Você está na página 1de 62

Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências Naturais e Exatas


Disciplina: Química Geral

Unidade 1
Estrutura Atômica

Adaptado: Química Geral – R. Chang


Química: a Ciência Central - T. L. Brown

Prof. Ernesto S. Lang


Por que estudar química?
• A química é essencial para a nossa compreensão de
outras ciências.
• A química também é encontrada em nossa vida
diária.

Combustíveis

Polipropileno Medicamentos

Escapamento dos automóveis Fertilizantes 2


O estudo da química
• Estudo das propriedades dos materiais e das mudanças
sofridas por estes.

• Matéria qualquer coisa que tem massa e ocupa espaço.


• A matéria é constituída de relativamente poucos
elementos.
• No nível microscópico, a matéria consiste de átomos e
moléculas.
• Os átomos se combinam para formar moléculas.
• As moléculas podem consistir do mesmo tipo de átomos ou
de diferentes tipos de átomos.

3
A perspectiva molecular da química

Anticongelante automotivo
Fig. 1. Modelos moleculares. As esferas brancas, pretas e vermelhas representam ,
4
respectivamente, os átomos de H, C e O
Dalton (1803) Matéria consiste de átomos e moléculas.
(esfera maciça) Teorias Atômicas
Estrutura Atômica
Thomson (1904)
(cargas positivas e negativas)

Rutherford (1911)
(o núcleo)

Bohr (1913)
(níveis de energia)

Schrödinger (1926)
(modelo da nuvem
eletrônica)

5
http://www.scienceclarified.com/As-Bi/Atomic-Theory.html
Demócrito 460 - 370 A.C.

• E outros filósofos gregos da antiguidade acreditavam


que toda matéria era constituída por partículas muito
pequenas e indivisíveis:

6
Teoria atômica da matéria

O átomo de Dalton (1807) (observações


químicas no universo macroscópico do laboratório)
1. Todos os átomos de um dado elemento
são idênticos.
2. Os átomos de elementos diferentes têm
massas diferentes.
3. Um composto utiliza uma combinação
específica de átomos de mais de um
elemento.
4. Em uma reação química, os átomos não
são criados nem destruídos, porém
trocam de parceiros para produzir
novas substâncias.
Bola de Bilhar
7
Raios catódicos e elétrons
• Mais tarde, os cientistas constataram que o átomo era constituído de
entidades carregadas.
• Experimentos: Raios catódicos eram desviados por campos elétricos ou
magnéticos, sugerindo que continham certa carga elétrica.

• Em 1897, J.J. Thomson determinou que raios catódicos são jatos de


partículas com massa e carregados negativamente – elétron.
• Thomson determinou que a proporção carga/massa de um elétron é 1,76 x 108
C/g (coulomb por grama). → Importante para a descoberta da massa do e-.
8
Descobertas sobre o elétron
Thomson determinou que a proporção carga/massa de
um eletron é 1,76 x 108 C/g (coulomb por grama).
Faraday: Experimentos de eletrólise.
Millikan: Determinou a carga do eletron: gotículas de
óleo carregadas: -1,602 176 634 × 10−19 C.

Peso de um elétron:
1,76 x 108 C/g = carga / massa
Massa = -1,602 176 634 x 10−19 C / 1,76 x 108 C/g
Massa = 9,109 x 10-29 g
Radioatividade
• 1896, Henri Becquerel descobriu que um mineral de
Urânio emitia espontaneamente radiação de alta energia →
radioatividade.
• Em 1898 Marie Curie: elementos radioativos rádio e o
polônio → emitem raios:
1911, Nobel em Química

10
✓ Radiação de alta energia composta por três tipos de radiação: ,  e .

Partículas com a mesma carga repelem-se, enquanto partículas com cargas diferentes atraem-se.

• Radiações  são elétrons em alta velocidade, atraídas pela placa positiva.

• As radiações  são mais compactas e têm cargas positivas - são atraídas


pela placa negativa.

•As radiações  são de alta energia e não possuem carga.

• O modelo atômico de Dalton não explica as partículas ,  e os


raios . 11
O átomo de Thomson
• Pela separação da radiação, conclui-se que o átomo consiste de
entidades neutras e carregadas (negativa e positivamente).
• No início do século XX, Thomson propôs que todas essas espécies
carregadas eram encontradas em uma esfera:
Modelo do Pudim de Ameixa:

• Este modelo teve


uma vida muito curta.

12
O átomo de Rutherford
• Em 1910, Ernest Rutherford realizou um experimento que o
conduziu ao modelo nuclear do átomo.

• Se o modelo do átomo de Thomson estivesse correto, o resultado


de Rutherford seria impossível. 13
Experimento de Geiger-Marsden

Em 1908, Rutherford lecionava na Universidade de


Manchester, onde tinha uma série de alunos brilhantes,
dentre eles:

Johannes (Hans) Wilhelm Geiger e Ernest Marsden.

Rutherford pediu aos dois que fizessem o que ficou


conhecido como experimento de Geiger-Marsden, que
consistia em bombardear uma folha finíssima de ouro com
radiação alfa e medir o espalhamento dessas partículas.
• Maioria das partículas  passa
através de um pedaço de chapa
sem sofrer desvio, a maior
parte do átomo deve consistir
de carga negativa difusa - o
elétron.

• Para explicar o pequeno


número de desvios grandes das
partículas , o centro ou núcleo
do átomo deve ser constituído
de uma carga positiva densa.

15
• Em 1911, Rutherford
conseguiu explicar essas
observações, postulando
que a maioria da massa
do átomo e toda sua
carga positiva residiam
em uma região muito
pequena e extremamente
densa, que ele chamou
de núcleo.

16
O átomo com núcleo

• Rutherford modificou o modelo de Thomson da seguinte maneira:


– O átomo é esférico mas a carga positiva está localizada no centro,
com uma carga negativa difusa em torno dele.

– A maior parte do volume total do átomo é espaço vazio, no qual os


elétrons se movem ao redor do núcleo.

• Estudos experimentais subseqüentes


levaram a descoberta de que há duas
partículas no núcleo:
• as partículas positivas –
prótons e
• as partículas neutras – nêutrons
17
• Rutherford propôs que os elétrons orbitavam o núcleo da mesma
forma que os planetas orbitam em torno do sol.

Falhas do Modelo Planetário


• Uma carga negativa, colocada em movimento ao redor de uma
carga positiva estacionária, perde energia e adquire movimento
espiralado, em sua direção, acabando por colidir com ela.

• Essa carga em movimento perde energia, emitindo radiação. O


modelo planetário de Rutherford, em seu estado normal, não emite
radiação. 18
Próxima Aula: Átomo de Bohr
Espectro de linhas
Serie de Lymann, Balmer, Paschen, ...
Eq de Rydberg – significado

1 1 1
= 𝑅𝐻 ( 2 − 2)
λ 𝑛1 𝑛2
Onde RH é a constante de Rydberg (1,097 x 107 m-1), h é a constante de Planck,
n1 e n2 são números inteiros (n2 > n1 ).

𝑐
Radiação eletromagnética : E = h . 𝑣 = h .
𝜆
h = 6,626 x 10-34 J s
c=𝑣.λ
Natureza ondulatória da luz
Ondas

Todas as ondas possuem um comprimento de onda


característico, λ, e uma amplitude A;

A frequência ν de uma onda é o número de ciclos que


passam por um ponto em um segundo;

A velocidade de uma onda é dada por sua frequência (ν)


multiplicada pelo seu comprimento de onda (λ);

Para a luz, a velocidade = c = ν x λ = 3,00 x 108 m.s-1

20
Natureza ondulatória da luz
Exemplo:

Comprimento de onda = 750 nm = 7,50 x 10-7 m


1 nm = 1 x 10-9 m
Frequência = 3,99 x 1014 Hz 1 Hz = 3,99 x 1014 s-1

c = 7,50 x 10-7 m . 3,99 x 1014 s-1 = 2,99 x 108 m s-1

21
Espectro de Linhas e o Modelo de Bohr

• A primeira tentativa importante para


desenvolver um modelo não-clássico do
átomo foi feita por Neils Bohr (1913).

• Bohr acreditava que a luz emitida pelas substâncias a


temperaturas altas ou sob influência de descarga elétrica era
produzida quando elétrons nos átomos sofriam alterações de
energia.
• Para entender a proposta de Bohr, devemos examinar algumas
características da luz e outras formas de energia radiante.
22
RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA: emissão e transmissão de energia na
forma de ondas eletromagnéticas.

✓ Luz, ondas de rádio, microondas, raios X: formas de radiação


eletromagnética.

Frequência, ν

• Frequência (ν): 1 Hz = 1 ciclo/s (s-1)

• Comprimento de onda (λ): metros (nm = 10-9 m)


23
• Radiação eletromagnética: inúmeros λ espectro
eletromagnético

•A radiação visível tem comprimentos de onda entre 400 nm (violeta) e 750 nm


24
(vermelho).
λ λ

λ grande = ν baixa λ pequeno = ν alta

• c = 3,00 ·108 m/s c = velocidade da luz

λ = c/ν ν = c/ λ

25
A energia quantizada e fótons

• Segundo Planck, os átomos podem emitir ou absorver energia


apenas em quantidades discretas, ou seja, em pequenos pacotes
bem definidos, chamados quantum.

• Quantum é a menor quantidade de energia que pode ser emitida


(ou absorvida) na forma de radiação eletromagnética.

• A energia E de um único quantum de energia é dada por: E=h



onde h é a constante de Planck (6,626  10-34 J s)
ν é a frequência da radiação.
26
Espectros de linhas
•A radiação composta por um único comprimento de onda é
chamada de monocromática.
• A radiação que se varre uma matriz completa de diferentes
comprimentos de onda é chamada de contínua.

• A luz branca pode ser


separada em um espectro
contínuo de cores.

• Observe que não há manchas


escuras no espectro contínuo
que corresponderiam a
ausência de λ.

27
• Nem todas as fontes de radiação produzem um espectro contínuo.

• Quando diferentes gases são colocados sob pressão em um tubo e


uma alta voltagem é aplicada, os gases emitem diferentes cores de
luz.

(a) hidrogênio.
(b) neônio.

28
• Quando a luz vinda de tais H: 1 próton e 1 ē.
tubos passa através de um
prisma, apenas linhas de poucos
comprimentos de onda estão
presentes nos espectros de
emissão resultantes:

• As linhas coloridas estão separadas por regiões pretas, que


correspondem a comprimentos de onda ausentes na luz. 29
Modelo Atômico de Bohr
• Bohr observou o espectro de linhas de determinados elementos e
admitiu que os elétrons estavam confinados em estados específicos
de energia.

• As cores de gases excitados surgem


devido ao movimento dos elétrons
entre os estados de energia no átomo.

• Esses estados foram denominados


órbitas.

30
31
32
Modelo Atômico de Bohr:

A energia só é emitida ou absorvida por um ē quando este muda


de uma órbita permitida para outra órbita permitida e esta
energia envolvida corresponde a um fóton.

(
E = − 2.18  10 −18
)
 1 
J 
 n2 

n: nº quântico principal (nº inteiro que varia de 1 a +∞)

33
• A primeira órbita no modelo de Bohr tem n = 1, é a mais próxima
do núcleo e convencionou-se que ela tem energia negativa.
• A órbita mais distante no modelo de Bohr tem n próximo ao
infinito e corresponde à energia zero.

34
36
Limitações do modelo de Bohr
• Não explica os espectros atômicos dos outros elementos
e não considera o comportamento dual dos ē.

• O princípio da incerteza de Heisenberg: na escala de massa de


partículas atômicas, não podemos determinar exatamente a
posição, a direção do movimento e a velocidade
simultaneamente.

• O modelo de Bohr foi apenas um importante passo em direção ao


modelo do átomo moderno :
1- Os elétrons existem apenas em níveis de energia distintos.
2- A energia está envolvida na movimentação de um elétron de um
nível para o outro.
37
De Broglie – Ondas de matéria

• De Broglie: E = m.c2 Einstein


E = h.𝑣 Plank
De• m.c
Broglie
2
= h.𝑣 2
m.c = h.c/λ
m.c = h/λ

λ = h/m.v
Experimento de Davisson-Germer
Experimento de Davisson-Germer

41
Mecânica Quântica e Orbitais Atômicos
• Em 1926 Erwin Schrödinger propôs uma
equação que contém os termos onda e
partícula.
• A resolução da equação leva às funções
de onda () e às energias para as funções
de onda.
• A função de onda fornece o contorno do
orbital atômico.
• O quadrado da função de onda (2)
fornece a probabilidade de se encontrar
o elétron em certa região do espaço em
um determinado instante, isto é, fornece
a densidade eletrônica para o átomo.
42
42
O átomo Moderno

• O modelo atual do átomo é um descendente direto do átomo de


Rutherford.

• O átomo é composto de duas


regiões:
- Um núcleo compreendendo
toda carga positiva e
praticamente toda massa do
átomo (prótons e nêutrons).
- A região extranuclear
composta de elétrons.

• Grande parte do volume do átomo se deve aos elétrons.


45
46
46
Orbitais Atômicos

• A solução da equação de Schrödinger para o átomo de H produz


um conjunto de funções de onda e energias correspondentes.

Orbitais

• Cada orbital descreve um distribuição específica de densidade


eletrônica no espaço:

Cada orbital tem energia e forma características

47
Os elétrons são encontrados em orbitais:

s, p, d, f

Orbitais s
• Todos os orbitais s são esféricos.
• À medida que n aumenta, os orbitais s ficam maiores.

48
✓ Representações de orbitais atômicos:

• Orbitais s:

Ψ2

Representação da superfície limite de Ψ2


49
Orbitais p
• Existem três orbitais p, px, py, e pz.
• Os três orbitais p localizam-se ao longo dos eixos x-, y- e z- de um
sistema cartesiano.
• Os orbitais têm a forma de halteres.
• À medida que n aumenta, os orbitais p ficam maiores.

50
Orbitais d
• Existem cinco orbitais d, todos com a mesma energia.

51
Orbitais f
• Existem sete orbitais f, cuja forma é mais complexa que dos
orbitais p.

52
NÚMEROS QUÂNTICOS:

✓ Mecânica quântica: 3 nºs quânticos são necessários para


descrever um orbital n, ℓ, mℓ

• n, nº quântico principal: indica os níveis de energia


que o ē pode assumir.
n = 1, 2, 3, 4, ..., ∞

• ℓ, nº quântico secundário: define o formato do orbital


(subnível energético).
ℓ = 0, 1, 2, 3, ..., n – 1.

s f
p d 53
• mℓ, nº quântico magnético: descreve a orientação do
orbital no espaço.
mℓ = - ℓ, ... , 0, ... , + ℓ.

Combinação de n, ℓ e mℓ:
diagrama de orbitais
atômicos

54
54
✓ ms, nº quântico magnético de spin:

Spin é o giro do ē em torno de seu próprio eixo

ms = + 1 ms = - 1
2 2

55
• Os orbitais podem ser classificados em termos de energia para
produzir um diagrama de Linus Pauling.

Diagrama para a determinação da ordem aproximada de preenchimento de orbitais.

56
Átomos Polieletrônicos
• À medida que n aumenta, energia dos orbitais também aumenta.

• Orbitais de mesma energia


são conhecidos como
degenerados.

57
Configuração Eletrônica: como os elétrons estão distribuídos
nos orbitais atômicos do átomo.

Número de elétrons no
orbital ou subcamada
1s1
Número quântico Número quântico
principal n secundário l

Diagrama de Orbital

H
1s1
58
Configurações Eletrônicas

Regra de Hund

• As configurações eletrônicas nos dizem em quais orbitais os


elétrons de um elemento estão localizados.
• Três regras:
- Os orbitais são preenchidos em ordem crescente de n.
- Dois elétrons com o mesmo spin não podem ocupar o mesmo
orbital (Pauli).
- Para os orbitais degenerados, os elétrons preenchem cada orbital
isoladamente antes de qualquer orbital receber um segundo
elétron (regra de Hund).
59
Configurações Eletrônicas
Elemento Total de Configuração Configuração de
elétrons Eletrônica quadrículas

Li
Be

N
Ne

Na

60
Configurações Eletrônicas Condensadas

• Ne (10 e-): subnível 2p completo → configuração estável com


oito elétrons (um octeto) em nível mais externo.

• Na (11 e-): novo período da T.P.: possui um único elétron 3s


além da configuração estável do Ne:
Na: [Ne]3s1
✓ [Ne]: 1s22s22p6

• Focalizar a atenção nos elétrons mais externos do átomo →


comportamento químico de um elemento.

61
Configurações Eletrônicas Condensadas

• A configuração eletrônica de um gás nobre de menor número


atômico mais próximo é representada por seu símbolo químico
entre colchetes:
Elétrons internos

Li: [He]2s1 Mg: [Ne]3s2 K: [Ar]4s1

Elétrons de valência

62

Você também pode gostar