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Revista de Jovens e Adultos da

Convenção Batista Fluminense

Pr. Alonso Colares


Revista evangélica trimestral da Convenção Batista
Fluminense.
O intuito desta revista é servir de material de edu-
cação cristã acerca do que é ensinado na Palavra de
Deus, pela leitura e interpretação dos escritores des-
tas lições.
Esta revista não é um manual para a vida cristã, mas
um material de auxílio educacional. Antes de tudo leia
a Bíblia, que é a Palavra de Deus.

Publicada pela Convenção Batista Fluminense, pro-


duzida pelo Departamento de Educação Cristã, jun-
tamente com o Departamento de Comunicação.

(21) 9 9600-6132 | contato@batistafluminense.org.br


Rodovia BR-101, KM 267 - Praça Cruzeiro, Rio Bonito/RJ
(CEP 28.800-000)
Sumário
9 Primeiras Palavras

16 Palavra do Redator
19 Apresentação
21 Lição 1 Haverá Sobre Nós Um Rei

29 Lição 2 Tu Serás Chefe Sobre o Meu Povo

38 Lição 3 Um Nome Como os Grandes da Terra

47 Lição 4 Um Coração Sábio e Entendido

56 Lição 5 Que Parte Temos Nós com Davi

65 Lição 6 Andou nos Caminhos dos Reis de Israel

74 Lição 7 Não com o Coração Inteiro

83 Lição 8 Assim Diz o Senhor!

92 Lição 9 Só o Senhor é Deus

101 Lição 10 A Porção Dobrada

110 Lição 11 Segundo as Abominações dos Gentios

119 Lição 12 O Senhor Enviou Seus Mensageiros

128 Lição 13 Não Houve Mais Remédio

136 Ficha Técnica


O que estamos
preparando para 20
as próximas
edições 23
1° Trimestre 2023
Chamados Para Ser Santos
Um Estudo em Romanos
Pr. Danilo Azevedo Aguiar

2° Trimestre 2023
Os Reis e Os Profetas de Israel
Pr. Alonso Colares ← Você está
nesta edição

3° Trimestre 2023
1° e 2° Epístola aos Coríntios
Pr. Valtair Miranda

4° Trimestre 2023
Josué, Juízes e Rute
Pr. Fabio Martins
Primeiras Palavras
Pr. Amilton Ribeiro Vargas
Diretor Executivo da CBF
Membro da PIB
Universitária do Brasil

Deus É Por Nós


“Ele se entregou por nós a fim de nos remir de
toda a maldade e purificar para si mesmo um povo
particularmente seu, dedicado à prática de boas
obras.” (Tito 2:14)
Este verso é parte de um texto que fala não ape-
nas da salvação pela graça, mas também sobre a
importância de demonstrar como consequência
natural da salvação, as boas obras, que enquan-
to viermos nessa curta jornada terrena, estaremos
dando testemunho desta tão graciosa salvação e
compartilhando essa graça através de nossas ati-
tudes, reflexo do poder salvador de Deus.
O sacrifício de Jesus expressa a mensagem es-
sencial do cristianismo: “Deus nos salva e nos pu-
rifica de todo pecado. Essa é a mensagem que o
9
nosso Departamento de Evangelismo e Missões
dissemina e valoriza pois é a mensagem missioná-
ria que marca a história dos batistas fluminenses.
Jesus veio ao mundo para salvar, remir e purificar
os pecadores que O aceitam como senhor e salva-
dor.
Toda a bíblia valoriza essa mensagem, aliás des-
de o anúncio de sua vinda, os anjos já declaravam
que ele salvará o seu povo de seus pecados, daí
seu nome ser Jesus. “Ela dará à luz um filho, e você
deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará
o seu povo dos seus pecados”. (Mateus 1:21)
Esta ênfase é tão importante que Missões
Estaduais adotou esse tema, “DEUS É POR NÓS”,
desejando que você também esteja envolvido nessa
missão de proclamar a vontade e missão de Jesus:
que todos os homens sejam alcançados, salvos e
conheçam a verdade libertadora.
Quando Tito em sua epístola, afirma que ele se
entregou por nós, isso significa que a graça de Deus
foi derramada sobre nós revelando Sua misericór-
dia sobre todos sem distinção. O justo voluntaria-
mente cumpre o propósito salvífico de Deus, onde
o Justo se oferece para o sacrifício no lugar dos
pecadores. Jesus paga a dívida espiritual, impagá-
vel por outro meio, por isso remiu, ou seja, pagou
o preço de nossa dívida espiritual demonstrando o

10
favor imerecido, a graça, que também é expressão
do grande e incondicional amor que Jesus tem por
nós.
Deduzimos pelas palavras de Tito, que quando
Jesus morreu na cruz, remindo da condenação os
que O recebem, havia uma expectativa: Jesus nos
honra como “um povo particularmente seu, dedica-
do à prática de boas obras.” Esse texto nos revela
o grande privilégio de pertencermos a jesus, mas
também impõe-nos uma grande responsabilidade:
praticar as boas obras, cumprir a vontade de Deus
amando e cuidando das pessoas independente de
quaisquer interesses ou expectativas.
Se fossemos resumir o texto áureo de nossa cam-
panha missionária, o que o autor já o faz de modo
claro e didático, mas numa redundância com o pro-
pósito de lembrar o que a palavra de Deus nos en-
sina, tomo a liberdade de ter a ousadia e ressaltar
o que nos salta aos olhos como lembretes essen-
ciais ao exercício de nossa tarefa missionária:
Jesus se entregou por mim e por você!
Ele pagou pelos meus e por seus pecados!
Ele tirou a maldade de nosso coração e encheu
de amor a Deus e ao próximo!
Ele nos purificou para si mesmo, pois com
impurezas não seriamos particularmente dele!

11
Ele espera que eu e você sejamos dedicados às
boas obras!
Estamos diante de uma realidade desafiadora:
Deus é por nós, conta conosco, está presente to-
dos os dias de nossas vidas e deseja que a obra
missionária não pare, daí ter deixado o texto que
costumo chamar de “o mandamento da despedi-
da”:
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as na-
ções, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu es-
tou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos. Amém.” (Mateus 28:19,20)
Obrigado por compartilhar essa mensagem:
“DEUS É POR NÓS!”

12
Palavra do Redator
Pr. Samuel Pinheiro
Diretor do Departamento de
Educação Cristã da CBF e
Coordenador Acadêmico da
FABERJ

“Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nos-


so Senhor Jesus Cristo.” (1 Co. 15:57)
Olá, querido(a) irmão(ã) em Cristo! Queremos apre-
sentar a nossa segunda edição da revista de 2023!
É com imenso prazer que entregamos a você, caro(a)
leitor(a), um riquíssimo material para este trimestre.
Desejamos que, a cada estudo, você possa ser edifi-
cado e encorajado a viver um relacionamento de intimi-
dade com o Senhor e prossiga sempre em conhecê-lo!
O assunto deste período tratará sobre grandes reis e
profetas da história de Israel. Nesta jornada, seremos
conduzidos pelo Pr. Alonso Colares, que cheio da inspira-
ção divina, nos presenteou com a escrita de cada lição.
Começando pelo período monárquico, passando
pelo período de divisão do reino, o período dos pro-
fetas, até a volta do exílio babilônico, o autor pas-
seia por estes momentos históricos, sempre rela-
16
cionando a experiência do povo na época, com a
vida cotidiana atual. Nestas lições você apren-
derá muito, através da história do povo de Israel.
Agradecemos ao Pr. Alonso por se permitir ser instru-
mento nas mãos de Deus para nos abençoar. Foi uma
satisfação poder ler cada lição e ser edificado por
elas, ainda no processo de construção da revista. Que
nosso Eterno Pai possa recompensá-lo de tal forma.
É uma felicidade imensa sabermos os inúmeros lugares
que a nossa revista tem alcançado. Graças ao nosso
bom Deus, este material tem sido utilizado por Ele para
abençoar pessoas do estado, do país e do mundo!
Queremos agradecer à toda equipe envolvida em
todo o processo para que esta revista chegue até
você. Desde a equipe logística, a equipe de comu-
nicação da CBF e os professores da FABERJ que
trabalham na revisão teológica e ortográfica. A dis-
posição de cada um nesta equipe é motivo de
grande alegria para todos nós. Que Deus os aben-
çoe e continue a capacitá-los para a Sua obra.
Por fim, agradecemos a você, por confiar em nosso
material e se assumir o compromisso de estudá-lo.
Saiba que sua vida também faz parte da construção
deste material. Que o Senhor a cada dia o instrua,
capacite e fale ao seu coração, para que você exer-
ça todos os dias o ministério ao qual foi chamado.
A Deus seja dada toda Honra, toda Glória e todo
Louvor!
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Apresentação

Quem escreveu

Pr. Alonso Castro Colares Júnior


Casado com Sônia e pai do Bernardo e do João
Guilherme. É graduado em teologia pela FABERJ,
Especialista em Filosofia da Religião pela UFES
(Universidade Federal Do Espírito Santo), Mestre
e Doutor em Cognição E Linguagem pela UENF
(Universidade Estadual do Norte Fluminense).
Pastoreou as igrejas: PIB de Travessão Da Barra - São
Francisco de Itabapoana/RJ e Igreja Batista de Vera
Cruz – Campos dos Goytacazes/RJ. Atualmente é o
Pastor da PIB em Anápolis/GO. Foi diretor do Colégio
Batista Fluminense e da FABERJ, também foi redator
da revista Palavra e Vida. Atualmente é professor do
curso de teologia Ead da Universidade Evangélica de
Goiás – UNIEVANGÉLICA.

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Lição 1
Texto Base: 1 Crônicas 12:13-14

Haverá Sobre
Nós Um Rei

Leitura Diária
SEG 1 Crônicas 1 e 2

TER 1 Crônicas 3 e 4

QUA 1 Crônicas 5 e 6

QUI 1 Crônicas 7 e 8

SEX 1 Crônicas 9 e 10

SÁB 1 Crônicas 11

DOM Hebreus 1

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Quero convidar você a viajarmos no tempo. Um
tempo de reis poderosos e profetas que falavam
com autoridade da parte do Senhor. Este tempo
precioso está registrado no Antigo Testamento, es-
pecialmente nos livros de I e II Reis e I e II Crônicas,
nos quais iremos refletir durante este trimestre.

Sem dúvida, dado o fascínio que as histórias re-


gistradas nestes quatro livros da Bíblia provocam,
poderemos extrair inúmeras lições para a nossa
vida. Todavia, não dispomos do espaço suficiente
para descrevê-las em seus riquíssimos detalhes.
Não obstante, dividimos as doze próximas lições
em quatro sessões para termos uma visão panorâ-
mica deste precioso tempo bíblico. Na primeira ses-
são, refletiremos sobre o tempo da monarquia uni-
da; na segunda sessão, estudaremos sobre o reino
dividido; na terceira sessão, estudaremos sobre o
ministério profético e, por fim, na quarta sessão, a
queda de Jerusalém e a volta do exílio babilônico.

1. Os Autores e datas dos Livros


dos Reis e das Crônicas
Para sermos bem-sucedidos em nosso estudo,
é necessário termos em mente quem foram os au-
22
tores dos livros dos Reis e das Crônicas, qual foi
o propósito do Senhor em inspirar esses autores
a escrevê-los e em que época aproximadamente
esses livros foram escritos. Assim, nós podemos
ter um vislumbre melhor sobre o contexto histórico
que é tão importante para compreendermos o por-
quê das ações e dos propósitos do Senhor naquele
tempo, mas também em que sentido aqueles epi-
sódios narrados são fundamentais para a nossa
vida, hoje.

Ora, segundo muitos estudiosos, os livros que


compõem I e II Reis, na verdade, seriam uma conti-
nuação de I e II Samuel, o que é muito intuitivo, por-
que o liv ro de I Reis começa com o final do reinado
de Davi e o início do reinado de Salomão. Assim, es-
ses livros seriam apenas um único livro contendo a
história de todos os reis de Israel. Desde a história
de Samuel, o último juiz e organizador da monar-
quia, até a queda de Jerusalém e o fim da era dos
reis.

Quanto ao seu autor, ou autores, devemos ob-


servar que os episódios que estão contidos nestes
livros acontecem em um período histórico de apro-
ximadamente quatrocentos anos. Desse modo, é
23
provável que o autor ou os autores dos livros dos
Reis tenham recebido um extenso material e vivido
em um período próximo da queda de Jerusalém,
em 586 a. C. A tradição judaica atribui ao profeta
Jeremias a autoria desses livros ou, pelo menos,
como um dos autores. Outros ainda atribuem a au-
toria a Esdras, ao profeta Isaías ou a algum desco-
nhecido que fora cativo para a Babilônia.

Por sua vez, os livros das Crônicas foram escri-


tos (ou pelo menos concluídos) depois do cativeiro
babilônico. Em II Cr. 36:22-23, narra-se o édito do
rei Ciro autorizando a volta dos cativos e a constru-
ção do templo em Jerusalém. Desse modo, a tradi-
ção judaica aponta que provavelmente tenha sido
Esdras o autor (ou compilador) destes dois livros
escritos, provavelmente entre 450 - 435 a. C.

2. Estruturas dos livros


Em relação a estrutura e composição dos livros
dos Reis e das Crônicas, podemos perceber que
apesar das muitas semelhanças, existem algumas
distinções que precisamos destacar. Em primeiro
lugar, nos livros dos Reis há um acento maior nos
aspectos políticos no reinado de Salomão e nos rei-
24
nos divididos. Uma segunda distinção é a ênfase
marcante no livro dos Reis a respeito dos ministé-
rios do profeta Elias e Eliseu. E, uma terceira distin-
ção, é o relato mais detalhado sobre a história dos
reis das tribos do norte, Israel.

Por sua vez, os livros das Crônicas, longe de ser


uma mera repetição do exposto em I e II Samuel e I e
II Reis, tem como objetivo evidenciar a casa de Davi
como a dinastia escolhida por Deus para governar
o seu povo. Sua composição pode ser dividida em
quatro sessões importantes: A primeira sessão, do
capítulo um até o capítulo dez de I Crônicas, narra a
linha genealógica que desce desde Adão até Davi.
A segunda sessão, do capítulo onze até o final do
primeiro livro, narra o final do reinado de Saul até o
final do reinado de Davi. A terceira sessão, do capí-
tulo um até o capítulo nove de II Crônicas, narra o
reinado de Salomão. Por fim, a quarta sessão, que
começa no capítulo dez até o final do segundo livro,
narra o reino dividido, a queda de Jerusalém e o re-
torno do exílio.

3. O que podemos aprender nos


livros dos Reis e das Crônicas?
25
À luz de todas essas informações, podemos ain-
da aprender lições espirituais preciosas a partir
dos livros dos Reis e das Crônicas. Eu quero aqui
dividir algumas lições sob a ótica dos tempos. Em
primeiro lugar, a história dos livros dos Reis e das
Crônicas nos mostram, mediante uma quantidade
significativa de exemplos, como podemos aprender
com os erros e acertos do passado. Alguém já disse
que um povo que desconhece os erros do passado
está fadado a cometê-los novamente. Assim, estu-
dar as histórias sobre os reis e profetas do passa-
do é encher-se de sabedoria para o presente.

Em segundo lugar, podemos aprender uma im-


portante lição sobre como ter uma vida excelente.
Ora, muito se diz hoje sobre princípios de uma lide-
rança eficaz ou sobre como podemos ter sucesso
em muitos aspectos de nossa vida. Mas os princí-
pios para o sucesso muitas vezes destacados na
atualidade não são novos. Por exemplo, ouvimos
com frequência hoje sobre a importância da hu-
mildade e da espiritualidade como elementos para
uma vida de sucesso, mas esses princípios estão
claramente expostos nos livros que iremos refletir
neste trimestre. Assim, podemos aprender que a
humildade e o temor do Senhor garantem sucesso
26
e prosperidade, mas também o orgulho e a sober-
ba precedem a ruína.

Em terceiro lugar, podemos aprender que o Senhor


sempre amará o seu povo. Não obstante os inúme-
ros fracassos e contratempos do povo de Deus no
período da monarquia em Israel, quando este se
arrependia e confessava os seus erros, o Senhor
sempre esteve ao lado do seu povo para o reerguer.
Mesmo depois da queda de Jerusalém, o Senhor
nunca abandonou o seu povo. Podemos aprender
com isso que o Senhor estará sempre ao nosso
lado apesar de nossos erros e contratempos.

Talvez a mais importante lição que podemos


aprender nos livros dos Reis e das Crônicas diz res-
peito ao fato de que o Senhor é o verdadeiro sobe-
rano sobre todas as coisas, inclusive da história.
Ele é quem governa sobre tudo! E por mais que te-
nha existido na história pessoas com grande poder
temporal, elas foram julgadas de acordo com os pa-
drões dAquele que é o Senhor de todas as coisas.

Conclusão
Não devemos temer qualquer poder que se levan-
te contra o povo do Senhor, pois, temos ao nosso
27
lado o Leão da Tribo de Judá, o Filho de Davi, o Rei
dos Reis, o Senhor Jesus Cristo. Portanto, refletir
sobre os livros dos Reis e Crônicas é constatar que
nós temos um soberano da casa de Davi que reina
e reinará para todo o sempre. Portanto, nas próxi-
mas lições vamos aprender um pouco mais sobre a
história dos reis de Israel e aplicar as lições daque-
les tempos antigos em nossas vidas e crescer cada
vez mais na graça e no conhecimento do Senhor.
Esperamos que sejamos bem-sucedidos nesta em-
preitada.

Para pensar e agir


1. Como você enxerga o agir de Deus na história?

2. De que forma os livros dos Reis e das Crônicas


marcam a sua vida?

3. É possível ver o agir de Deus em suas deci-


sões?

28
Lição 2
Texto Base: 1 Crônicas 11:2-3

Tu Serás
Chefe Sobre
o Meu Povo

Leitura Diária
SEG 1 Crônicas 11:1-9

TER 1 Crônicas 10:1-14

QUA 1 Crônicas 12:1-22

QUI 1 Crônicas 15:1-29

SEX 1 Crônicas 16:4-37

SÁB Efésios 6:10-20

DOM 1 Reis 2:1-4

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O ministério do profeta Samuel e o reinado de Saul
foram marcados por uma transição entre o período
dos juízes e o estabelecimento da monarquia em
Israel. Vários fatores foram preponderantes para
que se chegasse a este momento histórico. Em pri-
meiro lugar, a opressão forte dos inimigos, sobretu-
do os filisteus, que possuíam um poder militar muito
superior ao de Israel. Em segundo lugar, a neces-
sidade de um rei que organizasse todo o aparato
do Estado com vistas a preparar a nação para o
enfrentamento dos inimigos e, por fim, em terceiro
lugar, o rei deveria ser o referencial da adoração a
Deus como um modelo exemplar. Assim, ele encar-
naria a devoção do povo em um único ideal.

Após o reinado de Saul, que durou aproximada-


mente quarenta anos, a ideia de monarquia de
Israel se tornou forte e poderosa. Não se pensava
em uma volta ao tempo dos juízes. Davi já gover-
nava em Judá, ao sul, porém, as tribos do norte
ainda estavam divididas sobre quem deveria ser o
governante. Havia os partidários da casa de Saul
e os partidários da casa de Davi. Por fim, esta últi-
ma prevaleceu e Davi se tornou chefe sobre todo o
Israel. Todavia, o poder e as engenhosidades huma-
nas sempre vêm acompanhadas de grandes arma-
30
dilhas tanto para o rei quanto para o povo. Vamos
ver nesta lição como o novo rei lidou com esses
desafios.

1. Unindo um povo dividido


Após a morte do rei Saul, em batalha contra os
filisteus, “por causa da sua transgressão com que
transgrediu contra o Senhor, por causa da palavra
do Senhor, a qual não havia guardado” (I Cr 10:13),
Davi se tornou o rei da tribo de Judá. Esse período
é marcado por uma guerra civil e uma forte divisão
entre o povo de Israel. Os partidários do Rei Saul
coroaram a Isbosete, filho de Saul, para reinar so-
bre as tribos do norte e a tribo de Judá, ao sul, man-
tinha a Davi, filho de Jessé, para reinar sobre eles.
Assim, depois de aproximadamente sete anos de
batalhas, traições e muitos ressentimentos, a cau-
sa de Isbosete é perdida e Davi se torna rei sobre
todo o Israel.

Todavia, como unir um povo ressentido, desunido


e com tantas mazelas oriundas do sombrio perío-
do da guerra civil? O novo rei sabia que o início do
seu reinado, apesar do reconhecimento de todas
as tribos, era frágil em relação aos ressentimentos
31
do povo. Assim, a sua estratégia foi trazer uma pa-
lavra de paz. Primeiramente, honrando o anteces-
sor com um lamento sincero pela sua morte (II Sm
1:17-27). Em segundo lugar, não desenvolvendo
um espírito de vingança aos partidários da casa de
Saul (II Sm 3 e 4). Em terceiro lugar, não permitindo
a injustiça em causa própria. O episódio registrado
em II Sm 4:9-12 em que o rei Davi manda executar
dois traidores que covardemente mataram ao rei
Isbosete enquanto este dormia, mostra que o novo
rei não toleraria qualquer tipo de injustiça, mesmo
que fosse em causa própria.

Podemos aqui aprender algumas lições impor-


tantes para a nossa vida. Muitas vezes, vivemos
em contextos de desunião social, seja na família,
no trabalho, e até mesmo em nosso país. Mas, po-
demos ver que Davi uniu o povo não com palavras
rudes ou com um espírito vingativo, mas apelou ao
coração; aos sentimentos do povo. Ele convenceu
aos contrários, mostrando que não era inimigo de
Saul e que a sua proposta era de paz e de justiça.

2. Ideais maiores solidificam uma


nação
32
O novo rei também está ciente de que uma nação
só será verdadeiramente unida quando concentra-
da em ideais maiores. Os ressentimentos e divisões
entre o povo foram rapidamente superados quando
o foco das ações foi direcionado ao novo objetivo:
conquistar a fortaleza de Jebus, onde estavam os
jebuseus, e transformá-la em um símbolo do novo
reinado. Após ser conquistada, a cidade ganhou um
novo nome: Jerusalém, a Cidade de Davi.

Ora, era necessária uma nova capital no centro


da terra prometida e identificada como uma grande
conquista do novo rei. A conquista de Jerusalém foi
de suma importância no projeto de unir a nação.
Encrustada no coração do reino, em um território
que não podia ser reclamado por nenhuma tribo, a
cidade seria neutra para servir como um elemento
unificador da nação.

Outro elemento que unificou o sentimento do povo


foi o desprezo que os jebuseus trataram o exérci-
to de Davi: “Tu não entrarás aqui,” (I Cr 11:5) eles
disseram. O fato de os inimigos subestimarem o
povo de Israel estabeleceu um elemento adicional
na estratégia de unir a nação em sua nova emprei-
tada. Assim, as mágoas do passado foram supera-
33
das pelo desafio do novo.

Podemos aprender aqui outra importante lição.


Ao ficarmos presos aos ressentimentos e às mágo-
as, esquecemos de focar nossa mente e nossa dis-
posição em novos projetos e desafios. Certamente,
não poderemos ser vencedores se focarmos ape-
nas nas coisas que nos entristeceram e nos divi-
diram no passado. Deus tem algo novo a cada dia
para nos desafiar em nossa jornada de fé.

Outra lição importante diz respeito a focar naqui-


lo que é o principal. Diante da necessidade da nova
capital e do desprezo dos jebuseus, o povo de Israel
se uniu a Davi. Assim, as diferenças se tornaram se-
cundárias. Quando o povo de Deus está unido em
um ideal maior e mais nobre, todas as diferenças
de opinião, visões de mundo e formas de operacio-
nalizar as coisas se tornam secundárias. Sabemos
que estamos em uma batalha, não “contra a carne
e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra
as potestades, contra os príncipes das trevas deste
século, contra as hostes espirituais da maldade...”
(Ef. 6.12). Esta é, portanto, a tarefa principal que
deve unir o povo de Deus. Vencer o mal!
34
3. Creditando a vitória ao Senhor
Mas a vitória sobre o mal só é possível com a
força do Senhor. Davi sabia disso e o autor do livro
das Crônicas também. I Cr 11:9 assim expressa:
“e ia Davi cada vez mais aumentando e crescendo,
porque o Senhor dos Exércitos era com ele.” Com
efeito, havia um sentimento sincero no rei Davi que
o marcaria por toda a sua vida que dizia respeito a
sua devoção ao Senhor. O rei Davi não julgava ser
importante ou essencial, mas, sim, ser um instru-
mento para os propósitos de Deus e isso fez toda a
diferença entre ele e seu antecessor, o rei Saul.

Em conformidade com isso, um dos seus primei-


ros atos após a conquista de Jerusalém e fazer dela
a nova capital foi trazer a arca da aliança para fa-
zer de Jerusalém o centro da adoração ao Senhor.
Essa nova empreitada uniu o povo de Deus nova-
mente, conforme expresso em I Cr. 13:1-5. A arca
da aliança representava a presença de Deus no
meio do seu povo. Assim, havia um enorme sim-
bolismo em trazer a arca para a capital do reino.
Significava que o Senhor, o Deus de Israel, estava
presente para abençoar todo o seu povo e ao rei,
seu instrumento, como chefe sobre a casa de Jacó.
35
Davi sabia que a união com o Deus de Israel sig-
nificava a união do povo de Israel. E ele manteve
o seu coração posto neste princípio até o final do
seu reino (I Rs:2.3-4). Esta é uma importante lição
para o povo de Deus ainda nos dias de hoje. Nada
nos une de forma mais contundente do que o nosso
coração posto em Deus e em sua obra. As circuns-
tâncias podem nos desunir, nos desanimar e até
nos fazer desistir, mas se o nosso coração voltar
para o Senhor e para sua obra, toda a desunião se
desfaz e começaremos a perceber que temos um
forte laço que une a todos nós: o amor a Deus e a
Sua obra.

Conclusão
O rei Davi enfrentou muitos desafios no início do
seu reinado, e nos ensinou que que com habilida-
de, destreza e, sobretudo, temor ao Senhor, foi vi-
torioso e superou todos os desafios. Certamente,
nós também enfrentaremos ao longo da vida cris-
tã muitos desafios. Entretanto, seremos vitoriosos
também se aplicarmos os mesmos princípios do rei
Davi.

De igual forma, não deixe que os problemas se-


36
cundários atrapalhem o foco naquilo que é a coisa
principal. Davi conseguiu dissipar todo o ressenti-
mento e mágoas do passado levando o povo a pen-
sar em novos projetos e estratégias que levariam
a um futuro promissor, unindo-os na adoração ao
Senhor, o Deus de Israel. Isso tornou o reino forte e
poderoso por gerações!

Para pensar e agir


1. Como podemos lidar com as mágoas e ressen-
timentos entre o povo de Deus?

2. Como identificar se estamos nos posicionando


demasiadamente em coisas secundárias e perde-
mos o foco naquilo que é principal?

3. “Um reino dividido não subsiste”, disse Jesus


(Mc 3:24). Quais as estratégias que podemos aco-
lher para que nossa família, trabalho ou até mesmo
a igreja não sofra com as desuniões?

37
Lição 3
Texto Base: 1 Crônicas 17:7-8

Um Nome
Como os
Grandes
da Terra
Leitura Diária
SEG 1 Crônicas 17:1-15

TER 1 Crônicas 14

QUA 1 Crônicas 25

QUI 1 Crônicas 26

SEX 1 Crônicas 27

SÁB 1 Crônicas 17:16-27

DOM 1 Crônicas 16:1-3

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Na lição anterior, refletimos sobre a habilidade do
Rei Davi em unir o seu povo, fazendo com que este
deixasse as divisões e ressentimentos de lado e
caminhasse sobre novos ideais. O reinado de Davi
marca o início do apogeu da monarquia em Israel.
Esse período é denominado como a “era de ouro”
da monarquia em Israel, que corresponde a apro-
ximadamente setenta e cinco anos entre os reina-
dos de Davi e de seu filho Salomão. Foi um tempo
de muitas histórias e experiências com Deus que
marcaram a vida do povo de Israel para sempre.
A personalidade marcante deste rei torna-o uma
das figuras mais importantes de todo o Antigo
Testamento. Sua sensibilidade para compor os sal-
mos, seu espírito guerreiro e sua devoção e fide-
lidade ao Deus de Israel nos trazem lições valio-
sas para a nossa vida. A dedicação do rei Davi ao
Senhor, o Deus de Israel, se tornou o referencial
para os autores dos livros dos Reis e das Crônicas
quando julgaram os reinados posteriores. Veremos
alguns traços que marcaram profundamente a vida
deste rei.

1. Um espírito destemido
Assim como nós, a vida do rei Davi é marcada por
39
altos e baixos. Suas extraordinárias vitórias sobre
os inimigos e o estabelecimento incontestável de
sua autoridade muitas vezes foi manchada pelas
suas falhas pessoais. Mas havia algo no coração
de Davi que o fazia superar todos os seus percal-
ços e pedras no caminho da sua vida: o seu espíri-
to destemido.
Depois de consolidar a nova capital e trazer a
arca da aliança para Jerusalém com uma grandiosa
celebração (I Cr 16), o autor do livro das Crônicas
narra sobre as diversas vitórias que Davi obteve (I
Cr 17). O texto mostra as vitórias sobre todos os
vizinhos hostis ao povo de Israel. Os moabitas, os
sírios, os hamatitas, os amonitas, os edomitas e,
sobretudo, o povo que oprimiu Israel por décadas:
os filisteus. Se, antes, o povo lutava para não ser
destruído pelo poderoso exército da Filístia, agora
estes são subjugados pelos exércitos de Israel.
Ora, podemos aprender lições importantes aqui.
A nossa vida, assim como a vida do rei Davi, é cheia
de desafios e situações distintas. Em algum mo-
mento de nossa vida podemos estar usufruindo
das melhores coisas e em outros passando pelas
maiores dificuldades. Mas, não podemos perder o
espírito destemido; o desejo de crescer e avançar.
40
O rei Davi conseguiu transformar uma nação fraca,
ressentida e desunida em uma nação próspera, vi-
toriosa e com uma extraordinária expectativa de fu-
turo. A efusividade com que o autor dos livros das
Crônicas descreve o reinado de Davi mostra que
este rei era um grande trabalhador e um empreen-
dedor. Como servos e servas de Deus, devemos
aprender com o rei Davi e não deixarmos a pregui-
ça e a procrastinação dominarem nossa mente.

2. Um coração sensível
Não obstante as inúmeras habilidades do rei em
empreender e conquistar, há também um outro tra-
ço interessante em sua personalidade, que diz res-
peito ao seu coração sensível. O rei Davi compôs
dezenas de salmos, reorganizou todo o sistema de
adoração em Israel (I Cr 24) e tinha um coração
que buscava a justiça, a despeito de suas falhas e
pecados. Em I Cr 18:14, o autor afirma que “Davi
reinou sobre todo o Israel; fazia juízo e justiça a todo
o seu povo.”
Mas certamente o traço mais inconfundível da
sensibilidade do rei Davi era a sua devoção a Deus.
Ele tinha absoluta certeza de que fora o Senhor
quem dirigia os seus passos até então e, por isso,
41
o rei tinha um coração grato ao Senhor. E essa gra-
tidão o fez superar os grandes problemas da sua
vida pessoal. Sua intenção sincera de construir um
templo ao Senhor mostra a sensibilidade e grati-
dão do rei: “eis que moro em casa de cedros, mas
a arca do Senhor está debaixo de cortinas.” (I Cr
17:1). Havia, portanto, algo de especial no coração
do rei. A gratidão a Deus que se transformou em
ação!

Com efeito, seu espírito de gratidão ao Senhor


tornou o rei Davi com “um nome dos grandes que
estão na terra” (I Cr 17:8). Assim, o Senhor faz uma
promessa ao rei Davi que tem um efeito para a eter-
nidade: “o seu trono será firme para sempre” (I Cr
17:14). Por sua vez, o rei, maravilhado com a pro-
messa gloriosa de Deus, responde: “Quem sou eu,
Senhor Deus? e qual é a minha casa, para que me
tenhas trazido até aqui?” (I Cr 17:16). Este espírito
de gratidão, resultado da sensibilidade do rei em
reconhecer que viera “de detrás das ovelhas para
que fosse chefe do povo de Israel” (I Cr 17:7), é a
chave para a compreensão do porquê este rei, a
despeito de suas falhas e pecados (que não foram
poucos), foi chamado de “homem segundo o cora-
ção de Deus.”
42
Por conseguinte, cabe aqui a pergunta: como nós
podemos ser pessoas segundo o coração de Deus?
Em primeiro lugar, podemos ser pessoas segundo
o coração de Deus tendo o mesmo espírito de gra-
tidão de Davi. Se observarmos bem, o Senhor tem
sido fiel em todas as suas promessas para conosco.
Assim não deve haver em nosso coração qualquer
espírito de murmuração. A murmuração revela falta
de fé nas promessas de Deus. Davi, como poucos,
olhava para sua trajetória e não culpava a Deus
pelos anos de trabalho árduo enfrentando leões e
ursos ou pelo tempo de fuga e exílio sob a persegui-
ção de Saul. Ele via que as circunstâncias que viveu
eram propósito de Deus para o seu crescimento e
desenvolvimento. Assim, ele era grato pelo cuidado
de Deus, mesmo em meio as adversidades, trans-
formava a sua realidade em louvor. Ele cantava: “O
Senhor é o meu Pastor, nada me faltará” (Sl 23:1).

Em segundo lugar, o rei Davi tinha um coração


sincero e transparente. Enquanto a murmuração
revela um espírito de ingratidão e falta de fé, a sin-
ceridade revela um coração cheio de fé. O rei se
indignava pelo fato de estar em uma casa confor-
tável e a casa de Deus ainda sob modelo antigo
do tabernáculo. Notemos também que há sinceri-
43
dade no relacionamento com Deus. Vários salmos
revelam um rei rasgando o seu coração para com o
Senhor. Destaco aqui o em Sl 13:1 e 5: “Até quan-
do te esquecerás de mim, SENHOR? Para sempre?
Até quando esconderás de mim o teu rosto? [...]
Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação
se alegrará o meu coração.” O coração sensível do
rei e seu espírito destemido mudaram a história de
Israel para sempre.

3. O legado do rei Davi


Em I Cr 28:2, o rei Davi já idoso e no final do
seu reinado exorta o povo e seu filho e sucessor
Salomão dizendo: “Ouvi-me, irmãos meus, e povo
meu; em meu coração propus eu edificar uma casa
de repouso para a arca da aliança do Senhor e para
o estrado dos pés do nosso Deus, e eu tinha feito o
preparo para a edificar.” Destaco aqui a importân-
cia que Davi conferiu as coisas do Senhor e qual o
verdadeiro legado que ele gostaria que fosse dei-
xado para as gerações posteriores. Em I Rs 2:3, o
rei exorta o futuro rei a guardar a observância do
Senhor, andar em seus caminhos, guardar os seus
estatutos e os seus mandamentos, e os seus juí-
zos, e os seus testemunhos, como está escrito na
44
Lei de Moisés para que Salomão e seus descen-
dentes prosperassem em todos os seus caminhos.
Desse modo, o rei não está demonstrando nenhu-
ma preocupação com seu legado de conquistas, de
fortalecimento do reino, de vitórias e subjugamen-
to dos seus inimigos, mas, sim, o legado que o rei
Davi desejava deixar para a posteridade era a sua
devoção ao Senhor e seu amor ao Deus de Israel.
O legado espiritual do rei Davi ficou marcado de
forma tão contundente no coração do povo que to-
dos os reis subsequentes foram avaliados à luz da
devoção do filho de Jessé: “e andou nos caminhos
de Davi, seu pai” ou “não andou nos caminhos de
Davi, seu pai”. Sem dúvida, um legado extraordiná-
rio.

Conclusão
Diante do que vimos até aqui, devemos nos per-
guntar com sinceridade: que tipo de legado quere-
mos deixar para os nossos descendentes? Os bens
desta terra passarão, nossas conquistas e vitórias
ficarão no esquecimento, mas o que realmente fará
diferença na vida dos nossos descendentes é a he-
rança espiritual. Assim, lute com todas as suas for-
ças para deixar um legado de fé para filhos e netos.
45
Desse modo, eles saberão reconhecer e buscar ao
Senhor em seus momentos de lutas e provações. A
história e o exemplo do rei Davi nos ensinam isso.

Aprendemos hoje como o espírito destemido, a


sensibilidade e o legado do rei Davi, trazem lições
importantes para a nossa vida. Nossa oração é que
nosso Deus nos ajude a vencer os desafios com co-
ragem, gratidão e sinceridade, sabendo que nos-
sas ações geram lições que irão compor a nossa
história e influenciarão as próximas gerações.

Para pensar e agir


1. Como podemos desenvolver um espírito des-
temido?

2. Você consegue reconhecer as bênçãos de Deus


em sua vida e é grato por isso?

3. Como você está imprimindo o seu legado em


seus descendentes? O temor a Deus tem sido a
coisa principal?

46
Lição 4
Texto Base: 1 Reis 3:3

Um Coração
Sábio e
Entendido

Leitura Diária
SEG 1 Reis 1

TER 1 Reis 2

QUA 1 Reis 3

QUI 1 Reis 4

SEX 1 Reis 6

SÁB 2 Crônicas 7

DOM 1 Reis 11

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Ao final do reinado de Davi, a nação de Israel
era forte e profundamente estabelecida na Terra
Prometida. Todos os inimigos ao redor estavam sub-
julgados, as fronteiras de Israel estavam bem forta-
lecidas e o povo vivia em paz. O rei Davi forjou uma
geração forte, acostumada às lutas e batalhas, de
modo que a geração subsequente foi tremendamen-
te privilegiada. As divisões internas se circunscre-
viam apenas sobre quem iria ser o sucessor do rei.
Os filhos de Davi, Absalão (II Sm 18:14) e Amnom
(II Sm 13:28-32) estavam mortos e Adonias (I Rs
1:5) pretendia ser o herdeiro. O Senhor, porém, es-
colheu a Salomão (I Cr 28:5) para ser o sucessor
do Rei Davi.

Com efeito, o reinado de Salomão marca o perío-


do de maior riqueza e opulência da monarquia em
Israel. Porém, o fim do seu reinado também mos-
tra o declínio da monarquia unida e o início da de-
cadência do reino. Mostraremos nesta lição como
um início promissor, a inteligência e sabedoria para
empreender, não significam um final bem-sucedido
se não estiver aliado a ação de Deus.

1. O início promissor
48
A história do rei Salomão domina onze capítu-
los do livro de I Reis e nove capítulos do livro de II
Crônicas. A exemplo dos reinados anteriores, tanto
do rei Saul quanto do rei Davi, o reinado de Salomão
se divide em duas partes: a do início promissor e a
dos percalços e erros de julgamento. O rei Salomão
começa o seu reinado sem o grande carisma pes-
soal dos reis anteriores e, talvez por isso, entendeu
que só o Senhor poderia o ajudar na grande tarefa
de governar um povo tão forte. Em I Reis 3:5-15,
ele recebe a famosa visão do Senhor, em sonhos,
o qual lhe disse para pedir o que quisesse. O rei
Salomão, em um espírito de humildade, responde
que era “ainda um menino pequeno” (I Rs 3:7) e
que o “povo que elegeste, povo grande, que nem
se pode contar, nem numerar, pela multidão” (I Rs
3:9); assim, ele roga ao Senhor “um coração en-
tendido para julgar a teu povo, para que prudente-
mente discirna entre o bem e o mal” (I Rs 3:9).

A partir desta oração sincera, o que se segue é


uma extraordinária série de acontecimentos e em-
preendimentos que mostram a ação de Deus aben-
çoando o novo rei. Ele é reconhecido pelas nações
vizinhas (I Rs:5.1), julga de forma excepcional a cau-
sa de duas mulheres (I Rs 3:16-28) de tal maneira
49
que “todo o Israel ouviu a sentença que dera o rei
e temeu ao rei, porque viram que havia nele a sa-
bedoria de Deus, para fazer justiça” (v.28).

Por conseguinte, depois de ter sua autoridade de-


finitivamente reconhecida pelos seus súditos, o rei
Salomão começou o empreendimento que marca-
ria o seu reinado. A construção do templo de ado-
ração ao Senhor (I Rs 6:1). A planta do templo e o
material já estavam providenciados desde o reina-
do de Davi, seu pai. A suntuosidade do templo era
uma evidência do sentimento sincero contido no
coração do rei. Ele amava ao Senhor de todo o co-
ração e desejava fazer o melhor que podia para o
Deus de Israel. Após isso, ele edificou seu palácio
(I Rs 7:1) e jardins (I Rs 7:2).

O que podemos aprender aqui? A resposta a esta


pergunta está no coração sincero do rei em seus
primeiros anos de reinado. Ele sabia que não tinha
forças nem inteligência para governar tão grande
nação. Ele reconheceu que só podia ser bem-su-
cedido se a mão do Senhor estivesse sobre ele. O
primeiro passo para uma vida bem-sucedida é o
temor do Senhor. Esse temor levou o jovem rei a re-
conhecer sua pequenez diante da tarefa e confiar
50
no Senhor. O resultado foi extraordinário!

2. Um coração sábio e entendido


Ora, como prova de que o Senhor havia prometi-
do ao rei Salomão “um coração tão sábio e enten-
dido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti
igual se não levantará” (I Rs 3:12), o conhecimen-
to sobre a sua sabedoria e inteligência alcançou
até mesmo lugares distantes do reino de Israel. A
visita da rainha de Sabá (I Rs 10:1-13; II Cr 9), e a
extraordinária riqueza que fora o resultado de sua
sabedoria para administrar o reino, mostra que o
rei Salomão era verdadeiramente um homem dife-
rente.

Ademais, a paz que o rei Salomão estabeleceu


com os seus vizinhos, em parte por conta da fra-
gilidade destes pelas conquistas do rei Davi, em
parte por conta dos inúmeros acordos comerciais
com as grandes nações em derredor, propiciou ao
rei Salomão direcionar seus esforços para as cons-
truções necessárias e para se debruçar sobre a
sabedoria e o conhecimento. O rei era um amante
do conhecimento e “toda a terra buscava a face de
Salomão, para ouvir a sabedoria que Deus tinha pos-
51
to em seu coração” (I Rs 10:24). Definitivamente,
o rei Salomão acertara em seu pedido ao Senhor.

Com efeito, esta é uma importante lição para to-


dos nós. Devemos nos perguntar sobre qual tem
sido a natureza do que pedimos ao Senhor? Muitas
vezes as nossas orações estão carregadas de pedi-
dos pessoais e egoístas de modo que deixamos de
pedir o que é mais essencial. Todas as coisas boas
desta vida, tanto as coisas materiais (bens, suces-
so financeiro e profissional) quanto as imateriais
(paz, alegria, contentamento) só podem ser adqui-
ridas por meio da sabedoria e do conhecimento. A
expressão “por meio”, significa que a sabedoria e
o conhecimento são instrumentos ao nosso dispor
para sermos bem-sucedidos. Mas, se são instru-
mentos, quem nos conferiu estas bênçãos? A Bíblia
responde que é Deus, “em quem estão escondidos
todos os tesouros da sabedoria e do conhecimen-
to” (Cl. 2:3). Assim, devemos pedir a Deus, assim
como o rei Salomão, um coração sábio e entendido
para viver neste mundo, por isso se algum de vós
tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos
dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á
dada (Tg 1:5).
52
3. O fim da “era de ouro”
Mas, nem mesmo toda a sabedoria do rei Salomão
o fez ter um coração totalmente devotado ao Senhor
como tivera o seu pai, Davi. O capítulo onze do li-
vro de I Reis narra o declínio do extraordinário rei-
nado de Salomão. O texto diz que Salomão amou
muitas mulheres de nações estrangeiras. Grande
parte desses relacionamentos eram resultado dos
acordos com as nações em redor que perverteram
o coração do rei a abandonar ao Senhor e mergu-
lhar na idolatria. O outrora sábio rei Salomão, na
segunda metade do seu reino, tornou-se um idóla-
tra e um influenciável.

Ora, podemos elencar alguns elementos des-


se período sombrio na história do rei Salomão.
Primeiramente, diferente do espírito de humildade
no primeiro momento do rei, em que este confiara
unicamente na sabedoria do Senhor para governar
o povo, o velho rei aparentemente estava acomo-
dado em sua vida de riqueza e opulência e se es-
queceu do Senhor. A lei do Senhor era clara quanto
ao problema dos casamentos estrangeiros e a mul-
tiplicação das riquezas e do poder. Em Dt 17:17 a
palavra de Deus diz: “Tampouco para si multiplicará
53
mulheres, para que o seu coração não se desvie;
nem prata nem ouro multiplicará muito para si.” O
rei Salomão esqueceu de confiar no Senhor de todo
o coração e não se estribar no seu próprio entendi-
mento (Pv.3.5).

Não obstante, poderíamos dizer que foram as bên-


çãos do Senhor que causaram a ruína espiritual do
rei Salomão? A resposta é não! O problema do rei
Salomão foi desviar o foco do Senhor das bênçãos
e colocar o foco nas bênçãos do Senhor. A sabedo-
ria do Senhor foi a causa do rei ser tremendamente
bem-sucedido, mas ele desviou o olhar da fonte e
confiou apenas no resultado. Devemos estar cien-
tes de que a bênção do Senhor é que enriquece e
não acrescenta dores (Pv. 10:22).

Conclusão
Por fim, há um problema que pode ser observado
no próprio texto base desta lição: “Salomão ama-
va ao Senhor, andando nos estatutos de Davi, seu
pai; somente que nos altos sacrificava e queimava
incenso.” Um sério problema espiritual é relativizar
o pecado e desprezar a excelência em relação ao
que é absoluto. A adoração a Deus deveria ser ce-
54
lebrada no templo, como o Senhor estabeleceu na-
quele tempo. Assim, carecia ao coração do rei um
certo tipo de zelo, não relativizando as coisas es-
pirituais. Esta falta de zelo do velho rei em relação
a sua vida espiritual fora determinante para esse
período sombrio de sua história.

Com a morte do rei Salomão, termina a assim


chamada “era de ouro” da monarquia em Israel.
Vimos que um início promissor deu lugar a um fi-
nal obscuro no reinado do grande rei Salomão. Os
ressentimentos internos antigos entre as tribos do
norte e a casa de Davi emergiram com toda a for-
ça e causou uma enorme ruptura no povo de Deus,
para sempre. É o que veremos na próxima lição.

Para pensar e agir


1. Você reconhece que precisa da sabedoria de
Deus em sua vida? Conte uma experiência a res-
peito.

2. Em que sentido a acomodação espiritual pode


trazer sérios danos a nossa vida?

3. Quais as áreas de nossa vida que precisamos


ser zelosos? Cite algumas.
55
Lição 5
Texto Base: 1 Rs 12:16 e 2 Cr 10:16

Que Parte
Temos Nós
com Davi

Leitura Diária
SEG 1 Reis 11:14-43

TER 1 Reis 12:1-19

QUA 1 Reis 12:20-33

QUI 2 Crônicas 10:1-19

SEX 2 Crônicas 11:1-12

SÁB 2 Crônicas 11:13-23

DOM 2 Crônicas 12

Voltar para o sumário


Após a assim chamada “era de ouro” da monar-
quia em Israel, o período histórico que compreende
os reinados de Davi e de Salomão, parecia que os
antigos ressentimentos e divisões entre as tribos
de Israel haviam acabado. Porém, em virtude da
idolatria de Salomão no final do seu reinado, a qual
mergulhara o reino em um período de afastamento
de Deus, os ressentimentos e divisões começaram
a emergir novamente.

A adoração ao Senhor, o Deus de Israel, que sem-


pre foi um dos elementos mais fortes de unificação
do povo, estava relativizada e o rei, aquele que de-
veria encarnar a obediência ao Senhor, era um idó-
latra. Assim, o rei e o povo sucumbiram.

Nesta lição, veremos como o afastamento de


Deus cria o ambiente propício para obstinação, para
as divisões e ressentimentos e para a ausência de
uma liderança segura.

1. O afastamento de Deus
Grandes desastres muitas vezes começam com
pequenos detalhes. Podemos dizer que a semente
da divisão do Reino de Israel começou com a con-
cessão do rei Salomão em se casar com muitas
57
mulheres. Grande parte desses casamentos acon-
teceram em virtude dos muitos acordos de paz com
as nações vizinhas. Mas, o resultado deste consór-
cio levou o rei a adorar divindades pagãs. O rei não
considerou que a paz com as nações não eram o
resultado de sua própria força ou inteligência, mas,
sim de Deus (II Cr. 22:9).

Sem a bênção de Deus, a paz deixou de existir.


Logo, o rei Salomão começou a enfrentar levantes
externos (I Rs 11:14; I Rs 11:23) e levantes inter-
nos (I Rs 11:26). Assim, um extraordinário reinado
de paz, enfim, havia acabado. O coração pecami-
noso do velho rei fez com que o povo fosse opri-
mido pelos pesados impostos e isso levou a uma
insatisfação do povo. Jeroboão, um líder rebelde,
foi encontrado pelo profeta Aías que entregou uma
mensagem do Senhor a qual dizia que as dez tribos
do reino do norte seriam entregues em suas mãos
e apenas duas tribos continuariam fiéis a Davi (I
Rs 11:31-32). Se Jeroboão fosse fiel a Deus, sua
casa seria firme para ele e seus descendentes. (I
Rs 11:38).

Ora, podemos aprender algumas lições importan-


tes nestas passagens. A primeira lição importan-
58
te é que sem a presença e a bênção de Deus em
nossa vida, perdemos a paz. Em decorrência disso,
muitas vezes tomamos decisões equivocadas pela
falta dessa paz que resulta em reveses por muito
tempo. A falta de paz aqui foi resultado do pecado.
Assim, precisamos nos avaliar constantemente em
relação ao nosso relacionamento com Deus para
identificarmos os pecados não confessados que
tem roubado a nossa paz.

Uma segunda lição importante que podemos ex-


trair desta passagem é que, na falta de uma busca
constante do direcionamento de Deus, as ideias e
os direcionamentos humanos começaram a pros-
perar. Precisamos ter o cuidado de buscar a dire-
ção do Senhor em cada área da nossa vida. Se não
for assim, estaremos propensos a perder tudo por
não termos a direção do Senhor em nossa vida.

2. A obstinação tola do novo Rei (II


Cr 10)
Após a morte do rei Salomão, seu filho Roboão
foi até Siquém para ser coroado como o novo rei
da monarquia unida (II Cr 10:1). Todavia, pelo fato
de Salomão ter sido tolerante com a idolatria, o jul-
59
gamento divino sobre a casa de Davi estava para
se cumprir como fora profetizado pelo profeta Aías.
Após ouvir as queixas justas sobre a dureza do tra-
balho que o antigo rei os fizera submeter, o povo
propõe ao novo rei: “alivia tu, pois, agora, a dura
servidão de teu pai e o pesado jugo que nos tinha
imposto, e servir-te-emos.” (II Cr.10:4)

Por sua vez, o novo rei responde-lhes que voltas-


sem até ele em três dias que eles receberiam a res-
posta da sua proposta. Os sábios anciãos de Israel
o aconselharam a acolher o pedido do povo, pois se
o rei fosse benigno e afável com o povo e lhes falas-
se boas palavras, todos os dias eles seriam seus
servos (II Cr. 10:7). Porém, o rei também procurou o
conselho dos jovens amigos da sua geração. Seus
amigos, talvez influenciados por um sentimento de
ambição e poder, mas sem sabedoria, aconselhou
o novo rei a dizer as seguintes palavras: “O meu
dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de
meu pai.” (II Cr. 10:10) O resultado da tolice e da
obstinação do novo rei foi a revolta do povo e uma
guerra civil sem precedentes. Por fim, gerou a divi-
são definitiva do reino de Israel.

Após esses acontecimentos, o rei Roboão reinou


60
por dezessete anos em Jerusalém, capital do reino
do sul, em Judá e “fez o que era mau aos olhos do
Senhor” (I Rs 14:22). Em virtude do levante do rei
do Egito, que tomou os tesouros da Casa do Senhor
e os tesouros da casa do rei, inclusive os escudos
de ouro que o rei Salomão havia feito, Roboão os
substituiu por escudos de bronze. (I Rs 14:25-27).
Este episódio, em especial, marca o início da deca-
dência do reino de Israel e a mudança da “era de
ouro” para um tempo sombrio de lutas internas, di-
visões, ressentimentos e idolatria.

Podemos aprender lições importantes aqui.


Primeiramente, devemos ter um cuidado constan-
te com a obstinação e a desobediência. Em virtude
do pecado já presente no coração do rei e do seu
povo, o espírito desobediente se desenvolveu e se
tornou obstinação. Quantas vezes uma pessoa ou
nós mesmos pagamos um caro preço por insistir
em algo que está fora dos propósitos de Deus. O
resultado não poderá ser outro se não a humilha-
ção.

Em segundo lugar, devemos estar atentos sobre


com quem nos aconselhamos. Apesar do texto pa-
recer sugerir que Roboão deixou de ouvir os mais
61
velhos e ouviu o conselho dos mais novos, o texto
se refere a habilidade e experiência encarnada nos
“anciãos” e ausente nos mais jovens. Porém, nem
toda pessoa mais velha tem habilidade para acon-
selhar. Precisamos estar atentos para não seguir o
caminho de Roboão, aconselhando-nos com pes-
soas inaptas e desprezando o conselho dos sábios.

Uma terceira lição importante que aprendemos


aqui diz respeito ao fato de que o povo sempre so-
fre pelas inabilidades de uma liderança má. Vamos
refletir sobre isso agora.

3. A ausência de uma liderança


segura
Se o reino do sul era governado pelo rei Roboão, o
povo das tribos do norte, carentes de um rei que os
governasse, coroaram a Jeroboão como seu novo
rei. Tão cedo este começou a reinar, ele perverteu
o seu coração e começou a seguir para a idolatria,
em parte porque não estava seguro sobre o cora-
ção do seu povo em relação a adoração a Deus em
Jerusalém. O rei Jeroboão via nisso um problema
sério pois assim pensava: “Se este povo subir para
fazer sacrifícios na Casa do Senhor, em Jerusalém,
62
o coração deste povo se tornará a seu senhor, a
Roboão, rei de Judá, e me matarão e tornarão a
Roboão, rei de Judá.” (I Rs. 12:27). Sua inseguran-
ça o levou a fazer dois bezerros de ouro e dizer ao
povo que seria muito trabalhoso subir a Jerusalém
para adorar. E prosseguiu afirmando que esses
eram os deuses que fizeram a Israel subir do Egito.
(I Rs 12:28)

Desse modo, o rei Jeroboão mergulhou as tribos


do norte em um contexto de idolatria sem prece-
dentes. Todos os reis que o sucederam foram idó-
latras como “Jeroboão, filho de Nebate”. Assim, o
ressentimento do povo em relação a casa de Davi
e a insegurança do rei de Israel perverteram o co-
ração de todos para sempre.

Aprendemos aqui o poder da confiança unica-


mente em Deus. O Senhor havia prometido ao rei
Jeroboão que se ele ouvisse a voz do Senhor e a
obedecesse, a sua casa seria firme (I Rs 11:38).
No entanto, o rei Jeroboão deu ouvidos a sua pró-
pria insegurança. Precisamos tratar a insegurança
como um pecado. A falta de fé nas promessas de
Deus tem trazido grandes prejuízos ao seu povo.
Sua fraca liderança espiritual culminou em uma
63
desastrosa sequência de reis maus, resultando na
destruição e dispersão total das tribos do norte.

Conclusão
Portanto, podemos ver nesta lição, como o afas-
tamento voluntário da presença do de Deus cria
um ambiente propício para más decisões e atrope-
los na vida. Vimos também o quanto a obstinação
e a falta de confiança em Deus podem nos trazer
prejuízos por muito tempo. Assim, devemos manter
a confiança e a obediência em Deus para sermos
bem-sucedidos em nossa vida.

Para pensar e agir


1. Você consegue identificar problemas oriundos
do afastamento de Deus?

2. A obstinação já o levou a consequências ruins?


O que o fez mudar?

3. Em que a insegurança já te atrapalhou em re-


ceber as bênçãos de Deus?

64
Lição 6
Texto Base: 2 Reis 16:3

Andou nos
Caminhos dos
Reis de Israel

Leitura Diária
SEG 1 Reis 22

TER 2 Reis 9:1-10

QUA 2 Reis 9:11-37

QUI 2 Reis 10:1-14

SEX 2 Reis 10:15-36

SÁB 2 Reis 17:1-23

DOM 2 Reis 17:24-41

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O título desta lição expressa de forma proverbial o
desastre que foram os reinados dos reis das tribos
do norte. Este período da história aconteceu entre
931 a.C., com a morte do rei Salomão e a ascensão
do rei Roboão ao trono até a queda de Samaria, des-
truída pelos Assírios em 722 a.C. Assim, compreen-
de um espaço de 209 anos.
A marca mais indelével1 desses reinados diz res-
peito ao fato de que, desde o rei Jeroboão, nenhum
dos seus sucessores obedeceram ao Senhor. Com
efeito, os reis do reino do Sul (Judá), que acompanha-
ram a apostasia dos reis de Israel, tiveram impresso
esta frase em suas biografias: “andou nos caminhos
dos reis de Israel.”
Nesta lição, iremos aprender que nem sempre
prosperidade material significa prosperidade espiri-
tual. Iremos aprender também o quando a apostasia
rebaixa o valor dos indivíduos e, por fim, aprendere-
mos o quanto a justiça de Deus caminha lado a lado
com a sua misericórdia.

1  adjetivo. (1) que não se pode apagar, eliminar. "tinta, man-


cha i." (2) que é durável, permanente; que não se pode destruir,
suprimir ou fazer desaparecer totalmente. "amor i." (Definições de
Oxford Languages).

66
1. Prosperidade material e miséria
espiritual
Em linhas gerais, o reino do norte nunca se esta-
beleceu de verdade como uma casa real estável. O
rei Nadabe, filho do rei Jeroboão, governou por dois
anos e logo foi assassinado junto com a sua família
por Baasa (I Rs 15:27-30). Por sua vez, Elá, filho de
Baasa, sofreu o mesmo destino na mão de Zinri, ou-
tro comandante militar (I Rs 16:8-14). Mas, o reinado
de Zinri durou apenas sete dias e outro comandante,
o general Onri, tomou o poder.
Finalmente, a casa de Onri estabilizou politicamen-
te o reino do norte. Transferiu a capital da cidade
de Tirza para Samaria. (I Rs 16:24) Assim, como a
Jerusalém de Davi, Samaria era a cidade da casa de
Onri. O rei era um grande arquiteto e construtor. Ele
edificou muitas obras grandiosas e foi acompanhado
neste talento pelo seu filho e sucessor, o rei Acabe,
que começou a reinar após a morte do seu pai. O rei
Acabe continuou o legado de grandes construções e
de grandes acordos comerciais, especialmente com
os sidônios, selando este consórcio casando-se com
a filha do rei de Sidon, Jezabel (I Rs 16:31).
No entanto, a despeito de todos esses empreen-
dimentos e construções monumentais, o reino do
67
Norte passava por um período de profunda degra-
dação moral e espiritual. O texto bíblico afirma que o
rei Onri fizera o que “era mau aos olhos do Senhor;
e fez pior do que todos quantos foram antes dele” (I
Rs 16:25). O rei Acabe, seu filho, conseguiu ainda su-
perar a impiedade de seu pai, (I Rs 16:30) de modo
que “como se fora coisa leve andar nos pecados de
Jeroboão, filho de Nebate, ainda tomou por mulher a
Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e ser-
viu a Baal, e se encurvou diante dele” (I Rs 16:31).
Assim, a partir do ímpio rei Acabe, começa em Israel
a adoração a um deus abjeto que constituía em pro-
miscuidade e bestialidade sem precedentes.
Podemos aprender aqui, portanto, que nem sempre
o poder material corresponde à bênção do Senhor.
Muitas vezes, somos tentados a sustentar que as
riquezas, a opulência e o poder são resultado das
bênçãos de Deus. Israel, o reino do norte, vivia um
tempo de prosperidade e construções, mas estavam
profundamente mergulhados na miséria espiritual.
Precisamos estar atentos porque, assim como o juízo
de Deus veio sobre o reino do norte, ele também virá
para aqueles que não possuem o temor do Senhor,
quer sejam reis, quer sejam pessoas comuns.

2. Degradação total
68
Um dos resultados do pecado na vida de uma pes-
soa ou de um povo é a degradação moral. Povos
prósperos experimentaram um momento de deca-
dência justamente por deixarem o que é bom e jus-
to e se envolverem em pecados que obscurecem a
imagem e semelhança de Deus impressa em cada
ser humano. O homem sem Deus vira um simples
animal com instintos bestiais.
Assim também aconteceu com o povo de Israel.
A adoração ao deus Baal, entidade de origem sidô-
nia ou fenícia, era completamente imoral. Nos cultos
a Baal, havia orgias de todo tipo, até mesmo com
animais, rituais de transe em que os seus devotos
cortavam uns aos outros (I Rs 18:28) e até mesmo
sacrifícios de crianças, como expresso pelo profe-
ta Jeremias (Jr 19:5). Assim, o povo da aliança, os
descendentes de Jacó, o povo que recebeu os Dez
Mandamentos, que dignificaram a pessoa humana
para sempre, estavam mergulhados em um nível de
degradação moral que não se via nem entre os ani-
mais.
A adoração a Baal foi colocada em xeque no ex-
traordinário evento no Monte Carmelo entre o pro-
feta Elias e os profetas de Baal (I Rs 18:18-40) e
totalmente extinta sob o reinado de Jeú, anos mais
69
tarde. (II Rs 10:15-28).
Quais as lições que podemos extrair deste triste mo-
mento da história do povo de Deus? Primeiramente,
podemos aprender que temos de passar para as pró-
ximas gerações a necessidade do temor do Senhor.
A conexão da verdadeira adoração a Deus, que havia
sido cortada no reinado de Jeroboão, nunca mais foi
plenamente estabelecida. Apesar dos feitos extra-
ordinários de Deus por meio dos seus profetas, es-
pecialmente o profeta Elias e o profeta Eliseu, isso
não foi suficiente para trazer o povo de volta para o
Senhor. A maior responsabilidade de cada um de nós
é garantir que a próxima geração ame ao Senhor de
todo coração.
Uma segunda lição é também uma constatação.
Talvez a geração que vivemos seja muito semelhan-
te à geração dos reis de Israel. Vivemos avanços em
muitas áreas do conhecimento e uma sensação de
qualidade de vida melhor do que nossos antepas-
sados. Mas também presenciamos aberrações pri-
mitivas como às que faziam parte do ritual de culto
a Baal. O acesso a pornografia, as bestialidades in-
discriminadas com o uso do próprio corpo e da pró-
pria vida e o assassinato de crianças e bebês não
são coisas que ficaram no passado. O ser humano,
70
a cada dia, cria “novos padrões” para colocar um
verniz de modernidade sobre problemas morais an-
tigos. No passado, a adoração era direcionada ao
falso deus Baal; hoje, o homem faz de si mesmo um
deus. Porém, ao invés de melhorá-lo tornando-o se-
melhante a divindade, o pecado tem o tornado pior
do que os animais.

3. O juízo de Deus
Em II Rs 17:13-14 vemos que o Senhor enviou seus
profetas para exortar o povo a se converter dos seus
maus caminhos e guardar os mandamentos, porém
o povo não deu ouvidos, endureceu o coração e não
creu na Palavra do Senhor por intermédio dos seus
profetas. É bem verdade que houve avivamentos pon-
tuais sob o ministério de Elias e Eliseu e sob o reina-
do de Jeú (II Rs 10.30). Mas, não foram suficientes
para mudar o coração do povo que estava comple-
tamente dominado pelo pecado.
Por fim, a Bíblia nos conta que “o Senhor muito se
indignou contra Israel e os tirou diante da sua face...”
(II Rs 17:18). Nunca mais as tribos do norte foram
reunidas novamente. Os Assírios conquistaram a ci-
dade de Samaria em 722 a.C. e dispersaram as dez
tribos do povo de Israel para sempre. Em seu lugar,
71
trouxeram povos de outras nações dominadas para
povoar a terra (II Rs 17.24) e repatriaram sacerdotes
do Senhor para ensinar-lhes a temer ao Senhor (II Rs
17.28). A partir disso, a terra foi tomada pelo sincre-
tismo religioso com os elementos dos cultos pagãos
e do culto a Deus. “Assim, ao Senhor temiam e tam-
bém a seus deuses serviam, segundo o costume das
nações dentre as quais tinham sido transportados.”
(II Rs 17.33). Desse modo melancólico terminou o
reino de Israel.
Não obstante, podemos extrair lições importantes
aqui. O juízo de Deus sempre vem antecipado pela
sua misericórdia. O Senhor sempre enviou os profe-
tas para fazer com que o povo se arrependesse e
confiasse unicamente nEle. Assim, também somos
nós. Devemos estar sempre atentos em não deso-
bedecermos ao Senhor e a confiar em sua miseri-
córdia.
Uma segunda lição importante diz respeito ao fato
de que os milagres nem sempre são decisivos para
mudar o coração do povo. Ao longo do tempo, Israel
presenciou extraordinários milagres, desde o tempo
de Moisés até o ministério dos profetas Elias e Eliseu,
mas os milagres deles não mudaram a obstinação do
povo. Analogamente, é assim também hoje. Muitos
72
estão à procura de milagres e maravilhas, mas não
mudam os seus corações obstinados. Porém, sem
santidade e um coração quebrantado é impossível
agradar a Deus.

Conclusão
Nesta lição, vimos que a despeito da prosperidade
material inicial das tribos do norte eles estavam na
mais profunda miséria espiritual. Aprendemos tam-
bém o quanto o pecado é capaz de reduzir o valor
do homem criado a imagem e semelhança de Deus.
Por fim, aprendemos o quanto o juízo de Deus é in-
falível, mas sempre é antecipado pela sua misericór-
dia. Que tenhamos um coração ensinável para viver
sob as bênçãos do Senhor em nossa vida.

Para pensar e agir


1. Você é tentado a estabelecer uma relação en-
tre a prosperidade material e as bênçãos de Deus?
2. Você consegue perceber a relação entre os pe-
cados de Israel no passado e os da nossa geração,
hoje?
3. Como você consegue relacionar a justiça e a
misericórdia de Deus?
73
Lição 7
Texto Base: 2 Crônicas 25:2

Não com
o Coração
Inteiro

Leitura Diária
SEG 2 Crônicas 14 e 15

TER 2 Crônicas 16

QUA 2 Crônicas 17

QUI 2 Crônicas 20

SEX 2 Crônicas 26

SÁB 2 Crônicas 29 e 32

DOM 2 Crônicas 33

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O texto-base de nossa lição resume bem o perí-
odo do reino do Sul, Judá. Após a divisão do reino,
as dez tribos do norte seguiram a Jeroboão e o fize-
ram rei sobre Israel. Ao sul, porém, a tribo de Judá e
a tribo de Benjamim continuaram fiéis a Davi e aos
seus descendentes. Um fato curioso: no passado
essas duas tribos rivalizavam entre si, pois a casa
de Saul era da tribo de Benjamim e a casa de Davi
era de Judá.

O reino de Judá compreende um período de apro-


ximadamente 344 anos, desde 931 a.C. no reina-
do de Roboão até 587 a.C., com a conquista de
Jerusalém pelo rei Nabucodonozor, rei da Babilônia,
deportando o povo judeu cativo para a Babilônia.

Ademais, os reinados dos reis de Judá são marca-


dos por momentos de grandes avivamentos e afas-
tamento de Deus. Os autores dos livros dos Reis e
das Crônicas evidenciam que a paz e a prosperida-
de aconteciam sob os reinados piedosos. Por outro
lado, a decadência e a ruína aconteciam sob os reis
maus. Nesta lição, refletiremos sobre necessidade
de adorar ao Senhor com sinceridade de coração,
sobre como a fé é fundamental para os momentos
de angústia e sobre como o arrependimento since-
75
ro traz vitórias.

1. “Não com o coração inteiro”


Os reinados que sucederam a Roboão foram mar-
cados por avivamentos importantes e reformas es-
pirituais significativas, mas também por um perigo
sempre constante: a idolatria. Em alguns momentos
da história do reino de Judá, a adoração ao Senhor
foi desprezada, dando lugar a adoração aos deu-
ses dos povos vizinhos, inclusive do reino do norte,
Israel.

Os reis piedosos neste tempo que valem a pena


mencionar são: o rei Asa (II Cr 14:2), O rei Josafá
(II Cr. 17. 3-4), o rei Joás ( II C. 24:2), o rei Amazias
(II Cr 25:2), o rei Uzias (II Cr 26:4), o rei Jotão (II Cr
27:2), o rei Ezequias (II Cr 29:2) e o rei Josias (II Cr
34:2). Esses reis se mantiveram fiéis na adoração
ao Senhor. Eles fizeram o que era reto aos olhos do
Senhor e alguns promoveram reformas e avivamen-
tos espirituais profundos em seus reinados.

Por outro lado, outros reinados foram marcados


pela idolatria e pela convulsão social. Podemos men-
cionar os reinados dos reis Jeorão, filho de Josafá
(II Cr 21:20), Acazias (neto de Acabe, de Israel, por
76
parte de mãe, a rainha Atalia), o rei Acaz, filho de
Jotão (I Cr 22:1-3), o rei Manassés (II Cr 33:2), fi-
lho de Ezequias, Joacaz (II Rs 23:32) Jeoaquim (II
Cr 36:5) e Joaquim (II Cr 36:9).

Ora, podemos extrair aqui uma importante lição.


A despeito da piedade de alguns reis de Judá, seus
filhos não seguiram seus exemplos. Anteriormente,
pudemos ver que o piedoso rei Josafá teve como
sucessor o ímpio rei Jeorão, o rei Acaz era filho do
piedoso rei Jotão, e, talvez, o caso mais emblemá-
tico, o terrível rei Manassés teve por pai o piedoso
rei Ezequias. Por outro lado, o próprio rei Ezequias
era filho do ímpio rei Acaz e o rei Manassés teve
como filho o piedoso rei Josias. Isso nos mostra a
importância de estarmos atentos em relação a es-
piritualidade e ao amor ao Senhor das nossas gera-
ções futuras. Em linhas gerais, todos esses reina-
dos mostram os altos e baixos que caracterizaram a
adoração em Judá geração após geração. Portanto,
o fato de o povo seguir a casa de Davi não eviden-
ciava que o coração adorava sinceramente o Deus
do rei Davi.

77
2. Na angústia, a conversão ao
Senhor
As narrativas dos reis piedosos de Judá são ex-
traordinárias. A confiança depositada em Deus nos
tempos de angústia e os livramentos do Senhor em
situações dramáticas são uma grande inspiração
para nós, hoje. Como não se impressionar com o
maravilhoso livramento de Deus ao rei Josafá e a
todo o seu povo quando um grande exército dos
moabitas, dos amonitas e dos meunitas, vindos do
país de Edom para atacá-los (II Cr 20:1-2). O texto
bíblico mostra que “Então Josafá temeu, e pôs-se a
buscar o Senhor, e apregoou jejum em todo o Judá.
E Judá se ajuntou, para pedir socorro ao Senhor;
também de todas as cidades de Judá vieram para
buscar ao Senhor.” (II Cr 3-4). Mais adiante, no ver-
so 22 desta passagem, expressa que: “quando co-
meçaram a cantar e a dar louvores, o Senhor pôs
emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e
os das montanhas de Seir, que vieram contra Judá,
e foram desbaratados.”

Da mesma forma, como também não se maravi-


lhar com o grande livramento que o Senhor conce-
deu ao rei Ezequias diante do poderoso exército de
78
Senaqueribe, rei da Assíria. A angústia do rei de Judá
pode ser sentida em sua oração: “Inclina, Senhor,
o teu ouvido, e ouve; abre, Senhor, os teus olhos, e
olha; e ouve as palavras de Senaqueribe, que en-
viou a este, para afrontar o Deus vivo.[...] ó Senhor
nosso Deus, te suplico, livra-nos da sua mão; e as-
sim saberão todos os reinos da terra que só tu és o
Senhor Deus.” (II Rs 19:16,19). E o Senhor ouviu a
oração do rei e “sucedeu, pois, que naquela mes-
ma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial
dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles;
e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos
eram cadáveres” (II Rs 19:35).

Ora, estes dois exemplos de livramentos extraor-


dinários revelam o profundo amor do Senhor pelo
seu povo. As palavras dos profetas que ministra-
vam neste tempo mostravam o quanto os pecados
do povo entristeciam a Deus. O comovente apelo do
Senhor expresso pelo profeta Isaías: “Vinde, pois,
e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos
pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão
brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos
como o carmesim, se tornarão como a lã. Se qui-
serdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta ter-
ra.” (Is 1:18-19) expressam o desejo do Senhor em
79
abençoar o seu povo.

Por outro lado, os tempos de angústia e sofrimen-


tos foram a antessala dos avivamentos espirituais.
Por analogia, muitas vezes em nossa vida, precisa-
mos passar pela “bênção dos apertos”, pois nos
conduz a uma aproximação genuína com Deus. A
escola das provações sempre forma pessoas pie-
dosas. Assim, não perca as oportunidades de cres-
cer e vencer por meio das provações.

3. No arrependimento genuíno, o
livramento de Deus
A história do povo de Deus é marcada pelo ciclo
que compreende o sofrimento, o avivamento, o li-
vramento e a volta ao pecado levando o povo mais
uma vez ao sofrimento e assim por diante. Desse
modo, o arrependimento e a confissão sincera são
uma necessidade constante para que o povo não
perdesse o vínculo do relacionamento com Deus.
Mais do que a necessidade das bênçãos do Senhor,
o vínculo do povo de Judá para com o Deus de Jacó
significava a razão de existir como um povo. O livra-
mento, portanto, era apenas um sinal desse signi-
ficado; de que o povo era chamado pelo nome do
80
Senhor, o Deus de Israel.

Em conformidade com isso, a história do rei


Manassés (II Cr 33) ilustra bem o que refletimos
acima. Filho do piedoso rei Ezequias, era um rei ex-
tremamente mau e perverso. Praticou a feitiçaria,
matou seus próprios filhos em sacrifício aos seus
deuses, reconstruiu os altares pagãos que seu pai
havia destruído, isso sem mencionar outros atos
abjetos cometidos por um período de aproximada-
mente cinquenta e cinco anos, mesmo o Senhor
tendo enviado os seus mensageiros a Manassés
exortando-o ao arrependimento.

Por conseguinte, os comandantes dos exércitos


da Assíria o prenderam e o levaram para a Babilônia
amarrado por correntes. Lá, o rei Manassés muito
se arrependeu e orou ao Senhor, “Deus de seus
pais”, que ouviu a sua oração e o fez retornar no-
vamente para Jerusalém, onde, enfim, Manassés
declarou que “o Senhor é Deus!”. Que bela história
de arrependimento, de confissão, de perdão e de
livramento!

Da mesma forma, nós, o povo de Deus, devemos


examinar sempre a nossa consciência e não termos
qualquer reserva em nos arrepender e confessar ao
81
Senhor os nossos erros e pecados. Grandes aviva-
mentos espirituais acontecem quando há arrepen-
dimento e confissão sinceras. Portanto, se deseja-
mos ser pessoas cheias do Espírito Santo, devemos
trilhar sem reservas o caminho do arrependimento
e da confissão de nossas falhas e pecados.

Conclusão
Hoje refletimos sobre a história dos reis de Judá.
Aprendemos que a adoração e o relacionamento
com Deus devem ser com total inteireza de cora-
ção, também aprendemos sobre como a fé é fun-
damental para os momentos de angústia e sobre
como o arrependimento sincero traz vitórias.

Para pensar e agir


1. Você já enfrentou situações difíceis que lhe fi-
zeram aproximar-se de Deus?

2. Qual o lugar da confissão de pecados ao Senhor


em sua vida?

3. Como temos expressado da bondade de Deus


para as pessoas ao nosso redor?
82
Lição 8
Texto Base: 1 Reis 1:17

Assim Diz
o Senhor!

Leitura Diária
SEG 1 Reis 12:21-24

TER 1 Reis 13:11-21

QUA 1 Reis 20:35-43

QUI 1 Reis 22:1-28

SEX 2 Reis 19:20-37

SÁB 2 Crônicas 16:1-10

DOM 2 Crônicas 24:17-27

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Paralelamente à história dos reis de Israel e de
Judá, com suas extraordinárias experiências de
fé, de coragem, mas também de desobediência e
derrotas, um outro ministério se destaca de forma
profunda: o ministério dos profetas. No antigo tes-
tamento, o ministério profético surgiu a partir de
Moisés que falava da parte do Senhor (Nm 11:25).
Esse ministério também teve um grande destaque
no tempo de Samuel (I Sm 3:20), mas foi no perío-
do da monarquia em Israel que o ministério proféti-
co se desenvolveu com grande intensidade.
O significado mais comum para designar a pes-
soa e o ofício do profeta seria aquele que fala em
nome de Deus e que interpreta de forma inequí-
voca a sua vontade para o ser humano. Podemos
ver isso de forma clara nos escritos profetas como
Isaías e Jeremias, contemporâneos da monarquia
em Israel. Assim, o profeta é tanto aquele que pro-
clama a mensagem da parte de Deus quanto aque-
le que prediz os acontecimentos decorrentes da de-
sobediência em relação à essa mensagem.
Desse modo, nesta lição refletiremos sobre este
ministério imprescindível nos tempos sombrios do
reino dividido, o teor da sua mensagem e as rela-
ções dos profetas com os reis de Israel e Judá.
84
1. Assim diz o Senhor!
Grande parte dos profetas escritores do Antigo
Testamento foram contemporâneos do período da
monarquia em Israel. Não obstante, iremos aqui
mencionar alguns profetas que são mencionados
nos livros dos Reis e das Crônicas como, por exem-
plo, Aías (I Rs 11:29), Semaías (I Rs 12:22), O pro-
feta anônimo de Judá (I Rs 13:1-2), um velho pro-
feta (I Rs 13:11) Azarias (II Cr 15:1), Hanani (II Cr
16:7), Jeú (I Rs 16:1), Jaaziel (II Cr 20.14), Eliézer
(II Cr 20:37), Zacarias (II Cr 24:20-22), um certo
homem de Deus (II Cr 25:7) um profeta (II Cr 25:15)
além, é claro, o profeta Elias (I Rs 17:1) e o profeta
Elizeu (II Rs 9:1).
Ora, essa longa lista de profetas que viveram e
profetizaram nesse período mostra que o povo de
Deus não ficou sem os mensageiros que falaram
da parte do Senhor. Alguns desses profetas foram
mencionados pelos autores bíblicos de forma muito
breve e pontual e evidenciava a prontidão dos ser-
vos de Deus em trazer uma mensagem de exorta-
ção, advertência, juízo e esperança para um povo,
por vezes mergulhado na escravidão da idolatria
e da desobediência a Deus. Assim, a prontidão, a
85
vigilância e a fidelidade ao Senhor atestaram que
aqueles homens eram diferentes dos demais. Eles
foram reconhecidos como pessoas as quais se po-
dia confiar como alguém que falava em nome do
Senhor.
Por conseguinte, outra observação aqui diz res-
peito ao fato de que algumas dessas menções
aconteceram a partir de situações inesperadas.
Analogamente, muitas vezes coisas semelhantes
acontecem conosco. Somos instigados a falar so-
bre e em nome do Senhor em lugares inesperados
como, por exemplo, o nosso local de trabalho, nos-
sa classe na escola, no ponto de ônibus, com um
amigo. Mas a prontidão, a vigilância e a fidelidade
ao Senhor devem sempre estar presentes em nos-
sa vida para sermos usados por Ele.

2. A mensagem dos profetas


Uma das características mais marcantes no mi-
nistério dos profetas expresso nos livros dos Reis e
das Crônicas era o compromisso com a verdade e
com a fidelidade no teor da mensagem. Enquanto o
que caracterizava a mensagem dos falsos profetas
daquele tempo era o triunfalismo e a sensação de
86
que nada de ruim iria acontecer ao povo, a despeito
da sua obstinação e desobediência ao Senhor, os
verdadeiros profetas de Deus expressavam a dura
verdade a um povo impenitente.
Com efeito, os profetas sempre estavam à mar-
gem das honras e privilégios do poder. O profeta
Hanani, por exemplo, foi lançado no cárcere com
correntes a mando do mesmo piedoso rei Asa (II
Cr 16:10) por denunciar que este confiara no rei
da Síria e não no Senhor. Outro profeta, Micaías,
(II Cr 18) se posicionou fortemente contra os qua-
trocentos profetas que estavam a serviço do ímpio
rei Acabe. Micaías afirmou que viu o povo de Israel
como ovelhas que não tinham pastor e foi posto na
prisão. Mais tarde, o rei Acabe foi morto em bata-
lha e Micaías reconhecido como profeta de Deus.
Podemos ainda mencionar Zacarias, filho de Joiada,
(II Cr 24.20-22) que profetizou contra o rei Joás e
seu povo que desprezou o Senhor para adorar os
baalins. O profeta foi apedrejado, a mando do rei,
na Casa do Senhor.
Assim, os profetas, pessoas como nós, experi-
mentaram o sofrimento em nome da verdade. O que
podemos extrair dessas lições é que expressar a
verdade do Senhor não é agradável aos ouvidos
87
daqueles que insistem em viver em seus próprios
erros e pecados. Nisto consiste uma diferença fun-
damental entre os profetas de Deus e os falsos pro-
fetas. O profeta de Deus fala a verdade de Deus e
aqueles que amam essa verdade amam também
a mensagem e o mensageiro. O falso profeta tem
o compromisso de agradar as pessoas que não
amam a verdade. Ele expressa mentiras mascara-
das por um fino verniz de verdade. Desse modo, o
falso profeta traz uma esperança falsa enquanto o
verdadeiro profeta traz a mensagem de esperança
por meio do arrependimento e da fé.
Isso posto, devemos ser fiéis à mensagem que
Deus expressa em sua palavra a um mundo per-
dido. O mundo impenitente não ama a Palavra do
Senhor porque ela o confronta. Os ímpios preferem
ouvir pessoas que flexibilizam a paz com Deus e
suas vidas pecaminosas, mas isso é impossível!
Somente com arrependimento sincero e fé é possí-
vel ter esperança e paz com Deus. Esse era o teor
da mensagem dos profetas.

3. Poder e Autoridade
Em conformidade com isso, há algo interessante
88
que podemos perceber no ministério dos profetas
e no relacionamento destes com os reis. Muitas ve-
zes, os reis possuíam o poder, mas a autoridade
estava com os profetas. Alguns episódios atestam
isso. Por exemplo: O profeta Semaías orientou, da
parte do Senhor, ao rei Roboão que não lutassem
contra Israel e ele obedeceu (II Cr 11:1-4). O rei
Josafá ouviu as orientações do Senhor por intermé-
dio de Jaaziel e venceu os Edonitas (II Cr 20). Os co-
mandantes de Israel obedeceram às orientações do
profeta Obede (II Cr 28:9-15). O rei Ezequias tinha
um profundo respeito e deveras seguiu as orienta-
ções do profeta Isaías (II Rs 19 e 20).
Assim, mesmo que os reis de Israel e Judá fos-
sem o poder máximo existente, a autoridade espi-
ritual dos profetas os fazia sobressair em dignida-
de e respeito por parte do povo e do próprio rei. As
narrativas bíblicas sobre os ministérios de Elias e
Eliseu, os quais refletiremos nas próximas lições,
mostram o quanto a autoridade espiritual dos pro-
fetas do Senhor era respeitada por todos. Por mais
que os reis tivessem arroubos de autoritarismo em
muitos casos, a Palavra do Senhor, proferida pelos
seus instrumentos, os profetas, tinham um efeito e
um poder muito maior sobre o povo.
89
Podemos extrair algumas lições importantes
aqui. Primeiramente, a autoridade espiritual vem
de Deus para um coração aberto em obedecer. Se
por um lado, o Senhor enviava e comissionava o
profeta, este, por sua vez, era obediente em ouvir a
voz do Senhor e se comprometia com a mensagem.
O episódio do “velho profeta” em I Reis 13:11 nos
ensina que o fato de ter o privilégio de ser porta-
dor dos oráculos de Deus nem sempre quer dizer
que um profeta é obediente a orientação de Deus.
Portanto, como portador da mensagem de Deus,
temos o compromisso em obedecê-la, custe o que
custar.
Em segundo lugar, por mais que vivamos em um
mundo hostil à mensagem do evangelho, o verda-
deiro servo comprometido com a palavra do Senhor
é respeitado onde estiver. Por exemplo, podemos
atestar isso quando um colega de trabalho está vi-
vendo momentos de aflição e pede a um servo de
Deus para interceder por aquela situação. Quantos
exemplos nós podemos mencionar sobre pesso-
as que convivem em ambientes indiferentes e até
mesmo hostis ao evangelho, mas que, na hora do
aperto, logo recorre ao servo de Deus. Assim, pre-
cisamos estar preparados para sermos autoridade
90
de Deus onde estivermos.

Conclusão
Refletimos hoje sobre o ministério dos profetas e
o quanto estes iluminaram os tempos sombrios do
reino dividido. Aprendemos também sobre o teor
da mensagem profética nos livros dos Reis e das
Crônicas e sobre a diferença entre o poder dos reis
e a autoridade dos profetas. Nas duas próximas li-
ções, continuaremos refletindo sobre o ministério
profético naquele tempo, mais especificamente so-
bre dois profetas que marcaram profundamente a
história de Israel: o profeta Elias e o profeta Elizeu.

Para pensar e agir


1. Como cristãos, como tem sido o nosso teste-
munho de fé para as pessoas?

2. Você já foi tentado a flexibilizar a mensagem


da Palavra de Deus para agradar a alguém?

3. Você tem sido uma autoridade espiritual em


seus relacionamentos?
91
Lição 9
Texto Base: 1 Reis 18:36-39

Só o Senhor
é Deus

Leitura Diária
SEG 1 Reis 17

TER 1 Reis 18:1-40

QUA 1 Reis 18:41-46

QUI 1 Reis 19

SEX 1 Reis 21

SÁB 2 Reis 1

DOM 2 Reis 2:1-18

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Como refletimos na semana anterior, os autores
dos livros dos Reis e das Crônicas conferem uma
enorme importância ao ministério profético no tem-
po da monarquia em Israel. A autoridade espiritual
dos profetas era reconhecida não somente pelo povo
em geral, mas também pelos próprios reis de Israel
e de Judá.
Muitas histórias dos profetas se destacaram nes-
te tempo. Mas o ministério de dois profetas, em es-
pecial, exerce um certo fascínio em nossas mentes
e corações até hoje: o profeta Elias e o seu discípulo
e sucessor, o profeta Eliseu. Através deles, o Senhor
não somente manifestou a sua Palavra para o povo,
como também realizou milagres extraordinários.
Hoje iremos refletir sobre a vida de um deles: o
profeta Elias. Sem dúvida, um dos personagens mais
interessantes e enigmáticos do Antigo Testamento. A
sua coragem em denunciar a corrupção e o pecado,
suas experiências extraordinárias com Deus, e sua
fidelidade ao propósito ao qual fora chamado nos
inspira e nos fornece lições preciosas para a nossa
vida.

1. Um homem sem medo


Em I Rs 17:1 vemos a origem do Profeta Elias.
93
Segundo o texto, “um profeta chamado Elias, de
Tisbé, na região de Gileade...”. Há poucas informa-
ções precisas sobre a cidade em que Elias viveu.
Provavelmente era um lugar pequeno e sem relevân-
cia, pois, somente é mencionada por ser a região do
profeta Elias. Assim, o nome do lugar se tornou uma
espécie de sobrenome do profeta: Elias, o tesbita.
A primeira aparição do Profeta Elias no cenário bí-
blico demonstra a sua coragem. Em uma audiência
com o ímpio rei Acabe, o profeta o informa da parte
de Deus que não iria cair a chuva e nem o orvalho
nos anos vindouros até que o Senhor ordenasse que
os ciclos das águas voltassem novamente (I Rs 17).
Ora, o significado dessa mensagem era claro para
o ímpio rei e para o seu povo impenitente. Baal, o
deus pagão adorado pelo rei e pelo povo, era consi-
derado como o deus da vida e da fertilidade. Assim,
o decreto de Deus mostrava que aquele falso deus
não conseguiria sustentar ao povo por muito tem-
po, o que levaria a Israel concluir que só o Senhor é
Deus e que Elias, e não os profetas de Baal, era o
seu mensageiro. O episódio em que o profeta Elias
provê a farinha e o azeite da viúva de Sarepta (I Rs
17:8-24) mostra que mesmo diante da enorme seca
e carestia daquele momento, o Senhor tinha o con-
94
trole de todas as coisas e seria o único capaz de pro-
ver a prosperidade e a vida. Um fato curioso sobre
esta passagem diz respeito à cidade de Sarepta que
estava situada na terra dos Sidônios, lugar original
do culto a baal. Portanto, o episódio mostrava que
o falso deus baal não seria capaz de prover a vida
e a fertilidade nem mesmo em sua própria terra de
origem e que o Deus de Israel era o Senhor de todo
o mundo.
Podemos aprender que Deus usa pessoas simples
e disponíveis para o louvor da Sua glória. O profeta
Elias, de origem simples e de uma cidade de pouco
destaque, foi tremendamente usado por Deus para
causar um avivamento em um país dominado pela
idolatria. Sua coragem em denunciar os pecados do
rei e do povo mostram que, ao lado do Senhor, nós
podemos enfrentar todas as situações espirituais
adversas.

2. O grande desafio
Um dos episódios mais emblemáticos do Antigo
Testamento aconteceu no Monte Carmelo. O enfren-
tamento entre o profeta Elias e os profetas de baal
foi uma batalha decisiva para mostrar que o Senhor,
o Deus de Israel, era o verdadeiro Deus e que Elias
95
era o seu mensageiro. Antes, porém, o profeta Elias
recebe a ordem de Deus para avisar ao rei Acabe
que a chuva voltaria a regar a terra e a trazer fartu-
ra novamente. Um servo chamado Obadias, fiel ao
Senhor, contou ao rei Acabe sobre a presença do
profeta Elias. O rei, ao encontrar o profeta Elias, acu-
sou-o de ser o perturbador de Israel. Por sua vez, o
profeta respondeu que o rei e o seu pai eram os cria-
dores de todos os males que estavam acontecendo
em Israel, pois deixaram o Senhor e adoravam ao
falso deus baal. Assim, o profeta Elias desafiou a
todo o povo, bem como todos os profetas de baal e
também os profetas de aserá (que na divindade si-
dônia seria a esposa de baal), para mostrar quem
verdadeiramente seria Deus.
O desafio consistia em trazer dois touros. Os pro-
fetas de baal matariam um deles, o cortariam em
pedaços e o colocariam em cima da lenha. Por sua
vez, o profeta Elias iria fazer a mesma coisa com o
outro touro. Cada qual iria orar ao seu deus e aquele
que enviasse fogo do céu e consumisse o altar seria
o verdadeiro Deus.
Os profetas de baal começaram as suas invoca-
ções que consistiam em danças, invocações, muti-
lações, rogando que baal respondesse com fogo ao
96
que gerou o sarcasmo do profeta Elias expressando
que baal poderia estar em viajem ou meditando, pois
não estava ouvindo os altos gritos dos seus profe-
tas.
Quando chegou a vez do profeta Elias, ele orou com
uma simplicidade comovente. Sua oração foi curta,
direta e sem manifestações excêntricas: “responde-
-me, Senhor, responde-me, para que este povo saiba
que tú, Senhor, és Deus e que fizeste o coração des-
te povo voltar para ti” (I Rs 18:37). Notemos aqui que
diante de todo esse acontecimento extraordinário, o
profeta Elias não buscou a glória para si. Sua oração
também tem um caráter intercessor. Ele ansiava que
aquele grande milagre causasse um avivamento es-
piritual no coração do povo. O resultado da oração,
expresso em I Rs 18:38, mostra que o Senhor en-
viou fogo do céu e consumiu o altar. Em resposta,
o povo bradou: O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!
Mais adiante na narrativa bíblica, o profeta Elias ain-
da sentenciaria da parte de Deus ao rei Acabe por
este usurpar a vinha de Nabote (I Rs 21).
Em conformidade com isso, podemos aprender que
a despeito do enorme privilégio que temos de servir
ao Senhor, devemos entender que somos apenas
instrumentos para o louvor da glória dEle. O profeta
97
Elias tinha consciência de que aquele extraordinário
feito tinha como único objetivo mostrar ao povo que
o único Senhor era o Deus de Israel. Com efeito, não
precisamos estar em busca de glória própria, pois,
quando estamos ao lado do Senhor com sincerida-
de, Ele nos honra fazendo-nos participantes da Sua
glória.

3. Preparando um sucessor
Os fatos que se seguiram ao grande desafio no
Monte Carmelo mostram um profeta Elias cansado,
tanto fisicamente como emocionalmente. A reação da
perversa rainha Jezabel sobre o massacre aos pro-
fetas de baal (I Rs 19:1-2), evidenciou o lado humano
do grande profeta: ele temeu por sua vida (I Rs:19.
3). Refugiando-se para o deserto, ele demonstra seu
cansaço de viver (I Rs 19:4). Milagrosamente, ele é
cuidado por um anjo e recobra as suas forças para
caminhar novamente até o Monte Horebe (Sinai) para
conversar com o Senhor. À semelhança de Moisés,
novamente estava outro servo do Senhor naquele
lugar para receber instruções. Após ventos tempes-
tuosos e a exposição, por parte do profeta, de toda
a sua dor e angústia, em uma brisa suave o Senhor
lhe dá ordens para ungir a dois reis e um profeta que
ficaria em seu lugar (I Rs:19. 15-17).
98
Por conseguinte, o profeta Elias se encontra com
o jovem Elizeu e o unge para o ofício profético lan-
çando a sua capa sobre ele. A partir disso, o profe-
ta Elias foi seguido por Elizeu. (I Rs 19:19-21). Mais
adiante, o profeta Elias repreende o rei Acazias por
este consultar o deus pagão dos filisteus e não ao
Senhor. Mais uma vez, o profeta deu provas de ser o
homem de Deus que trazia a verdadeira mensagem
do Senhor (I Rs 1).
Por fim, o profeta Elias é levado para o céu por
uma carruagem de fogo como expresso em II Reis 2.
Aquele cuja vida fora marcada por experiências ex-
traordinárias de fé, obediência e fidelidade a Deus,
terminou a sua missão neste mundo de igual modo
extraordinário. As palavras assustadas e comoventes
do seu sucessor, o profeta Eliseu, diante da subida
do profeta Elias em uma carruagem de fogo para o
céu: “Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus ca-
valeiros” (II Rs 2:12), revelam como aquele simples
homem de Tisbé era na verdade a força espiritual
de todos os exércitos de Israel.
Séculos mais tarde, o profeta Elias volta à narrativa
bíblica no episódio da transfiguração (Mt. 17:1-9), ao
lado de Moisés e conversando com Jesus. Ali esta-
vam representados a lei e os profetas conversando
99
com aquele a quem tudo convergia: o Senhor Jesus
Cristo. O profeta Elias foi um servo de grande valor.

Conclusão
Refletimos hoje sobre a vida do profeta Elias. Sem
dúvida, um dos personagens mais interessantes e
enigmáticos do Antigo Testamento. A sua coragem em
meio a tantos desafios, sua ousadia em denunciar a
corrupção e o pecado, tanto do rei quanto do povo,
e suas experiências extraordinárias, certamente nos
inspiram a obedecer e a servir ao nosso Deus.

Para pensar e agir


1. Você já se sentiu incapaz na obra de Deus e o
Senhor te abençoou grandemente?

2. Você teria a ousadia do profeta Elias para de-


nunciar o pecado das autoridades sem medo da re-
pressão?

3. Alguma vez você viveu uma experiência extraor-


dinária com o Senhor?
100
Lição 10
Texto Base: 2 Reis 2:9

A Porção
Dobrada

Leitura Diária
SEG 2 Reis 2:19-25

TER 2 Reis 3

QUA 2 Reis 4

QUI 2 Reis 5

SEX 2 Reis 6

SÁB 2 Reis 7

DOM 2 Reis 13:14-21

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Assim como a história do profeta Elias, que refleti-
mos na semana anterior, a história do profeta Eliseu
também é marcada por grandes experiências com o
Senhor. Como sucessor do profeta Elias, ele herdou
a autoridade espiritual do seu mestre e foi uma lâm-
pada que iluminava a luz do Senhor em um tempo
de profundo obscurantismo pagão em Israel e Judá.

O episódio do seu chamamento, sua confirmação


como profeta, os milagres que o Senhor realizou por
meio dele e sua coragem para enfrentar reis e auto-
ridades ímpias tornam peculiar a sua biografia.

Outro fato marcante no ministério do profeta Eliseu


é o surgimento da escola dos profetas. Seu ministério
também é marcado pelas grandes transformações
nos reinos do norte e do sul e sua fidelidade a Deus
em meio a esse caos social é marcante. Assim, nes-
ta lição iremos refletir sobre o ministério deste outro
grande profeta do Antigo Testamento e, a partir dis-
so, extrair lições para as nossas vidas.

1. O chamamento do profeta
O episódio do chamamento do profeta é registra-
do em I Rs 19:19-21. O profeta Elias o convoca para
a missão profética enquanto Eliseu estava arando a
102
terra. O jovem Eliseu deixou o arado, despediu-se de
seus pais e passou a trabalhar em uma nova “seara”
para sempre. O texto nos informa que Eliseu passou
a ser o ajudante do profeta Elias a partir de então (v.
21).

Mais tarde, antes do profeta Elias ser levado para


o céu (II Rs 2), este se dirige ao jovem ajudante e diz:
“pede-me o que queres que eu te faça, antes que
eu seja tomado de ti”, ao que imediatamente o jo-
vem respondeu: “Peço-te que haja porção dobrada
de teu espírito sobre mim.” (v.9). Assim, Eliseu esta-
va pedindo a herança espiritual do profeta Elias. O
velho profeta sabia que apesar do enorme privilégio
de ser profeta do Senhor, seu ministério também ha-
via sido acompanhado de lutas e aflições. Assim, ele
diz ao jovem que havia pedido algo muito difícil, pois
nem sempre o ministério seria agradável a despeito
de toda autoridade que estaria sobre Eliseu.

Por conseguinte, quando o profeta Elias vai para


o céu, o agora profeta Eliseu quer ter a certeza de
que o poder de Elias estava sobre ele e, com a capa
do seu antigo mestre fere as águas do rio Jordão e
exclama: “Onde está o Senhor, o Deus de Elias?”
(v.13). Assim, as águas do Jordão são repartidas ao
103
meio, assim como fora com Josué (Js.3) e com o pró-
prio Elias. O profeta Eliseu, portanto, não tinha mais
dúvidas sobre o seu chamado.

O que se segue é a confirmação do profeta Eliseu


como profeta do Senhor. Ao informar aos discípulos
dos profetas que o profeta Elias havia ascendido aos
céus, os discípulos dos profetas quiseram ainda pro-
curar pelo antigo mestre. Parece-nos que o profe-
ta Elizeu ainda não havia sido reconhecido como o
sucessor do profeta Elias pelas pessoas próximas.
Porém, após os episódios em que o profeta Eliseu,
pelas mãos do Senhor, purifica as águas de Jericó (II
Rs 2:19-22), repreende aqueles que zombavam dele
(II Rs 2:23-25) e sua orientação na guerra contra os
moabitas (II Rs 3), não restaram mais dúvidas sobre
o fato de que o poder de Deus estava sobre o pro-
feta Eliseu. As palavras do rei Josafá resumem isso:
“Está com ele a palavra do Senhor.” (II Rs 3:12).

Analogamente, muitas vezes podemos sentir-nos


pequenos diante da missão que Deus nos confere.
Mas, o Senhor nos capacita para cumprir a sua obra.
O profeta Eliseu se deixou ser usado por Deus e o
Senhor moldou a sua vida e o preparou para a gran-
de obra que lhe estava proposta.
104
2. Milagres e autoridade
Os episódios seguintes da história do profeta Eliseu
mostram que Deus o usava poderosamente. Suas
experiências de ações miraculosas quase que são
idênticas ao ministério do seu antecessor. O profe-
ta Eliseu ajuda uma pobre viúva (II Rs 4:1-7), pelas
mãos do Senhor, ressuscita uma criança (II Rs 4:8-
37), torna inofensivo o veneno que havia na refeição
dos discípulos dos profetas (II Rs 4:38-47) e multi-
plica o alimento para cem homens (II Rs 4:42-44).
Esses milagres mostram o quanto o Senhor era com
ele.

Porém, um dos milagres que mais se destaca no


ministério do profeta Eliseu é a cura do general do
exército sírio, Naamã. Este era um homem respeita-
do e honrado pelo seu povo, a despeito de ser lepro-
so. Por meio do testemunho de uma jovem israelita,
o general procurou o profeta Eliseu para ser curado,
levando muitos presentes. Por sua vez, o profeta nem
mesmo o recebeu, rejeitou os presentes, e enviou um
dos empregados a dizer-lhe que mergulhasse no rio
Jordão por sete vezes. O general, visivelmente con-
trariado, pensa em desistir, mas após o conselho de
um dos seus servos, vai até o rio Jordão e, obede-
105
cendo as orientações do profeta, sai inteiramente
curado (II Rs 5:1-19). Porém, o servo de Eliseu, ambi-
cioso pelos presentes, enganou a todos e os recebe
das mãos de Naamã. O resultado foi que a lepra de
Naamã é transferida ao servo do profeta Eliseu.

Os episódios seguintes, em que o profeta Eliseu


faz um machado boiar (II Rs 6:1-7), a derrota o exér-
cito sírio (II Rs 6:8-23), e a predição da abundância
de víveres em Samaria (II Rs 6:24-33; 7:1-20), mos-
tram a extraordinária autoridade vinda do Senhor ao
profeta Eliseu. Os poderes deste mundo se curva-
ram ao profeta que falava em nome do Senhor.

Em conformidade com isto, podemos aprender que


quando um servo de Deus é cheio do Espírito Santo,
ele tem poder sobre as forças deste mundo. Sua
oração é respeitada pelos líderes, seu testemunho
é reverenciado como o de alguém que é próximo de
Deus. Não obstante, muitos querem ter a autorida-
de do profeta Elizeu, mas são poucos aqueles que
desejam pagar o preço de ter a “porção dobrada”,
isto é, herdar o preço de ter uma vida incondicional-
mente consagrada ao Senhor.

106
3. Um legado especial
Por fim, o ministério do profeta Eliseu, assim como
foi em toda a sua vida, é marcado por episódios mui-
to marcantes. O testemunho de Geazi perante o rei
sobre os feitos do profeta (II Rs 8:1-6), sua visita a
Damasco onde encontrou com Hazael e, de forma
comovente, começou a chorar diante dele porque sa-
bia as coisas terríveis que este iria fazer com o seu
povo de Israel (II Rs 8:7-15) e, especialmente, o seu
encontro com o rei Joás, (II Rs 13:14-19) mostram
o quanto aquele, agora velho, profeta amava o seu
povo e havia sido uma lâmpada que iluminava a luz
de Deus para um povo obstinado e mau.

Ora, isso fica evidente no tom triste e confessional


das palavras do rei Joás ao ver o profeta doente e
perto de sua morte: “Meu pai, meu pai, o carro de
Israel, e seus cavaleiros!” (II Rs 13:14) As mesmas pa-
lavras que foram ditas pelo próprio profeta Eliseu na
partida do seu antecessor são ditas pelo rei a ele. O
rei reconhecia ali que o profeta Eliseu era muito mais
do que um simples homem sujeito às contingências
das doenças e do tempo. Através do profeta Eliseu,
Israel e Judá tiveram a força de Deus para vencer as
batalhas e sujeitar os inimigos. Desse modo, aquele
107
que começou seu ministério com as dúvidas naturais
de todo iniciante (II Rs 12:14), no fim era a autoridade
maior do seu povo. Ele orienta ao rei Joás disparar
flexas para o lado da Síria para determinar o núme-
ro de vezes que este iria vencer os sírios. De fato, o
homem de Deus tem mais autoridade que todo um
exército. A vida e o ministério do jovem lavrador que
atendeu ao chamado de Deus são inspiradores.

O texto de II Rs 13:20 nos informa que o profeta


Eliseu morreu e foi sepultado. Contudo, houve ain-
da outro episódio marcante na história do profeta.
A narrativa prossegue até o verso vinte quando em
um sepultamento, acontece um assalto de um grupo
de moabitas. Assustados, os participantes do fune-
ral lançaram o morto na sepultura do profeta Eliseu.
Quando o corpo do morto tocou nos ossos do profe-
ta, o morto reviveu e se levantou. Assim, mesmo de-
pois de morto, o profeta ainda prevalecia como um
extraordinário instrumento de Deus para trazer vida.

Diante do tamanho legado do grande profeta


Eliseu, nós devemos nos perguntar: Como deseja-
mos ser lembrados por aqueles que passam pela
nossa vida? Também podemos nos perguntar sobre
qual lembrança ficará mais marcante sobre nós para
108
as próximas gerações.

Conclusão
Aprendemos hoje sobre a vida e a obra de um im-
portante servo do Senhor: o profeta Eliseu. Sua dis-
posição em ouvir a voz do Senhor, o reconhecimento
de todo o povo de que Deus o havia designado como
profeta, os feitos extraordinários que o Senhor reali-
zou por meio dele e sua ousadia santa para enfren-
tar reis e autoridades ímpias tornam a sua biografia
inspiradora.

Para pensar e agir


1. Você sente o chamado do Senhor para uma
obra específica? O que falta para atender ao chama-
do?

2. Você sente que Deus tem confirmado o seu tra-


balho em Sua obra?

3. Como você deseja ser lembrado pelas próximas


gerações?
109
Lição 11
Texto Base: 2 Cr 36:12-14 e 2 Rs 17:6-12

Segundo as
Abominações
dos Gentios

Leitura Diária
SEG Isaías 5

TER Sofonias 3

QUA Miquéias 6

QUI Amós 6

SEX Jeremias 2

SÁB Isaías 1

DOM 2 Cr 36:12-14; 2 Rs 17:6-12

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Quando refletimos na Palavra do Senhor, espe-
cialmente nos livros proféticos, nós podemos cons-
tatar o quanto a nação de Israel fora rebelde e obs-
tinada em relação aos mandamentos e orientações
do Senhor. Antes, desde a saída do Egito, a deso-
bediência a Deus sempre foi recorrente, exceto no
reinado de Davi.

Assim, de todos os pecados cometidos pelo povo


de Israel, desde o tempo da conquista da Terra
Prometida até a destruição de Jerusalém, a idola-
tria sempre foi o pecado mais recorrente. Mas, po-
demos nos perguntar por que um povo que experi-
mentou tantos milagres e maravilhas, um povo que
tinha o modelo de religião mais sofisticado do seu
tempo, um povo que possuía um código de leis mo-
rais que melhoraram a humanidade para sempre,
preferiu imitar os povos conquistados em suas prá-
ticas abjetas de culto, como, por exemplo, a pros-
tituição em honra aos deuses pagãos, o sacrifício
de bebês em honra a falsos deuses, entre outras
práticas absurdas? Por que tanto fascínio pelo mau
e pela degradação moral?

Quais as lições que podemos extrair a partir des-


ta triste constatação? Nesta lição, refletiremos so-
111
bre os erros do povo de Deus no passado e apren-
deremos importantes lições para a nossa vida.

1. A apostasia da ética
A passagem em II Rs 17:8-9 nos traz uma evi-
dência importante para entendermos o porquê do
fascínio do povo pelo erro e pelo obscurantismo re-
ligioso. No verso oito, podemos observar que a na-
ção de Israel andou “nos estatutos das nações que
o Senhor lançara fora de diante dos filhos de Israel,
e nos dos reis de Israel, que eles fizeram.” O ver-
so nove acrescenta que “os filhos de Israel fizeram
secretamente coisas que não era retas, contra o
Senhor seu Deus.”

Em conformidade com isto, não é preciso ir mui-


to distante na leitura dos profetas que viveram na-
quele tempo para atestar que os valores morais do
povo de Israel foram pervertidos. Por exemplo, no
livro do profeta Isaías (5:20), o profeta indica a re-
provação do Senhor ao povo que perverteu o seu
caminho: “Ai daqueles que ao mal chamam bem, e
ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em
trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo
o que é doce!”. Da mesma forma, seu contempo-
112
râneo, o profeta Miquéias, nos mostra em seu livro
que o Senhor declarou ao “homem, o que é bom; e
que é o que o Senhor requer de ti, senão que pra-
tiques a justiça, e ames a benevolência, e andes
humildemente com o teu Deus?” (Mq 6.8).

Não é difícil atestar que um dos primeiros sinais


de decadência e de declínio de uma nação seja a
degradação moral da sociedade. Devemos ter mui-
to cuidado em não subjetivar valores espirituais e
morais universais da Palavra de Deus e abraçar va-
lores transitórios deste mundo de escuridão. Nos
dias atuais, vivemos um conflito constante de uma
sociedade secularizada. Agora, não são os deuses
das práticas primitivas que se constituem uma ten-
tação para o povo do Senhor, mas, sim, a assim
chamada contemporaneidade que luta contra os
valores da Palavra do Senhor, subvertendo valores
e desejando transformar o errado em certo.

2. A corrupção generalizada
Em decorrência da degradação espiritual da na-
ção de Israel, a corrupção se tornou generalizada,
e em todas as esferas da sociedade. Desde o rei,
passando pelos sacerdotes e, por fim do povo in-
113
teiro. Não se podia mais haver confiança na justi-
ça. Em II Cr 36:13 vemos que o último rei de Judá,
Zedequias, já servo do rei da Babilônia, rebelou-se
contra o rei Nabucodonozor a quem tinha firmado
por Deus que não se rebelaria.

Por sua vez, o texto nos mostra que “todos os che-


fes dos sacerdotes e o povo aumentavam de mais
em mais as transgressões, segundo todas as abo-
minações dos gentios; e contaminaram a casa do
Senhor, que ele tinha santificado em Jerusalém.”
(II Cr 36:14). Assim, aqueles que deveriam ser os
guardiões da justiça e da lei, aqueles que deve-
riam ser a voz profética e o exemplo para o povo,
estavam completamente corrompidos. O povo, por
fim, sem qualquer exemplo a partir dos seus líde-
res, também mergulhou na corrupção generalizada
acabando com qualquer possibilidade de justiça
naquela nação.

Em conformidade com isso, o texto de II Rs 17:17


nos mostra que “venderam-se para fazer o que era
mau aos olhos do Senhor, para o provocarem à ira.”
Isso nos mostra o quanto a corrupção entre os ho-
mens é um acinte a Deus. O Senhor odeia a cor-
rupção e não tem por inocente um governante e
114
um povo corrupto. Mais além, o profeta Sofonias
nos mostra que os falsos profetas do seu tempo
eram “levianos, homens pérfidos; os seus sacerdo-
tes profanam o santuário e violam a lei.” (Sf 3:4).
É triste quando as autoridades são corruptas, mas
quando a corrupção vem também de pessoas cuja
exigência espiritual é ainda maior certamente é uma
catástrofe.

Como servos do Senhor, devemos ser intransi-


gentes contra a mentira em nossa vida e em nos-
sos negócios. Quantas vezes a Palavra de Deus é
profanada entre os ímpios por conta do mau teste-
munho daqueles que deveriam ser a reserva moral
da sociedade. A autoridade espiritual de um servo
do Senhor sempre vem acompanhada de sua au-
toridade moral. Uma vez que a autoridade moral é
questionada, a autoridade espiritual entra em xe-
que. Portanto, o testemunho cristão é a pregação
da palavra de Deus em nossas atitudes. O inferno
estremece com o bom testemunho de um servo de
Deus.

3. A perda da relevância
Um último elemento que mostra a triste história
115
da decadência e queda dos reinos de Israel e Judá
que é decorrente dos primeiros elementos já men-
cionados é a perda da relevância. Em II Rs 17:15
vemos que o povo rejeitou os estatutos do Senhor
“e a sua aliança que fizera com seus pais, como
também as suas advertências, com que protesta-
ra contra eles; e seguiram a vaidade, e tornaram-
-se vãos; como também seguiram as nações, que
estavam ao redor deles, das quais o Senhor lhes
tinha ordenado que não as imitassem.” Assim, por
seguirem as suas próprias vaidades se tornaram
vãos ou irrelevantes.

Ademais, o texto em seguida nos mostra que


“Também fizeram passar pelo fogo a seus filhos e
suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em
agouros; e venderam-se para fazer o que era mau
aos olhos do Senhor, para o provocarem à ira.” (II Rs
17.17). Assim, o povo que havia prosperado de for-
ma inequívoca sob os reinados de Davi e Salomão
e que se posicionava tanto geograficamente quanto
politicamente entre as grandes nações do mundo
antigo, se perdeu em suas vaidades e obstinações
e, terminou como uma das pobres nações irrele-
vantes e dominadas por potências estrangeiras.
116
Podemos aprender aqui que o que torna o povo de
Deus relevante é a sua obediência ao Senhor. Não
são acordos políticos ou projetos de poder. Essa
receita desastrosa já foi feita pelo povo de Deus no
passado e, por isso, tornaram-se vãos. Enquanto o
povo do Senhor se mantiver firme nos propósitos do
Senhor, ele continuará relevante e respeitado, mes-
mo que sofra perseguições por causa da sua fide-
lidade. Ademais, há um aspecto de relevância nas
perseguições. Nações que perseguiram os cristãos
ao longo do tempo, só o fizeram porque a mensagem
e o testemunho cristão confrontavam suas práticas
erradas. Quando deixamos de ser perseguidos pe-
las forças contrárias, é porque já nos acostumamos
a elas.

Não podemos permitir que nossas famílias e igre-


jas se tornem irrelevantes no cenário atual. Mas a
relevância não se conquista em conformidade com
os poderes deste mundo, mas com a autoridade
do céu. Esta autoridade é que nos torna cristãos
relevantes em um mundo submerso pela vaidade e
completamente vão.

117
Conclusão
Hoje tivemos a oportunidade de aprender com
os erros cometidos pelo povo de Deus no passado.
Que o nosso Deus nos ajude a não abandonarmos
o que é correto, não pervertermos a justiça e a ja-
mais nos tornamos irrelevantes neste mundo. Que
possamos ser luz e sal, para iluminar e curar esse
mundo perdido com a palavra de salvação.

Para pensar e agir


1. Você consegue perceber o quanto a degrada-
ção moral pode levar uma pessoa a ruína?

2. Diante da sensação de injustiça pode alguém


se sentir motivado a cumprir ser honesto? O que
podemos fazer como cristãos?

3. Você consegue perceber como muitos cristãos


têm perdido a relevância por se associarem com as
práticas do mundo?

118
Lição 12
Texto Base: 2 Crônicas 36:15

O Senhor
Enviou Seus
Mensageiros

Leitura Diária
SEG Isaías 1

TER Jeremias 29

QUA Oseias 2

QUI Obadias 1

SEX Lamentações 3:1-23

SÁB Ezequiel 3

DOM Isaías 55

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Nossa penúltima lição do trimestre vai refletir
sobre o amor incondicional do Senhor ao povo de
Israel, mesmo diante da desobediência e obstina-
ção deste em relação aos mandamentos de Deus.
A ingratidão do povo de Israel para com Deus é
proverbial. Já no livro de Deuteronômio 29:25-27
mostrava-se o quadro que a desobediência e a obs-
tinação causariam, a desgraça que cairia sobre o
povo do Senhor por conta da sua idolatria e obsti-
nação.
Assim, no contexto geral dos livros dos Reis e das
Crônicas fica evidente que a fidelidade a Deus se-
ria o fator que geraria a prosperidade, enquanto a
infidelidade seria o fator que geraria a ruína. E o
Senhor, desde sempre, nunca deixou de avisar o
povo sobre estas coisas por meio dos seus profe-
tas. Deus sempre teve compaixão do seu povo.

1. Um Deus zeloso
A passagem em II Cr 36:15 nos diz que “O Senhor,
Deus de seus pais, começando de madrugada, fa-
lou-lhes por intermédio dos seus mensageiros, por-
que se compadecera do seu povo e da sua própria
morada.” Não havia dúvidas que a infidelidade do
120
povo causaria a ruína, não por ser a vontade do
Senhor, mas como o resultado das escolhas de um
povo mal e perverso. Os avisos sistemáticos no livro
de Deuteronômio, as mensagens dos profetas e os
inúmeros momentos de livramento nacional mos-
travam que a obediência ao Senhor deveria ser o
resultado da gratidão no coração do povo, mas, ao
contrário, a ingratidão era sempre presente no co-
ração fazendo-os pecar contra o Senhor.
Outra observação importante é que o Senhor nun-
ca teve prazer em ver a ruína do seu povo. A expres-
são “enviou os seus mensageiros desde a madru-
gada” revela que o desejo do Senhor sempre foi a
prosperidade do seu povo. Mas essa prosperidade
só seria possível por meio da santidade e da cons-
ciência por parte do povo que Deus exigia fosse di-
ferente das demais nações pagãs. Assim, a obedi-
ência aos mandamentos não era uma exigência de
um deus cheio de “caprichos” e “vaidades”, mas,
sim, o meio para o estabelecimento de uma nação
poderosa e próspera.
O que podemos aprender aqui? A verdade é mui-
tas vezes reagimos com a mesma obstinação do
povo de Deus no passado. Nos afastamos do Senhor
e dos seus mandamentos e seguimos as nossas
121
próprias escolhas que resultam em prejuízos para a
nossa vida. Então, nos desertos da vida, geralmen-
te reagimos da seguinte forma: ou bem culpamos a
Deus por nos levar para aquela dor ou sofrimento,
ou bem confessamos os nossos erros e confiamos
na graça de Deus para nos socorrer.
Ora, nos livros dos Reis e das Crônicas estão mui-
tas orações de confissão e quebrantamento, que
nos mostram a melhor reação ante ao zelo do Senhor
em manter a sua Palavra. Deus é fiel a sua Palavra
e não faz concessões para adequá-la as nossas
falsas escolhas e subjetividades pecaminosas.

2. A compaixão de Deus
Não obstante estar bem claro que Deus não ter
nenhum compromisso com os erros do povo de
Israel e nem com a sua desobediência contumaz1,
não há como negar a compaixão do Senhor pelo
seu povo. A expressão de diligência por parte dEle,
enviando seus mensageiros, de madrugada, isto
é, desde sempre, porque se compadeceu do seu
povo, evidencia a sua compaixão.

1  Persistente, recorrente, costumeira.

122
Com efeito, o zelo do Senhor sempre estará liga-
do à sua misericórdia. As ações de Deus ao longo
da história mostram a Sua justiça sempre relacio-
nada a Sua misericórdia. Isto fica evidente nos es-
critos proféticos. Por exemplo, como se esquecer
das palavras escritas pelo profeta Isaías que da
parte de Deus convida: “Deixe o ímpio o seu cami-
nho, e o homem maligno os seus pensamentos, e
se converta ao Senhor, que se compadecerá dele;
torne para o nosso Deus, porque grandioso é em
perdoar.” (Is 55:7). Outro exemplo importante que
mostra a compaixão de Deus pelo seu povo é a co-
movente história do profeta Oséias. Este é orienta-
do pelo Senhor a casar-se com uma mulher infiel
para que, através do seu ato, mostre o sentimento
do Senhor pelo seu povo (Os 1:2). Assim, o Senhor
é o esposo traído por conta da desobediência do
seu povo, mas, mesmo assim, compadece-se dele.
Diante deste exposto, podemos perceber que
o Senhor ama o seu povo e compadece das suas
falhas e pecados. Porém, compadecer dos peca-
dos não significa aceitá-los. A história de Israel nos
mostra claramente que, a despeito da compaixão
de Deus pelo seu povo, isso não mudaria o fato de
que a destruição seria certa, justamente porque
123
o povo estava incapaz de se converter a ponto de
zombar “dos mensageiros de Deus, e desprezaram
as suas palavras, e mofaram dos seus profetas.” (II
Cr 36:16).
Ora, é muito comum atualmente superestimarmos
a compaixão de Deus e subestimarmos a Sua justi-
ça. Um exemplo disso são as concessões a práticas
pecaminosas claramente condenadas pelo Senhor
em nome de um falso amor e de uma falsa inclusão.
O Senhor se compadece das pessoas que pecam,
não dos seus pecados. Assim, a antiga afirmação
de que o nosso Deus ama o pecador, mas odeia o
pecado, mostra de forma equilibrada esta relação
entre a justiça e a compaixão de Deus.
Não obstante, isto deve nos fazer refletir so-
bre o que pregamos ou testemunhamos sobre
Deus. Três perguntas são muito importantes aqui.
Primeiramente devemos nos perguntar: o nosso
testemunho é cheio de compaixão? Em segundo
lugar, nossas palavras sobre Deus para as pesso-
as expressam o desejo sincero de vê-las livres do
pecado e santas para viver o Evangelho de Cristo?
Por último, devemos nos perguntar: como nós nos
sentimos quando um ímpio é destruído? Essas per-
guntas dizem muito sobre a natureza da nossa fé
124
no Deus que é justo, mas que se compadece do
arrependido.

3. A Mensagem de Esperança
Um terceiro elemento que mostra o amor de Deus
pelo seu povo, enviando os seus mensageiros des-
de sempre para exortá-los sobre a necessidade de
arrependimento, diz respeito ao teor da mensagem.
Em linhas gerais, os escritos dos profetas que vive-
ram no tempo em que foram escritos os livros do
Reis e das Crônicas diziam respeito a quatro aspec-
tos: a denúncia do pecado, a necessidade urgente
de arrependimento, a compaixão de Deus em ser
misericordioso com o seu povo e, por fim, a men-
sagem de esperança de dias melhores em caso de
arrependimento. O primeiro capítulo do livro do pro-
feta Isaías é um exemplo desta estrutura na men-
sagem dos profetas. Destaco aqui os versos de-
zoito, dezenove e vinte: “Vinde então, e argui-me,
diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam
como a escarlata, eles se tornarão brancos como
a neve; ainda que sejam vermelhos como o carme-
sim, se tornarão como a branca lã. Se quiserdes, e
obedecerdes, comereis o bem desta terra. Mas se
recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à
125
espada; porque a boca do Senhor o disse.”
Assim, a mensagem profética não era um discurso
cheio de ódio e desejo de que o mal prevalecesse
contra o povo, mas uma mensagem cheia de com-
paixão e esperança. A iniquidade do povo era mo-
tivo de lamentação e o anseio pelo arrependimen-
to era marcante na mensagem dos profetas. Até
mesmo diante da inevitável queda de Jerusalém, o
profeta Jeremias transmite uma mensagem cheia
de esperança da parte de Deus para o seu povo:
“Porque assim diz o SENHOR: Certamente que pas-
sados setenta anos em Babilônia, vos visitarei, e
cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando
a trazer-vos a este lugar. Porque eu bem sei os pen-
samentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor;
pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar
o fim que esperais. Então me invocareis, e ireis, e
orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e
me achareis, quando me buscardes com todo o vos-
so coração. E serei achado de vós, diz o Senhor, e
farei voltar os vossos cativos e congregar-vos-ei de
todas as nações, e de todos os lugares para onde
vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao
lugar de onde vos transportei.” (Jr 29:10-14).
Com efeito, a natureza da mensagem do Senhor
126
sempre tem como objetivo despertar o ímpio so-
bre os seus pecados, demonstrar o amor e a mi-
sericórdia de Deus e encher o coração do contrito
de esperança. Assim também nós devemos manter
este padrão, pois, hoje, somos nós quem desde a
madrugada exortamos a todos da necessidade de
arrependimento para o perdão dos pecados. Que
façamos isso com o temor do Senhor.

Conclusão
Hoje nós refletimos sobre o teor da mensagem
dos profetas e a urgência desta mensagem na ex-
pressão do texto das Crônicas “O Senhor enviou
seus mensageiros, madrugando”. Que possamos
ter este senso de urgência, testemunhando da jus-
tiça, da compaixão e da esperança para todas as
pessoas ao nosso redor.

Para pensar e agir


1. Temos sido zelosos com a grande comissão?
(Mt 28:19-20)
2. Nosso testemunho expressa a compaixão de
Deus?
3. Você tem o coração cheio de esperança?
127
Lição 13
Texto Base: 2 Crônicas 36:17-21

Não Houve
Mais Remédio

Leitura Diária
SEG Jeremias 25:1-6

TER Jeremias 25:7-11

QUA Jeremias 25:12-29

QUI Jeremias 25:30-38

SEX 2 Crônicas 36:17-23

SÁB 2 Reis 17:18-23

DOM Hebreus 12

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Nesta última lição do trimestre refletiremos so-
bre os últimos acontecimentos nos reinos de Israel
e Judá. Com certeza, podemos extrair lições impor-
tantes deste momento na história dos livros de Reis
e Crônicas.

Sobretudo, podemos aprender um pouco mais


sobre a repreensão de Deus ao seu povo no pas-
sado e extrair lições para a nossa vida no presen-
te. Certamente, esta lição pode trazer luz sobre um
importante tema no relacionamento com o Senhor.

Desse modo, iremos refletir sobre a dura lição


que Deus infringiu ao seu povo, os tempos de puri-
ficação, tanto da terra de Israel, quanto do próprio
povo, e, por fim, a volta dos remanescentes após o
tempo no exílio na Babilônia.

1. A lição amarga
Os tempos finais, tanto do reino de Israel, ao nor-
te, quanto do reino de Judá, ao sul, foram marca-
dos pelo caos social, político e, sobretudo, espiri-
tual. A narrativa dos autores dos livros dos Reis e
das Crônicas mostra a degradação moral generali-
zada e uma expressão é chocante para definir a li-
129
ção amarga que este tempo trouxe. Para o reino do
norte, o texto diz que o “Senhor muito se indignou
contra Israel, e os tirou de diante da sua face [e]
rejeitou a toda a descendência de Israel, e os opri-
miu, e os deu nas mãos dos despojadores, até que
os expulsou da sua presença [...] como falara pelo
ministério de todos os seus servos, os profetas; as-
sim foi Israel expulso da sua terra à Assíria até ao
dia de hoje.” (II Rs 17:6-23). Desse modo, a capital
das tribos do norte, Samaria, foi tomada em 722
a.C. pelos assírios. Depois disso, nunca mais se
teve registro histórico sobre o que aconteceu com
as dez tribos do norte.

Por outro lado, Judá, o reino do sul, ainda per-


maneceu como estado soberano por mais algum
tempo. Mas em 597 a.C., as tropas babilônicas li-
deradas por Nabucodonozor invadiram o reino de
Judá, e Jerusalém cedeu diante dos babilônicos,
marcando o fim da era da monarquia entre o povo
de Deus. A partir de então, o povo e a terra de Israel
foram dominados por potências estrangeiras até
1945 quando, enfim, a nação de Israel conseguiu
novamente o status de Estado soberano. O pecado
da idolatria foi uma das causas principais da dura
130
lição do Senhor sobre o seu povo. O texto nos diz que
o Senhor “fez subir contra eles o rei dos caldeus,
o qual matou os seus jovens à espada, na casa do
seu santuário, e não teve piedade nem dos jovens,
nem das donzelas, nem dos velhos, nem dos de-
crépitos; a todos entregou na sua mão. E todos os
vasos da casa de Deus, grandes e pequenos, os
tesouros da casa do SENHOR, e os tesouros do rei
e dos seus príncipes, tudo levou para Babilônia. E
queimaram a casa de Deus, e derrubaram os mu-
ros de Jerusalém, e todos os seus palácios quei-
maram a fogo, destruindo também todos os seus
preciosos vasos. E os que escaparam da espada
levou para Babilônia; e fizeram-se servos dele e de
seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia.” (II Cr
36:17-20).

Aprendemos com estes tristes episódios uma


importante lição. Tanto o reino do norte, quanto o
reino do sul tinham a desobediência e obstinação
como características que causaram repreensão do
Senhor sobre elas. Mas há um nível de desobediên-
cia e obstinação que torna o impenitente tão cego
que não há mais chance de mudança. Neste tipo
de caso, não há mais retorno. Porém, no caso de
131
Judá, mesmo com a profunda obstinação do povo e
dos seus reis ainda havia algo de temor do Senhor
em seus corações, o que permitiu que a repreen-
são do Senhor não perdurasse para sempre sob a
casa de Davi.

2. Os anos de purificação
Os que não foram mortos pela espada do exérci-
to caldeu, foram deportados para a Babilônia “para
que se cumprisse a palavra do Senhor, pela boca
de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus
sábados; todos os dias da assolação repousou, até
que os setenta anos se cumpriram.” (II Cr 36:23).
Assim, a terra prometida ficou desabitada e “des-
cansando” das fadigas que os tempos dos reis cau-
saram à terra.

Por sua vez, o povo judeu permaneceu setenta


anos na Babilônia até que se cumprisse a profecia
de Jeremias (Jr 25:12). Lá, o povo passou a ter hor-
ror de todo o tipo de idolatria e nunca mais o povo
de Deus voltou a praticar esse pecado. A repreen-
são dura do Senhor fez efeito.

Muitas vezes não compreendemos a repreensão


132
dura do Senhor. Mas, às vezes, é a repreensão dura
que faz o nosso coração chegar até Ele. Diante da
repreensão do Senhor, alguns costumam blasfemar
ou injuriar contra o nome de Deus; outros, porém
conseguem enxergar na repreensão um ato de amor
dAquele que se importa e que quer o nosso bem.
O amor de Deus pelo seu povo é desta forma. Na
carta aos Hebreus 12:5-6 temos: “Filho meu, não
desprezes a correção do Senhor, e não desmaies
quando por ele fores repreendido; Porque o Senhor
corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe
por filho.” Deste modo, o açoite do Senhor purificou
a terra e seu povo da idolatria para sempre.

3. O remanescente fiel
Os anos que se seguiram mostraram que o mal
não durou para sempre. Em II Cr 36:22-23 diz que
“no primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que
se cumprisse a palavra do Senhor pela boca de
Jeremias), despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei
da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu
reino, como também por escrito, dizendo: ‘Assim diz
Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus dos céus me deu
todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe
133
edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá.
Quem há entre vós, de todo o seu povo, o Senhor
seu Deus seja com ele, e suba.’”. Assim, chegava
a termo o penoso exílio na Babilônia e a volta do
povo de Deus para a sua terra de origem.

Com efeito, livres da idolatria, o povo pode, en-


fim, adorar ao Senhor em Jerusalém sem as impu-
rezas espirituais de outrora. O fim da era dos reis
de Israel, o exílio na Babilônia e a volta do rema-
nescente fiel, marca o final do livro das Crônicas.
Desse modo, o que se segue na terra prometida de
forma cronológica é registrado nos livros de Esdras
e Neemias, que narra a epopeia da volta do povo
de Deus a sua terra.

Isso posto, podemos ver o quanto o Senhor go-


verna a história de acordo com os Seus propósitos.
Podemos perceber isso pelas ações dele no mun-
do. Por exemplo, a despeito da queda da monarquia
em Israel, a casa de Davi permanece para sempre.
Jesus, o descendente direto daquele rei, é o Senhor
soberano sobre todas as coisas. Outro exemplo diz
respeito ao fato de apesar do povo estar longe de
sua terra, exilado na capital de uma potência es-
trangeira, mesmo assim não perderam a fé, antes,
134
eliminaram para sempre todas as práticas pagãs.
Por último, a partir da feliz volta do povo de Deus
a sua terra, podemos ver que o mal não dura para
sempre; que a maior das provas, a maior das an-
gústias também tem um termo. Assim, felizes são
aqueles que confiam no Deus de Israel.

Conclusão
Não podemos perder a oportunidade de crescer
e amadurecer durante os tempos de sofrimento.
Podemos sempre aprender um pouco mais sobre
a repreensão de Deus ao seu povo no passado e
extrair lições para a nossa vida no presente.

Para pensar e agir


1. Como você enfrenta as situações difíceis da
vida?

2. Você consegue extrair boas lições dos tempos


de sofrimento?

3. Como podemos ser instrumentos do Senhor


para ajudar aqueles que estão passando por tem-
pos difíceis?
135
Ficha Técnica

Revista da Convenção Batista Fluminense


Diretor Executivo: Pr. Amilton Ribeiro Vargas
Diretoria da Convenção Batista Fluminense:
Presidente: Pr. Vanderlei Batista Marins
Primeiro Vice-Presidente: Pr. Luciano Conzendey
Segundo Vice-Presidente: Pr. Pedro Elizio
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Segunda Secretária: Tania Maria
Terceiro Secretário: Pr. Elton Pinto
Quarto Secretário: Pr. Matheus Rebello
Autores: Pr. Alonso Colares
Redator: Pr. Samuel Pinheiro
Revisão Bíblico Doutrinária:
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Revisão e Copidesque:
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136
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