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Orador 1
A biomedicina entrou na minha vida de uma forma muito inusitada. Eu não tinha essa
perspectiva na infância de fazer nenhuma área da ciência, especificamente falando.
Mas foi através de uma vendedora de livros no ônibus e nesse nesse discurso que ela
fazia. Ela sempre dizia que as pessoas poderiam encontrar a cura para o diabetes
com aquelas receitas que ali estavam.

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Fiquei o tempo inteiro querendo falar pra ela que ela não podia dizer aquilo porque
não existia a cura para o diabetes, muito menos ali nas receitas que ela trazia. E
eu comentei que eu estava fazendo pré vestibular para tentar a medicina, que na
época era o que eu achava que queria, e ela me disse que a pessoa que
supervisionava ela sugeriu que eu fizesse biomedicina.

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E foi assim que a biomedicina entrou na minha vida. Olha, eu acho que as principais
barreira que eu encontrei na minha carreira nesse momento de ingresso no mercado de
trabalho foi justamente quando eu comecei a fazer iniciação científica. Mas quando
eu comecei a sequer xonada no meu trabalho por alguns desses pesquisadores que nem
faziam parte do meu grupo de pesquisa, eu comecei a perceber que existia um
tratamento diferenciado para quem era menina mulher naquele espaço e pra quem era
homem.

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E, obviamente, por ser uma mulher negra, existe uma outra camada, que é a camada
racial, que deixa tudo mais difícil. Então, a nossa luta hoje não é pela presença
em si das mulheres nesses espaços, mas sim por sermos ouvidas e termos posições de
decisão. Esse papel inspiracional e de encorajamento para outras mulheres que
ingressarem continuarem e se desenvolverem dentro da ciência.

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E começou, pelo menos pra mim, realmente, depois do sequenciamento do vírus da
fome, de dizer não uma mulher negra e cientista jovem brasileira de repente figurar
como protagonista nesse lugar de trazer informações sobre os isso que pra gente
ainda era muito desconhecido naquele país, naquele período início de 2020. Mas eu
acho que para os brasileiros e principalmente pras brasileiras cientistas, aquilo
foi um motivo de muito orgulho.

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Eu não. Não vou dizer que vai ser um mar de rosas. Não, não é, não será. Mas o
processo, ele leva a um lugar muito bonito lá na frente. Então não desista. Acho
que essa palavra é a expressão é não desistir, resistir. Eu sou Jaqueline Gomes de
Jesus, sou mulher, negra, nordestina, forrozeira, biomédica, mestre em
Biotecnologia, em Saúde, Medicina Investigativa, Doutora em Patologia Humana e Pós
Doutora em Doenças Infecciosas.

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Orador 1
Eu sou professora, sou pesquisadora, divulgadora científica, palestrante e mais
recentemente coordeno também uma rede de colaboração para o sequenciamento genético
e vigilância de vírus.

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