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Blockchain

Sumário
1 Introdução 4
2 introdução ao funcionamento5
2.1 O que significa o blockchain5
3 Terminologias e bases técnicas8
4 Pensando em camadas e aspectos9
4.1 Considerando duas camadas
ao mesmo tempo10
5 Observando o quadro geral
e reconhecendo o potencial11
5.2 Reconhecendo o potencial12
6 Por que o blockchain é necessário?13
6.1Ameaça á integridade
em sistemas de ponto a ponto13
7 Armazenando dados
e autorizando transações14
7.1 Autorizando transações14
8 Gastando o dinheiro duas vezes15
9 Pagando pela integridade17
9.1 Propriedades desejáveis
do instrumento de pagamento17
10 S
 uperando as limitações
e reinventando o blockchain18
10.1 Limitações técnicas do blockchain18
10.2 Superando as limitações 19
11 Resumo e panorama geral19
11.1 Casos e usos específicos20
11.2 O panorama geral 20
Resumo do curso21
Referências 22
Módulo 1
Blockchain

1 Introdução
Seja bem-vindo(a) ao nosso curso sobre Blockchain, ou também conhecido como cadeia de
blocos, importante ferramenta para garantir que não seja possível executar fraudes em tran-
sações financeiras, transformado cada moeda rastreável desde o momento de sua criação.
Assim, neste Ebook, você verá a definição do conceito de Blockchain e outros conceitos re-
lacionados a ele, como o de integridade, os de aspectos funcionais e não funcionais. Soma-
do a isso, você também irá entender como esses termos vão lhe ajudar a analisar o escopo
no qual o Blockchain está inserido, bem como compreender a sua capacidade de possibilitar
que os sistemas de ponto a ponto executem suas tarefas eficazmente e de modo seguro.
Por fim, você observará os contextos atuais de aplicação dele, tais como serviços de cartó-
rio, impostos, votação etc.
Preparado(a)? Então vamos lá!
2 introdução ao
funcionamento
O Blockchain é uma tecnologia capaz de gerar mudanças significativas no desenvolvimento e
execução de processos, com aplicações que compreendem desde a área financeira até solu-
ções de sistemas de segurança. Assim, ele funciona como uma base de dados que é compar-
tilhada em rede e gerenciada pela rede mundial de computadores. As informações mantidas
nessa base são compartilhadas e reorganizadas através dos computadores que fazem parte
desse espaço virtual.
Nesse viés, os computadores são chamados de nós, mineradores, ou apenas pontos, mas,
independente da forma que eles são chamados, todos trabalham criando e mantendo o Block-
chain, para realizar a validação e transmissão das entradas. Por sua vez, essas entradas são
os dados publicados através dos usuários da rede, muitas das vezes, essa movimentação cor-
responde à troca de criptomoedas entre estes usuários.
Sendo assim, nas palavras Leite (2021), o Blockchain corresponde a um sistema que possibi-
lita rastrear o envio e o recebimento de informações através da internet a partir da geração
de códigos os quais carregam informações conectadas em blocos, formando uma corrente.
Inclusive, podemos dizer que o Blockchain pode ser comparado a um livro-razão o que facilita
o processo de registrar transações e realizar o rastreamento de ativos em uma organização.
Para exemplificar, vamos considerar como ativo de uma empresa um carro, dinheiro, as insta-
lações, dentre outros, ou seja, qualquer item monetário pode ser rastreado e comercializado
em uma rede de Blockchain, reduzindo os riscos e custos para os envolvidos no processo.

2.1 O que significa o blockchain


A partir do exposto feito anteriormente, podemos identificar o livro de registro como o próprio
Blockchain. No mundo real, esse livro não é feito apenas de papel, mas sim de um sofisticado sis-
tema computacional de banco de dados, cujo funcionamento ocorre de maneira compartilhada e
sem a intervenção de intermediários, proporcionando um mecanismo confiável que permite tran-
sações diretas de ponto a ponto. Assim, podemos dizer que este é o papel do Blockchain.

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FIGURA 1: VETOR BLOCKCHAIN

FONTE: Freepick (2021).

Nesse viés, o Blockchain representa um sistema de registros que contemplam todas as tran-
sações que são processadas nele. Traduzindo o termo do inglês de forma livre, podemos dizer
que o nome significa cadeia de blocos, ou seja vários conjuntos de informações que são regis-
trados e ligados a blocos de informações anteriores e posteriores, formando nós contínuos.
Os blocos de informações são públicos, de forma que todos os participantes têm acesso, mas,
após o processamento, os blocos não podem ser alterados ou apagados, sendo que os novos
registros somente podem ser feitos a partir de um processo de validação.
Esse sistema está distribuído em milhares de computadores espalhados no mundo e, quando
uma atualização legítima é executada, ocorre o sincronismo em todas as máquinas de manei-
ra quase imediata. Embora seja possível que um ou outro computador suma da rede, o siste-
ma não será afetado, pois todos os outros nós restantes estarão lá.

Importante

Para evitar fraudes, ao certificar uma informação em um elo de blocos, o


Blockchain utiliza um mecanismo chamado de proof of work, em uma tradu-
ção direta, prova de trabalho, isto é, um protocolo criptográfico que realiza a
validação através da resolução de um problema matemático (ALECRIM, 2019).

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Em relação à história do Blockchain, a sua tecnologia foi descrita pela primeira vez no ano de
1991 pelos cientistas pesquisadores Stuart Haber e W. Scott Stornetta. Os primeiros estudos
realizados por eles almejavam apresentar uma solução computacional que efetuasse, de for-
ma prática, o registro e a hora em documentos digitais (FILATRO, 2021).
Com o intuito de implementar a ideia desse registro, os cientistas desenvolveram seus estu-
dos baseados no conceito conhecido como cadeia de blocos criptograficamente protegidos.
Assim, o registro realizado a partir da tecnologia desenvolvida por eles funcionaria como uma
espécie de “carimbo virtual” que informa a data e a hora que ela havia sido realizada para todos
que tivessem interesse no documento em questão (FRANK, 2018).
Nesse sentido, tratar sobre Blockchain parece ser complicado, talvez seja, principalmente,
para quem não domina a tecnologia digital. Entretanto, a partir do momento que se busca
aprofundar os conhecimentos acerca do tema e entender o seu funcionamento, o seu concei-
to central passa a ser simples. Com base nisso, vamos à sua definição básica: Blockchain é um
tipo de banco de dados responsável por guardar informações sobre alguns tipos de transa-
ções. Por isso, para ser capaz de entender o Blockchain, inicialmente, é importante entender
o que realmente é um banco de dados e qual a sua utilidade.

FIGURA: 2 BANCO DE DADOS

FONTE: Freepik (2021).

Um banco de dados pode ser compreendido como uma coleção de informações que são ar-
mazenadas eletronicamente em um sistema computacional, sendo que esses dados ficam
guardados e protegidos de serem acessados por pessoas estranhas e que não tenham a devi-
da permissão para o seu uso. Atualmente, o conceito de banco de dados é extremamente co-
mum entre todas as empresas e negócios. Em virtude disso, organizações têm investido em
infraestrutura dessa natureza a vários anos (BASTA, A; BASTA, N; BROWN, 2019).

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3 Terminologias e bases
técnicas
Partindo do princípio de que o Blockchain é uma espécie de banco de dados distribuído, seu
primeiro destaque foi ser usado como base de funcionamento do Bitcoin, sobretudo, como
um livro-razão público composto de termos e bases técnicas bem definidas. Entre esses ter-
mos, de acordo com Pinheiros (2019,), podemos citar os principais:

• Rede Peer-to-peer: também chamada de P2P, ele é uma rede de computadores que
compartilhar trabalhos, tarefas, ou arquivo entre os Peers (pares). Em uma rede Peer-to-
-peer, temos os parceiros que influenciam o ambiente de formas iguais. Nesse sentido,
cada computador, ou usuário é chamado de nó. De forma coletiva, eles compõem uma
rede Peer-to-peer de nós. Desta forma, quando uma informação é inseria na rede, ela é
propagada entre todos os nós, sendo que esse processo é realizado de forma encripta-
da, impossibilitando o rastreio de quem adicionou a informação, apenas a sua validade;
• Banco de dados distribuído e descentralizado: toda a rede é descentralizada, ou
seja, não possui um ponto único de falha em todo o sistema. Se um nó deixa a rede por
exemplo, outros já possuem uma cópia exata de toda a informação que ele possuía, da
mesma forma quando um nó entra na rede, todos armazenam uma cópia exata de suas
informações, recebendo ainda as informações que todos os membros já possuem;
• Blocos e transações: o bloco inicial (gênese) é codificado no software, servindo de
start do sistema. De certo modo, ele pode englobar informações acerca de regras ou
ainda instruções sobre os bancos de dados restantes. A partir daí, o banco de dados é
composto por vários blocos, formando uma cadeia, gerando, assim, o Blockchain. Cada
bloco abrange as informações ou transações. Quanto mais transações se adicionam,
mais informações são guardadas nos blocos, de acordo com o momento em que ocorre
seu processamento. Desta forma, essa combinação de informações e tempo geram
um livro-razão para documentar os valores e outros recursos no banco de dados. Estas
transações geram uma pilha de blocos, sendo adicionada em seguida ao final do bloco
uma assinatura, ou também chamada hash. Estes hashes formam as ligações da cadeia
até o retorno ao início (gênese). Assim, fazem parte do hash o número do bloco atual e
do posterior, incluindo a data, o momento da assinatura e a quantidade de transações.
Vale ressaltar que ele se apresenta como uma chave encriptografada;
• Algorítimo de consenso: este algoritmo é utilizado para resolução de problemas de
confiança. Por conta disso, nenhuma informação, ou dado inserido poderá ser ex-
cluído e as inserções novas devem ser repassadas para todos. Para que isto ocorra,
deverá ser utilizado um algorítimo para reger a inclusão dos dados novos. Para ser
considerado que um novo bloco foi criado ou minerado, ele deve cumprir a regra defi-
nida pelo algoritmo de consenso. Só assim o novo bloco será incluído no Blockchain,

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tornando público os novos dados. Outro ponto importante é que, quando se possui
a definição de algorítimo de consenso, as decisões passam a não depender de ne-
nhuma entidade centralizadora, gerando a sua independência. Entre os algoritmos de
consenso, podemos citar:
• PoW – Proof-of-Work, ou prova de trabalho: a função dele é gerar uma competição
entre os computadores que estão a Blockchain visando identificar qual será o primei-
ro a encontrar um hash respectivo ao novo bloco para isto considera a dificuldade
imposta, gerando ainda com que os computadores com mais poder tenham mais pro-
babilidades de minerar um novo bloco;
• PoS – Proof-of-Stake, ou prova de participação: o processo de mineração dos novos
blocos ocorre por processo de votação dos participantes que possuem os ativos di-
gitais, desta forma, o peso dos votos e a recompensa se relacionam de forma direta
com quantos ativos cada participante possui;
• DPoS – Delegated-Proof-of-Stake, ou prova de participação delegada: ele se pare-
ce com o PoS, mas os participantes não votam de forma direta, se um bloco tem vali-
dade ou não, ou seja, os participantes geram votos em delegados e testemunham que
votarão por eles.

4 Pensando em camadas e
aspectos
Conforme relatado por Drescher (2018, p. 14), hoje, várias pessoas têm um aparelho celular,
mas qual o nível de conhecimento possuímos sobre os protocolos de comunicação, qual in-
formação possuímos sobre as ondas eletromagnéticas que são a base para a comunicação
móvel? Na verdade, não precisamos conhecer estas informações para utilizarmos o aparelho
celular e, muitas vezes, nem temos interesse em ter este conhecimento. Assim, cada um de
nós terá uma visão diferente das partes que compõem um celular, e isto pode ser um proble-
ma. Da mesma forma, é importante unificar a informação particionada, para ensinar e discu-
tir a tecnologia. Vejamos a seguir as duas maneiras de particionar um sistema, usando, como
exemplo, o celular:

• Aplicação versus implementação: quando se pensa em particionar as necessida-


des dos usuários, devemos fazê-la em camada de aplicação e camada de implemen-
tação. Nesse viés, a camada de aplicação, por exemplo, diz respeito às necessida-
des dos usuários, tais como ouvir músicas, tirar uma foto, ou reservar um quarto de
hotel. Em contrapartida, o que faz parte da camada de implementação compreende
a execução destas tarefas, a exemplo de gerar as informações digitais em sinais

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acústicos, reconhecer a cor de um pixel para a câmera e enviar mensagens pela in-
ternet, para realizar a reserva em um hotel. Estes elementos são os meios que ori-
ginam em um fim;
• Aspectos funcionais versus aspectos não funcionais: fazer a distinção de como um
sistema realiza algo de como eles são realizados originam a separação entre aspectos
funcionais e não funcionais. Podemos considerar como aspectos funcionais, ainda
como exemplo o aparelho celular, o envio de dados para uma rede, reproduzir uma
música e tirar fotos. Já os aspectos não funcionais são um software rápido, uma in-
terface bonita, a capacidade de manter os dados do usuário a salvo etc.

4.1 Considerando duas camadas ao


mesmo tempo
É possível realizar a identificação de aspectos funcionais e não funcionais ao mesmo tempo
em que se faz a separação da aplicação e da implementação. Na tabela abaixo, será apre-
sentada a divisão de um telefone celular, levando-se em consideração as camadas que
compõem o mesmo.

TABELA 1: DIVISÃO EM CAMADAS DO TELEFONE CELULAR

Camadas Aspectos funcionais Aspectos não funcionais

• Tirar fotos; • Fácil de usar;


Aplicação • Realizar chamadas telefônicas; • Mensagens enviadas
• Enviar e-mails; rapidamente;
• Navegar pela internet. • Interface bonita.

• Salvar dados internamente • Economiza energia


Implementação • Realiza conexão com a torre de • Garante a privacidade
móvel mais próxima • Mantêm a integridade
• Acessar pixels da câmera digital

FONTE: Elaborada pelo autor (2021).

Podemos ver na tabela acima que os aspectos funcionais são os mais óbvios de um sistema
e atendem as necessidades do usuário, ou seja, essa é a parte na qual o usuário se fixa mais,
buscando aprender sobre ela. Já os aspectos não funcionais raramente serão vistos como
elemento principais do sistema.

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5 Observando o quadro geral
e reconhecendo o potencial
De forma geral, uma das principais decisões a respeito da implementação de um sistema diz
respeito a sua arquitetura, o modo como os componentes são organizados e se relacionam.
Os dois tipos de abordagens de arquitetura de software são a centralizada e a distribuída. Nos
sistemas de software centralizado, os componentes estão localizados ao redor de um com-
ponente central e estão ligados a ele, em contrapartida, os sistemas distribuídos formam uma
rede de componentes conectados não apresentando um elemento central para coordenação,
conforme pode ser visto nas figuras abaixo:

FIGURA 3: SISTEMA DISTRIBUÍDO VERSUS SISTEMA CENTRALIZADO

FONTE: Elaborada pelo autor (2021).

As principais vantagens dos sistemas distribuídos em comparação aos computadores indi-


viduais são:

• Melhor capacidade de processamento: combinação da capacidade de processa-


mento de todos os computadores conectados geram a capacidade de processamen-
to de um sistema distribuído;
• Redução de custos: montar um supercomputador é relativamente mais oneroso fi-
nanceiramente do que utilizar um sistema distribuído, desta forma, essa se torna uma
opção muito mais aceitável;
• Mais confiabilidade: a confiabilidade se embasa no fato de que vários computadores
funcionando juntos continuam mesmo quando máquinas individuais falham;
• Capacidade para expandir naturalmente: caso necessário, é possível inserir novos
computadores na rede já existente, aumentando a capacidade de processamento
de todo sistema;

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Em contrapartida temos, também as desvantagens, quando comparamos aos computa-
dores individuais:

• Overhead da coordenação: como os sistemas são distribuídos, não possuem en-


tidades centrais para coordenar os membros. Essa coordenação deverá ser feita
pelos seus membros;
• Overhead da comunicação: a coordenação exige comunicação. Devido a isso, um
sistema distribuído exige um protocolo de comunicação;
• Dependência das redes: as maquinas precisam de um meio de comunicação. No caso
delas, isso é feito através das redes de internet, que, por sua vez, já possuem suas
próprias adversidades, que por sua vez pode impactar no processo como um todo;
• Complexidade do programa: relacionado as desvantagens anteriormente, as máqui-
nas precisam resolver muitos problemas antes de realizar a escrita do software;
• Problemas de segurança: enviar informações por uma rede gera preocupações com
a segurança e o acesso aos dados por instituições não confiáveis.

5.2 Reconhecendo o potencial


Os sistemas de ponto a ponto são constituídos por computadores que disponibilizam seus
recursos de forma direta para os outros. De uma maneira geral, a maior vantagem desse pro-
cesso é a possibilidade da interação direta entre os usuários, não necessitando de interme-
diários, aumentando a velocidade e reduzindo os custos.
Os sistemas puramente distribuídos se apresentam como um enorme potencial comercial, pois
conseguem substituir os sistemas centralizados, provocando, por sua vez, uma mudança em
todo o mercado, devido, principalmente, à descentralização. Todo mercado que atua com inter-
mediários pode ser substituído, aliás, temos vários exemplos no nosso dia a dia, mas, se levar-
mos em consideração o mercado financeiro, teremos uma ideia clara de como isto pode ocorrer.
Sobre isso, se levarmos em consideração o dinheiro, chegamos à conclusão que não possuí-
mos moeda física, mas sim valores transformados em bites e bytes, inseridos dentro do mer-
cado de tecnologia financeiro. Neste cenário, o banco atua como um intermediário fazendo a
ponte entre os produtores e os consumidores.
Realizar transações neste processo gera, muitas vezes, a necessidade de muitos intermediá-
rios além dos altos curso, o que é estranho, já que estamos falando de dinheiro virtual. Contu-
do, utilizar a transação de ponto a ponto geraria uma redução significativa de intermediários
e de custo ao processo como um todo.
Portanto, se levarmos em consideração que o desenvolvimento da digitalização está se aper-
feiçoando cada vez mais, não será impensável em um mercado futuro em que será abolido
cada vez mais o papel do intermediário em todos os processos.

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6 Por que o blockchain é
necessário?
Podemos dizer que confiança e integridade são dois lados da mesma moeda. Se analisarmos
a integridade no contexto de sistemas de softwares, devemos considerá-la um aspecto não
funcional de um sistema, indicando que ele é seguro, completo, correto e não está sujeito a
ser corrompido, nem apresentará erros. Já a confiança é a crença dos seres humanos na ver-
dade, ou na capacidade de alguém em algo, não exigindo evidências para isto.
Desta forma, é possível observar que as pessoas irão se associar ao sistema e permanece-
rão contribuindo, se elas sentirem confiança nele, principalmente, se as interações ocorri-
das em tal contexto forem transparentes, reforçando, assim, a lisura desse processo. Por
outro lado, se houver falta de integridade, os usuários tendem a abandoná-lo e, com o tem-
po, ele poderá ser encerrado.

6.1 Ameaça á integridade em sistemas de


ponto a ponto
Podemos considerar duas ameaças principais a integridade de um sistema ponto a ponto,
são elas:

• Falhas técnicas: o sistema ponto a ponto são constituídos por computadores indi-
viduais dos usuários se comunicando através de uma rede. Todos os sistemas de um
computador podem sofrer falhas técnicas e têm o risco de falhar, ou de gerar erros;
• Participantes maliciosos: Esta causa de desconfiança não é um problema técnico,
porque é causado por pessoas que exploram as falhas do sistema, visando apenas
aos próprios interesses. Inclusive, essa se constitui uma ameaça severa, pois ataca a
base da confiança.

Nota

O principal problema que deve ser resolvido pelo Blockchain é prover e


manter a integridade em um sistema ponto a ponto puramente distribuído
formado por um número desconhecido de usuários e com um nível de con-
fiabilidade desconhecido.

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7 Armazenando dados e
autorizando transações
Durante muito tempo, dados em grande quantidade foram gerados e guardados por grandes
empresas, que através de seu modelo de negócios conseguem extrair um volume substancial
de receitas e enriquecer com promessas de serviços para os usuários. Podemos tomar como
base o volume de 2.5 quintilhões bytes de dados que são gerados diariamente. Mesmo assim,
empresas gigantes da tecnologia, tal qual o Facebook, presenciaram o vazamento milhões
de dados relacionados aos sus usuários. Tal fato levou, inclusive, a regulamentação governa-
mental através da lei de DDPR General Data Protection Regulation (Regulamento Geral de Pro-
teção de Dados), em que foram criadas regras, para promover a transparência e a segurança
dos dados que são extraídos das pessoas de forma geral.
Este cenário, de certa forma, pode ser solucionado com o uso da tecnologia Blockchain,
principalmente por reduzir a necessidade de preenchimento de um grande volume de for-
mulários, que, por sua vez, serão replicados de um servidor a outro, basta ter posse de nos-
sas chaves públicas e privadas, e, com os dados criptografados, gerar a autenticação atra-
vés da rede descentralizada.
Neste contexto, as empresas que buscam os dados para identificação não precisam necessa-
riamente reter estas informações, bastando para isto receber esta confirmação pelo Block-
chain. O controle passa para as mãos do usuário que decide se vai fornecer estes dados para
as organizações. Outro ponto importante é levarmos em consideração que os hackers tam-
bém teriam dificuldade de acessar os dados já que eles são descentralizados. Logo, os piratas
da internet são menos eficientes já que será preciso um número de ataques muito maior ao
invés de apenas um grande alvo.

7.1 Autorizando transações


Em uma transação, é importante garantir que apenas o proprietário tenha acesso a realizar a
transferência de uma conta que está em sua propriedade para outras contas. Qualquer ten-
tativa de entrada em contas por uma pessoa que não seja o proprietário deve ser rejeitada. O
sistema de ponto a ponto é aberto, desta forma, qualquer um pode criar transações, gerando
um grande desafio para o blockchain, isto é: manter o sistema aberto, mas garantir a segu-
rança dos usuários.

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Nesse sentido, uma das soluções encontradas foi a criação de uma medida de segurança pa-
recida com a assinatura digital, cujo propósito é o de identificar uma conta, identificar o pro-
prietário e aprovar a execução. Estas assinaturas utilizam hashings criptográficos e um fluxo
de informação criptografada.
Conforme relatado por Dresher (2018, p. 131), as assinaturas digitais no blockchain atendem
aos seguintes requisitos:

• Declaram a concordância do proprietário da conta que está cedendo a posse


com dados de transação específicos.
• São únicas para todo o conteúdo dos dados da transação a fim de evitar que
sejam usadas para autorizar outra transação a fim de evitar que sejam usa-
das para autorizar outras transações, sem o consentimento do autor.
• Somente o proprietário da conta que cede a posse pode criar uma assina-
tura deste tipo.
• Qualquer um pode verifica-las facilmente.

Existem dois casos de utilização de assinatura no blockchain, a assinatura de uma transa-


ção e a verificação de uma transação. Em relação à assinatura da transação, o proprietário
da conta deve seguir os seguintes passos: descrever todas as informações necessárias,
tais como os números da conta, o valor da conta, entre outros, neste momento, ainda não
será possível enviar a assinatura, já que ela ainda não está disponível. O segundo passo será
gerar o hash dos dados, criptografando em seguida com a chave privada e finalmente adi-
cionar o texto cifrado.
Para realizar a verificação da transação, é necessário criar o valor de hash da transação que
será verificada, descriptografar a transação utilizando a chave e comparar o valor do hash que
já possui com o que foi obtido. Se forem iguais, a transação foi autorizada.

8 Gastando o dinheiro duas


vezes
Para entendermos o conceito do gasto duplo, vamos imaginar um sistema de ponto a ponto para
administrar um imóvel. Neste sistema, os livro-razão que controlam todas as informações de
posse são mantidos pelos computadores individuais de seus participantes, ao invés de ser guar-
dado em um banco de dados descentralizado. Cada participante possui a própria cópia do livro
razão, quando a casa é transferida de uma pessoa para outra, os livro-razão deverão ser atua-
lizados para a versão mais recente de informações, mas repassar a informação para todos os
membros e atualizar todo o processo poderá levar muito tempo. Até que o último participante

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receba a informação, o sistema poderá ficar inconsistente e alguns já terão acesso a transfe-
rência e outros ainda não terão recebido a informação.

FIGURA 4: GASTANDO DINHEIRO DUAS VEZES

Fonte: Freepik (2021).

Observe o exemplo da venda de uma casa. Esta transferência é documentada em um livro-


-razão de ponto a ponto e deve informar aos outros membros que repassaram a informação
até o momento em que todos já saibam da transferência. Mas, vamos supor que uma pessoa
aborde outro livro-razão e exija documentar a transferência de posse da mesma casa, mas
de forma diferente. Caso a pessoa não saiba da transferência, poderá autorizá-la gerando
a duplicidade da venda. Desta forma, teremos dois proprietários para a mesma casa, esta
situação é chamada de gasto duplo.
De uma forma geral, o termo gasto duplo e Blockchain estão associados ao mesmo conceito,
ou seja, os problemas causados pela cópia de bens digitais, problemas no ponto a ponto dis-
tribuídos do livro razão e a violação de integridade de ponto a ponto. Assim, vejamos a seguir
cada um destes problemas.
Gasto duplo com problemas causados por cópias de bens digitais: o problema do gasto du-
plo refere-se ao fato de ser possível copiar dados em um computador sem limitação. Isto pode
causar problemas com dinheiro digital ou qualquer outro dado que deverá ser de apenas um
responsável. A cópia possibilita replicar dados que representam dinheiro, além de usá-lo mais
de uma vez. Seria o equivalente a falsificar moedas. A possibilidade de copiar e gastar dinhei-
ro vezes seguidas inutiliza a moeda;
Gasto duplo com um problema de sistemas ponto a ponto distribuídos do livro-razão: o
problema do gasto duplo está relacionado ao fato de encaminhar informações para o sistema

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gera tempo, sendo assim nem todos os participantes terão acesso aos dados no mesmo tem-
po. Isso gera que quem não possuir a informação mais atualizada possa ser explorado por que
já estiver atualizado;
Gasto duplo com violação de integridade de ponto a ponto: o problema de gasto duplo deve ser
visto como um problema relacionado a consistência dos dados em um sistema de ponto a ponto
distribuídos. Assim, o gasto duplo se torna um exemplo especifico de violação do sistema.

9 Pagando pela integridade


As forças que geram punição, ou recompensas são as bases para alcançar e, ao mesmo tem-
po, manter o Blockchain. Isto acontece, porque os participantes esperam receber um paga-
mento valioso pela integridade do sistema. Desta forma, o pagamento realizado pelo trabalho
deverá ser compensador, caso contrário, o sistema poderá ser contaminado, causando im-
pacto direto em todo o processo. Entre os impactos, podemos destacar:

• Impacto na natureza aberta do sistema: se o sistema for de ponto a ponto aberto,


qualquer um poderá se conectar, sendo recompensado por contribuir com a integri-
dade do sistema, mas caso o instrumento de pagamento não seja aceito por exemplo
por restrições específicas, ele atuará contra a natureza aberta do sistema;
• Impacto da natureza distributiva do sistema: o Blockchain é um sistema de ponto a
ponto distribuído, mas, se o instrumento de pagamento for controlado por uma insti-
tuição central, significa que o sistema terá outras portas de saída, o que vai contra a
natureza distribuída.

Um ponto importante a ser levado em consideração e que sempre gera discussões é como
confiar em um sistema ponto a ponto puramente distribuído que é projetado para permanecer
livre de um controle centralizado pode ser digno de confiança, já que ele utiliza um sistema de
recompensas que de certo modo atua contra os principais valores para remunerar seus parti-
cipantes. Esta dúvida ainda não possui uma resposta plausível.

9.1 Propriedades desejáveis do


instrumento de pagamento
Um instrumento de pagamento deve interferir de forma mínima nos objetivos e valores do
blockchain, por isto podemos citar como pontos de atenção:

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• Estar no meio digital;
• Ser aceito como instrumento para pagamento no mundo real;
• Ser aceito como meio de pagamento em todos os países;
• Ser isento de movimentação de capital;
• Ter valor estável;
• Ser confiável;
• Não ser controlado por um estado central ou uma única organização.

Nenhuma moeda consegue ser perfeita e atender a todos os requisitos listados, apesar de se-
rem desejáveis. Além disso, valer ressaltar que tais moedas poderiam ser utilizadas em várias
ocasiões, não somente para pagamento de participantes.

10 Superando as limitações
e reinventando o blockchain
O Blockchain é um sistema que autoriza a leitura de seus históricos e transações e também adi-
cionem dados novos ao repositório. Esta natureza aberta, constituem por si só a base do sis-
tema, permitindo que os nós atuem como testemunhas para elucidar as questões relativas a
posse, mas estas características podem limitar a usabilidade do sistema, sendo assim, o maior
desafio é compreender as consequências e, por sua vez, gerar estratégias para resolvê-las.

10.1 Limitações técnicas do blockchain


Entre as principais limitações técnicas do Blockchain, podemos citar:

• Falta de privacidade: o Blockchain é um livro-razão que mantém o histórico de dados


das suas transações, tais como bens, quantidade transferidas e o horário e as contas
envolvidas. Estas informações estão acessíveis a todos e precisam estar para que os
participantes verifiquem novas transações, evitando o gasto duplo por exemplo. Para
cumprir sua missão, é necessário que o Blockchain seja transparente, mas este fator
pode ser também um limitante.
• Modelo de segurança: os números das contas do Blockchain são chaves públicas e
criptografadas, somente quem possui a chave privada pode acessar a propriedade
que é associada a conta. A chave privada é o único instrumento para a segurança que

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autoriza o proprietário legitimo. Se ela for repassada para outra pessoa, seja aciden-
talmente, ou por erro ou roubo, a segurança da conta estará comprometida;
• Escalabilidade limitada: o Blockchain visa a alcançar dois objetivos. De um lado, ele per-
mite que todos façam a adição de novos dados de transação no histórico. Por outro lado,
ele garante que o histórico da transação seja protegido, para evitar sua manipulação;
• Custos elevados: a prova de trabalho gera um custo vinculado ao número dos ciclos
de tempo, de gasto energético etc.;
• Falta de flexibilidade: não existe nenhum procedimento para alterar, ou atualizar os
componentes principais de um Blockchain;
• Tamanho crítico: qualquer Blockchain exige uma quantidade de nós honestos que
seja significativa, para oferecer suporte e deixá-lo resistente a invasores que pos-
suem maior capacidade de processamento.

10.2 Superando as limitações


Limitações técnicas e não técnicas são consideradas obstáculos importantes para a adoção
correta do Blockchain no mundo real. A busca por soluções para estas limitações ainda é con-
siderada um tema de pesquisa para resolução destes problemas. Em relação a isso, veja abai-
xo quais medidas já foram desenvolvidas, para solucionar as limitações:

• Limitações técnicas: para resolver estas limitações, é necessário a intervenção em


todos os níveis e componentes. Um dos principais desafios para a superação das limi-
tações técnicas do blockchain consiste na separação entre a melhoria de sua tecno-
logia ou alterá-la em sua base.
• Limitações não técnicas: as limitações não técnicas podem ser vistas como os aspec-
tos econômicos, sociais, legais e psicológicos, na adaptação de uma nova tecnologia.
As iniciativas educativas e legais costumas ser vistas como mais apropriadas para me-
lhorar a adoção do Blockchain. A própria internet que é a base do Blockchain mostrou
que o tempo é primordial para que os usuários entendam e confiem na tecnologia.

11 Resumo e panorama geral


O Blockchain é um conjunto de dados distribuídos que possuem as seguintes propriedades:

• Ele é imutável;
• Somente para relacionamento de ideias;

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• Sempre ordenado;
• Aberto e transparente.
• Estas e outras características do Blockchain são, de certa forma, independentes dos
dados específicos, sendo que podemos considerá-lo como uma caixa onde ficam
guardadas itens digitais.

11.1 Casos e usos específicos


Podemos citar como área de aplicação do Blockchain, os seguimentos abaixo:

• Pagamentos: processos de gerenciamento de posse e transferência de moedas digitais;


• Criptomoedas: processos de gerenciamento de posse e criação de pagamentos in-
dependente de governo, banco central, ou qualquer outra instituição;
• Micropagamentos: transferência de pequenas quantias de dinheiro;
• Bens digitais: representam bens no mundo real;
• Identidade digital: autenticação com base em itens digitais;
• Serviços de cartório: digitalização, armazenamento e verificação de documentos;
• Conformidade: regulamentados em relatório de auditoria;
• Impostos: calcula e coleta impostos;
• Votação: criação, distribuição e contagem de cédulas eleitorais;
• Gerenciamento de registros: armazenamento de registro médicos.

11.2 O panorama geral


O Blockchain é e continuará sendo tema de melhorias e desenvolvimentos, como as variações
em sua implantação, eficiência e escabilidade. Dentre as áreas de desenvolvimento, podemos
citar os contratos inteligentes, as provas de conhecimento e as formas alternativas para atin-
gir o consenso. Em um futuro próximo, poderemos ver o desenvolvimento de projetos entu-
siastas, projetos comerciais em larga escala e projetos governamentais.
Além disto, conforme Laurence (2019, p. 12) afirma, os projetos de Blockchain amplos e de lon-
go prazo que estão sendo explorados na atualidade incluem os sistemas de registro respalda-
dos pelo governo, identidade e aplicações de segurança em viagens internacionais.

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Resumo do curso
Neste curso, você aprendeu que sobre como a tecnologia do Blockchain foi desenvolvida ao
longo dos últimos anos. Assim, o presente material se mostra relevante não somente para
quem pretende atuar na área de ciências da computação, ou da área de ciências dos dados,
mas também para todos que atuam, ou pretendem atuar na gestão de negócios. É inegável
que o Blockchain é a tecnologia da vez e que ainda se expandirá muito nos próximos anos, mas
é importante considerar ainda que as empresas ainda não estão preparadas para tal uso, por
isso, os gestores vão precisar liderar esse processo de implementação.
As pessoas, as organizações e a sociedade, de modo geral, precisam avaliar o processo de
adoção da tecnologia do Blockchain, quando estes estiverem fazendo uso dos produtos, ser-
viços e dos processos das empresas. A utilização dessa tecnologia estará cada vez mais pre-
sente no dia a dia das organizações, por isso, é importante avaliar todos os aspectos sobre
operacionalização, custos e implementação desse recurso para todos os negócios.

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Referências
BASTA, A.; BASTA, N.; BROWN, M. Segurança de computadores e teste de invasão. São Paulo:
Cengage, 2019.
DRESHER, Daniel, Blockchain básico: Uma introdução não técnica em 25 passos. São Paulo,
Novatec, 2018.
ALECRIM, Emerson. O que é Blockchain: significado e funcionamento. Info Wester, 2019. Dis-
ponível em: https://www.infowester.com/blockchain.php. Acesso em 29 set. 2021.
FILATRO, A. Data Science na educação: presencial, a distância e corporativa. 1. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2021.
FRANK, M. O que fazer quando as máquinas fazem tudo: como ter sucesso em um mundo de
i.a., algoritmos, robôs e big data. Rio de Janeiro: Alta Books, 2018.
LAURENCE, Tiana, Blockchain para leigos. Rio de Janeiro: Alta Books, 2019.
LEITE, Vitor. O que é blockchain – uma explicação simples. Nubank, 2021. Disponível em: ht-
tps://blog.nubank.com.br/o-que-e-blockchain/. Acesso em 29 set. 2021.
PINHEIRO, Kelma. O que é blockchain? Entenda tudo sobre essa tecnologia e como começar
a investir. Boavista, 2019. Disponível em: https://boavistatecnologia.com.br/blog/blockchain/.
Acesso em 29 set. 2021.

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