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05/04/2023, 06:45 Aplicabilidade e Inaplicabilidade da LGPD | Instituto de

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Aplicabilidade e Inaplicabilidade da LGPD


Por Thaís Netto 05/10/2021 as 17:39

Compliance LGPD

A LGPD objetiva proteger os dados pessoais, inclusive nos meios digitais, garantir os
direitos fundamentais de liberdade e de privacidade. Salienta-se que a Lei nº 13.853 de
08 de julho de 2019 alterou alguns dispositivos da LGPD, para dispor sobre a proteção
de dados pessoais e para criar a Autoridade Nacional de Proteção de Dados.

A LGPD tem como fundamentos o desenvolvimento econômico e tecnológico e a


inovação; a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião,
entre outros.

Segundo Patrícia Peck Pinheiro (2018) o modelo atual de negócios da sociedade digital,
em que a informação passa a ser moeda de troca do usuário para acessar
determinados bens e serviços, faz com que seja necessário uma lei que garanta a
proteção de dados pessoais.

 Nesse contexto, a Lei nº 13.709 de 2018 - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais é
considerada marco legislativo brasileiro. A LGPD foi inspirada no Regulamento Geral de
Proteção de Dados Europeu – General Data Protection Regulation – GDPR e
sancionada em agosto de 2018 pelo Presidente Michel Temer.

 Em 2018 também foi criada a entidade sem fins lucrativos, Associação Brasileira de
Proteção de Dados – ABPDados, com o intuito de assumir papel relevante na
conscientização da importância do direito na proteção de dados pessoais no Brasil.

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Aplicação material e territorial da LGPD

Conforme indicado no art. 3º desta Lei, a LGPD se aplica a qualquer operação de


tratamento de dados realizada por pessoa natural ou pessoa jurídica de direito público
ou de direito privado, independente do meio, do país de sua sede ou do país onde
estejam localizados os dados, contanto que:

-   A operação seja realizada no território nacional;

-   A atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou o fornecimento de bens


ou serviços ou o tratamento de dados de indivíduos localizados no território
nacional;

-   Os dados pessoais objeto do tratamento tenham sido coletados no território


nacional;

Consideram-se coletados no território nacional os dados pessoais pertencentes ao


titular que se encontre no momento da coleta.

 As normas indicadas na LGPD são de interesse nacional e devem ser respeitadas pela
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios.

LEIA TAMBÉM:

Fundamentos em Proteção de Dados e Privacidade em tempos de novo


coronavírus (COVID-19)
Aspectos sobre a Lei nº 13.709 de 2018 - LGPD
Repercussões sobre o Regulamento Geral de Proteção de Dados – GDPR
Tecnologias de Informação e Comunicação e a Lei Geral de Proteção de Dados

 A aplicação da nova Lei é extraterritorial, isso quer dizer que provoca efeitos
internacionais, em dados que sejam tratados fora do Brasil, desde que a coleta tenha
ocorrido em território nacional, ou por oferta de produto / serviço para indivíduo no
território nacional, ou que se encontrassem no Brasil.

 Assim, os dados pessoais tratados por empresas que prestam serviços cloud
computing, armazenando dados fora do país deverão cumprir as exigências
estabelecidas na LGPD.

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 Em quais casos a LGPD não se aplica?

O artigo 4º da Lei nº 13.709 de 2018 deixa claro em quais casos a LGPD não pode ser
aplicada, observe: 

Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais:

I - realizado por pessoa natural para fins exclusivamente particulares e não


econômicos;

II - realizado para fins exclusivamente:

a) jornalístico e artísticos; ou

b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 7º e 11 desta Lei;

III - realizado para fins exclusivos de:

a) segurança pública;

b) defesa nacional;

c) segurança do Estado; ou

d) atividades de investigação e repressão de infrações penais; ou

IV - provenientes de fora do território nacional e que não sejam objeto de


comunicação, uso compartilhado de dados com agentes de tratamento brasileiros ou
objeto de transferência internacional de dados com outro país que não o de
proveniência, desde que o país de proveniência proporcione grau de proteção de
dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei.

Quais as áreas serão mais afetadas pela LGPD?


Quais os reflexos da LGPD na saúde?

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Diversas áreas serão afetadas pela LGPD, em razão do crescente uso de Tecnologias
de Informação e Comunicação – TIC, de computadores, de smartphones, de
plataformas digitais, da informatização de diversos setores de organizações públicas e
privadas, do comércio eletrônico, de aplicativos, da preferência por arquivos digitais e
de arquivos salvos em nuvens.

Conforme indicado por Machado Nunes (2019) o intercâmbio de dados é realizado


para atender diferentes finalidades. Exemplo: empresas privadas adquirem dados
pessoais com o intuito de estudar a assertividade no lançamento de novo produto ou
serviço, com base no perfil dos indivíduos que a empresa pretende atingir.

Destaca-se que o comércio, as instituições bancárias, as empresas de TI, os negócios


digitais e as empresas de serviços serão muito afetadas pela LGPD.

A área de saúde também será afetada, principalmente nas grandes estruturas, com a
coleta de dados em proporções elevadas, que possibilitam a comparação de dados de
saúde de indivíduos em diversas localidades.

Como se sabe o setor de saúde engloba desde consultórios, clínicas médicas, hospitais
públicos e privados, laboratórios, farmácias, pacientes, agentes de saúde e toda a
esfera pública – o Sistema Único de Saúde – SUS, que possibilita o acesso universal ao
sistema público de saúde.

Pode-se dizer que o compartilhamento de dados na saúde é importante para que


sejam reduzidos os custos assistenciais, tanto para disponibilizar dados mínimos dos
pacientes aos que integram toda a cadeia de assistência à saúde quanto para
possibilitar um tratamento mais assertivo (NUNES, 2019).

De acordo com o art. 5º, II, da LGPD, os dados referentes à saúde são considerados
dados pessoais sensíveis. Dessa forma, as organizações que tratarem de dados
pessoais sensíveis devem se submeter aos artigos 7º e 11 da LGPD.

Embora não seja uma disposição nova para o setor de Saúde Suplementar, cumpre
informar que o §5º, do art. 11, da LGPD veda as operadoras de planos de saúde
privados o tratamento de dados de saúde para a seleção de riscos na contratação de
qualquer modalidade, bem como na contratação e exclusão de beneficiários.

Ressalta-se que a LGPD indica que o tratamento de dados sensíveis deve estar de
acordo com a finalidade e com o benefício do titular dos dados pessoais. 

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Em alguns casos, quando o tratamento for indispensável para proteger a vida ou


incolumidade física do titular ou de terceiro, a LGPD autoriza o tratamento sem
consentimento. Contudo, devem ser respeitados os princípios indicados no art. 6º, da
LGPD.

Assim, pode-se dizer que a LGPD possibilita o tratamento de dados sensíveis sem o
consentimento do titular.

LGPD e a Segurança da Informação


Com as disposições da LGPD, as empresas e as organizações públicas e privadas
passam a ter mais responsabilidade em relação à coleta, ao armazenamento e ao
tratamento de dados pessoais.

O tratamento é definido como toda operação realizada com dados pessoais, como as
que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento,
armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação, modificação,
comunicação, transferência, difusão ou extração, nos termos do art. 5, X, da Lei nº
13.709 de 2018.

Os agentes responsáveis pelo tratamento das informações são: o controlador e o


operador de dados. O controlador é pessoa natural ou jurídica, de direito público ou
privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento dos dados pessoais,
de acordo com o artigo 5º, VI, da Lei nº 13.709 de 2018.

O operador pode ser definido como a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou
privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador, nos
termos do artigo 5º, VII, da Lei nº 13.709 de 2018.

Cabe informar que o titular dos dados pessoais tem o direito de acesso aos dados e as
informações que estão em poder do controlador. 

As entidades devem assegurar a privacidade aos titulares dos dados - usuários e


clientes –, a integridade e a confidencialidade das informações a partir de medidas de
proteção de dados e de segurança da informação.

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No que se refere à promoção da segurança da informação, cabe indicar que os


processos e os procedimentos devem garantir a disponibilidade, a integridade a
confiabilidade de informações, percorrendo todo o ciclo de vida do dado.  

Para tanto, cabe a todos os agentes responsáveis pelo tratamento de dados adotarem
medidas adequadas de segurança. Salienta-se que deve ser preservada a trilha de
auditoria para apuração, em virtude da responsabilidade solidária das ações
imputadas durante o processo de tratamento de dados.

Diante do exposto, vislumbra-se a necessidade de consultorias de profissionais de


Tecnologia da Informação - TI e de advogados para auxiliarem as empresas a se
adequarem aos dispositivos da LGPD. Nos órgãos públicos devem ser realizados
cursos para capacitarem os seus servidores públicos a desempenharem suas
atividades, respeitando a nova legislação.

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Thaís Netto
Professora. Advogada. Mestra em Direito e Inovação - UFJF.
Especialista em Direito Público. Graduada em Administração Pública.

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