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CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES
VALENTINO STERZA
JOÃO PESSOA
2019
VALENTINO STERZA
João Pessoa
2019
VALENTINO STERZA
BANCA EXAMINADORA
Assinatura: __________________________________
Prof.
(Orientador)
Assinatura: __________________________________
Prof.
Assinatura: __________________________________
Prof.
AGRADECIMENTOS
O texto disposto como parágrafo normal traz os agradecimentos dirigidos àqueles que
contribuíram de maneira relevante à elaboração do trabalho. Por exemplo: o orientador, as
pessoas de instituições investigadas que ajudaram a encontrar informações importantes e a
quaisquer outras pessoas que de alguma forma lhe auxiliaram.
Modelo 5: Agradecimento
Tipo de letra: Times New Roman / Tamanho: 12 para o texto e 14 para o título maiúsculo.
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm
“O mito define-se pelo seu modo de ser: não
se deixa interpretar enquanto mito, a não ser
na medida em que revela que qualquer coisa se
manifestou plenamente, sendo esta
manifestação, por sua vez, criador e exemplar,
já que tanto funda uma estrutura do real como
um comportamento humano”
Mircea Eliade
Mitos, Sonhos e Mistérios
Modelo 6: Epígrafe
Tipo de letra: times New Roman / Tamanho: 12, espaço simples
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm
RESUMO
No resumo deve-se expor de modo claro e sintético qual o objeto da pesquisa, quais são os
objetivos, a relevância do trabalho, a fundamentação teórica e a metodologia. Ao fim da
leitura de seu resumo, o leitor precisa ter a compreensão clara e panorâmica do que trata o
TCC.
Modelo 7: Resumo
Tipo de letra: Times New Roman / Tamanho: 12 para o texto e 14 para o título maiúsculo.
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm
LISTA DE FOTOGRAFIAS OU IMAGENS OU ILUSTRAÇÕES
Item opcional, mas que agrega valor ao trabalho, especialmente se o seu TCC tiver trabalho
de campo.
10
INTRODUÇÃO................................................................................................
3.1 SUBCAPÍTULO................................................................................................
3.2 SUBCAPÍTULO................................................................................................
4 TERCEIRO CAPÍTULO................................................................................
4.1 SUBCAPÍTULO................................................................................................
4.2 SUBCAPÍTULO................................................................................................
CONCLUSÕES................................................................................................
REFERÊNCIAS...............................................................................................
APÊNDICE.......................................................................................................
ANEXO.............................................................................................................
GLOSSÁRIO...................................................................................................
Modelo 10: Sumário
Tipo de letra: Times New Roman / Tamanho: 12 para o texto e 14 para o título maiúsculo.
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm
Para entender nossa pesquisa nos parecia adequado apontar alguns aspectos e fatos
do período histórico referente ao nosso objeto de pesquisa. Neste modo, nos resulta
apropriado começar situando este espaço de tempo que é denominado Medievo ou Idade
Média de maneira cronológica. O Medievo está posicionado entre a Idade Antiga e a Idade
Moderna e se refere exclusivamente, mais ou menos ao território agora conhecido como
Europa. Convencionalmente a Idade Média está dividida em duas fases, a Alta e a Baixa
Idade Média, algumas fontes indicam como data desta divisão e o ano 1000 d.C. Tendo seu
início no século V, precisamente no ano 476 d.C. com a queda do Império Romano do
Ocidente, e seu termino no século XV em 1492 d.C. com a rendição e consequente expulsão
da Europa, do último baluarte muçulmano do reino Nasrida1 na cidade de Granada na
península ibérica, data relevante, sendo corresponder com a “descobrimento” da América pelo
velho mundo. A respeito de demarcar os períodos históricos é importante ressaltar que
existem historiadores que não concordam em demarcar estes períodos com datações
especificas que estabelecem um início e um fim, sendo que por eles a passagem da um
período para outro abrange diferentes fatores, neste modo resulta difícil estabelecer uma
datação rígida. Sobre este argumento,
1
A dinastia Nasrida foi a última dinastia muçulmana na Península Ibérica, fundada por Maomé ibn al-Ahmar na
sequência da derrota do Almóadas na batalha de Navas de Tolosa (1212), o que provocou o colapso do Califado
de Córdova em várias taifas, as terceiras na história política do al-Andalus. Houve 20 reis (sultões ou emires) de
Granada entre 1238 e 2 de janeiro de 1492, altura em que o Sultão Boabdil se rendia aos Reis Católicos. Os
Nasridas foram os responsáveis pela construção do palácio da Alhambra, em Granada. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Nasridas> Acesso em 11 abr. 2018.
Como vemos na citação acima são várias as possibilidades para demarcar com datas
especificas o fim de um e o início de outro período histórico, além disso parece desnecessária
a procura de uma datação especifica, a não ser, querer marcar aquele acontecimento histórico
como mais relevante dos outros por meio de um ponto de vista particular como sugerido por
Franco Junior, o qual propõe também uma maneira diferente de periodizar a Idade Média 2.
Mesmo que não seja essencial para os fins de nossa pesquisa, nos parecia interessante
esclarecer que existem diferentes posicionamentos a respeito da demarcação cronológica dos
períodos históricos, sendo que estamos analisando aspectos de um dele o da Idade Média.
Pelo que diz respeito a área geográfica da Europa durante a “transição” da Idade
Antiga para a Idade Média, ressaltamos que nesta vasta área, viviam vários povos. Mas a
distinção principal a ser feita entre os povos europeus daquele tempo, está entre os povos do
Norte e Nordeste (principalmente os germânicos) e os povos Mediterrâneos do Império
Romano (Europa do Sul). No Norte e Nordeste da Europa viviam os povos chamados de
“bárbaros3”. Estes povos tinham tradições e hábitos socioculturais diferentes dos povos que
faziam parte da área do Mediterrâneo, ex-Império Romano, que como escreve Gombrich
(2008, p. 133) “quando no ano de 311 d.C o Imperador Constantino estabeleceu a Igreja Cristã como
um poder no Estado”. Este poder, enraizou-se no Império Romano e consequentemente acima,
dos povos que o constituíam, abrindo um novo cenário, onde a instituição Igreja Católica
tornou-se a instituição religiosa oficial dos povos do Império. Assim pode-se afirmar que
sucessivamente.
Pode-se afirmar que, nesse cenário, uma das continuidades foi aquela da Igreja
Católica, a qual conseguindo a evangelização de alguns reis “bárbaros” fez tornar seus povos
cristãos, sendo que naquele tempo era pratica que o povo aderisse a religião do rei. Nesse
modo a Igreja agindo como um “mediador” realizou a simbiose entre o mundo romano e
bárbaro, criando uma união de forças ao seu serviço, que aumentaram seu poder e a ajudaram
ao longo dos séculos a se revelar provavelmente como a entidade mais poderosa daqueles
tempos, conseguindo sua expansão pela maior parte dos territórios da Europa.
Prosseguindo olhando sobre este quadro complexo de mutações podemos sublinear
que,
A citação acima nos indica que os bárbaros, além de ter hábitos sociais diferentes dos
povos romanos tinham uma tradição religiosa politeísta, embora que os reis e as elites se
convertessem ao cristianismo, as pessoas “comuns” destes povos, apesar de serem
“cristianizados”, mantinham as suas tradições pagãs. As diferenças socioculturais juntas com
as frequentes atividades bélicas a procura de apossar-se dos bens e dos territórios dos outros, e
no caso da Igreja Católica de expandir seus confins para cristianizar mais territórios, foram
entre as principais motivações que levaram pôr séculos a invasões e guerras entre os povos
bárbaros e os cristianizados. Todas estas atividades provocavam constantes migrações as
quais favoreciam um entrelaçamento entre as diferentes culturas.
A Igreja Católica foi a entidade predominante na formação de uma das características
principais do Medievo o feudalismo, grande proprietária de terras monopolizava o
conhecimento intelectual e influenciou o modo de pensar e a forma de comportamento
daquela época. Sobre este argumento Hoffman (2010, p. 105), escreve que “O estudo da
dominação ideológica da Igreja Católica durante a Alta Idade Média é importante para a compreensão
de como a igreja conseguiu, durante o período medieval, um poder sobre a população na Europa
Ocidental”. Percebe-se a força da expansão desta nova ideologia religiosa na sociedade da
época. O sistema feudal era uma sociedade hierarquizada, fechada e dividida politicamente
onde diferentes nobres tinham o domínio político e militar das próprias terras, arrecadavam
impostos dos camponeses e pequenos artesãos, que em troca tinham o uso da terra e a
proteção militar. A Igreja Católica como única entidade religiosa estava acima das divisões
feudais, era apoiada pela nobreza em geral e tinha amplo poder, sendo responsável pela
proteção espiritual, era isente de impostos e arrecadava o dízimo.
Foi neste longo período histórico, no qual o cristianismo estava crescendo e tentando
impor-se, que a Igreja procurava erradicar o paganismo, o qual apesar de ser banido pela
mesma, mantinha bastantes resquícios cravados na cultura medieval. Assim devido a uma
Igreja forte do seu domínio espiritual e intelectual pode-se afirmar que
Assim entendemos que as pessoas medievais além de viver com medo de guerras e
invasões como mencionado antecedentemente, tinham que enfrentar dificuldades enormes no
seu dia a dia para conseguir a viver ou em alguns casos podemos dizer sobreviver. Naquele
tempo se considerava que, todas as situações da vida que não tinham uma
explicação, fossem geradas por forças da natureza que eram desconhecidas e
incontroláveis. Nesse modo na sociedade medieval, as pessoas que precisavam
de cuidados médicos, se entregavam nas mãos de conhecedores dos elementos mágicos
fornecidos pela natureza, os quais eram capazes de praticar o que nos dias atuais chamamos
de herboristeria ou fitoterapia. Sobre este aspecto parece que, “De fato a praticar a profissão
medica e a herboristeria foram assim não somente os médicos, mas também monges, curandeiros e
curandeiras, que muitas vezes juntavam praticas herboristicas a rituais mágicos” 4 (VALENTINI, 2010,
p. 17-18, tradução nossa). Por isso, podemos dizer que as plantas medicinais além de ser usadas
na medicina, tinham um forte impacto no imaginário coletivo devido a seu uso magico
marcante, sendo usadas para tentar curar as doenças, mas também para tentar resolver
situações que eram ocultas e inexplicáveis. Provavelmente perpetuando tradições e métodos
antigos que iam misturando-se com as novas práticas religiosas assim criava-se um confim
muito subtil entre o sagrado da Igreja e o profano das tradições mais antigas. Assim
retomando o argumento da pratica da Medicina a qual naquele tempo estava estritamente
ligada ao uso das plantas, podemos dizer que a Igreja tinha uma visão bastante particular
sobre a mesma e como cita FRANCO JUNIOR 2001 p.143 “A Medicina estava limitada
pela ideia de que o doente é um pecador cuja cura residia na atuação da Igreja
(orações, sacramentos, exorcismos etc)”. Percebemos assim que nesse “mundo”
medieval tornado bastante estático intelectualmente e cheio de limitações regradas da doutrina
pregada pela Igreja, as pessoas vieram enfrentando importantes mudanças socioculturais as
principais exatamente ligadas a esta doutrina, a qual ditava novas regras a serem seguidas, que
afetaram o modo de viver das pessoas, e sua percepção em relação ao universo e o mundo. No
próximo capitulo veremos um destes aspectos, no particular aquilo que apresenta a relação
entre a sociedade e as pessoas que tinham conhecimento dos segredos das plantas mágicas e a
sabedoria para manuseá-las. Além disso apresentaremos os efeitos provocados pelas mesmas
nas pessoas que ne faziam uso.
No passado, aquilo que estava ligado ao mundo vegetal em especial modo o uso e
conhecimento das plantas e das ervas foi muitas vezes considerado uma prerrogativa das
mulheres. Eram eles que efetuavam a colheita das ervas e plantas silvestres e cuidavam das
hortas, assim era delas o conhecimento das suas propriedades e como emprega-las, seja na
culinária que no preparo de poções, infusões decocções e unguentos benéficos e curativos.
Estas mulheres tesoureiras do conhecimento do mundo vegetal, que era repassado de geração
4
Di fatto a praticare la professione medica e l’erboristeria furono cosí non solo medici, ma anche monaci,
guaritori e guaritrici, che spesso univano pratiche erboristiche a riti magici. (VALENTINI, 2010, p. 17-18)
em geração, tinham um papel fundamental na sociedade antiga, elas eram a manipuladoras da
natureza transformavam ervas e plantas em algo para cuidar da saúde e também dos
problemas relacionados ao desconhecido. Desse modo a relação que estas curandeiras tinham
com o poder “magico” de algumas plantas, fiz que fossem olhadas com desconfiança. Por
estes motivos, já na antiguidade várias mulheres que tinham esta habilidade foram
consideradas feiticeiras, capacitadas de usar os recursos naturais para produzir poções e
filtros, como por exemplo, a célebre feiticeira Circe, narrada nos famosos poemas homéricos,
ela tinha o poder de encantar e submeter as pessoas em particular os homens. No decorrer do
tempo esta narrativa contribuiu bastante a criar a figura das bruxas, figura que tomou
amplitude na Idade Média. Neste período a Igreja não tolerava as pessoas que usavam o
conhecimento da natureza por fins que eram além do uso medicinal stricto senso. Estas
práticas, muitas vezes incluíam o uso das plantas para tentar resolver os problemas de ordem
espiritual, sobrenatural e misteriosa. Pela Igreja, este exercício era considerado pagã e com o
passar do tempo foi relacionado ao demônio por isso em choque com a doutrina cristã. Para o
que diz respeito a este argumento, os católicos medievais pensavam que.
Na composição dos filtros, eram usados vários materiais, seja de origem vegetal como
mineral e animal. Mas resulta bastante claro que não faltava o utilizo das plantas consideradas
magicas, cujo princípios ativos alterassem o estado físico (excitação) e mental (ilusões,
6
Origem da palavra: droga vem da palavra droog (holandês antigo) que significa folha seca. Isto porque,
antigamente, a maioria dos medicamentos era à base de vegetais. Droga: qualquer substância que é capaz de
modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento.
Informações disponíveis em: < https://www2.unifesp.br/dpsicobio/drogas/defini.htm>. Acesso em: 30 abr. 2019
alteração dos sentidos) de quem o consumaria. Condições que poderiam levar estas pessoas a
ter comportamentos que em um estado psicofísico “normal” não teriam.
Nos confrontos destas mulheres peculiares conhecedoras dos segredos de plantas e
ervas, temos outro aspecto interessante a ser apresentado. O aspecto erótico-sexual,
considerado presente nas manifestações satânicas. Nesta perspectiva, a luxúria era um dos
tabus usados pela Igreja Católica como argumento, para acusa-las de bruxaria, sendo indicado
como “pecado capital” ainda mais se estes atos fossem teoricamente praticados com seres
demoníacos. Como acenado antecedentemente mulheres que viviam no desconforto e
insatisfeitas da própria situação social, utilizando unguentos preparados com plantas mágicas,
conseguiam sair da realidade entrando em uma dimensão onírica. É tradicionalmente indicado
que as mulheres se denudassem e efeituassem massagem usando unguentos misteriosos, para
“voar” ao encontro luxurioso com satanás, sátiros e outros seres demoníacos. Este unguento
entrando na circulação sanguínea destas mulheres através dos poros da pele, as induzia em um
“êxtase psicodélico” produzido pelas substancias psicotrópicas7 das plantas. “Examinando os
contos e analisando os ingredientes das “poções magicas”, alguns expertos revelaram a presencia
nestes preparos, de substancias alucinógenas e entorpecentes que podem transmitir a sensação de voo,
excitar como um orgasmo, e produzir visões fantásticas” 8. (VALENTINI, 2010, p. 53, tradução nossa)
Dessa forma, é possível que estas mulheres tivessem experiências comparáveis a
“sonhos” eróticos, solicitadas da ação alucinógena do unguento massageado, nas partes
erógenas do corpo. Provavelmente com o acabar do efeito tinham convicção de ter voado e ter
tido encontros “amorosos” com lindos e gentis homens, que presumivelmente faltavam no
cotidiano delas. Aparentemente estas experiências refletiam os próprios desejos. Até o ponto
de contar estas viagens e encontros, como fatos reais,
7
São psicotrópicas as plantas que quando assumidas atuam sobre o nosso cérebro, alterando de alguma forma o
nosso psiquismo. Podem ser: Depressoras: promovem o sono; inibem a ansiedade; aliviam a dor. Estimulantes:
promovem as atividades motoras e cognitivas; reforçam a vigília e estado de alerta. Perturbadoras: (fornecem
alucinações e êxtases). Informações disponíveis em:
<http://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/drogas_.htm>. Acesso em: 11 fev.2018
8
Esaminando i racconti ed analizzando gli ingredienti delle “pozioni magiche”, alcuni esperti hanno rilevato la
presenza, in questi preparati, di sostanze allucinogene e stupefacenti in grado di dare la sensazione del volo,
eccitare come un orgasmo, produrre visioni fantastiche. (VALENTINI, 2010, p. 53)
9
Cfr.: <http://www.medievista.it/tag/canon-episcopi/>. Acesso em: 11 fev. 2018
10
Del resto lo stesso Canon Episcopi aveva evidenziato che le cosiddette streghe erano solo donne scellerate che
credevano di seguire Diana, la dea dei pagani, secondo follie di illusione e non nel senso fisico della corporeità.
(VALENTINI, 2010, p. 53)
Das escrituras do Canon Episcopi entende-se que a mesma Igreja, até um certo
período do Medievo, não considerava reais as viagens destas mulheres “bruxas”. A viagem
era considerada somente uma ilusão criada do culto a deuses pagãos ou a seres “demoníacos”.
Com o passar dos séculos estas mulheres se tornaram vítimas da nova ideologia que a Igreja
estava difundindo, ideologia que tentava reprimir e afastar das pessoas estas tradições
herdadas dos povos mais antigos, que o cristianismo considerava pagãs, tradições nas quais, o
uso da magia com todos seus artifícios, tal como o uso de sacrifícios aos deuses eram
considerados como algo que devia ser erradicado. As presumidas bruxas provocavam estas
“ilusões” através o uso de algumas plantas das quais bem conheciam os efeitos “mágicos”.
Sobre os efeitos destas plantas Drury escreve;
13
Carl Nilsson Linnaeus, em português Carlos Lineu, e em sueco após nobilitação Carl von Linné, latinizado
Carolus Linnaeus (Råshult, Kronoberg, 23 de maio de 1707 — Uppsala, 10 de janeiro de 1778) foi um botânico,
zoólogo e médico sueco, criador da nomenclatura binomial e da classificação científica, sendo assim considerado
o "pai da taxonomia moderna". Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Carolus_Linnaeus> Acesso em:
19 jun 2019.
14
Por la toxicidad de su veneno, la Atropa belladona debe su nombre genérico (Atropa) a una de las tres moiras
griegas, Atropos, que, junto con Clotho y Láquesis, devanaban el hilo del destino de cada mortal desde su
nacimiento, hasta cortarlo llegado el momento de su inevitable muerte. <https://www.plantassaludables.es/wp-
content/uploads/2017/10/Bot%C3%A1nica-La-vida-secreta-de-las-plantas.-Volumen-II.pdf > acesso em: 18 jun
2019.
português significa “bela mulher”) traz algumas teorias que tentam esclarecer a origem do
nome da espécie, entre elas aquela que parece ser a mais usada, explica de um costume
adotado pelas cortesãs italianas. “Gotas de beladona em água destilada produziam um cosmético
capaz de dilatar as pupilas e, de acordo com certos padrões que agora estão ultrapassados, fazia tornar
as moças mais atraentes”15. (VALENTINI, 2010, p. 68, tradução nossa).
MANDRÁGORA
15
Gocce di belladonna in acqua distillata producevano um cosmético in grado di dilatare le pupillle e, secondo
certi canoni di bellezza ormai superati, far diventare le ragazze piú attraenti. (VALENTINI, 2010, p. 68.
16
O papiro Harris 500 é um documento do Antigo Egito, que reúne vários textos literários, entre os que se
encontram os poemas de amor egípcios mais antigos. É conservado no British Museum com o número 10060. O
papiro era parte da coleção de Anthony Charles Harris (1790-1869), a qual foi adquirida depois da sua morte
pelo Museu Britânico. Segundo os relatórios, o papiro estava intato quando foi descoberto, mas resultou
danificado por uma explosão que destruiu o edifício no qual se guardava em Alexandria. Havia rumores de
Harris ter feita uma cópia, mas nunca foi encontrada. Foi transcrito e traduzido pela primeira vez por Gaston
Maspero em 1883. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Papiro_Harris_500>. Acesso em 21 mar 2018
17
La stanza degli amanti”, dove la donna viene elogiata attraverso paragoni vegetali, purtroppo non giuntici
completi:”“Intrecciate sono le piante dello specchio d’acqua [..] / [..] della sorella è un bocciolo di ninfea, / il suo
seno è una mandragola, / le sue braccia sono [..]” (CIAMPINI, 2005, p. 50, apud SAMORINI, [201-]).”
Disponível em <http://samorini.it/site/archeologia/africa/droghe-antichi-egiziani/ninfea-mandragora-erotismo-
egiziano/> Acesso em 21 Mar 2018
amorosa e erotica egipcia, seu uso parece estar relacionado com capacidade de ser indutoras
de experiencias psicofisicas com fins afrodisiacos e com o um símbolo de sensualidade. A
que diz a respeito da religiosidade e sexualidade,
Na antiga cultura egípcia havia uma estreita associação entre a morte e a
sexualidade, assim como muitas outras culturas antigas e modernas, mas com um
sistema interpretativo particular. Acreditava-se que o falecido (inicialmente apena o
faraó) poderia entrar no outro mundo somente através de um novo nascimento,
induzido por uma cópula "astral" com sua esposa ou com uma outra mulher, que
consequentemente permanecea fertilizada e "parria" o defunto na vida após a morte.
Esta concepção filosófico-religiosa explica a presença frequente de cenas eróticas e
sensuais retratadas em tumbas, particularmente nas privadas da XVIII Dinastia 18.
(SAMORINI)
Fig. 119
18
Presso l’antica cultura egizia v’era una stretta associazione fra la morte e la sessualità, come del resto presso
diverse altre culture antiche e moderne, ma con un sistema interpretativo particolare. Si riteneva che il defunto
(inizialmente solo il faraone) potesse entrare nell’altro mondo solamente mediante una nuova nascita, indotta da
una copulazione “astrale” con sua moglie o comunque con una donna che rimaneva di conseguenza fecondata e
“partoriva” il defunto nell’aldilà. Questa concezione filosofico-religiosa spiega la frequente presenza di scene
erotiche e sensuali raffigurate nelle tombe, in particolare in quelle private della XVIII Dinastia.
19
Detalhe de um afresco da Tumba de Nakht, Tebas, XVIII dinastia, representando uma mulher segurando com
a mão e recebendo frutas de mandrágora (de Bongioanni, 2005, p. 254). Tradução nossa. Disponivel em:
Particolare di un affresco della Tomba di Nakht, Tebe, XVIII Dinastia, con raffigurazione di una donna che
tiene in mano e che riceve frutti di mandragora (da Bongioanni, 2005, p. 254)
Estes indícios encontrados nas tumbas dos antigos egípcios nos mostram que a
Mandrágora é uma planta que já em tempos remotos vinha considerada como algo com
poderes especiais. A confirma disso outras fontes antigas nos indicam a sua presença na vida
das pessoas e o seu uso. Neste sentido vemos que a Mandrágora foi mencionada também nas
escrituras sagradas semíticas. Assim, o livro da Gênesis 30: 14-15-16 cita
Tendo chegado o tempo da ceifa do trigo, Rúben encontrou nos campos
mandrágoras que trouxe para sua mãe Lia. Raquel disse a Lia: "Dá- me, por favor,
as mandrágoras de teu filho." Mas Lia lhe respondeu: "Não é bastante que me tenhas
tomado o marido e queres tomar também as mandrágoras de meu filho?" Raquel
retomou: "Pois bem, que ele durma contigo esta noite em troca das mandrágoras de
teu filho". Quando Jacó voltou dos campos, de tarde, Lia foi ao seu encontro e lhe
disse: "É preciso que durmas comigo, pois paguei por ti com as mandrágoras de meu
filho." E ele dormiu com ela naquela noite. (BIBLIA de JERUSALEM)
20
Le mandragole trovate da Ruben erano una sorta di afrodisiaco, cui la superstizione popolare attribuiva facoltà
di assicurare la fertilità. Poiché era sterile, Rachele smaniava per quelle mandragole. In cambio acconsentì che
Lea vivesse con Giacobbe come moglie (per qualche ignota contingenza, Lea aveva perduto le sue prerogative
coniugali). (MACDONALD, 2013, p. 63)
Eu sou do meu amado, seu desejo o traz a mim. Vem, meu amado, vamos ao campo,
pernoitemos sob os cedros; madruguemos pelas vinhas, vejamos se a vinha floresce,
se os botões estão se abrindo, se as romãzeiras vão florindo: lá te darei meu
amor...As mandrágoras exalam seu perfume; à nossa porta há de todos os frutos:
frutos novos, frutos secos, que eu tinha guardado, meu amado, para ti. (BÍBLIA de
GERUSALEM, p. 506)
O amado pastor chegou em Jerusalém e a garota está livre de sair com ele pelos
campos e pelos vilarejos. Ela já saboreia os passeios pelos campos e pelos vinhedos
para controlar já pela manhã...a vinha e as romãs. Naquela atmosfera bucólica no
meio das mandrágoras odorosas, ela vai dar-lhe o seu amor e cada tipo de frutos
deliciosos conservados somente para ele.21 (MACDONALD, 2013, p. 1086,
tradução nossa)
[...] Fiori, em sua Flora italiana, considera duas espécies: uma com raiz grande
carnuda, branca e uma corola esverdeada que floresce na primavera (M. vernalis
Bert. M. officinarum L. = M. officinalis Mill.) E corresponde a Mandragora maschio
dos antigos; e uma com corola roxa e uma raiz menor e enegrecida, que floresce no
21
L’amato pastore è giunto a Gerusalemme e la fanciulla è libera di uscire con lui per i campi e per i villaggi.
Ella pregusta le passeggiate per i campi e per le vigne a controllare fin dal mattino...la vite e i melagrani. In
quell’atmosfera bucolica, tra le mandragole odorose, ella gli darà il suo amore e ogni genere di frutti deliziosi,
serbati soltanto per lui. (MACDONALD, 2013, p. 1086)
outono (M. autumnalis Berth.) que corresponde ao Mandragora femmina dos
antigos. As duas espécies diferenciam entre elas muito pouco para os caracteres
morfológicos e as propriedades são as mesmas. Em geral, falando de Mandragora,
nos referimos à primeira espécie: o macho.22 (VACCARI, 1955, tradução nossa)
A crença que a planta da Mandrágora fosse em parte humana, é um dos motivos pelo
qual aumentaram as lendas sobre sua origem e o método para colhê-la. Devido á
característica do antropomorfismo das suas raízes e as suas virtudes psicoativas era usada na
magia, e recebeu aspectos malignos e perigosos, era um verdadeiro tesouro conseguir possuí-
la, mas um tesouro difícil a se conquistar onde precisava de rituais complexos para colhê-la.
Por estes motivos a Mandrágora deu inspiração a varia lendas, uma destas explica qual seria o
método correto para colhê-la sem ter nenhum risco. Se a mandrágora fosse erradicada,
choraria e gritaria e o seu grito seria capaz de matar esta pessoa. Por isso, o método mais
seguro para erradicá-la seria amarrar um cachorro com uma corda a planta, e em seguida
solicitado a correr, deste modo, puxaria a corda erradicando a planta e o grito da mesma
mataria o cachorro. Fig. 1. O seu sacrifício consentiria a pessoa de colhê-la sem perigo. A
confirmar que esta crença era muito presente, existem várias pinturas representando-a.
22
Il Fiori, nella sua Flora Italiana, ne considera due specie: una con radice grossa, carnosa, bianca e corolla
bianco-verdognola, che fiorisce a primavera (M. vernalis Bert. M. officinarum L. = M. officinalis Mill.) e
corrisponde alla Mandragora maschio degli antichi; e una con corolla violacea e radice più piccola e nerastra,
che fiorisce in autunno (M. autumnalis Berth.) che corrisponde alla Mandragora femmina degli antichi. Le due
specie differenziano fra loro ben poco per i caratteri morfologici e le proprietà sono uguali. In generale, parlando
di Mandragora, ci si riferisce alla prima specie: il maschio. (VACCARI, 1955)
23
Antropomorfismo é a atribuição da forma humana a qualquer constituinte da realidade. A cultura do
Antropomorfismo é antiga na história da humanidade, serviu para embasar argumentos, contos, narrativas e
elementos constituintes de diversas sociedades. Da mesma forma, é embasamento recorrente em obras de arte,
sobretudo literatura. Na cultura ocidental, o Antropomorfismo consolidou-se após a influência dos textos
filosóficos de São Tomás de Aquino. Seus seguidores encarregaram-se de eternizar a antropomorfização na
cultura do cristianismo. Mas muito antes disso, na Grécia Antiga, por exemplo, o Antropomorfismo já estava
atrelado ao culto de divindades, favorecendo na disseminação de mensagens através da humanização de seres.
Ou seja, a mitologia grega é bastante calcada no Antropomorfismo. Disponível em:
<https://www.infoescola.com/cultura/antropomorfismo-2/> Acesso em 11 abr. 2018.
24
A forma da raiz que se assemelha a um pequeno homem sem cabeça despertou, desde os tempos antigos,
fantasias, crenças e superstições, mas acima de tudo fez pensar que a planta tivesse uma espécie de vida animal,
ou mesmo humana, para se tornar, nas ilusões e nas esperanças dos homens, um pequeno oráculo capaz de
distribuir riquezas e fortuna. (VALENTINI, p. 105)
Figura 125
Figura 226
Prosseguindo apresentando as lendas populares ligadas as características antropomórficas das
raízes da Mandrágora, Fig. 2, existe uma versão medieval muito difundida sobre a sua origem
explicando, que quando um homem era condenado à morte por enforcamento, no momento
em que morria soltava os fluidos corporais, entre eles o esperma, o qual, caindo na terra, dava
Quando Deus criou o mundo, se reservou a criação dos seres viventes na terra, nas
águas e no céu. Mas, no seu contrato com Satanás, tinha esquecido o subsolo. O
espirito do mal, ciumento do criador, quis ele mesmo realizar homens e mulheres
que vivessem em baixo da terra. O seu gênio inventivo, mas incompleto, apena
levou a moldagem informe das mandrágoras. No momento que as mesmas,
erradicadas da terra, penetram no reino de Deus, cessam de viver. 28 (SAMORINI,
2016, p115, apud BOUQUET, 1952, tradução nossa)
Esta lenda é uma indicação a mais que diferentes povos antigos dependendo da época,
da sua cultura e religião, tinham uma percepção e um relacionamento diferente a respeito da
planta da Mandrágora. Que como vimos em alguns casos, era considerada benéfica e útil, ao
contrário, em outros, maligna e demoníaca.
É propriamente no período medieval europeu que a presença e a fama da Mandrágora
tomará uma vasta amplitude, tornando-se a rainha dos ingredientes protagonistas nos rituais
mágicos. Era procurada por seus poderes: protetivo, analgésico, alucinógeno, afrodisíaco e de
fertilidade. É nesta época histórica, devido ao seu uso pelas presumidas bruxas que assume o
papel de ser um dos símbolos da feitiçaria e banida pela Igreja. Encontramos descrições de
alguns dos aspectos citados, no livro L’erbario di Trento29 no qual as representações das
Mandrágoras masculina e feminina, Fig. 3, se encontram descritas juntas as imagens do
vegetal, representado de forma antropomórfica. No texto se explica um dos usos específicos
destas plantas
27
Nel corso da Idade Média, nella província di Siena era difuso il detto” seminare mandragore” come metáfora
dela masturbazione maschile. (SAMORINI, 2016, p. 113, apud BORGHINI, 2000)
28
Quando Dio creò il mondo, si riservò la creazione degli esseri viventi sulla terra, nelle acque e nell’aria. Ma,
nel suo contratto com Satana, aveva dimenticato il sotto-suolo. Lo spirito del male, geloso del Creatore, volle
egli medesimo fabbricare degli uomini e delle donne viventi sotto terra. Il suo gênio inventivo, ma incompleto,
non porto che ala plasmazione informa dele mandragore. Dal momento che queste strappate da terra, penetrano
nel regno di Dio, cessano di vivere. (SAMORINI, 2016, p.115, apud BOUQUET, 1952, tradução nossa)
29
L’erbario di Trento, é um livro, criado do estudo sobre o manuscrito Nº 1591 codice-erbario, do Museu
Provincial da Arte, da cidade de Trento na Itália. Este livro foi realizado usando a reprodução fotográfica integral
do manuscrito original, o qual, está escrito, em parte em vernáculo Veneto, e em parte em latim. No livro foram
acrescentadas explicações, traduções, e comparações com outros manuscritos erbario. O manuscrito não tem
uma datação precisa, mas resulta ser da segunda metade do século XV. Para maiores detalhes: (PROVINCIA
AUTONOMA DI TRENTO ASSESSORATO ALLE ATTIVITÁ CULTURALI, 1982).
Se uma mulher não pudesse ter filhos, receite toda esta erva, flores, sementes,
folhas, caule e raízes. Pisar tudo muito bem, e quando será pulverizada incorpora-lo
com mel como um eletuário. Faça que a mulher use este eletuário de manhã em
jejum por 40 dias e o use com suo marido a seu gosto. Neste período, se Deus quiser,
por sua misericórdia conceberá filhos. Mas, saiba que se a mulher, vem dada a
mandrágora masculina, conceberá um filho macho, se vem dada a feminina,
conceberá uma fêmea. Mas, se a mulher vem dada a masculina e a feminina juntas,
conceberá filhos que não serão nem fêmea nem macho, mas será homem e mulher
juntos. Esta erva se gera do esperma do homem e nasce em terrenos quentes e
úmidos30. (PROVINCIA AUTONOMA DI TRENTO ASSESSORATO ALLE
ATTIVITÁ CULTURALI, 1982, pag. 187, tradução nossa)
Este manuscrito fornece informações que indicam que na Itália, deste período
histórico, na vida das pessoas existia uma provável mistura de sagrado e profano. As crenças
populares sobre alguma planta “mágica”, como por exemplo, dos poderes afrodisíacos e de
fertilidade da Mandrágora, agora vão misturando-se com a crença religiosa Católica,
perpetuando as presumidas virtudes desta planta, que passaram pela antiguidade até chegar na
sociedade medieval italiana.
Na Idade Média a magia era muito difundida: mergulhava suas raízes no mundo
pagão, fazia uso de superstições e lendas e utilizava ervas medicamentosas para
curar as doenças. A única diferença fui que, enquanto na Antiguidade a arte dos
magos era entregue as classes sacerdotais, na Idade Média a praticar formas de
magia foram em muitos, entre eles monges, parteiras, curandeiros, párocos e até
médicos.31 (VALENTINI, 2010, p. 29, tradução nossa)
Figura 332
Durante o período medieval italiano, a Mandrágora não era usada somente por magos
e feiticeiras. Era usada também na medicina e fazia parte dos ingredientes principais da
“spongia somnifera”, usada como anestésico durante as cirurgias e descrevida por Teodorico
filho de Ugone da Lucca33. Tratava-se de uma esponja natural pescada no fundo marinho e
deixada secar ao sol, quando seca, era mergulhada em um recipiente com agua e diferentes
vegetais, entre eles os mais significativos que se encontram nas maiorias das receitas são
Mandrágora, Meimendro, Opio e Cicuta. Fervida até o total absorvimento, era novamente
deixada secar e armazenada, pronta a ser utilizada. Para utilizá-la se mergulhava em água
quente e sucessivamente colocada em cima das vias respiratórias do paciente, que inalando as
suas substancias se anestesiava.
A respeito do ouso medicinal desta planta, planta os quais poderes naquele período
estavam entrelaçados entre medicina, magia e religião, Franco Cardini (1990), relata que
Hildegarda von Bingen, (1098- 1179), religiosa católica beneditina e naturalista alemã, no seu
32
Cfr. (PROVINCIA AUTONOMA DI TRENTO ASSESSORATO ALLE ATTIVITÁ CULTURALI, 1982)
33
Teodorico filho de Ugone da Lucca: Nasceu na cidade de Lucca em 1205 [...]. Esperto na arte da cirurgia, que
aprendeu do seu pai Ugo. [...] A sua fama está relacionada a obra mais importante por ele escrita, o tratado,
Cyrurgia seu filia principis [...]. A obra se estrutura em quatro volumes: no primeiro trata-se das feridas em
geral, o segundo de lesões particulares, como fraturas e luxações, o terceiro de fístulas, gangrenas, hérnias, o
quarto de cefaleias, paralise, epilepsia, e distúrbios da visão. Disponível em:
<http://www.treccani.it/enciclopedia/teodorico-borgognoni_%28Dizionario-Biografico%29/>. Acesso em: 28
abr. 2018.
trabalho naturalista Liber subtilitatum diversarum naturarum creaturarum34, argumenta da
existência de métodos específicos para remover o poder magico das plantas, conservando o
poder medicinal. Descrevendo em particular, o ritual a ser feito com a Mandrágora.
teria um efeito colateral e mataria o primeiro que terá um relacionamento sexual com ela. É
por isso que Messer Nicia para evitar a sua morte deixaria que seja um ignaro desconhecido a
ficar com sua esposa a primeira vez após ter tomado a poção de Mandrágora. Enquanto isso,
Ligurio também consegue corromper frei Timóteo, confessor de Lucrecia que junto com a
mãe Sostrata, mostrando-lhe várias citações da Bíblia a convence de aceitar a proposta do
marido, porque tal fim não era pecado. Assim Ligurio avisa Messer Nicia que tudo estava
concertado e a ser sacrificado seria um ignaro desconhecido. Mas na realidade não terá
nenhum ignaro desconhecido, e será Callimaco disfarçado de tal a juntar-se com Lucrezia, a
qual, após que Callimaco lhe contou a verdade e as suas intenções, aceita ser sua amante e o
convida a retomar o disfarce de médico. Após a noite do engano, um satisfeito Messer Nicia
junto com o falso médico Callimaco recebem a benção da nova amizade pelo frei Timóteo, e
Messer Nicia convida Callimaco a morar em sua casa.
Esta comedia é uma forte sátira que oferece a possibilidade de mostrar e criticar a
sociedade italiana (florentina) daquela época
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37
Neste modo a interpretação de MacDonald, nos ajuda a pensar que um texto muito
antigo deve ser interpretado relacionando-o a todos os aspectos do contesto histórico cultural
daquele momento especifico, e não analisa-lo comparando-o com conceitos surgidos
posteriormente, cada “tempo” tem suas peculiaridades por isso tem que ser analisado no
especifico, para não cometer o erro de cair no anacronísmo. Sendo que estas escrituras
apresentam personagem que vivem fatos sagrados misturados com fatos do cotidiano, é
importante analisar não somente o aspecto histórico religioso das pessoas daquela época,
como também a parte social
Deduzimos durante a nossa pesquisa, que a percepção dos “poderes” da Mandrágora e
suas finalidades foram concebidos de modo diferente, durante o seu percurso histórico, devido
as crenças, ideologias e diferentes níveis de conhecimento presentes nos diferentes povos das
diferentes épocas.
BASCHET, Jerôme. A civilização feudal. São Paulo: Globo, 2006. (notas de rodapé nº2)
37
REFERENCIAS
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