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Universidade Federal do Amapá

Arqueologia
do
Amapá
JÉSSICA ADRIANA, LUANE SILVA, LUCAS FROES E PAULA DIAS.
Pesquisas Arqueológicas
As pesquisas arqueológicas no Amapá ocorrem desde a
segunda metade do século XIX. Inicialmente eram realizadas
por viajantes naturalistas e tinham caráter unicamente
estilístico, com interesse apenas por peças inteiras e
exuberantes. Dessa época destacam-se os trabalhos de Ferreira
Pena, Lima Guedes e Emílio Goeldi, esse último descobriu as
belas peças do poço Cunani, em 1895. No início do século XX
novos trabalhos foram executados, mas limita-se a coleta e
descrição de peças encontradas.

Em 1948, os arqueólogos Betty Meggers e Clifford Evans, da Universidade de Columbia (EUA),


desembarcam em Macapá e, iniciam uma arqueologia sistemática, onde são introduzidos o
método e a técnica como subsídios dos estudos arqueológicos. Os sítios seriam explorados
para estabelecer os padrões culturais dos povos que os habitavam. No Amapá, fundamentado
na metodologia, classificam 3 fases arqueológicos: Mazagão, Aruã e Aristé. Uma quarta fase, a
Maracá, é identificada pelo pesquisar Mário Simões, 1972.
HISTÓRICO DA ARQUEOLOGIA DA
REGIÃO
Durante as expedições do naturalista Emilio Goeldi, em 1895,
na costa atlântica, foram identificados sítios arqueológicos
em poços funerários com cerâmica que posteriormente seria
denominada "Fase Aristé". Mais ao sul, junto ao rio Amapá,
pequenas escavações foram feitas, revelando urnas
funerárias lisas.

A costa norte foi novamente visitada na década de 1920 por


Curt Nimuendaju, que identificou, pela primeira vez, sítios
arqueológicos caracterizado pela presença de monólitos de
granito dispostos em estruturas implantadas no topo de
morros. Além deste tipos de sítios, Nimuendaju também
registrou locais com presenças de urnas funerárias
enterradas ou depositadas em grutas ou superfície.
A região estuarina do Amapá foi pesquisada através dos trabalhos de Aureliano Lima
Guedes (1897) e Farabee (1921), que percorreram a bacia dos rios Vila Nova, Maracá, e a
Ilha do Pará. Também esta área foi visitada por Nimuendaju, que registrou sítios
cerâmicos com terra preta.
Meggers e Evans (1957) trabalharam
intensivamente a região da foz do Amazonas
nadécada de 40. No Amapá eles definiram 3
fases arqueológicas, através do método Ford
de seriação cerâmica. Através deste trabalho,
Meggers e Evans (1957) propõe que a
cronologia cerâmica do Amapá tem início
com o tipo “Piratuba Liso1”. Este tipo seria
representativo da chegada de um grupo
ceramista na região, identificado através da
“Fase Aruã”. O total do material analisado
pertencente à fase Aruã no Amapá é de 629
fragmentos.
A sequência cerâmica é posteriormente retomada com os tipos
“Jari Raspado” e “Flechal Raspado” responsáveis pelo início da
cronologia, respectivamente, das fases Mazagão e Aristé, que
teriam “empurrado” a fase Aruã para as ilhas da foz do Amazonas
numa época anterior à conquista europeia. Com a semelhança
destes dois tipos pertencentes à fases diferentes, foi postulada
uma origem única para ambas, o que foi denominado um “grupo
ancestral Aristé-Mazagão”.
Tal grupo ancestral teria, após a invasão da área, se dividido em
dois territórios distintos, separados por um postulado “no man´s
land” representado pelo rio Araguari. Após esta divisão teria
havido um desenvolvimento independente entre as Fases
Mazagão e Aristé, marcado pelo surgimento de tipos
característicos em cada região, sem evidências de contato na
forma de trocas ou influências entre as fases.
COSTA ESTUARINA
A costa estuarina compreende parte do centro-sul do estado do Amapá, na porção de
terra adjacente ao estuário do rio Amazonas, entre os rios Jari e Araguari. Esta é a área
com maior diversidade cultural no Amapá.

Localização geral da Costa Estuarina do Amapá, mostrando a


distribuição dos sítios arqueológicos.
A área mais conhecida desta região é, certamente, a área do igarapé do Lago, graças aos
estudos feitos pelos arqueólogos do Museu Goeldi. Outras áreas, no entanto, começam a
serem conhecidas, principalmente graças à trabalhos de Arqueologia Preventiva. Junto ao
rio Jari, um sítio foi amplamente escavado pela equipe do IEPA. O total da área aberta no
denominado sítio Laranjal do Jari 1 foi de 4200 m2, o que permitiu uma visualização desta
antiga aldeia. A distribuição das estruturas arqueológicas (buracos de poste, fossas com
urnas, fogueiras) possibilitou a delimitação de casas e de áreas de cemitério. As peças
encontradas no sítio podem ser afiliadas à chamada fase Koriabo, conforme definida por
Evans e Meggers
Na área entre a cidade de Macapá até o rio Araguari, os
levantamentos realizados através de um trabalho de
Arqueologia Preventiva junto à uma estrada estadual
indicaram uma alta densidade de sítios, em uma área
de limite entre a terra firme e a ampla várzea junto à foz
do Amazonas. Estes sítios são de dimensões
consideráveis, alguns medindo mais de 500 metros de
diâmetro, sendo caracterizados pela presença de um
sedimento escuro misturado com fragmentos
cerâmicos e pelo sepultamento de urnas.
As urnas funerárias podem aparecer em grupos ou isoladas, em diferentes
profundidades em relação à superfície atual do terreno, algumas logo abaixo de 20 cm,
enquanto outras podem estar enterradas a mais de 150 cm. Um dos sítios escavados na
área ainda mostrou uma grande diversidade de estilos cerâmicos presentes no mesmo
local, com cerâmicas com decorações características das fases Marajoara, Aruã e
Mazagão sepultadas lado a lado no mesmo sítio.

Urnas funerárias encontradas na costa Fragmentos cerâmicos encontrados no fundo


estuarina do Amapá. Foto: Acervo Gerência de de rios. Fotos: Gilson Rambelli.
Pesquisa Arqueológica -IEPA
Interior do Estado
A região do interior do Amapá era praticamente desconhecida devido às condições de
acesso a esta área. Com atuação de mineradoras na área, e a necessidade de resgate
arqueológico para estes empreendimentos, houve a oportunidade de conhecer melhor esta
região, através de dois projetos de arqueologia preventiva.
Posteriormente a equipe do IEPA realizou o
levantamento intensivo na área de implantação de
uma mina de Ferro, identificando uma grande
densidade de sítios arqueológicos (37 sítios em uma
área de 4x4 km), entre sítios cerâmicos a céu aberto e
cavernas contendo deposições de cerâmica.
Escavações em gruta mostraram deposições
possivelmente funerárias e/ou rituais em uma camada
pouco espessa (não mais que 30 cm de
profundidade),contendo pequenas urnas enterradas.
A cerâmica encontrada, pelas suas características, esta
ligada à Fase Koriabo, definida por Evans e Meggers
(1960).
Localização geral da área do projeto, mostrando
a distribuição dos sítios arqueológicos.
Costa Atlântica
A costa atlântica do Amapá localiza-se no norte do estado, na faixa de terra adjacente
ao Oceano Atlântico, entre os rios Araguari e Oiapoque. Nesta área dois principais
projetos estão sendo desenvolvidos. Um deles tem por base asbacias dos rios Flechal,
Amapá, Calçoene e Cunani, enquanto outro é no interior da Terra Indígena Uaça, ao
longo do rio Urucauá.

Localização geral da Costa Atlântica do Amapá,


mostrando a distribuição dos sítios arqueológicos já
conhecidos.
Em 2006 teve início o Projeto de Investigação Arqueológica na Bacia do Rio Calçoene e
seu Entorno, desenvolvido pelo IEPA. Abarcando uma ampla área na região nordeste do
Amapá, este projeto visa ampliar a compreensão sobre as ocupações humanas antigas
na área, em especial aquelas relacionadas com a construção de estruturas megalíticas.
Escavações arqueológicas foram também realizadas em estruturas megalíticas
revelando grande diversidade de estruturas arqueológicas, tais como poços funerários,
diversos tipos de deposição de cerâmica, além de pequenas fossas para deposição de
urnas.
Em 2000 teve início um projeto de Arqueologia Pública na Terra Indígena Uaçá, no
município de Oiapoque, extremo norte do estado, coordenado pela antropóloga Lesley
Fordred Green, o videografista David Green e o arqueólogo Eduardo Góes Neves. O projeto
buscou envolver a comunidade indígena na pesquisa, investigando aqueles sítios que
estavam relacionados a eventos importantes da história dos Palikur, buscando o
levantamento de histórias orais e discutindo com eles as prioridades da pesquisa e os
resultados do projeto. O projeto foi interrompido por uma série de razões, mas retomado em
2005, juntamentecom a equipe de Arqueologia do IEPA.

Estes sítios são de tipologia bastante variada. A


maior parte é referente a sítios cerâmicos a céu
aberto, muitos deles localizados sobre ilhas de mata
no campo alagado. Três destes sítios possuem
estruturas escavadas, formando fossas e caminhos.
Outros sítios são de natureza funerária\cerimonial,
como cavernas e abrigos rochosos, formadas na
crosta laterítica ou em afloramentos de granito, em
cujo interior são encontradas cerâmicas distribuídas
na superfície das áreas abrigadas.
REFERÊNCIAS
CABRAL, Mariana & SALDANHA, João. Arqueologia do Amapá:
reavaliação e novas perspectivas. Anais do Encontro de Arqueologia
Amazônica. Bol. Mus. Paraense Emílio Goeldi. 2009. Disponível em:
https://www.academia.edu/3008157/Arqueologia_do_Amapa_Reavaliacao_e
_Novas_Perspectivas

CARMO, Queiton. Da "Pré-História" à "História": Sobre as buscas arqueológicas


no Amapá no final do século XIX | p. 08-22. Caderno 4 Campos – PPGA/UFPA [
Número I | 2021 ] Publicado em julho de 2021. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1yS_eNb-Eg3AFfizhi-zA8730xm0audt3/view

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