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Defenda os
seus direitos
160 perguntas
e respostas
ÍNDICE GERAL
A ÍNDICE REMISSIVO
Impressão: AGIR
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE
deco.proteste.pt/guiaspraticos
Defenda os
seus direitos
160 perguntas
e respostas
Prefácio
Este guia prático não foi feito para ser lido de fio a pavio, como um romance
ou um ensaio, mas para ser consultado em função dos assuntos que interes-
sam ao leitor e dos problemas que se lhe colocam. As questões aqui tratadas
são algumas das que chegam com mais frequência ao Serviço de Informa-
ção da deco proteste. Das telecomunicações aos impostos, passando pelas
compras e garantias, meios de pagamento, arrendamento, trabalho e até
relações familiares, de trabalho e de vizinhança, em quase todas as áreas,
quase todos os dias, podem surgir dúvidas e problemas para os quais a solu-
ção não é evidente. Damos uma ajuda, explicando quais são os seus direitos
e deveres e qual a melhor via de resolução.
Índice
Introdução Crédito 72
Condomínio 103
CAPÍTULO 1
Compras e serviços Outros bens 106
Serviços essenciais 24
CAPÍTULO 5
Compras e garantias 31 Arrendamento
Rendas 121
CAPÍTULO 2
Responsabilidade civil Obras e outras despesas 122
e administração pública
CAPÍTULO 7
Família
Introdução
A Defenda os seus direitos
Quase todos os dias somos confrontados com pequenos e, por vezes, gran-
des conflitos, em que julgamos ter razão, mas não sabemos como fazer
valer os nossos direitos. E acabamos por desistir, com a convicção de que
a única solução seriam os tribunais. Na realidade, existem muitas vezes
métodos mais simples, mais rápidos e menos dispendiosos para resolver
os diferendos com outras pessoas ou instituições. A resolução de conflitos
é simplificada sempre que existe um contrato que estipula obrigações recí-
procas, ou, ainda, quando as duas partes estão de acordo para pôr termo
ao conflito por outros meios que não os judiciais. Tratando-se de conflitos
de consumo, o primeiro passo, sempre que exista, é o livro de reclama-
ções. Se este não existir, será necessário recorrer a outras estratégias. Num
caso ou noutro, é fundamental comprovar os seus direitos. Para isso, deve
guardar todos os documentos e outros meios de prova e, ainda, interpelar
a parte contrária.
Livro de reclamações
O livro de reclamações é o primeiro meio de defesa dos consumidores, mas
nem todos os estabelecimentos estão obrigados a tê-lo. Quando existe esta
obrigatoriedade, é possível preenchê-lo de imediato, no local da ocorrência,
ou fazer a reclamação por via eletrónica em www.livroreclamacoes.pt. Num
caso como noutro, o recurso ao livro de reclamações é gratuito.
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A Introdução
O LIVRO AMARELO
O livro amarelo, em papel ou eletrónico (www.livroamarelo.gov.pt), é o suporte de
reclamações dos serviços prestados por entidades do setor público. Se se dirigir a um
serviço público, como um balcão da Segurança Social, e achar que tem razões para
reclamar, escreva no livro amarelo. Caso opte pela plataforma eletrónica, escolha a
opção “Reclame”, indique se o atendimento foi presencial ou online e identifique o
local visado. Preencha o formulário e submeta. Se tiver feito uma reclamação em
papel, também pode anexar cópia ao processo submetido por via digital.
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A Defenda os seus direitos
Sanções e indemnizações
As entidades prevaricadoras são sancionadas, mas os organismos de fisca-
lização não têm poderes para indemnizar os prejudicados. Assim, se estes
pretenderem uma indemnização terão de recorrer aos meios extrajudiciais
de resolução de conflitos, como os centros de arbitragem, a mediação ou
os julgados de paz e, por último, aos tribunais. Contudo, a simples possi-
bilidade de aplicação de coimas é, muitas vezes, suficiente para resolver o
problema a favor do consumidor.
12
A Introdução
As estratégias de ação
A melhor estratégia de resolução do conflito pode variar consoante a situ-
ação específica. Muitas vezes, basta pressionar a parte contrária, com os
meios à disposição, para conseguir o objetivo sem recorrer a terceiros.
Mas, em muitos casos, a pessoa prejudicada não dispõe de qualquer meio
de pressão ou, se este existir, não constitui uma arma eficaz. Por exemplo,
se encomendou uma viatura e esta não é entregue na data combinada, pode,
evidentemente, deixar de pagar o carro, mas isso de pouco lhe servirá...
A interpelação
Para comprovar os seus direitos, é indispensável que interpele a outra parte,
ou seja, que lhe exija o cumprimento das suas obrigações (quer se trate de
uma compra e venda, de um arrendamento ou qualquer outro conflito)
e que estabeleça um prazo para ela o fazer. Fique com uma prova do con-
tacto efetuado. A interpelação tem várias vantagens:
— a outra parte fica a saber que está disposto a defender os seus direitos;
— é um requisito fundamental para recorrer aos tribunais: sem ela, terá
menos hipóteses de ganhar uma ação judicial;
— a data da interpelação pode ser usada como referência na avaliação dos
prejuízos sofridos pela parte lesada, nomeadamente para calcular os
juros a receber, quando a indemnização é em dinheiro.
13
A Defenda os seus direitos
Correio eletrónico
A forma mais simples e imediata de interpelar a outra parte é enviar-lhe
uma mensagem de correio eletrónico. Mas não se esqueça, antes de enviar,
de ativar a confirmação de receção e a de leitura. As principais ferramentas
de correio eletrónico incluem estas funcionalidades, que equivalem à carta
registada com aviso de receção enquanto comprovativo de que a mensagem
foi recebida pelo destinatário. Guarde estes comprovativos juntamente com
o e-mail enviado.
Os meios de pressão
Os meios de pressão terão de ser utilizados com prudência. O seu uso deve
justificar-se, em todas as situações, e adequar-se aos prejuízos sofridos
com a conduta da outra parte, sob pena de poderem virar-se contra quem
14
A Introdução
A exceção de incumprimento
Trata-se de não cumprir as obrigações contratuais, se a outra parte não cum-
prir as suas. Por exemplo, num contrato de empreitada, se o empreiteiro se
atrasa com a obra e não cumpre os prazos fixados, o dono da obra pode, por
sua vez, deixar de fazer os pagamentos a que se tinha comprometido nas
datas constantes do contrato.
A compensação
Se alguém lhe exigir um pagamento, mas estiver em incumprimento no
contrato firmado, considere deduzir da soma a pagar o montante corres-
pondente ao prejuízo que isso lhe tiver causado. Retomando o exemplo da
empreitada: se, no final do contrato, chegar à conclusão de que a obra não
tem a qualidade pretendida ou se atrasou muito para além da data com-
binada, pode deduzir ao preço final o equivalente aos prejuízos compro-
vadamente sofridos devido à falta de qualidade ou ao atraso. No entanto,
não pode definir este montante de forma unilateral: terá de chegar a
acordo com a outra parte. Na ausência deste acordo, a solução passará
pelo tribunal.
O direito de retenção
Se tiver em seu poder um bem da pessoa ou empresa com a qual celebrou
um contrato que ela não cumpriu, pode usar esse facto como argumento.
Voltando ao exemplo do contrato de empreitada: se, terminadas as obras,
o empreiteiro deixou no local material que lhe pertencia, mas não cumpriu
por completo aquilo a que se tinha comprometido (o trabalho realizado não
tem a qualidade necessária, por exemplo), o dono da obra tem legitimidade
para reter o material e só o devolver quando o empreiteiro eliminar os defei-
tos da obra.
15
A Defenda os seus direitos
A transação
A transação é um acordo, escrito ou verbal, para pôr fim a um diferendo
existente ou que pode vir a surgir. Comporta sempre concessões de ambas
as partes, sem imposições. Se, por exemplo, o seu vizinho plantar uma sebe
para separar o terreno dele do seu, sem o consultar, mas você preferisse um
muro de separação; e, por outro lado, você quisesse plantar árvores a menos
de dois metros do limite do terreno, poderiam chegar a um acordo: a sebe
mantém-se e você planta as suas árvores. É aconselhável fazer a transação
por escrito, através de uma declaração assinada por ambas as partes, para
que exista uma prova do que foi combinado. Lembre-se de que, ainda que
exista boa-fé, se um dos intervenientes falecer, o outro poderá ter dificul-
dade em provar que existia esse acordo. Se, apesar de tudo, o diferendo che-
gar aos tribunais, porque uma das partes não respeitou o acordo e a outra
exija o seu cumprimento, o juiz deve ser informado da existência prévia do
acordo. Caso este seja alcançado já com a ação em tribunal, terá mesmo de
ser feito por escrito.
A peritagem
Com pouca tradição no nosso país, esta é uma forma de resolução de con-
flitos que consiste em os intervenientes designarem, de comum acordo,
um perito da área em que surge o conflito, o qual fica encarregue de avaliar
a situação e/ou propor uma solução. Em regra, o perito não tem conheci-
mentos jurídicos. Contudo, a sua experiência profissional e prática pode
colmatar essa lacuna.
Não havendo acordo sobre o perito, cada parte pode designar o seu. Mas,
se as conclusões de um e outro divergirem, os dois peritos, por sua vez,
designam um terceiro que tomará a decisão final. Tendo em conta que os
peritos são, normalmente, remunerados, é prudente começar por perguntar
qual será o custo da peritagem. De facto, em caso de conflitos que envolvam
montantes pequenos, pode não compensar recorrer a um perito.
16
A Introdução
A mediação
A mediação tem como objetivo alcançar um acordo amigável, com a ajuda de
um intermediário. As partes em conflito devem definir, em conjunto, quem vai
tentar alcançar o acordo e quais os limites da sua intervenção. Assim, podem
recorrer, por exemplo, aos sistemas públicos de mediação familiar, laboral ou
penal (veja mais informação sobre estes sistemas no sítio da Direção-Geral da
Política de Justiça, em https://dgpj.justica.gov.pt > Resolução de Litígios > Media-
ção > Sistemas Públicos de Mediação). A mediação pode terminar pela renúncia
de uma das partes às suas pretensões ou por uma verdadeira transação, através
da qual cada uma das partes renuncia a alguns dos direitos que reivindica.
17
A Defenda os seus direitos
A arbitragem
A arbitragem, ao contrário da mediação, é vinculativa para as partes, isto
é, têm de respeitar a decisão que dela resultar. Regra geral, o árbitro é,
para todos os efeitos, um juiz, e a sua decisão é equiparada a uma sen-
tença de um tribunal judicial. As vantagens relativamente a este são a
duração do processo, que não pode exceder os 12 meses, e o custo redu-
zido. No nosso país, a arbitragem é assegurada pelos centros de arbitra-
gem de conflitos de consumo e por alguns centros específicos de deter-
minados setores, como o Centro de Arbitragem para o Setor Automóvel
(casa) ou o Centro de Informação, Mediação e Arbitragem de Seguros
(cimpas). Os centros de competência genérica atuam apenas em algumas
áreas geográficas, os restantes abrangem todo o território nacional. Se o
valor do bem ou serviço que esteve na origem do conflito de consumo for
inferior a cinco mil euros, e o consumidor optar por recorrer a um cen-
tro de arbitragem, a empresa terá de submeter-se ao processo. Consulte
a lista das Entidades de Resolução Alternativa de Litígios (ral), na sua
grande maioria centros de arbitragem, na página da Direção-Geral do Con-
sumidor (www.consumidor.gov.pt).
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A Introdução
CONFLITOS ALÉM-FRONTEIRAS
Caso resida em Portugal e tenha uma reclamação relativa a uma compra ou a
um serviço prestado noutro país da União Europeia, na Noruega, na Islândia ou
no Reino Unido, o Centro Europeu do Consumidor (CEC) pode prestar-lhe as infor-
mações necessárias e contactar a entidade competente nesse país, para ajudar a
resolver o litígio sem recurso aos tribunais (veja como apresentar a reclamação em
http://cec.consumidor.pt).
Tratando-se de um bem ou serviço que adquiriu através da internet, também pode
tentar resolver o litígio através da plataforma RLL (Resolução de Litígios em Linha)
da Comissão Europeia (https://ec.europa.eu > Viver, trabalhar e viajar na UE > Direi-
tos e queixas dos consumidores > Encontre uma solução para os seus problemas
enquanto consumidor > Resolução de litígios em linha).
19
A Defenda os seus direitos
embora todos sejam elegíveis para resolução por esta via, os valores das cau-
sas de seguros multirriscos e de responsabilidade civil encontram-se limita-
dos a 50 mil euros. Valores superiores terão de seguir para tribunal judicial.
Em qualquer dos casos abrangidos pelo cimpas, se as partes optarem pela
mediação e arbitragem terão de pagar uma taxa correspondente a 3% do
valor da causa, com um mínimo de 70 euros e um máximo de 700 euros.
Os tribunais
A ida a tribunal deve ser entendida como último recurso, a acionar apenas
quando nenhuma das outras opções for válida. De facto, uma ação em tri-
bunal pode revelar-se um processo demorado e dispendioso. Nos casos em
que a única forma de fazer valer os seus direitos seja o recurso aos tribunais,
o primeiro passo é contactar um advogado, que o ajudará a reunir as provas
necessárias e encaminha o processo. As decisões do tribunal são de aplica-
ção obrigatória para todas as entidades (públicas e privadas) e prevalecem
sobre quaisquer outras autoridades.
Quem não tiver meios para custear as despesas com uma ação judicial pode
requerer proteção jurídica na Segurança Social, designadamente que lhe
seja nomeado um advogado oficioso para o representar em tribunal. Assim,
não terá de pagar a um advogado e fica dispensado das taxas de justiça e
restantes encargos com o processo. Terá, também, de comprovar a insufici-
ência económica para suportar essas despesas.
20
A Introdução
21
A
A
Capítulo 1
Compras e serviços
A Defenda os seus direitos
Serviços essenciais
1
Durante 20 anos, comprei botijas de gás ao mesmo fornecedor.
Recentemente, abriu uma loja perto de mim que vende botijas de outra
marca, mas mais baratas. Posso mudar sem custos adicionais?
2
A minha operadora quer cobrar-me chamadas para o estrangeiro que não
efetuei e me recuso a pagar. Podem cortar-me o serviço?
24
A Compras e serviços
25
A Defenda os seus direitos
4
Sempre que preciso de contactar a linha de apoio ao cliente da minha
operadora de telecomunicações, a chamada fica muito tempo em espera e,
quando finalmente sou atendido, a questão nunca se resolve de forma célere. Sinto-
26
A Compras e serviços
-me duplamente penalizado: não só o serviço tem dado problemas, como tenho de
pagar, e não é pouco, para tentar resolvê-los. Já pensei em mudar de operadora,
mas amigos e conhecidos relatam situações idênticas com outras empresas.
As operadoras podem cobrar desta forma pelo apoio ao cliente?
5 Aliciada por uma oferta mais barata de televisão, telefone fixo, telemóvel e
internet, decidi mudar de operadora. Nessa altura, assinei uma rescisão de
contrato que o vendedor se comprometeu a enviar à anterior operadora. Agora,
fui surpreendida com duas faturas de telecomunicações para pagar: a do antigo
fornecedor e a do novo. O que posso fazer?
27
A Defenda os seus direitos
28
A Compras e serviços
a serviços com mais de seis meses. Isso só é possível se, nesse período, além
de terem tentado a cobrança, sem sucesso, tiverem proposto uma ação em
tribunal com esse objetivo. Ainda que tenha sido faturado um valor inferior
ao devido, isso só pode ser corrigido até seis meses depois da data em que
foi pago o montante incorreto. No entanto, a prescrição da dívida não é auto-
mática, tem de ser o consumidor a invocá-la. Assim, se receber uma comu-
nicação para pagar algo mais antigo ou o fornecedor avançar para tribunal
depois de decorridos os seis meses, responda por escrito que não vai pagar,
já que, ao abrigo da lei, a dívida se encontra prescrita (veja a minuta da página
seguinte).
29
A
Exmos. Senhores,
Ora, de acordo com o disposto no art. 10.º n.º 1 da Lei dos Serviços Públicos
Essenciais, o consumo de serviços fornecidos há mais de 6 meses encontra-se
prescrito, não podendo ser cobrado. Assim, serve a presente missiva para
me opor ao pagamento do valor acima indicado, invocando expressamente a
prescrição para todos os efeitos legais.
(Assinatura)
A Compras e serviços
Compras e garantias
9
Em que casos posso beneficiar de um prazo de reflexão para renunciar a uma
compra ou a um serviço?
31
A Defenda os seus direitos
Se não pediu o produto, não está obrigado a pagá-lo. Pode ficar com ele,
ou, se quiser, devolvê-lo, devendo ser reembolsado das despesas com a
devolução até 30 dias depois de as ter efetuado. Convém comunicar ao
destinatário o montante dos encargos, para que este possa fazer o reem-
bolso. E é importante guardar os comprovativos das despesas, que servirão
de prova num eventual litígio. O vendedor não pode assumir que o silêncio
do consumidor significa que concorda com a compra e que está disposto
a pagar o bem.
32
A Compras e serviços
A loja efetuou um serviço que o cliente não solicitou, pelo que não tem de
pagá-lo. Tendo em conta as indicações dadas ao empregado, no momento
da entrega, a loja apenas estava autorizada a efetuar a reparação até ao valor
de 50 euros. Ultrapassando-o, só poderia avançar depois de autorizada pelo
cliente. Nesta situação, apresentam-se duas opções: ou o cliente leva o com-
putador como se encontra e paga apenas os 50 euros que se tinha mos-
trado disposto a gastar; ou, não chegando a acordo com a loja, esta terá de
desfazer o trabalho realizado e, eventualmente, retirar as peças que tiver
colocado, para lhe devolver o aparelho nas condições em que foi entregue.
12
Comprei uma máquina fotográfica e só quando cheguei a casa constatei que
não tinha instruções em português. Telefonei de imediato para a loja e fui
informado de que o importador tinha decidido não traduzir o manual. Assim, não
consigo utilizar todas as potencialidades do aparelho. O que posso fazer?
13 Comprei uma saia, mas, ao vesti-la pela primeira vez, apercebi-me de que
tinha um defeito que nem eu nem a vendedora tínhamos visto na loja. Como
o defeito não tem arranjo e não existia outra saia igual, a vendedora propôs-me
33
A Defenda os seus direitos
que levasse um vale no valor da saia. Posso recusar o vale e exigir a devolução
do dinheiro?
14
Encomendei um artigo através da internet, mas já passaram cinco semanas e
ainda não o recebi. O que posso fazer?
15
Comprei uma máquina de lavar louça que avariou. O que posso exigir do
vendedor para que corrija a situação?
34
A Compras e serviços
Não. O técnico agiu de forma correta ao não cobrar pela reparação do frigo-
rífico, dado que este tinha menos de três anos e, portanto, estava no prazo
mínimo de garantia definido por lei. Mas a cobrança do custo de deslocação
não é legítima. É certo que o técnico teve de suportar algumas despesas com
a ida a casa do cliente. No entanto, esta deslocação só foi necessária porque
o frigorífico deixou de funcionar. Como a avaria ocorreu no prazo de garan-
tia, a reparação é da inteira responsabilidade da loja, sem qualquer custo
para o cliente, incluindo as despesas de transporte, mão-de-obra e material.
A lei é bem clara quanto a este aspeto.
17
Comprei, em segunda mão, um carro ao qual o vendedor atribuiu a garantia
de seis meses. A garantia não deveria ter uma duração maior?
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A Defenda os seus direitos
18
Que impostos tenho de pagar ao comprar um carro novo?
19
Tenho um grau de incapacidade superior a 60% e ouvi dizer que isso me
permitia pagar menos impostos na compra de carro. É assim?
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A Compras e serviços
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A Defenda os seus direitos
20
Fui contactado pelo Fisco para pagar o imposto único de circulação de um
carro que vendi há vários anos. O que devo fazer?
Por vezes, o Fisco notifica, para pagarem o iuc referente a anos anteriores,
proprietários que já venderam o automóvel ou o deram para abate e, por-
tanto, não têm qualquer obrigação de pagamento. Isso deve-se a problemas
relacionados com os registos do Instituto da Mobilidade e dos Transportes
(imt). Pode ter acontecido que o contribuinte se tenha esquecido de atuali-
zar a situação do carro ou de cancelar o registo. Se assim for, terá de provar
que já não é proprietário da viatura, através do documento de compra e
venda ou do certificado de abate. Neste último caso, é importante que se
certifique junto do imt de que a matrícula já foi cancelada.
Quando um particular vende um carro, o novo proprietário tem 60 dias
para alterar o registo. Por isso, assim que passarem dois meses sobre a
venda, consulte o Portal das Finanças e verifique se o carro ainda está em
seu nome. Se assim for, contacte o comprador para proceder à atualização.
Caso este nada faça, pode pedir a apreensão do veículo, por falta de regu-
larização da propriedade. É possível fazê-lo, mediante o pagamento de dez
euros, na conservatória do registo automóvel, num balcão do imt ou através
do portal www.automovelonline.mj.pt. O veículo será apreendido pela polí-
cia. No entanto, se, ao fim de seis meses, o registo continuar por fazer ou o
carro não tiver sido apreendido, solicite à polícia um documento que ateste
que o carro não foi encontrado. Na posse deste documento, peça o cancela-
mento da matrícula no imt.
Viagens e turismo
21 A publicidade ao hotel que reservei para as férias anunciava a existência de
piscina e quartos com vista para o mar. Quando lá cheguei, o quarto que
me foi destinado tinha vista para a autoestrada e a piscina estava encerrada para
38
A Compras e serviços
22
Durante a nossa estada num hotel, o meu casaco de couro e algumas
joias da minha mulher desapareceram. O hotel diz que não é responsável.
Será mesmo assim?
39
A Defenda os seus direitos
peças de roupa, que nem cabem num cofre nem são deixadas à guarda do
hotel. Neste caso, será mais fácil defender que o furto só ocorreu porque o
hotel não cumpriu as normas de segurança a que está obrigado.
Cabe ao estabelecimento controlar o acesso aos quartos. Por isso,
a entrada de um intruso resulta, normalmente, de negligência ou falha no
sistema de segurança, má qualidade das fechaduras ou até falta de inte-
gridade do pessoal do hotel, por exemplo. Já podem, pois, ser-lhe pedidas
contas se o cliente conseguir provar que houve falha do hotel, embora,
na ausência de testemunhas (por exemplo, outros hóspedes a quem tenha
acontecido o mesmo), possa ser difícil provar o que alega. Quaisquer que
sejam as circunstâncias, apresente queixa do furto às autoridades locais,
fornecendo todas as informações úteis: características dos objetos, inclu-
indo o seu valor, local onde se encontravam, hora aproximada do furto,
durante quanto tempo esteve fora do quarto, testemunhas que possam
comprovar o que alega, etc. O furto é um dos crimes abrangidos pelo Sis-
tema Queixa Eletrónica, o serviço online que facilita a apresentação de
queixas e denúncias às autoridades, pelo que pode tratar de tudo em
queixaselectronicas.mai.gov.pt.
23
Uma semana depois de ter reservado uma viagem ao Brasil, a agência
comunicou-me que, afinal, esta não se realizaria. A reserva que fiz não
tem valor?
As viagens organizadas são as que incluem, pelo menos, uma noite de dor-
mida ou excedem 24 horas de duração e combinam dois destes serviços:
40
A Compras e serviços
41
A Defenda os seus direitos
24 Fiz uma viagem organizada por uma agência, com alojamento em hotéis de
quatro estrelas. Porém, em Sevilha, dormimos num de três estrelas. Posso
exigir um reembolso parcial à agência?
Sim. Se ficou num hotel de três estrelas, tendo pago um de quatro, tem
direito a receber a diferença. Quando, no decurso da viagem, não for pos-
sível prestar alguns dos serviços contratados, a agência tem de assegurar,
sem aumento de preço, serviços equivalentes. Porém, se tal inviabilizar a
Há ainda outras informações que devem ser fornecidas ao viajante, como, por exem-
plo, os contactos dos representantes locais da agência ou, quando não existam,
um meio que lhe permita contactar a agência em caso de necessidade.
A lei apenas admite alterações do preço numa viagem organizada quando ainda fal-
tarem mais de 20 dias para a partida e desde que resultem de variação no custo
dos transportes ou combustíveis, de impostos e taxas aplicáveis ou de flutuação do
câmbio das moedas. O contrato tem, igualmente, de prever de forma expressa esta
possibilidade, indicando as regras para calcular a alteração.
42
A Compras e serviços
25 Tive de anular uma viagem organizada por uma agência, apenas dois dias
antes da partida. Tenho de indemnizá-la?
26
A companhia aérea em que viajei perdeu a minha bagagem. Que
indemnização posso exigir?
43
A Defenda os seus direitos
27
Qual o limite de bebidas e de cigarros que é possível trazer para Portugal
aquando de uma viagem ao estrangeiro?
44
A Compras e serviços
28 De férias em Espanha, parti uma perna. Fui tratado no hospital, mas tive de
pagar uma conta bastante elevada. O facto de ser beneficiário da Segurança
Social em Portugal não é, por si só, suficiente para não ter de pagar a conta
hospitalar?
45
A
A
Capítulo 2
Responsabilidade civil
e administração
pública
A Defenda os seus direitos
Danos e perdas
29
Ao tentar tirar um quadro da prateleira de uma loja de antiguidades,
derrubei e parti uma jarra antiga. Tenho de pagar o prejuízo?
30
Escorreguei numa laranja esmagada quando andava às compras num
supermercado. Da queda resultou uma fratura no braço e alguns danos
materiais. Quem é responsável?
31 Fiz uma sessão de depilação a laser num centro de estética. Durante a sessão,
queixei‑me do calor excessivo, mas a esteticista não ligou. No final, tinha as
pernas muito vermelhas e com sinais de queimadura. Uma semana depois, como a
situação persistia, dirigi‑me novamente ao centro, mas nada fizeram. O que posso
fazer para responsabilizar o centro de estética?
48
A Responsabilidade civil e administração pública
32
Mandei limpar o meu melhor fato numa lavandaria, que o devolveu
deformado e cheio de manchas. O que posso exigir da lavandaria para
reparar a situação?
Pode exigir uma indemnização pela roupa estragada. Caso seja nova ou com
muito pouco uso, considere o preço pelo qual a comprou. Se já tiver algum
uso, desconte um valor que corresponda ao desgaste. Será mais fácil fazer
prova do valor se ainda tiver o recibo da compra. Caso surjam problemas,
use o livro de reclamações, presencialmente ou online.
Quando se deixa uma peça de roupa numa lavandaria, celebra-se um acordo
(quase sempre verbal) através do qual a loja se compromete a efetuar o ser-
viço pedido, mediante um preço. Ao confiar a roupa à lavandaria, o cliente
espera que ela lhe seja devolvida limpa e em bom estado. Se vier estragada,
a responsabilidade é da lavandaria, salvo algumas exceções. Por exemplo,
se a lavandaria seguiu à risca as instruções da etiqueta colocada pelo fabri-
cante e, apesar disso, a lavagem ou a limpeza da peça de roupa a danifica,
a responsabilidade pelos danos não é da lavandaria, mas sim do fabricante.
Se for o caso, poderá ter de o contactar para resolver o problema.
33
Casei‑me há uma semana e, após o copo‑d’água, vários convidados sofreram
intoxicações alimentares. Posso processar o restaurante e exigir uma
indemnização?
49
A Defenda os seus direitos
que deveria ser lembrado como algo alegre e feliz, ter ficado ensombrado
pelos acontecimentos. Também os convidados podem, isoladamente ou
em conjunto, exigir uma indemnização à empresa, pelos prejuízos sofridos.
A reclamação e a denúncia da situação podem ser feitas a várias entidades.
O preenchimento do livro de reclamações é uma das vias, através da qual a
reclamação chegará ao Turismo de Portugal, IP (veja, a este respeito, o título
Livro de reclamações, na página 10). E, como os problemas resultaram da
deterioração dos alimentos, o caso deve ser denunciado à Autoridade de
Segurança Alimentar e Económica (asae). É a esta entidade que compete
verificar a qualidade dos alimentos usados pela empresa, cujos responsá-
veis, se considerados culpados, podem ficar sujeitos a coimas.
Por fim, há a possibilidade de recorrer aos tribunais para obter uma indem-
nização por danos sofridos. Se optar por esta via, terá desde logo de consul-
tar um advogado e expor-lhe o sucedido. O prazo para dar entrada à ação
em tribunal é de três anos, a contar da data em que teve conhecimento do
50
A
Peça o livro de
reclamações ou
preencha-o online.
Tratando-se de um
estabelecimento público, Aparentemente,
Aparentemente,
pode ainda apresentar a responsabilidade
a responsabilidade é
queixa junto do Gabinete é do médico e do
só do médico.
do Utente. Se preferir, hospital.(2)
contacte diretamente
a Entidade Reguladora
da Saúde, para efeitos
de reclamação ou de
mediação do litígio.
Querendo que o
médico seja punido
disciplinarmente, recorra à
Ordem dos Médicos. (1) Pretendo,
simultaneamente,
que o médico seja
Pretendo apenas
condenado pela
uma indemnização
prática de um crime
e me pague uma
indemnização
35
Os CTT perderam correspondência valiosa que me era endereçada. O que
posso fazer para ser compensado pelo prejuízo?
36
De vez em quando, vou passear o cão de uma vizinha idosa. Serei
responsável por eventuais danos causados pelo animal durante o passeio?
52
A Responsabilidade civil e administração pública
53
A Defenda os seus direitos
passar pelas escovas, jatos e chuveiros que efetuam a lavagem, ou, estando o
veículo imobilizado, faz passar ao longo dele essas escovas, jatos e chuveiros.
Contudo, por vezes surgem problemas com as máquinas e algumas das suas
partes metálicas roçam nos veículos e podem riscá-los ou danificá-los. Se o
condutor cumpriu todas as instruções do operador, não há razão para que
este tipo de acidente ocorra, pelo que tal resultará, então, de algum pro-
blema com o mecanismo. Assim sendo, o proprietário do veículo tem direito
a ser indemnizado pelos prejuízos sofridos. Caso a entidade operadora da
máquina se recuse a indemnizá-lo, contacte a deco proteste, um julgado de
paz ou um advogado. É também aconselhável usar o livro de reclamações
do estabelecimento onde a lavagem foi efetuada ou preencher o livro de
reclamações eletrónico. Paralelamente ou como último recurso, pode ainda
dirigir-se aos tribunais, para obter uma sentença que imponha o pagamento
da indemnização pelos prejuízos resultantes do deficiente funcionamento
do mecanismo de lavagem automática.
38
Deixei o meu automóvel na oficina, juntamente com as chaves, para que
procedessem às reparações necessárias. O carro ficou na rua e foi roubado.
O seguro não tem cobertura para furto e os responsáveis da oficina dizem que não
cometeram qualquer falta. De quem é a responsabilidade, afinal?
54
A Responsabilidade civil e administração pública
40 Ao conduzir numa via municipal, uma das rodas do meu carro passou sobre
um enorme buraco, não assinalado, o que danificou a suspensão. Posso
exigir que a câmara municipal me indemnize pelos prejuízos sofridos?
55
A Defenda os seus direitos
Infrações, Justiça
e Administração Pública
41
Há já algum tempo, contactei a operadora de telecomunicações de que
fui cliente, pedindo que apagasse dos registos os meus dados pessoais.
No entanto, continuo a receber ofertas promocionais da dita empresa. Poderá ela
manter os meus dados pessoais, apesar de eu ter pedido expressamente a sua
eliminação?
Não. A lei dá-lhe o direito de não permitir que a empresa conserve os seus
dados pessoais, pelo que esta terá de os eliminar. É o direito ao esquecimento.
De igual modo, se detetar que alguns dos seus dados foram obtidos de forma
ilícita ou enganosa por qualquer entidade, pode exigir a sua eliminação.
Para se opor ao tratamento dos seus dados pessoais para efeitos de marke-
ting, envie uma carta para a empresa em causa, manifestando a sua recusa
em ser contactado e dando um prazo razoável para os seus dados serem
retirados da base de dados. Se, mesmo assim, os contactos não pararem,
apresente queixa à Comissão Nacional de Proteção de Dados. Esta Comis-
são fiscaliza o cumprimento da lei e é aqui que todos os ficheiros de dados
devem ser registados. É também esta entidade que aprecia as reclamações
dos particulares ou de quem os represente, no prazo de três meses. Se não
pretender, em geral, receber publicidade no seu domicílio, seja por correio
ou telefone, pode solicitar que o seu nome, morada e contactos telefónicos
ou eletrónicos sejam incluídos na designada “lista Robinson”, a cargo da
Associação Portuguesa de Marketing Direto. Os responsáveis pela violação
da lei podem ser condenados a pena de prisão até dois anos.
56
A Responsabilidade civil e administração pública
57
A Defenda os seus direitos
43
Rebocaram o meu carro, que estava estacionado em cima de um passeio,
onde não incomodava ninguém. Tenho de pagar a coima e o reboque?
44
Fui surpreendido com a invasão da minha casa por um agente de execução,
assistido por um agente da PSP, para anotar os bens que possuía, pois iam
penhorá‑los no âmbito de um processo em tribunal. Ora, nunca fui notificado
de qualquer ação contra mim. Poderão, mesmo assim, entrar em minha casa e
proceder ao inventário dos meus bens para penhora?
58
A Responsabilidade civil e administração pública
45
No âmbito de uma penhora, disseram‑me que existia um título executivo
no processo, o qual permitia a execução dos meus bens. O que é este título
executivo?
59
A Defenda os seus direitos
46
Pedi a um advogado que me representasse num litígio com um vizinho e ele
limitou‑se a escrever‑lhe uma carta, pela qual me cobrou 400 euros. Tenho
mesmo de pagar uma quantia tão exorbitante por tão pouco?
47
O meu nome causa‑me alguns embaraços, pelo que gostaria de o mudar.
Poderei fazê‑lo?
60
A Responsabilidade civil e administração pública
48 Perdi os meus documentos. O que devo fazer para obter outros novos e para
me precaver de intuitos pouco honestos de quem possa encontrá‑los?
Para não se esquecer de nada, faça uma lista dos documentos que tinha
na carteira. Caso saiba onde os perdeu, dirija-se à esquadra de polícia
mais próxima. Pode até ter a sorte de terem sido entregues. Em alter-
nativa, verifique o portal do Ministério da Administração Interna, em
perdidoseachados.mai.gov.pt. Se não tiverem aparecido, comunique de ime-
diato a perda e guarde a participação da ocorrência, para evitar problemas
decorrentes de roubo de identidade e de falsificações em que os seus dados
sejam usados. Faça o mesmo se os documentos tiverem desaparecido de
qualquer outra forma ou se souber que alguém anda a utilizar os seus dados
indevidamente. Para maior segurança no que respeita ao risco de fraude
financeira com recurso ao seu cartão de cidadão, bilhete de identidade, car-
tão de contribuinte, passaporte, autorização ou título de residência, comuni-
que também a perda ao Banco de Portugal através do formulário disponível
em clientebancario.bportugal.pt/formulario-extravio e junte cópia da par-
ticipação à polícia. Assim que possível, cancele todos os documentos junto
das entidades que os emitem e peça outros novos. Pode mesmo cancelar o
cartão de cidadão por telefone (210 990 111), 24 horas por dia e 7 dias por
semana, ou através da internet, em eportugal.gov.pt. Para tratar da substi-
tuição de vários documentos de uma só vez, faça agendamento no Balcão
Perdi a Carteira, na Loja de Cidadão das Laranjeiras, em Lisboa, através do
300 003 990 ou do endereço eletrónico info.cidadao@ama.pt.
Normalmente, enquanto os documentos definitivos não são entregues,
os comprovativos dos pedidos são aceites em muitas situações, podendo,
inclusive, servir de prova perante as autoridades. Se, juntamente com os
documentos, tinha também na carteira cartões de débito e de crédito, veja a
resposta à pergunta 58, para saber como deve proceder.
49 Um amigo meu, alemão, pretende vir viver para Portugal. De que
documentos necessita para permanecer no nosso país?
61
A Defenda os seus direitos
62
A Responsabilidade civil e administração pública
este direito, devem os cidadãos ter acesso a todos os elementos que leva-
ram a uma tomada de decisão sobre um assunto em que são diretamente
interessados ou intervenientes. Assim, podem consultar todos os proces-
sos que lhes digam respeito, ou até encarregar outras pessoas (advoga-
dos, normalmente) de o fazer. No caso das taxas municipais, pode haver
lugar a reembolso das que não eram devidas, tiverem sido pagas por quem
estava isento, em duplicado ou em valor superior ao devido. Se considerar
estar numa destas situações, comece por fazer um pedido de consulta, por
escrito, à câmara municipal. Esta terá dez dias úteis, após a apresentação do
pedido, para disponibilizar a consulta do processo ou comunicar as razões
da recusa. Os órgãos da administração pública apenas podem recusar mos-
trar os ditos processos quando:
— a pessoa que requeira a consulta não seja diretamente interessada;
— a consulta ponha em causa segredos comerciais, industriais ou relativos à
vida interna das empresas;
— possam ser violados direitos de autor ou de propriedade intelectual ou a
sã concorrência;
— os documentos estejam abrangidos pelo segredo de justiça ou de Estado;
— as informações tenham caráter médico e o requerente não se faça acom-
panhar do seu médico.
51
Enganei‑me a preencher a declaração de rendimentos e só me apercebi disso
já depois de a ter enviado. O que devo fazer para corrigir este engano?
52
Durante muitos anos tive isenção de IMI, mas, quando recebi a primeira
notificação para pagamento, constatei que o valor era de tal forma elevado
63
A
a correção a correção
implica que o implica que o
contribuinte pague contribuinte pague
menos imposto do mais imposto do que
que o previsto o previsto
que não podia estar correto. Como poderei confirmar o valor que tenho a pagar e,
se for o caso, reduzi‑lo?
De uma forma ou de outra, caso conclua que está a pagar IMI a mais, peça
uma avaliação do imóvel. Para o efeito, preencha o modelo 1 do IMI e entre-
gue-o num serviço de Finanças ou através do Portal das Finanças, em Cida-
dãos > Serviços > Imposto Municipal sobre Imóveis > Entregar Declaração.
Claro que, se entretanto o imóvel tiver sofrido melhorias (como a construção
de uma garagem numa moradia, por exemplo), o mais provável é que o IMI
aumente. Por outro lado, tenha em conta que o pedido de avaliação só será
possível se a última avaliação tiver sido feita há três anos ou mais.
Feita a nova avaliação, se não concordar com o valor patrimonial tributário
atribuído, pode pedir uma segunda avaliação no prazo de 30 dias a con-
tar da data de notificação. O pedido de segunda avaliação não está sujeito
ao pagamento prévio de qualquer taxa. No entanto, sempre que o valor
65
A Defenda os seus direitos
AS CONTAS DO FISCO
O valor do IMI a pagar é calculado pela aplicação de uma taxa, que, consoante o
município, poderá variar entre 0,3% e 0,45%, ao valor patrimonial tributário do imó-
vel. Este não corresponde forçosamente ao valor de mercado (pode ser inferior ou
superior) e resulta da multiplicação de uma série de fatores considerados pelo Fisco:
CALCULAR
o valor patrimonial
tributário do imóvel
66
A
Capítulo 3
Bancos e
seguradoras
A Defenda os seus direitos
Meios de pagamento
53
Para facilitar os pagamentos mensais, dei o meu IBAN a várias entidades
e agora tudo é feito por débito direto. Há algum risco de serem feitos
levantamentos indevidos da minha conta?
68
A Bancos e seguradoras
55 Tentei levantar 50 euros numa caixa Multibanco, mas apenas recebi 30.
No entanto, o talão registou um levantamento de 50 euros. O que devo fazer
para receber, ou para que não me sejam debitados, os restantes 20?
69
A Defenda os seus direitos
56
Quais os meios de pagamento mais aconselháveis para usar em viagem e
quais os cuidados a ter?
57
Evito usar o meu cartão de crédito, porque tenho receio que os dados vão
parar às mãos erradas e eu acabe por ser roubado. Como posso assegurar
uma utilização segura e evitar as fraudes?
70
A Bancos e seguradoras
58
Ontem, roubaram-me a carteira onde tinha os cartões de débito e crédito.
O que posso fazer para assegurar que a minha conta bancária não é
movimentada?
71
A Defenda os seus direitos
59
Recebi em casa um cartão de crédito enviado pelo meu banco, que não
solicitei nem estou interessado em possuir. Terei de o pagar?
Nada terá de pagar e não é obrigado a ficar com um cartão de crédito que
não pediu. A lei determina que o destinatário de bens ou serviços não
solicitados pode ficar com eles, sem ter de os pagar (veja a resposta à per-
gunta 10). Neste caso, contudo, essa legislação não se aplica, porque, para
usar o cartão de crédito, é necessário celebrar um contrato com a instituição
emitente. Sem este contrato, o cartão não passa de um pedaço de plástico
sem valor. Ainda assim, se receber em casa um cartão que não solicitou e a
instituição lhe cobrar algum tipo de comissão, exija a devolução dos mon-
tantes indevidamente cobrados.
Crédito
60 Assinei letras em branco, no âmbito de um contrato de crédito. Quais podem
ser as consequências, se tiver problemas no pagamento da dívida?
72
A Bancos e seguradoras
vezes, essas letras e livranças são apenas mais um entre os muitos documen-
tos apresentados ao cliente para assinar, sem que lhe seja explicado o que
significam. Por isso, este não deve assinar nada sem se informar sobre os
documentos que lhe são apresentados e respetivas consequências.
As letras e as livranças são meios de pagamento autónomos, que permitem
ao portador exigir as importâncias que aí figuram a quem é indicado como
devedor. A principal distinção entre letras e livranças é que, nas primeiras,
intervêm três partes (quem se compromete a pagar uma quantia, quem a
recebe e a entidade que faz o pagamento) e nas livranças apenas duas (o cre-
dor e o devedor). O problema das letras e livranças em branco é que quem as
possui pode preencher os dados em falta, normalmente o montante a cobrar
e/ou a data desse pagamento. E como a lei permite que o portador de um
título executivo (veja o que é na resposta à pergunta 45) avance diretamente
para tribunal, o devedor tem poucos meios de defesa.
Outra característica importante destes meios de pagamento consiste no
risco de serem transmitidos a outras pessoas que nada têm a ver com o
negócio original. Ora, quando tal sucede, quem se comprometeu a pagar a
letra ou a livrança não pode defender-se do pedido do novo portador com
base nalguma falta do vendedor do bem ou serviço. Terá de pagar a esse
terceiro e só depois pode exigir do vendedor aquilo que este estava obrigado
a fazer ou a entregar. Para evitar este tipo de problemas, a legislação sobre
crédito ao consumo proíbe a entidade financiadora de transmitir a tercei-
ros as letras ou livranças que receba, para que situações como as descritas
não se verifiquem. Em concreto, a letra ou a livrança deve conter a expres-
são “não à ordem”, que impede a sua transmissão a terceiros pela entidade
financiadora. Deste modo, se esta emitiu letras ou livranças que transmitiu a
terceiros, o cliente pode invocar a proibição legal para nada pagar, devendo,
se necessário, contactar uma associação de defesa do consumidor ou um
advogado.
61
Recorri a um crédito bancário para fazer um adiantamento de um tratamento
dentário, mas, entretanto, a clínica fechou. O que posso fazer?
73
A Defenda os seus direitos
62
Quis celebrar um contrato de crédito para comprar um carro, mas fui
surpreendido pelo facto de o vendedor exigir também a assinatura da minha
mulher. Ora, não tem sentido eu pedir-lhe a assinatura, quando o nosso carro novo
era uma surpresa que queria fazer-lhe. Será mesmo necessário ela assinar?
A assinatura da sua esposa não é essencial neste tipo de negócios, mas pode
vir a ser útil ao vendedor, caso o leitor se veja impossibilitado de pagar a
dívida e os seus bens não sejam suficientes para a saldar. A entidade finan-
ciadora terá querido certificar-se de que poderia também recorrer aos bens
dela, se o leitor deixasse de cumprir as suas obrigações.
Quando a dívida é contraída para satisfazer os encargos da vida familiar (des-
pesas de alimentação, saúde, educação, etc.) ou é assumida por um cônjuge
com o consentimento do outro, a responsabilidade pelo pagamento é de
ambos. O cônjuge que contrai determinada dívida só é o único responsável
pelo pagamento se ela não se destina a satisfazer um encargo da vida familiar
ou ao proveito do casal. Por exemplo, se gastar uma pequena fortuna ao jogo
ou comprar joias para uso pessoal. Se um dos membros do casal comete um
ato ilegal, que o obriga a pagar uma multa ou uma indemnização, apenas ele
é responsável por esse pagamento. E, sempre que um dos cônjuges contrai
uma dívida, o credor que pretender executar os bens comuns terá de provar
em tribunal que esta foi assumida no interesse de ambos — daí a exigência da
entidade financiadora. Por isso, se o banco não prescindir da assinatura da
sua esposa, não poderá recusá-la. Há apenas uma exceção: se for comerci-
ante, presume-se sempre que as dívidas que contrai são em proveito do casal.
Assim, se a dívida não for paga, para a sua esposa não perder a parte dela dos
bens comuns, terá de provar que a dívida não tinha essa finalidade. Neste
caso, o banco já não terá argumentos para exigir a assinatura.
74
A Bancos e seguradoras
64
Pretendo mudar o crédito à habitação para outro banco que me dá melhores
condições. Que cuidados devo ter?
Mesmo que o banco para onde quer mudar o crédito lhe ofereça, por exem-
plo, uma taxa de juro mais baixa, convém fazer algumas contas para ter a
certeza de que a mudança é, de facto, vantajosa para si. Em primeiro lugar,
a amortização do empréstimo que já possui, através do novo crédito, terá
decerto custos acrescidos: normalmente, os bancos preveem penalizações
75
A Defenda os seus direitos
Seguros
65
Como é calculado o valor de uma casa, para efeitos de seguro
multirriscos‑habitação?
É certo que nem sempre é fácil definir o valor de uma casa, principalmente
quando já não é nova. Mas há uma regra fundamental: em caso de sinistro,
interessa-lhe receber a quantia necessária para reconstruir a sua casa (valor
de reconstrução). Tratando-se de uma fração de um prédio em regime de
propriedade horizontal, deverá ainda incluir o valor proporcional das par-
tes comuns, tais como o telhado, a entrada e os elevadores. Ora o valor de
reconstrução do imóvel é determinado com base no custo da mão-de-obra e
76
A Bancos e seguradoras
O valor dos bens muda ao longo do tempo. Por isso, o capital seguro é atua-
lizado todos os anos de forma automática, com base nos índices publicados
trimestralmente pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pen-
sões (ASF). Esses três índices visam refletir a variação dos preços em função
da inflação e aplicam-se:
— ao valor do recheio da habitação;
— ao valor do edifício;
— ao valor conjunto da habitação e do recheio, quando estas coberturas são
contratadas em simultâneo.
77
A Defenda os seus direitos
No que respeita ao capital seguro para o recheio, como, ao longo dos anos,
se vão comprando outros móveis, utensílios, eletrodomésticos, etc., é acon-
selhável fazer um inventário dos bens a cada quatro ou cinco anos e verificar
se o capital seguro cobre os custos de reposição, em caso de sinistro. Poderá
ser necessário atualizar alguns dos valores mais antigos. Comunique tam-
bém à seguradora, se desejar que fiquem cobertos pelo seguro, a compra de
objetos de valor.
66 Tive um acidente com o meu carro, que tem cinco anos, e a seguradora
propôs-me uma indemnização em dinheiro, correspondente ao valor venal
do carro, alegando que o custo de reparação é superior. Tenho de aceitar esta
proposta, quando apenas quero ver o meu carro arranjado? Como é calculado o
valor venal?
A partir de uma certa idade dos veículos, o valor de mercado é tão reduzido
que qualquer sinistro, por menores que sejam os danos, facilmente leva à
perda total. Nesses casos, poderá ser difícil adquirir um veículo idêntico,
ainda em condições de circular, com o montante dado pela seguradora.
78
A Bancos e seguradoras
67
O que é o sistema IDS? Ouvi dizer que permitia agilizar o pagamento, pelas
seguradoras, das indemnizações relacionadas com acidentes de viação, mas
não sei como funciona.
79
A Defenda os seus direitos
Ainda que simplifique e acelere o processo de regularização do sinistro, a tpr não contempla uma
série de variáveis que poderiam ser relevantes para a atribuição de responsabilidades, como, por
exemplo, a velocidade a que circulavam os veículos.
Por outro lado, nem todos os acidentes são abrangidos por este sistema.
Para recorrer ao ids, é necessário que:
— estejam envolvidas apenas duas viaturas, ambas de matrícula portuguesa,
e tenha existido contacto direto entre elas;
— o acidente tenha ocorrido em Portugal;
— não existam feridos que necessitem de assistência hospitalar;
— os dois veículos tenham seguro automóvel em companhias que aderiram
ao sistema ids;
— os danos materiais não excedam 15 mil euros por viatura. Em caso de dúvida
sobre os montantes envolvidos, não deixe de preencher a declaração.
Quando estas condições não estejam reunidas, é ainda assim possível usar
a declaração amigável para comunicar a ocorrência à seguradora do outro
veículo, juntando os elementos de prova que sejam relevantes.
68 O que fazer, num acidente de viação, se uma das partes envolvidas se recusar
a assinar a declaração amigável?
80
A Bancos e seguradoras
69
Emprestei o meu carro a um amigo e ele teve um acidente, pelo qual foi
responsável. A seguradora pode recusar-se a pagar os danos?
Em regra, não. Mas há exceções. O carro pode ser conduzido por outros con-
dutores, além do declarado na apólice. No entanto, é provável que a segura-
dora queira saber se o seu amigo é condutor habitual do carro ou se foi algo
fortuito. Isto é particularmente importante se o condutor declarado na apó-
lice e o que teve o acidente tiverem perfis muito diferentes. Por perfil do con-
dutor entende-se, sobretudo, a idade, os anos de carta e o histórico de sinis-
tralidade. É frequente, por exemplo, os pais emprestarem o carro aos filhos
recém-encartados que, por terem um nível de risco superior, pagam normal-
mente mais pelo seguro. Os limites variam com as seguradoras, mas a norma
é os prémios sofrerem agravamentos se o condutor tiver menos de 25 anos
de idade, carta de condução há menos de dois anos e residir em Lisboa ou
no Porto (zonas de maior risco). Algumas companhias preveem nos contratos
de seguro a possibilidade de duplicarem o valor da franquia (o limite abaixo
do qual não pagam indemnização), ou de nada pagarem se, de acordo com
as condições contratuais em vigor, o condutor acidentado tiver um nível de
risco superior ao do condutor declarado. Na prática, tudo vai depender do
que estiver previsto no contrato, embora, se se sentir prejudicado, o tomador
do seguro possa recorrer ao Centro de Informação, Mediação e Arbitragem
de Seguros (cimpas) e, eventualmente, a tribunal. Convém ainda ter em conta
que nem sempre justifica declarar o sinistro ao seguro. De facto, as participa-
ções vão agravar o prémio a pagar nos anos seguintes. Para sinistros de valor
reduzido, pode ser mais vantajoso chegar a acordo com o outro condutor e
resolver a questão amigavelmente, pagando os danos do próprio bolso.
70 Quero mudar o meu seguro automóvel para outra companhia. Como não
tenho acidentes há muitos anos, os bónus entretanto acumulados podem
transitar para a nova seguradora?
81
A Defenda os seus direitos
71
Comuniquei à minha seguradora que desejava rescindir o seguro, depois de
ter recebido o aviso para pagamento do prémio, mas esta respondeu que,
ainda assim, teria de o pagar. Não tenciono renová-lo e, por isso, não percebo essa
obrigatoriedade.
72
Vou reformar-me este ano e, por isso, deixarei de beneficiar do seguro
de saúde proporcionado pela empresa onde trabalho. Contactei várias
seguradoras, mas, até agora, nenhuma aceitou fazer-me o contrato. Há limites de
idade para contratar ou beneficiar de um seguro de saúde?
82
A Bancos e seguradoras
83
A
A
Capítulo 4
Propriedade
e vizinhança
A Defenda os seus direitos
86
A Propriedade e vizinhança
contrato sem perder o sinal se faltar um elemento formal essencial a este tipo
de negócio, ou seja, se, por exemplo, faltar a assinatura de uma das partes
(veja também a caixa Requisitos do contrato-promessa, na página 89). Caso o
promitente-vendedor não aceite a cláusula, o promitente-comprador pode
ainda negociar a entrega de um sinal baixo, para que o prejuízo seja menor,
na eventualidade de não efetuar a compra. Mas o vendedor pode recusar
um sinal demasiado baixo ou, ainda que o aceite, sentir-se tentado a faltar
ao prometido e a vender a casa a outrem por um preço mais elevado. Se isso
acontecer, também terá consequências (veja a resposta à próxima pergunta).
Outra possibilidade, para evitar estas situações, é esperar, pelo menos, pela
pré-autorização do crédito e fazer algumas contas. Antes de assinar o con-
trato-promessa, tente obter uma resposta do banco. Perante os dados de que
dispõe (rendimentos do agregado familiar, montante pedido, etc.), o banco
avalia, com algum grau de segurança, se irá aprovar o crédito. Havendo uma
pré-aprovação, ainda pode acontecer que, perante a avaliação do imóvel
feita pelo banco, lhe emprestem menos dinheiro do que precisa. É por isso
que, nestas circunstâncias, não é aconselhável avançar com a assinatura do
contrato-promessa se não tiver alguns capitais próprios: pelo menos, o equi-
valente a 20% do valor de venda do imóvel, para precaver uma avaliação
inferior e, ainda, o necessário para pagar o Imposto Municipal sobre as Trans-
missões Onerosas de Imóveis (IMT), os custos notariais e os de avaliação.
87
A Defenda os seus direitos
77
Assinei o contrato‑promessa para comprar um apartamento ainda antes
de iniciadas as obras de construção. Pensava que poderia habitá‑lo este
ano, mas tudo indica que as obras vão prolongar‑se muito além do previsto. O que
poderei exigir ao construtor?
88
A Propriedade e vizinhança
REQUISITOS DO CONTRATO-PROMESSA
Este contrato consiste num acordo, através do qual o promitente-vendedor (o pro-
prietário) se compromete a vender o imóvel ao promitente-comprador, que, por sua
vez, se compromete a comprá-lo. Além de indicar quem marca a data e o local de
assinatura do contrato de compra e venda e a data-limite para o fazer, existem outros
requisitos essenciais, sem os quais qualquer das partes pode pôr termo ao negócio:
— identificação das partes – todos os intervenientes no negócio são identificados pelo
nome, morada e números de identificação civil e fiscal. Se o comprador e/ou o
vendedor forem casados, o contrato terá de ser assinado pelos dois membros do
casal. Isto só não é necessário se estiverem casados em regime de separação de
bens, caso em que bastará a assinatura do futuro proprietário da casa;
— identificação do imóvel – o imóvel transacionado é identificado através dos ele-
mentos jurídicos (descrição na Conservatória do Registo Predial, inscrição da matriz
no serviço de Finanças, número da licença de habitação, caso exista) e práticos
(morada, número de polícia e, eventualmente, área, número de assoalhadas, etc.);
— objeto do negócio – ambas as partes se comprometem reciprocamente a vender e
a comprar o imóvel identificado no contrato;
— preço e modo de pagamento – o valor de aquisição do imóvel e o modo de paga-
mento devem constar do contrato-promessa;
— sinal – o(s) comprador(es) entregam ao vendedor uma quantia que serve de sinal
e princípio de pagamento do imóvel e que consta no contrato-promessa;
— reforço de sinal – elemento não essencial, mas de menção necessária quando o(s)
promitente(s)-comprador(es) se comprometa(m) a, ainda antes da assinatura do
contrato de compra e venda, entregar mais alguma quantia ao promitente-vende-
dor, quantia essa que assume também a natureza de sinal e princípio de pagamento;
— data-limite de celebração do contrato de compra e venda – como a transferência de
propriedade só se verifica com o contrato de compra e venda, convém fixar uma
data-limite para a sua celebração;
— menção de que o imóvel será vendido livre de ónus ou encargos – se não constar do
contrato e recaírem ónus ou encargos sobre o imóvel (por exemplo, uma hipoteca
ou quotas do condomínio em atraso), o promitente-vendedor não pode ser respon-
sabilizado, pelo que a pessoa interessada na compra deve estar particularmente
atenta a este ponto e exigir que esta menção seja incluída;
— tradição do imóvel – se o comprador receber as chaves antes de o contrato de com-
pra e venda ser assinado (ato designado por tradição), isso deve ser mencionado,
referindo-se a data e as condições em que ocorre. Caso isto só seja acordado depois
do contrato-promessa também deve ser formalizado, através de um aditamento ao
contrato ou de outra forma (documento ou testemunhas, por exemplo);
— local e data da assinatura do contrato-promessa – o contrato é datado e assinado
por compradores e vendedores, que devem rubricar todas as páginas no canto
superior direito. As assinaturas são reconhecidas no notário ou por um advogado,
pelo que todos os intervenientes terão de deslocar-se pessoalmente, munidos dos
cartões de identificação e da licença de habitação do imóvel emitida pela câmara
municipal da área onde se situa, ou, em alternativa, nomear um procurador.
89
A Defenda os seus direitos
impossibilidade de usar a casa. Se, no seu caso, isto não foi previsto, só lhe
resta esperar que a casa seja concluída, se ainda estiver interessado, ou pôr
termo ao contrato. Se assinou o contrato-promessa na condição de poder
habitá-la na data aí definida e, ao chegar a essa data, as obras não estão
terminadas, pode considerar que o construtor não cumpriu a sua parte do
acordo, o que lhe permite pôr termo ao contrato e exigir o dobro do sinal
entregue. Este poderá ser o único meio de se ser compensado pelos atra-
sos, pelo que, ao comprar uma casa em planta, convém que o sinal seja ele-
vado. No entanto, para evitar outros riscos, como a eventual insolvência da
empresa construtora, por exemplo, também não é conveniente que entre-
gue a totalidade do montante a pagar.
78 Tenciono comprar uma casa para habitar que custa 200 mil euros, mas
gostaria de saber quanto vou pagar de imposto pela aquisição. Como poderei
obter essa informação?
90
A Propriedade e vizinhança
79 Para vender a antiga casa dos meus avós, contratei uma imobiliária em
regime de exclusividade. A imobiliária encontrou um interessado e foi
celebrado um contrato-promessa de compra e venda, no qual ficou acordado que
seria o promitente‑comprador a obter a licença de utilização do imóvel. Acontece
que a Câmara Municipal recusou a licença, pelo que a venda não foi concretizada.
Ainda assim, a mediadora pretende ser remunerada. É mesmo assim?
91
A Defenda os seus direitos
80
Comprei recentemente uma casa que estava arrendada, mas o inquilino não
sai. O que posso fazer?
Sempre que haja intenção de comprar uma casa que está arrendada a
outrem, todos os cuidados são poucos. De facto, a compra não altera os
termos do contrato de arrendamento em vigor. A grande diferença é que o
senhorio passa a ser outro: o inquilino mantém-se na casa, com os mesmos
direitos e deveres do contrato original, e só o local e a forma de pagamento
da renda podem ser alterados. Assim, antes de avançar com o negócio,
certifique-se de que proprietário e inquilino chegaram a acordo para que
este saia ou negoceie isso diretamente com ele. Em qualquer dos casos,
convém ter um documento assinado por ambas as partes em que estejam
definidas as condições desse acordo (data de saída, indemnização paga,
etc.). Se nada disto tiver sido feito e, apesar de tudo, tiver comprado a
casa, poderá ir a tribunal para anular a compra. Mas, para isso, terá de
provar que o antigo proprietário não lhe disse que a casa estava arrendada.
Caso isto também não seja viável, porque tinha conhecimento do arren-
damento, terá de esperar pela data a partir da qual pode opor-se à reno-
vação, tratando-se de um contrato a prazo certo, ou aguardar dois anos
para denunciar o contrato, se este for por tempo indeterminado. Só assim
poderá pôr fim ao contrato de arrendamento (veja, a este respeito, a res-
posta à pergunta 103).
92
A Propriedade e vizinhança
82
Pretendo vender um terreno rústico de que sou proprietário, mas ouvi dizer
que preciso de dar conhecimento das condições do negócio aos donos dos
terrenos contíguos. Terei mesmo de o fazer?
93
A Defenda os seus direitos
Obras em casa
83
Contratei um ladrilhador para substituir os azulejos da minha casa de banho.
O serviço deveria já estar concluído, mas ainda nem sequer foi iniciado.
Poderei contratar outro profissional?
94
A Propriedade e vizinhança
84
Chamei um canalizador para instalar uma torneira. O serviço foi feito em
meia hora e foram‑me cobrados 50 euros. Como me pareceu excessivo,
recusei‑me a pagar esse montante. Tinha o direito de o fazer?
85
A fatura apresentada pelo empreiteiro, após a conclusão dos trabalhos de
remodelação da minha casa, ultrapassa largamente o orçamento inicial.
Os empreiteiros podem aumentar assim os preços?
95
A Defenda os seus direitos
96
A Propriedade e vizinhança
87
O empreiteiro que contratei para fazer obras em minha casa faliu. Já lhe
entreguei metade do preço combinado e agora a obra está parada. Como
poderei resolver o problema?
97
A Defenda os seus direitos
Vizinhança
88
Tenho um litígio com um vizinho, que regularmente me invade a propriedade
alegando estar nas suas terras. Como sei exatamente quais são os limites do
meu terreno, posso erguer um muro de separação?
89 Os ramos das árvores do meu vizinho pendem para a minha propriedade
e, como a minha casa está junto ao muro que separa os terrenos, fico com
pouca luz. Já alertei o vizinho para resolver o problema, mas ele nada fez. Posso ser
eu a cortar os ramos por minha iniciativa?
98
A Propriedade e vizinhança
90
Posso passar pelo terreno do meu vizinho para chegar à minha propriedade,
que não tem acesso pela via pública?
91
Um vizinho ocupou parte do meu quintal, sem que eu lhe desse autorização,
e não acatou as minhas exigências para o abandonar. Poderá aquela parte
do quintal passar a pertencer‑lhe, se eu deixar passar demasiado tempo sem fazer
mais nada?
Sim, de facto, existe o risco de o seu vizinho adquirir essa parte do quintal
por usucapião. A posse de determinada coisa (móvel ou imóvel), mantida
por certo tempo, permite ao possuidor a aquisição efetiva do direito de pro-
priedade. Como, na maioria das vezes, a posse de uma coisa se determina
pelo facto de alguém se comportar, aos olhos da comunidade, como seu
proprietário, ao fim de certo tempo essa pessoa passa a ser o proprietário
efetivo, mesmo que a coisa pertencesse originalmente a outrem. É a isto
que se chama aquisição por usucapião. Para que essa aquisição do direito de
propriedade se verifique, é necessário que:
— exista uma posse e que esta seja pública e pacífica, ou seja, que ninguém
a conteste de forma formal (envio de carta, ação em tribunal);
— o direito à posse possa ser adquirido por esta via (por exemplo, o direito
de usar uma habitação não admite a usucapião);
— a posse se tenha mantido pelos prazos definidos na lei.
99
A Defenda os seus direitos
num caso como noutro, existindo posse violenta ou oculta (se algo foi rou-
bado, por exemplo, mas não se souber por quem), os prazos só começam
a contar a partir do momento em que a violência cesse ou a posse se torne
pública. Tratando-se de bens móveis, se passarem para a posse de terceiros
que desconhecem como foram obtidos, podem adquirir o direito de posse:
— quatro anos após a data indicada no título de propriedade, se este existir;
— sete anos após terem comprovadamente recebido o bem, se não existir
título de propriedade.
Bens
imóveis
O novo
proprietário Não há título
tem um título de posse, mas é Não há título nem é
de aquisição do possível determinar a possível provar a data
imóvel registado na data a partir da qual de início da posse
conservatória do ela existe
registo predial
10 anos 15 anos após 5 anos após 10 anos 15 anos após 20 anos após
após a data após a data de posse de posse a data em a reivindicação
do registo, do registo, continuada, continuada, que é feita a da posse,
se estiver de se estiver havendo em caso de reivindicação em caso de
boa-fé (por de má-fé ou boa-fé má-fé da posse, má-fé
exemplo, tiver existido havendo
se não souber negligência boa-fé
que o imóvel grosseira (por
pertencia a exemplo, não
outra pessoa) tentou saber
se a coisa
pertencia a
outra pessoa)
100
A Propriedade e vizinhança
Sempre que não exista título de aquisição nem registo de posse, esta pode
ser provada por testemunhas. Caso estas também não existam, não é possí-
vel provar a posse e, então, quem alega a usucapião não terá direitos sobre
o bem em causa. Deve também ter-se em conta que, tanto para imóveis
como para bens móveis, quando é invocada a usucapião, os seus efeitos
contam a partir da data de início da posse. Assim, quem seja confrontado
com a possibilidade de perder um bem de que é proprietário, porque
alguém o ocupa ou o tem em seu poder, deve consultar de imediato um
Bens
móveis…
Existe
título de Não há
aquisição e registo de
registo deste posse
2 anos após a 4 anos após a após 10 anos de posse 3 anos após a 6 anos após
data do título, data do título, continuada, independen- data do título, o início da
havendo em caso de temente de boa-fé e da havendo boa-fé posse, se não
boa-fé má-fé existência de título e justo título existir título
101
A Defenda os seus direitos
92
Os latidos do cão dos meus vizinhos acordam‑me frequentemente durante a
noite. O que posso fazer?
93
A minha vizinha do andar de cima tem o hábito de fazer grelhados num
suporte por cima do estendal e já por várias vezes me estragou roupa
estendida. Apesar de lhe ter chamado a atenção para o facto, continua a fazê‑lo,
sem sequer me avisar. O que posso fazer para a impedir?
102
A Propriedade e vizinhança
área do prédio, se existir, ou aos tribunais. Para evitar estas situações, mui-
tos regulamentos de condomínio incluem normas sobre o que (não) pode
fazer-se e as sanções a aplicar a quem provoque danos nas partes comuns
ou na propriedade de outros vizinhos. Todos os residentes no prédio, pro-
prietários ou inquilinos, devem obediência ao regulamento aprovado em
assembleia de condóminos.
Condomínio
94
Uma das arrecadações do prédio onde habito é usada para armazenar
recipientes com gasolina. Isto é legal?
95
Moro num rés‑do‑chão, razão pela qual nunca utilizo o elevador. Assim
sendo, terei de contribuir para as suas despesas de manutenção?
103
A Defenda os seus direitos
96
Como são repartidas as despesas de condomínio pelos vários condóminos?
67,5 × 1000 = 67 500
2250 ÷ 67 500 = 0,03 (ou seja, 30 por mil)
Este condómino terá de pagar uma proporção de 30‰ das despesas totais.
Ou seja, se a despesa for de quatro mil euros, o condómino paga 120 euros
(4000 × 0,03). Nada impede, no entanto, que se estabeleçam esquemas de
pagamento diferentes. A lei admite que tanto as despesas de conservação
e manutenção das partes comuns (pintura da fachada, arranjo do telhado,
etc.) como as relacionadas com os serviços de interesse comum (por exem-
plo, elevadores, porteira, limpeza de escadas) sejam suportadas em partes
iguais. Porém, para que isso aconteça, deve estar expressamente previsto no
regulamento do condomínio ou, em alternativa, numa ata da assembleia de
condóminos que especifique claramente os critérios que levaram à reparti-
ção das despesas. Para serem válidos, tanto o regulamento como a ata que
estipulem algo diferente da regra geral devem ter sido aprovadas por um
grupo de condóminos que represente, pelo menos, dois terços do valor
do prédio, sem qualquer voto em contrário. Ou seja, alguns condóminos
podem abster-se, mas nenhum pode votar contra.
97 O meu terraço, que só eu uso, mas serve de cobertura às frações situadas por
baixo, tem infiltrações. Os vizinhos não querem comparticipar nas despesas
de reparação, alegando que, como sou o único utilizador, só eu tenho de suportar
esses custos. Será mesmo assim?
104
A Propriedade e vizinhança
105
A Defenda os seus direitos
Outros bens
99
Emprestei a minha bicicleta todo‑o‑terreno a um amigo, que se recusa a
devolvê‑la. Como poderei reavê‑la?
Comece por enviar-lhe uma carta registada com aviso de receção, dando
um prazo curto para que a devolução seja feita: podem ser cinco ou 15 dias,
por exemplo. A fixação do prazo depende apenas das circunstâncias em que
a entrega pode ter lugar. Assim, se o seu amigo pode fazê-lo rapidamente,
não vale a pena dar um prazo longo. E se, mesmo assim, ele não devolver
a bicicleta, apresente uma ação no julgado de paz da sua área de residên-
cia ou, em alternativa, na do seu amigo. Se não existir um em nenhuma
destas áreas, pode, eventualmente, recorrer ao tribunal. Para ir a tribunal,
se não tiver meios económicos para custear as despesas do processo, pode
requerer apoio judiciário na Segurança Social. Assim, não terá de pagar os
honorários do advogado nem as custas judiciais. Caso tenha recursos eco-
nómicos para suportar todas as custas, mas a bicicleta for de valor muito
inferior ao que teria de despender, considere se vale ou não a pena avançar
com o processo. Claro que, depois de este estar concluído, será reembol-
sado pela parte faltosa. Ainda assim, tendo em conta o tempo que tudo irá
provavelmente demorar, pode não valer a pena. Independentemente destas
diligências, se vier a encontrar a bicicleta na rua, porque o alegado amigo a
esqueceu por momentos, pode levá-la consigo.
100
Encontrei um relógio na rua. Como não tem qualquer identificação, poderei
ficar com ele?
Quem encontra um objeto que não sabe a quem pertence deve divulgar o
achado e avisar as autoridades. Se, no prazo de um ano a contar do anúncio,
106
A Propriedade e vizinhança
ninguém reclamar o objeto, este pode ficar para quem o achou. Mas, se o
proprietário vier a reclamá-lo, o achador tem direito a uma compensação
relativa a eventuais prejuízos ou despesas. Por outro lado, se alguém des-
cobre um bem perdido por uma pessoa que é possível identificar e não lho
comunica, com a intenção de ficar com ele para si, arrisca-se a que o pro-
prietário venha a saber e exija a sua restituição, se necessário, através do
tribunal. O proprietário do bem achado e não devolvido pode também apre-
sentar queixa a qualquer entidade policial (PSP ou GNR) ou ao Ministério
Público, num tribunal, já que tal conduta poderá configurar um crime.
107
A
A
Capítulo 5
Arrendamento
A Defenda os seus direitos
Contratos
101
O senhorio pede-me para ambos definirmos, no contrato de arrendamento,
o estado da casa que pretendo arrendar. O que devo fazer e quais as
consequências?
102
Quais são as minhas obrigações como senhorio?
110
A
Sala
Soalho Verniz danificado em vários
pontos.
Paredes
Teto
Janelas (caixilharia, por exemplo)
Instalação elétrica
…
Cozinha
Soalho
Paredes A requerer pintura.
Teto
Janelas (caixilharia, por exemplo)
Lava-louça
Bancadas
…
Casas de banho
Soalho
Paredes Dois azulejos rachados
junto à bacia.
Teto
Janelas (caixilharia, por exemplo)
Louças sanitárias
…
(Assinaturas)
A Defenda os seus direitos
103
Como senhorio, queria pôr fim a um contrato de arrendamento que celebrei
há alguns anos. Quando poderei fazê-lo?
112
A Arrendamento
113
A Defenda os seus direitos
104
Comprei duas garagens, que arrendei a particulares. Posso pôr termo a estes
contratos quando quiser?
105
O senhorio quer obrigar-me a mostrar a casa onde moro a potenciais
inquilinos, desde que lhe comuniquei que ia mudar de casa. Não estou
disponível para isso nas horas que ele exige. Posso recusar-me a fazê-lo nessas
condições?
114
A Arrendamento
106
Sou inquilino e pretendo sair da casa onde habito. O que devo fazer para pôr
termo ao contrato?
107
Separei-me do meu namorado e ele saiu da casa onde morávamos, que era
arrendada. O contrato está apenas em nome dele. Poderá o senhorio exigir
que eu saia?
115
A Defenda os seus direitos
108 Tenho um andar arrendado a um senhor de idade, que está muito doente e,
segundo me disseram as pessoas que com ele habitam, poderá falecer em
breve. Se isso acontecer, o contrato de arrendamento termina?
116
A Arrendamento
Sim. Até porque bastaria ser inquilino há mais de dois anos para ter direito
de preferência na venda da habitação. Quando o senhorio pretende vender
uma casa que está arrendada, tem de informar o inquilino, por escrito, das
condições e termos da venda acordada com o potencial comprador. O inqui-
lino tem 30 dias, a contar da data em que recebeu a carta, para lhe comu-
nicar se quer comprar a casa. Se for o caso e cumprir as condições acorda-
das com o potencial comprador, pode exercer o direito de preferência. Se o
senhorio não respeitar esse direito, o inquilino tem seis meses, desde a data
em que recebeu a carta, para pôr uma ação em tribunal que o obrigue a
fazê-lo. Até 15 dias depois de ter proposto a ação, terá de depositar o valor
da venda do imóvel à ordem do tribunal.
117
A Defenda os seus direitos
110
A inquilina da casa onde sou hóspede, há sete anos, vai partir para o
estrangeiro e terminar o contrato de arrendamento. O senhorio pode
despejar-me, quando isso acontecer?
111
O meu senhorio é o usufrutuário da casa.
Terei problemas se ele falecer?
Pode vir a ter. Nalguns contratos, o senhorio não é o proprietário da casa, mas
alguém a quem foram dados poderes de administração ou o direito de usufruto.
Nestas situações, quando se celebra o contrato de arrendamento, é necessário
indicar que o senhorio é administrador ou usufrutuário, para que o inquilino
fique ciente desse facto. Se isso não tiver sido feito, o inquilino pode invocá-lo em
sua defesa, para evitar, por exemplo, ter de celebrar um novo contrato de arren-
damento ou ter de abandonar a casa por morte do senhorio. De facto, quando
morre o senhorio administrador ou usufrutuário, o contrato de arrendamento
termina e o inquilino tem seis meses para sair do local arrendado. Durante este
período, tem direito de preferência na celebração de um novo contrato. Isto sig-
nifica que, caso o proprietário pretenda arrendar o local a outra pessoa, terá de
informá-lo das condições dessa proposta. Estando interessado, o antigo inqui-
lino poderá continuar a sê-lo, desde que aceite os termos da proposta.
112
O meu contrato de arrendamento termina no final do ano, mas o senhorio
não quer devolver-me a caução que paguei quando o contrato foi assinado.
Como poderei reaver esse dinheiro?
118
A Arrendamento
113
Sou fiador num contrato de arrendamento, mas desentendi-me com a pessoa
que me pediu esse favor. Posso deixar de ser fiador?
Não será fácil. A fiança é uma das garantias mais importantes dos contratos
de arrendamento. Os senhorios recorrem a ela para garantirem o pagamento
das rendas (e eventuais indemnizações), caso os inquilinos não possam ou
não queiram liquidá-las. Por isso, quem intervém como fiador deve intei-
rar-se dos termos do contrato e refletir bem antes de dar este passo, pois
pode vir a ter de assumir dívidas significativas. Caso se verifiquem proble-
mas de pagamento, o senhorio pode optar por exigir que seja o fiador a
pagar a dívida do inquilino. Mas terá de notificá-lo no prazo de 90 dias após
o atraso. E este terá mesmo de pagar, ainda que possa exigir esse montante
ao inquilino.
Muitas vezes, o contrato de arrendamento refere que o fiador renuncia ao
benefício de excussão, segundo o qual só quando o devedor já não tiver bens
se poderão penhorar os bens do fiador. Se o contrato de arrendamento nada
referir nesta matéria, o fiador a quem seja pedida a liquidação das dívidas
do inquilino só terá de assumir essa obrigação quando este já não tenha
bens que permitam satisfazer as exigências do senhorio. Mas, se o fiador
renunciou ao benefício de excussão, o senhorio pode exigir-lhe, de imediato,
a liquidação da dívida do inquilino.
119
A Defenda os seus direitos
114 Sou médico e arrendei um espaço para consultório, num prédio de habitação,
que não tem licença camarária para esse efeito. Será que posso fazer alguma
coisa para regularizar isto? Quais os riscos que corro nesta situação?
120
A Arrendamento
Rendas
115
Arrendei um apartamento no final do ano passado e o senhorio já anda a
falar em aumentar a renda. Quais são as regras para o aumento da renda?
116
O inquilino a quem arrendei o meu apartamento não paga a renda.
O que posso fazer?
121
A Defenda os seus direitos
118
O telhado da casa onde habito tem infiltrações, mas o meu senhorio recusa-
-se a repará-lo. O que posso fazer para resolver esta situação?
122
A Arrendamento
este o caso, o inquilino que optar por fazer as obras terá direito a ser reem-
bolsado. Mas também pode recorrer à câmara municipal da área do prédio,
para que esta vistorie o edifício e, confirmada a necessidade de obras, obri-
gue o senhorio a fazê-las ou as realize (veja Quem paga as obras?, nas pági-
nas 124 e 125). Quando o proprietário não iniciar as obras a que está obri-
gado ou não as concluir dentro dos prazos que lhe forem fixados, a câmara
municipal pode tomar posse administrativa do imóvel, a fim de as executar
de imediato. São as chamadas obras coercivas. Em último caso, o inquilino
pode levar o caso a tribunal.
119
De quem é a responsabilidade pelas obras e reparações
numa casa arrendada?
123
A
O inquilino faz
as obras por sua
QUEM PAGA AS OBRAS? (1) iniciativa
As obras não
As obras podem
podem ser
ser retiradas
retiradas
O inquilino Não
poderá ter Aumentam beneficiam a
de removê o valor da casa casa e apenas
‑las quando e beneficiam o satisfazem os
abandonar a senhorio gostos pessoais
casa do inquilino
O senhorio faz
as obras
O senhorio
nada faz
As obras
não são As obras
urgentes são urgentes
O
inquilino O inquilino
pede uma faz as obras
vistoria à e, depois de o
câmara comunicar ao
senhorio e juntar
A comprovativos
A câmara
câmara das despesas,
impõe a
não impõe a desconta o valor
realização das
realização das do investimento
obras
obras às rendas a pagar
O senhorio
não faz as
obras
O inquilino
apenas poderá
O senhorio faz fazê-las se as
as obras pagar e obtiver
autorização do
A câmara
senhorio
toma posse
administrativa do
imóvel e realiza
as obras
Se for o inquilino a realizar estas obras, no final do contrato o senhorio apenas terá de
o indemnizar pelo valor das benfeitorias necessárias e pelas benfeitorias úteis que não
possam ser levantadas. Quanto às benfeitorias voluptuárias, o inquilino que as fez não
tem direito a reembolso.
120
Arrendei recentemente uma casa, da qual o anterior inquilino saiu sem
pagar as faturas da água e da eletricidade. O proprietário quer que seja eu a
pagá‑las. Tenho mesmo de o fazer?
Não tem de pagar essas despesas. Por norma, os contratos de serviços públi-
cos essenciais (fornecimento de água, eletricidade, gás e telecomunicações)
são celebrados em nome do inquilino. Contudo, também podem ficar em
nome do senhorio e estar previsto no contrato que os consumos estão englo-
bados na renda ou que será o inquilino a pagá-los. Neste último caso, se o
inquilino não pagar as faturas, as empresas que fornecem os serviços exi-
gem a liquidação das dívidas ao senhorio, que terá de pagá-las, sob pena de
corte do fornecimento. Mas o senhorio não pode exigir que o novo inquilino
pague dívidas de que não foi responsável. Se o senhorio não pagar e, mesmo
assim, celebrar um contrato de arrendamento com um inquilino que, des-
conhecendo a situação, se vê impossibilitado de usar o serviço, este novo
inquilino pode exigir ao senhorio que proceda ao pagamento. Se este nada
fizer, aquele pode pôr termo ao contrato e exigir-lhe uma indemnização
pelos prejuízos sofridos, recorrendo, se necessário, aos tribunais.
Se os contratos de fornecimento de serviços públicos essenciais foram cele-
brados pelo anterior inquilino, isso em nada altera a situação. As empresas
não podem impedir o novo inquilino de celebrar contratos em seu nome,
mesmo que as dívidas relativas ao imóvel estejam por pagar. O princípio
que aqui se aplica é o mesmo: o novo inquilino não é responsável pelo
pagamento das dívidas que resultaram do incumprimento de um terceiro,
126
A Arrendamento
pelo que as empresas envolvidas terão de recorrer aos meios ao seu alcance
(nomeadamente, os tribunais) para obter a liquidação dessas dívidas,
estando, portanto, obrigadas a celebrar novos contratos com quem se pro-
põe fazê-lo. Não o fazendo, o inquilino pode denunciar a situação à entidade
reguladora do setor (por exemplo, a erse, tratando-se de um contrato de
abastecimento de eletricidade, ou a ersar, no caso da água). Outra opção
são os julgados de paz ou, como último recurso, o tribunal.
127
A
A
Capítulo 6
Trabalho
A Defenda os seus direitos
Contratos
121
A empresa onde trabalho ameaça constantemente despedir‑me e, como
não tenho contrato assinado, receio que isso aconteça a qualquer momento.
O que posso fazer?
122
Devido à pandemia de covid‑19, passei a estar muito tempo em teletrabalho.
Numa primeira fase, correu bem, mas a empresa tem vindo a atribuir‑me
cada vez menos tarefas e já disse que vai passar a pagar‑me apenas pelos trabalhos
que eu fizer, pelo que deixarei de ter um salário fixo. Isto é possível?
130
A Trabalho
123
A empresa onde trabalho há dez anos, em Setúbal, vai mudar‑se para Aveiro.
Fui também informado de que, depois da mudança, passarei a ter outras
funções, que não me interessam. Tenho de aceitar estas alterações?
131
A Defenda os seus direitos
Quanto à alteração de funções, a empresa não pode, por sua iniciativa, alte-
rar a categoria profissional do trabalhador. Este só pode ser colocado numa
categoria inferior devido a uma necessidade premente sua ou da empresa
e terá de dar o seu acordo. Se isso implicar redução salarial, terá de ser
obtida autorização da Autoridade para as Condições do Trabalho. O traba-
lhador deve exercer funções no âmbito da atividade para que foi contratado,
embora isto inclua tarefas com ela relacionadas e para as quais tenha qua-
lificação, desde que não impliquem desvalorização profissional. A empresa
pode encarregá-lo, temporariamente, de funções que não estejam abrangi-
das na atividade contratada, quando o seu interesse o justifique, sem redu-
ção na retribuição e desde que isso não implique alteração substancial da
posição do trabalhador. Portanto, a menos que as alterações propostas pela
empresa cumpram estes requisitos, não poderá efetuá-las. Se entender que
está perante uma ilegalidade, o trabalhador deve apresentar o caso à Auto-
ridade para as Condições do Trabalho.
124
Pretendo sair da empresa onde trabalho porque me dão melhores condições
noutro lado. Com que antecedência devo comunicar que me vou embora?
132
A Trabalho
125
O meu chefe veio ter comigo e disse‑me que arrumasse as minhas coisas, pois
estava despedida, uma vez que tinha chegado atrasada três dias seguidos.
Pode fazer isto?
O PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
133
A Defenda os seus direitos
um ano depois de estes ocorrerem. Mas poderá ter mais tempo para o fazer,
se estiver em causa a prática de um crime com um prazo de prescrição supe-
rior. A empresa começa por comunicar ao trabalhador a instauração do pro-
cesso e a intenção de despedi-lo, enviando em anexo a nota de culpa, que
descreve os factos de que é acusado. A partir deste momento, o trabalhador
pode ser suspenso, mas continua a receber o salário. Tem dez dias úteis para
apresentar a sua defesa por escrito e solicitar as diligências que entenda
necessárias, como a audição de testemunhas. Estas diligências só não ocor-
rerão se a empresa entender que o trabalhador apenas quer empatar o pro-
cesso, mas terá de fundamentar esta opinião por escrito. Apresentados os
argumentos por ambas as partes, o empregador tem 30 dias para comuni-
car, por escrito, a sua decisão. Se não concordar com ela, o trabalhador
pode apresentar uma providência cautelar em tribunal, a pedir a suspensão
do despedimento, no prazo de cinco dias úteis. Dispõe, ainda, de 60 dias
para impugnar o despedimento em tribunal, ou seja, para tentar que seja
considerado ilícito. Nas situações em que a entidade patronal não cumpra
as formalidades legais, limitando-se, por exemplo, a uma mera comunica-
ção oral, o prazo para recorrer ao tribunal é de um ano. Se o tribunal lhe
der razão, o trabalhador tem direito a receber todos os salários desde que
134
A Trabalho
foi despedido e a ser reintegrado no seu posto de trabalho ou, se não optar
pela reintegração, a receber uma indemnização de 15 a 45 dias de retribui-
ção-base e diuturnidades por cada ano de antiguidade na empresa. Será o
tribunal a definir este montante.
Em suma, sem procedimento disciplinar que cumpra todos estes requisitos,
o despedimento com justa causa é ilegal. E também o será se o fundamento
invocado não for verdadeiro ou o tribunal entender que a sua gravidade não
justifica a aplicação da sanção disciplinar mais grave.
Exclusividade e outras
especificidades
126
Trabalho a tempo inteiro numa empresa, mas sou frequentemente solicitado
para trabalhos ocasionais, como profissional independente. O meu chefe
pode impedir‑me de fazê‑los?
127
Que direitos tenho enquanto trabalhador‑estudante?
Quem trabalha e estuda ao mesmo tempo tem uma série de direitos que
lhe permitem prosseguir a sua formação escolar ou profissional, qualquer
que seja o nível de ensino, o tipo de vínculo à empresa e a natureza desta
(privada ou pública). O horário de trabalho deve ser ajustado, para que o
135
A Defenda os seus direitos
DIREITOS DO TRABALHADOR-ESTUDANTE
Trabalho semanal (em horas) Redução semanal (em horas)
20 a 29 3
30 a 33 4
34 a 37 5
38 ou mais até 6
Tem ainda direito a licença sem retribuição, até ao máximo de dez dias, mas
precisa de avisar a empresa com a antecedência de:
— 48 horas, se quiser aproveitar apenas um dia;
— 8 dias, se aproveitar dois a cinco dias;
— 15 dias, para uma licença superior a cinco dias.
136
A Trabalho
129
Tenho um contrato como trabalhador temporário. Quais são os meus
direitos?
137
A Defenda os seus direitos
O contrato tem de ser feito por escrito. Se, passados dez dias sobre o prazo
de trabalho definido, o trabalhador temporário ainda estiver ao serviço do
utilizador, considera-se que passa a ter com este um contrato sem termo.
TRABALHADOR
o
lh
Pr
ba
es
tra
ta
do
se
de
na
Dá
rv
to
iço
de
or
ra
or
de
nt
o
Co
ns
ga
Pa
138
A Trabalho
131
Parte do meu salário é paga em subsídio de refeição e gasolina. A empresa
comunicou‑me que deixará de fazer estes pagamentos, devido à má
conjuntura que atravessa. O que posso fazer?
139
A Defenda os seus direitos
O direito a férias é irrenunciável, o que significa que, por princípio, não pode
prescindir dele. Só excecionalmente pode ser substituído por uma compen-
sação financeira e, mesmo assim, o trabalhador tem de gozar, no mínimo,
20 dias úteis de férias. A entidade patronal também não pode, em regra,
impedir o trabalhador de tirar férias, mesmo que tenha faltado muitas vezes
durante o ano. Existem apenas duas exceções a esta regra:
— no decorrer de um procedimento disciplinar, o empregador pode aplicar
como sanção a perda de dias de férias. No entanto, tem de ficar sempre
garantido que o trabalhador goza um mínimo de 20 dias úteis de férias;
— o trabalhador pode prescindir de alguns dias de férias, por exemplo, para
compensar dias de falta com perda de retribuição, mas sem deixar de
aproveitar, pelo menos, os tais 20 dias de férias.
140
A Trabalho
133 Vou deixar o meu emprego e este ano não tive férias. Posso ainda gozá‑las e
receber o subsídio de férias?
141
A Defenda os seus direitos
134 Estive um dia em casa com enxaqueca, mas entretanto o mal‑estar passou
e não cheguei a ir ao médico. Agora, a empresa considera que faltei
injustificadamente, porque não tenho atestado médico que comprove a doença,
e não quer pagar‑me o dia. Terei direito a esse pagamento?
135
Estou de baixa por doença. Posso sair de casa durante este período?
136 Tive um acidente no local de trabalho e, agora, a empresa diz que não me
inscreveu na Segurança Social nem contratou o seguro de acidentes de
trabalho. Assim sendo, estou desprotegida?
Duas das principais obrigações da entidade patronal são a inscrição dos tra-
balhadores na Segurança Social, para que possam contribuir e beneficiar das
respetivas prestações (por exemplo, subsídio de doença ou por ausência para
assistência aos filhos), e a subscrição de um seguro que cubra as despesas
decorrentes de acidentes de trabalho. Infelizmente, nem sempre as empre-
sas cumprem e só quando adoece ou sofre um acidente é que o trabalhador
142
A Trabalho
O QUE É O CIT?
O certificado de incapacidade temporária para o trabalho (CIT) é o documento apre-
sentado à Segurança Social, para que esta pague o subsídio de doença. As entidades
com competência para o emitir são os centros de saúde e os hospitais. O subsídio é
pago apenas a partir do quarto dia de baixa, a menos que haja internamento hos-
pitalar ou o doente sofra de tuberculose, casos em que o é desde o primeiro dia.
Se desconfiar da validade da baixa médica, o empregador pode requerer à Segurança
Social que o trabalhador seja submetido à avaliação de uma comissão de verificação
de incapacidade temporária.
A autorização para sair de casa durante a baixa, quando existe, consta do certificado de
incapacidade temporária passado pelo médico.
143
A Defenda os seus direitos
descobre essa falha. Claro que não deixará de ser assistido nos centros de
saúde e hospitais. Mas pode ter de suportar as despesas que ficariam a cargo
da seguradora ou ver negados os subsídios da Segurança Social e as compen-
sações ou indemnizações a que tem direito se ficar incapacitado devido a um
acidente de trabalho. É verdade que a entidade patronal terá de compensar e
indemnizar a trabalhadora, substituindo-se à seguradora que não contratou.
No entanto, é provável que, para o conseguir, tenha de recorrer aos tribunais,
através do Ministério Público ou contratando um advogado.
Se a empresa não a tiver inscrito, tratando-se do primeiro emprego,
ou comunicado a sua contratação (em ambos os casos, nas 24 horas anteri-
ores ao início do contrato), apresente a situação à Segurança Social. A falta
de pagamento das contribuições pode levar à condenação do empregador
por crime de abuso de confiança, caso tenha descontado o montante do
salário, sem o entregar à Segurança Social, ou por crime de fraude contra
a Segurança Social, quando, por não pagar as contribuições, ganhar ilicita-
mente mais de 7500 euros. Os dois crimes são punidos com prisão até três
anos ou multa até 360 dias (a cada dia corresponde um valor entre cinco e
500 euros), embora as circunstâncias possam determinar penas mais ele-
vadas. Outra possibilidade é rescindir o contrato, com justa causa, e pedir
uma indemnização, no mínimo, entre 15 e 45 dias de salário por cada ano
completo de antiguidade. Se conseguir provar que sofreu danos de maior
monta, a indemnização será mais elevada.
Igualdade e discriminação
137 Numa entrevista de seleção para um emprego, perguntaram‑me se sou
casada, se tenho filhos e se estou grávida ou pretendo engravidar nos
próximos anos. Recusei‑me a responder, por entender que se trata de questões
pessoais, mas estou convencida de que perdi qualquer hipótese de conseguir o
lugar. Este tipo de perguntas é permitido?
144
A Trabalho
145
A Defenda os seus direitos
Danos e perdas
139 Sou vendedor e desloco‑me habitualmente no carro da empresa. Ontem tive
um acidente de viação, que foi da minha responsabilidade. Quem paga os
prejuízos que causei na viatura?
140
O meu patrão quer que o reembolse pelas falhas de caixa que ocasionei, num
montante que ultrapassa o meu salário mensal. Tem esse direito?
146
A Trabalho
147
A
A
Capítulo 7
Família
A Defenda os seus direitos
Paternidade, adoção
e filhos menores
141
Tive uma relação ocasional, da qual resultou um filho, mas a mãe recusa‑me
o direito de assumir a paternidade e ver a criança. O que posso fazer?
Acontece, por vezes, que a mãe, sabendo quem é o pai da criança, recusa
reconhecê-lo como tal e, ao registá-la na conservatória do registo civil, não
identifica o progenitor. Pode ainda fazer falsas declarações ou omitir factos
importantes, inviabilizando a investigação da paternidade. Se tiver conhe-
cimento da situação e quiser assumir a paternidade, o pai pode fazê-lo
em qualquer altura através da perfilhação, que consiste numa declaração
dizendo que é o pai e pode ser feita no registo civil, por escritura pública
num notário ou por testamento. Esta será válida se ninguém a contestar.
A paternidade também pode ser assumida na sequência de uma ação de
investigação da paternidade, um processo que corre em tribunal e é desen-
cadeado pelo próprio, pela mãe, pelo filho ou pelo tribunal, quando haja
registo de um bebé apenas com a identificação da mãe.
150
A Família
142
O pai do meu filho recusa‑se a reconhecer a paternidade. O que posso fazer
para que assuma as suas responsabilidades?
Quando uma criança é registada sem que o pai seja identificado, o tribu-
nal é informado desse facto, ouve a mãe e, caso esta indique quem é o
pai, também este é ouvido. Se a identidade do pai não for confirmada, o
Ministério Público, entidade que representa o Estado em tribunal, pode
dar início a uma ação de investigação da paternidade. Também a mãe
pode iniciar um processo nesse sentido, em nome do filho menor. Terá
oportunidade de indicar quem é — ou julga ser — o pai da criança, o que
será sujeito a confirmação, se necessário, através de exames genéticos.
Em regra, os tribunais não admitem a recusa do presumível pai em sub-
meter-se a esses exames e, nas raras exceções em que o fazem, entendem
que há uma inversão do ónus da prova. Significa isto que terá de ser ele a
provar que não é o pai da criança. Não conseguindo fazê-lo, passa a ser
considerado como tal. Identificada a paternidade, se, mesmo assim, o pai
não assumir as suas responsabilidades, a mãe pode recorrer ao tribunal,
para que este o obrigue, pelo menos, a contribuir para as despesas básicas
do filho.
143
Tenho 55 anos e sou solteiro. Posso adotar um menor, para que ele tenha
todos os direitos de um filho natural?
151
A Defenda os seus direitos
144
O meu sogro, com quem eu e a minha mulher estamos de relações cortadas,
ameaça recorrer a um advogado e levar‑nos a tribunal, se não puder ver
regularmente os netos. O que poderá daí resultar?
A lei determina que os pais não podem impedir o convívio dos filhos com
os avós, a não ser que razões graves aconselhem essa medida, por existirem
riscos para a saúde, segurança e desenvolvimento físico e moral das crian-
ças. Perante esta regra, discute-se se existe o direito de visita da parte dos
avós e tem havido tribunais que consideram que sim e outros que entendem
que não, apenas existindo o direito dos netos a conviverem com os avós.
Este, sim, é indiscutível. Já houve decisões judiciais a considerar que, não
havendo da parte dos netos vontade de estar com os avós — tratando-se,
evidentemente, de jovens já com idade para exprimir livremente essa von-
tade —, o convívio não pode ser-lhes imposto, uma vez que o direito é seu,
e não dos avós.
Independentemente destes considerandos, os avós que sintam que estão,
de forma injustificada, privados do convívio com os netos podem recorrer
aos tribunais para que estes reconheçam o direito a essa relação. E, em regra,
os tribunais só não atendem o pedido dos avós se houver razões fortes que
o desaconselhem.
145
Depois do divórcio, o meu ex‑marido ficou com a guarda dos nossos filhos.
Agora, não me deixa vê‑los. O que posso fazer?
152
A Família
146
O meu filho de 12 anos comprou uma consola de jogos com dinheiro que
tinha guardado. Eu e o meu marido tínhamo‑lo proibido. A compra é válida?
Podemos desfazer o negócio e exigir o reembolso ao vendedor?
O negócio não é válido, pelo que podem devolver a consola e exigir a devo-
lução do montante pago. Os menores de 18 anos não têm capacidade para
celebrar negócios jurídicos, como a compra e venda de bens. Esta regra tem
exceções. Por um lado, estão autorizados a celebrar contratos que corres-
pondam a atos próprios da vida corrente e impliquem pequenas despesas.
Será assim com a compra de uma garrafa de água, uma pastilha elástica
ou um gelado ou até um livro ou um disco. Por outro lado, quem já tenha
16 anos pode comprar o que quiser com o produto do seu trabalho.
Como a compra da consola por um jovem de 12 anos não se enquadra em
nenhuma destas exceções, o vendedor deveria ter atuado com cautela,
pedindo-lhe que voltasse à loja acompanhado pelos pais. Não o tendo feito,
estes podem dirigir-se à loja para anular a compra. Se o vendedor não aceitar
o pedido, devem solicitar o livro de reclamações. Simultaneamente, podem,
num julgado de paz ou no tribunal, pedir a anulação daquele negócio e a
devolução do montante gasto pelo menor.
147
O meu filho de dez anos partiu a montra da mercearia quando estava a jogar
à bola. O proprietário exige‑me que pague o prejuízo. Tenho de o fazer?
153
A Defenda os seus direitos
154
A Família
149
O meu filho de 21 anos decidiu sair de casa, mas não tem meios
que garantam a sua subsistência. Tenho obrigação de lhe pagar
as despesas?
150 Os meus pais são idosos e recebem apenas uma pequena pensão, que não
lhes permite uma vida condigna. Tento ajudá‑los, na medida das minhas
possibilidades, mas os meus rendimentos também são baixos. Poderei obrigar o
meu irmão, que tem meios para tal, a contribuir?
Para que isso aconteça, têm de ser os seus pais a tomar a iniciativa de o exi-
gir ao seu irmão. A menos, claro, que estejam de tal forma debilitados que
não tenham capacidade para fazê-lo. Nesse caso, podem ser representados
por outros filhos. Quando os pais não dispõem de meios que lhes permi-
tam uma sobrevivência condigna, os filhos que tenham essa possibilidade
devem ajudá-los no que seja indispensável para o seu sustento, habitação e
vestuário, de forma a viverem com um mínimo de conforto. Não o fazendo
voluntariamente, os pais podem avançar com uma ação judicial, para que o
tribunal imponha uma prestação de alimentos.
Apesar de ser comum falar-se da obrigação de prestação de alimentos ape-
nas relativamente aos filhos e ao ex-cônjuge, há outras situações em que a
lei considera que ela existe. É assim com os pais, avós, irmãos ou sobrinhos,
por exemplo. Havendo pessoas com essa necessidade, o tribunal condenará
os familiares a contribuírem para o seu sustento, por ordem de proximidade
e de acordo com a capacidade financeira de que disponham.
155
A Defenda os seus direitos
Separação e divórcio
151 Estou separada há dois anos, mas o meu marido continua a recusar o
divórcio. Isso impossibilita‑me de casar com o meu novo companheiro. O que
posso fazer para resolver a situação?
152
A minha mulher deixou‑me, levando consigo todos os móveis. Terei direito a
exigir que mos devolva?
156
A Família
153
O meu marido desapareceu há vários anos e tudo indica que tenha morrido.
Como poderei regularizar a situação, do ponto de vista jurídico?
157
A Defenda os seus direitos
154
A minha ex‑mulher, a quem pago uma pensão de alimentos, vive agora com
o novo namorado. Terei de continuar a pagar a pensão?
155
Por decisão do tribunal, o meu ex‑marido está obrigado a pagar‑me uma
pensão de alimentos, mas há vários meses que não o faz. Como devo
proceder para o fazer cumprir a sua obrigação legal?
158
A Família
data. Se não resultar, recorra ao tribunal, que poderá mesmo ordenar que
lhe sejam penhorados os bens: por exemplo, decidir que uma parte do
salário do seu ex-marido ficará retida, mensalmente, para lhe ser entregue
a si. Se ele não tiver rendimentos ou bens que possam ser utilizados para
pagar a dívida, o processo será mais difícil, mas isso não significa que perca
o direito à pensão. Só assim será se o seu ex-marido conseguir provar em
tribunal que, tendo as circunstâncias mudado (veja a resposta à pergunta
anterior), deixou de fazer sentido que a obrigação de pagamento da pensão
se mantenha.
Sendo injustificada, a falta de pagamento da pensão é crime. Se o atraso for
superior a dois meses, pode ser punido com multa até 120 dias (a cada dia
corresponde um valor entre cinco e 500 euros). Caso isso aconteça com fre-
quência, além da multa, fica sujeito a uma pena de prisão até um ano. Final-
mente, se a obrigação não for cumprida e, com isso, quem deveria recebê-la
ficar em risco de não satisfazer as suas necessidades mais básicas, a pena vai
até dois anos de prisão ou 240 dias de multa. No entanto, se o incumpridor
não tiver meios para pagar, nunca será condenado pela prática de um crime.
Dívidas e heranças
156
A minha mulher deixou‑me há mais de um ano, mas sou frequentemente
contactado para pagar dívidas que tem vindo a contrair desde então. Tenho
de pagá‑las?
159
A Defenda os seus direitos
157
Vivo em união de facto há três anos. Devo contribuir para o pagamento das
dívidas da minha companheira?
158
Não mantenho contacto com os filhos que resultaram do meu primeiro
casamento e não desejo que sejam meus herdeiros após a minha morte.
Posso deserdá‑los?
160
A Família
159
A minha mãe faleceu e desconfio que o meu irmão está a tentar subtrair
alguns dos bens. O que devo fazer para evitar que isso aconteça?
161
A Defenda os seus direitos
160
O meu pai faleceu recentemente. Como tinha muitas dívidas, gostaria de
saber se poderei recusar‑me a receber a herança.
162
A
Legislação
em vigor
A Defenda os seus direitos
Introdução
• Arbitragem voluntária
Lei n.º 63/2011, de 14 de dezembro
• Julgados de paz
Lei n.º 54/2013, de 31 de julho
• Lei de Defesa do Consumidor
Lei n.º 24/96, de 31 de julho
Capítulo 1
Compras e serviços
• Agências de viagens e turismo
Decreto-Lei n.º 17/2018, de 8 de março
• Bagagem
Decreto n.º 96/81, de 24 de julho — aprova os protocolos de Montreal, que
alteram a Convenção de Varsóvia relativa a regras de transporte aéreo
internacional
• Cartão Europeu de Seguro de Doença
— Regulamento (CEE) n.º 1408/71 do Conselho, de 14 de junho, com as alte-
rações introduzidas pelo Regulamento (CE) n.º 631/2004 do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 31 de março
— Decisão n.º 2003/751/CE, de 18 de junho
— Regulamento (CE) n.º 859/2003 do Conselho, de 14 de maio
— Portaria n.º 1359/2009, de 27 de outubro
• Cauções nos serviços públicos essenciais
Decreto-Lei n.º 195/99, de 8 de junho
164
A Legislação em vigor
165
A Defenda os seus direitos
• Informação em português
Decreto-Lei n.º 238/86, de 8 de agosto
• Serviços públicos essenciais
Lei n.º 23/96, de 26 de julho
• Time-sharing
Decreto-Lei n.º 37/2011, de 10 de março
• Vendas à distância e fora do estabelecimento comercial
Decreto-Lei n.º 24/2014, de 14 de fevereiro
Capítulo 2
Responsabilidade civil e Administração Pública
• Acesso aos documentos da Administração
Lei n.º 26/2016, de 22 de agosto
• Estatuto da Ordem dos Advogados
Lei n.º 145/2015, de 9 de setembro
• Proteção de dados pessoais
— Lei n.º 67/98, de 26 de outubro, com a retificação n.º 22/98, de 28 de
novembro
— Constituição da República Portuguesa, artigos 17.º e seguintes, 26.º e 35.º
— Regulamento (EU) 2016/679 do Parlamento e do Conselho, de 27 de abril
(Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados)
— Lei n.º 58/2019, de 8 de agosto (Lei da Proteção de Dados Pessoais)
• Regime jurídico da habitação periódica
Decreto-Lei n.º 275/93, de 5 de agosto
• Regras de trânsito e veículos
Código da Estrada (Decreto-Lei n.º 114/94, de 3 de maio
• Responsabilidade civil
Código Civil, artigos 483.º a 510.º
• Responsabilidade da Administração Pública
Lei n.º 67/2007, de 31 de dezembro
• Serviços postais
Lei n.º 17/2012, de 26 de abril
• Título executivo
Código de Processo Civil (Lei n.º 41/2013, de 26 de julho), artigos 53.º a
58.º e 703.º a 877.º
166
A Legislação em vigor
Capítulo 3
Bancos e seguradoras
• Comissões por amortização antecipada e vendas associadas no cré-
dito à habitação
Decreto-Lei n.º 74-A/2017, de 23 de junho
• Lei uniforme relativa às letras e livranças
Decreto-Lei n.º 26556, de 30 de abril de 1936
• Meios de pagamento
Decreto-Lei n.º 91/2018, de 12 de novembro
• Regime jurídico do contrato de seguro
Decreto-Lei n.º 72/2008, de 16 de abril
• Uso de cartões
Decreto-Lei n.º 133/2009, de 2 de junho
Decreto-Lei n.º 91/2018, de 12 de novembro
Capítulo 4
Propriedade e vizinhança
• Condomínio
Código Civil, artigos 1414.º a 1438.º-A
• Contrato-promessa
Código Civil, artigos 410.º, 442.º e 830.º
• Depósito e empreitada
Código Civil, artigos 1185.º a 1230.º
• Códigos do Imposto Municipal sobre Imóveis e do Imposto Municipal
sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis
Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de novembro
• Posse e usucapião
Código Civil, artigos 1251.º a 1300.º
• Propriedade e vizinhança
Código Civil, artigos 1302.º a 1402.º
• Regime da urbanização e edificação
Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro
• Regulamento geral do ruído
Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de janeiro
167
A Defenda os seus direitos
Capítulo 5
Arrendamento
• Locação
Código Civil, artigos 1022.º a 1113.º, 1417.º e 1682.º-B
• Novo Regime do Arrendamento Urbano
Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro
• Obras em prédios arrendados
Decreto-Lei n.º 157/2006, de 8 de agosto
• União de facto
Lei n.º 7/2001, de 11 de maio
Capítulo 6
Trabalho
• Alteração das funções do trabalhador
Código do Trabalho, artigos 115.º a 120.º
• Alteração do local de trabalho
Código do Trabalho, artigos 193.º a 196.º
• Cessação do contrato por iniciativa do trabalhador
Código do Trabalho, artigos 394.º a 403.º
• Crimes contra a Segurança Social
Lei n.º 15/2001, de 5 de junho, artigos 106.º e 107.º
• Despedimento
— Código do Trabalho, artigo 338.º e artigos 351.º a 393.º
— Código de Processo do Trabalho, artigos 33.º-A a 43.º, 98.º-B a 98.º-P e
156.º a 161.º
• Exclusividade e dever de lealdade
Código do Trabalho, artigo 128.º
• Falta por doença
Código do Trabalho, artigo 249.º
• Férias
Código do Trabalho, artigos 237.º a 247.º
• Igualdade e não discriminação
Código do Trabalho, artigos 23.º a 32.º
• Pagamento de contribuições à Segurança Social
Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança
Social, aprovado pela Lei n.º 110/2009, de 16 de setembro. Em particular,
os artigos 29.º a 33.º e 37.º a 48.º
• Pensão de reforma e rendimentos de trabalho
Decreto-Lei n.º 187/2007, de 10 de maio, artigos 43.º e 62.º
168
A Legislação em vigor
Capítulo 7
Família
• Aceitação da herança
Código Civil, artigos 2050.º a 2061.º
• Administração da herança
Código Civil, artigos 2079.º a 2096.º
• Adoção
— Código Civil, artigos 1973.º a 1991.º
— Lei n.º 143/2015, de 8 de setembro
• Convívio com os avós
Código Civil, artigo 1887-A.º
• Declaração do óbito
Código do Registo Civil, artigos 192.º a 201.º
• Deserdação
Código Civil, artigos 2166.º e 2167.º
• Dívidas dos cônjuges
Código Civil, artigos 1690.º a 1697.º
• Divórcio
Código Civil, artigos 1773.º a 1793-A.º
• Incapacidade dos menores
Código Civil, artigos 122.º a 133.º
• Indignidade
Código Civil, artigos 2034.º a 2038.º
• Morte presumida
Código Civil, artigos 114.º a 119.º
• Obrigação de prestação de alimentos
Código Civil, artigos 2003.º a 2014.º
169
A Defenda os seus direitos
• Paternidade
Código Civil, artigos 1826.º a 1873.º
• Pensão de alimentos a ex-cônjuge
Código Civil, artigos 2016.º a 2019.º
• Repúdio da herança
Código Civil, artigos 2062.º a 2067.º
• Responsabilidades parentais
Código Civil, artigos 1877.º a 1926.º
• União de facto
Lei n.º 7/2001, de 11 de maio
• Violação da obrigação de alimentos
Código Penal, artigo 250.º
170
Índice remissivo
Índice remissivo
A B
Abono para falhas��������������������������������������� 146 Bagagem����������������������������������������������� 43, 164
Ação de despejo������������������������������������������113 Baixa médica����������������������������������������������� 142
Acidentes Balcão Nacional de Arrendamento��������������113
de trabalho����������������������������� 130, 142, 169 Bebidas alcoólicas�����������������������������������������44
de viação����18, 19, 54, 55, 78, 79, 80, 81, 146 Benefício de
domésticos ����������������������������������������� 75, 76 excussão ��������������������������������������������������119
em lojas�����������������������������������������������������48 inventário ����������������������������������������������� 162
em viagem ���������������������������������������� 42, 45 Benfeitorias����������������������������������������� 123, 126
na escola������������������������������������������������� 154 Bens não solicitados�������������������������������32, 72
no supermercado �������������������������������������48 Botija de gás�������������������������������������������������24
Acordo������������������������������������������������������16-20
Administração pública �������������������������62, 166 C
Administrador do condomínio������������������� 105 Cabeça-de-casal ������������������������������������������161
Adoção ������������������������������������������60, 151, 169 Caderneta predial�����������������������������������������65
Advogados�������������������������������������� 20, 60, 166 Cães perigosos ���������������������������������������������53
Agências de viagens������������������10, 40-43, 164 Caixa multibanco �����������������������������������69, 70
Água ��������������������������������������25, 110, 126, 165 Carta registada��������������������������������������������� 14
Amortização antecipada������������������������75, 167 Cartão
Animais domésticos �����������������������52, 53, 102 de crédito��������������������������45, 70, 71, 72, 167
Anulação da compra������������������������ 34, 35, 43 de débito�������������������������������������� 70, 71, 167
Aquisição por usucapião����������������������� 99, 167 de férias����������������������������������������������� 31, 32
Arbitragem �������������������������������������� 18-20, 164 de saúde���������������������������������������������������83
Arrendamento������������������������� 92, 110-127, 168 Europeu de Seguro de Doença���������45, 164
Assembleia de condóminos ����������������������� 105 Cash-advance�������������������������������������������������70
Associação Portuguesa Categoria profissional��������������������������������� 132
de Marketing Direto ���������������������������������56 Cauções���������������������������������������� 118, 123, 164
Ausência do inquilino����������������������������������113 Centro
Autenticação forte������������������������������������������71 de arbitragem administrativa�������������������20
Auto de notícia��������������������������������������������� 81 de arbitragem de conflitos
Automóvel de consumo ������������������������������������������� 18
da empresa��������������������������������������������� 146 de arbitragem do setor automóvel����������� 19
emprestado����������������������������������������������� 81 de informação, mediação
lavagem�����������������������������������������������������53 e arbitragem de seguros ����������������������� 19
oficina������������������������������������������������� 19, 54 de informação autárquica
reboque�����������������������������������������������������58 ao consumidor��������������������������������������� 18
resolução de litígios���������������������������������� 19 europeu do consumidor��������������������������� 19
usado���������������������������������������������������35, 38 nacional de informação e arbitragem
veículo de substituição�����������������������������79 de conflitos de consumo ������������������������� 18
171
Defenda os seus direitos
172
Índice remissivo
Direitos G
de personalidade������������������������������������ 145 Garagens (arrendamento de)����������������������114
reais de habitação periódica��������������� 31, 32 Garantias����������������������������������������������������� 165
Discriminação no trabalho��������� 144, 145, 168 bens móveis�����������������������������������������34, 35
Dívidas���������������������18, 58, 59, 72-76, 159, 162 imóveis �����������������������������������������������������92
Divisão dos bens comuns����������������������������157 Gás����������������������������������������������11, 24, 25, 165
Divórcio�����������������������������������������156-159, 169 Grau de incapacidade�����������������������������������36
Documentos Guarda dos filhos ��������������������������������������� 152
consulta�����������������������������������������������������62
perda ou roubo����������������������������������������� 61 H
Heranças�������������������������������������� 160-162, 169
E Honorários
e-Fatura��������������������������������������������������������� 97 advogado ������������������������������������������������ 60
Eletricidade����������������������������� 25, 29, 126, 165 empreiteiro�����������������������������������������������95
Elevador������������������������������������������������������� 103 Hospedagem�����������������������������������������113, 118
Empreitada���������������15, 17, 55, 94, 95, 97, 167 Hospital���������������������������������������������������������45
Empréstimo Hotéis ���������������������������������������������� 38, 39, 42
bancário ��������������������������������� (veja Crédito)
de bem ��������������������������������������������������� 106 I
Enriquecimento sem causa������������������������� 139 IBAN���������������������������������������������������������������68
Entidades de resolução alternativa Imobiliária����������������������������������������������������� 91
de litígios��������������������������������������������������� 18 Impostos
Entrega atrasada�������������������������������������������34 IMI����������������������������������������������� 63, 65, 167
Erro médico��������������������������������������������� 50-52 IMT����������������������������������������������������� 90, 167
Estacionamento �������������������������������������������58 IRS������������������������������������������������������ 63, 64
Estado do locado������������������������������������������110 ISV�����������������������������������������������������36, 165
Estimativa (cobrança por)�����������������������������29 IUC�����������������������������������������������36, 38, 165
Exceção de incumprimento��������������������������� 15 IVA������������������������������������������������������ 36, 96
Excesso de velocidade����������������������������������� 57 Indemnização direta ao segurado ���������������79
Exclusividade Injunção �������������������������������������������������������59
em contrato com imobiliária ������������������� 91 Inquilino (deveres do)����������������������������������113
no trabalho��������������������������������������������� 135 Instruções em português ��������������������� 33, 166
Execução específica���������������������������������������87 Internet lenta �����������������������������������������������26
Interpelação ������������������������������������������������� 13
F Intoxicação alimentar�����������������������������������49
Falhas de caixa������������������������������������������� 146 Inventário de bens�����������������������������������������58
Faltas ao trabalho������������������������������� 134, 140
Férias���������������������������������������������������� 140, 141 J
Fiança����������������������������������������������������������119 Julgados de paz������������������������������������� 18, 164
Ficha de reserva��������������������������������������������86 Justa causa para despedimento����������133, 134
Fidelização���������������������������������������� 25, 26, 28
Filhos���������������������������������������60, 151-154, 169 L
Furto em hotel ���������������������������������������������39 Lavagem automática �����������������������������������53
173
Defenda os seus direitos
174
Índice remissivo
175
Defenda os seus direitos
176
Também nesta coleção:
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