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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL

SENAI SUL

ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

A GUERRA DOS NAVEGADORES DE INTERNET

ELIEL DA SILVA VIEIRA

Joinville, 2021
A GUERRA DOS NAVEGADORES

A guerra dos browsers ou guerra dos navegadores web acarretou

várias mudanças para algumas empresas e revolucionou o ramo

de TI em várias outras e em seus softwares.

Aconteceram duas desavenças entre os navegadores, a primeira

de 1995 à 2001, e a segunda de 2004 à 2017.

A PRIMEIRA GUERRA

A nossa história tem início em dezembro de 1994, com o primeiro

competidor: o Netscape Navigator. A internet comercial estava

só começando no mundo, e as pessoas que acessavam sites

tinham pouquíssimas opções. Uma delas era o NCSA Mosaic,

Centro Nacional de Aplicações de Supercomputação.

Ele foi o primeiro navegador popular do mercado na era da World

Wide Web, mas era mais um projeto científico, cheio de jovens

mentes com potencial. Vários desenvolvedores então


licenciaram o Mosaic e lançaram versões próprias que

deflagraram uma espécie de guerra civil de versões, mas

nenhuma realmente se destacou.

Foi por isso que em 1994 o engenheiro Marc Andreesen, junto

com outros colegas que também trabalhavam no Mosaic, criaram

a Netscape Navigator, um browser que se aproveitava do

potencial comercial do antigo Mosaic. Esse foi de longe o

programa do tipo mais bem-sucedido da época, criou funções e

conceitos que viraram moda em sites dos anos 90: uso de

cookies, fontes personalizadas, cor de fundo e outros padrões da

indústria.

Em agosto de 1995, a empresa fez uma oferta pública de ações

imensa e passou a valer 2 bilhões de dólares. Ou seja, com um

único produto e um setor tão novo quanto esse. Em 1996, a

Netscape atingiu quase 80% do mercado. Foi inevitável: o


sucesso financeiro e de software chamaram a atenção da

Microsoft.

UMA RIVAL DE PESO

Bill Gates não ligava até aquele momento para a internet como

lucro. Mas o Netscape cresceu, e clientes empresariais

começaram a cobrar. Aí uma equipe que meses depois faria o

Internet Explorer foi até a rival para uma reunião. A Microsoft diz

que tudo correu bem e, depois de pegar umas dicas, eles estavam

prontos. A Netscape relata que o encontro foi hostil, e a gigante

deu um ultimato, algo como: “se juntem a nós ou sofram as

consequências”. Qualquer diálogo acabou ali.

Essa reunião definiu a Primeira Guerra dos Navegadores. Bill

Gates mandou para a equipe um memorando chamado “O tsunami

da internet", falando da importância da rede e da rivalidade com

a Netscape.
O Internet Explorer nasceu do pacote Plus, do Windows 95, uma

expansão paga que pela primeira vez embutia um navegador em

um sistema operacional. Essa foi (e ainda é) a arma da Microsoft

no mercado de navegadores: trazer o produto instalado de fábrica

no sistema operacional mais popular do mundo.

O Netscape era pago ou vinha em pacotes dependendo de onde

o PC era adquirido. Sites começaram a mostrar avisos no topo

informando se rodavam melhor no Netscape ou no Explorer, até

como um tipo débito campanha.

Logo depois, o IE 2 foi lançado como um download gratuito em

novembro de 1995. O IE 3 tinha CSS implementado e

praticamente igualou o Netscape em funções. Para o IE 4, a

Microsoft, que tinha bem mais recursos financeiros que a rival,

fez uma enorme campanha de marketing, que funcionou.

Segundo dizem, a Microsoft teria entregado no escritório da

Netscape uma logo metálica enorme do IE. A concorrente

vandalizou o objeto e postou uma foto do dinossauro, símbolo da


companhia, pisando no concorrente. Naquela época, o jogo ainda

era favorável pra Netscape: 72% contra 18% do Explorer.

PROBLEMAS NA CORTE

A vitória começava a se concretizar, mas não viria tão fácil. Em

1988, a Microsoft precisou depor em uma comissão antitruste

nos Estados Unidos, pelas acusações de monopólio em sistema

operacional e browser. Isso era injusto porque oferecia uma

opção desde o começo e, como a velocidade de download na

época era lenta, muita gente nem conhecia outro navegador ou

evitava baixar mesmo.

O argumento da gigante era de que aquilo era uma inovação e

resultado da competição de mercado, porque Windows e IE eram

só produto. Até Bill Gates acabou depondo e foi considerado

evasivo nas respostas, e pedidos foram feitos para que o

presidente Bill Clinton interferisse, o que não aconteceu.

A empresa foi condenada por monopólio e enfraquecer as

correntes com práticas de mercado, mas recorreu da decisão. O

processo se arrastou até 2002 com um acordo, que previa só que

a Microsoft compartilhasse a sua API e tivesse um

monitoramento especial de práticas. Essas obrigações

expiraram em 2007, praticamente no começo da segunda guerra.

Já a Netscape se afundou. Em 1988, no que parecia um ótimo

negócio, ela foi comprada pela gigante AOL, e aí poderia competir


de igual para igual com a Microsoft. Só que a AOL começou a

chutar a Netscape para escanteio, e isso só piorou em 2001,

quando ela mesma fez uma fusão com a Time Warner, em um dos

piores negócios já efetuados no mundo da tecnologia, quase

matando a própria AOL. A marca Netscape deixou de existir só

em 2008, mas bem antes disso já tinha virado peça de museu.

Foi pouco tempo de calmaria no mercado de navegadores. O

Explorer chegou em 2002 a nada menos que 96% da fatia de

consumo de browsers, a maior marca já atingida por um produto

nessa área, e que dificilmente será batida em algum dia. Ninguém

parecia disposto a competir.

A SEGUNDA GRANDE GUERRA

Aí começou a preparação para a Segunda Guerra dos

Navegadores, que teve maiores dimensões que a primeira, mas

não foi tão sangrenta ou baixa. O primeiro novo oponente que


nasceu das cinzas do Netscape foi uma proposta diferenciada: a

Mozilla com o seu Firefox.

O navegador saiu em novembro de 2004 e chegou a ser um bom

competidor. Segundo o NetApplications, no final de 2008, o

Firefox tinha 20,78% do mercado de navegadores, contra 71,99%

do absoluto Internet Explorer. Ainda estava longe, mas foi a

primeira vez que ele se sentiu levemente ameaçado.

O Opera, apesar de ser sempre um concorrente por fora, foi o

responsável por lançar inovações como a navegação por abas.

Só que ele se tornou grátis só em 2005, tarde demais para

alcançar as rivais.

NASCE O NOVO LÍDER


Um pouco antes desse período, teve início também a guerra de

Steve Jobs contra o Flash, e a Apple começou a desenvolver a

engine de layout WebKit. Uma versão open-source dele seria

incorporada a um projeto do Google que seria lançado em

setembro de 2008.

O CEO da época, Eric Schmidt, se recusava a aprovar um

navegador por anos, por achar que a empresa ainda era pequena

demais para apostar nisso, mas considerou o Chrome tão bom

que liberou o desenvolvimento. Ele foi criado com mais de 25

bibliotecas de código de parcerias e códigos abertos. No primeiro

dia, graças aos usuários curiosos já ganhou 1% do mercado.

Só que, em 2009 e 2010, o Firefox teve pequenas vitórias: a

versão 3.5 foi considerada pelo StatCounter a build mais usada,

ganhando até dos Internet Explorer da época, o 7 e o 8.


A ARRANCADA FINAL

E aí o Chrome acelerou. A ultrapassagem no Firefox aconteceu

na metade de 2011, e um ano depois ele deixava para trás

também o Internet Explorer. Esse, aliás, ficou cada vez mais

decadente. Ele caiu dos 50% pela primeira vez em outubro de

2010 e não lançava versões tão rapidamente quanto Firefox e

Chrome, o que significa que novidades demoravam 1 ano ou mais

para chegar.

Em 17 de março de 2015, o primeiro competidor se retirou: o IE

foi aposentado para dar vida ao Project Spartan, codinome do que

seria o Microsoft Edge. Ele prometia visual, funções e

desempenho repaginados para pegar a Segunda Guerra dos

Navegadores ainda em andamento.

Segundo o NetApplications, em junho de 2018, a situação era a

seguinte. Chrome aparecia com 62% do mercado, contra 16,5%


da combinação Explorer e Edge. Firefox tinha 10%, e Opera lá

atrás, com 1,5%.

E isso não conta o mobile, onde o consumo do Chrome é três

vezes maior que o do segundo colocado, o Safari. Firefox e Edge

são praticamente de nicho em dispositivos móveis.

O Chrome está confortável na liderança, faz mudanças pontuais

e arrisca menos para não desagradar, apesar de ainda ter os

problemas de consumo de RAM. O Firefox é o que mais tenta

inovar, e a versão Quantum e a parceria com um gerenciador de

senhas provaram isso. Contudo, parece que nada é suficiente

para causar um conflito.

“A Microsoft bem que tentou, mas não deu: o Internet Explorer foi

aposentado; o Edge até é mais simpático, mas continua sendo o

navegador padrão até você baixar o seu favorito.”

Opera e Safari seguem por fora, o primeiro com mais inovações

que o segundo, mas sem arranhar a concorrência. E nada indica

que vem aí um browser inédito para balançar a indústria.

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