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Ensinar Genética e
Evolução por meio
de jogos didáticos:
superando concepções
alternativas de
professores de
ciências em
formação
Rita Campos1,2,
Maria da Conceição Vieira de Almeida Menezes3,
Magnólia Araújo
1
Universidade de Coimbra, CES - Centro de Estudos Sociais,
Colégio de S. Jerónimo, Coimbra, Portugal
2
CIBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos
Genéticos, Universidade do Porto, InBIO
3
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Campus
Universitário Central, Mossoró/RN
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN
cies de lebres na Península Ibérica (https:// Os jogos foram pensados para turmas de
cibio.up.pt/upload/filemanager/Mini-Li- 25 a 30 alunos mas já foram testados com
vro_LebresFantasmasPT_Nov2015.pdf ) números mais elevados de alunos. Nesses
- para exemplificar os diferentes conceitos casos, cabe ao professor gerir as participa-
que se cruzam no ensino da genética po- ções, tentando fazer com que todos os alu-
pulacional e evolução, e de como os jogos nos tenham um papel ativo durante as fases
educativos podem auxiliar a compreensão em que estão efetivamente a jogar ou nas
de assuntos potencialmente complexos. fases em que estão a anotar os resultados e
a debater o que se vai alterando no cenário.
b. A utilização de jogos
Idealmente cada jogo ocupará um período
como estratégia didática de 60 minutos; esse tempo poderá ser ajus-
Durante a segunda etapa, a utilização tado em função do número de alunos na
dos jogos seguiu uma estrutura já testa- turma: mais alunos implicará em aumento
da (CAMPOS; SÁ-PINTO, 2013) e que do tempo para cada jogo, para que cada alu-
compreende um percurso educativo que se no tenha oportunidade de participar.
inicia na discussão sobre a existência de va- No exemplo aqui relatado, a turma era
riabilidade genética dentro das populações composta por 19 professores em formação
e sobre a transmissão hereditária dessa va- e cada jogo ocupou entre 60 a 90 minutos;
riabilidade, que passa pelos mecanismos incluiu-se também uma pequena sessão
evolutivos que alteram as proporções das para que os alunos pudessem refletir sobre
diferentes características hereditárias nas as diferenças encontradas entre a aprendi-
populações e termina num debate sobre a zagem anterior dos conteúdos trabalhados
origem e diversificação das espécies, invo- em cada jogo e a aprendizagem que resultou
cando todos os conceitos anteriormente de terem participado do jogo, trabalhando
abordados. especificamente as concepções alternativas
Depois de discutidas as concepções alter- descritas nos pontos seguintes.
nativas, os conceitos e as aplicações da ge-
c. Discussão geral e avaliação
nética populacional e evolução, passou-se à
utilização dos jogos e à realização de deba-
da metodologia utilizada
tes sobre as suas aplicações em contexto de Não terceira etapa, ao final das atividades,
sala de aula ou espaços de educação não- os participantes partilharam as suas im-
-formal. Estes jogos estão descritos sem de- pressões sobre os jogos e suas potenciali-
talhes em SÁ-PINTO; CAMPOS, 2012; dades no ensino e aprendizagem de con-
CAMPOS; SÁ-PINTO, 2013; SÁ-PIN- teúdos de genética populacional, evolução
TO et al., 2017. A referência às concepções e biodiversidade. Fizeram também uma
alternativas segue os exemplos listados em breve avaliação sobre o uso dos jogos, com
CAMPOS et al., 2013 e CAMPOS et al., base num pequeno questionário, através do
2017. qual expressaram suas opiniões.
Em cada jogo, os alunos foram primeiro
informados sobre as regras, após o que to- DESCRIÇÃO DOS JOGOS:
dos foram convidados a participar. Impor- JUSTIFICATIVAS E
ta realçar que todas as aulas dessa etapa MODO DE UTILIZAÇÃO
foram iniciadas com os jogos, sem incluir
Jogo 1: Analisando a variabilidade gênica
apresentações teóricas dos conceitos es-
numa população – Pedir aos alunos que
pecíficos que cada jogo permite explorar.
selecionem fotografias de vários membros
O professor apenas facilitou a discussão
da própria família e as disponham num
a partir dos resultados que se vão obten-
formato de árvore genealógica (Figura 1).
do à medida que o jogo decorre, de forma
a que sejam os próprios alunos a definir A análise detalhada de um conjunto de ca-
e aplicar os conceitos, de acordo com os racterísticas hereditárias, como a cor dos
pressupostos da metodologia de aprendi- olhos, dos cabelos ou a presença/ausência
zagem ativa. de cova no queixo, pode começar por ser
Figura 1.
Esquema de uma árvore
genealógica usado para explorar
o conceito de diversidade
intraespecífica. Em relação Tomando o conjunto, e em particular falar de resistência a doenças. Não é uma
ao aluno, assinalado com a usando genealogias que mostram ances- característica que se veja numa genealogia
caixa “EU”, mostram-se três trais mais distantes, pode-se discutir uma mas pode haver quem saiba de antepassa-
gerações, nas quais com a das concepções alternativas frequentes - “os dos que tenham morrido por doenças que
ajuda de fotografias, poderão
ser identificadas semelhanças e
seres humanos não estão em evolução” - hoje se tratam, por falta de imunidade, ou
diferenças. Destacam-se ainda analisando com detalhe as alterações que de alterações de dieta (se o professor assim
dois ancestrais: em vermelho, se verificam nos diferentes membros da o entender, pode aproveitar o tópico para
o ancestral que partilha com genealogia ao longo das gerações. Con- referir uma área de investigação inovadora,
o indivíduo familiarmente vém alertar que nesse ponto não devemos que é o estudo genético do metagenoma
mais próximo, assinalado com
a caixa “Irmã”, e em amarelo referir as características que aparecem e formado pelos genomas humanos e os ge-
o ancestral que partilha com desaparecem (por exemplo, características nomas das bactérias que constituem a flora
indivíduos familiarmente mais determinadas por alelos recessivos), mas intestinal).
afastados, assinalados com as sim alterações que se possam considerar
caixas “Primo” e “Prima”. Finalizando as análises, importa discutir a
definitivas. Um exemplo poderá ser a al-
relação positiva que geralmente se obser-
tura. Embora essa seja uma característica
va entre proximidade genealógica e taxa
multifatorial, sabe-se que muitas popula-
de semelhanças: quanto maior o grau de
ções humanas estão mais altas e isso pode
parentesco, mais semelhanças esperamos
ser visto como uma evidência da evolução
encontrar. Em casos em que essa relação
(CAMPOS et al., 2013). Pode-se também
não se apresente tão evidente, o professor
poderá orientar a análise para o conjunto Depois de nova discussão sobre o resultado
de todas as genealogias e verificar assim da predação, simula-se uma alteração am-
que, de um modo geral, a relação positiva biental, como a construção de uma fábrica
referida é verificável. Um caso particular que liberta fuligem para a vegetação, subs-
a ter em atenção é a existência de alunos tituindo a caixa com as bolas coloridas por
adotados ou de famílias monoparentais. uma caixa com bolas todas da mesma cor
Nesses casos, a atividade poderá ser reali- (tendo o cuidado de usar uma cor igual a
zada recorrendo a famílias conhecidas para uma das cores dos discos; (Figura 2B). Rei-
as quais se consigam imagens de várias ge- nicia-se o jogo colocando o mesmo número
rações nos meios de comunicação social. de discos de cada cor na caixa e misturan-
do. Pede-se aos jogadores que apanhem os
Jogo 2: Simulando adaptação em situa-
discos, comparando e discutindo sobre as
ções de alterações ambientais – Dos três
cores que foram apanhadas e as cores que
principais mecanismos evolutivos - seleção
ficaram na caixa e simulando uma nova ge-
natural, deriva genética e seleção sexual - a
ração (Figura 2C).
seleção natural é o mais conhecido. Mas, o
conhecimento está muitas vezes associado Repetem-se esses passos duas a três ve-
a um desconhecimento sobre o seu modo zes. Nessa altura será possível observar
de funcionamento e de que forma influen- que os discos de cor igual à do novo meio
cia a trajetória evolutiva das populações. ambiente estão aumentando em número
(Figura 2D). Ou seja, ao contrário do que
Esse jogo baseia-se no exemplo clássico da
acontecia na simulação anterior, em que
mariposa Biston betularia para demonstrar
as alterações das frequências eram aleató-
como a seleção natural atua sobre uma de-
rias, na simulação posterior nota-se uma
terminada característica, fazendo alterar as
direcionalidade que favorece uma das ca-
frequências gênicas numa população. Em-
racterísticas, fazendo-a aumentar em fre-
bora o exemplo de base seja uma alteração
quência na população ao longo das gera-
ambiental induzida pela poluição indus-
ções. Nesse momento, é importante fazer
trial, pode-se utilizar qualquer exemplo
os alunos notarem tal fato e consequen-
de perturbação ambiental, mediada ou não
temente chegarão autonomamente a uma
pelo ser humano.
definição de evolução por seleção natural.
Para facilitar a discussão sobre seleção Nessa fase, sugere-se que a discussão seja
natural e potencial adaptativo, inicia-se o orientada para realçar o fato de a popula-
jogo num “meio ambiente” natural, hetero- ção ter se adaptado ao novo ambiente, mas
gêneo. Numa caixa cheia de bolas coloridas ter perdido quase toda a sua diversidade.
- o meio ambiente - colocam-se seis discos Continuando o jogo simulando um novo
também coloridos - as presas (Figura 2A). ambiente, usando-se, por exemplo, bolas
Depois de misturar bolas e discos, pede-se verdes, os alunos verão como a profunda
aos alunos - os predadores - que apanhem perda de diversidade compromete a sobre-
o máximo de discos em cerca de cinco se- vivência da população (Figura 2E).
gundos. Depois de três alunos terem apa-
A utilização do novo meio ambiente ajuda
nhado os discos, retiram-se os que ficaram
também a criar um espaço para debater al-
na caixa e comparam-se as características
gumas das mais frequentes concepções al-
dos que foram apanhados e dos que fica-
ternativas relacionadas com o modo como
ram, ressaltando o papel do acaso nessa
atua a seleção natural -“a evolução resulta
“predação”.
no progresso; através da evolução, os orga-
Simula-se a geração seguinte substituindo nismos estão em contínuo aperfeiçoamen-
cada disco que não foi apanhado - os “pais” to”, “seleção natural implica que os organis-
- por dois discos com a mesma cor - os “fi- mos tentem adaptar-se”, “a seleção natural
lhos”. Repete-se a predação e a comparação, dá aos organismos o que eles precisam”, “os
dessa vez comparando também a distribui- seres vivos adaptam-se às condições am-
ção das frequências genéticas entre as duas bientais”, “os seres humanos não podem im-
gerações. pactar negativamente os ecossistemas por-
Figura 2.
Principais passos do jogo sobre
seleção natural. A: Separar seis
discos de cinco cores diferentes,
misturá-los num meio colorido
(caixa com bolas coloridas) e
simular dois a três eventos de que as espécies evoluirão de acordo com o mento da concepção alternativa “Os or-
predação. B: Reiniciar o jogo que precisam para sobreviver” ou “qualquer ganismos podem evoluir durante o seu
num ambiente homogêneo
(por exemplo, uma floresta interferência dos seres humanos sobre ou- tempo de vida”. Essas simulações ajudam
depois de um grande incêndio; tros seres vivos é seleção artificial”. também a discutir a natureza da ciência
caixa com bolas amarelas). C: e o enquadramento da teoria da evolu-
No final de cada dois a três
Por fim, repetindo o jogo dividindo os par-
ção no conhecimento científico, por vezes
eventos de predação, comparar ticipantes em dois grupos e dando a cada
mal compreendido (seguindo a concepção
os indivíduos que foram grupo um “meio ambiente” diferente, é pos-
apanhados - “mortos” - com alternativa “A evolução não é ciência por-
sível comparar o resultado da seleção natu-
os que são “sobreviventes”; que não pode ser observada ou testada”),
ral sobre a população original e de como as
simular uma nova geração salientando o aspecto experimental dos
através da reprodução desses duas novas populações, que se adaptaram
jogos e de como podem equiparar-se a ex-
últimos de acordo com a regra a meios diferentes, são tão diferentes uma
periências com organismos com tempos de
1 progenitor: 2 crias iguais a da outra e da população original. Ou seja,
ele. D: Ao longo das gerações geração muito curtos (como, por exemplo,
é possível ver como, ao longo das gerações
podemos observar alterações bactérias ou moscas do gênero Drosophila).
nas frequências das diferentes
e sujeitos a pressões seletivas diferentes,
cores na população - evolução as populações vão se diferenciando sob a Jogo 3: Aleatoriedade na alteração das
biológica; notar que a cor que ação da seleção natural, originando novas frequências gênicas - Ao contrário da
mais aumenta em frequência espécies. Essa discussão ajuda também a seleção natural, a deriva genética é um
é aquela que é semelhante à
combater a concepção alternativa “A partir mecanismo pouco valorizado como força
cor do novo meio - evolução
biológica por seleção natural. de um mesmo ancestral, devido à diferença evolutiva. No entanto, e particularmen-
E: Simular uma nova alteração entre os indivíduos, ocorre divergência en- te quando as populações são pequenas, é
ambiental (por exemplo, tre os organismos que colonizam diferen- um mecanismo poderoso, que pode alterar
uma extensa plantação de tes habitats”. profundamente as frequências genéticas de
eucaliptos; caixa com bolas
uma população. Alguns exemplos interes-
verdes) e recomeçar o jogo Ao simular as gerações e ao observar as
com uma população com muito santes para despertar o interesse dos alu-
alterações na população ao longo das ge-
baixa diversidade genética - a nos por tal mecanismo vêm de populações
população que se adaptou ao
rações, pode-se minimizar o desenvolvi-
humanas isoladas. O papel da deriva gené-
meio anterior.
tica é também importante para a genética Para simular uma redução drástica de efe-
da conservação uma vez que as populações tivo populacional e poder observar o efeito
ameaçadas de extinção têm habitualmente da deriva genética sobre o fundo genético
um efetivo populacional baixo ou em declí- de uma população, usamos um cenário de
nio, fazendo com que estejam mais sujeitas fragmentação do habitat por interferência
à ação da deriva genética. Por outro lado, os humana. Qualquer cenário de perturbação
parâmetros demográficos das populações ambiental que conduza à redução do efeti-
determinados pela sua análise genética são vo populacional pode ser usado, apenas su-
estimados assumindo a neutralidade, ou gerimos que a simulação inclua pelo menos
seja, que as alterações na composição ge- duas populações, com efetivos diferentes,
nética das populações ocorrem por deriva para que se possa comparar as duas traje-
genética. tórias evolutivas.
Figura 3.
Principais passos do jogo sobre
deriva gênica. A: Separar seis
elementos (borboletas de
madeira, neste caso) de cinco
cores diferentes e espalhá-los
aleatoriamente sobre um
meio ambiente (pedaço de
tecido quadrado). B: Simular
a construção de uma barreira
física (estrada asfaltada)
colocando aleatoriamente
uma faixa de tecido sobre o
meio. Para mostrar o efeito
da deriva em populações com
diferentes tamanhos, colocar
a faixa de maneira a ficar com
duas populações com efetivos
populacionais diferentes. Nesse
passo, eliminar do jogo os
elementos que ficaram total ou
parcialmente por baixo da faixa
(considerar que “morreram”).
C: Simular uma nova geração
em cada população através
da reprodução de metade dos
indivíduos de cada população
de acordo com a regra 1
progenitor: 2 crias iguais a
ele; usar sacos opacos para
escolher quais os indivíduos
A introdução de uma barreira - uma au- de tecido sobre o habitat (Figura 3B). A que se reproduzirão em cada
toestrada de múltiplas vias - num habitat faixa dividirá o habitat em dois, uma par- população e em cada geração.
D: Ao longo das gerações,
“pano” - um pedaço de tecido - levará à re- te menor do que a outra, e as borboletas observar alterações nas
dução do habitat original de uma popula- que ficaram por baixo da faixa são retira- frequências das diferentes cores
ção de borboletas e ao isolamento das no- das do jogo - morreram. Ao comparar as em cada população - evolução
vas subpopulações. Para isso espalham-se duas novas populações uma com a outra, biológica; notar que essas
igual número de borboletas de cores dife- e cada uma com a população original, per- alterações ocorrem de forma
aleatória - evolução biológica
rentes sobre um pano - o habitat (Figu- cebe-se que ficaram diferentes e que a al- por deriva gênica - e que são
ra 3A) - e pede-se a um participante que teração das frequências deu-se de forma mais drásticas na população
construa a estrada colocando uma faixa aleatória. com menos indivíduos.
Figura 4.
Principais passos do jogo sobre
seleção sexual. A: Separar
um número equivalente de
máscaras de cinco cores
diferentes e espalhá-las
mais apelativa. Feitos os pares, pode-se divíduos de um dos sexos - e as máscaras numa superfície lisa; cada
discutir os motivos das escolhas, após o - indivíduos do outro sexo. O número de aluno deverá escolher uma
máscara de acordo com a
que se simula uma nova geração: cada par máscaras deverá ser metade do número de preferência. B: Comparar as
deixa três filhos, dois iguais à máscara e balões. De forma aleatória, distribuem-se máscaras que foram escolhidas
um igual ao participante. os balões entre os participantes e cada par (“sobreviventes”) - as que
de participantes deverá “combater” entre si se reproduzirão e contribuir
Discute-se a nova população, do ponto para a geração seguinte - com
pelo acesso à máscara. Ganha o combate
de vista da sua composição, em relação ao as que não foram escolhidas
o participante que tiver tocado três vezes (“mortos”) - não se reproduzem
tipo de máscaras. Repete-se a escolha e a
com o balão no outro participante e ape- e por isso as suas características
reprodução e observam-se as diferenças a
nas esse se reproduz. Simula-se a nova ge- não estarão representadas na
cada nova geração. Espera-se que os indi- geração seguinte. C: Simular
ração com cada par balão-máscara substi-
víduos mais coloridos tenham sido prefe- as novas gerações através
tuindo o balão por dois de igual tamanho
rencialmente escolhidos, levando a que a da reprodução das máscaras
e a máscara, por uma igual. Repetem-se os escolhidas de acordo com a
frequência dessa característica tenha au-
combates e as gerações, discutindo o modo regra 1 progenitor: 2 crias iguais
mentado a cada nova geração. Podem-se a ele. D: Ao logo das gerações
como a composição da população está se
simular outros cenários alterando o nú- podemos observar alterações
alterando quando observada a diversidade
mero inicial de máscaras ou as regras para nas frequências das diferentes
de tamanhos dos balões. Espera-se que a cores na população - evolução
a escolha do parceiro.
frequência dos balões mais compridos te- biológica; notar que a cor que
Para simular seleção sexual por compe- nha aumentado, demonstrando a ação da mais aumenta em frequência
tição entre parceiros utilizam-se balões seleção sexual sobre esse tipo de caracte- é aquela que é mais escolhida
alongados com diferentes tamanhos - in- em cada geração - evolução
rística. biológica por seleção sexual.
Por fim, o jogo pode também ser usado Esse último exemplo e o das lebres ibéri-
para debater conceitos mais complexos, cas, ou qualquer outro caso de especiação
como convergência evolutiva, ou a impor- rápida, são úteis para uma discussão sobre
tância de se usar diferentes marcadores o processo de formação de espécies e para
para identificar e classificar as espécies, debater a concepção alternativa “As espé-
como o caso das espécies críticas, bastan- cies são entidades naturais distintas, com
do, para tal, selecionar espécies que exem- uma definição clara, e que são facilmente
plifiquem os casos que se pretende abordar. identificáveis por qualquer pessoa”.
Figura 5.
Principais passos do jogo sobre sistemática. A: Selecionar algumas imagens de seres
vivos e espalhá-los sobre uma superfície lisa; neste exemplo, utilizaram-se 14 - 10
animais e 4 plantas. B: Agrupar os seres vivos em pares usando como critério terem
CONSIDERAÇÕES FINAIS mais semelhanças entre si do que com qualquer dos outros seres vivos. Neste exemplo
fica-se com sete pares: Primatas, Anfíbios caudata, Anfíbios, anura, Aves galiformes,
Os jogos aqui apresentados foram desen- Aves ciconiformes, Plantas angiospérmicas e Plantas pteridófitas. C: Repetir esse passo
volvidos para serem utilizados sem neces- agrupando os primeiros pares em grupos de quatro seres vivos até agrupar todas as
sidade de aulas teóricas introdutórias so- imagens, usando sempre o critério de maior semelhança; neste exemplo, chegaremos
primeiro aos grupos de Primatas, Anfíbios, Aves e Plantas e finalmente chegamos aos
bre evolução e mecanismos evolutivos pois
grupo de Animais e Plantas, terminando com o grupo único de todos os seres vivos.
o desenvolvimento do tema se faz durante D: Selecionar alguns exemplos e, num quadro (preferencialmente) ou folha de papel,
o seu desenlace e o professor tem opor- esquematizar a forma como os grupos foram organizados, usando um esquema com
tunidade de desenvolver o conteúdo na linhas retas. Usando a analogia com a árvore genealógica, notar que as semelhanças
interação com os alunos, durante as dis- entre seres vivos são, na maioria dos casos, um reflexo das suas relações evolutivas e do
tempo que decorreu desde que se separaram do último ancestral comum.
cussões. As discussões teóricas realizadas