Princípios do projeto da economia

blockchain: Integridade da rede e poder

distribuído
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Princípios do projeto da economia blockchain:

Integridade da rede e poder distribuído
Conteúdo organizado por Valéria Feitosa de Moura do livro Blockchain
Revolution: como a tecnologia por trás do Bitcoin está mudando o
dinheiro, os negócios e o mundo, 1° Edição, publicado em 2016 por Tapscott, D
e Tapscott, A.

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender o princípio da integridade da rede
• Compreender o princípio do poder distribuído
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Introdução
Apesar de não ser a pretensão de Satoshi Nakamoto, ele inspirou o que podemos
considerar como a próxima geração da internet. Enquanto a primeira geração da
economia digital foi desencadeada por uma convergência de tecnologias de
computação e comunicações, esta segunda será alimentada por uma combinação
inteligente de engenharia da computação, matemática, criptografia e economia
comportamental. Com base nos seus estudos e compartilhamento de informações,
Tapscott e Tapscott (2016) identificaram sete princípios para projetar e criar
softwares, serviços, modelos de negócios, mercados, organizações e até mesmo
governos no blockchain. Satoshi nunca escreveu sobre esses princípios, mas eles
estão implícitos na plataforma de tecnologia que ele lançou. De acordo com
Tapscott e Tapscott (2016) eles são os princípios que irão moldar a próxima era da
economia digital em uma era de confiança renovada. São eles: integridade da rede,
poder distribuído, valor como incentivo, segurança, privacidade, direitos
preservados e inclusão. Nessa aula vamos aprender sobre integridade da rede e
poder distribuído.

Integridade em rede

O princípio da integridade da rede considera que a confiança é intrínseca, não

extrínseca. Desse modo, a integridade é codificada em cada uma das etapas do
processo e distribuída, assim não é uma responsabilidade atribuída a um membro
individual. Os participantes podem trocar valor diretamente com a expectativa de
que a outra parte aja com integridade. Isso significa que os valores de integridade são
codificados em direitos de decisão, estruturas de incentivo e operações de forma que
agir sem integridade seja impossível ou custe muito mais tempo, dinheiro, energia
e reputação (Tapscott & Tapscott, 2016).
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Saiba Mais
Integridade pode ser considerada como a honestidade em suas palavras
e ações, consideração pelos interesses dos outros, responsabilidade
pelas consequências de suas decisões e ações e transparência nas ações
e tomada de decisões.

O princípio da integridade resolve o problema da internet relacionado ao fato de

que as pessoas não conseguem fazer transações ou fazer negócios diretamente. Por
quê? Porque o dinheiro não é como outros bens de informação e propriedade
intelectual. Vamos entender melhor: você pode enviar a mesma selfie para todos os
seus amigos, mas não consegue dar para alguém se já deu esse mesmo dólar para
pessoa. O dinheiro precisa sair da sua conta e ir para a do seu amigo. Não pode
existir em ambos os lugares, muito menos em vários lugares. No nosso sistema atual,
essa questão é resolvida por meio dos bancos, plataformas de pagamento, entre
outros, que compensam todas as transações. Desse modo, o problema de gasto
duplo é resolvido e não há risco de fraudadores gastarem o mesmo dinheiro duas
vezes (Tapscott & Tapscott, 2016).
Mas como o problema do gasto duplo é resolvido no blockchain? Satoshi aproveitou
uma rede ponto a ponto distribuída existente e um pouco de criptografia inteligente
para criar um mecanismo de consenso que pudesse resolver o problema de gasto
duplo tão bem, ou até melhor, do que um terceiro. No blockchain de bitcoin, a
rede marca o tempo da primeira transação em que o proprietário gasta uma moeda
específica e rejeita os gastos subsequentes da moeda, eliminando assim um gasto
duplo. Os participantes da rede que executam nós de bitcoin totalmente operacionais
- chamados de mineradores - reúnem as transações recentes, liquidam-nas na forma
de um bloco de dados e repetem o processo a cada dez minutos. Cada bloco deve
se referir ao bloco anterior para ser válido. Os protocolos também incluem um
método para recuperar espaço em disco para que todos os nós possam armazenar
com eficiência o blockchain completo. Finalmente, o blockchain é público. Qualquer
pessoa pode ver as transações ocorrendo. Ninguém pode ocultar uma transação e
isso torna a bitcoin mais rastreável do que o dinheiro (Tapscott & Tapscott,
2016).
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Satoshi procurou não apenas desintermediar os poderes do banco central, mas

também eliminar a ambiguidade e as interpretações conflitantes do que aconteceu.
Deixe o código falar por si. Deixe a rede chegar a um consenso algoritmicamente
sobre o que aconteceu e registre-o criptograficamente no blockchain. Para chegar a
um consenso, a rede bitcoin usa o que é chamado de mecanismo de prova de trabalho
(PoW). Isso pode parecer complicado, mas a ideia é simples. Como não podemos
contar com a identidade dos mineiros para selecionar quem cria o próximo bloco,
em vez disso criamos um quebra-cabeça que é difícil de resolver (ou seja, dá muito
trabalho), mas fácil de verificar (ou seja, todos os outros pode verificar a resposta muito
rapidamente). Os participantes concordam que quem resolve o problema primeiro
cria o próximo bloco. Os mineiros precisam gastar recursos (hardware de computação
e eletricidade) para resolver o quebra-cabeça, encontrando o hash certo, uma espécie
de impressão digital exclusiva para um texto ou arquivo de dados. Para cada bloco
que encontram, os mineiros recebem bitcoin como recompensa. O quebra-cabeça
é configurado matematicamente para tornar impossível encontrar um atalho para
resolvê-lo. É por isso que, quando o resto da rede vê a resposta, todos confiam
que muito trabalho foi feito para produzi-la (Tapscott & Tapscott, 2016).

Saiba Mais
Entenda mais sobre a Prova de Trabalho no link:
https://youtu.be/XLcWy1uV8YM

Além do consenso, o armazenamento é um aspecto importante para a integridade,

pois os dados em blockchains apresentam uma relevante distinção dos dados na
internet: na Internet, a maioria das informações é maleável e fugaz, e a data e hora
exatas de sua publicação não são críticas para informações passadas ou futuras. Na
blockchain, o movimento da bitcoin na rede é permanentemente carimbado, desde o
momento de sua cunhagem. Para uma bitcoin ser válido, ele deve fazer referência ao
seu próprio histórico, bem como ao histórico do blockchain. Portanto, o
blockchain deve ser preservado em sua totalidade (Tapscott & Tapscott, 2016).
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O princípio da integridade da rede traz importantes implicações para a economia do

Blockchain, pois ao invés de confiar em grandes empresas e governos para verificar
as identidades das pessoas e garantir sua reputação, podemos confiar na rede.
Pela primeira vez, temos uma plataforma que garante confiança nas transações e
nas informações registradas, não importa como a outra parte age. Isso é
extremamente significativo e as implicações para a maioria das atividades
sociais, políticas e econômicas são surpreendentes. Não se trata apenas de quem
se casou com quem, quem votou em quem, quem pagou quem, é sobre qualquer
empreendimento que exija registros confiáveis e transações garantidas. Quem é o
dono do quê? Quem detém quais direitos sobre essa propriedade intelectual?
Quem se formou na faculdade de medicina? De onde vieram esses diamantes? A
confiança é a condição básica da economia digital, e uma plataforma para
colaboração em massa segura e confiável oferece muitas possibilidades para um
novo tipo de organização e sociedade.

Poder distribuído

Esse princípio está relacionado ao fato de que o sistema distribui poder por uma rede
ponto a ponto sem um ponto de controle único, por isso, nenhuma parte pode desligar
o sistema. Se uma autoridade central conseguir ocultar ou isolar um indivíduo ou
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grupo, o sistema ainda sobreviverá. Se mais da metade da rede tentar sobrecarregar

o todo, todos verão o que está acontecendo (Tapscott & Tapscott, 2016).
Esse princípio ajuda a superar o fato de que na primeira era da internet, qualquer
grande instituição, com uma grande base estabelecida, não se importava muito
com seu contrato social e, desse modo, provaram que, se desejam, são capazes de
substituir usuários, armazenar e analisar dados de usuários, responder a solicitações
governamentais de dados sem o conhecimento dos usuários e implementar
mudanças em grande escala sem o consentimento (Tapscott & Tapscott, 2016).
Como você pode observar, esse perfil foca em comprar passivos ao invés de ativos,
o que é um problema, pois a maioria dos bens irão gerar despesas, o que pode
obrigar a pessoa a ter de correr sempre atrás de um aumento de salário ou a troca
dele para conseguir suprir seus anseios, sem contar que, quando a necessidade
ultrapassa os limites financeiros pessoais, a pessoa é forçada a buscar empréstimos
e financiamento para conseguir honrar seus compromissos (Boniatti, 2021).
Mas será que é possível que uma pessoa assuma o controle do sistema Blockchain?
Os custos para realizar esse feito superariam os benefícios financeiros de realizá-lo.
Satoshi implantou um método de prova de trabalho que exige que os usuários
gastem muito poder de computação (o que exige muita eletricidade) para defender
a rede e cunhar novas moedas. Qualquer pessoa pode baixar o protocolo bitcoin
gratuitamente e manter uma cópia do blockchain. Ele aproveita a inicialização, uma
técnica para enviar o programa para o computador ou dispositivo móvel de um
voluntário por meio de algumas instruções simples que colocam o resto do
programa em movimento. É totalmente distribuído por uma rede de voluntários
como o BitTorrent, um banco de dados compartilhado de propriedade intelectual
que reside em dezenas de milhares de computadores em todo o mundo (Tapscott &
Tapscott, 2016).
Outro fato importante é que Satoshi também distribuiu a cunhagem vinculando a
emissão de bitcoins à criação de um novo bloco no livro razão, colocando o poder de
cunhagem na mão de todos que estão na rede. Não há receita federal, banco central
ou tesouro com controle sobre a oferta de moeda. Além disso, cada bitcoin contém
links diretos para seu bloco de gênese e todas as transações subsequentes. Sendo
assim, não há necessidade de intermediários. O funcionamento do blockchain é a
colaboração em massa no seu melhor. É um poder de computação distribuído
que permite o poder humano distribuído e coletivo (Tapscott & Tapscott, 2016).
Uma importante implicação desse princípio, é que ele pode permitir novos modelos
distribuídos de criação de riqueza. Além disso, os novos tipos de colaboração (ponto a
ponto) podem estar focados nos problemas sociais mais incômodos da humanidade.
Talvez pudéssemos resolver a crise de confiança e até mesmo legitimidade nas
instituições de hoje transferindo o poder real para os cidadãos, equipando-os
com oportunidades reais de prosperidade e participação na sociedade
(Tapscott & Tapscott, 2016).

Saiba Mais
Esse interessante artigo ajuda a compreender como o poder distribuído
funciona no Blockchain: https://portaldobitcoin.uol.com.br/distribuicao-
de-poder-e-criptomoedas/. Acesso em: 23 ago. 2021

Em Resumo

Nessa aula você aprendeu que o princípio da integridade da rede considera que a
confiança é intrínseca, não extrínseca. Desse modo, a integridade é codificada em
cada uma das etapas do processo e distribuída, assim não é uma responsabilidade
atribuída a um membro individual. Os participantes podem trocar valor diretamente
com a expectativa de que a outra parte aja com integridade. Você aprendeu também
que o princípio do poder distribuído está relacionado ao fato de que o sistema
distribui poder por uma rede ponto a ponto sem um ponto de controle único, por
isso, nenhuma parte pode desligar o sistema. Se uma autoridade central conseguir
ocultar ou isolar um indivíduo ou grupo, o sistema ainda sobreviverá. Se mais da
metade da rede tentar sobrecarregar o todo, todos verão o que está acontecendo.
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Na ponta da língua
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Referências Bibliográficas
Tapscott, D. & Tapscott, A. (2016). Blockchain revolution: como a tecnologia por
trás do Bitcoin está mudando o dinheiro, os negócios e o mundo. São Paulo: SENAI-
SP editora, 1° Edição, ISBN: 978-8583937890.
LIVRO DE REFERÊNCIA:

Blockchain Revolution: como a tecnologia por trás

do Bitcoin está mudando o dinheiro
Don Tapscott e Alex Tapscott
SENAI - SP editora

Imagens: Shutterstock