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A Geografia é uma 

das mais antigas ciências desenvolvidas pela civilização ocidental, tendo


seus conceitos básicos delineados na Grécia Antiga, onde esta se desenvolveu como ciência e
método de pensamento filosófico. No início era conhecida como História Natural ou Filosofia
Natural. Como maiores contribuintes deste início do desenvolvimento desta disciplina
podemos citar Tales de Mileto, Heródoto, Eratóstenes, Hiparco, Aristóteles, Estrabão e
Ptolomeu. Com a expansão grega promovida por Alexandre da Macedônia (Alexandre, o
Grande), o interesse pelo estudo das novas terras colonizadas aumenta consideravelmente,
em especial pelos fatores práticos que o conhecimento da matéria proporcionava, como
incremento das técnicas de navegação, que contribuiriam para uma atividade comercial mais
intensa, e bem como os melhoramentos que a geografia adicionava à agricultura, indicando
épocas, climas e solos ideais a um melhor cultivo.

No período de auge do Império Romano, a geografia irá contribuir com mais uma gama de
conhecimentos, como por exemplo o chamado "périplo", ou seja, a descrição dos portos,
rotas e escalas que os navegantes da época dispunham para realizar o comércio, tão
necessário ao funcionamento do Império, e também, por outro lado, garantindo sua eficaz
proteção militar. Dois exemplos de obras dedicadas a este segmento da matéria geográfica
que sobreviveram aos dias atuais são o "Périplo do cartaginês Hanão, o navegador", e outra
de autor não identificado, e mais amplamente difundida, o "Périplo do Mar Eritreu" (Mar
Eritreu é o antigo nome que os gregos utilizavam para se referir ao Mar Vermelho).

Com a queda do Império Romano do Ocidente, os árabes irão se destacar no conhecimento


geográfico, através da tradução de muitas das obras chaves da geografia grega, bem como
obras originais de Al Idrisi ou Ibn Batutta, que percorreu todo o norte da África e Ásia.

Inicialmente, a Geografia foi definida como o estudo da superfície da Terra. O grego


Heródoto (484-420 a.C.) é considerado o pai da Geografia e da História. Nessa mesma época,
nasceu outro ramo da Geografia, denominado Geografia Geral ou Geografia Matemática,
preocupada com a posição da Terra no universo, suas dimensões e representações
cartográficas.

No final do século XVIII, Immanuel Kant (1724-1804), considerado o fundador da Geografia


Moderna, classificou o conhecimento geográfico como uma das partes principais do
conhecimento humano.

A Geografia Física, que engloba o homem, seria um resumo da natureza e a base da história,
havendo ainda outras partes no conhecimento geográfico.

No início da Idade Contemporânea, surgiu a doutrina do Determinismo, segundo a qual o


homem seria resultado exclusivo das forças da natureza, ou seja, do meio ambiente em que
vive. Paralelamente à evolução da New Geography, desenvolveu-se a Geografia Nova ou
Marginal. Recebendo influências do socialismo e do terceiro mundismo (movimento
anticolonialista nascido em 1955), ela se opôs à New Geography, apontando-a como a
Geografia do Imperialismo.
As concepções da Geografia Crítica entraram em confronto com a Geografia Tradicional,
criando uma verdadeira guerra política, já que os geógrafos críticos buscavam uma ação
transformadora da realidade e uma renovação completa do estudo e do ensino da
Geografia. Milton Santos chama a atenção sobre o papel dos Estados nessa construção do
espaço geográfico.

A modernização, no entanto, não atinge todos os lugares ao mesmo tempo, seguindo uma
lógica que é a do capital, e não a dos interesses da maioria dos homens.

O estudo da Geografia deve obedecer às regras metodológicas dessa ciência. A boa aplicação
do Princípio da Extensão faz uso da interdisciplinaridade, recorrendo aos recursos da
cartografia, da estatística e da geodésia.

– Princípio da Analogia – Foi desenvolvido por Ritter. Conhecimentos específicos de


Geografia do Brasil e de Geografia Geral.
– Princípio da Causalidade – Desenvolvido por Humboldt. Aponta a necessidade do
estabelecimento de causas e consequências dos fatos geográficos.
Geografia do Brasil

A partir de um longo e detalhado programa, a maior parte dos vestibulares exige do


candidato uma visão vertical, ou seja, mais profunda, da realidade brasileira

WILSON, Felisberto. G11 - Geografia 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017

. A complexidade dos assuntos tratados em Geografia, bem como a falta de consenso entre
os geógrafos, tornam o exercício de definir a Geografia em algo bastante difícil. Essa
dificuldade em defini-la levou a que o esforço dos geógrafos, longe de conduzir a uma só
definição, resultasse em diferentes definições ou conceitos não obstante, todas as definições
centralizarem o conceito da Geografia na questão de espaço.

Na verdade, no quotidiano observamos fenômenos ligados ao desenvolvimento,


subdesenvolvimento, acidentes naturais (cheias, secas, sismos e vulcões), poluição do meio
ambiente, guerras nos diversos países e tudo isso remete-nos sempre a questões como:
onde? Em que pais?

«O grande poder da Geografia contemporânea não está apenas em enxergar mais longe, em
conhecer terras, e mais terras em todos os horizontes; mas principalmente em localizar com
precisão, delimitar ou correlacionar os fenómenos naturais e culturais que se passam a
superfície da Terra com grande minúcia.» Josué de Castro.

«A Geografia estuda o conjunto dos fenômenos naturais e humanos que constituem


aspectos da superfície da Terra considerados na sua distribuição e relações recíprocas...»
Orlando Ribeiro.
«... Para além de descrever o que capta, a Geografia procura compreender e, para isso, tem
que analisar, interpretar, concluir mas compreender (...) o espaço, ...» Idalina Leite.

Como se pode ver, entre todas as definições que são apresentadas destaca-se o aspecto
espacial e de síntese.

O Objecto de estudo da Geografia

A Geografia como um corpo de conhecimento tem no espaço o seu objecto de estudo. Desde
o seu surgimento, a Geografia preocupou-se em estudar as relações entre o meio e os
diferentes fenómenos físicos e humanos, tomando em conta o carácter espacial. Embora
existam diferenças no modo de encarar o objecto de estudo desde a antiguidade até aos
nossos dias, é consensual que o espaço é o objecto de estudo da Geografia.

Na antiguidade, o espaço geográfico era restrito zona mediterrânica e um pouco as terras em


redor, e era visto como palco de fenómenos que afectavam o dia-a-dia do Homem. Havia a
preocupação de localização absoluta dos fenómenos, mas esta visão alterou-se com o
tempo.

As principais alterações têm relação com o aumento do horizonte geográfico, graças as


viagens de comerciantes, aventureiros e sobretudo das guerras de conquistas e viagens de
descobertas geográficas feitas pelos europeus para o mundo até então desconhecido.

O desenvolvimento social e económico e o surgimento de novas correntes científicas e


filosóficas alteraram profundamente a concepção do espaço.

Actualmente, o espaço tem uma abordagem global em que há interacção entre fenómenos
físicos e humanos.

Posição da Geografia no contexto das ciências

A Geografia estuda e partilha matérias que são do domínio de outras ciências naturais e
humanas ou sociais, das quais se diferencia pelos objectivos de estudo.

Deste modo, mantém relações estreitas com a Meteorologia para obter explicações sobre o
comportamento da atmosfera e dos climas; com a Biologia pode colher informações sobre os
seres vivos; com a Pedologia, obtém conteúdos sobre a origem dos solos, sua composição e
características; com a Hidrologia permite entender a génese dos recursos hídricos, rios,
lagos, mares, oceanos e a sua distribuição geográfica; e em relação à Geologia, obtém
conhecimentos sobre estruturas geológicas, rochas e relevo.

Com a Geografia Económica estabelece relações económicas que lhe fornecem matérias para
o seu estudo do ponto de vista espacial dos fenómenos económicos. Por isso, os geógrafos
falam simultaneamente da Geologia, da Sociologia, da Climatologia, da Economia, da
Demografia, da Hidrologia, da Etnologia e da Botânica, mas este facto não retira à Geografia
o seu carácter espacial e de síntese.

Ao geógrafo interessa saber onde se localizam os fenómenos, a razão da sua localização; que
consequências dai derivam e como pode encontrar, as alternativas espaciais a ser tomadas
nas decisões políticas e económico-sociais para o benefício da humanidade.

Com vista a situar a Geografia no contexto das ciências, alguns geógrafos procuraram
explicar o âmbito específico desta ciência. Entre os estudiosos destacam-se Emmanuel Kant,
Carnap e A. Hettener.

Emmanuel Kant (1724-1804) atribuiu à Geografia o carácter de ciência ideográfica. Segundo


ele, tinha a tarefa de descrever os fenómenos, sem possibilidade de formular leis.

Por sua vez, A. Hettener (1859-1941), da corrente corológica, preocupou-se pela unidade da
Geografia, mostrando que ao longo da sua história, esta ciência é geral e com perspectiva
regional ou corológica, que se preocupa em descrever e interpretar as características
diferentes da superfície da Terra. Ou seja, ciência da diferenciação regional.

Resumindo a Geografia é uma ciência de síntese que estuda os fenómenos físicos e humanos
do ponto de vista espacial ou de distribuição territorial, tomando em conta as diversas
correlações com outras ciências.

Correntes científicas e filosóficas que alteraram profundamente a concepção do espaço que


actualmente tem uma abordagem global em que há interacção entre fenómenos físicos e
humanos rumo à construção do espaço global e ecologicamente harmónico.
Divisões da Geografia

Foi preocupação para os geógrafos estabelecer a divisão da Geografia em ramos de estudo


específicos, tendo em conta a multiplicidade das matérias de estudo desta ciência.

Assim, a Geografia pode ser dividida em dois grandes ramos nomeadamente a Geografia
Humana e a Geografia Física. A Geografia Humana preocupa-se com o estudo da repartição
dos fenómenos humanos, a sua distribuição e inter-relação à superfície do globo, analisando
as actividades econ6micas das populações, organização política do espaço, o urbanismo e a
distribuição da população. A Geografia Física estuda a inter-relação, a distribuição espacial
dos fenómenos ligados as formas do relevo, tipos do clima, acção dos rios e dos mares, solos
e cobertura vegetal.

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