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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES

VALENTINO STERZA

PLANTAS MÁGICAS NO MEDIEVO:


ENTRE A IGREJA E AS CRENÇAS

JOÃO PESSOA
2019
VALENTINO STERZA

PLANTAS MÁGICAS NO MEDIEVO:


ENTRE A IGREJA E AS CRENÇAS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado a Coordenação do Curso de
Ciências das Religiões da Universidade
Federal da Paraíba como requisito
complementar para obtenção do título de
Licenciatura em Ciências das Religiões,
sob orientação do professor Dr. Johnni
Langer.

João Pessoa
2019
VALENTINO STERZA

PLANTAS MÁGICAS NO MEDIEVO:


ENTRE A IGREJA E AS CRENÇAS

Trabalho de conclusão de curso submetido à Banca Examinadora designada pelo Curso de


Graduação em Ciências das Religiões da Universidade Federal da Paraíba como requisito para
obtenção do grau de Licenciado em Ciências das Religiões.

BANCA EXAMINADORA

Assinatura: __________________________________
Prof.
(Orientador)

Assinatura: __________________________________
Prof.

Assinatura: __________________________________
Prof.

João Pessoa, ______ de ____________________ de 2019.


Dedico àqueles que vêm me apoiando ao
longo da vida facilitando a minha caminhada.
Em especial, aos meus pais João e Maria.

Modelo 4: Dedicatória de trabalho individual


Tipo de letra: Times New Roman / Tamanho: 12
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm

AGRADECIMENTOS
O texto disposto como parágrafo normal traz os agradecimentos dirigidos àqueles que
contribuíram de maneira relevante à elaboração do trabalho. Por exemplo: o orientador, as
pessoas de instituições investigadas que ajudaram a encontrar informações importantes e a
quaisquer outras pessoas que de alguma forma lhe auxiliaram.

Modelo 5: Agradecimento
Tipo de letra: Times New Roman / Tamanho: 12 para o texto e 14 para o título maiúsculo.
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm
“O mito define-se pelo seu modo de ser: não
se deixa interpretar enquanto mito, a não ser
na medida em que revela que qualquer coisa se
manifestou plenamente, sendo esta
manifestação, por sua vez, criador e exemplar,
já que tanto funda uma estrutura do real como
um comportamento humano”

Mircea Eliade
Mitos, Sonhos e Mistérios

Modelo 6: Epígrafe
Tipo de letra: times New Roman / Tamanho: 12, espaço simples
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm

RESUMO
No resumo deve-se expor de modo claro e sintético qual o objeto da pesquisa, quais são os
objetivos, a relevância do trabalho, a fundamentação teórica e a metodologia. Ao fim da
leitura de seu resumo, o leitor precisa ter a compreensão clara e panorâmica do que trata o
TCC.

Palavras-chave: três palavras que sintetizem o seu trabalho.

Modelo 7: Resumo
Tipo de letra: Times New Roman / Tamanho: 12 para o texto e 14 para o título maiúsculo.
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm
LISTA DE FOTOGRAFIAS OU IMAGENS OU ILUSTRAÇÕES

Foto 1:XXXXXXXXXYY ............................................................................................ 09


Foto 2: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX............................................................... 11

Item opcional, mas que agrega valor ao trabalho, especialmente se o seu TCC tiver trabalho
de campo.

Modelo 8: Lista de ilustrações


Tipo de letra: Times New Roman / Tamanho: 12 para o texto e 14 para o título maiúsculo.
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABHR – Associação Brasileira de História das Religiões


ANPOF – Associação Brasileira de Filosofia
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
MT – Mito e Realidade (Eliade)
THR – Tratado de História das Religiões (Eliade)
IPME – Introdução ao Pensamento de Mircea Eliade

Modelo 9: Lista de siglas


Tipo de letra: Times New Roman / Tamanho: 12 para o texto e 14 para o título maiúsculo.
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm
SUMÁRIO

10
INTRODUÇÃO................................................................................................

MEDIEVO: ALGUNS ASPECTOS PARA CONTEXTUALIZAR A


1
PESQUISA.......................................................................................................

2 CURANDEIRAS, FETICEIRAS E BRUXAS, OU MULHERES


PECULIARES CONHECEDORAS DA NATUREZA E DOS EFEITOS
DAS PLANTAS................................................................................................

2.1 A IGREJA CATÓLICA E SUA LUTA CONTRA AS PRATICAS


MÁGICAS.........................................................................................................

3 MANDRÁGORA: PLANTA COM UMA HISTÓRIA ANTIGA...............

3.1 SUBCAPÍTULO................................................................................................

3.2 SUBCAPÍTULO................................................................................................

4 TERCEIRO CAPÍTULO................................................................................

4.1 SUBCAPÍTULO................................................................................................

4.2 SUBCAPÍTULO................................................................................................

CONCLUSÕES................................................................................................

REFERÊNCIAS...............................................................................................

APÊNDICE.......................................................................................................

ANEXO.............................................................................................................

GLOSSÁRIO...................................................................................................
Modelo 10: Sumário
Tipo de letra: Times New Roman / Tamanho: 12 para o texto e 14 para o título maiúsculo.
Margens: superior - 3 cm / inferior - 2 cm / esquerda - 3 cm / direita - 2 cm

Para entender nossa pesquisa nos parecia adequado apontar alguns aspectos e fatos
do período histórico referente ao nosso objeto de pesquisa. Neste modo, nos resulta
apropriado começar situando este espaço de tempo que é denominado Medievo ou Idade
Média de maneira cronológica. O Medievo está posicionado entre a Idade Antiga e a Idade
Moderna e se refere exclusivamente, mais ou menos ao território agora conhecido como
Europa. Convencionalmente a Idade Média está dividida em duas fases, a Alta e a Baixa
Idade Média, algumas fontes indicam como data desta divisão e o ano 1000 d.C. Tendo seu
início no século V, precisamente no ano 476 d.C. com a queda do Império Romano do
Ocidente, e seu termino no século XV em 1492 d.C. com a rendição e consequente expulsão
da Europa, do último baluarte muçulmano do reino Nasrida1 na cidade de Granada na
península ibérica, data relevante, sendo corresponder com a “descobrimento” da América pelo
velho mundo. A respeito de demarcar os períodos históricos é importante ressaltar que
existem historiadores que não concordam em demarcar estes períodos com datações
especificas que estabelecem um início e um fim, sendo que por eles a passagem da um
período para outro abrange diferentes fatores, neste modo resulta difícil estabelecer uma
datação rígida. Sobre este argumento,

Seguindo uma perspectiva muito particularista (às vezes política, às


vezes religiosa, às vezes econômica), já se falou, dentre outras datas,
em 330 (reconhecimento da liberdade de culto aos cristãos), em 392
(oficialização do cristianismo), em 476 (deposição do último
imperador romano) e em 698 (conquista muçulmana de Cartago)
como o ponto de partida da Idade Média. Para seu término, já se
pensou em 1453 (queda de Constantinopla e fim da Guerra dos Cem
Anos), 1492 (descoberta da América) e 1517 (início da Reforma
Protestante). (FRANCO JUNIOR, 2001, p.14)

1
A dinastia Nasrida foi a última dinastia muçulmana na Península Ibérica, fundada por Maomé ibn al-Ahmar na
sequência da derrota do Almóadas na batalha de Navas de Tolosa (1212), o que provocou o colapso do Califado
de Córdova em várias taifas, as terceiras na história política do al-Andalus. Houve 20 reis (sultões ou emires) de
Granada entre 1238 e 2 de janeiro de 1492, altura em que o Sultão Boabdil se rendia aos Reis Católicos. Os
Nasridas foram os responsáveis pela construção do palácio da Alhambra, em Granada. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Nasridas> Acesso em 11 abr. 2018.
Como vemos na citação acima são várias as possibilidades para demarcar com datas
especificas o fim de um e o início de outro período histórico, além disso parece desnecessária
a procura de uma datação especifica, a não ser, querer marcar aquele acontecimento histórico
como mais relevante dos outros por meio de um ponto de vista particular como sugerido por
Franco Junior, o qual propõe também uma maneira diferente de periodizar a Idade Média 2.
Mesmo que não seja essencial para os fins de nossa pesquisa, nos parecia interessante
esclarecer que existem diferentes posicionamentos a respeito da demarcação cronológica dos
períodos históricos, sendo que estamos analisando aspectos de um dele o da Idade Média.
Pelo que diz respeito a área geográfica da Europa durante a “transição” da Idade
Antiga para a Idade Média, ressaltamos que nesta vasta área, viviam vários povos. Mas a
distinção principal a ser feita entre os povos europeus daquele tempo, está entre os povos do
Norte e Nordeste (principalmente os germânicos) e os povos Mediterrâneos do Império
Romano (Europa do Sul). No Norte e Nordeste da Europa viviam os povos chamados de
“bárbaros3”. Estes povos tinham tradições e hábitos socioculturais diferentes dos povos que
faziam parte da área do Mediterrâneo, ex-Império Romano, que como escreve Gombrich
(2008, p. 133) “quando no ano de 311 d.C o Imperador Constantino estabeleceu a Igreja Cristã como
um poder no Estado”. Este poder, enraizou-se no Império Romano e consequentemente acima,
dos povos que o constituíam, abrindo um novo cenário, onde a instituição Igreja Católica
tornou-se a instituição religiosa oficial dos povos do Império. Assim pode-se afirmar que
sucessivamente.

Após o desaparecimento do Império Romano no Ocidente, formalmente assinalado


pelo episódio da deposição do imperador infante Rômulo Augusto por Odoacro,
chefe da confederação de tribos germânicas dos hérulos (4 de setembro de 476),
observa-se a formação de diversos reinos romano-germânicos, ou seja, reinos com
populações fundamentalmente de etnia e cultura galo-romana, hispano-romana,
ítalo-romana, mas onde o poder ficou sob controle do rei germânico. Dentre os
reinos romano- germânicos da Europa destacavam-se o visigótico (na atual
Península Ibérica), o ostrogótico e, posteriormente, o lombardo (na atual Italía), os
reinos anglo saxões (na atual Grã-Bretanha) e o franco (na atual França). Então o
2
No estudo da Idade Média, na maior parte dos livros didáticos constata-se a divisão esquemática entre Alta
Idade Média e Baixa Idade Média. Hilário Franco Jr. em seu livro “A Idade Média: nascimento do Ocidente”,
propõe uma versão diferente de periodizar a Idade Média. Ele a divide em quatro períodos distintos: Primeira
idade Média, princípios do século V - meados do século VIII; Alta Idade Média, meados séc. VIII - fins séc. X;
Idade Média Central, início séc. XI – fins séc. XIII; Baixa Idade Média, início séc. XIV - meados XVI.
(FRANCO JUNIOR, 2001, p.271)
3
Bárbaro: na sua origem, a palavra designa apenas os não gregos e, depois, os não romanos. Mas a conotação
negativa adquirida por esse termo torna difícil empregá-lo hoje sem reproduzir um julga-mento de valor que faz
de Roma o padrão da civilização e de seus adversários os agentes da decadência, do atraso e da incultura.
(BASCHET, 2006, p. 49). Encontra-se em: <https://pt.scribd.com/document/356211974/BASCHET-Jerome-A-
civilizacao-feudal-pdf> Acesso em: 18 de junho de 2019.
Ocidente profundamente marcado por estre encontro e confronto de civilizações,
apresentou, com relação ao período anterior om quadro complexo de continuidades e
descontinuidades. (Bibiani, D. Tôrres, M. 2002, p.4)

Pode-se afirmar que, nesse cenário, uma das continuidades foi aquela da Igreja
Católica, a qual conseguindo a evangelização de alguns reis “bárbaros” fez tornar seus povos
cristãos, sendo que naquele tempo era pratica que o povo aderisse a religião do rei. Nesse
modo a Igreja agindo como um “mediador” realizou a simbiose entre o mundo romano e
bárbaro, criando uma união de forças ao seu serviço, que aumentaram seu poder e a ajudaram
ao longo dos séculos a se revelar provavelmente como a entidade mais poderosa daqueles
tempos, conseguindo sua expansão pela maior parte dos territórios da Europa.
Prosseguindo olhando sobre este quadro complexo de mutações podemos sublinear
que,

Os bárbaros não vivenciaram a noção de estado e de cidade como os romanos.


Moravam em pequenas aldeias [...] o primeiro núcleo social era a família, depois
viam os clãs, e por fim as tribos. [...] A formação das tribos estava ligada a atividade
bélica, a mais comum das atividades daquela época. [...] praticavam o politeísmo,
(BOTELHO, 2012, pp. 62-64)

A citação acima nos indica que os bárbaros, além de ter hábitos sociais diferentes dos
povos romanos tinham uma tradição religiosa politeísta, embora que os reis e as elites se
convertessem ao cristianismo, as pessoas “comuns” destes povos, apesar de serem
“cristianizados”, mantinham as suas tradições pagãs. As diferenças socioculturais juntas com
as frequentes atividades bélicas a procura de apossar-se dos bens e dos territórios dos outros, e
no caso da Igreja Católica de expandir seus confins para cristianizar mais territórios, foram
entre as principais motivações que levaram pôr séculos a invasões e guerras entre os povos
bárbaros e os cristianizados. Todas estas atividades provocavam constantes migrações as
quais favoreciam um entrelaçamento entre as diferentes culturas.
A Igreja Católica foi a entidade predominante na formação de uma das características
principais do Medievo o feudalismo, grande proprietária de terras monopolizava o
conhecimento intelectual e influenciou o modo de pensar e a forma de comportamento
daquela época. Sobre este argumento Hoffman (2010, p. 105), escreve que “O estudo da
dominação ideológica da Igreja Católica durante a Alta Idade Média é importante para a compreensão
de como a igreja conseguiu, durante o período medieval, um poder sobre a população na Europa
Ocidental”. Percebe-se a força da expansão desta nova ideologia religiosa na sociedade da
época. O sistema feudal era uma sociedade hierarquizada, fechada e dividida politicamente
onde diferentes nobres tinham o domínio político e militar das próprias terras, arrecadavam
impostos dos camponeses e pequenos artesãos, que em troca tinham o uso da terra e a
proteção militar. A Igreja Católica como única entidade religiosa estava acima das divisões
feudais, era apoiada pela nobreza em geral e tinha amplo poder, sendo responsável pela
proteção espiritual, era isente de impostos e arrecadava o dízimo.
Foi neste longo período histórico, no qual o cristianismo estava crescendo e tentando
impor-se, que a Igreja procurava erradicar o paganismo, o qual apesar de ser banido pela
mesma, mantinha bastantes resquícios cravados na cultura medieval. Assim devido a uma
Igreja forte do seu domínio espiritual e intelectual pode-se afirmar que

Em virtude desse clima cultural e da finalidade que se atribuía ao conhecimento, as


ciências viam-se limitadas no seu desenvolvimento. Predominava a concepção de
que a meta do homem era o Reino de Deus e de que a Revelação estava contida nas
Sagradas Escrituras. Dessa forma, não se observava a natureza para deduzir
explicações ou levantar hipóteses, mas para ver os símbolos dos desígnios divinos.
Diante disso, a Matemática parecia abstrata, a preocupação quantitativa quase não
existia e os números valiam mais pelo seu simbolismo do que pelo seu eventual
caráter prático, utilitário. A Botânica e a Mineralogia reduziam-se a tratados
descrevendo plantas e pedras, quase sempre vistas como dotadas de aspectos
mágicos. (FRANCO JUNIOR, 2001, p.143)

É nessa época, que, por causa da ideologia da Igreja as ciências se tornaram


estagnantes, a medicina “especializada” não avançava e era carente. Nesse contesto no qual

Para o homem medieval, o referencial de todas as coisas era sagrado, fenômeno


psicossocial típico de sociedades agrárias, muito dependentes da natureza e,
portanto, à mercê de forças desconhecidas e não controláveis. Isso gerava,
compreensivelmente, um sentimento generalizado de insegurança. Temia-se pelo
resultado, quase sempre pobre, das colheitas. Temia-se a presença frequente das
epidemias, que não se sabia combater. Temia-se sobretudo pela vida futura.
(FRANCO JUNIOR, 2001, p. 191)

Assim entendemos que as pessoas medievais além de viver com medo de guerras e
invasões como mencionado antecedentemente, tinham que enfrentar dificuldades enormes no
seu dia a dia para conseguir a viver ou em alguns casos podemos dizer sobreviver. Naquele
tempo se considerava que, todas as situações da vida que não tinham uma
explicação, fossem geradas por forças da natureza que eram desconhecidas e
incontroláveis. Nesse modo na sociedade medieval, as pessoas que precisavam
de cuidados médicos, se entregavam nas mãos de conhecedores dos elementos mágicos
fornecidos pela natureza, os quais eram capazes de praticar o que nos dias atuais chamamos
de herboristeria ou fitoterapia. Sobre este aspecto parece que, “De fato a praticar a profissão
medica e a herboristeria foram assim não somente os médicos, mas também monges, curandeiros e
curandeiras, que muitas vezes juntavam praticas herboristicas a rituais mágicos” 4 (VALENTINI, 2010,
p. 17-18, tradução nossa). Por isso, podemos dizer que as plantas medicinais além de ser usadas
na medicina, tinham um forte impacto no imaginário coletivo devido a seu uso magico
marcante, sendo usadas para tentar curar as doenças, mas também para tentar resolver
situações que eram ocultas e inexplicáveis. Provavelmente perpetuando tradições e métodos
antigos que iam misturando-se com as novas práticas religiosas assim criava-se um confim
muito subtil entre o sagrado da Igreja e o profano das tradições mais antigas. Assim
retomando o argumento da pratica da Medicina a qual naquele tempo estava estritamente
ligada ao uso das plantas, podemos dizer que a Igreja tinha uma visão bastante particular
sobre a mesma e como cita FRANCO JUNIOR 2001 p.143 “A Medicina estava limitada
pela ideia de que o doente é um pecador cuja cura residia na atuação da Igreja
(orações, sacramentos, exorcismos etc)”. Percebemos assim que nesse “mundo”
medieval tornado bastante estático intelectualmente e cheio de limitações regradas da doutrina
pregada pela Igreja, as pessoas vieram enfrentando importantes mudanças socioculturais as
principais exatamente ligadas a esta doutrina, a qual ditava novas regras a serem seguidas, que
afetaram o modo de viver das pessoas, e sua percepção em relação ao universo e o mundo. No
próximo capitulo veremos um destes aspectos, no particular aquilo que apresenta a relação
entre a sociedade e as pessoas que tinham conhecimento dos segredos das plantas mágicas e a
sabedoria para manuseá-las. Além disso apresentaremos os efeitos provocados pelas mesmas
nas pessoas que ne faziam uso.

1.1 Curandeiras, feticeiras e bruxas, mulheres peculiares conhecedoras da natureza e


dos efeitos das plantas.

No passado, aquilo que estava ligado ao mundo vegetal em especial modo o uso e
conhecimento das plantas e das ervas foi muitas vezes considerado uma prerrogativa das
mulheres. Eram eles que efetuavam a colheita das ervas e plantas silvestres e cuidavam das
hortas, assim era delas o conhecimento das suas propriedades e como emprega-las, seja na
culinária que no preparo de poções, infusões decocções e unguentos benéficos e curativos.
Estas mulheres tesoureiras do conhecimento do mundo vegetal, que era repassado de geração
4
Di fatto a praticare la professione medica e l’erboristeria furono cosí non solo medici, ma anche monaci,
guaritori e guaritrici, che spesso univano pratiche erboristiche a riti magici. (VALENTINI, 2010, p. 17-18)
em geração, tinham um papel fundamental na sociedade antiga, elas eram a manipuladoras da
natureza transformavam ervas e plantas em algo para cuidar da saúde e também dos
problemas relacionados ao desconhecido. Desse modo a relação que estas curandeiras tinham
com o poder “magico” de algumas plantas, fiz que fossem olhadas com desconfiança. Por
estes motivos, já na antiguidade várias mulheres que tinham esta habilidade foram
consideradas feiticeiras, capacitadas de usar os recursos naturais para produzir poções e
filtros, como por exemplo, a célebre feiticeira Circe, narrada nos famosos poemas homéricos,
ela tinha o poder de encantar e submeter as pessoas em particular os homens. No decorrer do
tempo esta narrativa contribuiu bastante a criar a figura das bruxas, figura que tomou
amplitude na Idade Média. Neste período a Igreja não tolerava as pessoas que usavam o
conhecimento da natureza por fins que eram além do uso medicinal stricto senso. Estas
práticas, muitas vezes incluíam o uso das plantas para tentar resolver os problemas de ordem
espiritual, sobrenatural e misteriosa. Pela Igreja, este exercício era considerado pagã e com o
passar do tempo foi relacionado ao demônio por isso em choque com a doutrina cristã. Para o
que diz respeito a este argumento, os católicos medievais pensavam que.

Naturalmente só quem tinha familiaridade com o demônio podia aprender os


mistérios da vida. Sendo propriamente as mulheres, muitas vezes as anciãs, a serem
as curadoras que sabiam “dominar” com ervas e medicamentos a vida e a morte,
com o passar do tempo foram acusadas de seres as adeptas de satanás e inimigas da
fé cristã: estava nascendo o mito das bruxas. 5 (VALENTINI, 2010, p. 14, tradução
nossa)

Eram estas mulheres da Idade Média, conhecedoras e dominadoras dos vegetais


fitoterápicos que além de ser curadoras de maneira geral, eram “especializadas” no enfrentar
as problemáticas que são típicas e exclusivas do universo biológico feminino como
menstruação, gravidez, partejar e abortar, que auxiliando-se do uso das plantas enfrentavam e
tentavam resolver estas situações. Situações todas, que naquele tempo eram absolutamente
excluídas ao mundo masculino, criando um véu de mistério sobre estas mulheres, seres em
grau de salvar e gerar vida. Mas, também gerando uma visão de ser maligno em grau de trazer
a morte.
Por estes motivos na Idade Média, com a propagação do fenômeno da bruxaria e a
consequente persecução da Igreja Católica, ser uma mulher com competência em fitoterapia
podia torna-la uma potencial bruxa. Devido ao fato que, “Essas plantas passaram a ser
estigmatizadas, gerando perseguições tão intensas que, no século X, o emprego de drogas para fins
5
Naturalmente, solo chi aveva familiarità col demonio poteva apprendere i misteri della vita. E siccome proprio
le donne, spesso le anziane, erano quelle guaritrici che sapevano “dominare” con erbe e medicinali la vita e la
morte, vennero col tempo accusate di essere seguaci di Satana e nemiche della fede cristiana: stava nascendo il
mito delle streghe. (VALENTINI, 2010, p. 14)
terapêuticos tornou-se sinônimo de heresia, uma vez que o sofrimento era concebido como uma
maneira de aproximação a Deus” (MacRae, 2001).

*(http://w.scielo.br/pdf/ptp/v25n2/a08v25n2.pdf) Nesse modo, percebemos da dificuldade


para fazer uma separação bem demarcada entre as mulheres do medievo que definimos como
curandeiras, feiticeiras e bruxas, sendo que todas elas tinham conhecimento dos produtos
oferecidos da natureza em especial modo, uma boa competência no que diz respeito as
drogas6, e usavam seu conhecimento, seja para fazer curas “medicas”, como solucionar todos
tipos de problemas fazendo uso de práticas magicas.
Podemos dizer que uma das atividades destas mulheres era a produção de filtros e
poções mágicas, que eram usados com a intenção, por exemplo, de despertar uma paixão que
aprisionaria a pessoa amada. Acredita-se que os filtros eram bastante usados neste período
histórico. As mães das donzelas de corte os forneciam as filhas com o intuito que os filtros
forneceriam a ajuda “magica” necessária para conseguir que o encontro com um nobre
importante se transformasse em uma paixão desenfreada e sucessivamente em um ótimo
casamento. De mesmo modo que eram usados pelas donzelas os filtros eram usados para
alguma das muitas jovens mulheres camponesas que viviam no desconforto e insatisfeitas da
própria situação social, com a esperança de se casar com um comerciante ou um artesão,
figuras sociais que forneciam uma condição sócio econômica melhor que dos camponeses.
Por este motivo alguma destas jovens se apoiavam na crença, que a ajuda de um filtro poderia
ser determinante para conseguir o objetivo de acender e segurar a paixão daquele homem
desejado. A respeito dos filtros e seus efeitos

Alguns causavam excitação e deviam perturbar os sentidos, como os estimulantes


que de tanto abusam os Orientais. Outros eram perigosas (e muitas vezes pérfidas)
beberagens de ilusão que podiam entregar a pessoa sem vontade. Outros, enfim,
foram experiências com que se desafiava a paixão, com que se queria ver até onde o
desejo ávido poderia transportar os sentidos, fazê-los aceitar, como favor supremo e
comunhão, as coisas menos agradáveis, que viessem do objeto amado. (PINHEIRO,
2012, p 63, apud MICHELET, 2003, p.111).

Na composição dos filtros, eram usados vários materiais, seja de origem vegetal como
mineral e animal. Mas resulta bastante claro que não faltava o utilizo das plantas consideradas
magicas, cujo princípios ativos alterassem o estado físico (excitação) e mental (ilusões,

6
Origem da palavra: droga vem da palavra droog (holandês antigo) que significa folha seca. Isto porque,
antigamente, a maioria dos medicamentos era à base de vegetais. Droga: qualquer substância que é capaz de
modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento.
Informações disponíveis em: < https://www2.unifesp.br/dpsicobio/drogas/defini.htm>. Acesso em: 30 abr. 2019
alteração dos sentidos) de quem o consumaria. Condições que poderiam levar estas pessoas a
ter comportamentos que em um estado psicofísico “normal” não teriam.
Nos confrontos destas mulheres peculiares conhecedoras dos segredos de plantas e
ervas, temos outro aspecto interessante a ser apresentado. O aspecto erótico-sexual,
considerado presente nas manifestações satânicas. Nesta perspectiva, a luxúria era um dos
tabus usados pela Igreja Católica como argumento, para acusa-las de bruxaria, sendo indicado
como “pecado capital” ainda mais se estes atos fossem teoricamente praticados com seres
demoníacos. Como acenado antecedentemente mulheres que viviam no desconforto e
insatisfeitas da própria situação social, utilizando unguentos preparados com plantas mágicas,
conseguiam sair da realidade entrando em uma dimensão onírica. É tradicionalmente indicado
que as mulheres se denudassem e efeituassem massagem usando unguentos misteriosos, para
“voar” ao encontro luxurioso com satanás, sátiros e outros seres demoníacos. Este unguento
entrando na circulação sanguínea destas mulheres através dos poros da pele, as induzia em um
“êxtase psicodélico” produzido pelas substancias psicotrópicas7 das plantas. “Examinando os
contos e analisando os ingredientes das “poções magicas”, alguns expertos revelaram a presencia
nestes preparos, de substancias alucinógenas e entorpecentes que podem transmitir a sensação de voo,
excitar como um orgasmo, e produzir visões fantásticas” 8. (VALENTINI, 2010, p. 53, tradução nossa)
Dessa forma, é possível que estas mulheres tivessem experiências comparáveis a
“sonhos” eróticos, solicitadas da ação alucinógena do unguento massageado, nas partes
erógenas do corpo. Provavelmente com o acabar do efeito tinham convicção de ter voado e ter
tido encontros “amorosos” com lindos e gentis homens, que presumivelmente faltavam no
cotidiano delas. Aparentemente estas experiências refletiam os próprios desejos. Até o ponto
de contar estas viagens e encontros, como fatos reais,

Afinal o mesmo Canon Episcopi9 tinha evidenciado que as chamadas de bruxas, só


eram mulheres desgraçadas que acreditavam seguir Diana, a deusa dos pagãos,
segundo loucas ilusões e não no sentido físico da corporeidade 10. (VALENTINI,
2010, p. 53, tradução nossa)

7
São psicotrópicas as plantas que quando assumidas atuam sobre o nosso cérebro, alterando de alguma forma o
nosso psiquismo. Podem ser: Depressoras: promovem o sono; inibem a ansiedade; aliviam a dor. Estimulantes:
promovem as atividades motoras e cognitivas; reforçam a vigília e estado de alerta. Perturbadoras: (fornecem
alucinações e êxtases). Informações disponíveis em:
<http://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/drogas_.htm>. Acesso em: 11 fev.2018
8
Esaminando i racconti ed analizzando gli ingredienti delle “pozioni magiche”, alcuni esperti hanno rilevato la
presenza, in questi preparati, di sostanze allucinogene e stupefacenti in grado di dare la sensazione del volo,
eccitare come un orgasmo, produrre visioni fantastiche. (VALENTINI, 2010, p. 53)
9
Cfr.: <http://www.medievista.it/tag/canon-episcopi/>. Acesso em: 11 fev. 2018
10
Del resto lo stesso Canon Episcopi aveva evidenziato che le cosiddette streghe erano solo donne scellerate che
credevano di seguire Diana, la dea dei pagani, secondo follie di illusione e non nel senso fisico della corporeità.
(VALENTINI, 2010, p. 53)
Das escrituras do Canon Episcopi entende-se que a mesma Igreja, até um certo
período do Medievo, não considerava reais as viagens destas mulheres “bruxas”. A viagem
era considerada somente uma ilusão criada do culto a deuses pagãos ou a seres “demoníacos”.
Com o passar dos séculos estas mulheres se tornaram vítimas da nova ideologia que a Igreja
estava difundindo, ideologia que tentava reprimir e afastar das pessoas estas tradições
herdadas dos povos mais antigos, que o cristianismo considerava pagãs, tradições nas quais, o
uso da magia com todos seus artifícios, tal como o uso de sacrifícios aos deuses eram
considerados como algo que devia ser erradicado. As presumidas bruxas provocavam estas
“ilusões” através o uso de algumas plantas das quais bem conheciam os efeitos “mágicos”.
Sobre os efeitos destas plantas Drury escreve;

Loções de unguentos voadores friccionadas na pele, eram usadas por bruxas


medievais para produzir estados de dissociação, transe e a percepção de ter voado
para o sabá das bruxas. De acordo com o antropólogo americano Michael Harner, as
bruxas européias friccionavam seus corpos com unguentos alucinógenos feitos de
plantas como a beladona (Atropa belladonna), Mandragora e meimendro
(Hyoscyamus); o constituinte psicodélico, atropina, era absorvido atraves da pele.
Isso produzia a sensação visionária de fazer uma “viagem” usando uma vassoura e
se encontrar com outras bruxas e demônios no sabá11. (DRURY, 2004, p. 108,
tradução nossa)

Em relação as ilusões visionarias sofridas por estas mulheres, nos processos as


bruxas, os relatos luxuriosos cometidos, juntas aos demônios, eram as vezes sugeridos a estas
pobres coitadas, pelos mesmos inquisidores, devido á presumida dificuldade de ter
lembranças claras por causa do efeito das plantas. As quais,

Por quanto concerne o efeito psicoativo, estes vegetais induzem um tipo de


experiência alucinógena particular, nos dias atuais considerada de tipo delirogeno,
ou seja, indutora de um estado de delírio. Outra característica destas experiências
reside na dificuldade de lembrar, em seguida, aquilo que se vivenciou no curso da
“viagem”12. (SAMORINI, 2016, p. 93, apud DIAZ, 1979, tradução nossa.)

Como percebemos provavelmente um dos motivos da criação da imagem negativa


destas mulheres, era devida das circunstâncias causadas pelos efeitos destas plantas
psicoativas, efeitos que por exemplo podiam apresentar a pessoa que a utilizasse como
11
Flying ointments lotions rubbed on the skin end used by medieval witches to produce states of dissociation,
trance, and the perception of having flown to the witches Sabbath. According to American anthropologist
Michael Harner, European witches rubbed their bodies with hallucinogenic ointments made from such plants as
deadly nightshade (Atropa belladonna), mandrake (Mandragora) and henbane (Hyoscyamus); the psychedelic
constituent, atropine, was absorbed through the skin. This produced the visionary sensation of going on a “trip”
on a broomstick and meeting with other witches and demons at the Sabbath.
12
Por quanto riguarda l’effetto psicoattivo, questi vegetali inducono um tipo particolare di esperienza
allucinogena, considerata oggigiorno di tipo delirogeno, cioe induttore di uno stato di delírio. Unaltra
caratteristica di queste esperienze risiede nella difficoltà di ricordare, in seguito, ciò che si è vissuto nel corso del
“viaggio”. (SAMORINI, 2016, p. 93, apud DIAZ, 1979, tradução nossa.)
alheada em um estado de trance, ou “possuída” e incapaz de controla-se, mostrando uma
atitude fora do “normal”. Além disso, podia ser que as ditas bruxas praticassem rituais
curativos ou cultos pagãos de origem antecedente ao cristianismo, os quais eram considerados
como a obra de pessoas em contato com seres demoníacos e por isso deviam ser extirpados. O
efeito delirogeno destas plantas, as quais induziam estas mulheres em experiências visionarias
e comportamentais, que eram fora dos cânones aceitos pela igreja, hipoteticamente pode ser
um dos motivos que acrescentou a má reputação destas mulheres, e induziu os defensores da
ideologia cristã daquele tempo a considerar estas mulheres como seres adeptos ao demônio e
por isso deviam ser perseguidas.
Sobre as plantas das solanaceae, em especifico a respeito à planta da Beladona nome
cientifico: Atropa belladonna, é interessante ressaltar que o nome lhe foi dado por Carlos
Lineu13 o qual provavelmente o escolheu porque, “Devido à toxicidade de seu veneno, a Atropa
Belladonna deve o nome de seu gênero (Atropa) a uma das três moiras gregas, Átropos, que, junta
com Cloto e Láquesis, tessiam o fio do destino de cada mortal desde o nascimento, até o momento de
corta-lo, ligado ao momento de sua inevitavel morte.” 14 * (traducão nossa) (concertar referencias)
Percebemos que a mitologia grega foi a fonte de inspiração que deu o nome ao gênero
desta planta. Estas figuras mitológicas representadas como três mulheres tecedeiras,
responsáveis de controlar o destino dos mortais, as encontramos também em outras
mitologias. Na mitologia romana são as Parcas cujo nomes são, Nona, Décima e Morta. Na
mitologia nórdica são chamadas Nornas e seus nomes são, Urd, verdandi e Skuld. Para os
gregos antigos nem Zeus tinha a faculdade de interferir nas decisões das Moiras. Cloto dava
início ao fio da vida no tear, Láquesis determinava o caminho e a extensão do fio, e Atropos
como vimos, tinha o compito de corta-lo determinando o fim da vida. Sendo que a ingestão de
modestas quantidades desta planta, pode ter efeitos mortais, nos leva a pensar que este é o
provável motivo da escolha do nome do gênero. Como vimos, a primeira parte do nome desta
planta ”Atropa” o qual indica o género, traz muitos indícios sobre a sua característica
principal (venenosidade que pode ser letal). Assim constatamos que também a segunda parte
do nome da planta, que é relativo a espécie “belladonna”, (que traduzido do italiano pelo

13
Carl Nilsson Linnaeus, em português Carlos Lineu, e em sueco após nobilitação Carl von Linné, latinizado
Carolus Linnaeus (Råshult, Kronoberg, 23 de maio de 1707 — Uppsala, 10 de janeiro de 1778) foi um botânico,
zoólogo e médico sueco, criador da nomenclatura binomial e da classificação científica, sendo assim considerado
o "pai da taxonomia moderna". Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Carolus_Linnaeus> Acesso em:
19 jun 2019.
14
Por la toxicidad de su veneno, la Atropa belladona debe su nombre genérico (Atropa) a una de las tres moiras
griegas, Atropos, que, junto con Clotho y Láquesis, devanaban el hilo del destino de cada mortal desde su
nacimiento, hasta cortarlo llegado el momento de su inevitable muerte. <https://www.plantassaludables.es/wp-
content/uploads/2017/10/Bot%C3%A1nica-La-vida-secreta-de-las-plantas.-Volumen-II.pdf > acesso em: 18 jun
2019.
português significa “bela mulher”) traz algumas teorias que tentam esclarecer a origem do
nome da espécie, entre elas aquela que parece ser a mais usada, explica de um costume
adotado pelas cortesãs italianas. “Gotas de beladona em água destilada produziam um cosmético
capaz de dilatar as pupilas e, de acordo com certos padrões que agora estão ultrapassados, fazia tornar
as moças mais atraentes”15. (VALENTINI, 2010, p. 68, tradução nossa).

MANDRÁGORA

Entre todas as plantas magicas provavelmente é aquela que se posicionou em primeiro


lugar para atrair o interesse do coletivo humano. A Mandrágora possui uma tradição
milenária, os antigos herboristas conhecedores desta planta reconheciam em ela virtudes
medicinais, afrodisíacas e alucinógenas. Usada pelas populações de toda área do
Mediterrâneo, e Oriente Médio. Encontramos vestígios da sua fama já na antiguidade,
Samorini ([201-]) cita que no no antigo documento egipcio Papiro Harris 50016, se encontra
um soneto que tem como titulo “A sala dos amantes”, no qual existe uma forma de inaltecer a
mulher comparando-a com as plantas, “As plantas do espelho d’água são entrelaçadas [...] /
[...] da irmã é um broto de ninfeia, / seus seios são uma mandrágora, / seus braços são [...]” 17.
(CIAMPINI, 2005, p.50, apud SAMORINI, [201-], tradução nossa). Segundo Samorini, no
Egito do Periodo Dinástico a Mandragora e a Ninféia Azul, chamada também Flor do Lirío de
Agua Azul, tinham uma importante relevante na religiosidade e na mitologia. Parece que um
dos motivos que as elevaram a tal fama, fossem as suas propriadades psicoativas. Estas
plantas alem de encontrar-se na literatura sacral mitilogica, as encontramos na literatura

15
Gocce di belladonna in acqua distillata producevano um cosmético in grado di dilatare le pupillle e, secondo
certi canoni di bellezza ormai superati, far diventare le ragazze piú attraenti. (VALENTINI, 2010, p. 68.

16
O papiro Harris 500 é um documento do Antigo Egito, que reúne vários textos literários, entre os que se
encontram os poemas de amor egípcios mais antigos. É conservado no British Museum com o número 10060. O
papiro era parte da coleção de Anthony Charles Harris (1790-1869), a qual foi adquirida depois da sua morte
pelo Museu Britânico. Segundo os relatórios, o papiro estava intato quando foi descoberto, mas resultou
danificado por uma explosão que destruiu o edifício no qual se guardava em Alexandria. Havia rumores de
Harris ter feita uma cópia, mas nunca foi encontrada. Foi transcrito e traduzido pela primeira vez por Gaston
Maspero em 1883. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Papiro_Harris_500>. Acesso em 21 mar 2018
17
La stanza degli amanti”, dove la donna viene elogiata attraverso paragoni vegetali, purtroppo non giuntici
completi:”“Intrecciate sono le piante dello specchio d’acqua [..] / [..] della sorella è un bocciolo di ninfea, /  il suo
seno è una mandragola, / le sue braccia sono [..]” (CIAMPINI, 2005, p. 50, apud SAMORINI, [201-]).”
Disponível em <http://samorini.it/site/archeologia/africa/droghe-antichi-egiziani/ninfea-mandragora-erotismo-
egiziano/> Acesso em 21 Mar 2018
amorosa e erotica egipcia, seu uso parece estar relacionado com capacidade de ser indutoras
de experiencias psicofisicas com fins afrodisiacos e com o um símbolo de sensualidade. A
que diz a respeito da religiosidade e sexualidade,
Na antiga cultura egípcia havia uma estreita associação entre a morte e a
sexualidade, assim como muitas outras culturas antigas e modernas, mas com um
sistema interpretativo particular. Acreditava-se que o falecido (inicialmente apena o
faraó) poderia entrar no outro mundo somente através de um novo nascimento,
induzido por uma cópula "astral" com sua esposa ou com uma outra mulher, que
consequentemente permanecea fertilizada e "parria" o defunto na vida após a morte.
Esta concepção filosófico-religiosa explica a presença frequente de cenas eróticas e
sensuais retratadas em tumbas, particularmente nas privadas da XVIII Dinastia 18.
(SAMORINI)

Fig. 119
18
Presso l’antica cultura egizia v’era una stretta associazione fra la morte e la sessualità, come del resto presso
diverse altre culture antiche e moderne, ma con un sistema interpretativo particolare. Si riteneva che il defunto
(inizialmente solo il faraone) potesse entrare nell’altro mondo solamente mediante una nuova nascita, indotta da
una copulazione “astrale” con sua moglie o comunque con una donna che rimaneva di conseguenza fecondata e
“partoriva” il defunto nell’aldilà. Questa concezione filosofico-religiosa spiega la frequente presenza di scene
erotiche e sensuali raffigurate nelle tombe, in particolare in quelle private della XVIII Dinastia.
19
Detalhe de um afresco da Tumba de Nakht, Tebas, XVIII dinastia, representando uma mulher segurando com
a mão e recebendo frutas de mandrágora (de Bongioanni, 2005, p. 254). Tradução nossa. Disponivel em:
Particolare di un affresco della Tomba di Nakht, Tebe, XVIII Dinastia, con raffigurazione di una donna che
tiene in mano e che riceve frutti di mandragora (da Bongioanni, 2005, p. 254)

Estes indícios encontrados nas tumbas dos antigos egípcios nos mostram que a
Mandrágora é uma planta que já em tempos remotos vinha considerada como algo com
poderes especiais. A confirma disso outras fontes antigas nos indicam a sua presença na vida
das pessoas e o seu uso. Neste sentido vemos que a Mandrágora foi mencionada também nas
escrituras sagradas semíticas. Assim, o livro da Gênesis 30: 14-15-16 cita
Tendo chegado o tempo da ceifa do trigo, Rúben encontrou nos campos
mandrágoras que trouxe para sua mãe Lia. Raquel disse a Lia: "Dá- me, por favor,
as mandrágoras de teu filho." Mas Lia lhe respondeu: "Não é bastante que me tenhas
tomado o marido e queres tomar também as mandrágoras de meu filho?" Raquel
retomou: "Pois bem, que ele durma contigo esta noite em troca das mandrágoras de
teu filho". Quando Jacó voltou dos campos, de tarde, Lia foi ao seu encontro e lhe
disse: "É preciso que durmas comigo, pois paguei por ti com as mandrágoras de meu
filho." E ele dormiu com ela naquela noite. (BIBLIA de JERUSALEM)

Assim vamos apresentar a interpretação deste trecho da genesis segundo MacDonald.

As mandrágoras encontradas da Rúben eram uma espécie de afrodisíaco, cuja


superstição popular atribuía a faculdade de garantir a fertilidade. Sendo que estava
estéril, Raquel desejava aquelas mandrágoras. Em troca consentiu que Lia vivesse
com Jacó como esposa (por alguma contingência desconhecida, ele havia perdido
suas prerrogativas conjugais). 20 (MACDONALD, 2013, p. 63, tradução nossa)

Dessa forma, come vemos na interpretação de MacDonald, podemos afirmar que a


Mandrágora é citada como possuidora de algumas características que podem ser interpretadas
como “magicas” sendo que pela cultura popular daquele tempo acreditava-se que possuísse
propriedades capazes de garantir a fertilidade. Nesse sentido podemos perceber que fim dos
tempos antigos existe este contínuo entrelaçar-se do que é considerado como religioso e
sagrado pelas classes intelectuais organizadoras da religião “institucionalizada”, com aquilo
que é considerado como uma crença ou superstição popular. Prosseguindo com as citações da
mandrágora existentes nos textos bíblicos, vemos que seu nome aparece também no Antigo
Testamento, especificamente no Cântico dos Cânticos, quarto poema
<http://samorini.it/site/archeologia/africa/droghe-antichi-egiziani/ninfea-mandragora-erotismo-egiziano/>
Acesso em 05 julho de 2019.

20
Le mandragole trovate da Ruben erano una sorta di afrodisiaco, cui la superstizione popolare attribuiva facoltà
di assicurare la fertilità. Poiché era sterile, Rachele smaniava per quelle mandragole. In cambio acconsentì che
Lea vivesse con Giacobbe come moglie (per qualche ignota contingenza, Lea aveva perduto le sue prerogative
coniugali). (MACDONALD, 2013, p. 63)
Eu sou do meu amado, seu desejo o traz a mim. Vem, meu amado, vamos ao campo,
pernoitemos sob os cedros; madruguemos pelas vinhas, vejamos se a vinha floresce,
se os botões estão se abrindo, se as romãzeiras vão florindo: lá te darei meu
amor...As mandrágoras exalam seu perfume; à nossa porta há de todos os frutos:
frutos novos, frutos secos, que eu tinha guardado, meu amado, para ti. (BÍBLIA de
GERUSALEM, p. 506)

Vamos novamente a apresentar a interpretação que MacDonald, dá a estes versos do


Cântico dos Cânticos

O amado pastor chegou em Jerusalém e a garota está livre de sair com ele pelos
campos e pelos vilarejos. Ela já saboreia os passeios pelos campos e pelos vinhedos
para controlar já pela manhã...a vinha e as romãs. Naquela atmosfera bucólica no
meio das mandrágoras odorosas, ela vai dar-lhe o seu amor e cada tipo de frutos
deliciosos conservados somente para ele.21 (MACDONALD, 2013, p. 1086,
tradução nossa)

Nestes versos, encontramos novamente a presença da Mandrágora que segundo a


interpretação de MacDonald, como indicado antecedentemente, na crença popular daquele
tempo estaria relacionada ao amor por suas virtudes afrodisíacas e de fertilidade. Esta
interpretação parece fornecer todos os indícios necessários para confirma-los, apresentando
uma situação bem explicita na qual, uma garota oferece o seu amor ao namorado, no meio das
Mandrágoras.
Assim, notamos como a presença da Mandrágora em textos do antigo Egito e bíblicos,
podem nos indicar quanto esta planta estava presente na cultura egípcia e semítica e,
provavelmente, em várias outras culturas da área do Oriente Médio e Mediterrâneo daquela
época. Lendo os textos parece que a presença e uso da Mandrágora eram vistos como algo de
bom e positivo que podia ajudar as pessoas em determinadas circunstancias. Como vimos esta
planta estava sempre associada a mulher ao amor e a fertilidade, provavelmente devido as
suas virtudes consideradas afrodisíacas.
Fazendo uma passagem cronológica na história chegamos na Idade Média, onde a
Mandrágora além das virtudes elencadas antecedentemente era famosa por seres considerada
uma planta com sexo, a planta era conhecida por dois tipos, a feminina e a masculina, e
praticamente se encontrava em toda a área do Mediterrâneo. Sobre este argumento

[...] Fiori, em sua Flora italiana, considera duas espécies: uma com raiz grande
carnuda, branca e uma corola esverdeada que floresce na primavera (M. vernalis
Bert. M. officinarum L. = M. officinalis Mill.) E corresponde a Mandragora maschio
dos antigos; e uma com corola roxa e uma raiz menor e enegrecida, que floresce no
21
L’amato pastore è giunto a Gerusalemme e la fanciulla è libera di uscire con lui per i campi e per i villaggi.
Ella pregusta le passeggiate per i campi e per le vigne a controllare fin dal mattino...la vite e i melagrani. In
quell’atmosfera bucolica, tra le mandragole odorose, ella gli darà il suo amore e ogni genere di frutti deliziosi,
serbati soltanto per lui. (MACDONALD, 2013, p. 1086)
outono (M. autumnalis Berth.) que corresponde ao Mandragora femmina dos
antigos. As duas espécies diferenciam entre elas muito pouco para os caracteres
morfológicos e as propriedades são as mesmas. Em geral, falando de Mandragora,
nos referimos à primeira espécie: o macho.22 (VACCARI, 1955, tradução nossa)

Além do aspecto sexual (masculino e feminino), a Mandrágora era considerada magica


devido ao antropomorfismo23 da sua raiz, o qual fez que a sua fama crescesse muito durante a
Idade Média. Considerando este aspecto

A forma da raiz que se assemelha a um pequeno homem sem cabeça despertou,


desde os tempos antigos, fantasias, crenças e superstições, mas acima de tudo fez
pensar que a planta tivesse uma espécie de vida animal, ou mesmo humana, para se
tornar, nas ilusões e nas esperanças dos homens, um pequeno oráculo capaz de
distribuir riquezas e fortuna.24 (VALENTINI, p. 105, tradução nossa)

A crença que a planta da Mandrágora fosse em parte humana, é um dos motivos pelo
qual aumentaram as lendas sobre sua origem e o método para colhê-la. Devido á
característica do antropomorfismo das suas raízes e as suas virtudes psicoativas era usada na
magia, e recebeu aspectos malignos e perigosos, era um verdadeiro tesouro conseguir possuí-
la, mas um tesouro difícil a se conquistar onde precisava de rituais complexos para colhê-la.
Por estes motivos a Mandrágora deu inspiração a varia lendas, uma destas explica qual seria o
método correto para colhê-la sem ter nenhum risco. Se a mandrágora fosse erradicada,
choraria e gritaria e o seu grito seria capaz de matar esta pessoa. Por isso, o método mais
seguro para erradicá-la seria amarrar um cachorro com uma corda a planta, e em seguida
solicitado a correr, deste modo, puxaria a corda erradicando a planta e o grito da mesma
mataria o cachorro. Fig. 1. O seu sacrifício consentiria a pessoa de colhê-la sem perigo. A
confirmar que esta crença era muito presente, existem várias pinturas representando-a.

22
Il Fiori, nella sua Flora Italiana, ne considera due specie: una con radice grossa, carnosa, bianca e corolla
bianco-verdognola, che fiorisce a primavera (M. vernalis Bert. M. officinarum L. = M. officinalis Mill.) e
corrisponde alla Mandragora maschio degli antichi; e una con corolla violacea e radice più piccola e nerastra,
che fiorisce in autunno (M. autumnalis Berth.) che corrisponde alla Mandragora femmina degli antichi. Le due
specie differenziano fra loro ben poco per i caratteri morfologici e le proprietà sono uguali. In generale, parlando
di Mandragora, ci si riferisce alla prima specie: il maschio. (VACCARI, 1955)
23
Antropomorfismo é a atribuição da forma humana a qualquer constituinte da realidade. A cultura do
Antropomorfismo é antiga na história da humanidade, serviu para embasar argumentos, contos, narrativas e
elementos constituintes de diversas sociedades. Da mesma forma, é embasamento recorrente em obras de arte,
sobretudo literatura. Na cultura ocidental, o Antropomorfismo consolidou-se após a influência dos textos
filosóficos de São Tomás de Aquino. Seus seguidores encarregaram-se de eternizar a antropomorfização na
cultura do cristianismo. Mas muito antes disso, na Grécia Antiga, por exemplo, o Antropomorfismo já estava
atrelado ao culto de divindades, favorecendo na disseminação de mensagens através da humanização de seres.
Ou seja, a mitologia grega é bastante calcada no Antropomorfismo. Disponível em:
<https://www.infoescola.com/cultura/antropomorfismo-2/> Acesso em 11 abr. 2018.
24
A forma da raiz que se assemelha a um pequeno homem sem cabeça despertou, desde os tempos antigos,
fantasias, crenças e superstições, mas acima de tudo fez pensar que a planta tivesse uma espécie de vida animal,
ou mesmo humana, para se tornar, nas ilusões e nas esperanças dos homens, um pequeno oráculo capaz de
distribuir riquezas e fortuna. (VALENTINI, p. 105)
Figura 125

Figura 226
Prosseguindo apresentando as lendas populares ligadas as características antropomórficas das
raízes da Mandrágora, Fig. 2, existe uma versão medieval muito difundida sobre a sua origem
explicando, que quando um homem era condenado à morte por enforcamento, no momento
em que morria soltava os fluidos corporais, entre eles o esperma, o qual, caindo na terra, dava

Disponível em: <https://i.imgur.com/9uphq9G.jpg> Acesso em 11 abr. 2018.


25

Disponível em: <https://raizesefolhas.com.br/wp-content/uploads/2017/03/mandr%C3%A1gora-003.jpg>


26

Acesso em 11 abr. 2018.


origem a planta da Mandrágora. Com relação a crença, que a Mandrágora era gerada do
esperma humano, “No curso da Idade Média, na província de Siena, era difundido o ditado
popular “semear mandrágoras” como metáfora da masturbação masculina”27 (SAMORINI,
2016, p113, apud BORGHINI, 2000, tradução nossa).
Com relação ao seu antropomorfismo e a crença que a Mandrágora tivesse uma
existência quase humana encontramos um outro mito de origem na seguinte lenda Síria, a qual
contem explícitos referimentos religiosos, atribuindo a planta uma origem maligna

Quando Deus criou o mundo, se reservou a criação dos seres viventes na terra, nas
águas e no céu. Mas, no seu contrato com Satanás, tinha esquecido o subsolo. O
espirito do mal, ciumento do criador, quis ele mesmo realizar homens e mulheres
que vivessem em baixo da terra. O seu gênio inventivo, mas incompleto, apena
levou a moldagem informe das mandrágoras. No momento que as mesmas,
erradicadas da terra, penetram no reino de Deus, cessam de viver. 28 (SAMORINI,
2016, p115, apud BOUQUET, 1952, tradução nossa)

Esta lenda é uma indicação a mais que diferentes povos antigos dependendo da época,
da sua cultura e religião, tinham uma percepção e um relacionamento diferente a respeito da
planta da Mandrágora. Que como vimos em alguns casos, era considerada benéfica e útil, ao
contrário, em outros, maligna e demoníaca.
É propriamente no período medieval europeu que a presença e a fama da Mandrágora
tomará uma vasta amplitude, tornando-se a rainha dos ingredientes protagonistas nos rituais
mágicos. Era procurada por seus poderes: protetivo, analgésico, alucinógeno, afrodisíaco e de
fertilidade. É nesta época histórica, devido ao seu uso pelas presumidas bruxas que assume o
papel de ser um dos símbolos da feitiçaria e banida pela Igreja. Encontramos descrições de
alguns dos aspectos citados, no livro L’erbario di Trento29 no qual as representações das
Mandrágoras masculina e feminina, Fig. 3, se encontram descritas juntas as imagens do
vegetal, representado de forma antropomórfica. No texto se explica um dos usos específicos
destas plantas

27
Nel corso da Idade Média, nella província di Siena era difuso il detto” seminare mandragore” come metáfora
dela masturbazione maschile. (SAMORINI, 2016, p. 113, apud BORGHINI, 2000)
28
Quando Dio creò il mondo, si riservò la creazione degli esseri viventi sulla terra, nelle acque e nell’aria. Ma,
nel suo contratto com Satana, aveva dimenticato il sotto-suolo. Lo spirito del male, geloso del Creatore, volle
egli medesimo fabbricare degli uomini e delle donne viventi sotto terra. Il suo gênio inventivo, ma incompleto,
non porto che ala plasmazione informa dele mandragore. Dal momento che queste strappate da terra, penetrano
nel regno di Dio, cessano di vivere. (SAMORINI, 2016, p.115, apud BOUQUET, 1952, tradução nossa)
29
L’erbario di Trento, é um livro, criado do estudo sobre o manuscrito Nº 1591 codice-erbario, do Museu
Provincial da Arte, da cidade de Trento na Itália. Este livro foi realizado usando a reprodução fotográfica integral
do manuscrito original, o qual, está escrito, em parte em vernáculo Veneto, e em parte em latim. No livro foram
acrescentadas explicações, traduções, e comparações com outros manuscritos erbario. O manuscrito não tem
uma datação precisa, mas resulta ser da segunda metade do século XV. Para maiores detalhes: (PROVINCIA
AUTONOMA DI TRENTO ASSESSORATO ALLE ATTIVITÁ CULTURALI, 1982).
Se uma mulher não pudesse ter filhos, receite toda esta erva, flores, sementes,
folhas, caule e raízes. Pisar tudo muito bem, e quando será pulverizada incorpora-lo
com mel como um eletuário. Faça que a mulher use este eletuário de manhã em
jejum por 40 dias e o use com suo marido a seu gosto. Neste período, se Deus quiser,
por sua misericórdia conceberá filhos. Mas, saiba que se a mulher, vem dada a
mandrágora masculina, conceberá um filho macho, se vem dada a feminina,
conceberá uma fêmea. Mas, se a mulher vem dada a masculina e a feminina juntas,
conceberá filhos que não serão nem fêmea nem macho, mas será homem e mulher
juntos. Esta erva se gera do esperma do homem e nasce em terrenos quentes e
úmidos30. (PROVINCIA AUTONOMA DI TRENTO ASSESSORATO ALLE
ATTIVITÁ CULTURALI, 1982, pag. 187, tradução nossa)

Este manuscrito fornece informações que indicam que na Itália, deste período
histórico, na vida das pessoas existia uma provável mistura de sagrado e profano. As crenças
populares sobre alguma planta “mágica”, como por exemplo, dos poderes afrodisíacos e de
fertilidade da Mandrágora, agora vão misturando-se com a crença religiosa Católica,
perpetuando as presumidas virtudes desta planta, que passaram pela antiguidade até chegar na
sociedade medieval italiana.

Na Idade Média a magia era muito difundida: mergulhava suas raízes no mundo
pagão, fazia uso de superstições e lendas e utilizava ervas medicamentosas para
curar as doenças. A única diferença fui que, enquanto na Antiguidade a arte dos
magos era entregue as classes sacerdotais, na Idade Média a praticar formas de
magia foram em muitos, entre eles monges, parteiras, curandeiros, párocos e até
médicos.31 (VALENTINI, 2010, p. 29, tradução nossa)

Nesse modo entendemos que a mistura de métodos mágicos, médicos e religião


estavam presentes neste período. As representações antropomórficas das plantas da
Mandrágora, juntas com as escritas presentes no “erbario”, onde a receita curativa, indica
que a fertilidade de uma mulher, poderia ser ajudada pelas virtudes da planta da Mandrágora,
mas, por isso precisa do poder de Deus, (“se Deus quiser, por sua misericórdia conceberá
filhos”), e, a indicação que a escolha da planta da Mandrágora (masculina ou feminina),
estabeleceria o sexo do futuro nascituro. São todos indícios da presença desta mistura de
magia superstição medicina e religião, bastante presentes na Idade Média. Hipoteticamente o
30
Se uma dona non potesse aver fiolli, récipe tuta questa herba, çoé fiori e semençe e foie e fusti e radixe. Puo’
pestalo molto bene, e quando será molto bem polveriçada, incorporalo con mielle a modo de lectuario. E fa che
la dona uxa de questo lectuario da matina a stomego deçuno per XL dì et uxa com el suo marido al suo
piaquimento. Et in quello tempo el choncepirà fiolli se a dio piaxerà per la soa mixericordia. Et sapie che se alla
dona vien dada el mascholo el conciperà fiolo maschollo e se li vien dada la femena el conciperà fia femena.
Esse ala dona vien dada el mascholo ella femena insieme, el conciperá fioli che non será né femena né homo, ma
haverá como omo e como femena. Questa erba se ingenera de sperma de homo et nase in tereni chaldi et umidi.
(PROVINCIA AUTONOMA DI TRENTO ASSESSORATO ALLE ATTIVITÁ CULTURALI, 1982, pag. 187)
31
Nel Medioevo la magia era molto diffusa: affondava le sue radici nel mondo pagano, si avvaleva di
superstizioni e leggende e utilizzava erbe medicamentose per curare malattie. Unica differenza fu che, mentre
nell’Antichità l’arte dei maghi era affidata a classi sacerdotali, nel Medioevo a praticare forme di magia furono
in molti, tra cui monaci, levatrici, guaritori, parroci e persino medici. (VALENTINI, 2010, p. 29)
escritor, quer colocar os benefícios “mágicos “ da Mandrágora (crença popular) e seus efeitos,
submissos ao poder de Deus. Isto poderia ser porque o escritor acreditava no “poder de Deus”,
ou, porque era induzido a escrever desta forma. Relembrando que naquele período histórico a
religião oficial era a Católica, e que além do poder religioso tinha um poder político, e seu
preceitos se fundiam com o poder jurídico. Se uma escritura reportasse que o sexo de um filho
durante a fecundação fosse relacionado com as virtudes de uma planta, sem colocar nada
sobre a vontade de Deus, poderia parecer uma afirmação pagã. Continuando como vemos no
trecho final, o texto parece alertar as pessoas, sobre o manuseio desta planta, referindo-se ao
fato das Mandrágoras serem misturadas (masculina e feminina). Neste caso seu poder
provocaria efeitos estranhos sobre o sexo do futuro nascituro. Parece que o escritor, ou que
encomendou as escrituras, quisesse dar uma explicação, ou procurar algo responsável pelo
nascimento de filhos, que parecem não ter um sexo bem definido. O final do texto
descrevendo que a Mandrágora é gerada do esperma humano, é, mais um indício relacionado
as crenças e lendas medievais encontradas antecedentemente, que explicam de que modo esta
planta se gera.
37

Figura 332

Durante o período medieval italiano, a Mandrágora não era usada somente por magos
e feiticeiras. Era usada também na medicina e fazia parte dos ingredientes principais da
“spongia somnifera”, usada como anestésico durante as cirurgias e descrevida por Teodorico
filho de Ugone da Lucca33. Tratava-se de uma esponja natural pescada no fundo marinho e
deixada secar ao sol, quando seca, era mergulhada em um recipiente com agua e diferentes
vegetais, entre eles os mais significativos que se encontram nas maiorias das receitas são
Mandrágora, Meimendro, Opio e Cicuta. Fervida até o total absorvimento, era novamente
deixada secar e armazenada, pronta a ser utilizada. Para utilizá-la se mergulhava em água
quente e sucessivamente colocada em cima das vias respiratórias do paciente, que inalando as
suas substancias se anestesiava.
A respeito do ouso medicinal desta planta, planta os quais poderes naquele período
estavam entrelaçados entre medicina, magia e religião, Franco Cardini (1990), relata que
Hildegarda von Bingen, (1098- 1179), religiosa católica beneditina e naturalista alemã, no seu

32
Cfr. (PROVINCIA AUTONOMA DI TRENTO ASSESSORATO ALLE ATTIVITÁ CULTURALI, 1982)
33
Teodorico filho de Ugone da Lucca: Nasceu na cidade de Lucca em 1205 [...]. Esperto na arte da cirurgia, que
aprendeu do seu pai Ugo. [...] A sua fama está relacionada a obra mais importante por ele escrita, o tratado,
Cyrurgia seu filia principis [...]. A obra se estrutura em quatro volumes: no primeiro trata-se das feridas em
geral, o segundo de lesões particulares, como fraturas e luxações, o terceiro de fístulas, gangrenas, hérnias, o
quarto de cefaleias, paralise, epilepsia, e distúrbios da visão. Disponível em:
<http://www.treccani.it/enciclopedia/teodorico-borgognoni_%28Dizionario-Biografico%29/>. Acesso em: 28
abr. 2018.
trabalho naturalista Liber subtilitatum diversarum naturarum creaturarum34, argumenta da
existência de métodos específicos para remover o poder magico das plantas, conservando o
poder medicinal. Descrevendo em particular, o ritual a ser feito com a Mandrágora.

Os Subtilitatum libri portanto ensinam que muitas plantas (especialmente aquelas


“ocidentais”, familiares à cultura folclórica germânica que Hildegarda bem conhece)
37
e especialmente as arvores, atingem o máximo da sua periculosidade magica quando
fazem folhas e flores, isso é na primavera: é neste período (no “tempo claro”, um
tempo sagrado aos deuses) que os espíritos do ar estão mais ativos. Mas existem
modos para “desarmar” o poder mágico das plantas, salvaguardando e valorizando
aquilo medicinal. A Mandrágora por exemplo, quente e úmida, criada da mesma
terra da qual foi criado Adão, propriamente porque muito semelhante ao ser humano
é igualmente sujeita aos ataques do demônio. Por isso é muito útil na magia: mas,
para tirar da planta os seus poderes negativos, será suficiente, um banho em uma
fonte de água pura durante o dia e a noite imediatamente seguintes a sua
erradicação.35 (CARDINI, ,1990, p 646, tradução nossa).
Cardini nos indica o procedimento que segundo Hildegarda deve ser feito para anular
os poderes da Mandrágora. Assim entendemos que os religiosos daquele tempo acreditavam
nos poderes mágicos de algumas plantas. O autor aponta a teoria que este banho feito na raiz
antropomorfa da Mandrágora, usando uma fonte de água pura, evoque o simbolismo do
batismo, e a planta se libertaria das virtudes negativas e potenciais influencias demoníacas em
analogia com o lavacro batismal que libertaria o ser humano do pecado original. Deste modo,
na visão cristã daquele tempo, a planta perdendo o seu poder magico, poderia ser usada pelas
suas virtudes medicinais sem ter problemas.
Ultrapassamos a data que convencionalmente muito usada para indicar a fine da era
Medieval (1492). Para nos colocar no começo do Renascentismo (1518), ano no qual Niccoló
di Bernardo dei Macchiavelli (1469-1527)36, conhecido em Brasil como Nicolau Maquiavel,
escreveu a comédia Mandragola37, Fig. 4, Mandrágora em português.
Em resumo Nicolau Maquiavel na comédia a Mandrágora, ambientada em Florença na
Itália em 1504. Descreve que Callimaco está apaixonado por Lucrezia, uma nobre mulher que
34
A obra naturalista (Liber subtilitatum diversarum naturarum creaturarum, Livro que investiga os aspectos sutis
das diferentes naturezas das criaturas, escrito por volta de 1158-70) foi escrita de forma direta; nos séculos
seguintes foi dividido em duas seções: a Physica (Física, enciclopédia da natureza) e Causae et curae (As causas
e as curas, onde os conhecimentos fisiológicos e médicos relativos ao corpo humano estão conectados aos
princípios cosmológicos. Disponível em:
<http://www3.unisi.it/ricerca/prog/fil-med-online/autori/htm/ildegarda.html>. Acesso em: 28 abr. 2018.
35
I Subtilitatum libri insegnano quindi che molte piante (specie quelle appunto “occidentali”, familiari alla
cultura folklorica germanica che Ildegarda benissimo conosce) e in special modo gli alberi, giungono al massimo
della loro pericolositá magica quando fanno foglie e fiori, cioè in primavera: è allora (nel “tempo chiaro”, un
tempo sacro agli antichi dèi) che gli spiriti dell’aria sono piu attivi. Ma vi sono modi di “disinnescare” il potere
magico delle piante, salvaguardandone e valorizzandone invece quello medicinale. La mandragora ad esempio,
calda e umida, creata dalla stessa terra della quale fu creato Adamo, proprio nella misura in cui somiglia tanto
all’uomo è al pari di lui, sottoposta agli assalti del demonio. Per questo è molto utile nella magia: ma, per farle
perdere questi suoi poteri negativi, sarà sufficente un bagno in una fonte d”acqua pura per il giorno e la notte
immediatamente seguenti a quello nel quale la radice è stata estratta dal terreno. (CARDINI, 1990)
36
Cfr.: <https://www.infoescola.com/biografias/nicolau-maquiavel/>. Acesso em: 28 abr. 2018
37
Cfr.: < http://www.letteraturaitaliana.net/pdf/Volume_4/t93.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2018
é casada com o facultoso Messer Nicia, muito mais velho que ela. Para conseguir juntar-se a
Lucrezia, organiza um plano coma ajuda do servo Siro e do astucioso e sem escrúpulos amigo
Ligurio, o qual, sabendo que o casal ( Lucrezia e Messer Nicia ) não conseguia ter filhos,
apresenta Callimaco fingindo-se um famoso medico a Messer Nicia, e o convence, que uma
poção de Mandrágora por ele inventada renderia fértil a sua esposa, mas, infelizmente a poção 37

teria um efeito colateral e mataria o primeiro que terá um relacionamento sexual com ela. É
por isso que Messer Nicia para evitar a sua morte deixaria que seja um ignaro desconhecido a
ficar com sua esposa a primeira vez após ter tomado a poção de Mandrágora. Enquanto isso,
Ligurio também consegue corromper frei Timóteo, confessor de Lucrecia que junto com a
mãe Sostrata, mostrando-lhe várias citações da Bíblia a convence de aceitar a proposta do
marido, porque tal fim não era pecado. Assim Ligurio avisa Messer Nicia que tudo estava
concertado e a ser sacrificado seria um ignaro desconhecido. Mas na realidade não terá
nenhum ignaro desconhecido, e será Callimaco disfarçado de tal a juntar-se com Lucrezia, a
qual, após que Callimaco lhe contou a verdade e as suas intenções, aceita ser sua amante e o
convida a retomar o disfarce de médico. Após a noite do engano, um satisfeito Messer Nicia
junto com o falso médico Callimaco recebem a benção da nova amizade pelo frei Timóteo, e
Messer Nicia convida Callimaco a morar em sua casa.

Esta comedia é uma forte sátira que oferece a possibilidade de mostrar e criticar a
sociedade italiana (florentina) daquela época

A Mandrágora é uma delícia de espetáculo, fruto da veia florentina bem-humorada e


ácida de Maquiavel. Trata-se de um marido angustiado por não ter seu filho. Vende
sua alma e de sua mulher aos desejos carnais de outro homem, tudo envolto em
mentiras e na misteriosa poção de mandrágora, raiz poderosa, que lhe traria a
realização de seu desejo. Oito personagens que fazem a representação do poder, da
cobiça, da satisfação, numa leitura de meios necessários para conquista de poder.
(LAZZARETTI, 2014, p. 93)

Como percebemos, na peça teatral temos a representação de uma parte da sociedade


florentina daquela época com seus hábitos “ruins” entre eles a corrupção. Corrupção, que
Maquiavel quer mostrar com sua comedia, atinge também elementos da própria Igreja
Católica. O que nos interessa principalmente não é apresentar o aspecto, moral ou ético da
comedia, mas focar nos efeitos sociais que a crenças populares nesse caso sobre as virtudes
positivas (fecundativa) e negativas (venenosa), da planta da Mandrágora, poderiam afetar as
pessoas daquela época, um aspecto que normalmente nos parece pouco ressaltado.
Provavelmente Maquiavel usa estas crenças, que como vimos antecedentemente,
estavam bastante presentes na época Medieval na Itália, para implantar a sua peça, a qual é
ambientada em Florença no ano 1504, convencionalmente, logo no início do Renascentismo o
qual provavelmente permanecerá influenciado das mesmas ainda por bastante tempo.
Teoricamente, o autor ter colocado o nome “Mandragola” a comedia é um indicio que a
mesma é um elemento fundante da trama de uma peça, que quer mostrar aspectos de uma
sociedade onde existiam muitos trapaceiros e corruptos. 37

É a Mandrágora e as crenças populares sobre ela que sustentam toda a armadilha


preparada por Callimaco e Ligurio. Na trama podemos interpretar, que provavelmente um
ingénuo Messer Nicia acredita na fala do falso médico Callimaco, devido a fama de planta
“milagrosa” que a Mandrágora tinha, e que suas virtudes resolveriam o problema da não
gravidez da sua esposa. Também Lucrezia se deixa convencer a ficar com um desconhecido
devido ao “efeito colateral” da poção de Mandrágora cujo veneno mataria o primeiro a ter
relações sexuais com ela, para depois poder ter filhos com o marido. Ao final nem se sabe se a
poção continha realmente a Mandrágora, ou se Callimaco usou somente a sua fama para
conseguir o seu objetivo.
A trama da comedia vista com um alhar contemporâneo, pode indicar-nos que alguns
personagens parecerem bastante “crédulos”, mas, temos que pensar que a crença dos poderes
de algumas plantas “magicas” estava bastante presente naquela sociedade. Analisando a
comedia com um olhar sobre a importância que as crenças atribuíam as propriedades da
Mandrágora, podemos dizer que estas crenças tornam-se o elemento fundante da comedia,
sem a Mandrágora e suas crenças, a peça não se sustenta.
.

...........................................................................................................................................
37
Neste modo a interpretação de MacDonald, nos ajuda a pensar que um texto muito
antigo deve ser interpretado relacionando-o a todos os aspectos do contesto histórico cultural
daquele momento especifico, e não analisa-lo comparando-o com conceitos surgidos
posteriormente, cada “tempo” tem suas peculiaridades por isso tem que ser analisado no
especifico, para não cometer o erro de cair no anacronísmo. Sendo que estas escrituras
apresentam personagem que vivem fatos sagrados misturados com fatos do cotidiano, é
importante analisar não somente o aspecto histórico religioso das pessoas daquela época,
como também a parte social
Deduzimos durante a nossa pesquisa, que a percepção dos “poderes” da Mandrágora e
suas finalidades foram concebidos de modo diferente, durante o seu percurso histórico, devido
as crenças, ideologias e diferentes níveis de conhecimento presentes nos diferentes povos das
diferentes épocas.

* Alejandro Santiago González Manuel Encinas Valero Blanca Santiago


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