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Conforme migram, essas células são especificadas pela via da lateralidade para
contribuir para os lados direito e esquerdo do coração e para formar regiões cardíacas
específicas, que incluem parte dos átrios e do ventrículo direito. O restante do coração,
incluindo parte dos átrios, do ventrículo direito, do cone arterial e do tronco arterioso (a via de
saída) é derivado das células da área cardiogênica secundária (ACS) ou segundo campo
cardíaco (SCC). O SCC surge das células que migram pela linha primitiva e, depois, instala-se no
mesoderma visceral próximo ao assoalho da parte posterior da faringe. Essas células também
são padronizadas pela sinalização de lateralidade e regulam as contribuições das células da
crista neural para septação da via de saída, incluindo a espiralização do septo conotruncal.
Alterações na via de lateralidade resultam em muitos tipos diferentes de defeitos cardíacos,
enquanto alterações no SCC levam a defeitos da via de saída, incluindo transposição das
grandes artérias, estenose pulmonar, dupla via de saída do ventrículo direito (DVSVD), entre
outros.
A indução da região cardiogênica é iniciada pelo endoderma anterior subjacente às
células progenitoras cardíacas e faz com que as células se tornem mioblastos e vasos. BMPs
secretadas por esse endoderma, junto com a inibição da expressão de WNT, induz a expressão
de NKX2.5, o gene-chave para o desenvolvimento cardíaco. Algumas células do PCC se tornam
células endoteliais e formam um tubo com formato de ferradura, enquanto outras compõem
os mioblastos que cercam o tubo. No 22o dia do desenvolvimento, a parede corporal lateral se
dobra, aproximando os dois lados da ferradura na linha média, onde eles se fusionam (exceto
em suas extremidades caudais [atriais]), formando um tubo cardíaco único e levemente
dobrado (ver Figura 13.7), que consiste em um tubo endocárdico interno e um manto
miocárdico circunjacente. Durante a quarta semana, o coração sofre uma alça cardíaca. Esse
processo faz com que o coração se dobre sobre si mesmo e adote sua posição normal na
região esquerda do tórax com os átrios posteriormente localizados e os ventrículos em uma
posição mais anterior. A incapacidade de o coração formar alças apropriadas resulta em
dextrocardia, e o coração fica no lado direito do tórax. A dextrocardia também pode ser
induzida mais precocemente, quando a lateralidade é estabelecida.
Formação de septos no átrio. O septo primário, uma crista falciforme que desce do
teto do átrio, começa a dividir o átrio em dois, mas deixa um lúmen, o óstio primário, que
comunica os dois lados. Mais tarde, quando o óstio primário é obliterado pela fusão do septo
primário com os coxins endocárdicos, o óstio secundário se constitui por morte celular,
criando uma abertura no septo primário. Finalmente, forma-se o septo secundário, mas
persiste uma abertura interatrial, o forame oval. Apenas ao nascimento, quando a pressão no
átrio esquerdo aumenta, os dois septos são pressionados um contra o outro e a comunicação
entre eles se fecha. As anomalias no septo interatrial podem variar da ausência total até uma
pequena abertura conhecida como persistência do forame oval.
Formação de septo no canal atrioventricular. Quatro coxins endocárdicos cercam o
canal atrioventricular. A fusão dos coxins superior e inferior opostos divide o óstio nos canais
atrioventriculares direito e esquerdo. O tecido do coxim se torna fibroso e forma a valva mitral
(bicúspide) na esquerda e a valva tricúspide na direita. A persistência do canal atrioventricular
comum e a formação anormal das valvas são defeitos que ocorrem por causa de anomalias no
tecido do coxim endocárdico.
Os arcos aórticos se localizam em cada um dos cinco arcos faríngeos. Quatro derivados
importantes do sistema de arco aórtico original são: (1) as artérias carótidas (terceiro arco); (2)
o arco da aorta (quarto arco aórtico esquerdo); (3) a artéria pulmonar (sexto arco aórtico),
que, durante a vida fetal, está conectada à aorta através do ducto arterioso; e (4) a artéria
subclávia direita, formada pelo quarto arco aórtico direito, pela parte distal da aorta dorsal
direita e pela sétima artéria intersegmental. As anomalias vasculares mais comuns do arco
aórtico incluem (1) persistência do canal arterial (PCA) e coarctação da aorta e (2) arco aórtico
direito persistente e artéria subclávia direita anormal, que podem levar a queixas quanto à
respiração e à deglutição.
As artérias vitelinas irrigam inicialmente a vesícula vitelínica (saco vitelínico), e mais
tarde, formam as artérias mesentéricas celíaca e superior. As artérias mesentéricas inferiores,
por sua vez, são derivadas das artérias umbilicais. Essas três artérias irrigam as regiões do
intestino anterior, do intestino médio e do intestino posterior, respectivamente.
Sistema venoso. Podem ser reconhecidos três sistemas: (1) o sistema vitelino, que se
torna o sistema portal; (2) o sistema cardinal, que forma o sistema cava; e (3) o sistema
umbilical, que desaparece após o nascimento. O complicado sistema cava é caracterizado por
muitas anomalias, como veias cavas inferior e anterior duplicadas, que também estão
associadas a defeitos de lateralidade.
Defeitos cardíacos