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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UNIRIO)

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS (CCH)


DEPARTAMENTO DE ESTUDOS PROCESSOS BIBLIOTECONÔMICOS (DEPB)
ESCOLA DE BIBLIOTECONOMIA (EB)

ANDRÉIA NASCIMENTO DA CONCEIÇÃO

ADMINISTRAR A PRESERVAÇÃO: UM DESAFIO PARA ALCANÇAR A


CONSERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS

Rio de Janeiro
2013
ANDRÉIA NASCIMENTO DA CONCEIÇÃO

ADMINISTRAR A PRESERVAÇÃO: UM DESAFIO PARA ALCANÇAR A


CONSERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Escola de Biblioteconomia
da Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em
Biblioteconomia.
Orientadora: Profa. MSc. Marília Amaral
Mendes Alves

Rio de Janeiro
2013
C744a CONCEIÇÃO, Andréia Nascimento da.
Administrar a preservação: um desafio para alcançar a
conservação de acervos bibliográficos / Andréia Nascimento
da Conceição. – Rio de Janeiro : [s.n], 2013.
88 f. : il. color. ; 30 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado –


Biblioteconomia)– Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro, Centro de Ciências Humanas e Sociais.
Orientadora: Marília Amaral Mendes Alves, MSc.

1. Política de preservação. 2. Administração da


preservação. 3. Acervo bibliográfico. 4. Gestão de acervo.
5. Acesso à informação. I. Alves, Marília Amaral Mendes.
II. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
Bacharelado em Biblioteconomia. III. Título.

CDD 025.84
ANDRÉIA NASCIMENTO DA CONCEIÇÃO

ADMINISTRAR A APRESERVAÇÃO: UM DESAFIO PARA ALCANÇAR A


CONSERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Escola de Biblioteconomia
da Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em
Biblioteconomia.

Aprovada em: 15 de agosto de 2013.

_________________________________________________
Profa.: MSc. Marília Amaral Mendes Alves (Orientadora)
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

_________________________________________________
Profa.: DSc. Suzete Moeda Mattos
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

_________________________________________________
Prof.: MSc. Fabiano Cataldo de Azevedo
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro
2013
Dedico este trabalho de conclusão do
curso de graduação ao meu Deus
soberano criador do céu, da terra e meu
Senhor. Que me direcionou, sustentou,
protegeu e me manteve em pé em meio
às dificuldades vivenciadas durante todo o
percurso da minha formação, sem a Sua
ajuda eu não teria concluído a minha
graduação. Obrigada Deus pelo Seu amor
e cuidado dispensado sobre minha vida.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, pois sem Ele não seria possível realizar
meu grande sonho: a formação superior. Sou eternamente grata a Ti Senhor por
essa oportunidade.
Ao meu marido Paulo que vivenciou comigo todas as dificuldades e
conquistas durante todo o meu processo de formação.
A minha querida orientadora Professora Msc. Marília Amaral, que em meio a
tantos alunos para tender me ajudou na execução deste trabalho final. Obrigada
professora Marília por toda sua ajuda, apoio e compreensão, sua ajuda foi muito
importante para mim.
Faço um agradecimento especial a todos meus professores do curso de
graduação da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro pelos valiosos ensinamentos durante todo o meu percurso de formação.
Eu os admiro e respeito.
Em particular agradeço a professora MSc. Ana Virginia Teixeira da Paz
Pinheiro e ao Prof. Msc. Fabiano de Azevedo Cataldo por indicação de bibliografias.
Professor Fabiano suas aulas foi uma verdadeira inspiração para execução do meu
trabalho.
A todas as pessoas que me ajudaram, direta ou indiretamente, na execução
deste trabalho em especial agradeço:
É com muito carinho e consideração que agradeço a professora Drnd.
Marianna Zattar Barra Ribeiro pela revisão e correção da formatação do meu
Trabalho de Conclusão de Curso.
Agradeço enormemente a gentileza da Bárbara Mello Guimarães, funcionária
da Biblioteca Central da UNIRIO, pela revisão e correção de todo o texto do meu
Trabalho de Conclusão de Curso.
A Elizabeth Supeleto pelo carinho e disposição em fazer a tradução do
resumo.
À equipe de conservação da Biblioteca Rodolfo Garcia da Academia Brasileira
de Letras, os bibliotecários Julio e Renato Ramos, as técnicas de restauração Luíza
e Mary obrigada por me receberem tão carinhosamente e disponibilizarem tempo
para me atender.
À equipe de conservação da Biblioteca de Ciências Biomédicas do ICICT
FIOCRUZ, em especial a gentileza da bibliotecária chefe Marilene Fragas e do
bibliotecário restaurador Marcelo Lima que abriram as portas dos laboratórios e dos
armazéns para me atender e mostrar os processos de conservação e restauração.
À equipe de conservação do Museu de Astronomia e Ciências Afins, em
particular à Ozana Hannesch, que em meio aos seus compromissos me recebeu e
me concedeu uma parte do seu tempo para me atender tão carinhosamente.
Muito obrigada pela valiosa contribuição que vocês me deram para a
realização do meu Trabalho de Conclusão de Curso.
Por último e não menos importante agradeço aos meus familiares, parentes,
amigas e amigos pela torcida, apoio e incentivo nos meus momentos mais difíceis.
Agora temos mais um motivo para comemorar. Agradeço a Deus pela vida de cada
um. Amo vocês.
“‘Todas as decisões tomadas pelo
administrador da coleção, a partir da
aquisição de uma obra, fazem parte do
processo de deterioração física daquela
obra’. Assim sendo, em cada estágio do
processo de incorporação: tratamento
técnico, depósito, liberação para consulta,
manutenção e eventual exclusão do
acervo, todo o pessoal da biblioteca, e em
especial, aqueles diretamente envolvidos
no planejamento e administração da
coleção, devem ter em mente as
implicações que suas decisões e seus
atos podem acarretar para a preservação
das obras.” (OGDEN, 2001, p. 18).
RESUMO

Instituições como bibliotecas, arquivos e museus possuem em seus acervos


materiais bibliográficos cuja constituição é orgânica. Os maiores objetivos destas
instituições é preservar e dar acesso aos itens do acervo. A preservação é feita por
meio da conservação, restauração e reformatação. A preservação é um conjunto de
medidas necessárias para a manutenção de documentos bibliográficos ou objetos,
englobando a gestão financeira e de pessoal, gestão de armazenamento,
desenvolvimento de políticas, técnicas e métodos de preservação para itens
bibliográficos. A escolha do tema se deu pela importância que representa no
gerenciamento e preservação de acervos bibliográficos. O objetivo do estudo é
apresentar as etapas do planejamento de uma política de preservação, ponderar
sobre o processo da administração da preservação e sua importância e identificar as
ações globais do cotidiano por meio de entrevistas e visitas a bibliotecas
especializadas. Verificou-se que para atingir conservação de acervos bibliográficos e
dar acesso livre aos mesmos é necessário administrar a preservação de forma
eficiente e eficaz, tanto dos recursos financeiros quanto humanos e os
procedimentos de conservação, restauração e reformatação.

Palavras-chave: Política de preservação. Administração da preservação. Acervo


bibliográfico. Gestão de acervo. Acesso à informação.
ABSTRACT

Institutions such as libraries, public records and museums have in their collections
bibliographic materials whose constitution is organic. The major objectives of these
institutions are to preserve and provide access to items of the total access. The
preservation is made through the conservation, restoration and reformatting. The
preservation is a set of necessary measures for the maintenance of bibliographical
documents or objects, encompassing the financial and personnel management,
storage management, policy development, techniques and methods of preservation
for bibliographic items. The choice of the theme was done because of the importance
that it represents in the management and preservation of library collections. The
objective of this study is to present the steps of the planning of a preserving policy, to
ponder over the administration process of preservation and its importance and
identify the global actions of daily life by means of interviews and visits to specialized
libraries. It was found that to achieve conservation of bibliographic collections and
give access it is necessary to manage the preservation efficiently and effectively,
both of human and financial resources as the procedures for the conservation,
restoration and reformatting.

Keywords: Conservation policy. Administration of preservation. Bibliographic


collection. Total access management. Access to information.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Guarda-chuva protetor.............................................................................. 40


Figura 2 O processo de planejamento..................................................................... 43
Figura 3 Mesa/estante para livros acorrentados......................................................53
Figura 4 Códices e incunábulos acorrentados.........................................................54
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 A conservação por meio da adequação de edifícios............................... 45


Tabela 2 A conservação por meio do controle do ambiente.................................. 46
Tabela 3 A conservação por meio do gerenciamento de coleções........................ 47
Tabela 4 Observações nos edifícios nas bibliotecas visitadas................................59
Tabela 5 Observações nos ambientes nas bibliotecas visitadas............................62
Tabela 6 Observações sobre o gerenciamento de coleções nas bibliotecas
visitadas.....................................................................................................
64
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABL Academia Brasileira de Letras


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
BCB Biblioteca de Ciências Biomédicas
BRG Biblioteca Rodolfo Garcia
COP Coordenadoria de Preservação
FBN Fundação Biblioteca Nacional
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz
Lacopd Laboratório de Conservação Preventiva de Documentos
MAST Museu de Astronomia e Ciências Afins
MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................14
2 O ACERVO BIBLIOGRÁFICO.......................................................................15
2.1 O livro e a biblioteca.....................................................................................15
2.2 O papel...........................................................................................................17
3 PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO.............................19
3.1 Conceitos básicos........................................................................................19
3.1.1 Preservação....................................................................................................19
3.1.2 Conservação...................................................................................................21
3.1.3 Restauração....................................................................................................22
3.2 Histórico da preservação.............................................................................24
3.3 Conservar: O quê? Por quê? Como?..........................................................27
3.3.1 O que conservar.............................................................................................27
3.3.2 Por que conservar...........................................................................................28
3.3.3 Como conservar..............................................................................................29
4 POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO: PLANEJAMENTO E
ADMINISTRAÇÃO.........................................................................................31
4.1 Planejamento para preservação..................................................................35
4.2 Administração da preservação....................................................................44
5 A IMPORTÂNCIA DAS PRÁTICAS PRESERVACIONAISTAS....................50
6 ESTUDOS DE CASO.....................................................................................56
6.1 Biblioteca Rodolfo Garcia............................................................................56
6.2 Biblioteca de Ciências Biomédicas.............................................................57
6.3 Biblioteca do Museu de Astronomia e Ciências Afins..............................57
7 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................58
7.1 Quanto aos edifícios.....................................................................................58
7.2 Quanto ao meio ambiente............................................................................60
7.3 Quanto ao acervo..........................................................................................63
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................66
REFERÊNCIAS..............................................................................................67
GLOSSÁRIO..................................................................................................74
ANEXO A – FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE AMOSTRA........77
ANEXO B – FICHA: DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO..........................78
ANEXO C – FICHA: DIAGNÓSTICOS DO ACERVO E ESPAÇO FÍSICO...80
ANEXO D – FICHA: DIAGNÓSTICO DO ACERVO FOTOGRÁFICO...........82
ANEXO E – QUADRO COM LIMITES DE PROTEÇÃO DO EDIFÍFIO.........84
ANEXO F – FLUXO DE TRABALHO DA BRG.............................................85
ANEXO G – QUESTIONÁRIO.......................................................................86
ANEXO H – DICAS DE PRESERVAÇÃO: REGISTROS EM PAPEL..........87
14

1 INTRODUÇÃO

Bibliotecas, arquivos, museus e centros de documentação são instituições


que têm como principal missão adquirir, processar, salvaguardar, dar acesso e
preservar a produção intelectual, seja de uma instituição, uma nação ou de um
cidadão. Mas desde o século passado documentos têm sido perdidos, muitos em
sua totalidade, por falta de uma política de preservação. Às vezes não se executa a
preservação por falta de recursos financeiros, mas de acordo com alguns
especialistas, na maioria das vezes é por falta da capacitação técnica do
responsável pelo acervo e do pessoal que trabalha diretamente com ele, visto que
algumas medidas de preservação não precisam de muitos recursos financeiros.
Por ser um tema muito complexo, muitos preferem nem entrar nesse mérito,
concebendo a ideia de que não conseguirão alcançar tal feito. A importância de que
deve ser dada à política de preservação é devido à falta de perenidade existente nos
itens que formam os acervos bibliográficos. O que faz necessário ter maior atenção
nas condições ambientais de armazenamento, na gestão do acervo e
manuseamento dos itens.
O objetivo geral deste trabalho é identificar o planejamento e a administração
da preservação de acervos bibliográficos, observando-se a Biblioteca Rodolfo
Garcia, Biblioteca de Ciências Biomédicas e a Biblioteca do MAST.
Os objetivos específicos são apresentar as etapas do planejamento de uma
política de preservação, ponderar sobre o processo sua administração e a
importância de sua prática em acervos bibliográficos, além de identificar as ações
globais do cotidiano e as intervenções direcionadas a determinados aspectos de
conservação nas instituições visitadas.
Inicialmente apresenta-se um breve histórico do papel, do livro e da biblioteca
e os conceitos de preservação, conservação, restauração e reformatação.
Para levantamento do referencial teórico, foram realizadas pesquisas a partir
dos textos da coleção Conservação Preventivas em Bibliotecas e Arquivos, além
disso, a presquisa foi complementada com buscas em bases de dados online e
leitura de livros.
A coleta de dados foi realizada por meio de questionário online ou entrevistas
e visitas técnicas.
15

2 O ACERVO BIBLIOGRÁFICO

O acervo bibliográfico se constitui pela “totalidade dos documentos


conservados [...] de uma biblioteca, arquivo ou centro de documentação” (SANTOS;
RIBEIRO, 2003, p. 10). Faria e Pericão (2008, p. 30) designam acervo bibliográfico
como o “conjunto de livros, folhetos, etc. que uma biblioteca possui para uso dos
leitores”.
As características físicas e químicas do acervo bibliográfico o tornam peculiar
quanto a sua durabilidade. A fragilidade existente neste tipo de suporte o deixa
vulnerável, o que limita a vida útil quando não são acondicionados de forma
adequada.

2.1 O livro e a biblioteca

A necessidade de comunicação foi alavanca principal para a origem da


escrita. “Uma escrita é feita de signos. Ela é também uma inscrição: é uma marca
deixada num suporte que se pode conservar” (HAGÈGE, 1985 apud GOMES, 2000,
p. 11). Com origem nas paredes das cavernas, os símbolos de comunicação e os
suportes foram evoluindo ao longo dos séculos, com evolução específica em cada
civilização.

Através dos vários tipos de suportes para a escrita como rochas,


ossos, placas de bronze, tabuletas de argila ou cera, peças de linho,
seda, couro, folhas de árvores, madeira, papiro, papel, [...] e outros, o
homem tem registrado sua vida, seus costumes e deixado sua
herança cultural (GOMES, 2000, p. 13).

De acordo com Caldeira (2002), o livro existe aproximadamente há seis mil


anos.

Os sumérios guardavam suas informações em tijolo de barro. Os


indianos faziam seus livros em folhas de palmeiras. Os maias e os
astecas, antes do descobrimento das Américas, escreviam os livros
em um material macio existente entre a casca das árvores e a
madeira. Os romanos escreviam em tábuas de madeira cobertas
com cera. Os egípcios desenvolveram a tecnologia do papiro, uma
planta encontrada às margens do rio Nilo, suas fibras unidas em tiras
16

serviam como superfície resistente para a escrita hieróglifa


(CALDEIRA, 2002).

Em busca do material apropriado para escrever aliado com demanda da


sociedade, o papel “assumiu preponderância absoluta a partir de Gutenberg”
(OLIVEIRA, 1989, p. 188) atendendo ao grande consumo de papel para a fabricação
de livros.
A manufatura inicial do papel era feito com trapos de tecido e posteriormente
passou a utilizar-se de poupa de madeira, visando à produção em larga escala. A
grande produção de livros acarretou ao aumento considerado de bibliotecas em
todas as sociedades.
A palavra biblioteca é sinônima de “coleção pública ou privada de livros ou
documentos congêneres, organizada para estudo, leitura e consulta” (FERREIRA,
1989, p. 253), além de ser um local de guarda e organização dos suportes
informacionais, a biblioteca tem um cunho preservacionista dos suportes para
garantir basicamente a perpetuação das idéias, costumes, da cultura e do
conhecimento.
Antigamente as “obras mais valiosas [...] eram [colocadas] em bibliotecas”
(CASTRO, 2008, p. 15) para preservá-las. As bibliotecas dessa época eram caixas.
Com origem grega, biblioteca significa “biblión (livros) + teke (caixa, cofre, armazém
ou depósito), denotando, consequentemente, a custódia do material” (CASTRO,
2008, p. 15).
Atualmente “compreende-se biblioteca, [...] em seu sentido mais amplo, como
instituição voltada à reunião (real ou ciberespacial), organização e disseminação do
conhecimento registrado” (MEY; SILVEIRA, 2009, p.1, grifo do autor).
Entretanto

as bibliotecas são anteriores aos livros e até aos manuscritos [...] as


bibliotecas medievais são, na realidade, simples prolongamento das
bibliotecas antigas, tanto na composição, quanto na organização, na
natureza, no funcionamento [...]. mais diferença existe,
materialmente, na própria Antiguidade, entre as bibliotecas ‘minerais’,
compostas de tabletas de argila, e as bibliotecas ‘vegetais’ e
‘animais’, construídas de rolos de papiro ou de pergaminho do que
entre estas últimas e os grandes depósitos de volumen na idade
média (MARTINS, 1996, p. 71, grifo do autor).
17

Assim, o que caracteriza as bibliotecas da Antiguidade é a sua


constituição com tabletas de argila ou posteriormente, com rolos de
papiro e pergaminho: o manuscrito se mantém até ao ano 300, mais
ou menos aparecendo o codex por volta do século IV. A partir de
1470, isto é, já no século XV, começam a aparecer o que
chamaríamos de formatos modernos, isto é, livros modernos, com a
folha dobrada, da mesma forma por que aparecem as primeiras
margens (MARTINS, 1996, p. 80, grifo do autor).

2.2 O papel

De acordo com Rickman e Ball (2005), o papel foi inventado na China no


século II D.C., “mas foi preciso esperar o século XII para que a confecção de papel
chegasse à Europa, [...]. Em meados do século XV, a invenção da imprensa
alimentou uma nova e enorme demanda” (p. 103) de produção de papel.
Já Motta e Salgado (1971, p. 20), corroboram que “o primeiro papel conhecido
data de 105 D.C., sendo provável a sua existência em período anterior”, pois há
referências de Ts’ai Lun produzindo papel no século primeiro. Apesar da resistência
inicial, o papel consegue entrar e se estabelecer “no mundo inteligente” (MOTTA;
SALGADO, 1971, p. 23).

O desejo do Homem em expressar o poder da palavra sob a forma


de texto, levou-o a descobrir vários tipos de materiais de escrita, de
modo a alcançar o seu objectivo (sic). Quase todos os processos e
materiais relativos à escrita como a impressão, o fabrico de papel, o
velino, o pergaminho, a caneta e a tinta, bem como a arte da
encadernação, tiveram origem nos países da Ásia e do Norte de
África (TEIJGELER, 2007, p. 71).

O papel como suporte da escrita é de soberana importância para o


desenvolvimento e sobrevivência da humanidade e para a transmissão da produção
intelectual às gerações atuais e futuras. Independentemente do seu uso, seja para
fins nobres ou humildes, o papel está presente em quase todas as ações da vida
cotidiana, e diferentes faixas etárias e classes sociais o utilizam diariamente.
Desde o seu surgimento até os dias atuais somam-se quase dois mil anos
(SPINELLI JÚNIOR, 1997). Sua origem de processamento dá-se “a partir da
maceração de restos de tecidos de algodão utilizados para diversos fins, até que
ficassem reduzidos a uma massa de fibras, misturada à água e em seguida
despejada sobre uma malha feita de bambu” (SPINELLI JÚNIOR, 1997, p. 13).
18

A malha era feita para obter a drenagem da água, e após as fibras dos
tecidos repousava sobre a malha de forma entrelaçadas formando uma fina camada
de papel. Mesmo com toda tecnologia que existe para a fabricação de papel “este
processo básico [...] permanece intacto até os dias de hoje” (SPINELLI JÚNIOR,
1997, p. 13). Os papéis mais fortes e duráveis são obtidos a partir das fibras longas
de linho, algodão ou cânhamo (RICKMAN; BALL, 2005, p. 103).
Entretanto a vida útil do papel é limitada, e por causa desta característica
inerente ao suporte do papel, tem-se dado grande importância aos processos de
preservação. Devido à falta de perenidade do papel, que o define como uma matéria
orgânica e o caracteriza com uma vida útil restringida, faz-se necessário utilizar os
recursos da conservação para preservar a forma física e o conteúdo intelectual que
se encontra nos documentos que o utilizam o papel como suporte.
Em 2007 Teijgeler (p. 27) afirma que “só há cerca de 30 anos é que o mundo
da conservação do papel e do livro ganhou visibilidade”.
19

3 PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO

Preservar, conservar ou restaurar? Quais são as diferenças e semelhanças


fundamentais na visão dos principais teóricos da área? A seguir, são apresentados
alguns conceitos de cada termo para melhor entendimento da função da
preservação, da conservação e da restauração.

3.1 Conceitos básicos

De acordo com Hannesch (2011, p. 5), a preservação, a conservação e a


restauração estão inseridas em “uma ciência que ainda está em formação” e estes
“termos preservação, conservação e restauração em língua anglófona ou
francófona, bem como a latina, ainda têm divergências no uso, o que muitas vezes
corrobora para a dificuldade de entendimento”.
Para esclarecimentos destes conceitos, são apresentados abaixo algumas
definições, pois “[...] na linguagem de especialistas [...] estes termos têm usos
próprios e seus significados vêm sendo ampliados, reduzidos e reinterpretados à
medida que se dá o desenvolvimento da disciplina conservação” (HANNESCH,
2011, p. 3).

Hoje, preservação é uma palavra que envolve inúmeras políticas e


opções de ação, incluindo tratamento de conservação. Preservação
é a aquisição, organização e distribuição de recursos, a fim de
impedir posterior deterioração ou renovar a possibilidade de
utilização de um seleto grupo de materiais (CONWAY, 1996, p. 6
apud SILVA, 1998).

3.1.1 Preservação

Em sua explanação inicial na Conferência de 1884, Boito (2008), faz uma


chamada aos presentes para que reflitam sobre pessoas que, no passado,
contribuíram com grandes construções e belas obras de artes. E por causa de todo
legado deixado por grandes nomes, Boito destaca a importância da preservação dos
bens culturais para a posteridade.
20

Preservação é a “função de providenciar cuidados adequados à proteção e


manutenção do acervo bibliográfico e documental de qualquer espécie, com vista a
manter sua forma original” (FARIA; PERICÃO, 2008, p. 594), ou seja, é um conjunto
de medidas necessárias para a manutenção de documentos bibliográficos ou
objetos. A preservação tem o objetivo de manter a integridade física e o conteúdo
intelectual inserido no suporte de papel.
As ações para preservação são,

Todas as considerações gerenciais, financeiras e técnicas aplicadas


a retardar a deterioração, que previnem danos e prolongam a vida
útil de materiais e objetos de acervos, para assegurar sua contínua
disponibilidade. Essas considerações incluem monitoramento e
controle apropriado de condições ambientais; provisão adequada de
armazenamento e proteção física; estabelecimento de políticas para
exposições e empréstimos e procedimentos adequados de
manuseio; provisão de tratamento de conservação, planos de
emergência e produção e uso de reproduções (RESOURCE, [2004],
p. 40-41).

Preservar é “conservar, resguardar, defender” (FARIA; PERICÃO, 2008, p.


594). Para Hannesch (2011, p. 3), preservar “é um termo genérico usado para
designar um conjunto de ações necessárias para salvaguardar [...] as informações
do documento ou acervo”. O ato de preservar engloba o planejamento de todas as
ações necessárias para executar a conservação, ou seja, existem diferentes formas
e meios de realizar a preservação, seja pela conservação, pela restauração ou pela
reformatação. O principal objetivo da preservação é conservar o item para não
precisar restaurar, mas às vezes nem sempre é possível.
A preservação pode ser fundamentada por diferentes meios, através da
“legislação; seleção e aquisição; identificação, organização e documentação;
conservação; contextualização e pesquisa; disseminação acesso e uso; reprodução
ou reformatação;” e “exposição” (HANNESCH, 2011, p. 3).

A preservação pode ser entendida como o agrupamento de três tipos


principais de atividade. O primeiro tipo concentra-se nos ambientes
de biblioteca e nas maneiras de torná-los mais apropriados a seus
conteúdos. O segundo incorpora esforços para estender a vida física
de documentos através de métodos como desacidificação,
restauração e encadernação. O terceiro tipo envolve a transferência
e de conteúdo intelectual ou informativo de um formato ou matriz
para outro (HAZEN, 2001, p. 8).
21

A preservação

abrange todas as áreas de gestão e financeira, incluindo


aprovisionamento e armazenamento, recursos humanos, políticas
técnicas e métodos envolvidos na preservação de materiais de
bibliotecas e arquivos e a informação neles contidos (IFLA, 2004, p.
14).

E também,

Engloba todos os aspectos financeiros e de gestão incluindo a


armazenagem em todos os seus aspectos, questão de pessoal,
política, técnicas e métodos envolvidos na preservação de espécies
bibliográficas e a informação que elas contenham (DUREAU;
CLEMENTS, 1992, p. 2).

É nesse contexto de significado que o trabalho de transcorrerá.

3.1.2 Conservação

Boito (KÜHL, 2008, p. 22-23) insistiu “que a conservação é, muitas vezes, a


única coisa a se fazer, além de ser obrigação de todos, da sociedade e do governo,
tomar as providências necessárias à sobrevivência do bem”.
Para realizar a conservação é preciso ser um profissional capacitado, pois
utiliza-se “técnicas de intervenção aplicadas aos aspectos físicos de objetos de
museus, arquivos e bibliotecas com o intuito de se obter estabilidade química e
física, de maneira a prolongar sua vida útil e assegurar sua disponibilidade contínua”
(RESOURCE, [2004], p. 37). Segundo Faria e Pericão (2008, p. 192), esse conjunto
de técnicas tem como finalidade preservar o objeto através de materiais de boa
qualidade.
Os materiais e produtos utilizados para realizar a conservação, normalmente,
são produtos caros, e somente um profissional qualificado saberá aplicá-los de
forma correta e sem provocar desperdícios na realização da preservação de um
determinado acervo, evitando que o procedimento de conservação seja ainda mais
oneroso para a instituição ou danoso para o item.
22

Conservar pode ser “uma ação direta ou indireta aplicada sobre um


documento ou acervo com o objetivo de minimizar e retardar a deterioração do
suporte e, consequentemente, de sua informação” (HANNESCH, 2011, p. 3). A ação
de conservação indireta trabalha com o controle e monitoramento do ambiente que o
acervo está inserido, fazendo as modificações necessárias para a boa conservação
do acervo como um todo. A ação direta é a conservação de um item do acervo, isto
é, uma intervenção feita no suporte, seja a limpeza com trincha, a colagem de uma
parte faltante de um documento até sua restauração física e estética.
A conservação engloba a “guarda e exposição apropriadas; prevenção dos
danos de utilização; prevenção dos sinistros ou catástrofes; monitoramento e
controle do estado de conservação do documento ou acervo;” e “intervenção direta
no documento” (HANNESCH, 2011, p. 3).
Conservação é a reunião de

práticas específicas implementadas para reduzir a velocidade de


deterioração e prolongar a vida útil de um objeto intervindo
diretamente na sua constituição física ou química. Alguns exemplos
poderiam ser a reparação de encadernações danificadas ou a
desacidificação do papel (IFLA, 2004, p. 12).

A conservação preventiva tem o foco principal na coleção como um todo e é a


aplicação de um “conjunto de medidas que visam o bom estado das coleções
bibliográficas e documentais” (FARIA; PERICÃO, 2008, p. 192).

3.1.3 Restauração

O momento em que a restauração começou a se estabelecer como ciência foi


a partir do Renascimento, quando floresceu um grande interesse pelas construções
antigas. Kühl (2006, p. 10) afirma que “as noções ligadas ao restauro foram
definindo-se e esse movimento acentuou-se com grandes transformações que
ocorrem na Europa no século XVII”.
Para Viollet-le-Duc, o ato de restaurar é o reestabelecimento “em um estado
completo que pode não ter existido nunca em um dado momento” (2006, p. 29), ou
seja, não existe restauração exata de como era antes, mas uma reconstrução, uma
23

reprodução ou renovação do que era antes com materiais, recursos e tecnologias


atuais.
Castro (2008, p. 17, grifo do autor) diz que

há registros de reparos em livros de pergaminho no período medieval


que denotam uma atividade “restauradora”. Devido ao elevado custo,
eram freqüentes (sic) as atividades de religamentos, costuras em
pergaminhos frágeis e enxertos em zonas perdidas. Muitas vezes,
tais atividades eram realizadas nos scriptorium, locais em que os
copistas e iluminadores criavam os códices manuscritos.

A noção de restauro como ciência “amadureceu gradualmente no período que


se estendeu dos séculos XV ao XVIII” (KÜHL, 2008, p. 15), estabelecendo as teorias
sobre restauração como,

o respeito pela matéria original, à ideia de reversibilidade e


distinguibilidade, a importância da documentação e de uma
metodologia científica, o interesse por aspectos conservativos e de
mínima intervenção, a noção de ruptura entre o passado e presente
(KÜHL, 2008, p. 15-16).

Fundamentando-se como ações culturais, outros acontecimento hitóricos


estão inseridos neste processo de mudança cultural, outros acontecimentos
históricos como “o Iluminismo, as reações às destruições maciças posteriores à
Revolução Francesa, as profundas e aceleradas transformações geradas pela
Revolução Industrial na Grã-Bretanha” (KÜHL, 2008, p. 16). Todos esses
movimentos culminaram na ruptura com o passado e se inicia-se uma nova forma de
discutir a conservação e a restauração. Todo esse processo foi consolidado no
século XIX pelos trabalhos dos principais teóricos e restauradores da época, como
Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc, Jonh Ruskin, Willian Morris, Raffaele Stern,
Guiseppe Valadier (KÜHL, 2008). Eles formularam teorias e compartilharam suas
experiências de intervenções, e a partir daí criaram-se várias vertentes, dando
grande contribuição para a conservação preventiva.
No século XIX, Camilo Boito se destaca como um grande restaurador e
teórico. Ele se posicionava de forma “moderada e intermediária entre Viollet-le-Duc,
cujos preceitos seguiu durante certo tempo, e Ruskin, sintetizando e elaborando
24

princípios que se encontraram na base da teoria contemporânea de restauração”


(KÜHL, 2008, p. 9).
Como teórico Boito contribuiu significativamente para a construção de uma
linguagem artística da época através da “análise de seus princípios de composição
para alcançar a verdade em relação a formas, materiais e função, lançando
fundamentos para uma nova arquitetura” (KÜHL, 2008, p. 12-13).
Como restaurador Boito (KÜHL, 2008, p. 13) “fundamentou seu trabalho em
análises profundas da obra”, fazendo uso de desenhos e fotografias. Ele examinava
todos os detalhes de uma construção, inclusive os detalhes da parte ornamental, e a
partir da análise ele definia o projeto com as intervenções que iriam ser executadas.
O principal objetivo da restauração é devolver a capacidade funcional, por
meio de restituição da integridade física ou estética de um objeto ou documento. É
por meio de “tratamentos químicos; consolidação física;” e “recomposição estética”
(HANNECH, 2011, p. 4) que realiza-se a restauração.
Restauros são “procedimentos que visam à recuperação de um estado
conhecido ou presumido de materiais ou objetos, normalmente com a adição de
material não-original” (RESOURCE, [2004], p. 41). Restauro “diz respeito às técnicas
e critérios utilizados pelo pessoal técnico envolvido no processo de tratamento de
espécies bibliográficas, deterioradas pelo tempo, uso ou outros factores (sic)”
(DUREAU; CLEMENTS, 1992, p. 2).

3.2 Histórico da preservação

De acordo com alguns teóricos da preservação, Paul Otlet foi o primeiro a


trabalhar com o conceito de preservação e acesso (BECK, 2006). Mas “somente
com o advento da Sociedade da Informação este conceito é consolidado associado
ao acesso” (BECK, 2006, p. 1) por meio do documento da UNESCO, onde destaca
que “o acesso permanente é o objetivo da preservação” (MEMÓRIA DO MUNDO,
2002, p. 21).
Cabral (2002, p. 15, grifo do autor) complementa essa ideia quando afirma
que
25

a preservação é, de certa forma, uma matéria nova no amplo leque


das disciplinas que constituem o corpus da biblioteconomia e da
arquivística. Sempre houve a percepção de que era indispensável
zelar pelas coleções de documentos, mas uma intervenção
sistemática e estruturada constitui uma atitude bastante recente.

Nassif (1992, p. 17-18) destaca que em 1897 problemas relacionados com a


conservação

eram apontados e discutidos pela Library of Congress. Entretanto,


preservação de documentos era ainda um assunto bastante
incipiente nos Estados Unidos e assim permaneceu durante mais
alguns anos. [...] Dois eventos ocorridos nos Estados Unidos em
1956, foram fundamentais para o desenvolvimento do moderno
campo da preservação, colocando-o em evidência e tornando-o
merecedor de sérias atenções por parte de profissionais. O primeiro
foi a publicação, em janeiro daquele ano, de um número da revista
“Library Trends” intitulado “Conservation of Library MateriaIs”. Na
introdução dessa publicação, [...] ressalta a necessidade de não se
restringirem a preservação e a conservação à proteção de coleções
de pesquisa e de materiais raros, observando que elas representam
áreas de interesse imediato para bibliotecários que trabalham nos
mais diversos tipos de bibliotecas e que lidam com diferentes
categorias de documentos. O segundo acontecimento importante foi
o estabelecimento do Council of Library Resources (CLR),
constituído pela Fundação Ford [...]. O CLR desde o começo
reconheceu a preservação como um problema urgente e promoveu
investigações básicas necessárias para seu desenvolvimento,
desencadeando uma série de estudos mais aprofundados sobre o
tema.

De acordo com Ogden (2001), o marco onde se estabeleceu a preocupação


da conservação do papel e a busca por medidas de prevenção se deu nos Estados
Unidos, especificamente nos depósitos das bibliotecas de pesquisa, onde constatou
o “crescente volume de papel acidificado em deterioração” (OGDEN, 2001, p. 20). A
partir dessa constatação, tonou-se necessário desenvolver soluções focadas para o
resgate desses materiais deteriorados e a pesquisa sobre como combater os danos
da deterioração foi intensificada.
Tanto os Estados Unidos quanto Inglaterra investiram esforços para
solucionar os problemas inerentes à deterioração dos acervos bibliográficos
(OGDEN, 2001), e essas ações foram impulsionadas em outras sociedades quando
aconteceu a catástrofe na cidade de Florença em 1966.
26

Essa região sofreu uma enorme inundação, causando a perda de


milhões de documentos, fato que chamou a atenção, a nível,
internacional, da gravidade do problema de degradação de
documentos devido à falta de planejamento e negligência no tocante
à preservação de acervos raros e extremamente importantes
(NASSIF, 1992, p. 20).

“É inevitável que a lembrança mais forte seja do dano ao patrimônio artístico:


milhares de volumes, incluindo manuscritos preciosos e raros impressos, foram
cobertos com lama dentro da Biblioteca Nacional Central” (ABOUT..., 2013).
A inundação de Florença provocou uma profunda reflexão sobre as práticas
preservacionistas, tanto que após essa catástrofe, várias pesquisas sobre
conservação preventiva foram realizadas em vários países, envolvendo várias
instituições, com o intuito de subsidiá-las com recursos informacionais sobre a
conservação preventiva de acervo bibliográfico em caso de desastres.

Realmente foi um desastre o responsável pelo nascimento da


moderna preservação de bibliotecas. Depois que o Rio de Arno
inundou Florença em 1966, reconheceu-se que, embora a inundação
provavelmente não pudesse ter sido prevenida, poderia ter sido
evitado um dano considerável se tivessem sido empregadas medidas
preventivas apropriadas. A inundação de Florença também
demonstrou a vontade da comunidade internacional de conservação
para responder às necessidades de um país. Conservadores vieram
do mundo inteiro para Florença, para ajudar no processo de
recuperação. Esta colaboração também resultou no desenvolvimento
de novos tratamentos de conservação. (LYALL, 2000, p.1 apud
BECK, 2006, p. 37-38).

A trajetória brasileira no campo das ações preservacionistas é explicada por


Fonseca (2005, Apud SPINELLI JÚNIOR, 2009, p. 47-48) através de um quadro
cronológico, o qual é apontado em três momentos

considerados marcantes no desenvolvimento e na evolução dessa


política: o primeiro dito heróico – que se inicia nos anos 1930 com o
anteprojeto da criação do Sphan e vai até 1967, com o término da
gestão de Rodrigo Melo Franco de Andrade; o segundo – chamado
intermediário, que se estende de 1967 a 1979, período em que o
Sphan luta por adaptar-se às novas demandas políticas nacionais e
internacionais, interagindo com instituições federais que já atuavam
no campo da preservação; e, o terceiro momento – dito moderno,
que se refere ao período da gestão de Aloísio Magalhães (1979-
1982).
27

Defendida em 2008 a dissertação de Aloísio Arnaldo Nunes de Castro, aborda


mais profundamente a questão do desenvolvimento da preservação no âmbito
nacional.
Tanto historicamente quanto atualmente a ação de preservar é destacada por
profissionais de diversas áreas como uma importante ação na conservação dos
bens culturais.

3.3 Conservar: o quê? Por quê? Como?

É de responsabilidade do gestor da preservação estabelecer diretrizes para


prolongar a vida útil do acervo como um todo, e também “esta prioridade se impõe
no sentido de proteger os investimentos da instituição naquele material” (OGDEN,
2001, p. 11). O gestor precisa saber “o método mais eficiente, relativo aos custos, de
aumentar a longevidade: o de prevenir, na maior medida possível, sua deterioração”
(OGDEN, 2001, p. 11).
A preservação não é um método isolado, pois ela permeia todos os processos
cotidianos de uma biblioteca. Como exemplo de interatividade, a preservação está
ligada com a seleção, aquisição, processamento técnico, circulação, reprodução,
pequenos reparos, entre outros.
Trabalhar com a preservação em todas essas áreas, é necessário uma
retomada de consciências e da responsabilidade de cada pessoa que trabalha
diretamente com o acervo (OGDEN, 2001). “Assim, um programa de preservação
não deve ser visto como um elemento novo, mas antes como um componente
integral das operações e responsabilidades cotidianas da instituição” (OGDEN,
2001, p. 12).

3.3.1 O que conservar

Quando se trata de preservação de acervo, especialmente os bibliográficos,


arquivos, bibliotecas e museus precisam analisar a necessidade de conservação do
acervo para estabelecer o que será preservado. É a partir desta análise que podem
estabelecer as prioridades, visto que “nem todos os materiais da biblioteca exigirão
uma atenção especial no sentido de precisarem de ser guardados em caixas ou
28

necessitarem de condições ambiente específicas” (IFLA, 2004, p. 26). Esse ponto de


vista não exclui a coleção como um todo, pelo contrário, aplica-se à conservação da
coleção de forma completa, focando no controle ambiental do acervo e do edifício e
conforme as necessidades pontua-se os itens que precisam de atenção especial.
O critério de prioridade estabelecido pela política de preservação irá definir o
tipo de intervenção que será feito no acervo, seja de coleções gerais ou obras raras
(CASSARES, 2000).
Outra condição para que saiba o que será conservado, é o conhecimento
profundo da coleção e da missão da instituição e “aprende-se a conhecer as
coleções convivendo com elas; aprende-se a conhecer os autores, os livros, as
temáticas, lidando diretamente com eles” (CABRAL, 2005, p. 12). E esse
conhecimento do acervo não se dá “de noite para o dia” ou “em um estalar de
dedos”, conhecer o acervo dá condições ao bibliotecário, afim de que faça novas
aquisições, atenda a necessidade informacional dos usuários e da instituição,
permita identificar os serviços que estão sendo feitos e aprimorá-los caso haja
necessidade, e lhe dê condições para viabilizar e concretizar os serviços de
conservação (CABRAL, 2005).
A consciência da missão da instituição dará subsídios ao bibliotecário que
priorize o que é mais importante para a memória da instituição.

3.3.2 Por que conservar

Uma gestão de simples acumulação de patrimônio prejudica tanto o


patrimônio, quanto a instituição e os recursos, os utilizadores e os profissionais
(CABRAL, 2005). Cabral (2005, p. 9) afirma que “uma autêntica preocupação pela
preservação e conservação deverá pôr ponto final a essa atitude passiva”. Para esta
autora, os problemas de conservação, encontrados nas instituições, são observados
principalmente “pelos profissionais que neles trabalham”.
Por que conservar um patrimônio de uma instituição? Como um documento
ou objeto se ligou a determinada instituição? A resposta a essas perguntas parece
óbvia. Mas geralmente não é. Definir que um documento ou objeto é patrimônio,
estabelecer a sua ligação histórica com a instituição e buscar a contribuição deste
item para o futuro da instituição, são questões básicas que precisam ser
29

circunscritas para a tomada de decisão para conservação. “Porque patrimônio é


tudo: o novo, o velho ou o antigo. Os livros, os álbuns com selos, os discos de vinil,
os DVD’s, os cartazes, os autocolantes ou revistas” (CABRAL, 2005, p. 13). Se um
determinado item é identificado como patrimônio da instituição, será necessário
salvaguardá-lo por causa da vulnerabilidade que os itens têm em sua constituição,
que normalmente são orgânicos.
Fonseca (1997 apud HOLLÓS, 2006, p. [27]) complementa o significado de
patrimônio afirmando que é o “resultado de uma prática característica de Estados
Modernos, que, através de determinados agentes e com base em instrumentos
jurídicos próprios, delimitam um conjunto de bens de caráter público”.
A valorização do acervo nos âmbitos institucional, histórico, intrínseco e
associativo norteia todas as ações para preservação, além de fundamentar a
existência do acervo (LINO; HANESCH; AZEVEDO, 2007).
A preservação é feita para garantir o acesso aos documentos pela geração
atual e futura, e também por vezes o fim da vida útil de um item, não pode ser
substituído por outro, quando a verba é pouca e seria inviável financeiramente a
substituição de cada item degradado, e existem obras que não podem ser adquiridas
por não estarem mais disponíveis no mercado (IFLA, 2004).

3.3.3 Como conservar

A preservação é uma atividade complexa e onerosa, tanto para estabelecer


uma política quanto à correta execução por parte do pessoal ligado diretamente ao
acervo e muitas vezes quanto à falta do recurso financeiro.
A preservação integra todo o funcionamento de uma biblioteca ou uma
instituição, “o estabelecimento de políticas é tão essencial quanto à prática das
tarefas relacionadas a tais atividades” (NASSIF, 1992, p. 42).
A conservação se concretizará por meio do cumprimento da política
estabelecida na instituição, a qual deverá conter as prioridades e a forma de
execução. Todos os colaboradores de uma biblioteca são responsáveis pela
conservação do acervo (IFLA, 2004). O bibliotecário responsável pela preservação
delega, treina e capacita o pessoal para que saiba como aplicar as medidas de
conservação.
30

Ao estancar os agentes de deterioração, as diretrizes atingem suas partes


intrínsecas e extrínsecas. Os fatores intrínsecos “estão ligados diretamente aos
elementos de composição do papel tais como, tipo de fibras, tipos de encolagem,
resíduos químicos não eliminados e partículas metálicas” (LUCCAS; SERIPIERRI,
1995, p. 18). E os fatores extrínsecos “estão ligados diretamente a agentes físicos e
biológicos tais como radiação ultravioleta, temperatura, umidade, poluentes
atmosféricos, microorganismos, insetos e roedores” (LUCCAS; SERIPIERRI, 1995,
p. 18).
31

4 POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO: PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO

A política de preservação é o instrumento mais importante para a


conservação do acervo bibliográfico, pois ela abrange quase todas as ações de
funcionamento da biblioteca. A elaboração da política de preservação é feita
mediante o planejamento prévio, que envolve o diagnóstico do acervo, do ambiente
e dos usos. Inserida no contexto gerencial, a política de preservação abrange o
“processo decisório, na formulação de políticas, associadas aos processos de
produção, aquisição e retenção, objetivando o acesso continuado” (BECK, 2006, p.
8).
Dentre os significados de política, destaca-se: “sistema de regras respeitantes
à direção dos negócios públicos” (AURÉLIO, 1986, p. 1358). Na esfera
biblioteconômica, a política de preservação interfere e se insere nas demais políticas
da biblioteca, como na de seleção e aquisição, de processamento técnico, de
acondicionamento, de desbaste e descarte, de uso e circulação, de segurança, de
controle do ambiente, entre outras.

A política de coleção baseia-se nos estatutos institucionais que


mencionam os objetivos que as coleções têm que atingir. As
prioridades de aquisição estabelecidas pela política de coleção
ajudam a direcionar o trabalho de conservação nas partes mais
importantes das coleções (OGDEN, 2001, p. 17).

Para Castro (2008, p. 27),

as primeiras medidas de sistematização de normas em conservação


de acervos bibliográficos e documentais foram impulsionadas pelas
comunidades religiosas e pelas universidades objetivando, assim,
preservar suas coleções dos roubos e das degradações.

A política de seleção é elaborada para a aquisição de novos itens, por meio


de compras, permutas e doações. Ela definirá qual material será incluso no acervo,
e no contexto da preservação, e deverá atender à missão da instituição e às
necessidades dos usuários, evitando o desperdício com gastos de verbas, tempo de
processamento dos itens pelos profissionais e a ocupação nas prateleiras. As
políticas de seleção e de aquisição estão diretamente ligadas com a formação e
desenvolvimento do acervo, por isso deve-se aplicar a devida atenção a essas
32

políticas para que ocorra uma boa formação do acervo e seu futuro
desenvolvimento.
Antes do processamento das doações é preciso examinar

‘os dentes dos cavalos dados’, perguntando como a coleção foi


armazenada e checando as suas condições atuais. Um administrador
de acervos sábio examina previamente qualquer coleção com
cuidado, buscando sinais de esfarelamento, capas soltas ou danos
físicos, encadernações deterioradas, mofo e infestações por insetos.
Termos de doação devem deixar claro que a biblioteca poderá optar
por excluir obras do acervo, não só porque estão fora de sua área de
interesse ou são duplicatas de obras já existentes, mas também
porque os custos para sua restauração podem superar seu valor
intelectual para a instituição (OGDEN, 2001, p. 17).

O processamento técnico é a ação de analisar e descrever o conteúdo


intelectual de um item de forma reduzida. O objetivo principal é facilitar a
recuperação da informação, promovendo rapidez na busca, a disseminação e a
preservação da informação e do item catalogado.
A forma de acondicionamento contribuirá para a conservação ou deterioração
da estrutura física do item. A adequação dos espaços entre as prateleiras permite o
armazenamento correto do item, evitando danos na lombada, nos cortes e nas
capas.
A política de desbaste e descarte especificada pela instituição contribuirá para
a otimização dos espaços do acervo, evitando o acúmulo de materiais
desnecessários armazenados, sendo desbastados ou descartados os itens que não
são mais usados pelos consulentes e também os que não dizem respeito à memória
da instituição.
O uso correto e o monitoramento da circulação dos itens contribuem de forma
decisiva em sua conservação. As políticas de circulação “podem servir tanto para
maximizar o uso de materiais de grande demanda quanto para proteger volumes
frágeis do desgaste desnecessário” (HAZEN, 2001, p. 8). Uma estatística de uso
corrente de uma biblioteca definirá a necessidade de um eventual reparo ou
encadernação de itens muito utilizados.
A política de segurança é as medidas estabelecidas para a proteção da vida
humana (funcionários e usuários), do acervo (todos os itens que formam o acervo e
os mobiliários) e do edifício. “O maior problema para a elaboração de um programa
33

de segurança está na forma de se analisar a sua abrangência, pois esse trabalho


envolve áreas distintas que têm que se unir em torno de um único objetivo”
(ROCHA, 2007, p. 99). Esta política evita desastres naturais e os provocados pelo
homem.
O controle do ambiente contribui diretamente para a preservação de todo o
acervo. O ambiente controlado proporciona a preservação em várias esferas, como
o biológico, a temperatura, umidade, poluição, luminosidade, fogo, água.

Falando de modo coloquial, é como se os estatutos lhe dissessem


para onde você está indo; a política de coleção lhe desse os detalhes
de como chegar lá; e a política de preservação lhe assegurasse que
pelo menos as partes mais valiosas da bagagem não cairão aos
pedaços pela estrada (OGDEN, 2001, p. 17).

Normalmente a adequação de um ambiente favorável à conservação torna-se


oneroso, limitando às coleções especiais. Porém há “medidas e precauções
rudimentares que podem melhorar as condições ambiente de uma biblioteca e
proteger as coleções” (IFLA, 2004, p. 68).
Eis alguns exemplos apresentado pelo autor:

• Utilizar sistemas de calafetagem de portas e janelas para que o edifício


fique bem protegido;
• Assegurar-se de que as portas e janelas estão bem ajustadas;
• Assegurar uma boa circulação de ar através de uso apropriado de
ventiladores e janelas;
• Utilizar desumidificadores e humidificadores, para reduzir ou aumentar a
umidade relativa;
• Utilizar sistemas de isolamento para corrigir os níveis de ganho ou a perda
de calor;
• Utilizar filtros de radiação ultravioleta nas janelas e iluminação flurescente;
• Utilizar filtros, persianas, portadas (de preferência na parte exterior das
janelas, porque reduzem o aumento de calor solar) e cortinas opacas, para
evitar a luz solar directa (sic);
• Providenciar para que as instalações de armazenagem sejam escuras;
34

• Garantir a limpeza do edifício para evitar a umidade durante as estações


chuvosas.
Se bem planejadas e abrangentes, as políticas de acervo fornecem um ponto
de referência vital para a tomada de decisões sobre preservação (OGDEN, 2001, p.
18).
A política de preservação de acervos bibliográficos “aponta para o
desenvolvimento e implantação de planos, programas e projetos para a elaboração
de normas de amplo espectro” (HANNESCH, 2011, p. 8). E também:
“Ao se conceber e implementar uma política de preservação, não se pode
perder de vista o maior objetivo da Biblioteca que é informar e socializar o saber e,
portanto, o seu acervo existe para ser utilizado” (LINO; HANESCH; AZEVEDO,
2007, p. 66).
É oportuno destacar que cada instituição precisa desenvolver uma política de
preservação de acordo com a realidade, necessidade e as possibilidades vigentes,
tanto de recursos financeiros quanto de recursos humanos devidamente
capacitados. Na impossibilidade de uma instituição gerir um sistema de preservação,
pode buscar convênios com outras instituições para a realização das tarefas de
preservação cooperada do acervo.
Zúñiga, (2002, p. 77) resume que um programa, projeto ou política de
preservação é importante para a instituição, pois:

• Atua de forma globalizante envolvendo todo o corpo institucional, que


passa a agir de forma mais consciente graças ao conhecimento adquirido;
• Atribuir responsabilidades na medida em que as decisões passam a ser
tomadas coletivamente;
• Possibilita que as prioridades sejam decididas em conjunto baseadas no
entendimento de toda a problemática institucional;
• Possibilita continuidade, mesmo que haja mudança de responsável pelo
programa;
• Racionaliza custos otimizando o orçamento.
35

4.1 Planejamento para preservação

O planejamento da preservação é o “processo pelo qual a instituição


determina suas necessidades de preservação; revê ações em curso; identifica
recursos para implementação e desenvolve programa específico para ação em
preservação” (ZÚÑIGA, 2012). Logo o planejamento é o elemento mais importante
na organização de um programa de manutenção de acervos [...]. Embora o
planejamento tome tempo e energia (GARLICK, 2001, p. 22).
Ao planejar um programa ou uma política de preservação é preciso ter ciência
de que “trata-se da distribuição dos recursos disponíveis entre as atividades e
funções mais importantes, de acordo com a ordem de prioridade na missão de uma
instituição” (GARLICK, 2001, p. 22). Pensar a metodologia da preservação como
administração do acervo e do ambiente, desmitifica a ideia de que o processo é
misterioso e de que necessita de uma formação na área da química para colocá-lo
em prática (GARLICK, 2001).
Pode-se aplicar uma metodologia padrão para planejar a preservação de um
acervo bibliográfico. A padronização é feita por uma equipe para estabelecer as
prioridades que precisam ser feitas, e para isso pode-se usar de alguns instrumentos
especializados, como manuais ou softwares, que oferecem subsídios ao
administrador da preservação e sua equipe para avaliar em que

medida os acervos se encontram em situação de risco, por conta de


vários fatores; que partes dos acervos têm maior valor permanente; a
disponibilidade de recursos, em termos de tempo dos funcionários,
da perícia técnica e recursos financeiros; e a viabilidade política de
certas ações (GARLICK, 2001, p. 7).

Essas avaliações evidenciam a dimensão dos danos que estão presentes nos
acervos, identificam os agentes causadores da deterioração, as condições do
ambiente em que o acervo está abrigado, e de acordo com a missão da instituição,
saber o real valor do acervo. Na etapa de avaliação, é preciso atentar para o que os
teóricos falam sobre a individualidade de cada instituição e a presença de fatores
deteriorantes específicos que podem degradar o acervo bibliográfico, e sempre
variam de uma instituição para outra.
36

Vários tipos de estudos precisam ser feitos para obter um planejamento


padronizado, com o intuito de aplicar as recomendações para a preservação. Todos
os diagnósticos do acervo ou da coleção, do ambiente, do edifício e dos riscos
geram relatórios extensos, porém a política de preservação precisa ser global e
abrangente (IFLA, 2004). Global, porque envolve todas as áreas da biblioteca e
abrangente, porque deverá ser de fácil leitura durante as consultas.
“A linguagem é glamurosa (sic), mas o trabalho duro de mobilizar toda a
instituição em torno do esforço para a preservação, não o é” (MERRILL-OLDHAM;
REED-SCOTT, 2001, p. 13).
Reunir as informações, formular políticas e procedimentos de manutenção e a
organização de projetos são as três fases do planejamento. Envolvendo a
“acumulação de conhecimentos e planejamento durante os estágios iniciais e um
planejamento mais específico que é empreendido durante o desenvolvimento dos
dados projetos” (GARLICK, 2001, p. 22).
A consolidação de um grupo de trabalho em favor da preservação pode ser
efetivada mediante a aceitação deste desafio.

A fundamentação racional para se realizar um processo de


planejamento ordenado e minucioso se baseia na premissa de que
os participantes virão a reconhecer a gravidade da situação, irão
adquirir novos conhecimentos e técnicas, e levar para seu trabalho
diário e para seus colegas uma maior consciência e a dedicação
necessárias para a implementação de um plano de ação. O processo
estabelece um ambiente de investigação para se acolherem as
questões de preservação e se elaborarem as respostas apropriadas
(MERRILL-OLDHAM; REED-SCOTT, 2001, p. 14).

Para Garlick (2001, p. 22) “planos bem concebidos permitem a uma instituição
desenvolver projetos de modo coerente e sistemático, utilizar recursos limitados de
maneira eficiente e alcançar resultados positivos através de um programa bem
sucedido”.
Nassif (1992, p. 23-24) apresenta a distinção de Boomgarden, que mostra as
variáveis que influenciam diretamente na perenidade dos materiais, e são elas “a
estrutura físico-química dos materiais das coleções; o ambiente físico em que os
materiais estão armazenados; o manuseio e tratamento a que cada documento é
submetido”. Ter a ciência destas variáveis possibilita o profissional da preservação a
“planejar e administrar um programa de preservação” (NASSIF, 1992, p. 24).
37

Essas características evidenciam a vulnerabilidade ou a perenidade dos tipos


de papéis produzidos nos dias atuais, e através de um controle adequado, é
possível interromper o processo de deterioração de um acervo.
De acordo com Nassif (1992, p. 44), as políticas, em seu sentido geral,
expressam “a intenção da organização em relação às questões nelas colocadas e
devem ser guias para tomadas de decisão e ação”, esta é uma importante questão
para subsidiar a administração da preservação. Para estabelecer uma política de
preservação em uma biblioteca, anteriormente é preciso fazer um levantamento das
políticas existentes, seja formal ou informal (NASSIF, 1992, p. 44).
Analisar todos os documentos e as ações executadas possibilitará obter um
diagnóstico da atual situação do acervo e estabelecer as prioridades do mesmo. O
ponto chave do êxito da descrição das etapas da preservação, é a realização de um
diagnóstico completo da instituição e da coleção, assim apontam os teóricos. O
diagnóstico é um levantamento minucioso das condições de todos os ambientes da
biblioteca, como o do local de armazenagem, estrutura do edifício, instalações,
mobiliários, manuseio e circulação do acervo etc., no qual todas as condições
precisam estar escritas de forma clara e concisa.
Para a realização do diagnóstico, deve-se utilizar um roteiro prévio que irá
auxiliar “na compreensão da organização como um todo [...], verificar as áreas de
riscos e as prioridades em relação ao edifício e às coleções” (FRONER; SOUZA,
2008, p. 4). O diagnóstico elenca vários fatores que afetam a conservação do
acervo, evidencia os pontos fortes e fracos da instituição e através da análise indica
o tipo de intervenção que precisa ser executado.

As diretrizes para a realização de um diagnóstico de conservação


das coleções e do edifício [...] refletem uma visão ampla do meio
ambiente e abrangem a análise de questões administrativas e
técnicas. O objetivo dessa abordagem é o desenvolvimento de
soluções apropriadas e sustentáveis para problemas criados pelo
meio ambiente que afetam as coleções. A sustentabilidade das
soluções propostas para a melhoria das condições ambientais das
coleções dependerá em grande parte da adoção de boas práticas de
administração que levem em consideração as coleções, o edifício, as
políticas organizacionais e as atividades (FRONER; SOUZA, 2008, p.
5).
38

Froner e Souza (2008) apresentam quatro fases importantes para a equipe


realizar um diagnóstico de conservação, são elas: preparação; coleta de
informações durante o diagnóstico (observações e entrevistas no local); a análise
conjunta e estratégias; e por fim a elaboração do relatório do diagnóstico.
A fase da preparação envolve a coleta de “informações em várias áreas a fim
de fornecer aos avaliadores das coleções e da arquitetura dados suficientes sobre a
missão da instituição, além do edifício, coleções, funcionários e atividades”
(FRONER; SOUZA, 2008, p. 10). Nesta fase, é o momento de estabelecer as metas
que o diagnóstico pretende cumprir, incluindo “os problemas específicos que [...]
está procurando resolver, as prioridades institucionais e o destino que será dado às
informações resultantes do diagnóstico” (FRONER; SOUZA, 2008, p. 10).
Na segunda fase do diagnóstico, apresentam-se observações na condição em
que encontram “as coleções, e fazendo uma revisão da documentação relevante
sobre o edifício [...], suas coleções e meio ambiente, juntamente com entrevistas
realizadas com os funcionários” (FRONER; SOUZA, 2008, p. 10).
Na terceira fase é a etapa em que toda a equipe se reúne e apresenta o
resultado da pesquisa para

diagnosticar as causas prováveis das áreas problemáticas atuais ou


potenciais, determinar os possíveis inter-relacionamentos entre os
problemas que afetam as coleções, o edifício [...] e propor estratégias
adequadas para a instituição (FRONER; SOUZA, 2008, p. 11).

E para finalizar o diagnóstico, elabora-se o relatório final e unificado, que


deverá conter “(1) dados e análises; (2) estratégias recomendadas; (3) fases
sugeridas para a implementação” (FRONER; SOUZA, 2008, p. 12).

A obtenção de dados confiáveis sobre a condição das coleções da


biblioteca é um componente indispensável no planejamento de
preservação. Por causa da ampla gama de fatores tais como a idade
dos itens; os métodos e os materiais usados na sua fabricação; as
técnicas de processamento, o ambiente de armazenamento e ao uso
a que os itens estiveram sujeitos; a maioria das coleções vai conter
materiais em todas as condições, variando do intocado ao
completamente desintegrado (MERRILL-OLDHAM; REED-SCOTT,
2001, p. 71).
39

Todos esses levantamentos das

condições [do acervo] oferecem informações mais detalhadas sobre


a condição física de uma coleção [...]. Além de questões gerais [...],
os levantamentos de condições podem responder a questões
específicas que ajudam a projetar as necessidades operacionais de
um programa de preservação [...]. Algumas bibliotecas de pesquisa
realizaram levantamentos de condições junto com esforços de
planejamento de preservação (MERRILL-OLDHAM; REED-SCOTT,
2001, p. 74).

Como ferramenta para orientar o levantamento, Merrill-Oldham e Reed-Scott


(2001, p. 85) disponibilizam um formulário utilizado pela Biblioteca da Universidade
de Harvard, para elaborar um relatório de amostragem, que se encontra anexo ao
trabalho. Assim como Spinelli Júnior (1997) da Fundação Biblioteca Nacional (FBN)
também divulga em sua publicação formulários para diagnósticos, avaliações e
propostas de tratamentos de itens, do acervo, do espaço físico e para fotografias,
todos esses formulários de apoio estão anexos ao trabalho.
Durante o planejamento da preservação, todas essas ações é uma
contribuição para toda a equipe identificar as prioridades de conservação do acervo
e balizar as ações estratégicas de intervenção necessárias no acervo e no edifício. A
preservação ocupa-se com o controle ambiental, com o controle de segurança do
acervo e do edifício e o controle do acervo em si.
O controle ambiental engloba a

criação e manutenção de ambiente propício à preservação,


compreendendo controle da temperatura, da umidade relativa do ar,
da luminosidade, bem como preservação da infestação biológica,
procedimentos de manutenção, segurança e proteção contra fogo e
danos por água (ARQUIVO NACIONAL, 2004, p. 47 apud CUNHA,
2008, p. 106).

Para Cabral (2005, p. 20), “ao proporcionar as melhores condições ambientais


possíveis, está a dar-se o passo mais importante no sentido da preservação da
nossa herança cultural”. Ou seja, para a proteção do edifício é preciso “definir limites
físicos, identificar, delimitar e sinalizar as áreas, avaliá-las quanto aos diferentes
níveis de proteção, estabelecer limites de proteção e aplicar medidas de defesa”
(MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS; MUSEU VILLA-LOBOS, 2006, p.
40

25). Neste documento é apresentado um quadro para verificar os limites e níveis


níve de
proteção do edifício, que se encontra anexo ao trabalho.
O controle do acervo se dá pelos controles de documentação do acervo, em
reserva técnica, em exposição, em empréstimo ou em trânsito, em que acervo que
se encontra em sala de consulta, em circulação
circulação interna, pela conservação do acervo
e consulta de documentos,
documentos pelo controle de reprodução de documentos (MUSEU
( DE
ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS; MUSEU VILLA LOBOS,
VILLA-LOBOS, 2006
2006). O
estabelecimento destes parâmetros
parâmetros precisa ser acompanhado da conscientização
doss funcionários, avaliação periódica dessas ações e por um relatório, que precisa
ser gerado para posteriormente ser consultado e usado como base para
treinamentos.
A preservação é ilustrada
ilustrad por Lisa Fox como um grande guarda-chuva.
guarda
Zúñiga (2012) e Hollós (2007)
2007) representam a imagem da seguinte forma:

Figura 1: Guarda-chuva protetor

Fonte: Zúñiga (2012


2012).

Essa imagem apresenta a abrangência da preservação e a especificidade da


conservação, da restauração e da reformatação. Esta preservação tem aspecto de
uma “atividade de forte cunho gerencial e administrativo destinada a minimizar a
deterioração química ou física dos documentos e evitar a perda de conteúdo
informacional” (ZÚÑIGA, 2012).
41

A conservação e a restauração são aplicações das “práticas específicas


destinadas a diminuir o ritmo de deterioração e a prolongar a expectativa de vida de
um objeto, através da intervenção direta na sua estrutura física e química” (ZÚÑIGA,
2012).
A reformatação é o processo de transferência do conteúdo intelectual para
outro suporte, físico ou digital, por meio da cópia, fotografia, microfilmagem e
digitalização.
A preservação é responsável pelas atividades preventivas e interventivas “que
se propõem a retardar a deterioração dos acervos e possibilitar o pleno acesso do
público” (ZÚNIGA, 2002, p. 75).
O guarda-chuva protetor visa garantir a proteção da coleção de forma
sistemática, por meio da conservação, da restauração e da reformatação.
É no momento do planejamento que o administrador da preservação precisa
buscar o apoio dos superiores, que

deve ser continuamente alimentado por relatórios periódicos sobre o


progresso do planejamento e por consultas freqüentes (sic) sobre a
aprovação das recomendações emergentes. Também é importante
assegurar, de maneira contínua, a disponibilidade, ao menos de
alguns dos recursos necessários, quer seja no sentido de tempo dos
funcionários ou no sentido de poder redirecionar certas linhas
orçamentárias ou, até mesmo, destinar dinheiro novo. É possível que
isto signifique manter envolvidos e interessados no processo os
níveis mais altos da administração ou da instituição matriz (OGDEN,
2001, p. 11).

Com relação aos conflitos que poderão surgir durante a elaboração da política
de preservação, deverá ser estabelecido o foco principal da política, visto que a
opinião pessoal não prevalecerá, mas sim “a importância de melhorar as condições
do edifício e de suas instalações, fazendo as reformas necessárias para a
sobrevivência das coleções” (OGDEN, 2001, p. 11).
É grande o número de decisões para estabelecer um programa de
preservação, “as decisões frequentemente não são fáceis de serem tomadas, e
pode ser necessário procurar a assistência profissional de um consultor” (OGDEN, p.
13). Decidir o tratamento de conservação que será aplicado e quem o fará, são
deliberações que o administrador da preservação precisará assumir, e para isso, ele
deverá “ser suficientemente informado, tanto sobre a natureza da deterioração a ser
42

remediada como sobre as características do material a ser tratado, e [...] ter


conhecimento suficiente para escolher a opção mais adequada para o tratamento”
(OGDEN, p. 13). Além disso, deverá escolhar, o profissional mais capacitado e
qualificado para realizar a intervenção.
Um planejamento para a preservação é um processo que evidencia as
necessidades gerais e específicas do acervo, determina e estabelece as prioridades
e também identifica os recursos para a implementação e execução da política. Como
objetivo principal define o curso de ação para a preservação, tendo em vista que as
pesquisas são o embasamento do planejamento da preservação (OGDEN, 2001).

O maior obstáculo para o desenvolvimento e a administração dos


programas de preservação é a carência, não de dinheiro, mas de
conhecimento. As restrições financeiras são sérias e ainda se
tornarão maiores; mas, até que a batalha da preservação chegue ao
ponto no qual a maioria saiba o que conviria ser feito, e como deveria
ser feito, a carência de recursos para a realização dos programas,
em uma escala apropriada às necessidades, não chega a ser
terrivelmente significante (DARLING, apud CONWAY, apud SILVA,
1998).

Benefícios do planejamento apresentado por Davies (2001, p. 18):

• Ajuda a assegurar no longo prazo a salvaguarda do acervo.


• Todos [...] enxergam mais claramente o que se está querendo realizar.
• Todos que aí trabalham sabem como se encaixam nas metas e objetivos
do museu.
• Conduz ao uso mais eficaz dos recursos.
• Integra todos os aspectos do funcionamento do museu em um mesmo
processo de administração.
• Oferece uma estrutura básica dentro da qual podem ser tomadas decisões
estratégicas.
• Produz um plano que atua como ponto de referência para todos os
interessados.
43

Essas considerações ajudam no “processo de reflexão propriamente dito,


sobre o que [a instituição] está tentando realizar e como está procurando fazê-lo”
(DAVIES, 2001, p. 18).
Uma síntese norteadora do planejamento é apresentada por Davies (2001, p.
25), através de um diagrama englobando todas as áreas importantes no processo de
planejamento, cujas setas indicam a ordem em que deve ser considerada.

Figura 2 – O processo de planejamento

Fonte: Davies (2001, p. 25).

Ter a clareza da missão da instituição possibilitará transcorrer de forma mais


clara o planejamento, e todas as pessoas que estão envolvidas neste processo,
precisam estar cientes da importância da missão da instituição. Já na fase do
44

diagnóstico é a fase de investigação pormenorizada da situação da instituição.


Citados anteriormente Souza e Froner (2008) apresentam um roteiro prático para
elaboração do diagnóstico da instituição. As metas e estratégias são elaboradas
logo após a realização do diagnóstico, com o objetivo de suprir as necessidades
conservação da instituição e do acervo. Com isso são elaborados os objetivos, plano
ou política de preservação que a instituição deverá usar para conservar os itens do
acervo. Posteriormente implanta e monitora a sua execução, sempre documentando
para possíveis modificações e aprimoramento da política de preservação.

4.2 Administração da preservação

Para conseguir executar um bom programa de preservação “os objetivos e as


prioridades [...] devem estar firmemente enfatizados no documento que afirma a
missão institucional” (OGDEN, 2001, p. 7).
Portanto a política de preservação ajuda a delinear as ideias fundamentais
sobre a conservação. A elaboração e a implantação de uma política de preservação
devem estar sob a autoridade e coordenação de bibliotecários, no papel de
administradores, o bom exercício dessa atividade requer uma combinação de
práticas administrativas e conhecimentos técnicos, exercidos dentro de uma
estrutura organizacional flexível (NASSIF, 1992).
O “administrador da preservação” deve ter acesso à informação precisa para
o desenvolvimento dos programas de preservação, além de necessitar de tempo
disponível para ordenar e analisar essa informação (NASSIF, 1992, p. 47). Essa
característica do profissional da preservação possibilitará atingir os objetivos da
política de preservação.
Para realizar a conservação, é preciso estabelecer os padrões de
preservação que serão realizados em determinado acervo. Isto é, delimitar e
determinar as ações de conservação que precisam ser feitas para alcançar a
preservação.
De acordo com a literatura adotada, foram elaboradas tabelas para evidenciar
algumas ações de controles e verificações, afim de que mantenham as ações para
preservação de acervos bibliográficos.
45

Tabela 1 – A conservação por meio da adequação de edifícios


Áreas Políticas Verificações
Bloqueio de propagação de
fumaça
Contra incêndio
Sistema de alarme
Gerenciamento de Riscos
Proteção contra incêndio
Elétricas
Instalações
Hidráulicas
Edifício

Inundações
Pluviometria
Vendavais
Vegetação
Indústrias
Centro urbano
Funcionários
Treinamento
Usuários
Vandalismo
Fonte: A autora.

O gerenciamento ambiental para preservação do patrimônio da instituição


precisa preencher alguns requisitos como:

• Comprometimento institucional em todos os níveis, em particular da


Presidência e dos responsáveis pelos diferentes setores da instituição;
• Atitude proativa de todos os funcionários para que se desenvolva uma
“cultura de gerenciamento de riscos” na instituição;
• Constituição formal de uma equipe interna multidisciplinar para a
implantação do gerenciamento de riscos na instituição;
• Disponibilização de recursos financeiros para a implementação de medidas
de tratamento de riscos, conforme os graus de urgência e de prioridade
determinados pela avaliação dos riscos;
• Monitoramento, documentação e revisão contínuos da aplicação do Plano,
cuja atualização sistemática deve ser feita conforme a necessidade ou com
a periodicidade preestabelecida (por exemplo, a cada seis meses);
• Comunicação e consulta contínuas com todas as partes envolvidas e
interessadas, assegurando ampla inclusão e participação ativa no processo
e maximizando o uso da informação e conhecimento disponíveis
(SPINELLI JUNIOR; PEDERSOLI JUNIOR, c2010, p. 15).
46

Tabela 2 – A conservação por meio do controle do ambiente


Áreas Políticas Verificações
Temperatura
Umidade relativa
Iluminação natural
Iluminação artificial
Poluição ambiental
Periódica
Controle ambiental

Limpeza do ambiente
Constante
Periódica
Ambiente

Higienização do acervo
Constante
Biodeterioração: insetos (baratas, brocas,
cupins), roedores (ratos e ratazanas),
pássaros, morcegos e animais (cobra).
Biodeterioração: microorganismos, fungos
(esporos), mofo e ácaros de livro.
Mecânica
Natural
Ventilação
Vertical
Horizontal
Filtração do ar
Fonte: A autora.

A correta adequação do ambiente de guarda de acervo bibliográfico é uma


ação importantíssima que proporciona boas condições para preservação do acervo,
visto que

o ambiente é um dos principais agentes de deterioração dos acervos


documentais. Os efeitos produzidos pela luz, temperatura, umidade e
poluentes atmosféricos, isoladamente ou conjugados, determinam
processos de deterioração dos materiais. Altos índices de
temperatura e umidade propiciam o desenvolvimento de
microorganismos e insetos e aceleram os processos químicos de
degradação (BOJANOSKI, 1999, p. 53).

Por esses motivos é preciso dispensar maior atenção em todo o ambiente de guarda
dos acervos.
47

Tabela 3 – A conservação por meio do gerenciamento de coleções


Áreas Políticas Verificações
Inventário

Segurança do
De acesso ao acervo

acervo
Controle
De empréstimos
Sistema de detecção contra furto
Interna
Controle para exposição
Externa
Diária
Controle do acervo

Vistoria do acervo
Periódica
Controle de reprodução pelos
usuários
Do acervo
Diagnóstico
Obra a obra
Coleção

Monitoramento
Corrente
Armazenamento
Em depósitos
Para suporte físico
Reformatação

Cópia
Para suporte digital
Microfilmagem

De seleção
Gestão da

De aquisição
Coleção

De processamento
Políticas
técnico
De circulação
De uso
Fonte: A autora.

A coleção varia de uma instituição para outra, nesta tabela apresenta-se


algumas ações de controle que podem ser aplicados a diversos tipos de acervos,
com o objetivo de estancar ou desacelerar os agentes de degradação do acervo.
No âmbito gerencial será preciso fazer um levantamento dos gastos e dos
recursos financeiros disponíveis para aplicar a política de preservação, assim como
a mão de obra qualificada e especializada disponível para trabalhar diretamente no
acervo, após estabelecer os procedimentos de preservação necessários. O gestor
deve identificar em sua instituição ou contratar profissionais com capacitação para
trabalhar com as especificidades dos acervos presentes, pois
48

preservar informação relevante requer atualmente o envolvimento de


equipes multidisciplinares na seleção de preservação, no
estabelecimento de prioridades com base no valor informacional, na
demanda de uso e na vulnerabilidade do meio (BECK, 2006, p. 4).

O termo administração da preservação se dá pelo fato de que a

postura gerencial, governamental ou institucional [ ... ] é delineada a


partir de uma decisão de nível hierárquico superior, , isto é, aquela
que define objetivos, limites, diretrizes e procedimentos para atingir
um ou mais resultados de preservação (HANNESCH, 2011, p. 7).

Planejamento, organização, liderança, execução e controle são as principais


ações da administração (MAXIMIANO, 2011). Essas “funções administrativas ou
funções gerenciais” (MAXIMIANO, p. 13) são as mesmas usadas para gerir a
preservação de acervos bibliográficos como um todo, pois “a administração é, na
atualidade, objeto de estudo sistemático, que produz um corpo de conhecimentos
organizados” (MAXIMIANO, p. 14).
Como já foi definido anteriormente, preservação

abrange todas as áreas de gestão e financeira, incluindo


aprovisionamento e armazenamento, recursos humanos, políticas
técnicas e métodos envolvidos na preservação de matérias de
bibliotecas e arquivos e a informação neles contidos (IFLA, 2004, p.
14).

No âmbito da gestão, o profissional da preservação desenvolverá funções


administrativas como distribuição de recursos, determinação das funções e
priorização, visando aplicar os procedimentos de conservação no acervo para
alcançar a preservação. Um profissional com habilidade em comunicação, com bom
relacionamento interpessoal aliado à capacitação técnica, conseguirá gerenciar
todos os processos de preservação.

Investimentos eficazes em processos de preservação não podem ser


adotados sem um compromisso com a obtenção de resultados
ideais. O gerenciamento de preservação compreende todas as
políticas, procedimentos e processos que, juntos, evitam a
deterioração ulterior do material de que são compostos os objetos,
prorrogam a informação que contêm e intensificam sua importância
funcional. A distinção entre a importância do conteúdo e a
importância do artefato está no centro vital de um processo de
49

tomada de decisão que, por si só, é fundamental para um


gerenciamento eficaz. Gerenciamento de preservação envolve um
progressivo processo reiterativo de planejamento e implementação
de atividades de prevenção [...] e renovação de atividades [...].
(CONWAY, 1996, p. 6 apud SILVA, 1998).

É possível desenvolver e implantar um programa de preservação eficaz,


mesmo quando a biblioteca é pequena e possui poucos recursos financeiros
(CALIFORNIA…, 2013). Visto que o princípio básico de diagnosticar a condição do
acervo, apontar as prioridades e ações que precisam ser executadas requer tempo,
esforços e paciência. Sensibilizar e conscientizar funcionários, estagiários e usuários
sobre a importância da preservação e capacitá-los com as ações básicas para
preservar é um passo importante para o estabelecimento e implantação do
programa de preservação e vale ressaltar que este é um trabalho que demanda
tempo e é permanente. Não é preciso reinventar a roda, basta usar o que já está
publicado e adaptar de acordo com a especificidade da biblioteca. E a partir deste
ponto pode-se aprimorar o programa inicial (CALIFORNIA…, 2013).
Ogden (2001, p. 10) apresenta algumas ações que podem ser feitas e
implementadas sem aumento do orçamento ou ter que fazer uma redistribuição do
pessoal. Além do “treinamento de funcionários e usuários no cuidado e manuseio
dos acervos”, é preciso atentar para

a revisão dos contratos de encadernação vigentes [...], a realização


de manutenção sistemática nos acervos e nas estantes, a
preparação de um plano para desastres, a observação dos critérios
de preservação ao comprar móveis e suprimentos para
armazenamento, o trabalho com os engenheiros no sentido de se
estabilizar a temperatura e a umidade, e a incorporação dos
imperativos da preservação a todas as políticas e a todos os
procedimentos da instituição.
50

5 A IMPORTÂNCIA DAS PRÁTICAS PRESERVACIONISTAS

Bibliotecas, centros de documentação, arquivos e museus, são responsáveis


por salvaguardar, prolongar a vida útil e dar acesso aos itens do acervo, e para que
isso ocorra, os profissionais das instituições podem utilizar as técnicas de
conservação, que estabilizam o processo de deterioração do acervo bibliográfico,
permitindo maior tempo possível de acesso aos itens, principalmente, mantendo a
integridade física e intelectual do documento.
“A arte da preservação é tão antiga como a própria civilização humana. De
certo modo, pode dizer-se que provém do instinto de auto-preservação presente em
todos os seres vivos” (KATHPALIA, 1973 apud TEIJGELER, 2007, p. 45).
Inserir as práticas de conservação como rotina na instituição inteira, não é
fácil, porém é a melhor forma de atingir a preservação do acervo em sua totalidade,
sem negligenciar nenhuma parte, sendo que, para atingir esse alvo, demanda
tempo. Investigados os principais fatores de deterioração do acervo ajudará a
estabelecer a forma como o acervo será trabalhado e manuseado.
Independentemente se o guia para preservação é uma política, ou um programa,
seja formal ou informal, o importante é ter objetivo, cronograma, disseminação “e
compreender que só a sua execução continuada e sistemática poderá introduzir as
alterações ambiciosas, isto é, estancar a tão temida deterioração” (CABRAL, 2005,
p. 21).
O foco principal da conservação é evitar que o item precise de restauração,
visto que o ideal é conservar para não restaurar. E neste contexto Guichen, (1995, p.
2 apud BECK, 2006, p. 2) afirma é preciso ter uma nova mentalidade para assegurar
a sobrevida das coleções, pois

a conservação preventiva é um velho conceito no mundo dos


museus, mas só nos últimos 10 anos que ela começou a se tornar
reconhecida e organizada. Ela requer uma mudança profunda de
mentalidade. Onde ontem se viam objetos, hoje devem ser vistas
coleções. Onde se viam depósitos devem ser vistos edifícios. Onde
se pensava em dias, agora se deve pensar em anos. Onde se via
uma pessoa, devem ser vistas equipes. Onde se via uma despesa de
curto prazo, se deve ver um investimento de longo prazo. Onde se
mostram ações cotidianas, devem ser vistos programas e
prioridades.
51

Evidenciando as várias formas de trabalhar com a preservação, em que será


preciso trabalhar com a interdisciplinaridade de profissionais, pois são necessários
vários profissionais para conduzir de forma eficiente à preservação de um acervo.
Como exemplo, a interação de trabalho entre meteorologista, biólogo, químico,
bibliotecário, arquivista, administrador, engenheiro, arquiteto, restaurador são alguns
dos profissionais importantes que precisam interagir com a equipe da instituição
para estabelecer parâmetros de ações preventivas. A interdisciplinaridade deve ser
intermediada pelo administrador da preservação, assim como o diálogo entre os
profissionais das áreas envolvidas.

A salvaguarda do patrimônio pressupõe uma intervenção global,


sempre interdisciplinar obrigando a uma gestão racional dos recursos
existentes na instituição, colocando os departamentos responsáveis
pela conservação no coração da instituição (CABRAL, 2005, p. 7).

De acordo com Ogden (2001), são duas as categorias que dividem a


preservação do acervo. A primeira é a preservação preventiva e a segunda, são as
medidas preventivas de conservação. A preservação preventiva “enfoca a
deterioração dos acervos e sua integridade” (p. 7), além de constituir “um processo
de trabalho intenso” (p. 7). Esta conservação preventiva é um ciclo de trabalho que
não tem fim, como por exemplo, ao finalizar a higienização de um acervo, volta ao
início do acervo onde foi começada a higienização e reinicia o ciclo de higienização
sem interrupções.
Cada instituição terá um ciclo de trabalho personalizado, pois as
necessidades e possibilidades se diferem de instituição para instituição, e como
exemplo do ciclo de trabalho em um setor de preservação está disponível em anexo
o fluxo de trabalho da Biblioteca Rodolfo Garcia. Outro exemplo de conservação
preventiva é o monitoramento diário do ambiente onde o acervo está armazenado,
incluindo o monitoramento da temperatura, da umidade, da luminosidade, dos
particulados de poluição etc.
Para Ogden (2001), as medidas preventivas de preservação são
“empregadas para remediar a deterioração física ou química” (p. 7). Neste caso, são
os processos de intervenção diretamente no ambiente de armazenagem ou no item
que está sofrendo degradação por algum tipo de agente ou bibliófago, o controle de
temperatura e umidade ou a constatação da presença de fungos, ácaros dos livros
52

ou insetos, onde um profissional especializado irá realizar alguns procedimentos


para a retirada do agente que está causando o dano no item.

Seja através da restauração, seja através de qualquer outra ação de


intervenção direta ou indireta sobre o documento, a missão da
preservação é garantir que o documento tenha sua materialidade e
funcionalidade resguardadas pelo maior tempo possível (HOLLÓS,
2006. P. [35]).

As práticas preservacionistas são exercidas desde o mundo antigo, em que “o


[...] papiro era confeccionado [...], a partir da planta substância orgânica constituída,
predominantemente, de celulose, alimento por excelência aos insetos destruidores”
(CASTRO, 2008, p. 13).
De acordo com Castro (2008) uma das práticas de conservação executadas
nos países do Oriente Médio era o uso de produtos repelentes nos suportes de
informação, como o óleo de cedro nos papiros.
A questão do armazenamento também era uma preocupação, porque os
documentos eram guardados “em caixas em madeira de conhecida propriedade
repelente e ativamente inseticida, impregnadas com alguma substância de
conservação” (CASTRO, 2008, p. 14).
Já os gregos e os romanos, objetivando a conservação, confeccionavam
capas de pele de animais ou de tecidos para envolver o livro (CASTRO, 2008).
As igrejas medievais, preocupadas com os furtos, acorrentavam as bíblias em
mobiliário específico para consulta dos fiéis.
53

Figura 3:
3 Mesa/estante para livros acorrentados

Fonte: Oliveira (apud


apud Castro, 2008, p. 18).
18

A imagem acima é um modelo de mesa/estante


mesa/estante para acorrentar
acorrenta os livros em
suas prateleiras,, evitando o furto.
furto Esse mobiliário pertence
ertence à Biblioteca de Cesano,
Cesano
que conserva em seu prédio mobiliário
mo e livros de origem.
Como
omo prática habitual nas bibliotecas antigas, a imagem abaixo,
abaixo mais uma
vez, exemplifica os livros acorrentados,
acorrentados esses são códices e incunábulos da
Biblioteca do Convento de Mafra.
54

Figura 4: Códices
ices e incunábulos acorrentados

Fonte: Sousa (2012


2012).

Dentre outras ações antigas para conservação, sabe-se


se também que os
pergaminhos eram guardados em jarros, e a colocação de livros em um “nicho
escavado em forma de escrivaninha na parede” (CASTRO, 2008, p. 18), protegendo
do furto e dando acesso
o aos usuários e havia também a guarda de livros em cofres,
a mudança de fechadura das salas de guarda etc. Castro (2008) ilustra a guarda em
vasos com uma passagem bíblica, nas palavras do profeta Jeremias, que diz:

Assim diz o senhor dos Exércitos, o DeusDeus de Israel: Toma esta


escritura, esta escritura de compra, tanto a selada como a aberta,
mete
mete-as num vaso de barro, para que se possam
ossam conservar por
muitos dias (BÍBLIA, 1997, p. 1106).
55

Em nota de rodapé, o editor da Bíblia explica que o uso de vaso de barro,


para a guarda de documentos, era uma proteção contra umidade. Era uma forma de
acondicionamento que criava um microclima favorável à preservação protegendo o
documento da umidade, da luminosidade e de agentes biológicos de deterioração.
O editor informa também que muitos arqueólogos têm desenterrados jarros de
barros com tais contratos.
A preocupação com a conservação permanece ao longo dos séculos,
chamando a atenção para reflexão, análise e consolidação desta importante ação
nos acervos bibliográficos e afins.
A conservação é realizada devido a vários fatores que ameaçam a integridade
física dos documentos como:

• A natureza dos próprios materiais;


• Desastres naturais e provocados pelo homem;
• O ambiente onde os materiais são mantidos;
• O modo como os materiais são manuseados (IFLA, 2004, p. 19).

Esses são os principais tipos de degradação que afetam os itens de um


acervo e precisam ser estancados.

É ao considerar as relações sugeridas entre política, tecnologia e


conhecimento, que os arquivistas, bibliotecários e conservadores
encontram respaldo científico para planejar e propor projetos de
preservação para seus acervos. Entende-se que a falta de
conhecimento, mais que a escassez de recursos financeiros, é que
leva à deterioração dos acervos. Assim, hoje, a preservação deve ser
entendida como uma escolha tecnológica, científica e política, em
que identificar e conhecer o que deve ser feito, e como deve ser feito,
torna-se o mais importante. Resolvendo essas questões agora,
inúmeras soluções poderão ser encontradas com vistas ao futuro
(SILVA, 1998).

A mudança desse quadro apresentado por Silva pode ser modificado à


medida que os gestores de acervos a da preservação invistam tempo para
divulgação da importância e da necessidade de preservar o patrimônio institucional.
Pois a preservação é uma ação de trabalho que envolve questões complexas que
não pode ser realizada por uma só pessoa.
56

6 OS ESTUDOS DE CASO

Foram visitadas algumas instituições especializadas e que trabalham


diretamente com a questão da preservação de acervos bibliográficos. As visitas
foram feitas com a intenção de pesquisar sobre os métodos preservacionistas
utilizados para a conservação de acervos bibliográficos. O acondicionamento, a
climatização e a higienização foram os pontos básicos pesquisados.
Os locais visitados foram bibliotecas especializadas da cidade do Rio de
Janeiro: Biblioteca Rodolfo Garcia (BRG) da Academia Brasileira de Letras (ABL),
Biblioteca de Ciências Biomédicas do Instituto de Comunicação e Informação
Científica e Tecnológica em Saúde (FIOCRUZ) e a Biblioteca do Museu de Ciências
Afins (MAST).
As visitas foram direcionadas por um questionário semi-estruturado, com
questões abertas ou entrevistas, visto que as práticas preservacionistas são de
cunhos individualizados nas instituições, e ocorreram na primeira quinzena do mês
de maio de 2013,

6.1 Biblioteca Rodolfo Garcia

A BRG é uma biblioteca especializada em Letras, e seu acervo tem como


principal foco de assunto a “filosofia, filologia, 56linguística, literatura, história e
ciências humanas” (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, 2013). A formação do
acervo se constitui pelas coleções “geral, de referência, de obras raras dos séculos
XIX e XX [...] e por coleções particulares” (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS,
2013). Dentre as obras raras destacam-se a Brasiliana e a Camiliana. As coleções
particulares são constituídas pelos acervos de “Agliberto Xavier, Alzira Vargas do
Amaral Peixoto, Arthur Vautier, Ary de Andrade, Carlos Magalhães de Azeredo,
Celso Vieira, Fernando Nery, Franklin de Oliveira, Frédéric Mauro, Marcos Carneiro
de Mendonça e Silvio Neves” (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, 2013).
57

6.2 Biblioteca de Ciências Biomédicas

Inaugurado em 1995, para abrigar o acervo de obras correntes, possui


aproximadamente um milhão e meio de itens entre livros, folhetos, periódicos e
vídeos. O prédio da Biblioteca de Ciências Biomédicas (BCB) possui uma área para
conservação preventiva de documentos, denominado Laboratório de Conservação
Preventiva de Documentos (Lacopd) (REDE..., 2013).

A [BCB] desenvolve novos métodos, processos e produtos, com o


objetivo de ampliar e universalizar o acesso à informação científica
na área biomédica. Além de atender aos profissionais de saúde, a
biblioteca é destinada a alunos de pós-graduação, professores e
pesquisadores da Fiocruz, da Rede Pública e Privada de Saúde e à
sociedade em geral (REDE..., 2013).

Localizada no Rio de Janeiro, a BCB possui agravantes de


deterioração do seu acervo, devido à temperatura e umidade relativa
que oscilam muito. Além disso, a concentração de arbustos, a
proximidade com o mar e a emissão de poluentes através da
Avenida Brasil tornam o controle desses índices muito difíceis, o que
é altamente prejudicial para o papel (REDE..., 2013).

O principal objetivo da BCB é dar “acesso à informação científica e


tecnológica em saúde” (REDE..., 2013) aos pesquisadores.

6.3 Biblioteca do Museu de Astronomia e Ciências Afins

O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) é “uma unidade de


pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)” (MUSEU..., 2013),
que “tem como missão ampliar o acesso da sociedade ao conhecimento científico e
tecnológico por meio da pesquisa, preservação de acervos, divulgação e história da
ciência e da tecnologia no Brasil” (MUSEU..., 2013), e a Biblioteca do MAST está
inserida neste contexto apoiando pesquisadores e ajudando no surgimento de outros
novos.
58

7 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a coleta dos dados apresentam-se as observações sobre cada


instituição. Para isso foram elaboradas três tabelas organizadas por três grandes
áreas que são importantes para a preservação. A tabela 1 observa as condições
físicas e localização dos edifícios, a tabela 2 observa o meio ambiente de
armazenamento do acervo e a tabela 3 apresenta condições específicas quanto ao
gerenciamento e tratamento do acervo.

7.1 Quanto aos edifícios

Os edifícios das instituições que armazenam acervos orgânicos, como os


bibliográficos, por exemplo, precisam atender algumas especificações a fim de
proteger e conservar seus itens. Suas adequações são medidas importantes para a
preservação do acervo.
Com as intempéries e as ações do homem, os edifícios tendem a degradar
com o tempo, comprometendo a estrutura física, estética e funcional. A verificação
das condições do edifício, do local onde está construído e a forma de uso
possibilitam a correta manutenção.
A ação básica para a preservação do acervo é a orientação aos usuários
quanto à forma correta de manuseamento dos itens.
“De facto (sic), o primeiro princípio que assegura uma boa preservação e um
armazenamento em condições, não tendo em conta o local ou o clima, é um
manuseamento cuidadoso dos materiais” (EZENNIA et al., 1995, apud TEIJGELER,
2007, p. 112).
As tabelas a seguir foram elaboradas para apresentar, em resumo, as ações
básicas para a preservação.
59

Tabela 4 – Observações nos edifícios nas bibliotecas visitadas


Áreas Políticas Verificações BRG BCB Bib MAST
Bloqueio de - - -
propagação de
fumaça
Contra incêndio
Sistema de alarme Possui Possui Possui
Proteção contra Possui sistema de gás Possui brigadistas
Gerenciamento de Riscos

incêndio
Elétricas - - -
Instalações
Hidráulicas - - -
Inundações Não há riscos Não há riscos Não há riscos
Edifício

Pluviometria Não há riscos Não há riscos Não há riscos


Vendavais Não há riscos Não há riscos Há riscos
Vegetação Não há proximidade Há proximidade Há proximidade
Indústrias Não há proximidade Há proximidade Há proximidade
Centro urbano Está no centro urbano Há proximidade Há proximidade
Funcionários Possui Possui Possui
Usuários Não possui (mas Possui Possui
Treinamento existe observação aos
usuários quanto ao
uso do acervo)
Vandalismo Não há riscos Há riscos Há riscos
Fonte: A autora.
60

Apesar da proximidade geográfica das instituições cada uma tem ataques de


agentes de deterioração distintos, o que pode deixar o acervo vulnerável se medidas
de proteção não forem implantadas. A presença de umidade, a alta temperatura e a
presença de substâncias poluentes “afetam negativamente as coleções e outros
elementos patrimoniais por meio de reações químicas ou formação de depósitos,
causando corrosão, enfraquecimento, alterações estéticas, etc.” (SPINELLI JÚNIOR;
PEDERSOLI JÚNIOR, 2010, p. 27).

Administradores de bibliotecas e arquivos e profissionais da


preservação enfrentam o grande desafio de reduzir os inevitáveis
processos intrínsecos e extrínsecos de degradação verificados nos
acervos documentais modernos. No Brasil a situação desses acervos
é particularmente grave. Além dos fatores inerentes de degradação
dos materiais, as instituições enfrentam outras questões que
intensificam esse processo. O clima tropical-úmido com altos índices
de umidade e temperatura que aceleram os processos de
deterioração dos materiais (BOJANOSKI, 1999, p. 36).

Para Teijgeler (2007, p. 79) “os edifícios constituem a primeira linha de defesa
contra climas rigorosos e contra diversos tipos de desastres, sendo considerados
como um meio fundamental para a preservação das colecções (sic)”. E por isso o
cuidado com os edifícios não pode ser negligenciado quando o objetivo é a
preservação de acervos.
Para gerenciar um edifício e o ambiente onde o acervo está armazenado são
necessárias várias medidas de verificação para reparos e adequações. O
gerenciamento desses espaços requer atenção aos perigos iminentes como o risco
de vendáveis, inundações, riscos de incêndios, proximidade a indústrias, estruturas
resistentes a cargas, instalações hidráulicas, ambientes confinados, entre outros
(BECK, 2011).

7.2 Quanto ao meio ambiente

O cuidado com o meio ambiente visando a preservação transcorre pelas


observações nas paredes, janelas, coberturas (telhados ou lajes), clima, localização,
tipologia do acervo, tipo de mobiliário etc. “Todos os elementos da construção de um
edifício são responsáveis na obtenção de um ambiente adequado à preservação –
61

as paredes, as portas, o telhado, os pavimentos e as janelas” (TEIJGELER, 2007, p.


102).
A realidade brasileira, quanto ao clima, faz com que as instituições precisem
fazer investimentos altos para armazenar seus acervos em boas, e

infelizmente, acontece diversas vezes não haver dinheiro disponível


suficiente para conversões adequadas, que deveriam solucionar
problemas relativos ao meio ambiente inadequado, à poluição
atmosférica e à segurança (THOMAS, 1988 apud TEIJGELER, 2007,
p. 100).

Hazen (1997, p. 3-10 apud BOJANOSKI, 1999, p. 45)

analisando as relações existentes entre preservação, gerenciamento


e desenvolvimento de coleções de bibliotecas, afirma que a
preservação pode ser entendida como o agrupamento de três tipos
principais de atividades: o primeiro tipo concentra-se nos ambientes
de biblioteca e nas maneiras de torná-los mais apropriados a seus
conteúdos; o segundo incorpora esforços para estender a vida física
de documentos através de métodos como a desacidificação,
restauração e encadernação; o terceiro tipo envolve a transferência
de conteúdo intelectual ou informativo de um formato matriz para
outro. Cada uma dessas três categorias de preservação encerra
numerosas atividades específicas, ao mesmo tempo em que elas se
sobrepõem inúmeras outras atividades e funções da instituição.
Hazen conclui que existe uma interligação significativa entre a
preservação e funções como manutenção do edifício, gerenciamento
e desenvolvimento de coleções.

São inúmeros os autores que afirmam que a preservação envolve ações


interdisciplinares e que o cuidado com o meio ambiente é um fator importante para
resguardar a coleção de forma global.
62

Tabela 5 – Observações nos ambientes nas bibliotecas visitadas


Áreas Políticas Verificações BRG BCB Bib MAST
Temperatura Controle e Controle e Monitoramento
monitoramento monitoramento
Umidade relativa Controle e Controle e Monitoramento
monitoramento monitoramento
Iluminação natural Controle e Controle e Controle e
monitoramento monitoramento monitoramento
Iluminação artificial Controle e Controle e Controle e
monitoramento monitoramento monitoramento
Poluição ambiental Controle Controle Controle
Periódica Possui Possui Possui
Controle ambiental

Limpeza do ambiente
Constante Possui Possui Possui
Periódica Possui Possui Possui
Ambiente

Higienização do acervo
Constante Possui Possui Não possui
Biodeterioração: insetos Possui controle e Possui controle e Possui controle e
(baratas, brocas, cupins), monitoramento monitoramento monitoramento
roedores (ratos e ratazanas),
pássaros, morcegos e animais
(cobra).
Biodeterioração: Possui controle e Possui controle e Possui controle e
microorganismos, fungos monitoramento monitoramento monitoramento
(esporos), mofo e ácaros de
livro.
Mecânica Possui Possui Não possui
Natural Não possui Não possui Possui
Ventilação
Vertical Não possui Não possui Não possui
Horizontal Possui Possui Possui
Filtração do ar Possui Possui Não possui
Fonte: A autora.
63

A preservação para atingir a conservação de determinado acervo é um


trabalho contínuo, ou seja, nunca terá fim. Isso significa que não é só adequar o
meio ambiente de guarda, treinamento de usuários e funcionários, padronização de
tratamento e manuseio, entre outras ações; é preciso ter controle, monitoramento e
documentação de todos os índices observados, ações aplicadas e modificações
realizadas. Essa ação permite criar uma documentação específica que identifica o
estado do acervo e as intervenções realizadas por longos períodos.
A documentação gera um banco de dados com as condições de trabalho e de
preservação dos acervos além de arrolar todos os profissionais envolvidos nessas
ações. Essa ferramenta possibilita a continuidade do trabalho de preservação.

7.3 Quanto ao acervo

Os Acervos bibliográficos de uma comunidade geralmente


patrimônios públicos, encontram-se sob a custódia de instituições
governamentais e todas as atividades no sentido de mantê-los
conservados não devem ser tratadas com fatores isolados (SPINELLI
JÚNIOR, 1997, p. 11).

Com o objetivo específico de conservar os acervos bibliográficos é necessário


aplicar vários métodos específicos de conservação. É preciso diagnosticar a
condição de degradação e preservação do acervo, avaliar as medidas emergenciais
identificando as prioridades e estabelecer as necessidades de intervenções,
atribuindo responsabilidades e prazos para execuções.
64

Tabela 6 – Observações sobre o gerenciamento de coleções nas bibliotecas visitadas


Áreas Políticas Verificações BRG BCB Bib MAST
Segurança do Inventário Possui Possui Possui
acervo De acesso ao acervo Possui Possui Possui
Controle
De empréstimos Possui Possui Possui
Sistema de detecção contra furto Possui Possui Possui
Interna Possui Possui Possui
Controle para exposição
Externa Possui Possui Possui
Controle do acervo

Diária Possui Possui Não possui


Vistoria do acervo
Periódica Possui Possui Possui
Controle de reprodução pelos usuários Possui Possui Possui
Do acervo Possui Possui Possui
Diagnóstico
Obra a obra Possui Possui Possui
Monitoramento Possui Possui Possui
Coleção

Corrente Possui Possui Possui


Armazenamento
Em depósitos Possui Possui Possui
Reformataçã

Para suporte físico Possui Possui Possui


Cópia
Para suporte digital Possui Possui Possui
Microfilmagem Não Possui Não Possui -
o
Gestão da Coleção

Seleção Possui Possui Possui


Aquisição Possui Possui Possui
Processamento técnico Possui Possui Possui
Circulação Possui Possui Possui
Políticas
Uso Possui Possui Possui
Preservação Possui Em Em
implantação formulação

Fonte: A autora.
65

O ponto em comum entre as instituições é dar acesso aos utentes focando a


preservação do acervo. Os tratamentos dados aos acervos são diferenciados em
cada instituição, mas algumas práticas são similares quando é aplicada de forma
global, sempre observando a tipologia física do material que constituem os acervos,
─ que podem ser documentos manuscritos, datilografados ou impressos, como
livros, periódicos, obras raras, fotografias, obras de arte, mapas e plantas, cartazes,
além de diapositivos, filmes positivos, filmes negativos, vídeos, fitas magnéticas,
microfilmes, discos de vinil, DVD’s, CD’s, HD’s, entre outros.

Embora bibliotecas e arquivos difiram bastante no que diz respeito a


materiais e metodologias, suas metas de programas, preocupações
com preservação e questões gerenciais são semelhantes. Ambas
existem para preservar e permitir acesso à informação (WARD, 2000
apud ZÚÑIGA, 2002, p. 72).

É preciso atentar também para a verdadeira realidade da instituição quanto


aos recursos humanos e financeiros, para adequar e desenvolver um trabalho de
preservação.
66

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que não é possível estabelecer uma única política de preservação


universal para atender todas as instituições. É preciso ter ciência dos múltiplos
fatores que interferem na preservação, como o clima onde a instituição está inserida,
as condições físicas do edifício, a tipologia física material do acervo, as políticas que
regem a administração da instituição, a missão da instituição, o estado de
degradação ou conservação do acervo, os recursos financeiros disponíveis, os
recursos humanos qualificados para executar os procedimentos de conservação, as
necessidades informacionais dos usuários entre outros fatores que existem e são
peculiares em cada local.
A ciência da preservação está se consolidando cada vez mais por meio de
pesquisas e aplicações de métodos pelos especialistas da área. Essa consolidação
foi mais intensa após a tragédia de Florença em 1966, quando na manhã de 4 de
novembro de 1966 a Biblioteca Nacional Central da Itália foi inundada, tornando-se
um marco na sociedade, que se uniu e se organizou de forma emergencial na
tentativa de salvar parte do patrimônio que estava coberto pela lama.
O planejamento e diagnóstico são ferramentas básicas para a formulação de
uma política de preservação.
Proteger e salvaguardar um acervo bibliográfico envolve processos de amplo
alcance, assim sendo, é muito difícil descrevê-los em um único trabalho de forma
exaustiva, delimitando todas as ações inerentes aos processos de conservação de
acervos bibliográficos.
Assim como diz a quinta lei de Ranganathan, que uma biblioteca é um
organismo em crescimento, os processos e procedimentos inerentes ao bom
funcionamento da biblioteca e conservação do seu acervo também são organismos
vivos, não são estáticos, eles estão em constante movimento. Portanto, o trabalho
de avaliação e modificação mais adequado é constante.
67

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74

GLOSSÁRIO

Ácaro dos livros Pequeno inseto cinzento, branco ou translúcido, mais ou


menos do tamanho da cabeça de um alfinete. Encontra-se em
grande número em zonas úmidas e escuras e nos livros;
aparece geralmente no outono e causa mais estragos do que
pelo seu tamanho poderia supor-se; come grude, goma e
fungos; pode exterminar-se através da congelação, mas a
melhor solução é procurar criar um ambiente mais seco
(FARIA; PERICÃO, 2008, p. 29).

Acervo bibliográfico Conjunto de documentos de um arquivo, biblioteca ou centro


de documentação (SANTOS; RIBEIRO, 2003, p. 10).

Acesso livre Biblioteca com estantes de acesso livre aos usuários.


(SANTOS; RIBEIRO, 2003, p. 11).

Administração Define-se como o processo de coordenar os recursos de uma


organização para conseguir todos os objetivos por ela fixados
por meio de um conjunto de funções inter-relacionadas como o
planejamento, a organização, a contratação, o controle e a
orientação do pessoal (FARIA; PERICÃO, p. 36).

Bibliófago Diz-se de insetos ou outros animais que atacam e devoram


livros e demais documentos feitos de papel e outras matérias-
primas. (CUNHA, 2008, p. 46).

Códices Códex (pl. códices), na definição de Rouveyre, ‘é o nome dado


aos manuscritos cujas folhas eram reunidas entre si pelo dorso
e recoberta de uma capa semelhante à das encadernações
modernas. É, em suma, o livro quadrado e chato, tal como
ainda hoje o possuímos’. A diferença é que o livro moderno
apresenta-se em tamanhos reduzidos, graças ao corte das
75

folhas de impressão, ao passo que o pergaminho não era


dobrado nem cortado em folhas pequenas, o que significa que
os códices são livros grandes (MARTINS, 1996, p. 68).

Desacidificação Redução da acidez do suporte de modo a elevar seu potencial


hidrogeniônico a um ponto próximo do neutro (SANTOS;
RIBEIRO, 2003, p. 80).

Desumidificação Redução da umidade relativa do ar em áreas de


armazenamento, por meios mecânicos ou químicos (SANTOS;
RIBEIRO, 2003, p. 81).

Fumigação Em conservação, é a utilização de agentes químicos para a


destruição de insetos e microorganismos que causam danos
aos documentos (SANTOS; RIBEIRO, 2003, p. 108).

Gestão de Parte da biblioteconomia que diz respeito ao estabelecimento,


bibliotecas organização e administração racional das bibliotecas,
operações que são orientadas para a consecução de objetivos
previamente definidos (FARIA; PERICÃO, 2008, p. 360).

Higienização Retirada da poeira e outros resíduos estranhos aos


documentos por meio de técnicas apropriadas, com vistas à
sua preservação (SANTOS; RIBEIRO, 2003, p. 114).

Incunábulo Livros impressos antes da Páscoa de 1500, isto é, anteriores


de 19 de abril de 1501 do calendário gregoriano. É bom frisar
que o termo alcança estampas e livros trabalhados pelo
processo da xilografia (os chamados incunábulos xilográficos)
e os livros publicados pelos tipógrafos, desde Gutenberg até a
data supra (são os incunábulos tipográficos) (OLIVEIRA, 1989,
p. 98-99).
76

Informação Conceito genérico de tudo que possa representar notícias,


conhecimento ou comunicação [...]. Todo e qualquer elemento
referencial contido num documento (SANTOS; RIBEIRO,
2003, p. 128).

Inventário Levantamento dos itens existentes num acervo, tomando por


base o catálogo topográfico (SANTOS; RIBEIRO, 2003, p.
135).

Reformatação É o “estabelecimento de um novo formato. Ação ou resultado


de reformatar, de formatar outra vez um meio magnético”
(IDICIONÁRIO AULETE, 2013).

Umidificação Procedimento de conservação em que documentos


ressecados e quebradiços são colocados numa atmosfera
úmida, para readquirirem flexibilidade pela absorção gradual
de vapor d’água (SANTOS; RIBEIRO, 2003, p. 242).
77

ANEXO A – FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE AMOSTRA

Fonte: MERRILL-OLDHAM;
OLDHAM; REED-SCOTT
REED (2001).
78

ANEXO B – FICHA: DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO


79

Fonte: SPINELLI JÚNIOR (1997).


80

ANEXO C – FICHA: DIAGNÓSTICOS DO ACERVO E ESPAÇO FÍSICO


81

Fonte: SPINELLI JÚNIOR (1997).


82

ANEXO D – FICHA: DIAGNÓSTICO DO ACERVO FOTOGRÁFICO


83

Fonte: SPINELLI JÚNIOR (1997).


84

ANEXO E – QUADRO COM LIMITES DE PROTEÇÃO DO EDIFÍFIO

Fonte: Museu de Astronomia e Ciências Afins; Museu Villa-Lobos (2006).


85

ANEXO F – FLUXO DE TRABALHO DA BRG

Fonte: Academia Brasileira de letras (2013).


86

ANEXO G – QUESTIONÁRIO

Quais são os padrões utilizados para realizar a preservação do acervo?

Quais são as estratégias utilizadas para realizar a preservação do acervo?

Quais são as etapas essenciais e completares para realizar a conservação


preventiva e a preservação de um acervo?

Quais são as ações necessárias para alcançar uma conservação e preservação de


forma eficaz e eficiente?

Quais são os esforços necessários para realizar a preservação e conservação de


forma eficaz e eficiente à longo prazo?

Qual é o maior desafio no quesito preservação com difusão do acervo e/ou


circulação dos itens do acervo?

Qual é o agente que mais causa deterioração do acervo?

Os usuários causam algum tipo de deterioração nos itens do acervo? Quais?

Existe uma cooperação sobre conservação e preservação com outras instituições?

Quais são os procedimentos que são realizados no âmbito da cooperação?

A biblioteca oferece ou recebe os serviços de preservação e conservação?

Existe uma política de preservação escrita para estabelecer os parâmetros e atender


a preservação e conservação do acervo da instituição?
87

ANEXO H – DICAS DE PRESERVAÇÃO: REGISTROS EM PAPEL

1 - Ao retirar a publicação da estante não a puxe pela borda superior da lombada, o


ideal é segurá-la com firmeza pelo meio. A maneira correta é manter os volumes nas
estantes com folga entre eles, ou seja, não superlotar as estantes para que não
emboquem e fique mais fácil a retirada e a circulação de ar entre as obras.
2 - Mantenha as obras nas estantes na posição vertical. Publicações guardadas
inclinadas ou apoiadas no corte da frente podem fragilizar a lombada e os cadernos
podem vir a desprender - se.
3 - Evite fazer anotações em livros e documentos. Caso seja necessário, use lápis
sem fazer pressão no papel, nunca utilize caneta.
4 - Nunca faça ou permita que façam “orelhas” para marcar as páginas de um livro,
revista ou qualquer tipo de publicação. Esta dobra provoca o rompimento das fibras
do papel que, com o tempo, pode se tornar uma ruptura.
5 - Prendedores metálicos e fitas adesivas nunca devem ser usados para marcar ou
consertar páginas. Eles deixam manchas irreversíveis nos documentos.
6 - Manuseie as páginas com cuidado, sempre folheando pela parte superior da
folha.
7 - Não apóie os cotovelos sobre os livros. A pressão feita nas folhas irá danificá-las.
8 - As amarras, quando necessário, deverão ser feitas utilizando cadarços de
algodão cru de 1,5 cm de espessura e nunca deveremos utilizar elásticos ou
barbantes.
9 - Não devemos permitir que as páginas sejam folheadas com os dedos
umedecidos com saliva. Além de atrair insetos para o documento, a pessoa estará
ingerindo os agentes nocivos que estejam presentes no documento.
10 - Em salas de leituras ou acervo, nunca se alimente ou guarde em gavetas balas,
biscoitos, chocolates etc. Um invisível resto de alimento pode atrair insetos e até
roedores nocivos ao papel, que podem causar danos irreparáveis aos documentos.
Os recipientes de lixo com restos de alimentos devem ser recolhidos todos os dias.
11- Nos ambientes de bibliotecas não devemos utilizar vassouras e nem produtos de
limpeza que inalam odor, para que não fragilizem as fibras do papel. O piso deverá
ser limpo com pano semi-úmido.
88

12 - Ambientes com acervos, como bibliotecas, arquivos e museus, devem ser


climatizados e os aparelhos de ar condicionado precisam estar ligados
ininterruptamente, durante 24 horas. A oscilação de temperatura e da umidade
relativa do ar não só permitem a proliferação de microorganismos, como provocam a
contração e o alongamento das fibras, deixando-as mais fragilizadas.
13 - É fundamental o controle da temperatura e da umidade relativa em locais que
abrigam acervos. O monitoramento ambiental deve ser feito diariamente através da
utilização de aparelhos termohigrômetros. A temperatura propícia para abrigar
acervos em papel é de 18 a 22ºC e umidade relativa de 50 a 55%. A variação
desses índices favorece e acelera o aparecimento de agentes nocivos aos
documentos.
14 - Estantes devem estar afastadas no mínimo 0,30 cm da parede e 0,80 cm de
espaço entre as fileiras. Para dificultar que um possível ataque de cupim de solo
possa atingir de imediato a coleção e também garantir melhor ventilação para o
acervo e evitar o contato com infiltrações.
15 - Utilize persianas nas janelas. Não permita que o acervo seja exposto à luz
natural direta ou luz artificial excessiva. Isso ocasionará o envelhecimento precoce
das obras.
16 - Instalações hidráulicas (canos de água, gás, esgoto etc), não devem ficar
próximas ou acima de acervos. Elas podem expor as obras a riscos de vazamentos.
Caso seja necessário, o layout da biblioteca deve ser modificado para evitar
acidentes.
17 - Não fumar nas áreas de acervo. A fumaça entra em reação com o papel
acelerando o processo de envelhecimento.
18 - Mapas plantas ou documentos de grande tamanho não devem ser guardados
dobrados ou em pequenas gavetas.
Fonte: Biblioteca de Ciências Biomédicas (2013).

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