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MARIA CLARA MORELLATO – 3ºP MEDICINA UVV

CONFERÊNCIA 1 - EMBRIOLOGIA DO CORAÇÃO


O coração começa a funcionar no início da 3ª semana de gestação (18º dia), porque Do mesoderma, originam-se dois apanhados celulares: somatopleura e
existe uma incapacidade a partir dessa semana de atender às demandas nutricionais esplancnopleura (células endocárdicas), que se separam do mesoderma para formar
do embrião apenas por difusão devido ao seu crescimento  dessa forma, é o dois tubos cardíacos.
primeiro sistema a funcionar no embrião.
O embrião vai crescendo e se dobrando lateral e anteriormente, formando um tubo
No geral, no 1º mês, forma-se o tubo cardíaco; no final do 1º mês, o coração começa cardíaco único em sentido craniocaudal, que depois será o coração primitivo.
a dobrar-se e, no 2º mês, a septar-se e gerar suas cavidades.

PRIMEIRO MÊS
O coração se desenvolve a partir do mesoderma lateral.
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O tubo cardíaco em desenvolvimento se projeta cada No fim da terceira semana, o sangue circula, e o coração começa a bater no 21º ou
vez mais para a cavidade pericárdica. 22º dia.

O tubo cardíaco tem o seio venoso, que desemboca FORMAÇÃO DA ALÇA


no átrio primitivo, que se comunica com o CARDÍACA
ventrículo primitivo, que se comunica com o bulbo O tubo cardíaco continua a se
cardíaco que se comunica com o tronco arterial. alongar.
O miocárdio se espessa e secreta uma camada de Conforme a via de saída se alonga,
matriz extracelular rica em ácido hialurônico chamada o tubo cardíaco começa a se curvar
geleia cardíaca, que o separa do endotélio. no vigésimo terceiro dia. A parte
cefálica do tubo se dobra
A formação do órgão pró-epicárdico ocorre nas
ventralmente, caudalmente e para a
células mesenquimais da borda caudal do mesocárdio dorsal, e as células dessa
direita, e a parte atrial (caudal) se
estrutura se proliferam e migram sobre a superfície do miocárdio para formar a
desloca no sentido dorsocranial e para a esquerda.
camada epicárdica (epicárdio) do coração.
 O ventrículo vai para a direita e para baixo (ventrículo na frente do tórax);
RESUMINDO: o tubo cardíaco consiste em três camadas: (1) o endocárdio, que
 O átrio para a esquerda e para cima;
forma o revestimento endotelial interno do coração; (2) o miocárdio, que constitui a
parede muscular; e (3) o epicárdio ou pericárdio visceral, que cobre o exterior do Essa dobradura origina a alça cardíaca, que se completa até o 28º dia.
tubo.  Essa camada externa é responsável pela formação das artérias coronarianas,
incluindo seu revestimento endotelial e o músculo liso. A parte atrial forma um átrio comum e é incorporada na cavidade pericárdica.

Cada parte do tubo cardíaco vai formar uma parte do coração: A parte média do bulbo (estreita) forma o cone arterial – via de saída do
ventrículo, onde o sangue sai para o sistema arterial (a via de entrada é a valva
 Seio venoso: parte lisa do átrio; mitral).
 Átrio primitivo: maior parte do átrio;
 Ventrículo primitivo: ventrículos esquerdo e direito; A parte proximal do bulbo (dilatada) forma parte do ventrículo direito.
 Bulbo cardíaco: via de saída do
A parte distal do bulbo, o tronco arterioso, formará as raízes e a parte proximal da
coração;
aorta e da artéria pulmonar.
 Tronco arterial: aorta e tronco
pulmonar (desemboca no arco À medida que o ventrículo conclui seu dobramento, o ventrículo começa a se
aórtico primário); trabecular (trabéculas cárneas).
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Com o dobramento concluído, já pode-se dizer que existem ventrículos primitivos SEGUNDO MÊS
esquerdo e direito. Os principais septos do coração são formados entre o 27 º e o 37º dias do
desenvolvimento.

Um septo pode ser formado pelo crescimento ativo de uma única massa tecidual,
que continua a se expandir até alcançar o lado oposto do lúmen. A formação dessas
massas de tecido, chamadas de coxins endocárdicos, depende da síntese e da
deposição de matriz extracelular, além de migração e proliferação celulares.

Os coxins endocárdicos desenvolvem-se nas regiões atrioventricular e conotruncal.


Nesses locais, elas ajudam na formação dos septos interatrial e interventricular (parte
membranosa), dos canais e das valvas atrioventriculares e dos canais aórtico e
pulmonar.

SEPTAÇÃO ATRIAL
 No final da quarta semana, forma-se uma crista em forma de foice na parte
superior do átrio comum, indo no sentido do lúmen. Essa crista é a primeira parte
do septo primário.
DESENVOLVIMENTO DO SEIO VENOSO  A abertura entre a margem inferior do septo primário e os coxins endocárdicos é
Três principais veias chegam no seio venoso: o óstio primum ou primário.

(1) veia cardinal comum; (2) veia umbilical; e (3) veia vitelina.

 Veia vitelina: leva sangue do intestino primitivo e do saco vitelino ao seio


venoso.
 Veia umbilical: leva sangue rico em nutrientes da mãe para o coração fetal.
 Veia cardinal comum: leva sangue da extremidade inferior do embrião.
Após a passagem através do septo transverso, que fornece um caminho para os vasos
sanguíneos, as veias vitelinas entram na extremidade venosa do coração, o seio
venoso. Com o decorrer do desenvolvimento, crescem extensões dos coxins endocárdicos
superior e inferior ao longo do limite do septo primário, fechando o óstio primário:
A veia vitelina esquerda regride, e a veia vitelina direita forma a maior parte do
sistema porta hepático, assim como uma porção da veia cava inferior (VCI).
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Antes de o fechamento se completar, a morte celular produz perfurações na parte


superior do septo primário. A junção dessas perfurações forma o óstio secundum ou
secundário, garantindo o fluxo livre de sangue do átrio primitivo direito para o
esquerdo.

O septo secundum, uma dobra muscular espessa, cresce a partir da parede muscular
ventrocranial do átrio direito, imediatamente adjacente ao septo primum.

O septo secundum forma uma divisão incompleta entre o átrio.

Consequentemente, se forma um forame oval. A porção cranial do septo primum,


inicialmente aderido ao assoalho do átrio esquerdo, desaparece gradualmente.
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A parte remanescente do septo forma a valva do forame oval. Antes do nascimento, endocárdico anterior (inferior) ao longo do topo do septo interventricular muscular,
o forame oval permite que a maior parte do sangue oxigenado que entra no átrio que fecha o forame interventricular.
direito a partir da VCI passe para o átrio esquerdo.

O fechamento completo do forame interventricular forma a parte membranosa do


septo interventricular.

Após o nascimento, o forame oval se fecha, pois a pressão no átrio esquerdo é maior Portanto, o fechamento do forame interventricular e a formação da parte
que aquela no átrio direito. membranácea do septo interventricular resultam da fusão de tecidos de três origens:
a crista bulbar direita, a crista bulbar esquerda e o coxim endocárdico.
Com 3 meses, a valva do forame oval se funde com o septo secundum, formando
a fossa oval. Então, o septo interatrial se torna uma divisão completa entre os Após o fechamento do forame interventricular e a formação da porção membranosa
átrios. do septo interventricular, o tronco pulmonar está em comunicação com o
ventrículo direito e a aorta se comunica com o ventrículo esquerdo.
SEPTAÇÃO VENTRICULAR
A formação de cavidades nas paredes ventriculares forma uma massa esponjosa de
Ao fim da 4ª semana, os ventrículos
feixes musculares, as trabéculas cárneas. Alguns desses feixes se tornam os
primitivos começam a se expandir devido
músculos papilares e as cordas tendíneas. As cordas tendíneas se estendem dos
ao crescimento do miocárdio por fora e
músculos papilares para as valvas AV.
das trabéculas por dentro.

Com o decorrer do desenvolvimento, há


um crescimento de tecido do coxim
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SEPTAÇÃO BULBO CARDÍACO E TRONCO ARTERIAL
Na 5ª semana de desenvolvimento, a proliferação de células mesenquimais nas
paredes do bulbo cardíaco resulta na formação de cristas bulbares. Cristas
semelhantes se formam no tronco arterial.

As cristas bulbares e do tronco se espiralizam em 180º devido às correntes de sangue


vindas do ventrículo, o que resulta na formação de um septo aorticopulmonar
espiral quando as cristas se fundem:

No ventrículo direito, o bulbo cardíaco é representado pelo cone arterial


(infundíbulo), que dá origem ao tronco pulmonar.

No ventrículo esquerdo, o bulbo cardíaco forma as paredes do vestíbulo aórtico,


a porção da cavidade ventricular logo abaixo da válvula aórtica.

À esquerda: 5ª
semana.

À direita: 6ª
semana.

Esse septo divide o bulbo cardíaco e o tronco arterial em dois canais: a aorta e o DESENVOLVIMENTO DAS VALVAS E VÁLVULAS
tronco pulmonar. Devido à espiralização do septo aorticopulmonar, o tronco As válvulas semilunares e atrioventriculares se desenvolvem a partir de tumefações
pulmonar gira ao redor da aorta ascendente: (intumescências) quando a septação do tronco arterial está próxima de findar.
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As semilunares se desenvolvem ao redor dos orifícios da aorta e do tronco pulmonar.

As atrioventriculares, ao redor dos canais AV.

CIRCULAÇÃO FETAL (8ª SEMANA)


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pequena de sangue pobremente oxigenado, retornando dos pulmões através das
veias pulmonares.
 Os pulmões do feto usam o oxigênio do sangue em vez de devolvê-lo. Então, a
partir do átrio esquerdo, o sangue passa para o ventrículo esquerdo e sai através
da aorta ascendente.

 O sangue altamente oxigenado e rico em nutrientes retorna da placenta pela veia


umbilical.
 Próximo ao fígado, metade do sangue passa diretamente para o ducto venoso, um
vaso fetal que conecta a veia umbilical à VCI; ou seja, o sangue não vai passar
pelo fígado.
 A outra metade do sangue na veia umbilical flui para os sinusoides do fígado e
entra na VCI por meio das veias hepáticas.
 Após um curso pequeno na VCI, o sangue entra no átrio direito do coração.
 A maior parte do sangue da VCI é direcionada pela crista dividens (margem
inferior do septo
secundum) através do
forame oval para o
átrio esquerdo. Aqui
ele se mistura com
uma quantidade
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Modificações circulatórias no nascimento
 Fechamento do forame oval
 Fechamento do ducto arterioso  torna-se ligamento arterial.
 Fechamento das artérias umbilicais  proximal torna-se artérias vesicais
superior; distal se torna ligamento umbilical medial.
 Fechamento da veia umbilical  torna-se ligamento redondo.
 Fechamento do ducto venoso  ligamento venoso.
 O fechamento da circulação placentária causa uma queda imediata da
pressão sanguínea na VCI e no átrio direito.
 A maioria das partes intra-abdominais das artérias umbilicais se torna
ligamentos umbilicais mediais.
 A porção intra-abdominal da veia umbilical se torna o ligamento
redondo do fígado.
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