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São Paulo, 17 de setembro de 2008 – Edição 613 – www.bites.com.

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O futuro é o passado
Cadu Lemos* então os Sac’s, Nac’s, Pac’s e outros que tanto em primeiro lugar? O problema é que o único

A
ouvimos falar. compromisso de verdade que a maioria das em-
tenção empresas, empresários e exe- Estas estruturas foram criadas de forma legí- presas tem é com seus produtos e serviços. Com
cutivos em geral: uma conspiração está tima por algumas empresas e como mera réplica suas metas de venda, suas pesquisas de satisfa-
em curso. Velada e silenciosa. Não se por outras. Tanto é assim que uma grande empre- ção anuais.
iludam, este movimento vai atingir o seu sa americana, aqui no Brasil, apresenta como SIC Estou convencido de que a questão da fideliza-
mercado e a sua empresa. É só uma questão de (Serviço de Informação ao Consumidor) apenas ção, ou melhor, da lealdade, esta sim, verdadeira
tempo. Enquanto você lê estas linhas, eles estão uma caixa postal impressa na embalagem. Mas e ligada aos valores da empresa, está restrita ao
em contato, se falando, se comunicando, pre- o pior é que, quando você consegue falar com a ambiente do próprio consumidor e quando muito
parando as próximas ações, avaliando ações já empresa, depois de ter sido exposto ao indefectí- de algum funcionário realmente capaz, motivado,
ocorridas. Eles pensam única e exclusivamente vel, morno e mentiroso “por favor” não desligue, bem treinado e que se identifique com o cliente. A
em si mesmos. Eles já são milhões no mundo in- sua ligação é muito importante para nós”, o que Internet propicia esta interação de forma fantás-
teiro e muitos, muitos mais do que você imagina se ouve via de regra é um operador desprepara- tica. Antes era a caixa postal (pelo visto ainda
aqui no Brasil. Quem são eles e que conspiração do, neutro, repetindo frases padrão que são lidas é para alguns), depois veio o Call Center e seus
é essa? A conspiração do consumidor. Ela vem da tela do computador (ou pior, quando se ouve scripts quase decorados e agora são diversos si-
acontecendo diariamente num ambiente aber- o farfalhar das páginas do manual de atendimen- tes como o pioneiro epinions e os brasileiros ivox,
to, democrático e mal interpretado: a Internet. A to, virando às pressas, num desespero legítimo sakocheio, papagaio e outros, que fazem com
rede tem indiscutivelmente um grande mérito. para se encontrar a resposta e, acredite, se li- que o consumidor tenha voz. Sites que permitem
Resgatou um hábito que nós, seres humanos, vrar do cliente), objetivando transformar aquela que os clientes troquem idéias entre si sobre ex-
tínhamos perdido há muito tempo: escrever e ligação em alguma coisa rápida, indolor e - com periências mágicas e trágicas que tiveram com
manter contato com amigos, familiares, colegas raras exceções - inócua. A razão das coisas acon- as empresas, são os veículos deste movimento.
e também com as empresas, por que não? Esta tecerem assim é o fato de que muitas empresas Eles privilegiam as relações e não somente as
“nova” prática tem um nome: Redes Sociais ou remuneram seus operadores por ligação atendi- transações como a maioria dos e-businesses
Mídia Social. Aquilo que todo mundo que já se co- da. Quanto mais rápido ele atender, mais ganha. por aí... Este processo é tão fundamental, que é o
nectou alguma vez na vida já ouviu falar: Orkut, Agora resolver o problema do cliente é outra coi- alicerce desta conspiração. Milhões de consumi-
Facebook, MySpace, Flickr (para fotografias), sa... E os tais programas de fidelização? Não vou dores conectados, elogiando, comentando, suge-
Twitter entre tantos outros. Obama em sua bem nem comentar. Daria material para um livro. Mas rindo, protestando, reclamando, ajudando, viven-
sucedida campanha usou tudo isso e deu no que não resisto e dou uma cutucada: você conhece do. E já que falamos de Internet lembre-se: Nós
deu. Pode vir a ser o próximo presidente ameri- alguma empresa que não diga que o cliente vem não somos “pageviews”, “pagehits”, “eyeballs”
cano. No mundo corporativo, criaram-se ou segmentos (como as empresas de pesquisa
então estruturas de diversos ta- de mercado adoram nos classificar). Somos se-
manhos (e procedências...) res humanos. Por isso, quando estiver com um
que tinham como principal cliente do outro lado da tela, da linha ou do bal-
objetivo ser o canal de cão saiba que do outro lado pode até existir uma
contato com o cliente. reclamação, mas os consumidores por princípio,
Entraram em cena estão totalmente dispostos a encontrar a causa
do problema junto com a empresa. Mas calma! O
cenário não é tão cruel assim. Afinal de contas,
tenho certeza de que a sua empresa, mesmo
antes da existência da Internet, já tratava seu
cliente como sempre deveria ter tratado, ou
seja, com transparência, ética, respeito, cor-
tesia, simpatia, pontualidade, entre outras
tão esquecidas características. Isso não vai
te levar para o céu, mas com certeza vai fa-
zer com que nessa conspiração que avança a
cada minuto, você e sua empresa sejam poupa-
dos. Por enquanto.

* Cadu lemos é diretor da Cadu Lemos Associados,


Marketing & Relacionamento que atua em comunicação,
marketing e vendas, trabalho em equipe, integração de
pessoas, , palestras, seminários, cursos e workshops.

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