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Atscap 6
Atscap 6
6.1.1. - Medição com auxílio de uma terra conhecida: A forma mais simples de se fazer uma medi-
ção é encontrar a resistência combinada do eletrodo considerado e de um eletrodo de resistência co-
nhecida ou de valor muito baixo, conforme indica a figura 6.1.
Há duas objeções a este método
comparativo. Primeiro que um eletrodo de
resistência conhecida é raro de se encon-
trar, segundo é a dificuldade de saber se
existe, ou não interferência entre as duas
áreas de resistência. Se for utilizado um
sistema de fornecimento de água, este
pode ser muito extenso, tendo, como re-
sultado uma área de resistência extensa,
Figura 6.1 - Medida de resistência de terra com auxílio
que dificultaria ainda mais reunir a condi-
de um terra conhecido.
ção de não interferência entre as áreas de
resistência. Hoje em dia este método não é utilizado.
6.1.2. - Método dos três eletrodos: É uma extensão do método anterior, consiste em inserir um se-
gundo eletrodo auxiliar, afim de medir a resistência em pares. Isto é ilustrado na figura 6.2, onde "x" é
o eletrodo em teste e A e B são os auxiliares. Mede-se R1 = x + A; R2 = x + B e R3 = A + B, de onde
concluímos que:
R1 R 2 R 3
x 6.1
2
6.1.3. - Método de queda de tensão: Este método é praticamente o mais utilizado e confiável. Na
figura 6.3. "E" é a conexão à terra sob teste, "M" e "A" são os eletrodos auxiliares localizados a distân-
cias convenientes de "E", "A" é o eletrodo de corrente e "M" o de potencial. O eletrodo "A" é o princi-
pal caminho de corrente e sua resistência é um dos fatores que determina o valor da corrente I; esta,
porem, determina o valor de V, deste modo o quociente V/I é independente da resistência de "A". De
outra parte o eletrodo "M" é utilizado para medir a diferença de potencial V, sendo a corrente muito
pequena, a medição não é influenciada pela resistência de "M". Onde é conveniente utilizar um voltí-
metro de alta resistência (alta sensibilidade), ou aplicar o sistema de "balanceamento nulo" que garante
a não circulação de corrente pelo circuito de potencial.
É importante verificar que as áreas de resistên-
A condição necessária para obter os resultados esperados pode ser demonstrada da seguinte
maneira com o auxílio de um eletrodo com forma de hemisfério, como indica a figura 6.5. O potencial
em "E" devido à corrente entrando nesse ponto é
I
e o potencial induzido pela corrente que
2r
I
abandona o eletrodo em "A" é , resul-
2C r
Figura 6.5. - Medida de resistência por hemisfério. tando um potencial total:
I 1 1
E 6.2
2 r C r
I
da mesma forma, o potencial induzido em "M" pela corrente conduzida pelo eletrodo "E" é ,e
2P
I
pela corrente que abandona o eletrodo "A". O potencial total neste eletrodo é:
2C P
I 1 1
M 6.3
2 P C P
I 1 1 1 1
E M 6.4
2 r C r P C P
e a resistência medida é:
1 1 1 1
R 6.5
I 2 r C r P C P
A verdadeira resistência do hemisfério é , deste modo a resistência medida pode ser expressa co-
2r
mo uma fração da verdadeira, resultando:
1 1 1 1
r C r P C P 1 r r r 6.6
1 Cr P CP
r
Fazendo a consideração:
Re sistência medida 1 1 1
1 6.7
Resistência verdadeira C P C P
1
r r r r
C P
Fazendo c e p , reescrevendo a equação 6.7,
r r
Re sistência medida 1 1 1
1 6.8
Resistência verdadeira c 1 p c p
a relação de resistência depende somente do raio equivalente do eletrodo sob medição e da distância
dos eletrodos auxiliares "A" e "M".
6.1.3.1. - Cálculo do espaçamento para um erro predeterminado: Da equação 6.8 deduzimos que o
erro ,
1 1 1
6.9
c 1 p c p
1
fazendo k , e fazendo as devidas
c 1
simplificações: obtemos, kp2 - p(2 + kc) + c = 0,
e resolvendo:
2 kc 4 k 2 c 2
p 6.10
2k
6.1.3.2. - Arranjo alternativo dos eletrodos: Supostamente, se o espaço disponível para as medições
não for suficiente para a correta localização dos eletrodos, o eletrodo de potencial "M" pode ser locali-
zado no lado oposto ao do eletrodo de corrente "A" conforme indica a figura 6.7. Este método pode
conduzir a erros que não são facilmente identificáveis durante a execução das medidas. O potencial
I 1 1
total em "E" é E e o po-
2 r C r
tencial induzido no eletrodo "M", seguindo
o mesmo procedimento é
I 1 1
M e a diferença de po-
2 P C P
Figura 6.7. - Arranjo alternativo dos eletrodos tencial entre "E" e "M" resulta
I 1 1 1 1
, e o valor
2 r C r P C P
1 1 1 1
da resistência é R , fazendo a razão entre a resistência medida e a
I 2 r C r P C P
resistência verdadeira , temos:
2r
1 1 1 1
Re sistência medida
r Cr P CP 6.11
Resistência verdadeira 1
r
C P
Fazendo as devidas simplificações, e a mudança de variável c e p , a equação 6.11, trans-
r r
forma em:
Re sistência medida 1 1 1
1 6.12
Resistência verdadeira c 1 p c p
1 1 1 1 1 1
O erro para este arranjo é e fazendo k , obtemos k . Co-
c 1 p c p c 1 p cp
1 1 1
mo "c" e "p" são positivos e , k deve ser um número positivo, isto significa que ;
p cp c 1
1
então para um erro de 2%, temos que 0,02 , ou c - 1 > 50, ou que c>51. Lembrando que c = C/r,
c 1
se segue que, dependendo do valor de r, po- Tabela 6.1. - Espaçamento entre os eletrodos para a
derá ser necessário um espaço maior do que medição da resistência de terra.
o requerido para o arranjo básico. A curva D = maior D - distância X - distância entre os
indicada na figura 6.8, representa a razão Diagonal (m) Entre os eletrodos eletrodos de terra e
entre o valor medido e o valor verdadeiro fixos (m) móvel (m)
que é a assintótica a 1, como é ilustrado.
0,70 23 14,2
1,30 33 20,4
6.1.3.3. - Disposição de Tagg: pelo método
da queda de tensão, a resistência de um he- 2,00 41 25,3
misfério para quaisquer valores de "C" e 2,60 46 28,4
"P", é fornecido pela equação 6.5. Em mui- 3,30 53 32,7
tos casos verificamos que "C >>r", o que 4,00 56 34,6
permite rescrever a equação 6.8, como 4,60 63 38,9
5,30 66 40,7
Re sistência medida 1 1 1 6,00 70 43,2
1 6,60 73 45,0
Resistência verdadeira c p cp
13,20 106 65,4
6.13
20,00 129 79,6
para todo o valor de "c" deve haver um valor 26,50 149 92,0
Re sistência medida 33,00 165 101,8
de "p" tal que 1, 40,00 182 112,3
Re sistência verdadeira
1 1 1
46,00 195 120,3
ou o que é o mesmo 0 ou 53,00 211 130,2
c p cp
60,00 224 138,2
p2 + cp - c2 = 0, cuja solução nos leva a p = 66,00 234 144,4
0,618c. 70,00 240 148,1
Este é um importante resultado que 80,00 256 157,9
mostra que não tem importância qual o valor
90,00 272 167,8
de "C" utilizado, para se obter a resistência
100,00 284 175,2
verdadeira; sendo suficiente localizar o ele-
110,00 297 183,2
trodo "M" a uma distância "P" igual a 61,8%
da distância "C". Este resultado está baseado 120,00 308 190,0
em um eletrodo hemisfério, pode, porém ser Nota: x = 61,8%D.
estendido a redes de outras formas geomé-
tricas, achando-se o raio de um hemisfério equivalente.
6.1.3.4. - Medida com o uso do Megger: O processo de medida, baseia-se em injetar uma corrente no
solo em determinado ponto, que vai ser medido, e retirar a corrente injetada num ponto remoto, fora da
área de influência do ponto que será medido, chamado de terra auxiliar. A corrente injetada, circulará
pelas camadas do solo e provocará, na superfície do solo, o aparecimento de potenciais que são resul-
tantes do produto da resistência de terra até esse ponto com a corrente injetada. Para de determinar,
então a resistência de terra do sistema considerado, deve-se obter os valores do potencial resultante no
solo num ponto bem determinado e dividir pela corrente injetada. O esquema de ligação do Megger é o
indicado na figura 6.9. O eletrodo fixo de terra auxiliar será constituído por um conjunto de eletrodos
em paralelo, de forma a apresentar a menor resistência possível. Como indicado na figura 6.9, os ter-
minais C1 e P1 deverão estar jampeados e interligados à malha que se deseja medir. As distâncias "x" e
"D" dada pela tabela 6.1, são funções da maior dimensão do sistema a ser medido e deverão ser toma-
das a partir da periferia do sistema a ser medido. A maior diagonal (d) existente no sistema pode ser
determinada conforme os modelos exemplificados na figura 6.10 (a, b, c, d)
O Megger depois de equilibrado, apresentará já, a leitura direta de R. devido à sua própria ca-
racterística de construção. Deverão ser aplicados os multiplicadores do Megger à leitura obtida no
mostrador e verificado se existe ou não interferências. As interferências são caracterizadas normalmen-
te pelas oscilações do ponteiro do galvanômetro, ou sinal sonoro, em função do modelo de Megger
empregado. Devido à modulação do sinal resultante, sendo o sinal resultante a soma vetorial do sinal
injetado, da ordem de alguns miliampères para os Meggers comuns com o sinal existente no solo que é
da ordem de algumas centenas de miliampères nas proximidades dos locais com equipamentos aterra-
dos.
Com isso, quanto maior for a
interferência, maior o erro cometido
com esse método. Então este método
deve ser evitado principalmente, em
locais próximos às linhas de transmis-
são, locais com sistemas de abasteci-
mento de água ou esgotos com tubula-
ções metálicas, sistemas multiaterra-
dos, cercas aterradas, etc..
Figura 6.10 - A maior diagonal dos sistemas de aterramen- Figura 6.11. - Esquema de ligação do
tos. método Volt-amperimétrico
torções. Para medir a corrente será utilizado um amperímetro que pode ser acoplado a um Transforma-
dor de corrente (TC) apropriado para se ter corrente mensurável no amperímetro. O voltímetro deverá
ter sensibilidade de pelo menos 20 000 ohms por volts. O esquema de medição é mostrado na figura
6.11. O transformador deve ser ligado o mais próximo possível da malha a ser medida, para tornar
desprezível o efeito dos cabos. Nesse método, devemos reduzir ao máximo as resistências de contato e
da terra auxiliar, visando obter o valor máximo de corrente injetada, pois quanto maior a corrente inje-
tada maior será a precisão da medida, isso porque, o efeito da corrente de interferência diminuirá. Se a
terra auxiliar estiver em local de alta resistividade, podemos tratar quimicamente o solo, visando redu-
zir o valor da resistência de terra. Ficando a terra auxiliar com baixa resistência, podemos aumentar a
corrente injetada até níveis que tornam desprezível as correntes de interferências, bastando aumentar o
potencial por meio dos taps e no do gera-
dor aumentando a rotação do motor do
6.2.1.2. - De uma haste vertical fincada à profundidade t O potencial induzido por uma haste enter-
rada abaixo do nível do terreno, de acordo com a figura 6.16, superfície deste é:
I l t t
arcsen h arcsen h 6.14
2l x x
I l t 2 x 2 l t
Ln 6.16
2l t 2
x 2
t
6.2.1.3. - De uma haste: De acordo com a equação 6.14 e a haste conforme a figura 6.17, o potencial
na superfície do solo, para t = 0 temos
Figura 6.16 - Tensão de passo de haste. Figura 6.17 - Tensão de passo da haste.
I l
arcsen h 6.17
2l x
6.2.1.4. - De um condutor horizontal enterrado: O potencial induzido por um condutor enterrado
horizontalmente sobre o ponto P, vide a figura 6.18, incluindo o efeito da imagem do condutor é:
l
2
l
x y z x
2 2
I 2 2
x , y, z Ln 6.18
4l l
2
l
x y z x
2 2
2 2
Figura 6.18 - Tensão de passo em um con- Figura 6.19 - Material para medir a ten-
dutor horizontal. são de passo e toque
6.2.2. - Medida de tensão de toque Para determinarmos esta tensão utilizaremos uma placa de cobre
ou alumínio, com superfície bem polidas, de dimensão aproximada de 10x20 cm2 e com terminal pró-
prio para interligar aos do voltímetro. As dimensões acima simulam a área do pé humano e, para simu-
lar o peso, devemos colocar uma massa em torno de 40 kg sobre a placa, admitindo um peso humano
de 80 kg, vide a figura 6.19. Utiliza-se um voltímetro de lata sensibilidade, e intercala-se entre os pon-
tos de medição uma resistência de alto valor, aproximadamente de 1000 a 5000 ohms, para simular a
resistência aproximada do corpo humano. Em seguida medimos o potencial entre o solo, placa coloca-
da a 1,0 metro de distância do pé da estrutura, e a estrutura metálica no ponto de alcance da mão com
resistência inserida entre esses dois pontos.
Devemos efetuar essa medida em todos os quadrantes do solo com relação à estrutura, devendo
estar limpa, livre de pintura ou óxidos nos pontos onde se aplica o voltímetro. Para extrapolar o valor
da tensão devida à corrente de curto-circuito fase-terra, considera-se uma extrapolação linear, supondo
que a terra mantenha as características resistivas invariáveis para altas correntes. Se por exemplo para
6 A temos uma tensão de toque de 12 volts, para uma corrente de 1200 A teremos Vtoque = 2400 volts.
Nos locais onde se verificam tensões de toque acima de 50 volts devem ser considerado como "Área
perigosa", conforme recomendação da NBR 5410.
6.2.3. - Medida de tensão de passo: Para medirmos a tensão de passo utilizaremos duas placas de
cobre ou alumínio, conforme a figura 6.19, colocadas a 1,0 metros de distância uma da outra. Aplica-
mos sobre as placas o peso de 40 kg em cada, para simular a massa do corpo humano e inserimos entre
elas a resistência de 1000 a 5000 Ohms. A tensão medida com voltímetro de alta impedância interna
deverá ser extrapolada como no item 6.2.2. Na prática, devemos ter o valor medido, abaixo do valor
especificado ou calculado por norma.
6.2.4. - Medida de tensão de transferência: Deve ser medido em estruturas, torres, cercas ou objetos
metálicos localizados fora da subestação, e o método de medida é o mesmo utilizado na medição da
tensão de toque. Às vezes, a tensão de transferência atinge valor altíssimo e devem ser tomadas medi-
das de segurança devido à transferência de tensão através de sistemas de sinalização, telefonia, ilumi-
nação, redes de computadores, etc., que partem da subestação, utilizando, por exemplo, para esses cir-
cuitos, transformadores isoladores e protetores de redes.
6.3. - Medida de Resistência mútua - método de Whitehead: Os valores reais de resistência mútua
é obtida de medições de campo. São fincadas quatro hastes, procurando-se dar cobertura ao terreno
destinado à implantação do sistema de terra, como indicado na figura 6.20. De acordo com a figura
6.20, as distâncias entre as hastes são especificados na tabela 6.2. O método consiste em:
Tabela 6.2.
No das Distância
hastes
1-2 A
2-3 2A
1-3 3A
2-4 4A
1-4 5A
1). - Medir a resistência própria de cada haste e determinar o valor médio, calculando-se o valor médio
aritmético, valor R1;
2). - Calcular a resistência aos pares como duas resistências em paralelo;
3). - Medir a resistência de duas hastes em paralelo de todos os pares formados;
4). - Calcular a resistência adicional RA, adiando a diferença entre a resistência calculada aos pares e a
resistência medida ao pares;
5). - Como essas diferenças são determinadas aos pares correlacionados em paralelo, a resistência adi-
cional individual de uma haste é igual a duas vezes a diferença calculada no item 4. Multiplicar RA por
2.
6). - Traçar em papel di-log a curva RA A. A curva pode ser diferente para cada tipo de terreno, vide
a figura 6.21.
7). - Determinar a distância média geométrica
entre todas as hastes componentes, tomando
uma delas como referência.
8). - Determinar mediante a curva RA A o
valor de RA correspondente a distância média
geométrica, calculada como indicado no item
7.
9). - Calcular RA de ordem (n-1), multiplican-
do RA determinando segundo o item 8, por (n-
1);
10). - Somar ao valor de RA de ordem (n-1), o
valor da resistência de uma haste, achado por
medição no item 1;
Figura 6.21. - Curva RA versus A
11). - Calcular a resistência total dividindo o
valor resultante do item 10 pela quantidade
total de hastes.
6.4. - Determinação do gradiente de tensão Para determinar o gradiente de potencial é necessário
fazer o levantamento da curva de tensão descrita na seção 6.2.2. O gradiente máximo de potencial será
dado pela tangente do ângulo na curva que defina a maior inclinação como mostra a figura 6.22, e fi-
gura 6.23. Como os potenciais permissíveis são definidos para a distância de 1,0 metro, então, o valor
Levanta-se as curvas VxD para cada direção com os respectivos gradientes críticos. Em segui-
da, tomam-se sobre essas curvas as distâncias correspondentes a determinados potenciais e lançam-se
essas distâncias sobre a planta aérea do sistema de aterramento. Quanto mais próximos estiverem as
linhas equipotenciais, maior será o gradiente de tensão, mais diferença de potencial por unidade de
comprimento. Geralmente existe concentração de linhas equipotenciais nos cantos da malha da subes-
tação ou nos vértices ou pontas de cabos de aterramento de transformadores de distribuição, locais
esses, que poderão ser, conforme o gradiente verificado, zonas perigosas. Para resolver esse problema,
arredondam-se os cantos e vértices dos sistemas de aterramento, diminuindo a concentração de poten-
ciais nessas regiões.