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EMBRIOLOGIA

CARDÍACA
FORMAÇÃO DO CORAÇÃO
Vem do mesoderma lateral esplânico.
O sistema cardiovascular é o primeiro sistema a funcionar no embrião, devido à
necessidade de um método eficiente de captação de oxigênio e nutrientes e para a
eliminação de dióxido de carbono e restos metabólicos, uma vez que com o rápido
crescimento do embrião, apenas a difusão é ineficiente.
 Começa a bater entre os dias 22 e 23.
 Começa com estrutura tubular.
As células do mesoderma lateral esplanico vão através da genética se diferenciar e vão
formar 2 cordoes angioblasticos e vão evoluir ate a formar tubos cardíacos endocárdicos
e a partir de dobramentos (que ocorre na 4ª semana) do embrião esses 2 tubos vão se
fundir e formar somente 1.
Enquanto ocorre o processo de dobramento ventral do corpo do embrião e união dos
dois tubos endocárdicos em apenas um único, observam-se modificações gradativas em
suas paredes. O mesênquima, em torno dos tubos endocárdicos, espessa-se para formar
o manto mioepicárdico, o qual formará o miocárdio e o folheto visceral do pericárdio (o
epicárdico). Entre o manto mioepicárdico e o endotélio, que forra o tubo endocárdico,
forma-se a geleia cardíaca constituída por um tecido conectivo gelatinoso, que
futuramente será invadido pelo miocárdico em desenvolvimento, mas parte dele resulta
no tecido subendocárdico. O revestimento endotelial interno do coração constituirá́ o
endocárdio
 o coração tubular se alonga e desenvolve dilatações e constrições alternadas,
ficando dividido em 5 partes: tronco arterioso (extremidade cranial), bulbo
cardíaco, ventrículo, átrio primitivo e seio venoso
 O tronco arterioso (extremidade cranial) é contínuo com o saco aórtico do qual as
artérias dos arcos faríngeos surgem. Já o seio venoso (extremidade caudal) é fixado pelo
septo transverso. O coração tubular sofre um giro para a direita formando uma alça em
forma de U que resulta em um coração com o ápice voltado para a esquerda. À medida
que o coração se dobra, o átrio e o seio venoso se tornam dorsais ao tronco arterioso,
bulbo cardíaco e ventrículo
Circulação no coração primitivo
Inicialmente, a circulação é tipo fluxo e refluxo, entretanto, no final da quarta semana,
o fluxo torna-se unidirecional devido a contrações coordenadas do coração. O sangue
chega pelo seio venoso → passa pelo átrio primitivo → canal atrioventricular →
ventrículo primitivo → bulbo cardíaco → tronco arterioso → se abre no saco aórtico
 O fluxo sanguíneo começa na 4ª semana.
 seio venoso é o polo venoso do coração primitivo recebendo o sangue drenado do
embrião e se divide em corno direito e corno esquerdo. Em cada corno do seio venoso
chega 1 veia cardinal comum, 1 veia umbilical e 1 veia vitelínica.
Veias cardinais comuns esquerda e direita são formadas pelas veias cardinais anteriores
e posteriores, que retornam o sangue pobre em oxigênio da cabeça e do corpo do
embrião, respectivamente.
Na oitava semana do desenvolvimento, forma-se uma anastomose entre as veias
cardinais anteriores esquerda e direita, resultando na formação da veia braquiocefálica
esquerda desviando o fluxo sanguíneo do lado esquerdo para o lado direito, levando a
degeneração da parte caudal da veia cardinal anterior esquerda.
A veia cardinal anterior direita e a veia cardinal comum direita darão origem a veia
cava superior (VCS). As veias cardinais posteriores se desenvolvem primariamente
como os vasos do mesonefro, que são rins temporários, e desaparecem amplamente com
estes rins transitórios, restando como derivados adultos a raiz da veia ázigo e as veias
ilíacas comuns.
As veias umbilicais esquerda e direita levam o sangue rico em oxigênio da placenta para
o seio venoso. Durante a formação do fígado, a veia umbilical direita degenera, assim
como a porção da veia umbilical esquerda entre o seio venoso e o fígado, restando
apenas a porção proximal da veia umbilical esquerda que chega ao fígado. Com o
aumento do aporte sanguíneo da placenta, há a formação de uma comunicação entre a
veia umbilical esquerda e a veia cava inferior, chamado de ducto venoso, possibilitando
a passagem direta do sangue oxigenado por dentro do fígado chegando ao coração.
As veias vitelínicas levam o sangue pobre em oxigênio da vesícula umbilical, pelo ducto
onfaloentérico (vitelínico) que liga a vesícula umbilical ao intestino médio, passando
pelo septo transverso, desaguando no seio venoso. A veia vitelínica esquerda regride
enquanto a veia vitelínica direita forma a maior parte do sistema porta hepático e parte
da veia cava inferior.
O seio venoso inicialmente se abre na parede dorsal do átrio primitivo e se divide em
corno direito e corno esquerdo, onde chegam as veias. A formação de duas
anastomoses, uma a partir da transformação das veias vitelinas e umbilicais, e outra com
a formação da veia braquiocefálica, faz com que o corno direito do seio venoso receba
uma grande quantidade de sangue resultando no aumento significativo do seu tamanho,
e fazendo com que o orifício sinoatrial se desloque para a direita se abrindo na região do
átrio primitivo que dará origem ao átrio direito adulto. O corno esquerdo diminui de
tamanho originando o seio coronário, que irá drenar o sangue através das veias
coronárias.

SEPTAÇÃO DO CORAÇÃO PRIMITIVO


       A divisão do canal atrioventricular, átrio primitivo, ventrículo e trato de saída de
fluxo ocorrem simultaneamente, mas para um melhor entendimento deste processo,
serão descritos separadamente.
Septação do canal atrioventricular
Tem início com a formação dos coxins endocárdios, que consistem em massas de tecido
da geleia cardíaca, nas paredes ventral e dorsal do canal atrioventricular. Os coxins
endocárdicos são invadidos por células mesenquimais levando a um aumento de
tamanho destes, resultando na sua aproximação e consequente fusão, dividindo o canal
atrioventricular em canais atrioventriculares direito e esquerdo 
Após sinais indutores do miocárdio do canal atrioventricular, um segmento de células
endocárdicas internas sogre transformação epitélio-mesenquimal e invade a matriz
extracelular. Os coxins endocárdicos AV transformados contribuem com a formação
das valvas e septo membranoso do coração.
Septação do átrio primitivo
A septação do átrio primitivo resulta na formação do átrio direito e no átrio esquerdo e
tem início com o surgimento do septo primário – septum primum. O septo primário se
forma no teto do átrio primitivo, e se desenvolve em um movimento descendente, em
direção aos coxins endocárdicos que entre os átrios direito e esquerdo, o forame
secundário – foramen secundum .Imediatamente ao lado do septo primário, haverá a
formação do septo secundário – septum secundum, que consiste em uma membrana
muscular espessa, que também se desenvolve em um movimento descendente,
recobrindo gradualmente o forame secundário, porém sem o fechar. Desta forma, o
forame secundário dará origem ao forame oval, e o septo primário aderido aos coxins
endocárdicos formará a valva do forame oval, impedindo o refluxo do sangue do átrio
esquerdo para o átrio direito. Após o nascimento, o forame oval se fecha
funcionalmente devido a pressão do sangue ser mais alta no átrio esquerdo do que no
átrio direito. Aproximadamente aos 3 meses de idade, a valva do forame oval se fusiona
com o septo secundário, formando a fossa oval. estão se fusionando. Neste momento, o
espaço entre o septo primário descendente e o coxin endocárdica forma o forame
primário – foramen primum, que é uma comunicação temporária entre os dois átrios em
formação. O septo primário vai crescendo e se fusiona com o coxin endocárdio
fechando o forame primário e resultando no septo atrioventricular primitivo. No
entanto, parte do septo primário sofre apoptose formando uma segunda comunicação
Septação do ventrículo primitivo
A septação do ventrículo se dá em movimento ascendente, do assoalho do ventrículo em
direção ao coxin endocárdio, a partir de uma massa muscular denominada septo
interventricular. Inicialmente este septo cresce por adição de miócitos vindos dos
ventrículos esquerdo e direito em formação. Porém, mais tarde haverá a proliferação
ativa dos mioblastos do septo. Até a sétima semana do desenvolvimento, entre a borda
livre do septo e o coxin endocárdico fusionado haverá um espaço denominado de
forame interventricular, possibilitando a comunicação entre os dois ventrículos (Fig. 12
–A). O fechamento do forame interventricular e a formação da parte membranácea do
septo interventricular resultam da fusão de tecidos de três origens: a crista bulbar direita,
a crista bulbar esquerda e o coxim endocárdico. Após estes eventos, o tronco pulmonar
está em comunicação com o ventrículo direito e a aorta se comunica com o ventrículo
esquerdo.
A cavitação das paredes ventriculares forma uma trama esponjosa de feixes musculares
– as trabéculas cárneas. Alguns desses feixes formam os músculos papilares e as cordas
tendíneas.

Formação das valvas cardíacas


As válvulas atrioventriculares (valvas tricúspide e mitral) são desenvolvidas através da
proliferação de tecido em torno dos canais atrioventriculares.
As válvulas semilunares se desenvolvem a partir de três proliferações do tecido
subendocárdico em torno dos orifícios da aorta e do tronco pulmonar, sendo
remodeladas e cavitadas para formar três cúspides de parede delgada
Septação do Bulbo cardíaco e do Tronco arterioso
Durante a quinta semana do desenvolvimento, a proliferação ativa de células
mesenquimais nas paredes do bulbo cardíaco resulta na formação de cristas bulbares.
Estruturas semelhantes se formam no tronco arterioso, as cristas troncais, que são
contínuas com as cristas bulbares. À medida que as células da crista neural migram
através da faringe primitiva para alcançarem as cristas, estas sofrem uma rotação de
180° em espiral, e quando as cristas se fusionam formam o septo aórtico-pulmonar. Este
septo divide o bulbo cardíaco e o tronco arterioso em dois canais arteriais, a parte
ascendente da aorta e o tronco pulmonar. Devido à espiralização do septo aórtico-
pulmonar, o tronco pulmonar gira ao redor da parte ascendente da aorta.
CIRCULAÇÃO FETAL E MODIFICAÇÕES CIRCULATÓRIAS NO
NASCIMENTO
Circulação fetal
O sangue altamente oxigenado e rico em nutrientes parte da placenta e chega ao feto
através da veia umbilical. A veia umbilical leva esse sangue diretamente ao fígado, onde
parte dele seguirá para o ducto venoso – um desvio dentro do fígado que conduz esse
sangue diretamente para a veia cava inferior e a outra parte desse sangue entra nos
sinusóides hepáticos nutrindo o parênquima do fígado, retornando pelas veias hepáticas
e levado à veia cava inferior. A veia cava inferior desagua no átrio direito do coração, e
como ela também recebe sangue pouco oxigenado vindo dos membros inferiores,
abdômen e pelve, o sangue que chega ao átrio direito não é tão oxigenado quanto aquele
que está na veia umbilical. A maior parte deste sangue é direcionado para o átrio
esquerdo via forame oval. O átrio esquerdo também recebe sangue das veias
pulmonares que retornam o sangue pouco oxigenado do pulmão, que se irá se misturar
àquele sangue vindo do átrio direito. Note que na circulação fetal, as veias pulmonares
transportam sangue pouco oxigenado devido aos pulmões fetais utilizarem o sangue
apenas para a sua nutrição, não realizando trocas gasosas, sendo estas realizadas pela
placenta. Do átrio esquerdo o sangue passa para o ventrículo esquerdo e segue para o
arco da aorta sendo distribuído pelas artérias do coração, pescoço, cabeça e membros
superiores, nutrindo essas regiões do corpo do feto.
O átrio direito também recebe sangue pobremente oxigenado que retorna da cabeça e
membros superiores através da veia cava superior e também do seio coronário. Este
sangue irá se misturar com uma pequena quantidade de sangue bem oxigenado oriundo
da veia cava inferior que permaneceu no átrio direito devido a extremidade inferior do
septo secundário. Do átrio direito então, este sangue “misturado” irá para o ventrículo
direito, saindo pelo tronco pulmonar, onde a maior parte deste sangue passará pelo
ducto arterios desaguando na parte descendente da aorta em direção ao corpo do feto
para nutrir as vísceras e a parte inferior do corpo, retornando à placenta pelas artérias
umbilicais. Uma pequena parte deste sangue sai do tronco pulmonar e vai para os
pulmões fetais, que devido a sua alta resistência vascular, possui um baixo fluxo
sanguíneo.
Ao estudarmos a circulação sanguínea fetal, pudemos observar uma mistura entre
sangue ricamente oxigenado com sangue pobremente oxigenado. Teoricamente, esta
desnaturação do sangue altamente oxigenado pode ocorrer nos seguintes lugares:
FIGADO – pela mistura com um pequeno volume de sangue que retorna do sistema
porta; VEIA CAVA INFERIOR – que carrega sangue pouco oxigenado oriundo dos
membros inferiores, da pelve e dos rins; ÁTRIO DIREITO – pela mistura com o sangue
da cabeça e membros superiores; ÁTRIO ESQUERDO – pela mistura com o sangue
que retorna dos pulmões; e na entrada do ducto arterioso na aorta descente.
MODIFICAÇÕES CIRCULATÓRIAS NO NASCIMENTO
   Ao nascimento, com a cessação da circulação placentária, os pulmões se expandem e
começam a funcionar. Com isso, ocorrem ajustes circulatórios importantes, uma vez que
o forame oval, o ducto arterioso, o ducto venoso e os vasos umbilicais não são mais
necessários.
1) Fechamento do forame oval
Com o aumento do fluxo sanguíneo pulmonar e à perda do fluxo sanguíneo da veia
umbilical, a pressão no átrio direito diminui, enquanto que a pressão no átrio esquerdo
aumenta. Com isso, o sangue que entra no átrio esquerdo fecha funcionalmente o
forame oval por pressionar a valva do forame oval contra o septo secundário– septum
secundum, entretanto, durante os primeiros dias de vida, esse fechamento é reversível. A
aposição constante leva gradualmente à fusão dessas duas estruturas em cerca de um
ano, porém, em 20% dos casos, um fechamento anatômico perfeito nunca ocorrerá,
acarretando o que se chama de forame oval pérvio.
2) Fechamento do ducto arterioso
Esta ligação temporária entre o tronco pulmonar e o arco da aorta, se fecha quase que
imediatamente após o nascimento através da contração de sua parede muscular. Essa
contração é mediada pela bradicinina, uma substância vasoconstritora potente de
músculo liso liberada pelos pulmões durante a insuflação inicial, porém acredita-se que
a sua obliteração completa ocorra pela proliferação de sua túnica intima e leva cerca de
1 a 3 meses. No adulto, o ducto arterial dará origem ao ligamento arterioso 
3) Fechamento das artérias umbilicais
O fechamento destas artérias impede a perda de sangue do neonato. Acompanhado pela
contração da musculatura lisa de suas paredes, o seu fechamento é provavelmente
causado também por um estímulo térmico e mecânico e pela variação na tensão do
oxigênio. Embora, funcionalmente estas se fecham imediatamente após o nascimento, a
obliteração total de seu lúmem ocorre entre 2 e 3 meses. No adulto, as partes distais das
artérias umbilicais formam os ligamentos umbilicais médios, e as porções proximais
permanecem abertas, assim como as artérias vesicais superiores 
4) Fechamento da veia umbilical
Seu fechamento ocorre após o fechamento das artérias umbilicais. Assim, o sangue da
placenta pode entrar no recém-nascido por algum tempo após o nascimento. No adulto,
formará o ligamento redondo hepático na margem inferior do ligamento falciforme 
5) Fechamento do ducto venoso
O ducto venoso se fecha após o fechamento da veia umbilical, e quando obliterado
formará, no adulto, o ligamento venoso 

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