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Chegando aos seus 70 anos de vida, com muita disposição,

forte, simpático, charmoso e de cabelos grisalhos, todo ele era


música, sendo sempre acompanhado por ela durante a sua longa
vida, decidiu, naquele dia, pintá-la. As ideias surgiram repentina-
mente e eram infindáveis como gotas de água num dia de Inverno.
A folha branca estava sobre a mesa, e a caneta preta sustentada pela
mão direita.
Quando a pousou no papel, fechou os olhos, e deixou que a sua
mão comandasse o desenho. Ao abri-los, viu uma linha ondulada,
que estava longe de ser o desejo de um resultado final. Experimentou
vezes sem conta esta magia de pintar de olhos fechados, sem nunca
saber bem o que esperar, mantendo sempre a certeza permanente de
que, naquele dia, tinha de pintá-la. Rasgou folhas, gastou tintas,
encheu lareiras de papel preenchido de uma ponta à outra. Tentou
com cores, tentou a lápis, com as mãos e até com os pés, e nenhum dos
símbolos representava o que ele queria, não era assim que queria
pintá-la.
Fechou os olhos com mais força, e deixou cair o queixo, inspi-
rando pelo nariz e expirando descontraído, fez soar uma longa,
doce e leve nota musical, que o acompanhou numa outra tentativa
de pincelada.
Assentou a caneta firme na folha, deixando escorregar num
círculo e quando quase completo, a mão direccionou o bico da
caneta para cima, e uma vez lá no cume ondulou e regressou para
baixo, acabando com uma cornocópia. Era exactamente assim que
queria pintá-la. Mas, pintá-la, a quem? A nota que as cordas vocais
fizeram soar, era um Sol. E este Sol, era a chave para conseguir o que
queria, e chamou-lhe assim de Clave (que vem do latim chave) e Sol.
Determinou depois desta longa pesquisa, que a Clave de Sol de-
terminaria assim, o lugar da
nota sol na pauta. E assim
nasceu um dos principais
símbolos musicais.

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