Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Dedicatória
Agradecimentos
Agradeço a Deus, todo poderoso, que me permitiu passar por todo este
aprendizado, através do qual pude alcançar melhor realização e crescimento pessoal.
À minha querida esposa que tem sido uma benção em minha vida e a quem
primeiramente submeti a apreciação e aprovação desta obra;
Ao meu amigo Thiago Franco Ribeiro que sugeriu o título deste livro,
possibilitando o nível de simplicidade e instigação de leitura que eu desejava incutir nos
jovens.
4
Nota
Este livro não pode ser lançado na época que escrevi, devido a inúmeros
problemas, seja com publicação, opiniões contrárias, inclusive o momento político não
favorecia tal tema. Eram meados de 2012. Hoje, já em 2022, ao revisar todo o conteúdo,
intento novamente colocar à disposição do jovem algo a mais para que sirva de material de
apoio no seu intento de ser um soldado. Desta forma, o conteúdo do livro pode ter sofrido
alterações, o que recomendo é que se interessar por algum assunto, pesquise e se
informe. O meu desejo é de despertar em você a busca pelo seu desenvolvimento
profissional.
Esta obra representa apenas uma opinião de um cidadão, que foi militar e conta
aqui suas experiências, seus êxitos e fracassos, que não tem vínculo com as Forças
Armadas na atualidade, e se porventura alguma citação aqui, se parecer com algum militar
ou fato será casualidade. Não quero expor ninguém, só quero responder as perguntas que
eu mesmo tinha quando ingressei no exército.
Um forte abraço
Eudes,Leite Rodrigues
ex 2 Sargento de Infantaria
https://youtu.be/SWOqpORTH3M
5
ÍNDICE
Prefácio...............................................................................................................07
Capítulo I
A Imagem do Exército.........................................................................................09
Capítulo II
O Sonho de Servir ao Exército............................................................................11
Capítulo III
O Processo do Alistamento.................................................................................13
Capítulo IV
Termos usuais e siglas militares, uma breve ambientação.................................16
Capítulo V
Cursos de Formação Militar................................................................................18
CFC.....................................................................................................................18
CFST...................................................................................................................20
CPOR e NPOR....................................................................................................22
EsSA....................................................................................................................23
Se não está contente, pede pra sair!...................................................................25
AMAN..................................................................................................................25
EsAEx..................................................................................................................26
Capítulo VI
O Ano de Instrução..............................................................................................28
Capítulo VII
A Disciplina no Exército.......................................................................................31
Expulsão do serviço militar..................................................................................31
Justiça Militar ......................................................................................................31
Honra ao Mérito...................................................................................................31
Capítulo VIII
Questão previdenciária........................................................................................32
Capítulo IX
O Concurso Público.............................................................................................33
Avaliação.............................................................................................................35
Concursados e comissionados............................................................................35
Capítulo X
Para que Exército................................................................................................37
Capítulo XI
Compensa servir ao exército?.............................................................................38
6
Glossário.............................................................................................................40
7
PREFÁCIO
Quero iniciar nossa conversa de modo simples, direto, um diálogo com você
jovem que anseia conhecer um pouco sobre o serviço militar, porém sei que haverá
leitores mais experientes, aos quais chamarei de veteranos, bem como leigos no assunto,
portanto será um tema difícil de falar, com tantas opiniões diferentes, entretanto meu foco
será você jovem, o futuro soldado deste país, se assim desejar. Peço desculpas de
antemão ao leitor culto pela redundância de assuntos e orientações, porque quero atingir
principalmente o público que ainda não lê. Confesso aos senhores que estou preocupado,
porque no decorrer da obra não pude incluir nenhum elemento que causa comichão nos
leitores em geral de hoje, nem lobisomem, vampiros, nada de tons de pornografia ou ainda
sequer ousarei em reinterpretar a bíblia à la Da Vinci, mas escrevi da realidade que vivi e
da experiência que tenho.
Não quero fazer aqui um desabafo, uma campanha, ou algo similar, mas quero
falar com franqueza aquilo que vivenciei por dezessete anos de serviço militar dedicados
ao Exército Brasileiro. Muita coisa desejei entender durante o tempo em que estive na
ativa, entrei sem saber por onde andar, como engajar, como fazer cursos, poucos estavam
dispostos a explicar alguma coisa. Logo que cheguei ao batalhão me deparei com um
cartaz que até hoje tenho na minha mente: “Vá à luta, faça carreira militar” dizia a
inscrição, tinha um soldado atirando na posição de joelhos... Foi assim que cheguei para o
meu alistamento, cheio de dúvidas e com muita esperança. Todas as indagações que eu
tinha estou respondendo a você meu prezado amigo, estou fornecendo orientações,
explicações antes mesmo de entrar para o EB. A Bíblia Sagrada diz que aquele que sabe
fazer o bem e não faz comete pecado, Thiago 4,17. Portanto sinto-me na obrigação de
passar a você a minha experiência. O mestre da vida, Cristo Jesus, também disse que
devemos amar a Deus e ao próximo, tudo fazendo como gostaríamos que assim nos
fizesse. Então nada mais correto do que compartilhar meus conhecimentos. Espero assim,
atingir meu objetivo, pois aquele jovem leigo que adentrava os portões do exército há mais
de vinte anos, sem ter orientação alguma agora emite esta obra para que futuros soldados
tenham algo em mãos, antes de chegar ao quartel.
Vou separar por capítulos os temas mais necessários, inclusive com as etapas
do processo de alistamento para que você entenda melhor todo o processo, desde o
alistamento até a conclusão do serviço militar.
Espero que este livro seja de grande valia na sua decisão em servir ou não ao
exército, ou às Forças Armadas de uma forma geral. Pretendo ainda, juntamente com os
conselhos aqui passados prestar alguma ajuda, contando experiências, histórias, pois é
certo que você está com a sua vida inteira diante dos seus olhos e não quero que você
8
desperdice sua vida e seu tempo também. Espero ser sucinto, isto é, rápido e preciso na
minha fala. Aos leitores veteranos e leigos venham comigo e boa conversa.
9
Capítulo I
A Imagem do Exército
O exército procura, acima de tudo, manter uma boa imagem para a sociedade, e
se orgulha de ser uma das instituições mais confiáveis do país, pois no momento em que
instituições políticas falham grosseiramente, a nação confia no seu exército. Entretanto o
meu objetivo não é fazer uma propaganda a você da força, mas sim trazer prós e contras
da profissão. Você, prezado jovem, perceberá que discorrerei sobre vários assuntos, que
estão na verdade, interligados, procurando atender suas respostas de maneira sincera.
A mídia traz muitas propagandas de diversos setores e nelas se tem a visão que
querem passar a você, obviamente é assim, você deve desconfiar daquilo que é colocado
como verdade para você de uma forma geral. Se pode tranquilamente falar mal ou bem de
um determinado assunto e há uma gama enorme de empresas especialistas em
maquiagem, em enfeitar o pavão, e olha que ele fica muito mais bonito do que é
naturalmente. Vimos que no passado, até as eleições foram decididas pela propaganda,
via-se claramente que tal fulano estava com tal publicitário e isto seria decisivo para as
eleições... Então o negócio era aparência. Então para se ter uma boa base sobre um
assunto é necessário uma boa pesquisa, por isso peço a você que não fique somente com
minha opinião, mas vá atrás de outras sobre a força, pois posso errar também e não
passar aquilo que realmente representam os fatos, pode ser que minha visão seja míope, o
que preventivamente peço desculpas. Quanto mais pessoas você pesquisar, conversar,
maior será a probabilidade de sua opinião estar correta.
se nada me acrescenta e não posso contribuir para o seu crescimento, não faço questão.
Diga-me com quem andas e direi quem és, já diz o velho ditado, pois quem não combina
não anda junto. Então procure cercar-se de pessoas boas, estudiosas, de bons costumes e
serás assim também. O senhor, amigo leigo ou culto, que talvez já seja um chefe na sua
área, saiba que seus subordinados estão de olho em você, pode estar enganado, mas não
enganará a eles. Não é demérito algum reconhecer que errou, muito menos em aceitar
uma sugestão de um subalterno, muito pelo contrário, sua equipe ficará motivada se for
ouvida e o senhor ganhará mais liderança. O filósofo Heráclito disse que a pessoa que
entra no rio não é a mesma que sai, nem o rio é o mesmo, não porque sai com frio e
molhada, mas porque já sai pensando diferente. Talvez entre estressada, cansada e saia
aliviada. Assim somos nós, vamos formando o nosso caráter à medida que vamos
convivendo, conversando e interagindo com as pessoas ao nosso redor. Este livro pode
influenciá-lo e eu mesmo confesso que mudei alguns conceitos por estar incumbido desta
tarefa.
11
Capítulo II
Pela boa imagem que o exército ostenta, sempre tive o sonho de servir as FA,
cresci vendo propaganda na televisão, vendo manobras, pois na cidade onde cresci, Ponta
Grossa PR, situa-se o 13º BIB, não sei se até hoje tem esse nome.
Quero descrever como foi no meu tempo, como diziam aqueles velhinhos da
Segunda Guerra, que compareciam no quartel para assinar seus documentos e não
paravam de contar histórias... Agora me vejo no lugar deles, ressalvadas as devidas
proporções evidentemente, pois enquanto aqueles viveram uma grande guerra, eu vivi
outra, administrativa e de exaustivos exercícios com muito suor. O lema dos nossos
treinamentos era: Suor poupa sangue! Depois descobri que papirar poupa suor e sangue!
Hoje, devido ao esforço grandioso dos pais, os filhos são mais sossegados,
poucos são os jovens que vejo lutando com vontade de vencer. A maioria está preocupada
com baladas, internet, redes sociais, shoppings, namoradas e etc. Muitos jovens sequer
sonham em sair de casa, em abandonar o ninho e voar com as próprias asas. É isso que
12
eu proponho aqui caro amigo, que você vá à luta, corra atrás de seus sonhos, não espere
que sua família seja sempre responsável por você, até porque um dia seus pais não
existirão e você terá que caminhar com suas próprias pernas. A máxima, “pai rico, filho
nobre e neto pobre” é verdadeira. Se você recebeu uma boa ajuda de seus pais agradeça
a Deus e aproveite este empurrão para a vida que eles estão te dando, acaso seja igual a
mim, não tem outra escolha a não ser lutar ao invés de reclamar. Vejo hoje uma geração
de conformados, de desanimados, além de poucas serem as oportunidades oferecidas a
vocês meus caros. Não me interpretem mal, não estou julgando vocês como derrotados,
não é isso, o que vejo são pais superprotetores e outros que não estimulam vocês na
busca dos seus sonhos.
No exército a gente brincava que tinha três mentiras: Primeira: Vamos começar
cedo pra acabar cedo, nada!, ia até tarde mesmo: Segunda: Vamos fazer bem feito para
fazer uma vez só, nada!, fazia umas mil vezes... e a terceira: vou te anotar mas é só pra
controle... E assim eu também fui nessa, comecei cedo a trabalhar, pois me falaram
comece cedo que se aposenta cedo, agora vi que não é nada disso, já teve reforma da
previdência e outras poderão vir se voltar a ocorrer desvios como houveram no passado.
Essa questão, abordarei lá na frente amigo, para que você se planeje quanto a sua futura
aposentadoria, note bem, estamos falando de sua entrada, mas também da importância de
contribuir para a previdência para num futuro ter um apoio.
Mas se você está lendo este livro já é sinal de que tem interesse em lutar, em
ter conhecimento e conhecimento não ocupa espaço! Há um ditado que diz: Onde há
vontade há um caminho, mas onde há muita vontade há muitos caminhos. Aqui está mais
um deles, boa caminhada!
Então foi assim que surgiu a época do alistamento e lá fui eu, animado e cheio
de esperança, mas sem conhecer nada, sem saber o que me aguardava.
13
Capítulo III
O Processo do Alistamento
No ano em que completar dezoito anos, você deve procurar a Junta Militar de
sua cidade... Com certeza você já ouviu esta frase numa propaganda de TV, é assim
mesmo, você se alista no ano em que faz dezoito e só serve com dezenove anos, passa,
portanto, um ano em processo de alistamento. Praticamente a cada três ou quatro meses
deverá se apresentar no local indicado no seu CAM, que é o seu Certificado de
Alistamento Militar, observando o carimbo com data e local. Neste ano você passará por
etapas como inspeção de saúde, testes teóricos, enfim, cada etapa é eliminatória, de modo
que aqueles chamados no ano seguinte, tem perto de oitenta por cento de chance de
servir. Então no próximo ano, quase sempre em janeiro tem nova apresentação, são
entrevistas, que vão eliminar mais candidatos. Aliás, nesta etapa são chamados de
conscritos, que são candidatos alistados ainda não incorporados. Os aprovados nesta
etapa são designados para apresentação em fevereiro ou março, aí sim para incorporação.
Muita atenção para os Refratários, fiz questão de destacar o termo que é aquele
jovem que não se apresenta na data correta e deixa para o ano seguinte, ou anos
posteriores... Estes são refratários e até a data em que eu estive na ativa, todos eles
tinham incorporação obrigatória, evidentemente que se não tivessem nada que indicasse o
contrário. Agora talvez pense o meu amigo leigo ou você jovem: Então é isso, vou ser
refratário e vou garantir que vou servir... Talvez não seja isto, na época, se tinha prioridade
em servir, mas, salvo engano, não se podia engajar, e aí você fica somente o ano
obrigatório e vai embora no ano seguinte. Evidentemente que cada caso fica sujeito à
autoridade competente, até porque as frias letras dos regulamentos não permitem
flexibilidade e não enxergam isoladamente cada caso.
Outra atenção especial deve ser dada ao Insubmisso. Que nada mais é do que
aquele jovem que cumpriu toda a etapa de alistamento, mas que não se apresentou para a
incorporação, que é a entrada propriamente dita no exército, marinha ou aeronáutica. Ele
podia incorrer em Crime Militar, previsto no CPM, na época. Alguns esqueciam e podiam
acabar respondendo na justiça militar durante anos. Só o transtorno que gerava já é
suficiente para sofrer, pois dificultava as demais etapas da vida civil, no que se refere a
emprego, faculdade, concurso e etc. Eu acompanhei um soldado que havia sido
enquadrado nesse crime, foi penoso, vi que o recruta nem sabia do que se tratava a
insubmissão, menos ainda crime. Pior ainda foi permanecer na audiência da Justiça Militar
ouvindo páginas e páginas intermináveis de teorias, sendo necessário voltar depois de
alguns meses ali, enquanto isso o coitado do soldado preso, à disposição da justiça.
Agora vamos ao filé mignon da história, você não quer servir, então me pergunta
o que responder, o que fazer para escapar, digamos assim. Primeiro recomendo que leia
esta obra inteira, pois nela vou detalhar todo o processo e talvez você que não seja
voluntário, acabe se tornando um e outro que deseja servir após o conhecimento da obra
não o queira mais.
14
Há os municípios Tributários, que são aqueles que devem fornecer jovens para
o serviço militar, portanto se o seu é um deles você tem chances de servir, mas para você
saber se um município é ou não tributário você deve pesquisar, a internet está aí, bom uso!
Para ficar mais claro, pode contatar o quartel mais próximo e procurar informações. O que
eu digo é que se há na cidade quartel da força que você vai se alistar, pode ser tributário,
se há na cidade vizinha próxima há grande chance também. Acredito que a junta militar ou
um graduado mais experiente possa ajudá-lo nesta questão. Procure o delegado do
Serviço Militar, que é um tenente ou capitão, geralmente com trinta anos de serviço e tem
capacidade e conhecimento para ajudá-lo. Em resumo digo que na cidade da OM e nos
municípios arredores são tributários. Se a Junta diz que você vai se apresentar em tal
cidade, fique esperto. Mas agora o que fazer? Amigo, fique tranquilo, como afirmei, não é a
cidade que vai determinar se vai servir ou não, ela pode ajudar ou atrapalhar, no caso de
não ser voluntário e sua cidade não ser tributária tudo bem, mas e se você for voluntário,
então será o contrário. Aqui quero ressaltar algo importante: Você vai ter que apresentar
um comprovante de residência dessa cidade que pretende se alistar.
Então após esta etapa vem à incorporação propriamente dita, inicia-se o ano de
instrução.
16
Capítulo IV
O que vi até agora é que as instituições funcionam parecidas, umas mais rígidas
que as demais cabendo a você saber se lhe é cabível permanecer nela ou não.
17
Não sei se o leitor culto vai concordar comigo, ou meu colega militar, mas creio
em algo que aprendi durante minha: Você consegue enganar um superior, mas não
consegue enganar um subordinado, porque estes estão observando as suas palavras
conferem com suas atitudes, é aí que entra a questão da liderança. Portanto fazer com que
convivam juntos chefes e subordinados é uma oportunidade de testar o nível de
maturidade de um grupo em todos os seus níveis de responsabilidade.
18
Capítulo V
CFC
pois o curso tinha iniciado com cerca de noventa militares, sendo que vinte e quatro
concluíram e destes eu era o quarto colocado, graças a Deus. Comecei então a pensar em
engajar, pois o difícil já tinha passado. Então no mesmo ano de recruta fui promovido a
Cabo EV, que pela legislação deveria sair na primeira baixa, todavia o Capitão da minha
companhia, disse que iria garantir o engajamento caso quiséssemos ser promovidos, como
relatei, aceitamos eu e mais alguns militares, porém, alguns foram desligados após breve
tempo na promoção, porque é evidente que como graduado, você aparece e tem que
mostrar rendimento, isto vale para qualquer empresa.
Atesto aqui que foi o mais intenso curso que fiz, porque o instrutor dita o ritmo
do curso, lembro que tinha alguns focados na parte física e outros trabalhavam na base
mais teórica e técnica, porque pessoas são diferentes, caro amigo, embora tenham a
mesma hierarquia.
Permitam-me leitores, fazer uma observação aqui: O que aprendi foi que
pessoas capacitadas não tem medo de passar o conhecimento com medo de levar uma
rasteira de um subordinado, como aqueles que detém uma informação crucial, tem o
dever, inclusive moral, de passar adiante, para ajudar os demais. Lembro que eu estava
limpando a câmara fria do rancho quando um militar me perguntou se era eu que gostaria
de fazer o curso de Cabo, respondi prontamente e ele disse que o pessoal já estava lá na
fila para fazer a prova. Saí correndo, vesti a farda o mais rápido que pude, pois estava com
o “pega loco” que é um agasalho verdão, entrei na fila e já veio um Sargento perguntando
do meu atraso, cobrando caneta, que caneta que nada, não tinha nada, pronto já fiquei
punido ali. Assim começou o curso. Foram dias intermináveis de trabalho, estudo, sede e
sono.
Quem realizar este curso pode permanecer como Cabo por um período inferior
a dez anos. É lógico que o reengajamento é anual e depende de avaliação de seus
superiores. Da mesma forma o Soldado que não realizou o curso, mas quer permanecer
na força tem seu reengajamento anual deferido, de acordo com a vontade de seu
20
comandante. Aqui reitero a você que muitas coisas dependem de vaga, e assim a
concorrência pode ser maior ou menor, pois as formações são diversas. Lembro ainda que
o militar temporário, que é evidentemente aquele que não fez concurso, mas entrou como
soldado alistado, pode ficar um determinado tempo, não podendo atingir dez anos, (na
época). Agora você me pergunta, mas como faço para fazer concurso e para fazer
carreira? Adiante explico mais detalhes, fique tranquilo.
CFST
Sempre observe que estes dados se referem aos anos de minha experiência,
atualmente existem uma série de cursos temporários, que adiante seguem comentados.
Eu fiz o CFST em 1996, onde graças a Deus consegui o primeiro Lugar. Quero
abrir um parêntese aqui para dar glórias a Deus!, Porque sei que por minhas forças não
poderia conseguir tal feito... Tinham vários alunos com grande capacidade e no final saiu a
surpresa 01, assim mesmo, pois somos números no EB e eu era o (zero um) do curso.
Passo mais uma lição, caro amigo, não se estribe nos seus próprios conhecimentos, mas
procure colocar a sua vida no centro da vontade soberana de Deus, ele sabe o que é
melhor para nossas vidas. Respeito sua forma de crença ou até a ausência dela, uma vez
que existirão vários leitores. Não quero atacar ou desrespeitar ninguém aqui, porém não
posso furtar-me de agradecer ao Deus, Todo-Poderoso, que me tem guiado até o presente
momento.
Esse curso foi o melhor que fiz, porque graças a Deus foram Oficiais e
Sargentos extremamente técnicos, exemplares. Obtive grande ensinamento, porque como
já disse, você verá que muita coisa na vida é assim, se um professor é bom, seu
rendimento será proveitoso, assim como também a empatia de seus alunos. Tudo se torna
melhor. Lembro que no CFC sofri muito, inclusive devido aquela infecção que falei. Mais
uma vez a oração entrou em campo e Deus me curou. Foram dias terríveis. A atividade
militar, por si só, já é suficiente para desgastar, abusos não são admitidos.
Caro leitor, devemos sempre aprender que o exemplo é o melhor meio pelo qual
um líder pode se firmar, você que está à frente de qualquer empreendimento e você meu
caro jovem aprenda desde cedo a dar e seguir um bom exemplo. As palavras convencem,
mas o exemplo arrasta. Eu procurei paulatinamente a trabalhar procurando desenvolver a
liderança. Se era necessário que o Soldado fizesse cinco repetições na barra fixa eu fazia
dez e dizia: fiz o dobro do que você precisa fazer, agora faça sua parte. O bichinho virava
um leão e muitos até faziam até mais, porém devido à formação do Soldado que vai
aumentado aos poucos eu não permitia excessos. Mesmo depois de formado precisei
puxar firme junto com o Soldado para dar exemplo. Cheguei a revezar carregamento de
armamento como metralhadora de dez quilos, ou peças de grosso calibre, como morteiros
também. Não era minha obrigação de levá-los durante a longa marcha, mas o tempo todo
o subordinado está olhando para seu superior e vendo suas atitudes. Participei de
atividades com mais de cem quilômetros para percorrer em três dias de duração com todos
os apetrechos de combate. Isso fora desses cursos, depois de formado e com mais de dez
anos de serviço, pois há quartéis mais operacionais do que outros, além da visão do
comandante, que é quem manda no quartel, e lhe dá o ritmo.
CFC daquele ano, ocasião em que fiquei sozinho e pude desenvolver meu trabalho e
mostrar serviço, fato que sem dúvida colaborou para a minha excelente classificação.
Aprendi uma coisa valiosa ali, quando você fica em cima de seu aluno, cobrando
excessivamente, limitando, você prejudica o aprendizado, porque cada um de nós somos
únicos, não devemos ministrar da mesma maneira que nos ensinaram, devemos ser um
facilitador, deixar o instruendo com liberdade de agir, elogiando com entusiasmo e
corrigido com bom senso.
Amigo, seja rápido nos seus planos, pois tempo é dinheiro, se você quer entrar
e fazer estes cursos, recomendo que tal como eu os faça logo, porque o tempo é limitado,
vi casos em que o Soldado já tinha três anos e fez o curso depois disso, logicamente terá
poucos anos para aproveitar a sua graduação e logicamente o salário.
CPOR e NPOR
Meu objetivo aqui é que você jovem entenda que se fez o seu melhor em algo e
não deu certo, não desista, siga adiante, muitas coisas fogem à nossa compreensão, e que
diante de um obstáculo, ao invés de reclamar você deve lutar sem abrir mão da ética. Não
se deve esperar comportamento correto, você deverá tê-lo.
EsSA
alterações nestes últimos anos. O curso tem duração de cerca de dois anos
aproximadamente, findo os quais o militar é declarado Terceiro-Sargento e depois de oito
ou nove anos alcança a graduação de Segundo-Sargento, na qual eu saí, sendo
necessário outro tanto para ser Primeiro-Sargento. Com cerca de vinte e cinco anos a
trinta chega a Subtenente, e depois disso, aqueles que passarem cerca de cinco anos e
obtiverem boa avaliação por seus superiores, conseguem sair Tenente Administrativo,
podendo chegar até o limite de Capitão, sempre na área da administração militar. Poucos
alcançam o oficialato, e menos ainda o posto de Capitão. Assim como o Oficial depende de
avaliação subjetiva e até política para o generalato, assim o Praça também para ser Oficial.
É necessário curso prévio para habilitação e principalmente avaliação de toda sua carreira.
Assim, o ex-praça, agora oficial, assume funções burocráticas, o que é de grande valia
para a instituição, pois se trata de alguém que labutou mais de trinta anos e é detentor de
vasta experiência administrativa, uma vez que o Sargento fica na tropa cerca de dez anos,
período que participa de manobras e realiza a formação do Soldado. O restante trabalha
na administração das diversas seções dos quartéis por cerca de vinte anos ou mais. Então
ter alguém com esta carga de aprendizado é de grande valia para as organizações. Os
oficiais que trabalham com a parte operacional são os oficiais da AMAN, que será
estudado adiante.
A EsSA tem outras escolas em mais cidades do Brasil, que também formam
Sargentos, geralmente os combatentes saem de Três Corações-MG, mas os formandos da
área de apoio, mecânicos, enfermeiros, intendentes são formados no Rio de Janeiro- RJ,
na minha época chamada de EsIE, Escola de Instrução Especializada, hoje pode ter
mudado muita coisa, procure saber sobre o assunto de seu interesse. Você não pode
esperar que tudo aquilo que procura venha até você, pelo contrário, o interessado é que
deve correr atrás. Como dizíamos no EB: enquanto o mundo gira o Soldado se vira! Isto
vale para todas as áreas, amigo, muitas empresas observam estas características nos
seus empregados, aqueles que são proativos, isto é, que procuram estar bem informados
e se especializam na sua área, que apresentam soluções criativas e não esperam nem
25
Permitam-me senhores, que explane sobre o título acima um pouco, pois como
foi nesta fase em que eu dei baixa, gostaria de falar um pouco sobre isto.
Hoje entendo e concordo com essa frase: Se não está contente, pede pra sair!
Sim, saia e vá ser feliz em outro lugar, e se lá também ficar ruim, faça tudo de novo! Saiba
que você não poderá mudar o mundo, mas poderá mudar a si mesmo! E foi isto que fiz,
reiniciei novamente e deu certo, graças a Deus!
AMAN
Generais, Ainda há demais escolas formadoras de Oficiais, cito dentre elas a escola que
fica em Salvador-BA, chamada de EsAEx, descrita a seguir.
É evidente que os requisitos mudam de ano pra outro, é importante estar atento,
se tiver interesse meu caro. O que dou ênfase aqui, amigo, é que o formando dessa escola
vai comandar, ele vai de Tenente a Coronel, isto mesmo, digo que é o lado liso da
prancheta, o filé do boi, porque uma vez formado fará parte do grupo pensante da força,
daqueles que decidem as coisas. Os Oficiais planejam, comandam, por ser o topo dessa
pirâmide, como em qualquer outra instituição, obviamente. Saem de lá Aspirantes, e com
cerca de um ano são declarados Tenentes. Só lembro que o Aspirante é chamado de
Praça Especial, ou seja, ele não é um praça e nem um oficial propriamente dito, mas divide
os universos de oficiais e praças. Após cerca de seis anos vão de Aspirantes a Capitães,
daí com mais uns oito anos já são Majores e finalmente com alguns anos a mais Coronéis.
Quanto à indicação para General, trata-se de cargo político, sendo de responsabilidade do
Presidente da República. Aí é outra história..., agora você compreende quando vê um
Capitão com cerca de vinte e sete anos, um Tenente com vinte e um anos e um Sargento
com quarenta anos, tudo depende de seu esforço e de seu nível hierárquico. Enquanto um
jovem sargento chega a subtenente após toda a sua vida militar, por quase trinta anos
aproximadamente, um mesmo jovem vindo da AMAN já é superior a este militar, basta ver
a tabela de postos e graduações na internet. Tudo é fruto de estudo, se desejar vá à luta,
estude e você conseguirá.
EsAEx
Para ingressar nesta escola deve-se ter formação acadêmica na sua respectiva
área para a qual prestará concurso. Vamos exemplificar. Suponhamos que você é formado
em Administração, poderá então fazer concurso para Oficial Administrador do EB, desde
que seu curso esteja concluído e reconhecido pelo Ministério da Educação, evidentemente.
Você terá que ter no máximo trinta e sete anos de idade e passará por um ano de
formação militar, findo o qual será declarado Primeiro-Tenente, da mesma forma que os
demais oficiais. Sua carreira se encerrará como Tenente-Coronel, (ao menos, na época).
Não irá trabalhar na tropa com a parte operacional, pois seu cargo é técnico e voltado para
as atividades rotineiras da OM. Será uma espécie de oficial burocrático e irá trabalhar em
Órgãos de Fiscalização e cargos de chefia dentro das unidades da força.
27
Portanto se você quiser ser oficial, mas não gosta de atividade operacional, está
aí uma boa opção.
28
Capítulo VI
O Ano de Instrução
Na segunda fase, cada macaco vai para o seu galho, digo, o cozinheiro para a
cozinha, o enfermeiro para a enfermaria, o mecânico para a garagem, e o Soldado fuzileiro
para o pelotão. Cada um aprende uma função específica.
Cada uma dessas fases é avaliada por uma equipe que vem de fora, de um
órgão superior, com Oficiais Superiores para verificar o aprendizado. Inclusive no período
básico também há inspeção.
Agora, todos podem realizar exercícios, com sua formação completa, é hora da
simulação de combate. Aí vem os TRL, Teste e Reação de Líder, ou com nomes mais
modernos, EDL, Exercícios de Desenvolvimento de Liderança, que em tese serve para os
Oficiais mais novos e Sargentos de todas as idades desenvolverem suas capacidades de
liderar os pelotões, lembro que eram exercícios extremamente extenuantes, havia um tipo
de farofa para alimentação, que eu chamava de jatapô, porque a dificuldade maior vinha
no final do processo digestivo. Carregamento de peso, longa distância para percorrer
devidamente equipado com mochila, capacete e armamento.
Terminado este período o recruta está pronto para voltar à vida civil. O Soldado
faz uma vez este exercício e depois vai embora, de modo que o recruta sempre terá
dezenove anos, mas o graduado que realiza todo ano, vai envelhecendo...
-Pronto Capitão, seu blindado já foi abatido. Ficou louco, mas eu relutei:
-Ainda tenho mais um AT-4 aqui Capitão, pois é previsto dois, o senhor inventou
um blindado eu inventei um canhão.
Gritei imediatamente:
mesma maneira juram à bandeira e se convocados um dia, passam primeiro pelo devido
treinamento intensivo e após isso recebem a missão de combate. Recomendo o filme
Nascido para Matar, é antigo, mas dá pra se ter uma noção do recrutamento e depois o
ambiente de combate ok? Bom filme.
31
Capítulo VII
A Disciplina no Exército
Cada Soldado tem uma ficha disciplinar onde são registradas todas as suas
punições e elogios. Cada punição tem seu grau de severidade que pode levar a prisões e
colocar o Soldado no comportamento “mau”, pois como já disse, ele entra já no “bom”
podendo cair para “insuficiente” e “mau”, depois disso, só resta à expulsão à bem da
disciplina, tal como é registrada. O problema de ser expulso é que você poderá enfrentar
problemas futuros. Na minha época, chamava-se popularmente de terceira, ou seja,
aqueles que saíam expulsos, ficavam com uma anotação no seu certificado.
Justiça Militar.
Honra ao Mérito.
Todo militar que cumpre o seu ano obrigatório de forma exemplar recebe um
certificado, cuja importância muitas empresas reconhecem e muito contribui para o retorno
do jovem à vida civil. É uma lembrança que ficará para a vida toda, além de trazer
benefícios financeiros, uma vez que enriquece o currículo do jovem e traz um atestado de
sua dedicação ao serviço e de sua conduta exemplar.
32
Capítulo VIII
Questão previdenciária
Caros amigos, como falei no início, faço questão de destacar este capítulo, que
à primeira vista nada tem a ver com o ano de recrutamento, mas penso que está
intimamente ligado, porque para começar será um ano contado para sua aposentadoria, e
vejo que pouquíssima gente se preocupa com seu futuro nesta área, até porque é costume
do brasileiro deixar tudo para última hora, quanto mais a aposentadoria que está longe.
Mas se você começar a se preocupar hoje, certamente terá um futuro mais tranquilo.
Ressalto mais uma vez prezado amigo, pense na sua aposentadoria agora, até
porque futuramente não será só você, provavelmente terá uma família, e na sua ausência
eles terão um amparo financeiro, pois como disse o famoso pastor Claudio Duarte, todos
estamos numa fila invisível da morte onde a qualquer momento alguém poderá gritar
dezoito! E aí pode ser a sua ou minha senha, poderá chegar a nossa vez!
Capítulo IX
O Concurso Público.
Emprego não está fácil para ninguém, e na esfera privada seu patrão visará
acima de tudo o lucro para sua empresa, o que é normal. Poucos são os que tratam seus
empregados como o bem mais valioso da empresa.
Lógico que há exceções, mas o nome já fala, são exceções. Nesse meio não há
estabilidade no emprego, poucas são as empresas que tem plano de carreira, em muitas
delas a rotação de funcionários é alta, as ameaças de demissões existem, chamados de
fação...Contudo há aqueles que são felizes e desenvolvem um excelente trabalho nessas
empresas, quer ser um deles? Então seja um excelente funcionário com uma excelente
formação, pois seu patrão não encontrará alguém à sua altura e pagará melhor salário
para mantê-lo. Esse é o segredo! Fazer a diferença e não ser apenas mais um. Observe o
jogo de xadrez amigo, se você for um peão haverá muitos iguais a você, ambos com pouca
importância, diferentemente de um cavalo ou dama, que são especializados e importantes
no jogo. Vejo muitas pessoas reclamando de seus salários, mas em contrapartida poucas
estudando ou se especializando na sua área, mão de obra sem formação é barata. Mas o
que fazer então para trabalhar no serviço público? Resposta simples, concurso público. O
concurso lhe abrirá portas na esfera pública.
Se você está trabalhando numa empresa que não te dá valor, estude e saia, vá
atrás de seu sonho, você não nasceu derrotado, aliás já foi um vencedor desde o ventre de
sua mãe, pois concorreu com milhões de espermatozoides e venceu. Não deixe as
pessoas o rotularem, nunca diga: -Não vou ser nada, pois na minha família ninguém é
nada... Não é assim, eu fui o primeiro de minha família a ter curso superior, realizei à duras
penas enquanto trabalhava no quartel, foi difícil, aliás, resumo faculdade numa palavra:
sacrifício.
34
Muitas pessoas são derrotadas aqui, nesta fase do eu não consigo, concurso é
difícil e muitos exigem formação superior... e eu só com o Mobral..., poucos passam
adiante. Dentre esses poucos, menos ainda estudam o suficiente e o correto para passar
num concurso. A estatística aponta que apenas dez por cento estudam para passar. O
restante são aventureiros, ou seja, são aqueles que são pressionados pelos pais para
estudar, são esposas e maridos, cujos cônjuges incentivam, muitos mesmo nem a
inscrição fariam se não fosse pelos seus familiares. O negócio é estar entre a décima
parte, a que realmente estuda sem estar se enganando. Agora como saber se estou
estudando o que é certo para o concurso que farei? Digo que você deve olhar com cuidado
o edital do seu concurso, é nele que está contido todas as informações necessárias para a
realização da prova, de modo que se cair no teste alguma questão cujo assunto não
constava do referido edital, esta questão pode ser anulada. Vai ter teste físico no seu
concurso? Comece treinando cedo, pois marmelada na hora da morte mata! Una o útil ao
agradável, isto é, treine para o teste físico, e resolva o estresse para se preparar para a
prova escrita. Cuidado com lesões, pois como fará a prova machucado? Jogar bola
então... Já era amigo, bola é um jogo para se jogar depois de formado e trabalhando na
área, acredite, sempre vai ter um cabeça de bagre que não sabe brincar. Já imaginou você
aprovado num concurso difícil, vai comemorar com uma pelada as vésperas da prova
física? Só se for maluco, bebedeira com a galera ainda? Deixe esses amigos, que são
amigos sim é da onça!
Foi essa luta que me fez estudar para alcançar um emprego na vida pública.
Lutei até que consegui fazer carreira militar, porém depois de alguns anos, vi que o
exército já não me oferecia o que queria, estudei de novo, passei em outro concurso e pedi
baixa. O negócio é este, lembre-se da frase: o realista ajusta a vela! Não adianta ficar
reclamando, o negócio é correr atrás do prejuízo, não esperar pelos outros, pelo governo,
é por isso que as pessoas de sucesso são poucas, reclamar é fácil, mas agir é difícil.
Durante meus longos anos no exército ouvi falar muito que nossos chefes estavam lutando
por nós, de que em breve sairiam aumentos de salário, melhores condições surgiriam, mas
35
na prática pouca coisa mudava, até que lutei e Graças a Deus, consegui melhorar a minha
vida.
Fique atento, carreira é concurso público, pesquise, leia! pois já com quinze
anos você pode ingressar na escola de piloto de caça, por exemplo. Eu lembro que tomei
conhecimento já no meu último ano para fazer concurso para a EsPCEx, que era com 19
anos, era evidente que não passaria, não tinha preparação, nem dinheiro para a inscrição,
já para sargento, na época, era até 23 anos, ocasião em que tive tempo de me preparar.
Conhecimento é tudo.
Avaliação
Não quero que você se frustre mais tarde ao ser aprovado num concurso, ter
uma bela carreira, mas não atingir o topo dela, ou ver um colega seu, com menor mérito
intelectual subir vertiginosamente a escala hierárquica, ou saltar à frente dos demais,
mesmo sem aprovação de seus pares ou iguais. O que acontece na esfera pública em
geral é que todos sofrerão avaliação que poderão ser as mais diversas, inclusive subjetiva
de seu chefe, o nome já diz tudo, é o que ele acha de você. Você deve se preocupar é em
fazer um bom trabalho, ser pontual, cumpridor de suas obrigações e um bom colega para
com os seus pares. O restante será consequência disto.
Concursados e comissionados
Amigo jovem, nós que não temos padrinhos, não estamos destinados a
morrermos pagãos. Mais uma vez digo: Quem luta consegue. E o concurso, na minha
visão, é a forma mais democrática de contratação, pois ali, o que conta é a capacidade
intelectual de cada um. O que quero é despertar em você a vontade de estudar, que
deixemos todos nós de sermos aqueles brasileiros conformados, que só querem saber do
futebol das quartas e domingos, do pão e circo, e formemos uma nova mentalidade. Basta
estudar, insistir que venceremos.
36
Capítulo X
Eu mesmo confesso que já ouvi muito essa frase e penso que você que deseja
servir também se pergunta. As Forças Armadas em geral são destinadas ao combate
externo, ou seja, guerra ente países. Quanto à luta interna, a ordem pública fica nas mãos
das policias militares e civis. Pode acontecer um conflito interno ainda, do tipo que ocorre
na Colômbia, onde as FARC lutavam para dominar o país. Nesse caso cabem as Forças
Armadas o combate desse tipo de guerrilha, também.
Depois dos combates ocorridos na Ucrânia, no ano de 2022, creio que muitas
dessas dúvidas caíram por terra, bem como aquela velha opinião de que armas matam e
não precisamos de uma força armada, etc, tudo quando vimos um presidente
desarmamentista, querendo às pressas, armar o povo com coquetéis incendiários para
combater.
Capítulo XI
Aqui resumo este livro amigo: depende do que você quer! Como assim deve
estar perguntando, digo o seguinte: deseja fazer carreira militar? Sente pendor para as
armas, nesse caso recomendo que sirva para saber como é, e se caso se identificar com o
que viveu nesse ano pode decidir em fazer os concursos dos quais falei, desistiu da ideia
ao passar por essa experiência? Menos mal do que eu que investi dezessete anos, realizei
cursos temporários e de carreira para depois disso dar baixa, concorda?
Você terá que ter em mente que, no início, o salário pago ao recruta é baixo,
não terá uma carreira, aos menos que você faça concurso e seja obviamente aprovado. Se
vier a engajar, todos os anos você passará por uma avaliação subjetiva dos seus
superiores, isto quer dizer, haverá reuniões das quais ouvi muito: “O pessoal temporário
não está mostrando serviço, iremos mandar embora alguns...” No ano obrigatório ficará
difícil para você se manter nos estudos porque ficará muito tempo dentro do quartel, de
início a quarentena, duas semanas, no mínimo, de internato, com jornada das seis horas
até perto da meia noite... O tratamento será bastante enérgico, tudo o que fará será
correndo, com gritos e muita pressão. O sono fará parte constante de sua rotina, devido ao
desgaste intenso.
Como fechamento desta obra, digo que se quer mesmo ser militar, que lute pela
carreira, melhor ainda se for oficial, pois vai desfrutar de muitos benefícios que como
sargento poderá ser menor.
O importante é você tomar uma decisão e seguir adiante, mesmo que depois
tenha que reiniciar o processo. Eu entendi que temos a tendência de sermos cômodos,
que a mudança gera transtorno, mas às vezes, o que nos faz mudar são os obstáculos,
aprendi que eles foram feitos para serem transpostos, a necessidade ensinou a lebre a
correr bem.
Hoje agradeço a Deus por ter chegado até aqui, podendo responder às minhas
indagações da juventude, de ter alcançado meus principais objetivos. Muitas pessoas que
me tiraram da zona de conforto, as quais imensamente, agradeço, foram catapultas que
me fizeram projetar-me adiante para o próximo passo.
39
Outro respondeu:
Você já pensou que às vezes nós podemos ser este cachorro? Que estamos
reclamando, mas não fazemos nada para mudar a situação? Você também já deve ter
ouvido uma estória de uma menina que conversava com um coelho assim:
- Se caminhar bastante!
Amigo, solicito que você reflita sobre esse trecho acima, pois sem planejamento
somente por acaso chegaremos a algum lugar. O grande Marechal Rondon, desbravador
do interior do Brasil, disse que por mais opostas que sejam as direções, um dia todos os
homens virão a se encontrar, então um sincero e forte abraço, até breve!
40
GLOSSÁRIO
Ativa: Quer dizer que o militar está ativo, está prestando o serviço, quem se
aposenta passa para a inatividade.
Bisonho: inexperiente.
Deferido: Concedido.
Engajar: é quando o militar quer ficar por mais um ano prestando o serviço, no
qual deixa de ser recruta e passa a ser soldado antigo, engajado.
Pagar: Sofrer, gíria militar. Ex: paguei trinta flexões, tive que fazer trinta flexões.
Papirar: Estudar.
Rancho: refeitório.
Refratário: aquele que não se alista no ano devido e deixa pra fazê-lo no ano
seguinte ou posterior.