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Encontrei Tristan Miles pela primeira vez em uma reunião onde ele

estava tentando assumir a empresa do meu falecido marido.

Ele era poderoso, arrogante e irritantemente lindo, e eu o odiava com


todas as células do meu corpo. Para o espanto de todos, três dias
depois ele me ligou e me convidou para um encontro.

Eu preferia morrer a sair com um homem como ele – embora eu tenha


que admitir que isso era bom para o ego. Rejeita-lo foi o ponto alto do
meu ano.

Seis meses mais tarde, ele era o orador convidado em uma


conferência que participei na França.

Ainda arrogante e irritante – mas desta vez, surpreendentemente


charmoso e espirituoso.

Quando ele olhou para mim, eu sentia as borboletas.

Mas eu não posso ir lá.

Ele é apenas um jogador de terno sexy, e eu sou apenas uma viúva


com três filhos indisciplinados.

Apenas preciso que esta conferência termine.

Porque todos sabem que Tristan Miles sempre consegue o que quer... e
o que ele quer sou eu.
Eu gostaria de dedicar este livro ao alfabeto,

para essas vinte e seis letras que mudaram minha vida.

Dentro daquelas vinte e seis letras, eu me encontrei,

e agora eu vivo meu sonho.

Da próxima vez que você disser o alfabeto,

Lembre-se de seu poder.

Eu me lembro todos os dias.


O telefone vibra na minha mesa. — Alô — eu respondo.

— Oi, Tristan Miles está na linha dois para você — responde


Marley.

— Diga a ele que estou ocupada.

— Claire. — Ela faz uma pausa. — É a terceira vez que ele


liga esta semana.

— E daí?

— Em breve, ele vai parar de ligar.

— E seu argumento é? — Eu indago.

— O que quero dizer é que pagamos à equipe com o cheque


especial esta semana. E eu sei que você não quer admitir isto,
mas estamos encrencados, Claire. Você precisa ouvi-lo.

Eu expiro pesadamente e arrasto minha mão por meu rosto.


Sei que ela está certa. Nossa empresa, a Anderson Media, está
com dificuldades. Estamos reduzidos aos nossos últimos
trezentos funcionários, tendo diminuído em relação aos
seiscentos iniciais. Miles Media e todos os nossos concorrentes
estão nos rondando como lobos há meses, observando e
esperando o momento perfeito para avançar rumo à matança.
Tristan Miles: o chefe de aquisições e o arqui-inimigo de todas as
empresas em dificuldades no mundo. Como um sanguessuga, ele
assume o controle das empresas quando elas estão no seu limite,
as despedaça e depois, com seus fundos sem fim, as transforma
em enormes sucessos. Ele é a maior cobra na cova de cobras.
Caçando fraquezas e recebendo milhões de dólares por ano em
troca do privilégio. Ele é um bastardo rico e mimado com a
reputação de ser extremamente inteligente, duro como pregos e
sem consciência.

Ele é tudo que odeio nos negócios.

— Apenas ouça o que ele tem a dizer... isso é tudo. Não se


sabe o que ele pode oferecer, — Marley implora.

— Oh, vamos lá, — eu zombo. — Nós duas sabemos o que


ele quer.

— Claire, por favor. Você não pode perder a casa da sua


família. Eu não vou deixar isso acontecer.

A tristeza me envolve, eu odeio estar nesta posição. — Tudo


bem, eu vou ouvi-lo. Mas é isso — admito. — Agende uma
reunião.

— Certo, ótimo.

— Não fique animada. — Eu sorrio. — Só estou fazendo isso


para calar sua boca, entende?
— Ótimo, boca oficialmente fechada de agora em diante.
Juro.

— Se ao menos. — Eu sorrio. — Você vem comigo?

— Sim, com certeza. Vamos espetar o talão de cheques do


Sr. Fancy Pants1 onde o sol não brilha.

Eu rio com a ideia. — Combinado.

Desligo e volto para o meu relatório, desejando que fosse


sexta-feira e não tivesse que me preocupar com a Anderson Media
e as contas por alguns dias.

Faltam apenas quatro dias.

Quinta-feira de manhã, Marley e eu descemos a rua a


caminho de nossa reunião. — Por que estamos nos encontrando
aqui, mesmo? — Eu pergunto.

— Ele queria se encontrar em algum lugar neutro. E


reservou uma mesa no Bryant Park Grill.

1 Gíria americana para esnobe;


— Isso é estranho - não é um encontro — eu bufo.

— Provavelmente é tudo parte de seu grande plano. — Ela


levanta as mãos e faz um arco-íris no ar. — Terreno neutro. — E
arregala os olhos em tom de brincadeira. — Enquanto ele tenta
foder nossas bundas.

— Com um sorriso no rosto. — Eu sorrio. — Espero que pelo


menos seja agradável.

Marley dá uma risadinha e depois volta a lembrar do plano.


— Portanto, lembre-se da estratégia — ela me instrui enquanto
caminhamos.

— Sim.

— Diga-me de novo... para que eu me lembre — ela


responde.

Eu sorrio. Marley é uma idiota. Mesmo assim, uma idiota


engraçada. — Fique calma, não o irrite, — respondo. — Não diga
um não direto... apenas mantenha-o no gelo, em segundo plano,
como uma apólice de seguro.

— Sim, é um ótimo plano.

— Deveria ser... você pensou nisso. — Chegamos ao


restaurante e paramos na esquina. Pego meu pó compacto e
reaplico meu batom. Meu cabelo escuro está preso em um coque
frouxo. Estou usando um terninho azul marinho com uma blusa
de seda creme, sapatos de salto alto e meus brincos de pérola.
Roupas sensatas – quero que ele me leve a sério. — Eu pareço
bem? — Pergunto.

— Você parece gostosa.

Meu rosto cai. — Eu não quero parecer gostosa, Marley. Eu


quero parecer forte.

Ela franze a testa enquanto se encaixa no personagem. —


Totalmente forte. — E soca a mão com o punho. — Estilo
arrebatamento da donzela de ferro.

Eu sorrio para minha linda amiga. Seu cabelo vermelho


brilhante é curto e pontiagudo, e seus óculos estilo gatinho rosa
estão em pleno esplendor. Ela está usando um vestido vermelho
com uma camisa amarelo-claro por baixo com meias e sapatos
vermelhos. Ela está tão na moda que está realmente arrasando.
Marley é minha melhor amiga, minha confidente e a funcionária
mais esforçada de nossa empresa. Ela não saiu do meu lado nos
últimos cinco anos; sua amizade é um presente, e eu não tenho
ideia de onde eu estaria sem ela.

— Você está pronta? — Ela pergunta.

— Sim. Estamos vinte minutos adiantadas – eu queria


chegar aqui primeiro. Obter uma vantagem.

Seus ombros caem. — Quando eu pergunto se você está


pronta, você deve responder: “Eu nasci pronta”.
Eu me afasto, passando por ela. — Vamos acabar com isso.

Abaixamos nossos ombros, nos fortalecemos e entramos no


saguão. O garçom sorri. — Olá, senhoras. Como posso ajudá-las?

— Ah. — Eu olho para Marley. — Estamos esperando


alguém.

— Tristan Miles? — Ele pergunta.

Eu franzo a testa. Como ele sabia disso? — Sim... na


verdade.

— Ele reservou a sala de jantar privativa no andar de cima.


— Ele aponta para a escada.

— Claro que ele reservou — eu murmuro baixinho.

Marley franze o lábio em desgosto, e nós subimos. O último


andar está vazio. Nós olhamos ao redor e vejo um homem na
varanda em seu telefone. Terno azul marinho sob medida, camisa
branca, alto e musculoso. Seu cabelo é mais longo no topo,
castanho escuro com cachos. Parece que ele pertence a uma
sessão de modelos, não ao poço da cobra.

— Puta merda... ele é gostoso — sussurra Marley.

— Cale a boca — eu sussurro, em pânico que ele vai ouvi-


la. — Aja com calma, por favor?
— Eu sei. — Ela bate na minha coxa e eu bato em suas
costas.

Ele se vira para nós e abre um largo sorriso, levantando o


dedo, gesticulando que ele vai demorar um pouco. Eu finjo um
sorriso. Ele vira de costas para nós para terminar sua ligação, e
olho para suas costas conforme minha raiva aumenta. Como ele
ousa nos fazer esperar. — Não fale nada — eu sussurro.

— Posso assobiar? — Marley sussurra enquanto o olha de


cima a baixo. — Eu quero muito dar um assobio alto para esse
cara. Idiota ou não.

Aperto a ponta do meu nariz – isso já é um desastre. — Por


favor, apenas não fale — eu a lembro novamente.

— Está bem, está bem. — Ela faz um gesto de fechar os


lábios.

Ele desliga a ligação e caminha em nossa direção, a


confiança em pessoa. Sorrindo amplamente, estende a mão. —
Olá, sou Tristan Miles. — Ele é todo covinhas e queixo quadrado
e dentes brancos e...

Aperto sua mão. É forte e grande, e fico imediatamente


ciente da sua sexualidade flamejante. O burburinho que ele me
dá me faz dar um passo involuntário para trás. Não quero que
saiba que o acho atraente. — Olá, sou Claire Anderson. Prazer
em conhecê-lo. — E aponto para Marley. — Esta é Marley
Smithson, minha assistente.

— Olá, Marley. — Ele sorri. — Prazer em conhecê-la. — Ele


aponta para a mesa. — Por favor, sentem-se.

Sento-me com o coração na garganta – ótimo. Como se eu já


não estivesse agitada, ele não precisava ser tão elegante também.

— Café? Chá? — Aponta para a bandeja. — Tomei a


liberdade de pedir o café da manhã.

— Café, por favor — eu respondo. — Apenas creme.

— Eu também — acrescenta Marley.

Ele serve nossos cafés com cuidado e os passa com um


prato de bolos.

Eu aperto meu queixo para me impedir de dizer algo


sarcástico e, finalmente, ele se senta à nossa frente. Desabotoa o
paletó com uma das mãos e se recosta na cadeira. Seus olhos
vêm para mim. — É bom finalmente conhecê-la, Claire. Eu ouvi
muito sobre você.

Eu levanto minha sobrancelha em aborrecimento. Eu odeio


que sua voz seja rouca e sexual. — Da mesma forma — eu
respondo.

Eu olho para baixo e noto as abotoaduras de ônix e ouro


preto e o elegante relógio Rolex, tudo sobre esse cara grita
dinheiro. Sua loção pós-barba flutua entre nós. Tento o meu
melhor para não inalar – é de outro mundo. Eu olho para Marley,
que está sorrindo boba enquanto ela o encara... totalmente
apaixonada.

Ótimo.

Ele se recosta, relaxado e confiante, frio e calculista. —


Como tem sido sua semana?

— Tudo bem, obrigada — eu respondo, minha paciência


sendo testada. — Vamos direto ao assunto, Sr. Miles, podemos?

— Tristan — ele me corrige.

— Tristan — eu respondo. — Por que você quer tanto se


encontrar comigo? O que poderia justificar que você me ligasse
cinco vezes por semana durante o último mês?

Ele passa o dedo indicador sobre os lábios grandes, como se


estivesse se divertindo, e seus olhos fixam-se nos meus. — Já faz
algum tempo que assisto ao Anderson Media.

Eu levanto minha sobrancelha novamente. — E diga... o que


você aprendeu?

— Você está dispensando funcionários todos os meses.

— Estou reduzindo o tamanho.

— Não por escolha.


Algo sobre este homem me irrita.

— Não estou interessada no que você está oferecendo, Sr.


Miles — eu digo. Sinto um chute forte sob a mesa no tornozelo e
estremeço de dor. Uau... isso dói. Eu olho para Marley. Ela
arregala os olhos em um sinal de cale a boca.

— Como você sabe que quero lhe fazer uma oferta? — Ele
responde calmamente.

Quantas vezes ele teve essa conversa? — Não quer?

— Não. — Ele bebe seu café. — Eu gostaria de comprar sua


empresa, mas não estou oferecendo um passe livre.

— Passe livre — eu zombo.

Marley me chuta novamente... oh merda, isso dói. Eu lanço


a ela um olhar sujo, e ela finge um largo sorriso. — Feliz, feliz —
ela murmura.

— E o que você quer dizer com passe livre, Sr. Miles?

— Tristan — ele me corrige.

— Vou chamá-lo do que eu quiser.

Ele me dá um sorriso lento e sexy, como se amando cada


minuto disso. — Eu posso ver que você é uma mulher
apaixonada, Claire, e isso é admirável..., mas vamos lá. Vamos
ser sérios aqui.
Eu rolo meus lábios, desejando ficar em silêncio.

— Nos últimos três anos, sua empresa sofreu um prejuízo


enorme. Você está perdendo contas de publicidade à esquerda, à
direita e no centro. — Ele coloca a mão na têmpora enquanto me
encara. — Estou supondo que as finanças são um pesadelo.

Eu engulo o nó na minha garganta enquanto olhamos um


para o outro.

— Eu posso tirar tudo de suas mãos e você pode fazer uma


pausa merecida.

A raiva começa a bombear meu sangue. — Você adoraria


isso, não é? Fazer o papel de Sr. Bonzinho e tirar tudo das minhas
mãos... venha em seu cavalo branco e salve o dia como um
cavaleiro.

Seus olhos seguram os meus e um traço de sorriso cruza


seu rosto.

— Vou manter minha empresa mesmo que seja a última


coisa que eu faça. — De novo sinto um chute rápido e salto,
perdendo o resto da minha paciência. — Pare de me chutar,
Marley — eu gaguejo.

Tristan abre um largo sorriso enquanto olha entre nós. —


Continue chutando-a, Marley — ele diz. — Dê um pouco de bom
senso a ela.
Eu reviro os olhos, envergonhada por minha assistente
estar chutando meus tornozelos ‘pra’ valer.

Ele se senta para frente, seu propósito renovado. — Claire,


vamos deixar uma coisa bem clara. Eu sempre consigo o que eu
quero. E o que eu quero é a Anderson Media. Posso tomá-la agora
por um bom preço que irá protegê-la. Ou — ele dá de ombros
casualmente — posso esperar por seis meses até que os
liquidantes intervenham e o consigam por quase nada, e você
pode enfrentar a falência. — Ele coloca as mãos na mesa à sua
frente. — Nós dois sabemos que o fim está próximo.

— Seu idiota presunçoso — eu sussurro.

Ele inclina o queixo para o céu e sorri com orgulho. — Os


caras legais não são os preferidos, Claire.

Meu coração começa a bater mais rápido enquanto minha


raiva aumenta.

— Pense nisso. — Ele pega seu cartão de visita e o desliza


sobre a mesa.

TRISTAN MILES

212-555-4946
— Eu sei que não é assim que você quer vender sua
empresa. Mas você precisa ser realista, — continua ele.

Eu fico olhando para ele, sentado lá todo frio e sem coração,


e sinto minhas emoções borbulhando perigosamente perto da
superfície.

Nossos olhos estão travados. — Aceite a oferta, Claire.


Enviarei um número para você esta tarde. Você será cuidada.

Meu elástico de sanidade se quebra e eu sento para frente.


— E quem vai cuidar da memória do meu falecido marido, Sr.
Miles? — Eu zombei. — Miles Media com certeza não vai.

Ele torce os lábios, desconfortável pela primeira vez.

— Você sabe alguma coisa sobre mim e minha empresa?

— Eu faço.

— Então você saberá que esta empresa foi o trabalho da vida


do meu marido. Ele trabalhou por dez anos para construí-la do
zero. Seu sonho era passá-lo para seus três filhos.

Seus olhos seguram os meus.

— Então... não se atreva, porra — bato minha mão na mesa


enquanto meus olhos se enchem de lágrimas — sentar-se aí com
esse olhar presunçoso em seu rosto e me ameaçar. Porque
acredite em mim... Sr. Miles, o que quer que você esteja jogando
sobre mim não é tão ruim quanto perdê-lo. — Eu me levanto. —
Eu já estive no inferno e voltei, e não vou permitir que algum
bastardo rico e mimado me faça sentir como merda.

Ele rola os lábios, nada impressionado.

— Não me ligue de novo — eu digo enquanto empurro minha


cadeira para trás.

— Pense nisso, Claire.

— Vá para o inferno. — Eu começo a irromper para a porta.

— Ela está apenas tendo um dia ruim. Definitivamente


vamos pensar sobre isso, — Marley balbuciou embaraçada. —
Obrigada pelo bolo... estava gostoso.

Limpo com raiva as lágrimas do meu rosto enquanto desço


as escadas correndo e saio pela porta da frente. Não posso
acreditar que fui tão pouco profissional. Lágrimas enchem meus
olhos novamente. Bem, pelo menos eu o enfrentei, eu acho.

Marley corre para me acompanhar. Ela sabiamente fica em


silêncio e olha para os dois lados da rua. — Oh, dane-se, Claire...
não vamos voltar ao trabalho. Vamos nos embebedar em vez
disso.
Tristan

Eu fico na janela e fico olhando para Nova York. Minhas


mãos estão nos bolsos do meu terno e uma sensação estranha
está queimando um buraco no meu estômago.

Claire Anderson.

Linda, inteligente e orgulhosa.

Não importa quantas vezes eu tentei apagá-la da minha


mente nos últimos três dias desde nosso encontro, eu não
consigo.

A maneira como ela parecia, o jeito que ela cheirava, a curva


de seus seios através de sua camisa de seda.

O fogo em seus olhos.

Ela é a mulher mais linda que já vi em muito tempo, e suas


palavras sinceras estão repetindo várias vezes na minha mente.

— Então... não se atreva, porra sentar-se aí com esse olhar


presunçoso em seu rosto e me ameaçar. Porque acredite em mim...
Sr. Miles, o que quer que você esteja jogando sobre mim não é tão
ruim quanto perdê-lo. Eu já estive no inferno e voltei, e não vou
permitir que algum bastardo rico e mimado me faça sentir como
merda.
Sento-me à minha mesa e rolo uma caneta sob meus dedos
enquanto mentalmente repasso o que preciso dizer. Eu tenho que
ligar para ela e remarcar nossa reunião, e estou temendo isso.
Eu expiro pesadamente e disco o número dela. — Escritório de
Claire Anderson.

— Olá, Marley. É Tristan Miles.

— Oh, olá, Tristan — ela responde alegremente. — Você está


atrás de Claire?

— Sim, eu estou. Ela está disponível?

— Vou passar você direto.

— Obrigado.

Eu espero, e então ela atende. — Olá, Claire falando.

Eu fecho meus olhos ao som de sua voz... sexy, rouca...


atraente.

— Olá, Claire. É Tristan.

— Oh. — Ela fica em silêncio.

Porra... Marley não disse a ela que era eu.

Uma sensação desconhecida começa a se infiltrar em meus


ossos. — Eu só queria ver se você estava bem depois do nosso
encontro. Me desculpe se eu te chateei. — Eu torço meu rosto...
o que você está fazendo? Isso não está no plano.
— Meus sentimentos não são da sua conta, Sr. Miles.

— Tristan — eu a corrijo.

— Como posso ajudá-lo? — Ela diz impacientemente.

Minha mente fica em branco...

— Tristan? — Ela me chama.

— Eu queria ver se você gostaria de jantar comigo no sábado


à noite. — Meus olhos se fecham em horror... que porra estou
fazendo agora?

Ela fica em silêncio por um momento e, em seguida,


responde surpresa: — Você está me chamando para um
encontro?

Eu torço meu rosto. — Não gostei da maneira como nos


conhecemos. Eu gostaria de começar de novo.

Ela ri em um tom condescendente. — Você só pode estar


brincando. Eu não sairia com você mesmo se você fosse o último
homem na terra. — Em seguida, ela sussurra: — Dinheiro e
aparência não me impressionam, Sr. Miles.

Eu mordo meu lábio inferior... aí. — Nosso encontro não foi


nada pessoal, Claire.

— Foi muito pessoal para mim. Vá e encontre uma


patricinha para jantar e beber vinho, Tristan. Não tenho interesse
em sair com um bastardo frio e sugador de almas como você. —
O telefone clica quando ela desliga.

Eu fico olhando para o telefone na minha mão. A adrenalina


está bombeando pelo meu sistema com suas palavras de luta.

Não sei se estou chocado ou impressionado.

Talvez um pouco dos dois.

Eu nunca fui rejeitado antes e definitivamente nunca


falaram assim comigo.

Viro para o meu computador e digito no Google: Quem é


Claire Anderson?
SEIS MESES DEPOIS

Claire

Eu li o convite na minha frente.

DOMINE SUA MENTE.

Oh Deus, que monte de merda.

Eu preciso sair disso... eu honestamente não consigo pensar


em nada pior.

— Acho que isso vai ser ótimo para você — diz Marley.

Eu olho para a minha melhor amiga de confiança enquanto


ela faz seu melhor discurso de vendas, tentando me tirar da
minha zona de conforto. Eu sei que seu coração está no lugar
certo, mas isso está indo longe demais. — Marley, posso dizer-lhe
francamente, agora, que se você acha que uma conferência
motivacional com todos aqueles malucos vai me ajudar, você está
mais louca do que eu jamais imaginei.
— Pare, vai ser fantástico. Você vai, se reagrupar e se
reorientar, e você voltará renovada, e a empresa e sua vida e tudo
mais vai se encaixar.

Eu reviro meus olhos.

— Vamos, podemos pelo menos concordar que você precisa


mudar sua visão? — Ela me pergunta enquanto se senta na
minha mesa.

— Possivelmente. — Eu suspiro, abatida.

— E não é sua culpa você não estar empolgada. Você já


passou por tanta coisa: a morte inesperada de seu marido, cuidar
de três meninos e tentando manter a empresa à tona. Foi um
inferno. E, realisticamente, você tem lutado desde a morte de
Wade, cinco anos atrás.

— Você tem que dizer isso em voz alta? Parece ainda mais
deprimente. — Eu suspiro novamente.

Uma batida soa na porta do meu escritório.

— Entre — eu chamo.

A porta se abre e Gabriel sorri amplamente. — Pronta para


o almoço, Missy2? — Seus olhos se voltam para Marley. — Ei,
Marls.

2 Gíria para "miss" usada frequentemente como apelido, geralmente para uma jovem muito
extrovertida e gostosa.
— Oi. — Ela sorri de maneira boba.

Eu sorrio também. — Sr. Ferrara. — Eu olho para o meu


relógio. — Você chegou cedo. O almoço é daqui uma hora. Eu
pensei que você disse às duas?

— Minha reunião terminou cedo e estou com fome. Vamos


agora.

Eu olho para o lindo italiano, alto, moreno e bonito em seu


terno de grife. Gabriel Ferrara é um astro do rock em Nova York,
mas para mim ele é apenas um amigo querido. Ele conhecia meu
falecido marido e, embora eu nunca o tenha conhecido quando
Wade era vivo, ele entrou em contato comigo não muito depois de
sua morte. Ele é dono de uma das maiores empresas de mídia do
mundo e seu prédio não fica longe daqui. Ele me dá conselhos
aqui e ali, e nos encontramos para almoçar quando podemos. É
completamente platônico entre nós – ele é uma rocha na qual me
apoio de vez em quando.

— Gabe, diga a Claire que ela precisa ir a esta conferência.


— Marley suspira de exasperação.

Ele franze a testa enquanto olha entre nós. — Tudo bem...


Claire, você precisa ir a esta conferência, — ele repete sem
entusiasmo. — Agora vamos comer. O sushi nos aguarda.

Os olhos de Marley encontram os meus. — Você pode


apenas ter uma semana de folga e ir para Paris? Reserve um
tempo para você. Afaste-se das crianças. Posso cuidar de tudo
aqui no escritório. Nós tínhamos aquela injeção de capital – as
coisas estão bem por aqui no momento. Use o tempo para
recarregar.

Eu expiro pesadamente. Eu sei que preciso me puxar para


fora dessa tristeza. Minha vida é tão monótona. Perdi o
entusiasmo por tudo. Minha vida que antes era selvagem e
despreocupada foi substituída por animosidade. Às vezes fico tão
furiosa com Wade por me deixar com essa bagunça que o
repreendo na minha cabeça, como se ele pudesse me ouvir, e
depois, me sinto tão culpada porque sei que ele teria dado
qualquer coisa para ver seus filhos crescerem, e me deixar nunca
teria sido sua escolha.

A vida simplesmente não é justa às vezes.

Eles dizem que apenas os bons morrem jovens – e os


melhores? Por que ele teve que ir também?

— Vá para a conferência, — Marley me encoraja. — Você


não vai almoçar até concordar com isso.

— Apresse-se, mulher. Sim. Está combinado, ela está indo.


— Gabriel tenta encerrar a conversa. Quando eu não me movo,
ele exala pesadamente e cai no sofá.
— Você sabe que eu não sei fazer besteiras motivacionais.
— Eu me levanto e começo a empacotar os arquivos. — A porcaria
com que eles trabalham é uma loucura absurda de próximo nível.

— Eu acho que você precisa de um pouco de loucura


absurda, porque insanidade não é um lugar divertido para
visitar. — Marley suspira novamente.

Eu sorrio.

— Isso é verdade. — Gabriel sorri enquanto percorre seu


telefone.

Eu continuo guardando as coisas. Isso é verdade. A


insanidade não é um lugar que eu queira visitar. Sento-me na
cadeira e fico olhando para a minha amiga esperançosa.

— Vá, recarregue. É em Épernay, no distrito de Champagne


na França, pelo amor de Deus. Não existe nada mais bonito do
que isso, Claire. É uma dedução fiscal; você paga por isso ou paga
em impostos – a escolha é sua. No mínimo, você pode receber
uma massagem todas as tardes e depois beber dois litros de
champanhe todas as noites com o seu jantar gourmet e cair na
cama em um estupor feliz.

— Épernay é linda, — Gabriel murmura, distraído. — Eu


iria apenas pelo local.

— Você já esteve lá? — Pergunto-lhe.


— Algumas vezes. Eu fui com Sophia no verão passado, —
ele responde. — Ela adora lá.

Eu me imagino sozinha em um luxuoso quarto de hotel. Já


faz tanto tempo desde que eu tirei um tempo para mim. Cinco
anos, na verdade. — Agora, um jantar gourmet e champanhe...
isso é tentador.

— Se a parte da conferência da viagem for entediante, basta


abandoná-la e ter uma semana para você na França. Você precisa
dessa pausa, — diz Marley.

Gabriel se levanta. — De acordo. Você está indo. Se apresse,


estou faminto.

Eu expiro pesadamente.

— Você pode ir por mim? — Marley segura minha mão nas


dela. — Por favor. — Ela sorri docemente e bate os cílios enquanto
tenta ser fofa.

Oh Deus, ela não vai deixar isso ‘pra’ lá. — Tudo bem. — Eu
suspiro. — Eu irei.

Ela levanta da minha mesa e bate palmas de empolgação.


— Sim, isso vai ser tão bom para você, Claire... exatamente o que
você precisa. — Ela corre em direção à porta. — Vou reservar voos
agora, antes que você mude de ideia.
Eu reviro meus olhos enquanto pego minha bolsa. — Já
estou com medo.

— Upe, estou tão animada. — Ela agita as mãos e sai


correndo do escritório.

— Estamos indo? — Gabriel pergunta.

— Sim. Mas não estou com vontade de sushi, no entanto.

— Tudo bem. — Ele estende a mão em direção à porta. —


Você escolhe, mas seja rápida. Estou prestes a desmaiar.

— OK. Vamos repassar os detalhes, — diz Marley enquanto


bebe sua bebida.

Eu aceno enquanto dou uma mordida na comida. Estamos


em um restaurante almoçando. É um dia antes de eu sair para
minha conferência. — Suas malas estão prontas.

Marley pega seu diário e começa a ler sua lista.

— Uh-huh.
Ela marca o primeiro quadradinho da sua lista. — Cabelo
pronto – check. — Ela continua examinando sua lista. —
Compromissos cancelados, — ela murmura para si mesma
enquanto lê sua lista.

Eu continuo comendo meu almoço, totalmente desanimada


sobre a próxima semana.

— Oh. — Ela franze a testa e olha para mim. — Você fez


uma seção de depilação a laser?

Eu reviro meus olhos.

— Existem muitas oportunidades interessantes neste tipo


de conferências, Claire.

— Você está brincando comigo? — Eu fico olhando para ela


inexpressiva. — Você quer que eu vá a esta conferência para que
eu possa transar?

— Bem. — Ela encolhe os ombros. — Por que não?

— Marley. — Eu deixo cair minha faca e garfo com um


estrondo. — Sexo é a última coisa que eu quero. Ainda me sinto
muito casada com um homem.

Seu rosto desmorona e ela pousa a caneta e o papel. — Mas


você não é, Claire. — Ela pega minha mão sobre a mesa. — Wade
morreu, querida. Cinco anos atrás... e eu sei com certeza que ele
não gostaria que você vivesse sozinha para sempre.
Meus olhos caem para o prato de comida na minha frente.

— Ele gostaria que você vivesse a vida ao máximo... por


ambos.

Sinto um nó na garganta começando a se formar.

— Ele gostaria que você fosse feliz e cuidada... Amada.

Eu torço meus dedos no meu colo. — Eu só... — Minha voz


some.

— Você só o quê?

— Eu só acho que nunca vou seguir em frente, Marl, — eu


digo com tristeza. — Como um homem poderia estar à altura de
Wade Anderson?

— Ninguém jamais irá substituí-lo, Claire. Ele é seu marido.


— Ela sorri suavemente. — Só estou dizendo para ir a alguns
encontros. Se divirta... isso é tudo.

— Talvez, — eu minto.

— Você precisa tirar suas alianças de casamento e colocá-


las na outra mão.

Lágrimas ameaçam instantaneamente cair com o mero


pensamento.

— Nenhum homem está se aproximando de você porque


pensam que você é casada.
— Estou feliz com isso.

— Wade não está. E quando ele encontrar alguém que pensa


ser digno de você, ele o enviará. Mas você precisa estar pronta.

Encaro minha linda amiga em meio às lágrimas.

— Ele ainda está com você. Ele sempre estará com você.
Confie nele para cuidar de você. Você precisa deixá-lo ir, Claire.

Meus olhos seguram os dela.

— Você não morreu no acidente com ele. Viva enquanto você


pode.

Eu abaixo minha cabeça e olho para o meu prato na mesa,


meu apetite diminuiu de repente.

— Vou reservar você para um pouco de laser esta tarde.

Pego minha faca e garfo mais uma vez. — Eles vão precisar
de um facão. Eu estive em uma vibe de completamente natural.

Ela ri. — Sim, essa bagunça tem que acabar.


Eu paro meu carro e olho para a casa na minha frente.

Nossa casa.

Aquela que Wade e eu construímos juntos – aquela que


planejávamos envelhecer.

Nosso pequeno pedaço de paraíso em Long Island. Wade foi


inflexível ao dizer que seus filhos cresceriam em uma área
semirrural. Ele próprio cresceu na cidade de Nova York e tudo o
que sempre quis para seus filhos foi um grande pedaço de terra
para eles brincarem livremente quando quisessem.

Compramos um terreno e construímos nossa casa. Não é


chamativo e extravagante. É feito de prancha de madeira e tem
uma grande varanda ao redor, uma grande garagem e uma
entrada de garagem com uma cesta de basquete. Quatro quartos,
duas áreas de estar e uma grande cozinha rústica.

É tão Wade. Na época, poderíamos ter nos dado algo muito


melhor, mas no final das contas, ele queria uma casa de campo
cheia de risos e filhos.

E foi isso que tínhamos.

Minha mente volta para aquela madrugada quando a polícia


bateu na minha porta.

— Você é a Sra. Claire Anderson?

— Sim.
— Eu sinto muito, houve um acidente.

As horas que se seguiram foram monumentais e dolorosas.


Elas estão tão claras em minha mente – a maneira como me senti,
as palavras que disse, o que estava vestindo.

A maneira como meu coração estava partido.

Tenho uma visão de mim mesma chorando por ele no


necrotério e sussurrando para seu corpo sem vida, oferecendo-
lhe uma promessa eterna enquanto afasto o cabelo de seu rosto.

— Vou criar nossos filhos como você queria. Vou continuar o


que começamos. Vou manter todos os seus sonhos vivos... você tem
minha palavra. Eu te amo, meu querido.

Meu rosto se contorce em lágrimas e volto meus


pensamentos para o presente. Não me faz bem deixar essa
memória persistir. Se eu me permitir voltar lá, é como se eu o
perdesse de novo.

A dor nunca vai embora, mas alguns dias parece que podem
simplesmente me matar. Sou uma concha vazia. Meu corpo
funciona como deveria, mas mal estou respirando.

Estou sufocando em um mundo de responsabilidades.

As promessas que fiz a meu marido nas horas após sua


morte custaram caro.
Não saio à noite, não me socializo mais, trabalho meus
dedos até os ossos... tanto em casa quanto no escritório.

Dedicada a manter os sonhos de Wade vivos, a manter seus


filhos amados e protegidos. Para manter sua empresa de pé. É
difícil e é solitário, e dane-se, eu só queria que ele entrasse pela
porra da porta e me salvasse.

As palavras de Marley hoje cedo passam pela minha mente.

— Ele ainda está com você. Ele sempre estará com você.
Confie nele para cuidar de você. Você precisa deixá-lo ir, Claire.

Na boca do estômago, sei que ela está certa. Como uma


canção passeando no vento, suas palavras permanecem comigo.
Levando embora minha sensibilidade.

Eu fico olhando para o espaço enquanto uma tristeza vazia


me cerca... ele não vai voltar.

Ele nunca mais vai voltar.

Está na hora. Eu sei que está na hora.

Isso não torna menos doloroso.

Eu não conseguia me imaginar vivendo sem ele. Eu não sei


como estou fazendo isso.

Eu não queria ter que aprender.


Eu fico olhando para minhas alianças e agarro-as com meus
dedos enquanto me preparo para fazer o impensável.

Eu pisco através das lágrimas, um peso sufocante está em


meu peito e eu lentamente as puxo. Elas agarram na minha junta
e, finalmente, escorregam livres.

Eu fecho minha mão em punho. Parece leve sem o peso dos


meus anéis, e olho para a faixa branca deixada em meu dedo nu.
A lembrança do sol do que perdi.

Eu odeio minha mão sem seu anel.

Eu odeio minha vida sem seu amor.

Dominada pela emoção, coloquei minha cabeça no volante...


e pela primeira vez em muito tempo, permito-me chorar.

Jogo o último par de sapatos na mala. Eu parto amanhã


para a conferência. — Eu acho que é isso.

— Você pegou sua escova de dente? — Patrick pergunta


enquanto está deitado de bruços na minha cama, ao lado da
minha mala. Meu filho mais novo também é o mais sábio. Ele
nunca se esquece de nada.

— Ainda não. Eu ainda tenho que usar. Vou embalar pela


manhã.

— Ok.

— Então a vovó estará aqui quando você chegar da escola


— eu o lembro.

— Sim, sim, eu sei — ele diz revirando os olhos. — E eu


tenho que te chamar no momento em que Harry for travesso ou
se Fletcher ficar irritado. — Ele suspira enquanto recita minhas
ordens.

— Sim, está certo. — Mal sabem seus irmãos, mas Patrick


também é meu fofoqueiro. Eu sei o que seus irmãos fazem antes
mesmo de terminarem de fazer.

Eu tenho três filhos. Fletcher tem dezessete anos e assumiu


o trabalho não oficial como meu guarda-costas pessoal. Harry
tem treze anos e juro por Deus que ele ou vai acabar sendo um
gênio ganhador do Prêmio Nobel ou na prisão. Ele é o ser humano
mais travesso que conheço, sempre se metendo em algum tipo de
problema – principalmente na escola.

E então há meu bebê, Patrick, de apenas nove anos. Ele é


doce, gentil e sensível e tudo o que seus irmãos não são. Ele
também é minha maior preocupação. Ele tinha apenas quatro
anos quando seu pai morreu, e ele que mais perdeu.

Ele nem se lembra do pai.

Ele tem fotos dele espalhadas por todo o quarto. Ele o adora
como herói. Quer dizer, todos nós fazemos. Mas a obsessão de
Patrick é quase exagerada. Ele me pede para lhe contar uma
história sobre seu pai pelo menos duas vezes por dia. Ele sorri e
ouve atentamente enquanto eu relato eventos passados e conto
histórias sobre Wade. Ele conhece todas as refeições favoritas de
Wade nos restaurantes e sempre quer pedir o mesmo. Ele dorme
com uma das camisetas velhas do pai. Eu também faço isso, mas
eu nunca deixaria que descobrisse.

Para ser honesta, eu meio que temo a hora da história.


Todos nós rimos e brincamos com a memória. Então, as crianças
vão para a cama e caem em um sono feliz, e minha mente repassa
a cena vez após vez.

Desejando poder fazer tudo de novo.

Wade ainda mora aqui conosco, mas não em carne e osso.

Ele está morto o suficiente para que eu fique sozinha..., mas


vivo o suficiente para que eu não consiga seguir em frente.

Estou presa no meio, a meio caminho entre o céu e o


inferno.
Loucamente apaixonada pelo fantasma do meu marido.

— Ok, leia minha lista — eu continuo.

— Rou... — Patrick franze a testa enquanto lê. — Rou-pa.

— Roupas de negócios.

— Sim. — Ele sorri com orgulho por quase conseguir.

Eu bagunço seu cabelo escuro que está enrolando nas


pontas. — Verificado.

Ele marca a palavra. — Casu... — Ele franze a testa, como


se estivesse preso.

— Roupas casuais? — Eu pergunto.

Ele concorda.

— Verificado.

— Pijamas. — Ele encurva os ombros de empolgação. — Eu


conheço essa aqui.

— Eu sei... olhe para todos vocês crescendo e lendo. —


Patrick tem dislexia e ler é difícil para ele, mas estamos chegando
lá. Eu verifico a mala. — Peguei eles.

Ele marca e vai para o próximo item da lista. — Sapatos?

— Verificado.
— Ha... ha... — Ele franze a testa, profundamente
concentrado.

— Secador de cabelo?

— Sim.

— Entendi.

— Vestidos.

Eu sopro ar em minhas bochechas e olho em meu guarda-


roupa. — Hmm, que vestidos eu tenho? — Eu folheio minhas
roupas nos cabides. — Só tenho vestidos de festa. Estas não são
roupas de conferência de trabalho. Hmm... — Pego um preto e o
seguro contra meu corpo e me olho no espelho.

— É um vestido bonito. Onde você usou isso com o papai?

— Bem. — Eu franzo a testa. Não tenho ideia, mas tenho


que inventar algo como sempre faço. — Hum, fomos comer pizza
e depois fomos dançar.

Ele sorri de maneira boba, e sei que está imaginando o que


acabei de lhe contar. — Que tipo de pizza você comeu?

— Pepperoni.

Seus olhos se arregalam. — Podemos comer pizza hoje à


noite?

— Se você quiser.
— Sim. — Ele dá um soco no ar. — Podemos comer pizza
hoje à noite, — ele grita para seus irmãos enquanto sai correndo
da sala. — Vou comer pepperoni, como papai.

Eu sorrio tristemente. Ele ficaria muito desapontado se


soubesse que Wade teria comido pizza extra de chili e anchova,
mas eu vou deixá-lo comer sua pizza de pepperoni com um
enorme sorriso no rosto.

Pego alguns dos vestidos e jogo-os na mala; eles terão que


servir. Não tenho tempo para comprar mais nada.

Eu olho para minha mala feita e coloco minhas mãos em


meus quadris. — Ok, eu acho que é isso. Conferência, aqui vou
eu.

O carro para na grande entrada do Château de Makua. —


Uau — eu sussurro enquanto espio pela janela. Eu voei quase
oito horas e então meu motorista me buscou, e levamos mais três
horas para dirigir até aqui. Estou morta de cansaço depois de
acordar cedo, mas de repente estou cheia de nervosismo.
O motorista tira minha mala do porta-malas, eu dou uma
gorjeta e olho para o grande prédio à minha frente.

MIND MASTERS3

Até o nome desta conferência é ridículo. Entrego minha


mala e espero na fila da recepção.

O edifício é adorável, antiquado e de outro mundo. É


luxuoso e opulento e parece que voltei no tempo. O foyer é grande
e uma enorme escadaria circular é o destaque central.

— Próximo? — O concierge pergunta enquanto todos


avançam. Eu olho para as pessoas na minha frente na fila. Eu
me pergunto se elas estão participando da conferência.

Há duas meninas que parecem bonecas Barbie. Lábios


enormes de silicone – e como elas acham que esses cílios enormes
e ridículos ficam bem? Seus olhos não doem com algo tão pesado
em suas pálpebras assim?

Uma tem cabelo loiro descolorido na altura da cintura com


extensões que você pode ver na raiz. Ugh... tão cafona. A outra
tem uma juba escura, encaracolada e espessa. Ambas estão
vestindo quase nada que são muito estilosas. Eu aperto meu rabo
de cavalo e puxo minha camisa de linho, me sentindo

3 Mente mestre.
extraordinariamente chata. Droga, eu deveria ter usado algo um
pouco mais chique.

A loira percebe que estou parada atrás dela. — Oh, Olá.


Você está participando do Mind Masters?

— Sim. — Eu dou um sorriso estranho. — Você está?

— Sim, — ela grita. — Oh meu Deus, estou tão animada. Eu


sou Ellie. O que você faz?

— Hum. — Eu encolho os ombros, de repente me sentindo


muito constrangida. — Eu sou Claire. Eu trabalho para uma
empresa.

— Estou administrando meu próprio império, — diz Ellie


enquanto arregala os olhos de empolgação.

— Império — repito, divertida. — Em quê? — Eu pergunto.

— Sou uma influenciadora.

Eu fico olhando para ela enquanto meu cérebro tenta


acompanhar. Oh Deus não... um desses idiotas que é pago por
postar porcarias falsas. — Realmente? Ótimo.

— Eu viajo o mundo e modelo de biquínis. — Ela sorri. —


Se eu postar uma imagem minha, o mundo entra em colapso.

Eu mordo meu lábio inferior para esconder meu sorriso. Ela


é real? — Eu... aposto que sim.
A garota de cabelos escuros na frente dela se vira para nós
e ri. — Idem, garota.

— Oh meu Deus... você também? — Ellie engasga.

Ambas caem na gargalhada. — Eu sou Angel — a garota de


cabelos escuros se apresenta. — Eu vou ser uma influenciadora
também.

— Você ainda não começou? — Ellie pergunta em um tom


condescendente.

— Bem. — Angel encolhe os ombros. — Não tecnicamente.


Ainda tenho alguns filmes restantes no meu contrato, mas assim
que os terminar, estou totalmente envolvida – a todo vapor.

— Filmes? — Ellie engasga. — Que tipo de filmes?

— Eu sou uma atriz pornô. Você deve ter visto meu último,
Anal Mistress com Johnny Rocket Cock4.

Os olhos de Ellie se arregalam, — Oh. Meu. Deus. — Ela


engasga. — Eu te reconheço totalmente. — Eles começam a rir e
pular de excitação.

Oh inferno.

Eu me pergunto o que Johnny Rocket Cock fez com sua


bunda.

4 Tradução literal é: Amante anal com Johnny pau foguete.


Ou o que qualquer um faz com a bunda de alguém, na
verdade. Faz tanto tempo desde que fui tocada que esqueci
completamente de tudo, e mesmo quando era tocada, nunca foi
sexo duro e rápido no estilo pornô. Foi amoroso e terno. O tipo
de sexo que pessoas casadas fazem.

Seguro e real, um mundo longe de ser uma amante anal.

Em que diabos Marley me meteu aqui?

Eu me viro para o homem atrás de mim. Ele ouviu alguma


coisa disso?

— Oi. — Ele sorri.

— Olá.

Ele é loiro e parece normal. Ele parece legal. — Você está


aqui para a conferência? — Ele pergunta.

— Sim.

— Eu também. — Ele estende a mão para apertar a minha.


— Sou Nelson Barrett.

— Eu sou Claire Anderson. — Eu sorrio.

— Sou um cientista da computação. — Ele olha ao nosso


redor. — Estou tão fora da minha zona de conforto aqui que não
é nem engraçado.
— Eu também. — O alívio me preenche. Alguém normal. —
Eu trabalho com mídia.

— Prazer em conhecê-la, Claire.

— Você também.

Nós dois nós viramos para a frente e observamos as


travessuras das meninas. Elas são barulhentas e animadas e
estão muito entusiasmadas por estarem aqui. Eu sorrio enquanto
as observo. Seu entusiasmo é infantil e adorável de assistir.

Faço uma observação inútil que esse entusiasmo irá se


dissipar por volta dos vinte e oito anos. Eu prevejo que elas têm
cinco bons anos antes que a vida comece a realmente foder com
elas. Fracasso nos relacionamentos e dívidas – isso se elas
conseguirem encontrar uma pessoa decente por quem se
apaixonar.

Eu balanço minha cabeça com nojo.

Olhe para mim sendo uma deprimente... talvez eu realmente


precise estar aqui.

Nunca fui uma pessoa negativa antes. Odeio essa parte da


minha personalidade que veio à tona nos últimos tempos.

Eu nem me conheço mais.


A fila avança e as pessoas começam a se amontoar no foyer
atrás de nós. Homens e mulheres, todos empresários
entusiasmados. Além do Nelson, acho que sou a mais velha aqui.

— Oh meu Deus, temos que sair hoje à noite, — diz Angel.

— Sim, — Ellie diz enquanto pula para cima e para baixo.


— Oh meu Deus, estou tão animada. — Ela se vira para mim e
para Nelson. — Clara, você tem que sair hoje à noite. — Eu sorrio
para ela errando meu nome.

— Eu não vou conseguir acompanha-las esta noite. — Eu


sorrio. — Da próxima vez, com certeza.

— Ok. — Ela se volta para Angel. — Onde nós vamos?

Eu me viro e forço um sorriso para Nelson.

— Eu me pergunto quantos filmes elas farão hoje de graça


— ele sussurra.

Eu rio. — Eu sei. Garotos de sorte. Eles podem não


sobreviver.

— Tenho certeza de que eu não conseguiria — Nelson


murmura baixinho.

Nós dois rimos e avançamos na fila, e Ellie começa a fazer o


check-in.
Outros quatro homens entram atrás de mim, todos mais
velhos e de aparência bastante distinta.

Hmm, talvez isso seja ok, afinal.

Todos nós conversamos na fila por um tempo. Acontece que


os caras atrás de nós que acabaram de chegar são
desenvolvedores de aplicativos. Não me sinto tão boba agora.
Pessoas normais parecem estar aqui também.

Uma mulher entra e todas as cabeças dos homens se viram.


Ela é loira e linda. Estilosa, moderna e em torno dos vinte anos,
eu acho. — Olá, é esta a fila para fazer o check-in? — Ela me
pergunta.

— Sim. — Eu sorrio.

— Você está aqui para a conferência? — Ela pergunta.

— Uh-huh.

— Eu também. — Ela estende a mão para apertar a minha.


— Eu sou Melissa.

— Oi, Melissa. Sou Claire.

— Prazer em conhecê-la.

A fila avança novamente e, em seguida, outros dois


membros da equipe vêm para a recepção, então todos mudamos
para filas diferentes.
Nelson vem atrás de mim. — Até logo. Vamos jantar no
restaurante lá embaixo às sete, se você quiser vir, Claire.

— Oh. — Eu me viro para ele, surpresa. — Obrigada, mas


tenho trabalho a fazer. Vejo você amanhã? — Eu pergunto.

— Sim, com certeza. — Ele sorri. — Tenha uma boa noite.

Eu volto para o concierge com um sorriso. Eu me sinto mais


confortável do que pensei. Acho que isso pode realmente estar
bem.

Sento-me na ostentosa sala de conferências com outras 120


pessoas. A sala está cheia de eletricidade. Eles estão todos
conversando e têm seus blocos de notas e outros papéis com eles.

Todo mundo aqui está tão animado para tentar melhorar a


si mesmo.

Eu... bem, estou aqui apenas pelo champanhe e para ter


uma desculpa para tirar férias sozinha. Mas de qualquer
maneira, um salve para os entusiasmados, eu acho.
Um homem entra no palco e todos aplaudem. Ele estende
as mãos e sorri amplamente. Hmm... eu me pergunto quem ele é.

Ele espera que a torcida acabe e sorri amplamente


novamente. — Bem-vindos, — diz ele. Ele tem um pequeno
microfone preso à camisa. — Bem-vindos ao Mind Masters. Um
lugar onde você encontrará uma versão melhor de si mesmo. —
Sua voz é alta e ecoante, como se ele estivesse dando um sermão
ou algo assim. — Vocês estão prontos? — Ele grita.

Todos aplaudem.

Oh Deus... tão exagerado. Bato palmas junto com a sala


enquanto todos eles perdem a cabeça. Todos estão de pé e rindo
enquanto batem palmas. Eu franzo a testa enquanto olho para
eles... honestamente, acalmem-se, pessoal.

Isso é como uma porra de um culto.

Eu olho para o meu telefone enquanto penso em filmar essa


merda para Marley. Mesmo ela não iria acreditar.

— E agora, eu gostaria de apresentar nosso palestrante de


abertura. Alguém que eu sei que muitos de vocês segue no
circuito. Uma estrela do rock no circuito de palestras
motivacionais e desenvolvedor de workshops que estão mudando
a vida de pessoas de todas as esferas da vida. Ele está aqui
apenas por um dia, então, por favor, sem mais delongas – com
sua estratégia de ponta, Como conseguir o que deseja – bem-vindo
ao palco, Tristan Miles.

O ar deixa meus pulmões enquanto a multidão vai à


loucura.

Tristan Miles sai em um terno de grife azul marinho e seu


cabelo escuro ondulado de recém-fodido. Ele sorri amplamente,
levanta as mãos para o alto, bate palmas com o público e, em
seguida, faz uma reverência. Todo mundo está ficando louco,
gritando e batendo palmas.

Meus olhos quase saltam das órbitas... que porra é essa?

Eu começo a ouvir meu batimento cardíaco em meus


ouvidos enquanto todos os outros na sala desaparecem.

Minha fúria começa a bombear. Não consigo nem mesmo


olhar para ele – bem, isso não é totalmente verdade. Maldito
idiota é uma faca de dois gumes: lindo de se olhar, impossível de
tolerar.

— Olá a todos — diz ele com a mesma voz ecoante. —


Saudações. — Ele sorri enquanto espera pelo silêncio. Arrepios
se espalham pela minha pele ao som de sua voz profunda. Ele
tem um leve sotaque, um pouco de inglês de gente rica misturado
com nova-iorquino. Ele parece distinto e inteligente – eu não sei,
mas seja o que for, é sexy ‘pra’ caralho.

Ugh... eu odeio tudo sobre ele.


— Bem-vindos e obrigado por terem vindo. Vocês deram um
passo muito valioso em seu desenvolvimento pessoal. — Ele olha
ao redor da sala para todos enquanto fala. — Eu, por exemplo...
— Nossos olhos se encontram, e ele para de falar enquanto me
encara e pisca.

Porra.

Ele se recupera rapidamente. — Eu, por exemplo, estou


animado por você.

Ele continua falando, mas não consigo ouvi-lo. Eu só posso


ouvir a adrenalina gritando através das corredeiras que são
minha corrente sanguínea. Da última vez que conversamos, ele
tinha a intenção de roubar a empresa de Wade de meus filhos.

Eu não estou sentando aqui e ouvindo este sugador de


sangue vil dar um discurso motivacional.

Ele destrói negócios de família por diversão.

Que patético.

Claro que ele está se apresentando em uma conferência


chamada Mind Masters. Este é o seu beco pretensioso. Ele pensa
que é o mestre da mente... que piada.

Eu fico de pé. — Com licença — eu sussurro para a pessoa


ao meu lado. Começo a passar pelas pessoas na minha fileira
enquanto elas se sentam.
— Claire Anderson — ele chama do palco.

Meus olhos horrorizados encontram os dele.

— Sente-se.

— Eu... — Dou mais um passo em direção à saída.

— Claire — ele avisa.

Eu olho ao redor para os 120 pares de olhos fixos


firmemente em mim e depois volto para ele.

— Eu disse para sentar. Volte. Para Lá.


Porra.

Eu fingi um sorriso.

Quem diabos esse idiota pensa que é?

— Eu disse para sentar. Volte. Para. Lá.

Bem, eu digo vá se foder, seu grande imbecil


condescendente. Eu levanto uma sobrancelha enquanto ele me
encara, e eu sorrio docemente. Então, com deliberação, caminho
em direção à porta.

Ele estreita os olhos, se recupera e volta ao discurso. —


Como eu estava dizendo — ele continua.

Eu entro no corredor que leva para fora da sala, fora de sua


vista, e ouço seu discurso.

Por dez minutos, fico furiosa em silêncio, incapaz de me


concentrar em qualquer coisa que ele esteja dizendo.

Apenas a visão desse homem traz à tona um temperamento


que eu nem sabia que tinha.

Eu espreito no canto e o vejo andar para frente e para trás


no palco. Sua voz é profunda e autoritária. Uma das mãos está
no bolso da calça de seu terno caro, a outra ele a move no ar com
animação enquanto fala.

Ele é bonito e tem essa vantagem poderosa em sua


personalidade.

Ele se sente confortável no centro do palco; na verdade, ele


provavelmente está confortável em todos os palcos.

A multidão está em silêncio enquanto todos ouvem cada


palavra sua. Eles fazem anotações e riem na deixa. Todas as
mulheres olham para ele com admiração, querendo-o, e todos os
homens querem ser ele.

Eu... eu só quero dar um soco em sua cara de menino


bonito.

Eu odeio que tudo seja fácil para ele. Ele nasceu nesta
família nobre. Rico além da medida e carismático como o inferno.
Não é justo que ele seja ridiculamente bonito para adicionar à
mistura.

Eu tenho uma visão dele e das garotas que ele deve ter
caindo a seus pés. Ele deve ser um jogador de verdade –
provavelmente tem cinco garotas em movimento ao mesmo
tempo.

Eu repasso nossa última conversa que tivemos por telefone.


— Eu queria ver se você gostaria de jantar comigo no sábado
à noite, — ele pediu.

— Você está me convidando para sair?

— Não gosto da maneira como nos conhecemos. Eu gostaria


de começar de novo.

— Você só pode estar brincando. Eu não sairia com você


mesmo se você fosse o último homem na terra. Dinheiro e
aparência não me impressionam, Sr. Miles.

— Nosso encontro não foi nada pessoal, Claire.

— Foi muito pessoal para mim. Vá e encontre uma patricinha


para jantar e beber vinho, Tristan. Não tenho interesse em
namorar um bastardo frio e sugador de almas como você.

Isso foi tão legal.

Encontro-me sorrindo bobamente para o espaço. Ele me


chamou pra sair. Tristan Miles me chamou para sair, e eu sei que
foi só para que ele pudesse tentar entrar no meu radar, mas foi
uma sensação boa derrubá-lo.

— Claire Anderson. — Eu ouço uma voz no palco.

Hã?

Eu olho para o palco com horror. Espera... ele me perguntou


algo?
Como ele pode me ver?

Ele se mexeu e agora está em outro palco e na minha linha


de visão.

Merda.

Ele mantém a mão no ar, palma para cima. — Por favor


compartilhe.

— Me desculpe. — Eu franzo a testa. — Não ouvi a pergunta.

Um traço de sorriso cruza seu rosto enquanto seus olhos


fixam os meus.

— Pedi a todos que se lembrassem de uma época em que se


sentiram satisfeitos. Uma época em que eles estavam realmente
orgulhosos de si mesmos.

— Oh. — Meus olhos se arregalam.

— E, a julgar pelo seu sorriso, presumo que você se lembre


de algo incrível.

Eu fico olhando para ele.

— Por favor. — Ele estende a mão de forma exagerada. —


Deixe-nos compartilhar seu orgulho.

Idiota.

Eu olho para ele. Ele é real?


Ele coloca as duas mãos nos bolsos do terno e começa a
andar. — Estamos esperando, Claire — ele diz em um tom
condescendente. Sinto minhas axilas esquentarem de suor
enquanto todos na sala esperam pela minha resposta. Puta
merda, este homem é irritante.

— A última vez que me senti realmente satisfeita foi quando


recusei um encontro com um filho da puta frio e sugador de
almas. Mesmo se ele fosse o último homem na terra — eu
anuncio.

Nossos olhos se encontram e ele levanta uma sobrancelha.

O jogo começou, idiota... não brinque comigo.

— Ah..., mas, Claire, como é triste que a melhor coisa que


você lembra sobre suas próprias experiências de vida seja aquela
que girou em torno de outra pessoa. Acho que isso diz muito mais
sobre você do que sobre ele. Eu quero uma resposta real esta
tarde. Reflita sobre isso até então.

Ele sorri para o público, completamente imperturbável.

Dou um passo para trás, enfurecida. O que diabos ele acha


que vou aprender refletindo sobre que tipo de pessoa eu sou? Eu
sei quem eu sou e estou completamente feliz com ela.

Babaca.

Esta conferência é tão típica dele.


— E além disso. — Ele me dá um sorriso lento e sexy
enquanto continua a andar de um lado para o outro no palco. —
Você provavelmente estará implorando a esse bastardo sugador
de almas que um dia lhe peça para sair... não que ele faria isso.

A multidão ri e ele segue para sua próxima vítima. — Você,


a garota com longos cabelos loiros. Qual é a sua memória de
maior orgulho? E quero que você realmente se aprofunde na
resposta.

Eu sinto minha pressão arterial subir. A transpiração


começa a brotar na minha testa, e eu quero marchar até ele e
chutar o Sr. Fancy Pants direto na bunda e derrubá-lo do palco.

Maldito seja... não posso ter uma merda de semana longe


da vida e esquecer quem eu sou?

Por que diabos ele está aqui?

Ao longo da próxima hora, Tristan Miles mantém o público


cativo, e eu olho para o espaço enquanto me imagino torturando-
o até a morte.

Eu deveria ter ficado no meu lugar. Não só tenho que ouvir


suas porcarias – agora tenho que suportar isso. Vou parecer
idiota se sair agora.

Encerre já.
Ele só está aqui hoje e depois volta para Nova York, lembro
a mim mesma. Estou tão chateada comigo mesma que dei a ele a
satisfação de dizer que ele não me convidaria para sair de novo.

Quão chata pode ser uma pessoa?

Deus, ele provavelmente está casado e feliz agora... com


uma supermodelo ou uma blogueirinha.

Ugh, eu odeio esse cara. Ele me transforma em uma idiota.

— Haverá um pequeno recesso agora. O chá da manhã é


servido no lounge e, em seguida, entraremos em nossos
workshops de metas. Definimos nossas metas no primeiro dia e
depois novamente no dia cinco para ver quanto você cresceu. —
Ele olha para o relógio. — Vejo você na Sala Boronia em meia
hora a partir de agora.

Eu expiro pesadamente e desço até a sala para o chá da


manhã. Todos estão conversando e felizes. Eu preparo um café,
pego uma fatia de bolo de chocolate e, em seguida, fico no canto
e pego meu telefone. Pesquiso no google salões de massagens
nesta área.

Dane-se isso. Estou fora daqui.

Meu único objetivo por hoje é fazer uma massagem e beber


dois litros de champanhe.

Bebo meu café e clico na lista que surge.


Tristan entra na sala e todas as cabeças se viram. Ele tem
essa aura poderosa que o cerca; você não pode deixar de olhar
para ele. Seu cabelo castanho-escuro é curto atrás e nas laterais,
com um pouco de comprimento na parte superior. Tem aquele
visual perfeito de recém-fodido.

Sua postura é reta e sua mandíbula é quadrada e forte. Ele


tem os maiores olhos castanhos que eu já vi. Seus olhos
encontram os meus do outro lado da sala, e ele me prende à
atenção. Seu olhar é potente; posso sentir o calor disso na minha
pele. A eletricidade salta entre nós, e eu desvio meus olhos com
raiva.

Maldito seja por ser bonito.

— Olá. — Uma voz masculina vem ao meu lado. — Se


importa se eu me juntar a você?

Oh, é o homem que conheci na recepção ontem. Qual é o


nome dele mesmo? — De modo nenhum. — Eu sorrio. — Por
favor.

— Eu sou o Nelson. Nos conhecemos ontem.

— Sim. Eu lembro. Olá, Nelson. Sou Claire.

— Sim, claro. Eu digo. — Ele ri. — Sr. Miles azucrinou você


um pouco lá.
— Oh. — Bebo meu café, desejando que a terra me engula
inteira. — Ele fez? Eu não percebi. — Tento agir de maneira
casual.

— Quer dizer, não sou de bajular alguém abertamente, mas,


— ele jorra — você leu o portfólio dele?

— Não. — Eu bebo meu café e olho para cima, direto para o


olhar de Tristan. Nossos olhos se fixam por alguns segundos, e
então uma das cinco mulheres que escalam ao redor dele diz algo,
puxando seu olhar de mim, e eu tiro meus olhos para longe.

— Ele tem seis diplomas e fala cinco idiomas, — continua


Nelson. — Tem um QI de cento e setenta. Isso é ainda maior do
que um gênio; isso é como um mentalista. — Ele balança a
cabeça, como se estivesse retransmitindo alguma informação de
mudança de vida.

— Uau. — Eu fingi um sorriso.

Oh, por favor, me dê um tempo. Eu arregalo meus olhos...


grande coisa do caralho. Vá embora, Nelson; você é irritante e eu
quero pesquisar massagens no Google. Tenho coisas melhores
para fazer do que falar sobre idiotas mentais espertos.

Ficar bêbada, por exemplo.

— Na verdade, não estou me sentindo bem, — minto.

— Sério? — O rosto de Nelson cai. — Você está bem?


— Estou com enxaqueca.

— Ah não.

— Sim, eu sempre as tenho quando voo. É tão irritante. Vou


ficar bem, mas talvez tenha que me deitar, então se eu sumir esta
tarde, você saberá onde estou. Vou ficar bem amanhã.

— Claro que sim. — Ele pensa por um momento. — Vou


avisá-los.

Três horas depois, as mãos fortes sobem pelo centro da


minha espinha e, em seguida, deslizam lentamente ao redor dos
meus quadris nus.

A sala está escura, a música relaxante tem uma batida


profunda e sensual e o cheiro da loção pós-barba do massagista
está afetando minhas partes femininas.

As mãos de Pierre deslizam pelas minhas costas. Ele


derrama óleo quente, e isso me dá uma emoção quando fecho os
olhos.

Agora... isto... é incrível.


— Está tudo bem? — Ele pergunta com seu forte sotaque
francês.

— Perfeito, — eu respiro.

Oh cara, isso é mais do que perfeito; isso é espetacular.


Estou fazendo isso todos os dias.

Dane-se a conferência.

Suas mãos percorrem minhas costas e eu sorrio para a


mesa.

Meu telefone toca na minha bolsa. É alto e seria irritante


para as pessoas nas outras salas. — Oh, desculpe. — Eu
estremeço. — Isso vai parar em um minuto.

Ele toca até o fim e começa a tocar novamente. Merda. —


Desculpe. — Esperamos que ele pare e o toque começa
novamente. Droga, e se houver algo errado em casa? — Eu sinto
muito, você pode me passar minha bolsa, por favor?

Ele pega minha bolsa e passa para mim, e eu procuro meu


telefone. Não reconheço o número. — Olá. — Eu me deito de volta.

— Onde você está? — Tristan late. — Você está perdendo os


workshops.

Ah Merda. — Umm...
— E nem pense em mentir para mim, Claire. Eu sei que você
não está em seu quarto de hotel.

Eu franzo a testa com seu tom. Quem diabos esse cara


pensa que é? — Desculpe?

— Onde você está? — Ele zomba.

— Estou recebendo uma massagem, na verdade.

— O que? — Ele engasga.

— Sua palestra foi intolerável e completamente entediante.


Eu tenho coisas melhores para fazer. Adeus, Sr. Miles.

— Claire Anderson — ele começa a me repreender, e eu


pressiono ‘encerrar ligação’. Eu ligo meu telefone no modo
silencioso e o jogo na cadeira do canto. — Me desculpe por isso.
Onde nós estávamos?

As mãos fortes de Pierre descem sobre minhas costelas e,


em seguida, descem para os ossos do meu quadril, e eu sinto
uma pontada de excitação passar por mim.

Eu sorrio com meus olhos fechados. Hmm... realmente é


divertido ser uma vadia.

As mãos de Pierre vagueiam sobre meu estômago.

Agora isso... é relaxante.


Tristan

Estou perto do bar com minha bebida na mão. — Então,


consegui mais cinquenta mil seguidores apenas com esse
impulso, — diz Saba.

— Uau, isso é fantástico, — responde Melanie.

Estou com quatro mulheres lindas, mas estou entediado


‘pra’ caralho. Eu voo logo de manhã.

Meus olhos examinam a sala. Onde ela está?

— Então, Sr. Miles, você é casado?

Meus olhos voltam para a loira na minha frente. — Por


favor, me chame de Tristan. E não, não sou casado.

— Uma namorada, talvez? — Pergunta Saba.

— Não. — Eu tomo minha bebida. — Muito solteiro.

— Realmente? — Saba diz com uma voz sexy. — Eu


também. Fale sobre um ótimo momento.

Eu finjo um sorriso. — É sempre um ótimo momento para


estar solteiro, não é?

Todas as meninas riem na hora, e eu olho ao redor da sala.


Se ela não vier esta noite, vou ficar puto.
— Acabei de terminar meu noivado, — responde Melanie.

Eu a examino. Ela é loira e bonita – meu tipo usual – e eu


me forço a acenar enquanto ajo interessado.

— Eu realmente quero me concentrar em meus objetivos


agora, e meu ex simplesmente não estava se movendo nos
círculos certos – você sabe o que quero dizer? Ele queria uma
casa no subúrbio com três filhos e eu quero mais da vida do que
isso, — ela continua. — Eu quero um império global.

— Oh, totalmente, — todas as meninas concordam.

— Eu tive isso também com meu ex. Por que eles não
entendem? — Uma das outras garotas diz.

Oh merda... tire-me daqui.

Eu aceno para um colega. — Vou ver meu amigo. — Eu me


viro para ir embora.

— Tristan — chama Saba.

Eu volto para ela.

— Talvez pudéssemos fazer alguma revisão das anotações


que fiz hoje. — Ela sorri sensualmente. — Mais tarde, no meu
quarto.

— Ahh... — Eu olho entre as mulheres.


— Quero dizer... — Ela encolhe os ombros. — Todas nós
poderíamos repassar nossas anotações juntos. — Ela passa os
dedos pelos cabelos. — Nós quatro meninas e você. Como uma
coisa de grupo. — Todas as meninas sorriem sensualmente.

— Pode ser uma ótima noite, — sussurra Melanie.

— Eu não tenho dúvidas. — Eu sorrio enquanto olho entre


elas. — Vamos ver como vai à noite, vamos?

Eu me viro e caminho até um dos outros palestrantes


enquanto os ouço rir atrás de mim. — Ei, — diz Elouise.

— Oi. — Eu tomo minha bebida.

— Deixe-me adivinhar; elas estão todas se atirando em


você?

— Não. — Eu mantenho uma cara séria. — O que te faz dizer


isso?

— Porque eu nunca vi um homem tão magnético na minha


vida. — Ela sorri ironicamente. — As mulheres que você atrai são
desavergonhadas.

Eu rio em minha bebida. Elouise é psicóloga, talvez com


cinquenta a cinquenta e cinco anos. Ela está em muitas
conferências a que vou, enquanto faz o teste de traços de
personalidade. Ela vê muito no circuito. — Confie em mim,
Elouise, fica muito chato depois de um tempo. — Eu olho ao redor
novamente e vejo Claire no canto, conversando com um grupo de
homens.

Ela está aqui.

Eu a observo enquanto ela fala.

Seu cabelo escuro na altura dos ombros está cheio e ela está
usando um vestido preto. Não é chamativo ou sexy. Ela é
discreta. Sensível e inegavelmente atraente. Muito diferente das
mulheres que estou acostumado. Meus olhos vagam para cima e
para baixo em seu corpo. Ela é mais velha do que eu, mas não
tenho certeza de quanto. Talvez alguns anos?

Elouise e eu continuamos a conversar, mas meus olhos


continuam fixos em Claire Anderson do outro lado da sala. Ela
está conversando e rindo com um homem.

Quem é ele?

Hmm...

Eu vou falar com ela. — Volto em um momento, — eu digo


enquanto vou em sua direção. Assim que me aproximo dela,
alguém me chama.

— Sr. Miles.

Eu me viro e vejo uma loira atraente. Ela já deu em cima de


mim na hora do almoço. — Oh, olá, — eu respondo, me sentindo
desconfortável por estar ao alcance da voz de Claire.
— Melissa, — ela diz. — Nos conhecemos no almoço.

— Sim, eu me lembro, Melissa. — Eu sorrio.

O homem que estava com Claire caminha até o bar, e ela


olha para cima, ouvindo claramente a mulher e eu.

— O que você vai fazer mais tarde? — Ela pergunta. —


Podemos nos encontrar para uma bebida?

Claire revira os olhos e se vira de costas para nós.

Porra...

— Não, eu não misturo negócios e prazer. — Eu finjo um


sorriso e continuo caminhando até Claire. — Olá.

Ela me olha impassível, depois de ouvir o que foi dito. — Oi.


— Ela toma um gole de sua bebida, sem se impressionar, e vira
o olhar para a frente.

— Como foi sua massagem? — Eu pergunto.

— Ótima. — Ela toma um gole de sua bebida.

Deus... ela é tão rude.

— Você vai olhar para mim enquanto eu falo com você? —


Eu pergunto.

Seus olhos sobem para encontrar os meus e meu estômago


vibra inesperadamente. — O que você quer, Sr. Miles?
Eu fico olhando para ela, confuso com o que meu estômago
está fazendo. — Tristan. Me chame de Tristan.

— Não, — ela responde categoricamente. — Chamar você de


Tristan significaria que eu quero estar na base do primeiro nome
com você. — Sua língua desliza sobre o lábio inferior e eu sinto
isso na minha virilha. — E eu não quero.

— Claire.

— Me chame de Sra. Anderson.

— Por que você está sendo tão rude?

— Não estou sendo rude. Estou sendo honesta. Você prefere


que eu minta?

Bem... impressionante.

— Talvez, — eu respondo.

— É tão bom ver você, Tris. Vamos sair e cantar 'Kumbaya'


ao redor de uma fogueira. Senti falta da sua boa aparência e
charme espirituoso, — ela responde sem perder o ritmo. Ela sorri
docemente e bate os cílios para causar efeito.

Eu sorrio e brindo com meu copo no dela. — Saúde. É mais


como isso. Que bom que você está entrando no espírito.
Ela mexe o queixo em um gesto de venha aqui e eu me
inclino, esperando o que ela tem a me dizer. — Vá embora, Sr.
Miles, — ela sussurra.

Eu rio, animado pela primeira vez em muito tempo. — Não.

Seu olhar vai para a frente dela novamente. — Vejo que você
ainda é irritante como sempre.

— E eu vejo que você ainda está tomando aqueles


comprimidos de cadela.

— Ah sim. — Ela suspira. — Vamos culpar meu desgosto


por você nos remédios, certo? Não poderia haver outra razão para
você me repelir, não é?

Minhas sobrancelhas erguem-se de surpresa. As mulheres


simplesmente não falam comigo assim. — Repulsa é uma palavra
bastante forte, não é? — Eu digo enquanto me junto a ela para
olhar para frente. — Acho que a palavra que você quis usar é
fascinante.

Sua boca se curva nos cantos, e eu sei que ela está lutando
para não sorrir. — Vá embora, Sr. Miles, — ela repete.

— Eu te fascino, Claire?

— Me chame de Sra. Anderson, — ela sussurra. — E você


não tem o que é preciso para me fascinar.
Nossos olhos se encontram, e pela segunda vez esta noite
meu estômago se agita.

Ela tem essa aura em torno dela, indescritível e atraente.

Controlando.

Aposto que ela seria selvagem ‘pra’ caralho na cama. Tenho


uma visão de nós dois juntos, nus, e sinto a pulsação de
excitação entre minhas pernas. Eu franzo meus lábios para
esconder meu deleite.

— Adeus. — Ela se afasta no meio da multidão e eu fico


olhando para ela.

Tudo certo... eu vou admitir.

Essa mulher é incrivelmente gostosa.

Eu a vejo atravessar a sala enquanto procuro um plano em


minha mente. Este é provavelmente o único lugar em que vou vê-
la. Hmm... o que fazer.

Pego meu telefone e ligo para meu irmão. Ele atende após o
primeiro toque. — Olá, Tris.

— Jameson, — eu digo enquanto a vejo iniciar uma


conversa com outro homem. — Mudança de planos.

— Como assim?

— Eu só ficaria na conferência no dia de abertura.


— Sim.

— Eu decidi que vou ficar por uma semana. Há uma — Eu


faço uma pausa enquanto procuro as palavras certas. —
Oportunidade... que eu gostaria de investigar mais.

— Ok, quando você volta?

— Segunda-feira, semana que vem.

— Sim, claro. Ouça, estou em uma reunião. Eu te ligo mais


tarde.

— Ok. — Eu desligo e coloco meu telefone de volta no bolso,


e meus olhos sobem para assistir Claire Anderson do outro lado
da sala mais uma vez.

Esta conferência ficou interessante.


Claire

— Só vou pegar uma bebida, — diz Nelson. — Você quer


outra?

— Ok, obrigada.

— Volto em breve — ele responde, e eu o observo enquanto


ele caminha até o bar.

Ele é um cara legal.

Estou surpresa – esta foi realmente uma ótima noite.


Jantamos e depois dançamos. Tenho conversado com todos,
sendo sociável. Marley ficaria muito orgulhosa de mim.

— Ahh, finalmente sozinha. — Eu ouço uma voz. Eu olho


para ver Tristan Miles parado ao meu lado. Ótimo. Eu reviro
meus olhos.

— Para onde foi o seu discípulo? — Ele pergunta enquanto


bebe sua bebida.

— Quem é esse? — Eu franzo a testa.

— O chato senhor certinho.

Eu mordo o interior da minha bochecha para não sorrir. Ele


foi certeiro. — Não sei de quem você está falando.
— Nelson Mandela ou qualquer que seja o nome dele. — Ele
balança o copo no ar em direção a Nelson.

Incapaz de evitar, eu sorrio. — Não tenho ideia de qual é o


sobrenome dele, mas tenho quase certeza de que não é Mandela,
Sr. Miles.

— Eu disse para você me chamar de Tristan.

— E eu disse para você ir embora.

— Você sabe... — Ele faz uma pausa, como se procurasse


as palavras certas. — Se eu não estivesse em uma conferência de
trabalho e sendo profissional, teria muito a lhe pedir.

— Como o que? — Eu questiono.

— Estou trabalhando — ele diz enquanto ajeita a gravata.

Ansiosa para saber o que ele quer dizer, eu respondo: —


Considere-se fora do horário. Qualquer coisa que você me disser
será considerado um assunto privado.

— Por que você me odeia tanto?

— Bem, há muito o que não gostar.

— Como o que?

— Você quer minha empresa, Sr. Miles.


— Não. — Ele toma um gole de sua bebida. Seu tom me faz
pensar que ele está irritado. — Fiz uma oferta honesta pela sua
empresa e você a rejeitou. Fim da história. Não me aproximei de
você desde então e respeitei seus desejos.

Nossos olhos estão travados. Eu posso sentir a energia e ela


salta entre nós. É quase como se nossos corpos estivessem
falando um com o outro sem palavras. Posso fingir que não
percebo tudo o que quero, mas a verdade é que Tristan Miles é
uma sobrecarga sensorial.

Sentindo-me tola por meu ódio exagerado, eu respondo: —


Se você quer saber, eu o acho um tanto chato.

Sua boca se abre enquanto ele finge choque. — Você é


sempre tão fria, Claire?

Eu rio. — Eu acho que nós dois sabemos quem é o frio entre


nós.

Seus olhos seguram os meus, e então ele levanta a


sobrancelha. — E quanto ao seu sangue?

— E quanto ao meu sangue?

— Seu sangue corre quente?

Ele é tão safado.

Hmm... eu odeio admitir isso, mas tem definitivamente algo


sobre esse cara.
Eu sorrio amplamente com sua audácia. — Eu não acho que
você precisa saber sobre a temperatura do meu sangue.

— Oh, mas um homem se pergunta. — Ele bebe sua bebida


com os olhos fixos nos meus. O ar gira entre nós. — Talvez
devêssemos conversar sobre isso... do lado de fora. — Ele me dá
um sorriso lento e sexy e, em seguida, levanta a sobrancelha. —
Fora do horário, é claro.

— Você quer sair e falar sobre a temperatura do meu


sangue, Sr. Miles?

— Sim — ele sussurra enquanto seus olhos caem para os


meus lábios.

Eu me inclino. — Sr. Miles — eu sussurro.

— Sim.

— Não estou atraída por você, dentro ou fora do horário.

Ele coloca os lábios no meu ouvido. — Mentirosa.

Sua respiração faz cócegas na minha pele e envia arrepios


pelos meus braços.

— Você vai parar com isso? — Eu sussurro enquanto olho


em volta, desconfortável com a reação do meu corpo a ele.
Traidor.

Seus olhos seguram os meus. — Me chame de Tristan.


— Não. — Eu tomo minha bebida. Deus, eu gostaria de
poder inclinar minha cabeça para trás e esvaziar o copo.

— Claire. — Ele se inclina para sussurrar em meu ouvido


novamente.

— O que?

— Não tenha medo de me chamar de Tristan.

Eu reviro meus olhos.

— Porque um dia, muito em breve, prevejo que você vai


geme-lo.

Eu sorrio. — Você está sempre delirando assim?

— Apenas dizendo. — Ele encolhe os ombros casualmente e


depois se vira e sai andando, e eu o vejo caminhar no meio da
multidão.

Nelson aparece. — Aqui está sua bebida.

— Obrigada. — Eu pego dele e olho através da sala para ver


o Sr. Miles chegar a um grupo de mulheres. Todas elas sorriem,
e então ele se vira para mim. Seus olhos escuros encontram os
meus, e ele me dá outro sorriso lento e sexy antes de segurar o
copo no ar na minha direção, como se significasse a abertura dos
Jogos Olímpicos.

Eu engulo o nó na minha garganta.


Jesus, o que diabos isso significa?
É tarde, passa das duas da manhã e não sei como ainda
estou aqui.

A noite voou. É bom não ter que correr para casa para fazer
o dever de casa, jantar e responsabilidades. Acho que todas as
120 pessoas da conferência ainda estão aqui. O clima é leve e
jovial. Estou parada no fundo da sala, perto do bar. Somos dez
de pé formando um grupo. Eles estão contando histórias, e nós
estamos rindo e nos divertindo, e de vez em quando eu olho
através da sala e vejo Tristan Miles.

Ele está me observando... ele vem me observando a noite


toda.

O calor do seu olhar na minha pele é quente como o sol. Isso


me faz pensar se ele é tão intenso na cama. Porque agora, ele não
está apenas me despindo com os olhos, ele está me fodendo com
eles.

A excitação aquece meu sangue e me pego imaginando como


seríamos juntos nus.

Como uma máquina bem lubrificada, ele está operando a


sala. Todo mundo quer falar com ele, todo mundo quer estar
perto dele. E tenho quase certeza de que todas as mulheres aqui
estão fantasiando em levá-lo para casa.

Eu sei que eu estou.

Eu nunca faria isso, é claro. Deus não.

Mas seu jeito de flertar sem remorso é definitivamente


atraente... mesmo para aquelas que não estão interessadas.

Eu deixei minha mente vagar por um momento. Qual seria


a sensação de ter sexo selvagem e despreocupado com um
homem como ele? Saber que não há absolutamente nenhuma
chance de um amanhã?

Para viver completamente o momento.

Eu fico olhando para o meu canudo enquanto o giro em


minha bebida. Minha mente começa a checar enquanto tenta
reconciliar meus pensamentos. Já faz muito tempo que não tenho
um pensamento assim.

Sexo não passou pela minha cabeça desde que Wade


morreu.

Cinco anos no próximo mês.

Eu tinha trinta e três anos quando perdi meu marido, no


momento em que entrei na melhor fase da minha vida sexual.
Perdi muito naquele dia... e não apenas ele... uma parte
importante de quem eu era.

Wade e eu nos conhecemos na faculdade. Nós namoramos


por dois anos, e então o impensável aconteceu. Fiquei grávida
com a pílula na tenra idade de 20 anos.

Wade estava em êxtase. Quer dizer, ele nunca teve dúvidas


de que ficaríamos juntos. Ele me disse em nosso quarto encontro
que ia se casar comigo. Ele era três anos mais velho que eu e
achava que sabia de tudo.

Eu sorrio melancolicamente – olhando para trás, vejo que


ele sabia.

Eu tenho um flashback de nós nos beijando e rindo...


rolando na cama, fazendo amor.

E meu coração dói.

Eu não apenas sinto falta dele... Sinto falta de tudo o que


fizemos juntos. A maneira como ele me fazia sentir como uma
mulher cada vez que olhava para mim.

Excitação.

A pressa de um orgasmo.

Eu fecho meus olhos com nojo.

Oh Deus...
Aqui vamos nós.

Eu preciso parar de beber. Lembro-me agora – lembro por


que não bebo. Isso me deixa triste, como um grande cobertor
escuro que vem descansar sobre meus ombros. Um que é pesado
e carregado de responsabilidades. Coloco minha bebida no
balcão. — Eu estou indo — eu anuncio enquanto aceno. — Vejo
vocês amanhã.

Eu vou em direção à saída e avisto Tristan falando com três


mulheres – as mesmas três mulheres que estiveram penduradas
nele a noite toda. Ele me vê chegando e se empurra para longe
da parede. — Claire — ele chama enquanto vem na minha
direção.

Não posso ser rude na frente das meninas. — Oi. — Eu


sorrio por cima do ombro para suas groupies enquanto elas
olham.

— Você está pronta? — Ele pergunta.

Eu fico olhando para ele, confusa. — Hã?

— Você sabe. — Ele arregala os olhos. — Estudar.

— Oh. — Eu franzo a testa. Ele deve estar tentando se livrar


dessas mulheres. — Sim, claro.

— Lidere o caminho. — Ele aponta para a porta.

Oh caramba. Eu corro em direção à porta.


— Mas — uma das garotas diz atrás de nós.

— Desculpe, meninas, uma próxima vez — ele grita


enquanto corre para me alcançar.

Saímos para o foyer e para o elevador.

— Obrigado. — Ele suspira.

Eu reviro meus olhos. — Eu não sou sua desculpa para


fugir, Sr. Miles.

— Eu sei. — Ele liga seu braço ao meu. — Nós realmente


vamos estudar, eu não te disse?

— Essa coisa de flerte exagerado costuma funcionar? — Eu


pergunto quando as portas do elevador se abrem e nós entramos.

Ele me dá um sorriso atrevido quando a porta se fecha atrás


de nós. — Sempre.

Eu balanço minha cabeça enquanto sorrio para o chão; sua


loção pós-barba celestial flutua ao meu redor.

— Vamos beber café ou champanhe? — Ele pergunta


brincando.

— Vou tomar uma xícara de chá.

— Chá? — Ele torce o nariz em desgosto. — Como chá inglês


da vovó.
— Sim. Como chá inglês da vovó.

— Oh. — As portas se abrem e eu saio do elevador. Ele


também. Caminhamos pelo corredor. Onde fica o quarto dele? Ele
realmente não acha que vai comigo... ele acha?

— Acho que posso tentar, só desta vez. — Ele responde.

— Tentar o que?

— Chá.

— Você não está vindo comigo — eu zombo.

Seu rosto cai. — Por que não?

— Porque eu não sou assim, porque sou muito velha para


você, e porque, bem... — Eu paro enquanto penso nas palavras
certas. — Jurei odiar você por toda a eternidade. — Chegamos à
minha porta e eu me viro para ele. — Este é o meu.

Ele põe as mãos nos bolsos da calça. — Vamos lá, Claire; é


chá. — Seus olhos maliciosos seguram os meus. — Não é como
se eu fosse te foder na próxima semana ou algo assim.

Eu fico olhando para ele, chocada que ele acabou de dizer


isso em voz alta. Não estou acostumada com homens falando
assim comigo.

Suas palavras rudes penetram no canto escuro da minha


sexualidade.
Eu sinto algo adormecido acordar bem no fundo.

Cinco anos é muito tempo.

O ar estala entre nós.

— Não é como se eu fosse fazer você gozar intensamente ou


algo assim. — Ele me dá um sorriso lento e sexy. — Não é como
fosse ser o melhor sexo da sua vida ou algo assim.

Não tenho palavras... ele as roubou.

— Admita, — ele diz suavemente enquanto seu olhar cai


para os meus lábios. — Você não se perguntou como eu seria na
cama? — Ele sussurra.

— Não — eu minto. É a única coisa em que consigo pensar.


— Nem uma vez.

— Você não se perguntou o quão grande é o meu pau? —


Ele respira enquanto coloca uma mecha do meu cabelo atrás da
minha orelha e dá um passo em minha direção.

Jesus, ele é grande. Apenas um homem grande chamaria


atenção para o tamanho de seu pau.

Não está ajudando.

Eu engulo o nó na minha garganta quando tenho uma visão


dele nu. — Não.

Ele se inclina e põe a boca no meu ouvido. — Confesse.


Eu fecho meus olhos. Oh cara, isso é uma situação... ruim.
Com um homem mau.

Meu coração começa a bater profundo e lentamente, em


sincronia com o dele, enquanto imagino estar fazendo coisas más
com ele.

— Você tem estado em minha mente. — Sua voz profunda e


abafada no meu pescoço começa a enviar ondas de choque pelo
meu sistema.

— Por que isso? — Eu sussurro, mas não sei por que estou
perguntando – já sei a resposta.

Ele pressiona seus quadris para frente e me prende contra


a parede. Ele está duro e pronto. Minhas entranhas começam a
derreter.

Oh merda... ele se sente bem.

— Através de três palestras e um workshop, tudo o que fiz


foi imaginar você montando meu pau — ele sussurra
sombriamente.

Eu imediatamente tenho uma visão de mim em cima dele,


nua, nossos corpos molhados de suor.

Sua ereção grande e profunda.


— Deus... — Ele respira enquanto pega um punhado do
meu cabelo e o agarra com força. — Seríamos tão gostosos juntos,
Anderson.

A porta do elevador apita e Nelson sai.

Minha excitação cerebral temporária se dissipa e eu


empurro Tristan. — Pare com isso — eu sussurro.

Nelson olha entre nós do outro lado do corredor e franze a


testa. — Olá.

Tristan revira os olhos e passa a mão pelo cabelo em


frustração. — Oi — ele murmura secamente.

Giro a chave e abro a porta com pressa, levando a distração


momentânea como uma dádiva de Deus. — Boa noite, Sr. Miles.

— Anderson — ele sussurra.

Eu fecho a porta na cara dele e giro o trinque. Eu caio contra


ela e fecho os olhos. Estou ofegante e meu corpo ainda está
cambaleando com a sensação dele tão perto.

Meu telefone apita com uma mensagem.

Vamos lá?
Eu estou indo embora amanhã.
Suas palavras se repetem em minha mente.

— Seríamos tão gostosos juntos.

Eu coloco a corrente e olho pelo olho mágico para vê-lo


revirar os olhos e balançar a cabeça.

Ele está chateado.

Ele sabia que quase me pegou.

Oh droga... essa foi por pouco. Outro texto apita.

Claire, vamos.
Você está me matando aqui.
Não há prêmios por ser uma boa menina.
Você só vive uma vez.

— Puta que pariu — murmuro.

Eu ligo meu telefone no modo silencioso, coloco no


carregador e entro no banheiro, e então eu fecho a porta também.
Eu preciso ter alguma distância entre mim e ele.

Deus, acorde, Claire.

A última coisa que estou prestes a fazer é transar com


aquele bastardo sugador de almas. Além disso, eu nem saberia o
que fazer com ele. Tenho certeza de que o tipo de sexo que eu fiz
não seria o mesmo que ele tem.

Eu gosto do tipo com ternura e amor, e ele provavelmente é


um mestre anal de renome mundial.

Eu tremo ao pensar em parecer vulnerável e sexualmente


inexperiente para ele.

Eu o imagino me guiando sobre como ele gosta, e meu


sangue ferve.

De jeito nenhum vou dar a ele uma polegada de poder sobre


mim.

— É isso aí. Não mais, — eu sussurro com raiva. — Banho


gelado. — Eu ligo a água com força. — Esse homem é o diabo.

Eu sento e fico olhando para o espaço no círculo da verdade.

Um a um nos fazem uma pergunta sobre nós mesmos que


só nós saberíamos. Algo que aparentemente abre um buraco em
nossa existência.
— Diga-me, Ariana, qual é a única coisa que a deixa com
raiva? — Elouise pergunta.

Ariana franze a testa enquanto contempla sua resposta, e


nos sentamos em silêncio enquanto esperamos. Todas as nossas
perguntas são diferentes, com base em nossos testes
psicológicos. Elouise, a psicóloga que está conduzindo esta parte
do workshop, adaptou a sessão ao que fizemos ontem de manhã.
Nós nos dividimos em pequenos grupos de quinze e estamos
sentados e ouvindo todos em nosso grupo.

Mais uma vez, eu divago no espaço.

Estou entediada hoje.

Abatida por mim mesma, por vários motivos.

Odeio sentir-me fisicamente atraída por alguém de quem


não gosto. Eu odeio ter deixado ele entrar debaixo da minha pele.
Eu odeio tê-lo desejado e, acima de tudo, odeio que a
oportunidade de ter uma noite selvagem e despreocupada com
ele se foi. Ele voltou para Nova York agora.

Tristan Miles do caralho.

A razão pela qual não dormi, a razão pela qual tive que gozar
enquanto assistia YouPorn5 na noite passada.

5 YouPorn é um site gratuito de compartilhamento de vídeos pornográficos.


E a razão pela qual me sinto tão assexuada hoje que só
quero chorar.

Foi bom ser paquerada... me sentir desejável.

Me sentir mulher novamente.

E não é ele, não é sobre ele. É o que ele representa.

Uma época despreocupada da minha vida que acabou.

Eu estive pensando sobre isso... por um longo tempo... a


noite toda, na verdade. E se alguma vez houve um homem com
quem eu deveria ter dormido para voltar ao jogo do namoro,
deveria ter sido Tristan Miles.

Ele é descomplicado e indisponível, o tipo de homem com


quem você faz sexo impensado. Eu estava fisicamente atraída por
ele, mas não havia absolutamente nenhuma chance de
desenvolver sentimentos por ele. Ele não é o tipo de homem por
quem eu poderia me apaixonar.

Foi a oportunidade perfeita... e eu deixei passar.

Ótimo pra caralho.

— Claire? — Uma voz pergunta.

Eu olho para cima, confusa. — Desculpe? — Eu pergunto.

— Fale sobre a coisa mais difícil da sua vida — diz Elouise.


Eu franzo a testa.

— Qual foi a coisa mais difícil que você teve que fazer?

Eu fico olhando para ela por um momento. — Liga Infantil6.

O rosto de Elouise cai e todos ouvem com atenção.

— Explique isso para mim.

— Hum. — Eu respiro fundo, nervosa. — Meu marido...


hum... — Eu paro no meio da frase.

— Comece do início. — Elouise sorri.

— Há cinco anos, meu marido estava andando de bicicleta


cedo em uma manhã. — Eu sorrio ao me lembrar de Wade em
seu kit de segurança completo. — Ele estava treinando para um
triatlo7. — Eu faço uma pausa.

— Continue.

— Ele foi... atropelado por um motorista bêbado às cinco e


cinquenta e dois da manhã.

Todo mundo me observa.

— Ele morreu no local. Ele tinha trinta e seis anos. — Eu


torço meus dedos no meu colo. — E eu pensei que aquele seria

6 Uma organização nos EUA que organiza equipes de beisebol infantil e jogos.
7 Triatlo é uma palavra grega que designa um evento atlético composto por três modalidades.
Atualmente, o nome triatlo é em geral aplicado a uma combinação de natação, ciclismo e corrida, nessa
ordem e sem interrupção entre as modalidades.
meu pior dia. — Eu sorrio enquanto tento fazer que tenha sentido
o que estou prestes a dizer. — Mas eu estava errada. — Eu fico
em silêncio por um momento.

Depois de um tempo, ela me diz: — Vá em frente, Claire.

— Ver meus três filhos crescerem sem pai, dia após dia, é
muito pior. — Meus olhos se enchem de lágrimas. — Todo sábado
— eu sussurro, mal capaz de empurrar as palavras pelos meus
lábios. — Todos os sábados... vamos aos jogos deles. E quando
eles fazem algo bom, eles olham para as arquibancadas para me
ver. — Eu fico olhando para frente enquanto faço uma pausa.

— Não tenha pressa, querida.

— Eles estão tão orgulhosos, e então eu vejo seus rostinhos


caindo quando lembram que seu pai não está lá para ver isso.

Elouise acena com a cabeça em silêncio.

— Então sim... — Eu encolho os ombros. — A liga infantil é


a coisa mais difícil da minha vida.

O grupo permanece em silêncio e eu olho para cima para


ver Tristan parado ao lado do círculo. Suas mãos estão nos bolsos
e seus olhos assombrados seguram os meus.

Eu abaixo minha cabeça, desejando poder pegar de volta as


palavras pessoais.
Não quero que Tristan Miles me conheça, saiba nada sobre
mim ou meus filhos e nossas lutas diárias.

Estou mantendo distância. Minha atração por ele é apenas


isso – uma atração física.

Não significa nada.

— Ok, continuando. Richard. Conte me sobre sua infância.

São quase dez horas da noite quando voltamos do


restaurante.

O grupo está sonolento e subjugado. Ao contrário da noite


passada, todos estão cansados.

Hoje foi um dia difícil e – odeio admitir – um pouco


libertador. Eu tive muitos momentos de profunda reflexão e ouvi
muito dos outros dizendo que tiveram também.

Um vínculo inesperado se formou entre mim e meu pequeno


grupo. Estou me sentindo profunda, emocional e um tanto crua.
Foi inesperado, para ser honesta.
Tristan estava jantando, mas estava sentado em outra mesa
com os outros palestrantes. Ele estava falando e conversando
profundamente com outro homem.

Ele não está me incomodando hoje ou flertando. Na verdade,


ele não chegou perto de mim desde que ouviu minha pequena
bomba de verdade esta manhã. É tudo um pouco real para ele,
eu acho.

Até para mim, às vezes.

Chegamos ao hotel e vejo uma loja de conveniência à frente.


Posso pegar um pouco de chocolate. Uma xícara de chá e algo
doce vão terminar o dia em alta. — Eu só vou pegar algo na loja.
Vejo vocês todos pela manhã — eu digo.

— Até mais — meu grupo diz enquanto eles desaparecem no


hotel.

Atravesso a rua, pego meu chocolate e olho os livros que eles


têm. Hmm. O que posso ler? Não leio mais romance, e o terror é
assustador quando meus filhos estão do outro lado do mundo.

Não... nada me interessa. Bem, foi um bom pensamento.

Eu pago ao caixa e volto para o hotel. — Claire! — Ouço da


rua lateral ao lado do hotel.

Eu olho e vejo Tristan parado no escuro. — Oi. — Eu agarro


meu chocolate com força na minha mão.
— Eu só queria ver como você estava — diz ele.

Ver como estou... como uma vítima?

Meu rosto cai e uma onda inesperada de raiva sobe em meu


estômago. Eu odeio que ele tenha ouvido minha admissão de
fraqueza esta manhã. — Estou bem.

— Você quer ir buscar um chá de vovó8? — Ele aponta para


um café na rua. Ele não está usando isso como um código para
sexo, ele realmente quer dizer chá esta noite.

De repente, estou com raiva de sua mudança de direção


comigo. Eu posso lidar com flerte e diversão.

Isto... não posso.

— Não, — eu digo. — Eu não quero. — Enfurecida, eu saio


furiosa e, então, incapaz de evitar, eu volto para ele. — Você sabe
o que? Vai se foder — eu digo.

— O que?

— Não me dê esse olhar, Tristan Miles.

— Que olhar? — Ele engasga.

8 Uma xícara de chá feita com leite e açúcar, particularmente apreciada por pessoas que bebem
seu chá principalmente preto.
— Esse olhar patético de simpatia, — eu zombo. — Você
pode me olhar sexy, você pode me olhar com desgosto. Mas não
se atreva a sentir pena de mim.

Ele me encara.

— A única pessoa no mundo de quem não quero piedade é


você.

Ele dá um passo à frente. — O que você quer?

— Eu só quero ser tratada normalmente — eu digo. — Não


como a pobre Claire Anderson, a viúva. — Eu jogo minhas mãos
para o ar. — Como uma mulher normal que você não conhece.

Eu sinto que estou prestes a explodir, e respiro fundo para


tentar me acalmar. Meus olhos procuram os dele. — Pelo menos
quando você é um idiota, eu sei o que esperar.

Ele corre para mim, agarra meu rosto com as mãos e me


beija. Sua língua passa pelos meus lábios e ele me empurra
contra a parede.

— Acredite em mim, Claire Anderson... a última coisa que


sinto quando olho para você... é pena.

Sua língua dança contra a minha e seu aperto em meu rosto


é quase doloroso.

Sou forçada contra seu corpo ele me puxa para seu pau. Eu
posso sentir isso enquanto endurece.
Minhas entranhas começam a se liquefazer... Oh Deus.

Algo estala dentro de mim e começo a beijá-lo de volta.

Eu o beijo com tudo que tenho, e Deus, isso é bom.


Profundo, erótico... e tão esperado.

Ele se afasta e olha para mim enquanto segura meu rosto


em suas mãos. Sua respiração está difícil. — Que beijo é esse,
Anderson?

Eu fico olhando para ele enquanto meu peito sobe e desce.

— Isso não é um beijo de chá da vovó. — Suas mãos


seguram meu rosto com mais força e ele lambe meus lábios
abertos. Minhas entranhas se contraem com o domínio de sua
ação. — Esse é um beijo faminto — ele sussurra sombriamente e
depois lambe meus lábios novamente.

A maneira como ele está lambendo meus lábios abertos sem


se importar com o que minha língua está fazendo está me fazendo
querer que ele me lamba em outro lugar. Cada músculo dentro
de mim se contrai enquanto imagino sua cabeça entre minhas
pernas.

— Você está com faminta, Claire? — Ele respira.

Faminta ‘pra’ caralho.

Eu coloco minha mão na parte de trás de sua cabeça e o


puxo para mim. Eu o beijo novamente. Mais forte desta vez, mais
urgente, e é como se algum tipo de elástico sexual tivesse sido
esticado além do conserto e finalmente quebrado de uma forma
espetacular.

Todas as apostas estão encerradas.

Não quero mais ser uma viúva triste... só por esta noite, eu
quero ser uma mulher.

Sua mão vai para o meu peito e minha concentração


retorna. A névoa da excitação se dissipou temporariamente.

A realidade se instala. Espere... que?

O que diabos estou fazendo?

Eu me afasto dele com pressa.

— O que há de errado? — Ele franze a testa enquanto ofega.

Eu seguro minha têmpora enquanto tento controlar minha


excitação. — Você vai parar com isso?

— Parar o que?

— Não estou interessada em você, Tristan. Eu nunca estarei


interessada em você. Afaste-se, — eu sussurro com raiva.

Ele franze o rosto em descrença. — O que?

— Você me ouviu.

— Eu posso sentir sua atração por mim. Pare de mentir.


— Você está delirando, — eu devolvo.

— Você me quer, admita.

Ele estende a mão para mim novamente, e eu dou um passo


para trás, fora de seu alcance. — Deixe-me em paz, Tristan.

— Volte aqui, — ele ordena.

— Vá para o inferno.

Volte aqui... eu gostaria.

Três palavras nunca soaram tão quentes e tão erradas, e


foda-me, meu corpo quer desesperadamente fazer o que ele
manda.

Mas não vou deixar... porque ele só está com tesão e ele é
um canalha.

E eu quero poder viver comigo mesma amanhã.

Entro pelo saguão do hotel em uma missão.

Ficar longe de Tristan Miles.

Esse homem é o diabo e tão tentador quanto o pecado.


Sento-me no auditório lotado em um estado distante. Todas
as pessoas estão ouvindo a palestra sobre mind-sets9 e estão
registrando e trabalhando ativamente nas tarefas definidas.

Mas não eu, porque não consigo me concentrar.

Estou no meio de uma sobrecarga sensorial.

Tristan Miles está circulando pela sala. Como uma pantera


graciosa à espreita, ele está entrando e saindo dos corredores da
plateia, ajudando as pessoas quando elas pedem sua opinião e
encorajando-as enquanto pensam em voz alta.

Não tenho ideia do que aconteceu comigo ou por que os


pensamentos na minha cabeça surgiram de repente. Aquele beijo
na noite passada abriu algo dentro de mim... e eu tenho
perguntas.

Perguntas carnais.

Ele está vestindo um terno azul-marinho de encaixe perfeito


e uma camisa creme com uma gravata xadrez amarela e cinza.

9 As atitudes ou opiniões de uma pessoa resultantes de experiências anteriores.


Ele apenas tirou o blazer e o jogou sobre uma cadeira, e todos os
músculos do meu corpo suspiraram.

Sua camisa creme está enrolada até seus cotovelos,


revelando seus antebraços musculosos e peito largo. Também
tenho uma visão completa de seu traseiro agora... é apertado e
firme, e os músculos de suas coxas são grossos e esculpidos. Seu
cabelo é escuro e ondulado, assim como sua pele... bom Deus,
sua pele... é bronzeada e oliva do sol, e combina com os seus
grandes olhos castanhos. Eu nem deveria estar olhando para este
homem, muito menos encarando.

Mas não posso evitar, não consigo me conter e não tenho


certeza se quero... cada célula do meu corpo está implorando por
ele, e as palavras de Marley desde a primeira vez que ela o viu,
sobre assobiar alto para esse cara estão me provocando como um
desafio.

Um espécime masculino perfeito.

Material completo de assobio alto... material de sexo gostoso


também. Tenho certeza de que Tristan Miles poderia falar com
qualquer uma de costas e tê-las implorando para abrir as pernas
para ele. Eu tenho uma imagem dele tirando a camisa no final da
cama, e meu estômago se agita. Um brinde às cadelas sortudas
que são capazes de agir sobre isso e o bebem como chocolate.

Eu sorrio com a minha correta analogia enquanto deixo


meus olhos caírem no chão. Tristan Miles é chocolate. Rico,
delicioso e sonhador, ele oferece uma barato..., mas, no final, ele
é prejudicial à sua saúde e ruim para os ossos.

Ele se aproxima lentamente do corredor atrás de mim, e um


sopro de sua loção pós-barba me envolve enquanto ele chega
perto. Como se sentisse sua chegada, todo o meu corpo respira
fundo. Eu seguro minha caneta no ar enquanto olho para a frente
e tento me concentrar. Quando ele está perto, arrepios percorrem
meus braços com sua proximidade.

Eu nunca tive uma atração sexual por alguém assim antes.


É estranho.

Eu pensei sobre ele a noite toda – e não o tipo de


pensamento “Oh, ele é um cara legal”.

Pensamentos sobre ele me jogando na cama e me dando


bem gostoso seu pau.

Eu não gosto dele, e ainda assim... tudo em que consigo


pensar é em ficar nua com ele. Esta não é quem eu sou. Não sou
o tipo de mulher que pensa com a vagina.

Mas algo sobre ser selvagem e despreocupada com um


homem como ele é tão convidativo.

Em câmera lenta, ele se agacha ao meu lado. — Você precisa


de ajuda, Claire? — Ele sussurra.
Minha respiração fica presa quando olho em seus grandes
olhos castanhos.

Porra, sim, eu preciso.

— Estou bem — eu sussurro. — Obrigada.

Olhamos um para o outro por mais tempo do que o


necessário; a corrente de excitação está fluindo entre nós. Está
presente sempre que estamos próximos um do outro.

Ele sente isso também... ou todas as mulheres reagem a ele


dessa maneira?

— Você vem para o tour do vinho esta tarde? — Ele


sussurra.

Eu aceno, incapaz de empurrar uma palavra pelos meus


lábios.

Ele sorri suavemente. — Vejo você então. — Ele fica de pé


graciosamente e, com sua postura perfeita, continua
caminhando; sua loção pós-barba permanece à distância atrás
dele.

Uma emoção inesperada passa por mim, e eu olho para o


meu bloco de notas, abalada pela reação do meu corpo.

O que vou vestir?


Eu balanço minha cabeça enojada por ter apenas esse
pensamento.

Não.

Tristan Miles está fora dos limites.

Pare com isso... o que quer que você esteja pensando, pare
agora.

Minhas bochechas doem de tanto rir, e o calor da névoa do


álcool aquece meu rosto.

Esta é a nossa sexta vinícola, o destino final do nosso tour,


e são apenas dez horas da noite.

Com cada vinícola, ficamos cada vez mais tolos. O ônibus


parou bem aqui na frente, e todos nós quase caímos enquanto
ríamos alto. Tivemos um dia tão divertido.

Quem diria que essa conferência seria divertida? Eu


certamente não esperava por isso.
Meus olhos vão para o homem sentado sozinho no bar.
Tristan.

Nós só conversamos em grupo hoje, e embora nossos olhos


tenham permanecido um no outro através do círculo, nenhuma
palavra foi dita sobre nosso beijo na noite passada.

— Vamos continuar com a sobremesa e o vinho do Porto —


diz Jada. — Nós iremos para a cervejaria.

O grupo ri e começa a tagarelar enquanto fazem planos para


seguir em frente, mas meus olhos permanecem fixos nele
enquanto ele se senta sozinho.

Dane-se... apenas vá falar com ele. Não há mal nenhum em


falar com ele e, além disso, cheguei à conclusão de que talvez ele
tenha um lado diferente do que percebi inicialmente.

Embora isso pudesse ser apenas o vinho falando. O grupo


continua a tagarelar e rir, e eu respiro fundo e caminho até ele
no bar. — Este assento está ocupado? — Eu pergunto.

Seus olhos vêm até mim e um traço de sorriso cruza seus


lábios. — Seja minha convidada.

Sento-me no banquinho ao lado dele no bar, e o garçom se


aproxima de mim. — O que gostaria?

— Vou tomar outra taça de champanhe, por favor.


— Certo. — Seus olhos se voltam para Tristan. — Outro
scotch?

— Por favor. — Tristan olha para frente, com as mãos


cruzadas na frente dele. — Demorou, Anderson, — diz ele.

— O que isso significa?

Ele olha para seu relógio chique. — São dez da noite

— Bem, se for muito tarde para falar, eu vou embora —


provoco. Eu fico de pé.

— Sente-se. — Ele sorri. — Você tem sorte de ser uma noite


tranquila.

O barman coloca o champanhe na minha frente e eu pego


enquanto tento esconder meu sorriso. — Quem tem sorte?

Ele ri e bate seu copo no meu. — A Épernay.

— A Épernay, — eu sussurro. Nossos olhos se encontram e


eu bebo meu champanhe. É frio e borbulhante e acende um fogo
dentro de mim.

Com os olhos fixos nos meus, ele lambe o uísque dos lábios.
— Você provavelmente deveria parar de olhar para mim assim.

Eletricidade vibra entre nós enquanto todos os outros na


sala desaparecem.

— Como o quê?
— Como se você quisesse me comer, porra.

Meu estômago se agita. — Isso é muito presunçoso, Sr.


Miles.

— Me chame de Tristan.

Eu mordo o interior da minha bochecha para me impedir de


sorrir. Eu gosto deste jogo. — Vou chamá-lo do que eu quiser —
eu murmuro.

Ele inala profundamente e reorganiza sua virilha.

Assistir ele tocar seu pau faz algo em minhas entranhas e


meu sexo começa a latejar.

— O que te faz pensar que eu quero te comer? — Eu


sussurro.

Seus olhos caem para meus lábios. — Porque eu quero


comer você, e é uma maneira de retribuir.

Eu rio com sua audácia. — Não tenho boas maneiras,


infelizmente.

Em câmera lenta, ele pega sua taça de cristal grossa e sorri


quando a leva aos lábios. — Então... essa coisa de mártir
funciona para você?

— Como sou um mártir?


— Bem. — Ele encolhe os ombros casualmente. — Você fica
me dizendo que não está atraída por mim, ainda assim...

— E ainda o quê? — Eu sussurro.

— E ainda posso sentir isso, — ele murmura. — Seu corpo


está chamando pelo meu.

Nossos olhos se prendem enquanto o ar deixa meus


pulmões.

— Cada vez que estou perto de você, posso sentir nossos


corpos falando um com o outro. Não me diga que você não pode
sentir, porque eu sei que você pode, — ele sussurra.

Nós olhamos um para o outro por um longo momento, o ar


girando entre nós.

— Você vai dar a ele o que ele precisa? — Ele pergunta


enquanto leva o copo aos lábios.

Eu abaixo minha cabeça, abalada por seu sexto sentido. —


Receio que não posso.

— Por que não?

— Porque você não é alguém que eu...

— Gosta? — Ele pergunta, divertido.

Eu seguro minha língua, não querendo ser rude.


— Relaxe, Anderson, você também não é alguém de quem
eu gostaria. Não se precipite.

Eu sorrio, aliviada.

— Mas... o que acontece na viagem continua na viagem, —


acrescenta.

Meu estômago se agita com a perspectiva de fazer sexo


secreto com este homem.

Seu foco se move diretamente para a frente dele, como se


ele estivesse pensando em algo, e então ele sorri sombriamente e
toma um gole de sua bebida.

— O que? — Eu pergunto.

— Bem, você sabe que um dia, nós iremos inevitavelmente...


foder.

Eu fico olhando para ele enquanto um milhão de imagens


pornográficas vêm à mente.

— Uma atração como essa não vai embora, Anderson.

Arrepios se espalham pelos meus braços; ele sente isso


também.

— Então, a meu ver... podemos usar o tempo livre em nossa


vantagem.

— Ou? — Eu pergunto.
Seus olhos escuros encontram os meus. — Ou podemos
voltar para Nova York até que eu finalmente te derrube – pois
então vou te foder na sua mesa. Vai ser duro, molhado e
bagunçado, e quem sabe quem pode nos surpreender.

Eu pisco, chocada. Que diabos? — Você é tão seguro de si.

— Eu sempre consigo o que eu quero. — Ele me dá um


sorriso lento e sexy. — E o que eu quero é você.

Meu estômago estremece de nervosismo. — Por quê?

— Você vê... eu poderia fingir que gosto de você e que quero


explorar nossa amizade ou alguma merda assim. — Ele toma um
gole de sua bebida. — Ou eu poderia apenas dizer a verdade.

— Qual é? — Eu respiro.

Nossos olhos estão travados.

— A ideia de você me odiar enquanto eu lambo você me dá


um puto tesão, — ele sussurra.

Começo a ouvir meu pulso em meus ouvidos.

Ele se inclina e sussurra em meu ouvido. — Eu quero ouvir


você gemer, porra, Anderson. — Sua respiração faz cócegas na
minha orelha e arrepios se espalham. — É tudo que consigo
pensar; meu pau está vazando por você o dia todo.

Jesus.
— Você não espera que eu goste de você? — Eu pergunto,
fascinada com seu pedido.

— Como um amigo... em quem você pode confiar para


cuidar de você sexualmente, é claro.

— Algo mais?

— Absolutamente não.

Eu bebo meu champanhe enquanto processo suas palavras.


— Não sou o tipo de mulher que faz esse tipo de coisa, —
sussurro.

— E eu sou o tipo de homem que faz. Você nem mesmo


precisa falar. Eu farei todo o trabalho.

O ar vibra entre nós como eletricidade.

É isso, o momento decisivo – uma oferta para possivelmente


encontrar a mulher dentro de mim que perdi. Eu sei que tenho
duas escolhas. Posso ir para casa sozinha e sempre me
arrepender desse momento, ou posso fazer sexo honesto com um
homem com quem é impossível estabelecer um vínculo
emocional.

— Estamos indo para a adega, — diz Nelson jovialmente


atrás de nós, quebrando o encanto. — Vocês vêm?
Eu olho para o grupo enquanto todos estão à porta,
esperando por todos, e eu sei que preciso tomar uma decisão. —
Hum... não. Vou encerrar a noite e ir para a cama.

— Oh, ok. — Nelson se vira para Tristan. — Você vem?

— Não, estou encontrando uma amiga aqui no bar. Ela


ainda não chegou, — ele mente sem esforço.

Nelson sorri. — Bastardo sortudo. Divirta-se por mim. — Ele


dá um tapa forte nas costas dele e sorri para nós dois. — Boa
noite então. Te vejo amanhã.

— Boa noite.

O grupo acena para nós, e com uma grande conversa entre


eles, eles deixam o bar.

Os olhos de Tristan vêm para mim. — Seu quarto ou o meu?

— O meu.

Eu destranco a porta do meu quarto enquanto ele está atrás


de mim. Posso sentir sua respiração na nuca e posso desmaiar a
qualquer momento... ou ter um orgasmo. Ambas as opções não
são ideais ou particularmente interessantes.

Ele fecha a porta com um chute e, sem dizer uma palavra,


pega meu rosto nas mãos e me beija enquanto me leva de costas
para a cama. Sua língua mergulha profundamente em minha
boca enquanto ele me segura perto, e arrepios percorrem minha
espinha.

Não importa o que aconteça a partir daqui... o homem sabe


beijar. Muito... bem.

Nossas línguas dançam juntas, e eu não consigo nem abrir


meus olhos para olhar para ele.

Estou tão no momento que é simplesmente ridículo.

— Jesus, — ele murmura contra meus lábios.

Eu rio.

— Se apresse. Porra. — Ele começa a desfazer os botões da


camisa com urgência.

— Qual é a pressa?

— A pressa é que eu quero você nua, e não posso deixá-la


nua até que eu esteja nu. É a lei dos pelados.

— Existe uma lei dos pelados?


— Todo mundo sabe disso. Porra. — Ele revira os olhos. —
Eu disse para você não falar, lembra?

Eu rio. Oh cara. Ele é divertido.

Ele arranca a camisa sobre os ombros e minha respiração


fica presa. Largo e musculoso, com uma dispersão de cabelo
escuro. Ele tem um abdômen ondulado e um V de músculos que
desaparece em suas calças.

Puta merda.

De repente, estou nervosa.

Ninguém me vê nua há muito tempo... oh caramba.

Abortar a missão.

Ele pega meus dedos e os coloca no zíper dele. Ele sorri, com
os olhos fixos nos meus. — Tire tudo, — ele murmura.

Meu coração dá uma cambalhota no meu peito e eu


lentamente deslizo o zíper de sua calça para baixo. A ponta de
seu pênis fica acima do cós de sua cueca. Pré-ejaculação está se
formando em gotas no final dele, e meu estômago aperta com
força. Com medo, antecipação e horror... oh inferno, tanto para
agarrar. Ele estende as mãos e sorri para mim.

— Faça isso, — ele diz.


Eu deslizo suas calças para baixo e, em seguida, sua cueca.
Seu pau é grande e largo e fica pendurado pesadamente entre as
pernas.

Oh... merda.

Eu inalo profundamente enquanto olho para ele. Ele é um


homem lindo. Bonito, construído e bem-dotado. Eu não tenho
palavras enquanto meus olhos o absorvem... apenas uau.

Ele sorri sombriamente. — Minha vez.

Eu sopro ar em minhas bochechas.

— Eu...

Seus lábios caem para o meu pescoço e eu olho para o teto.


Ele começa a desfazer os botões da minha camisa de seda, e eu
estremeço e me afasto ligeiramente dele.

— O que?

— Eu... não faço...

Ele me encara, esperando.

— Eu...

— Você o que? — Ele me beija suavemente, como se me


incitasse a falar.

— Eu não faço sexo há muito tempo.


Seu rosto cai quando ele conecta os pontos. — Desde?

Eu balanço minha cabeça.

— Jesus, Anderson... sem pressão.

— Por que isso faria você se sentir pressionado? — Eu


gaguejo.

Ele joga as mãos para o alto. — Porque, como... Porra. —


Ele volta a trabalhar na minha blusa e a joga para o lado e depois
para e sorri enquanto olha para mim.

Fecho os olhos, tão nervosa que não consigo nem olhar para
ele.

Ele desliza minha saia e eu fico diante dele de calcinha e


sutiã. Ele desabotoa meu sutiã e, em seguida, seus lábios caem
para os meus mamilos enquanto ele lentamente desliza minha
calcinha para baixo e a joga para o lado.

Seus olhos descem pelo meu corpo e depois até meu rosto,
e ele sorri suavemente.

— Não — eu sussurro, envergonhada. — Devo estar um


mundo longe das mulheres com quem você normalmente dorme.

— Por que isso? — Ele sussurra enquanto beija meus lábios.

— Eu estou...
— Oh, você quer dizer isso? — Suas mãos percorrem minhas
coxas. — Um pouco de celulite, — ele sussurra. As pontas dos
dedos dele cobrem meu estômago. — Algumas estrias. — Ele
agarra a pequena bolsa de gordura na minha barriga e dá um
puxão, e eu sorrio contra seus lábios. — Cicatriz de cesariana. —
Ele passa o dedo sobre a grande cicatriz na minha barriga. As
mãos dele vão para os meus seios, ligeiramente flácidos e não
cheios como costumavam ser antes das crianças. Ele belisca
meus mamilos, que estão grandes por causa da amamentação.

Meu coração dispara enquanto ele toca todas as minhas


inseguranças.

Ele mantém as mãos bem abertas. — Eu pareço um homem


que não gosta do que vê? — Ele sussurra.

Meus olhos baixam para sua grande ereção, e então eu deixo


cair minha cabeça.

— Claire. — Ele coloca o dedo sob meu queixo e traz meu


rosto para encontrar o dele. — Você é linda, — ele sussurra
enquanto me beija. — Tão linda ‘pra’ caralho.

Ele me beija novamente, e é suave e terno e carinhoso e não


é o que eu esperava.

— Você usa suas inseguranças aqui. — Ele aperta o fundo


do meu estômago. — As minhas estão do lado de dentro, — ele
sussurra. — Só porque você não pode vê-las, não significa que
elas não estejam lá.

— Eu sei. — Eu sorrio contra seus lábios.

Ele agarra meus quadris e me joga na cama e, em seguida,


rasteja sobre mim.

— Seja gentil, por favor, — ele brinca. — Não me machuque.

Começo a rir, porque essa é a coisa mais ridícula que já


ouvi. — Seu idiota.

Ele se abaixa e passa os dedos pelo meu sexo. Seus olhos


piscam de excitação. — Hmm... tão molhada. — Ele se inclina e
leva meu mamilo em sua boca e dá uma chupada forte enquanto
desliza dois dedos profundamente.

— Oh... Deus. — Minhas costas arqueiam para fora da cama


quando ele começa a me bombear.

— Espalhe elas.

Abro minhas pernas no colchão, e ele vai devagar no início


para me deixar entrar no clima. Então ele acelera o ritmo. Ele
realmente começa a me cavalgar forte com os dedos.

Isso parece tão estranho e novo, e eu empurro os


pensamentos de medo para fora da minha mente.

É uma vez... apenas aproveite isso.


Meu corpo inteiro sacode para cima e para baixo no colchão
com a pressão.

Foda-se, sim... eu preciso disso... eu preciso muito disso.

O som da minha excitação molhada sugando-o é alto na


sala, e o olhar de triunfo em seus olhos é tão quente. — Aperte,
baby, — ele sussurra. — Dê-me uma amostra do que estou
prestes a receber.

Eu aperto com força e seus olhos reviram em sua cabeça.


Ele me bombeia com mais força, e eu grito quando gozo forte.
Estremeço e minha convulsão me levanta da cama.

Ele franze o rosto enquanto me bombeia através das


ondulações do meu corpo em torno de seus dedos.

Ele sobe em cima de mim com urgência.

— Preservativo, — gaguejo através da minha névoa.

— Merda. — Ele salta e agarra as calças, remexe no bolso


em busca da carteira, e então seu rosto cai de horror. — Foda-
se. Eu tenho somente um. Como eu só tenho um? — Ele abre e
rola.

Eu olho para cima, surpresa. — Que tipo de jogador é você?

— Despreparado, obviamente. — Ele se deita sobre mim e


traz minhas pernas ao redor de seus quadris, e em um
movimento rápido ele desliza para casa profundamente. Suas
pálpebras tremem. — Puta que pariu, Anderson — ele ofega
enquanto lentamente desliza para fora.

Eu sorrio para ele maravilhada.

— Fico feliz em relatar... a vagina é um espécime perfeito —


ele empurra para fora com os dentes cerrados. — Sem
inseguranças aqui.

Eu começo a rir. — Cale a boca, seu tolo, e me foda.

Ele alarga os joelhos e desliza fundo, e encontramos um


ritmo. Ele faz uma coisa circular, e isso me deixa louca. Eu
começo a me debater embaixo dele.

Seus olhos estão revirados em sua cabeça.

— Você tem uma cara de sexo feia — eu digo.

Ele começa a rir. — Eu te disse, sem falar.

Nós dois rimos, e então ele fica sério e me observa por um


momento enquanto entra em mim profundamente. Isso parece
tão cru e real.

— Você precisa gozar. Você precisa gozar, — ele gagueja. —


Eu não consigo parar. Você precisa gozar, — ele começa a cantar.
— Anderson. — Ele franze o rosto, como se estivesse com dor.

— Não, — eu estalo. — Eu não estou pronta. — Eu monto


suas investidas profundas deliciosas... tão bom.
— Oh... foda-se. — Eu sinto o impressionante idiota do seu
pênis, e ele geme, profundo e alto, e então entra em um frenesi
de investidas profundas para se esvaziar completamente.

Deus, eu quero fazer isso a noite toda. — Tristan —, eu


sussurro. — Que porra é essa... muito rápido? — Eu provoco.
Para ser sincera, adoro que ele não tenha conseguido segurar. Eu
amo que ele estava tão excitado que não tinha controle. Não se
trata de orgasmos para mim. É sobre uma conexão que estava
faltando, mas nunca vou deixá-lo saber do meu segredinho.

— Não é minha culpa, — ele gagueja indignado. — Você não


deveria se sentir tão fodidamente bem. Isso nunca aconteceu
comigo.

— Um preservativo, — eu sussurro. — Você está falando


sério? — Eu ofego.

— Eu tenho outra maneira de foder você que não vai


resultar em gravidez. — Ele sorri sombriamente para mim.

Eu rio para ele. Oh, ele é divertido, certo. — Esqueça, Sr.


Miles. Você só tem uma chance.
Eu rolo e sinto uma mão no osso do meu quadril nu, e eu
franzo a testa. Hã? Ah Merda.

Meus olhos se abrem. Tristan Miles está na minha cama.

Fizemos sexo.

Eu fiz sexo com a porra do Tristan Miles.

Merda... sua idiota.

Eu o sacudo. — Tristan, — eu sussurro. Eu o sacudo


novamente. — Tristan, acorde.

— Hã? — Ele franze a testa e se apoia no cotovelo. — O que


há de errado?

— Você precisa ir, — eu sussurro. Não sei por que estou


sussurrando, ninguém pode nos ouvir.

— O que? — Ele olha em volta confuso. — Por quê?

— Porque são cinco da manhã e todo mundo vai levantar


logo, e não quero que ninguém veja você sair do meu quarto.

Ele franze a testa para mim. — Por que não?

— Porque então eu serei a groupie que fodeu o palestrante


na conferência.

Ele se deita e aperta a ponte do nariz. — Você é a groupie


que fodeu o palestrante na conferência.
— Isso não é engraçado — eu sussurro. — Rápido. Saia.

— Você está ferindo meus sentimentos, Anderson. — Ele


sorri enquanto sai da cama. — Chutando-me para fora da cama
no meio da noite. Nunca ouvi falar de tanta frieza.

— Cale a boca — eu sussurro. — Vá. — Eu aponto para a


porta. — Saia.

Ele sorri e puxa as calças para cima. — Como você ousa


usar meu corpo dessa maneira?

Eu caio de volta na cama. — Você é um tremendo idiota.

Ele se inclina sobre a cama e sorri para mim. — E você é


gostosa pra caralho. — Ele me beija. — Boa noite, Anderson.

Eu sorrio para ele. — É manhã.

Ele se levanta, veste o paletó e se vira em direção à porta.

— Sr. Miles.

Ele se vira para mim.

— Eu acredito que foi você quem gemeu meu nome primeiro,


— eu digo docemente.

Ele revira os olhos. — Isso é discutível. — A porta se fecha


atrás dele, e eu sorrio bobamente para o teto.

Isso foi... surpreendentemente divertido.


Eu acordo sobressaltada e noto que está claro – claro
demais para o início da manhã.

Hã?

Eu pego meu telefone na mesa de cabeceira: 8h45

Que diabos? Começamos às oito horas em ponto desta


manhã. Meus olhos se arregalam de horror.

Oh meu Deus. Eu pulo da cama e corro para o chuveiro.

Merda.

E minhas roupas precisam ser passadas - oh, isso é um


desastre. Por que não sou mais organizada?

Eu tomo banho em tempo recorde, pego minhas roupas e


me visto correndo. Eu pulo ao redor, colocando minha
maquiagem enquanto procuro meus sapatos.

A cueca de Tristan está no meio do chão, e eu a pego e coloco


na minha mala. Procuro a chave do meu quarto. Cadê?

Oh, droga, vou pegar outra na recepção esta tarde. Pego


minha bolsa e corro.
Dez minutos depois, eu me apresso para a sala de
conferências e encontro todos sentados e ouvindo uma mulher
falar.

Estou bufando e ofegando, e todos na sala se viram para


olhar para mim. — Oi, — eu ofego. — Eu não sei... meu alarme
não disparou. — Eu encolho os ombros. — Me desculpe pelo
atraso.

O palestrante aponta para uma cadeira. — Está tudo bem,


querida. Por favor, sente-se.

Eu ando entre as cadeiras e me afundo em uma cadeira na


fileira de trás. Droga. Eu quero que a terra me engula. Eu pareço
tão pouco profissional.

Eu olho para ver Tristan mordendo o lábio inferior para se


impedir de sorrir enquanto escuta atentamente a palestra. Seus
olhos não vêm até mim. Completamente tranquilo, calmo e
controlado, como sempre. Vestindo um terno cinza escuro, ele
parece que acabou de sair de uma sessão de modelagem.
Barbeado, perfeitamente arrumado. Seu cabelo escuro e
ondulado está bem cuidado, sem um fio de cabelo fora do lugar.

Eu mordo o interior da minha bochecha para me impedir de


sorrir como uma boba.

Eu sei o que está sob seu terno, e é uma delícia do caralho.


Sentamos no café e bebemos nosso café durante o intervalo
para o chá da tarde.

Tristan está sentado com suas três groupies, e estou


conversando com Nelson e Peter, um dos outros caras.

Tristan não reconheceu nada da noite passada, e estou


começando a me perguntar se imaginei a coisa toda. Veja bem,
não estivemos momento nenhum sozinhos, mas mesmo assim.

Nem mesmo um olhar na minha direção.

— Então, Tristan, — disse Saba em sua voz mais sexy. —


Estamos prontos para hoje à noite? Você tem prometido festejar
com a gente.

Os olhos de Tristan se voltam com culpa para mim. — Não.


Eu não posso. Eu sinto muito. Estou ocupado.

Eu bebo meu café enquanto o vejo lidando com isso. É


divertido vê-lo se contorcer.

— Fazendo o que? — Saba franze a testa.

— Tenho um projeto para terminar com a Claire.


Começamos ontem à noite e ainda precisa ser trabalhado.
Os rostos das meninas caem em decepção.

— Não, tudo bem, Tristan, — eu interrompo. — Eu mesma


terminei o trabalho depois que você saiu.

Ele pisca em descrença e então estreita os olhos. — É assim


mesmo?

— Uh-huh. — Eu bebo meu café, agindo inocente.

Ele me encara.

— Sim, provavelmente é por isso que eu dormi tão bem. Foi


tão bom finalmente terminar o projeto, sabe?

— Eu teria feito melhor, — ele responde categoricamente.

— Oh, bem, você não fez. — Eu sorrio docemente. — Eu


salvei o trabalho para você. Você deveria ir à festa com as
meninas. Tenho certeza de que elas serão uma grande diversão.

— Sim. — Todas as garotas riem na hora, e ele me olha sem


expressão.

A campainha toca para que voltemos e todos se levantam e


nos deixa sozinhos.

— Terminou o trabalho, não é? — Ele sussurra.

Eu encolho os ombros casualmente. — Tinha que ser feito.


Ele se levanta e ajeita o paletó com uma das mãos, nada
impressionado. — Você é uma espertinha, Anderson.

— Divirta-se com as meninas esta noite, — eu sussurro. —


Embora, eu realmente não sei como você lidaria com três?

— Isso terá volta, porra. — Ele marcha em direção à sala de


conferências, claramente irritado, e eu sorrio atrás dele.

Sinto uma vibração em minha psique; é como se a parte


lúdica de minha personalidade fosse acordar de seu sono
profundo.

A parte há muito esquecida de mim.

Tristan me faz lembrar quem eu era... antes.

A sala está cheia de vapor e quente, e eu sorrio sonolenta


enquanto minha cabeça repousa ao lado da banheira. São quase
dez horas e estou tão relaxada que quase adormeci.

Eu ouço o clique da fechadura da minha porta e eu franzo


a testa. Hã?
Talvez seja a arrumadeira. A porta fecha. — Olá? — Eu
chamo.

— Oi — Tristan diz enquanto entra no banheiro. Ele tira o


paletó e o joga na cadeira do canto.

— O que você está fazendo? — Eu pergunto.

Ele continua a se despir.

— Como você chegou aqui? — Eu franzo a testa.

— Uma chave? — Ele tira os sapatos.

— Como você conseguiu uma chave?

Ele abre o zíper das calças. — Eu fiz o que qualquer homem


que se preze faz quando é chutado para fora da cama no meio da
noite. — Ele tira a camisa. — Eu peguei a sua.

Meus olhos se arregalam. — Você roubou minha chave? —


Eu suspiro.

— Peguei emprestado e relaxe, trocamos fluidos corporais.


O que é seu é meu. — Ele desliza para baixo suas calças e cuecas.
— Mova-se. Estou entrando.

— Tristan.

Ele entra na banheira, entre minhas pernas, e se senta. A


água salta para o lado.
— Está muito quente. — Ele estremece quando vai abrir a
água fria.

— Nem pense nisso — eu murmuro.

Ele sorri, desliza para baixo e fecha os olhos. A água bate


nas laterais novamente.

Eu o observo por um momento. — Como foi seu encontro?


— Eu pergunto.

— Não foi um encontro.

— Ok, seu quarteto.

— Você gostaria disso, não é? — Ele murmura. — Um


motivo para me provocar por toda a eternidade. — Seu cabelo
está todo bagunçado e seu charme juvenil está no auge.

Eu sorrio, surpresa com quem ele está se mostrando ser. Eu


nunca imaginei que fosse divertido estar perto dele.

Ele abre um olho para olhar para mim. — O que?

— Você realmente é um homem muito bonito, Sr. Miles.

Ele sorri. — É você me dando um elogio, Anderson?

Eu aceno em câmera lenta com um grande sorriso.

Ele passa a mão pela minha perna. — Você realmente se


tocou ontem à noite?
— Te incomodaria se eu tivesse?

— Sim. Teria, na verdade.

Eu pego seu pé e o beijo e, em seguida, coloco-o de volta


entre meus seios. — Não, Tristan, eu não fiz.

Ele me encara por um momento, como se processasse um


pensamento. Ele massageia meu seio com o pé. — Você está
mentindo?

— Por que eu mentiria?

— Eu não sei. — Ele pensa por um momento. — Você é uma


espécie de mulher muito diferente da que estou acostumado,
Claire.

— Como assim?

— Não te incomodou nem um pouco que eu tenha saído com


três mulheres esta noite?

Eu sorrio. Se fôssemos um casal, sem dúvida eu estaria


furiosa, mas sabendo que Tristan é apenas para se divertir e que
nunca poderia ser assim entre nós, estou surpreendentemente
bem. — Não. Por quê? — Eu levanto seu pé e o beijo novamente.
— Deveria?

— Eu não sei. — Ele franze a testa enquanto contempla sua


resposta.
— Você quer que eu tenha ciúme? — Eu pergunto.

Ele me dá um sorriso torto. — Talvez um pouco. Não pode


doer, não é?

— Tristan, — eu sussurro enquanto começo a interpretar o


papel.

— Sim.

— Achei que tínhamos algo especial. Como você pode fazer


isto comigo?

Ele morde o lábio para esconder o sorriso. — Bem por aí.

— Depois de tudo que passamos, pensei que eu fosse a


escolhida — eu sussurro.

Ele sorri amplamente. Ele gosta deste jogo.

Eu deslizo e deito em cima dele. Seus grandes braços vêm


ao meu redor e meus lábios tomam os dele.

— Eu meio que gosto que você fique com ciúmes, — ele


sussurra.

Eu sorrio contra seus lábios enquanto círculo meu sexo


sobre sua ereção endurecida. — Você foi à farmácia hoje?

Ele ri. — Comprei em grande quantidade.


O brilho da transpiração cobre sua pele e ele me olha com
olhos escuros.

Tristan.

Tristan Porra Miles.

Extraordinário deus do sexo.

Não sei se este é o mesmo homem com quem dormi ontem


à noite. O homem comigo esta noite é uma estrela do rock
absoluto entre os lençóis. Estou pasma.

Estamos transando há horas. Como animais, não podemos


ter o suficiente. Terminamos e conversamos um pouco, e então
ele me beija, e todo o processo começa novamente.

É como a maratona final.

Estamos ambos molhados de suor e eu nunca fiz sexo assim


antes. — Vamos, — ele sussurra. Ele quer com mais força e mais
apertado. Eu fecho meus olhos e aperto. Ele tem meus dois ossos
do quadril em suas mãos, e ele está me guiando sobre seu pau e
me posicionando onde ele me quer.

Suas investidas ficam mais difíceis... mais profundas.

— Sim, — ele geme. — Porra, sim. — Seu aperto fica mais


forte.
Eu fecho meus olhos quando começo a gemer. Porra...
quantas vezes o corpo feminino pode gozar em uma noite? Isso é
uma loucura.

— Anderson, — ele rosna enquanto eu perco o foco. — Foda-


me.

— Ohh, — murmuro enquanto olho para o homem lindo


abaixo de mim. Seu cabelo está caindo desordenadamente sobre
a testa, seus olhos estão escuros e seu rosto está cheio de
satisfação. Este é o seu elemento.

Sexo é a coisa dele.

Há uma razão para o nome Tristan porra Miles ter vindo a


mim. Foi uma premonição.

A porra não foi silenciosa, era uma ação.

Ele nos vira para que eu fique de costas. Ele levanta minhas
pernas e as coloca sobre seus ombros e então fica cara a cara
comigo.

E paramos enquanto encaramos um ao outro.

Seu corpo está fundo dentro do meu; o incendiar de sua


posse áspera me mantém cativa.

Ele sorri suavemente e meu estômago se agita.

Não me olhe assim.


— Beije-me, — ele respira. — Eu preciso que você me beije.

Eu fecho meus olhos para bloqueá-lo, porque caramba. Não


é disso que se trata.

Preciso de alguma distância entre nós – isso é demais. Muito


intenso, muito pessoal.

Muito... íntimo.

— Abra os olhos, — ele comanda.

Eu os forço a abrir.

— Beije-me, — ele sussurra.

— Tris, — eu sussurro, perto da beira da insanidade.

— Está tudo bem, baby. — Ele afasta o cabelo da minha


testa. — Eu tenho você.

Meus olhos procuram os dele. Sinto minha resistência ir


embora, e como se ele sentisse o momento exato em que entrego
meu poder, seus lábios tomam os meus.

Nos beijamos por um longo tempo. Sua língua passa pela


minha boca, refletindo as investidas de seus quadris.

Ele começa a gemer – respirações profundas e longas,


satisfeitas – e minha cabeça é jogada para trás no travesseiro. —
Porra, Claire... isso é bom ‘pra’ caralho.
Minha boca se abre e estremeço com força quando um trem
de carga de um orgasmo me rasga.

Seus olhos reviram em sua cabeça, e então ele estica os


braços, abre as pernas e bate fundo. Ele inclina a cabeça para
trás e grita. Eu sinto o empurrão de seu pau quando ele goza
novamente.

Eu viro minha cabeça para o lado para fugir. Droga, ele está
sob minha pele e preciso tirá-lo.

— Ei, — ele diz.

Eu mantenho meu rosto para o lado enquanto ofego. As


lágrimas ameaçam.

Estou completamente sobrecarregada.

— Anderson.

Eu arrasto meus olhos de volta para ele. Eu gosto quando


ele me chama assim, é divertido e sem sentido... não é profundo
e emocional, como estou me sentindo. Seus olhos seguram os
meus por um momento, e como se estivesse lendo minha mente
e sabendo exatamente o que eu preciso neste momento, ele diz:
— Você fode bem para uma velhinha.

Essa foi a coisa mais inesperada que já ouvi. Eu sorrio,


então rio e, em seguida, rompo em uma risada. Oh senhor. Este
homem me mata. Eu rio alto enquanto olho para o teto. — Só
você.

Incapaz de se segurar por mais tempo, ele cai em cima de


mim e ri também.

Ele se afasta de mim e me beija mais uma vez e depois se


levanta e vai para o banheiro.

Meu corpo ainda está latejando com as investidas que ele


acabou de dar, e ainda sinto que estou oscilando à beira da
insanidade. Fico deitada no escuro, ainda ofegante, enquanto
uma miríade de emoções passa por mim. Estou saciada, cheia e
letárgica, e uma estranha pontada de medo paira no canto escuro
da minha mente. Eu o afasto o mais rápido que posso.

Ele reaparece e me entrega um copo d'água. — Aqui está.

Eu sento no meu cotovelo e pego. — Obrigada.

— Bem, sua voz está rouca de tanto gemer 'Tristan' a noite


toda. — Ele encolhe os ombros casualmente. — É o mínimo que
posso fazer.

Eu rio. — Está se sentindo orgulhoso de si mesmo?

Ele coloca as mãos nos quadris e estufa o peito. Ele é suave


agora e completamente natural, mas tão bonito quanto. — 3
metros maior, na verdade.
Eu sorrio para ele e bato na cama ao meu lado. Este homem
é tão inesperado, é como se ele fosse duas pessoas diferentes. Ele
é duro externamente para o mundo ver, mas assim que ele ficou
nu comigo, foi como se um lado diferente dele aparecesse. Este
Tristan é muito mais atraente, e eu me pergunto quantas pessoas
conseguem ver essa parte de sua personalidade. — Você deveria
estar, estou muito impressionada.

Ele se deita ao meu lado e me puxa para seus braços, e eu


coloco minha cabeça em seu peito. — E antes de você me
expulsar em duas horas, — diz ele, — tenho a manhã de folga,
então vou ficar nesta cama até que todos já tenham saído para a
conferência, e então irei embora — Ele beija minha testa.

— Mas se você ainda está aqui — sussurro — como vou


entrar sorrateiramente com meu outro amante da conferência
para um sexo pré café da manhã?

Ele se abaixa e torce meu mamilo com força. — Cale a boca


ou vou te foder até entrar em coma.

Eu começo a rir enquanto tento escapar de suas garras. —


Você já fez isso.

— Vou fazer de novo.


O grupo ri de algo que o palestrante diz enquanto caminha
pela sala.

São três horas da tarde e odeio admitir, mas Marley estava


certa: essa conferência era exatamente o que eu precisava. Eu
sinto-me revigorada e energizada e, claro, isso pode ter muito a
ver com a companhia noturna que estou mantendo, mas seja o
que for, funcionou.

Alcancei o que pretendíamos encontrar – uma mente limpa


e organizada. Pronta para se concentrar e enfrentar os próximos
seis meses. Estou até pensando em me inscrever para a
conferência do próximo ano com antecedência para obter o
desconto no preço.

— Olá. — A voz de Tristan vem do lado da sala. Surpresos,


todos nós nos voltamos para ele.

Ele está vestindo um terno azul claro, uma camisa branca


com uma gravata estampada e sapatos marrons caros, e seu
cabelo está perfeitamente penteado.

Eu quero dar um grande sorriso para ele, mas finjo que não
me importo.
— Sr. Miles, — diz o palestrante em saudação.

— Desculpa por interromper. Só vim me despedir, —


responde, dirigindo-se ao grupo.

Eu olho para a porta e vejo sua mala de couro preta e bolsa


de terno esperando por ele.

O que?

Ele está indo?

Ele caminha até o centro da sala. — Eu tenho uma reunião


inesperada em Paris que eu tenho que comparecer, então esse é
o fim para mim. Meu voo parte em algumas horas. Estou indo
para o aeroporto. — Ele sorri enquanto olha para todos.

O que?

— Parabéns pelo que vocês conquistaram esta semana, —


ele continua. — Vocês devem estar muito orgulhosos de si
mesmos por se apresentar e participar desta conferência. O
sucesso não acontece simplesmente, é um mind-set. E peço que
vocês coloquem em prática o que aprenderam, pare e reserve um
tempo para comemorar as pequenas vitórias ao longo do
caminho. — Ele coloca as mãos nos bolsos do terno e atravessa
o palco. — Vocês só têm uma vida. Então vocês precisam agarrá-
la com as duas mãos.
Seus olhos examinam todos na sala enquanto ele se dirige
a nós, e eu espero que eles venham em minha direção.

Olhe para mim.

— Palmas para Tristan Miles, — diz o palestrante. — Ele é


um homem muito ocupado e doar uma semana de seu tempo é
algo quase inédito no mundo corporativo. Obrigado, Sr. Miles.

Todos aplaudem e ele faz uma reverência recatada. Meu


coração começa a entrar em pânico. Ele está indo.

Olhe para mim.

Ele levanta as mãos e bate palmas com a multidão, depois


se vira para a porta e pega sua mala. Depois de um último aceno,
ele sai sem olhar para trás. Eu fico olhando para a porta pela
qual ele acabou de sair. Nem mesmo um adeus?

Eu deixo cair minha cabeça.

Porra.

Eu sei que deveria ter esperado isso dele. Eu sabia que ele
era um idiota frio e sugador de almas, mas de alguma forma eu
me convenci de que estava errada sobre ele.

Parece que não.

— Vamos discutir a teoria que levantamos esta manhã,


certo? — O palestrante chama.
Quero sair correndo e repreendê-lo por ser tão insensível.

Mas não vou. Minha dignidade não permite.

Como um tapa na cara, eu sou instantaneamente lembrada


de quem Tristan realmente é e por que eu o mantive longe. Eu
sabia disso sobre ele, eu sabia o tempo todo que ele era um
mulherengo frio, mas por algum motivo minha mente não
conciliou isso com o homem com quem eu dormi.

Isso não me faz sentir melhor sobre a noite passada.

Eu volto minha atenção para a janela e olho para fora, para


as árvores sopradas pelo vento.

Eu me sinto... como um número, decididamente barato.

São dez horas antes de eu voltar para o meu quarto. Eu


caminho pelo corredor. Meus pés estão doloridos e estou ansiosa
por um longo banho quente. Fomos tomar uma bebida após os
eventos do dia, e isso se transformou em jantar. Eles
continuaram a noite, mas não estou de bom humor.
Bem-vinda ao mundo do sexo casual, Claire, onde a única
regra é que não existem regras. Eu pego minha chave e entro no
meu quarto e franzo a testa. Um enorme buquê de rosas
vermelhas está sobre a mesa, um pequeno cartão branco
cuidadosamente preso na fita vermelha.

ANDERSON

Meu coração dispara enquanto leio – é dele.

Eu nervosamente abro o cartão.

Nós temos negócios inacabados.


Venha a Paris para o final de semana.
Xoxoxox10

— O que? — Eu sussurro.

Eu me jogo na cama e olho para o cartão em minha mão.

10 Abraços e beijos ou XOXO é um termo usado para expressar sinceridade, fé, amor ou boa
amizade no final de uma carta escrita, e-mail ou mensagem de texto SMS.
Não era isso que eu esperava. Depois de jogar adagas
mentalmente nele o dia todo, essa é uma grande surpresa. Eu
leio o cartão novamente enquanto considero sua proposta.

Não posso ir para a merda de Paris. Tenho que voltar para


casa para as crianças.

Tenho a imagem de passar três dias em uma cidade que


sempre sonhei em visitar... sozinha com ele... pode ser tão
divertido.

Droga... eu quero ir.

Eu simplesmente não posso. Pare com isso, Claire; é o que


é.

Eu expiro pesadamente e preparo uma xícara de chá.

Meu telefone apita com uma mensagem. É de Tristan.

Já voltou para o seu quarto?

Eu sorrio suavemente e coloco o telefone na mesa de centro.


Ele espera que eu ligue para agradecer. Eu vou até as flores e fico
olhando para elas. Toco as pétalas – as flores têm cabeças
enormes e um perfume forte. Rosas francesas. Eu inalo o lindo
perfume.

Tão inesperado.

Bem jogado, Sr. Miles. Bem jogado.


Decido ver como estão as crianças e ligo para minha mãe.
— Olá querida. — Eu posso ouvir seu sorriso no telefone.

— Oi mãe. Como você está sobrevivendo?

— Oh, estamos nos divertindo muito. Como você está?

— Bem. — Eu ando para frente e para trás. Estou cheia de


energia nervosa. — As crianças estão em casa?

— Não, eles estão todos treinando esportes. Eles têm sido


anjos.

— Ouça, mãe. — Meus olhos se fecham. O que diabos estou


fazendo? — Ofereceram-me uma conferência de extensão em
Paris para o fim de semana. — Eu aperto minha mão no meu
cabelo. — Mas acho que não irei, — acrescento.

— Por que não?

— É pedir demais de você.

— Ah não. Vá, querida. Os meninos e eu estamos nos


divertindo muito. Não faz diferença para mim quando você chega
em casa.

— Realmente? — Eu franzo a testa.

— Sim, estou adorando o tempo de qualidade que tenho com


os meninos. Vá relaxar e se divertir, Claire. Se alguém merece, é
você.
— Mas e quanto a Patrick? Ele vai ficar preocupado.

— Ele está bem e feliz, Claire, e, odeio dizer isso, não sentiu
sua falta de jeito nenhum.

Eu sorrio enquanto a esperança floresce em meu peito. —


Você tem certeza?

— Positivo.

— Oh. — Eu paro enquanto minha mente vagueia por um


milhão de tangentes. — Vou pensar sobre isso. Eu te aviso
amanhã, tudo bem?

— Claro. Deve ser tarde aí. Durma um pouco e me ligue


amanhã. Mas eu digo para ir em frente. Paris é linda e você nunca
esteve.

— Talvez. — Eu encolho os ombros.

— Adeus. — Ela desliga.

Atordoada, entro no banheiro e abro a torneira quente.


Preciso de um banho quente para pensar nisso.
Uma hora depois, inclino-me para frente e fecho a torneira
mais uma vez. Encho a banheira, deixo esfriar, deixo sair um
pouco de água e repito o processo. Minha mente está
funcionando a um milhão de milhas por minuto.

Tristan é um bastardo sugador de almas que foi embora sem


nem mesmo um adeus.

Mas então... ele mandou rosas.

Mas não quero rosas, porque não somos assim... mas talvez
ele só estivesse sendo legal porque não conseguia se despedir de
maneira adequada?

Ele é um bastardo..., mas ele é um bastardo divertido. Ou


talvez tenha sido apenas uma atuação, e eu caí no anzol, linha e
chumbada11.

Oh Deus, estou tão confusa.

Se eu for a Paris, tenho riso e diversão garantidos.

Se eu não for, não há chance de me apegar a ele.

Ele é um jogador. Ele provavelmente tem dez namoradas.


Ele não é o tipo de homem a quem você se apega.

Mas ele é tão divertido.

11 Chumbada é um equipamento de pesca, é um peso usado em conjunto com uma isca de pesca
e anzol para aumentar sua taxa de afundamento, capacidade de ancoragem e/ou distância de lançamento.
Nas duas últimas noites, rimos e rimos, e foi bom, mesmo
que eu soubesse que era apenas temporário – naquele momento,
me senti muito bem.

Não há absolutamente nenhuma chance de um futuro ou


algo assim, eu já sei disso. Somos de dois mundos diferentes.

Posso passar um fim de semana com alguém sabendo


disso? Eu penso nisso por um momento.

Já tive bastante sofrimento. Talvez seja hora de jogar a


cautela ao vento. Talvez seja hora de apenas... não, é apenas mais
seguro não ir. Quero dizer, qual é o ponto?

Por que prolongar o que era apenas uma noite? Já


estendemos para duas noites. É o bastante.

Meu telefone toca e o nome Tristan ilumina a tela. Oh


merda.

Eu fecho meus olhos e respondo. — Olá.

— Anderson.

Um largo sorriso cruza meu rosto apenas com o som de sua


voz. — O que você quer? — Eu provoco.

Ele ri. — Estou ligando para ver se você tem meu presente
no seu quarto.
— Oh. — Eu sorrio. — Eu não tenho, estou no quarto do
Nelson.

— Que porra é essa? É melhor você não estar. — É alto onde


ele está, como um bar ou algo assim.

Eu rio. — Elas são adoráveis.

— Então? — Ele pergunta.

— Então o que?

— Venha para Paris. Passe o fim de semana comigo.

Eu fico em silêncio.

— É uma das minhas cidades favoritas. Eu posso mostrar a


você. Podemos passear.

— Eu pensei que você estava trabalhando?

— Só amanhã de manhã. — Eu ouço o gelo cair em um copo.

— Onde você está? — Eu pergunto.

— No bar do hotel.

— Procurando sua próxima vítima? — Eu provoco.

— Ninguém aqui tem o que eu quero.

Eu mordo meu lábio enquanto o ouço.

— Você tem o que eu quero, Claire.


— Você não vai ficar todo sentimental e carente de mim, vai?

— Eu não sou sentimental e carente. — Ele ri. — Baixo e


sujo é mais minha praia.

Eu sorrio bobamente. — Não sei se posso mudar meus voos.

— Vou organizar nosso jato para buscá-la.

— Você tem um avião? — Eu franzo a testa.

— Avião da empresa.

Eu fico em silêncio enquanto penso.

— Bem?

— Obrigada pelas rosas — eu sussurro para mudar de


assunto.

— Tudo bem. Elas estavam sendo expulsas da recepção e


eu não queria desperdiçá-las. Minha boa ação do dia.

Eu sorrio com sua mentira terrível.

— Vamos, Anderson, não me faça implorar.

— Tudo bem.

— Tudo bem... como se fosse uma tarefa árdua? — Ele


zomba. — Pelo menos aja com entusiasmo.
— Eu não posso esperar para passar o fim de semana
debaixo de você, Sr. Miles.

Ele ri alto. — Essa é uma garota. Ligo para você amanhã


com os horários dos voos.

— OK.

— Oh... e, Claire, — ele diz, como se fosse uma reflexão


tardia.

— Sim.

— Faça seus exercícios Kegel esta noite. Eu quero essa


boceta bonita e apertada.

Eu comecei a rir. — Você é um idiota.

— É preciso um para conhecer outro.

— Adeus, Tristan. — Eu sorrio.

O telefone fica mudo.

Eu jogo meu telefone na pilha de toalhas e coloco minhas


mãos sobre a boca.

Eu deveria dizer não.

Oh caramba, isso não saiu como planejado.


O avião para lentamente na pista do aeroporto de Paris, e
meus nervos estão em alta. Já sei que esta é a coisa mais
estúpida que já fiz, e ainda nem a fiz.

Anastacia, a comissária de bordo, sorri calorosamente. —


Espero que você tenha feito um bom voo?

— Sim. Eu fiz, obrigada.

Eu olho em volta para ver se deixei alguma coisa. O avião é,


em uma palavra, absurdo. Luxuoso em todas as formas, e se eu
tivesse esquecido por um momento quem é Tristan, fui
prontamente lembrada.

A Miles.

Herdeiro do império de mídia de maior sucesso e de uma


das famílias mais ricas do mundo.

E há uma semana... eu o desprezava... e talvez eu ainda


faça.

Mas há algo nele que me faz querer mais.

Eu me sinto uma idiota por estar aqui. Bastou algumas


piadas e um pouco de pena, e eu caí em seus braços e fiz o
impensável. Se eu quisesse um futuro com ele, iria embora e
jogaria um pouco difícil de conseguir.

Mas eu não quero.

Eu sei o que é isso – um fim de semana longe da rotina, um


encontro de conferência sujo. E por mim tudo bem. A realidade
da situação é realmente mais do que boa.

É um alívio.

Não preciso impressioná-lo, não preciso acreditar em nada


do que ele diz e, definitivamente, não preciso fingir ser alguém
que não sou.

Ele é divertido e confortável e, surpreendentemente, se


ajusta como um sapato velho. Sua habilidade sexual é apenas
um bônus adicional.

Meu estômago embrulha quando uma onda de culpa me


percorre por estar aqui, por ser sexualmente ativa com outro
homem.

Por amar cada centímetro duro dele e então desejar mais.

Era para ser apenas uma noite.

Eu penso no que Marley me disse antes de eu sair. Eu não


deveria estar vivendo a vida por Wade e eu?
Se fosse eu quem tivesse morrido, nunca iria querer que
Wade ficasse intocado e infeliz.

Eu gostaria que ele fosse feliz e realizado como um homem.

Depois que voltarmos para Nova York no domingo à noite,


Tristan e eu nunca mais nos veremos, e posso ir para casa
revigorada com sexo suficiente no tanque para durar mais cinco
anos. Para ser honesta, estou meio orgulhosa de estar fazendo
algo por mim mesma desta vez.

Isso é tão diferente de mim.

— O carro está à sua espera, Sra. Anderson, — diz


Anastácia.

— Obrigada. — Desço as escadas e saio para a pista. Um


carro preto está esperando.

O motorista sorri e abre a porta do carro. — Merci12, — eu


digo enquanto entro.

Ele dá a volta para o lado do motorista, entra e sai.

Tristan ligou mais cedo e não poderia me pegar porque sua


reunião atrasou. Ele vai me encontrar no hotel. Eu sorrio
enquanto lembro de atender a sua ligação quando eu estava

12 Obrigada em francês.
sentada com suas groupies, e nenhuma delas tinha a menor ideia
de que ele e eu tínhamos ficado juntos.

Tudo parece tão atrevido.

Portanto, não quem eu sou.

Eu agarro minha bolsa no meu colo com força total. Minha


respiração treme enquanto tento me acalmar.

Esta é a coisa mais louca e espontânea que já fiz.

Meia hora depois, entramos no hotel e eu olho pela janela


para a placa.

FOUR SEASONS HOTEL GEORGE V

Caramba, parece chique.

— Chegamos em segurança. — O motorista sorri para mim.

Tiro minha carteira da minha bolsa.

— Não, não, está tudo resolvido —, diz ele ao sair do carro.


Ele pega minha mala do porta-malas e a entrega ao porteiro. Ele
me apresenta. — Sra. Anderson.

O homem com uniforme branco de porteiro sorri e acena


com a cabeça. — Por aqui, Sra. Anderson, — ele diz.

— Merci, — eu digo ao meu motorista enquanto ele retorna


para seu carro.
— Au revoir,13 — ele diz.

O homem me leva até a recepção e eu olho ao redor. Tudo é


mármore bege e grandes obras de arte exóticas revestem as
paredes.

Vasos enormes de flores frescas cor-de-rosa estão por toda


parte, e quero dizer, em todos os lugares. Parece um local
exagerado para casamentos.

— Posso te ajudar? — A senhora da recepção pergunta.

— Sim. Estou aqui para ver Tristan Miles. — Eu agarro


minha bolsa.

Ela digita em seu computador. — Seu nome por favor?

— Claire Anderson.

— Sim, — ela responde. — Ele está esperando por você. Você


tem identificação, por favor?

Eu passo minha habilitação, ela a estuda e digita meu


número de habilitação no computador. Ela me passa uma chave.
— Você está na Suíte Torre Eiffel no sétimo andar, — diz ela. —
Podemos levá-la lá, se quiser?

13 Tchau em francês.
— Não, tudo bem. — Eu sorrio. — Eu posso ir sozinha. —
Eu pego o elevador para o sétimo andar. Inferno de merda, este
hotel é o próximo nível. Até o maldito elevador é chique.

Solto um suspiro baixo e profundo. De repente estou


nervosa. Eu ajeito meu cabelo no espelho e as portas se abrem.

Santo inferno.

Tapete exuberante, lustres e luxo insano... e este é apenas


o corredor. Ando até chegar ao número do quarto na chave. Eu
bato?

Não. Basta entrar.

Eu passo minha chave e sou atingida no rosto por uma


sensação visual. Sinto o sangue sumir do meu rosto.

É enorme – nem um quarto. Um apartamento inteiro de


riqueza exagerada. Um lindo espaço perfeitamente decorado de
cremes e brancos, com portas francesas que dão para um terraço
com vista para a Torre Eiffel. É como um filme, só que melhor.

Santo... inferno.

Enormes espelhos dourados de prata pendurados nas


paredes, e há salas brancas... branca? Como diabos eles mantêm
as espreguiçadeiras brancas limpas? Eu olho em volta
nervosamente. — Olá? — Eu chamo.
Posso ouvir conversas no terraço, então coloco minha bolsa
no chão e caminho até a porta. Cortinas brancas compridas
pendem nas portas francesas.

— Nous devons obtenir une réponse à ce sujet puis-je


advancer a ce sujet cette semaine14, — ouço. Eu olho para fora.

Tristan está ao telefone na varanda... falando em francês.


Que diabos? Bem, acho que o francês está entre as cinco línguas
que ele supostamente fala. Ele olha para cima e me vê e me dá
um sorriso de tirar o fôlego. Ele levanta um dedo para indicar que
demorará apenas um minuto.

Eu tenho um flashback do primeiro dia em que o conheci,


parecendo perfeito em seu terno caro e andando com a mão no
bolso da calça enquanto fala ao telefone.

Déjà vu.

Eu abaixo minha cabeça quando lembro que não gosto de


quem ele é e do que ele faz para viver.

Deus, Claire... o que você está fazendo? Você não poderia ter
encontrado outra pessoa para voltar ao jogo?

14 Temos de obter uma resposta a este respeito, e posso adiantar esta semana.
— Je dois conclure,15 — diz ele a quem quer que esteja
falando. Ele sorri enquanto me observa e me dá uma piscadela
sexy. — Um momento, — ele murmura.

Eu rolo meus olhos enquanto ajo impaciente, mas não estou


realmente. Eu poderia ouvi-lo falar francês o dia todo. — Vamos,
— eu murmuro de volta.

— Malade, je vais vous enviado un message dans la matinée.


Je vais avoir besoin du rapport d'ici lundi s'il vous plait,16 — diz ele
com sua voz profunda e sexy.

— Depressa, — eu murmuro para provocá-lo.

Ele morde o lábio inferior para parar o sorriso e levanta a


mão para indicar que vai me bater.

— Promessas, promessas, — eu murmuro de volta.

Ele passa por mim e entra no apartamento. — Oui, s'il vous


plait,17 — diz ele.

Ele reaparece com um balde de gelo e uma garrafa de


champanhe com duas taças de champanhe. Ele segura o telefone
no ouvido com o ombro enquanto abre a rolha e enche os dois
copos.

15 Eu preciso desligar.
16 Malade, vou enviar para você uma mensagem pela manhã. Precisarei do relatório até segunda-
feira, por favor.
17 Sim, por favor.
Ele se inclina e me beija suavemente e, em seguida, me
entrega uma taça de champanhe.

— Obrigada, — eu murmuro.

Ele me beija de novo, como se não pudesse parar, e posso


ouvir a outra pessoa, uma mulher, falando com ele em francês a
um milhão de milhas por minuto.

— Quem é? — Eu franzo a testa.

— Minha assistente pessoal, — ele murmura. Ele move a


cabeça de um lado para o outro, como se ela demorasse muito
para dizer o que está dizendo. — Oui, oui, nous en parlerons lundi.
Je dois y aller. Au revoir,18 — ele responde.

Ele ouve enquanto ela continua falando e revira os olhos


com impaciência.

Eu sorrio enquanto bebo meu champanhe. O sabor fresco e


revigorante dança na minha língua. Oh sim. Eu olho o copo de
bolhas – essa é a coisa boa.

— Ok, je dois y aller. Passer un bon week-end, au revoir19, —


diz ele. Ele encerra a ligação, desliga o telefone e se vira para
mim.

— Estava na hora. — Eu sorrio.

18 Sim, sim, falaremos sobre isso na segunda-feira. Tenho que ir. Tchau.
19 Eu tenho que ir. Tenha um bom fim de semana, adeus.
Ele me leva em seus braços. — Anderson. — Ele sorri para
mim enquanto gruda meus quadris nos dele. — Bom ver você
aqui.

Eu sorrio bobamente para ele. Ele se eleva acima de mim.


Ele deve ter pelo menos um metro e noventa. Seu cabelo escuro
está bagunçado com perfeição, e seus lábios são um tom perfeito
de venha me foder.

— Bem, eu senti pena de você. — Eu encolho os ombros. —


Este é um encontro lamentável. — Eu olho em volta para o grande
apartamento. — Não tenho certeza se posso passar o fim de
semana inteiro neste lixão.

Ele ri. — Eu amo sua boca espertinha. — Ele me esfrega


com os quadris mais uma vez. — Eu posso ter que foder isso mais
tarde.

Eu rio enquanto ele me beija novamente. Este aqui tem uma


língua esperta e é como se estivesse me lambendo lá... todas as
minhas entranhas se contraem em apreciação.

Ele dá um passo para trás e estende a mão para a Torre


Eiffel. — Bem-vinda a Paris.

— Oui, oui. — Eu sorrio.

Ele puxa uma cadeira e se senta à mesa. Ele enche meu


copo novamente. — Como foi seu voo?
— Bom. — Eu franzo a testa enquanto um pensamento
passa pela minha mente. — Você tem uma assistente pessoal
francesa?

— Sim. — Ele encolhe os ombros casualmente. — Eu passo


muito tempo aqui.

— Quanto?

Ele coça a cabeça enquanto pensa. — Talvez quatro ou cinco


meses por ano, — ele responde casualmente, como se isso não
fosse grande coisa.

— Você mora aqui um terço do ano? — Eu pergunto


surpresa.

— Sim. — Ele bebe seu champanhe. — Meus irmãos Elliot,


Christopher e eu dividimos as operações dos escritórios na
França, na Inglaterra e na Alemanha. Nos revezamos para que
um de nós esteja sempre em cada lugar.

— Por que você não pega apenas um escritório cada? — Eu


pergunto.

— Porque então — ele bebe seu vinho — todos nós


viveríamos sozinhos, do outro lado do mundo. Dessa forma,
estamos todos fazendo o mesmo trabalho e compartilhando as
responsabilidades, nos vemos e conversamos o tempo todo.

— Você é próximo dos seus irmãos?


— Sim. — Ele franze a testa, como se essa fosse uma
pergunta estranha. — Eles são meus melhores amigos. Estamos
sozinhos há muito tempo.

— Sozinhos? — Eu repito. — Achei que seus pais ainda


estivessem vivos?

— Oh, eles estão. Mas eu quero dizer... — Ele faz uma


pausa, como se contemplasse sua resposta. — Fomos juntos para
um colégio interno no exterior desde pequenos. Nós dividimos um
quarto e sempre fomos apenas nós quatro.

— Oh. — Bebo meu vinho e me vejo querendo fazer um


milhão de perguntas sobre seus anos de formação. — Porque
esteve em um colégio interno?

— Pelos idiomas. — Ele encolhe os ombros. — Entre outras


coisas.

— Vocês são todos multilíngues?

— Sim. Precisamos ser neste negócio. — Ele exala


profundamente enquanto olha para a vista. — Sempre treinamos
para assumir o controle da Miles Media. Nunca houve um
momento em que fomos... — Sua voz some, como se ele tivesse
se interrompido. Ele parece desconfortável com o assunto.

— Bem, isso faz sentido, então, — eu interrompo.

— O que?
— Por que você é um canalha de fala suja. Você não teve
disciplina quando criança.

Ele sorri.

— Aposto que vocês estavam transando com suas


governantas no internato.

Ele coloca a cabeça para trás e ri alto. — Jameson estava,


na verdade, pensando nisso.

— Realmente? — Eu suspiro. Jameson é seu irmão mais


velho e CEO da Miles Media. Nós dois rimos, e seus olhos
permanecem no meu rosto.

— Então, agora que você me tem aqui, Sr. Miles, o que vai
fazer comigo? — Eu pergunto.

— Hmm. — Seus olhos seguram os meus. — As


possibilidades são infinitas, na verdade.

Eu sorrio.

— Você tem três opções, Anderson.

— Sim.

— Você pode ter sua boca espertinha fodida.

Eu sorrio. Isso parece muito bom, na verdade.


— Ou você pode se curvar e eu darei minha própria versão
da Torre Eiffel.

Eu rio. Ele é tão ridículo. De onde ele tirou essas coisas?

— Ou — ele bebe um gole de sua bebida e dá de ombros


casualmente — suponho que poderia levá-la para jantar e dançar
ou algo igualmente chato.

Eu sorrio para ele.

Ele levanta uma sobrancelha sexy. — Então?

Eu estreito meus olhos enquanto finjo concentração. —


Escolho jantar e dançar, obrigada.

Ele revira os olhos. — Ugh, eu sabia que você escolheria


isso. Você é chata. Por que você quer dançar quando tem a
oportunidade de chupar meu pau?

Eu rio alto e livre. As conversas que tenho com este homem


me matam.

— O que? — Ele sorri.

Eu fico olhando para seu lindo rosto por um momento. —


Tristan Miles, nunca conheci ninguém como você.

— Idem. — Ele ergue o copo. — Um brinde.

Eu tomo um grande gole do meu champanhe e toco minha


taça com a dele.
— Para engolir sêmen, — diz ele.

Que diabos? Eu bufo e cuspo minha bebida, e ela espirra


por toda a mesa enquanto eu rio alto. — Você está obcecado por
boquete hoje.

Ele se recosta na cadeira; seus olhos estão iluminados de


malícia. — É porque não consigo parar de pensar nisso.

— Tristan. — Eu me inclino para frente na minha cadeira.

Ele se inclina para frente também, me imitando. — Sim,


Claire.

— Seja um bom menino e você pode conseguir o que deseja.

Ele sorri sombriamente. — Ou ser um menino mal e ganhar


isso de qualquer maneira.

O ar estala entre nós; nossos olhos estão travados e os


nervos vibram no fundo do meu estômago.

Acho que essas duas linhas resumiram a totalidade de


Tristan Miles.

Posso me enganar o quanto quiser sobre estar no comando.

Nós dois sabemos que não estou.


Tristan

Estamos em um restaurante movimentado e agitado. Já é


tarde, depois de uma hora da manhã, e estamos sentados lado a
lado no bar.

O clima do lugar é alto e jovial, e a música é tocada por todo


o espaço.

Jantamos e eu não ria tanto desde não sei quando.

Claire Anderson é hilária ‘pra’ caralho.

Ela está embriagada e relaxando cada vez mais a cada


minuto. Eu gosto dela assim. Quer dizer, eu gosto dela de
qualquer maneira, mas ela está no seu melhor quando suas
defesas estão baixas.

Ela está usando um vestido preto justo com alças finas e


salto agulha. Seu cabelo escuro e grosso na altura dos ombros
está solto e ela está usando maquiagem mínima.

Ela não tem ideia de quão sexy ela é.

É a coisa mais estranha – ela é tudo que eu nunca achei


atraente antes.

E eu nem sei o que há com ela, mas me encontro atento a


cada palavra dela.
— Conte-me. — Ela sorri enquanto segura minha mão. —
Como você ainda está solteiro?

Eu sorrio, pego nossas mãos e as levo à boca. Eu beijo a


dela e encolho os ombros.

— Quantos anos você tem? — Ela franze a testa.

— Quantos anos você quer que eu tenha?

— Você só diz isso se for um prostituto.

Eu arregalo meus olhos. — Como você sabe que não sou?


Como você sabe que Marley não me pagou para seduzi-la?

Seus lábios se retorcem enquanto ela luta contra um


sorriso. — Quanto ela está pagando a você?

— Não há dinheiro suficiente no mundo. — Eu sorrio para


o meu copo enquanto tomo um gole. — Manter você satisfeita é
um trabalho sujo. Mordi mais do que posso mastigar. Estou
exigindo um aumento salarial.

A mulher no bar ao nosso lado olha para mim e depois se


vira para o bar, como se estivesse revoltada.

Meus olhos se arregalam. Ela me ouviu. Claire inclina a


cabeça para trás e ri alto.

Dou um tapinha no braço da mulher. — Ela não está me


pagando, — eu sussurro. — Estou seduzindo-a de graça. — Eu
cruzo meus dedos no meu peito. — E eu não estou mastigando.
É tudo sobre lamber.

Claire realmente perde o controle e ri muito, e eu me pego


rindo também.

Fico sério e a vejo rir por um momento, porque o que eu


disse à mulher nem é verdade.

Claire Anderson está me seduzindo.

— Responda à minha pergunta, — ela diz.

— Tenho trinta e quatro anos.

— E você ainda está solteiro? — Ela franze a testa enquanto


contempla minha idade. — Como isso é possível?

Eu tomo minha bebida. — Eu não sei. — Eu encolho os


ombros. — Tive quatro relacionamentos sérios ao longo do tempo.

— E eles não deram certo?

— Não.

— Por que não?

— Você é muito intrometida, Anderson.

Ela ri. — Eu sei. Você me faz uma pergunta a seguir.


Eu sorrio e toco meu copo com o dela. — Vou começar a
pensar em uma agora. — Eu estreito meus olhos, como se
estivesse me concentrando.

— Bem? — Ela me avisa. — Primeiro responda minha


pergunta.

Como posso dizer isso... estou fodido e tem algo errado


comigo?

Que estive procurando algo por anos, mas não tenho ideia
do que realmente seja?

Apenas diga a ela a versão fácil.

— Eu não sei, para ser honesto. As garotas com quem saí


eram todas lindas... perfeitas, na verdade. — Ela me observa
atentamente. — Mas quando ficava difícil, eu não queria lutar por
isso.

— Isso significa o quê?

— Bem, conforme a história se repete, parece que tenho um


limite de tempo para relacionamentos. — Eu sorrio com seu
fascínio. — Como um prazo de validade.

— Um prazo de validade, — ela zomba. — O que isso


significa? Quantas vezes você faz sexo com elas?

Eu rio do duplo sentido. — Não, não isso... pelo amor de


Deus.
Ela põe a mão na minha coxa.

— Eu encontro alguém, e então caímos na rotina e... — Eu


faço uma pausa.

— O que?

— Ela se apaixona por mim e quer morar comigo, casar e


filhos, e eu, por algum motivo, encontro algo errado com ela e
começo a recuar.

Ela ouve atentamente.

— Não sei o que é. — Eu tomo minha bebida. — Não sei por


que sou assim. A segunda namorada que tive foi provavelmente
a única. Eu a adorava. Fiquei triste por anos quando nos
separamos.

— Mas você não a amava?

— Eu não sei. — Eu coloquei minha mão em cima da dela


na minha perna.

— Então ela te deixou?

— Não. Eu a deixei.

— Mas se você ficou triste por anos com isso, por que não
voltou para ela?

— Eu não queria.
Ela franze a testa enquanto me observa.

— Quero dizer, o que é amor? — Eu mordo meu lábio


inferior enquanto penso; como chegamos a esse assunto
profundo? — Quer dizer, defina estar apaixonado por alguém,
Anderson. Porque eu não posso, por tudo em mim eu não posso.

— Bem. — Ela pensa por um momento. — Eu acho que é


como ter um melhor amigo com quem você quer foder.

Eu sorrio. — Isso soa pervertido.

— É um pouco. — Ela ri.

Eu a observo por um momento. — Como era o seu marido?

Seus ombros caem instantaneamente. — Ele era... — Seu


comportamento fica triste. — Ele foi um grande homem.
Orgulhoso. — Seu foco muda de mim para um ponto sobre o bar.
— Sinto falta dele todos os dias.

Eu aperto sua mão na minha. — Que tipo de esposa você


era? — Eu pergunto.

Ela sorri com a minha mudança de assunto. — Eu era uma


ótima esposa.

— Realmente? — Eu finjo choque. — Acho isso difícil de


acreditar.

Ela ri. — Talvez apenas uma boa esposa.


— E você tem filhos? — Eu pergunto.

— Uh-huh, três meninos.

Eu torço meu nariz. — Não consigo acreditar nisso.

— Por que não? — Ela zomba.

— Nunca estive com ninguém que tinha filhos antes.

— O que? Nunca?

— Não.

— Por que não?

— Eu não sei. É estranho, pensando bem. Tenho um tipo de


mulher muito específico por quem me sinto atraído.

Ela ri e levanta as mãos no ar. — Espere, deixe-me


adivinhar.

Eu rio enquanto levanto minha mão para outra rodada de


bebidas. Estou me sentindo muito embriagado. — Por favor faça.

— Corpo quente.

Eu inclino meu copo de acordo.

— Jovem.

— Afirmativo.
Ela estreita os olhos para mim enquanto pensa. — Estou
pensando nas loiras.

— Você está me lendo aqui. — Eu rio. — Toda vez.

Seus olhos dançam de alegria. — Então ela tem que ser uma
loira natural, com um corpo quente e mais jovem que você.

— Basicamente.

— O que mais ela tem que ter?

Eu rolo meus lábios enquanto penso. — Eu gosto de garotas


na moda.

— Meninas na moda, — ela zomba. — O que isso significa?

— Não sei por quê, mas gosto de garotas que gostam de


moda.

— Como... modelos? — Ela franze a testa.

— Não, não necessariamente modelos, mas garotas que


gostam de se vestir bem e se cuidar.

— Bolsas.

Eu sorrio com um encolher de ombros.

— Você gosta de garotas que ficam bem em seu braço.

— Possivelmente. — Eu rio com sua analogia. — Por que, o


que você gosta nos homens?
Ela levanta as sobrancelhas enquanto pensa. — Eu não sei.

— O que você quer dizer?

— Não sei do que gosto. Eu só tive dois namorados antes de


Wade e depois... você.

Eu sorrio para ela. Eu gosto que não haja muitos. — E o que


você gostou em mim?

— Bem. — Ela fica séria. — Eu queria transformar você.

— Transformar-me. — Eu franzo a testa enquanto tomo um


grande gole da minha bebida. — No que?

— Um ótimo filho da puta.

Eu bufo, e minha bebida goteja no meu queixo. — O que?


— Eu gaguejo.

— Eu quero entrar nos livros de história como a mulher que


oficialmente transformou Tristan Miles em um ótimo filho da
puta.

Eu rio alto enquanto pego um guardanapo e limpo meu


rosto.

Esta mulher é hilária. Eu a agarro em uma chave de braço


e quase a puxo da cadeira. Todas as pessoas ao nosso redor
observam nosso comportamento bêbado. — Se eu soubesse como
é divertido foder uma velhinha, já o teria feito há muito tempo, —
sussurro em seu ouvido.

Ela ri e me dá um soco por baixo do casaco e se solta do


meu aperto. Ela arruma o cabelo de uma forma exagerada. — Eu
quero que você saiba que eu não sou nem velha, Sr. Miles.

— Quantos anos você tem?

— Tenho trinta e oito anos.

Eu sorrio. — Apenas quatro anos mais velha que eu.

— Por que, quantos anos você achou que eu tinha?

— Pelo menos — eu sorrio ao pensar em um número —


sessenta.

— Tristan! — Ela chora.

Eu pego sua nuca e a arrasto para me beijar. Ela sorri


contra meus lábios. — Não tente adoçar o último comentário com
esses lábios mágicos, — ela sussurra.

Coloco minha boca em seu ouvido para que ninguém mais


possa me ouvir. — E a minha língua mágica?

Ela sorri.

— Você sabia que sou bom com a minha língua? — Eu


mordo sua orelha e ela ri enquanto tenta escapar de mim. O que
devemos parecer para as outras pessoas? Agindo como
adolescentes.

— Estou bem ciente de seus pontos fortes, Sr. Miles.

Eu seguro seu rosto e a beijo. Perco completamente o foco


de onde estamos e meus olhos se fecham de prazer.

Oh, esta mulher... ela me faz esquecer tudo e todos. Quando


abro meus olhos novamente, eu a vejo sorrindo sonhadoramente
para mim. — O que é isso? — Eu pergunto.

Ela fica pensativa e segura meu rosto com as mãos. — Com


toda a seriedade, Tris, obrigada.

— Pelo quê?

— Por me fazer lembrar como é rir.

Eu sorrio suavemente e nos encaramos por um momento.


De repente, sinto uma urgência de ficar sozinho com ela. — Você
está pronta para ir para casa, Anderson?

— Sim, eu estou, filho da mãe.

Eu rio alto e a puxo do banquinho. — E por acaso, você é


uma mãe. Quão conveniente.
É tarde e estamos nisso há horas. O arco das costas de
Claire enquanto ela está deitada embaixo de mim me diz que ela
está perto. Estou molhado de suor e me segurando nos braços
esticados enquanto a coloco no colchão.

Ela choraminga embaixo de mim, e eu inclino minha cabeça


para trás e fecho meus olhos em êxtase.

Seu corpo molhado está ondulando ao redor do meu, me


sugando, e o som de batidas de pele ecoando pela sala.

É quando ela está no seu melhor; é quando ela me tem na


palma da sua mão.

Em um orgasmo intenso, esgotada e incapaz de filtrar o que


ela diz.

Vulnerável e macia.

— Tris, — ela sussurra enquanto estende a mão para me


puxar para baixo. — Eu preciso de você.

Nossos lábios se chocam, e não são apenas minhas bolas


que estão prestes a explodir.

É a porra da minha cabeça – essa mulher frita meu cérebro.


Ela aperta com força, e nós dois gememos quando a onda
de um orgasmo cai entre nós.

Ela se agarra a mim enquanto ofegamos e meio que rimos;


nossos batimentos cardíacos disparam juntos.

Eu vou puxar para fora e ela se agarra a mim. — Não, Tris


— ela sussurra. — Fique dentro de mim.

— Apenas me deixe nos virar, baby. — Eu a beijo


suavemente. — Não consigo mais me segurar.

Eu a puxo e a rolo de lado para longe de mim e levanto sua


perna e deslizo de volta para dentro. Eu a envolvo com força em
meus braços. Ela sorri sonolenta enquanto beijo sua têmpora. —
Assim é melhor — ela sussurra. Beijo seu pescoço enquanto a
seguro com força.

Nós adormecemos assim na noite passada também, nossos


corpos unidos. Como um.

Claire Anderson.

O intenso orgasmo que ela me dá não é nem metade tão bom


quanto a intensidade depois dele.

Quando a estou segurando em meus braços assim, a


intimidade corre entre nós como um rio, e apenas por um
momento...

Ela é minha.
Claire

Eu acordo com um grande espreguiçar e um sorriso. Deus.


Faz anos que não durmo tão bem.

Eu rolo para ver Tristan em suas costas. Um braço está


atrás de sua cabeça e o outro está percorrendo seu telefone. O
lençol branco está enrolado em volta de sua virilha e seu
estômago ondulado está em exibição.

Que visão para despertar. — Bom Dia.

Ele sorri e se inclina para me beijar. — Dia. — Sua mão


permanece na minha mandíbula enquanto ele sorri de forma
sensual para mim.

— Por que você está acordado tão cedo? — Eu pergunto.

— Estive acordado por horas. Não consegui dormir — ele


murmura enquanto retorna ao telefone e continua a navegar.

— Por que não?

— Todo o seu ronco. É como dormir com um javali


acariciando suas costas. Dá um novo significado a uma noite
selvagem.

Eu rio e esfrego meus olhos enquanto tento me acordar.


— Qual é o seu nome no Instagram? — Ele pergunta
enquanto se concentra em seu telefone.

— Hã? — Eu olho para ele.

— Estou procurando por você há uma boa hora. Qual o seu


nome?

— Você acordou cedo para acompanhar meu Instagram? —


Eu franzo a testa.

— Nome — ele responde categoricamente enquanto


continua a olhar para sua tela.

— Eu tenho uma conta privada.

— E?

— E... é privado.

Seus olhos se voltam para mim. — Você não vai dar para
mim?

— Não. — Eu sorrio. — Eu tenho cerca de cinquenta


seguidores, e eles são principalmente da família. Sou eu e meus
filhos, coisas pessoais. Nada excitante, posso garantir.

Ele se senta sobre o cotovelo. — O que? E eu não posso ver?

Eu sorrio com sua indignação. — Tristan, por que você iria


querer? — Eu me sento e saio da cama. — São só coisas minhas.
Esportes, aniversários, animais de estimação... porcarias assim.
— Bem... talvez porque passei metade da noite dentro do
seu corpo, achei que seria capaz de ver como são seus filhos.

Eu sorrio com seu aborrecimento. — Não. Você não pode,


na verdade. — Jogo meu robe em volta dos ombros. — Meus filhos
estão fora dos limites e não podem ser discutidos com você. —
Eu entro no banheiro e fecho a porta. — Confie em mim, Tristan,
— eu digo pela porta. — Não é como as contas de todas as suas
namoradas no Instagram. Fuxique elas em vez disso. — Eu vou
ao banheiro e volto para encontrá-lo ainda em seu telefone. Ele
está olhando para ele, como se estivesse irritado.

— O que estamos fazendo hoje? — Eu pergunto.

— Hmm, — ele grunhe, não impressionado. — Vou roubar


o seu telefone, tirar uma foto do meu pau e postar no seu — ele
levanta os dedos formando aspas no ar — 'Instagram privado'
com o título Paris, hashtag amando o pau.

Eu rio. — Essa é uma ótima hashtag.

Ele joga seu telefone para o lado e me puxa nas minhas


costas. — Você me magoa, Anderson. — Ele me beija. — Por que
não posso ver seus filhos?

Eu corro meus dedos por sua barba escura. — Você sabe


porquê. — Eu o beijo suavemente. — Não somos assim.

Ele me encara por um momento e então pisca, como se


processasse minhas palavras.
— Bem? — Eu pergunto. — O que estamos fazendo hoje?

— Coisas, — ele murmura secamente enquanto rola de cima


de mim. — Um monte de coisas.

Eu franzo a testa enquanto o observo. — O que te colocou


com esse humor hoje? — Eu pergunto.

— Nada. — Ele coloca a parte de trás do antebraço sobre os


olhos.

— Tris. — Eu puxo seu braço de seu rosto.

Seus olhos seguram os meus.

— Olha só como você está ficando carente.

— Não estou ficando carente — ele rebate, insultado.

— O que é isso, então?

— Isto é... — Ele franze a testa enquanto tenta se articular.


— Eu não sou, porra, carente, Claire. Nunca fui carente em toda
a minha vida.

— Se você diz. — Eu sorrio e o beijo. Eu corro meus dedos


por seu cabelo para tentar acalmá-lo. — Leve-me para passear,
Sr. Miles. Mostre-me Paris através de seus olhos.

Ele recupera sua compostura e me vira de costas e segura


minhas mãos acima da minha cabeça. — A única maneira de você
ver Paris é no fim do meu pau.
Eu rio. — Você é um maníaco sexual.

Ele morde meu lábio inferior e o estica. — Já estabelecemos


isso.

A luz das velas pisca em nossos rostos.

Estamos no restaurante favorito de Tristan em Paris. Ele fez


um pedido para nós e juro que toda vez que ele fala com alguém
em francês, perco um pouco mais da minha mente.

Que dia incrível. Fomos ao Louvre e depois à Torre Eiffel.


Em seguida, caminhamos pela Champs-Élysées, uma rua de
lojas lindas. Visitamos o Arco do Triunfo e depois fomos às ruínas
de Notre Dame. Em um ponto, pensei que Tristan fosse explodir
em lágrimas. Ele adora aquela capela e já esteve lá muitas vezes
antes de ela pegar fogo. Eu pego sua mão sobre a mesa. —
Obrigada, Tris. Tive o melhor dia.

Ele sorri calorosamente para mim.

— Sério, como um dos meus dias favoritos em toda a minha


vida.
Seus olhos brilham com ternura enquanto ele aperta minha
mão. — Estou feliz. É uma cidade linda.

— Oh... realmente é, — eu digo. — A Torre Eiffel e, oh, o


Louvre. — Eu balanço minha cabeça enquanto repasso o dia. —
Não acredito que estou aqui, sabe?

Ele bebe seu vinho tinto enquanto sorri para mim. — E


ainda não acabou. Eu tenho uma surpresa para você.

— Você tem? — Eu sorrio.

— Ingressos para o Moulin Rouge hoje à noite.

Minha boca se abre. — Você está falando sério?

— Você não pode vir aqui e não ver. — Ele sorri sexy.

— Oh, — eu transbordo empolgação. — Você é o melhor guia


turístico de todos os tempos. Você sabe tanto sobre este lugar.

— Passei muito tempo aqui.

— Você sempre fica no mesmo hotel?

— Sempre e no mesmo quarto.

— Você sempre fica no mesmo quarto?

— Sim. — Ele ri. — Faz-me sentir mais em casa se tiver um


ambiente familiar.
— Como é? — Eu franzo a testa. — Como é viajar pelo
mundo sozinho?

— Eu não estou sozinho. Tenho amigos em todos os lugares


que vou. Acabei de retomar do ponto de onde parei com eles da
última vez que estive aqui.

Eu o observo por um momento. — Você tem uma ficante


aqui?

— Ninguém estável.

Isso não deveria me deixar tão feliz quanto fez. — Onde você
mora em Nova York? — Eu pergunto.

— Eu tenho uma cobertura em Tribeca.

— Oh. — Eu franzo a testa.

— Onde você mora? — Ele pergunta.

— Eu tenho uma casa em Long Island.

— Long Island? — Ele engasga. — Você se desloca todos os


dias?

— Sim. — Eu encolho os ombros. — Queríamos que as


crianças tivessem uma casa com quintal enquanto cresciam.

— Hmm. — Ele pensa na minha resposta por um momento


e apoia o queixo na mão com o cotovelo na mesa.
— Não sei se quero ir ao Moulin Rouge com você — digo,
pensando profundamente.

— Por que não?

Eu encolho os ombros timidamente. — Todas aquelas


garotas lindas com seus peitos para fora.

Ele sorri para mim.

— Eu posso ficar com ciúmes. — Eu sorrio enquanto bebo


meu vinho. — Você deve namorar algumas mulheres bonitas.

Ele bebe seu vinho, mas não responde. A questão paira no


ar entre nós. — Qual foi a sua coisa favorita que você viu hoje?
— Ele muda de assunto.

— Honestamente?

— Claro.

— Foi você.

Nossos olhos se encontram.

— Você foi a coisa mais linda que vi hoje, Tristan Miles.

O ar gira entre nós, e ele pega minha mão novamente sobre


a mesa. — Você sabe como você pode realmente me impressionar,
Anderson?

— Como?
— Você pode ficar apenas com um fio dental, sem camisa e
subir no palco hoje à noite no Moulin Rouge e dançar para mim.

Eu rio enquanto imagino o horror. — Eu não quero esvaziar


o estabelecimento.

Ele deixa cair o queixo de volta em sua mão e me dá um


sorriso lento e sexy. — Todas as outras mulheres ficariam pálidas
diante da sua beleza.

Eu sorrio com sua declaração ridícula.

— Em qualquer palco — ele sussurra enquanto seus olhos


fixam nos meus.

Uma vibração indesejável acontece no meu estômago.

O ar entre nós é elétrico e sei que não deveria estar sentindo


isso... seja o que for... mas quando ele diz coisas doces, não posso
deixar de sentir algo em meu peito.

Todos os dias rimos, demos as mãos e nos comportamos


como crianças apaixonadas.

Não tenho certeza se Tristan Miles é tão duro quanto pensei


que ele era.

— E a resposta é não — ele diz suavemente.

— Para quê? — Estou confusa sobre o que ele está falando.

— Não me lembro se namorei alguma mulher bonita.


Eu franzo a testa.

— Porque, — ele sussurra enquanto seus olhos caem para


os meus lábios, — neste momento, tudo em que posso pensar...
é você.

Meu coração bate mais rápido enquanto nos encaramos, e


quero dar a volta para o seu lado da mesa e tomá-lo em meus
braços e beijá-lo.

Mas eu não posso.

Não posso imaginar que isso seja mais do que é, que suas
palavras bonitas sejam mais do que apenas palavras bonitas.
Porque ele é um homem fantástico, e não podemos ser mais do
que um fim de semana fora. Nossas vidas são muito diferentes –
nós... somos muito diferentes.

Eu sei disso.

— O que vai acontecer hoje à noite quando todos me virem


nua no palco do Moulin Rouge? — Eu pergunto.

— Eu estarei lutando contra os homens. — Ele ri. —


Provavelmente com as mulheres também.

Eu rio e pego meu vinho. Eu seguro meu copo e toco no dele.

— Pela luta nua — eu sussurro.


Seus olhos brilham com alguma coisa. — Qualquer coisa
nua, no que diz respeito a você.

Este pobre homem iludido. Desde quando a celulite e as


estrias se tornaram sexy? Aposto que ele nunca pensou que veria
esse dia. Eu rio. — Você deve estar cansado de me ver nua, Sr.
Miles.

— Anderson, estou apenas começando.

Saímos pela sala de embarque da parte privada do


aeroporto. Tristan está empurrando nossas malas atrás dele e
entramos por grandes portas de vidro da pista. Uma senhora
sozinha está verificando e carimbando passaportes para nos
deixar entrar no país. — Olá, Sr. Miles. — Ela sorri.

Caramba, ele voa tanto que todos os funcionários o


conhecem.

— Olá, Margarete, — diz ele. — Onde está Boris?

— No turno do dia hoje.

Ela abre o passaporte dele. — Como foi Paris?


— Parfaite20. — Ele sorri.

Ela ri na hora certa, e eu sorrio para ele.

Flerte.

Ela carimba nossos passaportes e olhamos para o scanner


de olhos.

Isso é muito mais civilizado do que ficar na fila por uma


hora.

— Adeus, Margarete, — ele diz enquanto puxa nossas duas


malas por outra porta enorme. Quando saímos, eu olho em volta,
desorientada. Oh, estamos no foyer do aeroporto. Eu nunca
soube que essas portas para esta parte privada do aeroporto
estivessem aqui.

— Onde você estacionou? — Tristan pergunta.

— Reservei uma vaga no nível um.

— Ok, vou apenas deixar minha bolsa no carro e levá-la até


lá.

— Você não precisa.

— Eu quero.

20 Perfeita.
Nós saímos pelas portas da frente, e ele caminha para a
esquerda com nossas duas malas e para perto de uma limusine
preta. O motorista desce. — Ei, Tris — ele diz.

Eu paro no local, chocada. Ele tem uma limusine... que


diabos?

— Esta é Claire — ele diz para me apresentar. — Este é


Calvin.

— Olá. — Ele sorri.

Eu dou um aceno fraco.

Calvin pega sua mala e Tristan pega minha mão.


Caminhamos em direção ao nível um.

— Posso carregar minha mala.

— Deixe-me agir como um cavalheiro, por favor — ele diz


enquanto caminha.

— Você tem uma limusine? — Eu franzo a testa.

Ele encolhe os ombros, como se não fosse grande coisa. —


Miles Media tem limusines. Não é pessoalmente minha.

De repente, me lembro de quem ele é. A Miles.


Caminhamos um pouco e me sinto ansiosa. Não quero
deixá-lo ir, mas sei que preciso. Fui à França para encher meu
poço21 – em vez disso, peguei o oceano.

Tristan Miles é lindo, inteligente e espirituoso, e ele me faz


rir, o que não é uma tarefa fácil, e isso é só por cima do sexo
incrível. Mais do que isso, ele me faz sentir a mulher mais bonita
do mundo. Nunca, nem por um segundo, me senti insegura com
meu corpo. Ele constantemente tinha seu braço em volta de mim
ou estava segurando minha mão, me beijando. Ouvindo tudo que
eu falei e me dando uma ótima conversa. Acho que conversamos
o fim de semana inteiro; nenhuma vez me senti forçada ou
desconfortável.

Ele está indo.

Eu expiro quando a realidade começa a se infiltrar em meus


ossos. O homem com quem eu estive realmente não existe. Ele é
um pedaço muito pequeno de quem é Tristan Miles. Infelizmente,
meus primeiros instintos são de fato a realidade dele, embora
tenhamos passado um tempo incrível juntos...

Termina aqui.

Eu nem consigo imaginar estar com alguém como ele a


longo prazo.

21 Uma expressão que quer dizer tirar um momento para você mesmo em busca de paz e descaso.
Pegamos o elevador para o nível um, e ele também está
quieto.

— Esse é o meu. — Eu sorrio quando chegamos ao meu


carro.

Abro o porta-malas, ele coloca minha mala e se vira para


mim.

Agora é estranho... agora parece forçado.

— Muito obrigada por um ótimo fim de semana. — Eu


sorrio.

Ele me leva em seus braços. — Tem certeza que não pode


ficar na minha casa esta noite? Está tarde.

Eu dou a ele um sorriso triste. — Eu tenho que voltar para


casa para os meninos.

Ele balança a cabeça e inala profundamente.

Olhamos um para o outro e é como se nós dois tivéssemos


algo a dizer, mas estivéssemos segurando a língua.

— Adeus.

Ele me beija, longo e profundamente. Nossos olhos se


fecham com o contato. Ele segura meu rosto em suas mãos e
meus pés flutuam no chão. — Ligue-me quando chegar em casa
para que eu saiba que você chegou a salvo? — Ele empurra meu
cabelo para trás dos ombros.

— Ok. — Eu sorrio para ele.

Com um último grande abraço e outro beijo, ele me solta e


eu entro no carro.

Ele coloca as mãos nos bolsos da calça jeans quando eu saio


da vaga, e com um último aceno triste, eu vou embora. Meus
olhos o observam pelo espelho retrovisor enquanto dirijo em
direção à saída do estacionamento. Ele está parado olhando meu
carro desaparecer.

— Adeus, Tristan. — Eu suspiro. Todas as coisas boas


chegam ao fim... droga.

Por que você tem que ser ele?

Uma hora depois, paro na garagem de casa.

Eu sento e fico olhando para ela por um tempo. Há uma


bicicleta na varanda e uma bola de basquete deixada no chão
perto do aro. Sapatos estão espalhados em todos os lugares, e
não importa quantas vezes eu diga a eles para guardar suas
porcarias, sempre parece assim.

Eu sorrio com a familiaridade. Estou em casa.

Pego meu telefone e mando uma mensagem para Tristan.

Cheguei em casa sã e salva.

Xoxo.

Saio do carro e a porta da frente se abre. Patrick e Harry


saem voando. — Olá. — Eu rio. Os dois quase me derrubam no
chão enquanto passam os braços em volta de mim.

— Olá, meus queridos. Senti a falta de vocês. — Eu abraço


os dois e aperto-os com força.

— Você nos trouxe presentes? — Patrick pergunta.

— Sim, olá, mãe — eu o corrijo.

— Olá, mãe — Patrick repete.

— Mãe, Fletcher está fora de controle — diz Harry. — Ele


não enxaguou os pratos antes de colocá-los na máquina de lavar
louça e agora está entupida.

— Oh. — Eu franzo a testa enquanto abro o porta-malas.

— Ele e a vovó estão tentando consertar agora.


— Isso não parece bom — murmuro enquanto pego minha
mala. Harry a pega de mim e começa a puxá-la para a garagem.

— Deixe-me fazer isso, — diz Patrick.

— Não, — Harry rebate. — Você é muito pequeno.

— Eu não sou muito pequeno, — Patrick grita no topo de


sua voz enquanto dá um soco em seu irmão.

Harry empurra Patrick e ele cai. — Oww. Mãe, ele me


empurrou! — Ele grita.

Eu reviro meus olhos. Ugh. Eu não senti falta de suas


brigas. — Shh, está tarde, — eu sussurro. — Fale baixo. A pobre
Sra. Reynolds vai acordar.

Eu olho para a janela ao lado. Para falar a verdade, a Sra.


Reynolds já está nos observando. Ela sabe o que acontece na rua
antes de realmente acontecer.

Caminhamos até a varanda da frente. — Por que os sapatos


de todos estão em todos os lugares? — Eu pergunto. — A caixa
de sapatos é para sapatos.

Pelo amor de Deus. Eu paro e jogo todos os sapatos na caixa


de sapatos enquanto os meninos continuam arrastando minha
mala para dentro de casa. Devemos parecer desleixados para o
resto da rua.
Todos os dias, quinze pares de sapatos estão espalhados por
toda parte. Todas as noites, coloco todos de volta na caixa de
sapatos. Sim.

Eu entro na casa e olho a sala de estar até a cozinha e franzo


a testa enquanto admiro a visão.

A máquina de lavar louça foi puxada da parede e Fletcher


está deitado de costas embaixo dela.

Existem ferramentas espalhadas por todo o chão da


cozinha, e ele está apontando a lanterna de seu telefone para
cima. — Oi, mãe, — ele chama. — Estou consertando a máquina
de lavar louça.

— Ótimo. — Eu franzo a testa para minha mãe. — Ele sabe


o que está fazendo? — Eu sussurro.

— Não. — Ela arregala os olhos e encolhe os ombros. — Ele


não sabe.

Deus.

— Como foi, amor? — Mamãe sorri enquanto me puxa para


um abraço.

— Foi maravilhoso. Muito obrigada por cuidar das crianças.


— Woofy, nosso cachorro, vem voando com um enorme cone na
cabeça. — O que diabos aconteceu com Woofy? — Eu pergunto.
— Oh, ele perseguiu um esquilo sob uma cerca de metal e
cortou as costas, — diz a mãe.

— Ah não. Ele está bem? — Eu me curvo e puxo o rosto do


meu fiel amigo para o meu. — Você está bem? — Pergunto-lhe.

— Sim, mas ele levou pontos e agora precisa usar um cone


para não os arrancar.

— Ugh, por que você não me contou por telefone?

— Porque queríamos que você relaxasse. Vou tomar banho


e depois quero ouvir tudo. — Ela desaparece escada acima.

— Ok. — Eu expiro pesadamente enquanto olho ao redor


para o caos.

— Onde estão meus presentes? — Patrick pergunta.

— Eles estão embrulhados. Você pode tê-los amanhã. Tenho


que desfazer a mala inteira para encontrá-los, e agora é tarde
demais, — digo.

— Aww. — Ele franze a testa enquanto coloca as mãos nos


quadris em desgosto. — Eu estive esperando por isso.

— Eu pensei que você estava esperando por mim. — Eu


sorrio enquanto faço cócegas nele e o puxo para um abraço.

— Eu estava, realmente... eu estava apenas fingindo. — Ele


se corrige por ser insensível.
Eu olho e vejo Harry sentado no sofá. Ele nunca exige minha
atenção, mas precisa dela mais do que qualquer pessoa. Eu vou
e sento ao lado dele, e Patrick se joga no meu colo.

— O que eu perdi, Harry? — Eu pergunto.

— Tudo, — diz ele, claramente não impressionado. — Você


se foi por muito tempo e não quero que vá embora de novo. Eu
estava ficando fora de controle na escola sem você aqui.

Eu sorrio e bagunço seu cabelo. — Ok, sem mais viagens.

— Você promete? — Ele pergunta.

— Eu prometo.

Fletcher sai de baixo da lava-louças e a liga. — Eu consertei,


mãe, — ele anuncia.

Eu sorrio. Fletcher gosta de consertar as coisas. Acho que


ele pensa que é isso que deve fazer como o homem da casa. —
Obrigada parceiro. — Eu estendo meus braços para ele, e ele vem
e me abraça. — Senti sua falta. — Eu o aperto com força. —
Obrigada por cuidar de todos.

Eu não estou brincando; eu realmente não vou embora de


novo. Eu sentia falta deles desesperadamente.

A máquina de lavar louça começa a girar e Fletcher sorri


com orgulho. — Eu disse que eu consertei.
— Nunca tive dúvidas. — Eu sorrio. — Harry e Patrick, lá
em cima para escovar os dentes. Vou subir em um momento.
Vocês têm escola amanhã.

Eles gemem e sobem as escadas.

Fletcher empacota todas as ferramentas na caixa de


ferramentas. — Vou levá-las para a garagem.

— Obrigada parceiro.

Ele desaparece lá fora.

Vou a sala e depois mudo o canal da televisão. Estou indo


até a geladeira quando sinto algo molhado em meu pé. Hã?

Eu olho para baixo e meus olhos se arregalam de horror.

Água está saindo do fundo da máquina de lavar louça; todo


o andar está inundado, e ele está correndo para a próxima sala.

— Ahh! — Eu grito. — Fletcher. Feche a água. — Ele não


responde, e eu corro até o armário de toalhas e pego tudo que
posso para impedir a casa de inundar. — Fletcher! — Eu grito
enquanto jogo cobertores no chão. — Rápido.

Ele aparece e seu rosto fica horrorizado ao ver a inundação.

— Não fique aí parado! — Eu grito. — Feche a água.

Ele corre para fora.


A água está jorrando do fundo da máquina de lavar louça
agora como uma mangueira de incêndio.

A cozinha tem dez centímetros de profundidade e o carpete


da sala também está todo molhado.

Que porra ele fez? — Ahh, — eu choro enquanto tento fazer


uma represa para que não vá mais longe.

A água fecha e eu ofego enquanto trabalho rápido para


tentar impedir a carnificina.

Fletcher volta correndo. — O que eu faço?

— Pegue algumas toalhas; me ajude a limpar isso, querido.


— Ele corre e começamos a trabalhar.

— O que diabos aconteceu? — Eu ouço mamãe dizer. Eu


olho para o topo da escada e vejo minha mãe encharcada e
enrolada em uma toalha com a cabeça cheia de shampoo. — Não
consigo enxaguar o shampoo. A água parou. O que devo fazer
agora? — Ela chora.

Pelo amor de Deus.

Eu belisco a ponte do meu nariz. De volta à realidade.


É segunda-feira de manhã e entro no escritório. Eu mal
posso limpar o sorriso satisfeito do meu rosto.

— Bem, olá. — Marley sorri enquanto me olha de cima a


baixo. — Olhe para você, toda brilhante e essa merda?

Eu a puxo para um abraço. — Obrigada por me forçar a ir.


Você estava certa, eu realmente precisava disso.

— Você gostou? — Ela franze a testa em surpresa.

— Eu amei. Eu até reservei para o próximo ano.

— Sim. — Ela levanta o punho. — Eu sabia que você


adoraria essa merda motivacional.

— Quem poderia saber? — Eu sorrio e passo por ela até meu


escritório e me sento.

— Você quer um café? — Marley liga.

— Umm... — Eu franzo a testa enquanto tiro meu telefone


da minha bolsa.

— Você vai precisar. Você tem cerca de mil e-mails para


responder.

Eu reviro meus olhos. — Sim, ok, obrigada.

Eu ligo meu telefone para carregar e a tela acende.

Cinco chamadas perdidas, Tristan.


Merda, quando ele me ligou? Eu vou até as chamadas
perdidas. Noite passada.

Hmm. Eu estava tão exausta depois que limpei a enchente


do tamanho de um lago na casa, e quando o encanador de
emergência saiu, eu nem chequei meu telefone.

Ah bem. Eu o coloco no silencioso, coloco-o de lado e inicio


meu computador. Eu sorrio amplamente. Eu honestamente sinto
que não venho aqui há um mês. Tão rejuvenescido.

Meu estômago ronca e olho para o relógio. Onze e meia.


Marley estava certa, eu nem mesmo tirei um minuto para respirar
esta manhã.

Uma batida soa na porta e eu olho para ela. Onde está o


Marley?

— Entre — eu chamo.

Eu continuo lendo um e-mail, então olho para cima para ver


Tristan parado ali. Terno marinho, camisa rosa claro e gravata
carmesim – está tão lindo quanto pode ser. — Tristan — gaguejo.
— O que você está fazendo aqui?

Ele me dá um sorriso lento e sexy. — Bem, você não está


atendendo minhas ligações, então não tive escolha. — Ele
caminha até mim, se inclina e beija meus lábios.

Eu me afasto dele. — O que você está fazendo?

— Beijando você.

— Não faça isso.

— Por que não? — Ele franze a testa.

— Tristan. — Eu fico olhando para ele por um momento. Ele


não pode estar falando sério. — O fim de semana indecente foi só
isso. Um fim de semana. Eu não quero nada com você.
Ele franze o rosto. — Do que você está falando, Anderson?
— Ele zomba. — Pegue suas coisas. Vamos almoçar.

O que?

— Você está me ouvindo, Tris? — Eu me levanto.

— Não. Eu não estou. Você está falando merda. — Ele coloca


as mãos nos meus quadris e sorri para mim. — Por que não nos
veríamos quando nos damos tão bem? Essa é a coisa mais
ridícula que já saiu da sua boca.

A porta se abre e nós dois nós viramos de repente.

Os olhos de Marley se arregalam de horror quando ela me


vê nos braços de Tristan. — Oh... desculpe. — Ela estremece.

Merda.

Tristan se afasta de mim, claramente irritado com a


interrupção.

— Tudo bem. — Eu forço um sorriso. — O que é, Marley?

— Eu ia ver se você queria almoçar, mas...

— Não, ela está almoçando comigo — afirma Tristan.


Meus olhos se voltam para ele. — Estou bem no momento,
Marley. Obrigada.

Os olhos arregalados de Marley disparam entre Tristan e eu,


e quase posso ouvir seu cérebro assinalando... simplesmente
ótimo. Como diabos posso explicar isso?

Tristan encara Marley e levanta uma sobrancelha


impaciente.

— Oh — ela gagueja, toda agitada. — Estarei na recepção.

As narinas de Tristan dilatam-se de aborrecimento. — Ok.

Ela aponta para fora com o polegar. — Se você precisar de


mim...

— Obrigado, Marley — ele a interrompe.

Ela sorri amplamente e fecha a porta, e os olhos dele voltam


para mim. — Onde nós estávamos?

Eu sorrio e esfrego minha mão em seu braço. — Tris. Não


podemos mais nos ver.

Ele afasta minha mão. — O que?

— Não podemos nos ver.

— Você está me dando um fora?


— Ninguém está dando um fora em ninguém — eu digo
baixinho. — Eu gosto muito de você. O cara com quem estive fora
era perfeito.

— Então, por que não podemos nos ver? — Ele zomba.

— Por causa do óbvio.

— Como o quê? — Ele rosna. Sua raiva está crescendo.

— Tristan, porque você é Tristan Miles, e eu sou muito velha


para você. Tenho filhos e responsabilidades, e você gosta de
jovens loiras que estão na moda.

Ele estreita os olhos. — Não seja engraçada, Anderson.

— Eu não estou. Você mesmo me disse isso. — Eu pego sua


mão na minha. — Tris, se as circunstâncias fossem diferentes e
você fosse... — Faço uma pausa enquanto tento articular o que
quero dizer. — Se você fosse mais velho do que eu e digamos...
tivesse se divorciado e tivesse alguns filhos, talvez pudéssemos
tentar nos ver.

— O que? — Ele rosna novamente. — Você não vai me ver


porque eu não tenho filhos? Isso é ridículo ‘pra’ caralho,
Anderson. Você pode se ouvir agora?

— Não levante a voz para mim — eu o aviso.

— Cale a boca e venha almoçar comigo. — Ele me pega em


seus braços e seus lábios caem no meu pescoço. Ele é real?
— Tristan. — Eu suspiro. Caramba. — Pare com isso.

— Não me diga que você não gosta de mim, porque eu sei


que você gosta.

— Eu gosto. Não estou negando. Eu te adoro.

— Então?

— Eu não gosto de você... daquele jeito.

Ele me encara, como se tentasse processar minhas


palavras. — Como o quê?

Eu apenas vou ter que dizer de uma vez. — Tris, você não é
exatamente material de namorado para mim.

— O que? — Ele diz em indignação. Ele aponta para o peito.


— Eu... não sou material para namorado? — Ele sussurra. — Eu
sou um ótimo material de namorado, Claire.

Eu expiro... aqui vamos nós. Ele está com raiva agora. —


Não. Você não é.

— Se alguém por aqui não é material de namoro, é você.

Eu cruzo meus braços e o vejo enquanto ele começa a andar,


furioso com a minha rejeição.

— Você, Claire Anderson... é muito velha para mim.

— Eu sei.
— E você — ele aponta para mim — tem filhos demais.

— Precisamente.

— E eu não gosto de crianças. Especialmente quando eles


não são meus.

Eu estendo minhas mãos bem abertas. — Como eu disse.

— E eu não quero estar com alguém que não pode ser


espontânea, de qualquer maneira.

— Bom. Você não deveria. — Eu sorrio.

— Não seja condescendente, porra, Anderson.

Eu reviro meus olhos. — Você já terminou?

— Não. Eu não terminei — ele rosna. — Você me irrita.

— Eu percebi isso.

— Pare com isso.

Eu o puxo em meus braços e corro meus dedos por seu


cabelo escuro. Seus grandes e lindos olhos castanhos procuram
os meus, e ele coloca as mãos em meus quadris. — Você
realmente é um homem lindo, Tris — eu sussurro.

Ele me puxa para mais perto.

— Você merece o melhor. — Beijo seus lábios enquanto


corro meus dedos por sua barba por fazer. — Eu não sou ela, eu
sinto muito. Eu gostaria de ser. Eu realmente gostaria. Estamos
em diferentes estágios de nossas vidas. Você está prestes a se
estabelecer e começar uma família, e estou terminando com a
minha.

— Pare de falar.

— Nós dois sabemos que isso não vai a lugar nenhum. Não
sou o tipo de pessoa que gosta de sexo casual, e você é.

— Cale a boca, Anderson. — Ele me beija suavemente e com


a quantidade certa de língua. Meu estômago se agita. — Uma
última vez? — Ele sussurra contra meus lábios.

Deus, é tão tentador... — Não.

Ele me empurra contra a parede e desliza a mão pela minha


saia. — Deixe-me foder você na sua mesa. — Sua boca cai para
o meu pescoço e eu rio enquanto olho para o teto. — Eu disse
que ia fazer isso. Aqui e agora.

— Tristan. — Eu rio enquanto o empurro de cima de mim.


— Você me deu uma opção: França ou minha mesa. Eu escolhi a
França. Você não ganha a mesa. Agora você precisa ir.

Ele me encara por um momento. — Você está realmente


falando sério sobre isso?

— Sim.

— Você não quer me ver nunca mais? — Ele franze a testa.


— Não.

Sua boca se abre. Ele realmente está chocado. — Mas


tivemos o melhor fim de semana.

— Eu sei. É uma pena que você seja um jogador bastardo


sugador de almas. — Eu o viro e o empurro em direção à porta.
— Agora, eu preciso trabalhar.

Ele ri, divertido com a minha descrição. — Esta é a coisa


mais estúpida que você já fez. — Ele sorri.

Eu rio e continuo empurrando-o em direção à porta.

— Você está perdendo um pau mágico. — Ele agarra sua


virilha.

— Sem dúvida.

Chegamos à porta e ele se vira para mim. Nós nos


encaramos por um momento, e ele dá um passo à frente e me
prende à porta. Ele agarra meu rosto em suas mãos, e sua língua
passa pelos meus lábios abertos. Meus joelhos enfraquecem e ele
esfrega seu pau duro contra mim. Ele vira minha cabeça e coloca
sua boca em meu ouvido. — Adivinha o quê, Anderson? — Ele
sussurra.

— O que? — Eu sorrio.

— Nós não acabamos... até... que eu diga que acabamos.


Ele se afasta de mim e sai. A porta clica, e meu peito sobe e
desce enquanto eu olho para a parte de trás dela. Um largo
sorriso cruza meu rosto.

Tristan porra Miles.

Sento na minha mesa e volto ao trabalho, e cinco minutos


depois minha porta se abre. — Você está falando sério? — Marley
engasga quando ela fecha atrás dela. — O que diabos eu acabei
de ver? — Ela sussurra.

— Nada. — Eu abro meu e-mail. — Esqueça que você viu.

— Claire Anderson. Exijo saber o que diabos está


acontecendo com aquele deus.

— Ele não é um deus. Ele é apenas um cara aleatório. —


Bato no teclado com força. Quem estou enganando? Ele é
totalmente um deus.

— E então como foi de odiar suas entranhas a ele apalpar


você em seu escritório?

Eu continuo digitando. Não consigo nem olhar para ela. —


Ele pode ter estado na França.

— De jeito nenhum — ela diz.

— Pode ser que tenhamos... ficado.

— Santo inferno. — Ela põe as duas mãos no cabelo.


— Um pouco.

— Ahh... eu não acredito em você — ela chora. — Você está


brincando comigo?

— Eu gostaria de estar.

— O que aconteceu? — Ela sussurra enquanto se inclina.


— Eu preciso de todos os detalhes.

Alguém bate na porta. — Sim? — Eu chamo.

Um funcionário chamado Alexander coloca a cabeça para


dentro. — Não se esqueça que temos aquela reunião em cinco
minutos.

— Oh. — Meu rosto cai. Eu me esqueci completamente


disso. — Sim, claro. Vejo você na sala de conferências.

Alexander fecha a porta e eu me viro para Marley, que está


esperando pacientemente pelos detalhes. — Não quero falar sobre
isso aqui. Vamos terminar o trabalho hoje cedo e ir a um bar para
uma reunião de equipe.

Ela sorri maliciosamente. — Sim. Precisamos discutir Miles


Media detalhadamente.
Marley se senta à mesa e coloca minha taça de vinho na
minha frente. O bar está lotado e movimentado com o horário de
pico das quatro. Parece que todo mundo quer uma bebida antes
de ir para casa.

Eu bebo meu vinho e Marley me encara. — E?

— E o que?

— Não esconda nada de mim, Claire Anderson. Preciso de


todos os detalhes do caralho.

Eu arrasto minha mão pelo meu rosto. — Deus, Marley —


eu sussurro. — Era como um filme.

Ela ouve atentamente.

— Eu fui à conferência e ele foi o orador de abertura. Fui


sair e ele disse: 'Claire Anderson, sente-se’.

Seus olhos se arregalam.

— Então nós tivemos algumas conversas divertidas por


alguns dias, e eu ainda o odiava. Mas, surpreendentemente, ele
é espirituoso e engraçado.

— Eu sabia que ele seria — ela interrompe. — Os caras


espertos são sempre espirituosos.

— De qualquer forma, uma noite, no caminho de volta do


jantar, ele me beijou.
Ela levanta as mãos e dança em sua cadeira.

— Ele queria voltar para o meu quarto, eu disse não e o


tranquei do lado de fora.

— Sua idiota — ela engasga. — Você está louca? Você já viu


o nível de gostosura daquele cara?

Eu levanto minhas sobrancelhas e sorrio.

Sua boca se abre. — Não me diga.

— Sim.

— E? — Ela engasga.

— ‘Pra’ lá de gostoso — eu sussurro.

Ela agarra meu braço e aperta com força. — Você fez sexo...
com a porra do Tristan Miles?

— Shh, mantenha sua voz baixa, — eu sussurro enquanto


olho para as pessoas ao nosso redor. — Sim. Muito sexo. Na
verdade, eu fodi com seus miolos.

Ela coloca as duas mãos sobre a boca em choque. — Que


diabos, Claire?

— Eu sei. — Eu bebo meu vinho. — Mas então ele veio para


a conferência e disse que tinha que sair inesperadamente e disse
adeus ao grupo e não disse adeus a mim.
Ela franze a testa. — O que? Estou confusa...

— Mas então eu voltei para o meu quarto e havia rosas


vermelhas e um cartão me pedindo para ir a Paris no fim de
semana com ele.

Seus olhos se arregalam. — Porra, essa história está ficando


cada vez melhor. Você foi?

— Sim.

Seus olhos quase saltam das órbitas. — E? — Ela insiste.

Eu balanço minha cabeça, incapaz de acreditar nessa


história. — Foi incrível. Nós nos divertimos muito.

— Oh meu Deus, isso é... — Ela balança a cabeça enquanto


tenta reconciliar o que aconteceu.

— Mas hoje, ele apareceu inesperadamente e eu acabei com


tudo.

— O que? — Ela franze o rosto. — Por quê?

— Oh, vamos, Marley. Nós duas sabemos que não vai a


lugar nenhum.

Ela me encara.

— Ele é jovem, bonito e um jogador. Estou na cama às nove


horas da noite de sábado, morta de cansaço. Ele não se envolve
a longo prazo e eu realmente não posso fazer mais nada.
— Então?

— Não. — Eu sorrio tristemente. — Ele é lindo, mas está


numa fase em que vai querer se acalmar logo, e eu não sou a
pessoa certa. Estamos em diferentes fases da nossa vida.

— Por que você não pode simplesmente foder com ele para
se divertir, Claire? — Ela murmura categoricamente.

— Porque... — Eu penso na minha resposta por um tempo.


— Sabe, percebi algo sobre mim neste fim de semana.

— O que?

— Eu gostei muito de ter alguém lá, você sabe.


Conversando, rindo, fazendo sexo.

Ela sorri tristemente enquanto escuta.

— E talvez eu queira buscar um namoro novamente.

— Por que você não pode simplesmente namorar Tristan?

— Tristan não namora. Tudo o que ele faria seria me


amarrar para que eu não conhecesse mais ninguém.

Eu sorrio ao me lembrar dele dançando nu no final da cama.

— Talvez se ele fosse mais velho e tivesse alguns filhos com


outra mulher, eu continuaria. Mas estamos em diferentes
estágios da vida e não estou impedindo a ele ou a mim mesma de
insistir em algo que nunca vai a lugar nenhum. Confie em mim,
isso é uma merda para mim também, mas ele não é alguém com
quem eu quero namorar por muito tempo.

Marley exala pesadamente. — Sim, acho que você está certa.


Justo o suficiente.

Pego a mão dela na minha e sorrio tristemente. — Um fim


de semana foi o suficiente, e quer saber? Isso funcionou. Sinto
como se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros, e pela
primeira vez em muito tempo, estou ansiosa pelo que o futuro
pode trazer. Muito obrigada por me fazer ir. Honestamente, era
muito necessário.

Ficamos sentadas em silêncio por um momento, e seus


olhos encontram os meus. — Tire-me da minha miséria, foi bom?

— Ridiculamente assim. — Eu sorrio. — Ele tem um corpo


construído para agradar a uma mulher. Eu não sabia que
homens viris como ele existiam na vida real.

Marley inclina a cabeça para o teto. — Deus, ele é tão


gostoso... Eu não suporto isso — ela geme.

— Eu sei. — Eu suspiro. — Ele realmente é. E divertido,


muito divertido. Sinceramente, nunca estive com um homem tão
divertido. Eu estava em um barato de orgasmo o fim de semana
inteiro.
Marley dá um gole em sua bebida, pensando
profundamente. — Talvez ele pudesse me foder por um tempo
para tirar sua mente de você.

Eu jogo minha cabeça para trás e rio alto.

— Eu não estou brincando, Claire. Eu preciso de um pouco


de diversão na minha vida — ela murmura secamente. — Estou
em uma seca divertida. É deprimente, na verdade.

— Tristan está fora dos limites. — Eu tilinto meu copo com


o dela.

Ela revira os olhos. — Você é uma estraga prazeres. Ele


estava totalmente interessado em mim.

— Eu não duvido. — Eu rio. — Tristan Miles gosta de todo


mundo.

A viagem do trabalho para casa é longa, mas pela primeira


vez, não parece.

Todos os dias desta semana, sonhei acordada com Tristan


Miles durante todo o caminho para casa.
Pensando nas coisas engraçadas que ele disse, nos lugares
que ele me levou em Paris, ele falando francês, a maneira como
ele me tocou. A maneira como o toquei... nossa risada.

Deus, tanto para pensar no que lhe diz respeito.

Desde que o vi na segunda-feira, não consigo me


concentrar. Estou muito grata por termos passado aquela
semana juntos.

Eu me pergunto com que tipo de mulher ele vai acabar. Eu


sorrio tristemente. Cadela sortuda, seja ela quem for.

Penso em minha vida e em como sou abençoada agora que


mamãe e papai se mudaram para ficar mais perto de nós e me
ajudar com as crianças.

Wade e eu nos mudamos para cá quando ele começou a


Anderson Media. Nenhum de nós tinha família por perto. E agora,
por causa do trabalho, não posso me mudar. Estamos
efetivamente aqui sozinhos para sempre. Demorou muito para
mamãe e papai perceberem que eu não estava me mudando.
Acho que secretamente esperavam que eu fizesse as malas e
voltasse para a Flórida, mas quando perceberam que não,
venderam sua casa na Flórida e compraram uma não muito longe
da minha.
Eu paro na garagem e olho para a casa. Eu expiro
pesadamente. Está com bagunça extra hoje. Parece um ferro-
velho. Bicicletas, skates e sapatos em todos os lugares.

Crianças bagunceiras. Ugh.

Pego todas as minhas coisas e entro em casa, e Fletcher sai


marchando da cozinha. — O que é isso? — Ele diz enquanto
levanta a mão no ar.

— Hã? — Eu olho para Harry e Patrick. Ambos parecem


assustados por suas vidas.

O que está acontecendo?

— O que é isso? — Fletcher grita. Posso ver que ele tem algo
na mão, mas não tenho ideia do quê.

— Do que você está falando, Fletcher? — Eu franzo a testa.

— De quem é essa cueca que encontrei na sua mala? — Ele


grita enquanto gira a cueca de Tristan em seu dedo.

Meus olhos se arregalam.

Ah Merda.

— Sim, mãe. Quem deixou a maldita cueca na sua mala, e


o que exatamente você estava fazendo na porra da França?
Minha boca se abre. — Não use essa linguagem comigo,
jovem. Como você ousa? O que você estava fazendo olhando
minha mala? Está de castigo.

— Você está de castigo, mãe — ele grita. — O que diabos


você estava fazendo na França?

Eu estreito meus olhos e vou arrancar a cueca dele, e ele


tira do meu alcance.

— Você foi mesmo para a França ou isso também foi


mentira?

Minha boca se abre. — Você é um pequeno egocêntrico... —


Eu me paro antes de chamá-lo de algo pior. — Como você ousa.

— Oh, eu ouso, tudo bem. Quem é ele? — Ele grita. — Eu


vou matá-lo com minhas próprias mãos.

Pelo amor de Deus. Eu marcho para a cozinha com ele logo


atrás de mim. Eu me sirvo de uma taça de vinho enquanto
Fletcher continua e balança a cueca como um lunático.

— Falo sério — ele grita. — Eu quero o nome dele.

Eu belisco a ponte do meu nariz... Deus... eu não preciso


dessa merda.
Tristan

Paro o carro e franzo o cenho enquanto espreito a casa. Isto


não pode ser assim. Procuro o endereço que Sammia encontrou
para mim, e franzo o cenho. Este é o endereço certo.

Huh?

Há bicicletas e merdas por todo o jardim da frente. Eu sento


no carro por um momento e fico olhando para o ferro-velho.

Não há como ela viver aqui.

Eu não vou desistir disto facilmente. Só terminamos quando


eu disser que terminamos.

Bem, acho que só há uma maneira de descobrir. Eu saio do


carro e vou a pé até os degraus da frente. Cinco bicicletas estão
espalhadas pelo pátio da frente, junto com bolas de basquete e
luvas de apanhador. Olho à minha volta para todos os sapatos.
Vive aqui uma maldita centopeia ou algo assim?

Quantas crianças ela tem?

Eu espreito através da porta de tela. Posso ouvir gritos


vindos da cozinha.

Isso é esquisito.

Eu bato na porta.
— Olá? — Eu chamo.

Eu ouço a voz de Claire. — Já chega, Fletcher — ela diz. —


Não estou tendo esta conversa com você.

Huh?

— Olá? — Eu chamo novamente.

— Olá, — diz um garoto quando aparece na minha frente.

Eu fico olhando para ele. Ele é pequeno e tem o cabelo


escuro. — Esta é a casa dos Anderson? — Eu pergunto.

— Sim.

Eu franzo o cenho. Mas que porra... ela vive aqui? — É...


Claire Anderson está aqui?

— Sim. É a minha mãe. — Ele balança os braços de um lado


para o outro enquanto olha para mim, totalmente sem a menor
ideia.

Eu espero que ele vá buscá-la. Quando ele não o faz,


pergunto: — Hum... você pode chama-la para mim, por favor? —
Mas que diabos, garoto?

— Sim, está bem. — Ele sai, e eu fico à porta... o mal-estar


me enche. Isto foi uma má ideia.

Outro garoto vem até a porta. Ele tem o cabelo encaracolado


e me olha através da tela. — Quem é você?
— Tristan. — Eu sorrio.

— O que você quer?

Caramba. Eu franzo o cenho... estas crianças são rudes. —


Estou aqui para ver sua mãe.

— Vá embora. — Ele fecha a porta na minha cara.

Eu franzo o cenho e me afasto... o quê?

Espero que ele a abra novamente. Ele não abre. Certo... o


que acabou de acontecer?

— Harry. — Eu ouço a voz de Claire. — Não seja mal-


educado. — Ela abre a porta com pressa, e seus olhos se alargam
quando me vê. — Tristan, — ela sussurra enquanto sai para o
alpendre e fecha silenciosamente a porta atrás dela. — Este é um
momento realmente muito ruim. Você precisa ir, — sussurra ela.

Posso sentir que algo está errado com ela. — O quê? Por
quê? — Eu sussurro de volta.

A porta da frente se abre com pressa. — É ele? — Grita um


grande garoto adolescente.

O rosto de Claire cai, e eu franzo o cenho enquanto olho


entre eles. — Huh?

— Isso significa sim — ele rosna. Ele vira sua atenção para
mim. — Você! — Grita o garoto enorme. As veias estão saltando
do pescoço dele com raiva. Mas que diabos? Ele se parece com o
Hulk.

— Você! — Ele grita novamente no alto de sua voz. — Vou


te matar com as minhas próprias mãos.

Meus olhos se alargam de horror, e eu dou um passo para


trás e fico de pé em alguma coisa – um skate. Ele rola de baixo
de mim e meu tornozelo torce, eu recuo enquanto caio. Depois
caio pelos seis degraus da escada. — Ahh! — Eu grito enquanto
caio no chão com um baque.

Claire desce as escadas correndo. — Oh meu Deus, Tristan.

Ai... uma dor abrasadora rasga meu tornozelo.

A criança enorme desce as escadas correndo e começa a me


chicotear com algo na cabeça. — Fique longe dela. — Ele continua
a me bater. — Fique. Longe. Dela. — Ele me chicoteia de novo e
de novo.

— O que você está fazendo? — Eu grito enquanto tento me


proteger de sua investida.

— Fletcher! — Claire grita. — Vá para dentro de casa. Agora.

Ele segura algo na minha cara. — Esta cueca é sua? — Ele


zombou.

Meus olhos se alargam... oh, inferno do caralho. Esta é a


porra de um circo de horrores.
— Ela é? — Grita ele. Ele a segura na minha cara, e quando
eu não lhe respondo, ele fica enfurecido e começa a me sufocar
com elas enquanto tenta enfiá-las na minha boca.

Eu me enfureço no chão enquanto luto pela sobrevivência.


— Claire! — Eu grito. — Que porra é essa?

— Fletcher. Entre na casa! — Ela grita enquanto o tira de


mim.

O lunático louco está ofegante, ofegante por ar enquanto me


olha de relance. — Não me empurre... garoto bonito. — Ele
levanta a cueca enquanto eu cubro minha cabeça com meus
antebraços para me proteger de outro ataque, e ele entra na casa
como uma tempestade. A porta da tela bate com força.

O segundo menino mais velho também desaparece dentro


de casa, e Claire e o pequeno ajoelham-se ao meu lado.

— Tristan, lamento muito, — sussurra ela. — Ele está em


tantos problemas que você nem vai acreditar.

Eu fico olhando para ela enquanto ofego... o que diabos


aconteceu agora mesmo?

Eu vou me levantar, e meu tornozelo cede e quase caio.

— Oh meu Deus, você está machucado, — sussurra ela.

Eu fico olhando para ela sem expressão. — Eu me pergunto


por quê.
— Porque Fletcher tentou colocar a cueca na sua boca para
que você se engasgasse, — diz o garotinho. — Engasgar-se até a
morte — acrescenta ele.

— Chega, Patrick, — diz Claire a ele.

Eles me ajudam a levantar, e eu não consigo colocar peso


no tornozelo.

— Entre e deixe-me pegar um pouco de gelo, — diz Claire.

— Você tem que estar brincando, — eu digo enquanto


arranco meu braço do seu aperto. — Eu não vou entrar naquela
casa. Aquela criança está louca. Ele quase me matou.

— Ele tem problemas de controle de raiva, — diz o


garotinho.

— Tris, vamos lá. Você não pode dirigir para nenhum lugar
assim, — insiste Claire. Eventualmente eu subo as escadas, e
ambos me ajudam e me conduzem, e eu caio no sofá.

Claire puxa o puff para os pés até mim, coloca meu pé para
cima e tira meu sapato e minha meia.

— O que ele está fazendo na minha casa? — Diz o garoto


Hulk ao entrar como uma tempestade na sala.

— Ele é meu convidado. Vá para o seu quarto — Claire


rosna.
— Mas...

— Que Deus me ajude, Fletcher, eu nunca estive tão


zangada com você. Vá para o seu quarto agora — ela grita.

Ele me dá um último olhar de morte e marcha escada acima.

— Vou pegar um pouco de gelo — diz Claire. — Tenho que


ir até o freezer da garagem. De volta em um momento. — Ela
desaparece e o garoto mais novo vem e senta-se ao meu lado. Tão
perto que ele está quase sentado em cima de mim. Eu me afasto
dele.

Olho em volta da casa com horror. A mobília está toda


deslocada para o lado, e há ventiladores enormes, de frente para
o chão. O tapete tem enormes manchas molhadas... o que
aconteceu aqui? Eles estão lavando uma mancha de sangue?

A televisão está fazendo muito barulho em um programa de


jogos, e há algum tipo de projeto artístico espalhado sobre a mesa
do café. É confuso e caótico... não é o que eu esperava. A dor
penetra no meu tornozelo e eu me encolho.

Um gato salta para cima do sofá. É grande e feio, e ele vem


e tenta sentar-se em cima de mim. Eww. Eu me inclino para longe
dele.

— Muff. Saia de cima — diz o garoto.

Eu olho para ele. — Seu gato chama Muff?


Ele sorri e acena com orgulho. — Ele é levado. Ele faz xixi
nas coisas. — O gato pula no puff e começa a lamber meu pé. Eu
o empurro para longe. Ugh.

Eu belisco a ponte do meu nariz.

Minha nossa.

O garoto do meio vem e fica na nossa frente. — Estou de


olho em você — sussurra ele. Ele passa o dedo no pescoço
enquanto estreita os olhos.

Huh?

Pelo amor de Deus... ela está criando assassinos em série


aqui.

Começo a me sentir fraco.

— Meu nome é Patrick — diz o garotinho.

— Oi, Patrick, — respondo enquanto fico de olho no garoto


assassino em série, e faço um gesto para ele. — Qual é o seu
nome? — Eu pergunto.

— Seu pior pesadelo — sussurra ele com uma voz


monstruosa.

Eu franzo o cenho... que diabos está acontecendo com este


garoto? — Que nome estúpido — eu sussurro de volta.

— O nome dele é Harry — diz Patrick.


— Sim, bem, Harry é psicótico, — respondo com meus olhos
fixos em Harry. Eu bato na minha têmpora. — Esquisito, — eu
sussurro.

Harry me olha de forma estranha e coloca suas mãos ao


redor de sua própria garganta e começa a se estrangular
enquanto eu assisto. Ele faz ruídos de asfixia e cai no chão e
depois se finge de morto.

O que...?

Eu fico olhando para seu corpo sem vida no chão.

Eu nem estou brincando, este garoto é a porra de um louco.

Claire vem correndo de uma sala ao fundo. — Oh meu Deus,


Tris. Eu não tinha gelo, então teremos que usar um saco de
ervilhas.

Ela as coloca no meu pé. Meu tornozelo agora é do tamanho


de uma bola de futebol e palpita como uma cadela.

— Levante-se, Harry, — diz Claire enquanto ela cuida de


mim. Ele se levanta e corre para fora da sala, e eu fico encarando
ele ir embora. Eu não confio naquele garoto. Algo está seriamente
errado aqui.

Preciso manter minha perspicácia nesta casa... o fim está


próximo.
O canto do saco de ervilhas está aberto, e elas se espalham
pelo chão todo. Um cão vem correndo pela casa com um cone
amarrado na cabeça e começa a comer as ervilhas congeladas do
chão. — Woofy — Claire chama. — Não, garoto.

Eu franzo o cenho enquanto assisto com horror.

O que é este lugar abandonado por Deus?

Selvagens...

A criança do meio – qual era seu nome, Harry? – volta para


a sala com o que parece ser um cordão de vestido e um ursinho
de pelúcia. Ele se senta em frente a mim e eu franzo o cenho
enquanto o observo. Que diabos ele está fazendo agora?

— Eu te levo para casa, Tris, — diz Claire.

Meus olhos estão fixos no garoto malvado. Ele amarra a


corda ao redor do pescoço do urso de pelúcia.

— Você terá que deixar seu carro aqui, — continua Claire.

A criança fica de pé no sofá em frente a mim e deixa o urso


cair. Ele fica pendurado pela corda. — Pescoço quebrado... ele
está morto — sussurra ele.

Sai... sai... sai... sai da merda da casa.

Eu estou com pressa e tropeço no cão, que está comendo as


ervilhas. — Porra — eu choro de dor.
— Tristan, você não pode dirigir, — Claire arfa.

— Bem, eu não vou ficar aqui, porra, — eu gaguejo. Saio


pela porta da frente e dou uma última olhada em volta.

Eu nunca soube como era o inferno.

Agora eu sei.

— Tristan, volte.

Salto para o alpendre. — Adeus, Claire —, eu falo. Foi um


prazer conhecê-la.
Deito no sofá com o pé levantado. Eu tenho uma bolsa de
gelo nele e ele está latejando e inchado.

Isso é ótimo. Como diabos vou trabalhar quando não


consigo nem calçar um sapato? É melhor que o inchaço diminua
durante a noite. Tenho certeza que vai ficar bem.

Eu reorganizo a bolsa de gelo e me deito.

Minha mente repassa esta tarde e o que vi na casa de Claire.

Não tenho palavras.

Nada que me deixe menos chocado, de qualquer maneira.


Quando ela disse que tinha três filhos, eu estava imaginando
criancinhas fofas brincando com LEGOs.

O quão errado eu poderia estar?

Seus filhos são quase homens adultos – homens furiosos...


que me odeiam.

Eu tenho uma visão da casa e dos animais de estimação e


das crianças psicóticas, e balanço minha cabeça em desgosto.

Ela disse que estávamos em diferentes estágios de nossas


vidas e eu realmente não entendi o que ela quis dizer.
Agora eu entendi.

Nós não temos nada em comum... além de nosso senso de


humor, é claro – mas como um todo... não é suficiente e, para ser
honesto, me irrita.

Poderíamos ter tido algo. Poderíamos ter tido algo bom ‘pra’
caralho. Claire Anderson é quase perfeita. No entanto, a vida que
ela tem... não é, e eu não quero ficar perto daqueles garotos
ferozes nem por dez minutos. Eu odeio que ela tenha que lidar
com eles sozinha. Ela tem muito peso sobre os ombros e não sei
como ela aguenta. Como deve ser ela?

Não é problema seu.

Eu fico arrepiado ao imaginar o filho do meio, e odeio


admitir, mas o violento mais velho parecia quase normal em
comparação com aquele assassino em série em formação.

Tenho uma visão dele pendurando o ursinho de pelúcia.


Que diabos foi isso?

Eu imaginei isso?

Meu telefone dança pela mesa de centro, e eu o pego para


ver o nome de Claire.

Merda. — Olá — eu respondo.

— Oi, Tris. — Meu rosto cai em um sorriso triste ao som de


sua voz.
Foda-se... por que ela tem filhos... animais... o que diabos
eles são?

— Liguei para ver se você está bem, — diz ela.

— Sim, eu estou bem. — Eu suspiro.

— Oh meu Deus, Tristan, eu sinto muito.

Eu fico em silêncio.

— Ele é superprotetor comigo e tinha acabado de encontrar


uma cueca na minha bagagem. Ela deve ter se misturado quando
eu lavei minha roupa — ela mente, e eu sei que ele deve estar
ouvindo. — Ele teve um deslize momentâneo com seu
temperamento.

— Sim, eu estava lá, Claire. Eu vi, lembra? Em primeira


mão, na verdade. Tenho o tornozelo para provar isso.

— De qualquer forma, ele quer falar com você — ela diz.

— Não, isso não é...

— Alô — ele diz.

Eu reviro meus olhos. — Alô — eu respondo.

Ele exala pesadamente, e eu tenho uma visão de Claire de


pé sobre ele, fazendo-o fazer isso. — Eu sinto muito. Eu estava
fora da linha esta tarde — diz ele. — Eu não sei o que deu em
mim.
— Eu poderia acusá-lo de agressão — respondo.

Ele fica em silêncio.

— Sou apenas amigo do trabalho da sua mãe. Você tirou a


conclusão errada. Estava completamente fora da linha.

Sem resposta.

— Algo mais? — Eu estalo em frustração.

— Não.

— Então esse é o seu pedido de desculpas? — Eu franzo a


testa.

— Sim.

— Sua mãe está fazendo você me ligar?

— Sim.

— Você realmente sente muito?

— Não.

Eu estreito meus olhos... o que eu realmente quero deixar


escapar é que transei com sua mãe de todas as maneiras, e ela
amou cada centímetro do meu pau, seu merdinha. Mas não vou.
Eu serei o adulto aqui.

— Quer falar com a mamãe de novo? — Ele pergunta.


Eu franzo a testa enquanto contemplo a questão e fecho
meus olhos com pesar. Eventualmente eu respondo: — Não, tudo
bem. Obrigado por ligar. — Eu desligo.

Eu fico olhando para o telefone em minhas mãos por um


momento.

Tenho uma visão de Claire do outro lado da linha. Ela queria


falar comigo?

Minha mente repassa o quanto ela tem que lidar: trabalho,


dificuldades financeiras – e isso além de criar sozinha três
meninos que têm problemas óbvios.

Eu sinto por ela.

Eu jogo meu telefone no sofá e me arrasto para cima. Eu


coloco meu pé no chão para testar, e uma dor aguda me
atravessa.

Pelo amor de Deus, garoto estúpido.

São onze horas da manhã seguinte quando entro mancando


para trabalhar de muletas.
Jameson está parado na recepção. Seu rosto desmorona ao
me ver e ele me segue até meu escritório. — O que aconteceu com
você?

— Não pergunte. — Eu caio na minha cadeira, irritado.

— O que é que você fez?

— Ligamentos rompidos. Arrancou um pedaço de osso


quando se partiu.

Ele estremece. — Ai. Como você fez isso?

Eu arrasto minha mão pelo meu rosto. — Uma criança me


bateu com uma cueca.

— Ele o quê?

Eu sorrio e aperto a ponta do meu nariz. — Eu fui para o


circo dos horrores ontem, Jameson.

— Como assim?

— Deixe-me definir o tom do tipo de pessoa com quem estou


lidando aqui.

Ele franze a testa em questão.

— Eles têm um gato chamado Muff, — eu digo.

Ele me encara categoricamente.


— Que tipo de pessoa perturbada, doente, fodida e
distorcida chama um gato da família de... Muff?

— Do que você está falando? — Ele franze a testa.

— Então, conheci essa garota na conferência na França. —


Eu expiro pesadamente. — Ela era perfeita.

Ele revira os olhos. — Lá vamos nós, — ele murmura


secamente.

— Caixas marcadas que eu nem sabia que existiam.


Inteligente e engraçada. Gostosa pra caralho. — Eu ligo meu
computador. — Pequeno problema, porém... ela tem três filhos.

Ele estremece.

— Então voltamos para cá. Ela me disse que estava


terminando por causa dos filhos. Dizendo que viemos de mundos
diferentes, blá, blá, blá. — Eu reviro meus olhos.

Jameson sorri e se senta à minha mesa, seu interesse


aguçado.

— Não acreditei no raciocínio dela, então eu a segui do


trabalho para casa ontem.

— O que? Você a seguiu para casa? — Ele franze a testa.

Eu encolho os ombros. — Mais ou menos. Bem, Sammia


encontrou seu endereço, na verdade. De qualquer forma, eu
cheguei na casa dela. É como um ferro-velho; há merda em todo
lugar. — Eu aceno minhas mãos enquanto tento explicar a
enormidade da bagunça. — Sapatos e bicicletas e foda-se... tudo
que você pode imaginar.

Ele franze a testa enquanto escuta atentamente.

— Então o filho dela saiu correndo, mas ele não é uma


criança. — Meus olhos se arregalam. — Ele é a porra de um
adolescente grande. — Eu levanto minhas mãos para mostrar a
ele o quão alto. — Ele começou a me chicotear com uma cueca
que deixei na mala dela.

Os olhos de Jameson se arregalam e ele sorri.

— Então eu recuei em estado de choque, pisei em um skate


e sai voando escada abaixo.

Jameson ri.

— Só para ter aquele filho da puta louco pulando em cima


de mim e tentando enfiar minha própria cueca na minha boca.

Jameson inclina a cabeça para trás e ri alto.

— Tem mais, — eu gaguejo. — Essa não é a pior parte.

Jameson está rindo muito agora.

— Eles me levaram para dentro. Ela mandou aquela criança


para o quarto dele, e então ela foi buscar gelo, e então outra
criança apareceu. — Eu imagino seu rosto e meus olhos se
arregalam. — Esse garoto... é a porra do mal, cara, estou te
dizendo.

— Qual o nome dele?

Tento me lembrar disso. — O mesmo que aquele garoto


bruxo nerd... aquele com óculos. — Eu estalo meus dedos
enquanto tento pensar.

— Quem? Harry Potter?

— Sim, é isso. O nome dele é Harry.

Jameson sorri amplamente.

— Ele começou a cortar o pescoço com o dedo.

Jameson para de rir, chocado.

— Então ele coloca as mãos em volta da garganta e começa


a se sufocar até fingir sua morte, — sussurro.

— O que? — Jameson franze o rosto. — Isso é estranho.

— Oh, você acha? — Eu gaguejo. — Então ele saiu correndo


e voltou com uma corda e um ursinho de pelúcia, e eu vi quando
ele amarrou um laço em volta do pescoço da pelúcia e depois o
pendurou.

Os olhos de Jameson seguram os meus por um longo tempo.


Ele está tão confuso quanto eu. — Ele fez o quê?
Eu cruzo meus dedos sobre meu peito. — Deus é minha
testemunha. Essa merda realmente aconteceu.

Jameson ri alto em choque.

— E o cachorro, — eu grito. — O pobre cachorro.

— O que há de errado com o cachorro?

— Eles têm uma porra de um cone amarrado na cabeça.

— Para que?

— Para torturá-lo... por que mais?

Seu rosto cai e ele me encara. — O que?

— Eu nem estou brincando... saí para o carro e considerei


voltar em uma missão de misericórdia e roubar o pobre coitado
para salvá-lo. Ele estava comendo ervilhas, Jameson. Porra de
ervilhas, eu te digo.

Jameson inclina a cabeça para trás e ri muito.

Eu coloquei minha cabeça em minhas mãos. — Sinto muito,


Woofy.

— O nome dele é Woofy?

Eu aceno tristemente.

Ele uiva de tanto rir quando realmente perde o controle. —


O que você fez?
Eu expiro pesadamente. — Eu fiz o que qualquer homem
que se preze faz quando sua vida está em perigo.

— O que é isso?

— Eu dei o fora de lá.

— Você dirigiu para casa com esse tornozelo? — Ele


pergunta surpreso.

— Acelerei todo o caminho.

Jameson ri muito.

— Chega de MILFs22 para mim. — Eu levanto minhas mãos


no ar. — Terminei. — Eu viro para o meu computador. — Na
verdade, eu nem acho que quero filhos agora. Estou traumatizado
para o resto da vida.

Uma melancolia se apodera de mim. — Sabe, eu sabia que


ela era viúva e tinha uma vida difícil, mas nunca imaginei que
fosse tão ruim.

Jameson me observa. — Ela provavelmente estava


pensando em você quando terminou.

— Sim, eu acho. — Eu suspiro. — De qualquer forma, em


outra vida ela é a mulher perfeita. São as circunstâncias dela que
estragaram tudo.

22 Uma mulher mais velha sexualmente atraente, tipicamente uma que tem filhos.
São dez horas da manhã de quinta-feira e alguém bate na
porta do meu escritório.

— Entre.

Sammia entra e eu sorrio. Sammia é a assistente pessoal do


meu irmão e o sol de nosso escritório. Ela trabalha na recepção e
nos mantém todos em ordem. — Tris, suas entrevistas com
estagiários estão aqui.

Eu continuo digitando. — Ok, a que número reduzimos?

— Com todos os testes e as duas entrevistas que eles já


fizeram no nível quarenta, há três candidatos finais.

— Sim, ok, de qual você gosta? — Eu pergunto.

— Gosto da Rebecca, — diz ela. — Acho que ela tem o que é


preciso.

— Bem, para chegar até aqui, todos eles têm o que é preciso,
mas vamos ver quem entrevista o melhor. — Pego o arquivo da
entrevista interna. Todos os anos, assumimos apenas um no
nível gerencial. É a oportunidade de uma vida. Crianças viajam
pelos Estados Unidos para serem colocadas sob nossa proteção.
Todos as nossas crianças anteriores tiveram grande sucesso, e a
maioria delas está em cargos gerenciais. — Para ser honesto, nem
tive tempo de ler nenhuma das anotações da entrevista, —
admito.

— Tudo bem. — Sammia sorri. — Não é como se fosse seu


primeiro rodeio.

Eu rio. — Envie o primeiro a entrar.

— OK.

Abro o arquivo e tiro as perguntas relevantes que preciso


fazer. Eu preparo meu bloco de notas e caneta.

Uma batida leve soa na porta.

— Entre.

A porta se abre e eu olho para cima. Meu rosto cai.

É ele.

O atacante de cuecas. Nossas bocas se abrem em choque ao


mesmo tempo.

— Você é... Tristan Miles? — Ele engasga, horrorizado.

— Você está brincando comigo? — Eu grito. — Não consigo


nem andar por sua causa, e agora você apareceu aqui
procurando por um maldito emprego?
— Confie em mim. Eu não sabia que era você — ele rebate.

— Ou você não teria me atacado? — Eu suspiro.

— Não, eu ainda teria atacado você. Eu não teria vindo hoje.

Eu jogo minha cabeça para trás com desgosto. — Você está


brincando comigo?

Ele cruza os braços e estreita os olhos. — Então... você


estava mentindo.

— Sobre o que?

— Você não conhece minha mãe do trabalho.

— Sim, eu conheço, e por que diabos estamos falando sobre


sua mãe agora?

— Por que você veio à minha casa para vê-la? Por que você
simplesmente não a viu em seu escritório?

— Em primeiro lugar... — Eu aponto para a cadeira. —


Sente-se — eu estalo enquanto pego minhas muletas e as movo
para fora do seu caminho. Ele cai em seu assento. — Em segundo
lugar, da última vez que olhei, é a casa da sua mãe. E em terceiro
lugar, não é da sua conta por que eu queria falar com ela. Meu
tornozelo está completamente fodido, aliás, obrigado por
perguntar.

Ele sorri.
— Você acha isso engraçado?

— Não, eu acho que você é um idiota mentiroso. Era


totalmente sua cueca, e você pode enfiar sua vaga de emprego no
seu intitulado traseiro. Eu não quero mesmo.

Eu balanço minha cabeça. Por que não estou surpreso com


sua atitude? — Eu vou.

Nós nos encaramos.

— Não diga a minha mãe que vim aqui hoje.

Eu franzo a testa. — Ela não sabe?

— Não, e eu agradeceria se ela não descobrisse.

— Por que você não disse a ela?

— Eu iria surpreendê-la se conseguisse o emprego.

Eu fico olhando para ele enquanto processo suas palavras.


— Por que você não disse a ela que estava vindo para isso? As
inscrições já duram meses.

Seus olhos caem para o tapete. — Eu não queria que ela


ficasse desapontada quando eu não conseguisse.

— Ela não ficaria desapontada se você não conseguisse o


emprego. Eu sei disso com certeza.
Sua mandíbula aperta enquanto ele olha para o tapete na
nossa frente.

— Por que você quer este trabalho? — Eu pergunto.

— Quero aprender o que fazer e controlar a Anderson Media.


— Ele faz uma pausa. — Para que ela não precise trabalhar tanto.

Eu fico olhando para ele.

— Ela faz o suficiente. — Ele esfrega o sapato no tapete. —


Eu não quero que ela tenha que se preocupar mais.

Meu coração cai. — Você acha que tem que proteger sua
mãe?

— Eu não acho, eu sei isso. — Ele se levanta. — Está bem.


— Ele exala profundamente. — Não vou perder seu tempo.

Ele tem razão, ele tem que protegê-la. Ela vale a pena
proteger.

Eu o observo por um momento, e odeio admitir, mas estou


estranhamente impressionado com sua lealdade a Claire.

— Sinto muito pelo seu tornozelo, — ele diz.

— Você sente mesmo?

— Não. — Ele me encara. — Não me diga que você não faria


o mesmo se encontrasse a roupa íntima de alguém na bolsa da
sua mãe.
— Não, na verdade, eu não faria — murmuro secamente. —
Porque... eu não sou psicótico.

Ele revira os olhos. — Tanto faz. — Ele caminha em direção


à porta.

— Entrevistados internos geralmente apertam minha mão


— grito para ele.

— Esse não. — Ele se vira e sai. A porta bate


silenciosamente atrás dele.

Eu fico olhando para a porta que ele acabou de sair por um


momento, e então finalmente aperto o interfone. — Sammia,
envie o segundo candidato, por favor.

— Claro.

Meus olhos caem para olhar para a folha do sistema de


classificação de entrevistas na minha frente, e eu expiro
pesadamente. Como posso avaliar isso?

Eu fico olhando para a tela do meu computador. Já se


passaram cinco dias desde que entrevistei os três finalistas.
Cinco dias lutando contra mim mesmo por quem eu quero
contratar.

Rebecca é fantástica. Ela seria um trunfo para qualquer


empresa, e estarei oferecendo a ela um cargo,
independentemente de ela conseguir ou não esse cargo.

Joel, o outro candidato, era perfeito no papel. Seu teste


psicométrico estava certo e ele respondia a todas as perguntas
com uma perfeição experiente.

Em seguida, houve Fletcher Anderson. Ele nem queria fazer


a entrevista. Ele não apertou minha mão e quase me matou com
apenas um pedido de desculpas. Ele é louco e selvagem e tudo
que eu não tenho tempo ou energia para treinar.

Ele também tinha mais paixão em seu dedo mínimo do que


os outros dois combinados.

Não importa o quanto eu tente me convencer do contrário,


é para ele que eu sempre volto. Ele é o único com lealdade à
família, embora... maltratado. A mídia está em seu sangue e ele
tem uma oportunidade real de assumir o controle da Anderson
Media um dia como o CEO... isso se a empresa aguentar tanto
tempo. Eu sei que vai. Claire tem isso. Com sua paixão,
temperamento e o treinamento certo, poderíamos torná-lo o
melhor CEO de Nova York.
Eu expiro pesadamente enquanto analiso os prós e os
contras de cada candidato novamente, esperando por algum
milagre encontrar algo bom sobre os outros dois – e há, mas há
apenas uma qualidade inexplorada que Fletcher tem. Mas então
ele tem grandes problemas de raiva, e talvez eu seja forçado a
despedi-lo de qualquer maneira.

Dois passos para frente, um passo para trás.

Eu até tentei ligar para Rebecca para oferecer a ela o cargo


ontem, mas quando cheguei a fazer a ligação, eu não consegui.

Minha cabeça diz que ele é muito difícil e para deixá-lo ir;
meu instinto está me dizendo que ele é o único.

Decisões, decisões.
Claire

Patrick está deitado na minha cama enquanto eu dobro a


roupa lavada e empurro tudo ao redor dele em pilhas. — Leia
essa linha de novo, Paddy — eu digo.

— A casa ficava no ha... ha... ha... — Ele franze a testa


enquanto se concentra.

— Fale — eu o lembro.

— Ham-p-tons. — Ele acentua o s no final.

— Sim, você conseguiu.

Ele sorri com orgulho e segue em frente. Patrick acabou de


receber o diagnóstico de dislexia neste ano. E para ser honesta,
assim que recebemos esse diagnóstico, foi um grande alívio para
mim. Seus professores e eu não conseguíamos descobrir por que
ele não sabia ler e por que algumas tarefas na escola eram tão
difíceis para ele quando ele é obviamente tão brilhante. No final,
levei-o a um terapeuta e ela descobriu.

— Todos... — Ele franze a testa. — Longo — ele continua.

Fletcher entra na sala. Ele está lutando contra um sorriso.

— O que? — Eu pergunto enquanto continuo dobrando.

— Decidi que estou adiando a universidade.


Jogo uma toalha recém-dobrada na pilha. — Bem, isso não
está acontecendo.

— Sim, está. Tenho dezoito anos no próximo mês, mãe. Eu


posso fazer o que eu gosto.

— Fletcher Anderson, você é inteligente demais para ficar


um ano sem fazer nada. Não estou nem discutindo isso com você.

— Consegui um estágio.

Meu rosto cai. — O que você quer dizer?

— Candidatei-me há seis meses e cheguei aos três finalistas.

— O que? — Eu fico olhando para ele. — Por que você não


me contou?

— Eu não queria que você tivesse muitas esperanças.

Eu sorrio e pego seu rosto em minhas mãos. — Fletch,


quando você vai parar de se preocupar comigo? — Eu dobro outra
toalha. — Então, quando é a entrevista final?

— Eu já tive.

Meu rosto cai novamente. — O que? Quando?

— Quarta-feira, em Nova York.

Eu fico olhando para ele. — Como você fez isso sem eu


saber?
— Peguei o trem. De qualquer forma, não achei que tivesse
chance depois de segunda-feira e da maneira como nos
conhecemos.

Eu franzo o rosto em confusão. — O que você quer dizer?

— É com a Miles Media.

— Você conseguiu um estágio na Miles Media? — Eu


suspiro.

— Sim. — Ele sorri com orgulho. — Tristan Miles é meu


novo chefe.

Meus olhos se arregalam de horror. — O que? Não — eu


estalo. — Você não pode trabalhar com ele. — Jogo a próxima
toalha na pilha com força. — Esqueça.

— Mãe, eles são a melhor empresa de mídia do mundo. É


muito importante para mim conseguir isso. Eles tiveram mais de
quatro mil candidatos.

— Você tentou enfiar uma cueca na boca dele, Fletcher, —


eu choro. — Como você pode entrar naquele escritório e não ter
vergonha de si mesmo?

— Está bem. Eu pedi desculpas, lembra?

— Não, não está tudo bem. Isso nunca vai ficar bem. É a
coisa mais embaraçosa que já testemunhei. Você não pode
trabalhar lá, eu proíbo.
Fletcher é um foguete. Eu não quero que ele me envergonhe
ainda mais. Tenho uma visão dele perdendo a paciência no
trabalho e tremo de mortificação. Este é meu pior pesadelo.

— Eu vou — ele diz firme. — Você não pode me impedir.

— Eu posso e vou — eu grito.

— Quero aprender com os melhores. Eu quero dirigir a


Anderson Media um dia, eles podem me ensinar como.

— Tudo o que eles vão te ensinar, Fletcher, é como ser


implacável.

— E é exatamente isso que eu quero aprender.

Eu olho para ele. — Você liga para Tristan Miles e diz a ele
para enfiar seu trabalho onde o sol não brilha. — Estou tão
zangada com aquele homem por ter mexido nisso que nem
consigo suportar.

Ele deveria ter me ligado para me contar sobre a entrevista.

Desde que ele conheceu meus filhos, não tenho notícias


dele. Não que eu quisesse, mas de qualquer maneira, é o princípio
da situação. E agora, ele não me liga, mas oferece um emprego
ao meu filho como uma espécie de desculpa esfarrapada por ele
ser um covarde que odeia crianças? Ele estava tão quente por
mim e veio até minha casa, e depois de uma reunião com meus
filhos... boom. Frio como gelo.
Eu deveria ter esperado por isso – na verdade, quem estou
enganando? Eu fiz.

O homem bonito que conheci na França não é o homem frio


que mora em Nova York. Eles estão em mundos separados. O
homem da França eu adorei; o homem em Nova York que eu
desprezo.

Não o quero perto de Fletcher e, definitivamente, não quero


que Fletcher aprenda ética nos negócios com ele.

A noção é absurda.

Eu dobro minhas toalhas com força. Eu não me importo


com Tristan Miles de qualquer maneira. Não é como se eu
quisesse alguma coisa, mas ele definitivamente cutucou meu ego.
Eu sei que ele é brilhante e sei que Wade estaria apoiando isso.
Mas Tristan Miles é frio e calculista no mundo dos negócios. Não
quero que a primeira posição de Fletcher seja com ele. Ele é tão
impressionável, e não quero que pense que o foco cruel da Miles
Media é normal. É um desastre esperando para acontecer.

— Eu começo na segunda-feira — Fletcher diz.

— Sobre o meu cadáver.


Endireito a gravata de Fletcher. — Agora lembre-se, peça
ajuda se você não souber o que fazer.

— Sim, mãe.

Eu tiro a poeira de seus ombros. Depois de um fim de


semana de acessos de raiva e lágrimas, eu cedi. Fletcher está
começando a trabalhar com Tristan esta manhã, e eu nunca me
senti tão mal em minha vida. — E certifique-se de beber muita
água. Se você ficar desidratado, não será capaz de se concentrar.

Ele revira os olhos.

— Agora, eu embrulhei um almoço para você. Não adquira


o hábito de comprá-lo. Você vai perder uma fortuna.

— Mãe. — Fletcher balança a cabeça de maneira sutil.

— Porque... você sabe? O que você começar a fazer neste


primeiro emprego estabelecerá a base para toda a sua carreira
profissional. Eu quero que você construa bons hábitos. Esta é
uma oportunidade de aprender, Fletch. Veja e aprenda, mas
lembre-se sempre que você é um Anderson. — Eu coloco meus
dedos em seu cabelo.

Ele sorri para mim. — Eu vou.


— Ser inteligente nos negócios não significa que você tem
que ser cruel — eu o lembro.

— Eu sei, nós conversamos sobre isso. — Ele suspira.

— Seu pai era um homem tão bom, Fletch, com a mais


elevada moral.

Ele sorri amplamente.

É meu maior medo que Tristan transforme este menino


jovem e impressionável. Meus olhos se enchem de lágrimas com
a mera perspectiva.

— Mãe. Pare.

Eu coloco minhas mãos sobre a boca enquanto olho para o


meu lindo filho. — Sinto muito, querido. Estou tão nervosa por
você.

— Por quê?

— Porque isso é um grande negócio, e eu não quero que você


bagunce tudo.

— Mãe. — Ele suspira. — Enfiei uma cueca na boca do meu


chefe antes mesmo de conseguir o emprego. Tenho quase certeza
de que já estraguei tudo o máximo fisicamente possível.

Eu seguro minha testa enquanto olho para ele. — Deus, por


favor, não me lembre. Esse será para sempre o momento mais
mortificante da minha vida. — Eu volto a mexer em sua gravata
para me distrair.

— Funcionou.

Eu franzir a testa. — O que isso significa?

— Bem, ele nunca mais voltou. — Ele sorri.

— Éramos apenas amigos, Fletcher. Ele nunca voltaria de


qualquer maneira... muito antes de você fazer isso. Não se iluda.
Se ele e eu fôssemos realmente uma coisa, você realmente acha
que isso o deteria?

— Hmm. — Ele encolhe os ombros, não acreditando em


mim.

Nunca vou admitir a verdade – que ele está certo e, tal como
planejou, realmente funcionou. Tristan nunca mais me contatou
depois daquele dia fatídico. Ele foi de vir à minha casa para me
perseguir... para nunca mais ligar novamente. Diz muito sobre
ele e a coragem que ele tem – ou a falta dela. Enfim, quem se
importa?

Boa viagem. Na verdade, estou grata que Fletcher o


assustou. Me salvou do trabalho e impediu que as coisas se
arrastassem.

— Basta lembrar de ser profissional — eu o lembro.

— Eu sei.
— E use suas maneiras.

Ele revira os olhos.

— E se você tiver problemas, o que você faz?

— Vou ao banheiro e conto até dez para me acalmar. — Ele


suspira.

Eu sorrio enquanto arrumo seu cabelo. — É isso, Fletch. —


Eu sorrio para ele. — Você vai ser ótimo.

Eu continuo arrumando seu cabelo e ele me afasta. — Já


chega, mãe.

Pego seu rosto com força em minhas mãos e trago seus


olhos nos meus. — Você sabe o quanto eu e seu pai estamos
orgulhosos de você?

Ele encolhe os ombros tristemente. — Obrigado.

Eu sorrio. — E me ligue na hora do almoço.

— Oh meu Deus. Parar de me chatear. Eu não vou ter


tempo.

— Um minuto... você tem um minuto.

Com um último revirar de olhos, ele desce as escadas e eu


o sigo e pego minhas chaves. — Vamos lá.
Este é o dia mais longo de toda a minha vida. Pego meu
telefone e verifico novamente. — É uma e meia da tarde. Por que
ele não ligou? — Eu suspiro.

— Ele provavelmente se esqueceu — responde Marley.

— E se eles não lhe deram o almoço? — Eu digo. — Ele não


aguenta não comer. Ele pode desmaiar.

Marley revira os olhos. — Vai ficar tudo bem, e não é um


campo de prisioneiros. Miles Media tem uma das melhores
reputações por tratar bem sua equipe.

— Você vai parar de me dizer que tudo vai ficar bem? — Eu


resmungo. — Porque tenho um motivo para me preocupar e estou
muito preocupada com ele.

— Oh meu Deus, você está enlouquecendo... e a mim, por


falar nisso.

— Quando você tiver um filho que vai trabalhar para o maior


bastardo do mundo, você me deixa saber como foi.
— Ok, tudo bem. — Ela sorri na minha direção. — Isso não
teria nada a ver com o fato de o Sr. Miles não ter ligado para você,
teria?

Eu franzo o rosto em desgosto. — O quê, como se eu


estivesse chateada por ele não ter me ligado? Eu já tinha
terminado com ele – não que realmente tivéssemos algo para
terminar. Foi apenas uma semana, Marley, e, além disso, Tristan
Miles não significa nada para mim. Mas tenho sérias suspeitas
sobre por que ele teria contratado Fletcher em primeiro lugar.
Algo parece errado. Fletcher tentou acertá-lo com sua própria
cueca, pelo amor de Deus.

Marley ri. — Oh, Senhor, como eu gostaria de estar lá para


ver isso. Aposto que Tristan Miles nunca teve isso antes.

Eu sorrio ao me lembrar daquele dia histórico. Nunca fiquei


tão horrorizada e, ao mesmo tempo, tão divertida. Não que eu
fosse admitir isso para alguém, nem mesmo para Marley.

— Eu só vou mandar uma mensagem para ele. Não posso


ficar louca assim por mais tempo. — Eu digito.

Oi Fletch, como vai, parceiro?

Uma resposta volta direto.

Eu odeio este trabalho. Odeio esse homem, não voltarei


amanhã.
Meus olhos se arregalam de horror. — Oh não, Marley. Isso
vai ser pior do que ele nem mesmo começar. Eu já posso ver isso.

Eu respondo.

Porque. O que está acontecendo?

Ele responde.

Falo com você esta noite, tenho cinco minutos restantes


para o almoço.

Eu olho para Marley, meu estômago afundando. — O que


está acontecendo lá? Eu não acredito nisso.

Marley revira os olhos. — Eu acredito, na verdade. Vamos


enfrentar isso, Claire. Fletcher não aceita bem ordens
exatamente.

Eu solto uma grande respiração profunda. — Espero que a


tarde dele seja melhor.

Marley sorri. — Será. Você não se lembra de como foi


começar um novo emprego? O primeiro dia de todo mundo em
um novo emprego é ruim, Claire.

Eu encolho os ombros. — Acho que você está certa.

— Tudo ficará bem. Relaxe e deixe-o. Ele é quase um


homem. Ele precisa encontrar seu próprio caminho.
— Sim, eu sei. — Eu suspiro. Pego minha caneta e tento
voltar ao trabalho. Imagens em forma de pesadelo do meu pobre
bebê sozinho naquele grande escritório corporativo mal-
humorado estão passando pela minha mente.

Por que ele não pode simplesmente ir para a universidade?

Misturo o queijo na grande panela de espaguete à


bolonhesa. Terminei mais cedo hoje e, embora quisesse pegar
Fletcher no trabalho, deixei que ele pegasse o trem para casa.
Estou realmente tentando o meu melhor para dar a ele um pouco
de amor. Ele quer ser um menino grande e trabalhar, ele precisa
aprender a ser autossuficiente. Eu olho para o relógio. Onde ele
está?

Eu olho para meus outros dois filhos, que estão sentados


no balcão da cozinha. — Como foi na escola hoje, Harry?

— Ok.

— Como estava a Sra. Parkinson?

— Uma bruxa, como sempre. — Ele suspira.


— Não acho que é muito legal chamar sua professora de
bruxa.

— Sim, bem, se ela parasse de agir como uma, eu não teria


que chamá-la assim.

— Apenas fique longe de problemas, por favor, Harry. Você


está em seu último aviso naquela escola. Eu preciso que você se
comporte. Você precisa mostrar a todos como você realmente é
inteligente e charmoso.

Harry revira os olhos. Patrick dá um sorriso bobo para mim.

— Agora vamos ser legais quando Fletch chegar em casa.


Ele teve um dia muito ruim. E quero que vocês, rapazes, tentem
fazê-lo se sentir melhor.

— E como vamos fazer isso? — Harry pergunta revirando os


olhos.

— Basta falar sobre as coisas e tirar sua mente disso. Faça-


o rir. Tente fazê-lo ver que as coisas não são tão ruins quanto ele
pensa.

Harry sorri. — Eu acho que elas são tão ruins quanto ele
pensa. Imagine trabalhar com aquele burro pomposo.

— Você nem mesmo o conhece — eu digo. — Você não pode


dizer isso, ele é um bom homem. E ele é o novo chefe de Fletch,
então você mostre algum respeito por ele.
Ouvimos a porta da frente bater e Fletcher aparece. Seu
cabelo está bagunçado, a gravata torta, sem o paletó, os cadarços
estão desfeitos. Parece que ele foi ao inferno e voltou. Eu mordo
meu lábio para abafar meu sorriso enquanto dou um abraço nele.
— Como está meu garotão trabalhador?

— Foi um verdadeiro inferno.

Meu rosto cai. — Por quê? O que aconteceu?

— Basicamente, estraguei tudo em que toquei.

— Tudo bem. Você é apenas novo, eles não podem esperar


que você saiba tudo. Ninguém sabe tudo no primeiro dia. — Eu
sorrio enquanto o observo. — Qual foi a última coisa que ele disse
a você?

— Não se atreva a se atrasar amanhã.

Eu franzo a testa. — Ele não disse 'Obrigado pelo seu


primeiro dia'?

— Não, mãe. Eu disse que ele é um idiota.

— Hmm. Bem, vamos ver como será o amanhã.

— Eu não vou voltar.

— Sim, você vai, Fletcher, — eu digo. — Você vai trabalhar


duas semanas lá. Eu não vou permitir que você me envergonhe.
Se você não gostar depois de duas semanas, você pode parar,
mas você vai aguentar e pelo menos dar uma chance.

Fletcher revira os olhos e se senta à mesa, e eu coloco seu


espaguete à bolonhesa na frente dele. — Eu fiz o seu favorito.

— Estou muito cansado para comer.

Eu finjo um sorriso e corro meus dedos por seus cabelos. —


Eu sei, baby, eu também.

Sento-me à mesa e espero Fletcher chegar do trabalho.


Honestamente, quem diria que ter um filho começando a
trabalhar seria tão estressante? Não consigo pensar, não consigo
dormir e tenho saído do trabalho cedo todos os dias para poder
chegar em casa bem antes dele e preparar suas refeições
favoritas.

Tristan está dando um inferno para ele, e eu sei que ele pode
precisar disso. Mas a mãe em mim está preocupada que Tristan
esteja apenas tentando lhe ensinar uma lição sobre a maneira
como eles se conheceram. Eu fecho meus olhos com horror. Não
consigo nem pensar naquele dia sem me encolher. Chicoteando-
o com uma cueca e depois tentando enfiá-la na boca... oh, o horror.

O que diabos Fletcher estava pensando?

Mas você sabe o que? Estou orgulhosa de Fletch. Tenho


orgulho dele por ter se destacado entre todos os outros
candidatos, por ter aceitado o cargo em primeiro lugar e depois
por ter a coragem de continuar com o cargo e voltar dia após dia.

A porta se abre e eu sorrio e pego o bolo de chocolate que


acabei de fazer para ele. Ele vem dobrando a esquina e eu forço
um sorriso, embora eu sinta vontade de chorar ao ver seu rosto
triste. — Oi, Fletch.

— Oi. — Ele arranca a gravata agressivamente.

— Eu fiz um bolo de chocolate para você. — Eu o seguro na


direção dele. — Seu favorito.

— Obrigado. — Ele suspira. Ele estica o dedo, passa pela


cobertura e o enfia na boca.

Eu me preparo para fazer a pergunta temida. — Como foi o


seu dia?

Ele afunda em uma cadeira. — Inferno.

— Realmente? — Eu sussurro. Droga. Eu realmente quero


que isso dê certo. — Por quê? O que aconteceu hoje?
— Não sou muito bom nisso, mãe.

— Querido, você não deveria ser muito bom nisso. Você é


apenas novo.

Ele exala pesadamente e passa o dedo pela cobertura mais


uma vez.

— Como é o Tristan? — Eu pergunto.

— Normal.

— Normal? — Eu franzo a testa. — Tipo, como? — Eu o


observo por um momento. — Me dê um exemplo.

Ele sopra ar nas bochechas. Nunca o vi tão desanimado. —


Bem. — Ele faz uma pausa enquanto para ‘pra’ pensar. —
Fazemos essa coisa aonde ele vai e visita todos os gerentes em
cada andar, e eu o sigo como um cachorrinho e faço anotações.
Hoje houve um encontro de todos.

— Sim, ok, isso é padrão.

— Bem, hoje descemos ao quadragésimo andar e entramos


na reunião, e percebi que deixei minha caneta em cima da mesa.

— Sim. — Eu franzo a testa enquanto o ouço. — Continue.

— Não havia outras canetas lá, então eu apenas sentei e


ouvi ele falar junto com todos os outros.

Eu aceno enquanto ouço.


— No meio da reunião, ele percebeu que eu não estava
fazendo anotações e perguntou por quê. Eu disse a ele que deixei
minha caneta para trás e ele perdeu completamente o controle,
gritou comigo na frente de todos e me expulsou da reunião de
gerenciamento.

— O que? Ele estava gritando com você? — Eu franzo a


testa.

— Como um louco. Dizendo que ele não vai tolerar minha


preguiça ou desleixo, e se eu não tiver vontade de aprender, então
posso deixar a Miles Media agora mesmo.

Minha boca se abre de surpresa. — O que? Por uma caneta?

— Mãe, isso não é nem a metade. Ele grita comigo o dia


inteiro. Tudo o que eu faço é errado.

A raiva ferve em meu estômago. — Ele grita com você?

— Grita ‘pra’ caralho. Até Jameson, o CEO, teve que vir e


me resgatar hoje. Ele disse a ele para se acalmar. — Seus olhos
se arregalam. — E Jameson Miles é conhecido por gritar com todo
mundo o tempo todo, mãe, então eu sei que Tristan não deve
gritar com ninguém como faz comigo. — Ele joga as mãos para o
alto. — Sammia, assistente de Jameson, até me comprou um
cupcake hoje. Ela também sente pena de mim. Ela me disse para
não me preocupar com ele – que eu estava fazendo um bom
trabalho. — Seus ombros caem. — Ele simplesmente me odeia.
Meus olhos se estreitam enquanto sinto a raiva torcer em
minhas entranhas. — Apenas o ignore, parceiro. — Eu finjo um
sorriso. — Ele vai se acalmar. — Se então. — Basta manter a
cabeça baixa e fazer o seu trabalho. — Eu corto para ele um
pedaço de bolo e entrego.

— Bolo antes do jantar? — Ele franze a testa.

— Bolo para o jantar, se quiser. — Eu o vejo comer e olho


para o espaço enquanto a adrenalina sobe pelo meu corpo.

Tristan porra Miles... não me empurre.

— O que você acha, Marley? — Eu pergunto. — Eu deveria


estar preocupada?

— Hmm, é difícil. — Ela bebe sua Coca. Estamos em um


restaurante almoçando. — Por um lado, você deseja que Fletch
seja ensinado da maneira certa.

— Sim, mas ele está gritando com ele, Marl. Em que


trabalho isso está okay?
— Não é. Concordo. — Ela encolhe os ombros. — Não é legal
em nenhum local de trabalho.

— Deus, estou ficando louca com isso. E se ele apenas o


contratou para colocá-lo no inferno pela maneira como eles se
conheceram? E se ele estiver sendo desagradável de propósito
para me ensinar uma lição por acabar com as coisas?

— É completamente possível. — Ela encolhe os ombros


novamente. — Mas esse trabalho vai fazer bem para Fletch para
o resto da vida, então mais o engana, sabe?

— Mas até que ponto isso é suficiente? Tipo, até onde devo
deixar ir? — Uma mensagem chega. É de Fletcher.

Oi.

Eu sorrio. — Fletch está no intervalo do almoço. — Eu


respondo.

Posso ligar para você?

Ele responde.

Sim.

Eu disco o número dele e ele atende no primeiro toque. —


Oi, Fletch. — Eu sorrio. — Como está indo?

— Uma droga. — Ele suspira.

— Por quê?
— Bem, aparentemente agora sou estúpido.

Minha raiva aumenta. — Ele chamou você de estúpido?

— Sim.

— É isso aí. — Minha raiva explode. — Não volte depois do


almoço.

— Mãe.

— Eu quero dizer isso. — Eu grito. — Ele não pode chamar


você de estúpido, Fletcher, isso é inaceitável.

Os olhos de Marley se arregalam de horror enquanto ela


escuta. — O que? — Ela murmura. — Ele o chamou de estúpido?

— Nenhum trabalho vale o seu autorrespeito, Fletcher. Não


volte.

— Mãe, cale a boca. Você está tornando tudo pior. Eu nem


deveria ter te contado.

— Fletcher.

Ele desliga.

— É isso — eu digo. — Ele foi longe demais desta vez. — Eu


bebo minha bebida, bato meu copo vazio na mesa e fico de pé. —
Te encontro no trabalho. Tenho um encontro com o maldito
Tristan Miles.
— Ah Merda. Boa sorte. — Ela estremece.

Eu soco meu punho. — Me tire da prisão, sim?

Ela ri e levanta o copo para mim. — Sim, ok, de qual conta


devo retirar o dinheiro da fiança?

— Você vai ter que roubar um banco.

— Entendido.

Saio correndo do restaurante com uma missão. Tristan


Miles está procurando uma luta e ele acabou de encontrar uma.

Ninguém chama meu filho de estúpido e se safa.

Eu marcho até a recepção no edifício Miles Media.

— Olá, eu posso ajudar você? — A jovem sorri.

— Eu gostaria de ver Tristan Miles, por favor.

— Você tem um compromisso marcado?

— Não.
— Eu sinto muito, isso será impossível.

— Diga a ele que Claire Anderson está aqui para vê-lo.

— Sinto muito — ela continua.

— Diga a ele — eu a interrompo. — Não vou embora até vê-


lo.

Ela e a outra recepcionista trocam olhares e ela disca um


número. — Oi, Sammia. Tenho uma Claire Anderson para ver
Tristan Miles na recepção.

Ela escuta e segura o telefone. — Ela está apenas


verificando.

Eu posso ouvir meu pulso enquanto bombeia sangue


fervendo pelo meu corpo.

Boom... Boom... Boom.

— Ok, obrigada. — Ela digita algo e entrega um cartão de


segurança em um cordão. — Você pode subir. Hector irá
acompanhá-la.

— Eu posso encontrar sozinha — eu rosno.

— Ninguém vai para o andar de cima sem um segurança.

Ele vai precisar de um. — Ótimo.


Ela acena para um segurança e ele se aproxima. — Você
pode acompanhar a Sra. Anderson para ver Tristan Miles, por
favor?

— Claro. — Ele sorri para mim. — Por aqui, por favor. — Ele
aponta para o elevador e eu mordo o interior da minha bochecha
para me impedir de falar. Estou tão brava que não consigo juntar
duas palavras.

Eu olho diretamente para as portas enquanto repasso na


minha cabeça o que vou dizer.

As portas se abrem e eu saio correndo. Meu passo vacila


quando vejo o andar.

Que porra é essa?

Vistas amplas de toda Nova York. Mármore branco. Luxo


contemporâneo no seu melhor. É claro que o escritório dele é
assim... só ferve mais meu sangue.

A bonita recepcionista sorri. — Olá, sou Sammia. Você está


aqui para ver Tristan?

— Sim, por favor. — Lembro-me de minhas maneiras e forço


um sorriso. — Olá, sou Claire Anderson.

— Você é... — A voz dela some.

— Sim, sou a mãe de Fletcher.


Eu vejo o momento exato em que ela percebe porque estou
aqui – seus olhos se arregalam. — Ah, eu vejo. — Ela se levanta
e estende a mão. — Por aqui, por favor.

Viramos à esquerda e descemos um amplo corredor. Posso


ver o horizonte de Nova York no final, e os escritórios estão todos
à esquerda. — O escritório dele é no final — diz ela.

Continuo a segui-la e chegamos a uma grande sala, outra


área de recepção, e vejo Fletcher sentado em uma mesa. Duas
meninas estão nas mesas ao lado dele: uma parece mais jovem.

O rosto de Fletcher cai quando ele me vê. — Mãe, o que você


está fazendo aqui? — Ele gagueja em pânico.

— Estou apenas visitando Tristan. — Eu fingi um sorriso.


— Obrigada, Sammia. — Eu abro a porta de Tristan e fecho atrás
de mim.

Eu o encontro sentado em sua mesa. Ele olha para cima e


passa a língua no lábio inferior e se recosta na cadeira, como se
estivesse se divertindo.

Arrogância personificada.

— Claire Anderson. — Ele sorri.

Eu estreito meus olhos.

— E a que devo este prazer? — Ele diz, caneta na mão.


— Oh, eu acho que você sabe — eu zombo.

Ele levanta uma sobrancelha. — Não. Na verdade, eu não.

— O que diabos você está fazendo com Fletcher?

— O que você quer dizer?

— Quero dizer, — eu falo, — como você ousa chamá-lo de


estúpido? Como você ousa gritar com ele na frente de outra
equipe? Ou em tudo, por falar nisso.

Ele inclina o queixo para o céu desafiadoramente. — Ele


correu para a mamãe, não é?

— Tristan — eu sussurro com raiva. — Eu entendo que


vocês se conheceram em circunstâncias terríveis, mas é óbvio que
você só o contratou para fazer dele um bobo. E eu não vou
permitir.

Ele estreita os olhos e se recosta na cadeira. — É isso que


você acha?

— Isso é o que eu sei.

Ele se levanta e dá a volta na minha frente. — Vou lhe dizer


o que estou fazendo com Fletcher Anderson. Estou ensinando
ética de trabalho a ele. Ele é preguiçoso e precisa de disciplina.

— Você não o está treinando, você está menosprezando-o —


eu atiro de volta.
— Estou ensinando-o a ter algum respeito — responde com
calma. — Algo que ele obviamente não aprendeu em casa.

— Por que diabos ele respeitaria um idiota como você? —


Eu sussurro com raiva.

— Porque eu sou o chefe dele, Claire, e não estou tolerando


suas desculpas — ele responde.

— Chamando-o de estúpido, — eu grito.

— Eu não o chamei de estúpido. Eu disse a ele para parar


de agir como estúpido. Existe uma grande diferença. Ele é
inteligente, Claire, muito mais do que você acredita. Ele não tem
problemas de raiva, ele tem um maldito problema de atitude e
estou me livrando disso.

— Fazendo dele um bobo? — Eu suspiro.

— Fazendo com que ele aprenda com seus erros. Se ele não
for punido quando os faz, ele continuará fazendo isso. Você não
aprende uma lição a menos que isso o deixe desconfortável.

— Você gritou com ele por esquecer uma caneta, pelo amor
de Deus — gaguejo.

Seu rosto se contorce de raiva. — Quantos CEOs você


conhece que não levam uma caneta para uma reunião, Claire? —
Ele zomba. — Regra número um. — Ele levanta o dedo para
acentuar seu ponto. — Esteja preparado. Não compareça a uma
reunião despreparado.

A porta se abre e Fletcher aparece. Ele fecha atrás dele.

Tristan olha para ele. — Você corre para a mamãe quando


tem problemas? — Ele pergunta.

Fletcher o encara.

— Você vai correr para a mamãe quando alguém roubar sua


empresa ou sua namorada? — Ele pergunta. — É isso que um
homem faz? Correr para a mamãe?

— Como você ousa? — Eu sussurro com raiva. — Pegue


suas coisas, Fletcher, estamos saindo. Você não tem que aturar
isso.

— Volte para sua mesa, Fletcher, e termine esse relatório —


Tristan rosna.

Fletcher olha entre nós, sem saber o que fazer.

— Fletcher Anderson, — afirma Tristan. Sua voz aumenta


junto com sua raiva. — Esse relatório deve estar na minha mesa
antes de você partir hoje. Eu não me importo se não sairmos
daqui antes da meia-noite.

— Ele está vindo comigo — eu grito. — Enfie o seu relatório


na sua bunda.
— Mãe, — interrompe Fletcher. — Não faça isso.

— Fletcher, vamos — eu insisto.

— Você quer saber por que estou sendo tão duro com esse
garoto, Claire? — Tristan pergunta.

Eu fico olhando para ele.

— Porque Fletcher Anderson tem mais potencial do que eu


já vi há muito tempo. Ele é superinteligente.

O peito de Fletcher sobe enquanto ele luta contra um sorriso


torto.

— Mas ele também é um merda, é preguiçoso e não tem


disciplina — acrescenta.

Eu continuo olhando para Tristan.

— Posso dar a ele as ferramentas de que ele precisa, mas


elas não vêm com facilidade. Não há atalhos para isso, Claire.
Sou a única pessoa que pode dar a ele o kit de ferramentas.
Portanto, não entre aqui e estrague tudo para ele. Você está
estragando ele com toda sua gentileza, Claire. Ele não é uma
criança. Ele é um homem. Ele precisa crescer e assumir a
responsabilidade por suas próprias falhas.

Fletcher abaixa a cabeça.


— Por que diabos você ainda está de pé aqui, Fletcher? —
Ele berra. — Vá e termine o relatório.

— Vejo você em casa, mãe — diz Fletcher. Ele se vira e sai


correndo do escritório, e Tristan volta para se sentar atrás de sua
mesa.

Olhamos um para o outro por um longo tempo.

O ar entre nós é elétrico – só que desta vez alimentado pela


raiva.

— Estou de olho em você — sussurro.

— Eu direi quem você deve olhar: aquele seu filho do meio.


O bruxo.

— O meu filho do meio não é da sua conta — eu zombei.

A coragem deste homem. É exatamente por isso que não o


quero perto dos meus filhos, ele é frio e crítico e não tem qualquer
tipo de empatia.

Um maldito idiota.

— Adeus, Tristan.

Ele levanta uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa.

— O que? — Eu estalo.
— É isso? — Ele segura a caneta na mão. — Isso é tudo que
você quer me dizer?

Eu estreito meus olhos. A qualquer minuto estou prestes a


explodir.

— Não tenho mais nada a dizer a você.

Ele me dá um sorriso sarcástico. — Mentirosa.

Puta que pariu. Este homem me torna termonuclear. Eu


quero pular sobre a mesa e tirar aquele sorriso sarcástico de seu
rosto.

Antes de perder a paciência, eu me viro e saio do escritório


com meu sangue fervendo nas veias.

Não posso acreditar que realmente me senti atraída por


aquele idiota.

Que piada de merda.

A televisão está ligada ao fundo. As crianças discutem entre


si enquanto se sentam no chão montando um quebra-cabeça.
Woofy está perseguindo Muff pela casa, e eu estou enrolada no
sofá, fingindo ler.

Minha mente não está aqui, no entanto.

Está em Paris... com ele.

Eu odeio estar pensando em um idiota.

O pior é que posso fingir que não gosto dele. Eu posso


mentir na cara dele sobre meus desejos. Posso agir como se estar
em seus braços por seis dias não significasse nada.

Porque se ninguém conhece meus medos internos, então


eles não podem se tornar realidade.

Viro a página do meu livro no piloto automático. Não li uma


palavra, mas o hábito de fingir é forte e vai até os ossos.

Imagino as rosas que ele me deixou em Épernay e o cartão


que guardei em segurança na bolsa.

Nós temos negócios inacabados.


Venha a Paris para o final de semana.

Eu expiro pesadamente. Fizemos o negócio de forma justa.

Fodida até o inferno e de volta, na verdade.


Então, por que ainda parece inacabado? Tenho a sensação
de que ainda não acabou. Mas então eu sei que sim.

Tristan Miles está persistindo em minha alma... e o bastardo


não vai embora.

Ele deveria ser meu cartão para sair-do-luto, meu retorno à


sociedade.

O que ele era, era uma droga intoxicante e um vício de que


não preciso.

Portanto, agora, em vez de um homem persistente, tenho


dois.

Meu lindo marido, Wade, com quem planejei minha vida...


aquele cujos desejos estou honrando.

E então há Tristan, o lindo sugador de almas bastardo de


Nova York... que tem um lado divertido e terno por baixo.

Mas ele realmente tem?

Ele tem um lado terno ou é apenas quem finge ser quando


está sozinho com uma mulher? Foi tudo um complô para ficar
sob minha guarda?

Funcionou, se foi.

O homem com quem passei tempo era lindo.


Eu arrasto minha mão pelo meu rosto. Estou farta disso.
Por que diabos sou sempre eu quem sofre?

Para falar a verdade, Tristan provavelmente está na cama


com outra mulher agora.

Ela seria loira e bonita e seria capaz de ser espontânea e


divertida.

— Devolva — Harry rebate, interrompendo meus


pensamentos enquanto pega uma peça do quebra-cabeça de
Fletcher.

Eu olho em volta para o meu ambiente caótico e sei que


Tristan não pertence ao meu mundo. Ele nunca pertencerá aqui.
Isso está tão longe de sua realidade quanto ele poderia estar.

Meu estômago se revira com o pensamento.

Eu tenho uma visão de nós dois rolando nos lençóis, rindo


e fazendo amor.

A ternura entre nós parecia tão real e íntima.

Isso significou alguma coisa para ele?

Viro a página do meu livro... obviamente não.


— Acho que isso já está encerrado — diz Michael, nosso
contador-chefe, ao erguer os olhos de suas planilhas.

Eu sorrio, otimista pela primeira vez em muito tempo. —


Isso é ótimo, obrigado.

— Enquanto continuarmos ganhando força na publicidade,


devemos ser capazes de sair dessa.

— Concordo. — Eu olho para os membros do conselho. —


Muito obrigada a todos por se unirem e resolverem os problemas.
O conselho de vocês é muito apreciado.

— Nós vamos superar isso. — Michael sorri. — É apenas


uma fase difícil.

— Eu sei. — Eu concordo. — Obrigada novamente.

O grupo de dez fica de pé e conversamos enquanto saímos.


Eles esperam que eu tranque nosso escritório e descemos juntos
no elevador.

É tarde – nove horas na quinta-feira – e tivemos nossa


reunião mensal do conselho. Os números estão finalmente
mudando. Eu não tenho que deixar ninguém ir este mês, e acho
que realmente vamos ficar bem.

— Vejo vocês no mês que vem? — Eu pergunto.

— Com certeza. Tchau.

— Até logo. Você precisa de uma carona?

— Não, eu estou bem. Obrigada de qualquer maneira.

Eu sempre fico em um hotel aqui em Nova York nas noites


que temos uma reunião. Até chegar em casa, eu teria que me
virar e voltar de novo. Não vale a pena a viagem de duas horas.

Meu telefone toca e o nome Gabriel ilumina a tela.

— Oi, acabei de terminar — respondo.

— Estou do outro lado da rua no Luciano's.

— Imagine encontrar Gabriel Ferrara em um restaurante


italiano — provoco.

— Chocante, não é? — Ele murmura secamente. — Estou


saindo agora.

— Estou a caminho. — Eu atravesso a rua e vou até meu


amigo de confiança. Gabriel sempre me encontra para drinks nas
noites que fico em Nova York.
Não saímos para curtir ou qualquer coisa assim, mas nos
divertimos da mesma forma.

Eu o vejo caminhando em minha direção, e eu sorrio e beijo


sua bochecha. — Olá, Bella. — Ele sorri.

— Olá.

Ele estende o braço e eu o vínculo ao meu. — O de costume?

— Uh-huh, parece bom.

Andamos as duas quadras até nosso bar favorito. — Oh, eu


já te disse que Fletcher começou um estágio?

— Não, você ligou e disse que ele queria, mas eu não vi você
desde então.

— Oh. — Eu reviro meus olhos. — No final, não consegui


convencê-lo a desistir.

— Sabe, acho que vai ser bom para ele — diz ele enquanto
caminhamos de braços dados pela rua.

— Hmm, sim, eu também acho. O tempo vai dizer. Ainda


acho que ele é muito jovem para trabalhar em um ambiente de
escritório.

— Ele tem dezoito anos, Claire.

— Eu sei que ele tem. Acho que ele sempre será um bebê
para mim.
Ele revira os olhos enquanto continuamos caminhando. Ele
não conhece meus filhos pessoalmente – apenas pelo que eu digo
a ele. De propósito, não contei a Gabriel onde Fletch está
trabalhando. Não é nenhum segredo o quanto ele odeia Miles
Media. Ferrara Media e Miles Media são arqui-inimigos, e sua
luta pelo poder é travada na mídia.

Se ele soubesse que passei aquela semana com Tristan, ele


ficaria possesso.

Ah bem... não importa de qualquer maneira, eu acho.

Entramos no bar. É movimentado e agitado com pessoas de


terno que vieram direto do trabalho. — Você pega uma mesa e eu
vou buscar algumas bebidas, — diz Gabriel. — O de costume?

— Sim, por favor.

Ele se afasta e eu encontro um banco perto da janela. Eu


me empoleiro no banquinho e rapidamente mando uma
mensagem para minha mãe.

Oi,

Tudo bem com vocês?

Uma resposta volta direto.

Sim amor,

As crianças estão todas na cama.


Boa noite,

Xoxo

Eu respondo.

Obrigada mãe,

O que eu faria sem você?

Amo você

Xoxo

Minha mãe é uma dádiva de Deus. Não sei o que faria sem
meus pais.

Eu ouço uma explosão de risadas do outro lado do bar, e eu


olho para ver um grupo de homens, e meus olhos se arregalam.
Um homem está de costas para mim e está animado enquanto
conta uma história. Todo mundo está ouvindo e rindo enquanto
ele fala.

Porra... eu reconheceria as costas daquele homem em


qualquer lugar.

Terno de grife caro, cabelo escuro ondulado, ombros largos


e postura perfeita. Tristan Miles.

E estou aqui com Gabriel.

Foda dupla.
Eu olho para o bar para ver que Gabriel acabou de pedir, e
o barman está fazendo nossas bebidas. Ah não... tarde demais
para sair.

Eu me mexo no meu banquinho de modo que minhas costas


fiquem para Tristan. Espero que ele não me veja.

Vamos tomar um gole rápido e depois vou fugir daqui.

Oito milhões de pessoas vivem na cidade de Nova York;


quais são as malditas chances de estar no mesmo bar que ele?

Eu ouço uma gargalhada alta de novo, e eu olho para ver


Tristan rindo alto com os outros homens.

Eu não preciso dessa merda esta noite. Não posso


simplesmente ter uma noite relaxante com meu amigo sem ele
aparecer?

Gabriel retorna para a mesa e passa minha taça de vinho.


— Obrigada. — Eu aceito dele um pouco ansiosamente. De
repente, estou com sede como um camelo.

— Como foi sua reunião? — Gabriel pergunta.

— Boa. — Eu sorrio, grata por tirar minha mente do lindo


elefante na sala. — A publicidade aumentou e os números deste
mês foram bons. Espero que continue.

Os olhos de Gabriel seguram os meus. — Sabe, estive


pensando.
— Isso machucou? — Eu sorrio para minha taça de vinho.

— Por que você não me deixa ajudá-la?

— E como você faria isso?

— Eu poderia comprar cinquenta por cento da Anderson


Media e assumir metade da dívida. Podemos trabalhar juntos.
Posso até ser um parceiro silencioso, se você preferir.

— O que? — Eu franzo a testa. Esta é a primeira vez que ele


menciona algo assim.

— Estou falando sério. Eu tenho os contatos e podemos


realmente construir isso para os meninos.

Eu fico olhando para ele.

— E então — ele bebe sua bebida casualmente — quando


você se recuperar, você pode comprar minha parte de volta.

— Você faria isso?

— Claro, qualquer coisa para você. Você sabe disso.

Eu franzo a testa e bebo minha bebida.

— Claire Anderson — a voz familiar diz atrás das minhas


costas.

Puta que pariu.


Eu me viro e vejo Tristan parado ao lado da mesa. — Oh, oi
— eu gaguejo. Eu olho entre Gabriel e Tristan enquanto eles se
encaram.

— Bebendo em uma noite de escola? — Ele pergunta.

— Ela está em um encontro comigo — Gabriel responde.

Tristan sorri sarcasticamente e puxa um banquinho, como


se estivesse empreendendo um desafio silencioso.

— É isso mesmo? — Ele se senta e volta sua atenção para


mim.

O sangue começa a escorrer do meu rosto... tire-me daqui.

— Ah, Tristan, você conhece Gabriel? — Eu pergunto


nervosamente.

Tristan sorri e estende a mão para apertar a mão de Gabriel.


— Olá, sou Tristan Miles.

Gabriel o encara, mas não aperta sua mão. — Eu sei quem


você é.

Tristan sorri amplamente e pisca para ele. — Sem aperto de


mão?

Arrogância personificada.

Porra.
Ele é o chefe do meu filho. Tenho que ser civilizada e ele
sabe disso. Desgraçado.

— Tristan, se você não se importa... estamos no meio de


uma reunião de negócios — respondo.

— Eu pensei que você estava em um encontro? — Ele


responde calmamente.

— Ela está. Nós estamos — Gabriel dispara de volta.

Tristan coloca as mãos na frente dele, como se estivesse se


divertindo. Seus olhos estão acesos com uma travessura
problemática.

— O que você quer, Tristan? — Eu digo.

— Eu preciso falar com você, Claire.

— Sobre?

Ele toma um gole de sua bebida, claramente se divertindo


com sua arrogância bastarda. — Fletcher.

— Por que diabos você quer falar sobre Fletcher? — Gabriel


diz.

Tristan volta sua atenção para Gabriel. — Você se importa


com a linguagem grosseira? Fletcher é meu estagiário e preciso
falar com a mãe dele. Então, se você não se importa...
— Fletcher é...? — O rosto de Gabriel cai. — Fletcher está
trabalhando para Miles? Por que, Claire? — Ele engasga.

— Ele queria trabalhar para o melhor. — Tristan sorri


docemente. Seus olhos prendem os de Gabriel em um desafio
silencioso.

Eu não vi Tristan Miles em pleno andamento antes. Ele é


tão arrogante que é uma piada, e odeio admitir isso.

Está quente ‘pra’ caralho.

— Você quer falar comigo agora? — Eu pergunto.

— Sim. Agora. — Ele olha para Gabriel. — Adeus. Esta


reunião particular é de natureza privada.

— Eu não vou a lugar nenhum — Gabriel responde.

Os olhos de Tristan voltam para os meus. — Eu sempre


poderia ir ver você em seu escritório amanhã, Claire... sobre sua
mesa.

— Você quer dizer na mesa dela, — responde Gabriel.

Tristan me dá um sorriso lento e sexy. — Eu sei o que quis


dizer.

Oh... foda-se.

Sinto o sangue sumir do meu rosto. Ele vai deixar Gabriel


saber que estivemos juntos. Merda. Preciso dissipar essa
situação agora, antes que haja uma luta total. — Gabriel, dê-me
apenas dez minutos para falar com Tristan sobre Fletcher. Por
que você não vai pedir mais bebidas para nós?

Eles se encaram pelo que parece uma eternidade e,


finalmente, Gabriel se levanta. — Você tem cinco minutos — ele
o avisa.

Tristan sorri, imperturbável pela ameaça, e então ele volta


sua atenção para mim. Seu rosto cai e ele me encara com firmeza.

— O que você está fazendo? — Eu pergunto.

Ele se senta para frente, incapaz de esconder sua raiva. —


O que você está fazendo?

— Estou tomando uma bebida com um amigo.

— Você é amiga de Gabriel Ferrara? — Ele zomba.

— Sim, eu sou, na verdade — respondo.

Ele bebe sua bebida enquanto olha para mim. — Que tipo
de amiga, Claire?

— Isso não é da sua conta.

— Então, deixe-me ver se entendi: você não quer me ver por


causa do que eu faço para viver... mas você é...

Eu o cortei. — Eu não quero ver você porque você é um


covarde.
— Como sou covarde, porra?

— Um encontro com meus filhos e você corre para as


montanhas — eu deixo escapar antes de colocar meu filtro
racional na boca.

Ele cerra os punhos, mal conseguindo controlar sua raiva.


— Você me disse que não queria me ver antes mesmo de eu
conhecer seus filhos. Não minta pra mim, Claire, porra — ele
rosna.

Eu me sento, afrontada. Eu odeio que ele possa ver através


de mim.

— Eu sei quem é o covarde aqui, Claire, e não é eu, porra.

— Seu idiota arrogante. Você já pensou que talvez eu


simplesmente não goste de você?

— Não. Eu não. Porque eu sei que você gosta.

Eu franzo o rosto em desgosto. — Eu sei que você pensa que


todas as mulheres no mundo estão apaixonadas por você, mas
posso lhe assegurar, Sr. Miles, que não estou.

Seus olhos prendem os meus e ele me dá um sorriso lento e


sexy, como se soubesse um segredo.

— O que?
Ele se inclina para que apenas eu possa ouvi-lo. — Eu sei
com certeza que se eu quisesse te levar para casa, eu poderia ter
você montando meu pau a noite toda.

Eu tenho uma visão de mim mesma nua e em cima dele,


seu corpo grosso dentro do meu, e meu corpo apertando em
apreciação.

— O inferno que você poderia — eu zombo.

Ele se inclina mais perto e coloca os lábios no meu ouvido.


Sua respiração causa arrepios na minha espinha. — Não te
incomodaria que eu não gostasse dos seus filhos se você não me
quisesse.

Eu aperto minha mandíbula, irritada comigo mesma por


dizer isso em voz alta. — Foda-se.

Ele sorri sombriamente. — Admita, Anderson, você pensa


em mim... tanto quanto eu penso em você.

Chocada com sua admissão, engulo o nó na garganta. —


Você pensa em mim? — Eu sussurro.

— O tempo todo, porra. Você está me deixando louco.

Eletricidade vibra entre nós... e eu odeio isso.

— De qualquer jeito — ele se levanta — Vou deixar você


voltar para o seu encontro.
Não vá.

— Não é um encontro. Ele é apenas um amigo — eu deixo


escapar.

Nossos olhos se encontram. — Prove.

O ar entre nós está pesado de raiva e desejo. É uma


combinação inebriante.

— Ligue para mim em duas horas — ele responde.

— Porque eu faria isso?

Seus olhos escuros seguram os meus. — Porque eu nunca


precisei satisfazer a uma mulher tanto quanto desejo satisfazer
você... deixe-me.

Eu tenho uma visão de sua cabeça entre minhas pernas,


sua língua grossa tirando o que precisa de mim, e a excitação
começa a aquecer meu sangue.

Eu não quero desejá-lo... mas Deus, eu realmente quero.

Isso não é bom.

Sem outra palavra, ele se vira e se afasta, de volta aos


amigos do outro lado do bar.

Eu fico olhando para o espaço que ele acabou de sair. Cada


célula do meu corpo está formigando, cada centímetro de mim
desejando o que ele tem para dar.
Meu Deus, o diabo realmente usa Prada.

Estou totalmente ferrada.


Respiro fundo enquanto tento ignorar os sentimentos que
Tristan Miles desperta em mim.

Talvez seja isso – é apenas uma coisa de bad boy.

Sim, todas as mulheres experimentam isso pelo menos uma


vez na vida. Só estou experimentando isso um pouco mais tarde
do que a maioria.

Claro.

É totalmente isso. Por que não percebi isso antes?

Eu sei que não deveria querê-lo e, portanto, eu quero. Talvez


se ele fosse o cidadão modelo perfeito, eu nem mesmo o quisesse.

Bebo meu vinho em comemoração à minha epifania. Deus...


e achei que realmente gostava dele. Estúpido idiota. Isso é
realmente um alívio.

Meu telefone vibra na mesa ao receber uma mensagem.


Tristan. Aqui vamos nós.

Deixe-me adivinhar,

Gabriel Ferrara está se oferecendo para


te ajudar financeiramente?

Eu franzo a testa. O que? Irritada, eu respondo.

Gabriel é um bom amigo.

Estou ofendida.

Pare de me enviar mensagens de texto antes que eu


bloqueie você.

Uma resposta volta.

Se você me bloquear, com quem

Vai ter sexo pelo colchão esta noite?

Eu mordo meu lábio para me impedir de sorrir. Eu escrevo


de volta.

Eu estou em um encontro com outro homem.

Eu não ficaria muito convencido se fosse você.

Uma resposta volta.

Você não gosta dele,

Eu sei que não.

Eu rolo meus olhos; a arrogância deste homem é o próximo


nível.
Ok Siri23,

se você diz.

Eu sorrio enquanto clico em enviar.

Siri?

Eu olho para vê-lo sentado em um banquinho, sorrindo de


volta enquanto me envia uma mensagem.

Desgraçado. Gosto deste jogo e não deveria. Eu respondo.

Bem, você parece saber tudo,

então presumo que você ilumine como a Siri.

Eu olho para ver ele sorrir amplamente enquanto lê meu


texto. Eu mordo o interior da minha bochecha enquanto ajo
desinteressada.

Deixe o idiota

e venha me pagar uma bebida.

Eu rio antes que eu possa me conter. Não posso acreditar.

Eu não compro bebidas aleatórias para homens.

Com ciúmes?

23 A Siri é uma assistente inteligente que ajuda a deixar tudo mais rápido e fácil nos seus aparelhos

Apple
Eu olho para ver ele sorrindo enquanto ele responde.

Dele?

Você deve estar brincando.

E você vai fazer o que eu disser.

Peça um uísque.

Meus olhos olham para o bar para Gabriel enquanto ele


espera. Isso é uma loucura. Eu me sinto tão safada. Eu escrevo
de volta.

Você está delirando e estranho.

Quando estou delirando, eu apenas

imagino que estou no Havaí

bebendo Mimosas.

Scotch não é uma bebida dos sonhos.

Gabriel caminha de volta no meio da multidão com nossas


duas bebidas e as coloca na mesa. — Aqui está.

— Obrigada.

Ele se senta. — Você está falando sério?

— Gabriel. — Eu suspiro. Aqui vamos nós – uma palestra


de uma hora. — Fletcher queria trabalhar para eles.
— Por que ele não veio trabalhar para mim? — Ele rosna. —
Estou ofendido. Ferrara Media é onde ele deveria estar.

— Ele se inscreveu sem eu saber. Eu tenho que deixá-lo


escolher seu caminho.

— Com ele? — Ele rosna novamente.

Meu telefone apita com uma mensagem. Eu olho para a tela.

Essa é uma ótima ideia,

vamos ao Havaí para o

final de semana.

Podemos praticar sexo tântrico.

Um sorriso estúpido cruza meu rosto antes que eu possa


encobri-lo.

Pare com isso.

Eu trago meu foco de volta para Gabriel. — Olha — eu digo


culpada. — São apenas doze meses e sei que não é o ideal, mas
será bom para ele sair da zona de conforto. E, além disso, ele está
dando a ele uma corrida pelo dinheiro, então ele pode nem
mesmo durar sem ser demitido.

— Por que você não me contou?

— Porque eu sabia que você reagiria assim.


Uma mensagem chega, e eu pego meu telefone da mesa para
protegê-lo dos olhos de Gabriel. É uma imagem do Kama Sutra
em desenho de pessoas em posição sexual com o título ROCK-A-
BYE BOOTY24.

Eu olho e vejo os ombros de Tristan saltando enquanto ele


ri e me observa.

Oh inferno.

— Não estou nem um pouco impressionado, Claire. Eu não


gosto de ele estar perto dele — Gabriel continua, completamente
distraído.

— Você sabe tão bem quanto eu que eles são bons


empresários — defendo. — Não fiquei impressionada no início,
mas quanto mais pensava sobre isso, mais fazia sentido. — Meu
telefone emite um bipe com uma mensagem e eu o abro
discretamente no meu colo. É outro desenho do Kama Sutra de
uma mulher agachada entre as pernas de um homem, o pau dele
em sua boca. O título é THE MOTHERLOAD.

Que diabos?

Eu começo a rir. Eu olho para cima e os olhos de Tristan


estão iluminados com malícia enquanto ele ri.

— O que é tão engraçado? — Gabriel diz.

24 Uma posição do Kama Sutra.


— Oh, Marley está tendo problemas com o namorado. Ela
está apenas retransmitindo sua última briga — eu minto.

— Não é de admirar — ele murmura em sua bebida. — Essa


mulher é uma maluca.

Uma garçonete chega à nossa mesa. — Aqui está – duas


mimosas. — Ela cuidadosamente coloca as duas bebidas na
nossa frente.

— De quem são essas? — Gabriel franze a testa.

— Por conta da casa — responde a garçonete. — Aproveitem.


— Ela se afasta e eu fico olhando para as bebidas na nossa frente.

Não olhe para ele... não olhe para ele... não olhe para ele. É
isso que ele quer.

Não posso acreditar na ousadia deste homem.

A maioria dos homens ficaria abalado ao ver uma mulher


saindo com outro homem.

A maioria dos homens não é Tristan Miles.

Ele é inabalável... isso é mesmo uma palavra? E eu odeio


admitir, mas a confiança em um homem é muito atraente.

Gabriel pega sua mimosa e toma um gole. — Hmm, nada


mal. — Ele encolhe os ombros.
Eu sorrio enquanto olho para o meu amigo sem noção. Se
ele soubesse quem comprou aquela bebida, estaria sufocando
nela. — Eu só vou ao banheiro — digo.

Eu me levanto e faço meu caminho através do bar em


direção ao banheiro feminino. Eu levo meu tempo e me preparo
mentalmente para ignorar Tristan para sempre.

Eu preciso parar com esse jogo de flerte que temos.

Mas ele é tão divertido.

Não... já é suficiente.

Abro a porta e, antes que perceba, alguém agarra minha


mão, me puxa e me empurra contra a parede.

— Tristan — eu sussurro.

Seus lábios caem no meu pescoço. — Olá, Anderson, aprecio


encontra-la aqui. — Ele sorri contra minha pele enquanto seus
dentes roçam meu pescoço.

— O que você está fazendo? — Eu sussurro enquanto meus


braços ficam arrepiados.

— Abordando você no corredor... o que parece? — Ele me


morde com força e sinto um formigamento nos dedos dos pés.

— E se eu realmente estivesse aqui com Gabriel? — Eu


gaguejo.
— Então estou prestes a roubar a garota dele. — Ele sorri
enquanto segura meu rosto com as mãos.

Meu Deus, ele é tão atrevido.

— Pare com isso — eu respiro.

— Não. — Ele me beija, suave e lentamente. Sua língua


gentilmente persuade a minha a sair e brincar. Meus olhos se
fecham de prazer. Droga, por que ele tem que beijar tão bem?

— Tris — eu respiro quando sinto minha resistência


começar a diminuir.

— Uma última vez.

Ele suga minha língua e eu fico com os joelhos fracos.

— Não deveríamos — choramingo enquanto minhas mãos


vão para seu traseiro musculoso.

— Nós deveríamos totalmente, porra. — Ele me pressiona


contra a parede e eu sinto sua ereção dura como pedra contra
meu estômago.

Minhas entranhas começam a se liquefazer... Puta que


pariu, ele é tão gostoso que não aguento mais.

Inferno.

— Vá lá fora e diga a ele que você está indo para casa.


— Porque eu faria isso?

— Porque você está indo para casa. Comigo.

— Tristan.

— Ou eu posso ir e arrastar você da mesa. É a sua escolha.


— Ele encolhe os ombros casualmente. — Eu preciso de você. —
Ele agarra meus ossos do quadril e arrasta meu corpo sobre seu
pau endurecido. Ele precisa de mim; cada célula de seu corpo
precisa de mim. Eu posso sentir isso.

Suas mãos estão em meu cabelo e nossos beijos tornam-se


frenéticos. Profundo, longo e apaixonado.

Oh inferno...

Eu preciso de você também.

— Última vez — eu ofego contra seus lábios abertos.

— Sério. — Seus olhos estão fechados de prazer.

Qual é a nossa aparência?

Ele está lutando contra isso também. Ele sabe que somos
errados um para o outro, mas a atração física entre nós é muito
forte.

Uma vez... uma vez não vai doer... vai?

O estrago já está feito. Mais uma vez não vai doer, certo?
— Vá lá e diga a ele que você está saindo — diz ele enquanto
endireita minha saia e dobra minha blusa.

— Estou terminando minha bebida e depois vou.

Ele me beija com ternura; seus lábios permanecem nos


meus. — Fique na minha casa.

— Não, eu tenho um quarto reservado.

— Onde?

— The Edison na Times Square.

— Te encontro lá. Diga a recepcionista que seu marido está


pegando uma chave.

Eu aceno, incapaz de concordar verbalmente com essa


loucura. Minhas cordas vocais devem saber que isso é uma má
ideia.

Ele enfia uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, sorri


e me beija mais uma vez. Ele realmente é um homem lindo – não
há como negar.

— É bom ver você, Anderson — ele sussurra.

Eu sorrio suavemente para o fruto proibido... é tão bom ver


você.

Seus olhos escuros seguram os meus. — Mal posso esperar


para ter você nua.
Ele se vira e, sem dizer outra palavra, volta para o bar como
se nada tivesse acontecido.

Eu fico olhando para ele. Meu cabelo está bagunçado e meu


corpo está formigando da cabeça aos pés. Meu peito sobe e desce
enquanto tento recuperar minha compostura. Jesus, com o que
acabei de concordar?

Tristan Miles maldito.

Mudo o canal da televisão e olho para o relógio. Onde ele


está?

Já passou mais de uma hora. Corri de volta para o meu


quarto de hotel, tomei banho e fiquei toda irresistível, e agora ele
nem veio... e se ele não aparecer?

Meus olhos se arregalam de horror quando uma


possibilidade vem à mente. E se ele estivesse apenas fazendo um
jogo de poder para provar que pode me ter, se me quiser? Não...
ele não iria.
Oh meu Deus, ele totalmente faria... é Tristan. O que eu
esperava?

Ouço o clique da porta e rapidamente me reorganizo na


cama.

Ele é sortudo.

A porta se abre e ele a fecha atrás de si. Ele se vira e, em


seguida, seus olhos flutuam sobre meu corpo nu. Ele me dá um
sorriso lento e sexy. — Anderson.

Estou deitada na cama, nua, minhas pernas ligeiramente


separadas. Se eu vou fazer essa coisa de puta, vou estar
totalmente comprometida. Não mexa comigo esta noite, filho da
puta; você tem algo que eu preciso.

Você irá cair... literalmente.

Seus olhos se fixam nos meus. — Jogando duro para


conseguir, eu vejo? — Ele puxa a gravata com força enquanto a
desfaz.

— Eu sou difícil de conseguir. — Eu bato na cama ao meu


lado. — Mas esta noite, sou fácil de foder.

Ele ri enquanto se senta ao meu lado. — Quão conveniente.


Acontece que eu mesmo estou na porra do mercado. — Ele se
inclina e me beija, e eu sorrio contra seus lábios.
Sua mão sobe pela parte interna da minha coxa e, em
seguida, desliza para baixo e através do meu sexo molhado...
tudo isso parece tão natural.

Muito natural.

Como se ele sempre tivesse a intenção de me tocar... como


se ele sempre tocasse.

Não. Não está noite. Eu quero algum poder nesta troca. Ele
está fazendo o que eu quero. Ele está me agradando.

Eu arqueio minhas costas e abro minhas pernas. — Com


fome? — Eu pergunto.

Seus olhos piscam de excitação e ele sorri sombriamente. —


Porra, com certeza eu estou. — Ele se levanta e arranca o paletó
sobre os ombros e o joga para o lado com urgência. — Morrendo
de fome, na verdade. — Ele pega um saco de papel do bolso
interno e tira uma caixa de preservativos. — Você sabe em
quantas merdas de farmácias eu acabei de ir para encontrar isso?

Eu rio.

— Não consegui encontrar um. Cheguei a pensar em entrar


no bordel da esquina e oferecer-lhes cem dólares por uma caixa.

— Não vou perguntar como você sabe que há um bordel na


esquina. — Eu levanto minha sobrancelha.
Ele franze a testa, percebendo o que acabou de revelar. —
Cale a boca, Siri. — Ele abre o zíper das calças e as empurra para
baixo, revelando seu pau duro e grosso.

Meu estômago se agita e eu rio de excitação. É como a


manhã de Natal e estou vendo meus presentes serem
desembrulhados.

Desta vez com ele é diferente. Não estou nervosa ou com


medo. Estou animada, porque sei o quão boa esta noite vai ser.

Ele cai de joelhos ao lado da cama e me puxa para ele e, em


seguida, abre minhas pernas e me estuda lá.

Minha respiração falha enquanto o observo. Isso é


estranhamente íntimo..., mas está tudo bem, porque é ele. E eu
sei o quanto ele ama meu corpo.

Não tenho nenhuma insegurança quando estou nua com


ele. Ele não me deixaria mesmo se eu tivesse.

— Ohh — ele sussurra sombriamente. — Eu senti falta


dessa linda boceta. — Ele me beija com a boca aberta, e eu me
abaixo e coloco meus dedos em seus cabelos. Sua língua grossa
desliza pela minha carne e eu sorrio enquanto o observo.

Tristan Miles não desce nas mulheres por causa delas... ele
faz isso por si mesmo.

Ele ama isso.


É sua coisa favorita; ele poderia fazer isso por uma hora, e
eu ainda teria que arrastá-lo até mim.

Minhas costas arqueiam de prazer e eu choramingo. Suas


lambidas são duras e lentas, ponderando a pressão perfeita.

Entramos em um ritmo e meu corpo começa a tremer. Ele


sorri para mim.

Ele liga nossos dedos na minha coxa. Nossos olhos estão


travados e... Oh Deus.

Ele é perfeito.

A maneira como ele segura minha mão enquanto me come.


A maneira como ele olha para mim.

Do jeito que ele gosta disso.

Não admira que eu seja viciada neste homem, ele é o maior


amante do mundo.

Ele começa a mexer a língua em um movimento praticado,


e eu tenho convulsões.

Merda.

Não tenho defesa contra ele quando ele faz isso. Eu começo
a gemer.
Ele abre minhas pernas mais afastadas, suas mãos na parte
interna das minhas coxas. Seu rosto inteiro está molhado com a
minha excitação agora, e eu começo a me contorcer embaixo dele.

Isso me atinge como um trem de carga e grito maravilhada.


Ele sorri para mim enquanto seus olhos se fecham de prazer mais
uma vez.

As ondas de choque do orgasmo mais forte do mundo


estremecem através de mim, e então ele me pega e me joga de
joelhos. Eu ouço o rasgo revelador do pacote de preservativos, e
então ele torce meu rabo de cavalo em sua mão e me puxa de
volta para seu pau.

Oh Deus... ele está com esse humor... ele vai me montar até
em casa... literalmente.

Ele sibila enquanto desliza profundamente, e meu corpo


treme, ainda muito sensível por sua língua.

Eu deixo cair meus ombros no colchão, incapaz de me


segurar, e ele me puxa de volta em seu pau pelos cabelos e dá
um tapa na minha bunda. — Para cima — ele comanda em um
rosnado.

Eu sorrio. Oh, eu o amo assim.

Ele desliza lentamente para dentro... e desliza para fora.


Dentro e depois fora. Ele faz seu pau fazer um círculo profundo
delicioso, levando seu tempo para me esticar. Não importa o quão
excitado ele esteja, ele sempre tem o cuidado de preparar meu
corpo. Ele sabe que é um grande homem, e sua experiência
mostra. — Você está bem? — Ele respira.

Eu concordo.

— Me responda.

— Sim — eu choramingo. Mas não estou bem; sexo com


Tristan não é certo... é uma luz cegante. Muito mais do que certo.

É tudo.

Ele desliza para fora e o som da minha excitação molhada


soa no ar. — É hora de você aprender uma lição, Anderson — ele
sussurra.

Eu sorrio. — Siri para você.

Ele ri e bate forte, e eu grito.

Ai.

Ele me dá algumas investidas fortes.

— Qual é a lição? — Eu choramingo, seu aperto no meu


cabelo quase doloroso.

— Você não pode terminar comigo. — Ele investe em mim


com força e quase bato de cabeça na parede. — Nós não
terminamos... até que ambos decidamos. — Ele me bate com
força novamente, e é tão bom que meu corpo começa a ondular
em torno dele mais uma vez.

Ele me puxa pelo cabelo e eu sorrio para o teto, seu pau


cavalgando em mim em golpes duros e medidos.

— Você me entendeu? — Ele ofega.

— Não. — Eu rio.

Tapa. Sua mão desce na minha bunda.

— Ai — eu choramingo.

Seus quadris aumentam o ritmo. — Nós não terminamos...


até a porra do fim. — A cama começa a bater na parede com força.
Seu aperto é doloroso.

— Diga-me que você entende, porra — ele geme.

Borboletas vibram profundamente em meu estômago. Ouvir


a excitação em sua voz faz coisas comigo. — Sim — eu ofego.

— Sim, o que? — Ele rosna.

— Eu entendo.

Ele me solta e realmente me deixa ter isso, é lindo e cegante,


e tenho certeza que o concierge vai bater na porta a qualquer
momento porque a cama está batendo na parede com tanta força
que tenho certeza de que estamos causando danos estruturais.
— Foda-se — ele geme, sua voz profunda e gutural. —
Anderson... foda-me — ele rosna, perdendo o controle. — Foda-
me mais forte. — Seu aperto aumenta, suas investidas ficam
mais difíceis e, Deus, isso é o próximo nível de incrível.

Eu franzo o rosto enquanto tento segurá-lo, e ele dá um tapa


na minha bunda novamente. Eu grito e aperto quando gozo
rápido. Ele se segura profundamente e sinto seu pau estremecer
com força dentro de mim.

Ele me solta, me deita, me rola de costas e desliza de volta


para o meu corpo. Seus lábios tomam os meus com uma ternura
que nunca conheci.

Nós nos encaramos por um momento prolongado, e posso


sentir seu pau pulsando suavemente dentro de mim enquanto
tenta se esvaziar completamente.

— Senti sua falta, Anderson — ele sussurra enquanto afasta


o cabelo do meu rosto.

Eu fico olhando para ele, chocada. Uma emoção indesejada


me oprime e pisco para conter as lágrimas.

Não é assim que deveria ser.

Eu esperava uma ligação de sexo casual, mas isso parece


especial e íntimo.
Nós nos beijamos e sinto meu coração apertar no peito. Esta
foi uma má ideia.

Eu quero ir para casa.


Eu acordo com a sensação de beijos suaves em meu ombro
e sorrio sonolenta.

Ele está aqui.

Não há erros em acordar ao lado de Tristan.

Sua bochecha vem até a minha por trás. — Dia. — Eu sorrio.

— Anderson — ele ronrona.

Eu rio e me viro para ele para que ele possa beijar o lado do
meu rosto novamente.

Que noite.

Ecstasy não chega perto de onde esse homem me leva. Seu


toque é de outro mundo.

— Eu tenho que ir, baby — ele murmura. — Tenho uma


reunião daqui a meia hora, do outro lado da cidade.

— Ok. — Eu sorrio. Eu rolo para vê-lo e nós nos encaramos


por um momento. Eu levanto minha mão e a corro por sua barba
escura.

— Quando te verei? — Ele pergunta.


Meu coração cai. Eu sei que isso não vai a lugar nenhum, e
eu tenho que arrancar o Band-Aid. — Você não vai. Isso não pode
continuar, Tris.

Seus olhos seguram os meus e uma carranca cruza sua


testa, mas ele permanece em silêncio.

— Eu queria que as coisas fossem diferentes — eu digo


suavemente enquanto me inclino e beijo seus lábios. — Eu
realmente quero. — Eu me concentro em meus dedos em sua
barba por fazer. Eles me distraem do meu coração, me dizendo
para parar de falar. — Eu tenho meus filhos, não faço casual e
não posso ter um relacionamento. E mesmo se eu pudesse, não
é a vida que você quer.

Ele exala profundamente, sabendo que estou certa. Seus


olhos se afastam dos meus.

— Somos tão bons juntos — eu sussurro enquanto puxo seu


rosto de volta para mim. — Em... em outra vida, poderíamos ter
sido ótimos. Só não nesta.

Seus olhos procuram os meus, e sinto que ele tem muito a


dizer, mas está optando por permanecer em silêncio.

— Prometa-me uma coisa.

— O que? — Ele suspira, nada impressionado.

— Promete-me... que às vezes... você vai pensar em mim.


Nossos olhos estão travados. — Não, não posso fazer isso,
Anderson... se não posso ter você, não quero pensar em você.

Eu sorrio tristemente, me inclino e o beijo. Nossos rostos se


misturam.

Isto é adeus.

Nós nos encaramos, e ele passa os dedos pelo meu rosto,


como se memorizando cada centímetro. — Eu gostaria que as
coisas fossem diferentes — ele sussurra.

— Eu também.

Ele franze a testa, e eu sei que ele quer uma última vez. Ele
vai tentar me convencer disso.

— Eu não posso, Tris. — Eu balanço minha cabeça, uma


sobrecarga emocional ameaçando sair. — Eu simplesmente não
posso.

Ele aperta a mandíbula e sai da cama com pressa. Ele se


veste em silêncio enquanto eu deito e o observo.

— Você sabe que estou certa — eu sussurro.

Ele faz a gravata, recusando-se a olhar para mim.

— Você vai dizer alguma coisa? — Eu pergunto.

— Não. — Ele puxa a jaqueta sobre os ombros e pega seu


relógio caro no banheiro e dá um tapinha nos bolsos enquanto se
certifica de que está com tudo. Ele vai até a porta e eu prendo a
respiração enquanto o observo.

— Tris.

Ele se volta para mim.

— Você... você pode dizer alguma coisa, por favor?

— O que você quer que eu diga, Claire?

As lágrimas ameaçam. — Qualquer coisa?

Seus olhos seguram os meus por um instante, e finalmente


ele fala. — Adeus.

Eu engulo o nó na minha garganta... isso não.

Ele se vira e sai. A porta fecha com um clique e eu fico


olhando para ela.

Ele teria lutado comigo se quisesse isso.

Ele não lutou.

E agora eu sei.
Eu fico debaixo da água quente e a deixo escorrer sobre
minha cabeça. Eu tive a pior semana.

Ocupada no trabalho, ando me lamentando sobre Tristan e


não sei por quê. Eu fiz a coisa certa

Nós nunca iríamos a lugar nenhum, e eu sabia disso, mas


ainda doía.

Eu só queria que ele não fosse tão perfeito.

Talvez com crianças eu nunca encontre alguém, e entendo.


Sou muita responsabilidade para enfrentar – qualquer mãe
solteira é.

Talvez minha felicidade não chegue até que todos eles se


mudem... eu só tenho que ser paciente.

Meu telefone dança na penteadeira do banheiro, e eu me


inclino para ver o nome de Marley iluminando a tela. Eu pulo e
atendo. Deve haver algo errado. — Alô.

— Oi, meu Deus. Você nunca vai adivinhar para quem estou
olhando agora.

Eu franzo a testa. — Quem?

— Estou no Portabella's, o restaurante italiano que estamos


querendo ir.

— Com quem?
— Minha tia. Adivinha quem está aqui?

— Quem?

— Tristan Miles.

Eu franzo a testa.

— Adivinha com quem ele está aqui?

— Quem? — Não me diga – eu realmente não quero saber.

— Avril Mason.

— A editora de moda? — Eu franzo a testa.

— Sim, eles estão em um encontro. Ela agarrou a mão dele


sobre a mesa antes.

Meu coração cai. — Oh, bem, eu não me importo. — Eu ajo


com coragem.

— Sim, eu sei. Achei que você gostaria de saber.

— Na verdade, não. — Eu fecho meus olhos enquanto as


paredes se fecham. — Estou no banho. Vejo você amanhã?
Obrigada pela atualização.

— Sim, com certeza.

Eu desligo, volto para o chuveiro e expiro pesadamente.

Bem, é isso. Ele seguiu em frente. Não demorou muito.


Eu deveria ter saído com uma opção menos perigosa.

Um homem por quem eu não poderia me apaixonar.

Bem, é o que é.
Tristan

— Bem? — Ela sorri sensualmente. — Conte-me. — Ela


chupa o seu dedo sedutoramente. — Quantas vezes por dia você
pensa em mim?

Eu fico olhando para a mulher sentada à minha frente na


mesa. Avril Mason: ela é linda, preenche todas as caixas certas.
Loira natural, corpo matador, vinte e oito anos, uma editora de
moda de sucesso – ela está no meu radar há anos, mas nunca
fomos solteiros ao mesmo tempo. Tive um encontro com ela antes
de ir para a França para a conferência. Depois disso, pensei que
íamos a algum lugar. Não tanto agora. Eu deveria estar obcecado
por ela; eu deveria estar perseguindo-a por Nova York e me
apaixonando perdidamente.

O que estou fazendo não é nenhuma dessas coisas.

Estou sonhando com uma morena fogosa. Essa mulher


entrou por debaixo da minha pele.

Não consigo tirar a porra da Claire Anderson da minha


cabeça. Este é meu terceiro encontro com Avril, e todas as vezes
passei a noite inteira sonhando com Claire. Estou chegando a um
ponto em que tenho que me comprometer com Avril ou parar de
vê-la. Este não é o meu estilo. Eu fodo quem eu quero, quando
eu quero. Fazer a ação nunca é um problema. Especialmente com
alguém que eu sei que quero.

Normalmente, fecho o negócio na primeira noite ou, pelo


menos, na segunda. Este é meu terceiro encontro com Avril, e
quando ela se senta na minha frente – e como sempre – eu me
encontro perguntando o que Claire está fazendo.

O que há nela que me cativou?

Ela é errada para mim... em todos os sentidos. Não há nada


que tenhamos em comum, e ela está certa – vivemos vidas
diferentes em mundos diferentes.

Avril pega seu telefone, faz beicinho e tira uma selfie. Ela
imediatamente posta em seu Instagram e marca o restaurante.

Eu a observo em um estado estranho de desapego.

Por que ela é tão pouco atraente para mim, quando eu sei
com certeza que ela é linda?

O que a porra da Claire Anderson fez com o meu impulso


sexual?

Meu pau pode muito bem ter murchado e morrido. Ele não
quer ninguém além dela.

E eu não entendo, porque eu namorei algumas mulheres


bonitas ao longo dos anos e ainda assim nunca tinha acontecido
antes. Sempre tive que tentar controlar meu impulso sexual,
controlá-lo para ser leal. Tem sido uma decisão consciente.

Mas agora, ninguém parece ser bom o suficiente para fazê-


lo pensar em sair e festejar. Agora, meu corpo traidor tem apenas
uma mulher em mente.

Bebo meu vinho tinto, irritado comigo mesmo.

Sai dessa merda.

Claire Anderson não é boa para você. Pare de pensar nela.

Bruxa.

Se eu tivesse meu tempo novamente com Claire, eu daria


para ela bem gostoso. Eu a quebraria ao meio. Eu tenho uma
visão dela montando meu pau na outra noite, e eu aperto em
apreciação... tão gostosa.

O que estou fazendo aqui?

— Bem? — Avril pergunta.

Hã? Eu a olho por cima do meu devaneio. Ela disse algo? —


Desculpe? — Eu pergunto.

— Eu disse, vamos voltar para a minha casa — ela sussurra.


— Eu fiz você esperar o suficiente, está na hora.

Eu sorrio, divertido que ela pense que me fez esperar. Pobre


mulher iludida.
Eu não quero isso.

— Eu tenho que acordar cedo amanhã... na próxima vez? —


Eu pergunto.

— Você está falando sério?

Hesito, mal consigo acreditar. — Sim, eu estou. — Eu


suspiro.

Seus olhos seguram os meus. — Você não está na minha,


não é?

Eu sopro ar em minhas bochechas, me sentindo culpado. —


Não é você. Sou eu. — Eu suspiro. — Eu sinto muito. — Eu
encolho os ombros. — Não tenho desculpa, porque você é
perfeita.

Ela me dá um sorriso torto. — Você quer falar sobre isso na


cama?

Eu rio e bebo meu vinho tinto. — Por mais tentador que


seja... não.

— Então este é nosso último encontro?

Eu estremeço. — Acho que sim.

— Eu realmente pensei que tínhamos algo. — Ela faz uma


careta chorona e, enquanto eu a encaro, lembro de Claire me
provocando com aquela frase exata, como se soubesse que eu
ouço a frase com frequência.

E eu faço..., mas nunca soube como era ouvir isso de


alguém de quem eu gostava.

É uma merda.

Eu leio o relatório enquanto Fletcher fica na minha frente,


nervosamente esperando por minha opinião.

Um sorriso cruza meu rosto. Ele trabalhou muito nisso, eu


posso dizer. — Isso está bom, Fletch.

— Realmente?

— Eu gosto disso. Eu teria talvez acrescentado um pouco


mais de informações sobre os ganhos projetados para o primeiro
trimestre. — Eu olho para ele. — Mas é bom. Você se saiu bem
esta semana.

Ele sorri. — Obrigado. — Ele se vira para sair e percebo que


está escuro lá fora. Eu o mantive até mais tarde do que o normal.
— Como você vai para casa?
— Metrô — ele diz.

— Posso te dar uma carona, se quiser.

Ele franze a testa. — Você quer me levar para casa?

— Não. Estou oferecendo uma carona porque é sexta-feira à


noite e sei que você perdeu o trem de sempre. Além disso, sua
mãe terá um ataque de nervos se algo acontecer com você.

— Ah. — Ele pensa sobre isso.

— Ao contrário do que você acredita, Fletcher, eu não sou o


diabo. Não tenho planos de matar você e enterrá-lo em uma vala
em uma estrada deserta.

Além disso, quero ver sua mãe.

— Veja, o fato de que você disse isso... é simplesmente


assustador — ele murmura secamente.

Eu rio. — Foi um pouco. — Eu desligo meu computador. —


Ok, vamos lá.

Vinte minutos depois, chegamos à minha vaga de


estacionamento e os olhos de Fletcher quase saltam das órbitas.
— Este é o seu carro?

— Legal, hein? — As luzes piscam enquanto eu destranco.

Ele assobia enquanto caminha ao redor. — Um Aston


Martin totalmente novo.
— Uh-huh.

— Em preto safira. — Ele engasga de admiração.

— Isso aí. — Eu sorrio. — Você gosta desses carros?

— Eu amo esses carros.

Eu sorrio. — Talvez se você conseguir sua habilitação, você


pode dirigi-lo.

— Realmente? — Seus olhos se arregalam de excitação.

Eu encolho os ombros. — Claro, por que não?

Fletcher cresceu em mim. Afinal, ele não é um menino mau.


Inteligente e engraçado, como sua mãe.

Ele me abre um largo sorriso e se senta no banco do


passageiro. Saio do estacionamento com velocidade e ele sorri de
maneira boba pelo para-brisa.

É melhor ela estar em casa.


Uma longa hora depois, paramos em sua rua. — Bem aqui
em cima à esquerda — diz ele.

— Eu já estive aqui antes, lembra? — Eu sorrio.

Ele balança a cabeça de maneira sutil, envergonhado.

Meus olhos se voltam para ele. — Sabe, odeio admitir, mas


você me impressionou naquele dia.

— Por que isso te impressionaria?

Eu encolho os ombros. — Gosto da maneira como você


cuida da sua mãe.

Ele sorri. — Sim, bem, ela é incrível.

Ela com certeza é.

Eu paro na frente e estaciono o carro. — Posso dar um pulo


para dizer olá a ela... limpar o ar, por assim dizer? — Eu digo. Eu
penso rapidamente. — Estávamos com raiva um do outro da
última vez que nos vimos em meu escritório.

Ele me olha um pouco, como se estivesse considerando


cuidadosamente meu pedido. — Sim, ok, eu suponho.

Saímos do carro e andamos até a casa. Percebo que não há


porcaria em todo lugar, ao contrário da última vez. A porta se
abre rapidamente e Claire fica parada ali, como se não percebesse
que estávamos do outro lado. Ela está usando um vestido preto
e seu cabelo está preso. Ela está linda.

— Oh. Tristan. — Seu rosto cai quando ela me vê, e ela me


encara por um instante. — Olá — ela força para fora.

— Oi. — Eu sorrio. Os nervos dançam no meu estômago.

— O que você está fazendo aqui? — Ela pergunta.

— Eu dei carona a Fletch para casa.

Seus olhos passam rapidamente entre mim e Fletcher. —


Você se esqueceu de hoje à noite, Fletch? — Ela pergunta. Ela
parece nervosa.

— O que? — Ele diz.

— Lembra? — Seus olhos se arregalam. — Eu vou sair e


você vai cuidar de Patrick para mim.

— Oh — responde Fletcher. — Sim eu me lembro. Com o


Paul do Pilates. Desculpe, estou atrasado.

O que?

— Esse sou eu — diz uma voz atrás de nós. Todos nós nos
viramos para ver um cara loiro subindo o caminho em direção à
casa. Ele está todo arrumado.

Eu fico olhando para ele enquanto meu cérebro falha. Hã?


— Olá. — Ele sorri. — Eu sou Paul.

— Este é Tristan, o chefe de Fletcher — Claire interrompe


antes que eu tenha a chance de dizer algo.

— Olá, — eu lato. Eu aperto sua mão e, em seguida, viro


para Fletcher e arregalo os olhos.

Você só vai ficar aí parado?

Fletcher sorri e beija sua mãe na bochecha. — Divirta-se,


mãe.

— Obrigada, querido. — Ela se vira para Paul. — Você está


pronto?

— Claro que estou. — Paul estende o braço e ela o liga ao


dele.

Eu coloco minhas mãos em meus quadris em desgosto.

O que diabos está acontecendo aqui? Ela está namorando


outra pessoa?

Você está brincando comigo?

Não faça uma cena na frente de Fletcher... não faça uma cena
na frente da porra do Fletcher. Você não está namorando-a... você
não deve ficar chateado.

Eu estou.
Eu quero causar uma cena de merda.

— Não vai ser muito tempo, querido. Tchau, Tristan. — Ela


força um sorriso nervoso e eu a encaro.

Eu vejo quando eles saem, entram em seu carro e vão


embora.

Eu me viro para Fletcher. — O que você vai fazer sobre isso?

— Nada. Por quê?

— Por que você não o está atacando com uma cueca? — Eu


grito, irritado. — De que serve você se não vai ser consistente? —
Eu bato em seu peito com as costas dos meus dedos. —
Consistência é a chave, Fletcher. Se sua mãe não tem permissão
para me namorar, ela não tem permissão para namorar ninguém.

Ele dá de ombros, desinteressado. — Você quer entrar?

— Sim, eu vou, na verdade. — Eu entro na casa, com raiva


por ter sido discriminado de forma tão abismal.

Ela está em uma porra de um encontro... por tudo que é mais


sagrado.

Eu levanto meu queixo em desafio. — Eu não tive a chance


de falar com ela ainda. É melhor eu esperar ela chegar em casa.
— Eu olho em volta da casa. — Onde sua mãe guarda o vinho?
— Oi. — O garotinho de cabelos escuros sorri para mim. —
Você voltou.

— Sim, eu voltei. — Eu sorrio. Esse garoto é meu favorito –


fofo e inocente.

— Qual é o seu nome mesmo? — Ele franze a testa.

— Tristan. — Eu sorrio. — Eu me lembro do seu nome.

Ele morde o lábio inferior. — Que é?

— Patrick.

Seus olhos se arregalam de excitação. — Isto mesmo. — Ele


sorri com orgulho.

Eu olho em volta nervosamente. — Onde está aquele seu


outro irmão?

— Quem? — Ele franze a testa.

— O Harry Potter.

— Oh, ele está no acampamento da escola. Ele volta de


manhã — responde Patrick.

— Ótimo. — Um filho da puta maluco a menos para se


preocupar.

— De jeito nenhum — Fletcher engasga enquanto olha para


o telefone.
— O que? — Eu franzo a testa.

— Oh meu Deus. — Ele põe a mão na boca. — Alita


VanDerCamp acabou de me enviar uma mensagem.

— E? — Eu franzo a testa.

— Ela é a garota mais gostosa da escola. — Seus olhos estão


arregalados de descrença.

— Hmm, Ok. — Eu encolho os ombros enquanto abro um


armário da cozinha. Eu preciso de uma merda de uma bebida.

— Onde estão os copos de vinho e quem diabos é o Paul de


Pilates? Ele parece um tolo de verdade.

Patrick sorri bobamente para mim enquanto sobe em um


banquinho no balcão.

— Ei — Fletcher diz enquanto digita.

— É isso mesmo? — Sirvo uma taça de vinho, tendo


encontrado o que procurava. — É isso que você vai escrever? Você
não pode escrever ei. — Eu torço meu rosto. Esse garoto deve ser
estúpido.

— Por que não?

Eu reviro meus olhos. — Não me diga que você também não


tem noção das mulheres.

— Bem, o que você escreveria? — Ele pergunta.


— Eu não mandaria uma mensagem de volta para uma
garota a menos que tivesse um plano.

— Um plano. — Fletcher franze a testa. — Que diabos isso


significa?

Eu juro, preciso beber da garrafa nesta casa. Eles têm


tequila? — Se uma garota manda mensagens para você, ela está
procurando por mais do que uma porra de ei.

A boca de Patrick cai aberta.

Ah Merda. Eu aponto para ele. — Eu xingo às vezes. Não


diga a sua mãe.

— Ok. — Ele encolhe os ombros. — Harry xinga também.

Hmm, aposto que sim.

— Então? — Fletcher franze a testa em fascínio. — Tipo...


que tipo de plano?

— Tipo, você quer sair para comer alguma coisa, você quer
ir ao cinema... algo parecido. Ataque enquanto o ferro está
quente. Se ela te mandou uma mensagem primeiro, ela está a fim
de você. Mova-se rápido, antes que ela mude de ideia. — Eu bebo
meu vinho. — As meninas são mutáveis, cara. Um dia elas
gostam de você, no dia seguinte, eles não gostam mais.

— Oh. — Seu rosto cai. — Então, vou ligar para ela amanhã?
— Não, você não está ouvindo? — Eu reviro meus olhos. —
Ligue para ela agora.

— Mas não posso fazer nada esta noite.

— Por que não?

— Porque estou cuidando de Patrick.

— Na chance de ela dizer sim, eu vou ficar com ele. — Eu


despejo o vinho tão rápido em meu copo que ele espirra para os
lados.

Fletcher olha entre Patrick e eu.

— Estou esperando aqui por sua mãe de qualquer maneira.


Eu não me importo. — Dou a Patrick um soco suave e brincalhão
no braço. Ele sorri e me dá um soco tão forte quanto pode na
coxa. Quase me derruba e me dobra de dor. Ahh, pelo amor de
Deus... perna morta. — Aí, calma. — Essas crianças são tão
violentas. — Você tem um bom gancho em você, garoto.

— Eu sei, eu fiz Harry chorar outro dia — ele anuncia com


orgulho. — Eu puxei o cabelo dele e dei um soco no pescoço dele.

Eu sorrio. Este é definitivamente meu favorito. — Hmm, não


tenho certeza se está tudo bem, mas... bem feito.

Fletcher começa a andar. — Então... eu digo olá. — Ele


balança as mãos no ar enquanto pensa. — E depois... — Ele se
volta para mim. — O que eu digo então?
Eu bebo meu vinho. — Olá, meu nome é Fletcher, e não sei
onde guardo minhas bolas, então ligue para outra pessoa —
murmuro secamente.

Fletcher joga seu telefone no banco. — Eu não posso fazer


isso. Eu não estou ligando para ela.

— Ligue para ela.

— Não. Eu não sei o que dizer.

— Ligue para ela — exijo enquanto aponto para o telefone


com minha taça de vinho.

— Eu não posso.

— Sim, você pode. — Pego o ombro de Patrick e o levo para


a sala de estar. — Nós vamos ficar por aqui. Faça isso agora.

— E se ela disser não? — Ele gagueja em pânico.

— Quem se importa? — Eu encolho os ombros. — O mundo


está cheio de garotas gostosas, Fletcher.

— Não tão quente quanto ela.

— Então, por que você está perdendo tempo falando


besteiras para nós?

Os olhos de Fletcher fixam-se nos meus. — Ok, eu vou fazer


isso.
— Bom.

— Vou ligar para ela agora.

— Menos conversa, mais ação — eu digo.

— Ok. — Ele começa a andar de novo e eu rolo meus olhos.


Que Deus o ajude se ele realmente tiver a chance de realizar a
ação... ele é tão verde quanto a porra de uma árvore. Inferno, eu
estava transando com garotos de vinte e cinco anos na idade dele.
O que diabos esse garoto tem feito todo esse tempo?

Sento no sofá ao lado de Patrick. — Você quer assistir um


filme enquanto esperamos pela pizza? — Ele pergunta.

— Vamos ter pizza?

— Uh-huh. — Ele sorri, pega o controle remoto e começa a


folhear os filmes.

Eu olho para o meu relógio. — A que horas sua mãe disse


que voltaria para casa?

— Ela está apenas jantando. Não tarde.

— Ela já saiu com o Paul do Pilates antes? — Eu pergunto.

— Sim, mas ela teve que esconder de Harry. Ela só pode sair
quando ele não está em casa, porque ele é muito rude e
constrangedor.
Eu bebo meu vinho enquanto ajo desinteressado. Aquele
filho da puta malvado é bom para alguma coisa, afinal.

Quem imaginaria?

Este não é o primeiro encontro deles? Que porra é essa? Há


quanto tempo ela está saindo com ele?

Eu começo a ver vermelho.

Fletcher volta correndo para a sala. — Ela disse sim.

— Ela disse?

— Nós vamos comer alguma coisa.

— Vocês vão? — Estou tão chocado quanto ele. — Ótimo.

Seus olhos se arregalam de medo. — O que vou vestir?

— Ai Jesus. — Eu rolo meus olhos e Patrick dá um tapa na


testa. — Apenas vista algo bonito. E tome um banho. As meninas
gostam de caras que cheiram bem.

Fletcher me encara, como se eu fosse um alienígena. —


Desde quando?

Eu franzo o rosto em desgosto. — O que sua mãe realmente


ensina sobre meninas?

— Nada. — Ele arregala os olhos. — Ela acha que sou muito


jovem para namorar.
Eu inclino minha cabeça para o céu em desgosto. — E de
qualquer maneira, como é que você não atacou Paul do Pilates?
Por que ela tem permissão para sair com ele?

— Oh. — Fletcher dá de ombros. — Ele é gay.

Eu estreito meus olhos de alegria. — Oh, ele é... mesmo?

— Bem, eu realmente não tenho certeza disso. — Ele


encolhe os ombros casualmente. — Mas ele não é o tipo da
mamãe, então...

— Por que ele não é o tipo da sua mãe?

— Porque ela faz Pilates com ele. Ninguém faz Pilates com
um cara de quem gosta... não é mesmo? Além disso, ele usa uma
faixa de suor rosa em volta da cabeça. Ele é estranho. Bizarro,
até.

— Hmm. — Eu penso nisso enquanto toco meu queixo. —


Esse é um ponto muito bom, Fletcher. Ninguém namora um cara
que usa uma faixa rosa ao redor da cabeça no Pilates — eu digo,
pensando alto.

— Precisamente. — Fletcher se vira para ir tomar um banho.

— Oh... e, Fletch? — Eu chamo atrás dele.

— Sim.
— Bata no pônei25 no chuveiro.

Ele olha para trás. — O que?

Eu concordo. — Faça isso... você sabe, a coisa.

Fletcher franze a testa. — Para que?

— Quer que todo o restaurante saiba o quão feliz você está?


— Eu amplio meus olhos e olho para sua virilha. — Você quer
aparecer pelo menos... excitável... quanto é possível.

Ele franze a testa em horror. — Isso é uma coisa?

Patrick franze a testa. — Espere o que? Tem um pônei no


chuveiro?

— É uma música — murmuro, distraído. — Este é o


problema, Fletch. Ninguém vai a um encontro sem ouvir ‘Bata no
pônei’ antes de ir. Todo mundo sabe disso. É a regra número um
do namoro. — Exceto eu, é claro, a primeira vez com Claire...
droga. Fiquei desleixado e nem lembrava das regras básicas.

— Você está falando sério agora? — Ele franze a testa.

Eu reviro meus olhos. — Confie em mim.

25 Significa se masturbar.
Ele balança a cabeça e murmura para si mesmo enquanto
sobe as escadas. Eu me viro para Patrick. — O que você quer
assistir?

— Godzilla? — Ele pergunta.

— Sim, essa é uma boa escolha. — Eu me aninho de volta


no sofá. — Espero que a pizza se apresse. Estou faminto.

Patrick sorri para mim como se esta fosse a melhor noite de


sua vida. — Eu também.

Onde diabos ela está?

Tenho uma visão dela rindo no jantar com ele, e meu sangue
ferve.

Finalmente, ouço o carro estacionar e olho para o relógio:


22h45.

Que horas você chama isso?

Eu deslizo por debaixo das pernas de Patrick enquanto ele


dorme, e eu caminho até a janela e espio pela lateral das cortinas.
Eles estão conversando no carro.

Se você o beijar, você está na merda, mulher.

Ele está apoiando o braço no volante e olhando para ela


enquanto conversam.

Ele não é gay. De jeito nenhum ele estaria olhando para ela
assim se fosse gay.

Droga, o gaydar de Fletcher está quebrado, muito quebrado.

Cai fora do carro dele, Claire.

Agora.

Mesmo.

Não me empurre, porra.

Ela sai do carro e fecha a porta... sem beijo.

Eu mergulho de volta no sofá e coloco as pernas de um


Patrick adormecido de volta sobre as minhas.

Momentos depois, a porta se abre, Claire entra e vira. Em


seguida, seu rosto cai quando ela me vê. — Tristan.

Minha raiva está borbulhando perigosamente perto da


superfície, e eu olho para ela, incapaz de esconder.

Ela olha para Patrick esparramado em cima de mim,


dormindo. — O que você está fazendo aqui?
Ela parece chateada. Bem, mas nada comparado a mim.
Estou fumegando. — Eu fui babá para você esta noite. Eu
acredito que você me deve um agradecimento — eu digo com os
dentes cerrados.

— O que? — Ela diz.

— Fletcher teve que sair.

— Para onde?

— Aquela garota VanDerCamp que ele gosta mandou uma


mensagem para ele, e eu disse que ficaria com Patrick. Fletcher
está em casa agora, porém, dormindo na cama. Ele não se foi por
muito tempo. Presumo que o encontro não tenha corrido bem.

— Você está brincando comigo? Ele te deixou aqui sozinho


com Patrick? — Ela sussurra com raiva. — Oh, Fletcher está com
tantos problemas que você nem acreditaria.

— Eu disse a ele para ir — eu respondo. — Eu não me


importo. Você se importaria de me dizer quem diabos é Paul do
Pilates?

— Não é da sua conta. — Ela aponta para a porta. — Agora...


boa noite.

— Bem, essa não é uma maneira muito legal de tratar sua


babá, é?
Sua boca se abre. — Você não é minha babá — ela sussurra.
— Você é um pé no saco.

— Eu? — Eu zombo enquanto aponto para o meu peito. —


O que eu fiz?

— Você me irrita — ela responde enquanto entra na cozinha.

Eu cuidadosamente movo Patrick e então pulo e a sigo. — E


por que eu te aborreço?

— Volte para seus encontros despreocupados, Tristan.


Fique bem longe dos meus filhos.

Oh... trata-se de se encontrar com outras mulheres.

Ela abre a geladeira com força e, em seguida, puxa a garrafa


de vinho quase vazia e a segura. Seus olhos piscam de raiva.

— Foi agradável... na realidade. Junto com a pizza e tudo


mais.

Ela me olha inexpressiva. — Você bebeu meu vinho?

— Não mude de assunto. Por que eu encontrar outras


mulheres te incomoda?

— Não incomoda — ela responde com raiva. — Eu não tenho


tempo para suas merdas esta noite. Vá para casa.

Eu coloco minhas mãos em meus quadris. — Eu não posso


dirigir. Tenho bebido.
— Meu vinho — ela rosna.

Eu cruzo meus braços e olho para ela de cima a baixo com


um sorriso. — Você está de muito mau humor. Estou certo em
presumir que Paul do Pilates é o responsável?

— Não, você não está, na verdade. Tristan Miles é o


responsável. — Ela sai furiosa da sala.

Minha boca se abre. De toda a coragem. Eu corro atrás dela.


Ela vai até Patrick no sofá. Ela se abaixa para pegá-lo nos braços.

— Eu vou fazer isso.

— Não. — Ela me afasta. — Eu não quero você perto de


meus filhos demônios.

— Oh. — Eu rolo meus olhos enquanto ela luta para pegar


Patrick no colo. — É sobre o que eu disse sobre o bruxo.

— O nome dele é Harry, e sim, eu me ofendo com algum


babaca pomposo e mimado me dizendo que meus filhos se
comportam mal quando ele não sabe nada sobre o que eles
passaram — ela sussurra com raiva. — Saia do meu caminho —
ela diz enquanto luta contra o peso de Patrick.

Eu dou um passo para o lado. — Você está especialmente


uma vadia esta noite.

Ela passa por mim e sobe as escadas, e eu a sigo.


— O que você está fazendo? — Ela sussurra.

— Seguindo você. Com o que se parece?

— Juro por Deus, Tristan, vou empurrar você escada abaixo


em um momento. Vá para casa.

— Eu vejo onde eles conseguem isso, Claire.

Ela se volta para mim. — Conseguiram o que?

— Essa tendência violenta que você tem é muito


inconveniente.

Ela para onde está e desce um degrau na minha direção, e


eu me afasto dela. — Tristan.

— Sim, Claire.

— Cale a boca.

— Ou o que?

— Ou eu vou fechar para você.

— Violenta — murmuro enquanto a sigo escada acima e vejo


da porta enquanto ela deita Patrick na cama e tira seus sapatos
fora. Ela tira o cabelo dele da testa e lhe dá um beijo de boa noite.
Ela então apaga a luz e nós caminhamos de volta para o corredor.

— Onde é o seu quarto? — Eu pergunto.

— Um lugar que você nunca vai chegar. Desça as escadas.


Eu reviro meus olhos. — Eu não quero ir para lá de qualquer
maneira, Claire.

Seus olhos seguram os meus. — Bom.

— Sim, bom — eu deixo escapar. — Acabamos, lembra?

— Exatamente, então por que se preocupar em vir aqui?

Nós nos encaramos e aquele sentimento toma conta de mim,


aquele em que eu quero empurrá-la contra a parede e beijá-la
sem sentido.

Seus olhos caem para meus lábios, e eu sei que ela pode
sentir isso também.

— Bem, onde eu vou dormir? — Eu pergunto. — Eu não


posso dirigir.

— Ligue para o motorista da limusine.

— Ele está de folga esta noite.

— Por que não ligar para um Uber?

— Eles ficaram sem carros.

Ela estreita os olhos. — Eu sei o que você está fazendo.

— O que é isso?
— Não se faça de bobo comigo, Tristan. — Ela passa por
mim e desce correndo as escadas enquanto eu fico logo atrás
dela.

— Então, onde vou dormir? — Eu pergunto.

Com você?

— Suponho que você pode ficar com a cama de Woofy e ele


pode dormir comigo.

Meu rosto cai de terror. — Você prefere dormir com o


cachorro do que comigo?

— Eu prefiro, na verdade.

— O que aconteceu com a divertida e gostosa Claire que me


fode até perder os sentidos?

Seus olhos encontram os meus e o olhar em seu rosto é


assassino. — Ela acordou para a vida — ela sussurra. — Quando
ela percebeu que você é um idiota.

Minha boca abre enquanto finjo choque.

Ela caminha em minha direção e eu ando para trás. — Você


invade minha casa, sem ser convidado, e então bebe a porra do
meu vinho. Sem mencionar... — Ela se interrompe.

Eu encolho os ombros enquanto quase tropeço no sofá atrás


de mim. — Bem... além dessas coisas.
— Vá para casa, Tristan.

— Isso é sobre eu sair com aquela outra mulher?

— Eu não me importo com quem você sai.

— Isso é uma mentira, Claire? Porque você parece se


importar.

— Vá para casa — ela responde.

— Eu não posso. Estou acima do limite.

— Tudo bem, você fica no sofá.

— Podemos conversar sobre isso? — Eu devolvo.

— Não. — Ela vai até um armário, pega um cobertor e um


travesseiro e os joga em mim com força.

Eu os pego no ar. — Você não é muito hospitaleira, Claire


— eu bufo. — Você realmente deveria trabalhar nisso.

Ela revira os olhos e vai para a escada. — Espero que Muff


faça xixi na sua cabeça. — Ela pisa escada acima.

Meu rosto cai enquanto processo suas palavras. — O que?


— Eu olho em volta e vejo o gato sarnento sentado no sofá. Nós
travamos os olhos. — Isso é uma possibilidade? — Eu pergunto.

Silêncio.

— Claire?
Silêncio.

— Eu sou alérgico a gatos, Claire. Eu preciso dormir com


você — eu digo. — Na sua cama.

A porta do quarto dela bate.

Eu coço minha cabeça enquanto olho para o gato. Ele me


encara de volta. Eu aponto para ele. — Você chega perto de mim
enquanto eu durmo, gato Muff, estou te colocando do lado de fora
— eu sussurro. — Você vai ser comida de urso.

Estendo meus cobertores no sofá e coloco o travesseiro.


Droga. Eu quero ir para casa, mas quero falar mais com Claire
pela manhã. Eu subo no sofá e me contorço enquanto tento ficar
confortável.

Porra, este sofá é feito de concreto.

Duas horas depois

Tique, tique, tique, tique, tique, tique.


— Que diabos? — Eu sussurro enquanto olho para o relógio
na parede. Que tipo de doente tem um relógio que bate tão alto?
Não admira que todos estejam loucos por aqui.

Tique, tique, tique, tique, tique, tique.

Eu não aguento mais... estou a ponto de ruptura.

— É isso aí. — Eu jogo os cobertores e me sento com pressa.


Eu levanto do sofá e tiro o relógio da parede. — Você está indo
para o lixo, filho da puta. — Eu corro para a cozinha, relógio
embaixo do braço e olho em volta no escuro. — Não consigo ver
nada. — Eu acendo a luz e caminho até a porta dos fundos e a
abro rapidamente.

Está escuro como breu e assustadoramente silencioso. Eu


olho para fora. — Onde está a lata de lixo?

Hmm.

Eu ouço um barulho e, em seguida, um estrondo, e franzo


a testa enquanto olho para o quintal. — Quem está aí?

Silêncio.

Merda... isso é assustador ‘pra’ caralho. Fecho a porta e


volto para dentro de casa. Não estou arriscando minha vida por
uma bomba-relógio – sem chance.

Tique, tique, tique, tique, tique.


Apesar...

— Cale a boca, cale a boca — eu sussurro enquanto o agito.


Eu fico olhando para o relógio estúpido enquanto ele me provoca.
Eu me imagino jogando com força contra a parede e se
despedaçando em mil pedaços.

Tique, tique, tique, tique.

É isso aí. Eu não aguento mais. Olho em volta da cozinha


em busca de um lugar tranquilo, um lugar que feche essa coisa,
e vejo o plano perfeito.

Diabólico.

Abro o freezer, coloco o relógio lá e bato a porta. Eu sorrio


enquanto espano minhas mãos. — Isso vai dar um jeito em você.

Eu saio para a sala de estar e paro na parte inferior da


escada. Eu me pergunto o que ela faria se eu apenas me
esgueirasse lá para um pouco de conchinha. Eu sorrio enquanto
me imagino escorregando em sua cama.

Estou com saudades dela.

Eu volto para a terra com um baque e rolo meus olhos. Eu


sei que isso não vai acontecer.

Eu me deito no sofá e me aninho enquanto tento ficar


confortável.
Uma hora depois

— Miau.

Eu aperto meus olhos fechados... não, faça parar.

Purr... Purr... Purr. — Miau. — Tento bloquear isso. — Miau.

Oh inferno, uma noite neste lugar esquecido por Deus é pior


do que estar no Survivor26.

— Meeeooowww.

— O que? — Eu sussurro com raiva enquanto me sento com


pressa. — Que porra você quer, gato Muff?

Purr, Purr, Purr. O gato pula em cima de mim e eu estremeço.


Ele rasteja no meu colo e fica lá.

— O que? — Eu digo.

O gato olha para mim.

— Não há mil outros lugares para sentar nesta casa? Você


tem que sentar em mim, porra?

26 Survivor é um reality show competitivo popular nos Estados Unidos de sobrevivência.


— Miau.

— Cale a boca. — Eu o empurro de cima de mim, me deito


e viro as costas para ele.

— Miau.

Eu fecho meus olhos com força e sinto algo batendo em meu


rosto. Abro os olhos para ver o gato me batendo com a pata. —
Você está falando sério? — Eu sussurro. — Foda-se, gato Muff.

— Miau.

Oh inferno, o bruxo provavelmente está dormindo bem no


acampamento. Meus olhos se abrem quando tenho a
compreensão.

Sua cama está vazia.

Sim, vou esgueirar-me até lá e dormir na cama dele. Boa


ideia. Pego meus cobertores e travesseiros, subo as escadas e
rastejo pelo corredor com a lanterna do meu telefone.

Deve ser este quarto, o único com a porta aberta.

Eu ilumino com minha lanterna e uma cama de solteiro


vazia aparece. Perfeito.

Eu fecho a porta e subo na cama. É confortável e quente.


Eu me encontro relaxando instantaneamente e lentamente
caindo no sono.
Eu ouço um arranhão na porta. — Miau.

Eu coloquei meu travesseiro sobre minha cabeça. — Cale.


A. Boca.

Isso é insuportável.

Eu rolo e inalo profundamente. Finalmente estou relaxado.

O sono é uma coisa maravilhosa. É de manhã, mas não me


importo. Estou muito exausto.

Acho que tenho duas horas no máximo.

Eu me aconchego de volta e tenho a estranha sensação de


que alguém está me observando.

Eu abro um olho. O bruxo está parado perto de mim; o olhar


em seu rosto é assassino.

— O que diabos você está fazendo na minha cama? — Ele


rosna.
Eu me sento com um susto e recuo. — O que você está
fazendo aqui? — Eu digo.

— Este é o meu quarto — ele late.

Eu me deito e puxo os cobertores sobre mim. — Bem, estou


dormindo aqui. Saia.

— Por que você...

Sento-me como o próprio diabo. — Ouça, garoto — eu


sussurro com os dentes cerrados. — Eu tive uma noite muito
ruim, e se eu levantar agora, provavelmente vou jogar você pela
janela.

— Você vai me fazer chorar? — Ele sussurra em uma voz de


bebê. — Mamãe não gosta de homens grandes e assustadores
mexendo comigo.

Eu estreito meus olhos. Por que, seu merdinha conivente.


— Você chora para a sua mãe e vê o que acontece com você — eu
sussurro com raiva. — Não me empurre, garoto.

— Não me empurre — ele rosna.

— Saia — eu sussurro.
— Este é meu quarto. Você sai.

Eu olho para ele. — Eu não estou me movendo. — Nossos


olhos se fixam e então, como se tivesse uma epifania, ele sorri
sombriamente, se vira e sai furioso.

Eu me deito e fico olhando para o teto por um momento...


para que foi aquele sorriso maligno? O que ele está tramando?

Claire.

Sento-me com pressa e quase corro pelo corredor até o


quarto dela. A porta está fechada, e coloco meu ouvido nela para
escutar.

Ele está aí?

Eu juro, se ele me denunciar... ele é um garoto morto.

Não consigo ouvir nada. Eu olho para a esquerda e para a


direita. Ninguém está por perto. Abro a porta devagar e encontro
Claire dormindo profundamente. Eu entro, fecho a porta atrás de
mim e fecho a fechadura.

Eu me arrasto em direção à cama. Claire está dormindo de


costas, com as mãos acima da cabeça. Eu me pego sorrindo
enquanto a observo. Ela é como um anjo.

Ela é tão bonita.


Eu olho ao redor da sala. A presença dela é tão forte aqui.
Deus... eu só quero tomá-la em meus braços e beijá-la.

Mas eu não posso... eu posso?

Eu levanto uma sobrancelha enquanto a observo.

Talvez?

Eu me esgueiro para a cama dela e deito de lado, de frente


para ela. Eu vejo como seus lábios se abrem enquanto ela inala.
Seu cabelo escuro está bagunçado e seus cílios tremem. Meus
olhos caem mais abaixo, para baixo sobre seu pescoço, seu
decote perfeito... mais abaixo em sua camisola floral e a pequena
mancha de pele branca que desaparece por baixo dela.

Nunca conheci uma mulher tão bonita quanto ela.

Ela é perfeita... tudo nela é perfeito.

Seus olhos se abrem e ela franze a testa para mim, como se


estivesse tentando se concentrar.

— Ei — eu sussurro. Pego sua mão e beijo suas pontas dos


dedos. Ela me observa em algum tipo de estado atordoado. —
Como você dormiu?

— Tris. — Ela franze a testa.

Eu sorrio. Ela está de volta; minha menina suave está de


volta. — Sim, baby, estou aqui. — Eu me inclino mais perto dela.
Eu ouço um bang, bang, bang na porta. — O que você está
fazendo aí? — O bruxo grita pela porta.

Ela se afasta de mim e aparentemente recupera os sentidos.


— Oh meu Deus. — Ela olha em volta com olhos arregalados. —
O que você está fazendo? — Ela gagueja.

— O que eu estou fazendo? — Eu digo. — Você não deveria


estar perguntando o que diabos ele está fazendo?

Bang, bang, bang soa na porta quando ele bate com o


punho.

— Tristan — ela sussurra.

— Eu quase morri na noite passada, Claire, entre o sofá de


cimento, o relógio, o gato e agora a porra do maluco lá fora.

Ela pula da cama.

— Mas valeu a pena... só para ver você acordar — eu digo.

Ela para. Seus olhos encontram os meus e eu sorrio


suavemente.

— Tristan — ela sussurra. — O que você está fazendo aqui?

Eu balanço minha cabeça, sem palavras porque nem eu sei.


— Nós precisamos conversar.

— Eu vou rasgar você com minhas próprias mãos — o bruxo


grita.
Oh meu Deus... esse garoto está atrapalhando meu estilo.

— Você tem que ir — ela sussurra. — Este não é o momento,


Tris.

Bang, bang, bang ecoa pela porta sólida.

Pelo amor de Deus.

— É isso aí. — Eu me levanto, corro para a porta e abro com


pressa. Ele cai porque estava apoiado nele. — O que você está
fazendo, seu psicopata? — Eu lato.

— Tristan — Claire me avisa.

— O que você está fazendo aqui? — Harry grita.

— Pegando minhas chaves. — Eu olho em volta. — Não, não


consigo encontrá-las. Não aqui. — Eu marcho para fora e desço
as escadas, para longe de Claire.

Esse garoto é um bloqueio de pau do caralho.

Desço e pego a sacola que trouxe do carro e vou até o


banheiro.

O bruxo entra no meu caminho. — Estou avisando — ele


zomba — fique longe da minha mãe.

Eu olho para a merda hipócrita na minha frente. — Eu


tenho duas palavras para você. — Eu levanto dois dedos.
— Quais são elas?

Eu me inclino bem perto. — Colégio. Interno.

Ele estreita os olhos. — Você vai cair, menino bonito.

Eu cerro meus dentes. — Pode vir. — Eu corro para o


banheiro. Não tenho ideia de como lidar com essa merda. Vou ter
que tentar falar com Claire quando puder pegá-la sozinha. Não
adianta ficar aqui com ele agindo assim. Se eu perder minha
merda com ele, é isso... posso dar um beijo de adeus nela para
sempre.

Embora, beijar Claire e se despedir de sua casa de horrores


seria a opção muito mais inteligente agora. O que diabos estou
fazendo aqui?

Eu aperto minhas mãos enquanto me imagino torcendo o


pescoço do pequeno filho da puta. Finalmente, visto algumas
roupas e volto para encontrar Claire em seu roupão. Ela está com
a chaleira fervendo e está na cozinha.

A calma toma conta de mim e eu sorrio. — O que você está


fazendo hoje? — Eu pergunto a ela.

— Coisas de mamãe — o bruxo grita atrás de mim.

— Isso é o suficiente, Harrison — Claire rebate.

Foda-se isso.
— Eu estou indo embora. — Eu suspiro. Este garoto pit bull
está me expulsando.

— Ok. — Ela força um sorriso.

— Tem certeza de que não pode escapar para um almoço?


— Eu sussurro.

— Estamos muito ocupados hoje, mãe — interrompe Harry.

Eu aperto minha mandíbula. Eu não estava brincando – o


colégio interno pode estar no futuro muito próximo desse garoto.

Ela sorri. — Parece que posso almoçar hoje, Tris?

Eu fico olhando para ela inexpressivo. — Bem... vejo você


mais tarde?

— Ok. — Eu ando lentamente até a porta e ela me segue.

Eu me viro para ela e nos encaramos por um momento. Eu


gostaria de dizer muita coisa... de fazer.

Harry se coloca entre nós, me forçando a afastar-se dela. —


Você se importa? — Eu pergunto.

— Nem um pouco — ele diz.

Eu olho para ele. — Se você quiser fazer algo útil, mantenha


Paul longe do Pilates e longe de sua mãe. Ele não presta, aquele
cara.
Claire tenta esconder seu sorriso e falha abissalmente. —
Adeus, Tristan.

Os olhos de Harry se arregalam de horror. — Quem é Paul


do Pilates? — Ele diz enquanto olha entre nós.

Eu sorrio para Claire e dou uma piscadela.

Ela estreita os olhos em troca. — Ninguém com quem você


precise se preocupar — ela diz. — Tristan está delirando.

— Adeus — eu digo, me sentindo satisfeito comigo mesmo.

— Oh, Tristan, — Harry chama, e eu me viro na direção


deles. — Tique. Taque. — Ele sorri sombriamente, como se tivesse
um segredo.

Eu estreito meus olhos... o que diabos isso significa? Eu


sacudo isso para longe. — Adeus, Claire. Adeus, bruxo.

Eu saio até o meu carro e ouço uma pequena voz me


chamando, — Tristan? — Eu me viro e vejo Patrick correndo atrás
de mim. Ele está todo confuso e acabou de acordar. Seu cabelo
está em pé.

— Ei, amigo. — Eu sorrio.

Seu rosto cai. — Onde você vai? — Ele pergunta.

— Eu tenho que ir para casa.


Ele segura o lábio com os dentes, como se estivesse
preocupado. — Bem, você vai voltar?

— Claro que vou.

— Quando?

— Hum. — Eu olho para cima e vejo Claire parada na porta,


nos observando. — Em breve. — Eu bagunço seu cabelo e sorrio.
— Obrigado por ficar comigo ontem à noite. Da próxima vez, vou
escolher o filme.

Ele balança os braços alegremente. — Ok. — Ele se vira para


sua mãe e sorri com orgulho.

Com um último aceno, entro no carro e vou embora.

Meia hora na estrada e meu carro começa a tremer. Desligo


o rádio para ouvir o motor. Eu acelero, e estremece novamente.

O que está acontecendo?

Eu diminuo a velocidade e continuo dirigindo, mas o carro


parece não ter energia.
O que no mundo?

Ele começa a tremer violentamente e engasga por um


tempo. Eu finalmente paro o carro e o desligo.

Sento-me por um momento e depois o ligo. Ele não


responde.

O motor gira enquanto tenta dar a partida, mas


simplesmente não liga. — Oh vamos lá. Só podes estar a brincar
comigo.

Este carro é novo ‘pra’ caralho.

Tento começar de novo e de novo.

Dane-se isso. Eu saio e bato a porta.

Pego meu telefone e pesquiso no google reboque.

Esta é a última coisa de que preciso.


Claire

Eu digito o e-mail.

Sr. Scott,

Foi adorável conhecer você

Sou interrompida por meu telefone tocando. O nome Paul


ilumina a tela.

Ah não. Eu expiro pesadamente. Eu nem quero falar com


ele. Nosso encontro na sexta-feira foi a noite mais longa da minha
vida.

É segunda-feira e sei que ele está ligando para saber se vou


ao Pilates esta noite. Droga.

Agora vai ser estranho. Que movimento estúpido se


encontrar com alguém da minha aula favorita de Pilates.
Minha mente vai para Tristan. Não acredito que ele estava
esperando que eu voltasse para casa do meu encontro. Eu sorrio
ao pensar nele sozinho em casa com meus filhos.

Ah bem... pelo menos ele sobreviveu, eu acho.

Ignoro a chamada e volto para o meu e-mail. Então... Toc,


toc.

— Entre — eu chamo enquanto meus olhos ficam grudados


no meu computador. A porta abre e fecha.

— Anderson — eu ouço o ronronar de voz profunda e


ousada.

Eu olho para cima para ver Tristan Miles em toda a sua


glória. Terno marinho escuro perfeitamente ajustado, uma
camisa branca e uma gravata azul marinho. Suas mãos estão nos
bolsos, e ele se parece muito com o herdeiro Miles Media que é.
Seu cabelo escuro está bagunçado até a perfeição.

— Tristan.

Nossos olhos se encontram e meu estômago se agita. Ele é


tão lindo que eu não aguento. — Olá. — Ele sorri.

— Oi. — Eu volto para o meu computador, sem saber o que


dizer. — O que você está fazendo aqui?

— Vim te levar para almoçar.


Eu continuo digitando.

— Claire — ele invoca. — Olhe para mim, por favor.

Eu arrasto meus olhos para encontrar os dele. A expressão


engraçada e sedutora a que estou acostumada foi substituída por
uma de nova determinação.

— Por que você quer me levar para almoçar? — Eu pergunto.

Ele dá a volta para ficar na minha frente. Ele pega minha


mão e me puxa da cadeira para seus braços. — Porque eu não
posso lutar mais contra isso. Não posso fingir que não quero você.
Porque eu quero.

Seu corpo é duro e forte contra o meu, e quando eu olho


para ele, perco minha capacidade de falar. Ele se inclina e me
beija suavemente. Seus lábios pairam sobre os meus.

— Tris — eu sussurro.

— Estou farto de jogar esses jogos estúpidos.

— Tal como?

— Pare de agir como uma idiota, Anderson, não combina


com você. — Ele enfia uma mecha do meu cabelo atrás da minha
orelha. — Não quero que você saia com aquele idiota do Pilates
de novo.

— Por quê?
— Porque eu quero você só para mim.

— E ainda assim você espera que eu compartilhe?

— Não. Eu não vou ver mais ninguém também.

Eu fico olhando para ele por um momento enquanto tento


acompanhar a conversa. — Fale inglês, Tristan. O que você está
propondo?

— Monogamia casual.

— Monogamia casual? — Eu sorrio. — Isso é uma coisa?

Ele me puxa para perto e me bate com os seus quadris. —


Nós faremos isso uma coisa.

— E posso perguntar como?

— Bem... eu só vou ver você, e você só vai me ver.

— Não sei se consigo fazer isso. — Eu sorrio contra seus


lábios enquanto ele se aproxima e me beija.

— Que pena. — Nossos lábios se unem enquanto ele segura


meu rosto em suas mãos. — Não tenho escolha no assunto, então
precisamos fazer isso.

— Por que você não tem escolha? — Eu pergunto.

— Porque eu só quero você.


Eu paro na área de carga e descarga e dou um aceno para
Fletcher. Ele sorri ao me ver, corre e pula para dentro. Ele está
carregando uma bolsa de terno que está farfalhando, impedindo
que a porta do carro se feche. — Oi — eu digo enquanto levanto
meu indicador. — Rápido, não tenho permissão para parar aqui.

Ele bate à porta e eu volto para o trânsito. — Oi — ele


responde.

— Oi. — Eu sorrio para ele e esfrego sua perna. — Olhe para


você, meu grande menino trabalhador. — Eu olho para o banco
de trás. — O que há na bolsa?

— Oh. — Ele sorri com orgulho. — Tristan me comprou um


presente.

Meus olhos se voltam para ele com surpresa. — O que?

— Ele disse que tenho trabalhado muito, então ele queria


me recompensar.

— Você está falando sério?

Ele acena com um sorriso orgulhoso.


— Fletch, estou tão orgulhosa de você por tentar tanto. —
Meus olhos vão para o banco de trás. — O que é isso?

— Um novo terno.

Eu franzo a testa para ele. — Quanto custou aquilo?

— Tipo três mil dólares.

— O que? — Eu zombo.

— Mãe, tentei dizer a ele que era demais, e ele me disse que
não posso usar ternos baratos se quiser ser levado a sério.

Eu franzo a testa enquanto observo a estrada, e meu


coração afunda. Wade teria adorado ter comprado para Fletch
seu primeiro terno bonito. Aborrecimento me preenche. Eu sei
que deveria ser grata, mas sinto que Tristan ultrapassou os
limites. Isso era algo que eu queria fazer.

Eu sou a mãe dele... deveria ter sido eu.

— Ele e Sammia me levaram. Sammia me disse para deixá-


lo comprar porque ele tem o dinheiro, e é verdade... tenho
trabalhado muito.

— Uau. — Eu arregalo meus olhos enquanto ajo com


entusiasmo. — Lembre-me, quem é Sammia?

— Ela é assistente de Jameson. Ela e Tristan são bons


amigos.
— Oh. — Lembro-me dela. Ela é maravilhosa.

— Sim, pensei que eles saiam por um tempo.

Meus olhos se voltam para ele. — Por que você achou isso?

— Oh, eles vão almoçar muito juntos. Eu apenas presumi.

Eu agarrei o volante enquanto uma explosão inesperada de


ciúme me percorria. Eu olho de volta para ele. — Então... eles
estão saindo?

— Não. Conheci o noivo de Sammia esta semana. Acontece


que eles realmente são apenas amigos.

— Oh. — O alívio me preenche e eu franzo a testa enquanto


avalio minhas emoções. Hmm... eu realmente não deveria me
importar com o que ele faz.

Acontece que talvez eu me importo. — Você gosta de


Tristan? — Pergunto-lhe.

— Sim, ele está crescendo em mim.

— Por que é isso?

— Bem, ele não é o bastardo que finge ser. Vamos dizer


assim.

Meus olhos disparam entre ele e a estrada. — Por que você


diz isso?
— Eu não sei, — diz ele causalmente enquanto olha pela
janela para as pessoas que passam correndo na calçada. — Ele
não é quem eu pensava que era.

— Por quê?

— Eu não acho que ele é um cara mau em um bom terno


como eu pensei a princípio. Eu acho que ele é realmente um cara
legal em um bom terno. — Ele pega seu telefone e começa a
mexer. — Ele é realmente muito engraçado.

Eu mordo meu lábio para segurar minha língua. Quero fazer


um milhão de perguntas a ele sobre Tristan Miles, mas sei que
não posso ser óbvia e, além disso, ele e eu somos efetivamente
apenas amigos, então não importa de qualquer maneira.

Minha mente repassa o que ele me disse em meu escritório


hoje cedo.

— Então... dormir só com você... não é um problema para


mim. — Seus lábios tocaram os meus. — No entanto, não dormir
com você é uma tortura que não vou tolerar.

Eu sorrio para mim mesma enquanto dirijo. Gosto do fato


de que ele não quer mais ninguém, e sei que provavelmente é um
desastre esperando para acontecer, mas vou com a abordagem
esquiva.

Eu simplesmente não vou pensar sobre isso.


O que vou vestir amanhã? Os nervos vibram em meu
estômago com a ideia de tê-lo para mim por uma hora.

Pela primeira vez desde Paris, estou um pouco animada.

Marley entra em meu escritório. — O que você quer


almoçar?

— Oh, um. — Eu faço uma pausa. Merda. — Eu tenho um


compromisso hoje na minha hora de almoço. Desculpe. — Eu giro
em direção a ela na minha cadeira. Não parece certo mentir para
a minha melhor amiga, mas isso realmente precisa ficar entre
Tristan e eu. — O que você vai comer?

— Hmm... não tenho certeza, realmente. Estou com vontade


de comer sushi, mas então — ela faz uma careta — Não quero
caminhar até o lugar bom.

— Sim, eu sei. É uma caminhada. — Eu penso por um


momento. — E quanto ao Denver's?

Ela franze o rosto, como se eu fosse idiota. — Você não se


lembra da última vez que fomos lá?
— Não, o que aconteceu?

— Morte por risoto. — Ela arregala os olhos. — Quase


morremos naquele dia, Claire.

Eu rio. — Oh, isso mesmo. Como eu poderia esquecer isso?


— Comemos risoto, e isso fez nossos estômagos ficarem tão mal
que ficamos deitadas no chão do escritório gemendo por uma
hora.

— Que compromisso você tem?

— Oh. — Tento pensar rapidamente. — Médico. Apenas um


check-up anual. — Meu telefone apita com uma mensagem, e
vejo o nome Tristan iluminar a tela. Eu viro para que ela não veja
o nome dele.

— Legal — ela diz enquanto caminha em direção à porta.

— O que você vai comer? — Eu chamo. — Morte por risoto


ou bom sushi?

Ela encolhe os ombros. — Hmm, provavelmente sushi


medíocre na esquina. Poupar meus pés.

— Sushi medíocre é melhor do que nenhum sushi, —


respondo.

— Isso é verdade. — Ela desaparece porta afora e eu leio


minha mensagem.
Anderson,

Seu almoço é no

Dream Downtown às 13h.

Tris.

Xo

Eu sorrio e olho para o meu relógio. Hmm, que lugar


estranho para almoçar. Deve ser para que ninguém nos veja.
Uma hora até eu conseguir vê-lo.

Entro no saguão do hotel Dream Downtown as uma.

— Olá. — Eu ouço sua voz profunda atrás de mim.

Eu giro na direção dele e meu coração fica preso na


garganta. Ele está vestindo um terno cinza e uma camisa creme
com uma gravata azul marinho. Seu cabelo escuro e
encaracolado está rebelde e ele parece completamente comestível.
— Oi. — Eu sorrio.
Seus olhos famintos descem pelo meu corpo. — Já
encomendei o almoço para nós.

— Você fez?

Ele olha para a recepção, como se fosse culpado de um


crime sinistro. — Sim, está na sala de jantar privada.

— Oh. — Eu franzo a testa.

— Por aqui, por favor. — Ele se vira e sai em direção ao


elevador, e eu o sigo. Entramos. Ele aperta o número sete, as
portas se fecham e começamos a subir.

— Onde é isso... sala de jantar privada? — Eu pergunto.

— Eu não posso te dizer — ele diz secamente. — É privado.

— Então, é uma sala de jantar superprivada?

— Precisamente. — Ele continua a olhar para frente.

— Como você sabia como encontrá-la se é tão particular? —


Eu pergunto enquanto jogo junto.

— A sogra do irmão do marido da irmã do meu tio me contou


sobre isso, — ele responde sem hesitar.

— Ah eu vejo. — Eu sorrio e abaixo minha cabeça. Este


homem me diverte. As portas se abrem, ele caminha pelo corredor
com uma missão e passa uma chave que tirou do bolso em uma
das portas. — Esta não é uma sala de jantar privada, este é um
quarto de hotel.

Ele pisca sombriamente. — Semântica.

— Como assim?

Ele vira a chave e abre a porta. — Você vai comer, e... é


privado. — Ele se afasta para me deixar entrar. O quarto é
pitoresco, com uma cama king-size e um banheiro adorável.

As cortinas estão fechadas e está escuro, iluminado apenas


pelas lâmpadas. Um prato de comida coberto com uma tampa de
prata e uma garrafa de champanhe estão sobre a mesa. Eu me
viro para ele. — Você já esteve aqui?

— Bem, eu tive que organizar o seu almoço. — Ele revira os


olhos, como se eu fosse estúpida. — Esta é uma sala de jantar.

Eu olho ao redor da sala. — E você fechou as cortinas para


mim?

— Sim. — Ele dá um passo em minha direção. — Não queria


te assustar com meu membro. Pensei que a ajudaria a ficar no
controle.

Eu começo a rir. — Seu membro? — Seus lábios tocam os


meus, sua língua deslizando lentamente pelos meus lábios
enquanto ele pega meu rosto em suas mãos.

Oh cara... a maneira como ele beija.


Abro meus olhos para ver que os dele estão fechados. Ele
está totalmente no momento comigo. — Você sabe como estou
com tesão ‘pra’ caralho, Anderson? — Ele sussurra contra minha
boca.

Eu sorrio. — Provavelmente tão excitado quanto eu.

— Não. Eu ganho. Eu me masturbei três vezes hoje em


preparação para isso. Você terá sorte se eu tiver algo sobrando
para você.

Eu começo a rir. — Oh, eu senti falta do seu senso de


humor.

Ficamos sérios por um momento enquanto nossos olhos


procuram um ao outro. Eu sentia falta de mais do que seu senso
de humor, mas nunca vou admitir. — Eu preciso de você nua —
ele sussurra. Sua concentração cai para minha blusa e ele
começa a desabotoá-la lentamente.

Meu coração está batendo tão rápido enquanto estou diante


dele. Como isso está acontecendo? Estamos na sala juntos há
dois minutos.

Isso é luxúria... luxúria pura e não adulterada.

— No que você estava pensando quando se masturbou? —


Eu sussurro.

Seus olhos seguram os meus. — Você.


Meu coração aperta no meu peito enquanto meus olhos
procuram os dele novamente. Eu sei que isso é sexo casual e sujo.
Mas, droga, parece mais. Parece uma vida inteira desde que
estive em seus braços. Ele desfaz meu último botão, desliza
minha blusa por cima do ombro e a coloca cuidadosamente no
encosto do sofá. Seus lábios vão para o meu pescoço enquanto
ele lentamente abre o zíper e desliza minha saia para baixo.

Ele belisca meu pescoço com os dentes e, em seguida, tira


minha saia totalmente e a coloca com cuidado na cadeira. — Não
queremos vincos em suas roupas quando você voltar ao trabalho.

Eu franzo a testa. Quantas vezes ele já teve esse tipo de


almoço?

Ele conhece o procedimento... eu empurro o pensamento


para o fundo da minha mente.

Não vá lá.

Ele se afasta de mim; seus olhos caem pelo meu corpo e eu


fecho meus olhos para bloqueá-lo. Meus nervos estão em alta. Eu
sei que não sou como as mulheres com as quais ele está
acostumado. — Você sabe... — ele sussurra.

Eu fico olhando para um ponto no tapete – qualquer coisa


para me afastar da intensidade de seu olhar no meu corpo.

Ele arrasta meu rosto para o dele. — Eu tinha esquecido


como você é linda, Anderson.
Se eu pudesse responder a ele com algo espirituoso, eu o
faria. Mas eu não posso. Estou sobrecarregada com os
sentimentos que ele traz à tona em mim.

Ele se inclina e beija minha clavícula e, em seguida, um por


um leva meus mamilos em sua boca através do meu sutiã.

Prendo a respiração para tentar impedir de tremer, para


tentar pelo menos agir um pouco calma.

Ele desce para o meu estômago. Ele distribuiu beijos cada


vez mais baixo e então cai de joelhos na minha frente. Ele
mordisca meu sexo através da minha calcinha, e eu fecho meus
olhos enquanto quase entro em combustão.

Oh, meu Deus...

Ele puxa minha calcinha para o lado e me beija suavemente


lá... oh inferno.

Eu sinto sua expiração na minha pele e prendo a respiração


enquanto espero por uma reação.

Ele inala profundamente e então, como se fosse incapaz de


evitar, me lambe profundamente com sua língua grossa. Ele geme
em agradecimento e isso envia um estrondo em meu sexo.
Minhas pernas quase desabam sob mim. Eu olho para cima e nos
vejo no espelho.
Eu com minha calcinha de renda preta. Ele de terno
completo e gravata, ajoelhado na minha frente.

Eu olho para ele, e seus olhos estão fechados de prazer,


como se ele pudesse morrer se não me provasse. Impaciente para
lamber por baixo da minha calcinha, ele a desliza para baixo,
joga-a para o lado e depois me leva de costas para a cama.

Ele lentamente tira meu sutiã e depois me deita e abre


minhas pernas.

Seus olhos percorrem minha carne. Estou completamente à


sua mercê.

Aqui para seu prazer.

Nós nos encaramos enquanto a energia gira entre nós como


um incêndio.

Quando Tristan Miles me deixa nua... nada mais importa.

Tudo que me importa é agradá-lo.

Ele se inclina e pega minhas coxas em suas mãos e me


abraça enquanto sua língua começa a girar profundamente no
meu sexo.

Minhas costas arqueiam para fora da cama e eu me


contorço embaixo dele. Minhas mãos torcem em seu cabelo
ondulado e arrasto seu rosto para que possa olhar para ele. Seus
lábios brilham com a minha excitação, e seus olhos são de um
belo tom de ‘venha me foder’.

— Venha aqui — eu sussurro.

Ele me lambe novamente, seus olhos fechando mais uma


vez, e fica muito claro que ele não está mais no controle de suas
ações. Ele está funcionando no instinto agora, puro instinto
masculino. Seu corpo assumiu o controle; não importa o que eu
peço. Ele precisa fazer isso do seu jeito... pelo menos desta vez,
de qualquer maneira.

Ele continua me comendo, cada vez mais fundo enquanto


perde todo o controle. Seu rosto se debate de um lado para o
outro e sua barba queima minha pele sensível.

Puta que pariu... tão bom.

Minhas costas começam a arquear de prazer; meu rosto se


contorce enquanto tento me segurar. — Tris — eu choramingo
enquanto puxo seu cabelo entre meus dedos. — Aqui em cima.
Venha aqui em cima. — Eu quero beijá-lo.

Eu quero beijá-lo desesperadamente.

Ele roça os dentes contra o meu clitóris, e eu grito quando


chego ao orgasmo. Eu estremeço forte enquanto ele suavemente
me lambe. Por cinco minutos ele continua enquanto eu olho para
o teto e estremeço e vejo estrelas.
Acho que é o mais duro que já gozei. Puta merda, ele é tão
bom nisso.

Eu volto aos meus sentidos e percebo que ele ainda está


completamente vestido com seu terno.

Sento-me com uma determinação renovada e rastejo sobre


meus joelhos. — Levante-se — eu suspiro.

Seus olhos brilham com fogo e ele se levanta enquanto abro


o zíper de sua calça. Seu pau está duro como uma rocha e fica
acima da cintura de sua cueca. Pré sêmen perolado está vazando
do topo. Eu deveria despi-lo. Eu deveria levar meu tempo.

O que eu quero é chupar ele... duro. Quero fazê-lo explodir,


totalmente vestido com seu terno caro.

Beijo seu pau e ele passa a mão com ternura pelo meu
cabelo enquanto olha.

O que há sobre nós dois juntos?

Nem mesmo precisamos falar; é como se tivéssemos uma


linguagem secreta. Eu posso dizer o que ele está pensando,
apenas pelo seu toque. Eu começo a lambê-lo com a língua plana.
Nossos olhos estão travados um no outro.

Ele ama isso.

Ele puxa meu cabelo para trás em um rabo de cavalo no


topo da minha cabeça enquanto ele assiste, e eu sorrio ao redor
dele. Ele quer entrar na minha boca – é por isso que ele está
puxando meu cabelo para trás do meu rosto.

Eu lambo em todos os lugares, mas não vou colocá-lo


completamente na minha boca, e ele começa a mover minha
cabeça pelo aperto que segura no meu cabelo para tentar entrar.

Eu lambo o comprimento de seu eixo e então sussurro: —


Foda minha boca, Sr. Miles.

Ele inala profundamente e empurra seu pau na minha


garganta. Sua pre ejaculação é salgada, e o aperto que ele tem no
meu cabelo é quase doloroso. Ele desliza para fora e, em seguida,
bombeia de volta enquanto seus olhos reviram em sua cabeça. —
Foda-se — ele geme.

— Mais forte — eu sussurro em torno dele.

Ele empurra profundamente novamente, e desta vez eu giro


minha língua. Seu pênis empurra, e ele cambaleia para frente.

Ele já está perto.

Encontramos um ritmo. Suas mãos agarram meu cabelo e,


enquanto eu me ajoelho nua na cama, ele fode minha boca.
Longos e profundos, os gemidos que saem dele são os sons mais
gostosos que já ouvi.

Seu aperto se torna doloroso quando ele bate em minha


boca e inclina a cabeça para trás. Com um gemido profundo, ele
goza com pressa. O sêmen quente enche minha boca e eu bebo
como uma profissional.

Ele luta para respirar e inclina a cabeça para trás para o


teto, e eu o lambo enquanto continuo a esvaziar seu belo corpo.

Então eu me levanto e tiro sua jaqueta, e desfaço sua


gravata e lentamente desabotoo sua camisa.

Ele olha em um estado estranho de deslocado, seu rosto


cheio de admiração.

Eu deslizo sua camisa sobre seus ombros e sou abençoada


com a visão de seu peito espesso e musculoso com sua dispersão
de cabelo escuro. — Tristan, — eu sussurro enquanto beijo seu
peito. — Senti falta do seu lindo corpo. — Eu beijo mais baixo e
o coloco em minha boca novamente, e ele me puxa para cima.

Ele me beija, e é terno e significativo e tudo o que uma


conexão de hotel não é. — Foda-me, — ele sussurra. — Você
precisa me foder, Anderson.

Eu puxo suas calças para baixo em um movimento rápido.


Ele desaparece e agarra um punhado de preservativos com
urgência. Ele os joga na mesa lateral e rola um. Ele me empurra
para trás e eu caio no colchão com uma risadinha enquanto ele
passa por cima de mim.

Em um impulso forte, ele desliza fundo. Nossas bocas se


abrem enquanto olhamos um para o outro.
Nossos corações batendo forte em nosso peito.

Ele puxa e desliza de volta para o fundo, e meu corpo ondula


ao redor do dele enquanto tenta lidar com seu tamanho.

Nem todos os homens são criados iguais. Tristan Miles é


uma prova genuína disso.

Sexo com ele... é de outro mundo.

— Estou ansioso para destruir sua vagina o dia todo,


Anderson, — ele sussurra. Eu comecei a rir, e ele bateu forte. —
Levante a porra das pernas.

A água escorre pelas minhas costas, e sorrio enquanto


minha cabeça se inclina contra seu peito largo.

— Sabe, quando eu brinquei com você sobre beber chá de


vovó, eu não tinha ideia de como vovó você poderia realmente
conseguir — ele murmura secamente.

Eu rio. — Você é um menino de sorte. — Estou de touca de


banho para não voltar ao trabalho com o cabelo molhado. —
Sabe, este é um almoço muito caro para você todos os dias.
Quanto custa este hotel, afinal?

Ele sorri para mim enquanto reajusta minha touca de


banho de vovó. — Vale cada centavo.

É sexta-feira e, ao contrário dos dois encontros de almoço


por semana que combinamos, passamos três almoços juntos aqui
esta semana. Menti para todos em meu escritório sobre onde
estive.

Sou uma má chefe fazendo coisas más com um homem


mau.

Não nos cansamos um do outro.

— Eu tenho que ir, baby — eu sussurro.

— Hmm. — Ele me segura com força em seus braços. — Não


me deixe — ele provoca.

Eu sorrio enquanto o beijo. — Eu tenho. — Eu me arrasto


de seus braços e me seco enquanto ele fica no chuveiro. — Você
não vai voltar a trabalhar? — Eu pergunto enquanto me visto.

Ele começa a lavar o cabelo. — Não. Como você sabia?

— Você tem uma mala com você hoje.

— Oh, estou indo para a academia.


— Ok. — Eu franzo a testa enquanto me lembro de algo. —
Você conseguiu seu carro de volta?

— Espero poder pegá-lo esta tarde. Se não, tenho outro


preparado para o fim de semana.

— Ok.

— Podemos almoçar na segunda-feira? — Ele pergunta


enquanto enxágua o shampoo de seu cabelo. — Quarta-feira é
muito longe — acrescenta.

Eu fico olhando para ele por um momento, e ele está certo:


quarta-feira é muito longe. — Sim, talvez. Eu vou te ligar.

O que está acontecendo aqui?

Eu dispenso minhas dúvidas e me inclino para beijá-lo. —


Adeus.

— Você pode me passar meu condicionador da minha bolsa


antes de ir, por favor? — Ele pergunta.

Eu saio e pego seu condicionador de sua bolsa e noto que


seu telefone está acendendo. Eu entrego o condicionador. — Seu
telefone está tocando. — Eu coloquei no balcão do banheiro. —
Tchau, Tris.

— Adeus querida. — Ele me dá uma piscadela sexy e eu


sorrio enquanto meus olhos caem por seu corpo nu.
Hmm, eu morri e fui para o céu da pausa para o almoço.
Tristan

Eu ouço a porta bater e sorrio enquanto um calor me


inunda.

Claire Anderson me deixa feliz.

Estupidamente feliz ‘pra’ caralho.

Ao ponto de quase me deixar louco com meu sorriso bobo.

Eu coloco o condicionador no cabelo e franzo o rosto. Oh


Deus. Essa merda fede. Não me lembro de cheirar assim antes.
Eu me inclino para fora do chuveiro e jogo a pequena garrafa na
lata de lixo, e vejo meu telefone dançando no balcão. O nome
Mecânico ilumina a tela. Sim... meu carro. — Alô — eu respondo,
tentando não molhar o telefone.

— Oh, olá, é o Tristan?

— Sim. Falando.

— Olá, é o Steven da Aston Martin ligando.

— Meu carro está pronto para pegar?

— Não, infelizmente não. Acabamos de descobrir o que há


de errado com ele. Ficamos perplexos a semana toda.

— Oh. — Eu suspiro. — Ok, o que é?


— Hum. — Ele faz uma pausa. — Não sei como dizer isso.

Eu franzo a testa.

— Alguém colocou açúcar no tanque de gasolina.

— O que?

— Alguém que teve acesso à sua chave colocou uma


tonelada de açúcar no seu tanque. Ele prendeu o motor.

Eu torço meu rosto. — Você está brincando comigo? Quem


iria... — Minha voz some.

O bruxo.

— Ok — eu rosno. — Isso é bom. Apenas conserte e me avise


quando estiver pronto.

— Desculpe, senhor.

A raiva ferve meu sangue e passo os dedos pelo cabelo. Meu


couro cabeludo queima.

Oww. Eu puxo minha mão para baixo e vejo que está cheia
de cabelo. Meus olhos se arregalam.

Que porra é essa?

Eu agarro meu cabelo e ele sai em pedaços. — Eu tenho que


ir — eu gaguejo.

— Ok, senhor, então...


Eu desligo na cara dele e corro para voltar para o chuveiro.
Meu couro cabeludo está queimando pra caralho, e meu cabelo
parece geleia enquanto tento enxaguá-lo.

Eu penso nas palavras que Harry disse para mim quando


eu o vi pela última vez. — Tique. Taque. — Meus olhos se
arregalam de horror. Aquele bruxo malvado colocou creme de
remoção de cabelo no meu condicionador... e fodeu meu carro.

Eu lavo meu cabelo como um louco. Eu vou ficar careca.


Minha raiva estoura como nunca antes.

— Tique. Porra. Taque. Prepare-se para morrer, filho da


puta.
Por meia hora, fico debaixo d’água. Eu saio brevemente e
procuro no google Como parar de funcionar o creme de depilação?

Água e shampoo removem o creme de depilação.

Vou usar meu shampoo e olho o frasco com desconfiança.


Foda-se isso. Eu estendo a mão e jogo a garrafa no lixo também.
Quem sabe o que aquela merda de criança fez com qualquer
coisa? Eu uso o shampoo barato e desagradável do hotel.

Eu enxáguo meu cabelo por mais vinte minutos, então saio


e me olho no espelho. Meu cabelo parece pelos pubianos – alguns
lugares piores do que outros..., mas, no final das contas, está
fodido.

Eu ligo para o número de Jameson.

— Ei — ele responde.

— Encontre-me na frente do prédio em dez minutos.

— Eu não posso.

— Jameson — eu sussurro com os dentes cerrados. —


Encontre-me, ou então prepare-se para me libertar da prisão esta
noite por matar um menor.
— O que?

— Aquele garoto. — Eu aperto a ponta do meu nariz, incapaz


de acreditar. — Ele colocou açúcar no tanque de gasolina do meu
Aston Martin.

— O que?

— Oh, fica melhor. Ele também colocou creme de remoção


de cabelo na porra do meu frasco de condicionador.

— Ele não fez.

— Jameson — eu sussurro com raiva. — Meu cabelo parece


pelos pubianos chamuscado, então ou você me leva para a porra
de um bar, ou é isso... eu estou ficando louco. — Meus olhos
quase saltam das órbitas. — E eu não serei responsável por
minhas ações — eu grito.

Ele começa a rir. — Você está falando sério agora?

— Mortalmente.

— Jesus Cristo, Tris. Quem é essa porra de criança?

— Alguém na minha lista de alvos. Vejo você em dez


minutos. — Eu desligo e olho no espelho para meu cabelo
bagunçado. Tento separá-lo e empurrá-lo para o lado, mas está
todo confuso e agarrado nas pontas.
Eu fecho o punho para o espelho. — Quando eu pegar você,
garoto... — Eu saio correndo e pego minha bolsa. Pego minha
bolsa de higiene e jogo tudo no lixo.

Quem sabe o que aquele filho da puta fez?

Eu bebo minha cerveja e olho para meu irmão irritante do


outro lado da mesa do bar.

Cada vez que ele olha para mim, ele começa a rir. Ele está
fazendo isso há meia hora.

Eu balanço minha cabeça em desgosto. — Se eu pudesse


correr meus dedos pelo meu cabelo em desânimo, eu o faria. Mas
eu não posso... porque vai cair, porra. — Eu suspiro
profundamente. — Isso não vai funcionar para mim. Meu cabelo
é uma vantagem — eu gaguejo. — Como vou andar por aí assim?
— Eu amplio meus olhos quando uma visão surge. — Como vou
enfrentar as pessoas nas reuniões? — Eu belisco a ponte do meu
nariz. — Olá, estou aqui para assumir a sua empresa. Não se
preocupe comigo. Eu fui fodido por um garoto de treze anos.
Jameson coloca a cabeça entre as mãos e ri muito. Seus
ombros e costas estão balançando de tanto rir.

Bebo minha cerveja sem me impressionar. — Continue; ria


o quanto quiser, — murmuro secamente. — Isso é hilário ‘pra’
caralho.

— Na verdade é, — ele diz com uma risada. — Eu diria


histérico.

Eu olho para ele, e quando ele finalmente para de rir e volta


para a terra, ele diz: — Com toda a seriedade, o que você vai fazer?

— Bem, eu quero ir lá e estrangular o idiota.

Ele ri novamente.

— Mas eu não vou, porque Claire vai me expulsar.

— E isso é um problema?

— Sim. É um maldito problema. Esta mulher me tem pelas


bolas, — eu sussurro com raiva. — Você sabe o que estou fazendo
esta noite?

— O que?

— Sem o conhecimento de Claire, estou dirigindo uma hora


para assistir filmes com seu filho mais novo... que na verdade é
uma criança muito legal, veja bem, mas tanto faz. Enquanto eu
finjo para as outras duas crianças que sou apenas amigo dela.
Ele franze a testa.

— Então, se eu tiver sorte, poderei dormir na sala de


concreto para que o gato Muff possa mijar na minha cabeça.

Ele abaixa a cabeça e ri mais uma vez.

— Você vai parar de rir, porra? — Eu grito.

— Eu não posso evitar. — Ele ri. — Então foi esse garoto


que te atacou com a cueca?

— Não, este é o garoto que enforcou o ursinho... o assassino


em série.

Jameson coloca a mão sobre a boca para abafar a risada


mais uma vez. — Isso é hilário ‘pra’ cassete, Tris. Eu juro por
Deus você está caindo em uma pegadinha ou alguma merda
assim. Eu não poderia inventar essa merda se tentasse.

Eu corro meus dedos sobre meus lábios enquanto concordo


com sua teoria. — É como um plano elaborado para me preparar
para o fracasso.

— Bem, é isso que ele está fazendo. Ele quer que você pare
de passar tempo lá. Ele está efetivamente empurrando você para
fora. Muito inteligente, se você me perguntar, e muito eficaz.

Eu estreito meus olhos e em fecho minha mão em punho.


— De qualquer forma, é facilmente consertado. — Ele
encolhe os ombros enquanto bebe sua cerveja. — Saia. Siga em
frente. Ela parece mais problemática do que vale a pena.

— Não, não vai acontecer.

Ele franze o rosto. — Você realmente gosta dessa garota?

Eu encolho os ombros. — Eu gosto.

— Porém, realisticamente, para onde isso vai dar? Quer


dizer, a longo prazo você não vai ficar com ela. Por que se meter
no inferno com os filhos dela se você e ela não combinam?

— Olha, eu não sei o que está acontecendo com a gente, mas


eu sei que quero estar com ela agora, e uma criança idiota não
está ganhando e mantendo-a longe de mim.

— O que aconteceria se você fosse lá acusando-o e perdendo


a cabeça como você quer?

— Ela vai me expulsar. Sem dúvidas, eu estou em segundo


lugar em comparação com as crianças. Na realidade...
provavelmente estou em terceiro, depois de Woofy. Não, quarto,
depois do Muff. — Eu bebo minha cerveja. — Não é nem uma
dúvida. Eu nem mesmo tenho a porra de uma classificação. —
Eu tomo outro gole. — Eu não tenho rank naquela casa.

Ele sorri para sua cerveja, e nós dois ficamos sentados em


silêncio por um momento enquanto pensamos.
— Sabe, nós teríamos feito essa merda quando éramos
crianças se mamãe tentasse namorar outra pessoa. Você pode
imaginar o que teríamos feito coletivamente?

— Eu acho. — Eu suspiro em minha cerveja.

— Nós sempre conspiramos para nos livrar de nossas


governantas. Elas estavam indo embora por um tempo.

— Então havia Maria. — Eu sorrio. — Ela acabou com isso.

Jameson ri. — A babá mais gostosa que eu já vi... eu me


pergunto o que aconteceu com ela?

Eu encolho os ombros e ficamos em silêncio por um tempo


enquanto vasculho minha mente. — A menos que..., — Murmuro
enquanto um plano toma forma em minha mente.

— A menos que o quê?

Eu sorrio amplamente. — Você sabe onde tem uma loja de


ferragens em Nova York? Eu preciso de algumas coisas.

— Por quê?

Eu permaneço com determinação renovada. — Jameson...


se você não pode vencê-los, junte-se a eles.

Ele aperta a ponte do nariz. — Ai Jesus. Aqui vamos nós.

Eu pisco.
— O que quer que você esteja pensando, é uma má ideia.

Eu dou um tapa nas costas dele. — Vamos lá. Estamos


fazendo isso!

— Não estou envolvido.

Eu sorrio amplamente. — Oh, sim, você está.


Claire

Eu dirijo pela rodovia estadual com um sorriso no rosto.


Tive uma semana maravilhosa, com almoços marcados no céu e
as coisas das crianças têm corrido bem.

Bem, talvez não seja tanto porque as crianças estão indo


bem, mas porque eu não estou estressada e as coisas não estão
me afetando como às vezes elas afetam.

É incrível o que o riso e o orgasmo fazem pela alma. Minha


mente vai até Tristan e a maneira como ele me faz rir. Nunca
conheci ninguém como ele antes. Ele é duro, bonito e profissional
por fora e brincalhão e atencioso por dentro.

Insanamente gostoso.

Tenho a visão de nós nos encontrando durante a semana e


de como ele pediu minhas comidas e bebidas favoritas para o
almoço. Como ele me comprou uma touca de banho para que
meu cabelo não ficasse molhado quando eu tomasse banho.
Como ele puxa as cortinas antes de eu chegar lá, porque ele quer
que eu me sinta confortável em minha pele. Ele não sabe que eu
percebo essas coisas, mas eu percebo.

Como eu não poderia?


Ele está sempre se certificando de que eu estou bem. Há um
lado gentil e atencioso nele que eu adoro.

Eu ligo para Harry, colocando meu telefone no viva-voz no


carro. — Ei, mãe — ele diz.

— Oi querido. Como foi o seu dia?

— Hmm, ok — ele diz. — Posso ir à festa de Justine amanhã


à noite?

Eu franzo meu rosto. Droga. Justine é uma garota que ele


conhece cujos pais vão embora todos os fins de semana e a
deixam em casa sozinha com as irmãs mais velhas. O único
problema é que as irmãs de Justine nem estão em casa a maior
parte do tempo. — Para que é a festa?

— É aniversário dela. Ela tem quatorze anos.

— Os pais dela vão estar em casa?

Ele hesita. — Hum... sim.

Eu reviro meus olhos. Isso significa não. — Vou ver como


você se comporta.

— Posso, mãe, por favor? — Ele implora. — Se eu me


comportar, posso ir à festa?
Eu rolo meus olhos novamente. — Não estou barganhando
com você para se comportar, Harry. Você deve querer se
comportar de qualquer maneira. Você tem treze anos, não dois.

— Bem, posso ir?

— Eu quero que você limpe a varanda para mim. Coloque


todos os sapatos de volta na caixa de sapatos e endireite as
coisas.

— Oh, mãe — ele geme. — Eles nem são meus sapatos. Não
estou guardando os sapatos de todo mundo. Isso não é justo.

Minha raiva ferve. — Adeus, Harry.

— Então, posso ir à festa?

Eu estreito meus olhos. Deus, seria muito mais fácil


negociar com esse garoto, mas eu sei que vai haver álcool nesta
festa, e se ele começar a beber e sair dos trilhos agora com essa
idade, não tenho absolutamente nenhuma chance de traze-lo de
volta. Ele tem uma personalidade muito forte. — Harrison, você
quer ser tratado como um adulto, mas age como um bebê.

— Mãe — ele geme. — Estou indo — ele diz firme.

— Limpe a varanda e faça seu trabalho, e nós discutiremos


isso — eu retruco enquanto perco minha paciência. — Onde está
Patrick?

— Eu não sei. Adeus. — Ele desliga.


Eu balanço minha cabeça. Esse pequeno idiota. Ele me
deixa louca.

Eu ligo para Patrick. Tive que dar a ele um telefone para que
ele pudesse entrar em contato comigo quando quisesse e para
que eu pudesse ligar para ele. — Oi, mamãe — ele diz, feliz.

— Oi, parceiro. — Eu sorrio. — Estou indo para casa.

— Oh, ok.

— Onde você está?

— Nancy e eu estamos no parque.

Nancy, nossa babá, leva os meninos para a escola para mim


pela manhã e fica até cinco e meia da tarde. Ela trabalha à noite,
então tem que sair na hora certa. Normalmente estou em casa
quinze minutos depois que ela sai, então funciona bem. — Ok,
querido, vejo você em breve.

— Tchau, mamãe. Amo você.

— Amo você também. Tchau. — Eu desligo e sorrio. Meu


doce e tranquilo filho. Eu tive que conseguir um dos três,
suponho.

Embora Fletcher realmente tenha mudado a situação desde


que começou este estágio, eu odeio admitir, mas acho que Tristan
teve muito a ver com isso. Sua abordagem amorosa dura fez
maravilhas com Fletch, mas, claro, pode ser apenas o fato de que
ele está crescendo também. Fletcher é um bom garoto, e seu
único crime é ser muito protetor comigo. Ao ponto em que, se
Harry está me deixando triste, Fletcher fica louco, e eu tenho que
separá-los de uma briga.

Harry, por outro lado, é uma situação totalmente diferente.


Ele é travesso onde quer que vá e não importa com quem esteja.
Seus professores estão constantemente me ligando para falar
sobre seu comportamento, e no ano passado ele quase foi expulso
da escola. Eu o coloquei na terapia. Eu o coloquei em psicólogos
comportamentais. Você diz – eu fiz isso.

Dieta, programas de exercícios, sem luzes azuis nas telas...


nada funcionou. Dói admitir, mas Harry precisa do pai. Mais do
que os outros dois, e estou tão perdida que não tenho ideia do
que fazer com ele.

Neste ponto, meu único objetivo é passar cada dia sem uma
guerra total. Se eu consigo ir para a cama à noite e não receber
um telefonema da escola sobre ele, e não tivemos uma discussão,
foi um dia muito bom.

Eu o deixei escapar com mais coisas do que deveria,


simplesmente para que Patrick e Fletcher não tivessem que
aturar seus dramas e meus gritos.

Não é justo para eles ter que conviver com isso, então fico
na ponta dos pés perto de Harry para manter a paz.
Não está certo, mas neste ponto, é tudo o que posso fazer.

— Olá — Fletcher diz enquanto atende a porta. — Mãe,


Tristan está aqui.

— O que? — Eu ouço Patrick dizer. Ele sai correndo pela


casa até a porta como um maníaco. — Tristan! — Ele grita de
excitação.

— Ei, amigo — ouço a voz profunda de Tristan responder.

O que ele está fazendo aqui?

Os nervos dançam no meu estômago e saio para ver Patrick


abraçando a perna de Tristan.

Fletcher revira os olhos de uma forma ‘ele é tão embaraçoso’,


e eu sorrio para o homem bonito diante de mim. — Oi.

Os olhos de Tristan seguram os meus. — Olá, Claire.

O ar vibra entre nós.


Está lá de novo, como sempre que estamos juntos – esse
sentimento entre nós onde eu quero tomá-lo em meus braços e
beijá-lo. Não parece natural ser platônico.

Tristan Miles foi feito para tocar.

Ele está vestindo jeans, uma camiseta e um boné marinho.


Eu o amo vestido assim, todo casual e gostoso.

— Vim assistir filmes com o Patrick — anuncia.

O que?

Os olhos de Patrick se arregalam de espanto. — Você veio?


— Patrick olha para mim. — Ele veio me ver, mãe.

Eu sorrio com a excitação exagerada do meu bebê. —


Obrigada. Isso é muito gentil.

Patrick agarra Tristan pela mão e o puxa para a sala. — O


que você quer assistir? — Ele engasga. — Oh mãe. — Ele se vira
para mim, e é óbvio que sua pequena mente está indo a um
milhão de quilômetros por minuto. — Nós temos pipoca? Você
pode ir buscar um pouco para nós? — Seus olhos se arregalam
quando ele se lembra de outra coisa. — Oh. Tristan, você quer
pizza? Eu sei que é o seu favorito. Mãe, podemos comer pizza, por
favor?
Tristan bagunça o cabelo de Patrick. — Vou querer o que
você quiser. — Eles caem no sofá juntos, e Patrick se senta tão
perto que está quase em cima dele.

O que ele está fazendo aqui? É sexta à noite. Certamente ele


tem coisas melhores para fazer do que sair com meus filhos.

Talvez ele queira estar aqui... excitação corre através de


mim.

Pare com isso. Jogue com calma. Ele provavelmente está


apenas sendo legal... tão legal.

— Dê a Tristan algum espaço, bubba,27 — eu o lembro.

O rosto de Patrick cai quando ele percebe o que está fazendo


e ele se afasta. Tristan o agarra e o puxa para perto novamente.
— Está tudo bem. Fique perto, irmão.

Patrick sorri bobamente para ele, e eu mordo meu lábio para


esconder meu sorriso enquanto meu coração incha. Ver Patrick
com Tristan deixa meu coração quentinho.

Tão. Fofo.

Harry desce as escadas pisando forte e para quando vê


nosso visitante. — O que você está fazendo aqui? — Ele diz.

27 Bubba é uma palavra que é usada para descrever uma pessoa que você ama de todo o coração.
— Harry — eu o aviso. Tristan levanta a mão para me
silenciar.

— Estou aqui para visitar Patrick, sua mãe e Fletch. O que


você está fazendo aqui?

— Eu moro aqui — Harry engasga, indignado.

— Estamos assistindo filmes. Vá embora, Harry — Patrick


late enquanto muda os canais com o controle remoto.

Harry olha para Tristan, e Tristan pisca de volta com um


sorriso.

— Eu pensei que seu carro quebrou — Harry solta.

— Oh, ele está na delegacia de polícia.

— Por que? — Eu franzo a testa.

— Acontece que alguém colocou açúcar no tanque de


gasolina, mas está tudo bem. Eles estão pegando as impressões
digitais do carro agora que sabemos o que está errado.

Harry o encara.

Tristan sorri e olha casualmente para o relógio. — Eles


devem fazer uma prisão hoje à noite em algum momento.

— Oh, o que eles vão fazer? — Harry zomba.


— O vandalismo é um crime, Harrison. Procure no google a
pena de prisão. Eu não estou inventando isso.

Eu franzo a testa enquanto olho entre eles. O que está


acontecendo aqui? Perdi parte da conversa?

Oh, meu Deus, não... não era Harry, era?

Harry coça a cabeça e olha em volta nervosamente. — Mãe.


Eu... eu... posso ir para a casa de Brendan? — Ele gagueja. — É
urgente.

— Ok, sim, mas apenas por meia hora.

— Ok. — Ele sai correndo e a porta bate com força atrás


dele.

— Gostaria de saber o que há de errado com ele? — Tristan


pergunta.

— Eu não sei. — Eu olho pela janela e o vejo correndo para


a garagem. — Parece que ele viu um fantasma.

Jesus.

— O que você quer assistir, Tricky? — Tristan pergunta.

Patrick franze a testa. — Tricky?

— Bem, seu nome contém a palavra truque.

— Ele tem? — Ele engasga.


Tristan franze a testa. — Sim. Você sabe disso.

O rostinho de Patrick fica desapontado por ele não o fazer.

— Patrick tem dislexia — eu anuncio.

O rosto de Tristan cai. — Você tem?

Patrick torce as mãozinhas nervosamente no colo. — Estou


ficando melhor nisso. — Ele olha para mim. — Não estou, mãe?

Eu sorrio amplamente. — Você está, bebê. Estou tão


orgulhosa de como você está trabalhando duro.

Os olhos de Tristan prendem os meus, e sei que ele quer


fazer um milhão de perguntas, mas está segurando a língua.

Patrick bate em sua perna e aparentemente o traz de volta


ao momento. — O que você quer assistir?

— Ahh! — Ouvimos Harry gritar do lado de fora. Eu ouço


algo bater na lateral da casa com força.

— O que está acontecendo? — Eu franzo a testa.

Harry vem pisando forte como um louco. Seu rosto é


assassino.

— O que há de errado? — Eu pergunto.

— Isto. — Ele levanta seu skate.

— O que tem isso?


— As rodas estão faltando.

Todas as quatro rodas estão faltando em seu skate. A boca


de Patrick se abre em horror. — Oh não — ele sussurra.

— Isso é terrível — diz Tristan casualmente. — Quem diabos


poderia ter estado na sua garagem, Bruxo?

— Isso é o que eu quero saber — ele diz. Ele sai furioso da


sala e sai para o quintal. — Quando eu descobrir... — ele grita.

— O que estamos assistindo? — Tristan pergunta a Patrick.

— Jurassic Park?

— Um ou dois? — Tristan pergunta. — Eu prefiro dois.

— Ok. — Patrick salta de excitação. — Assistiremos a dois.

— Devo pedir pizza? — Eu pergunto.

Esta está se revelando a melhor noite de todas.

— Sim, por favor. — Tristan sorri. Seus olhos travessos


seguram os meus, e eles têm aquele brilho terno neles que ele
tem às vezes... estou bastante tonta.

Este homem poderia ser mais lindo?

— Gostaria de uma taça de vinho? — Pergunto-lhe.

— Não poderei dirigir se a tiver.


— Você pode ficar no sofá — Patrick balbucia, esperançoso.
— Não pode, mãe?

— Tristan provavelmente tem um lugar melhor para ir,


bubba — eu respondo.

Os olhos de Tristan seguram os meus. — Não. Estou


exatamente onde quero estar. Eu vou ficar, se estiver tudo bem.

A esperança enche meu peito. Ok... o que diabos está


acontecendo aqui?

— Você só pode estar brincando — gritou Harry de fora.

Eu olho para Tristan e o vejo fechar os olhos, como se


quisesse controlar o riso.

Harry irrompe pela porta. — As rodas da minha bicicleta


também estão faltando.

— O que? — Eu franzo a testa.

— Estão faltando todas as rodas das bicicletas — chora. —


Alguém invadiu nossa garagem e sabotou tudo! — Ele grita. —
Quando eu descobrir quem é...

— Você deveria chamar a polícia — Tristan diz enquanto


levanta uma sobrancelha para Harry.

— Sim. — Eu franzo a testa. — Talvez eu deva.


— Não — Harry gagueja. — Está bem. Deve ser um dos
meus amigos pregando uma peça. Eu vou encontrá-las. — Ele sai
para o quintal novamente. — Fletcher! — Ele chama. — Venha
para fora e me ajude.

Tristan e Patrick voltam para a televisão e eu entro na


cozinha para pegar nosso vinho.

É tão estranho tê-lo aqui.

Tipo normal...

— Claire, qual é a senha do Wi-Fi? — Tristan pede.

— Espere. Eu vou procurar. — Eu procuro na gaveta e o


chamo. — Você quer vinho tinto ou branco?

— O que quer que você tenha — ele responde. — Aquele que


eu tomei semana passada foi legal.

Eu sorrio enquanto o tiro da geladeira. — Aquele que você


bebeu sem permissão?

— Uh-huh, aquele. Desceu bem.

Harry irrompe de volta para dentro de casa, a porta bate e


ele pisa de volta escada acima.

Eu franzo a testa. O que ele está fazendo? — Eu pensei que


você estava indo para a casa de Brendan? — Eu chamo.
— Não consigo chegar lá! — Ele diz com raiva. — Alguém
pegou todas as minhas rodas. Vou para o PlayStation.

— Ok, — eu digo. Caramba, eu me pergunto quem pegou


suas malditas rodas. Ótimo. Mais dinheiro que não preciso
gastar.

Eu pego nosso vinho e volto para a sala para ver Patrick e


Tristan sentados juntos e assistindo seu filme. Tristan tirou os
sapatos e colocou os pés na mesinha de centro, e Patrick fez o
mesmo. Eu fico na porta e os vejo maravilhada.

Como isso aconteceu? Não esperava que minha noite de


sexta-feira acabasse assim. Ele não mencionou nada sobre vir
hoje à noite. E aqui está ele, passando tempo com meus filhos e
não correndo para as montanhas.

As maravilhas nunca cessam.

A porta de Harry bate aberta no andar de cima e eu rolo


meus olhos. Deus, esse garoto é a porra da rainha do drama. —
Por que a internet não está funcionando? — Ele chama.

— Eu não sei — eu digo. Ele está realmente começando a


me irritar com toda essa confusão.

— Reinicie — Tristan fala.

— Eu não perguntei a você. — A porta de seu quarto bate


novamente.
Patrick revira os olhos para o drama de seu irmão.

Sento-me no outro sofá e enrolo minhas pernas embaixo de


mim, mas não estou assistindo ao filme. Estou vendo esses dois
juntos.

Eles estão conversando e discutindo coisas como amigos há


muito perdidos, e estou surpresa ao ver como estão se dando
bem.

Harry aparece novamente. — A droga da internet continua


caindo — ele grita.

— Você é um menino crescido — diz Tristan. — Vá


consertar.

Harry encara Tristan e sai correndo novamente.

Dez minutos depois, ouvimos alguém batendo no andar de


cima e Harry gritando de frustração.

— Harrison — eu chamo. — O que você está fazendo aí?

— Essa internet — ele grita. — É tão merda que não consigo


acreditar. — Ele desce as escadas, verifica o modem e entra na
sala de estar. — Já estou farto disso — ele grita. — Isso está me
deixando louco.

Tristan o observa com um sorriso.

— O que... é... tão... engraçado? — Harry zomba.


— Tique. Taque. — Tristan responde.

Os olhos de Harry se arregalam e Tristan pisca para ele.

Eu olho entre os dois, seus olhos estão travados.

Hã?

— O que isso significa? — Eu franzo a testa.

— Nada — Harry rebate com os dentes cerrados. Ele marcha


escada acima e bate à porta.

Tristan sorri para o vinho e continua assistindo à televisão,


como se nada tivesse acontecido.

— O que foi aquilo? — Eu pergunto.

— Eu não faço ideia, o bruxo ficou louco — ele murmura


secamente.

Está tarde. Harry e Patrick estão na cama e Tristan está


conversando com Fletcher em seu quarto. Eles estão
conversando há um tempo.
Eu me arrasto pelo corredor e espio pela fresta da porta.
Tristan está deitado na cama de Fletcher, jogando uma bola de
tênis para o ar e pegando-a enquanto falam.

Fletcher está sentado em sua mesa, no computador.

— Então, para onde você foi? — Tristan pergunta.

— De voltar para a casa do meu amigo por um tempo.

Eu franzo a testa. Sobre o que eles estão falando? Eu me


inclino mais perto para que eu possa ouvir.

— Então... Fletch. — Tristan hesita, como se estivesse


escolhendo as palavras com cuidado. — Você sabe como colocar
uma camisinha... certo?

Que porra é essa? Como ele ousa perguntar isso. Fletcher


está longe de fazer sexo.

— Não, na verdade não. — Fletcher suspira. — E se eu


estragar tudo e errar? Pode sair no meio do caminho?

Meus olhos se arregalam de horror.

O que?

— Sim, pode, e é sua responsabilidade saber essa merda.


Os preservativos são o trabalho do cara. Você precisa praticar
antes de chegar lá.

Eu coloco minha mão sobre minha boca. Oh meu Deus.


Meu bebê...

Desço as escadas rapidamente. As minhas orelhas... o que


diabos eu acabei de ouvir?

Vou até a pia da cozinha, me sirvo de uma taça de vinho e


bebo.

Eu faço isso de novo.

Estou me sentindo oprimida, nervosa, feliz e apavorada.

— Ei — Tristan sussurra atrás de mim. — Aí está você.

Eu me viro para ele. — Obrigada.

— Pelo quê?

Eu engulo o nó na minha garganta. — Por estar aqui.


Significa muito.

Ele se inclina e me beija com ternura. Meus olhos se fecham


com a sensação de seus lábios contra os meus.

Olhamos um para o outro na cozinha semiescura... e Deus,


eu o quero.

Eu quero tudo dele.

Mas isso está errado... esta é a casa de Wade.

— Eu tenho que tomar um banho — eu sussurro.


— Ok. — Ele sorri e me beija suavemente novamente. Seu
beijo tem a quantidade certa de sucção e eu o sinto entre minhas
pernas. Tristan estar aqui é especial.

Muito especial.

Eu me empurro para longe dele e dou um passo para trás,


e sem outra palavra, eu saio correndo da sala.

Meia hora depois, estou debaixo d'água no meu chuveiro. A


culpa está correndo em minhas veias.

Parece real.

E eu sei que não pode ser, porque ele não é meu homem
para sempre.

Meu homem eterno morreu.

Eu franzo meu rosto em lágrimas. Wade.

Eu sinto muito.
Não pensei em meu lindo marido desde que Tristan voltou
à minha vida. Meu ritual noturno de passar o dia em minha
mente com ele e dizer a ele que o amo foi deixado de lado.

Deitei na cama e pensei em outro homem, o mesmo homem


que estava lá embaixo com o filho de Wade.

Paris foi sobre diversão e me encontrar novamente.

Desta vez é diferente. Desta vez é uma proximidade, um


sentimento de pertencimento, e parece muito com amor.

Que tipo de esposa eu sou se posso ter sentimentos por


outra pessoa com tanta facilidade?

Esta é a casa de Wade, estes são seus filhos.

Tristan não deveria estar aqui.

Eu balanço minha cabeça com nojo de mim mesma. Estou


apenas confusa. Ele é o primeiro homem com quem namoro...
fodo... o que diabos estamos fazendo? Não existem limites.

Eu preciso de limites.

Eu tenho uma visão de Patrick e Tristan sentados juntos no


sofá, assistindo filmes e conversando, e meu coração aperta.

Wade daria tudo para ter assistido a um filme com Patrick,


para conhecê-lo. Para ter a chance de dizer que o amava. Eu
imagino Patrick e o quanto ele teria adorado seu pai. Eles teriam
sido melhores amigos.

Enxugo as lágrimas com raiva, com medo de não ser capaz


de parar de chorar quando precisar. Há cinco anos choro aqui. É
o único lugar em que meus filhos não conseguem ver que não
estou aguentando. Quando o mundo fica demais, vou para o meu
santuário da tristeza, o lugar onde posso chorar sozinha. Eu
chorei baldes de lágrimas neste chuveiro. Se as paredes
pudessem falar, contariam uma história muito triste.

Eu fecho meus olhos e respiro fundo, meu ritual para parar


as lágrimas.

Inspire... e expire. Inspire... e expire.

Está tudo bem. Está tudo bem... pare de chorar. Pare de


chorar. Eu aperto minhas mãos e lavo meu rosto. Eu lavo meu
cabelo e passo pelo processo enquanto penso em outras coisas.

Posso lidar com outras coisas, outras coisas não


machucam.

Nada poderia machucar tanto quanto perdê-lo.

Meus olhos se enchem de lágrimas novamente.

Pare com isso.

Eu saio, me seco e, em seguida, visto meu pijama. Eu coloco


minha cabeça no corredor e vejo que lá embaixo tudo está escuro.
Tristan estaria deitado no sofá lá, esperando que eu viesse
e dissesse boa noite.

Eu não posso.

Eu não quero que ele me veja assim. Estou tão frágil que
sinto que estou prestes a quebrar.

E talvez eu esteja.

Apago a luz, vou para a cama e fico olhando para o teto


enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto e dentro dos meus
ouvidos.

Nunca me senti tão culpada antes. Nunca fiz nada para me


sentir culpada. Estou tendo algum tipo de crise pessoal, mas...
será melhor pela manhã. Tudo é sempre melhor pela manhã.

Vá dormir.

Minha porta se abre e eu fecho meus olhos. Eu sinto a cama


afundar. — Ei — sussurra Tristan. — Onde está meu beijo de boa
noite?

O nó na garganta é tão grande que não consigo falar. Eu


franzo meu rosto na escuridão.

Por favor, vá embora.

Ele se inclina para me beijar e para. — Você está chorando.

— Não, não estou — sussurro em meio às lágrimas.


— Ei. — Ele acende a lâmpada e seu rosto cai. — Baby, o
que há de errado? — Ele sussurra.

Eu aperto meus lábios com força, porque nada do que eu


disser fará sentido. Nem mesmo para mim.

Seus olhos procuram os meus. — O que é isso?

Eu balanço minha cabeça, envergonhada. — Estou


começando a menstruar – excessivamente emocional — minto. —
Eu sinto muito. Não é nada. Eu fico assim às vezes.

Ele se deita ao meu lado e me puxa para seus braços e me


abraça com força, e a bondade do ato me faz perder o controle.
Eu enrolo meu rosto em lágrimas contra seu peito.

— Shh — ele murmura em meu cabelo. — Você está bem,


coração?

Isso não é quem você é. Pare de ser tão legal!

— Sim — eu sussurro.

Ele beija minha testa enquanto me segura.

Ele se sente tão quente e aqui... e gentil... e adorável... e


aqui.

— Eu não gosto de você chateada — ele murmura. — Eu


vou ficar aqui com você.

— Não, Tris. Você não pode... as crianças.


— Eu não vou te deixar chateada assim — ele sussurra.

— Baby, estou bem. Estou apenas emocionada. Hormônios.


É chato ser mulher às vezes. Vejo você de manhã? — Eu sorrio
em meio às lágrimas.

Ele afasta meu cabelo da testa enquanto me encara. O ar


gira entre nós, e eu quero deixar escapar por que estou chorando.

Porque acho que o amo e que também vou perdê-lo.

Ele abre a boca, como se quisesse dizer algo, mas não o faz.

Palavras não ditas pairam entre nós, uma promessa... um


sentimento... uma maldição.

— Boa noite, Claire.

Eu sorrio suavemente em meio às lágrimas e seguro seu


rosto com a mão. Eu corro meu polegar sobre sua barba por fazer.
— Você é um homem tão bonito, Tristan — eu sussurro.

Ele sorri. — Esses hormônios estão deixando você louca.

Eu rio, e então ele se inclina e me beija lentamente. A culpa


volta, e eu franzo meu rosto em lágrimas contra o dele.

— Claire. — Seus olhos procuram os meus. — Fale comigo.

Eu balanço minha cabeça, incapaz de falar. — Boa noite,


Tris — eu sussurro. — Vá para a cama. — Eu viro minhas costas
para ele, e ele se senta e me observa por um tempo.
Eventualmente, ele se levanta e sai. A porta bate silenciosamente
atrás dele.

Fecho os olhos e sussurro na escuridão: — Acho que te amo.


— Eu choro em meu travesseiro e, com medo, eu pulo e coloco
minhas alianças de volta.

Eu preciso sentir a segurança e proteção de Wade... meu


marido.

Eu fico olhando para os anéis em meu dedo e sinto um


conforto familiar em seu peso. — Wade — eu sussurro. — Ajude-
me. Me ajude com isso. Por que isso está doendo tanto?

É como se a sensação de vazio que feriu meu coração


quando ele morreu estivesse doendo novamente enquanto algo
preenchia o espaço vazio.

Outra pessoa.

Oh Deus. Eu franzo meu rosto em lágrimas e me permito


chorar.

Eu desço as escadas entusiasmada.


Luz do dia e um novo dia.

Eu chorei por horas na noite passada. Foi triste, solitário e


longo – e, odeio admitir, libertador.

Algo que eu precisava fazer.

Eu não lidei com a possibilidade de namorar Tristan em


tudo. Foi um choque para o meu sistema tê-lo aqui com meus
filhos, e não tenho ideia de qual será o resultado, mas comecei o
processo de resolver isso.

— Bom dia — eu digo quando ele entra na minha linha de


visão.

Ele está se espreguiçando no sofá – acabou de acordar, pelo


jeito das coisas – e ele sorri sonolento para mim. — Bom dia,
Anderson. — Eu sorrio. Ele só me chama de Anderson quando
estamos sozinhos e ele está flertando.

Eu sorrio enquanto olho ao redor. — Onde estão as


crianças?

— Quem se importa? — Ele me agarra pela perna e tenta


me puxar para baixo sobre ele. No processo, ele agarra minha
mão e percebe algo e então para de repente.

Meus anéis. Eu esqueci de tirá-los.

Ah não.
Seus olhos se voltam para os meus e, sem dizer uma
palavra, ele se senta.

— Tris — eu sussurro nervosamente.

Ele joga a camisa pela cabeça. — Eu tenho que ir. — Ele


puxa o jeans para cima.

— Onde você vai? — Eu pergunto, meio em pânico.

— Casa.

Eu agarro seu braço. — Qual é a pressa?

Ele puxa seu braço para longe de mim. Seus olhos


magoados seguram os meus. — Eu não durmo com mulheres
casadas, Claire.

Meu coração cai.

Ele começa a juntar suas coisas como um louco.

— O que você está fazendo? — Eu sussurro.

— Como essa porra se parece? Estou indo embora. — Ele se


senta para calçar os sapatos. — Sabe, se você tivesse esses anéis
o tempo todo, seria diferente. — Ele arranca os cadarços dos
sapatos de forma agressiva. — Mas você propositalmente os
colocou de volta.

— Tristan — gaguejo.
— Você é uma mentirosa do caralho, Claire — ele sussurra
com raiva.

— Eu nunca menti para você.

— O que foi ontem à noite?

Meus olhos estão nos dele.

— Você me disse que era hormonal. — Seu peito sobe e


desce enquanto ele luta para conter sua raiva.

Eu fico olhando, incapaz de impedir o desastre do trem que


acontece diante dos meus olhos.

— Mas você estava pensando nele — ele sussurra. — Você


estava chorando porque estava pensando nele.

Eu deixo cair minha cabeça de vergonha... é verdade, eu


estava.

Ele pega suas coisas e sai pela porta. Eu ouço seu carro
alugado sair e dirigir pela rua.

Meu coração se quebra em um milhão de pedaços, e eu


quero correr atrás dele e implorar para que fique.

Mas não vou... porque ele iria embora de qualquer maneira.


Não posso dar a ele a vida que ele deseja.

Ele nunca foi meu para ficar com ele.


Meu homem eterno morreu.

Tristan Miles estava apenas emprestado.


Tristan

Eu expiro pesadamente enquanto vejo os números subirem.

Se apresse.

Até o elevador está me irritando hoje. É segunda-feira e,


depois do pior fim de semana da história, o trabalho é o último
lugar que quero estar.

Ela me largou.

As portas se abrem e eu saio e atravesso o foyer. — Bom dia


— digo às meninas na recepção.

Os olhos de Sammia se arregalam quando ela olha para


mim, e então ela começa a rir. — O que aconteceu com seu
cabelo?

— Produto ruim. — Eu passo furioso.

Ela salta da cadeira e me segue pelo corredor, determinada


a zombar de mim. — Que produto é tão ruim?
Eu largo minha pasta na minha mesa e tiro minha jaqueta.
— O que eu usei, aparentemente. Agora, se você não se importa...
— Eu aponto para a porta.

Ela se senta no canto da minha mesa. — Como foi o seu


final de semana? — Ela pergunta.

Eu sento e ligo meu computador. — Comum. O seu?

— Ótimo. Eu tive o fim de semana mais romântico de todos


os tempos — ela jorra.

Eu reviro meus olhos.

— Você não quer ouvir o que eu fiz? — Ela pergunta.

— Não. Estou de muito mau humor e será do seu interesse


não falar comigo pelo resto do ano. Sou má companhia.

— Eu duvido seriamente disso — ela diz enquanto me


observa. — Você precisa de café?

— Sim, por favor. — Bato no teclado com força.

Ela caminha até a porta e se vira, me olhando com atenção.


— Você está bem?

Eu digito minha senha. — Claro que estou — eu estalo. —


Estou sempre bem.

Ela me dá um sorriso abafado e desaparece porta afora.


Dois minutos depois, Fletcher aparece na porta e diz: — Ei.

— Ei, Fletch. — Eu suspiro enquanto aponto para a cadeira


na minha mesa.

Ele entra e se senta.

— Como foi seu encontro? — Eu pergunto enquanto leio


meus e-mails.

— Muito bom.

Meus olhos se voltam para ele. — Quão bom?

— Não tão bom assim.

— Fletcher. — Eu volto para meus e-mails. — Ignore meu


conselho anterior sobre aceitar o desafio. Fique bem longe das
mulheres. Elas são mais problemáticas do que valem.

Ele franze a testa. — Por que isso?

— Elas simplesmente são. — Eu bato no meu teclado


novamente. — Confie em mim.

— O que você quer que eu faça hoje? — Ele pergunta.

— Temos reuniões na cidade durante toda a tarde. Se você


puder, comece a se preparar para isso — eu respondo. — Leia as
atas das últimas reuniões com esses clientes em particular.
Quero que você saiba o que está acontecendo quando chegarmos
lá.
— Ok, com certeza. — Ele se levanta, vai até a porta e se
vira para mim. — Você sabe o que há de errado com a mamãe?

Meus olhos sobem para encontrar os dele. — Por que você


pergunta?

— Porque ela se sentou na varanda e ficou olhando para o


nada por nove horas seguidas ontem.

Meu estômago embrulha. Eu odeio a ideia dela chateada. —


Acho que ela está sentindo falta do seu pai, amigo. — Eu suspiro.

Ele concorda. — Sim, provavelmente. — Ele encolhe os


ombros. — Ok, vou começar.

— Obrigado.

Volto para meus e-mails e olho para a tela. Minha mente


volta para sexta à noite.

Lá estava eu, dormindo sozinho em sua sala de cimento,


desejando tê-la em meus braços.

E ela estava sentindo falta dele.

Meu estômago se contorce de arrependimento, porque eu


sei que não importa o que aconteça entre Claire e eu...

Eu nunca vou estar em primeiro. Todo mundo sempre virá


antes de mim.

E isso não deveria me aborrecer..., mas o faz.


Toda a minha vida estive preparado para fazer um trabalho
que muitas pessoas não conseguiriam realizar.

Eu assumo empresas e as destruo – pego o que não é meu.

Eu odeio que isso se aplique a ela também.

Ela sempre será a esposa de Wade Anderson.

Eu me deixei ficar muito apegado a ela. Desde o momento


em que deixei Paris, tudo em que pensei é ela. Eu a persegui,
liguei para ela, reservei quartos de hotel e implorei para vê-la a
cada hora do almoço, fui na casa dela e aguentei a merda dos
filhos. E pela primeira vez desde que comecei a namorar, fiz tudo
o que podia para tentar deixar alguém feliz.

E ela estava sentindo falta dele.

Eu me sinto estúpido, mas o pior de tudo, pela primeira vez,


me sinto magoado.

Eu não gosto disso

Sammia aparece com uma grande fatia de bolo de chocolate


em um prato e uma xícara de café. — Aqui vamos nós. — Ela
sorri docemente. — Açúcar para o meu fuzzy bear28. — Ela
bagunça meu cabelo e eu a empurro para longe.

28 É uma maneira afetuosa de você expressar a eles que eles são perfeitos e quanta felicidade eles
trazem para sua vida. Principalmente se um deles for mais alto que o outro. FUZZY denota a parte
divertida, jovial e bem-humorada da vida e bear/urso denota o lado carinhoso, suave e fiel.
— Eu não sou um fuzzy bear — eu estalo, irritado.

— Você viu um espelho, Tris?

— Você não deveria estar fazendo algo agora? — Eu reviro


meus olhos. — Sabe, como trabalhar?

Ela ri. — Agora isso é uma ideia.

— Sammia — ouvimos a chamada de voz de Jameson na


recepção. — Onde você está?

Ela suspira e eu sorrio para minha xícara de café.

Sammia é a assistente pessoal de Jameson e ele é um


capataz. Ele chega à porta e abre um largo sorriso ao me ver. —
Pelo amor de Deus, Sammia, reserve-o para uma porra de uma
barbearia hoje, por favor.

— Foda-se. Não é tão ruim — eu bufo.

— É terrível. Você já se olhou? — Ele zomba.

— Sim, mas eu posso cortar o cabelo, e você ainda continua


feio. Vocês dois saiam do meu escritório — eu exijo.

Sammia ri, e os dois desaparecem no corredor. Eu entro no


banheiro e olho no espelho.

Meu cabelo tem a consistência de algodão e está pontudo.


— Foda-se — eu sussurro. Eu molho meus dedos e os puxei pelo
meu cabelo enquanto tento controlá-lo.
Volto para minha mesa e chamo por Sammia.

— Oi — ela responde.

— Você pode me reservar um barbeiro, por favor?

— Já feito. Meio-dia e quarenta e cinco no Max's na Sexta.

— O que eu faria sem você, Sam? — Eu pergunto.

— Provavelmente chamar sua própria assistente pessoal.

Eu me inclino para trás na minha cadeira e sorrio.

— E se você não tivesse o hábito de fazer todas elas se


apaixonarem por você, Tris, elas poderiam estar neste andar em
vez de embaixo, e eu não teria que cuidar de todas as suas
merdas.

— Pare com o drama. Você ama minha porcaria. Viciada


nisso, na verdade.

— Eu sou. Tenho que ir. Seu irmão está furioso.

Eu rio e desligo. Agora, onde eu estava?

Oh, isso mesmo... de volta a me sentir um merda e a


renunciar às mulheres por toda a eternidade.

Isso é foda.
Claire

Eu sento na minha mesa e olho para o espaço.

Eu continuo vendo o rosto de Tristan e o jeito que caiu


quando ele viu as alianças no meu dedo.

Estou triste, mas não sei como contornar isso. Eu entendo


por que Tristan está magoado com meus anéis, e eu não tinha a
intenção de usa-los por muito tempo. Mas então, por outro lado,
como posso me sentir culpada por querer usar minhas alianças
de casamento?

Ele era meu marido, é meu direito colocá-las quando estou


chateada.

Isso é necessário? Não.

É calmante para mim? Definitivamente sim.

É egoísmo quando você está saindo com outra pessoa?


Provavelmente.

Mas é o que é.

Quero ligar para ele, mas não sei o que dizer, porque não
acho que deveria me desculpar por me sentir culpada por ter me
apaixonado por ele.

Apaixonar-me por ele... Deus, você pode se ouvir, Claire?


Estou realmente apaixonada por Tristan Miles? Ou estou
apaixonada pela felicidade que ele me traz e pela maneira como
me faz sentir?

Mas então... não é a mesma coisa, afinal?

E por que você se deixaria apaixonar por alguém quando já


sabe que isso vai acabar logo?

É isso?

Claro que é.

Não posso deixar meus meninos se apegarem a ele. Não


posso arriscar que eles se machuquem novamente.

Não posso perder outra pessoa que amo... eu não


sobreviveria.

Eu continuo dando voltas e voltas na minha cabeça e


sempre termino no mesmo lugar.

Eu quero Tristan.

Estou com medo de Tristan.

Coloco minha cabeça em minhas mãos na minha mesa.


Estou tão confusa.
Eu ando para frente e para trás em meu escritório. Tenho
certeza de que deixei uma trilha puída no tapete. Esta semana foi
uma perda total. É quinta-feira e não consegui nada além de uma
úlcera no estômago de preocupação.

Tristan não me ligou nenhuma vez, e ele não vai.

Se eu quiser isso, sei que depende de mim. Ele não está me


perseguindo desta vez.

Ando para a frente e para trás. Por alguma razão, eu sinto


que hoje tudo está vindo à tona. Eu não posso adiar mais. Eu
preciso ligar para ele para saber onde estamos. Toda essa
incerteza está me deixando doente.

Posso mentir para o mundo o quanto quiser, mas não posso


mentir para mim mesma.

Eu gosto de estar com ele

Eu nervosamente disco o número dele. Começa a tocar e eu


fecho meus olhos. — Por favor, atenda.

— Alô — ele responde em um tom cortante.

Eu posso ouvir a raiva em sua voz. — Oi, Tris.


— Olá, Claire. Sim, o que é isso?

Eu franzo a testa. Ele não vai tornar isso fácil. Eu deveria


saber disso. — Posso te ver, por favor?

— Não, isso não será necessário.

— Tris. — Eu suspiro. — Por favor.

Ele fica em silêncio.

— Nós realmente precisamos conversar. Eu tive a semana


mais terrível sem você.

Silêncio.

— Você pode reservar nosso quarto de hotel? — Eu pergunto


esperançosamente.

— Eu não estou me esgueirando com uma mulher casada,


Claire — ele dispara de volta.

— Não, baby — eu sussurro em um momento de fraqueza.


— Eu não sou casada. Estou com saudades de você.

Ele inala profundamente. Essa é a primeira vez que mostro


a ele qualquer aparência de emoção.

Droga, e foi por telefone. — Por favor — eu sussurro. — Nós


realmente precisamos conversar.

— Tudo bem — ele diz. — Uma hora.


— Ok. — A excitação corre através de mim. — Vejo você
então.

Eu desligo e sorrio. Pela primeira vez em cinco dias, tenho


esperança.

Entro nervosamente no saguão por volta da uma hora. Saí


do trabalho mais cedo para não me atrasar, e vou até nosso ponto
de encontro habitual perto do elevador.

Tristan sai do restaurante. — Claire.

— Oi.

— Eu tenho uma mesa para nós no restaurante. — Ele


cortou o cabelo, mas ainda é sexy como o diabo. Ele se vira e volta
para o restaurante sem esperar por mim.

Sem quarto.

— Ok. — Eu o sigo até uma mesa perto da janela, e ele


espera para empurrar minha cadeira – mesmo quando muito
irritado, ele tem que usar suas maneiras. É tão intrínseco nele
que nem perceberia que está fazendo isso. Eu nervosamente
sento e espero que ele faça o mesmo.

Ele serve dois copos d'água e chama o garçom. — Podemos


ter alguns menus, por favor? — Ele olha para o relógio. —
Teremos que sair daqui em quarenta e cinco minutos, pois tenho
uma reunião. Faça isso acontecer, por favor.

— Sim senhor. — O garçom sai com pressa.

Os nervos dançam em meu estômago enquanto o observo.


Meu Tris não está aqui. Estou lidando com Tristan Miles, o rei da
aquisição em toda a sua glória.

Ele junta as mãos sob o queixo enquanto seus olhos vêm


para mim.

— Oi. — Eu sorrio.

— Eu já disse oi. O que você quer, Claire?

— Você vai parar? — Eu sussurro.

— Parar o que?

— Pare de ser agressivo.

— Não estou sendo agressivo. O que eu disse que é


agressivo?

Eu reviro meus olhos. Talvez tenha sido uma má ideia. —


Eu queria falar sobre sábado de manhã.
Ele me observa, com as mãos sob o queixo, o dedo indicador
percorrendo o lado do rosto. Meus olhos caem para o relógio caro
em seu pulso, um lembrete de como realmente somos diferentes.

— O que tem isso? — Ele pergunta.

— Do jeito que você saiu.

— Eu saí porque você mentiu para mim.

— Tris — eu sussurro. Eu me inclino e pego sua mão sobre


a mesa. — Você tem que entender que a dor é uma coisa
estranha. — Faço uma pausa enquanto tento articular meus
sentimentos. — Eu posso estar bem e indo bem, e então algo
simples vai trazer uma memória, como... eu posso ouvir uma
música e ela vai girar um botão, e sou imediatamente levada de
volta. Parece tão recente e tão cru que mal consigo respirar. Isso
me quebra. Não tenho nenhum aviso de que está prestes a
acontecer, e não posso impedir quando acontecer.

Ele coça a nuca em frustração. — O que isso tem a ver


comigo?

Eu aperto sua mão na minha. — Eu estava chateada na


sexta à noite porquê... — Eu faço uma pausa.

— Por que?
— Porque percebi que tenho sentimentos por você. Eu não
estava chorando lágrimas de tristeza, Tristan. Eu estava
chorando lágrimas de culpa.

Seus olhos seguram os meus.

Eu me sinto uma idiota admitindo isso. Já se passaram


cinco anos – eu deveria estar curada agora. Meus olhos também.
— Eu pensei que estávamos apenas transando — eu sussurro.

Ele franze a testa e se inclina para frente. — Claire... Eu


nunca apenas fodi você. Nenhuma única vez apenas fodemos —
ele sussurra.

Eu pisco, tentando me livrar dessas lágrimas estúpidas.


Limpo-as com raiva. — Tris, eu simplesmente não quero... —
Faço uma pausa, tentando descobrir como dizer o que tenho a
dizer.

— Você não quer o quê?

— Eu sei que temos uma data de validade.

— Por quê? — Ele franze a testa. — Por que você diria isso?

— Porque você mesmo me disse que todos os seus


relacionamentos têm uma data de validade. — Eu dou a ele um
sorriso triste. — E, além disso, você é jovem e...

— Você é apenas quatro anos mais velha que eu — ele


sussurra com raiva. — Não use isso como desculpa.
— Você vai querer uma família própria em breve.

— Você tem apenas trinta e oito anos, Claire. Você poderia


me dar meus próprios filhos, se for o que decidimos. Poderíamos
fazer funcionar, todos nós juntos.

O que?

Meu rosto cai em choque. — Você já pensou sobre isso?

— É claro que pensei sobre isso, porra — ele retruca. — Eu


não estaria perseguindo isso se não visse um futuro.

Eu fico olhando para ele, sem palavras.

— Claire, você precisa falar comigo. Agora mesmo. Esta é a


hora, porque estou prestes a sair da sua vida.

Eu fico olhando para ele e sei que preciso ser honesta sobre
meus sentimentos. A hora de brincar acabou. Isso é alguma
coisa. Eu não imaginei nada.

— Tris. Existem três outros corações conectados ao meu. Se


você me deixar... você os deixa.

Nossos olhos estão travados.

— E eu não sei se eu poderia arriscar que eles perdessem...


— Eu franzo o rosto ao pensar em meus filhos passando por outro
desgosto. — Eles não sobreviveriam. Eles já estão quebrados,
Tristan. Meus filhos estão danificados.
— O que você está dizendo? — Ele pergunta.

— Estou dizendo que você precisa pensar sobre isso.

— Claire, eu tomo decisões importantes todos os dias.


Decisões no valor de milhões de dólares. Não sou irresponsável
nem me distraio facilmente. Estive com muitas mulheres e essa
coisa com você... não está indo embora. Só está ficando mais
forte, e eu sei o que quero.

Meus olhos procuram os dele. — O que é isso?

— Eu quero você, Claire. Desde o momento em que deixei


Paris, eu venho querendo você.

A esperança floresce em meu peito.

— Fui embora e pensei nas minhas ideias preconcebidas e


no que significa estar com você. Ninguém mais me interessa nem
um pouco, e com certeza... — Ele faz uma pausa. — Eu vou
admitir... os meninos me assustaram no começo... e eu não lidei
com isso muito bem. Mas então percebi que eles são uma parte
de você e, se eu quero você, tenho que querê-los. Tenho um longo
caminho a percorrer com eles, mas chegaremos lá
eventualmente.

Lembro-me de como ele saiu correndo no primeiro dia em


que os conheceu. Era como uma performance de comédia, só que
pior.
Ele pega minha mão. — Claire. Quando estou com você, não
quero estar em nenhum outro lugar. Prefiro dormir na sua sala
do que ficar sozinho no meu apartamento.

Eu escuto.

— Porque estou perto de você... e... Estou perto deles.

Meus olhos se enchem de lágrimas mais uma vez com a


menção de meus filhos.

Ele entendeu.

— Eu quero tentar — ele sussurra. — Quero tentar o


relacionamento adequado – namorada, filhos, casa no subúrbio
e os animais sarnentos.

Eu sorrio para o homem dos sonhos sentado na minha


frente. — Sou muito para enfrentar, Tris.

— Claire. — Ele faz uma pausa, como se procurasse as


palavras certas. — A maneira como você me faz sentir vale
qualquer coisa — ele sussurra.

Nós olhamos um para o outro. O ar gira entre nós e, Deus,


se eu não amava esse homem antes, eu posso apenas amar
agora.

— Você tem certeza?

Ele revira os olhos. — Positivo.


— E você vai me dizer imediatamente se as coisas
mudarem? — Eu sussurro. — Porque eu entendo perfeitamente
se tudo for demais. Eu nunca iria querer que você ficasse se você
não quisesse.

— Você tem minha palavra.

Eu penso nisso por um momento. Eu tinha feito planos para


o caso de tudo dar certo. — Precisamos de algum tempo sozinhos
para resolver isso. Vou ficar em Nova York com você no fim de
semana — digo.

Ele franze a testa. — Como?

— As crianças podem passar o fim de semana na casa dos


meus pais. Mas Fletcher precisará tirar folga na segunda-feira,
se estiver tudo bem.

Ele dá a volta para o meu lado da mesa. — Ele pode tirar a


merda da semana inteira de folga. — Ele me beija, e é macio e
terno. Eu me sinto derreter contra ele. Nós nos abraçamos e nós
nos seguramos com força.

— Senti sua falta — eu sussurro.

Ele morde meu lábio inferior com os dentes e eu sorrio


contra ele. — Você vai pagar por me fazer passar por essa merda.

— Eu não posso esperar — eu sussurro. — Você realmente


tem uma reunião?
— Foda-se, infelizmente sim.

Meu Uber para, e eu pago o motorista e saio enquanto olho


para o prédio à minha frente. Tristan queria que seu motorista
viesse me buscar, mas eu não queria fazer barulho. Foi fácil
chegar aqui.

— Olá... Sra. Anderson? — Uma voz atrás de mim diz.

Eu me viro surpresa. — Sim?

— Eu sou Calvin, o motorista de Tristan. Nos conhecemos


no mês passado, na sua chegada de Paris. Ele me pediu para
encontrá-la e deixá-la entrar em seu apartamento. Ele foi retido
em uma reunião.

— Oh. — Eu agarro minha mochila com força total. Por que


estou tão nervosa? — Claro. — Eu sorrio. — Obrigada.

— Posso levar sua bolsa para você?

— Não, obrigada. Eu tenho isso.

Ele acena com um sorriso amável. — Muito bem.


Ele me leva pelo elegante saguão e entramos no elevador.
Ele empurra o número quatorze.

Não sei o que dizer, então não digo nada. Quantas mulheres
ele levou até o apartamento de Tristan no passado?

Pare com isso.

Por que isso passou pela minha cabeça? E por que eu iria
deixar isso me incomodar?

Todo mundo tem um passado, até eu.

Nós subimos em silêncio até o décimo quarto andar, e as


portas se abrem. Eu o sigo pelo corredor largo e glamoroso, e ele
me passa uma chave. — Este é o apartamento. — Ele abre a porta
com sua própria chave e se afasta para me deixar entrar. — Você
vai precisar de mais alguma coisa, Sra. Anderson?

— Não. — Eu sorrio sem jeito. Já faz muito tempo que não


sou chamada de Sra. — Obrigada.

Ele se vira para voltar pelo corredor.

— Oh, Calvin? — Eu pergunto.

— Sim. — Ele se vira para mim.

— Tristan disse quanto tempo ele demoraria? — Eu


pergunto.
— Vou voltar ao escritório agora para buscá-lo e, neste
trânsito, ele demorará mais uma hora.

— Ok. — Eu sorrio. Bem... isso me dá tempo suficiente para


um banho. — Obrigada.

Eu entro, fecho a porta e olho ao redor. Eu coço minha nuca


em confusão. — Puta merda, — eu sussurro. Por cinco minutos,
meus olhos absorvem a sensação visual. As palavras de Tristan
no almoço voltam para mim: — Prefiro dormir na sua sala de
cimento do que ficar sozinho no meu apartamento.

— Seu pobre homem estúpido — eu sussurro em voz alta.


— O que poderia ser melhor do que aqui?

Eu largo minha bolsa do meu ombro com um baque. O


apartamento é gigantesco. Minha casa caberia aqui quatro vezes.
É um antigo flat que foi convertido. O perímetro tem enormes
janelas de vidro, o piso é de concreto polido e o local tem um
clima industrial supermoderno. Enormes tapetes coloridos
suavizam o chão e as paredes exibem arte abstrata colorida por
toda parte. O mobiliário é moderno e minimalista.

— Uau. — Eu caminho pela sala de estar. Tem um enorme


sofá azul-marinho para relaxar. Um de três lugares, um de dois
lugares e dois de um lugar. Uma grande mesa de centro de
madeira robusta no meio e uma televisão gigantesca. Eu ando até
a cozinha – madeira robusta e metal. Uma ilha fica no meio com
bancos ao redor. Eu os conto – nove no total. Eu olho para a mesa
de jantar e vejo que tem capacidade para dezoito. Deus, nove
bancos e dezoito cadeiras. Quantos amigos ele convida para
jantar de uma vez?

Abro a geladeira e fico surpresa ao ver que ela está


totalmente abastecida com alimentos saudáveis.

Hmm, ele deve cozinhar. Inferno, eu realmente não o


conheço, conheço?

Caminho pelo corredor, passo por um escritório, uma


academia, outra sala de estar, um banheiro. Então, finalmente,
um quarto, outro quarto, outro quarto. Que diabos? Quantos
quartos têm? Outro quarto, e então chego a duas grandes portas
duplas que se abrem para a suíte master.

Meus olhos se arregalam e eu começo a dar uma risadinha


estúpida. Os quartos dos meus filhos caberiam em seu closet.
Fileiras de ternos e sapatos caros estão todas alinhados. Tudo
está organizado e alinhado. Parece uma butique masculina
sofisticada. As paredes do quarto são azul marinho escuro, a
roupa de cama e os móveis são brancos, e uma enorme pop arte
abstrata na parede em tons de rosa quente. Enormes palmeiras
erguem-se em grandes vasos brancos e parece uma revista. Eu
corro minha mão pelas folhas da palma enquanto olho ao redor.
— Uau — eu sussurro em voz alta. — Muito impressionante, Sr.
Miles. — Eu espreito o banheiro e vejo que ele é uma pedra
branca; é enorme, com uma banheira circular situada no centro.
— Uau, porra. — Volto para o saguão e pego minha bolsa com
pressa. — Agora, para me tornar totalmente irresistível.

Eu levanto minhas sobrancelhas para o desafio. — Como se


isso fosse possível.

Eu me deito na banheira profunda. A sala está cheia de


vapor, a água está quente e minha taça de champanhe está
gelada.

Agora isso... é viver.

Começando meu fim de semana com o pé direito. Quer dizer,


como eu poderia resistir?

Eu coloco meus pés na extremidade da banheira e deslizo


fundo na água com um sorriso relaxado.

Com o canto do olho, vejo algo e levanto os olhos para ver


Tristan. Suas mãos estão nos bolsos de seu terno caro, e ele está
encostado no batente da porta enquanto me observa. Ele me dá
um sorriso lento e sexy. — Anderson.
Eu sorrio e deslizo um pouco mais fundo na água. — Você
está atrasado.

Ele puxa a gravata com força enquanto empurra a porta na


minha direção. — E você está espetacular na minha banheira.

— Você está entrando? — Eu pergunto.

Ele sorri sombriamente enquanto arranca a jaqueta sobre


os ombros. — Eu estou definitivamente... entrando. — Ele
começa a desabotoar a camisa.

Eu rio. — Bastardo sujo.

— A seu serviço. — Ele joga sua camisa para o lado e meu


estômago se agita ao ver seu peito. Largo e musculoso, com uma
dispersão de cabelo escuro que diminui até uma pequena trilha
que desaparece em suas calças.

Eu sorrio em minha taça de champanhe enquanto assisto.


Este é um show de strip quente.

Ele desliza o zíper para baixo e minha respiração fica presa


quando vejo que seu pau está duro e acima do cós de sua cueca
preta. Ele está duro de me observar.

Que universo é esse?

Ele tira os sapatos e as meias e desliza as calças para baixo


com um movimento brusco, e eu rio como uma colegial.
— O que é essa risada? Nunca ouvi você fazer isso antes.

Eu sorrio timidamente, envergonhada por ele ter percebido


isso.

— Isso é uma risadinha molhada? — Ele pergunta com uma


sobrancelha levantada enquanto entra na água.

Eu franzo a testa. — Risada molhada?

— Você sabe, a que você faz antes de ficar toda molhada?

Eu rio alto. — Seu idiota — eu zombo. — Estou tomando


banho. Estou ensopada.

Seus olhos dançam de alegria. — Admita, Anderson...


alguns lugares são mais úmidos do que outros. — Ele se senta e
me puxa para cima dele enquanto a água espirra para o lado e
cai no chão. Eu rio. Pela primeira vez em muito tempo, me sinto
tão selvagem e livre.

Minhas pernas montam nas dele e seus dedos deslizam pelo


meu sexo aberto. Ele está completamente certo. Estou tão
molhada agora.

Seus olhos estão fixos nos meus enquanto ele lentamente


circula seus dedos pelo meu sexo. — Agora é assim que você deve
me cumprimentar todos os dias. Nua e molhada.

Minha boca se abre. Oh Deus, isso é bom.


Nós olhamos um para o outro enquanto eu flutuo acima
dele. É como se nós dois estivéssemos esperando para nos tocar
a semana toda e não pudéssemos mais nos controlar. A conversa
é irrelevante quando estamos nus juntos. Nossos corpos falam
por nós.

Ele desliza lentamente um dedo, depois dois, e estremeço


quando ele empurra um terceiro dedo grosso profundamente em
meu sexo. Ele coloca a boca no meu ouvido. — Eu quero que você
foda minha mão, — ele sussurra. — Você aperta com força e fode
meus dedos, Anderson.

Meus olhos reviram na minha cabeça. Deus, sua conversa


suja frita meu cérebro. Eu poderia gozar apenas por ouvi-lo. Eu
começo a balançar, e seus olhos piscam com escuridão. Uma
sensualidade corre entre nós. É escuro e desinibido e, pela
primeira vez desde que estamos juntos, quero perder todo o
controle.

Eu quero ser possuída.

Meu Tristan.

Eu me balanço com força, e ele aperta sua mandíbula


enquanto me observa, salivando enquanto espera sua vez. Meus
olhos se fecham e inclino minha cabeça para trás em êxtase. —
Tão bom, — eu choramingo. — Tão. Bom. Porra.
Ele morde meu pescoço com força enquanto ele perde o
controle. Nossos corpos se contorcem juntos de prazer, a água
espirrando como uma corredeira. — Preservativo — ele sussurra.

— Sem camisinha — eu gaguejo. — Estou tomando pílula.

Ele para. Seu olhar encontra o meu e seus olhos escurecem.


Posso ver o momento em que ele perde o controle. — Suba na
porra do meu pau. — Em um movimento rápido, ele me levanta
e me empala.

Ele está profundo, grosso e duro, e eu grito por sua posse.


— Tristan — eu choramingo.

Suas mãos vão para os ossos do meu quadril e ele começa


a me deslizar para cima e sobre seu corpo.

Nossos olhos estão travados. Nossas mandíbulas estão


frouxas. A sensação é extremamente boa.

Boa demais.

Eu não consigo segurar.

— Eu vou gozar — eu choramingo.

Ele me bate com força. — Não se atreva, porra — ele rosna.

Meus joelhos estão ao redor de seus ombros e seu corpo


bate em mim profundamente... tão profundo.
— Anderson — ele chama para tentar me trazer de volta ao
aqui e agora.

Começo a tremer e ele aperta a mandíbula para tentar


impedir, mas não há chance; é bom demais para parar.

Nossos movimentos são quase violentos e a água está


espirrando por toda parte.

Tão grande... tão, tão profundo.

Seus olhos reviram em sua cabeça, e ele me bate com força.


Eu grito, e ele se mantém perto. Eu sinto o empurrão quando ele
entra no meu corpo. Seu pau estremece dentro de mim... tão bom
ter seu sêmen me enchendo. Perfeição.

Eu vejo estrelas.

Estrelas coloridas perfeitas, em todos os tons de


maravilhosos.

Eu caio contra seu peito e ele me segura com força.


Ofegamos enquanto nos agarramos um ao outro.

— Tanto para eu jogar duro para conseguir — ele sussurra.

— Você estava jogando fácil para foder. — Eu sorrio contra


seu peito.

Ele ri. — Sim, sou bom nesse jogo.

Eu sorrio. — O mestre.
Duas horas depois

Estou encolhida e com sono na cama de Tristan. Aquilo foi


um inferno de uma sessão de sexo.

Ele me fodeu de todas as maneiras – tão bem que estou em


um estupor induzido pelo orgasmo.

Sua mão vagueia para cima e sobre meu quadril, e ele beija
o lado do meu rosto. — Vou buscar um jantar para nós.

— Hmm. — Eu sorrio sonhadoramente com meus olhos


fechados.

— Eu tinha planejado cozinhar, mas sério, não poderia estar


mais cansado — ele murmura. — Vou pegar para nós alguma
coisa para viagem. Estou faminto.

— Hmm.

Ele me beija de novo e me puxa para perto e me abraça com


força. Eu sorrio com a sensação dele contra o meu corpo. — Volto
em breve.

Eu volto aos meus sentidos e sento no meu cotovelo. —


Espere, onde você está indo?
— Vou até a esquina. Há uma série de restaurantes. O que
você gostaria?

— Umm... — Eu franzo a testa enquanto tento me acordar.


— Você quer que eu vá?

— Você não precisa. — Ele sai da cama.

Eu o vejo se vestir e sei que realmente deveria fazer um


esforço. — Pegue algumas roupas para mim e eu irei.

Ele entra em seu armário e pega um par de seus shorts e


um suéter folgado. Ele os joga em cima de mim e elas acertam
minha cabeça. — Não esses. — Eu sorrio. — As minhas roupas.

— Não, não vou procurar suas roupas. Estamos indo até a


esquina por dois minutos. Coloque-as. — Ele agarra minha mão
e me puxa para fora da cama. Ele puxa o suéter pela minha
cabeça, e eu me curvo e coloco o short de basquete Nike cinza
largo.

Pego meu elástico e prendo meu cabelo em um coque


bagunçado.

Eu pareço um desastre completo, e eu abro meus braços. —


Ainda quer ser meu namorado?

Ele me olha de cima a baixo e sorri maliciosamente. —


Pensando bem...
Eu rio enquanto ele me leva em seus braços. Ele me beija
enquanto eu envolvo meus braços em volta do seu pescoço. — Eu
gosto de ter você aqui, — ele sussurra enquanto me segura perto.

— Eu gosto de estar aqui. — Nossos lábios se tocam e eu


sorrio. — Imitar você pode ser meu novo hobby.

Ele ri enquanto me puxa pela mão. — Estou morrendo de


fome, mulher.

Descemos de elevador e, felizmente, não há ninguém no


saguão. Eu olho para mim mesma e estremeço. Oh meu Deus,
estou horrível.

Ele pega minha mão e saímos para a rua. Tão diferente de


onde moro. Eu avisto nosso reflexo na janela, e tenho que morder
meu lábio para impedir meu enorme sorriso bobo. Estamos de
mãos dadas em público. Nós realmente vamos tentar essa coisa
de relacionamento.

Isso está acontecendo?

Viramos a esquina e meus olhos se arregalaram de horror.


— Oh não, Tristan — eu sussurro. A rua está movimentada e
cheia. — Eu pareço ridícula.

Ele coloca o braço em volta de mim e me puxa para perto.


— Fique quieta, Anderson. Você está linda para mim. — Ele beija
minha têmpora e eu sorrio contra ele. — Apenas fodida – combina
com você.
Eu sorrio para o meu lindo encontro. Ele me faz sentir
bonita. Nunca, desde que estivemos juntos, eu me senti
desconfortável na minha pele com ele. Tudo entre nós parece tão
orgânico e natural. — O que você quer, querida? — Ele pergunta
enquanto olha para a rua.

— Tanto faz. Eu gosto de toda comida. — Eu sorrio.

Ele me leva rua abaixo. Os restaurantes são todos modernos


e badalados. Pessoas bonitas estão por toda parte. — Tailandês?
— Ele pergunta.

— Uh-huh. — Eu encolho os ombros. — Parece bom.

Entramos e ele faz o pedido. O saguão está lotado de gente,


então voltamos para a rua para esperar. Ele está parado atrás de
mim com o braço em volta do meu pescoço, e ouvimos: — Tristan.

Nós dois nós viramos para ver uma linda mulher loira. Ela
está usando uma saia de couro preta justa que fica logo acima
dos joelhos com saltos enormes stilettos e uma blusa rosa choque
justa. Seu cabelo loiro perfeito está penteado com perfeição, e eu
acho que ela pode ser a mulher mais linda que eu já vi.

Ele sorri amplamente. — Melina, oi. — Ele a beija na


bochecha enquanto eu recuo.

Seus olhos vêm até mim e ela me olha de cima a baixo.


— Melina, conheça Claire, — ele me apresenta. — Minha
namorada.

Oh merda, ele já está contando às pessoas? Não posso pelo


menos me acostumar com isso primeiro?

Sua boca abre enquanto ela olha para mim. Depois de um


tempo, ela se lembra de suas maneiras e estende a mão. — Olá,
sou a Melina... a ex-namorada.

Oh merda.

O sangue escorre do meu rosto. Eu pareço uma merda.

Sua atenção volta para Tristan. — Eu não sabia que você


estava saindo com alguém.

— Sim. — Tristan sorri e coloca o braço em volta dos meus


ombros e me puxa para perto. — Claire e eu estamos juntos há
alguns meses, muito felizes. Como vai você? Você está vendo
alguém?

Eu só quero que a terra me engula... esta é a ex-namorada


dele... o que diabos ele vê em mim?

Seus olhos voltam para mim, e posso ver que ela está
pensando exatamente a mesma coisa. — Não, ainda processando
as coisas. — Seus olhos se voltam para Tristan. — Eu não vejo
você há muito tempo.
— Não, eu não tenho saído. Eu passo muito tempo na casa
de Claire em Long Island, — ele mente.

Não sei o que está acontecendo aqui, mas sinto que ele está
transmitindo algum tipo de mensagem a ela.

— Long Island. — Ela franze a testa enquanto olha entre


nós.

— Sim, bem, Claire tem filhos, então é bom para eles lá.

Seus olhos se arregalam de horror. — Você tem filhos?

Oh inferno, por favor, terra... me engula. — Sim. — Eu finjo


um sorriso. — Três meninos.

Seus olhos voltam para Tristan em dúvida. — Sua mãe não


mencionou nada disso para mim.

Ele sorri casualmente. — Sim, bem, é um pouco estranho


para a pobre mamãe estar no meio. Você provavelmente deveria
começar a cortar laços com ela.

Oh... realização me acerta. Ela o quer de volta e tem sido a


melhor amiga de sua mãe para tentar trazê-lo de volta.

Ela pisca, como se não conseguisse acreditar no que ele


acabou de dizer.

Constrangedor.
— Vou verificar nosso pedido. — Eu sorrio. — Prazer em
conhecê-la, Melina.

— Da mesma forma, — ela diz inexpressiva.

— Estou indo, baby, — Tristan diz enquanto agarra minha


mão. — Tchau, Melina. É bom ver você. — Ele a beija na
bochecha.

Eu entro no restaurante e ele entra, fica atrás de mim e


coloca os braços em volta do meu pescoço. Eu olho para ver
Melina parada ainda na rua, olhando para nós pela janela.

— Jesus, Tristan — eu sussurro.

— Desculpe — ele murmura no meu cabelo. — Eu tive que


ser rude. Nós terminamos há seis meses, e ela ainda liga para
minha mãe três vezes por semana para encontros para café. Me
irrita.

Ela se vira e anda rua acima, e meu estômago embrulha de


pena dela. — Ela é linda.

— Ela é — ele responde.

— Por que não deu certo com ela? — Eu pergunto, distraída


por sua beleza.

Ele beija minha têmpora e encosta sua bochecha na minha.


— Porque ela não era você.
Eu acordo lentamente. A sala está semiescura, e é estranho
não ouvir um cortador de grama.

O som fraco do tráfego ao fundo é quase relaxante.

Eu olho para o homem dormindo ao meu lado. Ele está de


costas. Seu cabelo escuro e pele cor de oliva contrastam com o
linho branco, e seus cílios negros e grossos se agitam, como se
ele estivesse sonhando. Seus grandes lábios vermelhos se abrem
suavemente enquanto ele inala.

Nunca estive com um homem tão bonito antes. Tudo sobre


ele está fora de um catálogo. Alto, moreno e bonito. Um corpo
ondulado e naturalmente atlético..., mas é o que está dentro que
me chama.

Por baixo do embrulho elegante e do sobrenome Miles


Media... é uma alma linda e gentil.

O homem dentro deste corpo perfeito é quem eu quero. O


resto dele é apenas fachada. Eu sorrio enquanto inalo
profundamente com esperança.

Esta é uma revelação.


Eu encontrei um homem que preenche todos os requisitos
e, ok, pode haver alguns problemas com meus filhos, mas eu não
teria isso com qualquer homem que encontrasse?

Ele quer tentar, e que droga, estou dando o meu melhor.

Eu corro a parte de trás dos meus dedos através dos pelos


na parte inferior de seu estômago que levam até seus pelos
pubianos.

O poder do toque.

Eu nunca soube o quanto eu precisava disso, ansiava por


isso. E agora que reconhecemos que o que há entre nós é mais,
mal consigo manter minhas mãos necessitadas longe dele.

Meu.

Ele está ansioso para o futuro, pela primeira vez em muito


tempo... eu também estou.

Seus olhos abrem lentamente em uma inspiração profunda,


e eu sorrio para ele. — Bom dia.

Ele me puxa para perto e me abraça com força. — Anderson,


você é como um galo de merda. Por que você está acordada tão
cedo?

— Apenas admirando a vista. — Eu sorrio enquanto beijo


seu peito.
Sua pele nua contra a minha é quente e dura... perfeita.

Ele sai dos meus braços e se levanta e vai para o banheiro,


e eu deito na cama com um sorriso estúpido. Não consigo limpar
do meu rosto.

Depois de um tempo, ele volta e se deita de lado, de frente


para mim. Seus olhos ainda estão com sono e é óbvio que ele
ainda não estava pronto para acordar. — O que? — Ele murmura.

— Nada... sentindo-me feliz.

Ele sorri sonolento. Seus olhos voltam a se fechar.

Eu me inclino sobre meu cotovelo e olho para ele. — Com


quantas mulheres você dormiu, Tris?

— Muitas para admitir — ele responde, os olhos ainda


fechados.

— Oh. — Eu penso por um momento. O que isso significa?


Quantas são muitos para admitir? Caramba.

— Você usava camisinha, certo? — Eu franzir a testa.

— Sim, Anderson, eu usei camisinha. Você não tem uma


DST. Volte a dormir.

Eu rolo meus lábios para esconder meu sorriso. — Você...


— Eu franzo a testa enquanto tento articular o que quero dizer.
— Você não usava preservativo com suas namoradas, usava?
— Sim, eu usava, na verdade. — Ele encolhe os ombros. —
Bem, não minha segunda namorada, mas ela foi a única além de
você.

— Oh. — Eu franzo a testa. Ele já falou dessa segunda


namorada antes. — Você a amava muito, não é? — Eu pergunto.

— Esta é uma manhã de sábado ou uma porra de uma


Inquisição espanhola? — Ele murmura secamente.

Eu rio. — Eu quero te conhecer. Vou te fazer perguntas o


dia todo.

— Hmm. — Ele franze a testa, não impressionado, os olhos


ainda fechados.

— Você me faz uma pergunta agora — eu digo. — É assim


que aprendemos um sobre o outro.

Ele se estica, arrasta meu corpo para o dele e beija minha


testa. — Eu não me importo com o que aconteceu com você antes
de mim. Eu só me importo conosco. — Ele me puxa com mais
força e beija minha têmpora novamente. — Volte a dormir,
Anderson — ele murmura, os olhos ainda fechados.

Eu sorrio. Eu o amo assim. Todo sonolento e dócil. — Eu


não estou cansada. Você volta a dormir. Vou continuar
observando você como uma perseguidora.
— Hmm. — Ele se aconchega em seu travesseiro, sem se
incomodar com meu comentário. — Você é uma pessoa estranha.

Eu me inclino sobre meu cotovelo novamente e sorrio para


o deus descansando na minha frente. Não estou nem brincando,
eu pagaria um bom dinheiro para assistir a esse show
espetacular de cobertores. — Está tudo bem, Tris — eu sussurro.
— Eu só matei dois homens enquanto dormiam antes. Você está
completamente seguro.

Ele abre um olho. — O fato de que que isso passou pela sua
cabeça em dizer é um tanto preocupante, Claire.

Eu sorrio maliciosamente. — Shh, vá dormir, baby... boa


noite.

Ele sorri, percebendo que não vou deixá-lo voltar a dormir.


Ele joga os cobertores para trás, expondo seu corpo nu. — Eu
suponho que você pode ajudar a si mesma — ele bufa, como se
eu fosse um inconveniente. — Eu estou dormindo, no entanto.
Não espere nenhuma contribuição minha.

Eu rio e beijo seu peito enquanto desço por seu corpo em


direção ao seu pau. — Sim, querido, o que você disser.
Entramos no restaurante de mãos dadas. São nove horas
da noite de sábado e acabamos de sair para jantar no moderno
centro de Manhattan. O que é esse universo legal ulterior?
Normalmente estou enfiada na cama agora, exausta demais até
mesmo para ler.

Estive pensando sobre isso e cheguei à conclusão de que,


quando a maioria das pessoas começa a se ver, é um encontro e
depois um doce adeus. Casual no início, e talvez depois de um
tempo uma festa do pijama de vez em quando. É lento e uniforme,
e aumenta com o tempo. Tristan e eu fizemos tudo ao contrário.

Nosso primeiro encontro foi uma luta; então, do nada, ele


me chamou para sair.

Nós nos conhecemos em uma conferência, tivemos dois


encontros e depois passamos um fim de semana inteiro juntos.
Então não nos vimos por seis semanas, tivemos outra briga em
seu escritório – desta vez, por causa do meu filho. Reconectei-me,
tive uma semana alucinante de sexo na hora do almoço e outra
festa do pijama no meu sofá, tivemos outra briga, depois não nos
vimos por mais uma semana e agora estamos passando um fim
de semana inteiro juntos novamente. Parece que somos tudo ou
nada, mas desta vez é diferente... prometemos um ao outro um
amanhã possível.

Estar aqui em Nova York com ele foi perfeito.


Tivemos uma manhã preguiçosa e ele me preparou o café da
manhã. Em seguida, fomos dar um passeio e almoçamos em um
café à beira de um parque e lemos os jornais. Rimos,
conversamos e nos beijamos como crianças da escola, fizemos
amor e tivemos um sono de fim de tarde do qual nem acordamos
antes das sete horas. Sem pressa, sem cronograma para cumprir
com as crianças, nada para cozinhar ou limpar, nada para lavar
e nenhum lugar que tínhamos que estar.

Poderíamos ser apenas nós, juntos.

Foi um sábado perfeito.

Tristan me leva para o restaurante pela mão. — Olá, Sr.


Miles — diz o homem na recepção.

— Olá, Bill, — ele responde. Tristan casualmente olha para


mim e nossos olhos se encontram. Ele me dá uma piscadela sexy.

Meu coração dá uma cambalhota no peito e mordo meu


lábio inferior para abafar meu sorriso exagerado. É a sensação
mais estranha. É como se uma nuvem negra pesada tivesse sido
levantada e a felicidade literalmente irradiasse de mim.

Eu posso me sentir brilhando.

Tristan Miles me deixa feliz... delirantemente feliz.

Seguimos o garçom enquanto ele nos conduz pelo


restaurante até uma mesa para dois no canto dos fundos. O
restaurante é pequeno e escuro, e a luz de velas pisca em todas
as mesas. O garçom puxa minha cadeira e nós dois nos
sentamos. — Posso pegar algo para você beber? — Ele pergunta.

Tristan abre a carta de vinhos. — O que você quer, baby? —


Ele pergunta, distraído.

— Eu sou fácil, — eu respondo enquanto passo pelas


opções. Qualquer coisa vai ficar bem, para ser honesta.

— Tinto?

— Uh-huh.

— Vou querer uma garrafa de Malbec, por favor. — Ele fecha


o menu.

— Excelente escolha, senhor. Temos um lote da França.

— Obrigado. — Ele sorri ao devolver o menu. O garçom vai


embora e a atenção de Tristan volta para mim.

— Você vem sempre aqui? — Eu pergunto.

Ele encolhe os ombros. — Eu costumava. Principalmente


agora, quando meu irmão Elliot está na cidade. Nocello é um dos
nossos restaurantes favoritos em Manhattan. Eu costumava ficar
aqui muito mais do que estou agora.

Eu sorrio para ele. — Você é próximo de Elliot?

— Sim, ele está na cidade neste fim de semana, na verdade.


— Ele está? — Eu pergunto, surpresa.

— Ele e Christopher voaram para um leilão de arte que será


amanhã à noite. Eu ia falar com você sobre isso, na verdade. Você
quer ir?

Meus olhos se arregalam. — Eles vieram de Londres apenas


para um leilão de arte?

— Sim, — ele responde casualmente. — Eles voam pelo


mundo para leilões de arte. Elliot gosta de colecionar arte. Ele
tem um portfólio muito impressionante, na verdade. Ele começou
a colecionar quando éramos crianças.

— Como você começa a colecionar arte quando era criança?


— Eu franzo a testa.

O garçom volta à mesa com nossa garrafa de vinho. Ele abre


a rolha e despeja um pouco em um copo. Ele o entrega para
Tristan, que toma um gole e o agita na boca como o esnobe que
é. — Hmm. — Ele rola os lábios. — Isso é adorável. Obrigado.

O garçom então enche nossos copos enquanto eu sorrio


para o meu garoto rico.

Ele vem de outro mundo que não o meu. Se alguma vez


duvidei disso antes, agora sei.

O garçom nos deixa em paz e os olhos de Tristan encontram


os meus. — O que?
— Nada. — Eu sorrio sonhadora para ele. — Continue com
sua história. Como diabos alguém começou a colecionar arte
quando era criança?

— Oh. — Ele abre um sorriso de tirar o fôlego. — Ele


comprou uma foto em uma liquidação de garagem com sua
mesada quando tinha quatorze anos, e acabou sendo muito
valiosa.

Eu escuto atentamente.

— De volta à faculdade, ele ia às instalações de arte e


comprava pinturas dos alunos de arte. Ele ainda os tem todos
armazenados. Ele tem um olho real para o desenvolvimento de
talentos. — Ele bebe seu vinho, como se tivesse essa conversa
todos os dias.

— E Christopher? — Eu pergunto. — Ele também gosta de


arte?

— Não, ele é apenas o parceiro de arte de Elliot. Ele gosta


da emoção dos leilões. É um jogo para ele.

Eu sorrio em minha taça de vinho. Adoro ouvir a dinâmica


de sua família.

— Este leilão de amanhã à noite é um dos grandes.

— Por que isso? — Eu franzo a testa.


— Elliot é obcecado por esta artista, tem todas as suas
pinturas que foram a leilão.

— Quem é ela?

— Não temos ideia; o nome dela é Harriet Boucher. Ela é


uma reclusa mais velha, aparentemente. Procuramos e
procuramos por essa mulher. Ela tem sido o tema de muitas
sessões de bebida.

Eu sorrio ao imaginá-los perseguindo um artista reclusa. —


E você me acha uma pessoa estranha.

Ele ri e bebe seu vinho. — Suponho que parece estranho do


lado de fora.

— Então, como... — Faço uma pausa porque não sei


articular o que quero dizer.

— Como o que?

— Como foi decidido o que cada um de vocês faria na


empresa? — Eu encolho os ombros. — Tipo, como foram as
posições dadas a cada um de vocês?

Ele franze a testa e toma um gole de sua bebida,


contemplando sua resposta. — Acho que foi baseado no que
somos individualmente bons.

Eu escuto.
— Jameson é bom no controle. Ele é muito... — Sua voz
some. — Você vai conhecê-lo no próximo fim de semana.

— Quando? — Eu franzo a testa. Oh Deus. Já estou com


medo de conhecer aquele homem.

— Temos um coquetel de negócios. Quero que venha


conhecer minha família.

Eu sorrio — Ótimo — eu minto.

Porra, o que vou vestir? Eu tomo um gole de minha bebida


enquanto internamente começo a passar pelo meu guarda-roupa.
Não, eu não tenho nada... vou ter que comprar algo novo.

Deus, eu odeio fazer compras.

— Elliot gosta dos gráficos da empresa. Ele supervisiona a


representação visual de todas as coisas da Miles.

Eu franzo a testa.

— Christopher administra recursos humanos. Ele gosta de


pessoas. Gerenciar equipe é o seu negócio.

— E você? — Eu pergunto.

— E quanto a mim?

— Como você conseguiu fazer as aquisições?


Ele sorri em sua taça de vinho. — Sou bom em números e
em riscos calculados.

Eu ouço, fascinada. — Significa o quê?

— Bem, posso olhar para uma empresa e seus números e


fazer um relatório de diligência prévia29 e, a partir daí, saber se a
empresa vale algo no futuro.

— Sabe, agora que te conheço, não consigo imaginar você –


e não me entenda mal – destruindo empresas.

Ele me dá um sorriso triste; seus olhos prendem os meus e


a compreensão surge em mim.

Em nossa primeira noite juntos, ele me disse que tem


inseguranças, mas só porque eu não posso vê-las, não significa
que elas não estejam lá.

Essa é a sua insegurança.

Ele é um cara bom, fazendo um trabalho do qual não se


orgulha.

Eu fico com um nó na garganta ao imaginar o que ele deve


sentir enquanto destrói uma empresa em nome do lucro. Eu
sorrio para ele. — Sabe, Tris, de todas as pessoas que conheci na
vida, você foi a maior surpresa.

29 Diligência prévia refere-se ao processo de investigação de uma oportunidade de negócio que o


investidor deverá aceitar para poder avaliar os riscos da transação.
— Por que isso?

— Você não é quem eu pensei que fosse.

— Quem você pensou que eu fosse?

Eu estendo o braço e pego sua mão. — Alguém por quem eu


nunca poderia ter sentimentos.

O ar estala entre nós.

— Quais são esses sentimentos, Claire? — Ele pega minha


mão e beija minhas pontas dos dedos. — Você continua
insinuando esses sentimentos, mas não me disse o que eles
realmente são.

Nossos olhos estão travados e ele sabe que eu sei que estou
apaixonada por ele.

Ele quer que eu diga a ele. Ele está esperando para ouvir as
três palavras sagradas, eu sei que ele está.

Essas palavras mágicas giram entre nós com tanta


frequência – a proximidade e ternura depois de fazermos amor.
Quase posso ouvi-las sussurrando no ar. Eu sei que ele também.

É muito cedo.

Eu preciso ter certeza. Preciso saber que isso vai funcionar,


porque uma vez que eu disser a ele que o amo, não posso voltar
atrás.
— Você sabe, Tris... — Eu faço uma pausa. — Não quero
parecer insegura, porque não sou. Estou mais do que feliz com
quem sou. Mas eu me pergunto o que você vê quando olha para
mim.

Ele encosta o rosto na mão enquanto me observa.

Eu me sinto repentinamente desconfortável. Por que eu


disse isso?

— Você sabe o que eu vejo, Claire.

Eu franzo a testa.

— Eu não vejo nada... é como eu me sinto.

Eu pego sua mão novamente.

— Pela primeira vez na minha vida... — Ele franze a testa,


como se procurasse as palavras certas em sua cabeça.

— Como você se sente, Tris? — Eu sussurro.

Seus olhos encontram os meus. — Como eu mesmo.

A emoção enche meu coração.

— Sinto que quando estou com você, sou quem deveria ser.

Eu sorrio suavemente.
— É como... — Ele franze a testa. — É como se eu voltasse
a ser um adolescente e você estivesse reprogramando tudo que
eu pensei que já sabia.

— Isso é uma coisa ruim? — Eu sussurro, confusa. — Eu


não quero reprogramar você.

— Não. — Ele franze a testa. — Escolha de palavras errada.


Quer dizer, você está me mostrando o que eu quero em oposição
ao que eu deveria querer.

— Você quer dizer meus filhos?

— Não — ele sussurra. — Quero dizer você.

Eu franzo a testa.

— Você é tudo que eu nunca soube que queria. Feminina,


mas forte. Seu lindo corpo. — Ele sorri suavemente. — Sua
generosidade com seus meninos.

Eu o vejo enquanto meu coração dá uma cambalhota no


meu peito.

— Você coloca as necessidades de todos antes de você,


Claire.

Meu estômago aperta.

— E pela primeira vez na minha vida, você me faz querer


colocar alguém antes de mim.
Estou dominada pela emoção. — Obrigada — eu sussurro.

— Pelo quê?

— Por ser tudo o que eu pensei que você não era.

Ele sorri. — Não, obrigado você. — Ele levanta sua taça para
a minha. — Por ser exatamente quem eu pensava que você era.

Eu sorrio em meio às lágrimas. — Quem, uma cadela?

Ele ri enquanto bate nossas taças juntas. — Uma cadela


delirante com uma vagina mágica.

Eu rio alto.

É oficial... eu amo esse homem... eu realmente amo.

Eu só queria poder contar a ele.

Arrumo meu vestido. — Eu pareço bem? — Eu sussurro


enquanto Tristan me leva através da multidão. Acabamos de
chegar ao leilão e estamos abrindo caminho através das pessoas
até o outro lado da sala para encontrar seus dois irmãos mais
novos. Estou doente de nervosismo.
— Você está gostosa ‘pra’ caralho, Anderson. Pare com isso
— ele sussurra enquanto caminha pela multidão.

Deus, isso é um pesadelo. Por que concordei com isso?

Estamos em um galpão de galeria de arte da moda; a


multidão é eclética e vibrante de empolgação.

Enormes pinturas abstratas estão nas paredes, e as pessoas


estão reunidas na frente delas, admirando sua beleza. Música
funky alta está sendo tocada pelo espaço, e os garçons estão
circulando com bandejas de prata e taças de champanhe.

Este é um outro mundo, longe do dever de casa da escola


que geralmente faço na mesa da sala de jantar aos domingos à
noite.

Chegamos em um espaço aberto. — Lá estão eles. — Tristan


sorri enquanto me leva em direção a dois homens parados
olhando para uma pintura.

Eles são bonitos e semelhantes a Tristan: cabelos escuros,


altos e fortes – a semelhança familiar é intensa. Vestidos com
jeans e jaquetas esportivas, elas se parecem tanto com modelos
da moda quanto seu irmão.

— Ei. — Tristan ri quando chegamos a eles.

Os dois giram em nossa direção e seus olhos se iluminam.


— Tris. — Os dois riem enquanto todos apertam as mãos.
— Esta é Claire. — Tristan sorri com orgulho. — Estes são
Elliot e Christopher, meus dois irmãos mais novos.

— Oi — eu respiro... oh Deus, isso é o inferno.

Seus olhos se arregalam ao me encarar e então, como se


lembrassem de suas maneiras, sorriem. — Olá, Claire. — Elliot
aperta minha mão primeiro. — Prazer em conhecê-la. — Ele é
todo profissional e emite um poder dominante – bastante
assustador, na verdade.

— Oi.

Christopher sorri, se inclina e me beija na bochecha. — Oi,


Claire. Eu ouvi muito sobre você. Tão adorável finalmente
conhecer você. — Christopher é muito mais relaxado, ao que
parece, e ele se parece com Tristan. Ele é meu favorito – já posso
dizer.

— Então... — Christopher sorri enquanto olha entre nós,


jogando conversa. — O que vocês dois fizeram durante todo o fim
de semana?

Da minha visão periférica, posso ver Elliot me olhando de


cima a baixo enquanto ele fica para trás e bebe seu champanhe.
O que ele está pensando?

Deus, eu só quero que a terra me engula.


— Ah você sabe. — Tristan sorri enquanto coloca o braço
em volta de mim. — Um pouco disso e um pouco daquilo.

Christopher ri. Isso é código para sexo.

E ele está certo, estivemos nisso como coelhos durante todo


o fim de semana. É uma maravilha que eu posso andar.

Tristan ergue sua taça de champanhe em direção à pintura


que estamos diante. — Então esta é Harriet Boucher?

Os olhos de Elliot se iluminam enquanto ele olha para a


enorme tela à nossa frente. — Essa é ela. — Ele sorri com
admiração. — Espetacular, não é?

Tristan torce o nariz, sem se impressionar. — Meh, é ok.

Christopher ri. — Indiferente, para ser honesto também.

Tristan e Christopher começam a conversar entre si.

Os olhos de Elliot vêm até mim. — O que você acha, Claire?

— A beleza está nos olhos de quem vê — respondo.

Ele sorri suavemente enquanto seus olhos voltam a admirar


a pintura. — Sim, ela está.

— Tristan disse que você ama esse artista? — Eu pergunto,


tentando puxar conversa.
— Eu faço. — Ele me dá um sorriso torto. — Não a amo
como tal, mas admiro o seu trabalho. Ela é de longe minha artista
favorita.

— Por quê?

Ele franze a testa, intrigado com a minha pergunta. — Eu


acho... Hmm. — Ele pensa por um momento. — As pinturas dela
falam comigo. Não consigo explicar.

Eu sorrio suavemente enquanto fico ao lado dele e olho para


a tela. — Que romântico.

Seus olhos vêm para mim. — Realmente?

— Se eu fosse uma artista, tudo que eu desejaria na vida


seria que minhas pinturas falassem com alguém.

Ele sorri e volta sua atenção para a pintura. — Eu suponho.

— Então você a conhece? — Eu pergunto.

— Não, eu nunca a vi. Eu vou a todos os leilões, mas ela


nunca vai. Ela é idosa, pelo que eu sei.

— E você tem algumas de suas pinturas? — Eu pergunto.

— Comprei cinco em leilões, embora haja trinta em


circulação. É meu objetivo possuir todas elas em algum
momento. Elas nunca estão à venda.

— Estão todas em armazenamento?


— Não, as pinturas dela estão em minhas casas. Elas são
pessoais para mim.

Eu sorrio enquanto o observo. Ele não é intenso como eu


pensei inicialmente, ele é profundo.

Um homem de terno sai com uma mesinha rolante. —


Estamos prestes a iniciar o leilão de Harriet Boucher — diz ele.

Todas as pessoas na sala se viram e vão até onde estamos.


A multidão se reúne em semicírculo ao redor da pintura.

Tristan coloca a mão nas minhas costas e sorri enquanto


observa.

Uma mulher vem e fica em frente a nós na multidão. Ela é


loira mel e parece inocente. Ela tem uma aparência de bailarina.
Postura perfeita e naturalmente feminina.

Os olhos de Elliot e seus se encontram através da multidão,


e eles se encaram. Eu sorrio enquanto os vejo, eu posso sentir a
eletricidade que salta entre eles.

Elliot se inclina para Tristan. — Vestido preto, lábios


vermelhos. Quem diabos é ela? — Ele sussurra.

— Nunca a vi antes — Tristan sussurra de volta.

Elliot se vira para Christopher e sussurra a mesma coisa


para ele.
Christopher olha para ela e franze a testa. — Nenhuma
ideia.

Eu sorrio enquanto os ouço. Tristan se move atrás de mim


e coloca o braço em volta da minha cintura enquanto me puxa
para perto. Ele beija minha testa. — Quer outra bebida? — Ele
sussurra.

— Não, obrigada. — Eu sorrio. Estou muito ocupada


assistindo Elliot e essa garota se fodendo mentalmente do outro
lado da sala.

O leiloeiro começa. — O segundo leilão desta noite é o


quadro Serendipity de Harriet Boucher.

Eu olho para a pintura. É um resumo em verdes e azuis e


quase se parece com raios de luz brilhando do céu. É realmente
mágico. Posso ver por que Elliot adora.

— Temos um lance de abertura? — O leiloeiro pergunta.

— Duzentos mil — Elliot diz calmamente.

Meus olhos se arregalam... que porra é essa?

— Duzentos e cinquenta — responde um homem mais


velho.

Elliot encara sua competição. — Trezentos e cinquenta —


ele dispara de volta.
Puta merda... este é um verdadeiro leilão de arte, do tipo
que você vê na TV a cabo.

— Trezentos e setenta — grita uma mulher.

Elliot revira os olhos – outro licitante. Os olhos de Tristan


dançam de alegria enquanto ele observa.

Christopher se inclina e sussurra algo para Elliot. Ele acena


com a cabeça uma vez, como se entendesse. — Meio milhão —
Elliot anuncia.

A sala fica em silêncio.

O homem mais velho estreita os olhos. — Setecentos e


cinquenta.

Elliot aperta a mandíbula de raiva.

Tristan começa a rir. — Começou — ele sussurra.

— Um milhão de dólares — dispara Elliot de volta.

— Um ponto um — dispara o homem de volta.

— Foda-se — sussurra Elliot.

Christopher se inclina e diz algo para Elliot. Ele parece


pensar por um momento.

Ele está dizendo a ele o que oferecer. Parece que Christopher


tem muita influência no que Elliot faz.
— Temos outro lance? — O leiloeiro pergunta. — Um ponto
um é nossa última chamada.

— Um ponto quatro — Elliot diz.

A multidão solta um suspiro audível.

A mandíbula de Elliot se inclina para o céu em satisfação, e


Tristan sorri amplamente.

Eu olho entre os irmãos Miles. Esses homens são ricos além


da medida. Eles não parecem nem um pouco agitados – $ 1,4
milhão por uma porra de uma pintura... que diabos?

— Um milhão quatrocentos e dez mil dólares — responde o


outro licitante.

— Um ponto cinco — dispara Elliot de volta.

O homem balança a cabeça. — Estou fora.

O leiloeiro se volta para a mulher. Ela balança a cabeça. —


Eu também estou fora.

A multidão espera e olha ao redor.

— Temos mais ofertas? — o leiloeiro pergunta.

— Um ponto cinco dou-lhe uma... dou-lhe duas... dou-lhe


três. Última chamada. — Ele abaixa o martelo. — Vendido, para
o homem de jaqueta azul marinho, Elliot Miles.
Elliot ri de alegria, e Tristan e Christopher apertam sua mão
em parabéns. Ele olha para cima e ao redor da sala. — Onde ela
foi? — Ele pergunta.

— Quem? — Tristan franze a testa.

— A loira — ele responde enquanto examina a sala. — Ela


estava bem aqui.

— Ela foi embora — eu sussurro. — Assim que você deu seu


último lance, ela foi embora. Eu a vi saindo pela porta da frente.

Elliot se vira e corre em direção à porta.

— Com licença, senhor — o leiloeiro grita atrás dele. —


Precisamos de detalhes.

— Vá procurá-la — ele diz aos irmãos.

Christopher sai pela porta da frente para procurá-la


enquanto Elliot fala com o leiloeiro. Tristan vai procurá-la
também.

Eu sorrio enquanto assisto... Acabei de dar uma olhada em


primeira mão em como os meninos Miles operam.

Eles veem algo que desejam e perseguem muito.

Impressionante.
Eu endireito a gravata de Tristan enquanto ele olha para
mim. É segunda-feira de manhã e não quero que este fim de
semana acabe.

— Lá. — Eu tiro a poeira de seus ombros enquanto finjo


estar feliz com a nossa separação. — Você está muito bonito hoje.

Ele sorri suavemente para mim. — Sabe, eu poderia me


acostumar com essa versão doce da Claire.

— Extra bonito... para um bastardo, quero dizer.

Ele sorri. — Mais seu estilo.

Nós nos beijamos, sua língua acariciando suavemente a


minha. Nós nos demoramos nos lábios um do outro por um longo
tempo, e eu corro meus dedos por seus cabelos. Tivemos o fim de
semana mais maravilhoso. Saímos depois do leilão na noite
passada e eu ri e ri com seus irmãos. Eles são tão engraçados e
inteligentes quanto Tristan. — Quando te verei? — Eu sussurro.

— Você está ficando carente, Anderson?

Eu sorrio. — Um pouco.
— Já era hora do caralho. — Ele afasta o cabelo do meu
rosto enquanto me encara. — Esta noite — ele responde.

— Esta noite? — Eu fico olhando para ele. — Você não tem


que vir hoje à noite. Temos que facilitar as crianças para isso, e
eu sei que você odeia o sofá.

Ele revira os olhos. — Eu vou hoje à noite. Eu não vou ficar


aqui.

— Ok, mas lembre-se, nós somos apenas amigos neste


estágio. — Eu ergo meus ombros. — Eu realmente preciso que
eles estejam bem com isso, Tris.

— Eles estarão.

— Harry... — Eu estremeço.

— É um pesadelo — responde Tristan.

Eu arregalo meus olhos. — Pare com isso. Tenho permissão


para chamá-lo de pesadelo, você não tem. Assim como eu posso
chamar você de pesadelo, e eles não.

Ele revira os olhos. — Seja como for. Vou vê-la hoje à noite.
Vamos sair para jantar. Os cinco de nós.

— Realmente? — Eu franzo a testa. — Isso é muito a Família


Sol-Lá-Si-Dó.
Ele agarra minha bunda e me traz para mais perto de sua
pélvis. Posso sentir uma pitada de dureza em suas calças. — O
cara fode a mãe no banheiro do restaurante no A Família Sol-Lá-
Si-Dó?

Eu rio. — Certamente não. E não tenha ideias. Isso não está


acontecendo. Meus filhos nunca saberão que fazemos sexo. Como
nunca.

Ele me dá uma piscadela sexy.

— Eu quero dizer isso, Tristan.

— Eu não faria isso. — Ele sorri.

— Por que você está sorrindo, então?

— Porque eu sei o quão fuckmaster 2000 com tesão é a mãe


deles.

Comecei a rir de surpresa. — Um fuckmaster 2000 com


tesão?

— Sim, é o último brinquedo sexual.

— E o que este brinquedo faz?

— Gargantas profundas como um campeão. Com uma


buceta agitada que derrete meu pau.
Minha boca se abre enquanto eu finjo horror. — Você nunca
verá minhas habilidades de garganta profunda novamente se
continuar.

Ele sorri contra meus lábios enquanto me beija.

— Tive um ótimo fim de semana. — Eu sorrio para ele. — O


melhor.

— Hmm. — Seus olhos se fecham e eu sinto seu pau


endurecer contra mim.

— Você não disse que tinha uma reunião? — Eu pergunto.

— Você deve ser um modelo defeituoso. — Ele me beija


novamente.

— Por que?

— O maldito fuckmaster 2000 com tesão não fala. Eu pedi


especificamente por um sem uma caixa de voz.

Eu comecei a rir novamente. — Vá trabalhar, seu idiota.


Eu puxo meu vestido pela cabeça e o aliso. É azul marinho,
justo e termina logo abaixo dos joelhos em alças finas. Eu me
olho no espelho.

As crianças voltaram da casa dos meus pais e estão lá


embaixo, esperando que eu me arrume para sair para jantar. Eu
não disse a elas ainda que Tristan está chegando.

Não tenho certeza de como abordar isso com eles, para ser
honesta.

Eu sorrio ao passar pelo glorioso fim de semana que Tristan


e eu acabamos de passar juntos. Estou nas nuvens.

Não estou brigando com as crianças por causa dele. Não


quero que esse seja o grande momento de definição quando eles
tiverem que se ajustar ao meu namoro novamente. Vou apenas
torná-lo nosso amigo, e então, um dia, espero que se deem bem
o suficiente para que gostem de tê-lo por perto.

Parece fácil em teoria... certo?

Ouço uma batida na porta e meu coração dá um pulo. Ele


está aqui.

Eu ouço passos correndo para a porta. — Tristan! — Patrick


grita de empolgação.

— Olá. — Eu ouço sua voz profunda ecoar pela casa.

— O que você está fazendo aqui? — Harry late.


— Eu vou jantar. Onde está a mãe?

— Mamãe só reservou para quatro — diz Harry.

— Bem, isso é engraçado — responde Tristan. — Porque


reservei o restaurante e reservei cinco.

Eu sorrio enquanto ouço a provocação.

— Este é um jantar apenas para a família — respondeu


Harry, sem se impressionar.

— Fique quieto, Harry — Patrick responde. — Você está


estragando tudo.

— Sim, Wiz30 — diz Tristan. — Bom conselho do seu irmão


mais novo.

Eu sorrio. Ele tem um apelido para todos. Até o gato se


chama gato Muff – Muff não serve.

Viro no corredor e desço as escadas. Tristan olha para cima


e nossos olhos se encontram. Ele sorri suavemente para mim
enquanto meu estômago se agita.

— Olá — eu digo.

— Oi. — Ele sorri sonhadoramente.

30 Apelido criado para o Harry que veio da abreviação da palavra Wizard, que significa bruxo.
O ar circula entre nós e eu só quero correr para seus braços
– mas não posso, é claro. Meus três seguranças estão aqui para
me proteger.

— Obrigada por ter vindo — eu digo quando chego ao último


degrau.

— Tudo bem — responde Tristan. — Não tinha nada melhor


para fazer.

Harry cruza os braços revirando os olhos exageradamente.


— Oh, ótimo, isso é tudo que eu preciso — ele bufa. — A noite
está arruinada.

— Não seja rude, Harry — eu respondo calmamente. —


Tristan é meu amigo e eu o convidei para vir conosco.

— Quem vai saber por quê — ele murmura baixinho.

— Saímos em dez minutos — eu digo. — Você gostaria de


uma bebida, Tristan?

— Sim, por favor — ele diz. — Lidere o caminho.

Eu saio para a cozinha e Tristan me segue. Pego dois copos


e sirvo vinho para cada um. Ele bate seu copo no meu e me dá
um sorriso terno. É tão estranho. As coisas são diferentes, há
uma proximidade entre nós. — Para beber nas noites de segunda-
feira.
Eu sorrio e tomo um gole. — Você é uma má influência para
mim, Sr. Miles. Eu nunca bebo em uma noite de escola.

Ele estreita os olhos, como se estivesse pensando. — O que


exatamente eu tenho permissão para dizer ao bruxo? Dê-me
alguns limites para trabalhar aqui.

— Nada — eu respondo. — Você será o adulto no


relacionamento, ele é apenas uma criança. Um garotinho
confuso, zangado e travesso. Ele está inquieto e não gosta de
mudanças. Como a maioria das crianças, ele age por medo. Ele
precisa de tempo para se ajustar..., mas ele virá e verá como você
é maravilhoso. Eu sei que ele vai. — Eu coloco minha mão na
dele enquanto ela está no balcão da cozinha. — Você precisa ser
paciente com ele.

— O que, nada? — Ele franze a testa. — Nem uma palavra?

— Não.

Ele revira os olhos.

— Por quê? O que você gostaria de dizer? — Eu pergunto.

— Eu não sei. — Ele encolhe os ombros.

— Coloque-se no meu lugar por um momento. Se esta fosse


sua filha e eu estivesse entrando em sua casa, o que você gostaria
que eu fizesse com ela? Ser paciente ou lutar com ela e colocar
você no meio?
Ele toma um gole de sua bebida e me olha sem rodeios,
claramente não impressionado com meus limites.

— Eu só quero que você o ignore, Tris. Ele está te atraindo


para uma luta. E posso defendê-lo se você o estiver ignorando e
sendo o adulto, mas se você entrar em uma briga aberta com um
garoto de treze anos... Estou do lado dele. Toda vez.

Tristan revira os olhos em sua taça de vinho.

Eu sorrio docemente. — Primeira regra para ser mãe: as


crianças sempre vêm em primeiro lugar.

Ele se inclina para mim. — Quando eu venho primeiro?

— Quando estamos sozinhos — eu sussurro.

— O que eu ganho por não o estrangular? — Ele sussurra.

— Eu. — Eu estendo minhas mãos. — Tudo de mim.

Ele sorri e o ar crepita entre nós. — Você é uma barganha


difícil, Anderson.

Meus olhos caem para seus lábios, e estou muito grata por
estarmos tendo essa conversa. — Eu só queria poder beijar você
agora.

— Então... não podemos nem beijar? — Ele franze a testa.


— O que podemos fazer, porra?

— Não até que saibam que estamos namorando.


Ele inclina a cabeça para trás e esvazia o copo. — Isso vai
me servir. Vamos lá. — Ele sai para a sala de estar. — Vamos,
vamos embora — ele chama.

Eu ouço ele e Patrick enquanto eles conversam. Fletcher


também está lá agora. Eu ouço Harry descer as escadas. — Eu
vou ter sobremesa para o jantar — anuncia.

— Oh, boa ideia, — Tristan concorda. — Eu também. Vamos


todos fazer isso... coma de açúcar, aí vamos nós.

Eu sorrio. Deus. Harrison não tem ideia de quem ele está


tentando irritar aqui. Tristan pode superar qualquer um em
qualquer competição irritante. Eu saio para a sala de estar e
Tristan se vira para mim. — Você pegou um casaco, mamãe? Vai
ficar frio lá for — ele diz.

— Eu não preciso de um. Estou bem. — Pego minha bolsa


e vejo Tristan desaparecendo escada acima. — O que você está
fazendo? — Eu chamo atrás dele.

— Pegando um casaco para você.

Eu sorrio. Maníaco por controle. Ele quer que esteja frio


agora para poder dizer ‘Eu avisei’.

Ele reaparece alguns momentos depois com um cardigã


para mim. Ele o joga por cima do ombro e pega a mão de Patrick.
— Venha, vamos lá. — Nós o seguimos pela frente e até seu carro.
As luzes piscam quando nos aproximamos. Ele abre a porta da
frente e empurra o assento para frente. — Suba na parte de trás.

Todos nós olhamos para o pequeno banco traseiro. — Não


vamos caber neste carro de sardinha — Harry geme.

— Este não é um carro de sardinha, é um Aston Martin —


Tristan responde com os dentes cerrados. — Não há nada de
estranho nisso, embora eu sempre possa arranjar um assento no
porta-malas, se você preferir.

Eu rolo meus lábios para esconder meu sorriso. — Suba,


bebê. Está bom.

Harry revira os olhos e entra.

— Você fica no meio, Tricky — direciona Tristan.

Patrick sobe em seguida.

— Agora você, Fletch.

Observamos enquanto Fletcher se espreme para o banco de


trás. Seus ombros estão todos arqueados e os joelhos em volta do
queixo. Tristan franze a testa enquanto olha para eles. — Ótimo,
eles não se encaixam — ele murmura baixinho enquanto fecha a
porta.

— Podemos pegar meu carro, — eu ofereço.

— Vai ficar tudo bem desta vez, — ele retruca.


Entramos e dirigimos para o restaurante. Os meninos
reclamam e gemem sobre o quão esmagados e desconfortáveis
eles estão, e a cada quilômetro que percorremos, posso ver o rosto
de Tristan ficando um pouco mais vermelho.

É divertido vê-lo lutar para conter a língua. Talvez ele não


seja tão insistente em fazer o jantar em família no futuro.

Chegamos ao restaurante e a garota da recepção sorri


amplamente. — Olá, reserva para Miles, por favor, — ele diz.

— É Anderson, — Harry sussurra alto. — São quatro


Andersons e apenas um Miles. Dificilmente é uma reserva de
Miles, não é? — Ele bufa, como se estivesse indignado.

Tristan encara Harry inexpressivamente.

Eu gostaria muito de poder ler sua mente. Isso é realmente


muito cômico. — Já chega, Harry, — eu o lembro.

Somos conduzidos aos nossos lugares. — Sua mesa.

— Obrigado. — Tristan sorri.

— Sente-se aqui. — Fletcher dá um tapinha na cadeira ao


lado dele. Tristan se move para se sentar ao lado dele.

— Eu quero sentar ao lado de Tristan, — lamenta Patrick


enquanto bate na cadeira ao lado dele. — Tristan, sente-se ao
meu lado, por favor.
Tristan vem para o meu lado. — Para evitar discussões,
estou sentado ao lado da mamãe.

Harry revira os olhos.

Todos nós nos sentamos e, como se ele tivesse esperado a


noite toda para dizer isso, Tristan deixa escapar. — Há uma razão
pela qual eu queria jantar esta noite, Claire — ele diz em voz alta
para que todos possam ouvir o que ele diz.

Eu franzo a testa. — Há?

A mesa fica em silêncio.

— Sim. — Ele ajeita a gravata, como se estivesse se


preparando para algo. — Eu queria saber se você gostaria de sair
comigo no próximo fim de semana.

Meu rosto cai.

— Tipo em um encontro? — Harry sussurra, mortificado.

— Sim — responde Tristan, nada abalado. — Como em um


encontro. Eu gostaria de ser seu namorado, Claire Anderson. O
que você diz?
— Ela diz que não. Isso é o que ela diz — Harry diz
apressado. — Que pergunta estúpida... como se ela fosse sair
com você, de qualquer maneira.

Minha boca se abre enquanto eu olho para Tristan. O que


no mundo? Isso não é levar as coisas devagar.

Ele sorri docemente. — Bem?

— Eu... — Eu olho em volta para meus filhos. Patrick está


sorrindo esperançoso, Harry está olhando para Tristan e Fletcher
parece que engoliu uma mosca.

— Eu... umm...

— Bem, você disse que estava pronta para ter um amigo de


novo — diz Tristan. — Alguém para ir ao cinema e jantar fora.
Um namorado, se você quiser.

Não tenho palavras, este homem é absurdo.

— E a meu ver, você tem quatro opções — ele continua.

Eu franzo a testa. — Eu tenho?

— Sim. — Ele continua com seu discurso de vendas. — Você


pode sair com aquele homem que conheceu em Paris. — Ele serve
um copo de água da jarra da mesa para cada um de nós. — No
entanto, isso significaria que todos vocês teriam que se mudar
para a França. — Ele bebe sua água com um encolher de ombros
casual. — E, claro, gato Muff e Woofy não podem se mudar para
Paris, então eles teriam que se mudar para ficar comigo.

Os rostos dos meninos caem de terror.

— Não estou me mudando para Paris — Harry rebate em


indignação.

— Nem eu — Fletcher sussurra com raiva. — De jeito


nenhum.

— Eu três — diz Patrick.

Os olhos de Tristan dançam de alegria. Eu vejo o que ele


está fazendo aqui.

— Eu não sei, Paris pode ser boa para nós. — Eu sorrio.

— De jeito nenhum, mãe — Harry sussurra com raiva. —


Você pode esquecer isso. Estou ligando para a vovó, ela não vai
gostar nada disso.

— Quais são as outras opções? — Eu pergunto enquanto


jogo junto.

— Você poderia sair com Paul do Pilates — ele oferece.


— Oh, ele é bom. — Eu sorrio docemente. — Eu gosto da
escolha.

Tristan me olha inexpressivo. — Ele é chato, Claire — ele


murmura secamente.

— Mas tão bonito, certo?

Tristan estreita os olhos e eu mordo meu lábio para


esconder minha risada.

— Estou ficando com dor de cabeça — diz Harry enquanto


segura as têmporas.

— Não, mãe — Fletcher interrompe. — Isso é simplesmente


constrangedor. Ele usa uma faixa rosa ao redor da cabeça para
fazer Pilates.

— Sim — sussurra Tristan. — Exatamente meu ponto,


Fletch. Ele vai desgraçar o nome Anderson.

— Ele é esquisito, mãe — concorda Patrick. — Você tem que


admitir.

Soltei um suspiro exagerado. — Ok, qual é a minha outra


escolha?

— Você poderia conhecer alguém novo que tem filhos.

Eu pisco. Não foi isso que pensei que ele diria.


— Mas sempre que ele vier, trará seus filhos, e eles terão
que ter um quarto para ficar. Portanto, Harry e Patrick terão que
dividir um quarto a partir de agora.

O rosto de Harry está ficando cada vez mais vermelho, ele


está prestes a explodir. — Por que Fletcher tem seu próprio
quarto? — Ele exige.

Tristan dá um gole em sua bebida. Ele está amando isso. —


Porque Fletcher é um adulto, e ele precisa de seu próprio quarto.
Mas então... — Ele faz uma pausa, como se estivesse pensando,
para efeito adicional. — Essas outras crianças vão usar muita
internet, talvez todos os dados.

Eu abaixo minha cabeça para esconder meu sorriso... oh,


ele é bom.

— Eles também comerão toda a comida e não terão skate ou


bicicleta em sua casa, então você terá que compartilhar todas as
suas coisas.

O sangue escorre do rosto de Harry enquanto ele escuta.

— Isso se eles não forem meninas.

— Meninas? — Harry arfa enquanto engasga com a água. —


De jeito nenhum. Você não vai sair com ninguém com filhos, mãe.
Eu proíbo — ele sussurra com os dentes cerrados.
— Oh. — Eu franzo a testa enquanto jogo junto. — Eu meio
que gostei da ideia de ter mais filhos por perto.

— Ou não — Tristan murmura baixinho.

— Bem. — Eu sorrio para o homem lindo e conivente ao meu


lado. — Qual é a minha última escolha?

— Eu.

— E por que eu deveria escolher você para ser meu


namorado? — Eu pergunto.

— Essa é uma pergunta muito boa, Claire — ele diz


enquanto tira um pedaço de papel do bolso do paletó. — Eu
preparei uma lista dos meus atributos.

Eu rolo meus lábios para esconder meu sorriso em suas


travessuras.

Ele desdobra o papel e começa a ler a lista de pontos que


escreveu.

— Eu sou bonito.

Patrick dá um sorriso bobo para Tristan. — É verdade, você


é. — Ele salta na cadeira com entusiasmo.

— Oh Deus — Harry geme. — Aqui vamos nós.

— Você não tem que se mudar para outro país e deixar seus
animais de estimação desabrigados e vulneráveis.
Eu rio, e Fletcher revira os olhos.

— Você não precisa dividir o quarto com ninguém.

— Eu não estou fazendo isso de qualquer maneira — Harry


o interrompe. — Não tenha ideias, mãe.

— Vou comprar um carro maior — ele continua.

— Você vai? — Eu franzo a testa. Eu estendo minha mão


para o papel. — Mostre-me onde diz isso na lista.

Ele puxa o papel da minha mão. — Esse foi um ponto


adicionado recentemente, Claire. Não me interrompa.

Eu rio.

— Sou divertido. — Ele ajeita a gravata.

Eu desmaio sobre a mesa... você acertou, baby. Você é tão


divertido.

— Você não é divertido — Harry bufa. — Você é chato.

Tristan abaixa o papel com desgosto. — Como eu sou chato?


Diga uma vez em que fui chato.

— Agora mesmo. Isso é chato — Harry disparou de volta.

— Você é chato — murmura Tristan secamente. — Cale a


boca, bruxo, e ouça meus pontos de vista.
— Ele não é chato, mãe — sussurra Patrick, como se
sentisse a necessidade de me lembrar.

— Eu moro em Nova York, então posso ir visitá-la, e você


pode vir à minha casa e me visitar, se quiser. Ninguém precisa se
mudar para lugar nenhum e não é grande coisa visitar.

Todos eles ouvem atentamente.

— E — acrescenta — sou um excelente cozinheiro.

Eu franzo a testa. — Você cozinha?

— Sim. Sim, eu cozinho. — Ele joga o papel na frente dele.


— Minha especialidade é assar brownies e bolo de chocolate. Eles
me pediram para fazer um livro de receitas sobre sobremesas de
chocolate uma vez, que eu recusei gentilmente.

Os rostos dos meninos caem e eu luto para esconder minha


risada.

— Bem. Estou muito impressionada — respondo. — Você


tem alguns ativos excelentes.

— Eu tenho. — Ele sorri com orgulho.

A mesa fica em silêncio.

— Proponho uma votação — diz Tristan.

— Uma votação? — Eu franzo a testa.


— Sim. — Ele sorri com orgulho. — Todos nós temos que
votar em quem sua mãe vai ter que namorar

— Eu não concordei com isso — disse Harry.

— Não, Wiz, você tem que escolher um para a mamãe. Pense


com muito cuidado sobre isso e lembre-se de que o voto da
maioria vence — diz ele rapidamente como um aviso.

Os olhos de Tristan encontram os meus e eu sorrio


suavemente enquanto tento enviar a ele uma mensagem
telepática: Eu te amo.

— Todos a favor de vocês se mudarem para a França,


levante as mãos.

Eu vou colocar minha mão para cima, e Tristan torce o nariz


em um aviso.

Eu rio.

— Ok — diz ele, continuando com o processo. — Todos


aqueles a favor de compartilhar quartos e internet, levantem a
mão.

Todo mundo fica parado.

— Todos aqueles a favor de eu ser o namorado da sua mãe,


levantem a mão.
Ele levanta a mão. Patrick quase toca o teto quando sua
mão sobe tão rápido.

Fletcher franze a testa enquanto contempla a questão, e


Tristan olha e levanta uma sobrancelha em um aviso. Fletcher
encolhe os ombros e timidamente levanta a mão pela metade.

— Então... quais são minhas outras opções? — Eu


pergunto.

Tristan me olha inexpressivo. — Patético Paul do Pilates —


ele retruca.

— Oh, eu gosto dele, no entanto — provoco.

Tristan estreita os olhos.

— Mas acho que entre você e ele, eu prefiro você. — Eu


levanto minha mão e Tristan sorri e me dá uma piscadela sexy.

Harry cruza os braços na frente dele, indignado com tal


votação.

— O que vai ser, Wiz? — Tristan pergunta. — Para quem


você está votando?

Harry olha ao redor da mesa enquanto avalia todas as


opções. — Estou votando no...

Todos nós prendemos a respiração.

— Vou com Paul do Pilates.


Meu coração afunda. Eu esperava que ele escolhesse
Tristan.

— Ah bem. — Tristan suspira. — Que triste que você perdeu.


Vence a maioria dos votos, e são quatro contra um. — Ele toma
um gole de sua bebida. — Posso deixar você na casa do Paul do
Pilates no caminho de volta, se quiser. Tenho certeza que ele tem
uma bandana rosa extra para você.

Harry o encara. Tristan sorri amplamente de volta.

Tristan se recosta na cadeira, orgulhoso de como foi a


votação. — Bem, devo dizer que estou muito aliviado. — Ele se
estica e pega minha mão na sua. Os olhos dos meninos quase
saltam das órbitas enquanto assistem. — O que vocês estão
pedindo, meninos? — Ele pergunta casualmente, como se nada
estivesse errado. — Vou comer o bife.

Durante a próxima hora, eu sento como um espectador e


vejo Tristan interagir com os meninos. Ele conversa, ouve e ri, e
eu realmente me pergunto como ele é tão bom com eles. É como
se ele tivesse um mundo de experiências com adolescentes,
quando na verdade não tem nenhuma.

Harry é detestável e constantemente tenta ao máximo irritá-


lo, mas Tristan casualmente desvia seus comentários, como se
não os tivesse ouvido. Patrick escuta cada palavra sua e tem sua
cadeira tão perto da de Tristan que está quase no seu colo. Sua
mãozinha repousa na coxa de Tristan enquanto eles conversam.
E Fletcher – bem, ele e Tristan falam uma língua que ninguém
além dos dois entende. Eles riem e gargalham de piadas
particulares.

A garçonete chega com a maior pilha de sorvete e bolo. Tem


a forma de uma nave espacial. — Aqui vamos nós. — Ela sorri.
— Morte por Chocolate. — Ela o coloca na frente de Harry, e todos
nós ofegamos enquanto olhamos para a montanha de açúcar.

Ela põe nossas pequenas sobremesas na frente de nós. —


Obrigada. — Eu sorrio.

— Bem, bem, bem, Wiz — diz Tristan. — Vou fazer uma


aposta com você. Se você comer até a última mordida disso,
poderá escolher o que eu farei no jantar de amanhã à noite.

Os olhos de Harry fixam-se nos dele, seu interesse


repentinamente aguçado. — Algo que eu quero?

— Qualquer coisa — responde Tristan.

— Baratas. — Ele dá uma risadinha.


Os meninos e eu gememos de horror.

Tristan estala os nós dos dedos. — Minha especialidade, na


verdade. Empanada ou frita? — A garçonete passa. — Com
licença — ele a chama.

— Sim.

— Podemos ter um bule de chá inglês com leite, por favor?


— Ele gesticula para mim.

— É claro — ela responde enquanto desaparece na cozinha.

Eu olho para o belo homem ao meu lado. Ele sabe que gosto
de chá de vovó com minha sobremesa. Ele presta atenção nas
pequenas coisas, e são as pequenas coisas que importam.

— Mas, Wiz — ele acrescenta — se você não comer toda essa


sobremesa, até a última mordida, você tem que cozinhar o que
eu quero para o jantar amanhã à noite.

— Combinado — Harry diz. — Moleza. — Ele começa a


trabalhar em sua montanha de sobremesa, e eu observo minha
família em volta da mesa.

É como se Tris sempre tivesse estado aqui, e é bizarro – em


um jantar ele fez todos os meninos concordarem que estamos
namorando. Eles parecem estranhamente bem com ele
segurando minha mão... e ele planejou um jantar conosco
novamente amanhã à noite. Há uma razão para Tristan Miles ser
o rei da aquisição. Quando ele sabe o que quer, ele vai e consegue.
Um discurso de vendas charmoso e agressivo que não fica atrás
de nenhum outro.

O mestre mágico.

— Oh Deus — Harry geme do banco de trás. — Eu vou ficar


doente.

— Se você vomitar em nós, estou quebrando seu nariz —


Fletcher o avisa.

Tristan sorri. Seus olhos se voltam para o espelho retrovisor


para um Harry muito cheio e doente.

— Talvez você devesse socá-lo no estômago agora, Fletch...


você sabe, apenas por diversão.

— Ah não. Mãe! — Harry chora. — Diga a eles para pararem


de falar. Estou falando sério, eu posso vomitar.

— Fraco — Tristan murmura para si mesmo enquanto


dirigimos.
Eu olho para seu rosto satisfeito consigo mesmo. — Tenho
certeza de que isso é alguma forma de abuso infantil.

Tristan solta uma risada maligna. — Morte por Chocolate —


ele diz com uma voz de monstro. — Prepare-se para morrer.

— Oh, pare de falar sobre isso — Harry geme. — Não consigo


nem pensar mais em chocolate.

— Faça o que fizer, Wiz, não pense em milkshakes de peixe


ou cérebros viscosos ou qualquer coisa nojenta.

Harry geme de dor.

— Tristan! — Todo o carro grita.

— Se ele vomitar em mim, estou esfregando em você —


Fletcher grita.

— Sim! — Patrick grita. — Eu também.

— Você sabe — olho para o mestre provocador enquanto ele


dirige — se ele vomitar, é no seu carro. Quem você acha que está
limpando? Porque não serei eu.

Os olhos de Tristan disparam para mim em horror. Ele não


pensou nisso, não é? Ele pisa fundo no acelerador. Seus olhos se
voltam para o espelho retrovisor e para Harry. — Espera aí, Wiz.
Quase lá, amigo.
Uma hora depois, saímos pela porta da frente em direção ao
carro de Tristan, estacionado na rua. Ele entrou um pouco, mas
está saindo agora. Patrick está segurando a mão de Tristan. Ele
não nos deixou sozinhos por um minuto. Surpreendentemente,
Fletcher e Harrison também estão persistentes.

— Então... eu me pergunto onde posso comprar baratas. —


Tristan suspira. — Existe um mercado ou algo assim?

Eu sorrio. Ele perdeu a aposta. Harry vai escolher o que


comeremos amanhã à noite. — Não estou comendo baratas,
Harrison — digo. — Escolha algo mais parecido com comida.

Harry torce os lábios enquanto pensa. — Umm...

— Algo bom — diz Tristan. — Quero mostrar minhas


habilidades culinárias para sua mãe.

Eu rio. Mal sabe ele que não há necessidade de se exibir –


já estou totalmente impressionada.

— Mamãe gosta de massa carbonara — diz Patrick. Seus


olhos se arregalam, como se ele estivesse surpreso por se lembrar
daquela informação.
— Eu gosto. — Eu sorrio.

— É a escolha de Harry — Tristan responde.

— Umm... — Harry olha para mim, e eu sei que ele quer


escolher algo horrível, mas agora vai se sentir mal se eu não pegar
minha refeição favorita. — Bem. — Ele suspira. — Carbonara
então.

— Ok — Tristan diz enquanto olha entre nós. — Massa


então. — Seus olhos vêm até mim, e eu sei que ele está pensando
internamente como dizer adeus com todos os nossos
espectadores.

— Tricky — Ele bagunça o cabelo de Patrick. — Fletch e Wiz.


Vejo vocês amanhã.

Todos eles se levantam e esperam que ele vá embora.

Vá para dentro, sim?

Ele estende a mão e toca meu rosto com ternura. —


Anderson.

Meu coração quase explode no meu peito e eu quero me


jogar em seus braços. — Adeus, Tris.

Patrick ainda segura a mão de Tristan em um aperto


visceral. Ele olha para a estrada com uma expressão preocupada.
— Eu não quero que você vá para casa — ele gagueja.
— O que? — Tristan franze a testa.

— E se houver um motorista bêbado? — Ele olha em volta


em pânico. — Está muito escuro, e... não é seguro.

Motorista bêbado.

Ele está se referindo à maneira como seu pai morreu.

— Querido, está tudo bem. Não há necessidade de se


preocupar, — eu digo.

Os olhos de Patrick estão cheios de lágrimas. — E se algo


der errado? — Ele sussurra enquanto olha entre nós. — Coisas
ruins acontecem com pessoas boas, mãe.

Meu coração se parte.

Tristan se ajoelha na frente de Patrick e olha para ele. —


Você está preocupado comigo dirigindo para casa? — Ele franze
a testa enquanto afasta o cabelo da testa de Patrick.

Patrick mexe nervosamente com os dedos e acena com a


cabeça, envergonhado.

Tristan o encara por um momento e então se levanta. — Ok.

— Ok o que? — Patrick responde.

— Ok, não vou para casa.

Eu franzo a testa.
Ele pega a mão de Patrick e começa a caminhar de volta
para a casa. — Vamos. Eu vou dormir no sofá.

— Tris, está tudo bem. Você não precisa — eu respondo.

Ele se volta para mim. — Sim, eu quero, Claire. Não quero


que ele se preocupe com nada, muito menos comigo. — Ele se
vira, e com Fletch e Harry atrás deles, eles desaparecem dentro
da casa.

Eu pisco... Hã?

O que acabou de acontecer?

Eu fico no escuro e fico olhando para minha casa.

Não quero que ele se preocupe com nada, muito menos


comigo.

A emoção me oprime e fico com um nó na garganta. Já faz


muito tempo que não me sinto assim.

É uma sensação agradável.


Tristan

Eu me mexo e viro enquanto tento ficar confortável.

Quem projetou esse sofá de merda? Eles deveriam ser


imediatamente tirados do estoque.

E se houver um motorista bêbado?

As palavras de Patrick voltam para mim e meu coração se


parte... aquela pobre criança.

Ele é tão pequeno, metade do tamanho das outras crianças


de sua idade. Ele tem dificuldades de leitura, e agora descubro
que ele está tão traumatizado com os motoristas bêbados que se
preocupa.

Deus, que pesadelo.

Penso em como ele estava animado por eu ficar e sorrio para


mim mesmo.

Eu ouço a escada ranger, e olho para cima para ver Claire


descendo na ponta dos pés na escuridão. Ela está usando uma
camisola branca, seu cabelo está em uma trança bagunçada e ela
está linda como sempre. Eu corro para abrir espaço.

— Oi. — Ela sorri enquanto se senta ao meu lado no sofá.


— Oi. — Eu coloco minha mão em sua coxa. Finalmente,
posso tocá-la.

Ela tira o cabelo da minha testa enquanto me observa na


escuridão.

Olhamos um para o outro, e está entre nós, esse feitiço


mágico que ela lança sobre mim. Ele gira no ar, rouba minha
respiração e me faz doer por ela.

Ela segura meu rosto com a mão e me encara por um


momento. — Eu te amo, Tristan, — ela sussurra.

Eu fico com um nó na garganta enquanto meus olhos


procuram os dela.

— Muito, na verdade.

— Já estava na hora do caralho, Anderson — eu sussurro.

Ela sorri enquanto se inclina e me beija suavemente. Seus


lábios permanecem sobre os meus. Nossos rostos se fundem
enquanto nos abraçamos com força.

Isso é especial... ela é especial.

— Eu...

Ela coloca o dedo sobre meus lábios. — Não se trata de como


você se sente — ela me interrompe. — Isso é sobre mim... amando
você. Eu queria te dizer, e sei que é prematuro. Mas eu não
consigo mais segurar. Não importa o que você sente por mim,
mas eu queria que você soubesse o que eu sinto por você.

Eu sorrio para a bela mulher na minha frente, e coloco uma


mecha de seu cabelo atrás da orelha.

Eu te amo.

Eu a puxo para baixo e nos beijamos com mais urgência.


Minha língua passa por seus lábios abertos com fome de
intimidade. — Isso precisa ser comemorado.

— Eu sei. — Ela sorri contra meus lábios. — Mas não


podemos. — Nós nos beijamos novamente. — Ainda não — ela
respira.

— Você pode ficar comigo um pouco? — Eu sussurro.

— Eu posso fazer isso. — Ela fica debaixo do meu cobertor,


deita-se sobre meu corpo e beija meu peito.

Deitamos juntos na escuridão. Está tudo quieto e posso


sentir seu coração batendo contra meu peito. Não é sexual ou
urgente, mas uma proximidade e um sentimento de
pertencimento um ao outro.

Uma conexão profunda.

Ela está aninhada em meu peito e eu sorrio na escuridão.

Ela me ama.
Pela primeira vez na vida, me sinto em casa.

Caminhamos pela rua movimentada. — Isso foi bem — eu


digo. Acabamos de nos reunir do outro lado da cidade e
concordamos com o preço de uma empresa que estamos tentando
conseguir há mais de doze meses.

— Sim — Fletcher responde.

— Veja o que acontece agora — eu digo. — De repente, eles


serão urgentes para que a aquisição aconteça.

— Por que seriam?

— Isso é o que acontece – eles resistem e resistem de modo


que, quando assumirmos o controle, eles estão tão superados que
só querem sair.

— De jeito nenhum — Fletcher engasga enquanto para na


frente de uma vitrine. Ele pega seu telefone e tira uma foto de
algo.

— O que? — Eu pergunto enquanto volto para ver o que ele


está olhando.
— Isso é o protetor de tela de Harrison.

— O que é? — Eu franzo a testa.

— O foguete. É um modelo que você precisa construir.

— Hã? — Eu espio dentro da loja para ver um enorme


foguete vermelho e dourado com todos seus enfeites em exibição.
— Harry gosta desse tipo de coisa? — Eu franzo a testa.

— Este é o seu objetivo. Mamãe não vai comprar para ele


porque diz que ele não vai conseguir. É muito difícil. Ele pediu
dois Natais seguidos.

Eu fico olhando para o modelo enquanto minha mente


dispara. Hmm... — Muito interessante — murmuro baixinho.

— Espere até eu mandar a foto para ele. Ele vai enlouquecer


— sussurra Fletcher.

Eu sorrio enquanto olho para a nave espacial indescritível.


— Isso é um estado normal para ele, não é?

Fletch dá de ombros. — Eu acho.

— Vamos dar uma olhada. — Eu entro na loja e a


campainha toca na porta. Isso é muito antigo.

— Posso ajudar? — Pergunta um velho de cabelos brancos.


Ele se parece um pouco com o Papai Noel.
— Sim, eu estava interessado no modelo da nave espacial
na janela.

— Oh. — Ele torce as mãos. — Isso é apenas para


modeladores experientes. Duvido que você seja capaz de concluí-
lo.

Eu fico olhando para ele sem expressão. Não presuma que


você sabe o que posso fazer. — E o que te faz pensar que não
seríamos capazes de fazer isso?

— Bem. — Ele me dá um sorriso condescendente. — Posso


ver que você não é um modelador.

— Como assim?

— Bem. — Ele levanta as mãos em direção a Fletcher e a


mim. — Seus ternos me dizem que você está em um grande
negócio.

Fletcher e eu trocamos um olhar. Não me irrite, velho. —


Nós vamos levar — eu digo.

— Devo aconselhar...

— Embrulhe isso — eu o interrompi.

Ele levanta as sobrancelhas. — Muito bem. — Ele


desaparece pelos fundos.

— Velho idiota — eu sussurro.


— Eu sei, certo? — Fletcher sussurra de volta.

Cinco minutos inteiros depois, ele volta com a maior caixa


que já vi. — Isso custará seiscentos e vinte e cinco dólares.

— O que? — Meus olhos se arregalam. — Para um


brinquedo?

Ele me dá aquele sorriso de novo, e me imagino acertando-


o na cabeça com a caixa gigante.

— Tudo bem — eu estalo enquanto pego minha carteira. —


É melhor isso nos levar à lua quando for construído.

— Se for construído. — Ele sorri.

Eu levanto uma sobrancelha para o velho sabe-tudo. —


Você sabe, não faria mal nenhum melhorar seu atendimento ao
cliente... está faltando muito.

Ele sorri docemente. — Nós não fazemos devoluções, por


isso, quando você perceber que eu estava certo e você estava
errado, não peça seu dinheiro de volta, o Sr... Grande negócio.

Eu fico olhando para o homem por cima do balcão enquanto


me imagino enfiando o foguete em sua bunda.

Fletcher agarra meu braço para me distrair. — Adeus — ele


diz enquanto me puxa da loja.
Cambaleamos para a rua com a caixa enorme. — Qual é a
porra do problema dele? — Eu sussurro com raiva. — Eu odeio
aquele velho bastardo.

— Sim, bem, tenho certeza que ele odeia você também.

— Tristan, sua mãe está indo para o seu escritório. — A voz


de Sammia vem pelo meu interfone.

— Obrigado, Sam.

Clico em enviar no e-mail que estou escrevendo. Então...


Toc. Toc.

— Entre — eu chamo.

O sorriso caloroso de minha mãe aparece e eu me levanto


imediatamente. — Olá mãe. — Corro para ela e beijo sua
bochecha.

— Olá querido. — Ela me abraça. — Eu só vim verificar meu


filho favorito.
Eu rio. Ela diz isso para nós quatro... aparentemente, cada
um de nós é seu filho favorito.

— Sente-se. Você quer chá? — Eu pergunto.

— Sim, por favor, isso seria adorável. — Ela se senta e cruza


as pernas.

Eu aperto o interfone. — Sammia, você pode pedir a alguém


para trazer um pouco de chá para a mamãe, por favor?

— Claro que posso.

— Obrigado. — Minha atenção se volta para minha mãe. —


Então...

— Então... — Ela arregala os olhos com um sorriso. — Tive


uma Melina histérica em nosso apartamento o dia todo.

— Oh Deus. — Eu reviro meus olhos.

— Não role seus olhos, Tristan. Ela está muito magoada.

— Mãe. — Eu fico exasperado. — Nós terminamos há seis


meses.

— Você estava dando um tempo.

— Não existe pausa, mãe. Isso é o que você diz para tentar
tornar menos doloroso. Assim que você ouvir a palavra tempo...
significa que acabou. Todo mundo sabe disso.
Ela exala pesadamente e olha para mim.

— O que?

— Ela disse que você está saindo com alguém.

— Eu estou. — Eu encosto minha bunda na minha mesa e


cruzo os braços... aqui vamos nós.

— Por que você não me contou?

— Porque você ainda está jogando chá com Melina três vezes
por semana. — Eu suspiro. — E eu não preciso da aprovação de
ninguém, mãe... não dessa vez.

Ela me observa, e sei que um milhão de perguntas estão na


ponta da língua. — Quem é ela?

Eu aperto minha mandíbula. Não estou com disposição


para isso. — O nome dela é Claire.

— E quem é Claire.

Eu sorrio. — Alguém... especial.

Ela me observa atentamente. — É sério, então?

— Sim.

— Ela é divorciada?

— Viúva. Três meninos. E sim, mãe, estou apaixonado por


ela — eu digo.
Suas sobrancelhas se erguem de surpresa. — Qual a idade
dela?

Meus olhos caem no chão.

— Quantos anos ela tem, Tristan?

— Trinta e oito.

— Então... — Ela se interrompe.

— Então o que, mãe? O que você quer dizer?

— Tristan. — Ela faz uma pausa, como se estivesse


escolhendo as palavras com cuidado. — Se você acabar com essa
mulher, não terá seus próprios filhos. Ela não tem muito tempo...
isso se ela ainda quiser.

— Provavelmente não. — Eu inalo profundamente. Eu odeio


os fatos difíceis e frios.

— E você está bem com isso?

— Eu tenho que estar, mãe. É o que é, e não posso desligar


meus sentimentos por ela. Já tentei isso. E talvez ela pudesse,
mãe. Ela tem apenas trinta e oito anos e nunca se sabe. Podemos
ser abençoados com um filho.

— Tris — ela sussurra. — Levará anos para ela estar pronta


para começar de novo com outro homem. Então será tarde
demais. No fundo, você já sabe disso.
Eu torço meu rosto. A verdade dói. — Não faça isso.

— Como posso não me preocupar, querido?

— Mãe. — Eu encolho os ombros. — Confie em mim. Claire


não se parece em nada com ninguém que já namorei. Você vai
gostar dela. Há muito o que gostar sobre essa mulher... tudo, na
verdade.

Seus olhos preocupados seguram os meus.

— Vou trazê-la no sábado à noite.

Ela revira os olhos.

— O que isso significa?

— Isso significa... vejo você no sábado à noite. — Ela se


levanta.

— Você está indo?

— Sim. — Ela suspira.

Eu expiro pesadamente, irritado com a forma como nossa


conversa foi. — E corte os laços com a Melina, por favor. Ela é
minha ex-namorada. É estranho.

— Tristan, sou amiga de todas as suas ex-namoradas. Não


posso simplesmente eliminá-las como você quer.

Eu reviro meus olhos.


— Eu só não sei como você pode ser tão frio com essas
mulheres que amam você. Meu coração se entristece por elas.
Melina está absolutamente devastada.

— Ela vai superar isso. — Eu olho minha mãe nos olhos. —


Ela não me ama, mãe. Ela adora meu dinheiro e meu sobrenome.
Assim como o resto delas. — Eu balanço minha cabeça em
desgosto.

— Por que você diria isso? — Ela diz.

— Porque é a verdade. Seja legal com Claire... ela é


importante para mim.

Ela marcha até a porta e olha para trás. — Quero que meu
filho tenha sua própria família.

— E eu vou — eu digo. — Apenas pode não caber na sua


caixinha perfeita.

Ela balança a cabeça e sai bufando, e eu fico olhando para


a porta pela qual ela desapareceu.

Uma batida soa na porta. — Olá — eu chamo.

Fletcher enfia a cabeça pela porta. — Oi — ele diz


nervosamente. — Eu tenho o chá que você queria.

— Ei amigo. — Eu caio em minha cadeira e aponto para


minha mesa. — Traga isso.
Ele entra e com as mãos trêmulas o coloca sobre a mesa.
Ele fica parado, como se estivesse esperando, e meus olhos
sobem para encontrar os dele.

— Eu ouvi o que sua mãe disse — ele disse suavemente.

Eu mordo meu lábio inferior com raiva. — Eu sinto muito.


Ignore-a.

— Ela não quer que você namore minha mãe? — Seus olhos
procuram os meus.

Eu encolho os ombros.

— Você não quer seus próprios filhos? — Ele pergunta.

— Eu quero. — Eu desfaço minha gravata com um estalo


forte. — Mas eu quero mais sua mãe.
Claire

Eu expiro pesadamente e olho para a planilha na tela do


computador na minha frente.

Não posso acreditar que rejeitei a oferta de ajuda de Gabriel.


O que eu estava pensando?

Obviamente... eu claramente não estava.

Deus. Eu belisco a ponte do meu nariz. Isso é um pesadelo.


Acabamos de perder a maior campanha publicitária que
tínhamos, e ela não está melhorando. Vou ter que deixar mais
pessoas ir este mês.

Pelo amor de Deus... estamos funcionando com uma equipe


esqueleto como está.

Não sei como podemos fazer o que temos que fazer – e fazer
bem – com o número de funcionários que temos agora.

Coloco minha cabeça em minhas mãos e soltei um suspiro


abatido. Isto é difícil. Mais difícil do que difícil.
Eu não sei o que estou fazendo. Como diabos vou nos
manter acima da água por muito mais tempo? Se ao menos Wade
estivesse aqui. Ele saberia o que fazer. Ele era o cérebro do nosso
negócio. Dê a ele um problema e ele poderá descobrir uma
maneira de contorná-lo. Ele via os problemas como desafios ou
curvas de aprendizado. Nada era um obstáculo muito grande
para ele.

Mas ele se foi... e agora sou só eu.

Deus, me sinto tão perdida. Eu sento e fico olhando para a


tela do computador por um longo tempo.

Talvez se eu ficar olhando para ele por tempo suficiente, a


resposta venha a mim como mágica.

O que eu faço?

Em que direção devo seguir? Eu sei que algo tem que


mudar..., mas o que?

Pare.

Pare de ser tão negativa. Eu posso nos tirar disso. Eu sei


que posso.

Reconfigure alguns processos, mova algumas contas.


Simplifique a publicidade novamente.

Tudo vai dar certo... tem que dar.


Desistir desta empresa não é uma opção.

Não vou desistir sem lutar e, droga, vai ficar tudo bem.

Eu vou ter certeza disso.

A porta do meu escritório se abre rapidamente. — Por aqui


— Marley diz a alguém.

Um homem entra pela porta com o maior buquê de rosas


vermelhas que eu já vi.

— Entrega para Claire Anderson.

— Essa sou eu — respondo.

As rosas têm cabeças enormes com um perfume profundo e


estão no mais belo vaso de cristal. Ele os coloca na minha mesa.
— Assine aqui por favor.

Eu assino na caixa destinada. — Obrigada. — Eu sorrio


amplamente.

— De nada. Embora eu tenha uma admissão. Eu não as


comprei.

Marley e eu rimos. A piada não é engraçada, mas estamos


tão animadas que riríamos de qualquer coisa, ao que parece.

Com um aceno gentil, ele nos deixa em paz e eu abro o


cartão.
Sou um homem muito feliz hoje.
#PORSERAMADOPORVOCÊ
TRIS
Xoxo

Um sorriso exagerado brilha no meu rosto, e Marley arranca


o cartão de mim.

Ela lê, e seus olhos sobem para encontrar os meus em


confusão. — O que isso significa?

Eu rolo meus lábios.

— Por ser amado por você. — Ela franze a testa.

Eu encolho os ombros.

Seus olhos se arregalam. — Você o ama?

Eu dou a ela um sorriso torto.

— Você disse a ele que o ama? — Ela engasga.

Eu balanço minha cadeira de volta para o meu computador.


— Sim, Marley. Eu admito, estou apaixonada por Tristan Miles.

Ela se senta na minha mesa e me encara por um tempo sem


acreditar.
— Bem... puta merda — ela diz enquanto coloca as mãos
nos quadris. — Eu não estava esperando isso.

— Nem eu.

— Então... o que? — Ela me encara por um momento


enquanto tenta processar as novas informações. — Quer dizer,
eu sabia que você teve aquela semana de almoço com foda.

Eu sorrio com sua analogia. — Parece tão romântico quando


você coloca dessa forma.

— Você sabe o que eu quero dizer. — Ela sorri. — Mas o que


aconteceu então? E o mais importante, por que diabos você não
me contou sobre nada disso?

— Eu estava apenas esperando para ver o que acontecia e


não queria azarar.

— Azarar?

— Bem, às vezes, quando você fala algo, não sai como você
esperava.

— Então... isso está acontecendo? — Ela franze a testa em


surpresa.

— Oh, Marley — eu digo enquanto olho para minhas lindas


flores. — Tristan é tão... — Eu procuro as palavras certas. —
Engraçado, doce e compreensivo, e ele dorme no sofá da minha
casa por respeito aos meus filhos.
Ela franze o rosto em descrença. — Tristan Miles?

— Uh-huh.

— Tristan Miles, o playboy arrogante e lindo? — Ela repete,


como se não acreditasse em mim.

Eu sorrio com um aceno de cabeça. — Sim, este é ele.

Ela franze a testa para mim. — Estou tão confusa. Eu pensei


que ele era um jogador quente que tinha excelentes capacidades
de foder.

Eu rio alto. — Ele é todas essas coisas, mas há mais nele.


— Eu li meu cartão novamente.

Sou um homem muito feliz hoje.


#PORSERAMADOPORVOCÊ
TRIS
Xoxo

— Por ser amado por você. — Seguro o cartão contra o peito.

E ele é.

Marley sorri ao me observar e, finalmente, diz: — Adoro ver


você assim.
— Tipo o quê, toda sonhadora e com olhos brilhantes como
uma colegial?

— Feliz.

Eu sorrio suavemente. — Obrigada. Eu realmente estou. —


Coloco o cartão cuidadosamente de volta no envelope. Vou
guardá-lo em um lugar seguro com o outro cartão do último lote
de rosas que ele me deu.

Tudo de Tristan é especial.

— Vou encontrar a família dele no sábado à noite em um


jantar de gala — digo.

— Oh caramba. — Seus olhos se arregalam. — O que você


está vestindo?

— Nenhuma ideia. Este é o meu pior pesadelo.

— O que você tem no seu guarda-roupa?

— Nada. Não compro um vestido de noite há anos. O que


diabos você usa para um jantar de gala hoje em dia?

— Nós vamos fazer compras. Não se preocupe, nós


encontraremos algo para você. Você tem que estar incrível.

— Eu sei. — Os nervos vibram em meu estômago enquanto


me imagino conhecer seus pais e irmão mais velho, Jameson. Eu
sei que suas opiniões são importantes para Tris. — Eu quero
parecer um sexy sutil, não como carneiro vestido de cordeiro.
Algo apropriado para a idade, mas não maternal.

— Definitivamente — Marley diz enquanto pensa. — Vou


pesquisar isso no Google.

— O bom senso para vestir não aparece no Google, Marley.

— Não, mas estilistas sim. — Ela mexe as sobrancelhas.

— Não posso pagar um estilista.

— O que você não pode pagar é parecer um saco de merda.


Este é o anúncio dele ao mundo de que você e ele estão juntos. É
um evento importante e todos estarão olhando para você. Não se
preocupe, vamos dar a ela um orçamento restrito para trabalhar.

Eu fico olhando para ela enquanto processo seu conselho.


— Você acha? Conseguir um estilista não é um pouco exagerado?

— Claire, todo mundo naquele salão vai usar estilista e,


além disso, estamos em Nova York. Nada é exagerado. Eu tenho
isso. Deixe para mim.
Eu paro na minha rua e vejo o Aston Martin preto
estacionado na minha garagem, e eu mordo meu lábio para
abafar meu sorriso.

Ele chegou primeiro que eu em casa.

Tristan Miles está na minha casa... com meus filhos.

As maravilhas nunca cessam.

Eu dou uma sacudida sutil de minha cabeça em descrença


enquanto analiso os últimos meses. Que redemoinho.

Passei de odiá-lo a tolerá-lo, a dormir com ele e a amá-lo.

Eu paro na garagem e estaciono meu carro ao lado do dele...


e eu o amo.

Independentemente do que aconteça no futuro, eu amo


Tristan. Posso admitir felizmente agora.

Eu entro pela porta da frente ao som de oohs e aahs.

— Oh meu Deus, mãe. Olhe para isso — Harry chora de


empolgação.

Viro no corredor para vê-los todos curvados sobre a mesa


de jantar, uma enorme caixa na frente e no centro diante deles.

— Olá — eu chamo.

— Mãe, olha o que Tristan nos deu — gritou Harry.


Eu não o via tão animado há muito tempo. — O que? — Eu
pergunto enquanto meus olhos vão para a caixa gigante.

— O modelo do foguete. — Ele engasga.

Minha boca se abre. — O quê?

Harry lê o verso da caixa. — Merda, olhe para isso — ele


grita enquanto aponta para algo na parte de trás da caixa.

Eu pisco enquanto tento acompanhar o que está


acontecendo aqui. — Tris, esse modelo é estupidamente caro.

Os olhos de Tristan sobem para encontrar os meus, e ele me


dá um sorriso lento e sexy. — Anderson.

Eu sorrio enquanto meu estômago gira... conheço esse tom


e conheço esse apelido.

— O que é que você fez? — Eu pergunto.

— Comprei um presente para o Wiz. — Ele encolhe os


ombros casualmente. — Ele ganhou a aposta justa e depois não
chegou a comer baratas. Era justo que eu pagasse.

Eu fico olhando para ele.

— E é para os outros meninos também. Todos nós vamos


fazer isso juntos.

Todos os meninos sorriem amplamente enquanto se


inclinam sobre a caixa e leem em voz alta.
— Tire da caixa e coloque tudo nos números coloridos. No
entanto, mantenha as peças em seus sacos individuais. Vou
trocar de roupa — Tristan diz enquanto sai para a sala de estar.

Os meninos começam a tagarelar de excitação ao abrir a


caixa. — Pegue a tesoura — Harry orienta.

Eu vejo algo com o canto do meu olho, e me viro para ver


Tristan me chamando com o dedo. Eu olho de volta para os
meninos para ver que eles estão completamente distraídos, e dou
um aceno sutil.

Ele desaparece subindo as escadas para o meu quarto e


espero alguns momentos. — Vou tirar a roupa lavada da corda —
digo, e então saio pela porta dos fundos e dou a volta pela frente
e entro pela porta da frente e subo as escadas furtivamente.

Eu entro em meu quarto e ele se lança sobre mim como um


tigre. Ele fecha a porta e me prende na parede.

— Anderson — ele sussurra sombriamente. Seus lábios


pegam os meus.

Eu sorrio. — Oi.

Ele se esfrega contra mim e posso sentir que está duro. Ele
segura meu rosto enquanto me beija profundamente.

— Você parece muito satisfeito em me ver. — Eu sorrio.

— Necessitado — ele murmura contra meus lábios.


— Necessitado para quê? — Eu respiro.

Ele morde meu pescoço. — Eu preciso ser fodido,


Anderson... e como minha foda designada, você precisa encontrar
uma maneira de fazer isso acontecer. Esta noite.

Eu sorrio quando sua mão vai para o meu traseiro, e ele


arrasta meu corpo sobre o dele. Seus dentes roçam meu pescoço
e eu sorrio para o teto. Ele não está brincadeira, ele realmente
precisa ser fodido. Eu posso sentir a necessidade escorrendo dele.

— Como vou fazer isso? — Eu sussurro.

— Eu não sei. Seja criativa. — Ele me empurra de volta


contra a parede com força, e meu corpo enfraquece sob seu
poder.

— No sofá esta noite... ou na lavanderia. — Ele me beija


novamente. — Foda-me no meu carro na rua, por tudo que me
importa. Eu só preciso que você me foda.

— Seu carro é muito pequeno — eu provoco.

Ele agarra minha bunda agressivamente e morde meu lábio


inferior, e eu choramingo.

— Não desrespeite o carro. — Com os olhos fixos nos meus,


ele se inclina e desliza a mão pela minha coxa e pelo elástico da
minha calcinha. As costas de seus dedos deslizam pela minha
carne molhada.
Ele aperta a mandíbula enquanto seus olhos piscam de
excitação.

Nós olhamos um para o outro enquanto o ar gira entre nós.


Eu nunca tive isso antes.

Uma atração física tão forte que tudo o mais empalidece em


comparação.

— Ou você poderia me foder agora — ele murmura enquanto


desliza um dedo profundamente.

Meus olhos se fecham. Deus, isso é bom. — As crianças —


eu sussurro.

— Estão distraídos. — Ele abre o zíper da calça e se senta


ao lado da cama e, em seguida, me traz para montá-lo. Ele
levanta minha saia e puxa minha calcinha para o lado e em um
movimento afiado desliza profundamente.

Nossas bocas se abrem com o prazer avassalador. Nossos


olhos estão travados e a eletricidade estala no ar como um raio.

Ele inala bruscamente enquanto olhamos um para o outro.

— Então... você me ama — ele sussurra enquanto seus


lábios tomam os meus.

Eu começo a balançar lentamente para frente e para trás.


Oh... isso é bom. A sensação dele dentro de mim é muito boa.
Eu sorrio e beijo seus lábios com a boca aberta. — Eu amo.

Ele coloca a boca no meu ouvido. — Foda-me como se você


me odiasse — ele sussurra.

Seu aperto aumenta em meu traseiro, e ele começa a me


mover agressivamente sobre seu pau.

De repente, ficamos frenéticos. Ele está me levantando e me


jogando com força sobre ele, e estou tentando conter meus
gemidos. Mas é difícil ficar em silêncio quando todo o seu mundo
está colorido. Ele coloca as mãos na parte de trás dos meus
ombros e começa a realmente me puxar com força em seu grande
pau, e estrelas afiadas e cadentes de êxtase começam a me fazer
estremecer. Sua boca fica frouxa enquanto ele me olha. — Foda-
me — ele murmura. — Foda-me mais forte, Anderson.

Eu coloco meus pés na cama atrás dele, me fazendo


agachar.

Nós dois caímos com a posição profunda.

Ele estremece. Seus olhos se fecham e eu sei que é isso. A


posição que ele ansiava.

— Eu te odeio — eu sussurro.

Ele ri e morde minha orelha. Arrepios se espalham pelos


meus braços. — Eu também te odeio — ele sussurra em meu
ouvido com uma mordida afiada. — Me odeie mais.
Eu sorrio quando ele bate em mim e estremeço. Ele se
mantém profundamente e faz o mesmo. Eu sinto pelo empurrão
de seu pau que ele está bem aqui comigo.

Voamos para a lua e voltamos, e ondas de prazer


ricocheteiam entre nós enquanto ambos gozamos com pressa, e
então eventualmente... e lentamente... nós voltamos para a terra.

Nossos corações disparam, e ele segura meu rosto em suas


mãos enquanto me beija ternamente.

— Você comprou uma nave espacial para meus filhos para


que tivéssemos tempo de fugir e fazer sexo?

— Absolutamente — ele ofega. — Cem por cento.

Eu rio enquanto desço dele. Eu não posso acreditar nisso –


ele se importa se eles gostam dele. Ele não quer ser tolerado, ele
quer fazer parte de nós. Esta é a primeira noite desde sempre que
todos foram felizes juntos ao mesmo tempo... incluindo eu. —
Gênio. — Eu o beijo suavemente. — Agora saia antes que eles
encontrem você aqui.

Ele cai de volta na cama, braços abertos, seu zíper aberto


com seu pau pendurado para fora, e eu coloco minha mão sobre
a boca para me impedir de rir alto.

Ele olha para mim. — O que?


— Uma pena que você tenha que construir um foguete
agora... não é?

Ele joga a cabeça de volta na cama. — Porra. Não me lembre.


— Ele estende a mão e eu a pego. Ele me puxa para baixo em
cima dele. Ele me beija suavemente enquanto tira o cabelo da
minha testa. — Valeu a pena.

Noventa minutos depois

— Isso é besteira — retruca Tristan.

— Linguagem — eu o lembro enquanto corto cebolas, e


sorrio enquanto olho para os quatro meninos sentados ao redor
da mesa de jantar.

— Que tipo de imbecil embala coisas assim? — Tristan


murmura.

Eles vasculham os sacos e os deslizam de um lugar para


outro enquanto contam.

— Não desta forma. Dessa forma — Harrison diz.


— O que vocês estão fazendo por aí? — Eu pergunto. —
Vocês ainda nem começaram?

— Há cento e quarenta... — Tristan murmura.

— Quarenta e cinco — interrompe Harrison.

— Cento e quarenta e cinco sacos ziplock com peças nesta


caixa, Claire.

As peças são perfeitamente compartimentadas em sacos


ziplock codificados por cores. Eles estão tentando localizar uma
bolsa perdida.

Eu sorrio ao vê-lo perder a calma pela décima vez em vinte


minutos. — Se for muito difícil para você... leve-o de volta.

— Não! — Todos os meninos choram em uníssono.

— Oh... estamos levando de volta, — Tristan sibila com os


dentes cerrados. — Vamos leva-lo totalmente construído e vou
enfiá-lo no velho abutre onde o sol não brilha. Estou colocando
um motor nessa desgraça, e vamos fazê-lo voar através de sua
maldita vitrine.

Patrick olha para Tristan. — O quê, à noite? — Ele franze a


testa enquanto sobe em seu colo.

— Sim, Tricky, é isso. Noite — ele murmura, distraído.


— Por que você não gosta desse lojista? — Eu pergunto
enquanto continuo a cortar.

— Ele era um babaca — murmura Tristan.

— Tristan... linguagem — eu o lembro.

Ele olha para cima e franze a testa. — Babaca não é um


palavrão. É uma ação, Claire... uma palavra ativa.

Eu rolo meus olhos e Fletcher ri.

— Se você não pode dizer isso na igreja, é um palavrão —


anuncia Patrick.

— Tenho certeza de que os padres sabem o significado da


palavra — murmura Tristan secamente.

— Por que você não leu as instruções antes de comprá-lo?


— Eu pergunto.

— Eu teria, exceto que estas não são instruções. — Ele


segura um livro encadernado. — Estas são instruções sobre como
ficar louco. Pessoas foram institucionalizadas enquanto liam este
livro, Claire. — Ele folheia o livro em desgosto. — Ninguém
consegue entender essas instruções. O homem mais inteligente
do mundo não poderia.

Eu sorrio. Tão dramático. — Achei que você fosse o homem


mais inteligente do mundo — digo.
— Bem, precisamente. Eu sou, — acrescenta. — Mas como
posso montar algo se não consigo nem entender as instruções
estúpidas?

— Dê-me isso — Harrison zomba enquanto pega o livro de


Tristan. Ele estuda as fotos, franze a testa e começa a examinar
as bolsas novamente.

— Cuidado, Tricky. — Tristan dá um tapinha no meu filho


em seu colo. — Vamos levantar, amigo. Eu preciso de um café. —
Ele se levanta e pega uma caneca do armário.

— Você não quer uma taça de vinho? — Eu pergunto.

Ele me olha impassível enquanto começa a coletar o que


precisa para seu café. — Eu pareço estar relaxado para você,
Claire? Parece um momento relaxante no tempo?

Eu sorrio enquanto olho para ele. Ele está de cueca boxer


azul marinho, o cabelo todo bagunçado de quase ter puxado para
fora. Seu brilho de orgasmo sonolento se foi há muito tempo,
embora tenha sido há pouco tempo. Eu rio.

— O que? — Ele murmura enquanto derrama o café em sua


xícara.

— Talvez essa coisa de maquete não foi uma ótima ideia? —


Eu digo.
— Nós vamos conseguir — diz ele com determinação
renovada enquanto mexe seu café. — Mesmo que seja a última
merda que eu fizer — ele sussurra baixinho. — E pode ser.

Beijo seu ombro e isso o tira momentaneamente de seu


estresse. Ele beija minha testa. — Pare de distrair o gênio no
trabalho — ele responde enquanto volta para a mesa.

Eu rio e olho para cima para ver que Fletcher acaba de


assistir nossa interação.

Ele me dá um sorriso torto e volta sua atenção para a


maquete.

Um frisson de culpa percorre meu corpo. É estranho para


ele me ver com outro homem?

Devo falar com ele sobre isso?

O que eu diria? Hmm... terei que pensar sobre isso em


detalhes. Não quero colocar muito drama sobre isso, mas
também não quero varrê-lo para debaixo do tapete.

— É isso aí! — Harry grita.

— O que?

— As sacolas... são das cores erradas em comparação com


o que está nas instruções. É por isso que nada está batendo. Está
tudo rotulado errado.
— O que? — Fletcher franze a testa.

— As partes vermelhas são laranja, e as partes laranja são


vermelhas. As partes pretas são brancas e as brancas são cinzas.
É por isso que não conseguimos encontrar todas as peças. As
cores estão todas erradas.

Tristan fecha a mão em punho. — Por que você... tique-


taque... velhote.

— Sim — Harrison rosna. — Tique. Taque.

— Hmm. — Os olhos da estilista vagam para cima e para


baixo no meu corpo enquanto ela me circula. — Temos muito com
o que trabalhar aqui. — Ela brinca com meu cabelo e o coloca
atrás das orelhas. Ela bagunça tudo com os dedos enquanto me
inspeciona detalhadamente.

Meus olhos se voltam para Marley, e ela me dá dois


polegares para cima, o símbolo universal de ‘Você pode fazer isso’.

É quarta-feira e estou no temido encontro com o personal


stylist. — Você é linda, Claire, não há dúvidas sobre isso. Sua
estrutura óssea é perfeita e você tem uma bela figura. Mas você
não se veste de acordo. Por que você não exibe mais?

— Oh. — Eu encolho os ombros timidamente.

— Você precisa usar coisas mais ajustadas.

— Só não quero parecer que estou tentando ser jovem —


respondo humildemente.

— Você é jovem, Claire. Você tem apenas o quê? Trinta e


poucos anos?

— Tenho trinta e oito anos.

Ela sorri enquanto passa a mão no meu ombro e reajusta a


alça do meu sutiã. — Seu estilo é para pessoas de oitenta anos.
Confie em mim. Você é jovem. — Ela sorri enquanto se afasta
para olhar para mim. — Agora, o que você precisa?

— Eu tenho um jantar de gala no sábado à noite.

— Ok. — Ela levanta meu cabelo e olha para ele. — Que


horas é?

Eu franzo a testa e Marley pega meu telefone. Tristan me


enviou o convite. — Sete da noite.

— Ok. — Ela pega o telefone e faz uma ligação. — Olá,


Marcello. — Ela escuta por um momento. — Olá querido. Ouça,
eu quero pedir um favor. Você pode fazer o cabelo e a maquiagem
para mim no sábado à noite, por favor?

Eu franzo a testa e meus olhos vão para Marley.

— Oh... isto é uma emergência. Vou enviar imagens


exatamente do que precisamos.

Emergência. Eu arregalo meus olhos com horror, e Marley


abaixa a cabeça para esconder seu sorriso.

— Sim, temos uma Cinderela aqui. — Ela escuta, e seus


olhos varrem meu corpo de cima a baixo. — Ok, ótimo, vou
mandar uma mensagem com o endereço. — Ela desliga. — Ok,
isso está resolvido.

Eu sorrio nervosamente.

— Marcello virá para sua casa e fará seu cabelo e


maquiagem no final da tarde de sábado.

Eu mordo meu lábio para esconder meu sorriso. Eu nunca


tive isso antes. — Isso é necessário?

— Oh meu Deus, querida. Sim. É necessário. Agora... vamos


fazer compras. Eu sei exatamente o que você precisa.
— Ok, obrigada, Barb. — Eu sorrio. Eu descanso meu pé
em cima da perna de Tristan. É quinta-feira à noite, e Tristan e
eu estamos tomando uma taça de vinho e assistindo televisão na
sala de estar. Os meninos milagrosamente fizeram o dever de
casa, o jantar terminou e tudo está limpo, e agora eles têm duas
horas preciosas para trabalhar em sua maquete. Esse suborno
de Tristan é a melhor coisa desde o pão fatiado. Todos estão se
comportando e se esforçando para fazer as coisas rapidamente
para que possam trabalhar juntos.

É como a twilight zone31 ou alguma merda assim.

— Tem certeza de que está tudo bem? — Eu ouço minha


amiga enquanto falamos ao telefone. Estou providenciando para
que Harry fique na casa dela no sábado à noite. Fletcher está
hospedado aqui com dois amigos e Patrick está sendo cuidado,
mas é Harry que eu realmente tenho que verificar.

— Claro, Claire, ele vai ficar bem. Vamos comprar pizza e


assistir filmes.

— Muito obrigada. Te vejo então.

— Ok, vejo você no sábado — ela responde, e eu desligo.

Tristan levanta uma sobrancelha. — Estamos bem? — Ele


pergunta esperançosamente.

31 Uma área onde dois modos de vida ou estados de existência diferentes se encontram.
— Tudo bem. — Eu sorrio. — Quem diria que Tristan Miles
ficaria animado em contratar uma babá?

Ele ri e bate seu copo com o meu. — Certo?

— Sério, porém, é um alívio. Barb é a única com quem eu


deixaria Harrison.

— O que aconteceu com Harrison no passado para deixá-la


tão nervosa sobre deixá-lo?

Solto um grande suspiro. — Ele pode ser um pesadelo.

— Como? Quero dizer, eu sei que ele é um pouco travesso e


tudo mais, mas isso não é normal na idade dele?

Sento-me e tomo um gole de meu vinho. — Oh inferno, por


onde eu começo? Ele foi suspenso da escola. Ele desaparece por
horas a fio e depois mente sobre onde esteve, foge para a casa de
amigos sem permissão. Ele se juntou a um grupo festeiro, mas
nega que esteve com eles.

— Suspenso da escola... pelo quê?

Eu reviro meus olhos. — Por alguma razão, ele tem a


impressão de que os professores o perseguem. Um dia ele recebeu
um projeto de volta, e ele pensou que deveria ter tirado uma nota
mais alta, e ele entrou em uma grande discussão com seu
professor.

— Então... ele era atrevido? — Tris franze a testa.


— Não. — Eu balanço minha cabeça com vergonha. — Ele
abriu a janela e jogou sua tarefa fora em protesto.

Os olhos de Tristan se arregalam.

— Mas isso não é o pior. Acertou acidentalmente um zelador


que estava passando e cortou a cabeça. Eles pensaram que ele
precisava de pontos. Foi mortificante.

Tristan morde o lábio inferior enquanto tenta esconder um


sorriso.

— Foi tão embaraçoso... você não tem ideia, Tristan.

Ele bebe seu vinho enquanto faz uma cara séria. — Eu


posso imaginar.

Eu sorrio e esfrego meu pé no músculo da panturrilha. —


Obrigada.

Seus olhos seguram os meus enquanto seus dedos


desenham um círculo no meu ombro. — Pelo quê?

— Por fazer a caminhada para me ver todas as noites. — Eu


encolho os ombros timidamente. — Eu sei que você odeia o sofá.

Ele levanta as sobrancelhas. — Bem... eu odeio ficar em


casa sem você.

Eu sorrio e me inclino e coloco minha cabeça em seu ombro.


É tão bom ter alguém... maravilhoso, na verdade. Ele beija minha
testa e voltamos a assistir televisão e nosso silêncio feliz. Ele nem
mesmo precisa falar comigo.

Só ele estar aqui já é o suficiente para me fazer feliz.

— Você sabe, quando eu estava entrando aqui hoje, um


bowerbird32 atacou minhas bolas.

Eu me sento com uma carranca. — Um o quê?

— Um bowerbird.

— O que é isso? — Eu pergunto.

Ele revira os olhos com a minha aparente estupidez. — Todo


mundo sabe o que é um bowerbird, Claire. Eu sugiro que você
pesquise no Google.

Eu fico olhando para ele em dúvida, e depois de um tempo


ele responde: — Um bowerbird coleta coisas azuis, Claire. — Ele
levanta uma sobrancelha enquanto espera que eu pegue.

Oh... ele está me dizendo que tem bolas azuis. Eu sorrio. —


Tanto faz.

— Tristan — uma voz grita da cozinha.

Ele sorri enquanto seus olhos se arregalam. — Você ouviu


isso? — Ele sussurra.

32 Qualquer um dos vários pássaros canoros da família Ptilonorhynchidae, da Austrália e Nova


Guiné..
— O que? — Eu franzo a testa.

Ele levanta as sobrancelhas enquanto espera por isso e,


eventualmente, a voz chama novamente. — Tristan.

— É a primeira vez que ele diz meu nome.

— Harry nunca disse seu nome? — Eu franzo a testa.

Ele balança a cabeça de maneira sutil.

— Tristan — Harry chama.

Tristan sorri amplamente. — Sim, Wiz, o que é?

— Você pode nos ajudar por um minuto, por favor?

Ele levanta as sobrancelhas de entusiasmo por ser


necessário. — Estou indo. — Ele dá um pulo e vai até a cozinha.
Eu os escuto falando sobre o diâmetro de uma peça que estão
tentando calcular. Tristan parece pensar que foi montado ao
contrário, e eles estão em uma profunda discussão sobre os prós
e contras de separar e começar a peça novamente.

Enquanto ouço, me pego sorrindo como uma idiota para a


televisão.

A felicidade é ser amada por você.


— Deixe-o entrar — Tristan diz ao telefone. Ele olha para
mim e me dá uma piscadela sexy quando desliga. — Seu
cabeleireiro está aqui, Sra. Anderson — ele brinca.

— Oh Deus. — Eu coloquei minha cabeça em minhas mãos


em consternação. — Isto parece...

— Normal. — Ele beija minha têmpora enquanto passa por


mim e entra na sala de estar. — Eu vou sair um pouco e deixar
você com isso.

— Onde você vai? — Eu franzo a testa. É estranho estar em


seu apartamento sem ele.

— Vou me encontrar com Elliot e Christopher em um bar


para assistir ao jogo. Estarei de volta por volta das seis. Saímos
por volta das seis e quarenta e cinco.

Isso vai me dar tempo para lavar a maquiagem e o cabelo


antes que ele volte, se eu não gostar. — Ok. — Eu sorrio.

Ele me beija suavemente. Seus lábios permanecem nos


meus e eu o seguro com força. — Você precisa de alguma coisa
enquanto estou fora?
— Só que você volte para casa.

Uma batida soa na porta.

Ele me abraça apertado com um grande sorriso. — Adeus.


— Ele abre a porta rapidamente, e nós dois somos surpreendidos.

O cabeleireiro é homem... e quente. Como estupidamente


gostoso.

Ele é europeu, tem trinta e poucos anos, usa jeans justos e


uma camiseta preta. Ele é musculoso e parece em forma.

Os olhos de Tristan se voltam para mim com horror e eu


sorrio bobamente. Eu sei exatamente o que ele está pensando. —
Olá. — Ele estende a mão para apertar a do homem. — Tristan
Miles.

— Oi, sou Marcello — o homem responde com um sotaque


pesado enquanto balança a cabeça. — Estou aqui para estilizar
Claire.

— Olá, essa sou eu. — Eu aperto sua mão.

Ele me olha de cima a baixo e esfrega as mãos de


brincadeira. — Oh... isso vai ser tão divertido.

Tristan olha para ele inexpressivo e depois para mim. —


Não... isso vai ser completamente sem graça para você... ou então
— ele murmura secamente.
Marcello ri. — Oh... tão possessivo com sua mulher. Eu amo
isso.

A mandíbula de Tristan aperta e eu rio enquanto Marcello


agarra meus ombros e me afasta dele. — Adeus. Ela ficará linda
para você quando você voltar.

— Ela já é — Tristan diz, não impressionado. — E eu não


vou a lugar nenhum. Eu estarei bem aqui. — Ele se joga no sofá
em desgosto.

Eu rio. Ele está realmente irritado... eu amo isso.

— Por aqui. — Guio Marcello até o banheiro privativo de


Tristan, e ele coloca suas duas sacolas grandes no chão. Ele me
olha de cima a baixo novamente. Ele me senta na cadeira e me
dá um largo sorriso.

— Comecemos.

Três horas depois, olho meu reflexo no espelho. Quase não


me reconheço.
Meu cabelo escuro está preso em cachos de Hollywood e
minha maquiagem está fora deste mundo. É tudo dourado e
bronze com cílios em leque e grandes lábios vermelhos. Eu pareço
uma estrela de cinema ou algo assim. Está... apenas Uau.

Estou em um sutiã de renda preta sem alças e calcinha com


uma cinta-liga e a camisa branca enorme de Tristan aberta e por
cima. Vou colocar meu vestido em breve. Tristan está se
preparando no outro banheiro. Eu o ouvi voltar para casa cerca
de meia hora atrás. Meus olhos percorrem meu rosto e cabelo e
descem sobre minhas curvas na lingerie sexy, e sorrio para o meu
reflexo. Eu nunca me vi assim e, droga, vou fazer mais esforço
para seguir em frente.

Tristan me ama maternalmente..., mas inferno, ele merece


o sexy. E vou tentar o meu melhor para ser isso por ele.

Ele me ama.

É engraçado, você sabe... Tris nunca disse essas três


palavras evasivas. Mas ele não precisa. Já sei que ele me ama.
Cada ação, cada mensagem, cada esforço que ele faz para se dar
bem com meus filhos apenas cimenta nossos sentimentos. A
ternura em seu toque é como um livro aberto, e as palavras são
irrelevantes entre nós.

Apesar de nossos mundos diferentes e de um começo difícil,


temos um lindo relacionamento e estou totalmente apaixonada
pelo homem lindo que ele é.
A porta se abre e ele aparece. Ele franze a testa e respira
fundo, como se me visse pela primeira vez. — Claire — ele
murmura, quase para si mesmo.

Ele está vestindo um terno preto, uma camisa branca e


gravata borboleta preta. Seu cabelo escuro tem um leve cacho,
apenas o suficiente para dar aquele estilo perfeito de pós foda.
Ele tem a mandíbula mais quadrada e lábios rosa escuro e
carnudos, e seus grandes olhos castanhos seguram os meus
enquanto ele dá um passo à frente e me leva em seus braços.

Sem dizer uma palavra, ele pega meu rosto em suas mãos e
me beija. Sua língua explora minha boca aberta e suas mãos
desfazem os botões da camisa.

Eu sorrio contra seus lábios. Eu amo que ele tenha que me


tocar.

Ele dá um passo para trás. Seus olhos percorrem meu corpo


coberto de lingerie, e quando eles se levantam para encontrar os
meus, eles estão em chamas de desejo. — Porra — ele murmura.

Como se algo estalasse dentro dele, ele me empurra de volta


para o balcão e me levanta para sentar em cima dele. Ele levanta
meu pé na bancada e fica entre minhas pernas abertas enquanto
seus lábios tomam os meus. — Você está fodidamente comestível,
Anderson — ele murmura contra meus lábios.
Enquanto ele me beija, abro meus olhos para ver que os dele
estão fechados.

Ele está completamente perdido no momento, bem aqui


comigo.

Sua mão percorre meus seios e desce pelo meu estômago,


desce sobre a minha cinta-liga e desce até a minha calcinha.

— Você está molhada para mim? — Ele pergunta.

Ele coloca a mão na frente da minha calcinha e encontra


aquele ponto doce entre as minhas pernas. Seus olhos piscam de
excitação enquanto ele desliza três dedos grossos profundamente
em meu sexo.

Minhas costas arqueiam enquanto ele me segura com força.


— Precisamos ir — eu choramingo.

Ele me observa enquanto seus dedos deslizam


profundamente. — Não. — Ele me bombeia com força. — Você
precisa gozar.

Minha cabeça inclina para trás enquanto seus dedos fortes


começam a trabalhar. O som da minha excitação sugando-o para
dentro e para fora ecoa pela sala, e seus olhos escuros observam
meu rosto indefeso.

Ele é áspero, tão áspero... e eu estremeço quando meu pé


no balcão se levanta e fica suspenso no ar.
Seu beijo é agressivo, seus dedos fortes. Minhas pernas
estão apoiadas em seu peito.

Mas são seus olhos que me pegam... preso nos meus, com
tanta ternura por trás deles.

— Eu te amo, Claire — ele sussurra. Meu coração


desmorona.

Sobrecarga sensorial – o melhor tipo de sobrecarga


sensorial. Emocional e física.

Ele me beija suavemente, com um forte movimento de sua


mão, e todos os meus sentidos quebram quando gozo forte.

Com uma das mãos, ele segura meu rosto junto ao dele, com
a outra, ele me deixa carinhosamente voar alto.

— Você me ama? — Eu sussurro.

— Muito. — Ele sorri contra meus lábios.

Meu coração cai em queda livre. Deus... eu amo este homem.

Ele solta minha cinta-liga e, em seguida, desliza minha


calcinha para baixo, e eu pairo em algum lugar no céu enquanto
o observo... e então ele faz o impensável.

Ele cai de joelhos na minha frente e abre minhas pernas.

Minha respiração fica presa. O que ele está fazendo?


Com seus olhos escuros fixos nos meus, ele me separa e me
lambe com sua língua longa e grossa.

Meu corpo convulsiona. Seus olhos se fecham de prazer


enquanto ele me limpa.

Meu orgasmo em sua língua.

Eu corro meus dedos por seu cabelo enquanto o observo.


Ele está em um smoking preto de joelhos diante de mim – uma
nova excitação toma conta de mim.

Profunda e perigosamente escura.

Santo inferno... Tristan porra Miles.


A limusine para na grande calçada circular e sinto o
nervosismo em meu estômago dançar. Como se estivesse lendo
minha mente, Tristan se inclina e beija minha testa. — Você está
linda, Anderson.

Eu solto uma respiração profunda. Essa coisa de conhecer


a família é desesperadora. O motorista abre a porta e Tristan sai
e pega minha mão para me ajudar. A entrada de automóveis e o
saguão são uma colmeia de atividade enquanto os carros entram
um após o outro. Pessoas bonitas em trajes de gala estão por toda
parte, e estou tão feliz por ter deixado Marley me convencer a
conseguir aquela estilista.

Meu vestido é preto e justo, e tem uma faixa grande e grossa


que envolve a parte superior dele da cintura para cima, criando
um look sem alças. É discreto e sexy. Tristan adorou e me disse
que devo usá-lo todos os dias. Ele até fez nosso motorista tirar
fotos de nós antes de entrarmos na limusine.

Ele me guia escada acima e para o salão de baile. As pessoas


ficam surpresas ao nos verem juntos. — Oi. Olá. Olá, Roger —
Tristan cumprimenta as pessoas enquanto caminhamos para o
mapa de assentos.
Eu sorrio para ele.

— O que? — Ele pergunta.

— Você se acha uma estrela do rock ou algo assim.

— Eu sou a porra de uma estrela do rock, Anderson.


Quando você vai entrar na onda e perceber isso? — Ele me dá
uma piscadela sexy e eu sorrio amplamente, fico feliz em admitir
que sou oficialmente uma groupie. Ele lê o quadro e procura onde
estamos sentados. — Por aqui.

Meu estômago se agita quando eu olho para onde ele


gesticula e vejo sua família inteira sentada à mesa.

Porra... o sangue escorre do meu rosto.

Conhecer a família é sempre intimidante.

Conhecer a família Miles é assustador em outro nível. Seu


pai é um dos homens mais respeitados de Nova York, e seu irmão
mais velho, Jameson, é conhecido por ser um dos maiores idiotas
do mundo. Eu pego um vislumbre de Christopher e Elliot, e me
sinto um pouco melhor – eles são muito legais e não são nada do
que eu imaginei. Estou feliz por pelo menos os conhecer. — Olá.
— Tristan sorri amplamente quando nos aproximamos da mesa.
— Esta é Claire Anderson. — Ele me apresenta como seu bilhete
premiado.

— Olá. — Eu sorrio sem jeito.


— Este é meu pai, George. Minha mãe, Elizabeth. Estes são
Jameson e Emily, e você conhece Elliot e Christopher.

Todos eles estão de pé. George aperta minha mão. — Olá,


Claire, prazer em conhecê-la.

Sua mãe beija minha bochecha. — Olá, querida, que bom


que você pôde se juntar a nós.

Eu sorrio sem jeito, e Emily me agarra em um abraço e ri.


— Estou absolutamente emocionada em conhecê-la — ela
suspira.

Eu rio no abraço... ok, ela não é o que eu imaginei.

Jameson sorri e então se inclina e beija minha bochecha. —


Prazer em conhecê-la, Claire. Já ouvi tantas coisas boas. — Ele
me dá um sorriso genuíno e eu respiro um suspiro de alívio. Oh!
Graças a deus... ele não é tão assustador quanto eu pensava.

— Só para que todos saibam, sou o Miles favorito de Claire.


Apenas frisando — Christopher diz enquanto levanta sua taça de
champanhe para mim.

— Na verdade, eu sou — Tristan responde inexpressivo


enquanto puxa minha cadeira.

Eu sorrio e me sento ao lado de Emily.

Tristan se senta ao meu lado e pega minha mão no meu colo


para me tranquilizar.
Eu o amo.

— Então, Claire — George se dirige a mim enquanto o grupo


escuta. — Você é dona da Anderson Media?

— Sim, eu sou.

— Muito impressionante.

— Obrigada.

Ele sorri calorosamente. — Eu conheci seu marido. Ele era


um bom homem.

— Ele era.

— Eu assisti ao funeral dele. Foi uma bela homenagem.

Eu sorrio com tristeza, desejando que a conversa não tivesse


sido assim.

Tristan aperta minha mão e eu, agradecida, aperto de volta.

Elizabeth muda de assunto. — Então você tem filhos?

Oh merda... esta é a noite do inferno. — Sim. — Eu sorrio.


— Três meninos.

— O que eles acham de Tristan? — Christopher ri. — Espero


que eles estejam dando trabalho para ele.

— Seria um acerto de contas se o fizessem — George


murmura secamente. — Ele era um garoto idiota.
O grupo ri e eu me sinto um pouco mais à vontade.

— Você quer ir buscar uma bebida? — Tristan me pergunta.

— Sim, por favor — eu respondo um pouco ansiosamente.

— Eu vou — Emily diz. Ela é atraente e adorável –


naturalmente bela e refrescantemente despretensiosa.

Nós nos levantamos e caminhamos para o bar. — O que você


quer, baby? — Tris pergunta.

— Qualquer coisa — eu sussurro de volta.

— Ok, bêbada e desordenada na frente dos meus pais


chegando logo — ele responde.

Eu pego sua mão e o puxo de volta para mim enquanto ele


vai embora. — Pensando bem, uma bebida. Não me deixe beber
mais do que isso. Estar bêbada aqui é o meu pior pesadelo.

Ele e Emily riem e ele se vira para ela. — O que você quer,
Em?

— Champanhe, por favor.

Tristan desaparece no bar, me deixando sozinha com Emily.


— É muito desesperador conhecê-los, não é? — Emily diz.

O alívio me preenche – ela é normal. — Deus, eu sei. Estou


tão nervosa.
Ela pega minha mão. — Não fique, eles são realmente
adoráveis. Nem um pouco o que você pensa.

— Obrigada. — Eu sorrio com gratidão. — Então... — Eu


franzo a testa. — Você é casada?

— Sim, Jay e eu nos casamos há três meses.

— Oh, isso é maravilhoso. Parabéns.

— Obrigada. — Ela sorri. — Ainda em fase de lua de mel.


Tristan me disse que você mora em Long Island?

— Sim, é um longo caminho de Nova York, mas ótimo para


os meninos.

— Oh, bem, vivemos em Nova Jersey.

— Realmente? — Eu pergunto surpresa.

— Ficamos em Nova York talvez duas noites por semana, no


máximo. Eu queria tirar Jay da cidade e colocá-lo em um estilo
de vida mais relaxado.

— Ele é estressado? — Eu franzo a testa.

— Deus. — Ela revira os olhos. — Massivamente. Sua carga


de trabalho é ridícula. Ele está muito melhor desde que nos
casamos e agora trabalha de casa às sextas-feiras.

Eu fico olhando para ela em estado de choque. Não era isso


que eu esperava. O grupo Miles Media sempre pareceu tão
invencível... nunca em um milhão de anos eu imaginaria que o
CEO está lutando contra o estresse, embora seja totalmente
compreensível que ele esteja.

Tristan reaparece com nossas bebidas, coloca o braço em


volta de mim e beija minha têmpora. — Você está bem?

Eu concordo. — Obrigada.

— Bem, esta é uma cara feia, se é que já vi uma — ouço


uma voz masculina inglesa profunda dizer.

Todos nós nos viramos para ver dois homens caminhando


em nossa direção. Um é loiro e lindo. O outro é alto, moreno e
bonito. — Ei. — Tristan ri alto enquanto os puxa para um abraço.

Meus olhos se voltam para Emily, e ela ri também.

Os três homens riem, e então Tristan nos apresenta. —


Claire, por favor, conheça Spencer Jones e Sebastian Garcia,
meus amigos de Londres. E vocês dois conhecem Emily. Jameson
e Sebastian se conheceram na Itália na faculdade.

— Tenho tentado me livrar deles desde então. — Sebastian


sorri com uma piscadela.

Tristan coloca a mão no meu ombro e me puxa para perto,


e Emily ri. — Como estão meus vilões favoritos de Londres? —
Ela pergunta.

É óbvio que ela os conhece muito bem.


— Muito bem, — responde Spencer. Ele tem esse charme de
menino acontecendo. Ele volta sua atenção para Tristan. — Onde
você esteve?

— Eu estive aqui — responde Tristan. Ele inclina sua taça


de champanhe para mim. — Com Claire.

Os olhos de Sebastian vêm até mim, e então ele estala os


dedos, como se lembrando de algo. — Vocês dois se conheceram
na França?

— Essa é ela. — Tristan sorri amplamente. Espera... que?


Ele contou a eles sobre mim?

Eu olho para Emily, e ela encolhe os ombros, como se


estivesse animada.

Sebastian olha por cima e vê Jameson falando com alguns


homens e se aproxima e o agarra em uma chave de braço por
trás. Eles riem alto. — Volto em um minuto — sussurra Tristan,
e ele e Spencer se juntam a eles.

Os quatro homens riem enquanto falam, e eu os observo por


um momento. — Quem são eles? — Eu pergunto.

— Eles são os homens mais safados de toda a Inglaterra, —


sussurra Emily. — E os mais lindos.
— Deus, — eu sussurro enquanto os vejo. Nunca vi homens
tão bonitos em um só lugar. Todos eles são incrivelmente
deliciosos. — Você não está errada.

— Spencer Jones é o maior jogador do mundo.

— Ele é o loiro? — Eu pergunto.

— Esse é ele. Ridiculamente bonito, não é?

— O outro é mais bonito. Qual é o nome dele mesmo? — Eu


pergunto.

— Sebastian Garcia. Seu casamento acabou recentemente.

— Realmente? Ele também é um jogador? — Eu franzo a


testa.

— Não, a esposa dele dormiu com o jardineiro.

— O que? — Eu franzo a testa enquanto olho para o homem


bonito. Ele é alto, moreno e europeu. — Ela está louca? — Eu
suspiro.

— Pelo visto. — Ela encolhe os ombros. — Deve estar


totalmente fora de sua maldita mente — ela murmura.

Eu rio, e Emily sorri e bate seu copo com o meu. — É tão


bom finalmente conhecê-la — ela sussurra enquanto pega minha
mão na dela.
— Oh, obrigada. — Eu sorrio. — Graças a Deus você é
normal. Achei que você ia ser uma supermodelo tirando selfies a
noite toda.

Ela começa a rir. — Ha. Não, essas seriam as ex-namoradas


de Tristan.

Eu me encolho. — Eu realmente não me encaixo no molde,


certo?

— Felizmente não. — Ela ri.

Eu olho para cima e para o olhar de Tristan em seu smoking


preto. Seu cabelo escuro ondulado e mandíbula quadrada
iluminam a sala. Ele me dá um sorriso lento e sexy e uma
piscadela, e meu coração dá uma cambalhota no meu peito.

Estou me sentindo a garota mais sortuda do mundo esta


noite.

Ele me ama.
Os dedos de Tristan traçam um círculo em meu ombro nu
enquanto me sento à mesa e converso com Emily. Foi uma grande
noite cheia de risos, homens bonitos e conversas inteligentes.

Nem um pouco o que eu esperava.

Do canto do olho, posso ver Elizabeth nos observando. Ela


não teve que olhar muito – Tristan esteve em cima de mim a noite
toda. Ele definitivamente não é tímido com afeto.

— Os meninos vão a um bar tomar uns drinks. Você quer


ir? — Tristan se inclina e sussurra.

— Você vai? — Eu pergunto enquanto me viro para Emily.

— Pelo visto. — Ela sorri para sua taça de vinho. — Já bebi


champanhe suficiente para a vida toda..., mas de qualquer forma.

— Eu também. — Eu rio, mas será bom conhecer a todos


em um ambiente não tão formal. — Ok, claro, parece bom.

Nós nos despedimos e vinte minutos depois eu me encontro


do lado de fora e esperando na calçada por uma limusine com
Emily, os quatro irmãos Miles e Spencer Jones.

Todo mundo bebeu demais e estamos rindo como colegiais.


Esses caras são hilários.

— Onde diabos está Seb? — Spencer franze a testa, olhando


ao redor da multidão enquanto as pessoas saem do centro de
eventos.
— Ele está com duas meninas lá dentro — Elliot responde
enquanto digita uma mensagem para alguém em seu telefone.

— Jesus Cristo — sussurra Spencer. — Se ele não se


apressar, vamos embora sem ele.

— Tenho certeza que ele não dá a mínima — responde Elliot


categoricamente.

Tristan tira sua jaqueta e a coloca em volta dos meus


ombros. Ele me puxa para seus braços e sorri para mim. Tenho
vontade de beijá-lo, mas não vou... todo mundo está aqui. Ele se
inclina e me beija de qualquer maneira, e eu sorrio contra seus
lábios. Ele sabe o que eu quero.

Sebastian sai com uma linda garota em cada braço. — As


meninas vêm conosco — anuncia.

— Oi, meninas. — Todo mundo ri.

— Qual o seu nome? — Spencer pergunta a loira enquanto


ele pega a mão dela e a beija.

— Foda-se. Ela está comigo — Sebastian diz.

Spencer encolhe os ombros e se vira para a morena. —


Então... qual o seu nome?

— Também comigo — Sebastian responde impassível.


— Idiota ganancioso — Spencer rebate enquanto solta sua
mão como uma batata quente.

— Pegue a sua própria. — Sebastian pisca para ele.

Todos nós rimos, e as meninas se aconchegam mais perto


de Sebastian. Que diabos... duas mulheres?

Caramba.

Eu olho para ver Elliot e Christopher conversando com um


grupo de garotas na fila do táxi. As mulheres estão rindo
enquanto os meninos flertam intensamente. Eu imagino como
esses meninos são quando estão juntos na cidade.

Eu me pergunto se Tristan já teve duas mulheres antes...


claro que ele teve. Todos esses homens têm. Rico, engraçado,
lindo e inteligente.

O prêmio máximo de solteiros qualificados.

Tristan sorri bobamente para mim e me beija novamente.


Ele realmente está bastante embriagado.

E lindo.

Duas limusines param e Jameson abre a porta. — Elliot,


Christopher — ele chama enquanto ajuda Emily a entrar no
carro. Todos nós entramos, e Sebastian, Spencer e as meninas
entram no carro atrás de nós.
— Clube 42, por favor — diz Tristan.

— Pode deixar. — O motorista sorri ao entrar no trânsito.


Os meninos falam alto e estão brincando, e as risadas estão
enchendo o carro.

O carro acelera e eu sorrio ao sentir uma onda de


adrenalina.

Esta é uma noite divertida.

Eu rio enquanto observo Tristan e Christopher juntos. Eles


são como duas ervilhas em uma vagem.

Eles riem das mesmas coisas, compartilham piadas


particulares e terminam as frases um do outro. De aparência
semelhante, personalidades quase idênticas, e nada perto do que
pensei que fossem. Caloroso e amigável, nenhum sugador de
alma frio à vista.

Pelo que eu posso dizer, Elliot e Jameson são semelhantes


e são parecidos também.
Está tarde. A última vez que olhei, eram quatro horas da
manhã e agora estamos todos bêbados. A gente tá numa espécie
de barzinho de boate pequeno, e os meninos devem vir muito aqui
porque conhecem toda a equipe e o DJ.

Não sobrou muita gente, e eles acabaram de pedir os


últimos drinks. Tive a melhor noite de todas. Emily e eu nos
demos muito bem, e os meninos são tudo que eu nunca esperei.

Gentis e engraçados. Sarcásticos como Tris, mas adoráveis


do mesmo jeito.

— Enquanto toco a última música da noite — o DJ diz ao


microfone — com os meninos Miles na casa, eu preciso que tocar
o hino deles. 'Freak Me' de Silk. — Uma batida tântrica ressoa.

Freak me, baby (ah, yeah)

Freak me, baby (mm, just like that)

Freak me, baby (ah, yeah)33

Todos os meninos riem alto e aplaudem. Sou


instantaneamente arrastada para a pista de dança e todos os

Me enlouqueça, baby (ah, sim)


33

Me enlouqueça, baby (hum, assim mesmo)


Me enlouqueça, baby (ah, sim)
meninos começam a dançar como se fosse a melhor música do
mundo.

Tristan me afasta do seu corpo e depois me gira. — Que


música é essa? — Eu rio alto quando sou puxada contra o seu
corpo com força.

Ele sorri para mim enquanto nos move com a batida. — Este
era o hino do nosso internato. — Ele me afasta novamente e, em
seguida, me gira e me traz de volta para ele, e eu não consigo
conter meu riso. — Tocamos essa música em nosso dormitório
todos os dias durante toda a nossa vida escolar. Todos nós
sabemos palavra por palavra.

Eu rio e olho ao redor, e vejo um Jameson muito bêbado


dançando sujo com Emily enquanto ele canta para ela. Elliot e
Christopher encontraram garotas em algum lugar e estão
cantando para elas. Sebastian está dançando sujo com suas
duas garotas, e Spencer subiu no palco e arrastou uma garçonete
com ele. Eles estão dançando lentamente ao som da música. Eu
ouço as palavras e rio alto enquanto Tristan me gira.

Let me lick you up and down till you say stop

Let me play with your body, baby, make you real hot
Let me do all the things you want me to do34

— Esta é a música que você cantou na escola? — Eu rio.


Maníacos por sexo, todos eles.

— Sim. — Tristan sorri para mim.

— Sua música favorita era sobre lamber mulheres de cima


para baixo? — Eu pergunto horrorizada.

— Cem por cento. — Ele me afasta e me gira com força, e eu


rio alto. Ele nos balança de um lado para o outro enquanto segura
minha mão na sua. — Ainda é. — Ele se inclina e me beija
suavemente, e seus olhos brilham com algo. — Falando nisso,
vamos para casa, Anderson.

Eu sorrio para o homem bonito na minha frente. — Achei


que você nunca iria dizer.

34Deixe-me lamber você para cima e para baixo até você dizer para parar
Deixe-me brincar com seu corpo, baby, te deixo muito quente
Deixe-me fazer todas as coisas que você quer que eu faça
Eu ouço uma vibração na mesa lateral e franzo a testa.

Bzzz... bzzz... bzzz.

Tristan solta um suspiro profundo. — Quem é caralho? —


Ele murmura.

Ele para e nós dois relaxamos.

Começa novamente.

Bzzz... bzzz... bzzz.

Tristan se ergue sobre o cotovelo e se inclina para pegar meu


telefone. Ele se atrapalha e o deixa cair, e ele desliza entre a cama
e a mesa lateral. — Porra — ele sussurra.

Minha cabeça começa a latejar. — Oh Deus — eu


choramingo. — O que diabos aconteceu ontem à noite?

O telefone continua a tocar e Tristan coloca a parte de trás


do antebraço sobre os olhos. — Vá se foder... quem quer que você
seja — ele geme.

Eu acordo e sento. Merda. — Tris — eu digo. — As crianças.

— Jesus. — Ele se levanta e tateia em busca do telefone


perdido. Ele está nu e seu cabelo está em pé. Eu sorrio enquanto
o observo. Que visão para os olhos doloridos.

Ainda podemos ouvir meu telefone vibrando em sua


localização desconhecida. Ele estende a mão, puxa-o e o segura
no ar. — Encontrei o filho da puta. — Ele franze a testa para a
tela enquanto lê, e então seu rosto cai. — É a Barb. — Ele passa
adiante.

— Olá, — eu respondo. — O que há de errado?

— Oi, Claire.

— O que é? — Meu coração começa a bater mais rápido.

— Harry sumiu.

— O que?

— Levantei-me para ir ao banheiro logo depois das três da


manhã e enfiei a cabeça para dentro para ver como ele estava, e
ele não estava na cama.

Eu me sento com pressa. — O que você quer dizer?

— Ele escapou, Claire, e não voltou.

Eu começo a ouvir meu batimento cardíaco em meus


ouvidos. — Por que você não me ligou? — Eu gaguejo.

— Eu fiz, mas você não tem respondido.

— Oh meu Deus, sinto muito.

— Procuramos em todos os lugares e contatamos todos os


seus amigos. Achamos que ele voltaria antes que percebêssemos
para que ele não fosse pego, mas ninguém o viu.
Meu coração cai.

— O que? — Tristan sussurra.

— Harry sumiu.

Ele franze o rosto. — Hã?

— Estou a caminho. — Eu desligo e pulo da cama.


A viagem de carro de uma hora para Long Island foi um
inferno. Tristan está quieto e tem sua mão protetoramente na
minha perna, e estou olhando pela janela, tentando conter as
lágrimas. Liguei para Harrison nada menos do que uma centena
de vezes e sei que o telefone dele provavelmente está desligado.
Fletcher e seus amigos estão todos procurando por ele. Sem sinal.

— Ele vai ficar bem — Tris sussurra.

— Onde ele poderia estar? — Eu sussurro. Meus olhos se


enchem de lágrimas enquanto eu perco a capacidade de segurar
por mais tempo.

— Baby. — Tristan coloca seu braço em volta de mim e me


puxa para perto. — Eu vou encontrá-lo. Eu prometo a você — ele
sussurra em meu cabelo. — Eu vou matá-lo quando eu o
encontrar..., mas eu vou encontrá-lo, de qualquer maneira.

Paramos na minha rua e vejo os carros dos meus amigos e


pais na minha casa. Meu coração cai no meu peito. Eu não
deveria ter ido ontem à noite. O carro para. — Obrigada — eu
choro. Eu saio e corro para dentro, e os olhos assustados de
minha mãe encontram os meus.

— Mãe — eu sussurro. — Onde ele está?


— Eu não sei, amor. Procuramos em todos os lugares.

Eu franzo meu rosto em lágrimas. — Oh meu Deus. — Ela


me puxa para um abraço e a porta bate atrás de nós. Eu me viro
para ver Tristan parado sem jeito no foyer, sem saber o que fazer.

— Oh, mamãe e papai, este é Tristan.

Tristan sorri e aperta suas mãos. — Olá prazer em conhecê-


los.

— Vou matar aquele garoto quando o encontrar — murmura


meu pai.

Tristan levanta as sobrancelhas, e eu sei que ele está


pensando entre na linha. — Vou ligar para Fletch e ver onde ele
está — diz Tristan.

— Ok.

Ele desaparece pela porta da frente.

— Vou chamar a polícia — gaguejo.

— Boa ideia — mamãe diz.

— Ele está dormindo em algum lugar, Claire — meu pai me


tranquiliza. — Espere mais uma hora.

— Ele está aqui — Tristan chama.

— O que? — Eu gaguejo enquanto corro para a varanda.


Tristan aponta e vemos Harrison empurrando sua bicicleta
rua acima. Parece que tem um pneu furado ou algo assim. Ele
está sujo e molhado e tem uma mochila nas costas. Ele parece
ter passado por uma guerra.

Eu abaixo minha cabeça em alívio, e então uma onda


repentina de raiva me assola como uma corredeira. Eu marcho
pelo jardim da frente até chegar até ele. — Onde você esteve? —
Eu choro.

Ele revira os olhos.

— Por que você não atendeu o telefone?

— Eu o perdi — ele late com atitude.

— Onde você estava?

— Fora! — Ele grita.

— Você... merdinha egoísta. — Algo estala dentro de mim.


— Você está de castigo! — Eu grito enquanto perco todo o meu
controle. — Entre naquela casa e não saia do seu quarto nunca
mais — grito. Eu empurro suas costas para tentar fazê-lo chegar
mais rápido. Pelo menos quando ele estiver lá, sei que estará
seguro. Eu posso protegê-lo de si mesmo.

— Típico — ele murmura baixinho enquanto ele passa por


mim.
— Harrison Anderson, você está com tantos problemas! —
Eu grito atrás dele. — Você perdeu... o telefone, a internet. Cada
maldita coisa que você possui... se foi.

— Eu te odeio. — Ele entra furioso e sobe as escadas. — Eu


odeio todos vocês! — Ele grita. A porta de seu quarto bate.

Lágrimas rolam pelo meu rosto e estou tremendo de raiva.


Estou furiosa... além de furiosa.

Fumegante.

— Nós vamos indo, amor. — Mamãe sorri tristemente


enquanto esfrega meu braço. — Que bom que ele está seguro em
casa. Boa sorte. — Eles se voltam para Tristan. — Prazer em
conhecê-lo.

— Vocês também. — Ele força um sorriso e eles vão embora.

Eu começo a andar para frente e para trás enquanto torço


minhas mãos. — O que vou fazer com essa porra de garoto,
Tristan? — Eu choro. — Ele está fora de controle e nem se
importa.

Tristan exala pesadamente. — Vou ligar para Fletcher e


avisar que ele está aqui. — Ele desaparece pela porta da frente.
Tristan

Eu disco o número de Fletcher. — Ei, Tris.

— Ei, amigo, ele está em casa — eu digo.

— Você está brincando comigo? — Ele rosna. — Estive


andando por aí a noite toda procurando por ele. Eu vou matá-lo.

— Sim, eu sei. Obrigado. Ei... sua mãe está pirando. Você


pode voltar para casa?

— Estou indo.

Eu desligo, expiro fortemente e olho para a rua. Onde ele


estava? Eu olho para baixo e vejo sua mochila suja jogada ao lado
da porta, eu a pego e olho dentro dela. Tudo está encharcado.
Onde diabos ele estava? Choveu aqui durante a noite? Um suéter,
uma garrafa de água, algumas embalagens de chocolate. Abro o
zíper do bolso lateral e tiro um pacote amassado e molhado de
charutos.

O que?

Eu li o rótulo. Não apenas quaisquer charutos – os caros.

Onde diabos ele conseguiu dinheiro para isso?

Ele fuma?
Jesus, o que vem a seguir?

Ele disse que perdeu o telefone. Isso também é mentira ou


apenas ficou molhado? Eu disco o número dele novamente. —
Alô — responde uma mulher.

Eu franzo a testa, surpreso. — Olá, eu... — Hesito, sem


saber o que dizer. — Você encontrou meu telefone?

— Sim, querido — responde a mulher. Ela parece idosa.

— Muito obrigado. — Eu hesito. — Na verdade, é o telefone


de um amigo. Posso ir buscá-lo?

— Claro. Estou na Sixty Napier Street.

— Onde é isso?

— Condado de Suffolk.

Eu torço meu rosto. Condado de Suffolk... fica a pelo menos


quinze milhas daqui. — Onde você achou isso? — Eu pergunto.

— Na rua, na sarjeta, apenas meia hora atrás.

— Estava chovendo lá ontem à noite?

— Sim, choveu a noite toda. Felizmente, o telefone estava


na bolsa ziplock.

O que?
Isso não está fazendo nenhum sentido. — Okay, vejo você
em breve. — Eu desligo, rabisco o endereço e caminho até Claire.
— Eu só estou indo ao supermercado. Vou precisar pegar seu
carro. Você quer alguma coisa?

— Não, obrigada. — Ela suspira pesadamente, como se


tivesse o peso do mundo em seus ombros.

Eu a pego em meus braços e a beijo suavemente. — Ele está


em casa agora, baby. Você pode relaxar. — Eu afasto o cabelo de
seu rosto.

Ela sorri para mim. — Eu te amo.

— Eu também te amo. — É uma sensação boa ouvir isso.


Eu sorrio e a beijo novamente. — Volto em breve.

Meia hora depois, chego ao endereço e bato na porta da


frente. — Olá — responde a senhora.

— Olá, estou aqui pelo telefone. Muito obrigado por atender


minha ligação.

— Oh, está tudo bem, querido. — Ela sorri calorosamente.


— Eu vou pegar. — Ela desaparece dentro e depois retorna e o
entrega. Eu fico olhando para o telefone na minha mão.
Cuidadosamente colocado em um saco ziplock.

— Onde você achou isso? — Eu pergunto.

— Na esquina entre a Elm com a Second.


— Ok, obrigado. Eu realmente aprecio isso. — Saio, entro
no carro e coloco os nomes das ruas no GPS.

O que você está fazendo, bruxo?

Eu paro o carro lentamente na esquina da Elm com a


Second e olho para os enormes portões de metal preto na minha
frente e leio a placa.

CEMITÉRIO DO CONDADO DE SUFFOLK

Meu coração cai. Só conheço uma pessoa que pode estar


aqui.

Wade Anderson.

Ele estava vindo para ver seu pai.

A tristeza me preenche quando as peças do quebra-cabeça


se encaixam.

Com o coração pesado, ligo o carro e dou meia-volta. Eu


preciso voltar.
São apenas cerca de seis horas e termino o jantar que
preparei para nós – espaguete à bolonhesa. Preciso de alguns
carboidratos antes do que eu preciso fazer. Claire adormeceu no
sofá assistindo a um filme, e Patrick e Fletcher estão sentados no
banco conversando comigo.

Minha mente não está aqui com eles, está toda com
Harrison em seu quarto.

Ele está de castigo, e eu ouvi Claire tirar todos os privilégios


dele esta tarde.

Não é da minha conta e não posso me intrometer..., mas eu


sinto pela criança.

Eu preparo para ele uma tigela grande de jantar, coloco


queijo ralado e coloco um pouco de pão de alho e uma bebida em
uma bandeja.

Ele não pode sair de seu quarto. Vou jantar com ele antes
que Claire acorde.

Subo as escadas e bato na porta.

Sem resposta.

Eu lentamente abro para vê-lo deitado de costas para a


porta.

— Eu trouxe um jantar para você, Wiz.


Sem resposta. Ele me ignora.

Hmm...

Eu entro e fecho a porta atrás de mim. Coloco a bandeja em


sua mesa e coloco minhas mãos nos quadris enquanto o observo.
— Você está bem? — Eu pergunto.

— Saia. — Ele suspira tristemente.

Sento-me na ponta da cama, tentando pensar no que dizer.


— Eu encontrei seu telefone.

Seus olhos se voltam para mim.

— Uma senhora o encontrou e eu fui buscá-lo.

Seus olhos caem para o chão.

— Por que você não diz a sua mãe que vai ao cemitério?

Ele aperta a mandíbula, mas permanece em silêncio.

— É onde você está sempre que desaparece?

Seus olhos encontram os meus, e eu sei disso.

— Quanto tempo você leva para você pedalar sua bicicleta


até lá? — São quinze milhas – deve levar séculos.

Ele fica em silêncio.


— Você teve um pneu furado ontem à noite e não conseguiu
voltar para casa? — Eu pergunto. — E então choveu forte e você
ficou preso nela por horas enquanto caminhava para casa?

Ele ainda não me responde.

— Eu não estou contra você aqui, Wiz. Estou do seu lado.


— Eu coloquei minha mão em seu pé. — Estou tentando
descobrir o que diabos está acontecendo com você. Por que você
simplesmente não pede a sua mãe para levá-lo lá? Por que você
mente sobre onde você esteve?

— Porque sempre que ela vai lá, ela chora por uma semana,
e eu não suporto vê-la triste.

Deus.

Eu abaixo minha cabeça, e nós nos sentamos em silêncio


por um tempo. — Onde você conseguiu o dinheiro para os
charutos? — Eu pergunto.

Seus olhos se voltam para mim com horror.

— Você não está com problemas.

Ele fica quieto e, finalmente, responde: — Economizei minha


mesada por seis meses.

Eu franzo a testa em confusão.


Ele se vira e olha para a parede. — Eles eram para o papai
— ele sussurra suavemente.

Eu fecho meus olhos enquanto uma tristeza enche meu


peito.

Pobre criança.

— Apenas diga a sua mãe onde você estava. Ela não vai ficar
com raiva de você — eu insisto.

— Para que? Ela simplesmente me levará de volta ao


psicólogo. Eu prefiro que ela fique com raiva do que preocupada.
Eu terminei com os psiquiatras.

Ficamos sentados em silêncio por um tempo e não sei o que


dizer. — Jante, e então por que você não desce e nós
construiremos nossa nave espacial por algumas horas.

Ele fica parado, olhando para a parede. — Não, obrigado.

Coloco o telefone dele na mesa de cabeceira. — Aqui está o


seu telefone. — Eu me viro em direção à porta.

— Tristan.

Eu volto para ele.

— Você pode não dizer a ela?

Eu concordo. — Pode deixar.


Eu desço as escadas com o coração pesado e saio para
encontrar Claire carregando o modelo da nave espacial e Fletcher
parado por perto. — O que você está fazendo? — Eu pergunto.

— Colocando isso na caixa de doação.

— Por quê?

— Porque ele está mentindo, e eu não vou tolerar isso. Eu


não aceito mais sua merda, Tristan. Para mim chega. Não há
desculpa para o seu comportamento.

— Deixe na mesa — eu digo.

— Tristan.

— Eu disse para deixar isso — eu digo. Como diabos eu o


defendo sem contar a ela o que eu sei?

— Por que você de repente está do lado dele? — Ela retruca.


— O que deu em você?

— Apenas pegue leve com ele, você vai? — Eu suspiro. —


Jante, tome um banho e vá para a cama. Os meninos e eu vamos
limpar. Deixe Harrison sozinho por enquanto. Você está cansada
e emocionada. As coisas parecerão melhores amanhã, lide com
isso então.

Fletcher me dá um sorriso torto.

— Tricky, você está pronto para o jantar? — Eu chamo.


Patrick vem saltando da sala de estar. — Sim, meu favorito.

Eu sento no meu carro e vejo Harrison enquanto ele


caminha pela estrada. Estou fora da escola dele, são apenas três
horas, o dia já acabou, e não tenho a porra da ideia do que estou
fazendo.

Bem, eu tenho, mas tenho certeza que Claire iria pirar se


ela soubesse.

Que pena... eu tenho que fazer isso. Está me consumindo o


dia todo. Eu dirijo o carro ao lado dele. — Wiz — eu chamo.

Ele se vira e franze a testa. — O que você está fazendo aqui?

— Entre.

— Não. — Ele continua caminhando.

— Entre, ou vou contar a ela — ameaço.

Ele me encara, exala pesadamente, dá a volta e entra no


meu carro. — O que?
Entrego a ele um pacote de charutos, iguais aos que ficaram
molhados. Ele franze a testa enquanto olha para eles em sua
mão.

— Você quer ir ver seu pai? — Eu pergunto.

Seus olhos procuram os meus, e ele abaixa a cabeça e


encara os charutos mais uma vez.

Isso quer dizer sim.

Saio para a rua e, após um passeio de carro muito


silencioso, estaciono no cemitério.

Ele sai, e eu o sigo hesitantemente através das lápides. É


lindo aqui, com gramados exuberantes e imaculadamente
cuidado.

WADE ANDERSON

AMADO MARIDO E PAI

ETERNAMENTE AMADO, INFELIZMENTE PERDIDO

Eu coloco minhas mãos nos bolsos do meu terno enquanto


olho. Harrison limpa a placa de identificação com a camisa e
endireita as flores, e posso dizer que ele vem aqui com frequência.
Sozinho.

Eu fico com um nó na garganta enquanto o observo.

Com a mão trêmula, ele abre o maço, tira um charuto e o


coloca com cuidado sobre o túmulo.

— Aqui estão eles, pai — ele sussurra. — Seu favorito.

Eu aperto minha mandíbula. Isso é demais.

Ele pega um e segura em sua mão, e então ele passa um


para mim.

Eu franzo a testa em surpresa.

Eu pego, tiro um isqueiro do bolso e ligo. Ele me encara por


um momento, chocado. Eu me curvo e acendo meu charuto e
respiro profundamente, e então o seguro para ele. Ele faz o
mesmo. Ele respira fundo e tosse enquanto engasga, e eu rio
enquanto solto o fio de fumaça.

Eu seguro o charuto e olho para ele. — Não é ruim. — Eu


sorrio. — Você tem bom gosto — eu digo para a lápide.

Harrison luta contra um sorriso enquanto dá outra tragada.


Ele solta a fumaça como um dragão, e posso dizer que ele
normalmente não fuma.

— Este é Tristan — Harrison diz para a lápide.


Eu sorrio e mergulho minha cabeça em uma saudação. —
Sr. Anderson.

Harrison olha para mim por um momento e depois toca a


lápide. — Você pode tocá-lo. — Ele dá um tapinha, como se para
me incentivar.

Ele quer que eu aperte a mão de seu pai.

Aproximo-me e coloco minha mão no topo da pedra dura e


fria.

Arrepios espalham-se pelos meus braços e uma emoção


estranha toma conta de mim.

De alguma forma estranha, eu sinto que esta é a troca da


guarda.

A família que ele amava... agora está comigo.

Em meus cuidados, para eu amar.

— Prazer em conhecê-lo, Wade — eu sussurro.


Claire

Observo o homem no caro terno azul-marinho e postura


perfeita – o grande empresário da cidade que parece tão
deslocado aqui. Ele lentamente leva o charuto aos lábios e inala
profundamente. Ele diz algo para o menino com quem está,
depois exala a fumaça em um jato fino. Sua mão repousa no
ombro do menino enquanto eles continuam a conversa.

Meu coração se aperta.

Eu me inclino contra a árvore do cemitério. Suas silhuetas


se borram em meio às lágrimas enquanto vejo Harrison e Tristan
parados sobre o túmulo de Wade.

Se alguém cortasse meu coração com uma faca, seria menos


doloroso do que assistir isso.

O homem a quem amo, levando meu filho para ver o pai


morto... fumando um charuto com eles. E eu sei que Harrison é
muito jovem para fumar, e eles não deveriam estar fazendo isso.
Eu deveria estar furiosa. Eu deveria estar chocada..., mas
então...

Wade adorava charutos.

Meu peito estremece enquanto tento controlar minhas


emoções.
Isso seria tão especial para Wade... fumando um charuto
com o filho.

Eu fecho meus olhos, a dor insuportável.

Fui buscar Harrison na escola para tentar falar com ele


sozinha, e então o vi entrando no carro de Tristan e os segui até
aqui.

Esta é a última coisa que eu esperava ver.

Eu não quero que eles me vejam. Eu me viro e volto para o


meu carro, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu entro e,
sem olhar para trás, dirijo para casa em lágrimas.

Estou apaixonada por um homem lindo.

Jogo a salada na tigela e olho para o relógio. Sete horas. Os


meninos fizeram suas tarefas e estão assistindo televisão.

Meu coração está explodindo de amor e tenho muito


respeito por Tristan.
Ele fez algo, ele fez algo muito especial para mim... e por
Wade – e saber que ele tem as costas de Harry quando eu não
tive abre meu coração.

Acabei de perceber que ele tem uma habilidade especial que,


não importa o que aconteça, eu não poderia dar aos meus
meninos.

Perspectiva.

Isso é o que eles desejam. Isso é o que eles estão perdendo


em suas vidas.

Não admira que eu estivesse lutando tanto com eles. Eu não


conseguia ver a floresta por causa das árvores.

Harry não mencionou ir ao cemitério, e eu não mencionei


nada sobre o fim de semana. Estou agindo normalmente porque
não tenho certeza do que dizer. O que quer que ele e Tristan
tenham conversado, ele quer manter para si mesmo. Se ele
quisesse que eu soubesse, ele teria me contado.

O Aston Martin para na garagem. — Tristan está aqui! —


Patrick grita enquanto corre para a porta da frente.

Fletcher pegou o metrô para casa. Não tenho certeza de


onde Tris esteve desde então. Eu vejo pela janela quando Patrick
abre a porta do carro de Tristan e fala a um milhão de quilômetros
por minuto. Tristan ouve e ri. Ele é tão paciente com ele. Ele
passa a bolsa do laptop para ele, e Patrick orgulhosamente a
carrega para dentro. Fletcher vai até a porta para cumprimentá-
lo e Harry fica sentado no sofá.

— Olá — Tristan diz enquanto entra na sala de estar. Seus


olhos encontram Harry do outro lado da sala, e ele acena com a
cabeça.

Harry deu a ele um sorriso torto e meu coração disparou.

Vai ficar tudo bem... tudo vai ficar bem.

— Olá, Anderson — ele ronrona em sua voz tão sexy e


profunda.

Eu o pego em meus braços. — Olá, Sr. Miles. — Eu me


inclino e o beijo suavemente, e ele franze a testa, surpreso por
estar beijando-o na frente dos meninos.

— Onde você esteve? — Eu pergunto.

— Tive uma reunião esta tarde e... — Ele hesita ao pensar


em uma mentira. — Tive uma tarde agitada.

— Oh. — Eu sorrio para meu lindo mentiroso. — O jantar


está quase pronto.

— Bom. — Ele me beija suavemente novamente. — Estou


faminto.
Tristan

Eu estou no elevador e levanto meu nariz.

Que cheiro é esse?

Levantei-me e saí cedo, treinei com meu personal trainer e


me vesti no banheiro da academia. Eu olho ao meu redor. Este
elevador fede. Que porra de produtos de limpeza eles estão
usando?

As portas se abrem e eu saio. — Bom dia — digo às meninas


na recepção.

— Bom dia — todos respondem.

Ainda posso sentir o cheiro. Ugh, é horrível. Deve ter


permeado minhas narinas.

É nojento.

Que diabos é isso?


Entro em meu escritório e começo a farejar. É o tapete? Eu
aperto o interfone. — Sammia, o que é esse cheiro horrível de
merda?

— O que?

— Você pode sentir o cheiro de alguma coisa?

— Não.

— Eu posso sentir o cheiro de alguma coisa.

— Talvez você tenha usado loção pós-barba demais.

Eu reviro meus olhos. — Tanto faz. Você pode ter certeza de


que meu carro está aqui para me buscar às nove, por favor?
Preciso chegar cedo para minha reunião esta manhã.

— Já reservado, chefe.

— Obrigado. — Eu entro no meu banheiro e lavo minhas


mãos. Talvez eu tenha tocado em algo na academia?

Sento-me à minha mesa e ligo o computador. Eu estremeço


com o odor.

— Oh meu Deus, isso é intolerável, — murmuro. Aperto o


interfone novamente. — Sammia, você pode vir aqui por um
momento, por favor?

Ela suspira. — Ok.


Eu volto para o meu computador.

Momentos depois, ela entra. — Sim?

— Que cheiro é esse?

Ela torce o nariz enquanto inala. — Hmm... Posso sentir o


cheiro de alguma coisa.

— Vê. Eu te disse.

Ela cheira... e cheira. Ela dá a volta e se inclina na minha


direção. — É você.

Meus olhos se arregalam de horror e cheiro a manga do meu


terno. — O que?

Ela se inclina e cheira novamente. — Cheira a urina de gato.

— O que? — Eu explodo. Eu salto da minha cadeira e tiro


minha jaqueta. Eu olho para baixo e vejo uma marca tênue em
meus sapatos – meus sapatos de quatro mil dólares. — Aquela
merda de gato Muff mijou na minha bolsa! — Eu grito.

Sammia cobre a boca com as mãos e começa a rir.

Tiro os sapatos, tiro as meias, tiro a camisa, enrolo e os jogo


em uma pilha no chão. — Queime estas coisas do caralho. Todos
elas! — Eu grito. — Eu não tenho tempo para isso, porra. — Saio
do escritório e passo pela recepção.
— Isso aí. — Mallory da recepção ri ao me ver sem camisa.
— O auge.

Sammia ri alto atrás de mim. — Eu digo — ela entra na


conversa.

— Não é engraçado! — Eu choro quando entro no escritório


de Jameson.

Ele acabou de chegar e levanta os olhos de sua mesa. —


Que porra você está fazendo? — Ele franze a testa.

— Dê-me suas roupas.

— O que?

Eu estendo minha mão. — Aquele gato Muff mijou nas


minhas roupas e eu tenho a reunião mais importante do ano. Dê-
me a porra do seu terno.

Ele começa a rir.

— Eu não estou brincando — eu lato. — Dê-me suas roupas


e sapatos. Agora mesmo.

Sammia e Mallory estão rindo muito na porta.

— Não é engraçado porra, vocês duas, — eu grito. —


Sammia, ligue para Claire e diga a ela que o gato está indo para
o inferno. Quando eu pegar aquela coisa... tique, porra, taque. —
Eu soco meu punho com força.
Os três começaram a rir novamente.

Jameson se levanta e começa a desabotoar a camisa. —


Achei que Elliot e Christopher viriam hoje. Pegue seus ternos.

— Eles não estarão aqui antes das dez. Eles têm uma
reunião no café da manhã.

— Sammia, você pode encontrar algumas roupas para


Jameson, por favor? — Eu balbucio.

— Eu tenho? — Ela suspira sonhadora.

Ele entrega sua camisa, e de repente nos damos conta das


três recepcionistas paradas na porta olhando, e nós dois olhamos
para elas.

Sammia nos dá um sorriso bobo e encolhe os ombros. —


Não ligue para nós, esta é a coisa mais emocionante que já
aconteceu no escritório... desde sempre.

Eu olho para Jameson, e ele revira os olhos. Como devemos


nos parecer, sem camisa e seminus no escritório?

— Fodidas pervertidas — eu bufo. — Vá assistir algum filme


pornô ou algo assim.

— Isto é melhor. — Sammia suspira novamente.

— Jesus Cristo — Jameson murmura baixinho.


Todas as meninas riem e voltam lentamente para suas
mesas.

Jameson entrega sua camisa, gravata, terno, sapatos e


meias, e eu os coloco. Elliot entra pela porta inesperadamente, e
seu rosto cai quando ele vê Jameson sentado em sua mesa em
apenas sua cueca samba-canção. — O que diabos está
acontecendo?

— O gato de Claire mijou nas roupas dele. — Jameson sorri.


— Ele tem uma reunião. Você pode ir comprar um terno novo
para mim?

As sobrancelhas de Elliot erguem-se de horror e ele olha


para mim.

— Não diga isso, porra — eu rosno.

Ele começa a rir. — Seu idiota de merda.

Eu saio do escritório enquanto faço minha gravata. — Adeus


— eu digo enquanto atravesso o escritório. — Esta não é a manhã
que eu tinha em mente, porra.

— Boa sorte! — Todas as meninas gritam. — Espero que


você não encontre mais gatos por aí.

— Fiquem quietas — eu devolvo enquanto entro no elevador.


— Isso não é engraçado, porra.
São quase quatro horas quando a voz de Sammia ecoa pelo
interfone. — Tris, sua mãe está aqui.

Eu clico em enviar no meu e-mail... ótimo. — Mande-a


entrar. — Eu sabia que isso ia acontecer. Eu me levanto, vou até
a porta e abro. Seu lindo rosto aparece e eu sorrio. — Olá mãe.

— Olá querido. — Ela sorri enquanto passa por mim. Ela se


senta à minha mesa e eu aperto o interfone. — Mallory, você pode
trazer um pouco de chá para minha mãe, por favor?

— Claro.

Ela sorri e me encara.

— Sim? — Eu sorrio.

— Claire é adorável.

— Ela é. — Eu descanso meu cotovelo na minha mesa e


coloco meus dedos sobre minha têmpora.

Ela fica em silêncio.

— Mas...? — Eu pergunto.

Ela hesita.
— Vamos, mãe, você veio aqui por um motivo hoje. O que é
isso?

— Tristan... — Ela faz uma pausa. — Por que você acha que
gosta de Claire?

— Eu não gosto dela, mãe. Eu a amo.

Ela inala profundamente. — Tris. — Ela se levanta, vai até


a janela e olha para a cidade. — Desde criança, você tem um traço
de personalidade muito forte.

Eu franzo a testa enquanto ouço.

— E até agora nos negócios, tem servido bem para você.

Eu fico em silêncio.

— Mas agora sinto que devo alertá-lo sobre isso, porque


temo que esteja afetando você pessoalmente.

— Do que você está falando, mãe? — Eu suspiro, irritado.

Ela se vira para mim. — Tristan, você gosta de consertar as


coisas.

Eu franzo a testa com mais força. O que?

— Você não destrói empresas, você as compra para


consertá-las. É sua habilidade natural de sentir quando algo
precisa de você. Você sempre foi assim, mesmo quando você era
um garotinho. Você se sente atraído por pessoas que precisam de
ajuda.

Eu fico olhando para ela.

— Pense nisso. A equipe que você mesmo contrata sempre


tem um problema que precisa ser resolvido.

Minha mente vai instantaneamente para Fletcher.

— As empresas que você deseja estão sempre em apuros.

— Esse é o meu trabalho, mãe.

— Não, Tristan, ninguém nunca lhe disse que você precisa


comprar empresas com problemas. Você assumiu isso. Você está
apaixonado por Claire porque ela precisa que você a conserte?

— Não — eu digo, irritado.

— Os filhos dela têm problemas? Porque posso garantir que


quanto maiores os problemas que eles têm, mais você se sentirá
atraído por eles.

Eu aperto minha mandíbula enquanto a observo.

— Cada namorada que você já teve precisou de conserto...


exceto Mary.

Minhas narinas dilatam com a menção de seu nome. Mary


foi minha segunda namorada. Sofri por ela por anos depois que
terminamos.
— Você amava Mary, Tristan. Com todo seu coração, você a
amava. Mas ela não precisava de conserto, então você sentiu que
tinha que deixá-la.

Eu deixo minha cabeça cair e olho para o tapete enquanto


uma peça do meu quebra-cabeça se encaixa... o mundo começa
a girar... ela está certa?

— Por que você acha que estava com o coração tão partido
ao terminar com ela? E ainda assim você não poderia aceitá-la de
volta — diz minha mãe. — Você poderia?

Meus olhos procuram os dela.

— Você está prestes a desistir da chance de ter seus


próprios filhos por uma mulher que você acha que precisa
consertar. Esses meninos nunca serão seus, Tristan. Eles são
dela e dele.

Eu começo a ouvir meu batimento cardíaco em meus


ouvidos. — Eu amo Claire, mãe.

— Eu sei que você ama, querido. Há muito o que amar. —


Ela sorri suavemente e segura meu rosto em sua mão. — Mas
antes de ir mais longe com ela e seus filhos, preciso que você faça
algo.

— O que?
— Faça isso por mim e nunca mais tocarei no assunto, e
vou abraçar Claire e seus filhos como se fossem meus.

— O que você quer?

— Eu quero que você vá ver Mary.

Eu aperto minha mandíbula. Eu não acho que posso. Dói-


me só pensar nela.

— Depois de vê-la, se você puder me dizer honestamente


que não sente nada por Mary e que o que estou dizendo não está
certo, você tem minha bênção com Claire.

— Mary provavelmente já está casada agora, mãe. — Eu


suspiro.

— Ela ainda está apaixonada por você, Tristan. Ela nunca


te esqueceu.

Meu peito aperta e eu franzo a testa de dor.

— Falo com ela com frequência. — Ela me entrega um cartão


com seu nome e endereço. — Ela está esperando sua ligação hoje.
Claire

Eu leio o texto e franzo a testa. Isso é estranho.

Oi querida,

Algo surgiu esta noite.

Vejo você amanhã.

Amo você

Xoxo

Ele nunca me mandou uma mensagem antes sobre não me


ver. Na verdade, ele nunca deixou de me ver. Desde o dia em que
Patrick pediu que ele não fosse embora, ele nunca mais saiu.

A inquietação me preenche. Falei com ele esta manhã em


sua limusine, e ele estava falando mal de Muff – nenhuma
menção de nada surgindo esta noite, no entanto. Eu franzo a
testa e respondo.

Ok, tenha uma boa noite.

Amo você,

Xoxo

É tarde, dez horas, e eu fico olhando para o meu telefone


enquanto me sento no balcão da cozinha.
Tristan não me ligou para dizer boa noite. Parece que algo
está errado, mas não consigo definir o que é.

Fletcher ficou pairando ao meu redor a noite toda e me


pergunto o que aconteceu no escritório hoje. Ele agora está
fingindo fazer uma bebida e não quer ir para a cama.

— Como Tristan estava no trabalho hoje? — Eu pergunto.

Seus olhos assombrados encontram os meus.

Que cara é essa?

— Há algo errado, Fletch?

Ele torce as mãos na frente dele, como se estivesse nervoso.


— Onde Tristan disse que ia esta noite? — Ele pergunta baixinho.

Meu estômago embrulha. — Surgiu uma coisa. — Meus


olhos procuram os dele. — Você sabe onde ele está esta noite?

Ele balança a cabeça, mas permanece em silêncio.

— Você pode me dizer, querido. Nada de ruim vai acontecer.


Tristan e eu somos adultos.

Ele timidamente se senta ao meu lado no balcão. — A mãe


dele veio vê-lo.

Eu franzo a testa.

— Eu não deveria, mas eu escutei da porta.


— Por quê?

— Porquê da última vez que ela esteve lá, eu a ouvi alertando


Tristan de que ele não teria seus próprios filhos se ficasse com
você.

Meu coração cai. — O que Tristan disse sobre isso?

— Ele disse que sabia, mas queria mais você.

Eu fico com um nó na garganta, oprimida por ele fazer


aquele sacrifício para estar comigo. — O que ela disse hoje?

— Ela disse que Tristan só quer coisas que ele possa


consertar.

Eu franzo a testa.

— Ela disse que faz parte da personalidade dele, que ele é


atraído por pessoas que precisam dele.

Ele é... eu já sei disso.

Ele abaixa a cabeça e franze a testa, como se não quisesse


entrar em detalhes.

— Vá em frente, baby. — Eu sorrio. — Está bem.

— Ela disse que acha que Tristan ainda está apaixonado


pela ex-namorada e que ele só a deixou porque ela não precisava
ser consertada.
Meu coração cai. Eu sei de qual ex-namorada ela está
falando. Ele falou sobre ela com frequência.

— Ela acha que Tristan está apenas com você porque


estamos todos muito prejudicados e ele quer nos ajudar.

Ai...

Meus olhos se enchem de lágrimas e pisco para tentar me


livrar delas antes que Fletcher veja.

Olhamos um para o outro por um momento.

— Onde ele está? — Eu sussurro.

— Ele foi ver Mary. Ele foi ver se ainda a ama.

Sento-me no escuro na varanda da frente no balanço e


balanço suavemente para frente e para trás.

São 00h40. Não consigo dormir. Como eu poderia?

Está quieto e parado, apenas o rangido da cadeira pode ser


ouvido.
Elizabeth está certa.

No fundo do meu coração, eu sei que ela está certa.

Tristan não é um sugador de almas... ele é um salvador.

Um anjo em um terno perfeito, ele se esconde atrás de seu


título de idiota.

Ele é um bom homem que não leva crédito.

Eu balanço para frente e para trás enquanto penso. Ele veio


aqui como um cavaleiro branco, contra todas as probabilidades,
e mesmo sabendo que não éramos certos um para o outro, ele viu
o quão prejudicado eu estava, então ele lutou por nós. Ele lutou
para me salvar.

Ele me descongelou do meu estado congelado.

Tive uma visão dele e de Harry no túmulo de Wade ontem,


e meu coração se parte.

Meus meninos vão perder outro homem que eles admiram e


se preocupam.

Eu franzo meu rosto em lágrimas. Eu realmente o amei.

Dói saber pelo que ele me amava.

As lágrimas rolam pelo meu rosto enquanto tento envolver


minha cabeça em lidar com outra perda.
Ele amava Mary e a deixou porque sentiu que precisava.

Eu não quero isso para ele.

Eu quero que ele seja feliz e viva sua vida com seu
verdadeiro amor. Ele merece isso.

Todos nós merecemos isso.

Eu limpo meus olhos e pego meu telefone, e ligo para o


número dele. Vai para o correio de voz.

Eu franzo a testa enquanto me preparo para empurrar as


palavras pelos meus lábios. — Oi, Tris. — Eu sorrio tristemente.
— Sou eu. — Eu faço uma pausa enquanto tento acertar as
palavras. — Espero que tudo tenha corrido bem com você e Mary
esta noite. — Meu rosto se contorce. — Eu só quero que você
saiba que eu entendo e... — Eu deixo cair minha cabeça. — E...
obrigada. — Eu torço meu rosto. — Obrigada por tentar conosco.
Eu aprecio isso mais do que você sabe..., mas estou deixando
você ir. — Eu enxugo as lágrimas enquanto elas rolam pelo meu
rosto. — Eu quero que você fique com ela. Sua mãe está certa. —
Eu sorrio tristemente. — Ela é quem você realmente ama.

— Não, ela não é. — A voz vem atrás de mim.

Eu me viro para ver Tristan parado atrás de mim na grama.

Ele põe as mãos na cintura, indignado. — Que porra de


besteira você está falando, mulher? — Ele franze a testa.
— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto enquanto
estou de pé.

Ele estende as mãos, como se eu fosse uma idiota. — Estou


voltando para casa para dormir – como isso se parece?

— Mas... Mary?

Ele me leva em seus braços e seus lábios suavemente


tomam os meus.

— Mary... — Eu sussurro.

— Foi como ver uma irmã. Absolutamente nada ali. Assim


como eu sabia que seria. Eu fui lá para apaziguar minha mãe.

— O que?

— Eu te amo. — Ele me beija suavemente. — E para ser


honesto, estou feliz por ter ido, porque isso provou algo para
mim... minha mãe entendeu tudo errado. — Ele segura meu rosto
em suas mãos e eu o encaro em meio às lágrimas. — Você e os
meninos... estão me salvando. Não o contrário.

Seus lábios tocam os meus e eu franzo o rosto contra o dele.

— Eu te amo — ele sussurra. — Eu não quero estar em


nenhum outro lugar. Na verdade, decidi que quero me mudar
para cá.

A esperança floresce em meu peito. — Você quer?


— Tenho algumas coisas minhas no carro. Na verdade, eu
estava em casa fazendo uma mala. — Ele aponta para a rua e
vejo um Range Rover preto novo em folha.

— Que carro é esse? — Eu franzo a testa.

Ele encolhe os ombros casualmente. — Comprei um carro


novo para nós.

Eu sorrio para o homem bonito na minha frente. — Você


tem certeza disso... sobre nós, Tris? — Eu sussurro.

— Claire. — Ele sorri para mim enquanto afasta o cabelo do


meu rosto. — Eu te amo mais do que qualquer coisa. Aqui... é
onde eu quero estar.

Seus lábios pegam os meus.

— E vou matar Fletcher por escutar através das portas —


acrescenta.

Eu rio em meio às lágrimas.

— E o gato Muff está levando o dele. Vou mijar na cama dele


agora mesmo.

Eu rio alto enquanto ele me arrasta para dentro de casa. —


E como você ousa pensar que eu estava apaixonado por Mary? —
Ele sussurra. — Estou fodendo sua bunda por isso, Anderson. —
Ele me dá um tapa forte na bunda enquanto eu subo o último
degrau.
Eu rio. Meu homem está em casa.

Tristan paira na cozinha, fazendo seu café, e eu me preparo.


Eu tenho que falar com os meninos. Eu só quero ter uma
conversa casual enquanto eles se sentam no balcão tomando seu
café da manhã.

— Então... — Eu franzo a testa enquanto engulo a areia na


minha garganta. — Eu queria falar com vocês, meninos.

Tristan esvazia sua xícara de café e corre para a sala. Ele


não quer ouvir isso.

— Sim. — Todos eles continuam comendo seus cereais.

— Eu estava me perguntando se Tristan poderia se mudar.

Todos eles param de comer e me encaram.

— Isso significaria que... — Faço uma pausa, me sentindo


tonta. — Isso significaria que ele viveria aqui conosco... e que ele
não precisa mais dormir no sofá – isso é tudo. Está começando a
machucar suas costas.
— Ok — diz Patrick enquanto come.

Eu olho para os outros dois. — E, claro, ele se tornaria parte


de nossa família agora.

Tristan reaparece pela porta, e os olhos de Harry sobem


para encontrar os dele. — Você quer se mudar para cá?

Tristan concorda. — Sim.

Harry encolhe os ombros e continua mastigando.

— O que isso significa? — Eu pergunto nervosamente.

— Sim... Ok.

Eu franzo a testa. — Ok o que?

— Se ele precisa.

Os olhos de Tristan e meus se encontram. Certamente não


pode ser tão simples. Eu volto minha atenção para Fletcher. —
Vou pensar sobre isso. — Ele olha para Tristan, e eu me lembro
do que ele ouviu ontem.

— Ok — diz Tristan. — Vamos. Precisamos sair em breve.


— Ele se vira para Harry. — Você pega sua nota hoje, não é, Wiz?

— Sim. — Harry suspira. — Eu não vou passar. Eu nunca


faço.
— Eu prevejo que você vai ganhar cem — Tristan responde
com um sorriso. — Essa tarefa estava certa. Eu verifiquei eu
mesmo.

Fletcher vai pegar suas coisas e eu sigo Tristan até o carro.


— Oh meu Deus, Fletcher disse não — eu sussurro.

— Vai tudo ficar bem. Vou falar com ele hoje. Ele está com
raiva de mim, ele vai ficar bem. — Ele sorri para mim. — Eu te
amo.

Eu rio do meu lindo homem. — Eu também te amo.

— O que? — A voz irritada de Tristan soa por toda a casa.


— Trinta! — Ele grita. — Uma porra de trinta? Você está
brincando comigo? — Ele grita enquanto segura o papel no ar.

— Tristan, linguagem — eu falo.

Fletcher e Patrick sentam-se em silêncio no sofá enquanto


assistem, com medo de falar.

Harry acabou de mostrar a Tristan sua nota para a


atribuição espacial que eles fizeram na semana passada.
— Não há nenhuma maneira no inferno de esta atribuição
ser trinta! — Ele grita enquanto começa a andar. — O que são
esses idiotas, estúpidos... idiotas incompetentes fazendo nesta
escola? — Ele berra.

— Sra. Henderson me odeia. — Harry suspira.

— Você vai se acalmar? — Eu digo para Tristan. — Pare de


praguejar.

— Não. Eu não vou — ele rosna. — É isso... amanhã de


manhã, nove da manhã, estou naquela porra de escola. — Ele dá
um soco no ar. — Tique... taque... Sra. Henderson.

Eu reviro meus olhos. — Meu Deus, isso é tudo que eu


preciso.
O importante em amar um homem poderoso é saber quando
recuar e deixá-lo tomar as rédeas.

Hoje estou fazendo exatamente isso.

— O que ele está fazendo lá? — Patrick franze a testa.

Eu mergulho minha cabeça para olhar para fora da janela e


para a varanda da frente para ver Tristan andando, mãos na
cintura, murmurando para si mesmo. Ele está acordado desde as
cinco horas, vestido com seu terno e pronto para a batalha.

A Sra. Henderson está caindo... e para ser sincera, tenho


vontade de ligar e avisar.

Ela precisa fugir.

Foi a primeira noite oficial dele aqui comigo ontem à noite,


e ele nem veio para a cama até bem depois que eu adormeci, e ele
acordou antes de eu acordar esta manhã. Eu perdi a coisa toda.

Ele ficou acordado e passou por todas as tarefas e testes


anteriores de Harrison. Ele entrevistou Harrison detalhadamente
sobre o que acontecia na aula e quando e por que ele foi mandado
ou suspenso. Eu sei que Harrison é muito para lidar e tenho sido
solidária com os professores sobre seu comportamento até agora.
Mas Tristan me garantiu que há mais nesta história do que eu
imagino. Tenho certeza que a Sra. Henderson vai se arrepender
de dar a Harry uma nota tão baixa.

Ele enfia a cabeça na porta da frente. — Você está pronto?


— Ele chama.

— Tristan. — Eu fico olhando para ele.

Ele levanta as sobrancelhas com impaciência. — O que?

— Você não vai ser passivo-agressivo com a Sra. Henderson,


vai?

Ele aperta a mandíbula. — Não. — Ele gesticula em direção


ao carro com impaciência, e os meninos passam por ele e vão
para o jardim. — Eu vou ser agressivo, agressivo.

Eu reviro meus olhos. — Você pode não ser?

— Claire. — Ele aperta a ponte do nariz. — Nem por um


minuto terei ele sendo tratado desta maneira, e se você está me
pedindo para segurar minha língua... é melhor você não vir.

— Cristo Todo-Poderoso — murmuro baixinho. — Você pode


apenas ficar calmo, por favor? — Eu pergunto. — Você está me
estressando.

— Estou estressando você? — Ele aponta para o peito


incrédulo. — Não venha, Claire. Sente-se no carro. Porque estou
te dizendo agora: não vou aceitar merda dessa porra de
professora.

Oh caramba. Eu passo por ele e entro no carro. É grande e


preto e cheira a carro novo. Patrick e Harry saltam na parte de
trás. Eles o amaram e fizeram Tristan dar a volta no quarteirão
dez vezes na noite passada.

Eu vejo Tristan sair de casa e trancar a porta. Ele respira


fundo, abaixa os ombros e tira o paletó com uma das mãos
enquanto caminha em direção ao carro.

Eu sorrio enquanto o observo... Tristan Miles está aqui, o


rei da aquisição. O homem não leva merda nenhuma, o homem
que consegue o que ele quer que eu costumava odiar está aqui
do nosso lado... por nós. De alguma forma, ele colocou meu
menininho travesso sob sua proteção.

Acho que nunca o amei como amo agora.

Ele entra e bate à porta. — Harrison, você virá para a


reunião conosco, por favor.

Os olhos de Harry se arregalam de horror. — Mas...

— Sem ‘mas’. Você precisa aprender a se defender.

Oh caramba. Eu deslizo no assento com pavor. Eu nem


mesmo quero ir para esta reunião... talvez eu possa ficar no
carro?
Dez minutos depois, paramos na escola e Tristan estaciona
o carro. Entramos no escritório. A recepcionista dá uma segunda
olhada ao vê-lo. Seus olhos vão para mim e depois de volta para
ele, como se questionando o que ele está fazendo aqui conosco.

Ela é uma verdadeira vadia, esta, e eu já tive


desentendimentos com ela antes.

— Posso ajudar? — Ela pergunta categoricamente.

— Olá, sou Tristan Miles. Eu gostaria de uma reunião com


a Sra. Henderson, o diretor, o vice-diretor e alguém da associação
de pais e professores, por favor.

Seus olhos se voltam para mim e engulo o nó na garganta.

— Quando?

— Agora. — Ele olha para ela sem expressão, e eu realmente


gostaria que a terra me engolisse.

— A que se refere isto? — Ela pergunta.

— Harrison Anderson.

— Sobre?

Tristan a encara. — Você pode, por favor, apenas fazer o seu


trabalho atribuído e marcar a reunião? Este é um assunto
privado.
Harrison olha para Tristan e lhe dá um sorriso esperançoso,
e Tristan pega sua mão.

Eu murcho... Oh droga.

Agressivo, agressivo, aqui vamos nós.

Ela olha para ele e então torce os lábios em aborrecimento.


— Isso não será possível. Você precisa marcar uma reunião com
pelo menos duas semanas de antecedência.

— Tudo certo. — Tristan finge um sorriso. — Gostaria que


você chamasse o conselho educacional para mim imediatamente.

Seus olhos se arregalam. — Pelo que?

— Eu gostaria de fazer uma reclamação formal a eles. É seu


dever contatá-los em meu nome no caso de uma crise, não é?

Ela o encara, chocada, e abaixo minha cabeça para


esconder meu sorriso.

Ele é um idiota arrogante.

Ele se senta na sala de espera, cruza as pernas e se recosta,


como se fosse o dono do lugar.

— O que você está fazendo? — Ela pergunta.

— Não vou sair antes de ter essa reunião ou falar com o


conselho educacional. — Ele encolhe os ombros casualmente. —
A escolha é sua. — Ele bate na cadeira ao lado dele e Harrison se
senta.

— Só um minuto — ela diz. Ela desaparece no escritório do


diretor. Eu sei onde é – já estive lá muitas vezes antes.

Sento-me ao lado deles e não consigo olhar para ele – ou vou


começar a rir.

Ela reaparece um momento depois. — Sra. Smithers, a


diretora, teve uma vaga. Ela pode ver você agora. A Sra.
Henderson está em aula, então ela não vai comparecer.

— Faça aquela ligação. A reunião não acontece sem ela —


ele diz enquanto levanta o queixo em desafio.

Ela o encara por um momento, como se estivesse fazendo


uma avaliação de risco interna.

Ele a encara com uma atitude silenciosa de ‘não foda


comigo’.

— Só um minuto. — Ela corre de volta para a sala do diretor.

— Não fale aqui — Tristan sussurra para Harry.

Harry concorda. — Ok.

Ela reaparece um momento depois. — Por aqui, por favor.


— Ela nos mostra o escritório. A Sra. Smithers e o vice-diretor
estão sentados à mesa.
— Olá. — Ele sorri calmamente. — Meu nome é Tristan
Miles e esta é Claire Anderson, minha namorada, e tenho certeza
de que você conhece Harrison. — Ele aperta suas mãos.

Seus olhos se fixam. — Sente-se por favor.

Tristan se vira para a recepcionista rude. — Você vai


precisar ficar e tomar algumas notas, por favor.

Sua boca se abre. — O que?

— Quero esta reunião documentada. Quem vai fazer


anotações, — ele responde enquanto olha entre eles — senão
você?

Eu mordo meu lábio para esconder meu sorriso. Oh, ele é


extraordinário.

A Sra. Smithers acena com a cabeça. — Sim, está bem.


Sheridan, faça as anotações, por favor. — Ela passa para ela um
bloco de notas e um lápis.

A Sra. Henderson corre para a sala toda confusa. — Estou


aqui. — Ela cai em uma cadeira e olha para Harrison.

A Sra. Smithers une os dedos na mesa. — Como posso


ajudá-lo, Sr. Miles?

— Eu gostaria de discutir a educação de Harrison e, em


particular, o sistema de notas de seu trabalho. — Ele tira a tarefa
do bolso interno da jaqueta. — Ele tirou trinta. Por favor, me
explique por quê.

Sra. Henderson encolhe os ombros. — Não foi nada bom.

Os olhos de Tristan piscam de raiva. — Na opinião de quem?

— Minha, e como sua professora, o que eu digo vale.

Tristan se recosta, irritado, e eu estremeço... caramba. Aqui


vamos nós. — É assim mesmo? — Ele sorri. — Eu gostaria que
esta tarefa fosse avaliada de forma independente.

— Não, isso não é possível, e por que você quer fazer isso?

— Porque Harrison Anderson está sendo vitimado por você


porque você tem um conflito de personalidade com ele.

— Oh, por favor — bufa a Sra. Henderson. — Eu tento


ensiná-lo, mas não há nada em sua cabeça.

O diretor deixa escapar um suspiro audível.

Tristan sorri. — E aí está. — Ele se vira para a recepcionista.


— Você anotou isso?

A recepcionista acena nervosamente.

— Você acabou de assinar sua carta de rescisão, Sra.


Henderson. — Ele sorri docemente.

Ela encara Harry.


— Eu verifiquei pessoalmente esta tarefa, e não é trinta...
talvez oitenta na pior das hipóteses. Você dá uma nota baixa para
ele em todos os testes em algum tipo de satisfação pessoal pelo
poder.

— Oh, isso é uma besteira — ela zomba.

Tristan puxa uma pasta de sua maleta. — Tenho todos os


testes de Harrison bem aqui e gostaria de um avaliador
independente.

— Ele é rude e precisa repetir.

— Ele é talentoso e está cansado de ser discriminado. Diga-


me, Sra. Henderson, você já testou o QI dele?

— Não..., mas...

— Você acha que é possível que se sinta intimidada por essa


criança e tente de propósito tirá-la da aula para que ela não ative
o seu próprio complexo de inferioridade?

— Oh, isso é ridículo — retruca a Sra. Smithers. — Você é


muito rude, Sr. Miles.

Tristan volta sua atenção para ela. — Em outro assunto,


Sra. Smithers, gostaria de um relatório sobre o que você está
fazendo para ajudar Patrick Anderson.

Seus olhos se arregalam. — Pelo que?


— Ele tem dislexia e, segundo a lei estadual, sua escola
recebe financiamento especial para ajuda extra para ele. Cadê?

Oh, ele é bom.

— Eu não gosto de você vir aqui e lançar suas acusações


por aí — a Sra. Smithers rebate.

Tristan a encara. — E eu não aprecio incompetência. — Ele


se levanta. — Você ouvirá o conselho educacional sobre esse
assunto. — Ele pega a mão de Harry. — Harrison não vai voltar.
Nem Patrick, por falar nisso.

Meus olhos se arregalam... que?

— E para onde você vai mandá-lo? — Sra. Henderson sorri


sarcasticamente.

— Eles vão frequentar a Trinity School.

— Há — ri a Sra. Smithers. — Ele não vai entrar lá. Eles não


o aceitarão com seu histórico de comportamento.

— Veremos. — Ele sorri para as pessoas na sala com uma


confiança misteriosa. — Você sabe, pessoas inteligentes
assustam pessoas estúpidas. — Ele se vira para a mulher fazendo
anotações. — Você anotou isso?

Ela olha para ele.

— O que isso quer dizer? — Sra. Henderson diz.


— O que é que isso quer dizer — Tristan a corrige. — Vamos
lá, estamos perdendo nosso tempo aqui.

Ele marcha para fora da porta, levando Harrison pela mão,


e saímos pelo playground. Eu tinha considerado mudar de escola
antes, mas pensei que os meninos já tinham mudanças
suficientes para lidar. — Você quer ir se despedir de seus amigos?
— Tristan pergunta a ele.

— Nah, meus amigos nem vem mais aqui.

Tristan franze a testa para ele. — Com quem você anda


agora? De onde são seus amigos?

— Esportes e o parque de skate.

— Então... e na escola?

— Eu me sento sozinho todos os dias.

Eu fico olhando para ele... e meu coração se parte. Deus,


isso é pior do que eu jamais imaginei.

Entramos no carro e Tristan coloca o cinto de segurança. —


Boa viagem, Sra. Henderson, sua velha estúpida. — Ele puxa
para o tráfego.

Eu sorrio enquanto olho pela janela.

Estou apaixonada pelo Superman.

Meu herói.
Os meninos pulam de excitação no sofá e Harry disca o
número de Tristan. — Você precisa se apressar! — Ele grita antes
de desligar.

Eu sorrio enquanto bebo meu vinho. O grande jogo


começou, e os meninos estão realmente interessados nele. É
engraçado – eles nunca assistiram antes. Tristan os deixou
totalmente viciados. Todos eles se sentam juntos em um sofá e
gritam, riem e gritam com o juiz.

Os dias em que Tristan morou conosco se transformaram


em semanas e depois meses.

Sete meses maravilhosos, para ser exato.

Nossa casa está feliz pela primeira vez em muito tempo. Os


meninos o adoram, estou tão feliz, e até Muff é obcecado pelo meu
namorado. Ele o segue, ronronando.

Se eu pudesse superar esses problemas de trabalho, minha


vida seria perfeita.

Estou perdendo o controle da Anderson Media. Não temos


mais contratos de publicidade e ninguém está renovando.
Fazemos parte de uma equipe mínima e fico acordada todas as
noites me preocupando com dinheiro. Tristan não tem ideia. Não
tenho dúvidas de que ele ficará furioso comigo por não ter
contado a ele quando finalmente descobrir, mas não quero contar
a ele até que seja absolutamente necessário. Ele já faz muito por
mim e pelos meninos. Ele insiste em pagar pela escola particular.
Ele os deixa lá todas as manhãs e faz seu motorista pegá-los
todas as tardes e trazê-los para casa.

Nunca, em um milhão de anos, pensei que meus filhos


seriam apanhados na escola mais exclusiva de Nova York todos
os dias por uma limusine.

Além disso, não quero parecer mais fraca do que já me sinto.


Se ele souber da minha situação, então terei que falar com ele e,
no momento, ele é meu lugar seguro, onde nada está corrompido.

Quero que ele se orgulhe de mim, assim como eu dele.

A porta se abre e Tristan entra correndo. — O que está


acontecendo? — Ele grita enquanto olha para a televisão.

— Você perdeu o pontapé inicial! — Harry grita.

Tristan tira o paletó e marcha para a cozinha. — Ei, baby —


ele diz enquanto me beija rapidamente.

Eu sorrio para ele, mas antes que eu tenha tempo de


responder, ele pega uma cerveja na geladeira e corre de volta para
a sala para os meninos assistindo o jogo. — Não! — Ele grita.
Todos eles começam a gritar com alguma coisa no jogo.
Eu sorrio, e um ressentimento indesejado cai sobre mim. Eu
gostaria de estar tão animada com algo. Eu tenho essa nuvem
negra de medo pairando sobre mim.

Tudo que Wade trabalhou tanto para construir está


desaparecendo diante dos meus olhos.

Ele queria que os meninos frequentassem uma escola


pública em Long Island, e eles não estão. Ele queria que eles
crescessem sem dinheiro excessivo. Tenho certeza de que ter uma
limusine para buscá-los na escola todos os dias tira isso da
perspectiva.

E agora Anderson Media, a carreira que Wade trabalhou


tanto para criar – seu maior sonho era passá-la para os meninos.

Agora estou perdendo... estou perdendo isso também.

Eu expiro pesadamente enquanto volto para o meu laptop.

Wade... ajude-me.

Estou cansada. Esta semana foi um ciclo interminável de


reuniões com o conselho. Estamos nos estágios finais de estar a
beira do precipício e não sei o que fazer. Eu olho para Tristan
enquanto ele dirige. — Onde estamos indo? — Eu pergunto.

Ele sorri para mim como um cachorro que ganhou um osso.


Ele pega minha mão e beija minhas pontas dos dedos. — Eu
tenho uma surpresa para você.

Os meninos conversam entre si no banco de trás e tento


acalmar meus nervos. Não estou com disposição para surpresas.
Estou tão ansiosa que estou a ponto de sufocar.

Se algo drástico não acontecer, se eu não receber uma


grande injeção de fundos de algum lugar, as coisas ficarão difíceis
– os liquidatários irão se mudar nas próximas seis a oito semanas
e tirar minha empresa de mim. Eu serei forçada à falência. A
empresa está insolvente.

Quero falar com Tristan sobre isso, mas não quero que ele
se preocupe ou sinta que precisa investir dinheiro. Já recusei a
oferta de Ferrara, agora minha única outra opção é vender para
Miles Media, mas então eu sei que guardarei rancor de Tristan
para sempre. Ele sempre será o homem que tirou o sonho de
Wade de nós, e eu realmente não quero que isso afete nosso
relacionamento. Porque eu sei que se chegar a esse ponto... irá.

Como não poderia?


Penso em como Wade trabalhou duro para ter algo para
entregar aos filhos. E nos cinco anos e meio desde sua morte, eu
efetivamente matei tudo pelo que ele trabalhou.

Estou mal do estômago.

Tristan conversa e ri com os meninos, despreocupado


enquanto dirige, e um ciúme indesejado me enche. Ele não tem
ideia do que é lutar.

Ele nunca teve que fazer isso.

Eu sei que ele trabalha muito e merece tudo o que tem, mas
é... Não consigo nem articular o que estou sentindo...
ressentimento, talvez?

Não sei por que estou me sentindo assim agora, mas com o
fim da Anderson Media, de repente isso está me consumindo.

Talvez seja apenas hormonal, ou talvez seja por causa da


maneira como nos conhecemos.

Desde o primeiro dia, sempre soube que a empresa de Wade


está na lista de aquisições da Miles Media. Eles queriam isso, não
fizeram segredo disso.

É como nos conhecemos.

Eu empurrei isso para fora da minha mente por tanto


tempo..., mas agora que é iminente, é tudo em que consigo
pensar. Tudo o que Wade queria está chegando ao fim e eu
simplesmente não sei como impedir.

Paramos na rua em frente a uma grande casa e Tristan sorri


para mim.

— O que é isso? — Eu pergunto categoricamente.

Um homem sai do carro na nossa frente e sorri amplamente.

Tristan acena. — Vamos, rapazes, Claire.

— O que estamos fazendo? — Eu franzo a testa.

— Olhando para esta casa.

— Por que?

— Porque quero comprar para nós. — Ele sai do carro e os


meninos saltam atrás dele.

— O que? — Eu franzo a testa.

Ele acena para mim... Puta que pariu, não tenho tempo para
essa merda. Eu saio do carro e caminho até ele enquanto ele fala
com o homem.

— Michael, esta é Claire, minha namorada — ele me


apresenta.

— Olá. — Eu finjo um sorriso enquanto aperto sua mão.

— E estes são meus meninos, Fletcher, Harrison e Patrick.


Os cabelos da minha nuca se arrepiam. Seus meninos.

Eles são os meninos de Wade.

— Que família linda você tem. — Michael sorri enquanto nos


conduz pelo caminho em direção à casa.

— Sim, eu tenho. — Tristan sorri com orgulho. Ele está


segurando a mão de Patrick e a outra mão no ombro de Harry de
forma protetora. Fletcher caminha com eles enquanto eles
entram na casa.

Eu começo a ver vermelho. Por que ele está me mostrando


casas? Não vou me mudar de Long Island. Eu possuo minha
casa. Estou confortável lá... estamos confortáveis lá.

É nossa casa.

É o que Wade queria.

Eu começo a ouvir meu batimento cardíaco raivoso em


meus ouvidos enquanto me arrasto.

Acalme-se... acalme-se... acalme-se. Você está estressada,


acalme-se.

A casa é enorme e está situada em um grande lote de terreno


em um subúrbio arborizado a cerca de vinte minutos de Nova
York. Michael começa seu discurso de vendas. — Este é o foyer.
É mais ou menos do tamanho da nossa sala de estar atual
e tem uma grande escadaria que se divide em duas perto do nível
superior.

Tristan sorri e pega minha mão com entusiasmo. — Vou


mostrar o lugar para eles, Michael, — ele diz.

Meus olhos se voltam para ele em questão. O que? Ele já


esteve aqui antes?

Há quanto tempo ele está procurando uma casa às


escondidas? Eu começo a fumegar por dentro.

— Claro. — Michael sorri. — Vou esperar lá fora.

Michael desaparece pela porta da frente, e Tristan sorri com


orgulho. — Bem legal, certo?

— Hmm — eu respondo enquanto olho em volta.

— Aqui é a cozinha. — Nós caminhamos até uma grande


cozinha, e eu rolo meus lábios em aborrecimento. — Wiz e eu
poderíamos preparar um banquete — diz ele. Os olhos de Harry
se arregalam de excitação.

Eu odeio isso.

Wade nunca morou aqui, suas memórias estão em nossa


casa atual.

Eu não quero novas sem ele.


Eu não quero apagar tudo o que ele representou. Por que
Tristan não entende isso?

Minha pulsação começa a latejar nas têmporas e sinto que


estou prestes a explodir.

Agora estou vendo vermelho. Eu não posso lidar com isso.

— Esta é a sala de estar — ele jorra.

Os meninos correm para as janelas dos fundos. — Oh meu


Deus, olhe para a piscina — Patrick grita.

— Tem um bar na piscina, mãe — Fletcher engasga.

— Você não tem idade suficiente para beber — eu digo.

— E olhe, — Tristan diz enquanto me guia pela casa com


entusiasmo. — Este poderia ser o seu escritório. — Nós olhamos
para dentro de uma sala. Tem uma grande janela e vista para
uma varanda. — E este poderia ser meu escritório, na porta ao
lado. — Ele me mostra o escritório. — Há um banheiro aqui. Uma
segunda sala de estar para os meninos. Um ginásio.

Os meninos correm pela casa de entusiasmo.

A fúria começa a fazer um buraco no meu estômago.

Como ele ousa?


Ele me leva escada acima e pelo corredor. — Olhe para a
suíte master, Claire. — Ele me puxa para dentro do quarto, e eu
olho em volta enquanto tento segurar minha língua sarcástica.

É lindo e do tamanho da metade da minha casa atual.

— E o banheiro. — Ele sorri com entusiasmo. Olho para


dentro e há uma enorme banheira de mármore branco com a qual
sempre fantasiei. — Olhe o tamanho do seu armário, baby.

Algo estala bem dentro de mim. — Não é meu armário,


Tristan — eu lato.

Ele me puxa para seus braços. — Mas você gosta disso...


certo? — Eu olho em volta enquanto procuro por algo não
agressivo para dizer.

Eu não tenho nada.

Todos os meninos gritam de excitação ao olharem para o


resto do andar de cima.

— Eu vou ficar com este quarto — Harry grita.

— Eu quero este! — Patrick diz.

— Eu posso ver a piscina do meu.

Os olhos de Tristan procuram os meus. — O que você acha?

— Sobre o que? — Eu corto.


— Você gosta disso? Acho que vou fazer uma oferta hoje.

— Uma oferta para quê?

— Para comprar para nós morarmos – o que mais?

Eu franzo meu rosto com sua presunção. — Eu não quero


morar aqui.

— Por que não? — Seu rosto cai. — É perto da nova escola


dos meninos. Você, Fletch e eu trabalhamos em Nova York. Há
um quintal para Muff e Woofy. — Ele sorri enquanto me puxa
para seus braços novamente. — É perfeito para nós.

— Eu não estou me movendo, Tristan — eu insisto. — Eu


quero morar na casa em que estamos.

— Claire, — ele diz sem rodeios, e eu sei que ele está prestes
a me dar seu discurso de vendas eficiente. Já posso dizer que ele
se decidiu sobre esta casa, e quando Tristan Miles decide que
quer algo, ele não desiste até conseguir.

Estou encerrando isso agora.

— Eu não estou me mudando, — eu digo. — Fim da história.


— Eu me afasto dele, desço as escadas correndo e saio para o
carro.

— Como foi? — Michael sorri enquanto eu saio para a rua.

— Adorável — eu respondo.
— Você pode se ver morando aqui? — Ele pisca.

Eu olho para ele enquanto o resto da minha paciência se


dissipa. — Não. Eu não posso, na verdade.

Eu entro no carro e bato a porta, e dez minutos depois


Tristan e os meninos saem de casa. Eu vejo enquanto ele fala com
Michael enquanto todos os meninos ouvem, e então, finalmente,
eles entram no carro.

Os meninos estão todos animados e conversando sobre tudo


o que acabaram de ver.

Tristan me olha de soslaio, irritado comigo.

— O que? — Eu digo.

— Não me venha com o quê, — ele rosna enquanto sai para


a rua. — Você nem olhou para ela.

— Eu não preciso. Não estou saindo da minha casa em Long


Island.

— É muito pequeno para nós. — Ele revira os olhos, como


se eu fosse uma idiota, e meu sangue começa a ferver. — Quero
que meus meninos tenham espaço para receber seus amigos —
afirma ele com raiva.

Algo estala dentro de mim.

Wade tinha planos para seus filhos e não posso ignorá-los.


Eu não vou.

— Eles são os meninos de Wade — eu lato. — Você precisa


parar de chamá-los de seus meninos.

O carro fica em um silêncio mortal.

Ele estreita os olhos para mim. — O que diabos isso quer


dizer?

Eu olho pelo para-brisa dianteiro e cruzo os braços, com


raiva demais para formar palavras.

— Você sabe, Claire... que quando nos casarmos...

— Se nos casarmos — eu digo.

— Eu estarei adotando os meninos.

— O que? — Eu explodo. Eu fico olhando para ele por um


momento em choque total... que porra é essa? Ele quer adotá-los.
— Isso não está acontecendo, Tristan.

— O que? — Ele grita.

— Eles já têm um pai — eu me apresso.

— Eu os quero como meus filhos aos olhos da lei.

— Bem, você não pode tê-los legalmente. Você começou a


viver com eles – isso é o suficiente.

— Mãe! — Fletcher diz na parte de trás. — Pare com isso.


Os olhos de Tristan saltam das órbitas. Seus olhos passam
rapidamente entre a estrada e eu. — Então você está me dizendo
que posso cuidar deles, que posso amá-los, mas nunca posso
chamá-los de meus filhos.

— Eles têm um pai — repito. — E eles vão se lembrar e


respeitar seus desejos.

— Ele está morto, Claire — ele late. — E eu não vou ser


punido porque ele se foi. Eu quero que eles sejam legalmente
meus filhos.

Eu perco o que resta do meu controle. — Isso nunca vai


acontecer, porra — eu explodo. — Eles são meus filhos e de Wade.
Não seus. Eles nunca serão seus. Eu disse para você encontrar
outra pessoa e ter seus próprios filhos... você não pode ter os de
Wade.

Ele soca o volante enquanto perde o controle e todos nós


pulamos. Patrick começa a chorar.

— Você está assustando-o.

Tristan agarra o volante com força total. Seus olhos se


enchem de lágrimas enquanto ele olha para a frente.

Por que eu disse isso?

Lágrimas brotam dos meus olhos e as enxugo com raiva.


Nós dirigimos em silêncio pelo resto do caminho e ele para
na garagem. Ele deixa o carro ligado.

— Você vem, Tris? — Harry sussurra.

— Não, amigo — Tristan responde enquanto olha para a


frente. — Eu te ligo mais tarde.

— Não, Tristan — Patrick implora. — Por favor, entre. — Ele


começa a chorar. — Não vá. — Ele o agarra pelas costas de seu
assento enquanto implora para que ele não saia.

Tristan fecha os olhos.

Saio do carro, com raiva porque meus filhos o escolheram


em vez de mim. Certamente eles entenderam meu ponto? Eles
não têm qualquer lealdade ao pai?

— Saiam do carro — eu exijo para os meninos.

Fletcher sai.

— Saia do carro — eu digo. Patrick sai lentamente.

Harry se endireita.

— Saia do carro, Harrison.

— Eu vou com Tristan.

Estou furiosa. Como ele ousa dizer isso na frente dos


meninos e me colocar em uma posição onde eles pensem que eu
sou a vilã? Estou sendo leal ao pai deles... e eles também
deveriam.

— Você não fará tal coisa. — Abro a porta e agarro seu braço
enquanto ele luta contra mim. — Me deixar ir! — Ele grita
enquanto me chuta. — Eu quero ficar com ele.

Tristan aperta a ponte do nariz, oprimido pela situação.

Eu luto para tirá-lo de lá enquanto os outros dois garotos


assistem horrorizados, e bato a porta do carro com força.

Os pneus cantam enquanto Tristan decola como um


maníaco.

Eu me viro para os meninos. Lágrimas correm por seus


rostos enquanto eles me encaram. — Eu te odeio — Harry chora.
— Faça-o voltar.

Ele corre para dentro e bate à porta.

— Você estragou tudo, mãe! — Patrick grita.

Eles se viram e correm para dentro atrás de Harry.

Eu fecho meus olhos... porra, como diabos isso evoluiu para


isso?
O amor é estúpido. O amor é cego.

O amor é uma merda!

Estou com o chuveiro no máximo para bloquear o som do


meu coração se partindo... não quero que os meninos me vejam
chorar. Eu fico sob a água quente enquanto as lágrimas escorrem
pelo meu rosto. O nó na garganta é grande, o buraco no meu
coração é uma fenda gigante.

De onde diabos veio esse argumento?

Eu não tinha ideia de que nada disso estava na agenda de


Tristan.

Isso me chocou – me assustou muito, para ser honesta. Eu


tenho uma visão da dor nos olhos de Tristan, e meu coração
afunda.

O que eu fiz?

Afastei a única pessoa que me protegia.

Tristan.

Meu lindo Tristan, o homem que me ama. Aquele que


cuidou de todos nós... o homem que literalmente atravessaria o
fogo para me agradar... quer cuidar dos meus filhos, e eu só...
não posso.

Não posso ser tão irresponsável e cega pelo amor.

Por que ele iria querer adotá-los? Que benefício isso teria
para ele?

Se ele está comigo, ele os tem.

Deixá-lo adotá-los só dá a ele o poder de tomá-los se não


precisar mais de mim.

Nenhuma mulher em sã consciência permitiria que um


futuro parceiro adotasse seus filhos por lei. Não quando eles já
estão felizes e estáveis. Não há razão para ele querer isso... exceto
se nos separarmos.

Ele quer garantia legal de que não importa o que aconteça


entre nós, ele sempre os terá.

Não.

Eu sinto muito.

Eu não posso dar isso a ele.

Porque eu sei que se alguma vez nos separássemos, seria


porque ele me traiu ou fez algo para ter causado isso. Eu nunca
faria nada para acabar conosco – eu o amo demais. E nesse caso,
não há nenhuma maneira no inferno que eu estaria fazendo as
malas para meus filhos para irem para sua casa todo fim de
semana para brincar de família feliz com sua nova namorada.

Nenhuma mulher jamais concordaria com isso. Não importa


o quão apaixonada ela esteja. Não importa quem seja o homem...
não importa o que seus filhos quisessem.

Eu franzo meu rosto em lágrimas quando imagino seus


rostinhos quebrados enquanto ele foi embora.

Você fez a coisa certa, sussurra minha consciência.

— Eu fiz? — Eu respondo. — Porque com certeza não


parece.

Meus ombros torturam com os soluços. Eu tenho essa bola


de chumbo doentia, pesada e fodida no meu estômago. Quero
vomitar ou fugir, e quero ir até ele..., mas não posso fazer
nenhuma dessas coisas.

Fico muito tempo debaixo da água quente. A cada minuto


que passa, surge um pouco mais de culpa.

O gosto ruim corre pela minha corrente sanguínea como


veneno. Estou enojada com o que disse a ele esta tarde,
mortificada por poder ser tão fria e danosa. Ele sempre nos amou.

— Eu sinto que traí meu melhor amigo. — Eu vejo as


lágrimas nos olhos dele quando eu digo aquelas coisas horríveis,
e choro ainda mais.
— Oh Deus, eu cansei desse estresse. Por que nada é fácil
comigo? — Eu soluço. — Por que tudo tem que ser tão difícil?

Eu quero morar nesta casa com meus meninos... e Tristan.

É isso aí. Nada extravagante, nada diferente.

Por que ele quer que as coisas mudem? Não tem que ser
assim.

Os meninos não estão falando comigo. Eles estão todos em


seus quartos, a casa está silenciosa e triste, e eu sei que Tristan
está sozinho e com o coração partido em seu apartamento.

Eu escorrego pela parede e sento nos ladrilhos duros e frios.


Eu rolo como uma bola para tentar me proteger da dor.

Mas não há antídoto para essa situação... eu vou perdê-lo.

Talvez eu já tenha.

A tristeza é pesada. A tristeza é silenciosa.

Eu fico na escuridão e vejo o tempo passar: 23h53


Minha mente vai para o meu lindo homem. O que ele está
fazendo?

Eu não posso fazer isso. Não posso ficar aqui sem fazer
nada.

Eu tenho que tentar consertar isso. Não consigo dormir sem


falar com ele. Eu me inclino e pego meu telefone na mesa lateral
e disco seu número. Meu coração bate nervosamente enquanto
espero que ele atenda.

Ele para de tocar... ele recusou a chamada.

Meu estômago afunda.

Ele nunca rejeitou uma ligação minha... nunca.

Eu penso por um momento e mando uma mensagem.

Me desculpe por hoje,

Eu não sei o que aconteceu.

Isso saiu de controle.

Eu te ligo amanhã.

Boa noite,

Eu te amo.

Xoxo
Eu observo e vejo o símbolo de leitura surgir. Eu sorrio... ele
viu isso.

Eu espero enquanto prendo minha respiração.

— Responda — eu sussurro. Prendo minha respiração


enquanto espero.

Nada.

Eu assisto e assisto... e espere.

Meus olhos se enchem de lágrimas. — Responda, baby.

Mas ele não responde, e eu sei que ele não vai.

Meu coração cai para um novo nível, e as lágrimas vêm com


força e rapidez.

Eu estraguei tudo.

Eu sento e fico olhando para os números no meu


computador, tentando milagrosamente encontrar $ 200.000
extras.
Vendi nossa casa de férias, vendi todas as nossas ações.
Tudo o que Wade e eu acumulamos em nosso tempo juntos se
foi.

E agora, para manter o homem que amo, devo entregar seus


filhos também.

Esse é um pedido injusto. Certamente Tristan deve saber


disso. Como ele pode não ver meu ponto?

Sinto que há uma grande nuvem negra pairando sobre mim


e que nunca vou ser feliz de verdade.

Devo ter sido ruim na minha última vida, porque sinto que
estou sendo punida por alguma coisa. Eu amei dois homens na
minha vida. Um que perdi para a morte.

O outro...

Eu descanso minha mão sob meu queixo e olho para o


espaço, me perguntando se eu poderia ter lidado melhor com o
ontem.

Não há dúvida que eu poderia ter.

Mas... eu mantenho o que disse. Não quero que ninguém


adote meus meninos. Não vou entregar esse poder a outra
pessoa.

Mesmo que esse alguém seja o amor da minha vida. Não é


apenas Tristan... isso não é pessoal. Isso é sensato.
Eles são filhos de Wade. Eles sempre serão os filhos de
Wade.

Todos os meus instintos estão me dizendo que isso é algo


que eu nunca deveria fazer.

Sempre confie em seu instinto.

Uma mensagem chega no meu telefone. É de Tristan.

Podemos conversar?

O alívio me preenche. Eu escrevo de volta.

Por favor.

Ele responde.

Nosso hotel,

13h

Eu sorrio, esperançosa.

Vejo você então.

Eu te amo.

Xoxo

Uma em ponto, prendo a respiração ao entrar no saguão do


nosso hotel. Já estivemos aqui muitas vezes antes. Sempre
empolgados.
Hoje estou com medo.

Tristan está perto do elevador, e meu estômago se agita


quando o vejo vestindo seu traje de poder e parado do jeito que
está, ereto e orgulhoso.

Eu sei que se ele realmente quer algo, é inegociável.

— Oi. — Eu sorrio.

— Olá. — Ele abaixa a cabeça e, naquele momento, o medo


me percorre.

Ele não vai deixar isso passar.

Eu vou perdê-lo.

Entramos no elevador e subimos em silêncio até o nosso


andar.

Oh meu Deus... não. Não deixe isso acontecer.

Eu fico atrás dele em silêncio enquanto ele abre a porta,


entro e me sento na cama.

Ele fecha a porta e vai direto para o bar e se serve de um


uísque. — Quer uma bebida?

— Não, obrigada.

Em câmera lenta, ele bebe seu uísque. Seus olhos seguram


os meus.
— Tristan... o que eu disse ontem...

— Sim, — ele me corta. — Vamos conversar sobre isso.

Os nervos começam a bater no meu peito. — Você precisa


entender meu ponto de vista. Eu te amo. Quero passar o resto da
minha vida com você. — Eu faço uma pausa.

— Mas?

— Mas eu fiz promessas ao meu primeiro marido. Essas


crianças são dele, e eu preciso honrar seus desejos.

Ele aperta a mandíbula, seus olhos seguram os meus.

— Decidimos morar naquela casa por um motivo.

— Que seria?

Eu sorrio, grata por ele pelo menos estar me ouvindo.

— Wade queria aquela casa. Poderíamos ter comprado uma


melhor, mas ele queria aquela casa. Ele queria que os meninos
crescessem em Long Island.

Ele me encara e não tenho ideia do que está pensando.

— Ele queria que os meninos fossem para uma escola


pública, mas eu deixei você tira-los dela.
Ele franze o rosto de raiva. — Você os manteria em uma
escola que não é boa para eles, apenas para provar uma porra de
um ponto?

— Não — eu gaguejo quando começo a entrar em pânico. —


Você estava certo sobre isso. Eu sei que você estava... era o
melhor. — Eu torço minhas mãos na minha frente. — Estou
estressada. Sinto que estou perdendo o controle e só quero que
as coisas permaneçam iguais entre nós.

Ele coloca as mãos nos bolsos do terno e sorri enquanto


baixa a cabeça em diversão.

Ah não... eu conheço esse olhar.

— Então... o que você está dizendo, Claire, é que você quer


que eu me envolva e seja Wade.

Meu rosto cai. — O que? Não.

— Sim, você quer.

— Eu não. Eu juro.

— Você quer que eu more na casa de Wade, com a esposa


de Wade... com os filhos de Wade.

Eu fico olhando para ele.

— E quanto a mim, Claire? — Ele clama. — Onde diabos


está minha vida?
Meus olhos se enchem de lágrimas com sua raiva. — Tristan
— eu sussurro.

— Eu quero minha própria esposa, Claire, com meus


próprios filhos e morar na porra de uma casa que escolhermos
juntos.

Lágrimas enchem meus olhos e eu as enxugo com raiva.

— Você me disse quando nos conhecemos que havia três


corações conectados ao seu. — Ele começa a andar. — Não foi?

Eu fico em silêncio.

— Me responda... Porra! — Ele grita.

Eu pulo. — Sim.

— Então, agora que estou apaixonado por esses corações e


os quero como meus filhos — ele me encara — você me diz que
não posso tê-los?

Sua silhueta fica embaçada. — Tristan — eu sussurro. —


Por favor, tente ver isso do meu ponto de vista.

— Você é egoísta, Claire. — Seus olhos se enchem de


lágrimas.

Eu abaixo minha cabeça enquanto o medo me oprime. Eu


vou perdê-lo também.

— Eu mereço ter minha própria família.


— Eu sei que você merece — murmuro.

— Eu quero os meninos como meus.

— Tristan. — Eu balancei minha cabeça. — Eu não posso.

Ele aperta a mandíbula. — Você sabe... minha mãe me disse


há muito tempo... que eles sempre seriam filhos de outro homem,
que você sempre seria a esposa de outro homem. — Seus olhos
seguram os meus. — Que você nunca seria realmente minha
família – eu sempre seria o substituto.

Eu franzo meu rosto em lágrimas. Ele está tão magoado.

Ele balança a cabeça. — Eu não posso viver com isso, Claire.

— O que você está dizendo? — Eu sussurro.

Seus olhos seguram os meus. — Estou dizendo adeus... não


sou o plano reserva de ninguém.

Tento conter meus soluços. — Não, Tris — eu imploro.

Seus olhos assombrados seguram os meus... uma súplica


silenciosa para que eu o detenha.

Olhamos um para o outro e é isso. O momento decisivo em


que escolho entre meu passado e meu presente.

O arrependimento paira no ar entre nós e eu quero fazer o


que ele pede. Eu quero ceder às suas demandas.
Qualquer coisa para mantê-lo aqui comigo.

Mas eu simplesmente não posso... e isso está me matando.

Eventualmente, ele se vira e sai. A porta bate


silenciosamente ao se fechar atrás dele.

Eu soluço alto no silêncio.

Ele se foi.

Os dias são longos..., mas as noites são infinitas.

Dormir sem ele é um inferno que não posso suportar.

Então eu não durmo.

Eu ando... a noite toda. Para frente e para trás, para frente


e para trás... até minhas pernas doerem.

Já se passaram nove dias desde que Tristan me deixou.

Nove dias no inferno.

A casa está em silêncio, as risadas sumiram. Os meninos


mal falam comigo.
Não apenas quebrei meu coração, eu quebrei os outros
quatro que mais amo.

De meus filhos e de Tristan.

Eu fico olhando para o meu computador. Não tenho vontade


de trabalhar... estar em casa... respirar.

Meu telefone vibra na minha mesa, e o nome Fletcher


ilumina a tela.

— Ei amigo. — Eu sorrio. Espero que ele esteja falando


comigo novamente.

— Tristan está indo embora — ele sussurra.

— O que?

— Ele está indo para Paris.

— Por quanto tempo?

— Ele acabou de transferir meu estágio para Jameson.

Eu fico de pé enquanto meus olhos se arregalam. — O que?

— Ele disse que não vai voltar, mãe. Você realmente fez isso
— ele sussurra com raiva.

Franzo o rosto em lágrimas, tão perto da beira do penhasco


que quase posso me sentir atingindo o fundo. — Estou indo, —
gaguejo. — Mantenha-o lá, estou chegando.
Pego minha bolsa e corro.

Marley se levanta quando eu passo correndo por ela. — O


que no mundo?

— Estou tirando o resto do dia — eu grito.

— Hã? — Ela chama atrás de mim. — Mas você tem uma


reunião em uma hora.

— Cancele — eu grito enquanto corro para o elevador.


Apertei o botão com força. — Vamos! Vamos.

Eu não posso deixá-lo ir.

Ele não pode ir.

As portas fecham lentamente e bato o pé nervosamente. —


Rápido.

Eu passo minhas mãos pelo meu cabelo enquanto começo


a transpirar... não... não... não, isso não pode estar acontecendo.

O elevador desce lentamente e as portas se abrem. Um


monte de gente está esperando lá. — Desculpe. — Eu bato o botão
para fechar as portas. — Não há tempo para você.

A porta se fecha quando seus rostos caem. Chego ao térreo,


corro pelo saguão e corro para a rua com o braço no ar. — Táxi!
— Eu chamo enquanto um táxi passa.
Outro homem também está esperando no meio-fio por um
táxi.

— Oh meu Deus, — eu choro para ele. — Isto é uma


emergência, meu namorado está me deixando.

Ele estremece.

— Porque eu sou egoísta — eu ofego enquanto corro rua


acima, com o braço estendido para o alto. — Agora ele está
voando para Paris sem se despedir.

Ele revira os olhos. — Você não vai pegar meu táxi.

— Eu não quero seu maldito táxi — eu lato. Um táxi para e


eu mergulho na parte de trás dele como uma maníaca. — Eu
tenho o meu próprio. O prédio da Miles Media, por favor —
gaguejo.

— Ei! — O homem chama enquanto me observa indo


embora. Eu dou a ele um meio aceno.

— Tchau.

Estico o pescoço para olhar o engarrafamento à frente.

— Você pode dirigir rápido, por favor? Isto é uma


emergência.

— Ok, senhora. — Ele desvia e vira em uma rua lateral.


Meu telefone toca e o nome Fletcher ilumina a tela. — Olá
— eu gaguejo.

— Ele se foi, mãe.

Meu rosto cai. — O que? — Eu fico olhando pela janela. Eu


não acredito nisso. — Para qual aeroporto ele está indo?

— Espere. — Ele abaixa o telefone e pergunta a alguém: —


Qual aeroporto?

— JFK — ouço uma mulher responder. — Terminal dois.

— JFK — Fletcher repete. — Terminal dois.

— Ok, eu entendi. — Eu desligo. — Mudança de planos! —


Eu grito para o motorista. — Aeroporto JFK. Terminal dois. Por
favor, depressa; esta é uma situação de vida ou morte.

O motorista faz uma curva fechada em U e eu me seguro


pela minha vida.

Chegamos trinta minutos depois. Eu jogo o dinheiro para


ele, saio e corro.

A área de check-in está movimentada e cheia, e eu olho ao


redor freneticamente.

Onde ele está? Onde... eu viro um círculo completo de 360


graus. Onde ele está?

Eu disco o número de Fletcher.


— Alô — ele diz apressado.

— Onde ele está? Eu não consigo encontrá-lo. Eu estou no


aeroporto. Ligue para ele e descubra onde ele está — eu choro
enquanto olho ao redor freneticamente.

— Ok. Sammia, ligue para ele e descubra onde ele está. —


Ele volta para mim. — Fique na linha, mãe.

Seguro o telefone bem perto e ouço Sammia falando com


Tristan ao fundo.

— Ele ainda está no carro — sussurra Fletcher. — Ele está


chegando agora.

Eu desligo e corro pelas portas da frente, e vejo a longa


limusine preta parando na outra extremidade do terminal. Eu tiro
meus sapatos, os pego e corro.

Tristan sai lentamente. Ele tira a bagagem do porta-malas.


Três malas.

Ele está me deixando.

Eu corro o mais rápido que posso pela multidão e, quando


me aproximo dele, ele olha para cima e me vê e para o que está
fazendo.

Eu jogo meus braços em desespero. — O que você está


fazendo? — Eu choro.
Ele abaixa a cabeça, sua armadura firmemente no lugar. —
Claire, não faça uma cena.

— Não faça uma cena? — Eu choro. — Você só está nos


deixando.

Ele me encara e aperta a mandíbula. Droga, eu o


machuquei.

Corro para ele e o pego em meus braços. — Tris — eu


sussurro. — Eu te amo. Eu não quero que você vá. Só estou
estressada por perder o negócio e disse coisas horríveis.

Ele franze a testa. — Perdendo o negócio?

Eu franzo meu rosto em lágrimas. — Se foi. — Limpo as


lágrimas dos meus olhos com raiva. — Eu não consigo mais
segura-lo.

— O que? — Sua expressão muda abruptamente. — Por que


você não me contou?

— Porque eu não queria que você soubesse que eu não


poderia fazer isso — eu sussurro. — Eu queria que você tivesse
orgulho de mim.

Ele me encara, o choque em seu rosto.

— E então você quis mudar tudo e a casa e os meninos, e


eu fiquei sobrecarregada e... — Eu balanço minha cabeça em
desespero. Tudo isso está saindo errado. — Se você me tiver, você
já tem os meninos – você não precisa adotá-los.

Suas costas se endireitam. — É inegociável, Claire.

Meu rosto cai. — O que?

— Se eu me casar com você, quero adotar os meninos.

— Por que você quer mudar as coisas? — Eu gaguejo.

— Porque... eu quero minha própria família.

— Mas eu te amo.

— Não é o suficiente.

Meu rosto cai.

Oh meu Deus... este é realmente o fim, meus olhos se


enchem de lágrimas e nos encaramos enquanto todos os outros
no aeroporto desaparecem. Eu dou um passo para trás dele para
tentar me proteger do que ele está dizendo.

— Eu desistiria de ter meus próprios filhos, Claire, para não


perder os seus.

Uma lágrima rola pela minha bochecha, e o nó na garganta


quase fecha.

— Eu os amo. Eu os quero como meus filhos. Eu quero que


o sobrenome deles seja Anderson-Miles.
Eu balanço minha cabeça, incapaz de empurrar a palavra
não pelos meus lábios. — Você só quer levá-los — eu sussurro.
— Você já me controla, você não pode controlar meus filhos. Eles
não estão à disposição. Você quer poder. Eu sei como você
trabalha, Tristan... você sempre tem que estar no comando.

Seu rosto cai. — É isso que você acha?

Eu concordo. O que mais poderia ser?

Ele abaixa a cabeça, seu rosto está solene. — Adeus, Claire.

— Por quê? — Eu choro. — Por que você quer tanto isso?

Ele se vira para mim como o próprio diabo. — Porque eu


mereço minha própria família, droga. E eu os amo, e se você não
consegue ver isso, eu nem sei quem você é.

Meu coração cai.

Ele se inclina para frente. — Todo esse tempo... achei que


você me amava, — ele sussurra em meio às lágrimas. Ele faz uma
pausa enquanto meus olhos procuram os dele. — Parece que não.

— Tris — eu sussurro.

Ele se vira e atravessa as portas e entra no aeroporto.

— Tristan — eu chamo.

Ele continua caminhando.


— Tristan! — Eu choro.

As portas particulares se abrem e ele passa por elas sem


olhar para trás. Os guardas de segurança ficam na frente deles
para me impedir de correr atrás dele.

Ele se foi.
Tristan

Quatorze dias e quatorze noites... vivendo sem ela.

Sem eles.

Eu bebo minha cerveja enquanto olho para o jogo de futebol


na tela. Estou no pub americano mais movimentado de Paris. As
pessoas estão por toda parte. Eu ouço suas vozes à distância, os
ecos de suas risadas joviais preenchendo o espaço. Mas sinto
como se estivesse pairando sobre eles, não realmente aqui, não
realmente lá.

Em um estado separado, reduzido... a nada.

Se fosse uma lesão física, eu estaria na UTI, mal me


agarrando à vida.

O coração dói mais do que qualquer ferimento jamais


poderia. Ele bate fracamente... quase nada.

Cada respiração que eu respiro parece que meu peito está


prestes a desabar.

Cada expiração é uma luta.

As paredes se fecharam, a poeira baixou e, no entanto, nada


mudou.
O mundo está girando a um milhão de quilômetros por
minuto, mas o silêncio sem eles... é ensurdecedor.

Eu nunca soube o que era perder alguém que você amava.


Um batimento cardíaco que, uma vez que compartilhamos, não
consigo mais ouvir.

Perdi quatro pedaços de mim mesmo no mesmo dia.

Meu mundo inteiro.

Eu bebo minha cerveja enquanto olho para a tela da


televisão na parede.

Eu quero falar com meus meninos... eu quero beijar minha


garota.

E então me lembro da dolorosa verdade.

Isso também não é meu – eles nunca serão meus.

Eles pertencem a ele.

Meu telefone vibra no bolso e o nome Jameson acende na


tela. — Ei — eu respondo.

— Você está bem?

— Estou bem, Jay. — Eu suspiro.

— Elliot e Christopher estão a caminho.

— Isso não é necessário.


— Hmm... Eu meio que acho que é.

Eu fico em silêncio.

— Onde você está? — Ele pergunta.

— Em um bar.

— Sozinho?

— Sim. — Reviro os olhos e me vejo no espelho atrás do bar.

Eu o vejo, o homem que o mundo vê, o rei impiedoso no


controle no terno caro.

Aquele que está morto por dentro.

Desta vez, eles estão certos... eu estou.

— Eu tenho que ir. — Eu suspiro.

— Prometa que você está bem.

— Eu te ligo amanhã. Estou bem — eu respondo enquanto


desligo. Mas não sei se estou bem. Eu nem sei mais o que sou,
quem sou... Eu franzo a testa e bebo minha bebida.

Esse é um vazio que não sei como lutar.

O garçom limpa o bar. — Outra? — Ele pergunta.

— Sim. — Eu aceno uma vez. — Continue mandando.


Eu leio a lista de e-mails não abertos e franzo a testa.

Anderson Media.

Ela me enviou um e-mail de sua conta de trabalho. Eu abro


o e-mail.

Caro Sr. Miles,

Eu lutei tudo que posso, não tenho mais nada para dar. Sem
alívio financeiro à vista,

Eu gostaria de aceitar sua oferta para adquirir a Anderson


Media.

Gostaria de ter a garantia de que todos os funcionários


manterão seus cargos na empresa ou serão oferecidos empregos
alternativos.

Encontre em anexo as finanças e planilhas necessárias para


a devida diligência.

Sua primeira oferta será aceita.

Atenciosamente,
Claire Anderson

Eu fico olhando para o e-mail, sem emoção. Há quanto


tempo ela luta para manter seu negócio funcionando?

Por que ela não me contou?

Minha mente volta para a primeira vez que nos conhecemos


e como eu fui agressivo com ela.

Eu estava tão decidido a pegar a empresa dela que não me


importava com mais nada, não importa o quanto eu estivesse
atraído por ela – era a aquisição da empresa que eu queria.

Lembro-me de como ela estava determinada a lutar até o


fim.

O fogo que ela tinha dentro dela era tão forte que eu podia
sentir. Foi o que me atraiu nela. Determinação como essa é tão
rara hoje em dia, não é sempre que encontro isso.

Essa mesma determinação de ser independente criou uma


divisão entre nós. Sempre foi assim, para ser honesto.

Tive que lutar para estar na vida dela e agora tenho que
escolher entre o que sei que mereço e o que ela quer. Ambas as
coisas devem ser iguais.
É comovente que eles não estejam nem na mesma página.
Eu expiro pesadamente enquanto esses pensamentos
deprimentes enchem minha alma.

Como isso aconteceu?

Como deve ser perder algo que você lutou tanto por tanto
tempo para manter? Imagino como ela deve estar arrasada. O
momento não poderia ser pior.

— Claire — eu sussurro. — Por que você não me contou?

Eu expiro pesadamente e clico para abrir as planilhas


financeiras.

É hora de separar negócios e lazer... ou, neste caso, negócios


e coração partido.

Não haverá vencedor aqui.


Claire

— Podemos ir embora com o tio Bob neste fim de semana


para pescar? — Harry pergunta.

Eu sorrio de alívio. Esta é a primeira vez que Harry fala


comigo durante toda a semana. — Aonde ele está indo?

— Até Bear Mountain. Ele ligou e perguntou se Patrick e eu


poderíamos ir.

— Oh. — Eu fico olhando para ele por um momento. — Você


realmente quer ir pescar agora? — Eu pergunto. Crianças típicas
– não entendem que preciso delas perto agora. — Fletcher vai?

— Não, Fletcher disse que não queria depois de trabalhar a


semana toda.

— Vou pensar sobre isso — respondo.

Ele me encara por um momento, como se esperasse que eu


dissesse algo.

— Quer falar sobre sábado? — Eu pergunto.

Ele põe a mão no quadril com atitude. — Você vai ligar para
Tristan e se desculpar?

— Eu já fui e vi Tristan, Harry.


Seu rosto se ilumina de entusiasmo. — O que ele disse?

Eu encolho os ombros enquanto procuro as palavras certas.


— Decidimos que seremos apenas amigos por enquanto —
respondo enquanto tomo um gole de café. Ele não precisa saber
os meandros da nossa conversa no aeroporto. Eu não quero me
lembrar disso.

Ele franze a testa. — Então... ele não vai voltar?

Meu coração cai. — Não, querido. Lembre-se, eu disse a você


que ele teve que ir para Paris para trabalhar por um tempo. —
Eu pego sua mão e a seguro na minha. — Você precisa entender
por que Tristan e eu temos opiniões diferentes sobre a adoção.

Ele me encara.

— Tristan não é seu pai, Harry, e embora todos nós nos


amemos, às vezes as coisas não saem do jeito que queremos.
Tristan era meu namorado, e daqui para frente, não tenho certeza
de qual é a nossa posição em relação a isso. Eu também estou
triste. Isso está afetando a todos nós. Mas ele sempre será seu
amigo, Harry. Ninguém vai tirar isso de vocês dois.

— Papai está morto, mamãe. E ele não vai voltar — ele


cospe. — E Tristan quer ser meu novo pai... e você não vai deixá-
lo.

Meus olhos se enchem de lágrimas com sua atitude fria. —


Harry.
— Você estragou tudo — ele deixa escapar como um veneno.
— Você estragou tudo. — Ele sai furioso.

— Harry, volte aqui! — Eu chamo atrás dele.

Ele sobe as escadas e bate à porta do quarto com força.

Eu arrasto minha mão pelo meu rosto. Deus, isso é uma


porra de pesadelo.

Nos primeiros dois meses que Tristan e eu estivemos juntos,


Harry o odiava com paixão, e agora... ele é aquele que não
consegue lidar com tudo isso.

Existem três corações conectados ao meu.

Eu disco o número de telefone do meu irmão e espero


enquanto toca. — Ei, mana — ele responde, e posso dizer que ele
está sorrindo.

— Ei, — eu respiro. Eu amo meu irmão, e em momentos


como este eu só quero ir dormir em seu sofá para poder ficar
perto dele. Ele faz tudo parecer melhor, e não tenho dúvidas de
que é por isso que meus meninos o estão procurando.

— Como vai? — Ele pergunta.

— Ok. — Eu suspiro.

— Como você realmente está?

— Na merda. — Eu sorrio tristemente.


— Pensei isso.

— Você realmente quer levar os meninos para pescar neste


fim de semana?

— Sim, claro. Quando Harry me ligou...

— Harry ligou para você? — Eu o interrompo.

— Sim, disse que queria passar o fim de semana com os


meninos.

Eu fico com um nó na garganta... ele realmente sente falta


de Tris.

— De qualquer forma, — ele continua, — estou feliz em ir.


Eu poderia passar algum tempo com eles também.

— Ok.

— Vou mandar uma mensagem para Harry com todos os


detalhes e manter contato com ele — diz ele.

— Obrigada. — Eu suspiro tristemente. Meu coração parece


que está prestes a romper com a culpa.

— Ei... mana? — Bob diz.

— Sim.

— Tem certeza de que está fazendo a coisa certa com


Tristan? Todo mundo parece muito com o coração partido por aí.
Meus olhos se enchem de lágrimas. — Não, Bob, não estou
— sussurro.

— Você pode querer resolver isso logo... antes que seja


tarde.

Eu fico com um nó na garganta. — Eu sei — eu sussurro


em meio às lágrimas.

Muito tarde.

Um sentimento com o qual estou muito familiarizada.


Depois que Wade morreu, houve muitas coisas que eu não
disse... era tarde demais para contar a ele.

— Você está bem?

— Uh-huh — minto enquanto enxugo minhas lágrimas. —


Tem sido uma semana difícil. Vou sobreviver. — Eu sorrio
tristemente. — Eu sempre estou.

— Tchau, querida. Amo você.

— Eu também te amo.

Eu sento e fico olhando para o meu telefone por um


momento até que eu não consigo mais me conter. Eu mando uma
mensagem para Tristan.

Eu te amo,

Xoxo
Clico em enviar e olho para o meu telefone e, eventualmente,
a palavra aparece.

Lido.

Ele leu a mensagem.

Eu espero... e eu espero... e eu me pergunto o que ele está


fazendo agora.

Me mande uma mensagem de volta... por favor.

Mas ele não faz, e eu choro porque sei que provavelmente já


é tarde demais.

Sento-me em frente ao prédio de Fletcher na área de carga.


É sexta-feira à tarde e vou buscá-lo no trabalho. Os meninos
foram embora para a pescaria direto da escola. Ficamos só nós
dois por três dias.

Eu o vejo sair pela porta da frente com Jameson. Eles estão


conversando e rindo.

Jameson sabe sobre Tristan e eu?


Jameson olha para o carro e acena com a cabeça. Ele volta
sua atenção diretamente para Fletcher.

Ele sabe muito bem e está puto.

O mundo inteiro pensa que estou fazendo a coisa errada...


talvez eu esteja.

Eu amo Tristan. De todo o meu coração, amo Tristan. Eu


daria qualquer coisa para tê-lo de volta na minha vida. Mas não
posso dar o controle a alguém sobre meus filhos, eu
simplesmente não consigo.

Não é negociável.

E se ele me amava, ele entenderia por quê.

Esta não é uma aquisição, esta não é apenas mais uma


aquisição. Estes são os meus filhos.

A carne e o sangue de Wade, e não vou entrega-los.

Não importa o quanto isso me mate.

E pode... nunca me senti tão triste. Bem, isso é mentira...


eu já me senti tão triste, mas era uma tristeza diferente. Era dor,
um buraco profundo e escuro de dor.

Desta vez, meu amor está muito vivo e bem.

É uma tortura que não consigo explicar.


Eu sei que Tristan está sofrendo também, e não posso
confortá-lo, e não posso chegar até ele.

Ele não atende minhas ligações. Ele não vai me ouvir.

E eu disse algumas coisas horríveis que gostaria de poder


retirar, mas no final, mantenho minha decisão.

Por que ele não consegue ver isso?

Fletcher vem e entra no carro. — Oi — ele diz enquanto joga


sua bolsa no banco de trás.

— Oi. — Eu sorrio para ele. — Como foi o seu dia?

— Bom.

Eu saio para o tráfego. — Vamos jantar fora, só nós dois.

— Ah... — Ele hesita.

— Você não quer? — Eu franzo a testa para ele.

Ele torce o nariz. — Na verdade, não. Estou cansado. Foi


uma longa semana de trabalho. Eu só quero ir para casa e
relaxar, se estiver tudo bem.

Eu aceno, triste. — Ok, comida para a viagem então.

A viagem para casa é feita em silêncio. Achei que Fletcher


estava bem sobre Tristan e eu, mas talvez seja só porque ele
estava quieto. Agora que estou sozinha com ele, estou sentindo
mais seus sentimentos.

Ele está zangado.

A cada quilômetro que dirigimos, o silêncio cria mais


animosidade entre nós.

Nós nos aproximamos de casa e eu paro na loja de bebidas.


— Só vou entrar e pegar uma garrafa de vinho.

Fletcher revira os olhos, não impressionado.

Saio do carro e bato a porta, irritada. Desde quando pegar


uma garrafa de vinho é um crime, porra? Eu ando ao redor da
loja enquanto murmuro para mim mesma com raiva.

Perdi Tristan por defender meus filhos em nome de seu pai


morto, e agora eles não estão falando comigo?

Que piada.

E não importa o quanto eles amem Tristan, eles não podem


amá-lo tanto quanto eu.

Eu marcho de volta para o carro fora de mim. Crianças


malditas. Eu ligo o carro e dirigimos os dois quarteirões para
casa. Fletcher sai, bate à porta e marcha para dentro.

Algo dentro de mim estala e eu corro atrás dele. Eu o


encontro na cozinha.
— Qual é o seu problema, Fletcher? — Eu digo.

— Se você não sabe qual é o meu problema, então está


ignorando meu problema de propósito — ele rosna.

Estou surpresa com sua agressividade. Fletcher nunca fica


com raiva de mim... nunca. — Você tem idade suficiente para
entender isso, Fletch. Eu não sou a vilã aqui. Estou agindo em
nome do seu pai.

— O que? — Ele grita enquanto franze o rosto em desgosto.


— Você acha que está agindo em nome do papai? — Ele zomba.

Eu coloco minhas mãos em meus quadris. — O que isto


quer dizer?

— Papai mandou Tristan para nós, mamãe.

Seus olhos procuram os meus.

— Você não vê? — Ele grita. — Papai foi quem encontrou


Tristan e o enviou para nós. — Seus olhos se enchem de lágrimas.
— O que diabos um homem como Tristan Miles quer conosco...
se papai não tivesse arranjado isso no céu? — Ele chora.

Meu rosto cai. A dor queima meu coração. A ideia de meu


lindo Wade procurando um novo pai para seus filhos parte meu
coração, porque sei que é algo que ele faria.

Se ele pudesse enviar o melhor homem do planeta para


mim, ele o teria feito.
Ele fez.

A sala começa a girar. Tudo fica nebuloso quando imagino


Wade me observando do céu com meu coração partido... seus
filhos com o coração partido... incapaz de nos ajudar.

— Você é a única que não vê isso — Fletcher diz.

— Você acha que seu pai enviou Tristan para nós? — Eu


sussurro.

— Eu sei disso, mãe. Harry e Patrick sabem disso... por que


você não sabe disso? — Ele sussurra em meio às lágrimas. —
Como você não pode ver isso, mãe? Quando é tudo o que podemos
ver.

Eu abaixo minha cabeça e olho para o chão. Lágrimas


correm pelo meu rosto. Elas são quentes e têm um sabor salgado.

Ele corre para fora da porta da frente, e ela bate atrás dele.
Eu coloco meu rosto em minhas mãos.

Esse desgosto, essa dor... eu não posso mais fazer isso.

Faça parar.
O sol aparece através das cortinas, e ouço o cortador de
grama ao lado. De vez em quando, ele passa por cima de uma
pedra e faz um som estridente.

Por que eles têm que cortar a porra da grama todos os


sábados de manhã e acordar toda a vizinhança?

Eles nem trabalham. Por que eles não podem fazer isso
durante a semana?

Por que tão cedo no fim de semana?

Eu me levanto, vou ao banheiro e espio pelo lado das


cortinas o infrator. Eu deveria invadir lá e dar a eles um pedaço
de minha mente.

Mas eu não vou, porque isso tem me incomodado há anos,


e eu apenas sorrio toda vez que os vejo. Eles tiveram que aturar
meus filhos vândalos jogando bolas em seu quintal e andando de
bicicleta pelo gramado como um atalho. Acho que estamos quites.

Pego meu telefone e volto para a cama. Eu chorei a noite


toda ontem à noite. Eu sinto que estou tendo um colapso nervoso
ou algo assim. As coisas não podem piorar. Eu me sinto um
pouco melhor hoje, entretanto, isso é alguma coisa.

Eu entro no Facebook e procuro. Vou ao Instagram e


procuro um pouco, e então surge um vídeo no story do meu
irmão.
Ele está dançando em um bar.

Hã?

Eu volto e assisto novamente. Deve ser uma filmagem


antiga. Ele está no campo acampando com os meninos... onde
fica esse bar?

Eu li a legenda: dançando a noite toda.

Hã?

Eu folheio até a página de Bob no Facebook e rolo para


baixo. Com certeza, ele postou uma foto de si mesmo entrando
em um avião, com a legenda Flórida aqui vou eu.

O que?

Eu imediatamente disco o seu número. Cai e eu ligo


novamente.

— Alô — ele responde meio grogue com uma voz muito forte
de ressaca.

— Onde você está? — Eu pergunto.

— Flórida.

— Onde estão os garotos? — Eu grito.

— Hã?

— Onde estão os garotos?


— O que você quer dizer? Eles cancelaram e disseram que
não podiam ir. Eu vim aqui com meus amigos.

Eu sento na cama. — Bob, eles não estão aqui. Não os vejo


desde sexta de manhã.

— O que?

— Eu pensei que eles estavam com você? — Eu choro.

— Achei que eles estivessem com você! — Ele grita de volta.

— Oh meu Deus — eu sussurro enquanto meus olhos se


arregalam.

— O que?

— Eles fugiram, Bob.

— Puta merda, chame a polícia.


Tristan

Sento-me na varanda do meu quarto de hotel em Paris.


Acabei de voltar da academia do hotel e vou para o escritório esta
tarde. Ainda estou trabalhando na diligência prévia para a
Anderson Media. Quero que o negócio seja fechado no início desta
semana, se possível.

Quanto mais cedo eu passar para coisas novas, melhor. Eu


preciso me tirar do chão aqui. Eu não posso continuar assim.

Eu só quero acabar com isso.

O telefone do meu quarto toca e eu franzo a testa. Quem


estaria me ligando no hotel? Ninguém nunca o faz. Eu pego e
respondo. — Bonjour.

— Sr. Miles?

— Oui.

— Vous avez des visiteurs. — (Você tem alguns visitantes.)

Eu franzo a testa. — Qui est-ce? — (Quem são?)


— Juste une minute. — (Só um minuto.) Ele passa o telefone
para alguém.

— Tris?

Eu franzo a testa e faço uma careta confusão... que? —


Harry?

— Venha nos buscar.

Meus olhos quase saltam das órbitas. — Eu já estou


descendo. — Corro para a porta e aperto o botão do elevador.

Eles estão aqui.

Observo o botão nas portas e bato o pé. Vamos... vamos.

As portas se abrem e eu corro para fora e olho ao redor para


ver Harry e Patrick sentados na sala esperando por mim. Eles
olham para cima e me veem, e ambos vêm correndo na minha
direção a um milhão de quilômetros por minuto. Eles quase me
derrubam quando agarram uma perna para abraçar.

Eu coloco meus braços em volta deles e os seguro com força.


— Onde está a mãe de vocês? — Eu sussurro em seus cabelos.

— Nós fugimos.

Minha boca se abre em horror. — Sua mãe não sabe que


vocês estão aqui? — Eu suspiro.

Ambos balançam a cabeça. — Não.


— Oh meu Deus. — Eu pego meu telefone. — Ela vai ficar
frenética ‘pra’ caralho. — Eu ligo para Claire.

— Tristan — ela chora em pânico. — Eles fugiram.

— Eles simplesmente apareceram aqui — eu gaguejo.

— O que? — Ela engasga.

— Patrick e Harrison acabaram de aparecer no meu hotel


em Paris.

— Que diabos? — Ela engasga. — Realmente?

— Sim.

— Eles estão bem, eles estão bem — eu a ouço dizer a


alguém.

— Onde você está? — Eu pergunto.

— Na delegacia. Oh meu Deus, Tristan — ela chora de alívio.


— Oh meu Deus. Está tudo bem, Fletcher. Eles estão seguros —
diz ela.

Eu agito a ponta do boné de Harry. — Você está com tantos


problemas — eu murmuro.

— Eu não me importo — ele responde com atitude.

— Estou a caminho — ela gagueja. — Fletcher e eu vamos


pegar o primeiro voo.
— Ok.

— Tchau, Tris. — Ela desliga.

Eu olho para os dois meninos enquanto eles olham para


mim. — O que vocês dois estavam pensando? — Eu digo. — Sua
mãe está desesperada — eu sussurro enquanto aponto para o
elevador. — Vocês dois estão com tantos problemas que nem
consigo acreditar — sussurro com raiva.

Ambos sorriem para mim e meu coração se aperta. Eu me


curvo e pego os dois em meus braços. — Seus pestinhas —
murmuro em seus cabelos.

— Viemos buscar você — sussurra Patrick em meu ombro.


— Nós queremos você como nosso pai. Não nos importamos com
o que mamãe diz. Depende de nós, de qualquer maneira.

Eu os agarro com mais força em meus braços, e eu poderia


começar a chorar. Nós nos abraçamos com força por um longo
tempo, e tenho certeza de que todos ao redor estão assistindo.

Pego suas mãos e entramos no elevador. — Você sabe o


quanto isso foi perigoso? Como diabos você entrou em um avião,
afinal? — Eu pergunto.

— Com o seu cartão de crédito.


Minha boca se abre. — Você roubou meu cartão de crédito?
— Eu suspiro. — Oh meu Deus. Harrison — eu o repreendo. —
Você é inacreditável.

— Não, eu peguei emprestado. Estava na gaveta da mamãe.

O cartão de crédito que dei a Claire para emergências. O


qual ela se recusou a usar.

— Você está de castigo para o resto da vida — eu sussurro


enquanto seguro sua mão.

Ele sorri descaradamente para mim, e eu sorrio para ele.

Eu amo esse garoto ‘pra’ caralho.

Chegamos à minha suíte de hotel e me jogo no sofá. Os dois


se sentam quase em cima de mim. Eles me contam como
mentiram para Bob e Claire e escaparam e pegaram o trem para
o aeroporto e, de alguma forma, entraram em um avião sem
serem parados. Eles me contam todos os detalhes sobre suas
últimas quinze horas, e eu mal posso acreditar.

Os bracinhos de Patrick estão apertados em volta do meu


pescoço enquanto conversamos, e a mão de Harrison está na
minha coxa. Eles estão animados e cortando uns aos outros e
orgulhosos de si mesmos por realmente terem conseguido.

— Por que você veio aqui? — Eu pergunto enquanto olho


entre eles.
— Porque amamos você — diz Harry. — E vamos ficar com
você até que você volte para casa... e você não pode nos fazer sair.
Você é nosso pai, e os pais ficam com os filhos.

Eu os puxo para perto e os seguro com força. — Eu também


amo vocês — eu sussurro em seus cabelos.

Meu coração explode de amor por esses meninos.

Eu sorrio. Parece que toda essa mentira trouxe duas


crianças suadas. — E vocês dois precisam de um banho. Vocês
fedem.

Eles gemem.

— Onde está Fletch? — Eu pergunto enquanto os levo para


o banheiro.

— Ele não deixaria mamãe sozinha no fim de semana.

Eu sorrio com orgulho. Sempre cuidando de sua mãe. —


Esse é o meu garoto.
Agora são 3:40 da manhã e a mensagem que eu estava
esperando chega de Claire.

Apenas chegando no hotel agora.

Ela está aqui.

Eu respondo.

O concierge sabe que você está vindo,

Eles têm uma chave para você.

Uma resposta volta.

Te vejo em breve.

Eu começo a andar, meu coração está na minha garganta.


Claire vai estar com raiva.

Meu Deus, foi tão perigoso o que os meninos fizeram. Espere


até eu falar com a companhia aérea responsável.

Eu respiro fundo. Estou nervoso para vê-la.

Tem sido longas, solitárias e infernais semanas.

A fechadura da porta clica e a porta se abre lentamente.


Fletcher entra e eu o puxo para um abraço. Então eu vejo Claire,
e meu coração afunda.

Ela está perturbada, em lágrimas e pálida. Parece que ela


perdeu muito peso.
— Baby — eu sussurro.

Ela aperta o rosto em lágrimas, e eu a pego em meus braços.


Ela chora no meu ombro enquanto a seguro com força. — Shh,
eles estão bem — eu sussurro em seu cabelo. — Eles estão
dormindo. Está tudo bem. — Eu a levo pela mão para o quarto, e
ela beija as testas de ambos enquanto dormem.

— Eu vou matar esses dois idiotas — Fletcher sussurra.

— Entre na fila — murmuro enquanto observo Claire


soluçar por causa deles.

Eu me viro para Fletcher e o puxo em meus braços


novamente. — Bom garoto por ficar com sua mãe — eu sussurro.
Eu dou um tapa nas costas dele.

— Onde estou dormindo? — Ele pergunta. — Estou exausto.

— Na sala ao lado.

— Boa noite, mãe — sussurra Fletcher.

Claire envolve seus braços ao redor dele. — Muito obrigada,


Fletch. Boa noite querido.

Fecho a porta dos meninos e saímos para a sala de estar.


Estou esperando por seu ataque.

Eu me viro para ela. — Claire...


— Eu te amo — ela me corta. Seus olhos estão cheios de
lágrimas, a dor neles insuportável para eu olhar. — O que você
quiser que eu faça — ela sussurra. — Onde você quiser que eu
viva. Eu vou fazer isso.

Seus olhos procuram os meus.

— Só não me deixe de novo. — Ela soluça. — Eu não


aguento mais. Não posso fazer isso sem você, Tris. — Seu peito
arfa com as lágrimas, e é óbvio que ela está chorando há muito
tempo. — Por favor, não me deixe de novo — ela implora em um
sussurro.

— Baby — eu sussurro enquanto a puxo para perto. Eu


nunca a vi assim. — Eu não vou. Eu prometo. Eu te amo.
Podemos fazer do seu jeito. — Eu a seguro com força. —
Enquanto eu estiver com você, vai ficar tudo bem. Eu não preciso
de papéis, está tudo bem.

Por muito tempo, ela fica e chora em meus braços. Eu odeio


vê-la assim. Ela está completamente destruída. Ela geralmente é
sempre tão forte. — Vamos. Banho. — Eu a levo para o banheiro
e ligo a água quente. Eu tiro sua roupa lentamente.

Ela está diante de mim, fraca e frágil. Não é como minha


forte Claire.
Meu coração aperta com a quantidade de peso que ela
perdeu. Eu a levo para dentro da água, e seus olhos tristes
seguram os meus. — Você pode entrar comigo?

Eu tiro minhas roupas e entro, e nós nos abraçamos sob a


água quente. Sua cabeça está no meu peito, meus braços em
volta de seu pequeno corpo.

Não é como nossos banhos normais juntos. Não se trata de


sexo, é sobre amor.

Meu amor... para ela.

— Eu te amo — eu sussurro.

Ela aperta o rosto no meu pescoço. — Não me deixe de novo.

— Eu não vou — eu prometo a ela.

Ela se agarra a mim. Isso vai demorar um pouco para


superar.

Para nós dois. Mas ela está aqui. Minha família está aqui
comigo.

Nós vamos passar por isso.

Nós precisamos.
Eu deito de lado e vejo Claire dormir. Ela está totalmente
exausta.

Tudo isso a sobrecarregou – o estresse no trabalho, nosso


rompimento e, em seguida, o desaparecimento dos meninos a
deixou tão preocupada que não conseguia parar de chorar na
noite passada. Seu corpo simplesmente desistiu. O suficiente e,
no final, dei a ela dois comprimidos para dormir para que ela
finalmente pudesse relaxar o suficiente para adormecer.

Eu ouço uma discussão na outra sala e sorrio. Quem diria


que o som de brigas de manhã cedo poderia soar tão bom? Eu
me levanto e vou investigar.

— Eu não me importo se você não trouxe nenhum outro


short — Fletcher dispara para Harry. — Você não está usando o
meu. Não é de admirar que não consegui encontrar nenhuma das
minhas coisas para embalar – estão todas na sua mala.

— Shh, a mãe de vocês está dormindo — eu sussurro


enquanto entro no quarto. — O que está acontecendo?

— Harry roubou todas as minhas roupas — Fletcher


sussurra com raiva.
— Eu não. — Ele olha para mim. — Todos os meus shorts
não cabem mais em mim.

— É muito cedo para isso. — Eu suspiro. — Devolva o short


para Fletcher. Vou comprar novos para você hoje, Harrison.

— Bem, isso não é justo — Fletcher diz. — Por que ele ganha
shorts novos?

— Posso ter shorts novos? — Patrick pergunta da cama. —


Tenho crescido ultimamente e preciso de roupas novas.

Harry revira os olhos. — Oh pare com isso. Você não


cresceu.

Eu olho para os meninos briguentos e um largo sorriso


cruza meu rosto. Na verdade, estou grato por ouvi-los brigar...
Quem poderia imaginar? — Vou comprar roupas novas para
vocês hoje — respondo.

Seus olhos se arregalam.

— Mas agora, quero que vocês se vistam, desçam para o


restaurante e tomem o café da manhã — digo. — Coma algo
saudável do buffet.

— Você está vindo? — Patrick pergunta.

— Eu vou ficar aqui com a mãe de vocês. Vocês ficarão bem


com Fletcher. Não vá a nenhum outro lugar. — Aponto para os
dois encrenqueiros. — Vocês vêm direto de volta para o quarto
quando terminar. Quero dizer, vocês dois estão seriamente de
castigo ao resto da vida. Em lugar nenhum sem um adulto.
Sempre.

Fletcher dá um sorriso presunçoso para seus dois irmãos.


Ele adora que eu o classifique como um adulto.

Eu preparo um café para mim, eles tomam banho e fazem


bagunça em volta, e cerca de meia hora depois eles descem para
o café da manhã.
Claire

Eu ouço a porta da frente se fechar atrás dos meninos e


chamo: — Tris? — Eu estive esperando eles irem embora. Eu
sabia que se me levantasse antes de eles irem, teria que ir tomar
o café da manhã com eles e quero algum tempo.

Ele aparece na porta. — Ei. — Ele está vestindo nada além


de shorts boxer azul-marinho. Seu belo corpo está em exibição.

Eu puxo as cobertas em um convite.

Ele sorri, tranca a porta, entra e me puxa para seus braços.


— Você está bem? — Ele sussurra.

Eu fecho meus olhos enquanto me inclino contra seu peito.


— Deus, eu sinto muito sobre a noite passada. Eu era um caso
perdido.

— Não sinta. Você estava tão estressada, estou preocupado


com você.

Eu o abraço com mais força. É tão bom estar segura em


seus braços grandes e fortes.

Ele pega meu rosto em suas mãos. — Por que você não me
contou antes sobre a Anderson Media estar em apuros?
Eu passo minha mão para baixo sobre sua barriga. — Eu
não queria que você se preocupasse.

— Pare com isso. Precisamos conversar sobre isso. — Ele


afasta minha mão. — Então... você assumiu tudo para si mesma?

— Tris. — Eu suspiro. — Desde o primeiro dia você tem sido


meu cavaleiro de armadura brilhante. Só por uma vez, queria que
você se orgulhasse de mim.

Seus olhos procuram os meus. — Estou orgulhoso de você,


como você poderia pensar de outra forma?

Eu abaixo minha cabeça enquanto a tristeza rola. — Porque


eu não estou orgulhosa de mim mesma por ter perdido a empresa
de Wade, e eu não sei como você poderia estar.

Ele afasta o cabelo do meu rosto enquanto seus olhos fixam


os meus. — É a sua empresa também, Claire. Não se esqueça
disso. Wade pode ter começado, mas você comandou por cinco
anos sozinha.

Cinco anos sozinha... apenas ouvir essas palavras traz


lágrimas aos meus olhos, e pisco para tentar escondê-las.

Eu me senti tão sozinha.

— Baby. — Tristan me puxa para perto e beija minha testa.


— Deixe-me entrar, Claire. Eu não quero que você tenha que
passar por mais nada sozinha. — Ele pega meu rosto em suas
mãos e olha nos meus olhos. — Ok?

Eu aceno em meio às lágrimas.

Seus lábios tomam os meus com uma ternura que rasga


meu coração e eu choro novamente.

Eu senti falta do meu homem.

Eu deslizo minha mão para baixo em sua cueca boxer e


corro meus dedos por seus pelos pubianos.

Seus olhos seguram os meus, e eu o pego em minha mão e


lentamente o acaricio. Eu sinto o sangue correndo ao redor de
seu corpo, seu pau endurecendo, e eu o acaricio novamente.

Nossos olhos estão travados.

É quando estamos no nosso melhor. Sozinhos na cama, sob


as cobertas. Ninguém aqui além de nós e do amor que
compartilhamos. — Eu preciso de você — murmuro.

Ele pega meu rosto em suas mãos e me beija lentamente.


Sua língua faz uma dança sedutora contra a minha, acordando
meu corpo adormecido de seu sono.

Eu continuo a acariciá-lo lentamente enquanto ele fica cada


vez mais duro. Nossos lábios estão travados. Deus, como eu
pensei que poderia viver sem ele?
Não admira que meu coração estivesse partido. Ele o faz
bater.

Seus dedos encontram o ponto entre minhas pernas. —


Abra — ele respira contra meus lábios.

Eu rolo em minhas costas e abro minhas pernas, e ele se


inclina sobre o cotovelo ao meu lado.

Ele desliza dois dedos grossos dentro de mim. Minhas


costas arqueiam de prazer. — É isso, — ele respira. — Eu sei
como relaxar você, baby.

Seus lábios lentamente tomam os meus enquanto ele


começa a bombear em mim. As ondas de prazer começam a se
formar. Eu coloco minhas mãos em seu antebraço enquanto ele
me estimula, seu movimento ficando cada vez mais áspero.

Seus olhos escuros seguram os meus e a cama começa a


bater na parede com força.

Tristan Miles é o rei da foda com os dedos. Ele me dá isso


tão bem antes mesmo de chegarmos à parte da relação sexual.
Ele tem tanta força nas mãos que não tenho chance contra ele.
Nenhuma defesa contra sua habilidade.

Quando ele me tem assim, ele me possui.

Quem estou enganando? Ele é meu dono onde quer que


estejamos.
Ele empurra minhas pernas para trás para que fiquem
dobradas contra meu peito, e ele realmente me permite ter isso.
O som do meu corpo molhado sugando-o ecoa por toda a sala.

— Mmm — eu gemo enquanto ele me olha. Meus olhos estão


revirados na minha cabeça, e eu fico pairando em algum lugar no
subespaço. — Eu preciso de você — eu ofego. Eu pego sua nuca
e o arrasto para mim. — Foda-me — eu imploro.

Com olhos escuros, ele se eleva acima de mim, e eu envolvo


minhas pernas em volta de sua cintura. Ele desliza para casa
profundamente. Nós estremecemos, quase perdendo o controle.

Nós nos beijamos, e é lento e terno e se move ao mesmo


tempo que seu corpo dentro do meu.

— Senti sua falta — ele murmura contra meus lábios. Eu o


aperto com mais força. Não acredito que quase o perdi.

Eu me movo e estremeço fortemente. Seus olhos tremem


com fogo, e ele puxa e bate de volta.

Oh... aqui vamos nós.

Ele se eleva acima de mim com os braços esticados e começa


a me foder com força total. Seus joelhos estão abertos e minhas
mãos estão em seu traseiro. Eu o sinto flexionar enquanto entra
totalmente.

Tão bom... tão bom ‘pra’ caralho.


— Porra — ele rosna com os dentes cerrados. — Joelhos
para cima.

Eu coloco meus joelhos em seus ombros, e seus olhos rolam


para trás. Eu sorrio para ele maravilhada. — Eu te amo — eu
sussurro.

Ele me beija agressivamente, e então ele me permite ter isso.


A cama bate na parede com tanta força que acho que ele pode
derrubá-la. Ele morde meu pescoço, e eu não aguento. Eu aperto
e tenho convulsões enquanto gozo forte. Ele se mantém
profundamente enquanto faz o mesmo.

Nós nos movemos juntos lentamente para esvaziar


completamente seu corpo no meu.

— Senti sua falta — ele sussurra.

Eu o seguro com força em meus braços. — Também senti


sua falta.
Tristan

Estamos de volta a Long Island agora, e eu olho ao redor em


seu quarto e deslizo minha mão sobre o quadril de Claire
enquanto ela dorme. Eu inalo profundamente e sorrio em seu
cabelo.

Hoje é o dia.

— Bom dia. — Ela suspira sonolenta.

— Estou me levantando, querida.

— Hmm — ela murmura com os olhos fechados. — Por que


tão cedo?

— Vou levar os meninos para a exposição em Nova York,


lembra?

— Oh, isso mesmo — ela responde. Seus olhos estão


firmemente fechados. — Você quer que eu me levante para vê-lo
partir?

— Não, eu tenho isso. Os meninos já estão acordados. Eu


posso ouvi-los lá embaixo. Fique aqui e durma.

— Ok. — Ela sorri enquanto envolve seus braços em volta


de mim e me abraça com força. — Eu te amo.

Eu a beijo suavemente. — Eu também te amo.


Eu saio da cama, tomo banho rapidamente e desço as
escadas.

Os meninos estão comendo seus cereais com sorrisos


enormes em seus rostos. — Estamos prontos? — Eu sussurro.

— Sim, com certeza — sussurra Patrick, entusiasmado.

Eu sorrio. — Se apresse. Nós precisamos ir.

Caminhamos pelo shopping em Nova York. Está nevando e


as canções de natal tocam alto por todo o espaço. Patrick está
segurando minha mão e Harry e Fletcher estão ao meu lado.
Estamos procurando há horas. Ainda não gosto de nada. — E se
não encontrarmos um? — Harry pergunta.

— Nós vamos.

— Você deveria ter mandado fazer um. — Fletcher suspira


com um rolar de olhos.

— Eu não tive tempo.


Os meninos e eu estamos procurando um anel de noivado
para Claire. Finalmente seremos uma família.

— Para quando você precisa?

— Bem, partimos em três semanas para Aspen, e meu plano


é propor na véspera de Natal — respondo enquanto caminhamos.
— Eu tenho tudo arranjado. Agora só precisamos do anel. — Os
nervos vibram em meu estômago. Finalmente.

Minha esposa.

Nunca desejei tanto nada. — Vamos torcer para que ela diga
sim, hein? — Eu adiciono.

— É melhor ela dizer — Harry diz enquanto caminhamos.


Ele segura minha mão. — Ela vai arruinar a viagem inteira se
não o fizer.

Eu rio. — De acordo. Duas semanas esquiando em Aspen


vai ser muito desconfortável se ela disser não.

Eu sorrio ao imaginar nossa primeira véspera de Ano Novo


juntos como uma família, e não sei se já estive tão animado com
férias antes.

— É claro que ela vai dizer sim — Fletcher zomba. — Como


se ela não fosse.
— Aposto que ela vai chorar. — Harry sorri
sonhadoramente, como se estivesse imaginando o rosto dela. —
Ela sempre chora quando coisas boas acontecem.

— Lembre-se, nenhuma palavra a ninguém sobre isso. —


Eu amplio meus olhos para Patrick para lembrá-lo
especificamente.

Se alguém vai tagarelar com Claire, é ele, mas eu não queria


deixá-los fora disso.

— Eu sei — diz ele com desgosto. — É um grande segredo.

— Você vai estragar o Natal se contar — acrescenta Fletcher.

— Eu não vou — Patrick diz. — Pare de dizer que vou contar,


porque não vou.

Continuamos andando e andando e andando. — Onde está,


Fletch? — Eu pergunto.

Ele verifica as instruções em seu telefone. — Ao virar da


esquina.

Dobramos a esquina e aí está.

MERCADO DE DIAMANTES DE NEW YORK

— É isso.
Todos nós ficamos parados e olhamos para a placa.

— Isso me deixa nervoso — eu sussurro.

— Eu também — responde Fletcher. — E se conseguirmos


um que ela odeia?

— Não vamos. — Com determinação renovada, conduzo os


meninos para a joalheria e olhamos ao redor.

— Posso te ajudar senhor? — O homem atrás do balcão


pergunta.

— Sim — interrompe Fletcher. — Estamos procurando um


anel de noivado.

Eu sorrio, orgulhoso de que ele agora fala com tanta


confiança com estranhos.

— Para minha mãe — acrescenta Patrick.

— Bem. — Os olhos do vendedor se arregalam de alegria. —


Que maravilhoso.

— Sim, é. — Harry sorri feliz enquanto balança meu braço


pela mão.

Eu sorrio enquanto observo os meninos. Eles estão tão


animados com isso quanto eu. Estou tão feliz por incluí-los nisso.

— O que você quer, senhor? — O vendedor pergunta.


— Ouro. — Eu olho para Fletcher para confirmar, e ele
concorda. — Sim, ouro de dezoito quilates. Um diamante
solitário, não muito grande e chamativo, mas o diamante tem que
ser perfeito.

— Ok. Por aqui por favor. — Ele nos leva até um armário de
vidro onde os anéis de diamante são exibidos em fileiras.

— Obrigado — eu respondo. — Isto pode tomar algum


tempo.

— Claro. Eu vou deixar você com isso. Estarei aqui quando


você precisar de mim.

Os meninos e eu espiamos dentro do armário.

— Você vê algum que goste? — Eu sussurro.

— Hmm. — Patrick estica o pescoço enquanto olha. — Estou


tentando imaginar se eu fosse uma menina.

— Você não teria que imaginar muito — Harry murmura


secamente.

— Aquele. — Fletcher aponta para um anel que está


sozinho.

Um anel de diamante solitário em uma caixa de veludo preto


brilha perfeitamente na luz.

— Oh sim — Harry sussurra. — Eu gosto desse também.


— O que você acha, Tricky? — Eu pergunto.

— Hmm. — Ele franze a testa enquanto se concentra. — Eu


acho que ela pode gostar de um anel de coração ao invés. Você
sabe, por amor.

Harry franze o rosto em desgosto. — Ela não tem dez anos


— ele zomba. — Ninguém gosta de anéis de coração.

— Eu acho que seria legal — eu respondo enquanto olho


para o anel na nossa frente. — Mas talvez mamãe prefira um
redondo. — Eu encolho os ombros. — Boa ideia, de qualquer
modo, Tricky. — Eu esfrego sua cabecinha e bagunço seu cabelo.

Ele sorri para mim. — Eu suponho.

— Com licença — eu chamo o vendedor.

— Sim.

— Podemos dar uma olhada neste, por favor? — Eu aponto


para o anel que gostamos.

— Claro. — Ele o tira do armário e o entrega.

Todos nós olhamos para ele na minha mão. — Você pode


me falar sobre isso? — Eu pergunto.

— Sim, este é um diamante solitário de dois quilates de corte


perfeito. Ouro de 18 quilates em um ajuste tradicional.
Eu sorrio enquanto olho para ele. Eu acho que é este. —
Podemos ter um momento a sós, por favor? — Eu pergunto.

— Claro. — Ele nos deixa em paz.

— O que vocês acham? — Eu sussurro enquanto o passo


para Fletcher. Ele estuda cuidadosamente.

— Eu amo este. — Ele o passa para Harry, que o inspeciona


detalhadamente. Ele acena em aprovação. Ele o passa para
Patrick, que imediatamente o deixa cair no chão.

— Patrick, seu idiota, — Harry sussurra com raiva. —


Observe o que você está fazendo.

— É escorregadio, — gagueja Patrick.

— Oh meu Deus. Sinto muito — gaguejo para o vendedor


enquanto todos nós mergulhamos no chão para recuperá-lo.

Eu o pego e olho para ele em meus dedos, e um largo sorriso


cruza meu rosto. — É isso. — Eu me viro para o vendedor. — Nós
vamos levar, por favor.
A neve está caindo e todos os meninos olham pela janela do
nosso chalé.

É véspera de Natal e estamos sentados perto da lareira,


perto da árvore de Natal.

Este Natal parece especial... ele é especial.

Meu primeiro com eles.

Claire sorri para mim. — Obrigada por nos trazer aqui. —


Ela me beija suavemente. — Está perfeito.

— Meninos — eu chamo.

Todos correm até nós e se sentam, animados com o que está


por vir.

— Temos algo para você. — Eu sorrio.

Patrick coloca a mão sobre a boca para não deixar escapar.

Os olhos de Claire me questionam.

Eu caio de joelhos na frente dela e estendo o anel. — Claire,


você quer se casar comigo?

Os três meninos saltam de excitação.

Claire ri e me puxa para beijá-la. — Achei que você nunca


iria perguntar. — Nós nos beijamos, e os meninos parabenizam.
— Eu tenho um presente de Natal para você também, Tris — ela
sussurra.

Eu sorrio enquanto a beijo novamente, e então ela pega


minha mão e a coloca sobre sua barriga.

— Você vai ser pai.

Meu mundo para.

Ela sorri em meio às lágrimas. — Estou grávida de dois


meses.

Eu fico olhando para ela com os olhos arregalados, então


olho para os meninos, que também estão de olhos arregalados.

O que...

Claire ri enquanto minha mão repousa com ternura sobre


seu estômago. — Tenha cuidado com o que deseja, Sr. Miles.
Agora você tem quatro.

Duas semanas depois


Eu expiro pesadamente enquanto estou do lado de fora da
porta do escritório de Jameson. Eu abaixo minha cabeça
enquanto me preparo.

Estou prestes a fazer algo que nunca imaginei em meus


sonhos mais loucos.

Eu bato duas vezes.

— Entre — ele chama.

Sem dizer uma palavra, entro e entrego a ele o envelope.

Ele franze a testa. — O que é isso?

— Minha demissão.

— O que? — Seus olhos seguram os meus. — Diga que você


está brincando.

— Estou assumindo como CEO da Anderson Media.


Fletcher e eu vamos cuidar disso juntos.

Seu rosto cai. — Eu não acho...

— A decisão já foi tomada, Jay — eu o interrompi. — Estou


indo.

— O que Claire disse?

— Ela ainda não sabe.


Ele franze a testa. — Você está deixando a empresa de sua
família para dirigir a empresa de outra pessoa? Isso é loucura.

Eu deixo cair minha cabeça.

— Não posso deixar você fazer isso — gagueja.

— Vou dirigir a empresa dos meus filhos... para eles. Posso


reconstruí-la para que, quando eles tiverem idade suficiente para
assumir o controle, ela estará prospera.

Seus olhos seguram os meus e ele me dá um sorriso lento.


— Você é um bom homem, Tristan. — Ele me puxa para um
abraço e beija minha bochecha.

Quero deixar escapar que estamos grávidos e nada para


ficar tristes, porque este é o começo de algo maravilhoso – uma
vida com a mulher que amo e quatro filhos lindos – mas não
posso. Concordamos em manter a gravidez para nós mesmos por
mais um mês até que Claire chegue ao segundo trimestre.

No entanto, estou bem ciente de que este é o fim do meu


tempo de trabalho com meus irmãos, e por isso estou realmente
arrasado.

Não será a mesma coisa não trabalhar com eles.

Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto nos


abraçamos. O fim de uma era.
Eventualmente, eu me afasto de seus braços e caminho em
direção à porta.

— Quando você estará de volta? — Ele pergunta.

Eu volto-me para ele. — Quando meus meninos se tornarem


homens.

Fim
É preciso um exército para escrever um livro e, sem dúvida,
tenho o melhor exército do mundo.

Para Sammia, Lindsey e minha equipe Montlake na


Amazon, obrigada por acreditar em mim e no meu trabalho – o
apoio de vocês tem sido incrível. Publicar com vocês foi um sonho
que se tornou realidade.

Para minha maravilhosa assistente de três anos, Kellie, que


todos nós sabemos que é a verdadeira chefe por aqui. Obrigada
por tudo que você faz: a viagem, as capas, os livros, meus
colapsos... você lida com tudo isso com um lindo sorriso no rosto.
Estou muito grata por nossa amizade.

Para meus lindos leitores beta, Rachel, Nicole, Vicki, Rena,


Amanda, Nadia e Lisa: vocês são as melhores. Obrigada por tudo
que vocês fazem por mim. Vocês me fazem muito melhor.

Para minha família, os amores da minha vida. Eu os amo.


Xoxoxo.

Aos meus amados amigos do Esquadrão Cisne, obrigada por


sua amizade e por me manter sã.
E por último, mas não menos importante, para meus lindos
leitores: é por sua causa que posso viver esta vida maravilhosa,
e as palavras não parecem suficientes para expressar minha
gratidão.

Muito obrigada por ler meus livros.

Muito obrigada por seu apoio contínuo.

Muito obrigada por acreditar em meus personagens e


histórias tanto quanto eu.

Sonhos se tornam realidade.

Tee

xoxoxox
Psicóloga em sua vida anterior, T L Swan está agora
seriamente viciada na emoção de escrever e não consegue
imaginar uma época em que nunca o fez.

Ela reside em Sydney, Austrália, com seu marido e seus três


filhos, onde está vivendo feliz para sempre com seu primeiro
verdadeiro amor.

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