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Capítulo 1

Terra e Litosfera
1.1. – Forma da terra: A terra é aproximadamente um elpsóide de rotação com diâmetro equatorial de
12.756 km e com diâmetro polar de 12.713 km. A maior elevação é a do Monte Evereste com aproxi-
madamente 9.000 m. e a maior depressão foi encontrada no Oceano Pacífico, com cerca de 11.000 m.
Se a terra fosse representada por um esferóide de 10 cm. de diâmetro, a diferença máxima entre a mai-
or elevação e a maior depressão seria de apenas 0,157 mm.

1.2. – Densidade: O valor médio das densidades das rochas que ocorrem com maior freqüência na
crosta terrestre é de 2,76 ton/m3. No entanto, medindo-se a densidade total da terra, achou-se um valor
médio de 5,727 ton/m3. Essa diferença de valores leva-se a conclusão de que a densidade da terra é
maior no seu interior. Seja por diferença de constituição ou graças à maior compressão da matéria co-
mo conseqüência da alta pressão reinante.
Admite-se que o globo terrestre seja formado de camadas concêntricas de constituição física e
química diferentes a cada camada. A crosta superior, chamada também, crosta continental, é formada
de rochas granilíticas caracterizadas pelos elementos silício e alumínio, por isso chamada de Sial. A
crosta inferior também chamada de crosta oceânica tem uma constituição basáltica com predominância
dos elementos silício magnésio, chamada por isto de Sima. Esta crosta em conjunto com a superior
possui uma espessura variável de 30 a 50 km. perfazendo 0,37% da massa total da terra.
O Sima é a sede dos fenômenos geológicos relacionados com os movimentos tectônicos, sísmi-
cos, magmáticos, etc.. As camadas inferiores ao Sima não são acessíveis a quaisquer observações dire-
tas, recebendo, portanto, diversas interpretações. O limite inferior ao Sima é assinalado por uma impor-
tante descontinuidade até 200 km. de profundidade, a 2900 km. situa-se outra descontinuidade que
delimita o final da camada de óxidos de sulfetos e o começo do núcleo terrestre. Este último, de densi-
dade 10, supõe-se formado a base de 90% de Fe e 8% de Ni, recebendo, por isso, o nome de Nife. O
Sial e o Sima possuem respectivamente as densidades médias de 2,7 e 3,2 ton/m3.

1.3. – Temperatura no interior da terra: Túneis e a sondagem mostram que a temperatura aumenta
progressivamente para o interior da terra. De um modo geral, até a uma profundidade de 10 a 20 m.,
predomina a temperatura média anual, e daí para baixo, a temperatura aumenta continuamente. Deno-
mina-se grau geotérmico a quantidade em metros de profundidade na crosta terrestre necessária para
haver o aumento da temperatura de 1o C. O valor médio normal é de 30 m.

1.4. – Litosfera: Denomina-se Litosfera ou crosta terrestre a parte externa consolidada da terra. Nas
regiões continentais a Litosfera é formada por uma ou duas zonas, a superior denominada Sial e inferi-
or Sima.

1.5. – Constituição da Crosta: A crosta terrestre é constituída de agregados naturais compostos de um


ou mais minerais. O mineral é um elemento ou composto químico geralmente, resultante de processos
inorgânicos, de composição química definida e encontrada naturalmente na crosta terrestre. Apresen-
tam-se geralmente em estado sólido.
Quase todos os minerais ocorrem no estado cristalino, nos quais os átomos ou agrupamentos
são dispostos, geralmente, formando redes cristalinas.

Os minerais mais conhecidos que formam a rochas mais comuns da crosta terrestre são:
Feldspatos Que representa ao redor de 60% da totalidade dos minerais, são formados de
óxidos de potássio, alumínio, silício e cálcio.
Quartzo SiO2 – é um mineral bastante comum na crosta brasileira
Calcitas É o mineral que forma os mármores, e é importante matéria prima para o cimen-
to e cal.
Dolomintas Utiliza-se na fabricação de cal e como corretivo da acidez do solo
Gipsita É usada na fabricação do gesso
Caulim É usada como matéria prima na fabricação da porcelana.
Pirita É utilizada na fabricação do ácido sulfúrico.
Galena E o mais importante minério de chumbo.
Outros, tais como mica, granadas, olivinas, turmalinas, magnetitas, etc.

1.6. – Rochas: A rocha é por definição um agregado natural formado por um ou mais minerais que
constitui a parte essencial da crosta terrestre. De acordo com a sua origem, distinguem-se três grandes
grupos:
a). – Rochas magmáticas ou ígneas;
b). – Rochas sedimentares;
c). – Rochas metamórficas.

1.7. – Intemperismo: O intemperismo constitui um modelo de processos operantes na superfície ter-


restre que ocasiona a decomposição dos minerais, das rochas devido a ação de agentes atmosféricos e
biológicos. Diversos são os fenômenos que agem em íntima correlação nos processos intempéricos.
Tais fenômenos podem ser físicos, químicos, biológicos e físico-químicos, agindo separada ou conjun-
tamente, dependendo das condições climáticas locais e da própria rocha em si. Sua ação consiste na
degradação da rocha matriz com a conseqüente formação do solo.
O produto final do intemperismo das rochas é o solo. Na formação do solo, vários são os fato-
res que agem e que imprimem seu caracter, tais como: clima, tipo de rocha, vegetação, relevo e tempo
de atuação de todos estes fatores.

1.8. – Resistividade da terra:

1.8.1. – Resistividade das águas naturais: A água pura é muito pouco condutora devido a sua reduzi-
da dissociação. Desta forma, por exemplo, a resistividade da água tri-destilada é aproximadamente de
105 ohmsxm. As águas encontradas na natureza apresentam porem condutibilidade apreciável, pois
sempre tem dissolvido alguns sais, geralmente NaCl. A quantidade e classe deste sais dependem da
natureza das rochas com as quais as águas tenham entrado em contato na sua passagem pelo terreno.
As quantidades de sais nas águas podem oscilar entre 0,1 g/l a 35 g/l. Esta última quantidade corres-
ponde às águas marinhas e que é somente superada por algumas águas de mina e por lagos salgados,
notadamente pelo Mar Morto com uma concentração em torno de 250 g/l.
A tabela 1.1. dá uma lista de variações de resistividade de águas naturais baseada em dados de
diferentes autores.

1.8.2. – Resistividade das rochas: Se a resistividade das rochas dependesse dos minérios, constituin-
tes seria necessário, na grande maioria dos casos, consideram-nas como isolantes, devido a que o quar-
tzo, o silicato, a calcita e os sais não dissolvidos são praticamente materiais isolantes.

Tabela 1.1. – Resistividade das águas naturais


Especificação das águas ohms.m
Águas de lagos e riachos de alta montanha 103 a 3x103
Águas doces superficiais 10 a 103
Águas salgadas superficiais 2 a 10
Águas subterrâneas 1 a 20
Águas marinhas 0,20
Águas de impregnação de rochas 0,30 a 10
Águas do mar Morto 0,05

Somente no caso em que a rocha contivesse minerais semicondutores em quantidade apreciável, pode-
ria ser considerada como condutora, como acontece nos veios subterrâneos.
Como descrito anteriormente, todas as rochas têm intertícios em maiores ou menores proporção
os quais podem estar total ou parcialmente ocupados por eletrólitos, de onde resulta que em conjunto
as rochas comportam como condutores iônicos de resistividade muito variável. Portanto será necessá-
rio estudar a resistividade de meios heterogêneos, os quais nos casos mais simples serão compostos de
dois materiais.
De modo geral, os fatores que determinam a resistividade de um solo são: tipo de solo; compo-
sição química dos sais dissolvidos em água; concentração dos sais dos grãos do material do solo, com-
pactação e pressão, etc...

1.8.2.1. – Efeito do tipo do solo: O tipo de solo é de grande importância na determinação de sua resis-
tividade. Infelizmente os tipos de solo não são claramente definidos, por exemplo, a palavra argila po-
de cobrir uma grande variedade de solos e rochas, por esta razão é muito difícil estabelecer que uma
certa argila, ou outro material do qual se trate, tenha uma determinada resistividade. Por outro lado, o
mesmo tipo de solo pode ocorrer em diversas localidades e frequentemente se verifica que a resistivi-
dade em um local é diferente de outro.
Alguns investigadores têm realizado medições de diversos tipos de solos mediante amostragem
e o uso de aparelhos especiais de medidas e por técnicas de medições realizadas diretamente no solo
em condições originais. Este tipo de medição é o que se considera que proporciona resultados mais
exatos. É muito difícil afirmar que uma amostra tomada do solo mantenha as mesmas condições que
quando a medida é feita diretamente no campo. A tabela 1.2., com base em dados de diversos autores,
não pode ser utilizada como valor de resistividade, mas como uma orientação.

Tabela 1.2. – Resistividade de vários tipos de solo.


Tipo de Solo Resistividade - Ohms.m
Marga, solo vegetal. 5 50
Argilas 8 50
Argila, areia e cascalho misturado. 40 250
Areia e cascalho 60 100
Ardósias, argilas xistosas. 100 500
Rochas cristalinas 200 10.000

Como ilustrações, são apresentadas na tabela 1.3, valores de resistividade em função do tipo do
solo.

Tabela 1.3. – Variação da resistividade em função do tipo de solo.


Tipo de Solo Resistividade (Ohmsxm)
Limo 20 100
Húmus 10 150
Lama 5 100
Terra de jardim com 50% de umidade 140
Terra de jardim com 20% de umidade 480
Argila com 40% de umidade 80
Argila com 20% de umidade 330
Argila seca 1.500 5.000
Areia com 90% de umidade 1.300
Areia comum 3.000 8.000
Calcário fissurado 500 1.000
Calcário compacto 1.000 5.000
Granito 1.500 10.000
Basalto 10.000 20.000

1.8.2.2. – Efeito da unidade e dos sais: Desde que a condução de corrente é intensamente eletrolítica,
a quantidade de água, a natureza e quantidade de sais dissolvidos têm grande importância na determi-
nação da resistividade. A quantidade real de água depende de diversos fatores, por exemplo, variará
com as condições atmosféricas, a época do ano, a natureza do subsolo e quando existir, a profundidade
do nível freático permanente. É muito raro que um solo sejam realmente seco, talvez as areias dos de-
sertos, por outro lado, solo com conteúdo de umidade maiores de 40% não ocorrem com freqüência
Tabela 1.4. – Efeito da Umidade
Índice Resistividade %
0,0 10.000.000
2,5 1.500 6,666
5,0 430 23,255
10,0 185 54,054
15,0 105 95,238
20,0 63 158,730
30,0 42 238,095

Tabela 1.5. – Efeito de índice


%sal Resistividade %
0 107,0
0,1 18,0 5,9
1,0 4,6 23,3
Figura 1.1. – Efeito da concentração dos sais 5,0 1,9 56,3
Dissolvidos na água. 10,0 1,3 82,3
20 1,0 107,0
A maioria pela qual a resistividade do solo
varia em relação a umidade, tem sido matéria de estudo de diferentes investigadores. Entre eles podem
ser mencionados McCollum, Logan e Higgs. Os dois primeiros usaram argila vermelha com conteúdo
de umidade de aproximadamente
5%(secada ao ar), encontraram uma
resistividade de 2,34x104 Ohms.m.,
incrementando o conteúdo de umi-
dade até 22%, a resistividade foi
reduzida para 68 ohms.m..
Devido à quantidade de água
contida no solo ser o fator mais im-
portante na determinação de sua
resistividade, tem se que esta resisti-
vidade é dependente da resistividade
própria da água e está sensivelmente
modificada pelo conteúdo dos sais
dissolvidos nela. As curvas da figura
Figura 1.2. – Variação da resistividade com a concentração
1.1. e figura 1.2. ilustram que uma
de sais
pequena quantidade de sais dissolvi-
dos pode reduzir a resistividade de forma considerável a partir do valor infinito da água realmente pu-
ra. Pode-se também notar que diferentes efeitos e esta provavelmente parte da explicação e por que a
resistividade de solos similares de locais diferentes pode ter tão grandes variações. O conteúdo de água
pode ser de diferentes quantidades e natureza dos sais dissolvidos.

1.8.2.3. – Efeito do tamanho das partículas: O tamanho das partículas e a presença destes em vários
tamanhos têm grande importância na determinação da resistividade. O tamanho das partículas e sua
distribuição afetam a maneira na qual a umidade é retida. Na presença de partículas de tamanho gran-
de, a umidade é retida, provavelmente, por tensão superficial no ponto de contato. Se por outra parte,
há grãos de diversos tamanhos, os espaços entre os grãos podem ser preenchidos por pequenas gotícu-
las de água, resultando em uma redução da resistividade.

Tabela 1.4. - Efeito da temperatura 1.8.2.4. – Efeito da temperatura: Como a resistividade é inten-
na resistividade do solo samente influenciada pela presença da umidade e com a resisti-
Temperatura o
C. Resistividade ohms.m vidade da água. Como a água tem um grande coeficiente de
temperatura é razoável, admitir que a resistividade cresça com a
20 72
diminuição da temperatura. Os poucos trabalhos experimentais
10 99 feitos neste campo em confirmado isto. Se a temperatura dimi-
0(água) 138 nuir até o congelamento da água, a resistividade crescerá a valo-
0(gelo) 300 res altíssimos. A tabela 1.4., mostra os resultados de medições
-5 790 feitas com a marga arenosa contendo 15.2% de umidade.
-15 3300
1.8.2.5. – Efeito combinado da temperatura e umidade: Pelo
exposto até aqui, a temperatura tem especialmente
influência muito importante na resistividade de um
terreno e ambos os parâmetros estão sujeitos a enor-
mes variações.

Existe porem uma expressão analítica apro-


ximada, devido a Albrecht, que relaciona a influên-
cia da umidade e da temperatura na resistividade.
1,3x10 4
 Ohms.m 1.1
 
0,73w 2  1 0,03T  1

O w é a umidade do solo em porcentagem e T a tem-


peratura em oC (para T>0). A fórmula Albrecht, pre-
tende ser de caracter geral, independente do tipo de
solo. Recomenda-se, porém, sua aplicação somente
para o cálculo comparativo da influência da umidade
e da temperatura na resistividade dos solos; ou seja,
quando se conhece a resistividade 1 de um solo com
umidade w1 à temperatura T1, é possível calcular
com alguma aproximação a resistividade desse mes-
mo terreno com umidade w2 à temperatura T2.
2

 
0,73w 12  1 0,03T1  1
1.2
1  
0,73w 32  1 0,03T2  1

1.8.2.6. – Efeito e variação da resistividade com as


correntes de escoamento: Na freqüência industrial,
as hastes e malhas de terra, comportam-se, pratica-
mente como resistências puras. Mas, quando se trata
de correntes de grandes intensidades e de freqüências
elevadas (por exemplo, descargas atmosféricas), a impedância vista pela terra durante a elevação de
sua frente de onda varia com a raiz quadrada da resistividade do solo, e tem o valor de algumas deze-
nas de ohms. Quanto mais a malha de aterramento destinada a receber estes tipos de solicitações for
aberta nas extremidades, melhor para a instalação. Pois, o formato peculiar do aterramento de torres de
transmissão (com extremidade aberta e os condutores alongando-se sob a forma de braços).
Na medida em que o solo aquece, aparecem gradientes de potenciais elevados, devido à inten-
sidade de corrente. Se o contato entre o eletrodo e o solo, for ruim, o gradiente de tensão pode ser alto
e provocar arcos entre o eletrodo e o solo, rompendo o dielétrico, prejudicando o aterramento e a segu-
rança do local.
Na figura 1.3., mostra-se como se comportam os fluxos de dispersão de correntes em um solo
heterogêneo em torno de um aterramento supostamente pontual.

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