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7o ANO
2 TERMO
Nos Cadernos do Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho são indicados
sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e
como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram verificados. No entanto, como a
internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação não garante que os sites indicados permaneçam acessíveis ou inalterados, após a
data de consulta impressa neste material.

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do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias do país, desde que mantida a
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negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei no 9.610/98.

*Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas neste material que não estejam em domínio
público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.

Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho: Arte, Inglês e Língua Portuguesa: 7o ano/2o termo
do Ensino Fundamental. São Paulo: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
(SDECT), 2012.
il. (EJA – Mundo do Trabalho)

Conteúdo: Caderno do Estudante.


ISBN: 978-85-65278-15-7 (Impresso)
978-85-65278-23-2 (Digital)

1. Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ensino Fundamental 2. Artes – Estudo e ensino 3. Língua Inglesa –
Estudo e ensino 4. Língua Portuguesa – Estudo e ensino I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência
e Tecnologia II. Título III. Série.

CDD: 372

FICHA CATALOGRÁFICA
Sandra Aparecida Miquelin – CRB-8 / 6090
Tatiane Silva Massucato Arias – CRB-8 / 7262
Geraldo Alckmin
Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Nelson Luiz Baeta Neves Filho


Secretário em exercício

Maria Cristina Lopes Victorino


Chefe de Gabinete

Ernesto Masselani Neto


Coordenador de Ensino Técnico,
Tecnológico e Profissionalizante

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

Herman Voorwald
Secretário

Cleide Bauab Eid Bochixio


Secretária Adjunta

Fernando Padula Novaes


Chefe de Gabinete

Maria Elizabete da Costa


Coordenadora de Gestão da Educação Básica
Concepção do programa e elaboração de conteúdos

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação

Coordenação Geral do Projeto Equipe Técnica


Juan Carlos Dans Sanchez Cibele Rodrigues Silva e João Mota Jr.

Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap

Geraldo Biasoto Jr. Equipe técnica e pedagógica


Diretor Executivo Ana Paula Lavos, Clélia La Laina, Dilma Fabri Marão
Pichoneri, Fernando Manzieri Heder, Gressiqueli
Lais Cristina da Costa Manso Nabuco de Araújo Regina Chiachio Buosi, Lais Schalch, Liliana Rolfsen
Superintendente de Relações Institucionais e
Petrilli Segnini, Maria Helena de Castro Lima,
Projetos Especiais
Silvia Andrade da Silva Telles e Walkiria Rigolon

Coordenação Executiva do Projeto


Autores
José Lucas Cordeiro
Arte: Eloise Guazzelli. Ciências: Gustavo Isaac Killner.
Coordenação Técnica Geografia: Mait Bertollo. História: Fábio Barbosa. Inglês:
Impressos: Selma Venco Eduardo Portela. Língua Portuguesa: Claudio Bazzoni.
Vídeos: Cristiane Ballerini Matemática: Antonio José Lopes. Trabalho: Selma Venco.

Gestão do processo de produção editorial

Fundação Carlos Alberto Vanzolini

Antonio Rafael Namur Muscat Gestão Editorial


Presidente da Diretoria Executiva Denise Blanes

Hugo Tsugunobu Yoshida Yoshizaki Equipe de Produção


Vice-presidente da Diretoria Executiva Assessoria pedagógica: Ghisleine Trigo Silveira
Editorial: Airton Dantas de Araújo, Beatriz Chaves,
Gestão de Tecnologias em Educação Camila De Pieri Fernandes, Carla Fernanda
Nascimento, Célia Maria Cassis, Daniele Brait,
Direção da Área Fernanda Bottallo, Lívia Andersen França, Lucas
Guilherme Ary Plonski Puntel Carrasco, Mainã Greeb Vicente, Patrícia
Maciel Bomfim, Patrícia Pinheiro de Sant’Ana,
Paulo Mendes e Sandra Maria da Silva
Coordenação Executiva do Projeto
Direitos autorais e iconografia: Aparecido Francisco,
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
Beatriz Blay, Hugo Otávio Cruz Reis, Olívia Vieira da
Silva Villa de Lima, Priscila Garofalo, Rita De Luca e
Gestão do Portal
Roberto Polacov
Luiz Carlos Gonçalves, Sonia Akimoto e Apoio à produção: Luiz Roberto Vital Pinto,
Wilder Rogério de Oliveira Maria Regina Xavier de Brito, Valéria Aranha e
Vanessa Leite Rios
Gestão de Comunicação Projeto gráfico-editorial: D’Livros Editora e
Ane do Valle Distribuidora Ltda e Michelangelo Russo (Capa)

CTP, Impressão e Acabamento


Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Caro(a) estudante,
É com grande satisfação que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com a Secretaria da Educação
do Estado de São Paulo, apresenta os Cadernos do Estudante do Programa
Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho, em atendimento
a uma justa reivindicação dos educadores e da sociedade. A proposta é oferecer
um material pedagógico de fácil compreensão, para complementar suas atuais
necessidades de conhecimento.
Sabemos quanto é difícil para quem trabalha ou procura um emprego se dedi-
car aos estudos, principalmente quando se retorna à escola após algum tempo.
O Programa nasceu da constatação de que os estudantes jovens e adultos
têm experiências pessoais que devem ser consideradas no processo de aprendi-
zagem em sala de aula. Trata-se de um conjunto de experiências, conhecimen-
tos e convicções que se formou ao longo da vida. Dessa forma, procuramos
respeitar a trajetória daqueles que apostaram na educação como o caminho
para a conquista de um futuro melhor.
Nos Cadernos e vídeos que fazem parte do seu material de estudo, você
perceberá a nossa preocupação em estabelecer um diálogo com o universo do
trabalho. Além disso, foi acrescentada ao currículo a disciplina Trabalho para
tratar de questões relacionadas a esse tema.
Nessa disciplina, você terá acesso a conteúdos que poderão auxiliá-lo na
procura do primeiro ou de um novo emprego. Vai aprender a elaborar o seu
currículo observando as diversas formas de seleção utilizadas pelas empresas.
Compreenderá também os aspectos mais gerais do mundo do trabalho, como as
causas do desemprego, os direitos trabalhistas e os dados relativos ao mercado
de trabalho na região em que vive. Além disso, você conhecerá algumas estra-
tégias que poderão ajudá-lo a abrir um negócio próprio, entre outros assuntos.
Esperamos que neste Programa você conclua o Ensino Fundamental e, pos-
teriormente, continue estudando e buscando conhecimentos importantes para
seu desenvolvimento e para sua participação na sociedade. Afinal, o conheci-
mento é o bem mais valioso que adquirimos na vida e o único que se acumula
por toda a nossa existência.
Bons estudos!
Secretaria da Educação

Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação
Sumário
Arte.......................................................................................................................................... 7
Unidade 1
Arte como expressão da história de um povo 9
Unidade 2
Arte e formação cultural do povo brasileiro 33
Unidade 3
A cultura indígena na formação cultural do povo brasileiro 55
Unidade 4
A cultura afro-brasileira 73

Inglês................................................................................................................................. 97
Unit 1
Sport, work and global events 99
Esporte, trabalho e eventos globais

Unit 2
Culture and entertainment 109
Cultura e entretenimento

Unit 3
My world, my neighborhood 121
Meu mundo, meu bairro

Unit 4
Professional profile 131
Perfil profissional

Língua Portuguesa......................................................................................... 139


Unidade 1
Minha vida, nossas vidas 141
Unidade 2
Recordações em todo canto 159
Unidade 3
Escrever e reescrever: encontro entre autor e leitor 175
Unidade 4
O maravilhamento das histórias 193
Unidade 5
Estudar também se aprende 215
A rte

7o ANO
2o TERMO

Caro(a) estudante,

Observar a vida cotidiana e a diversidade da cultura brasileira é a pro-


posta de abordagem deste Caderno da disciplina Arte do Programa Educação
de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho, valorizando e respeitando as
contribuições que as diferentes culturas trouxeram para nossa formação.

Para tanto, na Unidade 1, você será convidado a conhecer um pouco mais


a cultura do Brasil, reconhecendo as repercussões de nossas heranças culturais
em diversas linguagens da arte, cujas manifestações ocupam vários espaços
públicos e privados.

A contribuição do imigrante na cultura brasileira será tratada na Unidade 2.


Você conhecerá o trabalho de alguns artistas que trouxeram para nossa arte
diferentes conhecimentos, costumes e ideias artísticas.

Na Unidade 3, você vai perceber a presença da cultura indígena na arte


brasileira. Vai conhecer os hábitos e as manifestações artísticas de alguns povos.
E também analisará diferentes olhares e leituras referentes aos índios brasileiros.

Por fim, na Unidade 4, vai estudar as influências da cultura africana no dia


a dia, como na música, na dança e na religiosidade.

Nessas unidades, você poderá estudar as relações entre a vida e a arte, explo-
rando as temáticas dos artistas, bem como os respectivos processos de criação.
Quais experiências de vida os artistas levam para a arte? Como isso acontece?

E você, quais aspectos de sua vida pode levar para as experiências artísticas?

Com esses temas, você vai ampliar as possibilidades de reflexão sobre a


vida e as relações humanas, que se expressam de diferentes maneiras no coti-
diano e nas produções artísticas.

Bons estudos!
1 Arte como expressão da
história de um povo

Cidade de São Paulo: Você a conhece? O que sabe dela? As obras


de arte expostas em lugares públicos e as músicas que a têm como
temática podem nos contar suas histórias?
Nesta Unidade, você vai refletir sobre as produções artísticas que
revelam as contribuições de diferentes pessoas para a constituição e a
transformação da cidade de São Paulo, além de estudar a arte pública
e a música que representam toda a nossa diversidade cultural.
Analisará, ainda, a gravura, conhecendo a xilogravura e sua
importância no trabalho dos cordelistas.

Para iniciar...
Ao entrar em um museu, você tem a oportunidade de apreciar as
obras de arte ali expostas. Mas pense no seguinte exemplo:
• O que ocorreria se você deparasse com pinturas, esculturas,
músico­s, fotografias, dançarinos e malabaristas pelo seu caminho –
na rua, no metrô, na praça? Na sua opinião, isso também é arte?

Atividade 1 Expedição do olhar


1. O que você sabe sobre expedições? Converse com a turma e, jun-
tos, registrem o que já conhecem sobre o assunto.

9
Arte – Unidade 1

2. Agora leia o texto a seguir.

Desde que os primeiros portugueses chegaram ao Brasil, nosso País tem


chamado a atenção de muitos artistas e cientistas. Interessadas na riqueza da
fauna e flora brasileiras, várias expedições estrangeiras percorreram o Brasil,
registrando suas observações e levando à Europa seu olhar sobre nossa terra.

Como naquela época a fotografia ainda não tinha sido inventada, o desenho
e a pintura eram importantes formas de registro, como as obras do holandês
Albert Eckhout (1610-1666). Ele chegou ao Brasil em 1637, com a expedição de
Maurício de Nassau, que trouxe também os artistas Frans Post (1612-1680) e
Georg Marcgraf (1610-1644).

Inúmeras outras expedições foram realizadas no Brasil até a primeira


metade do século XIX. Além dos registros da fauna e da flora, preocuparam-se
ainda em registrar a vida social, os usos e os costumes dos brasileiros. Uma
delas, a expedição russa Langsdorff (1824-1829), percorreu mais de 16 mil
quilômetros, com a participação de alguns artistas: os desenhistas Aimé-Adrien
Taunay (1803-1828) e Hércules Florence (1804-1879) e o pintor Johann Moritz
Rugendas (1802-1858). Nessa expedição foram produzidas inúmeras aquarelas,
desenhos e mapas, registros visuais riquíssimos do olhar desses estrangeiros
sobre a terra, a gente, os usos e os costumes do Brasil.

Retome com os colegas a discussão sobre expedições e registrem


coletivamente o que vocês não sabiam e que aprenderam com a
leitura desse texto. Registrem também outras questões que surgi-
ram após a leitura, cuja resposta desejem saber.

3. Caminhe pelos arredores da escola, pelas ruas do bairro, pelo


centro da cidade, por parques e avenidas, e repare nas obras de
arte em espaços públicos. Se possível, fotografe-as.
• Em que lugar essas obras estão colocadas?
• Que linguagens artísticas estão presentes? São pinturas, escul-
turas ou intervenções urbanas?
• Quais materiais foram utilizados?
• No seu entendimento, o que elas apresentam?
• Quem são os artistas?
• O que essas obras em espaços públicos provocam em você?

10
Arte – Unidade 1

4. Produza em seu caderno desenhos e mapas das imagens recolhi-


das, juntando também possíveis fotografias e informações sobre
as obras. Depois, socialize com os colegas os achados dessa ex-
pedição.
• Sentiram-se expedicionários na própria cidade?
• Com a troca de informações, o que vocês descobriram?

Arte pública
Fica a dica
O mundo está cheio de obras de arte expostas nas ruas e que nunca Leia mais sobre
ficaram em galerias ou museus. Elas foram planejadas para exibição em artes visuais na
Enciclopédia Itaú
lugares públicos, de modo permanente ou temporário. Cultural de Artes Visuais.
Disponível em: <http://
A arte pública é fisicamente acessível pelas pessoas que transitam em www.itaucultural.org.br>.
espaços públicos, abertos ou fechados, e modifica a paisagem do lugar Acesso em: 26 maio 2012.

onde está inserida. Dada a integração da obra com o espaço, os espec-


tadores deixam de ser simples observadores distantes, tornando-se parte
do trabalho artístico. É interessante notar que o termo “arte pública” é
recente, considerando que as políticas de financiamento foram imple-
mentadas a partir dos anos 1970.

Atividade 2 História nas obras, uma expedição digital


1. “Passeie” pelas imagens a seguir, que são obras de arte espalhadas
pelos espaços públicos da cidade de São Paulo. Observe atentament­e
cada imagem e seus detalhes. Depois, converse com os colegas:
Patrimônio cultural
• Na sua opinião, essas obras contam histórias da cidade? Do É o conjunto de bens,
que falam? Como falam? Quando foram criadas e por quê? costumes e valores
que constituem a cultura
Elas são consideradas patrimônio cultural? de uma nação.

Fica a dica
Um possível passeio
pela cidade de São Paulo
pode ser feito pelo site:
<http://www.sp360.
com.br> (acesso em:
26 maio 2012), que
oferece uma viagem
virtual e panorâmica,
mostrando passeios,
cultura, lazer e arte.

11
Arte – Unidade 1
© Fabio Praça

Clóvis Graciano. História do desenvolvimento paulista, 1969. Painel em azulejos na Avenida Rubem Berta, São Paulo (SP).
© Instituto Tomie Ohtake

Tomie Ohtake. Monumento aos 80 anos da imigração japonesa, 1988. Escultura em concreto armado pintado, 40 metros de comprimento.
Avenida 23 de Maio, São Paulo (SP).

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Arte – Unidade 1

2. Em grupo com os colegas, escolham uma dessas obras para pes-


quisa, a fim de ampliar o que vocês conversaram no Exercício 1. Fica a dica
Pesquisem em livros, revistas e na internet sobre os autores e suas A cidade de São Paulo
tem sido tema de muitas
criações. canções, em diferentes
gêneros musicais. Você
• Escrevam em folhas avulsas as possíveis histórias que essas pode apreciar algumas
delas: Saudosa maloca,
obras podem contar sobre a cidade de São Paulo. de Adoniran Barbosa,
composta em 1951;
• Socializem com a turma as pesquisas e as histórias montando Sinfonia paulistana, de
um painel de informações. Billy Blanco, concluída
em 1974; e Sampa, de
Caetano Veloso, de 1978.

Atividade 3 Espaços públicos e arte


O metrô de São Paulo, além de meio de transporte, é um dos
“museus” da cidade: suas estações abrigam diversas obras de arte. No
entanto, como acontece em qualquer lugar, com o corre-corre do dia
a dia, essas obras passam despercebidas, não chegando a ser aprecia-
das. Observe a obra a seguir:

© Paulo Savala

[Art_7o_U1_007]

Maria Bonomi. Epopeia paulista, 2004. Painel em concreto pigmentado, 300 cm x 7 300 cm. Estação da Luz, São Paulo (SP).

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Arte – Unidade 1

Na Estação da Luz, que interliga uma importante malha metrofer-


Fica a dica roviária de São Paulo, está disponível a obra Epopeia paulista. Ela foi
Você pode pesquisar criada pela artista multimídia ítalo-brasileira Maria Bonomi (1935) e
os roteiros da arte no
metrô no site: <http:// possui 73 metros de comprimento por 3 metros de altura. É uma das
www.metro.sp.gov.br/
cultura/tearte02.asp> maiores obras de arte já feitas no Brasil.
(acesso em: 26 maio 2012).
1. Observe atentamente fragmentos dessa obra:
© Paulo Savala

[Art_7o_U1_008]

Maria Bonomi. Epopeia paulista (detalhe), 2004. Painel em concreto pigmentado, 300 cm x 7 300 cm.
Estação da Luz, São Paulo (SP).

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Arte – Unidade 1

Fotos: © Paulo Savala

Maria Bonomi. Epopeia paulista (detalhe), 2004. Painel em concreto pigmentado, 300 cm x 7 300 cm.
Estação da Luz, São Paulo (SP).

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Arte – Unidade 1

• Observe como a artista dividiu o grande painel em três co-


res. Para você, o que essas três cores representam?

• Atente para as figuras contidas em cada uma das faixas de


cores. Há algo em comum entre elas?

2. Comente sua leitura dessa obra com os colegas.

A obra Epopeia paulista


A artista criou o painel com três divisões coloridas.

Na parte baixa, a faixa vermelha simboliza as terras roxas do Sul,


Você sabia que a terra em que estão gravados cerca de 600 objetos recolhidos da seção de
roxa é um tipo de solo
extremamente fértil? Achados e Perdidos da Estação da Luz.
Esse tipo de terra é
caracterizado pela Esses elementos narram as “memórias perdidas” de uma série de
aparência vermelho- viajantes que esqueceram ou abandonaram objetos estimados: roupas,
-arroxeada devido à
presença de minerais ferramentas, óculos, instrumentos musicais, brinquedos, entre outros.
de ferro.
No meio há uma faixa branca, que significa esperança, na qual
a artista realizou gravações abstratas, ou seja, gravações que não se
prendem à representação da realidade, que não figuram objetos ou
formas próprios da realidade concreta.

No alto, por fim, há a faixa amarela, que evoca a terra seca do


Nordeste, com imagens da literatura de cordel. Trata-se de uma
homenagem aos artistas nordestinos e à enorme população nordestina
que ajudou a construir a capital paulistana.

Com essas novas informações, volte a apreciar a obra de arte.

O processo de criação de Epopeia paulista


Maria Bonomi usou a gravura como linguagem artística na con-
Matriz fecção do painel. Para executar a obra, ela se instalou em um anexo
É o suporte ou a do Museu de Arte Contemporânea da USP, montou uma oficina e tra-
superfície em que fica balhou nela, de abril a maio de 2004, com cinco auxiliares e cerca de
marcada a imagem que
será reproduzida. 3 mil colaboradores interessados em gravar as matrizes que serviram
de moldes para a obra.

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Arte – Unidade 1

Maria Bonomi na construção da matriz. Processo de criação de Epopeia paulista.

Fotos:  Acervo Maria Bonomi

Construção da matriz para o painel de Epopeia paulista. Oficina no anexo do Museu de Arte Contemporânea da USP, São Paulo (SP).

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Arte – Unidade 1

Momento cidadania
A arte urbana pública, isto é, a arte que está na cidade, nas praças, em parques e
locais de circulação de pessoas, não o faz pensar que a cidade tem variadas funções?
A cidade tem a função de ser local de trabalho, de moradia e de passagem, mas também
é local de lazer, cultura, contemplação.
Você estudou no 6o ano/1o termo que a convivência com outras pessoas, no trabalho
e na família, transforma sua maneira de ser e de viver. A vida na cidade também. Con-
templar a cidade, observar seus moradores, a história marcada em sua arquitetura e em
sua arte faz com que você aprenda sobre a cidade e transforme seu ponto de vista.
Alguns urbanistas lançam mão dessa função cultural da cidade para trabalhar com o
conceito de “direito à cidade” – o direito que todos possuem de fruir a cidade e de que
ela seja, além de útil, significativa.

A linguagem da gravura
A obra de Maria Bonomi utiliza o procedimento da gravura. A
gravura é uma forma de criar uma imagem e repeti-la diversas vezes; é
um jeito, portanto, de produzir várias cópias de uma mesma imagem.
Trata-se de uma linguagem visual obtida pela impressão de uma matriz
em um papel. Na história ocidental, a primeira forma de reprodução de
imagem foi a xilogravura, que gerou a edição de livros, folhetos e jornais.
Técnicas de gravura
A xilogravura (gravura em madeira) provavelmente se originou
Goivas na China, sendo conhecida desde o século VI. No Ocidente, surgiu
na Idade Média, quando era usada para estampar cartas de baralho
Fotos: © Paulo Savala

e imagens sacras e para imprimir livros. Até então, a xilogravura era


apenas uma técnica de reprodução de cópias, passando mais tarde,
porém, a ser reconhecida e valorizada como manifestação artística.
No Brasil, a xilogravura chegou com a mudança da família real por-
tuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808.
Com a invenção de outros recursos de impressão em chapas de
Buris metal, a xilogravura foi perdendo sua utilidade na reprodução de tex-
tos, apresentando-se cada vez mais como uma linguagem de expressão
artística. Uma linha divisória para essa transição foram as gravuras
feitas pelo artista alemão Albrecht Dürer (1471-1528).
Na matriz de xilogravura, é feito inicialmente o desenho na chapa
de madeira. Depois, com ferramentas especiais (goivas, buris ou
facas), são feitos os sulcos nessa chapa; essas regiões mais fundas não
recebem a tinta.

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Arte – Unidade 1

Fotos: © Paulo Savala

Ruth Tarasantchi. Ibirapuera, 2010. Xilogravura, 20 cm x 15 cm. Coleção particular (acima matriz).

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Arte – Unidade 1

© Image Asset Management/age-fotostock/Easypix

Albrecht Dürer. Os quatro cavaleiros do apocalipse, 1498. Xilogravura, 39 cm x 28 cm. Coleção particular.

Você sabia que uma das mais famosas xilogravuras de Albrecht Dürer é Os quatro cavaleiros do apocalipse?
A obra foi produzida em 1498, e cada um dos cavaleiros representa a guerra, a fome, a peste e a morte, que devassavam a
região da Alemanha na época.

20
Arte – Unidade 1

© 2012 The M.C. Escher Company-Holland. All rights reserved. www.mcescher.com

M.C. Escher, Outro Mundo, 1947. Xilogravura colorida, 31, 8 x 26 cm. Museu Escher, Haia, Holanda.

21
Arte – Unidade 1

Outro tipo de gravura é a litogravura (gravura em pedra). Nessa


técnica, lixa-se e limpa-se uma pedra calcária até deixá-la lisa e
sem resíduos. Depois, é feito um desenho com um lápis especial à
base de gordura. Em seguida, a pedra é umedecida e aplica-se tinta
sobre ela. Como a litogravura baseia-se no princípio químico de que
água e óleo não se misturam, a tinta só vai se fixar sobre a imagem
desenhada. Ao final, coloca-se o papel sobre essa base entintada,
imprime-se a imagem usando-se uma prensa e quebra-se a pedra
para que ela não seja reutilizada.
Fotos: © Paulo Savala

Newton Mesquita. Sem título, anos 1980. Litogravura. Coleção particular (acima matriz).

22
Arte – Unidade 1

© 2012 The M.C. Escher Company-Holland. All rights reserved. www.mcescher.com

M.C. Escher, Relatividade, 1953. Litogravura, 27,7 x 29, 2 cm. Museu Escher, Haia, Holanda.

23
Arte – Unidade 1

A calcogravura (gravura em metal) utiliza chapas de cobre ou


outros metais como matriz. A gravação pode ser feita diretamente
na placa, com ferramentas como o buril e a ponta-seca, instrumentos
muito parecidos com agulhas e que servem para riscar a chapa de
metal e produzir sulcos. Quando a matriz é entintada, esses sulcos
retêm a tinta, que será transferida para o papel, também com o uso de
uma prensa. Geralmente, essa técnica de gravura é usada para produ-
zir desenhos detalhados, com linhas finas e texturas variadas.
Fotos: © Paulo Savala

Ruth Tarasantchi. Praia de Fortaleza, 2007. Calcogravura, 15 cm x 11 cm. Coleção particular (acima matriz).

24
Arte – Unidade 1

Há outros procedimentos técnicos derivados da gravura, como a


serigrafia (silkscreen) e a colagravura.

Veja a seguir as obras Galo, do artista brasileiro Aldemir Martins:


uma litogravura, uma xilogravura e a reprodução de um desenho reali-
zado por meio do giclée.

© Estúdio Aldemir Martins

Aldemir Martins. Galo, s/d. Litografia, 40 cm x 30 cm.

25
Arte – Unidade 1
© Estúdio Aldemir Martins

© Estúdio Aldemir Martins

Aldemir Martins. Galo, s/d. Xilografia, 59 cm x 44 cm.

Aldemir Martins. Galo, s/d. Giclée, 37 cm x 55 cm.

26
Arte – Unidade 1

Atividade 4 Memórias como matrizes


1. Depois de conhecer o trabalho de Maria Bonomi e ampliar o co-
nhecimento sobre gravura, que tal produzir uma matriz para gra-
var suas memórias?

Retome sua história de vida, escolha um momento que considere mar-


cante, selecione objetos significativos relacionados a esse momento e,
a partir daí, produza uma matriz (veja como no quadro a seguir).

Matriz de memórias
Materiais necessários
• Papelão.
• Papel de seda.
• Cola líquida.
• Tinta guache.
• Rolinho de pintor.
• Pequenos objetos pessoais com formas e tamanhos diferentes.
Procedimentos
• Na superfície do papelão, organize os objetos que você escolheu e cole-os com a cola
líquida. Deixe secar bem.
• Depois que estiver bem seco, espalhe a tinta guache com o rolinho de pintor, cobrindo
os objetos.
• Em seguida, coloque a folha de papel de seda por cima da matriz, pressione bem todos
os objetos, retire o papel, e está pronta a gravura de suas memórias.
• Se quiser tirar mais cópias, é só passar tinta novamente e imprimir.

2. Agora é o momento de expor sua gravura e apreciar as


produzidas pela turma. Conversem sobre o que desco- Fica a dica
briram a respeito das memórias pessoais dos colegas por Vale a pena pesquisar sobre a
meio das gravuras. gravura e o Coletivo Mapa Xilográfico,
formado pelos artistas Diogo Rios e
Milene Valentir. Desde 2006, o grupo
Texturas desenvolve um projeto artístico de
investigação histórica de bairros/
cidades, mediante o mapeamento
No 6o ano/1o termo, você experimentou texturas feitas
das árvores cortadas nas ruas,
com frotagem como meio de olhar/tocar ao redor. utilizando-se da técnica da xilogravura
para a impressão da superfície dos
A textura pode ser apreciada pelo tato e/ou pela visão e, troncos, e relacionando, de maneira
na linguagem visual, pode ser trabalhada de diversas maneiras. simbólica, árvores e moradores
como testemunhas do processo de
Reveja, nas páginas anteriores, as diferentes gravuras e urbanização e seus desdobramentos.
Descubra mais no site:
observe que é possível desenhar texturas usando pontos, linhas <http://mapaxilopompeia.blogspot.
retas, curvas sinuosas ou quebradas. com>. Acesso em: 26 maio 2012.

27
Arte – Unidade 1

Atividade 5 Experimentando texturas


1. Observe as texturas utilizadas nas gravuras produzidas na Ativida-
de 4 e nas apreciadas no decorrer desta Unidade e escolha quatro delas
para representar nos quadros a seguir, utilizando lápis grafite.

28
Arte – Unidade 1

2. Agora é o momento de fazer uma gravura com diferentes texturas


(veja os procedimentos no quadro a seguir).

Gravura
Materiais necessários
• Suporte da matriz (placa de papelão, bandeja de isopor • Tinta guache (na cor de sua preferência).
ou embalagem longa-vida). • Rolinho de pintor.
• Objeto cortante adequado ao suporte (palito de • Folhas de papel sulfite ou similar.
churrasco ou de dente, prego, agulha ou tampa
• Régua ou colher.
de caneta).

Procedimentos

Fotos: © Paulo Savala


• Defina qual material será o suporte da
matriz. Prepare a placa, aparando
as arestas.

• Escolha algum objeto cortante para


fazer os sulcos na matriz. Com ele, crie
um desenho no suporte escolhido.
Essa será sua matriz.

• Use um rolinho de pintor para passar tinta guache; tire o excesso com uma
folha de papel, para não entupir os sulcos. Assegure-se de que a tinta se
espalhará de modo uniforme.

• Coloque uma folha de papel sobre a matriz com tinta e a pressione com a
mão, com uma régua ou colher, obtendo assim a cópia.

• Após imprimir cópias da sua gravura, assine, coloque a data e o número de série.

1/100 Carlos

3. Troque com os colegas uma cópia de


Você sabia que o artista segue uma regra para assinar
sua gravura por uma cópia da produzida suas gravuras?
por eles, para que todos fiquem com uma A assinatura é sempre a lápis, no canto inferior direito;
coleção completa. Dessa maneira, você no canto esquerdo, é colocado o número de série da
tiragem (se forem cem gravuras, a primeira recebe a
poderá ampliar as possibilidades de cria-
marca 1/100, a segunda 2/100 e assim por diante).
ção de novas gravuras.

29
Arte – Unidade 1

A literatura de cordel
A literatura de cordel é uma manifestação cultural por meio da
qual, lançando mão de texto e imagem, são contadas histórias, poe-
mas e cantigas. A xilogravura é a técnica utilizada na ilustração das
histórias de cordel. Para compreender como surgiu a literatura de cor-
del, leia o texto a seguir.

Por volta do século XII apareceram no Ocidente as primeiras manifestações da


literatura de cordel, que chegou ao Brasil no século XVII, trazida pelos coloniza-
dores portugueses. O nome cordel está ligado à forma como esses folhetos eram
comercializados em Portugal, pendurados em cordões – os chamados cordéis.
A profissão de cordelista foi regulamentada em 14 de janeiro de 2010, ressal-
tando a importância da literatura de cordel como patrimônio imaterial brasileiro
e valorizando sua importância na construção da identidade e da diversidade cul-
tural brasileira.
José Francisco Borges, mais conhecido como J. Borges, é um dos mestres
da literatura de cordel e também o xilogravurista brasileiro mais reconhecido
mundialmente. Ilustrou capas de cordéis, livros, discos e já expôs suas obras em
vários países.

Atividade 6 O forró dos bichos


1. Observe a imagem a seguir, uma gravura de J. Borges, e responda
às perguntas a seguir:
© Paulo Savala

J. Borges. O forró dos bichos, 2003. Xilogravura, 35 cm x 53 cm.

30
Arte – Unidade 1

• O que você percebeu nessa xilogravura de J. Borges?


Você sabia que o termo
“forró” pode ter vindo
das palavras for all?
O forró é uma dança
popular de origem
nordestina. Uma versão
da história sobre sua
origem conta que a
dança leva esse nome
em função do momento
• Qual poderia ser a história do cordel ilustrado com essa xilo- histórico vivido na
gravura? região: a companhia
inglesa Great Western
havia construído a
primeira estrada de ferro
em Pernambuco, e na
inauguração fizeram
um baile. A empresa
queria que a festa fosse
• Como o artista organizou as linhas e as formas em branco? for all, ou seja, “para
todos” em português.
Na entrada do baile,
uma grande faixa com
as palavras FOR ALL
foi compreendida pela
população como “forró”.

• O artista criou texturas visuais?

• Por que colocou o título na própria matriz?

2. Inspirado na xilogravura de J. Borges, represente o forró com ou-


tros personagens; podem ser amigos, familiares ou colegas da tur-
ma. Use como técnica para esse trabalho as linhas, os pontos e as
texturas trabalhados nesta Unidade.
Como material, utilize lápis grafite ou caneta esferográfica sobre
uma folha de papel canson.

3. Com os colegas da turma, organizem uma exposição das produ-


ções realizadas. Que tal, com a exposição, promover também um
baile para dançar forró?

31
Arte – Unidade 1

Você estudou

Durante as aulas desta Unidade, você observou a cidade de São


Paulo e discutiu sobre as contribuições que diferentes pessoas trou-
xeram para sua constituição e transformações, percebidas também
por intermédio de obras de arte expostas em lugares públicos.

Interagiu, ainda, com vários materiais, procedimentos técni-


cos e elementos visuais expressivos, como a textura e as lingua-
gens da gravura, em particular a xilogravura.

A profissão de cordelista, já regulamentada pelo Poder Exe-


cutivo, e o profissional que trabalha nas oficinas de gravura fo-
ram também assuntos desta Unidade.

Pense sobre

Na cidade em que você mora, onde existe arte? Que histórias essas
obras contam?

E quanto a você? Que lugares da cidade contam sua história?


Quais são os episódios dessa história?

32
Arte e formação cultural
2 do povo brasileiro

Muitos artistas emigraram de sua terra natal e escolheram o Brasil


para viver e produzir sua arte. Eles trouxeram diferentes conhecimen- Emigrante
Quem deixa seu país
tos, costumes e ideias artísticas. Nesta Unidade, você vai conhecer para viver em outro.
histórias de alguns desses artistas imigrantes, para reconhecer, valo-
rizar e respeitar as contribuições de outras culturas na formação da Imigrante
arte brasileira. Quem mora em outro
país.
Também vai perceber como a cultura brasileira influenciou os pensa-
mentos e a produção desses artistas imigrantes, com o objetivo de apro-
fundar os estudos feitos na Unidade anterior acerca da arte como expres-
são da história de um povo. Nessa mesma direção, estudará a Semana
de Arte Moderna, o movimento expressionista e as várias manifestações
artísticas dos povos que formam o grosso caldo da cultura brasileira.

Para iniciar...
• Na sua família, ou entre seus amigos, existem imigrantes?
• De onde vieram? Há quanto tempo?
• Por que decidiram deixar o lugar onde nasceram? Que profissões
exercem aqui no País?

Momento cidadania

Sair de um país e ir para outro – emigrar – oferece muitos desafios, entre eles a acei-
tação no país de destino.
Os emigrantes que chegaram ao Brasil após a 1a e a 2a Guerra Mundial enfrentaram,
em alguns casos, preconceito e até mesmo xenofobia.
Xenofobia é o ódio aos estrangeiros e a tudo aquilo que vem de fora do país. Carac-
teriza um pensamento e um comportamento de intolerância. Constitui-se como crime,
assim como o racismo, que também se aplica no caso de discriminação a migrantes, isto
é, à população que muda de estado dentro do mesmo país.
Segundo o art. 1o da Lei federal no 7.716, de 5 de janeiro de 1989: “Serão punidos,
na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor,
etnia, religião ou procedência nacional”.

33
Arte – Unidade 2

Atividade 1 Itinerários traçados, caminhos colados


1. Muitos emigrantes vieram de navio para o Brasil. Observe, na pró-
xima página, a obra Navio de emigrantes do artista Lasar Segall,
nascido na Lituânia, que veio viver no Brasil no início do século XX.
• Quais sensações essa obra desperta em você?

• Na sua opinião, que tipo de viagem as pessoas estão fazendo?


O que as teria levado a realizar essa viagem?

• Como se vestem e que bagagem levam consigo?

• Como seria passar vários dias em uma viagem como essa?


Quais seriam as dificuldades?

• O que o artista priorizou ao criar a cena? Que cores utilizou?

• O artista expressa a sensação de movimento do balanço do


navio? O que você percebe em relação à linha do horizonte?

2. Leia o texto a seguir:

A pintura Navio de Emigrantes foi feita entre 1939 e 1941, quando se iniciava a
Segunda Guerra Mundial. Sua grande dimensão reflete a amplidão do tema abordado,
mostra um convés de navio, onde as pessoas da terceira classe se acomodam para
uma longa viagem. Muitas dessas pessoas parecem olhar para a terra que estão
deixando, mas o navio segue rumo ao encontro de um destino incerto.

Museu Lasar Segall. Material didático, 2005, p. 49. Disponível em: <http://www.museusegall.org.br/
img%5Cupload%5CPDFs%5CMD_MLS2005.pdf>. Acesso em: 26 maio 2012.

Em sua opinião:
• Por quais motivos as pessoas deixam seu país de origem?
• Que aspectos são os mais difíceis em um novo país: a língua,
o clima ou os hábitos e costumes?

34
Arte – Unidade 2

Acervo do Museu Lasar Segall-IBRAM/MinC Lasar Segall, 1891 Vilna - 1957 São Paulo
Lasar Segall. Navio de emigrantes, 1939-1941. Óleo com areia sobre tela, 230 cm x 275 cm. Museu Lasar Segall, São Paulo (SP).

Lasar Segall nasceu em Vilna (Lituânia), em Fica a dica


1891. Foi pintor, gravador, escultor e desenhista.
Arquivo Fotográfico Lasar Segall -
Museu Lasar Segall/IBRAM/MinC

O Museu Lasar Segall oferece


De família judaica, começou os estudos em
atividades de artes em família com
Vilna, em 1905. Mais tarde, mudou-se para a
entrada gratuita.
Alemanha, onde frequentou a Academia de Belas-
-Artes em Berlim. Lá ampliou o contato com a Para mais informações, entre no site do
museu: <http://www.museusegall.org.br>.
pintura impressionista e realizou sua primeira
Acesso em: 26 maio 2012.
exposição individual, em 1910.
Em 1912, veio ao Brasil para expor suas obras em São Paulo e em
© Selene Cunha/Museu Lasar Segall/IBRAM/MinC

Campinas. Voltou à Europa e, a partir de 1914, interessou-se pelo


Expressionismo. Em Dresden (Alemanha), fundou o Dresdner Sezes-
sion Gruppe – grupo que reunia artistas expressionistas da cidade.
Em 1923, voltou ao Brasil, onde fixou residência em São Paulo.
Casou-se com Jenny Klabin e teve com ela dois filhos: Mauricio e
Oscar. Na capital paulista, Lasar Segall foi destaque no cenário da arte
moderna, considerado um representante das vanguardas europeias.
Morreu em 1957, em São Paulo. Dez anos após sua morte, em 1967,
a casa onde morava na capital paulista, na Vila Mariana, foi transfor-
Fachada do Museu Lasar Segall no
mada no Museu Lasar Segall. bairro de Vila Mariana, em São Paulo.

35
Arte – Unidade 2

3. A colagem é uma linguagem da arte que tem sido utilizada por


muitos artistas. Agora você vai criar a própria colagem com o
tema “emigrantes”. Para isso, você deve coletar em jornais e revis-
tas imagens de pessoas, como se fossem os emigrantes no navio de
Lasar Segall. Para sua criação, reflita: quem são esses viajantes?
Por que estão fazendo essa viagem?

4. Agora é o momento de expor sua colagem à turma e apreciar a


dos colegas. Em sua opinião, o que elas expressam? Com base nas
diferentes visões levantadas e nos textos lidos até agora, discutam
suas percepções sobre o tema imigração.

Você sabia que os primeiros a utilizarem a colagem nas artes visuais foram Picasso e Braque?
Esses artistas produziram imagens por meio da colagem de papéis recortados de livros, jornais, revistas etc., agrupando-os
por padrões de estampas ou cores. Essa técnica ficou conhecida como papier collé.
© Album/akg-images/Latinstock ©Succession Pablo Picasso/Autvis, 2012

© Album/akg-images/Latinstock © Braque, Georges/Autvis, 2012

Pablo Picasso. Guitarra, 1913. Colagem, Georges Braque. Copo e Garrafa (Peles), 1913-1914. Colagem, 48 cm x 62 cm.
66,5 cm x 49,5 cm. Museu de Arte Moderna Coleção particular.
(Moma), Nova Iorque (EUA).

Atividade 2 Leituras de Segall


1. Aprecie as obras apresentadas na próxima página, que mostram
o trabalho de Lasar Segall antes (Interior de pobres II) e depois
(Menino com lagartixas) de vir morar no Brasil.

• Qual das duas obras mais agradou você? Por quê?

36
Arte – Unidade 2

Acervo do Museu Lasar Segall-IBRAM/MinC


Lasar Segall, 1891 Vilna - 1957 São Paulo
Lasar Segall. Interior de pobres II, 1921. Óleo sobre tela, 140 cm x 173 cm. Museu Lasar Segall, São Paulo (SP).
Acervo do Museu Lasar Segall-IBRAM/MinC
Lasar Segall, 1891 Vilna - 1957 São Paulo

Lasar Segall. Menino com lagartixas, 1924.


Óleo sobre tela, 98 cm x 61 cm. Museu
Lasar Segall, São Paulo (SP).

37
Arte – Unidade 2

• Quais as diferenças de cor entre as duas imagens?

• Como as pessoas estão representadas nas duas obras?

• Em qual imagem há mais luz?

• Na sua opinião, quais sentimentos o artista procurou retratar


nas duas obras?

• Nas duas obras, as figuras são tratadas de modo não realista,


são exageradas, deformadas. O que o uso desse recurso des-
perta em você?

2. Leia a frase de Segall a seguir:

O Brasil me revelou o milagre da luz e da cor.

In: MATTOS, Claudia Valadão de. Lasar Segall. São Paulo: Edusp, 1997, p. 173.

Discuta com os colegas:


• Como essa frase de Segall expressa a influência do Brasil na
Você sabia que a maneira de o artista pintar? E o que, embora ele tenha mudado
composição é um dos de país, se manteve como marca de sua poética?
itens mais importantes
na comunicação visual? • A mudança para outro país, ou para outra cidade de seu país,
Trata-se de escolhas ou mesmo para outro bairro, modificaria seus hábitos e modo
feitas pelo artista para de ver o mundo?
organizar os elementos
visuais, como cores, 3. Em seu caderno, escreva um conto, um poema, ou faça uma cola-
formas e superfícies.
gem ou um desenho para expor suas respostas sobre as duas obras.

38
Arte – Unidade 2

Lasar Segall: a deformação expressiva e o Expressionismo


As obras de Lasar Segall, que valorizam a expressividade com
exageros e distorções, apresentam características do Expressio-
nismo, movimento artístico que surgiu na Alemanha no início do
século XX.
Nesse movimento, os artistas não estavam mais interessados na
observação da natureza, e sim na expressão de sensações e sentimen-
tos humanos, como violência, paixão, dor e medo.
Em obras expressionistas, é possível notar figuras distorcidas,
Distorção
construídas com linhas marcadas por traços angulosos, fortes, despro-
Alteração, modificação
porcionais e exagerados. As cores são intensas e com muito contraste. nas formas ou nas
Na deformação expressiva pode-se ver a potência da forma que pro- características habituais.

voca sensações, como incômodo e estranhamento.


Segundo Fayga Ostrower (2003):

Nas obras de arte, o sentido da deformação e seus significados tornam-se


imediatamente apreensíveis. A seleção de aspectos relevantes nunca se dá ao
acaso ou arbitrariamente, partindo, isto sim, de valores íntimos, em obediência
a uma lógica coerente e expressiva.

OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2003, p. 311.

Nem sempre essas significações são lidas como manifestação da


forma. É comum serem interpretadas como “defeito”, como um “não
saber fazer”. A deformação expressiva é encarada com mais facilidade
nas caricaturas, em que as características pessoais são exageradas.
Compreender a deformação expressiva é também entender melhor
o Expressionismo, além de se constatar que a arte não é uma cópia
da natureza:

Queira o artista ou não, quaisquer que sejam as formas produzidas por


ele resultarão necessariamente num processo de distanciamento da natu-
reza. Nesse sentido, ao formar, ao dar forma à imagem, o artista é obrigado
a deformar.

OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2003, p. 314.

Atividade 3 O trabalho expressionista de alguns artistas


1. Observe as obras das próximas páginas. A primeira é da artista
brasileira Anita Mafaltti. A segunda, do norueguês Edvard Munch.

39
Arte – Unidade 2

© Romulo Fialdini

Anita Malfatti. A boba, 1915-1916. Óleo sobre tela, 61 cm x 50,6 cm. Museu de Arte Contemporânea
da Universidade de São Paulo (SP).

Anita Malfatti nasceu em São Paulo, em 1889. Foi pintora, desenhista, gravadora, ilus-
tradora e professora. Começou seu aprendizado artístico com a mãe. Tinha uma atrofia
Acervo da família

congênita na mão direita, por isso utilizava a esquerda para pintar e desenhar.
Morou na Alemanha entre 1910 e 1914, onde frequentou a Academia Imperial de
Belas-Artes em Berlim.
Em 1914, realizou sua primeira exposição individual em São Paulo, no Mappin Stores.
De 1915 a 1916, morou em Nova Iorque (EUA) e estudou na Arts Students League of
New York, uma escola de arte independente.
Em 1922, participou da Semana de Arte Moderna, expondo 20 trabalhos – entre eles, O homem amarelo.
Em 1933, Anita conquistou a grande medalha de prata do Salão de Belas-Artes em São Paulo. Outra realização
importante foi a participação na 1a Bienal Paulista, em 1951.
Morreu em São Paulo, em 1964.

40
Arte – Unidade 2

© Album/akg-images/Latinstock © The Munch-Museum/The Munch-Ellingsen Group/Autvis, 2012

Edvard Munch. O grito, 1910. Óleo, têmpera e pastel em cartão, 83,5 cm x 66 cm. Munch Museu, Oslo, Noruega.

Edvard Munch nasceu em Loten (Noruega), em 1863.


© Album/akg-images/Latinstock
© The Munch-Museum/The Munch-
-Ellingsen Group/AUTVIS, 2012.

Sua vida familiar foi conturbada: a mãe e uma das irmãs morreram quando ainda era
jovem; a outra irmã tinha problemas mentais; e o pai era um fanático religioso.
Munch estudou Artes Plásticas no Liceu de Artes e Ofícios da cidade de Oslo, capital
da Noruega. Em 1885, viajou para Paris e teve contato com vários movimentos artísticos,
tendo ficado muito atraído pela arte de Paul Gauguin.
De 1892 a 1908, viveu na cidade de Berlim (Alemanha).
Em 1893, pintou sua obra de maior destaque: O grito. Essa obra tornou-se um dos símbolos do Expressio-
nismo e em 2012, foi vendida em um leilão por quase 120 milhões de dólares. Em 1896, começou a fazer gravuras
e apresentou várias inovações nessa técnica artística.
Entre as décadas de 1930 e 1940, teve uma grande decepção, quando o governo nazista ordenou a retirada
de todas as suas obras dos museus da Alemanha por considerá-las esteticamente imperfeitas e não valorizarem
a cultura alemã.
Morreu em 1944, na cidade de Ekely, próximo a Oslo.

41
Arte – Unidade 2

• Quais sensações as obras despertam em você?

• Quais são as semelhanças entre as duas obras? E as diferenças?

• Há exagero de formas? Em que partes?

• Nas duas obras, há cores fortes e contrastantes. Quais são elas


e em que parte das obras elas aparecem?

• Quais formas, para você, se apresentam distorcidas?

• Quem, em sua opinião, foram as pessoas retratadas nas obras?

2. Faça uma pesquisa em livros e, se possível, na internet sobre o


artista Edvard Munch e todos os que influenciaram o movimento
expressionista, como Van Gogh. Pesquise também outros artistas
brasileiros que participaram desse movimento.

3. A partir do que você percebeu nas obras expressionistas, crie cola-


gens que valorizem a expressividade por meio de formas exagera-
das, desproporcionais, distorcidas – enfim, expressivas. Para isso,
pense nos sentimentos e nas sensações que você quer despertar
no espectador.

4. Exponha sua produção à apreciação dos colegas. Observe, pelas


leituras feitas, se os sentimentos e as sensações que você escolheu
em sua produção foram os despertados nos leitores. As formas
ajudaram nessas leituras? Que transformações poderiam ser feitas
para que as formas se tornassem ainda mais expressivas?

Anita Malfatti e o Expressionismo


A arte dinâmica do Expressionismo, que refletia as emoções,
encantou a artista brasileira Anita Malfatti, uma das pioneiras da arte
moderna do Brasil.

42
Arte – Unidade 2

Apesar de ter sido duramente criticada, Anita pintou de acordo


com seus pensamentos e ideias, tendo sido vanguardista e ousada
para a época em que viveu.
Conheça outras obras da artista:

Anita Malfatti. Tropical, 1917. Óleo sobre tela, 77 cm x 102 cm. Pinacoteca do Estado de São Paulo (SP). © Romulo Fialdini
© Romulo Fialdini

Anita Malfatti. O farol de Monhegan, 1915. Óleo sobre tela, 46,5 cm x 61 cm. Museu de Arte Moderna
do Rio de Janeiro (RJ).

43
Arte – Unidade 2

Atividade 4 Tornando-se expressionista


Agora você vai explorar as cores ao criar diversos tons, buscando
pinceladas soltas e livres.
Veja algumas dicas para a criação de sua obra expressionista:
• Prepare tinta guache engrossada com um pouco de leite em pó e
adicione algumas gotas de detergente para não criar fungos.
• Experimente fazer seu desenho com os recursos usados pelos ar-
tistas expressionistas: exagere nas formas, distorça as figuras e use
cores fortes e pastosas.
• Para sensibilizar seu olhar, realize exercícios faciais em frente a
um espelho. Olhe-se de frente, de perfil, faça caretas, note pontos
inusitados no seu visual.
• Como base para o trabalho, use um papelão ou uma tela para
pintura.

O Brasil na época do Modernismo


O Modernismo no Brasil foi inaugurado oficialmente em 1922.
A data tornou-se referência para o movimento, pois foi quando um
grupo de artistas, que já vinham produzindo obras dentro desse
estilo, realizou a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de
São Paulo.
De acordo com o catálogo da mostra, cuja capa foi pro-
© Elisabeth di Cavalcanti

duzida em xilogravura por Di Cavalcanti, participaram da


Semana de Arte Moderna os seguintes artistas:
• Pintura e desenho: Alberto Martins Ribeiro, Anita Malfatti,
Di Cavalcanti, Ferrignac (Inácio da Costa Ferreira), John
Graz, Oswaldo Goeldi, Vicente do Rego Monteiro, Yan de
Almeida Prado e Zina Aita.
• Escultura: Hildegardo Leão Velloso, Victor Brecheret e
Wilhelm Haarberg.
• Projeto de arquitetura: Antonio Garcia Moya e Georg
Przyrembel.
• Literatura: Álvaro Moreira, Guilherme de Almeida, Mário
de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade, Plínio
Salgado, Renato de Almeida, Ribeiro Couto, Ronald de
Di Cavalcanti. Capa do catálogo
da Semana de Arte Moderna,
Carvalho e Sérgio Milliet.
São Paulo, 1922. Instituto de
Estudos Brasileiros da Universidade • Música: Ernâni Braga, Frutuoso Viana, Guiomar Novais e
de São Paulo – IEB/USP. Villa-Lobos.

44
Arte – Unidade 2

O Modernismo buscou a valorização de referências nacionais e a


democratização da arte. Uma das mais importantes contribuições do Fica a dica
grupo modernista para o movimento foi a antropofagia, como modo Para conhecer mais
sobre o trabalho de
de o brasileiro incorporar as demais culturas e valorizar a cultura pesquisa de músicas
brasileira. Seguindo essa premissa, Mário de Andrade, por exemplo, e histórias do povo
brasileiro feito por
viajou pelo Brasil recolhendo músicas e histórias de nosso povo.
Mário de Andrade,
entre no site:
Na Semana da Arte Moderna foi criado também o chamado “Grupo <http://www.sescsp.org.
dos Cinco”, composto por Anita Malfatti, Mário de Andrade, Tarsila do br/sesc/hotsites/missao/
index.html>. Acesso em:
Amaral, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia. Os membros desse 26 maio 2012.
grupo defendiam as ideias do movimento modernista brasileiro.

Veja uma obra de Anita Malfatti retratando Mário de Andrade.

© Romulo Fialdini

Anita Malfatti. Retrato de Mário de Andrade, 1922. Carvão e pastel sobre papel, 36,5 cm x 29,5 cm.
Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo – IEB/USP

45
Arte – Unidade 2

Artistas imigrantes e as marcas que deixaram na cultura


brasileira
Além de Lasar Segall, muitos artistas vieram enriquecer a cultura
e a arte brasileiras.

• Tomie Ohtake, artista plástica japonesa, chegou ao Brasil em


1936. Em 1988 homenageou o aniversário de 80 anos da imigra-
ção japonesa com um monumento na Avenida 23 de Maio, na
cidade de São Paulo.
• Frans Krajcberg, artista polonês estudado no 6o ano/1o termo,
emigrou para o Brasil em 1948, onde trabalhou como pedreiro e
faxineiro. A arte que desenvolveu no País é testemunho das quei-
madas e devastações florestais.
• Clarice Lispector, escritora, nasceu na Ucrânia e chegou ao Brasil
quando tinha dois meses de vida.
• O cineasta Héctor Eduardo Babenco nasceu na Argentina em
1946 e se mudou para o Brasil aos 19 anos de idade.
• Adolfo Celi nasceu em Roma (Itália), em 1922, e chegou ao Brasil
nos anos 1950. Foi jornalista, historiador, crítico e expositor, teve
importante papel no teatro e no cinema brasileiro nas décadas de
1950 e 1960. Foi também o primeiro diretor artístico do Teatro
Brasileiro de Comédia (TBC).

Arquiteto
Atividade 5 Arquitetura e arte
Profissional responsável
1. Observe as quatro imagens a seguir, relativas a diferentes vistas
pelo projeto, pela
supervisão e do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
pela execução de
obras de arquitetura O Masp é um dos museus mais conhecidos do Brasil. Foi projetado
e de edificações. por uma artista que veio de Roma para morar no País: a arquiteta
Lina Bo Bardi.

Lina Bo Bardi, cujo nome é Achillina Bo Bardi, nasceu na Itália, em 1914.


Formada, em 1940, em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade
© Arquivo/AE

de Roma, trabalhou em Milão com o arquiteto Gio Ponti (1891-1979), líder do movi-
mento em defesa do artesanato italiano.
Durante a 2a Guerra Mundial, participou ativamente da resistência à ocupação
alemã e colaborou, como militante, com o Partido Comunista italiano.
Ao final da guerra, em 1946, Lina se casou com o historiador de arte Pietro Maria
Bardi, e os dois viajaram ao Brasil, onde decidiram fixar residência.
No País, atuou como arquiteta, designer, cenógrafa, editora e ilustradora. Após
uma temporada na Bahia, e depois do golpe militar de 1964, sua obra passou por uma
transformação radical, baseada na simplificação de sua linguagem artística.
Morreu em São Paulo, em 1992.

46
© G. Evangelista/Opção Brasil Imagens

© Danilo Verpa/Folhapress

Diferentes vistas do Masp.


Arte – Unidade 2

47
© Alexandre Tokitaka/Pulsar Imagens © G. Evangelista/Opção Brasil Imagens
Arte – Unidade 2

• Você conhece esse edifício, que fica na cidade de São Paulo?


Já o viu em cartões-postais, fotos, revistas, jornais, internet
ou televisão?

• O que chama sua atenção nesse edifício?

• Quais as cores e formas desse edifício?

• Abaixo do edifício, há um grande espaço livre. Por que você


acha que a construção foi concebida assim?

• O que você faria nesse espaço?

2. A linguagem do desenho é muito importante para o arquiteto.


Esse profissional planeja a obra em desenhos (plantas ou projetos
em perspectiva), mostrando as visões frontal, lateral e superior da
casa ou do edifício a ser construído.
Com base nas fotos do Masp, que tal você observar e desenhar o
prédio da escola que você estuda? E a planta da escola, como seria?

48
Arte – Unidade 2

O processo criativo de Lina Bo Bardi


Como designer , Lina criou diversos objetos, inclusive móveis Designer
funcionais e estéticos. Queria criar uma arte genuinamente nacional. É todo profissional que
trabalha com progra­
Leia, na próxima página, o que diz Adélia Borges. mação visual ou pro­jeto
de produtos. Cuida da
configuração, concepção,
Lina pesquisou intensamente a cultura popular brasileira e buscou nela ins- elaboração e especificação
piração para seu trabalho. Sua cadeira Tripé, de 1948, por exemplo, nasceu da de um artefato.
rede, que considerava “um dos mais perfeitos instrumentos de repouso”, por
sua aderência perfeita à forma do corpo. Na foto, a Cadeira Frei Egídio, que pro-
jetou em conjunto com os arquitetos Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki. O dese- Rede
nho deriva da cadeira franciscana do século XV. A construção foi simplificada

© Lula Sampaio/Opção
Brasil Imagens
e reduziram-se os elementos estruturais a apenas três peças. Assim, a cadeira
pesa apenas 4 kg; dobrável, tem fácil transporte e armazenamento.
Coleção Instituto Lina Bo e P.M. Bardi. Salvador, 1986

Redes em barco regional


no Amazonas, como as que
inspiraram Lina Bo Bardi.

Lina Bo Bardi. Cadeira Frei Egídio, 1986. Madeira araucária, 84,5 cm x 44 cm x 44,5 cm.
Colaboradores: Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki. Coleção: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi,
São Paulo.

BORGES, Adélia. Lina Bo Bardi. Disponível em: <http://www.tecsi.fea.usp.br/eventos/contecsi2004/


brasilemfoco/port/artecult/design/pioneiro/linabo/index.htm>. Acesso em: 29 maio 2012.

49
Arte – Unidade 2

Atividade 6 Tornando-se designer


Você é o designer agora. Crie objetos a partir de sucatas reco-
lhidas em casa ou na escola, pensando em sua forma e função. Veja
algumas sugestões:
• Que tal usar lâmpadas queimadas para fazer lamparinas?
• Aqueles retalhos de tecido sem uso podem virar uma colcha?
• As latas de manteiga e de óleo podem se tornar canecas ou castiçais?
Você pode também escolher outros materiais e inventar objetos
para uso próprio.

Atividade 7 Dança como manifestação cultural


1. Observe as três imagens a seguir, que retratam diferentes manifes-
tações de dança da cultura brasileira. Em seguida, troque infor-
mações com os colegas sobre o que perceberam nas imagens.
© Renato Soares/Pulsar Imagens

Dança da taquara na festa dos 50 anos do Parque Indígena do Xingu – Aldeia da etnia kamayurá. Local: Querência (MT). Data: 06/2011.

50
Arte – Unidade 2

© Fernando Favoretto
Street dance.

© Heitor dos Prazeres Produções e Eventos

Heitor dos Prazeres. Forró de baião, 1965. Óleo sobre tela, 55 cm x 65 cm. Coleção particular.

51
Arte – Unidade 2

2. Reúna-se com os colegas e, em grupo, levantem histórias de pessoas


que vieram de outros lugares, seja de outros Estados brasileiros ou
de outros países.
Relacionando essas histórias com pesquisas sobre festas e danças,
criem um painel com colagens para serem apresentadas à turma.

Alguns tipos de dança

Cada cultura e cada dança têm a própria coreografia, recriada


Coreografia através dos tempos.
Sequência de
movimentos, passos e Os índios têm a dança como importante elemento cultural com a
gestos que compõem
uma dança. função de celebrar os momentos da vida em comunidade. Eles dan-
çam antes de caçar ou de ir para a guerra e para espantar doenças
ou manifestar gratidão – ou seja, com a dança expressam seus sen-
timentos sempre de maneira coletiva. As coreografias são enérgicas,
batendo-se os pés no chão de maneira percussiva e ritmada.

O círculo é muito comum, reunindo toda a tribo, mas na maioria


dos povos são os homens que dançam. São acompanhados por instru-
mentos confeccionados pelos próprios índios, semelhantes a tambo-
rins, chocalhos e seus derivados, e por cantos que falam das guerras
e das caças.

A street dance, também conhecida como dança de rua, é uma


dança que traz coreografias sincronizadas, movimentos fortes e mala-
barismos corporais.

O samba é um tipo de dança de raízes africanas surgido no Bra-


sil no início do século XX. Considerado uma das principais mani-
festações culturais populares brasileiras, o samba se transformou
em símbolo de identidade nacional. Ele é tocado com instrumentos
de percussão (tambores, surdos, timbal) e acompanhado por violão
Instrumentos de
percussão e cavaquinho. Geralmente, as letras contam a vida e o cotidiano de
São instrumentos quem mora nas cidades.
musicais cujo som é
obtido pela percussão Em 2005, o samba de roda baiano recebeu da Organização das
(impacto), raspagem ou
agitação, com ou sem Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) o
auxílio de baquetas.
título de Patrimônio da Humanidade.

52
Arte – Unidade 2

Atividade 8 Dança é movimento


1. Nesta Atividade, você criará um flip book (veja as instruções no
quadro a seguir).

Flip book
Materiais necessários
• 30 pedaços de papéis cortados no tamanho de 8 cm x 6 cm.
• Lápis grafite.
• Lápis de cor.
Procedimentos
Prenda os papéis com um grampeador, formando um bloquinho.
Observando atentamente o painel com colagens criado no Exercício 2 da Atividade
anterior, escolha uma delas para iniciar o flip book.
Copie o movimento do corpo de quem está dançando. Esse será o primeiro desenho, que
deverá ser feito no lado direito da folha.
Sucessivamente, tendo como referência o desenho anterior, faça pequenas alterações
nas figuras, em pernas, braços, cabeças etc., folha a folha, até completar o trabalho com o
último desenho.
Para ser mais fácil manter as características de um desenho para o seguinte, coloque-os
sobre o vidro de uma janela, para obter maior transparência dos papéis.
Se folhear os desenhos do flip book lentamente, vai perceber cada desenho de modo
individual, analisando os movimentos um a um. Mas, se folheá-los com rapidez, terá a
sensação de que os desenhos estão vivos, em pleno movimento.
Fotos: © Paulo Savala

Você sabia que flip


book é um brinquedo
óptico inventado no
final do século XIX?
Ele é chamado
cineminha de bolso, pois
nos dá a impressão de
movimento.
Isso é possível graças a
uma das propriedades
dos olhos: a persistência
da imagem na retina.
Quando vemos algo,
o cérebro guarda essa
imagem, mesmo que já
esteja percebendo outra.
Dessa maneira, cria-se a
ilusão do movimento.
2. Agora, crie com a turma uma exposição com todos os flip books.

53
Arte – Unidade 2

Você estudou
Durante as aulas desta Unidade, você analisou as contri-
buições dos artistas imigrantes para nossa formação cultural.
Além disso, verificou o processo inverso: como a cultura brasi-
leira influenciou os pensamentos e a produção desses artistas.
Você aprendeu também o que significa deformação expres-
siva e o que foram o movimento expressionista e a Semana de
Arte Moderna.
Viu ainda diversos tipos de dança, principalmente como
manifestações culturais, percebendo como cada dança conta a
história de um povo.

Pense sobre

Chico Buarque fala de suas referências pessoais em Paratodos.


Leia a letra, ouça a música de Chico Buarque e reflita:
• Quais pessoas que foram ou ainda são referência em sua vida você
homenagearia?

Paratodos
Chico Buarque

O meu pai era paulista Creia, ilustre cavalheiro Tome Noel, Cartola, Orestes
Meu avô, pernambucano Contra fel, moléstia, crime Caetano e João Gilberto
O meu bisavô, mineiro Use Dorival Caymmi Viva Erasmo, Ben, Roberto
Meu tataravô, baiano Vá de Jackson do Pandeiro Gil e Hermeto, palmas para
Meu maestro soberano Vi cidades, vi dinheiro Todos os instrumentistas
Foi Antonio Brasileiro Bandoleiros, vi hospícios Salve Edu, Bituca, Nara
Foi Antonio Brasileiro Moças feito passarinho Gal, Bethania, Rita, Clara
Quem soprou esta toada Avoando de edifícios Evoé, jovens à vista
Que cobri de redondilhas Fume Ari, cheire Vinícius O meu pai era paulista
Pra seguir minha jornada Beba Nelson Cavaquinho Meu avô, pernambucano
E com a vista enevoada Para um coração mesquinho O meu bisavô, mineiro
Ver o inferno e maravilhas Contra a solidão agreste Meu tataravô, baiano
Nessas tortuosas trilhas Luiz Gonzaga é tiro certo Vou na estrada há muitos anos
A viola me redime Pixinguinha é inconteste Sou um artista brasileiro

Marola Edições Musicais

54
3 A cultura indígena na
formação cultural
do povo brasileiro

Nesta Unidade, você irá conhecer algumas manifestações cultu-


rais de povos indígenas brasileiros. Dessa maneira, verá a importân-
cia e o valor de suas influências na formação da cultura artística do
nosso País.

Poderá também discutir diferentes olhares dirigidos aos povos


indígenas. Conversará ainda sobre a diversidade das produções indí-
genas, que dependem das necessidades de cada comunidade e dos
materiais que encontram nos locais em que moram. Como lingua-
gens da arte, serão estudadas a tecelagem e a arte plumária.

Para iniciar...
• O que você conhece sobre os índios do Brasil?

• Onde eles moram? Como vivem?

• Você conhece palavras de origem indígena? Quais?

• Você tem alguma ascendência indígena?

• Perto de onde você mora há alguma reserva indígena?

Caminhos para o continente americano


O que se sabe a respeito do povoamento do continente americano
é que tudo se originou há cerca de 40 mil anos. São várias as hipóte-
ses, mas, para importantes estudiosos, os continentes asiático e ame-
ricano eram unidos por uma ponte de gelo no Estreito de Bering. Por
lá teriam atravessado grupos nômades, que foram se espalhando por
todo o continente em busca de alimento.

55
Arte – Unidade 3

Só muito tempo depois (mais de 40 mil anos) chegaram os primei-


ros europeus. Com eles vieram artistas que participaram de expedi-
ções científicas e de reconhecimento em terras brasileiras. Esses artis-
tas registraram em desenhos e pinturas tudo o que viram por aqui: os
costumes, a fauna e a flora.

ART_7_U3_001_P6.pdf 1 5/31/12 10:38 AM


© Maps World

Movimentos migratórios: o homem chega à América

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

g
rin

Be
SIBÉRIA

de
ALASCA

Estreito
ÁSIA

EUROPA AMÉRICA
DO
NORTE
OCEANO
DESERTO PACÍFICO OCEANO
DO SAARA ATLÂNTICO
ÁFRICA

OCEANO
ÍNDICO AMÉRICA
DO
SUL

Prováveis rotas do ser humano para a América 0 1964 km

Fonte: A aurora da humanidade. Rio de Janeiro: Time-Life/Abril, 1993 (adaptado; meramente ilustrativo; suprimidas as coordenadas geográficas).

Cultura e arte indígenas brasileiras


As produções indígenas não foram feitas com o intuito de serem
objetos contemplativos para exposição. Tudo o que os índios pro-
duzem é para uso próprio, para suas necessidades. As produções são
elaboradas sob uma visão de mundo específica: um cesto, uma flecha
de caça, uma máscara, a configuração das penas nos adornos, por
exemplo. As formas abstratas derivam das concepções indígenas de
ser humano, animal, vegetal ou ente sobrenatural. Um exemplo: para
os xerentes, o triângulo constitui o padrão jabuti, e o zigue-zague, o
padrão sucuri. Assim, as produções indígenas são diferentes umas das
outras, pois dependem das necessidades de cada comunidade e dos
materiais que encontram nos locais em que moram.

O que se conhece das produções indígenas? Como diferentes artis-


tas retratam essa cultura? É isso que você vai estudar agora.

56
Arte – Unidade 3

Atividade 1 Olhares estrangeiros para o indígena


1. Aprecie a pintura Dança dos tapuias, de Albert Eckhout, artista que participou
da expedição de Maurício de Nassau ao Brasil em 1637.

Museu Nacional da Dinamarca


Albert Eckhout. Dança dos tarairiu (tapuias), s/d. Óleo sobre tela, 172 cm x 295 cm. Museu Nacional, Copenhague, Dinamarca.

• Na sua opinião, qual seria o motivo da dança? Uma comemo-


ração? Apenas um divertimento? Ou um ritual?

• O que o cenário mostrado na imagem revela sobre a fauna e a


flora do Brasil?

• Quem dança? Quem observa?

57
Arte – Unidade 3

• Como se vestem?

• Como se apresentam as expressões corporais dos homens?


E as das mulheres?

• Descreva os adornos usados pelos homens, notando o que


trazem nas mãos, no pescoço, nas pernas e na cabeça.

2. O pintor francês Jean-Baptiste Debret, que esteve no Brasil com


a Missão Artística Francesa de 1816, retratou os índios segundo
sua visão e as ideias vigentes em seu tempo. Na próxima página,
observe duas de suas obras e responda: Qual é a visão proposta
pelo artista sobre os índios que viviam no Brasil?

Jean-Baptiste Debret (1768-1848), nascido em Paris (França),


Fundação Biblioteca Nacional

baseou sua arte na documentação dos acontecimentos da história brasi-


leira no início do século XIX.
Era pintor, desenhista e professor, e veio ao Brasil como membro da
Missão Artística Francesa, cuja finalidade era criar, no Rio de Janeiro,
uma academia de artes e ofícios, que se tornaria a Academia Imperial de
Belas-Artes.
Debret retratou os usos e os costumes das tribos indígenas, tentando
mostrar, principalmente aos europeus, um panorama que fosse além da
simples visão de um país exótico e interessante, baseado no ponto de vista Thierry Frères. Retrato de Jean-Baptiste
da história natural. Debret, 1834.

58
Arte – Unidade 3

Fundação Biblioteca Nacional


[Art_7º_U3_004]

Jean-Baptiste Debret. Família de um chefe camacã preparando-se para uma festa, 1834. Litografia de C. Motte, 32 cm x 20,4 cm, constante da
obra Viagem pitoresca ao Brasil, vol. 1.

Fundação Biblioteca Nacional

Jean-Baptiste Debret. Caboclos ou índios civilizados, 1834. Litografia de C. Motte, 33,3 cm x 23,2 cm, constante da obra
Viagem pitoresca ao Brasil, vol. 1.

59
Arte – Unidade 3

Momento cidadania

A polêmica sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte reavi­


vou o debate sobre os direitos indígenas. Afinal, quem tem direi-
to à floresta: os índios ou as hidrelétricas?
Os indígenas têm muitos direitos garantidos pela lei, como o
direito a manifestar seus costumes, realizar seus ritos e a partici-
par da vida política do País.
Para os indígenas, a floresta é parte de sua realidade. Desse
modo, é fundamental que a natureza esteja preservada.
Preservar as terras dos indígenas é uma questão de respeito
à humanidade e ao direito que eles têm como brasileiros livres
em condição particular de existência. Exigir que os indígenas
tenham uma vida igual à nossa é um erro.

Atividade 2 Outros olhares sobre o indígena brasileiro


Fica a dica
Muitos artistas retrataram o universo indígena por meio de outra
A cantora, compositora
e pesquisadora Marlui manifestação artística: a música.
Miranda faz um trabalho
Leia a letra da canção Ubirajara, interpretada pelo coral de estu-
etnomusicológico,
coletando e estudando dantes Cantos de Makunaíma, de Roraima.
músicas das nações
indígenas da Floresta
Ubirajara
Amazônica. Ela também
cria composições Sérgio Sarah
com referência nessa
No meio da mata Num toco ocado
musicalidade. Você pode
Cacique anda nu, cara pintada Batuca o tambor fumando mato
conhecer o trabalho
dessa artista em vários Cura e cora a cara, Toda a taba toca no tom
sites da internet. Cará, urucum, jucá, arara Aoô, aoô, aoô

Brota coisa rara Mundo todo louco


Bacaba beiju que dá na cara Maluco cabou com todo o mato
Entoou no mato o pajé: Tudo que é caduco
Aoô, aoô, aoô Maluco levou índio no papo

Tá contagiado Índio toca gado


Cantando o caju todo pintado No mato gritando “eu quero é mato”
Pilando cipó imaculado E morto no vento soou
Aoô, aoô, aoô.

CD Canções do Brasil – Palavra Cantada

60
Arte – Unidade 3

• Qual imagem sobre o indígena a canção retrata?

• Após ler a letra da canção, que imagem você criaria sobre o


indígena brasileiro?

• Faça um desenho ou escreva um texto para registrar essa ima-


gem que você criou.

61
Arte – Unidade 3

Atividade 3 O desenho na cultura indígena


1. Nos diferentes grupos indígenas, os padrões de desenho são muito
variados. Pesquise na internet alguns desses padrões e faça uma
colagem para apresentar à turma.

2. Com base na exposição dos padrões de desenho indígenas, produ-


za um desenho feito com caneta de bambu e tinta nanquim preta
(para produzir a caneta, veja as instruções a seguir).

Caneta de bambu
Material necessário
Para construir essa caneta, você
precisa de um bambu pequeno ou,

© Paulo Savala
se não tiver, pode ser um galho de
árvore fino.
Procedimentos
• Lixe bem a superfície do bambu
ou do galho com uma lixa fina.
• Em seguida, faça um corte
diagonal em uma das pontas, Canetas feitas com bambu.
usando um objeto de corte.

Está pronta sua caneta para usar com tinta nanquim ou de tinteiro, ou ainda uma tinta
bastante líquida feita com pigmentos naturais. Você pode experimentar suco de beterraba
ou pó de café com água, entre outras possibilidades.

A influência constante da cultura indígena


Língua Portuguesa
6o ano/1o termo Algumas pessoas acreditam, ainda hoje, que os índios fazem parte do pas-
Unidade 1 sado ou que estão desaparecendo, e sua cultura, se perdendo. No entanto, a
população indígena no Brasil é de mais ou menos 750 mil pessoas. Desse total,
350 mil vivem em aldeias e mais ou menos 400 mil fora das terras indígenas.
Os que vivem fora das aldeias são chamados de índios urbanizados, ou ainda,
índios urbanos.
Há um total de aproximadamente 230 nações indígenas, das quais 53 vivem com-
pletamente isoladas, isto é, não possuem contato externo com outras pessoas.

Fonte: MUNDURUKU, Daniel. Coisas de Índio. São Paulo: Callis, 2004, p. 11.

A influência dos povos indígenas encontra-se fortemente pre-


sente no dia a dia. É bastante provável que você já tenha ouvido
palavras como abacaxi, arapuca, arara, capim, catapora, cipó, cuia,
cumbuca, cupim, jabuti, jacaré, jiboia, jururu, mandioca, mingau,
minhoca, paçoca, peteca, pindaíba, pipoca, preá, sarará, tamanduá,
tapera, taquara, toca, traíra, xará, entre outras. Todas elas são de
origem indígena.

62
Arte – Unidade 3

Algumas danças também nasceram dessa cultura: cateretê ou


catira, o toré dos quilombos alagoanos, cururu, sarabaquê, ou dança Fica a dica
de santa cruz, sairê do extremo Norte, assim como alguns folguedos Na cidade de
populares: caiapós, caboclinhos, tribo, dança dos tapuios e pássaros. Oiapoque foi inaugurado
em 2007 o Kuahí –
Museu dos Povos
Mas a cultura indígena apresenta outras manifestações culturais Indígenas do Oiapoque,
muito ricas, como arte plumária, pintura corporal, cestaria, cerâmica, gerido pelos próprios
ornamentos, esculturas zoomorfas, grafismos, tear, objetos de madeira índios para ser um
espaço de conservação
etc. Feitas com matérias-primas encontradas na natureza, as produ- e divulgação de sua
ções revelam cuidado no modo de colher e processar palmeiras, cipós, cultura.
arumã (ervas), penas, plumas, argila, madeiras, fibras, com uso de Também há acervos
em outros importantes
gomas colantes, tinturas vegetais e minerais, vernizes, além da constru- museus, como o Museu
ção de instrumentos, ferramentas etc. de Arqueologia e
Etnologia da USP, que
pode ser visitado pelo
Arte plumária site: <http://www.mae.
usp.br>. Acesso em:
No Brasil, existem pelo menos 30 grupos indígenas que produzem 26 maio 2012.
adornos feitos com penas de aves.

Os adornos plumários são cria-

© Rosa Gauditano/StudioR
dos para uso em rituais, cerimônias
e também como enfeite. São formas
de comunicação e podem representar
idade, sexo, posição social e cargo
político. Com as plumas podem ser
confeccionados mantos, máscaras,
cocares e braceletes.

Em uma aldeia kayapó, as cores


das penas de um cocar são significa-
tivas, pois a disposição delas indica
a hierarquia existente na aldeia e
simboliza a organização da vida den-
tro da tribo. O formato do cocar em
arco representa uma grande roda que
gira entre o presente e o passado.

Para os kayapós, índios que habi-


tam o sul do Pará e o norte de Mato
Grosso, a aldeia cabe num cocar.

Para você, qual a simbologia das


cores em um cocar? Pense nisso antes
de ler sobre as cores em um cocar
kayapó. Cocar indígena kayapó.

63
Arte – Unidade 3

As cores na cultura kayapó


A cor vermelha na cultura kayapó refere-se à casa dos homens.
Ela se localiza no centro da aldeia e é o espaço em que eles discutem
sobre a caça, a guerra e os rituais. Lá também confeccionam pulseiras
e colares.

Já a cor amarela refere-se ao local pertencente às mulheres: casas


e roças. Em casa elas pintam os corpos dos maridos e filhos e prepa-
ram os alimentos. E a roça é lugar onde plantam e colhem.

As matas são representadas pela cor verde. Além de proteger as


aldeias, as matas são consideradas pelos kayapós morada dos mortos
e seres sobrenaturais.

Atividade 4 Criação de adornos com base na cultura


indígena
1. Aprecie a seguir criações da arte plumária.
© Renato Soares/Pulsar Imagens

© Fabio Colombini

Arte plumária Rikbaktsa. Acervo Memorial da América Latina. Indígena com cocar e colar. Tribo indígena kalapalo – Aldeia
Aiha, 2011. Parque Indígena do Xingu (MT).

64
Arte – Unidade 3

• Ao observar os adornos usados pelas pessoas de seu convívio,


é possível encontrar alguma semelhança com os adornos usa-
dos pelos indígenas?

2. Agora é sua vez de criar um adorno com arte plumária.

Depois da análise e do levantamento de materiais utilizados, você


vai criar adornos. Podem ser colares, brincos, pequenos broches
etc. Essa atividade pode ser feita em pequenos grupos de estudan-
tes e utilizar bases de bijuterias prontas. O importante é perceber
a estética indígena, o cuidado com as cores, com cada elemento
colocado.

3. Organize com a turma uma exposição de todos os adornos criados.

Trançados e tapeçaria indígenas


A arte têxtil indígena se divide em três técnicas: a tecelagem,
que emprega fios, com ou sem implementos de aparelhos; o tran-
çado de fibras vegetais; e a arte plumária, já mencionada, que possui
diferentes técnicas de aplicação, tendo por base uma colorida fauna
ornitológica.
Ornitológico
Os povos indígenas usam materiais retirados da natureza para Relativo a aves.
criar artefatos de uso cotidiano. A variedade das plantas e das fibras
dá aos indígenas materiais suficientes para a criação de trançados. Artefato
Produto ou obra de trabalho
Dessa maneira, constroem casas e utensílios, como cestos para uso manual ou mecânico.
doméstico e transporte de alimentos, redes para pescar e dormir, ins-
trumentos musicais etc.

65
Arte – Unidade 3

Veja a seguir algumas imagens de trançados indígenas:


© Du Zuppani/Pulsar Imagens

Mãos de artesão da etnia tucana tecendo esteira de fibra vegetal.


© Renato Soares/Pulsar Imagens

Cestaria waijãpi. Acervo Memorial da América Latina.

66
Arte – Unidade 3

© Fabio Colombini
Indígena saterê-maué fazendo artesanato. Aldeia Inhãa-bé, 2009. Igarapé do Tiú, Manaus (AM).

A tecelagem é usada na confecção de tecidos para pesca, transporte,


vestuário e adorno. A rede de dormir é o artefato mais famoso dessa téc- Fica a dica
nica e está presente em quase todos os grupos indígenas. Assista ao curta-
-metragem Bimi, mestra
de kenes, dirigido
Essa técnica pode ou não utilizar um tear. Sem ele, os trabalhos são por Zezinho Yube. O
realizados com um único fio, como crochê e tricô. Aqueles que utilizam vídeo, com produção
do projeto Vídeo nas
o tear resultam num trabalho de trama (fios na horizontal e na verti- Aldeias, mostra a
cal), semelhante ao trançado. história de Bimi, uma
das grandes mestres
da arte da tecelagem
Os kaxinawás, da família Pano, habitam o Estado do Acre e possuem hunikui. Ela fala de sua
uma grande representação na tecelagem. Seus desenhos chamam-se kené. aprendizagem e dos
cuidados que uma
Dentro da técnica da tecelagem, são notáveis os trabalhos de tape- tecelã deve respeitar.
Bimi, Mestra de Kenes. 2009.
çaria. A tapeçaria é uma atividade milenar, uma tradição ancestral, 4 min. Hunikui (kaxinawá).
Disponível em: <http://
praticada desde as civilizações pré-colombianas e egípcia e pela pró- www.videonasaldeias.org.
pria população indígena brasileira. Essa técnica que acompanha o br/2009/video.php?c = 80>.
Acesso em: 30 maio 2012.
ser humano desde os primórdios da civilização está ligada às necessida-
des humanas de proteção, expressão e agasalho.

A herança indígena para a tapeçaria é riquíssima.

67
Arte – Unidade 3

A tapeçaria pode ser feita com algodão, sisal, juta e fibras, entre
outros materiais.
A artista brasileira Regina Gomide Graz se interessou pelo traba-
lho de tapeçaria dos indígenas e viajou ao Amazonas para conhecer
melhor a técnica.
Regina Graz atuou como pintora, decoradora e tapeceira, sendo
uma das artistas mais produtivas no meio artístico nacional durante
as décadas de 1920 a 1940. Dedicou-se principalmente à decoração
de interiores, trabalhando com tapeçarias em veludo, panneaux e
Panneaux almofadas, criando motivos que se aproximam da abstração geomé-
Palavra francesa que
designa pano, tecido,
trica. Outros artistas também se dedicaram à arte da tapeçaria, como
tapeçaria decorativa. Norberto Nicola e Jacques Douchez.
Acervo Instituto John Graz

Regina Graz. Sem título, 1930. Tapeçaria, petit point tecido a mão, 97 cm x 134 cm. Instituto John Graz, São Paulo (SP).

68
Arte – Unidade 3

A tapeçaria existe no cotidiano dos brasileiros. É realizada na


produção de bandeiras das torcidas, nos estandartes, adereços e
representações gráficas do Carnaval, e no folclore, com a vestimenta
Site specific
para danças, entre muitas outras manifestações. As técnicas da tape-
Obras planejadas e
çaria, tão antigas, são encontradas ainda hoje, mas com um certo criadas em função de
distanciamento da produção indígena tradicional. Um bom exem- um local específico,
como o próprio nome
plo é o trabalho de Tatiana Blass, que em 2011 criou uma instala- diz. Dessa maneira, tais
ção com base em um tear na Capela do Morumbi, em São Paulo. A obras dialogam com o
lugar para o qual foram
obra Penélope é um site specific, feita especialmente para essa capela produzidas.
(veja imagens da obra).

© Everton Ballardin

Tatiana Blass. Penélope,


2011-2012. Tear e lã vermelha.
Site specific, Capela do Morumbi,
São Paulo (SP).

69
Arte – Unidade 3

Fotos: © Everton Ballardin

Tatiana Blass. Penélope, 2011-2012. Tear e lã vermelha. Site specific, Capela do Morumbi, São Paulo (SP).

70
Arte – Unidade 3

Atividade 5 Criação com tecelagem


Você vai criar peças em tecelagem. Para isso, vai precisar de fios
e um tear de papelão.

1. Sabe aquelas camisetas que já cansou de usar? Pois bem, você fará
fios com ela, cortando-a em tiras da mesma largura no sentido
horizontal. Depois de cortadas as tiras, estique-as, para que se
enrolem como um fio de novelo.

2. Agora é hora de montar o tear de papelão (veja instruções no qua-


dro a seguir).

Tear de papelão
Materiais necessários
• Tesoura.
• Régua.
• Lápis grafite.
• Um papelão com medida aproximada de 35 cm x 40 cm.
Procedimentos
• Risque uma margem de 2 centímetros nos quatro lados do papelão.
• Faça furos com distância de 1 centímetro das bordas superior e inferior do papelão.
• Prepare uma agulha dobrando um pedaço de arame ao meio e cobrindo as pontas com
fita-crepe.
• Coloque uma tira de fio na agulha e passe de um furo a outro, no sentido vertical, até
que todos estejam preenchidos. Caso precise emendar os fios, é só dar um nó.
• Comece a tecer, passando um fio por cima e outro por baixo. A cada fio tecido, ajeite o
trabalho com os dedos para que fiquem bem juntinhos.
• Amarre, de duas em duas, as sobras lateriais das tiras, para que o trabalho não se
desfaça.
• Ao terminar, recorte as margens do papelão e retire a peça.
Com essa peça, você pode fazer uma bolsinha, um suporte para telefone ou inventar
outras utilidades.
© Paulo Savala

71
Arte – Unidade 3

Atividade 6 Lendas e contação de histórias indígenas


Cada cultura tem seus mitos, suas lendas e suas histórias.

• Pesquise em livros infantis ou na biblioteca da escola algumas len-


das e contos indígenas.
• Leia com atenção as histórias, observando atentamente as ilus-
trações.
• Após a leitura, escolha uma das histórias. Expresse o que com-
preendeu dessa história, reescrevendo um livro com novas ilus-
trações, dramatizando o que leu ou criando uma reportagem para
uma revista ou um programa de TV.

Você estudou
Nesta Unidade, você conheceu a variedade de povos e cultu-
ras indígenas espalhados pelo Brasil, percebendo o olhar estran-
geiro, o nosso e o do próprio indígena.

Teve contato com a diversidade das produções indígenas,


como a arte plumária, o trançado e a tapeçaria.

Pense sobre
Há na cidade em que você mora alguma aldeia indígena? Será que
entre seus amigos e parentes há alguém que saiba trançar, fazer cro-
chê ou usar um tear?

Há festas populares em sua região? Que tal pesquisar sobre a ori-


gem delas?

72
4 A cultura afro-brasileira

A cultura africana é tão marcante no Brasil que gerou a arte afro--


-brasileira. Portanto, nesta Unidade, você vai reconhecer a heteroge-
neidade na formação cultural do povo brasileiro, percebendo a pre-
sença da cultura africana em nosso País.

Também discutirá sobre a influência da cultura africana presente


no cotidiano, além de estudar o Barroco, arte produzida no Brasil por
negros e mestiços no século XVIII.

Para iniciar...
• O que você conhece sobre o continente africano?
• Você se lembra desta imagem?
© FIFA

Logotipo da Copa do Mundo de Futebol de 2010, na


África do Sul.

• O que você conheceu sobre a África do Sul por meio da Copa do


Mundo de 2010?
• Tem alguém na sua família com ascendência africana?
• Qual é o país de origem dessa pessoa?

73
Arte – Unidade 4

Atividade 1 Encontro afro-brasileiro


1. Você conheceu Lasar Segall na Unidade 2. Aprecie agora outra
obra desse artista, um autorretrato produzido em 1924.
Acervo do Museu Lasar Segall-IBRAM/MinC
Lasar Segall, 1891 Vilna - 1957 São Paulo

Lasar Segall. Encontro, 1924. Óleo sobre tela, 66 cm x 54 cm. Museu Lasar Segall, São Paulo (SP).

74
Arte – Unidade 4

• O que você sente ao apreciar essa pintura?

• Quais características da obra chamaram sua atenção? Na sua


opinião, onde estão as pessoas retratadas? Como você interpreta
o olhar das pessoas retratadas na obra? É triste, alegre, terno?

• Como são essas pessoas? Descreva a cor da pele, o cabelo, as


roupas, a idade.

• Quanto aos tons utilizados na pintura, o que eles despertam


em você?

2. Observe ao lado uma foto de Lasar Segall, feita quando o artista

Arquivo Fotográfico Lasar Segall - Museu Lasar Segall/IBRAM/MinC


tinha cerca de 29 anos.

• Quais as diferenças entre a representação do artista na pintura


e na fotografia?

• Por que você acha que o artista mudou a cor da sua pele no
autorretrato apresentado na página anterior? Retrato de Lasar Segall, 1920.
Cópia em papel, emulsão
de gelatina e sais de prata
com viragem sépia,
21,6 cm x 17,2 cm.

• Que relações você estabelece entre o autorretrato e o título


desta Atividade?

75
Arte – Unidade 4

Africanos no Brasil
Fica a dica
Se você vive em
A história dos africanos no Brasil teve início há muito tempo, por
São Paulo, ou se estiver volta de 1530, quando os portugueses começaram a trazer à força do
na cidade, visite o continente africano pessoas para trabalhar como escravos nas terras
Museu Afro Brasil, no
Pavilhão Manoel da da colônia portuguesa da América. E o tráfego perdurou até os anos
Nóbrega, que fica no de 1850 aproximadamente – mesmo após ter sido proibido, em 1830.
Parque do Ibirapuera.
Você também pode As pessoas eram trazidas para a nova terra em embarcações cha-
conhecer mais sobre o
museu e o material lá
madas navios negreiros. As condições dessas viagens eram péssimas.
exposto consultando Os negros vinham amontoados nos porões dos navios, sem luz nem ali-
o site do museu,
disponível em: <http://
mentação, por isso muitos morriam no meio do caminho e eram atira-
www.museuafrobrasil. dos ao mar. Quando chegavam ao Brasil, os sobreviventes eram comer-
org.br/>. Acesso em: cializados nos mercados da Bahia, do Rio de Janeiro, do Maranhão e de
26 maio 2012.
Pernambuco, onde a mão de obra escrava era empregada na lavoura, na
mineração, na pecuária ou em trabalhos domésticos.
© Sciences Po

Tráfico atlântico de escravos: dimensões e destinos

Brésil – la diversité comme identité. 2ème édition. Paris: Atelier de Cartographie de Sciences Po.
Luchas contra la Esclavitud, Unesco, 2004.

76
Arte – Unidade 4

Durante quase 400 anos, homens e mulheres escravizados trabalha-


ram na formação do Brasil. Aqui realizavam vários tipos de trabalhos,
dos mais simples aos mais difíceis.

Observe com atenção as imagens a seguir, que representam algu-


mas das ocupações dos escravos.

© The Bridgeman Art Library/Keystone


Mineradores –
Johann Baptist
von Spix e Carl
Friedrich Philip von
Martius. Lavagem
de diamantes,
Curralinho, c.
1835-1850.
Litografia colorizada,
integrante do Atlas
da obra Viagem ao
Brasil.

Fundação Biblioteca Nacional

Serradores –
Jean-Baptiste Debret.
Serradores, 1834.
Litografia de C. Motte,
32 cm x 20,4 cm,
constante da obra
Viagem Pitoresca ao
Brasil, vol. 1.

77
Arte – Unidade 4

© Instituto Moreira Salles

Ama-seca – Fotógrafo não


identificado. Retrato de ama negra
com criança branca presa às costas,
c. 1870, Bahia, Brasil.
Fundação Biblioteca Nacional

Sapateiro – Jean-Baptiste Debret.


Sapateiro, 1835. Litografia de
Thierry Frères, 32 cm x
20,4 cm. Constante da obra
Viagem Pitoresca ao Brasil, vol. 2.

78
Arte – Unidade 4

Fundação Biblioteca Nacional


Lavadeiras – Jean-Baptiste
Debret, Lavadeiras na beira do
rio, 1835. Litografia de Thierry
Frères, 16,2 cm x 22,3 cm.
Constante da obra Viagem
Pitoresca ao Brasil, vol. 2.

Acervo Museus Castro Maya

Vendedoras – Jean-Baptiste
Debret, Banha de cabelos bem
cheirosa, 1827. Aquarela sobre
papel, 15,8 cm x 21,9 cm. Museus
Castro Maya, Rio de Janeiro, Brasil.

A África é um continente que possui hoje 53 países. Os povos


africanos são muitos diferentes uns dos outros, possuem característi-
cas físicas, culturais e línguas diversas.

As manifestações culturais e artísticas africanas estão por toda


parte no Brasil, dos objetos mais simples usados no cotidiano às ceri-
mônias religiosas.

79
Arte – Unidade 4

Momento cidadania

Os quase quatro séculos de escravidão no Brasil deixaram marcas muito profundas


em nossa sociedade, que perduram até os dias atuais.

O racismo e a discriminação são tristes exemplos de uma realidade repleta de igno-


rância e intolerância, esquecendo-se de que muitos afrodescendentes foram e são impor-
tantes em nossa história.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2000, da população


pobre de São Paulo, 11,62% eram brancos, e 21,83% eram negros.

Segundo a Fundação Seade, em 2004, dos jovens brancos de 15 a 17 anos que fre-
quentavam o Ensino Médio na idade correta, 70,6% eram brancos, e 57,6% eram negros.

Esses e muitos outros dados demonstram que não superamos a questão racial no
Brasil. Embora tenham os mesmos direitos, os negros tendem a ser excluídos, o que se
reflete em acesso à educação e ao trabalho, em renda inferior e em um padrão de vida
mais baixo do que a maior parte dos brancos.

Ações afirmativas para neutralizar a questão seriam políticas que visassem à inclusão
de afrodescendentes em universidades ou outras resoluções semelhantes, no intuito de
compensar uma desigualdade socialmente estabelecida ao longo de muitos anos e valori-
zar toda a cultura e as pessoas afrodescendentes. Seria uma oportunidade para que cada
vez mais a população negra participasse de ambientes dos quais em geral está excluída,
obtendo, com isso, um leque maior de opções na vida.

Para conhecer mais sobre o debate racial, visite o site do Instituto Geledés: Disponível
em: <http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito>. Acesso em: 26 maio 2012.

As máscaras e sua função nas culturas africanas


Em vários grupos africanos, as máscaras, que podem representar
pessoas ou animais, eram utilizadas em momentos especiais chama-
dos ritos. Essas cerimônias celebravam vários acontecimentos, como a
passagem de jovens para a idade adulta, os ciclos da natureza, a morte
de um membro da família, o pedido de proteção aos deuses ou o agra-
decimento pelos seus feitos.

80
Arte – Unidade 4

Atividade 2 Máscaras africanas e arte moderna


A Sociedade Gueledé, formada apenas por mulheres idosas do
povo iorubá, é um desses grupos nos quais as máscaras têm função
ritualística. Como os iorubás temem e respeitam muito a força dessas
mulheres idosas, são os homens que vestem as máscaras e dançam
com elas nos rituais. Hoje, grande parte dos iorubás vive na região
onde se localiza a Nigéria e o Benin, dois países africanos.

1. Observe a seguir exemplos de máscaras gueledés.

© Werner Forman/Corbis/Latinstock
© The Bridgeman Art Library/Keystone

Máscara gueledé iorubá, da Nigéria Ocidental. Máscara gueledé iorubá representando


Galeria 43, Londres, Inglaterra. o espírito do homem branco.
Você sabia que a
Sociedade Gueledé
• De que material você acha que são feitas essas máscaras? recebeu o título de
Patrimônio Mundial da
Humanidade?
Esse título é conferido
pela Unesco com o
objetivo de promover a
• Que figuras estão representadas nelas? identificação, a proteção
e a preservação do
patrimônio cultural e
natural considerado
especialmente valioso
• O que elas nos contam por intermédio de sua decoração? para a humanidade.
O Brasil tem 18 bens
inscritos na lista do
Patrimônio Mundial.
Você pode pesquisá-los
no site do Instituto do
• Em sua opinião, em que rituais seriam usadas? Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional.
Disponível: <http://
portal.iphan.gov.br>.
Acesso em: 26 maio 2012.

81
Arte – Unidade 4

2. Pablo Picasso criou obras em que se pode notar a influência de tra-


ços da arte africana, pois ficou impactado pela exposição de Arte
Africana no Museu do Homem de Paris, em 1905, especialmente
pelas máscaras, como é possível perceber nas imagens a seguir:

© The Bridgeman Art Library /Keystone

Máscara baule, Costa do Marfim, final do século XIX. Museu de Israel, Jerusalém.

82
Arte – Unidade 4

© Print Collector/Diomedia
© Succession Pablo Picasso/AUTVIS, 2012

Pablo Picasso. Amizade, 1908. Óleo sobre tela, 151,3 cm x 101,8 cm. Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia.

83
Arte – Unidade 4
© The Bridgeman Art Library /Keystone

Máscara fang em madeira, século XIX. Universidade da Ânglia Oriental, Norfolk, Inglaterra.

84
Arte – Unidade 4

© Album/Lessing/Latinstock
© Succession Pablo Picasso/AUTVIS, 2012

Pablo Picasso. Les Demoiselles d’Avignon, 1907. Óleo sobre tela, 243,9 cm x 233,7 cm. Museu de Arte Moderna (Moma), Nova Iorque (EUA).

85
Arte – Unidade 4

• Compare as imagens das máscaras africanas com as pinturas


de Picasso. Em seu caderno, faça uma lista dos itens seme-
lhantes e diferentes encontrados por você em cada uma das
obras de Picasso em relação à máscara correspondente.

• Troque impressões pessoais com a turma e perceba a enorme


influência da estética africana na obra do artista espanhol.

3. Agora você vai criar uma máscara com inspiração nas imagens
de máscaras africanas vistas anteriormente e nas obras de Picasso
(veja no quadro a seguir)

Máscara africana
Materiais necessários
• Tiras de papelão e de jornal • Fita-crepe.
(com aproximadamente 4 cm de largura). • Grampeador.
• Tesoura. • Tinta guache.
• Cola líquida. • Adereços (palha, botões, tecidos...).

Procedimentos
• Com uma tira de papelão, contorne seu rosto para registrar a medida dele.
• Grampeie as duas pontas das tiras. Essa será a base de sua máscara.
• Corte mais tiras de papelão da mesma medida e grampeie duas no sentido horizontal da máscara e duas no sentido vertical.
• Sobre as tiras grampeadas, cole tiras de jornal previamente mergulhadas em cola líquida diluída com um pouco de água.
Aplique mais duas camadas de tiras de jornal sobre a base da máscara.
• Espere secar.
• Desenhe sobre a máscara o rosto que você desejar. Coloque olhos, boca e nariz inspirados nos modelos africanos.
• Pinte com tinta guache na cor escolhida.
• Cole outros adereços, como palha, botões ou tecidos, para dar o efeito desejado na sua produção “africana”.

Arte e religiões africanas


Os negros obrigados a vir para o Brasil como escravos eram
impedidos de trazer seus pertences. Vinham somente com as memó-
rias e as vivências do lugar de origem, ou seja, com sua ancestrali-
dade, que seria expressa no Brasil por meio de manifestações cultu-
rais e religiosas.
As religiões afro-brasileiras recebem nomes diferentes, depen-
dendo do lugar e da forma de seus ritos. No Nordeste, há o tam-
bor de mina, o xangô pernambucano e o candomblé baiano. No
Rio de Janeiro e em São Paulo, prevalecem a umbanda e o can-
domblé. No Sul, o batuque gaúcho.
A crença do candomblé está baseada em seus deuses, os orixás.
Cada um deles tem características, cores e roupas específicas, além de
alimentos preferidos e adornos.

86
Arte – Unidade 4

© Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens


Tatti Moreno. Orixás, 1998. Esculturas em fibra de poliéster, 600 cm de altura. Dique do Tororó, Salvador (BA).

Atividade 3 A baianidade de Carybé

O artista Carybé (1911-1997),


Foto © Jonas Grebler © 100% Copyrights Consultoria

cujo nome é Hector Julio Paride Ber-


nabó, nasceu em Lanus (Argentina).
No ano de 1919 sua família veio
para o Brasil e firmou residência no
Rio de Janeiro. Em meio a inúmeras
viagens, em 1938 Carybé conheceu
a Bahia, lugar que se tornou refe-
rência para seus trabalhos. Suas
obras, tanto pinturas como desenhos Baianidade
e esculturas, refletem a chamada É uma expressão que se
refere ao modo de vida
baianidade, por meio da represen- dos baianos.
tação do cotidiano, do folclore e de
cenas populares.

Carybé, Grande Painel dos Orixás (detalhe do


orixá Obá), 1979. Painel entalhado em cedro com
incrustrações, 200 cm x 100 cm. Banco da Bahia
Investimentos S/A, Bahia, Brasil.

87
Arte – Unidade 4

Inspirado pela cultura afro-brasileira, no início da década de 1970,


Carybé dedicou-se a representar os orixás e seus rituais. O artista
criou 19 painéis que representam os deuses da África no candomblé da
Bahia. As obras formam o Grande mural dos orixás.
• Observando a imagem criada por Carybé, compartilhe com a tur-
ma suas impressões sobre essa obra.

A arte da escultura
Com muito talento, negros
© Alex Salim

e mestiços contribuíram enor-


memente para o desenvolvi-
mento da arte brasileira.

Durante três séculos quase


toda arte que se produzia no
Brasil era religiosa. Os artis-
tas da época aprendiam sua
arte nas corporações de ofício.
Havia a corporação dos escul-
tores, a dos douradores, dos
ferreiros e assim por diante.

Nas corporações, os mes-


tres, como eram chamadas as
pessoas com mais experiên-
cia, ensinavam os aprendizes,
a maioria negros e mestiços.
Um dos aprendizes que se
tornou mestre foi o escultor
Antônio Francisco Lisboa,
o Aleijadinho.

Aleijadinho. Imagem de São João da Cruz, século XVIII. Igreja de Nossa Senhora do
Carmo, Sabará (MG).

88
Arte – Unidade 4

© Marcos André/Opção Brasil Imagens


Aleijadinho. Os doze profetas (Adro da Basílica de Congonhas), 1800-1805. Esculturas em pedra-sabão. Santuário do Bom Jesus de Matosinhos,
Congonhas do Campo, Minas Gerais, Brasil.

Pedra-sabão
Aleijadinho, Antônio Francisco Lisboa, nasceu bastardo
Acervo do Museu Mineiro

Rocha de cor verde ou


e escravo, em Minas Gerais, em 1738. Era filho de um arqui- cinza-escura, encontrada
teto de obras português e de uma de suas escravas africanas. principalmente em
Minas Gerais. É formada
O apelido Aleijadinho deve-se ao fato de ter adoecido em essência de talco e
por volta dos 40 anos, ficando com pernas e mãos deforma- clorita, sendo bastante
dos. Como não podia mais se locomover, era carregado por macia. É usada na
dois escravos, que lhe amarravam nas mãos os instrumen- fabricação de certos
utensílios domésticos,
tos de que necessitava para esculpir. Usava preferencial-
como panelas, cinzeiros,
mente madeira e pedra-sabão em suas esculturas. estatuetas etc.
Euclásio Penna Ventura,
Aleijadinho foi um dos maiores representantes da Retrato de Aleijadinho,
arte barroca no Brasil, cuja finalidade, no século XVIII, s/d. Óleo sobre madeira.
era disseminar a religião cristã trazida ao País por colo- Acervo Museu Mineiro,
Belo Horizonte, Minas
nizadores portugueses. Gerais, Brasil.
Em Congonhas do Campo, Minas Gerais, entre 1795 e
1805, Aleijadinho esculpiu 12 estátuas em pedra-sabão,
representação dos 12 profetas, consideradas obras-pri-
mas do artista.

89
Arte – Unidade 4

Nessa época, além dos

© G. Evangelista/Opção Brasil Imagens


escultores, havia também
pintores. Nas igrejas, as
pinturas contavam histórias
bíblicas que funcionavam
como livros, já que a maio-
ria das pessoas não sabia
ler. Nos amplos tetos, anjos
e santos flutuavam em meio
a nuvens, fitas e flores, com-
pondo um grande espetá-
culo visual. Era o espetáculo
do Barroco.

Aleijadinho. Profeta Daniel (Adro da Basílica


de Congonhas), 1800-1805. Escultura em
pedra-sabão. Santuário do Bom Jesus de
Matosinhos, Congonhas do Campo, Minas
Gerais, Brasil.

Atividade 4 A arte barroca


Observe a imagem a seguir, pintada pelo frei Jesuíno de Monte
Carmelo, filho e neto de escravos, para o teto da capela-mor da Igreja
da Ordem Terceira do Carmo de Itu, em São Paulo.
© João José “Tucano” da Silva

Frei Jesuíno do Monte Carmelo, Teto da Capela Mor da Igreja da Ordem Terceira do Carmo (detalhe),
1784-1794. Óleo sobre madeira. Itu (SP).

90
Arte – Unidade 4

Após a apreciação da obra, comente com os colegas:


Você sabia que o
• as cores e o movimento das figuras; surgimento da arte
denominada “barroca”
• as feições e a cor da pele dos anjos; ocorreu no século XVII,
• as vestimentas; na Itália?
As obras dos artistas
• os detalhes decorativos da obra. barrocos europeus
valorizam as cores,
as sombras e a
Atividade 5 Escultura de sabão luz, e representam
contrastes. As imagens
1. Agora você vai esculpir uma figura a partir de um único bloco, tal aparecem de maneira
dinâmica, valorizando
como o Aleijadinho (veja instruções no quadro a seguir). o movimento. Os
temas principais são a
Escultura de sabão mitologia, as passagens
Materiais da Bíblia e a história da
humanidade.
• Uma barra de sabão de coco.
• Uma faca pequena, colher de café ou chá e garfo.
• Palitos de dente.
• Jornal.

Procedimentos
• Forre o local de trabalho com jornal.
• Utilizando um lápis, faça um leve esboço das principais partes do projeto de sua
escultura diretamente no sabão.
• Pegue uma faquinha ou um palito e comece a raspar pequenas porções da barra de
sabão. Use o garfo para criar texturas, caso seja necessário.
• Para deixar partes do sabão mais macias, use os dedos. O calor de suas mãos vai ajudar a
amolecê-lo, tornando mais fácil criar uma superfície lisa.
• Você pode reparar pequenas fissuras na escultura de sabão usando um palito molhado
para umedecer a superfície e, em seguida, usar os dedos para fechar as fissuras.

2. Com os outros colegas, exponham as esculturas criadas.

A capoeira
A capoeira, uma das maiores expressões culturais afro-brasilei-
ras, foi trazida ao Brasil por escravos africanos. Era usada tanto para
defesa pessoal quanto para diversão.
Os movimentos ágeis de ataque e defesa eram usados por escravos
em brigas e fugas, mas também como brincadeira ou jogo nas horas
de descanso.
Ao praticar a capoeira, os escravos se uniam em grupos, o que
fortalecia sua identidade cultural. A união incomodava donos e feito-
res, por isso a prática da capoeira foi proibida.
Hoje a capoeira expressa, em primeiro lugar, ancestralidade, valo-
res culturais e memória dos povos africanos no Brasil.

91
Arte – Unidade 4
© Fundação Pierre Verger

Pierre Verger. Capoeira, 1946-1948. Fotografia. Salvador, Brasil.

92
Arte – Unidade 4

© Fundação Pierre Verger


Pierre Verger. Capoeira, 1946-1948. Fotografia. Salvador, Brasil.

O fotógrafo Pierre Verger nasceu na França, em 1902,


e decidiu viver na Bahia a partir de 1946. Em Salvador,
© Fundação Pierre Verger

registrou muitas manifestações culturais brasileiras de


origem africana, como a capoeira.
Pierre Verger produziu 13 500 fotos enquanto viveu Fica a dica
no Brasil – todas em preto e branco. As fotos trazem
diversos registros de cultos afro-brasileiros, mas tam- Confira mais
bém exibem momentos triviais da vida urbana no País, informações sobre Pierre
festas populares, artistas regionais e trabalhadores. Verger acessando o site
do fotógrafo. Disponível
Em sua última obra, é possível perceber uma poética Pierre Verger. em: <http://www.
e uma estética que ultrapassam a ideia de registro ou Autorretrato, anos 1950. pierreverger.org/fpv/>.
documentação de nossa cultura. Acesso em: 26 maio 2012.

93
Arte – Unidade 4

O berimbau é o principal instrumento musical tocado na capoeir­a.


Os outros são: pandeiro, atabaque, agogô, caxixi e reco-reco.

© Marcos Peron/Kino
© Fernando Favoretto/Criar Imagem

Berimbau Caxixi
© Rachel Canto/Opção Brasil Imagens

© Fernando Favoretto/Criar Imagem

Agogô

Atabaque
© Stockbyte/Getty Images

© Fernando Favoretto/Criar Imagem

Pandeiro Reco-reco

94
Arte – Unidade 4

Atividade 6 Pesquisa sobre a capoeira


Você sabia que
a capoeira é um
Para ampliar seus conhecimentos sobre a capoeira, realize a patrimônio cultural
seguinte pesquisa: imaterial brasileiro?
A capoeira, assim
• Verifique quem da turma joga ou já jogou capoeira. como o frevo, o pão de
queijo mineiro e outros
25 bens brasileiros,
• Pesquise no bairro em que mora se existe algum grupo que pra- foi registrada pelo
tique capoeira. Se possível, assista à apresentação desse jogo e Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico
repare bem nos movimentos executados pelos participantes e na Nacional (IPHAN) como
música tocada. Como alternativa, você pode assistir a uma de- patrimônio cultural
imaterial. O patrimônio
monstração pela internet. cultural imaterial é todo
bem que é transmitido
• O que você descobriu sobre a capoeira? de geração em geração
e constantemente
recriado, envolvendo
saberes, formas de
expressão, celebrações
e lugares, garantindo o
respeito à criatividade
e a diversidade cultural.
Para saber mais, entre no
site do IPHAN. Disponível
em: <http://portal.iphan.
gov.br>. Acesso em:
26 maio 2012.

• Organizem, você e a turma, uma exposição com todos os traba-


lhos realizados ao longo das atividades anteriores.

Você estudou

Nesta Unidade, você compreendeu a presença da cultura


africana no Brasil, trazida pelos escravos africanos, por meio da
manifestação religiosa do candomblé e da capoeira.

Estudou a arte barroca produzida no Brasil no século XVIII,


pelas mãos de negros e mestiços, reconhecendo temas e assuntos
propostos pelos artistas daquela época.

Você explorou, ainda, a tridimensionalidade com máscaras,


baixos-relevos e outros objetos, esculpindo sua arte a partir de
um único bloco, como fazia o mestre Aleijadinho.

95
Arte – Unidade 4

Pense sobre

Leia o texto a seguir.

Negro é uma construção social, afirma especialista do IBGE


Gilberto Costa, da Agência Brasil

Desde o século 19, o Brasil procura fazer um levantamento, por meio do censo,
da cor da população. Na semana passada, pela primeira vez na história, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou que mais da metade dos bra-
sileiros é formada por pessoas com a cor de pele parda ou preta (50,6%).
O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e se baseia
na autodeclaração ou “autoclassificação”, como prefere dizer Ana Lúcia Saboia,
chefe da Divisão de Indicadores Sociais do instituto.
O critério de autoclassificação é recomendado internacionalmente e apontado
como alternativa menos subjetiva para definir a cor de uma pessoa. [...]

COSTA, Gilberto. Negro é uma construção social, afirma especialista do IBGE. Agência Brasil, 27 set. 2009.
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2009-09-27/negro-e-uma-
-construcao-social-afirma-especialista-do-ibge>. Acesso em: 26 maio 2012.

• Para você, qual a relação entre essa notícia e os estudos realizados


nesta Unidade?

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