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EMBRIOLOGIA CARDÍACA I

SUMÁRIO
1. Desenvolvimento Inicial Do
Coração E Vasos.............................................................. 3
2. Desenvolvimento De Veias Associadas
Ao Coração Embrionário............................................... 5
3. Desenvolvimento Da Veia Cava Inferior............ 9
4. Arcos Faríngeos, Artérias
Intersegmentares E Aorta..........................................10
5. Desenvolvimento Final Do Coração..................13
6. Circulação Através Do Coração Primitivo.......17
7. Septação Do Coração Primitivo..........................18
8. Septação Do Átrio Primitivo.................................19
Referências Bibliograficas..........................................31
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 3

O sistema cardiovascular é o primeiro mesodérmicas, enquanto o segundo


sistema a funcionar no embrião, sur- campo cardíaco é constituído de cé-
gindo por volta da 3ª semana o co- lulas progenitoras cardíacas do me-
ração primitivo e o sistema vascular. soderma faríngeo. Células da crista
É um sistema que surge pela neces- neural também contribuem para a for-
sidade de satisfazer as exigências mação do coração, formação do trato
nutricionais e de oxigênio do embrião de saída e artérias do arco faríngeo.
em rápido crescimento, não sendo Por volta do 18º dia o mesoderma la-
apenas a difusão suficiente. Assim, teral, composto por somatopleura e
o sistema cardiovascular promove a esplancnopleura, origina os compo-
aquisição eficiente de oxigênio e nu- nentes do coração. As células endo-
trientes do sangue materno e elimi- cárdicas iniciais se separam do me-
nação de dióxido de carbono e pro- soderma para criar tubos cardíacos
dutos residuais. pareados (campo cardíaco primá-
rio). Conforme vai ocorrendo o dobra-
1. DESENVOLVIMENTO mento embrionário lateral, os tubos
INICIAL DO CORAÇÃO E endocárdicos do coração se aproxi-
VASOS mam e fundem-se para formar um
único tubo cardíaco, se iniciando na
Duas populações mesodérmicas dis- extremidade cranial do coração, se-
tintas com células progenitoras cardí- guindo caudalmente. Já o mesoder-
acas multipotentes são responsáveis ma faríngeo, anterior ao tubo cardíaco
pela formação do coração, uma for- primitivo, dá origem a maior parte do
mando o campo cardíaco primário e miocárdio ventricular e a parede do
o segundo campo cardíaco. O campo trato do fluxo de saída (veias e arté-
primário é formado por meio dos cor- rias), além de promover o crescimen-
dões pareados bilaterais formandos to e alongamento cardíaco (segundo
pela linhagem primitiva de células campo cardíaco).
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 4

Figura 1. Fonte: https://www.medicapanamericana.com/materialesComplementarios/FloresEst/resource.aspx?file=/


cap/5/sc5.html

1ª artéria do arco 1ª artéria do arco


Intestino anterior Prega faríngeo Futuro prosencéfalo faríngeo
1ª artéria do arco Suco neural neural
faríngeo Faringe primitiva Bulbo
Epicárdio
Locais de fusão dos tubos cardíaco
Miocárdio cardíacos endocárdicos
Âmnio Âmnio Ventrículo
Endocárdio
Cavidade pericárdica
Tubo cardíaco
Cavidade Miocárdio
pericárdica
Tubos cardíacos
Geleia cardíaca endocárdicos

Parede da vesícula
umbilical
Veia vitelina esquerda Cavidade da vesícula umbilical Átrio primitivo

Figura 2. Processo de fusão dos tubos cardíacos. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.

HORA DA REVISÃO!
O coração tubular primitivo (derivado do campo primário) tem secundariamente associa-
do a ele durante o processo de torção cardíaca as vias de entrada (ductos atrioventricula-
res, atrial e sinusal) e saída (bulbo cardíaco), correspondentes ao segundo campo.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 5

SAIBA MAIS!
São mais de 500 genes envolvidos no processo de desenvolvimento cardíaco, dentre eles os
membros da família de genes T-box, responsáveis pela determinação da linhagem, especifi-
cação das câmaras cardíacas, desenvolvimento de válvulas e septos e formação de sistema
condutor. O Hes-1, no endoderma e mesoderma faríngeo (segundo campo) representa um
papel essencial para o desenvolvimento do trato de fluxo de saída. Os genes hélice-alça-hé-
lice básicos, dHAND e eHAND, são expressos nos tubos endocardíacos primitivos (campo
primitivo) e os genes MEF2C e Pitx-2 expressos em células precursoras cardiogênicas antes
da formação dos tubos também parecem ser reguladores essenciais no desenvolvimento
cardíaco inicial.

CAMPOS CARDÍACOS
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO
Linhagem primitivas das células mesodérmicas Células progenitoras do mesoderma faríngeo
Formação do miocárdio ventricular, parede do trato do
Formação dos tubos cardíacos pareados
fluxo de saída e crescimento e alongamento cardíaco
Genes envolvidos: dHAND, eHAND, MEF2C e Pitx-2 Genes envolvidos: Hes-1

2. DESENVOLVIMENTO DE São três veias que drenam o sangue


VEIAS ASSOCIADAS AO para o coração primitivo do embrião
CORAÇÃO EMBRIONÁRIO de 4 semanas, sendo elas as veias vi-
telinas, umbilicais e cardinais comuns.

Veias cardinais anterior, comum e posterior


Seio venoso Artérias intersegmentares dorsais
Artérias do arco faríngeo Aorta dorsal
Artéria umbilical
Cavidade amniótica
Âmnio

Saco aórtico
Coração primitivo

Veia vitelina
Veia umbilical Saco coriônico
Vesícula umbilical
Artéria vitelina Cordão umbilical

Figura 3. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.


EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 6

Veias vitelinas o desenvolvimento, a veia vitelina


esquerda regride e a direita forma a
A principal função dessa veia é o re-
maior parte do sistema porta he-
tornam o sangue pobre em oxigênio
pático, assim como uma porção da
da vesícula umbilical. As veias viteli-
veia cava inferior (VCI). Além disso,
nas acompanham o ducto onfaloen-
conforme o fígado primitivo cresce no
térico para dentro do embrião (que
septo transverso, os cordões hepáti-
conecta a vesícula umbilical com o
cos sofrem anastomose ao redor dos
intestino anterior). Após a passagem
espaços revestidos por endotélio, ori-
pelo septo transverso, as veias vite-
ginando os sinusoides hepáticos, que
linas entram na extremidade veno-
se conectaram às veias vitelinas.
sa do coração, o seio venoso. Com

Corno direito do seio


venoso
Veias vitelina e Degeneração da veia
umbilical proximais umbilical direita
Seio venoso
esquerdas em
Veia cava inferior
degeneração
Esfíncter do ducto Fígado
Veias vitelina e venoso
umbilical
Porção persistente da Veias vitelinas
veia umbilical Placenta formando a veia
esquerda porta
Duodeno

Figura 4. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.

Veias umbilicais o fígado se desenvolve, as veias um-


bilicais perdem suas conexões com
A principal função é o transporte de
o coração e se esvaziam no fígado.
sangue bem oxigenado para o saco
Dessa forma, a umbilical direita e par-
coriônico. As veias umbilicais correm
te cranial da esquerda (entre fígado
de cada lado do fígado, transportan-
e seio venoso) se degeneram; já a
do o sangue bem oxigenado da pla-
parte caudal persiste e se a torna a
centa para o seio venoso. A veia um-
veia umbilical (transporta sangue da
bilical direita, durante a 7ª semana,
placenta para o embrião). Em segui-
desaparece, deixando a veia umbili-
da, um desvio venoso ocorre dentro
cal esquerda como único vaso trans-
do fígado, o ducto venoso, conectan-
portando sangue bem oxigenado da
do a veia umbilical à VCI, permitindo
placenta para o embrião. Conforme
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 7

que a maior parte do sangue vindo coração do embrião, sem passar pela
da placenta passe diretamente para o rede de capilares do fígado.

Corno direito do seio


Veias vitelina e venoso
umbilical proximais
Degeneração da veia
esquerdas em
umbilical direita
degeneração
Ducto venoso Veia cava inferior

Esfíncter do ducto Fígado


venoso
Porção persistente Veias vitelinas
da veia umbilical Placenta formando a veia
esquerda porta
Duodeno

Figura 5. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.

Veias cardinais comuns cardinal comum direita formam a veia


cava superior (VCS).
A principal função é o retorno do san-
gue pobre em oxigênio do corpo do As cardinais posteriores se desen-
embrião para o coração. As veias car- volvem, primariamente, como vasos
dinais anterior e posterior (que drenam dos mesonefros (rins provisórios). Os
porções cranial e caudal do embrião) derivados adultos dessas veias são a
se unem as veias cardinais comuns raiz da veia ázigo e as veias ilíacas
e entram no seio venoso. Na 8ª se- comuns.
mana, as cardinais anteriores são co- Por fim, as veias subcardinais conec-
nectadas por anastomose, desviando tadas por meio de uma anastomose
o sangue da esquerda para a direita, subcardinal vão formar o tronco da
originando a veia braquiocefálica veia renal esquerda, veias suprar-
esquerda; a parte caudal da cardi- renais, gonadais e um segmento
nal anterior esquerda se degenera. da VCI. Já a supracardinal esquerda,
Já a cardinal anterior direita e a veia caudal aos rins, se degenera, enquan-
to a direita se torna porção inferior
da VCI.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 8

V. cardinal anterior V. cardinal comum


V. subclávia V. jugula
Seio venoso V. cardinal posterior V. jugula
Segmento hepático da VCI
V. cardinal comum
V. subcardinal
Vv. Vitelina e umbilical Segmento pré-renal da VCI (v.
subcardinal) Anastomose subcardinal
V. cardinal posterior
Segmento renal da VCI (anastomose
Veia renal V.
Anastomose subcardinal subsupracardinal)
Tronco interno da v.
V. subcardinal
Segmento pós-renal da espermática
VCI (v. supracardinal) V. esp
Anastomose através V. Espermática interna ovaria
dos mesonefros (rim inicial) V. Ilíaca externa
V. hipogástrica Anastomose venosa ilíaca das
V
Anastomose ilíaca venosa das vv. cardinais posteriores
vv. pós-cardinais V

V. cardinal comum V. braquiocefálica E.


V. jugular interna D.
V. subclávia E.
V. cardinal posterior V. jugular externa D.
V. oblíqua
V. subcardinal VCS VCI

Anastomose subcardinal V. ázigos V. hepática


VCI V. hemiázigo
Veia renal V. suprarrenal D V. suprarrenal E.
Tronco interno da v. V. renal D V. renal E.
espermática
V. espermática ou V. espermática interna ou v.
V. Espermática interna ovariana interna D ovariana E.
Anastomose venosa ilíaca das VCI V. ilíaca comum E.
V. Ilíaca externa
vv. cardinais posteriores
V. Ilíaca interna
V. sacral mediana

Figura 6. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.

HORA DA REVISÃO!
Assim, a drenagem do coração, inicialmente, se dá pelas 3 veias supracitadas, que for-
mam o seio venoso e, posteriormente, pela VCI, raiz da veia ázigo e veia cava superior,
através da veia braquiocefálica esquerda.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 9

Tronco arterioso Bulbo cardíaco


Átrio primordial Abertura do seio venoso no
Corno esquerdo do seio átrio primitivo
venoso Corno direito do seio venoso

V. cardinal anterior
V. cardinal anterior
V. cardinal comum
V. cardinal comum
V. cardinal posterior
V. cardinal posterior
Vv. Vitelina e umbilical

Tronco arterioso
Veia braquiocefálica
Futuro átrio direito
esquerda

Futuro átrio esquerdo VCS


Veia oblíqua do átrio
esquerdo
Raiz da veia ázigos
Seio coronário

VCI

Figura 7. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.

3. DESENVOLVIMENTO DA • Segmento hepático: derivado da


VEIA CAVA INFERIOR veia hepática (porção proximal
da veia vitelina direita) e sinusoi-
A formação da VCI sofre diversas al-
des hepáticos;
terações durante o desenvolvimento
do embrião devido ao deslocamen- • Segmento pré-renal: derivado
to do sangue do lado esquerdo para da subcardinal-supracardinal;
o lado direito, ao retornar da porção • Segmento renal: anastomose
caudal do embrião, como vimos aci- subcardinal-supracardinal;
ma. Dessa forma, a VCI é composta
por 4 segmentos principais: • Segmento pós-renal: derivado
da supracardinal direita.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 10

V. braquiocefálica E.
V. jugular interna D.
V. subclávia E.
V. jugular externa D.
V. oblíqua
VCS VCI
V. ázigos V. hepática
VCI V. hemiázigo
V. suprarrenal D V. suprarrenal E.
V. renal D V. renal E.
V. espermática ou ovariana
V. espermática interna ou
interna D
v. ovariana E.
VCI V. ilíaca comum E.
V. Ilíaca externa
V. Ilíaca interna
V. sacral mediana
Veias cardinal, Segmento
Veias Veias Veias
umbilical e hepático
subcardinais supracardinais renais
vitelina

Figura 8. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.

SAIBA MAIS!
Anomalias da veia cava (VC):
Pelas diversas transformações que ocorrem durante a formação da VCS e VCI, podem ocor-
rer algumas variações em suas formas adultas. Uma variação mais comum da VCI é pela
interrupção de seu curso abdominal, ficando a drenagem dos MMII, abdome e pélvis para o
coração sob responsabilidade do sistema de veias ázigos. Outra variação é a VCS dupla (por
anastomose que forma veia braquiocefálica esquerda ser pequena ou ausente, formando a
VCS derivada das veias cardinal anterior esquerda e cardinal comum).

4. ARCOS FARÍNGEOS, se separam em camadas do tubo neural


ARTÉRIAS e contribuem para a formação do trato
INTERSEGMENTARES E de saída do coração e para as artérias
AORTA do arco faríngeo. As artérias dorsais pa-
readas, inicialmente, correm através de
Os arcos faríngeos se formam entre a 4ª
todo o comprimento do embrião, sendo,
e 5ª semanas, sendo abastecidos pelas
posteriormente, fundida em sua região
artérias dos arcos faríngeos (ramo do
caudal, formando uma única aorta. A
saco aórtico, terminando na aorta dor-
aorta dorsal a direita regrida e a esquer-
sal). São as células da crista neural que
da se torna a aorta primitiva.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 11

Figura 9. Embrião de 5 semanas. Fonte: https://www.researchgate.net/figure/


Figura-64-Corte-mediano-de-um-embriao-de-cinco-semanas-mostrando-o-figado-em_fig3_310794851

As artérias intersegmentares são os conexões com a aorta dorsal. No tó-


30 ou mais ramos da aorta dorsal que rax, as artérias persistem como as
promovem o transporte de sangue artérias intercostais. No abdome, se
para os somitos e seus derivados. Em tornam as artérias lombares, sendo
região do pescoço, essas artérias se que o quinto par a dá origem às arté-
unem formando uma artéria longitu- rias ilíacas comuns. Por fim, na região
dinal de cada lado, as artérias verte- sacral, as artérias intersegmentares
brais, perdendo a maioria das suas formam as artérias sacrais laterais.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 12

Veias cardinais anterior, comum e posterior


Seio venoso Artérias intersegmentares dorsais
Artérias do arco faríngeo Aorta dorsal
Artéria umbilical
Cavidade amniótica
Âmnio

Saco aórtico
Coração primitivo
Veia vitelina
Vesícula umbilical Veia umbilical Saco coriônico
Artéria vitelina Cordão umbilical

Figura 10. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.

SAIBA MAIS!
DESTINO DAS ARTÉRIAS VITELINAS E UMBILICAIS
Os ramos ventrais não pareados da aorta dorsal abastecem a vesícula umbilical, o alantoide
e o córion. As artérias vitelinas passam para a vesícula umbilical e depois para o intestino
primitivo, que se forma a partir da porção incorporada da vesícula umbilical. Somente três
derivados da artéria vitelina permanecem: tronco arterial celíaco (para o intestino anterior),
artéria mesentérica superior (para o intestino médio) e artéria mesentérica inferior (para o
intestino posterior).
Em relação às artérias umbilicais pareadas através do cordão umbilical primitivo, se tornam
contínuas com vasos no córion (porção embrionária da placenta) e fazem o transporte de
sangue pobre em oxigênio para a placenta. As porções proximais dessas artérias se tornam
as artérias iliacas internas e artérias vesicais supriores. As distais se modificam e formam os
ligamentos umbilicais médios.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 13

Aorta dorsal V. cardinal comum


Aorta ventral Artéria vitelina
V. cardinal V. cardinal posterior
anterior

Arcos aórticos

Tronco arterioso Placenta


Seio venoso
Artéria umbilical
Veia vitelina Veia umbilical

Figura 11.Fonte: http://professor.ufrgs.br/simonemarcuzzo/files/desenvolvimento_do_coracao_0.pdf

Derivados das Derivados das Porção proximal


artérias vitelinas: artérias art. Ilíacas internas e art. vesicais
Tronco celíaco
umbilicais: superiores

Art. Mesentérica Porção distal


ligamentos
Superior umbilicais médios

Art. Mesentérica

Inferior

Figura 12. Fonte: Aula Sanarflix

5. DESENVOLVIMENTO do segundo campo cardíaco). Nesse


FINAL DO CORAÇÃO estágio, o coração em desenvolvi-
O miocárdio primitivo, corresponden- mento é composto por um tubo endo-
te a camada externa do tubo cardíaco telial fino, separado de um miocárdio
embrionário, é formado pelo meso- espesso por uma matriz gelatinosa de
derma esplâncnico ao redor da cavi- tecido conjuntivo, a geleia cardíaca.
dade pericárdica (precursor cardíaco
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 14

Suco neural
Aorta dorsal
Mesocárdio dorsal
Intestino anterior Cavidade pericárdica
Epicárdio
Tubos cardíacos (pericárdio visceral)
endocárdicos em fusão
Âmnio
Parede do
tubo cardíaco
Geleia cardíaca
Miocárdio
Pericárdio parietal

Tubos cardíacos

Figura 13. Fonte: Aula Sanarflix

O tubo endotelial se torna o endocár- surgem da superfície externa do seio


dio, ou seja, o revestimento interno venoso e se espalham pelo miocárdio.
do coração e o miocárdio primitivo o Conforme vai ocorrendo o dobramen-
próprio miocárdio, ou seja, a parede to da cabeça, o coração e a cavidade
muscular do coração. O pericárdio, a pericárdica se tornam ventrais ao in-
camada de revestimento externo, é testino anterior e caudais à membra-
derivado de células mesoteliais que na bucofaríngea.

Encéfalo Notocorda Membrana


Membrana
primitivo bucofaríngea
bucofaríngea Medula espinhal em
Prosencéfalo em desenvolvimento
Âmnio
desenvolvimento
Membrana Endoderma Intestino anterior Intestino anterior
bucofaríngea Tubo cardíaco Coração (extremidades cortadas)
Cavidade pericárdica
Tubo cardíaco (extremidades seccionadas) Septo transverso
Septo cardíaco Cavidade
Septo pericárdica
transverso Cavidade pericárdica

Figura 14. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 15

Ao mesmo tempo, transformações e cone cardíaco; ventrículo; átrio; e


vão ocorrendo no coração tubular, se seio venoso. O crescimento do tubo
alongando e desenvolvendo dilata- cardíaco decorre da adição de célu-
ções e constrições alternadas. Assim las (cardiomiócitos), diferenciando-se
formam-se o bulbo cardíaco, compos- do mesoderma da parede dorsal do
to do tronco arterioso, cone arterioso pericárdio.

Tronco arterial

Bulbo cardíaco

Ventrículo

Átrio

Seio venoso

Figura 15. Fonte: Aula Sanarflix

1ª artéria do
Futuro prosencéfalo arco faríngeo Suco neural Artéria do 1º Artéria do 2º
Prega neural
Faringe primitiva Bulbo arco faríngeo arco faríngeo
cardíaco
Bulbo Tronco arterioso Futuro
Ventrículo
Cavidade cardíaco ventrículo E
pericárdica
Miocárdio Ventrículo
Átrio
Tubos cardíacos Futuro ventrículo D
primitivo
endocárdicos Átrio primitivo
Seio venoso Veia cardinal
Parede da vesícula
comum
umbilical
Átrio primitivo Veia umbilical Veia umbilical Veia vitelina

Figura 16. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.

O tronco arterioso está contínuo cra- venosa do coração, lembrando que o


nialmente ao saco aórtico, de onde seio venoso, como mencionado ante-
surgem as artérias dos arcos farínge- riormente, recebe as veias umbilical,
os. As células progenitoras do segun- vitelina e cardinal comum do cório. A
do campo cardíaco contribuem para a extremidade arterial está fixada pelos
formação das extremidades arterial e arcos faríngeos e a venosa pelo septo
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 16

transverso. Devido a expressão gêni- a 28 dias, formando uma alça direita


ca do gene Pitx2c em campo cardíaco em forma de U (alça bulboventricular),
esquerdo, o coração tubular sofre um resultando em um coração com ápice
giro destro em aproximadamente 23 voltado para esquerda.

Tronco arterioso Mesocárdio dorsal remanescente

Seio pericárdico
transverso

Seio venoso

Átrio

Borda cortada do
pericárdio parietal

Figura 17. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016

Conforme o coração se inclina, o átrio Além disso, o seio venoso desenvol-


e o seio venoso ficam dorsal ao tronco ve expansões laterais, os cornos dos
arterioso, bulbo cardíaco e ventrículo. seios direito e esquerdo.

Tronco arterioso

Átrio primitivo
Bulbo cardíaco

Corno esquerdo do seio venoso

Abertura do seio venoso no átrio Corno direito do seio venoso

Veia cardinal anterior direita

Veia cardinal comum esquerda Veia cardinal comum direita

Veia cardinal posterior esquerda


Veia cardinal posterior direita
Ventrículo Veia umbilical direita
Veia umbilical esquerda
primitivo Veia vitelina direita
Veia vitelina esquerda

Figura 18. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 17

Por fim, enquanto o coração se alon- porção central do mesentério se de-


ga e inclina gradualmente, também genera, formando uma comunicação,
vai se invaginando na cavidade pe- o seio pericárdio transverso. Assim o
ricárdica. Inicialmente, está suspen- coração fica aderido somente às suas
so na parede dorsal pelo mesenté- extremidades cranial e caudal.
rio (mesocárdio dorsal), entretanto, a

VCS

Parte ascendente da aorta

Dedo através do seio


transverso do pericárdio
Tronco pulmonar

Figura 19. Seio transverso do pericárdio.


Fonte: https://www.anatomia-papel-e-caneta.com/coracao-margens-e-faces/seio-transverso-do-pericardio/

6. CIRCULAÇÃO ATRAVÉS semana em contrações coordenadas e


DO CORAÇÃO PRIMITIVO com fluxo unidirecional.
Como vimos, três veias desencadeiam
no seio venoso: vitelinas (da vesícula
CONCEITO! Os batimentos cardíacos umbilical), umbilicais (da placenta) e
se iniciam com 22 a 23 dias, estimulan- cardinais comuns (do embrião). Esse
do o fluxo sanguíneo, o qual se inicia na sangue do seio venoso chega ao átrio
4ª semana.
primitivo, tendo seu fluxo controlado
por válvulas sinoatriais (SA). O sangue
Inicialmente, as contrações cardíacas então passa através do canal atrioven-
são de origem miogênicas, ou seja, de tricular (AV) para o ventrículo primiti-
origem no músculo. Assim, ocorrem vo. Ao contrair, o ventrículo bombeia
como ondas peristálticas, com origem o sangue através do bulbo cardíaco e
no seio venoso e que segue continu- do tronco arterioso para o saco aórtico,
amente para átrio e ventrículos. A cir- sendo distribuídos para as artérias do
culação primitiva é do tipo fluxo e re- arco faríngeo. O sangue, então, passa
fluxo, se transformando ao final da 4ª para a aorta dorsal para distribuição ao
embrião, placenta e vesícula umbilical.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 18

Figura 20. Fonte: https://www.famema.br/ensino/embriologia/sistemacardiovascularcoracao.php

7. SEPTAÇÃO DO estruturas são invadidas por células


CORAÇÃO PRIMITIVO mesenquimais, aproximando e fun-
dindo os coxins AV, com formação de
A septação em canal AV, átrio e ven-
canal atrioventricular esquerdo e direi-
trículo primitivos e trato de saída se
to. Esses canais separam parcialmen-
inicia no meio da 4ª semana, termi-
te o átrio primitivo do ventrículo pri-
nando por volta da 8ª semana. Didati-
mitivo, e os coxins funcionando como
camente, vamos estudar a divisão de
valvas AV. Após sinais indutores, as
forma separada, embora aconteçam
valvas septais se originam dos coxins
simultaneamente.
endocárdicos superior e inferior fun-
Divisão do canal atrioventricular didos; e as valvas murais, camadas
Os coxins endocárdicos são forma- finas e chatas da parede, se originam
dos, ao final da 4ª semana, a par- da camada mesenquimal. Os coxins
tir da geleia cardíaca e de células da endocárdios também originam o sep-
crista neural. Na 5ª semana, essas to membranoso do coração.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 19

Coxins endocárdicos
atrioventriculares fusionados
Seta passando através do canal
atrioventricular direito

Figura 21. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016

SAIBA MAIS!
A formação dos coxins endocárdicos e sua transformação epitelial-mesenquimal parece estar
associada a via de sinalização mediada por fator de crescimento β (TGF- β1 e TGF-β2), prote-
ínas morfogenéticas ósseas, proteínas dedo de zinco, Slug e quinase semelhante ao receptor
de ativina.

8. SEPTAÇÃO DO ÁTRIO
PRIMITIVO
O átrio primitivo é dividido em direi-
to e esquerdo pela formação de dois
septos (com posterior fusão), os sep-
tum primum e septum secundum.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 20

Septum secundum
Orifício do seio venoso Septum primum
Fusão do septum primum com
os coxins endocárdicos
Foramen secundum Coxins endocárdicos
fusionados
Canal atrioventricular
esquerdo
Septo interventricular

VCS Septum secundum

Crista terminal Foramen secundum


Orifício da VCS
Septum primum
Septum secundum
Valva mitral
Músculos papilares
Valva tricúspide
Ventrículo esquerdo

Figura 22. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016

O septum primum corresponde a uma endocárdicos, funcionando como um


fina membrana em forma crescente, desvio para o sangue oxigenado pas-
que se desenvolve em direção aos co- sar do átrio direito para o esquerdo.
xins endocárdicos que estão se fun- Esse forame vai se tornando menor
dindo no assoalho do átrio primitivo, conforme a dobra mesenquimal do
dividindo-o em esquerdo e direito. O septum primum se funde com os co-
foramen primum corresponde a uma xins endocárdicos AV fusionados, até
grande abertura, localizada entre as seu desaparecimento, com a forma-
margens crescentes livres e os coxins ção do septo AV primitivo.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 21

AD AD AE

VD VD VE

Septum primum AD AE
Foramen primum
Coxins endocárdicos
dorsais
Figura 23. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016

Antes do foramen primum desapare- septum primum se funde com o lado


cer, algumas perfurações produzidas esquerdo dos coxins endocárdicos
por apoptose aparecem na parte cen- fusionados, obstruindo o foramen pri-
tral do septum primum, assim surge mum. O foramen secundum garante
uma segunda abertura no septum, o o desvio do sangue oxigenado para o
forame secundum. A margem livre do átrio esquerdo.

Perfurações representam o desenvolvimento do


foramen secundum no septum primum

Foramen primum
Coxins endocárdicos
fusionados

Septum secundum em
desenvolvimento
Foramen secundum

Septum secundum
Foramen primum
fechado
Septo AV primitivo

Figura 24. Seta azul: sangue pouco oxigenado/ Seta vermelha: sangue bem oxigenado. Fonte: MOORE. Embriologia
clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 22

O septum secundum, a segunda do- A porção cranial do septum primum


bra muscular, cresce adjacente ao aderido ao átrio esquerdo vai desa-
septum primum durante a 5ª ou 6ª parecendo gradualmente. A parte re-
semana. Conforme vai crescendo so- manescente do septum, aderida aos
brepõe o foramen secundum no sep- coxins endocárdicos fundidos forma a
to primum, formando uma divisão in- valva do forame oval.
completa entre o átrio, o forame oval.

Septum secundum (parte superior)


Foramen secundum
Forame oval
Valva do forame oval
(derivada do septum
primum)

Septum secundum
(parte inferior)

Septum secundum (parte


superior)

Forame oval

Septum secundum
(parte inferior)

Remanescente do foramen secundum


Parte do septum primum
em degeneração

Forame oval fechado


pela valva do forame
oval

Figura 25. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 23

SE LIGA! Antes do nascimento o forme oval permite que a maior parte do sangue oxigenado
que entra no átrio direito a partir da VCI passe para o átrio esquerdo. Ele também previne a
passagem de sangue na direção oposta, pois o septum primum se fecha contra o septum se-
cundum (valva do forame oval). Já após o nascimento, o forame oval se fecha funcionalmente,
devido à pressão no átrio esquerdo ser maior que no direito. Com aproximadamente 3 meses,
a valva do forame oval se funde com o septum secundum, formando a fossa oval. Assim, o
septo interatrial se torna uma divisão completa entre os átrios.

ANTES DO NASCIMENTO APÓS O NASCIMENTO


ÁTRIO DIREITO ÁTRIO ESQUERDO ÁTRIO DIREITO ÁTRIO ESQUERDO
PRESSÃO MAIOR PRESSÃO MENOR PRESSÃO MENOR PRESSÃO MAIOR

Septum secundum
Septum secundum

Desvio
Fossa oval

Septum primum Septum primum


(valva do forame oval)

Figura 26. Fonte: https://scontent.fssa21-1.fna.fbcdn.net/v/t31.0-8/s960x960/13958287_1747519188869625_75


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Ao falarmos da septação do átrio é O primeiro derivado da transforma-


importante também abordamos as ção das veias vitelinas e umbilicais;
alterações no seio venoso, uma vez O segundo pela anastomose das
que se abre no centro da parede dor- veias cardinais anteriores (a qual a
sal do átrio primitivo. Uma alteração esquerda se torna a veia braquio-
que ocorre é o aumento progressivo cefálica esquerda e a direita e a
do corno direito resultante de dois cardinal comum se tornam a VCS).
desvios de sangue da esquerda para
a direita, sendo:
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 24

Átrio primitivo
Veia cardinal
anterior esquerda
Futura veia cava superior

Corno direito do seio venoso


Veia cardinal
comum esquerda Local de abertura do seio venoso
no átrio direito

Corno esquerdo do seio venoso Veia cava inferior

Corno esquerdo do seio venoso Corno direito do seio venoso

Figura 27. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016

Ao final da 4ª semana, o corno direi- A incorporação do corno direito ao


to torna-se maior que o esquerdo e o átrio origina uma porção lisa na pare-
orifício sinoatrial (SA) vai se movendo de do átrio direito, interna e externa-
para direita, se abrindo na porção do mente, chamada de sinus venarum e
átrio primitivo que corresponderá ao a outra parte da superfície interna an-
átrio direito no adulto. Conforme esse terior possui uma característica trabe-
aumento gradual do corno direito do culada e rugosa tanto a parede atrial,
seio venoso, ele passa a receber todo quanto a aurícula direita (bolsa mus-
o sangue da cabeça e do pescoço cular cônica). Essas duas regiões, lisa
através da VCS e da placenta e das e rugosa, derivadas do átrio primitivo
regiões inferiores do corpo através da são demarcadas internamente pela
VCI. Enquanto o corno direito do seio crista terminal (parte cranial da valva
venoso se incorpora ao átrio direi- SA direita) e externamente pelo sulco
to, o corno esquerdo torna-se o seio terminal.
coronário.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 25

Aorta

Veia cava superior

Artéria pulmonar Sinus venarum


do átrio direito

Veias pulmonares Sulco terminal

Veia oblíqua do átrio Aurícula direita


esquerdo

Seio coronário Veia cava inferior

Veia cardíaca média


Veia cava superior

Septum secundum
Crista terminal

Sinus venarum Forame oval


(parte lisa da parede atrial)

Septum primum
Parte rugosa da
parede atrial
Valva do seio coronário

Aurícula direita Valva da veia cava


inferior

Figura 28. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016

SE LIGA! A região cranial da valva SA forma a crista terminal que separa a porção lisa e rugo-
sa do átrio, enquanto a região caudal da valva SA forma as válvulas da VCI e do seio coronário.
A valva SA esquerda funde-se ao septum secundum e é incorporada a ele no septo interatrial.
Já no átrio esquerdo, a maior parte da parede é lisa devido a incorporação da veia pulmonar
primitiva, apesar da existência da aurícula esquerda (trabeculada e rugosa) derivada do átrio
primitivo, assim como a aurícula direita. A veia pulmonar primitiva se desenvolve de uma pro-
tuberância na parede atrial dorsal, à esquerda do septo primum.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 26

Veias pulmonares

Veia pulmonar Parte do átrio esquerdo formado a


primitiva partir da incorporação do tecido da
veia pulmonar primitiva

Átrio esquerdo
Átrio esquerdo primitivo
primitivo

Figura 29. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016

Conforme o átrio se expande, a veia formando os orifícios separados das


pulmonar primitiva e seus ramos vão quatro veias pulmonares ao final da
sendo incorporados ao átrio esquerdo, 8ª semana.

Veias pulmonares direita e


esquerda Entrada de quatro veias
pulmonares

Parte da parede lisa do


átrio esquerdo
Átrio esquerdo primitivo
Aurícula esquerda

Figura 30. Fonte: MOORE. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016

SE LIGA! Os mioblastos migram para as paredes das veias pulmonares, originando o múscu-
lo cardíaco pulmonar, entretanto, com funcionalidade desconhecida.

SAIBA MAIS!
Existem algumas desordens envolvendo conexões pulmonares totais e parciais, que podem
culminar em uma confluência das veias pulmonares em uma veia sistêmica, e não diretamen-
te no átrio.
Nas anomalias parciais, a veia anômala se conecta a uma veia sistêmica, resultando na mis-
tura de sangue oxigenado da circulação pulmonar com o sangue venoso sistêmico antes de
retornar para o lado direito do coração. A variante mais comum é a veia pulmonar superior
esquerda se conectar à veia inominada esquerda, que, por sua vez drena para a veia cava
superior.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 27

VCS

VPDS AE VPES

Pulmão
AD VPEI
VPDI

Figura 31. Fonte: http://www.pted.org/?id=sp/papvr4

Veia inominada

Veia pulmonar
VCS
superior E
anômala

Átrio D

Veia pulmonar
inferior E
normal

Figura 32. Fonte: https://www.uptodate.com/contents/image?imageKey=CARD%2F57752&-


topicKey=PEDS%2F5764&search=DRENAGEM%20VENOSA%20PULMONAR%20
ANOMALA&rank=1~150&source=see_link
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 28

SAIBA MAIS!
Outra variante que pode ocorrer é a conexão da veia pulmonar superior D diretamente com
a VCS. A gravidade do quadro está relacionada ao grau do shunt da esquerda para a direita,
sendo em muitos assintomático e não necessitando de intervenção. Já nas anomalias totais
todas as veias pulmonares confluem nessa veia sistêmica, levando a um defeito congênito
cianótico, sendo a variante supracardíaca a mais comum.

Veia
inominada
Veia
Coletor vertical

Veias
pulmonares
AE

VE

Conexão futura

Figura 33. A veia inominada coleta o sangue venoso do lado esquerdo da cabeça e do braço esquerdo e deságua na
VCS. A veia vertical une-se ao coletor das 4 veias pulmonares com a veia inominada. A correção é feita por meio da
oclusão da veia vertical e conexão do coletor das veias pulmonares com o AE. Fonte: https://cardiopatiascongenitas.
net/introcc/tipos_cc/dvpat/
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 29

DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO


ARCOS FARÍNGEOS
INICIAL DAS VEIAS DA VCI

CAMPO CARDÍACO SEGMENTO Formação entre a


VEIAS VITELINAS
PRIMÁRIO HEPÁTICO 4ª e 5ª semanas

A esquerda regride e a
Linhagem Derivado da veia
direita forma parte do Origem das células
primitivas das células hepática e Sinusoides
sistema porta hepático da crista neural
mesodérmicas hepáticos
e porção da VCI

Abastecidos
Formação dos tubos SEGMENTO
VEIAS UMBILICAIS pelas artérias do
cardíacos pareados PRÉ-RENAL
arco faríngeo

A direita e parte As artérias dorsais


Genes envolvidos: cranial da esquerda se Derivado da anastomose se fundem na região
dHAND, eHAND, degeneram e a parte
cranial da esquerda sub/ supracardinais caudal formando
MEF2C e Pitx-2
origina a veia umbilical uma única aorta

O ducto venoso Artéria dorsal direita


SEGUNDO CAMPO SEGMENTO
desvia o sangue da regride e esquerda se
CARDÍACO PRÉ-RENAL
veia umbilical à VCI torna a aorta primitiva

Derivado da
Células progenitoras do VEIAS CARDINAIS ARCOS
anastomose sub/
mesoderma faríngeo COMUNS INTERSEGMENTARES
supracardinais

Formação do miocárdio Cardinais anteriores


ventricular, parede esquerdas formam a SEGMENTO 30 ou mais ramos
do trato do fluxo de veia braquiocefálica
saída e crescimento e esquerda e as direitas PÓS-RENAL da aorta dorsal
alongamento cardíaco formam a VCS

As cardinais
posteriores formam Em região do
Genes envolvidos: Derivado da
a raiz da veia ázigo pescoço formam as
Hes-1 e as veias ilíacas e supracardinal direita
artérias vertebrais
veias ilíacas comuns

Subcardinais formam
o tronco da veia Em tórax as artérias
renal esquerda, veias persistem como
suprarrenais, gonadais intercostais
e um segmento da VCI

Supracardinal esquerda
se degenera, enquanto Em abdome se tornam
a direita forma a as artérias lombares
porção inferior da VCI
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 30

EMBRIOLOGIA CARDÍACA

CIRCULAÇÃO NO
DESENVOLVIMENTO FINAL SEPTAÇÃO
CORAÇÃO PRIMITIVO

Fluxo sanguíneo com


MIOCARDIO PRIMITIVO 4 semanas, do tipo DIVISÃO DO CANAL AV
fluxo e refluxo

3 veias desencadeiam Coxins endocárdios


Camada externa do tubo
no seio venoso: vitelinas, se fundem formando o
cardíaco embrionário
umbilicais e cardinais comuns canal atrioventricular

Sangue passa através Separam parcialmente


ENDOCÁRDIO PRIMITIVO do canal AV para o o átrio primitivo do
ventrículo primitivo ventrículo primitivo

Sangue é bombeado a
Formado pelo tubo endotelial partir do bulbo cardíaco e tronco ÁTRIO PRIMITIVO
arterioso para o saco aórtico

Dividido em direito e esquerdo


Distribuição para as artérias do pela formação de dois septos
PERICARDIO PRIMITIVO
arco faríngeo e aorta dorsal (com posterior fusão), os septum
primum e septum secundum

Surge das células


mesoteliais da superfície
externa do seio venoso
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 31

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
MOORE KL; PERSAUD TVN; TORCHIA MG. Embriologia clínica. 10ª ed, Elsevier, 2016.
TOWSEND Jr CM; BEAUCHAMP RF; EVERS BM; MATTOX KL. Sabiston Textbook of Sur-
gery: The Biological Basis of Modern Surgical Practice, 20th edition, Philadelphia Saunders-
-Elsevier, 2017.
DOHERTY GM. Current Diagnosis and Treatment – Surgery. 13th edition, McGraw-Hill Lan-
ge, 2010.
SORIANO, BD., FULTON, DR. Partial anomalous pulmonary venous connection. Uptodate,
2019.
SORIANO, BD., FULTON, DR. Total anomalous pulmonary venous connection. Uptodate,
2019.
EMBRIOLOGIA CARDÍACA I 32

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