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Conceito : Técnica de escrita onde se “encontra a poesia”

selecionando palavras de uma página de um livro, jornal…


Esconde-se “Blackout” as outras palavras colocando em destaque as
que selecionámos.

1. Explicar aos alunos o conceito .


2. Distribuir uma folha com texto .
3. Selecionar no textos as palavras que quiserem para formar um
poema.
4. Esconder as palavras não selecionadas. Podem desenhar por
cima delas, se assim o entenderem.
Enquanto as flores desabrochavam, os primeiros raios de sol foram
surgindo no horizonte, interrompendo a brisa fria e suave da madrugada
e novamente despertando a cidade para um novo amanhecer. Toda
aquela região era cercada por colinas. Bem lá no alto, na mais alta delas,
morava uma velha senhora chamada Sofia. ona Sofia era uma professora
aposentada que durante toda a vida se dedicara a ensinar. Ela conhecia
os segredos, os sonhos, as sensações e as emoções que as palavras dos
poetas despertam no coração de cada um. Agora, cultivava flores em
seu jardim, para serem vendidas na cidade, garantindo assim algum
dinheiro, além do que recebia de sua fraca aposentadoria. Sentia-se feliz
lidando com as flores, e mais ainda quando abria um livro e mergulhava
em suas letras. Lia romances, contos, crônicas e, principalmente,
poesias. Sua casa era diferente de todas as outras. Tinha paredes
decoradas de cima a baixo com... poesias. Dona Sofia, com sua linda
caligrafia, escrevia poesias por todos os cantos da casa. Havia versos na
sala, no quarto, na cozinha, no banheiro e em todos os lugares onde
pudesse deixar vivo um pedacinho de emoção.
Os anos foram passando e um belo dia Dona Sofia percebeu que não
havia mais espaço para escrever. O que faria, então? Não queria deixar
as poesias escondidas nos livros... Se ela pudesse oferecer um verso
como quem oferece uma flor a cada morador da cidade... Sim! Era isso!
Dona Sofia decidiu fazer cartões poéticos decorados com flores
cultivadas por ela mesma. Assim, passou a fazer cartões coloridos, de
diversas texturas e decorados com flores prensadas, onde escrevia, com
letra caprichada, versos dos seus poetas preferidos. Dona Sofia
resgatava dos livros ou da memória os versos que tanto lhe diziam e que
iriam, como sementes ao vento, desabrochar em outros corações.
Preparava vários cartões e depois chamava Seu Ananias, que os
entregava aos moradores da cidade. eu Ananias era o único carteiro
existente por ali. Ele conhecia todos os moradores e cuidava da
correspondência local. Em casa, ano após ano, as pessoas esperavam
atentas o sinal de alerta: Cooooooooorrreeeeiiiiiiiooooooooooo! E lá
vinha ele trazendo notícias, saudades e sonhos. Nas horas vagas, Seu
Ananias passou a ajudar Dona Sofia cultivando e transportando flores.
Fazia tudo de livre e espontânea vontade, pois adorava lidar com
plantas.
Gostava de observar a delicadeza das flores brotando e respirar o
aroma da relva quando era agitada pelo vento. E sentia-se muito bem
na companhia de Dona Sofia, sempre doce e bondosa.
Mas Seu Ananias não media esforços. Quase todos os dias montava em
sua bicicleta e percorria aquele caminho íngreme e tortuoso. Subia e
descia a colina quantas vezes fosse necessário. Lá o tempo passava
rapidamente, enquanto seus olhos assistiam ao fantástico poder da
natureza. Poucos lugares no mundo possuíam tamanho esplendor: o
colorido das flores se esparramando por toda a colina, em uma
paisagem ondulada e verdejante em todas as direções. Beleza e
diversão, contudo, estavam mesmo dentro da casa de Dona Sofia,
adornada por todos os lugares com aquela bela caligrafia que,
inevitavelmente, ele comparava com a sua. Seu Ananias tinha uma
letra horrível, que por vezes nem ele mesmo conseguia entender.
Certo dia, quando estava na cidade entregando correspondência, ele
achou no meio dos cartões de Dona Sofia um envelope com o seu
nome e endereço. Seu sorriso abriu logo de emoção.
“Quem já viu? Escrever uma carta para o próprio carteiro!” — pensou.
Depois de ler o poema várias vezes, Seu Ananias guardou-o com muito
carinho. No outro dia, comentou com Dona Sofia:
— Muito obrigado pelo cartão, Dona Sofia. Até agora só tinha
entregado cartas, nunca havia recebido uma!
— Ah! Você gostou? — perguntou ela, satisfeita.
— E o que achou da poesia?
— É linda. Dona Sofia, quem é Casimiro de Abreu?
— Um grande poeta, Seu Ananias. Como todos os outros que estão
espalhados pela casa. Dona Sofia percebeu a alegria e o interesse nos
olhos de Seu Ananias, pois naquele dia por várias vezes o encontrou
procurando pelas paredes, no sofá, na geladeira e nas cortinas poesias
de Casimiro de Abreu.
Com o tempo ela foi-lhe mandando outros cartões, mas com verbos de
outros poetas. Aos poucos ele foi conhecendo cada um deles. Sentia-se
emocionado toda vez que recebia um cartão e desvendava os mistérios
de suas palavras
Dona Sofia ficava contente com o interesse de Seu Ananias. A toda
hora o encontrava pelos cantos da casa procurando, lendo,
pesquisando. Onde houvesse escrito uma poesia, lá estava Seu
Ananias. De tanto escutar elogios sobre sua letra tem desenhada,
ela resolveu presenteá -lo com um caderno de caligrafia. Ele ficou
tão feliz, mas logo foi assaltado por uma porção de dúvidas: — Dona
Sofia, qual é o segredo para escrever bonito? — Olhe, é preciso
praticar bastante, mas além de uma letra bonita, o mais importante
é compreender o sentido do que escrevemos. Aí fica fácil. Quando
queremos, Seu Ananias, podemos criar coisas lindas, de que nem
imaginávamos ser capazes!
E prestava atenção, deliciando-se com o primor existente em toda
aquela casa. Nela havia uma vida inteira de dedicação. Certo dia,
finalmente tomou coragem e fez uma pergunta, presa em sua
garganta: — Dona Sofia, por que a senhora escreveu poesias por
todos os cantos da casa? — Já li tantos livros... — disse ela,
contemplando sua arte. — Tenho medo de esquecer os versos mais
bonitos ou aqueles importantes para mim. Então eu os escrevi por
todos os lugares. Assim estão sempre comigo, basta lançar um
olhar... É sempre bom lê-los novamente, estão repletos de
sabedoria. Dona Sofia sorridente, foi relembrando sua juventude, os
tempos em que dava aulas. Via o interesse nos olhos de Seu
Ananias, brilhando como estrelas no céu. Ele tinha a impressão de
estar ouvindo sua primeira professora, que lhe dera a conhecer as
primeiras histórias escritas. ada dia Dona Sofia lhe contava alguma
coisa interessante. Certa ocasião ela lhe falou sobre a importância
da escrita para a evolução do homem, que em vez de se comunicar
apenas por sons e gestos passou a elaborar mensagens mais
complexas. Por vezes, Dona Sofia lhe mostrava poemas de estilos
diferentes e falava da época em que haviam sido escritos. E de
quebra falava sobre a vida de algum autor ou contava histórias
acontecidas naquele tempo.
casa de Dona Sofia havia se tornado para Seu Ananias um território
de deslumbramento e aventura, uma passagem escancarada para
um mundo de mistério e sabedoria. Pensando nisso, num dia de
serviço, Seu Ananias escutou Seu Gilberto recitando alguns versos
na praça da cidade; no quintal de sua casa, Seu Manuel cochilava
com um livro de poemas no colo. Viu também as irmãs Lia, Lea e
Cléa mostrando os belos cartões recebidos de Dona Sofia. Naquele
momento, os pensamentos de Seu Ananias se iluminaram, tudo
clareou em sua mente. Na rua, na praça, em casa, todos liam
poesias! Tentando organizar a grande concentração de ideias em sua
cabeça, ele deu meia-volta e foi direto à casa de Dona Sofia. A
velocidade quebrava o silêncio da subida. Pouco depois estavam
conversando no jardim. — Dona Sofia, a senhora sabia que todos os
moradores da cidade gostam de poesias?
— Que notícia boa! Mas como o senhor ficou sabendo disso? —
perguntou, surpresa com a novidade. — Porque eu vi várias pessoas
lendo poesias. E ouvi outras recitando. E outras ainda comentando!
E olhe, Dona Sofia, que não foi a primeira vez — explicou radiante.
— Acho que a senhora, com seus cartões, encheu de poesia o
coração de todos.
Realmente as poesias tinham encantado a cidade. Todos ficavam
felizes em receber e ler versos que lavavam a alma. Alguns liam
mais, outros menos. Mas Dona Sofia não tinha palavras para
expressar sua alegria ao saber que todos liam os poemas, voltavam
a ler, mostravam para parentes e amigos. Alguns relembravam
versos que haviam decorado na juventude, muitos reliam livros
esquecidos nas prateleiras, outros ensaiavam colocar no papel seus
sentimentos mais profundos.
— Engraçado, estive pensando... A senhora sempre manda vários
cartões, mas eu não me lembro de lhe trazer uma única
correspondência... Aliás, só trago contas.
— Eu faço isso porque gosto, Seu Ananias. Não espero respostas.
— E nunca se cansa de escrever?
— Não, nunca me canso. Principalmente agora, sabendo que todos
os moradores passaram a gostar de poesias tenho de continuar, pois
sei que em alguma casa vai ter alguém esperando um versinho. Essa
sua notícia foi uma ótima correspondência.
Realmente as poesias tinham encantado a cidade. Todos ficavam
felizes em receber e ler versos que lavavam a alma. Alguns liam
mais, outros menos. Mas Dona Sofia não tinha palavras para
expressar sua alegria ao saber que todos liam os poemas, voltavam
a ler, mostravam para parentes e amigos. Alguns relembravam
versos que haviam decorado na juventude, muitos reliam livros
esquecidos nas prateleiras, outros ensaiavam colocar no papel seus
sentimentos mais profundos.
— Engraçado, estive pensando... A senhora sempre manda vários
cartões, mas eu não me lembro de lhe trazer uma única
correspondência... Aliás, só trago contas.
— Eu faço isso porque gosto, Seu Ananias. Não espero respostas.
— E nunca se cansa de escrever?
— Não, nunca me canso. Principalmente agora, sabendo que todos
os moradores passaram a gostar de poesias tenho de continuar,
pois sei que em alguma casa vai ter alguém esperando um
versinho. Essa sua notícia foi uma ótima correspondência.
Antes que as sombras das montanhas caíssem sobre a cidade no
fim de mais um dia de sol, Seu Ananias se despediu, montou em
sua bicicleta e respirou fundo, como alguém que vê
antecipadamente o que teria de fazer. Mais uma vez, quando o
alvor da aurora surgiu no céu, Seu Ananias começou a percorrer a
cidade de casa em casa. Mas não entregava cartas. A cada morador
ele contava o quanto tinha aprendido com Dona Sofia e como
aquela senhora havia mudado aos poucos a vida da pequena
cidade, sem ninguém perceber. Um por um, todos foram tomando
consciência do grande presente que haviam recebido. E desde
aquele dia, a alegria tomou conta de Dona Sofia, pois Seu Ananias,
além das contas, passou a levar cartas de muitos moradores da
cidade; alguns passaram a visitá-la lá em cima, no alto da colina.
Algo também havia mudado em Seu Ananias. Ele melhorou a
caligrafia e hoje, quem diria, escreve poesias... para o mundo, para
a vida, para Dona Sofia.

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