O filho liga para o pai para dar a notícia de que a neta Yara aprendeu a andar. O pai não sabe o que dizer inicialmente e dá respostas sem graça. Sua esposa Cleide toma o telefone e conversa animadamente com a filha, trocando detalhes sobre sapatos e roupas da neta. Isso faz o pai lembrar do momento em que sua filha Marlene deu seus primeiros passos anos atrás.
O filho liga para o pai para dar a notícia de que a neta Yara aprendeu a andar. O pai não sabe o que dizer inicialmente e dá respostas sem graça. Sua esposa Cleide toma o telefone e conversa animadamente com a filha, trocando detalhes sobre sapatos e roupas da neta. Isso faz o pai lembrar do momento em que sua filha Marlene deu seus primeiros passos anos atrás.
O filho liga para o pai para dar a notícia de que a neta Yara aprendeu a andar. O pai não sabe o que dizer inicialmente e dá respostas sem graça. Sua esposa Cleide toma o telefone e conversa animadamente com a filha, trocando detalhes sobre sapatos e roupas da neta. Isso faz o pai lembrar do momento em que sua filha Marlene deu seus primeiros passos anos atrás.
Estou tranquilamente jantando e tomando uma sagrada
cervejinha quando toca o telefone. −Alô! −Pai... Liguei para dar uma notícia sensacional... Era a Marlene. − Oi filha! Tudo bem? −A Yara aprendeu a andar... − Falou entusiasmada. Fico sem saber o que dizer. Nunca sei o que se diz em aniversários, enterros, nascimentos e, agora acabo de descobrir, quando crianças aprendem a andar. − Que legal filha... Não me vem nada à cabeça. Será que pergunto se ela anda com os dois pés? Pergunto se tem freio ABS? Pergunto se foi no primeiro ou no segundo tempo? Meu pobre cérebro trabalha incansavelmente. − Vocês estão de parabéns... Que frase mais idiota, eu penso, a menina vai ficar frustada com o pai. − Pai ela não pára um segundo, vai do quarto para a sala, da sala para a cozinha, está eufórica com a novidade. − Que bonitinha! − Eu digo sem muita convicção. Nesse meio tempo, percebo que a Cleide parou de jantar e está atenta à minha conversa. Sem avisar nenhuma das duas passo o telefone para a Cleide que, completamente à vontade, diz: − Você saiu para trabalhar e quando voltou ela já estava andando? Porque eu não pensei em dizer algo assim? Como sou burro... E a Cleide continua: − Que gracinha, aprendeu faz dez minutos? E as duas se enrolam em um papo sobre sapatinhos, botinhas e uma série de outros "inhos". Eu fico ali calado com meus pensamentos. Aos poucos vou lembrando que um dia, há mais de vinte anos, cheguei do trabalho e a Cleide não veio me beijar como de costume. Parou a uns 4 metros com a Marlene pequenininha de pé, entre as suas pernas e, de repente, a soltou e ela andou até mim com seus primeiros e inseguros passos. Éramos tão jovens... Tínhamos tantos sonhos. Não me lembro da maioria dos "tantos sonhos", mas acho que um deles era este, de ter netos e vê-los dar alegrias como esta a nossos filhos.