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Características gerais dos núcleos

Prof. Dr. Milan Lalic


Departamento de Física
Universidade Federal de Sergipe

Os slides de apresentação estão baseados nos slides feitos


pela Profa. Dr. Susana de Souza Lalic

1
Assunto primeiro

Descoberta e a composição
dos núcleos

histórico ...

2
Estrutura do átomo

Experimentos que "olharam" o interior de um átomo usando


sondas de partículas indicaram que os átomos tinham
estrutura e que não eram somente bolas permeáveis.

Esses experimentos ajudaram os cientistas a determinar que


os átomos têm um núcleo minúsculo, denso e positivo, e uma
nuvem de elétrons negativos (e-).

Entidades que nós chamamos de átomos são feitas de


partículas mais fundamentais!

3
Modelos atômicos
• 1803 - Dalton
modelo da bola de bilhar Indivisível e neutro
• 1904 – J. J. Thomson
Divisível e com natureza elétrica
Thomson sugeriu um modelo do átomo constituído por algum
tipo de fluido de forma esférica - em que os elétrons
estivessem embebidos e livres para se mover em uma região
de carga positiva preenchendo uniformemente todo o volume
do átomo – “pudim de ameixas”.

4
A descoberta do núcleo
O modelo de Thomson foi
abandonado principalmente
devido aos resultados do
experimento de Rutherford.

Ernest Rutherford (1911)

5
Experiência de Rutherford
Em 1911, Ernest
Rutherford realizou
experiências bombardeando
uma finíssima lâmina de ouro
(10-4 mm de espessura) com
partículas alfa, cuja carga
elétrica é positiva (2+),
emitidas pelo polônio, um
material radioativo.

6
7
A descoberta do núcleo

8
Conclusões do Rutherford
• A maioria das partículas alfa atravessa a placa  No
átomo há grandes espaços vazios.
• Algumas poucas partículas alfa foram rebatidas. 
No centro do átomo existe um núcleo muito
pequeno e denso.
• As partículas alfa, que possuem carga positiva,
quando passavam perto do núcleo, eram repelidas
sofrendo desvio em sua trajetória  O núcleo do
átomo tem carga positiva.

• Rutherford admitiu que havia elétrons girando ao


redor do núcleo para equilibrar sua carga positiva.

9
Proposta de Rutherford
A estrutura de um átomo é
semelhante à do Sistema Solar

O modelo de átomo de Rutherford não foi sucedido porque o movimento dos elétrons
foi tratado classicamente. O conserto veio com modelo de Niels Bohr!
10
Carga vs massa do núcleo
No átomo de H, o núcleo é um próton (p) com a carga elétrica +e, onde e
é a magnitude da carga do elétron, orbitado por um único elétron.

Átomos pesados foram considerados como tendo núcleos consistindo de


vários prótons.
Mas, isótopos são átomos cujos núcleos têm massas
diferentes, mas a mesma carga elétrica.

A=1 A=2 A=3


Carga = 1 Carga = 1 Carga = 1
– Mais massa e mesma carga. Como explicar? 11
Ainda faltava uma explicação para a
massa dos núcleos
O nêutron
1932 – James Chadwick
(1891 – 1974) – físico
britânico e colaborador de
Rutherford provou a
existência do nêutron
(prêmio Nobel 1935)

E se houvesse uma partícula


com massa mas sem carga no
núcleo?
12
Descoberta do nêutron
1932 – Chadwick, seguindo experiências de Irène Curie e
Frédéric Joliot, observou uma radiação neutra emitida
quando berílio era bombardeado por partículas alfa.
• Demonstrou que isso implicava na existência de uma
partícula eletricamente neutra com aproximadamente a
mesma massa do próton: nêutron (n)

13
Núcleo é composto de
prótons e nêutrons
O que mantem os prótons e nêutrons junto?

Força nuclear !

• mais forte do que força elétrica


• não depende da carga elétrica
• de curtíssima alcance

Mais detalhes: nas próximas aulas!

1 femtômetro = 1 fermi = 1 fm = 10-15 m


14
O Núcleo

• O raio de um núcleo típico é ~ 10.000 vezes


menor que o raio do átomo ao qual pertence, mas
contém mais de 99,9% da massa desse átomo.
• Por parecer pequeno, sólido e denso, os cientistas
pensaram originalmente que o núcleo era
fundamental.
• Mais tarde, descobriram que ele era feito de
prótons (p), que são carregados positivamente, e
nêutrons (n), que não têm carga.

E então, os prótons e os nêutrons são


fundamentais? 15
Quarks

• Mais tarde, os físicos descobriram que os


prótons e os nêutrons são compostos de
partículas ainda menores, chamadas quarks.
• Até onde sabemos, os quarks são como os
pontos na geometria. Eles não são
compostos de nada mais.
• Depois de testar extensivamente essa teoria,
os cientistas agora suspeitam que os quarks
e o elétron (e algumas outras coisas que
veremos na segunda parte do curso) são
partículas fundamentais.

16
Balé dos átomos
Os elétrons estão em constante movimento
em torno do núcleo; os prótons e os
nêutrons vibram dentro do núcleo e os
quarks vibram dentro dos prótons e
nêutrons.

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Composição do Núcleo
Componentes
No núcleo, prótons e nêutrons = partículas chamadas núcleons.
 prótons, com carga elétrica positiva,
 nêutrons, sem carga elétrica.
• Prótons e nêutrons têm spin ½ (férmions)
• obedecem ao princípio de exclusão de Pauli.

O núcleo do elemento de número atômico Z é constituído de Z


prótons e N nêutrons.

No átomo neutro existem Z elétrons.

A = N + Z é o número de núcleons ou número de massa.

18
19
Características Gerais do Núcleo

20
Assunto segundo

Massa, carga e a energia


presa no núcleo

21
Isótopos

Átomos de um mesmo elemento químico com números


de massa diferentes são denominados isótopos.

1 2 3
1 H 1 H 1 H 22
Exemplo: Isótopos de urânio

Urânio - possui 92 prótons.


Existe na natureza na forma de 3 isótopos:

• U-234, (em quantidade desprezível);


• U-235, com 143 nêutrons,
– 0,7%
• U-238, com 146 nêutrons no núcleo
– 99,3%

23
Curiosidade: Enriquecimento do
urânio
Aumento do teor de U-235 em razão maior
do que 0,7%, em relação ao que se dispõe
naturalmente, para uso como combustível
nuclear.

Usinas precisam de ~3%


Bombas precisam de > 90%

24
Qual a diferença entre combustível do
reator e das bombas?
Enriquecimento do urânio!!
• Usinas ~3%
• Bombas > 90%

25
Massa do núcleo

As massas nucleares são convenientemente expressas em


unidades de massa atômica (u).
• A unidade de massa atômica é uma unidade de medida de massa
utilizada para expressar a massa de partículas atômicas. (não é do
S.I. mas é aceita por ele).
• Ela é definida como 1/12 da massa de um átomo de carbono-12 em
seu estado fundamental.
• i.e, a massa de um átomo de C-12 é, por definição,
exatamente 12 u.

O melhor valor de u aceito atualmente é


1 u = 1,66053886(28) x 10-27 kg

26
Massa do núcleo

Usando o valor arredondado 1u = 1,6605 x 10-27kg

A massa de um átomo de C-12 é 12u, então:


m(C) = 12 (1,6605 x 10-27 kg) = 1,9926 x 10-26 kg

e esse valor inclui as massas dos prótons, nêutrons e elétrons.


A massa de um elétron é:
m(e) = 9,1093 x 10-31 kg
de modo que a massa dos 6 elétrons do átomo de carbono 12 é:
m(6e) = 6 ( 9,1093 x 10-31 kg ) = 5,46558 x 10-30 kg

Dessa forma:
m(C)/m(6e) = (1,9926 x 10-26 kg) / (5,4656 x 10-30 kg) = 3,6457 x 103

Ou seja, a massa do núcleo deve ser mais de 1000 vezes


maior que a dos 6 elétrons.

27
Assim, a massa dos elétrons é desprezível
se comparada à massa do átomo, e a
massa do átomo pode ser considerada igual
à massa do núcleo atômico.
Em termos da unidade de massa atômica,
as massas do próton e do nêutron são:
• m(p) = 1,0078 u
• m(n) = 1,0087 u

28
Energia
Conta de luz
Relembrando que

Em física nuclear usaremos muito o eV


1 eV = 1,6 x 10-19 J
1 J = 6,2415 x 1012 MeV
29
Convertendo massa em energia
Einstein: Matéria é energia condensada
E=mc2
c = módulo da velocidade da luz no vácuo

O rendimento da conversão de um quilograma de massa em


energia será de:

E= 1 kg x (3 x 108 m/s)2 = 9 x 1016 joules

30
Massa e energia
Se
E=mc2
Então
1u = 1,6605 x 10-27kg
Será, em energia:

1 uc2 = 931,4815 MeV

m(e)c2 = 0,5110 MeV


m(p)c2 = 938,7471 MeV
m(n)c2 = 939,5854 MeV

31
Assunto terceiro

Tamanho e a forma do núcleo ;


distribuição da carga e massa

32
Tamanho do núcleo

33
Tamanho do átomo
• Se fossemos desenhar o átomo em escala e
fizéssemos os prótons e nêutrons com um centímetro de
diâmetro, então os elétrons e quarks deveriam ter um
diâmetro menor do que o de um fio de cabelo e o
diâmetro do átomo inteiro deveria ser maior que o
comprimento de trinta campos de futebol!
30
1
1 cm

Elétrons átomo 34
Volume vazio?
Uma vez que praticamente toda a massa
do átomo está contida no núcleo (devido
aos prótons e aos nêutrons) e que essa
enorme região chamada eletrosfera (que
contém os elétrons) praticamente não
tem massa:
99,999999999999% do volume de
um átomo é apenas espaço vazio!
35
Comparando os tamanhos
Ao mesmo tempo que um
átomo é pequeno, o núcleo
é dez mil vezes menor que
o átomo, e os quarks e
elétrons são pelo menos
dez vezes menores que
eles.
Não sabemos exatamente
quão menores os quarks e
elétrons são; eles são
definitivamente menores
que 10-18 m, e podem ser
literalmente pontos, mas
nós não sabemos com
certeza. 36
Questões fundamentais:

• Poderíamos considerar que a forma de núcleo é aproximadamente esférica?


• Se sim, qual é o raio do núcleo?
• Como são distribuídas a carga e a massa nos núcleos?

As técnicas mais importantes para responder essas perguntas são aquelas que
envolvem o espalhamento de nêutrons e elétrons por núcleos.

Para que sejam observados efeitos de difração, o comprimento de onda de Broglie


de elétrons e nêutrons tem que ser comparável ao tamanho de núcleo, que é de
ordem de 1 fm!
ℎ𝑐
Isso implica que as energias deles devem ser altíssimas: 𝐸 = 𝜆
(mais de 200 MeV para elétrons).

Os elétrons e os nêutrons podem ser considerados como sondas que investigam


A estrutura interna dos núcleos!
37
Usando sondas
• Os elétrons não são influenciados
pela interação nuclear nem com os
nêutrons nem com os prótons do
núcleo. Mas, como têm carga
elétrica não nula, são influenciados
pela interação coulombiana com os
prótons do núcleo e sondam,
assim, a distribuição de carga do
núcleo.
38
Usando sondas
• Como os nêutrons não têm carga
elétrica, não são influenciados pela
interação coulombiana nem com os
nêutrons nem com os prótons do
núcleo. Mas como são influenciados
pela interação nuclear tanto com os
nêutrons quanto com os prótons do
núcleo, os nêutrons espalhados
sondam a distribuição de massa do
núcleo.

39
Distribuição de carga nos núcleos

40
Como esses resultados podem ser usados para criar uma fórmula aproximada que pode
ser usada para todos os núcleos?

Embora muitos núcleos sejam esféricos, outros têm a forma de um elipsoide.


Entretanto, é possível atribuir à maioria dos núcleos um raio efetivo!

41
Raio Nuclear
• O raio de um núcleo com número de massa A, suposto
esférico, é dado, com precisão considerável, por:
𝟏
𝑹 = 𝒓𝟎 ∙ 𝑨𝟑
onde A é o número de massa (ou o número de núcleons);
r0 é um coeficiente empírico, o mesmo para todos os núcleos,
r0 = 1,4 fm para a distribuição de massa
r0 = 1,2 fm para a distribuição de carga.
Aqui se usa como unidade de comprimento o fermi:
1 fm = 10-15 m

Esses números indicam que a distribuição de massa nuclear


avança um pouco além da distribuição de carga.

42
Volume Nuclear
• Como o volume de uma esfera é dado por

o volume do núcleo pode ser escrito por:

volume nuclear é proporcional ao número de


núcleons.
Assim, o número de núcleons por unidade de
volume é constante.
43
Densidade Nuclear
• A densidade da matéria nuclear fica:

• Portanto, a densidade de núcleo é ~mesma


para todos os núcleos.
44
Densidade de carga

• Como a força nuclear é independente da


carga elétrica, os prótons e os nêutrons
estão distribuídos mais ou menos
uniformemente no núcleo. Portanto, a
densidade de carga também é
aproximadamente mesma para todos os
núcleos.

45
• Nos núcleos com número de massa A
grande, a densidade de carga na região
central aparece diminuída devido à
repulsão coulombiana entre os prótons.

• Um núcleo não tem, evidentemente, um


raio exatamente definido, nem uma
densidade constante no interior da esfera
definida por esse raio.

• Na verdade, a densidade nuclear diminui até


zero dentro de um intervalo radial 46
Forma do núcleo

47
Exercício 1
• O tipo mais comum de núcleo de ferro tem
número de massa igual a 56. Calcule o raio, a
massa aproximada e a densidade aproximada
desse núcleo.

48
solução
• Utilizaremos duas ideias principais: o raio
e a massa de um núcleo dependem do
número de massa A e a densidade é
massa dividida pelo volume.
• Usando a eq.
R = r0 A1/3
R = (1,2 x 10-15 m) (56)1/3
R = 4,6 x 10-15 m = 4,6 fm
49
solução
• Como A = 56,
a massa do núcleo é aproximadamente 56 u
m  (56 x 1,6605 x 10-27 kg )  9,3 x 10-26 kg
• O volume é
V = 4/3 pR3 = 4/3 p(4,6 x 10-15 m)3= 4,1 x 10-43 m3

E a densidade é aproximadamente

50
Avaliação
A densidade do ferro condensado é cerca de
7000 kg/m3
Logo, verificamos que a densidade do núcleo é
mais que 1013 vezes maior do que a densidade
da matéria comum.
Um cubo com 1 cm de aresta com essa densidade
teria a massa de
2,3 x 1011 kg (230 milhões de toneladas!).
Densidades dessa ordem ocorrem no interior de
uma estrela de nêutrons.

51
Exercício 2

Um núcleo de ouro tem um raio de 6,23 fm e uma


partícula alfa tem um raio de 1,80 fm. Que energia
deve ter uma partícula alfa incidente para “encostar”
na superfície do núcleo de ouro?

A energia potencial elétrica do sistema é dada por


U=q1q2/4p0r

52
53
54
Isótonos - Isóbaros - Isômeros
• Isóbaros - são núcleos associados a elementos diferentes da
tabela periódica, mas com iguais números de massa. Por exemplo,
os núcleos:
– berílio-10 (Z = 4, N = 6),
– boro-10 (Z = 5, N = 5)
– carbono-10 (Z = 6, N = 4)
são núcleos isóbaros (mesmo A)

• Isótonos - são núcleos associados a elementos diferentes da


tabela periódica mas com mesmo número de nêutrons. (mesmo N)

• Isômeros - núcleos num estado excitado (com excesso de energia)


com um tempo de decaimento longo (estado isomérico) - núcleo
não estável: quando volta ao estado fundamental emite o excesso
de energia com radiação eletromagnética (raios gama)
Ex: radioisótopo usado na medicina
99mTc e seu isômero 99Tc.
55
Isótopos
• Átomos de um mesmo elemento químico com massas
diferentes são denominados isótopos.
(mesmo Z, diferente N)
– basicamente agem quimicamente de maneira idêntica.
– Mas apresentam propriedades físicas diferentes, tais como
temperatura de fusão e de vaporização e taxas de difusão.

56
Elementos químicos naturais e
artificiais

• Dos 118 elementos químicos conhecidos, 28


são artificiais:
• o tecnécio (Tc) Z= 43;
• o promécio (Pm) Z= 61;
• todos os elementos com número atômico
maior que 92, isto é:
do neptúnio (Np) Z= 93 em diante.

57
Estabilidade vs instabilidade
Aos 118 elementos conhecidos estão associados uns 270
isótopos estáveis e mais de 2.000 instáveis.
A tabela periódica só mostra dados de um dos isótopos
mais abundantes de cada elemento químico

58
Nuclídeos
• A tabela periódica é pouco útil quando se
trata de núcleos.
Um nuclídeo é um determinado núcleo com
valores definidos de Z e N
• Usamos a carta de nuclídeos, que mostra
todos núcleos estáveis e instáveis
(radioativos).
Nela podemos facilmente visualizar os isótopos,
isóbaros e isótonos.
59
carta de nuclídeos

60
http://www.phy.ornl.gov/hribf/science/abc/

Nuclídeos: quadrados pretos representam núcleos estáveis ​e os quadrados amarelos indicam


núcleos instáveis ​que foram produzidos e estudados em laboratório.
Milhares destes núcleos instáveis, ​ainda a serem explorados, são indicados em verde.
As linhas verticais e horizontais vermelhas mostram os números mágicos, refletindo as regiões
onde se espera que os núcleos sejam mais ligados e tenham meia-vida mais longa. 61
62
Assunto terceiro

Spin e magnetismo nuclear ;


ressonância magnética nuclear

63
Momento Angular do Núcleo – Spin
Nuclear
• Tal como no caso dos elétrons, também o próton (p) e o nêutron (n) são
partículas com spin e momento angular. Isso vai gerar um momento
angular no núcleo. Por razões históricas, o momento angular total do
núcleo é chamado de: spin nuclear: 𝑰

𝐼 =ℏ 𝐼 𝐼+1 onde I é o número quântico do spin nuclear

Projeção do spin I no eixo z:

𝐼𝑧 = 𝑚𝐼 ℏ ; 𝑚𝐼 = −𝐼, −𝐼 + 1, … , 𝐼 − 1, 𝐼

Portanto há 2𝐼 + 1 orientações possíveis de 𝐼 no espaço.


64
65
Magnetismo do núcleo

Momento magnético do elétron é expresso em termos de magnéton de Bohr:

Para o caso do núcleo, prosseguimos da maneira igual. O momento magnético do núcleo é:

𝑒ℏ
onde 𝜇𝑁 = 2𝑚 (magnéton nuclear) Como 𝑚𝑝 ~1836𝑚𝑒 → 𝜇𝑁 ~10−3 𝜇𝐵 66
𝑝
Para prótons e nêutrons livres, a projeção do momento magnético no eixo z é:

𝜇 = 𝑔𝜇𝑁 𝑆

1
𝜇𝑧 = ± 2 𝑔𝜇𝑁

Estudos experimentais determinam: Próton: 𝑔 = +5.5856957


Nêutron: 𝑔 = −3.8260837 ± 0.0000018

O nêutron, embora sem carga elétrica, tem momento magnético apreciável e interage
com campo magnético! Esse fato foi uma indicação de que o nêutron não esteja uma
partícula elementar.

67
Valor esperado para o próton: 𝑔~2 (como do elétron)
Valor esperado para o nêutron: 𝑔~0

Essa simetria aproximada indicou


Excesso em fator g +3.6 unidades para próton
a existência de quarks na estrutura
esperado −3.8 unidades para nêutron
interna deles (modelo padrão)

O fator g do núcleo depende da sua composição  é uma característica de cada núcleo!

Usualmente, para apresentar o momento magnético do núcleo, usa-se a expressão:


𝑔𝜇
𝜇 = 𝛾 𝐼 ; 𝛾 = ℏ𝑁
𝜇𝑧 = 𝛾𝐼𝑧 = 𝛾𝑚𝐼 ℏ

Constante 𝛾 é chamada de fator giromagnético (combinação de 𝑔 e 𝜇𝑁 ), sendo uma


característica de cada núcleo.

Se o núcleo for colocado em um campo magnético 𝐵 = 𝐵 𝑒𝑧 surge a energia de interação:

𝑈 = −𝜇 ∙ 𝐵 = −𝜇𝑧 ∙ 𝐵 = −ℏ𝛾𝑚𝐼 𝐵 ; 𝑚𝐼 = −𝐼, −𝐼 + 1, … 𝐼 − 1, 𝐼


68
1 Há desdobramento do nível da energia
Para o núcleo com spin 𝐼 = 2 :
nuclear, que depende de 𝛾 e de 𝐵0 !

𝐵=0 𝐵 = 𝐵0 𝑒𝑧
No estado fundamental, o núcleo estaria no
1
nível 𝑚𝐼 = + 2 ; Se a energia igual ou maior
do que 𝛾ℏ𝐵0 fosse providenciada (radiação,
por exemplo), seria possível a transição para
estado de maior energia, i.e. a inversão do
spin nuclear!

A frequência da radiação ressonante, com


frequência ℏ𝜔 = 𝛾ℏ𝐵0 , seria absorvida, e
esse fato registrado pelo equipamento
experimental!

Ideia básica da
Ressonância Magnética Nuclear (NMR)
69
Exercício
• Os prótons estão submetidos a um campo magnético orientado ao
longo do eixo Oz com módulo igual a 2,30 T.
• a) Qual é a diferença de energia entre estados nos quais o
momento magnético de spin é orientado em sentido paralelo e
contrário ao do campo magnético?
• b) Um próton pode sofrer uma transição entre um desses estados
para o outro emitindo ou absorvendo um fóton, cuja energia é igual
à diferença de energia entre esses dois estados. Calcule a
frequência e o comprimento de onda de tal fóton.

70
Solução

.B

1
Momento magnético do próton é: 𝜇𝑧 = ± 2 𝑔𝜇𝑁 ;
1
Neste exercício, o fator ± 2 (projeção-z do spin) já
está incluído no valor do 𝑔!

71
Ideia básica da Ressonância Magnética Nuclear (NMR) !

72
Ressonância Magnética Nuclear
(RMN)
• A inversão dos spins decorre do fenômeno chamado
de ressonância magnética nuclear (NMR).
• Uma aplicação disso possibilita a obtenção de uma
imagem por ressonância magnética (MRI), que
discrimina diversos tipos de tecidos do corpo humano
com base nos diferentes ambientes dos prótons de
cada tecido.

73
A técnica NMR se aplica ao estudo de núcleos com momento magnético não
nulo, ou seja, com spin 𝐼 ≠ 0. Estes núcleos se comportam como pequenas ímãs.
A aplicação de um campo magnético afeta os níveis de energia de spin permitindo
observar, em ressonância, os espectros resultantes das transições entre esses níveis.

1
Usualmente, os núcleos estudados pela NMR são aqueles com spin 𝐼 = 2 :

1H, 13C, 15N, 19Fe, 31P

Os ambientes nos quais se encontram esses núcleos modificam o campo magnético


externo (efeito de blindagem), permitindo ao NMR de estudar propriedades físicas
ou químicas de átomos, moléculas ou grupos de moléculas nos quais os núcleos estão
contidos.

74
Irradiando os núcleos com fótons de energia ∆𝐸,
uma quantia de núcleos é induzida a fazer uma
transição para o estado de energia mais alta
(inversão de spin). Essa radiação é absorvida pelo
material (ressonância magnética). A frequência na
qual ocorre a inversão é dada por: ℎ𝑓 = ∆𝐸.

Depois que ocorre essa inversão, alguns núcleos podem decair para o estado de menor
energia, e emitir fótons com a mesma energia que o fóton original  essa emissão ocorre
em todas as direções.

O efeito de ressonância pode ser registrado:

• ou detectando absorção das frequências ressonantes da radiação incidente


• ou detectando a emissão das frequências ressonantes pelos núcleos

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76
• Campos magnéticos: da ordem de 1 a 20 T (campo magnético da
Terra da ordem de 10-4 T)

• Frequências (radio frequências - RF): da ordem de MHz, variando


de 20 a 900 MHz, dependendo da intensidade do campo magnético e
do núcleo a ser estudado.

77
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