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DEN AN Ree tps folalalalalntaleialelalekalatetelales Wilson 4 Cayo AMPHIS-§ TEORIA E EMPIRIA Departamento de Historia - U.S.P. Area: Histéria Econémica Coordenadorar Profa. Dra. Vera Lucia Amaral Ferlini Palestrante: Wilson do Nascimento Barbosa (Ph.D.) Pés-Graduagio 17 de setembro de 1992. 1. Inteoduese Uma das argumentagBes mais estranhas que porventura escuto nas discusstes sobre metodologia, @ aquela que apresenta a teoria como algo separado da empiria, ou a empiria como algo que pode existir, ou estar separado da troria. Entende bem a discussao de prioridade da “teoria" ou da “empiria", porque, afinal, ela pretende nos definir se o conhecimento ¢ "herdado pela espécie", apenas, ou nso. A discussao, porém, da desnecessidade da teoria ou da empiria, considera um absurdo, algo desprovido de senso comum. Concepts and D.8. Moore, no seu livre "Statistics Controversies" (1977), coloca este problema mais ou menos assim: “see 5B 08 COnceitos e as notes teoricas 580 fracas, medida alguma, n¥o importa qu¥o precisa, far& avangar uma cifncia explicativa. Em otros termos, pode ser desapontador tentar madir aquile que nao se compreende". Vejamos, poi ‘as argumentagBes implicitas na negagtio da relagio mitua entre teoria e empiriar (1) existencia independente @ nXo-relacionada entre ambas as esferas"y (2) uma certa possibiiidade de se entender teoricamente o que no se conhace ampiricamentes (3) uma certa possibilidade de se obter resultados de medic%o, que n&o se entende teoricamentes (4) 86 possui significado o que n¥o # elaborado por via emptrica: (5) 86 possui significado o que n&o & elaborado por via teorica. Penso que estas cinco formulagbes se constituem um ponto-de-partida interessante para discutir o problema das relagses do tedrico com o empirico, do ponto-de-vista metadologico. 0 raciocinio de Moore que acabei de citar, encerra © sofisma classico que vem sendo repetido ha centenas de anos contra a possibilidade empirica de enxistir um otalmente empirico". 0 subconjunto de explicaso que é " argumento também encerra uma afirmag&o correta, qual seija, que, embora a experi€ncia gere o conhecimento, este modifica a experi@ncia, a ponto de gerar esta maravilha que & o desenvolvimento indireto do conhecimento, sem recurso & experiencia prépria. Assim, qualquer pessoa de inteligéncia comum pode, em 4 ou S anos, tornar-se um fisico de primeira linha apenas através do estudo de livros e artigos, elaborados por pesquisadores avangados do amo. Posso até mesmo experimentar emog6es © sensages, a vida de outra cultura, apenas pelo acesso & palavra escrita, Esta extraordinaria libertag#o do homem para o mundo do pensamento, que gerou por completo a literatura detetivesca, cujo grande expoente irénico continua a ser o bom Sherlock, no pode obscurecer o fato de que necessitamos avangar permanentemente na fronteira da experiencia, por mais simbélica ou volatil que seia, aparentemente, a sua forma. udependente: mpirico_ Podemas, portanto, afirmar que, do ponto de vista da metodologia cientifica, existe uma relativa autonomia da "teoria" © da "empiria", sendo que estas palavras expressam de fato momentos do processo do conhecimento, em que a praética se transforma em abstragio & a abstrag¥o @ devolvida A pratica. E implicativo dai, um subconjunto de légica inferencial proprio da empiria, @ outro subconjunte préprio da teoria. Tais subconjuntos alinientam-se reciprocamante, Pedendo-se, portanto, estabelecer areas de conhecimento que formalmente, isto @, do ponto de vista da teoria, estso em irreparavel antagonismo. Tal no poderia ocorrer, & evidente, se a identificacto entre "teoria” @ "empiria" nXo fosse parcial, isto @, proviséria pelo especitico deélas mesmas. Temos dai que anegasto da relagio mitua entre “teoria" @ “empiria” @ apenas um “momento” da afirmag%o, seja da sua necesséria dependéncia, seja da sua relativa independencia. A sua independéncia #, insisto, mutuamente mantida, portanto, "relativa", (2) Papel dos Subconijuntos Teoric Conhecimenta. e Empirico no Processo do pois, a Da reflexto metodolégica destacam-se evidencia de que se pode entender, até um certo ponto, teoricamente, um fendmeno (ou relagto de fenémenos), que nio Se conhece empiricamente, Hegel referia~se a iste como o “conhecimento que decorre das préprias relactes entre as palavras @ 9 processo de pensamento”. Por outro lado, a reciproca encerrada em (3) 6 verdadeira: pode-se obter “observagtes" ou “resultados de medicio" -que escapam da teoria J& existente e, a0 serem percebidas, produzem nova “teoria". Isto porque a perceps#o empirica gera sua propria historia de entendimento que difere, ¢ dbvio, da légica do conhecimento da teoria. Caso contrério nasceriamos tudo sabendo, e a “@iperi@ncia" seria apenas relembrar das inscrighes genéticas da “experiéncia da matéria", algo assim como a visto que Giordano Bruno tinha do mundo. Conseqiientemente, as vistes (4) © (5) s%0 extremismos prejudiciais. NXo Podemos elaborar, cada qual, uma “teoria pure" sem a “mancha do empirico", nem uma “empiria pura", sem a "mancha de tebrico"; pode-se apenas contribuir dentro de um espago mator, 9 conjunta dos pesquisaderes, para uma viteria momentanea do teérica ou do empirico. (3) 0 Que & Um Pesauisad Ou seja: embora cada qual possa, como cientista Social, dedicar-se 8 "teoria" e/ou & “empiria", nXo pode fgnorar que estas areas do procedimento conhecimental teem de prépric, sob pena de ignorar a experiéncia historica dos Pesquisadores que o antecederam. Neste sentido, © pesquisador de ci@ncia social n¥o @ diferente do pesquisador de ciencia natural. Ele Gesenvolve o conhecimento de sua area a partir de uma base cultural, que implica inclusive em vieses como ideologias soriais, psicologias grupais, preconceitos, etc. Cada Pesquisador vive, dentro do ambiente de sua area, um Processo de auto-estabelecimento. Este processo implica, @ Obviot (a) reconhecimento do meio: (b) reconhecimento de si— Propriey © (c) a gradual definic&o de uma estratégia Profissional. &m todos estes aspectos influi a base cultural em que © pesquisader se insere, e@ ele n&o deve ser tio ingenuo = ponte de acreditar que n&o expressa também as foreas malignas" da sua sociedade ou cultura. Un pesquisador social, como qualquer outro infiividuo, pode ser mais intuitivo ou mais racional. Cede ou tarde, contuda, chegaré ele & consciencia explicita de que Possui uma estratégia profissional e, conseqtlentemente, faz Parte de um grupo de epiniso. Isso influe na escolha das suas areas de interesse, em seus objetos de pesquisa, etc., mas n&@ deve bloquear sua vis8o critica e, particularmente, seu esforso autocritico, O pesquisador ou pesquisadora @, assim, uma pessoa fame outra qualquer, que, levada por seus interesses @ experiencias, resolve dedicar-se ao trabalho intelectual. Esta area de atividades, apos certo tempo de pratica, requer & Produgso de resultados originais. novas explicagses que Sorrespondem 3 necessidades culturais de todo o tipo. 0 pesquisador, portanto, habilita-se a buscar estas. informagtes, dar-lhes tratamento @ apresentar “produtos : aut SHO ponte de referencia para a acto cultural de individuos ou de grupos. Como um especialista que se torna, @ um Profissional definido. Deve amadurecer suas proposicOes @ reflextes, por via de uma estratégia profissional que lhe Possibilite um publico especitico, com que "dialoga”. Censeqtientemente, sua vida profissional requer uma estratégia profissional. 0 pesquisader deve, tanto quanto possivel, definir qual-sera seu perfil no futuro; que areas Ge conhecimente ele trabalharés quais os Procedimentos de pesquisa @ meio instrumentais ele aprenders para cumprir Seus ebjetivos programaticos, etc. E claro que a estratéegia Profissional n&o deve ser imutavel; ela deve ser modi ficada pare @xpressar a experiencia do préprio pesquisador. Mas o pesguisador nie deve trabalhar a esmo. Ele deve ser o timoneire de si proprio. O trabalho cientitico, como os demais, exige Sonformism> @ tende @ levar ao conformismo. A elaboracko de ina estratégia profissienal ¢, pois, importante instrumento na luta contra a mediocrizagie. Um intelectual nto deve ser Spenas um burecrata da cultura. Ele deve permanecer vivo, cone Profissional. Deve conhecer os seus defeitos; @ deve Sonstruir modes de reduzir-lhes o poder. @ conscitncia das chamadas “pré-condigtes do pesquisador” contribui para este esforso de melhoria. De acorde com as "pré-condighes" do pesquisador, Sto estes os fatores de base que prejudicam seu trabalho: (@) Ves de formag¥o académica para compreender o fenomenc ou tendmencs estudados; (0) valores* preconceituosos da sua formag¥o social © individual; (C) dificuldade para aprender novas metodologias e perceber 0 que & nove. (4) Papel. a Estrategia de Pesquisa. Uma parte decisiva da estratégia profissional do pesduisador @ a efetivag#o dos seus projetos, oul. pelo menos, de muitos deles. 0 pesquisador se desenvolve como um Sspecialista, mas, por isso mesmo, ele @ especialista em tudo aquilo sobre que cenciuiu um trabalho de pesquisa especifico, que se chama projeto. O que @ um projeto de pesquisa? E um plano para obter informastes sobre um dado problema, com vistas a analisé-lo ey talvez — "resolvé-1o", ou seja, “desproblematiza-lo". @ vida de um pesquisador social 4, Seralmente, pontilhada pelos projetos que realizou © que mapesam, em certa extensso, as suas opgties, seu "aparato metodolégico" © seu "aparato teérico-conceitual". Por esta raze, ha uma "linha" implicita de PESGUIsS, perceptivel através dos projetos realizados por um pesduisador. Ou seja, esta linha implicita revela a estratégis profissional “ex-post” do pesquisador. Pertanto, quando o pesquisador deseja estudar um Problema, ou um nticleo de problemas relacionados, ele deve elaborar um projeto sobre este tema de pesquisa, que @ a Premissa para se aprofundar no assunto. fo processo de escolher a objeto @ montar o projeto de Pesquisa, com a listagem dos meios, tempo # recursos Mecessarios, chama-se "estrategia de pesquisa". Aqui no Departamento de Histeria da U-S.P., trabalhamos com varios modelos de “estratagia de pesquisa”, eu mermas para elaboragso de projetos. Uns so mais detalhados, "outros menes, todos estes modelos visam, Gentuda, © mesmo objetivo, qual seja, permitir ao mestrande ou deuterando clariticar a trabalho que deseja fazer, desde uma base de partida. Apresentarmi, pois, arbitrariamente alguns reteiros de estrategia de pesquisa, sem = preocupasto de que SeJam melhores ou piores que outros modelos, mas no intuito de trazer a quest&o “em qué consiste um projeto". Vejamos um roteiro: 1._Introdugso, 2. Id@ia Inicial. 5. Obietivo de Pesquisa, 4. Impertancia do Temae Justiticativa. 5. Teoria. 5.1. Base Tedrica. 5-2. Relagso da Idéia Inicial com a Teoria. 5.3. Hipoteses, logia. 6.1. Normas © Procedimentos de Pesquisa. 6.2. Base Metodologica. 4.3. Fontes de Dados: (A) Fontes Documentais (B) Produgao de Base de Dados 6-4. Coleta de Dados 6-5. Como Limitar as Hipoteses 7+ _Gpresentacso dos Resultado: 1. Analise dos Dados. +2. Redag#o do Relatério. +3. Realimentagio da Teoria. Vou precurar esclarecer cada um dos itens do referido roteiro, embora a maioria seja auto~evidente, Le NSHO ~ Aqui apresenta-se em geral o significado da 4rea de pesquisa, o papel desta drea em relag¥o @ outras no momento atual, etc. Introduz-se também a maneira como se chegou & idéia inicial. 2. Id@ia_Inicial - Apresenta-se a idéia da qual se partiu, a maneira como ela nos foi sugerida, por alguma teoria, ou fese, etc. Por exemplo, um texto, um capitulo, um paragrato Ge algum teerico ou pesquisador pode-me fornecer a idéia inicial, da qual extrairei um "objeto" euma "problematizag’o do objeto". (@) Ex.: 8 mnogo de Keynes sobre “pleno emprego" conduz a Mesto de “mercado do emprego", de “equilibrio de subemprego", de "oferta de emprego" @ assim sucessivamente, Pat a nogito keynesiana: "0 mercado do emprego pode estar em equilibrio ou desequilibrio. 0 mercado esta em equilibrio se, (1) para dado nivel de salarios, as quantidades de trabalho oferecidas e procuradas se ajustam (Ox = Pe) ou (8. = DL) (6) (IT) Q mercado do emprego wst& em desequilibrio se On = Py . OQ mercado esta em situagso de subemprego se a procura Ja de emprego for maior que a oferta; ou # (Pe > Ow) D mercado ests em situagio de sobre-emprego se a oferta de empregos excede @ procura; ou seja: (Px < Ou) Esta "nogto keynesiana" me sugere que na cidade de S¥o Paulo, entre 1920 & 1970, © mercado do emprego sempre esteve em desequilibrio. Surge-me o objeto: (e) "OQ Mercado de Emprego na Cidade de S%o Paulo: 1920-1970" (4) Cabe-me agora "problematizar” meu “objeto”. Faco~ihe a) Perguntas, dentro da logica da nosto tedrica que me serviu de partida: ~ qual a importancia do equilibrio do mercado do emprego? ~ qual a importancia do desequilibrio do mercado do emprego? ~ que significa a nogto keynesiana do mercado do emprego, 8 luz da experiéncia histérica da industrializacap da cidade de S¥0 Paulo? ~ © possivel tratar historicamente a nosto keynesiana de mercado do emprego? ~ 850 8 resposta seja positiva, quais as categorias e as metodologias que se prestam para problematizar @ analisar a "problematizag%o deste objeto"? 7 sual a importancia do desequilibrio do mercado do emprego na industrializagao de Sto Paulo? 7 @ importancia @ para a industrializag§o ou para outro aspecto? ~ seria para "qualquer tipo de transformag¥o"? Mesmo n¥o-industrial? ~ @ esta periodizag%o (1920-1970) adequada?, ~ emo posse analisa—la com objetividade? Etc, etc. Vemos, portant (a) base teorica (b) id@ia inicial (c) objeto (d) problematizagaa do objeto ete Que podemos observar? Os melhores projetos nascem sempre da um interesse teerico que o pesquisador tem. Ele deseja verificar uma Preposic#o de um grande teorico, ou de um estudo-de- fase, com relasto a um dado pertodo ou lugar. Dat que esta "teoria basica" sirva de cartilha para conceber um "objeto", @ assim sucessivamente. (2) @ estrategia de uma pesquisa, ou a elaborag#o de um Projeto decorre sempre sob a forma de um fluxo, que @ preciso apreender. Daf a grande importancia do Pesquisador tentativamente colocar no papel todas as “fases" ou “etapas" sucessivas porque passa ou deve Passar seu racioctnio, estabelecendo, através desse “programa de flues", um roteiro cada vez mais seguro e mais aperteigoado do seu projeto. (3) 8 relagso "base, teorica" “idéia inicial” indica como fm geral os candidates a pesquisadores padecem de pobreza teorica" ou seja, suas leituras sso insuficientes para 2 préprie objeto de Pesquisa. Portanto, antes de pretender fazer uma Pesquisa, devo meditar sobre minha "estrategia Profissional" @ 6 problema das "pré-condigtes do Pesquisader”. Nenhum orientador pode resolver meus Problemas, que esto na origem das minhas decistes. $6 @epois de saber 0 que quero, posso me propor, por exemplo, a fazer uma pesquisa, 3. Obirto de Pesaui a - Nes item, expli co gual @ meu opjetor suas relates com outros que sejam importantes para & 4rea de pesquisas a problematizag¥o do mesmo. 4. Importance Tema. Justificativa - Neste tépico, precuro partir da "base teérica" @ da “problematizag’o", fazendo uma breve histéria das mesmas, utilizando a literatura existente sobre a Area, no caso de que no seja Gompleks inovagso. No caso de no existir uma literatura cientifica sobre o tema, apresento meus proprios argumentos te@ricos, postulados, etc. 4d NRO posse esquecer os dois pontos centrais; (a) impertancia do tema; (b) como tal justifica uma pesquisa sobr 2 mesma. 5. TRoria - Neste topico reapresenta-se problema da teoria, porém de um modo mais dinamico, mais elaborado. Mostro come a "base te6rica” @ a "idéia inicial” puderam, através de uma série de respostas iniciais, se enriquecer mutuamente a pento de produzir dois grupos de ideias: (a) Postulados te@ricos da pesquisa; @ (b) as hipéteses a seren testadas na pesquisa. As "hipsteses" devem preferencialmente uabedecer a uma redagio do tipo: "(a) que... entso . (b) etey" NaS pesquisas qualitativas as hipateses também podem ++ em tal case ; etc, Ser redigidas sob # forma de postulados a serem comprovados. "Postulados a comprovar: (a) ete." 6: Metedelodia - Neste item explico as norms e¢ Procedimentos = que a pesquisa esté submetida, a opg4o pelo Senjunto de “ferramentas" @ aetodos de procedimento, um por (ims Porqué escolhidos, etc. Explica-se a metodologia de todas as etapas da pesquisa, @ porque hd diferengas nestas metodologias, caso haja, etc. Os meios auxiliares ficam bem Gefinidos (auxiliar de pesquisa: calculadoras; computadores Possiveis “soft” em uso, etc). Além da “base metodolégica", analiso a “fonte de dados” © suas necessérias relaghes com a mesma base. Por exemplo: Gefing a natureza da fonte de dados (abservago, erperiencia, questionario, entrevistas, andlise de fontes) @ ® Procedimento para a construg$o da mostragem. Fsta “mostragem", "amostra” ou “base de dados" € que vai-me permitir testar minhas hipoteses. Discuto, portanto, as fontes, matodos de coleta, procedimentos, possivel tratamento, etc, de modo a resolver previamente tode reteiro da metodologia. Os itens (4), (5) & (6) do projeto SHO OS mais extensivos, com textos aprovimados de 5 a 6 Paginas cada. Ali esté o corag%o do projeto. Ali aparece o que sabemos @ nfo sabemos fazer. Uns 70% de cada pesquisa bem sucedida se deve & qualidade do projeto. Se o projeto resolve previamente 05 problemas, a pesquisa consegue Superar todas as dificuldades. Quando a projeto # ruim, o pesquisador acaba desistinds de realizé-1o, ou nunca resolve © probema de mode satisfaterio. Por exemplo, a maioria dos projetos de candidaton Sestuma ser t8o ruim que n¥o incluem uma proposta de: (a) coleta de dados; (b) produgso da base de dados (ou amostra) & (©) como esta base de dados vai, na pratica limitar as hipoteses do item 5; tais projetos nada incluem sobre a transformasto das varidveis teéricas em varidveis mediveisscategorias em uso, etc. 7+ @presentagso dos Resultados - Neste tépico discuto os Procedimentos metodolégicos previstos para a andlise « interpretagao das informagtes que vou extrair da base-de- Gados ou amostra e como estes procedimentos explicam o nivel Ge metiaczo, abstragiio e/ou generalizagto que espero obter com a efetivagto desta parte da pesquisa. 8. Crenegrama - Este ponte explica detalhamente o processo Global da pesquisa distribuido no tempo, as sobreposighes possiveis em determinadas partes do trabalho, etc. Pode ser Gomplementade por alguns dos fluvogramas elaborados para toda @ planejamento do trabalho. %. Riblicorafia Rasica - Este item compreende uma listagem Gas obras referidas no projeto, obras da base teorica © da area de pesquisa em geral que estou utilizando ¢ pretendo utilizar, bem comp as fontes cablveis para a anélise de dados Portanto, o fluxograma inicial que o pesquisador Segue obedece aproximadamente os seguintes momentos: estratégia profissional J pré-condigtes do pesquisador bbservagko teérica idéia inicial escolha do objeto J pré-teoria (aparato teérico conceitual + vieses) problematizag#o do objeto + pressupostos para desenvolvimento da teoria hipéteses da pesquisa 1} Pscolha da base de dados J opshes metodologicas 1 operacionalizaggo: - construg#o da base de dados (amostra) H y ~ organizagao e estruturasto das exigencias técnicas (opgtes metodole— gicas II) @ psicolégicas J anélise e interpretagao dos resultados da base de dados v processo de abstragso: - verificag#o das hipdteses — contribuictes para a teoria v relatorio de pesquisa. Este fluxograma pode ser complementada pelo roteiro sintético, que se segue: 7 Aparato teorico-conceitual: (limitagto & vantagem do Pesquisador) exe: marxista estrutural~funcionalista etc. J perspectiva teérica v formilagto de hipdteses Selecta de fontes - problematizacso definite dos postulados sobre natureza e/ou funcionamento de objeto, a uz de tenrias espectficas: elabora¢ao das hipéteses e selegio coerentes das fontes; ©8 problemas teoricos definidos sxo mediveis? Sim Nao fatores de ordenagao da 4rea consta dos problemas: + gual @ unidade de medida da variavel(eis) teorica(s)? (como encontrar ou elaborar um sistema de medida que cubra o contetido da variavel teérica escolhida?) definic¢#o passo-a-passo dos contetidos conceituais gemandados para efetuar a "medig#o” ou “aproximag’o" explicativa. + definig#o do fluxo a ser medido + definig#o das categorias e/ou conceitos que cobrem o movimento do fluo + definig#o da cadeia de relagtes mituas ou unilaterais + @laboragto do fluxograma e/ou cartogramas respectivos + listagem das palavras-chaves (ou catego- rias) envolvidas na sdtuag¥o (estar consciente de que nao hd categorias neutras; evitar "Salada de frutas") responder & pergunta: ¢ possivel quantificar esta “base de dados" por via desta "problematizag&o"? 9 Sim assegurar vigencia da teoria escolhida na elaboragso do resposta modelo escolhido Sis nx. elaborar estudo para andlise | qualitativa Construgsio da base selegito de dados de dados (se necessario) (amostra) uso de questionaric uso de entrevista 17 JL processamento da informagso 1 > metodes quantitativos técnicas especiais para escolha | selegao v - Use da amostra probabilistica. 2 - problema da representa- representatividade tividade ha respondentes? possibilidade efetiva de uso do = sim questionario & metodo escolhido Visto como Para processar engajamento pelo respondente? (perigo: desvio quanto @ populagao que representa) S > @ preciso medir o que se pretende medir (verificac&o das variaveis abstratas com as mediveis) (postulado da validez da pesquisa) ~ completar a coleta de, dados { prinetoie meio (tim . S~ transformar a informagao em sintetizar a infor unidades estatisticas X — mag#o obtida (codificagao) (quantitative) (qualitative) (perigo: interpretar mais de que a informagxo diz) obs: (@) a8 grandezas numéricas s¥o "fotogratias", “estados" de uma realidade em movimento (continuo x discreto) (b) Como se pode descrever quantitativamente fenomenos que s%o qualitativos? @ ~ Escolha da base de dadost definicho da forma de uma pesquisa defindr qual © melhor meio para reunir a informagao necesséria ao estudo da problematizag¥o do objeto, + observagxo + experiencia + questionario ? + entrevista + ANAlise de fontes primarias secundarias & epsso pela forma da base de dados & fornecida pelo planejamento prévio da pesquisa, particularmente: + fixagso do objeto; + Problematizag’o, com estabelecimento dos limites e/ou parametros a utilizar; + formilagso da base teérica e das hipéteses de pesquisa; + Operacionalizagéo das variaveis abstratas por via das variaveis que sero medida + detinig#o dos modelos provaveig + levantamento, por sensibilidade, dos resultados possiveis. "> NaS cincias sociais, o question4rio, a entrevista © 8 an&lise de fontes s#o os meios mais comuns de Goletar informagtes para a montagem da amostra. ~ Operacionalizagxo (a parte mais dificil). transformar cada hipotese num numero pequeno de Variaveis abstratas. 19 (9 melhor @ 34 ter @ variavel abstrata incluida na hipétese) gefinir como cada varisvel abstrata explicitamente esta ligada a uma variavel medivel. superar 0 “problema de comunicas&o" com o material da amostra, ou base de dados: + 9 Que oO "material" (ou os entrevistados. ou respondentes) diz (dizem)?; @ 0 mesmo que eu entendo? + @laborar quadro definicional “teoria-empiria". grande j \ pequena disttncia ¥ y / distancia urbane; enquanto \ distancia portadores de renda { distancia } aplicar 0 quadro definicional “teoria-empiria"” a cada uma das hipateses, resolvendo o prablema da relag¥o “variavel abstrata" X "variavel medivel". (Chama-se a este “problema da operacionalizasio das hipoteses"). chega-se ao seguinte resultado: cada hipotese toi transformada em um, ou mais, "postulado quantitativo, cuje verdade @ proviséria, até a medig&o das “variaveis mediveis" correspondentes da amostra. (a1, no outro caso, "postulado qualitative”) ~ Importancia do nivel de medida (do fenomeno considerads, por via das variaveis mediveis): estabelecer escalas de medidas que permitem explicar os resultados das variaveis mediveis; ‘criar as escalas; vadotar a partir de outros trabalhos (préprios ou alheias; mio esquecer de citd—los); wtilizar amplamente a teoria do método quantitative (ou gualitativo) aplicado para explicar 0 "desempenho das variaveis mediveis" (uma por uma); (qual o contetide de Anformac&e que reside nos niimeros obtidos); Bscrever logo para cada resultado o texto analitico (aplicagao da teoria do método) seguide do texto interpretativo (usar, de preferencia, esferograticas de cor diferente). No caso de codificagio da amostra, tomar cuidado para n&e confundir os ntimeros que representam diferentes escalas. Por exemplor + escala que mede “propriedade" ou “caracteristica” chama-se "escala de nivel nominal”. "Voce viaja de Onibus intermunicipal? + SIM (1) + NAD (2) + NPQ SEI (3)" No caso, a codificagio define uma “caracteristica” » mio uma “quantidade". Portanto, ela define uma diferenca de propriedade, que, por conveniéncia, deu-se @ forma numérica. Para medir a quantidade de uma propriedade, usa-se a “escala de nivel ordinal", ou seia, pode-se comparar duas unidades quantitativamente. Ex Quantas vezes voc@ viaja de énibus intermunicipal? (1) pouco (de duas a quatro vezes por semana) (2) medio (de cinco a dez vezes por semana) (3) muite (de onze a mais de vinte vezes por Semana)" V@-se que hd um intervalo de escala que é aproximadamente @ dobro de um caso para o outro, Permitindo uma comparagto da caracteristica em termos de quantidade. Usa-se muito também em codificagio, 0 aproveitamento da Scala de nivel de quocientes". Por exemplo: idade, Somprimento de distancias, densidade demogratica, renda nacional per capita, renda disponivel por classes arbitrarias (8, B,C, D), renda familiar per capita, ete. Conclue-se, portanto, pela possibilidade de pertencer a uma ou mais escalas para dada variavel, dependendo spenas de como @ construida a fonte de informagto (questionario, listas de dados, etc.). Por exemplo, uma variavel de escala nominal, que normalmente indica "caracteristica" pode ser usada como Sxpresséo de uma quantidade qualquer que signifique diferenga qualitativa. Nesse caso, ela assume também a condigto de uma variavel de escala ordinal. Exe: "Que atividade atlética desempenha? (1) remador (2) pugilista (3) esquiador" Tratacse de uma escala nominal, porque expressa apenas. “caracteristica". No entanto: "Voce prefere 0 esporte que requer que grau de resistencia no preparo? (2) menor = remador (2) médio — esquiador (3) maior ~ pugilista as "variaveis mediveis" podem ser medidas de tres maneiras: (@) Sineronica .- mesmo ponto no tempos diferentes Pontos ne espago; (b) diacrénica - diferentes pontos no tempo; diferentes Ou mesmo ponto no espago; (C) mista ~ mistura de (a) © (b). v tistar cada variavel medivel e optar pelo método ou métodos quantitativo(s) a ser(em) usado(s). aplicar o metodo as Variaveis, grupo a grupo, obtendo o resultado empirico referente a cada hipétese (empiria), 4 fazer 0 primeiro exame de coerencia dos resultados @ do grau de validade dos mesmos (singular; particular; geral). J ~ Analise © Interpretagio dos Resultados (da amostra). v Per em divida qualquer procedimento cujo uso Parega ser indicado como falseador pelos resultados; (cheque de bom-senso). : Vv per acaso ocerreu algum defeito sistematico na coleta ou Precessamento de dados que possa estar sendo indicado pelos resultados? (cheque de validade). 5 (a) h@ outro procedimento quantitative que pode ser Usado Para verificar os resultados? SIM use-o. (cheque de comparabilidade). rever todo o fluxograma dos procedimentos para procurar Srres e/ou insuficiencias antes de dar por finalizada a “anlise @ interpretas#o" dos resultados; Blaborar a analise possivel de ser feita de cada hipetese ou postulado, & luz dos resultados das variaveis mediveis; a partir dai interpretar as suas relastes mituas, os mecanismos descobertos, etc. Elaborar os fluyogramas respectivos. Respeitar sempre o “nivel de medida” do metodo quantitative utilizado. (0 valor do ntmero representa uma propriedade do fenemeno) . aplicar repetidamente 0 "principio de validez da pesquisa" durante @ "analise e@ interpretasio dos resultados", nunca praticar, na elaboracio do relatério, o "principio do gato de botas" (trazer o que no vai buscar!) variavel teoricamente definida validez (b) variavel medivel, comprobabilidade Operacionalmente definida (dos dados e proce— dimentos) (ou sejat outro pode reproduzir) (©) intormagso Tabulada confia~ bilidade (d) analise © interpretagxo da informassa tabulada no relatOrio da pesquisa sé podem ser incluidos elementos comprovaveis (ou seja, que satistazem a condi¢%o de comprobabilidade). listar o que ha de original na “andlise e interpretagzo dos resultados", para elaborar 0 texto das “contribuigtes da pesquisa” e "Conclus#o Final" elaborar um texto explicativo para cada tabela ou grafico incluido no relatério e sé incluir material explicado (nivel mestrado e doutorado). estabelecer uma “hierarquia” eiplicativa do material amalisado (o que © principal); o que & secund4rio; o que @ terciério, etc, numa escala de importancia erplicativa das hipoteses, comprovadas ou nfo- comprovadas). Penso haver com este roteiro estabelecido algumas das questtes praticas que “atacam" o pesquisador social no Seu trabalho e@ que, quando respondidas com dedicagio, Permitem elaborar um relatério de pesquisa satisfatério, @ que reflita procedimentos objetivos em uso nas ciéncias Sociais, * BIBLIOGRAFIA (1) BLALOCK, H.M., dr = "Theory Construction" ~ (Prentice- Hall, Englewood Cliffs, 1969). (2) BRENNER, M.t MARSH, P.; BRENNER, M. - "The Social Context of Methods" ~ (Croon Helm, Londres, 1978). (3) MOORE D.S. - "Statistics ~ Concepts and Controversies" (WeH. Freeman, 8. Francisco, 1979).

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