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TRANSFORMAÇÕES DA SOCIEDADE
RESUMO
Este artigo apresenta considerações acerca da maneira como o pensador russo Mikhail
Bakhtin vê a importância dos gêneros discursivos nas relações sociais. Apresenta
ligeiras compreensões do filósofo Norbert Elias acerca da relação do indivíduo com a
sociedade. Partindo desses autores, estabeleceremos a importância dos mesmos na
construção deste estudo, que busca a conexão do movimento pan-africanista, da
negritude e do socialismo com as organizações do Movimento Negro no Maranhão.
Nele encontraremos também uma breve exposição dos movimentos em questão.
Palavras-chave: Discurso, Negritude, Pan-africanismo, Socialismo.
RESUME
This article presents considerations about how the russian thinker Mikhail Bakhtin sees
the importance of discoursive genres in social relations. It presents light understandings
of the philosopher Norbert Elias about the individual's relationship with society. Based
on these authors, we will establish their importance in the construction of the master's
thesis that seeks to connect the pan-Africanist movement, blackness and socialism with
the organizations of the Black Movement in Maranhão. In it we will also find a brief
exposition of the mentioned movements.
INTRODUÇÃO
A construção da história penso não ocorre sem uma linguagem (oral, escrita,
imagética, etc.), sem a interação dos indivíduos em sociedade e sem a construção de um
discurso, nas suas variadas formas. Vários autores se destacaram de forma muito
profunda sobre os temas citados. O russo Bakhtin desenvolveu várias teorias sobre o
uso do discurso e de como isso provoca transformações na sociedade. Norbert Elias, ao
apresentar a relação do indivíduo com a sociedade, mostra que o papel do indivíduo na
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Economista, professor de História em Estudos Africanos e mestrando em História pela Universidade Federal do
Maranhão.
construção da história e dos discursos não existe e não se propaga sem a interação com
o coletivo.
Tais intelectuais, pela via de seus escritos, não só transformaram espaços locais
como produziram modificações em outras regiões do planeta. Suas ideias cruzaram
fronteiras e foram fundamentais para a construção de outros indivíduos e grupos para
além dos seus locais de origem. As ideias do pan-africanismo, da negritude e do
socialismo circularam na Europa, no continente africano e chegaram no Brasil e no
Maranhão.
Tais indivíduos construíram coletivos a serviço de suas causas e pela via dos
diálogos com o conjunto da sociedade em que estavam inseridas suas ações, formaram
grupos minoritários, no primeiro momento, mas depois irão influenciar outros grupos
sociais em várias partes do mundo.
Para isso, eles, no seu tempo, construíram discursos com o objetivo de fortalecer
e fundamentar suas lutas. Mesmo que de forma inconsciente e talvez sem o domínio dos
escritos de Bakhtin eles estavam criando, nas palavras do referido autor, seus próprios
repertórios “de formas discursivas da comunicação ideológica cotidiana. [...] uma
unidade ininterrupta e orgânica entre a forma da comunicação (por exemplo, a
comunicação direta e técnica no trabalho), a forma do enunciado (uma réplica curta
relacionada ao trabalho) e o seu tema. (VOLÓCHINOV, 2018 p.109).
Essas relações políticas são realizadas entre indivíduos e muitos deles têm um
papel destacado dentro de determinadas sociedades. Grande parte dos autores que
permeiam minha pesquisa viraram lideranças em movimentos políticos que
transformaram as instituições nas sociedades em que atuaram. De Kwame Nkrumah até
Karl Marx isso fica claro. No entanto, tais indivíduos não são heróis ou seres
iluminados e divinos, são produtores de história a partir de uma relação social.
O discurso do Pan-Africanismo
Pela escrita de Noleto (2020), pela obra de Márcio Paim, verifica-se que o
movimento pan-africanista será uma das mais importantes expressões políticas do
Movimento Negro Mundial. Embora ele tenha atingido grande parte do planeta (África,
América e Europa), na sua constituição original nem continha a denominação de pan-
africanista e nem foi criada por atores ou autores africanos. Sua origem ocorre nos
países de língua inglesa e por negros que já faziam parte da diáspora africana. Sua
perspectiva ideológica estava restrita ao binômio: libertação e integração. (PAIM, 2014,
p.88)
A pesquisa nos revelou que alguns autores, entre eles Paim (2014), classificaram
as várias fases e os respectivos protagonistas do movimento pan-africanista. Teremos
Du Bois como representante do Pan-africanismo educacional, Booker T. Washington
como representante do Pan-africanismo econômico, Edward Wilmot Blyden e
Alexander Crummel do Pan-africanismo religioso, Marcus Garvey responsável pela
universalização e radicalização da unidade pan-africana, mas ao mesmo tempo foi o
difusor do Rastafarianismo dentro da vertente do pan-africanismo religioso e, por
último, George Padmore e Kwame Nkrumah como representantes do Pan-africanismo
socialista. Por essa divisão percebemos que a cada fase, com certeza, iremos encontrar
linguagens diferenciadas e, por conseguinte, discursos também diferenciados, ainda que
todos buscassem a mesma estratégia.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
ELIAS, Norbert. A Sociedade dos Indivíduos. Organizado por Michael Schröter. Rio
de Janeiro: Zahar.
ENGELS, Frederich; MARX, Karl. Manifesto do Partido Comunista (1848). In: Marx-
Engels. Textos. v. 3. São Paulo: Edições Sociais, 1982. pp 13-47.
RIVAIR MACEDO, José (org.) O pensamento africano no século XX. São Paulo:
Outras Expressões, 2016.