Você está na página 1de 50

O Método Gravimétrico

 As feições litológicas e estratigráficas em subsuperfícies são


investigadas por meio das variações da aceleração da gravidade
medidas na superfície

 Se baseia nas variações da densidade das rochas em subsuperfície


Aplicações do método gravimétrico em prospecção mineral

• Prospecção de altas concentrações de minerais metálicos

• Localização de anticlinais (possíveis oil traps)

• Localização e delimitação de aquíferos

• Delimitação de falhas, brechas e relevo do embasamento

• Localização de delimitação de bacias sedimentares

• Localização de domos salinos

• Estimativas de tonelagem de jazidas (método do excesso de massa)


Métodos de medição de g

Métodos absolutos:

 A aceleração gravitacional é medida de forma absoluta em gu. São de


difícil aplicação em campo devido ao tamanho e complexidade do
gravímetro.

 São utilizados dispositivos de queda livre e pêndulos.

Métodos relativos:

 Mede-se diferenças de aceleração gravitacional (medições relativas).


São de fácil aplicação em campo.

 Podem ser utilizados gravímetros de campo (LaCoste e Romberg ou


tipo Worden).
Unidades no SI e no sistema cgs

No SI : m / s2

1 m / s2  1.000.000  m / s 2  1.000.000 gu

No cgs : mgal (miligal )

1 mgal  10  m / s 2  10 gu

Variações de g na superfície terrestre causadas pela não uniformidade


das densidades das rochas em subsuperfície são da ordem de 10 gu
Gravímetro LaCoste e Romberg (mais utilizado em campo)
Redução Gravimétrica

Consiste em remover todas as contribuições às variações do campo


gravitacional que não se originem nas diferenças de densidades das
rochas em subsuperfície

• Correção de deriva: É a correção feita ao longo do tempo por


leituras sucessivas em uma estação base. A deriva em geral se
deve à deformações inelásticas da mola do gravímetro e a
dilatações e contrações térmicas de seus componentes

• Correção de latitude: Correção dos efeitos da forma elipsoidal da


Terra e da aceleração centrípeta sobre o campo gravitacional

• Correção de elevação: Correção do efeito da altitude (em ar livre)


do ponto no qual é feita a medição
Correção de deriva
Correção de latitude
Correções de elevação

FAC (free air correction): Quando a medição é feita a uma altura h em


relação ao Datum em ar livre

BC (Bouguer correction):

(Em terra - ) Remoção do efeito gravitacional das rochas localizadas abaixo


do ponto de medição e acima do Datum

(No mar +) Substituição da coluna d´água por uma equivalente coluna de


rocha supondo o Datum como sendo a superfície da água
TC (terrain corrections): Corrige os efeitos gravitacionais devido à
topografia do terreno nas proximidades do ponto de medição. É feita
utilizando-se a carta de Hammer
Correção de maré: Tem como objetivo corrigir os efeitos das atrações lunar
e solar, que podem ser da ordem de 3 gu

EC (Eötvös): Quando a medição é feita em um veículo em movimento (navio


ou avião), esta correção remove a contribuição da aceleração centrípeta
devido ao movimento do veículo

Onde V é a velocidade do veículo em knots,  é a direção do movimento


em relação ao norte e  é a latitude do lugar onde o veículo se encontra
Anomalias gravimétricas usualmente mapeadas

Anomalia de ar-livre: Leva em consideração as correções de latitude, de ar-


livre e Eötvös (quando necessário). É mais utilizada em mapeamentos
gravimétricos sobre mares e oceanos.

Anomalia de Bouguer: Além dos três termos de correção presentes na


anomalia de ar-livre, leva também em consideração as correções de
Bouguer e de terreno. É mais utilizada em mapeamentos gravimétricos
continentais.
Figura 4.2 – Modelo gravimétrico de anomalia ar-livre (ARL05) da placa SAM com
resolução espacial de 5’ x 5’, calculada através da colocação por mínimos quadrados.
Figura 4.3 – Modelo gravimétrico de anomalia Bouguer (BGR05) na placa SAM com
resolução espacial de 5’ x 5’, calculada através da colocação por mínimos quadrados.
Fig. 4.6 Mapa de anomalias Bouguer do Brasil e áreas adjacentes. O
intervalo das linhas de contorno é de 20 mGal. Fonte: Sá et al. 1993.
nível do
mar lâmina d’água

Fig. 4.7 Modelo de compensação isostática de Airy. A camada superior rígida possui
densidade constante mas inferior àquela do substrato plástico. O equilíbrio isostático é
atingido pela variação da espessura da camada superior, de modo que as montanhas têm
raízes profundas.
nível do
mar lâmina
d’água

Fig. 4.8 Modelo de compensação isostática de Pratt. A camada superior rígida é composta por
blocos de igual profundidade, mas com densidades diferentes e menores do que do substrato
plástico. O equilíbrio isostático é atingido pela variação da densidade, de modo que as rochas sob
as cadeias montanhosas são menos densas, enquanto as das bacias oceânicas são mais densas.
Anomalias de gravidade associadas a corpos de formas simples

Corpos de formas simples mais úteis:

• Massa puntiforme (pontual)

• Linha infinita de massa (massa linear)

• Esferas e cilindros infinitos

É possível simular com boa aproximação uma distribuição de


massa em subsuperfície de forma complexa utilizando uma soma
finita de formas simples como esferas e cilindros de diversos
tamanhos e densidades
Massa pontual e/ou esfera de raio R a uma profundidade z

Gm Gmz
gz  2
cos  
r r3

Onde r  x2  z2

Considerando uma esfera


com densidade volumétrica 
dentro de uma vizinhança de
densidade  temos:

4 R 3 G (    ) z
gz 
3 r3
Linha infinita de massa e cilindro infinito de raio R a uma profundidade z

2G  2G  z
gz  cos  
r r2

Onde  é a densidade linear


de massa e r  x2  z2

No caso de um cilindro
infinito com densidade
volumétrica  dentro de uma
vizinhança de densidade 
temos:
2  R 2G (    ) z
 gz 
r2
Corpo de forma irregular e densidade  dentro de vizinhança de densidade 

(    ) ( z´  z )
 gz  G  r 3
d x´ d y´ d z´

Onde

r  ( x  x´ ) 2  ( y  y´ ) 2  ( z  z´ ) 2
Interpretação de anomalias gravimétricas

Problema inverso: Interpretação de anomalias gravimétricas é


inerentemente ambígua.

• Ex: Esferas concêntricas com diferentes densidades e raios podem


produzir uma mesma anomalia

• Existem vários métodos que visam resolver estas ambiguidades e


facilitar a interpretação das anomalias gravimétricas
Método de meia distância: Este método relaciona a maior amplitude da
anomalia gravimétrica com o valor observado à meia distância da posição
do máximo
 No caso de uma anomalia causada por uma esfera ou massa pontual
m:
4 R 3 G (    ) z
gz 
3 r3
A profundidade limite é dada por:
x 1/ 2
z 
3
4 1

 No caso de uma anomalia causada por uma distribuição linear de


massa:
2  R 2G (    ) z
 gz 
r2
A profundidade limite é dada por:

z  x 1/ 2
Método da razão gradiente-amplitude

 No caso de uma anomalia causada por algum corpo tridimensional:

Amax
z  0,86
A 'max

 No caso de uma anomalia causada por algum corpo bidimensional


(distribuição linear de massa):

Amax
z  0,65
A 'max
Métodos de segunda derivada

 Existem vários métodos de segunda derivada. Todos tem em comum a


obtenção de relações entre a profundidade limite e a distância na qual
a derivada segunda horizontal é máxima.
Excesso de massa: A massa de um corpo em subsuperfície pode ser
determinada univocamente a partir da anomalia gravimétrica que o
mesmo causa.
n
1
M 
2 G
g
i 1
i  Ai

Esta equação é obtida da lei de Gauss e pode ser utilizada para estimar a
tonelagem de corpos de minérios
Teoria do potencial elementar e manipulação do campo potencial

Como a aceleração da gravidade é um campo vetorial conservativo, é


associada a um potencial escalar que obedece à equação de Laplace:

2 U 2 U 2 U
 U 
2
   0
x 2
y 2
z 2

Considerando apenas o plano xz temos:

2 U 2 U
  0
x 2
z 2
Assim, a resolução da equação de Laplace pelo método da
separação de variáveis leva a:

U k ( x, z )   A sen ( k x )  B cos ( k x )  e k z

Sendo z = 0 na superfície e z aumentando para baixo

Adotando somente o termo em seno para simplificar, temos para


uma altura h acima da superfície:

U k ( x , h )  A sen ( k x ) e  k h

E, para uma profundidade d abaixo da superfície:

U k ( x , d )  A sen ( k x ) e k d
Usando a propriedade de ortogonalidade das funções seno, podemos
descrever o potencial a uma altura h da superfície como uma
transformada de Fourier do tipo:


U( x, h)  2
  0
U 0 ( k )  sen ( k x )  e  k h d k (1)

Onde


U0 ( k )  2
 
0
U ( x , 0 )  sen ( k x ) d x (2)

Podemos notar em ( 1 ) que as componentes de Fourier de maiores k


desaparecem mais rapidamente com a altura h
Método da continuação para cima

• Utilizado para atenuar componentes de números de onda k elevados


de forma a melhor evidenciar anomalias atribuídas a corpos em maior
profundidade

• Aumentando-se a altura em relação à superfície elimina-se


gradativamente as componentes de Fourier de maior número de onda,
causando a simplificação das linhas iso-anômalas

• Também pode ser aplicado no caso do potencial magnético

Você também pode gostar