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ARTES – Prª.

CAMILA ANTUNES
3º ANO - ENSINO MÉDIO INTEGRADO

ROTEIRO DE CENA – CURTA METRAGEM

O roteiro é a estrutura de uma história audiovisual. Assim, esse documento precisa


apresentar detalhes de ambos os elementos de uma história contada em vídeo: som e
imagem. A cinematografia, por outro lado, costuma ficar sob responsabilidade
do diretor e não do roteirista — ângulos e enquadramentos não precisam ser
considerados nessa etapa, mas claro, isso não impede que o roteirista faça algumas
observações deste tipo se for importante para a trama.
Roteiros de curtas-metragens costumam ser mais sucintos e objetivos, assim como
a própria produção audiovisual em questão. Diferentemente de um longa-metragem, em
que o tempo de tela pode facilmente passar de 2 horas, os curtas devem contar uma
história (ou fragmentos dela), geralmente em até 15 minutos.
Quer aprofundar seus conhecimentos sobre esse tema? Então acompanhe a seguir
cinco importantes etapas da criação de roteiros para curta!

1 - Defina o tema central


Filmes de qualquer metragem contam histórias, e histórias surgem a partir de
ideias. Qual a espinha dorsal do seu filme? Geralmente, para que uma produção
audiovisual tenha relevância, ela precisa tocar o público de alguma forma — seja pelo
exagero ou pela ridicularização de uma situação comum, seja por uma representação
verossímil da realidade.
Tentar definir o filme em uma única palavra é um exercício que pode ajudar na
definição do seu tema. Outra possibilidade é buscar aquilo que o diferencia de outras
produções e o torna único.
Além de aprofundar o conceito da obra, esses momentos de reflexão podem ajudar a
tirar sua ideia do papel. Esse também já é um bom começo para o primeiro rascunho de
uma sinopse, algo muito importante para a venda e divulgação do seu filme.

2 - Desenvolva os personagens
Antes de mais nada, os personagens do seu filme precisam ser apresentados. O
quanto você quer revelar sobre eles e o quanto você quer deixar aberto à interpretação
do seu público? Mais do que falar das características de cada um deles, é importante
mostrá-las em tela.
Aqui, é importante definir o que vai dar início a sua trama. O que coloca a sua
história em movimento e por quê? Cada personagem deve ter seu arco, ainda que o
número de atores em um curta seja reduzido e que a história não se desenvolva tanto
quanto em um longa.
Depois desse conflito inicial, é hora de pensar o clímax e a resolução. Qual vai ser o
gancho da história? Esse é o momento de identificar um plot twist para surpreender o
seu público.

3 - Crie descrições detalhadas das cenas


O roteiro de uma produção audiovisual deve considerar aspectos de som e imagem.
Portanto, é importante que além dos diálogos, o documento descreva em detalhes as
cenas, os locais e, se possível, sugerir possíveis locações e as imagens de cobertura
também não podem ser ignoradas.
Uma dica é usar um modelo de roteiro que respeite sempre a seguinte ordem:
 cabeçalho de cena: introduz uma nova cena ou locação;
 ação: descreve o que vai acontecer na cena;
 diálogos: linhas de fala dos personagens.
Além disso, você também deve descrever as sensações dos personagens, algo muito
útil ao diretor na hora de captar as cenas. Outra dica para facilitar o trabalho em
equipe é apresentar as cenas na ordem em que elas aparecerão no filme (cena 1, cena 2,
cena 3 etc). Isso ajuda o diretor a entender o fluxo da história em tela, ainda que a
filmagem não aconteça nessa mesma ordem.
Por fim, caso o seu curta seja documental e não conte com atores, mas sim com
entrevistados, o ideal é que o roteiro já tenha nome e contato das pessoas que devem ser
filmadas, assim como as perguntas da entrevista.

4 - Faça uma revisão final


Roteiros de curtas-metragens são um documento de texto. Por conta disso, é
importante checar gramática, ortografia e pontuação. Elimine palavras repetidas e deixe
o texto o mais objetivo possível.
Nada de ser misterioso no seu roteiro, combinado? Lembre-se que o audiovisual
pressupõe um amplo trabalho em equipe e o seu material deve estar claro para diretores
e editores que darão sequência ao projeto. É comum que os trabalhos sejam mais
autorais nos casos em que a mesma pessoa assume tanto o roteiro como a direção de
uma obra — algo mais comum no cinema europeu, por exemplo.
Agora que o roteiro está quase finalizado, esse é um bom momento para voltar à
sinopse inicialmente escrita e verificar se ela continua valendo ou se breves alterações
devem ser feitas — nela, ou no próprio roteiro para que ele se assemelhe mais à história
que você quer contar. Não se esqueça, também, de incluir um título impactante!
5 - Invista na profissionalização
O audiovisual é uma área competitiva e que se profissionaliza cada dia mais. Por
isso, é importante considerar a realização de cursos de escrita de roteiros para curtas e
longas, de forma a garantir a entrega de um trabalho de qualidade e capaz de
destacá-lo no mercado.
Atualmente, diferentes instituições de ensino oferecem programas de formação nas
mais diferentes etapas do audiovisual, inclusive na elaboração de roteiros.
Os roteiros de curtas ou longas existem para agilizar e organizar o processo de
filmagem. Produtores e diretores organizam o fluxo do set e a preparação do elenco ou
dos entrevistados a partir desse documento, ainda que as coisas não aconteçam na
ordem apresentada nele. Trata-se de uma etapa inicial de um trabalho que só acontece
em equipe. Portanto, é uma grande responsabilidade entregar um bom trabalho!

Segue abaixo um trecho do texto teatral intitulado “Álbum de Família”, escrito por
Nelson Rodrigues, em 1945:
Cena 1
(Palco menor: cena mostra ângulo de um dormitório de colégio. Glória e Teresa
entram rindo muito, como se brincassem de esconde-esconde. Ambas em finíssimas
camisolas, muito transparentes. São meninas que aparentam 15 anos. Há entre as duas
um ambiente de sonho. Quando a música termina, Teresa fala)
TERESA – Você jura?
GLÓRIA – Juro.
TERESA – Por Deus?
GLÓRIA – Claro!
(Nota importante: o sentimento de Teresa é mais ativo; Glória resiste mais ao
êxtase)
TERESA – Então, quero ver. Mas, depressa, que a irmã pode vir.
GLÓRIA (erguendo a cabeça) – Juro que...
TERESA (retificando) – Juro por Deus...
GLÓRIA – Juro por Deus...
TERESA – ... que não me casarei nunca...
GLÓRIA – ... que não me casarei nunca...
TERESA – ... que serei fiel a você até à morte.
GLÓRIA – ... que serei fiel a você até à morte.
TERESA – E que nem namora.
GLÓRIA – E que nem namoro.
(As duas se olham. Teresa coloca o véu branco na cabeça de Glória; em seguida
coloca outro véu sobre a sua própria cabeça. Abraçam-se.)
TERESA (apaixonada) – Também juro por Deus que não me casarei nunca, que só
amarei você, e que nenhum homem me beijará.
GLÓRIA (menos trágica) – Só quero ver.
TERESA (trêmula) – Segura minha mão assim. (olhando-a profundamente) Se você
morrer um dia, nem sei!
GLÓRIA – Não fala bobagem!
TERESA – Mas não quero que você morra, nunca! Só depois de mim. (com uma
nova expressão, embelezada) Ou então, ao mesmo tempo, juntas. Eu e você enterradas
no mesmo caixão.
GLÓRIA – Você gostaria?
TERESA (no seu transporte) – Seria tão bom, mas tão bom!
GLÓRIA (prática) – Mas no mesmo caixão não dá – nem deixam!
TERESA (sempre apaixonada) – Me beija!
(Glória beija na face, com certa frivolidade.)
TERESA – Na boca!
(Beijam-se na boca)
TERESA (agradecida) – Nunca nos beijamos na boca – é a primeira vez.
(Riem. Beijam-se novamente. Música de transição: Glória de Vivaldi em tom
menor)
(Apaga-se a pequena cena do dormitório.)

SEGUINDO O EXEMPLO DO ROTEIRO ANTERIOR, CRIEM UM ROTEIRO DE CENA


CURTA (APENAS UMA CENA), E ENVIEM O DOCUMENTO NO EMAIL
camila.morais@ifnmg.edu.br
DATA LIMITE PARA ENTREGA – 06/02/2023 – VALOR: 6 PONTOS

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