Você está na página 1de 44

ADEQUAÇÃO LGPD:

guia completo de
implementação para
empresas de softwares
Fundado em 2018, o BL Consultoria e Advocacia Di-
gital, regularmente registrado na OAB/SP sob o nº
27.842, tem como objetivo assessorar juridicamente
empresas e startups em busca do desenvolvimento
tecnológico pautado na ética e na conformidade com
as normas vigentes.

Somos pesquisadores por natureza! Entendemos que o


Direito não acompanha o avanço da tecnologia, assim nos-
sa missão é buscar uma solução jurídica mais adequada
para a realidade do seu negócio!

Nascemos 100% digitais e proporcionamos aos nossos


clientes a facilidade do atendimento remoto com eficiên-
cia e agilidade.

Nosso time é composto por pessoas apaixonadas por Di-


reito, Inovação e Tecnologia, advindos das instituições
de ensino mais conceituadas do país, que buscam prover
soluções jurídicas para empresas inovadoras.
Recentemente, muitas regras para tratamento de dados
no meio digital têm sofrido alterações e melhorias. A
LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), por exemplo, foi
criada em 2018 e entrou em vigor efetivamente em Se-
tembro de 2020. A lei define cuidados e obrigações que
a partir de agora as empresas passarão a ter com dados
pessoais ou sensíveis, seja de clientes, funcionários e até
fornecedores.

Para empresas que desenvolvem produtos de tecnolo-


gia, como softwares, que muitas vezes fazem o intermé-
dio e/ou proporcionam a infraestrutura para a realização
de atividades de outras empresas, essa preocupação se
torna ainda maior. Tendo em vista esse desafio, é preci-
so estar sempre antenado às novidades e, ainda, encon-
trar a melhor forma de como fazer a adequação à LGPD
sem gerar grandes impactos na sua rotina operacional,
no intuito de resguardar a sua empresa de eventuais
problemas jurídicos e comerciais, mantendo-se com-
petitiva no mercado.

BL Consultoria Digital • 3
Para auxiliar você e o seu negócio nesse processo, prepa-
ramos esse material exclusivo: um guia de implementa-
ção e adequação à LGPD. Neste e-book, vamos guiá-lo
para tornar mais fácil a elaboração de políticas, produtos,
documentos e contratos em conformidade com as novas
regras!

Boa leitura!

BL Consultoria Digital • 4
SUMÁRIO CAPÍTULO 3. PASSO A PASSO PARA UM PROJETO DE
ADEQUAÇÃO À LGPD
CAPÍTULO 1. O QUE É A LGPD (LEI GERAL DE
PROTEÇÃO DE DADOS)? 3.1 Como iniciar o processo de adequação à LGPD?
Implicações Gerais das Leis de Proteção de Dados
3.2 Adequação Documental: O que devo atualizar e/
• Categorias de Dados
ou elaborar?
• Agentes de tratamento Procedimentos para atendimentos às Solicitações
• Sanções administrativas de Direitos do titular

• Parâmetros e critérios • Gestão do Consentimento


• RIPDP
• Data Mapping
CAPÍTULO 2. IMPACTOS NA ROTINA DAS EMPRESAS:
MUDANÇAS, DESAFIOS E ATUALIZAÇÕES • PRI - Plano de Respostas a Incidentes
2.1 Impactos imediatos • PSI - Política de Segurança da Informação

2.2 Direitos dos titulares dos dados 3.3 Checklist de adequação de contratos: como fazer

2.3 Deveres das empresas no tratamento dos dados CONCLUSÃO


CAPÍTULO 1. O QUE É A LGPD (LEI GERAL DE
PROTEÇÃO DE DADOS)?

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi sancio- Vale lembrar também que em alguns casos a LGPD
nada em 2018 visando aumentar o nível de prote- não se aplica, ou seja, não requer a observação de
ção em torno de informações pessoais e também alguns de seus requisitos. Neste sentido, quando a
garantir a autonomia do proprietário dos dados pes- utilização do dado pessoal for destinado para fins
soais quanto à exposição ou não, bem como a sua exclusivamente jornalísticos e acadêmicos ou, ain-
forma de utilização. da, de segurança pública e segurança nacional, a lei
não se aplica (recomendamos a leitura do Art. 3, em
Consequentemente, todo o meio digital sofreu um caso de dúvida).
grande impacto com seu surgimento. Aliás, um dos
primeiros impactos observados, é a necessidade da
elaboração de documentações específicas para
alguns processos executados, principalmente, pelos
setores de TI.

BL Consultoria Digital • 6
A LGPD surgiu em um momento de transformação digital,
em que a velocidade, extensão e facilidade para acessar da-
dos tornou-se crescente. Embora não seja somente em situa-
ções online em que os dados de diferentes naturezas, pessoas
e ocasiões possam ficar expostos, isso contribuiu para que se
acirrasse a discussão em torno da importância de assegurar
maior privacidade e cuidado no seu tratamento.

Não aplicar os requisitos da lei, a partir de agora, poderá trazer


consequências mais sérias e, até mesmo, inviabilizar a continui-
dade de negócios. Isso obriga as empresas a repensarem suas
posturas, políticas e mecanismos de segurança da informa-
ção adotados ao longo do desempenho de suas atividades.

BL Consultoria Digital • 7
Isso porque, para além de a LGPD requerer a estrutura-
ção de medidas técnicas e organizacionais para garan-
tir a privacidade e minimização de riscos de incidentes de
segurança, a lei prevê uma série de obrigações junto aos
titulares (proprietários) de dados pessoais, que passam a
ter os seguintes direitos:

» Confirmar se existe uma ou mais informação sua sendo tra-


tada pela empresa;
» Acessar os seus dados pessoais armazenados pela empresa;
» Corrigir informações pessoais inexatas, incompletas ou de-
satualizadas;
» Solicitar a anonimização, bloqueio ou eliminação de seus da-
dos quando desnecessários, excessivos ou tratados sem a
devida conformidade com a LGPD;
» Fazer a portabilidade das informações para outra empresa;
» Informar-se quanto ao compartilhamento dos dados com
entes públicos ou privados, caso ele exista;
» Não consentir com a utilização de dados pessoais desneces-
sários para a execução de serviços contratados;
» Revogação do consentimento;
» Direito à oposição, em situações em que o titular discorde
do tratamento de seus dados feito sem consentimento ou
de forma irregular.
8

BL Consultoria Digital • 8
Implicações Gerais das Leis de Na LGPD, não só está prevista a titularidade
dos dados e o direito de saber o que está
Proteção de Dados
sendo feito com eles por parte das pesso-
Inicialmente, em 2018, na Europa, foi publi- as, como também é feita uma classificação
cado o Regulamento Geral sobre a Proteção com base na natureza dessas informações.
de Dados, conhecido como GDPR, versando Ela é esclarecida no Art. 5 da Lei, que traz
a respeito da privacidade de dados pessoais os seguintes conceitos:
e compartilhamento de dados para fora da
União Europeia. » Dados pessoais: toda informação relativa
às pessoas naturais identificadas ou iden-
No Brasil, apesar de o Marco Civil da tificáveis. Neste ponto, cabe explicar que
um conjunto de informações que individu-
Internet, de 2014, já contemplar uma
almente não poderiam levar a identificação
maior proteção de dados apenas em am-
de uma pessoa física mas quando analisa-
biente online, a LGPD surge para abor- das simultaneamente conseguem chegar
dar de forma mais específica o tema, bem na identidade de alguém, esse conjunto de-
como para adequar a legislação nacional verá ser entendido como um dado pessoal.
aos preceitos da GDPR.

BL Consultoria Digital • 9
» Dados sensíveis: são informações que podem levar a algum
tipo de discriminação, como dados sobre origem racial ou
étnica, opinião política, convicção religiosa, filiação a sindica-
to, informação sexual, de saúde, dado genético, entre outros
vinculados a pessoas naturais. Vale destacar que toda infor-
mação pessoal onde a sua utilização pode levar a uma discri-
minação, deverá ser considerada um dado sensível.

» Dados anonimizados: são aqueles vinculados a titulares


que não podem ser identificados, considerando o uso de
meios técnicos razoáveis e disponíveis no momento de seu
tratamento. Um exemplo de uso de dados anonimizados é
quando há a necessidade de a empresa utilizar-se de dados
reais, porém sem a identificação do seu proprietário, para
análise de tendência de consumo de determinada região.

» Dados pseudonimizados: a pseudonimização é o tra-


tamento por meio do qual um dado perde a possibili-
dade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo,
senão pelo uso de informação adicional mantida sepa-
radamente pelo controlador em ambiente controlado e
seguro. Basicamente, o conceito diz respeito à prática
de substituir as informações de um conjunto de dados
identificáveis de um indivíduo por um indicador alterna-
tivo artificial. Ou seja, por um pseudônimo.

BL Consultoria Digital • 10
Existem ainda disposições específicas para Além disso, todos os produtos desenvol-
o tratamento de dados de crianças e ado- vidos, como os softwares, terão que con-
lescentes, cujo tratamento e o repasse a templar atualizações visando a proteção
terceiros só pode ocorrer com o consenti- à privacidade dos seus usuários. Muito
mento específico de pelo menos um dos além de ter atenção à documentação e às
pais ou responsáveis. cláusulas contratuais, é imprescindível ter
procedimentos, registros e normas opera-
Para as empresas que lidam com tecnolo- cionais ligadas à cultura de privacidade.
gia, a lei apresenta diversas implicações.
Agora, as políticas de segurança da infor- Isso significa imputar no design e na infra-
mação e privacidade terão de ser mais re- estrutura dos projetos (plataformas, sites,
forçadas do que nunca, com base em nor- sistemas, aplicativos, etc.) a metodologia
mas e registros apoiadas por um sólido privacy by design (que leva em conta a pri-
sistema de governança de dados e/ou da vacidade durante todo o processo de elabo-
informação, alinhado às exigências e previ- ração de software) ou by default (em que as
sões da LGPD. configurações mais seguras de privacidade
são aplicadas por padrão, sem a necessi-
dade de entradas manuais para isso, assim
que o produto ou serviço é direcionado ao
público).

BL Consultoria Digital • 11
Além do âmbito legal de coleta e tratamento deve-
-se cuidar ainda mais para que não haja ataques,
perda de dados, invasões e vazamento de dados.
Ainda, algo a se ter em vista, é que a LGPD se aplica
a dados coletados e tratados não apenas no meio
digital, como também no offline, ou seja, aplica-se
ao tratamento de dados no meio físico.

Um ponto que merece destaque é a definição da ca-


tegoria de Agente de Tratamento de Dados Pessoais
em que a empresa se encontra. A partir do enquadra-
mento como Controlador, Operador ou Subopera-
dor será possível aferir o seu grau de responsabilidade
durante o processamento dos dados pessoais. Confi-
ra a seguir o conceito e as responsabilidades de cada
Agente de Tratamento de Dados Pessoais:

BL Consultoria Digital • 12
Agente de
Tratamento Quem é? Quais suas responsabilidades?

É toda pessoa natural ou jurídica, de direito pú-


blico ou privado, a quem competem as decisões 1. Elaborar relatório de impacto à proteção de da-
referentes ao tratamento de dados pessoais. dos pessoais - RIPDP (art. 38);
De acordo com o art. 42, §1º, II, quando mais 2. Comprovar que o consentimento obtido do ti-
Controlador
de um controlador estiver diretamente envolvido tular atende às exigências legais (art.8º, § 2º)
no tratamento do qual decorram danos ao titular 3. Comunicar à ANPD a ocorrência de incidentes
de dados, estes responderão de forma solidária, à de segurança (art. 48)
exceção das hipóteses previstas no art. 43.

1. Seguir as instruções do controlador;


2. Firmar contratos que estabeleçam, dentre
É toda pessoa natural ou jurídica, de direito públi-
outros assuntos, o regime de atividades e res-
Operador co ou privado, que realiza o tratamento de dados
ponsabilidades com o controlador;
pessoais em nome do controlador.
3. Dar ciência ao controlador em caso de con-
trato com suboperador.

1. Adotar medidas técnicas e organizacionais vi-


sando a garantia da segurança da informação e
O suboperador é aquele contratado pelo operador
privacidade durante a execução de seus serviços.
Suboperador para auxiliá-lo a realizar o tratamento de dados
Como exemplo de sub-operadores, podemos citar
pessoais em nome do controlador
as grandes plataformas de armazenamento de da-
dos em nuvem (Amazon, Google Cloud e Azure).

BL Consultoria Digital • 13
Para garantir a devida aplicação de todos os cuidados
mencionados até aqui, em 2019, foi criada a ANPD, Auto-
ridade Nacional de Proteção de Dados, cuja função é edi-
tar, quando necessário, e fiscalizar a aplicação da LGPD,
visando proteger os direitos fundamentais de liberda-
de e privacidade e o livre desenvolvimento de perso-
nalidade da pessoa natural.

Na hipótese de descumprimento com quaisquer dos re-


quisitos constantes na LGPD, os Agentes de Tratamento
de Dados Pessoais poderão ser, individual ou conjunta-
mente, responsabilizados pelos danos aos titulares de da-
dos que derem causa. Você sabe quais são as sanções ad-
ministrativas previstas para serem aplicadas pela ANPD
quando verificada uma infração? Confira a seguir:

BL Consultoria Digital • 14
Multas e sanções:

» Advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas cor-


retivas;
» Multa simples, de até 2% (dois por cento) do faturamento da pes-
soa jurídica limitada, no total, a R$ 50.000.000,00 (cinquenta mi-
lhões de reais) por infração;
» Multa diária, observado o limite total a que se refere o inciso II;
» Publicização da infração após devidamente apurada e confirmada
a sua ocorrência;
» Bloqueio dos dados pessoais a que se refere a infração até a sua
regularização;
» Eliminação dos dados pessoais a que se refere a infração;
» Suspensão parcial do funcionamento do banco de dados a que
se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis) meses, pror-
rogável por igual período, até a regularização da atividade de trata-
mento pelo controlador;
» Suspensão do exercício da atividade de tratamento dos dados
pessoais a que se refere a infração pelo período máximo de 6 (seis)
meses, prorrogável por igual período;
» Proibição parcial ou total do exercício de atividades relaciona-
das a tratamento de dados.

BL Consultoria Digital • 15
A aplicação das sanções administrativas acima listadas so-
mente poderão ser realizadas após procedimento adminis-
trativo que possibilite a oportunidade da ampla defesa, de
forma gradativa, isolada ou cumulativa, de acordo com as
peculiaridades do caso concreto e considerados os seguin-
tes parâmetros e critérios:
» a gravidade e a natureza das infrações e dos direitos pessoais afe-
tados;
» a boa-fé do infrator;
» a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
» a condição econômica do infrator;
» a reincidência;
» o grau do dano;
» a cooperação do infrator.

BL Consultoria Digital • 16
CAPÍTULO 2. IMPACTOS NA ROTINA DAS EMPRESAS:
MUDANÇAS, DESAFIOS E ATUALIZAÇÕES

Como se pôde notar, a LGPD impacta fortemente Também vale ressaltar a relevância de buscar por
empresas de todos os setores. Isso porque, direta profissionais de mercado especializados no tema,
ou indiretamente, vai exigir a observância de diver- para que possam realizar a auditoria de todos os
sos procedimentos e como se conduz os processos procedimentos e adequações relativos aos dados,
envolvendo qualquer informação pessoal de titula- elaborar a documentação necessária, adequar seus
res de dados. contratos empresariais ou termos de uso, ou ain-
da, adequar a forma com que seus softwares de-
Com isso, é necessário ter reforço da segurança da senvolvidos captam e utilizam os dados pessoais de
informação e conhecimento sobre os procedimen- seus usuários.
tos exigidos para a devida conformidade com a
lei, bem como, uma busca por atualizações das prá-
ticas no setor, principalmente, de TI — que lida cons-
tantemente com um grande volume de dados.

BL Consultoria Digital • 17
Dentre os impactos imediatos estão:

» Riscos competitivos, financeiros e reputacionais, na hipótese de


descumprimento com os requisitos da LGPD;
» Dever de disponibilizar documentação informativa acerca da uti-
lização de dados pessoais (Política de Privacidade e/ou Política de
Governança de Dados);
» Dever de adotar novos parâmetros de utilização de informações
pessoais;
» Dever de obter e registrar o consentimento dos titulares das infor-
mações;
» Necessidade de Adequação de contratos;
» Dever de realização do registro de processos de tratamento de da-
dos pessoais (data mapping);
» Dever de realização de Análises de vulnerabilidades para mitigação
de riscos de incidentes de dados.

Veja, a seguir, um pouco mais sobre eles:

BL Consultoria Digital • 18
2.1 Impactos imediatos Se a empresa já tem algum portal ou solu-
ção utilizando dados pessoais, precisará se
A LGPD se aplica aos dados pessoais tra- adequar, rever a sua política de privaci-
tados em todo território brasileiro, e toda dade e informar os titulares, ou seja, seus
empresa precisa imediatamente se ali- usuários a respeito das atualizações.
nhar aos seus parâmetros. Assim, pode-
mos dizer que ela afeta todos os ramos Nesse sentido, os contratos deverão ter
e segmentos de negócios. novas cláusulas para contemplar a au-
tonomia dos titulares, bem como para
De imediato, a lei irá causar mudanças em prever a responsabilidade da empresa
toda atividade comercial, assim como, perante outras organizações ou pesso-
nas relações de trabalho e serviços nos as físicas quanto à segurança das infor-
quais dados pessoais de terceiros este- mações, além de eventuais indenizações
jam envolvidos. por incidentes de dados.

BL Consultoria Digital • 19
Mesmo serviços que trabalham apenas Para barrar esse tipo de prática, embora
com a catalogação de dados — chamados a análise de dados continue sendo um re-
de bases públicas —, precisarão, como o curso essencial para muitos negócios que
caso de um site de informações, disponi- naturalmente utilizem-no para atender
bilizar campos para que os usuários se ca- seus clientes, por exemplo, a LGPD torna
dastrem, corrijam ou reclamem os dados. esse processo mais transparente e em
muitos casos, reversível (por meio dos su-
Isso acontece porque esses meios po- pracitados direitos à revogação, oposição
dem, por meio de softwares de inteligên- ou correção por parte do titular.
cia artificial (IA), analisar grandes bancos
de dados, gerar insights de negócio e até, Para as pessoas físicas, ou seja, os pro-
em contextos mais complexos, influen- prietários dos dados, os impactos também
ciar decisões de aspecto social, político são notáveis. Agora, elas possuem maior
ou ideológico. controle e possibilidades de reivindicar a
propriedade de seus dados, desfazendo
a ideia equivocada de que uma vez cole-
tados pelas empresas, não teriam como
interferir no uso, na exposição exagera-
da ou abusiva dessas informações. Saiba
mais no próximo item.

BL Consultoria Digital • 20
2.2 Direitos dos titulares dos Os direitos dos titulares de dados englo-
bam também a própria confirmação da
dados
existência de tratamento, a correção, não
apenas quando estiverem incorretos, mas
Pela LGPD, a toda pessoa física, assegura- também quando estiverem desatualiza-
se o direito à titularidade de seus dos, a portabilidade desses dados a ou-
dados. tro fornecedor de serviço, quando houver
troca por parte de livre escolha do indiví-
Mas o que os titulares de dados têm duo — caso de serviços contratados, ser-
direito de solicitar para as empresas? viços de tecnologia, plataformas, prove-
Para começar, o titular tem direito ao dores de serviços —, entre outros.
acesso facilitado sobre informações a
respeito do tratamento que seus dados O bloqueio de dados desnecessários, a
estão recebendo. Seja no momento em eliminação ou revogação do consenti-
que vai ceder os dados ou depois, o mento também estão previstos. Portanto
indivíduo precisa ter livre acesso a esses as empresas também precisam investir
esclarecimentos, de forma adequada e de muito na comunicação com seus clientes
fácil compreensão. e demais públicos sobre os quais tenha
alguma coleta ou armazenamento de in-
formações.

BL Consultoria Digital • 21
Inclusive, dentro das organizações, o responsável
por essa comunicação com os titulares é o DPO
(Encarregado de Proteção de Dados Pessoais), e toda
empresa deve nomear um para guiar seus procedi-
mentos na área.

É importante ressaltar que o responsável princi-


pal pelo cumprimento das solicitações de direitos
e comunicação com o titular de dados é a empresa
Controladora. Caberá, conforme o caso, às Opera-
doras e Suboperadoras, garantir os meios técnicos
para executar operacionalmente as solicitações, por
exemplo, de exclusão de dados pessoais advindas
de seus Controladores.

BL Consultoria Digital • 22
» Mediante o fornecimento de consentimento
2.3 Deveres das empresas no pelo titular;
tratamento dos dados » Para o cumprimento de obrigação legal ou
regulatória pelo controlador;
Nesse novo cenário de proteção de dados, » Pela administração pública, para o tratamen-
to e uso compartilhado de dados necessários
as empresas precisam entender também
à execução de políticas públicas previstas em
quais são seus deveres diante da nova lei.
leis;
Em primeiro lugar, os dados dos titulares
» Para a realização de estudos por órgão de
só podem ser obtidos e tratados quando
pesquisa, garantida, sempre que possível, a
respaldados por uma hipótese legal de tra- anonimização dos dados pessoais;
tamento de dados (Bases Legais).
» Quando necessário para a execução de
contrato;
A LGPD prevê 10 hipóteses autorizado-
» Para o exercício regular de direitos em pro-
ras de tratamento de dados, ou seja, cesso judicial, administrativo ou arbitral;
poderá a entidade utilizar-se de dados
» Para a proteção da vida ou da incolumidade
pessoais quando: física do titular ou de terceiro;
» Para a tutela da saúde, exclusivamente,
em procedimento realizado por profissio-
nais de saúde, serviços de saúde ou auto-
ridade sanitária;
» Quando necessário para atender aos interes-
ses legítimos do controlador ou de terceiro;
» Ou para a proteção do crédito.

BL Consultoria Digital • 23
Como podemos perceber, para a realização do tra-
tamento de dados pessoais, nem sempre o consen-
timento será requisito obrigatório para a coleta e
utilização de dados pessoais. Assim, é indispensável
que a empresa realize o seu mapeamento de pro-
cessos de tratamento de dados pessoais contendo
a indicação específica da base legal que autoriza
o seu tratamento.

A partir do momento que há a especificação de qual base


legal respalda aquele tratamento, a empresa terá meios
para analisar toda e qualquer solicitação dos titula-
res de dados. Ou seja, quando um usuário solicitar, por
exemplo, a revogação do consentimento para utilização
de seus dados, o DPO deverá verificar se a base legal au-
torizadora do tratamento é o consentimento, e caso não
seja, deverá comunicar ao usuário sobre a impossibilida-
de de seguir com a sua solicitação, fundamentando sua
resposta na própria LGPD.

BL Consultoria Digital • 24
É de fundamental importância para os Sendo assim, para o gerenciamento de
Controladores de Dados Pessoais o es- solicitações e a devida governança de
tabelecimento de um canal de comuni- dados pessoais, é de fundamental impor-
cação direto com o titular de dados. Esse tância para as empresas Controladoras e
canal pode ser um e-mail específico ou Operadoras de Dados a elaboração e ma-
uma página destinada a receber as solici- nutenção do Relatório de Registro de Ope-
tações de direitos dos titulares. rações (ROPA) e definição de Bases Legais
para Tratamento de Dados Pessoais.
Para os Operadores de Dados, é imprescin-
dível o estabelecimento de procedimentos
internos de governança de solicitações de
seus clientes (Controladores) quanto a ma-
nipulação de dados para resguardar seus in-
teresses, evidenciar suas boas práticas e evi-
tar sua responsabilização na eventualidade
de um incidente de dados ou alegação de
descumprimento contratual.

25

BL Consultoria Digital • 25
Eventualmente, o Controlador poderá ser obrigado
a prestar esclarecimentos à Autoridade Nacional de
Proteção de Dados (ANPD). Por exemplo, quando a
base legal para o tratamento é o legítimo interesse, o
documento requerido e analisado pela ANPD poderá
ser a Avaliação de Legítimo Interesse (LIA). Já quan-
do o interesse é avaliar o impacto do tratamento dos
dados em questão, poderá ser solicitado o Relatório
de Impacto à Proteção de Dados Pessoais (RIPDP).

Em geral, esses relatórios não devem comprometer a


preservação de segredos comerciais ou industriais, para
a proteção da empresa. Em todos os casos, o ideal é con-
tar com uma consultoria jurídica especializada em
adequação à LGPD, para que não se corra o risco de in-
terpretar equivocadamente a lei e a situação, o que pode
implicar em sanções e aplicação de multas.

BL Consultoria Digital • 26
CAPÍTULO 3. PASSO A PASSO PARA UM PROJETO
DE ADEQUAÇÃO À LGPD

A seguir, apresentaremos algumas dicas para a 3.1 Como iniciar o processo de


adequação à LGPD e uma lista exemplificativa de
adequação à LGPD?
documentação, bem como um checklist com os
pontos necessários para a implementação!
Um dos requisitos básicos é a conscientização dos
Confira por onde começar e o que fazer para a im- colaboradores e alta direção, promovendo progra-
plementação da LGPD em sua empresa: mas de treinamento e conscientização entre todos
os colaboradores envolvidos e instituir um respon-
sável pelo Programa de Privacidade, por meio da
nomeação de um DPO (Encarregado de Proteção de
Dados Pessoais).

BL Consultoria Digital • 27
É sempre bom frisar que a conformidade das empresas
com a legislação brasileira não é um empecilho aos negó-
cios, e sim uma chance de mostrar destaque e confiança
ao seu público-alvo e ao mercado, deixando evidente a
adequação da empresa com as melhores práticas em pri-
vacidade e segurança da informação.

Para começar, é necessário identificar as peculiaridades


de seu negócio, através do levantamento de informações
com as áreas que realizam o tratamento de dados pesso-
ais, estrutura e responsabilidades. É essencial compreen-
der se a empresa é “Business to Business” (B2B) ou “Bu-
siness to Client” (B2C) para identificar o maior ou menor
grau de risco envolvido no tratamento de dados pessoais.
É altamente recomendável, para realização deste levan-
tamento, a instituição de um Comitê multidisciplinar de
Privacidade que será o responsável pela revisão de visão,
missão e valores para adequar à LGPD, bem como res-
ponsável pela definição e estruturação de procedimentos
e regras de auditoria da medição das métricas dos indica-
dores de proteção de dados.

BL Consultoria Digital • 28
Após esses primeiros passos, inicia-se a fase O conjunto de informações advindos do ma-
de mapeamento, com o levantamento dos peamento de fluxo de dados, validação dos
fluxos de dados que permeiam as ativida- processos de tratamento de dados pessoais,
des realizadas pela empresa. Este processo contratos e normas internas serão conside-
tem como objetivo responder, basicamen- rados para a elaboração do parecer diag-
te, às seguintes questões: nóstico e elaboração do plano de ação.

a) Quem são os titulares dos dados O parecer diagnóstico e a gap analysis ga-
tratados? rantem uma visão geral, mas detalhada, da
b) Quais são os dados coletados? empresa em relação à proteção de dados
c) Qual a finalidade dessa coleta? pessoais, fazendo um juízo crítico sobre to-
d) Como ocorre o tratamento de dados? das as operações que são realizadas por ela,
e) Onde são armazenados? e e é a partir deles que o plano de ação para
f) Quais sistemas são utilizados? adequação à legislação será elaborado.

Ao final, as informações levantadas serão


compiladas nos ROPA’s (Records of Proces-
sing Activities ou Registro de Atividades de
Tratamento - Art. 37 da LGPD).

BL Consultoria Digital • 29
1. Conscientização e Avaliação Preliminar;

O plano de ação para adequação à LGPD deverá con-


2. Mapeamento (Data Mapping, ROPA e
templar os 4 pilares de conformidade:
Gap analysis);

1. Técnico (ferramentas),
2. Documental (normas, políticas e contratos),
3. Procedimental (adequar a governança e a gestão dos
3. Relatório de Diagnóstico;
dados pessoais) e
4. Cultural (realizar treinamentos e campanhas de cons-
cientização em privacidade).

A partir disso, será possível implementar um sistema 4. Planejamento;


de governança em privacidade, redigido à luz da LGPD
e atualizado em todos os canais possíveis da empresa.

Em resumo, as medidas a serem adotadas devem se- 5. Implementação;


guir a seguinte ordem lógica:

6. Governança.

BL Consultoria Digital • 30
3.2 Adequação Documental: Procedimentos para atendimentos
O que devo atualizar e/ou às Solicitações de Direitos do
elaborar? titular
Como forma de evidenciar a adoção de Para exercer quaisquer dos seus direi-
medidas organizacionais para cumpri- tos, o titular poderá solicitar diretamen-
mento com os requisitos da LGPD, é ne- te à organização controladora ou perante
cessário o desenvolvimento de alguns do- a ANPD. Portanto, as empresas deverão
cumentos que servirão de diretriz para estar devidamente preparadas para res-
os processos e atividades de tratamento ponder às solicitações dos titulares, sob
de dados pessoais. pena de mancharem sua reputação e en-
sejarem queixas diretas à ANPD, poden-
Vamos falar, a seguir, um pouquinho sobre do, ainda, resultar em multa.
elas e o que são.
É primordial que as empresas tratem as
solicitações dos titulares de dados de ma-
neira célere e transparente. A resposta ao
titular dos dados deve ser encarada como
uma maneira de fidelizar o titular e trazer
a melhor customer experience para ele,
além de uma boa prática para minimiza-
ção de riscos de infração e consequente
penalização.

BL Consultoria Digital • 31
Gestão do Consentimento O procedimento de revogação de consen-
timento deve ficar claro ao titular e deve
O consentimento é uma das bases legais ser amplamente divulgado pela empresa
que legitimam o tratamento de dados pes- por meio de avisos de privacidade, solici-
soais e que traz bastante vulnerabilidade tações de consentimento e demais meios
para as empresas controladoras, tendo em disponíveis que possibilitem a informação
vista que o titular poderá revogá-lo a qual- sobre as medidas a serem adotadas pelo
quer momento. Assim, é necessário que as titular.
empresas possuam medidas organizacio-
nais e procedimentos claros para gestão Para facilitar a gestão do consentimento,
desse consentimento. existem muitos softwares e plataformas
que disponibilizam suas ferramentas para
registro, revogação e resposta aos titulares
de dados, o que pode ajudar muito no de-
senho deste procedimento interno.

BL Consultoria Digital • 32
RIPDP Quando devo elaborar um RIPDP?

Quando há o tratamento de dados pessoais Quando realizar qualquer tipo de


que podem gerar riscos às liberdades civis monitoramento sistemático dos titulares
e aos direitos fundamentais, o controlador dos dados pessoais;
deverá, obrigatoriamente, elaborar um Re-
latório de Impacto à Proteção de Dados Quando o tratamento de dados
Pessoais. pessoais seja feito em larga escala;

Esse documento deverá conter, minima- Quando o tratamento de dados


mente: pessoais seja realizado por meio de novas
tecnologias;
a. Descrição dos processos de tratamento
de dados pessoais que podem gerar riscos; Quando realizado o tratamento de
b. medidas, salvaguardas e mecanismos de dados pessoais sensíveis;
mitigação de riscos.
Quando tenha como base legal o
legítimo interesse do controlador ou de
terceiros;

BL Consultoria Digital • 33
No DPIA/RIPDP, os riscos são tratados por meio dos
chamados controles, e são criadas matrizes de risco
para análise. Basicamente ele é feito em 7 etapas, sen-
do que as primeiras consistem geralmente em:

1. Identificação de suas necessidades;

2. Descrição do tratamento de dados (apontar se há


dados sensíveis, qual a natureza deles, quantos titula-
res, qual a fonte, se há compartilhamento);

3. Consulta (busca por procedimentos junto a especia-


listas, operadores externos e opiniões dos titulares);

4. Avaliação da proporcionalidade;

5. Identificação de riscos (fontes, probabilidades e im-


pactos);

6. Medidas que possam ser tomadas quanto a isso;

7. Análise, registro de resultados e assinatura.

BL Consultoria Digital • 34
Data Mapping

O Data Mapping é o mapeamento de dados. Também


pode ser chamado de data flow. É um documento que
serve, diferente do relatório para avaliar impactos, para
fazer um inventário dessas informações.

Pode ser em forma de planilha ou no estilo organograma


e basicamente desenha o caminho que o dado percorre
dentro da empresa. Assim, é possível visualizar mais fa-
cilmente desde a origem até todos os possíveis setores
em que ele passa, rastreando riscos, procedimentos e
vulnerabilidades técnicas.

BL Consultoria Digital • 35
Estrutura do Data Mapping

» Tipo de dados;
» Volume de dados;
» Etapas do fluxo desses dados;
» Sistemas e tecnologias utilizados nesse fluxo (como apps
e banco de dados);
» Origem (fonte) dos dados;
» Locais de armazenamento;
» Informações sobre como será o tratamento em campa-
nhas de marketing;
» Indicação dos parceiros com que haverá compartilha-
mento dos dados ou empresas coligadas;
» Localidades onde os dados são tratados;
» Plataformas, softwares ou data centers envolvidos na
possível transferência internacional dos dados;
» Bases legais;
» Política de privacidade;
» Identificação de dados de menores ou não;
» Política de descarte de dados;
» Indicação de controles de segurança da informação;
» Condições para efetivo exercício dos direitos dos titulares.

BL Consultoria Digital • 36
PRI - Plano de Respostas a A descrição da natureza dos dados
Incidentes pessoais afetados;

Plano de Respostas a Incidentes (PRI) é As informações sobre os titulares


como um guia de gerenciamento de crises envolvidos;
que vai servir para instruir e orientar os
colaboradores no caso de qualquer ocor- A indicação das medidas técnicas e de
rência indesejada com as informações. segurança utilizadas para a proteção dos
Por conta das especificidades de cada dados, observados os segredos comercial
dado e peculiaridades de cada tipo de e industrial;
negócio, esse plano pode variar bastante
de empresa para empresa, mas em todo Os riscos relacionados ao incidente;
caso auxilia na pronta ação para minimizar
os efeitos da falha ou ataque. Os motivos pela demora, no caso de a
comunicação não ter sido imediata; e
Na identificação de um incidentes de da-
dos, a empresa deverá reportar a ocor- As medidas que foram ou que serão
rência à ANPD através de uma notificação adotadas para reverter ou mitigar os efeitos
de incidentes que deverá conter, minima- do prejuízo.
mente, as seguintes informações:

BL Consultoria Digital • 37
PSI - Política de Segurança da Estrutura da PSI
Informação
» Boas práticas e recomendações de
O PSI é o Plano de Segurança da Informa- cuidados no tratamento dos dados;
ção, ele serve para que a empresa tenha bem » Definição de quem poderá acessar os
descritos e claros todos os procedimentos e dados e autorizações;
previsões que fazem parte do cuidado e ge- » Previsões sobre graus de vulnerabilidade
renciamento de segurança da empresa em das informações;
relação aos dados. » Consequências de falhas;
» Formas ou ferramentas de proteção.
Além de conhecer a forma que sua empresa
estrutura seus procedimentos de seguran-
ça da informação, não se esqueça também
de fazer um mapeamento de riscos e me-
didas de contenção para evitar vazamento
de dados, sendo que além de diminuir as
chances de isso acontecer, ter um estudo
prévio ajudará a tomar atitudes rápidas no
gerenciamento de uma possível crise a esse
respeito.

BL Consultoria Digital • 38
3.3 Checklist de adequação de contratos:
como fazer
Agora que você já sabe quais são os principais documen-
tos para adequação à LGPD, confira um checklist sobre o
que precisa adequar em seus contratos para respaldar os
direitos da sua empresa e minimizar os riscos de corres-
ponsabilidade.

Como vimos até então, a LGPD estabelece regras para


o tratamento de dados pessoais, trazendo uma série de
princípios, regras e procedimentos a serem seguidos por
aqueles que realizam a coleta e tratamento de dados pes-
soais. Estas regras e princípios devem ser implementadas
também no momento da criação de contratos futuros,
bem como ser adicionados aos contratos já existentes por
meio de adendos de proteção de dados, por exemplo.

BL Consultoria Digital • 39
Cada empresa, em decorrência das especi- Esta disposição legal faz com que seja essen-
ficidades de seus modelos de negócio, mer- cial, no momento da criação dos contratos, a
cado em que atuam e relação com clientes, observação de cláusulas contratuais e dis-
parceiros e consumidores, têm diferentes posições delimitando as responsabilidades
implicações no compartilhamento de dados de cada pessoa jurídica contratante relativo
por meio de contratos. Como já é consolida- ao tratamento de dados pessoais presente
da a prática de termos de confidencialidade e no fluxo de informações para execução da-
de sigilo, em especial referente aos segredos quele determinado processo.
industriais, também se tornará consolidada,
com a LGPD, a prática de adendos e cláusulas Todos os contratos devem ser analisados,
contratuais de proteção de dados pessoais. novos ou antigos, e deverão ser atualizados
com algumas cláusulas que os adequem aos
A Lei Geral de Proteção de Dados, em seu princípios e regras da LGPD, que devem dis-
artigo 42, afirma que a responsabilidade por de modo transparente quais são os da-
por qualquer dano ou violação referente ao dos coletados e tratados, qual a finalidade
tratamento de dados pessoais é de respon- do tratamento e como este tratamento está
sabilidade solidária entre o controlador e adequado e limitado à finalidade expressa.
operador de dados pessoais. Ou seja, em
qualquer contrato que haja o compartilha-
mento de dados pessoais, ambas as partes
podem responder solidariamente por qual-
quer violação da LGPD.

BL Consultoria Digital • 40
Algumas dessas cláusulas são:

» Separação de responsabilidades entre as partes do con-


trato, com a disposição de métodos de auditoria e até
mesmo possíveis sanções e punições no caso do desres-
peito à legislação;
» Cláusulas que tratem de padrões e exigências mínimas
de segurança da informação;
» Toda possibilidade de transferência internacional de da-
dos deve estar prevista e protegida por cláusulas especí-
ficas. Um modelo que traz grande proteção para a trans-
ferência internacional e é aceito por todo o mundo é o
das Standard Contractual Clauses (SCCs);
» A transferência de dados pessoais em território brasi-
leiro também precisa estar bem definida em cláusulas
específicas;

BL Consultoria Digital • 41
CONCLUSÃO
Depois de ler este manual de implementação, deu Para quem trabalha com a área de tecnologia, como
para você conhecer um pouco sobre a Lei Geral de intermediários e prestadores de serviços, precisa ade-
Proteção de Dados e suas implicações para as em- quar suas soluções para armazenar e processar os
presas e também pessoas físicas em um novo cená- dados pessoais de seus clientes. Assim, implementar
rio, correto? os conceitos das novas regras é essencial para criar
produtos ou ferramentas que atendam às determi-
A nova legislação apresenta importantes delibera- nações e necessidades de seus clientes.
ções a respeito da privacidade e tratamento das in-
formações e impõe novas formas de conduzir as As negociações de contrato de serviços de clientes
relações tanto nos âmbitos trabalhistas, quanto co- que exijam conformidade com a LGPD, assim como a
merciais e de prestação de serviços. entrega de documentos relacionados a ela, como RIP-
DP e DPIA, são desafios para gestores e diretores. Pen-
sando nisso, o BL Consultoria Digital, especializado em
Direito Digital e Proteção de Dados, provê soluções es-
pecíficas para atender às necessidades de adequação
à LGPD para todos os segmentos de negócio.

BL Consultoria Digital • 42
Destaca-se que a correta implementação e adequa-
ção à LGPD ajuda a gerenciar riscos e a vencer essas
dificuldades, garantindo que a empresa esteja sem-
pre competitiva no mercado e atualizada com as no-
vas exigências e práticas necessárias para sua área.

Ter esse apoio pode garantir maior rapidez e eficiên-


cia na execução dos processos em conformidade com
a LGPD, garantindo a segurança jurídica necessária
com foco no seu negócio.

Este e-book foi importante para você? Precisa de as-


sessoria jurídica para a adequação à LGPD da sua
empresa?

Fale com o BL Consultoria Digital!

BL Consultoria Digital • 43

Você também pode gostar