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A Técnica:
Princípios-chave da Decisão

Quando Jesus nos chamou para realizar Sua obra em prol da humanidade, prometeu
nos ensinar como trabalhar com Ele: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de
homens” (Mt 4:19). Não se nasce pescador de peixe ou pescador de homens, isto exige
preparo. E o preparo começa ao se observar o trabalho do Mestre.
Em Seu ministério pelas almas, o que Jesus era importava tanto quanto o que ele
dizia. Decisões foram tomadas, não apenas por causa dos fatos que Jesus apresentava, mas
por causa do homem que era. Jesus conquistava corações por meio de relacionamentos,
bem como pela verdade. Ele se identificava com as pessoas. A persuasão envolve tanto
logos (conhecimento) quanto ethos (confiança).
O sentimento de uma pessoa pode ser positivo ou negativo. Sentimentos negativos
podem levar a uma decisão negativa. Portanto, não apenas mensagem e mensageiro são
importantes; o método também é fundamental ao se tomar uma decisão positiva. Como
falamos da verdade afeta os resultados, assim como quando falamos. Uma passagem
messiânica traz os elementos acima: “O Senhor Deus me deu língua de eruditos para que
eu saiba dizer (método) boa palavra (o que é dito) ao cansado (quando deve ser dito);
Ele me desperta todas as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu ouça como os
eruditos. O Senhor Deus me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde, não me retraí (o tipo
de pessoa que era Jesus)” (Is 50:4,5).
A cada manhã, ao responder a oração de Seu filho, o Pai revelava a “sabedoria
necessária” para garantir decisões positivas. O Pai também nos ensinará o que dizer, como
dizer e quando dizer. Alguns de nós ainda não aprendemos.
“Estou tão entusiasmado com a verdade”, disse-me um converso. “Falei de sua
palestra sobre a marca da besta para meus parentes católicos.” Mensagem errada. Hora
errada. Forma errada. E, certamente, um retrocesso no relacionamento.
Fale “a verdade em amor”, aconselhou Paulo (Ef 4:15). Essa é a maneira que Deus
apresenta a verdade por meio de pessoas afetuosas. Decisões são tomadas em bons
relacionamentos interpessoais. Quanto mais confiança a pessoa tem no mensageiro, quanto
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mais profundo for o relacionamento estabelecido, maior a probabilidade de haver uma
decisão positiva.
Vamos seguir a Jesus e observá-lo usando os pontos-chave da decisão.
Aceitação. Jesus aceitava homens e mulheres como eram. Ministrava-lhes na
condição em que os encontrava. Não trabalhava por uma transformação antes de
estabelecer um relacionamento de confiança. Ao encontrar-se com uma mulher junto ao
poço de Samaria, Ele estabelece a confiança ao pedir-lhe um favor, ao passo que seus
compatriotas sequer falariam com uma samaritana. No tanque de Betesda, Jesus satisfaz
uma necessidade física antes de encorajar uma decisão. Com Nicodemos, Ele consente um
encontro noturno a sós para preservar a privacidade do Fariseu.
Há dois ingredientes na aceitação: acordo e aprovação.
1. Acordo. Ao ir em busca de decisões, primeiramente encontre pontos de
concordância. Um pequeno acordo abrirá o caminho para acordos maiores. Buscar uma
decisão dizendo “Eu discordo de você”, quebra um relacionamento antes mesmo que este
tenha tempo de se estabelecer; e relacionamentos quebrados levam a uma decisão negativa.
Uma sábia senhora descreveu bem esse conceito:
“Concordai com o povo em todos os pontos em que podeis coerentemente assim
fazer. Vejam eles que amais sua alma, e quereis, tanto quanto possível, estar em
harmonia com eles. Se em todos os vossos esforços se revelar o amor de Cristo,
sereis capazes de semear a semente da verdade em alguns corações, Deus regará a
semente lançada, e a verdade germinará e trará fruto para Sua glória.”2

Por exemplo, alguém diz “Mal posso esperar pelo arrebatamento, quando os
problemas dessa terra serão solucionados e seremos arrebatados para encontrar Jesus.” Sua
resposta poderia ser “Eu também mal posso esperar pela volta de Jesus e o extermínio do
pecado. É emocionante perceber que estamos vivendo no tempo do fim”. Embora você
possa não concordar com seu amigo sobre a maneira do regresso de Cristo, você
certamente concorda com ele sobre o fato de que Jesus irá voltar. Com certeza haverá
tempo para compartilhar as verdades bíblicas concernentes a esse assunto depois que um
relacionamento de confiança for estabelecido.
2. Aprovação. Quando alguns espectadores condenaram Maria por “desperdiçar”
ungüento caro em Seus pés, Jesus a louvou por sua bondade. Ele lhe disse que sua atitude
seria relembrada através dos séculos como um símbolo de generosidade e afeição. Jesus

                                                                                                                       
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E. G. White, Evangelismo, p. 141.
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elogiou o centurião declarando “Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé
como esta” (Mt 8:10). Disse ele à mulher cananéia: “Ó mulher, grande é a tua fé!” (Mt
15:28). Cristo repetidamente demonstrou aceitação ao concordar (quando podia), aprovar,
elogiar e apreciar.
Jesus encontrou maneiras de expressar aprovação até mesmo daqueles que tinham
reservas com relação a Ele. Ao falar de um escriba que havia questionado Cristo, Marcos
12:34 declara: “Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás
longe do reino de Deus. E ninguém mais ousava interrogá-lo”. O Mestre atentou para um
ponto positivo. Ele demonstrou aprovação. Assim também você não deveria se afastar
devido a atitudes negativas ou ações da parte dos outros. Eles não deverão lhe aprovar
antes que você os aprove. Não fique chocado. Demonstre genuína aceitação. Tente
concordar com eles em todo o ponto possível. Procure por algo que você possa demonstrar
apreço e então por pequenos elogios e votos de confiança, tente construir um laço de
unidade. Lembre-se, você demonstra aceitação concordando e aprovando.
Para demonstrar aceitação aos outros, deixe-os falar de si mesmos, de seu lar, da
cidade onde moram, seu trabalho, família ou negócio, idéias, conquistas, origem,
passatempos ou esportes. Seja genuinamente aberto para aprender deles e eles estarão
abertos para aprender de você. Suas conquistas devem sempre ser secundárias ou
subordinadas. O sábio coloca isso dessa forma: “Seja outro o que te louve, e não a tua
boca; o estrangeiro, e não os teus lábios” (Pv 27:2).
Seja um bom ouvinte. Pierre Salinger, que fez a biografia de John Kennedy,
descreveu as entrevistas que Kennedy deu quando era presidente dos Estados Unidos. Ele
afirmou o presidente tinha a capacidade de se sentar atrás de sua mesa de trabalho e lhe dar
atenção irrestrita pelos 15 a 30 minutos que você estivesse em sua presença. Salinger diz
que Kennedy fazia perguntas profundamente indagadoras sobre o assunto em questão,
como se ele se identificasse completamente com suas necessidades e não tivesse nada mais
a fazer além de lhe perguntar sobre seu ponto de interesse. Não é de se admirar que o
presidente fosse tão amado por tantas pessoas!
Jesus aceitava homens e mulheres como estivessem e começava a construir laços de
amizade que mais tarde se tornariam pontes pelas quais a verdade pudesse marchar até a
mente deles.
Crença. Este é o segundo princípio-chave da decisão. Ninguém é ganho por uma
pessoa da qual não gosta. Você deve acreditar que as pessoas desejam sinceramente a
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verdade e querem seguir Jesus, que eles podem ser ganhos para Cristo e Sua causa, que são
honestas e desejam tomar a decisão correta. Se você crer que homens e mulheres têm o
coração duro, um coração que não responde, inalcançável, sua própria atitude estará
refletida nas decisões que tomarem.
A Andrews University realizou um estudo com mais de 8.300 adventistas do sétimo
dia na América do Norte, incluindo 320 igrejas diferentes. Essas igrejas e pessoas que
acreditavam que homens e mulheres podiam ser ganhos para Cristo, estavam crescendo
com mais rapidez. A pesquisa afirmou:
“Alguns a tem chamado de síndrome do auto-cumprimento da profecia, mas
trocando em miúdos, há uma forte correlação entre a crença de um pastor de que
sua igreja pode crescer e o nível para o qual ela cresce realmente. Esses pastores, e
podemos incluir também os membros da igreja, que consideraram que o potencial
de crescimento de sua igreja era alto, estavam experimentando um rápido
crescimento em número de membros.”3

Jesus também ilustra este princípio. Ele via as pessoas não apenas como elas eram,
mas em que poderiam se tornar. Ao olhar para a mulher junto ao poço, Cristo não viu uma
mulher excluída pela sociedade, proveniente da parte mais baixa da cidade, mas uma
mulher que tinha sido ferida e injuriada, e a abordou com amor. Jesus viu Pedro não como
um pescador rude e sem papas na língua, mas como um poderoso pregador. Viu José de
Arimatéia não como um negociante sofisticado e próspero, mas como um Mestre que
amava Seu servo. Viu Nicodemos não como um líder da oposição cheio de preconceito
religioso, mas como alguém que necessitava desesperadamente de um novo coração. Jesus
viu o melhor nas pessoas. Acreditava nelas, e confiantemente aguardou que elas tomassem
a decisão de segui-Lo.
Aqui está uma pergunta bem simples para você. Quem foi o primeiro missionário
que Jesus enviou? Pedro? João? Os 12 apóstolos? Os setenta? Não! Tente de novo! O
missionário que o Mestre enviou foi um homem louco que se tornou mensageiro – um
lunático que virou discípulo. Cristo viu num endemoninhado selvagem, de cabelos
compridos, que blasfemava e gritava, um enorme potencial para o Reino de Deus. Uma vez
convertido, tornou-se uma poderosa testemunha. Na verdade, Ele realizou uma obra que
nem mesmo os discípulos foram capazes de realizar. Que Deus! Que Salvador! Jesus

                                                                                                                       
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Major Church Growth Study Completed”, Institute of Church Growth Newsletter, fevereiro,
1981.
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constantemente transforma os candidatos mais improváveis, enviando-os a tocar outros
com seu amor restaurador.
Confiança. Ao guiar homens e mulheres a se decidirem pelo Mestre, é fundamental
que atuemos confiantemente, como se fosse impossível falharmos ou nos decepcionarmos.
Espere a pessoa tomar a decisão. As pessoas com freqüência reagem da maneira que
esperamos que façam. Já notou que quando você sorri para as pessoas, elas quase sempre
sorriem de volta? Amabilidade gera amabilidade, confiança gera confiança. Cristo
acreditava nas pessoas e previa uma resposta positiva. Ele trazia o melhor deles à tona.
Assim, eles se elevavam até a altura de sua expectativa.
O livro de Atos registra o maior crescimento explosivo da igreja na história. Atos 2
diz que 3.000 foram batizados no dia do Pentecostes. Atos 4 indica que a igreja aumentou
para 5.000 pouco depois. Se acrescentarmos mulheres e crianças, seriam no mínimo 7.000
a 10.000 crentes. No livro lemos: “a igreja em toda a Judéia, Galiléia e Samaria... crescia
em número” (At 9:31). E também “Bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares há entre
os judeus que têm creram...” (At 21:20, grifo nosso). A palavra grega é “miríades”, e
significa dezenas de milhares. Um crescimento assombroso! Por quê?
Aqui está um de seus segredos: “Tomais, pois, conhecimento de que esta salvação
de Deus foi enviada aos gentios. E eles a ouvirão... pregando o reino de Deus e, com toda a
intrepidez, sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo”
(At 28: 28,31). Como Jesus, a igreja primitiva ensinava com confiança – confiança que o
Espírito Santo, a qualquer lugar que os enviasse, estaria presente impressionando os
corações, e dando-lhes confiança nas pessoas, que elas ouviriam e tomariam a decisão
correta.
Resumindo, para ser um ganhador de almas de êxito: aceite homens e mulheres
como são, sendo agradável e expressando aprovação. Creia que eles são sinceros e
genuínos, espere confiantemente que eles tomem decisões corretas. Coloque esses
princípios-chave da decisão em prática e observe Deus trabalhando por seu intermédio.

Relatório de Estudo Contínuo

1. Jesus ganhou pessoas pelo que Ele era, bem como pelo que ensinava. Que
características de sua personalidade, trabalhando em conjunto com o Espírito Santo, mais
lhe ajudam a persuadir pessoas a se decidirem por Cristo?
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2. Que atitudes têm impedido as pessoas a se decidirem por Cristo?
3. Decisões são tomadas em relacionamentos interpessoais. As pessoas não são
ganhas para Cristo por alguém de quem não gostam. Reveja um de seus contatos com
quem você trabalhou recentemente para ganhar para Jesus e liste o que você fez ou poderia
ter feito para estabelecer um relacionamento pessoal afetuoso.

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