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MATERIAIS

DENTÁRIOS

M Filomena Botelho

Bibliografia
• Materais Dentários – Ed: Williams J. O’Brien,
Glunnar Ryce, Interamericana

• Science of Dental Materials – Ed: Ralph W.


Phillips, Saunders Company

• Dental Materials – Richard Van Noort, Mosby

• Engeneering materials 1 – Michael Ashby, David


Jones, Pergamon Press

• Biomaterials Science – An Introduction to


Materials in Medicine – Ed: Buddy D. Ratner,
Allan S. Hoffman, Frederick J. Achoen, Jack E. Lemons

1
Características dos Materiais
Dentários

• Toxicidade
• Irritabilidade
• Alergia
• Mutagenicidade
• Carcinogenicidade

Ambiente Bucal
• Resistência à corrosão
• Pouco solúveis
• Resistentes às acções químicas
da saliva
• Resistentes às acções químicas
dos alimentos

2
Propriedades físicas
• Propriedades mecânicas
– Módulo de elasticidade por tracção
– Módulo de elasticidade por compressão
– Módulo de Young
– Resistência ao impacto
– Reistência à fadiga
– ...
• Expansão térmica
• Difusibilidade térmica
• Massa específica
• Propriedades de superfície

ESTRUTURA DA
MATÉRIA

M Filomena Botelho

3
Objectivos
• Reconhecer a estrutura do átomo
– Modelo de Thonsom
– Modelo de Rutherford
– Modelo de Bohr
• Compreender o conceito de energia de ligação do
electrão
• Saber identificar a composição do átomo
• Compreender as forças nucleares
• Enquadrar a estabilidade nuclear com a composição
do núcleo
• Compreender o conceito do defeito de massa

Estrutura da Matéria
Todas as reparações dentárias, tais como as metálicas, plásticas ou
cerâmicas são baseadas nas propriedades dos átomos

São as reacções dos átomos no colectivo, sejam elas físicas ou


químicas, que determinam o uso efectivo do material

De um modo geral, podemos dizer que todos os corpos são


constituídos por
• moléculas

Molécula – é a mais pequena subdivisão da matéria que mantém as


propriedades físicas e químicas originais

1. As molécula de um elemento
 contém um só tipo de átomos
2. As molécula de um composto
têm na sua constituição diversos tipos de átomos

4
COMPOSIÇÃO
DO ÁTOMO

M Filomena Botelho

O átomo é constituído por:


- electrões orbitais – que se movimentam em torno do núcleo
- nucleões – partículas que constituem o núcleo
sendo electronicamente neutro

a carga positiva do núcleo


A electroneutralidade é deverá ser igual e de sinal contrário à
garantida soma das cargas negativas dos
electrões orbitais

5
Os electrões orbitais :
- movimentam-se em torno no núcleo
- ocupam orbitais de níveis energéticos crescentes (em direcção à
periferia do átomo)
- encontam-se ligados ao núcleo por:
- forças de interacção electrostáticas
- rodam em torno do núcleo, sendo possível determinar a
probabilidade com que se encontram num ponto
(esta probabilidade é função da distância electrão-núcleo, e leva
à noção de nuvem electrónica)
- massa do electrão:
- 0,0005488 u.m.a.
(1 u.m.a. = 1/12 da massa do átomo de carbono-12)
- carga do electrão:
- 1,60217733 x 10-19 C

O átomo tem um diâmetro de cerca de 10-8 cm


O núcleo - que praticamente contém toda a massa do átomo = 10-13 cm

O núcleo atómico é um:


- objecto denso
- muito pequeno
- constituído por dois tipos de partículas (nucleões)
• protões (p)
• neutrões (n)
- comporta praticamente toda a massa do átomo

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Os protões são partículas que têm:
- Carga eléctrica positiva
- São núcleos de hidrogénio
- Rutherford produziu-os bombardeando azoto com partículas α
4
2He + 14
7N → 17
8O + 1
1H

- Têm massa cerca de 1840 vezes maior do que a do electrão


M = 1,00727661 u.m.a. Q =1,60217733 x 10-19 C
1
1H =p
- Convencionalmente a sua carga é +1 (em módulo, e em valor
absoluto, é igual à carga do electrão)
- Quando livre é estável
- Em certas condições energéticas pode transformar-se num:
- neutrão, e num
- electrão positivo (positrão)
1 1 0
1p = 0n + +1e

Os neutões são :
- Patículas nucleares sem carga - Q=0
- A sua trajectória não é modificada por acção de campos
• eléctricos
• magnéticos
- A massa é próxima de 1 u.m.a., sendo de:
M = 1,0086652 u.m.a. (cerca de 0,1 maior do que a do protão)
- Obtido pela 1ª vez, por bombardeando do berílio com partículas α
4 9 12 1
2He + 4Be → 6C + 0n

- No esto livre (fora do núcleo) o neutrão é radioactivo


→ desintegra-se expontaneamente, originando um:
- protão
- electrão negativo
- neutrino
- período de desintegração de 12,8 min
1
0n = 1
1p + 0
-1e + ν + 0,76 MeV

7
O núcleo é especificado pelo seu:
- número atómico – Z
- número de massa – A

Z – número atómico A – número de massa


• número inteiro • número de nucleões
• número de protões nucleares (protões + neutrões = Z + N)
(número de átomos de hidrogénio) • número inteiro
• número de electrões orbitais (exprime-se em u.m.a.)
• representa o número de ordem
do quadro periódico
• determina as propriedades
químicas do elelmento
H Quadro Periódico He
N – número de neutrões
Li Be B C N O F Ne

Na Mg Al Si P S Cl Ar
A-Z
K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr

Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe

Cs Ba La Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg Tl Pb Bi Po At Rn

Fr Ra Ac
Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
Th Pa U Np Pu Am Cm Bk Cf Es Fm Md No Lr

MODELOS DO
ÁTOMO

M Filomena Botelho

8
Modelos do átomo
1º Modelo 
Thonsom
• O átomo como um agregado de partículas
• Modelo atómico - PUDIM DE PASSAS de Thonsom

A descarga eléctrica em gases rarefeitos (pressões da ordem das 10-5 atm)


permitiu descobrir um novo tipo de radiação a partir do cátodo, com
trajectória rectilínea ao longo do tubo. Estes raios - raios catódicos – foram
estudados por Thonsom através da aplicação de campos eléctricos e
magnéticos, tendo concluído que se tratava de:
- cargas eléctricas em liberdade
que possuíam:
• inércia
Applied
electric field (+)

• massa (-)
e eram independentes da
natureza do gás estudado Metal
electrode
(+)

(-)
natureza do cátodo Metal
electrode

Assim Thonsom concluiu que as partículas constituintes dos raios


catódicos, eram também as:
• partículas constituintes fundamentais da matéria, e que
apresentavam cargas elementares individuais

a estas partículas chamou  electrões

Mas se os electrões tinham carga negativa, é porque a nível atómico


teria de haver uma parte carregada positivamente, para compensar a
carga dos electrões, de modo a assegurar a electroneutralidade do
conjunto

Daqui surgiu a hipótese do Modelo atómico de Thonsom:


 o átomo seria constituído por um meio contínuo de cargas
positivas com suficientes cargas negativas distribuídos
uniformemente através do átomo, de modo a assegurar a
electroneutralidade − Modelo em pudim de passas

9
Modelos do átomo
2º Modelo 
Rutherford • Modelo atómico – ÁTOMO NUCLEAR

Para estudar o modelo atómico de Thonsom, irradiou com:


- partículas α (partículas carregadas positivamente, emitidas
pelas substâncias radioactivas naturais e animadas de
velocidade considerável) – emissão expontânea
finamente colimadas, uma delgada lâmina de ouro

Verificou que para além de a:


• atravessarem
• sofriam desvios importantes
na sua na sua trajectória
inicial

Esses desvios podiam ser tão intensos, que havia partículas que
voltavam para o lado donde tinham partido, com direcção oposta

Para estudar estas interacções usou a Lei de Coulomb


q . q’ q . q’ – Magnitude e sinal das duas cargas
F=K R2
R2 – Distância entre as duas cargas

10
2º Modelo 
Rutherford • Modelo atómico – ÁTOMO NUCLEAR

Aplicando a Lei de Coulomb às partículas em causa:


- partículas α – partículas carregadas positivamente, com massa
cerca de 7000 vezes do a do electrão
- electrões – partículas carregadas negativamente, com massa
de 0,000548 u.m.a.

Se o átomo fosse constituído como postulava o modelo de Thonsom,


as partículas α ao embaterem nos átomos:
• não deveriam sofrer grandes alterações nas suas trajectórias,
pois a carga estava distribuída difusamente

Raio do átomo 10-10 m


-- -
- --- - +
Raio do núcleo 10-14 m
---
O raio do átomo cerca de 104
vezes maior do que o do núcleo

• Modelo atómico – ÁTOMO NUCLEAR

O modelo de Thonsom não explicava as grandes alterações observadas


nas trajectórias das partículas α.

Assim, concluiu que


- toda a carga positiva do átomo, e consequentemente a maior
parte da sua massa,
se encontrava concentrada numa pequena região central, a que
chamou:
 núcleo

Neste seu modelo nuclear do átomo os electrões (partículas


carregadas negativamente) girariam em torno do núcleo
descrevendo órbitas

11
Qual seria a natureza das partículas constituintes do núcleo?

Consideremos o átomo mais simples – átomo de hidrogénio

As partículas do núcleo deveriam então ser:


- carregadas positivamente – para explicarem a enorme
repulsão exercida sobre as partículas α
- a soma das suas massa deveria ser praticamente igual à
massa do átomo

Átomo de hidrogénio
 o núcleo seria constituído por uma única partícula carregada
positivamente
 à sua volta gravitava um electrão

Quando se efectuaram descargas eléctricas em tubos contendo


hidrogénio, os electrões separam-se dos núcleos

Estes átomos de hidrogénio eram constiruídos por:


 partículas positivas
 pesadas  sofriam desvios mais pequenos do que o dos
electrões quando submetidos a forças
electromagnéticas
 fortemente atraídas pelo cátodo
se o cátodo fosse perfurado, formavam um feixe de
raios positivos – raios canais

12
Confrontando os raios canais produzidos pelo hidrogénio, com os
produzidos a partir de outros elementos, verificou-se que a carga
transportada, era sempre múltipla da carga transportada pelos
núcleos de hidrogénio

Assim se conclui de que:


 o núcleo do átomo de hidrogénio
era a partícula nuclear fundamental − protão

A massa do protão  1,00727661 u.m.a. (convencionalmente


(cerca de 1840 vezes maior igual a 1)
do que a massa do electrão)

Se o núcleo fosse constituído exclusivamente por protões, a sua


• massa (praticamente igual à do átomo)
teria que ter um valor coincidente com a carga

Este facto só se verifica no hidrogénio


Em todos os outros casos, a massa do átomo era sempre:
- superior
ao número de protões que o núcleo revelava

Esta diferença era tanto maior,


quanto mais pesado fosse o núcleo

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Através do bombardeamento do berílio com partículas α,
descobriu-se uma:
- radiação extremamente penetrante
- de natureza corpuscular
- que não era desviada por acção de campos magnéticos
(Do mesmo modo que a radiação luminosa )

As partículas que constituem estes raios, não eram


portadoras de carga eléctrica 
 neutrões

A massa do neutrão  1,0086652 u.m.a. (convencionalmente


igual a 1)

Constituição do átomo
Podemos então considerar o átomo constituído por:
- Nucleões – partículas constituintes do núcleo – Fixas
- protões (p) Pesadas
- neutrões (n)
- Electrões orbitais (e) – partículas móveis de massa muito
pequena, que giram em torno do núcleo

Cada uma destas partículas apresenta massa e carga características

Massa (u.m.a.) Carga (Coulomb)


PROTÃO 1,00727661 1,60217733X10-19
NEUTRÃO 1,0086652
ELECTRÃO 0,0005488 1,60217733X10-19
Unidade de massa atómica (u.m.a.)
1/12 da massa do átomo de carbono 12

14
Modelos do átomo
3º Modelo 
Niels Bohr (1885-1962)
Bohr (Nobel Prize, 1922)

O modelo atómico de Rutherford foi importante porque permitiu


compreender, de um modo simples, como é constituído o átomo.
Porém levanta muitos problemas.

Esses problemas estão relacionados com o facto dos electrões


- girarem em torno do núcleo, localizados em orbitais, que estão
relacionadas com a energia associada aos próprios electrões

Assim, os electrões:
 ocupam orbitais de níveis de energia decrescentes, à
medida que caminhamos em direcção à periferia do átomo

Os electrões orbitais encontram-se ligados ao


- núcleo
por forças de interacção electromagnética

Partindo do modelo atómico de Rutherford, o:


- núcleo
ocupa o centro atómico, e os:
- electrões
descrevem orbitas circulares em torno do mesmo, isto é, dentro do
campo eléctrico atractivo exercido pelo núcleo

Através deste modelo, é possível calcular a


• energia de ligação
de cada electrão ao núcleo

15
Energia de ligação de cada electrão ao núcleo

Energia que é necessário fornecer para arrancar um electrão à


sua camada energética, isto é, para o transportar até uma
distância infinita em relação ao núcleo, deixando-o sem energia
cinética

Quanto mais próxima do núcleo (orbital de menor raio) maior


a energia de ligação do electrão

A energia de electrão é igual à soma da:


• energia cinética – devido ao seu movimento orbital
• energia potencial – devido à existência de um núcleo positivo

Se diminuir a energia total do electrão,


ele vai tender a aproximar-se do núcleo

Quando uma carga se encontra em movimento orbital, emite:


• radiação de frequência igual à sua resolução

Esta perda de energia levaria a um retardamento progressivo


do movimento circular, o que faria com que o electrão fosse:
• absorvido pelo núcleo

IMPOSSIBILIDADE DO NÚCLEO DE RUTHERFORD

16
Balmer e Rydberg
Demonstraram que os átomos:
• não absorvem
• não emitem
gama contínua de energia

Somente emitem energia, quando os:


• electrões mudam de órbita
e esta energia tem uma frequência que é característica de cada
átomo, e constituem o:
 espectro atómico de absorção ou de emissão
(de absorção quando absorvem e de emissão quando emitem)

No caso do átomo de hidrogénio:


 as frequências dsa radiações emitidas pelo átomo são dadas
pela seguinte equação, obtida por Palmer:
1 1
v=( - 2 ) x 3,29 x 1015 Hz
4 ν ν = 3, 4, 5, ......

Bohr
Tendo por base trabalhos de:
• Rutherford
• Planck
• Einstein
é que explicou a razão pela qual se não assiste ao colapso dos
electrões sobre o núcleo (não há diminuição progressiva do
movimento dos electrões orbitais) tendo encontrado para o caso
do átomo de hidrogénio, que a sua energia electrónica é de:

217,8 x 1020
E=- J
n2
n = número quântico principal

17
3º Modelo 
Bohr

Postulados de Bohr

1. Os electrões movem-se em orbitais privilegiadas, correspondentes


a determinados níveis de energia, tanto mais elevados quanto
mais afastados do núcleo
2. O electrão ocupa orbitais estacionárias, correspondentes a níveis
energéticos, e nas quais não emite nem absorve qualquer radiação
3. Os electrões podem mudar de orbital, passando de um estado
estacionário para outro estado estacionário, através de um salto de
uma órbita para outra
4. A diferença energética entre dois níveis corresponde à emissão ou
absorção de um quantum ou fotão de energia

O átomo de Bohr permite calcular:


• a energia total de cada electrão

Z2 Z – número atómico (nº de protões)


Ec = EH N – número quântico principal
n2 EH – energia de ligação do electrão ao núcleo,
no caos do átomo de hidrogénio

Os resultados obtidos por Bohr são correctos para:


• para qualquer átomo que só tenha um electrão

Contudo:
permitiu explicar alguns dos problemas levantados pelo modelo
atómico de Rutherford
 o espectro discreto da energia emitida por electrões que
se deslocam de uma camada para outra
 o electrão não é uma partícula que obedeça às leis do
movimento da mecânica clássica, pois não perde energia
quando está acelerado

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Os resultados obtidos por Bohr são correctos para:
• para qualquer átomo que só tenha um electrão

Contudo:
permitiu explicar alguns dos problemas levantados pelo modelo
atómico de Rutherford
 o espectro discreto da energia emitida por electrões que
se deslocam de uma camada para outra
 o electrão não é uma partícula que obedeça às leis do
movimento da mecânica clássica, pois não perde energia
quando está acelerado

Mas o modelo de átomo de Bohr, quando aplicado a átomos


polielectrónicos:
 não permite explicar os seus espectros de energia
 não prevê a distribuição correcta dos electrões em torno do
núcleo (mesmo do átomo de hidrogénio)

Só o aparecimento da mecânica quântica permitiu esclarecer e


compreender exactamente o que se passa com os estados de
energia de qualquer partícula ou conjunto de partículas desde que
se conheçam as forças que actuam entre elas.

A partícula em causa pode ser um electrão a rodar em torno de


um núcleo

Esse conhecimento é obtido através da:


• equação de Schrödinger
E. Schrodinger
1887-1961

Schrödinger chegou a esta equação, partindo do conhecimento dos


trabalhos desenvolvidos por Broglie sobre:
• propriedades de ondas

19
Broglie
L. de Broglie
(1892-1987)

Sugeriu que a matéria, assim como a luz, poderiam ter propriedades


de ondas.
Notou ainda, que um fotão é uma partícula de massa zero, estando
λ):
a sua energia relacionada com o comprimento de onda do fotão (λ

h.c c – velocidade da luz


E=
λ h – constante de Planck
λ – comprimento de onda

Schrödinger criou uma equação de onda que permite determinar


a energia dos electrões, que é a base de toda a mecânica quântica

Equação de Schrödinger
Para o electrão do átomo de hidrogénio, a equação de onda de
Schrödinger é:

δ2 ψ δ2 ψ δ2 ψ 8 π2 m
+ + + (E – V) ψ = 0
δ x2 δy 2 δz 2
h2

ψ – Função de onda → o seu valor absoluto ao quadrado |ψ|2 é proporcional


à probabilidade de encontrar uma partícula num ponto x ψ (x)
V – energia potencial do electrão → devido às forças electrostáticas de
atracção por parte do núcleo
E – energia total do electrão → somatório das energias potencial e cinética

h – constante de Planck
(x, y, z) – função de onda, onde x, y e z representam as coordenadas do
electrão

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A partir do quadrado da função de onda:

ψ (x, y, z) |2

é possível obter informação sobre o modo como os electrões se


distribuem em volta do núcleo

Verifica-se que não é possível conhecer simultaneamente com


exactidão a:
 posição
 velocidade dos electrões  Princípio de Incerteza de
Heisenberg

As soluções encontradas para


x, y e z
designam-se por orbitais Heisenberg
1901-1976

Existe uma equação de Schrödinger para cada átomo

 Para átomo com mais do que 1 electrão:


- a função de onda - ψ (x, y, z)
- a energia potencial
- a energia cinética
são função de todos os electrões presentes

Nestes casos, a função de onda tem que ser decomposta nas


suas diversas componentes, de modo que a equação só pode
ser resolvida de maneira aproximada

As componentes da função de onda dependem de cada electrão


presente

21
Para que a equação de Schrödinger possa ser resolvida
• números quânticos – 4
1. número quântico principal – n
2. número quântico azimutal – l
3. número quântico magnético – m
4. número quântico de spin – s
que definem a probabilidade de encontrar o electrão numa
determinada posição do espaço

Caracterizam o:
• movimento dos electrões em torno do núcleo
• próprio movimento de rotação dos electrões

NÚMEROS
QUÂNTICOS

M Filomena Botelho

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Números quânticos
Números quânticos – 4
1. número quântico principal – n
2. número quântico azimutal – l
3. número quântico magnético – m
4. número quântico de spin – s

Número Quântico Principal n 1, 2, 3 ...

É um número inteiro, que numera os diversos níveis de energia, do


electrão em causa, definindo cada camada energética
A energia é uma função crescente de n, sendo a:
 energia do estado tanto maior, quanto maior for n
Caracteriza a energia da camada 
 quanto mais elevado for n, maior é a orbital do electrão

Número Quântico Azimutal l

• Determina a excentricidade da órbita do electrão, admitindo-se


pois a possibilidade de orbitais elípticas
• Toma valores:
 inteiros, entre 0, 1, 2 ..... n-1
• Define as sub-orbitais

l=0 → a função de distribuição dos electrões é uma esfera, com o centro


no núcleo
corresponde à sub-orbital s
l=1 → a função de distribuição dos electrões corresponde a duas esferas
tangentes ao núcleo
corresponde à sub-orbital p
l=2 → sub-orbital d
l=3 → sub-orbital f
l=4 → sub-orbital g
l=4 → sub-orbital h
l=4 → sub-orbital i

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Número Quântico Magnético m

• Caracteriza a orientação dos orbitais no espaço


• Número inteiro entre -l e +l → 0; ± 1; ±2 ; ± 3 .....
• Permite quantificar a inclinação da orbital

l=0 → m = 0 → Há uma única orbital possível (uma esfera com centro


no núcleo, so tem uma única orientação)
l=1 → m = -1, 0, +1 →
São 3 as possíveis orientações para as 2 esferas tangentes
ao núcleo

z z z
y y y

x x x

Orbital Py Orbital Pz Orbital Px

Número Quântico de Spin s

• Caracteriza o movimento de rotação do electrão em torno do


seu próprio eixo
• Apenas pode tomar 1 de 2 valores, pois o electrão ou roda em
sentido directo ou inverso
• Toma valores de ± ½

+½ → Quando roda em torno do seu eixo no mesmo sentido em que


roda em torno do núcleo → sentido paralelo
-½ → Quando roda em sentido inverso → sentido antiparalelo

24
O estado energético de cada electrão, é caracterizado por:
• 4 números quânticos
traduzindo a sua configuração quântica, não podendo existir dois
electrões com a mesma configuração

Uma mesma orbital não pode estar associada a mais do


que 2 electrões, que apresentam obrigatoriamente spins
antiparalelos
Princípio de Exclusão de Pauli

Isto impõe que:


Camada K → Fica saturada com 2 electrões
n=1 → l=0 → m=0 → s=±½ → 2 electrões
Camada L → Fica saturada com 8 electrões
l=0 → m=0 → s=±½ → 2 electrões

n=2 m = -1 → s=±½ → 2 electrões


l=1 m=0 → s=±½ → 2 electrões
m = +1 → s=±½ → 2 electrões

Isto impõe que:


Camada K → Fica saturada com 2 electrões
n=1 → l=0 → m=0 → s=±½ → 2 electrões
Camada L → Fica saturada com 8 electrões
l=0 → m=0 → s=±½ → 2 electrões

n=2 m=0 → s=±½ → 2 electrões


l=1 m=0 → s=±½ → 2 electrões
m=0 → s=±½ → 2 electrões

O número máximo de electrões de cada camada de ordem n é:


 2n2

As camadas são designadas por letras, correspondentes aos


diversos valores de n:
•n=1  K
•n=2  L

25
FORÇAS
NUCLEARES

M Filomena Botelho

Forças nucleares
A nível do núcleo exercem-se forças de natureza muito diferente ,
as quais explicam a sua estabilidade.

Tipos de forças que se exercem a nível nuclear


 Forças repulsivas electrostáticas - (entre protões) devidas
às forças Coulombianas
 Forças gravitacionais atractivas - devidas às forças
Newtonianas
 Forças especificamente nucleares

26
Forças gravitacionais atractivas

A estabilidade do núcleo atómico, local onde se concentravam as


cargas positivas do átomo, não é explicada pela acção destas
forças

Quando se calcula a força gravitacional atractiva, entre


• 1 protão
• 1 neutrão
para o caso de um núcleo de deutério (12H), considerando como
distância entre os dois nucleões:
→ o raio do núcleo (R = 10-13 cm)
obtém-se um valor:
 1038 vezes menor do que a força que é necessária
para explicar a energia de ligação entre os 2 nucleões

Isto significa, que as forças gravitacionais são tão


despresáveis que não explicam as ligações internucleares

Forças electrostáticas repulsivas

• Devidas às forças de Coulomb


• Actuam entre protões (intervêm como factores de instabilidade)
• Possuem um raio de acção maior do que as forças atractivas

4He
2 14N
7
238U
92

27
Forças nuclares

a) forças atractivas nucleares


• Asseguram a coesão do núcleo – apesar da repulsão electrostática
entre protões
• São de grande intensidade
• Com um pequeno raio de acção 
 a sua influência não ultrapassa os 1,2 x 10-13 cm
• Exercem-se entre pares de partículas
• Independentes da carga

Uma consequência importante do curto raio de acção destas forças


nucleares, é que no núcleo, um:
- um nucleão
só está ligado praticamente aos seus vizinhos mais próximos,
estando os mais afastados livres da sua acção

Uma consequência importante do curto raio de acção destas forças


nucleares, é que no núcleo, um:
- um nucleão
só está ligado praticamente aos seus vizinhos mais próximos,
estando os mais afastados livres da sua acção

Um nucleão do interior do núcleo 


 é solicitado em todas as direcções pelos nucleões envolventes

Um nucleão situado à superfície 


 é puxado para o interior do mesmo modo que uma molécula
de água à superfície de um líquido

28
As forças de atracção nucleares actuam:
 entre protões - p-p
 entre neutrões - n-n
 entre 1 protão e 1 neutrão - p-n
sendo da mesma ordem de grandeza

As forças atractivas nucleares, não dependem da carga eléctrica da


partícula, pertencendo ao grupo das:
- interacções fortes

Forças nuclares

b) forças repulsivas nucleares


• Têm um raio de acção extremamente reduzido
 só actuam para distâncias inferiores a 0,5 x 10-13 cm
• Impedem a interpenetração dos nucleões
• Correspondem à incrompressibilidade da matéria nuclear

29
Forças p-p Forças protão - protão

Bombardeamento de hidrogénio com protões e estudando a distância


radial dos protões difundidos, demonstrou-se que:
 energia potencial entre dois protões
é função da distância

Energia potencial
electrostática
Distâncias maiores do que 3x10-13 cm
p-p • protões repelem-se – devido à força electrostática
• energia potencial electrostática positiva

Distâncias da ordem dos 3x10-13 cm


d • há uma descida brusca da energia potencial →
→ força nuclear atractiva

Distâncias inferiores a 3x10-13 cm


• força nuclear passa a ser repulsiva

0,5x10-13 cm 3x10-13 cm

Forças p-n Forças protão - neutrão

F Forças repulsivas A grandeza da força p-n


é semelhante à p-p

Bombardeamento de
Forças atractivas
hidrogénio com neutrões
0,5x10-13 cm d

E
Para grandes distâncias
• não há interacção

Distâncias da ordem dos 2x10-13 cm


• o protão e o neutrão atraem-se
1,2 1,6

0,4 0,8 d, fm

Forças Forças
repulsivas atractivas

30
Forças n-n Forças neutrão - neutrão

Como os neutrões não são carregados, é difícil estudá-los, mas há


provas indirectas de que a força nuclear entre 2 neutrões, é
semelhante à força entre:
 1 protão e 1 neutrão

Logo é semelhante à força nuclear entre:


 2 protões

Propriedades das forças nucleares

As forças nucleares são todas


1  Independentes da carga semelhantes entre quaisquer partículas,
- fp-p ≈ fp-n ≈ fn-n independentemente da carga que têm

Não se exercem para distâncias maiores


2  Exercem-se a pequenas do que o raio do núcleo → 10-13 cm
distâncias

3  Mais intensas do que as Em distâncias da ordem dos 10-13 cm a


força nuclear p-p é de cerca de 40 vezes
forças electrostáticas maior do que a força repulsiva
electrostática

4  São forças saturadas Só ocorrem entre pares de nucleões

31
Natureza das forças nucleares

A forças repulsiva nuclear entre 2 protões carregados positivamente,


provocaria a desagregação do núcleo, se não fosse uma força que se
exercesse a distâncias muito pequenas, como a força atractiva
nuclear, que mantém o núcleo unido

Yukawa tentou explicar a intensa força de ligação entre nucleões a


distâncias pequenas

Para isso, à semelhança do que se passa nas ligações moleculares,


onde os átomos são mantidos juntos, por partilha dos electrões
orbitais, Yukawa propôs a existência de:
- uma nova partícula com massa:
• 200 a 300 vezes maior do que a do electrão  MESÃO

Mesão

• No núcleo, um protão e um neutrão, seriam mantidos juntos


através da partilha de um mesão, que saltaria constantemente
entre 2 núcleos produzindo uma:
- força de troca
muito forte, que favorece a estabilidade nuclear

• Pode ser
- positivo
- negativo
- neutro

32
DEFEITO DE
MASSA

M Filomena Botelho

Defeito de massa
A medição das massas dos núcleos com espectrómetros de massa,
mostra que a:
- massa do núcleo é sempre inferior à soma das massas dos
constituintes, considerados isoladamente

12
Supondo o
6 C
 Massa do núcleo do átomo de carbono = 12,0 u.m.a.

 Massa dos constituintes do núcleo do átomo de carbono


6 mp + 6 mn = 12,09565086 u.m.a.

Defeito de massa = 0,09565086 u.m.a.

33
No caso geral
Um núcleo formado por:
- Z protões com massa → mp
- N neutrões com massa → mn
e com massa nuclear → M

∆M = Zmp + (A – Z)mn - M

A diferença entre a massa calculada e a medida (∆M) chama-se:


→ defeito de massa
e é característica de cada núcleo

Este defeito de massa aumenta com o:


• aumento do número de massa - A

Energia de ligação nuclear


Existe uma energia de ligação nuclear, definida como:
- trabalho necessário para remover os nucleões do núcleo,
tornando-as partículas livres, isto é, transportando-as a
distância infinita, de modo a ficarem com velocidade nula

Para se refazer o núcleo, unindo de novo os nucleões, libertar-se-


á energia numa quantidade igual à que foi fornecida para separar
os nucleões, e chama-se também:
 energia de ligação

A energia de ligação nuclear está relacionada com o:


- defeito de massa

34
Através da equação de Einstein, da:
- equivalência entre massa e energia
torna-se claro o significado do defeito de massa

E = m c2
Este princípio diz que podemos transformar massa em energia

A massa de um núcleo é menor do que a soma das massas dos


seus constituintes originais, porque é um sistema ligado

Para separar os seus constituintes, é necessário:


 fornecer uma energia igual à energia de ligação nuclear

De acordo com o princípio de Einstein, esta energia (energia


de ligação nuclear) - ∆E, é igual:

∆ E = ∆ M c2

∆E = energia libertada quando se unem os constituintes nucleares


(protões e neutrões) = energia de ligação nuclear

∆E = [Zmp + (A – Z)mn – M] . c2

35
Unidades
 Unidade básica da energia é o electrão-volt → eV
É a quantidade de energia adquirida por um electrão quando
acelerado por uma diferença de potencial de 1 volt
(energia cinética)
1 eV = 1,602 x 10-19 J

Como é um valor extremamente reduzido, é muitas vezes


usado como múltiplos, isto é:
1 000 eV → 1 keV
1 000 000 eV → 1 MeV

 Unidade de massa  kg
 Unidade de massa atómica  u.m.a.
1/12 da massa do carbono 12 = 1,66 x 10-27 kg

A energia de ligação, normalmente é da ordem dos MeV

A energia associada com a massa de 1 u.m.a.

E = m c2

= 1,66 x 10-27 x (3 x 108)2

= 1,49 x 1010 J

≈ 931 x 106 eV ≈ 931 MeV

1 u.m.a. = 931 x 106 eV ≈ 931 MeV

36
Voltando ao átomo de Carbono-12

Defeito de massa = 0,09565086 u.m.a.

A energia de ligação correspondente a este defeito de massa é de:


 0,09565086 x 931 MeV = 89,1 MeV

Dividindo esta energia de ligação do núcleo pelo:


- número de massa - A
obtemos a energia de ligação por nucleão

89,1
No caso do carbono-12: = 7,4 MeV
12

Gráfico que traduz a energia de ligação por nucleão vs.


número de massa

1. A energia de ligação por


nucleão é cerca de 8 MeV,
excepto para os núcleos mais
leves

2. Grandes variações nos


elementos leves

3. Pequenas variações nos


elementos pesados

4. Apresenta um pico para A = 4

5. Atinge o máximo para A = 56


(= 8,8 MeV)

6. Diminui lentamente até atingir


o valor de 7,6 MeV, para o
núcleo de urânio

37
Esta curva mostra que:

10

Elementos pesados
Elementos leves A perda de um nucleão,
Situação inversa corresponde a um aumento
de energia média de ligação
por nucleão

Unidade de massa atómica

 1/12 da massa do isótopo 12 do carbono, ao qual foi atribuído


a massa inteira de 1

Considerando 1 átomo-grama de:


- Carbono-12
1 u.m.a. = 1,67 x 10-24 g
e entrando com o número de Avogadro:
- 6,023 x 1023

Como: E = m . c2

A energia equivalente a 1 u.m.a. é:


1
E = 1,67 x 10-24 x (3 x 1010)2 x eV
1,6 x 10-12
E = 931 MeV

38
Objectivos
 Reconhecer a estrutura do átomo
 Modelo de Thonsom
 Modelo de Rutherford
 Modelo de Bohr
 Compreender o conceito de energia de ligação do
electrão
 Saber identificar a composição do átomo
 Compreender as forças nucleares
 Enquadrar a estabilidade nuclear com a composição
do núcleo
 Compreender o conceito do defeito de massa

Leitura adicional

Biofísica Médica. JJ Pedroso de Lima

Capítulo V-
pag. 535 a 542
pag. 564 a 573

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