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Fábio Martins
odução
Homem, Ambiente e Ecologia Áttema (attemagburiti.com.br)
Courier
no Estado de Roraima
Os impactos
ambientais e sociais
mineração informal
na Amazônia
Sedimentação e desmatamento
'University of Edinburgh, Department of Geography, Drumond Street, EH8 91W Edinburgh, Scodand
(Escócia).
Os impactos ambientais e sociais do setor da mineração informal na Amzônia
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima
184 qualquer setor de planejamento governamental. Embora garim- peixes carnívoros. Estes podem ser pescados e estar presente nas 185
peiros estejam quase que em sua maioria cientes da alta toxidez refeições de qualquer pessoa do meio rural ou urbano.
do mercúrio, é comum ver pessoas'agrupadas nos garimpos Ao contrário do mercúrio inorgânico, o metil-mercúrio não é
amalgamando ouro com mercúrio; uma técnica que separa o ouro facilmente descarregado do corpo. Portanto, ele se acumula nos
das impurezas e libera gases altamente tóxicos (vapor de mercúrio tecidos dos organismos vivos quanto mais se aproxima ao final da
ou mercúrio inorgânico) para o ser humano e o ambiente. Esta cadeia alimentar como no caso de grandes peixes carnívoros,
atividade geralmente é realizada logo após o trabalho de jacarés e humanos. Comunidades ribeirinhas que vivem próximas
garimpagem, para que seja possível avaliar rapidamente o fruto dos das áreas de garimpo estão entre os grupos de maior risco
esforços e estimar o pagamento. Lojas que compram ouro, de contaminação de mercúrio através da ingestão de peixe
próximas ou dentro de áreas urbanas, perpetuam o' mesmo ritual contaminado. Como a limnologia e os processos bioquímicos nos
na hora da aquisição do ouro para garantir o expurgo do excesso rios da Amazônia ainda não são bem conhecidos, é difícil saber
de impurezas. Embora com menos intensidade atualmente, ainda que período de tempo é necessário para esta cadeia de eventos.
é comum encontrar tais comércios localizados no centro da cidade Maior número de pesquisas deveriam ser direcionadas no sentido
de Boa Vista. Mesmo que em menor quantidade, os comerciantes de monitorar a saúde de comunidades ribeirinhas (ver Couto,
deste tipo de lojas também estão expostos ao vapor de mercúrio. Os 19m). As populações afetadas deveriam ser prevenidas sobre as
"donos de garimpo" (proprietários de maquinário) queimam a maior consequências de se alimentar com peixes carnívoros. Enquanto
parte do metal tóxico nos sítios de produção mas os resíduos são isto, atenção deveria ser dada para a introdução de novas técnicas
inevitáveis ao comerciante de ouro da cidade. de controle, tais como condensadores de mercúrio portátil
Pessoas que inalam vapores de mercúrio do processo de (conhecido como retentores) e redução na descarga de mercúrio
queima absorvem o metal em sua forma inorgânica através das nos rios feita pelos próprios garimpos. Em Roraima não são
mucosas do nariz e do pulmão. Mesmo tóxico, neste estado conhecidos registros deste tipo de contaminação em seres
inorgânico uma parte do mercúrio pode ser descarregado para fora humanos. Entretanto, este é um processo que pode levar anos sem
do corpo pela urina (David Clear)ç1 993; comunicação pessoal). que se tenha a real visão do que esta ocorrendo. No Japão,
Donos de garimpo e comerciantes de ouro contaminados pelo somente após 30 anos de intensa descarga de poluentes tóxicos à
vapor de mercúrio podem passar por um prolongado processo de base de mercúrio na Baía de Minamata, é que foi possível detectar
desintoxicação se forem rerriovidos da fonte de poluição. Em casos severas anomalias neuro-fisiológicas nas pessoas que se
extremos, drogas podem ser administradas para acelerar a taxa na alimentaram dos peixes daquela localidade. As descargas de
qual o mercúrio é descarregado do corpo através da urina. mercúrio por amalgamação e lavagem do ouro em Roraima são
Entretanto, este processo pode ser longo e demorado. consideradas extremamente altas (Veiga & Meech, 1995:128).
Um segundo e potencial sério canal de contaminação por Portanto, seria sensato um maior controle público sobre as fontes
mercúrio é via o consumo de peixe contaminado. Uma parte do de descarga de mercúrio no ambiente.
mercúrio lavado nos garimpos é descarregado para dentro dos cursos Atualmente, a maioria das pesquisas sobre poluição de
d'água e depositados nos sedimentos do leito dos rios. Estes mercúrio está direcionada para a identificação das sociedades
depósitos se ligam ao mercúrio que foi condensado em forma de estão sob o maior risco de contaminação. Este foi o objetivo de
chuva (após o processo de queima descrito acima) e, sofrem uma colaboração científica entre o Imperial College (Londres) e
diferentes reações químicas se transformando de inorgânico para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que é uma das
orgânico. Este processo se chama metilação. No estado orgânico o maiores fontes de informação sobre as implicações da
mercúrio se toma extremamente tóxico e recebe o nome de metil- contaminação do mercúrio na saúde pública do Brasil. A
mercúrio. Peixes detritívoros, que se alimentam de resíduos do fundo pesquisa mostrou, pela análise de sangue e urina de pessoas
do rio, e outros organismos, absorvem o mercúrio estabelecido entre vivendo próximo ou mesmo nos garimpos do rio Tapajós (Pará),
os restos orgânicos do leito do rio e, por sua vez, são comidos por que a queima de ouro por amalgamação tendeu a provocar
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima Os impactos ambientais e sociais do setor da mineração informal na Amzônia
enfocado o rio Tapajós (Pará) e o rio Madeira (Rondônia), onde a ei Conglomerados Rorairra
Yanomami em Roraima continua sendo particularmente de- Em outras áreas, mesmo onde grupos de índios possuem 189
188
vastadora. De um lado, os índios possuem baixa resistência às experiência prévia da conduta com a maioria dos segmentos da
doenças do "Velho Mundo" que os' pequenos mineradores sociedade brasileira, problemas frequentemente surgem quando se
inadivertidamente trazem com eles. Por outro lado, a subsistência tenta organizar e controlar a extração mineral. Existem exemplos
dos índios está frequentemente dependente do bom de comunidades indígenas beneficiadas pela garimpagem quando
funcionamento da saúde do ecossistema. O início dos trabalhos ela é praticada em outros termos, mas, infelizmente, relações
dos garimpeiros pode romper severamente este elo de ligação. amigáveis entre índios e garimpeiros são raras e tendem a ser
Grupos de índios podem até suportar o impacto de certos particularmente difíceis quando os depósitos em questão são muito
problemas ambientais, entretanto, o conjunto destes impactos com valiosos. Mesmo os Kayapó, que estavam conseguindo regular a
o tormento das doenças traz consequencias seveMs. Tudo isto atividade mineral em suas terras, foram forçados a fazer
ocorre dentro de um contexto social e econômico que não é renegociações com os garimpeiros. Este e outros exemplos
somente profundamente desorientado, mas também pode ser sugerem que os impactos negativos sobre as comunidades
composto por conflitos violentos devido a invasão de garimpeiros. indígenas podem ser incluídas na lista de custos sociais diretos
associados com a atividade garimpeira. A despeito de suas
O massacre de 16 Yanomami da maloca de Hashimu
em agosto de 1993, foi um incidente já antevisto devido ao limitações, não existe alternativa óbvia para a intervenção
prolongado conflito entre os índios de Roraima e os garimpeiros. governamental rigorosa para o policiamento nas reservas
Embora outros componentes da sociedade local, como grandes indígenas.
pecuaristas, estejam envolvidos em conflitos, por exemplo, na
região da Raposa/Serra do Sol, a questão ainda parece estar
centralizada em grande parte nas pressões de grupos de interesse
Benefícios minguados
mineral. Na análise dos eventos que levaram ao episódio
de Hashimu, o antropólogo social Bruce Albert enfatiza a Para muitas pessoas não-índias da Amazônia, a percepção
significância do equívoco cultural. Ele explica que para entrar nas provável é que os benefícios da garimpagem excedem os custos
reservas indígenas, os garimpeiros, que inicialmente tinham medo ambientais e sociais. Entretanto, isso reflete a grande ignorância das
dos índios e eram minoria, olharam a pacifidade dos indígenas consequências da poluição por mercúrio, do fracasso mineral e da
como uma espécie de troca oferecendo-lhes prendas. Entretanto, troca no modelo de transmissão de doenças e epidemias. Mas isto
com a chegada de mais garimpeiros, o equilíbrio de forças entre não quer dizer que a atividade não traga crescimento econômico
os grupos mudou e os mineradores não tinham mais a necessidade para áreas remotas da região. Os benefícios para áreas rurais
de manter sua generosidade inicial. Bruce Albert (Albert, s/d:3) podem ser consideráveis, especialmente se o garimpo abre ou
relata que os índios sentiram a rápida deterioração de sua saúde melhora vias de transporte. Por exemplo, a Transgarimpeira no
e do ambiente causada pela mineração de ouro. Diminuição da Tapajós foi construída para ganhar acesso à região dos garimpos,
caça, rios poluídos, medo do maquinário barulhento e constantes mas também estimula a agricultura, pecuária e indústria madeireira
epidemias com morte, tenderam a destruir o esquema sócio- ao longo de seu percurso. Uma comparação de menor escala pode
econômico de suas comunidades. Esta situação levou os índios a ser feita na área da Colônia do Apiú em Roraima. Essa região foi
ver os bens e a comida dos garimpeiros como uma compensação
durante muito tempo uma das rotas dos garimpeiros para se chegar
vital pela destruição que eles causaram. Quando isto foi recusado,
na reserva Yanomami. Muitos deles acabaram se estabelecendo na
um sentimento explicito de revolta veio à tona. A formalização da
região ou motivando a abertura de novas vicinais. Entretanto, este
dependência dos índios em relação aos mineradores acarreta
fato não pode ser definido ou comparado a um real desenvolvimento
episódios de violência. Como a disparidade na força entre os
econômico. A maioria da população local não foi beneficiada de
mineradores e os índios é enorme, a balança sempre vira contra os
Yanomami. forma geral.
Os impactos ambientais e sociais do setor da mineração informal na Amzônia
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima
Bibliografia
Considerações finais
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Podemos dizer que garimpagem é um agente muito influente Brazilian Amazon: the case of Boa Vista, Roraima. In: G. Fadda (ed.) La Urbe
nas mudanças contemporâneas na Amazônia, afetando a saúde, o Latinoamericana Ante el Nuevo Milenio. Fundo Editorial Acta Científica
bem-estar e o ambiente de muitos dos habitantes da região. Minha Venezolana, Caracas.
abordagem explora o grande fluxo de trabalhadores e capital (parte do registro oficial
Albert,B. (s/d). O massacre dos %mamar& de Hashimu
associado com os impactos que o setor de mineração informal para a Polícia Federal, FUNAI e Procurador Geral da República em 1993).
pode levar a longas distâncias. A despeito disto, migração de Brussels,D. (1991). Mercury contamination in the Brazilian Amazon: a report ror
longo prazo estimulada pela corrida do ouro é variável e the European Commissinn DCilenvironment (documento não publicado).
quantitativamente desconhecida. Enquanto agora existe uma Carvalho,C.M. & Barbosa,R.I. (1994). Parecer Técnico U1E-Cotingo. Instituto
compreensiva literatura sobre os movimentos populacionais do Nacional de Pesquisas da Amazônia, Núcleo de Pesquisas de Roraima, Boa
Nordeste para a Amazônia relatados em diferentes pesquisas, Vista, Roraima (26.08.1994). 16p.
virtualmente nada é conhecido sobre os modelos de migração Couto,R.C.S. (1990). Condições de saúde nos garimpos de ouro da Amazônia. In:
estimulados pela expansão regional da economia mineral 5. Hacon; L.D. Lacerda; W.C. Pfeiffer & D. Carvalho (org.) Os Riscos e
(MacMillan, 1993b). Nestes termos, uma importante questão pode Consequências do Uso do Mercúrio (Anais do Seminário Nacional), Rio de
ser levantada: pequenos proprietários de terra vão para a Janeiro. 314 p.
Amazônia a procura de um lote agrícola e entram para os Douroujeanni,M. & Padua,M.T. (1992). Ecologia no Brasil, Mitos e Realidade.
garimpos em caso de não obtê-lo, ou a atração dos garimpos é FUNATURNFACTO, Rio de Janeiro.
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima
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Reinaldo imbrozio Barbosa ")
in the Amazon. Water, Air, and Soil Pollution, 80: 123-132. e Efrem Jorge Gondim Ferreira (")
Francisco Ferreira e Jerônimo Coelho (1705/1730) José Agostinho Diniz (data incerta, 1750 / 60) 1 97
196
O primeiro, explorador e comerciante e, o segundo, frei carmelitano. Alferes da Coroa Portuguesa que adentrou pelos rios Branco,
Ambos promoveram o comércio de drogas do sertão e realizaram diversos Uraricoera, Tacutu e Maú, para comprovar o relacionamento entre os
descimentas de índios na região do rio Branco por quase três décadas. índios locais e outros grupos europeus (holandeses e espanhóis).
Faziam uma espécie de circuito empresarial entre o rio Branco e parte do
Negro com o restante da Capitania. Além disto, intensificaram o comércio Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio (1777)
com os vizinhos holandeses. Fora da história oficial, estes são os prováveis
primeiros exploradores do rio Branco amparados por documentação Ouvidor da Capitania do rio Negro, fez um relato dos antecedentes
(Amoroso & Farage, 1994). históricos do descobrimento do rio Branco apresentando boa visão geo-
política. Sua intenção era descredenciar os espanhóis que anos antes
Diogo Rodrigues Pereira e Faustino Ferreira Mendes (1718119)
tentaram estabelecer bases no vale do rio Branco (1774). Em sua
Exploradores que tomam para si o feito de serem os primeiros a apreciação, deu como esta a causa principal da construção do Forte São
desbravarem o rio Branco por toda a sua extensão. O primeiro era Joaquim em 1775, na confluência dos rios Tacutu e Uraricoera, pelo
Capitão do Forte do rio Negro e o segundo seu ajudante. Sua intenção Capitão Phillipe Sturn — alemão a serviço da Coroa Portuguesa.
provável era a de fazer o descimento de índios, prática comum desta época. Sampaio, definindo-se como um "curioso", descreveu parte dos
Não encontramos documentos que comprovem que tenham explorado o rio
costumes dos índios, a fauna, a flora e a mineralogia da região. Deu
Branco antes de F. Ferreira e J. Coelho. •
detalhes que, apesar dos limitados conhecimentos, podem ser
Cristovão Ayres Botelho (1736) considerados razoáveis para a época.
Explorador-comerciante interessado no descimento de índios. Junto
Ricardo Franco de A. Serra e Antônio Pires da S. Pontes (1781)
com o "principal" Donaire, realizou em 1736 uma das maiores descidas
no rio Branco que se teve notícia na Capitania. Aprisionou dezenas de O primeiro, Capitão Engenheiro e, o segundo Matemático, ambos
indígenas para venda e troca em Belém. a serviço da Coroa Portuguesa. Receberam a incumbência do governo
provincial de avaliar e se provir de informações sobre as fronteiras com
Lourenço Belfort (1740)
os espanhóis e holandeses.
Também comerciante de escravos indígenas, formou uma grande
tropa com Francisco Ferreira em 1740. Juntos, subiram o rio Branco e o Alexandre Rodrigues Ferreira (1786)
Uraricoera para aprisionar cerca de 1.000 índios. Segundo Francisco
Xavier Ribeiro Sampaio (1777), foi o maior aprisionamento da região, Naturalista brasileiro, oficialmente designado pelo governo
sendo lembrado por anos seguidos entre os indígenas locais. português para avaliar o potencial econômico das terras que abrangiam
o vale do rio Branco. Seu objetivo também era ode descrever a situação
Nicholas Horstmann (1741) em que se encontravam os aldeamentos indígenas, onde, poucos anos
Explorador holandês, especializado em mineralogia, que fez o antes havia ocorrido um levante de índios onde a ocupação portuguesa
percursso pela região do Rupununi até o rio Branco a procura do "Lago estava tentando se reconsolidar (ver Amoroso & Farage, 1994:75). Fez
Prima". Horstmann foi preso e interrogado pelo governo provincial. Das reconhecimentos nos rios Branco, Uraricoera, Tacutu, Surumu, Mati e
notícias mais preocupantes para os portugueses, estava aquela que Pirara, além de curtas excursões por localidades próximas aos rios.
anunciava o trânsito de espanhóis pelo Tacutu e Uraricoera. Pelas Descreveu uma grande coleção faunística e florística desta região que,
informações de Horstmann, Charles de La Condam ine organizou um dos
em parte, foi perdida devido a invasão francesa a Portugal em 1808.
melhores mapas do interior das Américas para a época.
Também possui documentação sobre os usos e costumes dos indígenas
José Miguel Ayres (1748) locais, além de excelente material iconográfico do Forte São Joaquim
Fez a última entrada oficialmente reconhecida para descimento de (Fig. 1) e dos aldeamentos (diretórios de índios) espalhados pelo rio
índios no rio Branco. Branco (Fig. 2).
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima Historiografia das expedições científicas
e exploratórias no vale do Ao Branco
Brasil Império
Figural. Prospecto da Fortaleza de São Joaquim, rio Branco, feito por Alexandre
Rodrigues Ferreira, em sua viagem entre os anos de 1783 e 1792. (Prancha: Período extremamente rico no que diz respeito à formação de
Ferreira, A.R. 1921 Viagem Filosófica pelas Capitanias do Grão Pará, Rio coleções zoo-botânicas na Amazônia, embora ressalve-se que a maioria
Negro, Mato Grosso e Cuiabá:1 783-7 792. Iconografia vol. 7. Geografia - dos conjuntos tenha fluido para outros países. A região do rio Branco não
Antropologia. Conselho Federal de Cultura. Rio deJaneiro) ficou fora'do circuito das grandes expedições científicas nesta fase.
Entretanto, o estigma de fronteira continuava a conceder-lhe status de
região problerna do ponto de vista da delimitação dos domínios.
Dentre as expedições destacam-se a dos naturalistas Natterer,
Barbosa Rodrigues e Spruce. Além destas, também podem ser citadas a
Expedição Tbayer, liderada por Agassiz (ele não participou da incursão
ao rio Branco) e a de Coudreau, geógrafo francês que percorreu parte
desta região a serviço do Ministério da Marinha e das Colônias da
França. Vale também lembrar que nas anotações de Wallace, narturalista
inglês e cornpanheiro de Bates e Darwin, existem vários trechos em que
o rio Branco é citado e até exaltado. Foi quando de sua passagem pelo
Negro. Entretanto, não conseguimos nenhum registro oficial de sua
Figura 2. Povoação de Santa Maria, rio Branco, desenho deAlexandre Rodrigues Ferreira, entrada por este rio ou algum de seus afluentes.
feito em sua viagem entre os anos de 1783 e 1792. (Prancha: Ferreira, A.R. Neste período dá-se também o início de expedições patrocinadas
1971. Viagem Filosófica pelas Capitanias do Grão Pará, Rio Negro, Mato pelo governo inglês no sentido de avaliar não só o potencial da área
Grosso e Cuiabá: I 783-1792. Iconografia vol. 1. Geografia -Antropologia. como também o de proporcionar base contestatória para uma
Conselho Federal de Cultura. Rio delaneiro)
reinvidicação territorial na região do rio Pirara, no nordeste de Roraima.
Embora outras tenham ocorrido através do rio Rupununi (Charles
Waterton, 1812; Gullifer & Smith, 1828; Adam de Bauwe, 1834), as mais
Manoel da Gama Lobo D'Almada (1787)
importantes foram a dos irmãos Schomburgk, que entre 1838-42
Então governador da Província do rio Negro, D'Almada fez um realizaram incursões por vários pontos fronteiriços entre a Guiana
relato geográfico de grande parte da região, percorrendo os principais Britânica e o Brasil.. Embora tivessem contribuido com um farto material
afluentes do rio Branco. Era mais uma tentativa de consolidar a posse faunístico eflorístico, em parte depositado no "Museum für Naturkunde
portuguesa em terras limítrofes com outras nações européias. D'Almada der Universitat Humbolr (Berlim), suas descrições geográficas ajudaram
também fez um rico relato sobre os produtos naturais da região e da a dar base para a decisão final sobre a disputa territorial entre Brasil e
Historiografia das expedições cientificas
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima
e exploratórias no vale do rio Branco
Inglaterra, conhecida como a "Questão do Pirara". O árbitro Wallace tenha se aventurado pelo rio Negro e tenha citado várias vezes 201
200
internacional da questão, o Rei da Itália Victor Emanuell iii, decidiu em sua passagem pela boca do rio Branco, o único indício de sua passagem
1904 que aproximadamente 20.000 km' deveriam ser incoporados à
por este rio não fornece dados conclusivos sobre sua entrada para
Guiana Britânica devido a indícios de ocupação por aquela nação antes observações (ver Wallace, 1979:248).
dos portugueses (e brasileiros). Em seguida a Inglaterra fez algumas Richard Spruce (1851/54)
concessões à Itália em terras africanas.
Naturalista, botânico profissional inglês, percorreu os limites do
O Crescimento das Expedições Naturalistas Brasil com a Venezuela no início da década de 1850. Os registros do
livro de Cunha (1991:54) indicam, através de um mapa, o percursso que
Johann Natterer 831/32) Spruce tomou pelo rio Branco e afluentes. Seu principal interesse eram
Naturalista austríaco que percorreu o rio Branco desde sua foz até as plantas que poderiam ter valor industrial e/ou terapêutico.
a confluência dos rios Uraricoera e Tacutu, por onde alcançou o Cotingo
Gustav Wall is (1 863)
e o Maó. Foram cerca de to meses de intensa atividade de campo que
forneceram registros principalmente sobre a avifauna, a entomofauna e Naturalista alemão que visitou a Serra Pacaraima e os rios Branco,
a ictiofauna do vale do rio Branco. Só de insetos Natterer contabilizou Tacutu e Parima. Estava interessado principalmente com a botânica e os
30.000 exemplares. De aves, foram 157 espécies. Seu material foi
aspectos geográficos da região. Entretanto, em uma carta enviada a
depositado no "Naturhistoriches Museum" deViena. Domingos Ferreira Penna, seu amigo de Belém, ele comentava algumas
características da economia regional e dos índios, principalmente pela
Robert Schomburgk (1839) exuberância dos campos naturais que guardavam numerosos
Naturalista e explorador alemão. Além de percorrer grande parte exemplares de animais bovinos.
da então Guiana Britânica, fez coleções de fauna e flora nos rios Má,
Expedição Thayer (i865/66)
Surumu, Unamara,Tacutu e proximidades do Monte Roraima. Do ponto
de vista da ciência, seus relatos são de extrema valor para a geografia Expedição científica chefiada pelo naturalista Jean Louis Rodolphe
física e a ocupação humana de praticamente toda a região norte e Agassiz (suiço naturalizado americano) e financiada por Nathaniel
nordeste de Roraima. Do ponto de vista político, suas descrições Thayer da Universidade de Harvard (Estados Unidos). Nos dois anos que
ajudaram a dar base para a decisão final de uma disputa territorial a expedição percorreu o Brasil, e em especial a Amazônia, um pequeno
internacional entre o Brasil e a Inglaterra. grupo integrado por Newton Dexter (omitólogo) eTalisman, foi designado a
realizar alguns levantamentos no rio Negro e no rio Branco. O material
Richard Schomburgk (l842) coletado foi depositado no "Museum of Comparative Zoology"
Da mesma forma que Robert, seu irmão, realizou coletas botânicas (Cambridge).
e faunísticas na Guiana Britânica, tendo adentrado também no lado
João Barbosa Rodrigues (1871/74)
brasileiro pelos rios Surumu, Cotingo e Tucutú, além de excurcionar
pelas proximidades do Monte Roraima. Naturalista brasileiro interessado em botânica, etnografia e
zoologia, foi incumbido pelo Governo Imperial de explorar várias bacias
A. Wagner (1847/1848)
hidrográficas secundárias das Províncias do Amazonas e do Pará. Em
Zoólogo interessado principalmente na mastologia regional uma destas excursões, Barbosa Rodrigues percorreu o rio Jatapú
(mamíferos). Percorreu o rio Branco. identificando uma série de espécies vegetais, com especial interesse por
orquídeas e palmeiras. Em outra oportunidade percorreu o rio Jauaperi,
Alfred Russel Wallace (1851/1852)
Francisco Xavier Lopes de Araújo (Barão de Parima) (1882)
Existe um mapa do roteiro das viagens do naturalista inglês no
livro "O Naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira" (p. st) que demonstra Engenheiro militar responsável pela demarcação da fronteira entre
uma pequena incursão ao rio Branco no ano de 18.51.Entretanto, embora Brasil e Venezuela. Integrou e chefiou a Comissão Mista dos dois países,
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima Historiografia das expedições cientificas
e exploratórias no vale do rio Branco
que resultou no relatório "Carta Geral das Fronteiras desde a Cabeceira Apesar do sentimento nacionalista, as expedições de caráter 203
202
Principal do rio Memachi até o Má" de 1884, entregue ao Ministro dos científico afloraram em maior número. Mesmo com dificuldades no
Estrangeiros do Império. deslocamento até Boa Vista, o apoio local foi de grande importância para
as incursões internas. Em geral, este apoio era dado por membros de
Henri-Anatole Coudreau (1884) famílias tradicionais locais ou através dos poderes públicos constituídos;
Geógrafo francês com especial interesse na América do Sul. Entre ambos se confundindo enormemente nesta fase. Nomes importantes como
1883 e 1885, a serviço do Ministério da Marinha e das Colônias os do etnógrafo Koch-Grünberg, do botânico Ule e do geógrafo Farabee,
Francesas, Coudreau percorreu grandes distâncias em companhia quase marcaram os primeiros anos de ciência no século xX. Seguiram-se a
que exclusiva dos indígenas locais. Foi nesta incursão que se deparou estes vários outros que, pela importância de sua obra, valem ser
pela primeira vez com os campos naturais do rio Branco, descrevendo- destacados como o naturalista Tate, os botânicos Ducke, Black,
os e fazendo comentários sobre sua gente e as relações sociais de então. Aubréville e Prance e, o liminólogo Sioli. Alguns deles oficialmente
Coudreau aprendeu a se comunicar com os índios locais (principalmente apoiados pelo INPA, que havia sido criado no início da década de 1950
os Wapishana) por ter permanecido durante cerca de 10 meses na e fazia parte dos planos de Getúlio em conhecer melhor a região para
Maloca da Malacacheta em virtude de uma febre que o acometeu poder desenvolvê-la.
(provavelmente malária)
Everard Im Turn e Harry Perkins (1884) A Experiência Nacionalista
204 •
Ernest Heinrich Georg Ule (1908/09)
William Curtis Farabee (1913) 205
Botânico alemão que percorreu o rio Branco e atingiu o Monte
Roraima no início do século xx. Pertencia ao Jardim Botânico de Berlim. Geógrafo, chegou a Boa Vista e fez diversas explorações pela
Explorou também as serras Grande, de Mucajá' e do Murupú. região. A principal delas foi aquela em que se aventurou a transpor o furo
Maracá na tentativa de encontrar o furo Santa Rosa, pelo rio Uraricoera.
Theodor Koch-Grünberg (1911)
Ele não acreditava que pudessem estar ligados formando uma ilha por
Etnálogo alemão preocupado com a geografia humana, percorreu falhas da estrutura geológica (Ilha de Maracá).
toda a fronteira tríplice entre Venezuela, Brasil e Guiana, fazendo
Carlos Chagas (1913)
contribuições importantes nos campos da antropologias Desta viagem,
resultou a obra "Vom Rocaima zum Orinoco" com 5 volumes, editada em Fez parte da equipe de Oswaldo Cruz. Integrou a Comissão que
1917 (Berlim). Neste documento existem extensas descrições culturais avaliou as condições médico-sanitárias das bacias do rios Negro e Branco,
dos povos locais, abordando detalhes de forma singular mas, que percorrendo este último até a altura de Vista Alegre, próximo de Caracaraí.
expressavam a real imagem do modo de vida dos indígenas da região. Cecil Clementi (1915)
Boa documentação fotográfica foi feita e anexada na obra escrita_ Além
Exploradora sem expressão científica que realizou uma viagem ao
disto, um filme de curta duração (± 12 minutos) também foi realizado por
Monte Roraima partindo da antiga Guiana Inglesa. Seu interesse maior
Koch-Grünberg na região do Surumu, demonstrando diferentes tipos de
era no comércio de pedras preciosas. Publicou seus relatos .com
atividades realizadas pelos índios locais (danças, trabalho etc.). Este
detalhamento superficial sobre a paisagem e seus moradores em 1916.
pequeno documentário de 1911 é o primeiro registro cinematográfico
abordando diferentes aspectos dos povos existentes no hoje Estado de Luciano Pereira (1 917)
Roraima (provavelmente um dos primeiros deste gênero em toda a Ex-deputado federal pelo estado do Amazonas que pretendia
América do Sul). Foi telecinado pela I.W.E alemã. conhecer mais de perto as "riquezas" do rio Branco. Veio a convite
de Joaquim Gonçalves de Araújo (J. G. de Araújo) o maior
J. D. Hasmann (1912) fazendeiro e dono de terras no rio Branco na época. Fez relatos
Membro da "American Geographical Society", empreendeu sobre a população local, meios de transporte, economia e ambiente.
esforços nos estudos sobre a geografia e a ictiofauna regionais. Tudo indica ser o primeiro texto a citar o termo "lavrado" como
Suas explorações se deram nas proximidades da Serra da Lua e forma de denominar os campos de vegetação do tipo cerrado, que
na fronteira com a Guiana. cobrem a região nordeste do atual estado de Roraima (ver Pereira,
1917:40).
João Geraldo Kuhlmann (1912)
Hamilton Rice (1924/25)
Botânico brasileiro que percorreu a região integrando a comissão
Membro da "American Geographical Society", se aliou a
do Serviço de Defesa da Borracha (Ministério da Agricultura). Fez
Universidade de Hantard e aganizou sua 71Expedição à Amazônia com
coletas principalmente nas proximidades de Boa Vista. Kuhlmann ainda
destino ao vale do rio Branco. Seu objetivo era o de avaliar aspectos
retornaria a esta região entre 1923/24 percorrendo mais intensamente as
geográficos desta local idade amazônica devido aos antigos mapas sul-
localidades de Boa Vista, Vista Alegre e as Cachoeiras do Bem-Querer.
americanos apontarem esta região como ainda uma "área incógnita"
(sem reconhecimento físico). Mesmo com apoio e orientação de um
M. P. Anderson (1912)
hidroavião, Rice levou semanas parà tentar alcançar seu objetivo final
Omitólogo americano, Anderson fez observações nos arredores de (as nascentes o rio Parima), atravessando seguidamente trechos
Boa Vista, percorrendo também localidades próximas como as serras da encachoeirados no alto rio Uraricoera. Sua expedição era
Lua e Grande. Além disto, visitou parte das regiões de montanhas, extremamente diversificada, com diferentes tipos de investigações sendo
destacando-se a Serra do Sol. Estava a serviço do Museu de Filadélfia. realizadas. Segundo Pinto 0%0, um trabalho de destaque foi o "Medical
Report' de George C. Schattuck (membro da expedição), produzido pela
Historiografia das expedições cientificas
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima e exploratórias no vale do rio Branco
Figura 4.Vista aérea da cidade de BoaVista tirada pela expedição Rice (1924/25). (rola
Figura3. Hidroavião (Eleanor110 e barco (Eleanor10 usados pela expediçãodeHamilton Rice Rice, 1978)
(192405), ancorados em frei tea BoaVista (RR)(Foto: Rice, 1978)
Hostonograna Udb
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima e exploratórias no vale do rio Branco
do rio Cotingo até chegar no Monte Roraima, de onde puderam coletar 209
Phillip Freiherr von Luetzelburg 0920
208 e observar espécies novas para o Brasil.
Integrou a expedição de Rondon, percorrendo os rios Branco,
Uraricoera eTacutu, alcançando por fim o Monte Roraima. Seu interesse Felix Cardona (1940/41)
principal era a coleta da flora amazônica. Capitão da guarda venezuelana que percorreu a fronteira do Brasil
com a Venezuela nas proximidades das cabeceiras do rio Uraricoera.
Glycon de Paiva 0920
Encontrou 4 espécies de aves até então não descritas em território
Geólogo da Comissão de Inspeção de Fronteiras que Rondon brasileiro.
liderava. Descreveu cortes geológicos realizados na Formação Roraima
que compõe as fronteiras entre Brasil, Venezuela e Guiana. Colaborou Instituto Evandro Chagas (1942/43)
também com ignácio de Oliveira na descrição de diversos materiais Urna equipe do instituto percorreu, além de Boa Vista, diversas
triados pelo colega anos antes. localidades às margens do rio Branco. Seu interesse era o da
Desmond Holdridge (1931) entomologia médica.
Naturalista do Museu de Brooklyn. Percorreu três grandes
Harald Sioli (1951)
tributários da Serra Parima; os rios Catrimani, Demini e Aracá. Suas
observações e detalhamentos geográficos foram descritos no trabalho Limintilogo alemão do Instituto Max Planck que, na década de 1950,
"Exploration between the rio Branco and the Serra Parima" de 1933, ingressou nos quadros funcionais do INPA contribuindo significativamente
resultando em um mapa que, apesar das dificuldades da época, indicava para estudos da física e da química dos rios da Amazônia. Em Roraima, o
coerentemente a topografia e a localização dos principais cursos d'água grupo de Sioli fez diversas medidas nos rios Branco e Cauamé, além dos
e relevos desta região de Roraima. igarapés da Mecejana, do Frasco, do Areia! e Caxangá em Boa Vista.
Também analisou amostras nos lagos dos campos de Roraima e nas fontes
Carlos Lako (1931/32)
d'água da serra do Murupú.
Reuniu um pequeno número de peles de aves do rio Catrimani e
em seguida as depositou no Museu Nacional. Ale>andre George BI ack(1951)
Botânico que percorreu diversas localidades da região como, os rios
Adolpho Ducke (1 933, 1937 e 1943)
Branco e Cauamé e, os igarapés Caranã e Caxangá na cidade de Boa Vista.
Ducke foi um botânico altamente qualificado que teve seu início Além destas excurcionou pelas Fazendas Bom Intento e São Marcos, serra
de carreira no Museu Paraense (atual Museu Emfiio Goddi) berrninando-a no do Cantá e um trecho da antiga estrada que ligava Boa Vista a Caracaraí.
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Esteve por três oportunidades no vale
do rio Branco. A primeira, em 1933, realizou coletas aos arredores em Antônio Teixeira Guerra (1953/54)
Caracará'. Em 1937, Ducke percorreu o rio Branco, regiões próximas à Geógrafo brasileiro que contribuiu para um primeiro acúmulo
cidade de Boa Vista, as serras Grande e do Murupuzinnho e a Fazenda significativo de dados históricos e geográficos sobre a região do rio
Nova Olinda. Nesta oportunidade Ducke se encontrava a serviço da
Branco. Descreveu clima, vegetação, ocupação etc. Se preocupou
Comissão Demarcadora de Limites como adido botânico. Em sua última
também com levantamentos sócio-econômicos que sempre foram
excursão (1943), Ducke foi a BoaVista, Caracaraí, rio Cauamé e Fazenda
dispersos na região. Seus estudos até hoje são base didática para grande
São Marcos. Várias publicações sobre a Flora Neotrópica foram
parte dos que se interessam por geografia e história de Roraima.
realizadas sob sua coordenação, sendo comum a citação de espécies
coletadas em Roraima.
Bassett Maguire (1954)
Alberto Pinkus e P. S. Peberdy (1938/39) Botânico americano, Maguire foi diretor do New York Botanical
Garden. Foi nesta fase que percorreu localidades próximas a Boa Vista,
O primeiro colecionador profissional e o segundo do Museu
Britânico, ambos interessados na avifauna. Atravessaram as cabeceiras serra do Tepequém e rio Cotingo.
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima Historiografia das expedições científicas
e exploratórias no vale do rio Branco
Ghil len Tolmie Prance (1967 /1 9 69) Adonias). (1963). A Cartografia da Região Amazônica. IMPA, Rio de Janeiro (vol. I e II). 213
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também um dos defensores da Teoria dos Refúgios Florestais, igualmente Geográfico do Brasil, Torno VIII, pp.i -53.
encabeçada por J. Haffer, P. E. Vanzollini e K. Brown. Atualmente exerce Barbosa,O. & Ramos, J.RA (1959).Tenitótio do rio Branco (Aspectos Principais da Geomorfologia,
a função de diretor do Royal Botanic Gardens, Kew. da Geologia e das Possibilidades Minëais desua Zona Sdational). Boletim n°196 da Divisão
Deste momento em diante, iniciou-se um ,outro ciclo de de Geai* e Mineralogia. 46p + figuras.
expedições e atividades científicas em Roraima, diferentes Barbosa, R.I. (1993a). Ocupação humana em Roraima. I. Do histórico Colonial ao início do
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Rio Branco está (até hoje) intimamente ligado à posse e ao uso da terra Descobrimento e tudo o mais que Nelle tem Sucedido desde °Ano em que loy Descoberto
que, por sua vez, se atrela ao estoque de riqueza dos recursos naturais até 1718, Lisboa
e ao modo de vida dos povos tradicionais locais. Este interesse foi
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de variadas formas como modo de assegurar a posse desta região. Estes Mateccrarn osespanhois que kmdaram Santa Rosa e Caya-Caya, destruídos em 1775. Original
ensaios de vivências e visões passadas devem ser subsídio para que (DOCE), 1876. 16p. Wquivos do Barão da Ponte Ribeiro).
tomadores de decisão da atualidade primem pelo respeito às diferenças
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culturais e ao correto uso (sustentado) dos recursos naturais locais. Além
Certo de Informação da Diocese de Roraima 1o6p.
disto, tais ensinamentos pretéritos, devem ser parte integrante das
discussões sobre a atual formação histórico-cultural da população local, Clementi,C (1916).A joumey Sie Surivnit of Mount Roraima lhe Geópaphical loumatVol.
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Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima
Barbosa R. I., Ferreira E. J. G. & Castellón E. G. (eds)
INPA - 1997
Roraima e o aquecimento
global: balanço anual das
emissões de gases do
efeito estufa provenientes
da mudança de uso da terra
balanço anual dos gases do efeito estufa são necessárias para percentual modesto do desmatamento brasileiro é engandador 339
338
regiões específicas a fim de entender os fluxos destes gases ao devido ao enorme tamanho das emissões brasileiras. As emissões
nível global. de Roraima são maiores do que as emissões de muitos países que
É provável que o balanço anual seja a base para atribuir entre possuem inventários nacionais completos em curso, conforme
as nações do mundo as responsabilidades pelo aquecimento determinação da FCCC. A área de floresta que ainda permanece em
global. A Convenção Quadro sobre Mudanças do Clima (Fccc) que pé (e em risco de desmatamento) em Roraima também é maior do
foi assinada em junho de 1992 por 155 países mais a União que em muitos países tropicais, apesar de áreas bem maiores
Européia na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente presentes em estados amazônicos vizinhos.
e Desenvolvimento (UNCED/ECO-92) no Rio de Janeiro, exige que
Para se calcular taxas de desmatamento, são necessárias
cada país faça um inventário das fontes, dos surnidouros e dos
estimativas da extensão do desmatamento em dois momentos no
reservatórios de gases do efeito estufa— indicando que o princípio
tempo. No caso de Roraima, a taxa anual de desmatamento para
básico para determinar o impacto será o fluxo líquido dos gases
o período 1978-1988 foi calculada a partir de estimativas da
que entram e deixam a atmosfera.
extensão em 1978 (derivada de imagens de Tardin et al., 1980 e
O balanço anual representa uma medida instantânea dos Skole & Tucker, 1993; ver Fearnside, 19938) e em 1988 (Fearnside
fluxos dos gases do efeito estufa, dos quais o dióxido de carbono
et ai., 1990), resultando num valor de 0,2 X to km' ano-1 . A taxa
é o mais representativo. Às vezes, isto é chamado de balanço anual
anual de desmatamento aumentou para 0,7 X 103 km' entre 1988-
das emissões líquidas. Mesmo que os cálculos atuais sejam feitos
1989 (em contraste com a tendência na Amazônia Legal como um
em uma base anual, são denominados "instantâneos" aqui para
todo, que experimentou um declínio de 1988 para 1989); a taxa
enfatizar o fato de que não incluem futuras consequências do
então caiu para 0,2 X 103 km' em 1989-1990, aumentando
desmatamento e outras atividades que ocorrem no ano em
novamente para 0,4 X 103 km' em 1990-1991 (Fearnside et al., 1990;
questão. Deveria ser salientado que o balanço anual não é a
Fearnside, 19936). Estimativas de desmatamento anunciadas pelo
melhor medida do impacto sobre o efeito estufa proveniente de
desmatamento, e que deveriam ser incluidas liberações e retiradas Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Iniu) em 25 de julho de
futuras. Emissões líquidas comprometidas e emissões líquidas 1996 indicam que a taxa anual em Roraima subsequentemente
temporalmente ponderadas têm mais sentido para decisões declinou para 0,3 X 103 km2 para 1991-1992 e 0,2 X 103 km' para
políticas, sobretudo a última. As emissões líquidas temporalmente 1992-1994 (em contraste com a tendência na Amazônia Legal
ponderadas calculam o fluxo líquido durante cada ano, permitindo como um todo, que apresentou um aumento da taxa no período
a aplicação de um horizonte de tempo e uma ponderação pela 1991-1994). Em termos absolutos (km' x 103), a área acumulada
preferência temporal (seja a aplicação de uma taxa de desconto ou desmatada em Roraima era de 0,1 em 1978, 2,7 em 1988, 3,6 em
um procedimento alternativo) para refletir os valores colocados 1989, 3,8 em 1990, 4,2 em 1991, 4,5 em 1992 e 5,0 em 1994. Até 1990
pela sociedade sobre efeitos a curto prazo versus a longo prazo. nenhuma área havia sido inundada por hidrelétricas em Roraima.
A primeira foi a hidrelétrica de 'atapu (45 km2 ), que encheu em
O desmatamento em Roraima abril de 1994.
A estimativa do balanço anual no atual estudo considerou as
Roraima apresenta características únicas. Trata-se de um estado
taxas anuais de desmatamento indicadas acima, inclusive a taxa
pequeno (em termos amazônicos) e, está longe do grande avariço da
constante de 0,2 x 10' km' anal entre 1978 e 1988. No entanto,
população e da pecuária ao longo do "arco de desmatamento" que
existem algumas outras informações sobre desmatamento em
se extende de Belém até Rondônia, em que se concentrou, por
Roraima neste intervalo que, entretanto, também deixam dúvidas
exemplo, cerca de 88% da atividade do desmatamento em 1994.
sobre como a taxa poderia ter variado no período. Por exemplo, a
Apenas 3% da atividade de desmatamento na Amazônia, no estimativa do INPE para o desmatamento da floresta até 1988 em
período 1992-1994, foi feita em Roraima. Mesmo assim, o Roraima é de 2.187 km'. As estimativas anteriores para Roraima,
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima Roraima e o aquecimento global: balanço anual das emissões de
gases do efeito estufa provenientes da mudança de uso da terra
WH ,9,?
116 % gq 1 ) > >
2 CO >E.° e
liberado pela queimada e/ou pela decomposição na forma de
2
-
dióxido de carbono (co,), metano (cH4) e monóxido de carbono €t eia
(co), enquanto outros gases, como óxido nitroso (N,o), também ccceti. Ta
-0 "Ocoeicu
25 "O
Li
f
C C C
maduras não perturbadas originalmente presente em Roraima. A Itut ta 1
co ro
r5 02
1
11 9. 2
11112
biomassa média acima do solo foi estabelecida em 328 t ha', dos o SSP-PA SSLA.1.-0 mc) :22-823%1
quais 26 t ha-' é matéria morta. A biomassa média subterrânea é de e c241 P.à,2L4). .:1̀2,1,2,b1}1 4 2 Ei, ã g .
2 5 roi á
t./
1 f;
ru.22- 2 223):>7.3,tii ,;(- :.'c',,,`0,)
101 t ha-1. As avaliações de biomassa total são desagregadas pelo a .., 21
9o9off 2 ‘Ài 9
tipo florestal (Tab. O. Estes usam as classificações da vegetação do .,é9 9
7 g z 5' g
Pâ tS01 -,Y ,t2
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais -oG,
Renováveis (ffiAmA) (IBGE & IBDF, 1988). 2. 2
As áreas de vegetação protegida e desprotegida de cada tipo P2
?:
'I 2
no Estado foram calculadas (Fearnside & Ferraz, 1995). Pela
Roraima e o aquecimento global: balanço anual das emissões de
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima gases do efeito estufa provenientes da mudança de uso da terra
343
342 multiplicação da biomassa por hectare de cada tipo florestal pela
área desprotegida presente, é possível estimar a biomassa
derrubada se presumimos que o desmatamento é distribuído
entre os diferentes tipos de vegetação em proporção à área 81 8888,18888',2 88888F28 2
c‘i"..=66ciciciciddcici 66666. 0id
desprotegida presente.
Queimada inicial
'A 888828888g1 88g 88(9,8 e`r•I
tenici6c7cichricicici- O cicif dó" ci Lri
As emissões e remoções de gases do efeito estufa estão
tabuladas para um cenário de "baixo gases-traço" (Tab. 2) e para
um cenário de "alto gases-traço" (Tab. 3). Estes dois cenários P55888848888 2 8858888
466o6o 00000 cicire,;(566cli
utilizam os altos e baixos valores que aparecem na literatura para
os fatores de emissões para cada gás em tipos diferentes de
queimada (revisado em Fearnside, 1991, 1992). Eles não refletem a 8888288889 853888g-18M
dúvida referente a biomassa florestal, taxas de desmatamento, Ocieeddddcidcid
eficiência de queimada e outros fatores importantes. QO
A queima inicial representa 2,77 X 106 t de gás de co2, ou 18% .c ”28888M8888ES 88888%8%
4- .<- 6- 6'66'46666a id
6cicicicvid
o o=r
da emissão kruta de 15,69-15,71 X 106 t. A emissão bruta de um gás ri
refere-se a todas as liberações do gás, mas não aos fluxos no
sentido inverso (absorção). A contribuição de CH4 na queima
28888P888`61 .51 °.38 •54‘88'Fr
inicial é de 8,9-10,7 entre um total de 18,5-23,4 X 103 t (46-48%), do ciddciddciddci ed<ii. c,:zi
co é 214,1-267,7 de 406,7-511,9 X 103 t (52-53%), e do N20 é 0,6 de
1,5-3,0 X 103 t (20-40%). Para NO4 (compostos de nitrogênio) e NMHC
(hidrocarbonetos de forma não-metânica), se considerado à parte 8888rea
64,•;•666.50- 0i 666erome ,*
da perda de fontes de floresta madura, representam, respectivamente,
6,8 de 15,9 X 103 t (43%) e 5,9-11,2 de 9,3-17,9 X 103 t (63%).
A eficiência de queima (percentagem de carbono da pré-
queima presumivelmente emitido como gases) foi, em média, de
32,6% nos estudos usados no cálculo: 27,6% em uma queimada de
1984 e 28,3% em uma queimada de 1990 estudadas perto de
Manaus (Fearnside et ai., 1993, s/d-a); e 42,0% em três queimadas
em 1986 estudadas em Altamira, Pará (Fearnside et á, s/d-13). Os
ajustes para o efeito da exploração madeireira na distribuição
diamêtrica da biomassa resultam em uma eficiência de 33,2%.
Estudos recentes de queimadas iniciais realizados por Kauffman et
al. (199s) resultam em eficiências de queima maiores. Com este,
são sete estudos atualmente disponíveis de queimadas iniciais em
florestas originais, com eficiências de queima variando de 27,6% a
Roraima e o aquecimento global: balanço anual das emissões de
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima gases do efeito estufa provenientes da mudança de uso da terra
m
g! 0
N0000 00000M 00000,0.-
2 É s‘ri Queimadas subsequentes fazem com que os restos da floresta
1/10000 000000 00000000 a I;
Z 01:666 ciddedd 060766micini 44 original e da biomassa florestal secundária entrem em combustão.
o
0, è
"too Em estudos realizados na Colônia do Apiaii, Roraima, os restos
1:5
florestais originais de uma floresta secundária queimaram a uma
0,-000 N000004 000001-01- 03 tE
0000q noccoN
r:d6do dddddui 6666d.-
000000,0M
b ti eficiência de combustão de 28,0% (Fearnside et al., s/d-c), enquanto
00 7, :7, que na queima de pastagens na mesma região, foi calculado que
NN
-.2 má -o6-39 12,3% do carbono da pré-queima nos restos florestais originais foi
r.natoo ntoOomm woomoi- o
N0r00 .-00000 001-..-OtCfl ;„gi2 consumido (Barbosa, 1994; Barbosa & Fearnside, 1996a). A média
dr,:cidd .2- 00006 nidddcid- drà
' •• Ba 80 dos resultados dos dois estudos (20,1%) é utilizada no cálculo atual.
Er» ,j
4d,z as a rtij
NONO 0000Ne-Nt ?)-A
t. onzena, 000091NWO Decomposição dos restos não-queimados
6 d rei 00000 ddddo Eu 71
,
•
"'2 1.(jà41)
è
é à.15
l
A decomposição acima do solo dos restos não-queimados está
"El "g, VI
2 o 5
s calculada em função dos estudos disponíveis apresentados na Tab. 4.
11 e c .5 cr -
A decomposição faz uma contribuição significativa para emissões
B g 3• g _-,,,
te, ,Fd "B E, de gases do efeito estufa e, é aparente que o grande interesse de
.ti
g t'..2 op-,B 931 !1 pesquisadores na queima de biomassa conduza muitas vezes para
T9té'll T9t11, ° a negligência das contribuições da decomposição.
c
i
,c4 :2 6- v • `A é 2á-
ó ts ''2 12cv' 1 11 h
I -a E=o °floa
ii E As emissões de metano dos cupins na decomposição de
Eu - 2 A.
2- '2 -8% ; 1 2 : u " 2 biomassa não-queimada (Martius et á., 1996) são substancialmente
U peo ° ;2_ijg"
"2;2 '51. a-61 %2 rã s
d3 O
Cr
g," E E mais baixas que as avaliações anteriores (Fearnside, 1991, 1992). Isto
.&,ffl 03 18.é c:VãPI:é É t P: 2 ,1 '3 '8 'Eg J
▪ Vi é devido principalmente ao fato que as avaliações dos números de
ra -4,11 ..g g 7; °I' 0 a 7:' "` 2 g
E13 "E^E§"12-0 o. -o '2 0
2" 4:i ° Lu g cupins em áreas desmatadas indicam que as populações são
E-3 232'w 2 'ag ° olg -g4 2-ot..12
71 5 13
O- insuficientes para consumir a quantidade de madeira que havia
OPIMãtÉ:idrã2ãjiTiltheif615ug a
s
E '13 e70 Et -c
< sido previamente presumido. O Nasutitermes macrocephalus, a
única espécie de cupim da Amazônia em que as medições se
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima Roraima e o aquecimento global: balanço anual das emissões de
gases do efeito estufa provenientes da mudança de uso da terra
B.)Taxas médias de decomposição de restos de florestas maduras e secundárias em Intervalos entre queimadas
wC nid1/46.0 ri
Vi calculada aqui (0,32 x io6 t de CO) considera apenas os 20 cm
Tabela 4. Decomposição acima do solo em roças de agricultura de corte e queima.
OmN0
0 .0. 00
Remoção das fontes e
ttn r-
0000 sumidouros da paisagem pré-desmatamento
lá
E. in "Li ir In
o -re ni tiat0 ni nt. Sumidouro no solo para cH4
E -a
c°. • O solo florestal tropical fornece um sumidouro natural para
WtLA ON
metano, removendo 0,0004 tonelada de carbono por hectare por
00000
Ér; e e 0 0 ano (Keller et al., 1986). Derrubar a floresta elimina este sumidouro,
9 9 99 tendo assim, um efeito igual a criação de uma fonte de mesmo
gí 401Lnm
valor. Em 1990 as florestas que haviam sido desmatadas em
2i N 00 csi O ri Roraima somaram 0,2 x 103 t de gás CH, (Tabs. 2 e 3).
en•L'7
4E" 03N
451
Fonte florestal de NO, e NMHC
4g -c As folhas da floresta liberam 0,0131 t hal ano-' de NO, (Kaplan
Floresta secundária
et aí., 1988; ver Keller et al, 1991) e 0,12 t ha-' ano-' de NmHc
Floresta madura
348
Liberação de CH4 por cupins Á-2 o N
-;ini (6 N N
CO N CO ed-r: gs 349
N 111 171
M.
aN r
ei o,.2.0=
, 3,0 59 c"
co
Cupins na floresta madura liberam metano produzido por
Cle
78 g' ai
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N
,ÉS' 5 ai
a •E 3
-o 2 ra " U
ed.
bactérias que digerem celulose sob condições anaeróbicas no Qd 6
m "c'
▪ 41
abdomen dos insetos. Estas emissões serão perdidas 'quando a té • n_
u.
g e i
cr;
floresta for desmatada mas, por um longo tempo, após este fato, as
emissões estarão mais do que compensadas pelos cupins que
ingerem a biomassa não-queimada após o desmatarnento. No
cálculo de emissões por cupins na floresta, o item de interesse é
a quantidade de biomassa absoluta que decompõe anualmente
o mm Lei
(em t ha-' ano-1), em vez da taxa (fração) de decomposição por en o
R a;
ai R R ce N: a4.
ano. Para litter fino, o montante pode ser conhecido diretamente
dos dados sobre taxas de queda de litter, já que pode ser
0,78
N. "..
presumido que tudo que cai decompõe e que o nível do estoque CC.
0,56
disponíveis, e a quantidade que decompõe deve ser calculada a en¶
CS CS
¶
o
w rn N
Producão anual
rapidamente. A constante de decomposição (k) para a decomposição
Exploração madeireira
É' É' z.= o .=
t' Êt ÈI
Em uma situação típica, as florestas acessíveis pelo transporte e2 erc
terrestre ou fluvial são exploradas para madeira, diminuindo a sua IS FR r°4 `12- 113
em F13
" rti
biomassa pela remoção de madeira e mediante a morte ou
< < < <
danificação de muitas árvores não colhidas. Posteriormente, esta á.0 0.0'
350
Tabela 6. Estoques de biomassa morta grossa em florestas não perturbadas da decomposição dos resíduos e de um número substancial de 351
terra firme. árvores não comerciais que são mortas ou danificadas durante o
Madeira Total
processo de extração; e, (2) decomposição e/ou queima das sobras
Madeira caída (peso seco, t ha l)
morta biomassa Referência geradas no processo de serragem, somados a uma decomposição
Peças em p6 grossa
Pais Local Total It ha 11 morta
mais lentados produtos feitos da madeira colhida (ver Fearnside,
pequenas Troncos
It ha 11 19958). Com ajustes para exploração madeireira, as áreas
Brasil Manaus, AM 18,02 7,60 25,62 Klinge, 1973 desmaiadas em 1990 em Roraima tiveram uma biomassa total
Maracá, RR 1,72 2,38 4,10 0,98 5,08 Sem et al., 1992 média de 427 t ha-', dos quais 295 t ha- leram biomassa viva acima
do solo, 31 t ha-1 morta acima do solo e tco t ha' subterrâneas
Guiana Pista de 3,60 11,42 15,02 3,49 18,51 Puig & Delobelle,
Francesa 5ainte-Elie 1988: 12 (abaixo do solo).
Em Roraima, dados oficiais indicam uma intensidade
Média 12,38 4,02 16,40 atipicamente baixa de exploração madeireira em relação à área
desmatada anualmente. Segundo os dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (ma), em 1989 foram explorados 56.003
O efeito da exploração madeireira não é tão simples como m3 de madeira em tora em Roraima (IBGE, 1990). Considerando a
pode parecer. Mediante a remoção dos troncos das árvores taxa de desmatamento de 16.100 ha ano-' para 1989-1990, a
grandes, a eficiência de queimada aumentará, assim como a taxa intensidade de exploração teria sido apenas 3,5 m3 ha-1, pre-
de decomposição média da biomassa não-queimada. Isto é porque sumindo que toda a madeira explorada fosse oriunda de áreas
os galhos de diâmetro pequeno queimam melhor e decompõem sendo desmatadas naquele ano. Para fins do cálculo atual, foi feita
mais rapidamente que grandes troncos. essa presunção; portanto, a intensidade nas áreas de floresta não
Os valores para a biomassa da floresta não explorada, para desmatada é zero. Considerando que uma parte da exploração
madeira (Feamside, sd)(Tab. 1), representam as melhores avaliações madeireira provavelmente foi feita nestas florestas remanescentes,
para cada tipo florestal no tempo em que foi levantado pelo as emissões calculadas, tanto para desmatamento quanto para
Projeto RADAMBRASIL (1973-1983). Há razão para crer que as equipes exploração madeireira, são subestimadas.
de avaliação evitaram locais já pesadamente explorados para
madeira (Sombroek, 1992). Além disso, danos de exploração Interpretação das emissões históricas
madeireira eram muito menos amplos no tempo dos levantamentos
O balanço anual não deveria ser confundido com a mudança
do que são no presente. A exploração madeireira está progredindo
no balanço anual. Muitos componentes do balanço, tais como os
rapidamente, com a fração das áreas desmatadas que são
fluxos de solos, cupins e vegetação florestal nativa que são
exploradas para madeira antes da derrubada incrementando
perdidos quando a conversão ocorre, não mudarão muito com a
visivelmente desde meados dos anos 70, na medida em que o passagem do tempo. A questão de quanto as emissões históricas
acesso pelas estradas tem melhorado. O número de serrarias que pesarão nas negociações internacionais ainda está aberta. Os
compram madeira explodiu, e os preços da madeira aumentaram países industrializados foram os emissores principais de gases no
(cf. Veríssimo et al., 1992). Além disso, os troncos e a madeira para passado, sobretudo de co2 e, qualquer ponderação para emissões
o carvão vegetal e lenha são às vezes vendidos após a queimada. históricas por país indubitavelmente refletiria isto.
A redução da biomassa devido a exploração madeireira nas A área considerada para calcular a perda de fontes e
áreas derrubadas é muito mais alta que a redução da biomassa sumidouros em florestas intactas é presumida aqui como todo o
média sobre a floresta como um todo, já que as áreas derrubadas montante de 380.200 ha desmatados até 1990 em Roraima,
geralmente têm o melhor acesso por estrada. Muito da redução de independentemente de quanto tempo se passou desde que a
biomassa da exploração madeireira resultará em liberações de floresta original foi desmatada. Quase todo o desmatamento em
gases similares àquelas que ocorreriam através da derrubada: (1) Roraima foi feito dentro do atual século.
Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima Roraima e o aquecimento global: balanço anual das emissões de
gases do efeito estufa provenientes da mudança de uso da terra
352
O tratamento das emissões históricas é importante para 353
estabelecer a maneira como a responsabilidade pelo aquecimento
global é compartilhada entre os paíSes. Saber a magnitude das
emissões históricas não é necessário, contudo, para o balanço
anual (e os seus componentes separados) ser útil na compreensão
dos balanços biogeoquímicos globais dos gases envolvidos, é
necessário entender: (O a magnitude das mudanças no balanço
anual durante os próximos anos na medida em que os dados do
inventário nacional são compilados, e (2) a eficácia em potencial
das diferentes opções de combate ao efeito estufa na alteração do
balanço anual dos gases.
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