O PÁSSARO SEM COR

LUÍS NORBERTO PASCOAL

Era uma vez um pássaro que nasceu diferente. Ele não tinha cor. E todos o chamavam de pássaro
sem cor. Sempre que o chamavam assim, ele ficava triste. E ainda riam dizendo: - Ah! Se não tem cor,
não é pássaro.
Ele voava de lá para cá, muito triste. Um dia encontrou um velho pássaro muito inteligente e perguntou-
lhe:
- Por que não tenho cor?
- Porque você é especial, um pássaro mágico! Respondeu o velho pássaro – Você tem mais cores que
os outros, mas ninguém ainda conseguiu vê-las. Descubra a mágica que existe em você e será o mais
colorido de todos.
- Mas como, grande mestre? – perguntou o pássaro sem cor.
E o velho pássaro sábio disse:
- Descubra-se! Saia voando e veja como você pode ajudar os outros e deixar o mundo melhor.
O pássaro sem cor não entendeu direito, mas resolveu seguir o conselho.
Enquanto voava, viu alguém que estava se afogando e precisava de ajuda.
O pássaro sem cor logo tentou tirar o menino de dentro da água usando um galho.
Quando foi salvo, o menino disse:
- Nossa, pássaro vermelho, que maravilha! Muito obrigado! Quando vi você sabia que me salvaria.
O Pássaro sem cor ficou assustado. Era a primeira vez que alguém o chamava de pássaro vermelho. E
ele perguntou: - Por que você me chama de vermelho, se não tenho cor?
E o menino disse: - É lógico que você tem cor, e é linda! Você é vermelho, a cor da vida!
O pássaro realmente estava vermelho. Ele agradeceu e continuou seu caminho.
Logo depois, lá longe, o pássaro viu uma fumacinha e voou para lá. Era uma árvore pedindo ajuda:
- Pássaro, me ajude! Começou a pegar fogo na floresta e eu não sei como apagar. Você pode encher o
seu bico de água do rio e jogar um pouco aqui?
Voando muito rápido, foi até o rio várias vezes, encheu o bico de água e jogou nas árvores que
pegavam fogo, foi e voltou várias vezes, até que o fogo se apagou.
A árvore agradeceu, dizendo:
- Que bom que você veio me ajudar, pássaro verde!
O pássaro olhou para o próprio corpo e viu que, de fato, estava verde. Então ele seguiu seu caminho.
Enquanto voava, no caminho encontrou uma flor muito linda, bem amarela, que gritou:
- Pássaro, venha até aqui, por favor!
Ele foi rapidinho e ela disse:
- Tem um monte de bichinhos querendo comer minhas folhas e só você pode me proteger! Dê um
susto neles, para que eles fujam e nunca mais voltem.
Ele imediatamente cantou tão alto que os insetos saíram correndo. A florzinha amarela disse:
- Obrigada, pássaro amarelo!
E ele respondeu:
- De nada, só fiz o que é certo, proteger as flores.
O pássaro sem cor já nem sabia mais que cor tinha! Já havia sido chamado de várias cores. Mas
continuou seu caminho, sempre ajudando quem precisa. Em cada lugar, era chamado de uma cor.
Azul quando salvou o mar, rosa quando salvou os botos, enfim, diversas cores.
Ainda se perguntando, por que todos o chamavam de pássaro colorido, ele continuou voando, até que
avistou um pássaro indo em direção as montanhas. Parecia meio cego pelo sol, e ia dar de cara com
as pedras. Ele saiu voando muito rápido e conseguiu desviar o grande pássaro do acidente que iria
acontecer.
O pássaro grande que era muito bonito disse:
- Pássaro sem cor, hoje você me salvou e ainda aprendi uma lição. Eu ria de você porque eu era lindo
e te achava feio. Mas vejo que agora você é o mais colorido dos pássaros. Como conseguiu essa
mágica?
E o pássaro respondeu:
- Apenas ajudei quem precisava de ajuda.
Os dois se despediram e foram embora. De repente, apareceu aquele velho pássaro sábio. O jovem,
agora muito feliz, perguntou ao sábio:
- Como soube que era mágico e tinha todas essas cores?
E o velho pássaro disse:
- Vi que você tinha a bondade nos olhos e ajudaria quem precisasse.
Esta é a mágica da vida, saber fazer o bem.