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Fisiologia

Biblioteca, Informação
1ª edição

e Sociedade

Marcelle Rebelo de Mendonça

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Biblioteca, Informação e Sociedade
DIREÇÃO SUPERIOR
Chanceler Joaquim de Oliveira
Reitora Marlene Salgado de Oliveira
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves

DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA


Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva

FICHA TÉCNICA
Texto: Marcelle Rebelo de Mendonça
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos

COORDENAÇÃO GERAL:
Departamento de Ensino a Distância
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Raquel de Queiroz - UNIVERSO

Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990

Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se responsabilizando a ASOEC
pelo conteúdo do texto formulado.
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora
da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Palavra da Reitora

Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo,


exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero
bem-sucedidas mundialmente.

São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio


dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se
responsável pela própria aprendizagem.

O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que


permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de
nossa plataforma.

Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores


especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos.

A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a


distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização,
graduação ou pós-graduação.

Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando


as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona.

Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD!

Professora Marlene Salgado de Oliveira

Reitora.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

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Sumário

Apresentação da disciplina ............................................................................................. 07

Plano da disciplina ............................................................................................................ 09

Unidade 1 – Breve História da Biblioteca .................................................................... 11

Unidade 2 – As Bibliotecas Escolares Municipais e Públicas ................................... 31

Unidade 3 – A Biblioteca Digital, a Internet e a Política de Acesso. ...................... 45

Unidade 4 – O Papel do Bibliotecário na Biblioteca Contemporânea.................. 63

Considerações finais ......................................................................................................... 75

Conhecendo o autor........................................................................................................ 76

Referências .......................................................................................................................... 77

Anexos.................................................................................................................................. 79

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Biblioteca, Informação e Sociedade

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Apresentação da disciplina

Caro Aluno,

Bem-vindo à disciplina Biblioteca, Informação e Sociedade!

Nessa disciplina, você vai estudar brevemente a história da Biblioteca,


passando pela biblioteca na Antiguidade, Idade Média, Renascimento até os dias
atuais, com Internet e a informação já nascendo digital. Bibliotecas escolares,
municipais e públicas e o papel do bibliotecário em cada fase da biblioteca.

As bibliotecas desempenham um grande papel enquanto instituições


articuladas a determinadas instituições públicas. A disciplina o levará a desenvolver
a capacidade de analisar e criticar políticas públicas para informação, cultura e
desenvolvimento científico. Conhecer e avaliar os possíveis caminhos da
informação pós-internet. Compreender conceitos e avaliar perspectivas
profissionais, a partir do curso de Biblioteconomia e Documentação.

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Plano da Disciplina

Biblioteca, Informação e Sociedade.

Carga horária: 30 horas

Créditos: 02

Ementa: Compreender a história da Biblioteca, o acesso à informação e o


desenvolvimento científico da sociedade.

Diferenciar a biblioteca em diferentes fases na história até os dias de hoje,


Visualizar as políticas públicas e bibliotecas como componente de organismos
vivos e seu papel nas políticas públicas e de acesso à informação, a fim de
promover o desenvolvimento científico da sociedade.

Unidades:

1 -Breve história da Biblioteca

2 - Bibliotecas Escolares, municipais e públicas

3 - Biblioteca digital e internet – política de acesso

4 -O papel do bibliotecário nas bibliotecas contemporâneas

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Bem-vindo à primeira unidade da Disciplina Biblioteca, informação e


sociedade. Desde a pré-história, o homem tem a necessidade de registrar e guardar
suas memórias. A biblioteca surge dessa necessidade e, além de guardar,
possibilita o acesso à informação. Com o advento da internet o acesso tem sido
possível sem que as pessoas, de fato, visitem as bibliotecas, portanto elas precisam
abrir seus muros e interagir mais com a sociedade, mudando seu foco e sua
existência, atuando mais como agente social e revendo sua arquitetura interna,
suas funções e ações. A biblioteca vem mudando ao longo da história e mesmo
com o advento da internet e buscadores, tais como o Google, algumas bibliotecas
públicas ganham cada vez mais força, ao contrário do que se pensava no final dos
anos 90, com o advento da Internet no Brasil. Por que a biblioteca não acabou?
Qual seu papel na sociedade atual? Como o bibliotecário pode atuar no cenário de
hoje em dia? Essas questões serão levantadas e esperamos que ao final do curso
você seja capaz de compreender o papel da biblioteca e do bibliotecário em um
contexto no qual a informação, o conhecimento e a recomendação são
primordiais.

Objetivos da unidade:

 Compreender a importância da biblioteca como forma de acesso à


informação;

 Reconhecer a biblioteca como um serviço de utilidade pública e sua


colaboração para políticas públicas em um contexto onde a informação é
poder.

Plano da unidade:

 Breve história da Biblioteca

 Biblioteca na Idade Antiga

 Biblioteca na Idade Média

 Biblioteca no Renascimento

Bons estudos!

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1 Breve História da Biblioteca

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Vamos contar um pouco sobre a história da biblioteca e seus diferentes papéis.


Começaremos com a biblioteca na Antiguidade e iremos até o Renascimento.

Breve história da Biblioteca

Desde sua existência, o homem sempre teve necessidade de registrar seu


conhecimento. Na pré-história, esses registros vinham em forma de símbolos e
desenhos em cavernas.

Com o advento da escrita, o homem passa a registrar suas memórias em


diferentes suportes: Tábuas ou tabletes de argila (não é coincidência que hoje haja
os tabletes eletrônicos?); rolos de pergaminho; manuscritos; papel; livros
impressos, etc.

Hoje em dia o texto já nasce digital e com muitas mídias atreladas, tais como
som e imagem.

A história da bibloteca se confunde com a história da escrita, elas andam


sempre juntas e o bibliotecário, que é responsável pela criação, pela guarda e pela
disseminação desses acervos, também vem evoluindo.

Antes de conhecer a história das bibliotecas, vamos pensar em seu conceito e


etimologia (significado). A palavra BIBLIOTHECA, advindas de radicais gregos
BIBLIO (Livro) e TECA (Coleção ou depósito) significa depósito ou coleção de livros.

Hoje, esse conceito é muito mais amplo, visto que além de livros, a biblioteca
coleciona, guarda e dissemina diferentes suportes ou mídias, incluindo as mídias
eletrônicas.

Vamos olhar um pouco a biblioteca em suas diferentes fases na história


mundial.

A Biblioteca na Idade Antiga

Na Idade Antiga já havia inúmeras bibliotecas, muito voltadas para guarda de


seus acervos, que vinham atender especificamente a líderes, governantes e sua
estrutura arquitetônica era para permitir que seu acervo não fosse retirado de lá.
O propósito era a “guarda” dessas coleções e o acesso era bastante restrito.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

BATTLES, 2003 cita dentre as mais importantes bibliotecas da antiguidade as


seguintes:

Nínive, que significa Bela, situada na margem ocidental do Rio Tigre (atual
Iraque) é considerada a primeira biblioteca da história. Acredita-se ter sido fundada
pelo Rei Assurbanípal II, que dedicou muitos recursos a sua formaçaõ e
manutenção.

O povo criava seus registros em tabletes de argila, que compunham a


Biblioteca de Nínive.

Veja sua localização neste mapa.

Fonte da imagem:

http://historiadoslivrosedasbibliotecas.blogspot.com.br/2011/06/biblioteca-de-
pergamo-foi-fundada-por.html

Encontrada por pesquisadores ingleses no século XIX, essa biblioteca da alta


Mesopotâmia guardava em seu acervo cartilhas sobre o mundo natural, geografia,
matemática, astrologia e medicina, manuais de exorcismo e augúrios, códigos de
leis, relatos de aventuras e textos religiosos.

Os Mesopotâmicos davam muito valor à escrita e possuiam diversas escolas


para escribas.

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Houve outras bibliotecas da Babilônia, tais como as de Assur, Koloch e Nippur.

Portão da Cidade de Nínive – Templo de Apolo

Pérgamo outra das grandes bibliotecas da Antiguidade, localizada na Ásia


Menor, na cidade Grega Pergamum. Foi fundada por Átalo I e seguida por seu filho,
Eumenes II, a biblioteca era parte do projeto real de ser um centro crítico e literário
de toda a Ásia menor.

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Localização da Cidade de Pérgamo. Ela ficava nas montanhas, o que a


protegia. Hoje é conhecida como Bergama e seu antigo nome era Teutrania.

A Biblioteca de Pergamo foi famosa e tinha grande reputação, chegou a ter um


acervo com duzentos mil volumes e embora tenha sido criada para competir com
Alexandria, não alcançou a reputação intelectual de sua concorrente, mas teve
uma grande significação histórica, por inventar o Pergaminho (Charta
Pergamenum, feito com pele de animal, geralmente cabra, cabrito ou cordeiro) que
por ser reciclável e resistente, foi adotado como o suporte da escrita pelos 1000
anos seguintes.

Ilustração: BortN66 / Shutterstock.com

Alexandria (A mais importante do mundo antigo, que inclusive foi reconstruída).

Fonte da imagem: http://flavioantoniosilva.blogspot.com.br/2012/06/historia-da-biblioteca-de-


alexandria.html

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A Biblioteca de Alexandria localizava-se na cidade Egípcia de Alexandria, ao


norte do Egito, a oeste do delta do rio Nilo, às margens do Mar Mediterrâneo. A
biblioteca de Pérgamo tentava bate-la em acervo e tratados intelectuais, mas de
fato, Alexandria reuniu a maior coleção de papiros sobre cultura e ciência da
antiguidade e nos deixou um grande legado. Tudo indica que a insistência de
Demétrio de Falera, um talentoso filósofo que influenciou Ptolomeu I Sóter a criar
uma forma de concorrer intelectualmente com Atenas.

Alexandria reuniu em seu acervo mais de 700 mil volumes e sobreviveu por
mais de 10 séculos e seu acervo era considerado como misterioso e oferecedor de
poder ilimitado a quem o possuisse. Possui uma lista de muitos bibliotecários que
passaram por ela. Estudos sobre feixes de luz no céu, como o primeiro estudo
sobre discos voadores, ou estudos de iluminação do sol e da lua como um tratado
importante sobre o tema, dentre outros importantes e proibidos documentos em
papiro, pergaminho e até livros impressos fizeram parte de seu acervo e há muitas
lendas e histórias a respeito dessa grande biblioteca, que reuniu livros de vários
povos. Demétrio acreditava que um bom governante conhecia melhor seu povo e
suas obras.

Estudos sobre sua forma física demonstram que havia livros nos centros,
corredores e espaços para estudos e discussão, até mesmo nos jardins havia
prateleiras.

Os bibliotecários que se destacaram em Alexandria foram: Zenótodo de Éfeso,


Apolônio de Rodes, Erastótenes de Cirne, Apolônio Eidógrafo, Aristarco de
Samotrácia, Aristófones de Bizâncio e Calímaco de Cirene.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Essa é uma das imagens que representam a grande biblioteca de Alexandria


Fonte: http://www.vanialima.blog.br/2014/01/a-lendaria-biblioteca-de-alexandria.html

Dada sua importância e relevância, a Biblioteca de Alexandria foi reconstruída


e o projeto começou em 1989, com um concurso para a construção de uma NOVA
BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA. 650 empresas participaram da disputa e a
norueguesa Snoehetta foi a vencedora do concurso que fez o lindo projeto,
reinaugurado em 2002.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

A atual Biblioteca de Alexandria está mais moderna do que nunca. Pode


atender a 3500 pesquisadores ao mesmo tempo, conta com um planetário e está
nas redes sociais, como você pode ver em seu site:
http://www.bibalex.org/Home/Default_EN.aspx

Eles têm um blog, estão no Facebook, no Twitter e têm um canal do Youtube.

Sem sombras de dúvidas, Alexandria é um simbolismo histórico e tem atuações


muito modernas e contemporâneas.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Para se aprofundar: Assista ao filme Ágora

Ágora conta a história da Hypatia (filósofa, astrônoma e matemática ) da


Biblioteca de Alexandria. O filme passa a uma idealização do que pode ter sido a
biblioteca. A história se passa em um período de grande agitação em torno de
ideais religiosos e poliíticos.

Hypatia foi importante e sua morte e queima na fogueira representa um


pouco do poder e conhecimento que Alexandria representava em termos de
avanço, inclusive de gênero.

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Em um cenário de disputa para o poder, guerras e destruições, nenhuma


biblioteca da era antiga sobreviveu. Alexandria que, pelo que remonta, ocupava
vários prédios sofreu ataques e vários incêndios, por questões políticas e religiosas,
já que seu acervo possuia obras consideradas perigosas por seus inimigos, tais
como ciência, matemática, filosofia e até mesmo paganismo. Em tempos de
avanços do cristianismo, o acervo era considerado perigoso.

Com certeza, temos muito a aprender com Alexandria e seu modelo de não só
apenas guardar, mas disseminar e criar espaços para discussões.

A Biblioteca Medieval

Durante a Idade Média, mosteiros e conventos guardavam o conhecimento


em suas bibliotecas. Sua forma arquitetônica era feita com arármios embutidos em
enormes paredes e diversas estantes de leitura para acesso aos livros grossos, in-
fólios medievais. Todos os livros estavam acorrentados, o que tudo india que havia
um grande medo de roubos das obras valiosas.

Cena de um Scriptorium no filme O nome da Rosa – lugar onde os monges,


copistas, faziam cópias dos manuscritos.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Ter acesso aos livros era algo muito caro nessa época e o trabalho dos monges
copistas foi fundamental para que obras pudessem ser mantidas.

As cópias foram feitas em diferentes suportes: cacos, tábuas de cerâmica,


papiro, palimpsestos e pergaminhos.

Duas principais bibliotecas podem ser citadas na era medieval:

Biblioteca de Cassiodoro e Moisés de Nisibis

Além dessas, temos as de Monte Atlos, a de Saint Gall (Suiça), as de Corbie,


Cluny e de Fleury-sur-Loire (França).

O filme, “O nome da rosa”, baseado na obra homônima do Umberto Eco,


mostra a biblioteca e o acesso aos livros, ou ao conhecimento na Idade Média. A
biblioteca medieval, controlada por religiosos e a excessiva proibição do acesso aos
livros que mostram ideias não aceitas pela igreja e crimes relacionados é mostrada
através de um monge e seu assistente que precisam descobrir porque há mortes
após ter acesso a determinadas obras.

Para o estudante de biblioteconomia, ler o romance ao assistir ao filme na


íntegra, dá a oportunidade de compreender que quem tem a informação tem o
poder. Informação e poder estão intimamente relacionados, principalmente na
Idade Média. Desta forma, as bibliotecas, que na idade média, eram vistas como
espaços de guarda e que controlavam o acesso à informação de acordo com quem
tinha o poder, pode ser vista claramente como um espaço concreto de acesso à
informação. Quem tinha o acesso, tinha a informação e, por conseguinte, o poder.

Além desse prisma, há o fato de que os sistemas de informação eram


organizados levando em conta o tamanho de livros, os assuntos de maneira geral e
a recuperação dos livros ou da informação que ia muito de acordo com a memória
de quem os guardavam (ex.: quando o leitor não lembra informações técnicas do
livro e descreve assim: Livro grande, azul, com tais gravuras) e também da

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Biblioteca, Informação e Sociedade

paciência de quem buscava pela informação e a biblioteca medieval, assim como


os scriptoriuns são descritos muito bem no filme.

Na idade Média, temos também as bibliotecas Bizantinas, Particulares e


Universitárias.

Bibliotecas Bizantinas e Particulares

As Bibliotecas Bizantinhas eram predominamente núcleos da civilização


helênica, continham um conteúdo profano para os cristãos, que estavam nas
bibliotecas monaicas ocidentais.

Imagem de Biblioteca Bizantina – Fonte:


http://bibliotecadigital.ilce.edu.mx/libros/texto/h5/u06t05.html

Graças aos monges bizantinos que foram para o ocidente, o renascimento


aconteceu, é o que dizem os fatos.

Os conventos bizantinos mais conhecidos foram o Studion, com seu


scriptorium e sua bilbioteca, o Claustro de Santa Catarina, junto ao Monte Sinai. Em
Constantinopla, encontramos ainda bibliotecas particulares enormes, mantidas por
imperadores ou grandes nobres, prova de que informação, conhecimento e poder
têm muita coisa em comum.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Destaca-se a coleção de Fócio (280 obras de valor inestimável). Muitas das


bibliotecas particulares contavam com um bibliotecário principal, que organizava o
acervo.

O Rei Carlos V, da França, também é citado como um grande proprietário


particular (seu acervo chegou a reunir cerca de 1200 volumes, um número
considerado no seu tempo). Seus manuscritos destacam-se também pelas
miniaturas e iluminuras.

Bibliotecas Universitárias

Nos séculos XIII e XV surgiram as universidades europeias e as bibliotecas


universitárias. Nesse contexto de estudos, descobertas e busca pelo conhecimento,
há uma necessidade de acesso diferente do que imbuia as bibliotecas da idade
antiga e o conceito de cooperação começa a surgir, visto que ainda é muito caro
ter determinada obra, ainda que impressa. Um grande catálogo unificado com
nome dos autores e obras e a indicação que da biblioteca que continha a obra,
criado pelos franciscanos ingleses na segunda metade do século XIII.

No final do século XIII surgem as bibliotecas universitárias tais como a de Paris,


chamada de Sorbonne (recebeu doações de livros de Robert de Sorbon).

Nesse momento, o bibliotecário surge de fato como organizador da


iinformação, criando sistemas, regras para que a cooperação entre as bibliotecas
diversas fosse possível.

No Renascimento, o bibliotecário tem seu papel como disseminador do


conhecimento consolidado.

Bibliotecas universitárias de destaque:

Biblioteca Jurídica de Orleans

Biblioteca Médica de Paris

Biblioteca de Oxford (1334, Inglaterra)

Cambridge (1444)

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As bibliotecas universitárias surgem como bibliotecas especializadas nos


assuntos de interesse dos cursos das universidades detentoras de seus acervos,
criados a partir de referências para cobrir o conteúdo das disciplinas.

Surge, em 1456, a imprensa com tipografia perfeita através da Bíblia de


Gutemberg, o que foi primordial em termos de tecnologia para publicação das
obras e isso foi muito importante para as bibliotecas universitárias.

Biblioteca no Renascimento:

O Renascimento tem o bibliotecário exercendo seu papel de disseminador da


informação de fato e isso reflete nas bibliotecas, que deixam de ser apenas
depósito de guarda legal de apoio a governos e a lideranças religiosas, o
bibliotecário surge como agente central da sustentação da biblioteca.

Os acervos particulares vinham crescendo para príncipes, líderes que recebiam


exemplares especiais e compunham acervos importantes e o conhecimento passa
a ser muito importante nessa época. O intelecto, a reflexão, as descobertas estão
em pleno vapor no Renascimento e a primeira biblioteca pública moderna surge
com a Biblioteca de San Marco, fundada por Cosimo de Médice, em 1444.

As bibliotecas particulares surgem cada vez mais no Renascimento e os


fundadores das bibliotecas renascentistas se interessavam muito pelas bibliotecas
da antuiguidade e faziam buscas intensas em seus acervos.

As bibliotecas do Renascimento contavam com recursos financeiros e


humanos de duques, mercadores e reis. Muitas bibliotecas contavam com cerca de
45 copistas, que só comprava que a erudição e poder andavam juntos.

No Renascimento surge também a preocupação com a preservação dos


acervos.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Até aqui você viu que a biblioteca passou por mudanças desde a Antiguidade
até o Renascimento. Primeiro, a biblioteca surge como guarda de informação
secreta, valiosa e seu acesso não era democrático. Na Idade Média, a biblioteca
começa a exercer, através dos monges copistas, uma função de guarda da
informação e também de cópia das obras, permitindo que muitas obras tenham
sido preservadas e acessíveis ao longo da história, mas ainda assim, o acesso não
era democrático. No Renascimento o papel do bibliotecário como organizador e
disseminador da informação surge com força. Arquitetonicamente, desde o seu
surgimento, a biblioteca tem salões com os livros e salões de consulta, o acesso
não é livre e o bibliotecário é quem organiza a informação para que ela seja
encontrada.

As bibliotecas particulares e as universitárias, ainda na Idade Média, são muito


parecidas ainda com o que temos hoje em se tratando de acervos especializados
para atender a uma demanda de pesquisa.

Milanesi (2013) questiona o papel ou a função das bibliotecas públicas, uma


vez que a informação hoje já nasce digital e a partir de um tablet, tem-se na ponta
dos dedos e com conforto, acesso à informação e com áudio, vídeo. Nas próximas
unidades, iremos refletir um pouco sobre o papel da biblioteca física, da biblioteca
digital e do bibliotecário nesse contexto.

Agora chegou o momento de você checar o que estudou nessa lição.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Exercícios – Unidade 1

1.Na Biblioteca Antiga, marque a principal biblioteca:


a) Pegasus
b) Pergamo
c) Alexandria
d) Monte alto
e) Nenhuma das opções acima

2.Que biblioteca foi importante para trazer o Renascimento e uma nova


realidade às bibliotecas?
a) Medievais
b) Bizantinas
c) Antiguidade
d) Universítárias
e) Nenhuma das opções acima

3.Em que época surgiu o catálogo unificado?


a) Antiguidade
b) Idade Média
c) Renascimento
d) Nenhuma das opções acima
e) Iluminismo

4.Em que época o bilbiotecário surge com o papel de organizador e


disseminador da informação?
a) Renascimento
b) Antiguidade
c) Idade Média
d) Iluminismo
e) Nenhuma das opções acima

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Biblioteca, Informação e Sociedade

5.O filme O Nome da Rosa (baseado na obra de Umberto Eco) citado nesta
unidade retrata que momento da biblioteca?

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6.Como era a arquitetura da Biblioteca de Alexandria, segundo estudos de sua


arquitetura?

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Biblioteca, Informação e Sociedade

7.Marque a alternativa que representa a época do surgimento das bibliotecas


particulares:

a) Idade Antiga, através dos pesquisadores que se reuniam nos chamados


“colégios invisíveis”.
b) Idade Média, através dos pesquisadores copistas.
c) Idade Contemporânea, pois é um conceito bastante atual.
d) Renascimento, juntamente com o movimento de pesquisadores
científicos dos chamados “colégios invisíveis”.
e) Renascimento, juntamente com os catálogos unificados particulares.

8.De acordo com a unidade, em que época surge a preocupação com a


preservação física do acervo?

a) Na atualidade, no momento em que o meio digital surge para preservar


os documentos em papel.
b) No Renascimento, dando origem ao trabalho dos preservadores de
acervo.
c) Na Idade Antiga, devido à falta de durabilidade do papiro.
d) Na Idade Antiga, devido à preocupação com a corrosão do papel pela
maresia, já que as bibliotecas se davam próximas aos portos.
e) Na Idade Média, com a preocupação do valor dos acervos.

9.De acordo com a literatura, quando surgiu a primeira biblioteca pública


moderna?
a) O intelecto, a reflexão, as descobertas estão em pleno vapor no
Renascimento e a primeira biblioteca pública moderna surge com a
Biblioteca de San Marco, fundada por Cosimo de Médice, em 1444.
b) A Biblioteca Pública surge na Idade Média, com o propósito de incentivar
mais bibliotecas e mais acesso à informação.

c) A Biblioteca Pública moderna surge na Idade antiga com o vanguardismo


das bibliotecas como Pergamo e Alexandria.
d) A Biblioteca Pública moderna surge na Idade antiga com a orientação dos
sábios cientistas.
e) Nenhuma das opções acima.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

10.Surge em 1456 a ______________ com tipografia perfeita através da Bíblia


de Gutemberg, o que foi primordial em termos de tecnologia para publicação das
obras e isso foi muito importante para as bibliotecas ________________.

a) Tábua de argila/filósofas antigas


b) Imprensa/universitárias
c) Imprensa/públicas
d) Imprensa/monásticas
e) Imprensa/particulares

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Biblioteca, Informação e Sociedade

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Biblioteca, Informação e Sociedade

2 As Bibliotecas Escolares
Municipais e Públicas

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Você está na unidade 2, parabéns por avançar em seus estudos. Caso


considere necessário, revise a unidade anterior sempre que necessário. As
atividades extras sugeridas são importantes para que você desenvolva habilidades,
aprofunde-se nos estudos e isso fará diferença na sua formação.

Na unidade 1 você estudou brevemente a história da Biblioteca. Na


Antiguidade, a biblioteca surge como apoio a líderes e como símbolo de
valorização da erudição como forma de poder. Na Idade Média, a biblioteca, além
da guarda, também permite o acesso através dos copistas que preservam obras,
mas determina o acesso, que não é democrático ainda nessa fase da história. No
Renascimento surgem as bibliotecas particulares, as universitárias e as bibliotecas
começam a ter a estrutura arquitetônica que conhecemos hoje e o bibliotecário
começa a atuar como organizador e disseminador da coleção, surge o primeiro
catálogo unificado como iniciativa de cooperação entre as bibliotecas que
precisam estar mais organizadas, precisam criar e obedecer a normas para que o
trabalho cooperativo seja possível.

Na unidade 2 você vai conhecer um pouco os papéis sociais de bibliotecas


escolares, municipais e públicas e refletir um pouco sobre o papel desses
instrumentos na sociedade enquanto espaço de discussão, acesso à informação e
socialização.

Bons estudos!

Objetivos da unidade:

● Reconhecer o papel das bibliotecas escolar, municipal e pública na


sociedade;
● Refletir sobre políticas públicas e inclusão da biblioteca na vida social e
cultural de uma comunidade.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Plano da Unidade:

 Bibliotecas escolares, municipais e públicas e a nova biblioteca pública.

 Bibliotecas escolares, municipais e públicas e a nova biblioteca pública

Você estudou as principais fases da história da biblioteca, desde o seu


surgimento até o Renascimento. Podemos afirmar que ainda hoje, no século XXI
estamos presos a um modelo arcaico de biblioteca. A primeira biblioteca pública
foi fundada no Brasil em 1811 e arquitetonicamente falando, a maioria das
bibliotecas escolares, municipais e públicas ainda mantém um salão para guarda
do acervo, os leitores solicitam a obra no salão de pesquisa e o bibliotecário, ou o
auxiliar traz as obras. No caso de biblioteca escolar, o aluno tem direito a levar
emprestado alguns livros, mostrando sua carteirinha e no caso das municipais e
das públicas, que muitas vezes exercem a função de suprir as necessidades dos
estudantes, quando não há biblioteca na escola próxima, comprovando residência,
pode-se também levar livros para casa.

É na escola que temos um dos primeiros contatos com a biblioteca, através de


pesquisas escolares. Em suma, cada escola deveria ter uma biblioteca e esta,
deveria ter um bibliotecário responsável. O acervo da biblioteca escolar visa
atender especificamente à demanda das pesquisas escolares no estilo “copie a
pesquisa”.

Existem realidades distintas em suas diversas realidades sociais no Brasil. Há


escolas que começam a incentivar a leitura e o contato com livros desde a
educação infantil. Neste caso, os professores contam histórias, emprestam livros
para os pequenos alunos e o hábito da leitura vem sendo formado desde
pequenos. Há escolas que não têm bibliotecas e neste caso, as escolas municipais
ou públicas exercem a função de suprir a demanda das pesquisas escolares.

A escrita passou por alguns suportes, como você pôde conferir na unidade 1:
Tabletes de argila, papiro, pergaminho, dentre outros. Com o advento da imprensa
móvel de Gutemberg, no século XV, a imprensa permitiu que livros fossem
infinitamente mais baratos, o que colaborou com a formação e multiplicação das
bibliotecas. Segundo Milanesi (2013), “elas cresceram em número e proliferaram

33
Biblioteca, Informação e Sociedade

pelo planeta, tendo o seu epicentro no Velho Mundo. Estavam presentes em


instituições de estudos, estabelecimentos religiosos e, posteriormente, nas cidades
por iniciativa das administrações locais”.

Milanesi ( 2013), afirma ainda que o Século XX teve um grande aumento de


bibliotecas, especialmente nos Estados Unidos, onde em dado momento
acreditou-se que abrir uma biblioteca seria igual a fechar uma cadeia.

Com o advento da Internet e com o Google, muitos estudantes passaram a


fazer suas pesquisas diretamente de seus computadores, tablets, e aparelhos
eletrônicos, no conforto de suas casas. Com isso houve o esvaziamento das
bibliotecas municipais e públicas, que acabaram atuando muito voltado para essas
pesquisas escolares, por falta de políticas públicas que incluíssem as bibliotecas
com acervos interessantes, tecnologias e um espaço onde as bibliotecas pudessem
exercer seu papel muito além do emprestar livros.

Antes da Internet, a velocidade do acesso à informação era igual à velocidade


com a qual conseguíamos chegar à biblioteca que detivesse aquela obra que
estávamos procurando. Milanesi (2013) afirma que o século XX foi voltado à criação
de estratégias para diminuir esse tempo entre a necessidade de um leitor e o
atendimento.

Será o fim das bibliotecas, assim como já pensamos que o livro terminaria com
o computador? Nos anos 90 e no início do século XXI houve muito esse
questionamento, mas em 2014 já podemos verificar que o livro não acabou, ainda
que existam livros digitais, o Kindle, os tablets e, inclusive, há serviços nos quais
permitem que qualquer um publique um livro e as vendas são feitas
individualmente, virtualmente, processo diferente das antigas estruturas editoriais,
ou seja, o livro evoluiu com as novas tecnologias e as bibliotecas que não se
envolverem com suas comunidades, não estiverem dentro da agenda Municipal ou
Pública e não abrirem suas portas para que eventos, cursos, programas e atividades
culturais; se não tiver diferentes formatos em seu acervo como livro, música, filme,
jogos, etc. e um espaço convidativo para atrair cada vez mais seu público estarão
fadadas a extinguirem-se, por que, de fato, as pessoas hoje quando precisam ter
acesso a uma informação, a um documento, a um livro vão em primeiro lugar à
Internet e não mais às bibliotecas como de costume.

34
Biblioteca, Informação e Sociedade

As novas tecnologias, sem dúvida, podem ser um bom motivo para que as
pessoas não frequentem bibliotecas desde que o acervo seja precário. Segundo
Milanesi (2013), a precariedade dos acervos é crônica e não atende ao público
diversificado.

As bibliotecas fazem a seleção e aquisição dos acervos das bibliotecas públicas


e quanto mais heterogêneo for o público, mais difícil é a seleção do acervo.

Mesmo uma cidade pequena atendida por uma biblioteca municipal tem em
seu público muitos interesses diferentes entre crianças, jovens, adultos, homens,
mulheres, interesses diversos, alfabetizados, analfabetos, trabalhadores operários,
donas de casa, estudantes, doutores, etc.

Pense na dificuldade de montar um acervo, sem contar na precariedade dos


recursos para compor este acervo.

O que ocorre é que com tamanha diversidade e baixo recurso, a possibilidade


de não encontrar o que se procura na biblioteca municipal é muito grande.

Importante!

“Os acervos impróprios – aqueles que não se relacionam com o público


ao qual se destinam – foram criados em décadas, de forma fortuita, sem previsão,
sem planejamento”

Luiz Milanesi

Os acervos das bibliotecas municipais e públicas foram criados com poucos


recursos e muitas doações domésticas e também com doações governamentais
sem levar em conta o público ao qual se destinava o acervo.

Milanesi( 2013), afirma que nunca houve a preocupação de formar acervos


básicos essenciais e o resultado são acervos que não interessam ao público em
torno da biblioteca municipal ou pública.

Como as bibliotecas municipais e públicas vem sendo esvaziadas e atendem


especificamente a estudantes em suas pesquisas escolares, seu acervo se resume a
poucos livros, resumidos muitas vezes às enciclopédias, o que nos afasta da ideia
de um acervo amplo, diversificado e que de fato iria interessar a esse público.

35
Biblioteca, Informação e Sociedade

Outra questão importante nas bibliotecas públicas é que elas fazem parte do
setor de políticas públicas de cultura, geralmente e a prioridade desses setores
costuma não contemplar a contratação de pessoal especializado e competente
para administrar suas bibliotecas. Os baixos salários pagos pelas prefeituras
também não atraem pessoal competente especializado. Também faz falta a
formação voltada à informação pública, que exige conhecimento além das
questões técnicas.

Existe um descompasso com o tempo no Brasil para transpor as bibliotecas


públicas atuais para o século XXI. Para isso são necessárias políticas culturais e é
difícil estabelecer qual o número mínimo de obras para atender a 10 mil
habitantes, por exemplo.

Há carência de acervo básico para cada biblioteca atender a sua população, há


carência de recursos e mão de obra especializada para atender a essas bibliotecas e
há ainda a política cultural de cada município a ser considerada, já que quase
nunca as bibliotecas públicas são prioridade.

Milanesi, (2013) conclui que a maioria vê a biblioteca como um acessório


prescindível e o quadro atual tem a ver com uma sociedade que há 400 anos vive
sem livros, o que não nos leva a crer que mudará de uma hora para outra e
tampouco usando recursos convencionais.

Assim, alternativas são necessárias para que as bibliotecas atraiam seus


leitores, cumpram seu papel e ocupem seu espaço na sociedade.

Paul Otlet (1868-1944), advogado belga, criou a documentação, com seu


centro de documentação e uma grande iniciativa em colecionar em seu acervo e
permitir o acesso a inúmeras obras. A Biblioteconomia, centrada na Classificação
Decimal de Dewey (1876) e no Anglo-American CAtaloguing Rules ( primeira edição,
1967), com a Documentação passou para a Classificação Decimal Universal,
delineada no final do século XIX e, além disso, com o microfilme, a microficha e a
utilização do computador tornaram a ficha catalográfica tradicional obsoleta.

Na segunda metade do século XX surge a digitalização que também abriu


novo campo e novas perspectivas para a Biblioteconomia. O que ocorreu com
tantas mudanças foi que a Biblioteconomia e suas normas deram conta de
organizar os suportes físicos e a Documentação criou novas ferramentas para

36
Biblioteca, Informação e Sociedade

organizar o que ficou conhecido como o “caos bibliográfico” com as microformas,


que multiplicaram acervos com espaços mais reduzidos.

Importante

“Neste início do século XXI, a perspectiva é clara: os suportes físicos são


superados, sendo já criados no ambiente digital os textos, as imagens e os sons. No
âmbito do livro impresso em papel pode ser prognosticada a digitalização de tudo
que o homem produziu desde Gutemberg, agora armazenado na nuvem”.
(MILANESI, 2013)

Cada vez mais a informação, a comunicação e a criatividade humana se darão


em meios digitais.

Nesta disciplina vamos pensar em como as bibliotecas escolares, públicas e


municipais podem mudar, criar alternativas e pensar de fato no seu público para
que seus espaços sejam utilizados.

Assista a este vídeo sobre o Sistema de Bibliotecas Parque Estadual do Rio de Janeiro:

https://www.youtube.com/watch?v=EOKd5kqStLQ

Responda:

Você conhece Bibliotecas assim? Qual?


_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________
Você já esteve em alguma Biblioteca Parque Estadual?
_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

37
Biblioteca, Informação e Sociedade

De uma forma geral, as bibliotecas escolares podem e devem promover o


encontro com a literatura com atividades relacionadas, através de filmes,
brinquedos, peças e vivências sinestésicas que poderão somar e agregar valor ao
texto lido e estudado.

As Bibliotecas Parque Estadual são uma grande prova de que a Biblioteca


Tradicional onde não se pode conversar, interagir, ou perguntar, vai dando espaço
a uma biblioteca mais dinâmica.

Isso se faz necessário para que as bibliotecas escolares deixem de ser um


espaço onde os alunos frequentem apenas para tirar cópias, copiar textos para suas
pesquisas, mesmo porque muitos já fazem suas pesquisas do modo copiar e colar,
utilizando a internet.

As bibliotecas escolares são fundamentais para a formação de jovens leitores e


podem e devem estar integradas à sala de aula com atividades extras e apoiando
ao que o professor esteja trabalhando e inclusive estimulando à frequência dos
alunos às bibliotecas municipais e públicas, participando de eventos, debates,
exposições e aumentando o acesso à informação desses jovens.

Lamentavelmente, algumas bibliotecas vêm sendo reduzidas às salas de


informática para que os alunos tenham acesso à informação cibernética e realize
seus trabalhos escolares.

Há que se fazer a diferença entre cópia, meramente dita e introdução ao


universo da leitura e pesquisa, bem como incluir já no universo do aluno as normas
da ABNT para apresentação de trabalhos científicos, acadêmicos, criando uma
intimidade do aluno com o universo da pesquisa.

Um acervo de uma biblioteca é organizado de maneira muito diferente do que


as informações encontradas na internet e essa comparação deve ser feita com os
alunos que podem aprender a pesquisar, usar os recursos digitais, as ferramentas
oferecidas em sites de bibliotecas, centros de documentação, museus, etc.
Recursos extras, eventos, apoio aos estudos podem ser feitos, bem como concursos
culturais, apresentação de concertos, exibição de filmes, peças podem ser incluídos
ou mesmo integrados nas atividades da biblioteca, como apoio a uma semana
literária específica, por exemplo, que faça parte do conteúdo escolar.

38
Biblioteca, Informação e Sociedade

No caso das bibliotecas municipais e públicas, quando são equipadas com TVs,
DVDs, computadores ligados à Internet, mobiliário confortável, eventos e conteúdo
para atender às famílias inteiras em sua diversidade de interesses, sem dúvida
serão utilizadas como um espaço social cultural ativo.

Chegando ao final da unidade 2, podemos concluir que as bibliotecas


municipais e públicas que estiverem como prioridade na cultura e políticas
públicas de sua cidade, com acervo de qualidade e diversificado, equipadas
adequadamente e com profissionais especializados em sua direção farão diferença
nos espaços que ocupam e esses são desafios grandes e importantes para que
consigamos levar as nossas bibliotecas do século XIX para o século XX e seria muito
bom se além de tudo, os leitores dessas bibliotecas estivessem conectados à elas
através de seus smartphones, tablets, computadores e interagindo em suas redes
sociais, afinal as novas tecnologias estão aí e são grande facilitadores para criar
comunicação com seu público e gerar novos serviços de atendimento.

Atividade Complementar:

Visite uma Biblioteca Parque em Niterói (Biblioteca Pública de Niterói)


ou no Rio de Janeiro e escreva sobre sua visita, poste fotos e impressões,
compartilhe conosco!

Caso você não seja do Rio, existe alguma biblioteca municipal ou pública com
esse formato em sua cidade? Mande fotos, notícias, compartilhe conosco!

39
Biblioteca, Informação e Sociedade

Visite o site das Bibliotecas Parque Estadual, siga o projeto nas mídias sociais e
acompanhe como uma biblioteca pode ser útil e trazer informações de interesse
público em uma comunidade.
http://www.bibliotecasparque.rj.gov.br

Um exemplo de ação cultural em prol de uma comunidade é o projeto com


Colônias de Férias das Bibliotecas Parque Estadual do Centro do Rio, de
Manguinhos, da Rocinha e de Niterói.

Leitura complementar:

Leia a programação das colônias de férias das Bibliotecas Parque Estaduais


(.PDF) http://www.bibliotecasparque.rj.gov.br/ferias/

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

40
Biblioteca, Informação e Sociedade

Exercícios – Unidade 2

1.Marque a única opção incorreta:

A biblioteca pública é um espaço onde:

a) Diferentes tipos de leitores são bem-vindos e um acervo básico deve buscar


minimamente contemplar as buscas de crianças, adolescentes, adultos,
alfabetizados, analfabetos, doutores, trabalhadores operários e donas de
casa.

b) Para que uma biblioteca pública tenha um bom acervo e profissionais


especializados de qualidade, há que se investir em políticas públicas que
contemplem essa demanda.

c) Bibliotecas municipais são feitas com o objetivo de suprir as necessidades de


crianças e adolescentes em idades escolares e não devem objetivar atender
adultos.

d) As bibliotecas escolares contribuem com a formação de pequenos leitores e


pode trabalhar junto à coordenação pedagógica para que as obras lidas e
referenciadas nas salas de aula sejam expostas com regalia, e também através
de contação de histórias.

e) As bibliotecas públicas são um espaço onde a sociedade pode usufruir de


informação, recursos e materiais e assim, informar-se, educar-se e exercer a
cidadania.

41
Biblioteca, Informação e Sociedade

2.A primeira biblioteca pública foi fundada no Brasil em 1811 e


arquitetonicamente falando, a maioria das bibliotecas escolares, municipais e
públicas ainda mantém um salão para guarda do acervo, os leitores solicitam a
obra no salão de pesquisa e o bibliotecário, ou o auxiliar traz as obras. Essa
arquitetura das bibliotecas vem desde que época?
a) Idade Antiga
b) Idade Média
c) Renascimento
d) Idade pré-histórica
e) Idade Moderna

3.Com base nessa arquitetura tão antiga, que compõem bibliotecas no mundo
todo até hoje em dia, o que esse espaço físico pretende e oferece?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

4.A literatura corrente defende o acesso livre às estantes e uma proposta mais
dinâmica da arquitetura das bibliotecas que se ocupem mais com pessoas do que
com livros. Qual o intuito?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

a) Colônia de férias, mostras de filme, exposições.


b) Catalogação, circulação, aquisição.
c) Restauração, palestras e colônia de férias.
d) Cursos de teatro, oficinas diversas e acervo fechado.
e) Cursos de férias, peças de teatro e nada mais.

42
Biblioteca, Informação e Sociedade

5.Paul Otlet (1868-1944), advogado belga, criou a ________________, com seu


____________________________ e uma grande iniciativa em colecionar em seu
acervo e permitir o acesso a inúmeras obras:

a) Documentação, centro de documentação.


b) Informação, centro de artes.
c) Documentação, centro de restauração.
d) Documentação, centro de soluções.
e) Informação, centro de documentação.

6.Classificação Decimal de Dewey (1876), Anglo-American Cataloguing Rules –


AACR (primeira edição, 1967), Classificação Decimal Universal são:

a) Regras padronizadas para classificação e descrição de acervos.


b) Sistemas de automação de bibliotecas.
c) Regras para que cada um crie sua maneira de classificar e descrever
acervos.
d) Sistemas internacionais de criação de regras.
e) Nenhuma das informações acima.

7.Com base na pergunta anterior, é correto afirmar que:


a) Foram feitos esforços envolvendo a comunidade internacional no intuito
de padronizar a descrição de conteúdo e a descrição física de documentos
para que a cooperação entre bibliotecas fosse possível.
b) Sem conhecer a CDD, A CDU e o AACR e AACR2, o bibliotecário não
consegue organizar acervos.
c) A Classificação Decimal de Dewey é o que temos de mais moderno em
classificação de assuntos.
d) O AACR2 já tem sua versão para MARC e computadores, mas está obsoleto.
e) Nenhuma das informações acima.

43
Biblioteca, Informação e Sociedade

8.Com o advento da ________________ e com o ___________, muitos


estudantes passaram a fazer suas pesquisas diretamente de seus computadores e
tablets, no conforto de suas casas; com isso houve o esvaziamento das bibliotecas
municipais e públicas, que acabaram atuando muito voltado para essas pesquisas
escolares, por falta de políticas públicas que incluíssem as bibliotecas com acervos
interessantes, tecnologias e um espaço onde as bibliotecas pudessem exercer seu
papel muito além do emprestar livros.
a) Biblioteca/Centro de documentação.
b) Internet/Google.
c) Bibioteconomia/AACR.
d) Universidade/computador.
e) Documentação/computador.

9.Outra questão importante nas bibliotecas públicas é que elas fazem parte do
setor de _____________________de cultura, geralmente e a prioridade desses
setores costuma não contemplar a contratação de pessoal especializado e
competente para administrar suas _____________. Os baixos salários pagos pelas
prefeituras também não atraem pessoal competente especializado. Também faz
falta a formação voltada à informação pública, que exige conhecimento além das
questões técnicas.

a) Políticas públicas/bibliotecas.
b) Compras/biblioteca.
c) Bibliotecas/políticas públicas.
d) Políticas públicas/internet e pesquisas.
e) Nenhuma das informações acima.

10.A formação de acervos das bibliotecas públicas é uma questão


extremamente importante, segundo Milanesi e o que requer uma boa formação de
acervo?

a) Orçamento advindo de políticas públicas e pessoal especializado.


b) Pessoal especializado.
c) Orçamento suficiente.
d) Um guia para ajudar na seleção e aquisição do acervo.
e) Nenhuma das informações acima.

44
Biblioteca, Informação e Sociedade

3 A Biblioteca Digital, a
Internet e a Política de
Acesso.

45
Biblioteca, Informação e Sociedade

Texto Inicial:

Bem-vindo a mais uma unidade! Que bom que você está avançando em seus
estudos! Na primeira unidade você estudou a breve história da biblioteca e as suas
características. Na unidade 2 você estudou sobre a importância de políticas
públicas contemplarem e priorizarem bibliotecas públicas e municipais para que
elas não apenas atuem para suprir a falta de bibliotecas escolares e também
estudou questões importantes sobre a biblioteca do século XX e começou a refletir
sobre desafios para a nova biblioteca pública, frente à Internet, as novas mídias e a
informação digital.

Nesta unidade você vai estudar sobre a informação digital, a biblioteca de


acervo digital na Internet e a política de acesso.

Bons Estudos!

Objetivos da unidade:
 Compreender o acesso à informação digital a partir das bibliotecas;
 Conhecer a legislação e a política de acesso à informação digital.

Plano da unidade:
 A biblioteca digital.
 Política de Acesso à informação digital.

46
Biblioteca, Informação e Sociedade

A Biblioteca Digital

Na unidade 2 você estudou que no século XX o formato da informação passou


por diversas mídias: microfilme, microficha, digitalização da informação
disponibilizada pelo computador, em função das novas tecnologias, facilidade de
acesso (economia) e também da otimização de espaço.

A digitalização de acervos concretizou o objetivo dos pioneiros em


documentação, como Paul Otlet, já que a digitalização converte em arquivos
digitais, textos, imagens e sons, o que resolve a questão do espaço físico, além de
permitir o acesso muito mais rápido, a muito mais gente, preservando o
documento inclusive.

Hoje em dia, a informação já nasce digital. O texto já contempla muitas vezes


links, vídeo, áudio e no século XX falava-se em hipertexto.

Como pensar em uma Biblioteca com acervo completamente digital?

Importante

“A organização da informação, da documentação dividiu países e


grupos, com cada um considerando as suas regras e práticas melhores. Não seria
diferente que no momento inicial de criação de bibliotecas digitais, tais divisões,
muitas vezes no cenário de congressos internacionais, caracterizaram-se como
barreiras à cooperação entre as partes.” (MILANESI, 2013)

Na última década, universidades e grandes bibliotecas apresentam e


apregoam soluções para a busca rápida, precisa e segura e a tendência é que a
padronização seja o caminho escolhido, já que falar a mesma língua custa menos,
segundo Milanesi (2013).

47
Biblioteca, Informação e Sociedade

Outra característica importante da Biblioteca Digital é que o trabalho


colaborativo será imprescindível para que não tenhamos novamente o caos
bibliográfico.

A informação digitalizada já foi bem interessante para a Documentação e


trouxe a realidade dos repositórios digitais para que as bibliotecas pudessem
organizar seus acervos digitais e torna-los acessíveis.

Com os catálogos bibliográficos de ficha em papel, a informação era descrita,


indexada e referenciada para que fosse localizada na estante e levada ao leitor.

Na era da informação digital, a informação é descrita, indexada não só pelos


descritores e indexadores, mas por todas as palavras de seu conteúdo ou formato
da imagem ou do som e o leitor ou usuário da biblioteca digital já tem acesso ao
documento na íntegra.

No Brasil, houve uma iniciativa por parte do governo Federal (IBICT – Instituto
Brasileiro de Informação, Ciência e Tecnologia) para que as Bibliotecas
Universitárias usassem o repositório DSpace. Eles ofereciam curso e a ideia era criar
um repositório digital nacional e colaborativo entre as universidades brasileiras,
seguindo o que havia de mais atual e contemporâneo nos Estados Unidos, Europa
e até mesmo na Austrália, que se destacava em tecnologia para coleções em
acervos digitais.

48
Biblioteca, Informação e Sociedade

No início dos anos 2000, o DSpace concorria com o Fedora.

O DSpace tinha uma interface mais amigável e já vinha traduzido, por ser de
uma

Universidade de Portugal, conveniada com o IBICT e o Fedora era uma


iniciativa também gratuita e colaborativa, mas em inglês, com uma interface mais
difícil para bibliotecários, mas com padrões e protocolos que já se preocupavam
com a preservação dos dados digitais, porque uma questão digital é a extensão do
arquivo. Se a Adobe deixar de existir, por exemplo, como acessaremos os
documentos em PDF e por aí vai.

49
Biblioteca, Informação e Sociedade

Com a era digital, de fato, surgem novos desafios para os bibliotecários


pensarem, se prepararem em sua formação em relação às tecnologias, softwares de
fonte livre para acervos digitais, acesso na internet para seu acervo digital e surge
então a questão com o acesso – o direito autoral, que vamos abordar ainda nesta
unidade.

A biblioteca digital na nuvem é o caminho natural para as novas tecnologias e


acesso à informação dos acervos digitais. A nuvem, que vem sendo usada pelas
empresas, usuários domésticos começa a ser usada pelas bibliotecas para que por
exemplo, ela receba muito mais facilmente o artigo de um professor como um pre-
print, ou seja, antes de ser publicado em uma revista acadêmica. Ter uma forma
colaborativa de compor esse acervo, assim que o conteúdo já nasce, já é
depositado, ou melhor, compartilhado nesse acervo colaborativo na nuvem é uma
forma muito ágil e econômica de gerenciar a informação. Os bibliotecários que
estudavam ferramentas para descrever e indexar o conteúdo das publicações
passa a ter o próprio especialista descrevendo e indexando seus documentos, com
a revisão do bibliotecário até sua publicação e disponibilização. A nuvem também
é uma forma de preservar o acervo, uma vez que já é feito ali uma cópia do que
está no servidor ou no computador.

É importante pensar em como as bibliotecas estarão cada vez mais digitais. Se


antes, o acervo em papel andava ao lado do acervo digital com os repositórios de
coleções digitalizadas, o que foi muito importante inclusive para que museus
digitalizassem e disponibilizassem suas obras, por exemplo, hoje as bibliotecas já
têm que se preocupar com um acervo que muitas vezes já nasce digital e esse vai
ser cada vez mais o suporte para a informação a ser organizado e disponibilizado
pelas bibliotecas.

O livro em seu formato papel vai deixando de existir, assim como as músicas
foram deixando de existir no formato vinil, CD e alguns artistas já apostam no
lançamento de suas músicas e na venda do acesso no formato digital mesmo.

Serviços de TV como Netflix permitem que tenhamos acesso a filmes, seriados,


desenhos, shows, sem precisarmos comprar o DVD ou alugar nas locadoras através
de uma assinatura. Vivemos hoje o conceito do Life as a Service – Vida Como Um

50
Biblioteca, Informação e Sociedade

Serviço e cada vez mais vamos precisar menos comprar coisas, mas sim ter direito
ao acesso às coisas.
Desta forma, cada vez mais a informação vai ser acessada digitalmente e cobrada
ou permitida o acesso a quem tem direito àquela informação. As bibliotecas
precisam preocupar-se com:

 Organizar a informação e unificar regras para que a colaboração e o


compartilhamento sejam possíveis cada vez de forma mais rápida e
eficiente
 Pensar na preservação digital
 Pensar no direito de acesso para uso da informação

Atividade extra: assista à palestra do Palestrante Murilo Gun sobre Life as a


Service – conceito que discute o acesso às coisas enquanto consumidor:

https://www.youtube.com/watch?v=iE_mO5C_V1U

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Política de acesso à informação digital

Uma das questões fundamentais ao lidar com o acesso à informação digital é a


Lei 9.610, de 1998, que ficou conhecida como a Lei do Direito Autoral.

Tenha acesso à lei na íntegra AQUI

Milanesi, 2013 destaca que a velocidade das mudanças tecnológicas tem sido
maior do que a capacidade dos legisladores em aprovar leis e normas que se
aplicam a elas.

O domínio público de uma obra ocorre depois de setenta anos da morte do


autor. Se pararmos para pensar, a maior parte das obras somente estará disponível
após um século da

publicação. O acervo de uma biblioteca pública contemporâneo estaria sujeito


à lei do Direito Autoral.

A lei é clara, não há o que fazer. Entretanto, os bibliotecários precisam lidar


com essas questões e outras que vem da questão do acesso.

Digamos que são problemas ou desafios contemporâneos da Biblioteconomia


e Documentação.

Uma biblioteca pública digitaliza o seu acervo não somente com a


preocupação da sua preservação, mas do seu acesso.

Em linhas gerais, uma biblioteca pública empresta o seu acervo, que pode
também ser consultado no local. Isso está dentro da legislação vigente. Mas, se
uma obra contemporânea for digitalizada e for disponibilizada, isso poderá
significar o acesso universal a esta obra e aí temos um problema no elo da cadeia
editorial, a sua distribuição, conforme sinaliza Milanesi, 2013.

52
Biblioteca, Informação e Sociedade

A implantação da Biblioteca Pública Digital enfrentará essa e outras situações


e cada situação trará divergência entre as partes interessadas na cadeia
informativa, e os especialistas na legislação do direito do autor serão chamados.

A legislação atual poderá sofrer mudanças, uma vez que há várias mudanças
com o advento da Internet e todos os esforços serão direcionados para facilitar o
acesso público à informação.

Você estudou nesta unidade 2 que formar acervo é algo custoso e difícil para
bibliotecas públicas. A Biblioteca Pública Digital é uma proposta mais econômica e
ágil em termos de acervo. Em um contexto onde no Brasil não há políticas públicas
para a maioria das bibliotecas públicas e municipais, a tendência é que essas
repartições públicas (como são muitas vezes enxergadas) deixem de existir, já que
a maioria não se vincula às atividades culturais e nem mesmo à informação. Assim,
Milanesi, 2013 aponta como o futuro da Biblioteca pública, com sendo a Biblioteca
Pública Digital na nuvem com livre e fácil acesso.

Para tanto, devemos pensar, como formar este acervo?

Assim como no acervo em papel ou físico, devemos nos perguntar:

O que deve ser digitalizado e organizado na nuvem em primeiro lugar? Qual a


prioridade?

Segundo Milanesi, 2013, os critérios para a criação de um acervo de uma


biblioteca pública municipal em teoria são:

1) Obras consideradas fundamentais pela importância artística, pelo seu


significado histórico, pelo conteúdo informativo;
2) Textos que atendam a demandas locais.
Na prática, os acervos das bibliotecas públicas e municipais não levam em
consideração esses critérios, uma vez que são formados muitas vezes por doações.

Na Biblioteca Pública Digital, a seleção de seu acervo deverá levar em conta


critério de qualidade determinado por especialistas.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Importante:

Hoje em dia, há listas básicas de textos para bibliotecas públicas, com o


destaque para a Lista Básica de Livros para Bibliotecas Públicas, da Universidad de
Anqioquia, com 3.676, obras listadas. Segundo Milanesi, 2013 essas listas além de
colaborar com a composição de acervos de bibliotecas públicas, ajudam a aferir a
qualidade dos acervos já existente.

É complexo construir listas desse tipo, uma vez que abarcam todas as áreas do
conhecimento, portanto especialistas em diversas áreas são fundamentais nesse
processo de seleção de acervo da possível biblioteca pública digital.

O que seria importante nessa seleção, de acordo com Milanesi?


 Obras representativas da literatura e do pensamento brasileiros;
 Representantes de produção de outros países;
 Obras contemporâneas na lista básica;
 Novos títulos selecionados anualmente.

Assim, surge a curadoria de acervos. Da mesma maneira que galerias de arte


contam com curadores que selecionam as obras para uma exposição, especialistas
para a seleção de acervos surgem como fundamental nesta nova fase da biblioteca,
ou na era digital da biblioteca – surgindo um novo papel para o bibliotecário –
curador de acervos.

Com a biblioteca na nuvem e a cooperação entre bibliotecas, acessando uma


biblioteca, um jovem estudante teria acesso aos outros acervos, de outras
bibliotecas de sua pequena cidade, através da internet e da biblioteca universal
digital.

Conseguimos pensar em propostas para a seleção do acervo, que pouco


diferencia do processo para um acervo físico, de papel. Mas e a aquisição desse
acervo?

Na biblioteca digital, os textos de domínio público não encontram óbice legal.


O acesso é permitido, sem problemas.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Mas e quanto à obra no formato digital? Como é a questão legal?

A digitalização requer autorização da obra, como Milanesi, 2013 cita a obra de


Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas.

E com relação ao empréstimo? Como será o acesso?

Poderá ser feito o acesso através de tablet do leitor? Como será feito e medido
esse acesso? O leitor baixará o conteúdo a partir do seu próprio dispositivo? Caso
sim, por um período determinado ou para sempre?

Somente no âmbito da biblioteca, com o tablet da biblioteca? O tablet com a


obra será emprestado?

Hoje essas questões são latentes. No futuro, poderão ser descabidas e os


bibliotecários encontrarão as soluções.
Mas, na cultura jurídica atual, talvez essas mudanças incitem mudanças na
legislação.

Outra questão a ser pensada é a organização na nuvem.

Cada biblioteca universal tem a sua própria organização. Uma pequena parte
segue padrões universais da Biblioteconomia. Grande parte segue critérios
próprios e toscos, segundo Milanesi, 2013.

A Biblioteca pública digital será organizada usando padrões internacionais,


provavelmente e o leitor se adaptará a esses critérios e normas para ter acesso ao
acervo e familiarizando-se com as ferramentas e nova forma de acesso e busca.

Não dá para falar de acesso à informação digital sem mencionar que no Brasil
acredita-se que pelo menos 50% da população tem acesso à Internet, seja em lan
houses, no celular, nos tablets, que são os dispositivos mais usados para leitura,
devido ao conforto e forma prática com que permite acesso a textos, músicas,
vídeos e interação nas redes sociais.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

As escolas e universidades têm estimulado o uso de tablets e provavelmente


crianças, adolescentes e jovens adultos têm mais acesso a esses dispositivos e
aderiram com mais facilidade.

O barateamento progressivo desse dispositivo, fator de aumento das vendas,


indica que os preços terão baixas mais acentuadas, como a Índia, que já produz
tablets para estudantes por R$ 40,00.

A boa notícia para quem se preocupa com a lei do direito autoral é a lei do acesso à
informação.

A lei 12.527, que você pode acessar na íntegra AQUI foi assinada em 18 de
novembro de 2011 e seu artigo terceiro deixa claro o objetivo da lei:

“Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o


direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados em
conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as
seguintes diretrizes:

I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;

II - divulgação de informações de interesse público, independentemente de


solicitações;

III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da


informação;

IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração


pública;

V - desenvolvimento do controle social da administração pública. “

Milanesi, 2013 destaca ainda o artigo 9º

“Art. 9o O acesso a informações públicas será assegurado mediante:

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Biblioteca, Informação e Sociedade

I.criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e entidades do


poder público, em local com condições apropriadas para:

a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações;

b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas


unidades;

c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações; e

II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à participação


popular ou a outras formas de divulgação. “

Entendemos as bibliotecas públicas e municipais como serviços de informação


à coletividade que serve, a lei abre novas perspectivas nesses cenários. Essa lei
dispõe de procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal
e Municípios. Assim, a biblioteca pública digital seria a porta de entrada para o
cidadão conhecer o que a lei lhe faculta, segundo conclui brilhantemente Milanesi,
2013.

Podemos concluir que a biblioteca digital brasileira é um caminho apontado


para resolver questões de criação e manutenção de acervo básico, atualizado
permanentemente e oferecido por entidade governamental a todos os municípios
brasileiros.

Mas, ainda há outros desafios locais no que concerne ao direito básico do


cidadão à ação cultural, segundo Milanesi, 2013.

Vamos pensar na programação cultural que as cidades realizam. Nas cidades


maiores, há mais recursos, bibliotecas mais consolidadas como serviço público,
como as Bibliotecas Parques que citamos na unidade 2. Bibliotecas com acervo,
palestras, exposições, exibição de filmes, recitais, concursos culturais, a fim de
informar, discutir a informação e criar novas informações.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Ao exibir um filme com recursos digitais e promover um debate, responder


questões, trazer soluções, criar novas informações é um papel que vem sido
cumprido por bibliotecas de cidades grandes e estruturadas, mas o que vem
ocorrendo nas cidades pequenas?

As bibliotecas de Cidades grandes exercitam os verbos discutir e criar e assim


garantem seus espaços ocupados.

A grande realidade é que com a mudança do acervo em papel para o formato


digital é que seu acervo vai diminuir substancialmente em termos de volume e
novos espaços poderão ser criados e usados na biblioteca para ações que
promovam o criar e o discutir.

As novas tecnologias serão sempre aliadas das bibliotecas e ao pensar em


formas de atuação dessas bibliotecas com seus acervos presentes em tablets,
murais públicos interativos pela cidade em pontos estratégicos, com informações
relevantes e presentes em sala de aula para acesso ao acervo digital faz com que a
nova biblioteca não só abra seus muros, mas também esteja presente em outros
espaços, em outras instituições levando a informação.

Com esta reflexão terminamos mais uma unidade.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Exercícios – Unidade 3

1.Qual a lei que traz questões e desafios à biblioteca da era digital?

a) Lei do direito civil.


b) Lei do direito autoral.
c) Lei do acesso público.
d) Lei do controle de autoria.

2.Qual a lei que traz novas possibilidades e mudanças à lei do direito autoral
para tornar possível o acesso à informação digital?

a) Lei do Acesso à informação.


b) Lei do direito autoral.
c) Lei do Acesso.
d) Lei da informação

3.Que tecnologia as bibliotecas vêm usando para organizar e disseminar seu


acervo digital de forma colaborativa?

a) Repositórios.
b) Repositórios digitais, como o DSpace.
c) Bibliotecas digitais.
d) Planilhas.

4.Como as novas tecnologias, tais como internet, tablets e afins podem ser
aliadas da biblioteca?

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Biblioteca, Informação e Sociedade

5.Os novos formatos e acesso à biblioteca digital trazem que tipo de desafios
para as bibliotecas:

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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6.Formar um acervo útil e significativo a uma comunidade leva em conta:


Obras representativas da literatura e do pensamento brasileiros, representantes de
produção de outros países, obras contemporâneas na lista básica e novos títulos
selecionados anualmente e para esta seleção surge uma área importante para as
bibliotecas:

a) A curadoria de acervos.
b) O departamento de Seleção e Aquisição.
c) A curadoria de seleção.
d) A Seleção.
e) A aquisição.

7.A lei de acesso à informação prevê a criação de serviço de informações ao


cidadão, nos órgãos e entidades do poder público, em local com condições
apropriadas para: ___________ e ____________ o público quanto ao acesso a
informações.

a) Atender e orientar.
b) Atender e obrigar.
c) Atender e divulgar.
d) Divulgar e atender.
e) Todas as afirmativas acima.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

8.Com a biblioteca na nuvem e a cooperação entre bibliotecas; ao acessar uma


biblioteca, um jovem estudante teria acesso aos outros acervos, de outras
bibliotecas de sua pequena cidade, através da __________ e da
_____________________________.

a) Biblioteca digital/biblioteca pública.


b) Biblioteca pública/biblioteca escolar.
c) Internet/biblioteca universal digital.
d) Internet/biblioteca pública.
e) Todas as afirmativas acima.

9.Entendemos as bibliotecas públicas e municipais como serviços de


informação à coletividade que serve, a lei abre novas perspectivas nesses cenários.
Essa lei dispõe de procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, assim, qual o caminho apontado por Milanesi para garantir o
direito ao acesso à informação pelo cidadão?

a) A biblioteca pública digital.


b) A Biblioteca municipal.
c) A biblioteca escolar.
d) A biblioteca universitária.
e) Nenhuma das respostas acima.

10.Assinale a opção que corresponde a uma das possíveis preocupações


técnicas para a Biblioteca Digital na nuvem:

a) Cada biblioteca universal tem a sua própria organização. Uma pequena


parte segue padrões universais da Biblioteconomia. Grande parte segue
critérios próprios e toscos, então a padronização de um padrão universal é
uma grande preocupação universal.

b) Acesso à internet para todos.

c) Cada biblioteca escolheria seu acervo ou seria uma seleção ampla e


universal.

d) Cada biblioteca universal teria uma nuvem menor.

e) Todas as afirmações acima.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

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Biblioteca, Informação e Sociedade

4O Papel do Bibliotecário na
Biblioteca Contemporânea

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Parabéns! Você está quase no final dessa disciplina! Na unidade 1 você


estudou sobre a história da biblioteca, na unidade 2 você estudou sobre o papel
das bibliotecas escolares, municipais e públicas. Na unidade 3 você estudou sobre
o acesso à informação digital e os desafios da biblioteca pública digital. Nesta
unidade, convidamo-lo a refletir sobre os papeis e desafios do bibliotecário frente
às novas possibilidades, aos novos recursos tecnológicos, às leis, ao acesso e a
questões pertinentes à biblioteca contemporânea.

Objetivos da unidade:

Refletir sobre o papel do bibliotecário em relação à informação pública, na


biblioteca contemporânea.

 O papel do bibliotecário ao longo da história da biblioteca.

Plano da Unidade:

 O bibliotecário ao longo da história da biblioteca, seu papel como


bibliotecário do seu tempo.

Bons estudos!

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Biblioteca, Informação e Sociedade

O Bibliotecário ao longo da história da Biblioteca

Antes de tratarmos das questões quanto ao papel do bibliotecário, vamos falar


das 5 leis da biblioteconomia, criadas pelo matemático e bibliotecário indiano,
Ranganathan.

Cinco Leis da Biblioteconomia:

1. Os livros são para usar.


2. A cada leitor seu livro.
3. A cada livro seu leitor.
4. Poupe o tempo do leitor.
5. A biblioteca é um organismo em crescimento.

Dica!

Você estudará mais a fundo sobre ele quando estudar os métodos de


classificação de assuntos, mas pode ler neste site a informação complementar:
http://www.infoescola.com/curiosidades/historia-da-biblioteconomia/

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Ranganathan destacou-se como um grande bibliotecário e deixou uma grande


contribuição para a Biblioteconomia e talvez se fosse escrever essas cinco leis hoje,
como seria?

Reflita:

1- Informação é para usar


2- A cada informação seu cliente
3- A cada cliente sua informação
4- Poupe o tempo do seu cliente
5- A biblioteca é um organismo em crescimento

Livros são suportes físicos, como você estudou nas unidades que antecedem a
esta e hoje em dia, podemos pensar que Ranganathan substituiria o termo “livro”
por “informação”, que pode ser um filme, um livro, um artigo, uma música, etc.
Independente do suporte, certo?

Você como bibliotecário deve ter em mente essas leis e pensar em maneiras,
técnicas e atitudes para respeitar essas leis. Esse é o cerne da Biblioteconomia, por
assim dizer.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Ao olharmos para a história, temos o surgimento das bibliotecas sem um


papel claro do bibliotecário, ou com o bibliotecário humanista, que sabia um
pouco de cada assunto, que era detentor das informações das quais guardava em
acervos quase secretos e disseminados para líderes de Cidades que brigavam entre
si e destruíam suas bibliotecas como forma de apagar sua memória, seu legado,
sua ciência. Na Idade Média, o bibliotecário (Monge designado) era o que guardava
a informação perigosa a sete chaves e também produzia cópias a fim de preservar
obras cristãs importantes. No Renascimento, o bibliotecário surge com o papel que
tem mais a ver com o papel exercido hoje, como quem organiza e dissemina a
informação.

E diante de desafios, novidades em tecnologia, que sempre irão existir e com


bibliotecas como previu Ranganathan, como organismos vivos, em constante
crescimento, o que esperar do bibliotecário hoje para que ele cumpra seu papel?

Conforme Silveira, 2008, podemos refletir sobre as seguintes questões:

1.Entender, de maneira ampla, a informação como objeto


de seu fazer profissional, tendo-se em vista estabelecer um
quadro de referências acerca de suas teorias, paradigmas e
aspectos legais;

2. Trabalhar de forma integrada e com equipes


multidisciplinares com o objetivo de acompanhar as
tendências mundiais em torno do desenvolvimento dos
suportes e produtos de informação, conjugando formatos
eletrônicos e digitais às tecnologias de telecomunicações
de modo a possibilitar acesso local ou remoto aos
documentos informacionais;

3. Conhecer e utilizar as tecnologias da informação e da


comunicação – TICs – como ferramentas de trabalho para a
seleção, armazenamento, processamento e
disseminação seletiva da informação;

4. Organizar o conhecimento por meio de ferramentas


linguísticas e conceituais adequadas, visando sua rápida
recuperação;

67
Biblioteca, Informação e Sociedade

5. Criar pontos de acesso físico e intelectual para a


informação, independente se alocada em bases físicas ou
on-line;

6. Interpretar criticamente o lugar assumido pela


informação no processo de edificação das várias esferas
sociais, econômicas, políticas e culturais contemporâneas,
bem como elemento estratégico para a democratização
dos recursos oriundos da práxis humana.”

E depois do que estudamos na unidade 3, podemos incluir:

Criar acervos através de seleção e aquisição voltada para o interesse da


comunidade a ser atendida, interagindo com políticas públicas para que a
biblioteca seja além de um espaço que possibilite o acesso à informação, seja
também um espaço democrático onde criar e discutir a informação para que outras
informações sejam criadas seja possível.

O bibliotecário exerce sempre papeis diferentes, como em uma profissão


camaleônica. Ele se envolve com a área onde atua e herda questões, problemas,
trejeitos de áreas como médica, jurídica, artística, educacional ou de políticas
públicas, por exemplo e cada um vai trilhar sem caminho dentro da área com
possibilidades distintas entre si.

Mas em se tratando do profissional em seu ofício, há leis, questões básicas e


fundamentais e uma atitude profissional que farão diferença em sua atuação e
trarão resultados significativos na comunidade que atende.

Começamos a unidade refletindo sobre termos que substituiriam termos


usados nas cinco leis criadas por Ranganathan e trocamos o leitor como cliente,
termo muito usado em gestão de negócios, marketing e vendas e que faz com que
a postura do bibliotecário diante da pessoa a ser atendida, muitas vezes hoje
através de um e-mail, sistema eletrônico ou até mesmo no salão da biblioteca seja
a postura de um profissional que sabe que “tempo é dinheiro” e que deve poupar o
tempo do seu cliente e propiciar o acesso à informação da maneira mais fácil e
menos onerosa possível, independente do tipo de biblioteca em que atue (da
biblioteca popular de bairro à biblioteca do congresso).

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Fotos de bibliotecários com o dedo em riste pedindo silêncio para que o


barulho não atrapalhasse a leitura vem sendo substituído por posters convidando a
participar de debates e a ouvir vozes de quem tem desejo de expressar o que
sente, perguntar, informar e debater.

Vamos Refletir !

Compartilhe conosco que papel e perfil de bibliotecário combina mais


com o seu desejo de atuação na profissão? Que tipo de biblioteca, público e
estrutura você pensa em atuar?

Você chegou ao final da unidade e também disciplina.

Parabéns! Mais uma etapa vencida em seu curso! Desejamos sucesso ao longo
da sua trajetória.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

69
Biblioteca, Informação e Sociedade

Exercícios – Unidade 4

1.A cada ____________ seu ____________ é uma das leis de Ranganathan.


a) Livro/leitor.
b) Bibliotecário/leitor.
c) Computador/bibliotecário.
d) Biblioteca/bibliotecário.
e) Todas as afirmativas acima.

2.A cada ____________seu _____________ É outra das leis de Ranganathan.


a) Leitor/livro.
b) Livro/livro.
c) Leitor/leitor.
d) Biblioteca/leitor.
e) Nenhuma das afirmativas acima.

3. Um dos papéis do bibliotecário pode ser considerado:

Criar ______________ através de seleção e aquisição voltada para o interesse


da comunidade a ser atendida, interagindo com políticas públicas para que a
biblioteca seja além de um espaço que possibilite o acesso à informação, seja
também um espaço democrático onde criar e ____________ a informação para
que outras informações sejam criadas seja possível.
a) Acervos/discutir.
b) Tecnologias/incluir.
c) Bibliotecas/disseminar.
d) Acervos/resolver.
e) Acervos/determinar.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

4.Para organizar uma biblioteca, o Ranganathan, Matemático, precisou voltar


para a universidade e formar-se em qual curso?

a) Medicina.
b) Biblioteconomia.
c) Artes.
d) Teatro.
e) Todas as afirmativas acima.

5.Aqui no Brasil, cada Biblioteca também deve ser organizada e gerenciada por
um Bibliotecário, o que valoriza e contribui para a necessidade de novos cursos de
Biblioteconomia. Assim, é correto afirmar que:
a) No Brasil não precisa ser bibliotecário para gerenciar uma biblioteca.
b) No Brasil há vários cursos de Biblioteconomia, e o curso da UNIVERSO é o
primeiro curso de Biblioteconomia EAD.
c) No Brasil, basta ser auxiliar de biblioteca para atuar em bibliotecas como
gerente.
d) No Brasil, assim como na Índia, Ranganathan teria que voltar à
universidade, pois a legislação rege que Bibliotecários formados
gerenciem bibliotecas.
e) As afirmativas A e D estão corretas.

6.Bibliotecas são para uso – é uma das 5 leis de Ranganathan e de acordo com
Milanesi, podemos afirmar que:
a) As bibliotecas precisam abrir seus muros para que a sociedade entre e
ocupe seus espaços com novas atividades, novos papéis e novas funções,
estando sempre de acordo com seu tempo.
b) As bibliotecas são para uso de estudantes universitários.
c) As bibliotecas são para uso de professores.
d) As bibliotecas são para uso de bibliotecários.
e) Nenhuma das alternativas acima.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

7.Fotos de bibliotecários com o dedo em riste pedindo silêncio para que o


barulho não atrapalhasse a leitura vem sendo substituído por posters convidando a
participar de debates e a ouvir vozes de quem tem desejo de expressar o que
sente, perguntar, informar e debater. Esse movimento pode ser visto como:
a) Biblioteca também é lugar de fazer barulho.
b) As bibliotecas vêm buscando adaptar-se as novas necessidades de seus
leitores.
c) As bibliotecas não vão mais colar posters pedindo silêncio.
d) As bibliotecas requerem silêncio para leitura.
e) Nenhuma das afirmativas acima

8.Criar pontos de acesso físico e intelectual para a informação, independente


se alocada em bases físicas ou on-line:

a) É um dos desafios da biblioteca hoje em dia.


b) Não se faz necessário.
c) É algo importante para bibliotecas universitárias.
d) É um dos olhares para os desafios dos novos leitores.
e) Todas as afirmativas acima.

9.De acordo com Ranganathan, “A cada livro seu leitor e a A cada leitor seu
livro” e por que a inversão dos termos e o que isso quer dizer?

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Biblioteca, Informação e Sociedade

10.Diante de desafios, novidades em tecnologia, que sempre irão existir na


área e as bibliotecas como previu Ranganathan, consideradas como organismos
vivos, em constante crescimento, o bibliotecário experimenta a oportunidade de
assumir diferentes papeis. Como você espera enfrentar desafios constantes na
área?

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Considerações finais

Compreender o surgimento e acompanhar as mudanças da biblioteca e o


papel do bibliotecário ao logo da história é importante para que você se reconheça
e situe no tempo e no espaço em relação às diferentes possibilidades de atuação.

A informação ainda hoje representa poder. De qualquer forma, hoje em dia,


com o advento da Internet, dispositivos e buscadores, tem-se a informação mais
facilmente, se compararmos à Idade Média, ou a biblioteca do século XX.

Ainda assim, o bibliotecário encontra novas formas de atuação, seja como


curador de acervo, seja como agente social, seja como tecnólogo da informação
em buscadores e bibliotecas digitais e vai sempre ter seu espaço.

O suporte da escrita passou por diferentes formas e continua mudando.


O bibliotecário lida com a informação e não com o suporte em si. Mas precisa
reconhecer o suporte e as tecnologias do seu tempo para que seja capaz de
exercer seu ofício com mais facilidade.

Investir em habilidades, cursos que permitam que você atue frente às novas
possibilidades de acesso à informação vão colaborar muito para seu sucesso na
carreira escolhida.

O bibliotecário não é aquele ser em silêncio, calmamente lendo um livro e


pedindo silêncio na biblioteca, mas o ser inquieto diante de tantos desafios
contemporâneos e preocupado em responder no menor tempo possível às
respostas dos seus leitores, que são seus clientes, em uma visão comercial, voltada
para qualidade em serviços.

Esperamos que você tenha gostado do conteúdo da disciplina e que essa


reflexão seja uma boa base para que você continue seus estudos ávido por
conhecer as diferentes possiblidades de atuação do bibliotecário.

Sucesso em seus estudos!

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Conhecendo o autor

Marcelle Rebelo de Mendonça é graduada em Biblioteconomia e


Documentação pela Universidade Federal Fluminense – UFF (1997), com estudos em
especialização em indexação de assuntos pela Universidade Santa Úrsula, Marketing
pela Universidade Cândido Mendes, cursou Mestrado em Ciência da Informação
pelo convênio IBICT/UFF e estuda Comunicação Digital na Universidade Estácio de
Sá. Atuou sete anos em empresa americana no Brasil na área de tecnologias e
softwares para bibliotecas (www.vtlsamericas.com.br), o que lhe deu grande
atuação como especialista em tecnologias da informação e tutora em pedagogia
empresarial, a partir de treinamentos em softwares de ponta para bibliotecas e
Centros de Documentação, até que optou por abrir seu próprio negócio.

Proprietária da consultoria Biblio Ideias (www.biblioideias.com) , empresa de


marketing de mídias sociais, gerenciamento da informação e produção de
treinamento e eventos para empresas.

Conteudista da Universidade Salgado de Oliveira.

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Referências

FOSKETT, D.J. Alguns Aspectos Sociológicos dos Sistemas Formais de


Comunicação do Conhecimento. Rev. Bras. Bibliotecon. 1(1):3-13
MILANESI, L. Biblioteca. São Paulo: Ateliê, 2002.
__________. A Casa da Invenção. São Paulo: Ateliê, 2000.
MILANESI, L.A. Formação do Informador, Inf.Inf., Londrina v.7, n.1, p.07-40,
jan./jun. 2002.
TEIXEIRA, J.T.C., A Biblioteca Como Modelo de Sistemas de Comunicação, Rev.
Bras. de Bibliotecon. e Document. v.11, 1/2, São Paulo: 1978.
TEIXEIRA, J.T.C. Dicionário Crítico de Política Cultura. São Paulo: Iluminuras, 1997.

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A nexos
 

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Gabaritos
Exercícios – Unidade 1

1. c

2. b

3. c

4. a

5. O filme retrata o momento em que a Biblioteca era organizada e gerenciada


por monges, a biblioteca monástica, onde a informação era tratada como algo
perigoso, proibido. Os monges copistas surgiram na biblioteca monástica e
contribuiram para a preservação de várias obras. Biblioteca Medieval

6. Estudos sobre sua forma física demonstram que havia livros nos centros,
corredores e espaços para estudos e discussão, até mesmo nos jardins havia
prateleiras.

7. d

8. b

9.a

10. b

Exercícios – Unidade 2

1. c

2. a

3. Esse formato físico prioriza o papel do bibliotecário em organizar e


recuperar a informação para o leitor, sem que o mesmo tenha livre acesso ao seu
conteúdo. Segurança do acervo é o que se pretende.

4. Que a biblioteca seja um espaço onde a sociedade se sinta convidada a


estar, para informar-se, discutir, trocar e criar informações. As bibliotecas precisam
aproximar-se das pessoas porque com o advento das novas tecnologias e internet,
as pessoas não veem sentido ou não se sentem atraídas pelos acervos das
bibliotecas

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Biblioteca, Informação e Sociedade

5. a

6. a

7. a

8.a

9. a

10.a

Exercícios – Unidade 3

1. b

2. a

3. b

4. As novas tecnologias, tais como internet, tablets e afins podem ser aliadas
das bibliotecas caso as bibliotecas se atualizem e ofereçam acesso a seus acervos e
serviços para que as pessoas queiram estar conectadas a essas bibliotecas, que
estarão oferecendo a informação de forma cada vez mais especializada e acessível.
Muitos sites não são confiáveis com relação ao seu conteúdo e as bibliotecas são
fontes mais confiáveis, sem dúvidas.

5. As bibliotecas enfrentam novos desafios com o formato digital de seus


acervos, tais como a lei do direito autoral e como a biblioteca vai disseminar ou dar
acesso a esse acervo, por exemplo, somente virtual, vai emprestar tablets para
propiciar o acesso.

6. a

7. a

8. c

9.a

10. a

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Biblioteca, Informação e Sociedade

Exercícios – Unidade 4

1. a

2. e

3. a

4. b

5. faltando

6. a

7. b

8. a

9. Ranganathan reforça que cada livro, hoje em dia, cada informação tem seu
leitor e cada leitor tem seu livro, ou informação. Cada um com suas especificidades.
Tanto o livro, quanto o leitor, na vez em que a ele é dado o destaque vira o sujeito
da frase, com características, detalhes relevantes ao olhar do bibliotecário.

10. Diante de desafios, novidades em tecnologia, que sempre irão existir na


área e as bibliotecas como previu Ranganathan, consideradas como organismos
vivos, em constante crescimento, o bibliotecário experimenta a oportunidade de
assumir diferentes papeis. Como você espera enfrentar desafios constantes na
área?

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