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FUNDAMENTOS DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO

2022

A ARTE DA NARRATIVA BÍBLICA

João Ricardo Ferreira de


França

8/9/2022
Se você tem sido edificado com nossos estudos ajude
nosso ministério: Pix – jrcalvino9@hotmail.com
Sumário
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 2

I – NARRATIVA: UM TIPO DE GÊNERO LITERÁRIO ........................................ 3

II – A NARRATIVA BÍBLICA É HISTÓRIA ............................................................ 4

2.1 - A Narrativa Bíblica é História Factual ................................................................. 4

2.2 - A Narrativa Bíblica é História Teológica ............................................................. 4

III – OS RECURSOS LITERÁRIOS-INTERPRETATIVOS DA NARRATIVA ... 5

3.1 – A Cena ................................................................................................................. 5

3.1.1- Elementos que determinam uma nova cena ....................................................... 5

(a) O tempo.............................................................................................................. 5

(b) Elemento Espaço ................................................................................................ 6

(C) Novos Personagens ................................................................................................ 7

3.1.2 - As Cenas Padrões e o Ponto de vista na Narrativa Bíblica ............................... 7

(a) Cenas-Padrões ......................................................................................................... 7

(b) O ponto de vista do narrador ................................................................................... 9

(c)O diálogo .................................................................................................................. 9

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 10
A ARTE DA NARRATIVA BÍBLICA.
Rev. João França

INTRODUÇÃO:

Em nosso estudo de hoje vamos considerar o A arte da Narrativa Bíblica como


um gênero de capital importância no entendimento da revelação de Deus nas Escrituras.
Walter C. Kaiser, Jr informa que a “narrativa é o gênero preferido do texto bíblico.
Segundo uma maneira de computar, a narrativa pode compor metade do conjunto dos
dois mandamentos”; e por que é assim? A resposta é “porque o coração da mensagem
das Escrituras é, por si só, a história do plano redentor de Deus”.1 Se ele é um gênero
tão importante deve-se dá uma devida atenção ao mesmo.

Quando se pensa que as narrativas estão atreladas aos eventos históricos


narrados nos textos bíblicos nossa mente se volta para os livros como Gênesis, Êxodo,
Levítico... E conhecer o conteúdo destes livros é importante tanto quanto conhece a
estrutura como eles foram escritos. Isto deriva da ideia dominante de que “a história é o
tipo literário mais comum encontrado na Bíblia”.2

Deve-se ressaltar que a “estrutura da narrativa estende-se dede a história de Deus


lidando com a humanidade na criação até o exilio nos livros de Gênesis a 2º Reis” isto
por que a “narrativa é o gênero predominante na Torá (esp. Gênesis, Êxodo, e
Números)”, mas não apenas isso esse gênero é usado “em todos os livros dos profetas
anteriores, em alguns dos profetas posteriores (esp. Seções principais em Isaías e
Jeremias, além de partes de Jonas e outros livros)”, este gênero também acha-se nos
“livros dos Escritos (esp. Crônicas, Esdras, Neemias, Rute, Ester, e Daniel). Também
domina os evangelhos e Atos dos Apóstolos. E é claramente a principal estrutura de
sustentação da Bíblia.3

Dado essa predominância da narrativa no texto bíblico esta aula se concentrará


em tratar deste gênero literário ressaltando os pontos mais importantes deste gênero.
Pois, é o gênero que relata os acontecimentos específicos no tempo e no espaço do
mundo bíblico.
1
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a Partir do Antigo Testamento – Um Guia para a
Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009, p.75.
2
LONGMAN III, Tremper Lendo a Bíblia com o Coração e a Mente. São Paulo: Ed. Cultura Cristã,
2003,p.102.
3
KAISER JR, Walter C.; SILVA, Moisés.
I – NARRATIVA: UM TIPO DE GÊNERO LITERÁRIO
Quando estudamos as Escrituras nos deparamos com a realidade que a maior
parte da Bíblia é contada em forma de prosa narrativa. As narrativas bíblicas desejam
ser lidas como histórias factuais. Por que isso? Por que os estudos “narrativos
reconhecem que o significado se encontra no texto como um todo e não em segmentos
isolados[...]”4
1. O Gênero na Perspectiva Bíblica
Conforme já vimos existem “três marcas do gênero são a forma, conteúdo e
função”5. Nota-se que é por causa da estrutura ou forma que “um Salmo de Lamento
deve ter uma queixa ou petição, seguida de descrição; uma narrativa deve ter um
enredo”6 Um “Salmo” pode nos dizer algo sobre este gênero, mas não nos diz muita
coisa sobre o conteúdo nele encontrado, como por exemplo, sofrimento, alegria,7etc. A
terceira marca é a função a intencionalidade.8Quando um autor quer impressionar o
leitor, faz com que o seu texto funcione para provocar esta impressão sobre o leitor.
1.2 – O Que é Narrativa?
Pode-se definir este gênero literário como “um relato de acontecimentos
específicos no tempo e no espaço com participantes cujas histórias são registradas com
um começo, meio e fim”9
Precisa-se ressaltar que ela se distingue da prosa que se vale do imediatismo
(tudo se declara diretamente), e na narrativa temos aquilo que é conhecido como
seletividade textual isto significa que “os propósitos ideológicos determinaram quais
acontecimentos os escritores escolheram e como eles os apresentaram”.10 Pratt ainda
nos lembra que a “percepção humana é sempre seletiva [...]Também somos seletivos
quando interpretamos as histórias do Antigo Testamento. Consideramos uma coisa mais
importante do que a outra.”11

4
OSBORNE, Grant R. A Espiral Hermenêutica. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.254
5
GIESE, JR, Ronald L. Literary Forms Of The Old Testament , in: D. Brent Sandy and Ronald L. Giese,
Jr.(editors). Cracking Old Testament codes: a guide to interpreting Old Testament literary forms.
Nashville, Tennessee 1995, p.11
6
Idem
7
Ibid, p.12
8
Idem.
9
KAISER JR, Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura
Cristã, 2009, p.67.
10
PRATT, JR. Richard. Ele nos deu Histórias. Tradução: Suzana Klassen. São Paulo: Cultura Cristã,
2004, p.120.
11
Ibid, p.74
II – A NARRATIVA BÍBLICA É HISTÓRIA?

Narrativa é história. Que tipo de história? Greindanus nos diz que a


“interpretação histórica reconhece que o texto é um documento histórico e deveria ser
compreendido historicamente”.12 E quando interpretamos as narrativas das Escrituras
estamos interpretando um texto histórico. Mas que tipo de análise histórica
empreendemos na interpretação da narrativa?

2.1 - A Narrativa Bíblica é História Factual


Richard Pratt Jr nos mostra que a análise histórica do texto deve ser
primeiramente tomado como um relato factual. Devemos procurar reconstituir os
acontecimentos narrados nas Escrituras juntamente com outros dados históricos.13 As
perguntas fundamentais do tipo: Gênesis é mito ou história?14 Precisa ocupar a mente do
intérprete das Escrituras.
2.2 - A Narrativa Bíblica é História Teológica
Às vezes lidamos com especialistas em história que acreditam no mito da
neutralidade cientifica ou histórica. Como bem Longman lembra-nos que ninguém
“consegue escrever história sem carregar influências, tendo um ponto de vista puro e
objetivo”15 Devido ao crescimento e desenvolvimento da Teologia Bíblica (enquanto
disciplina) as narrativas passaram a ser analisadas como histórias teológicas ou com
interesse teológico.16 Neste procedimento a seletividade textual é mais evidente. Pois,
historiadores “devem decidir o que é importante o que não é; o que merece sobreviver
na memória das pessoas e o que deve ser esquecido”17. Isso é como se faz com a
orientação da perspectiva que o narrador possui sobre Deus e sua relação com este
mundo.

12
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e Texto Antigo. São Paulo: Cultura Cristã,
2006, p. 107.
13
PRATT, JR. Richard. Ele nos deu Histórias. Tradução: Suzana Klassen. São Paulo: Cultura Cristã,
2004, p.121.
14
Remeto o leitor para o meu trabalho: Gênesis Mito ou História que pode ser lido em
https://www.academia.edu/10649072/G%C3%8ANESIS_MITO_OU_HIST%C3%93RIA
15
LONGMAN III. Tremper. Lendo a Bíblia com o Coração e a Mente. São Paulo: Cultura Cristã,
2003, p.107.
16
PRATT, JR. Richard. Ele nos deu Histórias. Tradução: Suzana Klassen. São Paulo: Cultura Cristã,
2004, p.121
17
LONGMAN III. Tremper. Lendo a Bíblia com o Coração e a Mente. São Paulo: Cultura Cristã,
2003, p.107.
III – OS RECURSOS LITERÁRIOS-INTERPRETATIVOS DA NARRATIVA.

Este estudo agora se ocupará de como valer-se dos recursos literários da


narrativa bíblica como auxilio à interpretação das Escrituras. Que recursos são esses?
3.1 – A Cena:
Ressaltamos que a características “mais importante na narrativa é a cena” 18 mas
o que é uma cena? Elas “podem ser definidas como conjuntos de circunstâncias, ações e
personagens intimamente relacionados, formando os tijolos na construção das histórias
do Antigo Testamento”19
3.1.1- Elementos que determinam uma nova cena:
Há elementos significativos que nos ajudam a determinar quando está se
tratando de uma nova cena. Estes indicadores são importantes para uma interpretação
mais eficaz do texto bíblico.
(a) O tempo:
O primeiro elemento que se apresenta é o elemento tempo. “Mudanças
significativas no tempo com frequência indicam divisões de cenas”20 Os intérpretes
precisam estar atentos a isso, pois,
Às vezes, os escritores do Antigo Testamento indicam essas lacunas
explicitamente. Referências a termos como „o dia seguinte‟(tr"êx\M'mi(
mimmaharath), „manhã‟(rq,B+Bo ; - baboker), „noite‟(br<[,Þ – ‘erev), ‘meses’(vd<xoê -
hodesh), „anos‟(tn:“v. shenath), e „então‟ após algum período de tempo com
frequência determinam o começo de uma nova cena”. 21
O Elemento tempo é de suma importância quando se procede um processo
hermenêutico no texto sagrado. É necessário está atendo as mudanças de cena e cenário
na narrativa bíblica observando de modo ímpar a transposição do elemento tempo, pois,
isso ajuda a parecer de modo mais claro as intenções do narrador e do autor do texto
estudado.

É muito comum ler-se o texto sagrado e observar estas mudanças temporais e


não se atentar para a mudança na cena que ocorre de modo imediata a menção da
transição temporal.

18
KAISER JR, Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura
Cristã, 2009, p.69.
19
PRATT, JR. Richard. Ele nos deu Histórias. Tradução: Suzana Klassen. São Paulo: Cultura Cristã,
2004, p.181-182.
20
Ibid, p.183
21
Ibid, p.183-184. – os termos hebraicos são acréscimos do autor desta aula não pertencem ao texto do
Pratt
Ex. 9:6 E o SENHOR o fez no dia seguinte, Ex.18.13 No dia seguinte, assentou-se
e todo o rebanho dos egípcios morreu; porém, Moisés para julgar o povo; e o povo estava
do rebanho dos israelitas, não morreu nem um em pé diante de Moisés desde a manhã até ao
pôr-do-sol.

Nm.16.41: Mas, no dia seguinte, toda a Gen. 19.27. Tendo-se levantado Abraão de
congregação dos filhos de Israel murmurou madrugada, foi para o lugar onde estivera na
contra Moisés e contra Arão, dizendo: Vós presença do SENHOR;
matastes o povo do SENHOR.

Gn.8.13. E aconteceu que no ano seiscentos e Gen 7:11 No ano seiscentos da vida de Noé,
um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, no mês segundo, aos dezessete dias do mês,
as águas se secaram de sobre a terra. Então naquele mesmo dia se romperam todas as
Noé tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis fontes do grande abismo, e as janelas dos
que a face da terra estava enxuta. céus se abriram.

Gen. 23:19 Depois, sepultou Abraão a Sara, sua mulher, na caverna do campo de Macpela,
fronteiro a Manre, que é Hebrom, na terra de Canaã.

(b) Elemento Espaço:

O segundo elemento que indica o início de uma nova unidade textual é o


elemento espaço. Isto aponta para a variação local. “O relato de Sodoma e Gomorra, por
exemplo, sai do portão da cidade (Gn.19.1,2) e vai para o interior da casa de Ló”22
Outro, texto que exemplifica este elemento é Êxodo 15:22: “Fez Moisés partir a Israel
do mar Vermelho, e saíram para o deserto de Sur; caminharam três dias no deserto e não
acharam água.”

Neste texto a mudança temporal é notória e traz fluxo para a narrativa da


travessia do Mar Vermelho iniciando assim uma nova cena, na mudança do cenário; as
mudanças nos ambientes também indicam o início de uma nova unidade textual.
Richard Pratt nos indica que as “variações ambientais podem incluir escuridão para a
claridade, frio para o calor ou seca para a chuva”23

Este elemento é muito comum e presente na narrativa bíblica situando a


mudança de uma cena ou de um cenário.

22
Ibid, p.185.
23
Ibid, p.186.
(C) Novos Personagens
O terceiro elemento que marca um novo início é o elemento da presença de
novos personagens. Na leitura que fazemos do Antigo Testamento percebemos que no
meio da história aparece um novo personagem, e assim, uma nova cena está
estabelecida pelo simples fato de que há um novo personagem.

Este elemento pode ser exemplificado no texto de 2 Rs.4.42: “ Veio um homem


de Baal-Salisa e trouxe ao homem de Deus pães das primícias, vinte pães de cevada, e
espigas verdes no seu alforje. Disse Eliseu: Dá ao povo para que coma.” Quem este
homem? Não sabemos! Mas é um novo personagem e indica que uma nova cena está
iniciando-se.
3.1.2 - As Cenas Padrões e o Ponto de vista na Narrativa Bíblica
Kaiser e Silva nos lembram que as “cenas têm padrão básico, incluindo uma
série de relações com começo, meio e fim”24 Esse padrão está presente com estes
elementos, mas também pode se observar uma repetição de cenas-padrões.
(a) Cenas-Padrões:
No auge do liberalismo teológico histórias em que o padrão comum era repetido
sem considerava uma questão de fontes mal inseridas no texto, e assim, a historicidade
do relato era negada. Alter argumenta que o uso de histórias repetidas, que sofrem
pequenas modificações, elas devem ser classificadas como um recurso de modelo de
cenas, o que ele chama de cenas-padrões.25
Nós lemos reiteradas vezes um “patriarca é compelido pela fome a fugir para o
sul, onde finge que sua esposa é sua irmã, e evita por pouco que um governante local
viole o vínculo conjugal e é mandado embora com presentes”.26
Esse padrão é muito comum na historicidade das narrativas no livro de Gênesis.
Esse arranjo literário é significativo porque norteia o leito e o intérprete na compreensão
da narrativa e o padrão de cena que ela carrega. Quando liberais apelam para uma
duplicação de fontes, ignoram o que Alter contra-argumenta: “As variações de episódios
não são aleatórias, como seria o caso se fossem misturas desordenadas decorrentes da

24
KAISER JR, Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura
Cristã, 2009, p.69.
25
ALTER, Robert. A Arte da Narrativa Bíblica. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p.82
26
Idem.
transmissão oral, e as próprias repetições não são „duplicações‟ de uma única história
originária”27, estas cenas padrões podem ser organizadas da seguinte forma:
EVENTO GÊNESIS 12.1-10 GÊNESIS 20 GÊNESIS 26.1-12
A FOME Havia fome naquela 1 Sobrevindo fome à
terra; desceu, pois, terra, além da primeira
Abrão ao Egito, para havida nos dias de
aí ficar, porquanto era Abraão, foi Isaque a
grande a fome na Gerar, avistar-se com
terra(Gen 12:10
Abimeleque, rei dos
ARA)
filisteus. (Gen 26:1
ARA)
A MENTIRA Dize, pois, que és Disse Abraão de Perguntando-lhe os homens
SOBRE A ESPOSA minha Sara, sua mulher: daquele lugar a respeito de
irmã, para que me Ela é minha irmã; sua mulher, disse: É minha
considerem por amor de assim, pois, irmã; pois temia dizer: É
ti e, por tua causa, me Abimeleque, rei de minha mulher; para que,
conservem a vida. (Gen Gerar, mandou buscá- dizia ele consigo, os
12:13 ARA) la. (Gen homens
20:2 ARA) do lugar não me matem por
amor de Rebeca, porque era
formosa de aparência. (Gen
26:7 ARA)
A Porém o SENHOR Deus, porém, veio a Ora, tendo Isaque
puniu Faraó e a sua Abimeleque em permanecido ali por muito
PRESERVAÇÃO
casa sonhos de tempo, Abimeleque, rei dos
DA ESPOSA com grandes pragas, noite e lhe disse: Vais filisteus, olhando da janela,
por causa de Sarai, ser viu que Isaque acariciava
mulher de punido de morte por a
Abrão. (Gen 12:17 causa da Rebeca, sua mulher. E deu
ARA) mulher que tomaste, esta ordem a todo o povo:
porque Qualquer que tocar a este
ela tem marido. (Gen homem ou à sua mulher
20:3 certamente morrerá. (Gen
ARA) 26:8,11 ARA)
O PATRIARCA Este, por causa dela, 14 Então, Abimeleque Semeou Isaque naquela terra
GANHA tratou bem a Abrão, o tomou e, no mesmo ano, recolheu
qual veio a ter ovelhas, ovelhas e bois, e cento por um, porque o
PRESENTES bois, jumentos, servos e SENHOR o abençoava.
escravos e escravas, servas e os deu a Enriqueceu-se o homem,
jumentas e Abraão; e lhe prosperou, ficou
camelos. E Faraó deu restituiu a Sara, sua riquíssimo;
ordens aos seus homens mulher. (Gen 26:12-13 ARA)
a respeito dele; e (Gen 20:14 ARA)
acompanharam-no, a ele,
a sua mulher e a tudo
que
possuía
.(Gen 12:16, 20 ARA
Este padrão de cenas se repete com frequência nas narrativas do Antigo
testamento. Por exemplo, Agar por duas vezes foge para o deserto e a intervenção divina
faz com ela se abrigue próximo aos poços de água (Gênesis 16; Gênesis 21.9-21).

27
ALTER, Robert. A Arte da Narrativa Bíblica. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p.83
(b) O ponto de vista do narrador:

Quando se estuda as narrativas bíblicas devemos dá a devida atenção ao que


narrador nos apresenta. É por falta dessa compressão pode-se fazer interpretação
absurdas de passagens bíblicas, por exemplo, em 1 Samuel 28 há aqueles que sustentam
que a passagem configura em uma prova para a necromancia, há outros que olham
como um sessão de demônios sendo invocados, e há, os que creem que de fato Samuel
tenha aparecido. Mas, quando nós lemos atentamente o texto com o ponto de vista do
narrador no verso 14 : “[...] entendo Saul que era Samuel...” notemos o que o narrado
pretende! Ele quer mostrar o total desvio de Saul que mesmo sendo engando não foi
capaz de discernir o engodo da pitonisa.
(c)O diálogo:

O terceiro elemento importante na narrativa é o diálogo. Alter nos lembra que tudo “no
universo da narrativa bíblica gravita em direção ao diálogo”.28 O diálogo serve para três
propósitos importantes na interpretação e leitura da Narrativa Bíblica, este propósitos
são:
1. Acelerar a fluência da narrativa;
2. Evitar excessiva repetição
3. Fornecer alguma perspectiva para o que foi dito29.

28
Ibid, p.268.
29
KAISER JR, Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura
Cristã, 2009, p.71.
REFERÊNCIAS.

1. ALTER, Robert. A Arte da Narrativa Bíblica. São Paulo: Companhia das Letras,
2007.
2. GIESE, JR, Ronald L. Literary Forms Of The Old Testament , in: D. Brent
Sandy and Ronald L. Giese, Jr.(editors). Cracking Old Testament codes: a guide
to interpreting Old Testament literary forms. Nashville, Tennessee 1995.
3. GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e Texto Antigo. São Paulo:
Cultura Cristã, 2006..
4. KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando a Partir do Antigo Testamento –
Um Guia para a Igreja. Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2009.
5. KAISER JR, Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica.
São Paulo: Cultura Cristã, 2009
6. LONGMAN III, Tremper Lendo a Bíblia com o Coração e a Mente. São Paulo:
Ed. Cultura Cristã, 2003.
7. OSBORNE, Grant R. A Espiral Hermenêutica. São Paulo: Vida Nova, 2009,
p.254
8. PRATT, JR. Richard. Ele nos deu Histórias. Tradução: Suzana Klassen. São
Paulo: Cultura Cristã, 2004.

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