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Cobertura Vegetal
do Estado de Alagoas
&
Mangues de Alagoas
Cobertura Vegetal
do Estado de Alagoas
&
Mangues de Alagoas
Cobertura Vegetal Equipe Técnica
C789 Cobertura vegetal do esta do de Ala goas & mangues de Alagoa s / Afrânio Farias
de M enezes ( coordenador do projeto). Ma ceió : Instituto do Meio Ambiente
de Alagoas : P ETROB RAS, 2010.
202 p. : il.
CDU: 574.5(813.5)
DEDICATÓRIA
Dedicamos esta obra ao jornalista Paulo Ramalho Pedrosa, ao geógrafo Ivan Fernandes Lima e ao escritor Otávio
Brandão e a tantos outros que já se foram, mas que em suas passagens lutaram pela preservação ambiental, nossa
eterna gratidão.
Dedicamos também a todos aqueles que respeitam a natureza, se comovem e se preocupam, e que reconhecem a
necessidade de uma ação urgente e drástica para que ainda tenhamos tempo de salvar o que restou da saga
destrutiva da humanidade.
Sumário 8- Flora - Biomas Mata Atlântica e Caatinga em
Alagoas...85
8.1- Ambientes Litorâneos...86
1- Introdução...7 8.1.1- Praias...86
8.1.2- Restingas (formações edáficas de influência
2- Mapeamento da cobertura vegetal de Alagoas...8 marinha e flúvio-marinha)...89
8.1.2.1- Restinga herbáceo-arbustiva...89
3- O Território Alagoano...12 8.1.2.2- Restinga arbustivo-arbórea...96
3.1- A ocupação do território...12 8.2- Matas Ciliares...102
3.2- Formações naturais e distribuição espacial 8.3- Tabuleiros Costeiros e Serras: Matas de encosta e
territorial...13 tabuleiro, Cerrados, formações rupestres...103
3.2.1- Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano...21 8.4- Região Agreste - Zona de Transição Mata Atlântica
3.2.1.1- Aspectos físico-naturais...21 Caatinga...109
3.2.1.2- Aspectos socioeconômicos...24 8.5- Região da Caatinga...110
3.2.2- Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano...27
3.2.2.1- Aspectos físico-naturais...27 9- Fauna da Mata Atlântica e dos Sertões Alagoanos...113
3.2.2.2- Aspectos socioeconômicos...28 9.1- Vertebrados Terrestres...113
3.2.3- Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano...30 9.1.1- Mamíferos...115
3.2.3.1- Aspectos físico-naturais...30 9.1.2- Aves...116
3.2.3.2- Aspectos socioeconômicos...32 9.1.3- Répteis e anfíbios (Herpetofauna)...120
Quadro 01: Órbitas/pontos de cobertura dos Satélites Sino-Brasileiros CBERS 2 e CBERS 2B no estado de Alagoas
Foram observadas ainda, a renomeação e o agrupamento ASSIS, J.S. Um projeto de Unidades de Conservação para o Estado de Alagoas.
Rio Claro: IGCE/UNESP, 1998. Tese (Doutorado em Geografia - Organização do
das classes dos mapas digitais temáticos, com inserção de Espaço). IGCE/UNESP, 1998a. 241 p.
toponímias e a escolha de cores, com a exportação final de
ASSIS, J.S. Razões e ramificações do desmatamento em Alagoas. In: DINIZ, J.A.F.,
arquivos no formato matricial TIFF.
FRANÇA, V.L. A. Capítulos de geografia nordestina. Aracaju: NPGEO/UFS, 1998b.
p. 325-356.
Os trabalhos de campo consistiram na verificação dos
ASSIS, J. S. Biogeografia e conservação da biodiversidade projeções para
seguintes itens e atividades: Alagoas. Maceió: Catavento, 2000. 200p.
- Densidade vegetacional (baixa, média e densa);
- Porte (baixo, médio e alto); FEDOROV, D. Sistema Semi-Automático de Registro e Mosaico de Imagens São
José dos Campos: INPE, 2002. 150p. (INPE-9582-TDI/838).
- Textura do solo (arenoso, argiloso e pedregoso);
- Estágio de conservação (muito avançado, avançado FLORENZANO, T. G. Imagens de Satélite para estudos ambientais. São Paulo:
e pouco avançado); Oficina de textos, 2002.
- Fisiografia (litológica, geomorfológica, pedológica FONSECA, L.M.G. e COSTA, M.H.M. Registro Automático de Imagens de
e fitogeográfica); Sensoriamento Remoto Multi-Temporais Baseado em Múltiplas Resoluções.
- Coleta de material botânico; Revista SELPER, junho 2000, v.16 no. 1-2, p.13-22.
- Registros fotográficos; GARCIA, G. J. Sensoriamento remoto: princípios e interpretação de imaqens.
- Observação de interferências antrópicas. São Paulo: Nobel, 1982. 357p.
SILVA, S.B., ASSIS, J.S. Vegetação: as regiões ftoecológicas, sua natureza e seus
recursos econômicos - estudo fitogeográfico. In:
BRASIL/MME/RADAMBRASIL. Folha SD. 23 Brasília. Rio de Janeiro:
DIPUB/RADAMBRASIL, 1982. p. 461-494 (Série: LRN. V. 29).
O Estado apresenta temperatura quente o ano todo, mas a As paisagens litorâneas resultam das variações do nível do
umidade varia do litoral para o interior. Isto proporciona mar ocorridas entre 7.000 e 2.000 anos antes do presente.
dois tipos de clima: o quente e úmido, no Litoral e Zona da Os movimentos transgressivos e regressivos do mar foram
Mata; e o quente e seco no Agreste e no Sertão. A ação do os responsáveis pelo afogamento de rios, por deposições
clima sobre a estrutura geológica favoreceu o arenosas e pela variação do lençol d'água subterrâneo
aparecimento de formas provocadas por erosões e (lençol freático), o que proporcionou o fechamento de
deposições, que permitem a divisão do relevo em cinco antigos estuários, originando assim as lagunas, e outras
grandes unidades: a Planície Costeira, o Planalto Costeiro formas marcantes do território alagoano, como: recifes,
(tabuleiros costeiros), o Planalto da Borborema, a cordões litorâneos, dunas, restingas, várzeas e brejos. Toda
Depressão Periférica e a Depresão Sertaneja. essa dinâmica torna possível a existência de condições de
vida especiais.
A maior parte da rede hidrográfica tem suas nascentes no
Estado de Pemambuco e apresenta duas vertentes: a A ocupação da Zona Costeira alagoana vem ocorrendo de
Atlântica, com rios perenes; e a do São Francisco, com rios forma espontânea, ou seja, sem planejamento. A instalação
temporários. Estas condições propiciaram o surgimento de de indústrias se dá lado a lado com o desenvolvimento do
formações vegetais características: florestas, cerrado, turismo. As duas atividades são responsáveis, por exemplo,
caatinga, e vegetação pioneira. Atualmente, pouco resta
da vegetação primitiva, destruída pelo processo de
ocupação do território, habitado até o século XVI por
tribos indígenas.
pela implantação do sistema viário e a ampliação da AL- Para fins de planejamento, o IBGE, considera a divisão do
101. Atualmente, a paisagem costeira não é mais estado em três Mesorregiões Geográficas: Sertão
representada pela vegetação original das restingas e Alagoano, Agreste Alagoano e Leste Alagoano,
manguezais, mas por extensos coqueirais trazidos de subdivididas em treze Microrregiões Geográficas (ver
outro continente, que aos pouco estão sendo mapa da Meso e Microrregiões Geográficas).
substituídos pela urbanização desordenada. Nessas microrregiões estão distribuídos os 102
municípios que compõem esta Unidade da Federação,
que tem como capital a cidade de Maceió (Quadro 01).
Quadro 01: Distribuição segundo mesorregiões, microrregiões e municípios do estado de Alagoas, segundo IBGE (2009)
Mesorregião Microrregião (M.R.) Municípios
Chã Preta, Ibateguara, Pindoba, Santana do Mundaú, São José da
Serrana dos Quilombos Lage, União dos Palmares e Viçosa
Mata Alagoana Atalaia, Branquinha, Cajueiro, Campestre, Capela, Colôn ia
Leopoldina, Flexeiras, Jacuipe, Joaquim Gomes, Jundiá, Matriz do
Camaragibe, Messias, Murici, Novo Lino, Porto Calvo e São Luis do
Quitunde
Leste Alagoano Feliz Deserto, Igreja Nova, Penedo, Piaçabuçu e Porto Real do
Penedo
Colégio
Anadia, Boca da Mata, Campo Alegre, Coruripe, Jequiá da Praia,
São Miguel dos Campos
Junqueiro, Roteiro, São Miguel dos Campos e Teotônio Vilela
Japaratinga, Maragogi, Passo de Camaragibe, Porto de Pedras e São
Litoral Norte Alagoano
Miguel dos Milagres
Maceió, Rio Largo, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel,
Maceió Coqueiro Seco, Marechal Deodoro, Paripueira, Pilar, Santa Luzia do
Norte e Satuba
Belém, Cacimbinhas, Estrela de Alagoas, Igaci, Maribondo, Mar
Palmeira dos Índios Vermelho, Minador do Negrão, Pal meira dos Índios, Paulo Jacinto,
Agreste Quebrangulo e Tanque D’Arca
Alagoano Arapiraca, Campo Grande, Coité do Nóia, Craíbas, Feira Grande,
Arapiraca Girau do Ponciano, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia, São
Sebastião e Taquarana
Traipu Olho D’Água Grande, São Brás e Traipu
Serrana do Sertão Alagoana Água Branca, Canapi, Inhapi, Mata Grande e Pariconha
Alagoana do Sertão do São
Delmiro Gouveia, Olhoa D’Água do Casado e Piranhas
Francisco
Sertão Alagoano Carneiros, Dois Riachos, Maravilha, Ouro Branco, Palestina, Pão de
Santana do Ipanema Açúcar, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São José da
Tapera e Senador Rui Palmeira
Batalha, Belo Monte, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Isidoro,
Batalha
Monteirópolis, Olhoa D’Água das Flores e Olivença
3.2- Formações naturais e distribuição espacial Apesar de ser denominado como Mata Atlântica em
territorial todo o Brasil, este bioma apresenta diferenciações
marcantes à medida que cruza as latitudes de norte a sul
do país, pois diferenciações climáticas, geológicas e
No território alagoano, segundo diversos autores, pedológicas influenciam a vegetação em seus padrões
ocorrem dois importantes biomas: a Mata Atlântica e a florísticos, fisionômicos, ecológicos e endemismos.
Caatinga. Como será detalhado nos capítulos seguintes,
a Mata Atlântica apresenta um complexo de vegetação Por outro lado, a Caatinga é um bioma mais restrito ao
florestal que se estende do Estado do Rio Grande do nordeste brasileiro e norte de Minas Gerais. O clima
Norte ao do Rio Grande do Sul (norte da região sudeste) semiárido marca a paisagem ao longo do período de
e parte da porção sul da região Centro-Oeste, estiagem, onde as espécies da flora perdem suas
adentrando-se pela Argentina, Paraguai e Uruguai.
14 Cobertura Vegetal de Alagoas
folhas para se protegerem da desidratação, recorrendo das Formações Pioneiras (marinha, flúvio-marinha e
também a estratégias singulares para proteger seus fluvial), incluindo ainda pequenos Encraves de Cerrado
brotos e gemas, recurso este que as plantas de áreas e Ecótonos (Cerrado-Floresta-Formações Pioneiras),
mais úmidas não chegam, ou não necessitam praticar. estes dois últimos com seus remanescentes bastante
descaracterizados.
Como forma de melhor entender a distribuição espacial
da cobertura vegetal remanescente em Alagoas, foi A Mesorregião do Agreste Alagoano (Zona Fisiográfica
lançada mão da subdivisão territorial do estado, do Agreste) compreende praticamente toda a Faixa de
adotada pelo IBGE em Meso e Microrregiões. Transição Fitoecológica, abrangendo, ainda, pequenas
porções das Regiões Fitoecológicas da Floresta
Esta subdivisão foi sobreposta pelo Mapa de Projeto de Estacional (a leste) e da Caatinga (a oeste).
Unidades de Conservação para o Estado de Alagoas
elaborado por Assis (2000), a partir de mapas de A Mesorregião do Sertão Alagoano (Zona Fisiográfica do
Gonçalves e Orlandi (1983) e Sarmento e Chaves (1985), Sertão) compreende na sua maioria, a Região
nas respectivas escalas 1: 1.000.000 e 1: 400.000. Fitoecológica da Caatinga e três grandes núcleos de
Transição Fitoecológicas (Ecótono Caatinga-Floresta
Do ponto de vista fisiográfico, não se pode comparar Estacional), que compreende os maciços residuais de
precisamente as mesorregiões e microrregiões, já que Água Branca, Mata Grande e Santana do Ipanema.
estas são delimitadas a partir da divisão político-
administrativa dos municípios nelas inseridos (Ver A Tabela 02, abaixo, mostra a distribuição da vegetação
Mapa de Unidades Fitogeográficas). natural remanescente do Estado de Alagoas por
Mesorregiões e Microrregiões segundo sua área
A Mesorregião do Leste Alagoano (Zona Fisiográfica da absoluta (km²), na qual se observa que esta representa
Mata Alagoana) engloba praticamente as Regiões apenas 4.248,96 km², ou seja, 15,28% da área total do
Fitoecológicas da Floresta Ombrófila, Estacional e as estado.
Tabela 02: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por Mesorregiões e Microrregiões do Estado de Alagoas em
números absolutos e percentuias
Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Cobertura Vegetal de Alagoas 15
Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
16 Cobertura Vegetal de Alagoas
Tabela 04: Distribuição dos municípios de Alagoanos por unidade fitogeográfica segundo área absoluta, percentual e
número de fragmentos
Cobertura Vegetal de Alagoas 17
Continuação Tabela 04
18 Cobertura Vegetal de Alagoas
Continuação Tabela 04
Cobertura Vegetal de Alagoas 19
Continuação Tabela 04
20 Cobertura Vegetal de Alagoas
Continuação Tabela 04
Nota: os valores sem parênteses e colchetes correspondem à área absoluta (km²) da cobertura vegetal remanescente, os valores entre
colchetes correspondem à área relativa (%) da cobertura vegetal remanescente e os valores entre parênteses corresponde ao número de
fragmentos de cobertura vegetal remanescente.
Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
3.2.1- Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano O relevo nas Microrregiões Geográficas Serrana dos
Quilombos e da Mata Alagoana, apresentam formas
A Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano é formada convexas denominadas de “mar de morros” e serras,
por seis microrregiões geográficas (M.R's): Serrana dos comandados por uma rede hidrográfica com padrão de
Quilombos, da Mata Alagoana, do Litoral Norte drenagem radial divergente, drenadas pelo alto curso
Alagoano, de Maceió, de São Miguel dos Campos e de dos rios Mundaú e Paraíba do Meio, além dos rios
Penedo. Abrange 13.241,19 km2, o que lhe confere a Jacuípe e Camaragibe.
maior mesorregião geográfica do estado, com 47% do
território alagoano formada por cinqüenta e dois O intemperismo químico predominante proporcionou o
municípios, com destaque para Maceió, Rio Largo, surgimento de formas abauladas dos morros e o
União dos Palmares, Penedo, São Miguel dos Campos e espesso manto coluvial condiciona o armazenamento
Coruripe. de água subterrânea e a existência de inúmeras fontes.
A estrutura geológica nas Microrregiões Geográficas Os Tabuleiros formam topos planos e ligeiramente
Serrana dos Quilombos e da Mata Alagoana estão planos, recortados por falésias e encostas de origem
assentadas, na sua grande maioria, sobre rochas dos Terciárias, bastante erodidas e dissecadas pelos rios que
Complexos Migmatítico-Granítico e Gnáissico- fluem para o oceano Atlântico, formando amplos vales
Migmatítico que compõem o embasamento do Maciço fluviais. Para o interior, dominam rochas do complexo
Pernambuco-Alagoas, com ocorrência ainda de biotita- cristalino.
granitos.
Os solos que ocorrem em maior extensão na
Na abrangência das Microrregiões Geográficas do Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano são: os
Litoral Norte, Maceió, São Miguel dos Campos e Argissolos (Amarelos, Vermelhos, Vermelho-Amarelos e
Penedo, estão assentados na sua maioria, sobre Acinzentados) e os Latossolos (Amarelos, Vermelhos e
depósitos areno-argilosos e argilosos da Formação Vermelho-Amarelos). Ocorrem ainda, os Neossolos
Barreiras (Bacia Sedimentar Alagoas), aflorando ainda Quartzarênicos, os Espodossolos Humilúvicos e
rochas cretáceas das Formações: Coqueiro Seco, Ferrihumilúvicos, os Gleissolos Melânicos e os
Penedo, Ponta Verde, Poção, entre outras. Neossolos Flúvicos.
22 Cobertura Vegetal de Alagoas
De um modo geral, os Argissolos e Latossolos A cobertura vegetal que ocorre em maior extensão na
apresentam baixa fertilidade em áreas cultivadas pela Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano é formada
cana-de-açúcar. Os Argissolos são menos profundos e de por remanescentes de Floresta Ombrófila e Estacional,
textura arenoargilosa e médio argilosa, enquanto os ocorrendo ainda, em menor extensão áreas de
Latossolos apresentam-se profundos com textura Transição Fitoecológica (Ecótono Floresta Ombrófila-
médio-argilosa e argilosa. Estes solos apresentam-se Cerrado-Formações Pioneiras) e das Formações
distróficos e eutróficos. Pioneiras sob influência Marinha (restingas) e Flúvio-
Marinha (manguezais).
Os Argissolos distróficos são menos férteis e abrangem
as maiores extensões, enquanto em relevo As maiores extensões de remanescentes de Floresta
dominantemente ondulado e forte ondulado é grande a Ombrófila e Estacional ocorrem nos municípios de
variabilidade dos solos, predominando os Argissolos União dos Palmares, São José da Laje, Ibateguara e Chã
Eutróficos e os Neossolos Litólicos, que são mais férteis, Preta (M.R. Serrana dos Quilombos); Murici, Colônia
no entanto sua ocorrência se dá em menor extensão. Leopoldina, Messias e Flexeiras (M.R. da Mata
Alagoana); São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e
Os Argissolos nas Microrregiões Geográficas Serrana Maragogi (M.R. do Litoral Norte Alagoano); Maceió,
dos Quilombos e da Mata Alagoana diferenciam-se das Paripueira e Barra de Santo Antônio (M.R. de Maceió);
Microrregiões Geográficas do Litoral Norte, Maceió, São Jequiá da Praia, Coruripe, Teotônio Vilela e Campo
Miguel dos Campos e Penedo por serem mais Alegre (M.R. de São Miguel dos Campos); Penedo e
avermelhados, argilosos e férteis. Estes solos são Piaçabuçu (M.R. de Penedo).
utilizados, geralmente por cana-de-açúcar e pastagens.
Na faixa litorânea, predominam os Neossolos Nas demais Microrregiões Geográficas (Litoral Norte,
Quartzarênicos e os Espodossolos Humilúvicos e Maceió e Penedo), mais próximas ao litoral, ocorrem
Ferrihumilúvicos. ainda, áreas de Transição Fitoecológica: Ecótono
Floresta Estacional-Cerrado; Formações Pioneiras sob
Nos principais estuários são observados Organossolos influência Marinha: praias, dunas e restingas; Flúvio-
Tiomórficos e Solos Indivisos de Mangues, e ao longo Marinha: manguezais; fluvial: várzeas e flúvio-palustre:
das planícies de inundação dos principais rios, ocorrem depressões e pântanos.
os Gleissolos Melânicos e os Neossolos Flúvicos.
As principais bacias hidrográficas que drenam a Mata Atlântica (RBMA). Nos municípios de União dos
Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano estão Palmares, São José da Laje, Ibateguara e Chã Preta (M.R.
inseridas nas Vertentes: Atlântica ou Oriental e Serrana dos Quilombos); Murici, Colônia Leopoldina,
Sanfranciscana ou Ocidental. Os rios da Vertente Messias e Flexeiras (M.R. da Mata Alagoana), ocorrem
Atlântica são formados pelos rios: Manguaba, às maiores extensões de remanescentes florestais
Camaragibe e Santo Antônio Grande (M.R. do Litoral (Floresta Ombrófila e Estacional) que resguardam certa
Norte); Meirim, Pratagy e Sumaúma (M.R. de Maceió); continuidade do Bioma Mata Atlântica no estado.
São Miguel, Jequiá e Coruripe (M.R. de São Miguel dos
Campos) e o Piauí e o Marituba seu principal afluente Visando a proteção ambiental, o poder público criou
(M.R. de Penedo). duas unidades de conservação nestas microrregiões
geográficas: a Área de Proteção Ambiental de Murici
O estuário destes rios e as lagunas Mundaú, Manguaba, (Estadual) e a Estação Ecológica de Murici (Federal),
Roteiro, Jequiá, Tabuleiro, Escura e Vermelha, dentre embora tenham sido criadas a partir de 1992, vinte
outras menores, impressionam por sua beleza e riqueza. Reservas do Patrimônio Natural, sendo dezesseis
Todos estes rios possuem regime permanente com estaduais e quatro federais.
deságue no oceano Atlântico, exceto o alto curso dos
rios Piauí e Coruripe, que são temporários. Na abrangência da Mesorregião Geográfica do Leste
Alagoano, que corresponde ao Bioma Mata Atlântica
Os municípios que formam as microrregiões geográficas em Alagoas, Assis (1998 e 2000) propôs a criação de
em apreço integram a Área Piloto da Reserva da Biosfera da vinte e seis unidades de conservação (Quadro 03).
Quadro 03: Unidades de Conservação sugeridas por Assis (1998 a; 2000) circunscrita ao Bioma Mata Atlântica em Alagoas.
24 Cobertura Vegetal de Alagoas
A cana-de-açúcar, que foi o forte componente inicial da Os municípios das Microrregiões Geográficas do Litoral
colonização, influenciou o povoamento das terras Norte, Maceió, São Miguel dos Campos e Penedo
inseridas na M.R. de Maceió, moldando praticamente possuem três características em comum: a proximidade
todos os aspectos de sua vida. A geografia, por sua vez, com o litoral e o rio São Francisco; as vastas plantações
ao contemplar este território com um rico complexo de cana-de-açúcar; e a forte relação com a capital de
hídrico, marcou profundamente seu desenvolvimento. Alagoas.
Nesse habitat, a ocupação humana se fez presente sob A sinergia dessas relações se estabelece pela
forte influência desses condicionantes que, sob vários convivência com a água, seja ela salgada, doce ou
aspectos, tiveram papel determinante na estruturação salobra, mas sempre através da pesca, da mariscagem e
do sistema de organização política e social ali instalado. no artesanato.
Encontro das lagunas Mundaú e Manguaba - Ilha de Santa Rita - Marechal Deodoro
Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 27
3.2.2- Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano Os solos na M.R. de Palmeira dos Índios são formados
por Planossolos Háplicos, Latossolos Vermelhos e
A Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano é Luvissolos Crômicos, enquanto na M.R. de Arapiraca,
formada pelas Microrregiões Geográficas de Palmeira ocorrem ainda, os Latossolos Vermelhos Amarelos
dos Índios, Arapiraca e Traipu. Apresenta-se como a Eutróficos e na M.R de Traipu, em menor extensão
2
menor do Estado de Alagoas, abrangendo 5.757,46 km , ocorrem os Neossolos Litólicos.
o que corresponde a 21% do território alagoano,
compreendida por vinte e quatro municípios, com Os Neossolos Litólicos são solos pouco a medianamente
destaque para Arapiraca e Palmeira dos Índios. profundos, moderadamente drenados, arenosos e de
fertilidade natural alta, geralmente explorado
intensamente com culturas de subsistência.
Os municípios da M.R. de Traipu têm características ca (Ecótono Floresta Estacional Caatinga) estão
comuns aos municípios da M.R. de Penedo, como por localizados na Mesorregião Geográfica do Agreste
exemplo: a presença do rio São Francisco e a Alagoano, em especial, nos municípios de Palmeira dos
proximidade/ acessibilidade com as cidades sergipanas Índios, Quebrangulo e Tanque D'Arca, na M.R. de
banhadas pelo rio São Francisco, numa interação Palmeira dos Índios; ocorrendo ainda no município de
geoeconômica que fortalece a dinâmica de seu Traipu, na Microrregião Geográfica homônima e no de
desenvolvimento.
Girau do Ponciano, na M.R. de Arapiraca.
Devido ao estado de preservação/conservação das suas
matas, à extensão dos seus fragmentos florestais como
corredores ecológicos ligando as matas de Alagoas e Estes remanescentes, segundo as orientações de Brasil
Pernambuco, justificou, na década de 1990, a criação da (1994), estão inseridos no Bioma Caatinga em Alagoas.
Reserva Biológica de Pedra Talhada (federal), sendo a As pequenas “manchas” de remanescentes, no
única Unidade de Conservação inserida na Mesorregião entanto, apresentam-se bastante fragmentadas e
Geográfica do Agreste Alagoano, localizada na sua isoladas. Tanto é que na abrangência dessa faixa de
porção extremo nordeste (M.R. de Palmeira dos Índios). Transição Fitoecológica na Mesorregião Geográfica do
Leste Alagoano, Assis (2000), propôs a criação de
Os pouquíssimos remanescentes de Transição Fitoecológi- apenas quatro unidades de conservação (Quadro 04).
Quadro 04: Unidades de Conservação sugeridas por Assis (1998 a; 2000) na faixa de Transição Fitoecológica.
A produção comercial mais volumosa de leite está nas A microrregião geográfica abrange praticamente toda
grandes fazendas, que possuem um rebanho de melhor região fumageira, que por sinal, há muito tempo deixou
qualidade. de ser produtora exclusiva de fumo, diversificando sua
agricultura, cultivando atualmente milho, hortaliças,
A agricultura de subsistência é representada por
abacaxi e inhame, mantendo tanto suas lavouras
milhares de pequenas propriedades familiares. A
industrialização do leite também é hierarquizada - a tradicionais, como o seu mundo rural centrado na
parte maior vai para o laticínio que está localizado na pequena propriedade familiar.
sede regional, que é a maior de Alagoas, e a menor é
destinada às fabriquetas de queijo e manteiga e às A cidade de Arapiraca é a segunda maior cidade de
unidades médias, que produzem iogurte ou leite Alagoas, concentrando o mais amplo comércio de serviços
pausterizado. permanente. Apresenta também um distrito fabril, que
Cobertura Vegetal de Alagoas 29
industrializa parte da produção agrícola local; a maior A M.R. de Arapiraca é considerada ainda, a mais
feira semanal do Estado; e um setor de serviços democrática no acesso a terra e com melhor
(médico-hospitalar, bancário, ensino), dimensionados distribuição de renda. Esses fatores proporcionaram a
para atender os municípios do agreste e sertão de construção de seu forte capital social, tendo como base
Alagoas. Por isso, as pequenas cidades vizinhas mantêm os movimentos cooperativista, sindical e comunitário.
com Arapiraca estreitos vínculos de dependência
econômica.
3.2.3- Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano Os pediplanos são compreendidos por planos bastante
regular e suavemente inclinados para a calha do São
A Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano é Francisco, cuja monotonia é cortada por serras, cristas
formada pelas Microrregiões Geográficas Serrana do assimétricas e inselbergues.
Sertão Alagoano, Alagoana do Sertão do São Francisco,
Santana do Ipanema e Batalha. Os inselbergues são assim chamados por se assemelhar
a ilhas cercadas por pediplanos, testemunhando uma
Esta mesorregião geográfica é a segunda maior do superfície de rochas pré-existentes e desgastadas pela
2
Estado de Alagoas, com 8.769,19 km , o equivalente a
ação do intemperismo físico ou desagregação mecânica.
32% do território alagoano, e abrangendo vinte e seis
Os pediplanos formam, assim, uma superfície de
municípios, entre os quais: Delmiro Gouveia, Santana
pediplanação, conhecida geomorfologicamente como
do Ipanema, Mata Grande, Pão de Açúcar, Piranhas e
Água Branca. Depressão Sertaneja.
fruticultura perene. No município de Água Branca, Estacional e os Refúgios Ecológicos) estão localizados
observa-se a ocorrência de Cambissolos Háplicos. nos Municípios da M.R. Serrana do Sertão Alagoano
(Mata Grande e Água Branca); M.R. Alagoana do Sertão
Na Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano do São Francisco (Delmiro Gouveia, Olho D'Água do
destacam-se, ainda, os maciços residuais de Mata Casado e Piranhas); e na M.R. de Santana do Ipanema
Grande, Água Branca e Santana do Ipanema, com as (Maravilha, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema,
altitudes acima de 700 metros, representadas pelas Senador Rui Palmeira, São José da Tapera e Pão de
Serras da Lagoa de Santa Cruz (844m) do Parafuso Açúcar).
(809m) e da Onça (806 m), localizadas no município de
Mata Grande; a Serra da Caiçara (839m), localizada no No entanto, pequenas “manchas” de remanescentes de
município de Maravilha e a Serra de Água Branca Caatinga, de forma bastante fragmentada e
(788m), localizada no município homônimo, e as Serras descontínua, ainda podem ser observadas nos
do Poço e do Almeida, ambas com 757m, localizadas no município de Belo Monte, na M.R. de Batalha.
município de Santana do Ipanema.
No Bioma Caatinga em Alagoas só existe apenas duas
As principais bacias hidrográficas que drenam essa unidades de conservação criadas: O Monumento
mesorregião geográfica são comandadas pelos rios: Natural Canyons do Rio São Francisco (Federal) e Parque
Moxotó e Capiá (Microrregiões Geográficas Serrana do Ecológico Municipal da Pedra do Sino (município de
Sertão Alagoano e Alagoano do Sertão do São Fran- Piranhas), embora existam quatro Reservas Particulares
cisco); Riacho Grande e Ipanema (M.R. de Santana do do Patrimônio Natural criadas pelo poder público
Ipanema); e parte do rio Traipu (M.R. de Batalha). Todos estadual, e encaminhado ainda, a criação do Refúgio de
esses rios apresentam regime temporário e deságuam Vida Silvestre Morros do Craunã e do Padre, no
no rio São Francisco. município de Água Branca.
Quadro 05: Unidades de Conservação sugeridas por Assis (1998 a; 2000) no bioma Caatinga.
32 Cobertura Vegetal de Alagoas
3.2.3.2- Aspectos socioeconômicos As cidades, sem indústrias, têm fraca expressão urbana
e o comércio depende das transferências dos programas
sociais e dos benefícios do INSS. Articuladas, essas
A economia dos municípios da Mesorregião Geográfica localidades, a exemplo de todo o sertão alagoano,
do Sertão Alagoano está baseada na agropecuária, podem se constituir num pólo alternativo de turismo
destacando-se o rebanho bovino para corte. Esta regional.
mesorregião geográfica, posicionada em pleno
semiárido nordestino, tem sua unidade construída na Uma nova perspectiva de desenvolvimento agrícola se
paisagem da Caatinga. abre aos moldes de perímetros irrigados, como
acontece no submédio do rio São Francisco (Petrolina-
Grande parte dos remanescentes desta unidade
PE - Juazeiro-BA) com a construção do canal do sertão,
fitoecológica encontra-se bastante fragmentada, em
com suas obras já iniciadas em seu primeiro trecho.
face da introdução da pecuária extensiva, das imensas
plantações de palma forrageira e da agricultura
tradicional sertaneja do feijão e do milho.
Na porção oriental da Mesorregião Geográfica do Sertão
A indústria apresenta características rudimentares, Alagoano, merece destaque a M.R. de Batalha, formada
como a casa de farinha, as fabriquetas de queijo, e com pelo município homônimo, Belo Monte, Jacaré dos
um pouco do artesanato de couro. Homens, Jaramataia, Major Isidoro, Monteirópolis, Olho
D'Água das Flores e Olivença.
O latifúndio não é o problema central da referida
mesorregião geográfica, e sim, os milhares de pequenos O sistema produtivo desta microrregião geográfica está
estabelecimentos carentes de crédito, assistência fundamentado na ultra-especialização da pecuária do
técnica e facilidades na comercialização. leite, representa pouco mais de 1/10 do rebanho bovino
do estado, com mais de 1/4 das vacas ordenhadas,
Esse conjunto de dificuldades tem implicado na baixa responsáveis por mais de 2/3 do leite alagoano.
produtividade das culturas agrícolas e na redução da
produção nos últimos anos. A pobreza no campo e a Os municípios da M.R. de Batalha são confundidos com a
ausência de vida urbana geraram, em especial no Médio própria Bacia Leiteira de Alagoas, que é mais ampla e
Sertão Alagoano, indicadores sociais negativos.
conta com municípios da região de Santana do Ipanema
e de Palmeira dos Índios.
O Sertão Alagoano, no qual se encontram inseridos os
municípios da mesorregião geográfica homônima,
A agricultura tradicional sertaneja (feijão, milho e
apresenta algumas características comuns na sua
economia: uma agricultura que, apesar da proximidade mandioca) é complementar à atividade principal, que
do rio São Francisco, não possui áreas/perímetros engloba a produção do leite na fazenda, a
irrigados, permanecendo, assim, marcada por um industrialização nas pequenas cidades e todo um
conjunto de culturas tradicionais, como o feijão, o milho complexo de apoio escritórios, pontos comerciais,
e a mandioca. agências bancárias, transportes que viabiliza esse
arranjo produtivo.
A pecuária encontra na bovinocultura seu plantel mais
numeroso, contando com uma crescente participação A pressão da competição fez a região se modernizar,
de ovinos e caprinos. incorporando tecnologias e novos métodos de
produção. A região busca respostas para os desafios da
O mundo rural sertanejo apresenta um elemento que atualidade.
poderá ser à base de sua modernização e diversificação,
no caso, as dezenas de povoados onde se localizam 17
mil estabelecimentos familiares.
Cobertura Vegetal de Alagoas 33
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Recursos Naturais, v. 30, 1983.
Tabela 04: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião Serrana dos
Quilombos segundo área absoluta (km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
4.2- Microrregião da Mata Alagoana Nesta Microrregião ocorre a maior área de cobertura
vegetal remanescente do estado com 416,8 km², o
A Microrregião da Mata Alagoana é a maior do estado correspondente a pouco mais de 10,40% da
de Alagoas com 4007,57 km² e, por conseguinte a maior Mesorregião do Leste Alagoano (Tabela 05).
da Mesorregião do Leste Alagoano. A microrregião é
formada pelos municípios de Atalaia, Branquinha, Nos municípios de Colônia de Leopoldina (42,18 km²),
Cajueiro, Campestre, Capela, Colônia de Leopoldina, São Luís do Quitunde (43,01 km²), Matriz do
Flexeiras, Jacuípe, Jundiá, Joaquim Gomes, Matriz do Camaragibe (44,71 km²), Flexeiras (45,19 km²) e Murici
Camaragibe, Messias, Murici, Novo Lino, Porto Calvo e (57,66 km²) ocorrem pouco mais da metade da
São Luís do Quitunde. cobertura vegetal da Microrregião.
Na maioria dos municípios desta Microrregião ocorrem Nos municípios de Branquinha (16,8%), Joaquim Gomes
remanescentes de Floresta Ombrófila, como é o caso de (14,3%), Flexeiras (14,3%), Colônia Leopoldina (14,6%),
Campestre, Jundiá, Novo Lino, Messias, Jacuípe, Atalaia, Murici (13,6%), Matriz do Camaragibe (13,5%), Porto
Joaquim Gomes, Flexeiras, Murici e Colônia Leopoldina, Calvo (11,30%) e Messias (10,30%) apresentam as
Capela e Branquinha, nestes dois últimos ocorrem ainda maiores áreas de cobertura vegetal remanescente em
remanescentes de Floresta Estacional. relação aos seus territórios, enquanto os municípios de
Campestre (1,20%) e Jundiá (2,30%) apresentam as
Nos municípios de Porto Calvo, Matriz do Camaragibe e menores áreas de cobertura vegetal.
São Luís do Quitunde, ocorrem remanescentem de
Floresta Ombrófila e áreas das Formações Pioneiras sob Os maiores números de fragmentos de cobertura
influência Flúvio-Marinha (mangues). vegetal na M.R. da Mata Alagoana ocorrem nos
municípios de Atalaia (97), Flexeiras (99), Colônia de
São observados ainda remanescentes de Floresta Leopoldina (102), Murici (122), Matriz do Camaragibe
Estacional, no município de Cajueiro (Estado de Alagoas (140) e São Luís do Quitunde (187), totalizando pouco
- Microrregião da Mata Alagoana - Mapa da Cobertura mais da metade (53%). No município de Campestre
Vegetal Remanescente). ocorre o menor número de fragmentos (5), seguido de
Jundiá (20) e Cajueiro (27).
Tabela 05: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião da Mata
Alagoana segundo área absoluta (km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos
Município Cobertura vegetal remanescente
Número de
Denominação Área (km²) Área (km²) Área (%)
fragmentos
Atalaia 532,78 30,07 5,64 97
Branquinha 191,44 32,22 16,83 43
Cajueiro 124,58 8,06 6,47 27
Campestre 54,14 0,65 1,2 5
Capela 205,78 11,35 5,51 53
Colônia de Leopoldina 287,98 42,18 14,65 102
Flexeiras 316,53 45,19 14,27 99
Jacuípe 217,48 11,94 5,49 64
Jundiá 120,03 2,80 2,33 20
Joaquim Gomes 239,28 34,34 14,35 83
Matriz do Camaragibe 330,95 44,71 13,51 140
Messias 113,11 11,67 10,32 39
Murici 424,73 57,66 13,57 121
Novo Lino 182,79 11,43 6,25 55
Porto Calvo 260,87 29,52 11,31 82
São Luís do Quitunde 405,10 43,01 10,62 187
Total 4007,57 416,8 10,40 1217
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
38 Cobertura Vegetal de Alagoas
Tabela 06: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião de Penedo segundo área absoluta
(km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
4.4- Microrregião de São Miguel dos Campos município de Anadia, além deste último, ocorrem
maciços de Floresta Ombrófila (Estado de Alagoas -
A Microrregião de São Miguel dos Campos é a segunda Microrregião de São Miguel dos Campos - Mapa da
em extensão territorial da Mesorregião do Leste Cobertura Vegetal Remanescente).
Alagoano, com 2982,04 km². Formam esta microrregião Nesta Microrregião ocorre a terceira menor cobertura
os municípios de São Miguel dos Campos, Anadia, Boca vegetal remanescente da Mesorregião do Leste
da Mata, Campo Alegre, Coruripe, Jequiá da Praia, Alagoano, com apenas 396,8 km² (13,31%).
Junqueiro, Roteiro e Teotônio Vilela. No município de Coruripe ocorre mais de 40% (160,63
Na maioria dos municípios desta Microrregião ocorrem km²) da cobertura vegetal da Mesorregião do Leste
remanescentes de Floresta Ombrófila e Estacional. Nos Alagoano (Tabela 07).
municípios de Roteiro, Jequiá da Praia e Coruripe,
ocorrem ainda áreas das Formações Pioneiras Marinhas Os municípios de Jequiá da Praia (19,80%), Coruripe
(restingas herbáceas) e Flúvio-Marinhas (mangues), e (17,60%) e Roteiro (17,10%), apresentam as maiores
em Campo Alegre, além de remanescente de Floresta áreas de remanescentes vegetacionais em relação aos
Ombrófila, ocorrem remanescentes de Cerrado, no seus territórios, enqunto, Anadia (6,12%), Boca da Mata
entanto, bastante descaracterizados. (6,22%), Teotônio Vilela (9,75%) e Campo Alegre
(7,46%) apresentam as menores áreas de cobertura
Nos municípios de Junqueiro e Teotônio Vilela, ocorrem vegetal da microrregião.
apenas remanescentes de Floresta Estacional e no
Tabela 07: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião de São Miguel dos Campos
segundo área absoluta (km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
4.5- Microrregião do Litoral Norte Alagoano Nesta Microrregião ocorre à menor extensão de
remanescentes de cobertura vegetal do estado, com
171,89 km² (18,27%), como se observa na tabela 08.
A Microrregião do Litoral Norte Alagoano está
localizada na porção oriental da Mesorregião do Leste Nos municípios de Maragogi (59,28 km²) e Porto de
Alagoano. Esta é formada pelos municípios de Pedras (44,28 km²) ocorrem mais de 60% da cobertura
vegetal desta Mesorregião.
Maragogi, Japaratinga, Passo de Camaragibe, Porto de
Pedras e São Miguel dos Milagres, somando 940,88 km², São Miguel dos Milagres (30,80%) e Passo de
constituindo assim, na menor extensão territorial da Camaragibe (20,33%) apresentam as maiores áreas de
Mesorregião. remanescentes vegetacionais em relação aos seus
territórios, enquanto, Japaratinga (12,18%) e Maragogi
(17,70%), apresentam as menores áreas de cobertura
Na maioria destes municípios ocorrem remanescentes vegetal da microrregião.
de Floresta Ombrófila, e em menor extensão, ocorrem Em Maragogi (161) e Porto de Pedras (111) ocorrem os
ainda, remanescentes de Transição Fitoecológica maiores números de fragmentos da cobertura vegetal
(Floresta Ombrófila Cerrado) e áreas das Formações da Microrregião, totalizando quase 61%. Nos municípios
Pioneiras Flúvio-Marinhas (Estado de Alagoas - de São Miguel dos Milagres (47) e Japaratinga (52)
Microrregião do Litoral Norte Alagoano - Mapa da ocorrem os menores números de fragmentos de
Cobertura Vegetal Remanescente). cobertura vegetal.
Tabela 08: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião do Litoral Alagoano segundo área
absoluta (km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Tabela 09: Distribuição da cobertura vegetal remanescente nos municípios da Microrregião de Maceió segundo área absoluta
(km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
4.7- Microrregião de Palmeiras dos Índios Nesta Microrregião ocorrem apenas 11,14% da
cobertura vegetal remanescente da Mesorregião do
Agreste Alagoano (Tabela 10).
A Microrregião de Palmeira dos Índios, com 2.372,57
km², é a segunda maior da Mesorregião do Agreste São poucos os municípios onde ocorre uma cobertura
Alagoano, formada pelos municípios de Palmeira dos vegetal expressiva, se assim pode-se dizer, dada a
Índios, Belém, Cacimbinhas, Estrela de Alagoas, pequena extensão de remanescentes em estágio
Igaci, Marimbondo, Mar Vermelho, Minador do próximo da originalidade.
Negrão, Paulo Jacinto, Quebrangulo e Tanque
d'Arca. Os municípios de Tanque D´Arca (19,68%), Belém
(18,56%), Quebrangulo (17,99%) e Palmeira dos Índios
Em praticamente todos os municípios desta (15,74%), são os que apresentam as maiores áreas de
Microrregião ocorrem formações de Floresta Estacional
remanescentes vegetacionais em relação aos seus
e de Transição Fitoecológica (Ecótono Floresta
territórios, totalizando mais de 62% (165km²).
Estacional Caatinga), exceto Mar Vermelho, Paulo
Jacinto e Quebrangulo, onde ocorrem apenas Nos demais municípios ocorrem às menores áreas de
remanescentes de Floresta Estacional. remanescentes vegetacionais, com menos de 10%,
Em Minador do Negrão e Estrela de Alagoas ocorrem como Igaçi (2,38%), Paulo Jacinto (4,8%), Cacimbinhas
ainda remanescentes da Faixa de Transição supracitada. (5,41%) e Estrela de Alagoas (9,13%).
O município de Cacimbinhas é o único onde ocorrem
formações de Caatinga e de Floresta Estacional. Em Quebrangulo (156) e Palmeira dos Índios (193)
ocorrem as maiores quantidades de fragmentos de
Em Maribondo e Tanque D'Arca ocorrem além de
cobertura vegetal, totalizando pouco mais de 42%.
remanescentes de Floresta Estacional, remanescentes
Compõe o quadro das menores quantidades de
de Florestas Ombrófila. (Estado de Alagoas -
Microrregião de Palmeira dos Índios - Mapa da fragmentos florestais, os municípios de Belém (33),
Cobertura Vegetal Remanescente). Minador do Negrão (36) e Paulo Jacinto (46).
Tabela 10: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião de Palmeira dos Índios segundo
área absoluta (km²), área relativa (%) e número de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Tabela 11: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião de Arapiraca segundo área
absoluta (km²), área relativa (%) e número de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
4.9- Microrregião de Traipu extensão territorial (698,29 km²) em relação aos demais
municípios: Olho d'Água Grande (70 fragmentos
A Microrregião de Traipu, esta localizada na porção sul distribuídos em 118,58 km²) e São Brás (67 fragmentos
da Mesorregião do Agreste Alagoano. Com 956,91 km², distribuídos em 140,04 km²).
constitui a menor desta mesorregião.
Esta Microrregião detém a segunda maior cobertura
Os municípios de Traipu, Olho D´Água Grande e São Brás
vegetal remanescente da Mesorregião do Agreste
compõem esta Microrregião, e em todos eles ocorrem
Alagoano, com pouco mais de 231km², e a maior com
remanescentes de Transição Fitoecológica (Ecótono
Floresta Estacional Caatinga). relação a sua área territorial com aproximadamente
25%.
No município de Traipu, o maior da microrregião, ainda
ocorrem remanescentes de Caatinga (Estado de Alagoas No município de Traipu ocorre a maior cobertura vegetal
- Microrregião de Traipu - Mapa da Cobertura Vegetal da microrregião homonímia com quase 177 km²
Remanescente). (76,40% da área total), mas apesar de sua extensão
territorial, ocupa o segundo lugar em percentual de
Nesta Microrregião ocorre o menor número de distribuição de vegetação (25,32%).
fragmentos da cobertura vegetal remanescente da
Mesorregião do Agreste Alagoano, totalizando apenas São Brás resguarda apresenta um maior percentual de
382 (Tabela 12).
cobertura vegetal em relação ao seu território, com
28,41%, enquanto Olho D'Água Grande registra apenas
O município de Traipu (245 fragmentos) apresenta
pouco mais de 64% destes fragmentos, no entanto, esse 12,50% de cobertura vegetal em relação a sua área
número é meramente ilusório, dada sua grande territorial.
Tabela 12: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião de Traipu segundo área absoluta
(km²), área relativa (%) e número de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
4.10- Microrregião Serrana do Sertão Alagoano A cobertura vegetal remanescente abrange pouco mais
de 18% da Microrregião (Tabela 13). No município de
A Microrregião Serrana do Sertão Alagoano é a segunda Mata Grande (220), Canapi (147) e Água Branca (101),
ocorrem quase 77% dos fragmentos de cobertura
maior da Mesorregião do Sertão Alagoano. Localizada
vegetal. As maiores extensões de remanescentes, quase
no extremo noroeste do estado, abrangendo 2.569,03
60%, estão concentradas nos municípios de Água Branca
km², formada pelos os municípios de Água Branca, (120,85 km²) e Mata Grande (161,34 km²).
Canapi, Inhapi, Mata Grande e Pariconha.
Os municípios de Pariconha (30,65%) e Água Branca
Na maioria dos municípios desta Microrregião ocorre (26,58%) apresentam o maior percentual de cobertura
remanescentes de Caatinga, seguido de Floresta vegetal, com relação a sua área territorial. Em Inhapi, a
situação é mais preocupante, ocorrendo apenas 4,53%
Decidual e Refúgios Ecológicos (Estado de Alagoas -
de cobertura vegetal, muito abaixo dos percentuais
Microrregião Serrana do Sertão Alagoano - Mapa da
apresentados por Mata Grande (16,08%) e Canapi
Cobertura Vegetal Remanescente). (17,77%).
Tabela 13: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião Serrana do Sertão Alagoano
segundo área absoluta (km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
4.11- Microrregião Alagoana do Sertão do São vegetal remanescente está preservada (Estado de
Francisco Alagoas - Microrregião Serrana do Sertão do São
A Microrregião Alagoana do São Francisco é menor da Francisco - Mapa da Cobertura Vegetal Remanescente).
No município de Delmiro Gouveia, com pouco mais de
Mesorregião do Sertão Alagoano, com 1.335,57 km². Em
67% (187,59 km²), ocorre à maior extensão absoluta e
todos os municípios dessa Microrregião ocorrem p e rc e nt u a l ( 3 0 , 9 9 % ) d e co b e r t u ra ve geta l
remanescentes de Caatinga, entretanto, em Delmiro remanescente da microrregião, comparada aos demais
Gouveia e Olho D´Água do Casado, ocorrem pequenas municípios nela inseridos (Tabela 14).
extensões de áreas de Refúgio Ecológico (Relíquias Olho D'Água do Casado (11,62%) e Piranhas (13,35%)
Paleoambientais). apresentam uma cobertura vegetal considerada
pequena em relação aos seus territórios. A soma de seus
Essa microrregião é a menor em ocorrência de fragmentos de
fragmentos (148) não ultrapassa o total de Delmiro
cobertura vegetal (323), representando aproximadamente Gouveia, com pouco mais de 54%, totalizando 175
13% da mesma. Quase 21% de sua cobertura fragmentos da Microrregião Alagoana do São Francisco.
Tabela 14: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião Alagoana do São Francisco
segundo área absoluta (km²), área relativa (%) e número de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
4.12- Microrregião de Santana do Ipanema Apenas pouco mais de 19% da cobertura vegetal
remanescente dessa Microrregião estão preservados,
A Microrregião de Santana do Ipanema, com 3.065,72 com destaque para os municípios de Pão de Açúcar
km², é a maior da Mesorregião do Sertão Alagoano. (25,38%) e Santana do Ipanema (39,35%), onde ocorre
Compõe esta microrregião os municípios de Carneiros, pouco mais de 57% (339,58km²).
Dois Riachos, Maravilha, Ouro Branco, Palestina, Pão de Nos municípios de Palestina (21,56%), Carneiros
Açúcar, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São (23,21%), Pão de Açúcar (25,38%), Poço das Trincheiras
José da Tapera e Senador Rui Palmeira. (29,62%) e Santana do Ipanema (39,53%) ocorrem às
Em todos os municípios da microrregião ocorrem maiores coberturas vegetais remanescentes, com
remanescentes de Caatinga, sendo que em Maravilha, relação as suas áreas territoriais, enquanto, Ouro
Poço das Trincheiras e Santana do Ipanema, ocorrem Branco (2,81%), Maravilha (7,54%), Senador Rui
ainda, remanescentes de Transição Fitoecológica: Palmeira (7,54%) e São José da Tapera (9,75%),
Ecótono Caatinga Floresta Estacional (Estado de apresentam as menores extensões de cobertura
Alagoas - Microrregião de Santana do Ipanema - Mapa vegetal com relação as suas áreas territoriais (Tabela
da Cobertura Vegetal Remanescente). 15).
Tabela 15: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião de Santana do Ipanema segundo
área absoluta (km²), área relativa (%) e número de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Tabela 16: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião de Batalha segundo área
absoluta (km²) área relativa (%) e número de fragmentos
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Tabela 17: Ranking segundo a área absoluta (km²) da cobertura vegetal de Floresta Ombrófila dos municípios
alagoanos
Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Cobertura Vegetal de Alagoas 51
Tabela 18: Ranking segundo a área relativa da cobertura vegetal de Floresta Ombrófila dos municípios alagoanos
Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
52 Cobertura Vegetal de Alagoas
Tabela 19: Ranking segundo o número de fragmentos da cobertura vegetal remanescente de Floresta Ombrófila
dos municípios alagoanos
Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Cobertura Vegetal de Alagoas 53
Tabela 20: Ranking segundo a área absoluta (km²) e Tabela 21: Ranking segundo a área relativa (%) da
relativa (%) da cobertura vegetal remanescente de cobertura vegetal remanescente de Floresta
Floresta Estacional dos municípios alagoanos Estacional dos municípios alagoanos
Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
54 Cobertura Vegetal de Alagoas
Tabela 22: Ranking segundo o número de fragmentos Tabela 23: Ranking segundo a área absoluta (km²) da
da cobertura vegetal remanescente de Floresta cobertura vegetal remanescente das Formações
Estacional dos municípios alagoanos Pioneiras dos municípios alagoanos
Tabela 24: Ranking segundo a área relativa (%) da cobertura Tabela 25: Ranking segundo o número de fragmentos da
vegetal remanescente das Formações Pioneiras dos cobertura vegetal remanescente das Formações Pioneiras
municípios alagoanos dos municípios alagoanos
Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados
georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela. georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
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Escala 1: 400.000. BRASIL, República Federativa do Brasil.
Vegetação é quando um conjunto de plantas ocupa uma A Florística é conhecida como a escola de Martius (Karl
determinada área geográfica de forma contínua, ou, Friedrich Von Martius 1794-1868, autor da obra Flora
quando comunidades ou unidades vegetativas se Brasiliensis, produzida entre 1840 e 1906), e tem como
desenvolvem de acordo com as leis biológicas e objetivo conhecer os diferentes táxons existentes
perfeitamente definidas, não sendo, portanto, um mero (famílias, gêneros e espécies), definindo parentescos e
agregado de árvores, arbustos e ervas, por simples similaridades
casualidades. O levantamento ou reconhecimento da flora é um
Desta forma, várias populações de espécies diferentes importante instrumento para conhecer a distribuição
de plantas crescem e compartilham uma mesma área, dos vegetais no espaço geográfico.
formando assim comunidades. Essas comunidades vão
formar um tipo de vegetação, onde as espécies de A corrente Fitossociológica-biológica é um
plantas que ali vivem apresentam-se dependentes de desmembramento da linha Florística, adicionando à
seu ambiente e se influenciam entre si, inclusive análise, variáveis estatísticas que resultam no maior
provocando modificações em seu próprio ambiente conhecimento das relações biológicas dos vegetais com
(Ab'Saber et al, 1986). o espaço geográfico, que são expressas na fisionomia (o
porte da vegetação, alto, baixo, florestal, arbustivo,
A Fitogeografia, uma das disciplinas da Biogeografia,
herbáceo).
trata sobre a distribuição geográfica das plantas,
detendo-se sobre os inúmeros fatores que afetam esta Finalmente, a linha Fisionômico-ecológica, também
distribuição sobre nosso planeta, tais como o clima, a conhecida como a Moderna Fitogeografia de Schimper
disponibilidade de luz, água, temperatura, solos, etc. (Schimper, 1903). Segundo Veloso et al (apud Assis,
Tanto se preocupa com as comunidades de plantas de 1998), “Schimper tentou unificar as paisagens mundiais
uma forma em geral, bem como um táxon específico de acordo com as estruturas fisionômicas”.
(família, gênero ou espécie). Nesta linha de estudo, reitera Assis (1998), não se usa a
Segundo Assis (1998), a Fitogeografia segue três linhas taxonomia ou sistemática para a classificação das
teóricas de estudo: a Florística, a fitossociológica e a plantas, e sim a biotípica, nem tão pouco se usa o termo
Fisionômio-ecológica. espécie, e sim ecótipos.
62 Cobertura Vegetal de Alagoas
Ainda na linha Fisionômica, Assis (1998) informa que o Esta classificação ainda é válida devido ao alto nível das
termo “Formação” também vem a ser empregado, o coleções botânicas que representam os ambientes
que significa “uma coabitação botânica individualizada classificados, e que na época fora estabelecido por
pelas formas biológicas dominantes”. Este termo é grandes especialistas da área.
graças a Grisebach (1814-1879), considerado um dos
A segunda tentativa de classificação surgiu com
fundadores da Geobotânica.
Gonzaga de Campos, mais de um século após os
Os estudos em fitogeografia resultaram na classificação trabalhos de Martius. Desta vez a classificação põe de
dos diferentes tipos de vegetação que conhecemos. Por lado a florística e se baseia em aspectos da fisionomia e
exemplo, no Brasil a vegetação é dividida, segundo os da estrutura da vegetação (classificação fisionômica-
aspectos geográficos, em dois territórios, o Amazônico estrutural).
e o Extra-amazônico.
Gonzaga de Campos, então classifica a vegetação
O território Amazônico é marcado por um clima com brasileira da seguinte forma:
temperaturas médias na faixa de 25°C e chuvas bem
A) Florestas:
distribuídas ao longo do ano.
I- Floresta Equatorial i- das várzeas
Ao contrário deste primeiro, o espaço Extra-amazônico
se destaca com dois tipos climáticos, um deles tropical ii- das terras firmes
com temperaturas médias em torno de 22°C e com
II- Floresta Atlântica i- das encostas
chuvas marcadas com déficit ou deficiência hídrica que
ultrapassa os 60 dias, e o outro, um clima subtropical ii- dos pinheiros
com temperaturas de inverno de 18°C, chuvas
III- Floresta Pluvial do Interior i- Savana
moderadas e bem distribuídas durante todo o ano, sem
haver déficit hídrico. ii- Cerradão
No espaço Amazônico, portanto, caracteriza-se pela IV- Matas ciliares
ombrofilia (floresta ombrófila surgiu em substituição à
V- Capoeiras e Capoeirões
floresta fluvial tropical. Ambas, porém, têm o mesmo
significado amigo das chuvas. Caracterizam as B) Campos:
fisionomias ecológicas tropicais e costeiras.
I- Pastos
Florestas ombrófilas têm grandes chuvas constantes),
II- Campinas
enquanto no espaço extra-amazônico, além de haver
regiões com ombrofilia, há também regiões de clima III- Campos do Sul i- limpos
estacional (que possui um período de déficit hídrico
Ii- sujos
estação chuvosa, estação da seca).
IV- Campos Cerrados
O Brasil insere-se, portanto, numa região denominada
de Neotropical, e nesta, a vegetação se distribui de V- Campos Alpinos
acordo com o clima, os diversos tipos de solo, relevo e
C) Caatingas
disponibilidades hídricas, além de uma gama de fatores
diversos que se complementam.
Os estudos de classificação da vegetação do Brasil Em 1940, o botânico Alberto Sampaio assume a
passaram por diversas fases. Ao todo 11 tipos distintos, situação do espaço amazônico, batizando de Hylea
iniciando com a Classificação de Martius, em 1824, que Amazônica, e espaço Extra-amazônico. Desta forma a
se baseia na composição da flora dos ambientes, onde o classificação apresenta esta dicotomia:
mesmo destaca 5 regiões florísticas:
I- Flora Amazônica ou Hylea brasileira:
i- do Alto rio Amazonas
A) Nayades (Flora Amazônica) ii- do Baixo rio Amazonas
II- Flora Geral ou Extra-amazônica:
B) Hamadryades (Flora Nordestina)
i- zona dos Cocais
C) Oreades (Flora do Centro-Oeste) ii- Zona das caatingas
iii- Zona das Matas Costeiras
D) Dryades (Flora da Costa Atlântica) e
iv- Zona dos Campos
E) Napeias (Flora subtropical) v- Zona dos Pinhais
vi- Zona Marítima
Cobertura Vegetal de Alagoas 63
Na mesma década, em 1943, o geógrafo Lindalvo Complexo do Pantanal, complexo da Restinga, Complexo
Bezerra da Silva apresenta nova classificação baseada do Pinheiral, Campos do Alto Rio Branco e finalmente
na fisionomia dos ambientes, além de recorrer a termos Campos da Planície Rio-grandense. Em 1979, Rizzini
regionais, sendo a primeira baseada no caráter rever seus estudos e adota o caráter fisionômico das
fisionômico das formações vegetais, de acordo com a formações, resultando na seguinte classificação:
conceituação de Grisebach, pesquisador alemão que
editou a Flora Brasiliense em 1859.
A) Matas ou florestas
A classificação de Lindalvo Bezerra: I- Floresta Paludosa
i- Amazônica
ii- Litorânea
I- Formações florestais ou arbóreas: iii- Austral
i- Floresta Amazônica ou Hylea brasileira iv- Marítima
ii- Mata Atlântica II- Floresta Pluvial
iii- Mata dos Pinhais ou Floresta de araucária i- Amazônica
iv- Mata do rio Paraná ii- Esclerófila
v- Babaçuais ou Cocais de Babaçu iii- Montana
iv- Baixo-Montana
vi- Mata de Galeria v- dos Tabuleiros
vi- de Araucária
II- Formações arbustivas: vii- Ripária ou em manchas
i- Caatinga
III- Floresta Estacional
ii- Cerrado i- Mesófila Perenifólia
iii- Campos Gerais ii- Mesófila Semidecídua
iv- Campinas ou Campos Limpos iii- de Orbignya (babaçu)
iv- Mesófila Decídua
v- Mesófila Esclerófila
III- Formações complexas: vi- Xerófita Decídua
I- Formação do Pantanal
ii- Formações litorâneas IV- Thicket (Scrub)
i- Lenhoso Atlântico
ii- Esclerófilo Amazônico
Em 1950, Aroldo de Azevedo utiliza a mesma iii- Esclerófilo
classificação de Lindalvo Bezerra, não havendo iv- Lenhoso-Espinhoso
modificações nesta estrutura. Já em 1960, Edgard v- Suculento
Kuhlmann apresenta nova classificação, desta vez, vi- em moitas
embasado em conceitos de clima e estrutura, além de V- Savana
terminologias regionais, conforme se apresenta a i- Central
seguir. ii- Litorâneo
B) Campo ou Grassland
I- Tipos arbóreos
i- Floresta trópico equatorial I- Limpo de Quartzito
ii- Floresta semidecídua tropical
iii- Floresta de Araucária II- Limpo de Canga
iv- Manguezal III- Gerais
Segundo Assis (1998), a equipe do Projeto I) Região Ecológica da Floresta Estacional Decidual
RADAMBRASIL emprega o termo Região Fitoecológica, (Floresta Caducifólia)
e que serve para “identificar um determinado ambiente I- Aluvial
II- Das Terras Baixas
fitogeográfico caracterizado por uma flora III- Submontana
determinada, com formas biológicas portadoras de IV- Montana
peculiaridades dominantes e sob um tipo de clima bem
individualizado, podendo ser em litologias J) Áreas das Formações Pioneiras
I- Influência Marinha
diferenciadas”. II- Influência Flúvio-Marinha
A Região Ecológica, segundo Assis, vem a ser o “conjunto III- Influência Fluvial
de ambientes marcados pelo esmo fenômeno geológico K) Áreas de Tensão Ecológicas (Contato entre regiões)
de importância regional que foi submetido aos mesmos I- Com misturas florísticas (Ecótonos)
processos geomorfológicos, sob um clima também II- Com encraves florísticos (Encraves)
regional, que sustentam um mesmo tipo de vegetação” L) Refúgios Ecológicos
M) Disjunções Ecológicas
(Sarmiento e Monasterio, 1970, apud Assis, 1998).
Desta forma a classificação adotada pelo Projeto Atualmente este é o tipo de classificação adotado no
RADAMBRASIL é a seguinte: Brasil por instituições como o IBGE, que apresentou o
Mapa de Vegetação do Brasil em 1992.
A) Região Ecológica da Savana
I- Arbórea Densa Em 1983, uma última classificação da vegetação
II- Arbórea Aberta brasileira foi apresentada por George Eiten da UnB, não
II- Parque levando em consideração os estudos do Projeto
IV- Gramíneo-Lenhosa
RADAMBRASIL. Muito detalhado, não veio a ser uma
C) Região Ecológica da Savana ferramenta prática para o mapeamento da vegetação do
I- Arbórea Densa Brasil. Apresentava 24 divisões e mais 40 subdivisões.
II- Arbórea Aberta
II- Parque
IV- Gramíneo-Lenhosa
Cobertura Vegetal de Alagoas 65
A Mata Atlântica pode ser entendida como um vegetacional”, onde o clima, os aspectos dos solos
complexo de vegetação que se distribui na região (pedologia) e o relevo vão imprimindo marcas em sua
litorânea brasileira, desde o estado do Rio Grande do estrutura física e biológica (fisionomia, densidade,
Norte, no nordeste brasileiro, chegando ao extremo sul composição florística e faunística).
do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul.
De fato, a Mata Atlântica vem sendo também definido
A Mata Atlântica deveria ser um local contínuo, surgindo como “Sistema Atlântico de Vegetação”, pois devido às
desde as praias, e bordejando zonas mais quentes e grandes diferenças de tipos de fisionomias e complexos
secas no interior, quando se mistura e se confunde com ecossistemas com grande variedade de expressões
o Sertão, nas bandas do Agreste, quando o clima muda, biológicas, o termo “vegetação” acaba se tornando
deixando de ser úmido, com solos argilosos e bastante genérico para conceituar o que seria de fato
relativamente profundos. um verdadeiro Bioma.
Contudo, a vegetação da Mata Atlântica não se constitui Sendo assim, o termo Bioma vem à tona e pode significar
como um ambiente uniforme, visto que, sabermos que - grandes formações de seres vivos em terra,
sua distribuição espacial alcança limites extremos, caracterizados e identificados por suas plantas mais
desde a região Nordeste, passando pelo Sudeste e abundantes. Podemos então falar que a Mata Atlântica é
chegando ao Sul do Brasil, cruzando faixas climáticas um verdadeiro Bioma, ocupando vasta área territorial,
distintas, regimes de chuvas diferenciados, exposição sujeita a diferenciações climáticas a cada latitude,
solar, ventos e altitudes variáveis, além de diferentes desenvolvendo-se em terrenos recentes na era
tipos e profundidades de solos, rochas, relevos planos geológica, desta vez apresentando relevos e tipos de
ou em declives, etc. solos diferenciados, moldando a paisagem e
Portanto, apesar da Mata Atlântica continuar a ser expressando máxima posição em termos de
chamada desta forma em todo Brasil, inúmeras biodiversidade na faixa tropical.
particularidades a tornam um verdadeiro “mosaico
Cobertura Vegetal de Alagoas 67
alteradas”, e que, portanto, apresentam no momento O Plano de Ação para a Mata Atlântica (Fundação SOS
características muito distintas de suas antecessoras. Mata Atlântica) adota o Mapa de Vegetação do Brasil do
IBGE (1988) como forma de melhor conhecer a
Estas observações levam à conclusão de que áreas que
distribuição dos diferentes tipos de vegetação no Brasil.
são atualmente cobertas por vegetação estacional
decidual (savanas) e áreas de transição fitoecológica já Este mapa de vegetação baseia-se em diversos estudos
foram até recentemente ambientes mais úmidos e que culminaram no que seria o melhor modelo de
cobertos por florestas. classificação e mapeamento da cobertura vegetal. O
No rol de autores citados por Coimbra-Filho e Câmara modelo adotado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Gusmão estão: Loefgren (1910, 1923), Gonzaga de Geografia e Estatística) baseia-se na classificação
Campos (1912), Neiva e Penna (1916), Ducke (1959), fisionômico-ecológica (ver capítulo anterior -
Damasceno & Cunha (1964), Magnanini (1966), Rizinni Classificação da vegetação brasileira).
(1967), Veloso & Strang (1970), Bigarella et al. (1975), Considera-se então como Mata Atlântica, as áreas
Braga (1976), Ab'Saber (1977), Andrade-Lima (1981), primitivamente ocupadas por:
Dodt (1981), Mori et al. (1981).
1- Floresta Perenifólia Higrófila Costeira ou Floresta
Esses autores “relatam a existência de áreas virgens que Ombrófila Densa: do Rio Grande do Norte ao Rio
foram desmatadas, áreas de continuidade, e que hoje Grande do Sul (Fisionomia alta e densa; vegetação nos
estão descontínuas, a presença de espécies ou níveis inferiores em ambiente sombrio e úmido; grande
populações que apresentam estrutura morfológica número de lianas, epífitas, fetos arborescentes e
compatível para vegetações florestais ou pluviais, entre palmeiras);
tantas outras informações que de forma clara evidencia
a total transformação do Bioma Mata Atlântica ao longo 2- Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais: do
dos anos, indicando que este vem a ser um dos Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio
principais tipos vegetacionais mais ameaçados do de Janeiro e Espírito Santo (ocorrência de estrato
planeta”. arbóreo semidecíduo na estação seca; planaltos e serras
interiores de São Paulo, Paraná e Minas Gerais); No
nordeste, o agreste sublitorâneo, agreste de altitude,
6.2- A Mata Atlântica no Território Brasileiro em área de transição das matas de brejos úmidos para a
vegetação de caatinga.
A Mata Atlântica pode ser considerada como o conjunto
de florestas densas que ocorrem ao longo do litoral do 3- Florestas Estacionais Semideciduais: de Mato Grosso
nordeste e que atingem o Rio Grande do Sul. Este do Sul (vales dos rios da margem direita do rio Paraná),
conjunto pode também abranger as florestas Minas Gerais, (vales dos rios Paranaíba, Grande e
caducifólias e semicaducifólias, mais frequentes nas afluentes), Minas Gerais e Bahia (vale do rio Paraíba do
regiões sul e sudeste, bem como as florestas de Sul, Jequitinhonha, rios intermediários e afluentes, e de
pinheiros e lauráceas na região sul. regiões litorâneas limitadas do nordeste, contíguas às
Florestas Ombrófilas;
Segundo o Consórcio Mata Atlântica (1992), A “Mata
Atlântica engloba um diversificado mosaico de 4- Floresta Ombrófila Mista e os encraves de Auracária:
ecossistemas florestais com estruturas e composições nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais;
florísticas bastante diferenciadas, acompanhando a
5- Formações florísticas associadas - Ecossistemas
diversidade de solos, relevos e características climáticas
Costeiros - Manguezais: localizados ao longo dos
da vasta região onde ocorre, tendo como elemento
estuários, representam comunidades adaptadas a
comum a exposição aos ventos úmidos que sopram do
condicionantes climáticas atuantes na zona costeira.
oceano”.
Associada a solos lodosos, oriundos de sedimentos finos
Câmara (1991), afirma que, quando o Brasil fora nos fundos de baías e nos estuários, sujeito a salinidade
descoberto, a cobertura florestal apresentava-se marinha. Poucas espécies, sendo estas adaptadas ao
praticamente contínua e diversificada em fitofisionomia meio ambiente; Vegetação de Restinga (Formação
e florística (conjunto de espécies de plantas) vegetal típica de terrenos arenosos composta por
“estendendo-se desde a costa do Rio Grande do Norte comunidades vegetais, bem diversas, como campos
ao Rio Grande do Sul, com amplas extensões para o ralos de gramíneas, matas fechadas de até 12 metros de
interior, cobrindo a quase totalidade dos estados do altura ou brejos com densa vegetação aquática); Praia
Espírito Santo, rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa (Vegetação ligada a solos arenosos litorâneos, sob
Catarina, além de partes de Minas Gerais, Rio Grande do influência das marés e salinidade); dunas (ocorrem logo
Sul e Mato Grosso do Sul, e de extensões na Argentina e a p ó s a s p r a i a s , e m d i r e ç ã o a o i n t e r i o r,
no Paraguai”.
Cobertura Vegetal de Alagoas 69
condicionadas à presença de estrutura arenosa Câmara (2005) comenta que a Mata Atlântica
grosseira e a ventos de direção constante. (vegetação apresentou um desenvolvimento distinto quando havia
fixadora); e das ilhas litorâneas. longos períodos de frio e secas, onde a floresta veio a
fragmentar-se em manchas separadas por áreas de
6- Encraves de Cerrado e Campos de Altitude:
cerrado e caatinga. Ao sul, também durante os períodos
compreendidos no interior das áreas acima (Campo de
frios, a floresta de araucária expandiu-se, bem como ao
altitude: elevações superiores a 1800 metros e em
norte, durante os períodos mais úmidos, a floresta
linhas de cumeada localizadas. Vegetação característica
também se expandia e se entrelaçava junto às
é formada por comunidades de gramíneas mesófilas
formações amazônicas.
altas, em certos locais com caráter xerófilo,
interrompidas por pequenas charnecas). Diferentes tipos de solos influenciam a formação de
novos tipos de vegetação. Os solos da Mata Atlântica
7- Matas de topo de morro e de encostas do nordeste
têm origem de rochas graníticas, gnaisses e rochas
(brejos e chãs): particularmente no estado do Ceará,
sedimentares. No domínio da Mata Atlântica, a
com ênfase nas serras de Ibiapaba e de Baturité, e nas
profundidade dos solos ou do manto de intemperismo
da Chapada do Araripe (Brejo de altitude: sob influência
de rochas é bastante variável, de dezenas de metros a
de chuvas orogênicas, ocorrem a partir da metade
até uma fina camada sobre a rocha de origem.
superior das encostas orientais do nordeste. Trata-se de
uma Floresta Ombrófila Densa); Sedimentos do período Terciário e Quaternário são
abundantes e distribuídos na linha de costa, onde
8- Formações vegetais da Ilha de Fernando de
destacamos o Grupo Barreiras, presente desde o Estado
Noronha.
do Pará até o Rio de Janeiro, “formando em grandes
Segundo MMA (2000), a distribuição das diferentes extensões planaltos costeiros de topos aplainados e
tipologias no Brasil mostra que a Floresta Sazonal e terminando junto às praias por falésias abruptas”
Semidecidual como a de maior extensão no território (Câmara, 1991).
brasileiro, quando se refere à sua área de ocorrência
natural, como mostra a Tabela 1, abaixo. Em Alagoas, os Tabuleiros Costeiros marcam a paisagem.
Ao sul os tabuleiros são mais planos, e na maior parte do
Tabela 01: Distribuição da vegetação no Brasil (MMA, 2000). tempo termina abruptamente em falésias vivas juntas
ao oceano.
Ao norte de Maceió, os tabuleiros se apresentam mais
“movimentados”, formando uma sucessão de morros
(mares de morros), e as falésias, em geral, estão mais
distantes do mar, e assim consideradas falésias mortas
(exceto no trecho ao sul da foz do rio Camaragibe - Praia
dos Morros do Camaragibe e Carro Quebrado).
Mas o que define esta ampla variação de ambientes e o
que afeta diretamente a biodiversidade na Mata
Atlântica? Conforme Câmara (2005), fatores como a
grande variação latitudinal, diferenças de altitude,
clima, história geológica, expansão e recuo de tipos de
vegetação em diferentes períodos climáticos durante o
desenvolvimento da Terra, contribuíram para formar
esses diferentes tipos de vegetação.
A Mata Atlântica estende-se por 27 graus de latitude, de
3° Sul a 30° Sul, o que aumentam as chances de se
desenvolver em diferentes tipos de solos, rochas,
relevos, disponibilidades hídricas e climas.
Muitos autores tratam com grande discernimento as Portugal, uma nação que conquistava riquezas para seu
questões voltadas às causas da destruição da Mata império, encontra no novo território brasileiro grandes
Atlântica. Muitas vezes tratados de forma a generalizar o tesouros, tais como o ouro das Minas Gerais, o Pau-
problema para todo o Brasil, ou de forma direta, se brasil da Mata Atlântica, e outras tantas madeiras de
discutem problemas regionais ou localizados, onde se excelente qualidade.
levantam aspectos políticos e sociais, baseados quase
sempre na mentalidade e visão de mundo e natureza Portugueses, espanhóis, franceses, ingleses e
das pessoas em cada época. holandeses aqui buscaram sua parcela de riquezas.
Fundaram cidades, trouxeram mão-de-obra escrava da
Ao índio americano se atribui uma perfeita e pacífica África, e iniciaram o processo de colonização.
relação com a natureza. Vez por outra algum
especialista descobre que os índios possuíam uma Bandeirantes desbravavam os sertões, sacrificando
forma menos impactante de convívio com as matas, os índios numa extensiva campanha genocida (basta ler os
rios, os bichos e plantas, mas que também ocasionavam bons livros de história). As cidades cresciam, as matas
suas pequenas destruições, compreendida como atos cediam espaço, os rios iam sendo poluídos, e faltava
inerentes a sua forma de vida e luta pela sobrevivência. espaço em tanto espaço.
Florestas impactadas por índios no período pré- Apesar da grandeza territorial, não havia condições de
descobrimento do Brasil são perfeitamente passíveis de sustento para o homem na zona da mata nordestina. Os
entendimento, inclusive do ponto de vista ecológico, grandes latifúndios forçavam a ida do homem para os
onde áreas de florestas que são derrubadas permitem secos sertões, pois os gigantescos canaviais e as grandes
que os raios de sol penetrem até chegar ao solo, pastagens não davam lugar para o mais pobre.
propiciando a germinação de outras plantas, o que se
traduz na renovação desta mesma floresta.
Cobertura Vegetal de Alagoas 71
Havia certo equilíbrio entre as matas e os canaviais, até dizer que existem diferentes modos de entender a
que no século passado, na década de 1970, incentivos redução da Mata Atlântica, mas que o uso atribuído à
governamentais para a produção de álcool fez com que terra é determinante para a estabelecer níveis de
as usinas requisitassem mais terras, onde havia o pouco degradação ou supressão dos ambientes naturais.
da Mata Atlântica, promovendo assim o total
Em cada região do país houve um objetivo e uma atitude
extermínio dos últimos grandes remanescentes.
em relação ao uso da terra, mesmo que a forma de uso e
Poucos índios, vivendo em harmonia com natureza, ocupação seja bem semelhante para todo território
permitiam ambientes naturais preservados. Milhões de brasileiro.
homens-brancos, doutrinados com a cultura do Young (2005) cita, por exemplo, que as razões para a
consumo e do total desrespeito à natureza, permitiram destruição de ambientes naturais na região central do
e patrocinaram a destruição maciça de todos os país, voltada para a produção de grãos se expressaram
ambientes naturais para poderem manter seus hábitos com mesma voracidade que na região costeira, onde a
e costumes culturais históricos. supressão de ambientes foi voltada para atender a
Nossa natureza humana é extremamente cruel em projetos turísticos e imobiliários.
relação às outras entidades do mundo natural. Somos Em certas regiões do país, a terra é utilizada para atender a
capazes de atingir a natureza de forma a torná-la uma determinada demanda ou necessidade da população
inviável para outros seres vivos. E tudo aquilo que possa ou da nação, mas de uma forma em geral, pouco se
nos prejudicar vem a ser literalmente extirpado de respeita os limites naturais de sustentabilidade ambiental.
nosso convívio.
Young (2005) apresenta uma lista de fatores
Segundo Young (2005 - apud Galindo-Leal e Câmara, 2005), determinantes na perda e conservação da biodiversidade,
“A perda de áreas florestadas está intrinsecamente bem como sugere ações que promovam ou que
relacionada com as formas de uso da terra e com o modo de determinem sua conservação, vale a pena apresentá-la a
produção estabelecido nas áreas convertidas”. Isto significa seguir.
72 Cobertura Vegetal de Alagoas
No que diz respeito à evolução humana, devemos Queimadas da cana atingem a Mata Atlântica
Foto: Iremar Bayma
a g u a rd a r n o va s t ra n sfo r m a çõ e s a c e rca d a
conscientização deste mesmo homem perante sua
responsabilidade ao patrimônio natural, que bem
sabemos, não de nossa pura e exclusiva propriedade.
O homem moderno já percebe um tanto atrasado, a
importância da natureza protegida para sua própria
vida. Esse homem, moderno, tenta amenizar suas ações
e busca alternativas que diminuam seus impactos de
relacionamento.
Muitos ainda estão vivendo no tempo colonial, e farão
muita pressão para continuar com seus costumes.
Continuarão utilizando a natureza até esgotá-la
totalmente, sem perceber que se auto-destróem.
De fato, acredita-se que esse tipo de homem
desaparecerá da face da Terra, levando junto com ele
gerações de homens, plantas e animais que poderiam
ter uma chance à vida.
Neiva, A. e Penna, B. 1916. Viagem científica pelo norte da
Bahia, sudoeste de Pernambuco, sul do Piauhi e de norte a sul
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224.
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Cruz. 68(1): 9-76..
distribuição de algumas espécies vegetais e animais no Brasil.
An. Acad. Bras. Ciênc., 47 (supl.): 411-464.
Braga, R. 1976. Plantas do Nordeste, especialmente do Ceará.
Coleção Mossoroense, vol. 42, 540.
Braun-Blanquet, J. 1932. plant sociology. trad. G.D.Fuller &
Conard. 439 p. Mc Graw Hill, New York.
A distribuição dos biomas e seus respectivos Maravilha, inserido no Ecossistema da Região das
ecossistemas e unidades fitogeográficas em Alagoas Caatingas.
aqui apresentadas segue os critérios propostos por No caso dos Ecossistemas das Áreas Costeiras, buscou-
Brasil (1996), que leva em consideração grandes áreas se como referência a classificação proposta por Veloso,
individualizadas, relativamente uniformes. Alves Lima e Rangel Filho (1991), com base no sistema
Neste estudo, o agrupamento dos ecossistemas não edáfico representados pelas formações vegetacionais
leva em consideração a corrente metodológica que do tipo pioneiras, seja por influência marinha
propõe a regionalização por biomas. A título de (restingas), flúvio-marinhas (manguezais) e fluviais
exemplo, seguindo esses mesmo critérios do trabalho (várzeas).
ora mencionados, ressalta-se que o bioma “Floresta
Sendo assim, seguindo os mesmos critérios pré-
Ombrófila” está representado pela Mata Atlântica, bem
estabelecidos por Brasil (1996) e com base ainda em
como o bioma Cerrado.
mapeamentos executados por Gonçalves e Orlandi
Para o estado de Alagoas, seguindo orientações de Brasil (1983), Sarmento e Chaves (1986), Assis (1998 e 2000),
(1996) foram consideradas circunscritas aos Ecossistemas Atlas Geográfico de Estado de Alagoas (1994) e Atlas
do Bioma Caatinga, as Áreas de Transição Fitoecológica escolar Alagoas: espaço geo-histórico e cultural (2007),
(Ecótono Floresta EstacionalCaatinga). Esses mesmos propõem-se com base nos biomas, a divisão do Estado
procedimentos foram utilizados para as Florestas de Alagoas em dois conjuntos de ecossistemas ou
Estacionais do tipo Semidecidual e Decidual (Ecotono macroecossistemas conforme suas unidades
Floresta Estacional Caantinga) e a própria Floresta f ito geo gráf ica s (Q uadro 01), p o d en d o s er
Estacional Decidual que ocorrem nos Maciços Residuais conceituados, ainda segundo esse primeiro autor, como
de Água Branca, Mata Grande e Santana do Ipanema- macrounidades territoriais de análise e planejamento.
74 Cobertura Vegetal de Alagoas
Refúgios Ecológicos.
(*) Incluído nos Ecossistemas da Região da Caatinga e Florestas Deciduais do Nordeste segundo classificação de Brasil (1996)
Nota: Unidades fitogeográficas em Alagoas segundo Assis 1998.
Nota: elaborado por Sinval Autran Mendes Guimarães Desta forma, tendo em vista a necessidade de síntese
Júnior com base em informações de Gonçalves e frente à complexidade ambiental brasileira, na qual
Orlandi (1983), Sarmento e Chaves (1986), Assis (2000), Alagoas se insere, os dois subespaços foram definidos,
Atlas Geográfico de Estado de Alagoas (1994), Brasil basicamente, segundo as condições ecológicas
(1996) e Atlas escolar Alagoas: espaço geo-histórico e refletidas pela vegetação original predominante e a
cultural (2007). posição geográfica que ocupam.
Cobertura Vegetal de Alagoas 75
As Formações Pioneiras Flúvio-Palustres, dizem A sigla d.b.s significa Dias Biologicamente Secos - Numa
respeito ao conjunto de vegetação que povoa, faixa situada entre 0 e 90 d.b.s apresentam-se as
predominan-temente, a Várzea da Marituba, de Florestas Ombrófilas; entre 90 a 120 d.b.s estão as
constituição pantanosa, posicionada no extremo sul do Florestas Estacionais Semideciduais; e entre os 120 a
Estado, em comunicação com o rio São Francisco. 150 d.b.s estão as Florestas Estacionais Deciduais.
A essa vegetação de enraizamento submerso, também Em Alagoas esse período está normalmente
é dado o nome de “macrófilas aquáticas”. Sua compreendido entre os meses de outubro e março,
ocorrência se dá por todo o complexo pantanoso, bem com maior ou menor intensidade variável de ano para
como o conjunto das depressões que intercalam os ano.
cordões litorâneos e das pequenas lagoas que
De acordo com a classificação fitogeográfica proposta
pontilham as restingas, e se situam entre as dunas e a
pelo Atlas Geográfico do Estado de Alagoas (1994) e o
própria várzea pantanosa.
Atlas Escolar Alagoas: espaço geo-histórico e cultural
Os Ecossistemas da Floresta Atlântica Norte Nordeste, (2007), três unidades fitogeográficas as podem ser
compreendem o conjunto de vegetação que se considerados com base nas subclasses de vegetação,
desenvolve paralelo ao litoral, nos vales, encostas de abrangendo na sua maioria, regiões geomorfológicas
tabuleiros e serras. dos Piemontes Inumados (Tabuleiros Costeiros) e
Planalto Rebaixado Litorâneo (Piemonte Oriental da
A vegetação que compõe este ecossistema caracteriza-
Borborema):
se pela exuberância, ou o grande porte das suas árvores,
que podem alcançar mais de 30 metros de altura, - A Floresta Ombrófila ou Tropical Úmida; A Floresta
comandado por um clima portador de uma estação Estacional Semidecidual; A Floresta Estacional Decidual
biologicamente seca. e o Cerrado.
A Floresta Ombrófila ou Tropical Úmida é caracterizada A Floresta Estacional é uma vegetação que apresenta
pela exuberância, ou o grande porte das suas árvores fisionomia florestal, sendo que as suas árvores têm
que podem alcançar os 30 ou mais metros de altura, menor porte que as da anterior, podendo atingir apenas
como consequência de um sistema ambiental onde a os 5 metros de altura. Divide-se em Semidecidual e
estação biologicamente seca anual é inferior aos 90 Decidual.
dias. A primeira situa-se na faixa bioclimática dos 90 aos 120
Normalmente chamada de “mata”, em Alagoas é dias biologicamente secos ao longo do ano, onde menos
representada pela “Mata Atlântica”, “Tabuleiros”, e de 50% das suas árvores perdem folhas nesse período;
“Serrana”. Normalmente chamada de “Mata” em têm porte médio e recobre a maior parte dos tabuleiros.
Alagoas, está representada pela “Mata Serrana”, “Mata A segunda, na faixa dos 120 aos 150 dias, mais de 50%
de Tabuleiros” e a “Mata das Restingas e Terraços das árvores fica sem folhas durante a seca; têm porte
Marinhos”. baixo e ocupa a parte mais interior dos tabuleiros, já
A Mata Serrana abrange as Encostas Orientais do próximo aos limites com a Caatinga.
Planalto da Borborema e seu Piemonte Oriental, na As florestas estacionais são chamadas também de
divisa com Pernambuco, recobrindo terrenos cristalinos “Mata Seca”. A sua flora, também muito rica em
do Pré-Cambriano, compreendida pelos vales (várzeas e espécies, contém indivíduos tanto pertencente à Mata
encostas) dos rios que, em direção ao litoral, cortam os Atlântica, para onde se expandiram, quanto a Caatinga
Tabuleiros Costeiros de origem Terciária. e a Flaresta Amazônica.
Caracteriza-se por apresentar a maior variedade de As suas plantas ainda se caracterizam por apresentar as
espécies entre os demais tipos, das quais são folhas endurecidas, pequenas, vítreas ou coriáceas, e as
conhecidas: o Visgueiro (Parkia pendula), a Sapucaia gemas protegidas na estação de estio.
(Lecythis pisonis), a Urucuba (Virola surinamensis), a
Peroba (Aspidosperma gardneri) e a Mamajuda A Floresta Estacional Semidecidual ocorre em Alagoas
(Sloanea obtusifolia). numa faixa que abrange parte das porções centro-
A Mata dos Tabuleiros tem sua ocorrência numa faixa norte, sul e oeste do estado. A vegetação que a compõe
que se estende de norte a sul do Estado, recobrindo a está diretamente relacionada ao clima portador de uma
Região Geomorfológica dos Piemontes Inumados, estação seca, variando de 90 a 120 dias biologicamente
Unidade Geomorfológica do Baixo Planalto Sedimentar secos, durante o ano.
Costeiro, conhecido também por Tabuleiros Costeiros. Na porção centro-norte estende-se por uma estreita
Na atualidade, apenas uma estreita franja dessa faixa ao oeste da Floresta Ombrófila, sobre rochas do
unidade geomorfológica recebe umidade o suficiente embasamento cristalino e formas colinosas e de
para manter seu estado de ombrofilia, no caso, aquela depressões periféricas do relevo.
mais próxima da costa. Diferencia-se da Mata Atlântica Na porção sul, em continuidade da faixa anterior,
Serrana pelo relevo do tipo tabuliforme, construído em porém, com amplitude, avançando até as proximidades
fins do Terciário, e também pelo menor porte das da linha de praia, logo a partir das vizinhanças sul da
árvores e composição florística. No entanto, a maior capital de Maceió.
diferença está na história paleoambiental, pois a sua Recobre, igualmente, áreas sob rochas do
origem é mais antiga que o conjunto de vegetação da embasamento cristalino e, em maior quantidade, os
Mata Atlântica Serrana. sedimentos do Grupo Barreiras representados pelos
A Mata das Restingas e Terraços Marinhos abrange Tabuleiros Costeiros.
parcelas da faixa quaternária costeira formada por Na porção oeste, abrange as encostas a barlavento de
terraços marinhos pleistocênicos. Esta vegetação é altitude superiores aos 600 metros, e até nos topos de
caracterizada por baixas planícies arenosas agregadas todos os morros que pontilham os pediplanos
resultantes das areias transportadas pelos rios e sertanejos sob o regime de clima semi-árido, quando
acumuladas pelas marés, que normalmente margeiam eles não ultrapassam os 700 metros.
as linhas de praias.
Do mesmo modo que nas florestas ombrófilas, também
A expansão dessa vegetação ocorreu durante o são identificadas as Mata Atlântica de Tabuleiro e de
Holoceno (Quaternário), com o domínio inicial das Restinga. A diferença principal é o seu maior período de
formações pioneiras marinhas herbáceo-arbustivas, a estacionalidade climática.
primeira a se desenvolver e consolidar sobre os terrenos
arenosos, cedendo lugar com o passar do tempo às
espécies arbustivo-arbóreas, que aos poucos
alcançaram o nível de arbóreo (florestal). Justifica então
a denominação de "Floresta de Restinga", em virtude ao
nível frondoso das suas espécies.
78 Cobertura Vegetal de Alagoas
Laguna de Taboados:
Vegetação pioneira de praia
Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 79
A Floresta Estacional Decidual em Alagoas tem duas O Ecótono Floresta Ombrófila - Cerrado é caracterizado
formas de ocorrência: a primeira compreendida por uma pela convivência de espécies vegetais pertencentes a
estreita faixa contínua cortando de norte a sul do estado duas ou mais unidades fitoecológicas, não determinada
e margeando a Floresta Semidecidual pelo seu lado diretamente pelos demais fatores ambientais, como o
oeste, recobrindo rochas do embasamento cristalino em clima, por exemplo, condição esta que não interfere na
forma de colinas, e a depressão periférica nos contatos separação das unidades fitoambientais em contato.
com os tabuleiros costeiros, e sobre parcelas dos
Em Alagoas, este ecossistema, inserido no Bioma Mata
próprios tabuleiros; e a segunda, na Região da Caatinga.
Atlântica, forma o conjunto de vegetação que se
A vegetação que a compõe está diretamente relacionada estende de Maragogi a Maceió, recobrindo as falésias e
ao clima portador de uma estação seca, variando de 120 os reversos dos tabuleiros dissecados e ligeiramente
a 150 dias biologicamente secos, durante o ano. Em aplanados.
Alagoas esse período está normalmente compreendido
Nestas condições, se desenvolve ainda, o Cerrado, que
entre os meses de outubro e março, com maior ou
avança para a encosta superior dos vales que entalham
menor intensidade variável de ano para ano.
esses mesmos tabuleiros, que são normalmente
recobertos por florestas.
O Cerrado há muito tempo, bastante descaracterizado, A distribuição desta unidade em Alagoas abrange toda a
ocorre de forma fragmentada sobre os Piemontes extensão marginal ao litoral, desde o norte até o sul
Inumados (Tabuleiros Costeiros) e do Planalto Rebaixado numa faixa que se comporta mais estreita ao longo do
Litorâneo (Piemonte Oriental da Borborema). litoral norte.
Em alagoas, a sua ocorrência, se dá de forma
descontínua ao longo da faixa costeira sob o domínio das
florestas, em todos os níveis ambientais: ombrófilas e
estacionais deciduais e semideciduais - desde que, a
constituição geológica (litologia) seja em rochas
exclusivamente sedimentares, e não em ígneas ou
magmáticas.
O Bioma Caatinga em Alagoas é formado pelo conjunto A Caatinga em termos fitogeográficos mundiais ocorre
dos Ecossistemas da Região das Caatingas e Florestas apenas em território brasileiro e, mais especificamente,
Deciduais do Nordeste (BRASIL, 1996). Os Ecossistemas na sua região nordestina de clima semi-árido numa faixa
da Região das Caatingas e Florestas Deciduais do a partir de 150 dias biologicamente secos ao longo do
Nordeste em Alagoas ocupam cerca de um terço da sua ano. A Caatinga é caracterizada, pela queda das folhas
superfície, e tem sua distribuição na porção oeste, sobre ou decidualidade foliar da totalidade dos seus
os Maciços Remobilizados do Baixo Planalto Pré- indivíduos arbóreos; e pela morte total das plantas
Litorâneo (Pediplano do Baixo São Francisco). rasteiras que compõem o sub-bosque nos períodos de
Este ambiente é formado por rochas ígneas ou secas que normalmente ocorrem todos os anos.
magmáticas e metamórficas, que constituem o Assim, anualmente há uma dupla diferenciação de
"embasamento cristalino". Segundo a classificação paisagem muito marcante. Uma totalmente seca
fitogeográfica proposta pelo Atlas Geográfico de Estado desprovida do verde das folhas, sol causticante, rios e
de Alagoas (1994) e o Atlas Escolar Alagoas: espaço geo- riachos sem águas e solos desnudos. Outra
histórico e cultural (2007), quatro unidades caracterizada pela vivacidade das plantas totalmente
fitogeográficas podem ser considerados: a Caatinga, a enfolhadas e de um verde completo, ocorrência normal
Floresta Estacional Decidual, o Ecótono Floresta de chuvas e, rios, riachos e açudes transbordando de
Decidual Caatinga e os Refúgios Ecológicos. água, que jorra abundantemente.
Cobertura Vegetal de Alagoas 81
Duas unidades fitogeográficas da Caatinga podem ser Escoamento superficial de direção norte-sul para a
observadas em Alagoas: a Caatinga dos Pediplanos e a bacia do São Francisco.
Caatinga dos Inselbergs.
Apresentam ainda superfícies de mamelonização,
abrangendo parte das bacias do Ipanema e Jacaré,
A Caatinga dos Pediplanos abrange quase a totalidade atingindo um raio de 20 km a partir da cidade de Batalha
do Sertão, e parte da porção semi-árida do São Francisco
para nordeste, leste, sudeste e sul, onde se localiza a
e Agreste, compreendida pela rede hidrográfica
temporária que drena suas águas para o rio São Bacia Leiteira do Sertão Alagoano.
Francisco, em especial os rios Moxotó, Riacho Grande, A Caatinga dos Inselbergs é um tipo de vegetação que
Capiá, Ipanema e Traipu. se elevam acima da superfície dos pediplanos,
Morfologicamente compõe-se de formas macro- abrangendo morros-ilhas ou inselbergs.
côncavas rasas, originadas pela coalescência de
São pequenas elevações, comumente chamadas de
pedimentos a partir da base da escarpa ocidental em
direção a oeste. serras e serrotes que se separam geralmente as linhas
de interflúvio das principais bacias hidrográficas,
São vales suavemente côncavos, onde a drenagem anterior-mente citadas.
dendrítica mais aberta e semiparalela concentram o
A Floresta Estacional Decidual refere-se ao conjunto de A vegetação forma faixas circulares situadas no seu
vegetação diretamente relacionada à estacionalidade limite, encosta acima, e o seu contato de Pediplano,
climática, com variação anual entre 120 a 150 dias encosta abaixo. Em face das suas condições ambientais
biologicamente secos (d.b.s.). diferentes, esta unidade se constitui em verdadeiras
ilhas ecológicas.
No Bioma Florestas Deciduais do Nordeste em Alagoas,
O Ecótono Floresta Decidual - Caatinga compreende o
na região semi-árida, esta unidade compreende ao conjunto de vegetação que somente ocorre nos
conjunto de vegetação que recobre o manto encontros de duas ou mais regiões fitoecológicas,
intemperizado de rochas do embasamento cristalino dentre as quais, as que foram acima focalizadas.
distribuídas sobre os maciços residuais de Mata Grande
A distribuição desta unidade no Bioma Caatinga em
e Água Branca, cercados pelas extensas superfícies de
Alagoas se dá na sua faixa central interiorana (parte do
pedimentação que formam o Pediplano Sertanejo. Agreste Alagoano e da depressão periférica), limitado
pela Mata Atlântica de Tabuleiro e Serrana (porção
Sua ocorrência se dá na porção oeste do Estado, em
oriental) e pela Caatinga de Pediplano (porção
níveis de 450-550 e 600-700 metros, ultrapassando em
ocidental).
alguns pontos a 800 metros, tais como a Serra da Lagoa
de Santa Cruz (844 m) e da Onça (808m), localizadas no Possui uma flora comum à Floresta e à Caatinga, a
município de Mata Grande, e a Serra de Água Branca exemplo da Aroeira (Astronium urundeuva),
Ouricuri(Syagrus coronata), Catingueira (Caesalpinia
(788m), no município homônimo.
pyramidalis), Cupiúba (Tapirira guianensis), etc.
Cobertura Vegetal de Alagoas 83
O Refúgio Ecológico diz respeito a um tipo de vegetação ASSIS, J.S.. Razões e ramificações do desmatamento em
de pouca expressividade em território alagoano, com Alagoas. In: DINIZ, J.A.F., FRANÇA, V.L. A. Capítulos de
ocorrências localizadas e de pequenas dimensões, na geografia nordestina. Aracaju: NPGEO/UFS, 1998b. p. 325-
quais os núcleos de vegetação são muito restritos, 356.
limitando-se apenas ao sertão semi-árido, abrangendo ATLAS ESCOLAR ALAGOAS: espaço geo-histórico e cultural/
duas unidades distintas. [José Santino de Assis, coordenador]. - João Pessoa, PB:
Editora Grafset, 2007. 1 mapa, color., 16 cm x 22,5 cm. Classes
Uma delas está posicionada nos topos de serras, cristas de Vegetação Original, escala 1: 1.500.000.
e inselbergues, cuja altitude é superior a 600 metros,
ESTADO DE ALAGOAS. Mapa de Vegetação 1986. 1 mapa,
sobre afloramentos rochosos, normalmente em
p&b, 63x127cm. Escala 1:400.00. BRASIL, República
pequenas extensões.
Federativa do Brasil; ALAGOAS, Governo do Estado de
A sua distribuição desta vegetação em Alagoas está Alagoas.
restrita à sua porção oeste, regida pelo clima ESTADO DE ALAGOAS. Mapa de Vegetação 1986. 1 mapa,
caracterizado pela semi-aridez, sobre o cume de alguns p&b, 63x127cm. Escala 1:400.00. BRASIL, República
inselbergues. São formações rupestres compostas por Federativa do Brasil; ALAGOAS, Governo do Estado de
plantas baixas lenhosas ou herbáceas, inclusive Alagoas.
bromeliáceas. ESTADO DE ALAGOAS. Projeto de Unidades de Conservação,
As espécies de plantas mais comum dessa unidade são: Mapa 1. 1 mapa, p&b, 81x140cm. Escala 1:250.000.
(Organizado por: José Santino de Assis, 1998).
o gravatá (Bromelia sp.), a macambira (Encholirium
spectabile), e a caiuia (Tibouchina sp.), dentre outras. FEDOROV, D. Sistema Semi-Automático de Registro e
Mosaico de Imagens São José dos Campos: INPE, 2002.
A outra unidade compreende, a exemplo da primeira, 150p. (INPE-9582-TDI/838).
uma vegetação de pouca expressividade, limitando-se
apenas ao sertão semi-árido do São Francisco, sobre FLORENZANO, T. G. Imagens de Satélite para estudos
ambientais. São Paulo: Oficina de textos, 2002.
arenitos do Siluriano-Devoniano.
FONSECA, L.M.G. e COSTA, M.H.M. Registro Automático de
Esta vegetação é considerada como relíquia, devido ao Imagens de Sensoriamento Remoto Multi-Temporais Baseado
seu estado de representatividade de ambientes em Múltiplas Resoluções. Revista SELPER, junho 2000, v.16
passados (paleoambientes) bem diferentes do que no. 1-2, p.13-22.
acontece na atualidade.
GARCIA, G. J. Sensoriamento remoto: princípios e
Algumas das espécies mais comuns deste paleo- interpretação de imaqens. São Paulo: Nobel, 1982. 357p.
ecossistema são: a catingueira rasteira (Caesalpinia GAVA, A. et al. Geologia: Mapeamento regional. In: BRASIL,
microfila), a orelha de onça (Cnidosculus sp.), o caroá MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA, SECRETARIA GERAL,
(Neoglaziovia variegata), a coroa-de-frade (Melocactus PROJETO RADAMBRASIL. Folhas SC. 24/25 Aracaju/Recife. Rio
bahiensis), o caxacubri (Pilocereus tuberculatus), de Janeiro: 1983. p. 27-252 (Série: LRN. V. 30).
dentre outras. GONÇALVES, L.M.C.; ORLANDI, R.P. Vegetação: as regiões
fitoecológicas, sua natureza e seus recursos econômicos -
estudo fitogeográfico. In: BRASIL, MINISTÉRIO DAS MINAS E
Referências Citadas & Consultadas ENERGIA, SECRETARIA GERAL, PROJETO RADAMBRASIL.
Folhas SC. 24/25 Aracaju/Recife. Rio de Janeiro, 1983. p. 573-
652. (Série: LRN. V. 30).
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Ambiente do Estado de Alagoas, IMA-AL. Guia do Meio HAY, J. D. et al. Descrição e classificação dos tipos de vegetação
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MAPA DE AVALIAÇÃO DO RELEVO. 1 mapa, color, 67x127cm.
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Escala 1:1.000.000, BRASIL, República Federativa do Brasil.
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Escala 1: 400.000. BRASIL, República Federativa do Brasil.
Sergipe - Alagoas: Folhas: Rio Largo (SC.25-V-C-I-3) São Luís
MAPA DE LEVANTAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS do Quitunde (SC.25-V-C-I-4), Marechal Deodoro (SC.25-V-C-
RENOVÁVEIS.1 mapa, color, 67x127cm. Escala 1:1.000.000, IV-1) e Maceió (SC.25-V-C-IV-2): 1975. Recife, 1975. 4 Cartas,
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Cobertura Vegetal de Alagoas 85
Urena lobata L.
Foto: Iremar Bayma
A Flora é caracterizda pelos representantes botânicos uma série de famílias botânicas que se destacam por
(espécies de plantas) que compõem uma vegetação. suas espécies.
Alagoas insere-se no Domínio da Mata Atlântica e do Numa verdadeira “viagem”, cobriremos grande parte
Bioma Caatinga, que apresentam juntas uma riquíssima do território alagoano, desde a zona costeira,
biodiversidade de plantas. passando pelos tabuleiros e Zona da Mata, chegando
Alguns casos de endemismos são relatados em às zonas de contato do Agreste, e finalmente aos
ambientes como restingas, como é o caso de Myrcia Sertões (Caatinga).
maritubensis, uma mirtácea só encontrada num dos Este capítulo não pretende expor toda a riqueza
ecossistemas mais ameaçados do litoral alagoano, florística que existe em nosso Estado, e isso é por que
localizado no baixo São Francisco, em sua região de foz. os trabalhos sobre a Flora de Alagoas ainda estão
Como forma de melhor demonstrar a riqueza da flora de longe de terminar, nem tão pouco este é o espaço
Alagoas, apresentaremos uma súmula dos principais ideal para tal. Nossa intenção é mostrar um pouco
ambientes naturais ocorrentes no estado, relacionando desta riqueza, que está ameaçada e precisa de toda
atenção e respeito para não desaparecer por
completo.
86 Cobertura Vegetal de Alagoas
8.1.1- Praias
No litoral, em sua linha de praia, a vegetação se apóia
em ambientes arenosos sujeitos à salinidade, fortes
ventos e as constantes pressões humanas.
Espécies herbáceas, estoloníferas, rizomatosas e/ou
cespitosas formam uma cobertura descontínua, onde se
destaca as famílias e espécies botânicas como
gramíneas (Sporobolus virginicus) e ciperáceas (Remirea
maritima, Cyperus ligularis). Essas famílias apresentam
algumas plantas muito semelhantes, tanto no porte
como em suas inflorescências.
As gramíneas (família Poaceae) se tratam de uma das
famílias botânicas de maior relevância para a
humanidade, pois de seus grãos (milho, milheto,
cevada, centeio, arroz, trigo, etc.) servem de alimento,
ou mesmo se extrai o caldo doce da cana-de-açúcar para
a fabricação de açúcar e álcool combustível, sem falar de
fibras, óleos, e tantos outros produtos extremamente
úteis.
A família Cyperaceae, tais quais as gramíneas, fazem parte
do grupo das Monocotiledôneas (veja o que é isso no
glossário). Seu caule difere das gramíneas por apresentar
três faces (trígono), enquanto nas gramíneas o caule é Remirea maritima (Aubl.) - pinheirinho-de-praia
cilíndrico. Uma das ciperáceas mais conhecidas e úteis pelo Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 87
Leguminosae (Fabaceae) é dividida em três subfamílias, globosos (angelim - Andira) e que não se abre mesmo
Caesalpinioideae (Caesalpinaceae), Papiliodideae maduro; bem como alguns frutos que crescem rumo ao
(Fabaceae) e Mimosoideae (Mimosaceae). solo, onde completam seu desenvolvimento debaixo da
Diferem basicamente no arranjo estrutural de suas terra, neste caso temos o amendoim (Arachis).
flores, mas apresentando frutos do tipo: legume
Uma espécie que chama atenção nas praias alagoanas é
(vagem), que se abrem quando maduros; lomento
(onde a casca não se abre facilmente e se parte em Canavalia rosea, mais conhecida como feijão-de-praia,
pequenos segmentos quadriculados, cada um com uma com hábito e aspecto muito similar a salsa-de-praia,
semente (frutos da árvore sertaneja chamada sabiá inclusive com a flor da mesma cor, porém, destaca o
Mimosa caesalpiniifolia); ou ainda frutos secos, fruto tipo legume, e flores menores que a da salsa.
Lythraceae, uma família presente nos trópicos em todo Muitos gêneros formam uma espécie de coluna com a
mundo, compreendendo ervas, arbustos e árvores, de união dos filetes que ostentam as anteras, o andróforo,
folhas inteiras e flores de tamanho variado, fruto seco, o que é bem visível nas papoulas.
em geral capsular. Algumas espécies são utilizadas como
Nas restingas alagoanas é possível encontrar Hibiscus
ornamental, como é o caso do dedaleiro do Paraná
furcelatus, Pavonia fruticosa, Sida carpinifolia
(Lafoensia pacari), outras são árvores de boa madeira
(guanxuma), Sida malachra e Urena lobata (malva-
(mirindiba-rosa Lafoensia glyptocarpa e pau-rosa
roxa).
Physocalymma scaberrimum).
Molluginaceae forma um grupo de plantas de pequeno
Em nossas restingas duas espécies subarbustivas são
porte, ervas ou arbustos, e entre seus 14 gêneros,
amplamente encontradas (Cuphea flava e Cuphea
apenas dois ocorrem no Brasil (Mollugo e Glinus). Suas
brachiata), além de uma espécie que é encontrada em
folhas são inteiras e opostas, por vezes alternas. As
terrenos mais úmidos no litoral, neste caso Ammannia
flores são pequenas, compostas somente de cálice ou
sp.
corola (monoclamídeas). Seus frutos são secos ou do
Malvaceae apresenta-se como a maior família da ordem tipo cápsula loculicida, como é o caso de Mollugo
Malvales. Após a publicação do novo sistema de verticilata, encontrada no litoral brasileiro.
Classificação das Angiospermas (APG-II, 2003, e APG-III,
Portulacaceae pertence à mesma ordem das famílias
2009), a família inclui todos os gêneros pertencentes às
Molluginaceae e Amaranthaceae Caryophyllales. As
antigas famílias Tiliaceae, Bombacaceae e Sterculiaceae.
portulacáceas mais conhecidas são a onze-horas
As malváceas apresentam hábito variado, desde (Portulaca) e a beldroega Portulaca oleracea, presente
pequenas ervas prostradas até grandes árvores, em nossas restingas.
passando por espécies arbustivas e trepadeiras,
Esta planta tem propriedades medicinais (afecções da
espalhadas em todo mundo pela região tropical. Trata-se
bexiga, queimaduras, icterícia, feridas, vermes
então da família da papoula (Hibiscus), da guanxuma -
intestinais, pulmão, acidez, inflamação nos olhos,
Sida, da malva, do algodão Gossypium, e do quiabo -
utilizado também como diurético).
Abelmoschus esculentus. Suas folhas são inteiras ou
partidas (palminérvias), flores vistosas, cíclicas e com
pétalas unidas ou soldadas à base, quase formando um
tubo.
Hibiscus pernambucensis Arruda - algodão-de-praia
Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 95
Polygalaceae, família presente em todo mundo, em Entre as ilustres rubiáceas, listamos o café (Coffea
geral possuem hábito herbáceo, e raramente arbustiva arabica), o jenipapo (Genipa americana) e a ixora de
ou trepadeira. Suas folhas são inteiras e alternas, flores jardim (Ixora coccinea).
pequenas, quase sempre de cor roxa, com 3 pétalas e
Solanaceae, a família do fumo, do tomate, do pimentão,
com fruto seco capsular, por vezes alados.
da berinjela e de tantas outras conhecidas como
Polygala cyparissas é um dos representantes desta verduras, na linguagem popular.
família em nossa costa.
Esta família reúne um grupo de plantas muito
Rubiaceae é representada por inúmeras espécies em importantes por seus frutos, mas inúmeras espécies se
Alagoas, onde destacamos Borreria verticilata e constituem em plantas espontâneas e ruderais,
Tocoyena selloana. A primeira é conhecida como frequentemente invadindo lavouras e área
vassourinha-de-botão, uma erva prostrada com abandonadas, como é o caso da jurubeba (Solanum
inflorescência globosa com diminutas flores brancas. spp.).
A segunda é conhecida como jenipapo-bravo, um As principais características das solanáceas são: plantas
arbusto elegante, com folhas brilhantes, cartácea, onde herbáceas, arbustivas e até mesmo arbóreas
se destaca flores tubulosas e estreitas, onde emergem (Duckeodendron cestroides pincel-de-macaco na
pétalas amarelas . Amazônia); folhas inteiras ou partidas, flores de cor
roxa, branca ou azul, e fruto seco capsular, loculicida ou
Rubiaceae é uma importante família botânica que
do tipo baga.
reúne mais de 7000 espécies. De hábito variado, podem
ser encontradas desde ervas a grandes árvores, a Nas restingas alagoanas são comuns alguns tipos de
exemplo de angélica Guettarda viburnoides, e asa-de- jurubebas, tais como Cestrum levigatum, Solanum
morcego Alseis pickelii, ambas encontradas nas matas aculeatissimo e Solanum granuloso-leprosum.
de Coruripe.
Humiriaceae também pertence à Ordem Malpighiales Ocorrem preferencialmente nos trópicos das Américas,
(que inclui a família Malpighiaceae a da acerola). Alguns Todas elas árvores com folhas inteiras, flores isoladas ou
gêneros desta família pertenciam à família Linaceae, reunidas em inflorescências, algumas delas bastante
como é o caso de Humiria balsamifera, presente no perfumadas.
litoral alagoano com suas arvoretas de ramos
O fruto, sempre seco, é do tipo pixídio, que ostentam
esgalhados e sempre verde, ainda comum nas últimas
uma espécie de tampa arredondada no ápice, que
áreas de restinga de Barra de São Miguel.
quando maduros se abrem e liberam suas sementes. Em
alguns casos, como em Bertholletia, o fruto não se abre.
Lauraceae, a família do louro, e do abacate. Em geral são As sementes são muito requisitadas pelos animais da
plantas lenhosas, mas uma exceção, Cassitha filiformes, floresta, que os enterram como forma de armazenar
uma erva parasita que também ocorre em nossas comida, o que garante que muitas delas germinem com
restingas, principalmente em áreas abertas. segurança.
Apresentam folhas inteiras, flores pequenas e pouco Bastante comum em nossas matas costeiras,
coloridas. Seu fruto é carnoso, em geral do tipo drupa. Eschweilera ovata, mais conhecida como embiriba, é
Além de Cassitha, nossas restingas abrigam exemplares uma das principais representantes desta família em
de Ocotea gardneri louro-branco. O gênero Ocotea é Alagoas (litoral e zona da mata).
um dos maiores da família Lauraceae, possuindo cerca
Outras importantes famílias e espécies que não podem
de 300 espécies, encontradas principalmente na região
ser esquecidas são: Chrysobalanaceae (Licania
neotropical.
tomentosa - oiti), Leguminosae (Enterolobium
alagoano, Andira inermis - angelim, Acosmium
bijugum), Malvaceae (=Sterculiaceae - Guazuma
Lecythidaceae, família que reúne árvores como a
ulmifolia mutamba), Polygonaceae (Coccoloba latifolia
castanha-do-pará (Bertholletia excelsa), o jequitibá
- cabaçú), Malpighiaeae (Byrsonima sericea - murici),
(Cariniana estrellensis) e a sapucaia (Lecythis pisonis).
Rhamnaceae (Ziziphus joazeiro - juazeiro) e Rutaceae
(Esenbeckia grandiflora - carrapeta).
8.3- Tabuleiros Costeiros e Serras: Matas de encosta e de disenteria, por isso seu sugestivo nome vulgar).
tabuleiro, Cerrados, formações rupestres Pindaíba é uma espécie típica da Amazônia que também
ocorre na região nordeste. Árvore de bela estrutura
A Mata Atlântica ocupa os tabuleiros costeiros, em suas
(ornamental), de madeira moderadamente pesada e
áreas planas, encostas e fundos de vales. Logo em
macia, de folhas perenes, pioneira, onde seus frutos
seguida aos tabuleiros costeiros, em direção ao oeste,
têm propriedades medicinais.
começam a surgir afloramentos rochosos, onde os solos
deixam de ser profundos, ou simplesmente ausentes. Apocynaceae é representada por 4 espécies. Destaca-se
a rara Aspidosperma discolor (pau-falha), com seu
Nos tabuleiros, as matas se restringem às encostas,
tronco característico, fendido ou com falhas, que chama
fundos de vales ou topo de morros, pois a topografia não
a atenção de pessoas que utilizam sua madeira para
permite o desenvolvimento satisfatório de agricultura
confeccionar colunas de casas ou tampos de mesas, pois
ou pecuária. Raros são os casos de matas em áreas
o corte da madeira revela um desenho de grande beleza.
planas.
Cada vez mais rara por ser abatida por esta
As matas de encostas resguardam uma flora riquíssima,
característica, o pau-falha encontra-se ameaçado e de
porém muito ameaçada pela fragmentação e redução
difícil visualização na maioria das matas. De crescimento
das áreas. Em pouco espaço, animais não conseguem
lento, pode atingir grandes alturas (35-40 metros).
exercer plenamente atividades como alimentação,
dispersão, reprodução, fuga e abrigo, territorialismos, o Seus frutos secos desprendem sementes aladas,
que os forçam a pressões que em geral os leva a também difíceis de coletar durante a frutificação, o que
processos de extinção. dificulta sua propagação em viveiro.
O mesmo acontece com as plantas, que são Araliaceae, com uma única espécie (Schefflera
frequentemente saqueadas, dizimadas ou morototoni sambacuim), figura em muitas matas
simplesmente não conseguem ampliar suas populações alagoanas. A família caracteriza-se por reunir plantas
e comunidades pela simples falta de espaço. herbáceas, arbustivas e arbóreas, com folhas inteiras ou
partidas, flores pequenas e frutos do tipo drupa ou
Apresentaremos então uma série de famílias botânicas
baga. Uma espécie bem conhecida é a hera de jardim
relevantes que ocorrem em áreas de Mata Atlântica
(Hedera sp.).
(tabuleiros e áreas rochosas), cerrados e áreas rupestres.
Sambacuim é uma árvore de 30 metros de altura de
Nas matas de tabuleiros faremos referência ao estudo de
folhas palmadas, perenifólia, que ocorre desde a
fitossociologia da bióloga Aliete Machado, realizado em
Amazônia até o Rio Grande do Sul, de madeira leve e
terras pertencentes o Grupo Tércio Wanderley (Usina
baixa resistência, mas que tem grande destaque como
Coruripe), nos municípios de Coruripe, Teotônio Vilela e
ornamental.
Feliz Deserto.
Bignoniaceae, a família dos ipês, está bem representada
Neste estudo, Machado (2003), levantou um universo de
nas matas alagoanas. Em Coruripe, Aliete (2003) registra
163 espécies arbóreas distribuídas em 114 gêneros e 55
pelo menos 7 espécies (pimenteiras, pau-d'arcos,
famílias. Apresentaremos então um grupo de plantas de
perobas e pereiros).
sua lista por sua importância ou relevância do ponto de
vista econômico (madeiras), ornamental e ecológico. Entre os pau-d'arcos, citamos o roxo (Tabebuia
avellanedae), além de ornamental, sua madeira é
Anacardiaceae, a família do caju, aparece com 3
pesada e resistente, o que a torna muito útil. É uma
espécies, onde destacamos Astronium faxinifolium
árvore decídua (perde suas folhas na floração), e suas
(Gonçalo-alves), que ocorre desde a Amazônia até a
sementes aladas são disseminadas pelo vento.
região sudeste do Brasil. De madeira pesada e de grande
durabilidade, apresenta a característica de perder suas Burseraceae surge com uma espécie que também pode
folhas no inverno. É uma árvore pioneira, útil pra ser encontrada em ambientes de restinga (Protium
projetos de reflorestamento. Outras anacardiáceas heptaphyllum amescla).
citadas Tapirira guianenses (cupiuba) e Spondias lutea
Trata-se de uma família botânica que inclui plantas
(cajá).
lenhosas (árvores e arbustos), de folhas compostas,
Annonaceae aparece com 7 espécies, onde citamos podendo desenvolver espinhos, com flores pequenas e
Annona salzmanii (araticum-cagão) e Xylopia frutescens fruto do tipo drupa.
(pindaíba). Araticum-cagão ocorre no nordeste do Brasil,
Amescla é conhecida por verter uma resina aromática
podendo atingir uma altura de até 30 metros, apresenta
com claras propriedades medicinais. A família também
frutos parecidos com uma pinha portando numerosas
abriga plantas como a imburana da caatinga.
sementes (quem come de seus frutos pode sofrer de crises
104 Cobertura Vegetal de Alagoas
Celastraceae é uma família botânica que inclui em suas O gênero Ocotea é um dos maiores da família
espécies Maytenus distichophylla (bom-nome-branco), Lauraceae, possuindo cerca de 300 espécies,
que ocorre em nossas matas. São plantas lenhosas de encontradas principalmente na região neotropical,
folhas inteiras, flores pequenas, fruto seco ou tipo baga. porém com algumas espécies na África e Madagascar
Duas espécies ocorrem em Coruripe, bom-nome-
vermelho e bom-nome-branco, ambas do gênero Lecythidaceae, a família dos jequitibás e sapucaias, é
Maytenus. representada por 6 espécies (jequitibá, imbiriba,
jenipapinho, sapucaia, sapucaia-de-coco e sapucaia-
Clusiaceae (=Gutiferae), família que registra 5 espécies
branca).
em Coruripe (Camaçari, pororoca, bulandi, lacre-
vermelho e bacupari), onde citamos Caraipa densifolia Cariniana legalis é o nosso jequitibá, árvore de grande
(Camaçari), de madeira média, leve e de boa resistência. porte que pode atingir os 50 metros de altura. Com
Euphorbiaceae surge com 4 espécies (jaqueira do brejo, flores pequenas e fruto tipo pixídio, apresenta madeira
zagalume, cocão e burra-leiteira), onde destacamos leve e macia ao corte, e de baixa resistência.
Margaritaria nobilis (zagalume). Trata-se de uma árvore Leguminosae (=Fabaceae) vem a ser uma das famílias
de médio porte (até 16 metros de altura), de madeira bem representadas na flora da Mata Atlântica, ao todo,
leve e de baixa resistência. Suas folhas são decíduas e se as 3 subfamílias (Caesalpinioideae (Caesalpinaceae),
presta como árvore ornamental. Mimosoideae (Mimosaceae) e Papilionoideae
Lauraceae apresenta representada por 4 espécies de (Fabaceae)) somam 35 espécies arbóreas nos
louros, todas elas do gênero Ocotea. Ocotea gardneri é remanescentes de Coruripe. Entre as Caesalpinioideae
o louro-ferro, uma espécie arbórea, encontrada no destacamos Caesalpinia echinata (pau-brasil) e
nordeste brasileiro. Copaifera langsdorffii (pau-d'óleo), duas espécies de
grande porte que ainda podem ser encontradas em
No Brasil, ocorrem 22 gêneros, frequentemente
Alagoas, sendo a a primeira restrita as matas de
encontrados em florestas pluviais, restingas e áreas de
Coruripe graças a grande destruição da floresta
cerrado. Lauraceae destaca-se pela sua grande
Atlântica em Alagoas.
importância econômica, tendo espécies empregadas
em indústrias de perfume e cosméticos, materiais de
limpeza, alimentos e medicamentos.
Cobertura Vegetal de Alagoas 105
Entre as Mimosoideae várias espécies de ingazeiras Mutamba é uma espécie bastante frequente nas bordas
(Inga sp) e os majestosos visgueiros e jaguaranas (Parkia de mata em Alagoas. Árvore de pequeno porte (até 15
pendula e Balizia pedicelaris), que apesar de metros de altura) possui madeira leve, mole e de boa
apresentarem “madeiras brancas” (de baixa qualidade), durabilidade. Heliófita, podendo ser utilizada em
impressionam pelo porte e beleza de suas copas. projetos reflorestamento como pioneira.
As Papilionoideae revelam árvores de boa madeira
como Angelins (Andira inermis e Andira legalis),
sucupira (Bowdichia virgilioides) e jitaí (Acosmium Myrtaceae, a família da goiaba, está representada nas
subelegans). matas de Coruripe por 14 espécies arbóreas, a maioria
delas pertencentes aos gêneros Eugenia e Myrcia
(araçás, murtas, carpunas, guabirabas e cruiris).
Malvaceae, pelo sistema de classificação APG reúne
agora os gêneros pertencentes as famílias A família caracteriza-se por reunir plantas lenhosas
Bombacaceae, Tiliaceae e Sterculiaceae. (arbustos e árvores), de folhas inteiras e flores em geral
pequenas, muitas vezes crescendo no caule (caulifloria),
Registra-se então para Coruripe, e inúmeras áreas de e frutos tipo baga ou capsular loculicida (Eucaliptus -
Mata Atlântica, Eriotheca gracilipes (munguba australiano).
Bombacaceae), Apeiba tibourbou (pau-de-jangada
Tiliaceae) e Guazuma ulmifolia (mutamba - Muitos frutos comestíveis estão nesta família - goiaba,
Sterculiaceae). araçá, jabuticaba, pitanga, Cambuí, este último
presente nas restingas de Piaçabuçu e Feliz Deserto.
Munguba é uma árvore de médio porte, madeira leve e
de baixa durabilidade. Seus frutos secos desprendem Entre as mirtáceas de Coruripe encontramos
sementes envoltas em uma lanugem (paina), e desta Campomanesia dichotoma (guabiraba), Eugenia
forma também é conhecida como paineira. pyriformes (araçá-boi), Myrcia alagoensis (carpuna-
O pau-de-jangada é uma espécie que foi muito utilizada roxa) e Myrcia maritubensis (araçá-de-birro), essas duas
para fazer a famosa jangada do nordeste. Árvore de últimas típicas do litoral sul alagoano.
médio porte, madeira leve e resistente à água, seus
frutos ovalados cobertos por espinhos sedosos e moles.
É uma planta perenifólia e pioneira que gosta de
bastante luz (heliófita).
Sapotaceae inclui plantas lenhosas arbóreas, muitas clímax (que já atingiu máxima expressão de
delas cultivadas por seus frutos (sapota e sapoti - desenvolvimento ecológico).
exóticas), mas as mais conhecidas entre nós são as
maçarandubas. Simaroubaceae é uma família de plantas lenhosas
distribuídas em todo mundo. Suas folhas são compostas
As árvores desta família possuem folhas inteiras e flores (dividida em folíolos), raramente inteiras, flores
pequenas, e outra característica é a de produzirem um pequenas reunidas em inflorescências, e seus frutos são
tipo de látex, o que denomina algumas espécies como do tipo drupa.
leiteiro. Os frutos são carnosos com mais de uma
semente. Em Coruripe registra-se Simarouba amara (praíba),
presente desde a Amazônia até a região sudeste do
Registram-se para Coruripe 7 espécies que incluem pau- Brasil. Sua madeira é leve e pouco resistente.
de-teiú, maçarandubas, tuturubás e leiteiro-branco.
Manilkara salzmanii (maçaranduba) e Pouteria venosa Sua maior importância consiste em ser potencilamente
(tuturubá) se destacam por suas madeiras, pesadas e de útil como ornamental, poder ser empregada em
grande durabilidade. reflorestamentos e de fornecer alimentos à avifauna
com seus frutos.
Maçaranduba e tuturubá têm seus frutos comestíveis, o
que é de grande valor ecológico (fauna associada),
sendo esta última uma típica espécie de comunidades
Cobertura Vegetal de Alagoas 107
Cerrados
Os ambientes de Cerrado são extremamente raros em
Alagoas devido à forte ocupação e uso do solo para
agricultura, pecuária e expansão urbana. Como exemplo
de sua destruição temos os bairros da Serraria, Tabuleiro
dos Martins, Santos Dumont, Santa Lúcia e Cj. José
Tenório, na ciade de Maceió, que cresceram sobre áreas
de cerrado nos tabuleiros costeiros.
Os últimos trechos de cerrado em Alagoas que podem
ser visitados, e onde a vegetação ainda se conserva sob
grande pressão, estão situados em alguns trechos nas
bordas de tabuleiro no litoral norte de Maceió, e no
município de Japaratinga, bem como ao sul do estado,
entre os municípios de Penedo, Igreja Nova e Feliz
Deserto.
Para ilustrar a flora do Cerrado alagoano citaremos os
trabalhos de Rodrigues (2002) e Barbosa (2005), que
realizaram estudos fitossociológicos e de sídromes de
dispersão de sementes e floração (respectivamente)
para ambientes de Mata Atlântica e Cerrado de Alagoas.
Baseado nos trabalhos de Rodrigues (2002) e Barbosa Flor e fruto de Pouteria sp. - leiteiro
(2005) apresentaremos apenas algumas famílias e Fotos: Iremar Bayma
espécies que consideramos bastantes representativas
para o Cerrado alagoano.
Árvores, arbustos, ervas e palmeiras
Anacardiaceae - Anacardium occidentale (caju), Schinopsis
brasiliensis e S. terebinthifolius (aroeiras)
Annonaceae - Xylopia frutescens
Apocynaceae - Allamanda sp., Hancornia speciosa (mangabeira),
Himatanthus phagedaenicus (banana-de-papagaio)
Arecaceae - Bactris sp. (tucum), Syagrus coronata (ouricuri)
Boraginaceae - Cordia sp. (uva-de-cabôclo)
Caesalpinaceae - Caesalpinia ferrea (pau-ferro), Hymenaea sp.
(jatobá)
Celastraceae - Maytenus cf. distichophylla
Chrysobalanaceae - Hirtella racemosa
Clusiaceae - Clusia nemorosa (pororoca),
Dilleniaceae - Curatella americana (lixeira), Doliocarpus sp.
Fabaceae - Bowdichia virgilioides (sucupira), Swartzia apetala
Gyrocarpaceae - Sparattanthelium botocundorum também comum
em bordas de Mata Atlântica (arco de barril)
Lecythidaceae - Eschweilera ovata (embiriba)
Malpighiaceae - Byrsonima sericea (murici), B. coccolobifolia e B.
verbascifolia (murici-de-tabuleiro),
Malvaceae - Guazuma ulmifolia (mutamba), Luehea ochrophylla
(açoita cavalo)
Melastomataceae - Miconia albicans, M. amoena, M. ciliata
Mimososaceae - Abarema cochliocarpus (barbatimão)
Myrtaceae - Calyptranthes sp., Myrcia alagoensis, M. falax, Psydium
guineensis (araçá)
Ochnaceae - Ouratea nítida
Polygonaceae - Coccoloba latifolia (cabaçu)
Sapindaceae - Cupania platycarpa, Serjania salzmaniana
Sapotaceae - Pouteria venosa (leiteiro)
Verbenaceae - Lantana camara (chumbinho).
Cobertura Vegetal de Alagoas 109
8.4- Região Agreste - Zona de Transição Mata Como forma de ilustrar a flora da região agreste
Atlântica Caatinga apresentaremos uma lista de famílias e espécies
botânicas coletadas e registradas na coleção de flora do
Herbário MAC, do Instituto do Meio Ambiente do
A região agreste apresenta-se como uma Área de estado de Alagoas.
Tensão Ecológica, ou seja, um ambiente de transição Anacardiaceae - Anacardium occidentale (cajueiro),
entre a Savana Estépica conhecida como Caatinga e a Thyrsodium spruceanum (cabotã)
Floresta Estacional ou Mata Atlântica (Mapa de Araceae - Taccarum ulei (erva-de-cobra)
Vegetação do Brasil, IBGE, 1993). No agreste alagoano é Arecaceae - Attalea oleifera (pindoba), Syagrus coronata
possível notar uma “mistura” entre estes diferentes (ouricuri), Syagrus oleraceae (catolé)
tipos vegetacionais, havendo plantas que habitam Bignoniaceae - Tabebuia sp. (pau-d'arco)
matas mais úmidas e plantas que suportam climas Boraginaceae - Cordia leucocephala (Moleque duro)
quentes e secos, em geral plantas xerófitas, espinhentas Bromeliaceae - Bromelia plumieri, Hoherbergia sp.,
Tillandsia bulbosa, T. loliaceae
e decíduas, a exemplo de cactos, bromélias e diversas
Cactaceae - Cereus jamacaru (mandacaru)
espécies arbóreas.
Capparaceae - Crataeva tapia (trapiá), Cleome spinosa
O agreste mostra maior afinidade, em termos de (mussambê), Capparis jacobinae, Capparis ico (icó)
vegetação, solos e clima à região ecológica da Floresta Caesalpinaceae - Bauhinia cheilantha (mororó), Parkinsonia
Estacional Semidecidual, e esta é caracterizada por um aculeata (turco) Caesalpinia pyramidalis (catingueira)
Cochlospermaceae - Cochlospermum sp.
clima de duas estações bem definidas, uma chuvosa e
Euphorbiaceae - Euphorbia tirucalli (avelós), Croton
outra seca, acarretando adaptações à flora para resistir campestris (velame)
aos rigores climáticos, determinando a queda das folhas Fabaceae - Erytrina velutina, E. crista-galli (mulungus)
de muitas espécies nos períodos secos (Veloso e Góes- Lecythidaceae - Eschweilera ovata (embiriba)
Filho, 1982). Malvaceae (=Bombacaceae, Steculiaceae e Tiliacea) - Ceiba
pubiflora (barriguda), Guazuma ulmifolia (mutamba),
Infelizmente este tipo de vegetação é encontrado de
Backeridesia andrade-limae, Sida rhombifolia, Apeiba
forma rarefeita, bastante degradada ao longo dos anos tibourbou (pau-de-jangada)
pelo uso intenso e indiscriminado do solo, seja nas Mimosaceae - Enterolobium contortisiliqum (tamboril),
zonas rurais de municípios como Arapiraca, Palmeira Mimosa hostilis (jurema-preta)
dos Índios, Taquarana, Limoeiro de Anadia, Igaci, Feira Rhamnaceae - Gouania blanchetiana, Zizyphus joazeiro
Grande, entre outros, chegando aos topos de morros e (juá)
encostas de grande declividade, já completamente Sapindaceae - Thyrsodium spruceanum (cabotã)
desprovidos de vegetação natural original. Simaroubaceae - Simaruba amara (praíba)
Cochlospermum sp.
Foto: Iremar Bayma
110 Cobertura Vegetal de Alagoas
A Caatinga compreende uma região situada entre os apresenta 92% de seu território dominado por climas
2°54' S e os 17°21' S na região Nordeste do Brasil, úmidos e subúmidos.
estendendo-se desde o Piauí, Ceará e Rio-Grande-do-
Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia e norte de Minas Gerais, Por razões ligadas a circulações atmosféricas, a água não
no qual é denominada de “Domínio das Caatingas". penetra no espaço dos sertões, o que amplia a
temperartura e a secura do clima.
Ao todo são mais de 835.000 km2, equivalentes a 10% do
território nacional, posicionando a Caatinga no quarto Ab'Sáber (2003) comenta que nos Cerrados chovem em
maior bioma brasileiro, superado apenas pela média 1500 a 1800 mm/ano, enquanto no “nordeste
Amazônia, cerrados e Mata Atlântica. seco” apenas 268 a 800 mm/ano em média.
O "Domínio das Caatingas" apresenta uma área de clima Mesmo em ambientes próximos como a Mata Atlântica,
quente, onde os meses apresentam média térmica chove-se cerca de 2,5 vezes mais que muitas áreas dos
superior a 18°C. A pluviosidade oscila entre os 260 a sertões, chegando de 6 a 9 vezes mais chuva do que em
1000mm anuais, com a existência de uma estação seca áreas mais rústicas e secas da caatinga.
bem marcada que se prolonga por 3 a 11 meses,
havendo certas áreas de clima semi-árido quase A caatinga propriamente dita começa a se expressar em
desértico caracterizadas por 9 a 12 meses sem água. Alagoas a partir dos municípios de Batalha, Olho D'água
das Flores, Palestina, adentrando-se até Delmiro
A vegetação apresenta uma sucessão de espécies Gouveia, continuando pelos estados de Sergipe, Bahia e
arbustivas e arbóreas, xerófitas, suculentas e Pernambuco. Na região do rio São Francisco, a caatinga
espinhetas, que dependendo das condições do solo, se estende desde Traipú e Belo Monte, seguindo rio
altitude e disponibilidade hídrica podem variar em sua acima em municípios como Pão de Açúcar, Piranhas,
fisionomia e composição florística. Olho d'água do Casado, e Delmiro Gouveia, no sertão do
São Francisco
É possível notar formações florestais com árvores de até
30 metros de altura (matas secas), em geral decíduas e Solos expostos e rasos marcam a paisagem espinheta e
localizadas em áreas mais úmidas. acinzentada, por vezes plana, pontuada por serras e
serrotes rochosos (inselbergues). Grandes e pequenas
Formações arbustivo-arbóreas são frequentes,
fazendas demarcam o solo e promovem ampla
compostas por árvores espinhetas de médio porte (até
supressão vegetal para criações de bois, vacas e bodes.
15 metros de altura), bem como cactáceas e
Por vezes cultiva-se feijão, milho, palma forrageira,
bromeliáceas. Em regiões de solos profundos e
algodão, fumo, ou então se vê a terra abandonada por
arenosos, a caatinga assume um aspecto baixo (de 5 a 7
pura falta de água.
metros de altura), é a “caatinga de raso”.
A caatinga sofre com as frequentes retiradas de
E em áreas de solos rasos, quase rochosos, a vegetação madeira, que servem de lenha, estaca mourão, e com
predominante é arbustiva, encontrada em áreas que isso fazem desaparecer grandes manchas de florestas
apresentam um curto período de chuvas (4-5meses), secas. A flora, desta forma, vai ficando cada vez mais
altas temperaturas (média anual de 27ºC) e empobrecida, onde muitos exemplares típicos
pluviosidade entre 250 - 800mm anuais. simplesmente desapareceram, ou são apenas
Segundo Ab'Sáber (2003), o 'Domínio das Caatingas” é encontrados em encostas íngremes das serras.
um dos três espaços semiáridos da América latina, Campanhas de campo feitas por equipes do IMA
sendo uma região de grande contraste para um país Herbário MAC, em municípios sertanejos resultaram
como o Brasil, que numa coleção florística significativa.
Cobertura Vegetal de Alagoas 111
No banco de dados do Herbário MAC consta inúmeras Malvaceae - Ceiba glaziovii (barriguda)
espécies botânicas, onde apresentamos a seguir alguns Mimosaceae - Anadenanthera macrocarpa (angico-
dos seus principais repreentantes. vermelho), A. colubrina (angico), Pithecellobium diversifolium
(jurema), Pithecellobium cacariensis, Mimosa hostilis
(jurema-preta)
Moraceae - Brosimum potabile (leiteira)
Anacardiaceae - Astronium urundeuva (aroeira), Spondias Orchidaceae - Brassavola tuberculata, Catasetum sp.
tuberosa (umbu), Schinopsis brasiliensis (baraúna) Epidendrun sp. Vanilla palmarum, Oncidium ceboleta
Apocynaceae - Aspidosperma pyrifolium (pereiro) Rhamnaceae - Ziziphus joazeiro (juá)
Araceae - Anthurium affine, Philodendron bipinatifidum Rubiaceae - Guettarda sericea
Arecaceae - Syagrus coronata (ouricuri) Sapindaceae - Sapindus saponaria (sabonete)
B i g n o n i a c e a e - Ta b e b u i a a u r e a ( c ra i b e i ra ) , T. Sapotaceae - Bumelia sartorum (quixabeira)
ipe.T.impetiginosa (ipê-roxo)
Burseraceae - Commiphora leptoploeus (imburana-de-cabão)
Bromeliaceae - Bromelia laciniosa (macambira), Encholirium A sobrevivência do homem sertanejo dependeu e
spectabile (macambira-de-flecha), Neoglaziovia variegata, depende até o hoje do conhecimento adquirido com sua
Tillandsia loliaceae, T. recurvata, T. streptocarpa experiência em lidar com a natureza, cabendo só a ela, e
Cactaceae - Cereus jamacaru (mandacaru), Harrisia em muitas instâncias, sua subsistência, no que se refere
adscendens, Melocactus bahiensis (coroa-de-frade). Opuntia à obtenção de alimentos, medicamentos, matéria prima
inamoena (quipá), Opuntia palmadora, Pilosocereus para a fabricação de utensílios de trabalho, madeira para
gounellei (xique-xique), P. pachicladus (facheiro) edificar casas, transportes, cercas, lenha e carvão.
Caesalpinaceae - Caesalpinia ferrea (pau-ferro), C.
pyramidalis (catingueira), C. microphyla (catingueira rasteira), Por isso, as plantas da caatinga são extremanete úteis
Bauhinia cheilantha (pata-de-vaca), Bauhinia pentandra, para o sertanejo, e isto provocou de certa forma uma
Cassia grandis (canafístula), Parkinsonia aculeata (turco) drástica redução da cobertura vegetal.
Capparaceae - Capparis jacobinae, Capparis flexuosa (feijão-
bravo), Crateva tapia (trapiá) Além de lenha e madeira, muitas espécies são
Celastraceae - Maytenus rigida (bom-nome) medicinais, como é o caso de Caesalpinia ferrea, ou o
Convolvulaceae - Ipomoea subincana, Ipomoea conhecido pau-ferro, pau-ferro-verdadeiro, ou jucá,
sericophylla, uma árvore que atinge grande porte, tronco liso, com
Eriocaulaceae - Paepalanthus myocephalus manchas brancas e flores amarelas.
Euphorbiaceae - Cnidosculos phyllacanthus (favela), C.
quercifolius (faveleira), Croton campestris (velame), C. As raízes do jucá são febrífugas e antidiarréicas. O fruto
sonderianus (marmeleiro), Jatropha molissima (pinhão), tem propriedades béquicas (propriedade de atenuar
Manihot glaziovii (maniçoba), tosse e irritações da faringe) e antidiabéticas. A
Fabaceae - Cajanus indicus, Canavalia brasiliensis, decocção da madeira é anticatarral e contra feridas, a
Machaerium angustifolium (mau-vizinho), Geoffroea spinosa casca é desobstruente, adstringente, e alivia dores
(marizeiro),
A maior parte da cobertura vegetal do Estado de Alagoas é Ao longo do tempo, outras formas de uso da terra foram
formada pelos biomas Mata Atlântica e Caatinga, e a estes sendo adotadas, como a diversificação da agricultura e da
estão associadas espécies da fauna comuns aos dois pecuária, aumento da extração de lenha para produção
ambientes ou particulares a cada um deles. Tanto a Mata de carvão e caça dentre outras. Devido ao caráter
Atlântica como a Caatinga apresentam uma grande sistemático dessas atividades, associado ao
riqueza de espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. recrudescimento nas últimas décadas, o bioma caatinga
tem sido destruído ou seriamente descaracterizado
De todos os setores da Mata Atlântica, o Centro
(Zanetti, 1994).
Pernambuco é o mais crítico, restam menos de 4% de
florestas. As florestas do Centro Pernambuco necessitam O Brasil é o maior país em diversidade biológica,
de medidas urgentes de ações de proteção e preservação, abrigando a maior diversidade de mamíferos, com mais
como a criação de reservas e um planejamento regional de 530 espécies descritas. A conservação de mamíferos
direcionado à preservação dos ambientes. tem se beneficiado de iniciativas de organizações
governamentais e não-governamentais, incluindo
O Domínio do Bioma Caatinga abrange cerca de 900 mil avanços na legislação, iniciativas em âmbito nacional para
2
Km , correspondendo aproximadamente a 54% da região definição de áreas prioritárias para conservação, planos
Nordeste e 11% do território brasileiro. Está de manejo para várias espécies ameaçadas,
compreendido entre os paralelos de 2° 54' S a 17° 21' S, e planejamento sustentável da paisagem e a criação de
envolvem áreas dos Estados do Ceará, Rio Grande do novas unidades de conservação.
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, o sudoeste
Segundo Galindo-Leal e Câmara (2005), A Mata Atlântica
do Piauí, partes do interior da Bahia e do norte de Minas
vem a ser um dos 25 hotspots de biodiversidade
Gerais.
reconhecidos no mundo. Hotspots são áreas que
Alterações na caatinga tiveram início com o processo de perderam pelo menos 70% de sua cobertura vegetal
colonização do Brasil, inicialmente como conseqüência da original (neste caso a Mata Atlântica brasileira), e que
pecuária bovina, associada a práticas agrícolas juntas abrigam mais de 60% de todas as espécies
rudimentares. terrestres do planeta.
114 Cobertura Vegetal de Alagoas
A Lista Vermelha de espécies ameaçadas no mundo Atualmente, cerca de 510 espécies de plantas, aves,
(União Mundial para a Natureza - UICN), apresenta mais mamíferos, répteis e anfíbios da Mata Atlântica estão
de 110 espécies da fauna de Mata Atlântica que estão oficialmente ameaçadas de extinção. Algumas estão
ameaçadas, das quais, 29 são consideradas ameaçadas apenas no bioma, outras em todo o Brasil e
criticamente em perigo. A lista oficial da fauna outras em nível global (MMA, 2000; Tabarelli et al,
ameaçada do Brasil inclui mais de 140 espécies de 2002).
vertebrados terrestres da Mata Atlântican (Tabela 01).
Tabela 01: Número total de espécies endêmicas e espécies ameaçadas de grupos selecionados da Mata Atlântica.
9.1.1- Mamíferos
Existe a ocorrência confirmada de 69 espécies de
mamíferos para a Mata Atlântica de Alagoas (Moura,
2006) e 37 espécies de mamíferos para a Caatinga, de
acordo com Oliveira, Gonçalves & Bonvicino (2003).
Dessas 37 espécies que ocorrem na Caatinga, a maior
parte é amplamente distribuída não só nesse
ecossistema, mas também em outros.
Algumas delas apresentam características adaptativas
típicas de outros ambientes, no entanto pode ser
encontrada na Caatinga de forma pontual ou nas
regiões limítrofes.
Sagui-comum (Callitrix jacchus), abundante nos mais diversos ambientes. Portanto, o sertão alagoano, apesar de rico em
Foto: Sérgio Leal.
diversidade de espécies animais, possui poucos táxons
não endêmicos e com grande distribuição na Caatinga e
outros apresentando endemismo, como é o caso do
mocó Kerodon rupestris.
Entre os mamíferos da Caatinga utilizados como
alimento pela população, o mocó é o que mais sofre
com a intensa pressão de caça devido a seu tamanho
grande e qualidade de sua carne. É localizado facilmente
por defecar sempre no mesmo local e apresentar
vocalização de alarme característica.
Outro mamífero típico da Caatinga é o punaré
Thrichomys laurentius, geralmente abundante,
apresentando hábitos preferencialmente
crepusculares, habitando áreas abertas e florestais da
Caatinga, do Cerrado e do Pantanal.
Na Mata Atlântica, entre os mamíferos mais abundantes
estão a preguiça (Bradypus variegatus), o sagui-comum
(Callitrix jacchus), o quati (Nasua nasua) e a cutia
(Dasyprocta prymnolopha).
Gambá - Didelphis albiventris, repousando em oco de árvore.
Foto: Sérgio Leal. Além das espécies já mencionadas, diversas outras de
morcegos podem ser encontradas em Alagoas, nos
ambientes florestais, nas bordas de mata e áreas
abertas com árvores esparsas, podendo apresentar
notável contribuição ambiental na polinização e na
dispersão de espécies vegetais.
Box - O Mutum-de-alagoas (Pauxi mitu) Inicialmente com o IBAMA foi criado o Comitê Nacional do
FERNANDO PINTO Mutum-de-alagoas, com a participação de diversas
entidades civis e governamentais para desenvolver e
Pertencente à ordem dos Galiformes e Família dos implementar um amplo programa de reprodução em
Cracídeos, o Mutum-de-alagoas insere-se num grupo de cativeiro, criação de áreas protegidas em Alagoas para
aves que ocorre em toda a America Latina, com espécies futuros programas de reintrodução e programas de
distribuídas da Argentina ao México. Os Mutuns são os educação ambiental com comunidades nas antigas áreas
maiores representantes deste grupo, com hábitos de ocorrência da ave.
terrestres e alimentação variada, constando desde frutos e
folhas a sementes e pequenos animais, como artrópodes Hoje o Comitê foi ampliado para o “Comitê Nacional de
em geral. Cracídeos” sob a Coordenação do Instituto Chico Mendes
de Biodiversidade. Atualmente existe um número razoável
Vivem aos casais e constroem seus ninhos com gravetos e de Mutuns-de-alagoas em cativeiro, bem como Reservas
folhas no alto das árvores, onde põem dois ovos brancos. A Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) estão sendo
fêmea choca por um período aproximado de 20 a 25 dias e criadas pelas Usinas de Açúcar do Estado de Alagoas nas
os filhotes já abandonam o ninho assim que nascem e áreas consideradas prioritárias para uma futura
passam a acompanhar os pais. reintrodução dos Mutuns.
Em algumas espécies de Mutuns existe um dimorfismo
sexual acentuado, tendo os machos coloração
predominante preta e as fêmeas com variadas tonalidades
de castanho com riscas pretas e asas e cauda preta.
A redescoberta do Mutum-de-alagoas
O Mutum-de-alagoas foi durante muito tempo
considerada uma subespécie (Mitu mitu mitu) do Mutum-
cavalo da Amazônia (Mitu mitu tuberosa). Atualmente o
Mutum-de-alagoas (Pauxi mitu) é considerado espécie.
Trata-se de uma ave muito rara desde a década de 1950,
quando o eminente ornitólogo Olivério Pinto coletou um
exemplar nas matas do Município de São Miguel dos
Campos, na época uma das matas mais exuberantes do
Nordeste.
Segundo relato do industrial José Nogueira, proprietário da
fábrica de tecido Vera Cruz em São Miguel dos Campos, o
Mutum-de-alagoas era encontrado com certa frequência
nas matas existentes, e alvo de caçadores que tinham certa
predileção por sua carne.
Na década de 1970, Pedro Mário Nardelli, proprietário de
um Criadouro Científico no Rio de Janeiro, esteve em
Alagoas em busca do Mutum-de-alagoas e conseguiu
localizar um exemplar fêmea em cativeiro, na casa de um
morador local. Entusiasmado com a descoberta, Pedro
Nardelli organizou uma expedição em busca dos últimos
Mutuns e conseguiu capturar cinco exemplares que deu
origem aos atuais Mutuns, descendentes desses
exemplares selvagens.
Em seu criadouro em Nilópolis no Rio de Janeiro, Nardelli
com obstinação e persistência desenvolveu um programa
de criação dos Mutum-de-alagoas em cativeiro e graças a
esse trabalho essa magnífica ave não foi extinta.
Situação atual do Mutum-de-alagoas
Com a desativação do Criadouro Científico Mário Nardelli,
44 exemplares desta espécie foram distribuídas em dois
Criadouros Científicos em Minas Gerais e junto a eles
iniciado um novo programa de reprodução em cativeiro
que vem aumentando com sucesso o numero de
indivíduos.
120 Cobertura Vegetal de Alagoas
Referências Citadas & Consultadas Roda, S.A. 2004. Lista preliminar das aves da Usina Trapiche,
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Recife: Editora da Universidade Federal de Pernambuco, v. , p.
275-334.
Calango na caatinga
Foto: Jôsefa
122 Mangues de Alagoas
Mangues de Alagoas
Mangues de Alagoas 123
Diferentemente da região norte, o sul de Alagoas possui 10.2- Principais formações de manguezais do Estado de
uma costa mais estreita, tendo os tabuleiros costeiros Alagoas
terminando de forma mais abrupta, originando falésias
10.2.1- Complexo Estuarino Lagunar Mundaú
vivas. As bocas dos rios são então estranguladas e por
vezes escavam nos sedimentos dos tabuleiros largas Manguaba - CELMM (Litoral Centro)
passagens para suas águas. O Complexo Estuarino Lagunar Mundaú e Manguaba
Com o fluxo da maré de encontro ao curso dos rios há a têm origem a partir das bacias dos rios Paraíba do Meio e
tendência natural de formar lagunas, sendo estas Sumaúma Grande (Laguna Manguaba), e Mundaú
desenvolvidas através dos milhares de anos por meio de (Laguna Mundaú). A bacia do rio Sumaúma Grande e
sucessivos avanços e recuos dos mares sobre o Paraíba do Meio localizam-se na porção centro-sul-leste
continente. da Microrregião Homogênea de Maceió.
O município de Roteiro e Jequiá da Praia apresentam A bacia do rio Sumaúma Grande drena uma área de
diversas lagunas, a maioria delas com formações de cerca de 372km² dos municípios de Boca da Mata,
mangues, dentre as quais se destaca a laguna de Roteiro, Maribondo, São Miguel dos Campos, Pilar e Marechal
na boca do rio São Miguel. Deodoro.
As demais lagunas que apresentam mangues são: lagoa A bacia do Paraíba do Meio ocupa a parte meridional da
Comprida, lagoa Taboados, lagoa Azeda, lagoa Mata Alagoana, tem suas nascentes situadas em
Jacarecica do Sul, e lagoa Jequiá (rio Jequiá), além do rio Pernambuco e suas águas drenam 13 municípios
Poxim a maior parte em Jequiá da Praia. alagoanos, numa área estimada de 3.157km² (Atalaia,
Os rios Coruripe, em Coruripe, e o São Francisco, no Cajueiro, Capela, Chã Preta, Maribondo, Mar Vermelho,
limite sul do estado, também apresentam em seus Palmeira dos Índios, Paulo Jacinto, Pindoba, Quebrangulo,
estuários formações de manguezais. Viçosa, Pilar e Marechal Deodoro).
Outras pequenas manchas de mangue podem ser A laguna Manguaba tem uma área de 42km² e se comunica
observadas ponteando o litoral, muitas vezes são com a laguna de Mundaú através de canais que cobrem
testemunhos de que havia riachos que desaguavam no uma área de 12km². A laguna Mundaú, com seus 27 km²,
mar, mas que foram severamente afetados pela forte tem sua origem a partir da bacia do rio Mundaú, que drena
ocupação agrícola na zona da mata e litoral de Alagoas. uma área com cerca de 4.126 km², cobrindo os municípios
alagoanos de São José da Laje, Satuba, União dos Além destes, cita-se o extrativismo de animais e plantas
Palmares, Atalaia, Branquinha, Capela, Coqueiro Seco, (madeiras do mangue e das matas ciliares, coleta de
Ibateguara, Messias, Murici, Pilar, Rio Largo, Santana do crustáceos e moluscos); pesca (redes finas e de arrasto,
Mundaú, Santa Luzia do Norte e Maceió. garatéias), expansão urbana (residências em áreas de
preservação permanente, condomínios, loteamentos);
Mundaú e Manguaba banham os municípios de Maceió, despejos de esgotos e lixo doméstico; aterros;
Marechal Deodoro, Coqueiro Seco, Pilar e Santa Luzia do queimadas; gasodutos, oleodutos, tubulações de cloro-
Norte, sendo Maceió o centro urbano mais desenvolvido. químicos (pólo industrial de Marechal Deodoro); poços
de petróleo e gás natural (em áreas de Mata Atlântica no
entorno das lagoas).
Geomorfologia das bacias
Os níveis de conservação dos ambientes naturais do
Sumaúma Grande: Sua nascente encontra-se sobre o CELMM dependem diretamente da ação da sociedade
Domínio do Cristalino Batólito Pernambuco - Alagoas e local e dos órgãos ambientais governamentais.
sobre os sedimentos do Grupamento Barreiras parte das
margens do rio é formada por falésias abruptas dos Muitas ações de fiscalização sobre empreendimentos
clásticos do Grupo Barreira. tentam promover um convívio saudável entre
empreendedores e natureza, mas ainda faltam
Paraíba do Meio: Boa parte do rio está sobre o Domínio conscientização e investimentos na área de educação e
do Cristalino Batólito Pernambuco - Alagoas, na região de infra-estrutura, bem como a aplicação das leis
foz (Laguna Manguaba) se apresenta sobre o Domínio ambientais que visam proteger este importantíssimo
Sedimentar da bacia Alagoas - Sergipe (Grupamento complexo estuarino.
Barreiras); há registros de conglomerados do Membro
Carmópolis da Formação Muribeca, folhelhos da
Formação Ponta Verde e arenitos da Formação Coqueiro
Seco.
Mundaú: As nascentes e parte do curso médio estão
localizadas sobre o Domínio do Cristalino Batólito
Pernambuco - Alagoas, e gnaisses do Escudo Brasileiro. Em
seguida o rio flui sobre os sedimentos da Bacia Alagoas -
Sergipe (Formação Muribeca), havendo também
afloramentos de arenitos e folhelhos da Formação
Coqueiro Seco e arenitos da Formação Penedo.
Manguezal: 1.274,89 hectares
O mangue apresenta um dossel máximo de 15 metros de
altura com emergentes atingindo até 25 metros de altura.
As espécies observadas foram: Laguncularia racemosa
(muito frequente), Rhizophora mangle (frequente),
Avicennia schaueriana (comum), Avicennia germinans
(comum).
Os ambientes contíguos aos mangues são as Praias,
recifes, restingas, brejos, Mata Atlântica, rios, várzeas, e as
culturas agrícolas no entorno mais frequentes são os
coqueirais, cana-de-açúcar, e lavouras de subsistência.
Impactos ambientais observados
Os manguezais do CELMM estão sob influência de diversos
tipos de interferências humanas, ocasionando diferentes
níveis de impacto sobre os seres vivos, e meio físico.
Os impactos são oriundos de atividades agrícolas,
industriais (usinas, petroquímica, matadouros,
fertilizantes), turísticas (bares e restaurantes em margens Ponta do Camurupim, Laguna Manguaba - Marechal Deodoro / Pilar.
de mangues, circulação de barcos e jet-ski, etc.). Foto: Iremar Bayma
126 Mangues de Alagoas
10.2.2- Laguna de Roteiro (Litoral Centro) Os ambientes contíguos aos mangues são as Praias,
recifes, restingas, brejos, Mata Atlântica, rios, bem como
O estuário do rio São Miguel é uma das mais
as culturas agrícolas no entorno composta de coqueirais,
exuberantes formações naturais do litoral sul alagoano, lavouras de cana-de-açúcar, e lavouras de subsistência.
apresentando a lagoa de Roteiro ladeada por encostas
de tabuleiro, e uma série de ilhotas repletas de
vegetação, canais e meandros. Os manguezais da lagoa Impactos ambientais observados
de Roteiro podem ser considerados os mais bem
Os manguezais de Roteiro sofreram grande ação
conservados, apresentando bosques homogêneos que
antrópica na região de foz, onde hoje é a cidade de Barra
chegam a atingir os 25 metros de altura.
de São Miguel, que veio a se desenvolver na orla
A bacia do rio São Miguel está situada na porção meio- litorânea sobre terrenos de marinha, ora ocupada por
centro-meridional-leste de Alagoas, Mesorregião do restingas, ora manguezais, e parte das encostas de
Leste Alagoano e Mesorregião do Agreste Alagoano, tabuleiro onde havia a Mata Atlântica.).
entre as Microrregiões Homogêneas de Palmeira dos Na região de foz existe um imenso banco arenoso em
Índios e Tabuleiros de São Miguel dos Campos. Drena parte tomado por vegetação de mangue e conhecida
uma área de 754km², banhando os municípios de como “ilha-três-corações”, onde é possível constatar a
Anadia, Belém, Barra de São Miguel, Boca da Mata, destruição do manguezal para o plantio de coco-da-
Maribondo, Mar Vermelho, Tanque D'Arca, Roteiro, São bahia.
Miguel dos Campos e Barra de São Miguel.
Na verdade os mangues estão encaixados e
Manguezal: 584,42 hectares pressionados pela situação do relevo. Na margem
esquerda as encostas são abruptas, mas mesmo assim a
A vegetação de mangue apresenta um dossel máximo Mata Atlântica fora severamente antropizada, tendo os
de 25 metros de altura, e as espécies observadas foram tabuleiros completamente devastados para a
Laguncularia racemosa (frequente), Rhizophora introdução da cana-de-açúcar. Na margem direita a
mangle (muito frequente), Avicennia schaueriana transição entre planície arenosa costeira e tabuleiro se
(pouco comum), Avicennia germinans (pouco comum). dá de forma mais suave.
Mangues de Alagoas 127
Na zona costeira arenosa, local de restingas, os 10.2.3- Rio Meirim (Litoral Norte)
coqueirais se espalham até o limite dos mangues, e nos
tabuleiros é a vez da cana-de-açúcar, pressionando
manguezais e ambientes aquáticos que circundam a O rio Meirim, ou Santo Antônio Mirim, posiciona-se na
lagoa de Roteiro. região norte-oriental da Microrregião Homogênea de
Maceió. Suas águas drenam desde a zona da mata
Na lagoa propriamente dita, os mangues vão perdendo
atingindo o litoral. O estuário do Meirim é seccionado
espaço e se misturando a uma vegetação ciliar, ou sendo
pela AL-101N, na altura do povoado de Pescaria, que fica
ocupados por canaviais, e por ambientes urbanizados.
às margens do rio.
O estuário de Roteiro também recebe em suas águas
A bacia do rio Meirim drena 272km² dos municípios de
despejos sanitários de inúmeros municípios da bacia do
Fleixeiras, Messias e Maceió. Principal afluente é o
São Miguel, e sofre com o excesso de pesca, com o
riacho do Senhor, posicionado na margem esquerda.
assoreamento e deposição de resíduos sólidos, corte
esporádico de mangue e outros tipos vegetacionais. Manguezal: 117,97 hectares, distribuídos em 19
fragmentos.
É importante citar que na região de foz do rio São Miguel
desemboca o rio Niquim, que também apresenta O Dossel máximo atinge os 8 metros de altura, e as
ambiente de mangue que se inicia desde a altura da espécies observadas são a Laguncularia racemosa
ponte sobre a AL-101 sul até sua foz. (muito frequente), a Rhizophora mangle (frequente) e a
Avicennia schaueriana (pouco frequente).
Este manguezal encontra-se sob forte pressão por parte
da intensa urbanização que vem passando a cidade Os ambientes contíguos ao mangue são as praias e
Barra de São Miguel. Muitas residências foram restingas, além do ambiente aquático fluvial (rio). As
construídas nas margens do rio Niquim, ocupando áreas culturas agrícolas no entorno mais frequentes são os
de mangues, muitas vezes sendo aterradas, restando coqueirais, lavouras de milho, batata-doce, quiabo,
agora muito pouco desta vegetação natural. feijão, banana, macaxeira (exceto o coco - as demais são
lavouras de subsistência).
As espécies observadas foram a Laguncularia racemosa Muitos trechos de mangue da região de foz são
(muito frequente), a Rhizophora mangle (muito descontínuos, por conta da necessidade de espaços
frequente), a Avicennia schaueriana (comum para atracar as balsas que transportam passageiros e
frequente em trechos específicos, e distante da foz), e a veículos de um lado a outro do rio.
Avicennia germinans (frequente, mas também na Na margem esquerda, além do mangue, a restinga
região mais distante da foz). também se apresenta severamente antropizada, tendo
sua área cedido lugar para a cidade e seus loteamentos
Os ambientes contíguos observados são as praias, rio,
à beira mar.
várzeas e a Mata Atlântica em encosta. Já entre as
culturas agrícolas no entorno estão os coqueirais e as Com uma largura variável, o Santo Antônio apresenta
lavouras de subsistência (milho, mandioca, macaxeira, ilhas de mangue que surgiram graças ao processo de
banana, feijão, batata-doce, frutíferas diversas) e por assoreamento de seu leito.
último, pastagens. Durante a maré baixa é possível notar grandes bancos
de areia, o que torna difícil a navegação. Barcos de
grande calado só podem circular no período de maré
Impactos ambientais observados alta, em pontos específicos, ou nos canais naturais.
O estuário do rio Santo Antônio apresenta A partir do segundo terço do estuário do Santo Antônio
características bem marcantes desde sua foz até as é possível notar a presença de bosques de mangue-
partes mais altas, aonde a influência da salinidade vai canoé competindo de igual monta em relação a
perdendo seu efeito. mangue-branco e mangue-vermelho, porém é possível
vislumbrar bosques monotípicos, onde só Avicennia
Na boca do rio, os mangues branco e vermelho formam schaueriana domina a paisagem.
grandes manchas na margem esquerda, e na direita a
A partir do último terço as demais espécies rareiam e a
forte pressão antrópica pressionou o mangue de forma paisagem típica do mangue se transforma, tanto pela
a criar pequenos grupos que ponteiam até os limites da mudança dos aspectos físico-químicos da água quanto
cidade. Logo após este trecho, os mangues voltam a se pela presença humana, destruindo a mata ciliar.
expressar com maior vigor, porém, desta vez,
pressionados pelas lavouras de coco. Observa-se, portanto, em ambas as margens do rio,
bosques estreitos com árvores altas, de até 20 metros
de altura, folhas estreitas, troncos enegrecidos e de
diâmetro expressivo, trata-se de Avicennia germinans
(mangue-preto).
É importante frisar a ocorrência de um “sambaqui”, que
se trata de um sítio histórico, que basicamente é um
depósito de conchas (ostras, e diversas espécies de
moluscos marinhos) depositadas por povos primitivos.
Este sambaqui encontra-se na beira do rio, em sua
margem direita, num trecho alto, entre mangues, e
visivelmente seccionado pelo rio, ou seja, houve um
desvio no curso do rio e o mesmo passou a correr
entrecortando o sambaqui, revelado num barranco
onde as conchas se acumulam.
Diversos são os impactos ambientais observados no
estuário do rio Santo Antônio. Vão desde a supressão de
vegetação de mangue para fins diversos e culminam na
instalação de fazenda de cultivo de camarão.
Cita-se também a emissão de esgotos e lixo na beira do
rio e nos mangues, aterros clandestinos, construção em
área de mangue, contaminação da água por
combustíveis e óleos lubrificantes das embarcações, e a
supressão da vegetação de restinga nos ambientes
contíguos.
10.2.5- Rio Camaragibe (Litoral Norte) constituídas por coqueirais, pastagens e canaviais, além
de lavouras de subsistência (milho, mandioca,
A bacia do rio Camaragibe posiciona-se na região oeste macaxeira, banana, feijão, batata-doce, e frutíferas
e centro-extremo-sul da Microrregião Homogênea do diversas).
Litoral norte alagoano, percorrendo desde a zona da
Impactos ambientais observados
mata até o litoral alagoano, tendo sua foz no município
de Passo do Camaragibe. Seus principais afluentes são O rio Camaragibe foi vítima constante das usinas de
os rios Galho do Meio e Salgado. açúcar, onde derrames de “tiborna” (vinhaça) eram
constantes, causando grande mortandade de peixes.
O Camaragibe drena os municípios de Colônia Com a destruição de grandes áreas de Mata Atlântica, o
Leopoldina, Joaquim Gomes, Ibateguara, Novo Lino, processo de assoreamento foi intensificado, o que
Matriz de Camaragibe e Passo do Camaragibe, numa comprometeu a navegação em suas águas.
área estimada em 892 km².
No passado grandes barcaças subiam o rio para
Manguezal: 763,26 hectares. transportar o açúcar produzido nos inúmeros
O manguezal apresenta um dossel máximo de 15 engenhos. Atualmente o transporte fluvial é incipiente,
metros de altura, havendo emergentes com até 20 reduzido a pequenas canoas e barcos de pesca.
metros (mangue-vermelho). As espécies observadas Ainda é possível vislumbrar grandes manchas de
foram a Laguncularia racemosa (muito frequente), a manguezal em suas margens, contudo é visível que
Rhizophora mangle (muito frequente), a Avicennia muitos fragmentos foram desbastados, o que atesta o
schaueriana (pouco frequente) e a Avicennia germinans porte baixo em muitos trechos. A cana-de-açúcar
(pouco frequente). ocupou as encostas e tabuleiros, e os pastos os baixios e
Os ambientes contíguos ao mangue são as praias e rio, mata vales, muitas vezes em áreas antes ocupadas por
de restinga e brejos. As culturas agrícolas no entorno são mangues.
Mangues de Alagoas 131
Muitos ecossistemas contíguos desapareceram, A rodovia que liga Barra do Camaragibe a Porto de
restando poucas áreas brejosas intactas. Também se Pedras também contribuiu para que boa parte do
observa o corte esporádico de madeira do mangue para manguezal fosse suprimida, décadas atrás.
fins diversos. A pesca com redes de malha fina nas bocas
Em entrevistas com moradores, soube-se de recentes
de meandros ou na margem do mangue também é
desmatamentos e o uso de bombas para pesca,
outro impacto notável.
trazendo revolta de muitos pescadores locais.
A deposição de lixo nas bordas, principalmente na
Alguns moradores promoveram a recuperação de
margem da rodovia que liga Passo do Camaragibe a
alguns trechos de manguezal, organizando plantios.
Barra do Camaragibe, é outro ponto negativo no
Hoje há bosques de mangue branco com quase 2
estuário, onde certos trechos da rodovia junto ao
metros de altura, fruto do esforço de conservação de
mangue se transformam em verdadeiros lixões (golpe
pessoas que se preocupam com o bem natural, pois
baixo para o turismo).
“favorece a pesca e atraem visitantes”, comentam.
Muitas residências estão posicionadas na borda do
Atualmente o manguezal de Tatuamunha vem
mangue, onde seus proprietários lançam seus dejetos e
recebendo atenção especial, pois em suas águas
esgotos diretamente na vegetação (margem esquerda
convive um dos mais ameaçados mamíferos marinhos,
do Camaragibe). Em sua margem direita, inúmeros
o peixe-boi (Trichechus manatus).
sítios e fazendas se instalam nas bordas do mangue,
muitas vezes suprimindo-o em grandes trechos,
abrindo acesso ao rio.
10.2.7- Rio Manguaba (Litoral Norte) Os ambientes contíguos ao mangue são as praias, rio e
brejos, e as culturas agrícolas no entorno consistem de
coqueirais, canaviais, pastagens e lavouras de
A bacia do rio Manguaba possui uma área de 640km² e subsistência.
se posiciona na região meio-centro-norte da
Microrregião Homogênea do Litoral Norte Alagoano, Impactos ambientais observados
drenando parte da zona fisiográfica da Mata e do Litoral.
A cidade de Porto de Pedras foi estabelecida na foz do
Seus afluentes são os rios Manguabinha, Tapamundé, rio Manguaba, o que significou em grandes impactos
das Pedras, Mucaitá, Macacos, Apara, Canavieiro, sobre os manguezais e ecossistemas costeiros
Floresta, São João, Camandatuba, Gurpiuna, que adjacentes desde o período da colonização.
drenam os municípios de Porto de Pedras, Japaratinga,
Porto Calvo, Jundiá e Novo Lino. Contudo o que se observa com maior atenção é a
pressão antrópica causada pela agricultura em toda
Manguezal: 739,18 hectares. bacia deste, acarretando grandes alterações ambientais
O dossel máximo do mangue revelou uma altura média em ambientes de Mata Atlântica, nas restingas,
de 15 metros, com indivíduos emergentes com até 25 manguezais e brejos.
metros de altura (bosques de Avicennia germinans - A cana-de-açúcar, coqueirais e pastos são as principais
região mais distante da foz). atividades agrícolas, e as que mais ocasionaram danos
As espécies observadas foram a Laguncularia racemosa ambientais.
(muito frequente), a Rhizophora mangle (muito
frequente), Avicennia germinans (frequente) e a
Avicennia schaueriana (pouco frequente).
10.2.8- Rio Maragogi (Litoral Norte) Os ambientes contíguos são as praias e rio, e as culturas
agrícolas no entorno continuam sendo os coqueirais, as
pastagens e as lavouras de subsistência.
A bacia do rio Maragogi se posiciona na região meio
centro-extremo-nordeste da Microrregião Homogênea
do Litoral Norte Alagoano, percorrendo desde a zona da Impactos ambientais observados
Mata até o Litoral.
Tem como afluentes os riachos Lavadão e Carões, que
O rio Maragogi apresenta manguezais muito
drenam apenas parte do município de Maragogi, num
antropizados por sua proximidade à cidade de
total de 108,0 km².
Maragogi, e forte influência turística. Alia-se a estes a
Manguezal: 185,66 hectares, distribuídos em 14 presença de assentamentos urbanos, a agricultura
fragmentos. (coco e pasto), vindo a provocar grande pressão sobre a
vegetação de mangue e restingas.
O dossel máximo de mangue não ultrapassa os 10
metros de altura, onde as espécies observadas foram a Boa parte do manguezal de sua foz desapareceu após a
Laguncularia racemosa (frequente), a Rhizophora instalação de um hotel sobre os terrenos de mangue.
mangle (frequente), e a Avicennia schaueriana (rara). Em diversos pontos a vegetação apresenta-se com
grandes clareiras e sinais claros de frequentes cortes.
Há trechos onde parte do esgoto da cidade é canalizado
diretamente para o mangue, bem como há locais
aterrados recentemente ou utilizados diariamente para
deposição de lixo (trecho ao longo da AL-101 Norte). A
população ribeirinha usa a madeira do mangue para
construir cercas e tapagens para casebres, ou como
armadilhas de pesca e outros fins.
No entorno dos mangues há grandes fazendas de gado e
coco. Muitos trechos de pastos foram abertos sobre o
substrato inconsolidado do mangue, que aliado ao
pisoteio dos animais fazem com que a vegetação
original não se recupere. Os mangues terminam
abruptamente, e o rio corre em trechos artificialmente
moldados e sem vegetação ciliar protetora.
Além dos estuários citados e descritos neste capítulo, o
Rio Maragogi e seu manguezal. litoral centro e norte também apresentam
Foto: Iremar Bayma remanescentes de manguezais nos rios Jacarecica (4,58
ha), Riacho Guaxuma (1,71 ha), Rio Pratagy (30,20 ha),
Riacho Senhor (Ipioca, 5,30 ha), mangues costeiros em
Ipioca (21,38 ha), Rio Sauaçuy (63,60 ha), Rio Sapucaí
(29,75 ha), Rio Cucuoba (10,25 ha), Rio Salgado (75,00
ha), rio dos Paus (57,75 ha) e Rio Persinunga.
10.2.9- Rio Jequiá (Litoral Sul) Sendo uma região muito utilizada por pescadores, o
estuário apresenta grande fluxo de embarcações, e
muitas delas são guardadas em clareiras de mangue,
O estuário do rio Jequiá dividia os municípios de Roteiro bem como são reparados motores e cascos, indicando
e Coruripe. Atualmente Jequiá da Praia é o mais novo derrames de óleos e combustíveis.
município alagoano, criado em maio de 1995 pela lei
Na cidade de Jequiá da Praia, que cresceu às margens
5.675 de 3 de fevereiro. Jequiá resguarda a 3ª maior
do rio em terrenos úmidos de mangue e brejos, os
lagoa com seus 17 quilômetros de extensão.
impactos são mais pronunciados: aterros, deposição de
Em 2001 a lagoa de Jequiá foi declarada como Reserva lixo, lançamento de esgoto doméstico, corte de
Extrativista Federal por forma do decreto presidencial manguezal, e sobrepesca da carapeba (Eugerres
de 27 de setembro de 2001, tendo objetivo, assegurar brasilianus).
seu uso sustentável e a conservação dos seus recursos
Uma comunidade de pescadores vive nas margens do
naturais.
rio em palafitas. Dependendo da maré, quando os
Os mangues de Jequiá estão distribuem-se nas cardumes de carapeba sobem ou descem o rio,
margens do rio, não chegado a sua laguna. Mostram-se centenas de pescadores lançam suas tarrafas para
antropizados, havendo grande pressão no trecho capturar o peixe, sendo este local um verdadeiro
urbanizado da cidade de Jequiá da Praia, situada às gargalo para os peixes que vivem entre o mar e a lagoa
margens do rio Jequiá (Jiquiá) e da AL-101 Sul. de Jequiá.
A bacia do Jequiá possui uma área de drenagem na
ordem de 824km², drenando os municípios de
Taquarana, Anadia, Limoeiro de Anadia, São Miguel dos
Campos, Tanque D'Arca, Coruripe, Junqueiro, Campo
Alegre e Jequiá da Praia.
Manguezal: 132,98 hectares, distribuídos em 24
fragmentos.
O dossel máximo atinge os 12 metros de altura com
emergentes atingindo até 15 metros de altura. As
espécies observadas foram a Laguncularia racemosa
(muito frequente), Rhizophora mangle (muito
frequente), Avicennia schaueriana (rara), e Avicennia
germinans (rara).
Os ambientes contíguos são as praias, recifes, restingas,
brejos, rios, lagoa, e as culturas agrícolas no entorno
são constituídas por coqueirais, canaviais, e lavouras de
subsistência. Estuário do rio Jequiá.
Foto: Iremar Bayma
A bacia hidrográfica do rio Coruripe está localizada na No baixo vale, os autores descrevem que o rio percorre
parte central de Alagoas, ocupando as mesorregiões do trechos com margens altas de tabuleiro, com fundo
Agreste Alagoano e do Leste Alagoano, Microrregiões de chato, e em seguida atinge baixada ampla, fundo
Palmeira dos Índios, onde se encontram suas nascentes, entulhado com vários contribuintes, formando também
e Microrregião de São Miguel dos Campos. várzeas, terraços eustáticos e restingas.
A bacia do Coruripe abrange uma área geográfica de Manguezais: 367,55 hectares distribuídos em 27
1.562km2, drenando terras de 13 municípios: Arapiraca, fragmentos.
Belém, Campo Alegre, Coité do Nóia, Coruripe, Igaci,
Junqueiro, Limoeiro de Anadia, Mar Vermelho, Palmeira O dossel máximo atinge os 12 metros de altura, e as
dos Índios, Tanque d'Arca, Taquarana e Teotônio Vilela. espécies observadas foram a Laguncularia racemosa
(muito frequente), a Rhizophora mangle (muito
Seus principais afluentes são: margem direita os riachos frequente), a Avicennia schaueriana (rara) e a Avicennia
Panelas, Vitorino, Peixe e Riachão, e pela margem germinans (rara).
esquerda, os riachos Lunga, Passagem, Francisco Alves,
Cruzes, Urutu e São José. Segundo Tenório e Almeida Os ambientes contíguos são as praias, recifes, restingas,
(1976), o Coruripe possui regime de curso temporário rio, e várzeas. As culturas agrícolas no entorno
em seu alto e médio vale, tornando-se perene no baixo continuam sendo os coqueirais, canaviais, pastagens, e
vale. lavouras de subsistência.
136 Mangues de Alagoas
Impactos ambientais observados Nota-se também que muitos moradores de baixa renda
ainda utilizam a madeira do mangue para queimar nos
O manguezal do estuário do rio Coruripe apresenta forte fogões a lenha, ou fabricam seus casebres com caibros
ação antrópica em quase toda sua extensão, principal- retirados da mata.
mente por ter a sede do município se desenvolvido em
seu entorno. Além da ocupação desordenada das áreas de mangue
pela comunidade mais carente, há também grandes
Da margem da AL-101Sul até o mar é possível encontrar
impactos causados por agricultores que suprimem o
fragmentos de mangue em diversos níveis de
conservação, contudo, na margem oposta, salvo alguns mangue para ampliar suas lavouras de coco.
escassos exemplares de mangue-branco e mangue- Atualmente, o maior risco de dano permanente aos
preto, não se observa formações de mangue nas manguezais do Coruripe vem a ser a possível instalação
margens do rio ou na vasta planície inundável do baixo
de um estaleiro naval, devendo suprimir uma área de
Coruripe, atualmente tomado por pastos, e mais acima,
canaviais. mangue que cobre uma área superior a 60 hectares.
Na zona de contato entre a cidade de Coruripe e o Além dos mangues citados nesta capítulo para o litoral
manguezal, um trecho ocupado principalmente pela sul, ainda registramos remanescentes na Lagoa
população de baixa renda, é que se encontram grandes Comprida (0,23 ha), Lagoa de Taboados (8,79 ha), Lagoa
impactos, a exemplo da emissão de esgotos in natura, Azeda (25,56 ha), Lagoa de Jacarecica do Sul (1,14 ha),
deposição de lixo, inclusive há um lixão dentro da área rio Poxim (51,43 ha), e rio São Francisco.
de mangue, em trecho aterrado. Nesse local a
população se utiliza dos canais que serpenteiam pelo
manguezal para chegar ao curso principal do rio.
Os principais grupos de animais estão representados Dentro dessa diversidade e complexidade biológica
nesse ambiente, onde podem ser vistos desde como encontramos um grande numero de grupos de animais
meros visitantes ou utilizando o mangue como moradia cada um com sua devida importância, porém, dois
exclusiva. desses grupos, os Moluscos e os Crustáceos, merecem
maior destaque devido ao grande numero de espécies e
Por se tratar de um ambiente de grande fluxo
sua enorme valoração econômica, servindo de base
energético, os mangues concentram grandes
para o sustento de inúmeras famílias.
populações de animais que buscam em seus redutos
meio de abrigo ideal para nidificação, crescimento, Os estudos científicos sobre os Crustáceos começaram
engorda e reprodução. no final do século XIX, a mais de 130 anos, com as
Sendo um meio termo entre ambiente terrestre e pesquisas de Hartt (1869) (apud Coelho et al. 2003) que
aquático, observa-se desde microorganismos até reuniu uma pequena, porém, significante coleção
mamíferos habitando entre as raízes, flutuando ao composta em sua maioria por espécies sem registro
sabor das marés, sobre as árvores ou utilizando o anterior para o Brasil.
espaço aéreo. Entre estas se encontrava o camarão Palaemon
jamaicensis Oliver (Smith, 1869), conhecido,
10.4.1- Fauna de Invertebrados e Artrópodes popularmente como camarão “pitu”, que foi coletado
Aquáticos em Penedo, em Alagoas (Calado et al., 2003).
É difícil para os leigos quando olham para o manguezal Ainda podemos citar, para o século XIX, as expedições
compreender a sua importância e o seu valor. Para científicas do Challenger e Branner-Agassiz. Já durante o
muitos os mangues não passam de um local feio, mal século XX as campanhas oceanográficas realizadas
cheiroso, e cheio de mosquito e dejetos. pelos barcos pesqueiros “Akaroa” e “Canopus”
ampliaram significativamente os números das espécies
De certa forma esses conceitos são verdadeiros
conhecidas para o subfilo Crustacea.
principalmente com relação às ações antrópicas, pois
pela falta de compreensão ao longo dos anos estes Além dessas expedições, pesquisadores individuais
ecossistemas vêem sofrendo uma série de impactos que foram dando suas contribuições ao longo desses anos
se não tomarmos as devidas providências em breve para o aumento do conhecimento desse grupo.
resultará na completa destruição de todo este
Com relação aos estudos sobre a fauna de Moluscos,
magnífico ambiente.
foram poucos os trabalhos realizados, merecendo
Uma dentre as muitas importâncias dos manguezais, destaque os de Sá (1980) que forneceu informações
podemos citar a mais simples, que é o fato dos mesmos referentes à biologia reprodutiva da ostra, Crassostrea
servirem como berçários de inúmeras espécies rhizophorae (Guilding, 1828).
marinhas e estuarinas (proteção), apoiando dessa
forma a conservação da biodiversidade.
Filo Coelenterata
Artrópodes aquáticos
Os Cnidários são os primeiros animais dotados de
tecidos organizados, chamados de histozoários. São O Filo Arthropoda animais que possuem pés
animais aquáticos radialmente simétricos com uma articulados - é de longe o maior de todos os Filos,
extremidade do corpo exibindo uma boca circundada apresentando cerca de 1 milhão de espécies conhecidas.
por tentáculos. Incluem os crustáceos (camarões, caranguejos e siris),
os aracnídeos (aranhas e escorpiões) e os insetos (grilos,
A boca é a única abertura para a cavidade intestinal. São
baratas, besouros), sendo este o mais diverso e
encontrados sob duas formas básicas, a medusa, de vida
abundante.
livre, e o pólipo, que é a forma fixa a um substrato. São
primitivos por não possuírem órgãos, e por não Todos possuem como característica comum o
apresentarem células epiteliais e musculares exoesqueleto (esqueleto externo), feito de quitina e que
completamente diferenciadas. reveste externamente o corpo desses animais,
estendendo-se para dentro deles revestindo o sistema
A maioria alimenta-se de zooplâncton, embora alguns
respiratório (traquéias). Também apresenta corpos
capturem animais maiores como pequenos peixes. A
segmentados (cabeça, tórax, abdome, e variações),
presa é capturada pelos tentáculos e imobilizada por
grande número de apêndices (presas, quelíceras, tubos
células explosivas chamadas cnidócitos ou cnidoblastos,
de sucção, antenas, pinças, etc.).
e estas contêm os nematocistos, que são cápsulas com
filamentos, em geral venenosos. O Filo é subdividido em dois grandes grupos: os
quelicerados (escorpiões, aranhas, xifosúros e
picnogonídeos) e mandibulados (crustáceos, insetos,
Filo Molusca centípedes e milípedes). Os crustáceos são os
representantes aquáticos nos estuários alagoanos,
A fauna de moluscos presentes nos manguezais
incluindo no rol de espécies os siris, pitus, camarões,
alagoanos pode ser disposta em dois grandes grupos: a
cracas e caranguejos. A seguir apresenta-se um quadro
Classe Gastropoda e a Classe Bivalvia.
resumo dos Filos e seus representantes nos estuários
alagoanos.
Filo Porifera
Filo Annelida
Mangues de Alagoas 143
Filo Molusca
144 Mangues de Alagoas
Filo Arthropoda
Mangues de Alagoas 145
Filo Arthropoda
146 Mangues de Alagoas
10.4.2- FAUNA DE PEIXES DOS ESTUÁRIOS DE ALAGOAS Os Agnatha (a = sem, gnathos = maxilar), como o próprio
Álvaro Guilherme Altenkirch Borba Júnior, Herbert Freire de Araújo e nome sugere, são vertebrados sem mandíbulas, dos
Iremar Bayma. quais aproximadamente 50 espécies foram descritas.
São peixes alongados, sem escamas, com tegumento
Os peixes constituem o grupo mais antigo dos mucoso e que não possuem tecidos duros internos.
vertebrados, possuem temperatura do corpo variável, Ocorrem nas águas frias, tanto no hemisfério norte
na maioria das vezes providos de escamas imbricadas quanto no sul. Os representantes mais conhecidos são
que se sobrepõem umas as outras, possuem tamanhos as lampreias (ordem Petromyzontiformes), que não
variados podendo atingir mais de 15 metros como o ocorrem no Brasil. Elas atuam como parasitas de alguns
tubarão-baleia (Rhineodon typus) ou não passar de peixes alimentam-se de sangue e tecido muscular de
poucos milímetros como uma espécie de gobião seus hospedeiros, que podem ser os salmões e as trutas.
(Pandaka pygmea) encontrada nas Filipinas.
São animais que não possuem valor comercial. Possuem
Para viverem no meio aquático os membros dos peixes representantes marinhos e de água doce, e algumas
possuem adaptações especiais que denominamos espécies são migratórias, vivendo no mar e
nadadeiras e seus órgãos respiratórios, de ramificação reproduzindo-se em rios e lagos.
exterior e não interior, como os vertebrados aéreos, se
designam sob o nome de brânquias, vulgarmente Os trabalhos a respeito da fauna de peixes em estuários
chamadas de guelras. e lagoas no estado de Alagoas iniciaram-se em 1979 com
os estudos de Costa & Sá que analisaram os caracteres
A maioria dos peixes se encontra no mar, mas há muitas morfométricos e merísticos da população de Arius spixii
espécies que são encontradas em água doce. Algumas conhecido popularmente como bagre-mandim, peixe
espécies são estritamente confinadas em água doce e de grande importância para a pesca artesanal na lagoa
são classificados como primários de água doce. Manguaba.
Outras espécies podem penetrar no mar ou em água Costa (1980) realizaram um estudo acerca dos aspectos
salobra, por curtos períodos de tempo, e são chamados de crescimento e biomassa no cultivo da tainha (Mugil
de peixes secundários de água doce. Existem, ainda, as trichodon) nos canais da Mundaú. Em 1983, Silva & Silva
espécies diádromas, que migram regularmente entre as publicaram alguns comentários sobre a pesca
águas doce e salgada, em certos períodos de seu ciclo de predatória nas regiões lagunares de Alagoas,
vida. demonstrando desta forma a necessidade da
Os peixes são divididos em três grandes Classes todas implantação de uma política de educação ambiental
elas com uma característica bem marcante: Agnatha, para a preservação da fauna de peixes das lagoas.
Chondricthyes e Osteichthyes. As classes Chondricthyes e Osteichthyes são descritas
nos quadros resumo a seguir, sendo destacadas as
espécies ocorrentes nos estuários alagoanos.
Carapeba
Foto: Iremar Bayma
Mangues de Alagoas 147
Quadro 03: Filo Chordata Subfilo Vertebrata (coluna vertebral como eixo estrutural estrutura óssea que se desenvolve em
torno da notocorda)
148 Mangues de Alagoas
Filo Chordata
Mangues de Alagoas 149
Filo Chordata
150 Mangues de Alagoas
Filo Chordata
Mangues de Alagoas 151
Quadro 04: Filo Chordata Subfilo Vertebrata Classe Aves - Estrutura esquelética adaptada ao vôo, ossos ocos, possuem penas, sangue quente,
sistema reprodutor feminino reduzido a um único ovário.
Mangues de Alagoas 153
Quadro 05: Filo Chordata - Subfilo Vertebrata - Classe Mammalia Animais que têm pelos ao invés de escamas, amamentam seus filhotes, e
mantém constante a temperatura do corpo
Mangues de Alagoas 157
Mustelidae: Lutra longicaudis - lontra (Porto de Pedras, Piaçabuçu, Marituba); Ptenura brasiliensis –
Ariranha (Porto de Pedras, Piaçabuçu, Marituba)
Formam a maior família entre os carnívoros com 56 espécies em 22 gêneros de ampla distribuição
geográfica, com exceção da Oceania, Antarctica, Madagascar e ilhas oceânicas. São animais de
pequeno a médio porte, incluindo as lontras, os texugos e doninhas, minks e martas. Possuem
tipicamente patas curtas, corpo alongado e uma cauda mais ou menos comprida. As orelhas são
normalmente arredondadas, focinho afilado, e glândulas anais bem desenvolvidas, as quais servem
para inúmeras funções, inclusive demarcar territórios.
Rodentia Muridae Holochilus sciureus (ou brasiliensis) - Rato-da-cana (Piaçabuçu); Rattus novergicus - Gabiru
Mamíferos roedores com placenta. Grande Maior família de roedores existente, verdadeiramente a maior de todas as famílias de
parte do grupo é formada por seres mamíferos, abrangendo mais de 1.383 espécies de camundongos e ratos verdadeiros. Dois
pequenos e as maiores chegam a atingir terços de todas as espécies e gêneros de roedores pertencem à família Muridae.
45kg (capivaras). Possuem 2 incisivos na
arcada dentária superior que crescem
continuamente e precisam ser sempre
afiados para manterem certo tamanho,
desta característica veio sua denominação,
do Latim rodere, roer.
Rodentia (cont.) Hydrochoeridae: Hydrochaerus hydrochaeris – Capivara (CELMM (Marechal Deodoro, Pilar), baixo
São Francisco)
Capivaras são os maiores roedores do mundo, chegando a pesar 60kg. A família apresenta apenas
uma espécie viva, encontrada habitando os trópicos, do Panamá a América do Sul. Possuem orelhas
e olhos pequenos, as narinas situam-se acima do rostrum, ajudando o animal a se deitar submerso na
água e continuar respirando. As patas são curtas, a dianteira tem 4 dígitos e a traseira 3, uma
membrana une parcialmente os dígitos; cauda muito curta; pelagem áspera e esparsa, com barbas de
pelos consistentes.
Caviidae: Galea spixii - Preá (CELMM, baixo São Francisco, Roteiro, Coruripe)
Trata-se de uma família de roedores que ocorre na América do Sul. Incluem animais com formas e
tamanhos diversos, desde pequenos com 600 g a médios com 16kg. Apresentam membros e orelhas
curtas, corpos robustos (algumas espécies da Patagônia possuem longas orelhas, lembrando lebres);
dentes curtos e afiados, ou sem corte.
158 Mangues de Alagoas
Órgãos Seccionais: Órgãos ou entidades estaduais Tem jurisdição em todo o território alagoano e é
responsáveis pela execução de programas, projetos e responsável pela execução da política estadual de meio
pelo controle e fiscalização de atividades capazes de ambiente, essa entendida como o conjunto de normas,
provocar a degradação ambiental. planos, programas e outros instrumentos de proteção
ambiental.
Órgãos Locais: Órgãos ou entidades municipais,
responsáveis pelo controle e fiscalização dessas O Instituto do Meio Ambiente - IMA, ao longo do tempo,
atividades, nas suas respectivas jurisdições. busca a observância da legislação ambiental e a
educação e conscientização da comunidade quanto à
IBAMA O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e necessidade de zelar pelos recursos naturais e pela
Recursos Naturais Renováveis, foi criado pela Lei nº melhoria da qualidade de vida, estando inserido no
7.735 de 22 de fevereiro de 1989, e foi formado pela SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente, na
fusão de quatro entidades brasileiras que atuavam na condição de Órgão Seccional.
área ambiental: Secretaria do Meio Ambiente (SEMA),
Superintendência do Desenvolvimento da Borracha COMDEMAs Conselhos Municipais de Defesa do Meio
Ambiente são órgãos colegiados no âmbito dos
Municípios
Cobertura Vegetal de Alagoas 161
E responsável pela gestão ambiental na área dos seus da propriedade, aplicando-se, para o caso, o
respectivos territórios. Em Alagoas atualmente existem procedimento sumário previsto no art. 275, inciso II, do
cerca de XX Secretarias Municipais de Meio Ambiente Código de Processo Civil.
ou Órgãos correlatos e seus respectivos COMDEMAs.
§ 2o Para os efeitos deste Código, entende-se por:
ONGs Estas entidades estão distribuídas entre as
I - pequena propriedade rural ou posse rural
Organizações Não Governamentais - ONGs, as
familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
do proprietário ou posseiro e de sua família, admitida a
OSCIPs. A sigla ONG, expressa genericamente, o
ajuda eventual de terceiro e cuja renda bruta seja
conjunto de organizações do terceiro setor tais como
proveniente, no mínimo, em oitenta por cento, de
associações, cooperativas, fundações, institutos, etc.
atividade agroflorestal ou do extrativismo, cuja área não
Ongs são, em geral: supere:
a) associações civis, a) cento e cinqüenta hectares se localizada nos
b) sem fins lucrativos, Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia,
Amapá e Mato Grosso e nas regiões situadas ao norte do
c) de direito privado, paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao
d) de interesse público. oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranhão
ou no Pantanal mato-grossense ou sul-mato-grossense;
A ONG não existe em nosso ordenamento jurídico. É um
fenômeno mundial, onde a sociedade civil se organiza b) cinqüenta hectares, se localizada no polígono das
espontaneamente para a execução de certo tipo de secas ou a leste do Meridiano de 44º W, do Estado do
atividade cujo cunho, o caráter, é de interesse público. A Maranhão; e
forma societária mais utilizada é a da associação civil
C) trinta hectares, se localizada em qualquer outra
(em contrapartida às organizações públicas e as
região do País;
organizações comerciais). São regidas por estatutos,
têm finalidade não econômica e não lucrativa. II - área de preservação permanente: área protegida nos
o o
Fundações também podem vir a ser genericamente termos dos arts. 2 e 3 desta Lei, coberta ou não por
reconhecidas como ONGs. vegetação nativa, com a função ambiental de preservar
os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
A OSCIP é uma qualificação decorrente da lei 9.790 de
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e
23/03/99, podemos dizer que OSCIPs são ONGs, que
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
obtêm um certificado emitido pelo poder público
populações humanas;
federal ao comprovar o cumprimento de certos
requisitos. Em Alagoas existem diversas ONGs, atuando III - Reserva Legal: área localizada no interior de
na área de abrangência da Mata Atlântica, bem como uma propriedade ou posse rural, excetuada a de
outras com atuação específica para o bioma Caatinga. preservação permanente, necessária ao uso sustentável
dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos
processos ecológicos, à conservação da biodiversidade
a) INSTRUMENTOS LEGAIS AMBIENTAIS: e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;
CÓDIGO FLORESTAL - LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO IV - utilidade pública;
DE 1965.
a) as atividades de segurança nacional e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o proteção sanitária;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
b) as obras essenciais de infraestrutura
Lei:
destinadas aos serviços públicos de transporte,
Art. 1° As florestas existentes no território nacional e s a n e a m e n to e e n e rg i a e a o s s e r v i ç o s d e
as demais formas de vegetação, reconhecidas de telecomunicações e de radiodifusão;
utilidade às terras que revestem, são bens de interesse
comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os c) demais obras, planos, atividades ou projetos
direitos de propriedade, com as limitações que a previstos em resolução do Conselho Nacional de Meio
legislação em geral e especialmente esta Lei Ambiente - CONAMA;
estabelecem. V - interesse social:
o
§ 1 As ações ou omissões contrárias às disposições a) as atividades imprescindíveis à proteção da
deste Código na utilização e exploração das florestas e integridade da vegetação nativa, tais como: prevenção,
demais formas de vegetação são consideradas uso nocivo combate e controle do fogo, controle da erosão,
162 Cobertura Vegetal de Alagoas
erradicação de invasoras e proteção de plantios com da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a
espécies nativas, conforme resolução do CONAMA; 100 (cem) metros em projeções horizontais;
b) as atividades de manejo agroflorestal h) em altitude superior a 1.800 (mil e
sustentável praticadas na pequena propriedade ou posse oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.
rural familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal
Parágrafo único. No caso de áreas urbanas,
e não prejudiquem a função ambiental da área; e
assim entendidas as compreendidas nos perímetros
c) demais obras, planos, atividades ou projetos urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões
definidos em resolução do CONAMA; metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o
território abrangido, obervar-se-á o disposto nos
VI - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará,
Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as respectivos planos diretores e leis de uso do solo,
regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos Estados de respeitados os princípios e limites a que se refere este
o
Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44 W, do artigo.
Estado do Maranhão. Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação
Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, permanente, quando assim declaradas por ato do Poder
pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de Público, as florestas e demais formas de vegetação
vegetação natural situadas: natural destinadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água a) a atenuar a erosão das terras;
desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura b) a fixar as dunas;
mínima será:
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e
1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de ferrovias;
menos de 10 (dez) metros de largura;
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério
2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água das autoridades militares;
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor
3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que científico ou histórico;
tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de
largura; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados
de extinção;
4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos
d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) g) a manter o ambiente necessário à vida das
metros de largura; populações silvícolas;
Procedimento administrativo próprio, quando inexistir serviços especializados não excluem a ação da
alternativa técnica e locacional ao empreendimento autoridade policial por iniciativa própria.
proposto.
Art. 30. Aplicam-se às contravenções previstas
§ 3o O órgão ambiental competente poderá neste Código as regras gerais do Código Penal e da Lei de
autorizar a supressão eventual e de baixo impacto Contravenções Penais, sempre que a presente Lei não
ambiental, assim definido em regulamento, da disponha de modo diverso.
vegetação em área de preservação permanente.
Art. 33. São autoridades competentes para
§ 4o O órgão ambiental competente indicará instaurar, presidir e proceder a inquéritos policiais, lavrar
previamente à emissão da autorização para a supressão autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal, nos
de vegetação em área de preservação permanente, as casos de crimes ou contravenções, previstos nesta Lei,
medidas mitigadoras e compensatórias que deverão ser ou em outras leis e que tenham por objeto florestas e
adotadas pelo empreendedor. demais formas de vegetação, instrumentos de trabalho,
Art. 8° Na distribuição de lotes destinados à documentos e produtos procedentes das mesmas:
agricultura, em planos de colonização e de reforma a) as indicadas no Código de Processo Penal;
agrária, não devem ser incluídas as áreas florestadas de
preservação permanente de que trata esta Lei, nem as b) os funcionários da repartição florestal e de
florestas necessárias ao abastecimento local ou nacional autarquias, com atribuições correlatas, designados para
de madeiras e outros produtos florestais. a atividade de fiscalização.
Art. 16. As florestas e outras formas de Art. 46. No caso de florestas plantadas, o
vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
preservação permanente, assim como aquelas não Naturais Renováveis - IBAMA zelará para que seja
sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de preservada, em cada município, área destinada à
legislação específica, são suscetíveis de supressão, produção de alimentos básicos e pastagens, visando ao
desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no abastecimento local.
mínimo:
I - oitenta por cento, na propriedade rural o
LEI DO SNUC - LEI N 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000.
situada em área de floresta localizada na Amazônia
Legal;
II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA no exercício do
situada em área de cerrado localizada na Amazônia cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
e quinze por cento na forma de compensação em outra
área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de
o
e seja averbada nos termos do § 7 deste artigo; Unidades de Conservação da Natureza SNUC,
estabelece critérios e normas para a criação,
III - vinte por cento, na propriedade rural implantação e gestão das unidades de conservação.
situada em área de floresta ou outras formas de
o
vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; Art. 3 O Sistema Nacional de Unidades de
e Conservação da Natureza - SNUC é constituído pelo
conjunto das unidades de conservação federais,
IV - vinte por cento, na propriedade rural em
estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta
área de campos gerais localizada em qualquer região do
Lei.
País.
o
Art. 4 O SNUC tem os seguintes objetivos:
Art. 22. A União, diretamente, através do órgão
executivo específico, ou em convênio com os Estados e I - contribuir para a manutenção da diversidade
Municípios, fiscalizará a aplicação das normas deste biológica e dos recursos genéticos no território nacional
Código, podendo, para tanto, criar os serviços e nas águas jurisdicionais;
indispensáveis.
II - proteger as espécies ameaçadas de extinção
Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que se refere o no âmbito regional e nacional;
parágrafo único do art. 2º desta Lei, a fiscalização é da
competência dos municípios, atuando a União III - contribuir para a preservação e a restauração
supletivamente. da diversidade de ecossistemas naturais;
Art. 23. A fiscalização e a guarda das florestas pelos IV - promover o desenvolvimento sustentável a
164 Cobertura Vegetal de Alagoas
Barreira Ecológica - O resultado de qualquer ação Altura. A capoeira representa, na realidade, diferentes
humana que impeça as migrações, trocas ou interações, estágios de regeneração de floresta inicial suprimida.
por meio da divisão ou isolamento de um ou mais
ecossistema. Cerrado - Vegetação que ocorre principalmente no
Planalto Central, caracterizado por árvores baixas e
Bentos - conjunto de seres vivos que vivem restritos ao retorcidas e arbustos espalhados, associados a
fundo de rios, lagoas, lagos ou oceanos. gramíneas.
Biocenose - conjunto equilibrado de animais e de
Chorume - Líquido de coloração escura (âmbar)
plantas de uma comunidade.
produzido a partir da decomposição das matérias
Biodiversidade É a diversificação de espécies animais e orgânicas existentes nos lixos domésticos dos lixões das
vegetais existentes em um determinado ambiente. cidades. Devido ao seu auto grau de contaminação o
Bioma - amplo conjunto de ecossistemas terrestres chorume é a maior das preocupações no descarte do lixo
caracterizados por tipos fisionômicos semelhantes de urbano, para evitar a sua infiltração e posterior
vegetação, com diferentes tipos climáticos. É o conjunto contaminação dos lençóis freáticos.
de condições ecológicas de ordem climática e
Cobertura Vegetal - Termo usado no mapeamento
características de vegetação: o grande ecossistema com
ecológico para determinar os tipos de vegetação natural
fauna, flora e clima próprios. Os principais biomas
mundiais são: tundra, taiga, floresta temperada ou plantada, que recobrem certa área.
caducifólia, floresta tropical chuvosa, savana, oceano e Coleta Seletiva - Processo de coleta de resíduos que
água doce. consiste em separar previamente, o lixo orgânico do lixo
Biomassa - Quantidade de matéria viva em uma área reciclável, na própria fonte geradora contribuindo para
predeterminada. reduzir o volume a ser transportado para os aterros. Esta
coleta é identificada pela cor dos recipientes que irão
Biota - É a composição da fauna e da flora de uma
contê-los: Verde para vidros, Vermelho para plásticos,
determinada região. Conjunto de seres vivos de um
ecossistema. Azul para papeis e Amarelo para metais.
Brejo - Terreno plano, encharcado situado nas regiões Compostagem - Processo de aceleração da
de cabeceiras de rios ou em zonas de transbordamento decomposição do lixo orgânico, por meio da ação de
destes. fungos e bactérias. O resultado deste processo é a
formação de um composto rico em matéria orgânica e
C
que é utilizado na adubação do solo para plantio.
Caatinga - Tipo de vegetação brasileira, protegida por
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
lei, formada por vegetação arbórea espinhosa associada
à Cactáceas e bromélias. Na seca esta vegetação perde Criado pela Lei nº 6.938 de 31.08.81 é a instância
as folhas como meio de proteção e garantia de superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente
sobrevivência. (SISNAMA), com a função de assessorar o Presidente da
República na Formulação de Diretrizes de Política
Cabeceira - Região onde se formam as nascentes dos Nacional do Meio Ambiente.
rios. Esta região tem a sua vegetação protegida por Lei
Federal, sendo proibida a sua supressão. Controle Ambiental - A faculdade de a Administração
Pública exercer a orientação, correção, fiscalização e o
Camuflagem - Disfarce pelo uso de formas, cores e
arranjos que simulam o ambiente circundante, para monitoramento da utilização dos recursos ambientais,
despistar predadores ou para capturar presas de conformidade com as leis em vigor. Conjunto de
desavisadas. O mesmo que mimetismo. ações adotadas visando manter as condições do meio
ambiente em níveis satisfatórios.
Cânion - Vales de paredes verticais íngremes em cujo
fundo normalmente corre um rio. Nosso melhor D
exemplo é o Cânion de Itaimbezinho no Parque Nacional
DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio.
dos Aparados da Serra, entre os Estados do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina. Degradação Ambiental - Processo resultante dos danos
Capão - Bosque isolado que surge em um campo. em uma determinada área com a conseqüente redução
da qualidade de vida e/ou a capacidade produtiva dos
Capoeira - Vegetação que nasce logo após a supressão recursos naturais, decorrente da ação de agentes
de uma mata nativa, sendo deste modo uma cobertura externos ao meio.
de vegetação secundária. Na sua forma mais densa os
indivíduos mais desenvolvidos atingem até 5 metros de DQO - Demanda Química de Oxigênio
172 Cobertura Vegetal de Alagoas
e a previsão da situação ambiental futura, inclusive no Fossa - Depressão profunda e larga do terreno que
caso de não se executar o projeto; a relação das medidas aparece em áreas emersas ou imersas ( fossa
mitigadoras e do programa de monitoramento e a continental, fossa marinha ). Caixa hermética que detêm
apresentação do Relatório de Impacto Ambiental RIMA. os esgotos domésticos, por um determinado período,
com a finalidade de reter os sólidos e gorduras e permitir
Exótica - Espécie viva, animal ou vegetal, introduzida em
a redução dos microrganismos pela ação de bactérias
uma determinada região e que irá competir com as
anaeróbicas.
espécies nativas.
Fragilidade Ambiental - É a maior ou menor capacidade
Extrativismo - ato de extrair madeira ou outros produtos
de determinada área, de manter ou recuperar a situação
das florestas ou minerais.
de equilíbrio do ecossistema diante de uma agressão
Eutrofização - Processo de enriquecimento das águas, sofrida.
devido ao aumento excessivo de nutrientes que
Fundo Nacional do Meio Ambiente FNMA - Fundo
facilitam o crescimento vegetal. Este excesso pode
governamental criado pela Lei nº 7797/89, que visa
resultar em um incremento dos níveis bacterianos no
apoiar ações e projetos direcionados à preservação e/ou
corpo d'água, tornando-o impróprio para existência
recuperação ambiental, com o uso sustentável dos
parcial ou total de vida de espécies locais. O mesmo que
recursos naturais e que garanta uma qualidade de vida
eutrofização.
adequada aos brasileiros.
F
G
Falésia - Termo usado para designar as formas de relevos
Gamboa - Remanso das águas do rio, dando a impressão
litorâneo escarpadas e desnivelamentos assemelhados
da formação de um lago de águas serenas.
nas margens dos rios.
Garimpo - Atividade de extração de argila, areia, metais
Fator Ambiental - Todo elemento do meio susceptível
ou pedras preciosas, geralmente de forma artesanal ou
de agir diretamente sobre os seres vivos, positiva ou
semi-industrial e com ocorrência de depredação do
negativamente, ao menos em uma das fases do seu ciclo
ambiente, ocasionando impactos ambientais de maior
de desenvolvimento.
ou menor monta contaminação da área por mercúrio.
Feromônio - Hormônio específico produzido por cada
Geofácies - Espaço físico e ecológico caracterizado pelo
indivíduo, que serve para identificá-lo, como meio de
domínio de um ecossistema de grande homogeneidade,
comunicação ou de atrativo sexual para seres da mesma
encravado no interior de uma província morfoclimática
espécie.
e fitogeográfica definida.
Fiscalização - Ato de ação direta do Poder Público, com
Geologia Ambiental - A aplicação de dados e princípios
poder de polícia, para verificação da obediência à
da geologia pura para a busca de soluções de problemas
legislação específica.
gerados pela ação do homem no uso do ambiente físico.
Fitoplâncton - Conjunto de plantas flutuantes, como
Gestão Ambiental - A tarefa de conduzir, dirigir e
algas, de um ecossistema aquático.
controlar, por parte do governo, o uso dos recursos
Flora - Totalidade das espécies vegetais que naturais, sem que haja redução da produtividade e da
compreende a vegetação de uma determinada região, qualidade ambiental de modo a manter as comunidades
sem qualquer expressão de importância individual. biológicas. O ato de dirigir e controlar as atividades
Floresta - Ecossistema complexo no qual as árvores produtivas de uma empresa de modo a garantir a
apresentam altura superior a sete metros, cuja copa observância à legislação vigente e à sua própria política
protege o solo dos impactos do sol, ventos e das chuvas. ambiental.
Fluxo - Movimento de energia, matéria, animais e seres Gradiente - Taxa de variações de determinado fator a ser
humanos para dentro ou para fora de um sistema. Fluxo medido. Pode-se determinar o gradiente: dos canais, de
migratório, fluxo turístico, fluxo de radiação, fluxo temperatura, ecológico, geotérmico, latitudinal, de
gênico, etc. salinidade, etc.
Meio Ambiente - O somatório de todos os fatores milímetros da superfície. São divididos em epinêustons
físicos, químicos, biológicos e sócio-econômico que ( aqueles que vivem sobre a superfície ) e hiponêustons (
atuam sobre um indivíduo, uma população ou uma os que vivem por sob a superfície dos corpos d'água ).
comunidade. A soma de fatores externos e internos e
Nicho ecológico - Os muitos intervalos de variação das
influências que afetam a vida, o desenvolvimento e a
condições e qualidades de recursos nos quais o
própria sobrevivência de um indivíduo. A Constituição
indivíduo ou uma espécie convive, ou, espaço ocupado
Brasileira de 1988 no seu artigo 225 dita:
por um organismo no ecossistema, incluindo também o
“ Todos têm direito ao meio ambiente seu papel na comunidade e a sua posição em gradientes
ecologicamente equilibrado, bem comum do ambientais de temperatura, umidade, pH, solo e outras
povo e essencial à sadia qualidade de vida, condições de existência.
impondo-se ao Poder Público o dever de
Nictigamia - Fenômeno pelo qual as flores se abrem à
defendê-lo e à coletividade o de preservá-lo
noite, fechando-se durante o dia.
para as presentes e futuras gerações.”
Nível trófico - ou nível alimentar, é a posição ocupada
Microclima - Condição climática típicas em uma
por um organismo na cadeia alimentar. Os produtores
pequena área em contraposição às condições climáticas
ocupam o primeiro nível, os consumidores primários o
gerais da região.
segundo nível, os secundários o terceiro nível e assim
Migração - Movimento periódico de indivíduos entre por diante. Os decompositores podem atuar em
um local e outro, geralmente fugindo de situações qualquer nível trófico.
adversas ( aves ) ou com a finalidade de reprodução (
O
peixes ).
Oásis - Pequena região desértica que apresenta
Monitoramento - Coleta, para um determinado
cobertura vegetal devido ao afloramento pontual de
propósito, de medições ou observações sistemáticas e
água.
intercomparáveis, de qualquer variável ou atributo am-
biental, que forneça uma visão ou amostra ONG - Organização Não Governamental Organização
representativa do meio ambiente. civil sem fins lucrativos e que se dedica a uma
Montante - Ponto na direção da corrente, rio acima, em determinada causa.
relação a outro. Aquilo que se encontra voltado para a Onívoro - Animais de dieta não específica, alimentando-
nascente de um rio. se tanto de animais como de vegetais. Alimentam-se em
Mutação - Qualquer mudança genética em um mais de um nível trófico, ou, os consumidores de um
organismo vivo, seja pela alteração do DNA ou pela ecossistema podem participar de várias cadeias
alteração no número ou estrutura dos cromossomos. As alimentares e em diferentes níveis tróficos, caso em que
mutações são fixas proporcionando a evolução dos são denominados onívoros. O homem, por exemplo, ao
indivíduos mutantes. comer arroz, é consumidor primário; ao comer carne é
secundário; ao comer cação, que é um peixe carnívoro,
Mutualismo - Associação interespecífica harmônica em é um consumidor terciário.
que duas espécies envolvidas ajudam-se mutuamente.
Ovíparo - Animal que se reproduz por meio de ovo que é
N depositado extracorpóreo, em um ninho, no solo, na
Natalidade - Número de indivíduos nascidos em uma vegetação ou sobre outro animal.
coletividade por um determinado espaço de tempo. Ovovivíparo - Animal que se reproduz por meio da
Nativo - Qualidade daquele ou daquilo que é originário geração dos ovos dentro do próprio organismo, sem que
de um local específico. Espécies nativas, aquelas haja trocas entre o embrião e a mãe.
originárias de uma região ou país. Ozônio - Gás cuja molécula consiste de três átomos de
Nebulosidade - Concentração de gases, poeiras ou oxigênio ( O3 ). A sua presença em determinada camada
nuvens que dificultam a visibilidade em determinado da atmosfera ( camada de ozônio ), protege a biosfera da
local ou momento. radiação ultravioleta produzida pelo sol.
produto, que lhe é próprio ou adequado a um Plâncton - Conjunto de microorganismos que flutuam
determinado uso. Em meio ambiente mede-se vários no meio aquático. Estes organismos podem ser animais (
padrões: balneabilidade, qualidade ambiental, zooplâncton ) ou vegetais (fitoplâncton ).
qualidade do ar, qualidade da água, potabilidade, Poluente - Qualquer substância sólida, líquida ou
efluentes, emissões, etc. gasosa, introduzida no meio ambiente ou em um
Pangéia - Segundo Wegener era um supercontinente ao recurso natural e que o torne impróprio para um
final da Era Paleozóica, e que incluía todas as terrestres determinado uso.
emersas. Poluição Ambiental - É a adição ou o lançamento de
qualquer substância ou forma de energia ( luz, calor,
Parâmetro - É um valor qualquer de uma variável
som ) ao meio ambiente que resultem em quantidades
independente referente a um elemento que confira grau
superiores às normalmente encontradas na natureza.
qualitativo ou quantitativo de determinada propriedade
de corpos físicos a se caracterizar. São utilizados como Predatismo - Relação ecológica que se estabelece entre
indicadores da situação de um corpo físico objeto de uma espécie denominada predadora e outra
estudo. denominada presa. Os predadores caracterizam-se pela
capacidade de capturar e destruir fisicamente as presas
Passivo Ambiental - Custo monetário calculado com para alimentar-se.
base em três itens e cobrada àquele que proporcionou
Preservação - Conjunto de medidas e ações que visam
agressão ao meio ambiente. Os itens levantados para o
proteger, contra a destruição e qualquer forma de dano
cálculo deste custo são: 1- Multas, dívidas, ações
ou degradação, um ecossistema, uma área geográfica
judiciais, taxas e impostos pagos devido à não
definida ou espécies animais e vegetais ameaçadas de
observação dos requisitos legais. 2- Custo da extinção, adotando-se medidas preventivas e de
implantação de procedimentos e tecnologias que fiscalização adequadas.
possibilitem o atendimento à adequação às
conformidade. 3- Custo das ações de recuperação das Q
áreas degradadas e idealizações às populações Qualidade Ambiental - É a mensuração de juízo de valor
atingidas. do estado da água, do solo e dos ecossistemas, em
relação aos efeitos da ação humana ou sobre estes.
Pedoclima - A determinação das condições de
temperatura e umidade do solo. Qualidade de Vida - É o conjunto de fatores objetivos
presentes em uma determinada área e que se referem
Pedreira - Jazida de onde se extraem pedras utilizadas às condições gerais da vida individual ou coletiva:
na contração civil. habitação, saúde, educação, cultura, lazer, alimentação,
Perene - Diz-se do ciclo de vida de longa duração. segurança, etc.
Designação de um curso d'água que contem água Queima Controlada - Processo previsto no Decreto nº
durante todo o ano. 2.661 de 08.07.98, que consiste no uso do fogo
Permeável - Propriedade de permitir a passagem ou controlado e como fator de produção e de manejo em
atividade agropecuárias ou florestais e para pesquisa
perpassagem dentre de sua massa. No solo diz-se da
em áreas de limites claramente definidos
facilidade de líquidos, gases ou raízes vegetais
antecipadamente.
penetrarem através de uma massa de solo.
Queimada - Incêndio proposital e criminoso de uma
Petróleo - Combustível líquido, produzido pela área de vegetação natural com a finalidade de
decomposição milenar de restos de animais e plantas, ampliação das fronteiras agrícolas. Esta prática,
de cor escura formado pela composição de carbono e proibida no Brasil pelo Código Florestal, é remota e
hidrogênio, derivando deste, diversos subprodutos. largamente empregada contribuindo para o
Ph - Potencial hidrogeniônico. A medida quantitativa de empobrecimento do solo e, segundo pesquisadores,
também para o efeito estufa.
acidez ou basicidade de uma solução líquida. Em uma
escala de 0 a 14, o número 7 representa a neutralidade, R
o valor zero a maior acidez e o 14 a maior alcalinidade.
Rarefação - Método de determinação da relação entre a
Pirosfera - Camada da geosfera, formadora do núcleo diversidade de espécies e o tamanho de uma
central da Terra, juntamente com a barisfera e composta amostragem.
de silício e magnésio em fusão. Raro - Escasso, aquilo que apresenta ocorrência muito
Piscicultura - Cultivo de peixes para diversas finalidades, baixa na comunidade. Espécie que é conhecida, sabe-se
dentre as quais o peixamento de rios, lagos e açudes e as de sua existência mas, não aparece em uma série de
atividades de ecoturismo ( pesque e pague ). amostragens.
178 Cobertura Vegetal de Alagoas
Ravina - Sulcos produzidos na superfície do solo de No EIA e deve esclarecer, a qualquer pessoas que a ele
encosta, devido ao trabalho erosivo de escoamentos de tenha acesso, em linguagem simples e clara, e deve
águas superficiais. Origina-se com um escoamento orientar sobre todos os elementos da proposta em
difuso chamado de erosão em lençol e com a estudo. Sua apresentação, juntamente com o EIA, é
continuação do processo, acaba se transformando em obrigatória conforme determina, no seu Artº 18 § 2º a
voçoroca. Lei Federal nº 6.938/81de 31 de agosto de 1981.
Reaproveitar - Dar novo uso a materiais já utilizados Resíduos Sólidos - Todo material inútil, indesejado ou
reciclar. descartado, gerado pelo ser humano em suas atividades
naturais, comerciais ou industriais e que devem ser
Recife - Formação litorânea junto à costa e formado por dispostos de forma correta para evitar a poluição do
arenitos, rochas ou colônias de corais. Os recifes ou meio ambiente.
arrecifes de corais são característicos dos mares
Restinga - Acumulação arenosa litorânea, paralela a
tropicais ou semitropicais.
linha de costa, de forma geralmente alongada,
Recomposição - Recuperação natural de um decorrente da deposição de sedimentos trazidos pelas
determinado ambiente, sem a interferência humana. marés, e associada a vegetação típica, conhecida
genericamente como vegetação de restinga e protegida
Recrutamento - Inclusão de novos indivíduos em uma por Lei Federal.
população, por meio do aumento da natalidade ou da
migração. O número de indivíduos incorporados a uma Risco - Percentual ou freqüência esperada para a
comunidade em um determinado espaço de tempo. ocorrência de um evento indesejado e que seja
ocasionador de danos. Risco ambiental aquele que pode
Recursos - Os elementos naturais bióticos e abióticos de ocasionar danos aos seres humanos. Risco ecológico é o
que dispõe o homem para satisfazer suas necessidades que pode acometer a fauna e a flora.
econômicas, sociais e culturais. Podem ser renováveis,
RPPN - Ver Unidades de Conservação.
como as florestas e os meios de produção e não
renováveis, como as jazidas minerais. S
Reduto - Uma área, região, microambiente ou micro- Saco - Pequena baia no litoral, caracterizada por
ecossistema que conseguiu suportar as agressões apresentar uma boca de barra muito estreita e a área
antrópicas ocorridas em seu entorno. interna muito larga.
da origem. Quando o volume de sedimento depositado possibilitando sua infiltração sem contaminação direta
é muito elevado, poderá haver a formação de ilhas dos corpos d'água.
sedimentares.
Sustentabilidade - Aquele ou aquilo que tem a
Seleção Natural - Processo pelo qual os indivíduos de capacidade de se manter no seu estágio atual por um
uma comunidade ou espécie tendem a melhor se tempo indefinido e duradouro.
adaptar às adversidades do meio garantindo assim,
maiores chances de sobrevida e reprodução, T
transmitindo estas características às gerações futuras. Tabela de Vida - Demonstrativo, por idade, da
Seres consumidores - Seres como os animais, que sobrevivência e fecundidade dos indivíduos de uma
precisam do alimento armazenado nos seres determinada população.
produtores. Tábua de Marés - Tabela demonstrativa das variações de
Seres decompositores - Seres consumidores que se marés (preamar e baixaram) emitida anualmente pela
alimentam de detritos dos organismos mortos. marinha e que serve de orientação para a navegação e a
pesca. A Tábua de Marés contém as alturas e horários
Seres produtores - Seres que, como as plantas, possuem atingidos pelas marés no litoral brasileiro.
a capacidade de fabricar alimento usando a energia da
luz solar. Talude - Superfície inclinada na base de uma encosta de
vale ou de um morro, no qual detritos são depositados.
Senescência - O mesmo que envelhecimento. A
degeneração progressiva dos órgãos, com o avanço da Talvegue - O ponto mais profundo da calha de um rio ou
idade, aumentando a probabilidade da morte. de um vale, resultante do encontro das vertentes de
declives convergentes.
Sensoriamento Remoto - Processo de
acompanhamento, coleta e análise de dados de Teia Alimentar - Todos os elos alimentares contidos em
determinada área, sobre a superfície ou abaixo desta, um determinado habitat, representados pela direção
por meio do tratamento de imagens de fotografia em que estes fluem de consumidor a consumidor. O
aéreas, radares ou satélite. mesmo que cadeia alimentar.
Simbiose - Associação interespecífica harmônica, com Teoria da Evolução - Teoria criada por Charles Darwin
benefícios mútuos e interdependência metabólica. segundo a qual as espécies evoluem segundo um
processo denominado de seleção natural, na qual os
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente Criado
pela Lei federal nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política mais forte têm maior oportunidade de se reproduzir e
Nacional do Meio Ambiente, é constituído pelos Órgãos consequentemente de transmitir sua carga genética às
e entidades da União, Estados, Distrito Federal, dos gerações seguintes. Está teoria está em contraposição à
Territórios e dos Municípios, que estejam envolvidos teoria da Igreja.
com o uso dos recursos ambientais ou que sejam Território - Espaço mínimo necessário para garantir a
responsáveis pela proteção ou melhoria da qualidade sobrevivência de um animal ou uma planta. No caso dos
ambiental. Seu Órgão superior é o Conselho Nacional do animais esta área é demarcada de diversos modos e
Meio Ambiente CONAMA, que tem a função de defendida contra o ingresso de invasores. Para as
assessorar o Presidente da República. plantas o território é o espaço ocupado pala raízes,
Solo - Material superficial que recobre as rochas e no embaixo da terra e pelo tronco e a copa na superfície.
qual se desenvolve a biota, mantendo a vida animal e Tolerância - É a capacidade de um sistema ambiental
vegetal sobre a Terra. absorver determinados impactos de duração e
Submerso - Qualidade daquele que vive ou está intensidade tais, que não afetem irreversivelmente a sua
inteiramente abaixo da superfície da água. qualidade e estabilidade, tornando-o impróprio aos
usos a que se destinam. A indiferença do
Sucessão ecológica - Sequência de comunidades que se
comportamento de uma espécie em relação à presença
substituem, de forma gradativa, num determinado
de outra no mesmo espaço físico ocupado.
ambiente, até o surgimento de uma comunidade final,
estável denominada comunidade-clímax. Topofilia - Elo efetivo entre a pessoa e o lugar ou
ambiente físico. É a capacidade de percepção, atitudes e
Sumidouro - O local por onde a água penetra no solo e
valores para com o meio ambiente.
passa a correr de forma subterrânea, reaparecendo
posteriormente a jusante deste ponto. Poço absorvente Transpiração - Perda de líquido do organismo com a
anexo à fossa séptica que recebe seus efluentes líquidos, finalidade de equilibrar a temperatura externa com a
180 Cobertura Vegetal de Alagoas
Finalidade de equilibrar a temperatura externa com a É proibida a visitação pública, exceto quando um
temperatura corpórea. objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o
Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico.
Tratamento - É o processo artificial de depuração e
remoção de efluentes e/ou impurezas, de modo a tornar A pesquisa científica depende de autorização prévia do
o meio próprio para o consumo humano ou adequado órgão responsável pela administração da unidade e está
para a disposição final. sujeita às condições e restrições por este estabelecidas,
bem como aquelas previstas em regulamento.
Tropismo - Capacidade de se desenvolver ou se deslocar
em direção a uma determinada fonte de estímulo ( Monumento Natural - tem como objetivo básico
tropismo positivo ) ou em direção contrária ao estímulo preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande
( tropismo negativo ). beleza cênica. O Monumento Natural pode ser
constituídos por áreas particulares desde que seja
U possível compatibilizar os objetivos da unidade com a
utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos
Unidades de Conservação - Espaço territorial e seus
proprietários.
recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente A visitação pública está sujeita às normas e restrições
instituído pelo Poder Público com objetivos de estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às
conservação e limites definidos, sob regime especial de normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração ao qual se aplicam garantias adequadas administração, e aquelas previstas em regulamento.
de proteção. Parque Nacional - Tem como objetivo básico a
A criação de uma unidade de conservação deve ser preservação de ecossistemas naturais de grande
precedida de estudos técnicos e de consulta pública que relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a
permitam identificar a localização, a dimensão e os realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento
limites mais adequados para a unidade, conforme se de atividades de educação e interpretação ambiental,
dispuser em regulamento. No processo de consulta o na recreação em contato com a natureza e de turismo
Poder Público é obrigado a fornecer informações ecológico.
adequadas e inteligíveis á população local e a outras O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo
partes interessadas. Na criação de Estação Ecológica ou que as áreas particulares incluídas em seus limites serão
Reserva Biológica não é obrigatória a consulta. desapropriadas, de acordo com o que dispuser a
legislação vigente.
As unidades de conservação são a áreas de interesse
preservacionista ou de relevância cultural, criadas pelos A visitação pública está sujeita às normas e restrições
Poderes Públicos Federal. Estaduais e /ou Municipais As estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às
unidades de conservação dividem-se em dois grupos, normas estabelecidas pelo órgão responsável por
com características específicas: sua administração, e aquelas previstas em
regulamento.
Unidade de Proteção Integral - Cujo objetivo básico é
preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso A pesquisa científica depende da autorização prévia do
indireto dos seus recursos naturais. Este Grupo é órgão responsável pela administração da unidade e está
composto das seguintes categorias: sujeita às condições e restrições por este estabelecidas,
bem como aquelas previstas em regulamento.
A - Estação Ecológica;
Refugio de Vida Silvestre - tem com objetivo proteger
B - Monumento Natural; ambientes naturais onde se asseguram condições para a
existência ou reprodução de espécies ou comunidades
C - Parque Nacional;
da flora local e da fauna residente ou migratória.
D - Refúgio de Vida Silvestre
Pode ser constituídos por áreas particulares desde que
E - Reserva Biológica; seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com
a utilização da terra e dos recursos naturais do local
pelos proprietários.
Estação Ecológica - Tem como objetivo a preservação da Reserva Biológica - tem como objetivo a preservação
natureza e a realização de pesquisas científicas. A integral da biota e demais atributos naturais existentes
Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo em seus limites, sem interferência humana direta ou
que as áreas particulares incluídas em seus limites serão modificações ambientais, executando-se as medidas de
desapro-priadas, de acordo com o que dispõe a lei. recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de
Cobertura Vegetal de Alagoas 181
manejo necessárias para recuperar e preservar o básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais
equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para a
ecológicos naturais. A Reserva Biológica é de posse e exploração sustentável de floresta nativas. A Floresta
domínio público, sendo que as áreas particulares Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as
incluídas em seus limites serão desapropriadas, de áreas particulares incluídas em seus limites serão
acordo com o que dispuser a lei. desapro-priadas, de acordo com o que dispuser a
É proibida a visitação pública, exceto quando um legislação.
objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Nas Floresta Nacionais é admitida a permanência de
Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico populações tradicionais que a habitam quando de sua
e a pesquisa científica depende de autorização prévia do criação, em conformidade com o disposto em
órgão responsável pela administração da unidade. regulamento e no Plano de Manejo da unidade.
2. Unidade de Uso Sustentável cujo objetivo básico é A visitação pública e a pesquisa é permitida
compatibilizar a conservação da natureza com o uso condicionada às normas estabelecidas para o manejo da
sustentável de parcela de seus recursos naturais. Este unidade pelo órgão responsável por sua administração .
Grupo de unidades é composto das seguintes
categorias: A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo,
presidido pelo órgão responsável por sua administração
A - Área de Proteção Ambiental;
e constituído por representantes de órgão públicos, de
B - Área de Relevante Interesse organizações da sociedade civil e, quando for o caso das
Ecológico; populações tradicionais residentes.
C - Floresta Nacional; Reserva de Desenvolvimento Sustentável - é uma área
natural que abriga populações tradicionais cuja
D - Reserva de Desenvolvimento
Sustentável; existência baseia-se em sistemas sustentáveis de
exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao
E - Reserva Extrativista; longo de gerações e adaptados às condições ecológicas
F - Reserva de Fauna locais e que desempenham um papel fundamental na
proteção da natureza e na manutenção da diversidade
G - Reserva Particular do Patrimônio biológica.
Natural.
Tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao
Área de Proteção Ambiental - é uma área em geral mesmo tempo, assegurar as condições e os meios
extensa, constituídas por terras públicas ou privadas necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e
com certo grau de ocupação humana, dotadas de da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais das populações tradicionais, bem como valorizar,
especialmente importantes para a qualidade de vida e o conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de
bem das populações humanas, e tem como objetivos manejo do ambiente, desenvolvido por estas
básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
populações .
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do
uso dos recursos naturais. As atividades Desenvolvidas na Reserva de Desen-
volvimento Sustentável obedecerá as seguintes
A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho
condições:
presidido pelo órgão responsável por sua administração
e constituído por representantes dos órgão públicos, de I - é permitido e incentivada a visitação pública, desde
organizações da sociedade civil e da população que compatível com os interesses locais e de acordo
residente. com o disposto no Plano de Manejo da área;
Área de Relevante Interesse Ecológico - é uma área em II - é permitido e incentivada a pesquisa científica
geral de pequena extensão, com pouco ou nenhuma voltada á conservação da natureza, á melhor relação das
ocupação humana, com características naturais populações residentes com seu meio e á educação
extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota ambiental, sujeitando-se á prévia autorização do órgão
regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas responsável pela administração da unidade, às
naturais de importância regional ou local e regular o uso condições e restrições por este estabelecidas e às
admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo normas previstas em regulamento;
com os objetivos de conservação da natureza e é
constituídas por terras públicas ou privadas. III - deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico
entre o tamanho da população e a conservação;
Floresta Nacional - é uma área com cobertura florestal de
espécies predominantemente nativas e tem como objetivo IV - é admitida a exploração de componentes dos
182 Cobertura Vegetal de Alagoas
Cerrado - Pratagy
Foto: Iremar Bayma
Cerrado - Japaratinga
Foto: Iremar Bayma
Marrecas - Maragogi
Foto: Iremar Bayma
Ibateguara
Foto: Iremar Bayma
Ibateguara
Foto: Iremar Bayma
Remanescente - Jundiá
Foto: Iremar Bayma
Cerrado - Japaratinga
Foto: Iremar Bayma
Mata Atlântica
Foto: Iremar Bayma
Passo do Camaragibe
Foto: Iremar Bayma
Remanescentes - Maceió
Foto: Iremar Bayma
Remanescentes - Maceió
Foto: Iremar Bayma
Remanescentes - Maragogi
Foto: Iremar Bayma
Remanescentes - Murici
Foto: Iremar Bayma
Anas Bahamensis
Anchovia Clupeoides
Amazonetta Brasiliensis
Anchoviella Lepidentostole
Aramides Cajanea
Eupetomena Macroura
Eupetomena Macroura
Eupetomena Macroura
Eurytium Limosum
Elops Saurus
Egreta Caerulea
Egretta Alba
Dendrocygna Viduata
Euphracts Sexcintus
Cynoscion Leiarchus
Dendrocygna Viduata
Coereba Flaveola
Columbina Talpacoti
Columbina Picui
Crotophaga Ani
Chloroceryle Amazona
Cychlarrhis Gujanensis
Chloroceryle Americana
Dacnis Cayana
Charadrius Semipalmatus
Cynoscion Acoupa
Charadrius Collaris
Charadrius Collaris
Chthamalus Proteus
Charadrius Semipalmatus
Cerdocyon Thous
Centropomus Undecimalis
Caprella
Bairdiella Ronchus
Caranxl Atus
Bagre Bagre
Arius Sp.
Bagre Marinus
Arenaria Interpres
Oligoplites saurus
Opisthonema oglinum
Panopeus lacustris
Pachygrapsus gracilis
Pachygrapsus transversus
palaemon
potimirim potimirim
potimirim potimirim
ProgneChalybea
sula dctylatra
Rupornis magnirostris
Rallus longirostris
Panopeus occidentalis
Sphaeroma terebrans
Sphyrna sp
pandion-haliaetus
Sphoeroides testudineus
Strongylura marina
Phalacrocorax olivaceus
PitangusSulfuratus
Polyborus plancus
Rallus longirostris
Porphyrula martinica
Tivela Mactroides
Ucides Cordatus
Vanellus Chilensis
Uca Rapax
Uca Thayeri
Bairdiella ronchus
Gymnothorax funebris
Balanus amphitrite
Gymnothorax funebris
balanus improvisus
Gerres cinereus
Buteo albicaudatus
Botaurus pinnatus
columbina picui
Guira guira
Gallinula chloropus
Hyporhamphus Roberti
Megalops atlanticus
Lagocephalus laevigatus
Ixobrychus Exilis
Jaguarundi
Megalops Atlanticus
Lutra Longicaudis
Lutjanus Analis
Milvago Chimachima
Molothrus Bonariensis
Micropongonias Furnieri
Mytella Charruana
Mugil Curema
Mugil Brasiliensis
Nycticorax Nycticorax
Nycticorax Nycticorax
Vireo Olivaceus