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EBOOK COMPLETO ATUALIZADO Interpretacao Ok PDF
EBOOK COMPLETO ATUALIZADO Interpretacao Ok PDF
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TEXTOS
MÓDULO IV
INTERPRETAÇÃO DE
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Capítulo 23
(5ª edição)
TIPOLOGIA TEXTUAL
Narração
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A narração
É a modalidade de texto que se relaciona com objetos do mundo real. Na narração, o objetivo
do autor é contar um fato, relatar acontecimentos, reais ou imaginários.
Quanto aos tempos verbais, pode-se afirmar que nesse gênero de texto há predominância de
verbos no pretérito perfeito, já que o que se pretende é relatar acontecimentos que ocorreram
em um momento passado.
Ex.: “Tudo quieto, o primeiro cururu surgiu na margem, molhado, reluzente na semi-escuridão.
Engoliu um mosquito; baixou a cabeçorra; tragou um cascudinho; mergulhou de novo, e bum-
bum! Soou uma nota soturna do concerto interrompido.” (Lima, Jorge de. Calunga; O anjo.)
Entretanto, é comum também a presença da troca dos tempos verbais na narração – do pretérito
perfeito para o presente do indicativo –, quando o que se pretende é aproximar os
acontecimentos que ocorreram no passado do momento em que se os narra. É a utilização do
Presente do Indicativo no lugar do Pretérito Perfeito.
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Ex.: “A moça chega com sapatinho baixo, saia curta, cabelos lisos castanhos arrumados em
rabo-de-cavalo, sorri dentes branquinhos muito pequenos, como de primeira dentição, e fala o
senhor me deixa telefonar? de maneira inescapável.” (Ângelo, Ivan. Bar. – Adaptado)
Descrição
A descrição
É a modalidade de texto que trata das características de uma pessoa, de um objeto, de uma
paisagem ou de uma simples situação, em determinado período de tempo. É o tipo de texto que
lida com detalhamentos, pormenores do elemento que retrata.
Ex.: “O amor estava de chambre verde, recostado na cama cheia de almofadas. As mãos
branquíssimas descansando entrelaçadas na altura do peito. Ao lado, um livro aberto e cujo título
deixei para ler depois e não fiquei sabendo.” (Telles, Lygia Fagundes. A estrutura da bolha de
sabão.)
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Ex.: “Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas,
propostas, contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa
da cabeceira. (...) Os sons da casa: minha filha no quarto dela treinando empostação de voz, a
música quadrafônica do quarto do meu filho. (...) A copeira servia à francesa, meus filhos tinham
crescido, eu e a minha mulher estávamos gordos.” (Fonseca, Rubem. Passeio noturno.)
A narração e a descrição
A narração e a descrição
Vale lembrar que é muito comum que a narração contenha aspectos descritivos. No texto
narrativo, observa-se a presença constante não apenas da caracterização das cenas em que se
desenrola a trama, mas também a qualificação dos personagens que dela participam.
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Ex.: “Ouvi primeiro o ruído de cascos pisando a grama, mas continuei deitado de bruços na
esteira que havia estendido ao lado da barraca. Senti nitidamente o cheiro acre muito próximo.
Virei-me devagar, abri os olhos. O cavalo erguia-se interminável à minha frente. Em cima dele
havia uma espingarda apontada para mim e atrás da espingarda um velhinho de chapéu de
palha”.
QUESTÕES
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C descritivo, tendo em vista que descreve as ações do protagonista para chamar a polícia.
D argumentativo, pois o protagonista tenta convencer a polícia de que a situação na casa era
grave.
E injuntivo, uma vez que, ao proceder a queixa, o protagonista dá instruções para que a polícia
prenda o ladrão.
A MARCHA DA FOME
As migrações maciças só se reduzirão quando a cultura democrática se estender pela África e
demais países do Terceiro Mundo
Mário Vargas Llosa
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recebidos com muito prazer e festa. A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de
bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais
caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso
são de grande inocência. (...) O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira,
aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço.
E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que
aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles
entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém.
A Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000283.pdf Acesso em 10/03/2019.
(Fragmento com adaptações)
Para mostrar ao Rei de Portugal o que encontrara na terra descoberta, Caminha utiliza-se de
diferentes modos discursivos. No trecho “A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados,
de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma.”, verifica-se o uso
de
A narração.
B argumentação.
C descrição.
D injunção
E dissertação.
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ITAME – PREFEITURA DE AVELINÓPOLIS – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – 2019
Relato
Em Santos, onde morávamos, minha mãe me lia histórias, meu pai gostava de declamar
poesias. Foi em algum momento do ginásio – por volta do que hoje seria a sexta ou sétima série
– que li de começo a fim um romance: Inocência, de Taunay, é minha mais remota lembrança
de leitura de um romance brasileiro. Livro aberto nos joelhos, afundada de atravessado numa
poltrona velha e gorda, num quartinho com máquina de costura, estante de quinquilharias e uma
gata branca chamada Minie.
Até então, leitura era coisa doméstica. Tinha a ver apenas comigo mesma, com os livros que
havia na estante de quinquilharias de meu pai e com os volumes que avós, tias e madrinhas me
davam de presente. No cardápio destas leituras, Monteiro Lobato, as aventuras de Tarzan, os
volumes da Biblioteca das Moças. O sítio do Pica Pau Amarelo, as florestas africanas, castelos
e cidades europeias constituíam a geografia romanesca que preenchia meus momentos livres.
Mas um dia a escola entrou na história. Dona Célia, nossa professora de português, mandou
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a gente ler um livro chamado Inocência. Disse que era um romance. Na classe, tinha uma menina
chamada Maria Inocência. Loira desbotada, rica e chata. Muito chata. Alguma coisa em minha
cabeça dizia que um livro com nome de colega chata não podia ser coisa boa.
Foi por isso que com a maior má vontade do mundo comecei a leitura do romance de
Visconde de Taunay, de quem eu nunca tinha ouvido falar: visconde, para mim, era o de
Sabugosa. Fui lendo a frio, sem entusiasmo nenhum.
O presságio da chatice confirmava-se, até que apareceu o episódio das borboletas. Aí me
interessei pelo livro: um alemão corria caçando borboletas e depois dava a uma delas o nome
da heroína do livro... Gostei. Não muito, mas gostei. E passei a olhar o nome das borboletas com
olhos diferentes: alguma delas seria a papiloinnocentia da história? [...]
(Marisa Lajolo. Como e por que ler o romance brasileiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. p. 15-
7.)
Nesse relato para caracterizar pessoas, lugares, objetos entre outros, é utilizado a
predominância de qual tipo de texto?
A Injuntivo.
B Narrativo.
C Descritivo.
D Dissertativo.
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Dissertação
A dissertação
Aquilo que chamamos didaticamente de dissertação consiste na exposição de ideias,
razões. Se, por um lado, na descrição e narração predominam termos concretos, que se referem
a pessoas do mundo, ao menos presumidamente, real, na dissertação, predominam os conceitos
abstratos, muitas vezes fora das esferas do tempo e do espaço. Não há, portanto, em princípio,
uma progressão temporal entre os enunciados, mas relações de natureza lógica (causa e efeito,
uma premissa e uma conclusão...).
SIM. Antes e
Relatar Verbos de ação.
NARRATIVO depois. Marca
acontecimentos. Conectores temporais.
fundamental.
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Ex.: Desde o final do século XV, com a invenção de novos equipamentos de navegação
e as grandes descobertas, a Globalização se espalhou por todo o planeta, ao mesmo tempo em
que aumentava a influência européia no mundo. No século XIX, o telégrafo submarino reduziu o
tempo com que as informações, as ordens e as diversas decisões importantes chegavam a
diversos lugares do mundo – em pontos específicos, em quantidades limitadas e com alguma
defasagem de tempo. (Buarque, Cristovam. Admirável mundo atual – Adaptado)
QUESTÕES
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Texto Informativo
Há textos expositivos que apresentam informações sobre um objeto ou fato específico, sua
descrição, a enumeração de suas características, com o objetivo de aumentar o conhecimento
do leitor sobre determinado assunto. É o texto informativo. Com linguagem objetiva e impessoal,
este tipo de texto pressupõe acréscimo de informação para quem o lê. O texto dissertativo
informativo é o tipo de texto que procura tratar de assunto de interesse do leitor e busca a
novidade – algo que, ao menos presumidamente, seja desconhecido do público ao qual é
veiculado.
Ex.: “Recente documento, elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
revela que o Brasil é um país mergulhado na sujeira: metade dos municípios não têm serviço de
esgoto sanitário, 70% do lixo das cidades são jogados em lixões e alagados (rios, lagos, mar,
etc.) e apenas poucos municípios fazem coleta seletiva de lixo.”
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QUESTÕES
Por que a justiça é representada de olhos vendados, com balança e espada nas mãos?
Em sua versão romana, batizada Justitia, a mesma deusa passa a trazer também a espada e a
venda nos olhos.
A venda é um símbolo de imparcialidade: significa que ela não faz distinção entre aqueles que
estão sendo julgados. A balança indica equilíbrio e ponderação na hora de pesar, lado a lado,
os argumentos [contra os acusados e a favor deles]. A espada é um sinal de força. “A arma
implica que a Justiça não pede aos que estão brigando que aceitem sua decisão. Ela tem de ser
imposta, mesmo porque inevitavelmente descontentará um dos dois lados em conflito”, diz o
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advogado Carlos Ari Sundfeld, professor de Direito Público da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP). A Justiça é associada a figuras femininas desde a antiguidade. A deusa
egípcia Maat (cujo nome deu origem à palavra “magistrado”) muitas vezes era retratada com
uma espada na mão. Na Grécia, o papel cabia a Têmis, que já trazia uma balança na mão direita.
Em sua versão romana, batizada Justitia, a mesma deusa passa a trazer também a espada e a
venda nos olhos.
Para completar, a balança e a espada também são instrumentos de São Miguel, o arcanjo
justiceiro, que, apesar de já fazer parte da tradição judaica, passou a ser retratado assim nos
primeiros séculos do cristianismo.
(Adaptado de https://super.abril.com.br/)
O texto abaixo, se for considerado seu conteúdo e sua forma de construção, além de sua
linguagem, é classificado como:
A argumentativo.
B instrucional.
C narrativo.
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D informativo.
E poético.
O TEXTO DISSERTATIVO OPINATIVO
Modalizadores Textuais
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“O dever do Estado é proteger a propriedade de todos da sanha de cada um e a
propriedade de cada um da sanha de todos. A pichação dos bens públicos ou particulares viola
ambos os princípios e, portanto, é dever da autoridade competente tomar medidas coercitivas.
Eu, como milhões de cidadãos, gosto de ver a minha cidade limpa. Faço minha parte, de um
lado mantendo meu muro pintado e de outro pagando impostos para que a Prefeitura faça o
mesmo com os nossos monumentos. Se os pichadores têm seus “direitos” de expressarem-se
livremente, eu também tenho os meus de querer minha cidade em ordem e bonita. Com uma
diferença: eu pago impostos para exercer a minha cidadania e eles, tão-somente, adquirem uma
lata de aerossol.”
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Na manhã seguinte o seu primeiro desejo foi voltar à casa; mas não teve coragem; via o rosto
colérico da mãe, faces contraídas, narinas dilatadas pelo ódio, o olho direito saliente, a penetrar-
lhe até o fundo do coração.
2. Uma das maiores manifestações linguísticas na fronteira entre os séculos XX e XXI é a ideia
de globalização como um processo de internacionalização. O fato é que existe um vasto mercado
para exportação na América do Sul que não pode ser desconsiderado. Politicamente, esse é o
mercado do Brasil, e o Brasil é o mercado para sua viabilização.
4. “Para um modesto país de Terceiro Mundo, temos algumas realizações na tecnologia. Nossos
aviões voltam a vender bem. Há ônibus da empresa brasileira Marcopolo rodando em
Washington. O último número da revista Shooting Times mostra uma nova pistola Taurus que
vai dar trabalho aos concorrentes. Exportamos insulina. Continuamos a exportar máquinas-
ferramentas e agora exportamos parte da programação de robôs da Brown Boveri.
Provavelmente construiremos com êxito algum pedacinho da nova estação espacial (quem sabe,
a churrasqueira). Tudo isso vai na direção certa, mas precisamos de mais. E, acima de tudo, não
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podemos esmorecer nesse esforço de inventar modas, tão próximas quanto possível da fronteira
tecnológica. Mas quando focalizamos a tecnologia do cotidiano descobrimos que a situação é
calamitosa. O botão salta da camisa. A calça encolhe ou desbota. A saia justa rasga, o tijolo
esfarinha na mão, a torneira vaza e a laje infiltra. A água limpa mareja no meio da parede, a
água usada não vai a lugar nenhum. A fechadura trava. O fio dá choque. A cadeira desaba, o
verniz se desgasta. O pastel dá dor de barriga. E o maldito envelope não fecha com a cola que
vem de fábrica. [...] É preciso que se ponha inteligência e atenção na tecnologia do cotidiano. É
essa tecnologia que permite aumentar a qualidade de vida do povão. Temos um programa
espacial. Quando tentamos, a coisa anda. [...]”
5. “Como uma ilha azul que se avista a distância, pouco a pouco ela ia ganhando contorno e
detalhes, e, já próxima, revelava formas originais e intrigantes – a silhueta elegante, forte, que
eu já vira outras vezes. Um certo ar de quem percorreu grandes distâncias em paz, e marcas de
beleza que só as viagens e o tempo trazem. Não era íntima conhecida mas uma paixão que me
perseguia havia um bom tempo. A escuna azul, um veleiro viajante de dois mastros que de
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tempos em tempos aparecia no Brasil, e que eu nunca deixava escapar sem uma pequena
abordagem. Rapa Nui, nome polinésio da Ilha da Páscoa, lindo nome para um barco azul e cheio
de histórias.”
6. “A exigência da perfeição física para as modelos profissionais é apenas o sintoma mais visível
de uma ansiedade que também massacra a mulher e o homem comuns. Para onde quer que se
olhe – televisão, publicidade, revistas femininas –, a pessoa vê rostos perfeitos e corpos
deslumbrantes, magros e nos lugares certos. Nem na rua a dona-de-casa pode andar em paz.
Do alto dos outdoors, moças e rapazes impecáveis estão olhando para ela. Pouco a pouco cria-
se um sentimento de insatisfação com o próprio corpo. [...] Não espanta que 90% das mulheres
e 60% dos homens se confessem tão aborrecidos com o rosto ou o corpo que não hesitariam
em recorrer a uma cirurgia embelezadora.”
7. A chuva caía meticulosamente, sem pressa de cessar. A palha do rancho porejava água, fedia
a podre, derrubando dentro da casa uma infinidade de bichos que a sua podridão gerava.
8. “Há muito tempo, os deuses navajos organizaram uma grande cerimônia de cura. ‘Que
caminhemos na beleza’, cantavam todos, pedindo que estivessem em harmonia com a terra
onde viviam. Mas alguma coisa andava errada: duas canções soavam ao mesmo tempo, duas
canções em idiomas diferentes. Ao perceber o que acontecia, a Mãe-Terra resolveu congelar a
cerimônia. Transformou todos os deuses em rochas e os aprisionou para sempre no espaço e
no tempo. E tudo caiu no silêncio.”
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9. “Quando a democracia surgiu na Grécia, por volta de 500 a.C., os atenienses fizeram questão
de traçar uma linha nítida entre as esferas pública e privada. O poder do Estado terminava onde
começava a privacidade do lar. No âmbito doméstico, reinava a vontade do patriarca, que tinha
o poder de determinar os direitos e deveres de seus filhos, mulher e escravos. Para os gregos,
não havia atividade mais apaixonante e gloriosa do que participar da condução da pólis. A
política era a maneira civilizada de decidir os destinos da nação por meio do diálogo e da
persuasão. O cidadão revelava sua grandeza de espírito e sua importância para a comunidade
no debate de ideias, na defesa de proposições e nas vitórias no âmbito público. Um homem que
levasse uma vida exclusivamente privada não passava de um insignificante animal doméstico,
incapaz de participar da elaboração das decisões políticas que afetavam os destinos da nação.
Se Aristóteles ressuscitasse no final do século XX, ficaria horrorizado com a interferência do
Estado na privacidade do cidadão. A sociedade moderna sequestrou a intimidade do indivíduo.
É inimaginável uma atividade pública ou privada que não seja regulamentada por lei, por estatuto
ou por norma. (...)”
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10. O combate à fome e à pobreza foi adotado pelo governo federal, a partir de 2003, como
política de governo. Dentro dessa política, por exemplo, foi criado o Programa Bolsa-Família que
beneficia mais da metade das famílias pobres do país. O programa é de responsabilidade do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que tem hoje o maior orçamento já
investido no Brasil para combater a fome e promover o desenvolvimento Social – R$ 17 bilhões.
Além dos textos dissertativos expositivos e opinativos, observam-se nas provas outras
modalidades de textos. Entre elas, podemos citar as seguintes:
Texto didático
É aquele que transmite conhecimentos com o objetivo de ensinar. Apresenta riqueza de
detalhes e utiliza linguagem clara e objetiva. São os livros escolares, os textos de congressos.
Ex.: “Noventa e sete por cento das espécies vivas, 80.000 proteínas produzidas pelo corpo e
bilhões de galáxias ainda não foram identificados. Quase nada sabemos da natureza do
Universo, da origem da Vida, do funcionamento dos climas, do desenvolvimento do embrião e
do cérebro.
Provavelmente não se descobrirá ainda no século XXI de onde surgiu o Universo, nem
como começou a vida na Terra, nem como o cérebro engendra o pensamento e a consciência,
nem se outras formas de vida existem em outros lugares. Em compensação, outras questões
que hoje não são formuladas serão resolvidas, pois se descobrirá que certas respostas
consideradas definitivas estavam totalmente equivocadas.”
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Texto polêmico
Neste texto, o objetivo do autor é demonstrar ao leitor mais de um ponto de vista sobre
um assunto, mesmo que em alguns textos se observe claramente a opinião do autor. O texto
polêmico permite ao leitor o contato com mais de um posicionamento sobre o tema explorado, o
que normalmente não ocorre no texto argumentativo.
Ex.: “O budismo faz tanto sucesso no Ocidente porque possui características que
correspondem às tendências da pós-modernidade neoliberal. Num mundo em que muitas
religiões se sustentam em estruturas autoritárias e apresentam desvios fundamentalistas, o
budismo apresenta-se como uma não religião, uma filosofia de vida que não possui hierarquias,
estruturas nem códigos canônicos. No budismo não há a ideia de Deus, nem de pecado.
Centrado no indivíduo e baseado na prática da yoga e da meditação, o budismo não exige
compromissos sociais de seus adeptos, nem submissão a uma comunidade ou crença em
verdades reveladas. Há, contudo, muitos budistas engajados em lutas sociais e políticas. Nessa
cultura do elixir da eterna juventude, em que o envelhecimento e morte são encarados, não como
destinos, mas como fatalidades, o budismo oferece a crença na reencarnação.” (Betto, Frei. Por
que o Budismo encanta o Ocidente?)
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Ainda que o autor emita seu juízo de valor ao longo do texto, seu objetivo é contrapor o
budismo às outras religiões, utilizando-se de uma comparação baseada no contraste entre as
características de ambos os elementos.
Texto injuntivo
É o texto que exprime instruções ao leitor com a finalidade de que ele execute ou não
determinada tarefa. Apresenta normalmente verbos no imperativo e pressupõe uma ação por
parte do interlocutor.
Ex.: “Quer manter a postura sempre perfeita? De manhã, antes de se vestir, amarre um fio de
linha em volta da cintura, sem deixar folga. Ele não deve apertar, mas precisa estar justo. Ao
longo do dia, ao sentir a presença do fio, coloque a barriga para dentro e endireite as costas.”
5.Polêmico: Neste texto aparecem, ao menos, dois pontos de vista sobre um assunto. Ex.:
artigos que tratam de temas polêmicos – aborto, o sistema de reserva de quotas para negros
nas universidades etc.
6.Injuntivo: Tem por objetivo instruir em vista de uma ação. Ex.: manuais.
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QUESTÕES
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QUESTÕES DE CONCURSO
Considerando-se o tipo de texto explorado pelo autor, verifica-se que ele é predominantemente
narrativo, pela insistente presença de segmentos como
A A certa altura um garoto de uns dez anos começou a contar uma história, embora ao final do
texto a expressão a conclusão óbvia anuncie um segmento argumentativo.
B aquele doce sorriso mecânico, conquanto haja alguma presença de discurso dissertativo,
como em Vi deliciado o garoto recolher as mãos.
C os ingleses educam os filhos para que eles venham a ser ingleses, ao lado de algumas
expressões descritivas como a educação britânica estava salva.
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D coarctado pela família em seus gestos meridionais, contrastando com o segmento descritivo
Imaginemos um garoto italiano.
E Os ingleses, diz o poeta Pessoa, nasceram para existir, em apoio ao que há de descritivo na
expressão os ingleses aceitam a vida.
(MARIA, Julio. A moda da liberdade. O Estado de São Paulo, Caderno 2, C6, 29 de junho de
2018)
É correto afirmar:
A Trata-se de texto informativo e argumentativo que visa, por meio de exemplos e pontos de
vista, estabelecer ideias.
B O caráter injuntivo do texto é corroborado pela menção a autoridades musicais.
C O texto mescla objetividade e subjetividade, notadamente no que se refere aos usos
contemporâneos da viola caipira.
D Por se tratar de um texto apologético, o uso de argumentos de autoridade torna-se um
procedimento comum.
E O texto explora enunciados em que predomina a denotação, evidenciando seu caráter literário.
“Em linhas gerais a arquitetura brasileira sempre conservou a boa tradição da arquitetura
portuguesa. De Portugal, desde o descobrimento do Brasil, vieram para aqui os fundamentos
típicos da arquitetura colonial. Não se verificou, todavia, uma transplantação integral de gosto e
de estilo, porque as novas condições de vida em clima e terras diferentes impuseram adaptações
e mesmo improvisações que acabariam por dar à do Brasil uma feição um tanto diferente da
arquitetura genuinamente portuguesa ou de feição portuguesa. E como arquitetura portuguesa,
nesse caso, cumpre reconhecer a de característica ou de estilo barroco”.
(Luís Jardim, Arquitetura brasileira. Cultura, SP: 1952)
Pela estrutura geral do texto 2, ele deve ser incluído entre os textos:
a) descritivos;
b) narrativos;
c) dissertativo-expositivos;
d) dissertativo-argumentativos;
e) injuntivos.
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Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
O texto é predominantemente descritivo, na medida em que apresenta detalhadamente as
características dos portos na Antiguidade.
Certo
Errado
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7. CESPE – IFF – CONHECIMENTOS GERAIS – 2018
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a) divertir o leitor.
b) informar o leitor.
c) dialogar com o leitor.
d) convencer o leitor de algo.
e) narrar um fato ao leitor.
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8. CESPE – PGE - PE – ANALISTA JUDICIÁRIO DE PROCURADORIA – 2019
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A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto CB2A1-I, julgue o item que se segue.
O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, devido, entre outros aspectos, à
presença de evidências e fatos históricos utilizados para validar a argumentação do autor.
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Certo
Errado
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10.CESPE – PGE - PE – ASSISTENTE DE PROCURADORIA – 2019
a seguir.
O texto apresenta estratégia argumentativa que visa aproximar o leitor das ideias desenvolvidas
pelo autor.
Certo
Errado
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Acerca do texto CB1A1BBB e de seus aspectos linguísticos, julgue o item que se segue.
O texto é essencialmente dissertativo-argumentativo e nele o autor expressa sua opinião a
respeito do assunto tratado.
Certo
Errado
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14. CRESCER CONSULTORIAS – PREFEITURA DE VARZEA GRANDE - AUXILIAR
ADMINISTRATIVO - 2019
A vírgula não foi feita para humilhar ninguém
Era Borjalino Ferraz e perdeu o primeiro emprego na Prefeitura de Macajuba por coisas
de pontuação. Certa vez, o diretor do Serviço de Obras chamou o amanuense para uma
conversa de fim de expediente. E aconselhativo:
— Seu Borjalino, tenha cuidado com as vírgulas. Desse jeito, o amigo acaba com o
estoque e a comarca não tem dinheiro para comprar vírgulas novas.
Fez outros ofícios, semeou vírgulas empenadas por todos os lados e foi despedido.
Como era sujeito de brio, tomou aulas de gramática, de modo a colocar as vírgulas em seus
devidos lugares. Estudou e progrediu. Mais do que isso, saiu das páginas da gramática
escrevendo bonito, com rendilhados no estilo. Cravava vírgulas e crases como ourives crava as
pedras. O que fazia o coletor federal Zozó Laranjeira apurar os óculos e dizer com orgulho:
— Não tem como o Borjalino para uma vírgula e mesmo para uma crase. Nem o
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presidente da República!
E assim, um porco-espinho de vírgulas e crases, Borjalino foi trabalhar, como escriturário,
na Divisão de Rendas de São Miguel do Cupim. Ficou logo encarregado dos ofícios, não só por
ter prática de escrever como pela fama de virgulista. Mas, com dois meses de caneta, era
despedido. O encarregado das Rendas, funcionário sem vírgulas e sem crases, foi franco:
— Seu Borjalino, sua competência é demais para repartição tão miúda. O amigo é um
homem de instrução. É um dicionário. Quando o contribuinte recebe um ofício de sua lavra
cuida que é ordem de prisão. O coronel Balduíno dos Santos quase teve um sopro no coração
ao ler uma peça saída de sua caneta. Pensou que fosse ofensa, pelo que passou um
telegrama desaforado ao Senhor Governador do Estado. Veja bem! O Senhor Governador.
E por colocar bem as vírgulas e citar Nabucodonosor em ofício de pequena corretagem,
o esplêndido Borjalino foi colocado à disposição do olho da rua. Com uma citação no Diário
Oficial e duas gramáticas debaixo do braço.
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CARVALHO, José Cândido de. In: Os mágicos municipais. Rio de Janeiro. José Olympio,
1984.
A tipologia textual predominante no texto é:
A Narrativa.
B Descritiva.
C Dissertativa.
D Injuntiva.
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15. IADES – CRN 3ª REGIÃO - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - 2019
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17. IF - ES – IF - ES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – 2019
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18. INSTITUTO AOCP – PC-ES - AUXILIAR PERÍCIA MÉDICO-LEGAL - 2019
Policiamento comunitário
A polícia pode adotar diferentes formas de policiamento. Uma delas é o policiamento
comunitário, um tipo de policiamento que se expandiu durante as décadas de 1970 e 1980
quando as polícias de vários países introduziram uma série de inovações em suas estruturas e
estratégias para lidar com o problema da criminalidade.
Apesar de essas experiências terem diferentes características, todas tiveram um aspecto
comum: a introdução ou o fortalecimento da participação da comunidade nas questões de
segurança.
Isso significa que as pessoas de uma determinada área passaram não só a participar das
discussões sobre segurança e ajudar a estabelecer prioridades e estratégias de ação como
também a compartilhar com a polícia a responsabilidade pela segurança da sua região. Essas
mudanças tiveram como objetivo melhorar as respostas dadas aos problemas de segurança
pública, tornando tanto a polícia mais eficaz e reconhecida como também a população mais ativa
e participativa nesse processo.
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19. IADES - AL - GO – CONTADOR - 2019
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20. INSTITUTO AOCP – PC-ES - INVESTIGADOR - 2019
Dicas de Segurança: Em casa
• Em sua residência, ao atender um chamado, certifique-se de quem se trata, antes mesmo de
atendê-lo. Em caso de suspeita, chame a Polícia.
• À noite, ao chegar em casa, observe se há pessoas suspeitas próximas à residência. Caso
haja suspeita, não estacione; ligue para a polícia e aguarde a sua chegada.
• Não mantenha muito dinheiro em casa e nem armas e joias de muito valor.
• Quando for tirar cópias de suas chaves, escolha chaveiros que trabalhem longe de sua casa.
Dê preferência a profissionais estabelecidos e que tenham seus telefones no catálogo telefônico.
• Evite deixar seus filhos em casa de colegas e amigos sem a presença de um adulto
responsável.
• Cuidado com pessoas estranhas que podem usar crianças e empregadas para obter
informações sobre sua rotina diária.
• Cheque sempre as referências de empregados domésticos (saiba o endereço de sua
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residência).
• Utilize trancas e fechaduras de qualidade para evitar acesso inoportuno. O uso de fechaduras
auxiliares dificulta o trabalho dos ladrões.
• Não deixe luzes acesas durante o dia. Isso significa que não há ninguém em casa.
• Quando possível, deixe alguma pessoa de sua confiança vigiando sua casa. Utilize, se
necessário, seu vizinho, solicitando-lhe que recolha suas correspondências e receba seus
jornais quando inevitável.
• Ao viajar, suspenda a entrega de jornais e revistas.
• Não coloque cadeados do lado de fora do portão. Isso costuma ser um sinal de que o morador
está viajando.
• Cheque a identidade de entregadores, técnicos de telefone ou de aparelhos elétricos.
• Insista com seus filhos: eles devem informar sempre onde estarão, se vão se atrasar ou se
forem para a casa de algum amigo. É muito importante dispor de todos os telefones onde é
possível localizá-los.
• Verifique se as portas e janelas estão devidamente trancadas e jamais avise a estranhos que
você não vai estar em casa.
Adaptado de https:<//sesp.es.gov.br/em-casa>. Acesso em: 30/jan./2019.
O texto de apoio, por caracterizar-se como uma lista de instruções ao público alvo, apresenta,
predominantemente, o discurso
A argumentativo.
35
B narrativo.
C relatado.
D injuntivo.
E preditivo.
Adolescentes passaram a se matar vestidos como nas ilustrações do livro, tendo-o em mãos e
usando o mesmo método letal – um tiro de pistola. Ensinado nos cursos de Jornalismo, o Efeito
Werther acabou por reforçar o tabu social de evitar o assunto, e nada se publicava sobre suicídio.
Os tempos mudaram. Nos dias atuais, a internet tornou-se a nova ameaça a angariar
jovens para a morte. O suicídio é assunto nas redes sociais virtuais e seriados, caso do 13
ReasonsWhy, que gira em torno do suicídio de uma adolescente. Mas, com certeza, a natureza
do suicídio juvenil da atualidade muito se distancia dos suicídios românticos [no quesito literatura]
de três séculos atrás. O que estaria acontecendo? Como compreender melhor esse fenômeno?
Como evitar que jovens vulneráveis o cometam?
Precisamos conversar sobre isso, pois a mortalidade por suicídio vem crescendo no
Brasil. Diariamente, 32 pessoas tiram a própria vida, segundo estatísticas do Ministério da
Saúde. De 2005 a 2016, de acordo com os últimos dados oficiais disponíveis, o suicídio de
adolescentes entre 10 e 14 anos aumentou 31%; e entre aqueles que estão na faixa dos 15 aos
19 anos o aumento é de 26%. Na população indígena, há uma tragédia silenciosa: metade do
elevado número de suicídios é cometido por adolescentes.
No espectro do comportamento autoagressivo, o suicídio é a ponta de um iceberg. Estima-
se que o número de tentativas de suicídio supere o de suicídios em pelo menos dez vezes. O
grau variável da intenção letal é apenas um dos componentes da tentativa de tirar a própria vida.
O ato também representa uma comunicação, que pode funcionar como denúncia, grito de
socorro, vingança ou a fantasia de renascimento. Por isso, ideias, ameaças e tentativas – mesmo
aquelas que parecem calculadas para não resultarem em morte – devem ser encaradas com
36
seriedade, como um sinal de alerta a indicar sofrimento e atuação de fenômenos psíquicos e
sociais complexos. Não devemos banalizá-las.
O mundo psíquico de um adolescente está em ebulição, ainda não atingiu a maturidade
emocional. Há maior dificuldade para lidar com conflitos interpessoais, término de
relacionamentos, vergonha ou humilhação e rejeição pelo grupo social. A tendência ao
imediatismo e à impulsividade implica maior dificuldade para lidar com a frustração e digerir a
raiva. Perfeccionismo e autocrítica exacerbada, problemas na identidade sexual, bem como
bullying, são outros fatores que se combinam para aumentar o risco.
Um adolescente pode ter centenas de likes na rede social virtual, mas pouquíssimos, ou
nenhum, seres humanos reais com quem compartilhar angústias. O mundo adulto, como um
ideal cultural alcançável por pequena parcela de vencedores, fragiliza a autoestima e a
autoconfiança de quem precisa encontrar o seu lugar em uma sociedade marcada pelo
individualismo, pelo exibicionismo estético, pela satisfação imediata e pela fragilidade dos
vínculos afetivos.
Quando dominados por sentimentos de frustração e desamparo, alguns adolescentes veem na
nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem
autoagressão um recurso para interromper a dor que o psiquismo não consegue processar.
Quando o pensar não dá conta de ordenar o mundo interno, o vazio e a falta de sentido fomentam
ainda mais o sofrimento, fechando-se assim um círculo vicioso que pode conduzir à morte. Nos
suicídios impulsivos, a ação letal se dá antes de haver ideias mais elaboradas capazes de dar
outro caminho para a dor psíquica. O ato suicida ocorre no escuro representacional, como um
curto-circuito, um ato-dor.
Há, também, os suicídios que se vinculam a transtornos mentais que incidem na
adolescência, como a depressão, o transtorno afetivo bipolar e o abuso de drogas. Diagnóstico
tardio, carência de serviços de atenção à saúde mental e inadequação do tratamento agravam
a evolução da doença e, em consequência, o risco de suicídio.
Pensamentos suicidas são frequentes na adolescência, principalmente em épocas de
dificuldades diante de um estressor importante. Na maioria das vezes, são passageiros; por si
só não indicam psicopatologia ou necessidade de intervenção. No entanto, quando os
pensamentos suicidas são intensos e prolongados, o risco de levar a um comportamento suicida
aumenta.
Prevenção do suicídio entre os adolescentes não quer dizer evitar todos os suicídios, e
sim uma só morte que possa ser evitada, a do adolescente que está ao seu lado. O que fazer?
De modo simplificado, sugerimos três passos. Memorize o acrônimo ROC: Reparar no Risco,
Ouvir com atenção, Conduzir para um atendimento.
37
A prevenção do suicídio, ainda que não seja tarefa fácil, é possível. Não podemos silenciar sobre
a magnitude e o impacto do suicídio de adolescentes em nossa sociedade. Não todas, mas
considerável porção de mortes pode ser evitada.
Sabe-se que o artigo de opinião é um gênero textual que objetiva explicitar o ponto de vista de
seu produtor a respeito de um tema específico. Com base nisso, pode-se dizer que a tipologia
textual em que se enquadra é a:
A descritiva
B dissertativa
C expositiva
D injuntiva
E narrativa
Observação
Vivemos tão apressados que estamos perdendo a habilidade de observar detalhadamente
o que nos cerca. Por outro lado, somos tão bombardeados por imagens e por estímulos visuais
que, para nos proteger do excesso, aprendemos a não perceber o que está em volta,
aprendemos a nos proteger. Por isso, a propaganda fica cada vez mais agressiva. Os produtos
precisam, a qualquer custo, chamar a atenção do possível comprador, até que sejamos capazes
de “ver sem olhar”. Ou seja, mesmo sem estarmos interessados, não podemos escapar de
perceber uma imagem de propaganda.
Isso nos tem levado à autoproteção ou a uma atitude passiva, já que não é preciso fazer
nenhum esforço, pois a propaganda e as imagens se encarregam de nos invadir.
Entretanto, para apreciar a arte e saber ler imagens, uma primeira habilidade que
precisamos renovar, estimular e desenvolver é a observação. Ela deve deixar de ser passiva
para tornar-se ativa, voluntária: observo o que quero, porque quero, como quero, da forma que
quero, quando quero observar.
Se pedirmos a um amigo que descreva alguém, ele pode dizer genericamente: alto,
magro, de meia-idade: ou então ser bem específico: tem aproximadamente 1 metro e oitenta, é
magro, está vestido com uma calça azul, camisa branca, tênis, jaqueta de couro marrom, tem
cabelos escuros, encaracolados, curtos, olhos azuis, usa costeletas, tem um sinal escuro do lado
direito do rosto e cerca de 40 anos.
39
Essa segunda descrição é mais detalhada e demonstra mais observação. Naturalmente,
se eu estiver procurando tal pessoa, a partir dessa descrição detalhada, posso encontrá-la com
mais facilidade.
OLIVEIRA, J. e GARCEZ, L. Explicando a Arte. Ed. Nova Fronteira. 2001.
Renato Mocelline/Rosiane de Camargo, História em debate. São Paulo: Editora do Brasil, p. 72.
A chegada dos europeus à América foi o começo de uma das transformações mais
revolucionárias nos hábitos alimentares dos seres humanos.
Nos primeiros anos da conquista, os espanhóis resistiram a comer produtos nativos
americanos, por isso trouxeram consigo plantas e animais de sua terra natal. Todavia, os
espanhóis enviavam à Europa todos os alimentos exóticos que os nativos lhes ofereciam para,
de alguma forma, apaziguar a Coroa pelas dificuldades que tinham de encontrar os tão
desejados metais preciosos.
Progressivamente, por meio dessa troca entre América e Europa, a flora e a fauna de
ambos os continentes foram modificadas, pois diversas plantas e animais adaptaram-se aos
novos climas. Com isso, a dieta dos habitantes das duas regiões foi enriquecida.
de trabalho, deve ser parte de um programa bem articulado, que permita o acompanhamento
das ações e que incentive o trabalho integrado entre as forças policiais do estado, da União e
das guardas municipais.
O texto 1 é parte de uma coluna de um jornal carioca e pertence ao seguinte gênero:
(A) descritivo, pois nos dá características e qualifica o estado de violência no Brasil;
(B) narrativo, pois fornece ao leitor uma sequência progressiva de ideias até a conclusão;
(C) descritivo-narrativo, pois mistura os dois traços destacados nas opções anteriores;
(D) dissertativo-expositivo, pois registra, de forma isenta, dados objetivos sobre um de nossos
maiores problemas;
(E) dissertativo-argumentativo, pois defende ideias sobre as providências a serem tomadas no
combate à violência.
41
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos caminhoneiros, concluídas as
investigações, por exemplo, da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em se
beneficiar do barateamento do combustível.
Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico para se aproveitar da crise.
Inclusive, neste ano de eleição, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não faltam, também,
os arautos do quanto pior, melhor, para desgastar governantes e reforçar seus projetos de poder,
por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o que está delimitado pelo estado democrático
de direito, defendido pelos diversos instrumentos institucionais de que conta o Estado – Polícia,
Justiça, Ministério Público, Forças Armadas etc.
A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de suprimento que mantêm o
sistema produtivo funcionando, do qual depende a sobrevivência física da população. Isso não
pode ser esquecido e serve de alerta para que as autoridades desenvolvam planos de
contingência.
O Globo, 31/05/2018.
O texto, em sua organização, deve ser caracterizado como
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43
7.CESPE – SEDF – PROFESSOR PORTUGUÊS – 2017
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Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
O texto é predominantemente argumentativo, o que pode ser comprovado pela seleção de
palavras que remetem às posições e às opiniões dos seus autores.
Certo
Errado
44
8.CESPE – SEDF – CONHECIMENTOS BÁSICOS – 2017
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No que se refere às ideias e aos sentidos do texto CB2A6AAA e à sua classificação quanto ao
tipo e ao gênero textual, julgue o próximo item.
O texto classifica-se como injuntivo, já que visa instruir o leitor a pensar de forma diversa da que
pensam “os pedagogos da prosperidade” (l. 1 e 2).
Certo
Errado
45
9. CESPE – TCE - PE – CONHECIMENTOS BÁSICOS – 2017
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Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
O autor emprega recursos do tipo textual narrativo para explicar o funcionamento da democracia
direta ateniense.
Certo
Errado
46
10. CESPE – TRF – 1ª REGIÃO – CONHECIMENTOS BÁSICOS – 2017
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Com relação aos aspectos linguísticos do texto CB2A1AAA, julgue o próximo item.
O texto é predominantemente argumentativo, uma vez que nele se defende determinado
posicionamento com relação à avaliação acerca da exigibilidade ou não de procedimento
licitatório prévio para a contratação de advogados.
Certo
Errado
50
14. CS - UFG – UFG – ENFERMEIRO – 2018
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Por sua estrutura discursiva e progressão temática, o excerto apresentado se caracteriza por
uma sequência textual
A descritiva, com abundância de detalhes da ciência animal.
B argumentativa, em defesa da função da ciência política.
C narrativa, relatando o evento de classificação das artes.
D injuntiva, determinando a forma de direção dos animais.
Acerca da tipologia textual utilizada no texto, bem como das características desse tipo de texto,
assinale a alternativa correta.
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A A linguagem utilizada no texto, uma reportagem de jornal, mostra-se inadequada para essa
tipologia, uma vez que há presença constante, no texto, de figuras de linguagem.
B O uso de depoimentos, em reportagens jornalísticas, é desaconselhado, visto que altera o
nível de linguagem do texto, que deve ser formal.
C O texto, por ser considerado um texto formal, deveria ter sido escrito de forma impessoal, sem
a utilização da primeira pessoa do singular.
D O texto, apesar de pertencer à tipologia jornalística, apresenta, também, características típicas
de textos dissertativos, uma vez que apresenta uma análise de tema.
E A estrutura de uma notícia, como é o caso do texto, não foi respeitada porque não apresenta,
como elemento obrigatório, o lead.
53
18. IADES – ARCON - PA – TÉCNICO EM REGULAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS – 2018
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54
19. IADES – APEX BRASIL – ANALISTA JURÍDICO – 2018
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55
C O quarto parágrafo do texto descreve objetivamente a exportação de siderúrgicos, pelo que
pode ser considerado como essencialmente descritivo.
D O texto mescla características de texto argumentativo e de texto descritivo.
E O texto é predominantemente informativo.
56
Capítulo 24
(5ª edição)
ESTRUTURAÇÃO ARGUMENTATIVA
1. Introdução
Inicialmente se faz a introdução, que determinará o desenrolar do desenvolvimento. É neste
momento em que se apresenta o tema a ser discutido, a ideia-núcleo ou ideia principal, a tese.
2. Desenvolvimento
Na segunda fase do texto argumentativo, faz-se a análise crítica dos argumentos usados de
apoio para sua tese. Cada argumento é exposto em um parágrafo próprio. Dois a três parágrafos
é o padrão do desenvolvimento de um texto argumentativo. Ao argumento que normalmente
inicia o parágrafo de desenvolvimento dá-se o nome de tópico frasal.
Inicia-se, portanto, cada parágrafo do desenvolvimento com o que denominamos de tópico frasal
– que se constitui na ideia que irá direcionar o parágrafo, sendo, portanto, sua base. A seguir,
desenvolve-se a discussão iniciada pelo tópico frasal, na qual são utilizados diversos recursos
que servirão de apoio para o argumento defendido – exemplos, comparações, narrativas,
descrições, opiniões próprias – de forma coerente e organizada.
3. Conclusão
O parágrafo final é reservado à conclusão, na qual o autor retoma a ideia-núcleo, reescrevendo-
a e acrescentado-lhe, em geral, um juízo crítico, de forma a enriquecer os argumentos
defendidos. É o momento em que o autor opina, critica e, muitas vezes, oferece soluções
concretas ao problema discutido ao longo da argumentação.
57
QUALIDADE DE VIDA
Estudo de uma tipologia textual – Educação/UFRJ
O PARÁGRAFO ARGUMENTATIVO
Dinheiro é um facilitador das transações, mas não é a única forma de relação comercial. O
mundo moderno não pode menosprezar a sabedoria de nossos antepassados, que
sobreviveram séculos fazendo trocas. Um bom exemplo de alinhamento entre estratégias
empresariais e apoio governamental, que resultou em uma equação, é o caso da Odebrecht em
Angola: esta construtora constrói a hidrelétrica de que o país africano necessita, e o governo
angolano paga com petróleo, produto abundante naquele país.
58
Segundo Othon M. Garcia, “o parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou
mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se
agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrente
dela”. O parágrafo seria, portanto, uma espécie de minitexto em que se poderia destacar –
exatamente como se faz no texto argumentativo padrão – ao menos dois momentos: introdução
(apresentação do argumento) e desenvolvimento (fundamentação do argumento), sendo a
conclusão, portanto, facultativa.
Conhecer o parágrafo padrão seria fundamental ao leitor, já que diante de um texto curto – de
apenas um parágrafo – poder-se-ia analisá-lo como um texto argumentativo padrão. E na
hipótese de o aluno estar diante de um texto composto de mais de um parágrafo, analisar cada
um separadamente lhe garantiria o método necessário para a intelecção do que está escrito.
O TÓPICO FRASAL
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Inicialmente, vale lembrar que tópico frasal é a ideia ou argumento central do parágrafo,
apresentada de forma genérica. É a ideia-chave, a síntese do pensamento, a essência do
parágrafo. Tudo que se afirma no parágrafo girará, portanto, em torno da fundamentação do
tópico frasal.
Ex.: Dinheiro é um facilitador das transações, mas não é a única forma de relação comercial.
O mundo moderno não pode menosprezar a sabedoria de nossos antepassados, que
sobreviveram séculos fazendo trocas. Um bom exemplo de alinhamento entre estratégias
empresariais e apoio governamental, que resultou em uma equação, é o caso da Odebrecht em
Angola: esta construtora constrói a hidrelétrica de que o país africano necessita, e o governo
angolano paga com petróleo, produto abundante naquele país.
59
para, na sequência, apresentar o tópico frasal. São parágrafos menos comuns, pautados no
método indutivo de raciocínio (ESPECÍFICO GERAL).
De modo geral, o parágrafo de dissertação deve ser uma unidade completa de informação,
sendo, portanto, constituído de:
1. uma ideia-núcleo (ou tópico frasal) – em geral apresentada no início do parágrafo;
2. desenvolvimento dessa ideia, que é então devidamente especificada, fundamentada,
nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem
Pois bem. Observemos como se transformou a vida humana. Em 99% desses 500 mil anos,
alterou-se relativamente pouco. O homem aprendeu a fazer algumas ferramentas e armas com
paus e pedras, a pintar na parede das cavernas e a plantar e colher. A partir de um grito
primordial, conseguiu ainda desenvolver a fala, graças à qual pôde conversar, exprimir
sentimentos e melhor compartilhar experiências com os membros do grupo. De qualquer modo,
foi ainda bem pouco para quase cinco centenas de milhares de anos.
60
Neste caso, a ideia-núcleo é especificada por meio de detalhes, pormenores. Estabelece-se,
portanto, uma explanação da ideia-núcleo, que é então desenvolvida, de modo a aprofundar a
discussão iniciada pelo tópico frasal.
Ex.: Quem caminha pelos mais de 70 quilômetros de praia da Ilha Comprida, no litoral sul de
São Paulo, pode perceber uma paisagem peculiar (tópico frasal). Em meio às dunas da
restinga, onde deveria existir apenas vegetação rasteira, grandes pinheiros brotam por toda
parte. A sombra das árvores é um bem-vindo refresco para os moradores da região, mas a
verdade ecológica é que elas não deveriam estar ali – assim como os pombos não deveriam
estar nas praças das cidades, nem as tilápias nas águas dos rios, nem o mosquito da dengue
picando pessoas dentro de casa ou as moscas varejeiras rondando raspas de frutas nas feiras.
Ex.: Mas os saberes científicos têm uma característica inescapável: os enunciados que
produzem são necessariamente provisórios, estão sempre sujeitos à superação e à renovação
(tópico frasal). Outros exercícios do espírito humano, como a cogitação filosófica, a inspiração
poética ou a exaltação mística poderão talvez aspirar a pronunciar verdades últimas; as ciências
só podem pretender formular verdades transitórias, sempre inacabadas.
Ex.: A educação é uma função tão natural e universal da comunidade humana que, pela própria
evidência, (tópico frasal) leva muito tempo a atingir a plena consciência daqueles que a
recebem e praticam, sendo, por isso, relativamente tardio o seu primeiro vestígio na tradição
literária (consequências).
61
Ex.: As discussões sobre a liberdade assentam necessariamente e em princípio na negação de
suas próprias bases possibilitadoras (tópico frasal). Quero dizer que o único pressuposto
histórico viável para que se possa instaurar a inteireza do entendimento da questão está na
ausência de liberdade.
5. Utilização de exemplos
Os exemplos caracterizam-se como uma maneira bem elucidativa de concretizar o que há de
abstrato no tópico frasal. Seguindo esse critério, o parágrafo se desenvolve por meio da
ilustração da ideia-núcleo, constituindo-se em uma das formas mais simples de se demonstrar
aquilo que se afirma.
Ex.: Dependendo das circunstâncias, as espécies invasoras podem ser meras “imigrantes”
inofensivas ou invasoras altamente nocivas (tópico frasal). Dentro do sistema produtivo, por
exemplo, o búfalo e o pinus são apenas espécies exóticas. Quando escapam para a natureza,
entretanto, muitas vezes tornam-se organismos nocivos aos ecossistemas “naturais”.
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Ex.: As cidades em processo rápido de crescimento no Brasil indicam pelo menos três
modalidades de crescimento dos organismos urbanos (tópico frasal): um crescimento
horizontal por partilha de espaços de antigas chácaras ou glebas congeladas para especulação,
de dinâmica similar a uma mancha de óleo em expansão; um crescimento vertical, à custa de
edifícios de muitos andares, aproveitando as facilidades aparentes dos espaços centrais e
subcentrais das cidades de porte médio, acumulando funções residenciais em uma área de
permanência duvidosa para tais funções; e, por fim, mecanismo de maior gravidade, a partilha
de glebas situadas em posições descontínuas, a quilômetros de distância da área central,
inicialmente semi-isoladas no meio de sítios e fazendas, os quais, por sua vez, são espaços
potenciais para loteamentos ulteriores e instalações de unidades industriais, com eliminação
quase total das funções agrárias que responderam pelo crescimento e a riqueza iniciais da
própria cidade.
62
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Os trechos a seguir foram retirados de textos concursos públicos. Constitui cada qual uma única
linha de raciocínio que apresenta as frases organizadas em torno de um tópico frasal, voltadas
para um único fim: desenvolver ou retomar a ideia-núcleo, aumentando-lhe a compreensão.
Desta forma, destaque suas ideias-núcleo, indicando o seu desenvolvimento e, caso haja, sua
conclusão. Analise também a(s) forma(s) como foram desenvolvidos os tópicos frasais ao longo
dos parágrafos.
1. Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade, apenas porque escolhem esse
modo de vida, mas porque a vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana. Assim,
por exemplo, se dependesse apenas da vontade, seria possível uma pessoa muito rica isolar-se
em algum lugar, onde tivesse armazenado grande quantidade de alimentos. Mas essa pessoa
estaria, em pouco tempo, sentindo falta de companhia, sofrendo a tristeza da solidão, precisando
de alguém com quem falar e trocar ideias, necessitar e dar afeto.
nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem
5. Há muitos tipos de líder, e gosto de destacar três. A primeira categoria é dos líderes que
marcam diferença por serem grande estrategistas, objetivos e com visão de futuro. O legado
deles é o método. O segundo tipo tem forte poder intelectual, mergulha com intensidade nas
63
questões teóricas, disseca e diagnostica problemas como ninguém. São líderes que deixam
ideias originais, com marca própria. E um terceiro tipo chamo de líderes inspiradores. Eles
entendem as demandas do povo, suas paixões, conseguem entender emocionalmente as
pessoas. Os maiores líderes da história têm força porque reúnem método, intelecto e habilidade
de tocar nos sentimentos de seus liderados.
6. O homem hoje em dia desenvolveu para tudo que costumava fazer com o próprio corpo,
extensões ou prolongamentos desse mesmo corpo. A evolução de suas armas começa pelos
dentes e punhos e termina com a bomba atômica. Indumentária e casas são extensões dos
mecanismos biológicos de controle da temperatura do corpo. A mobília substitui o acocorar-se e
sentar-se no chão. Instrumentos mecânicos, lentes, televisão, telefones e livros que levam a voz
através do tempo e do espaço constituem exemplos de extensões materiais. Dinheiro é meio de
estender os benefícios e de armazenar trabalho. Nosso sistema de transporte faz agora o que
costumávamos fazer com os pés e as costas. De fato, podemos tratar de todas as coisas
materiais feitas pelo homem como extensões ou prolongamentos do que ele fazia com o corpo
nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem
7. Inúmeras hordas “primitivas” se encontram, ainda hoje, nesse “grau zero” – se assim podemos
dizer – quanto ao conhecimento dos números. É, por exemplo, o caso dos zulus e dos pigmeus,
da África, dos aranda e dos kamilarai, da Austrália, dos aborígenes das Ilhas Murray e dos
botocudos, do Brasil. “Um”, “dois” e... “muitos” constituem as únicas grandezas numéricas
desses indígenas que ainda vivem na Idade da Pedra.
8. Vários fatores criaram o espaço social necessário para transformar certo número de pessoas
associadas a certas práticas sociais em leitores: o individualismo da sociedade burguesa, a visão
de mundo antropocêntrica estimulada pela Renascença e difundida pela filosofia humanista, o
progresso tecnológico que facultou o desenvolvimento da imprensa, a expansão da escola e do
pensamento pedagógico apoiado na alfabetização, o fortalecimento de instituições culturais
como as universidades, as bibliotecas e as academias de escritores.
9. Talvez não haja algum fenômeno social que assalte de forma tão brusca os direitos humanos
como a pobreza o faz, por desgastar ou anular os direitos econômicos e sociais, como: direito à
alimentação, à água potável, à saúde, à educação, à habitação, à segurança pessoal, à justiça
e à dignidade. Embora todos esses direitos sejam interligados e interdependentes, observa-se
que, para as pessoas que vivem na pobreza, talvez eles não passem de um sonho muito distante
de se tornar realidade.
64
QUESTÕES DE CONCURSO
ligam e desligam sozinhos, mouses travados, “reiniciações” lentas e outras deliciosas avarias.
Ligo para o técnico e ele me instrui a ligar e desligar este ou aquele botão da torre, “usar o
aplicativo” ou ficar de quatro, meter-me debaixo da mesa e desplugar tudo da parede, esperar
cinco minutos e plugar de novo. Naturalmente, não dá certo.
Nem pode dar. Em jovem, sobrevivi aos zeros em matemática, física, estatística e outras
ciências do diabo, e me concentrei apenas no que me interessava: português, história e línguas.
Desde então, passei a vida profissional a bordo de um único veículo – a palavra. Com ela, tenho
me virado em jornais, revistas, editoras de livros, rádios, TVs, auditórios, salas de aula e outros
cenários onde a palavra seja chamada a dirimir dúvidas ou dinamitar certezas.
De repente, várias eras geológicas depois, em idade de não querer aprender mais nada, a
tecnologia exige que eu me torne engenheiro eletrônico.
Cada vez mais funções dispensam o papel, a ida pessoal ao banco ou a conversa “presencial”.
Para reinstalar a internet no computador, tenho de ligar um cabo enfiado na televisão.
Desbloquear um cartão de crédito exige saber extrair uma raiz quadrada. A vida agora é online
e cabe no bolso, mas, diante daquele inferno de teclas, plugues e botões sem sentido, pode-se
perder tudo se digitar algo errado.
A tecnologia tornou o mundo hostil para os que não conseguem acompanhá-la. É verdade
que ela não pode parar por causa de meia dúzia de macróbios incapazes de se atualizar.
Acontece que, nós, os macróbios, não somos meia dúzia. Somos milhões e, graças à ciência e
a nós mesmos, estamos ameaçados de viver até os cem anos. Pois, se for para chegar lá, que
seja para continuar usando algo mais nobre do que apenas os polegares.
69
(Ruy Castro. Folha de S. Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/
2018/10/ hostil-mundo-novo.shtml. Publicado em 28.10.2018)
A legião on-line
Um dos temas de “O Romance Luminoso”, a obra póstuma e incrivelmente contemporânea
de Mario Levrero, é o uso da internet como antidepressivo. Sem alcançar a tal experiência
luminosa que lhe permitiria escrever um romance iniciado há 15 anos, o autor passa os dias em
frente ao computador curtindo o fracasso. Baixa e elabora programas, joga paciência, busca
sites ao acaso. Nas raras vezes em que desgruda da tela, recorre a outro vício: a televisão.
É um transtorno cada vez mais comum. Todo mundo conhece alguém que está sempre
conectado; acorda e já olha o celular, o qual dormiu ao lado dele na cama; checa os aplicativos
de cinco em cinco minutos; quando não está on-line, sente ansiedade, mau humor, angústia,
tristeza. Os viciados em smartphones são uma legião.
Publicado em 2005, o livro de Levrero destaca-se não só pela atualidade mas também pelo
caráter profético. A páginas tantas, o autor anota: “O mundo do computador já foi invadido pelos
abjetos*, e quanto mais barato fica mais cresce a abjeção. Não porque os pobres sejam
necessariamente abjetos, e sim porque as pessoas mais vivas usarão as maravilhas
tecnológicas para embrutecer mais ainda os pobres”.
E conclui: “A internet tem mostrado, cada vez mais claramente, para que nasceu, e, com vistas
a esse objetivo, será controlada por comerciantes e estadistas”. Isso nos leva, naturalmente, a
pensar na relação das redes sociais com a empresa de dados políticos ligada à campanha
presidencial de Donald Trump. Ou, em outro caso, sendo obrigadas a excluir contas por suspeita
de fraude.
70
Esse cenário de disseminação de informações questionáveis – com o fim de manipular
condutas –, mas que em geral têm aceitação, aprofunda mais ainda a abjeção diagnosticada por
Levrero.
Que tal passar mais tempo off-line?
(Alvaro Costa e Silva. Folha de S.Paulo, 11.08.2018. Adaptado)
*Abjeto: de abjeção → ato, estado ou condição que revela alto grau de torpeza, degradação.
d) o momento atual se marca por uma inversão de valores, o que gera confusão e incertezas.
e) a confusão do mundo atual tem sido deixada de lado, priorizando-se a humanização das
pessoas.
73
12. FGV - DPE-RJ - TÉCNICO SUPERIOR JURÍDICO – 2019
“Hoje, em todo o mundo, cerca de 550 milhões de pessoas estão conectadas à Internet – quase
9 milhões delas no Brasil. Quando a rede de computadores começou a popularizar-se, dez anos
atrás, os apocalípticos de plantão, sempre eles, logo alardearam que os efeitos colaterais mais
nefastos desse fenômeno seriam o isolamento e a alienação. Que as pessoas deixariam de
relacionar-se, que se tornariam ainda mais sedentárias, que teriam o seu cotidiano moldado por
uma espécie de irrealidade digital, que emburreceriam, e por aí vai”. (Veja, 03/03/2004, p. 85)
Argumentativamente, o texto:
a) condena indiretamente a Internet, mostrando ironicamente argumentos contra ela;
b) parte de uma afirmação inicial indiscutível para, em seguida, explicitar alguns de seus termos;
c) mostra que algumas críticas apressadas se tornam ridículas com o passar do tempo;
d) procura historicamente justificar algumas críticas contra a Internet;
e) critica as pessoas que, usando a Internet, se afastam do convívio social.
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o que já havia sido aprovado na Reforma do Ensino Médio, o texto da BNCC dilui as disciplinas
de Filosofia, Sociologia, História e Geografia — sim, as mesmas cujos cursos superiores são
atacados pela Ideia Legislativa que propõe seu fim — na ampla área de ciências humanas e
sociais aplicadas que se constitui como um dos itinerários formativos (os outros são linguagens,
matemática, ciências da natureza e formação técnica e profissional) que, segundo a proposta do
MEC, “deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme
a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino”.
Em teoria, a intenção é que, ao passo que as áreas de linguagens e matemáticas sejam
obrigatórias durante todo o Ensino Médio, as outras sejam distribuídas ao longo dos três anos a
critério das redes de ensino, permitindo que o estudante escolha seu percurso. O texto da BNCC
considera que os itinerários, previstos na lei da Reforma do Ensino Médio, são estratégicos para
a flexibilização da organização curricular desse nível da educação básica, permitindo que o
próprio estudante faça sua opção.
A realidade, porém, é outra. Como se não bastasse o fato de que essa estrutura
representa um retrocesso em relação à Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 e à concepção
de uma educação propedêutica, que leve a um nível mais profundo de aprendizagem, a própria
condição enunciada na BNCC – “conforme relevância para o contexto local e a possibilidade dos
sistemas de ensino” – abre brechas para que as disciplinas da grande área de ciências humanas
e sociais aplicadas sejam cada vez menos ofertadas, sob justificativa previsível e equivalente
àquela usada na Ideia Legislativa contra os cursos de humanas: a de que a “relevância para o
75
contexto local” é a formação técnica ou ligada às ciências exatas e da natureza, privilegiadas na
impossibilidade financeira dos sistemas de ensino de ofertarem todos os itinerários.
Com isso, pode-se alijar cada vez mais Filosofia, Sociologia, História e Geografia das
salas de aula, com o claro objetivo de embotar a formação de pensamento crítico.
Disponível em:<http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/a-marcha-do-obscurantismo-contra-o-
pensamento-critico/> . Acesso em: 25 jan. 2019.
Em determinada parte do texto, é utilizada uma estratégia de contra-argumentação. Isso se dá
A no primeiro parágrafo, no qual o autor afirma que há uma petição que defende retirar a oferta
de cursos de ciências humanas das universidades públicas.
B no quarto parágrafo, no qual o autor descreve a mudança em relação às disciplinas das
ciências humanas proposta pela BNCC.
C nos quinto e sexto parágrafos, nos quais o autor contrapõe as propostas da BNCC para as
ciências humanas ao que pode acontecer na realidade dos estudantes.
D nos sexto e sétimo parágrafos, nos quais o autor contrapõe as possíveis consequências das
mudanças propostas pela BNCC ao fim do pensamento crítico.
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78
Capítulo 26
(5ª edição)
1.
Leia o texto do início ao fim, para saber do que se trata.
2.
Resolva primeiramente as questões de gramática. Reserve as de compreensão e intepretação
de textos.
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3.
Leia o texto pela segunda vez. Na segunda leitura, marque em cada parágrafo o que representa
a sua ideia central. Na introdução, a ideia central é chamada de tese. Nos parágrafos de
desenvolvimento, é o tópico frasal. Na conclusão, a tese volta novamente.
4.
Quando encontrar algum trecho que suscite dúvidas no texto, marque-o , faça uma interrogação
na margem da folha para chamar sua atenção. Não perca muito tempo com ele. Desapegue-se.
Ao longo das questões, “sua ficha vai caindo” e muito provavelmente você entenderá o que não
lhe pareceu claro inicialmente.
5.
Muita atenção aos enunciados! Muitas vezes o candidato perde uma questão por não entender
exatamente o que pede o enunciado. Sempre destaque as palavras-chave do enunciado.
6.
Existem dois tipos de questão de interpretação: recorrência (compreensão de textos) e inferência
(interpretação de textos). Na recorrência, você recorre ao texto e encontra a resposta, que não
virá exatamente com as mesmas palavras do texto, mas sob a forma de paráfrase.
7.
INFERÊNCIA é aquela em que você é levado a inferir, deduzir, concluir algo sobre o que leu,
com base em pressupostos textuais.
79
8.
O erro da recorrência e da inferência são as extrapolações: extrapolar é ir além do que diz o
texto, normalmente com base em experiência e opiniões próprias.
QUESTÕES DE CONCURSO
O homem, observou o poeta Paul Valéry, “é herdeiro e refém do tempo”. A principal morada
do homem está no passado ou no futuro. Foi a capacidade de reter o passado e agir no presente
tendo em vista o futuro que nos tirou da condição de animais errantes. Contudo, a faculdade de
arbitrar entre as premências do presente e os objetivos do futuro imaginado é muitas vezes
prejudicada pela propensão espontânea a atribuir um valor desproporcional àquilo que está mais
próximo no tempo.
Como observa David Hume, “não existe atributo da natureza humana que provoque mais erros
em nossa conduta do que aquele que nos leva a preferir o que quer que esteja presente em
relação ao que está distante e remoto, e que nos faz desejar os objetos mais de acordo com a
sua situação do que com o seu valor intrínseco”.
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Auto-engano. São Paulo: Companhia das Letras, 1997,
edição digital)
80
2. FCC – TRF 4ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL AVALIADOR – 2019
O motorista do 8-100
Fui convidado por um colega da redação de jornal, outro dia, a ver um belo espetáculo. Que
eu estivesse pela manhã bem cedo junto ao último edifício da Avenida Rio Branco para assistir
à coleta de lixo. Fui. Vi chegar o caminhão 8-100 da Limpeza Urbana e saltarem os ajudantes
que se puseram a carregar e despejar as latas de lixo. Enquanto isso, que fazia o motorista? O
mesmo de toda manhã. Pegava um espanador e um pedaço de flanela, e fazia o seu carro ficar
rebrilhando de beleza.
É costume dizer que a esperança é a última que morre. Nisso está uma das crueldades da
vida: a esperança vive à custa de mutilações. Vai minguando e secando devagar, se despedindo
dos pedaços de si mesma, se apequenando e empobrecendo, e no fim é tão mesquinha e
despojada que se reduz ao mais elementar instinto de sobrevivência e ao conformismo.
Esse motorista, que limpa seu caminhão, não é um conformado, é o herói silencioso que
lança um protesto superior. A vida o obriga a catar lixo e imundície; ele aceita a sua missão, mas
a supera com esse protesto de beleza e dignidade. Muitos recebem com a mão suja os bens
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mais excitantes e tentadores da vida; e as flores que vão colhendo no jardim de uma existência
fácil logo têm, presa em seus dedos frios, uma corrupção que as desmerece e avilta. O motorista
do caminhão 8-100 parece dizer aos homens da cidade: “O lixo é vosso: meus são estes metais
que brilham, meus são estes vidros que esplendem, minha é esta consciência limpa”.
(Adaptado de: BRAGA, Rubem. O homem rouco. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1963, p.
145-146)
Ao se deter no tema da esperança, no 2° parágrafo do texto, o autor mostra-se convencido de
que esse sentimento
A comprova, em cada uma de nossas experiências, o sentido e o valor que lhe reconhece o
referido dito popular.
B traz consigo a crueldade singular de se tornar mais ativo em nós na exata proporção em que
vai nos iludindo.
C degrada-se num longo e contínuo processo, ao fim do qual seu reducionismo só deixa lugar
para o conformismo.
D alimenta-se do conformismo que há em nós para se instalar desde cedo como uma espécie
de precavida sabedoria.
E deteriora-se a cada vez que o imaginamos mais consistente, razão pela qual nos vamos
iludindo de modo progressivo.
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3. FCC – TRF 4ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL AVALIADOR – 2019
A era das compras
A economia capitalista moderna deve aumentar a produção constantemente, se quiser
sobreviver, como um tubarão que deve nadar para não morrer por asfixia. Mas a maioria das
pessoas, ao longo da história, viveu em condições de escassez. A fragilidade era, portanto, sua
palavra de ordem. A ética austera dos puritanos e a dos espartanos são apenas dois exemplos
famosos. Uma pessoa boa evitava luxos e nunca desperdiçava comida. Somente reis e nobres
se permitiam renunciar publicamente a tais valores e ostentar suas riquezas.
O consumismo vê o consumo de cada vez mais produtos e serviços como algo positivo.
Encoraja as pessoas a cuidarem de si mesmas, a se mimarem e até a se matarem pouco a
pouco por meio do consumo exagerado. A frugalidade é uma doença a ser curada. Não é preciso
olhar muito longe para ver a ética do consumo em ação – basta ler a parte de trás de uma caixa
de cereal: “Para uma refeição saborosa no meio do dia, perfeita para um estilo de vida saudável.
Um verdadeiro deleite com o sabor maravilhoso do “quero mais!”.
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Durante a maior parte da história, as pessoas teriam sido repelidas, e não atraídas, por esse
texto. Elas o teriam considerado egoísta, indecente e moralmente corrupto. O consumismo
trabalhou duro, com a ajuda da psicologia e da vontade popular, para convencer as pessoas de
que a indulgência com os excessos é algo bom, ao passo que a frugalidade significa auto-
opressão.
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens – uma breve história da humanidade. 38. ed.
Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 357-358)
Ao retratar o consumismo moderno no âmbito da vida social e dos valores da pessoa, o autor
A coloca-se em posição de isenção, uma vez que não toma qualquer aspecto moral ou ético
como referência válida para sua análise.
B inclina-se para aceitar a fatalidade histórica do consumo desenfreado, deixando ver que
reconhece as inequívocas vantagens desse fenômeno.
C recrimina a antiga austeridade regida pela escassez, encontrando na realidade do mercado
moderno um modelo a ser mantido.
D contrapõe posições historicamente divergentes quanto ao consumo de produtos e serviços,
apontando traços essenciais dessa divergência.
E desconsidera o peso da vontade popular na dinâmica do consumo que o mercado moderno
estabeleceu como um caminho inflexível.
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4. FCC - BANRISUL – Escriturário – 2019
Imigrações no Rio Grande do Sul
Em 1740 chegou à região do atual Rio Grande do Sul o primeiro grupo organizado de
povoadores. Portugueses oriundos da ilha dos Açores, contavam com o apoio oficial do governo,
que pretendia que se instalassem na vasta área onde anteriormente estavam situadas as
Missões.
A partir da década de vinte do século XIX, o governo brasileiro resolveu estimular a vinda
de imigrantes europeus, para formar uma camada social de homens livres que tivessem
habilitação profissional e pudessem oferecer ao país os produtos que até então tinham que ser
importados, ou que eram produzidos em escala mínima. Os primeiros imigrantes que chegaram
foram os alemães, em 1824. Eles foram assentados em glebas de terra situadas nas
proximidades da capital gaúcha. E, em pouco tempo, começaram a mudar o perfil da economia
do atual estado.
Primeiramente, introduziram o artesanato em uma escala que, até então, nunca fora
praticada. Depois, estabeleceram laços comerciais com seus países de origem, que terminaram
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por beneficiar o Rio Grande. Pela primeira vez havia, no país, uma região em que predominavam
os homens livres, que viviam de seu trabalho, e não da exploração do trabalho alheio.
As levas de imigrantes se sucederam, e aos poucos transformaram o perfil do Rio Grande.
Trouxeram a agricultura de pequena propriedade e o artesanato. Através dessas atividades,
consolidaram um mercado interno e desenvolveram a camada média da população. E, embora
o poder político ainda fosse detido pelos grandes senhores das estâncias e charqueadas, o
poder econômico dos imigrantes foi, aos poucos, se consolidando.
(Adaptado de: projetoriograndetche.weebly.com/imigraccedMatMdeo-no-rs.html)
O último parágrafo do texto enfatiza
a) a progressiva e positiva transformação socioeconômica que as levas de imigrantes trouxeram
ao estado rio-grandense.
b) o impulso rapidamente imposto ao ritmo até então tímido da produção nas pequenas
propriedades gaúchas.
c) a pressão das camadas emergentes dos trabalhadores sobre a gestão política dos
proprietários tradicionais.
d) a substituição dos modos de produção local pelas técnicas artesanais há muito consagradas
em outras terras.
e) a importância da imigração alemã no deslocamento da economia rural para a do mercado
financeiro.
83
5. FCC - AFAP - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO DE FOMENTO – 2019
Mais da metade da população mundial usa internet
Cerca de 3,9 bilhões de pessoas usam a internet em todo o mundo atualmente, o que
representa mais da metade da população mundial - informou a ONU na sexta-feira (7 de
dezembro de 2018).
A agência da ONU para informação e comunicação, a UIT, indicou que, até o final de 2018,
51,2% da população mundial estará usando a internet. “Até o final de 2018, teremos ultrapassado
a marca de 50% do uso da internet”, afirmou o diretor da UIT, Houlin Zhou, em um comunicado.
“Esse é um passo importante para uma sociedade global da informação mais inclusiva”, disse
ele.
Segundo a UIT, os países mais ricos do planeta registraram um crescimento sólido no uso
da internet, que passou de 51,3% de suas populações, em 2005, para atuais 80,9%.
(Texto adaptado. Disponível em: https://exame.abril.com.br)
No contexto geral do texto, as informações do 3° parágrafo revelam
a) a distribuição desigual do acesso à internet entre a população mundial.
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investimento privado e público na música e nas artes? O que mais precisa desaparecer para
sempre, para que governos e eleitores descubram o valor do nosso patrimônio material e
imaterial?
Para nós, pessoas sem poder, resta prestigiar o que ainda existe, visitar mais nossos
museus, cobrar dos políticos que elegemos há pouco e valorizar com alunos e filhos os muitos
heróis de uma resistência cultural.
(Leandro Karnal. O Estado de S.Paulo. 18.11.2018. Adaptado)
Ao afirmar que nenhum Nero foi indiciado, o autor ressalta a ideia de que
a) figuras como Nero desapareceram ao longo dos períodos históricos.
b) os responsáveis pelo descaso com o patrimônio cultural continuam impunes.
c) a população costuma se distanciar dos bens culturais e científicos.
d) crimes contra o patrimônio cultural não carecem de indiciamento.
e) as autoridades brasileiras se empenham em apurar crimes contra a cultura.
a nós mesmos, estamos ameaçados de viver até os cem anos. Pois, se for para chegar lá, que
seja para continuar usando algo mais nobre do que apenas os polegares.
(Ruy Castro. Folha de S. Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/
2018/10/ hostil-mundo-novo.shtml. Publicado em 28.10.2018)
A afirmação do autor, no último parágrafo, de que se reconhece como um macróbio é motivada
pelo fato de ele
a) ter se dedicado apenas em seus interesses pessoais, como português, história e línguas.
b) ter sobrevivido às disciplinas escolares de matemática, física, estatística e outras ciências.
c) ter optado pela vida profissional permeada por palavras, ocupando salas de aulas, auditórios,
TVs, rádios e editoras de livros.
d) não ter conseguido se tornar um engenheiro eletrônico para aprender como lidar com a
tecnologia no dia a dia.
e) ter dificuldade para relacionar-se com as novas tecnologias e com os seus dispositivos
eletrônicos complexos.
86
Falo por mim. Os livros físicos que entram lá em casa são cada vez mais ofertas – de
amigos ou editoras.
Aos 20, quando viajava por territórios estranhos, entrava nas livrarias locais como um
faminto na capoeira. Comprava tanto e carregava tanto que desconfio que o meu problema de
ciática é, na sua essência, um problema livresco.
Hoje? Gosto da flânerie*. Mas depois, fotografo as capas com o meu celular antes de
regressar para o psicanalista – o famoso dr. Kindle. Culpado? Um pouco. E em minha defesa só
posso afirmar que pago pelos meus vícios.
E quem fala em livrarias, fala em todo o resto. Eu também ajudei a matar a Tower Records
e a Virgin Megastore. Havia lá dentro uma bizarria chamada CD – você se lembra?
Hoje, com alguns aplicativos, tenho uma espécie de discoteca de Alexandria onde, a meu
bel-prazer, escuto meus clássicos e descubro novos.
Se juntarmos ao pacote o iTunes e a Netflix, você percebe por que eu também tenho o
sangue dos cinemas e dos blockbusters nas mãos.
Eis a realidade: vivemos a desmaterialização da cultura. Mas não é apenas a cultura que
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se desmaterializa e tem deixado as nossas salas e estantes mais vazias. É a nossa relação com
ela. Não somos mais proprietários de “coisas”; somos apenas consumidores e, palavra
importante, assinantes.
O livro “Subscribed”, de Tien Tzuo, analisa a situação. É uma reflexão sobre a “economia
de assinaturas” que conquista a economia global. Conta o autor que mais de metade das
empresas da famosa lista da “Fortune” já não existiam em 2017. O que tinham em comum? O
objetivo meritório de vender “coisas” – muitas coisas, para muita gente, como sempre aconteceu
desde os primórdios do capitalismo.
Já as empresas que sobreviveram e as novas que entraram na lista souberam se adaptar
à economia digital, vendendo serviços (ou, de forma mais precisa, acessos).
Claro que na mudança algo se perde. O desaparecimento das livrarias não acredito que
seja total no futuro (e ainda bem). Além disso, ler no papel não é o mesmo que ler na tela. Mas
o interesse do livro de Tzuo não está apenas nos números; está no retrato de uma nova geração
para quem a experiência cultural é mais importante do que a mera posse de objetos.
Há quem veja aqui um retrocesso, mas também é possível ver um avanço – ou, para
sermos bem filosóficos, o triunfo do espírito sobre a matéria. E não será essa, no fim das contas,
a vocação mais autêntica da cultura?
(João Pereira Coutinho. Folha de S.Paulo, 28.08.2018. Adaptado)
* Flânerie: ato de passear, de caminhar sem compromisso.
No texto, é correto afirmar que o autor
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a) dirige-se aos interlocutores para envolvê-los nas reflexões acerca da desmaterialização da
cultura.
b) limita-se a descrever a própria experiência como consumidor, não dando voz a pareceres
alheios.
c) emprega linguagem sentimentalista e prolixa para justificar seu papel de assassino cultural.
d) recorre a informações acadêmicas para comprovar o avanço do materialismo em nossa
sociedade.
e) formula uma série de questionamentos para os quais ainda não encontrou qualquer explicação
plausível.
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treinados e remunerados, e participação das pessoas e da comunidade para que seja alcançada
a tão sonhada saúde para todos com qualidade.
(Cláudia Collucci, Saúde não é brinquedo político, diz diretor da OMS. Em: Folha de S.Paulo,
25.10.2018. Adaptado)
As informações do texto mostram que a atenção primária à saúde
a) vive ainda enfrentamentos para se estabelecer plenamente, uma vez que se identificam
desigualdades entre os países e, até mesmo, dentro deles.
b) obteve êxito em seu propósito a partir da Declaração de Alma Alta, razão pela qual os 40 anos
subsequentes a ela foram de saúde para todos os cidadãos.
c) tende a ser brevemente atingida, uma vez que a Declaração de Astana ratifica os cuidados
primários como pilar da cobertura universal de saúde.
d) passou por um período de estabilização, mas vem sendo questionada recentemente com o
recrudescimento de uma série de doenças específicas.
e) deixou de ser atendida porque a Organização Mundial da Saúde parou de perseguir os
preceitos defendidos pelas Declarações de Alma Alta e Astana.
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11. FGV - DPE-RJ - TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO - ADMINISTRAÇÃO DE
EMPRESAS – 2019
Texto 3
“Perseguido pelo branco, o negro no Brasil escondeu as suas crenças nos terreiros das
macumbas e dos candomblés. O folclore foi a válvula pela qual ele se comunicou com a
civilização branca, impregnando-a de maneira definitiva. As suas primitivas festas cíclicas – de
religião e magia, de amor, de guerra, de caça e de pesca... – entremostraram-se assim
disfarçadas e irreconhecíveis. O negro aproveitou as instituições aqui encontradas e por elas
canalizou o seu inconsciente ancestral: nos autos europeus e ameríndios do ciclo das janeiras,
nas festas populares, na música e na dança, no carnaval...”
(Luís da Câmara Cascudo. Antologia do folclore brasileiro - Volume I. São Paulo, Martins, 1956)
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No que concerne ao texto precedente, julgue o próximo item.
A afirmação de que alguns nomes põem nos olhos de seus donos “um azul que não possuem”
(ℓ. 4 e 5) contradiz a ideia de que os nomes definem não as qualidades reais de cada um, mas
o modo como os outros o veem.
Certo
Errado
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item que se
segue.
De acordo com o texto, o quadro de concentração de renda, de precarização das relações de
trabalho e de falta de direitos básicos como educação, saúde e moradia é resultado da
negligência estatal com relação às necessidades da população.
Certo
Errado
91
14. CESPE – PGE - PE – ANALISTA JUDICIÁRIO DE PROCURADORIA – 2019
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A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos Com relação às ideias do texto CB2A1-I,
julgue o item a seguir.
De acordo com o texto, as sociedades deste século vivenciaram a substituição da agricultura e,
a partir disso, passaram a se submeter ao controle dos proprietários de veículos de informação.
Certo
Errado
92
15. CESPE – PGE - PE – CONHECIMENTOS BÁSICOS – 2019
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item que se
segue.
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Conforme o texto, a Terceira Revolução Industrial foi o evento histórico responsável por
transformar o empregado em simples mercadoria do processo de produção.
Certo
Errado
93
Com relação às ideias do texto CB1A1-III, julgue o item seguinte.
De acordo com o texto, quando estamos indignados e sozinhos, elaboramos mentalmente
grandes argumentações contra aquilo que definimos como alvo da nossa revolta.
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Certo
Errado
94
A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
A jurisdição constitucional está relacionada à conservação das bases estruturantes do Estado
democrático.
Certo
Errado
A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a seguir.
O texto indica que, de acordo com Axel Honneth, o conflito motiva o reconhecimento dos sujeitos
de direito, o que é condição básica para a preservação da sociedade.
Certo
Errado
95
Capítulo 26
(5ª edição)
INFERÊNCIA
Em alguns textos aparecem informações implícitas, ou seja, não são expressas formalmente,
apenas são sugeridas pelo contexto ou por marcas linguísticas. Essas informações denomina-
se de pressupostos e subentendidos.
Exemplo de pressuposto:
- Decidi praticar exercícios físicos.
Exemplo de subentendido:
- Quando for sair de casa, não se esqueça de levar guarda-chuva.
Flávio Gikovate: Tenho a impressão de que isso não ocorre só com a tecnologia. Tenho
a sensação de que sempre chegamos tarde. As pessoas compram muitas coisas
desnecessárias. Veja o caso das roupas: só porque a cintura da calça subiu ou desceu
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ligeiramente, elas trocam todas as que possuíam. Trata-se de um movimento em que as pessoas
estão sempre devendo.
(Adaptado de: GIKOVATE, Flávio & RIBEIRO, Renato Janine. Nossa sorte, nosso norte.
Campinas: Papirus, 2012)
Depreende-se corretamente do texto:
A Ao se referir ao caso das roupas (2o parágrafo), o autor assinala que a indústria da moda
impõe estilos de beleza com os quais nem todos concordam.
B Com a afirmação de que isso não ocorre só com a tecnologia (2o parágrafo), critica-se o uso
inadequado dos recursos oferecidos pelos computadores.
C No segmento e não o contrário (1o parágrafo), o autor reforça a ideia de que as invenções
existem para servir às pessoas.
D Com o uso do termo bombardeados (1o parágrafo), o autor conclui que, se fosse possível, as
pessoas prefeririam ser menos dependentes da tecnologia.
E Ao mencionar a velocidade (1o parágrafo) dos dias de hoje, o autor enaltece a tendência da
indústria tecnológica de estar sempre à procura de ultrapassar a si mesma.
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Era uma festa de invocação do sol, pelo fim das noites invernais. Durante esses festejos
pagãos, os papéis sociais se confundiam. Havia troca de presentes e de identidades. O escravo
assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher − como se, para agradar à natureza,
tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais.
Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção as
relações sociais e de poder não permitiam. Ameaçado pelos caprichos da natureza, reconhecia
que as coisas são mais complexas do que estamos dispostos a ver.
É plausível que Shakespeare tenha escrito “Noite de Reis”, segundo Harold Bloom sua
comédia mais bem-sucedida, pensando nessa carnavalização solar, para comemorar a Epifania.
A peça conta a história de Viola e Sebastian, gêmeos que naufragam ao largo do que hoje seria
Croácia, Montenegro ou Albânia, e que no texto se chama Ilíria. Viola acredita que o irmão se
afogou. Ao oferecer seus serviços ao duque de Ilíria, ela se disfarça de homem, assumindo o
nome de Cesário. É o suficiente para pôr em andamento uma comédia de erros na qual as
identidades serão confrontadas com a relatividade das nossas convicções.
O sentido irônico do subtítulo da peça − “o que bem quiserem ou desejarem” − dá a entender
nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem
98
(E) ritos pagãos de veneração à natureza mesclavam-se a manifestações religiosas para
homenagear os reis magos.
comédia mais bem-sucedida, pensando nessa carnavalização solar, para comemorar a Epifania.
A peça conta a história de Viola e Sebastian, gêmeos que naufragam ao largo do que hoje seria
Croácia, Montenegro ou Albânia, e que no texto se chama Ilíria. Viola acredita que o irmão se
afogou. Ao oferecer seus serviços ao duque de Ilíria, ela se disfarça de homem, assumindo o
nome de Cesário. É o suficiente para pôr em andamento uma comédia de erros na qual as
identidades serão confrontadas com a relatividade das nossas convicções.
O sentido irônico do subtítulo da peça − “o que bem quiserem ou desejarem” − dá a entender
que os desejos desafiam as convenções que os encobrem. As convenções se modificam
conforme a necessidade. Os desejos as contradizem. Identidade e desejo são muitas vezes
incompatíveis.
É o que reivindica a filósofa Rosi Braidotti. Braidotti critica a banalização dos discursos
identitários, uma incapacidade de lidar com a complexidade, análoga às soluções simplistas que
certos discursos contrapõem às contradições. Diante da complexidade, é natural seguir a ilusão
das respostas mais simples.
Sob a graça da comédia, Shakespeare trata da fluidez das identidades. Epifania tem a ver
com a luz, com o entendimento e a compreensão. Mas para voltar a ver e compreender é preciso
admitir que as contradições são parte constitutiva do mundo. A democracia, em sua imperfeição
e irrealização permanentes, depende disso.
(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. Disponível em: www1.folha.uol.com.br)
Depreende-se do contexto que a filósofa Rosi Braidotti, mencionada no 6º parágrafo,
(A) lança dúvida sobre a noção de que identidade e desejo possam ser conciliados.
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(B) incentiva a busca de respostas simples para problemas intrincados.
(C) critica a simplificação de questões identitárias complexas.
(D) considera ilusória a complexidade dos discursos identitários.
(E) defende a ideia de que ao discurso devem corresponder ações práticas.
4. Eduardo Viveiros de Castro - Lévi-Strauss parece pensar que a espécie está vivendo seus
últimos séculos, visto que causa danos irreversíveis ao meio ambiente. Nossa espécie já
enfrentou situações piores. Contudo, há motivo para inquietação. Como gerir a expansão
demográfica neste momento em que a superpopulação oferece um perigo para nós mesmos?
Talvez estejamos diante de um impasse antropológico, que é também biológico. A distinção entre
natureza e cultura se apagou: se havia dúvida sobre o fato de essas duas "ordens" estarem
imbricadas, agora não há mais. Vemos que a cultura é uma força natural, e que a natureza está
envolvida em redes culturais. Portanto, é absurdo tentar distingui-las.
Talvez sejamos a única espécie em risco de se extinguir sabendo disso de antemão.
Concomitantemente, no campo da ficção científica vai se desenvolvendo todo um imaginário em
torno da salvação da espécie. A ficção científica é a metafísica popular do nosso tempo, nossa
nova mitologia.
Lévi-Strauss insistia na convergência entre o pensamento selvagem e a vanguarda da ciência.
Parece que o mais primitivo e o mais avançado se juntam desde o auge da modernidade.
(Trecho adaptado de entrevista com Eduardo Viveiros de Castro. Disponível
em: www.scielo.br)
Infere-se corretamente do texto:
A A valorização da diversidade cultural configura-se como uma tentativa de reverter as
consequências negativas geradas pelos danos ao meio ambiente, uma vez que diferentes
soluções surgem de diferentes povos.
100
B Os avanços advindos das conquistas da alta tecnologia são capazes de conter as
consequências negativas suscitadas pelo excesso populacional que se presencia na atualidade.
C Com base no pressuposto de que a espécie humana já superou diversas adversidades, a obra
Tristes trópicos propõe que se busquem no passado soluções para as questões do presente.
D Direciona-se para o campo da ficção científica a necessidade de explicar aspectos da condição
humana atual e de vislumbrar soluções para problemas concretos com que depara a
humanidade.
E É necessário criar redes culturais capazes de controlar a intervenção humana no meio
ambiente, de modo a garantir a permanência da expansão demográfica.
argumentação e validação de teorias no primeiro caso; e por regras que fixam os marcos dentro
dos quais a busca do ganho econômico por parte das pessoas é livre, no segundo. Por mais
brilhantes, entretanto, que sejam suas inegáveis conquistas, é preciso ter uma visão clara do
que podemos esperar que façam por nós: a ciência jamais aplacará a nossa fome de sentido, e
o mercado nada nos diz sobre a ética - como usar a nossa liberdade e o que fazer de nossas
vidas.
O sistema de mercado - baseado na propriedade privada, nas trocas voluntárias e na
formação de preços por meio de um processo competitivo reconhecidamente imperfeito - define
um conjunto de regras de convivência na vida prática. A regra de ouro do mercado estabelece
que a recompensa material dos seus participantes corresponderá ao valor monetário que os
demais estiverem dispostos a atribuir ao resultado de suas atividades: a remuneração de cada
um, portanto, não depende da intensidade dos seus desejos de consumo, do civismo de suas
ações, do seu mérito moral ou estético. Dependerá tão somente da disposição dos consumidores
em pagar, com parte do ganho do seu próprio trabalho, para ter acesso aos bens e serviços que
o outro oferece. Mas o mercado não decide, em nome dos que nele atuam, os resultados finais
da interação. Assim como a gramática não determina o teor das mensagens, mas apenas as
regras das trocas verbais, também o mercado não estabelece de antemão o que será feito e
escolhido pelos que dele participam.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras,
2016, edição digital)
Infere-se corretamente do texto:
101
A Apesar de se autorregular, o mercado oferece recompensas materiais desiguais aos
participantes do sistema, atreladas, proporcionalmente, à dedicação do indivíduo àquilo que é
do interesse da coletividade.
B Ao estabelecer uma comparação entre as conquistas capazes de melhorar as condições da
vida humana nos últimos séculos, o autor conclui que os benefícios da economia de mercado
são inferiores aos alcançados pela Revolução Industrial do século XVIII.
C Como ciência e mercado estão interligados, a primeira sofre restrições em sua liberdade de
ação, uma vez que só se validam teorias que atendam aos interesses do mercado, o qual, por
sua vez, visa ao lucro mesmo em detrimento do desenvolvimento científico.
D As conquistas alcançadas pelo sistema de mercado, no qual se estabelecem os preços de um
produto por meio de um processo competitivo, são limitadas, na medida em que as relações de
troca não estão atreladas a escolhas éticas nem nos ensinam de que modo usar nossa liberdade.
E Uma vez que se trata de um sistema meritocrático, o sistema de mercado beneficia os
indivíduos mais dedicados e munidos de maior motivação pessoal, cujo grande desejo de
consumo faz com que procurem superar suas dificuldades.
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Essa é a frase que mais tenho ouvido recentemente. Passada a euforia de uma notícia
qualificada como “bomba”, logo os atores de uma das partes corriam a público para disponibilizar
a íntegra daquilo que antes foi veiculado em partes.
É preciso saber de tudo e entender de tudo. É preciso tirar as próprias conclusões para
não depender de ninguém, e é esse o grande e contraditório imperativo dos nossos tempos. É
uma ordem a uma experimentação libertária, e uma quase contradição do termo. O imperativo
que liberta também aprisiona: você só passa a ser, ou a pertencer, se tiver uma conclusão. Sobre
qualquer coisa.
Nas últimas décadas psicanalistas se debruçaram sobre as mudanças nos arranjos
produtivos e sociais de cada período histórico para compreender e nomear as formas de
sofrimento decorrentes delas. A revolução industrial, a divisão social do trabalho, a urbanização
desenfreada e as guerras, por exemplo, fizeram explodir o número de sujeitos impacientes,
irritadiços e perturbados com a velocidade das transformações e suas consequentes perdas de
referências simbólicas.
Pensando sobre o imperativo “Leia/Veja/Assista” e “Tire suas próprias conclusões”,
começo a desconfiar de que estamos diante de uma nova forma de sofrimento relacionado a um
mal-estar ainda não nomeado.
Afinal, que tipo de sujeito está surgindo de nossa nova organização social? O que a vida
em rede diz sobre as formas como nos relacionamos com o mundo? Que tipos de valores surgem
dali? E, finalmente, que tipo de sofrimento essa vida em rede tem causado?
103
Vou arriscar e sair correndo, já sob o risco de percorrer um campo que não é meu:
estamos vendo surgir o sujeito preso à ideia da obrigação de ter algo a dizer. Ao longo dos
séculos essa angústia era comum aos chamados formadores de opinião e artistas, responsáveis
por reinterpretar o mundo. Hoje basta ter um celular com conexão 3G para ser chamado a opinar
sobre qualquer coisa. Pensamos estar pensando mesmo quando estamos apenas terceirizando
convicções ao compartilhar aquilo que não escrevemos.
É uma nova versão de um conflito descrito por Clarice Lispector a respeito da insuficiência
da linguagem. Algo como: “Não só não consigo dizer o que penso como o que penso passa a
ser o que digo”. Se vivesse nas redes que atribuem a ela frases que jamais disse, o “dizer” e o
“pensar” teriam a interlocução de um outro verbo: “compartilhar”.
(Matheus Pichonelli, Carta Capital. 18.03.2016. www.cartacapital.com.br. Adaptado)
Da menção ao conflito descrito por Clarice Lispector, no último parágrafo, deduz-se o seguinte:
a) para o autor, Clarice Lispector estava equivocada ao ignorar a importância do “compartilhar”
como intermediário entre o “dizer” e o “pensar”.
b) ao se exprimir com exatidão o pensamento, a insuficiência da linguagem é superada, ainda
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que provisoriamente.
c) quando o pensamento é traduzido em palavras, e essas palavras são partilhadas, exaltam-se
os valores morais da sociedade.
d) não é possível expressar com exatidão o que pensamos, e nos iludimos ao crer que o que
dizemos equivale ao que pensamos.
e) o “pensar” adquire valor a partir do momento em que encontra um equivalente no “dizer” e
assume forma ao ser compartilhado.
– Dona Terezinha, eu vi que a senhora tem uma sapucaia. A senhora pode me ceder uma
muda? Preciso do ouriço para algumas orquídeas.
– Posso! Mas quem planta sou eu.
Dona Terezinha colheu a muda, levou, plantou, fez a reza e molhou. Ia embora, ouviu, pelas
costas:
– Dona Terezinha, muito obrigado. Mas quando é que vou poder colher o ouriço?
Pensou, coçou a cabeça, e... “daqui a uns 60 ou 70 anos, meu filho”.
Uma longa gargalhada explodiu na mesa. O show do Lenine em Inhotim, neste sábado,
trouxe um sopro de vida eterna ao ambiente. A conversa pausada, cheia de casos e histórias,
era observada por Grassi com atenção. Inhotim está vivo, cada vez mais vivo, era a mensagem,
era o astral no meio daquele paraíso que de perdido não tem nada.
Lembrando a polêmica sobre a filosofia, Lenine mandou:
– Aristóteles jogou a toalha. No final da vida, depois de tanta filosofia, escreveu que o mais
importante era rir.
E se o riso precede a felicidade e, com ela, os hormônios da longevidade, viveremos um
pouco mais depois deste sábado musical e iluminado de outono, em Inhotim.
Com a noite chegando, os corações se juntaram naquela mesa. A vegetação nos acolheu,
luz e sombra bordando os contrastes, pensamentos voando. Um sombrio Bernardo se revelou.
Retirado desde os últimos acontecimentos, vive serenando as reflexões, salvando lembranças.
Mas não desiste do sonho:
105
– Com o rompimento da barragem, tivemos que reduzir custos. Outro dia descobri que
acabaram com o Coral e a Orquestra formada por gente da região. Mandei voltar. Tem coisa que
não pode cancelar.
Bernardo, neste ponto, se afasta da gestão e olha para a transcendência da arte como
solução. Não adianta cortar custo de coisas que são para sempre. Música, canto, arte. O Inhotim
tem, agora, responsabilidade dobrada: a revitalização de toda uma região devastada pela
tragédia.
(Afonso Borges. https://blogs.oglobo.globo.com, 28.04.2019. Adaptado)
Uma leitura adequada do texto em sua totalidade permite concluir que o título
A chama a atenção para um encontro corriqueiro e de ocorrência sazonal.
B expõe uma crítica à indiferença dos artistas citados quanto à beleza natural de Inhotim.
C prenuncia um discurso impessoal sobre os atributos naturais de Inhotim.
D antecipa um depoimento de cunho intimista, baseado na memória do autor.
E destaca o encanto do autor diante da qualidade técnica do show de Lenine.
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A informação abaixo que NÃO pode ser depreendida da leitura desse texto é:
(A) o termo “no entanto” indica que esse segmento não é a parte inicial do texto;
(B) o texto contraria a ideia de ser a Bíblia a base de apoio a doutrinas e crenças;
(C) o termo “antes” indica um momento anterior de produção da Bíblia;
(D) o termo “processo” retoma “atividade contínua”;
(E) o verbo “introduzir” se refere a uma nova atividade para as pessoas.
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107
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO pode, no entanto, ser inferida da imagem
e das frases a seguinte informação:
(A) a classe social mais alta está envolvida nos crimes cometidos no Rio;
(B) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem-feita;
(C) a linguagem do personagem mostra intimidade com o interlocutor;
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108
Depreende-se do primeiro período do texto que Adílson dos Anjos habitualmente frequenta o
depósito de sucata eletrônica descrito no texto.
Certo
Errado
109
17. CESPE – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – 2019
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Julgue o seguinte item, a respeito das ideias e das construções linguísticas do texto apresentado.
Conclui-se do texto que, devido à abundância de recursos, nas sociedades tribais os indivíduos
não têm necessidade de separar as práticas laborais das outras atividades sociais.
Certo
Errado
110
18. CESPE – CGE - CE – CONHECIMENTOS BÁSICOS – 2019
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Infere-se do texto CB1A1-I que o narrador caracteriza Candeia como “quase nada” (l.1) e “morta”
(l.14) devido à
A) desesperança reinante no povoado.
B) impressão de abandono exibida pelo povoado.
C) inexistência de espaços de diversão no povoado.
D) desigualdade explícita em todos os cantos do povoado.
E) presença de pessoas mesquinhas e desgraçadas pelo povoado.
111
19. CESPE – SEFAZ - RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – 2019
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Infere-se do texto 1A3-I que a ação do Estado, com relação à política tributária, visa
A) ao provimento de receitas e também a finalidades econômicas e sociais.
B) à redução de tributos sobre empresas comprometidas com o desenvolvimento social.
C) ao aumento do lucro de empresas, com impacto sobre o crescimento do país.
D) ao estímulo do setor empresarial pela concessão de isenção do pagamento de impostos.
E) ao crescimento da livre concorrência, com aumento dos impostos aplicados a empresas.
112
Capítulo 25
(5ª edição)
COESÃO E COERÊNCIA
Coesão
ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO
Coerência
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COESÃO
REFERÊNCIA
Exemplo: João e Maria casaram. Eles são pais de Ana e Beto. (Referência pessoal anafórica)
113
Demonstrativa: utilização de pronomes demonstrativos e advérbios.
Exemplo: Fiz todas as tarefas, com exceção desta: arquivar a correspondência. (Referência
demonstrativa catafórica)
Substituição: Substituir um elemento (nominal, verbal, frasal) por outro é uma forma de evitar
as repetições.
Exemplo: Ele estuda o dia inteiro. O estudo é seu passaporte para a vitória.
Elipse: Um componente textual, quer seja um nome, um verbo ou uma frase, pode ser omitido
através da elipse.
Exemplo: Nós não sabemos quem é o culpado, mas ele sabe. (adversativa)
COESÃO LEXICAL
Exemplo: Aquela escola não oferece as condições mínimas de trabalho. A instituição está
literalmente caindo aos pedaços.
COERÊNCIA
Exemplos: O relatório está pronto; porém o estou finalizando até agora. (processo verbal
acabado e inacabado)
114
DIFERENÇA ENTRE COESÃO E COERÊNCIA
QUESTÕES DE CONCURSO
superficialidade.
(D) Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteligência, de modo que ficamos reféns da
superficialidade.
(E) Conforme se ficam reféns da superficialidade, cuja enxurrada de estímulos dispersa a
inteligência.
117
6. FCC – PREFEITURA DE RECIFE – ASSISTENTE DE GESTÃO PÚBLICA - 2019
Plataformas digitais possibilitam acesso, abertura e transparência às operações de governos
locais / e provavelmente irão mudar a forma como os governos interagem com as pessoas. (4o
parágrafo)
Entre as ideias separadas por barra nessa passagem do texto, se estabelece relação de,
respectivamente,
(A) causa e consequência.
(B) condição e conformidade.
(C) finalidade e comparação.
(D) concessão e adição.
(E) modo e tempo.
Conversas movimentadas
É muito comum que logo pela manhã, nas grandes cidades, a conversa entre
colegas de trabalho se inicie por frases que aludam aos congestionamentos enfrentados no
caminho, ou à surpresa de o trânsito naquela praça não estar inteiramente prejudicado, ou então
– milagre dos milagres! − ao fato inexplicável de como dessa vez não demorou quase nada a
travessia da famosa ponte. Tais assuntos dominam as conversas, determinam o humor;
representam-se nelas o pequeno drama, a ansiedade, a aflição ou o desespero que vivem os
habitantes das metrópoles.
É um assunto tão invasivo quanto obrigatório, do qual não se pode fugir. A simples
locomoção de um lugar para outro reedita, a cada dia, a façanha que é o ir e o vir nas grandes
cidades, o desafio que está na chamada “mobilidade urbana”, designação do conjunto de fatores
que condicionam a movimentação dos indivíduos no espaço público. A mobilidade urbana tem
enorme importância para a qualidade de vida da população. Não se trata, simplesmente, da
movimentação mecânica de um lugar para outro; trata-se do modo pelo qual ela ocorre, de seus
efeitos no cotidiano, da fixação de prazos e horários de trabalho e lazer, do humor dos indivíduos,
dos prazeres e desprazeres que acarreta.
Falar do trânsito, sobretudo de suas dificuldades que parecem fatais, torna-se, assim,
mais do que um papo corriqueiro: vira uma espécie de senha familiar pela qual todos se
reconhecem, um motivo para se reafirmar aquela cumplicidade solidária que os problemas
comuns provocam nas criaturas. Um considerável salto civilizatório se dará quando as pessoas,
118
no começo do dia de trabalho, não tiverem do que se queixar quanto à sua mobilidade, e
puderem tratar de outros assuntos que melhor as congreguem.
(Salustino Penteado, inédito)
Constituem uma relação de causa e consequência, nessa ordem, os segmentos:
(A) aludam aos congestionamentos / ou à surpresa (1o parágrafo).
(B) assunto tão invasivo / quanto obrigatório (2o parágrafo).
(C) movimentação mecânica / de um lugar para outro (2o parágrafo).
(D) dos prazeres / e desprazeres que acarreta (2o parágrafo).
(E) problemas comuns / cumplicidade solidária (3o parágrafo).
defasados; sua reação, porém, deflagra uma nova rodada de investimento bélico no primeiro
país, o que obriga os demais a seguirem outra vez os seus passos. A escalada armamentista
leva os participantes a dedicarem uma parcela crescente de sua renda e trabalho à garantia da
segurança externa, mas o resultado é o contrário do pretendido.
A corrida do consumo tem uma lógica semelhante à da corrida armamentista. Nenhum
consumidor é uma ilha: existe uma forte e intrincada interdependência entre os anseios de
consumo das pessoas. Aquilo que cada uma delas sente que “precisa” ou “não pode viver sem”
depende não só dos seus “reais desejos e necessidades”, mas também, e talvez sobretudo, ao
menos nas sociedades mais afluentes, daquilo que os outros ao seu redor possuem. A cada vez
que um novo artigo de consumo é introduzido no mercado, o equilíbrio se rompe e o desconforto
causado pela percepção da falta impele à ação reativa da compra do bem.
Em ambas as corridas - a armamentista e a do consumo - a lógica da situação obriga a todos
a correrem cada vez mais, como hamsters confinados a esferas rotatórias, para não sair do
lugar.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras,
2016, p. 102-103)
Expressam-se como uma causa e sua consequência, nessa ordem, os seguintes segmentos:
(A) A corrida armamentista tem dinâmica e propriedades conhecidas / um país decide se armar
(1o parágrafo)
(B) A corrida do consumo tem uma lógica / semelhante à da corrida armamentista (2o parágrafo)
119
(C) Aquilo que cada uma delas sente que “precisa” / depende não só dos seus “reais desejos e
necessidades” (2o parágrafo)
(D) um novo artigo de consumo é introduzido no mercado / o equilíbrio se rompe (2o parágrafo)
(E) a correrem cada vez mais / confinados a esferas rotatórias (3o parágrafo)
Esse trecho está reescrito com o sentido preservado, em linhas gerais, em:
(A) Há quem defenda uma futura desurbanização, mesmo quando os especialistas [...]
contestem sua eficácia.
(B) Há quem antecipe uma futura desurbanização, em contrapartida, os especialistas [...]
corroboram essa possibilidade.
(C) Há quem espera uma futura desurbanização, os especialistas [...] não a consideram
conveniente.
(D) Há quem cogite uma futura desurbanização; hipótese que os especialistas [...], contudo,
rejeitam.
(E) Há quem refute uma futura desurbanização; os especialistas [...] a concebem como
irrefreável, no entanto.
120
compromissos com a família, não me permito errar. Sou pontual. Com todos menos comigo. É
assim, comigo eu falho mesmo.
São exemplos bobos, mas refletem a fragilidade de nossos impulsos, sentimentos,
decisões. Mas, principalmente, mostram a falta de amor, carinho e afeto com nós próprios. E a
vida vai passando e você vai se esquecendo disso, abandonando, pouco a pouco, a si mesma.
Tudo e todos são importantes e merecem o seu tempo, a sua disposição, o seu sorriso. Tem
dias, sinceramente, que não dou nem um sorriso para mim. À noite, desmonto morta na cama.
Meus pés pedem um carinho, um toque, massagem. Estou cansada demais para atendê-los.
Bem na hora que seria deles, os heróis que me carregaram o dia todo, eu não tenho mais forças.
Vou dormir sem esse deleite, não me mexo em busca de algo tão simples. Tão fácil.
Mas é preciso lembrar que temos direito a esses rituais de agrado, aconchego, bem-estar
e acolhida. Não é uma crônica para narcisos. É uma crônica para quem não se ama da forma
como deveria se amar, se respeitar, se bem querer. Para quem se esqueceu...
Portanto, hoje, ainda, sente-se no sofá e esfregue seus pezinhos com um creme bem
cheiroso. E não ligue para o que vão dizer. Apenas se ame.
nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem
A alternativa cujo enunciado reescreve corretamente uma passagem do texto, sem prejuízo do
sentido original, é:
A São exemplos bobos que, entretanto, refletem a fragilidade de nossos impulsos, sentimentos,
decisões. (2º parágrafo)
B E a vida vai passando assim que você vai se esquecendo disso, abandonando, pouco a pouco,
a si mesma. (2º parágrafo)
C Porém, hoje, ainda, sente-se no sofá e esfregue seus pezinhos com um creme bem cheiroso.
Ou seja: não ligue para o que vão dizer. Apenas se ame. (4º parágrafo)
D Minha força de vontade, portanto, coitada, é uma comédia de mau gosto, boa em me deixar
envergonhada... (1º parágrafo)
E Por consequência, nunca me esqueci dos horários dos remédios dos meus filhos. (1º
parágrafo)
equipado com uma câmera que “olhava” dentro da lata, o sistema aprendeu depois de 14 horas
de tentativa e erro.
O braço mais tarde aprendeu a jogar itens nas latas certas, com 85% de acerto. Quando
os pesquisadores tentaram executar a mesma tarefa, a média foi de 80%. Parece uma tarefa
muito simples, todavia criar um código de computador para dizer a uma máquina como fazer isso
é algo extremamente difícil.
O braço que joga objetos numa lata não é uma máquina desenhada pelos pesquisadores.
Fabricado pela Universal Robots, ele é comumente usado em manufatura e outras atividades. O
que o Google está fazendo é treiná-lo para que faça coisas que, de outro modo, ele não faria.
“O aprendizado está nos ajudando a superar o desafio de construir robôs de baixo custo”, diz
Vikash Kumar, supervisor do projeto.
(Cade Metz. The New York Times. Publicado pelo jornal O Estado de São Paulo em 14.04.2019.
Tradução de Roberto Muniz. Adaptado)
Assinale a alternativa em que o trecho do quarto parágrafo está reescrito preservando-se o
sentido original do texto.
A Em meio a essa confusão, o braço robótico pegou com dois dedos... → Em meio à negligência
dos pesquisadores, o robô pegou com dois dedos
B ... com um suave movimento de punho, jogou-a numa lata...→movimentando suavemente o
punho, atirou-a em uma lata
C ... jogou-a numa lata menor que estava a vários centímetros de distância. →jogou-a a uma
certa distância em uma lata de vários centímetros
122
D ... o braço não sabia como pegar uma única peça. →o braço somente conseguia pegar uma
peça por vez
E Porém, equipado com uma câmera que “olhava” dentro da lata... →Mas, equipado com uma
câmera que, dentro da lata, “olhava” ao redor
2013, o que deve nos preocupar?”. Ele contou que em 1980 se temia que a revolução do
computador aumentasse a distância entre os países ricos “do Ocidente” e os países pobres, que
não teriam acesso à nova tecnologia e a seus aparelhos. A verdade é que a informática criou
fortunas enormes, mas permitiu também a mais profunda disseminação niveladora da tecnologia
que já se viu na história. “Celulares e laptops e, agora, smartphones e tablets puseram a
conectividade nas mãos de bilhões”, afirmou Dennett.
O planeta, segundo o filósofo, ficou mais transparente na informação como ninguém
imaginaria há 40 anos. Isso é maravilhoso, disse Dennett, mas não é o paraíso. E citou a lista
daquilo com que devemos nos preocupar: ficamos dependentes e vulneráveis neste novo
mundo, com ameaças à segurança e à privacidade. E sobre as desigualdades, ele disse que
Golias ainda não caiu; milhares de Davis*, porém, estão rapidamente aprendendo o que
precisam. Os “de baixo” têm agora meios para confrontar os “de cima”. O conselho do filósofo é
que os ricos devem começar a pensar em como reduzir as distâncias criadas pelo poder e pela
riqueza de poucos.
* referência ao episódio bíblico em que Davi, aparentemente mais fraco, derrota o gigante Golias.
(Míriam Leitão. História do futuro: o horizonte do Brasil no século XXI. Rio de Janeiro, Intrínseca,
2015)
A expressão que apresenta sentido correspondente ao de desigualdades, no texto, é:
A revolução do computador. (1° parágrafo)
B disseminação niveladora da tecnologia. (1° parágrafo)
C conectividade nas mãos de bilhões. (1º parágrafo)
123
D ameaças à segurança e à privacidade. (2° parágrafo)
E distâncias criadas pelo poder e pela riqueza de poucos. (2° parágrafo)
acabaram com o Coral e a Orquestra formada por gente da região. Mandei voltar. Tem coisa que
não pode cancelar.
Bernardo, neste ponto, se afasta da gestão e olha para a transcendência da arte como
solução. Não adianta cortar custo de coisas que são para sempre. Música, canto, arte. O Inhotim
tem, agora, responsabilidade dobrada: a revitalização de toda uma região devastada pela
tragédia.
(Afonso Borges. https://blogs.oglobo.globo.com, 28.04.2019. Adaptado)
Com relação ao conteúdo que o antecede no penúltimo parágrafo, o comentário – Tem coisa
que não pode cancelar. – exprime uma
A justificativa.
B ressalva.
C síntese.
D consequência.
E concessão.
124
15. VUNESP – PREFEITURA DE ARUJÁ – SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – 2019
No contexto dos quadrinhos, os conteúdos expressos nas frases “Comi uma feijoada” e
nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem
126
Indução é um processo lógico que parte do particular para o geral, como ocorre no seguinte
raciocínio:
(A) Todos os dias o metrô está cheio; hoje deve estar também;
(B) Após as chuvas, as ruas ficam alagadas; hoje deve ter chovido durante toda a noite;
(C) A torcida do Corinthians está presente em todos os jogos; domingo não deve ser diferente;
(D) O estacionamento do restaurante está cheio de carros; o lucro desse restaurante deve ser
alto;
(E) Os carros brasileiros ainda mostram deficiências; o meu automóvel enguiçou ontem.
No primeiro parágrafo do texto 1A1-II, o trecho “Muitas vezes o mundo acaba em silêncio, ou
fazendo um barulho leve de folha” (R. 4 e 5) constitui
A uma afirmação que resume as ideias expressas no período seguinte.
B uma condição para que ocorra o que é expresso no período seguinte.
C uma informação que expressa a finalidade do que se afirma no período imediatamente
anterior.
D um fato que contraria a ideia expressa no período imediatamente anterior.
E um argumento que reforça a informação expressa no período imediatamente anterior.
nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem
128
26. CESPE – SLU – DF – CONHECIMENTOS BÁSICOS – 2019
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto CB1A1-III, julgue o item subsecutivo.
O deslocamento do termo “furiosa” (ℓ.8) para imediatamente após a forma verbal “levantou-se”
(ℓ.9) manteria a coerência do texto.
Certo
Errado
nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem
129
28. CESPE – SEFAZ – RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – 2019
Cada uma das opções a seguir apresenta trecho do texto 1A11-I seguido de uma proposta de
nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem nuvem
reescrita. Assinale a opção cuja proposta preserva os sentidos do texto e suas relações coesivas.
A “distante ano” (ℓ.2): ano distante
B “desconhecido compositor” (ℓ.4): compositor desconhecido
C “público refinado” (ℓ.7): refinado público
D “músico menor” (ℓ.14): menor músico
E “desprezo coletivo” (ℓ.12): coletivo desprezo
130
GABARITOS
Tipologia Textual
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
A A D D C ERRADO B CERTO E CERTO CERTO
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
E E A C A E D E D B B
Estruturação Argumentativa
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
B C A B B D E A D A B C A C D
Recorrência
1 2 3 4 5 6 7 8 9
D C D A A B E A A
10 11 12 13 14 15 16 17 18
E E ERRADO ERRADO ERRADO ERRADO CERTO CERTO CERTO
Inferência
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 1 1 1 1 15 16 17 1 1
0 1 2 3 4 8 9
C B C D D C D B D E B C E D CERT CERT ERRAD B A
O O O
131