Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma, meios eletrônico ou
mecânico sem a permissão por escrito do Autor e/ou Editor.
2ª Edição
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Editora Angel
Campinas/ SP
SUMÁRIO:
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
Agradecimentos
Sobre a autora
Editora Angel
Para meus pais, Felipe Cesar, meus irmãos, Mariely Bobbio, Flávia Pires, Cíntia Alves, meus
amigos e as pessoas que fizeram parte desse sonho.
Capítulo 1
Lívia
— Mamãe, seu bolo de laranja está ótimo! — elogio a minha mãe, enquanto como o terceiro
pedaço do delicioso bolo que ela sempre faz para mim.
— Ah, querida! Você fala isso todos os dias, vem morar aqui logo. — Ela sabe que não dá.
— Mamãe, a senhora já sabe que...
— Que em Cambridge é mais perto da universidade. — Ela me corta e completa minha fala
de sempre. — Mas sinto falta de vocês. — Ela choraminga.
— Ah, mãezinha, não faz drama, a Luara ainda está aqui e o seu queridinho filho chega
semana que vem, e eu e a Trinity estamos aqui todos os dias. — Abraço minha mãe, que limpa
suas lágrimas. Ela é tão sentimental.
Eu moro em Cambridge há alguns anos e meus pais em Boston, são apenas vinte minutos de
distância, e estou aqui todos os dias. Acho que não dá para sentir saudade, minha mãe faz muito
drama.
— Claro, só vem para comer! — Ela reclama. A maioria das vezes, sim.
— Credo, dona Ana! Depois diz que me ama, desse jeito.
— Por falar em amor, você já conheceu alguém? Ou percebeu que o Jaden gosta de você? —
Ela pergunta, se afastando. Às vezes minha mãe é irritante.
— Mamãe, já te falei que não quero namorar tão cedo mais, e o Jaden é como um irmão para
mim.
— Acho que ele não pensa assim. Mas, Lívia, eu quero um neto e você já tem vinte e dois
anos.
— Nem começa! Pede ao Theo, ele já tem vinte e seis anos, é formado e tem um trabalho.
— Você é muito chatinha. — Ela diz, se levantando.
— Obrigado. Ai, mãe! — Sinto uma tontura e uma vontade de vomitar. Meus olhos estão
— Estou tonta, quero vomitar e minha visão está embaçada. — aviso, com medo. Ela me
coloca no sofá e sai em direção à cozinha, voltando com um balde. Vomito tudo que até o instante
tinha no meu estômago. Pelo jeito, o bolo me fez mal dessa vez.
— Lívia, você está grávida? — Ela me pergunta, com um sorriso no rosto.
— Nada disso, você vai, sim! — abro a boca para questionar, mas ela não deixa. — Vai ser
melhor para você, vamos? — Ela pede e me ajuda a levantar.
— Como você quiser. — digo, caminhando e vendo tudo embaçado.
— E você vai dormir aqui hoje! — Ela me avisa.
— Não dá, mamãe! Combinei de sair com o Jaden, a Trinity chega hoje da casa dos avós dela.
— aviso, enquanto ela abre a porta.
A Trinity é minha irmã adotiva e melhor amiga, nos conhecemos praticamente desde a
barriga das nossas mães. Quando ela tinha cinco anos, os pais dela morreram em um acidente de
carro. Meus pais já a consideravam uma filha, então, a adotaram legalmente, com a condição de
visitar seus avós biológicos sempre que possível. Eu coloquei seu apelido de Triny e chamamos
ela assim até hoje. Fazemos faculdade de Direito e moramos juntas. Tenho mais dois irmãos,
Luara, minha irmã caçula, que é estudante de Medicina, e Theo, meu irmão mais velho, que mora
em Londres e é um grande engenheiro.
— Bom dia, doutora, tem o Dr. Knowles, mas o plantão dele acaba em dez minutos. —
Micheli diz com aquele grande sorriso que, mesmo com a vista embaçada, vejo nitidamente.
Knowles? Conheço esse sobrenome, é o mesmo que o do David, ele deve ser tio dele. Nunca
vi outro médico jovem aqui, só tem a Sofia, que é pediatra, e o Jimmy, que é um oftalmologista.
— Micheli, vê se ele pode atender a Lívia, por favor. — Minha mãe pede educadamente.
— Sim, senhora, só um momento. — Ela diz, pegando o telefone, e faz uma ligação
certamente para o velho chato que irá me atender. Ele deve ser um velho rabugento que pensa que
tudo é resfriado. — Dra. Ana, ele irá atendê-la em cinco minutos. — Micheli avisa, desligando o
telefone.
— Obrigada, Micheli. Vem, filha, vamos esperar aqui. — Ela me puxa até o sofá que fica na
recepção.
— Mamãe, pare de ficar me puxando, não sou mais criança! — reclamo com ela, que me olha
de cima a baixo.
minha mãe e olha para mim. — Que rosto pálido é esse, Lívia? — Ele pergunta, colocando a mão
na minha testa.
— Ela está passando mal, e contra a vontade dela, a trouxe aqui. — Minha mãe avisa. — O
Dr. Knowles vai atendê-la.
— Pai, me atende, já sei o que esse velho vai perguntar — imploro, e meu pai ri da minha
cara.
— Que velho? — Ele me questiona, ainda rindo.
— Esse Dr. Knowles, por favor, me atende, vai! — O abraço.
— Velho? — Minha mãe pergunta, dando risada com o meu pai.
testa.
— Quem? — David pergunta, curioso.
— O seu irmão. — Minha mãe responde a ele. O quê? O David é irmão do velho Knowles?
Estou quase acreditando que esse doutor não é velho. Sei que o David tem um irmão, mas ele
nunca me falou que ele trabalhava aqui no hospital, pensei que morasse no Canadá, com os pais.
Sempre que venho aqui fico na sala da minha mãe ou na do meu pai, pode ser que eu não conheça
a metade dos funcionários daqui. — Temos que ir. — Meu pai acena e sai acompanhado pelo
David, que me manda um beijo.
— Mamãe, você vai junto? — faço bico e a puxo.
— Se você quer isso, vamos, então. — Ela me guia em direção ao corredor, pegamos o
elevador e subimos para o quarto andar. Paramos na segunda porta com o nome Dr. Dylan
Knowles. Pelo menos o nome Dylan é bonito. Minha mãe bate na porta e espera a resposta.
— Entre! — escuto uma voz autoritária, que faz o meu corpo se arrepiar.
Minha mãe abre a porta e me puxa para dentro. Fico surpresa quando vejo o médico que está
em minha frente. Ele não tem nada de velho, ao contrário, tem tudo de lindo.
Capítulo 2
Dylan
Olho pela vigésima vez para o relógio do meu pulso: faltam apenas dez minutos para meu
plantão acabar e eu ir para casa, dormir e aproveitar meu final de semana. O telefone da minha
sala começa a tocar. Como não tenho nenhuma consulta ou cirurgia mais hoje, deve ser algum
paciente querendo informação.
— O que é isso? — pergunto com receio, às vezes acho que a Micheli não bate bem da
cabeça.
— Loira Linda Carter. — Ela diz, toda animada.
— Tenho medo de você — aviso.
— Vai ver como ela é isso tudo que eu falei.
— Tudo bem, Micheli. Em cinco minutos eu vou atendê-la.
— Está bem, doutor. — Desligo o telefone.
Lívia; nome bonito. Pelo que a Micheli falou, deve ser uma menina bem bonita.
Pego meu celular e vejo que tem uma mensagem da Kath, avisando para não esquecer do
nosso compromisso. Prometi que vou ao cinema com ela, e mesmo querendo dormir até amanhã,
não vou desapontar minha noiva, afinal, faço tudo para vê-la feliz.
Amo meu trabalho, mas às vezes cansa ser um dos três cirurgiões do hospital. É uma tarefa
difícil. Além de trabalhar aqui, na ala privada, sou voluntário na ala pública. Mesmo cansado, é
uma coisa que eu não abro mão. Meus pais, que moram no Canadá há mais de dezoito anos,
sempre me ensinaram a ser uma pessoa humilde e ajudar a quem precisa.
Ser médico sempre foi meu sonho. Quando eu completei quinze anos voltei para Boston,
queria estudar Medicina em Harvard. Hoje eu trabalho no Hospital Carter e estou aqui já tem
alguns anos, e é um dos melhores hospitais em Boston. Peço a Micheli para mandar a menina
entrar e aguardo alguns minutos, e logo batem na porta.
— Entre! — falo com autoridade, para a menina se assustar. Não sou ruim, só estou meio que
querendo ir embora, e para ela entender que isso aqui não é brincadeira. Levo um susto quando a
Dra. Ana entra e logo atrás dela surge uma bela moça com cabelos loiros, presos. Ela me olha e
vejo seus atraentes olhos verdes por trás dos óculos de grau me analisando. Acho que ela não
encontrou o que esperava. A jovem desvia o olhar quando percebe que eu também estou olhando
para ela.
— Bom dia, Dylan. — A Dra. Ana me cumprimenta com um beijo no rosto. — Desculpa,
— Pensei que estava preocupada com a minha saúde, Dra. Ana. — Lívia fala, brava.
— Pare de drama. — A mãe avisa, e elas começam a rir, deve ser alguma piada interna.
— Vamos começar essa consulta logo, quero ir embora. — Lívia me olha com raiva. Se ela
soubesse o quanto também quero ir embora...
— Dra. Ana, pensei que sua filha fosse uma criança, ela não costuma vir aqui sempre, só
conheço a Luara e o Theodore.
— Que coincidência! — Lívia diz, em um tom irônico. — Pensei que você era um velho, mas
é pior que isso, é um idiota! — Ela diz, brava, e que menina bipolar, nem falei nada.
— Lívia! — Ana se espanta.
— Respondendo à sua pergunta, você nunca me viu, porque eu não gosto de hospital e meus
pais têm quatro filhos. — Ela avisa, me mostrando quatro dedos como se eu não entendesse. Eu
sei que eles têm quatro filhos, uma é adotada, mas eles não fazem distinção entres os filhos, para
eles todos são biológicos.
— Desculpe, Dylan, minha filha às vezes é terrível. — Ana pede, guardando o celular.
— Dou um desconto, deve estar na adolescência. — falo, rindo, e a garota continua me
olhando com raiva.
— Já passei dessa fase, querido, e não dei nem um trabalho, mas vamos ao que interessa. —
Ela pede, brava. Que menina bravinha, acho que ela não gosta realmente de hospitais.
— O que a senhorita está sentindo? — pergunto, em tom profissional.
— Estou com tonturas, enjoo, fraqueza e não estou enxergando direito. — Ela responde
educadamente.
— Tire os óculos. — peço. — Seu corpo teve algum inchaço? — pergunto analisando os
olhos dela.
— Não. — Ela diz, pegando na barriga. Será que essa bonequinha está grávida?
— Vamos fazer um exame de sangue, mas pode ser que você esteja grávida. — aviso, e ela
me olha espantada. Sua mãe começa a rir.
— Não tem outro jeito, né? — Ela pergunta, e nego. Pego o telefone e ligo para o laboratório.
— Dr. Santiago, vou enviar uma amostra de sangue, preciso do resultado imediatamente, é
para a Srta. Lívia Carter.
— A Lívia aqui, olha que milagre! — responde o médico, do outro lado da linha. — Em vinte
minutos estará pronto.
— Obrigado. — desligo o telefone e vejo-a me encarando com um olhar nada bom.
— Posso coletar seu sangue, ou vai me morder? — pergunto, e ela me olha com mais raiva
ainda.
— Você é sempre idiota assim? — Ela pergunta, se levantando.
— Não sei, minha noiva me ama assim. — digo, mostrando o sofá para ela se sentar. — Tem
medo de agulha?
— Por favor, sem chilique, parece uma menina mimada! — reclamo, segurando o braço dela.
Tiro o sangue dela, que fica na sala mexendo no celular, enquanto vou até o laboratório. Volto
para minha sala e me surpreendo por ela estar no mesmo lugar. — Espere alguns minutos, que
logo estará pronto — aviso a ela, que nem olha para mim, apenas continua mexendo no celular.
— Já estou aqui, então tenho que esperar. — Ela diz, com deboche.
— Não entendo esse ódio por hospital. — Dou de ombros e me sento.
— Não tenho ódio, só que minha irmã chega hoje, quero ir embora para fazer o doce de
amendoim que ela gosta. — Ela diz, rindo, e seu sorriso é incrível.
— Pelo jeito, você está com muitas saudades dela. — digo para ela, que me olha e volta a
— Andei aprontando nada, você sabe como minha mãe é. — As duas se abraçam e novamente
— E você, ainda se encontra com o Milo? — Lívia pergunta, olhando para mim. Agora vi
tudo, vão começar a falar de homem.
— Não, ele é uma gracinha, mas é muito novinho para mim. — Sofia diz, fazendo bico.
— Bobagem, você não é velha, tem apenas vinte e cinco anos. — Lívia ressaltou.
— Eu não ligo para a idade, mas gosto de homens maduros. Relação sexual é algo
maravilhoso, mas eu prefiro o amor.
— Que menina romântica! Tenho certeza que tem muitos homens por aí que pensam como
você.
— Duvido muito, mas não custa sonhar. — diz Sofia.
— Direito, mas já estamos acabando, depois vamos voltar a morar com nossos pais. — Ela
diz, feliz.
— Então, você quer ser advogada? Grande profissão, meu irmão também é.
— Na verdade, quero ser juíza, mas vou trabalhar como advogada por um tempo. Conheço
seu irmão, somos grandes amigos. — Ela diz e me surpreendo, o David nunca falou dela.
— Que legal, minha mãe é juíza também.
Pego o exame, abro e vejo o resultado. Lívia se senta novamente na cadeira, agora me olhando
atentamente.
— Você está grávida, pensei que era virgem! — falo, com deboche.
— Não tenho a mesmo sorte que Maria, por favor, sem gracinha, e me fala logo o que eu
tenho.
— Vou chamar sua mãe, ela precisa ouvir isso. — Saio, vou até a recepção e chamo a Dra.
Ana, e ela me segue em silêncio.
— Então, o que ela tem, Dylan? — A mãe pergunta, se sentando ao lado da filha.
— Sua filha está com intoxicação alimentar, ela anda comendo muitas besteiras.
— Não sabia que o doutor é nutricionista também! — Lívia ironiza. — Mamãe, é tudo
mentira.
— Mãe...
— Nada de “mãe”! Tenho certeza que a Trinity adoraria voltar para casa. — Ela levanta, e eu
a entrego o receituário.
— Insuportável, tenho pena da sua noiva! — Lívia sai, pisando duro. Deixei a mocinha com
raiva, melhor dizendo, com mais raiva ainda.
— Desculpa, Dylan. Não sei o que deu nela. — Ana me pede, envergonhada.
— Fique tranquila, qual é a idade dela? — Ela tem um rostinho de anjo, mas é feroz como
uma leoa, só que a disgramadinha é linda.
— Ela tem vinte e dois anos, mas está parecendo uma menina de doze anos, não sei o que deu
Meus pais chegam sexta, para resolver algumas coisas aqui. Minha mãe é juíza em Sumas,
uma cidade de Washington, que é perto de Abbotsford, a cidade canadense onde meu pai tem uma
com meu irmão batendo na porta. Tomo um banho e desço, encontrando-o na cozinha.
— Bela Adormecida! — Ele ironiza, enquanto abre a geladeira. Resolvo não ligar para a
ironia do David, já estou farto disso por hoje, já basta o encontro com Lívia. Até sonhei com a
garota. Ela me irritou muito, só não fiz o mesmo porque é uma mulher.
— David, por que você nunca me contou que as filhas dos chefes são mulheres, e não
crianças? — pergunto, me servindo de café e se sentando em um dos bancos próximos ao balcão.
— Você nunca me perguntou. — respondeu, dando de ombros. — Conheci a Lívia em um
almoço e depois disso nos tornamos amigos. Ela é a menina que eu ajudo a estudar e que você e a
Kath sempre dizem que vou casar. — Ele diz, bebendo água. Nunca mais eu vou falar isso, meu
irmão é um pegador de primeira e a Lívia ainda é uma moça inocente. Com a língua afiada, mas
inocente.
— Ela é sua amiga? Aquela que o namorado traiu?
— Sim, Lívia faz Direito em Harvard, mas a outra eu nunca vi. No dia do almoço ela estava
viajando para a casa dos avós biológicos, como você sabe, uma é adotada.
— Sei, o nome dela é Trinity. — digo, me lembrando do que a Dra. Ana disse.
— Eu sei que é Trinity, mas nunca a vi, você a viu? É linda igual as outras? — Ele pergunta,
se sentando na minha frente.
— Eu nunca vi, só conheci a Lívia, porque ela foi fazer uma consulta, pensei até que eram
crianças.
— Crianças que nada, a Sofia me falou que a Trinity é linda, sou doido para conhecê-la.
— Melhor assim, porque a Lívia ainda é virgem e tenho certeza que os pais dela não
gostariam que você mexesse com a garota.
Se ele fizesse isso, eu mesmo quebraria meu irmão. Sei que o mundo está mudado, mas todas
mulheres merecem respeito.
— Nesse tempo, a Lívia me abandonou e só ficou cuidando dele. — Ele diz, fingindo tristeza.
— Você está perto de completar vinte e três anos, David, ou cinco?
— E você é um cirurgião que parece mais um ginecologista, sabe até que as pacientes são
virgens, a Kath não vai gostar disso. — Ele me provoca.
— Sabia que até cirurgião faz parto? — pergunto a ele, que nega com a cabeça. — Então,
procure saber.
— Não precisa pegar pesado e não seja amigo da Lívia, não quero competir com meu irmão, e
a Kath não iria gostar, já basta a Luara e a Sofia, que preferiram ser suas amigas.
— David, por favor, cresce mais um pouco! E pode ficar com a Lívia, ela me fez muita raiva,
não quero amiga brava, já basta a Sofia. — digo, me levantando.
Sigo para a cozinha, quero fazer o doce que a Triny gosta o mais rápido possível. Pego os
ingredientes e coloco tudo em cima do balcão. Coloco luvas nas mãos, tenho alergia a amendoim,
então tomo muito cuidado. O doce demora vinte minutos para ficar pronto, deixo esfriar um pouco
e coloco na geladeira.
Faço um sanduíche natural e me sento no balcão, agora tenho que comer coisas saudáveis,
minha mãe até marcou uma consulta com uma nutricionista. Sou muito tola, mesmo, tenho vinte e
dois anos e deixo meus pais mandarem em mim, mas pais são pais.
Dou uma mordida no sanduíche e meu apetite acaba na hora. Tento imaginar que é uma pizza,
— Tenho certeza que estava dormindo. — Escuto a voz do Jaden e um sorriso surge no meu
—Claro que pode, minha linda, mas se você não levantar agora, vamos perder o filme. — Ele
diz e dou um pulo. Olho o relógio e vejo que são quase seis horas.
— Já estou quase pronta. A Luara vai com a gente, tem algum problema?
— Não. A Trinity também vai?
— Eu vou embora para onde? Se minha casa é aqui, minha família são vocês. — Ela diz, me
abraçando.
coração se parte. Não consigo ver minha irmã chorando, aliás, ninguém, sou uma pessoa muito
amorosa.
— Você sempre foi minha irmã. — limpo suas lágrimas.
— E vai continuar assim, eu amo minha família. — Ela avisa, me abraçando.
— Você parece a mamãe, cheia de dramas. — digo, passando a mão pelos seus longos cabelos
pretos.
— Acho que a Princesa de Ferro não combina com você. — Ela dá um sorriso e fico alegre,
gosto de vê-la assim, feliz.
— A Luara tem cada ideia, esse apelido que ela me deu é muito doido.
— Oh, quem fala, a rainha da moda que decidiu fazer Medicina. — digo à minha irmã caçula.
Ela tem dezoito anos, pelo corpo parece ter mais, mas pelos apelidos parece apenas uma
garotinha. Hoje está parecendo uma menininha, usando uma saia de couro preta, rodada, não
muito curta, e uma blusa branca com uma estampa muito sinistra.
— Calma aí que eu já volto, vou lavar a boca. — Ela diz, caminhando para sala.
— Luara, não precisa lavar a boca, você não vai beijar a boca da Lívia, vai? — Trinity
pergunta, quando ela passa por nós.
— Vou ser uma médica, tenho minha mania de cuidado. — Ela se explica e Triny dá de
ombros. Luara também tem cabelos longos, seus cabelos são castanhos iguais aos da minha mãe.
— Ei, me empresta seu carro? O meu ficou na oficina para revisão, vou jantar com o papai e a
mamãe. — Trinity diz, batendo palmas.
— Pensei que estava cansada! — resmungo.
— Estou, mas amo meus pais e não posso negar isso a eles.
— Eles fazem tudo que você quer, então liga para a mamãe e pergunta se eu posso comer
pipoca no cinema. — peço, e ela me olha com cara feia.
— Eu não, a mamãe me contou que você está com intoxicação alimentar. — Ela nega,
comendo um pedaço de doce. Quero chegar perto e abraçá-la, mas o amendoim me impede, então
faço bico e choramingo. — Tudo bem, só um pouco. — Ela pega o celular e digita alguma coisa e
coloca-o no ouvido.
— Te amo. — digo, feliz.
— Mamãe, a Lívia pode comer pipoca no cinema? — Ela pergunta e escuta a resposta. —
Todo mundo vai comer, ela não pode ficar olhando, prometo vigiá-la todos os dias. — Ela
continua e escuta minha mãe falando. — Tudo bem, mãe, durmo, sim, no meio de vocês ainda,
beijos, te amo. — Ela desliga e olha para mim
— E aí?
— Apenas um pacote e um copo de refrigerante, se beber mais, a Luara vai contar. — Ela
— O que você arrumou, hein? Foi parar no hospital em pleno sábado. — Luara questiona, me
olhando brava. Essas meninas são bravas iguais minha mãe. O Theo também é assim, só eu puxei
ao meu pai, doce e sensível.
— Estava com uma intoxicação alimentar, mas já estou melhor, o médico me passou alguns
medicamentos. — explico, e sou tola de ter que ficar me explicando para minha irmã caçula.
— Vou dormir lá em Boston. — Triny avisa, enquanto guarda o doce na geladeira. Queria que
ela dormisse aqui, mas meus pais estão com saudades dela. Eles são um pouco exagerados, só
ficaram apenas quatro dias longe dela.
— Tudo bem, então, dorme lá, a Luara vai dormir aqui. Cadê o Mayck? — pergunto a Luara,
que me olha como se não entendesse a pergunta.
— Hoje ele está de plantão na clínica, já o aconselhei para tentar uma vaga no Carter, mas o
cabeça-dura fala que as pessoas vão ficar comentando que ele conseguiu porque namora comigo.
— Ela explica, olhando o celular.
— O deixe se decidir sozinho, Luara, vocês namoram há dois anos e ainda não conhece seu
namorado, sabe que ele é assim! — Trinity briga com ela.
— Eu sei, mas não custa tentar às vezes, aquela clínica gosta muito de explorar. — Ela diz,
emburrada.
— Acho que ser médico é uma profissão pesada. — digo, me lembrando do insuportável
médico que me atendeu. Ele estava prestes a ir embora, mas me atendeu mesmo assim, acho que
só fez isso porque sou filha dos donos, ou ele é daqueles médicos justos, que segue o lema “salvar
vidas” ao pé da letra.
— Mas para quem ama é outra coisa, é perfeição. — Luara fala, indo para a sala, eu e Trinity
a seguimos. Escutamos a campainha tocar e Trinity vai atender.
abraçando a Trinity. Ele está lindo, nunca me interessei pelo Jaden, mas ele é um gato.
— Nossa, Jaden! Você está arrasando hoje. — Trinity diz, fechando a porta.
— Todas estão lindas, agora vamos deixar os elogios para fazer lá dentro do carro. — Ele dá
um rápido beijo no meu rosto e faz o mesmo com a Luara.
— David me contou que você foi ao hospital, está tudo bem? — Jaden me pergunta, quando
estamos livres dos turistas que vêm visitar umas das melhores universidades do mundo.
— Não sabia que você e o David eram tão amigos! — ironizo, e ele não dá à mínima.
— Temos uma amiga em comum, então, achamos melhor sermos amigos.
— Ela está com intoxicação alimentar. — Luara conta e eu olho para trás com uma careta.
Minha irmã apenas ri sem tirar o olho do celular.
— Está melhor? — Ele me pergunta, preocupado.
— Estou, o médico falou que é intoxicação alimentar, mas tenho quase certeza que ele estava
mentido. — falo, brava.
— Os médicos nunca contam mentiras, quem te atendeu? — Luara pergunta, curiosa.
— O irmão do David, esqueci o nome dele. — Esqueci nada, apenas não quero estragar minha
— Legal, mas por culpa dele eu tenho que comer coisas saudáveis.
— Minha linda, o médico tem razão. — Jaden fala, dando um sorriso e prestando atenção na
direção.
— Até você contra mim? Tudo bem, bando de traidores!
— Mas se o Dr. Dylan falou é verdade, ele é um excelente cirurgião, nunca falha. — Jaden
diz, sério.
— Nem sabia que ele é cirurgião, pensei que fosse clínico geral.
— Ele pode exercer essa função também, como ele faz lá na parte pública. — Luara me
explica.
Na parte pública só trabalham pessoas voluntárias, então, esse médico deve ser uma pessoa
boa, pelo menos isso.
— Deve ser um bom médico mesmo, de onde você o conhece, Jaden? — pergunto por
curiosidade.
— Ele foi o médico que fez a minha cirurgia na perna. — Ele diz, sem ânimo. Aqueles dias
foram momentos tensos, o Jaden foi baleado em uma missão.
— Não acredito que ele foi o médico que não liberou minha entrada, achando que era sua
namorada! — Lembro-me muito bem do dia que me deixaram fora da sala, eu fiquei muito triste,
mas infelizmente não era da família.
— Sim, esse mesmo, só podiam estar presentes os pais, Lívia. — Luara defende o médico
insuportável. Parabéns para mim! Estou indo muito bem em não estragar minha noite por causa
dele.
— Você parece que o conhece há anos! — resmungo, sem olhar para trás.
— E conheço, somos amigos, eu adoro a noiva dele. — Ela fala, animada. Não falo mais
nada, minha irmã gosta do médico, da noiva dele, então, nem quero discutir.
— Moço, eu quero três sacos de pipoca, dois médios e um grande e quatro refrigerantes —
peço ao moço e Luara me olha. — Só dessa vez, eu divido com você. — faço cara de choro e ela
concorda com a cabeça.
— Dylan! — Luara grita, e sinto que minha noite está totalmente acabada. Pego a minha
pipoca grande e os dois refrigerantes. Viro, e lá está quem eu não queria ver tão cedo, o Dr.
Knowles, acompanhado de uma bela mulher, toda elegante. Desvio meu olhar, fingindo procurar
uma pessoa.
— Luara, você não me disse que viria ao cinema hoje. — Ele fala e sua voz já me causa raiva.
Ele abraça minha irmã e eu evito olhar para ele.
— Minha irmã me chamou hoje à tarde. Oi, Kath. — Ela abraça a mulher.
— Oi, Luara.
— Essa daqui é a minha irmã Lívia, e essa é Katherine Russet, noiva do Dylan. — Luara diz.
Já imaginava que ela é a noiva do médico insuportável.
—Jaden, essa é a Katherine Russet, noiva do Dylan, que você já conhece. — Minha irmã
apresenta.
— Boa noite, senhorita. Doutor, é a primeira vez que o vejo sem aquele jaleco, nem parece
— Então, vamos sentar todo mundo junto. — Jaden convida e quero matá-lo. Adeus, minha
diversão! Pelo menos tem pipoca, e por vingança não vou dividir com ninguém.
— Então, podemos ir? — Minha irmã pergunta, pegando sua pipoca e o refrigerante.
— Pode ir, vou ao banheiro. — Jaden avisa, me entregando sua pipoca e o refrigerante, saindo
em seguida.
— Srta. Carter, por favor, não coma muitas besteiras, sua intoxicação pode piorar. — Dylan
diz, pegando uma pipoca e dando o refrigerante para sua noiva.
— Vou lembrar disso. — Saio andando na frente para não ficar perto dele.
Sento-me na segunda cadeira e coloco a pipoca do Jaden na primeira, e sinto um alívio
quando a Luara senta do meu lado, ainda conversando com a Katherine sobre moda. Pelo que ouvi,
a mulher entende do assunto.
— Dylan, troca de lugar comigo, não consigo enxergar direito. — Luara pede, e é o meu fim.
— Claro! — eles trocam de lugar e Dylan senta, rindo de mim.
— Agora, sim, obrigada. — Minha irmã agradece. Parece que ela está fazendo isso de
propósito, se ela acha que vai me fazer gostar do amigo dela, está muito enganada. Jaden senta e
logo vê uma menina e se manda para perto dela, outro traidor.
— Não tinha outros cinemas para ir, não? — pergunto, brava.
— Sim, mas esse é o melhor.
— Você mora em Boston ou aqui? — pergunto, curiosa.
— Nossa, sabia que lá tem vários cinemas melhores do que esse e mais perto?
— Esse também é perto, e a Kath gosta de vir aqui. — Ele me avisa.
Ele veio aqui só porque a noiva gosta? Quanto amor! Acho que as pessoas não deviam ser tão
dependentes de alguém, porque o ser humano é falho e a qualquer hora as pessoas podem errar.
Era assim, toda romântica, mas seis meses atrás, depois que o Ryan me traiu, passei a ser alguém
que não se apega às pessoas e nem ao que elas podem oferecer.
— Tantos cinemas...
— Silêncio, vai começar o filme. — Ele me corta, com deboche.
— Insuportável! — reclamo baixinho, mas quero gritar.
Finjo assistir ao filme, enquanto ele troca carinhos com a noiva. É tão clichê, mas eu fazia
isso com o Ryan.
— Nossa, que menina quente. — Jaden surge já no meio do filme.
— Você sempre faz isso comigo, nunca mais saio com você! — reclamo, enquanto tomo o
resto do refrigerante.
— E você fala isso sempre, tem que entender que não nasci para casar. — Ele diz, beijando
minha mão.
— Você que pensa, a vida pode surpreender você.
O filme acaba, falo que estou cansada e vamos embora. Já não aguentava olhar na cara
daquele médico. Jaden resolve dormir lá em casa, para nos proteger. — palavras dele.
Tenho que dormir, amanhã passarei o dia todo com a família, e ainda terei que me organizar
para a semana de provas e planejar o jantar de boas-vindas para o meu irmão.
Capítulo 4
Lívia
A semana passa rápido. Algumas vezes fiquei pensando naquele médico, ele me tirou do
sério, e claro, ainda estou proibida de comer várias coisas, mas como hoje é sábado e meu irmão
Theodore está chegando, vou poder enrolar meus pais e comer alguma coisa legal. Já estou igual a
um palito, de tanto comer legumes e cereais.
Sento no sofá à espera de Trinity, ela é a que mais demora, tenho certeza que um dia ainda
vamos nos ferrar por causa do seu atraso.
Pego meu celular e vejo uma mensagem do Jaden, me pedindo conselho com roupa. Não sou
nenhuma profissional, mas sei me vestir bem. Aviso para ele conversar com a Luara, que nessa
hora deve estar arrastando minha mãe para um salão, aquela ali, sim, devia estudar moda, ao invés
de medicina.
— Podemos ir. — Triny surge na sala.
— Até que enfim, parece que vai casar! — reclamo, pegando a chave do meu carro.
— Estava penteando meus cabelos, vou ficar no salão com a mamãe e Luara. — Ela avisa,
pegando sua bolsa de cima do sofá.
— Como você quiser, eu vou aproveitar para dormir, só a Luara mesmo para me fazer ir tão
cedo para Boston! — reclamo, abrindo a porta. Hoje é sábado, queria ficar aqui e só ir mais tarde.
— Se o Theo não fosse chegar hoje, você estaria lá de qualquer jeito, afinal, quem resiste ao
bolo de laranja da mamãe?
— Realmente, ninguém resiste, e enquanto vocês estiverem se embelezando, vou descansar
minha beleza e comer.
A estrada está pouco movimentada, quero logo chegar na casa dos meus pais. O dia mal
começou e já estou cansada, tenho que voltar a comer normal. Deixo Trinity no salão e sigo para
casa.
A casa dos meus pais parece uma mansão de tão grande que é, tem dois andares, uma grama
bem cuidada na frente e um belo jardim com área de lazer nos fundos. Meus pais sempre dão festa
pura verdade.
— Obrigado, filha, você também é linda. Agora o papai tem que ir à reunião com o chefe dos
médicos. — Ele diz, se levantando e colocando a xícara suja na pia.
— Pensei que você era o chefe dos médicos.
— Eu sou o chefe do chefe dos médicos. — Ele brinca e me dá um beijo na bochecha, acena e
sai.
Tomo um café bem reforçado e como o maravilhoso bolo de laranja de minha mãe. Quando
estou lavando a louça suja, Marta surge com várias sacolas de supermercado.
— Que tanto de compra é essa, Marta, tudo para o meu irmão? — pergunto, a ajudando
colocar tudo em cima da mesa.
— Nossa! Espero que o médico chato não venha. — Descartei essa possibilidade a semana
toda, mas na verdade, eu não sei se é isso que quero, ele pode ser amigo do Theo.
meus olhos. Vejo que minha falta de ar é causada por um peso em cima de mim.
— Sai de cima! — grito, virando para o lado, e escuto a pessoa cair no chão.
— Até que enfim acordou. — Escuto a risada de Trinity e me viro para vê-la se levantando.
— Nem sabia que estava dormindo. — Acho que desmaiei.
— Nem eu, você estava chamando o nome do médico insuportável. — Ela diz, rindo, e vejo
que não vai parar de me encher, nem sei por que contei a ela sobre ele.
— Não enche! Cadê a mamãe? — pergunto, me levantando e me olhando no espelho.
— Ainda está no salão, o Theo passou por lá e eu vim embora com ele. — Ela diz, calma, e se
senta na poltrona, nem parece que ficou um ano sem ver o irmão.
— Onde ele está? — pergunto, já abrindo a porta.
— No quarto, ele está descansando. — Ela diz, mas eu nem ligo, estou com muitas saudades
do meu irmão.
Sigo pelo corredor e paro na última porta antes da escada. Entro sem bater e vejo meu irmão
em um sono profundo. Não quero acordá-lo, mas estou muito ansiosa. Corro até a cama e pulo em
cima dele. Ele, vira assustado, e me derruba ao seu lado na cama. Pelo menos não foi no chão.
— Está louca, menina? — Ele pergunta, esfregando os olhos e colocando a mão no peito.
— Credo, só estava com muita saudade! — digo me levantando e fingindo estar triste.
— Não começa com drama, está igual a mamãe. Venha cá, dar um abraço no seu irmão mais
lindo. — Ele diz, abrindo os braços.
— Por acaso tenho outro irmão? — vou até ele e o abraço muito apertado.
— Estava com saudades da minha baixinha. — Reviro os olhos. Nem sou baixinha, mas ele é
o mais alto da família, então, o deixo me chamar assim.
— Se você não viesse nos visitar, já estava combinando com as meninas de ir para lá, não
aguentava mais de saudade. — afasto-me um pouco dele e o olho — Está mais bonito, musculoso.
— Eu o elogio, como sempre faço. Olho seu braço e vejo uma tatuagem com o nome “família”. —
Fez uma tatuagem, que linda!
— Gostou? Fiz essa também. — Ele levanta a camiseta e vejo uma tatuagem um pouco
maior, com o signo do amor em japonês.
— Sim, mas chega de tatuagem, você é muito lindo assim. — digo, beijando seu rosto e
deitando a cabeça no seu colo.
— E como você está? — Ele faz carinho no meu cabelo, e sei que está se referindo à traição
do Ryan. Ele é o tipo de irmão protetor, quando o Ryan me traiu, quase veio parar aqui só para dar
uma surra nele, mas falei que estava bem, só que ele ficou me ligando de cinco em cinco minutos.
Nunca o visitei em Londres, mas somos muito unidos.
— Estou bem, já superei aquela palhaçada, e para te informar, não quero namorar tão cedo, na
verdade, só quero me formar, e estou perto, faltam apenas dois meses, já até tenho uma entrevista
de emprego, eu e a Trinity.
— Que bom, estou orgulhoso de ver você assim, uma quase mulher, determinada e corajosa,
minhas irmãs só me dão alegria.
— E você também. Como andam as coisas lá em Londres, ainda está com aquela garota? —
Às vezes finjo que tenho ciúmes do meu irmão, para irritá-lo.
— Estamos tentando alguma coisa, se tudo der certo, da próxima vez a trago aqui, espero que
a trate a bem. — Ele me avisa, apertando meu nariz.
— Não sou uma irmã Malévola, se você gosta dela, também vou gostar. Se tudo der errado,
me ligue, eu pego o primeiro avião para te ver. — Pisco para ele, que dá um grande sorriso.
— Que bom, ela é muito importante para mim. — Olho seus olhos azuis brilhantes, pelos
quais todas as minhas colegas se encantam. Meu irmão parece gostar dessa moça, mesmo que ele
sempre diga que nunca irá casar.
— Eu sei que sim.
— Tenho um presente para você. — Ele se levanta e vai até a mesinha e pega uma caixa preta
de veludo, volta para a cama e me entrega. — Espero que goste.
— Obrigada. — Abro a caixa e me deparo com um lindo par de brincos de esmeralda. — Que
— Vou dar assim que ela chegar daquele lugar de mulheres taradas. Nunca me chame para ir a
preta. — Isso é seu, para minha irmã mais quieta e que não me deixa doido. — Ele entrega para
Trinity, que ainda está parada na porta.
— Obrigada, Theo, te amo, comprei um presente para você também, depois eu te entrego. —
Ela diz, abraçando-o. Trinity tem uma voz tão suave que dá vontade de dormir ouvindo.
— Abre, você vai gostar muito. — digo, caminhando em sua direção.
— Espero que goste, foi feito com todo o meu amor. — Theo diz, e reviro os olhos.
— Nossa, Theo, ela ganhou dois presentes? Tinha que ser igual para todas.
— Ela merece, e você só me dá dor de cabeça. — Ele se joga na cama, e fico olhando
enquanto Trinity abre a caixinha preta, onde tem um par de brincos com o mesmo formato que o
meu, mas a cor é uma safira brilhante, igual aos olhos do meu irmão. Estou com medo de ver as
outras joias, ele deve ter gastado uma fortuna com pedras preciosas. Mas ele é um grande
engenheiro e deve ter bastante dinheiro, e presente não se discute e nem se devolve.
— Que lindo! — Ela caminha na direção do meu irmão, que abre os braços para recebê-la.
— São joias exclusivas, o Theo quem desenhou, também ganhei. — Mostro a minha para ela,
que abre um sorriso.
— São iguais aos seus olhos. — Theo dá um sorriso cínico.
— E o seus brincos são iguais aos meus. — Theo diz, abrindo os olhos para vermos o grande
globo azul. — Quando os convidados masculinos olharem você, vão ver meus olhos e irão
estremecer. — Ele dá uma gargalhada, e Trinity revira os olhos.
— Só vou usar porque são lindos. — Trinity se levanta e caminha em minha direção.
— Use o vestido também, achei sua cara. — Theo diz, e aponta a sacola que ela ainda não
abriu.
— Ai, meu Deus! — digo, olhando o rosto da minha irmã, que está com os olhos arregalados.
— É bonito, menina, Grace que me ajudou a escolher, quero que você use hoje e, por favor,
dona Lívia, use um vestido longo também. — Estou com vontade de rir, mas me controlo.
— Acho que já matei a saudade, pode voltar para a terra da Rainha e para sua querida Grace.
— Que lindo! — pego o vestido. Ele é feito de renda, parece ter sido feito para uma princesa.
Alguém bate na porta e digo para entrar.
— Como estou? — Triny pergunta, entrando no quarto e dando uma volta. Está tão linda
quanto a Luara, vestindo um vestido longo, rosa, de costas nuas. O modelo a deixa parecendo mais
velha.
— Perfeita, onde você comprou? — Luara passa a mão pelo vestido da Triny.
— O Theo que me deu. Pretendia usar o que a mamãe deu, mas o Theo ia ficar chateado. —
Ela diz, calma.
— Está muito linda, os seus brincos combinaram com o vestido. — Luara diz com um
sorriso.
Visto meu vestido, cujo cumprimento é acima do joelho. O Theo vai ficar um pouco com
raiva, mas não posso fazer nada, foi a mamãe que me deu. Depois que Trinity me ajuda a amarrá-
lo atrás, sento na cama.
— Não posso fazer nada, não conheço muito dos seus amigos e nem dou confiança. — pego o
scarpin cor neutra e calço, me levanto e me olho no espelho.
— Está linda. — Luara entra no quarto novamente.
— Só preciso arrumar meus cabelos. — digo, pegando a escova.
— Vamos fazer uma trança, vai ficar perfeita! — Luara diz, pegando a escova da minha mão.
— Estamos muito bem, é melhor descermos logo, já ouvi a campainha tocar várias vezes. —
Triny avisa, apertando os dedos.
— Então faça a maquiagem, mas sem sujar o vestido. — Luara me vira e Trinity pega minha
bolsa de maquiagem.
— Credo, vocês são cobras. A da mamãe foi a mais cara. Diamante rosa é uma raridade e
Theo vem em nossa direção com uma cara nada boa, parecendo querer nos matar.
Capítulo 5
Lívia
— Eu falei para vocês desceram cedo, não era para fazer esse espetáculo todo! — Theo diz,
bravo, assim que chegamos perto dele.
— Eu faço o que eu quiser! — Luara fala, com mais raiva ainda.
— Lívia, eu falei longo; Luara, menos decotado, e Trinity, está muito colado. — diz,
— Não conhece mais seus padrinhos? — O homem pergunta, com os braços abertos. Alguns
Eles moram no Canadá desde meus três anos de idade. Os vi poucas vezes, apesar de sempre
virem aqui, mas não dava para nos encontrar, porque estava sempre ocupada na Universidade.
— Que bom, estava com saudades, obrigada por cada presente. — agradeço.
— Você sabe que você e a Trinity são as filhas que eu nunca tive. — Eles também são
padrinhos da Triny. Eles nunca tiveram filhas, apenas dois meninos que eu brincava quando
criança, que nem lembro mais os nomes.
— Sim, e obrigada. E os meninos, como estão?
— Pensei que você soubesse, a sua mãe falou que você é amiga do David, mas estranhei, você
sempre brincava mais com o Dylan. — Ela diz, inocente, e minha ficha cai. Eles são os pais do
David! Bem que ele me disse que os pais moravam no Canadá. E o pior ainda: são pais do
insuportável. Não acredito!
— Somos amigos, mas eu não sabia que a senhora era a mãe dele. Bem que ele sempre dizia
que os pais moram no Canadá, mas me ocultou que vocês eram meus padrinhos. — Olho para
minha mãe, que nega com a cabeça.
— Não, nem ele sabia, a única coisa que ele sabe é que sou amiga dos seus padrinhos, e você
e sua irmã pararam de vir nos jantares, esses últimos anos. — Minha mãe fala, decepcionada.
— Desculpa, mãe, é muita coisa para fazer.
— Eu sei querida, mas agora eles têm uma novidade para contar.
— Viemos morar aqui de novo. — Meu padrinho conta, todo feliz. É difícil de admitir, mas
ele parece com o Dylan, ambos são bonitos e seus olhos azuis são iguais.
— Sério? Que bom, podemos ficar mais juntos. Prometo estar presente, estou muito
envergonhada por não saber que o David e Dylan são seus filhos.
— Fique tranquila, agora podemos melhorar. — Meu padrinho fala, me abraçando. Eles são
tão carinhosos, acho que por isso o David é assim, só não sei a quem o doutor puxou, ele é um
idiota.
— E eu vou mimar vocês como antes.
— Vou chamar a Trinity e conversar com meu pai. — Os beijo e saio. Cumprimento algumas
pessoas por educação, porque a maioria que está aqui não conheço.
Encontro a Triny perto do meu irmão guardião Carter, arrasto-a de lá, falo que nossos
padrinhos estão aqui e ela corre até eles, já os abraçando. Pelo jeito, ela lembra deles.
Caminho até meu pai e o chamo. Vamos até o escritório, pergunto a ele por que não me
contaram dos meus padrinhos e ele me passa um sermão, falando que eu e a Trinity nunca nos
esforçamos para estar perto dos meus padrinhos e que nem nos importávamos em ligar e ir visitá-
los, então não tínhamos o direito de saber de nada. Chorei em silêncio, mas logo ele me consolou,
falando que agora eu podia recomeçar. Fico feliz; é isso que eu vou fazer, mesmo que muitas
coisas envolvessem o insuportável do médico. Meu pai sai e fico ainda um pouco no escritório,
quando saio, dou de cara com o David.
— Já sei de tudo. — Ele fala e fico confusa.
— O quê?
— Mamãe acabou de me contar, desculpa, eu não sabia de nada.
— Eu sei, não precisa pedir desculpas. — O abraço.
— Você conhece aquela moça sentada ali? — Ele pergunta, apontando com o queixo em
direção a uma das poltronas e onde está a Trinity, toda quietinha, olhando para o nada.
— Sim, por quê? A achou bonita? Se quiser, posso te apresentar. — Quando ele descobrir que
é a minha irmã, vai cair duro.
— Você é tão legal! — Me elogia, com um sorriso. — Vamos lá. — Ele me estende o braço e
passo minha mão por ele. Caminho sem olhar para o lado, tenho medo de encontrar com os olhos
do médico. Chegamos perto da minha irmã, que se levanta toda sorridente.
— David, essa daqui é a Trinity, minha irmã. — apresento, e ele afasta o braço do meu como
se eu tivesse uma doença contagiosa.
— O quê? Você não me contou isso, dona Lívia! — Ele me olha, abismado.
— Você não me perguntou. — Faço cara feia para ele, e minha irmã me olha sem entender.
— Desculpe, senhorita Carter, é um prazer te conhecer. — Ele pega na mão da minha irmã e a
beija.
— Prefiro que me chame de Trinity. — Ela diz com a sua voz doce, e David se derrete.
— Como você quiser, com essa voz posso ir até Marte. — David diz, e minha irmã cora.
— Sem chances, seus pais também são padrinhos dela e meu irmão está na cola. — aponto o
Theo, que está nos olhando com um olhar duro.
— Bela princesa, deixe te salvar desse castelo protetor. — Ele pede a ela, que sorri
gentilmente.
— Estou indo ali, não se incomode com a minha presença. — falo, mas parece que eles não
A Lívia, pelo que descobri, é muito amiga do meu irmão, é por isso que ele sempre falava que
ela é bonita, mas não sabia que era a filha dos meus chefes. Aqueles olhos verdes e o rostinho de
bebê não saem dos meus pensamentos, acho que foi o estresse que ela me fez passar.
Perguntei sobre ela para a Dra. Ana, com a desculpa de ser o médico que a atendeu, mas
depois fiquei com vergonha de perguntar outras vezes. Espero vê-la hoje, mas o que falarei para
ela? É melhor que ela me ignore, como gosta de fazer.
Vou para meu quarto depois de saber da novidade que me deixou muito feliz: meus pais vão
morar aqui novamente. Eles contaram uma história sobre ficar mais perto dos filhos e das
afilhadas que ficamos curiosos para saber quem eram, mas eles falaram que logo vamos conhecê-
las.
Tomo um banho demorado, coloco uma calça preta, jeans, e uma camisa azul. Desço e
encontro meus pais e meu irmão no mesmo lugar.
— Como estou? — dou uma voltinha e meu irmão gargalha.
— Ridículo! — O desagradável do meu irmão responde e olho para ele com cara feia.
— Lindo da mamãe. — mostro a língua para meu irmão. — Mas não precisa se arrumar
tanto, você já conquistou uma bela noiva, meu filho. — Ela diz, ajeitando a gola da minha camisa.
— Eu sei, mamãe, mas a senhora sabe que tem que continuar bonito para não perder, não é?
— dou uma piscadinha para minha mãe e sento no seu colo.
— Vamos, lindezas, não quero chegar atrasado. — Meu pai fala, se levantando. Todo mundo
fala que somos parecidos, pelo menos quando eu tiver a idade dele, vou estar bonito e jovem.
— Podem ir, vou passar na casa da Kath ainda. — aviso e eles concordam.
Saímos do apartamento, pego meu carro e vou em direção à casa de Kath. Alguns minutos
depois estou na frente do seu prédio e mando uma mensagem, avisando que já cheguei. Minutos
depois ela responde que está descendo, a vejo na portaria. Saio do carro e vou ao seu encontro. Ela
está linda, como sempre.
— Que linda mulher é essa? — passo a mão pelos seus cabelos castanhos e a trago para os
meus braços. Como eu amo essa mulher.
— Você que está um gato. — Ela me analisa com seus olhos azuis. Sem perder tempo, beijo
minha noiva, que corresponde com o mesmo desejo.
— Vamos, porque estamos atrasados. — digo, a afastando dos meus braços.
— Sim.
Abro a porta do carro para ela entrar, dou a volta e entro. Enquanto dirijo, vamos conversando
sobre trabalho.
A casa dos Carters é perto do hospital, então chegamos rápido. Encontro uma vaga
rapidamente, sem muitos carros. Abro a porta para minha noiva e dou o braço para ela.
Atravessamos a rua em direção à casa, aperto a companhia e lembro-me dos bombons da Marta,
ficaram dentro da geladeira. Isso é, se o David não os comeu. Marta abre a porta e dá um grande
sorriso ao me ver.
— Marta, há quanto tempo. — abraço-a antes que se lembre dos bombons. Ela é a governanta
dos Carters há muitos anos.
— Dylan. — Ela retribui o abraço carinhosamente e depois se afasta. — Katherine. — Ela dá
um sorriso para minha noiva, que logo faz cara de nojo.
— Por favor, me trate como Srta. Katherine Russet, não gosto de intimidade com
empregados. — Ela fala, empurrando a Marta da porta e entrando.
— Eu que peço desculpas, Marta, ela às vezes passa do limite. — pego nas mãos dela, que
estão quentes. — Esqueci seus bombons em casa, mas amanhã passo aqui só para trazê-los. —
amigos, os meus chefes e alguns conhecidos. Sento no sofá e fico conversando com o Rodrigo, que
é um amigo, e a Kath do lado conversando com a esposa dele.
Olho ao redor quando escuto e leve burburinho e vejo todo mundo olhando em direção à
escada. Volto meu olhar nessa direção e observo três mulheres lindas descendo a escada. O meu
olhar vai em direção a da pessoa que eu tanto sonhei esses dias. Lívia está aqui, claro, pois é um
jantar dedicado ao seu irmão. Arrisco-me a dizer que é a mais linda, entre as três. De um lado está
a Luara, e no outro, outra menina, também muito bonita, que eu não conheço, deve ser a filha
adotiva que os Carters sempre falam. Elas descem e vejo o Theo se aproximando, e depois de uma
breve troca de palavras a Lívia sai, parecendo estar com raiva. Luara vem na nossa direção e Theo
segura na mão da outra menina, que tenta sair, mas ele a impede, a abraçando.
— Boa noite, amiguinhos. — Luara chega toda animada, cumprimenta a todos e sai falando
conheciam. Depois ela chama a menina que já estava desconfortável com o Theo e a garota
caminha até onde estão meus pais e os abraça. Nossa, só eu que não as conhecia? Perco Lívia de
vista e volto a prestar atenção no Rodrigo, que fala sobre o hospital. Depois de algum tempo, Lívia
sai do escritório com o pai, esbarra no David e o leva até a garota que descera as escadas com ela,
que agora está sentada em uma poltrona. Meu olhar vai de encontro ao dela, que, pela primeira
vez, nem se importa em me olhar feio.
— Pessoal, o jantar vai ser servido. — A Dra. Ana anuncia, e todos vão para a sala de jantar.
Sento do lado da minha mãe, infelizmente de frente para Lívia, que está conversando animada
com o Jaden. Mas por que estou me importando? Eles são amigos e não tenho nada a ver com a
vida dela, afinal, nem a conheço direito.
— Atenção! — Lívia levanta, puxando a garota ao lado dela, que mostra uma expressão
confusa, acabando deixando todos do mesmo jeito, menos ao meu irmão, que está com um sorriso
no rosto. — Eu e a Trinity temos um anúncio para vocês. — Ela avisa e fala alguma coisa no
ouvido da menina, que agora sei que se chama Trinity e que é a outra filha dos meus chefes.
— Havia muitos anos que eu e a Lívia não víamos nossos padrinhos. — Trinity começa a
falar, sua voz é suave.
— Mas, hoje, tivemos uma notícia maravilhosa. — Lívia completa.
— Quero que alguns, porque outros já conhecem. — Trinity começa uma charada de palavras
que me causa agonia — conheçam Júlia e Charles Knowles. — ela completa e aponta para meus
pais, e agora entendo tudo. Elas são as afilhadas pelas quais minha mãe sempre chorava, porque
toda vez que vinha a Boston elas não se encontravam.
— Nossos amados padrinhos. — Lívia diz, olhando para mim. Não acredito nisso ainda.
Devo estar sonhando, ou vou ficar mais perto da Lívia? Tenho certeza que agora ela vai
querer aproveitar o tempo com os meus pais, mas a Lívia é apenas uma menina mimada que não
sabe aceitar as coisas facilmente. Acho que foi por isso que fiquei a semana toda pensando nela,
depois daquele dia no cinema.
Alguma coisa anda acontecendo de errado comigo, espero que eu não precise de um psicólogo
por causa de uma menina estressante.
Capítulo 7
Lívia
Todo mundo começa a cumprimentar meus padrinhos. Olho para o Dylan, que apenas mexe os
lábios para falar demais, depois ele caminha na minha direção.
— Isso é ótimo, bem-vinda à família. — Ele fala e me abraça. Fico constrangida e meu
coração acelera.
— Também acho, e obrigada. — falo, enquanto ele se afasta. — Essa aqui é a minha irmã,
Trinity. — aponto minha irmã, que abre um grande sorriso.
— Oi, Trinity, sou Dylan, filho dos seus padrinhos. — Ele dá um abraço nela. — Bem-vinda à
família.
— Obrigada, Dylan, ouvi falar muito de você. — Ela diz, e quero me esconder de tanta
vergonha.
— Espero que bem, andei batendo boca com uma menina debochada aí, mas creio que ela já
esqueceu esse episódio tenso. — Ele fala e faço careta para ele.
—Acho que o doutor deve ser muito insuportável, mulheres são passivas e compreensivas.
— Eu falei uma menina debochada, não uma mulher, senhorita LLC. — Fico sem fala. Estou
com raiva da Micheli e da Luara, que inventaram esses apelidos para as pessoas ficarem
constrangidas, como estou agora.
— Acho que está ficando um clima muito pesado, vamos ser felizes e comer, estou morrendo
de fome. — Trinity diz, quebrando o silêncio.
— Foi um prazer te conhecer, Trinity. — Dylan fala e volta para o seu lugar, ao lado da noiva,
que parece estar com raiva. Se controla aí, mulher, seu noivo não gosta de meninas debochadas.
Sento e Trinity me olha, preocupada.
— Você não me disse que eram tão íntimos assim. — Ela me questiona e dou de ombros.
— Se isso foi intimidade, eu juro para você que estou desatualizada sobre esse tipo de coisa.
— A noiva dele parece que chupou limão, olha a cara feia dela para nós.
— Gente, uma convidada minha está presa no trânsito. — Minha mãe anuncia e olho ao redor,
sem ver a Sofia. Mas hoje ela está de plantão, então deve ser a Micheli, que adora meu irmão. —
Podem esperar um pouco mais? A minha filha tocará piano para vocês, espero que gostem. — Ela
sai com as pessoas e só fica na mesa eu, Jaden, Dylan, Katherine, Triny e David, que está babando
pela minha irmã. Se não tivessem todos calados, diria que isso é um encontro de casais com
apenas um casal.
— Então, vocês são as afilhadas que meus sogros tanto falam? — Katherine pergunta,
quebrando o silêncio que estava na mesa.
— Sim, é tão legal! — acabei de anunciar isso, ela é lerda ou surda?
— Você acha legal? Depois de tanto tempo, eles tentaram ter contato com vocês sempre que
vinham aqui e vocês duas ocupadas. — Katherine olha para mim, irritada.
— Mas é...
— Mas nada, vocês são cínicas e hipócritas! — Ela me corta, e quero socar a cara linda de
modelo dela.
— Kath, por favor, para! — Dylan pede, quando vê as lágrimas surgindo nos meus olhos.
— Elas têm que ouvir, sua mãe sofria muito porque vocês são duas ingratas, não tinham
tempo nem para dar um oi, imagino o que andavam fazendo. — Ela solta seu veneno e olho para a
Trinity, que está pálida.
— Dylan, faça sua noiva parar. — David pede, pegando no ombro da Triny.
— Vamos embora daqui, Katherine. — Dylan pega no braço dela, mas ela se irrita.
— Está defendendo essas garotas? Mas você sabe muito bem o que sua mãe passou. — diz
para o David, que balança a cabeça, incrédulo. Acho que ele nunca viu a cunhada assim.
Trinity, e não é mais aquela voz que dá vontade de dormir, é a voz de uma pessoa furiosa.
— Olha quem está falando, a menina que nem vem nos jantares na casa dos pais, só podia ser
adotada mesmo. — Katherine solta mais do seu veneno e me viro para minha irmã, que sai
correndo com David logo vai atrás. Eu até iria atrás dela, mas a fúria está grande.
fala que minha irmã é adotada. — finjo que vou dar outro tapa nela, e ela abraça Dylan, tentando
se proteger, e isso me dá mais raiva ainda.
— Lívia! — Jaden ralha comigo.
— Coloca um gelo aí, doutor, para sua linda noiva não ficar com essa marca. — falo, já
saindo. Jaden vem atrás de mim e vamos sentar no fundo de casa, onde tem um belo jardim.
— Que climão, hein? Nunca pensei que aquela senhorita fosse tão barraqueira assim. — Ele
me conta quando nos sentamos em um dos bancos.
— Ela está certa, acho que vacilamos muito com nossos padrinhos. — digo, limpando minhas
lágrimas.
— Pare com isso, Lívia. — começo a chorar mais forte e ele me abraça.
— Tudo bem, a espero lá dentro, se demorar venho te buscar. — Ele diz, se levantando.
Vou para a grama, que é bem cuidada pelo nosso jardineiro, e me deito sem me importar que
o vestido seja branco. Preciso pensar. Depois de alguns minutos olhando para a lua, sinto um
perfume. É de Dylan, que se aproxima e senta do meu lado.
— É tão lindo, não é? — pergunto para ele, que está olhando as constelações.
— Sim. Quando eu era pequeno, ficava sempre olhando as estrelas com meus amigos, sempre
pegava na mão de uma garotinha linda. — Ele me conta, e algumas lembranças surgem na minha
cabeça, como se precisasse apenas de um empurrão para todas as memórias da minha infância
voltarem.
— Eu sei que agora você sabe que era eu, sua mãe me falou que nós dois brincávamos
sempre.
— Eu só lembro de uma doce e gentil garotinha, mas ela cresceu e ficou rebelde. — Ele
zomba, e se não tivesse tão admirada, socaria a boca dele.
— Não sou rebelde. — Ele se deita do meu lado e me estende a mão.
— Podemos relembrar. — dou a mão a ele, que a segura com carinho.
— Você é tão linda. — Ele passa a mão nos meus cabelos e sinto meu coração acelerar.
— Obrigada. — agradeço, para tentar disfarçar minha confusão de sentimentos: — Bons
tempos de criança, mesmo que eu não me lembre de quase nada.
— Você era bem pequena, nem eu me lembrava de você. — Ele conta e olho para ele.
— Agora cresci e sou rebelde, na verdade, uma menina mimada, debochada e petulante.
— Desculpa, você me estressou aquele dia.
— E para se vingar de mim, resolveu ir ao mesmo cinema, que esperto! — Me sento, e ele faz
o mesmo.
— Não era minha intenção, foi por acaso.
— Sei. — Ele passa a mão nos meus cabelos para tirar a grama e sinto sua respiração quando
ele chega mais perto. Não consigo me afastar, meu corpo não me obedece. Respiro fundo e ganho
— Entendo perfeitamente, mas ela não tem o direito de falar que a minha irmã é adotada.
— Ela está muito arrependida. — Ele me olha e vejo tristeza nos seus olhos.
— Se ela pedir desculpas a Trinity, por mim está tudo bem. — aviso, me levantando.
— Você está com raiva de mim?
— Não sinto raiva de ninguém, querido. — Passo a mão pelo meu vestido e vejo que não
sujou nada.
— Que bom. — Ele coloca a mão no peito, aliviado.
— Sim, e não conte nada aos seus pais. — peço, e ele afirma.
— Agora vou entrar. — Caminho para dentro e ele ainda fica lá fora. Encontro Jaden
encostado na parede, admirando Luara cantar e tocar. Se ele fosse outra pessoa, acharia que está
interessado na minha irmã. Vou até ele, que me olha, preocupado.
— Você já está melhor? — Jaden me pergunta e dou um grande sorriso. Pego na mão dele e
vou até onde está Luara.
— Vamos tocar aquela música que sempre tocávamos no acampamento? — pergunto, e
minha irmã aceita. Jaden pega o violão da mão do Theo, me sento próximo ao piano e Luara fica
em pé, só falta a Trinity.
Começamos a tocar, e Dylan surge na sala ao lado da noiva, que parece ter resolvido sua
marca no rosto. As pessoas ficam admiradas com a voz da Luara e minha mãe fica emocionada
como sempre.
Quando terminamos de tocar, vejo a Micheli chegando e indo direto abraçar meu irmão. Ela
está sorrindo, como sempre, e seu marido está ao seu lado. Os dois formam um casal perfeito; ela
é baixinha, delicada, e ele um homem alto e elegante. Depois de um tempo, o Theo começa a tocar
o piano e Micheli vem ao meu encontro sem o marido, que agora está conversando com os meus
pais.
— LLC, como você está linda. — Ela diz, me abraçando, e lembro-me do apelido e dou um
beliscão nela.
— Ai, menina, Carter, está doida? — Ela pergunta, alisando onde eu belisquei.
— Claro que não! O Dr. Knowles me chamou assim e tenho certeza que é tudo culpa sua! —
reclamo com ela.
— Eu não falei nada. — Ela se defende, ofendida, mas sei que é mentira. — Só disse que
significava Loira Linda Carter. — Ela gargalha.
— Você não tem jeito, na frente dos meus pais é um anjo, mas por trás gosta de colocar
apelidos. Pare de ser amiga da Luara, e isso não é um pedido, é uma exigência.
— Ela é tão legal, quando meu filho nascer acho que ela será a madrinha. — Ela diz,
passando a mão na barriga.
Ficamos conversando sobre trabalho e dou muitas gargalhadas das suas histórias do tempo
que estudava. Às vezes meus olhos encontram com os de Dylan, que parece não estar gostando de
me ver conversando com o Jimmy. Problema dele, não devo nada a ele, espero que cuide da amada
noiva dele, ou ela vai apanhar muito por causa desse veneno de modelo mimada.
Capítulo 8
Dylan
O que a Kath pensa que está fazendo? Quando vejo o Jaden saindo atrás da Lívia sinto raiva,
pois não posso ir atrás dela. Olho para a minha noiva, que está chorando no meu ombro.
— Kath, você ficou louca? — pergunto, tirando-a do meu ombro.
— Desculpa, amor, fiquei muito nervosa, aquelas duas são muito ingratas, você sabe que sua
mãe sofria muito por causa delas. — Ela soluça. É verdade, mas sinto que agora tudo será
diferente.
— Tudo bem, mas você não precisava chamar a Trinity de adotada, isso foi ridículo da sua
parte, não quero nem imaginar se a Lívia contar para os pais. — digo, me levantando.
— Desculpa, amor. — Ela pede, me abraçando.
— Você tem que pedir desculpa às meninas. — digo, alisando seu rosto. Vejo a marca da mão
da Lívia, ela bateu sem dó na minha noiva, mas, infelizmente, ela mereceu.
— Preciso ir ao banheiro, aquela garota me bateu, amor, que menina vulgar. — Ela diz, e a
— Sua noiva pegou muito pesado, doutor. — Ele diz, quando está perto de mim.
— Eu sei, mas ela está muito arrependida. — Tento consertar as coisas.
— Depois de levar aquele tapa da Lívia, até eu me arrependeria. — Ele tenta brincar, mas o
olho feio e ele fica sério. — Ela está muito triste, a loirinha não gosta que ninguém fale que a irmã
é adotada. — Ele me avisa, e sei disso, até eu fiquei chocado com a atitude da Kath.
— Onde ela está? Quero pedir desculpas.
— Lá no jardim, mas acho que é a Katherine quem precisa pedir desculpas, e não só a ela,
mas à Trinity também.
— Ela vai fazer isso, mas agora está tentando esconder o tapa que a sua amiga deu nela.
— Deseje boa sorte para ela. — Ele acena e sai.
Vou para o jardim e encontro Lívia deitada no chão. Lembranças da infância, vendo as
estrelas com os amigos, me veem á memória e lembro-me da garotinha loira que sempre me dava
a mão com medo da escuridão, e agora sei que era a Lívia. Como se passou tantos anos sem
encontrá-la? Não entendo e não me lembro de quase nada, mas sei que é ela, agora vejo por que
fiquei a semana toda pensando nela.
Sento-me do seu lado e ficamos olhando as estrelas. Seguro sua mão para relembrar os velhos
tempos, beijo seu rosto e me condeno mentalmente por querer beijá-la na boca. Tenho noiva e a
amo, mas sinto meu coração acelerar ao tocá-la. Depois disso, Lívia diz que não está com raiva e
volta para dentro. Olho mais uma vez para as estrelas e vou à procura da minha noiva. Encontro-a
saindo do banheiro, e a marca não está mais visível no seu rosto, como ela conseguiu fazer isso?
— Como estou? — Ela pergunta, me mostrando o rosto.
— Linda, como sempre! — beijo seus lábios.
— Amanha tenho que viajar a Paris, não posso estar com o rosto assim. — Ela choraminga.
— Amanhã já vai estar melhor. — digo, passando a mão nos seus cabelos.
— Vamos, quero pedir desculpas às meninas. — Ela diz, me pegando pela mão. Caminhamos
para a sala e meus olhos vão de encontro à Lívia. Ela está lindamente tocando piano, seu sorriso é
perfeito.
— Música boa. — comento, ouvindo a melodia.
— Nossa, a Luara canta muito bem. — Kath fala, e é verdade, mas meus olhos só se
concentram na Lívia, que toca sem tirar o sorriso do rosto. Ao seu lado está o Jaden, que também
toca violão bem.
Depois de alguns minutos admirando a Lívia, a música acaba e ela vai conversar com a
Micheli, as duas riem e logo o Jaden se junta a elas e Luara vem ao nosso encontro.
— Nossa, menina, você canta muito bem. — a elogio, que é só sorriso.
— Obrigada, aprendi com a minha mãe. — Ela conta e Kath fica admirada.
— Sabia que a Ana tinha algum truque na manga.
— Pessoal, eu me pareço com o Sherlock Holmes? — Jaden surge, perguntando.
— Claro que não, só a mesma profissão, mas ele é muito melhor. — Luara constata e Jaden
faz uma cara feia.
— Você é muito fria. Olha quem chegou, seu namoradinho. — Jaden olha na direção da porta
e Luara sai correndo em direção ao namorado.
— Quanto amor! — Kath brinca e Jaden concorda e sai em direção ao pai da Lívia.
Olho em direção a Lívia e não gosto da cena que estou vendo. Ela está no maior papo com o
Jimmy, um dos oftalmologistas do hospital Carter. Pelo jeito ele conhece a Lívia há muito tempo,
e ela parece que está gostando de conversar com ele. Dois ridículos, precisam ficar dando
gargalhadas?
Trinity surge na sala ao lado do meu irmão e dos meus pais. Lívia olha para ela e pede licença
ao Jimmy para ir ao encontro da irmã.
— Olha como seus pais ficam com aquelas afilhadinhas deles e nem ligam para a gente! —
Kath reclama, acho que ela está com ciúmes, sempre foi a queridinha da minha mãe.
— Meu bem, pare com isso agora, elas fazem parte da família, vocês vão ter que se dar bem!
— Promete que vamos morar bem longe quando nos casarmos? — Ela pede com carinho.
— Kath, não posso deixar minha família.
fico com ódio de ninguém. — Trinity avisa, séria, e sei que sempre vai se lembrar disso.
— Mereci aquele tapa, Lívia, me desculpe também. — Trinity olha para a irmã, chocada,
acho que ela não sabia do tapa.
— Desculpa pelo tapa, não era minha intenção, mas se não quiser ser minha inimiga, não
mexa com nenhuma das minhas irmãs.
— Tudo bem, desculpa mesmo. — Kath estende a mão para Trinity, que invés de segurá-la, a
abraça, e eu fico mais aliviado.
— Agora tudo está em paz. — David se pronuncia, batendo no meu ombro. Até parece que
iria brigar com meu irmão por causa de mulher.
— Gente, agora o jantar será servido. — A Dra. Ana anuncia.
Vamos todos para a sala de jantar. Micheli me cumprimenta e Kath faz a mesma cara de nojo
que fez para Marta quando chegamos. Ela tem que parar de ser assim com as pessoas, todo mundo
é igual.
Conversa flui na mesa enquanto as pessoas vão se servindo, tem mais de vinte convidados, e
— Juíza combina com médico, sabia? — Jimmy fala, e todos riem, menos eu, claro, me dá
vontade de socar a cara dele. Como ele fala isso na frente de todo mundo?
— Ela já tem dono e combina comigo, não há nada mais perfeito que uma juíza e um
detetive. — Jaden fala, todo animado, e a abraça.
— Jaden, se você fosse ter algo com minha filha, já era para ter há muito tempo, vocês são
amigos há anos e, cara, essa mocinha é difícil. — Dr. Pether fala e ri, fazendo todos rirem.
— Sr. Collins, minha irmã não precisa de um investigador do FBI, e, Jimmy, ela não combina
com ninguém. — Theo faz cara feia.
— Parem de falar de mim! Pai, eu não sou difícil, e meninos, desculpem, mas não combino
com nenhum de vocês. — Ela faz cara de brava. É isso aí, garota, coloca moral nessa zorra.
— Princesa de Ferro, eles só estão sendo realistas. — Luara entra na brincadeira.
— Nem comece, querida. — Ela olha sério para Luara.
— Não falei nada.
— Isso tem como darmos um jeito, e Kath, você também é bem-vinda. — Trinity avisa.
— Não dá, tenho que estar em casa hoje, amanhã vou viajar para um desfile em Paris.
— Que maravilha! — Trinity diz com alegria e Lívia a belisca.
dela.
Nos despedimos de outras pessoas, levo Kath para casa, que fica meia hora reclamando. Ela
não quer que eu durma lá, mas nem dou atenção. Brigamos, e sem querer que ela viaje com raiva
de mim, a levo para a cama e fazemos coisas boas. Acho que a deixei mais feliz.
Passo em casa rapidamente, pego tudo que minha mãe pediu, e dessa vez não esqueço os
bombons da Marta. Vou voando para a casa dos Carters, hoje vai ser divertido. Só de lembrar que
vou ficar perto da Lívia, meu coração acelera.
Capítulo 9
Lívia
Eu e a Triny sempre quisemos ter mais contato com nossos padrinhos, mas somos estudantes
de Direito em Harvard e isso significa estudar e estudar, é um seminário atrás do outro.
Quando começamos a estudar era muito cansativo, acordávamos muito cedo e íamos dormir
tarde, morávamos aqui em Boston ainda, então meus pais compraram um apartamento em
Cambridge e tudo ficou mais fácil, mas acho que acabamos nos acomodando muito e isso foi um
dos motivos que ficamos anos sem ver nossos padrinhos. Isso é um arrependimento, acho que a
última vez que os vi tinha doze anos, e claro, eles estavam sem os meninos, e isso foi um dos
motivos que me fez não reconhecer o Dylan e nem o David.
— Lívia, você está em que mundo? — Trinity pergunta, saindo do banheiro. Levanto da cama
e a encaro.
— Estava pensando na faculdade e nos nossos padrinhos, acho que fomos mesmo muito
ingratas.
— Eu sei disso, tudo que a noiva do Dylan falou é verdade, não podemos voltar atrás, mas
podemos sempre estar com eles agora. — Ela passa a mão pelos cabelos e dá um sorriso triste.
— Você ainda está chateada?
— Não! E quero esquecer o que aconteceu. Reparou que a Luara gosta da Katherine? Ela deve
ser legal, pode ser que estava em um dia ruim.
— Sim, mas ela parece uma cobra soltando veneno. — digo com raiva e Triny me encara.
— Ou você está com ciúmes do Dylan, aliás, nossos padrinhos têm dois filhos gatos. — Ela
diz e senta na minha cama.
— Não estou com ciúmes daquele insuportável, mas pelo jeito você e o David estão
amiguinhos.
— Eu sempre quis, mas você pensava que ele era um nerd feio e ia estudar com as meninas.
— Claro! Vocês estudam sempre, era estranho, e eu gosto de estudar na lanchonete, é mais
divertido.
— Um aviso, vá procurar um amigo para você, porque o David é meu. — Me levanto e ela faz
cara feia.
— Não é mais, ele gostou de mim.
— E pelo jeito, você dele. — Ela dá um sorriso e joga uma almofada em mim.
Ela sai do quarto e vou para o banheiro. Tomo um banho e visto meu pijama, prendo meu
cabelo e saio do quarto, dando de cara com o Dylan subindo a escada.
—Lívia, posso falar com você? — Ele pergunta, me parando.
— Sim.
— Realmente você não está com raiva?
— Não! Já te disse, não fico com raiva de ninguém.
— Não quero que fique uma muralha entre nós, acho que podemos ser amigos. — Ele me diz,
e sinto meu coração doer.
— Só aceito ser sua amiga se você nunca mais me atender no hospital. — Tento brincar.
— Impossível, seus pais são meus chefes e gostei muito de te atender. Você é bem irritante,
mas está seguindo a regra direito, ou pelo menos eu acho.
— Olha isso, está vendo meu osso? Estou ficando muito magra, culpa sua! — aponto para seu
peito e ele gargalha.
— Eu apenas gosto de cuidar de vidas e você estava se alimentando muito mal. — Ele dá de
ombros.
— Eu aceito ser sua amiga, mas agora vou lá embaixo fazer pipoca. — Quero fugir daqui o
mais rápido possível.
— Tudo bem, nada de comer besteira escondido, estou de olho, saiba que a Marta me ama. —
— Mamãe, o Dr. Insuportável mandou avisar que já se acomodou. — digo, e eles me olham
assustados. Não acredito que chamei o Dylan assim.
— Quem é o Dr. Insuportável? — Meu pai pergunta, e quero me enfiar dentro de um buraco.
— Ela está falando do Dylan, semana passada ele a atendeu, estava passando muito mal e a
diagnosticou com intoxicação alimentar, e agora ela está comendo tudo saudável, pelo menos é o
que me falam. — Minha mãe olha para mim e eu a fuzilo com os olhos.
— Dr. Insuportável. — Luara bate palmas. — Foi difícil achar um apelido para ele, mas
finalmente eu encontrei, mesmo achando que ele seja o Arqueiro Verde.
— Sai dessa, que eu encontrei esse apelido, e ele é muito insuportável. Olha, madrinha, estou
puro osso e tudo culpa do seu filho. — Vou ao encontro da minha madrinha, que abre os braços e
sento no seu colo.
— Pare de mentir, que você está com o mesmo peso há um ano! — Theo me repreende.
— Você continua chato. — Mostro a língua para ele e me levanto. — Vou fazer pipoca, claro,
se me deixarem comer. — Sigo para a cozinha e encontro Marta comendo bombons.
— Oi. — Ela diz com a boca cheia.
— Comendo bombom escondido? Que bonito!
— Só não te ofereço, porque sei que está proibida de comer besteiras.
— Isso não é justo, me dá só um. — imploro, e ela me estende um bem pequeno.
— Credo!
— Vai querer ou não? Aproveita que só sobrou esse, o resto tem amendoim. — Ela me avisa
— Sério? Depois ele diz que cuida de vidas. A noiva dele é um pouco irritante mesmo. —
abro o armário e pego um pacote de pipoca de micro-ondas.
— Nunca gostei dela, ela se acha superior em relação às outras pessoas. — Ela me diz e
depois coloca outro bombom na boca, desconfio que sejam todos de amendoim, acho que ela não
quer me dar.
— Um dia ela aprende. Pelo jeito, o Dylan não é igual a ela.
— Meu Dylan é maravilhoso e quem sabe passe isso para ela. — Ela diz tão naturalmente.
Nunca vou poder o chamar de meu. Acho que estou estranha, tenho de parar de pensar no homem
de outra mulher.
— Vim ajudar a fazer a pipoca. — Luara entra na cozinha e olha para os bombons de Marta.
— Eu quero.
— Pode pegar quantos quiser. — Marta diz, toda sorridente, acho que ela e o doutor estão
unidos em me destruir. Luara pega um e vem em minha direção.
no chão perto do Jaden, que me oferece o peito e deito sem pensar muito. Theo me puxa para ele e
televisão.
— Terror. — Jaden e o Theo falam ao mesmo tempo.
— Romance. — A Trinity fala e todo mundo olha para ela. David a olha, bobo.
— Já sei, que tal Legalmente Loira, em homenagem a Lívia? — Luara fala, batendo palmas.
filme. Tento prestar atenção também, mas não dá, sei todas as cenas.
— Theo, abaixa o pé! — reclamo, e meu irmão nem liga.
— Os incomodados que se mudem. — Theo dá de ombros.
Levanto-me do sofá e saio, aborrecida. Vejo alguém vindo atrás, mas não me importo.
— Lívia, espera! — ouço meu irmão me chamar.
— Me deixe em paz, Theodore!
— Desculpa, maninha, só estava brincando. — Ele fala, me pegando no colo.
— Não quero saber, e sai daqui!
— Vamos assistir, prometo baixar o pé.
— Te peguei, idiota! — dou uma gargalhada e ele me coloca no ombro, me levando até a sala
de vídeo.
— Opa, calma! Dr. Knowles, dá um medicamento para ela. — Jaden pede e Dylan ri, dois
idiotas.
— Calmante, quem sabe. — Dylan finge pensar.
— Idiotas! — falo e sento no mesmo lugar. O filme está em uma parte interessante. Trinity e
David fogem da sala antes da metade do filme, e quando está quase no fim eu sinto sono. Dylan
percebe e coloca uma almofada no sofá e bate nela, indicando que eu me deite, e faço isso, estou
muito cansada. Aos poucos, minhas pálpebras vão se fechando.
— Srta. Carter, acorde. — escuto o Dylan me chamar e mexer em mim lentamente. Abro
meus olhos e o vejo todo sorridente. Isso é só para mim?
— O filme já acabou? — sento, olho para a televisão e vejo que não está passando nada.
— Sim, há muito tempo.
— Cadê todo mundo? — pergunto, assustada.
— Eles foram dormir, já são duas e meia. — Ele diz, olhando o relógio em seu pulso.
— E por que não me acordaram? — esfrego meus olhos, está ardendo, tenho que voltar a
dormir.
— Você estava roncando muito e eles ficaram com pena.
— Sem graça. — Me levanto, atordoada, mas meu cérebro não corresponde direito e caio no
chão, e quero muito ficar aqui mesmo.
— Você bebeu alguma coisa?
— Não, mas pode ir dormir, vou ficar por aqui mesmo. — digo, pegando uma almofada e
colocando sobre a minha cabeça.
— Nem pensar, levanta daí ou vou te pegar no colo. — Ele ameaça em tom de brincadeira, e
sei que não é verdade.
— Quer ver? — sinto seu corpo se aproximando e ele me levanta no colo. Dou um grito de
susto e não abro meus olhos. — Não pode dormir no chão, LLC.
— Médico também pode ser feliz. — Não você, com a noiva que tem, penso.
— Eu sei. Meu quarto é nessa porta aqui. — aponto a porta ao lado da escada.
— Nossa, jura? Acho que te vi sair daí hoje. — Ele diz e me leva até a porta, que abro para
facilitar seu trabalho.
— Podia ser da Luara.
— Podia, mas é o seu. — Ele caminha pelo quarto e analisa cada detalhe. — Pelo jeito, você
gosta de livros.
— Amo, as pessoas dizem que estudante de Direito tem que gostar de ler, e acho que é
verdade. — Ele me coloca na cama com todo carinho e me sinto um bebê.
— Também acho, na minha casa é livro para todos os lados. — Ele diz, e acho que se refere
ao David, depois ele se afasta e senta na cama.
— Acho que sua noiva não vai gostar muito de saber que você me pegou no colo. — digo e
me arrependo. Por que tinha que falar dela logo agora?
— Somos amigos e estava apenas te ajudando, lá você ficaria com dores e frio, e a Kath é
muito compreensiva. — Ele me avisa, e quero mostrar para o meu coração que ele não pode entrar
nessa furada, não posso sofrer outra vez, o Dylan ama muito sua noiva. Tenho que parar com isso,
não tem sentido esses pensamentos malucos.
— Obrigada, então!
— Agora vou dormir, tenho um dia com a família amanhã. — Ele se levanta, vai até a porta e
tem noiva e eu não sei se quero confiar em outra pessoa como confiei no Ryan. Não posso cometer
o mesmo erro outra vez. O que estou pensando? Tenho que colocar na minha cabeça ele é
comprometido e lembrar que não gosta de meninas debochadas.
Levanto-me e saio do quarto, preciso conversar com alguém para o Dylan não entrar na
minha cabeça. Sigo até o quarto da Trinity, tento abrir a porta, mas está fechada; sigo para o
quarto da Luara, que também está fechado. Sem alternativa, caminho em direção ao quarto dos
meus pais, bato na porta e escuto um entre. Pelo menos eles estão acordados.
— Mamãe! Papai! Posso dormir com vocês? — pergunto assim que coloco a cabeça para
dentro e vejo meu pai lendo e minha mãe mexendo no computador.
— Sim, meu bem. — Minha mãe coloca o computador de lado e abre os braços para mim,
que deito no seu colo.
— Está com medo de alguma coisa, filha? — Sim, pai, medo de me apaixonar por alguém que
não posso ter.
— Não estou com medo, apenas quero dormir com vocês. — minto, abraçando as pernas da
minha mãe.
— Pode dormir aqui, meu bebê. — Minha mãe acaricia meus cabelos e meu pai guarda o
livro.
— Só não pode me chutar. — Meu pai me faz cócegas e lembro-me da minha infância,
quando sempre vinha dormir com eles. Às vezes o Theo me deixava dormir com ele, mas todos os
dias acordava no chão, então, não fazia sentido ter medo de alguma coisa debaixo da cama.
— Credo! Eu sou boazinha. — Me deito no meio deles, sorte que essa cama é grande.
— Você é muito linda, já tem um namorado? Gostei do Jimmy, ele parece se interessar por
você. — Minha mãe diz e meu pai revira os olhos.
— Ele é legal, mas acho que só isso, e eu não tenho namorado. — prefiro o Dylan, mas acho
que esse é impossível. Ai meu Deus, não quero mais pensar nisso.
— Minha filha, lembre-se que nem todos os garotos são como o Ryan. — Minha mãe me
tinha dezoito anos e eu vinte, não posso me esquecer de quantas vezes ela me apoiou.
Antes da Katherine surgir na minha vida, a Sofia era minha melhor amiga e estudávamos
juntos na Universidade. No começo eu pensava que ela gostava de mim, mas depois deixei isso de
lado quando conheci a Kath. As duas não se dão muito bem, mas tentam ter uma amizade por
minha causa.
Viro na cama e não consigo dormir, não sei por que aceitei dormir aqui, poderia ter passado a
noite com a Kath, mas fiquei tão animado por causa da Lívia que acabei me esquecendo da
prioridade na minha vida. Que saco, Dylan! Você sempre foi um homem decidido, que tal seguir
assim de novo?
Depois de muito pensar, decido que dormir é o melhor. Acordo com o sol entrando no quarto.
Que bom, nem me lembrei de fechar as cortinas. Saio da cama e pego uma mochila que trouxe
com algumas coisas minha, entro no banheiro e tomo um banho que me desperta rapidamente.
Quando saio do quarto o corredor está em silêncio. Olho meu relógio e são apenas sete horas,
que maravilha! Nem dormi três horas direito. Desço as escadas e encontro Theo sentado no sofá,
mexendo no celular.
— Bom dia! — digo, me sentando no sofá de frente para ele.
— Bom dia, Dr. Insuportável, já de pé? — Ele pergunta, sorrindo, e fecho a cara.
— Dr. Insuportável? Você era mais gentil! — reclamo com ele.
— Desculpa, a Lívia te chamou assim, então achei legal, pegou bem, sabe? — Claro que a
Lívia me chamaria de insuportável. Olho para o Theo, que está todo bobo mexendo no celular.
— Por acaso estou vendo um homem apaixonado? A história com a britânica está indo bem,
— Está maravilhoso, parabéns, Lívia. — elogio e pego meu celular, tem uma mensagem da
Kath e lembro que ela nunca fez nada para eu comer, acho que nunca a vi na cozinha.
— Obrigada. — Ela agradece e se senta ao lado do irmão.
— Fiz waffles, do jeito que você gosta. — Lívia levanta e coloca um prato na frente do Jaden.
— Obrigado, minha linda, quer casar comigo? — Esse Jaden é bem chato, hein?
— Não, mas tenho certeza que sua futura esposa será tão boa quanto eu. — Lívia garante.
— Queria que fosse você.
— Jaden, você já dormiu na mesma cama que a Lívia e nunca rolou nada, então parte para
outra, cara, não quero minha irmã sofrendo por causa de homens. — Theo diz, bravo. Não gosto de
saber que ela dormiu com o Jaden, mas também não quero vê-la triste por causa de homens
idiotas, que não sabem tratar bem uma mulher.
— Credo! Não custa tentar.
Theo diz e Luara fica vermelha. — Por isso eu amo a Trinity, ela nunca me deu trabalho.
— Jura? Ontem eu a vi no maior beijo com o David, estou muito feliz, é um saco dividir a
atenção da Lívia com ele. — Jaden fala e depois percebe que não devia ter falado. — Mas ela
ainda é uma santa, um beijo não mata ninguém, acho até que foi um selinho.
— Dylan! Tenho que conversar com seu irmão, acho que hoje mesmo ele vai parar no
hospital. — Theo me olha, sério, e depois gargalha.
— Agora é proibido beijar? — Lívia pergunta e Theo balança a cabeça, negando.
aproveitar o dia.
— E como vai ser, depois da faculdade? — Minha madrinha pergunta.
— Eu e a Trinity conseguimos uma entrevista para trabalhar no escritório do doutor Kendall.
— conto, animada.
— Pode ser. — Ela beija a Luara e meus padrinhos. Depois senta ao meu lado e beija meu
rosto. — Acabei de olhar lá fora, o sol está bem quente.
— Que bom, quero usar biquíni, estou muito branca. — Minha madrinha olha para a pele que
está perfeita.
— A senhora está ótima. — Trinity elogia.
— Você que é gentil, e nada de senhora.
Depois de todos tomarem café, eu, Trinity e a Luara lavamos a louça, hoje a Marta está de
folga e todos os outros funcionários também. Acho isso legal, meus pais sempre nos ensinaram
que devemos arrumar nossas próprias coisas, e isso foi um dos motivos de sermos humildes.
Vou para o meu quarto e coloco um biquíni verde. Não gosto muito de usar biquíni, meus
seios são grandes, assim, visto um short jeans e coloco uma blusa por cima. Pego os meus óculos e
— Pensei que eu fosse seu melhor amigo, Lívia. — Jaden se finge de ofendido.
— Você é. — mando um beijo para ele.
— Nossa, e eu, hein? Pensei que eu significava alguma coisa para você. — David se ofende,
levantando do sofá.
— Vocês dois são, mas sei que vão me abandonar assim que tiverem namoradas. — finjo
tristeza.
— Eu continuei sendo seu amigo quando namorei a Ashley. — David diz, vindo na minha
direção.
— Espero que não esteja naquele rolo ainda com ela. — olho para ele, que nega e para onde
está.
— Terminei tudo definitivamente, não temos mais solução. — Ele garante.
— Assim espero, ou pode se afastar da minha irmã.
— Te dou minha palavra, nunca mais vou ficar com a Ashley, passado fica no passado. — Ele
me olha e sei que está falando sério.
— Ou no museu. — Jaden brinca e rimos.
— Agora vou tomar café, vocês nem me esperaram. — David resmunga e caminha para a
cozinha.
— Limpe o que você sujar! — Jaden grita para ele, que apenas faz um sinal de positivo.
— Vamos lá para fora, quero aproveitar o sol.
— Se vocês ficarem na sombra, não vão pegar um sol. — Jaden comunica a elas e tira a
camiseta, ele é bem forte, acho que no FBI eles treinam muito pesado.
— Eu quero ficar na água. — Trinity diz, se levantando e tirando a roupa. Ela está com um
biquíni vermelho que a deixa muito bonita.
— Então somos dois, vamos ver quem pula primeiro? — Jaden brinca e cai na água. Trinity
pula e me sento no lugar em que ela estava.
— São apenas nove horas. — Luara reclama, limpando os pingos de água que caíram nela.
— Esse horário é bom, pula aí, chata. — Jaden a chama e ela faz uma cara feia.
— Estou nos dias sangrentos, vou ficar aqui mexendo no meu celular. — Ela deita na
espreguiçadeira e eu faço o mesmo.
— Cadê o Mayck? — pergunto a ela, que coloca os óculos.
— Ele teve que ir trabalhar. — Ela diz, chateada, pois queria passar o dia com o namorado.
— Estou aqui com você. — pego sua mão e ela dá um sorriso. Dylan surge e senta ao lado de
— Espero que sim. — digo com um sorriso. Minha madrinha gosta muito da Katherine.
Theo surge conversando no celular e depois entra na água, minha madrinha faz o mesmo e
Luara vai ao banheiro.
— Eu quero muito que vocês estejam lá, será importante para a Kath. — Dylan diz e apenas
afirmo com a cabeça.
Ele não precisa ficar falando o tempo todo da noiva, estou achando isso um saco. Se ela fosse
tão importante assim, estaria aqui com ele.
David surge todo sorridente, mas depois sua expressão muda ao ver algo no celular. Ele volta
para dentro de casa e volto minha atenção a Trinity, que está conversando com minha madrinha,
acho que ela nem viu.
— Vai entrar na água? — Dylan pergunta, quando percebe que não quero conversar. Ele
levanta e tira a camiseta branca que está usando.
— Depois. — Ele entra na água e acena para mim. Quero que o Dylan fique bem longe de
mim.
— Lívia! Tenho que ir embora, resolver um problema. — David diz, me beijando na testa.
— Alguma coisa séria?
— Nada que eu não possa resolver. — Ele dá um sorriso forçado e sei que está mentindo.
— Tudo bem. — Ele acena para Trinity, que dá de ombros e volta sua atenção para a
madrinha.
O dia corre bem, comigo sempre evitando ficar perto do Dylan. Só vou a esse aniversário da
noiva dele para não fazer desfeita com meus padrinhos, não quero causar problemas para eles.
Quando eles vão embora, já são quase cinco horas da tarde. Me arrumo para pegar a estrada,
amanhã será um dia muito cheio.
— Mamãe, marque para mim uma consulta com o oftalmologista, acho que preciso trocar
meus óculos. — peço, quando estou na porta esperando a Trinity.
— Sim, amanhã eu faço isso, prefere qual dia?
— Quarta-feira. Aproveito e já fico aqui. — aviso a ela, que dá um grande sorriso, minha mãe
consulta está marcada para às sete horas da noite, então, o jeito é estudar e ir ao meu último dia no
estágio. Finalmente vou me livrar do Ryan, ele trabalha na mesma empresa onde faço o estágio.
As aulas são curtas e algumas pessoas apresentam seu trabalho de conclusão final. O meu já
apresentei terça-feira e fiquei alegre por passar, a Trinity também, ela sempre foi mais inteligente
que eu. Já realizamos as duas etapas do Exame da ABA, quando ocorrer a colação de grau já
estaremos aptas a advogar.
Caminhamos para a lanchonete da universidade e me arrependo na hora quando vejo a
Ashley, ex-namorada do David, em uma mesa com suas amigas. A gente não se dá muito bem.
— Essas meninas gostam de ficar com o meu resto. — Ela fala alto e sei que se refere a nós.
Para ela eu sempre fui mais que amiga do David. Ontem a Trinity e o David saíram e ele contou
que era ex-namorado da Ashley, ela não se importou muito, mas sabia que ouviria muitas
piadinhas por aí.
— Elas já estão sabendo de vocês? — pergunto baixinho, me sentando na cadeira.
— A Gisele me viu no cinema ontem com ele. — Ela diz, lançando um olhar mortífero para
as quatro meninas irritantes da Universidade Harvard.
— Ele não se contenta só com uma, tem que pegar as duas. — Ashley joga seu veneno e
seguro no braço da minha irmã para não ir ao encontro da cobra.
— É o lema dos homens, amiga, uma loira de dia e uma morena à noite. — Gisele ajuda a
amiga a soltar o veneno. Acho que a Kath podia ser amiga dessas meninas, elas se parecem tanto.
— Cale sua boca, ou vou aí quebrar sua cara plastificada! — Trinity diz à menina, que
arregala os olhos.
— Não precisa soltar suas cobras auxiliares. — aviso a ela.
— Relaxa, amiga, eu me sinto triste por ele preferir morenas, mas eu sei que ele tentou com a
Carter original e não conseguiu, então, partiu para a Carter adotada. — Ela fala, e não vejo mais
nada, o ódio me domina e quero arrancar o pescoço daquela vaca.
— Calma, Lívia, ela só quer te irritar. — Trinity segura no meu braço.
— Ele nunca ficará com essa pirralha. — Ela grita e aponta a Triny, que ainda está na mesa.
— Eles ficarão juntos se eles quiserem, não é uma mulher rejeitada que vai atrapalhá-los —
digo firme, e ela me olha com atenção.
— Estou falando sério, o David gosta de mulheres que podem o satisfazer, não uma menina
virgem.
— Não quero discutir sobre relação sexual alheia, mas vou te falar uma coisa, cuida da sua
vida.
— Por isso o Ryan te traiu, meninas como vocês sonham com castelos e príncipes encantados.
Acorda para a realidade, vivemos no mundo real. — Isso doeu um pouco, mas não posso abaixar a
cabeça por uma coisa do meu passado.
— Muitas águas correram nesse rio, ou melhor, riacho, e tenha certeza de uma coisa, você
nunca vai ficar com o David. — Ashley avisa à minha irmã e sai acompanha das outras cobras.
— Vamos, não quero chegar atrasada no estágio. — Ela me puxa pela mão e saímos da
universidade. Nos despedimos e seguimos em direção aos nossos destinos, fazemos estágio em
lugares diferentes.
Entro no carro, e as palavras sobre a traição do Ryan me causam mágoa, mas como as outras
vezes, a única coisa que faço é chorar. Já superei, mas não gosto que fale como se a culpa fosse
minha por ter sido traída, eu não estava preparada para me entregar a ele, na verdade, nem sei se
um dia vou estar preparada para alguém, mas não quero que o medo me faça uma pessoa egoísta.
Chego à empresa e vou direto para minha mesa. Muitas pessoas passam por mim e desejam
sucesso e coisas boas, e descubro que estão fazendo uma surpresa para todos os estagiários que
estão saindo.
— Então, você ficará longe de mim definitivamente? — Escuto a voz de Ryan e as palavras
da Ashley me vêm à mente.
— Estou pulando de alegria. — Tiro os olhos do computador e olho para ele. Seus cabelos
loiros estão grandes e nem parece o mesmo Ryan de antes.
— Eu sei que seu coração ainda bate por mim. — Ele se aproxima de mim e quero correr.
— Nossa, ele bate, acho que vou desmaiar aqui, está muito acelerado! — debocho, e ele alisa
meus cabelos.
— Lívia, eu te conheço bem, namoramos por dois anos. — Olho para ele e não sinto ódio,
apenas pena.
— A única coisa que sei, é que não posso confiar em você. — digo e volto minha atenção para
o computador.
— Esquece isso, já se passaram seis meses. — Ele pede e beija minha cabeça.
— Já esqueci, mas tenho pena de você, meu irmão está doido para te pegar pelo pescoço —
aviso, caso ele tente me beijar.
— Quantas vezes tenho que te pedir desculpa? Já falei que foi um momento de fraqueza. —
Ele suspira, triste.
— Já te desculpei de coração, Ryan, se você me conhece sabe disso, não vou ficar
traumatizada por causa de um homem que não significa nada na minha vida.
— Eu amadureci muito, Lívia. — Ele me conta, e quero acreditar, mas não consigo.
— Eu sei, agora você tem vinte e oito anos, alguns meses atrás tinha vinte e sete, que
diferença grande.
— Podemos ser amigos? — Ele pede, ignorando a minha ironia.
—Sim, mas vou logo avisando, não me ligue chorando, bêbado.
— Cheia de humor como sempre, né?
— Preciso ir comer. — aviso, me levantando. Vou até ele e o abraço, afinal, passado é
passado.
— Obrigado por ser legal comigo. — Ele beija minha bochecha e se afasta.
— Te desejo muitas felicidades e nunca faça com uma garota o que fez comigo, isso dói para
caramba. — o aviso.
— Prometo ser melhor.
— Fico feliz por isso.
— Então, boa sorte com sua nova vida, tenho certeza que será uma grande advogada e uma
futura brilhante juíza.
— Obrigada.
— Agora vai lá comer, seus colegas estão te esperando.
— Você não vai ao aniversário da minha noiva? Que consideração, pensei que éramos amigos.
— Sou sua amiga, não da Katherine. — Ela nem liga para mim, desvia os olhos e finge estar
olhando minha sala.
— Posso te apresentar o Theo. — aviso a ela.
— O filho dos chefes? — Ela pergunta, surpresa, e afirmo. — Estou fora!
— Calma, ele é bem legal e tem namorada, mas seria bem legal conversar com uma pessoa da
sua idade na festa, já que você não se socializa muito bem com a Kath.
— A LLC é novinha, mas tem maturidade, e esse Theo eu nunca vi na vida. — Ela mexe nos
cabelos loiros, longos, e me lembro da Lívia. Passei esses dois dias lembrando-me dela. Depois do
café da manhã ela ficou muito distante e eu resolvi respeitar. Sofia cruza os braços e sei que perdi.
— Se você prefere ficar de plantão, tudo bem.
— Ótimo, estou mais feliz. Tenho que ir, vou encontrar com a Summer. — Ela levanta e dá
um beijo no meu rosto e sai.
Realmente, toda mulher consegue tudo que quer, principalmente de mim. Não consigo ver
uma mulher chorando, quando a Kath está triste faço o que ela quer.
Kath chega hoje de Paris, ela está muito animada, depois do seu aniversário ela viajará para
Nova York, e eu fico feliz que sua carreira está da maneira como ela sempre desejou. Vamos ficar
longe por alguns dias, mas eu a amo e isso é o bastante, a felicidade dela é o importante.
— Dr. Knowles, emergência na sala 4B. — escuto a voz da Micheli e saio da minha sala.
Caminho pelo corredor e pego o elevador para o quarto andar, assim que chego vejo pessoas
correndo de um lado para o outro. Entro na sala 4B e vejo um homem deitado na cama.
sofrido uma concussão cerebral. — aviso, pegando o meu estetoscópio. O coração está com as
batidas rápidas, os pulmões chiam e sei que temos que agir antes, ou ele pode ter outra parada e
acabar morrendo.
— Doutor, o coração dele está acelerando muito. — O enfermeiro avisa.
— Precisamos fazer isso agora, vê se alguém pode assinar para o induzirmos. — peço, e o
enfermeiro sai rapidamente. São seis horas da noite, mal comecei o meu plantão, mas ele começa
agitado. Olho para o homem, ele já é adulto, mas infelizmente está em uma situação crítica.
— Doutor, pode induzi-lo. — O enfermeiro entra na sala.
— Assinaram?
Faço todo procedimento e consigo reverter a situação do paciente, ele está instável e só
precisa descansar. Depois de induzir o homem ao coma, Emanuel fica mais tranquilo e peço para
ficar com o homem, e se ele tiver qualquer mudança no quadro é para me avisar.
Caminho para a recepção, preciso tomar um café e descansar. O resto do plantão transcorre
bem, e quando chego em casa a primeira coisa que quero fazer é dormir, mas parece que aquela
menina debochada de olhos verdes sempre quer entrar nos meus sonhos, já não estou suportando
todo dia sonhar com ela.
Levanto quase às três horas e encontro David no sofá muito pensativo. Desde domingo ele
está assim e não estou gostando nada disso.
— Oi, já está em casa?
— Sim, mas vou voltar para o hospital daqui a pouco. — Ele diz e mexe no celular
rapidamente.
— Está acontecendo alguma coisa? — Me sento no sofá à sua frente.
— Sim. — Ele não mente para mim, ou não sabe mentir ainda, não decidi isso.
— Quer conversar?
— A Ashley está grávida. — Ele suspira e passa a mão pela cabeça.
— E você foi correndo igual um cachorrinho, né? Não deixa nenhuma mulher te manipular,
ouviu, e lembre-se que sua obrigação vai ser com a criança, e não com a mãe.
— Eu sei disso, mas vamos esperar, para depois você brigar comigo.
— Vou me alimentar. — Me levanto e sigo para a cozinha. Não sei como será a vida do
David, se ele for o pai. Mas sei que minha mãe vai amar ter um neto. Pego meu celular e ligo para
Katherine.
— Oi, amor, estou com saudades. — Ela atende já falando isso.
—Também estou, meu amor, antes de ir para o hospital eu passo aí na sua casa.
— Não! — Ela fala rapidamente.
— Pensei que estava com saudades.
— Estou na casa da minha tia. — Que estranho, ela nem gosta de ir à casa da tia dela, que,
aliás, a criou quando seus pais morreram em um acidente.
— Então, mais um dia sem te ver? — pergunto, aborrecido.
— Amanhã prometo ir para sua casa bem cedo. — Ela fala com uma voz doce.
— Tudo bem, então.
— Te amo.
— Te amo mais.
— Vou desligar, tenho que ajudar a minha tia. — Ela diz e acho estranho, mas talvez elas
resolveram deixar as diferenças de lado.
— Tudo bem, mande lembranças para Cíntia. — Desligo e vou procurar alguma coisa para
comer.
— Dylan, cadê você? — Minha mãe grita da sala.
— Cozinha, mãe, e não precisa gritar.
— Filho ingrato, não gosta de mim, até nasceu de sete mês para se livrar de mim! — Ela
resmunga e surge na cozinha.
— Credo! Nem escolhi nascer assim, acho que eu já era muito grande e musculoso. —brinco,
— Comprei presentes para as meninas, acho que elas vão amar. — Ela diz, alegre, e vejo que
esse reencontro está a deixando muito feliz.
— Que bom!
— Comprei para Luara também, ela é uma linda menina e não quero que se sinta rejeitada.
— Mamãe, ela nunca sentiria isso. — Conheço a Luara desde quando ela tinha quinze anos,
na verdade, bem antes, mas essa parte eu não sabia. Quando fui embora daqui ela era uma
— Me fale qual é a dúvida dele. — Não sei para que fui tocar nesse assunto.
— Ele tem uma namorada de muitos anos, mas conheceu uma menina que mexeu com seus
sentimentos. Ele não sabe o que fazer, quando fica perto da garota seu coração acelera e ele sonha
todos os dias com a menina, só que ele nunca traiu sua namorada. — conto a ela e me arrependo
por não falar que sou eu.
— Você quer um conselho para dar a ele? — Ela pergunta.
— Sim.
— Qual você quer, um conselho de mãe ou de amiga?
— Os dois.
— Claro, como amiga eu diria que tentasse esquecer essa garota, se ele tem um
relacionamento há anos o preserve, afinal, não pode trocar o certo pelo duvidoso.
— E como mãe?
— Se fosse o meu filho, diria para ele ser feliz, anos de namoro não significam nada e eles
nem devem se amar, pode ser que os dois viraram pessoas acomodadas, têm uma relação de
amizade, então, se a outra menina faz o coração dele acelerar, significa que vale a pena tentar e
pelo menos saber se ela quer o mesmo. Mas o avise que nada escondido é bom, então, melhor ele
fazer as coisas certas. — Ela pisca para mim e mexe no celular. Minha mãe parece tão nova, mas é
muito sábia.
— Vou falar isso tudo para ele, mamãe, quem sabe ajuda, não é?
— É, quem sabe.
— Mãe, vou descansar um pouco, daqui a pouco tenho que ir trabalhar. — beijo o rosto dela e
me levanto.
— Dylan. — Ela me chama e volto minha atenção para ela.
— Oi.
— Não precisa ter medo, apenas conte a verdade. — Ela me olha, sorridente, e vou até minha
mãe. Ela sempre sabe a verdade, deve ser seu instinto de juíza.
quero de verdade. Não posso jogar anos de namoro fora, eu amo a Kath, mas a Lívia, infelizmente,
— Ou isso. Mas o David não está com ela, eu conheço meu amigo. — pisco para ela e saio
apressada. Mando uma mensagem para o David, não quero ver minha irmã triste.
Depois de um péssimo trânsito, chego ao hospital, mas ainda tenho que esperar uns vinte
minutos, então vou me encontrar com o David na lanchonete do hospital. Sento-me em uma mesa
e logo o vejo vindo em minha direção com seu charme inabalável.
— Olá, Srta. Carter. — Ele diz e me dá um beijo no rosto.
— Não irei te chamar de Dr. Knowles, porque é mais a cara do seu irmão. — falo, e ele faz
uma careta. Por que eu fui me lembrar do Dylan? Na verdade, ele nem sai da minha cabeça, então,
não faz muita diferença.
— Prefiro David, é mais jovial. — Ele diz, passando a mão no cabelo, que é preto e curto.
— Também prefiro.
— Espero que sua irmã trabalhe aqui, não acho o Dr. Kendall a pessoa mais apropriada. —
Ele diz, colocando a língua para fora.
— Não sabia que entre os advogados tinha essa competição, mas vou te dizer uma coisa, meu
caro amigo, não é só você que é um advogado gatão, e a Trinity está toda boba com a entrevista
com o Liam.
— Então vocês vão se juntar com aquele conquistador de novas advogadas? Não estou
— A Ashley está grávida. — Ele joga a bomba, que por um momento não consegui segurar,
— Só que ainda ficamos, parei antes de conhecer a sua irmã quando vi que não iríamos ter
mais nada. Eu sou um tolo, me deixei ser levado por uma mulher. — Ele diz, angustiado.
— Pelo o que ela tem no meio das pernas, você quer dizer! — falo com raiva, e ele se assusta.
— Estou arrependido. — Ele diz, triste.
— Assim espero e, por favor, não caia nos encantos daquela vaca de novo.
— Só quero a Trinity.
— Então vá pegar o que você quer, antes que outro advogado gato a roube de você. — dou
uma gargalhada da sua cara de espanto.
— Eu irei agora, e se o Liam se meter com a Triny, eu o quebro. — Ele diz, se levantando.
— Então, vá e mostre de quem é a Trinity Carter. — Ele me dá um beijo no rosto e sai
correndo.
Se o David for o pai, minha irmã vai apoiá-lo. O pior será suportar a chata da Ashley, mas se
eles quiserem ficar juntos se curtindo, não vejo problemas, vai que disso tudo surge o amor.
Particularmente prefiro estar longe desse sentimento, mas sou a favor dele.
Caminho em direção à recepção e de longe vejo Micheli com seu grande sorriso. Agora que
— Aguarde um momento, Srta. Carter. — Ela diz, me dando um grande sorriso e pegando uns
papéis de dentro da gaveta.
— Já te avisei para só me chamar de Lívia! — reclamo com ela.
— Vocês, Carter-Mirins, são tão chatos. Só te chamei de senhorita porque uma enfermeira
estava passando, sabe, ela não tem intimidade igual a mim. — Ela se explica.
— Vou comunicar aos meus irmãos que temos apelido aqui no hospital. — digo, animada.
— Não faça isso, LLC, e assina aqui. — Ela pede e me entrega uma folha de autorização para
fazer o exame.
— Lembrando que sou uma Carter pobre, mas se por acaso você ver alguns dos meus irmãos
ou meus pais, peça para ele pagar essa consulta.
— Você está muito animadinha hoje. — Ela me observa.
— Devemos ser felizes.
— Arrumou um namorado, foi?
— Não, Micheli! Estou animada todos os dias. E cadê o Dr. Jekyll? — pergunto, aborrecida,
por ler no papel o nome do doutor Jimmy.
— Tadinho do doutor, pare de compará-lo com o livro do Médico e o Monstro. Vive falando
de mim e da Luara, mas ama colocar um apelido também.
— Não tenho culpa, ele tem o mesmo sobrenome do autor desse livro, e até que aquele senhor
gosta que eu o chame assim. — digo em minha defesa.
— O Dr. Stevenson está de férias e os seus pacientes foram transferidos para o Dr. Dawson.
— O Jimmy é legal, mas ele só fica dando em cima de mim e agora vou ter que arranjar um
apelido para ele. — falo, triste.
— Mas aqui é o trabalho dele, tenho certeza que ele não se atreverá a mexer com a filha dos
— Claro que não, mas bem que não é má ideia dar uns beijos nele.
— Duvido que você fique por aí dando beijos em todos.
— Eu...
— Atrapalho em algo? — Escuto a voz que está me perturbando dia e noite, ela entra
profunda pelos meus ouvidos, e quando chega ao meu coração ele pula, eufórico.
— Não, Dr. Knowles. — Micheli fala, sorrindo para mim, mas ainda não consegui olhar nos
olhos do doutor.
— Tudo bem, Lívia? — Ele pergunta e sinto que está chegando mais perto. O telefone toca, e
Micheli se afasta para atender.
— Ah! Estou bem, Dr. Knowles, e você?
— Vou indo, e já passamos dessa fase de doutor. — Ele fala e me viro para o olhar nos olhos.
— Verdade, Dylan.
— Lívia, o Dr. Dawson está aguardando-a. — Micheli me avisa.
— Não gosto de você com o Jimmy, sozinha. — Dylan toca no meu braço e meu corpo se
arrepia. Que raiva! Estávamos indo bem, mas ele faz de tudo para me lembrar da vaca Katherine.
— Ele é o médico e eu a paciente, e pelo que sei, você não precisa se incomodar com a minha
vida! — digo, com raiva.
— Eu me preocupo com você.
— Devia se preocupar com a sua noiva, da minha vida cuido eu, aliás, Micheli, descobrir um
ótimo apelido para o Jimmy: Dr. Robin Hood. Quem sabe ele rouba o meu coração. — Micheli dá
uma risadinha e volta para seus afazeres.
— Lívia...
— Tchau, Dr. Insuportável.
Tento fingir indiferença, mas não consigo ser uma pessoa má, mesmo assim caminho pelo
corredor e não olho para trás.
Entro no elevador e aperto o número três, pelo menos eu sei o andar dos oftalmologistas.
Desço do elevador e caminho entre os consultórios. Estou com raiva! Encontro a porta da sala do
Jimmy e vejo uma placa com o nome Dr. Dawson. Nunca que vou o chamar de Robin Hood e nem
quero que ele roube o meu coração, só falei aquilo porque estava com raiva. Bato na porta e escuto
um entre bem baixinho.
— Bom dia, Dr. Dawson! — falo, entrando em sua sala, ele está sentado atrás da sua mesa
com um jaleco branco.
— Bom dia, Srta. Carter, eu estava olhando os papéis e nem acreditei que a mais linda da
família estaria aqui na minha sala. — E em menos de um minuto começam suas cantadas. Ele me
indica uma cadeira em frente de sua mesa.
— Pois, nem eu acreditei. — falo, me sentando. Seus olhos verdes são curiosos, eles me
olham de cima a baixo.
— O que você está sentindo?
— Nada ainda, mas meus óculos de leitura estão com o grau desgastando e eu vim fazer o
exame de rotina que faço todo ano com o Dr. Stevenson. — digo, cruzando as pernas, incomodada.
— Sente-se naquele lugar que eu vou te examinar. — Ele me mostra a mesma máquina que
— Sou homem e somos assim. — Ele diz e me entrega um cartão com a receita do meu novo
grau.
— Você vai?
— Sim, sou um grande amigo da Kath. — Ele diz, com um sorriso. Perdeu um ponto comigo,
Robin Hood.
— Que bom, ela é muito divertida. — minto descaradamente. Que pecado!
— Eu sei que você não tem namorado, então, que tal me acompanhar? — Ele convida, e
quero dizer não, mas acho que é uma boa ideia.
— Não sei.
— Não custa nada, só vamos a uma festa, podemos nos tornar mais amigos. — Ele diz,
pegando na minha mão.
— Então vou te acompanhar, amigos são sempre bem-vindos. Às oito estarei pronta.
— Sete e cinquenta e nove já buzinarei para a princesa de cabelos loiros. — Ele diz, me
acompanhando até a porta.
— Obrigada, me sinto lisonjeada com os seus elogios. — digo, parando de frente para ele.
— Você é muito linda. — Ele diz e me dá um beijo no rosto.
— Essa é a sua cantada para todas?
— Não existe ninguém, só você. — Ele diz, me encarando.
Caminho de volta pelo mesmo trajeto. Esse Jimmy não tem jeito mesmo, mas não custa nada
dar uma chance para ele, além de novo é um rapaz bonito e, melhor ainda, sem compromisso
nenhum.
— Adivinha?
— O Robin Hood roubou seu coração? — Ela brinca.
— Claro que não, sua boba, mas eu vou ao aniversário da Katherine com o Jimmy.
— O Dr. Knowles não vai gostar, eu vi a tensão que rolou aqui. — Ela diz, séria.
— Que se dane, sou livre e não preciso de mais um irmão para querer mandar em mim.
— E como você consegue suportar aquela noiva dele?
— Muita paciência, Micheli, e você, como futura terapeuta desse hospital, devia ter muita. —
digo para ela.
— Eu tenho, mas aquela senhorita me tira do sério.
— Ela tira todos, menos o Dylan. — faço cara de nojo.
— Ele deve a amar muito. — Micheli fala, enquanto olha o computador.
— Deve ser isso. Micheli, tenho de ir, apareça lá em casa mais vezes.
— Sim, mas vou com meu marido, claro, ele agora não me deixa em paz um minuto. — Ela
diz, passando a mão na barriga. Micheli é tão nova e vive tão feliz.
— Marido protetor, esses são os melhores. — falo, porque meu pai é assim.
— Desculpe, mas prefiro ficar aqui, depois eu vou cumprimentar as pessoas. — Tiro o meu
braço da sua mão e caminho para uma mesa bem longe de tudo.
Sento e não paro de pensar na Lívia. Será que ela vem? Não sei por que ela ficou com raiva de
mim, só estava querendo a proteger.
Várias pessoas começam a chegar e a Kath nem liga para mim. Sei que estou sendo egoísta, é
o aniversário dela, mas não quero ficar sorrindo para pessoas que não conheço.
Vou até o bar e peço uma bebida sem álcool, estou dirigindo e não posso beber. Cumprimento
algumas pessoas por educação e volto para minha mesa.
— Pensei que o noivo iria ficar junto da noiva. — Jaden surge ao meu lado e fico surpreso
por sua amiga não estar com ele.
— Não precisamos ficar grudados, ela está muito bem com os amigos. — digo, apontando a
animado.
— É melhor você decidir o que você quer, e não faça a Lívia sofrer, ela já sofreu demais. —
Ele me avisa. Olho para a porta e vejo a Lívia entrando ao lado do Jimmy, que toca suas costas em
sinal de propriedade. Isso me irrita e levanto da mesa.
— Calma, doutor. — Jaden puxa meu braço, me fazendo sentar. — Você ainda tem uma
noiva, se quiser a Lívia resolva isso, ou não vou permitir que se aproxime dela.
— Eu tenho que conversar com ela. — digo, e vejo meu irmão ao lado deles, com a Trinity.
— Você vai ter oportunidade, agora se controle.
— Sabia que sou mais velho que você? — pergunto, o encarando.
— E daí? Sou mais bonito. — Ele diz, e dou um sorriso. — Agora vamos mudar de assunto,
— Igual ao seu. — Lívia diz e me encara. Ela ainda está com raiva do acontecimento no
hospital. Se queria me causar ciúmes, parabéns, LLC, você conseguiu. Por que você tem que ser
tão debochada? Seria tão mais fácil.
— David, ganhei a aposta. — Jaden diz ao meu irmão que me olha, surpreso.
— Sério isso, Dylan? — Ele pergunta, incrédulo.
— Eu ainda estou confuso.
— Mas já te expliquei o que pode acontecer. — Jaden me alerta.
para o Jaden, que me ergue o polegar em sinal positivo. Até parece que eu preciso da autorização
dele.
— Tudo bem, então. — Beijo sua cabeça. Amanhã conversarei com ela, tenho que decidir o
machucar. — Ela diz se virando para sair, mas seguro em seu braço.
sente algo por mim? Só era isso, e eu terminava tudo com a Kath.
Meu pager toca e o verifico. Tem uma mensagem de emergência, preciso ir imediatamente
para o hospital, o homem que está em coma precisa fazer uma cirurgia ou morrerá em poucas
horas.
Caminho de volta para a boate, e tem várias pessoas na pista de dança. Encontro Kath sentada
em uma mesa junto do Rodrigo e da sua esposa.
— Boa noite. — cumprimento. — Kath, preciso conversar com você um minuto.
— Já volto. — Ela diz a eles e vem ao meu encontro. — Você está me atrapalhando.
— Desculpe, mas preciso ir ao hospital, tem uma emergência e acho que gostaria de saber.
— Não acredito que no dia do meu aniversário você vai sair correndo para atender os
moribundos. — Ela me questiona, com raiva.
— É o meu trabalho.
— Você sempre dá essa desculpa.
— Tenho que ir. — digo, beijando seu rosto.
— Não! Você terá que escolher, ou eu, ou seus pacientes. — Ela diz se afastando.
— Não me faça escolher, Katherine! — A alerto.
— É sério, qual é sua decisão? Estou esperando. — Ela cruza os braços com raiva e não
reconheço a mulher que namorei durante anos.
— Você já sabe minha escolha. — digo me afastando dela, que me olha, incrédula.
Caminho em direção à saída, meu coração se despedaça quando vejo Jimmy abraçando Lívia
por trás. Ela me olha e vira, colando seus lábios com os de Jimmy. Sinto ódio com a cena. Por que
ela está fazendo isso comigo? Não quero ver mais nada, saio rapidamente da boate. Se ela não me
Emanuel já me aguarda com outra enfermeira. Depois de duas horas, saio da sala alegre, graças a
Deus consegui salvar o homem. Acho que não podemos perder a chance de viver, eu, como
médico, devo lembrar-me disso.
Agora só posso esperar, mesmo que a Lívia não me queira, eu vou me separar da Kath, na
verdade, já fiz isso. Nunca deixaria alguém morrer por causa de uma pessoa mimada, acho que
esse amor que sinto pela Kath é apenas ilusão.
Capítulo 15
Lívia
O que ele pensa que está fazendo? Não quero que ele termine seu noivado por causa de mim,
eu nem sei o que eu sinto por ele. Limpo as lágrimas que caíram e engulo o choro, não quero
sofrer por uma coisa que nem está acontecendo.
Volto para a mesa onde o Jimmy está sozinho, certamente os outros estão se pegando por aí.
Vejo Theo conversando com algumas pessoas e me sinto aliviada por ele não ter ido embora.
— Vou pegar algo para beber, quer alguma coisa? — Jimmy pergunta, se levantando.
— Sim, vou com você.
Caminhamos até o bar.
— Eu quero uma cerveja, e você? — Jimmy pergunta.
—Vodca — aviso. Ele me olha sem acreditar.
— Tem certeza?
— Sim.
— Uma cerveja e uma vodca. — Ele pede ao barman. Não gosto de bebida alcoólica, mas
quero esquecer um pouco o ocorrido de agora há pouco.
— Prontinho. — O barman diz e me estende um pequeno copo com vodka. O pego e tomo
tudo de uma vez, desce rasgando minha garganta. Melhor sofrer por isso do que ter um coração
partido.
— Vá com calma. — Jimmy me abraça por trás. Olho para a porta querendo sair daqui, mas
quando vejo o Dylan, a única coisa que faço é me virar para trás e beijar o Jimmy. Seu beijo tem
gosto de cerveja e é refrescante, é bom beijá-lo, sua boca é macia. Ele passa as mãos pelos meus
cabelos e sua boca procura a minha com muito desejo.
— Pode ir parando. — Theo surge, batendo palmas. Afasto-me de Jimmy e olho para o Theo.
— Theo, para de ser chato! — reclamo com ele e sinto uma dor invadir minha cabeça, acho
que não sirvo para beber.
— Chato nada, o Jaden está te procurando. — Ele aponta meu amigo, que está encostado em
uma parede com uma cara nada boa.
— Já volto. — caminho em direção ao Jaden, que me olha sem acreditar.
— Não acredito que você estava beijando aquele cara! — Ele diz e balanço a cabeça,
concordando.
— Aliás, ele beija bem. — brinco, mas o Jaden nem dá um sorriso.
— Não quero saber disso, mas precisava fazer isso na frente do Dylan? — Ele pergunta, e me
surpreendo.
— O que você sabe?
— Que ele vai terminar com a Kath e ficar com você. — Ele conta, me encarando.
— Eu não quero isso.
— Quer, sim! Você não me engana. — Ele diz, negando com o dedo.
— Ele não pode fazer isso.
— Eu acho que ele já fez. Claro que você não viu, estava enfiando a língua na boca do
Jimmy! — Ele resmunga.
— Não quero sofrer.
— E se ele realmente gostar de você?
— Não sei. Isso pode ser passageiro.
— Ou pode ser eterno. — Ele diz, e quero rir.
— Por acaso arrumou alguém?
— Eu não, mas um dia eu vou me aventurar em um romance.
— E eu quero correr disso.
— O que vocês conversaram?
— Você está sendo muito imatura, ele quer ficar com você. — Ele avisa.
— Mas e as consequências?
a não ser que você olhe nos meus olhos e diga que quer ficar com o Jimmy.
— Eu não quero ficar com ninguém. — digo, olhando para ele.
— Seus olhos dizem outra coisa, eles dizem que quer ficar com o Dylan. — Ele passa a mão
nos cabelos.
— Por favor, estou ficando chateada.
— Tudo bem, mas depois não diga que o idiota aqui do seu amigo não avisou. Já estou indo
embora. — Ele diz e sai sem olhar para trás. Volto para perto de Jimmy e Theo, que me olham,
sorridente.
— Jimmy, quero ir embora.
educada.
— Nada.
— Lívia, os tolos são aqueles que não querem ver.
— Os cegos. — corrijo.
— Eu falo o que eu quiser. — Ele me olha com raiva. — Agora não muda de assunto, me
conta agora, ou vou perguntar para ele.
— Ele falou que ia terminar com a Kath para ficar comigo. — conto, ainda lembrando das
palavras dele.
— E, pelo jeito, você não quis.
— Claro que não! Eles se amam, são noivos, não vou destruir uma história dessa. — Me sinto
triste por pensar muito no Dylan.
— Não sei como é isso de se apaixonarem à primeira vista, mas se ele vai terminar com ela
— Nada, a festa está muito boa. — Tento mudar de assunto, não quero dizer a ele que a sua
cunhada é uma cobrinha disfarçada.
— Kath a cada ano se supera mais. — Ele diz, feliz.
Olho para ele, e seu sorriso é tão lindo. Meus padrinhos são muito sortudos, têm dois filhos
lindos. O único defeito dos irmãos Knowles é namorar com meninas mal-amadas.
— Que história é essa de aposta? — pergunto, me lembrando do que o Jaden disse agora há
pouco.
— Apostamos no casamento do Dylan. — Ele diz, comendo um docinho da mesa.
— Vocês são doidos.
— O Jaden acha que ele não vai se casar.
— Eu também estou duvidando. — comento, me lembrando da Lívia que não para de pensar
nele.
— Ele disse para mim que não para de pensar em outra mulher, mas ele sempre amou a Kath.
Entramos no carro e ele segue pelas ruas que estão um pouco movimentadas, por causa da
hora.
Quando o David me contou sobre a gravidez da Ashley eu fiquei muito triste, mas eu vou
apoiá-lo, tenho certeza que ele é o pai. Não quero tomar uma decisão precipitada. Nem sei o que
estamos tendo, mas eu me sinto feliz.
Dez minutos depois, estamos em frente a um prédio bem moderno e alto.
— Meus pais vão ficar muito felizes. — Ele diz, abrindo a porta do carro para mim.
— Eu também.
Caminhamos para o prédio, e ele acena para o porteiro, que é um careca bem baixinho.
Entramos no elevador e ele aperta o número doze, depois de alguns segundos descemos, ele segura
na minha mão e caminhamos até uma porta.
Ele a abre e congela. Olho para dentro e fico pasma. Meus padrinhos estão sentados em um
sofá e Ashley, com um casal, está no outro.
— O que essa garota faz aqui? — David pergunta, me puxando para dentro.
— David! Mais respeito! — Minha madrinha ralha com ele e depois abre um sorriso para
mim.
— O que ela faz aqui? Estamos em uma reunião de família. — Ashley pergunta, me
apontando.
— Então ela pode ficar, afinal, é minha afilhada. — Meu padrinho se levanta e vem até mim,
deposita um beijo na minha testa e me conduz para sentar ao lado da minha madrinha.
— O quê? — Ashley pergunta, surpresa. Até agora o casal não abriu a boca, acho que são os
pais dela.
— Ela é minha afilhada, acho que você não sabe, era difícil te ver quando namorava meu
filho. — Minha madrinha segura na minha mão e me sinto tranquila.
— Já que o David está aqui, podemos voltar ao assunto. — O homem se pronuncia pela
primeira vez.
— O que vocês estão fazendo aqui? Eu não namoro mais sua filha.
— Mas isso não o impediu de engravidá-la. — A mulher, que tem o rosto parecido com o de
Ashley, diz, brava.
— Júlia, sabia que o seu filho e a sua afilhada estão se pegando? — A cobra joga seu veneno.
Minha madrinha me olha e depois sorri.
— Melhor notícia. — Ela diz, e Ashley bufa.
— Já que acabamos, melhor ir embora, conto com a sua palavra, garoto. — O homem se
levanta e a mulher faz o mesmo.
— Se for meu, eu vou assumir. — David o garante. Depois que o meu padrinho fecha a porta,
David me abraça, respirando fundo.
— Melhor tomarmos um chá. — Minha madrinha diz.
— Vou levar a Trinity para conhecer a casa. — David avisa e todos olham para mim. Que
vergonha!
— Isso depende da Trinity, ela que decide, já viu como vão ser as coisas se eu for o pai. —
David me olha, procurando uma resposta.
— Vem. — Ele me puxa para dentro do quarto e me surpreendo por ser bem organizado. Tem
uma decoração bem elegante e delicada, e muitos livros espalhados.
— Parece o quarto da Lívia.
— Ler é sempre bom. — Ele senta na cama e tira os sapatos.
— Sim.
— Vem sentar aqui. — Ele bate na cama e eu me sento, é bem fofa e grande. Será que ele
quer ficar comigo aqui? Com seus pais lá embaixo?
— Bem fofa. — digo, passando a mão.
— Pode ficar tranquila, Triny, não vou fazer nada com você. — Ele diz, passando a mão nos
meus cabelos.
— Que bom, não sei se consigo fazer isso aqui, não sou uma puritana, mas tem gente lá
embaixo. — Já tive minha primeira vez há alguns anos, não foi ruim, mas eu não gostava do
menino.
— Eu entendo, só vamos fazer alguma coisa quando você estiver pronta. — Ele alisa meu
rosto e meu corpo todo se arrepia.
— Que bom.
— Quero saber se vai suportar a Ashley. Ela é bem intrometida.
— Eu sei disso, mas se quisermos ter alguma coisa, terei que aguentá-la, uma hora ela enjoa e
nos deixa em paz.
— Assim espero. — Ele beija meus lábios.
— Agora vamos descer. — peço, ficando de pé.
— Como você quiser. — Ele segura na minha mão e saímos do quarto. Não sei o que estamos
vivendo, mas sei que se estamos nos gostando, vale a pena suportar a Ashley, e eu quero muito que
esse relacionamento dê certo.
Capítulo 16
Dylan
Quando acordo, minha cabeça está latejando. Levanto da cama e vou direto para o banheiro,
tomo um banho e me sinto bem melhor. Desço e encontro minha mãe assistindo televisão.
— Bom dia, mamãe. — digo, beijando seu rosto.
— Boa tarde, meu filho, já são duas horas. — Ela avisa, me mostrando a hora no celular.
— Dormi demais.
— Claro, quando você chegou já estava amanhecendo. — Ela passa a mão nos meus cabelos e
me olha, preocupada.
Depois que conseguimos reverter a situação do paciente, eu e Emanuel resolvemos sair para
beber, acho que bebi demais.
— Saí com um colega de trabalho e nem vi a hora passar. — Me deito e coloco a cabeça no
seu colo.
— Tem alguma coisa para me contar? — Ela pergunta, e já sei que sabe de tudo.
— Acho que não, mas eu terminei com a Kath. — digo, suspirando. Não sei se isso é bom ou
ruim.
— Está feliz? — Ela pergunta, me olhando, e vejo que seus olhos castanhos brilham.
— Não decidi isso ainda. — conto, e ela me dá um grande sorriso.
— Espero que você esteja fazendo a escolha certa.
— Eu também, mamãe.
— Tem almoço para você. — Ela me conta, e não sei se consigo comer, acho que a bebida de
ontem fez mal ao meu estômago.
— Tudo bem. — Me levanto, e nessa hora a porta se abre.
— Dylan, achei essa moça lá embaixo. — David me aponta Kath, que parece muito triste.
— Na cozinha. — aviso, me afastando dos seus braços. Minha mãe me olha e com os olhos
pede para não ser duro com ela, apenas afirmo com a cabeça. A analiso enquanto caminhamos
para a cozinha, e meu coração se aperta. Ela está muito abatida. Pego água na geladeira e sento ao
seu lado.
— Dylan, não podemos terminar assim, são anos de namoro para acabar por uma bobeira. —
Ela fala com tom de voz triste.
— Não é bobeira, não sei se seríamos felizes. Você é uma modelo, quer o mundo, e eu apenas
quero uma casa, uma família.
— Quando a gente casar, eu paro de viajar tanto. — Ela segura minha mão.
— Não quero que você deixe de fazer o que ama por minha causa.
— Mas eu te amo! — Ela choraminga. Vou testá-la, pelo menos saberei que nunca daríamos
certo.
— Então, vamos ter um filho. — peço a ela.
— O quê? Não posso ter um filho agora, meu corpo ficaria ridículo e eu odeio choro de
criança. — Ela diz, brava, e agora eu sei que a Kath nunca foi mulher para mim, mas eu não
conseguia perceber isso. Então aquela garota debochada entrou na minha sala e tudo parece que
mudou.
— Meu sonho é ser pai de várias crianças, e você sabe disso.
— Daqui a dez anos podemos ter um filho. — Ela me abraça.
— Mesmo assim, Kath, o melhor para nós é cada um seguir seu caminho. Sou uma pessoa
reservada e não gosto de aparecer em revistas, eventos e essas coisas que você aparece sempre.
— Mas você nunca reclamou disso! — Ela me diz, brava.
— Claro que não, eu achava que amava você, mas acabo de perceber que não.
— Eu ganhei o convite de morar em Paris e não aceitei porque eu te amo. — Ela me diz,
furiosa.
— Eu sei, ontem mesmo, depois que você me deixou sozinha, eu liguei para a agência e eles
ainda me querem. — Ela diz sem um pingo de remorso.
— Que bom, fico feliz. — Não sei se estou feliz, mas é o melhor a se fazer.
— Tem certeza?
— Sim.
— Quem é essa garota? — Ela me pergunta, e olho para ela, surpreso.
— Não sei do que está falando. — tento mudar de assunto, não quero envolver a Lívia, ela
nem me quer.
— Não sou burra, Dylan, mas não vou me humilhar para você. — Ela se levanta, toda
elegante.
— Não quero que fique com raiva de mim. — Me levanto.
— Não estou com raiva, mas é melhor eu ir embora. — Ela passa a mão nos cabelos.
— Tudo bem.
— Até mais, Dylan. — Ela me abraça e sai. Pensei que ia ser pior, mas bem que a Kath sabe
se controlar.
Bebo um pouco da água que ficou intocável. Preciso resolver minha vida, a parte que mais
temia já foi resolvida, agora preciso conversar com a Lívia.
— Então, perdi a aposta. — David entra e coloca a mão no meu ombro.
— Um show do Eminem? Muito pouca coisa. — brinco.
— Você está bem?
— Vou ficar.
— Agora você pode me contar quem é a mulher em quem você não para de pensar.
— Você a conhece muito bem.
— Nem venha com essas charadinhas! — Ele reclama.
— Estou falando sério.
Assim que paramos em frente à casa da Lívia, meu coração fica a mil. Preciso conversar com
ela, não quero deixá-la assustada.
David toca a campainha e logo Marta abre, toda sorridente.
— Boa tarde, meninos. — Ela cumprimenta e beija meu rosto e depois faz o mesmo com o
David.
— Martinha linda, onde está a Trinity? — David pergunta, todo sorridente.
— Lá na piscina, com o pessoal.
— Obrigado.
Entramos e vamos direto para os fundos, de onde ouvimos muitas risadas.
— Que bom, viemos de bermuda. — David diz, contente.
— Verdade.
Congelo quando chegamos lá fora e vejo Lívia, toda sorridente, abraçada ao Jimmy, dentro da
piscina. Por que ela não me quer, mas fica toda animada ao lado de outro homem?
— Agora sei quem é a garota. Por que não disse antes? Teria apoiado totalmente. — David
diz, mas nem ligo para o seu comentário.
— Acho que ela não me quer.
— Dylan, por que você não me atendeu? — Theo surge ao meu lado.
— Esqueci meu celular no hospital, ontem à noite. — explico.
— Tudo bem, podemos conversar um minuto?
— Sim.
— Tudo bem, sei que vocês não me querem, vou ficar com a gatinha da Trinity. — David diz,
acenando.
— Vou socar a cara do seu irmão. — Theo me avisa e dou de ombros.
— Terminou mesmo com a Kath? — Ele me pergunta. — Desculpa, não quero ser
intrometido.
— Somos amigos, realmente não damos certo, acho que gosto de outra.
— Eu sei, a Lívia me contou o que você pediu a ela.
— Mas ela não quis.
— Mesmo assim terminou com a Kath?
— Sim, tudo isso me fez ver que realmente não iríamos dar certo.
— Não sei o que te falar, está tudo bem?
— Sim, vou me acostumar.
Ele olha para a irmã e depois me analisa.
— E você e a Lívia?
— Não sei, sua irmã é tão...
— Olha o que vai falar da minha irmã! — Ele me alerta.
— Nada de mais, só que ela é tão debochada e irritante.
— E pelo jeito, você gosta dela.
— Gosto, mesmo ela sendo assim, quando a vejo meu coração pula de alegria. — conto a ele,
que me dá um sorriso.
— Amor à primeira vista?
— Não sei o que sinto ainda, mas posso dizer que é uma coisa maravilhosa.
— Pelo jeito, o Jimmy está na sua frente.
— Não posso fazer nada, ela não me quer.
— E você vai deixar outro ficar com ela?
— Sorte sua, tem a Grace. — aviso a ele.
— Que não é garantido, mas me faz feliz.
— Vou conversar com ela, se ela não me quiser, não sei o que posso fazer.
— Seja persistente. — Ele me aconselha. — Lívia, venha aqui um minuto! — Ele grita para a
irmã.
Ela fala alguma coisa com o Jimmy, que ri, depois sai da água e caminha em nossa direção.
— Tudo bem?
— Sim. — Não gosto que todos perguntem isso, mas acabei de terminar um relacionamento
de anos, então é normal.
— Que bom.
— Se quiser pode fugir, aliás, isso é uma das coisas que você faz muito bem.
— Dylan, não podemos ter nada.
— Por quê? Não sou mais noivo.
— Não quero ter ninguém pela metade, e você ainda a ama. — Ela me avisa, e não posso falar
que não sinto nada, porque não é verdade.
— Tudo bom. — Ela se afasta, triste, e me volto para o Theo, que está me encarando
preocupado. Aceno para ele e caminho para dentro da casa.
— Dylan!
— Preciso ir para casa, Theo. — digo, chateado.
— Pelo jeito, a conversa não deu em nada.
— Sua irmã não me quer. — suspiro pesadamente.
— E agora é a hora que você se tranca no seu quarto e chora? — Ele me pergunta,
decepcionado.
— Só quero ficar sozinho.
— Tudo bem, mas não desiste da minha irmã, ela é difícil, mas tem um bom coração.
— Vou tentar, melhor dar um tempo para ela perceber que não quero mais a Kath.
— Faz isso, mas não precisa ir embora.
— Não quero ficar aqui, a vendo feliz ao lado daquele imbecil.
— O Jimmy não tem culpa.
— Eu sei, boa viagem. — o abraço.
— Me deixe informado de tudo, cuide da minha irmã e não se esqueça de ir me visitar. — Ele
bate no meu ombro.
— Minhas férias estão chegando, dou uma passada por Londres.
— Vou aguardar.
Saio da casa do Carters o mais rápido possível, pego um táxi e vou direto para minha casa.
Quando deito na cama, os meus pensamentos são somente na Lívia. Posso esperar anos por ela,
nunca senti isso que estou sentindo agora, uma coisa boa que me faz se sentir leve e feliz. Quero
poder ficar com a Lívia, mas ela precisa de tempo, e é isso que vou dar a ela. Tempo.
Capítulo 17
Dylan
— Dylan, você tem que ir, afinal, é a minha formatura! — Trinity grita e afasto o celular do
meu ouvindo.
— Acho que a Lívia não vai gostar muito de me ver. — Já faz mais de um mês que a gente
não se vê, a última vez foi na sua casa, quando ela me dispensou.
— Já falei que a formatura é minha também, sou sua cunhada! — Trinity grita outra vez, e
não entendo por que ela está gritando. Ela passou os últimos dias lembrando-me que meu irmão
fez um pedido tão romântico, e agora eles são namorados.
— Tudo bem, mas depois da colação eu vou embora, não vou ficar para festa nenhuma.
— Se você quer assim, tudo bem, mesmo assim seu nome vai estar na lista. — Ela não desiste
fácil.
— Não tente me dissuadir, nos vemos daqui a pouco.
— Tudo bem.
— Sim, a Trinity avisou que você iria. — Meu pai diz, beijando minha cabeça.
ela não fosse minha mãe eu até acreditaria, mas as mães fazem de tudo para não verem seus filhos
sofrendo.
— Duvido muito, como vocês sabem, ela me dispensou e acho que está com o tal do Jimmy.
— Ela não mencionou isso, mas espero que vocês conversem e resolvam isso, porque, afinal,
somos uma família. — Meu pai faz uma cara de tristeza, e eu apenas afirmo.
— Vamos.
Quando chegamos à universidade Harvard, tem muitas pessoas entrando no imerso auditório.
Entramos e logo a Trinity e o David, que não desgruda da namorada, vêm ao nosso encontro.
— Pensei que não iria vir. — Ela dá um sorriso e me abraça. A Trinity se tornou uma pessoa
muito importante para a minha família, e nesses últimos dias ela e meu irmão fizerem de tudo
para me animar.
— Você tinha razão, não podia perder a formatura da minha cunhadinha! — debocho, e ela
me dá um leve soco.
— Aprendeu rapidinho.
— Claro! Você foi muito insistente.
— Então me sinto feliz. Agora vamos sentar, o Theo está por aí com os meus pais.
Caminhamos por entre a multidão e encontramos o casal Carter, junto da Luara e do Theo.
Onde será que está a Lívia? Quero a parabenizar antes, depois vou embora rapidamente.
Cumprimento o Theo, que me analisa e depois balança a cabeça, decepcionado. Olho para
todos os lugares e encontro a Lívia conversando com um homem próximo à porta. Peço licença e
caminho até eles.
— Boa noite, Lívia, podemos conversar um minuto? — pergunto, o encarando, e ela me olha,
surpresa.
— Dylan, você veio! — Ela diz, eufórica, e me abraça. Não esperava isso dela, mas gostei
muito. Passo meu braço pelas suas costas e meu coração acelera.
— Estou aqui. — Ouço a voz do homem e Lívia se afasta, assustada.
— Ryan...
— Lívia, só vim te desejar uma ótima formatura. — O tal do Ryan a abraça, e quero o
arrancar daqui.
— Queria que ficasse para a festa. — Ela diz, triste.
— Melhor não, sua família está aí, não vai ser uma boa ideia.
— Verdade, afinal, você vacilou feio. — digo e me arrependo quando Lívia me olha,
aborrecida. — Desculpa.
— Você tem razão, Lívia, nós vemos por aí. Boa sorte, e Dylan, você é um cara de sorte. —
Ele acena e sai, sinto até pena.
— Obrigada.
— Eu vou embora logo, não precisa fingir que está bem ao meu lado.
grande sorriso.
— Então, me dê uma chance? — peço.
— Não estou pronta ainda.
— Então, não vou ficar. — solto-a e caminho para longe. Ela quer que eu fique, mas não quer
ficar comigo, não entendo, que menina difícil!
— Dylan, por favor, fique. — Ela segura meu braço.
— Não posso.
— Dylan, eu ainda estou insegura, mas fique sabendo que senti sua falta esses quarenta e três
dias sem te ver, ficava pedindo a Triny para te ligar, queria saber se estava bem, até pensei em ir
— Boa noite, senhores e senhoras, gostaríamos de convidar a Srta. Lívia Carter para se
sentar no seu lugar. — Alguém a chama e ela arregala os olhos.
— Vou fingir que o meu melhor amigo não estava paquerando a LLC. — Ouça a voz da Sofia
e me viro. Ela está belíssima em um vestido vermelho, longo, seus cabelos loiros em uma longa
trança.
— Desculpa, mas é isso mesmo. — beijo seu rosto.
— Isso tudo foi depois daquele dia, no consultório? — Ela pergunta enquanto caminhamos.
— Não sei, mas ainda nem consegui ganhar um beijo da Lívia, é muito difícil.
— O problema dela é a insegurança.
— E eu vou tirar isso dela. — afirmo, indicando onde estão os outros sentados.
— Quem é aquele gato? — Ela pergunta, apontando o Theo disfarçadamente.
quero nesse momento é beijá-la e esquecer de todo o resto. Não sei o que sinto, mas sei que gosto
dela e isso é importante. Também sei que não é uma coisa igual ao meu relacionamento com a
Kath, com a Lívia parece ser diferente e melhor.
Quando a colação acaba, vamos todos para a festa. Agradeço a Trinity por ter deixado meu
nome na lista. Fico com meus pais e os meus chefes, enquanto as meninas tiram fotos e tudo mais.
Recebo uma mensagem de um número desconhecido, na mensagem diz para encontrar a pessoa do
lado de fora.
Vejo Lívia caminhando para a porta e não penso duas vezes, peço licença e finjo ir até o
banheiro. Quando saio pela porta, o vento está ótimo.
Lívia está em pé, encostada na parede.
— Pensei que não viria. — Ela diz, zombeteira.
— Sério que precisamos ficar escondidos como dois adolescentes? — pergunto, passando
meu braço pela sua cintura.
— Não, mas achei bem legal, o primeiro beijo às escondidos. — Ela diz com um sorriso, e
daria tudo para ela ficar assim.
— Então, chegou a hora. — Passo a mão pelo seu cabelo e ela estremece.
— Sim.
Seguro na sua nuca e dessa vez ela não fecha os olhos, começa a rir e perco a concentração.
— O que foi dessa vez? — pergunto, a soltando.
— Sei lá, sou muito boba, um beijo pode ser em qualquer lugar.
— Mas você é muito romântica e prefere de um jeito aventureiro.
— Também não é assim, eu...
Não a deixo continuar falando: a beijo lentamente, e sinto seu coração acelerar. Sua boca é
muito convidativa, seus lábios são macios, e isso me faz querer beijá-la mais e mais. Quando
paramos, ela suspira pesadamente.
— Nossa! Você é bem rápido.
— Desculpa, mas não podia esperar mais para beijar essa sua boca. — Ela fica vermelha e
confiante.
Dylan me acena e senta do lado dos meus padrinhos. Minha madrinha me dá um sorriso,
satisfeita, e sei que ela está muito feliz, afinal, as duas afilhadas estão se formando.
— O casal do ano vai ficar aí se agarrando? — pergunto, quando eles não percebem minha
presença.
— Tenho certeza que o meu cunhado é uma boa companhia. — Trinity pisca e volta sua
atenção ao David.
— Tudo bem.
orgulho da Sofia, ela criou a irmã sozinha, seus pais faleceram há anos. Ela é uma guerreira,
batalhou duro para conseguir conquistar os seus sonhos e dar um futuro agradável à irmã.
— Não sei o que dizer.
— Não diz nada, apenas me conte o que anda acontecendo entre você e o Dylan.
— E eu, que ganhei o show do Eminem, mas não pude ir porque foi hoje no dia da sua
formatura. — Jaden entra na conversa e faz o drama de sempre. Agradeço por David não estar
aqui.
— Sofia Miller. — Ela segura a mão do meu irmão e solta rapidamente, como se tivesse
levado um choque.
— É um prazer conhecê-la, o Jaden ficou até agora falando como você é bonita, e ele tem
toda razão. — Theo fala, e olho para ele. Meu irmão é tão bonito e gentil, com certeza as mulheres
gostam dele.
— Vai deixar a menina com vergonha. — digo, com um sorriso. A Sofia é linda mesmo.
— Vergonha é o que a Sofia não tem. — Jaden diz, e Sofia olha para ele, brava.
— Cuida da sua vida!
— O que você faz da vida, Sofia? — Theo pergunta, e Sofia dá a maior atenção. Acho que ela
— Não sei, isso vai depender de muitas coisas, quem sabe daqui a uns anos eu volto, gosto de
Londres.
Eles engatam em uma conversa e eu e Jaden nos afastamos. Melhor os deixar conversando,
ao lado do Dylan, que parece estar bravo. Paramos onde o volume da música é baixo.
— Me explica isso que acabei de ver? — Ele pede, colocando as mãos na cintura.
— Ele veio me desejar parabéns. — explico.
— E precisa ficar se agarrando?
— Ele que me agarrou e eu tentei me soltar. — me defendo.
— Por que você o convidou?
— Ele é um amigo.
— Que você beijou! — Ele diz, bravo, e quero socar sua cara.
— Está com ciúmes?
— Eu não.
— Mas parece...
Ele me beija, e acho uma boa maneira de acabar com a discussão. Se não temos um
relacionamento, então não precisamos brigar, ainda mais por uma coisa boba.
— E você?
— Eu, você já sabe, quero ser juíza e isso só depende de mim.
— Mas vamos estar ao seu lado, sempre. — Minha mãe alisa meus cabelos com lágrimas nos
olhos.
— Ei, sou homem também e defendo minha honestidade. — Meu pai se ofende.
— Você, sim, papai, mas nem todos os homens do mundo são iguais a você.
— O Dylan é um homem bom, tem uma ótima família e não tem mais compromisso. —
Minha mãe me lembra dos detalhes que eu fiquei pensando esses dias todos.
— Mas a Katherine pode o querer de volta.
— Que se dane ela, se ele quer você, nada vai mudar isso. — Meu pai fala e me surpreendo.
— Papai, ela deve o amar ainda.
— Mas ele não a ama, ou não teria terminado um relacionamento de anos.
— Vamos mudar de assunto? Estou faminta. — pego um pequeno pão.
— Não. — Minha mãe bate na minha mão antes que eu o coloque na boca e o pão cai no chão.
— Mamãe, você me machucou. — passo minha mão boa em cima da mão quase destruída.
— Aquele pão é de amendoim, quer morrer? — Ela pega o pedaço de pão do chão e joga
— Obrigada.
— Não entendo, se a menina não pode comer amendoim, para que você faz um pão de
amendoim? — Meu pai pergunta, irritado.
— Porque é bom e você já comeu mais de três. — Minha mãe ignora o tom bravo do meu pai.
— Filha, é ruim, você não iria gostar mesmo. — Meu pai diz, fingindo que está ruim, só para
me alegrar.
— Tudo bem, pai, eu sei que é bom. — Me lembro de que uma vez eu comi um bombom de
amendoim e fiquei internada, o gosto era maravilhoso, mas, para mim, é bem fatal.
— Mas pão de mel é bem melhor. — Mamãe diz, e tenho certeza que só é para eu não ficar
triste.
— Verdade. — Meu pai concorda. Pego um pãozinho e coloco tudo na boca, na mesma hora
sinto minha garganta se fechar.
— Mamã...
— Que foi, Lívia? — Minha mãe se levanta, vindo em minha direção.
— Ela não lavou a mão. — Meu pai se levanta e corre para fora da cozinha. Meu rosto
começa a queimar, e sei que já está cheio de pequenos caroços.
— Por que eu fiz esses pães? — Minha mãe se assusta. Escuto um barulhão e logo meus três
irmãos surgem, descabelados, na cozinha, e param próximos à minha mãe. Eles sabem que não
podem chegar muito perto.
— Lívia, sua formatura foi ontem, você tem que viver muito. — Meu irmão diz, abraçando a
Luara.
— Cale a boca! Pether, anda logo com isso! — Minha mãe grita, alarmada.
— Aqui. — Meu pai surge ao lado da minha mãe com uma das seringas descartáveis que
tenho em casa. Meus olhos já estão cheios de lágrimas, e quando sinto uma picada no braço, a
única coisa que faço é fechar os olhos.
Meus olhos vão abrindo lentamente e vejo meus irmãos ao meu lado na cama.
— Não, mãe, é LLC, foi a Sofia quem me contou o apelido legal. — Theo se explica, com
jeito que parece estar na lua.
tocando no ouvindo.
— Obrigada. — Luara agradece.
— Vou comer esses pães malvados, para eles não machucarem minha irmã de novo. — Theo
diz, pegando dois pães.
— E eu vou ajudar. — Meu pai diz, pegando três.
Homens podiam ser gordos, e mulheres, magras.
— Deixem para mim. — Trinity diz, pegando dois, ela ama amendoim. A campainha toca, e
não sei quem pode ser.
— Eu atendo. — Luara se levanta rapidamente.
Toco meu rosto; ainda sinto alguns caroços, demora algumas horas para saírem todos. Ouço
passos e Luara entra, sorridente.
— Lívia, visita para você na sala. — Luara diz, se sentando e pegando um dos meus pães.
— Quem é? São apenas nove horas da manhã! — resmungo.
— Você vai gostar.
Saio da mesa com todos os olhares para mim, e quando chego na porta, meu coração fica
saltitante. Dylan está em pé, no meio da sala, com um buquê e uma caixa de bombom na mão.
— Oi. — digo, caminhando em sua direção.
— Quer namorar comigo? — Ele pergunta, se ajoelhando. Quero rir da cena.
— Não...
— Não precisa se ajoelhar em um pedido de namoro. — explico, rindo do seu rosto confuso.
— Ah, tá, queria fazer tudo perfeito com você. — Ele diz, se levantando.
— Por que você está cheia de caroços? — Ele pergunta, alisando minhas bochechas.
— Ela acabou de ter uma crise alérgica, ela tem alergia a amendoim. — Minha mãe explica e
ele me olha, preocupado.
— Você está bem? — Ele pergunta, passando a mão pelo meu braço.
— Agora, sim.
— Lembre-se, nunca a deixe comer amendoim. — Meu pai avisa. Ele pega o celular e anota
alguma coisa.
— Meu cunhado é muito gentil. — Triny beija o rosto dele e minha mãe pega o buquê da
minha mão.
— Vou colocar em um vaso.
Sentamos à mesa, e acho que eu sempre quis isso.
— Minha LLC. — Dylan diz no meu ouvindo.
— Pode ir parando! — Theo ralha com a gente.
— Ela é minha namorada.
— E minha irmã, só pode dormir junto depois do casamento.
Será que um dia vamos casar? Ainda está cedo para pensar nessas coisas, mas o que importa é
que eu gosto dele.
Realmente é isso que eu quero, agora parece que tudo que aconteceu comigo foi superado.
Perdoei o Ryan, e agora minha vida vai para frente, só quero ser feliz mesmo, e Dylan me deixa
feliz até me irritando.
Capítulo 19
Lívia
Mando uma mensagem para o Dylan e entro no elevador.
Depois de quatro dias rejeitando seus convites para almoçar com os seus pais, enfim, aceitei.
Melhor acabar com isso agora e saber se eles apoiam, ou não.
Quando saio do elevador, meu coração acelera. Nunca visitei meus padrinhos, de cara eles
— Oi, Lívia, como você está? — Meu padrinho se ergue e beija minha cabeça.
— Bem, e o senhor? — pergunto.
— Eu estou bem, mas não sou senhor. — Ele diz e dou um sorriso forçado, estou muito
nervosa.
— Desculpa, não me acostumei em ter padrinhos tão jovens.
— Nem tão jovens assim. — Ele diz, voltando a sentar e a mexer no celular.
— Sente-se, querida, estava com saudades de mim? — Minha madrinha pergunta, certamente
estranhando minha visita.
— Claro! Essa semana está sendo uma correria, daqui a pouco tenho uma entrevista com o
Dr. Kendall. — digo, com a voz bem controlada. Não sei se fico mais nervosa pela entrevista, ou
porque estou na casa dos meus padrinhos como nora e eles nem sabem.
— Vai conseguir, a Triny também. Que tal almoçar conosco? — Minha madrinha convida.
Quero apenas acabar logo com isso. Olho para o Dylan e quero que ele fale alguma coisa.
— Venham almoçar, hoje fui eu quem cozinhou! — Minha madrinha grita, já na cozinha.
Caminho na frente, emburrada.
— Mereço um beijo. — Dylan segura meu braço antes que eu entre na cozinha.
— Então, conte para os seus pais. — puxo o meu braço e coloco um sorriso no rosto. — Vou
adorar comer a sua comida, madrinha. — sento ao lado dela e Dylan ao meu lado.
— Então, querida, conversei com a Luara e ela me disse que você tem um namorado, isso é
verdade?
Obrigada, querida irmã, agora estou com mais vergonha ainda. Olho para o Dylan, que está
rindo.
— Então, eu já não sei se estou namorando, o menino é muito mole! — digo com deboche e
meu padrinho se engasga.
— Desculpe. — Ele pede, rindo. Dylan revira os olhos para mim e faço careta para ele.
— Mãe! Tenho uma coisa para te contar. — Dylan diz, calmo, e sei que agora chegou a hora
de falar.
— Quer conversar as sós? — Ela pergunta.
— Claro que não, afinal, não escondemos nada um do outro. — Meu padrinho diz, se
recuperando.
— Então conte logo, Dylan. — Ela pede, eufórica.
— Eu estou namorando. — Ele conta, e meus padrinhos olham para ele, surpresos.
— Tão cedo assim? — Minha madrinha pergunta, e acho que ela não gostou muito da notícia.
— Não sei, acho que ela aceitou namorar comigo por causa do meu rosto bonito. — Dylan
diz, e se não estivesse ansiosa, teria socado a cara dele.
— Não apoio isso. — Minha madrinha diz as palavras que eu tentei tirar da minha cabeça
para não me magoar.
— Madrinha, a namorada do Dylan sou eu. — As palavras saem, não consigo evitar.
— Mas...
— E eu quero ficar com ele. — A corto e continuo falando educadamente. — Mesmo que
vocês não apoiem nosso namoro, eu vou ficar com o Dylan, eu gosto dele, ele me faz bem, é
carinhoso. Amo vocês, afinal, são meus padrinhos, mas sou a namorada dele e vou ficar com ele.
— digo em um tom de voz baixo, em respeito a eles. Quero que o Dylan faça alguma coisa, mas
parece que ele ficou sem reação.
— Querida! Estou feliz com isso, meu filho escolheu a melhor pessoa. — Ela diz, alisando o
meu braço. Olho para ela, preocupada, mas o seu sorriso me diz que está tudo bem.
— Calma, meu amor, vai ver que ela entendeu errado. — Meu padrinho diz, alisando os
cabelos dela.
— O bom que descobri antes, quando o David roubou um. — Dylan diz, preocupado.
Dylan, e desejo de verdade que sejam felizes. — Minha madrinha diz, feliz.
— Obrigada, fico feliz com isso. — beijo seu rosto.
Depois do almoço, eu e Dylan lavamos a louça e meus padrinhos voltam para seus trabalhos.
— Agora mereço meu beijo. — Ele diz, beijando meus lábios.
— Não. — digo, e ele faz cara feia.
— Quer conhecer meu quarto? — Ele pergunta, e desejo que não seja tão rápido assim.
— Dylan, eu...
— Calma, apenas conhecer o meu quarto, afinal, sou muito mole. — Ele brinca e quero rir,
mas minhas bochechas queimam.
— Tudo bem. — Ele segura minha mão e subimos a escada. Encontro um corredor com várias
portas.
— Meu quarto é aqui, não repare muito a bagunça. — Ele diz, abrindo uma porta.
— Não reparo nisso no primeiro dia. — pisco para ele e entro no quarto. Não está bagunçado
e nem arrumado, está no meio-termo.
Tem vários prêmios espalhados pelo quarto, uma porta que deve ser o banheiro e ao lado
outra porta, que pela extensão parece o closet. Tem uma cama de casal... E nessa cama ele teve
várias noites com a Katherine. Isso ficou no passado, mas meu coração não gosta de lembrar
disso.
— O que foi? — Ele me pergunta, quando vê minha expressão ficar tensa.
— Esse quarto te lembra a Katherine? — pergunto e me arrependo, não quero ser uma
mudei para cá, o quarto deles é do lado do meu antigo quarto, eu ficava ouvindo vários absurdos,
então, resolvi mudar, queria ter ficado com o último, mas o David foi mais esperto.
— Tudo bem.
— Não se preocupe, ela nunca entrou nesse quarto, nunca deitou nessa cama. — Ele diz,
olhos brilhantes de desejo, depois volta a me beijar. Apesar das sensações que ele provoca em
mim, ainda não estou pronta para ir adiante.
Somos interrompidos com o som do meu celular tocando. Dylan se afasta, e o pego do bolso
da minha calça jeans. Sinto-me aliviada ao ver a foto da Triny piscando na tela.
— Oi.
— Lívia, estou saindo de casa agora. — Ela diz com uma voz nervosa.
— Te encontro na frente da empresa e não se atrase.
— Já estou na porta, beijos. — Ela diz e desliga. Sei que é mentira, ela não está na porta, mas
tenho certeza que não vai se atrasar.
— Era a Trinity? — Dylan pergunta, já em pé, me analisando.
— Sim, tenho que ir, não posso chegar atrasada. — digo, chateada, não quero que ele pense
— Grande escolha.
— Você gosta de carros? — pergunto, querendo saber um pouco sobre a vida dele.
— Sim. Muitos homens gostam de carros, mas eu gosto de crianças, sei lá, às vezes eu queria
ter um irmãozinho.
— Crianças? Se o filho da Ashley for do David, você vai amar.
— Sim. E você, gosta de alguma coisa?
— Todo mundo gosta de alguma coisa, eu mesma amo instrumentos musicais e ler.
— Duas opções boas.
— Crianças também são boas.
— Sem dúvidas.
Depois de quase uma hora, paramos em frente à empresa. Vejo o carro do David e não me
surpreendo, claro que ele viria atrás da namorada.
Desço correndo e paro ao lado do carro do David, os dois estão se pegando na maior cara de
pau. Bato no vidro e os dois se assustam.
— Que boa hora para se agarrarem, hein? — reclamo, e eles riem.
— Estávamos esperando por você. — Trinity diz, saindo do carro.
— Sua bolsa. — Dylan me entrega e acena para o irmão. — Sabia que não deixaria a Triny vir
sozinha.
— Olha quem fala, começou a namorar ontem e já está no grude. — David diz, saindo do
carro.
— Bom dia, são as senhoritas Carters? — Ela pergunta com um grande sorriso que me lembra
a Micheli.
— Sim. — Triny responde.
— No quarto andar à direita, podem levar os acompanhantes. — Ela avisa e dou um sorriso
de agradecimento.
Pegamos o elevador. Quando paramos no quarto andar, meus pés congelam.
— Vamos, Lívia. — Dylan me puxa e o olho, assustada.
— Se eu não conseguir?
— Tente outra vez, a vida é assim, uma vez você acerta, outra vez não, mas o importante é
— Vamos, Triny. — puxo o braço da minha irmã, que me olha triste. — Tentamos, não foi
dessa vez.
— Tudo tem uma explicação. — Ela diz, me encarando com seus grandes olhos azuis iguais
aos do Allan, seu filho caçula que mora em Londres, com o pai.
— O trânsito. — Eu, Triny e os meninos dizemos ao mesmo tempo.
— David. — Tia Jadila percebe a presença do meu amigo e o abraça. — Esse daqui é o Dr.
Knowles, nunca irei me esquecer de você. — Ela abraça o Dylan, que parece confuso. Ele vai ter
que se acostumar com a mãe do Jaden.
— Fico feliz que a perna do Jaden esteja boa. — Dylan comenta, satisfeito.
— Ele é meu irmão e namorado da Lívia. — David diz, abraçando a Triny.
— Deu muita sorte, Lívia, e pelo jeito você também, Triny. — Ela pisca para mim.
— Eu acho que eu e o meu irmão que demos sorte. — Dylan fala e beijo seu rosto.
— Estamos indo, tia, aparece lá em casa. — digo, abraçando-a mais uma vez.
— Indo para a entrevista, isso sim. Sentem naquele sofá, que eu vou conversar com o Dr.
— Fica na sua, ou conto para o meu colega de profissão como sua secretária é. — David avisa
à mulher, que olha para ele, pasma. Ficamos em silêncio por alguns minutos, até Tia Jadila sair da
sala, feliz.
— Adelle, em cinco minutos ele vai receber a Lívia e logo após a Trinity. — Ela diz para a
mulher, que engole em seco.
— Sim, senhora.
— Boa sorte para vocês duas, qualquer coisa, me procurem naquela sala. — Ela aponta a
porta. — Tchau, meninos. — Ela acena e entra na sua sala.
Dylan pega minha mão e começa a acariciá-la, e isso me deixa mais confortável.
interessou pela Kendall? — Ele pergunta. Dou a resposta que formulei durante dias:
— A empresa é uma das melhores de Boston. Sei que muitas pessoas não querem dar um
emprego para recém-formados, mas creio que aqui nosso potencial pode ser trabalhado. Quando
liguei para saber se poderia marcar uma entrevista, e você aceitou e ainda permitiu que minha
irmã também viesse, me fez querer merecer estar aqui, fazer parte desse mundo de advogados, e
quero estar em um lugar onde há pessoas capacitadas que me ajudem a melhorar, a cada dia mais,
tudo que aprendi. — falo tudo de uma vez, e não sei se ele entendeu alguma coisa, mas espero que
sim.
— Você realizou o Exame da ABA e obteve sucesso. Vamos conversar sobre esses anos na
universidade. — Ele diz, olhando alguns relatórios que certamente são meus.
Conversamos sobre notas e estágios, conto para ele o meu sonho de ser juíza, não posso
mentir que quero ser advogada para sempre.
— Lívia, esteja aqui na segunda, esse emprego é seu, vejo aqui que a senhorita já está apta a
advogar, então ficará tudo mais fácil. — Ele diz, após algum tempo conversando.
— Sério?
— Sim, tenho certeza que se tornará uma excelente advogada criminal e futuramente uma
ótima juíza. Criei essa empresa para ajudar todos, Lívia, então meu maior prazer é ajudar aqueles
que acabaram de sair da universidade. Agora vamos ver se sua irmã tem a mesmo potencial. —
Ele diz, se levantando e dando a entrevista por encerrada.
— Obrigada mesmo. — Eu até queria abraçá-lo, mas acho melhor não, deixarei minha
felicidade para comemorar com o meu namorado e a minha família.
— Você tem talento. Peça à sua irmã para entrar, e não se preocupe com a Adelle, ela é meio
rabugenta, mas tem um bom coração.
— Ela é muito rabugenta. — brinco, abro a porta e saio. Quando me vê, Dylan vem em minha
direção.
— E aí?
— Consegui. — Ele me abraça e olho para Triny. — Ele falou para você entrar.
— Me deseje sorte. — Ela pede, depois de beijar o namorado.
— Toda sorte do mundo. — desejo a ela.
— Obrigada. — Ela entra na sala e voltamos a sentar no sofá.
— Espero que ele não fique a paquerando. — David diz, olhando para a porta.
— Ele é muito respeitador. — digo, o encarando.
— Assim espero.
Depois de vinte minutos, Triny sai toda alegre, ela também conseguiu.
— Já que vocês conseguiram um emprego, vamos comemorar. — David diz, abraçando a
namorada. — O Dylan paga.
— Dividimos a conta, agora tenho um emprego. — digo, e os homens me olham, surpresos.
— Eu pago. — Os dois dizem em uníssono, e reviro os olhos. Como são machistas.
— Então, vocês dois pagam e não se discute mais isso. — Triny diz, puxando o David.
Quando descemos no primeiro andar, a mulher da recepção nos olha toda sorridente.
— Conseguiram? — Ela pergunta, educada.
— Sim. — digo, e ela me dá parabéns.
— Que bom, LLC, a Micheli me fala muito de você. — A mulher diz, e me surpreendo.
— Você é a Brenda? — pergunto, admirada.
— Sim. — Ela me estende a mão, e vejo no seu pulso a tatuagem com o nome da Micheli.
— Claro que seria a irmã da Micheli, olha o sorriso da mulher. — David brinca.
— Temos esse sorriso na família. — Ela se explica.
— Que é perfeito. Brenda, foi um prazer te conhecer, agora precisamos ir. — aceno para a
mulher e me viro. Procuro pelo Dylan, que está um pouco distante com uma menininha no colo e
conversando com um homem que pelo jeito é o pai. Paro onde estou e olho para ele, todo
sorridente. Não entendo por que ele não é pediatra, já que gosta tanto de crianças.
— Esperamos vocês lá fora. — David diz, saindo abraçado com a Triny.
Será que um dia eu vou ser a mãe dos filhos dele? Espero que sim.
Quando chegamos à lanchonete, mando uma mensagem para o Theo, que fica todo feliz,
depois conto aos meus pais. Agora tenho um emprego e um namorado, melhor que isso é só me
tornar juíza.
Capítulo 20
Dylan
— Eu quero um hambúrguer gourmet, com batatas e um refrigerante. — Lívia pede ao
garçom, fazendo todos olharem para ela.
— Vai passar mal. — Triny diz e olha para o cardápio novamente. — Eu quero um sanduíche
e um bolo de amendoim.
— Estou com medo dessas meninas, vamos falir antes de casar. — David diz e reviro os
olhos.
— Lívia, você não pode comer isso! — A alerto.
— Só hoje, afinal, consegui um emprego. — Ela faz cara de carente.
— Só hoje, e se passar mal não é culpa minha. — aviso, e ela faz cara feia. Meu celular toca,
quando olho o visor, vejo que é a Sofia.
— Oi. — atendo, me levantando.
— Dylan! Preciso da sua ajuda. — Ela diz, com a voz chorosa.
Lívia é mais rápida, já está fora dele, abraçando Sofia, que chora descontroladamente.
— Calma, Sofia. — peço, passando a mão nos seus cabelos. Ela me olha com seus olhos
vermelhos de choro.
— Dylan, eu não sei cuidar da minha irmã. — Ela diz com a voz embargada e abraço a minha
amiga. Olho para a Lívia, que está com lágrimas nos olhos.
— Sofia, você é a melhor irmã que a Summer poderia ter, não fala isso. — Tento confortá-la,
mas as lágrimas ficam mais fortes.
David e Triny se juntam a nós com expressões preocupadas.
— Conte pelo menos o que aconteceu. — Lívia pede, aflita, e limpa as lágrimas da Sofia.
— Ontem, antes de ir para o plantão, ela me avisou que iria sair com alguns amigos, achei
normal, até ler uma mensagem no celular dela e descobrir que ela está se envolvendo com um
traficante de armas. Eu a questionei e falei que estava proibida de sair, então ela ficou com raiva e
se trancou no quarto. Hoje, quando eu cheguei, ela não estava mais, mas o celular dela ficou em
Sofia para trás e a empurrando para o lado. Eu e David nos colocamos entre Sofia.
— Quer brigar? Procure alguém do seu tamanho. — digo, empurrando-o para trás.
— Na verdade, você é mais alto, Dylan, só que olha os braços dele, dá dois do seu. — David
diz, e não acredito que ele está dizendo essas coisas nesse momento.
— Cale a boca, David! — Triny grita com o namorado, que arregala os olhos. Acho que ele
tem mais medo da namorada do que o homem à nossa frente. O homem vem na minha direção,
mas Summer entra na frente, o impedindo de se aproximar.
— Por favor, Gabor. Vamos embora. — Summer segura o homem, que olha para ela
carinhosamente.
— Não quero nunca mais ver vocês no meu bairro! — O tal Gabor fala, e todos do bar se
assustam.
— Para te informar, o bairro é público e não tem nada seu aqui! — Lívia grita com o homem,
que dá um sorriso sarcástico.
— Coitada, tão mimada! — O homem debocha.
— É isso que você pensa? Tenha a certeza que um dia você não pensará mais assim. — Lívia
diz, mas o homem continua sorrindo.
— Vai me colocar na cadeia, por que uma menina de dezessete anos quer ficar comigo? —
Ele pergunta, fingindo medo. Lívia olha para ele, e sei que se um dia ele cair nas mãos dela, já era.
— Você é muito idiota. — Lívia diz, brava, e olho para o homem com pena.
— Obrigado, já estão avisados. — Ele nos dá as costas e se afasta. Sofia olha para a irmã,
triste.
— Summer, essa é sua escolha? — Sofia pergunta para a irmã.
— Melhor do que estar com você. — Summer diz e acompanha o homem, que passa seu
braço pela cintura da menina. Sofia começa a chorar e Lívia a abraça.
— Ela não me ama.
— Ama, sim, só está em uma fase rebelde, logo vai se arrepender disso. — Lívia a consola.
— É melhor vocês irem embora, não quero problemas com o Gabor. — O senhor do bar diz
com calma.
— O senhor pode nos dar notícias da Summer? — Triny pede.
— Não, eu tenho de trabalhar, isso me fará esquecer um pouco disso tudo. — Sofia diz,
limpando as lágrimas.
— Então vamos passar na sua casa, depois eu deixo vocês no hospital. — Lívia se senta ao
lado de Sofia, gosto de ver que elas são próximas, ao contrário da Kath, a Lívia gosta da Sofia.
— Tudo bem.
Despeço-me do meu irmão e da Triny e entro no carro. Eu não sei por que a Summer está
fazendo isso, ela sempre teve tudo, deve ser porque ela sente falta dos seus pais, mas a Sofia
sempre foi uma pessoa presente na vida dela, infelizmente, às vezes não podemos entender a
cabeça de outra pessoa.
Na casa da Sofia, ela tenta fingir que está bem. Lívia nos deixa no hospital e parece muito
abatida, Passo meu plantão todo pensando em tudo o que aconteceu. Fico feliz por só atender a
alguns pacientes não muito graves. Quando estou quase indo embora, dou uma olhada no homem
que ainda não saiu do coma.
— E aí, Emanuel, alguma melhora? — pergunto ao enfermeiro que, nos últimos dias, me
ajudou bastante.
— Nada ainda, doutor. — Ele diz, apontando a mulher que está dormindo na cadeira. — É a
esposa dele, ela se recusa a sair daqui.
— Amanhã peça para colocar uma cama aqui, a moça não pode ficar dormindo nessa cadeira
desconfortável.
— Sim, doutor. — Ele diz, anotando alguma coisa.
— Já te falei que é para me chamar de Dylan! — reclamo, abrindo a porta.
— Sim, doutor. — Ele diz e depois me olha em um pedido de desculpa.
— Te vejo na sexta. Antes de sair, deixe o relatório com a Micheli, já que vamos ter que
continuar trabalhando juntos.
— Sim, infelizmente estou ligado a você. — Ele brinca, me seguindo pelo corredor.
— Eu acho que você até gosta disso.
— Não gosto disso. Mas sou obrigado. — Ele diz, olhando uma das médicas passando.
— Ei, estou ficando excluído, quer me abandonar para ficar com a Gislaine? — pergunto,
enquanto ele olha a única médica oncologista do hospital.
— Minha área é outra. — Ele diz, fugindo do assunto.
— Não é isso que estou falando. Está a fim da Gislaine?
— Não, ela nem me daria uma chance. Olha a minha cor, eu sou negro e ainda sou um
enfermeiro, ela é médica. — Ele lamenta quando chegamos à recepção.
— Não te diminui, cara, quem liga para a cor da pele? Aliás, você é um excelente enfermeiro
e está no último ano da faculdade, vai ser um excelente oftalmologista e irá substituir aquele
Jimmy idiota.
hospital.
— Eu não, mas tenho certeza que você vai ser um excelente profissional, melhor que ele.
— Pode ser. Mesmo que isso possa acontecer, a Gislaine não vai me dar uma chance.
— Se você fica aqui colocando várias desculpas, nunca vai saber de nada.
— Agora tenho que ir, daqui a pouco vou estudar. — Ele acena e entra no seu carro.
Pego meu celular e vejo que são seis e quinze. Entro no meu carro, e quando percebo, estou
parando em frente à casa da Lívia. Preciso vê-la, ontem nem conversamos direito. Quando vou
tocar a campainha, a porta se abre e a Dra. Ana e o seu marido saem, sorridentes.
— Dylan, que surpresa! — A Dra. Ana beija meu rosto.
— Vim ver a Lívia, ela estava muito abatida pelo o que aconteceu. — Aperto a mão do Dr.
Pether.
— Estou pensando em dar alguns dias de folga para a Sofia. — O Dr. Pether me avisa.
— Acho que ela vai ficar triste, achando que não é competente.
— Então, vamos dar apoio da maneira que não a faça se sentir assim.
— Sim, Dr. Pether, ela precisa do nosso apoio.
— Já te avisei que não é para me chamar de doutor, ou vou ser um sogro chato.
— Tudo bem, Pether e Ana. — digo, antes que ela reclame também.
— Isso aí, Dylan, agora temos que ir. A Lívia ainda está dormindo, mas tenho certeza que vai
adorar te ver. — Ela diz, descendo os pequenos degraus.
— Bom trabalho! — digo, entrando na casa.
— Obrigado. — Os dois dizem juntos.
Fecho a porta e subo a escada, encontro a Luara saindo do quarto.
— Bom dia, Dylan, dormiu aqui? — Ela pergunta, ajeitando os livros que leva nos braços.
— Não. Vim ver a Lívia, a quero levar para passear.
— Que romântico! O Mayck nunca fez isso comigo, sair do trabalho e vir direto para cá. —
Ela lamenta.
— Bom estudo.
— Obrigado! — Ela grita. Caminho e abro a porta lentamente. O quarto está escuro e
totalmente gelado. Vou até a cama e me sento.
— Lívia! — toco seu ombro.
aconteceu ontem.
— Então, você veio ficar comigo? — Ela pergunta, passando a mão sobre a minha barba rala.
— Sim, meu anjo.
— Então, deita aqui comigo. — Ela pede. Nunca irei recusar esse convite.
— Queria te levar para passear.
— Você precisa descansar primeiro. — Ela me diz, se levantando da cama. — Vou pegar
alguma roupa do Theo. — Ela sai do quarto, me deixando só. Olho ao redor, tem tantos livros
espalhados, até parece o quarto do David.
Depois de vestir a roupa do Theo, que por sinal ficou um pouco larga, eu me deito ao lado da
minha namorada. Ela deita sua cabeça no meu peito e suspira levemente, e isso me traz paz.
Quando acordo, a Lívia não está na cama. Levanto-me rapidamente e ajeito a cama. Visto
minha roupa e saio do quarto, desço as escadas e encontro Lívia sentada, conversando ao celular.
—Você está melhor? — Ela pergunta ao celular e escuta a resposta. — Ela te ligou? — Ela
pergunta, triste, e sei que está conversando com a Sofia. — Qualquer coisa me ligue, beijo. — Ela
desliga e me olha com lágrimas nos olhos.
— Lívia, não precisa ficar triste. — abraço-a.
— Podia ser com alguém da minha família, a Sofia não merece isso. — Ela soluça.
pedir a minha mãe para me ajudar. Quando chego ao carro, ela está ouvindo uma música
romântica, me olha e dá um grande sorriso. Não sei como foi acontecer assim tão rápido, mas eu
amo a Lívia e tenho certeza que ela é a mulher da minha vida, sinto isso, porque o sentimento que
— Vamos logo, Dylan, aproveitar que as baleias ainda não estão aqui. — Ela me puxa. Quero
muito rir, mas sei que realmente ela está com muito medo. Passamos por um túnel de vidro, e ela
se encanta com vários peixes.
— Vamos passar rápido, nesse tem tubarões. — digo, quando vejo os tubarões se
aproximando do vidro.
— Eu gosto de tubarões, eles são tão lindos. — Ela diz, colocando a mão no vidro.
— É o quê? Você tem medo das baleias, mas não tem medo dos tubarões?
— Baleias são grandes e assustadoras, pode engolir a gente como fez com Jonas! — Ela diz,
brava.
— Tubarão pode comer a gente.
— Eles são lindos. — Ela diz, dando tchau para um, e segura na minha mão. Ela lê uma placa
que diz para adotar um animal e dá um grande sorriso.
— Melhor irmos ver os pinguins, antes que queira ter um tubarão de estimação.
— Não tenho um aquário grande. — Ela diz, triste. — Mas posso adotar um e vir às vezes vê-
lo. — Ela se anima.
— Melhor só vir ver às vezes, não precisa adotá-los.
— Senhor! Posso adotar um tubarão? — Ela pergunta ao homem que está anotando alguma
coisa na prancheta.
— Um tubarão, tem certeza? — O homem pergunta, espantando.
— Está vendo, Lívia, ninguém adota um tubarão.
— Adota, sim, tenho uma filha de cinco anos que adotou um. — O homem diz, e quero brigar
com ele.
— Viu, Dylan? Quero adotar um e colocar o nome de Cheiroso. — Ela diz para o homem, que
levanta as duas sobrancelhas.
— Pode ser esse daqui, ele tem três meses e é um tubarão touro. — O homem indica um
tubarão médio, de cor cinza com branco.
— Oi, Cheiroso, sou sua nova mamãe. — Lívia diz para o tubarão, que se assusta e sai
nadando.
— A senhorita tem que assinar aqui e vir duas vezes por semana o ver, caso isso não aconteça,
vamos deixar outras pessoas o adotarem. — O homem explica algumas coisas e Lívia assina.
— Agora vamos ver os pinguins? — pergunto, já desesperado.
— Sim, tchau, menino. — Ela manda um beijo para o tubarão e reviro os olhos.
— Podia ter adotado um cachorro.
comer coisas saudáveis, diz que gosta de mim e depois dá boa noite e pronto. Não me ligou nesses
dois dias, acho que ele está me escondendo algo.
— Lívia, me leva ao hospital? Vou assistir uma aula prática de outra turma. — Luara entra no
quarto sem bater.
— Peça à Triny. — digo com uma careta, não quero ver o Dylan agora.
— Se ela estivesse aqui, eu até pediria a ela. Esqueceu que ela foi para Newton? — Ela
pergunta, fazendo cara de choro.
— Tudo bem. — levanto da cama e pego as chaves do meu carro. — Ainda não entendo por
que você não quer um carro! — reclamo, fechando a porta do meu quarto.
— Porque eu gosto que alguém se importe comigo e vá me buscar nos lugares, ou gosto de
andar de metrô. É tão legal ouvir as conversas das pessoas. — Ela diz, ajeitando os cabelos
castanhos que já estão na cintura, de tão longos.
— Não acho nada legal ouvir conversas alheias.
— Cada um com as suas escolhas. Mas me conte, como anda você e o Dylan?
— Estamos normais, ainda não somos um casal daqueles românticos.
— Entendo, mas quando acontecer a primeira vez, vocês vão se sentirem mais íntimos. — Ela
me diz, como se fosse mais velha que eu.
— Como foi sua primeira vez? — pergunto abrindo a porta.
— Como você sabe, foi naquele dia que fizemos a festa de boas-vindas para o Theo. — Ela
começa a explicar. — Eu me sentia pronta, ou achava que estava pronta, não sei ainda, mas agora
me sinto feliz e o Mayck foi bem carinhoso.
carro em movimento.
— Eu acredito em amor à primeira vista, e sei que você sente pelo Dylan o que não conseguiu
sentir pelo Ryan, com dois anos de namoro.
— Como você percebeu isso? — pergunto, fazendo uma curva.
— Ele saiu do trabalho e veio direto para cá, só para te agradar. Seus olhos brilham quando
fala dele, mesmo colocando esse escudo de proteção. — Ela me conta e dá um sorriso.
— Não tenho culpa, já me machuquei muito. — conto, triste.
— O Dylan quer te fazer feliz, ele não ficou com a Kath porque sentiu algo por você, mesmo
não tendo uma certeza, ele abriu mão do noivado, na verdade, ele te ama e acho que isso foi amor
à primeira vista.
— Não pedi isso a ele, falei que não queria ver ninguém sofrendo.
— A Kath não está sofrendo, ela está muito feliz. — Luara me conta. Sei que ainda conversa
com ela.
— Que bom, me sentiria péssima se ela estivesse sofrendo. Você acha que o Dylan me ama?
— Sim, ninguém abriria mão de uma vida planejada por um relacionamento que pudesse ser
apenas um romance de verão.
— Um romance de inverno. Eu prefiro o inverno. — aviso a ela, que faz careta.
— Você me entendeu e estamos no verão. Agora, acho que precisa passar mais segurança para
o Dylan, porque ele não vai conseguir amar sozinho para sempre.
— Eu gosto dele.
— Não, você o ama, uma hora você vai cair na real, mas seja rápida. — Ela me aconselha, e
não falo mais nada.
Quando chegamos ao hospital está uma correria. Ela me implora para esperá-la, e enquanto
ela vai para o lado público, sigo para a recepção do privado. Gosto de conversar com a Micheli, e
quem sabe eu vejo o Dylan, quero pelo menos olhar nos seus olhos e ter a certeza de que ele não
está me escondendo nada.
— Acho que estou vendo um fantasma. — Ela zomba, quando me aproximo da recepção.
— E eu estou vendo uma gorda. — brinco, recebendo um beijo dela no rosto.
— Está vendo, filho? Sua madrinha não gosta de você. — Ela alisa a barriga de três meses.
— Amo você, meu amor. — aliso sua barriga.
— LLC! — escuto a voz do Dr. Stevenson e me viro, já olhando com um sorriso para o doutor
alto e careca.
— Dr. Jekyll, você voltou! — corro até ele e o abraço muito forte.
— Nossa! Você estava com muitas saudades. — Ele brinca, beijando minha cabeça.
— Claro. Você é o melhor oftalmologista daqui. — elogio, me afastando.
— Você sabe que vou me aposentar, não é? — Ele pergunta, ainda me encarando.
— Não! O Jimmy é bom, mas ele fica dando em cima de mim. — faço bico, e ele ri.
— Está namorando o Dr. Knowles? — Ele pergunta e afirmo com um sorriso. — Grande
escolha.
— Obrigada, vou fingir que você me elogiou pela minha inteligência, e não por eu ter
escolhido um homem lindo daquele. — brinco, e ele faz cara de tédio.
— Sério, Lívia. Já trabalhei muito, ano que vem vou viajar com a minha velhinha. — Ele diz,
contente, e fico feliz por ele.
— Não se preocupe com o Jimmy, o Emanuel vai se tornar o oftalmologista, ele é muito
respeitoso. — Micheli me avisa.
— Quem é Emanuel?
— Emanuel é um enfermeiro, ele está no último ano de medicina e trabalha com o Dylan. —
Micheli conta. Dylan não me conta muito sobre trabalho e nunca saí com ele para conhecer seus
amigos, mas estamos no começo, logo vamos ter uma rotina e vai ficar mais legal, assim espero.
— Se ele não é igual ao Jimmy, já está bom, mas não quero que o Dr. Stevenson me
abandone! — choramingo, e ele ri.
— Pela primeira vez, não me chamou de Dr. Jekyll. — Ele brinca, passando a mão na careca.
— Só queria te agradar.
— Lívia, tenho certeza que o Emanuel será um excelente oftalmologista, ele faz
acompanhamento comigo. — Ele me garante.
— Então eu concordo, porque você é o melhor, mas promete vir me visitar sempre? — peço,
abraçando-o.
— Sim, mas ainda não vou sair, só ano que vem.
— Eu sei, mas já estou com saudades.
— Você falando assim se parece com a Trinity, mas te conheço e você é afiada igual a Luara.
— Ele brinca e aperta minha bochecha.
— Ele tem razão, Lívia. — Micheli concorda, anotando alguma coisa no computador.
— LLC, estou indo trabalhar, fiquei feliz em te ver. — Ele me acena com um sorriso.
— Mande um beijo para sua digníssima esposa, Dr. Jekyll. — aceno de volta e ele ergue o
polegar em sinal positivo. Mando uma mensagem para Triny, que está viajando com o David para
hoje. — Ele olha para mim e dá um sorriso, me cumprimentando. Então esse é o tal Emanuel, ele
é muito bonito, tem cabelos curtos e sorriso alegre.
— Sabia que essa é a LLC? — Micheli pergunta, me apontando, e faço careta para ela. Daqui
a pouco, todo mundo só vai me chamar assim.
— O quê? — Ele me olha, surpreso.
— Algum problema? — pergunto.
— Não, senhorita Carter, o Dylan já falou muito da senhorita. — Ele diz, calmo, fazendo um
gesto negativo com a mão.
— Não ouvi direito, você me chamou de senhorita? — pergunto, ofendida.
Ficamos conversando por algum tempo, e logo me assusto quando ouço o barulho insistente
Micheli.
Logo entram vários médicos e levam os corpos adultos para outros lugares e só fica a
pequena menina que parece ter uns seis anos, a mesma que esses dias estava toda sorridente no
colo do Dylan.
Por isso eu não gosto de vir ao hospital, não suporto ver pessoas sofrendo. Fico em estado de
choque e só vejo quando um vulto passa por mim e para diante do corpo da criança.
— Precisamos fazer a cirurgia agora. — Dylan anuncia e olha para mim, seus olhos vacilam e
sei que está sofrendo. — Alguém informe minha equipe! — Ele grita e desvia os olhos de mim,
segurando o rosto da criança.
— Doutor? Podemos levá-la para a sala de cirurgia? — Um dos enfermeiros pergunta.
— Sim, vamos conseguir salvá-la, tenham fé. — Dylan garante e percebo sofrimento na sua
voz. Os enfermeiros saem e Dylan vem ao meu encontro. — Lívia. — Ele me abraça e sinto muita
tensão no seu corpo.
— Calma, vai ficar tudo bem. — aliso seu cabelo e beijo sua bochecha.
— Cadê a Micheli? — Ele pergunta, olhando ao redor.
— Ela viu a irmã e passou mal. — aviso, e ele arregala os olhos. — Mas uma médica já a
levou.
— Que bom, ela está no começo da gestação e não pode tomar muito susto.
— Dylan, a menina vai ficar bem? — pergunto, com medo, e ele me abraça novamente.
— Se Deus quiser, agora preciso ir lá dentro. — Ele se afasta e beija meu rosto. — Depois
quero conversar com você. — Ele avisa e meu coração acelera. Será que ele quer terminar
comigo? Mal começamos. Calma, Lívia, se ele quisesse isso não estaria sendo carinhoso.
— Tudo bem.
Ele dá um sorriso gentil e se afasta apressadamente. Ele se separou da noiva, mesmo não
tendo nenhuma certeza em relação à gente, ele se afastou quando pedi, ele me pediu em namoro
mesmo eu sendo chata, me deixou adotar um tubarão e agora veio conversar comigo em um
momento tenso. Me abraçou e fiquei confortável, como não amar esse Dr. Insuportável? Ele me
aceitou com todas as minhas inseguranças e agora não posso dizer que o amo, porque está muito
cedo.
Sento na cadeira e fico em estado de choque. Eu o amo, e agora sei o que é o amor.
— Lívia! — ouço a voz da minha mãe e corro para os seus braços.
— Mamãe... — choro no seu ombro e ela acaricia meus cabelos.
— Minha filha, o que aconteceu? — Ela pergunta com a voz doce.
— Eu... — Não consigo falar e continuo chorando. Choro de felicidade, porque eu o amo;
também choro de tristeza. O Dylan não pode perder uma criança, isso seria muito triste,
principalmente para ele, que ama criança.
— Micheli.
— Ela já está em casa, o marido dele a levou, dei folga para os dois. — Ela me avisa e fico
mais tranquila.
Saímos do hospital e encontramos Luara perto do carro, com o celular na mão.
— Ocorreu uma emergência e não teve aula, terei que voltar segunda. Aconteceu alguma
coisa? — Ela pergunta, pegando minha mão.
— A família da irmã da Micheli sofreu um acidente de carro, ela está abalada em vê-los
desacordadas, vamos levá-la para casa.
Entro no carro e deito minha cabeça no colo da minha irmã. Olho para ela, que parece triste.
— Não fica triste, por favor, isso me causa dor — peço a ela, que afirma, me dando um
sorriso.
— O que aconteceu? — Ela pergunta, passando a mão sobre o meu braço.
— Eu amo o Dylan. — conto.
— Isso é bom. — Ela avisa, limpando minhas lágrimas.
— Não sei... Ele está salvando a vida de uma menininha, e se ela morrer, ele vai ficar triste e
Ligo de volta, mas ele não atende. Preciso ver o homem da minha vida.
Saio rapidamente da cama e vou direto para o banheiro, visto um vestido para andar mais
— Sim, viu a chave do meu carro? — pergunto, procurando dentro da minha bolsa.
— Sua mãe está com o seu carro. — Ela me avisa e olho chateada para ela. — Mas se você
correr, pega o ônibus das oito.
— Obrigada. — Saio correndo e paro em um ponto de ônibus com algumas pessoas. Já está
bem escuro e não tem quase ninguém na rua.
Surge um ônibus que passa a um quarteirão do prédio onde o Dylan mora. O pego mesmo,
melhor chegar logo do que ficar esperando mais uma hora pelo próximo ônibus.
Entro e sento em uma das poucas cadeiras vazias, mas logo surge uma senhora e dou meu
lugar para ela. Entendo essas pessoas que acham que pagam pela passagem e devem ir sentadas,
mas sei que algum dia vou ser uma idosa e posso estar no mesmo lugar, então, não me importo em
dar meu lugar para alguém mais velho que eu.
Quando desço, a rua está deserta, ando e logo surge um casal jovem e sorridente.
— Moça? — O homem me chama, e meu coração acelera.
— Sim? — respondo, querendo fugir.
— Onde fica o aquário Nova Inglaterra? — Ele me pergunta, tirando um mapa do bolso.
— Ah, sim — chego mais perto deles e pego o mapa. — Vocês são novos por aqui? —
pergunto, olhando o mapa.
— Sim, moramos naquele prédio bem grande. — A moça aponta o prédio onde o Dylan mora.
— Eu estou indo agora para lá, meu namorado também mora naquele prédio. — conto com
— Daqui a pouco tem apresentação de baleias e minha esposa as ama. Eu tenho pavor. — O
homem avisa e olha para a esposa, que dá um grande sorriso.
— Então, somos do mesmo time — aviso ao homem.
— Bem-vinda ao time, senhorita... — Ele me olha a espera o meu nome.
— Lívia. E vocês, como se chamam? — pergunto, olhando o prédio que está um pouco
iluminado.
— Eu sou a Valerie, e ele, o Karl.
— Homenagem ao Karl Marx? — pergunto e olho para a rua. Acho que sou doida, porque
estou na rua conversando com dois estranhos.
— Lívia, boa sorte com o seu amor. — Ele me deseja e segura na mão da mulher.
— Obrigada, boa sorte com a baleia. — desejo, e ele olha para o céu.
— Que Deus me ajude.
— Lívia, você realmente é do time do meu marido. — Valerie grita e me viro para acenar
para ela.
— Vejo vocês por aí! — grito e saio correndo.
Quando chego ao portão do prédio, os seguranças me impedem de entrar, mas consigo falar
com a minha madrinha e ela libera a minha entrada. Onde estou com a cabeça, em chegar a essa
hora na casa das pessoas?
Entro no elevador, meu coração acelerado. O que vou falar com ele? Tentei ligar para Dylan,
mas não me atendeu, posso dizer que estou preocupada. Quando desço no décimo segundo andar,
minha madrinha está na porta com o celular na mão.
Entro no apartamento, que está silencioso. Meu padrinho está no sofá com fones de ouvido,
— Padrinho, você está me trocando pela Luara? — pergunto, fazendo cara de ofendida.
— Não, meu bebê, mas ela tem cada apelido divertido. Eu sou o Super Choque. — Ele conta,
achando graça.
— Por quê?
— Ela falou que sou muito bonito e dou muito choque nos sistemas das mulheres. — Ele
conta, rindo, e fico o encarando surpresa.
— Só eu que sou um personagem imaginário da cabeça dela? — pergunto, decepcionada.
— Um dia alguém escreve sua história, Princesa de Ferro. — Ele acaricia meus cabelos e
beija minha testa.
— Assim espero.
— Agora vá ver o Dylan, ele está muito chateado. — Ele diz, se afastando e me empurrando
em direção à escada.
Dou um sinal positivo para ele e começo a subir a escada. Paro no topo e meu coração
começa a acelerar. Não quero vê-lo chateado. E se ele estiver com raiva de mim? Calma, eu não
fiz nada.
Caminho em direção ao seu quarto e paro diante da porta pela qual passei apenas uma vez.
Bato e escuto um baixo entre. Abro e encontro o Dylan sentado na cama, olhando para a parede,
que agora está vazia. Onde estão os seus prêmios?
— Dylan? — chamo, e ele olha na minha direção.
— Lívia. — Ele levanta e caminha rápido na minha direção. Entro e fecho a porta. — O que
você está fazendo aqui, a essa hora?
— Fiquei preocupada, tive que vir te ver. — digo, quando ele me abraça apertado.
— Te liguei muitas vezes. — Ele conta, com a voz preocupada. — Depois a Luara me contou
que você não estava bem. Está melhor? — Ele alisa os meus cabelos e beija meu rosto.
— Sim.
— Que bom, estou feliz que esteja aqui.
— Quando acordei e vi suas ligações, peguei o primeiro ônibus e vim para cá. — conto, e ele
me olha, surpreso.
— Lívia, você andou por essas ruas sozinha? — Ele pergunta, passando a mão sobre o cabelo.
— Não tive escolha, minha mãe estava com o meu carro e eu precisava saber como você
estava. Ocorreu tudo bem? — pergunto, passando a mão no seu cabelo, preto e liso.
— Sim, a menina está viva e os seus pais estão com ela. Eles não sofreram nada, apenas
arranhões leves. — Ele conta, e sinto meu coração se acalmar.
— Que bom. E por que você não me atendeu? — pergunto, e ele procura algo no bolso.
— Não sei onde está meu celular, acho que... Esquece, depois eu acho. — Ele pede, e a
sensação de que está me escondendo algo surge na minha cabeça.
— Tudo bem.
— Então, a minha LLC veio me ver. — Ele diz, me pegando no colo. Dou um grito, e ele me
leva até a cama.
— Sim, você é muito importante para mim. — conto, fazendo seus olhos brilharem.
— Você também é, minha linda. — Ele diz e me coloca na cama. Seu corpo fica sobre o meu
e sinto todos os meus pelos se arrepiarem. Eu sei que estou pronta, amo o Dylan, ele é a pessoa
certa.
— Dylan... — Ele não me deixa terminar; me beija suavemente. Passando a mão sobre a
minha coxa, começa a levantar o meu vestido. Minha respiração acelera e ele me beija com mais
intensidade. Quando estou apenas de lingerie, passo a mão sobre o seu peito e começo a levantar a
sua camiseta.
— Não, Lívia. — Ele pede, beijando minha testa e se afastando.
— Você não me quer? — pergunto, procurando meu vestido. Sinto uma tristeza inundar meu
— Não é isso, podemos fazer isso, mas não quero que seja aqui. — Ele diz, se levantando, e
tento esconder o meu corpo. — Aliás, seu corpo é tentador, mas quero te mostrar um lugar.
Ele joga o vestido para mim e vai até o banheiro. Eu sei que estou insegura, mas me sinto
pronta e quero ficar com ele. Levanto da cama e visto o vestido. Agora ele irá me ouvir; se ele
estiver me escondendo algo será meu chão, mas preciso saber, não quero ser mais uma vez a boba
da história.
Capítulo 22
Dylan
Não quero que a primeira vez da Lívia seja aqui, quero que seja onde um dia vamos morar e
criar nossos filhos, claro, se ela aceitar se casar um dia comigo. Lavo meu rosto e me olho no
espelho. Vejo o reflexo da Lívia me olhando, brava.
— Dylan! Você está me escondendo alguma coisa? — Ela pergunta com a voz firme.
— Sim! — Não gosto de esconder nada, fiquei esses últimos dias me corroendo para vê-la,
mas eu sabia que se eu visse contaria sobre o apartamento, e eu quero fazer uma surpresa.
— É por isso que você não sabe onde está o seu celular? — Ela cruza os braços.
— Está com fome? — pergunto.
— Você quer terminar comigo quando estivermos comendo? — Ela pergunta, com lágrimas
nos olhos.
— Não quero terminar com você. — digo, tentando me aproximar dela, que se afasta.
— Então, o que você está me escondendo? — Ela pergunta com uma voz triste.
— Vai confiar em mim? — Ela me olha com desconfiança, sinto que ainda está insegura.
— Dylan, eu...
— Por favor, diga que confia em mim. — corto-a.
— Como posso confiar em alguém que está me escondendo algo? — Ela pergunta.
Maldita hora que inventei de fazer essa surpresa, já tinha desistido de fazer hoje, depois que
liguei e fiquei sabendo que ela não estava bem. Também acho que a comida que a minha mãe fez
já deve estar bem gelada.
— Eu estava fazendo uma surpresa. — conto tudo de uma vez.
— Surpresa?
— Sim, um jantar romântico. — Ainda não vou contar sobre o apartamento, esse ainda eu
— E, pelo jeito, atrapalhei tudo. — Ela diz, desolada, e caminha para os meus braços.
— Calma, ainda posso fazer a surpresa.
— E onde vamos jantar? — Ela pergunta com um sorriso que alegra o meu coração. Amo
essa garota.
— Surpresa. Vamos? — Estendo minha mão, que ela segura com um pouco de confiança. Sei
que, aos poucos, ela vai se sentir segura comigo. Beijo seus lábios e saímos do quarto, quando
chegamos à sala, meus pais estão abraçados, assistindo televisão. Eles sempre foram bem
apaixonados, acho que eu e o David puxamos isso deles.
— Já esquentei a comida. — Minha mãe avisa, se referindo ao jantar romântico, ela pensa em
tudo.
— Obrigado, mamãe, não volto hoje. — aviso, e eles dão um sorriso cúmplices.
— Se divirtam, crianças. — Meu pai deseja, e Lívia fica vermelha.
— Obrigada. — Ela agradece e acena para eles.
— Boa noite. — desejo.
— Vamos ter. — Minha mãe diz e pisca para o meu pai.
— Ninguém, ainda — Abro a porta que a minha mãe deixou aberta. No meio da sala há uma
— Claro, eu não fiz isso, mas dei a ideia para a minha mãe e ela caprichou.
— O que vale é a intenção. Obrigada, nunca tive um jantar à luz de velas. — Ela conta,
caminhando pela sala, que é bem espaçosa.
— Fico feliz. — falo e sinto um pouco de ciúmes em lembrar daquele tal Ryan.
Fecho a porta e acendo a luz. Realmente, escolhi um bom lugar para morar, tem dois andares
e um jardim no térreo.
— Acho que a comida está na cozinha. — Ela diz, colocando a bolsa no sofá. Ainda não tem
muitos móveis, mas aos poucos vou me organizando.
— Sente-se aqui, eu vou buscar. — digo, puxando a cadeira, mas ela nega.
— Quero ir com você. — Ela diz e concordo.
Sigo para a cozinha, que é grande também. Quero ter muitos filhos, descobri isso hoje depois
que vi a Clarinha entre a vida e a morte. Felizmente a cirurgia ocorreu bem e eu fiquei muito grato
a Deus, porque Ele estava conosco.
— Lívia, esse apartamento é meu. — revelo, e ela me olha sem nenhuma expressão.
— Fico feliz por você. — Ela conta, mas acho que não gostou muito da ideia.
— Não gostou? — pergunto, me aproximando dela.
— Sim!
— Não parece. — falo, acariciando sua bochecha.
— A Katherine já veio aqui? — Ela pergunta, desanimada.
— Não, ela nem sabia que eu queria comprar um apartamento, mas não entendo o que a Kath
está fazendo no nosso primeiro jantar romântico.
— Desculpa, às vezes eu não quero ter tantas inseguranças assim, só que vocês viveram
coisas juntos, você pode ainda sentir algo por ela. — Ela me diz, me fazendo querer pegá-la no
colo.
— Lívia, se eu gostasse da Katherine estaria com ela, mas a verdade é que eu gosto de você, e
muito. — beijo o seu rosto.
— Também gosto de você, eu estou feliz ao seu lado e me sinto pronta, não quero ter mais
inseguranças. — Ela diz, me beijando. Gostaria de pular a parte do jantar e ir correndo para a
cama com ela.
— Então, vamos tirar toda essa insegurança juntos, sem segredos ou mentiras. — peço.
Voltamos para a sala, e ela arruma as velas e as travessas. Apago a luz e puxo a cadeira para
ela sentar. Coloco uma música romântica que a vi ouvindo no carro e me sento na frente dela.
— Amo essa música. — Ela diz, fechando os olhos e aproveitando o som.
— Quer dançar? — convido, mas ela faz cara feia.
— Desculpa atrapalhar o seu romantismo, mas estou com muita fome. — Ela diz, passando a
mão na barriga.
— Nossa, quanta sutileza. — brinco, e ela se serve.
— Deixa que eu te sirvo. — Ela pega meu prato e coloca um pouco de macarrona.
— Eu sirvo o champanhe, então, vamos ter igualdade nessa casa. — brinco, e ela me dá um
sorriso de menina debochada.
— Quem diria que o Dr. Insuportável e mandão seria o meu namorado gato e atraente. — Ela
— Ainda dá tempo de ser o pai do Cheiroso, ele está do mesmo tamanho. e acho que o
homem errou, deve ser um tubarão anão. — Ela brinca.
— Tire esse nome dele e eu o adoto como pai, mesmo preferindo golfinhos e pinguins.
— Ele é Cheiroso e pronto, e se você não quiser, arrumo outro pai! — Ela me alerta, teimosa.
tornando mais íntimos, amigos e companheiros, e espero que sempre sejamos assim.
Quero dizer que a amo, mas sei que está muito cedo e ela não pode estar tão segura assim.
Vou esperá-la ter mais confiança em mim, então conto que não consigo viver sem ela.
— Agora, sim, vou aceitar seu convite para dançarmos aquela música. — Ela diz e volto
minha atenção para ela. — Mas terá que pedir de novo.
— Quer dançar comigo, LLC? — levanto, programo a música romântica que ela gosta e volto
até ela, estendendo a mão.
— Sim, afinal, sou loira, linda e uma Carter. — Ela diz, pegando a minha mão.
— Melhor definição. — digo, beijando seu pescoço.
— Acho que a Micheli e a Luara passam o dia todo colocando apelidos. — Ela diz,
sorridente, e começamos a nos movimentar.
— Eu tenho certeza.
— Gosto de você. — Ela diz, e meu coração acelera. Sei que ela está pronta, mas quero fazer
tudo direito.
— Também gosto de você. Um passeio pelo apartamento?
— Sim.
Lívia
Como pude duvidar do Dylan? Ele é tão carinhoso comigo. Fiquei triste por ter o feito contar
a surpresa, agora entendo a distância dele.
Ele queria me agradar, me contar sobre o novo apartamento, e eu, como uma boba, desconfiei
dele. Preciso ter mais segurança, ele sempre me passou isso, está na hora de eu retribuir.
Subimos a escada, vejo que o lugar é bem espaçoso, realmente é uma casa para uma grande
família.
— Depois te mostro essa parte, quero ver se gosta do jardim.
Andamos até o final do corredor, onde há uma porta, que ele abre e entramos. O lugar é
Quando chego ao térreo meus olhos brilham. O lugar é lindo e dá para ver boa parte de
Boston, mas isso não me chama atenção. Fico impressionada com as plantas espalhadas pelo
ambiente, tem um grande sistema de hidroponia grudado na parede. No centro do térreo tem um
espaço coberto para se proteger da chuva e do sol, uma mesa e várias poltronas ao redor, e acho
um bom lugar para um almoço no domingo em família.
— Muito lindo.
— Foi por isso que comprei esse apartamento, podemos ter uma floresta. — Ele conta. Gosto
que me inclua nisso.
— Não seria uma má ideia.
— Gostou da vista? — Ele pergunta, me abraçando por trás.
— Sim, a noite dá um ar romântico.
— Que bom que gostou. Quer ficar mais? — Ele pergunta no meu ouvido e meu corpo arrepia
todo.
— Quero descer.
— Então, vamos. — Ele segura na minha mão e descemos a escada lentamente.
Ele mostra todo o canto do segundo andar, tem cinco quartos e uma sala de vídeo, uma
pequena academia e um espaço que ele deixou reservado para os seus troféus e alguns dos
instrumentos que gosta. Amei esse espaço, amo tocar todo tipo de instrumento musical.
— Agora vamos conhecer o meu quarto. — Ele avisa, me guiando até o outro lado da escada,
onde tem uma porta solitária. Ele abre e me surpreendo. Está totalmente arrumado e várias pétalas
de flores estão espalhadas pelo chão e pela cama.
— Uau! — olho para ele, que me olha com expressão de surpresa.
— Eu não sabia disso. — Ele avisa, tentando se desculpar. — Pedi à minha mãe para fazer o
jantar, mas acho que ela foi além.
— Eu gostei.
— Sério?
— Sim, olha isso, acho que toda garota quer uma coisa dessas.
— Não quero que pense que te trouxe aqui para, você sabe... — Ele me avisa, meio
atrapalhado.
— Se for para acontecer, essa é a melhor hora. Estou preparada, eu quero e confio em você, e
olha que lugar romântico. — digo, entrando no quarto.
— Tem certeza? Não quero fazer nada que se arrependa depois.
— Dylan, já disse que gosto de você. — Queria dizer “te amo”, mas não está na hora.
— Eu também, mas podemos esperar, por você eu espero o tempo que for. — Ele diz, e meu
coração salta de alegria. O Dylan é tão diferente do Ryan, não posso comparar os dois.
— Eu quero você, e isso é uma certeza! — digo com determinação.
Ele entra, fecha a porta e vem na minha direção, pega minha mão e me leva até a cama.
— Eu te quero mais que tudo. Vamos deitar nessa cama, e esse será o nosso lugar para todo o
sempre. — Ele me diz, e meu coração salta só de pensar que vamos ficar juntos para sempre,
porque é o que eu quero.
— É tudo que eu quero.
— Lívia? Estou apaixonado por você. — Ele me conta, e o olho, surpresa. — Sei que temos
somente alguns dias de namoro, mas meus sentimentos por você são verdadeiros e reais.
— Eu também estou apaixonada por você. — Paixão não é amor, mas é um meio caminho
para dizer que o amo.
— Você é tão linda. — Ele passa a mão pelo meu rosto e vejo suas pupilas dilatadas,
refletindo o mesmo desejo que está em mim.
— Você é especial. — Ele me beija e me deita na cama com delicadeza.
Eu sei que nunca quis chegar nesse ponto com o Ryan, mas com o Dylan é diferente, ele me
passa uma grande tranquilidade, e a insegurança está indo embora. Tudo que sei é que o quero. Se
não der certo não importa, pelo menos serei feliz por algum tempo.
Ele beija meu pescoço, acaricia minhas coxas, e sinto que estou perto de explodir, nunca senti
— Tudo bem. — falo entre um suspiro desesperado. Ele beija meus lábios suavemente, mas
depois o beijo se torna mais intenso. Meu vestido deixa meu corpo e não sinto mais vergonha.
Dessa vez, tiro sua camisa.
Logo nossos corpos nus estão grudados, e quero muito ser dele. Ele me olha com desejo, à
procura de uma recusa, mas apenas balanço a cabeça, dizendo que é isso que quero.
Não sinto dor, sinto apenas o desejo sendo transformado em amor. Isso é bom, verdadeiro e
me sinto uma mulher, feliz e completa. Ele é todo carinhoso, sussurrando palavras de carinho, e
isso me deixa mais alerta e viva. Ele me ama, posso sentir isso.
Nossos corpos se movimentam em um ritmo desesperado e perfeito, somos apenas dois
corpos em busca de expansão, em busca de saciar o desejo que nos domina. Quando chegamos ao
ápice do desejo, nossos corpos explodem, para depois nos acalmarmos em um momento leve.
Dylan acaricia meus cabelos e me olha, preocupado, ainda com a respiração pesada. Me sinto
um pouco dolorida, mas é gostoso e me deixa feliz.
— Não precisa, acabei de conhecer todo o seu corpo, aliás, que bela pinta você tem no
bumbum. — Ele diz, e coro.
— Dylan!
— Somos um casal, agora temos intimidade, Lívia, quero que se sinta à vontade comigo.
— Vou tentar.
— Espere um momento. — Ele levanta da cama e caminha até o banheiro. — Tem um pouco
de sangue em você, eu vou limpar. — Ele diz voltando com uma toalha umedecida.
— Não precisa. — digo fechando minhas pernas.
— Eu insisto em fazer isso, foi um momento maravilhoso e eu vou cuidar de você. — Ele
abre as minhas pernas e sinto um alívio quando ele passa a toalha na minha parte íntima. — Está
melhor?
— Sim, obrigada. — agradeço e ele beija meus lábios.
— Agora vamos tomar banho. — Ele se levanta e estende a mão. Fico relutante em aceitar,
mas afinal acabamos de nos tonar íntimos, então seguro sua mão e ele me puxa para seus braços.
— Está feliz? — Ele ainda está preocupado.
— Muito. — Ele me dá um grande sorriso e me faz lembrar aquele médico insuportável que
tentou brincar comigo, mas não dei muita confiança. Lembro da sua expressão ao pegar o
resultado e tentar debochar, falando que estava grávida. O cortei falando que não tenho a mesma
sorte que Maria. Essa recordação me faz lembrar que eu não tomo remédio e, ai, meu Deus! Tenho
que conversar com a minha mãe.
— Por que está com essa expressão de dúvida no rosto? — Dylan me pergunta, e tento mudar
a expressão.
— Só estou pensando. — minto, e ele segue me olhando sem acreditar.
— Quer compartilhar seus pensamentos comigo?
— Não é importante. — digo, e ele parece aborrecido.
— Tudo que vem de você é importante. — Ele diz, e não acho certo mentir, prometemos ser
isso.
— Já ouvi falar dessas pílulas, a Triny já usou algumas vezes. — aviso, me lembrando da
minha irmã que sempre tomava o remédio em hora errada e acabava sempre tomando uma dessas
pílulas.
— Se tomar essas pílulas muitas vezes, pode chegar a causar infertilidade. — Ele me avisa.
— Então, acho melhor consultar a ginecologista, mas vou usar a pílula só uma vez.
— Tudo bem, amanhã eu compro. — Ele beija meus lábios e me puxa para o banheiro.
— Ter um namorado médico é tão bom. — digo me sentindo mais relaxada. Beijo seus lábios.
— Vamos só tomar banho, sei que foi tudo lindo e romântico, mas sei que estar um pouco
colocado uma grande prateleira de livros, como a que tem no meu quarto.
Caminho até a porta ao lado do banheiro. Sou a namorada dele, então posso andar pelo seu
quarto. Abro a porta e dou de cara com um enorme closet, ainda sem roupas. Entro e vejo uma
grande claridade no final, caminho e me surpreendo ao ver uma estreita parede de vidro, através
dela eu vejo um pouco de Boston, iluminada.
— Apreciando a vista? — Dylan pergunta, me abraçando.
— Sim, esse apartamento é cheio de surpresas. Tem mais algum lugar que queira me mostrar?
— pergunto, me virando.
— Sim, bem ali. — Ele aponta uma porta. — Mas esse lugar eu te mostro outra hora, precisa
vestir uma roupa, ou essa toalha vai deixar seu corpo em segundos. — Ele dá um sorriso malicioso
e coro.
Caminhamos de volta para o quarto, vejo minha bolsa na cama e ao lado roupas que não são
minhas.
— Cadê as minhas roupas? — pergunto, enquanto pego a minha bolsa e procuro o telefone.
Preciso avisar à minha mãe.
— Minha mãe levou para lavar. — Ele avisa, como se fosse a coisa mais simples do mundo.
— Não, né, mas a Luara tem certeza que um dia alguém vai criar.
— Tudo é possível. Agora vista a roupa, vou buscar suco para você. — Ele avisa e sai. Tem
até um conjunto de lingerie que cabe perfeitamente em meu corpo, a minha madrinha pensou em
tudo. Visto um dos vestidos que ela comprou, mando uma mensagem para a minha mãe e sento na
cama.
— Aqui tem uma roupa bem confortável. — Ele surge com um copo de suco e uma roupa na
mão.
— Estou bem com essa. — aviso, guardando o celular.
— Queria ver a minha namorada com a minha roupa. — Ele se finge de ofendido e pego a
roupa da mão dele. — Vai ficar uma graça em você.
— Duvido muito.
Vou até o banheiro e visto o moletom que cabe perfeitamente em mim, só a calça que fica um
pouco grande. Volto para o quarto e o Dylan dá um sorriso animado.
— Nossa! Não ficou tão fofo assim, você é quase do meu tamanho. — Ele diz e me estende o
copo de suco.
— Para você ver, sou bem grande.
— Mas gosto de te ver com a minha roupa.
Dou um sorriso e bebo o suco de limão, que está uma delícia.
— Está uma delícia! — coloco o copo na cômoda e sento ao lado dele.
— Obrigado, eu que fiz. — Ele diz, orgulhoso. — Agora vamos dormir. — Ele deita na cama
e me puxa para os seus braços.
O corpo dele é um pouco musculoso, mas não em excesso, e acho ele perfeito.
— Essa noite foi muito especial. — conto, olhando nos seus olhos.
— Muito especial, e todos os dias vão ser assim. — Ele beija minha cabeça.
— Tudo bem. — Ele me abraça e sinto sua respiração no meu pescoço. Quero todos os dias
dormir assim.
Eu quero sempre estar com Dylan, ele é o homem que amo, essa noite só prova que estou
fazendo a coisa certa. Hoje eu posso dizer que estou na minha plenitude da felicidade e do amor.
Capítulo 23
Dylan
Acordar ao lado da minha namorada é a melhor sensação do mundo. Seu rosto angelical
repousa sobre o meu peito, e isso me causa uma sensação espetacular. Mesmo não querendo me
afastar dela nesse momento, preciso fazer o melhor café da manhã, quero que o dia dela seja o
melhor de todos.
Afasto-a do meu peito. Ela resmunga, mas não acorda. Dou um beijo em sua testa e sigo para
o banheiro.
Vou até uma padaria próximo ao prédio e compro pães, mesmo amando os de amendoins não
os compro, sei o quanto o amendoim faz mal a Lívia. Passo na farmácia e compro a pílula do dia
seguinte. Não me importaria em ter um filho com a Lívia, mas ela é muito nova e não quer isso
agora.
Quando chego ao meu apartamento ainda está silencioso, então, sigo para a cozinha e faço o
melhor café que um homem de vinte e sete anos pode fazer. Claro que liguei várias vezes para a
minha mãe, também liguei para Luara e pedi para ela me ajudar com a segunda surpresa do dia.
Subo para o quarto, onde a Lívia ainda está em um sono profundo. Sento na cama e analiso a
minha namorada. Por que ainda não disse que a amo? Eu não sou tão covarde assim, mas tenho
medo que ela fuja de mim.
— Bom dia, minha LLC. — Beijo seus lábios e ela resmunga, mas abre os olhos já com um
sorriso.
— Bom dia, Dr. Insuportável. — Ela me olha, feliz.
— Está na hora de levantar, hoje vamos passear muito. — aviso, beijando sua bochecha.
— Sabia que estou adorando isso?
— Sabia que você é linda? — beijo seus lábios e sinto meu corpo arrepiar.
— E você é bem gostoso, adorei a noite de ontem. — Ela conta e me dá um sorriso de menina
levada.
— Podemos repetir agora. — digo ao seu ouvido e sinto seu corpo estremecer.
— Dylan! — Meu nome sai em um suspiro da sua boca, anunciando seu orgasmo.
— Lívia! — beijo seus lábios e me entrego juntamente a ela. Ela deita sua cabeça sobre o
meu peito, e entendo que esse é o seu lugar preferido.
— Foi perfeito. — Ela diz, e sinto seu corpo relaxar.
— Muito perfeito! — beijo sua cabeça.
— Agora vamos levantar. — Ela diz se pondo em pé. Sem mais timidez, ela anda em direção
ao banheiro. Ver o seu corpo nu me atiça outra vez.
— Você vem? — Ela pergunta; não penso duas vezes.
— Nem preciso pensar. — deixo a cama e corro para o banheiro.
Novamente nos entregamos e somos perfeitos juntos. Quando descemos já passa das dez, mas
ela está feliz, e isso que importa. Tomamos café entre beijos. Enquanto Lívia vai se arrumar e
tomar a pílula, organizo o apartamento e me sento no sofá.
— Podemos ir. — Lívia desce com um vestido rosa, simples. Linda, mesmo sem maquiagem.
— Está linda! — elogio e seguro sua mão.
— Obrigada. — Ela agradece e me dá um beijo leve. Saímos de mãos dadas do apartamento.
— Lívia! — Escuto uma voz feminina e desconhecida.
— Valerie! Karl. — Lívia diz e caminha em direção a um jovem casal que eu nunca vi na
vida.
— Então a ideia da serenata deu certo? — O homem pergunta, enquanto Lívia beija o rosto da
— Não precisei fazer isso, mas obrigada pela dica. — Ela beija o rosto do homem e se volta
para mim. — Esse é o meu namorado. — Caminho até ela e estendo a mão para o homem.
— Dylan Knowles.
— Karl Turner. — Ele aperta minha mão, e noto seu sotaque britânico.
— Nome de um filósofo e sobrenome de um personagem. — comento, e ele me olha sem
entender.
— Entendi.
— Então, Dylan, esse foi o casal que conheci ontem, pelo jeito eles moram no mesmo andar
que você. — Lívia diz e agora entendo por que nunca os vi na vida, são novos aqui.
— Sejam bem-vindos.
— Obrigada, Dylan, sua namorada é muito gentil. — Valerie comenta e Lívia dá um sorriso
gentil.
— Lívia é especial.
— Nem tanto, ela fez o Karl adotar um tubarão. — Valerie diz, séria.
— A Lívia tem medo de baleia.
— Eu também. — Karl diz e dou uma risada.
— Como se chama seu bebê? — Lívia pergunta ao Karl, e não entendo por que ela chama
aquilo de bebê.
— Rambo. — Ele diz, e sinto alívio por não ser nada tão delicado igual ao da Lívia.
— Credo! Nome selvagem, o meu se chama Cheiroso. — Lívia conta e eles a olham,
espantados.
— Sua namorada tem problema. — Valerie ri e puxa o marido para longe.
— Muito. — brinco, e Lívia me olha com raiva.
— Dylan, foi um prazer, nos vemos por aí, cara. — Karl acena e abraça a mulher.
— Moro nesse apartamento, qualquer coisa apareçam! — grito e eles acenam, entrando no
elevador.
— Eu tenho problema? — Lívia pergunta, ainda me encarando, brava.
— Você é linda e carinhosa, totalmente uma LLC. — digo e a puxo para os meus braços.
— Sorte sua, que eu sou sua namorada. — Ela diz e vejo que estamos avançando nas
— Que bom.
Vamos conversando, ela fala que está um pouco ansiosa por amanhã ser seu primeiro dia de
trabalho na Kendall. A deixo bem confortável, falando que nos primeiros dias serão de
treinamentos.
Ela troca mensagens com a Triny, que está chegando da casa dos avós, e depois fica
pensativa. Sei que ela sente medo da irmã a abandonar, mas isso nunca vai acontecer.
Quando paro o carro, ela ainda está compenetrada. Desço do carro e ela faz o mesmo. Ingrata,
nem me deixa ser o cavalheiro que minha mãe ensinou.
— Lívia, você está bem? — pergunto, abraçando-a.
— Sim, a Triny acabou de chegar. — Ela conta.
— E isso é bom? — pergunto, passando a mão nos seus cabelos.
— Sim.
— Então, vamos. — Ela afirma e olha ao redor, e seus olhos brilham.
— Você me trouxe a um parque de diversão? — Ela pergunta, atravessando a rua em direção
ao parque.
— Sim.
— Você é o melhor namorado do mundo. — Ela me abraça.
— Você merece, me faz lembrar aquela menina debochada que entrou na minha sala e parecia
ter doze anos. — conto e beijo sua testa, no meio da rua.
— E você ainda é o mesmo insuportável.
— Obrigado! — voltamos a caminhar.
Pago os ingressos e ela não discute isso, está muito animada. Não sabia que gostava de
parque, ela parece uma garotinha de cinco anos, e quando entramos ela fica querendo ir em todos
brinquedos de uma vez.
Depois que vamos em meia dúzia de brinquedos, sentamos em uma das mesas espalhadas
pelo parque e ela pede um sorvete de limão. Eu apenas bebo uma água.
— Lívia? — escuto uma voz masculina e me viro na direção dela, dando de cara com Ryan
caminhando na nossa direção, de mãos dadas com uma garota.
— Ryan. — Lívia levanta e o abraça. Sinto-me incomodado, por que ela ainda conversa com
uma pessoa que a magoou?
— Lívia, essa é minha namorada, Amanda. — Ele aponta a menina, que é magrinha e
pequena.
— Muito bem, mas fique tranquilo, você está indo pelo caminho certo.
— Graças a Lívia. — Ele diz e dá um sorriso para a Lívia, que retribui, contente. Ele acena e
a namorada faz o mesmo. Quando eles estão distantes, me sento e olho para a Lívia.
— Que história é essa? — pergunto, bebendo um pouco de água.
— Não sinto raiva dele, somos amigos, ele mudou, ou pelo menos eu acho. — Ela diz, vindo
sentar no meu colo. Nossa, quanto avanço, estamos em público e ela não sente vergonha.
— Mesmo assim, ele é um imbecil provocador. — Seguro sua cintura e ela me beija. — Vem,
quero te levar a um lugar. — Tiro-a do meu colo e pego na sua mão.
Saímos do parque e sinto o ar frio no meu rosto. Os cabelos de Lívia voam e ela dá um sorriso
animado. Se ela soubesse o que estou guardando para ela, não tiraria esse sorriso da boca.
Seguimos pela avenida e ela me olha, esperando que eu conte aonde vamos, mas fico calado,
apenas me concentrando na rua. Quando chegamos próximo ao prédio onde ela morava, ela me
olha ainda mais feliz.
— Surpresa! E fique no carro, deixe que abro a porta. — peço, e ela apenas concorda, ainda
impressionada. Dou a volta no carro e o abro, pego sua mão e ela sai saltitando. Caminhamos para
o prédio e o segurança nos da passagem, cumprimentando Lívia. Quando pegamos o elevador para
o seu apartamento, ela segura minha mão com força, a ponto de ela doer, mas quando estamos em
frente à porta, já nem sinto nada.
Abro a porta, que a Luara deixou destrancada, e dou passagem para ela entrar. A sala está
normal, ela não fez o mesmo que a minha mãe.
— Dylan, o que viemos fazer aqui? — Ela pergunta, olhando os móveis que estão cobertos
para os proteger da poeira.
— Porque esse é o segundo melhor lugar, foi aqui que te pedi em namoro, então queria vir
comemorar a minha conquista, por ter uma mulher tão maravilhosa como você. Ontem fizemos
amor pela primeira vez, eu queria que fosse onde um dia construiremos nossa família, mas aqui
foi onde você aceitou ser minha linda namorada. — Toco seu rosto, a sentindo suspirar. Uma
— E eu por você. — declaro. Quero dizer que a amo, mas me controlo e apenas a beijo. Ela
corresponde e a pego no colo.
Vejo um caminho de flores, e tudo indica que esse é o quarto que devemos ir. Caminho com
ela em meus braços, ela me ajuda abrindo a porta. Está tudo enfeitado com flores, na mesa tem
— Então, vamos. — Ela segue para o banheiro e eu vou atrás, tomamos somente banho,
coisa.
— O que foi? — pergunto, a puxando para os meus braços.
— Vou para casa, estou procurando um táxi. — Ela diz, beijando meu rosto.
— Ainda está cedo, vamos subir. — Não quero me separar dela agora. Acho que nunca mais
não vai gostar, e ela não é da família. — Ela diz, caminhando de volta para o sofá.
— Eles são namorados e Lívia é da família, sim. Venha, Lívia, sente-se aqui comigo. —
Minha mãe convida a minha namorada, que vai de bom agrado.
— Tudo bem, sente-se, Dylan, pois vou soltar a bomba. — Kath avisa e a ignoro, fechando a
porta e ficando em pé ao lado da minha namorada.
— Então, Kath, pode começar. — Meu pai pede a ela, que volta a chorar.
— Eu... Eu estou grávida. — Ela soluça, mas solta a sua bomba.
— Dylan, eu já estou indo. — Lívia se levanta. Sei que está chateada, mas não posso fazer
nada, isso aconteceu há quatro meses.
— Fique mais, Lívia. — Meu pai pede.
— Padrinho, não faço parte disso. — Ela diz, beijando o rosto do meu pai.
— Bom que você sabe disso. — Kath diz, e meu pai olha para ela com raiva.
— Kath! Você pode estar grávida do Dylan, mas a casa é minha.
— Desculpe. — Ela pede, envergonhada e volta a soluçar. Minha mãe volta com um copo de
água e entrega a ela.
— Eu vou esperar vocês conversarem, Dylan, sabe onde me encontrar. — Lívia diz e beija o
rosto da minha mãe.
— Quer saber a verdade? Porque eu a amo de um jeito que eu nunca amei você! — esbravejo,
tudo que quero é correr para a minha LLC.
— Dylan, não perca seu tempo discutindo, vá atrás do seu grande amor. — Meu pai me alerta,
e é isso que vou fazer.
— Katherine, depois vamos conversar sobre o teste, já que está com quatro meses já pode
fazer. — comunico, já abrindo a porta.
— Dylan? Precisamos conversar! — Ela grita, mas não quero ouvir mais nada. Pego o
elevador e saio correndo em direção ao meu carro, preciso dizer a Lívia que a amo.
Depois de dez minutos, paro o carro em frente à mansão Carter, toco a campainha e Marta
atende toda contente.
— Dylan? — Ela está surpresa.
— Preciso ver a Lívia.
— Ela não chegou ainda, pensei que estivesse com você. — Ela diz e me olha, preocupada. —
Vocês brigaram?
— Não, Marta, se ela aparecer por aqui, avisa que preciso conversar com ela. — Beijo o rosto
de Marta e saio correndo. Pensei que ela iria vir para casa dela, não sei onde ela está, mas preciso
vê-la urgentemente, então, vou procurá-la por essas ruas até conseguir falar com a minha LLC. Só
quero dizer que a amo e que mesmo sendo o pai desse bebê, vou continuar com ela, não importa o
que aconteça, eu sempre vou amá-la.
Capítulo 24
Lívia
Quando fecho a porta atrás de mim, não consigo controlar as lágrimas, elas descem sem
parar. Entro no elevador, minha vista está embaçada.
Quando abro a porta do apartamento do Dylan, a dor toma meu corpo e me arrasto até o sofá.
Eu pensei que uma felicidade momentânea seria bom para mim, mas quero mais, eu preciso de
mais.
— Por favor, Dylan, não me abandone, eu te amo! — grito, e meu coração dói. Estou sentindo
a pior dor que alguém possa sentir. Eu não sei o que aconteceu comigo, mas preciso daquele
insuportável na minha vida.
— Eu fico com você mesmo que aquele bebê seja seu, eu suporto a Katherine, mas não posso
me afastar de você. — As lágrimas molham meu vestido e não me importo, só quero Dylan aqui
comigo. Está na hora de ser feliz e não se preocupar tanto com as pessoas, se todo mundo pode ser
feliz, eu também posso. Minhas pálpebras pesam, e não vejo mais nada.
está chorando.
— Lívia, eu te amo. — Ele conta e sinto meu coração acelerar. Ele me ama. — Eu sei que
está cedo, mas preciso dizer isso. Eu te amo, você é a mulher da minha vida, não me abandone
porque vou ter um filho com outra mulher. Eu vou criá-lo, mas não quero que me deixe. — Ele
implora, mas não ligo para isso, estou tão feliz por ser amada por ele.
Beijo seus lábios, e isso me traz paz e esperança. Posso conviver com isso, não vou deixar a
Katherine estragar essa coisa que estamos construindo.
— Eu te amo! — conto quando ele se afasta. — Você vai criar o seu filho, eu vou te dar todo
apoio e vamos ser felizes. — Beijo seus lábios e limpo as lágrimas que ainda caem.
— Eu te amo, Lívia, você acredita em mim? — Ele pergunta, segurando o meu rosto e me
encarando à procura da resposta.
— Dylan, eu também te amo, não existe mais aquela insegurança, eu confio em você. — Dou
um sorriso e ele me pega no colo.
— Você me ama! — Ele diz, surpreso, e dá um grande sorriso.
— E você me ama! — Beijo seu rosto e ele sobe as escadas comigo no colo. Entramos no
quarto e ele me coloca na cama com muito cuidado.
Mais uma vez nos entregamos ao desejo. É como das outras vezes, mas agora nos amamos da
mesma forma e com muita intensidade e desejo. Tomamos banho e não cessamos os nossos
carinhos, eu sou dele por inteiro, o amo de corpo e alma.
Quando deito na cama, ele me abraça apertado.
— Te amo. Não me abandone, nesse momento eu preciso de você!
Cada momento que ele fala “te amo”, meu coração quer saltar pela boca. Nunca senti esse
sentimento, mas é especial e delicioso.
— Sempre estarei ao seu lado.
Dormimos agarrados. Ele me procura a noite toda, não quero que ele fique assim, nunca vou o
abandonar. Quando acordamos, ele repete várias vezes que me ama e pede para não o abandonar.
— Apenas uma mensagem dizendo que estava bem e com o Dylan? — Minha mãe questiona
e reviro os olhos.
— Passei momentos maravilhosos, tenho certeza que vocês não querem detalhes. — Beijo
meu pai e faço o mesmo com a minha mãe.
— Katherine veio aqui. — Meu pai avisa.
— A cobra já começou a soltar o veneno! — resmungo, sentando do lado da minha mãe.
— Então, agarre-o e seja forte. — Minha mãe me aconselha. — Você sabe que vai surgir
muito impedimento, mas se vocês se amam, lutem para ficarem juntos.
— Sabia que são os melhores pais do mundo? — Abraço os dois ao mesmo tempo e eles me
beijam.
— Te amo, filha. — Meu pai beija minha testa.
— Agora vá se arrumar, ou vai chegar atrasada no seu primeiro dia de trabalho. — Minha
mãe alerta e corro para o meu quarto.
Durante o trajeto até a empresa, conto tudo para a minha irmã Triny, ela me aconselha a não
desistir e lutar pelo meu amor. Na recepção da empresa, há outra recepcionista no lugar da Brenda.
Ela está bem, mas vai ficar uns dias de licença para cuidar da filha. Quando chegamos no quarto
— Pelo menos chegaram na hora certa. — Ela diz, apontando a sala do Dr. Kendall.
— Obrigada. — Triny agradece. Entramos e o Liam se levanta, sorridente.
O dia passa bem, Dylan me manda mensagem falando que a Katherine fez o exame de DNA e
que o resultado sai em duas semanas. Ele me pede para dormir com ele e aceito. Quando saio do
meu trabalho, corro para a casa da minha madrinha. O Dylan ainda não saiu do hospital. Toco a
campainha e minha madrinha abre a porta com um grande sorriso.
— Entre, minha querida. — Ela beija meu rosto e me dá passagem.
— Cheiro de comida. — digo.
— Venha se alimentar, enquanto isso conversamos.
Caminhamos para a cozinha, ela me serve uma sopa deliciosa e depois senta do meu lado.
— Está uma delícia.
— Filha! Não quero que você deixe o Dylan, ele te ama. — Ela conta e não quero que todos
O celular dele toca e ele me coloca no chão, pega o celular do bolso e o olha, confuso.
— É a Kath. — Ele diz e sinto um pouco de ciúmes.
— Tenho que buscar a Kath, ela passou mal e está no hospital. — Ele conta e fico
decepcionada, mas escondo isso. Ela já está começando, mas vou ser forte.
— Tudo bem. — Dou um sorriso e sento no sofá.
— Vamos comigo, sei que é constrangedor, mas ela está carregando meu filho. — Ele pede
educadamente, e mesmo querendo ficar aqui chorando, eu me levanto e estendo a mão para ele.
Quando chegamos ao hospital, Jimmy está ao lado dela na recepção. Ela me olha com cara
feia, mas a ignoro.
— Dylan. — Ela corre e o abraça da mesma maneira que abraçou quando a encontramos na
casa dos meus padrinhos. Engulo os ciúmes e Jimmy me cumprimenta com um beijo no rosto.
situação.
Caminhamos para o carro e não digo uma palavra. Ela fica falando do exame de DNA que o
meu padrinho não podia ter pedido e vários tipos de coisas. Passamos no apartamento dela, que
pega várias roupas, até parece que vai se mudar totalmente para a casa dos meus padrinhos.
Quando chegamos, ela se sente em casa e isso me causa mais raiva.
— Mãe! Já estou indo, qualquer coisa me ligue. — Dylan beija a mãe e pega na minha mão.
— Boa noite, filho, boa noite, minha linda. — Ela beija meu rosto e caminhamos para a porta.
— Dylan, volte cedo, preciso que me ajude em algumas dúvidas sobre a gravidez. —
Katherine pede.
— Eu não moro aqui, qualquer dúvida ligue para o Jimmy, ele também é médico e vai te
estar com ele, e mesmo querendo não ficar nesse momento de pais, eu vou.
— Lívia, você ouviu o que eu disse? — Tia Jadila pergunta, analisando alguns papéis na
minha mesa.
— Você tem o melhor chefe. — Ela conta com brilhos nos olhos. Aí tem coisa.
Ajeito minha roupa de executiva e sigo para a sala do Liam, que me proibiu de chamá-lo de
Dr. Kendall. Adelle me olha, emburrada, ela sempre está assim. Bato na porta e escuto um entre.
— Oi, você queria falar comigo? — pergunto, entrando.
— Sim, sente-se. — Ele convida e me sento em uma das cadeiras à sua frente. — Quero te
parabenizar pelo o seu desempenho, você e a sua irmã estão se saindo muito bem.
— Obrigada pela oportunidade.
— Vocês mereceram, mas quero tratar de outra coisa. Você sabe que vou abrir uma nova filial
em Londres. — Ele começa e presto atenção em tudo. — Então, queria que você fosse o meu
intercâmbio, juntamente com o Benjamin, ele está de férias e irá viajar para Londres. — Ele diz,
mas não posso aceitar.
— Obrigada, mas sei que tem vários advogados melhores que eu. — agradeço, mas não é por
isso que não posso ir, eu não quero ficar longe do Dylan.
— Aconselho a pensar melhor, você ainda tem alguns dias. — Ele me aconselha.
— Tudo bem. — Vou o esperar me procurar e falar que ainda não estou interessada.
— Aguardarei sua resposta. — Ele anuncia e se levanta.
Volto para minha sala. Não me interesso na oferta, mas fico preocupada com o que vai
acontecer hoje à tarde. Tia Jadila me ajuda com alguns casos, e quando o Dylan vem me buscar,
ele está bem animado, afinal, ele será pai.
Chegamos ao hospital, cumprimento a Micheli que já está bem mais animada e com um
barrigão e vou até a sala da minha mãe. Ficamos conversando um pouco, depois volto para perto
do Dylan, e a Katherine está ao seu lado, sua barriga já está com uma pequena saliência, mas por
ultrassonografia vamos os três, a médica me deixa entrar porque sou filha dos chefes.
Katherine veste uma roupa especialmente para a ultrassonografia, não entendo direito essas
coisas de médicos. Ela deita e a médica passa algum tipo de gel na barriga, depois pega o aparelho
e começa a passar sobre a barriga dela. Escutamos um som bem forte e repetitivo, e Dylan me dá
um grande sorriso.
— O coração. — A médica explica como se não soubéssemos. — Está ótimo.
— Ouviu, Dylan, o coração do nosso bebê? — Katherine pergunta e lágrimas saem dos seus
olhos.
— Sim. — Ele responde, seco, e acho que se não estivesse aqui, ele estaria mais à vontade.
— Ele gostou de você. — Katherine conta a ele, e os dois riem. — Beija ele. — Ela pede, e
de ser muito.
— Três meses, mas passa rápido.
— Tudo bem, meu irmão mora lá e eu ficarei com ele, no dia que o Benjamin estiver em
Londres me informe. — peço.
— Tudo bem, que dia quer ir? — Ele pergunta. Se pudesse, iria agora mesmo.
— Quanto mais rápido, melhor.
— Adelle irá reservar sua passagem para daqui a três horas. — Ele diz. Nossa, quanta
rapidez, acho melhor assim.
— Obrigada. — agradeço e desligo.
— Vou sentir saudades. — Triny me abraça, chorando, e as lágrimas voltam.
— Eu também. — Luara também nos abraça e ficamos as três chorando.
— Meninas? Posso conversar com a Lívia? — Escuto a voz do Dylan, e as meninas se
afastam de mim.
mágico.
— Lívia, amo você. — Ele diz, passando a mão sobre o meu cabelo.
— Te amo, meu amor. — Passo a mão pela sua barba e ele fecha os olhos.
— Precisa ir mesmo? — Ele pergunta, me encarando.
— Sim.
— Me conte, para onde você vai? — Ele pede, mas não posso.
— Acho melhor não, eu vou voltar e espero que esteja me esperando.
— Sempre. Eu te amo.
— Também te amo.
Nossa despedida é somente choro. Ele deixa minha casa prometendo me encontrar aonde quer
— Dylan, eu te amo, vou voltar por você, mas preciso desse momento e você também! —
digo em voz alta e meu coração dói.
Por favor, não me esqueça, eu vou voltar. Não me abandone. Você é o homem da minha vida.
Você é tudo que quero.
Capítulo 25
David
Recebo uma mensagem da Trinity pedindo para ir à sua casa. Não penso duas vezes, gosto
muito de ficar com ela. Nem passo em casa, sigo correndo para a casa dos meus chefes.
Gosto muito da Triny, ela é uma pessoa divertida e carinhosa, nesses dois meses que estamos
namorando aprendi a admirá-la a cada dia.
Paro o carro ao lado do carro do Dylan, que só vive aqui e depois fala que sou eu. Toco a
campainha e Luara atende, chorando.
— Por que você está chorando, Branca de Neve? — pergunto, a abraçando.
— Hoje eu não posso ser a Branca de Neve, não consegui salvar nada. — Ela diz, entre
lágrimas.
— Marta, por favor, leve a Luara para o quarto dela. — Ouço a voz da Triny, e ela não tem
mais aquela voz doce.
— Vem, menina. — Marta puxa Luara, que ainda chora. Adoraria saber por que está assim.
— Por quê?
— Porque eu não quero sofrer o que a minha irmã está sofrendo! — Ela grita, e a encaro,
surpreso. Nunca vi a Triny gritar.
Não entendo, mas vou respeitar se ela não me quer; paciência, estou triste, mas vou ficar bem.
Ando pelo quarto, impaciente, e meus olhos recaem em uma carta em cima do criado-mudo,
com o logotipo da Universidade de Oxford. Pego, já sabendo o que me aguarda. Abro, e quando
leio o conteúdo me sinto aliviado. Fui aceito para fazer especialização na área criminal, uma
grande oportunidade para ficar bem longe da Trinity. Desço para a sala e encontro meu irmão no
sofá, chorando feito um garoto.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto, passando a mão sobre o seu cabelo.
— A Lívia me deixou, mesmo tendo prometido que nunca ia me abandonar. — Ele fala, entre
lágrimas. Não parece o meu irmão mais velho.
— A Triny também, mas por que elas estão fazendo isso?
— Não sei. A Lívia vai ficar três meses fora e não me disse para onde vai. — Ele limpa as
lágrimas.
— Vou descobrir, mas antes quero te contar uma coisa. — Mostro o papel para ele, que me dá
um grande sorriso.
— Passou em Oxford? — Ele pergunta, se levantando.
— Sim, daqui a dois meses vou para a Inglaterra. — conto, e ele me abraça.
— E a Triny? — Ele pergunta.
— Ela terminou comigo, não vou correr atrás dela. — dou de ombros.
— Eu amo a Lívia, preciso dela. — Ele encosta a cabeça no meu ombro e volta a chorar.
— Dylan, vira homem, vou te ajudar. — Passo a mão pelo seu ombro.
— Tudo bem. — Ele se afasta de mim e caminha para fora do apartamento. Sento no sofá,
meus pensamentos indo em direção a Triny. Gosto dela, mas se ela prefere assim, não posso fazer
nada.
Um mês passa rápido.
Dylan chega de mais um plantão e se tranca no seu apartamento. Não consegui descobrir onde
está a Lívia, ninguém me diz nada e nem o Jaden sabe onde ela está.
Vou para o trabalho e quero que chegue logo o dia da minha viagem. Passo o dia todo na
minha sala, preciso resolver alguns casos do hospital. Quando saio da minha sala sigo para a
recepção, pego o resultado do teste de paternidade e sigo para a casa da Ashley. Toco a campainha,
e a porta é aberta por ela, que quando me vê, dá um grande sorriso.
— Entra, David. — Ela beija meu rosto e me dá passagem. Diferente da Kath, a barriga da
Ashley está um pouco grande, ela está com quase seis meses.
— O resultado. — tiro o envelope do meu bolso e entrego a ela.
— Ah, sim. — Ela o pega da minha mão, abre, lê e depois me olha, pensativa. — Como eu
havia dito, você é o pai. — Ela conta e me entrega o papel, chateada.
— Agora temos a comprovação exata. — digo e a abraço.
— Vamos ser pais. — Ela diz, limpando uma lágrima dos seus olhos.
—Sim. — Estou feliz. Mesmo sentindo falta da Triny, esse bebê vai me trazer paz.
— Vou fazer a ultrassonografia amanhã, se você quiser, pode ir. — Ela me avisa.
— Claro que eu vou.
— Tudo bem, amanhã, às oito. — Ela diz, feliz, e gosto de vê-la assim.
— Tenho que ir, preciso conversar com meu irmão.
— Nada da Lívia? — Ela pergunta, ajeitando os cabelos loiros.
— Não. Às vezes ela manda mensagem para a minha mãe, dizendo que está bem, e temos que
nos contentar com isso.
— Lívia sempre foi uma garota complicada.
— Amanhã falo com ela. Notícias da Lívia? — pergunto ao meu irmão, que apenas nega com
comigo.
— Ele nunca vai esquecê-la.
— Vai, sim, ele tem um filho e a mim. — Ela diz, com raiva.
— Sonhar não custa nada. — Me levanto e a deixo na sala sozinha.
Não gosto muito da Katherine, ela só vive falando mal da Lívia e isso me deixa com raiva,
não brigo com ela porque está gravida.
Vou para o meu quarto, e a Triny vem à minha cabeça. Por que ela desistiu tão fácil assim da
gente? Nem me procurou mais. Bem, o melhor é seguir em frente mesmo, ir fazer minha
especialização e esquecer tudo.
Quando encontro a Ashley, no dia seguinte, ela está ansiosa. Entramos na sala de exames e a
espero vestir a roupa apropriada. Ela volta com uma roupa hospitalar e com um grande sorriso no
rosto, deita na cama e a médica passa um gel sobre a sua barriga.
— Então, vamos descobrir o que esse bebê é. — Ela passa o aparelho sobre a barriga da
Ashley e ela aponta na tela um borrão que não consigo ver, se fosse o Dylan já saberia o sexo.
— Então, doutora? — Ashley pergunta, ansiosa.
— É uma menina. — A médica conta, e Ashley começa a chorar.
— Vamos ter uma menininha. — Ela me chama com a mão e sigo até ela.
— Sim, uma linda menina. — beijo sua testa e limpo suas lágrimas. Depois que a médica
passa tudo sobre alimentação, vitaminas e cuidados, saímos da sala, felizes.
— Meus pais vão ficar muito felizes. — Ela me conta, e pelo jeito que fala só os pais vão
ficar felizes, ela às vezes dá a entender que não quer a criança.
— Os meus também, prometo sempre te ligar para perguntar dela.
— Você vai mesmo? — Ela pergunta, tocando meu rosto.
— Tudo bem. — Ela beija meu rosto, e quando me afasto, vejo Triny vindo em nossa direção.
— Oi, Trinity. — A cumprimento.
assusta.
— Quer me matar do coração? — Ela pergunta, com a mão na boca.
— Desculpa, você está bem? — pergunto, e ela dá um sorriso que não alcança seus olhos.
— Sim, e você, já sabe o sexo do bebê?
— Sim, é uma menina, descobri hoje.
— Que bom. — Ela me dá um sorriso.
— Triny, vou viajar. — conto, e ela me olha com tristeza.
— Por quê? — Ela pergunta com a voz doce, não parece a mesma que terminou.
— Vou fazer minha especialização, passei em Oxford e é uma grande oportunidade. Não tem
mais nada que me prenda aqui. — conto e seguro sua mão. Por que ela não diz que ainda me quer?
Só que tem medo.
— E sua filha? — Ela puxa sua mão e lágrimas começam a sair.
— Minha filha vai ficar bem.
— Então, boa sorte. — Ela se vira, mas antes de se afastar, a puxo e beijo seus lábios.
— Uma despedida com direito a beijo. — digo, e ela dá um sorriso que faz meu coração pular
de alegria.
— Você é especial. — Ela beija meu rosto e a abraço apertado.
— Triny, onde está a Lívia? Meu irmão está sofrendo muito. — Preciso tentar uma última
vez.
— Você acha que a Lívia não está sofrendo? Pois está, ela só consegue dormir com calmantes
e chora a noite toda. — Ela conta com raiva e sinto dó, queria que eles ficassem juntos.
— Então diga onde ela está, meu irmão vai correndo atrás dela. — peço a ela, que nega.
Kath se tornaram amigas e só vivem grudadas, acho bem melhor assim, elas estão grávidas e
devem se entender.
Guardo minhas roupas na mala e saio do quarto. Ficarei dois anos longe, mas vai ser por uma
boa causa, sempre que eu puder volto para o colo dos meus pais.
Minha família me leva até o aeroporto e me sento em uma cadeira enquanto meus pais vão
comprar algo para comer.
— Tem certeza disso? — Dylan me pergunta.
— Sim, esse tempo que eu ficar longe pensarei em tudo, quem sabe um dia eu e a Trinity
possamos tentar novamente.
— Sim, vocês formam um casal legal, dois bobos românticos. — Ele ri e dou um soco no seu
ombro.
— Se eu descobrir algo da Lívia, eu te aviso no mesmo instante.
— Obrigado, estou contando que ela volte logo. — Ele diz.
— David? — escuto a voz da Triny, que se aproxima acompanhada de Luara, e meu coração
reage.
— Trinity! — Me levanto, surpreso. Ela corre e me abraça, e nessa hora aqueles filmes
românticos passam na minha cabeça.
— Eu vim te desejar uma boa viagem. — Ela diz, entre suspiros.
— Obrigado. — Beijo sua testa, mas ela segura meu pescoço e beija meus lábios.
sentimental.
— Cuide mesmo, Branca de Neve. — Me afasto da Triny e abraço a Luara, que quando quer
parece uma cobra querendo dar o bote.
— Sempre. — Luara se afasta de mim e senta ao lado do Dylan, que sempre foi seu amigo.
meu pai e Dylan me olham com orgulho. Estou indo, mas voltarei melhor do que sou agora, e se a
Trinity me quiser, eu lutarei por ela.
Dylan
Meu coração arde de tanta dor. Não consegui descobrir onde a Lívia está, ela só pede para me
avisar que está bem, mas não consigo viver assim. Ela disse que iria ficar três meses fora, já se
passaram dois, e me sinto morrendo por dentro.
Sinto-me destruído, poderia ter impedido, mas como não dar a liberdade que o seu grande
amor está pedindo? Se ela precisa pensar, tudo bem, mas não aguento mais, se ela quiser pode
pensar comigo ao lado.
David está em Oxford há alguns dias, ele está bem e se acostumando, sempre aprendendo
— Dylan, o paciente Bela Adormecida acordou. — Ele diz, se referindo ao paciente que ficou
mais de quatro meses em coma. E percebo que anda conversando muito com a Luara, só ela para
colocar apelido nas pessoas.
— Então, vamos ver seu estado. — Levanto-me, coloco meu jaleco e o sigo pelo corredor do
hospital. Gislaine passa por nós e acena com a cabeça. Ele não a olha, ainda não conseguiu chamá-
la para sair.
Entramos no quarto e encontramos Robert abraçado à sua esposa, que chora
descontroladamente.
— O doutor precisa examinar o paciente. — Emanuel diz e a mulher se afasta, ainda
chorando.
— Então, rapaz, finalmente acordou, hein? — digo, e ele dá um grande sorriso.
— Estava com saudades da minha família. — Robert diz com a voz rouca, deve precisar de
água.
— Emanuel, dê água para ele. — Verifico seu estado e confirmo que daqui a uns dias ele já
poderá ir embora.
— Te amo. — A esposa passa a mão sobre o seu cabelo.
— Te amo. E minha filha? — Ele pergunta, com os olhos brilhando.
— Está com a sua mãe. — A esposa avisa, e ele fica ainda mais feliz.
— Quero vê-la.
— Se tudo correr bem, o senhor pode sair em alguns dias, mas já pode receber visitas.
Depois de terminar de examinar Robert, sigo para minha sala. As próximas horas são de
solidão e me fazem lembrar a Lívia. Preciso dela.
Quando meu plantão acaba, sei que os meus dias de solidão vão começar totalmente. As
minhas férias começam hoje, planejei fazer uma viagem com a Lívia para Londres, mas já que ela
não está aqui, vou ficar todos os dias no meu solitário apartamento esperando por ela.
Theo me convidou há dois meses, ele insistiu muito que eu fosse mesmo sem a Lívia, mas
não quero ir, prefiro ficar aqui mesmo, vai que ela volta e não estou aqui. Katherine ainda está
morando na casa dos meus pais, ela está bem melhor. Sua tia não apareceu nenhuma vez para ver
como está a sobrinha e isso me preocupa, mas não questiono.
Arrumo as minhas coisas e saio da minha sala, durante um mês ela ficará trancada, sentirei
falta.
Ando até o corredor e encontro o Pether e a Trinity, que parece bem melhor.
— Bom dia, Dylan. — Ela me abraça e retribuo o carinho.
— Bom dia, Triny. — aperto a mão do Pether, que me dá um sorriso.
— Dylan, isso é para você. — Ele me avisa e estende o envelope. Pego e me surpreendo, é
— Faz bem. — Trinity me abraça. — Dê um beijo no David por mim. — Ela pede e faço
careta.
— Eca! Vai você dar. — brinco e ela me dá um sorriso.
grávidas são um perigo, ainda mais se acharem que estamos as chamando de gordas.
— Quando o bebê nascer, e pare de me chamar assim. — Ele avisa e ela faz um sinal positivo.
— Não consigo, a Luara entrou na minha cabeça. — Ela ri, e ele revira os olhos.
— Luara, sempre a Luara. Vou ter que levá-la ao psicólogo. — Ele diz e acena, saindo, e
Triny faz o mesmo.
— Boa viagem, Dr. Insuportável. — Micheli me deseja e me faz lembrar a Lívia, foi ela
quem me deu esse apelido. Como eu a amo e sinto sua falta.
— Obrigado. — aceno e saio.
Acho que vai ser legal passar um tempo em outro país, se a Lívia voltar minha mãe me avisa
e volto correndo.
Quando chego à casa da minha mãe, Kath está sentada assistindo televisão, Minha mãe surge
da cozinha, quando escuta a minha chegada.
— Bom dia, filho, fiz seu café. — Minha mãe beija meu rosto.
— Vou comer e descansar, à noite viajarei para Londres. — A comunico e ela abre um grande
sorriso.
— Então resolveu aceitar o convite do Theo?
— Não! Mas me obrigaram a ir, o Pether me deu uma passagem e não aceita devolução.
— Meu amigo é tão determinado. — Ela conta e suspira.
— Vai me deixar sozinha? — Kath pergunta, se levantando do sofá. Ela está de quase sete
meses, sua barriga parece a de uma grávida de três meses, mas pelo que andei analisando nos pré-
Depois de algumas horas de sono, arrumo uma pequena mala, não vou ficar muitos dias na
casa do Theo e nem na do David. Desço para o apartamento dos meus pais e encontro Kath
conversando com a Luara.
— E já decidiram o nome do bebê? — Ela pergunta, alisando a barriga da Kath.
— Não, isso é com o Dylan. — Kath responde.
— Boa noite! — interrompo e beijo a testa da Luara.
— Boa noite, vim te levar ao aeroporto. — Luara me comunica.
— Você sabe dirigir? — pergunto com deboche.
— Claro que sim, mas o Super Choque vai com a gente. — Ela diz e a encaro.
Despeço-me deles e entro para a sala de embarque. Meu pensamento vai para a Lívia. O que
ela está fazendo agora? Queria pelo menos ficar com ela alguns minutos.
Durante a viagem eu durmo, estou um pouco cansado, nesses últimos dias não tenho dormido
bem. Quando desço em Londres, o frio de Boston logo é reconhecível.
Ando entre as pessoas e vejo o Theo ao lado de uma mulher, caminho em direção a eles e
Theo abre um grande sorriso.
— Então, abra a porta. — peço a ele, que volta a beijar a namorada e me ignora. Depois ele
toca a campainha de novo, segurando-a por alguns segundos.
— Que merda! — uma voz ecoa quando a porta é aberta. Meu coração acelera, quando vejo
quem abre a porta. Ela está aqui, na minha frente.
— Lívia! — deixo a mala no chão e a abraço.
— Dylan. — Ela se surpreende e começa a chorar.
— Colega de trabalho, que já está indo embora. — Ele pega o papel da mão do Theo e o
— Eu prefiro ir embora, depois te mando por e-mail. — Ele diz para ela. Percebo que
realmente são apenas colegas de trabalho, e acho bom assim.
— Qualquer coisa, me ligue. — Theo diz a ele.
— Obrigado por vir, Dylan, os meus dias serão melhores. — Ele diz, e Lívia revira os olhos.
— Venha, Dylan, vamos para o meu quarto. — Ela me puxa pela mão.
— O quarto é dos dois. Tenho certeza que não vão dormir separados, com esses hormônios de
adolescentes.
— Tchau, Theo. — Lívia acena e subimos a escada.
— Ingrata, essa é minha casa. — Theo grita, e só consigo rir.
— Meu irmão é um idiota.
— Ele foi uma das pessoas que ajudaram nesse reencontro. — conto a ela e beijo seus lábios.
Quantas saudades senti, tudo que quero é ficar grudado nela, como esses namorados grudentos.
— Sério?
— Sim, mas depois conversaremos sobre isso, agora só quero ter você em meus braços.
Ela abre a porta do quarto, em meio a um beijo. Então, não sou o único com desejo. Tiro sua
roupa e ela tira a minha, caímos na cama e ela me sorri, toda carinhosa.
— Te amo, Dr. Insuportável. — Ela conta.
— Te amo, minha LLC. — Volto a beijá-la, e tudo que quero é ficar para sempre com ela.
Dessa vez é mais intenso, temos desespero, mas é perfeito como das outras vezes. Eu a amo, e
dessa vez ela não vai escapar dos meus braços.
Capítulo 26
Lívia
Os meus dias estavam um inferno. Quando cheguei a Londres, minha primeira vontade era de
voltar para os braços do meu amor. Mas agora, descansando minha cabeça no seu peito nu, sei que
foi a melhor decisão, agora podemos ficar juntos e não vou deixar nada atrapalhar nosso namoro.
— Te amo. — Ele beija minha cabeça e suspira.
— Te amo. Agora me conte, como você descobriu que eu estava aqui? — peço, me sentando,
não tenho mais vergonha, agora temos uma grande intimidade.
— Então, na verdade, eu não descobri, seu pai me deu uma passagem para cá e não aceitou
devolução, disse que era meu chefe. — Ele conta. É típico do meu pai fazer uma coisa dessas, ele
gosta de ver a família toda feliz.
— Meu pai sempre ajudando. Desculpe te deixar com saudades. — Me curvo e o beijo.
— Esses dois meses foram os piores da minha vida, fiz de tudo para alguém me contar onde
você estava, se soubesse que estava aqui teria vindo correndo. — Ele me abraça e sinto que
Depois de algumas horas de prazer, descemos para o jantar. Como ninguém faz comida nessa
casa, além de mim, pedimos comida onde o Theo sempre pede. Grace janta com a gente. Ainda
não decidi se gosto dela, o Benjamin me contou que ela fica o encarando muito, pode ser
estou em estado de choque; ele está aqui comigo, foi tudo que desejei durante esses dois meses.
Preparo um café britânico para o Dylan, não tão diferente do café americano, mas quero que
ele aproveite a cultura britânica.
Volto para o quarto, ele ainda está dormindo. Vou até o banheiro, tomo um banho e deito ao
seu lado.
— Cheiro de LLC. — Ele diz, abrindo os olhos com um grande sorriso.
— Meu cheiro é bom, mas preciso que levante, ou o nosso dia vai por água abaixo. —Beijo
seus lábios.
— Já estou de pé. — Ele se levanta, vestido apenas com uma cueca.
— Claro. Não é toda vez que você faz uma graça dessa. — Ele brinca.
— Vamos para Oxford, quer ir? — convido, não querendo o deixar sozinho.
— Sim, já tinha combinado de ir ver o David, uma boa oportunidade.
descemos, uma porta se abre e David surge com uma cara inchada. Ele me olha, espantado.
— Sua maluca, por que você sumiu tantos dias? — Ele pergunta, me abraçando.
— Desculpa, só queria pensar.
— Você pensa demais! — Ele ironiza e me aperta.
— Solte a minha namorada. — Dylan me puxa e abraça o irmão.
— Então, você descobriu onde ela estava? — Ele pergunta, cumprimentado Theo com um
abraço. David é muito carente, abraça até um cachorro, se puder.
— Longa história. — Dylan diz e me beija.
— Vamos entrar. — David convida e dá espaço. O apartamento é pequeno, não tem dois
andares como o de Dylan, mas é muito organizado, com cada coisa no seu devido lugar. Ele aponta
o sofá e sentamos.
— Quero conhecer Oxford. — digo.
— Em um minuto estarei pronto, podem ficar à vontade. — David se levanta e some no
corredor.
— Será que ele está feliz sem a minha irmã? — pergunto.
— Não sei, mas os dois deram o maior beijão de cinema no aeroporto. — Dylan conta e Theo
revira os olhos. De todas as irmãs, ele sente mais ciúmes da Triny. Eles fazem aniversário no
mesmo dia, mas esse ano não conseguimos fazer uma festa para eles. Também não iremos fazer
uma festa para Luara, o que é triste, ela está preste a completar dezenove anos.
— Tenho certeza que seu irmão agarrou a minha irmãzinha, porque ela não é disso. — Theo
resmunga.
— A Trinity o beijou e disse: despedida com direito a beijo. — Dylan conta só para o meu
— Te amo.
— Também te amo.
— Vamos parar de agarração. — Theo joga uma almofada na gente.
— Vá procurar a sua e nos deixe em paz! — Dylan resmunga.
— Enquanto o David se organiza, vou ligar para ela. — Theo se levanta, e quando sai do
apartamento me viro para o Dylan.
— Você está muito fofoqueiro! — brigo com ele.
— Não sou fofoqueiro, apenas revelo os acontecimentos. — Ele diz, fingindo-se de ofendido.
— Então, me diz, o que você achou da Grace? — pergunto sem rodeios.
— Ela é bonita, mas acho que ela piscou para mim, não de maneira decente, mas parecia que
ela queria me seduzir. — Ele conta.
— Benjamin falou que ela só vive encarando-o, agora não sei o que pensar.
— Eu não gostei dela desde o começo. — Ele conta, e sei que está falando a verdade, porque
descobrir que o Dylan conta o que está no coração.
— Não quero ver meu irmão sofrendo. — falo, olhando para a porta.
— Melhor dar um tempo e vamos ver o que dá. — Ele sugere e concordo com a cabeça.
Ficamos namorando até o David voltar. Quando saímos, encontramos o Theo todo feliz ao celular.
Não quero que a Grace o magoe, mas se descobrir alguma coisa, vou dar uma de Dylan e revelar
os acontecimentos.
Andamos pelas ruas de Oxford, que é uma cidade linda. Conhecemos o castelo de Oxford, a
conversa com a Triny e eles pensam em voltar, mas querem dar um tempo para as coisas se
acertarem.
Quando chegamos em Londres já é de noite, então vamos direto para a cama. Estou cansada e
amanhã preciso trabalhar.
Os dias em Londres seguem tranquilos, Katherine perturba sempre o Dylan, mas não me
importo. Conheci, sozinha, cada ponto turístico que queria conhecer e não tive ânimo, mas agora,
com o meu amor, a minha animação é muito grande.
Quando entramos no avião, de voltar para Boston, me sinto realizada. Eu e o Benjamin
conseguimos fazer o nosso trabalho com sucesso. Conseguimos ótimos advogados para trabalhar
na Kendall.
Dylan está com um sorriso no rosto, e isso me deixa muito feliz, amo esse insuportável.
Ele me surpreendeu há um mês, na verdade, minha família deu uma ajudinha, tenho que
agradecer a eles. Agora vamos sair da nossa zona de conforto e enfrentar a Katherine, sei que ela
irá me perturbar, mas não posso fazer nada, amo o Dylan e não vou deixá-lo outra vez.
Pether
Fecho a porta da minha sala e sigo para a recepção. Quando me aproximo, vejo minha esposa
conversando com a Micheli.
— Micheli, irei roubar a mulher mais linda desse mundo. — pego na mão da minha esposa,
que me dá um sorriso lindo.
— A Mulher Maravilha é toda sua. — Micheli diz e Ana revira os olhos.
— Luara é uma menina má. — Ana fala e me dá um beijo no rosto.
— Sua filha é a minha alegria de todas as tardes. — Micheli diz.
— A Luara sabe irritar e animar quando quer. Temos que ir, até amanhã, Micheli. — aceno
pesquisa sobre a faculdade de Medicina, que eu já cursava. No começo eu fiquei com medo de
namorar com ela, porque eu achava que sua família não iria aceitar, mas depois que ela me levou
para conhecê-los, eu fui bem recebido.
Quando ela completou dezoito anos, engravidou do Theo. Ainda éramos namorados, mas
queria casar com ela, não por causa do meu filho, mas porque a amava, como amo até hoje. A Ana
era uma moça independente, não aceitou. Só quando o Theo nasceu foi que ela me deu uma
chance. Casamos e a Ana terminou sua faculdade e hoje ela é uma grande obstetra.
Meus pais eram pessoas humildes, conseguir uma bolsa com muito custo em Harvard. Eu era
um garoto sonhador quando completei vinte e cinco anos, abrir uma clínica com o meu próprio
esforço, depois de alguns anos a clínica se tornou um grande hospital.
Hoje eu sou um infectologista, mas fico mais na parte administrativa do hospital.
— Hoje está fazendo dezessete anos da morte da Daphne e do Jamal. — Ana diz, quando
entramos no carro.
— Como será que a Triny está? — pergunto um pouco com medo, não gosto de ver a minha
garotinha triste.
— Quando chegar em casa vou ligar para ela, seus avós devem estar arrasados.
— Posso imaginar.
Os pais biológicos da Trinity eram pessoas ótimas, mas gostavam muito de viajar e sempre a
Ana pedia para deixar a Triny com a gente. Eles morreram em um acidente de carro. A Triny
chorou e pediu para ficar conosco, e seus avós maternos, que eram a família mais próxima que a
Triny tem, aceitou de boa, mas com a condição que ela sempre os visitasse, e aceitamos isso,
porque o que importa para nós é a felicidade da nossa filha.
— Amor, olha aquilo. — Ana fala com uma voz triste e aponta a rua. Tem uma criança
deitada em cima de alguns papelões e um cobertor rasgado que mal a protege do frio.
Estaciono o carro e Ana sai em disparada. Saio do veículo e sigo a minha esposa, que já está
agachada perto da criança.
— Ana, vai assustá-lo. — coloco a mão no seu ombro, mas ela toca no garoto que está
dormindo.
— Por favor, não me leve para aquele lugar! — A criança grita e se encolhe no cobertor
rasgado que ele pensa que está o protegendo.
— Calma, só queremos te ajudar. — Ana fala com uma voz doce, lágrimas começando a sair
dos seus olhos.
— Vamos te levar para um lugar seguro. — digo ao menino, que nega com a cabeça e me
olha, espantado.
— Não quero voltar. — O menino chora, minha esposa também.
— Só vamos te ajudar. — Minha esposa estende a mão para ele.
— Estou com fome, mas não vou voltar para aquele lugar. — O menino diz, balançando a
cabeça em negativa.
Meu coração dói. Várias pessoas passaram por aqui e não tiveram compaixão de um garoto.
— Vamos te dar comida, venha comigo. — Minha esposa estende a mão para ele, que a olha,
indeciso se aceita, ou não.
— Por favor, não me leve para aquele lugar. — Ele implora.
— Vem. Não vamos te levar para nenhum lugar ruim, só queremos te ajudar. — Coloco
minha mão ao lado da de Ana, e ele me olha.
— Promete? — Ele pede, e a única coisa que posso prometer nesse momento é isso.
— Sim. — Eu e a Ana falamos juntos.
— Tudo bem. — Ele diz, e lágrimas saem dos seus olhos.
— Não precisa chorar. — Minha esposa puxa o menino para os seus braços e sinto orgulho
dela.
— Vamos, ele precisa passar por um médico. — digo à minha esposa, que me entrega o
garoto que não pesa quase nada, sinto seus ossos, e isso me causa angústia. Já tive na minha vida
momentos que não tinha algo para comer e agora eu tenho tudo, mas não esqueço das pessoas que
não têm.
Faço parte de uma organização que ajuda a diminuir a fome no mundo. Não sei se isso um dia
vai ser possível, mas eu tento, porque sei qual é o peso de não ter nada para comer.
— Amor, não vamos levá-lo de volta para esse lugar. — Ana me olha, e em seus olhos tem
dor.
— Claro que não, mas temos que avisar a alguma autoridade, ou assistente social. — Passo a
mão sobre o cabelo loiro do menino, o sentindo tremendo.
— Vamos para casa, lá você liga para alguém. — Ela segura no meu braço e caminhamos
para o carro.
— Por favor, não me leve para aquele lugar. — O menino diz e desmaia no meu colo.
— Pether! — Minha esposa grita e volta a chorar.
— Calma, ele desmaiou, vamos levá-lo ao hospital. — Ela se senta no banco de trás e coloco
o menino em seu colo.
— Ele está muito fraquinho, deve estar sem comer há dias. — Ana lamenta e chora no banco
de trás.
— Vai ficar tudo bem. — beijo sua cabeça e entro no carro.
Enquanto dirijo, meus pensamentos vão para o garoto. Milhões de pessoas por Boston e
nenhuma delas viu uma criança passar fome e frio, não consigo entender.
Ana não para de chorar e isso corta o meu coração. Ela está sofrendo pelo garoto que ainda
não sei o nome, de onde veio, sua idade, mas que quero proteger e cuidar.
Chego ao hospital, pego a criança no colo e entro acompanhado da Ana, que está vermelha de
tanto chorar. As pessoas olham, mas não comentam nada. Sigo para a recepção.
— Micheli, preciso de um médico. — Ana diz, como se ela não fosse uma excelente médica.
— Só a Gislaine está livre, vou ver se ela pode atender. — Micheli pega o telefone e fico
grato, a Gislaine é oncologista, mas já foi uma excelente clínica geral. — Doutor, ela pode
atender, é para o menino?
— Preciso ficar com ele. — Ela diz, olhando para a maca que o Emanuel empurra.
— Então, vamos.
Caminhamos e entramos em uma sala que é reservada para os pacientes da oncologia. O
garoto, que preciso saber o nome, já está na cama e Gislaine está tirando sua roupa com a ajuda do
Emanuel.
— Ele está desnutrido, vamos deixá-lo no soro por algumas horas. — Gislaine diz, colocando
o soro na veia do menino.
— Tudo bem, vou ficar com ele. — Ana se senta em uma cadeira próximo à cama.
— Preciso saber o nome dele para fazer o prontuário. — Gislaine pede, pegando a prancheta.
— Não sabemos o nome dele, anote o que ele tem, depois quando acordar perguntamos. —
peço a ela, que afirma com a cabeça e caminha para a porta, ao lado do Emanuel.
— Se o doutor precisar de alguma coisa, vou estar por aqui. — Emanuel diz, apontando o
corredor.
— Pode ficar tranquilo, Emanuel.
juíza de Boston, tudo que ela sonhou. — Ela começou hoje, mas ainda não teve o anúncio oficial.
— Oi.
— Já pensou em adotar outra criança? — Ela pergunta e me espanto, faz tanto tempo que não
temos uma criança por perto.
— Não.
— Vou descobrir sobre a vida dele, e se a família não for boa, ele terá que ir para um
orfanato. — Ela me avisa com uma voz séria. Não quero que esse menino vá para um orfanato.
— Orfanato? Acha o lugar mais apropriado?
— O único disponível no momento.
— Tudo bem.
— Assim que souber notícias da família, vamos entrar em contato. Vou ligar para os
delegados da cidade.
— Obrigado, Júlia.
— Não preciso agradecer. — Ela diz e desligo.
— Por que você está chorando? — Ela pergunta, secando as lágrimas da mãe.
— Quem é esse menino? — Luara caminha até a cama.
— Não sabemos, o encontramos na rua. — aviso, beijando a cabeça da Lívia.
— Oi. — Dylan diz e abraça minha esposa.
— Que bom que chegaram bem. — Ana diz e volta a olhar o menino. — Ele está desnutrido,
não sabemos seu nome.
— Posso chamá-lo de Peter Pan, o menino perdido? — Luara pergunta, e Lívia olha para ela
com raiva.
— Luara, isso é sério! — reclamo com ela.
— Desculpe, mas vou chamá-lo assim, até saber seu nome.
— Por favor, não me leve para aquele lugar. — A voz do garoto surge, fraca, e voltamos nossa
— Não sei, filha. — Ana pega na mão do menino, que abre os olhos.
— Por favor, você prometeu. — O menino diz a Ana e seus olhos azuis cintilam, voltando a
chorar, e puxa o soro da sua mão.
— Não! — Dylan diz, assustado, e caminha até o menino. — Calma, você precisa disso para
ficar forte.
— Não quero, você também prometeu. — Ele me olha chorando e meu coração dói.
— Você vai ficar bem, o deixe colocar o soro de volta na sua veia. — peço, e o menino
afirma, chorando.
Dylan coloca uma luva descartável e faz o mesmo procedimento que a Gislaine.
— Como se chama? — Lívia pergunta, alisando o cabelo do menino, que é loiro como o dela.
— Maxwell. — Ele diz e limpa as lágrimas.
— Não precisa chorar, Peter Pan. — Luara diz e o abraça.
Mando uma mensagem para Júlia, informando o nome do garoto.
— Meu nome não é Peter Pan, não conheço esse daí. — Ele diz e todos o olham com tristeza.
— Se você quiser, eu te mostro o desenho dele. — Lívia se oferece, pegando o celular.
— Não posso assistir desenho. — Ele volta a chorar.
— Por quê? — Dylan pergunta, o encarando.
— Eles não deixam. — Ele diz, entre as lágrimas.
— Eles quem? — pergunto, mas Maxwell só balança a cabeça, negando.
— Max! Posso te chamar assim? — Dylan pergunta, e ele afirma.
— Sim, ninguém me chama de Max, eu gostei. — Ele dá um sorriso.
— Max, aqui você pode assistir desenho. — Lívia avisa e se senta do lado dele, ia reclamar,
mas ele está sorrindo, então deixo.
— Pai, vou comprar comida para ele, pode? — Luara me pergunta, baixinho.
— Sim, mas nada de comida gordurosa, avise a Gislaine que ele acordou. — peço a ela, que
afirma e sai do quarto.
Ficamos olhando a Lívia mostrar o desenho do Peter Pan para ele, que dá umas risadas.
Gislaine entra e estranha todos no quarto, mas não diz nada.
— Ele está bem melhor, daqui a algumas horas já pode ir embora. — Ela diz, e Maxwell olha
para mim com medo.
— Não quero ir para aquele lugar. — Ele diz e afasta o celular da Lívia.
— Calma, é só um modo de falar. — Ana fala e passa a mão pelo cabelo dele.
— Desculpa. — Gislaine pede, envergonhada.
— Tudo bem, ele está assustado. — tranquilizo a moça, que dá um sorriso triste.
— Gislaine, você e o Emanuel estão tendo algo? — Ana pergunta e Gislaine fica vermelha.
— Não, senhora, somos apenas colegas de trabalho, nem conversamos direito.
— Bem que ele queria alguma coisa a mais. — Dylan diz, e a moça fica mais vermelha.
— Prefiro não misturar trabalho com coisas pessoais. — Ela diz e Dylan assobia.
— Não tem nada de errado em ter um namorado aqui. — digo, e ela me olha. — Só é um
aviso.
— Tudo bem, com licença. — Ela pede e sai do quarto.
— Emanuel tem uma queda por ela. — Dylan conta, e Lívia olha para ele.
— Que grande fofoqueiro! — Ela resmunga, e Dylan finge não ouvir.
Luara volta e entrega um hambúrguer para o Max, que olha admirado para o lanche.
— Luara, falei que não podia uma coisa gordurosa.
— Pai, olha como ele ficou feliz. — Luara faz bico e olho para Max, que está lambendo os
lábios.
— Posso comer? — Ele pede, com medo.
— Sim. — Ana fala antes de mim. Meu celular toca, vejo que é a Júlia, peço licença e saio do
quarto.
— Oi.
— Encontramos a família do menino. — Ela diz, e sinto meu coração se partir.
— Sim. Não posso fazer nada, ela tem a guarda do menino e denunciou o desaparecimento
dele assim que ele sumiu. — Ela diz e suspiro, triste.
— Tudo bem.
— Em alguns minutos eles chegarão aí, com uma assistente social, por favor, facilite o
trabalho da justiça. — Ela me pede e não iria fazer nada, mesmo que eu queira proteger esse
menino.
— Tudo bem. — desligo e volto para a sala.
— Quantos anos você tem, Max? — Luara pergunta.
— Cinco anos, e não sei quando faço aniversário, às vezes eu leio livro escondido, mas só
isso que sei, depois eles dizem que já tenho a idade e aceito. — Ele mostra os dedinhos e com a
outra mão segura o hambúrguer.
— Está gostando do desenho? — Lívia pergunta.
— Sim, nunca assisti desenho. — Ele diz e me sinto muito triste por ele.
Puxo Ana para um canto afastado e conto a ela tudo que a Júlia falou. Ela engole o choro e
volta para perto de Max, que está terminando o hambúrguer e não desgruda da tela do celular.
Depois de alguns minutos batem na porta e meu coração gela. Um policial abre a porta e um
casal entra, desesperado, e logo atrás uma mulher loira com uma prancheta na mão.
— Maxwell, meu filho. — A mulher diz e abraça o menino com carinho.
— Você não é minha mãe, me solta! — Max grita e a mulher começa a chorar.
explica. — Vem, filho, com o pai. — O homem pega o garoto, que esperneia e chora.
— Vocês prometeram. — Max diz e olha para mim e Ana.
— Eles são seus pais. — Ana diz e coloca o rosto sobre o meu peito.
— Obrigado por cuidar dele, ficamos muito preocupados. — A mulher diz e beija o rosto do
cabeça, a rejeitando.
— Tchau, Maxwell. — Ela diz e beija a cabeça do menino.
— Não gosto de você! — Ele grita e aponta para mim. — Nem de você!
Eles saem acompanhados do policial, mas a assistente ainda continua no quarto.
— Vamos esperar passar vinte e quatro horas, uma viatura vai fazer rondas pela casa deles, se
vir algo diferente, tem a autorização para entrar. — Ela diz, e Ana me olha.
— Podemos fazer alguma coisa? — pergunto.
— Esperar. Gostaria de saber se estão interessados na adoção do menino? — Ela pergunta, e
Ana me olha com súplica.
— Sim, não é, papai? — Lívia pergunta e olho para a minha filha, que está chorando.
— Tudo que vou dar a ele é amor e carinho, tenho medo de ele não ser meu.
criança nasce e o seu coração explode de alegria. Tudo que quero é o trazer para a minha casa e
cuidar dele, como ele merece.
Capítulo 27
Lívia
Quando desci no aeroporto, senti uma vontade tão grande de ver meus pais que saí correndo
para o hospital.
Encontrar minha mãe chorando foi um choque, senti medo e depois carinho quando vi o Max
deitado na cama. O quero como um irmão, vou dar muito amor a ele.
Deixo minha mãe deitada no seu quarto, juntamente com meu pai. Saio ainda com dor no
coração e sigo para o quarto da Luara, ela também não está bem. Bato na porta, e quando ela não
responde, entro e a encontro toda encolhida na cama.
— Tudo bem? — pergunto, me sentando na cama.
— Não! Quero o Max, ele é tão lindo, quero ter um irmão mais novo. — Ela chora e a abraço.
— Temos que esperar, mas vai ficar tudo bem, logo aqueles pais mostram o lado falso deles.
— beijo seu rosto e deito ao seu lado.
— Dorme comigo? — Ela pede, me abraçando.
— Uma menina de dezenove anos com medo de dormir sozinha? — brinco e ela dá um
sorriso forçado.
— A Trinity dormiu comigo no dia do meu aniversário e você não estava, então mereço que
durma comigo hoje.
— Tudo bem, manhosa. — Beijo seu rosto.
— O Max tem os olhos iguais aos do Theo.
— O Theo vai ficar bobo, querendo ser o irmão preferido, como faz com a Triny.
— Eu vou ser a irmã preferida do Peter Pan! — Ela resmunga.
— Eu que mostrei o desenho para ele. — faço careta.
— Princesa de Ferro, não adianta lutar contra mim, sou a Branca de Neve e tenho que ter sete
— Que bom, fico feliz, vocês formam um casal lindo, aqueles de filmes, sabe? Que tem um
drama na história e no final vivem felizes para sempre. — Ela comenta, encantada.
— Sei, sim, e você anda assistindo muito filme. — Aperto sua bochecha.
— Queria uma história assim, cheia de drama e um final feliz. — Ela diz.
— Luara, não! Uma história de drama tem muito sofrimento. Você e o Mayck se dão tão bem!
— Você conhece o Mayck, um garoto certo e centralizado. Gosto dele, é um daqueles caras
para casar, sabe?
— Sei, sim, mas pelo jeito isso é só gostar. Nada de amor?
— Não sei, Lívia, mas gosto muito dele. — Ela diz, e sinto que ainda não o ama.
— Papai, eles não são pais de verdade. — Luara diz e minha mãe a abraça.
determinada.
Tenho certeza que, assim que o Maxwell entrar por essas portas, ele terá um quarto pronto ao
lado do quarto dos meus pais.
Minha mãe dorme e a Luara também, mas sinto meu pai muito inquieto, então, só fecho os
olhos.
O celular do meu pai vibra e ele se mexe para pegá-lo, desce da cama sem fazer barulho e
ouço a porta abrir e fechar quando ele sai do quarto.
Abro os olhos e confirmo se minha mãe e a Luara estão dormindo. Desço da cama sem fazer
barulho e saio do quarto. Sigo para a escada e escuto meu pai conversando com alguém pelo
telefone.
— Dylan, me espere, em dez minutos chego aí. — Ele diz, calmo. O que ele e o Dylan estão
aprontando? Meu pai desliga e caminha para a saída, desço a escada correndo e chego à porta
antes dele.
Ele me ajuda a vestir o casaco e fico grata, já está escurecendo e o frio é muito mais intenso.
Entramos no carro, e não pergunto mais nada ao meu pai, confio nele, e se o Dylan está no
meio, sei que é coisa boa.
Minutos depois, chegamos a um bairro com muitas casas chiques e modernas. Vejo o carro do
Dylan estacionado próximo a uma árvore.
Meu pai desce e me pede para ficar no carro. Obedeço nos primeiros minutos, mas quando
vejo o Dylan saindo do carro e conversando com o meu pai, não consigo me controlar, saio
— Meu nome é Verônica e estou a trabalho. Vamos, Dylan, não tenho a noite toda. — Ela diz,
impaciente. É uma mulher bonita, mas infelizmente muito chata.
— Lívia! — Ouço a voz do Jaden e ele também sai do carro do Dylan.
— Jaden. — Ele me abraça. Como senti saudades do meu amigo!
— Quem trouxe a Lívia para a nossa missão ultrassecreta? — Ele pergunta e a assistente
social revira os olhos.
— Sr. Collins, sem gracinhas! — Ela resmunga e Jaden faz careta para ela.
— Srta. Verônica, pare de ser uma chata, está parecendo minha bisavó antes de morrer.
— Gente, vamos ao que interessa. — Meu pai pede, antes que a brava assistente social
retruque.
— Me conte, o que está acontecendo? — peço ao Dylan, que me olha, e sei que não vai negar
nada.
— Vamos vigiar a casa dos pais do Maxwell, minha mãe é a nova juíza e conseguiu uma
permissão, até o FBI está ajudando. — Dylan me explica e olho, orgulhosa, para o meu amigo.
— Achamos que a criança sofre exploração. — Jaden explica.
— Também trabalho para o FBI. — A mulher diz, mas não estou nem aí para onde ela
trabalha.
— Tenho que suportar essa mulher, mas ela trabalha para o Estado, só faz parte do FBI para
casos como esse. — Jaden a contradiz.
— Por que você e o meu pai vieram? — pergunto ao Dylan.
— Porque, se precisar de um médico, estou à disposição e seu pai é interessado na adoção do
Max. — Dylan me explica.
— Que bom, e como sou advogada, posso participar também. — digo e meu pai nega.
— Você vai ficar quietinha no carro.
— Vamos, gente. — Dylan diz e abre a porta para eu entrar.
— Jaden, você vai na frente, e a senhorita também. — Papai diz à mulher, que dá de ombros.
Entro no carro e o Dylan senta ao meu lado, e meu pai entra pela outra porta. Jaden dá a
partida e continua brigando com a tal da Verônica, acho que esses dois se pegam, mas se ele vier
me contar isso, vou falar que não gostei dela.
Paramos dois quarteirões depois e ficamos no carro, à espera de alguém sair da elegante casa
que se destaca entre todas da rua. Jaden sai, e com sua habilidade de detetive coloca um rastreador
no carro parado em frente à casa, depois volta e continuamos esperando alguém sair.
Passa uma hora e ninguém sai. Eles pensam em desistir, mas a porta é aberta e revela um
senhor de idade, saindo de mãos dadas com o Max, que está chorando, e o casal falso está logo
atrás fingindo serem pessoas felizes.
Eles olham para todos os lados, e fico feliz que o carro tenha vidro escuro, depois entram em
um carro chique e saem. Quando o automóvel vira a esquina, Jaden coloca o seu celular para
rastrear e liga o carro. Estamos bem distantes deles, mas tudo indica que eles estão indo para o
centro comercial de Boston.
— Amanhã é dia de Ação de Graças, então, o centro comercial está lotado. — Dylan diz e
sinto que ele não ficaria de fora dessa, salvar uma criança é tudo que ele quer, porque ele ama os
pequenos.
— Então, vamos conseguir essas provas hoje — papai diz, confiante.
Chegamos ao centro e realmente está lotado, já é tarde, mas as pessoas não cansam de
comprar coisas para o dia de Ação de Graças.
Jaden para atrás do carro que seguimos, e quando olhamos para a entrada do shopping, o
velho está em uma cadeira de rodas e o Maxwell no seu colo, chorando. As pessoas passam e
depositam dinheiro na caixinha que está no chão. Verônica pega o celular e abre o vidro do carro,
tira várias fotos e olha para meu pai.
— Temos as provas, Jaden, ligue para os policiais. — Ela diz, e meu amigo faz cara feia.
— Sou agente do FBI, posso fazer isso. — Jaden sai do carro e meu coração congela.
— Vamos ficar todos aqui. — Verônica diz, mas só tenho olhos para meu futuro irmão.
Jaden atravessa a rua e caminha até o senhor, ele pega o Max do colo dele e o casal falso sai
do carro correndo, mas são parados por um carro de polícia. Sinto-me aliviada.
Jaden traz o Max em direção ao carro e o velho sai da cadeira, vindo na mesma direção.
— Não tenho culpa de nada! — O senhor grita, quando um policial o para.
Meu pai desce do carro e caminha até o Jaden e pega Maxwell, que gruda no seu pescoço em
forma de proteção.
— Nunca trabalhamos desprevenidos. — Verônica diz e sai do carro. Obviamente, os
policiais estavam já esperando no local. Dylan desce do carro e eu o sigo, corro até o meu pai e o
abraço.
— Por favor, deixe eu morar naquele quarto quentinho? — Max pede e chora. — Eu prometo
não bagunçar, deixo a médica me colocar aquela agulha no braço e não tiro.
— Você vai com a gente para casa. — Papai diz e beija seu rosto.
— Promete de verdade não deixar eu voltar para aquele lugar? — Ele pergunta ao meu pai,
chorando.
— Nunca mais você volta para aquele lugar. — Meu pai promete.
— Me solte! — Escuto a falsa mãe gritar.
— Aconselho à senhora ficar calada. — Um dos policiais diz.
O homem não diz nada, apenas é colocado no carro e a mulher o segue, o velho também vai
junto.
— Segunda-feira passe no gabinete, a juíza dará a guarda provisória, se caso não surgir
nenhum parente, o senhor pode entrar com o pedido da guarda definitiva. — Verônica diz, e agora
gosto dela, pelo menos falou alguma coisa boa.
— Posso levá-lo para minha casa? — Papai pergunta, e Max gruda nele não querendo soltar.
— Sim, tenho certeza que ele não tem outro lugar, e não estou sendo gentil, são ordens da
juíza. — Ela diz, e volto a não gostar dela.
— Boa noite. — Meu pai diz e entra no carro com o Max, sento ao seu lado e fico grata por a
nova juíza ser a minha madrinha, que também é minha sogra, não porque ela dará a guarda porque
são amigos, mas porque ela conhece muito bem meus pais e sabem que eles cuidarão do Max.
— Vamos para casa, Max. — Beijo seu rosto vermelho.
— Menina loira, eu não tenho casa. — Ele diz e esfrega o olho, se afasta do meu pai e o
encara. — Você prometeu não me levar para aquele lugar. — Ele diz, e isso corta meu coração.
Dylan entra no carro e olha para trás.
— Jaden vai voltar para buscar seu carro. — Ele avisa e volta a olhar para frente.
— Obrigado por vir comigo, Dylan. — Meu pai agradece, e Max ainda o olha.
— Você me ajudou, só estou retribuindo. — Dylan diz com um sorriso.
— Isso se chama família. — digo.
— Você vai me levar para aquele lugar? — Max pergunta, segurando o rosto do meu pai. Ele
está com tanto medo, nem parece uma criança de cinco anos, tem muita preocupação em uma
cabeça que só podia ter felicidade.
— Vamos para a minha casa. — Meu pai garante a ele, então, Max dá um sorriso e deita a
cabeça no ombro do meu pai.
— Você é muito linda, seus cabelos brilham, como o meu. — Max diz com um sorriso e toca
meus cabelos com as pequenas mãos.
entramos na casa.
— Não é aquele lugar, você contou a verdade. — Ele abraça meu pai e beija seu rosto.
— Sim. — Meu pai beija a cabeça dele e o coloca no chão.
— Eu posso dormir nesse sofá macio. — Ele diz, subindo em cima do sofá.
— Pether? Onde você estava? — Minha mãe surge da cozinha e se espanta. — Maxwell! —
Ela corre até o menino e o pega no colo.
— Você é aquela mulher que me ajudou. — Ele diz, pegando no rosto da minha mãe. —
Menina loira, ela é bonita igual você. — Ele diz e minha mãe dá um sorriso encantador.
— Meu nome é Lívia. — informo a ele, que dá de ombros.
— Eu sei, mas você é loira.
— Pode comer o que você quiser. — Minha mãe diz e caminha ao lado do meu pai. A Luara
sobe a escada com eles.
— Está melhor? — Dylan me beija.
— Sim, obrigada.
— Não precisa agradecer, te amo.
— Vai dormir comigo hoje? — pergunto, fazendo bico.
— Tudo que eu mais quero.
Chegamos ao meu quarto, tudo que quero é descansar, hoje foi um dia tenso, mas estou feliz,
afinal, não é todo dia que se ganha um irmão.
Logo cedo meus pais saem com a Luara, para o dia de Ação de Graças. Max está mais alegre,
às vezes pergunta se vamos levá-lo para aquele lugar, e sempre fico com o coração partido. Marta
se encanta por ele, faz várias coisas gostosas para o novo membro da família.
Dylan vai embora e aproveito meu tempo com o Max para ir à sala de vídeo.
— LLC, coloca aquele desenho do menino voador que mora na terra perdida. — Ele pede e
ligo a televisão.
— Terra do Nunca. — O corrijo e conecto meu celular na televisão.
— Isso, ele vive sozinho sem os pais, como eu, meus pais morreram. — Ele diz, sério.
— Meus pais querem você, e aí, topa ser meu irmão? — Theo pergunta e estende a mão para
ele.
— Vou gostar de ter irmão grande. — Max diz e bate na mão do Theo.
— Então, a partir de agora os chame de papai e mamãe, combinado?
— Sim, porque eles são muito carinhoso e me deixam dormir com eles.
— Estou com ciúmes, será que tem lugar para mim? — Theo pergunta, fazendo bico.
— Você é muito grande, mas não fique triste, eles são pais de nós dois. — Max passa a mão
no rosto de Theo.
— Que bom que você sabe dividir. — Theo brinca e o pega no colo.
— Você se parece com a mamãe. — Max diz, carinhoso.
— Você também parece com ela, vamos nos ver no espelho, tenho que tirar uma foto e
mostrar para a Grace.
— Quem é Grace?
— Minha namorada, você vai conhecê-la, ela é muito linda.
— Posso namorar também? — Ele pergunta, e Theo sai da sala, rindo.
vou sair, mas mal me dão atenção, mais uma vez o Theo ganhou o título de irmão preferido.
Theo me explicou que assim que liguei, falando do que aconteceu, pegou o primeiro avião
para Boston.
Dirijo pela avenida e abro um sorriso. Como senti saudades desse lugar. Paro o carro em
frente ao prédio do Dylan e desço, o porteiro me cumprimenta e sigo para o elevador.
Dylan deve estar no apartamento dele, mas quero ver minha madrinha antes, então, desço no
décimo segundo andar.
Bato na porta, mas meu sorriso logo se desfaz. Katherine quem a abre, sua barriga está
grande. Como eu esqueci que ela está morando aqui?
— O que você deseja? — Ela pergunta com ironia.
— Minha madrinha está? — pergunto, ignorando as provocações dela.
— Está! Vamos, bebê, chamar a vovó. — Ela diz, alisando a barriga só para me irritar, mas
isso não acontece, não adianta tentar usá-lo porque, para mim, ele apenas é uma criança inocente
que não tem culpa de nada.
Ela se afasta da sala e caminha até o sofá, depois volta e me encara.
— Algum problema? — pergunto.
— Você. Se pensa que vai ficar com o Dylan, está muito enganada, ele é o pai do meu filho e
vamos criá-lo juntos. — Ela diz com um sorriso maléfico.
— Tudo bem, deixe que eu mesma vou ao encontro da minha madrinha. — digo, entrando no
apartamento.
— Aí! — Ela grita e me volto rapidamente para ela.
— Está sentindo alguma coisa? — pergunto, me aproximando.
— Sim. Chame o Dylan. — Ela diz e se senta no sofá.
— Meu Deus! — Minha madrinha surge na sala, pega o telefone e liga para alguém. —
Dylan, a Kath está passando mal. — Ela diz e desliga o telefone.
— Ai! — Katherine grita, com a mão na barriga.
— Calma! O Dylan vai te levar ao hospital. — Minha madrinha beija meu rosto e senta ao
lado da Katherine.
— Tenho medo de perder meu filho. — Ela diz e começa a chorar.
— O que aconteceu? — Minha madrinha pergunta, tirando os cabelos dos seus olhos.
— A Lívia estava discutindo comigo, por causa do Dylan. — Katherine diz, e minha
madrinha me olha.
— Se acalme, eu ouvi tudo. — Minha madrinha pede. Se ela ouviu tudo, então, percebeu que
— Eu juro que não falei nada com ela. — digo à minha madrinha, que beija meu rosto.
coisas.
— Sim, vou levar comida para o abrigo, sua mãe vai comigo. — Ela diz e caminho até as
panelas sobre o fogão.
— No Canadá, você fazia isso? — pergunto, sentindo o cheiro delicioso de batata doce.
convido-a.
— Claro, querida, uma boa ação no dia da Ação. — Ela brinca e sai da cozinha.
Depois volta com várias mulheres e me apresenta como nora e afilhada, elas pegam toda a
comida da mesa e se mandam.
Quando termino de fazer a torta são quase onze horas. Volto para sala e encontro Katherine
sozinha, mas sinto um alívio quando o Dylan desce a escada.
— Vamos à casa da Valerie e do Karl, quer ir? — pergunto ao Dylan, que me abraça.
— Sim.
— Vamos esperar a sua mãe. — Me sento no sofá, Dylan ao meu lado.
— Dylan, estou saindo. — Katherine diz, pegando a bolsa no sofá. Como ela consegue ser tão
falsa? Estava passando mal, agora há pouco.
— Não estava sentindo dores? — Dylan pergunta.
— Já passou, e preciso ver a minha tia. — Ela diz sem o olhar, abre a porta e sai.
padrinho, que está vestido de palhaço, e seguido pela Luara que não para um segundo de rir.
— Falei, tio, podia ter ido de Super Choque, ficaria mais bonito e a mulherada ia cair
matando, no bom sentido, tia. — Luara diz, quando minha madrinha olha para ela abismada.
— Luara! — ralho com ela.
— Relaxa, tia, a senhora é a Mulher-Gato, linda e atraente. — Luara beija o rosto da minha
Arqueiro Verde, eu sou a Branca de Neve, David é o Homem-Aranha, porque ele é ainda um
garoto sonhador e determinado, a Micheli é a Feiticeira Escarlate... Vocês conhecem o Emanuel?
— Ela pergunta aos meus padrinhos.
— Sim, amigo do Dylan e uma ótima pessoa. — Meu padrinho responde.
— Sim. Por isso que ele é o Lanterna Verde, ele tem uma queda pela Gislaine, mas sei lá, eles
nunca ficaram, foi o que o pessoal do hospital falou. — Ela diz e todos olhamos para ela.
— Emanuel tem medo de levar um fora, ele se preocupa muito com a cor e esquece o amor.
— Dylan diz.
— Existe muita gente preconceituosa, eu mesmo adoro aquela cor, ele é um negro lindo. —
Minha madrinha diz e meu padrinho a encara.
— Amor, ele tem quase a idade do David. — Minha madrinha revira os olhos.
— Verdade. — Meu padrinho ri e a beija.
— Tem mais alguém que tenha apelidos carinhosos? — pergunto a Luara, que dá de ombros.
— Muita gente, mas estou morrendo de fome. — Luara diz, colocando a mão na barriga.
— Vamos almoçar na casa da Valerie e do Karl, sejam pessoas civilizadas, eles são ingleses,
então, esse dia para eles deve ser diferente. — Dylan comunica.
— Vamos fazer direitinho, para eles nunca mais irem embora. — Minha madrinha avisa.
— Tenho que tomar um banho. — Meu padrinho anuncia.
— Tome na volta, tio, estou faminta.
— A Luara está certa, vamos fazer a alegria da Valerie e do Karl. — Minha madrinha
concorda com a minha irmã.
— Não me importo. — Meu padrinho dá de ombros.
— Que bom, vamos pegar as comidas. — Minha madrinha segue para a cozinha.
Pegamos todas as comidas que conseguimos, sem esquecer o peru, que é um prato bem
popular nesse dia.
Subimos no elevador e as crianças brincam com o meu padrinho, que faz todas riem. Tenho
certeza que o filho do Dylan e a menina do David vão ter um ótimo avô, e avó também.
Descemos no décimo terceiro andar, passo pela casa do Dylan e sinto saudade. Será que está
da mesma maneira? E pensando bem, ainda nem descobri o lugar secreto.
Eu, que estou com a torta de nozes, toco a campainha, dez segundos depois ela é aberta por
uma Valerie sorridente.
— Lívia, sumida. — Ela me abraça e depois olha para o resto do pessoal. — Oi, pessoal, um
palhaço. — Ela diz, abraçando meu padrinho.
— Oi, Valerie, viemos passar o dia de Ação de Graças com vocês. — Dylan avisa.
— Vocês trouxeram comida? — Karl pergunta, aparecendo na porta. — Um palhaço. — Ele
— Sim, muitas comidas e eu sou um palhaço, Feliz dia de Ação de Graças! — Meu padrinho
grita e empurra a travessa de comida para o Karl.
— Que fofa, posso ser sua tia? — Valerie pergunta, apertando as bochechas da Luara.
— Sim, mas te acho muito nova para ter uma sobrinha da minha idade, tenho dezenove anos.
— Luara diz, pegando no cabelo vermelho da Valerie.
— Tenho vinte e seis anos, tenho uma sobrinha da minha idade. — Valerie diz um pouco
triste, mas logo a tristeza é substituída por um sorriso.
— Entrem. — Karl convida.
— Esses são Charles e Júlia Knowles, meus pais. — Dylan apresenta.
— E meus padrinhos. — aviso, colocando a torta em cima da mesa.
— Prazer, eu sou Karl e ela é Valerie Turner.
— E eu sou a Luara, irmã da Lívia. Karl Max e Timmy Turner, grande combinação. — Luara
diz, levantando a mão para o alto.
— Prazer, Luara, uma combinação dessa sai perfeito, posso ser seu tio também? — Karl
pergunta.
— Sim, quanto mais tios, mais presentes.
— Bate aí, você é das minhas. — Valerie diz e Luara bate na mão dela.
— Agora vamos comer, depois arranjo uns apelidos para vocês.
— Apelidos?
— Sim, Karl, a minha querida cunhadinha tem essa mania de dar nomes de personagens para
as pessoas. — Dylan explica.
— Legal, quero o meu bem maneiro. — Karl se anima. — Dylan, por que seu pai está de
palhaço?
— Faço brincadeiras em hospitais de crianças com câncer. — Meu padrinho diz e sinto
orgulho, dos meus pais também, tudo que sei é que um dia eles já foram muito pobres, como meu
pai, e nessa época eles já eram grandes amigos.
— Acho tão bonito. Eu ajudo uma organização para diminuir a fome no mundo. — Karl diz
com um sorriso.
certeza que depois que achar, não vai querer mais ir embora. — Karl explica e olha para a esposa,
todo apaixonado.
— Preciso encontrar uma pessoa, mas ainda não contratei um detetive. — Valerie lamenta.
— Temos um excelente detetive, ele trabalha para o FBI, mas acho que pode te ajudar. —
comento.
— Sim, amanhã vou ligar para o Jaden e depois vocês conversam. — Minha madrinha diz.
— Obrigada, gente, é muito importante encontrar essa pessoa. — Valerie diz, emocionada.
— Queremos muito ajudar. — Meu padrinho avisa. — Conte toda a informação para o Jaden.
— Sim, vou tentar contar tudo que sei.
— Agora precisamos ir, estou com saudades do meu Cheiroso. — digo, me levantando. Tenho
que ver meu Cheiroso, ele deve estar achando que sou uma mãe desnaturada.
triste. — Mentira, gosto de ter tios jovens, nada contra os meus tios Knowles.
— Luara, vamos. — Me levanto antes que minha irmã tire a paciência de alguém.
— Obrigado mesmo. — Karl diz me abraçando, depois faz o mesmo com a minha madrinha e
aperta as mãos dos homens.
— Não precisa agradecer, esse dia é importante para nós e queremos que seja para vocês. —
Minha madrinha diz.
— Se precisar de um bom software, me procure. — Meu padrinho avisa
— Pode deixar, Charles.
— Assim que minha madrinha conversar com o Jaden, te mando o número dele. — aviso a
Valerie, que abre um grande sorriso.
— Obrigada.
Saímos da casa da Valerie, que pediu para lavar a louca, já que trouxemos a comida, e desço
direto para o térreo, meus padrinhos ficam pelo meio do caminho.
Pego meu celular e coloco meus fones de ouvido, abro a pasta de rocks antigos e pesados.
Gosto de ser livre e ainda uma menina quase irresponsável, gosto de ter um namorado
romântico.
Estou no primeiro ano da faculdade, ainda não sei o que irei fazer de especialização na área
de medicina, gosto muito de ginecologia, às vezes acho que é por causa da minha mãe, mas terei
muito tempo para escolher. Sinto alguém tocar meu ombro e dou um pulo.
— Ai! — grito e sinto os braços de Mayck em mim.
— Calma. — Ele diz, e tiro os fones de ouvido.
— Oi. — digo, envergonhada, ele me olha com seus enormes olhos azuis e dá um sorriso.
— Por que não entrou? — Ele pergunta e beija meus lábios.
— Achei melhor aproveitar o sol. — minto.
— Sol faz bem para a saúde, mas agora são três horas da tarde, está muito quente. Vem,
vamos tomar um sorvete. — Ele segura minha mão e me puxa pela calçada.
— Feliz dia de Ação de Graças! — grito para uma senhora.
— Feliz dia de Ação de Graças! — A senhora grita de volta, e Mayck revira os olhos.
Entramos em uma lanchonete qualquer e sentamos. Mayck compra dois sorvetes de morango.
— Como foi seu dia? — Ele pergunta, me encarando.
— Foi bom, ganhei novos tios — conto para ele, que dá um breve sorriso.
— Vamos ter que andar de ônibus e metrô. — Ele avisa com um sorriso.
— Gosto de andar no meio do povo, na verdade, quando eles não me conhecem. Hoje mesmo
fui ao aquário e o homem falou que eu e a Lívia somos muito conhecidas.
— Isso que eu não gosto, todo mundo acha que estou com você por causa de dinheiro. — Ele
diz, chateado.
— Eu não acho isso, quando nos conhecemos você achou que eu era uma menina de rua. —
brinco.
— Suas roupas estavam todas sujas e ainda pedia dinheiro para pagar um ônibus. Desculpe,
mas você queria que eu pensasse o quê? — Ele se defende.
— Que eu estava em apuros, fui assaltada por bandidos sem armas, tentei revidar e eles me
quase um machista.
Saímos da lanchonete e caminhamos abraçados pela rua. Eu não sou uma menina mimada,
acho que me sairia bem se me casasse com ele e vivesse em um bairro simples, em uma casa
simples. Sempre vivi no luxo, não posso negar, mas meus pais me ensinaram que isso não é o
importante.
Chegamos à casa dele, que é pequena. Ele mora com a irmã que tem treze anos, mas eu gosto
de tratá-la como se tivesse cinco, e com a mãe, que é bem jovem. Ele abre a porta e o Girafa passa
correndo por nós.
— Elle, segura seu cachorro! — Mayck grita com a irmã, que surge correndo, toda molhada,
e me abraça.
— Luara, que saudades! — Ela diz e me abaixo para beijar seu rosto. Seus cabelos ruivos
molham minha roupa, mas não me importo, gosto muito dessa garotinha.
— Elle, está molhando a Luara! — Mayck reclama e reviramos os olhos.
— Pode ir fazer o que tem para fazer, te espero aqui — aviso, e ele sai pisando duro.
— Meu irmão é um chato. — Elle diz, ainda me abraçando.
— Concordo com você. — Beijo seu rosto e me sento no sofá quando ela sai atrás do
cachorro.
A porta abre, e Beca, a mãe de Mayck, surge com várias sacolas, me levanto e a ajudo.
— Obrigada, minha querida. — Ela agradece, beijando meu rosto. Seus cabelos são iguais aos
da Elle e do Mayck.
— Feliz dia de Ação de Graças — digo, levando as sacolas para a cozinha.
— Obrigada, menina. Feliz dia de Ação de Graças.
— Luara, venha aqui no meu quarto! — Mayck grita, e Beca aponta a direção.
— Você precisa de mim para alguma coisa? — pergunto, enquanto ele tira seu jaleco.
— Não, mas prefiro que você fique aqui no meu quarto.
— Que bom que só prefere, porque eu não, vou lá ajudar sua mãe. — aviso, ele segura meu
braço com delicadeza.
— Por isso que somos tão diferentes, você é independente e não precisa de mim. — Ele diz,
com um tom de voz aborrecido.
— Tem algum problema em eu ser independe? Fique sabendo que meus pais ainda me
sustentam.
— Ser independente não, mas gostaria que não tivesse tanto dinheiro. — Ele diz, me
soltando.
— Desculpa, mas não tenho culpa de nascer assim — falo, chateada.
— Perdoe-me, às vezes me sinto um inútil, sou um clínico geral, não comecei minha
especialização em cirurgia, isso me deixa frustrado. — Ele lamenta e caminho até ele.
— Não se diminua assim, você é uma pessoa maravilhosa e um excelente médico, não precisa
ter dinheiro para ser feliz. — Seguro seu rosto e ele me abraça.
— Desculpa? Não quero te ofender, eu vou aceitar isso, você me espera aceitar isso?
— Espero isso há dois anos, um tempo a mais será vantajoso.
— Pode ir ficar com a minha mãe. — Ele beija meus lábios.
— Eu iria, de qualquer maneira. — digo, me afastando.
— Luara, estou bonita para ir à sua casa? — Elle surge, perguntando, com um vestido rosa
todo rodado, como o de uma princesa.
— Muito linda, Pequena Sereia. — beijo seu rosto e ela me abraça.
— Te amo. — Ela diz, carinhosa.
— Eu não.
— Eu já. E Deu a louca na Chapeuzinho também, eu gostei, as duas ficaram bem loucas. —
Elle conta, surgindo na cozinha.
Mayck cuida da família desde os dezoitos anos, seu pai morreu há alguns anos. Eu sinto
orgulho do meu namorado, mas ele tem que parar de ser tão egoísta, hoje mesmo eu vou falar com
meu pai, para convidá-lo a se juntar à equipe do hospital. No Carter trabalha menos e ele pode se
especializar, porque o salário é mil vezes melhor do que naquela clínica de sugadores de pessoas
honestas e trabalhadoras.
Trinity
Dirigir de Newton até Boston é um pouco cansativo, mas gosto de ver meus avós, e agora que
meu tio e sua família foram morar lá, ficou mais divertido.
Ainda penso sempre no David, querendo ou não ele mexe comigo. Nosso namoro foi rápido,
não durou mais de três meses, mas gostei bastante. Só que como nem tudo é perfeito, tivemos que
nos separar, e se um dia tivermos a oportunidade de sermos felizes juntos, vamos agarrar até o
final.
Ontem descobri que terei um novo irmão. Fiquei feliz, há anos não tinha um bebê na família.
Ele tem cinco anos, mas vou tratá-lo com um bebê, estou contando os minutos para chegar logo
em casa e conhecer o garotinho que conquistou meus pais.
Meu celular começa a tocar, paro o carro no acostamento e o pego. É um número
desconhecido.
— Alô.
— Trinity, me ajuda, acho que estou entrando em trabalho de parto. — A voz de Ashley soa
do outro lado.
— Calma! — peço, estranhando porque ela me ligou. — Onde estão seus pais?
— Estou no meu apartamento em Cambridge, meus pais saíram para o dia de Ação de Graças
e não estou conseguindo falar com eles. O David deu seu número, caso precisasse de ajuda.
Desculpa te ligar, mas estou desesperada. — Ela se explica, chorando. Mesmo não gostando dela,
não posso deixar que aconteça nada com o bebê.
Saio do carro e sigo para a casa, toco a campainha e espero uns minutos. A porta se abre, e do
outro lado está uma Ashley descabelada.
— Você veio. — Ela diz, me abraçando de lado, porque sua barriga está grande.
— Você precisa ir ao hospital. — digo a ela.
— Vou apenas tomar um banho. — Ela diz, me dando passagem.
Entro na casa e sinto um arrepio tomar conta de mim. O lado interno da residência é bem
moderno e elegante, a cara da Ashley.
— Não demore, se precisar de ajuda, me grite. — aviso, e ela me aponta o sofá.
— Tudo bem. — Ela dá um sorriso amarelo e sobe as escadas. Fico um minuto olhando ao
redor, não me sinto bem em estar aqui.
— Ora, ora, se a Carter adotada não veio mesmo. — Ouço a voz da Katherine e me viro.
Knowles, coisa que você e sua irmã não conseguiram. — Ela dá uma gargalhada que arrepia meu
corpo todo.
— Já que está aqui, vou embora. — digo, me levantando, mas ela chega perto de mim e
segura meu braço.
— Você não vai a lugar nenhum. — Ela diz, apertando meu braço. — Gisele! — Ela grita, e
meu coração acelera.
— Se isso der errado, não coloque a culpa em mim, só estou ajudando duas mulheres
grávidas. — Gisele diz e se aproxima de mim.
— Espere! — A voz de Ashley surge. — Vamos levá-la para o porão. — Me viro na sua
direção. Ela está com uma arma na mão, apontando para mim. Então, tudo isso foi uma armação?
Como pude ser tão boba?
— Andando, Carter adotada. — Katherine me empurra e olho para ela com raiva. — Aquela
sua irmã tolinha gosta de colocar apelidos, que tal esse? — Ela zomba.
Você seria a Hera Venenosa. Não gosto de desenho, mas esse caiu bem. Meu Deus, estou
pensando em desenhos em uma hora dessas.
— Por que está fazendo isso, Ashley? — pergunto, quando ela aponta a arma para minha
cabeça.
— Você roubou meu homem, agora vai pagar! — Ela grita.
— Vocês falaram que era apenas um susto. — Gisele diz.
— Vamos levá-la para o porão, depois pode ir embora. — Katherine diz, caminhando na
frente.
— E fique de boca calada, ou eu te mato. — Ashley me ameaça.
Elas me levam para o porão e Gisele me amarra. Fico sentada em um canto do porão, à mercê
dessas loucas.
— Sim, filha. Será triste sem você, mas quero que cuide da sua avó. — Ela diz com carinho.
— Te amo.
O aparelho é desligado e olho para aquelas duas bruxas.
— Boa menina, sabe mentir direitinho para a mamãe! — Ashley debocha.
— É porque é adotada.
— O que vocês querem de mim?
— Só queremos te dar uma lição. — Ashley aponta a arma para mim.
— Abaixe essa arma. — Katherine pede.
— Socorro! Socorro! — grito até minha garganta arder.
— Ninguém vai te ouvir aqui.
— As pessoas não iriam mais me querer como amiga, ninguém iria querer namorar comigo.
— Ela diz, chorando.
— Essas pessoas são preconceituosas e não são verdadeiramente seus amigos.
— Mas eu só tenho o vírus, a doença não se desenvolveu, eu me cuido direitinho, mas tenho
medo de morrer. — Ela conta, chorando.
— Se continuar se cuidando, ficará bem. — aviso. Não sou médica, mas entendo um pouco.
— Eu sei, mas, por favor, me perdoe.
— Não tenho que perdoar ninguém, mas preciso de um favor seu.
— Pode falar, vou fazer tudo que você me pedir. — Ela diz prontamente.
— Ache meu celular e mande uma mensagem para Lívia, dizendo que fui sequestrada, mas
fale para ela não contar a ninguém, só ao Jaden. — peço, e ela me olha, espantada.
— A Ashley vai me matar! — Ela diz, alarmada.
— Não fale que foi pela Ashley, só dê o endereço. — peço a ela.
— Tudo bem, agora beba isso. — Ela coloca o copo na minha boca e bebo tudo.
— Obrigada, pode levar a comida, não estou com fome.
— Tudo bem, procure não se mexer, essas cordas machucam. — Ela me aconselha.
— Você amarrou muito forte.
— Desculpe, vou afrouxar mais um pouco. — Ela deixa as cordas de maneira que não me
machuquem tanto e sai, levando a bandeja.
— Queria bater na sua irmã, mas como ela não está, você me serve. — Katherine me soca
mais uma vez, desta vez no rosto, e sinto sangue sair pela minha boca.
— Vocês duas vão mofar na cadeia! — grito, sentindo o gosto de sangue na boca.
— Então, teremos que te apagar totalmente. — Ashley ameaça.
Theo desce e o coloca no chão, ele caminha na nossa direção e sobe todo desajeitado no sofá.
Theo cumprimenta o Mayck e a Beca.
— Lívia, o cabelo dela é bonito, igual ao meu e o seu. — Max diz com os olhos brilhando,
como se estivesse descobrindo algo mágico.
— Que fofo! Ele é o seu irmão? — Elle pergunta, pegando na bochecha de Max que ri todo
bobo com o carinho.
— Meu nome é Maxwell e eu tenho cinco anos. — Ele se apresenta. — Sou irmão do Theo,
que é lindo como eu, da Luara, que é divertida e me chama de Peter Pan. — Ele fala, rindo, porque
gosta do apelido, e eu e Mayck reviramos os olhos. — Da Lívia, que é LLC, e da Tri... Como se
chama a menina que ainda não conheci? — Ele pergunta ao Theo, que senta ao lado da mãe do
Mayck.
— Trinity, mas pode chamá-la de Triny. Beca, cada dia que passa a senhora se torna mais
linda, com todo respeito. — Theo elogia a mãe do Mayck.
— Essa daqui é a Beca, mãe do Mayck, esses são meus padrinhos, Júlia e Charles — Os
apresento e eles apertam as mãos.
— Eu sou Max, tenho cinco anos. — Max começa seu discurso outra vez. — Sou irmão do
Theo, que é lindo como eu, da Luara, que é divertida e me chama de Peter Pan, da Lívia, que é
LLC e da Tri... esse nome ainda não aprendi. — Ele diz, dando de ombros.
— Trinity. — Eu e Theo falamos juntos.
— Boa noite. — Eles cumprimentam ao mesmo tempo, minha mãe beija o rosto das mulheres
e meu pai aperta a mão do meu padrinho.
— Mamãe, me pega no colo. — Max pede, levantando os braços. Minha mãe olha para ele,
emocionada, e o pega no colo, depois ela beija o rostinho da Elle. — Olha como a minha mãe é
bonita. — Ele diz, tocando o rosto dela.
— Meu filho é muito gentil. — Mamãe beija o rosto do Max.
— Agora pode me colocar no colo da menina de cabelos vermelhos.
— Ruivos. — Elle e Beca dizem ao mesmo tempo.
— Ruivos, muito legal esse nome. Eu sou o Peter Pan, e você é a Ruivos? — Max pergunta, já
pegando no cabelo da menina. Acho que esse garoto tem alguma coisa com cabelos.
— Eu sou a Pequena Sereia. — Elle diz, orgulhosa. Realmente, a Luara consegue fazer uma
pessoa feliz.
— Peter Pan namora a Wendy. — Max lamenta.
— Puxei o papai e ao meu irmão Theo. — Ele diz e depois olha para o Theo. — Falei igual
você me ensinou.
— Não precisava dizer que eu te ensinei.
— Você não me disse nada. — Max dá de ombros.
Ficamos na sala conversando. Luara e Mayck descem, fingindo que não aconteceu nada, mas
só pelas caras felizes sabemos que estavam aprontando.
— Boa noite. — Mayck cumprimenta.
— Boa noite. — Todos dizem juntos.
— Vamos jantar? — Luara pergunta.
Dylan me olha o tempo todo e tento esconder minha tristeza pela falta da Triny. Quando todos
vão embora, subo para meu quarto, para pegar algumas roupas. Irei dormir na casa do Dylan, mas
como amanhã volto a trabalhar novamente, preciso ir para o apartamento dele preparada.
Dylan dirige na frente e eu o sigo com o meu carro, amanhã vou sair cedo e não quero que ele
se preocupe em me levar à empresa.
Recebo uma mensagem da Triny e abro na mesma hora. Levo um susto pelo conteúdo, paro o
carro e meu coração acelera.
Triny foi sequestrada e a única informação que tenho é o endereço, e que só posso falar com o
Jaden e não envolver a polícia, ou ela morre. Não posso deixar minha irmã na mão desses
bandidos. Meu celular começa a tocar e o nome do Dylan aparece no visor.
— Oi. — digo, calma.
— Por que você parou, meu amor?
— Desculpe, vou dormir em casa hoje, minha mãe precisa de mim. — minto. Não posso
contar a ele, porque ele vai querer envolver a polícia e minha irmã pode acabar morta.
— Se quiser posso ficar com você, calma aí. — Ele desliga, e olho para frente. Dylan sai do
seu carro e entra no lado do passageiro do meu.
— Dylan, vamos dormir separados só essa noite. — peço e ele me olha, desconfiado.
— Tem certeza que não aconteceu nada? — Ele alisa meus cabelos e desvio o meu olhar.
— Sim. — minto mais uma vez e me condeno, não sou assim, mas não posso contar nada.
— Tudo bem, então nos vemos amanhã. — Ele passa a mão no meu cabelo e sinto alívio por
ele não fazer tanta pergunta.
— Te amo. — digo e meu coração aperta.
— Te amo mais, minha LLC.
Ele sai do carro e sinto um grande peso no coração. Dou ré no carro e finjo voltar para casa,
mas assim que seu carro desaparece, passo direto pela minha casa.
Eu sabia que estava estranho, a Triny nunca passou nenhum dia de Ação de Graças sem a
Passo pela ponte, e quando chego a Cambridge acelero o tanto que posso. Está um trânsito
infernal, mas assim que chego ao bairro, procuro o local com paciência. Passo pela frente da casa
e paro o meu carro mais distante. Mando mensagem, perguntando em que lugar da casa a Triny
está e descubro que é no porão. Como vou achar esse porão? Podia ter falado com o Dylan, acho
que ele pensaria melhor.
Mando mensagem para o Jaden e conto tudo, peço para não envolver a polícia, mas ele já é da
polícia.
Também envio uma mensagem para o Dylan, não vou esconder isso dele, mas só peço para
me encontrar no endereço. Tiro meus sapatos, se precisar correr tenho que estar preparada.
Caminho em direção à casa. Por sorte, a rua está escura. Olho pela janela e não vejo ninguém,
dou a volta na residência e entro pela porta da cozinha.
Escuto barulho na sala e fico em alerta. Escondo-me ao lado da geladeira e faço de tudo para
ouvir a conversa.
— Vamos ter que matá-la. — Essa voz é familiar.
— E onde vamos enterrar o corpo? — Outra voz pergunta, e essa eu reconheceria de longe.
— Lívia, você veio. — Ela fala, e tudo que sai da sua boca é sangue.
se levantar.
— Ele está vindo.
— Então saia daqui. — Ela diz, me empurrando, mas não quero abandonar minha irmã aqui,
ela está machucada e precisa de mim.
— O Jimmy nunca iria fazer isso, ele me ama. — Katherine se ajoelha e beija na boca do
Jimmy. Fico mais surpresa ainda. Sei que tenho que ir, mas preciso saber mais.
— Claro que ele te ama e você o ama também, afinal, ele é o pai desse bebê, ou era, né? —
— Ele fez isso porque ele me amava, mas agora ele está morto e a culpa é sua! — Katherine
grita, me assustando. Saio correndo e esbarro nas cadeiras da cozinha.
Maldita hora! Abro a porta e corro. Chego ao meu carro e dou graças a Deus por ter deixado a
chave na ignição. Ligo o veículo, olhando pelo retrovisor, vejo quando as duas entram no carro
para me seguir. Acelero para me distanciar o mais rápido possível.
Escuto um estouro; um dos meus pneus furou. Olho mais uma vez pelo retrovisor, vejo que
Katherine está com uma arma, atirando contra meu carro. Tento manter o controle sobre ele, mas o
pneu danificado faz o carro rodar. Tudo que consigo é apenas olhar na direção que o veículo está
indo, sinto o impacto contra o muro. Minha visão vai acabando, e junto dela minha alma pede
socorro. Meu corpo quer ficar acordado, mas meus olhos pesam e a escuridão me domina.
Dylan
Estranho o comportamento da Lívia, mas não questiono. Chego em frente ao meu prédio, mas
não desço do carro, sinto que a qualquer hora ela vai precisar de mim.
Ligo o som, e a música que a Lívia tanto ama toca. Um sorriso surge nos meus lábios. Amo a
garota debochada e irritante que é minha namorada.
Vou pedir a Lívia em casamento, preciso dela. Se vamos viver para sempre juntos, melhor
oficializarmos isso. Sei que o importante é o amor, mas quero gritar para o mundo que a Lívia é a
minha esposa, o Theo trouxe até o anel que encomendei com o Patrick, um amigo dele que fabrica
joias.
Meu celular vibra e sinto uma angústia quando abro a mensagem. Lívia apenas passa um
endereço e me pede para a encontrar nesse lugar e que é de extrema importância.
O que ela está fazendo em Cambridge? Dirijo o mais rápido que posso e chego ao bairro que é
um pouco estranho. O que a Lívia faz aqui, a essa hora da noite? De longe, vejo um acidente, viro
em outra rua e vejo o carro do Jaden. Sinto que algo está muito mal. Paro meu carro, e quando me
vê, ele arregala os olhos, surpreso.
— Lívia te mandou mensagem? Ela disse que a Trinity foi sequestrada. — Ele conta. Disso
não sabia. — Ela pediu para não chamar a polícia, ou eles iriam matar a Trinity. — Ele termina
quando vejo minha confusão. Ela fez certo em não me contar tudo, porque a primeira coisa que
iria fazer era chamar a polícia.
— Tudo bem, vamos entrar ou esperar a polícia? Cadê a Lívia? — pergunto, procurando
minha namorada.
— Não sei, quando cheguei aqui não encontrei o carro dela, estou tentando ligar, mas não dá
em nada. Vamos entrar, estou a trabalho. — Ele diz, pegando uma arma.
— Não entendo por que a Lívia veio para esse lugar sozinha! — resmungo e Jaden me entrega
Ele se explica.
A porta está fechada, tentamos empurrá-la, mas não conseguimos. Jaden aciona a polícia e em
dois minutos vários carros surgem, homens entram na casa armados.
encontramos Trinity no chão. Dois paramédicos surgem com uma maca e pego Triny no colo, ela
está desmaiada e muito ferida.
— Leve-a para o Hospital Carter, o nome dela é Trinity Carter. — informo e a coloco na
maca.
— Agora encontre a Lívia, vou descobrir quem fez isso com a Trinity. — Jaden me garante.
Saio do porão e vejo a perícia levando o corpo do Jimmy. Mesmo que ele tenha tentado ser
meu adversário, não merecia morrer.
Ligo para os meus sogros e informo tudo que aconteceu, eles ficam preocupados e falam que
vão correr para o hospital. Quando desligo, tento mais uma vez ligar para Lívia, mas ela não
atende.
— Pelo jeito, hoje não está um dia bom para os Carters. — Um dos paramédicos comenta
com outro.
— Por quê? — O outro pergunta, fechando a porta da ambulância.
— A outra equipe de paramédicos acabou de socorrer a Lívia Carter, ela sofreu um acidente
de carro. — O paramédico responde e sinto lágrimas saírem dos meus olhos.
— Para onde levaram a Lívia Carter? — consigo perguntar.
— Hospital Carter. — Ele informa e entra na ambulância.
Não pode estar acontecendo, meu Deus, como fui tão idiota, ela estava estranha, não podia
deixá-la sozinha.
Entro no carro e dirijo em alta velocidade. Preciso ver o meu amor, ela tem que estar bem.
Quando eu chego ao hospital, meus sogros, Luara e Theo estão na recepção, abatidos.
— Já tiveram notícias das meninas? — pergunto, preocupado.
— A Trinity está bem, mas muito machucada, e da Lívia ainda não temos nenhuma
informação. — Theo diz e Ana vem me abraçar.
— Como isso foi acontecer com as minhas filhas? — Ela chora, e tudo que faço é chorar
também. — Eles vão tirar o Max de mim.
sedação, devido a uma pancada forte na cabeça. Leio mais atentamente e vejo que ela não pode
tomar vários remédios. É estranho, mas no final entendo o porquê: a Lívia está grávida, e o bebê,
graças a Deus, está bem.
Seguro em sua mão, lágrimas surgindo em meus olhos. Vou ter mais um filho, e desta vez
com a mulher que amo.
— Minha LLC, eu te amo. Descansa um pouco, e quando estiver preparada volta para mim.
Eu queria fazer surpresa, mas preciso contar: assim que você sair daqui vou me casar com você, e
não é por causa do nosso bebê, é porque eu te amo de verdade e não adianta dizer que ainda é
jovem, porque eu preciso de você, e esse bebê que está aqui também. — Abaixo e beijo sua
barriga, sinto uma felicidade enorme invadir meu coração.
— Dylan! — Emanuel me alerta e aponta a saída. — Qualquer coisa te aviso, o seu bebê está
Saio pelo corredor, e quando chego à recepção, todos me olham, ansiosos. Olho ao redor e
vejo que meus pais também estão aqui.
— Desculpa, Dr. Pether, roubei uma roupa, mas foi por uma boa causa, tenho informações
sobre a Lívia.
— Vou me dedicar dia e noite para isso. Quero avisar que assim que a Lívia acordar, vou
pedi-la em casamento. — comunico.
— Calma, garoto, estou velho, uma coisa de cada vez. — Pether brinca.
— Dylan, você vai casar por causa do bebê? — Ana pergunta, desconfiada.
— Não, mãe, o Dylan me pediu um anel exclusivo quando estava em Londres. — Theo
explica, e Ana fica aliviada.
— Que bom. Parabéns, Dylan, que você seja muito feliz com a minha filha.
— Obrigado, Ana. Já tem notícias da Triny?
— Vamos poder vê-la em alguns minutos. — Luara avisa.
— Que bom.
— Parabéns, Dylan, e obrigado por me dar um sobrinho. Acho que vou ser para sempre titio.
Me sento na cadeira à espera de alguma notícia da minha garota, sei que quando ela acordar e
descobrir que está grávida vai ficar muito assustada, mas sei que vai amar a notícia.
Vou ter um bebê, na verdade, dois bebês. Vou amar os dois da mesma forma e serei muito
feliz ao lado da minha futura esposa. Vamos vencer tudo juntos. Eu amo Lívia e sei que ela me
ama.
Capítulo 30
Dylan
Assim que a Lívia é transferida para um quarto, eu fico com ela o tempo todo, não quero sair
um minuto de perto dela e do meu bebê.
Theo e Luara foram embora para ficar com o Max, porque a Marta ligou falando que ele
estava chorando muito.
Uma cama de hospital não é confortável, todos os músculos do meu corpo doem, mas me
ajeitei bem e quero ficar com a minha LLC o tempo todo.
Sento na cadeira ao lado da Lívia e olho para seu rosto angelical.
— Meu amor, sei que está cansada, mas preciso que acorde, nosso bebê também, e você vai
ficar louca quando descobrir que está carregando um bebê nosso, do nosso amor. Eu ainda não
falei, mas quero ter quatro filhos, não briga comigo, eu amo crianças.
Ouço a porta sendo aberta e viro na direção dela. Os pais dela entram, cansados, eles ficaram
o tempo todo no hospital.
testa.
— Agora entendo a aproximação das duas, será que elas estavam planejando isso há muito
tempo? — pergunto, ainda tentando absorver o que ela me disse.
— Elas fizeram isso por causa de você e do seu irmão, e parece que foi uma coisa bem
planejada, porque eu estava chegando de Newton. — Ela conta, desesperada.
— Duas mulheres grávidas não fizeram isso sozinha, tinha alguém ajudando-as? —pergunto.
Elas só podem estar loucas, como foram capazes de tanta barbaridade?
— Tudo que posso dizer é que a Ashley me ligou pedindo ajuda, e quando cheguei no
endereço que ela me passou a encontrei com uma arma e eu não pude fazer nada. — Triny diz,
aflita. Ela precisa ficar calma.
— Fique tranquila, tudo vai dar certo.
— Elas vão ter o que merecem. Preciso ligar para o Jaden. — pego meu celular, mas antes de
fazer a ligação ele começa a tocar. Agradeço mentalmente por ser o Jaden. — Tenho uma coisa
— Ela foi para a casa da tia, disse que a Cíntia não estava bem. — Minha mãe responde.
— O que está acontecendo? — Meu pai pergunta, e passo a mão no meu cabelo. Agora vamos
ter de procurá-la.
— A Katherine e a Ashley são as culpadas pelo sequestro da Trinity. — Jaden explica e meus
Está tudo bem ajudar a prender sua ex-noiva? — Ele pergunta, passando a mão na testa.
— A única coisa que quero é ela na cadeia, a Ashley também, as duas cometeram um crime.
— Você tem ideia que elas fizeram isso por amor? — Ele me pergunta e reviro os olhos.
— Se elas amassem a mim e ao meu irmão de verdade, não machucariam as pessoas que nós
amamos.
— Está certo, acho que elas estão loucas.
Indico para ele o caminho da casa da Sofia e em menos de vinte minutos chegamos ao prédio.
O bairro é simples, um lugar sossegado. A Katherine nunca me levou à casa da tia.
Jaden conversa com o porteiro, que libera nossa passagem e nos informa onde a Cíntia mora,
mas avisa que ninguém estranho entrou no prédio.
Entramos no elevador e paramos no andar onde a Sofia mora. Jaden bate na porta e a Cíntia
abre com um sorriso, ela é tão jovem que nem parece a tia da Katherine.
— Posso ajudar? — Ela pergunta ao Jaden e depois olha para mim. — Dylan?
— Sim, sou eu, viemos procurar a Katherine, ela está? — pergunto e ela dá passagem.
— Não vejo a Katherine há cinco meses, ela nunca vem aqui, sempre me liga e nos
encontramos em alguma lanchonete. — Ela diz, triste.
— Como assim? Ela sempre sai para ficar na sua casa, não estou entendendo. — digo,
confuso.
— O que ela aprontou? — Cíntia pergunta, como se já conhecesse a sobrinha.
— Sequestrou uma pessoa e a maltratou. — Jaden conta e entramos na casa.
— Ela já ganhou o bebê? — Ela pergunta, preocupada.
— Não, e ela disse que você não queria esse bebê e que não a aceitou aqui. — digo a ela, que
se senta no sofá, espantada.
— Mesmo a Katherine sendo do jeito que é, eu nunca iria abandoná-la, só não queria que ela
te enganasse. — Cíntia se defende, e não entendo.
— Me enganar como?
— Você não é o pai do bebê da Katherine. — Ela diz, e meu coração se quebra em mil
pedaços. Não pode ser.
— Como assim? Fizemos o teste e deu positivo.
— O Jimmy, que é a verdadeira paixão da Katherine, falsificou o resultado, ele é o pai. — Ela
revela tudo de uma vez e me sento no sofá. Agora tudo se encaixa.
Passei esses anos sendo enganado por eles. Não me importo com isso, só quero entender
como não posso ser o pai da criança que eu aprendi a amar ainda no ventre.
— Nossa! Essa Katherine não é brincadeira. — Jaden diz.
— Nunca foi, ela sempre te traiu com o Jimmy, por isso que quase nunca nos encontramos,
ela me ameaçou várias vezes.
— Morávamos eu, a Kath e os pais dela, eu sou irmã do pai dela, ele me criou desde criança,
então, quando eles morreram eu já tinha vinte anos. Eu fiquei com a guarda da Katherine, mas ela
sempre foi uma menina que queria luxo, e quando completou dezessete anos foi morar sozinha no
apartamento que os pais deixaram, e até hoje ela nunca mais voltou aqui. — A tia relata uma
pequena história.
— Então, a Katherine engana todos? — Jaden pergunta, e Cíntia afirma.
— Ela nunca te amou, só queria ficar com você porque é rico, Dylan. Tentei mudá-la, mas ela
não quis, acho que não a eduquei direto. — Cíntia se lamenta e tenho pena dela, uma mulher tão
jovem e com vários problemas.
Por que eu fui tão bobo? Namorei por anos com a Katherine sem desconfiar de nada.
— Temos que encontrá-la. Desculpa, senhora Cíntia, mas teremos que prender a Katherine. —
Jaden diz, já na porta.
O celular da Cíntia começa a tocar e ela pega, se assusta um momento e me mostra o visor;
Katherine está ligando.
— Atenda e coloque no viva-voz. — peço, ainda triste por descobrir todas as mentiras da
Katherine.
— Alô. — A voz de Katherine soa e sua tia começa a chorar. — Tia?
— Oi. — Cíntia engole o choro e fala calmamente com a sobrinha.
— Estou indo viajar e preciso te ver, estou sem dinheiro. — Katherine fala com a voz rude.
— Vai viajar para onde?
— Não vou te contar, você pode abrir a boca para a polícia e eu saio ferrada, então, se eu te
contar terei que te matar! — Katherine diz com raiva.
— Tudo bem, quanto você quer?
— Todo o dinheiro que o meu pai deixou! — Ela diz, brava.
— Onde podemos nos encontrar? — Cíntia pergunta.
— Tenho que pegar o dinheiro ainda, em meia hora te encontro. — Cíntia diz e Katherine
desliga sem dar tchau.
— Cíntia, vamos prender sua sobrinha agora, tem certeza que está pronta para ver isso? —
Jaden pergunta, mexendo no celular.
— Sim. Mas não a machuque, ela está grávida. — Ela pede, se levantando.
— Então, vamos. — Me ponho de pé.
que as duas têm intimidade, só não entendo a parte da tia, mas não vou perguntar.
— Sim, filha. — Cíntia abraça Sofia com carinho.
— Que pena. — Sofia lamenta. — Daqui a pouco é meu plantão, vou correndo para o
hospital.
— Temos que ir, Sofia. — Aceno para ela.
— Se cuida, gente! — Ela grita quando o elevador abre.
— A senhora é tia da Sofia? — Jaden pergunta.
— Não. Quando ela veio morar aqui com a irmã, ela ficava muito tempo na minha casa, como
falei, a Katherine nunca mais voltou aqui, então, a Sofia e a Summer se tornaram minhas
sobrinhas do coração.
— Eu ainda sou o pai dele, só estou confuso, mas tenho certeza que sou o pai, afinal, não
precisa ser de sangue para ser pai — digo, ainda angustiado. Amo essa criança e eu sou o pai.
— Fico feliz por você.
— E eu também, não sei se o Jimmy irá assumir essa criança, ele é igualzinho a Katherine, só
pensa em dinheiro. — Cíntia diz, decepcionado.
— O Jimmy está morto, e mesmo que ele quisesse o meu filho, eu não iria deixar. — falo
determinado com a Cíntia.
— Como o Jimmy está morto?
— Isso é uma coisa que precisamos descobrir. Quando chegamos a casa que a Ashley e a
Katherine prenderam a Trinity, o encontramos morto. — Jaden conta a ela, que fica chocada.
— Que pena!
Passamos em um banco, Cíntia entra e depois de algum tempo volta com uma bolsa com
dinheiro.
Chegamos à lanchonete, que é humilde, mas bem limpa e organizada.
Jaden fica no carro e sento na última mesa, Cíntia em uma bem próxima. Pego o cardápio e
finjo que estou olhando, quinze minutos depois Katherine entra, toda elegante e de óculos escuros.
— Trouxe o meu dinheiro? — Ela pergunta, se sentando.
— Está aqui. — Cíntia entrega a bolsa.
— Muito prestativa, titia, pena que não veio sozinha. — Ela pega uma arma da sua bolsa e
mira na minha direção. — Você não me serve para nada mesmo. — Ela dispara e me abaixo, a bala
descontroladamente.
— Vamos, Cíntia. — Ajudo-a a se levantar e caminhamos para fora da lanchonete.
— Entrem, a Katherine está fugindo! — Jaden grita e entramos no carro.
Katherine sai disparada com o carro, mas fico aliviado quando vejo o carro com a equipe do
Jaden perseguindo-a. Ela não pode fugir, cometeu um crime e agora tem que pagar.
Jaden acelera atrás da sua equipe. Ela dirige em alta velocidade e ultrapassa todos os sinais, e
Jaden faz o mesmo. Um caminhão surge na frente do carro da Katherine e o atinge, o fazendo
capotar.
Nessa hora, com meu coração acelerado, tudo que quero é que o meu filho esteja bem. Jaden
para atrás dos companheiros e descemos correndo.
Eles tentam me parar, mas Jaden diz que sou médico, dou a volta no caminhão e paro na
frente do carro. O corpo de Katherine está jogado para fora do carro e meu coração acelera mais.
Corro até ela, que está com a mão sobre o ventre.
— Não deixe o bebê morrer! — Ela grita e vejo que sua bolsa estourou.
— Alguém chame uma ambulância! — grito, e Cíntia se abaixa ao meu lado.
— Katherine! — A tia chora.
— Me perdoa, tia, não sou uma boa sobrinha. — Katherine chora junto com a tia.
— Tudo pode se resolver.
Os paramédicos surgem, fazem todo procedimento e entramos na ambulância.
— Dylan, salve o bebê. — Ela pede.
— Vai ficar tudo bem. — digo e sento ao seu lado, a Cíntia faz o mesmo.
— Tia, fica comigo.
— Estou aqui. — A tia segura na mão dela.
— Dylan, sinto muito, mas a obstetra está na ala pública fazendo um parto, a Dra. Ana está
sem condições no momento, o Rodrigo está de férias e todos os cirurgiães estão ocupados, ela vai
ter que esperar alguns minutos. — Micheli me informa, um pouco preocupada.
— Tudo bem, vamos levá-la para um quarto, e quando alguém estiver liberado me avise. —
— Tia, eu vou morrer, mas antes, eu preciso que me perdoe. — Katherine pede à tia.
— Você não vai morrer.
— Vou, sim, eu sei, só preciso do seu perdão. — Ela implora.
— Tudo bem, a perdoo.
— Obrigada. Ai, ele quer nascer! — Ela grita.
— Doutor, teremos que fazer o parto. — Uma enfermeira informa.
— Dylan, você é médico, faça alguma coisa! — Katherine grita por causa da dor.
— Coloque-a na sala de parto, eu vou me vestir. — peço, saindo do quarto. Passo na recepção,
explico o que aconteceu e sou liberado para fazer o parto. Visto as roupas necessárias e sigo para a
sala. Katherine já está deitada na posição e Emanuel faz alguns procedimentos.
— Ela não vai aguentar, o parto não pode ser normal. — Emanuel me diz, com pena.
— Vamos salvar o bebê. Katherine, está pronta? — pergunto e ela revira os olhos, com raiva.
— Vai ser uma cesariana. — informo, me aproximando dela, Cíntia está ao seu lado segurando sua
mão.
— Tire-o de dentro de mim! — Ela grita e me posiciono para trazer o meu primeiro filho ao
mundo. Já fiz isso outras vezes, mas agora é especial.
Emanuel aplica a anestesia e eu começo a cirurgia.
Depois de uma hora, seguro a criança em meus braços. É uma emoção muito grande, mesmo
que ele não tenha meu sangue, eu o amo como um pai. É tão pequeno, mas me enche de um amor
enorme.
Corto o cordão umbilical, ainda não escutei o choro do bebê, acho que ele bebeu muito
líquido amniótico. Entrego-o para o Emanuel, que faz todo procedimento, e eu cuido da Katherine.
O choro do meu filho me enche de alegria, sinto que seus pulmões são fortes e tudo que
desejo é que seja saudável e feliz, e prometo que amor da minha parte nunca vai faltar.
Emanuel o leva até a Katherine, que nega, cansada.
— Não, entrega ao Dylan, não sou a mãe desse bebê, ele não merece a mãe que tem. —
— Não! — A tia chora abraçada ao corpo da sobrinha. Espero a tia se despedir de Katherine, e
quando ela se levanta, está vermelha de tanto chorar.
— A Katherine se foi, mas temos esse bebê para cuidar. — Pego meu filho e Cíntia dá um
sorriso triste.
— Vai me deixar vê-lo?
— Sempre que quiser. Agora eu vou levá-lo ao pediatra. Emanuel, cuide de tudo aqui.
Sigo pelo corredor com meu filho enrolado em um lençol para recém-nascidos, preciso das
roupinhas dele.
— Meu Deus, Dylan, que criança é essa? — Sofia pergunta, pegando o Jason dos meus
braços.
— Meu filho, ele nasceu, mas precisa ser examinado, a Katherine sofreu um acidente e eu
tive que fazer um parto de emergência. — digo, e ela olha carinhosa para meu pequeno.
— Vou examiná-lo, mas depois ele precisa do calor da mãe. — Ela me avisa.
— Katherine está morta. — conto e ela fica chocada. Entramos em sua sala e ela coloca o
pequeno sobre uma maca.
— Então vou levá-lo para a incubado, ele precisa ser examinado com muita atenção. — Ela
analisa os pulmões do meu filho. — Assim que terminar, o chamo.
— Sou! — digo, determinado. — Porque vou adotá-lo, o pai dele era o Jimmy. — conto sem
ressentimento, afinal, a errada da história sempre foi a Katherine.
— Sabia que aqueles dois escondiam alguma coisa. — Ela diz, calma.
— Agora, vamos seguir em frente.
— Tudo bem?
— Estou bem, fico triste pelo Jason, que vai crescer sem mãe.
— Quem disse que a Lívia não pode ser a mãe dele? — Ela pergunta e me lembro das
palavras de Katherine.
— É tudo que eu mais quero, só que a Lívia já sofreu demais por causa da Katherine, não sei
se suportaria criar um filho dela.
— A Lívia só tem amor para dar, leve seu filho para conhecê-la. — Ela coloca meu filho em
— Sim, esse garotão é forte, em cinco minutos eu vou buscá-lo. — Ela diz, beijando a
mãozinha dele. — Posso ser a madrinha dele? — Ela pergunta com os olhos brilhando.
— Não pensaria em outra pessoa para ser a madrinha.
— Agora ande, eu vou ver a tia Cíntia, ela deve estar muito triste. — Sofia abre a porta para
— Tudo que quero é me casar com a Lívia, mas não sei se ela vai querer ser mãe do Jason.
— Jason? Lindo nome, como o meu. Oi, bebê, eu sou seu tio lindo. — Theo beija a mãozinha
dele e meu filho resmunga.
— Ele não te acha lindo. — aviso, orgulhoso, e ele faz careta.
— Aproveita que não tem ninguém no quarto e vai acordar a sua futura noiva e dizer que o
Jason é seu e pode ser dela. — Ele me incentiva e dou um sorriso em agradecimento.
Abro a porta e vejo que a Lívia ainda dorme profundamente. Coloco o bebê do seu lado e
pego o prontuário. Ela não tem nada, mas precisa acordar sozinha. Sento na cadeira e pego sua
mão.
— Oi, meu amor, desculpa demorar, mas eu tive que fazer um parto. — digo a ela, e Jason
resmunga. — Pois é, o meu Jason nasceu, eu disse que olharia para ele e saberia seu nome e isso
aconteceu, mas o meu bebê está triste, porque não tem mãe, eu pensei, quem sabe, se você
aceitaria ser a mãe dele? — pergunto como se ela estivesse ouvindo e sinto um aperto na mão.
— Dylan. — Sua voz sai rouca e ela abre os olhos. Como senti saudades dos seus olhos
verdes brilhando só para mim. — Jason é um nome lindo. — Ela diz e se vira na direção do meu
filho. — Ele é lindo, adoraria ser a mãe dele, mas Katherine não vai gostar. — Ela diz, calma, e se
senta.
perdão dela, mas aceite ser a mãe do Jason, que não tem uma mãe para amar. — peço e ela me
olha, assustada.
— Então, eu posso ser a mãe do Jason? — Ela pergunta com os olhos brilhando e beija a
cabeça do pequeno. Agora seus olhos não brilham só para mim, já estou ficando com ciúmes.
— Você quer? — pergunto, me aproximando dela.
— Muito. Oi, bebê, eu sou sua mãe. — Ela diz, pegando na mãozinha do meu bebê.
A porta se abre e Sofia entra e olha para nós com um sorriso.
— Desculpa atrapalhar o momento dos pais, mas o Jason tem que se alimentar e passar por
outros exames. — Ela diz, caminhando até a Lívia.
— Já viu como meu filho é lindo? — Lívia pergunta com um sorriso e sinto uma felicidade
— Muito lindo, e eu sou a madrinha dele. — Sofia pega meu bebê. — Vou levá-lo para a
incubadora.
A porta é aberta outra vez e Theo entra. Olha por um longo momento para a Sofia com o
Jason nos braços.
— Oi, Dra. Sofia. — Ele acena para Sofia.
— Theodore Carter. — Ela diz de modo educado. — Foi um prazer te ver, agora tenho que
Chegou o momento de pedi-la em casamento e contar que vamos ter mais um bebê.
— Vou lá contar, então — Entro no quarto e Lívia me olha, preocupada.
Chegou o momento de expressar o quanto amo a Lívia. O Jason já é nosso filho e isso me
deixa muito mais que feliz, agora preciso ouvir o sim da sua boca, para minha felicidade ser
completa.
Se ela não estiver preparada, vamos ter paciência, mas nunca vou desistir, porque o meu amor
por ela é tão grande que não cabe no meu coração, e agora que vamos ter um bebê, sei que foi a
forma de o destino mostrar para nós que o nosso amor dá frutos, e o Jason é o fruto que
escolhemos juntos.
Só não quero que ela fique preocupada com a gravidez, o Jason é recém-nascido, vamos
aprender a cuidar dele juntos, e quando o próximo nascer, vamos estar bem mais experientes.
Mesmo que eu ame crianças, quero aprender tudo direito e quero fazer isso com a Lívia.
Capítulo 31
Lívia
Quando meu irmão puxa o Dylan para fora do quarto, fico preocupada. Será que está
acontecendo alguma coisa e eu não sei?
Todos que entraram no meu quarto me olharam com proteção, e se eu estiver com algo grave
e ninguém quer me contar?
Balanço meu corpo todo para ver se está tudo no lugar certo e minhas costas doem. Como sou
burra, sofri um acidente ontem.
Dylan entra, e apesar de notá-lo um pouco tenso, está sorrindo. Ele me faz lembrar do Jason,
que agora é meu filho. Como será que ele vai reagir quando souber que o Jason não é filho
biológico dele?
— Tenho alguma coisa? Pode me contar, todo mundo está me olhando de uma forma
diferente. — peço e ele dá mais um sorriso.
— Você não tem nada, meu amor. — Ele caminha até mim. — Fiquei muito preocupado, por
que não me falou antes sobre o sequestro? Não podia ter feito aquilo sozinha. — Ele me abraça e
choro no seu ombro.
— Desculpa, Dylan, mas era a minha irmã, tinha que fazer alguma coisa.
— Poderia ter acontecido alguma coisa com você, quando eu vi o Jimmy morto, passou várias
coisas pela minha cabeça.
— Eu fiquei escondida atrás da porta, iria sair correndo e esperar você e Jaden, mas quando
ouvi o Jimmy entrando, fiquei curiosa. Ele sabia sobre a minha irmã, mas quando a Ashley e a
Katherine decidiram que iam matá-la, ele pulou fora, e quando ia saindo a Ashley atirou nele e
acabei descobrindo... — paro de falar, ele vai ficar muito triste.
— Que eu não sou o pai do Jason e que o verdadeiro amor da Katherine era o Jimmy? — Ele
se fosse meu filho. — Ele me conta. Pelo menos alguma vez ela fez algo certo.
— Ele é seu filho, não precisa ter sangue para saber disso. — digo, passando a mão no seu
rosto.
— E agora é seu também, vou pedir à minha mãe que resolva isso o quanto antes, o Jason não
— Tudo que eu mais quero é me casar com você. — digo a ele, que se levanta e vem me
abraçar.
— Eu sei que você ainda é jovem para casar e ter filhos, mas prometo te ajudar sempre. —
Ele beija meus lábios e pega minha mão.
— Vamos conseguir, o Jason está pequeno, mas temos a família para nos ajudar, e quando ele
for maior, podemos ter mais um, o que acha? — pergunto, e ele coloca o anel no meu dedo.
— Acho que preciso te contar outra coisa. — Ele diz, carinhoso, e acaricia meus cabelos. —
Promete não ficar nervosa? — Ele pergunta, e nego, porque já estou.
— Dylan, prometemos sempre contar a verdade. — falo, já com um nó na garganta. Ele me
abraça e sua mão descansa sobre a minha barriga.
— Lívia, desculpa, mas eu acabei te engravidando. — Ele diz com um sorriso e arregalo os
olhos.
— Como? — pergunto, atordoada.
— Fico feliz que o Jason tenha uma mãe muito determinada e linda.
— E um pai muito babão. — brinco e ele beija meus lábios. Deito na cama e pego sua
para proteger e amar essa criança, assim como vou fazer com o Jason.
Quando acordo, o Dylan dorme profundamente na outra cama.
Deixo a cama e sigo para o banheiro, tomo um banho e volto para a cama. A porta se abre e
Triny surge, ainda está muito abatida e machucada.
— Triny. — Me levanto e abraço minha irmã, que chora.
— Desculpa, Lívia. — Ela pede.
— Eu te amo, para com isso! — peço, levando-a até a cama.
— Eu coloquei a sua vida e a do bebê em risco. — Ela soluça.
— Colocou nada! Eu faço tudo pela minha família. — Beijo seu rosto e ela me abraça.
— Desculpe!
— Triny, pare agora! — Ela chora e deixo. Melhor ela jogar para fora tudo que está guardado
dentro do seu coração. Aos poucos o choro para e pego água para ela. — Está melhor?
— Sim. — Ela bebe a água e olha para minha barriga. — Bebê a bordo. — Ela brinca e toca
meu ventre.
— Eu e o Dylan vamos adotar o Jason.
— Fiquei sabendo que a Katherine morreu, triste fim.
— Você vai gostar do seu sobrinho? — pergunto, e ela me encara.
— Vou amá-lo, porque é uma criança inocente e seu filho. — Ela diz com um sorriso.
— Te amo.
Alguém bate na porta e peço para entrar. David entra com uma expressão séria.
— Fiquei preocupado.
— Estamos bem. — Ela me olha e concordo com a cabeça.
— Parabéns ao casal. — David caminha até o irmão e o abraça. — Outro bebê? Que fofo, vai
ficar se achando porque tem dois.
— Obrigado, e já estou me achando. — Dylan toca a minha barriga.
— Sem graça. Assim que a minha Carly nascer eu vou levá-la para Oxford, não posso deixá-
la aqui, a mãe é uma louca. — Ele diz, sério.
— Carly? — Triny pergunta e ele afirma. — Nome lindo.
— Eu que escolhi. — David diz, orgulhoso.
cama.
Dylan sai e fico no quarto, sozinha, depois a porta é aberta e Luara entra com tia Jadila e
Liam, que está com um buquê nas mãos.
— Finalmente você acordou, menina. — Tia Jadila beija meu rosto.
— Parabéns pelo bebê. — Liam me entrega o buquê e beija minha testa de um jeito
carinhoso.
— Ficamos todos assustados. — Luara diz, me abraçando.
— Desculpa. — beijo seu rosto.
— Agora vamos ter vários bebês em casa. — Ela comemora.
— Cadê o Max? — pergunto um pouco triste, nem fiquei tanto tempo assim com o meu novo
irmãozinho.
— Ele está lá fora com o papai, depois ele vem aqui te ver. — Luara me conta.
— Lívia, só quero você e a Trinity na empresa quando melhorarem. — Liam avisa.
— Lívia, só viemos ver como estava, o seu médico só liberou cinco minutos. — Tia Jadila me
beija e faço bico.
— Não vou ser um tio ruim. — Ele diz e meu coração se aperta. — Eu ainda vou ser seu
irmão?
— Sempre. — Beijo seu rosto.
— Vamos conhecer a outra irmã. — Ele pede ao meu pai e estende os braços.
— O nome dela é Trinity, não erra. — Meu pai o pega.
— Pai, posso ir também? — pergunto, me levantando.
— Deixa, papai, ela não pode ficar sozinha aqui. — Max passa a mão no rosto do meu pai.
— Vai ser bom andar um pouco, mas vamos devagar. — Papai abre a porta e passamos.
Entramos pela porta ao lado. Se soubesse que era tão perto assim, teria vindo antes.
David está sentado em uma cadeira, ao lado da cama da Triny.
— Você é namorado dela? — Max pergunta ao David, que está pasmo.
— Você é o meu irmãozinho? — Triny pergunta, para mudar de assunto.
— Sim, Tri... — Max se atrapalha e olha para meu pai, pedindo socorro.
— Trinity. — Meu pai diz a ele, que dá um sorriso.
— Trinity, você é minha irmã encantadora. — Maxwell diz, e ela dá um sorriso contente.
— O traz aqui. — Triny pede e meu pai o coloca na cama.
— Você é muito bonita. — Ele a elogia mais uma vez e David faz careta.
— Muito galanteador. — David diz, tocando seu cabelo.
— Obrigado! — Max agradece com um sorriso.
— Oi, irmãozinho. — Triny o abraça e beija sua bochecha.
— Meu nome é Maxwell, a Luara me chama de Peter Pan. Sabe? Aquele da terra perdida?
— Terra do Nunca! — Eu e Triny falamos juntas.
— Isso. Eu estava perdido na rua, a minha mãe, que é sua mãe também, me ajudou. — Ele
conta a ela, que já está com lágrimas nos olhos.
— Agora somos irmãos. — Triny o abraça e ele concorda.
— E eu sou seu futuro cunhado. — David diz e Max olha para ele, confuso.
— Você é do futuro?
— Não, mas eu e a Trinity vamos ficar juntos no futuro. — Ele beija a cabeça do Maxwell, e
minha irmã chora.
— Legal, eu já tenho dois sobrinhos, quando vocês ficarem juntos quero mais. — Maxwell
diz e estende os braços para o papai.
— Você terá vários sobrinhos. — prometo, alisando seus cabelos.
— Menos da Luara, ela é criança como eu. Papai, deixa eu ir para casa do Theo? — Maxwell
pede ao meu pai e fico feliz. Agora ele é uma criança feliz, rodeado por pessoas que o amam.
— Quando você for grande. — Meu pai avisa para ele, que fica triste.
— Então, o Theo tem que ficar aqui! — Maxwell diz, determinado. Tenho certeza que ficará
muito triste quando o Theo voltar para Londres.
— Já isso eu não sei, quem sabe já está na hora do Theo voltar? — Meu pai diz, beijando o
rostinho do meu irmão, que dá um sorriso contente.
— Agora quero voltar para a sala da mamãe, lá tem comida e brinquedo. — Ele pede.
Meu pai caminha até Triny e beija sua cabeça.
— Depois venho te ver, e você, dona Lívia, nada de ficar andando. — Ele beija minha testa.
— Fico feliz por você, acho que a Carly terá um ótimo pai. — Triny comenta, e David a
abraça.
— Vou fazer de tudo para ser!
— E você não vai criar a Carly sozinho, somos uma família, vamos ajudar. — Eu aviso.
— Ficarei grato, mas sei que boa parte será só eu e ela, mas assim que terminar minha
especialização, eu volto.
— Volta hoje para Oxford? — Triny pergunta, sem esconder a tristeza.
— Sim. Vou fazer algumas aulas, quando a Carly estiver perto de nascer, eu vou estar de
férias.
— Então, boa sorte. — Triny diz a ele, que beija seus lábios.
— Despedida com direito a beijo. — David diz e os dois dão um sorriso cúmplice.
— Vou sentir saudades. — Triny diz, passando a mão no seu rosto.
— Eu também. — Ele beija a mão da minha irmã e se afasta dela.
— Lívia, cuide dos meus sobrinhos.
— Sempre. — Ele beija meu rosto e sai.
Triny começa a chorar e me sento do lado dela.
recém-nascido.
quarto.
Passo algumas horas com o Jason, e meu amor por ele só cresce, o cheiro dele é tão bom.
Quando chega a hora de dormir, Dylan deita comigo, mas quando acordo ele está na outra
cama. Jogo o travesseiro nele e fico com uma pena quando ele acorda, assustado.
— Está sentindo alguma dor? — Ele pergunta, vindo em minha direção.
— Não. Só queria que ficasse comigo na cama. — Faço bico e ele revira os olhos.
— É tudo que eu quero, mas não posso. Felizmente, hoje você terá alta. — Ele beija meus
lábios e se senta na cama.
— Vamos fazer a consulta para ver como está o bebê? — pergunto, animada.
— Sim. Mas temos que esperar o médico vir te liberar. — Ele me ajuda a descer da cama e
Enquanto a água cai sobre o meu corpo, toco minha barriga. Tem uma vida dentro de mim e
vou me casar com o homem da minha vida. Não poderia estar mais feliz.
Quando saio do banheiro, Dylan entra para tomar banho. A porta é aberta, após algumas
batidas, e a Gislaine entra.
— Bom dia, senhorita Lívia. — Ela pega o meu prontuário.
— Só Lívia, por favor. Pensei que você fosse médica oncologista. — falo, confusa.
— E sou, mas seu pai pediu para vir te examinar. — Ela diz, séria.
— Tudo bem, então. — digo e deito na cama.
— Parabéns pela gravidez, filhos são dádivas. — Ela me felicita.
— Obrigada. Tem filhos? — pergunto, tocando minha barriga.
— Sim. Tenho um menino, ele tem dois anos. — Ela conta e sinto um pouco de tristeza pelo
Emanuel.
— Você é casada? — pergunto.
— Não! — Ela diz, séria, e começa a me examinar.
— Que bom! — digo, e ela me olha, chocada.
— Por quê?
— Eu tenho... Na verdade, eu não tenho nada, meu noivo, o Dylan, tem um amigo que é
interessado em você.
— Estou correndo de homens. — Ela diz, triste.
— Sofreu?
— Muito, mas não quero falar disso.
— Tudo bem. Como se chama seu filho?
— Daniel. E você, já pensou em algum nome para esse bebê?
— Não, isso é com o Dylan, ele sabe escolher os nomes. — declaro, orgulhosa pelo meu
noivo.
— Que bom, você tem alguém que te ajude. — Ela diz, triste. Decido que quero ser sua
— Também acho.
— Quero conhecer o Daniel.
— Quem sabe um dia. Tenho que ir. — Ela acena e sai do quarto, e no mesmo instante a porta
do banheiro é aberta.
— Tem que avisar ao seu amigo que a Gislaine é uma mulher que sofreu muito e ainda sofre,
então, se ele não quiser nada sério com ela, é melhor caçar outra pessoa para se aventurar. — digo,
séria, e Dylan me olha, pasmo.
— Po..pode deixar. — Ele gagueja.
— Não precisa ter medo, é só um aviso.
— Te amo.
— Melhor ainda, afinal, tenho medo de médicos irresponsáveis. — brinco e ele revira os
olhos, depois beija minha testa e sai.
Arrumo todas as coisas e saio do quarto. Caminho em direção à recepção, Micheli trabalha de
manhã, preciso ver meu afilhado.
— Olha quem chegou! — grito para Micheli, que me olha, espantada.
— Lívia, você devia estar deitada! — Ela ralha, vindo em minha direção.
— Queria ver meu afilhado. — Ela me abraça e toco sua barriga. — Agora você vai ter dois
amiguinhos para brincar. — digo, beijando a barriga da Micheli por cima do vestido.
— Fiquei sabendo disso. Parabéns. — Ela diz, emocionada.
— Obrigada, agora somos duas grávidas e você não pode mais vir trabalhar. — aviso, olhando
seus pés inchados.
— Seus pais disseram a mesma coisa, prometo que hoje será meu último dia. — Ela garante e
a abraço mais uma vez.
— Isso mesmo. Agora tenho de ir, vou ver o meu bebê.
— Mãe babona. — Ela brinca.
— Olha quem fala! — Mando beijo para ela e sigo para a área da maternidade. Olho pelo
vidro, onde meu filho está em um berço.
— Ele é tão lindo! — A voz do meu pai chega aos meus ouvidos.
— Sim. Papai, ele é meu filho. — conto, orgulhosa, e ele me olha com carinho.
— Eu sei, minha filha. — Ele beija minha testa. — Obrigado por me dar um neto.
— Sei. Mas vamos ver meu neto primeiro, depois conversaremos sobre liberdade dos filhos.
— Maxwell só tem cinco anos! — Minha mãe retruca e me estende uma roupa de hospital. —
Coloco a roupa de hospital e volto para o quarto, a máquina já está ligada e minha mãe à
minha espera.
Dylan me olha, emocionado, ele me ajuda a deitar na cama. Minha mãe coloca o aparelho
sobre a minha barriga e um som invade o ambiente.
Olho para o Dylan e sua expressão é séria, a do meu pai a mesma coisa. Minha mãe está
sorridente.
— Por que o coração está batendo assim? — Meu pai pergunta, e me assusto.
— Vocês, que não são obstetras, não entendem. — Minha mãe diz com um sorriso.
— O coração está muito rápido. — Dylan diz, segurando minha mão.
— Vocês dois calem a boca, ou vou chutar vocês daqui! — Minha mãe diz, brava.
Minha mãe passa um gel sobre a minha barriga e meu pai segura na minha outra mão.
— Meu bem... — Meu pai tenta falar, mas minha mãe faz sinal de silêncio para ele.
— Olha lá, Lívia! — Ela me mostra o monitor, mas não consigo enxergar nada, estou com
medo e as lágrimas invadem meus olhos.
— Como? — Dylan pergunta, soltando minha mão.
— Dylan, está assustando a Lívia. — Meu pai avisa e olha para o meu noivo, que está
chorando.
— Quer contar, ou eu conto? — Minha mãe pergunta, e meu coração começa a acelerar.
— Deixa que eu conto. — Dylan diz se aproximando de mim, ele beija meus lábios e dá um
sorriso sincero. — São dois bebês. — Ele conta e mais lágrimas saem dos meus olhos.
— Imagina se tivesse passado anos sem se verem! — Meu pai resmunga e rimos.
— Desculpa, sogrão, mas você fez isso acontecer. — Dylan caminha até meu pai, que faz
careta.
— Queria que se resolvessem, não que engravidasse minha filha. — Meu pai abraça o Dylan.
LLC.
— Te amo, meu noivo Insuportável.
Olho para o Dylan e tudo que vejo é amor. Agora vamos ser felizes, todas as coisas ruins já
passaram, amo meu noivo e a família que estamos construindo.
Capítulo 32
Dylan
Olho minha futura esposa com o meu filho no colo. São lindos juntos, tudo que eu sonhei para
minha vida está se realizando.
Vamos ter mais dois bebês. Quando os vi na tela, meu coração se encheu de alegria, já amo
aqueles dois.
— A casa é nossa, e eu quero me casar o mais rápido possível. — Passo a mão sobre o seu
cabelo, e seu corpo arrepia. Ela sente saudades assim, como eu, dos nossos momentos de carinho.
— Não precisamos nos casar tão rápido. — Ela me diz com um sorriso.
— Precisamos, sim, vamos ter uma lua de mel de uma semana, porque o Jason está muito
novinho. — Pego na bochecha dela, e ela pega a certidão do Jason.
— Jason Carter Knowles? — Ela pergunta com lágrimas nos olhos.
— Sim. Agora somos realmente pais dele. — Esses cinco dias no hospital foram bons para
minha mãe agilizar o processo de adoção.
— Sempre fomos. Oi, bebê da mãe, agora você é um Carter. — Lívia conta, orgulhosa, e meu
filho resmunga.
— Acho que ele gosta mais do Knowles. — brinco, e Lívia faz careta.
que éramos conhecidos da minha mãe. — Estou um pouco nervoso, mas sei que qualquer juiz vai
dar a guarda a quem merece.
— Normal, o certo seria isso mesmo. Não vou estar lá, quero ficar com o Jason.
— Pode ficar com nosso filho, mas agora precisamos ir, ou vão nos expulsar daqui. —beijo
— Então ande logo, antes que um dos dois saia machucado. — Lívia a aconselha e beija o
rosto da irmã.
— Quanto a amizade, vocês ainda podem ter. — digo, e ela se afasta.
— Vou conversar com ele, quem sabe aceita trabalhar aqui, depois que não tivermos mais
nada.
— Mayck é um cabeça-dura, mas tem um bom coração. — Lívia comenta.
— Agora vão logo, porque eu vou chorar na sala da psicóloga. — Luara ri, beija a cabeça do
sobrinho e sai.
— Sua tia é louquinha, meu filho! — Lívia beija a cabecinha do meu filho e ele resmunga.
— Acho que ele quer o papai. — digo para ela, que revira os olhos.
— Dez minutos. — Ela diz, séria, e me entrega o Jason. Lívia abre a porta e entramos na sala
da Ana, que está brincando com o Maxwell.
— Lívia, o Theo vai voltar quando? — Max pergunta, e Lívia me olha, triste.
Theo foi embora há dois dias e o Maxwell está muito triste.
— Logo. Max, que tal irmos visitá-lo, quando o Jason for maior? — Lívia abaixa e beija seus
cabelos loiros.
— Oi, Jason, você é pequeno ainda, mas logo vai ficar grande como seu pai, vamos para a
festa juntos.
— Vão nada! — Lívia diz rapidamente e aperto a bochecha dela.
— Deixa os garotos serem felizes. Agora vamos, que em duas horas começa a audiência. —
Entrego o Jason para ela e abro a porta, Ana beija a cabeça do filho e ele vem para o meu colo.
— Depois eu vou buscá-lo. — Ana avisa e beija Lívia no rosto.
— Vai dar tudo certo, mamãe. — Lívia diz com um sorriso e a mãe concorda com a cabeça.
Lívia coloca o Max na cadeirinha e pega o Jason no colo, quando chegamos ao prédio, Triny
está esperando pela irmã, as duas conversam e choram juntas. Trinity vai depor, por causa do seu
sequestro. Luara, porque é filha do casal. Ontem Pether levou o Maxwell para conversar com uma
assistente social. Agora temos que esperar pela decisão do juiz.
— Vou colocar o Jason no berço. — Lívia avisa à irmã, que está com Maxwell no colo.
— Eu vou com você! — Não quero perder a oportunidade de levar meu filho até o seu quarto.
Subimos a escada devagar. Lívia agora não é mais aquela menina debochada, ela é uma
mulher, uma mãe. Sua barriga ainda está lisa, mas logo vai começar a ficar grande e vou amá-la
até gordinha.
Abro a porta do quarto e me surpreendo, tem várias coisas.
— Olha, Jason, seus avós capricharam. — Lívia diz para o Jason, que abre seus olhos azuis e
boceja. Tudo que um bebê precisa está no quarto, meus pais e meus sogros realmente não
deixaram a desejar, avós babões são piores do que pais.
— O bom é que esse apartamento tem vários quartos, quando eles crescerem terão
privacidade.
— Pai moderno? — Lívia pergunta, colocando o Jason no berço.
— Ainda tenho esperança em ter quatro meninos, meninas só brincam de boneca. — brinco e
beijo o rosto de Lívia. Eu não tenho preferência, podem ser meninos ou meninas, só desejo muita
saúde e felicidade a eles.
Quando chega a minha vez, meu coração acelera. O Maxwell já é um Carter, disso eu tenho
certeza. Sento no local de depoimento e faço o juramento de não mentir, mas nunca fui de mentir
mesmo.
— Doutor Dylan Knowles, pode nos contar como foi o estado em que o Maxwell estava? —
Jadila pede.
— Ele estava muito fraco, entreguei à advogada as cópias com os exames e medicamentos
que ele teve que tomar. — falo e olho para a tia dele, que está ao lado do marido.
— Como pode analisar pelas cópias que foram anexadas ao processo, o Maxwell se
encontrava desnutrido quando foi encontrado pelo casal Carter. — Jadila diz ao juiz.
— Mais alguma coisa Dra. Moretiz? — O juiz pergunta a Jadila.
— Só isso meritíssimo.
— Dr. Hayes o senhor está com a fala. — O juiz diz ao advogado dos tios do Max.
— Pelo que sei, você namora a filha do Pether Carter, pode muito bem falsificar alguns
— Ela não sabia o que estava fazendo, e pelo que sei, isso não vem ao caso.
— Vem, sim, o Maxwell precisa estar em um ambiente saudável.
— Tudo que posso dizer é que Ana e Pether são excelentes pais.
— Que deixam uma filha ser sequestrada, a outra sofrer um acidente?
— Meritíssimo, peço-lhe que retire essas últimas palavras, os meus clientes não podem sofrer
esses tipos de infâmias. — Jadila diz e o outro advogado a fuzila com os olhos.
— Pedido aceito, retire essas últimas falas do Dr. Hayes. — O Juiz ordena ao escrivão. —
Mais alguma pergunta à testemunha? — O juiz pergunta.
— Não! — Jadila diz com um sorriso.
Duas horas de audiência e nenhuma notícia. Luara sai contente e fala que disse muitas verdades.
Faço uma oração em silêncio e as meninas fazem o mesmo. Depois de algum tempo, meus
sogros saem, com expressões alegres.
— Ele é nosso! — Ana diz, contente, e estende uma folha. As meninas correm para abraçar os
pais e pego meu celular e mando uma mensagem para a Lívia.
— O juiz levou em consideração o que o Maxwell contou à assistente social, ele disse só
coisas boas da nossa família, e pelo que indica, o avô dele foi obrigado a pedir dinheiro com
ele. — Pether conta, chorando, e nessa hora um homem pode chorar mesmo.
— Agora vamos correndo, temos que comemorar. — Luara diz, contente. Tudo que quero
agora é correr para minha casa e ficar com a minha mulher e os meus filhos, vou fazer de tudo
para casar com a Lívia o mais rápido possível.
— Gente, comemorem vocês, eu preciso ir para casa, o Jason está muito novo. — aviso, e
Luara me olha um pouco decepcionada.
— Podemos cozinhar na sua casa? — Luara pergunta. Ela realmente quer comemorar com
todos da família.
— Claro que sim, lembrando que aquela casa é da Lívia também.
— Então vamos logo, quero abraçar muito meu filho. — Ana diz, já saindo da sala.
— Trinity, avise ao Theo que deu tudo certo. — O pai pede e Triny pega seu celular. Sigo para
o meu carro e as meninas vão com os pais em outro, eles estão felizes e isso faz bem. Quando
chegamos é uma felicidade extrema, todos choram, se abraçam e fico feliz por fazer parte disso.
Depois meus pais chegam e a festa continua. Minha mãe, Ana e Luara cozinham e os avôs
babam no Jason. Eu e Lívia brincamos com o Maxwell e Triny fica no seu canto. Acho que ela
sente saudades do meu irmão, mas logo ele estará aqui, afinal, a Carly está para chegar ao mundo.
Quando colocamos o Jason no berço, Lívia me olha e sei que agora chegou o momento de
mostrar a ela o lugar secreto.
— Vem, amor. — pego sua mão, ela liga a babá eletrônica e saímos do quarto.
— Vou saber que lugar secreto é esse? — Ela pergunta com um sorriso.
— Anda logo, Dylan! — Ela diz, contente, mas fecha os olhos. Amo essa garota.
Passamos pela parede de vidro, por onde dá para ver um pouco de Boston, e abro a porta no
final do closet. Fecho a porta e paro de frente para a Lívia.
— Pode abrir. — Os olhos verdes da Lívia surgem e ela sorri.
— Que incrível, uma vista para Boston. — Ela diz e caminha para a parede de vidro.
Eu gostei desse lugar, porque posso passar uma tarde de filmes com a minha LLC ou um
jantar romântico, e esse lugar será nosso.
— Esse será o nosso lugar de amor. — conto e mostro o sofá.
— De assistir também. — Ela me mostra a televisão e rimos juntos.
— Prefiro a primeira parte. — digo, puxando-a para os meus braços.
— Eu também, aliás, amei o lugar. — Ela beija meu peito por cima da blusa e meu corpo se
acende.
Puxo Lívia para o sofá, e quando vejo já estamos grudados e em sintonia.
Ontem, quando recebi uma ligação da delegacia, avisando que a Ashley estava louca e queria
tirar a minha filha, eu fiquei maluco. Como uma pessoa consegue fazer isso com uma criança
inocente? Ela está no hospital, prestes a tirar minha filha, e vou fazer de tudo para que ela nunca
orgulhoso.
— Está em casa, organizando as coisas, se você não sabe, em breve me torno um homem
casado. — Ele conta, contente, e fico feliz por ele.
— Boa sorte nisso de casar! — brinco e ele faz careta. — Obrigado por todos estarem aqui.
— Somos família. — Luara conta, abraçando minha mãe.
— Agora ande. — Minha mãe me aconselha, e o Dylan me leva até uma sala cheia de roupas
hospitalares. Visto uma roupa verde, pego minha pasta, pois preciso dos documentos para a
— Antes tem que assinar isso, o juiz me deu a guarda da minha filha. — Eu ando prevenido,
pego a outra cópia e estendo para ela, que assina, satisfeita.
— Toda sua, aproveite essa criatura, que me fez ficar gorda e não me ajudou a ficar com você.
— Ela me devolve a folha, que coloco na pasta, ignorando o comentário sobre a minha Carly.
— Podemos começar? — O médico pergunta.
— Sim, doutor.
— Deite-se e fique calma, Ashley, vamos aplicar uma anestesia e você não sentirá dores. —
Rodrigo avisa a ela, que deita. Vou para longe um pouco.
O médico começa a cirurgia. Quero ser mais forte, como o Dylan, para ver cortar várias
camadas de pele, mas sou fraco e me afasto. Rodrigo e um enfermeiro fazem um trabalho lento e
agoniante, as vezes olho em direção a Ashley e ela está um pouco sonolenta, mas sua expressão é
de perdição e ela procurou isso. Uma hora e meia depois olho para as mãos do Rodrigo que segura
minha filha. Ela está cheia de sangue, mas é a coisa mais linda que vi na vida. Minha menininha
chora e meu coração se enche de alegria.
Rodrigo corta o cordão umbilical e entrega a bebê para uma enfermeira, ela limpa a minha
filha, enrola em um cobertor e caminha na minha direção. Pego minha pequena com todo amor e
carinho, ela chora, e isso me traz um sentimento de força.
— Vou cuidar para sempre de você, minha pequena. — Beijo seu rostinho e ela para de
chorar.
— Quer ver sua filha? — A enfermeira pergunta a Ashley, que vira o rosto.
— Ela não é minha filha! — Ashley diz com uma voz fria.
— Agora precisamos terminar o procedimento, leve a bebê para a pediatra. — Rodrigo pede à
enfermeira, que caminha em minha direção. Com tristeza, entrego minha pequena.
— Pode esperar no berçário, em alguns minutos eu a levo, ela terá que tomar mamadeira e
ficará alguns dias até completar as semanas. — A mulher me avisa e apenas concordo com a
cabeça.
Saio do quarto sem olhar para trás, minha filha não tem culpa da mãe burra que tem.
Chego à recepção, meus pais são os primeiros a me abraçarem.
— Uma linda menininha! — conto, chorando. Esse momento com eles me faz lembrar o tanto
de amor que recebo e minha filha vai receber.
— Parabéns, irmão! Agora somos pais. — Dylan me abraça, só consigo chorar.
— Parabéns, David! — Triny me abraça, sorridente.
— Obrigado. — Beijo seu rosto. Tudo que quero é levá-la comigo, eu quero essa garota, mas
sei que seu lugar é aqui.
— Agora você é pai! — Luara me abraça e ainda chora, desde quando ela virou a chorona da
família Carter?
— Vou ser o melhor pai! — falo em voz alta, só para ter certeza.
— Depois de mim, claro! — Dylan diz e me abraça mais uma vez.
— Vamos fazer nossos filhos serem próximos, como nós dois somos.
— Os melhores amigos, lembrando que o Jason é um mês mais velho. — Dylan brinca.
— Tenho certeza que, quando ele for maior, vai tomar conta da minha Carly. Agora preciso ir
— Espero ver vocês durante esse tempo que ficará na Inglaterra. — Sofia diz, carinhosa, e me
entrega a Carly.
— Vou sempre estar aqui, e você pode ir para a Inglaterra, afinal, você é inglesa.
— Não me sinto bem naquele lugar, a família do meu pai é de lá, pessoas que não se
importaram com duas garotas sozinhas nos Estados Unidos. — Sofia conta, um pouco triste.
— Já tentou procurar por eles? — pergunto, ninando minha filha.
— Nem quero, se eles quisessem encontrar comigo e a Summer, a gente sempre esteve no
mesmo lugar. — Ela diz, séria, e sei que está na hora de deixá-la em paz.
— O que tenho que fazer com ela agora? — pergunto, mudando de assunto.
— Levá-la para o berçário, como a Ashley não quer ser a mãe, ela terá que tomar mamadeira.
— Será melhor, minha filha é uma guerreira.
Caminho para o berçário e encontro Micheli ao lado do Héctor, seu marido, alimentando seu
filho, que pelo jeito nasceu. Claro que nasceu!
— Olha a minha pequena, Micheli, ela nasceu bem forte. — conto, contente, e minha filha
resmunga.
— Muito linda mesmo, está vendo, filho? Sua amiga nasceu no mesmo dia que você. —
Micheli brinca com o filho, que suga o leite, ávido, do seu peito.
— Senhor, pode sentar aqui. — Uma enfermeira me aponta a cadeira de amamentação.
— Vai dar mamadeira para ela? — Héctor pergunta.
— Sim, a Ashley não a quer. — conto, pegando a mamadeira da mão da enfermeira.
— Espera! — Micheli pede e entrega o filho para o marido. — Deixa-me dar o primeiro leite
para ela, leite materno é o melhor alimento para um recém-nascido.
— Ficaria muito grato. — Ela estende os braços e me levanto, coloco minha filha no seu colo
e fico muito feliz.
— O meu Edward não vai ficar com ciúmes, ela é tão boazinha. — Micheli diz e me sento
novamente, não preciso ficar vendo minha filha mamar, afinal, isso seria uma falta de respeito
com o casal.
ainda ter pessoas boas iguais a Micheli, que deu à minha filha o leite que ela precisa.
— Eu também escolhi o nome Edward. — Héctor diz, feliz, e dou um sorriso de satisfação.
Acho que os homens são as melhores pessoas para escolherem nomes de bebês.
— Lindo nome! — digo com um sorriso.
Ficarei em Boston ainda um mês, depois do casamento do Dylan voltarei para Oxford e
tentarei a sorte com uma criança. Sei que virão muitas dificuldades, mas eu vou fazer de tudo para
ser o melhor pai do mundo.
Micheli termina de alimentar minha filha e a coloca em um berço ao lado do seu filho.
— Obrigado! — agradeço, e ela me olha.
— Não precisa agradecer, isso foi muito bom, e o Edward tem que aprender a dividir, porque
quero ter mais um filho. Saio do hospital amanhã à tarde, até lá posso dar o meu leite para ela. —
Micheli diz e beija a cabecinha da minha pequena.
— Ficarei muito grato.
sorridente.
— Que linda, posso pegá-la? — Ela pede, encantada com a minha filha.
— Sim. — Queria dizer não, porque ela está dormindo, mas a Triny quer pegá-la e isso me
— Pelo jeito, ela gostou de você. — digo, enquanto Triny beija a cabecinha da minha filha.
— Também gostei dela. Feliz Natal, você veio em uma data muito especial. — Triny diz e
olha para os olhos da minha filha. — Os mesmos olhos que os seus.
— Tal pai, tal filha. — brinco e ela ri.
— Como vai ser lá em Oxford? — Ela pergunta, preocupada.
— Vamos ficar bem, quando terminar minha especialização volto correndo.
— Você sabe que pode contar comigo para tudo. — Ela diz, me encarando, e desvio os olhos.
Nunca vou fazer a Triny deixar sua vida para ir fazer as minhas vontades.
— Obrigado, prometo ligar sempre pedindo seus conselhos de como trocar uma fralda. —
— Obrigado, e prometo não te beijar mais. — conto, e ela faz um ar de tristeza, mas se
recupera e dá um sorriso.
— Será melhor assim, boa sorte!
Ela sai pela porta e mais uma vez fico sozinho com a minha filha.
— É, princesa, agora será somente nós dois, até eu voltar e reconquistar o meu grande amor.
— Beijo a cabeça da minha filha e volto a sentar no mesmo lugar.
Seja o que Deus quiser. Tenho vinte e três anos, sou um homem, um pai e me sinto orgulhoso
por ter essa pequena menina na minha vida, e tudo que posso fazer é prometer que a protegerei de
tudo, menos de um coração partido, porque isso é impossível até para um pai superprotetor.
Capítulo 33
Dylan
Coloco a gravata e me olho no espelho; estou bem. Hoje eu deixo de ser um homem solteiro
para me tornar um homem casado.
Alguém bate na porta, e a cabeça da minha mãe surge.
— Oi, posso entrar? — Ela pergunta, já com lágrimas nos olhos.
— Claro, mamãe! — Ela entra, em sua roupa elegante. Beija meu rosto e me analisa.
— Meu filho mais velho vai casar e já é pai. — Ela diz, emocionada.
— Não precisa chorar, mamãe, ainda sou seu bebê. — digo, abraçando-a.
— Meu bebê grande, que sempre quis viver independente, me deixou no Canadá para seguir a
vida e agora vai se casar com a minha afilhada, o destino realmente é surpreendente.
— Sim, mamãe, e obrigado por aceitar isso. Eu sei que você tem ciúmes das suas afilhadas e
a tem como filhas, mas eu amo a Lívia.
— E seu irmão ama a Triny. Como o destino tem seus truques! Vamos esperar por ele, para
sozinho, eu ficarei uns dias com ele. — Ela conta e sinto orgulho da minha mãe.
Jason está cada vez mais esperto, o primeiro sorriso foi para o Pether, que não se desgruda do
neto.
Como será que está minha LLC? Ela dormiu na casa dos pais com o meu filho e não
conversamos ainda.
Abro a porta e desço para a sala, David está todo babão com a filha no sofá.
— Quem é a pequena do papai? — Ele pergunta a ela, como se a menina falasse.
— Meu papai é um babão! — digo, imitando a voz de criança, e meu irmão revira os olhos.
— Olha quem fala! Você é mais babão que eu, devia dar exemplo para mim, que sou seu
irmão mais novo.
— Eu sou exemplo, ame sempre sua filha. Agora me dá ela aqui. — Pego Carly e meu irmão
faz careta.
— Cuidado com a cabeça dela. — Ele me alerta e reviro os olhos.
— Sou pai há mais tempo que você! — digo e me sento com ela.
— Não parece, nem sabe trocar uma fralda direito. — Ele diz, rindo, e pega a filha do meu
colo.
— Sei, sim, sou especialista nisso, aliás, você é muito ruim. — Me levanto no momento que
meu pai surge na escada.
— Crianças, não briguem! — Ele diz, caminhando ao meu encontro.
— Tudo culpa do Dylan. — David imita uma voz infantil e lembramos da nossa infância.
— Não fiz nada, eu falei para ele não me perturbar. — digo, me fingindo de bravo, e meu pai
ri.
— Vocês ainda são os mesmos meninos, mas agora estão crescidos e cada um construindo
David se junta a nós de braços dados com a Sofia, os dois são os meus padrinhos, claro que
seria ela, a minha amiga de anos, que me ajudou em muitas coisas e não desistiu da nossa
amizade, mesmo namorando a Katherine, e o David, porque sem ele não seria a mesma coisa, ele
— O Theo acha a minha pediatra linda. — Maxwell me conta e Theo arregala os olhos.
— Quem é a sua pediatra? — pergunto, só para ter certeza.
— A tia Sofia! — Maxwell diz, displicente, e acena para minha amiga, que dá um sorriso, ao
lado do meu irmão.
— Ela...ela é bonita! — Theo fala, atrapalhado.
— A Sofia já sofreu muito, ela não precisa de você para trazer mais sofrimento. — conto a
ele, que fica com um ar de ofendido.
— Só a acho bonita e legal. — Ele diz, olhando para ela, mas sei que é mais que isso.
— Que bom!
— Maxwell, vamos sentar perto da Luara. — Theo chama o irmão, que se anima só por ver o
Jason.
— Tchau, Dylan, seja direito! — Max acena e ergo uma sobrancelha.
— Seja feliz! — Theo diz, revirando os olhos, e acompanha o irmão.
Karl e Valerie entram na igreja e acenam para mim, fico feliz que eles vieram, são pessoas
boas. A Valerie ainda não encontrou a sua sobrinha, mas desejo de coração que ela a encontre,
porque ela a ama muito.
Cíntia também entra na igreja e me acena, ela gosta muito do Jason, é diferente da sobrinha, é
uma boa pessoa. Ela me entregou todo o dinheiro da Katherine, disse que era herança do Jason, eu
fiz uma conta para meu filho e quando ele crescer decidirá o que irá fazer com o dinheiro, não irei
Jadila e Liam também entram juntos e os dois parecem se gostarem, mas não assumem
nenhum relacionamento. Benjamin está com eles, ele me acena todo atrapalhado.
— Olha minha mãe, como ela é linda! — Jaden diz, ao meu lado.
— Você sabe que ela gosta do Liam? — pergunto a ele, que dá de ombros.
— Sim, mas ela tem medo de assumir um relacionamento. — Ele conta e fica um pouco
triste.
— Por quê?
— Ela tem quarenta e dois anos e o Liam tem trinta e sete, ela acha que, sendo mais velha, as
pessoas vão a questionar muito.
— Para o amor, não importa a idade.
— Eu sei, mas minha mãe é muito certinha e ela não sabe o que o Allan vai pensar. — Ele
diz, um pouco angustiado por lembrar do irmão mais novo.
— Ela é a mãe dele, não precisa pensar nada, ele tem que aceitar e respeitar a escolha da sua
mãe.
— O Allan está em uma fase delicada, a universidade e morar com o meu pai estão o
A música romântica que dançamos uma vez começa a tocar. Lívia sabe me impressionar. A
porta é aberta e sua beleza surge, ela está linda. Sorri para mim e tenho certeza que ela sempre foi
a mulher que eu amei, mesmo debochada me intrigava, e agora estamos prestes a nos tornar um
só, vamos ser felizes, finalmente.
Lívia
Passo o dia todo me arrumando, fico pouco tempo com meu filho e sinto uma saudade
— Eu sei que sim! — Olho para minha irmã, ela está toda sorridente. — Ficou triste, por que
caro e eu não trabalho. — Ela diz com sinceridade, e sei que é verdade.
— Fico feliz em ter uma irmã tão realista como você. — brinco e ela dá um sorriso.
— Agora tenho que ir, o Mayck está me esperando, vamos estrear o carro novo que o papai
me deu. — Ela conta, mais feliz ainda.
— Um dia você ainda vai perceber que é uma mulher capaz de enfrentar tudo pelo amor. —
Eu aviso a ela, que arregala os olhos.
— Vou indo, antes de você dizer que é uma vidente e prever o futuro. — Ela brinca e sai com
Jason.
Luara é ainda uma menina que não se preocupa com nada, mas um dia ela vai perceber que a
vida não é apenas um conto de fadas e seus personagens.
A porta é aberta outra vez e Trinity entra com o Jaden, os meus dois padrinhos, os meus
amigos de sempre.
No começo fiquei meio indecisa em convidar o Jaden e o David ficar chateado, mas quando
fiquei sabendo que o Dylan iria convidar o irmão, fiquei mais tranquila e convidei o Jaden.
abre um sorriso.
— Você precisa a conhecer melhor.
— Vou tentar!
— Só viemos te dar um beijo, temos que ir. — Triny beija minha cabeça. — Felicidades,
irmã.
— Obrigada. Sei que sua felicidade também vai chegar.
— Felicidades, Lívia, e se quiser fugir, vou deixar meu carro preparado. — Jaden me avisa.
— Lembrarei disso. — aviso, rindo, e ele me manda um beijo.
— Até daqui a pouco! — Triny acena e eles saem.
Olho ao redor. Não quero nunca mais estar sozinha, esse será meu antigo quarto, nunca mais
vou dormir nessa cama sozinha, minha vida agora é com o Dylan, ao lado dos meus filhos.
Minha mãe vem me chamar e ela está emocionada, casando sua primeira filha, meu pai está
inquieto e todo afobado.
— Podia casar depois do parto. — Ele diz, tocando minha barriga.
— Papai! Isso é importante para o Dylan e para mim também. — faço bico e ele faz careta.
— Tudo bem, mas nada de ficar em pé o tempo todo! — Ele me adverte.
— Mamãe já me passou tudo que não posso fazer. — digo a ele, que sorri para a esposa. Às
vezes é bom ter pessoas na família que são médicos, os meus pais são muito protetores.
— Vamos? — Mamãe convida e meu pai me olha.
— Ainda dá tempo de desistir, podemos pegar o Jason e nos mudar para a Austrália. — Ele
— Também te amo, minha Princesa de Ferro. — Ele beija minha testa e segura na mão da
minha mãe.
— Amo vocês! — Mamãe diz e saímos de casa.
A última vez que saio daqui como uma mulher solteira; voltarei com uma mulher casada,
— Obrigada, papai! — Passo minha mão pelo seu braço e dou um sorriso, agora não sou mais
aquela menina debochada.
Quando a música começa a tocar e o vejo na frente do altar, meu coração se enche de emoção.
Ele está lá, e bem lindo; nunca duvidei que estaria, mas isso é muito especial para mim.
Caminho em direção ao meu futuro marido, sem ver mais ninguém. Ele está sorrindo o tempo
todo e meu coração está acelerado.
— Cuide muito bem dela e sejam felizes, os dois! — Meu pai aperta a mão do Dylan, que
está emocionado assim como eu.
— Os seis, papai! — digo a ele e toco minha barriga.
— Às vezes me esqueço que tenho um neto nadador. — Papai brinca.
— Eu cuidarei deles para sempre! — Dylan garante ao meu pai e olha para mim.
sermos pais amorosos e um casal que espalha o amor. Te amo, meu querido insuportável médico.
— Lívia, a mais chata paciente, a irritante e determinada menina, a que tem seus momentos
de deboche, a que se entrega verdadeiramente, a pessoa que eu sempre desejei na minha vida,
prometo te amar e respeitar por toda a minha vida; prometo ser seu apoio quando precisar,
prometo ser o pai chato e você a mãe boa, prometo ser o seu grande amigo e te prometo a maior
felicidade do mundo. Se um dia tudo parecer um vazio, prometo que me esforçarei para tornar
tudo perfeito para a nossa família. Te amo, minha LLC.
A música começa a tocar e olhamos para a entrada da igreja. Luara entra, segurando o Jason e
as alianças.
— Você que planejou isso? — pergunto ao Dylan, porque até agora a viagem de lua de mel é
um segredo.
— Não! Mas eu amei, nossos filhos têm que estar conosco nesse momento importante. — Ele
diz e concordo.
— Lívia Carter, aceita Dylan Knowles como seu legítimo esposo? — O padre pergunta, e
pego a aliança, beijo a cabeça do Jason que chora, querendo meu colo.
— Sim! — Coloco a aliança e beijo os dedos do Dylan.
— Dylan Knowles, aceita Lívia Carter como sua legítima esposa?
— Sim! — Dylan responde e lágrimas saem dos meus olhos. Ele pega a aliança e beija o
rosto do Jason, que ainda está chorando. Ele coloca a aliança no meu dedo e me olha.
— Eu os declaro marido e mulher, pode beijar a noiva! — O padre diz e Dylan me puxa para
os seus braços. Nosso primeiro beijo como casados é emocionante para mim.
— O senhor deveria ter dito: pode beijar a esposa! Eles já se casaram, padre. — Ouço a voz
do Jaden e nos afastamos, rindo.
— Te amo! — digo a ele.
— Te amo mais. — Ele diz e me dá outro beijo, e o Jason volta a chorar por causa do barulho
das palmas.
— Vem com a mamãe. — Pego meu bebê e beijo o rosto da minha irmã. — Obrigada,
daminha.
— Vocês merecem! E como os gêmeos iriam participar disso, o Jason também merece
participar. — Ela me diz e caminha para perto dos meus pais.
— Vem com o papai! — Dylan pega o Jason do meu colo.
— Deixa-o comigo! — Meu pai o pega do Dylan e o meu filho para de chorar.
— É assim que se faz! — Theo grita e reviramos os olhos.
Saímos da igreja e vamos direto para o local da festa, ficamos meia hora recebendo as
felicitações dos convidados, e quando nos sentamos, meus pés estão doendo.
— Trouxe uma sandália baixa. — Luara me entrega um par de sapatilhas. Ela é exatamente
— Pode deixar, agora procure meu filho e o traga para mim. — peço a ela.
— Já volto.
— Quer beber algo? — Dylan me pergunta, ainda segurando minha mão.
— Água!
— Comer nunca foi problema para você! — Sofia diz e reviro os olhos. Comer é importante.
— E você e o Milo? — pergunto à Sofia, que abre um sorriso.
— Nos tornamos amigos.
Theo vem na nossa direção, acompanhado pelo Maxwell, os dois não se desgrudam.
— Parabéns, LLC, agora você é uma moça algemada. — Maxwell diz e reviro os olhos.
— Pare de ensinar essas coisas para esse menino! — Ralho com o Theo, que está rindo. —
Depois, quando ele for grande, vai ter trauma de casamento.
— Eu nunca vou me casar, só vou dar beijinho nas meninas. — Maxwell diz, mandando beijo.
— Eu não ensinei isso a ele! — Theo se defende e olha para Sofia.
— Tia Sofia, eu cresci dois centímetros. — Max conta a Sofia, que abre um sorrisão, ela é a
pediatra dele.
Dylan volta com minha água e Luara com o meu bebê, que está mais sorridente.
— Gente! Pedimos um pouco da atenção de vocês. — A voz de Jaden soa pelos alto-falantes
do salão de festa.
— Max, fica com a Lívia, tenho que ir. — Theo se levanta e sai correndo com a Luara, os dois
sobem no palco onde os músicos estão tocando.
— O que eles vão aprontar? — Dylan pergunta, beijando o Jason.
— Vamos ver! — digo, voltando minha atenção para o palco.
Luara pega o violão e fica na frente do palco, David pega uma guitarra e se junta a ela, Theo
se posiciona na bateria e Triny no teclado, Jaden está com o microfone e um baixo ao lado da
Luara.
— Vamos cantar para os noivos! — Luara anuncia e todos aplaudem.
— Felicidades! — David diz e os acordes da música Happy, de Pharrell Williams, começam a
soar, e todos gritam e se levantam da cadeira para dançar.
Luara começa cantando e Jaden e David a acompanham, eles não desafinam nenhuma vez,
acho que ensaiaram muito.
Quando eles terminam, o público pede mais uma e a banda clássica fica esquecida por alguns
minutos, até meus irmãos e amigos cansarem e devolverem os instrumentos aos músicos. Todos os
cinco caminham na nossa direção e Cíntia pega Jason do meu colo, ela ama esse sobrinho dela.
— E aí, gostaram? — Jaden pergunta e me levanto para abraçá-los.
— Os melhores amigos e irmãos! — digo, abraçando cada um, e o Dylan faz o mesmo.
— Agora chegou a hora do buquê, todas as meninas no centro. — Minha mãe pega o Jason do
colo da Cíntia, que faz careta.
— Claro, vai que não tenho sorte e sou algemada juntamente com um idiota. — Sofia
responde, e todo mundo ri.
— Vamos, Sofia! — Luara a chama, e ela nega.
— Eu te faço companhia. — Max segura na mão da Sofia, que agradece.
— Podem ir, vou ficar aqui com esse lindo.
— E eu vou cuidar deles! — Cíntia diz e acena para mim.
Caminho para o palco e me posiciono de costas para as meninas, que estão loucas querendo
casar.
— Vou jogar! Um... dois... e três! — jogo o buquê e me viro na hora que ele cai no colo da
Sofia, e ela joga para os braços da Cíntia, que olha o buquê, atônita.
— Não vale, Sofia! — Ela diz a Sofia, que ri da cara de espanto dela.
— Vale, sim, tia.
— De toda forma, você pegou primeiro, então, vai casar primeiro. — Cíntia diz e volto para a
mesa.
— Duvido. — Sofia diz.
— Quer dançar um pouco, antes de ir? — Dylan me pergunta.
— Sim, que horas vou saber para onde vamos?
— No aeroporto! — Ele me avisa e me leva para o meio da pista. Dançamos uma música, e o
Dylan todo protetor, me leva para sentar novamente. Ouvimos os discursos da Trinity e do David
— Acho que os noivos já podem ir! — Minha madrinha surge na nossa mesa, toda sorridente.
— Também acho, antes de irmos temos que passar em um lugar. — Dylan conta, sorridente.
Nos despedimos de todos e fico um pouco triste pelo Jason, mas ele nem liga, só fica sorrindo
no colo do meu pai. Dylan dirige por Boston, muito feliz.
— Está muito feliz hoje. — comento.
— Me casei com a mulher mais linda do mundo!
— Te amo!
— Também te amo, minha LLC, agora feche os olhos, não quero que descubra aonde vamos.
— Tudo bem, mas ande logo! — Fecho meus olhos, muito ansiosa. Depois de alguns minutos,
sinto o carro parar.
— Chegamos! Pode abrir os olhos.
— Até que enfim! — Abro os olhos, e quando me acostumo com a luz, fico emocionada.
— Sério?
— Sim, meu amor, o Cheiroso tinha que participar desse momento. — Ele diz, saindo do
carro, dando a volta para abrir a porta para mim.
— Você é muito especial. — Dou a mão para ele e caminhamos para dentro do aquário, onde
todas as pessoas me olham por estar vestida de noiva. Quando chegamos, Alaric está anotando
alguma coisa na prancheta.
— Parabéns aos recém-casados! — Ele felicita.
— Obrigada! Cadê meu Cheiroso? — pergunto, e ele me aponta o meu tubarão que nunca
cresce.
— Agora ele se chama Cheiroso Carter Knowles? — Ele pergunta, e Dylan revira os olhos.
— Sim! O Dylan é pai dele.
— Parabéns, papai. — Alaric diz, rindo, e sai andando.
— Oi, meu bebê, a mamãe se casou com o papai, agora você tem um pai e três irmãos. —
— Só não pode querer comer os irmãos. — Dylan diz, e dou um pequeno soco no seu ombro.
— Cheiroso é vegetariano! — digo, brava, e Dylan ri.
— Desculpa, filho! O papai ainda está meio receoso, mas vamos ser melhores amigos, quer
uma irmã baleia? — Ele pergunta, e minha pele se arrepia.
— Não! — Eu grito. — Baleia é grande e feroz.
— Desculpa, meu amor, não podemos brigar no dia do nosso casamento. — Dylan beija meus
lábios.
— Podemos ir para nossa lua de mel? — pergunto, um pouco ansiosa.
— Sim, mas o voo só é daqui a duas horas.
— Então, vamos começar nossa lua de mel aqui mesmo! — digo, olhando para ele.
— Isso seria meu sonho. — Ele me beija mais uma vez e segura minha mão. — Tchau,
Cheiroso.
— Tchau, filho. Mamãe promete voltar logo. — Aceno, e Cheiroso nada para longe.
— Tadinho, ele gosta muito da mãe! — Dylan debocha.
— Está querendo ficar sem lua de mel? — pergunto, e ele me abraça.
Dessa vez, tem uma emoção diferente, com um jeito maravilhoso, agora nossos corpos estão
colados e somos um só. Quando chegamos ao máximo do nosso desejo, surge a sensação de
alegria e mais uma vez é maravilhoso estar com ele.
— Precisamos levantar, ou vamos perder nosso voo. — Ele diz, beijando minha cabeça.
— Vamos logo, já estou curiosa. — Pulo da cama e sinto uma tontura, logo as mãos de Dylan
estão na minha cintura.
— Não faça isso! — Ele pede e coloco a cabeça no seu peito.
— Desculpa-me, eu estou curiosa!
— Senta-se aqui! — Ele me coloca na cama e alisa meus cabelos. — Espere a tontura passar
— O nosso amor!
Verdade! O nosso amor, que começou um pouco abalado, mas agora está cheio de plenitude e
— Eu te amo! Agora vamos desfrutar da nossa lua de mel, porque quando voltarmos para
Boston as coisas mudarão, seremos mais pais do que namorados.
— Ainda podemos nos esconder naquele esconderijo secreto. — brinco e ele me dá um beijo.
— Sempre poderemos!
Pegamos um táxi até o hotel que o Dylan reservou, ele ficou dias planejando essa nossa lua de
mel, disse que queria me fazer uma surpresa, e foi isso mesmo que fez, nunca imaginei que
estaríamos um dia olhando as belas paisagens de Veneza.
Ele conversa com o motorista que vai contando um pouco sobre os pontos turísticos da
cidade.
Entramos no hotel, que é bem elegante e imponente. Não me importaria em estar em um local
menos requintado, o importante é estar com o meu marido. Ainda nem me acostumei com essa
coisa de ser casada, nunca imaginei casar com vinte e dois anos, mas sei que será para a vida toda.
Então, apenas curto isso.
Agora sei que não sou mais aquela menina debochada e teimosa, agora me sinto uma mulher
madura e mãe.
— Bom dia! Temos uma reserva no nome de Dylan e Lívia Knowles. — Dylan diz e reviro os
olhos.
— Os recém-casados? — A mulher pergunta educadamente.
— A suíte nupcial, no último andar. — A mulher entrega o cartão magnético e Dylan me olha,
surpreso.
— Acho que está ocorrendo um engano aqui! — Dylan diz, e a mulher fica confusa.
— Não, senhor! A suíte foi alugada por cinco dias para Dylan e Lívia Knowles. — Ela olha o
computador e afirma com um sorriso.
— A senhora pode conferir quem fez essa reserva? — peço, um pouco impaciente.
— Foi feita pelo senhor Pether Carter. — Ela diz e dou um sorriso; meu pai é muito gentil e
esperto.
— Obrigada! — Pego o cartão da mão de Dylan, que ainda está surpreso, e sigo para o
elevador.
— Não tenho dinheiro para pagar isso. — Dylan diz, me acompanhando.
— Acho que foi um presente, e para de ser resmungão. — digo, entrando no elevador.
— Desculpe, seu pai é muito esperto, ontem veio com um papo que precisava saber para onde
iria levar a filha dele, e agora sei por quê. — Ele resmunga e dou um sorriso.
— Vem, vamos nos divertir um pouco! — O puxo para o elevador e o beijo.
de mel, não se preocupem com nada, sejam felizes e, Dylan, obrigado por me dizer em que hotel
vocês vão ficar, e aí, gostaram da suíte? Espero que sim, e não faça nada que eu não faria. Com
carinho, Pether.
— Seu pai sempre surpreende a gente! — Dylan diz, voltando com um copo de suco de uva.
— Meu pai é especial, agora que tem um novo filho está cada vez mais babão.
— É a vida de todos os homens. Está com fome? — Ele pergunta, me encarando.
— Você sabe que tipo de fome estou! — digo, e ele dá um sorriso malicioso.
— Então, vamos matar essa fome. — Ele pega o copo vazio da minha mão e o coloca em
cima da pequena mesa.
— Estou adorando essa lua de mel, que começou em Boston.
— E vai terminar lá também! — Ele me beija, e o nosso beija fica cada vez mais quente.
Agora não somos mais aquele casal que precisa desesperadamente se saciar, somos um casal
que aproveita cada momento, e todo o desejo é transformado em amor, que nos enche de alegria.
Depois do nosso momento de carinho, deito minha cabeça sobre o peito dele, acho que esse é
o meu lugar preferido. Dylan toca minha barriga e dá um sorriso.
— Vamos ter três bebês em casa. — Ele diz, feliz, acariciando meu ventre.
— Ainda fico um pouco atônita, mas quero ser a melhor mãe para eles. — falo e coloco
minha mão em cima da mão dele.
— Você já é a melhor mãe. Que tal darmos um passeio em Veneza? Ainda está cedo.
— Acho uma boa ideia! Afinal, estamos na cidade do amor. — digo me levantando e
caminhando para o banheiro.
— E estamos em lua de mel! — Dylan entra no banheiro e me dá um sorriso safado.
No banheiro temos mais momentos de prazer, e quando descemos já são mais de três horas da
tarde, mas pelo que o Dylan pesquisou, ainda tem muita coisa para se conhecer.
Vamos à Praça de São Marcos, que é a única Praça de Veneza, visitamos também o Palácio
Ducal, o teatro La Fenice, o Palazzo Grassi, e quando voltamos para o hotel já são mais de vinte e
Levantamos cedo para poder curtir a cidade, essa lua de mel está perfeita. Vamos para a ponte
do Rialto e depois passamos sobre a ponte dos Suspiros, e realmente é de causar suspiro nas
pessoas. Visitamos o Campanário de São Marcos, e os dias correm assim. Ligamos todos os dias
para saber do Jason, e quando chegamos ao último dia na cidade, o Dylan me leva para jantar em
um pequeno barco sobre o famoso Grande Canal de Veneza. Realmente, é um lugar lindo.
O jantar acaba em uma linda noite de amor, que desfrutamos com grande emoção. Quando
pegamos o avião de volta para Boston, estou feliz, tive a melhor lua de mel que alguém pudesse
ter. O meu marido é ótimo.
— Gostou da nossa lua de mel? — Dylan pergunta, beijando meus lábios.
— Amei! Se quiser, podemos fazer uma todo ano. — brinco e deito no seu ombro.
— Durma, a viagem vai demorar um pouco, e os meus filhos estão cansados. — Ele beija
minha testa e fecho os olhos. Preciso de um pouco de descanso, a gravidez me deixa muito
sonolenta.
Sinto alguém me tocar e abro meus olhos lentamente. Dylan me sorri e indica que já
chegamos.
— A mamãe também estava com saudades! — digo, pegando-o do meu pai e beijando seu
rostinho. Meu filho, que não nasceu de mim, mas nasceu para mim, eu o amo.
— O papai também estava com saudades! — Dylan o toma do meu colo e abraço meu pai.
— Vamos direto para casa, preciso descansar! Mamãe, é normal ficar tão cansada na
gravidez? — pergunto, beijando o rosto dela.
— Sim, filha! Ainda mais que você está esperando gêmeos, logo vamos descobrir qual o
sexo. — Ela alisa minha barriga e dou um sorriso.
— E eu voltar para o meu trabalho! — Dylan diz, beijando o filho. Mesmo não sendo o pai
biológico do Jason, os dois têm os mesmos olhos, e isso é muito emocionante. Mesmo sabendo
que esses olhos são da Katherine, para mim eles puxaram aos de Dylan.
— Trabalho, para você, só segunda! — Papai diz, batendo no seu ombro.
— Dylan, me pega um pouco. — Max pede, e Dylan me entrega o Jason.
— Tem alguma coisa para me contar? — Dylan pergunta, pegando-o.
— Me deixa lembrar. — Max coloca a mão na cabeça. — Ah, lembrei, como se faz lua de
mel?
— Quando você for grande e se casar terá uma. — Meu pai diz a ele.
— Posso ter uma sem casar? O Theo não acha legal casar.
— O Theo vai casar um dia, mas o deixa pensar que não! — Minha mãe diz e Max faz careta.
— Somos irmãos, se ele casar eu também vou me casar, mesmo não gostando dessa ideia de
viver algemado.
— Papai! — resmungo e meu pai me abraça. — Pede para o Theo parar com isso, vai
traumatizar o menino.
— Não, LLC! Eu não vou traumatizar, nem sei o que é isso, eu apenas não quero me casar! —
Max avisa, pegando no meu cabelo.
— Casar é bom, meu filho! — Meu pai diz a ele e pega o Jason do meu colo.
Eu, o Jason e o Dylan, vamos no carro com o papai, minha mãe vai em outro com a meninas e
o Max, que agora está bem animado e não lembra tanto do seu passado.
Quando chegamos em casa é outra festa, só meu padrinho está em casa, minha madrinha
aproveitou alguns dias para ir ficar com o David até ele se ajeitar com a Carly.
Triny está mais quietinha, e quando tiver oportunidade vou conversar com ela. Luara nem
parece que terminou o namoro, feliz e divertida como sempre, ela e o Mayck são amigos
inseparáveis.
Quando todo mundo vai embora já são mais de nove horas. Coloco o Jason no berço e beijo
— Logo vou saber o sexo deles. Hoje vou ver a Micheli, meu afilhado já está com saudades
de mim. — digo, fazendo bico, e ela dá um sorriso.
— Aquele meu sobrinho é muito lindo! Minha irmã está toda besta. — Ela conta como se eu
não conhecesse a Micheli.
— Tenho certeza que sim, agora preciso ir, voltar ao emprego é sempre uma correria.
— Bom dia, meninas! — Triny acena, entrando na empresa.
— Bom dia, Trinity! Como está hoje? — Brenda pergunta, e minha irmã beija meu rosto.
— Estou do mesmo jeito, nem parece que dormir direito.
— Isso é mau de amor! — Brenda diz e Triny revira os olhos.
— Lembrarei disso! — Triny diz a ela e seguimos para o elevador.
— Tem alguma coisa que queira me contar? — pergunto, quando o elevador se fecha.
— A Carly é tão linda, me imaginei sendo a mãe dela. — Ela me conta, um pouco
decepcionada.
— Ela não tem mãe, você pode ser a mãe dela. — digo e ela me encara, pasma.
— Eu não posso! Tenho medo de voltar para o David e acabar sofrendo. — Ela conta, triste.
— Você o ama?
— Você sabe que sim!
— Então, não deixe seu amor escapar, se você demorar demais, um dia pode ser tarde.
— Não posso abandonar tudo aqui e ir viver em outro país com ele, meu emprego e minha
vida estão aqui. — Ela diz, séria.
— O que adianta, se o seu coração não está? — pergunto quando o elevador chega, e ela dá de
ombros, dando fim à nossa conversa.
Saímos do elevador, e Adelle surge toda elegante, acho que ela gosta do Liam, mas ele gosta
— É tão bom voltar ao trabalho, acho que será tudo diferente, mas vou dar meu melhor. —
digo com sinceridade. Sei que estou grávida, mas quero continuar minha vida.
— Pode dar o seu melhor, mas não precisa se esforçar tanto, o Dylan me ligou e me deu
algumas advertências. — Ele diz, rindo, e reviro os meus olhos.
— Eu estou grávida, não estou doente! — digo, brava, e ele me indica a cadeira à minha
frente.
— Seu marido é superprotetor! — Ele me avisa e faço uma careta.
— Mas eu sou burra mesmo, minha família praticamente toda é médica e eu fui me casar
logo com um médico, oh vida! Cada dia melhora! — resmungo, e ele ri.
— Pelo menos você tem alguém para dividir a vida! — Ele diz, um pouco melancólico.
— Eu sei que você gosta da tia Jadila, por que não diz isso a ela?
— Eu já disse! Mas ela tem medo, pensa muito no que os outros vão falar e esquece que é o
amor que importa.
— Você a ama? — pergunto.
— Sim! Sempre amei, ela é a mulher da minha vida, mas é muito insegura! Ela não sabe o
que o Allan vai achar disso, ela tem medo do filho ficar mais rebelde.
— Vocês deviam viver esse amor! — digo a ele, que concorda com a cabeça.
— Estou tentando. Mas mudando de assunto, bem-vinda de volta, depois preciso que me dê
um relatório sobre Londres. O Benjamim está se saindo bem, mas ele precisa terminar a
faculdade, então em alguns meses terei que mandar outra pessoa para lá.
— Mandar outra pessoa mesmo, porque eu nunca mais saio de Boston! — digo, e ele sorri.
— Sentiu o gostinho de ficar longe do seu amor?
guerreira como você não aguentaria ficar em casa à espera dos nossos filhos. Boa volta ao
um vaso, e ela, com má vontade, traz para mim. Coloco as flores nele e o deixo na minha mesa.
Assim como ele tem um na sua sala, eu terei na minha também.
Adelle vem de vinte em vinte minutos ver se eu preciso de alguma coisa, acho que o Dylan
andou persuadindo todos daqui.
Saio para almoçar com a Triny, que é bem chata e só me faz comer coisas saudáveis, e isso
me faz lembrar de quando conheci o Dylan, na verdade, nos encontramos.
Depois do almoço, pego meu filho na casa dos meus pais e vou direto para a casa da Micheli,
estou com saudades do meu afilhado.
Quando eu estaciono na frente da casa dela, Héctor está saindo e me acena. Pego o Jason e
caminho para a porta, toco a campainha e logo Micheli surge com o Edward nos braços.
— Pensei que nunca mais veria você! — Ela diz, beijando meu rosto, e dá seu grande sorriso.
— Vim correndo ver meu afilhado lindo, me dá ele aqui. — Ela me dá espaço e entro na casa
dela.
cama, a primeira coisa que quis foi ser a mãe dele. — digo, olhando meu filho que dá um sorriso
lugar da Micheli, anuncia e todos começam a caminhar para a sala da minha mãe.
— Não, mas pelo jeito você está! — digo, beijando seu rosto.
— Estou muito! Quero logo ter meus filhos nos braços!
— Papai babão! — brinco e ele me beija.
Encontramos meu pai no caminho, e ele está com o Max, que conta tudo que aprendeu na
— Júlia e Charles, vocês podem ficar! — Minha diz aos meus padrinhos, que dão um sorriso
contente.
— Por que eu não posso ficar? — Meu pai pergunta, chateado.
— Você já ficou na primeira ultrassonografia, agora deixe os pais do Dylan.
— Tudo bem! — Meu pai diz, triste, e acompanha minhas irmãs para fora.
— Vamos começar! Lívia, vá se trocar, Dylan, a ajude. — Minha mãe joga uma roupa rosa
para o Dylan e caminhamos para o banheiro.
Minha barriga cresceu muito nesse último mês, e só estou com cinco meses! Tenho medo de
ficar igual uma bola e não conseguir andar daqui a uns meses.
Dylan me ajuda com a roupa e voltamos para a sala. Meus padrinhos estão sentados, e ainda
não decidi se os chamo de sogros ou padrinhos, mas acho padrinhos mais fácil e mais íntimo.
Deito na cama e minha mãe passa aquele mesmo gel na minha barriga, passa o aparelho e
olha para a tela. Dylan olha fixo para a tela e arregala os olhos quando vê algo.
— A primeira é menina! — Ele diz, e lágrimas saem dos meus olhos, também dos olhos do
Dylan. Agora terei uma menininha.
— E vamos ver o segundo. — Minha mãe continua passando o aparelho sobre a minha
barriga.
— É menina também! — Dylan diz, beijando meus lábios.
— Duas menininhas! — Minha mãe conta, contente.
— Agora só tem meninas na família! — Meu padrinho, diz abraçando minha madrinha, que
chora.
— Eu ouvi meninas! — Meu pai surge na porta com o Max e minhas irmãs atrás.
— Sim, amor, são duas meninas! — Minha mãe conta ao meu pai, que entra na sala.
— Sabia! — Luara e Triny dizem ao mesmo tempo, e Max revira os olhos.
— Meu mundo acabou! Meninas só gostam de brincar de bonecas.
— Você ainda terá o Jason. — digo ao meu irmãozinho, que dá um sorriso.
— Verdade! Vamos, papai, quero contar ao Jason, sabia que estou o ensinando a me chamar
de tio? — Max pergunta.
— Esse menino é bem fofo! — Minha madrinha diz e caminha na nossa direção.
— É meu irmão, tia, teria que ser! — Luara diz, e todo mundo ri.
Me levanto da cama.
— Parabéns! Que essas meninas nasçam com muita saúde e amor. — Minha madrinha deseja
— Obrigado, mamãe.
— As mulheres vão dominar o mundo! — Meu padrinho brinca e me abraça.
pais. Marta faz uma festa quando descobre que são meninas. Pego o Jason e vamos direto para o
aquário, o Cheiroso faz parte dessa família, ele precisa saber também.
Alaric está caminhando pelo aquário e acena para nós. Vamos rápidos para onde o meu
Cheiroso fica, ele está nadando para lá e para cá com o Rambo, o filho do Karl.
— Oi, bebê da mamãe! Olha quem eu trouxe hoje! — Mostro Jason, que toca no vidro.
— Só não pode querer comê-lo! — Dylan diz, e o Cheiroso nada para perto do vidro.
— Não liga para seu papai. Olha, a mamãe veio contar para você que vamos ter duas meninas.
— E eu ainda não decidi se vou morrer de infarto ou de ciúmes. — Dylan diz, e mais uma vez
reviro os olhos.
— Você será um papai bem babão!
— Agora vamos para casa, a mamãe volta semana que vem, e continue brincando com o
Rambo. — Aceno para o Cheiroso, e o Jason balança a mão.
— Acho que ele também quer dar tchau! — Dylan diz, acenando para o Cheiroso, que nada
para longe.
— Meu bebê cada dia fica mais esperto!
— Puxou o papai! — Dylan diz e o pega.
Dirijo enquanto o Dylan vai paparicando o filho, os dois são lindos juntos. Amo minha
família. Agora terei mais duas meninas, minha vida só melhora.
Quando chegamos em casa alimento o Jason, que agora está acostumado com a mamadeira.
Quando ele adormece, o coloco no berço e ligo a babá eletrônica, e volto para o meu quarto.
Dylan está tirando a roupa, ele me olha com carinho quando entro. Sei que está feliz por ser
duas meninas.
— Vamos escolher os nomes das meninas? — pergunto e ele dá um sorriso vindo em minha
direção.
— Sim! Que tal fazermos isso tomando banho? — Ele beija meus lábios e começa a tirar
minha roupa.
— É uma ótima ideia! — digo, o beijando.
Tomamos banho entre beijos e carinhos. Tudo que eu nunca imaginei para a minha vida está
acontecendo. Vamos para a cama e fazemos amor calmo, ficamos entregues, agora somos
conectados pelo amor.
— Duas menininhas! Vou morrer de tanta rosa! — Ele brinca, beijando minha testa.
— Vamos dar muito amor aos nossos filhos!
— Muito amor, só disso que eles precisam, e quando elas tiverem um ano, vamos ter mais um
bebê. — Ele diz, feliz.
— Você realmente é inacreditável! — digo, beijando seu rosto.
— E você é a minha menina debochada, que agora é uma grande mulher e mãe.
www.editoraangel.com.br
REDES SOCIAIS
instagram.com/editoraangel
facebook.com/editoraangel
twitter.com/editoraangel