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Aula 4º

CÁLCULO RELACIONAL

Bem-vindos(as) novamente a nossa matéria Banco de

Dados I. Nesta quarta aula, veremos outro conceito que
também é considerado a base dos bancos de dados relacionais
atualmente: o cálculo relacional. Nessa aula, vocês aprenderão
as diferenças que existem entre o Cálculo Relacional e a Álgebra
Relacional; diferenciar seus tipos e escrever as suas primeiras
consultas.
Bons estudos!

Objetivos de aprendizagem

Ao término desta aula, vocês serão capazes de:

• entender o conceito de Cálculo Relacional;

• saber diferenciar a Álgebra Relacional do Cálculo Relacional;
• conhecer a diferença entre Cálculo Relacional de Tupla e o Cálculo Relacional de Domínio;
• saber como escrever as consultas na notação de Cálculo Relacional.
228 Banco de Dados II
Seções de estudo
1. Introdução ao Cálculo Relacional
2. Cálculo Relacional de Tupla
3. Cálculo Relacional de Domínio
1 - Introdução ao cálculo relacional
O cálculo relacional é mais uma forma de definir um
conjunto de operações a serem realizadas no banco de dados
(considerada também como uma forma de consulta formal ao
banco de dados). Ela possui muitas semelhanças com a
Álgebra Relacional, como o fato de vários SGBDs usar a
teoria como base das linguagens de recuperação de dados
atuais. Outra semelhança é o fato de que qualquer recuperação
que pode ser especificada na álgebra relacional básica pode ser
especificada no cálculo relacional e vice-versa.
Mas existem muitas diferenças entre as duas notações.
Como vimos na última aula, para que escrevamos uma
consulta em álgebra relacional, temos que definir exatamente
quais operações devemos operar - isso pelo fato que cada
operação tem seu operador próprio. Como você vai ver, no
cálculo relacional, precisamos especificar o que será feito, e não
como será feito, pois podemos fazer mais de uma operação
em um mesmo comando. Por isso, ELMASRI e NAVATHE
(2011) afirmam que a álgebra relacional é uma linguagem
procedimental, e o cálculo relacional é uma linguagem não
procedimental.
Uma coisa que devemos lembrar é que uma expressão de
cálculo pode ser escrita de maneiras diferentes, mas o modo
de como ela é escrita não tem relação com o modo de como
uma consulta pode ser avaliada, ao contrário de como ocorre
na álgebra relacional.
Para que você entenda o cálculo relacional é necessário ter
algumas noções de entendimento de expressões matemáticas.
Se você não se lembra, não se preocupe, pois vamos explicar
o que cada símbolo mostrado nessa aula diz.
Caso você queira relembrar agora, seguem abaixo alguns sites que
possuem tabelas dos símbolos mais usados na matemática e os seus
signiȴcados:
• https:www.matematica.ptutilsimbolos.php
• https:www.somatematica.com.brsimbolos.php
Outra coisa que devemos lembrar é o fato de que todos
os exemplos exibidos nessa aula são do modelo de dados que
estamos estudando desde quando começamos a aprender
sobre a linguagem SQL. Caso não se lembrem, voltem a aula
01.
Dito isso, vamos iniciar os nossos estudos sobre o cálculo
relacional. Ela se divide em dois tipos: O cálculo relacional
de tupla (CRT) e o cálculo relacional de domínio (CRD).
Cada um dos tipos terá a sua própria seção, e em cada seção
detalharemos como funcionam cada um desses tipos.
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2 - Cálculo Relacional de Tupla
Vamos começar pelo básico. O cálculo relacional de
tupla é baseado na definição de uma série de variáveis de
WXSOD. Essas variáveis definirão um conjunto de regras que
definirão o que será recuperado do banco de dados. Uma
sintaxe básica de uma consulta escrita no cálculo relacional de
tupla obedece a seguinte estrutura:
{t | COND(t)}
Onde t é considerada uma variável de tupla e COND(t)
uma expressão condicional, onde cada tupla é avaliada por
essas condições. O resultado dessa expressão são todas as
tuplas que correspondam a essa condição. Simples, não?
A barra horizontal (|) é lida matematicamente como “tal que”. Assim,
podemos ler essa consulta como “todas as tuplas t tal que pertença
a COND”.
Vamos a um exemplo. Se quisermos procurar todos os
vendedores com salário maior que 600 reais, poderíamos
escrever a seguinte consulta:
{t | VENDEDOR(t) AND t.SALARIO > 600}
Nessa consulta, estamos filtrando todas as tuplas que
pertençam à tabela VENDEDOR e (dado pela palavra-chave
AND) que tenham um salário acima de 600 reais. Lembre-se
que o atributo SALARIO se refere à tupla t que está sendo
avaliada.
E se quisermos pegar todos os vendedores que tenham
um salário acima de 600 reais e que trabalhem no setor 2? Para
isso, adicionamos mais uma condição:
{t | VENDEDOR(t) AND t.SALARIO > 600 AND
t.CODSETOR = 2}
Lembre-se que a consulta retorna todas as colunas
presentes na tupla. Para que possamos indicar quais colunas
que queremos retornar, basta indicar explicitamente na
primeira parte da consulta. Nesse exemplo, estamos fazendo
a mesma consulta, mas cada tupla retornada conterá apenas as
colunas NOMEVEND e SALARIO.
{t.NOMEVEND, t.SALARIO | VENDEDOR(t) AND
t.SALARIO > 600 AND t.CODSETOR = 2}
A essa altura, vocês devem ter percebido algumas coisas
que estão presentes nas operações do cálculo relacional de
tupla. A primeira delas é a delimitação de qual intervalo deve
pertencer a tupla t, ou em outras palavras, quais tabelas devem
pertencer a tupla t. Se não especificarmos qual ou quais tabelas
a tupla deve pertencer, a consulta vai vasculhar em todas as
tuplas do banco de dados.
Outra coisa que deve estar presente é a condição que
selecionará quais tuplas serão retornadas. São condições que
devem ser satisfeitas em uma tupla para pertencer ao conjunto
final de dados. E a terceira coisa é a indicação de quais colunas
(atributos) devem ser retornadas nessa filtragem.

Vamos para mais algumas consultas:
([HPSOR  Faça uma consulta que retorne todos os
clientes da loja.
{t | CLIENTE(t)}
([HPSOR  Faça uma consulta que retorne todos os
clientes da loja que estejam no bairro “Jardim Universitário”.
{t | CLIENTE(t) AND t.BAIRRO = “Jardim
Universitário”}
([HPSOR  Faça uma consulta que retorne todos os
produtos que custam acima de dez reais.
{t | PRODUTO(t) AND t.VALOR_UN > 10}
Agora que você está familiarizado com a sintaxe,
podemos explicar como funciona com mais detalhes o cálculo
relacional. Você sabe que temos que definir um conjunto
de atributos (colunas) a serem recuperadas de um lado e
uma condição do outro lado. Para uma tupla aparecer no
resultado final da consulta, deve ter o resultado verdadeiro
para a condição solicitada. A condição (que pode ser chamada
também de fórmula) se divide em átomos. Portanto, na última
consulta que escrevemos, podemos chamar as subcondições
PRODUTO(t) e t.VALOR_UN > 10 como átomos desta
consulta.
Cada átomo pode se enquadrar em um desses tipos:
• O primeiro tipo de átomos são os átomos que testam
se uma tupla t está em uma relação (tabela) ou não. O
átomo PRODUTO(t) se enquadra nessa condição.
Esses átomos são escritos da seguinte forma:
primeiro se escreve o nome da tabela que queremos
testar e depois entre parênteses o nome da tupla
que queremos testar. Se a tupla pertencer à relação,
o valor é verdadeiro, caso contrário, é considerado
falso. Como foi afirmado anteriormente, se não
testarmos qual tabela pertence a tupla t, a consulta
vai percorrer em todas as tuplas do banco de dados,
gerando uma consulta ineficiente e inconsistente;
• O segundo tipo de átomo são as comparações,
que podem ser feitas entre atributos (ti.A op ti.B)
ou um atributo com um valor constante fixo (ti.A
op C - e vice-versa). O operador pode ser qualquer
operador de comparação que pode ser usado na
álgebra relacional, e seu funcionamento é igual na
programação. Se a comparação corresponder ao
operador, será emitido o valor verdadeiro. Caso
contrário, a comparação retornará o valor falso.
Na nossa consulta, o átomo t.VALOR_UN > 10
corresponde a esse tipo.
Esses átomos são conectados, formando as fórmulas,
por meio dos operadores lógicos AND, OR e NOT, que
são correspondentes aos operadores em português E, OU e
NÃO. Quem se lembra das aulas de lógica computacional se
lembra de como funcionam esses operadores. Mas se você
não se lembra, vamos a uma breve explicação:
• Todo átomo é uma fórmula por si só;
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• Uma fórmula F1 AND F2 será verdadeira quando
ambos são verdadeiros. Caso contrário, retornará o
valor falso;
• Uma fórmula F1 OR F2 será falsa se ambas as
fórmulas forem falsas. Se uma das fórmulas retornar
o valor verdadeiro para uma tupla, a fórmula terá o
valor verdadeiro;
• Uma fórmula NOT(F1) inverterá o valor lógico
contido no seu parâmetro. Ou seja, o que era
verdadeiro vira falso e vice-versa.
Além disso, temos mais dois operadores que precisamos
mostrar para você. São os operadores de quantificador
universal (‫ ׊‬- lido matematicamente como “para todo”) e
quantificador existencial (‫ ׌‬- lido matematicamente como
“existe”). Eles obedecem às seguintes regras:
• 4XDQWLILFDGRU H[LVWHQFLDO Se F é uma fórmula,
então o mesmo vale para (‫׌‬t)(F), onde t é uma
variável de tupla. A fórmula (‫׌‬t)(F) é avaliada como
verdadeira se a fórmula F é avaliada como verdadeira
para alguma (pelo menos uma tupla atribuída as
ocorrências livres de t em F. Se não ocorrer isso,
ela é avaliada como falso. Em outras palavras, um
fórmula (‫׌‬t)(F) é verdadeira se existir alguma tupla
que torne F verdadeiro.
• 4XDQWLILFDGRU XQLYHUVDO Se F é uma fórmula,
então o mesmo vale para (‫׊‬t)(F), onde t é uma
variável de tupla. A fórmula (‫׊‬t)(F) é verdadeiro se
a fórmula F é avaliada como verdadeiro para cada
tupla (no universo) atribuída a ocorrências livres
de t em F. Caso contrário, a expressão é avaliada
como falsa. em outras palavras: o quantificador
universal retorna verdadeiro se cada tupla possível
que pode ser atribuída a ocorrências livres de t em
F for substituída por t, e F é verdadeiro para cada
substituição desse tipo (ELMASRI; NAVATHE,
2011).
Em resumo, o quantificador existencial retorna
verdadeiro se uma tupla de t corresponde a condição que
escrevemos na nossa sub fórmula e o quantificador universal
retorna verdadeiro se todas as tuplas de t corresponde às
condições estabelecidas na sub fórmula.
Para que possamos entender direito como isso funciona,
vamos para mais alguns exemplos:
([HPSOR Listar os dados de todos os vendedores que
trabalham no setor de PEÇAS.
{t | VENDEDOR(t) AND (‫ڝ‬d)(SETOR(d) AND
d.NOMESETOR = “PEÇAS” AND d.CODSETOR =
t.CODSETOR)}
Nessa consulta, estamos procurando todas as tuplas
que estejam na tabela vendedor e cujo valor de CODSETOR
corresponda a tupla da tabela SETOR cujo seu nome é
“PEÇAS”. Podemos ler essa consulta como: Retorne todas as
tuplas t tal que pertençam a tabela VENDEDOR e seu valor
de CODSETOR corresponda a tupla da tabela SETOR cujo seu
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nome é “PEÇAS”.
Na nossa subconsulta, estamos fazendo duas coisas:
Uma operação de seleção, para procurar qual tupla tem seu
nome de setor igual a PEÇAS e uma junção, pois estamos
procurando uma correspondência entre seus códigos de setor.
Agora que você entende como funciona o cálculo
relacional de tupla, vamos entender como funciona o cálculo
relacional de tupla.
3 - Cálculo Relacional de Domínio
O cálculo relacional de domínio é similar ao cálculo
relacional de tupla. Mas possui uma diferença fundamental.
Em vez de termos variáveis percorrendo as tuplas, as variáveis
percorrem os valores dos domínios dos atributos. Para formar
uma relação de grau n para um resultado de consulta,
precisamos ter n dessas variáveis de domínio - uma para cada
atributo.
Ou seja, devemos verificar quantas colunas devemos
obter nessa consulta. Se o número de colunas for pré-definido,
colocamos a quantidade de colunas nas variáveis. Se quisermos
retornar todas as colunas presentes em uma relação, devemos
indicar um número de variáveis correspondente ao número
de colunas dessa tabela.
Da mesma forma que o cálculo relacional de tupla, o
cálculo relacional define uma condição (chamada também de
fórmula), formada por átomos, que seguem mais ou menos
as regras que definimos na seção anterior. Mas, com algumas
mudanças:
• Para verificarmos se uma tupla pertence a uma
relação, devemos colocar todas as variáveis que
achamos que pertencem a relação nesse teste. Se for
mais de uma variável, separamos por vírgulas ou -
dependendo da notação - espaços;
• Uma comparação é feita entre uma variável com um
valor fixo ou entre duas variáveis, não com membros
de uma tupla.
Dito isso, vamos a alguns exemplos para ilustrar isso:
([HPSOR  Crie uma consulta que retorne todos os
produtos cujo valor unitário é maior que 10 reais.
{q,r,s,t | PRODUTO(q r s t) AND t > 10}
Essa consulta associa quatro variáveis, sendo uma para
cada coluna da tabela PRODUTO (pela ordem, CODPROD,
DESCRICAO, UNIDADE E VALOR_UN). Como cada variável
corresponde a um atributo (coluna), devemos submeter ao
teste de relação todas as variáveis dessa consulta. Depois
escrevemos um átomo que testa se VALOR_UN, representado
pela variável t, é maior que 10.
Vamos para mais outro exemplo:
([HPSOR Escreva uma consulta que retorne os nomes
dos vendedores que ganham acima de 600 reais e pertençam
ao setor 2:
{r | VENDEDOR(q r s t) AND s > 600 AND t
= 2}
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Apesar de que essa consulta retorne apenas uma coluna,
precisamos declarar todas as variáveis da tabela VENDEDOR,
para fazer o teste de relação. Em seguida, verificamos se o valor
da variável s (que corresponde a coluna SALARIO) é maior
que 600 e depois se o código da variável t (que corresponde a
coluna CODSETOR) é igual a 2.
E com isso, finalizamos a nossa quarta aula. Nas próxima
aula, vamos abordar o que são junções e como tirar proveito
deles. Até a próxima!
Retomando a aula
Finalizamos a nossa quarta aula. Vamos recordar?
,QWURGXomRDR&iOFXOR5HODFLRQDO
Você viu que o cálculo relacional é mais uma forma de
definir um conjunto de operações a serem realizadas no banco
de dados (considerada também como uma forma de consulta
formal ao banco de dados). Ela possui muitas semelhanças
com a Álgebra Relacional, como o fato de vários SGBDs
usar a teoria como base das linguagens de recuperação de
dados atuais. Outra semelhança é pelo fato de que qualquer
recuperação que pode ser especificada na álgebra relacional
básica pode ser especificada no cálculo relacional e vice-
versa. Mas existe uma grande diferença: Enquanto a álgebra
relacional é uma considerada uma linguagem procedimental,
o cálculo relacional é considerada uma linguagem não
procedimental.
&iOFXOR5HODFLRQDOGH7XSOD
Você viu que o cálculo relacional de tupla é baseado na
definição de uma série de variáveis de tupla. Essas variáveis
definirão um conjunto de regras que definirão o que será
recuperado do banco de dados. Uma sintaxe básica de uma
consulta escrita no cálculo relacional de tupla obedece a
seguinte estrutura: {t | COND(t)}, onde t é considerada
uma variável de tupla e COND(t) uma expressão condicional,
onde cada tupla é avaliada por essas condições. O resultado
dessa expressão são todas as tuplas que correspondam a essa
condição. Essa condição é formada por átomos que podem
avaliar se uma tupla pertence a uma tabela, ou podem fazer
uma comparação de valores. Esses átomos são conectados
por meio de operadores OR, AND e NOT.
&iOFXOR5HODFLRQDOGH'RPtQLR
Você estudou que o cálculo relacional de domínio é
similar ao cálculo relacional de tupla. Mas possui uma diferença
fundamental. Em vez de termos variáveis percorrendo
as tuplas, as variáveis percorrem os valores dos domínios
dos atributos. Para formar uma relação de grau n para um
resultado de consulta, precisamos ter n dessas variáveis de
domínio - uma para cada atributo.
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Vale a pena

Vale a pena ler

DATE, C. J.. Introdução a sistemas de bancos de dados.
8. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
ELMASRI, Ramez; NAVATHE, Shamkant B. Sistemas
de banco de dados. 6. ed. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2011.
SILBERSCHATZ, Abraham; KORTH, Henry F.;
SUDARSHAN, S. et al. Sistema de banco de dados. 6. ed.
Rio de Janeiro: Campus; Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

Minhas anotações