava é um d’elles, a mesma força, a mesma
formada de doze teclas, sendo sete flexibilidade e consequentemente a
brancas, para os sons diatonicos e mesma independencia.
cinco pretas para os semitons.
Tedesca. (It).
Dá se tambem o nome de teclado Allemão; alla tedesca, no estylo ou no
á pauta geral, ou resumo dos sons andamento das antigas valsas Alle-
de todo systema, que resulta da po- mães.
sição relativa ás tres claves; e, neste
sentido se diz esta voz percorre todo Te-Deum. (It).
teclado. A primeira ideia do teclado, A ti O’Deus! Hymno ou cantico de ac-
depois da invenção do Orgão, cah- ção de graças que se canta na Igreja
io em desuso; mas a applicação do Catholica, para solemnisar um acto

sumário 418
festivo, ou dar graças por um benefi- prehende,doze sons differentes, em
cio divino. Começa pelo versiculo; Te cada oitava. Syn. de Afinação. Vid.
Deum laudamos, Tedominum confite-
Temperar.
mur; e d’ahi lhe provem a designação.
Syn. de Afinar.
Telephonia.
Tempestuoso.
Arte de condusir os sons á grande
Exige um effeito ruidoso, semelhante
distancia.
ao da tempestade.
Telephonico.
Tempo 1°.
Que diz respeito á telephonia.
Abreviatura da expressão italiana Pri-
Telhinha. mo tempo, primeiro tempo.
Instrumento popular e burlesco com-
Tempo, tempos.
posto de dous pedaços de louça, que
Em linguagem musical, tempo é a du-
se entalam entre os dedos e se fasem
ração dos sons com relação ao com-
soar batendo um contra o outro, á
passo, ou fracção do mesmo em par-
maneira de – Castanholas.
tes d’elle e assim disemos – compasso
Temblar. de dois tempos, de tres e de quatro.
Pôr accordes os instrumentos, se-
O que dá o verdadeiro caracter
gundo a proporção harmonica. Este
á musica, e sua mais forte energia,
termo tem pouco uso na musica mo-
é a duração relativa e proporcional
derna. Temblar, emprega-se tambem
dos referidos sons. O tempo é a alma
no sentido de combinar os registros
da musica. Os trechos que se tocam
dos Orgãos á feição do toque, ou ao
de um modo lento, nos entristece,
som do acto religioso.
ao passo que outros alegres, vivos
Temperado. e bem cadenciados nos incitam á
Syn. de Afinado. alegria. Deixando-se o compasso e
aniquilando-se a proporção dos tem-
Temperamento. pos, a musica carecerá inteiramente
Esta palavra applica-se ás alterações de força e encanto, e tornar-se-ha in-
que se fazem em certos intervallos, capaz de interessar e agradar. O tem-
na escala diatonica, para formação po. entretanto, tira a força e a graça e
artificial da escala musical, que com- si mesmo, e pode subsistir indepen-
dente. até de sons apreciaveis, como

sumário 419
vamos demonstrar. O Tambor, como são os que constituem parte essen-
qualquer outro corpo sonóro, nos cial do rhythmo; e tempos fracos, os
apresenta um exemplo porque d’elle que não teem accessorios. Toma-se
se tiramharmonias inarticuladas, por tambem a palavra tempo, em um
assim dizer, somente com a caden- sentido. figurado, para exprimir uma
cia e o tempo. O tempo considera-se alteração mais ou menos sensivel, no
na musica, ou com relação ao movi- andamento do compasso.
mento em geral de uma peça, e neste
Usa-se ainda da palavra tempo,
caso se diz que é lento ou vivo, etc.;
depois de um adlibitum, de um reci-
ou com relação ás partes aliquotas de
tado, ou de outros signos que alteram
cada compasso, partes que se mar-
o movimento para mostrar que se tem
cam com o movimento da mão, do
de voltar ao tempo primitivo. As pala-
pé, ou do Metronomo.
vras tempo primo, tempo de marcia,
Os musicos antigos não co- tempo rubato, tempo ternario, binario,
nheciam mais de duas especies de etc., que se encontram em alguns tre-
compassos, um de tres tempos, que chos de musica, indicam um tempo
chamavam – perfeito, e outro de dous caracterisadopelas classes de toca-
tempos que qualificavam de – imper- tas que expressam.
feito; e deram os nomes de tempos,
Ten.
modos ou prolongação aos signos
Abreviatura da expressão italiana Te-
que juntavam á clave, para determi-
nuto. Vid.
nar um ou outro d’estes compassos.
Estes signos não serviam só para Teneramente. (It).
este uso: serviám tambem para fixar Ternamente; expressão maviosa.
o valor relativo das notas. Resumindo,
diremos: Chama-se tempo ou tempos Tenerezza. (It).
a parte ou partes de que se compõe o Ternura; con tenerezza, com ternu-
compasso; assim, o compasso qua- ra; compassivo: execução branda e
ternario tem quatro tempos, o ternario queixosa.
tres, e o binario dous. Um tempo é
Tenor.
susceptivel de dividir-se em diminutas
Certo timbre da voz humana, e a se-
partes, e corresponde exactamente
gunda na ordem d’ellas, contando,
ao valor das notas e suas pausas. Ha
desde a grave até a aguda.
tempos fortes e fracos. Tempos fortes,

sumário 420
Esta voz é peculiar dos homens e diser que se deve sustentar a nota ou
a mais agradavel, flexivel e apta para notas, durante o seu respectivo tempo.
executar todas as bellezas do canto;
Tenuto harmonico.
é a mais importante e imponente que
Nota prolongada no baixo, fasendo
se pode ouvir. O tenor tem duas mo-
parte real dos accordes que por ella
dificações na extensão da voz, uma,
passam.
quando possue a faculdade de al-
cancar até os sons mais agudos que Terça.
o Tenor commum, que chamaremos Syn. de terceira. Vid.
– tenor contraltado, e outra quando
pode descer a sons mais baixos, que Terça. (Flauta)
chamaremos – tenor barytono, ou Flauta em Mib, uma terceira mais alta
concordante. A extensão da voz do do que a Flauta de orchestra.
tenor commum é, desde o Dó debai-
E’ usada especialmente nas ban-
xo da primeira linha da clave de Sol,
das marciaes, para certos effeitos
até o Dó, acima do pentagramma,
patheticos. Dão-lhe tambem o nome
que comprehende duas oitavas.
de Tercia.
Os sons, desde o Sol a Dó, agu-
Terça.
dos, se chamam-vozes de cabeça ou
Chamam assim o intervallo musical
falsete, e os demais, vozes de peito.
consonante entre duas notas. Vid.
O tenor nas operas, executa o pa- Terceira.
pel mais importante.
Terceira.
Tenore. (It). Intervallo musical consonante. Cha-
Tenor. Nas partituras das operas, indi- ma-se terceira, porque para se che-
ca esta palavra, a entrada dos tenores. gar á ella, depois de um som dado,
tem que percorrer-se tres graus da
Tenorete.
escala diatonica; por exemplo: – na
Registro de Orgão antigo, cujos tubos
terceira Dó, Mi tem-se de numerar
eram de estanho com boccal de pa-
tres notas, a saber, Dó, Ré, Mi.
lheta.
A este intervallo se tem chamado
Tenuto. sempre consonancia imperfeita, por-
Sustido; sustentado. Esta palavra, es- que, sem deixar de ser consonante,
cripta em um trecho de musica, quer pode ser alterada com um semitom,

sumário 421
ou ser maior, ou menor; porem esta nia preferindo-se, em todo caso, que
qualificação a consideramos impro- se apresente em um accorde, o uso
pria, porquanto a terceira nunca é im- da 6ª augmentada que resulta de sua
perfeita, pois nada lhe falta para ser inversão.
euphonica por seus dous caracteres
Tercetto. (It).
– de tonica e modica.Tendo-se dado
Peça de musica vocal, com acom-
todos os accordes possiveis em 4ªs,
panhamento, ou sem elle. Quando a
5ªs, e 8ªs, ficaremos sempre incertos
peça é somente para tres instrumen-
do tom e modo, até que se introdusa
tos, chama-se Trio.
a terceira, que então nos indicará, um
e outro. Por tanto pensamos, que de- Ternario.
veria riscar-se da linguagem musical Que tem tres. Applicase esta pala-
a qualificação de imperfeita, dada as vra á classificação do compasso de
consonâncias de 3ª e 6ª, e antes se tres tempos, ou de tres movimentos
as chamasse – consonancias altera- iguaes. Vid. compasso.
veis. Entretanto, pouco a pouco se ha
de ir reformando o idioma musical, Terpodium.
para sua maior exatidão e precisão, Instrumenta da classe do Clavicylin-
por quanto elle é farto, achando-se dro, inventado, em 1817, por Juan
sobrecarregado de synonimos. David Buscheman.

A terceira se distingue em maior Terrisono.


e menor. A 3ª maior se compõe de De som aterridor.
dous semitons, como Dó, Mi; e a me-
nor de um tom e um semitom, como Terso. (It).
Dó, Mib, ou Ré, Fá, etc. Claro, estylo nitido, claro e elegante.

Ha outra especie de terceira cha- Tertia-Tymphonica.


mada diminuta, por que tão somente Antigamente chamavam assim, a
compõe-se de dous semitons; porem consonancia da oitava.
esta terceira, se bem que ortographi-
camente o seja, como Dó# Mib, em Terzena.
rigor os sons não formam mais que Palavra italiana que corresponde a
uma segunda, e é tão dissonante no tres quialteras ou triolet dos France-
conceito de diminuta, que se acha- zes, para designar um grupo de tres
proscripta da boa melodia e harmo- notas, equivalentes a duas, sendo

sumário 422
que, as mais das vezes, vão assigna- Na musica antiga era uma ordem
ladas com um 3, por abreviatura. Vid. ou systemia particular dos sons, que
resultava de quatro cordas ordena-
Terzzeto. (It). das de differente maneira, segundo
Composição para tres partes. Vid. o genero e a especie. A musica, em
Tercetto. sua primitiva simplicidade, não tinha
Terzo suono. (It). mais que quatro sons, cujos extremos
Terceiro som. davam entre si o diapasão, isto é,
quando as cordas medias, distantes
Tesão. um tom, uma das outras,davam cada
Se diz tesão da voz, quando ella é uma a 4ª com a extrema immediata,
constantemente forte. e a 5ª, na que estava mais afastada,
ao que deram o nome de tetrachordo
Tessitura.
de Mercurio.
Vocabulo italiano, que marca os limi-
tes, ou extenção que teem as vozes, Depois, outros lhe augmentaram
e dentro do qual se pode desenvolver tres cordas, e mais tarde a 8ª com a
sem esforço. A tessitura varia não so- qual ficou completo o Octachordo,
mente segundo as cathegorias de vo- que se compoz de dous tetrachordos
zes, como tambem segundo os indi- disjunctos, quando no eptachordo
viduos. Por abreviação da-se tambem eram conjunctos. A estes dous tetra-
o nome de tessitura ao conjuncto das chordos, juntaram depois o terceiro e
notas, que mais frequentemente se o quarto, permanecendo, com este
enlaçam no curso de um pedaço, for- numero, fixado, o systema musical
mando, de alguma sorte, o elo sonóro, dos Gregos.
em redor do qual a melodia se move.
Tetradiapasão.
A tessitura, no sentido que geral- A quadrupla oitava na musica antiga
mente lhe dão, differe de ambito ou dos Gregos.
extensão, por que não comprehende
as notas extremas. Tetragamma.
Nome da pauta de quatro linhas em-
Tetrachordo. pregadas no Canto chão.
Nome grego composto das palavras
tetra, quatro è chordo, corda. Tetraphonia.
Effeito de quatro sons simultaneos;
harmonia á quatro partes.

sumário 423
Tetratono. tava oito cordas graves, as quaes não
Intervallo de quatro tons, que na mu- se pisavam com os dedos. Este ins-
sica dos Gregos, equivale hoje á uma trumento esteve muito em voga até o
quinta augmentada, ou superflua. seculo XVIII, porem, ja a um seculo,
foi abandonado.
Textos.
Palavras, discursos, poesias que se Theoria da arte.
põe em musica. E’ o aggregado de todos os conheci-
mentos que dimanam do estudo es-
Theatral. (Voz). peculativo dos objectos da arte, taes
Voz forte em opposição ás brandas como: – a gramatica, a rhetorica, a
que se ouvem somente nos salões. esthetica, o conhecimento da estruc-
Thema. tura dos instrumentos, e bem assim
Curto periodo melodico que inicia, a acustica e a mathematica, como
geralmente, uma composição mu- sciencias auxiliares.
sical. Esta palavra é mais applicavel Aquelle que quiser ser um musico
quando se trata de variações que, perfeito, terá de estudal-a, pois sem
alguem se propõe a faser, sob o con- ella a pratica caminha ás escuras.
texto de dito periodo, pois, com rela- Por toda a parte ha musicos praticos;
ção á fuga, posto que se possa deno- porem para tocar somente o que en-
minar, thema a phrase musical d’elle, contram escripto, sem cuidar do co-
é melhor chamar-se – motivo, intento, lorido, da expressão, e da esthetica.
ou guia paracom mais acerto fallar a Bem poucos são os que professam a
linguagem da musica. musica por amor d’ella; bem poucos!
se não visam o interesse, mui raros
Theorba ou Tiorba.
se dispõem a tocar uma nota. Este
Instrumento de cordas semelhante ao
amor apenas se encontra em alguns
Laud, inventado, segundo disem por
affeiçoados, que não, sendo musicos
um Italiano de nome Bardella em prin-
professionaes, podem, entretanto, ri-
cipios do seculo XVI.
valisar com os professores mais nota-
Tinha dous braços unidos ralle- veis, sobre tudo por que, conhecendo
lamente, porem desiguaes em com- a sua theoria, são capazes de julgar
primento: no primeiro, isto é no mais d’ella com acerto, e bem sentirem,
curto, tinha um numero de cordas o que ouvem ou tocam. Temos visto
igual ao Laud, e no segundo susten- academias de affeiçoados, que se

sumário 424
reunem para executarem peças es- musical, que deverá ficar bem perce-
colhidas, só por amor á arte; porem bida em todo seu conjuncto.
uma reunião de Professores para o
Theoria especulativa da musica.
mesmo fim, jamais !.
Syn. de Philosophia da musica; esthe-
Theoria da harmonia. tica musical etc.
A theoria da harmonia tem por fim o
Theoria pratica da musica.
estudo da significação das harmo-
A theoria pratica da musica e a theoria
nias (accordes); ou por outra a expli-
especulativa musical, embora estrei-
cação dos phenomenos intellectuaes
tamente relacionadas, formam dous
que acompanham a audição musical.
dominios evidentemente separados
Classificando todas as especies pos-
da actividade intellectual do homem.
siveis de accordes, estudando suas
Dé cada um destes dominios resul-
relações reciprocas,procurando final-
tou o apparecimento de uma littera-
mente desenvolver as leis naturaes
tura inteira, sem embargo da theoria
da fórma musical e particularmente
racional, que se desenvolve mais
da escripturação harmonica, a theoria
lentamente, que a theoria puramente
da harmonia exercita, de uma maneira
empirica da arte.
systematica, a imaginação musical,
desenvolve as faculdades, tanto no Thesis.
ponto de vista da concepção rapida O segundo tempo, ou tempo fraco, na
d’uma obra, como da sua producção. musica grega, que marcava-se bai-
xando a mão, por quanto, o seu modo
Theoria musical.
de derigir o compasso, era contrario
A Theoria da musica consiste no es-
ao nosso.
tudo das manipulações technicas da
Thibias ou Musette. Nome que de-
escripturação musical, manipulações
ram antigamente à Flauta pastoril, de
estabelecidas pela pratica, formula-
cinco chaves.
das com um certo numero de regras
precisas, cujo conjuncto, logicamen- Thibicinios.
te ordenado, fórma um methodo: por Nome que davam os Romanos aos
outra, a theoria musical consiste na tocadores de Flautas, os quaes for-
indagação das leis naturaes da au- mavam uma especie de corpo ou
dição edos effeitos elementares dos collegio. Tinham o direito de tocar
differentes factores da obra d’arte nos festins e banquetes, e os que

sumário 425
queriam adquiril-os, buscavam-nos e sobre este se ajusta o outro em 5ª,
nas praças. umas vezes mais alta e outras mais
baixa, segundo melhor convenha.
Threnos.
Lamentações; canticos melancolicos Se bem que para alguns ouvidos
em honra dos mortos. não seja facil perceber a entonação
dos Timbales, todavia um ouvido
Tiepidamente. (It). educado conhece perfeitamente a
Tepidamente; exige deleixo e molleza afinação destes instrumentos. As ba-
na expressão. quetas são, de pau duro, para os for-
tes, e forradas de pelle ou feltro para
Timbaleiro.
os sons brandos.
O tocador de Timbales.
Timbales.
Timbales.
Jogo de Orgão, cujos tubos são de ma-
Instrumento de percussão mui ruido-
deira. Sôa unisono ao borbão de doze.
so, que se toca com baquetas, como
o Tambor. Afina-se este jogo um pouco mais
alto que o jogo dos bordões, o que
Destingue-se dos demais de seu
fal-o produsir uma especie de tremulo
genero, por se poder afinar., ou va-
que muito se parece com o jogo dos
riar suas entonações. Consistem os
Timbales.
Timbales em duas bacias de cobre,
cobertas de pelles, fortemente esten- Timbre.
didas em cada uma por meio de um Entendemos por timbre, uma qualida-
arco de ferro e parafusos, que servem de do som peculiar de cada voz ou
para pôr mais ou menos estirada a instrumento.
pelle, segundo a entonação que se
Uma mesma qualidade de voz seja
queira dar. Cada um dos Timbales
um tiple, um tenor ou um baixo pode
produz um som differente que regu-
ser mais doce ou briIhante que outra,
larmente são a tonica da peça e sua
ou ter melhor timbre, e uma mesma
quinta. Sua musica é escripta com a
especie de instrumento pode tambem
clave de Fa na 4ª linha. No principio da
ter melhor timbre isto é, uma sonorida-
parte de Timbales se indica o tom em
de mais agradavel que outro. O timbre
que devem tocar, pondo-se os suste-
da voz reside na natureza ou na boa,
nidos e bemòes. Afina-se um Timbal
ou má conformação da larynge.
com o tom em que se acha a peça

sumário 426
Timbre. ou operação inalteravel para o movi-
Assim denominavam os compositores mento musical, chamado canto, seja
de Vaudevilles, as arias conhecidas, simples, ou melodico, multiplo, ou
que erão addicionadas de coplas. harmonico.

Timbres. Tiquetique.
Nome que dão ás duas cordas de Voz onomatopica de som rapidamen-
tripa que se fixam-na pelle inferior do te repetido.
Tambor, as quaes vibram com ellas.
Tirana.
Timbrozo. Canção hespanhola, mui graciosa,
Que timbra; que tem timbre. que usava-se em outro tempo, a qual
tinha um movimento moderado, e
Timpani. (It). syncopado em compasso ternario.
O mesmo que Timbales.
Tira tutto.
Timpanon. Expressão italiana que designa o re-
Instrumento antigo de musica monta- gistro que abre todos os do Orgão, ao
do de cordas de latão, que tocavam, mesmo tempo.
com uns palitos em forma de plectros.
Tirintintim.
Pouco se differençava do Psalterio.
Sons onomatopaicos imitativos da
Tinir ou Tinnir. Trombeta, com os quaes, entre os
Vibrar com som agudo. Romanos, quiseram significar o som
bellico.
Tiple.
E’ a mais aguda das vozes humanas, Tlim.
por seu timbre. E’ aquella que os Ita- Voz imitativa do som da Sineta ou
lianos chamam – soprano. Vid. Da-se Campainha.
tambem o nome de Tiple a um ins-
Toada.
trumento semelhante á Guitarra, de
Musica confusa; sons ruidosos que
mais curtas dimensões,e que, por isto
nada disem. syn. de Soada.
mesmo, produz sons mui agudos.
Toado.
Tipometro harmonico.
Syn. de Tocado; soado.
Nome que deu Virues, em sua Ge-
neuphonia, á uma fórma. harmonica,

sumário 427
Toar. Tom.
Syn. de Tocar; soar. Esta palavra tem na musica differen-
tes significações. 1° toma-se por um
Tocador. intervallo formado de duas notas dia-
O que toca instrumento musico. Ins- tonicas,como Dó, Ré, e que se divide
trumentista. em dous semitons. 2° chama-se tom
Tocante. o gráu de elevação, que tomam as
Syn. de sensivel; pathetico. vozes ou os instrumentos, para exe-
cutarem a musica, e, neste sentido, se
Tocar. diz que o tono de tal aria, ou peça de
Tirar dos instrumentos os sons pro- musica é demasiado alto, ou dema-
prios de cada um, e exercitar com siado baixo. 3° toma-se a palavra tom
elles a musica escripta, segundo as por uma regra de modulação relativa
regras e methodo peculiar aos mes- á uma nota principal que se chama –
mos syn. de Tanger. tonica. Vid. Os variados tons da musi-
ca differem entre si pelos seus gráus
Tocata.
de elevação, entre o grave e o agudo,
Termo popular. Peça de musica ins-
que occupam as tonicas das escalas
trumental. syn. de Sonata.
musicaes. Tambem destingue-se o
Todo concordante. tono pelas alterações dos sons e dos
E’ a conveniente relação das partes intervallos produsidos em cada um
de uma composição musical entre si com o temperamento ou afinação, de
e o todo, e tambem a perfeita união sorte que,em um Piano bem afinado,
dos concertistas pela justeza das en- um ouvido exercitado conhece, sem
tonações e compasso. difficuldade um tom qualquer, ouvindo
elle modular e isto se da, quer esteja
Toeiras. o Piano afinado alto ou baixo, ficando
Nome que dão ao terceiro par de cor- manifesto que este conhecimento nos
das da Guitarra. vem, tanto das differentes odulações
que cada tom recebe do accorde to-
Tofel.
tal, como do gráu de elevação que
Antigo instrumento de percussão,
occupą a tonica no teclado. Deste
como o Pandeiro ou Adufe.
principio nasce um manancial de va-
riedades e de bellezas na modulação,
outras tantas variedades na energia

sumário 428
da expressão, e, emfim, a faculdade resposta, deixa ouvir as notas princi-
de excitar sentimentos diversos com paes do tom, isto é, a tonica e a do-
accordes semelhantes, tocados em minante.
differentes tons. Si se quer a musica
Tonalidade.
magestosa e grave, o tom de Fa e
Se diz na musica da propriedade ca-
todos os tons maiores por bemóes o
racteristica de um tom, e tambem da
expressarão bem.
qualidade de uma peça escripta em
Si se quer musica alegre e brilhan- certo tom bem determinado. A nota
te, tome-se, o tom de La ou Re e outros sensivel e o accorde perfeito, deter-
tons maiores, por sustenidos. Si se minam a tonalidade d’ella.
quer musica terna e sentimental, tome-
-se os tons menores, por bemóes; o Tonalidade.
de Do menor, eleva a alma á ternura, o Nome que dão ás diferentes manei-
de Fa menor é lugubre e doloroso. Em ras de combinar os sons e formar
uma palavra: cada tom e cada modo com elles um systema de musica. O
tem sua peculiar expressão, que é pre- systema musical dos Gregos, o can-
cizoconhecer, e este é um dos meios tochão e a musica moderna, são – to-
pelos quaes’um compositor habil se nalidades.
faz merecedor dos affectos, que lhe
Tonica.
dispensam, os que o escutam.
E a primeira nota de cada escala, tan-
Tonadilla. to nas maiores, como nas menores;
Peça curta de musica dramatica, é igualmente toda nota fundamental
inventada na Hespanha, no seculo dos accordes.
XVIII. A’s Tonadillas succederam as A tonica determina a escala, po-
Zarsuellas, que no fundo não formam rem não o modo, e até que se deixe
mais que uma especie de Tonadilla, sentir a terceira elle não está patente.
pelo que tinham de canto e decla- O accorde Do, Mi, Sol, é maior, por
mação. A Tonadilla é tambem termo que o é em sua 3ª; e Do, Mib, Sol, é
popular, e designa cantiga rustica, e menor por que o é tambem sua 3ª,
propria da gente campestre. e, sem embargo, ambos teem uma
mesma tonica, e dahi se deduz que a
Tonal.
tonica não determina o modo.
Que é conforme ao tom. Chama-se
fuga tonal aquella que, no thema e na

sumário 429
Tonico. Tonos abertos.
Chama-se assim a nota ou som prin- Dá-se este nome áquelles sons que
cipal do tom. produz a Trompa naturalmente, em
opposição aos tons cerrados, que
Tonilho. são os que se executam, pondo a
Toada musical, acompanhada de ins- mão fechada no pavilhão ou canpana
trumento ou voz. do instrumento; meio pelo pelo qual
Tono. se podem produsir outros tons e se-
Nome que davam á certa e determi- mitons, que não daria a Trompa, sem
nada disposição da harmonia, que este recurso.
chamamos – tom. Tonos de Igreja.
Tonometro. São os que se usam para o Canto chão.
Apparelho de acustica destinado a Estes tiraram sua origem dos
medir com a maior exactidão, a altura antigos Gregos. Contam-se oito to-
de qualquer nota musical. nos regulares, quatro dos quaes se
Foi inventado em 1834 por um fa- chamam authenticos, principaes ou
bricante de sedas de nome Scheiller, maestros, e os outros quatro, pla-
e aperfeiçoado em 1867 pelo physico gaes, collateraes ou discipulos. Dá-
allemão Koenig. -se o nome de authenticos aquelles
em que a tonica occupa o grau mais
Tonos. baixo do canto: porem, se este des-
O mesmo que tons. cende de tres graus abaixo da tonica,
então o tom é plagal. Os quatro tons
Chamam-se a uns tubos circulares
authenticos teem seus finaes a um
que se juntam aos Clarins, Trompas,
grau superior, um do outro, a saber: o
Cornetas, Pistons, etc., para variar
1° tom em Ré, o 2° em Mi, o 3° em Fá
suas entonações. Por meio destes
e o 4° em Sol. O primeiro destes tons
tons se ajustam os sons aos de uma
corresponde ao modo dorico dos
orchestra, e por conseguinte, os ha,
Gregos, o segundo ao modo phrigio,
mais ou menos graves ou agudos, os
o terceiro ao modo lidio ou eolio, e o
quaes assignalam-se no principio de
quarto, ao modo mixolidio.
uma peça de musica, pondo-se antes
da clave, o que corresponde ao tom da
peça, mais ou menos do modo seguin-
te: Clarim em Sol, Piston en Sib, etc.

sumário 430
Tonos relativos. de transmittir as ordens dos chefes, e
São aquelles que teem mais intima dar a entender aos cavalheiros o movi-
relação com outro tom dado. mento com que devem preencher cer-
tas praticas ou exercicios habituaes.
Cada nota da escala tem cinco
relativos. Vid. Relativos. Toré.
Instrumento feito de taquara, em for-
Tonotechnia.
ma de Busina, entre os Indigenas.
E’ a arte de saber collocar pontas
metallicas em um cylindro de madei- Torloroto.
ra, que servem para levantar as val- Instrumento rustico, com que se fes-
vulas dos Orgãos ambulantes, afim tejam e se regosijam os aldeiãos ou
de dar passagem ao vento que faz pastores.
soar as Flautas.
Tornabota.
Dando-se voltas no alludido cy-
Instrumento de vento, usado na In-
lindro por meio de uma manivella,
glaterra.
poderemos tocar differentes sonatas,
aries, etc. Tem dez buracos para produsir
Toph. differentes sons, com uma embo-
Especie de Tambor mencionado mui- cadura de canna, semelhante a do
tas vezes na Biblia. Oboé.

O Toph dos Hebreus parece que Torneio.


seria o mesmo que o Deff dos Arabes, Volta, rodeio, enfeite.
d’onde derivou o Adufe.
Torsellum.
Toque. Palavra latina dada antigamente aos
Som. Syn, de musica instrumental. Orgãos que tinham mais de um re-
gistro.
Dão tambem o nome de toque, ao
instrumento de percussão usado nos Tosto. (It).
batuques de negros, como no Mara- Vivo; piu tosto, mais vivo.
catú, Candomblé, etc.
T. R.
Toques de Clarim. Abreviatura do vocabulo italiano Trillo.
Melodias compostas para o Clarim
de um Regimento de Cavallaria, afim Tranquillamente.
Com quietação.

sumário 431
Tranquillitá. (It). Transpor.
Tranquillidade; contranquillitá, com Executar ou notar um trecho de musi-
tranquillidade; com calma. Tranquillo ca em um tom differente daquelle, em
Socegado; expressão pacifica. que foi escripto.

Transcadencia. Transportar.
Nome dado por alguns harmonistas E’ escrever, cantar ou tocar um instru-
hespanhoes á cadencia plagal, e por mento que está em um tom, em outro
extesão, ao accorde perfeito do quarto distincto, que é o mesmo que diser,
grau que geralmente se emprega n’ella. em uma escala differente.

Transcripção. A transposição se faz, quando


E’ a reproducção de uma composi- uma peça de musica de canto está
ção vocal ou orchestral, sobre um ins- demasiado alta ou baixa para a voz,
trumento, que não é o mesmo, para o ou se acha em um tom mui difficil de
qual fora primitivamente escripta. ser executado em qualquer instru-
mento. Transportar é tambem, nos
Transição. instrumentos de braço, como o Vio-
E’ uma maneira de adoçar o canto, lino, Violoncello, etc, tirar a mão es-
quando a voz dá um salto em um in- querda da sua posição natural, para
tervallo disjuncto, intromettendo n’elle fasel-a subir á outra mais alta, afim
outros sons diatonicos. de extrahir sons mais agudos sobre
A transição, na harmonia, é uma as suas cordas, o que é impossivel
marcha fundamental propria para conseguir-se com a aquella posição.
mudar de genero ou de tono de uma Transportar.
maneira sensivel e regular, algumas E’ tambem notar ou executar, á primei-
vezes por meio de intermedios. ra vista, uma musica em tom diverso
Transição enharmonica. d’aquelle em que se acha escripta.
E’ aquella em que uma ou mais no- Transportador.
tas,depois de se ouvirem como relati- Nome que M. Roller, fabricante de
vas a um tom, de repente múdam de Pianos em Pariz, deo á uma invenção
natureza e se trasformam em notas sua, que facilita transportar a musi-
de outro. ca, por meio de um mechanismo tão
simples, como engenhoso, o qual

sumário 432
consiste em fazer passar o teclado Trautear.
por baixo das cordas, nos gráus de Syn. de cantarolar.
um semitom. Este mechanismo func-
Travessão.
ciona por meio de uma chave, dando,
Linha que atravessa perpendicular-
deste modo, uma nova tonalidade ao
mente a pauta ou pentagramma, e se-
instrumento, sem que soffra a menor
para os compaços. Syn. de barra, di-
perturbação no manejo dos dedos.
visão de compasso, linha divisoria etc.
Transposição.
Syn. de Transportar.

Transpositor.
Designa-se assim todo instrumento,
cujo som é differente da nota escrip- Tre. (It).
ta, como tambem os dispostos, de Tres; tre corda, jogo de tres cordas.
maneira a operar a transposição de
uma forma toda mechanica, tal como Trecho.
se dá no Piano transpozitor. Passagem; pedaço de uma peça de
musica; excerpto de obra musical.
Transtornado.
Termo applicado ao accorde que se Tremando. (It).
acha invertido, ou que não conserva Tremendo. Indica, no lugar da musica
a disposição natural das suas notas em que se acha assignalada, que se
ou sons. deve executar augmentando a vibra-
ção das cordas, com tanta rapidez,
Trastos. que os sons se succedam uns aos
E’, nos instrumentos de arco, a par- outros, sem que se distinga a menor
te superior do braço, sobre a qual se solução de continuidade e formem
apoiam as cordas com a pressão dos uma especie de tremor.
dedos, para variar as entonações.
Tremifusa.
Na Guitarra, Violão, e outros ins-
Nota moderna de cinco caudas, e
trumentos congeneres, se chama,
com o valor de um 32° de tempo ou
trastos, a uns filletes de prata, cobre
parte de compassso; 32 equivalentes
ou marfim, que atravessão a parte su-
á uma seminima, 16, á uma colcheia,
perior do braço e marcam a posição
8 á uma semi-colcheia, etc. Esta nota
dos dedos para variar os sons.

sumário 433
é quasi exclusivamente propria da duas, que por sua naturesa só pode-
musica de Piano, para exprimir uma riam entrar; isto é, que se tem de can-
volata ligeirissima. tar ou executar no mesmo periodo de
tempo do compasso, as tres em vez
Tremiliques. de duas. Syn. de tresquialteras, triolet
Termo caricato creado pela plebe, dos Francezes e terzina dos Italianos.
para particularisar genericamente
umas certas tocatas mui ruidosas, Tresquialteras:
monotonas e singulares, proprias da Esta expressão que corresponde á
Guitarra ou Viola de arame. farnceza Triolet e á italiana Terzina,
designa grupos de tres notas, equi-
Tremolando. valendo a duas, e sobre as quaes se
Syn. de Tremando. escreve as mais das vezes um 3.
Tremolo. Ha seisquialteras no valor de qua-
Em outro tempo usavam deste vo- tro; dosequialteras no valor de oito, e
cabulo italiano, para advirtir aos que da mesma sorte cincoquialteras, nove-
tocavam instrumentos d’arco. que quialteras, onsequialteras, etc., que se
deviam repetir muitas vezes uma executam mais ou menos depressa,
mesma nota com o mesmo golpe de segundo a exigencia do compasso.
arco, imitando o Tambor de Orgão.
Triade:
Tambem usavam-no, em vez Palavra com a qual os Italianos ex-
dapalavra trino, para indicar o redobre pressam as combinações harmoni-
dos Timbales. cas de tres sons.
Tremolo. (It). Estas combinações formam a tria-
Nome que se dá à repetição rapida e de harmonica,diatonica maior e outra
intermittente d’um mesmo som. diatonica menor, uma apparente dia-
tonica, e outra apparente semidiato-
Tremore: (It).
nica. As triades consonantes formam
Tremor; con tremore, com tremor.
a triade harmonica, composta do som
Syn. de tremolo.
fundamental, 3ª maior e 5ª justa; e
Tresillos: a triade menor composta da funda-
Chamam assim os Hespanhoes a mental, 3ª menor e 5ª justa. A triade
tres notas que se introduzem em diatonica se compõe de duas 3ªs me-
um tempo do compasso, em vez de nores como: Sol#, Si, Ré. A primeira

sumário 434
triade se chama apparente diatonica, zer conhecer o tom, mas não o indica
porque seus sons são tomados todos d›uma maneira precisa, senão com o
da escala diatonica; a segunda cha- auxilio da quinta. E› por assim dizer, da
ma-se semidiatonica, porque ha n’ella relação e do abraçamento da quinta
um som que não pertence á escala com a tonica, que a terceira torna-se
diatonica, pois se acha alterada com a expressão real do tom.
um semitom. As duas ultimas triades
Assim, é ainda a terceira que ca-
são dissonantes em rasão de sua 5ª
racterisa o modo maior ou o modo
diminuta. Na triade harmonica está o
menor, isto é, que exprime a união da
accorde perfeito, que constitue a har-
tonica com a quinta, com sua nuan-
monia; os outros accordes não são
ce, ora gloriosa e brilhante, como no
mais do intermediarios, e o ouvido, no
modo maior, ora triste e queixosa,
meio dos accordes dissonantes, tem
como no modo menor.
sempre necessidade de repousar so-
bre o accorde perfeito, para gosar o Quando, no meio das combina-
encanto da melodia. O accorde perfei- ções que o genio do Artista inventa
to é a relação de tres sons semelhan- para revelar o bello, a alma apanha a
temente consonantes entre si, que na tonica, ella sente que uma força estra-
linguagem musical se chama – tonica, nha manifesta-se; e quando a quiuta
terceira e quinta; triade por tal forma vem completar, por sua união, a toni-
unida que os tres sons que a compõe ca o ouvido percebe logo, que d’ahi
não formam senão, um, para o ouvido, vae nascer uma ultima manifestação.
e se juntam de tal sorte que é impos- A’ esta unidade da harmonia é o
sivel desunil-os sem alterar o poder que se chama accorde perfeito ou
de sua impressão. A tonica é a nota triade harmonica. Do ou a tonica, a
creada para se apoiarem sobre ella nota fundamental, aquella sobre a
as outras, e que determina a origem qual se apoiam todas as outra, é o
a que estas mesmas notas se ligam. que determina sua origem; o Mi ou
A terceira, na economia do accorde a terceira como uma procreação da
é como um entralaçamento da toni- tonica, é aquella que a chama, que
ca, que mostra o tom d›uma maneira a exprime, e que comprehende a in-
mais distincta, como exige o ouvido, telligencia; emfim o Sol ou a quinta,
porque, ella isolada, não caracterisa abraçando a tonica e a terceira, como
o tom; e deste modo permanece sem que as completa e lhes dá esta união
voz e sem expressão; é obrigada a fa- perfeita que faz a harmonia. De sorte

sumário 435
que a tonica dá o som, a terceira sua mo metal, sustentando o instrumento
expressão, e a quinta o seu accorde, com um dedo da mão esquerda, por
ou a harmonia perfeita. meio de um annel movel.

Por uma analogia bem singular, Sua yibração produz um som me-
o fundamento da harmonia se nos tallico mui agudo, e presta-se, nas
apresenta expressada sobre uma musicas militares, para marcação do
maravilhosa trindade, como a harmo- compasso, tendo sido mesmo em-
nia da Trindade Divina, que se com- pregado nas orchestras dos theatros,
põe de tres elementos distinctos. para certos e determinados effeitos.

E assim ficará bem definida a in- Trichordo:


fluencia da arte musical sobre a natu- Que tem tres cordas, ou tres sons.
reza humana. Pelo effeito do som, a
musica nos revela o infinito debaixo Trifusa:
da fórma melodica; pelo accorde ella Syn. de Tremifusa.
nos revela a constituição do proprio
Trigonio:
Deos, sob a fórma harmonica.
Instrumento originario da Siria, segun-
Quando estes dous elementos do foi citado por Ateneo. A Harpa é o
se acham reunidos n’uma melodia unico instrumento vulgar que pode dar-
harmonica, obram sobre o homem nos uma ideia do Trigonio dos antigos.
com um poder de que não ha exem-
plo de rivalidade com outras artes. O Trihemitono:
homem ama a musica por natureza, Nome que os Gregos ao intervallo
porque ama tambem o infinito por que nós outros chamamos, terceira
natureza; e a harmonia o arrebata menor e os Hespanhoes, hemiditono.
pela expressão mysteriosa de seus
Trillar:
accordes, porque no fundo de sua
Cantar em trillot.
existencia repousa o sentimento
mysterioso da Trindade Santa. Trillo:
Vibração da voz, em duas notas, que
Triangulo:
distam entre si, um, ou meio tom.
Instrumento de percussão, feito de
aço temperado, e da figura geometri- Syn. de Gorgeio.
ca que expressa seu nome. Toca-se
Trilho:
com uma pequena baqueta do mes-
Syn. popular de Estribilho.

sumário 436
Trilogia: qualidades essenciaes – igualdade,
Syn. de Trio. força e velocidade.

Trimeres: Syn. de Trillo.


Nome que deram os Gregos á exe-
Trio:
cução de tres modos consecutivos, a
Musica instrumental, composta or-
saber – o phrigio, o dorico e o lidio.
dinariamente para tres instrumentos
Trinado: principaes. Syn. de terzetto. Dá-se
Movimento alternativo e accelerado tambem o nome de trio a um dos qua-
sobre duas notas visinhas, o qual se tro trechos de uma symphonia.
dá a conhecer pela abreviatura das
Triolet:
lettras tr.
Palavra franceza que corresponde a
Trinar: tresquialteras, e designa um grupo de
Gargantear; fazer um som tremulo tres notas, equivalendo a duas, que
harmonioso, cantando ou ferindo o são designadas, as mais das vezes,
instrumento por um movimento alter- com um 3, por abreviatura. Os Italianos
nativo e accelerado, sobre duas no- chamam – Terzina. Vid. Tresquialteras.
tas visinhas.
Triphonia:
Trino: Na musica da edade medieva, era um
E’ um passo rapido e alternado de contraponto a tres vozes, ou a tres
uma nota á outra, immediata superior, instrumentos.
que se assignala por uma abreviatura
Triphonio:
com as lettras – tr sobre a nota, ou
Instrumento inventado em 1810 por
notas que se quer trinar. Tamdem se
um tal Weidner, cuja forma é seme-
chama – cadencia.
lhante á um Clave vertical. Para o to-
O trino pela voz é de uma exe- car se cobrem as mãos com luvas,
cução mui difficil, e os que não são untando os dedos com rezina, se
favorecidos pela natureza, com uma esfregando as cordas em toda sua
garganta flexivel, necessitam de mui- extensão, lenta ou rapidamente.
to estudo e trabalho para consegui-
Produz um som agradavel, pare-
rem uma execução limpa e veloz. Nos
cido com a Flauta.
instrumentos não é tão difficil o trinar;
porem é sempre necessario ter tres

sumário 437
Tripla: O som que produz é forte, e ser-
Termo antiguado. O intervallo da duo- ve como unisono ao jogo principal de
decima ou dosena. palheta.

Trite: Trombeta bastarda:


Assim designavam antigamente a 3ª E aquella que tem um tubo mais es-
corda do tetrachordo, contando des- treito que a ordinaria, e dá som mais
de o agudo ao grave, ou á 2ª, contan- agudo.
do do grave ao agudo.
Trombeta de caça:
Tritono: Trombeta de que se uza na caça e
Intervallo dissonante, composto de cujo som e rouguenho.
tres tons, dois maiores e um menor,
Assemelha-se á Trompa,e os
ou, o que é o mesmo, um ntervallo
tubos formam um circulo mui largo
de 4° augmentada com um semitom.
para poderem passar a roda do cor-
Outros chamam-na, impropriamente
po, e descangar ao hombros. Seu
– 4° superflua.
tom natural é Ré e não tem roscas,
Troáda: ou tabos de reserva, para variar as
Expressão popular para desiguar o entonaçoes. Regula-se a marcha dos
rufo do Tambor. caçadores e dos caes pelos sons de
diversas toques.
Tromba:
Nome que dão os Italianos ao que Trombeta de harmonia:
nós outros chamamos – Clarim. Syn. de Clarim. Este instrumento ser-
ve para reforçar a harmonia; o seu
Ha de differentes fórmas e entona- emprego na orchestra é sempre a
ção, com cylindros ou p:stons. Cha- duo, e para eleval-a ou abatel-a tem o
mam tambem Clarins de harmonia. auxilio das voltas ou pontos de ento-
Trombão: naçao, Como a Trompa.
Trombeta grande Trombone. Trombeta marinha:
Trombeta: Instrumento de uma só corda, mui
Registro de Orgão que pertence aos grossa que assenta sobre un cavalle-
Jogos de palhetas, e cujos tubos são te, e se fere com um arco, Produzindo
de estanho e fórma conica. um som parecido com o da Trombe-
ta, em quanto o pollegar da mão es-

sumário 438
querda, apoiado sobre esta’ mesma elevado. De perto, produzem estas
corda, varia as entonações. Sua es- Trombetas o effeito de um grande
tructura é pyramidal, e redonda pelas Orgão, au qual levam a vantagem de
costas, em torma de pêra, com qua- augmentar e diminuir os sons. Ao lon-
tro ou cinco pés de altura. ge parece que se está ouvindo uma
Harmonica. Pode uma habil orchestra
Trombeta russiana: deste genero dizer quartettos, sym-
Tem os Russos uma musica para trom- phonias, concertos, fugas, etc; e exe-
betas, de prodigioso effeito, diz Fetis. cutar, passagens rapidas e trinados,
Vinte, trinta, quarenta musicos com a maior nitidez.
apresentam, cada um. sua especie de
Trombeteiro:
Trombeta, que não da mais que uma
O tocador ou fabricante de Trombetas.
só nota: estas Trombetas são afina-
das de tal sorte, que tornecem, como Trombone:
os canudos do Orgão, todas a: notas Instrumento metallico do genero dos
necessarias para executar um trecho Baixos de sopro, porem sem bura-
de musica com os acompanhamen- cos, cujas entonações se obtem por
tos Por ex : um dos tocadores executa meio de um tubo introduzido d’entro
todas as notas de Dó, de qualquer oi- de outro que alarga ou encurta, á von-
tava que seja; outro as de Ré etc. e a tade de quem o toca.
precisao no executar é tal, que estes
A forma deste instrumento é hoje
differentes sons parecem todos do
ainda a mesma que tinha, ha tres se-
mesmo instrumento. Como ha notas
culos. Ha tres classes de Trombones
de uzo pouco trequentes, o mesmo
o Contralto, o Tenor e o Baixo.
musico se encarrega de as vezes, de
duas ou tres Trombetas para diminuir O que mais commummente se
o numero dos tocadores. Esta espe- usa nas orchestras é o Trombone te-
cie de orchestra produz um som mais nor. Ultimamente se tem construido
forte, mais pungente que os nossos Trombones a pistons, para facilitar
instrumentos de sôpro. melhor a execução, e assim tem el-
les variado de sua primitiva forma. O
Em tempo sereno, ouve-se esta
Trombone é de invenção muito antiga
musica á legua e meia, ou duas le-
e a principio se chamou Sacabuche.
guas de distancia, quando execu-
tada durante a noite, e em um sitio

sumário 439
Trombone-contra baixo: Trompa de caça:
Instrumento moderno, da fabricação Syn. de Trombeta de caça.
Sax, a tres pistons, em Si , cuja for-
Trompim:
ma é vertical, e sua extenção com-
Nome que deram a Clarineta e Clarim
prehende, desde o Mi regrave até o
do exercito francez, cuja fórma anti-
Sib agudo, na clave de Fá: e tambem
gamente era circular como a Trompa.
em Fá ou em Mib, a tres pistons, com
a mesma fórma, e a extensão desde Trompista:
o Si regrave, ate o Fá sobre agudo, na Artista musico que toca Trompa.
mesma clave.
Trompeta:
Trombone tenor: A invenção deste instrumento é da
Instrumento a tres pistons, com a mais remota antiguidade. Os Gregos
mesma figura do anterior, que subs- nada disseram de particular sobre
titue o antigo Trombone. elle : entretanto, sabemos, pelas Sa-
gradas Escripturas, que os Hebreos o
Trombonista:
usavam com o nome de Tuba.
Musico que toca Trombone.
Os Romanos tiveram Trompetas
Trompa:
de tres especies, a saber: a Tuba,
Instrumento metallico de sôpro e sem
palavra oriunda de tubos, pela seme-
buracos, que consiste em um tubo
lhança que tem com um tubo.
enroscado que, principiando estreito
na parte da emboccadura, se vae di- A Tuba era destinada á infanta-
latando progressivamene n’um cres- ria, e servia tambem para dar avizo,
cendo, até o fim d’elle, formando uma nos acampamentos, aos vivigilias da
especie de campana á qual chamam noite. Modernamente a Trompeta tem
tambem paviIhao. passado por differentes transforma-
ções, que se encontram na epigraphe
Suas entonações se produzem
– Corneta, nome que temos substitui-
tapando, mais ou menos, o pavilhão
do pelo de Trombeta.
com a mão fechada. Este instrumento
é de mui bello effeito nas orchestras, Troppo.
mas já o vão substituindo pelas no- Vocabulo italiano. Muito; allegro non
vas Trompas à pistons, de mais facil troppo,nao muito allegro.
execução.

sumário 440
Trova. o encontra em mãos de musicos am-
Termo popular. Syn. de cantiga ligeira. bulantes.

Tseng. Typophone.
Instrumento usado na China, muito Instrumento inventado a pouco tem-
semelhante ao Psalterio; tem vinte e po por Mustel, de Pariz, especie de
oito cordas metallicas que o tocador Sistro em que os timbres são substi-
faz vibrar com duas pequenas palhe- tuidos por diapasões de aço.
tas.
Este instrumento produz sons
Tudel. simples e invariaveis.
Tubo metallico, onde se põe a palhe-
Tyrana.
ta; faz parte de alguns instrumentos,
Certa musica de dança usada pela
como o Fagotte e etc.
plebe em batuques ou sambas.
Tuta força. (It).
Tyroleza.
Toda força. Este vocabulo moderna-
Canção dos Tyrolezes, na qual ha no-
mente introdusido na musica, serve
tas de falsete.
para indicar um grau de intensidade
maior, que o superlativo – fortissimo. Tyroliana.
Especie de valsa orignaria do Tirol, em
Tutti. (It).
compasso a tres tempos, e de anda-
Todos.
mento moderado; de caracter distinc-
Com esta palavra se destingue, to, sobre tudo na phrase final em tres-
na musica, o que é executado por quialteras, de um rythmo desigual, que
todos os cantores ou instrumentistas, executam com os mais agudos sons
do que deve ser executado a solo. do falsete, e mesmo.com um certo re-
quebro de voz nui singular, a que os
Tympanon. nacionaes chamam – dudeln.
Instrumento de cordas, em forma de
trapesio.

Suas cordas são de aço, e ferem-


-se com pequenas baquetas de pau,
curvas nas pontas. O Tympanon é do
genero do Psalterio, e ainda hoje se

sumário 441
U

sumário 442
Uapy. Una maris.
Especie de Tambor. Nome de um jogo de Orgão de pa-
lheta. de oito pés, afinado um pouco
Uatapu. mais alto que os outros jogos, for-
Busina cujo som, segundo os Indios mando com elles uma especie de ba-
do Pará, tem a virtude de attrahir os tedura, que tem alguma analogia com
peixes. o movimento das ondas.
Ugab. Undecima.
Nome hebraico que se encontra na E’ a oitava superior da quarta.
Biblia designando um instrumento, e
que, em traducção latina, foi substitui- Ungulares.
do por Organum. Chamam-se instrumentos ungulares
os que são vibrados com as unhas,
Este nome tem sido objecto de
ou com os dedos, como o Psalterio, a
opiniões diversas sobre a sua signi-
Viola, o Violino, a Guitarra, a Harpa, etc.
ficação; alguns affirmam ser o Ugab
uma designação generica de todos Uniclave.
os instrumentos de sôpro, outros po- Uma clave.
rem, como Minnim, designam todos
Ha muitos anos, diz Melxior, al-
os instrumentos de cordas.
guns autores de musica adoptaram o
Uguale. (It). systema de uma só clave para todas
Igual; semelhante. Syn. de Egualitá. as vozes e instrumentos, e por tanto,
para as partições ou partituras, com
Ugualitá. (It). o fim de simplificar a musica em sua
Igualdade. Syn. de Egualitá. orthographia e intelligencia.
Ugualmente. (It). Todos convieram no exito da ideia,
Igualmente. Syn. de egualmente. porem, até o prezente não se afasta-
ram da antiga rotina, tão difficil é dissi-
Un, Una. (It).
par envelhecidos habitos. Muitas são
Um, uma; un poco pio, um pouco
as vantagens que se experimentariam,
mais; una corda, uma corda, isto é, to-
escrevendo em uma só clave todas as
car á uma corda, ou sobre uma corda.
vozes e todos os instrumentos, e, entre
Una voce. (It). outras, a facilidade com que se arran-
Uma voz; a una voce, á uma voz. jariam as partituras. a presteza da exe-

sumário 443
cução em acompanhal-as á vista, a de estejam tão bem enlaçadas, que for-
poder ver, de um só golpe, todas as mem um todo completo e coherente.
combinações harmonicas de que se
Para conservar a unidade é mis-
vale um compositor em casos dados,
ter tambem que a musica represente,
e o ser menos complicado para os
por meio da expressão, a prosodia, a
discipulos aprenderem a composição,
declamaçao, a pontuação que resul-
sem ser preciso recorrerem a cousas
ta das cadencias, e o assumpto que
inuteis. Sabemos que o tiple e o tenor
ha de expressar. E’ necessario que o
cantam á uma oitava um do outro,
canto, os accordes, as modulaçoes e
como tambem o contralto e o baixo;
os movimentos tenhan entre si o mes-
por tanto, cantando uma mesma nota,
mo caracter, e nasçam de um mes-
todos, tomarão o som proprio de seu
mo pensamento; porem esta unidade
timbre, sem que resulte confusão. Que
não deve levar-se até á monotonia
importa que a Violeta se assignale na
que, em musica, é simplesmente in-
clave de sol se seus sons serão sem-
supportavel.
pre uma oitava a baixo do Violino?!
O que acabamos de diser da uni-
E o que convence mais que tudo é
dade da melodia, não pode existir
o considerar-se, que um Piano produz
sempre entre o canto e os acompa-
seis a sete oitavas de sons, sem mais
nhamentos, pois os que devem ex-
claves que as de Fá e Sól. Pois bem;
pressar por meio de accordes arpe-
traslade-se a clave de Fá que està na
jados e de phrases imitativas o que
4ª linha, para a quinta, que teremos
se passa n’alma do cantor, differem
o milagre feito. Convimos entretanto,
necessariamente da melodia que
que para conseguirse estas variações
deve ser cantabile, e se os cantos por
se necessita de duas cousas a saber:
meio dos quaes nossas mais puras
authoridade e vontade, isto é, que os
e ethereas impressões. se expandem
maestros de merito reconhecido o
e commovem o auditorio, quando
queiram, pois teem os elementos suf-
estão sustentados e animados por
ficientes para estabelecel-o: não sendo
accerdes que fasem estremecer de
assim, tudo não passará de um projec-
colera ou de enthusiasmo, segundo
to, que jamais chegará á realizar-se.
a expressão da melodia e a natureza
Unidade. do assumpto, então o transportam e
A unidade na musica consiste em que arrebatam. Ha na musica uma unida-
todas as partes de uma composição de successiva, que tem relação com

sumário 444
o assumpto, que se quer expressar, zes ou instrumentos que fazem ouvir
e, por conseguinte, todas as partes justamente os mesmos sons.
bem enlaçadas compõem um todo,
Unisone.
no qual se dividem o conjuncto e to-
Todos no mesmo som; execução
das as relações que o formam.
igual.
O praser que produz a harmonia
não é mais do que o effeito de pura Unisonico.
sensação, e o gozo que se experi- Que produz unisenancia.
menta é sempre curto; mas o pra-
Unisono.
ser que causa a melodia ou o canto,
União de dois sons que estão no
é apenas o de puros interesses, de
mesmo grau e cuja entonação é ab-
sentimentos que fallam ao coração
solutamente a mesma, isto é, que não
que o Artista pode sustentar sempre,
são, nem mais grave, nem mais agu-
e reprodusir á força do genio.
da que outro.
Por conseguinte a musica deve
O unisono é produsido por nu-
ser necessariamente escripta para
mero de oscillações de dois corpos
commover, agradar e manter o inte-
iguaes, como: cordas vibrantes, vo-
resse e a attenção. observadas es-
zes humanas, etc. funccionando em
trictamente as verdadeiras regras da
um igual espaço de tempo. Esta dou-
unidade da melodia.
trina, porem, não é tão exacta, como
Unis. parece, á primeira vista. Expliquemo-
Abreviatura da palavra unisono. -nos. O que constitue o verdadeiro
unisono é a igualdade do numero de
Unisonancia. vibrações produsidas por dois sons
Consonancia de duas ou mais vozes em tempos iguaes; no caso de haver
em um tom, ou o conjuncto de varios desigualdade entre o numero destas
instrumentos, ou vozes n’um só tom, vibrações, da-se intervallo entre os
produsindo monotonia ou som não mesmos sons. E’ assim que as vi-
variado. Syn. de equisonancia e ho- brações de uma Campa não sendo
mophonia. iguaes ás de uma corda de Violino,
não podem produzir igualdade de
Unisonante.
sons, e nem podem ser unisonos.
Que contem o mesmo som; seme-
lhante a outro no som accorde de vo-

sumário 445
Para explicar a identidade de sons Uranion.
que não sejam unisonos, usaremos Antigo instrumento de teclado, inven-
da palavra equisono sem a qual não tado por um musico chamado Bus-
poderemos conceber a relação do chman, em 1810, que tem alguma
som de um instrumento com outro, semelhança com o Mellodium. Tinha
ex: O Dó do Violino será equisono do quatro pés de comprimento, dous de
Do do Contra baixo; porem não uni- largura e um e meio de altura e um
sono, porque o Do do Violino, como o cylindro que se punha em movimento
mais agudo, produsira maior numero por meio de uma roda.
de vibrações que o Do do Contrabai-
Ut.
xo, e assim nos demais casos.
Primeiro signo do systema moderno,
Unitonica. que corresponde á lettra – C – com
Chama-se assim uma das ordens em que se designavà esta nota, antes da
que M. Fetis divide os primeiros traba- adopção das syllabas. Um musico
lhos da harmonia. italiano, chamado Doni, achando que
a syllaba ut produsia um som surdo
Univoco. ou apagado, substituio-a pela syllaba
Semelhante; uniforme. Sons univocos Dó. como mais sonóra, em 1640, e
são aquelles que se appellidam com essa inovação adoptaram desde logo
o mesmo nome; consonancia univo- os italianos, e muito tempo depois os
ca, a oitava e suas replicas, porque Hespanhoes.
exprimem sons.
Os Francezes conservan-se afer-
Uomo. (Primo) rados ao seu ut, cujo som, em rasão
Nome que se dá as vezes; ao sopra- de sua peculiar pronunciação, é, cer-
no castrado. tamente mais surdo que em outros
idiomas.

sumário 446
V
V. Esta lettra serve de abreviatura ás pala-
vras Violino, Volte. etc.

sumário 447
V. 1º. Variação.
Abreviatura da expressão italiana pri- Da-se este nome ás differentes ma-
ma volta, primeira vez. neiras de variar o canto de uma aria,
de um romance, de um thema ou mo-
V. 2°. tivo por meio de certos adornos.
Abreviatura da expressão italiana se-
cunda volta, segunda vez. Sendo estes mais ou menos com-
plicados ou variados, é mister que
Vago. atravéz delles se destaque o motivo
Designa uma expressão vaga, ou in- principal, e que cada variação tenha
certa. uma novidade tal, que prenda a atten-
ção e evite a monotonia. As dimen-
Valor das notas.
sões das variações são de differentes
E o valor da duração do tempo que
maneiras, e muitas d›ellas dependem
tem cada nota, segunda sua figura.
do capricho do compositor. Pode-se
Attribue-se a Juan de Muris a invenção
variar um thema: 1º addiccionan-
destas figuras; mas nada se encontra
do notas accidentaes, sem mudar a
nas obras d’este autor, que possa con-
harmonia: 2⁰ variando os acompa-
firmar esta opinião. Vid notas.
nhamentos, sem mudar o canto; 3º
Valsa. mudando os accordes; 4° finalmente,
Dança originaria da Allemanha. Tem variando o canto, os accordes e os
modernamente um movimento ale- acompanhamentos.
gre e vivo, e escreve-se sempre a
Variar.
tres tempos.
Variar uma aria, mudando-a; acres-
A valsa foi introdusida em França, centando-lhe ornatos que deixem
no anno de 1890 mas ella somente se subsistir o fundo da melodia e o mo-
tornou em moda no começo do secu- vimento.
lo passado.
Variasione. (It).
O Compositor Straus fez-se cele- Variação. Vid.
bre na invenção, graça e novidade de
taes composições. Variedade.
A variedade é a alma da musica.
Var.
Abreviatura da expressão italiana va- Quando uma musica tem unidade
riasione, variação. e não variedade, é monotona; mas,

sumário 448
quando á unidade junta a variedade, monica de 21 sons que produzem
é uma verdadeira producção da arte 204.204 melodias differentes, que
e o typo de um talento distincto. Tudo so para escrevel-as, se necessitaria
quanto se aparta da monotonia per- de um numero surprehendente de
tence á variedade; tudo o que liga as annos. Juntando se a estas combi-
ideias de um modo natural, do qual nações que podem ter as notas, os
resulta uma peça bem proporcionada, pontinhos com que se pode augmen-
pertence à unidade. Um ouvido perfei- tar sua duração, as sete pausas com
to, um gosto exquisito, e o genio são que se as pode mesclar, as syncopes,
tres cousas necessarias para evitar-se os ligados, os differentes compassos,
a monotonia, e encontrar-se uma bella os varios movimentos destes, desde
variedade nas composições, sem fal- o largo até o prestissimo, os interval-
tar á unidade, que tambem é indispen- los simples e compostos, todos os
savel em toda a producção musical. adornos que podem introdusir-se de
apoggiaturas, trinos arpejos, passos
Os homens superficiaes julgam
em unisonos, ligados, soltos, pizzica-
que a linguagem musical não pode
tos, as modificações de intensidade
ter muita variedade, porque os sons
no som, como: dolce, piano, crescen-
da escala, não sendo mais que sete,
do callando solsmorzando tando, di-
por necessidade teem de repetii-os
minuindo, perdendo-se etc, que fonte
os compositores, e, por conseguinte,
de inexgotataveis recursos offerecerá
não podem elles prestar-se á muita
ao genio esta admiravel e encanta-
varicdade. Como se enganam?!
doura sciencia da musica? Qual das
Sem embargo, vamos fasel-os bellas artes pode proporcionar-lhe
crer, que a musica manejada pelo mais variedade e realisar suas aspi-
genio é de uma opulencia inexgota- rações e seus sonhos?!
vel. As unicas permutações das cinco
notas Do, Re, Mi, Fa, Sol, produsem Varsoviana.
120 melodias differentes; a de seis Antiga musica de dança, de Varsovia,
até o La, dão 720; as de sete notas em compasso ternario.
até o Si, 5.040 e as outras notas da
Vaudeville.
escala diatonica ascendem a 40.320.
Palavra franceza que se dava outr’ora
As escala chromatica por bemóes e a
a canções satyricas e mordentes,
chromatica por sustenidos reunidas á
compostas sobre costumes indivi-
diatonica, formam uma escala enhar-
duaes, ou sobre acontecimentos

sumário 449
contemporaneos, rimados sobre uma Ventre.
aria vulgar e conhecida. Se diz, fallando de uma corda sonora
em vibração, do lugar em que, ella se
Compuseram-se Vaudevilles em
afasta da linha de repouso pelas suas
França, muito tempo antes de serem
extremidades.
conhecidos. Fasem remontar sua ori-
gem ao tempo de Carlos Magno; po- Vesperal.
rem, a opinião mais commum é que Livro de Canto-chão que contem to-
foi invenção de Oliveira Basselem de dos os psalmos, hymnos e antipho-
Val de Vire. Em Normandia, deu-se a nas que se cantam nas vesperas.
todas as canções satyricas o nome de
Vaudevires, que depois, por corrup- Vesperas.
ção, pasou-se a dar o de Vaudevilles. Uma das horas canônicas em que se
dividem os officios litúrgicos.
Vaudeville.
Cantam-se nas vesperas da festa
Comedia popular franceza, ornada de
principal antes das matinas.
coplas feitas com musica popular ou
extrahidas de outras peças. Vestigio indical.
Syn. de Tempo, Compasso, etc.
Veemenza. (It).
Vehemencia, con veemenza, com Vibração.
vehemencia; com energia. E’ um certo estremecimento que re-
cebe um corpo sonóro, por meio do
Velutato. (It).
encontro de outro corpo, que o obri-
Avelludado: sons doces e macios.
ga a sahir de seu estado de repouso,
Veloce. (It). e por-se em acção. Esta alteração
Veloz; rapido; execução viva; ligeira. communica ao ar uma cominoção
que, levando a nossos ouvidos uma
Velozmente. (It). sensação semelhante, é a causa im-
Velozmente; ligeiramente; movimento mediata do som.
ligeiro e veloz.
Quanto mais frequentes são as
Velocissimo. vibrações, mais agudos são os sons
Muito veloz. que produsem, e quanto mais lentas,
mais graves, os sons.
Velocitá. (It).
Velocidade; con velocitá, com viveza.

sumário 450
Com o auxilio do Sonometro ou Viella.
Monochordio, apparelho destiando Instrumento de cordas, de origem
a medir as vibrações sonoras e os ignorada e mui antigo, ao que nos
intervallos musicaes verificou-se que parece.
os numeros das vibrações de uma
Vigorosamente.
corda sonóra, são em rasão inversa
Energicamente; com vigor.
de sua extensão; que esses numeros
são proporcionaes aos raios quadra- Vigoroso.
dos dos pesos que estendem-nas; Firme; execução segura e animada.
que os numeros das vibrações das
cordas da mesma matéria tão na ra- Villancio.
são inversa de sua espessura, e que Especie de Ode sagrada, que os
os numeros de vibrações, de matéria Hespanhoes cantam nas Igrejas, pe-
differente, são em rasão inversa das las festas do natal.
raizes quadradas de suas densida-
Villanella.
des etc. Segundo a opinião dos phy-
Canto pastoril.
sicos, o typo universal da entonação
de um Lá não devia exceder de 880 Viol.
vibrações por segundo, com o qual Abreviatura da palavra Violino.
se consegueria uma elevação suffi-
ciente de sons com menos esforços Viola.
dos cantores, e em cujo meio pode- Na idade media usaram, com este
riam conservar á voz por mais tempo. nome generico, varios instrumentos
de defferentes construcções. Jerony-
Vibrante. mo de Moraes em seu Tratado de
Que vibra, treme ou oscilla. Musica, que escreveo no seculo XVIII,
deo a conhecer as divisões deste ins-
Vibrar.
trumento, que, então eram oscuras.
Syn. de oscilar.
N’elle se vê que a Viola se devidia
Vibrato. (It).
em duas classes de instrumentos, a
Vibrado; som forte; bem vibrado.
saber: a Rubeba e Viola ou Viella. A Ru-
Vibratorio. beba tinha somente quatro cordas que
Que vibra; movimento vibratório, tre- se afinavam por 5ª e a Viella tinha cin-
mulo; que oscila. co, que se afinavam variosmodos. Es-
tes instrumentos não tinham exactamt-

sumário 451
ne a fórma de nossos Violinos e Violas. Si, Mi. Os sons se obtem ferindo com
Muito tempo depois, as Rubebas ou os dedos da mão direita as cordas
Viellas soffreram varias modificações, que calcam os da esquerda sobre as
e deram origem ás differentes Violas, a divisões estabelecidas, que tomam o
saber: – a Viola propriamente dita, que nome de trastos. O Violão serve ape-
era montada com cinco cordas; o Alto nas para acompanhar as voz. Este
Viola que tambem tinha cinco cordas instrumento offerece bem poucos
afinadas em quintas; e o Baixo Vio- recursos: é monotono, seus arpejos
la, que os Italianos chamam Viola da fatigantes, e nem todos os tons são
Gamba. Houve tambem outra especie igualmente faceis de execução. Para
de Viola, que tomou o nome de Viola corrigil-o, recorreu-se a um pequeno
d’amor, de maiores proporções que o mecanismo que se adapta ao braço
Alto Viola. Este instrumento, montado do instrumento, denominado Capo-
de sete cordas afinadas em acordo tasto, e serve ás cordas de ponto de
perfeito de Ré maior, com cordas de apoio que as eleva por semitons a al-
tripas e arame, tem uns sons mui do- tura desejada.
ces e plangentes, e é o mais moderno
Violeiro.
de todos os do genero da antiga Viola.
O fabricante de Violas.
Mayeber introduziu este instru-
mento na opera dos Hugnotes. De Violeta ou Viola.
todas as antigas Violas, conserva-se Este instrumento de cordas e arco,
tambem a que chamamos Viola, Alto tem a fórma do Violino, em maiores
ou Violeta. proporções, e é montado com quatro
cordas afinadas em 5ªs, da maneira
Violão. seguinte: – Dó, Sól, Ré, Lá, em uma
Instrumento antigamente com cinco 5ª mais baixa que o Violino.
cordas, e hoje com seis; da forma de
A qualidade de seu som, que é
um Violino mui grosseiro e espesso,
melancolico, o torna insufficiente para
com tampo e fundo chatos, tendo no
agradar por muito tempo ao ouvido:
centro um grande orifício circular.
entretanto, no quarteto ou na sympho-
De suas seis cordas, tres são nia faz bom effeito, junta aos demais
revestidas de latão, que se chamam instrumentos para preencher o vacuo
bordões de Mi, La e Ré, e tres são de que ha na harmonia, entre os graves
tripa, para os sons mais agudos – Sol, e agudos.

sumário 452
Os seus sons ternos e excessiva- d’ella. Este instrumento foi depois re-
mente melancolicos, casam-se per- formado pelo padre Taparelli de Age-
feitamente com os da Clarineta, do glio, em 1855, segundo noticia que
Fagotte etc, e seus arpejos harmo- d’elle deu o Diario de Barcelona, de
niosos, como os do Violino, substi- 17 de Abril daquele anno.
tuem, muitas vezes, este, quando lhe
toca aparecer em sólo. A musica para Violinha.
este instrumento escreve-se, ordina- Diminutivo de Viola. Pequena Viola.
riamente, na clave de Dó, na terceira Violinista.
linha. Professor de Violino; e por extensão,
Violicembalo. uma notabilidade na execução d’este
Instrumento semelhante ao Piano, defficil instrumento.
inventado em 1606 por Juan Haydn, Violino.
que quis applicar-lhe as vantagens Este instrumento que em nossos dias
que teem os de arco ou de vento, de chegou, com justo titulo, a ser cha-
sustentar os sons por muito tempo, e mado a alma das orchestras, foi, no X
modificar sua força e densidade. Para seculo, o favorito dos menestreis, e,
isto estavam collocadas, debaixo dos então, tinha apenas tres cordas, afi-
tangentes, dez ou doze pequenas nadas em 5ª. Muito se tem dito sobre
rodas guarnecidas, pelos lados, de a pretendida antiguidade deste ins-
pergaminho besuntado de resina, as trumento; entretanto, parece que se
quaes moviam outra roda maior, que deve á França a reforma das Violas
se punha em movimento por meio de em Violinos, pois que nas partituras
um pedal. italianas, de fins do seculo XXI12, se
Quanto as teclas baixavam, os indica o Violino com a denominação
tangentes comprimiam as cordas de Piccolo Violino ala franceze. Elle
metallicas contra as pequenas rodas, que em pricipio so tinha tres cordas,
procuzindo o mesmo effeito do roçar mais adiante lhe poseram quatro e
do arco. Deste modo o som durava depois cinco; porem esta inovação
todo o tempo que a tecla estava bai- não foi aceita, e fixaram o numero
xa, e os gráus de força dos sons, de- de cordas em quatro, assim perma-
pendiam da maior ou menor pressão necendo na sua maior perfeição, não

12 Como no documento original. Certamente se trataria de XIX.

sumário 453
podendo mudar nem alterar cousa Esta pressão, que apoia mais ou
alguma d’elle sem fazel-o perder uma menos as cordas, deve ser mui enér-
parte de dua bondade. As quatro cor- gica, para que produza sons puros;
das de que consta o Violino devem por que uma corda somente tem uma
afinar-se por 5ªs da fórma seguinte, vibração sonóra, quando está fixada
principiando pela mais grave: Sol, Ré, com solidez nos pontos atacados.
Lá Mi. Somente com estas quatro cor- Há artistas, que á força de exercício,
das se pode estender seu diapasão á formam calos nos dedos; mas esta
mais de tres oitavas. circunstancia, não destroe de modo
algum a natureza do som. A afinação
Logo que este instrumento tomou
é tambem um dos pontos importan-
a superioridade sobre os demais de
tes, e não se o pode perder de vista,
sua classe, e de todos de orchestra,
para tocar-se o Violino. Todos os ins-
se dedicaram alguns fabricantes a
trumentos de arco não teem as mes-
esmerar-se em sua construcção. O
mas dimensões, por quanto cada Fa-
Violino é actualmente o Rei dos ins-
bricante uza de seu modo particular
trumentos e o que representa o papel
de construil-os, e d’ahi resulta a ne-
mais importante nas orchestras; emi-
cessidade de estender mais ou me-
nentemente flexível, associa-se aos
nos os dedos, para encontrar-se as
de toda especie, sem perder nada de
verdadeuras entonações. A distancia
sua superioridade; presta-se a todas
d’elles deve se achar na rasão da lon-
as nuances de expressão; a todas
gitude das cordas é proporcional ás
ás formas de execução; a todos ás
suas dimensões.
sortes de effeitos, por seus acentos
enérgicos, ternos. Apaixonados, me- Um ouvido fino adverte, desde
lancolicos etc. Seguindo, em tudo, a logo, a falta de afinação; porem isto
doutrina de M. Fetis, diremos que a não é sufficiente, pois que, para tocar-
execução dos instrumentos de arco -se sempre afinado, se faz necessária
se compõe de duas partes differen- certa destreza e largo exercício das
tes, a saber: o manejo dos dedos é a entonações. Se é difficil tocar afinado,
arte de sacar as entonações do ins- esta difficuldade augmenta ainda nos
trumento, por meio da pressão sobre passos bicordatos e tricordatos. Alem
as cordas contra o braço do instru- da influencia necessaria dos dedos
mento. na afinação, o arco a exerce tambem
no modo de ferir a corda, segundo

sumário 454
a maior ou menor pressão d’elle. A e desligados, alternativamente; em
acção dos dedos da mão esquerda fim, ha sucessões de notas que se
sobre as cordas somente influe na tiram com um só movimento de arco,
afinação; mas, para que os sons se- ferindo as cordas com rapidez, que é
jam mais ou menos doces ou fortes, o que se chama staccato, o que exi-
mais ou menos duros ou brandos, ge uma habilidade particular. O Vio-
tudo depende do resultado do mane- lino em principio só foi usado pelos
jo do arco. A experiencia tem provado menestreis, e mais tarde entrodusido
que não se pode por em relação os na orchestra; mas os que tocavam ti-
movimentos do arco e dos dedos, nham tão pouca habilidade, que Luli
senão modificando quanto possivel a se queixava de não o poder instrodu-
acção do braço que dirige o arco, de sir em suas composições nas passa-
modo que o punho obre livremente, gens de effeito, por temer da falta de
e sem curvatura. Si se observam os sua execução. O celebre Correli, foi o
movimentos de um Violinista habil, primeiro que comprehendeo o parti-
nada parece tão facil, como esta in- do que podia tirar deste instrumento.
dependência de acção; entretanto, Este Violinista que viveo em dins do
para adquiril-a, se necessita de mui- seculo XVII e principios XVIII creou
tos annos de aturado estudo. E ain- uma inifinidade de passos e combi-
da não é tudo: o tirar e o enpunhar nações, tanto no manejo dos dedos,
o arco dependem de uma infinidade como no do arco, pelo que suas so-
de combinações, que tambem offere- natas e concertos forram considera-
cem suas difficuldades. Muitas vezes dos, como modelos classicos em seu
se ligam muitos sons com um mesmo genero. De Cornelli até nossos dias
golpe de arco, e isto requer toda eco- se teem estendido os conhecimentos
nomia no acto de desdobrar o braço; e a pratica deste maravilhoso instru-
em outras occasiões, todas as notas mento, subresahindo-se muitos Pro-
se fasem com um movimento rapido, fessores em todas as Nações, cujo
e um numero de golpes, igual ao das numero seria enfadonho enumerar,
notas, o que se consegue unindo os até chegar ao mui celebre Paganini,
dedos da mão esquerda, com o bra- que venceo todas as difficuldades
ço que joga o arco. que este instrumento offerencia.

Ha ainda outras combinações Este homem extraordinario, alem


que offerecem series de sons ligados de uma organisação nercosa e sensí-

sumário 455
vel, tinha uma flexibilidade prodigiosa Violoncellista.
na mão, a qual unida ao estudo obs- Professor que toca Violoncello.
tinado, lhe proporcionou o poder exe-
Violoncello.
cutar os passos mais difíceis, como o
Instrumento de cordas e arco, de figura
tocar com a mão esquerda algumas
igual a do Violino; porem de superior
notas ao mesmo tempo que toca-
dimensão, originário, ao que parece,
va outras com o arco?! E ter-se há
da Viola de Gamba dos Italianos. Deve-
terminado já o desenvolvimento e a
-se sua invenção a P. Tardien de Tarras-
perfeição do Violino? Pensamos que
con, no seculo XVII. Em principio teve
não. Sahindo do ponto de partida,
cinco cordas que davam os sons de
em que o deixou Peganini, se pode,
Dó, Sol, Ré, Lá e Ré, e depois suprimi-
entretanto, chegar a mais, como tem
ram as mais aguda, ficando a entona-
succedido a semelhança dos viajores
ção seguinte: Dó, Sol, Ré, Lá. A musica
maritimos, que depois de chegdos
para Violoncello escreve-se com a cla-
a pontos conhecidos, se aventuram
ve de Fa, na 4ª linha, ou na de Sol, na
ainda a ir mais longe!
2ª. O som do Violoncello é sumamente
Violista. agradavel em mãos de um professor
O tocador de Viola. de mérito, posto que este instrumento
seja susceptível de produsir grandes
Violoncellino. effeitos, tanto nos solos, como na or-
Instrumento intermediário do Violon- chestra; parem, para tocar-se bem,
cello e da Viola ou Violeta, inventado tem-se que atender regras particulares
por um engenheiro e fabricante de no manejo dos dedos, em rasão das
instrumentos, francez, M. de Gennes distancias que há entre elles, para a
em 1898. afinação das entonações.
As cordas deste instrumento são O professor que toca o Violoncel-
afinadas oitava abaixo das do Violino, lo, na execução dos sons agudos,
resultando ficarem os quatro instru- tem as vezes necessidade de soltar o
mento – Violino, viola, Violoncellino e braço deste instrumento, para apoiar
Violoncello – uniformente distancia- sobre o trasto o dedo pollegar, cuja
dos entre si um intervallo de quinta, operação, si bem que seja rica em
e as respectivas cordas ordenadas rezultado, exige um estudo particular.
todas n’uma progressão de quintas.

sumário 456
O Violoncello é o baixo essencial Virtuoso.
da orchestra, e pensamos que é o Nome que se dá aos musicos de sa-
mais difficil dos instrumentos de cor- liente merito, tanto no canto como na
das e arco, por sua posição e jogo de execução de algum instrumento. Esta
arco, verdadeiramente mais encom- denominação que dão os Italianos
moda ue13 a do Violino, pelo que raros aos professores, quer diser – habili-
são os bons Violoncellistas. dade ou excellencia. Os Francezes
chamam – Virtuose.
Violone.
Instrumento de grandes dimensões, Vivace. (It).
que servia antigamente de Contrabai- Vivaz. Vocabulo que junto a qualquer
xo ás differentes espécies de Violas. palavra que indique movimento, quer
dizer que sua execução tem de ser
Virginal. mais veloz. Assim, Allegro vivace, sig-
Antigo instrumento de cordas e te- nifica um movimento mais veloz que
clado, favorito de Isabel, Rainha de o Allegro, etc.
Inglaterra.
No mesmo sentido se toma a ex-
Não podemos precisar bem a ori- pressão, con vivacitá. Apalavra Vivis-
gem d’este instrumento, que existio, simo, se toma como syun. de Pres-
segundo alguns, em 1530. tissimo.
Virgulas. Vivacemente. (It).
Assim chamavam antigamente, as li- Vivamente; o mesmo que Vivace.
nhas ou barras perpendiculares que
atravessam a pauta ou pentagrama, Vivacissimo. (It).
para dividir os compassos. Syn. de Muito vivo.
divisões.
Vivacitá. (It).
Virgulas. Vivacidade; con vivacitá, com vivaci-
Na Canto-chão ha virgulas e meias dade; com presteza.
virgulas; aquellas, para fazer pausa
Vivamente.
ou tomar respiração; estas, para di-
Syn. de Vivacemente.
vidir as notas de espécies differentes.
Vivente.
Execução animada.

13 Assim no documento original.

sumário 457
Vivo. que succede porem? Essa tendencia,
Syn. de Vivace. essa inclinação musical irresistível,
não é acompanhada, infelizmente, de
Vocação musical. um estudo methodico e racionado; e
E’ a tendência que se nos revela por falecendo-lhes uma perfeita educa-
um desejo irresistivel dos conheci- ção de espirito, deixam-se apenas
mentos musicaes. A vocaçao musi- condusir, licenciados e sem arte, tão
cal, esta preciosa faculdade que tão somente subordinados ás leis, que
accentuadamente se manifesta em só a um ouvido não preparado pode
nosso meio, como o caracteristico agradar! (Somos constrangidos a di-
de uma boa organisação musical de zel-o !) Habituados, cêdo, a um me-
nossos conterraneos, não tem mere- thodo exclusivamente creado para as
cido a attencão e o interesse que dis- occasiões de momento, difficilmente
perta o estimulo em outros. poderão sugeitar-se ás sevéras pres-
Si não fôra a nossa desidia, te- cripções da arte, tão arduas, quanto
riamos um nucleo musical de valor inabordaveis lhes parece !... Quem
e superioridade reconhecida, capaz o diria? E’ nas classes menos favo-
de rivalisar com tantos outros que recidas da sociedade, onde se mani-
há produsido o Estrangeiro; pois já festa mais frequentemente a vocação
alguém, n’um assomo de enthusias- musical.e,desta affirmativa, nos dão
mo cognominara a nossa Alagôas innegavel testemunho, os chamados
de – “Italia Brasileira!” E’ assim que – Capadocios menestreis, tocadores
muitas vezes se nos deparam alguns de Cavaquinho e Violão, executando
musicos cantores e instrumentistas, valsas, polkas, marchas, arias e ou-
em sua maioria feitos a vol d’oiseau, tros generos de composições, com
ignorantes até dos rudimentares pre- tanta graça, naturalidade e elegan-
ceitos da arte, mas, que por uma evi- cia, que se nos faz afigurar, perfeitos
dente inclinação, compõem melodias conhecedores da arte! Infelizmente,
originaes, a granel, e executam, em porem, taes espiritos vejetam, não se
seus instrumentos favoritos, trechos lhes podendo dispertar o sentimento
em que não faltam a expressão, a e o estimulo pelo estudo da musica;
graça e precisão nas entonações e porquanto todos os esforços e tenta-
accordes, revelando assim, n’uma tivas seriam inuteis, por faltar-lhes o
naturalidade espantosa, todos os se- indispensavel elemento – principios
gredos do instrumento e da arte. O rudimentares de instrucçao…

sumário 458
Na velha cidade de Alagôas, sua vegetação uberrima, de suas col-
como em Penedo especialmente, lossaes florestas seculares, de seus
estes dilettantes, formam quasi, que caudalosos rios, ha tambem a poten-
a totalidade da população e a ten- cia do espirito, a força e a energia da
dencia para a musica se lhes mani- intelligencia!...
festa pujante, nas intermittentes e
Vocal.
agradaveis serenatas, que enchem
Chama-se vocal a musica composta
de novidades harmonicas as bellis-
de vozes para canto, em opposição
simas noites luaredas do estio. Alem
á que se chama instrumental, que é
destes vagabundos menestreis etc.,
composta de instrumentos.
estas duas cidades teení produsido
musicos de merito reconhecido, mui- Vocalejar.
tos dos quaes, se cellebrisaram nas E’ cantar uma lição de solfejo, por vo-
capitaes mais adiantadas do nosso gaes ou monosyllabos distinctos dos
Paiz. Per mais de uma vez,(e são fre- que se acham estabelecidos para
quentes os casos) temos assistido ao nomear as notas da escala diatonica.
espectaculo commovedor de crean-
ças, que revelam um talento musical Este exercicio é absolutamente
precoce, mas, desgraçadamente, necessario para aprender a ajustar à
impossibilitados de receberem as lettra aos sons, e um maestro de can-
sensações, que um de seus orgãos to o tem de ensinar com perfeição, se
mais importantes, pode transmittil-as quiser que, o discipulo venha a ser
– a vista; Cégos de 4, 5, e 6 annos, e um cantor avantajado.
até verdadeiros aleijões, exibem nas
Vocalisação.
ruas publicas a vocação e o talento
Especie de solfejo da arte vocal, que
artistico, despertando a curiosidade e
se executa com a vogal A. A phylolo-
a adimiração geral. E que a natureza
gia, agora, mui a proposito, nos vae
não nos mostra sua magestade nas
fornecer alguns ensinamentos sobre
formidandas florestas, que parecem
a faculdade da voz humana. O ho-
encobrir com a Sua sombra verdejan-
mem, diz S. Bonnet, tem da natureza
te a abobada do nosso cé encanta-
animal a propriedade da vocalisaçao;
dor, e nem na fecundidade de nosso
e, com superioridade a todas as es-
prodigioso solo: ella como que se nos
pecies, tem a feliz conformação de
revela forte, grande e poderosa, mos-
um orgão admiravelmente disposto
trando à humanidade que ao lado de
para a palavra, e que preenche as

sumário 459
funcções de um instrumento musico Volante. (It).
de cordas e de sopro, cuja construc- Execução florida, tocando ligeiramen-
ção sublime fará o desespero eterno te os sons. Syn. de Liggiero.
dos factores, e que modula cantos
Volata.
tão superiores, com todas as melo-
Passagem veloz e rapida por muitos
dias da musica artificial, na bocca dos
sons, em distinctas elevações, que
Malibrans e dos Damoreau !
se faz sobre uma vogal ou sobre um
O homem tem em seus pulmões monosyllabo.
um sopro intelligente e sensivel; em
Tambem se chama Fermata.
seus labios, uma orla aberta, movel,
extensivel, rectratil, que emitte o som, Volatina.
que o modifica, o abranda, o restrin- Pequena volata.
ge, o ela e o extingue; em sua lingua,
um martello brando, flexivel, oudu- Volta. (It).
loso, que se retrahe, se estende, se vez; prima volta, primeira vez: secun-
move e se interpõe entre as valvulas, da volta, segunda vez.
segundo convem reter ou expandir a
Voltas.
voz; em seus dentes, um teclado fir-
Pequenos tubos volteados, que ser-
me, agudo, estridente; em seu pala-
vem em muitos dos instrumentos de
dar um tympano grave e sonóro: tem,
metal, para elevar ou baixar o gráu do
finalmente, toques que correspon-
diapasão preciso.
dem a todas as vozes da natureza !
Volti. (It).
Vocalisar.
Volte; volti subito, volte prompto. Ordi-
O mesmo que Vocalejar.
nariamente indica voltar a folha com
Vocalisio. presteza.
Trecho escripto para ser vocalisado.
Volubilitá. (It).
Voce. (It). Volubilidade, con Volubilitá, com vo-
Voz, con la voce, com a voz; mezza lubilidade; um pouco voluvel: menos
voce, meia voz. marcado.

Vogaes prohibidas. Volubilmente. (It).


São no solfejo italiano as vogaes I, U; Voluvelmente; expressão incerta.
e o mesmo se observa entre nós.

sumário 460
Volume. da voz do canto é formar sons apre-
Diz-se da massa dos sons, que pro- ciaveis, capazes de fazerem sentir – o
duz uma voz, ou de um instrumento, unisono, e passarem de uns a outros
sobre cada um dos gráus de seu dia- por meio de intervallos harmonicos,
pasão. e commensuraveis. Porem, seja qual
for o mechanismo da voz, limitamos-
Duas vozes iguaes formam um
-nos a dizer que cada individuo tem
unisono; porem, aquella que melhor
o seo particular, que se destingue de
satisfaz o ouvido, e que mais longe
outro, por alguma differença que lhe
conduz o som, é a que se diz ter
é propria, bem que hajam differenças
maior volume.
communs á muitos, que, formando
Ordinariamente, as vozes nas no- outras tantas especies de vozes, exi-
tas medias tem mais volume do seu gem que á cada uma se dê uma de-
diapasão. nominação particular. O caracter mais
geral que distingue as vozes, não é o
Voz.
que resulta de seu timbre ou seu vo-
E’ o resultado de todos os sons que
lume, mas do gráu que este volume
um homem pode sacar de seu orgão
occupa no systema geral dos sons.
vocal: fallando, cantando, ou rindo,
fórma o que se chama sua voz; e as Devide-se, pois, as vozes, geral-
qualidades desta voz dependem tam- mente, em duas classes: – agudas
bem das dos sons que emitte. e graves, cuja differença, entre si, é
quase de uma 8ª; e d’ahí resulta que
Assim se deve applicar, primeiro á
as vozes agudas cantam uma 8ª
voz, aquillo que se diz em geral com
mais alta que as graves; parecendo,
relação ao som. Os phisicos distin-
entretanto, cantar em unisono. As vo-
guem no homem differentes especies
zes graves são, ordinariamente, as
de vozes. A voz, tanto fallante, como
dos homens de certa idade; as agu-
cantante, vem inteiramente da glottis,
das são próprias das mulheres, dos
tanto pelo que respeita ao som,como
castrados e dos meninos. A voz dos
no que concerne ao tono; a ondu-
homens cantando em falsete, asse-
lação, porem, vem inteiramente do
melha-se á das mulheres. Apesar da
vae e vem de todo o larynge; esta
prevenção que tiveram os italianos
não faz parte da voz, porem affecta
pela voz dos eunucos, é mister con-
á totalidade d’ella. J. J. Rousseau é
vir que não ha outra que possa com-
de opinião, que o caracter distinctivo

sumário 461
parar-se com a das mulheres, já por harmoniosos. Ha tambem vozes que
sua extensão e já pela belleza de seu são o contrario do que havemos dito,
timbre. A voz dos meninos tem pou- a saber: vozes duras e pesadas; vo-
ca consistencia; a dos eunucos só zes flexiveis e ligeiras, e outras cujos
brilha nas coras altas; e emquanto a sons se acham distribuidos com de-
de falsete, é preciso dizer-se, é o mais sigualdade, por isso que umas ca-
desagradavel de todos os timbres da bem melhornos pontos altos, outras
voz humana. Todos estes diapasons, medios, e outras nos baixos; e vozes
reunidos e postos em ordem, formam exactamente iguaes ou de um mes-
uma extensão geralde tres oitavas, mo timbre em toda sua extensão. Ao
pouco mais ou menos, divididas em compositor compete tirar partido de
quatro partes, das quaes o Contralto, cada voz, segundo seu caracter e as
o Tenor e o Baixo são vozes proprias vantagens que ella lhe pode propor-
dos homens; e a quarta chamada Ti- cionar. As vozes dos meninos soffrem
ple ou Soprano é propria das agudas. uma notavel alteração ao chegarem á
puberdade, e succede que o trabalho
A demasiada distancia das vozes
do mestre para ensinal-os a cantar, e
entre si, obrigando-as á passarem
do discipulo para aprender se nullifi-
alem de sua extensão, pode dar logar
cam e, assim, n’aquella idade as suas
a subdivisões.
vozes não merecem classificação.
E’ assim que se devidem os bai- Não succede assim com as mulhe-
xos em baixos profundos, baixos e ba- res no estado nubil, por que somente
ritonos; os tenores em tenores supe- podem ser affectadas de uma certa
riores e concordantes; e os tiples em debilidade no timbre.
1ºs e 2°s, porem em tudo isto nada
As mulheres gozam de toda a
ha de fixo, nem estabelecido em prin-
frescura de sua voz, desde os 18 até
cipios determinados.
aos 30 annos, sempre que os dotes
Distinguem-se tambem as vozes naturaes não se deteriorem com es-
por outras qualidades differentes das tudos mal dirigidos. As mulheres não
de graves e agudas. Ha vozes for- possuem a voz mixta de cabeça ou
tes, cujos sons são ruidosos; vozes falsete, e por isto não podem subir
doces, cujos sons são aflautados com tanta facilidade como os teno-
e ternos; vozes grandes, ou de mui res. O homem tem na voz duas modi-
extensão; vozes bellas, que são as ficações, que alguns chamam – regis-
que produzem sons cheios, justos e

sumário 462
tros, a saber: – a voz de peito e a voz tres cathegorias: baixo, baritono e te-
de cabeça ou falsete. A voz de peito nor; a primeira subdivide-se em baixo
é aquella que emitte os sons em uma profundo e baixo cantante, segundo a
situação natural dos orgãos da voz, facilidade e intensidade que tenha nas
com pouco esforço e com a bocca notas graves ou agudas; a voz de tenor
aberta; a voz de cabeça ou falsete é subdivide-se tambem, pelas mesmas
aquella que se obtem, esforçando os circumstancias, em tenor grave e tenor
mesmos orgãos, para produzir sons ligeiro. Entra n’esta ultima cathegoria a
mais agudos. voz de tenor muito aguda que tem os
habitantes decertos paizes, como os
As vozes, por suas qualidades,
Tirolezes e outros; vozes que em fran-
dividem-se do modo seguinte: – voz
cez se denominam – haute-contre e
vellada, quando cançada, ou que te-
em italiano contraltino. A voz de mulher
nha perdido seu lustre, sua inteireza,
classifica-se de contralto, meio sopra-
por effeito da edade ou por um lar-
no e soprano; esta ultima subdivide-se
go e constante exercicio; voz branca,
em soprano grave e soprano sfogato,
quando tem um timbre claro e ar-
denominações que, em referencia ás
gentino; voz parda, quando não tem
cantoras de theatro, se substituem por
claridade, vibração e sonoridade; voz
soprano dramatico e soprano ligeero.
opaca, quando pouco se differença
da parda, em quanto ao caracter; e As tres primeiras especies da voz
voz pastosa, quando se presta com femenina correspondem á oitava aci-
facilidade a todas as inflexões de gor- ma das equivalentes especies da voz
geios, trinos e outros adornos. masculina, pela seguinte ordem, a
começar da voz mais grave:
Voz. (Extensão da)
A extensão regular de uma voz culti-
vada é de duas oitavas; muitos can-
tores ultrapassam estes limites, mas
são poucos os que attingem a duas
oitavas e meia. A extensão das vozes, compara-
das com os sons de um Piano, é a
Entretanto citam-se casos extre-
seguinte:
mamente raros, de cantores que per-
correm uma extensão de tres oitavas A voz de tiple ou soprano, esten-
e mais. A voz do homem divide-se em de-se

sumário 463
Ella, chamada de cabeça, esten-
de-se

A de 2º tiple, ou mezzo soprano,


estende-se
A voz de baritono, estende-se

A de contralto de mulher, esten-


de-se A de Baixo estende-se

A de contralto de homem, esten-


de-se Os sons mais baixos são mais de-
beis e obscuros, e os que excedem,
demasiado forçados.

Vóz angelica.
A de tenor, estende-se Jogo de Orgão que dá uma 8ª a cima
do jogo chamado – Voz humana.

Voz a solo.
Voz principal de um trecho de musica,
executado por uma só pessoa.
Esta mesma voz, chamada de Syn. de voz principal.
peito, estende-se
Voz branca.
Chama-se assim a voz de soprano e
contralto.

sumário 464
Voz de peito. Vozes.
Amplitude de sons produzidos pela Partes vocaes de uma peça de mu-
situação natural dos orgãos da voz, sica.
com o peito cheio, e a bocca aber-
Vozes.
ta. Esta voz se destingue da voz de
Tambem se diz assim dos sete signos
cabeça ou falsete, cujos sons são
da musica moderna: – Dó, Ré, Mi, Fá,
formados por um esforço d’aquelles
Sol, Lá, Si.
mesmos orgãos.
Vozes intermediarias.
Voz de prata.
São as que se acham entre a voz
Se diz da que é limpa, sonóra, argen-
mais aguda e a mais grave, como nos
tina, etc.
córos, a voz de contralto e de tenor.
Voz de Stentor.
Vozes exteriores.
Vóz excessivamente forte. Vid. Stentor.
São as vozes principaes, mais altas
Voz humana. e mais baixas, de uma composição,
Chama-se assim a um jogo de Orgão, como, nos córos, o soprano e o baixo.
que imita a voz do homem, quando
V. P.
canta; e tambem na Italia, chamam
Abreviatura da expressão italiana –
assim ao Cor-inglez, como tambem
volti presto.
ao Violino de concerto.
V. S.
Voz humana.
Abreviatura da expressão italiana –
Voz principal; parte de uma composi-
volti subito.
ção que n’ella exprime, mais particu-
larmente, o seo caracter proprio; toda Vuvú.
voz que, em um pedaço, se destingue Instrumento grosseiro e tosco, de per-
de outras, por uma melodia especial. cussão, feito de madeira, cylindrico,
coberto de uma elle tendida em uma
Voz principal.
de suas extremidades. Este instrumen-
Aquella que é obrigada a solo, e á qual
to por meio de uma fricção exercida
as outras servem somente de apoio,
sobre a pelle, produz o som onoma-
de expressão e de acompanhamento
topico, donde lhe veio o nome é em-
harmonico. Syn. de Voz a solo.
pregado nos divirtimentos de batuques
Voz velada. dos negros boçaes em suas festanças.
Encoberta; sombria, etc.

sumário 465
W

sumário 466
Walmika. ou Walynka. Wiegenziede.
Gaita de folle usada pelos campone- Os Allemães dão este nome ao canto
zes da Russia. appropriado para embalar e adorme-
cer crianças. Os Francezes chamam
Walzer. (All). – Berceuse.
Valsa.

sumário 467
X

sumário 468
Xacara ou Chacara. Xilophone.
Romance; signidilha que se canta á Instrumento de percussão bastante
Viola, em som alegre. E’ de origem singular, que os Tirolezes teem em
Arabe. grande estima; é composto d’uma se-
rie de baquetas de madeira afinadas e
Xenofriga. dispostas sobre almofadas de palha.
Nome de um instrumento antiquissi-
mo, semelhante ao Clave, inventado O instrumentista uza d’elle por
em fins do seculo antepassado. meio de pequenos martellos tambem
de madeira.
Xilarmonicon.
Este instrumento já foi empregado
Instrumento inventado ha alguns an-
n’uma dança macábra para grande
nos, mui parecido com o Euphone.
orchestra, produzindo um som mui
Não nos é possivel dar d’elle melhor
singular e de uma qualidade toda par-
noticia.
ticular, segundo Frei Domingos.

sumário 469
Z
14

14 Assim como na edição de 1908. O autor manteve os verbetes que iniciam com a letra Y e
Z juntos.

sumário 470
Yo. Zapatiado.
Flauta com emboccadura de apito, Dança hespanhola; que se executa
especie de Flagiolet usado na China n’uma aria, a 3/8, e apresenta alguma
e de origem mui remota. analogia com a sorreteira.

Yen-kin. Zarzuella.
Nome que os Chinezes dão á Guitarra E’ uma peça dramatica, cuja compo-
e que entre elles, significa kin da lua. sição altera o canto com a declama-
ção, assim como as tonadillas.
Za.
No canto-chão emprega-se esta syl- As zarzuellas ficaram estaciona-
laba para indicar o Sib, conservando das, por muitos annos, e até chega-
ao natural o – Si. ram á desapparecer inteiramente, até
que, em fins do seculo XVII, se intro-
Zabumba. duzio na Hespanha a opera italiana.
Termo chulo popular. Syn. de Bombo. Não obstante, voltaram as zarzuellas
O grande Tambor, obrigado das a reproduzir-se em nossos dias, e
Bandas Marciaes. se cantam em nossos theatros com
gerai applauso. Verdade é que os
Este instrumento de percussão compositores d’ellas lhes teem dado
tem a conveniencia de marcar os tem- umas formas mais pronunciadas e
pos do compasso, e produz mui bello um certo sabor de opera italiana, pos-
effeito nas orchestras, para reforçar o to que com pouco desenvolvimento.
seo volume em dadas occasiões. O publico, não obstante, as applaude
A sua musica é ordinariamente e ouve com satisfação.
notada com a clave de Fá.
Zarzuelleiro.
Zampona ou Zampogna. O compositor de zarzuellas.
Instrumento russo e campestre, an-
Zêlo.
tigamente usado entre a gente do
Indica um estylo zelozo, calorozo, etc.
campo.

Compunha-se de uma reunião de Zelozo.


tubos, que se tocavam, á semelhança O mesmo que o precedente.
de Gaita. Zelantemente. (It).
Zelosamente.

sumário 471
Zeppo. (It). vidido em tres partes (tres colcheias),
Cheio; execução toda cheia. e outro em duas, (duas colcheias).

Zeró. Zufolare. (It).


Um zeró, posto em cima de uma nota, Gaitear.
em uma parte de instrumento de cor-
Zufolino. (It).
das e braço, como o Violino, Violeta,
Gaitinha.
Violoncello, Guitarra, Bandolim, etc
indica que esta nota deve ser tocada, Zufolo. (It).
livre da pressão do dedo, isto é, solta. Gaita.
Zither. Zunido.
Especie de cithara pequena de inven- Syn. de som agudo.
ção allemã.
Zunir.
Zoar. Produzir zunido, causar som agudo e
Dar som forte. Syn. do soar. forte; soar aguda e fortemente.
Zolfa. (It). Zurla. (It).
A disposição das notas na pauta ou Alegria; con zurla, com alegria.
pentagramma.
Zurna.
Zoppo. (It). Instrumento proprio dos Turcos, que,
Contraponto syncopado. pela sua forma e qualidade de sons,
muito se parece com o Oboé.
Zonzon ou Zumzum.
Chama-se assim o som onomatopico
do ruido dos instrumentos de cordas.

Zorico.
Canto popular das provincias portu-
guezas; tem a singularidade de ser
accentuado com um rythmo especial
que se representa pelo compasso
5/8, chamado, por isso, compasso
zorzico, o qual se devide em dois
tempos desiguaes, sendo um subdi-

sumário 472
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sumário 473

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