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Capítulo 6

Verificação do projeto no campo através de medições


6.1. – Medida de resistência de terra de um sistema: A resistência de uma rede de terra depende de
sua dimensões e da porção de terra que o rodeia, que teoricamente se estende até o infinito. Na prática
a maior porção desta resistência, por exemplo, 98% do total, ficam compreendidas dentro de uma dis-
tância finita. Não se trata de obter um grau de precisão muito alto, desde que um dos mais importantes
fatores de resistência é a resistividade, que está sujeita as variações com a temperatura e o grau de
umidade da terra entre outros fatores, conforme descrito no capítulo 1.
Uma precisão de 2% é mais do que suficiente para a maioria das finalidades. A área em redor
dos eletrodos que contiver 98% da resistência total será sempre entre a resistência da área do eletrodo
para o efeito de fazer as medições. Dois fatores deverão ser considerados:
1). - A totalidade da resistência da área deve ser incluída na medição;
2). - Qualquer eletrodo de terra auxiliar a ser utilizado, deverá ter uma área de resistên-
cia que não interfira com a do eletrodo em medição.
Para medirmos a resistência de terra de um sistema, teremos que dispor sempre, basicamente de
injetar uma corrente em determinado ponto, que se quer medir, e de um ponto onde se retira a corrente
injetada. Isto provocará o aparecimento de uma tensão entre esses pontos. Com isso pela Lei de Ohm,
pode se determinar a resistência de terra do ponto considerado. Pelo mesmo processo, com pequenas
variações serão descritas nesse capítulo, medimos também os potenciais e efetuamos levantamento de
curvas equipotenciais e gradiente de potencial.
Os principais processos de medição de resistência de terra de um sistema de aterramento são: a)
- Medida através de "Medidor de Resistência de Terra", tipo Megger ou similar; b) método volt-
amperimétrico.
Existem ainda, outros métodos dais como métodos dos três pontos, método de medição através
da injeção de corrente de freqüência determinada e utilização de filtros sintonizados, método de medi-
ção utilizando como terra auxiliar uma canalização metálica de água, etc.. A seguir, descreveremos os
principais métodos de medição de resistência de terra e os processos de medição de potenciais.

6.1.1. - Medição com auxílio de uma terra conhecida: A forma mais simples de se fazer uma medi-
ção é encontrar a resistência combinada do eletrodo considerado e de um eletrodo de resistência co-
nhecida ou de valor muito baixo, conforme indica a figura 6.1.
Há duas objeções a este método
comparativo. Primeiro que um eletrodo de
resistência conhecida é raro de se encon-
trar, segundo é a dificuldade de saber se
existe, ou não interferência entre as duas
áreas de resistência. Se for utilizado um
sistema de fornecimento de água, este
pode ser muito extenso, tendo, como re-
sultado uma área de resistência extensa,
Figura 6.1 - Medida de resistência de terra com auxílio
que dificultaria ainda mais reunir a condi-
de um terra conhecido.
ção de não interferência entre as áreas de
resistência. Hoje em dia este método não é utilizado.

6.1.2. - Método dos três eletrodos: É uma extensão do método anterior, consiste em inserir um se-
gundo eletrodo auxiliar, afim de medir a resistência em pares. Isto é ilustrado na figura 6.2, onde "x" é
o eletrodo em teste e A e B são os auxiliares. Mede-se R1 = x + A; R2 = x + B e R3 = A + B, de onde
concluímos que:
R1  R 2  R 3
x 6.1
2

A principal objeção a este método, que consiste


em que um erro de observação ou experimental
é ampliado pela forma da equação 6.1. É quase
certo que as resistências de A e B são grandes
em relação à de "x" assim que R3 é aproxima-
damente o dobro de R1 e R2, deste modo qual-
quer erro em R1, R2 e R3 podem produzir gran-
des erros no valor calculado de "x". De fato
qualquer erro experimental pode conduzir a va-
lores negativos de "x". Este método não pode
Figura 6.2. - Medida de resistência com três eletrodos ser considerado confiável.

6.1.3. - Método de queda de tensão: Este método é praticamente o mais utilizado e confiável. Na
figura 6.3. "E" é a conexão à terra sob teste, "M" e "A" são os eletrodos auxiliares localizados a distân-
cias convenientes de "E", "A" é o eletrodo de corrente e "M" o de potencial. O eletrodo "A" é o princi-
pal caminho de corrente e sua resistência é um dos fatores que determina o valor da corrente I; esta,
porem, determina o valor de V, deste modo o quociente V/I é independente da resistência de "A". De
outra parte o eletrodo "M" é utilizado para medir a diferença de potencial V, sendo a corrente muito
pequena, a medição não é influenciada pela resistência de "M". Onde é conveniente utilizar um voltí-
metro de alta resistência (alta sensibilidade), ou aplicar o sistema de "balanceamento nulo" que garante
a não circulação de corrente pelo circuito de potencial.
É importante verificar que as áreas de resistên-

Figura 6.3. - Método de medida de resis-


tência de terra pela queda de tensão.
cia não se sobreponham, e isto pode ser
comprovado desenhando as curvas de resis-
tência, como indica a figura 6.4. Se o eletro- Figura 6.4. - Distribuição da resistência em
do de corrente estiver localizado à distância função da posição dos eletrodos.
G e houver superposição das áreas de resis-
tência, uma série de medições determinará a curva EFG. Se o eletrodo de corrente é locado a uma dis-
tância D de forma que não haja superposição das áreas de resistência resultará uma curva do tipo
EFABD, com uma parte AB praticamente horizontal (patamar). A resistência correspondente a essa
seção horizontal é a verdadeira resistência do eletrodo.

A condição necessária para obter os resultados esperados pode ser demonstrada da seguinte
maneira com o auxílio de um eletrodo com forma de hemisfério, como indica a figura 6.5. O potencial
em "E" devido à corrente entrando nesse ponto é
I
e o potencial induzido pela corrente que
2r
I
abandona o eletrodo em "A" é  , resul-
2C  r 
Figura 6.5. - Medida de resistência por hemisfério. tando um potencial total:
I  1 1 
E   6.2
2  r C  r 

I
da mesma forma, o potencial induzido em "M" pela corrente conduzida pelo eletrodo "E" é ,e
2P
I
 pela corrente que abandona o eletrodo "A". O potencial total neste eletrodo é:
2C  P 

I  1 1 
M   6.3
2  P C  P 

a diferença de potencial entre os eletrodos "E" e "M", vale:

I  1 1 1 1 
   E   M     6.4
2  r C  r P C  P 

e a resistência medida é:

  1 1 1 1 
R     6.5
I 2  r C  r P C  P 


A verdadeira resistência do hemisfério é , deste modo a resistência medida pode ser expressa co-
2r
mo uma fração da verdadeira, resultando:

1 1 1 1
  
r C  r P C  P 1 r  r  r 6.6
1 Cr P CP
r

Fazendo a consideração:

Re sistência medida 1 1 1
1   6.7
Resistência verdadeira C P C P
1 
r r r r

C P
Fazendo  c e  p , reescrevendo a equação 6.7,
r r
Re sistência medida  1 1 1 
1     6.8
Resistência verdadeira c  1 p c  p 

a relação de resistência depende somente do raio equivalente do eletrodo sob medição e da distância
dos eletrodos auxiliares "A" e "M".

6.1.3.1. - Cálculo do espaçamento para um erro predeterminado: Da equação 6.8 deduzimos que o
erro ,
1 1 1
   6.9
c 1 p c  p

1
fazendo k    , e fazendo as devidas
c 1
simplificações: obtemos, kp2 - p(2 + kc) + c = 0,
e resolvendo:

2  kc  4  k 2 c 2
p 6.10
2k

as curvas da figura 6.6 indicam a relação ente


"p" e "c" que mantém o erro dentro de 2%, cal-
culado pela equação 6.10. Pode-se observar que
a tolerância se faz maior com o aumento de "p"
e "c". A linha tracejada da figura 6.6 mostra a
Figura 6.6. - Comportamento da relação para erro de 2%. largura dessa faixa de tolerância.

6.1.3.2. - Arranjo alternativo dos eletrodos: Supostamente, se o espaço disponível para as medições
não for suficiente para a correta localização dos eletrodos, o eletrodo de potencial "M" pode ser locali-
zado no lado oposto ao do eletrodo de corrente "A" conforme indica a figura 6.7. Este método pode
conduzir a erros que não são facilmente identificáveis durante a execução das medidas. O potencial
I  1 1 
total em "E" é  E   e o po-
2  r C  r 

tencial induzido no eletrodo "M", seguindo
o mesmo procedimento é
I  1 1 
M   e a diferença de po-
2  P C  P 
Figura 6.7. - Arranjo alternativo dos eletrodos tencial entre "E" e "M" resulta
I  1 1 1 1 
     , e o valor
2  r C  r P C  P 

  1 1 1 1 
da resistência é R      , fazendo a razão entre a resistência medida e a
I 2  r C  r P C  P 


resistência verdadeira , temos:
2r
1 1 1 1
  
Re sistência medida
 r Cr P CP 6.11
Resistência verdadeira 1
r

C P
Fazendo as devidas simplificações, e a mudança de variável  c e  p , a equação 6.11, trans-
r r
forma em:

Re sistência medida  1 1 1 
1     6.12
Resistência verdadeira c  1 p c  p
 1 1 1  1 1 1
O erro para este arranjo é       e fazendo k    , obtemos   k . Co-
c 1 p c  p c 1 p cp

Figura 6.8 - Representação da comparação. Figura 6.9 - Esquema de ligação do Megger

1 1 1
mo "c" e "p" são positivos e  , k deve ser um número positivo, isto significa que   ;
p cp c 1
1
então para um erro de 2%, temos que 0,02  , ou c - 1 > 50, ou que c>51. Lembrando que c = C/r,
c 1
se segue que, dependendo do valor de r, po- Tabela 6.1. - Espaçamento entre os eletrodos para a
derá ser necessário um espaço maior do que medição da resistência de terra.
o requerido para o arranjo básico. A curva D = maior D - distância X - distância entre os
indicada na figura 6.8, representa a razão Diagonal (m) Entre os eletrodos eletrodos de terra e
entre o valor medido e o valor verdadeiro fixos (m) móvel (m)
que é a assintótica a 1, como é ilustrado.
0,70 23 14,2
1,30 33 20,4
6.1.3.3. - Disposição de Tagg: pelo método
da queda de tensão, a resistência de um he- 2,00 41 25,3
misfério para quaisquer valores de "C" e 2,60 46 28,4
"P", é fornecido pela equação 6.5. Em mui- 3,30 53 32,7
tos casos verificamos que "C >>r", o que 4,00 56 34,6
permite rescrever a equação 6.8, como 4,60 63 38,9
5,30 66 40,7
Re sistência medida 1 1 1 6,00 70 43,2
1   6,60 73 45,0
Resistência verdadeira c p cp
13,20 106 65,4
6.13
20,00 129 79,6
para todo o valor de "c" deve haver um valor 26,50 149 92,0
Re sistência medida 33,00 165 101,8
de "p" tal que  1, 40,00 182 112,3
Re sistência verdadeira
1 1 1
46,00 195 120,3
ou o que é o mesmo     0 ou 53,00 211 130,2
c p cp
60,00 224 138,2
p2 + cp - c2 = 0, cuja solução nos leva a p = 66,00 234 144,4
0,618c. 70,00 240 148,1
Este é um importante resultado que 80,00 256 157,9
mostra que não tem importância qual o valor
90,00 272 167,8
de "C" utilizado, para se obter a resistência
100,00 284 175,2
verdadeira; sendo suficiente localizar o ele-
110,00 297 183,2
trodo "M" a uma distância "P" igual a 61,8%
da distância "C". Este resultado está baseado 120,00 308 190,0
em um eletrodo hemisfério, pode, porém ser Nota: x = 61,8%D.
estendido a redes de outras formas geomé-
tricas, achando-se o raio de um hemisfério equivalente.

6.1.3.4. - Medida com o uso do Megger: O processo de medida, baseia-se em injetar uma corrente no
solo em determinado ponto, que vai ser medido, e retirar a corrente injetada num ponto remoto, fora da
área de influência do ponto que será medido, chamado de terra auxiliar. A corrente injetada, circulará
pelas camadas do solo e provocará, na superfície do solo, o aparecimento de potenciais que são resul-
tantes do produto da resistência de terra até esse ponto com a corrente injetada. Para de determinar,
então a resistência de terra do sistema considerado, deve-se obter os valores do potencial resultante no
solo num ponto bem determinado e dividir pela corrente injetada. O esquema de ligação do Megger é o
indicado na figura 6.9. O eletrodo fixo de terra auxiliar será constituído por um conjunto de eletrodos
em paralelo, de forma a apresentar a menor resistência possível. Como indicado na figura 6.9, os ter-
minais C1 e P1 deverão estar jampeados e interligados à malha que se deseja medir. As distâncias "x" e
"D" dada pela tabela 6.1, são funções da maior dimensão do sistema a ser medido e deverão ser toma-
das a partir da periferia do sistema a ser medido. A maior diagonal (d) existente no sistema pode ser
determinada conforme os modelos exemplificados na figura 6.10 (a, b, c, d)

O Megger depois de equilibrado, apresentará já, a leitura direta de R. devido à sua própria ca-
racterística de construção. Deverão ser aplicados os multiplicadores do Megger à leitura obtida no
mostrador e verificado se existe ou não interferências. As interferências são caracterizadas normalmen-
te pelas oscilações do ponteiro do galvanômetro, ou sinal sonoro, em função do modelo de Megger
empregado. Devido à modulação do sinal resultante, sendo o sinal resultante a soma vetorial do sinal
injetado, da ordem de alguns miliampères para os Meggers comuns com o sinal existente no solo que é
da ordem de algumas centenas de miliampères nas proximidades dos locais com equipamentos aterra-
dos.
Com isso, quanto maior for a
interferência, maior o erro cometido
com esse método. Então este método
deve ser evitado principalmente, em
locais próximos às linhas de transmis-
são, locais com sistemas de abasteci-
mento de água ou esgotos com tubula-
ções metálicas, sistemas multiaterra-
dos, cercas aterradas, etc..

6.1.3.5. - Método volt-amperimétrico:


Nesse método é utilizado como fonte
um gerador portátil ou um transforma-
dor com primário e secundário desaco-
plados, com potência suficiente para
fornecer a corrente solicitada sem dis-

Figura 6.10 - A maior diagonal dos sistemas de aterramen- Figura 6.11. - Esquema de ligação do
tos. método Volt-amperimétrico
torções. Para medir a corrente será utilizado um amperímetro que pode ser acoplado a um Transforma-
dor de corrente (TC) apropriado para se ter corrente mensurável no amperímetro. O voltímetro deverá
ter sensibilidade de pelo menos 20 000 ohms por volts. O esquema de medição é mostrado na figura
6.11. O transformador deve ser ligado o mais próximo possível da malha a ser medida, para tornar
desprezível o efeito dos cabos. Nesse método, devemos reduzir ao máximo as resistências de contato e
da terra auxiliar, visando obter o valor máximo de corrente injetada, pois quanto maior a corrente inje-
tada maior será a precisão da medida, isso porque, o efeito da corrente de interferência diminuirá. Se a
terra auxiliar estiver em local de alta resistividade, podemos tratar quimicamente o solo, visando redu-
zir o valor da resistência de terra. Ficando a terra auxiliar com baixa resistência, podemos aumentar a
corrente injetada até níveis que tornam desprezível as correntes de interferências, bastando aumentar o
potencial por meio dos taps e no do gera-
dor aumentando a rotação do motor do

Figura 6.12. Curva Tensão distância


Figura 6.13 - Exemplo de cálculo.
gerador. Para o cálculo da resistência da
malha, levanta-se a curva da figura 6.12.
Calculamos a resistência pelo quociente entre a tensão
medida a 61,8% de D e a corrente injetada na medição
como mostra o exemplo da figura 6.13.

6.2. - Processo de medida de tensão num sistema de


aterramento: Nesse item, indicamos os processos de
medição da tensão de toque, de passo e de transferência.
O método recomendado é o volt-amperímetro, citado na
seção 6.1.3.5, utilizando um terra auxiliar, locado a uma
distância conveniente e um eletrodo móvel que deterá as
Figura 6.14 - Tensão de passo de esfera. tensões com relação ao ponto considerado. Deve ser utili-
zada uma fonte com tensão e potência suficiente para
termos uma corrente de alguns ampères na terra, o que
torna desprezível o efeito da interferência na medição de tensão.

6.2.1. - Potenciais de passo de um hemisfério: O potencial em um


ponto genérico situado a uma distância "x" do centro da esfera é
I d I
 , e o gradiente de potencial é g    . O gradiente
2x dx 2x 2
de potencial toma seu valor máximo, quando x tomar seu valor mí-
I
Figura 6.15 - Valor máximo nimo, ou seja, quando x = r, g máx  . A tensão de passo máxi-
2r 2
do gradiente de uma esfera. ma fica determinada pela diferença de potencial entre o contorno do
hemisfério (x = r) e um ponto localizado à distância de 1,0 metro
desse contorno (x = r + 1). O valor do gradiente de potencial é utilizado, neste caso, para encontra a
tensão de passo.
x dy
6.2.1.1. - Gradiente de uma esfera enterrada Conforme a figura 6.14  sen   , ainda
y dx
1 dy
 tan  . O potencial no ponto P induzido pela esfera e por sua imagem é
y d
I d I sen 
2 . O gradiente na superfície do solo é g   , o que resulta em g  se y for muito
4y dx 2 y 2
I
grande   900 com sen  1 e y  x, resultando; g y  x  , ou seja, nestas condições a esfera
2x 2
tem o mesmo comportamento de um hemisfério. Se o ângulo  for pequeno, y  z, e no termo
sen  x y x x I
 2  3  3 se tem g y  z  x  x ou seja, para pequenos valores de x., varia linear-
y 2
y y z 2z 3
I
mente cujo coeficiente angular vale , vide a figura 6.15.
2z 3

6.2.1.2. - De uma haste vertical fincada à profundidade t O potencial induzido por uma haste enter-
rada abaixo do nível do terreno, de acordo com a figura 6.16, superfície deste é:

I  l t  t 
  arcsen h   arcsen h  6.14
2l   x   x 

Cujo gradiente pode ser expresso por


I  lt t 
g    6.15
2lx  x 2  l  t 2 x  t 
2 2 
 

O potencial na superfície pode, também, ser calculada por:

I  l  t 2  x 2  l  t 
 Ln   6.16
2l  t 2
 x 2
 t 
 
6.2.1.3. - De uma haste: De acordo com a equação 6.14 e a haste conforme a figura 6.17, o potencial
na superfície do solo, para t = 0 temos

Figura 6.16 - Tensão de passo de haste. Figura 6.17 - Tensão de passo da haste.

I l
 arcsen h   6.17
2l x
6.2.1.4. - De um condutor horizontal enterrado: O potencial induzido por um condutor enterrado
horizontalmente sobre o ponto P, vide a figura 6.18, incluindo o efeito da imagem do condutor é:

  l
2
l 
 x    y  z  x  
2 2

I   2 2
x , y, z   Ln   6.18
4l   l
2
l
x    y  z  x  
2 2

  2 2

O potencial máximo ocorre à distância y encontra-se


no plano que corta o condutor perpendicularmente
no seu ponto central, x = 0. E o máximo potencial
encontra-se sobre o mesmo plano no ponto x = 0; y =
0 e z =z.

Figura 6.18 - Tensão de passo em um con- Figura 6.19 - Material para medir a ten-
dutor horizontal. são de passo e toque

6.2.2. - Medida de tensão de toque Para determinarmos esta tensão utilizaremos uma placa de cobre
ou alumínio, com superfície bem polidas, de dimensão aproximada de 10x20 cm2 e com terminal pró-
prio para interligar aos do voltímetro. As dimensões acima simulam a área do pé humano e, para simu-
lar o peso, devemos colocar uma massa em torno de 40 kg sobre a placa, admitindo um peso humano
de 80 kg, vide a figura 6.19. Utiliza-se um voltímetro de lata sensibilidade, e intercala-se entre os pon-
tos de medição uma resistência de alto valor, aproximadamente de 1000 a 5000 ohms, para simular a
resistência aproximada do corpo humano. Em seguida medimos o potencial entre o solo, placa coloca-
da a 1,0 metro de distância do pé da estrutura, e a estrutura metálica no ponto de alcance da mão com
resistência inserida entre esses dois pontos.
Devemos efetuar essa medida em todos os quadrantes do solo com relação à estrutura, devendo
estar limpa, livre de pintura ou óxidos nos pontos onde se aplica o voltímetro. Para extrapolar o valor
da tensão devida à corrente de curto-circuito fase-terra, considera-se uma extrapolação linear, supondo
que a terra mantenha as características resistivas invariáveis para altas correntes. Se por exemplo para
6 A temos uma tensão de toque de 12 volts, para uma corrente de 1200 A teremos Vtoque = 2400 volts.
Nos locais onde se verificam tensões de toque acima de 50 volts devem ser considerado como "Área
perigosa", conforme recomendação da NBR 5410.

6.2.3. - Medida de tensão de passo: Para medirmos a tensão de passo utilizaremos duas placas de
cobre ou alumínio, conforme a figura 6.19, colocadas a 1,0 metros de distância uma da outra. Aplica-
mos sobre as placas o peso de 40 kg em cada, para simular a massa do corpo humano e inserimos entre
elas a resistência de 1000 a 5000 Ohms. A tensão medida com voltímetro de alta impedância interna
deverá ser extrapolada como no item 6.2.2. Na prática, devemos ter o valor medido, abaixo do valor
especificado ou calculado por norma.
6.2.4. - Medida de tensão de transferência: Deve ser medido em estruturas, torres, cercas ou objetos
metálicos localizados fora da subestação, e o método de medida é o mesmo utilizado na medição da
tensão de toque. Às vezes, a tensão de transferência atinge valor altíssimo e devem ser tomadas medi-
das de segurança devido à transferência de tensão através de sistemas de sinalização, telefonia, ilumi-
nação, redes de computadores, etc., que partem da subestação, utilizando, por exemplo, para esses cir-
cuitos, transformadores isoladores e protetores de redes.

6.3. - Medida de Resistência mútua - método de Whitehead: Os valores reais de resistência mútua
é obtida de medições de campo. São fincadas quatro hastes, procurando-se dar cobertura ao terreno
destinado à implantação do sistema de terra, como indicado na figura 6.20. De acordo com a figura
6.20, as distâncias entre as hastes são especificados na tabela 6.2. O método consiste em:
Tabela 6.2.
No das Distância
hastes
1-2 A
2-3 2A
1-3 3A
2-4 4A
1-4 5A

Figura 6.20 - Disposição das hastes de Whitehead

1). - Medir a resistência própria de cada haste e determinar o valor médio, calculando-se o valor médio
aritmético, valor R1;
2). - Calcular a resistência aos pares como duas resistências em paralelo;
3). - Medir a resistência de duas hastes em paralelo de todos os pares formados;
4). - Calcular a resistência adicional RA, adiando a diferença entre a resistência calculada aos pares e a
resistência medida ao pares;
5). - Como essas diferenças são determinadas aos pares correlacionados em paralelo, a resistência adi-
cional individual de uma haste é igual a duas vezes a diferença calculada no item 4. Multiplicar RA por
2.
6). - Traçar em papel di-log a curva RA  A. A curva pode ser diferente para cada tipo de terreno, vide
a figura 6.21.
7). - Determinar a distância média geométrica
entre todas as hastes componentes, tomando
uma delas como referência.
8). - Determinar mediante a curva RA  A o
valor de RA correspondente a distância média
geométrica, calculada como indicado no item
7.
9). - Calcular RA de ordem (n-1), multiplican-
do RA determinando segundo o item 8, por (n-
1);
10). - Somar ao valor de RA de ordem (n-1), o
valor da resistência de uma haste, achado por
medição no item 1;
Figura 6.21. - Curva RA versus A
11). - Calcular a resistência total dividindo o
valor resultante do item 10 pela quantidade
total de hastes.
6.4. - Determinação do gradiente de tensão Para determinar o gradiente de potencial é necessário
fazer o levantamento da curva de tensão descrita na seção 6.2.2. O gradiente máximo de potencial será
dado pela tangente do ângulo na curva que defina a maior inclinação como mostra a figura 6.22, e fi-
gura 6.23. Como os potenciais permissíveis são definidos para a distância de 1,0 metro, então, o valor

Figura 6.22 - Gradiente máximo de tensão Figura 6.23. - Gradientes de tensão


permissível de gradiente de potencial será: Gradiente permissível = potencial permissível(V/m).
Para o corpo humano, esse valor de acordo no a NBR5410, 50 Volts, em regime, sem levar em conta a
corrente de curto. Para o traçado das curvas equipotenciais é necessário levantar-se as curvas de poten-
cial em pelo menos 8 direções, formando um ângulo de 45o entre si, como indica a figura 6.24.

Levanta-se as curvas VxD para cada direção com os respectivos gradientes críticos. Em segui-
da, tomam-se sobre essas curvas as distâncias correspondentes a determinados potenciais e lançam-se
essas distâncias sobre a planta aérea do sistema de aterramento. Quanto mais próximos estiverem as
linhas equipotenciais, maior será o gradiente de tensão, mais diferença de potencial por unidade de
comprimento. Geralmente existe concentração de linhas equipotenciais nos cantos da malha da subes-
tação ou nos vértices ou pontas de cabos de aterramento de transformadores de distribuição, locais
esses, que poderão ser, conforme o gradiente verificado, zonas perigosas. Para resolver esse problema,
arredondam-se os cantos e vértices dos sistemas de aterramento, diminuindo a concentração de poten-
ciais nessas regiões.

Figura 6.24 - Direções para traças as curvas.

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