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UNIR – FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE VILHENA – Departamentos de Jornalismo - Dejor


Curso de Jornalismo
Disciplina: Gêneros Jornalísticos I

O suicídio nas regiões indígenas, abordada na reportagem “São Gabriel e seus


demônios”. Da repórter Natália Viana

RESENHA CRITICA apresentada como tarefa de


aproveitamento à disciplina Gêneros Jornalísticos
I, do curso de Jornalismo, sob a responsabilidade
do Prof. Thales H. Pimenta.

Aluna: Jaqueline Antunes Damaceno

Vilhena - RO
14/04/2016
O suicídio nas regiões indígenas, abordada na reportagem
“São Gabriel e seus demônios”.

Ao se falar em números de mortos, no Brasil, a sociedade já não se espanta com as


altas porcentagens apresentadas pela imprensa e a mídia. Nos últimos anos, o Brasil registrou
os mais altos números de mortes causadas por homicídios; acidentes no trânsito; violência;
doenças crônicas; etc. Um dado importante que a sociedade brasileira pouco vê nas notícias
trazidas por jornais, sites, redes televisivas e rádios. É o alto índice de mortes causadas pelo
suicídio.

Quando se fala dados de mortes causadas pelo suicídio no brasil. Descobrimos que
eles são poucos noticiados pela imprensa. Existe uma espécie de camuflagem feita pelos
jornais. O fato é no Brasil existe um grande índice de suicídio, e esses números vêm
aumentando a cada ano. O site G1 fez uma matéria sobre a porcentagem de suicido nos país,
com base no relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde. Segundo o relatório,
“804 mil pessoas cometem suicídio todos os anos – taxa de 11,4 mortes para cada grupo de
100 mil habitantes. De acordo com a agência das Nações Unidas, 75% dos casos envolvem
pessoas de países onde a renda é considerada baixa ou média.” (SITE G1). O levantamento
mostra que o Brasil é o oitavo país com alto índice de suicídio. Podemos observar que a
imprensa e a mídia em geral, não abrem espaços nas paginas de suas noticias para falarem
nesse aumento nos números de tentativas e mortes por suicídio.

Outro dado importante e pouco mostrado pela mídia é o suicídio entre os povos
indígenas. Em um ranking de municípios brasileiros com maior numero de suicídio a cidade
de São Gabriel da Cachoeira, com uma população quase toda indígena, localizada no noroeste
da Amazônia. Ocupa o primeiro lugar de mortes por suicídio. Os dados em pesquisas e
relatorias sobre suicídio entre os indígenas são muito grandes. Com base nisso a Agência
Pública de reportagem e jornalismo investigativo sob o comando da jornalista investigativa
Natália Viana produziu uma reportagem pautada sobre as altas taxas de suicídio entre os
jovens indígenas. Para isso a repórter Natalia foi até o alto do Rio negro, para intender como
aquela região está em primeiro lugar nos rankings de suicídio.

A reportagem intitulada “São Gabriel e seus demônios”, produzida pela repórter


Natália Viana, aborda diversos casos de suicídio misteriosos quem assombraram a região de
São Gabriel da Cachoeira na Amazônia desde 2000. Logo no inicio da reportagem temos um
relato sobre a vida da primeira vitima do suicídio. Descreve como a vítima estava agindo dias
antes do ato e como ela retirou sua vida. Durante vários momentos da reportagem temos
relatos de como outras pessoas, principalmente adolescentes (entre 13 e 22 anos) cometeram o
suicídio. Trazem relatos de familiares, amigos e as autoridades policiais, organizações e
entidades hospitalares, como médicos, psicólogos, psiquiatras. Podemos destacar algumas
historias contada pelas pessoas que tiveram alguém morto, vítima do suicídio. Como o caso
de uma mãe, hoje vereadora, que perdeu os dois filhos.

Durante a reportagem a repórter apresenta os registros em porcentagens de suicídio


daquela região e como as autoridades tratavam dos inúmeros casos de morte. Ao se falar em
suicídio na região, se aborda diversas possibilidades que poderia ser as causas para aquelas
mortes. Para a população indígena as crenças religiosas foram uma das principais causas que
ocasionaram as mortes. Outro motivo é as condições precárias daquelas comunidades, a
repórter em uma pequena passagem nessas condições. “nas ruas de terra, sem ligação de água
ou esgoto, a iluminação era precária e não havia nenhum transporte público” (pág. 05).

A Pública1 traz ainda nesta reportagem todo o contexto histórico daquela região.
Através de um levantamento histórico a repórter Natália, mostra os problemas que os
adolescentes indígenas têm sofrido com o fortalecimento do exército militar em 2004 aos
redores da comunidade São Gabriel e vizinhos. O assédio às crianças, adolescentes e mulheres
foi o marco dessa época. Antes de finalizar, Natália ainda apresenta mais relatos e dados de
organizações indígenas para ajudar no melhor entendimento sobre como a reportagem.

Ao se falar na construção desta reportagem, podemos observar que a repórter para


fazer esta matéria reproduziu as informações obtidas com as fontes, através das entrevistas
com familiares, amigos e pessoas próximas às vítimas, e autoridades policiais, organizações
governamentais e indígenas, antropólogos e entidades hospitalares, como médicos,
psicólogos, psiquiatras. Ela reproduz todas as informações obtidas para uma linguagem
comum e com a visão jornalista. Nesta entrevista a repórter utilizou de dois tipos de fontes
para obter os dados informativos para a construção de seu texto. As fontes primárias e
secundárias.
1
Modelo de jornalismo sem fins lucrativos para manter a independência. A missão é produzir reportagens de
fôlego pautadas pelo interesse público, sobre as grandes questões do país do ponto de vista da população –
visando ao fortalecimento do direito à informação, à qualificação do debate democrático e à promoção dos
direitos humanos.
No livro A reportagem, Nilson Lage classifica esses dois tipos de fontes. Ele diz que
“Fontes primárias são aquelas em que o jornalista se baseia para conhecer o essencial de uma
matéria; fornecem fatos; versões e números. Fontes secundárias são consultadas para a
preparação de uma pauta ou a construção das premissas genéricas ou contextos ambientais”
(LAGE, pág. 65-6). Suponhamos que nesta reportagem as fontes primárias sejam as pessoas
próximas a vítimas, autoridades policiais, organizações governamentais e indígenas e
entidades hospitalares. A partir destes dados a repórter consulta as fontes secundárias que
podem ser antropólogos entrevistados, médicos, psicólogos, psiquiatras que trabalharam com
as vitimas do suicídio.

A repórter fez um ótimo trabalho trazendo todas as informações necessárias para que o
leitor pudesse se questionar sobre qual dos elementos apresentados, pudessem ser o mais
próximos aos motivos verdadeiros para o alto índice de suicídio entre os indígenas daquela
região. Podemos dizer que para uma reportagem como essa, extensa e cheia de informações.
A editora responsável pelo projeto. Utilizou o procedimento de pautas para melhor absorver
as informações necessárias para as versões de causas pelos suicídios. Como nós leitores, não
sabemos qual o esquema de pauta que a repórter Natália e sua equipe de produção planejaram
para a edição desta matéria. Não podemos avaliar o processo de construção da reportagem.

Mas podemos dizer que o editor da Pública utilizou de um esquema de pauta na


reportagem. Pois a pauta nada mais é que um esquema onde o jornalista disponibiliza todas as
informações necessárias para preparar sua pesquisa sobre a matéria a qual vai escrever. De
acordo com o autor Lage (pag.34), pauta é “ a listagem dos fatos a serem cobertos, assuntos a
serem abordados em reportagem, além de indicações logísticas e técnicas”. Com base nas
orientações dadas por Nelson Lage às pautas servem como orientação aos jornalistas, na
realização de uma entrevista. Tem como objetivo facilitar a preparação de uma matéria.
Concluindo, pode ser realizado por um jornalista, a edição ou um pauteiro especializado.

Retomando para a reportagem, podemos dizer que a repórter utilizou de uma narrativa
poética na introdução e algumas vezes retomando esta narrativa no meio da matéria. Ela
apresentou dados e informações pertinentes como a situação social e o conteúdo simbólico
daquela comunidade. Dados importantes que nos fazem refletir sobre as situações de vidas
destes indígenas. Como eles lidam com esses inúmeros suicídios?
Ao terminar a leitura da reportagem nos perguntamos, por que a mídia brasileira não
apresenta, ou informam, para o restante da sociedade brasileira, através de sites, jornais
impressos, televisão, estas histórias e estes dados de suicídios que aumentam a cada ano nas
terras indígenas? Seja qual for a resposta para esta pergunta, precisamos abrir os olhos para
essas pessoas que vivem nessas aldeias e comunidades. Juntamente com os órgãos
governamentais, a imprensa e a mídia, garantindo uma ajuda à diminuição de tantas vidas
perdidas. Esquecida pela mídia.

LAGE, Nilson. A Reportagem - Teoria e Técnica de Entrevista. Rio de Janeiro: Record, 2003.
192 p.

GLOBO, Brasil é o 8º país com mais suicídios no mundo, aponta relatório da OMS.
<http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/09/brasil-e-o-8-pais-com-mais-suicidios-
no-mundo-aponta-relatorio-da-oms.html>

ECONOMIA.http://saude.ig.com.br/minhasaude/2014-10-08/suicidio-de-indios-no-brasil-
chega-a-ser-seis-vezes-maior-do-que-taxa-nacional.html

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