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Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas

Petróleo Brasileiro S.A - PETROBRAS -UNSEAL

Cobertura Vegetal
do Estado de Alagoas
&
Mangues de Alagoas
Cobertura Vegetal
do Estado de Alagoas
&
Mangues de Alagoas
Cobertura Vegetal Equipe Técnica

Coordenador Geral do Projeto Cobertura Vegetal de Alagoas


do Estado de Alagoas Afrânio Farias de Menezes
& Coordenador Equipe Bioma Mata Atlântica - Consultor
Mangues de Alagoas Iremar Accioly Bayma

Coordenador Equipe Bioma Caatinga - Consultor


Sinval Autran Mendes Guimarães Júnior

Estado de Alagoas Geoprocessamento e Mapeamento


Alex Nazário Silva Oliveira
Esdras de Lima Andrade
Governador de Alagoas
Teotônio Vilela Filho Acompanhamento dos trabalhos de Campo
Luciano Cavalcante Palmeira
Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Robson Gomes A. da Silva
Alex Gama de Santana
Alberto Tenório Cavalcante
José Roberto de Farias Costa
Diretor Presidente do Instituto do Meio Ambiente
Adriano Augusto de A. Jorge Estagiários:
Alisson Luiz da Costa – Engº Agrimensor
Diretor Técnico do Instituto do Meio Ambiente
Antonio José Pereira Almeida
Gustavo Silva de Carvalho Jarina Waléria Alves Silva – Bióloga
Jôsefa da Conceição – Geógrafa
Gestor de Acordos, Contratos e Convênios
Juliana Maria Moreira Duarte – Bióloga
Afrânio Farias de Menezes
Jyliana Rouse Pauferro da Silva – Geógrafa
Kadja Angélica Tavares – Geógrafa
PETROBRAS
Colaboradores:
Diretor Presidente
Fauna de vertebrados terrestres
José Sérgio Gabrielli de Azevedo Lahert William Lobo

Diretor de Produção e Exploração


Fauna de invertebrados e vertebrados dos manguezais
Guilherme de Oliveira Estrella Álvaro Altenkirch Borba Junior

Gerente Geral da UN-SEAL Fauna de vertebrados – aves dos manguezais


Eugênio Dezen Fábio Maurício do Bomfim Calazans

Gerente de SMS Fauna de vertebrados – peixes dos manguezais


Roberto Theobald Herbert Freire de Araújo

Gerente do Ativo Alagoas Box – Mutum de Alagoas


Marcos Silveira Gonçalves José Fernando Mendes Pinto
Fiscal do Convênio Revisão Ortográfica e Gramatical
Petrônio B. Barcellar Leila Monteiro de Menezes

Capa: Iremar Bayma


D iversos trabalhos acerca da cobertura vegetal do
Estado de Alagoas já foram publicados,
inúmeros mapas editados e todos revelam que
esta vem sofrendo, ao longo dos anos, uma forte redução
em sua área original.
A construção de um número variado de tabelas com os
dados levantados sobre a cobertura vegetal remanescente
do Estado de Alagoas seria a forma mais simplista de
apresentar este trabalho. Antes, fizemos questão de ir um
pouco além. Buscamos explicar seus diferentes tipos de
vegetação existentes e a razão ou motivo deles existirem.
Nesta publicação, buscou-se produzir um texto mais
São mostrados ainda, alguns representantes da flora e da
didático, no objetivo de melhor explicar ao leitor, seja
fauna, bem como mostrar um pouco da nossa geografia.
ambientalista, estudante ou pesquisador, a situação atual
da “cobertura vegetal”, suas origens, sua distribuição Este trabalho jamais seria possível se não houvesse o
original, tendo como foco os biomas Mata Atlântica e esforço de inúmeros pesquisadores, alagoanos, brasileiros
Caatinga do Estado de Alagoas, e principalmente, as e estrangeiros, que dedicaram e tem dedicado suas vidas
causas que levaram ao desaparecimento quase total. ao conhecimento da natureza. Tais estudos na área das
ciências naturais foram fundamentais para chegarmos até
Com esta publicação procuramos responder algumas
os dias de hoje.
perguntas sobre a situação da cobertura vegetal de
Alagoas: o quanto sobrou, onde estão espacialmente Neste ponto, dedicamos créditos ao Professor Dr. José
distribuídas, os seus diferentes tipos, e quais as causas que Santino de Assis, um dos principais colaboradores neste
levaram ao atual quadro de preservação/conservação dos trabalho, norteado por sua vasta experiência na
seus remanescentes, entre outras questões. elucidação da fitogeografia de Alagoas. A base do
desenvolvimento deste trabalho, além do mapeamento,
Reconhecemos que não será possível responder a todos os
se deu por meio da pesquisa bibliográfica acerca de
questionamentos, desta forma, não buscamos esgotar o
diversos artigos técnico-científicos sobre a vegetação
assunto, nem exaurir os anseios daqueles interessados
brasileira e alagoana, sua classificação e as causas e efeitos
pelo meio ambiente em Alagoas, mas fica aqui o incentivo
do seu desmatamento.
para que novas pesquisas sobre o tema possam vir a ser
desenvolvidas e que estas complementem as respostas e A lista de publicações consultadas pelos pesquisadores
apontem soluções concretas, que possam ser úteis para neste trabalho é disponibilizada ao final de cada capítulo.
salvaguardar o que ainda resta da cobertura vegetal Consideramos ser digna de consulta posterior para
remanescente do estado. aqueles que desejarem ampliar o conhecimento sobre o
assunto. Muitos trabalhos não foram citados por não
O aspecto didático deste trabalho nos orientou para a
estarem disponíveis à equipe técnica, entretanto,
inclusão de um glossário com o fito de explicar o
entendemos que o material levantado já nos proporciona
significado de cada termo utilizado, no intuito de ampliar o
respaldo para discutir importantes temas sobre vegetação.
conhecimento, proporcionando que mais e mais pessoas
possam de fato entender o que estão lendo.

Esta não é uma obra escrita simplesmente para registrar o


que ainda resta da cobertura vegetal no território
alagoano. O livro se preocupa em desvendar alguns
“mistérios”, muitos deles reservados apenas aos
pesquisadores e técnicos, mas que dificilmente atingem de
forma clara e simples para quem não está diretamente
ligado ao tema. Esperamos que todos possam entender
um pouco mais sobre os problemas, que neste caso, é a
preservação/conservação de um dos nossos ricos
patrimônio: as formações vegetais naturais.

O objetivo deste trabalho é mapear e quantificar a


cobertura vegetal do estado. Este mapeamento irá servir
Fonte: Assis, 1998 a
para termos uma idéia da dimensão desta vegetação, e sua
distribuição, permitindo assim, conhecer os seus
diferentes tipos e tamanho de cada um deles.
Catalogaç ão na fonte
Unive rsidade Feder al d e Alagoas
B ibliot ecária: He len a Cristina Pime ntel d o Vale

C789 Cobertura vegetal do esta do de Ala goas & mangues de Alagoa s / Afrânio Farias
de M enezes ( coordenador do projeto). Ma ceió : Instituto do Meio Ambiente
de Alagoas : P ETROB RAS, 2010.
202 p. : il.

Inclui bibliogr afia .

1. Ecologia. 2. Cobertura vegeta l. 3. Biom a. 4. M ata Atlântica . 5. Caa tinga .


6. Mangue zal. 7. Ala goas. I. Meneze s, Afrânio Far ias de, coord.

CDU: 574.5(813.5)
DEDICATÓRIA

Dedicamos esta obra ao jornalista Paulo Ramalho Pedrosa, ao geógrafo Ivan Fernandes Lima e ao escritor Otávio
Brandão e a tantos outros que já se foram, mas que em suas passagens lutaram pela preservação ambiental, nossa
eterna gratidão.

Dedicamos também a todos aqueles que respeitam a natureza, se comovem e se preocupam, e que reconhecem a
necessidade de uma ação urgente e drástica para que ainda tenhamos tempo de salvar o que restou da saga
destrutiva da humanidade.
Sumário 8- Flora - Biomas Mata Atlântica e Caatinga em
Alagoas...85
8.1- Ambientes Litorâneos...86
1- Introdução...7 8.1.1- Praias...86
8.1.2- Restingas (formações edáficas de influência
2- Mapeamento da cobertura vegetal de Alagoas...8 marinha e flúvio-marinha)...89
8.1.2.1- Restinga herbáceo-arbustiva...89
3- O Território Alagoano...12 8.1.2.2- Restinga arbustivo-arbórea...96
3.1- A ocupação do território...12 8.2- Matas Ciliares...102
3.2- Formações naturais e distribuição espacial 8.3- Tabuleiros Costeiros e Serras: Matas de encosta e
territorial...13 tabuleiro, Cerrados, formações rupestres...103
3.2.1- Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano...21 8.4- Região Agreste - Zona de Transição Mata Atlântica
3.2.1.1- Aspectos físico-naturais...21 Caatinga...109
3.2.1.2- Aspectos socioeconômicos...24 8.5- Região da Caatinga...110
3.2.2- Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano...27
3.2.2.1- Aspectos físico-naturais...27 9- Fauna da Mata Atlântica e dos Sertões Alagoanos...113
3.2.2.2- Aspectos socioeconômicos...28 9.1- Vertebrados Terrestres...113
3.2.3- Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano...30 9.1.1- Mamíferos...115
3.2.3.1- Aspectos físico-naturais...30 9.1.2- Aves...116
3.2.3.2- Aspectos socioeconômicos...32 9.1.3- Répteis e anfíbios (Herpetofauna)...120

4- A Cobertura Vegetal Remanescente em Alagoas: 10- Os Mangues de Alagoas...123


Microrregiões Geográficas...36 10.1- Distribuição dos manguezais no litoral de
4.1- Microrregião Serrana dos Quilombos...36 Alagoas...123
4.2- Microrregião da Mata Alagoana...37 10.2- Principais formações de manguezais do Estado de
4.3- Microrregião de Penedo...39 Alagoas...124
4.4- Microrregião de São Miguel dos Campos...40 10.2.1- Complexo Estuarino Lagunar Mundaú Manguaba
4.5- Microrregião do Litoral Norte Alagoano...41 CELMM (Litoral Centro)...124
4.6- Microrregião de Maceió...42 10.2.2- Lagoa de Roteiro (Litoral Centro)...126
4.7- Microrregião de Palmeiras dos Índios...43 10.2.3- Rio Meirim (Litoral Norte)...127
4.8- Microrregião de Arapiraca...44 10.2.4- Rio Santo Antônio (Litoral Norte)...128
4.9- Microrregião de Traipu...45 10.2.5- Rio Camaragibe (Litoral Norte)...130
4.10- Microrregião Serrana do Sertão Alagoano...46 10.2.6- Rio Tatuamunha (Litoral Norte)...131
4.11- Microrregião Alagoana do Sertão do São 10.2.7- Rio Manguaba (Litoral Norte)...132
Francisco...47 10.2.8- Rio Maragogi (Litoral Norte)...133
4.12- Microrregião de Santana do Ipanema...48 10.2.9- Rio Jequiá (Litoral Sul)...134
4.13- Microrregião de Batalha...49 10.2.10- Rio Coruripe (Litoral Sul)...135
10.3- A Flora dos Mangues...137
5- Vegetação - A classificação da vegetação brasileira...61 10.4- A Fauna dos Mangues...139
10.4.1- Fauna de Invertebrados e Artrópodes
6- Vegetação - A Mata Atlântica...66 Aquáticos...139
6.1- O Domínio da Mata Atlântica...67 10.4.2- Fauna de Vertebrados...146
6.2- A Mata Atlântica no Território Brasileiro...68 10.4.2.1- Peixes...151
6.3- Notas sobre as causas da destruição da Mata
Atlântica no Brasil...70 11- Gestão dos Remanescentes das Áreas de Cobertura
Vegetal de Alagoas...160
7- Vegetação Os biomas Mata Atlântica e Caatinga em
Alagoas...73 12- Glossário...170
7.1 - O Bioma Mata Atlântica em Alagoas...75
7.2- O Bioma Caatinga em Alagoas...80 13- Anexos e mapas...184
Cobertura Vegetal de Alagoas 7

1- Apresentação patrocínio foifirmado, resultando na entrega ao IMA de


um precioso patrimônio em junho de 2008.
Este trabalho é fruto de mais uma parceria entre o
Em outubro de 1997, após um acidente com
Instituto do Meio Ambiente e a Unidade de Negócios
derramamento de óleo no Canal de Dentro da Lagoa
SERGIPE/ALAGOAS da PETROBRAS.
Mundaú, o Instituto do Meio Ambiente do Estado de
Alagoas firmou um Convênio com a Petrobrás e Este é o resultado de um projeto que visou buscar um
chancelado pelo Ministério Público Federal, para conhecimento integrado da cobertura vegetal dos
monitoramento do canal atingido. ecossistemas do território alagoano, facilitando as ações
de proteção e preservação dos seus remanescentes
Após dois anos de pesquisa de campo nas áreas atingidas,
florestais. O Acordo firmado previa o cadastramento da
tanto o IMA/AL quanto o MP se deram por satisfeitos com
cobertura vegetal das zonas da Mata Atlântica e da
os resultados alcançados, e o Convênio foi dado por
Caatinga, o levantamento das principais espécies
encerrado, e seus objetivos totalmente atingidos. No
ocorrentes, a plotagem em carta base das áreas
decorrer do desenvolvimento dos trabalhos, cinco
inventariadas e a elaboração de mapas temáticos. O
técnicos do Instituto foram capacitados em ações
produto final é a edição deste livro, que será
preventivas contra acidentes em terminais petroleiros.
disponibilizado para técnicos, estudantes, ambientalistas,
Diante do sucesso deste primeiro convênio, novas órgãos de meio ambiente e instituições de ensino da área.
parcerias foram propostas entre as parte, e que
possibilitaram incrementar estudos de interesse das
partes conveniadas, numa demonstração de respeito Adriano Augusto A Jorge
mútuo e de otimização de recursos públicos para Diretor Presidente
dinamizar a elaboração de um banco de dados sobre
manguezais, áreas de risco e pontos críticos em
instalações da PETROBRAS, dentre outros temas.
Um novo Convênio foi assinado em maio de 2002, desta
feita com a finalidade de inventariar os pontos críticos e de
risco nas instalações da PETROBRAS no Estado de Alagoas.
Este convênio possibilitou a identificação desses pontos e
revelou-se numa importante ferramenta de
acompanhamento e controle da atividade em nosso
estado.
Na seqüência de ações em parceria, novo acordo foi
firmado para inventariar os manguezais do Estado,
identificando as espécies ocorrentes, suas localizações
geográficas, cadastramento, levantamento perimétrico e
plotagem em cartas bases, de todas as áreas de
manguezal do litoral alagoano. Como produto dessa
parceria foi elaborado e distribuído 500 CDs com os
resultados do trabalho, com farta documentação
fotográfica e os mapas dos diversos manguezais do
estado.
Mais uma vitoriosa parceria materializou-se na
construção da sede do Herbário MAC, do IMA,
importantíssimo equipamento que visa conservar o
conhecimento cientifico integrado da cobertura vegetal
dos ecossistemas do território alagoano, facultando a
difusão deste conhecimento entre cientistas,
pesquisadores e estudantes. Na busca pela preservação
dos seus remanescentes florestais, um acordo de
8 Cobertura Vegetal de Alagoas

2- Mapeamento da cobertura vegetal de Alagoas dados pré-existentes em formato analógico e digital, a


partir da seleção/interpretação das imagens espectrais e
O mapeamento da Cobertura Vegetal Remanescente do
ortofotocartas. Os procedimentos metodológicos
Estado de Alagoas foi realizado sobre as imagens
adotados na produção do mapa da Cobertura Vegetal
espectrais do Sensor CCD instalado a bordo dos Satélites
Remanescente no Estado de Alagoas seguiram as normas
Sino-Brasileiros CBERS 2 e CBERS 2B, segundo as suas
e os critérios do Sistema Cartográfico Nacional (SCN).
órbitas/pontos e data de cobertura no estado de Alagoas
(Quadro 02 e Figura 02), disponibilizadas em formato Os procedimentos para georreferenciamento das imagens
digital geotiff na escala de captura de 1:100.000, espectrais teve como referência a técnica do Registro
referentes às informações abaixo detalhadas. Automático de Imagens Multitemporais por meio do
Programa Regeemy (FONSECA e COSTA, 2000; FEDOROV,
As cenas foram consideradas por apresentarem melhores
2002).
condições atmosféricas, com pouca cobertura de nuvens,
principalmente na zona de domínio da Mata Atlântica, Para o georreferenciamento das imagens CCD, considerou-
salvos os Municípios de Paripueira, Barra de Santo se o Sistema de Projeção UTM (Datum SAD-69 e
Antônio, São Luís do Quitunde, Matriz de Camaragibe, zonas/fusos SC.24 e SC.25). A posteriori, foi realizada a
Passo de Camaragibe, São Miguel dos Milagres, Porto de transformação de projeção para o Sistema Geográfico
Pedras, Porto Calvo, Japaratinga e Maragogi, que tiveram (Lat/Long) com Datum SAD-69. O erro admitido nesse
seus mapeamentos realizados sobre as ortofotos trabalho foi de 20 metros. Para as ortofotos, essa etapa
pertencentes ao levantamento da Secretaria de Estado do não foi admitida, pois as mesmas foram adquiridas com
Turismo de Alagoas, na escala de 1:10.000. suas respectivas referências espaciais. O sistema de
projeção passou pelo mesmo procedimento das imagens
As condições de forte adensamento de nuvens na
espectrais.
abrangência destes municípios, impossibilitou o devido
registro dos fragmentos florestais da região com o uso das Para o mapeamento final elaborado, foi considerada como
referidas imagens espectrais. A percentagem de unidade de mapeamento a Malha Municipal Digital do
adensamento de nuvens nas cenas variou entre 10% e Estado de Alagoas, no formato vetorial (shapefile),
20%, dependendo das cenas. referente ao ano de 2007 e disponibilizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para a geração do mapa básico foram utilizadas as bases de

Quadro 01: Órbitas/pontos de cobertura dos Satélites Sino-Brasileiros CBERS 2 e CBERS 2B no estado de Alagoas

Satélite Órbita/Ponto Data


146/110
CBERS 2 09/04/07
146/111
147/110
147/111 03/01/09
147/112
CBERS 2B
148/110 31/12/08
148/111 05/12/08
149/110 20/02/08

Figura 01: Órbitas/pontos de cobertura


dos Satélites Sino-Brasileiros CBERS 2 e
CBERS 2B no estado de Alagoas
Cobertura Vegetal de Alagoas 9

O mapeamento dos fragmentos de cobertura vegetal A Interpretação preliminar da cobertura vegetal


remanescente ocorreu a partir da interpretação visual de remanescente se deu com base no delineamento das
imagens espectrais (orbitais e aerotransportadas). feições originais, inclusive as que apresentaram
tonalidades em estado de degradação avançada.
A delimitação dos polígonos interpretados foi realizado
em tela, utilizando o aplicativo gvSIG 1.1.2 e 1.9, A medida na qual foram sendo delineadas as feições, uma
desenvolvido pela Secretaria de Infraestrutura e simbologia foi dada, representando a sua condição
Transportes da Prefeitura de Valencia, Espanha. Esse fitofisionômica. Para a interpretação da cobertura vegetal
mesmo software foi utilizado na obtenção das remanescente foi considerado o grupamento final de
informações quantitativas, ou seja, a mensuração dos quatro níveis fitofisionômicos com base no seu estado de
remanescentes florestais. Devido à representatividade conservação, a partir das características abaixo:
cartográfica (escala 1:100.000) disponível para
Nível “I” Estado de conservação ótimo a excelente.
mapeamento e em função da imagem espectral, adotou-
Caracteriza-se pela vegetação remanescente primitiva, ou
se como critério a exclusão dos polígonos com área igual
seja, com pouca interferência, retirada mínima de
ou inferior a seis hectares.
indivíduos e inexistência de trilhas. O sub-bosque é limpo e
A interpretação visual da imagem espectral constitui na a sinúsia superior é marcada pela presença de espécimes
definição de uma “chave de interpretação” das categorias emergentes. Nos mapeamentos para o trabalho em tela,
de cobertura vegetal remanescente, usando a composição não foi identificado nenhum fragmento de cobertura
R3G4B2 com as bandas 2 (0.45-0.52 m), 3 (0.63-0.69 m) e 4 vegetal remanescente apresentando as características
(0.52-0.59 m) do Sensor CCD instalado a bordo dos supracitadas.
Satélites Sino-Brasileiros CBERS 2 e CBERS 2B.
Nível “II” Estado de conservação bom a ótimo. A
A chave de identificação foi definida a partir dos vegetação encontra-se em estado secundário, com alguns
elementos identificadores do tema na imagem, tendo sinais visíveis de interferência, principalmente pela
como: cor, tonalidade, textura, forma, tamanho relativo, heterogeneidade fisionômica da sinúsia superior e pela
contexto e sombra, tendo como referência, os trabalhos resposta das sinúsias inferiores e do sub-bosque que não
desenvolvidos por: Cabaussel (1967), Garcia (1984); Hay et se apresentam limpo. A constatação ou confirmação
al (1986); Pereira, Kurkdjan e Foresti (1989); Novo (1989); destas condições, para este último caso foi observada in
Moreira (2001) e Florenzano (2002), os quais são: loco.
tonalidade/cor, textura, forma, sombra, altura, padrão e
Nível “III” Estado de conservação regular a bom. A
localização.
cobertura vegetal remanescente apresenta-se em estágio
Os levantamentos fitogeográficos tiveram como referência de regeneração, principalmente após a retirada da maior
os estudos de Gonçalves e Orlandi (1983); Veloso, Alves parte dos indivíduos arbóreos, restando apenas alguns
Lima e Rangel Filho (1991). Foram utilizados ainda testemunhos vegetacionais isolados da cobertura original.
trabalhos realizados no Estado de Alagoas por Sarmento e A sinúsia dominante apresenta porte médio, em torno dos
Chaves (1986) e Assis (1997, 1998a, 1998b e 2000). 5 a 10 metros, e o subosque bastante fechado.
Nível “IV” Estado de conservação precário a regular. A
cobertura vegetal remanescente apresenta-se densa e
fechada (Caatinga) e espaçada e rarefeita (Mata Atlântica),
com raros ou nenhum testemunho da composição
original. Na Caatinga, apesar da vegetação apresentar-se
densa, a composição florística é bastante pobre em
comparação a ambientes mais conservados. Na Mata
Atlântica este nível corresponde às capoeiras ou
capoeirões, resultado do desmatamento recente. O porte
dos indivíduos é muito baixo, com altura não
ultrapassando 5 metros em ambos os casos, e sem
estratos definidos, além do superior.

O difícil acesso a ser percorrido pelas equipes do IMA para conhecer os


diferentes tipos de vegetação resultaram em momentos inusitados, como
este em Jequiá da Praia, onde a chuva levou parte da estrada, tornando difícil
o acesso aos remanescentes naturais. Foto Iremar Bayma
10 Cobertura Vegetal de Alagoas

Uma vez concluída a interpretação preliminar, os O levantamento da cobertura vegetal remanescente


remanescentes foram localizados em cartas topográficas, circunscrito ao Bioma Mata Atlântica foram direcionados
tendo em vista a obtenção de suas coordenadas para visitas aos fragmentos de vegetação remanescente
geográficas e plano-retangulares, e posterior mensuração que ainda guardam certa originalidade, distribuídos em
por meio do uso de técnicas de geoprocessamento vales, encostas e serras, enquanto no Bioma Caatinga, os
aplicadas do gvSIG. trabalhos foram direcionados aos fragmentos distribuídos
sobre os inselbergues e serras.
A partir da visualização in loco, foram procedidas
alterações necessárias para a definição das feições Ambas as situações se deram pelo fato de raras
representativas da cobertura vegetal remanescente, ocorrências de feições vegetacionais próximas da
considerando os diversos níveis de conservação originalidade em ambientes de topo de interflúvio, no
supracitados, chegando assim a interpretação definitiva. Bioma Mata Atlântica e de pedimentação no Bioma
Caatinga.
A quantificação dos dados foi realizada no gvSIG, no qual
foram executadas planimetrias ambientais, com vista à As informações coligidas nas campanhas de campo
mensuração dos planos de informação da cobertura serviram para embasar a discussão do estado de
vegetal por microrregiões geográficas. Para a tabulação e conservação dos remanescentes da cobertura vegetal e
diagramação dos dados foi utilizado o Aplicativo Microsoft averiguar os impactos ambientais decorrentes das
Office Excel, possibilitando a apresentação dos resultados pressões antrópicas (urbanização, agricultura e pecuária)
e discussões. sobre a vegetação, bem como verificar o uso atribuído à
terra após a supressão da vegetação ao longo de décadas
A diagramação dos mapas, a partir de técnicas de de ocupação territorial.
geoprocessamento do gv-SIG, se deu mediante a
sobreposição das classes que representam os elementos
Referências Citadas & Consultadas
básicos (vias de circulação, limites, sítios urbanos, corpos d'
águas, etc.) delimitada pela quadrícula de paralelos e ASSIS, J. S. O sistema fitoambiental deltaico do São Francisco, em Alagoas.
Maceió: GEM-CCEN-UFAL, 1997. 60f. (Monografia apresentada para Progressão à
meridianos de cada área mapeada.
classe de Professor Adjunto). GEM-CCEN-UFAL, 1997 (mimeografado).

Foram observadas ainda, a renomeação e o agrupamento ASSIS, J.S. Um projeto de Unidades de Conservação para o Estado de Alagoas.
Rio Claro: IGCE/UNESP, 1998. Tese (Doutorado em Geografia - Organização do
das classes dos mapas digitais temáticos, com inserção de Espaço). IGCE/UNESP, 1998a. 241 p.
toponímias e a escolha de cores, com a exportação final de
ASSIS, J.S. Razões e ramificações do desmatamento em Alagoas. In: DINIZ, J.A.F.,
arquivos no formato matricial TIFF.
FRANÇA, V.L. A. Capítulos de geografia nordestina. Aracaju: NPGEO/UFS, 1998b.
p. 325-356.
Os trabalhos de campo consistiram na verificação dos
ASSIS, J. S. Biogeografia e conservação da biodiversidade projeções para
seguintes itens e atividades: Alagoas. Maceió: Catavento, 2000. 200p.
- Densidade vegetacional (baixa, média e densa);
- Porte (baixo, médio e alto); FEDOROV, D. Sistema Semi-Automático de Registro e Mosaico de Imagens São
José dos Campos: INPE, 2002. 150p. (INPE-9582-TDI/838).
- Textura do solo (arenoso, argiloso e pedregoso);
- Estágio de conservação (muito avançado, avançado FLORENZANO, T. G. Imagens de Satélite para estudos ambientais. São Paulo:
e pouco avançado); Oficina de textos, 2002.
- Fisiografia (litológica, geomorfológica, pedológica FONSECA, L.M.G. e COSTA, M.H.M. Registro Automático de Imagens de
e fitogeográfica); Sensoriamento Remoto Multi-Temporais Baseado em Múltiplas Resoluções.
- Coleta de material botânico; Revista SELPER, junho 2000, v.16 no. 1-2, p.13-22.
- Registros fotográficos; GARCIA, G. J. Sensoriamento remoto: princípios e interpretação de imaqens.
- Observação de interferências antrópicas. São Paulo: Nobel, 1982. 357p.

HAY, J. D. et al. Descrição e classificação dos tipos de vegetação da restinga de


O registro fotográfico buscou contemplar a paisagem Carapebus RJ. Revisão brasileira Botânica 9. Rio de Janeiro, 1986.
dominante dos fragmentos florestais, sua flora específica,
MAPA DE VEGETAÇÃO. 1 mapa, color, 67x127cm. Escala 1:1.000.000, BRASIL,
e sempre que possível, a sua fauna. O registro da fauna não República Federativa do Brasil. Folhas SC. 24/25 Aracaju/Recife, Projeto Radam
foi um fato frequente, devido ao difícil registro de flagrante Brasil, Levantamento dos Recursos Naturais, v. 30, 1983.
de animais, na qual se ressalta ainda, que o objetivo do
NOVO, E. M. L. M. Sensoriamento remoto: princípios e aplicações. São Paulo:
trabalho foi de registrar a situação geral da paisagem. Edgard Blücher, 1989.
Cobertura Vegetal de Alagoas 11

PEREIRA, M. N. et al. Cobertura e uso da terra através de sensoriamento


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DIPUB/RADAMBRASIL, 1982. p. 461-494 (Série: LRN. V. 29).

UFAL, Universidade Federal de Alagoas. GEM, Departamento de Geografia e


Meio Ambiente, Atlas Geográfico de Estado de Alagoas: 1994. Maceió; São
Paulo: EDUFAL; Ecopres, 1994. 44p. (no prelo).

VELOSO, H. P. et al. Classificação da vegetação brasileira, adaptada ao um


Sistema Universal. Rio de Janeiro: IBGE, 1991. 124 p.
12 Cobertura Vegetal de Alagoas

3- O Território Alagoano No início de século XX, Alagoas já tinha os contornos


atuais, com uma população concentrada no Litoral e Zona
O território alagoano está localizado na porção Centro- da Mata. Hoje, Alagoas conta com pouco mais 3.000.000
Oriental do Nordeste brasileiro, entre os paralelos 8°48'12" habitantes. A economia se baseia na cultura de cana-de-
e 10°30'12" de latitude sul e os meridianos 35°09'36" e açúcar, indústria química, turismo e outras atividades, de
38°13'54" de longitude oeste de Greenwich, abrangendo menor expressão. Destaca-se ainda, o cultivo do coco-da-
uma superfície de 27.767,66 km², o que equivale a baía, a pecuária leiteira e de corte, além do cultivo do fumo
aproximadamente 0,34% do território brasileiro e 3% do e as plantações de palma forrageira.
nordestino.
O litoral, ou costa, corresponde a uma faixa de grande
Alagoas é a segunda menor unidade da Federação, à complexidade e dinamismo, que se estende da foz do rio
frente apenas de Sergipe. Da superfície acima, 82km² são Persinunga, ao norte, até a foz do São Francisco, ao sul; em
de águas interiores, formadas especialmente pelas linha reta, são aproximadamente 230 quilômetros. Para
lagunas e lagoas, as quais deram nome ao Estado. oeste, o limite varia, ora alcança o sopé dos tabuleiros, ora
penetra pelos cursos d'água, estuários e deltas, até onde
Alagoas apresenta forma triangular, com um dos vértices se verifica a influência das marés, que marcam presença
coincidindo com a foz do rio São Francisco. Ao norte limita- dos manguezais.
se com o estado de Pernambuco; ao sul com Sergipe,
tendo como limite natural, o rio São Francisco, numa A largura do litoral alagoano varia de poucos metros a mais
extensão em linha reta de 240 km; ao leste é banhado pelo de 4 quilômetros. Estreito ao norte, e alarga-se na porção
oceano Atlântico, numa extensão em linha reta de 230 km; centro, ambiente das lagunas Mundaú e Manguaba, e
e ao oeste com Pernambuco e Bahia. alcança sua maior expressão no delta do rio São Francisco.

O Estado apresenta temperatura quente o ano todo, mas a As paisagens litorâneas resultam das variações do nível do
umidade varia do litoral para o interior. Isto proporciona mar ocorridas entre 7.000 e 2.000 anos antes do presente.
dois tipos de clima: o quente e úmido, no Litoral e Zona da Os movimentos transgressivos e regressivos do mar foram
Mata; e o quente e seco no Agreste e no Sertão. A ação do os responsáveis pelo afogamento de rios, por deposições
clima sobre a estrutura geológica favoreceu o arenosas e pela variação do lençol d'água subterrâneo
aparecimento de formas provocadas por erosões e (lençol freático), o que proporcionou o fechamento de
deposições, que permitem a divisão do relevo em cinco antigos estuários, originando assim as lagunas, e outras
grandes unidades: a Planície Costeira, o Planalto Costeiro formas marcantes do território alagoano, como: recifes,
(tabuleiros costeiros), o Planalto da Borborema, a cordões litorâneos, dunas, restingas, várzeas e brejos. Toda
Depressão Periférica e a Depresão Sertaneja. essa dinâmica torna possível a existência de condições de
vida especiais.
A maior parte da rede hidrográfica tem suas nascentes no
Estado de Pemambuco e apresenta duas vertentes: a A ocupação da Zona Costeira alagoana vem ocorrendo de
Atlântica, com rios perenes; e a do São Francisco, com rios forma espontânea, ou seja, sem planejamento. A instalação
temporários. Estas condições propiciaram o surgimento de de indústrias se dá lado a lado com o desenvolvimento do
formações vegetais características: florestas, cerrado, turismo. As duas atividades são responsáveis, por exemplo,
caatinga, e vegetação pioneira. Atualmente, pouco resta
da vegetação primitiva, destruída pelo processo de
ocupação do território, habitado até o século XVI por
tribos indígenas.

3.1- A ocupação do território


Os portugueses começaram a ocupar o espaço alagoano
por Porto Calvo, no litoral norte. Avançando para o sul,
fundaram a Vila de Santa Maria Madalena do Sul, atual
Marechal Deodoro, na margem direita da Laguna
Manguaba; e Penedo, mais adiante, à margem esquerda
do rio São Francisco.

No século XVII, o avanço do povoamento representava


quase 7000 km². No século seguinte, mais de 13.000 km² e
no século XIX, mais de 15.000 km². Mata de tabuleiro, em Coruripe, ainda sofrendo desmatamentos pontuais.
Foto Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 13

pela implantação do sistema viário e a ampliação da AL- Para fins de planejamento, o IBGE, considera a divisão do
101. Atualmente, a paisagem costeira não é mais estado em três Mesorregiões Geográficas: Sertão
representada pela vegetação original das restingas e Alagoano, Agreste Alagoano e Leste Alagoano,
manguezais, mas por extensos coqueirais trazidos de subdivididas em treze Microrregiões Geográficas (ver
outro continente, que aos pouco estão sendo mapa da Meso e Microrregiões Geográficas).
substituídos pela urbanização desordenada. Nessas microrregiões estão distribuídos os 102
municípios que compõem esta Unidade da Federação,
que tem como capital a cidade de Maceió (Quadro 01).

Quadro 01: Distribuição segundo mesorregiões, microrregiões e municípios do estado de Alagoas, segundo IBGE (2009)
Mesorregião Microrregião (M.R.) Municípios
Chã Preta, Ibateguara, Pindoba, Santana do Mundaú, São José da
Serrana dos Quilombos Lage, União dos Palmares e Viçosa
Mata Alagoana Atalaia, Branquinha, Cajueiro, Campestre, Capela, Colôn ia
Leopoldina, Flexeiras, Jacuipe, Joaquim Gomes, Jundiá, Matriz do
Camaragibe, Messias, Murici, Novo Lino, Porto Calvo e São Luis do
Quitunde
Leste Alagoano Feliz Deserto, Igreja Nova, Penedo, Piaçabuçu e Porto Real do
Penedo
Colégio
Anadia, Boca da Mata, Campo Alegre, Coruripe, Jequiá da Praia,
São Miguel dos Campos
Junqueiro, Roteiro, São Miguel dos Campos e Teotônio Vilela
Japaratinga, Maragogi, Passo de Camaragibe, Porto de Pedras e São
Litoral Norte Alagoano
Miguel dos Milagres
Maceió, Rio Largo, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel,
Maceió Coqueiro Seco, Marechal Deodoro, Paripueira, Pilar, Santa Luzia do
Norte e Satuba
Belém, Cacimbinhas, Estrela de Alagoas, Igaci, Maribondo, Mar
Palmeira dos Índios Vermelho, Minador do Negrão, Pal meira dos Índios, Paulo Jacinto,
Agreste Quebrangulo e Tanque D’Arca
Alagoano Arapiraca, Campo Grande, Coité do Nóia, Craíbas, Feira Grande,
Arapiraca Girau do Ponciano, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia, São
Sebastião e Taquarana
Traipu Olho D’Água Grande, São Brás e Traipu
Serrana do Sertão Alagoana Água Branca, Canapi, Inhapi, Mata Grande e Pariconha
Alagoana do Sertão do São
Delmiro Gouveia, Olhoa D’Água do Casado e Piranhas
Francisco
Sertão Alagoano Carneiros, Dois Riachos, Maravilha, Ouro Branco, Palestina, Pão de
Santana do Ipanema Açúcar, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São José da
Tapera e Senador Rui Palmeira
Batalha, Belo Monte, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Isidoro,
Batalha
Monteirópolis, Olhoa D’Água das Flores e Olivença

3.2- Formações naturais e distribuição espacial Apesar de ser denominado como Mata Atlântica em
territorial todo o Brasil, este bioma apresenta diferenciações
marcantes à medida que cruza as latitudes de norte a sul
do país, pois diferenciações climáticas, geológicas e
No território alagoano, segundo diversos autores, pedológicas influenciam a vegetação em seus padrões
ocorrem dois importantes biomas: a Mata Atlântica e a florísticos, fisionômicos, ecológicos e endemismos.
Caatinga. Como será detalhado nos capítulos seguintes,
a Mata Atlântica apresenta um complexo de vegetação Por outro lado, a Caatinga é um bioma mais restrito ao
florestal que se estende do Estado do Rio Grande do nordeste brasileiro e norte de Minas Gerais. O clima
Norte ao do Rio Grande do Sul (norte da região sudeste) semiárido marca a paisagem ao longo do período de
e parte da porção sul da região Centro-Oeste, estiagem, onde as espécies da flora perdem suas
adentrando-se pela Argentina, Paraguai e Uruguai.
14 Cobertura Vegetal de Alagoas

folhas para se protegerem da desidratação, recorrendo das Formações Pioneiras (marinha, flúvio-marinha e
também a estratégias singulares para proteger seus fluvial), incluindo ainda pequenos Encraves de Cerrado
brotos e gemas, recurso este que as plantas de áreas e Ecótonos (Cerrado-Floresta-Formações Pioneiras),
mais úmidas não chegam, ou não necessitam praticar. estes dois últimos com seus remanescentes bastante
descaracterizados.
Como forma de melhor entender a distribuição espacial
da cobertura vegetal remanescente em Alagoas, foi A Mesorregião do Agreste Alagoano (Zona Fisiográfica
lançada mão da subdivisão territorial do estado, do Agreste) compreende praticamente toda a Faixa de
adotada pelo IBGE em Meso e Microrregiões. Transição Fitoecológica, abrangendo, ainda, pequenas
porções das Regiões Fitoecológicas da Floresta
Esta subdivisão foi sobreposta pelo Mapa de Projeto de Estacional (a leste) e da Caatinga (a oeste).
Unidades de Conservação para o Estado de Alagoas
elaborado por Assis (2000), a partir de mapas de A Mesorregião do Sertão Alagoano (Zona Fisiográfica do
Gonçalves e Orlandi (1983) e Sarmento e Chaves (1985), Sertão) compreende na sua maioria, a Região
nas respectivas escalas 1: 1.000.000 e 1: 400.000. Fitoecológica da Caatinga e três grandes núcleos de
Transição Fitoecológicas (Ecótono Caatinga-Floresta
Do ponto de vista fisiográfico, não se pode comparar Estacional), que compreende os maciços residuais de
precisamente as mesorregiões e microrregiões, já que Água Branca, Mata Grande e Santana do Ipanema.
estas são delimitadas a partir da divisão político-
administrativa dos municípios nelas inseridos (Ver A Tabela 02, abaixo, mostra a distribuição da vegetação
Mapa de Unidades Fitogeográficas). natural remanescente do Estado de Alagoas por
Mesorregiões e Microrregiões segundo sua área
A Mesorregião do Leste Alagoano (Zona Fisiográfica da absoluta (km²), na qual se observa que esta representa
Mata Alagoana) engloba praticamente as Regiões apenas 4.248,96 km², ou seja, 15,28% da área total do
Fitoecológicas da Floresta Ombrófila, Estacional e as estado.

Tabela 02: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por Mesorregiões e Microrregiões do Estado de Alagoas em
números absolutos e percentuias

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Cobertura Vegetal de Alagoas 15

Tabela 03: Ranking dos municípios alagoanos segundo área territorial

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
16 Cobertura Vegetal de Alagoas

Tabela 04: Distribuição dos municípios de Alagoanos por unidade fitogeográfica segundo área absoluta, percentual e
número de fragmentos
Cobertura Vegetal de Alagoas 17

Continuação Tabela 04
18 Cobertura Vegetal de Alagoas

Continuação Tabela 04
Cobertura Vegetal de Alagoas 19

Continuação Tabela 04
20 Cobertura Vegetal de Alagoas

Continuação Tabela 04

Nota: os valores sem parênteses e colchetes correspondem à área absoluta (km²) da cobertura vegetal remanescente, os valores entre
colchetes correspondem à área relativa (%) da cobertura vegetal remanescente e os valores entre parênteses corresponde ao número de
fragmentos de cobertura vegetal remanescente.
Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Paisagem da Caatinga - Mata Grande


Acervo - IMA/AL
Cobertura Vegetal de Alagoas 21

3.2.1- Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano O relevo nas Microrregiões Geográficas Serrana dos
Quilombos e da Mata Alagoana, apresentam formas
A Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano é formada convexas denominadas de “mar de morros” e serras,
por seis microrregiões geográficas (M.R's): Serrana dos comandados por uma rede hidrográfica com padrão de
Quilombos, da Mata Alagoana, do Litoral Norte drenagem radial divergente, drenadas pelo alto curso
Alagoano, de Maceió, de São Miguel dos Campos e de dos rios Mundaú e Paraíba do Meio, além dos rios
Penedo. Abrange 13.241,19 km2, o que lhe confere a Jacuípe e Camaragibe.
maior mesorregião geográfica do estado, com 47% do
território alagoano formada por cinqüenta e dois O intemperismo químico predominante proporcionou o
municípios, com destaque para Maceió, Rio Largo, surgimento de formas abauladas dos morros e o
União dos Palmares, Penedo, São Miguel dos Campos e espesso manto coluvial condiciona o armazenamento
Coruripe. de água subterrânea e a existência de inúmeras fontes.

3.2.1.1- Aspectos físico-naturais Na M.R. Serrana dos Quilombos registra-se os dois


pontos mais altos do estado, a Serra das Guaribas
O clima atuante na Mesorregião Geográfica do Leste (882m), ponto culminante do Estado de Alagoas,
Alagoano, segundo o índice de umidade efetiva da localizada no município de Quebrangulo e a Serra do
classificação de Thornthwaite apresenta 3 tipos: o Cavaleiro (849m), localizada no município de Chã Preta.
úmido [40 a 60 e 20 a 40], o subúmido úmido [0 a 20] e o
subúmido seco [-20 a 0]. Nas Microrregiões Geográficas do Litoral Norte, Maceió,
São Miguel dos Campos e Penedo, o relevo na sua
As Microrregiões Geográficas Serrana dos Quilombos e maioria apresenta-se plano e suavemente ondulado,
da Mata Alagoana na sua grande maioria estão sob representados respectivamente pela Planície Litorânea
atuação de clima subúmido úmido [0 a 20], exceto a e o Planalto Sedimentar dos Tabuleiros, exceto na M.R.
porção meridional do município de São José da Lage do Litoral Norte, que apresenta relevo ondulado e
(M.R. Serrana dos Quilombos), onde atua ainda, o clima
fortemente ondulado.
úmido [20 a 40].
A Planície Sedimentar Costeira ou Baixada Litorânea é
Essa mesma condição é observada na M.R. da Mata
formada por terraços marinhos, praias e restingas,
Alagoana, na porção setentrional do município de
compreende uma faixa estreita paralela ao oceano
Joaquim Gomes, oriental de Messias e na quase
Atlântico, onde se localizam os estuários de vários rios
totalidade dos municípios de Flexeiras e São Luís do
que para ele fluem. Paralelo à linha de costa ocorrem os
Quitunde, com atuação de clima úmido [20 a 40].
recifes de arenito e de coral.
As Microrregiões Geográficas do Litoral Norte e Maceió
estão sob atuação de clima úmido [20 a 40] e subúmido Na porção central Mesorregião Geográfica do Leste
úmido [0 a 20], embora atue em menor extensão, o Alagoano, está situada as lagunas Mundaú e Manguaba
clima úmido [40 a 60]. Na M.R. de São Miguel dos (Microrregião de Maceió), consideradas as mais
Campos predomina o clima subúmido úmido [0 a 20], e importantes do estado, e mais ao sul, as lagunas Roteiro
na M.R. do Penedo, o clima subúmido seco [-20 a 0]. e Jequiá (M.R. de São Miguel dos Campos).

A estrutura geológica nas Microrregiões Geográficas Os Tabuleiros formam topos planos e ligeiramente
Serrana dos Quilombos e da Mata Alagoana estão planos, recortados por falésias e encostas de origem
assentadas, na sua grande maioria, sobre rochas dos Terciárias, bastante erodidas e dissecadas pelos rios que
Complexos Migmatítico-Granítico e Gnáissico- fluem para o oceano Atlântico, formando amplos vales
Migmatítico que compõem o embasamento do Maciço fluviais. Para o interior, dominam rochas do complexo
Pernambuco-Alagoas, com ocorrência ainda de biotita- cristalino.
granitos.
Os solos que ocorrem em maior extensão na
Na abrangência das Microrregiões Geográficas do Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano são: os
Litoral Norte, Maceió, São Miguel dos Campos e Argissolos (Amarelos, Vermelhos, Vermelho-Amarelos e
Penedo, estão assentados na sua maioria, sobre Acinzentados) e os Latossolos (Amarelos, Vermelhos e
depósitos areno-argilosos e argilosos da Formação Vermelho-Amarelos). Ocorrem ainda, os Neossolos
Barreiras (Bacia Sedimentar Alagoas), aflorando ainda Quartzarênicos, os Espodossolos Humilúvicos e
rochas cretáceas das Formações: Coqueiro Seco, Ferrihumilúvicos, os Gleissolos Melânicos e os
Penedo, Ponta Verde, Poção, entre outras. Neossolos Flúvicos.
22 Cobertura Vegetal de Alagoas

De um modo geral, os Argissolos e Latossolos A cobertura vegetal que ocorre em maior extensão na
apresentam baixa fertilidade em áreas cultivadas pela Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano é formada
cana-de-açúcar. Os Argissolos são menos profundos e de por remanescentes de Floresta Ombrófila e Estacional,
textura arenoargilosa e médio argilosa, enquanto os ocorrendo ainda, em menor extensão áreas de
Latossolos apresentam-se profundos com textura Transição Fitoecológica (Ecótono Floresta Ombrófila-
médio-argilosa e argilosa. Estes solos apresentam-se Cerrado-Formações Pioneiras) e das Formações
distróficos e eutróficos. Pioneiras sob influência Marinha (restingas) e Flúvio-
Marinha (manguezais).
Os Argissolos distróficos são menos férteis e abrangem
as maiores extensões, enquanto em relevo As maiores extensões de remanescentes de Floresta
dominantemente ondulado e forte ondulado é grande a Ombrófila e Estacional ocorrem nos municípios de
variabilidade dos solos, predominando os Argissolos União dos Palmares, São José da Laje, Ibateguara e Chã
Eutróficos e os Neossolos Litólicos, que são mais férteis, Preta (M.R. Serrana dos Quilombos); Murici, Colônia
no entanto sua ocorrência se dá em menor extensão. Leopoldina, Messias e Flexeiras (M.R. da Mata
Alagoana); São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras e
Os Argissolos nas Microrregiões Geográficas Serrana Maragogi (M.R. do Litoral Norte Alagoano); Maceió,
dos Quilombos e da Mata Alagoana diferenciam-se das Paripueira e Barra de Santo Antônio (M.R. de Maceió);
Microrregiões Geográficas do Litoral Norte, Maceió, São Jequiá da Praia, Coruripe, Teotônio Vilela e Campo
Miguel dos Campos e Penedo por serem mais Alegre (M.R. de São Miguel dos Campos); Penedo e
avermelhados, argilosos e férteis. Estes solos são Piaçabuçu (M.R. de Penedo).
utilizados, geralmente por cana-de-açúcar e pastagens.
Na faixa litorânea, predominam os Neossolos Nas demais Microrregiões Geográficas (Litoral Norte,
Quartzarênicos e os Espodossolos Humilúvicos e Maceió e Penedo), mais próximas ao litoral, ocorrem
Ferrihumilúvicos. ainda, áreas de Transição Fitoecológica: Ecótono
Floresta Estacional-Cerrado; Formações Pioneiras sob
Nos principais estuários são observados Organossolos influência Marinha: praias, dunas e restingas; Flúvio-
Tiomórficos e Solos Indivisos de Mangues, e ao longo Marinha: manguezais; fluvial: várzeas e flúvio-palustre:
das planícies de inundação dos principais rios, ocorrem depressões e pântanos.
os Gleissolos Melânicos e os Neossolos Flúvicos.

Laguna de Taboados - Roteiro


Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 23

As principais bacias hidrográficas que drenam a Mata Atlântica (RBMA). Nos municípios de União dos
Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano estão Palmares, São José da Laje, Ibateguara e Chã Preta (M.R.
inseridas nas Vertentes: Atlântica ou Oriental e Serrana dos Quilombos); Murici, Colônia Leopoldina,
Sanfranciscana ou Ocidental. Os rios da Vertente Messias e Flexeiras (M.R. da Mata Alagoana), ocorrem
Atlântica são formados pelos rios: Manguaba, às maiores extensões de remanescentes florestais
Camaragibe e Santo Antônio Grande (M.R. do Litoral (Floresta Ombrófila e Estacional) que resguardam certa
Norte); Meirim, Pratagy e Sumaúma (M.R. de Maceió); continuidade do Bioma Mata Atlântica no estado.
São Miguel, Jequiá e Coruripe (M.R. de São Miguel dos
Campos) e o Piauí e o Marituba seu principal afluente Visando a proteção ambiental, o poder público criou
(M.R. de Penedo). duas unidades de conservação nestas microrregiões
geográficas: a Área de Proteção Ambiental de Murici
O estuário destes rios e as lagunas Mundaú, Manguaba, (Estadual) e a Estação Ecológica de Murici (Federal),
Roteiro, Jequiá, Tabuleiro, Escura e Vermelha, dentre embora tenham sido criadas a partir de 1992, vinte
outras menores, impressionam por sua beleza e riqueza. Reservas do Patrimônio Natural, sendo dezesseis
Todos estes rios possuem regime permanente com estaduais e quatro federais.
deságue no oceano Atlântico, exceto o alto curso dos
rios Piauí e Coruripe, que são temporários. Na abrangência da Mesorregião Geográfica do Leste
Alagoano, que corresponde ao Bioma Mata Atlântica
Os municípios que formam as microrregiões geográficas em Alagoas, Assis (1998 e 2000) propôs a criação de
em apreço integram a Área Piloto da Reserva da Biosfera da vinte e seis unidades de conservação (Quadro 03).

Quadro 03: Unidades de Conservação sugeridas por Assis (1998 a; 2000) circunscrita ao Bioma Mata Atlântica em Alagoas.
24 Cobertura Vegetal de Alagoas

3.2.1.2- Aspectos socioeconômicos A falta de alternativas econômicas no campo, o


crescimento das pequenas cidades e a migração de
A economia predominante dos municípios das parte da população para outras regiões, provocou o
Microrregiões Geográficas que integram a Mesorregião encolhimento do meio rural. Por outro lado, ocorre a
Geográfica do Leste Alagoano está voltada para a o multiplicação de muitos acampamentos de
cultivo da cana-de-açúcar, embora nos últimos anos, a trabalhadores sem-terra e assentamentos rurais.
pecuarização mereça ser destacada. Esta mesorregião
geográfica concentra o maior número de indústrias do Mesmo com todo esse panorama, a cultura canavieira
estado, sobretudo voltado para a agroindústria do continua sendo a mais importante por conta da
açúcar e do álcool, merecendo destaque ainda, a presença de outras unidades do setor (Uruba, Capricho,
indústria química, civil, alimentícia e do turismo. Taquara e Porto Alegre) e da proximidade com
municípios que sediam usinas e destilarias de álcool.
As Microrregiões Geográficas Serrana dos Quilombos e
da Mata Alagoana, abrangem um total de vinte e dois Os municípios das Microrregiões Geográficas de Maceió
municípios, em especial, caracterizados pela pecuária e São Miguel dos Campos têm como principal
bovina de corte e pelas plantações de cana-de-açúcar. característica, a sua ambiência natural, marcada pelas
Na última década, a área onde se produzia cana foi paisagens marítima e flúvio-lagunar, entrelaçadas nas
substituída pela pecuária, que somam mais de vinte mil relações culturais e socioeconômicas daqueles que
cabeças de gado. Sem espaço para o desenvolvimento vivem em suas margens, usufruindo de suas benesses.
da agricultura familiar, surge o fenômeno generalizado
da migração rural, que diminui a população do campo, Não é por acaso que o Poder Público criou sete unidades
aumentando de forma desordenada as pequenas sedes de conservação na abrangência da M.R. de Maceió,
municipais. sendo três Áreas de Proteção Ambiental (APAs), todas
estaduais: a APA de Santa Rita, a APA do Catolé e Fernão
Os municípios de Viçosa e União dos Palmares (M.R. Velho e a APA de Pratagy; duas Reservas Ecológicas
Serrana dos Quilombos) se destacam como pólos estaduais: Saco da Pedra e Manguezais da lagoa do
produtores de proteína animal (avícolas, laticínios e Roteiro, além do Parque Municipal de Maceió e a Área
pocilgas), no entanto, nos últimos anos, vêm passando de Preservação Permanente do Imóvel do IBAMA
por certa estagnação em face às dificuldades da (Federal).
competição com outras regiões. A produção de laranja-
lima (Santana do Mundaú) e de banana (União dos Na microrregião geográfica encontra-se também, o
Palmares) são exemplos de diversificação possível nesta Parque Municipal Marinho de Paripueira e a porção sul
microrregião geográfica de muitos recursos naturais. da APA Costa dos Corais (federal), que se estende até o
sul do estado de Pernambuco.
Os municípios têm potencial para se tornar um pólo
turístico pela conjunção de três características: história Na M.R. de São Miguel dos Campos existem duas
rica, cenário natural convidativo e clima ameno. O unidades de conservação: a APA do Poxim (municipal) e
município de União dos Palmares se destaca ainda pelo a Reserva Extrativista de Jequiá (federal) e na M.R. de
seu relevante interesse histórico do Sítio Arqueológico Penedo, totalizam três, as Áreas de Proteção Ambiental
da Serra da Barriga, que preserva a história rica de ideais (APA's): a APA de Piaçabuçu (federal) e APA Marituba do
Peixe (estadual), e a Estação Ecológica da Praia do Peba
libertários de Zumbi de Palmares, cujo exemplo ainda
(federal).
ecoa nos quatro cantos do país (UFAL, 1994;
ENCICLOPÉDIA MUNICÍPIOS DE ALAGOAS, 2006; ATLAS
Os municípios que integram a Mesorregião Geográfica
ESCOLAR ALAGOAS, 2007).
do Leste Alagoano carregam a identidade que decorre
de semelhanças em sua história, formação geográfica e
Nas últimas décadas, em virtude do fechamento de
desenvolvimento econômico.
algumas unidades do setor sucroalcooleiro (Conceição
do Peixe, São Simeão, Bititinga, Campo Verde, Ouricuri,
No que diz respeito ao patrimônio histórico, destacam-
Alegria, João de Deus), os municípios da M.R. da Mata se os municípios de Porto Calvo, São Miguel dos
Alagoana e parte do Litoral Norte Alagoano, vêm Milagres (M.R. do Litoral Norte); Maceió, Coqueiro
paulatinamente perdendo espaço para a pecuarização. Seco, Santa Luzia do Norte e Marechal Deodoro (M.R.
de Maceió) e Penedo (M.R. de Penedo), mostrando que
O recuo da cana-de-açúcar tem aberto espaço para a Alagoas ainda detém um precioso acervo de arte sacra,
pecuária de corte, que aproveitou as antigas áreas de apesar da descaracterização e da ação devastadora do
canaviais, mas gerou poucos empregos. tempo.
Cobertura Vegetal de Alagoas 25

A cana-de-açúcar, que foi o forte componente inicial da Os municípios das Microrregiões Geográficas do Litoral
colonização, influenciou o povoamento das terras Norte, Maceió, São Miguel dos Campos e Penedo
inseridas na M.R. de Maceió, moldando praticamente possuem três características em comum: a proximidade
todos os aspectos de sua vida. A geografia, por sua vez, com o litoral e o rio São Francisco; as vastas plantações
ao contemplar este território com um rico complexo de cana-de-açúcar; e a forte relação com a capital de
hídrico, marcou profundamente seu desenvolvimento. Alagoas.

Nesse habitat, a ocupação humana se fez presente sob A sinergia dessas relações se estabelece pela
forte influência desses condicionantes que, sob vários convivência com a água, seja ela salgada, doce ou
aspectos, tiveram papel determinante na estruturação salobra, mas sempre através da pesca, da mariscagem e
do sistema de organização política e social ali instalado. no artesanato.

Os municípios da Mesorregião Geográfica do Leste A paisagem tropical aliada à cultura artesanal e


Alagoano apresentam algumas características comuns, gastronômica local é um ponto de destaque das
entre elas: a pesca litorânea, os coqueirais (marcantes microrregiões geográficas supracitadas, que vem
na paisagem tropical das suas praias) e os imensos permitindo o crescimento do turismo e das atividades
canaviais. imobiliárias e, consequentemente, impulsionando a
economia local.
O beneficiamento da cana-de-açúcar movimenta onze
unidades sucroalcooleiras plenamente consolidadas e Além da proximidade com o litoral, os municípios da
instaladas: Cachoeira do Meirim, Camaragibe, Santo Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano têm sua
Antônio, Caetés, Cansanção do Sininbú, Porto Rico, referência na economia da pesca e nas usinas de açúcar
Seresta, Guaxuma, Pindorama, Coruripe e Paisa. e destilarias de álcool, com suas demandas por matéria-
prima, que acabam por determinar a paisagem rural
Os municípios da M.R. do Litoral Norte Alagoano canavieira.
caracterizam-se pela forte relação com a economia
pernambucana, em especial Maragogi. A cana-de- Estes municípios têm, na maioria das vezes, uma
açúcar, desde a década de 1990, tem exigido um padrão relação de dependência com o setor de serviços e o
de qualidade cada vez maior. comércio de Maceió. A mesma paisagem tropical e a
história comum, o potencial turístico, as possibilidades
Somados a isso, o alto custo da produção tem se da agricultura de tipo familiar, a pequena indústria e as
mostrado cada vez mais incompatível, decorrente outras atividades produtivas, dão certa uniformidade
principalmente da topografia mais acidentada da maior aos seus municípios.
parte dos municípios desta microrregião geográfica,
comparado aos municípios das M.R's. de Maceió, São A economia dessas microrregiões geográficas, em
Miguel dos Campos e Penedo, onde a topografia é especial, a de São Miguel dos Campos, tem no petróleo
menos acidentada. e no gás natural os principais recursos do subsolo, além
do lençol freático, considerado importante, juntamente
com o calcário (Fábrica de Cimento Portland) e a argila
No entanto, essa condição não diminui a dependência
(Cerâmicas de tijolo e telha).
de corretivos e fertilizantes para melhorar a
produtividade da cana-de-açúcar.
Somados a isso, destaca-se ainda, a presença de solo
fértil e água abundante. Outro fato importante é a
Como ocorre com os municípios das Microrregiões agroindustrial ultra-especializada, voltada para a
Geográficas Serrana dos Quilombos e da Mata produção de açúcar e álcool.
Alagoana, o recuo da área colhida da cana-de-açúcar,
tem permitido, ao mesmo tempo, o crescimento da O município de São Miguel dos Campos é o centro
pecuária, que diferentemente da agricultura familiar polarizador da microrregião geográfica homônima,
não gera emprego nem renda suficientes para o dividindo esse posto com Coruripe.
desenvolvimento sustentável do meio rural.
Outra característica marcante dessas microrregiões
Tal condição fez surgir uma série de movimentos geográficas são as belas praias e os vastos coqueirais,
camponeses em busca de terra para trabalhar, como é o além da abundância de Ouricuri, que é trabalhado e
caso do município de Maragogi, em que um terço do comercializado através do artesanato produzido pela
território é ocupado por assentamentos de palha desta palmeira, em Pontal do Coruripe, no
trabalhadores rurais. município de Coruripe.
26 Cobertura Vegetal de Alagoas

Os municípios da M.R. de Penedo têm pontos em


comum com os municípios da M.R. de Traipu, como por
exemplo, a presença do rio São Francisco e a
proximidade da Costa Atlântica, que implica na
importância do pescado (camarão, peixes, crustáceos).

Outro ponto em comum é o patrimônio arquitetônico


(Penedo e cidades menores), com forte potencial
turístico para um projeto integrado e um conjunto de
mais de 10 mil pequenas propriedades familiares, que
poderá se constituir num sistema produtor de
agricultura comercial competitiva.

Esses municípios convivem harmoniosamente com os


de Sergipe que margeiam o São Francisco, numa
interação geoeconômica que fortalece a dinâmica de
seu desenvolvimento.

Encontro das lagunas Mundaú e Manguaba - Ilha de Santa Rita - Marechal Deodoro
Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 27

3.2.2- Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano Os solos na M.R. de Palmeira dos Índios são formados
por Planossolos Háplicos, Latossolos Vermelhos e
A Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano é Luvissolos Crômicos, enquanto na M.R. de Arapiraca,
formada pelas Microrregiões Geográficas de Palmeira ocorrem ainda, os Latossolos Vermelhos Amarelos
dos Índios, Arapiraca e Traipu. Apresenta-se como a Eutróficos e na M.R de Traipu, em menor extensão
2
menor do Estado de Alagoas, abrangendo 5.757,46 km , ocorrem os Neossolos Litólicos.
o que corresponde a 21% do território alagoano,
compreendida por vinte e quatro municípios, com Os Neossolos Litólicos são solos pouco a medianamente
destaque para Arapiraca e Palmeira dos Índios. profundos, moderadamente drenados, arenosos e de
fertilidade natural alta, geralmente explorado
intensamente com culturas de subsistência.

3.2.2.1- Aspectos físico-naturais Os Planossolos Háplicos apresentam perfis rasos a


pouco profundos, mal drenados, textura média argilosa
A Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano, e fertilidade natural média, com problemas de excesso
de sais.
segundo o índice de umidade efetiva da classificação de
Thornthwaite, encontra-se sob a atuação de clima semi-
Estes solos são geralmente utilizados por pastagens, e
árido [-20 a -40] e subúmido seco [-20 a 0].
apresentam elevado risco de salinização se forem
irrigados, mesmo com um bom trabalho de drenagem,
O clima semi-árido atua em sua quase totalidade,
bem como apresentam perfis medianamente
enquanto o subúmido seco atua apenas na porção profundos com drenagem lenta, de textura média
norte-oriental e extremo sul, repectivamente na M.R. argilosa, ácidos e de fertilidade natural baixa. São
de Palmeira dos Índios e nas Microrregiões Geográficas utilizados geralmente por pastagens e cultivos de
de Arapiraca e Traipu. subsistência.

A estrutura geológica na Mesorregião Geográfica do Os Latossolos Vermelhos e Vermelho-Amarelos


Agreste Alagoano encontra-se representada por rochas Eutróficos estão associados às superfícies de maior
do Maciço Pernambuco-Alagoas e do Sistema de altitude, onde o relevo é menos acidentado,
Dobramento Sergipano. predominando em grandes extensões nos municípios
de Palmeira dos Índios e Igaci, na M.R. de Palmeira dos
O Maciço Pernambuco-Alagoas é formado por rochas do Índios; e nos municípios de Arapiraca, Coité do Nóia e
embasamento cristalino (Complexo Gnáissico- Taquarana, M.R. de Arapiraca.
Migmatítico e Migmatítico-Granítico). O Sistema de
Dobramento Sergipano corresponde também às rochas As principais bacias hidrográficas que drenam a
do embasamento cristalino (Grupo Girau) e Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano são
metavulcano-sedimentar do Grupo Macururé comandadas pelo alto e médio curso dos rios Coruripe
(Formação Santa Cruz e as unidades Porto da Folha e (M.R. de Palmeira dos Índios), Piauí (M.R. de Arapiraca),
Batalha-Araticum Indivisas). e parte do médio e baixo curso do rio Traipu (M.R. de
Traipu).
Na M.R. de Arapiraca, ocorre ainda, uma pequena
extensão de rochas terciárias sedimentares da Exceto o alto curso dos rios Coruripe e Piauí apresentam
Formação Barreiras, sobrepostas ao embasamento regime permanente, desaguando respectivamente no
cristalino. oceano Atlântico e no rio São Francisco. O rio Piauí,
passa a se chamar Marituba, antes de desaguar no rio
O relevo na M.R. de Palmeira dos Índios é representado São Francisco.
pelo Planalto da Borborema, que se apresenta
fortemente ondulado, como serras abauladas e A M.R. de Traipu é banhada ainda pelo rio São Francisco
espessos mantos de cobertura eluvial, o que favorece o e parte do baixo curso do rio Traipu, e que empresta o
armazenamento de água subterrânea. seu nome ao município e consequentemente a
microrregião geográfica.
Na M.R. de Arapiraca, o relevo é formado por superfícies
planas dos Tabuleiros Costeiros e plana suave ondulada A serra da Priaca constitui uma fonte de riqueza, pois,
do Pediplano Sertanejo representadas por pequenas além de ter seus quartzitos extraídos como pedra
serras em estruturas residuais isoladas. Esta última ornamental para pisos (decks de piscinas), constitui um
condição é observada na M.R. de Traipu. aquífero (rocha armazenadora de água).
28 Cobertura Vegetal de Alagoas

Os municípios da M.R. de Traipu têm características ca (Ecótono Floresta Estacional Caatinga) estão
comuns aos municípios da M.R. de Penedo, como por localizados na Mesorregião Geográfica do Agreste
exemplo: a presença do rio São Francisco e a Alagoano, em especial, nos municípios de Palmeira dos
proximidade/ acessibilidade com as cidades sergipanas Índios, Quebrangulo e Tanque D'Arca, na M.R. de
banhadas pelo rio São Francisco, numa interação Palmeira dos Índios; ocorrendo ainda no município de
geoeconômica que fortalece a dinâmica de seu Traipu, na Microrregião Geográfica homônima e no de
desenvolvimento.
Girau do Ponciano, na M.R. de Arapiraca.
Devido ao estado de preservação/conservação das suas
matas, à extensão dos seus fragmentos florestais como
corredores ecológicos ligando as matas de Alagoas e Estes remanescentes, segundo as orientações de Brasil
Pernambuco, justificou, na década de 1990, a criação da (1994), estão inseridos no Bioma Caatinga em Alagoas.
Reserva Biológica de Pedra Talhada (federal), sendo a As pequenas “manchas” de remanescentes, no
única Unidade de Conservação inserida na Mesorregião entanto, apresentam-se bastante fragmentadas e
Geográfica do Agreste Alagoano, localizada na sua isoladas. Tanto é que na abrangência dessa faixa de
porção extremo nordeste (M.R. de Palmeira dos Índios). Transição Fitoecológica na Mesorregião Geográfica do
Leste Alagoano, Assis (2000), propôs a criação de
Os pouquíssimos remanescentes de Transição Fitoecológi- apenas quatro unidades de conservação (Quadro 04).

Quadro 04: Unidades de Conservação sugeridas por Assis (1998 a; 2000) na faixa de Transição Fitoecológica.

3.2.2.2- Aspectos socioeconômicos A sociedade também segue um padrão de hierarquia -


poucos ricos, uma pequena classe média urbana ou
rural e um imenso contingente populacional que
Os municípios da M.R. de Palmeira dos Índios depende dos programas sociais para sobreviver.
apresentam uma economia hierarquizada e tem na
cidade homônima, o maior centro urbano, com
Os municípios abrangidos na sua maior parte pela M.R.
liderança política e comercial sobre a maioria das dez
localidades menores que compõem. A vida econômica de Arapiraca têm na sua cidade pólo e sede do
tem na pecuária bovina, tanto a leiteira como a de corte, município homônimo, o “símbolo da modernidade” no
o seu pólo mais forte. interior do estado.

A produção comercial mais volumosa de leite está nas A microrregião geográfica abrange praticamente toda
grandes fazendas, que possuem um rebanho de melhor região fumageira, que por sinal, há muito tempo deixou
qualidade. de ser produtora exclusiva de fumo, diversificando sua
agricultura, cultivando atualmente milho, hortaliças,
A agricultura de subsistência é representada por
abacaxi e inhame, mantendo tanto suas lavouras
milhares de pequenas propriedades familiares. A
industrialização do leite também é hierarquizada - a tradicionais, como o seu mundo rural centrado na
parte maior vai para o laticínio que está localizado na pequena propriedade familiar.
sede regional, que é a maior de Alagoas, e a menor é
destinada às fabriquetas de queijo e manteiga e às A cidade de Arapiraca é a segunda maior cidade de
unidades médias, que produzem iogurte ou leite Alagoas, concentrando o mais amplo comércio de serviços
pausterizado. permanente. Apresenta também um distrito fabril, que
Cobertura Vegetal de Alagoas 29

industrializa parte da produção agrícola local; a maior A M.R. de Arapiraca é considerada ainda, a mais
feira semanal do Estado; e um setor de serviços democrática no acesso a terra e com melhor
(médico-hospitalar, bancário, ensino), dimensionados distribuição de renda. Esses fatores proporcionaram a
para atender os municípios do agreste e sertão de construção de seu forte capital social, tendo como base
Alagoas. Por isso, as pequenas cidades vizinhas mantêm os movimentos cooperativista, sindical e comunitário.
com Arapiraca estreitos vínculos de dependência
econômica.

Igaci: foto aérea da cidade á


Palmeira dos Índios: resquício de mata ciliar â
Fotos: Iremar Bayma
30 Cobertura Vegetal de Alagoas

3.2.3- Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano Os pediplanos são compreendidos por planos bastante
regular e suavemente inclinados para a calha do São
A Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano é Francisco, cuja monotonia é cortada por serras, cristas
formada pelas Microrregiões Geográficas Serrana do assimétricas e inselbergues.
Sertão Alagoano, Alagoana do Sertão do São Francisco,
Santana do Ipanema e Batalha. Os inselbergues são assim chamados por se assemelhar
a ilhas cercadas por pediplanos, testemunhando uma
Esta mesorregião geográfica é a segunda maior do superfície de rochas pré-existentes e desgastadas pela
2
Estado de Alagoas, com 8.769,19 km , o equivalente a
ação do intemperismo físico ou desagregação mecânica.
32% do território alagoano, e abrangendo vinte e seis
Os pediplanos formam, assim, uma superfície de
municípios, entre os quais: Delmiro Gouveia, Santana
pediplanação, conhecida geomorfologicamente como
do Ipanema, Mata Grande, Pão de Açúcar, Piranhas e
Água Branca. Depressão Sertaneja.

O relevo na M.R. Alagoana do Sertão do São Francisco e


3.2.3.1- Aspectos físico-naturais grande parte das Microrregiões Geográficas de Santana
do Ipanema e Batalha, apresenta-se suave ondulado e
A Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano, preenchido por pedimentos e elevações residuais
segundo o índice de umidade efetiva da classificação de isoladas dos inselbergues.
Thornthwaite, encontra-se sob a influência marcante de
clima semi-árido [-20 a -40], no entanto, na M.R. Os solos mais frequentes na M.R. Alagoana do Sertão do
Serrana do Sertão Alagoano registra-se a menor São Francisco estão representados pelos Neossolos
atuação de clima subúmido seco [-20 a 0] e árido [-40 a - Regolíticos, os Planossolos Háplicos, os Luvissolos
60], respectivamente na sua porção central e extremo Crômicos e os Neossolos Litólicos.
norte.
Os Neossolos Regolíticos apresentam-se pouco a
A estrutura geológica desta Mesorregião se dá sobre os
medianamente profundos, moderadamente drenados,
compartimentos geotectônicos do Maciço
arenosos e de fertilidade natural alta, geralmente
Pernambucano-Alagoas e do Sistema de Dobramento
explorado intensamente com culturas de subsistência,
Sergipano.
enquanto os Planossolos Háplicos se apresentam rasos
O limite destes compartimentos se dá por meio da falha a pouco profundos, mal drenados, de textura média
de empurrão de caráter regional, atravessando o estado argilosa e fertilidade natural média, com problemas de
na direção geral NE-SW (Minador do Negrão à Ilha de sais.
São Pedro, em Belo Monte).
Geralmente estes solos são utilizados por pastagens e
O Maciço Pernambucano-Alagoas constitui-se por apresentam elevado risco de salinização se forem mal
rochas cristalinas, representadas pelos complexos do irrigados, mesmo com um bom trabalho de drenagem.
embasamento cristalino, enquanto o Sistema de Estes solos são medianamente profundos com
Dobramento Sergipano, por rochas da sequências drenagem lenta, de textura média argilosa, ácidos e
metavulcano-sedimentar, magmáticas básicas, fertilidade natural baixa.
magmáticas ácidas e rochas porfiroblásticas.
Nos municípios de Água Branca e Mata Grande (M.R.
A sequência de rochas recentes está restrita as aluviões, Serrana do Sertão Alagoano), predominam solos
principalmente na barra do rio Ipanema (município de medianamente profundos a profundos, bem drenados,
Belo Monte), confluência com o rio São Francisco, e na
textura média a média argilosa e fertilidade natural
cidade de Pão de Açúcar, margem esquerda desse
média a alta. Estes solos são utilizados intensamente
mesmo rio.
com cultivos de subsistências e fruticultura, sendo os
O relevo na abrangência da Mesorregião Geográfica do solos de maior potencial de produtividade em sistemas
Sertão Alagoano é formado por planos rebaixados e de produção com irrigação ou sequeiro.
dissecados pelos rios Capiá, Riacho Grande, Traipu e
Ipanema que compõe o Pediplano Sertanejo. Os Neossolos Litólicos são rasos, de textura média a
argilosa e pedregosa, com fertilidade natural média. São
No vale do Ipanema, a litoestrutura e a umidade mais solos facilmente degradados pela erosão, sendo
elevada condicionam solos mais argilosos e profundos, recomendado mantê-los com vegetação original. As
utilizados para o plantio da palma forrageira. áreas já desmatadas devem ser utilizadas somente com
Cobertura Vegetal de Alagoas 31

fruticultura perene. No município de Água Branca, Estacional e os Refúgios Ecológicos) estão localizados
observa-se a ocorrência de Cambissolos Háplicos. nos Municípios da M.R. Serrana do Sertão Alagoano
(Mata Grande e Água Branca); M.R. Alagoana do Sertão
Na Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano do São Francisco (Delmiro Gouveia, Olho D'Água do
destacam-se, ainda, os maciços residuais de Mata Casado e Piranhas); e na M.R. de Santana do Ipanema
Grande, Água Branca e Santana do Ipanema, com as (Maravilha, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema,
altitudes acima de 700 metros, representadas pelas Senador Rui Palmeira, São José da Tapera e Pão de
Serras da Lagoa de Santa Cruz (844m) do Parafuso Açúcar).
(809m) e da Onça (806 m), localizadas no município de
Mata Grande; a Serra da Caiçara (839m), localizada no No entanto, pequenas “manchas” de remanescentes de
município de Maravilha e a Serra de Água Branca Caatinga, de forma bastante fragmentada e
(788m), localizada no município homônimo, e as Serras descontínua, ainda podem ser observadas nos
do Poço e do Almeida, ambas com 757m, localizadas no município de Belo Monte, na M.R. de Batalha.
município de Santana do Ipanema.
No Bioma Caatinga em Alagoas só existe apenas duas
As principais bacias hidrográficas que drenam essa unidades de conservação criadas: O Monumento
mesorregião geográfica são comandadas pelos rios: Natural Canyons do Rio São Francisco (Federal) e Parque
Moxotó e Capiá (Microrregiões Geográficas Serrana do Ecológico Municipal da Pedra do Sino (município de
Sertão Alagoano e Alagoano do Sertão do São Fran- Piranhas), embora existam quatro Reservas Particulares
cisco); Riacho Grande e Ipanema (M.R. de Santana do do Patrimônio Natural criadas pelo poder público
Ipanema); e parte do rio Traipu (M.R. de Batalha). Todos estadual, e encaminhado ainda, a criação do Refúgio de
esses rios apresentam regime temporário e deságuam Vida Silvestre Morros do Craunã e do Padre, no
no rio São Francisco. município de Água Branca.

Os maiores remanescentes florestais que guardam Na abrangência dessas unidades fitoecológicas


certa continuidade do Bioma Caatinga em Alagoas, circunscritas no Bioma da Caatinga em Alagoas, Assis
incluindo ainda os remanescentes de Florestas (2000), propôs a criação de sete unidades de
Estacionais, e as áreas de Transição Fitoecológica conservação (Quadro 05).
(Ecótono Caatinga-Floresta

Quadro 05: Unidades de Conservação sugeridas por Assis (1998 a; 2000) no bioma Caatinga.
32 Cobertura Vegetal de Alagoas

3.2.3.2- Aspectos socioeconômicos As cidades, sem indústrias, têm fraca expressão urbana
e o comércio depende das transferências dos programas
sociais e dos benefícios do INSS. Articuladas, essas
A economia dos municípios da Mesorregião Geográfica localidades, a exemplo de todo o sertão alagoano,
do Sertão Alagoano está baseada na agropecuária, podem se constituir num pólo alternativo de turismo
destacando-se o rebanho bovino para corte. Esta regional.
mesorregião geográfica, posicionada em pleno
semiárido nordestino, tem sua unidade construída na Uma nova perspectiva de desenvolvimento agrícola se
paisagem da Caatinga. abre aos moldes de perímetros irrigados, como
acontece no submédio do rio São Francisco (Petrolina-
Grande parte dos remanescentes desta unidade
PE - Juazeiro-BA) com a construção do canal do sertão,
fitoecológica encontra-se bastante fragmentada, em
com suas obras já iniciadas em seu primeiro trecho.
face da introdução da pecuária extensiva, das imensas
plantações de palma forrageira e da agricultura
tradicional sertaneja do feijão e do milho.
Na porção oriental da Mesorregião Geográfica do Sertão
A indústria apresenta características rudimentares, Alagoano, merece destaque a M.R. de Batalha, formada
como a casa de farinha, as fabriquetas de queijo, e com pelo município homônimo, Belo Monte, Jacaré dos
um pouco do artesanato de couro. Homens, Jaramataia, Major Isidoro, Monteirópolis, Olho
D'Água das Flores e Olivença.
O latifúndio não é o problema central da referida
mesorregião geográfica, e sim, os milhares de pequenos O sistema produtivo desta microrregião geográfica está
estabelecimentos carentes de crédito, assistência fundamentado na ultra-especialização da pecuária do
técnica e facilidades na comercialização. leite, representa pouco mais de 1/10 do rebanho bovino
do estado, com mais de 1/4 das vacas ordenhadas,
Esse conjunto de dificuldades tem implicado na baixa responsáveis por mais de 2/3 do leite alagoano.
produtividade das culturas agrícolas e na redução da
produção nos últimos anos. A pobreza no campo e a Os municípios da M.R. de Batalha são confundidos com a
ausência de vida urbana geraram, em especial no Médio própria Bacia Leiteira de Alagoas, que é mais ampla e
Sertão Alagoano, indicadores sociais negativos.
conta com municípios da região de Santana do Ipanema
e de Palmeira dos Índios.
O Sertão Alagoano, no qual se encontram inseridos os
municípios da mesorregião geográfica homônima,
A agricultura tradicional sertaneja (feijão, milho e
apresenta algumas características comuns na sua
economia: uma agricultura que, apesar da proximidade mandioca) é complementar à atividade principal, que
do rio São Francisco, não possui áreas/perímetros engloba a produção do leite na fazenda, a
irrigados, permanecendo, assim, marcada por um industrialização nas pequenas cidades e todo um
conjunto de culturas tradicionais, como o feijão, o milho complexo de apoio escritórios, pontos comerciais,
e a mandioca. agências bancárias, transportes que viabiliza esse
arranjo produtivo.
A pecuária encontra na bovinocultura seu plantel mais
numeroso, contando com uma crescente participação A pressão da competição fez a região se modernizar,
de ovinos e caprinos. incorporando tecnologias e novos métodos de
produção. A região busca respostas para os desafios da
O mundo rural sertanejo apresenta um elemento que atualidade.
poderá ser à base de sua modernização e diversificação,
no caso, as dezenas de povoados onde se localizam 17
mil estabelecimentos familiares.
Cobertura Vegetal de Alagoas 33

Cidade de Piranhas, às margens do rio São Francisco


Foto: Iremar Bayma
34 Cobertura Vegetal de Alagoas

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MAPA DE VEGETAÇÃO. 1 mapa, color, 67x127cm. Escala


1:1.000.000, BRASIL, República Federativa do Brasil. Folhas
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MAPA DO POTENCIAL DOS RECURSOS HÍDRICOS. 1 mapa,


color, 67x127cm. Escala 1:1.000.000, BRASIL, República
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36 Cobertura Vegetal de Alagoas

4- A Cobertura Vegetal Remanescente em Os municípios de Chã Preta (46,85km²) e União dos


Alagoas: Microrregiões Geográficas Palmares (42,05 km²) se destacam com os maiores
remanescentes de cobertura vegetal. Chã Preta possui a
maior área de cobertura vegetal da microrregião em
4.1- Microrregião Serrana dos Quilombos relação ao seu território com 23%, enquanto os demais
municípios apresentam áreas relativas abaixo de 10%,
exceto Santana do Mundaú (10,25%).
A Microrregião Serrana dos Quilombos está localizada
na parte ocidental da Mesorregião do Leste Alagoano. Os municípios de Viçosa (7,10%), Pindoba (3,55%) e São
Esta é formada pelos municípios de Chã Preta, José da Laje (7,29%), apresentam as menores áreas, que
Ibateguara, Pindoba, Santana do Mundaú, São José da somadas representam apenas 17,94% da cobertura
Lage, União dos Palmares e Viçosa, ocupando a terceira vegetal microrregião.
posição em área territorial da Mesorregião do Leste Neste conjunto de municípios, ocorrem números
Alagoano, com 1819,32 km². proporcionalmente aproximados de fragmentos de
Nesta Microrregião ocorre a terceira menor quantidade cobertura vegetal remanescente, exceto Pindoba (20) e
de fragmentos de cobertura vegetal remanescente, com São José da Laje (57).
185,54km² (10,20%). Em todos os seus municípios Nos demais ocorrem mais de 83% dos fragmentos de
ocorrem remanescentes de Floresta Estacional, sendo cobertura vegetal, com destaque para Viçosa (95) e
que, em União dos Palmares e Ibateguara, ocorrem União dos Palmares (92), somando aproximadamente
ainda maciços de Floresta Ombrófila (Estado de Alagoas 38% da cobertura vegetal remanescente da
- Microrregião Serrana dos Quilombos - Mapa da microrregião (Tabela 04).
Cobertura Vegetal Remanescente).

Tabela 04: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião Serrana dos
Quilombos segundo área absoluta (km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Ibateguara: imensos maciços de mata envolto de canavias e pastos


Foto Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 37

4.2- Microrregião da Mata Alagoana Nesta Microrregião ocorre a maior área de cobertura
vegetal remanescente do estado com 416,8 km², o
A Microrregião da Mata Alagoana é a maior do estado correspondente a pouco mais de 10,40% da
de Alagoas com 4007,57 km² e, por conseguinte a maior Mesorregião do Leste Alagoano (Tabela 05).
da Mesorregião do Leste Alagoano. A microrregião é
formada pelos municípios de Atalaia, Branquinha, Nos municípios de Colônia de Leopoldina (42,18 km²),
Cajueiro, Campestre, Capela, Colônia de Leopoldina, São Luís do Quitunde (43,01 km²), Matriz do
Flexeiras, Jacuípe, Jundiá, Joaquim Gomes, Matriz do Camaragibe (44,71 km²), Flexeiras (45,19 km²) e Murici
Camaragibe, Messias, Murici, Novo Lino, Porto Calvo e (57,66 km²) ocorrem pouco mais da metade da
São Luís do Quitunde. cobertura vegetal da Microrregião.

Na maioria dos municípios desta Microrregião ocorrem Nos municípios de Branquinha (16,8%), Joaquim Gomes
remanescentes de Floresta Ombrófila, como é o caso de (14,3%), Flexeiras (14,3%), Colônia Leopoldina (14,6%),
Campestre, Jundiá, Novo Lino, Messias, Jacuípe, Atalaia, Murici (13,6%), Matriz do Camaragibe (13,5%), Porto
Joaquim Gomes, Flexeiras, Murici e Colônia Leopoldina, Calvo (11,30%) e Messias (10,30%) apresentam as
Capela e Branquinha, nestes dois últimos ocorrem ainda maiores áreas de cobertura vegetal remanescente em
remanescentes de Floresta Estacional. relação aos seus territórios, enquanto os municípios de
Campestre (1,20%) e Jundiá (2,30%) apresentam as
Nos municípios de Porto Calvo, Matriz do Camaragibe e menores áreas de cobertura vegetal.
São Luís do Quitunde, ocorrem remanescentem de
Floresta Ombrófila e áreas das Formações Pioneiras sob Os maiores números de fragmentos de cobertura
influência Flúvio-Marinha (mangues). vegetal na M.R. da Mata Alagoana ocorrem nos
municípios de Atalaia (97), Flexeiras (99), Colônia de
São observados ainda remanescentes de Floresta Leopoldina (102), Murici (122), Matriz do Camaragibe
Estacional, no município de Cajueiro (Estado de Alagoas (140) e São Luís do Quitunde (187), totalizando pouco
- Microrregião da Mata Alagoana - Mapa da Cobertura mais da metade (53%). No município de Campestre
Vegetal Remanescente). ocorre o menor número de fragmentos (5), seguido de
Jundiá (20) e Cajueiro (27).

Tabela 05: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião da Mata
Alagoana segundo área absoluta (km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos
Município Cobertura vegetal remanescente
Número de
Denominação Área (km²) Área (km²) Área (%)
fragmentos
Atalaia 532,78 30,07 5,64 97
Branquinha 191,44 32,22 16,83 43
Cajueiro 124,58 8,06 6,47 27
Campestre 54,14 0,65 1,2 5
Capela 205,78 11,35 5,51 53
Colônia de Leopoldina 287,98 42,18 14,65 102
Flexeiras 316,53 45,19 14,27 99
Jacuípe 217,48 11,94 5,49 64
Jundiá 120,03 2,80 2,33 20
Joaquim Gomes 239,28 34,34 14,35 83
Matriz do Camaragibe 330,95 44,71 13,51 140
Messias 113,11 11,67 10,32 39
Murici 424,73 57,66 13,57 121
Novo Lino 182,79 11,43 6,25 55
Porto Calvo 260,87 29,52 11,31 82
São Luís do Quitunde 405,10 43,01 10,62 187
Total 4007,57 416,8 10,40 1217
Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
38 Cobertura Vegetal de Alagoas

Remanescente de mata em Murici -


pastagens dominam a paisagem
Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 39

4.3- Microrregião de Penedo A Microrregião de Penedo é a penúltima em extensão


territorial (1691,54 km²) e em cobertura vegetal
Localizada na porção sul da Mesorregião do Leste remanescente da Mesorregião do Leste Alagoano, com
Alagoano, a Microrregião de Penedo é formada pelos apenas 177,03 km² (10,50%).
municípios de Feliz Deserto, Igreja Nova, Penedo,
Piaçabuçu e Porto Real do Colégio. Na maioria dos Nos municípios de Penedo (70,99 km²) e Porto Real do
municípios desta Microrregião ocorrem remanescentes Colégio (40,51 km²) ocorrem quase 63% da cobertura
de Floresta Estacional e de Transição Fitoecológica vegetal.
(Ecótono Floresta Estacional Caatinga).
Os municípios de Porto Real do Colégio (16,8%), Penedo
Nos municípios de Feliz Deserto e Penedo ocorrem (10,30%) e Piaçabuçu (10,80%), apresentam as maiores
remanescentes de Floresta Estacional e áreas das
áreas de remanescentes vegetacionais em relação aos
Formações Pioneiras Marinhas (restingas herbáceas),
seus territórios, enquanto o município de Feliz Deserto
Flúvio-Marinhas (mangues) e Fluviais (várzeas e brejos).
(91,87 km²) apresenta a menor área absoluta (5,49 km²)
Os municípios de Igreja Nova e Porto Real do Colégio são e relativa (5,97%) (Tabela 06).
os únicos onde ocorrem exclusivamente remanescentes
de Floresta Estacional e de Transição Fitoecológica Os maiores números de fragmentos de cobertura
(Floresta Estacional Caatinga). Em Porto Real do Colégio vegetal remanescente ocorrem nos municípios de
são encontrados ainda, remanescentes de Cerrado, no Penedo (173), Porto Real do Colégio (125) e Igreja Nova
entanto, bastante descaracterizados (Estado de Alagoas (114), totalizando quase 81%. Nos municípios de
- Microrregião de Penedo - Mapa da Cobertura Vegetal Piaçabuçu (66) e Feliz Deserto (33), ocorrem os menores
Remanescente). números de fragmentos de cobertura vegetal.

Tabela 06: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião de Penedo segundo área absoluta
(km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Penedo: várzeas do São Francisco


Foto: Iremar Bayma
40 Cobertura Vegetal de Alagoas

4.4- Microrregião de São Miguel dos Campos município de Anadia, além deste último, ocorrem
maciços de Floresta Ombrófila (Estado de Alagoas -
A Microrregião de São Miguel dos Campos é a segunda Microrregião de São Miguel dos Campos - Mapa da
em extensão territorial da Mesorregião do Leste Cobertura Vegetal Remanescente).
Alagoano, com 2982,04 km². Formam esta microrregião Nesta Microrregião ocorre a terceira menor cobertura
os municípios de São Miguel dos Campos, Anadia, Boca vegetal remanescente da Mesorregião do Leste
da Mata, Campo Alegre, Coruripe, Jequiá da Praia, Alagoano, com apenas 396,8 km² (13,31%).
Junqueiro, Roteiro e Teotônio Vilela. No município de Coruripe ocorre mais de 40% (160,63
Na maioria dos municípios desta Microrregião ocorrem km²) da cobertura vegetal da Mesorregião do Leste
remanescentes de Floresta Ombrófila e Estacional. Nos Alagoano (Tabela 07).
municípios de Roteiro, Jequiá da Praia e Coruripe,
ocorrem ainda áreas das Formações Pioneiras Marinhas Os municípios de Jequiá da Praia (19,80%), Coruripe
(restingas herbáceas) e Flúvio-Marinhas (mangues), e (17,60%) e Roteiro (17,10%), apresentam as maiores
em Campo Alegre, além de remanescente de Floresta áreas de remanescentes vegetacionais em relação aos
Ombrófila, ocorrem remanescentes de Cerrado, no seus territórios, enqunto, Anadia (6,12%), Boca da Mata
entanto, bastante descaracterizados. (6,22%), Teotônio Vilela (9,75%) e Campo Alegre
(7,46%) apresentam as menores áreas de cobertura
Nos municípios de Junqueiro e Teotônio Vilela, ocorrem vegetal da microrregião.
apenas remanescentes de Floresta Estacional e no

Tabela 07: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião de São Miguel dos Campos
segundo área absoluta (km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Jequiá da Praia: laguna de Jequiá


Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 41

4.5- Microrregião do Litoral Norte Alagoano Nesta Microrregião ocorre à menor extensão de
remanescentes de cobertura vegetal do estado, com
171,89 km² (18,27%), como se observa na tabela 08.
A Microrregião do Litoral Norte Alagoano está
localizada na porção oriental da Mesorregião do Leste Nos municípios de Maragogi (59,28 km²) e Porto de
Alagoano. Esta é formada pelos municípios de Pedras (44,28 km²) ocorrem mais de 60% da cobertura
vegetal desta Mesorregião.
Maragogi, Japaratinga, Passo de Camaragibe, Porto de
Pedras e São Miguel dos Milagres, somando 940,88 km², São Miguel dos Milagres (30,80%) e Passo de
constituindo assim, na menor extensão territorial da Camaragibe (20,33%) apresentam as maiores áreas de
Mesorregião. remanescentes vegetacionais em relação aos seus
territórios, enquanto, Japaratinga (12,18%) e Maragogi
(17,70%), apresentam as menores áreas de cobertura
Na maioria destes municípios ocorrem remanescentes vegetal da microrregião.
de Floresta Ombrófila, e em menor extensão, ocorrem Em Maragogi (161) e Porto de Pedras (111) ocorrem os
ainda, remanescentes de Transição Fitoecológica maiores números de fragmentos da cobertura vegetal
(Floresta Ombrófila Cerrado) e áreas das Formações da Microrregião, totalizando quase 61%. Nos municípios
Pioneiras Flúvio-Marinhas (Estado de Alagoas - de São Miguel dos Milagres (47) e Japaratinga (52)
Microrregião do Litoral Norte Alagoano - Mapa da ocorrem os menores números de fragmentos de
Cobertura Vegetal Remanescente). cobertura vegetal.

Tabela 08: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião do Litoral Alagoano segundo área
absoluta (km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Passo de Camaragibe: praia de Carro Quebrado - tabuleiros


costeiros ocupados com canaviais e fragmentos de Mata Atlântica
Foto: Iremar Bayma
42 Cobertura Vegetal de Alagoas

4.6- Microrregião de Maceió 395,29 km² (25,08%). Nos municípios de Maceió


(136,21 km²), Marechal Deodoro (79,27 km²) e Rio
A Microrregião de Maceió está localizada na porção Largo (65,61 km²), ocorrem mais de 71% dos
central do litoral. Formam esta microrregião, os remanescentes da cobertura vegetal.
municípios de Barra de Santo Antônio, Barra de São Nos municípios de Santa Luzia do Norte (34,18%),
Miguel, Coqueiro Seco, Maceió, Marechal Deodoro, Paripueira (33,34%) e Coqueiro Seco (32,58%),
Paripueira, Pilar, Rio Largo, Santa Luzia do Norte e Satuba apresentam as maiores áreas de remanescentes
A Microrregião de Maceió é a penúltima em extensão da vegetacionais em relação aos seus territórios, enquanto
Mesorregião do Leste Alagoano, com 1825,44 km². Pilar (13,68%) e Satuba (11,23%) apresentam as
Na maioria dos municípios desta Microrregião, a exemplo menores áreas de cobertura vegetal da microrregião
da Microrregião do Litoral Norte Alagoano, ocorrem (Tabela 09).
remanescentes de Floresta Ombrófila. Em menor Em Maceió (179), Marechal Deodoro (86) e Barra de
extensão, ocorrem ainda remanescentes de Transição Santo Antônio (79), incidem os maiores números de
Fitoecológica (Ecotóno Floresta Ombrófila Cerrado) e fragmentos da cobertura vegetal remanescente,
áreas das Formações Pioneiras sob influência Flúvio- totalizando mais de 73%, enquanto nos municípios de
Marinha (Estado de Alagoas - Microrregião de Maceió - Santa Luzia do Norte (10), Satuba (11), Coqueiro Seco
Mapa da Cobertura Vegetal Remanescente). (15) e Barra de São Miguel (18), ocorrem os menores
Nesta Microrregião ocorre a quarta menor extensão de números de fragmentos de remanescentes de
cobertura vegetal da Mesorregião do Leste Alagoano, com cobertura vegetal da Microrregião de Maceió.

Tabela 09: Distribuição da cobertura vegetal remanescente nos municípios da Microrregião de Maceió segundo área absoluta
(km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Maceió; visão do Porto e praias do centro


Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 43

4.7- Microrregião de Palmeiras dos Índios Nesta Microrregião ocorrem apenas 11,14% da
cobertura vegetal remanescente da Mesorregião do
Agreste Alagoano (Tabela 10).
A Microrregião de Palmeira dos Índios, com 2.372,57
km², é a segunda maior da Mesorregião do Agreste São poucos os municípios onde ocorre uma cobertura
Alagoano, formada pelos municípios de Palmeira dos vegetal expressiva, se assim pode-se dizer, dada a
Índios, Belém, Cacimbinhas, Estrela de Alagoas, pequena extensão de remanescentes em estágio
Igaci, Marimbondo, Mar Vermelho, Minador do próximo da originalidade.
Negrão, Paulo Jacinto, Quebrangulo e Tanque
d'Arca. Os municípios de Tanque D´Arca (19,68%), Belém
(18,56%), Quebrangulo (17,99%) e Palmeira dos Índios
Em praticamente todos os municípios desta (15,74%), são os que apresentam as maiores áreas de
Microrregião ocorrem formações de Floresta Estacional
remanescentes vegetacionais em relação aos seus
e de Transição Fitoecológica (Ecótono Floresta
territórios, totalizando mais de 62% (165km²).
Estacional Caatinga), exceto Mar Vermelho, Paulo
Jacinto e Quebrangulo, onde ocorrem apenas Nos demais municípios ocorrem às menores áreas de
remanescentes de Floresta Estacional. remanescentes vegetacionais, com menos de 10%,
Em Minador do Negrão e Estrela de Alagoas ocorrem como Igaçi (2,38%), Paulo Jacinto (4,8%), Cacimbinhas
ainda remanescentes da Faixa de Transição supracitada. (5,41%) e Estrela de Alagoas (9,13%).
O município de Cacimbinhas é o único onde ocorrem
formações de Caatinga e de Floresta Estacional. Em Quebrangulo (156) e Palmeira dos Índios (193)
ocorrem as maiores quantidades de fragmentos de
Em Maribondo e Tanque D'Arca ocorrem além de
cobertura vegetal, totalizando pouco mais de 42%.
remanescentes de Floresta Estacional, remanescentes
Compõe o quadro das menores quantidades de
de Florestas Ombrófila. (Estado de Alagoas -
Microrregião de Palmeira dos Índios - Mapa da fragmentos florestais, os municípios de Belém (33),
Cobertura Vegetal Remanescente). Minador do Negrão (36) e Paulo Jacinto (46).

Tabela 10: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião de Palmeira dos Índios segundo
área absoluta (km²), área relativa (%) e número de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Palmeira dos Índios: vista a partir da serra das Pias


Foto: Iremar Bayma
44 Cobertura Vegetal de Alagoas

4.8- Microrregião de Arapiraca Taquarana ocorre tanto a Floresta Ombrófila como


Vegetação de Transição Fitoecológica. (Estado de
A Microrregião de Arapiraca é maior da Mesorregião do
Alagoas - Microrregião de Arapiraca - Mapa da
Agreste Alagoano, com 2.432,60 km², localizada na sua
Cobertura Vegetal Remanescente).
porção central. A microrregião é composta pelos
municípios de Arapiraca, Campo Grande, Coité do Nóia, A cobertura vegetal remanescente da Micorrregião de
Craíbas, Feira Grande, Girau do Ponciano, Lagoa da Arapiraca abrange 193,79 km², o que representa apenas
Canoa, Limoeiro de Anadia, São Sebastião e Taquarana. 7,97% da Mesorregião do Agreste Alagoano.
Em quase todos os municípios da Microrregião ocorrem Nenhum município dessa microrregião possui uma
remanescentes de Floresta Estacional e de Transição cobertura vegetal expressiva em relação aos seus
Fitoecológica (Ecótono Floresta Estacional Caatinga), territórios (Tabela 11), já que, apenas em três
como é o caso de Campo Grande, Coité do Nóia e São municípios ocorrem cobertura vegetal acima de 10%:
Sebastião. Feira Grande (11,39%), Coité do Nóia (13,67%) e
Limoeiro de Anadia (14,19%), totalizando 38,57%, o que
Nos município de Lagoa da Canoa, Feira Grande e
equivale a 74,75 km².
Arapiraca, ocorre apenas formações de Floresta
Estacional, enquanto nos municípios de Craíbas e Girau Esta Microrregião é a segunda maior em número de
do Ponciano ocorrem apenas remanescentes da Faixa fragmentos da cobertura vegetal da Mesorregião do
de Transição Fitoecológica (Ecótono Floresta Estacional Agreste Alagoano, com 817. Nos municípios de Girau do
Caatinga). Ponciano (118), Limoeiro de Anadia (119) e Arapiraca
(148) ocorrem às maiores quantidades de fragmentos
No município de Limoeiro de Anadia ocorrem maciços
de cobertura vegetal, abrangendo quase 50% da
de Florestas Ombrófila e Estacional, enquanto que em
microrregião.

Tabela 11: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião de Arapiraca segundo área
absoluta (km²), área relativa (%) e número de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Coité do Nóia: Zona rural do município


Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 45

4.9- Microrregião de Traipu extensão territorial (698,29 km²) em relação aos demais
municípios: Olho d'Água Grande (70 fragmentos
A Microrregião de Traipu, esta localizada na porção sul distribuídos em 118,58 km²) e São Brás (67 fragmentos
da Mesorregião do Agreste Alagoano. Com 956,91 km², distribuídos em 140,04 km²).
constitui a menor desta mesorregião.
Esta Microrregião detém a segunda maior cobertura
Os municípios de Traipu, Olho D´Água Grande e São Brás
vegetal remanescente da Mesorregião do Agreste
compõem esta Microrregião, e em todos eles ocorrem
Alagoano, com pouco mais de 231km², e a maior com
remanescentes de Transição Fitoecológica (Ecótono
Floresta Estacional Caatinga). relação a sua área territorial com aproximadamente
25%.
No município de Traipu, o maior da microrregião, ainda
ocorrem remanescentes de Caatinga (Estado de Alagoas No município de Traipu ocorre a maior cobertura vegetal
- Microrregião de Traipu - Mapa da Cobertura Vegetal da microrregião homonímia com quase 177 km²
Remanescente). (76,40% da área total), mas apesar de sua extensão
territorial, ocupa o segundo lugar em percentual de
Nesta Microrregião ocorre o menor número de distribuição de vegetação (25,32%).
fragmentos da cobertura vegetal remanescente da
Mesorregião do Agreste Alagoano, totalizando apenas São Brás resguarda apresenta um maior percentual de
382 (Tabela 12).
cobertura vegetal em relação ao seu território, com
28,41%, enquanto Olho D'Água Grande registra apenas
O município de Traipu (245 fragmentos) apresenta
pouco mais de 64% destes fragmentos, no entanto, esse 12,50% de cobertura vegetal em relação a sua área
número é meramente ilusório, dada sua grande territorial.

Tabela 12: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião de Traipu segundo área absoluta
(km²), área relativa (%) e número de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Rio São Francisco microrregião de Traipu


Foto: Acervo IMA/AL
46 Cobertura Vegetal de Alagoas

4.10- Microrregião Serrana do Sertão Alagoano A cobertura vegetal remanescente abrange pouco mais
de 18% da Microrregião (Tabela 13). No município de
A Microrregião Serrana do Sertão Alagoano é a segunda Mata Grande (220), Canapi (147) e Água Branca (101),
ocorrem quase 77% dos fragmentos de cobertura
maior da Mesorregião do Sertão Alagoano. Localizada
vegetal. As maiores extensões de remanescentes, quase
no extremo noroeste do estado, abrangendo 2.569,03
60%, estão concentradas nos municípios de Água Branca
km², formada pelos os municípios de Água Branca, (120,85 km²) e Mata Grande (161,34 km²).
Canapi, Inhapi, Mata Grande e Pariconha.
Os municípios de Pariconha (30,65%) e Água Branca
Na maioria dos municípios desta Microrregião ocorre (26,58%) apresentam o maior percentual de cobertura
remanescentes de Caatinga, seguido de Floresta vegetal, com relação a sua área territorial. Em Inhapi, a
situação é mais preocupante, ocorrendo apenas 4,53%
Decidual e Refúgios Ecológicos (Estado de Alagoas -
de cobertura vegetal, muito abaixo dos percentuais
Microrregião Serrana do Sertão Alagoano - Mapa da
apresentados por Mata Grande (16,08%) e Canapi
Cobertura Vegetal Remanescente). (17,77%).

Tabela 13: Distribuição da cobertura vegetal remanescente dos municípios da Microrregião Serrana do Sertão Alagoano
segundo área absoluta (km²), área relativa (%) e quantidade de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Mata Grande: remanescente de caatinga em serrote


Foto: Acervo IMA/AL
Cobertura Vegetal de Alagoas 47

4.11- Microrregião Alagoana do Sertão do São vegetal remanescente está preservada (Estado de
Francisco Alagoas - Microrregião Serrana do Sertão do São

A Microrregião Alagoana do São Francisco é menor da Francisco - Mapa da Cobertura Vegetal Remanescente).
No município de Delmiro Gouveia, com pouco mais de
Mesorregião do Sertão Alagoano, com 1.335,57 km². Em
67% (187,59 km²), ocorre à maior extensão absoluta e
todos os municípios dessa Microrregião ocorrem p e rc e nt u a l ( 3 0 , 9 9 % ) d e co b e r t u ra ve geta l
remanescentes de Caatinga, entretanto, em Delmiro remanescente da microrregião, comparada aos demais
Gouveia e Olho D´Água do Casado, ocorrem pequenas municípios nela inseridos (Tabela 14).
extensões de áreas de Refúgio Ecológico (Relíquias Olho D'Água do Casado (11,62%) e Piranhas (13,35%)
Paleoambientais). apresentam uma cobertura vegetal considerada
pequena em relação aos seus territórios. A soma de seus
Essa microrregião é a menor em ocorrência de fragmentos de
fragmentos (148) não ultrapassa o total de Delmiro
cobertura vegetal (323), representando aproximadamente Gouveia, com pouco mais de 54%, totalizando 175
13% da mesma. Quase 21% de sua cobertura fragmentos da Microrregião Alagoana do São Francisco.

Tabela 14: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião Alagoana do São Francisco
segundo área absoluta (km²), área relativa (%) e número de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Piranhas: Rio São Francisco limite dos


Estados de Alagoas e Sergipe
Foto: Iremar Bayma
48 Cobertura Vegetal de Alagoas

4.12- Microrregião de Santana do Ipanema Apenas pouco mais de 19% da cobertura vegetal
remanescente dessa Microrregião estão preservados,
A Microrregião de Santana do Ipanema, com 3.065,72 com destaque para os municípios de Pão de Açúcar
km², é a maior da Mesorregião do Sertão Alagoano. (25,38%) e Santana do Ipanema (39,35%), onde ocorre
Compõe esta microrregião os municípios de Carneiros, pouco mais de 57% (339,58km²).
Dois Riachos, Maravilha, Ouro Branco, Palestina, Pão de Nos municípios de Palestina (21,56%), Carneiros
Açúcar, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São (23,21%), Pão de Açúcar (25,38%), Poço das Trincheiras
José da Tapera e Senador Rui Palmeira. (29,62%) e Santana do Ipanema (39,53%) ocorrem às
Em todos os municípios da microrregião ocorrem maiores coberturas vegetais remanescentes, com
remanescentes de Caatinga, sendo que em Maravilha, relação as suas áreas territoriais, enquanto, Ouro
Poço das Trincheiras e Santana do Ipanema, ocorrem Branco (2,81%), Maravilha (7,54%), Senador Rui
ainda, remanescentes de Transição Fitoecológica: Palmeira (7,54%) e São José da Tapera (9,75%),
Ecótono Caatinga Floresta Estacional (Estado de apresentam as menores extensões de cobertura
Alagoas - Microrregião de Santana do Ipanema - Mapa vegetal com relação as suas áreas territoriais (Tabela
da Cobertura Vegetal Remanescente). 15).

Tabela 15: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião de Santana do Ipanema segundo
área absoluta (km²), área relativa (%) e número de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Maravilha: serrote com remanescente de caatinga


Foto: Acervo IMA/DIRUC
Cobertura Vegetal de Alagoas 49

4.13- Microrregião de Batalha cobertura vegetal remanescente original, com destaque


para os municípios de Batalha (33,86%) e Belo Monte
A Microrregião de Batalha, com 1.798,29 km², é a quarta (48,86%).
maior da Mesorregião do Sertão Alagoano. Compõe
esta microrregião os municípios de Batalha, Belo Monte, Nos municípios de Olho D'Água das Flores (23,68%),
Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Isidoro, Batalha (33,86%) e Belo Monte (48,86%) ocorrem os
Monteirópolis, Olivença e Olho d'Água das Flores. maiores remanescentes, com relação as suas áreas
territoriais, enquanto que em Monteiropólis (6,90%) e
Em todos os municípios desta Microrregião ocorrem Jaramataia (7,80%) ocorrem os menores remanescentes
remanescentes de Caatinga. Em Batalha e Belo Monte, desta microrregião com relação as suas áreas
são observados também remanescentes de Transição territoriais, (Tabela 16).
Fitoecológica (Ecótono Caatinga Floresta Estacional),
com exceção de Jaramataia, onde ocorre apenas Nos municípios de Major Isidoro (297) e Batalha (179)
remanescentes de Transição Fitoecológica (Ecótono ocorrem as maiores quantidades de fragmentos de
Caatinga Floresta Estacional). (Estado de Alagoas - vegetação natural da Microrregião, com quase 50%,
Microrregião de Batalha - Mapa da Cobertura Vegetal enquanto nos municípios de Monteirópolis (34),
Remanescente). Jaramataia (41) e Jacaré dos Homens (52) registram-se
as menores quantidades de remanescentes dessa
Esta Microrregião abriga pouco mais de 24% da Microrregião, com pouco mais de 16%.

Tabela 16: Distribuição da cobertura vegetal remanescente por municípios da Microrregião de Batalha segundo área
absoluta (km²) área relativa (%) e número de fragmentos

Nota: valores obtidos por planimetria a partir da base de dados (mapa base e da cobertura vegetal remanescente da microrregião) georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Major Isidoro: açude eutrofizado na zona rural do município


Foto: Iremar Bayma
50 Cobertura Vegetal de Alagoas

Tabela 17: Ranking segundo a área absoluta (km²) da cobertura vegetal de Floresta Ombrófila dos municípios
alagoanos

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Cobertura Vegetal de Alagoas 51

Tabela 18: Ranking segundo a área relativa da cobertura vegetal de Floresta Ombrófila dos municípios alagoanos

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
52 Cobertura Vegetal de Alagoas

Tabela 19: Ranking segundo o número de fragmentos da cobertura vegetal remanescente de Floresta Ombrófila
dos municípios alagoanos

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Cobertura Vegetal de Alagoas 53

Tabela 20: Ranking segundo a área absoluta (km²) e Tabela 21: Ranking segundo a área relativa (%) da
relativa (%) da cobertura vegetal remanescente de cobertura vegetal remanescente de Floresta
Floresta Estacional dos municípios alagoanos Estacional dos municípios alagoanos

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
54 Cobertura Vegetal de Alagoas

Tabela 22: Ranking segundo o número de fragmentos Tabela 23: Ranking segundo a área absoluta (km²) da
da cobertura vegetal remanescente de Floresta cobertura vegetal remanescente das Formações
Estacional dos municípios alagoanos Pioneiras dos municípios alagoanos

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados


georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados


georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Cobertura Vegetal de Alagoas 55

Tabela 24: Ranking segundo a área relativa (%) da cobertura Tabela 25: Ranking segundo o número de fragmentos da
vegetal remanescente das Formações Pioneiras dos cobertura vegetal remanescente das Formações Pioneiras
municípios alagoanos dos municípios alagoanos

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados
georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela. georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados


Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados


georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela. Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados
georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
56 Cobertura Vegetal de Alagoas

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados


georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela. Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados
georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados


Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Cobertura Vegetal de Alagoas 57

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados


georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados


georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
58 Cobertura Vegetal de Alagoas

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados


georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.

Nota: Valores obtidos por planimetria a partir da base de dados


georreferenciada exclusivamente para o trabalho em tela.
Cobertura Vegetal de Alagoas 59

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60 Cobertura Vegetal de Alagoas

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DIPUB/RADAMBRASIL, 1983. p. 445-572 (Série: LRN. V. 30).
Cobertura Vegetal de Alagoas 61

5- Vegetação - A classificação da vegetação


brasileira

Vegetação é quando um conjunto de plantas ocupa uma A Florística é conhecida como a escola de Martius (Karl
determinada área geográfica de forma contínua, ou, Friedrich Von Martius 1794-1868, autor da obra Flora
quando comunidades ou unidades vegetativas se Brasiliensis, produzida entre 1840 e 1906), e tem como
desenvolvem de acordo com as leis biológicas e objetivo conhecer os diferentes táxons existentes
perfeitamente definidas, não sendo, portanto, um mero (famílias, gêneros e espécies), definindo parentescos e
agregado de árvores, arbustos e ervas, por simples similaridades
casualidades. O levantamento ou reconhecimento da flora é um
Desta forma, várias populações de espécies diferentes importante instrumento para conhecer a distribuição
de plantas crescem e compartilham uma mesma área, dos vegetais no espaço geográfico.
formando assim comunidades. Essas comunidades vão
formar um tipo de vegetação, onde as espécies de A corrente Fitossociológica-biológica é um
plantas que ali vivem apresentam-se dependentes de desmembramento da linha Florística, adicionando à
seu ambiente e se influenciam entre si, inclusive análise, variáveis estatísticas que resultam no maior
provocando modificações em seu próprio ambiente conhecimento das relações biológicas dos vegetais com
(Ab'Saber et al, 1986). o espaço geográfico, que são expressas na fisionomia (o
porte da vegetação, alto, baixo, florestal, arbustivo,
A Fitogeografia, uma das disciplinas da Biogeografia,
herbáceo).
trata sobre a distribuição geográfica das plantas,
detendo-se sobre os inúmeros fatores que afetam esta Finalmente, a linha Fisionômico-ecológica, também
distribuição sobre nosso planeta, tais como o clima, a conhecida como a Moderna Fitogeografia de Schimper
disponibilidade de luz, água, temperatura, solos, etc. (Schimper, 1903). Segundo Veloso et al (apud Assis,
Tanto se preocupa com as comunidades de plantas de 1998), “Schimper tentou unificar as paisagens mundiais
uma forma em geral, bem como um táxon específico de acordo com as estruturas fisionômicas”.
(família, gênero ou espécie). Nesta linha de estudo, reitera Assis (1998), não se usa a
Segundo Assis (1998), a Fitogeografia segue três linhas taxonomia ou sistemática para a classificação das
teóricas de estudo: a Florística, a fitossociológica e a plantas, e sim a biotípica, nem tão pouco se usa o termo
Fisionômio-ecológica. espécie, e sim ecótipos.
62 Cobertura Vegetal de Alagoas

Ainda na linha Fisionômica, Assis (1998) informa que o Esta classificação ainda é válida devido ao alto nível das
termo “Formação” também vem a ser empregado, o coleções botânicas que representam os ambientes
que significa “uma coabitação botânica individualizada classificados, e que na época fora estabelecido por
pelas formas biológicas dominantes”. Este termo é grandes especialistas da área.
graças a Grisebach (1814-1879), considerado um dos
A segunda tentativa de classificação surgiu com
fundadores da Geobotânica.
Gonzaga de Campos, mais de um século após os
Os estudos em fitogeografia resultaram na classificação trabalhos de Martius. Desta vez a classificação põe de
dos diferentes tipos de vegetação que conhecemos. Por lado a florística e se baseia em aspectos da fisionomia e
exemplo, no Brasil a vegetação é dividida, segundo os da estrutura da vegetação (classificação fisionômica-
aspectos geográficos, em dois territórios, o Amazônico estrutural).
e o Extra-amazônico.
Gonzaga de Campos, então classifica a vegetação
O território Amazônico é marcado por um clima com brasileira da seguinte forma:
temperaturas médias na faixa de 25°C e chuvas bem
A) Florestas:
distribuídas ao longo do ano.
I- Floresta Equatorial i- das várzeas
Ao contrário deste primeiro, o espaço Extra-amazônico
se destaca com dois tipos climáticos, um deles tropical ii- das terras firmes
com temperaturas médias em torno de 22°C e com
II- Floresta Atlântica i- das encostas
chuvas marcadas com déficit ou deficiência hídrica que
ultrapassa os 60 dias, e o outro, um clima subtropical ii- dos pinheiros
com temperaturas de inverno de 18°C, chuvas
III- Floresta Pluvial do Interior i- Savana
moderadas e bem distribuídas durante todo o ano, sem
haver déficit hídrico. ii- Cerradão
No espaço Amazônico, portanto, caracteriza-se pela IV- Matas ciliares
ombrofilia (floresta ombrófila surgiu em substituição à
V- Capoeiras e Capoeirões
floresta fluvial tropical. Ambas, porém, têm o mesmo
significado amigo das chuvas. Caracterizam as B) Campos:
fisionomias ecológicas tropicais e costeiras.
I- Pastos
Florestas ombrófilas têm grandes chuvas constantes),
II- Campinas
enquanto no espaço extra-amazônico, além de haver
regiões com ombrofilia, há também regiões de clima III- Campos do Sul i- limpos
estacional (que possui um período de déficit hídrico
Ii- sujos
estação chuvosa, estação da seca).
IV- Campos Cerrados
O Brasil insere-se, portanto, numa região denominada
de Neotropical, e nesta, a vegetação se distribui de V- Campos Alpinos
acordo com o clima, os diversos tipos de solo, relevo e
C) Caatingas
disponibilidades hídricas, além de uma gama de fatores
diversos que se complementam.
Os estudos de classificação da vegetação do Brasil Em 1940, o botânico Alberto Sampaio assume a
passaram por diversas fases. Ao todo 11 tipos distintos, situação do espaço amazônico, batizando de Hylea
iniciando com a Classificação de Martius, em 1824, que Amazônica, e espaço Extra-amazônico. Desta forma a
se baseia na composição da flora dos ambientes, onde o classificação apresenta esta dicotomia:
mesmo destaca 5 regiões florísticas:
I- Flora Amazônica ou Hylea brasileira:
i- do Alto rio Amazonas
A) Nayades (Flora Amazônica) ii- do Baixo rio Amazonas
II- Flora Geral ou Extra-amazônica:
B) Hamadryades (Flora Nordestina)
i- zona dos Cocais
C) Oreades (Flora do Centro-Oeste) ii- Zona das caatingas
iii- Zona das Matas Costeiras
D) Dryades (Flora da Costa Atlântica) e
iv- Zona dos Campos
E) Napeias (Flora subtropical) v- Zona dos Pinhais
vi- Zona Marítima
Cobertura Vegetal de Alagoas 63

Na mesma década, em 1943, o geógrafo Lindalvo Complexo do Pantanal, complexo da Restinga, Complexo
Bezerra da Silva apresenta nova classificação baseada do Pinheiral, Campos do Alto Rio Branco e finalmente
na fisionomia dos ambientes, além de recorrer a termos Campos da Planície Rio-grandense. Em 1979, Rizzini
regionais, sendo a primeira baseada no caráter rever seus estudos e adota o caráter fisionômico das
fisionômico das formações vegetais, de acordo com a formações, resultando na seguinte classificação:
conceituação de Grisebach, pesquisador alemão que
editou a Flora Brasiliense em 1859.
A) Matas ou florestas
A classificação de Lindalvo Bezerra: I- Floresta Paludosa
i- Amazônica
ii- Litorânea
I- Formações florestais ou arbóreas: iii- Austral
i- Floresta Amazônica ou Hylea brasileira iv- Marítima
ii- Mata Atlântica II- Floresta Pluvial
iii- Mata dos Pinhais ou Floresta de araucária i- Amazônica
iv- Mata do rio Paraná ii- Esclerófila
v- Babaçuais ou Cocais de Babaçu iii- Montana
iv- Baixo-Montana
vi- Mata de Galeria v- dos Tabuleiros
vi- de Araucária
II- Formações arbustivas: vii- Ripária ou em manchas
i- Caatinga
III- Floresta Estacional
ii- Cerrado i- Mesófila Perenifólia
iii- Campos Gerais ii- Mesófila Semidecídua
iv- Campinas ou Campos Limpos iii- de Orbignya (babaçu)
iv- Mesófila Decídua
v- Mesófila Esclerófila
III- Formações complexas: vi- Xerófita Decídua
I- Formação do Pantanal
ii- Formações litorâneas IV- Thicket (Scrub)
i- Lenhoso Atlântico
ii- Esclerófilo Amazônico
Em 1950, Aroldo de Azevedo utiliza a mesma iii- Esclerófilo
classificação de Lindalvo Bezerra, não havendo iv- Lenhoso-Espinhoso
modificações nesta estrutura. Já em 1960, Edgard v- Suculento
Kuhlmann apresenta nova classificação, desta vez, vi- em moitas
embasado em conceitos de clima e estrutura, além de V- Savana
terminologias regionais, conforme se apresenta a i- Central
seguir. ii- Litorâneo
B) Campo ou Grassland
I- Tipos arbóreos
i- Floresta trópico equatorial I- Limpo de Quartzito
ii- Floresta semidecídua tropical
iii- Floresta de Araucária II- Limpo de Canga
iv- Manguezal III- Gerais

II- Tipo herbáceo IV- Pampas


i- Campo limpo
V- Alto-Montano
III- Tipos arbóreo-herbáceos ou intermediários VI- do Alto Rio Branco
i- Cerrado
ii- Caatinga
iii- Complexo do Pantanal Em 1966 Andrade-Lima e Veloso, em trabalhos
Iv- Praias e dunas separados, adotam um novo sistema de classificação.
Eles utilizam o termo “Formação” para distinguir os
Em 1963 foi a vez de Rizzini, que apresentou sua grupos maiores, além de apresentar uma terminologia
classificação da vegetação brasileira da seguinte forma: estrutural ecológica nas demais subdivisões, terminado
Floresta amazônica, Floresta Atlântica, complexo do Brasil então com terminologias regionais para as subdivisões
Central, Complexo da Caatinga, Complexo do Meio Norte, não-florestais.
64 Cobertura Vegetal de Alagoas

A seguir, a classificação de Andrade-Lima e Veloso de D) Região Ecológica da Vegetação Lenhosa Oligotrófica


1966. Pantanosa
I- Arbórea Densa
A) Formações florestais II- Arbórea Aberta
I- Floresta Pluvial Tropical III- Gramíneo-Lenhosa
II- Floresta Estacional Tropical E) Região Ecológica da Floresta Ombrófila Densa
III- Floresta Caducifólia Tropical (Floresta Pluvial Tropical)
IV- Floresta Subtropical I- Aluvial
B) Formação não-florestais II- Das Terras Baixas
I- Caatinga III- Submontana
IV- Montana
II- Cerrado
III- Campo F) Região Ecológica da Floresta Ombrófila Aberta (facies
C) Formações Edáficas da Floresta Densa)
I- Das Terras Baixas
A década de 1970 foi decisiva para a solução dos II- Submontana
problemas voltados à classificação da vegetação III- Montana
brasileira. Após dez anos chegou-se a um sistema de G) Região Ecológica da Floresta Ombrófila Mista
classificação que pudesse ser amplamente aceito e que (Floresta das Araucárias)
fosse possível reunir todos os ambientes amazônicos e I- Aluvial
extra-amazônicos num sistema, levando em II- Submontana
consideração aspectos voltados a modernos conceitos III- Montana
IV- Alto-Montana
ecológicos e fisionômicos apresentados pelos
diferentes ambientes. H) Região Ecológica da Floresta Estacional Semidecidual
A equipe do Projeto RADAMBRASIL ficou encarregada (Floresta Subcaducifólia)
I- Aluvial
desta missão, que culminou na apresentação de uma II- Das Terras Baixas
classificação fisionômico-ecológica, tendo como III- Submontana
principais pesquisadores Veloso e Góes-Filho (1982). IV- Montana

Segundo Assis (1998), a equipe do Projeto I) Região Ecológica da Floresta Estacional Decidual
RADAMBRASIL emprega o termo Região Fitoecológica, (Floresta Caducifólia)
e que serve para “identificar um determinado ambiente I- Aluvial
II- Das Terras Baixas
fitogeográfico caracterizado por uma flora III- Submontana
determinada, com formas biológicas portadoras de IV- Montana
peculiaridades dominantes e sob um tipo de clima bem
individualizado, podendo ser em litologias J) Áreas das Formações Pioneiras
I- Influência Marinha
diferenciadas”. II- Influência Flúvio-Marinha
A Região Ecológica, segundo Assis, vem a ser o “conjunto III- Influência Fluvial
de ambientes marcados pelo esmo fenômeno geológico K) Áreas de Tensão Ecológicas (Contato entre regiões)
de importância regional que foi submetido aos mesmos I- Com misturas florísticas (Ecótonos)
processos geomorfológicos, sob um clima também II- Com encraves florísticos (Encraves)
regional, que sustentam um mesmo tipo de vegetação” L) Refúgios Ecológicos
M) Disjunções Ecológicas
(Sarmiento e Monasterio, 1970, apud Assis, 1998).
Desta forma a classificação adotada pelo Projeto Atualmente este é o tipo de classificação adotado no
RADAMBRASIL é a seguinte: Brasil por instituições como o IBGE, que apresentou o
Mapa de Vegetação do Brasil em 1992.
A) Região Ecológica da Savana
I- Arbórea Densa Em 1983, uma última classificação da vegetação
II- Arbórea Aberta brasileira foi apresentada por George Eiten da UnB, não
II- Parque levando em consideração os estudos do Projeto
IV- Gramíneo-Lenhosa
RADAMBRASIL. Muito detalhado, não veio a ser uma
C) Região Ecológica da Savana ferramenta prática para o mapeamento da vegetação do
I- Arbórea Densa Brasil. Apresentava 24 divisões e mais 40 subdivisões.
II- Arbórea Aberta
II- Parque
IV- Gramíneo-Lenhosa
Cobertura Vegetal de Alagoas 65

Referências Citadas & Consultadas

Assis, J. S. de, 1998. Um projeto de Unidades de Conservação


para o Estado de Alagoas. Tese de Doutorado. Universidade
Estadual Paulista (UNESP). Instituto de Geociências e Ciências
Exatas. Rio Claro SP.
Consórcio Mata Atlântica Universidade Estadual de
Campinas - Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Plano de
Ação. Volume 1: Referências básicas, junho de 1992.
Joly, A.B. 1970. Conheça a vegetação brasileira. São Paulo Ed.
Univ. São Paulo.
Mori, S.A. et alii, 1981. Distribuition patterns and
conservation of Eastern Brazilian coastal forests tree species.
Britonia. New York Botanical Garden, N. York, 33(2).
Rizzini, C.T. Coimbra Filho, A.F. 1988. Ecossistemas brasileiros.
Rio de Janeiro, Index.
Rizzini, C.T. 1979. Tratado de fitogeografia do Brasil. São
Paulo. Ed. Universidade de São Paulo.
Souza, P.F. de. Terminologia Florestal, glossário de termos
e expressões florestais - Ed. Guanabara - Rio de Janeiro - RJ
1973
66 Cobertura Vegetal de Alagoas

6- Vegetação - A Mata Atlântica


Mata Atlântica - litoral norte de Maceió
Foto: Iremar Bayma

A Mata Atlântica pode ser entendida como um vegetacional”, onde o clima, os aspectos dos solos
complexo de vegetação que se distribui na região (pedologia) e o relevo vão imprimindo marcas em sua
litorânea brasileira, desde o estado do Rio Grande do estrutura física e biológica (fisionomia, densidade,
Norte, no nordeste brasileiro, chegando ao extremo sul composição florística e faunística).
do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul.
De fato, a Mata Atlântica vem sendo também definido
A Mata Atlântica deveria ser um local contínuo, surgindo como “Sistema Atlântico de Vegetação”, pois devido às
desde as praias, e bordejando zonas mais quentes e grandes diferenças de tipos de fisionomias e complexos
secas no interior, quando se mistura e se confunde com ecossistemas com grande variedade de expressões
o Sertão, nas bandas do Agreste, quando o clima muda, biológicas, o termo “vegetação” acaba se tornando
deixando de ser úmido, com solos argilosos e bastante genérico para conceituar o que seria de fato
relativamente profundos. um verdadeiro Bioma.
Contudo, a vegetação da Mata Atlântica não se constitui Sendo assim, o termo Bioma vem à tona e pode significar
como um ambiente uniforme, visto que, sabermos que - grandes formações de seres vivos em terra,
sua distribuição espacial alcança limites extremos, caracterizados e identificados por suas plantas mais
desde a região Nordeste, passando pelo Sudeste e abundantes. Podemos então falar que a Mata Atlântica é
chegando ao Sul do Brasil, cruzando faixas climáticas um verdadeiro Bioma, ocupando vasta área territorial,
distintas, regimes de chuvas diferenciados, exposição sujeita a diferenciações climáticas a cada latitude,
solar, ventos e altitudes variáveis, além de diferentes desenvolvendo-se em terrenos recentes na era
tipos e profundidades de solos, rochas, relevos planos geológica, desta vez apresentando relevos e tipos de
ou em declives, etc. solos diferenciados, moldando a paisagem e
Portanto, apesar da Mata Atlântica continuar a ser expressando máxima posição em termos de
chamada desta forma em todo Brasil, inúmeras biodiversidade na faixa tropical.
particularidades a tornam um verdadeiro “mosaico
Cobertura Vegetal de Alagoas 67

6.1- O Domínio da Mata Atlântica Então, a Mata Atlântica apresenta similaridades


florísticas com a Amazônia (Hiléia)? De certa forma sim.
Andrade-Lima (1953, 1966) apresenta a existência de
Originalmente, a Mata Atlântica ou Província Atlântica, 388 gêneros e espécies amazônicos na mata pluvial
se estendia desde o estado do Rio Grande do Norte, nordestina. Rizzini (1967) não se limita a comparações
cruzando uma estreita faixa na região nordeste, com a Hiléia Amazônica, revelando que o
chegando ao sudeste, atingindo faixas mais amplas, “embaralhamento de floras nas matas brasileiras”
ponteando ao sul do mato Grosso do Sul e parte da resulta em gêneros Amazônicos, Atlânticos e do Planalto
região sul do Brasil, no Rio Grande do Sul, onde o clima Central misturados da seguinte forma:
vai ficando cada vez menos quente e úmido.
Calcula-se que no início da colonização do Brasil, a Mata 277 gêneros: a maioria comum à Hiléia e à Mata
Atlântica cobria 1 milhão de quilômetros quadrados do Atlântica;
território nacional, dos quais apenas 7% ainda se
conservam, indicando uma maciça destruição deste 218 gêneros: Hileianos no Planalto Central;
bioma em todo território brasileiro.
154 gêneros: distribuídos nas três formações silvestres,
Fala-se de Domínio da Mata Atlântica quando inserimos representando praticamente a metade
uma série de ecossistemas que se associam ou que se das espécies até então cadastradas.
apresentam de forma continuada, mas que apresentam
mudanças significativas na estrutura física e biótica Os trabalhos de Coimbra-filho e Câmara deverão ser
graças a fatores climáticos e edáficos, como no caso de continuamente citados nesta obra, devido à enorme
decidualidade foliar de ambientes savânicos como a atenção dada ao problema que é a devastação da Mata
caatinga, ou adaptados a solos arenosos e pobres como
Atlântica e de todos os ecossistemas associados, tanto
os das restingas litorâneas.
no Brasil, como em particular na Região Nordeste.
Diversos autores que se dedicaram ao estudo da
vegetação do Brasil como Rizzini (1963, 1967), Coimbra- Em relação à devastação, Coimbra-Filho e Câmara
Filho e Câmara Gusmão (2005), embasados em (2005) relatam que os primeiros 3 séculos de ocupação
trabalhos de autores como Braun-Blanquet (1932), territorial ocasionaram grande parte da destruição da
mostram que o Brasil apresenta uma subdivisão Mata Atlântica. Mas esta devastação não foi de forma
florística que compõem três grandes Províncias - contínua em todas as áreas.
Província Amazônica, Província Atlântica e Província
Central. Alguns trechos só foram destruídos, ou reduzidos ao
Essas Províncias apresentam floras e fitofisionomias máximo em sua cobertura original há apenas algumas
bem particulares, mas que todas elas apresentam décadas, impulsionadas por políticas de incentivo a
táxo n s f i l o ge n et i ca m e nte m u i to p róx i m o s , agricultura, pecuária e mais recentemente energética,
evidenciando uma origem bastante comum. no caso do pró álcool, na década de 1970, que resultou
na drástica redução das florestas de tabuleiro do litoral
Desta forma, os diferentes tipos de vegetação alagoano.
ocorrentes na Região Nordeste também apresentam a
participação de membros destas três Províncias. Rizzini (1963, 1967), comenta que as “florestas de
Coimbra-Filho e Câmara (2005) sugerem que a Mata tabuleiros”, no sudeste da Bahia e na região de São
Atlântica abrangia uma área muito maior do que esta Miguel dos Campos, Alagoas, apresentavam grande
que atualmente conhecemos. Mas isto ainda no semelhança com formações de “terra-firme”
período pré-colonial, muito antes dos portugueses aqui amazônicas, e que foram completamente eliminadas
chegarem e iniciar a devastação nos próximos 500 anos para o plantio da cana-de-açúcar. Coimbra-filho e
de colonização. Câmara Gusmão em 1970 visitaram estas extintas matas
em Alagoas.
Esses autores, em suas pesquisas, encontram outros
autores que citam a ocorrência de formações florestais
Uma preocupação de Coimbra-Filho e Câmara
úmidas no nordeste do Brasil, em áreas em que hoje se
Gusmão foi a de mostrar que a área original da Mata
denominam ambientes de semi-aridez.
Atlântica era muito maior do que aquela observada
De fato, registros de pesquisadores do século XIX, como hoje. Esta afirmação se dá por relatos de diversos
Freire Alemão (apud Coimbra-filho e Câmara, 2005), autores consultados, garantindo que nos últimos 300
relatam ainda encontrar “pujantes formações florestais anos de colonização, “extensas áreas de vegetação
no Estado do Ceará”. original foram suprimidas ou de tal forma
68 Cobertura Vegetal de Alagoas

alteradas”, e que, portanto, apresentam no momento O Plano de Ação para a Mata Atlântica (Fundação SOS
características muito distintas de suas antecessoras. Mata Atlântica) adota o Mapa de Vegetação do Brasil do
IBGE (1988) como forma de melhor conhecer a
Estas observações levam à conclusão de que áreas que
distribuição dos diferentes tipos de vegetação no Brasil.
são atualmente cobertas por vegetação estacional
decidual (savanas) e áreas de transição fitoecológica já Este mapa de vegetação baseia-se em diversos estudos
foram até recentemente ambientes mais úmidos e que culminaram no que seria o melhor modelo de
cobertos por florestas. classificação e mapeamento da cobertura vegetal. O
No rol de autores citados por Coimbra-Filho e Câmara modelo adotado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Gusmão estão: Loefgren (1910, 1923), Gonzaga de Geografia e Estatística) baseia-se na classificação
Campos (1912), Neiva e Penna (1916), Ducke (1959), fisionômico-ecológica (ver capítulo anterior -
Damasceno & Cunha (1964), Magnanini (1966), Rizinni Classificação da vegetação brasileira).
(1967), Veloso & Strang (1970), Bigarella et al. (1975), Considera-se então como Mata Atlântica, as áreas
Braga (1976), Ab'Saber (1977), Andrade-Lima (1981), primitivamente ocupadas por:
Dodt (1981), Mori et al. (1981).
1- Floresta Perenifólia Higrófila Costeira ou Floresta
Esses autores “relatam a existência de áreas virgens que Ombrófila Densa: do Rio Grande do Norte ao Rio
foram desmatadas, áreas de continuidade, e que hoje Grande do Sul (Fisionomia alta e densa; vegetação nos
estão descontínuas, a presença de espécies ou níveis inferiores em ambiente sombrio e úmido; grande
populações que apresentam estrutura morfológica número de lianas, epífitas, fetos arborescentes e
compatível para vegetações florestais ou pluviais, entre palmeiras);
tantas outras informações que de forma clara evidencia
a total transformação do Bioma Mata Atlântica ao longo 2- Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais: do
dos anos, indicando que este vem a ser um dos Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio
principais tipos vegetacionais mais ameaçados do de Janeiro e Espírito Santo (ocorrência de estrato
planeta”. arbóreo semidecíduo na estação seca; planaltos e serras
interiores de São Paulo, Paraná e Minas Gerais); No
nordeste, o agreste sublitorâneo, agreste de altitude,
6.2- A Mata Atlântica no Território Brasileiro em área de transição das matas de brejos úmidos para a
vegetação de caatinga.
A Mata Atlântica pode ser considerada como o conjunto
de florestas densas que ocorrem ao longo do litoral do 3- Florestas Estacionais Semideciduais: de Mato Grosso
nordeste e que atingem o Rio Grande do Sul. Este do Sul (vales dos rios da margem direita do rio Paraná),
conjunto pode também abranger as florestas Minas Gerais, (vales dos rios Paranaíba, Grande e
caducifólias e semicaducifólias, mais frequentes nas afluentes), Minas Gerais e Bahia (vale do rio Paraíba do
regiões sul e sudeste, bem como as florestas de Sul, Jequitinhonha, rios intermediários e afluentes, e de
pinheiros e lauráceas na região sul. regiões litorâneas limitadas do nordeste, contíguas às
Florestas Ombrófilas;
Segundo o Consórcio Mata Atlântica (1992), A “Mata
Atlântica engloba um diversificado mosaico de 4- Floresta Ombrófila Mista e os encraves de Auracária:
ecossistemas florestais com estruturas e composições nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais;
florísticas bastante diferenciadas, acompanhando a
5- Formações florísticas associadas - Ecossistemas
diversidade de solos, relevos e características climáticas
Costeiros - Manguezais: localizados ao longo dos
da vasta região onde ocorre, tendo como elemento
estuários, representam comunidades adaptadas a
comum a exposição aos ventos úmidos que sopram do
condicionantes climáticas atuantes na zona costeira.
oceano”.
Associada a solos lodosos, oriundos de sedimentos finos
Câmara (1991), afirma que, quando o Brasil fora nos fundos de baías e nos estuários, sujeito a salinidade
descoberto, a cobertura florestal apresentava-se marinha. Poucas espécies, sendo estas adaptadas ao
praticamente contínua e diversificada em fitofisionomia meio ambiente; Vegetação de Restinga (Formação
e florística (conjunto de espécies de plantas) vegetal típica de terrenos arenosos composta por
“estendendo-se desde a costa do Rio Grande do Norte comunidades vegetais, bem diversas, como campos
ao Rio Grande do Sul, com amplas extensões para o ralos de gramíneas, matas fechadas de até 12 metros de
interior, cobrindo a quase totalidade dos estados do altura ou brejos com densa vegetação aquática); Praia
Espírito Santo, rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa (Vegetação ligada a solos arenosos litorâneos, sob
Catarina, além de partes de Minas Gerais, Rio Grande do influência das marés e salinidade); dunas (ocorrem logo
Sul e Mato Grosso do Sul, e de extensões na Argentina e a p ó s a s p r a i a s , e m d i r e ç ã o a o i n t e r i o r,
no Paraguai”.
Cobertura Vegetal de Alagoas 69

condicionadas à presença de estrutura arenosa Câmara (2005) comenta que a Mata Atlântica
grosseira e a ventos de direção constante. (vegetação apresentou um desenvolvimento distinto quando havia
fixadora); e das ilhas litorâneas. longos períodos de frio e secas, onde a floresta veio a
fragmentar-se em manchas separadas por áreas de
6- Encraves de Cerrado e Campos de Altitude:
cerrado e caatinga. Ao sul, também durante os períodos
compreendidos no interior das áreas acima (Campo de
frios, a floresta de araucária expandiu-se, bem como ao
altitude: elevações superiores a 1800 metros e em
norte, durante os períodos mais úmidos, a floresta
linhas de cumeada localizadas. Vegetação característica
também se expandia e se entrelaçava junto às
é formada por comunidades de gramíneas mesófilas
formações amazônicas.
altas, em certos locais com caráter xerófilo,
interrompidas por pequenas charnecas). Diferentes tipos de solos influenciam a formação de
novos tipos de vegetação. Os solos da Mata Atlântica
7- Matas de topo de morro e de encostas do nordeste
têm origem de rochas graníticas, gnaisses e rochas
(brejos e chãs): particularmente no estado do Ceará,
sedimentares. No domínio da Mata Atlântica, a
com ênfase nas serras de Ibiapaba e de Baturité, e nas
profundidade dos solos ou do manto de intemperismo
da Chapada do Araripe (Brejo de altitude: sob influência
de rochas é bastante variável, de dezenas de metros a
de chuvas orogênicas, ocorrem a partir da metade
até uma fina camada sobre a rocha de origem.
superior das encostas orientais do nordeste. Trata-se de
uma Floresta Ombrófila Densa); Sedimentos do período Terciário e Quaternário são
abundantes e distribuídos na linha de costa, onde
8- Formações vegetais da Ilha de Fernando de
destacamos o Grupo Barreiras, presente desde o Estado
Noronha.
do Pará até o Rio de Janeiro, “formando em grandes
Segundo MMA (2000), a distribuição das diferentes extensões planaltos costeiros de topos aplainados e
tipologias no Brasil mostra que a Floresta Sazonal e terminando junto às praias por falésias abruptas”
Semidecidual como a de maior extensão no território (Câmara, 1991).
brasileiro, quando se refere à sua área de ocorrência
natural, como mostra a Tabela 1, abaixo. Em Alagoas, os Tabuleiros Costeiros marcam a paisagem.
Ao sul os tabuleiros são mais planos, e na maior parte do
Tabela 01: Distribuição da vegetação no Brasil (MMA, 2000). tempo termina abruptamente em falésias vivas juntas
ao oceano.
Ao norte de Maceió, os tabuleiros se apresentam mais
“movimentados”, formando uma sucessão de morros
(mares de morros), e as falésias, em geral, estão mais
distantes do mar, e assim consideradas falésias mortas
(exceto no trecho ao sul da foz do rio Camaragibe - Praia
dos Morros do Camaragibe e Carro Quebrado).
Mas o que define esta ampla variação de ambientes e o
que afeta diretamente a biodiversidade na Mata
Atlântica? Conforme Câmara (2005), fatores como a
grande variação latitudinal, diferenças de altitude,
clima, história geológica, expansão e recuo de tipos de
vegetação em diferentes períodos climáticos durante o
desenvolvimento da Terra, contribuíram para formar
esses diferentes tipos de vegetação.
A Mata Atlântica estende-se por 27 graus de latitude, de
3° Sul a 30° Sul, o que aumentam as chances de se
desenvolver em diferentes tipos de solos, rochas,
relevos, disponibilidades hídricas e climas.

Sua altitude varia do nível do mar até elevações maiores


que 2700 metros, nas serras da Mantiqueira e do
Caparaó (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Espírito Santo), sem falar no Clima, que pode variar de
regimes sub-úmidos com estações secas, no Nordeste,
até ambientes de pluviosidade extrema, em alguns
locais da Serra do Mar.
70 Cobertura Vegetal de Alagoas

6.3- Notas sobre as causas da destruição da Mata


Atlântica no Brasil

Rio Mundaú, entre Satuba e Rio Largo


Mata ciliar inexistente
Foto: Iremar Bayma

Muitos autores tratam com grande discernimento as Portugal, uma nação que conquistava riquezas para seu
questões voltadas às causas da destruição da Mata império, encontra no novo território brasileiro grandes
Atlântica. Muitas vezes tratados de forma a generalizar o tesouros, tais como o ouro das Minas Gerais, o Pau-
problema para todo o Brasil, ou de forma direta, se brasil da Mata Atlântica, e outras tantas madeiras de
discutem problemas regionais ou localizados, onde se excelente qualidade.
levantam aspectos políticos e sociais, baseados quase
sempre na mentalidade e visão de mundo e natureza Portugueses, espanhóis, franceses, ingleses e
das pessoas em cada época. holandeses aqui buscaram sua parcela de riquezas.
Fundaram cidades, trouxeram mão-de-obra escrava da
Ao índio americano se atribui uma perfeita e pacífica África, e iniciaram o processo de colonização.
relação com a natureza. Vez por outra algum
especialista descobre que os índios possuíam uma Bandeirantes desbravavam os sertões, sacrificando
forma menos impactante de convívio com as matas, os índios numa extensiva campanha genocida (basta ler os
rios, os bichos e plantas, mas que também ocasionavam bons livros de história). As cidades cresciam, as matas
suas pequenas destruições, compreendida como atos cediam espaço, os rios iam sendo poluídos, e faltava
inerentes a sua forma de vida e luta pela sobrevivência. espaço em tanto espaço.

Florestas impactadas por índios no período pré- Apesar da grandeza territorial, não havia condições de
descobrimento do Brasil são perfeitamente passíveis de sustento para o homem na zona da mata nordestina. Os
entendimento, inclusive do ponto de vista ecológico, grandes latifúndios forçavam a ida do homem para os
onde áreas de florestas que são derrubadas permitem secos sertões, pois os gigantescos canaviais e as grandes
que os raios de sol penetrem até chegar ao solo, pastagens não davam lugar para o mais pobre.
propiciando a germinação de outras plantas, o que se
traduz na renovação desta mesma floresta.
Cobertura Vegetal de Alagoas 71

Havia certo equilíbrio entre as matas e os canaviais, até dizer que existem diferentes modos de entender a
que no século passado, na década de 1970, incentivos redução da Mata Atlântica, mas que o uso atribuído à
governamentais para a produção de álcool fez com que terra é determinante para a estabelecer níveis de
as usinas requisitassem mais terras, onde havia o pouco degradação ou supressão dos ambientes naturais.
da Mata Atlântica, promovendo assim o total
Em cada região do país houve um objetivo e uma atitude
extermínio dos últimos grandes remanescentes.
em relação ao uso da terra, mesmo que a forma de uso e
Poucos índios, vivendo em harmonia com natureza, ocupação seja bem semelhante para todo território
permitiam ambientes naturais preservados. Milhões de brasileiro.
homens-brancos, doutrinados com a cultura do Young (2005) cita, por exemplo, que as razões para a
consumo e do total desrespeito à natureza, permitiram destruição de ambientes naturais na região central do
e patrocinaram a destruição maciça de todos os país, voltada para a produção de grãos se expressaram
ambientes naturais para poderem manter seus hábitos com mesma voracidade que na região costeira, onde a
e costumes culturais históricos. supressão de ambientes foi voltada para atender a
Nossa natureza humana é extremamente cruel em projetos turísticos e imobiliários.
relação às outras entidades do mundo natural. Somos Em certas regiões do país, a terra é utilizada para atender a
capazes de atingir a natureza de forma a torná-la uma determinada demanda ou necessidade da população
inviável para outros seres vivos. E tudo aquilo que possa ou da nação, mas de uma forma em geral, pouco se
nos prejudicar vem a ser literalmente extirpado de respeita os limites naturais de sustentabilidade ambiental.
nosso convívio.
Young (2005) apresenta uma lista de fatores
Segundo Young (2005 - apud Galindo-Leal e Câmara, 2005), determinantes na perda e conservação da biodiversidade,
“A perda de áreas florestadas está intrinsecamente bem como sugere ações que promovam ou que
relacionada com as formas de uso da terra e com o modo de determinem sua conservação, vale a pena apresentá-la a
produção estabelecido nas áreas convertidas”. Isto significa seguir.
72 Cobertura Vegetal de Alagoas

No que diz respeito à evolução humana, devemos Queimadas da cana atingem a Mata Atlântica
Foto: Iremar Bayma
a g u a rd a r n o va s t ra n sfo r m a çõ e s a c e rca d a
conscientização deste mesmo homem perante sua
responsabilidade ao patrimônio natural, que bem
sabemos, não de nossa pura e exclusiva propriedade.
O homem moderno já percebe um tanto atrasado, a
importância da natureza protegida para sua própria
vida. Esse homem, moderno, tenta amenizar suas ações
e busca alternativas que diminuam seus impactos de
relacionamento.
Muitos ainda estão vivendo no tempo colonial, e farão
muita pressão para continuar com seus costumes.
Continuarão utilizando a natureza até esgotá-la
totalmente, sem perceber que se auto-destróem.
De fato, acredita-se que esse tipo de homem
desaparecerá da face da Terra, levando junto com ele
gerações de homens, plantas e animais que poderiam
ter uma chance à vida.
Neiva, A. e Penna, B. 1916. Viagem científica pelo norte da
Bahia, sudoeste de Pernambuco, sul do Piauhi e de norte a sul
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Cobertura Vegetal de Alagoas 73

7- Vegetação - Os biomas Mata Atlântica e


Caatinga em Alagoas

A distribuição dos biomas e seus respectivos Maravilha, inserido no Ecossistema da Região das
ecossistemas e unidades fitogeográficas em Alagoas Caatingas.
aqui apresentadas segue os critérios propostos por No caso dos Ecossistemas das Áreas Costeiras, buscou-
Brasil (1996), que leva em consideração grandes áreas se como referência a classificação proposta por Veloso,
individualizadas, relativamente uniformes. Alves Lima e Rangel Filho (1991), com base no sistema
Neste estudo, o agrupamento dos ecossistemas não edáfico representados pelas formações vegetacionais
leva em consideração a corrente metodológica que do tipo pioneiras, seja por influência marinha
propõe a regionalização por biomas. A título de (restingas), flúvio-marinhas (manguezais) e fluviais
exemplo, seguindo esses mesmo critérios do trabalho (várzeas).
ora mencionados, ressalta-se que o bioma “Floresta
Sendo assim, seguindo os mesmos critérios pré-
Ombrófila” está representado pela Mata Atlântica, bem
estabelecidos por Brasil (1996) e com base ainda em
como o bioma Cerrado.
mapeamentos executados por Gonçalves e Orlandi
Para o estado de Alagoas, seguindo orientações de Brasil (1983), Sarmento e Chaves (1986), Assis (1998 e 2000),
(1996) foram consideradas circunscritas aos Ecossistemas Atlas Geográfico de Estado de Alagoas (1994) e Atlas
do Bioma Caatinga, as Áreas de Transição Fitoecológica escolar Alagoas: espaço geo-histórico e cultural (2007),
(Ecótono Floresta EstacionalCaatinga). Esses mesmos propõem-se com base nos biomas, a divisão do Estado
procedimentos foram utilizados para as Florestas de Alagoas em dois conjuntos de ecossistemas ou
Estacionais do tipo Semidecidual e Decidual (Ecotono macroecossistemas conforme suas unidades
Floresta Estacional Caantinga) e a própria Floresta f ito geo gráf ica s (Q uadro 01), p o d en d o s er
Estacional Decidual que ocorrem nos Maciços Residuais conceituados, ainda segundo esse primeiro autor, como
de Água Branca, Mata Grande e Santana do Ipanema- macrounidades territoriais de análise e planejamento.
74 Cobertura Vegetal de Alagoas

Quadro 01: Distribuição dos biomas, ecossistemas e unidades fitogeográficas em Alagoas

Refúgios Ecológicos.

(*) Incluído nos Ecossistemas da Região da Caatinga e Florestas Deciduais do Nordeste segundo classificação de Brasil (1996)
Nota: Unidades fitogeográficas em Alagoas segundo Assis 1998.

Nota: elaborado por Sinval Autran Mendes Guimarães Desta forma, tendo em vista a necessidade de síntese
Júnior com base em informações de Gonçalves e frente à complexidade ambiental brasileira, na qual
Orlandi (1983), Sarmento e Chaves (1986), Assis (2000), Alagoas se insere, os dois subespaços foram definidos,
Atlas Geográfico de Estado de Alagoas (1994), Brasil basicamente, segundo as condições ecológicas
(1996) e Atlas escolar Alagoas: espaço geo-histórico e refletidas pela vegetação original predominante e a
cultural (2007). posição geográfica que ocupam.
Cobertura Vegetal de Alagoas 75

7.1 - O Bioma Mata Atlântica em Alagoas As Formações Pioneiras Flúvio-Marinhas, referem-se ao


conjunto de vegetação que recobre terrenos inundáveis
pela ação indireta das marés, conhecida também como
O Bioma Mata Atlântica em Alagoas é formado pelo zona intertidal (entre marés).
conjunto dos Ecossistemas das Áreas Costeiras e da
A o co r rên c ia d esta vegeta çã o s e d á n a s
Região da Floresta Atlântica Norte-Nordeste. Os
desembocaduras dos rios que deságuam no oceano e
Ecossistemas das Áreas Costeiras compreendem o
nas margens das lagunas e dos canais que as interligam,
conjunto de classes de vegetação do tipo pioneiras que
formando assim estuários e rías.
se desenvolve ao longo do litoral, nas planícies alagáveis
que margeiam os rios e as lagoas. Algumas das principais espécies mais características
deste ambiente compõem os manguezais: o mangue
Chama-se pioneira por apresentar as primeiras plantas
vermelho ou verdadeiro (Rhizophora mangle), o
que se instalam naqueles ambientes, na medida em que
mangue branco (Laguncularia racemosa), o mangue de
eles lhes proporcionam as adequadas condições de
botão (Conocarpus erectus) e o mangue siriúba ou siriba
desenvolvimento.
(Avicennia germinans);
Em Alagoas, com base no Atlas Geográfico do Estado de
As Formações Pioneiras Flúvio-Aluvionares e Lacustres
Alagoas (1994), e o Atlas escolar Alagoas: espaço geo-
abrangem o conjunto de vegetação que recobre as
histórico e cultural (2007), tomando a vegetação como
margens inundáveis de rios, canais e lagunas do Estado,
unidade sistêmica, cinco unidades fitogeográficas foram
sobre terrenos recentes transportados e depositados
considerados: as Formações Pioneiras Marinhas, as
pela dinâmica hídrica. Nas margens dos cursos d'águas
Formações Pioneiras Flúvio-Marinhas, as Formações
formam as várzeas propriamente ditas, e nos seus leitos
Pioneiras Flúvio-Aluvionares e Lacustres, e Formações
formam ilhas.
Pioneiras Flúvio-Palustres.
São compostas de plantas baixas, com no máximo dois
As Formações Pioneiras Marinhas compreendem o
metros de altura, que costumam avançar pela lâmina
conjunto de vegetação que ocorre na faixa litorânea,
d'água, criando novos ambientes para suas expansões,
protegida das marés altas, formadas geralmente por
enquanto vão cedendo os trechos não mais inundáveis
plantas baixas herbáceo-graminosas, quase sempre em
às novas sucessões até alcançarem os níveis de florestas.
forma de moitas.
Em Alagoas três subconjuntos de vegetação relacionada
ao relevo são observados. Uma recobrindo as linhas de
praias - borda de terraços marinhos - ou as faixas
arenosas sob ação das marés, na sua maioria
representadas por plantas baixas predominantemente
herbáceas e rasteiras de caules estoloníferos.
A sua ocorrência se dá em toda a extensão do litoral,
quando não interrompidas por falésias erosivas e
manguezais.
As principais espécies de plantas são: o capim-da-praia
(Paspalum maritimum), o bredo-da-praia (Sesuvium
portulacastrum) e a salsa-da-praia (Ipomoea pes-
caprae); Outra recobre dunas, cuja distribuição das
espécies está na dependência da dinâmica
geomorfológica, ocasionadas pela ação eólica, mais
intensa num determinado período do ano.
A faixa de ocorrência desta vegetação é mais
característica no litoral sul do estado, entre o Pontal do
Peba e a foz do rio São Francisco, ocorrendo ainda, em
menor extensão no Litoral Centro:
i) bairro do Pontal da Barra em Maceió;
ii) periferia Sul do povoado do Francês (Marechal
Deodoro) e a nordeste da cidade de Barra de São Miguel
Mata Atlântica
(Duna do Cavalo Russo), no município homônimo. Foto Iremar Bayma
76 Cobertura Vegetal de Alagoas

As Formações Pioneiras Flúvio-Palustres, dizem A sigla d.b.s significa Dias Biologicamente Secos - Numa
respeito ao conjunto de vegetação que povoa, faixa situada entre 0 e 90 d.b.s apresentam-se as
predominan-temente, a Várzea da Marituba, de Florestas Ombrófilas; entre 90 a 120 d.b.s estão as
constituição pantanosa, posicionada no extremo sul do Florestas Estacionais Semideciduais; e entre os 120 a
Estado, em comunicação com o rio São Francisco. 150 d.b.s estão as Florestas Estacionais Deciduais.
A essa vegetação de enraizamento submerso, também Em Alagoas esse período está normalmente
é dado o nome de “macrófilas aquáticas”. Sua compreendido entre os meses de outubro e março,
ocorrência se dá por todo o complexo pantanoso, bem com maior ou menor intensidade variável de ano para
como o conjunto das depressões que intercalam os ano.
cordões litorâneos e das pequenas lagoas que
De acordo com a classificação fitogeográfica proposta
pontilham as restingas, e se situam entre as dunas e a
pelo Atlas Geográfico do Estado de Alagoas (1994) e o
própria várzea pantanosa.
Atlas Escolar Alagoas: espaço geo-histórico e cultural
Os Ecossistemas da Floresta Atlântica Norte Nordeste, (2007), três unidades fitogeográficas as podem ser
compreendem o conjunto de vegetação que se considerados com base nas subclasses de vegetação,
desenvolve paralelo ao litoral, nos vales, encostas de abrangendo na sua maioria, regiões geomorfológicas
tabuleiros e serras. dos Piemontes Inumados (Tabuleiros Costeiros) e
Planalto Rebaixado Litorâneo (Piemonte Oriental da
A vegetação que compõe este ecossistema caracteriza-
Borborema):
se pela exuberância, ou o grande porte das suas árvores,
que podem alcançar mais de 30 metros de altura, - A Floresta Ombrófila ou Tropical Úmida; A Floresta
comandado por um clima portador de uma estação Estacional Semidecidual; A Floresta Estacional Decidual
biologicamente seca. e o Cerrado.

Mata Atlântica - remanescente em topo


de morro
Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 77

A Floresta Ombrófila ou Tropical Úmida é caracterizada A Floresta Estacional é uma vegetação que apresenta
pela exuberância, ou o grande porte das suas árvores fisionomia florestal, sendo que as suas árvores têm
que podem alcançar os 30 ou mais metros de altura, menor porte que as da anterior, podendo atingir apenas
como consequência de um sistema ambiental onde a os 5 metros de altura. Divide-se em Semidecidual e
estação biologicamente seca anual é inferior aos 90 Decidual.
dias. A primeira situa-se na faixa bioclimática dos 90 aos 120
Normalmente chamada de “mata”, em Alagoas é dias biologicamente secos ao longo do ano, onde menos
representada pela “Mata Atlântica”, “Tabuleiros”, e de 50% das suas árvores perdem folhas nesse período;
“Serrana”. Normalmente chamada de “Mata” em têm porte médio e recobre a maior parte dos tabuleiros.
Alagoas, está representada pela “Mata Serrana”, “Mata A segunda, na faixa dos 120 aos 150 dias, mais de 50%
de Tabuleiros” e a “Mata das Restingas e Terraços das árvores fica sem folhas durante a seca; têm porte
Marinhos”. baixo e ocupa a parte mais interior dos tabuleiros, já
A Mata Serrana abrange as Encostas Orientais do próximo aos limites com a Caatinga.
Planalto da Borborema e seu Piemonte Oriental, na As florestas estacionais são chamadas também de
divisa com Pernambuco, recobrindo terrenos cristalinos “Mata Seca”. A sua flora, também muito rica em
do Pré-Cambriano, compreendida pelos vales (várzeas e espécies, contém indivíduos tanto pertencente à Mata
encostas) dos rios que, em direção ao litoral, cortam os Atlântica, para onde se expandiram, quanto a Caatinga
Tabuleiros Costeiros de origem Terciária. e a Flaresta Amazônica.
Caracteriza-se por apresentar a maior variedade de As suas plantas ainda se caracterizam por apresentar as
espécies entre os demais tipos, das quais são folhas endurecidas, pequenas, vítreas ou coriáceas, e as
conhecidas: o Visgueiro (Parkia pendula), a Sapucaia gemas protegidas na estação de estio.
(Lecythis pisonis), a Urucuba (Virola surinamensis), a
Peroba (Aspidosperma gardneri) e a Mamajuda A Floresta Estacional Semidecidual ocorre em Alagoas
(Sloanea obtusifolia). numa faixa que abrange parte das porções centro-
A Mata dos Tabuleiros tem sua ocorrência numa faixa norte, sul e oeste do estado. A vegetação que a compõe
que se estende de norte a sul do Estado, recobrindo a está diretamente relacionada ao clima portador de uma
Região Geomorfológica dos Piemontes Inumados, estação seca, variando de 90 a 120 dias biologicamente
Unidade Geomorfológica do Baixo Planalto Sedimentar secos, durante o ano.
Costeiro, conhecido também por Tabuleiros Costeiros. Na porção centro-norte estende-se por uma estreita
Na atualidade, apenas uma estreita franja dessa faixa ao oeste da Floresta Ombrófila, sobre rochas do
unidade geomorfológica recebe umidade o suficiente embasamento cristalino e formas colinosas e de
para manter seu estado de ombrofilia, no caso, aquela depressões periféricas do relevo.
mais próxima da costa. Diferencia-se da Mata Atlântica Na porção sul, em continuidade da faixa anterior,
Serrana pelo relevo do tipo tabuliforme, construído em porém, com amplitude, avançando até as proximidades
fins do Terciário, e também pelo menor porte das da linha de praia, logo a partir das vizinhanças sul da
árvores e composição florística. No entanto, a maior capital de Maceió.
diferença está na história paleoambiental, pois a sua Recobre, igualmente, áreas sob rochas do
origem é mais antiga que o conjunto de vegetação da embasamento cristalino e, em maior quantidade, os
Mata Atlântica Serrana. sedimentos do Grupo Barreiras representados pelos
A Mata das Restingas e Terraços Marinhos abrange Tabuleiros Costeiros.
parcelas da faixa quaternária costeira formada por Na porção oeste, abrange as encostas a barlavento de
terraços marinhos pleistocênicos. Esta vegetação é altitude superiores aos 600 metros, e até nos topos de
caracterizada por baixas planícies arenosas agregadas todos os morros que pontilham os pediplanos
resultantes das areias transportadas pelos rios e sertanejos sob o regime de clima semi-árido, quando
acumuladas pelas marés, que normalmente margeiam eles não ultrapassam os 700 metros.
as linhas de praias.
Do mesmo modo que nas florestas ombrófilas, também
A expansão dessa vegetação ocorreu durante o são identificadas as Mata Atlântica de Tabuleiro e de
Holoceno (Quaternário), com o domínio inicial das Restinga. A diferença principal é o seu maior período de
formações pioneiras marinhas herbáceo-arbustivas, a estacionalidade climática.
primeira a se desenvolver e consolidar sobre os terrenos
arenosos, cedendo lugar com o passar do tempo às
espécies arbustivo-arbóreas, que aos poucos
alcançaram o nível de arbóreo (florestal). Justifica então
a denominação de "Floresta de Restinga", em virtude ao
nível frondoso das suas espécies.
78 Cobertura Vegetal de Alagoas

Laguna de Taboados:
Vegetação pioneira de praia
Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 79

A Floresta Estacional Decidual em Alagoas tem duas O Ecótono Floresta Ombrófila - Cerrado é caracterizado
formas de ocorrência: a primeira compreendida por uma pela convivência de espécies vegetais pertencentes a
estreita faixa contínua cortando de norte a sul do estado duas ou mais unidades fitoecológicas, não determinada
e margeando a Floresta Semidecidual pelo seu lado diretamente pelos demais fatores ambientais, como o
oeste, recobrindo rochas do embasamento cristalino em clima, por exemplo, condição esta que não interfere na
forma de colinas, e a depressão periférica nos contatos separação das unidades fitoambientais em contato.
com os tabuleiros costeiros, e sobre parcelas dos
Em Alagoas, este ecossistema, inserido no Bioma Mata
próprios tabuleiros; e a segunda, na Região da Caatinga.
Atlântica, forma o conjunto de vegetação que se
A vegetação que a compõe está diretamente relacionada estende de Maragogi a Maceió, recobrindo as falésias e
ao clima portador de uma estação seca, variando de 120 os reversos dos tabuleiros dissecados e ligeiramente
a 150 dias biologicamente secos, durante o ano. Em aplanados.
Alagoas esse período está normalmente compreendido
Nestas condições, se desenvolve ainda, o Cerrado, que
entre os meses de outubro e março, com maior ou
avança para a encosta superior dos vales que entalham
menor intensidade variável de ano para ano.
esses mesmos tabuleiros, que são normalmente
recobertos por florestas.
O Cerrado há muito tempo, bastante descaracterizado, A distribuição desta unidade em Alagoas abrange toda a
ocorre de forma fragmentada sobre os Piemontes extensão marginal ao litoral, desde o norte até o sul
Inumados (Tabuleiros Costeiros) e do Planalto Rebaixado numa faixa que se comporta mais estreita ao longo do
Litorâneo (Piemonte Oriental da Borborema). litoral norte.
Em alagoas, a sua ocorrência, se dá de forma
descontínua ao longo da faixa costeira sob o domínio das
florestas, em todos os níveis ambientais: ombrófilas e
estacionais deciduais e semideciduais - desde que, a
constituição geológica (litologia) seja em rochas
exclusivamente sedimentares, e não em ígneas ou
magmáticas.

Japaratinga: fragmento de cerrado litorâneo


Foto: Iremar Bayma
80 Cobertura Vegetal de Alagoas

7.2- O Bioma Caatinga em Alagoas

Mata Grande: Caatinga verdejante


Foto: Jôsefa da Conceição

O Bioma Caatinga em Alagoas é formado pelo conjunto A Caatinga em termos fitogeográficos mundiais ocorre
dos Ecossistemas da Região das Caatingas e Florestas apenas em território brasileiro e, mais especificamente,
Deciduais do Nordeste (BRASIL, 1996). Os Ecossistemas na sua região nordestina de clima semi-árido numa faixa
da Região das Caatingas e Florestas Deciduais do a partir de 150 dias biologicamente secos ao longo do
Nordeste em Alagoas ocupam cerca de um terço da sua ano. A Caatinga é caracterizada, pela queda das folhas
superfície, e tem sua distribuição na porção oeste, sobre ou decidualidade foliar da totalidade dos seus
os Maciços Remobilizados do Baixo Planalto Pré- indivíduos arbóreos; e pela morte total das plantas
Litorâneo (Pediplano do Baixo São Francisco). rasteiras que compõem o sub-bosque nos períodos de
Este ambiente é formado por rochas ígneas ou secas que normalmente ocorrem todos os anos.
magmáticas e metamórficas, que constituem o Assim, anualmente há uma dupla diferenciação de
"embasamento cristalino". Segundo a classificação paisagem muito marcante. Uma totalmente seca
fitogeográfica proposta pelo Atlas Geográfico de Estado desprovida do verde das folhas, sol causticante, rios e
de Alagoas (1994) e o Atlas Escolar Alagoas: espaço geo- riachos sem águas e solos desnudos. Outra
histórico e cultural (2007), quatro unidades caracterizada pela vivacidade das plantas totalmente
fitogeográficas podem ser considerados: a Caatinga, a enfolhadas e de um verde completo, ocorrência normal
Floresta Estacional Decidual, o Ecótono Floresta de chuvas e, rios, riachos e açudes transbordando de
Decidual Caatinga e os Refúgios Ecológicos. água, que jorra abundantemente.
Cobertura Vegetal de Alagoas 81

Duas unidades fitogeográficas da Caatinga podem ser Escoamento superficial de direção norte-sul para a
observadas em Alagoas: a Caatinga dos Pediplanos e a bacia do São Francisco.
Caatinga dos Inselbergs.
Apresentam ainda superfícies de mamelonização,
abrangendo parte das bacias do Ipanema e Jacaré,
A Caatinga dos Pediplanos abrange quase a totalidade atingindo um raio de 20 km a partir da cidade de Batalha
do Sertão, e parte da porção semi-árida do São Francisco
para nordeste, leste, sudeste e sul, onde se localiza a
e Agreste, compreendida pela rede hidrográfica
temporária que drena suas águas para o rio São Bacia Leiteira do Sertão Alagoano.
Francisco, em especial os rios Moxotó, Riacho Grande, A Caatinga dos Inselbergs é um tipo de vegetação que
Capiá, Ipanema e Traipu. se elevam acima da superfície dos pediplanos,
Morfologicamente compõe-se de formas macro- abrangendo morros-ilhas ou inselbergs.
côncavas rasas, originadas pela coalescência de
São pequenas elevações, comumente chamadas de
pedimentos a partir da base da escarpa ocidental em
direção a oeste. serras e serrotes que se separam geralmente as linhas
de interflúvio das principais bacias hidrográficas,
São vales suavemente côncavos, onde a drenagem anterior-mente citadas.
dendrítica mais aberta e semiparalela concentram o

Água Branca: Caatinga arbustiva


Foto: Jôsefa da Conceição
82 Cobertura Vegetal de Alagoas

Mata Grande: Fragmento de Floresta Estacional Semidecidual


Foto: Jôsefa da Conceição

A Floresta Estacional Decidual refere-se ao conjunto de A vegetação forma faixas circulares situadas no seu
vegetação diretamente relacionada à estacionalidade limite, encosta acima, e o seu contato de Pediplano,
climática, com variação anual entre 120 a 150 dias encosta abaixo. Em face das suas condições ambientais
biologicamente secos (d.b.s.). diferentes, esta unidade se constitui em verdadeiras
ilhas ecológicas.
No Bioma Florestas Deciduais do Nordeste em Alagoas,
O Ecótono Floresta Decidual - Caatinga compreende o
na região semi-árida, esta unidade compreende ao conjunto de vegetação que somente ocorre nos
conjunto de vegetação que recobre o manto encontros de duas ou mais regiões fitoecológicas,
intemperizado de rochas do embasamento cristalino dentre as quais, as que foram acima focalizadas.
distribuídas sobre os maciços residuais de Mata Grande
A distribuição desta unidade no Bioma Caatinga em
e Água Branca, cercados pelas extensas superfícies de
Alagoas se dá na sua faixa central interiorana (parte do
pedimentação que formam o Pediplano Sertanejo. Agreste Alagoano e da depressão periférica), limitado
pela Mata Atlântica de Tabuleiro e Serrana (porção
Sua ocorrência se dá na porção oeste do Estado, em
oriental) e pela Caatinga de Pediplano (porção
níveis de 450-550 e 600-700 metros, ultrapassando em
ocidental).
alguns pontos a 800 metros, tais como a Serra da Lagoa
de Santa Cruz (844 m) e da Onça (808m), localizadas no Possui uma flora comum à Floresta e à Caatinga, a
município de Mata Grande, e a Serra de Água Branca exemplo da Aroeira (Astronium urundeuva),
Ouricuri(Syagrus coronata), Catingueira (Caesalpinia
(788m), no município homônimo.
pyramidalis), Cupiúba (Tapirira guianensis), etc.
Cobertura Vegetal de Alagoas 83

O Refúgio Ecológico diz respeito a um tipo de vegetação ASSIS, J.S.. Razões e ramificações do desmatamento em
de pouca expressividade em território alagoano, com Alagoas. In: DINIZ, J.A.F., FRANÇA, V.L. A. Capítulos de
ocorrências localizadas e de pequenas dimensões, na geografia nordestina. Aracaju: NPGEO/UFS, 1998b. p. 325-
quais os núcleos de vegetação são muito restritos, 356.
limitando-se apenas ao sertão semi-árido, abrangendo ATLAS ESCOLAR ALAGOAS: espaço geo-histórico e cultural/
duas unidades distintas. [José Santino de Assis, coordenador]. - João Pessoa, PB:
Editora Grafset, 2007. 1 mapa, color., 16 cm x 22,5 cm. Classes
Uma delas está posicionada nos topos de serras, cristas de Vegetação Original, escala 1: 1.500.000.
e inselbergues, cuja altitude é superior a 600 metros,
ESTADO DE ALAGOAS. Mapa de Vegetação 1986. 1 mapa,
sobre afloramentos rochosos, normalmente em
p&b, 63x127cm. Escala 1:400.00. BRASIL, República
pequenas extensões.
Federativa do Brasil; ALAGOAS, Governo do Estado de
A sua distribuição desta vegetação em Alagoas está Alagoas.
restrita à sua porção oeste, regida pelo clima ESTADO DE ALAGOAS. Mapa de Vegetação 1986. 1 mapa,
caracterizado pela semi-aridez, sobre o cume de alguns p&b, 63x127cm. Escala 1:400.00. BRASIL, República
inselbergues. São formações rupestres compostas por Federativa do Brasil; ALAGOAS, Governo do Estado de
plantas baixas lenhosas ou herbáceas, inclusive Alagoas.
bromeliáceas. ESTADO DE ALAGOAS. Projeto de Unidades de Conservação,
As espécies de plantas mais comum dessa unidade são: Mapa 1. 1 mapa, p&b, 81x140cm. Escala 1:250.000.
(Organizado por: José Santino de Assis, 1998).
o gravatá (Bromelia sp.), a macambira (Encholirium
spectabile), e a caiuia (Tibouchina sp.), dentre outras. FEDOROV, D. Sistema Semi-Automático de Registro e
Mosaico de Imagens São José dos Campos: INPE, 2002.
A outra unidade compreende, a exemplo da primeira, 150p. (INPE-9582-TDI/838).
uma vegetação de pouca expressividade, limitando-se
apenas ao sertão semi-árido do São Francisco, sobre FLORENZANO, T. G. Imagens de Satélite para estudos
ambientais. São Paulo: Oficina de textos, 2002.
arenitos do Siluriano-Devoniano.
FONSECA, L.M.G. e COSTA, M.H.M. Registro Automático de
Esta vegetação é considerada como relíquia, devido ao Imagens de Sensoriamento Remoto Multi-Temporais Baseado
seu estado de representatividade de ambientes em Múltiplas Resoluções. Revista SELPER, junho 2000, v.16
passados (paleoambientes) bem diferentes do que no. 1-2, p.13-22.
acontece na atualidade.
GARCIA, G. J. Sensoriamento remoto: princípios e
Algumas das espécies mais comuns deste paleo- interpretação de imaqens. São Paulo: Nobel, 1982. 357p.
ecossistema são: a catingueira rasteira (Caesalpinia GAVA, A. et al. Geologia: Mapeamento regional. In: BRASIL,
microfila), a orelha de onça (Cnidosculus sp.), o caroá MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA, SECRETARIA GERAL,
(Neoglaziovia variegata), a coroa-de-frade (Melocactus PROJETO RADAMBRASIL. Folhas SC. 24/25 Aracaju/Recife. Rio
bahiensis), o caxacubri (Pilocereus tuberculatus), de Janeiro: 1983. p. 27-252 (Série: LRN. V. 30).
dentre outras. GONÇALVES, L.M.C.; ORLANDI, R.P. Vegetação: as regiões
fitoecológicas, sua natureza e seus recursos econômicos -
estudo fitogeográfico. In: BRASIL, MINISTÉRIO DAS MINAS E
Referências Citadas & Consultadas ENERGIA, SECRETARIA GERAL, PROJETO RADAMBRASIL.
Folhas SC. 24/25 Aracaju/Recife. Rio de Janeiro, 1983. p. 573-
652. (Série: LRN. V. 30).
ALAGOAS, Governo do Estado de Alagoas, Instituto do Meio
Ambiente do Estado de Alagoas, IMA-AL. Guia do Meio HAY, J. D. et al. Descrição e classificação dos tipos de vegetação
Ambiente: Litoral de Alagoas. Alagoas 3 ed. (Coorda. SALLES, da restinga de Carapebus RJ. Revisão brasileira Botânica 9.
V.). São Paulo: Margraf, 1995. Rio de Janeiro, 1986.

ASSIS, J. S. Biogeografia e conservação da biodiversidade JACOMINE, P. K. T. et al. Levantamento Exploratório:


projeções para Alagoas. Maceió: Catavento, 2000. 200p. Reconhecimento de solos do Estado de Alagoas. Boletim
Técnico e Série Recursos de Solos: Brasil, Empresa Brasileira
ASSIS, J. S. O sistema fitoambiental deltaico do São Francisco, de Pesquisa Agropecuária; Superintendência de
em Alagoas. Maceió: GEM-CCEN-UFAL, 1997. 60f. Desenvolvimento do Nordeste, Recife, n. 35, 5, 532 p., 1975.
(Monografia apresentada para Progressão à classe de
Professor Adjunto). GEM-CCEN-UFAL, 1997 (mimeografado). LIMA, I. F. et al. Fundamentos geográficos do meio físico do
estado de Alagoas. Série Estudos de Regionalização, volume
ASSIS, J.S. Um projeto de Unidades de Conservação para o III Maceió 1977. Disponível em: <http://www.planejamento.
Estado de Alagoas. Rio Claro: IGCE/UNESP, 1998. Tese Al.gov.br/biblioteca-seplan/arquivos-do-acervo-biblio
(Doutorado em Geografia - Organização do Espaço). grafico/fundamentos-geograficos-do-meio-fisico-do-estado-
IGCE/UNESP, 1998a. 241 p. de-alagoas.pdf>
84 Cobertura Vegetal de Alagoas

LIMA, I. F. Maceió a cidade restinga: contribuição ao estudo PEREIRA, M. N. et al. Cobertura e uso da terra através de
geomorfológico do litoral alagoano. 2 ed. Maceió: EDUFAL, sensoriamento remoto. [S.l.]: Presidência da República,
1990. 255p. Secretaria Especial da Ciência e Tecnologia, Instituto de
Pesquisas Espaciais INPE, 1989. 118p.
LIMA, I.F. Geografia de Alagoas.. 2 ed. São Paulo: Editora do
Brasil S/A, 1965. 347 p. PERNAMBUCO, Governo do Estado de Pernambuco,
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Diretoria
MAPA DE AVALIAÇÃO DO RELEVO. 1 mapa, color, 67x127cm.
de Recursos Hídricos, Centro de Monitoramento e Previsão de
Escala 1:1.000.000, BRASIL, República Federativa do Brasil.
Tempo e Clima. Projeto apresentado à FINEP/BID. Recife,
Folhas SC. 24/25 Aracaju/Recife, Projeto Radam Brasil,
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Escala 1: 400.000. BRASIL, República Federativa do Brasil.
Sergipe - Alagoas: Folhas: Rio Largo (SC.25-V-C-I-3) São Luís
MAPA DE LEVANTAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS do Quitunde (SC.25-V-C-I-4), Marechal Deodoro (SC.25-V-C-
RENOVÁVEIS.1 mapa, color, 67x127cm. Escala 1:1.000.000, IV-1) e Maceió (SC.25-V-C-IV-2): 1975. Recife, 1975. 4 Cartas,
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Recursos Naturais, v. 30, 1983.
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SC. 24/25 Aracaju/Recife, Projeto Radam Brasil, PROJETO RADAMBRASIL; ALAGOAS, EMPRESA DE
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MAPA DE VEGETAÇÃO. 1 mapa, color, 67x127cm. Escala
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1:1.000.000, BRASIL, República Federativa do Brasil. Folhas DAS MINAS E ENERGIA, SECRETARIA GERAL, PROJETO
SC. 24/25 Aracaju/Recife, Projeto Radam Brasil, RADAMBRASIL. Folhas SC. 24/25 Aracajú. Rio de Janeiro:
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Cobertura Vegetal de Alagoas 85

8- Flora - Biomas Mata Atlântica e Caatinga em


Alagoas
IREMAR BAYMA

Urena lobata L.
Foto: Iremar Bayma

A Flora é caracterizda pelos representantes botânicos uma série de famílias botânicas que se destacam por
(espécies de plantas) que compõem uma vegetação. suas espécies.
Alagoas insere-se no Domínio da Mata Atlântica e do Numa verdadeira “viagem”, cobriremos grande parte
Bioma Caatinga, que apresentam juntas uma riquíssima do território alagoano, desde a zona costeira,
biodiversidade de plantas. passando pelos tabuleiros e Zona da Mata, chegando
Alguns casos de endemismos são relatados em às zonas de contato do Agreste, e finalmente aos
ambientes como restingas, como é o caso de Myrcia Sertões (Caatinga).
maritubensis, uma mirtácea só encontrada num dos Este capítulo não pretende expor toda a riqueza
ecossistemas mais ameaçados do litoral alagoano, florística que existe em nosso Estado, e isso é por que
localizado no baixo São Francisco, em sua região de foz. os trabalhos sobre a Flora de Alagoas ainda estão
Como forma de melhor demonstrar a riqueza da flora de longe de terminar, nem tão pouco este é o espaço
Alagoas, apresentaremos uma súmula dos principais ideal para tal. Nossa intenção é mostrar um pouco
ambientes naturais ocorrentes no estado, relacionando desta riqueza, que está ameaçada e precisa de toda
atenção e respeito para não desaparecer por
completo.
86 Cobertura Vegetal de Alagoas

8.1- Ambientes Litorâneos Polygala cyparissias A.St.-Hil. & Moq.


Foto: Iremar Bayma
Desde o litoral, até as ressequidas paisagens sertanejas,
a flora como já foi dito, é variada e apresenta seus
representantes característicos que marcam o ambiente
com sua presença ou sua ausência.
Conforme o mapa de vegetação apresentado, o litoral
alagoano apresenta uma costa arenosa demarcada
pelos sedimentos do Período Terciário denominado
Grupo ou Formação Barreiras, mais conhecido como
tabuleiros.
Entre os tabuleiros e o mar, os depósitos arenosos do
Período Quaternário formam uma planície costeira, de
largura variável, modelada ao longo dos anos por
sucessivos eventos de transgressão e regressão
marinha. Tais eventos ocasionaram o estrangulamento
de rios, formando as atuais lagoas que dão nome ao
nosso estado.
A planície arenosa costeira compõe-se então de
ambientes típicos de praia, restingas, manguezais,
estuários, brejos e alagados, além de formações recifais
(formações sedimentares de arenito).
As formações vegetais originais desses ambientes
podem se considerar bastante afetadas e alteradas ao
longo dos 500 anos de ocupação humana no Brasil,
restando muito pouco da vegetação, e consequen-
temente, sua flora.

8.1.1- Praias
No litoral, em sua linha de praia, a vegetação se apóia
em ambientes arenosos sujeitos à salinidade, fortes
ventos e as constantes pressões humanas.
Espécies herbáceas, estoloníferas, rizomatosas e/ou
cespitosas formam uma cobertura descontínua, onde se
destaca as famílias e espécies botânicas como
gramíneas (Sporobolus virginicus) e ciperáceas (Remirea
maritima, Cyperus ligularis). Essas famílias apresentam
algumas plantas muito semelhantes, tanto no porte
como em suas inflorescências.
As gramíneas (família Poaceae) se tratam de uma das
famílias botânicas de maior relevância para a
humanidade, pois de seus grãos (milho, milheto,
cevada, centeio, arroz, trigo, etc.) servem de alimento,
ou mesmo se extrai o caldo doce da cana-de-açúcar para
a fabricação de açúcar e álcool combustível, sem falar de
fibras, óleos, e tantos outros produtos extremamente
úteis.
A família Cyperaceae, tais quais as gramíneas, fazem parte
do grupo das Monocotiledôneas (veja o que é isso no
glossário). Seu caule difere das gramíneas por apresentar
três faces (trígono), enquanto nas gramíneas o caule é Remirea maritima (Aubl.) - pinheirinho-de-praia
cilíndrico. Uma das ciperáceas mais conhecidas e úteis pelo Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 87

homem foi Cyperus papyrus, que fornecia as fibras para


a confecção de um tipo de papel utilizado no antigo
Egito.
Atualmente os papirus servem mais como plantas
ornamentais. Contrariamente às gramíneas, as
ciperáceas causam mais problemas do que gera
benefícios, pois são consideradas ervas daninhas para
lavouras de uma forma em geral.
Essas duas famílias são representadas por uma série de
espécies de pequeno a médio porte, ocorrendo de
forma espontânea nas praias e demais ambientes
(desde o litoral até o sertão), mas algumas são bem
adaptadas a solos salinos, como é o caso de Sporobolus
virginicus.

A família Convolvulaceae também está presente nas


praias, sendo identificadas e generalizadas pelo termo
“salsas”. Ipomoea pes-caprae e Ipomoea littoralis são
dois representantes deste grupo. As convolvuláceas são
dicotiledôneas de flores tubulosas, e hábito herbáceo,
rastejante, folhas coriáceas ou cartáceas.
Ipomoea pes-caprae tem flores cor-de-rosa enquanto I.
litorallis tem pétalas brancas e de menor proporção no
tamanho. Outras espécies podem ser encontradas em
Ipomoea littoralis (L.) Blume - salsa-branca ambientes mais distantes do mar, chegando também a
Foto: Iremar Bayma
ser encontradas no alto sertão, onde algumas são
conhecidas como batata-de-purga ou flor-de-madeira.
A convolvulácea mais apreciada por nós humanos é a
batata-doce (Ipomoea batatas), espécie amplamente
cultivada no Brasil.
Outra espécie botânica encontrada nos sedimentos
arenosos de praia é Blutaparon portulacoides,
pertencente à família Amaranthaceae.
São plantas herbáceas com folhas que se inserem no
caule em espiral, ou como Blutaparon, de forma oposta
cruzada. Com flores pequenas, ocorrem em campos,
praias e dunas, sendo também conhecidas no sertão
como caruru ou brêdo (Amaranthus), e são consumidas
como verdura.

Um último grupo de plantas a ser citado para as praias


vem a ser a das leguminosas (Fabaceae). A família do
feijão, e de árvores como o pau-brasil, o ingá e o
barbatimão.
Trata-se de uma das maiores e mais importantes famílias
botânicas, devido às utilidades de seus representantes
por fornecerem alimento com seus frutos (feijão,
ervilha, soja), madeiras (jatobá, arapiraca, pau-viola,
angelim, sucupira), substâncias químicas para remédios
Sporobolus virginicus (L.) Kunth. - capim salgado (barbatimão, jatobá, catingueira, baru), entre tantos
Foto: Iremar Bayma outros tipos de usos disseminados mundo a fora.
88 Cobertura Vegetal de Alagoas

Leguminosae (Fabaceae) é dividida em três subfamílias, globosos (angelim - Andira) e que não se abre mesmo
Caesalpinioideae (Caesalpinaceae), Papiliodideae maduro; bem como alguns frutos que crescem rumo ao
(Fabaceae) e Mimosoideae (Mimosaceae). solo, onde completam seu desenvolvimento debaixo da
Diferem basicamente no arranjo estrutural de suas terra, neste caso temos o amendoim (Arachis).
flores, mas apresentando frutos do tipo: legume
Uma espécie que chama atenção nas praias alagoanas é
(vagem), que se abrem quando maduros; lomento
(onde a casca não se abre facilmente e se parte em Canavalia rosea, mais conhecida como feijão-de-praia,
pequenos segmentos quadriculados, cada um com uma com hábito e aspecto muito similar a salsa-de-praia,
semente (frutos da árvore sertaneja chamada sabiá inclusive com a flor da mesma cor, porém, destaca o
Mimosa caesalpiniifolia); ou ainda frutos secos, fruto tipo legume, e flores menores que a da salsa.

Canavalia rosea (Sw.) DC. - feijão-de-praia


Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 89

Mimosa pudica L. - malícia


8.1.2- Restingas (formações edáficas de influência
Foto: Iremar Bayma
marinha e flúvio-marinha)
Costuma-se denominar a vegetação dos terrenos
arenosos do litoral de restinga. Mas a restinga
propriamente dita é um acidente geográfico, uma linha
arenosa que se estende paralela ao mar, tendo por um
lado um rio ou uma laguna, por outro o oceano. Desta
forma, a vegetação que se desenvolve sobre a restinga
recebe este mesmo nome.
Como os demais ambientes arenosos costeiros
possuem uma vegetação similar às restingas
verdadeiras, costuma-se chamá-las também com este
termo. Desta forma, os trechos mais distantes da linha
praia estão ocupados por uma vegetação herbáceo-
arbustiva, e mais raramente arbustivo-arbórea.
Poucas restingas verdadeiras podem ser encontradas
em Alagoas, como, por exemplo, na região de foz dos
rios Santo Antônio, Camaragibe, Meirim, na
desembocadura das lagunas Mundaú e Manguaba
(Pontal da Barra e Saco da Pedra), em Maceió e
Marechal Deodoro, e na foz dos rios Jequiá e Coruripe. A
maior parte desses ambientes se encontra
completamente ocupada por coqueirais, loteamentos,
e toda sorte de equipamentos urbanos.
Nas restingas alagoanas (verdadeiras ou não), ou mais
precisamente formações edáficas, a flora é bastante
variada, assumindo fisionomia muito dinâmica,
influenciada principalmente pelo antropismo. Sophora tomentosa L.
Foto: Iremar Bayma
8.1.2.1- Restinga herbáceo-arbustiva
Nos trechos herbáceo-arbustivos as plantas assumem
porte variado, desde espécies reptantes, cespitosas, ou
formando touceiras, por vezes cobrindo todo solo ou em
moitas esparsas.
Neste estrato vegetal a flora é representada por
inúmeras famílias botânicas, algumas delas já citadas e
encontradas na linha de praia, tais como as gramíneas,
representadas por Cenchrus echinatus (carrapicho),
Panicum pilosum, Rhynchelytrum repens (capim-
rosado), e Cyperaceae, com Cyperus ferax (tiriricão) e
Cyperus articulatus (junco-da-praia).
Outras famílias já citadas são:
Fabaceae (=Leguminosae), apresentando
Chamaecrista ramosa, Cassia tetraphyla, com suas
flores amarelas e caule avermelhado formando
touceiras, Cassia ramosa, Cassia tora, Mimosa pudica,
Mimosa pigra, Centrosema brasilianum, Clitoria
caparifolia, Desmodium barbatum, Indigofera
microcarpa, Stylosanthes captata (Papilionoideae), e
Sophora tomentosa, uma planta arbustiva, de flores
amarelas e ostentando muitas vagens pendentes
quando em frutificação.
90 Cobertura Vegetal de Alagoas

Amaranthaceae, onde se destacam Alternanthera


maritima e Alternanthera philoxeroides.
Eriocaulacea se apresenta compondo a flora das
restingas, mas também são observadas em Cerrados e
em clareiras de Mata Atlântica. Trata-se de outro
representante das Monocotiledôneas, de hábito
herbáceo, a maioria sem caule, e folhas em roseta.
As flores de alguns gêneros são reunidas em capítulos
globosos, e algumas espécies são aquáticas (Tonina). Em
nossas restingas ocorrem eriocauláceas do gênero
Paepalanthus, tais como Paepalanthus tortillis.
Cactaceae, também representadas nas restingas, como
é o caso de Cereus pernambucencis, um cacto que tem
seus ramos caídos ou prostrados ao solo, e flores
brancas.
Outra espécie é Pilosocereus sp., muito comum em
restingas e que apresenta um aspecto de candelabro, e
Melocactus bahiensis, mais conhecido como coroa-de-
frade, pois apresenta seu caule comprimido e globoso,
ostentando uma inflorescência em seu topo, onde as
flores róseas e diminutas formam o que chamamos de
cefálio.
Cereus fernambucensis Lem. - mandacaru-da-praia
Foto: Iremar Bayma Algo interessante sobre a reprodução das coroa-de-
frade é que elas necessitam dos répteis, calangos e
outros lagartos, para que consumam seus frutos e
possam disseminar as sementes já devidamente
escarificadas e prontas para germinar.
Paepalanthus sp.
Foto: Iremar Bayma Os frutos de Cereus e Pilosocereus são mais apreciados
pelas aves e morcegos, por serem vermelhos e
chamativos, com poupa branca, farinácea e adocicada.

Bromeliaceae, a família das bromélias se distribui


principalmente nos trópicos. São plantas resistentes,
algumas espinhentas, que chamaram de imediato a
atenção de Cristovão Colombo, quando este
desembarcava no novo mundo e descobria uma
saborosa fruta, uma bromélia, ou o mais conhecido
abacaxi.
Vivem sobre o solo, rochas e outras plantas (epífitas)
sem, portanto, causar nenhum prejuízo a estas. São
importantes para qualquer ecossistema que habitem.
As inflorescências ou grupo de flores demoram um
pouco para se desenvolverem, e na maioria das espécies
só acontecem uma vez na vida, porém revelam
extraordinárias composições de cores e arranjos,
podendo ser verdes, azuis, lilases, vermelhas, amarelas
ou uma mistura de todas estas.
As flores podem estar distribuídas em diversos tipos de
inflorescências a exemplo de cachos, espigas, panículas,
ou posicionadas em capítulos no centro da roseta.
Cobertura Vegetal de Alagoas 91

E n t re a s s u a s fo l h a s , ta m b é m f i n a m e n t e Neste último são abundantes e extremamente


ornamentadas, e em boa parte das espécies, acumula- agressivas, mas são de uso comum do sertanejo.
se a água da chuva e do ar. Nestes reservatórios Algumas macambiras fornecem alimento para o
inúmeros animais encontram meios de sobreviver. homem e gado, fibras para a confecção de cordas, além
Insetos, anfíbios e répteis são frequentadores assíduos, de muitos frutos serem empregados na medicina
e até mesmos mamíferos às utilizam para matar a sede. popular.
Servem então como abrigo e fonte de água e As Bromeliáceas ocorrem tanto em áreas abertas
alimentação para os bichos, onde até mesmo o homem quanto nos trechos mais fechados das restingas
se faz uso deste recipiente, pois a água acumulada não arbóreas. Habitam sobre o solo arenoso, em pleno sol
se estraga graças a uma substância conservante (heliófitas), ou preferem se abrigar da luz (esciófitas).
produzida pela planta.
As folhas das bromélias formam uma espécie de roseta
As bromélias são amplamente utilizadas pelo homem. em torno do caule, que em geral é curto, sendo grossas
São úteis para alimentação (Ananás, Abacaxi), remédios e muitas vezes providas de espinhos ou serras,
(Gravatá), fibras (Macambira, Caroás), ornamentais e cortantes e difíceis de manusear.
até mesmo como Bio-indicadores de poluentes no ar
Nas restingas alagoanas registra-se a ocorrência de
(Barba-de velho).
bromélias como Aechmea aquilega, Aechmea
Em Alagoas, como em todo nordeste, encontramos brachycaulis, Aechmea lingulata, Aechmea muricata,
essas plantas desde o litoral até o alto sertão. Estão nas Hohenbergia stelatta, Pseudoananas safenarius e
restingas e praias, Mata Atlântica, Semiárido e Caatinga. exemplares do gênero Cryptanthus.

Cryptanthus sp. Bromélia


Foto: Iremar Bayma
92 Cobertura Vegetal de Alagoas

Orchidaceae, um importante grupo de plantas de hábito


herbáceo, terrícola ou epífita, isto é, vivendo sobre
outras plantas (árvores), podendo ocupar áreas abertas
ou fechadas. Populares por suas flores e inflorescências
de grande beleza, as orquídeas da restinga são menos
vistosas, porém, tão belas quanto outras espécies de
áreas mais úmidas como a Mata Atlântica. As espécies
observadas no litoral alagoano pertencem aos gêneros
Cyrtopodium, Epidendrum, Sobralia e Catasetum.

Arecaceae, a famílias da palmeiras (Palmae), com


destaque para Attalea funifera (piaçava), Syagrus
coronata (ouricuri ocorre desde as restingas até o alto
sertão), Syagrus schyzophylla (licuri), Polyandrococos
caudescens (imburi), Desmoncus ortacanthus (titara
palmeira trepadeira de longos espinhos), e Bactris
glassmanii. Ouricuri e a piaçava são amplamente
utilizadas por populações tradicionais em todo litoral
alagoano. O ouricuri fornece frutos comestíveis e palha
para artesanatos, típicos na região de Roteiro, Coruripe
e Feliz Deserto. Piaçava é empregada para fazer esteiras,
vassouras e cobrir casas.
Acanthacea, uma família cujas plantas ostentam flores
tubulosas, onde muitas delas são utilizadas como
ornamentais principalmente às do gênero Thumbergia.
Sua representante nas restingas é Ruellia bahiensis.
Asteracea ou Compositae, a famílias das margaridas, do Vanilla sp. - orquídea
girassol e do cravo. São representados nas restingas, Foto: Iremar Bayma
bem como inúmeros outros ambientes naturais e
antrópicos por Emilia sonchifolia (bela-emília), Mikania Bonnetiacea são árvores e arbustos de pequeno porte,
nitida, Pluchea quitoc e Eupatorium ballotaefolium folhas em espiral ou alternas, com flores pequenas e
(picão-roxo). As flores das compostas, como também solitárias, ou em inflorescência cimosas. Em nossas
são conhecidas, se reúnem em inflorescências restingas apresentam-se plantas desta família do
denominadas capítulos. Estas amadurecem da borda gênero Bonnetia.
para o centro. As pétalas colorida que rodeiam a
inflorescência na verdade são folhas modificadas que se Capparidacea é a família do icó (Capparis), que incluem
chamam brácteas. As dezenas de flores reunidas nos plantas tropicais e subtropicais de todo o mundo. São
capítulos são pequenas e com pétalas formando um em geral ervas ou arbustos de folhas inteiras ou
compostas (digitadas) e com flores vistosas. Nas
restingas é comum a presença de Capparis
cynophallophora. No Mediterrâneo, outra espécie do
gênero Capparis vem a ser a conhecida alcaparra (Joly,
1987).

Syagrus schyzophylla (Mart.) Glassman - licuri


Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 93

Chrysobalanaceae reúne plantas como a oiticica, o oiti e


o guajuru (Chrysobalanus icaco), sendo esta principal
espécie que ocorre nas restingas arbustivas. O oiti
(Licania tomentosa) ocorre nas restingas arbóreas e na
Mata Atlântica.
São plantas de porte arbustivo-arbóreo (lenhosas) de
folhas inteiras e duras, flores pequenas e fruto do tipo
drupa, com uma única semente envolvida por uma
polpa carnosa (como a manga).
Pescadores e marisqueiros mais velhos dizem que o
fruto do guajuru ajuda a amenizar as queimaduras das
“caravelas”, “águas-vivas” e “cebolas” (animais
marinhos do grupo dos cnidários), comuns em algumas
praias e lagunas.

Euphorbiaceae, uma família muito importante por


diversos motivos. Muitas delas são espontâneas e
invasoras (burra-leiteira - Chamaesyce hysopifolia,
velame - Croton lobatus, leiteira - Euphorbia
heterophylla, mamona - Ricinus comunis), outras são Cnidoscolus urens (L.) Arthur.
medicinais (velame - Croton campestris, quebra-pedra - Foto: Iremar Bayma

Phyllanthus niruri), algumas fornecem alimento com


suas raízes (mandioca - Manihot esculenta, macaxeira -
Manihot utilissima), outras produzem boas madeiras
(jaqueira-do-brejo - Hyeronima martiana, guaraiuva -
Savia dictyocara), e há aquela que elabora resinas como
a borracha da seringueira - Hevea brasiliensis
(Amazônia).
Em nossas restingas registra-se Chamaesyce thymifolia,
Cnidosclus urens (cansanção), Croton sellowii (velame),
Euphorbia hirta e Chamaesyce hyssopifolia.
Scaevola plumieri (L.) Vahl.
Foto: Iremar Bayma

Goodeniaceae é uma família de maior ocorrência no


continente australiano, mas no Brasil só ocorre um
único gênero, neste caso Scaevola plumieri, presente
em nossas praias e restingas mais conservadas.
De flor branca, folhas carnosas e frutos do tipo drupa,
tem forte apelo paisagístico por sua arquitetura,
podendo ser utilizada em projetos de jardins em casas
de praia.
Surianaceae compõe um grupo de plantas de
distribuição tropical, em geral árvores e arbustos, de
folhas pequenas, espiraladas e inteiras, flores em
inflorescências cimosas, pequenas, frutos carnosos do
tipo drupa ou baga (com muitas sementes).
Representa esta família em nosso litoral a espécie
Suriana maritima, exemplar de flores amarelas, folhas
verde-claras e ramos escurecidos, tornando-se um
arbusto de grande beleza. Muito rara, aparece em
poucos locais, a exemplo da restinga do rio Meirim, em
Maceió.
94 Cobertura Vegetal de Alagoas

Lythraceae, uma família presente nos trópicos em todo Muitos gêneros formam uma espécie de coluna com a
mundo, compreendendo ervas, arbustos e árvores, de união dos filetes que ostentam as anteras, o andróforo,
folhas inteiras e flores de tamanho variado, fruto seco, o que é bem visível nas papoulas.
em geral capsular. Algumas espécies são utilizadas como
Nas restingas alagoanas é possível encontrar Hibiscus
ornamental, como é o caso do dedaleiro do Paraná
furcelatus, Pavonia fruticosa, Sida carpinifolia
(Lafoensia pacari), outras são árvores de boa madeira
(guanxuma), Sida malachra e Urena lobata (malva-
(mirindiba-rosa Lafoensia glyptocarpa e pau-rosa
roxa).
Physocalymma scaberrimum).
Molluginaceae forma um grupo de plantas de pequeno
Em nossas restingas duas espécies subarbustivas são
porte, ervas ou arbustos, e entre seus 14 gêneros,
amplamente encontradas (Cuphea flava e Cuphea
apenas dois ocorrem no Brasil (Mollugo e Glinus). Suas
brachiata), além de uma espécie que é encontrada em
folhas são inteiras e opostas, por vezes alternas. As
terrenos mais úmidos no litoral, neste caso Ammannia
flores são pequenas, compostas somente de cálice ou
sp.
corola (monoclamídeas). Seus frutos são secos ou do
Malvaceae apresenta-se como a maior família da ordem tipo cápsula loculicida, como é o caso de Mollugo
Malvales. Após a publicação do novo sistema de verticilata, encontrada no litoral brasileiro.
Classificação das Angiospermas (APG-II, 2003, e APG-III,
Portulacaceae pertence à mesma ordem das famílias
2009), a família inclui todos os gêneros pertencentes às
Molluginaceae e Amaranthaceae Caryophyllales. As
antigas famílias Tiliaceae, Bombacaceae e Sterculiaceae.
portulacáceas mais conhecidas são a onze-horas
As malváceas apresentam hábito variado, desde (Portulaca) e a beldroega Portulaca oleracea, presente
pequenas ervas prostradas até grandes árvores, em nossas restingas.
passando por espécies arbustivas e trepadeiras,
Esta planta tem propriedades medicinais (afecções da
espalhadas em todo mundo pela região tropical. Trata-se
bexiga, queimaduras, icterícia, feridas, vermes
então da família da papoula (Hibiscus), da guanxuma -
intestinais, pulmão, acidez, inflamação nos olhos,
Sida, da malva, do algodão Gossypium, e do quiabo -
utilizado também como diurético).
Abelmoschus esculentus. Suas folhas são inteiras ou
partidas (palminérvias), flores vistosas, cíclicas e com
pétalas unidas ou soldadas à base, quase formando um
tubo.
Hibiscus pernambucensis Arruda - algodão-de-praia
Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 95

Polygalaceae, família presente em todo mundo, em Entre as ilustres rubiáceas, listamos o café (Coffea
geral possuem hábito herbáceo, e raramente arbustiva arabica), o jenipapo (Genipa americana) e a ixora de
ou trepadeira. Suas folhas são inteiras e alternas, flores jardim (Ixora coccinea).
pequenas, quase sempre de cor roxa, com 3 pétalas e
Solanaceae, a família do fumo, do tomate, do pimentão,
com fruto seco capsular, por vezes alados.
da berinjela e de tantas outras conhecidas como
Polygala cyparissas é um dos representantes desta verduras, na linguagem popular.
família em nossa costa.
Esta família reúne um grupo de plantas muito
Rubiaceae é representada por inúmeras espécies em importantes por seus frutos, mas inúmeras espécies se
Alagoas, onde destacamos Borreria verticilata e constituem em plantas espontâneas e ruderais,
Tocoyena selloana. A primeira é conhecida como frequentemente invadindo lavouras e área
vassourinha-de-botão, uma erva prostrada com abandonadas, como é o caso da jurubeba (Solanum
inflorescência globosa com diminutas flores brancas. spp.).
A segunda é conhecida como jenipapo-bravo, um As principais características das solanáceas são: plantas
arbusto elegante, com folhas brilhantes, cartácea, onde herbáceas, arbustivas e até mesmo arbóreas
se destaca flores tubulosas e estreitas, onde emergem (Duckeodendron cestroides pincel-de-macaco na
pétalas amarelas . Amazônia); folhas inteiras ou partidas, flores de cor
roxa, branca ou azul, e fruto seco capsular, loculicida ou
Rubiaceae é uma importante família botânica que
do tipo baga.
reúne mais de 7000 espécies. De hábito variado, podem
ser encontradas desde ervas a grandes árvores, a Nas restingas alagoanas são comuns alguns tipos de
exemplo de angélica Guettarda viburnoides, e asa-de- jurubebas, tais como Cestrum levigatum, Solanum
morcego Alseis pickelii, ambas encontradas nas matas aculeatissimo e Solanum granuloso-leprosum.
de Coruripe.

Tocoyena sellowiana (Cham & Schltdl.) K.Schum - jenipapo bravo


Foto: Iremar Bayma
96 Cobertura Vegetal de Alagoas

Plantaginaceae é outro exemplo de mudança na nova


classificação APG III. Muitos gêneros pertencentes à
família Scrophulariaceae passaram para esta família,
incluindo Scoparia, a conhecida vassourinha-de-botão
(Scoparia dulcis), encontrada no litoral (são comuns
plantas de espécies diferentes receberem o mesmo
nome vulgar, por isso a importância dos nomes
científicos).
Plantaginácea reúne plantas em sua maioria herbáceas,
com folhas simples, podendo ser alternas espiraladas
ou opostas. A vassourinha é conhecida por suas
propriedades medicinais, sendo citada no tratamento
de vaginites, cólicas, dor de ouvido, malária, tosse,
entre outras.
Verbenaceae, família tropical e subtropical composta
por plantas herbáceas, arbustivas e pequenas árvores
(tarumã-do-cerrado Vitex polygama). Com flores
pequenas e reunidas em densas inflorescências, Lantana sp. - chumbinho-branco
coloridas e chamativas como no gênero Lantana. Foto: Iremar Bayma

Seus frutos podem ser do tipo drupa ou seco e


esquizocarpo (fruto originado de um ovário
multicarpelar, que quando amadurecem se separam em Box
frutículos facilmente observado na mamona - Na escala do tempo geológico, nosso planeta Terra
euforbiácea), ou do tipo seco e alado. encontra-se na Era Cenozóica (os geólogos dividem a
escala de tempo em Eras, Períodos e Épocas). A Era
Entre as verbenáceas encontradas no litoral de Alagoas Cenozóica se iniciou há mais de 60 milhões de anos atrás.
cita-se Lantana camara (chumbinho), Lippia alba (erva-
cidreira) e Starchytarpheta sp. Esta Era é dividida em dois Períodos, o Terciário, mais
antigo, terminando a 1,5 milhão de anos atrás, quando se
iniciou o Período Quaternário. O Período Quaternário, ou
antropozóico, é o mais recente da história da Terra.
O Quaternário se subdivide em duas Épocas: a mais
antiga, o Pleistoceno, se prolonga desde o início do
Período, há 1,6 milhões de anos, e o Holoceno, época
atual, abrange os últimos dez mil anos.
8.1.2.2- Restinga arbustivo-arbórea Neste Período, houve significativa redução das
Em restingas arbustivo-arbóreas, ambientes cada vez temperaturas, registrada em ondas sucessivas em grande
mais raros em Alagoas, a vegetação ostenta um porte parte do hemisfério norte (boreal) e em algumas áreas do
variável em altura e densidade. Formações florestais hemisfério sul (austral), com avanços das geleiras e
consequentes alterações na flora e na fauna das regiões
indicam que a Mata Atlântica avançou sobre ambientes
afetadas.
arenosos durante os períodos de recuo das águas do
mar, ocorridos há milhares de anos atrás. Esses fenômenos denominados glaciações não se deram
de forma contínua, havendo períodos amenos (fases
Do ponto de vista geológico, a região costeira é marcada interglaciais) de maior duração, nas quais o clima se
pela ocorrência de Depósitos Quaternários (ver Box) suavizava.
formados a partir do Pleistoceno e do Holoceno, e são Nas regiões tropicais e subtropicais o regime de chuvas
oriundos dos grandes eventos de transgressão marinha ocasionadas pelas mudanças climáticas ocasionou fases
que modelaram as feições do litoral brasileiro de intensa precipitação, seguidos de grandes intervalos de
O terraço Pleistocênico é constituído por areias estiagem, o que gerou mudanças significativas na
paisagem e na constituição faunística e florística em todo
depositadas no sopé das falésias fósseis e o terraço
planeta.
Holocênico compreende uma faixa arenosa estreita,
entrecortada por falésias vivas, ainda em processo de No Quaternário, os hominídeos atingiram seu máximo
modelagem erosiva, constituinte do Grupo Barreiras desenvolvimento, quando então a espécie Homo sapiens
(Período Terciário). surge e dá origem ao homem moderno.
Cobertura Vegetal de Alagoas 97

As restingas arbóreas apresentam similaridades


florísticas com os ambientes de outros tipos de
vegetação, principalmente a Mata Atlântica, Cerrado e a
Caatinga, pois apresentam espécies comuns a estes três
tipos de vegetação.
As plantas da restinga estão adaptadas a solo arenosos,
pobres em nutrientes e sujeitos a alta salinidade trazida
pelos ventos litorâneos que sopram constantemente
durante todo o ano.
Algumas espécies da Restinga, facilmente observadas
nesses outros ambientes, são o cajueiro (Anacardium
occidentale - Restinga, Caatinga e Cerrado), as palmeiras
titara (Desmoncus ortacanthus - Mata Atlântica e
Restinga) e ouricuri (Syagrus coronata - Restinga,
Cerrado e Caatinga), a mangabeira (Hancornia speciosa
- Restinga e Cerrado), a ourateia (Ouratea nitida -
Restinga e Cerrado), a amescla (Protium heptaphyllum -
Restinga e Mata Atlântica), a maçaranduba e o leiteiro
(Manilkara salzmanii e Pouteria sp. - Mata Atlântica e
Restinga), pau-pombo ou cupiuba (Tapirira guianensis -
Restinga e Mata Atlântica) e a lixeira (Curatella
americana - Restinga e Cerrado).
Além destas espécies citaremos algumas notáveis
famílias e espécies botânicas que se apresentam na flora
de ambientes de restinga arbustivo-arbórea de Alagoas.
Anthurium affine Schott. - asa-de-urubu
Foto: Iremar Bayma

Araceae, monocotiledôneas pertencentes à Ordem


Alismatales, é uma família representada por plantas de
hábito herbáceo, terrestres, epífitas, trepadeiras e
aquáticas (Pistia stratiotes).
Pistia stratiotes L. - alface-d’água
Suas folhas são inteiras ou partidas, crescendo Foto: Iremar Bayma
enroladas ao caule. As flores, de sexo separado no
mesmo indivíduo, estão reunidas em inflorescências
pedunculadas, tipo espádice, que é um tipo especial de
racemo, uma inflorescência com flores pequenas
apinhadas sobre uma ráquis espessada e carnuda,
tomando o aspecto de uma espiga. Essas flores não
possuem pétala ou sépala.
Uma folha modificada protege toda a inflorescência,
uma bráctea ou espata, muitas vezes coloridas e
chamativas, como no caso de alguns imbés, com espata
vermelha, amarela ou branca. O fruto é em geral do tipo
baga, carnosa e com várias sementes.
Muitas aráceas são amplamente utilizadas como
plantas ornamentais (imbé - Phillodendron imbe,
antúrio - Anthurium sp., jibóia Scindapsus sp.), e outras
são comestíveis como a taioba Colocasia sp., e o inhame
Alocasia sp. Muitas outras são venenosas, a exemplo de
comigo-ninguém-pode (Diefenbachia sp.), porém,
muito útil para espantar “mau-olhado”.
98 Cobertura Vegetal de Alagoas

Anacardiaceae, a família da manga (estrangeira) e do


cajá (nativa), pertencente à Ordem Sapindales. São
plantas arbustivas e arbóreas (lenhosas), de folhas
inteiras, flores pequenas e pouco chamativas, mas
quando agrupadas em inflorescências paniculadas dão
destaque à planta na paisagem, como é o caso das
mangueiras em plena floração.
Os frutos são do tipo drupa, ou seco formando uma noz,
e ainda do tipo baga. No caso do caju, o fruto é uma noz
que é sustentada por um pedúnculo que se altera e se
transforma num pseudofruto carnoso (um falso fruto).
No Brasil, inúmeras anacardiáceas fornecem frutos
muito apreciados por todos, como a ciriguela, o
taperebá, o cajá, o umbu, bem como madeiras, resinas e
compostos químicos com valor medicinal, além de
serem ornamentais.
Nas restingas alagoanas podemos citar Schinus
terebinthifolius (aroeira), Tapirira guianensis e
Anacardium occidentale (caju).
Xylopia sp.
Foto Iremar Bayma
Annonaceae, constituinte da Ordem Magnoliales, é
uma família presente em quase todo o mundo. São em
geral arbustos e árvores de folhas inteiras, e flores
isoladas ou reunidas em inflorescências.
As flores possuem 3 sépalas e 3 pétalas carnosas, com
Duguetia sp. - araticum estames espiralados e numerosos. As folhas
Foto Iremar Bayma modificadas que formam o ovário (carpelos) podem
estar unidas ou separadas. Quando unidas forma frutos
apocárpicos do tipo baga, ao contrário formam
frutículos separados, como em Xylopia.
Muitas anonáceas são conhecidas por seus frutos
adocicados como a pinha (Annona sp.), a cherimoia
(Annona cherimola), a graviola (Annona muricata).
Outras espécies fornecem madeira de boa qualidade
como a pindaíba-vermelha (Xylopia sericea).
Nas restingas de Alagoas a embira-vermelha - Xylopia
frutescens, e a pindaíba Duguetia sp., são
representantes da família anonácea.
Cobertura Vegetal de Alagoas 99

Apocynaceae, família constituída por plantas de hábito


variado que produzem látex, de folhas inteiras, oposta,
cruzadas ou verticiladas. As flores também possuem
tamanho variado, podendo ser grandes e vistosas, com
pétalas unidas formando um tubo.
Os frutos são secos e deiscentes, capsulares, ou
indeiscentes (que não se abrem quando maduros). Em
geral as sementes são aladas.
Destacam-se como ornamentais (Mandevilla),
produtoras de madeiras (Aspidosperma discolor -
peroba), alimentícias (Hancornia speciosa mangaba),
venenosas (Nerium oleander espirradeira) ou
medicinais.
Himatanthus articulata (banana-de-papagaio) é uma
das Apocináceas presentes em nossas matas de
restinga.

Bignoniaceae, a família dos ipês e dos jacarandás. São


em sua maioria árvores, arbustos e trepadeiras Lundia cordata (Vell.) DC.
Foto: Iremar Bayma
lenhosas. Suas folhas são compostas (formada de
folíolos separados diferente das folhas inteiras), com
flores tubulosas, grandes, coloridas.
Seus frutos podem ser do tipo seco capsular, raramente
indeiscentes (cabaça Crescentia cujete), e sementes
aladas.
Destacam-se nas restingas arbustivas e arbóreas
Tabebuia elliptica (ipê-mirim), Jacaranda obovata
(carobinha), e a trepadeira Lundia cordata, com suas
belas flores cor-de-rosa.
Celastraceae é a família a que pertence uma árvore do
sertão bem conhecida, o bom-nome (Maytenus rigida).
Caracterizada por reunir plantas lenhosas arbustos e
árvores. Apresentam folhas inteiras, flores pequenas e
pouco vistosas. Seus frutos são do tipo seco, capsular ou
baga. Representada no litoral alagoano por Maytenus
impressa pau-mondé.

Clusiaceae (=Guttiferae) pertence à Ordem


Malpighiales (veja o quadro com a nova classificação
APG-III, mostrando os diferentes clados, ordens e
famílias botânicas). São plantas lenhosas, latescentes
com folhas inteiras, coriáceas. Flores por vezes vistosas,
isoladas ou em inflorescências. Fruto em geral seco,
capsular, septicida, ou ainda do tipo drupa ou baga.
Nas restingas é possível notar Kielmeyera sp. e Clusia
nemorosa (pororoca), esta última muito comum entre o
Francês e Barra de São Miguel. Kielmeyera vem
perdendo seus ambientes naturais graças à forte
pressão antrópica, principalmente na região de mata de
restinga entre a Massagueira e o Francês Vismia guianenesis (Aubl.) Choisy. - pau-lacre
Foto: Iremar Bayma
(empreendimentos imobiliários).
100 Cobertura Vegetal de Alagoas

Humiriaceae também pertence à Ordem Malpighiales Ocorrem preferencialmente nos trópicos das Américas,
(que inclui a família Malpighiaceae a da acerola). Alguns Todas elas árvores com folhas inteiras, flores isoladas ou
gêneros desta família pertenciam à família Linaceae, reunidas em inflorescências, algumas delas bastante
como é o caso de Humiria balsamifera, presente no perfumadas.
litoral alagoano com suas arvoretas de ramos
O fruto, sempre seco, é do tipo pixídio, que ostentam
esgalhados e sempre verde, ainda comum nas últimas
uma espécie de tampa arredondada no ápice, que
áreas de restinga de Barra de São Miguel.
quando maduros se abrem e liberam suas sementes. Em
alguns casos, como em Bertholletia, o fruto não se abre.
Lauraceae, a família do louro, e do abacate. Em geral são As sementes são muito requisitadas pelos animais da
plantas lenhosas, mas uma exceção, Cassitha filiformes, floresta, que os enterram como forma de armazenar
uma erva parasita que também ocorre em nossas comida, o que garante que muitas delas germinem com
restingas, principalmente em áreas abertas. segurança.
Apresentam folhas inteiras, flores pequenas e pouco Bastante comum em nossas matas costeiras,
coloridas. Seu fruto é carnoso, em geral do tipo drupa. Eschweilera ovata, mais conhecida como embiriba, é
Além de Cassitha, nossas restingas abrigam exemplares uma das principais representantes desta família em
de Ocotea gardneri louro-branco. O gênero Ocotea é Alagoas (litoral e zona da mata).
um dos maiores da família Lauraceae, possuindo cerca
Outras importantes famílias e espécies que não podem
de 300 espécies, encontradas principalmente na região
ser esquecidas são: Chrysobalanaceae (Licania
neotropical.
tomentosa - oiti), Leguminosae (Enterolobium
alagoano, Andira inermis - angelim, Acosmium
bijugum), Malvaceae (=Sterculiaceae - Guazuma
Lecythidaceae, família que reúne árvores como a
ulmifolia mutamba), Polygonaceae (Coccoloba latifolia
castanha-do-pará (Bertholletia excelsa), o jequitibá
- cabaçú), Malpighiaeae (Byrsonima sericea - murici),
(Cariniana estrellensis) e a sapucaia (Lecythis pisonis).
Rhamnaceae (Ziziphus joazeiro - juazeiro) e Rutaceae
(Esenbeckia grandiflora - carrapeta).

Eschweilera ovata (Cambess.) Miers - embiriba


Foto: Iremar Bayma
Cobertura Vegetal de Alagoas 101

Hydrocharitaceae é um grupo de plantas herbáceas de Pontederiaceae é a família do aguapé (Heteranthera


hábito aquático, submersas ou flutuantes, inclusive com sp.) e da baronesa (Eichornea crassipes), bem
gêneros marinhos. Amplamente utilizadas em aquários, frequentes em Alagoas. São plantas aquáticas,
Vallisneria e Elodea. Elodea densa ocorre em Alagoas, e herbáceas, de vida livre flutuante ou enraizada.
é muito semelhante à Tonina.
Algumas apresentam caule inflado que serve para sua
As plantas desta família possuem sexo separado, flutuação. As folhas são simples, e suas flores se reúnem
havendo, portanto, indivíduos femininos e masculinos. em inflorescências racemosas protegidas por uma
As flores femininas muitas vezes estão no ápice de bainha pela base.
longos pedúnculos que atingem a superfície da água
Flores vistosas e coloridas, e frutos secos capsulares. As
baronesas são úteis para filtrar águas poluídas, pois suas
raízes funcionam como um verdadeiro filtro biológico,
Limnocharitaceae é uma família de plantas aquáticas
contudo, o excesso de baronesas num rio pode
que possuem látex, de folhas inteiras, de vida livre ou
comprometer sua navegação, bem como restringir a
enraizada, submersa ou emergente. Suas folhas são
passagem de luz para as partes mais fundas.
diferentes na mesma planta (as emergentes diferem das
submersas heterofilia).
As flores podem estar solitárias ou reunidas em Salviniaceae é uma família de plantas que pertencem a
inflorescências terminais (panículas ou pseudo- Divisão Pteridophyta (samambaias, fetos e avencas).
umbelas). Fruto não carnoso, deiscente tipo folículo São plantas que não produzem flores nem frutos, e sim
(Watson L. & Dallwitz M.J. 1992). esporos, fáceis de visualizar na parte de baixo das folhas
das avencas. Salvínia (Salvinia auriculata) é uma
Em Alagoas ocorrem nas áreas brejosas da várzea da
representante desta família de pteridófitas.
Marituba Hydrocleys sp., que ostenta flores amarelas
que se destacam na vegetação aquática. A forma adulta da planta é conhecida como esporófito,
que possui vida livre flutuante.
Não poderíamos deixar de citar a arácea Pistia stratiotes
Nymphaeaceae, uma família de plantas herbáceas,
(alface-d'água), muito comum, de vida livre e flutuante,
aquáticas, emersas, flutuantes ou submersas. Suas
muito diferentes das aráceas terrestres já bem
folhas são inteiras, com flores isoladas, muitas vezes
conhecidas por nós (imbés e jiboias).
vistosas e coloridas, e fruto seco.
Entre as ninfeáceas se destaca em Alagoas a Nymphaea
ampla (pataca), muito comum na várzea de Marituba e
diversos riachos abrigados como o Rio dos Remédios,
em Coqueiro Seco.

Nymphaea ampla (Salisb.) DC. - pataca


Foto: Iremar Bayma

Salvinia auriculata Aubl.


Foto: Iremar Bayma
102 Cobertura Vegetal de Alagoas

Symphonia globulifera L.f. - bulandi


Foto: Iremar Bayma

8.2- Matas Ciliares As matas ciliares apresentam em sua composição


florística muitas leguminosas como o ingá (Inga edulis) e
As matas ciliares se apresentam como um tipo de
a orelha-de-nego (Enterolobium contortisiliquum).
vegetação de porte arbóreo que tem íntimo contato
com os cursos de água, podendo estar presentes em Ocorrem também palmeiras naturalizadas (não nativas)
zonas de Floresta Ombrófila, Floresta Estacional e - dendezeiro (Elaeis guineensis), rubiáceas como o
Caatinga. jenipapo (Genipa americana), anonáceas - araticum
(Annona glabra), anacardiácea - aroeira (Schinus
Na zona litorânea e nos tabuleiros costeiros, a vegetação
terebinthifolius), euforbiácea - jaqueira do brejo
ciliar apresenta-se de uma forma em geral muito
(Richeria grandis) e clusiácea - bulandi (Symphonia
rarefeita. Muitas vezes a mata ciliar se expande para os
globulifera).
tabuleiros, ou nos trecho da planície arenosa, se
misturam com restingas ou manguezais.
Importante lembrar que as espécies que não toleram
salinidade constituem as matas ciliares, enquanto as
que toleram são os manguezais, que não deixam de ser
Cobertura Vegetal de Alagoas 103

8.3- Tabuleiros Costeiros e Serras: Matas de encosta e de disenteria, por isso seu sugestivo nome vulgar).
tabuleiro, Cerrados, formações rupestres Pindaíba é uma espécie típica da Amazônia que também
ocorre na região nordeste. Árvore de bela estrutura
A Mata Atlântica ocupa os tabuleiros costeiros, em suas
(ornamental), de madeira moderadamente pesada e
áreas planas, encostas e fundos de vales. Logo em
macia, de folhas perenes, pioneira, onde seus frutos
seguida aos tabuleiros costeiros, em direção ao oeste,
têm propriedades medicinais.
começam a surgir afloramentos rochosos, onde os solos
deixam de ser profundos, ou simplesmente ausentes. Apocynaceae é representada por 4 espécies. Destaca-se
a rara Aspidosperma discolor (pau-falha), com seu
Nos tabuleiros, as matas se restringem às encostas,
tronco característico, fendido ou com falhas, que chama
fundos de vales ou topo de morros, pois a topografia não
a atenção de pessoas que utilizam sua madeira para
permite o desenvolvimento satisfatório de agricultura
confeccionar colunas de casas ou tampos de mesas, pois
ou pecuária. Raros são os casos de matas em áreas
o corte da madeira revela um desenho de grande beleza.
planas.
Cada vez mais rara por ser abatida por esta
As matas de encostas resguardam uma flora riquíssima,
característica, o pau-falha encontra-se ameaçado e de
porém muito ameaçada pela fragmentação e redução
difícil visualização na maioria das matas. De crescimento
das áreas. Em pouco espaço, animais não conseguem
lento, pode atingir grandes alturas (35-40 metros).
exercer plenamente atividades como alimentação,
dispersão, reprodução, fuga e abrigo, territorialismos, o Seus frutos secos desprendem sementes aladas,
que os forçam a pressões que em geral os leva a também difíceis de coletar durante a frutificação, o que
processos de extinção. dificulta sua propagação em viveiro.
O mesmo acontece com as plantas, que são Araliaceae, com uma única espécie (Schefflera
frequentemente saqueadas, dizimadas ou morototoni sambacuim), figura em muitas matas
simplesmente não conseguem ampliar suas populações alagoanas. A família caracteriza-se por reunir plantas
e comunidades pela simples falta de espaço. herbáceas, arbustivas e arbóreas, com folhas inteiras ou
partidas, flores pequenas e frutos do tipo drupa ou
Apresentaremos então uma série de famílias botânicas
baga. Uma espécie bem conhecida é a hera de jardim
relevantes que ocorrem em áreas de Mata Atlântica
(Hedera sp.).
(tabuleiros e áreas rochosas), cerrados e áreas rupestres.
Sambacuim é uma árvore de 30 metros de altura de
Nas matas de tabuleiros faremos referência ao estudo de
folhas palmadas, perenifólia, que ocorre desde a
fitossociologia da bióloga Aliete Machado, realizado em
Amazônia até o Rio Grande do Sul, de madeira leve e
terras pertencentes o Grupo Tércio Wanderley (Usina
baixa resistência, mas que tem grande destaque como
Coruripe), nos municípios de Coruripe, Teotônio Vilela e
ornamental.
Feliz Deserto.
Bignoniaceae, a família dos ipês, está bem representada
Neste estudo, Machado (2003), levantou um universo de
nas matas alagoanas. Em Coruripe, Aliete (2003) registra
163 espécies arbóreas distribuídas em 114 gêneros e 55
pelo menos 7 espécies (pimenteiras, pau-d'arcos,
famílias. Apresentaremos então um grupo de plantas de
perobas e pereiros).
sua lista por sua importância ou relevância do ponto de
vista econômico (madeiras), ornamental e ecológico. Entre os pau-d'arcos, citamos o roxo (Tabebuia
avellanedae), além de ornamental, sua madeira é
Anacardiaceae, a família do caju, aparece com 3
pesada e resistente, o que a torna muito útil. É uma
espécies, onde destacamos Astronium faxinifolium
árvore decídua (perde suas folhas na floração), e suas
(Gonçalo-alves), que ocorre desde a Amazônia até a
sementes aladas são disseminadas pelo vento.
região sudeste do Brasil. De madeira pesada e de grande
durabilidade, apresenta a característica de perder suas Burseraceae surge com uma espécie que também pode
folhas no inverno. É uma árvore pioneira, útil pra ser encontrada em ambientes de restinga (Protium
projetos de reflorestamento. Outras anacardiáceas heptaphyllum amescla).
citadas Tapirira guianenses (cupiuba) e Spondias lutea
Trata-se de uma família botânica que inclui plantas
(cajá).
lenhosas (árvores e arbustos), de folhas compostas,
Annonaceae aparece com 7 espécies, onde citamos podendo desenvolver espinhos, com flores pequenas e
Annona salzmanii (araticum-cagão) e Xylopia frutescens fruto do tipo drupa.
(pindaíba). Araticum-cagão ocorre no nordeste do Brasil,
Amescla é conhecida por verter uma resina aromática
podendo atingir uma altura de até 30 metros, apresenta
com claras propriedades medicinais. A família também
frutos parecidos com uma pinha portando numerosas
abriga plantas como a imburana da caatinga.
sementes (quem come de seus frutos pode sofrer de crises
104 Cobertura Vegetal de Alagoas

Coccoloba sp. - cabaçu


Foto: Iremar Bayma

Celastraceae é uma família botânica que inclui em suas O gênero Ocotea é um dos maiores da família
espécies Maytenus distichophylla (bom-nome-branco), Lauraceae, possuindo cerca de 300 espécies,
que ocorre em nossas matas. São plantas lenhosas de encontradas principalmente na região neotropical,
folhas inteiras, flores pequenas, fruto seco ou tipo baga. porém com algumas espécies na África e Madagascar
Duas espécies ocorrem em Coruripe, bom-nome-
vermelho e bom-nome-branco, ambas do gênero Lecythidaceae, a família dos jequitibás e sapucaias, é
Maytenus. representada por 6 espécies (jequitibá, imbiriba,
jenipapinho, sapucaia, sapucaia-de-coco e sapucaia-
Clusiaceae (=Gutiferae), família que registra 5 espécies
branca).
em Coruripe (Camaçari, pororoca, bulandi, lacre-
vermelho e bacupari), onde citamos Caraipa densifolia Cariniana legalis é o nosso jequitibá, árvore de grande
(Camaçari), de madeira média, leve e de boa resistência. porte que pode atingir os 50 metros de altura. Com
Euphorbiaceae surge com 4 espécies (jaqueira do brejo, flores pequenas e fruto tipo pixídio, apresenta madeira
zagalume, cocão e burra-leiteira), onde destacamos leve e macia ao corte, e de baixa resistência.
Margaritaria nobilis (zagalume). Trata-se de uma árvore Leguminosae (=Fabaceae) vem a ser uma das famílias
de médio porte (até 16 metros de altura), de madeira bem representadas na flora da Mata Atlântica, ao todo,
leve e de baixa resistência. Suas folhas são decíduas e se as 3 subfamílias (Caesalpinioideae (Caesalpinaceae),
presta como árvore ornamental. Mimosoideae (Mimosaceae) e Papilionoideae
Lauraceae apresenta representada por 4 espécies de (Fabaceae)) somam 35 espécies arbóreas nos
louros, todas elas do gênero Ocotea. Ocotea gardneri é remanescentes de Coruripe. Entre as Caesalpinioideae
o louro-ferro, uma espécie arbórea, encontrada no destacamos Caesalpinia echinata (pau-brasil) e
nordeste brasileiro. Copaifera langsdorffii (pau-d'óleo), duas espécies de
grande porte que ainda podem ser encontradas em
No Brasil, ocorrem 22 gêneros, frequentemente
Alagoas, sendo a a primeira restrita as matas de
encontrados em florestas pluviais, restingas e áreas de
Coruripe graças a grande destruição da floresta
cerrado. Lauraceae destaca-se pela sua grande
Atlântica em Alagoas.
importância econômica, tendo espécies empregadas
em indústrias de perfume e cosméticos, materiais de
limpeza, alimentos e medicamentos.
Cobertura Vegetal de Alagoas 105

Entre as Mimosoideae várias espécies de ingazeiras Mutamba é uma espécie bastante frequente nas bordas
(Inga sp) e os majestosos visgueiros e jaguaranas (Parkia de mata em Alagoas. Árvore de pequeno porte (até 15
pendula e Balizia pedicelaris), que apesar de metros de altura) possui madeira leve, mole e de boa
apresentarem “madeiras brancas” (de baixa qualidade), durabilidade. Heliófita, podendo ser utilizada em
impressionam pelo porte e beleza de suas copas. projetos reflorestamento como pioneira.
As Papilionoideae revelam árvores de boa madeira
como Angelins (Andira inermis e Andira legalis),
sucupira (Bowdichia virgilioides) e jitaí (Acosmium Myrtaceae, a família da goiaba, está representada nas
subelegans). matas de Coruripe por 14 espécies arbóreas, a maioria
delas pertencentes aos gêneros Eugenia e Myrcia
(araçás, murtas, carpunas, guabirabas e cruiris).
Malvaceae, pelo sistema de classificação APG reúne
agora os gêneros pertencentes as famílias A família caracteriza-se por reunir plantas lenhosas
Bombacaceae, Tiliaceae e Sterculiaceae. (arbustos e árvores), de folhas inteiras e flores em geral
pequenas, muitas vezes crescendo no caule (caulifloria),
Registra-se então para Coruripe, e inúmeras áreas de e frutos tipo baga ou capsular loculicida (Eucaliptus -
Mata Atlântica, Eriotheca gracilipes (munguba australiano).
Bombacaceae), Apeiba tibourbou (pau-de-jangada
Tiliaceae) e Guazuma ulmifolia (mutamba - Muitos frutos comestíveis estão nesta família - goiaba,
Sterculiaceae). araçá, jabuticaba, pitanga, Cambuí, este último
presente nas restingas de Piaçabuçu e Feliz Deserto.
Munguba é uma árvore de médio porte, madeira leve e
de baixa durabilidade. Seus frutos secos desprendem Entre as mirtáceas de Coruripe encontramos
sementes envoltas em uma lanugem (paina), e desta Campomanesia dichotoma (guabiraba), Eugenia
forma também é conhecida como paineira. pyriformes (araçá-boi), Myrcia alagoensis (carpuna-
O pau-de-jangada é uma espécie que foi muito utilizada roxa) e Myrcia maritubensis (araçá-de-birro), essas duas
para fazer a famosa jangada do nordeste. Árvore de últimas típicas do litoral sul alagoano.
médio porte, madeira leve e resistente à água, seus
frutos ovalados cobertos por espinhos sedosos e moles.
É uma planta perenifólia e pioneira que gosta de
bastante luz (heliófita).

Apeiba tibourbou Aubl. - pau-de-jangada


Foto: Iremar Bayma
106 Cobertura Vegetal de Alagoas

Simaba cuneata A.St.-Hill. & Tul. (Simaroubaceae)


Foto: Iremar Bayma

Alstroemeria sp. - trepadeira


Foto: Iremar Bayma

Sapotaceae inclui plantas lenhosas arbóreas, muitas clímax (que já atingiu máxima expressão de
delas cultivadas por seus frutos (sapota e sapoti - desenvolvimento ecológico).
exóticas), mas as mais conhecidas entre nós são as
maçarandubas. Simaroubaceae é uma família de plantas lenhosas
distribuídas em todo mundo. Suas folhas são compostas
As árvores desta família possuem folhas inteiras e flores (dividida em folíolos), raramente inteiras, flores
pequenas, e outra característica é a de produzirem um pequenas reunidas em inflorescências, e seus frutos são
tipo de látex, o que denomina algumas espécies como do tipo drupa.
leiteiro. Os frutos são carnosos com mais de uma
semente. Em Coruripe registra-se Simarouba amara (praíba),
presente desde a Amazônia até a região sudeste do
Registram-se para Coruripe 7 espécies que incluem pau- Brasil. Sua madeira é leve e pouco resistente.
de-teiú, maçarandubas, tuturubás e leiteiro-branco.
Manilkara salzmanii (maçaranduba) e Pouteria venosa Sua maior importância consiste em ser potencilamente
(tuturubá) se destacam por suas madeiras, pesadas e de útil como ornamental, poder ser empregada em
grande durabilidade. reflorestamentos e de fornecer alimentos à avifauna
com seus frutos.
Maçaranduba e tuturubá têm seus frutos comestíveis, o
que é de grande valor ecológico (fauna associada),
sendo esta última uma típica espécie de comunidades
Cobertura Vegetal de Alagoas 107

Outras importantes famílias botânicas apresentando Arbustos


espécies arbóreas ocorrentes nas matas alagoanas são:
Boraginaceae (frei-jorge), Caricaceae (jacatiá), Acanthaceae - Ruellia asperula
Chrysobalanaceae (casca-doce), Combretaceae Boraginaceae - Cordia corimbosa, C. multispicata, C. superba,
(minrindiba), Dilleniaceae (cajueiro-bravo), Ebenaceae Helitropium sp.
(grão-de-macaco), Elaeocarpaceae (carrapatinho-de- Caesalpinaceae - Chamaecrista nictitans, Senna
nambu), Erythroxylaceae (fruta-preta), Flacourtiaceae quinquangulata, Swartzia apétala
(chiador), Melastomataceae (carpuna-branca), Chrysobalanaceae - Hirtella racemosa
Connaraceae - Rourea doniana
Moraceae (gameleiro-preto), Polygonaeceae (cabaçu) e
Erythroxylaceae - Erythroxylum sp.
verbenaceae (fruta-preta).
Euphorbiaceae - Croton spp. (velames)
Os ecossistemas florestais não se resumem às árvores. Fabaceae - Crotalaria retusa, Indigofera suffruticosa (anil)
Espécies herbáceas, arbustivas, lianas e trepadeiras Malvaceae - Triumpheta bartramia, Malachra fasciata,
complementam a composição florísticas desses Pavonia malacosphylla, Sida sp.
ambientes. Melastomataceae - Clidemia hirta, Miconia minutiflora
Alguns trabalhos florísticos realizados em Alagoas Mimosaceae - Acacia tenuiflora, Mimosa pudica (malícia)
Piperaceae - Piper marginatum
revelam a composição da flora de remanescentes de
Polygalaceae - Bredemeyera sp.
Mata Atlântica em regiões como os tabuleiros costeiros
Polygonaceae - Coccoloba confusa (cabaçu)
do município de São Miguel dos Campos (Bayma e Rubiaceae - Psychotria poepigiana, Sabicea sp.
Calazans, 2007). Solanaceae - Solanum asperum, S. asterophorum, S.
Num trecho de mata em tabuleiro foram registradas 120 stipulaceum (jurubebas)
espécies e 53 não determinadas. Ao todo foram 75 Verbenaceae - Lantana camara (chumbinho)
diferentes famílias e 160 gêneros, entre árvores
arbustos, trepadeiras, ervas e palmeiras.
Entre as plantas herbáceas, arbustivas e trepadeiras
levantadas por Bayma e Calazans (2007), destacamos as Trepadeiras e cipós
seguintes famílias e espécies:
Alstroemeriaceae - Alstroemeria sp.
Apocynaceae - Mandevilla hirsuta
Asteraceae - Ageratum sp., Mikania cordifolia
Bignoniaceae - Lundia cordata
Herbáceas Caesalpinaceae - Bauhinia outimota (cipó pata de vaca)
Araceae - Philodendron imbe (imbé) e Tacarum sp. (Erva-de-
Celastraceae =Hippocrateaceae (APG III) - Prionostemma
cobra).
asperum
Apiaceae =Umbeliferae - Spananter sp.
Asteraceae - Eclipta prostata, Mikania glomerata Convolvulaceae - Ipomoea caerica, Jacquemontia sp. e
Bromeliaceae - Bromelia plumieri, Cryptanthus sp. Merremia umbelata, M. macrocalyx
Cannaceae - Canna indica Cucurbitaceae - Gurania multiflora
Cyperaceae - Cyperus spp., Rhynchospora cephalotes Dilleniaceae - Davilla sp. e Tetracera sp.
Commelinaceae - Commelina nudiflora, Dichorisandra sp. Dioscoreaceae - Dioscorea glandulosa
Eriocaulaceae - Paepalanthus spp. Euphorbiaceae - Dalechampia sp.
Euphorbiaceae - Chamaecyse hirta, Phylanthus sp.
Fabaceae - Desmodium sp., Stylosanthes viscosa Fabaceae - Centrosema sp., Dioclea sp.
Gentianaceae - Coutobea spicata Gesneriaceae - Paliavana tenuiflora
Heliconiaceae - Heliconia psittacorum Lythraceae - Lafoensia sp.
Lamiaceae =Labiatae - Hyptis sp., Ocimum sp., Raphidion Malpighiaceae - Banisteriopsis sp., Stigmaphyllon paralias
echinus) Malvaceae - Pavonia sp.
Lythraceae - Cuphea flava Menispermaceae - Cissampelos sp.
Maranthaceae Calathea sp., Maranta phrynioides Orchidaceae - Vanilla palmarum
Myrtaceae - Campomanesia dichotoma Passifloraceae - Passiflora edulis, P. foetida (maracujá-do-
Orchidaceae - Cyrtopodium sp., Eltroplectris calcarata,
mato),
Oeceoclades maculata
Oxalidaceae - Oxalis sp. Ranunculaceae - Clematis dioica
Phytolacaceae - Petiveria aliacea Sapindaceae - Paullinia racemosa, P. trigonia, Serjania
Poaceae - Olyra latifolia, Ichnanthus sp. corrugata, S. salzmanniana
Polygalaceae - Polygala paniculata, P. cyparissias Smilacaceae - Smilax phyllobola
Rubiaceae - Borreria sp., Coccocypselum sp., Gonzalagunia Solanaceae - Lycianthes cearencis
sp., Psychotria barbiflora, Randia armata Trigoniaceae - Trigonia nivea
Solanaceae - Physalis sp. Ulmaceae - Celtis sp.
Turneraceae - Turnera ulmifolia, Piriqueta sp.
Urticaceae - Laportea aestuans Verbenaceae - Aegyphilla sp.
Verbenaceae - Aegyphylla viteliniflora, Starchytarpheta sp. Vitaceae - Cissus erosa
108 Cobertura Vegetal de Alagoas

Cerrados
Os ambientes de Cerrado são extremamente raros em
Alagoas devido à forte ocupação e uso do solo para
agricultura, pecuária e expansão urbana. Como exemplo
de sua destruição temos os bairros da Serraria, Tabuleiro
dos Martins, Santos Dumont, Santa Lúcia e Cj. José
Tenório, na ciade de Maceió, que cresceram sobre áreas
de cerrado nos tabuleiros costeiros.
Os últimos trechos de cerrado em Alagoas que podem
ser visitados, e onde a vegetação ainda se conserva sob
grande pressão, estão situados em alguns trechos nas
bordas de tabuleiro no litoral norte de Maceió, e no
município de Japaratinga, bem como ao sul do estado,
entre os municípios de Penedo, Igreja Nova e Feliz
Deserto.
Para ilustrar a flora do Cerrado alagoano citaremos os
trabalhos de Rodrigues (2002) e Barbosa (2005), que
realizaram estudos fitossociológicos e de sídromes de
dispersão de sementes e floração (respectivamente)
para ambientes de Mata Atlântica e Cerrado de Alagoas.
Baseado nos trabalhos de Rodrigues (2002) e Barbosa Flor e fruto de Pouteria sp. - leiteiro
(2005) apresentaremos apenas algumas famílias e Fotos: Iremar Bayma
espécies que consideramos bastantes representativas
para o Cerrado alagoano.
Árvores, arbustos, ervas e palmeiras
Anacardiaceae - Anacardium occidentale (caju), Schinopsis
brasiliensis e S. terebinthifolius (aroeiras)
Annonaceae - Xylopia frutescens
Apocynaceae - Allamanda sp., Hancornia speciosa (mangabeira),
Himatanthus phagedaenicus (banana-de-papagaio)
Arecaceae - Bactris sp. (tucum), Syagrus coronata (ouricuri)
Boraginaceae - Cordia sp. (uva-de-cabôclo)
Caesalpinaceae - Caesalpinia ferrea (pau-ferro), Hymenaea sp.
(jatobá)
Celastraceae - Maytenus cf. distichophylla
Chrysobalanaceae - Hirtella racemosa
Clusiaceae - Clusia nemorosa (pororoca),
Dilleniaceae - Curatella americana (lixeira), Doliocarpus sp.
Fabaceae - Bowdichia virgilioides (sucupira), Swartzia apetala
Gyrocarpaceae - Sparattanthelium botocundorum também comum
em bordas de Mata Atlântica (arco de barril)
Lecythidaceae - Eschweilera ovata (embiriba)
Malpighiaceae - Byrsonima sericea (murici), B. coccolobifolia e B.
verbascifolia (murici-de-tabuleiro),
Malvaceae - Guazuma ulmifolia (mutamba), Luehea ochrophylla
(açoita cavalo)
Melastomataceae - Miconia albicans, M. amoena, M. ciliata
Mimososaceae - Abarema cochliocarpus (barbatimão)
Myrtaceae - Calyptranthes sp., Myrcia alagoensis, M. falax, Psydium
guineensis (araçá)
Ochnaceae - Ouratea nítida
Polygonaceae - Coccoloba latifolia (cabaçu)
Sapindaceae - Cupania platycarpa, Serjania salzmaniana
Sapotaceae - Pouteria venosa (leiteiro)
Verbenaceae - Lantana camara (chumbinho).
Cobertura Vegetal de Alagoas 109

8.4- Região Agreste - Zona de Transição Mata Como forma de ilustrar a flora da região agreste
Atlântica Caatinga apresentaremos uma lista de famílias e espécies
botânicas coletadas e registradas na coleção de flora do
Herbário MAC, do Instituto do Meio Ambiente do
A região agreste apresenta-se como uma Área de estado de Alagoas.
Tensão Ecológica, ou seja, um ambiente de transição Anacardiaceae - Anacardium occidentale (cajueiro),
entre a Savana Estépica conhecida como Caatinga e a Thyrsodium spruceanum (cabotã)
Floresta Estacional ou Mata Atlântica (Mapa de Araceae - Taccarum ulei (erva-de-cobra)
Vegetação do Brasil, IBGE, 1993). No agreste alagoano é Arecaceae - Attalea oleifera (pindoba), Syagrus coronata
possível notar uma “mistura” entre estes diferentes (ouricuri), Syagrus oleraceae (catolé)
tipos vegetacionais, havendo plantas que habitam Bignoniaceae - Tabebuia sp. (pau-d'arco)
matas mais úmidas e plantas que suportam climas Boraginaceae - Cordia leucocephala (Moleque duro)
quentes e secos, em geral plantas xerófitas, espinhentas Bromeliaceae - Bromelia plumieri, Hoherbergia sp.,
Tillandsia bulbosa, T. loliaceae
e decíduas, a exemplo de cactos, bromélias e diversas
Cactaceae - Cereus jamacaru (mandacaru)
espécies arbóreas.
Capparaceae - Crataeva tapia (trapiá), Cleome spinosa
O agreste mostra maior afinidade, em termos de (mussambê), Capparis jacobinae, Capparis ico (icó)
vegetação, solos e clima à região ecológica da Floresta Caesalpinaceae - Bauhinia cheilantha (mororó), Parkinsonia
Estacional Semidecidual, e esta é caracterizada por um aculeata (turco) Caesalpinia pyramidalis (catingueira)
Cochlospermaceae - Cochlospermum sp.
clima de duas estações bem definidas, uma chuvosa e
Euphorbiaceae - Euphorbia tirucalli (avelós), Croton
outra seca, acarretando adaptações à flora para resistir campestris (velame)
aos rigores climáticos, determinando a queda das folhas Fabaceae - Erytrina velutina, E. crista-galli (mulungus)
de muitas espécies nos períodos secos (Veloso e Góes- Lecythidaceae - Eschweilera ovata (embiriba)
Filho, 1982). Malvaceae (=Bombacaceae, Steculiaceae e Tiliacea) - Ceiba
pubiflora (barriguda), Guazuma ulmifolia (mutamba),
Infelizmente este tipo de vegetação é encontrado de
Backeridesia andrade-limae, Sida rhombifolia, Apeiba
forma rarefeita, bastante degradada ao longo dos anos tibourbou (pau-de-jangada)
pelo uso intenso e indiscriminado do solo, seja nas Mimosaceae - Enterolobium contortisiliqum (tamboril),
zonas rurais de municípios como Arapiraca, Palmeira Mimosa hostilis (jurema-preta)
dos Índios, Taquarana, Limoeiro de Anadia, Igaci, Feira Rhamnaceae - Gouania blanchetiana, Zizyphus joazeiro
Grande, entre outros, chegando aos topos de morros e (juá)
encostas de grande declividade, já completamente Sapindaceae - Thyrsodium spruceanum (cabotã)
desprovidos de vegetação natural original. Simaroubaceae - Simaruba amara (praíba)

Cochlospermum sp.
Foto: Iremar Bayma
110 Cobertura Vegetal de Alagoas

8.5- Região da Caatinga

A Caatinga compreende uma região situada entre os apresenta 92% de seu território dominado por climas
2°54' S e os 17°21' S na região Nordeste do Brasil, úmidos e subúmidos.
estendendo-se desde o Piauí, Ceará e Rio-Grande-do-
Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia e norte de Minas Gerais, Por razões ligadas a circulações atmosféricas, a água não
no qual é denominada de “Domínio das Caatingas". penetra no espaço dos sertões, o que amplia a
temperartura e a secura do clima.
Ao todo são mais de 835.000 km2, equivalentes a 10% do
território nacional, posicionando a Caatinga no quarto Ab'Sáber (2003) comenta que nos Cerrados chovem em
maior bioma brasileiro, superado apenas pela média 1500 a 1800 mm/ano, enquanto no “nordeste
Amazônia, cerrados e Mata Atlântica. seco” apenas 268 a 800 mm/ano em média.

O "Domínio das Caatingas" apresenta uma área de clima Mesmo em ambientes próximos como a Mata Atlântica,
quente, onde os meses apresentam média térmica chove-se cerca de 2,5 vezes mais que muitas áreas dos
superior a 18°C. A pluviosidade oscila entre os 260 a sertões, chegando de 6 a 9 vezes mais chuva do que em
1000mm anuais, com a existência de uma estação seca áreas mais rústicas e secas da caatinga.
bem marcada que se prolonga por 3 a 11 meses,
havendo certas áreas de clima semi-árido quase A caatinga propriamente dita começa a se expressar em
desértico caracterizadas por 9 a 12 meses sem água. Alagoas a partir dos municípios de Batalha, Olho D'água
das Flores, Palestina, adentrando-se até Delmiro
A vegetação apresenta uma sucessão de espécies Gouveia, continuando pelos estados de Sergipe, Bahia e
arbustivas e arbóreas, xerófitas, suculentas e Pernambuco. Na região do rio São Francisco, a caatinga
espinhetas, que dependendo das condições do solo, se estende desde Traipú e Belo Monte, seguindo rio
altitude e disponibilidade hídrica podem variar em sua acima em municípios como Pão de Açúcar, Piranhas,
fisionomia e composição florística. Olho d'água do Casado, e Delmiro Gouveia, no sertão do
São Francisco
É possível notar formações florestais com árvores de até
30 metros de altura (matas secas), em geral decíduas e Solos expostos e rasos marcam a paisagem espinheta e
localizadas em áreas mais úmidas. acinzentada, por vezes plana, pontuada por serras e
serrotes rochosos (inselbergues). Grandes e pequenas
Formações arbustivo-arbóreas são frequentes,
fazendas demarcam o solo e promovem ampla
compostas por árvores espinhetas de médio porte (até
supressão vegetal para criações de bois, vacas e bodes.
15 metros de altura), bem como cactáceas e
Por vezes cultiva-se feijão, milho, palma forrageira,
bromeliáceas. Em regiões de solos profundos e
algodão, fumo, ou então se vê a terra abandonada por
arenosos, a caatinga assume um aspecto baixo (de 5 a 7
pura falta de água.
metros de altura), é a “caatinga de raso”.
A caatinga sofre com as frequentes retiradas de
E em áreas de solos rasos, quase rochosos, a vegetação madeira, que servem de lenha, estaca mourão, e com
predominante é arbustiva, encontrada em áreas que isso fazem desaparecer grandes manchas de florestas
apresentam um curto período de chuvas (4-5meses), secas. A flora, desta forma, vai ficando cada vez mais
altas temperaturas (média anual de 27ºC) e empobrecida, onde muitos exemplares típicos
pluviosidade entre 250 - 800mm anuais. simplesmente desapareceram, ou são apenas
Segundo Ab'Sáber (2003), o 'Domínio das Caatingas” é encontrados em encostas íngremes das serras.
um dos três espaços semiáridos da América latina, Campanhas de campo feitas por equipes do IMA
sendo uma região de grande contraste para um país Herbário MAC, em municípios sertanejos resultaram
como o Brasil, que numa coleção florística significativa.
Cobertura Vegetal de Alagoas 111

No banco de dados do Herbário MAC consta inúmeras Malvaceae - Ceiba glaziovii (barriguda)
espécies botânicas, onde apresentamos a seguir alguns Mimosaceae - Anadenanthera macrocarpa (angico-
dos seus principais repreentantes. vermelho), A. colubrina (angico), Pithecellobium diversifolium
(jurema), Pithecellobium cacariensis, Mimosa hostilis
(jurema-preta)
Moraceae - Brosimum potabile (leiteira)
Anacardiaceae - Astronium urundeuva (aroeira), Spondias Orchidaceae - Brassavola tuberculata, Catasetum sp.
tuberosa (umbu), Schinopsis brasiliensis (baraúna) Epidendrun sp. Vanilla palmarum, Oncidium ceboleta
Apocynaceae - Aspidosperma pyrifolium (pereiro) Rhamnaceae - Ziziphus joazeiro (juá)
Araceae - Anthurium affine, Philodendron bipinatifidum Rubiaceae - Guettarda sericea
Arecaceae - Syagrus coronata (ouricuri) Sapindaceae - Sapindus saponaria (sabonete)
B i g n o n i a c e a e - Ta b e b u i a a u r e a ( c ra i b e i ra ) , T. Sapotaceae - Bumelia sartorum (quixabeira)
ipe.T.impetiginosa (ipê-roxo)
Burseraceae - Commiphora leptoploeus (imburana-de-cabão)
Bromeliaceae - Bromelia laciniosa (macambira), Encholirium A sobrevivência do homem sertanejo dependeu e
spectabile (macambira-de-flecha), Neoglaziovia variegata, depende até o hoje do conhecimento adquirido com sua
Tillandsia loliaceae, T. recurvata, T. streptocarpa experiência em lidar com a natureza, cabendo só a ela, e
Cactaceae - Cereus jamacaru (mandacaru), Harrisia em muitas instâncias, sua subsistência, no que se refere
adscendens, Melocactus bahiensis (coroa-de-frade). Opuntia à obtenção de alimentos, medicamentos, matéria prima
inamoena (quipá), Opuntia palmadora, Pilosocereus para a fabricação de utensílios de trabalho, madeira para
gounellei (xique-xique), P. pachicladus (facheiro) edificar casas, transportes, cercas, lenha e carvão.
Caesalpinaceae - Caesalpinia ferrea (pau-ferro), C.
pyramidalis (catingueira), C. microphyla (catingueira rasteira), Por isso, as plantas da caatinga são extremanete úteis
Bauhinia cheilantha (pata-de-vaca), Bauhinia pentandra, para o sertanejo, e isto provocou de certa forma uma
Cassia grandis (canafístula), Parkinsonia aculeata (turco) drástica redução da cobertura vegetal.
Capparaceae - Capparis jacobinae, Capparis flexuosa (feijão-
bravo), Crateva tapia (trapiá) Além de lenha e madeira, muitas espécies são
Celastraceae - Maytenus rigida (bom-nome) medicinais, como é o caso de Caesalpinia ferrea, ou o
Convolvulaceae - Ipomoea subincana, Ipomoea conhecido pau-ferro, pau-ferro-verdadeiro, ou jucá,
sericophylla, uma árvore que atinge grande porte, tronco liso, com
Eriocaulaceae - Paepalanthus myocephalus manchas brancas e flores amarelas.
Euphorbiaceae - Cnidosculos phyllacanthus (favela), C.
quercifolius (faveleira), Croton campestris (velame), C. As raízes do jucá são febrífugas e antidiarréicas. O fruto
sonderianus (marmeleiro), Jatropha molissima (pinhão), tem propriedades béquicas (propriedade de atenuar
Manihot glaziovii (maniçoba), tosse e irritações da faringe) e antidiabéticas. A
Fabaceae - Cajanus indicus, Canavalia brasiliensis, decocção da madeira é anticatarral e contra feridas, a
Machaerium angustifolium (mau-vizinho), Geoffroea spinosa casca é desobstruente, adstringente, e alivia dores
(marizeiro),

Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez. - macambira


Foto: Jôsefa
112 Cobertura Vegetal de Alagoas

Pilosocereus sp. candelabro


Foto: Iremar Bayma

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Cobertura Vegetal de Alagoas 113
114
9- Fauna da Mata Atlântica e dos Sertões
Alagoanos
LAHERT WILLIAM LOBO
Casal de coandu (Coendou prehensilis) repousando em cavidade de árvore.
Foto: Sérgio Leal.

9.1- Vertebrados Terrestres

A maior parte da cobertura vegetal do Estado de Alagoas é Ao longo do tempo, outras formas de uso da terra foram
formada pelos biomas Mata Atlântica e Caatinga, e a estes sendo adotadas, como a diversificação da agricultura e da
estão associadas espécies da fauna comuns aos dois pecuária, aumento da extração de lenha para produção
ambientes ou particulares a cada um deles. Tanto a Mata de carvão e caça dentre outras. Devido ao caráter
Atlântica como a Caatinga apresentam uma grande sistemático dessas atividades, associado ao
riqueza de espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. recrudescimento nas últimas décadas, o bioma caatinga
tem sido destruído ou seriamente descaracterizado
De todos os setores da Mata Atlântica, o Centro
(Zanetti, 1994).
Pernambuco é o mais crítico, restam menos de 4% de
florestas. As florestas do Centro Pernambuco necessitam O Brasil é o maior país em diversidade biológica,
de medidas urgentes de ações de proteção e preservação, abrigando a maior diversidade de mamíferos, com mais
como a criação de reservas e um planejamento regional de 530 espécies descritas. A conservação de mamíferos
direcionado à preservação dos ambientes. tem se beneficiado de iniciativas de organizações
governamentais e não-governamentais, incluindo
O Domínio do Bioma Caatinga abrange cerca de 900 mil avanços na legislação, iniciativas em âmbito nacional para
2
Km , correspondendo aproximadamente a 54% da região definição de áreas prioritárias para conservação, planos
Nordeste e 11% do território brasileiro. Está de manejo para várias espécies ameaçadas,
compreendido entre os paralelos de 2° 54' S a 17° 21' S, e planejamento sustentável da paisagem e a criação de
envolvem áreas dos Estados do Ceará, Rio Grande do novas unidades de conservação.
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, o sudoeste
Segundo Galindo-Leal e Câmara (2005), A Mata Atlântica
do Piauí, partes do interior da Bahia e do norte de Minas
vem a ser um dos 25 hotspots de biodiversidade
Gerais.
reconhecidos no mundo. Hotspots são áreas que
Alterações na caatinga tiveram início com o processo de perderam pelo menos 70% de sua cobertura vegetal
colonização do Brasil, inicialmente como conseqüência da original (neste caso a Mata Atlântica brasileira), e que
pecuária bovina, associada a práticas agrícolas juntas abrigam mais de 60% de todas as espécies
rudimentares. terrestres do planeta.
114 Cobertura Vegetal de Alagoas

A Lista Vermelha de espécies ameaçadas no mundo Atualmente, cerca de 510 espécies de plantas, aves,
(União Mundial para a Natureza - UICN), apresenta mais mamíferos, répteis e anfíbios da Mata Atlântica estão
de 110 espécies da fauna de Mata Atlântica que estão oficialmente ameaçadas de extinção. Algumas estão
ameaçadas, das quais, 29 são consideradas ameaçadas apenas no bioma, outras em todo o Brasil e
criticamente em perigo. A lista oficial da fauna outras em nível global (MMA, 2000; Tabarelli et al,
ameaçada do Brasil inclui mais de 140 espécies de 2002).
vertebrados terrestres da Mata Atlântican (Tabela 01).

Tabela 01: Número total de espécies endêmicas e espécies ameaçadas de grupos selecionados da Mata Atlântica.

Espécies endêmicas ameaçadas também existem em ra o bioma. A perda, degradação e fragmentação de


muitas florestas ao norte do rio São Francisco, no habitats e a caça especialmente para o comércio ilegal
“Centro Pernambuco”, um centro de endemismo que são as principais ameaças às aves brasileiras.
distingue por ter a espécies de ave mais ameaçada da
Segundo Silvano & Segalla (2005), desde a década de
América do Sul (Wege & Long, 1995).
1960 até hoje, foram descritas 313 espécies de anfíbios,
No entanto, é necessário urgência porque a perda e a dobrando o número descrito nos 200 anos anteriores.
fragmentação de habitat, resultantes de atividades Do total para o Brasil, 775 espécies, 55 ocorrem na Mata
humanas, constituem as maiores ameaças aos Atlântica de Alagoas, sendo 54 de anuros e 1 de Cecília.
mamíferos terrestres no Brasil.
A maior parte dos relatos de declínio provém da Mata
Em consequência da destruição da Mata Atlântica no Atlântica, onde a principal causa do declínio
estado de Alagoas, populações de espécies típicas de populacional dos anfíbios é, seguramente, a destruição
florestas, tais como o guariba (Alouatta belzebul), a dos habitats, considerando-se também as doenças
jaguatirica (Leopardus pardalis) e o tamanduá-i infecciosas. Outras causas apontadas são a poluição das
(Cyclopes didactylus), encontram-se seriamente águas, a contaminação por pesticidas, as mudanças
ameaçadas de extinção no estado. climáticas, as espécies invasoras, a radiação ultravioleta
e o comércio ilegal de animais silvestres.
A avifauna brasileira é uma das mais ricas do mundo,
com as estimativas recentes variando entre 1.696 e Segundo Moura (2006), a Floresta Ombrófila alagoana
1.731 espécies. Cerca de 10% (193 táxons) dessas estão abriga 80 espécies de répteis das 92 registradas para o
ameaçadas. estado. A destruição do habitat é a ameaça principal. Os
A Amazônia apresenta o maior número de espécies, impactos sobre os lagartos e as cobras, por serem
seguida pela Mata Atlântica e o Cerrado; entretanto, a terrestres, são observados mais facilmente.
maioria das espécies endêmicas do Brasil é encontrada
Devido ao medo e à antipatia das pessoas, as cobras e as
na Mata Atlântica, especialmente nas terras baixas do
anfisbenas geralmente são mortas quando
litoral Sudeste e no Nordeste.
encontradas. Jacarés e tartarugas são perseguidos por
A avifauna da Caatinga aparece como a quarta maior em suas carnes e seus ovos. As áreas protegidas, como
biodiversidade, apresentando um total de 510 espécies, unidades de conservação estaduais, federais e terras
das quais 25 estão ameaçadas de extinção e 15 são indígenas, são a estratégia-chave para a conservação
endêmi-cas do Brasil, sendo que destas, 7 são dos répteis do Brasil.
endêmicas apenas pa-
Cobertura Vegetal de Alagoas 115

9.1.1- Mamíferos
Existe a ocorrência confirmada de 69 espécies de
mamíferos para a Mata Atlântica de Alagoas (Moura,
2006) e 37 espécies de mamíferos para a Caatinga, de
acordo com Oliveira, Gonçalves & Bonvicino (2003).
Dessas 37 espécies que ocorrem na Caatinga, a maior
parte é amplamente distribuída não só nesse
ecossistema, mas também em outros.
Algumas delas apresentam características adaptativas
típicas de outros ambientes, no entanto pode ser
encontrada na Caatinga de forma pontual ou nas
regiões limítrofes.
Sagui-comum (Callitrix jacchus), abundante nos mais diversos ambientes. Portanto, o sertão alagoano, apesar de rico em
Foto: Sérgio Leal.
diversidade de espécies animais, possui poucos táxons
não endêmicos e com grande distribuição na Caatinga e
outros apresentando endemismo, como é o caso do
mocó Kerodon rupestris.
Entre os mamíferos da Caatinga utilizados como
alimento pela população, o mocó é o que mais sofre
com a intensa pressão de caça devido a seu tamanho
grande e qualidade de sua carne. É localizado facilmente
por defecar sempre no mesmo local e apresentar
vocalização de alarme característica.
Outro mamífero típico da Caatinga é o punaré
Thrichomys laurentius, geralmente abundante,
apresentando hábitos preferencialmente
crepusculares, habitando áreas abertas e florestais da
Caatinga, do Cerrado e do Pantanal.
Na Mata Atlântica, entre os mamíferos mais abundantes
estão a preguiça (Bradypus variegatus), o sagui-comum
(Callitrix jacchus), o quati (Nasua nasua) e a cutia
(Dasyprocta prymnolopha).
Gambá - Didelphis albiventris, repousando em oco de árvore.
Foto: Sérgio Leal. Além das espécies já mencionadas, diversas outras de
morcegos podem ser encontradas em Alagoas, nos
ambientes florestais, nas bordas de mata e áreas
abertas com árvores esparsas, podendo apresentar
notável contribuição ambiental na polinização e na
dispersão de espécies vegetais.

Morcego - Carollia perspicillata


Foto: Sérgio Leal.

Punaré - Thrichomys laurentius, roedor abundante na Caatinga.


Foto: Sérgio Leal.
116 Cobertura Vegetal de Alagoas

9.1.2- Aves de-bico-grande Cantorchilus longirostris (Vieillot, 1819);


o pica-pau-anão-canela Picumnus fulvescens (Stager,
A avifauna da Mata Atlântica alagoana faz parte do
1961); o golinho Sporophila albogularis (Spix, 1825), o
complexo de fragmentos florestais costeiros e os “brejos
cardeal-do-nordeste Paroaria dominicana (Linnaeus,
de altitude” situados ao norte do rio São Francisco, que
1758) e o bacurauzinho-da-caatinga Caprimulgus
constitui uma região normalmente denominada Centro
hirundinaceus (Spix, 1825).
de Endemismo Pernambuco.
As três últimas são típicas do nordeste e endêmicas para
Para essa região são conhecidas 434 espécies de aves,
o bioma Caatinga (Sick 1997 apud Telino-Júnior et. al.
deste total 38 espécies e subespécies são endêmicas do
2005). Nesse ecossistema, típico do sertão de Alagoas,
Centro e 40 espécies são consideradas ameaçadas
podem ser encontradas espécies associadas a
segundo o MMA (2003).
ambientes pedregosos e às escarpas rochosas como a
No momento ainda não há dados publicados sobre o águia-chilena (Buteo melanoleucus) e o gibão-de-couro
real número de espécies de aves que devam ocorrer no (Hirundinea ferruginea).
estado de Alagoas. Uma das bases, para a Mata
Cabeça-encarnada - Pipra rubrocapilla.
Atlântica, é a lista de aves registradas para a APA de
Murici que totaliza 288 espécies.
Nessa mesma localidade, há registros de pelo menos 34
espécies endêmicas e/ou ameaçadas de extinção (além
de mais duas não encontradas nos últimos anos),
provavel-mente a maior concentração de aves
ameaçadas no país.
Destas, quatro espécies são as mais ameaçadas,
Philydor novaesi, em situação mais crítica por estar
restrita a um fragmento dentro da ESEC, Myrmotherula
snowi, com cerca de 10 indivíduos, Terenura sicki e
Phylloscartes ceciliae, em situação menos complicada
por apresentarem distribuição mais ampla e por serem
mais resistentes a alterações ambientais.
Algumas espécies já estariam ameaçadas de extinção,
consistindo raridades nesse ecossistema, como o
macuco Tinamus solitários e o gavião-de-pescoço-
branco Leptodon forbesi, espécie endêmica do Nordeste
do Brasil, sendo encontrado apenas nos Estados de
Alagoas e Pernambuco.
Em alagoas, a Mata Atlântica já não é mais habitada pelo
mutum-do-nordeste Pauxi mitu, extinto na natureza,
principalmente pela caça indiscriminada.
Entre as espécies não ameaçadas e típicas de Mata
Atlântica estão o pula-pula Basileuterus culicivorus, o
bico-chato-amarelo Tolmomyias flaviventris, o bem-te-
vi Pitangus sulphuratus, o cabeça-encarnada Pipra
rubrocapilla, a rendeira Manacus manacus e o saí-azul
Dacnis cayana.
Muitas das espécies de aves ocorrem tanto na Mata
Atlântica como na Caatinga, sendo mais abundante em
um desses ambientes, o que poderia estar relacionado
ao processo adaptativo ao longo dos anos.
Algumas espécies só ocorrem no Brasil, sendo bem
numerosas na Caatinga, como o vite-vite-de-olho-cinza
O arapaçu-do-cerrado Lepidocolaptes angustirostris ocorre em
Hylophilus amaurocephalus (Nordmann, 1835); o casaca- vários trechos de caatinga arbustiva no estado de Alagoas.
de-couro Pseudoseisura cristata (Spix, 1824); o garrinchão- Foto: Sérgio Leal.
Cobertura Vegetal de Alagoas 117

Garça-branca - Bulbucus ibis


Foto: Fernando Pinto

Saíra-amarela - Tangara cayana


Foto: Fernando Pinto
118 Cobertura Vegetal de Alagoas

Frango-d’água - Porphyrula martinica Casaca-de-couro - Furnarius figulus


Foto: Fernando Pinto Foto: Fernando Pinto

Fim-fim - Euphonia chlorotica


Foto: Fernando Pinto
Cobertura Vegetal de Alagoas 119

Box - O Mutum-de-alagoas (Pauxi mitu) Inicialmente com o IBAMA foi criado o Comitê Nacional do
FERNANDO PINTO Mutum-de-alagoas, com a participação de diversas
entidades civis e governamentais para desenvolver e
Pertencente à ordem dos Galiformes e Família dos implementar um amplo programa de reprodução em
Cracídeos, o Mutum-de-alagoas insere-se num grupo de cativeiro, criação de áreas protegidas em Alagoas para
aves que ocorre em toda a America Latina, com espécies futuros programas de reintrodução e programas de
distribuídas da Argentina ao México. Os Mutuns são os educação ambiental com comunidades nas antigas áreas
maiores representantes deste grupo, com hábitos de ocorrência da ave.
terrestres e alimentação variada, constando desde frutos e
folhas a sementes e pequenos animais, como artrópodes Hoje o Comitê foi ampliado para o “Comitê Nacional de
em geral. Cracídeos” sob a Coordenação do Instituto Chico Mendes
de Biodiversidade. Atualmente existe um número razoável
Vivem aos casais e constroem seus ninhos com gravetos e de Mutuns-de-alagoas em cativeiro, bem como Reservas
folhas no alto das árvores, onde põem dois ovos brancos. A Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) estão sendo
fêmea choca por um período aproximado de 20 a 25 dias e criadas pelas Usinas de Açúcar do Estado de Alagoas nas
os filhotes já abandonam o ninho assim que nascem e áreas consideradas prioritárias para uma futura
passam a acompanhar os pais. reintrodução dos Mutuns.
Em algumas espécies de Mutuns existe um dimorfismo
sexual acentuado, tendo os machos coloração
predominante preta e as fêmeas com variadas tonalidades
de castanho com riscas pretas e asas e cauda preta.
A redescoberta do Mutum-de-alagoas
O Mutum-de-alagoas foi durante muito tempo
considerada uma subespécie (Mitu mitu mitu) do Mutum-
cavalo da Amazônia (Mitu mitu tuberosa). Atualmente o
Mutum-de-alagoas (Pauxi mitu) é considerado espécie.
Trata-se de uma ave muito rara desde a década de 1950,
quando o eminente ornitólogo Olivério Pinto coletou um
exemplar nas matas do Município de São Miguel dos
Campos, na época uma das matas mais exuberantes do
Nordeste.
Segundo relato do industrial José Nogueira, proprietário da
fábrica de tecido Vera Cruz em São Miguel dos Campos, o
Mutum-de-alagoas era encontrado com certa frequência
nas matas existentes, e alvo de caçadores que tinham certa
predileção por sua carne.
Na década de 1970, Pedro Mário Nardelli, proprietário de
um Criadouro Científico no Rio de Janeiro, esteve em
Alagoas em busca do Mutum-de-alagoas e conseguiu
localizar um exemplar fêmea em cativeiro, na casa de um
morador local. Entusiasmado com a descoberta, Pedro
Nardelli organizou uma expedição em busca dos últimos
Mutuns e conseguiu capturar cinco exemplares que deu
origem aos atuais Mutuns, descendentes desses
exemplares selvagens.
Em seu criadouro em Nilópolis no Rio de Janeiro, Nardelli
com obstinação e persistência desenvolveu um programa
de criação dos Mutum-de-alagoas em cativeiro e graças a
esse trabalho essa magnífica ave não foi extinta.
Situação atual do Mutum-de-alagoas
Com a desativação do Criadouro Científico Mário Nardelli,
44 exemplares desta espécie foram distribuídas em dois
Criadouros Científicos em Minas Gerais e junto a eles
iniciado um novo programa de reprodução em cativeiro
que vem aumentando com sucesso o numero de
indivíduos.
120 Cobertura Vegetal de Alagoas

9.1.3- Répteis e anfíbios (Herpetofauna)


A Mata Atlântica do Estado de Alagoas possui 92
espécies de répteis, sendo na maioria serpentes. Dentre
essas espécies, 4 são endêmicas para Alagoas: Bothrops
muriciensis, Coleodactylus sp. nov., Lyotyphlops sp. nov.
e Dendrophidion sp. nov. No caso dos anfíbios, são
reconhecidas 55 espécies de ocorrência para esse
mesmo ecossistema.
Dentre estas espécies, 6 são endêmicas do estado de
Alagoas (Colosthethus alagoanus, Dendropsophus
Iguana (Iguana iguana) fêmea em vegetação florestal. Observar o studerai, Physalaemus caete, Phyllodytes edelmoi,
volume aumentado da região abdominal, o que indica que está próxima Phyllodytes gyrinaethes e Chiasmocleis alagoanus) e
do período de postura dos ovos.
Foto: Sérgio Leal. uma está na lista oficial de espécies ameaçadas do
IBAMA (a perereca Hylomantis granulosa) (MOURA,
2006).
No caso do bioma Caatinga, uma amostra quantitativa
de espécies, ainda que certamente longe da diversidade
real desse ambiente, pode ser encontrado em Rodrigues
(2003), com 10 espécies de serpentes, 19 de lagartos e
12 de anfíbios, assinaladas para Xingó, Alagoas.
Na Mata Atlântica podemos encontrar répteis como o
calango-verde Ameiva ameiva, a iguana Iguana iguana,
o teiú Tupinambis merianae e a cobra-verde Philodryas
olfersii, além dos anfíbios rãzinha-do-chão-da-mata
Ischnocnema gr. ramagii, sapo-cururu-grande Rhinella
jimi, perereca-verde Hypsiboas albomarginatus e gia-
de-peito Leptodactylus vastus.
No caso da Caatinga, as espécies mais típicas de répteis,
Tropidurus semitaeniatus. Lagarto comum na Caatinga, por exemplo, são a catenga-de-listra-branca Tropidurus
normalmente encontrado sobre rochas se aquecendo.
Foto: Sérgio Leal.
semitaeniatus e a cascavel Crotalus durissus, e de
anfíbios, o sapo-boi Proceratophrys cristiceps e a
perereca-de-capacete Corythomantis greeningi.

Teiú - Tupinambis merianae, observado com


frequência nas áreas de canavial ou nas bordas
de ambientes florestais. É um dos predadores
de aves que colocam ovos no chão.
Foto: Sérgio Leal.
Cobertura Vegetal de Alagoas 121

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Calango na caatinga
Foto: Jôsefa
122 Mangues de Alagoas

Mangues de Alagoas
Mangues de Alagoas 123

10- Mangues de Alagoas 10.1 - Distribuição dos manguezais no litoral de


Alagoas

Em Alagoas, os manguezais são encontrados na faixa


litorânea em sua totalidade, estendendo-se desde o
limite Norte (litoral) no município de Maragogi até
Piaçabuçu no Sul (litoral) do estado, tendo sua
ocorrência tanto fluvial como litorânea, estando sua
concentração nas áreas de lagunas (lagoas) como nos
casos de: Manguaba, Mundaú, Roteiro, e Jequiá, e nas
Os manguezais são formações vegetacionais que faixas fluviais dos rios Manguaba, Camaragibe,
ocorrem nas regiões tropicais do planeta onde há o Persinunga, São Francisco, Coruripe e Poxim, além de
encontro de água doce proveniente de rios ou outros existentes no litoral alagoano.
lagunas, e água salgada dos mares e oceanos.
A partir do litoral norte é possível encontrar mangues
São ecossistemas costeiros, de transição entre nos rios Persinunga (divisa com Pernambuco), rio dos
ambientes terrestre e marinho comum em regiões Paus, rio Maragogi e rio Salgado (Maragogi), riacho
tropicais e subtropicais, sujeitos ao regime das marés, Cucuoba (Japaratinga), rio Manguaba (divisa entre
adaptados às variações de salinidade, e formado por Japaratinga e Porto de Pedras), rio Tatuamunha e
espécies vegetais lenhosas típicas, caracterizada por Riachão (Japaratinga e São Miguel dos Milagres), rio
colonizarem sedimentos predominantemente lodosos, Camaragibe (Passo do Camaragibe), rio Santo Antônio
com baixos teores de oxigênio. (Barra de Santo Antônio), rio Sapucaí (entre Paripueira e
Barra de Santo Antônio), rio Sauaçuhy (entre Maceió e
Paripueira).
“Os ecossistemas manguezal e marisma geralmente Na região de Maceió, capital do Estado, muitos
estão associados às margens de baías, enseadas, manguezais ainda resistem à crescente expansão
barras, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias urbana, entre eles um dos raros mangues costeiros que
costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do se distribui paralelo à costa, tendo por um lado cordões
mar, ou diretamente expostos à linha da costa. São arenosos formando praias (região de Ipioca), sucedido
sistemas funcionalmente complexos, altamente por baixios que formam meandros inundáveis pelas
resilientes e resistentes e, portanto, estáveis. A águas do mar durante a maré alta. Entre os mangues
cobertura vegetal, ao contrário do que acontece nas estuarinos tem-se nos rios Meirim, Pratagy, riacho
praias arenosas e nas dunas, se instala em substratos de Guaxuma, e riacho Jacarecica.
vasa de formação recente, de pequena declividade, sob
Entre os municípios de Maceió, Marechal Deodoro,
a ação diária das marés de água salgada ou, pelo
Coqueiro Seco e Santa Luzia, no litoral sul, a primeira
menos, salobra”.
grande lagoa, a Mundaú, resguardam remanescentes
Schaeffer-Novelli, 1999 de mangues que se distribuem em suas margens, em
ilhas e bancos de areia que constantemente se formam
em meio aos numerosos canais.
Os mangues ocorrem em regiões costeiras abrigadas e Outra grande lagoa, desta vez em Marechal Deodoro e
apresentam maior desenvolvimento na faixa entre os Pilar, a Manguaba também apresenta mangues,
trópicos de câncer e de capricórnio, podendo atingir principalmente nos trechos mais próximos ao mar onde
outras latitudes, porém com menor desenvolvimento há maior influência da salinidade. Mundaú e Manguaba
devido ao clima mais rigoroso. Graças às condições se intercomunicam através de canais, formando um
propiciais para alimentação, proteção e reprodução de complexo estuarino denominado de CELMM (Complexo
muitas espécies animais é considerado como Estuarino Lagunar Mundaú Manguaba).
importante transformador de nutrientes em matérias
Entre os tabuleiros costeiros e o mar se formam canais
orgânicas e gerador de bens e serviços.
em meandros que constituem “ilhas” onde
Os manguezais são encontrados ao longo de predominam manguezais, e nos terrenos mais secos e
praticamente todo litoral brasileiro, desde o Amapá, arenosos restingas e praias.
margeando estuários, lagunas e enseadas, até Laguna
Esses ambientes atualmente sofrem grande pressão
(28º30'S), em Santa Catarina, limite austral desse antrópica, apesar da região já ter sido reconhecida como
ecossistema no Atlântico Sul Ocidental. (Yokoya, N. S., uma Área de Proteção Ambiental (APA de Santa Rita
1995). graças à maior ilha do complexo estuarino).
124 Mangues de Alagoas

Diferentemente da região norte, o sul de Alagoas possui 10.2- Principais formações de manguezais do Estado de
uma costa mais estreita, tendo os tabuleiros costeiros Alagoas
terminando de forma mais abrupta, originando falésias
10.2.1- Complexo Estuarino Lagunar Mundaú
vivas. As bocas dos rios são então estranguladas e por
vezes escavam nos sedimentos dos tabuleiros largas Manguaba - CELMM (Litoral Centro)
passagens para suas águas. O Complexo Estuarino Lagunar Mundaú e Manguaba
Com o fluxo da maré de encontro ao curso dos rios há a têm origem a partir das bacias dos rios Paraíba do Meio e
tendência natural de formar lagunas, sendo estas Sumaúma Grande (Laguna Manguaba), e Mundaú
desenvolvidas através dos milhares de anos por meio de (Laguna Mundaú). A bacia do rio Sumaúma Grande e
sucessivos avanços e recuos dos mares sobre o Paraíba do Meio localizam-se na porção centro-sul-leste
continente. da Microrregião Homogênea de Maceió.

O município de Roteiro e Jequiá da Praia apresentam A bacia do rio Sumaúma Grande drena uma área de
diversas lagunas, a maioria delas com formações de cerca de 372km² dos municípios de Boca da Mata,
mangues, dentre as quais se destaca a laguna de Roteiro, Maribondo, São Miguel dos Campos, Pilar e Marechal
na boca do rio São Miguel. Deodoro.
As demais lagunas que apresentam mangues são: lagoa A bacia do Paraíba do Meio ocupa a parte meridional da
Comprida, lagoa Taboados, lagoa Azeda, lagoa Mata Alagoana, tem suas nascentes situadas em
Jacarecica do Sul, e lagoa Jequiá (rio Jequiá), além do rio Pernambuco e suas águas drenam 13 municípios
Poxim a maior parte em Jequiá da Praia. alagoanos, numa área estimada de 3.157km² (Atalaia,
Os rios Coruripe, em Coruripe, e o São Francisco, no Cajueiro, Capela, Chã Preta, Maribondo, Mar Vermelho,
limite sul do estado, também apresentam em seus Palmeira dos Índios, Paulo Jacinto, Pindoba, Quebrangulo,
estuários formações de manguezais. Viçosa, Pilar e Marechal Deodoro).

Outras pequenas manchas de mangue podem ser A laguna Manguaba tem uma área de 42km² e se comunica
observadas ponteando o litoral, muitas vezes são com a laguna de Mundaú através de canais que cobrem
testemunhos de que havia riachos que desaguavam no uma área de 12km². A laguna Mundaú, com seus 27 km²,
mar, mas que foram severamente afetados pela forte tem sua origem a partir da bacia do rio Mundaú, que drena
ocupação agrícola na zona da mata e litoral de Alagoas. uma área com cerca de 4.126 km², cobrindo os municípios

Canais e meandros da Laguna


Mundaú, tendo ao fundo a
cidade de Maceió.
Foto: Iremar Bayma
Mangues de Alagoas 125

alagoanos de São José da Laje, Satuba, União dos Além destes, cita-se o extrativismo de animais e plantas
Palmares, Atalaia, Branquinha, Capela, Coqueiro Seco, (madeiras do mangue e das matas ciliares, coleta de
Ibateguara, Messias, Murici, Pilar, Rio Largo, Santana do crustáceos e moluscos); pesca (redes finas e de arrasto,
Mundaú, Santa Luzia do Norte e Maceió. garatéias), expansão urbana (residências em áreas de
preservação permanente, condomínios, loteamentos);
Mundaú e Manguaba banham os municípios de Maceió, despejos de esgotos e lixo doméstico; aterros;
Marechal Deodoro, Coqueiro Seco, Pilar e Santa Luzia do queimadas; gasodutos, oleodutos, tubulações de cloro-
Norte, sendo Maceió o centro urbano mais desenvolvido. químicos (pólo industrial de Marechal Deodoro); poços
de petróleo e gás natural (em áreas de Mata Atlântica no
entorno das lagoas).
Geomorfologia das bacias
Os níveis de conservação dos ambientes naturais do
Sumaúma Grande: Sua nascente encontra-se sobre o CELMM dependem diretamente da ação da sociedade
Domínio do Cristalino Batólito Pernambuco - Alagoas e local e dos órgãos ambientais governamentais.
sobre os sedimentos do Grupamento Barreiras parte das
margens do rio é formada por falésias abruptas dos Muitas ações de fiscalização sobre empreendimentos
clásticos do Grupo Barreira. tentam promover um convívio saudável entre
empreendedores e natureza, mas ainda faltam
Paraíba do Meio: Boa parte do rio está sobre o Domínio conscientização e investimentos na área de educação e
do Cristalino Batólito Pernambuco - Alagoas, na região de infra-estrutura, bem como a aplicação das leis
foz (Laguna Manguaba) se apresenta sobre o Domínio ambientais que visam proteger este importantíssimo
Sedimentar da bacia Alagoas - Sergipe (Grupamento complexo estuarino.
Barreiras); há registros de conglomerados do Membro
Carmópolis da Formação Muribeca, folhelhos da
Formação Ponta Verde e arenitos da Formação Coqueiro
Seco.
Mundaú: As nascentes e parte do curso médio estão
localizadas sobre o Domínio do Cristalino Batólito
Pernambuco - Alagoas, e gnaisses do Escudo Brasileiro. Em
seguida o rio flui sobre os sedimentos da Bacia Alagoas -
Sergipe (Formação Muribeca), havendo também
afloramentos de arenitos e folhelhos da Formação
Coqueiro Seco e arenitos da Formação Penedo.
Manguezal: 1.274,89 hectares
O mangue apresenta um dossel máximo de 15 metros de
altura com emergentes atingindo até 25 metros de altura.
As espécies observadas foram: Laguncularia racemosa
(muito frequente), Rhizophora mangle (frequente),
Avicennia schaueriana (comum), Avicennia germinans
(comum).
Os ambientes contíguos aos mangues são as Praias,
recifes, restingas, brejos, Mata Atlântica, rios, várzeas, e as
culturas agrícolas no entorno mais frequentes são os
coqueirais, cana-de-açúcar, e lavouras de subsistência.
Impactos ambientais observados
Os manguezais do CELMM estão sob influência de diversos
tipos de interferências humanas, ocasionando diferentes
níveis de impacto sobre os seres vivos, e meio físico.
Os impactos são oriundos de atividades agrícolas,
industriais (usinas, petroquímica, matadouros,
fertilizantes), turísticas (bares e restaurantes em margens Ponta do Camurupim, Laguna Manguaba - Marechal Deodoro / Pilar.
de mangues, circulação de barcos e jet-ski, etc.). Foto: Iremar Bayma
126 Mangues de Alagoas

Estuário do rio São Miguel / Laguna de Roteiro.


Foto: Iremar Bayma

10.2.2- Laguna de Roteiro (Litoral Centro) Os ambientes contíguos aos mangues são as Praias,
recifes, restingas, brejos, Mata Atlântica, rios, bem como
O estuário do rio São Miguel é uma das mais
as culturas agrícolas no entorno composta de coqueirais,
exuberantes formações naturais do litoral sul alagoano, lavouras de cana-de-açúcar, e lavouras de subsistência.
apresentando a lagoa de Roteiro ladeada por encostas
de tabuleiro, e uma série de ilhotas repletas de
vegetação, canais e meandros. Os manguezais da lagoa Impactos ambientais observados
de Roteiro podem ser considerados os mais bem
Os manguezais de Roteiro sofreram grande ação
conservados, apresentando bosques homogêneos que
antrópica na região de foz, onde hoje é a cidade de Barra
chegam a atingir os 25 metros de altura.
de São Miguel, que veio a se desenvolver na orla
A bacia do rio São Miguel está situada na porção meio- litorânea sobre terrenos de marinha, ora ocupada por
centro-meridional-leste de Alagoas, Mesorregião do restingas, ora manguezais, e parte das encostas de
Leste Alagoano e Mesorregião do Agreste Alagoano, tabuleiro onde havia a Mata Atlântica.).
entre as Microrregiões Homogêneas de Palmeira dos Na região de foz existe um imenso banco arenoso em
Índios e Tabuleiros de São Miguel dos Campos. Drena parte tomado por vegetação de mangue e conhecida
uma área de 754km², banhando os municípios de como “ilha-três-corações”, onde é possível constatar a
Anadia, Belém, Barra de São Miguel, Boca da Mata, destruição do manguezal para o plantio de coco-da-
Maribondo, Mar Vermelho, Tanque D'Arca, Roteiro, São bahia.
Miguel dos Campos e Barra de São Miguel.
Na verdade os mangues estão encaixados e
Manguezal: 584,42 hectares pressionados pela situação do relevo. Na margem
esquerda as encostas são abruptas, mas mesmo assim a
A vegetação de mangue apresenta um dossel máximo Mata Atlântica fora severamente antropizada, tendo os
de 25 metros de altura, e as espécies observadas foram tabuleiros completamente devastados para a
Laguncularia racemosa (frequente), Rhizophora introdução da cana-de-açúcar. Na margem direita a
mangle (muito frequente), Avicennia schaueriana transição entre planície arenosa costeira e tabuleiro se
(pouco comum), Avicennia germinans (pouco comum). dá de forma mais suave.
Mangues de Alagoas 127

Na zona costeira arenosa, local de restingas, os 10.2.3- Rio Meirim (Litoral Norte)
coqueirais se espalham até o limite dos mangues, e nos
tabuleiros é a vez da cana-de-açúcar, pressionando
manguezais e ambientes aquáticos que circundam a O rio Meirim, ou Santo Antônio Mirim, posiciona-se na
lagoa de Roteiro. região norte-oriental da Microrregião Homogênea de
Maceió. Suas águas drenam desde a zona da mata
Na lagoa propriamente dita, os mangues vão perdendo
atingindo o litoral. O estuário do Meirim é seccionado
espaço e se misturando a uma vegetação ciliar, ou sendo
pela AL-101N, na altura do povoado de Pescaria, que fica
ocupados por canaviais, e por ambientes urbanizados.
às margens do rio.
O estuário de Roteiro também recebe em suas águas
A bacia do rio Meirim drena 272km² dos municípios de
despejos sanitários de inúmeros municípios da bacia do
Fleixeiras, Messias e Maceió. Principal afluente é o
São Miguel, e sofre com o excesso de pesca, com o
riacho do Senhor, posicionado na margem esquerda.
assoreamento e deposição de resíduos sólidos, corte
esporádico de mangue e outros tipos vegetacionais. Manguezal: 117,97 hectares, distribuídos em 19
fragmentos.
É importante citar que na região de foz do rio São Miguel
desemboca o rio Niquim, que também apresenta O Dossel máximo atinge os 8 metros de altura, e as
ambiente de mangue que se inicia desde a altura da espécies observadas são a Laguncularia racemosa
ponte sobre a AL-101 sul até sua foz. (muito frequente), a Rhizophora mangle (frequente) e a
Avicennia schaueriana (pouco frequente).
Este manguezal encontra-se sob forte pressão por parte
da intensa urbanização que vem passando a cidade Os ambientes contíguos ao mangue são as praias e
Barra de São Miguel. Muitas residências foram restingas, além do ambiente aquático fluvial (rio). As
construídas nas margens do rio Niquim, ocupando áreas culturas agrícolas no entorno mais frequentes são os
de mangues, muitas vezes sendo aterradas, restando coqueirais, lavouras de milho, batata-doce, quiabo,
agora muito pouco desta vegetação natural. feijão, banana, macaxeira (exceto o coco - as demais são
lavouras de subsistência).

Rio Meirim e povoado de Pescaria, Maceió


Foto: Iremar Bayma
128 Mangues de Alagoas

Impactos ambientais observados O manguezal apresenta trechos em estágio inicial de


regeneração natural, onde é possível notar bancos
arenosos com plântulas com 50 cm de altura. Em certos
O estuário do Meirim não deságua diretamente no mar, trechos, o mangue fora completamente erradicado, e
em linha perpendicular à linha de costa, mas forma em outros floresce em diversos níveis de conservação.
meandros no sentido nordeste sudoeste, tendo sua
atual boca na altura do clube do Banco do Brasil. O curso
do rio continua paralelo à linha de costa rumo sudoeste 10.2.4- Rio Santo Antônio (Litoral Norte)
até próximo à praia do Mirante da Sereia, onde se
Posiciona-se na região oeste e centro-extremo-sudeste
abastece de águas do lençol freático.
da Microrregião Homogênea do Litoral norte alagoano,
Essa configuração deste ecossistema lhe confere grande percorrendo desde a zona da mata até o litoral alagoano,
beleza, o que lhe fez atrair alguns investidores do ramo tendo sua foz no município de Barra de Santo Antônio.
do turismo. Atualmente encontram-se edificados
A bacia do rio Santo Antônio tem como afluentes da
hotéis, clubes, residências e bares nos limites do
margem direita os rios Poço Cortado, Mortos,
manguezal, o que lhe custou grandes danos,
Castanhinha e Jitituba, e na margem esquerda os rios
principalmente decorrentes de cortes de madeira,
Uruçu, Quitunde e Caiana, e drenam 1.024km² dos
aterros, deposição de lixo, emissão de esgotos.
municípios de Fleixeiras, Murici, Messias, Barra de Santo
A estrada que cruza o rio também trouxe diversos tipos Antônio e São Luiz do Quitunde.
de impactos. O entorno do núcleo urbano de Pescaria,
Manguezal: 294,04 hectares em mais de 30 fragmentos.
um antigo povoado de pescadores, foi perdendo com o
tempo a característica de vila e passando a abrigar
muitas residências, sítios, casas de veraneio e pequenos
O Dossel máximo do mangue é de 15 metros de altura,
negócios, muitos deles instalados nas bordas do
havendo emergentes com até 20 metros (mangue
mangue e apicuns, nos terrenos de praia e encostas,
preto).
resultando numa série de impactos ambientais.

Estuário do rio Santo Antônio, Barra de Santo Antônio.


Foto: Iremar Bayma
Mangues de Alagoas 129

As espécies observadas foram a Laguncularia racemosa Muitos trechos de mangue da região de foz são
(muito frequente), a Rhizophora mangle (muito descontínuos, por conta da necessidade de espaços
frequente), a Avicennia schaueriana (comum para atracar as balsas que transportam passageiros e
frequente em trechos específicos, e distante da foz), e a veículos de um lado a outro do rio.
Avicennia germinans (frequente, mas também na Na margem esquerda, além do mangue, a restinga
região mais distante da foz). também se apresenta severamente antropizada, tendo
sua área cedido lugar para a cidade e seus loteamentos
Os ambientes contíguos observados são as praias, rio,
à beira mar.
várzeas e a Mata Atlântica em encosta. Já entre as
culturas agrícolas no entorno estão os coqueirais e as Com uma largura variável, o Santo Antônio apresenta
lavouras de subsistência (milho, mandioca, macaxeira, ilhas de mangue que surgiram graças ao processo de
banana, feijão, batata-doce, frutíferas diversas) e por assoreamento de seu leito.
último, pastagens. Durante a maré baixa é possível notar grandes bancos
de areia, o que torna difícil a navegação. Barcos de
grande calado só podem circular no período de maré
Impactos ambientais observados alta, em pontos específicos, ou nos canais naturais.
O estuário do rio Santo Antônio apresenta A partir do segundo terço do estuário do Santo Antônio
características bem marcantes desde sua foz até as é possível notar a presença de bosques de mangue-
partes mais altas, aonde a influência da salinidade vai canoé competindo de igual monta em relação a
perdendo seu efeito. mangue-branco e mangue-vermelho, porém é possível
vislumbrar bosques monotípicos, onde só Avicennia
Na boca do rio, os mangues branco e vermelho formam schaueriana domina a paisagem.
grandes manchas na margem esquerda, e na direita a
A partir do último terço as demais espécies rareiam e a
forte pressão antrópica pressionou o mangue de forma paisagem típica do mangue se transforma, tanto pela
a criar pequenos grupos que ponteiam até os limites da mudança dos aspectos físico-químicos da água quanto
cidade. Logo após este trecho, os mangues voltam a se pela presença humana, destruindo a mata ciliar.
expressar com maior vigor, porém, desta vez,
pressionados pelas lavouras de coco. Observa-se, portanto, em ambas as margens do rio,
bosques estreitos com árvores altas, de até 20 metros
de altura, folhas estreitas, troncos enegrecidos e de
diâmetro expressivo, trata-se de Avicennia germinans
(mangue-preto).
É importante frisar a ocorrência de um “sambaqui”, que
se trata de um sítio histórico, que basicamente é um
depósito de conchas (ostras, e diversas espécies de
moluscos marinhos) depositadas por povos primitivos.
Este sambaqui encontra-se na beira do rio, em sua
margem direita, num trecho alto, entre mangues, e
visivelmente seccionado pelo rio, ou seja, houve um
desvio no curso do rio e o mesmo passou a correr
entrecortando o sambaqui, revelado num barranco
onde as conchas se acumulam.
Diversos são os impactos ambientais observados no
estuário do rio Santo Antônio. Vão desde a supressão de
vegetação de mangue para fins diversos e culminam na
instalação de fazenda de cultivo de camarão.
Cita-se também a emissão de esgotos e lixo na beira do
rio e nos mangues, aterros clandestinos, construção em
área de mangue, contaminação da água por
combustíveis e óleos lubrificantes das embarcações, e a
supressão da vegetação de restinga nos ambientes
contíguos.

Mangues do rio Santo Antônio, e flagrante do lixo lançado em sua margens.


Fotos: Iremar Bayma
130 Mangues de Alagoas

Estuário do rio Camaragibe


Foto: Iremar Bayma

10.2.5- Rio Camaragibe (Litoral Norte) constituídas por coqueirais, pastagens e canaviais, além
de lavouras de subsistência (milho, mandioca,
A bacia do rio Camaragibe posiciona-se na região oeste macaxeira, banana, feijão, batata-doce, e frutíferas
e centro-extremo-sul da Microrregião Homogênea do diversas).
Litoral norte alagoano, percorrendo desde a zona da
Impactos ambientais observados
mata até o litoral alagoano, tendo sua foz no município
de Passo do Camaragibe. Seus principais afluentes são O rio Camaragibe foi vítima constante das usinas de
os rios Galho do Meio e Salgado. açúcar, onde derrames de “tiborna” (vinhaça) eram
constantes, causando grande mortandade de peixes.
O Camaragibe drena os municípios de Colônia Com a destruição de grandes áreas de Mata Atlântica, o
Leopoldina, Joaquim Gomes, Ibateguara, Novo Lino, processo de assoreamento foi intensificado, o que
Matriz de Camaragibe e Passo do Camaragibe, numa comprometeu a navegação em suas águas.
área estimada em 892 km².
No passado grandes barcaças subiam o rio para
Manguezal: 763,26 hectares. transportar o açúcar produzido nos inúmeros
O manguezal apresenta um dossel máximo de 15 engenhos. Atualmente o transporte fluvial é incipiente,
metros de altura, havendo emergentes com até 20 reduzido a pequenas canoas e barcos de pesca.
metros (mangue-vermelho). As espécies observadas Ainda é possível vislumbrar grandes manchas de
foram a Laguncularia racemosa (muito frequente), a manguezal em suas margens, contudo é visível que
Rhizophora mangle (muito frequente), a Avicennia muitos fragmentos foram desbastados, o que atesta o
schaueriana (pouco frequente) e a Avicennia germinans porte baixo em muitos trechos. A cana-de-açúcar
(pouco frequente). ocupou as encostas e tabuleiros, e os pastos os baixios e
Os ambientes contíguos ao mangue são as praias e rio, mata vales, muitas vezes em áreas antes ocupadas por
de restinga e brejos. As culturas agrícolas no entorno são mangues.
Mangues de Alagoas 131

Muitos ecossistemas contíguos desapareceram, A rodovia que liga Barra do Camaragibe a Porto de
restando poucas áreas brejosas intactas. Também se Pedras também contribuiu para que boa parte do
observa o corte esporádico de madeira do mangue para manguezal fosse suprimida, décadas atrás.
fins diversos. A pesca com redes de malha fina nas bocas
Em entrevistas com moradores, soube-se de recentes
de meandros ou na margem do mangue também é
desmatamentos e o uso de bombas para pesca,
outro impacto notável.
trazendo revolta de muitos pescadores locais.
A deposição de lixo nas bordas, principalmente na
Alguns moradores promoveram a recuperação de
margem da rodovia que liga Passo do Camaragibe a
alguns trechos de manguezal, organizando plantios.
Barra do Camaragibe, é outro ponto negativo no
Hoje há bosques de mangue branco com quase 2
estuário, onde certos trechos da rodovia junto ao
metros de altura, fruto do esforço de conservação de
mangue se transformam em verdadeiros lixões (golpe
pessoas que se preocupam com o bem natural, pois
baixo para o turismo).
“favorece a pesca e atraem visitantes”, comentam.
Muitas residências estão posicionadas na borda do
Atualmente o manguezal de Tatuamunha vem
mangue, onde seus proprietários lançam seus dejetos e
recebendo atenção especial, pois em suas águas
esgotos diretamente na vegetação (margem esquerda
convive um dos mais ameaçados mamíferos marinhos,
do Camaragibe). Em sua margem direita, inúmeros
o peixe-boi (Trichechus manatus).
sítios e fazendas se instalam nas bordas do mangue,
muitas vezes suprimindo-o em grandes trechos,
abrindo acesso ao rio.

10.2.6- Rio Tatuamunha (Litoral Norte)

O rio Tatuamunha se posiciona na região meio-centro-


extremo-leste da Microrregião Homogênea do Litoral
norte alagoano, drenando parte da zona fisiográfica da
Mata e do Litoral. Sua bacia possui uma área de 272km²,
e tem como formadores da bacia os rios Pau Amarelo,
Bocrotó, Manjericão, Triunfo, Tatuamunha, Comporta,
Lages, Fonte Grande, Paíano, Oliveira e Marceneiro, que
drenam os municípios de Passo do Camaragibe, São
Miguel dos Milagres e Porto de Pedras.
Manguezal: 177,59 hectares, distribuídos em 18
fragmentos.
Canais e meandros do rio Tatuamunha, Porto de Pedras.
O dossel máximo atinge os 15 metros de altura, sendo Foto: Iremar Bayma
as espécies observadas a Laguncularia racemosa
(freqüente), a Rhizophora mangle (frequente),
Avicennia germinans (rara), e Avicennia schaueriana
(rara).
Praia e rio são os ambientes contíguos observados, bem
os coqueirais se apresentam como a única cultura
agrícola no entorno.
Impactos ambientais observados
Os principais impactos observados nos manguezais de
Tatuamunha são decorrentes da expansão urbana local,
onde diversos povoados cresceram às margens do rio
Tatuamunha, ocupando os mangues, restingas e brejos.
Muitas residências têm como quintal o mangue, onde a
população invariavelmente o utiliza para lançar seu Marisqueiras em atividade na maré baixa, mangue do rio Tatuamunha.
esgoto doméstico e o lixo. Quando em vez há pocilgas e Foto: Iremar Bayma
galinheiros bem dentro da vegetação, o que traz um
132 Mangues de Alagoas

10.2.7- Rio Manguaba (Litoral Norte) Os ambientes contíguos ao mangue são as praias, rio e
brejos, e as culturas agrícolas no entorno consistem de
coqueirais, canaviais, pastagens e lavouras de
A bacia do rio Manguaba possui uma área de 640km² e subsistência.
se posiciona na região meio-centro-norte da
Microrregião Homogênea do Litoral Norte Alagoano, Impactos ambientais observados
drenando parte da zona fisiográfica da Mata e do Litoral.
A cidade de Porto de Pedras foi estabelecida na foz do
Seus afluentes são os rios Manguabinha, Tapamundé, rio Manguaba, o que significou em grandes impactos
das Pedras, Mucaitá, Macacos, Apara, Canavieiro, sobre os manguezais e ecossistemas costeiros
Floresta, São João, Camandatuba, Gurpiuna, que adjacentes desde o período da colonização.
drenam os municípios de Porto de Pedras, Japaratinga,
Porto Calvo, Jundiá e Novo Lino. Contudo o que se observa com maior atenção é a
pressão antrópica causada pela agricultura em toda
Manguezal: 739,18 hectares. bacia deste, acarretando grandes alterações ambientais
O dossel máximo do mangue revelou uma altura média em ambientes de Mata Atlântica, nas restingas,
de 15 metros, com indivíduos emergentes com até 25 manguezais e brejos.
metros de altura (bosques de Avicennia germinans - A cana-de-açúcar, coqueirais e pastos são as principais
região mais distante da foz). atividades agrícolas, e as que mais ocasionaram danos
As espécies observadas foram a Laguncularia racemosa ambientais.
(muito frequente), a Rhizophora mangle (muito
frequente), Avicennia germinans (frequente) e a
Avicennia schaueriana (pouco frequente).

Manguezal no estuário do rio Manguaba, Porto de Pedras.


Foto: Iremar Bayma
Mangues de Alagoas 133

10.2.8- Rio Maragogi (Litoral Norte) Os ambientes contíguos são as praias e rio, e as culturas
agrícolas no entorno continuam sendo os coqueirais, as
pastagens e as lavouras de subsistência.
A bacia do rio Maragogi se posiciona na região meio
centro-extremo-nordeste da Microrregião Homogênea
do Litoral Norte Alagoano, percorrendo desde a zona da Impactos ambientais observados
Mata até o Litoral.
Tem como afluentes os riachos Lavadão e Carões, que
O rio Maragogi apresenta manguezais muito
drenam apenas parte do município de Maragogi, num
antropizados por sua proximidade à cidade de
total de 108,0 km².
Maragogi, e forte influência turística. Alia-se a estes a
Manguezal: 185,66 hectares, distribuídos em 14 presença de assentamentos urbanos, a agricultura
fragmentos. (coco e pasto), vindo a provocar grande pressão sobre a
vegetação de mangue e restingas.
O dossel máximo de mangue não ultrapassa os 10
metros de altura, onde as espécies observadas foram a Boa parte do manguezal de sua foz desapareceu após a
Laguncularia racemosa (frequente), a Rhizophora instalação de um hotel sobre os terrenos de mangue.
mangle (frequente), e a Avicennia schaueriana (rara). Em diversos pontos a vegetação apresenta-se com
grandes clareiras e sinais claros de frequentes cortes.
Há trechos onde parte do esgoto da cidade é canalizado
diretamente para o mangue, bem como há locais
aterrados recentemente ou utilizados diariamente para
deposição de lixo (trecho ao longo da AL-101 Norte). A
população ribeirinha usa a madeira do mangue para
construir cercas e tapagens para casebres, ou como
armadilhas de pesca e outros fins.
No entorno dos mangues há grandes fazendas de gado e
coco. Muitos trechos de pastos foram abertos sobre o
substrato inconsolidado do mangue, que aliado ao
pisoteio dos animais fazem com que a vegetação
original não se recupere. Os mangues terminam
abruptamente, e o rio corre em trechos artificialmente
moldados e sem vegetação ciliar protetora.
Além dos estuários citados e descritos neste capítulo, o
Rio Maragogi e seu manguezal. litoral centro e norte também apresentam
Foto: Iremar Bayma remanescentes de manguezais nos rios Jacarecica (4,58
ha), Riacho Guaxuma (1,71 ha), Rio Pratagy (30,20 ha),
Riacho Senhor (Ipioca, 5,30 ha), mangues costeiros em
Ipioca (21,38 ha), Rio Sauaçuy (63,60 ha), Rio Sapucaí
(29,75 ha), Rio Cucuoba (10,25 ha), Rio Salgado (75,00
ha), rio dos Paus (57,75 ha) e Rio Persinunga.

Clareiras no manguezal rio Maragogi.


Foto: Iremar Bayma
134 Mangues de Alagoas

10.2.9- Rio Jequiá (Litoral Sul) Sendo uma região muito utilizada por pescadores, o
estuário apresenta grande fluxo de embarcações, e
muitas delas são guardadas em clareiras de mangue,
O estuário do rio Jequiá dividia os municípios de Roteiro bem como são reparados motores e cascos, indicando
e Coruripe. Atualmente Jequiá da Praia é o mais novo derrames de óleos e combustíveis.
município alagoano, criado em maio de 1995 pela lei
Na cidade de Jequiá da Praia, que cresceu às margens
5.675 de 3 de fevereiro. Jequiá resguarda a 3ª maior
do rio em terrenos úmidos de mangue e brejos, os
lagoa com seus 17 quilômetros de extensão.
impactos são mais pronunciados: aterros, deposição de
Em 2001 a lagoa de Jequiá foi declarada como Reserva lixo, lançamento de esgoto doméstico, corte de
Extrativista Federal por forma do decreto presidencial manguezal, e sobrepesca da carapeba (Eugerres
de 27 de setembro de 2001, tendo objetivo, assegurar brasilianus).
seu uso sustentável e a conservação dos seus recursos
Uma comunidade de pescadores vive nas margens do
naturais.
rio em palafitas. Dependendo da maré, quando os
Os mangues de Jequiá estão distribuem-se nas cardumes de carapeba sobem ou descem o rio,
margens do rio, não chegado a sua laguna. Mostram-se centenas de pescadores lançam suas tarrafas para
antropizados, havendo grande pressão no trecho capturar o peixe, sendo este local um verdadeiro
urbanizado da cidade de Jequiá da Praia, situada às gargalo para os peixes que vivem entre o mar e a lagoa
margens do rio Jequiá (Jiquiá) e da AL-101 Sul. de Jequiá.
A bacia do Jequiá possui uma área de drenagem na
ordem de 824km², drenando os municípios de
Taquarana, Anadia, Limoeiro de Anadia, São Miguel dos
Campos, Tanque D'Arca, Coruripe, Junqueiro, Campo
Alegre e Jequiá da Praia.
Manguezal: 132,98 hectares, distribuídos em 24
fragmentos.
O dossel máximo atinge os 12 metros de altura com
emergentes atingindo até 15 metros de altura. As
espécies observadas foram a Laguncularia racemosa
(muito frequente), Rhizophora mangle (muito
frequente), Avicennia schaueriana (rara), e Avicennia
germinans (rara).
Os ambientes contíguos são as praias, recifes, restingas,
brejos, rios, lagoa, e as culturas agrícolas no entorno
são constituídas por coqueirais, canaviais, e lavouras de
subsistência. Estuário do rio Jequiá.
Foto: Iremar Bayma

Impactos ambientais observados


Os principais impactos ambientais observados no
estuário do rio Jequiá já iniciam em sua região de foz,
onde estão estabelecidos inúmeros bares, restaurantes
e pousadas, muitos deles sobre ambientes de mangue
aterrados, tomados por edificações.
Por ser uma região de grande beleza, “Duas Barras”,
como é conhecida a foz do Jequiá, atrai muitos turistas,
o que incrementa o número de embarcações que
circulam no estuário e põem em risco os mangues e a
restinga.
Em geral se observam cortes esporádicos de mangue,
havendo grandes clareiras no entorno e manchas de Boca de entrada da lagoa de Jequiá, Jequiá da Praia.
mangue em estágio inicial de regeneração (indicativo Foto: Iremar Bayma
de cortes sucessivos).
Mangues de Alagoas 135

Estuário do rio Coruripe.


Foto: Iremar Bayma

10.2.10- Rio Coruripe (Litoral Sul)

A bacia hidrográfica do rio Coruripe está localizada na No baixo vale, os autores descrevem que o rio percorre
parte central de Alagoas, ocupando as mesorregiões do trechos com margens altas de tabuleiro, com fundo
Agreste Alagoano e do Leste Alagoano, Microrregiões de chato, e em seguida atinge baixada ampla, fundo
Palmeira dos Índios, onde se encontram suas nascentes, entulhado com vários contribuintes, formando também
e Microrregião de São Miguel dos Campos. várzeas, terraços eustáticos e restingas.
A bacia do Coruripe abrange uma área geográfica de Manguezais: 367,55 hectares distribuídos em 27
1.562km2, drenando terras de 13 municípios: Arapiraca, fragmentos.
Belém, Campo Alegre, Coité do Nóia, Coruripe, Igaci,
Junqueiro, Limoeiro de Anadia, Mar Vermelho, Palmeira O dossel máximo atinge os 12 metros de altura, e as
dos Índios, Tanque d'Arca, Taquarana e Teotônio Vilela. espécies observadas foram a Laguncularia racemosa
(muito frequente), a Rhizophora mangle (muito
Seus principais afluentes são: margem direita os riachos frequente), a Avicennia schaueriana (rara) e a Avicennia
Panelas, Vitorino, Peixe e Riachão, e pela margem germinans (rara).
esquerda, os riachos Lunga, Passagem, Francisco Alves,
Cruzes, Urutu e São José. Segundo Tenório e Almeida Os ambientes contíguos são as praias, recifes, restingas,
(1976), o Coruripe possui regime de curso temporário rio, e várzeas. As culturas agrícolas no entorno
em seu alto e médio vale, tornando-se perene no baixo continuam sendo os coqueirais, canaviais, pastagens, e
vale. lavouras de subsistência.
136 Mangues de Alagoas

Impactos ambientais observados Nota-se também que muitos moradores de baixa renda
ainda utilizam a madeira do mangue para queimar nos
O manguezal do estuário do rio Coruripe apresenta forte fogões a lenha, ou fabricam seus casebres com caibros
ação antrópica em quase toda sua extensão, principal- retirados da mata.
mente por ter a sede do município se desenvolvido em
seu entorno. Além da ocupação desordenada das áreas de mangue
pela comunidade mais carente, há também grandes
Da margem da AL-101Sul até o mar é possível encontrar
impactos causados por agricultores que suprimem o
fragmentos de mangue em diversos níveis de
conservação, contudo, na margem oposta, salvo alguns mangue para ampliar suas lavouras de coco.
escassos exemplares de mangue-branco e mangue- Atualmente, o maior risco de dano permanente aos
preto, não se observa formações de mangue nas manguezais do Coruripe vem a ser a possível instalação
margens do rio ou na vasta planície inundável do baixo
de um estaleiro naval, devendo suprimir uma área de
Coruripe, atualmente tomado por pastos, e mais acima,
canaviais. mangue que cobre uma área superior a 60 hectares.

Na zona de contato entre a cidade de Coruripe e o Além dos mangues citados nesta capítulo para o litoral
manguezal, um trecho ocupado principalmente pela sul, ainda registramos remanescentes na Lagoa
população de baixa renda, é que se encontram grandes Comprida (0,23 ha), Lagoa de Taboados (8,79 ha), Lagoa
impactos, a exemplo da emissão de esgotos in natura, Azeda (25,56 ha), Lagoa de Jacarecica do Sul (1,14 ha),
deposição de lixo, inclusive há um lixão dentro da área rio Poxim (51,43 ha), e rio São Francisco.
de mangue, em trecho aterrado. Nesse local a
população se utiliza dos canais que serpenteiam pelo
manguezal para chegar ao curso principal do rio.

Mangue-preto (Avicennia germinans) remanescente arbóreo


na região de foz do Coruripe. Foto: Iremar Bayma
Mangues de Alagoas 137

10.3- A FLORA DOS MANGUES bugio (Dalbergia ecastophyllum), além de inúmeras


IREMAR BAYMA espécies de gramíneas, ciperáceas, bromélias,
aizoáceas, amarantáceas, aráceas e tifáceas, entre
tantas outras que limitam o mangue propriamente dito e
Os manguezais alagoanos apresentam uma florística os ambientes vizinhos, que podem ser restingas, dunas,
singular aos mangues distribuídos pelo litoral brasileiro. praias, matas úmidas e várzeas.
Tendo um número restrito de espécies adaptadas ao A Rhizophora mangle pertence à família botânica
ambiente estuarino, onde predominam duas espécies Rhizophoraceae. Apesar de não possuir glândulas de sal,
conhecidas popularmente como mangue branco o mangue-vermelho controla os níveis desse elemento
(Laguncularia racemosa) e mangue vermelho através de suas raízes por intermédio de mecanismos
(Rhizophora mangle). celulares denominados de transporte ativo celular, o
qual é responsável pela excreção do excesso de sal da
Essas espécies compartilham grande parte dos planta
manguezais, desde a foz dos rios até grandes distâncias
rio acima. Predominam em meio menos salino, árvores São árvores de até 30 metros de altura, e raízes de escora
de grande porte denominadas de mangue preto que atingem os 4 metros acima do solo. O tronco é
(Avicennia schaueriana e Avicennia germinans). acinzentado ou amarronzado, cerne avermelhado.
O Mangue branco, Laguncularia racemosa, atinge no
As Avicenias podem ocorrer desde o litoral até o
máximo 15 metros de altura. O tronco é marrom-
interior, mas nos mangues de Alagoas têm sido
acinzentado, áspero e com fissuras, cerne levemente
encontradas de forma rarefeita, nas porções mais
amarronzado, e em sua casca há grandes quantidades de
internas e com menor salinidade. tanino. Presença de pneumatóforos emergindo das
Além dessas, habitando as Marismas e áreas raízes, folhas opostas, grossas, levemente carnosas,
circunvizinhas, em terrenos arenosos, ou mesmo no elípticas e sem nervação aparente, pedúnculo
interior dos alagadiços, tem-se: o Mangue-de-botão avermelhado característico.
(Conocarpus erectus), o Avencão (Acrostichum aureum), Conocarpus erectus, ou mangue-de-botão é uma
Algodão-de-praia (Hibiscus pernambucencis), rabo-de- arvoreta de 3 a 8 metros de altura que cresce na faixa
mais externa ao manguezal, em solos arenosos, não
Rhizophora mangle (mangue-vermelho ou gaiteira), no rio Camaragibe.
Foto: Iremar Bayma
sendo encontrado no substrato lodoso no interior do
manguezal propriamente dito.
Suas folhas são alternas, simples, inteiras, lanceoladas
ou oblongas, coriáceas ou levemente carnosas, e tal qual
o mangue-vermelho, mangue-branco e mangue-preto,
são perenifólios, ou seja, não desfolham no período
seco.
Avicennia germinans, conhecido como mangue-preto
ou siriba, pode ser um arbusto ou árvore que atinge até
23 metros de altura. Suas raízes produzem grande
quantidade de pneumatóforos que se elevam a até 10
cm do substrato. O tronco é cinza escuro ou
amarronzado, com fissuras grossas e escamosas.
Avicennia schaueriana ou mangue preto é outra espécie
da família Aviceniácea (=Verbenaceae) ocorrente nos
mangues de Alagoas. Também conhecida como Siriba e
mangue-canoé, diferencia-se de Avicennia germinans
basicamente pela forma de suas folhas e porte.
A. schaueriana possui folhas oblongas, arredondadas e
mais escuras com face abaxial esbranquiçada tomada
por escamas, enquanto A. germinans tem folhas agudas,
estreitas e mais claras. Outra característica de A.
schaueriana é seu tronco com cerne amarelado e casca
castanho-claro.
138 Mangues de Alagoas

Os pneumatóforos também estão presentes. As


raízes distribuídas de forma radial desenvolvem a
estrutura capaz de realizar trocas gasosas, elevando-
se do solo cerca de 20 centímetros de altura.

Flor de Rhizophora mangle

Ramo de folhas e flores de Avicennia germinans

Ramo de folhas de Laguncularia racemosa

Inflorescência de Conocarpus erectus


Fotos: Iremar Bayma Flores de Avicennia schaueriana
Mangues de Alagoas 139

10.4- A FAUNA DOS MANGUEZAIS Porém a característica que torna os ecossistemas de


ÁLVARO GUILHERME ALTENKIRCH BORBA JÚNIOR & IREMAR BAYMA manguezais com valor impar é sem sombra de dúvida a
Bem mais complexa que a vegetação, tanto pela intrínseca relação entre sua flora e fauna, resultando em
biodiversidade de espécies, quanto pelas inúmeras uma complexa teia alimentar ainda pouco estudada
associações ecológicas observadas. (Schaeffer-Novelli et al. 1986).

Os principais grupos de animais estão representados Dentro dessa diversidade e complexidade biológica
nesse ambiente, onde podem ser vistos desde como encontramos um grande numero de grupos de animais
meros visitantes ou utilizando o mangue como moradia cada um com sua devida importância, porém, dois
exclusiva. desses grupos, os Moluscos e os Crustáceos, merecem
maior destaque devido ao grande numero de espécies e
Por se tratar de um ambiente de grande fluxo
sua enorme valoração econômica, servindo de base
energético, os mangues concentram grandes
para o sustento de inúmeras famílias.
populações de animais que buscam em seus redutos
meio de abrigo ideal para nidificação, crescimento, Os estudos científicos sobre os Crustáceos começaram
engorda e reprodução. no final do século XIX, a mais de 130 anos, com as
Sendo um meio termo entre ambiente terrestre e pesquisas de Hartt (1869) (apud Coelho et al. 2003) que
aquático, observa-se desde microorganismos até reuniu uma pequena, porém, significante coleção
mamíferos habitando entre as raízes, flutuando ao composta em sua maioria por espécies sem registro
sabor das marés, sobre as árvores ou utilizando o anterior para o Brasil.
espaço aéreo. Entre estas se encontrava o camarão Palaemon
jamaicensis Oliver (Smith, 1869), conhecido,
10.4.1- Fauna de Invertebrados e Artrópodes popularmente como camarão “pitu”, que foi coletado
Aquáticos em Penedo, em Alagoas (Calado et al., 2003).

É difícil para os leigos quando olham para o manguezal Ainda podemos citar, para o século XIX, as expedições
compreender a sua importância e o seu valor. Para científicas do Challenger e Branner-Agassiz. Já durante o
muitos os mangues não passam de um local feio, mal século XX as campanhas oceanográficas realizadas
cheiroso, e cheio de mosquito e dejetos. pelos barcos pesqueiros “Akaroa” e “Canopus”
ampliaram significativamente os números das espécies
De certa forma esses conceitos são verdadeiros
conhecidas para o subfilo Crustacea.
principalmente com relação às ações antrópicas, pois
pela falta de compreensão ao longo dos anos estes Além dessas expedições, pesquisadores individuais
ecossistemas vêem sofrendo uma série de impactos que foram dando suas contribuições ao longo desses anos
se não tomarmos as devidas providências em breve para o aumento do conhecimento desse grupo.
resultará na completa destruição de todo este
Com relação aos estudos sobre a fauna de Moluscos,
magnífico ambiente.
foram poucos os trabalhos realizados, merecendo
Uma dentre as muitas importâncias dos manguezais, destaque os de Sá (1980) que forneceu informações
podemos citar a mais simples, que é o fato dos mesmos referentes à biologia reprodutiva da ostra, Crassostrea
servirem como berçários de inúmeras espécies rhizophorae (Guilding, 1828).
marinhas e estuarinas (proteção), apoiando dessa
forma a conservação da biodiversidade.

Foto: Álvaro Altenkirch


140 Mangues de Alagoas

Camurim - Foto: Iremar Bayma

Correia (1996) estudou as variações temporais de Invertebrados - Poríferos, Cnidários, Anelídeos e


recrutamento e de colonização dos moluscos Mytella Moluscos nos mangues de Alagoas
charruana (d´Orbigny, 1842), conhecido, vulgarmente Esses grupos de animais são classificados como
como sururu, e da ostra C. rhizophorae. Já Nogueira Invertebrados. Basicamente são seres que se alimentam
(1996) estudou os aspectos ecológicos do molusco de outros organismos vivos, são pluricelulares, e suas
bivalve Lucina pectinata (Gmelin, 1791). células não possuem parede celular (típica de plantas).
No que diz respeitos a outros representantes da fauna A maioria digere seu alimento em uma cavidade interna,
que ocorrem nos manguezais Alagoanos, a escassez de armazenando-o na forma de gordura. Movimentam-se
trabalhos ainda é mais significativa. Como é o caso da através de contração celular, e para se reproduzir o
fauna de anelídeos, existindo apenas como referência o fazem de forma sexual (com troca de gametas).
estudo de Sovierzoski (1994) que listou a ocorrência de
Polychaetas nas zonas intertidais do Complexo
Estuarino Lagunar Mundaú Manguaba. O grupo é basicamente composto por 9 filos:

Quadro 01: Filos de invertebrados.


Mangues de Alagoas 141

Filo Porífera Os membros do Filo Mollusca estão entre os animais


invertebrados mais evidentes e familiares, incluindo
As esponjas, que constituem o Filo Porifera, são os mais
formas tais como os mariscos, as ostras, as lulas, os
primitivos dos animais multicelulares. Não possuem
polvos e os caramujos.
órgãos, mas tem tecido conjuntivo bem desenvolvido,
no qual as células realizam varias funções. Das 8.000 Em abundância de espécies, os moluscos constituem o
espécies de Porifera descritas, apenas 150 espécies são maior Filo de invertebrados além dos artrópodos
de água doce. (insetos), sendo descritos mais de 50.000 espécies vivas,
alem das cerca de 35.000 espécies fósseis.
Assim como os Polychaetas de água doce, também são
poucos os estudos realizados com esponjas de água O Filo tem uma longa história geológica, e as conchas
doce em Alagoas, sabe-se que ao menos uma família minerais dos animais (que aumentam as chances de
ocorra em nosso estado. preservação) resultam em um rico registro fóssil que
datam do Cambriano.

Filo Coelenterata
Artrópodes aquáticos
Os Cnidários são os primeiros animais dotados de
tecidos organizados, chamados de histozoários. São O Filo Arthropoda animais que possuem pés
animais aquáticos radialmente simétricos com uma articulados - é de longe o maior de todos os Filos,
extremidade do corpo exibindo uma boca circundada apresentando cerca de 1 milhão de espécies conhecidas.
por tentáculos. Incluem os crustáceos (camarões, caranguejos e siris),
os aracnídeos (aranhas e escorpiões) e os insetos (grilos,
A boca é a única abertura para a cavidade intestinal. São
baratas, besouros), sendo este o mais diverso e
encontrados sob duas formas básicas, a medusa, de vida
abundante.
livre, e o pólipo, que é a forma fixa a um substrato. São
primitivos por não possuírem órgãos, e por não Todos possuem como característica comum o
apresentarem células epiteliais e musculares exoesqueleto (esqueleto externo), feito de quitina e que
completamente diferenciadas. reveste externamente o corpo desses animais,
estendendo-se para dentro deles revestindo o sistema
A maioria alimenta-se de zooplâncton, embora alguns
respiratório (traquéias). Também apresenta corpos
capturem animais maiores como pequenos peixes. A
segmentados (cabeça, tórax, abdome, e variações),
presa é capturada pelos tentáculos e imobilizada por
grande número de apêndices (presas, quelíceras, tubos
células explosivas chamadas cnidócitos ou cnidoblastos,
de sucção, antenas, pinças, etc.).
e estas contêm os nematocistos, que são cápsulas com
filamentos, em geral venenosos. O Filo é subdividido em dois grandes grupos: os
quelicerados (escorpiões, aranhas, xifosúros e
picnogonídeos) e mandibulados (crustáceos, insetos,
Filo Molusca centípedes e milípedes). Os crustáceos são os
representantes aquáticos nos estuários alagoanos,
A fauna de moluscos presentes nos manguezais
incluindo no rol de espécies os siris, pitus, camarões,
alagoanos pode ser disposta em dois grandes grupos: a
cracas e caranguejos. A seguir apresenta-se um quadro
Classe Gastropoda e a Classe Bivalvia.
resumo dos Filos e seus representantes nos estuários
alagoanos.

Unha de velho Água-viva, cebola - Fotos: Iremar Bayma


142 Mangues de Alagoas

Quadro 02: Filos e seus representantes nos estuários alagoanos.

Filo Porifera

Filo Coelenterata - Cnidários

Filo Annelida
Mangues de Alagoas 143

Filo Molusca
144 Mangues de Alagoas

Filo Arthropoda
Mangues de Alagoas 145

Filo Arthropoda
146 Mangues de Alagoas

10.4.2- FAUNA DE PEIXES DOS ESTUÁRIOS DE ALAGOAS Os Agnatha (a = sem, gnathos = maxilar), como o próprio
Álvaro Guilherme Altenkirch Borba Júnior, Herbert Freire de Araújo e nome sugere, são vertebrados sem mandíbulas, dos
Iremar Bayma. quais aproximadamente 50 espécies foram descritas.
São peixes alongados, sem escamas, com tegumento
Os peixes constituem o grupo mais antigo dos mucoso e que não possuem tecidos duros internos.
vertebrados, possuem temperatura do corpo variável, Ocorrem nas águas frias, tanto no hemisfério norte
na maioria das vezes providos de escamas imbricadas quanto no sul. Os representantes mais conhecidos são
que se sobrepõem umas as outras, possuem tamanhos as lampreias (ordem Petromyzontiformes), que não
variados podendo atingir mais de 15 metros como o ocorrem no Brasil. Elas atuam como parasitas de alguns
tubarão-baleia (Rhineodon typus) ou não passar de peixes alimentam-se de sangue e tecido muscular de
poucos milímetros como uma espécie de gobião seus hospedeiros, que podem ser os salmões e as trutas.
(Pandaka pygmea) encontrada nas Filipinas.
São animais que não possuem valor comercial. Possuem
Para viverem no meio aquático os membros dos peixes representantes marinhos e de água doce, e algumas
possuem adaptações especiais que denominamos espécies são migratórias, vivendo no mar e
nadadeiras e seus órgãos respiratórios, de ramificação reproduzindo-se em rios e lagos.
exterior e não interior, como os vertebrados aéreos, se
designam sob o nome de brânquias, vulgarmente Os trabalhos a respeito da fauna de peixes em estuários
chamadas de guelras. e lagoas no estado de Alagoas iniciaram-se em 1979 com
os estudos de Costa & Sá que analisaram os caracteres
A maioria dos peixes se encontra no mar, mas há muitas morfométricos e merísticos da população de Arius spixii
espécies que são encontradas em água doce. Algumas conhecido popularmente como bagre-mandim, peixe
espécies são estritamente confinadas em água doce e de grande importância para a pesca artesanal na lagoa
são classificados como primários de água doce. Manguaba.
Outras espécies podem penetrar no mar ou em água Costa (1980) realizaram um estudo acerca dos aspectos
salobra, por curtos períodos de tempo, e são chamados de crescimento e biomassa no cultivo da tainha (Mugil
de peixes secundários de água doce. Existem, ainda, as trichodon) nos canais da Mundaú. Em 1983, Silva & Silva
espécies diádromas, que migram regularmente entre as publicaram alguns comentários sobre a pesca
águas doce e salgada, em certos períodos de seu ciclo de predatória nas regiões lagunares de Alagoas,
vida. demonstrando desta forma a necessidade da
Os peixes são divididos em três grandes Classes todas implantação de uma política de educação ambiental
elas com uma característica bem marcante: Agnatha, para a preservação da fauna de peixes das lagoas.
Chondricthyes e Osteichthyes. As classes Chondricthyes e Osteichthyes são descritas
nos quadros resumo a seguir, sendo destacadas as
espécies ocorrentes nos estuários alagoanos.

Carapeba
Foto: Iremar Bayma
Mangues de Alagoas 147

Quadro 03: Filo Chordata Subfilo Vertebrata (coluna vertebral como eixo estrutural estrutura óssea que se desenvolve em
torno da notocorda)
148 Mangues de Alagoas

Filo Chordata
Mangues de Alagoas 149

Filo Chordata
150 Mangues de Alagoas

Filo Chordata
Mangues de Alagoas 151

10.4.3- Aves e Mamíiferos Nas referências bibliográficas, historicamente, a Região


FÁBIO MAURÍCIO BONFIM CALAZANS E IREMAR ACCIOLY BAYMA Nordeste tem sido relegada a um segundo plano,
tratada de forma marginal por exploradores-
naturalistas dos séculos anteriores, desmotivados
talvez pela insalubridade, difícil acesso e a aparente
baixa diversidade vegetal dos mangues. Assim, muitos
pesquisadores de vertebrados deixaram de realizar
estudos em Alagoas.
Aves e mamíferos, dois grupos bem conhecidos em
ambientes estuarinos, relativamente fáceis de estudar Uma exceção a se dizer é a respeito de um grupo de
e observar pelas características de hábito e pesquisadores da UFPE que empreenderam estudos
comportamento. Em estuários e manguezais, muitas sobre mamíferos aquáticos. Porém, estudos sobre
aves, bem como diversas espécies de mamíferos invertebrados de ecossistemas estuarinos são mais
utilizam esses ambientes apenas para nidificação comuns, havendo muitos trabalhos publicados.
(reprodução), alimentação ou refúgio temporário, ou
Com a crescente exigência dos órgãos ambientais em
seja, utilizando seus recursos compartilhados a outros
licenciar obras, houve o advento dos Estudos de
tipos de ecossistemas.
Impactos Ambientais e Relatórios de Impacto
Como exemplo, temos o peixe-boi-marinho (Trichechus Ambientais (EIA-RIMA), muitos deles famosos, nem por
manatus), que depende dos estuários para se isso menos polêmicos, como por exemplo, da AL-101
reproduzir, mas que passam boa parte de suas vidas na sul, que faz algumas citações interessantes da fauna, em
costa ou príximo às praias. Peixes-boi podem ser plena década de 80, e que não existem mais.
encontrados desde o hemisfério norte, na Flórida
Estudos sobre os projetos de irrigação na Várzea de
(Estados Unidos), até Alagoas.
Marituba (Piaçabuçu, Penedo e Feliz Deserto), que
Outro mamífero, pouco notado pelas pessoas, é a lontra estranhamente cita lontras platinas e jacarés
(Lutra longicaudis), que embora seja citada como amazônicos, entre outros grupos de animais que não
representante das listas de animais brasileiros em ocorrem por essas estâncias. Esses estudos, sob
extinção, é encontrada até nos trechos mais poluídos critério, podem servir para se iniciar pesquisas sobre a
dos rios Capibaribe e Beberibe no nosso vizinho estado fauna de vertebrados em Alagoas.
de Pernambuco, bem como em alguns estuários
O belo trabalho etnobiológico do professor José
alagoanos.
Geraldo Wanderley Marques, intitulado Pescando
Podemos afirmar que em alguns estuários de Alagoas, pescadores, traça um quadro de relações homem-fauna
como os dos rios Manguaba, Camaragibe e São Miguel, do complexo do baixo São Francisco, também utilizando
a destruição dos ecossistemas florestais associados ao a memória cognitiva a respeito de uma fauna que se
mangue fez com que muitas espécies o procurem como perdeu no meio dos canaviais.
derradeiro refúgio, mostrando um quadro
A seguir apresentam-se quadros resumo com o Filo
aparentemente diverso do original, diferentemente dos
Chordata e Classes Aves e Mamalia, ocorrentes nos
(ainda) imensos manguezais do Amapá, onde antas e
estuários distribuídos na zona costeira de Alagoas
onças nadam despreocupadamente.
(Quadros 04 e 05).
Garça branca
Foto: Iremar Bayma
152 Mangues de Alagoas

Quadro 04: Filo Chordata Subfilo Vertebrata Classe Aves - Estrutura esquelética adaptada ao vôo, ossos ocos, possuem penas, sangue quente,
sistema reprodutor feminino reduzido a um único ovário.
Mangues de Alagoas 153

Filo Chordata Subfilo Vertebrata Classe Aves

Os gruiformes enquadram-se taxonomicamente na


categoria de ordem, onde estão siriemas, picaparras,
pavãozinhos, carquejas, sanãs, saracuras, frangos-
d’água e carãos. De acordo com o Comitê Brasileiro
de Registros Ornitológicos (CBRO, 2009), essa ordem
possui atualmente 6 famílias com características
muito distintas, mas somente os ralídeos, família
onde estão as saracuras e frangos-d’água,
comportam a maioria dos taxa , 32 de um total de 39
espécies. Apenas 25% das espécies de aves do grupo
possuem registros para o estado de Alagoas, como o
carão (Aramus guarauna), a sacracura-três-potes
(Aramides cajanea) e o frango-d’água-comum
(Gallinula chloropus). Os gruiformes costuma habitar
diversas localidades, desde zonas áridas ou
desérticas até áreas banhadas por lagos ou rios,
possuindo nesse caso adaptações para a vida na
água.
154 Mangues de Alagoas

Filo Chordata Subfilo Vertebrata Classe Aves

Inclui cerca de 350 espécies distribuídas em


todo mundo. A maioria vive próximo à água,
alimentando-se de invertebrados e outros
pequenos animais.
Mangues de Alagoas 155

Filo Chordata Subfilo Vertebrata Classe Aves


156 Mangues de Alagoas

Quadro 05: Filo Chordata - Subfilo Vertebrata - Classe Mammalia Animais que têm pelos ao invés de escamas, amamentam seus filhotes, e
mantém constante a temperatura do corpo
Mangues de Alagoas 157

Filo Chordata - Subfilo Vertebrata - Classe Mammalia


Ordem Família - Espécies - nome vulgar - ocorrência
Carnivora Canidae: Cerdocyon thous - Raposa
Nem todos os carnívoros se alimentam de Cachorros, lobos, chacais, raposas entre outros, os quais são divididos em duas tribos: Canini e
carne, e nem todo animal que se alimenta de Vulpini, distribuídos em 14 gêneros e 34 espécies. Possuem cauda longa, 4 ou 5 dedos nas patas
carne é da ordem Carnívora. A ordem recebe dianteiras, 4 nas patas traseiras, e garras não retráteis adaptadas para tração. De tamanho variável,
este nome graças aos primeiros animais hábito gregário ou solitário, com boa audição e olfato, podendo ser onívoros.
conhecidos deste grupo, pertencentes ao
Paleoceno, que tinham hábito
Procyonidae: Procyon cancrivorus - Guará
essencialmente carnívoro. Apresentam 4
grandes pré-molares superiores e primeiro Endêmicos das Américas, de pequeno porte e se alimentam de pequenos animais, insetos, frutos e
molar inferior, os quais formam uma grãos (onívoros). Inclui 18 espécies em 6 gêneros distribuídos desde o Canadá até a Argentina.
eficiente tesoura para cortar carnes e Algumas espécies possuem corpos delgados e outros truncados, e todos têm média ou longa cauda. 5
tendões. dedos nas patas dianteiras e traseiras, e com formato plantígrado (que apóia a planta da pata para
caminhar).

Mustelidae: Lutra longicaudis - lontra (Porto de Pedras, Piaçabuçu, Marituba); Ptenura brasiliensis –
Ariranha (Porto de Pedras, Piaçabuçu, Marituba)
Formam a maior família entre os carnívoros com 56 espécies em 22 gêneros de ampla distribuição
geográfica, com exceção da Oceania, Antarctica, Madagascar e ilhas oceânicas. São animais de
pequeno a médio porte, incluindo as lontras, os texugos e doninhas, minks e martas. Possuem
tipicamente patas curtas, corpo alongado e uma cauda mais ou menos comprida. As orelhas são
normalmente arredondadas, focinho afilado, e glândulas anais bem desenvolvidas, as quais servem
para inúmeras funções, inclusive demarcar territórios.

Felidae: Herpailurus yagouaroundi - gato-do-mato (Foz do Mundaú / Satuba)


Considerados como os mais bem especializados caçadores, estão presentes naturalmente em todos
os continentes, exceto Austrália e Antarctica, habitando desde desertos, florestas e até montanhas.
Os mais conhecidos entre os felinos é o gato doméstico, praticamente presente em todo mundo
graças ao homem. Os mais conhecidos são os gatos domésticos, leões, leopardos, onças, linces e
tigres. As estruturas físicas que caracterizam os felídeos são o Rostrum curto (estrutura semelhante a
um bico, alongamento da face), garras retráteis (exceto as chitas africanas), 5 artelhos nas patas
dianteiras e 4 nas traseiras, sendo digitígrados (apoiam-se nas pontas dos dígitos quando caminham)
e metapódios moderadamente longos, porém não fundidos.

Rodentia Muridae Holochilus sciureus (ou brasiliensis) - Rato-da-cana (Piaçabuçu); Rattus novergicus - Gabiru
Mamíferos roedores com placenta. Grande Maior família de roedores existente, verdadeiramente a maior de todas as famílias de
parte do grupo é formada por seres mamíferos, abrangendo mais de 1.383 espécies de camundongos e ratos verdadeiros. Dois
pequenos e as maiores chegam a atingir terços de todas as espécies e gêneros de roedores pertencem à família Muridae.
45kg (capivaras). Possuem 2 incisivos na
arcada dentária superior que crescem
continuamente e precisam ser sempre
afiados para manterem certo tamanho,
desta característica veio sua denominação,
do Latim rodere, roer.

Rodentia (cont.) Hydrochoeridae: Hydrochaerus hydrochaeris – Capivara (CELMM (Marechal Deodoro, Pilar), baixo
São Francisco)
Capivaras são os maiores roedores do mundo, chegando a pesar 60kg. A família apresenta apenas
uma espécie viva, encontrada habitando os trópicos, do Panamá a América do Sul. Possuem orelhas
e olhos pequenos, as narinas situam-se acima do rostrum, ajudando o animal a se deitar submerso na
água e continuar respirando. As patas são curtas, a dianteira tem 4 dígitos e a traseira 3, uma
membrana une parcialmente os dígitos; cauda muito curta; pelagem áspera e esparsa, com barbas de
pelos consistentes.

Caviidae: Galea spixii - Preá (CELMM, baixo São Francisco, Roteiro, Coruripe)
Trata-se de uma família de roedores que ocorre na América do Sul. Incluem animais com formas e
tamanhos diversos, desde pequenos com 600 g a médios com 16kg. Apresentam membros e orelhas
curtas, corpos robustos (algumas espécies da Patagônia possuem longas orelhas, lembrando lebres);
dentes curtos e afiados, ou sem corte.
158 Mangues de Alagoas

Filo Chordata - Subfilo Vertebrata - Classe Mammalia

Quero-quero - Vanellus chilensis


Foto: Fernando Pinto
Mangues de Alagoas 159

Referências Citadas & Consultadas

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Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú/Manguaba. Maceió:
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Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú/Manguaba, AL.
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entre a terra e o mar. Y. Schaeffer-Novelli, Caribbean
Ecological Research: 9-12. 1995.
160 Cobertura Vegetal de Alagoas

11- GESTÃO DOS REMANESCENTES DAS ÁREAS DE (SUDHEVEA), Superintendência do Desenvolvimento da


COBERTURA VEGETAL DE ALAGOAS Pe s c a ( S U D E P E ) e I n s t i t u t o B ra s i l e i ro d e
Desenvolvimento Florestal (IBDF).
POR AFRANIO FARIAS DE MENEZES
Em 1990, foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da
O mapeamento da Cobertura Vegetal Remanescente do Presidência da República SEMAM, ligada à Presidência
Estado de Alagoas identificou diversas áreas de da República, que tinha no IBAMA seu órgão
significativa importância ecológica para o Estado, bem gerenciador da questão ambiental.
como para os biomas Mata Atlântica e Caatinga
brasileira. ICMBio - O Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade é uma autarquia brasileira, vinculada ao
Para manter estas áreas, vários são os elementos de Ministério do Meio Ambiente, integrando o Sistema
gestão disponíveis pelos órgãos ambientais e, postos em Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). Foi criado pela
prática com o fim de preservar estas manchas nos lei 11.516, de 28 de agosto de 2007.
processos de fiscalização e monitoramento ambiental.
É responsável pela administração das unidades de
a) OS ÓRGÃOS AMBIENTAIS OFICIAIS e ONGs. conservação federais, além de fomentar e executar
programas de pesquisa, proteção e conservação da
biodiversidade em todo o Brasil. Surgiu de um
Para a fiscalização, licenciamento e monitoramento das desmembramento do Instituto Brasileiro do Meio
áreas de interesse ambiental e para as atividades Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA),
poluidoras ou potencialmente poluidoras, a sociedade anteriormente responsável por tais atribuições.
pode contar com diversos órgãos oficiais de meio
ambiente; O Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade é o mais novo órgão ambiental do
SISNAMA O Sistema Nacional do Meio Ambiente, foi governo brasileiro. A sua principal missão institucional é
instituído pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, administrar as unidades de conservação (UCs) federais,
regulamentada pelo Decreto 99.274, de 06 de junho de que são áreas de importante valor ecológico.
1990, sendo constituído pelos órgãos e entidades da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público, IMA - O Órgão Ambiental de Alagoas foi criado em 1975,
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade por meio da Lei Estadual n° 3543 de 30.12.75. Seu nome
ambiental, e tem a seguinte estrutura: inicial foi COORDENAÇÃO DO MEIO AMBIENTE - CMA, e
Órgão Superior: Conselho de Governo estava ligado ao gabinete do Secretário de
Planejamento.
Órgão Consultivo e Deliberativo: Conselho Nacional do
Meio Ambiente - CONAMA Por meio da Lei Estadual n° 4986, de 16.05.88, sofreu
sua primeira modificação, ascendendo em “status” e
Órgão Central: Ministério do Meio Ambiente - MMA tomando a forma de Autarquia Estadual, com
Órgão Executor: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e personalidade jurídica de direito público, com
dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA autonomia patrimonial, financeira e operacional.

Órgãos Seccionais: Órgãos ou entidades estaduais Tem jurisdição em todo o território alagoano e é
responsáveis pela execução de programas, projetos e responsável pela execução da política estadual de meio
pelo controle e fiscalização de atividades capazes de ambiente, essa entendida como o conjunto de normas,
provocar a degradação ambiental. planos, programas e outros instrumentos de proteção
ambiental.
Órgãos Locais: Órgãos ou entidades municipais,
responsáveis pelo controle e fiscalização dessas O Instituto do Meio Ambiente - IMA, ao longo do tempo,
atividades, nas suas respectivas jurisdições. busca a observância da legislação ambiental e a
educação e conscientização da comunidade quanto à
IBAMA O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e necessidade de zelar pelos recursos naturais e pela
Recursos Naturais Renováveis, foi criado pela Lei nº melhoria da qualidade de vida, estando inserido no
7.735 de 22 de fevereiro de 1989, e foi formado pela SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente, na
fusão de quatro entidades brasileiras que atuavam na condição de Órgão Seccional.
área ambiental: Secretaria do Meio Ambiente (SEMA),
Superintendência do Desenvolvimento da Borracha COMDEMAs Conselhos Municipais de Defesa do Meio
Ambiente são órgãos colegiados no âmbito dos
Municípios
Cobertura Vegetal de Alagoas 161

E responsável pela gestão ambiental na área dos seus da propriedade, aplicando-se, para o caso, o
respectivos territórios. Em Alagoas atualmente existem procedimento sumário previsto no art. 275, inciso II, do
cerca de XX Secretarias Municipais de Meio Ambiente Código de Processo Civil.
ou Órgãos correlatos e seus respectivos COMDEMAs.
§ 2o Para os efeitos deste Código, entende-se por:
ONGs Estas entidades estão distribuídas entre as
I - pequena propriedade rural ou posse rural
Organizações Não Governamentais - ONGs, as
familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
do proprietário ou posseiro e de sua família, admitida a
OSCIPs. A sigla ONG, expressa genericamente, o
ajuda eventual de terceiro e cuja renda bruta seja
conjunto de organizações do terceiro setor tais como
proveniente, no mínimo, em oitenta por cento, de
associações, cooperativas, fundações, institutos, etc.
atividade agroflorestal ou do extrativismo, cuja área não
Ongs são, em geral: supere:
a) associações civis, a) cento e cinqüenta hectares se localizada nos
b) sem fins lucrativos, Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia,
Amapá e Mato Grosso e nas regiões situadas ao norte do
c) de direito privado, paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao
d) de interesse público. oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranhão
ou no Pantanal mato-grossense ou sul-mato-grossense;
A ONG não existe em nosso ordenamento jurídico. É um
fenômeno mundial, onde a sociedade civil se organiza b) cinqüenta hectares, se localizada no polígono das
espontaneamente para a execução de certo tipo de secas ou a leste do Meridiano de 44º W, do Estado do
atividade cujo cunho, o caráter, é de interesse público. A Maranhão; e
forma societária mais utilizada é a da associação civil
C) trinta hectares, se localizada em qualquer outra
(em contrapartida às organizações públicas e as
região do País;
organizações comerciais). São regidas por estatutos,
têm finalidade não econômica e não lucrativa. II - área de preservação permanente: área protegida nos
o o
Fundações também podem vir a ser genericamente termos dos arts. 2 e 3 desta Lei, coberta ou não por
reconhecidas como ONGs. vegetação nativa, com a função ambiental de preservar
os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
A OSCIP é uma qualificação decorrente da lei 9.790 de
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e
23/03/99, podemos dizer que OSCIPs são ONGs, que
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
obtêm um certificado emitido pelo poder público
populações humanas;
federal ao comprovar o cumprimento de certos
requisitos. Em Alagoas existem diversas ONGs, atuando III - Reserva Legal: área localizada no interior de
na área de abrangência da Mata Atlântica, bem como uma propriedade ou posse rural, excetuada a de
outras com atuação específica para o bioma Caatinga. preservação permanente, necessária ao uso sustentável
dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos
processos ecológicos, à conservação da biodiversidade
a) INSTRUMENTOS LEGAIS AMBIENTAIS: e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;
CÓDIGO FLORESTAL - LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO IV - utilidade pública;
DE 1965.
a) as atividades de segurança nacional e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o proteção sanitária;
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
b) as obras essenciais de infraestrutura
Lei:
destinadas aos serviços públicos de transporte,
Art. 1° As florestas existentes no território nacional e s a n e a m e n to e e n e rg i a e a o s s e r v i ç o s d e
as demais formas de vegetação, reconhecidas de telecomunicações e de radiodifusão;
utilidade às terras que revestem, são bens de interesse
comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os c) demais obras, planos, atividades ou projetos
direitos de propriedade, com as limitações que a previstos em resolução do Conselho Nacional de Meio
legislação em geral e especialmente esta Lei Ambiente - CONAMA;
estabelecem. V - interesse social:
o
§ 1 As ações ou omissões contrárias às disposições a) as atividades imprescindíveis à proteção da
deste Código na utilização e exploração das florestas e integridade da vegetação nativa, tais como: prevenção,
demais formas de vegetação são consideradas uso nocivo combate e controle do fogo, controle da erosão,
162 Cobertura Vegetal de Alagoas

erradicação de invasoras e proteção de plantios com da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a
espécies nativas, conforme resolução do CONAMA; 100 (cem) metros em projeções horizontais;
b) as atividades de manejo agroflorestal h) em altitude superior a 1.800 (mil e
sustentável praticadas na pequena propriedade ou posse oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.
rural familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal
Parágrafo único. No caso de áreas urbanas,
e não prejudiquem a função ambiental da área; e
assim entendidas as compreendidas nos perímetros
c) demais obras, planos, atividades ou projetos urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões
definidos em resolução do CONAMA; metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o
território abrangido, obervar-se-á o disposto nos
VI - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará,
Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as respectivos planos diretores e leis de uso do solo,
regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos Estados de respeitados os princípios e limites a que se refere este
o
Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44 W, do artigo.
Estado do Maranhão. Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação
Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, permanente, quando assim declaradas por ato do Poder
pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de Público, as florestas e demais formas de vegetação
vegetação natural situadas: natural destinadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água a) a atenuar a erosão das terras;
desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura b) a fixar as dunas;
mínima será:
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e
1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de ferrovias;
menos de 10 (dez) metros de largura;
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério
2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água das autoridades militares;
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor
3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que científico ou histórico;
tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de
largura; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados
de extinção;
4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos
d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) g) a manter o ambiente necessário à vida das
metros de largura; populações silvícolas;

5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos h) a assegurar condições de bem-estar público.


d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) § 1° A supressão total ou parcial de florestas de
metros; preservação permanente só será admitida com prévia
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios autorização do Poder Executivo Federal, quando for
d'água naturais ou artificiais; necessária à execução de obras, planos, atividades ou
projetos de utilidade pública ou interesse social.
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos
chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua § 2º As florestas que integram o Patrimônio
situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação
metros de largura; permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.
o
d) no topo de morros, montes, montanhas e Art. 3 A exploração dos recursos florestais em
serras; terras indígenas somente poderá ser realizada pelas
comunidades indígenas em regime de manejo florestal
e) nas encostas ou partes destas, com declividade
sustentável, para atender a sua subsistência,
superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior o o
respeitados os Arts. 2 e 3 deste Código.
declive;
o
Art. 4 A supressão de vegetação em área de
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou
estabilizadoras de mangues; preservação permanente somente poderá ser
autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir social, devidamente caracterizados e motivados em
Cobertura Vegetal de Alagoas 163

Procedimento administrativo próprio, quando inexistir serviços especializados não excluem a ação da
alternativa técnica e locacional ao empreendimento autoridade policial por iniciativa própria.
proposto.
Art. 30. Aplicam-se às contravenções previstas
§ 3o O órgão ambiental competente poderá neste Código as regras gerais do Código Penal e da Lei de
autorizar a supressão eventual e de baixo impacto Contravenções Penais, sempre que a presente Lei não
ambiental, assim definido em regulamento, da disponha de modo diverso.
vegetação em área de preservação permanente.
Art. 33. São autoridades competentes para
§ 4o O órgão ambiental competente indicará instaurar, presidir e proceder a inquéritos policiais, lavrar
previamente à emissão da autorização para a supressão autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal, nos
de vegetação em área de preservação permanente, as casos de crimes ou contravenções, previstos nesta Lei,
medidas mitigadoras e compensatórias que deverão ser ou em outras leis e que tenham por objeto florestas e
adotadas pelo empreendedor. demais formas de vegetação, instrumentos de trabalho,
Art. 8° Na distribuição de lotes destinados à documentos e produtos procedentes das mesmas:
agricultura, em planos de colonização e de reforma a) as indicadas no Código de Processo Penal;
agrária, não devem ser incluídas as áreas florestadas de
preservação permanente de que trata esta Lei, nem as b) os funcionários da repartição florestal e de
florestas necessárias ao abastecimento local ou nacional autarquias, com atribuições correlatas, designados para
de madeiras e outros produtos florestais. a atividade de fiscalização.
Art. 16. As florestas e outras formas de Art. 46. No caso de florestas plantadas, o
vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
preservação permanente, assim como aquelas não Naturais Renováveis - IBAMA zelará para que seja
sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de preservada, em cada município, área destinada à
legislação específica, são suscetíveis de supressão, produção de alimentos básicos e pastagens, visando ao
desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no abastecimento local.
mínimo:
I - oitenta por cento, na propriedade rural o
LEI DO SNUC - LEI N 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000.
situada em área de floresta localizada na Amazônia
Legal;
II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA no exercício do
situada em área de cerrado localizada na Amazônia cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
e quinze por cento na forma de compensação em outra
área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de
o
e seja averbada nos termos do § 7 deste artigo; Unidades de Conservação da Natureza SNUC,
estabelece critérios e normas para a criação,
III - vinte por cento, na propriedade rural implantação e gestão das unidades de conservação.
situada em área de floresta ou outras formas de
o
vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; Art. 3 O Sistema Nacional de Unidades de
e Conservação da Natureza - SNUC é constituído pelo
conjunto das unidades de conservação federais,
IV - vinte por cento, na propriedade rural em
estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta
área de campos gerais localizada em qualquer região do
Lei.
País.
o
Art. 4 O SNUC tem os seguintes objetivos:
Art. 22. A União, diretamente, através do órgão
executivo específico, ou em convênio com os Estados e I - contribuir para a manutenção da diversidade
Municípios, fiscalizará a aplicação das normas deste biológica e dos recursos genéticos no território nacional
Código, podendo, para tanto, criar os serviços e nas águas jurisdicionais;
indispensáveis.
II - proteger as espécies ameaçadas de extinção
Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que se refere o no âmbito regional e nacional;
parágrafo único do art. 2º desta Lei, a fiscalização é da
competência dos municípios, atuando a União III - contribuir para a preservação e a restauração
supletivamente. da diversidade de ecossistemas naturais;

Art. 23. A fiscalização e a guarda das florestas pelos IV - promover o desenvolvimento sustentável a
164 Cobertura Vegetal de Alagoas

partir dos recursos naturais; II - Área de Relevante Interesse Ecológico;


V - promover a utilização dos princípios e III - Floresta Nacional;
práticas de conservação da natureza no processo de
IV - Reserva Extrativista;
desenvolvimento;
V - Reserva de Fauna;
VI - proteger paisagens naturais e pouco
alteradas de notável beleza cênica; VI Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
VII - proteger as características relevantes de VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.
natureza geológica, geomorfológica, espeleológica,
Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo,
arqueológica, paleontológica e cultural;
adotado internacionalmente, de gestão integrada,
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e participativa e sustentável dos recursos naturais, com os
edáficos; objetivos básicos de preservação da diversidade
biológica, o desenvolvimento de atividades de
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas
pesquisa, o monitoramento ambiental, a educação
degradados;
ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria
X - proporcionar meios e incentivos para da qualidade de vida das populações.
atividades de pesquisa científica, estudos e
§ 1o A Reserva da Biosfera é constituída por:
monitoramento ambiental;
I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à
XI - valorizar econômica e socialmente a
proteção integral da natureza;
diversidade biológica;
II - uma ou várias zonas de amortecimento,
XII - favorecer condições e promover a
onde só são admitidas atividades que não resultem em
educação e interpretação ambiental, a recreação em
dano para as áreas-núcleo; e
contato com a natureza e o turismo ecológico;
III - uma ou várias zonas de transição, sem
XIII - proteger os recursos naturais necessários à
limites rígidos, onde o processo de ocupação e o manejo
subsistência de populações tradicionais, respeitando e
dos recursos naturais são planejados e conduzidos de
valorizando seu conhecimento e sua cultura e
modo participativo e em bases sustentáveis.
promovendo-as social e economicamente.
o § 2o A Reserva da Biosfera é constituída por
Art. 7 As unidades de conservação integrantes
áreas de domínio público ou privado.
do SNUC dividem-se em dois grupos, com
o
características específicas: § 3 A Reserva da Biosfera pode ser integrada
por unidades de conservação já criadas pelo Poder
I - Unidades de Proteção Integral;
Público, respeitadas as normas legais que disciplinam o
II - Unidades de Uso Sustentável. manejo de cada categoria específica.
Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção § 4o A Reserva da Biosfera é gerida por um
Integral é composto pelas seguintes categorias de Conselho Deliberativo, formado por representantes de
unidade de conservação: instituições públicas, de organizações da sociedade civil
e da população residente, conforme se dispuser em
I - Estação Ecológica;
regulamento e no ato de constituição da unidade.
II - Reserva Biológica;
§ 5o A Reserva da Biosfera é reconhecida pelo
III - Parque Nacional; Programa Intergovernamental "O Homem e a Biosfera
MAB", estabelecido pela UNESCO, organização da qual
IV - Monumento Natural;
o Brasil é membro.
V - Refúgio de Vida Silvestre.
Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de
Uso Sustentável as seguintes categorias de unidade de
conservação:
I - Área de Proteção Ambiental;
Cobertura Vegetal de Alagoas 165

LEI DA MATA ATLÂNTICA - LEI Nº 11.428, DE 22 DE mantendo a biodiversidade e os demais atributos


DEZEMBRO DE 2006. e c o l ó g i c o s , d e fo r m a s o c i a l m e n te j u sta e
economicamente viável;
VI - enriquecimento ecológico: atividade técnica e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
cientificamente fundamentada que vise à recuperação
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
da diversidade biológica em áreas de vegetação nativa,
Lei:
por meio da reintrodução de espécies nativas;
Art. 1o A conservação, a proteção, a regeneração e
VII - utilidade pública:
a utilização do Bioma Mata Atlântica, patrimônio
nacional, observarão o que estabelece esta Lei, bem a) atividades de segurança nacional e proteção
o
como a legislação ambiental vigente, em especial a Lei n sanitária;
4.771, de 15 de setembro de 1965.
b) as obras essenciais de infra-estrutura de
o
Art. 2 Para os efeitos desta Lei, consideram-se interesse nacional destinadas aos serviços públicos de
integrantes do Bioma Mata Atlântica as seguintes transporte, saneamento e energia, declaradas pelo
formações florestais nativas e ecossistemas associados, poder público federal ou dos Estados;
com as respectivas delimitações estabelecidas em mapa
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, VIII - interesse social:
conforme regulamento: Floresta Ombrófila Densa; a) as atividades imprescindíveis à proteção da
Floresta Ombrófila Mista, também denominada de integridade da vegetação nativa, tais como: prevenção,
Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta combate e controle do fogo, controle da erosão,
Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, erradicação de invasoras e proteção de plantios com
bem como os manguezais, as vegetações de restingas, espécies nativas, conforme resolução do Conselho
campos de altitude, brejos interioranos e encraves Nacional do Meio Ambiente - CONAMA;
florestais do Nordeste.
b) as atividades de manejo agroflorestal
Art. 3o Consideram-se para os efeitos desta Lei: sustentável praticadas na pequena propriedade ou
I - pequeno produtor rural: aquele que, residindo posse rural familiar que não descaracterizem a cobertura
na zona rural, detenha a posse de gleba rural não vegetal e não prejudiquem a função ambiental da área;
superior a 50 (cinqüenta) hectares, explorando-a c) demais obras, planos, atividades ou projetos
mediante o trabalho pessoal e de sua família, admitida a definidos em resolução do Conselho Nacional do Meio
ajuda eventual de terceiros, bem como as posses Ambiente.
coletivas de terra considerando-se a fração individual
o
não superior a 50 (cinqüenta) hectares, cuja renda bruta Art. 5 A vegetação primária ou a vegetação
seja proveniente de atividades ou usos agrícolas, secundária em qualquer estágio de regeneração do
pecuários ou silviculturais ou do extrativismo rural em Bioma Mata Atlântica não perderão esta classificação
80% (oitenta por cento) no mínimo; nos casos de incêndio, desmatamento ou qualquer
outro tipo de intervenção não autorizada ou não
II - população tradicional: população vivendo em
licenciada.
estreita relação com o ambiente natural, dependendo
de seus recursos naturais para a sua reprodução Art. 6o A proteção e a utilização do Bioma Mata
sociocultural, por meio de atividades de baixo impacto Atlântica têm por objetivo geral o desenvolvimento
ambiental; sustentável e, por objetivos específicos, a salvaguarda da
biodiversidade, da saúde humana, dos valores
III - pousio: prática que prevê a interrupção de
paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e
atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais
da estabilidade social.
do solo por até 10 (dez) anos para possibilitar a
recuperação de sua fertilidade; Art. 11. O corte e a supressão de vegetação
IV - prática preservacionista: atividade técnica e primária ou nos estágios avançado e médio de
cientificamente fundamentada, imprescindível à regeneração do Bioma Mata Atlântica ficam vedados
proteção da integridade da vegetação nativa, tal como quando:
controle de fogo, erosão, espécies exóticas e invasoras; I - a vegetação:
V - exploração sustentável: exploração do ambiente a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres
de maneira a garantir a perenidade dos recursos ameaçadas de extinção, em território nacional ou em
ambientais renováveis e dos processos ecológicos, âmbito estadual, assim declaradas pela União ou pelos
166 Cobertura Vegetal de Alagoas

Estados, e a intervenção ou o parcelamento puserem Devidamente regulamentado pelo Conselho Nacional


em risco a sobrevivência dessas espécies; do Meio Ambiente e autorizado pelo órgão competente
do SISNAMA.
b) exercer a função de proteção de mananciais ou
de prevenção e controle de erosão; Art. 20. O corte e a supressão da vegetação
primária do Bioma Mata Atlântica somente serão
c) formar corredores entre remanescentes de autorizados em caráter excepcional, quando
vegetação primária ou secundária em estágio avançado necessários à realização de obras, projetos ou
de regeneração; atividades de utilidade pública, pesquisas científicas e
d) proteger o entorno das unidades de práticas preservacionistas.
conservação; ou Parágrafo único. O corte e a supressão de
vegetação, no caso de utilidade pública, obedecerão ao
e) possuir excepcional valor paisagístico,
disposto no art. 14 desta Lei, além da realização de
reconhecido pelos órgãos executivos competentes do
Estudo Prévio de Impacto Ambiental/Relatório de
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA;
Impacto Ambiental - EIA/RIMA.
II - o proprietário ou posseiro não cumprir os Art. 25. O corte, a supressão e a exploração da
dispositivos da legislação ambiental, em especial as vegetação secundária em estágio inicial de regeneração
exigências da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, do Bioma Mata Atlântica serão autorizados pelo órgão
no que respeita às Áreas de Preservação Permanente e à estadual competente.
Reserva Legal.
Parágrafo único. O corte, a supressão e a
Parágrafo único. Verificada a ocorrência do exploração de que trata este artigo, nos Estados em que
previsto na alínea a do inciso I deste artigo, os órgãos a vegetação primária e secundária remanescente do
competentes do Poder Executivo adotarão as medidas Bioma Mata Atlântica for inferior a 5% (cinco por cento)
necessárias para proteger as espécies da flora e da fauna da área original, submeter-se-ão ao regime jurídico
silvestres ameaçadas de extinção caso existam fatores aplicável à vegetação secundária em estágio médio de
que o exijam, ou fomentarão e apoiarão as ações e os regeneração, ressalvadas as áreas urbanas e regiões
proprietários de áreas que estejam mantendo ou metropolitanas.
sustentando a sobrevivência dessas espécies. Art. 30. É vedada a supressão de vegetação
Art. 14. A supressão de vegetação primária e primária do Bioma Mata Atlântica, para fins de
secundária no estágio avançado de regeneração loteamento ou edificação, nas regiões metropolitanas e
somente poderá ser autorizada em caso de utilidade áreas urbanas consideradas como tal em lei específica,
pública, sendo que a vegetação secundária em estágio aplicando-se à supressão da vegetação secundária em
médio de regeneração poderá ser suprimida nos casos estágio avançado de regeneração as seguintes
de utilidade pública e interesse social, em todos os casos restrições:
devidamente caracterizados e motivados em Art. 33. O poder público, sem prejuízo das
procedimento administrativo próprio, quando inexistir obrigações dos proprietários e posseiros estabelecidas
alternativa técnica e locacional ao empreendimento na legislação ambiental, estimulará, com incentivos
proposto, ressalvado o disposto no inciso I do art. 30 e econômicos, a proteção e o uso sustentável do Bioma
o o
nos §§ 1 e 2 do art. 31 desta Lei. Mata Atlântica.
Art. 18. No Bioma Mata Atlântica, é livre a coleta § 1 o Na regulamentação dos incentivos
de subprodutos florestais tais como frutos, folhas ou econômicos ambientais, serão observadas as seguintes
sementes, bem como as atividades de uso indireto, características da área beneficiada:
desde que não coloquem em risco as espécies da fauna I - a importância e representatividade ambientais
e flora, observando-se as limitações legais específicas e do ecossistema e da gleba;
em particular as relativas ao acesso ao patrimônio
genético, à proteção e ao acesso ao conhecimento II - a existência de espécies da fauna e flora
tradicional associado e de biossegurança. ameaçadas de extinção;
III - a relevância dos recursos hídricos;
Art. 19. O corte eventual de vegetação primária
ou secundária nos estágios médio e avançado de IV - o valor paisagístico, estético e turístico;
regeneração do Bioma Mata Atlântica, para fins de
V - o respeito às obrigações impostas pela
práticas preservacionistas e de pesquisa científica, será
legislação ambiental;
VI - a capacidade de uso real e sua produtividade
atual.
Cobertura Vegetal de Alagoas 167

LEI ESTADUAL Nº LEI N° 4.090, DE 05 DE DEZEMBRO DE DECRETO N° 4.302, DE 04 DE JUNHO DE 1980.


1979.

Regulamenta a Lei n° 4.090, de05 de dezembro de 1979,


Dispõe sobre a proteção do Meio Ambiente no Estado que dispõe sobre o Meio Ambiente no
de Alagoas e dá providências correlatas.
Estado de Alagoas e dá providências correlatas.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS. Faço saber
O GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS, no uso da
que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte
atribuição que lhe outorga o inciso III do art. 59 da
Lei:
Constituição Estadual, na conformidade com o disposto
Art. 1º - O meio ambiente é patrimônio comum e de no art. 18 da Lei n° 4.090, de 05 de dezembro de 1979 e
interesse social e o manejo ecológico de seus recursos tendo em vista o que consta do Processo SGC-1516/80.
naturais é dever geral, já que a todos assiste o direito de
DECRETA:
desfrutarem de um ambiente sadio.
Art. 1º - O Meio Ambiente é patrimônio comum e de
Art. 2º - A utilização dos recursos da natureza deverá ser
interesse social e o manejo ecológico de seus recursos
promovida, visando à satisfação das necessidades das
naturais é dever geral, já que a todos assiste, o direito de
populações e assegurando-se uma melhoria na
desfrutar de um ambiente sadio.
qualidade de vida das gerações atual e futuras.
Art. 2º - Compõem o Meio Ambiente, os recursos
Art. 3º - Compõem o meio ambiente, os recursos
hídricos, a atmosfera, o solo, o subsolo, a flora e a fauna,
hídricos, a atmosfera, o solo, o subsolo, a flora e a fauna,
sem exclusão do ser humano.
sem exclusão do ser humano.
Art. 3º - A utilização dos recursos da natureza deve
Art. 4º - Considera-se manejo ecológico, a utilização dos
atender a satisfação das necessidades das populações
recursos naturais, conforme os critérios de Ecologia,
visando assegurar-lhes uma melhoria na qualidade de
visando obstar o surgimento, a proliferação e o
vida das gerações atual e futura.
desenvolvimento das condições que causem ou possam
causar danos às populações ou aos recursos naturais. Art. 4º - Para assegurar-se da correta utilização dos
recursos da natureza, o Estado de Alagoas define Política
Parágrafo único. O manejo ecológico busca, ademais, a
Ambiental como sendo o instrumento do Estado que
otimização do uso dos recursos naturais e a atuação no
visa promover a preservação do Meio Ambiente,
sentido de corrigir os danos verificados no meio
impedindo a degradação ambiental e combatendo a
ambiente.
poluição.
Art. 5º - A Política Ambiental é um instrumento de
Art. 5º - A Política Ambiental utilizará os recursos
Estado que visa impedir e combater a poluição e a
econômicos, materiais e humanos, bem como os
degradação ambiental e promover a preservação do
instrumentos necessários, capazes de assegurar à
meio ambiente.
população alagoana uma boa qualidade ambiental.
§ 1º - A Política Ambiental será exercida pelo conjunto
Art. 6º - A Política Ambiental será exercida pelo conjunto
dos órgãos públicos nos diversos níveis, sem excluir a
dos órgãos públicos nos diversos níveis, sem excluir a
participação de caráter privado, segundo as normas da
participação dos de caráter privado, segundo as normas
Coordenação do Meio Ambiente e do Conselho Estadual
da Coordenação do Meio Ambiente e do Conselho
de Proteção Ambiental - CEPRAM.
Estadual de Proteção Ambiental - CEPRAM.
§ 2º - A Política Ambiental utilizará os recursos
econômicos, materiais e humanos bem como os
instrumentos necessários, capazes de assegurar á
população alagoana uma boa qualidade ambiental.
Art. 6º - Conservar utilizar os recursos naturais em
conformidade com o manejo ecológico.
Art. 7º - Preservar é manter um ecossistema em sua
integridade, eliminando do mesmo qualquer
interferência humana, salvo aquelas destinadas a
possibilitar a própria preservação.
168 Cobertura Vegetal de Alagoas

DECRETO N° 4.302, DE 04 DE JUNHO DE 1980. V promover a recuperação de áreas degradadas;


VI proteger a flora e a fauna silvestre;
Regulamenta a Lei n° 4.090, de05 de dezembro de 1979, que dispõe VII estimular programas de educação ambiental e de turismo
sobre o Meio Ambiente no ecológico em áreas florestais.
Estado de Alagoas e dá providências correlatas. Art. 4° O Poder Executivo criará mecanismo de fomento a:
O GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS, no uso da atribuição que I florestamento e reflorestamento, objetivando:
lhe outorga o inciso III do art. 59 da Constituição Estadual, na
conformidade com o disposto no art. 18 da Lei n° 4.090, de 05 de a. suprimento do consumo de madeira, produtos lenhosos e
dezembro de 1979 e tendo em vista o que consta do Processo SGC- subprodutos para uso industrial, comercial, doméstico e social;
1516/80.
b. minimização do impacto da exploração e utilização dos
DECRETA: adensamentos florestais nativos;
Art. 1º - O Meio Ambiente é patrimônio comum e de interesse social c. complementação a programas de conservação do solo e
e o manejo ecológico de seus recursos naturais é dever geral, já que a regeneração ou recomposição de áreas degradadas, para
todos assiste, o direito de desfrutar de um ambiente sadio. Incremento do potencial florestal do Estado, bem como a
Art. 2º - Compõem o Meio Ambiente, os recursos hídricos, a minimização da erosão e o assoreamento de cursos de água, naturais
atmosfera, o solo, o subsolo, a flora e a fauna, sem exclusão do ser ou artificiais;
humano.
d. projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, visando a
Art. 3º - A utilização dos recursos da natureza deve atender a utilização de espécies nativas e/ou exóticas em programas de
satisfação das necessidades das populações visando assegurar-lhes reflorestamento;
uma melhoria na qualidade de vida das gerações atual e futura.
e. programas de incentivo a transferência de tecnologia e de
Art. 4º - Para assegurar-se da correta utilização dos recursos da métodos de gerenciamento, no âmbito dos setores público e
natureza, o Estado de Alagoas define Política Ambiental como sendo privado;
o instrumento do Estado que visa promover a preservação do Meio
Ambiente, impedindo a degradação ambiental e combatendo a f. promoção e estímulo a projetos para recuperação de áreas em
poluição. processo de desertificação;
Art. 5º - A Política Ambiental utilizará os recursos econômicos, II pesquisa, objetivando:
materiais e humanos, bem como os instrumentos necessários,
capazes de assegurar à população alagoana uma boa qualidade a. preservação e recuperação de ecossistemas;
ambiental. b. implantação e manejo das unidades de conservação;
Art. 6º - A Política Ambiental será exercida pelo conjunto dos órgãos III desenvolvimento de programas de educação ambiental florestal.
públicos nos diversos níveis, sem excluir a participação dos de caráter
privado, segundo as normas da Coordenação do Meio Ambiente e do LEI N° 4.986, DE 16 DE MAIO DE 1988.
Conselho Estadual de Proteção Ambiental - CEPRAM.
LEI N° 5.854, DE 14 DE OUTUBRO DE 1996.
Cria o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas - IMA e
Dispõe sobre a política florestal no Estado de Alagoas. adota outras providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS. Faço saber que o Poder O GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS. Faço saber que o Poder
Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1° As florestas existentes no território do Estado de Alagoas e as
Art. 1° - Fica criado o Instituto do Meio Ambiente do Estado de
demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade para o meio
Alagoas -
ambiente e às terras que revestem; são bens de interesse comum a
todos os habitantes do Estado, observando-se o direito de IMA, autarquia dotada de personalidade jurídica de direito público,
propriedade com as limitações em geral e, especialmente, esta Lei com autonomia administrativa, patrimonial, financeira e
estabelecem. operacional, vinculada à Secretaria de Planejamento do Estado de
Art. 2° As atividades florestais deverão assegurar a manutenção da Alagoas.
qualidade de vida e do equilíbrio ecológico e a preservação do Art. 2° - O IMA tem sede e foro na Capital do Estado e jurisdição em
patrimônio genético, observados os seguintes princípios: todo o território alagoano.
I preservação e conservação da biodiversidade;
Art. 3° - O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas tem por
II função social da propriedade; finalidade executar a política ambiental do Estado, com o objetivo de
III compatibilização entre o desenvolvimento e o equilíbrio compatibilizar o desenvolvimento econômico com a proteção do
ambiental; meio ambiente, mediante a racionalização do uso dos recursos
ambientais, a preservação e recuperação do meio ambiente e o
IV uso sustentado dos recursos naturais renováveis. controle da poluição e degradação ambiental, na conformidade das
Art. 3° A política florestal do Estado tem por objetivo: diretrizes estabelecidas na Constituição do Estado de Alagoas.
I assegurar a conservação das principais formações fitoecológicas;
II disciplinar a exploração dos adensamentos vegetais nativos,
através de sua conservação e fiscalização;
III Controlar a exploração, utilização e consumo de produtos e
subprodutos florestais;
IV desenvolver ações com a finalidade de suprir a demanda de
produtos florestais susceptíveis de exploração e uso;
Cobertura Vegetal de Alagoas 169

a) UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: PARTICULARES


São quarenta as Unidades de Conservação inseridas na área de 07 Reservas Particulares do Patrimônio Natural RPPNs de
abrangência da Mata Atlântica do Estado de Alagoas e mais seis no competência Federal
bioma da Caatinga, perfazendo um total de quarenta e seis unidades
14 Reservas Particulares do Patrimônio Natural RPPNs de
destinada à preservação destes dois biomas. Há que se observar que
competência Estadual Mais duas RPPNs localizadas em área de
está em fase final de processo a criação de uma unidade estadual na
transição n a área da Mata Atlântica.
categoria de proteção integral, um Refugio de Vida Silvestre.
04 Reservas Particulares do Patrimônio Natural RPPNs na área da
Caatinga
Destacam-se como áreas de proteção de moluscos e pescados a APA
de Santa Rita e a R.E. Saco da Pedra, no complexo lagunar. Como área
de proteção dos mananciais tem-se o destaque da APA do Catolé, e a a) RESERVAS DE BIOSFERA.
APA do Pratagy que abastecem a Capital do Estado. Como áreas de
O Brasil é signatário do Programa Homem e Biosfera da UNESCO e
proteção da fauna e flora de áreas de alagadiços podem-se citar a R.
tem sete áreas reconhecidas pela UNESCO como Reservas da
E. da Lagoa do Roteiro e a APA da Marituba do Peixe, todas unidades
Biosfera, em momentos diferentes, são elas: Reserva da Mata
estaduais.
Atlântica reconhecida em 1992, a Reserva do Cerrado de 1993, a
No âmbito federal as unidades mais importantes são a ReBio de Reserva do Cinturão Verde de São Paulo datada de 1995, a Reserva
Pedra Talhada e a Estação Ecológica de Murici, em áreas de mata e a do Pantanal de 2000, as Reservas da Catinga e Amazônia Central,
APA Costa dos Corais, a maior unidade de conservação em ambas reconhecidas na reunião da UNESCO de 2001 e finalmente a
ambientes marinhos do Brasil. Reserva da Serra do Espinhaço de 2005.
Eis as nossas Unidades de Conservação:
FEDERAIS Destas, duas estão encravadas em território alagoano: a Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica e a Reserva da Biosfera da Caatinga. Estas
02 Áreas de Proteção Ambiental APA
Reservas são consideradas como grandes áreas protegidas, em
02 Estações Ecológicas conformidade com a Lei do SNUC em seu Artigo 41.
01 Reserva Biológica
01 Área de Proteção Permanente c.1) POSTOS AVANÇADOS
01 Reserva Extrativista
01 Monumento Natural na área da Caatinga Dentro do contexto do programa MAB AND BIOSPHERE, de reservas
de biosfera, Alagoas destaca-se como a Unidade Federativa que
ESTADUAIS
detém o maior quantitativo de Postos Avançados e Núcleos de
05 Áreas de Proteção Ambiental Apoio, São doze estas unidades de conservação reconhecidas por
acordo internacional assinado pelo Brasil, todos eles no bioma da
02 Reservas Biológicas
Mata Atlântica.
MUNICIPAIS
03 Unidades Municipais (Parques).
Eis os nossos Postos Avançados:
01 Unidade Municipal na área da Caatinga (Parque).
170 Cobertura Vegetal de Alagoas

12- Glossário outro prejuízo causado pelo arrasto é o revolvimento do


fundo do mar, o que prejudica sensivelmente o
POR AFRANIO FARIAS DE MENEZES ambiente e a fauna bentônica (que vive no fundo).
A
Assoreamento - Processo em que lagos, rios, baías e
Abiótico - Lugar ou processo sem seres vivos. O mesmo estuários vão sendo aterrados pelos solos e outros
que azóico. sedimentos neles depositados pelas águas das
enxurradas, ou por outros processos.
Ablação - Conjunto de processos que provocam a
erosão. Atividade Poluidora - Qualquer atividade que,
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas utilizando os recursos naturais, seja capaz de causar
Entidade privada sem fins lucrativos, criada em 1940 e poluição ou degradação no ambiente.
reconhecida como Foro Nacional de Normalização. Ativo ambiental - O conjunto dos bens ambientais de
Abrasão - Processo erosivo do mar nas zonas costeiras uma área pública ou privada, tais como: mananciais de
e/ou o desgaste do relevo produzido pela ação dos água, encostas com cobertura vegetal nativa, reservas
ventos, dos rios, do degelo ou das chuvas. naturais, áreas de proteção, etc.
Aceiro - Faixa de terreno limítrofe às áreas de cultura Atol - Recife mais ou menos circular, em forma de coroa
e/ou florestas, mantida livre de vegetação ou de fechada em cuja área central apresenta a formação de
qualquer outro tipo de combustível natural com a uma lagoa. No Brasil o exemplo mais conhecido é o Atol
finalidade de evitar, combater ou impedir a propagação das Rocas, a 200 Km da costa do Rio Grande do Norte
de incêndios. entre esta e o Arquipélago de Fernando de Noronha.
Aeróbio - Organismo ou processo para o qual é Atmosfera - Camada de gases que envolve a superfície
totalmente necessária a presença de oxigênio livre, dos corpos celestes. No caso da Terra, a atmosfera é
retirado do ar ou da água. constituída de cinco camadas distintas. A mais próxima,
Afluente - Curso de água cuja vazão contribui para conhecida por troposfera atinge até 16 Km de altura e é
aumentar o volume de outro corpo d'água. composta de: 78,10 % de nitrogênio, 20,90 % de
oxigênio, 0,90 % de argônio, 0,75 % de água, 0,032 % de
Agenda 21 - Trata-se de um Acordo firmado durante a
dióxido de carbono e porções ínfimas de outros gases. A
Rio-92 e que consiste da normatização das ações para
segunda camada é a estratosfera, distante entre 16 e 50
garantia de um desenvolvimento sustentável com vistas
Km e é formada pela camada de ozônio. A Mesosfera
a qualidade de vida no século 21. Este acordo determina
está entre 50 e 80 Km, a ionosfera entre 80 e 640Km e
ações de Governos, Agências de Desenvolvimento,
organismos das Nações Unidas e Setores Independentes finalmente a exosfera que se estende ate cerca de 9.600
cuja atividades humanas interfiram com o meio Km de distância da superfície terrestre.
ambiente. A agenda 21 contém 04 seções, 40 capítulos, Avaliação de Impacto Ambiental ver EIA.
115 programas e cerca de 2.500 ações a serem
implantadas. Avifauna - conjunto das espécies de aves que vivem
numa determinada região.
Água Potável - É aquela cuja qualidade a torna
adequada ao consumo humano, segundo padrões da B
PB-19 da ABNT de 1973.
Bacia hidrográfica - Conjunto de terras drenadas por um
Área de Preservação Permanente ( APP ) - São aquelas rio principal e seus afluentes. A noção de bacias
em que a flora existente não pode sofrer qualquer tipo hidrográfica inclui naturalmente a existência de
de degradação - manguezais, lagos, lagoas, lagunas, cabeceiras ou nascentes, divisores d'água, cursos d'água
praias, vegetação de restinga, dunas, costões rochosos, principais, afluentes, subafluentes, etc. Em todas as
cavernas, nascentes. São também consideradas APP as bacias hidrográficas deve existir uma hierarquização na
áreas que abriguem espécies consideradas ameaçadas rede hídrica e a água se escoa normalmente dos pontos
de extinção, bem assim, aquelas utilizadas para pouso mais altos para os mais baixos. O conceito de bacia
de aves migratórias, para alimentação e reprodução de hidrográfica deve incluir também noção de dinamismo,
animais silvestres. por causa das modificações que ocorrem nas linhas
Arrasto - atividade de pesca em que a rede é lançada e o divisórias de água sob o efeito dos agentes erosivos,
barco permanece em movimento. É uma prática alargando ou diminuindo a área da bacia.
considerada predatória quando a malha das redes é
pequena, fora dos padrões fixados pelo IBAMA, pois
nestes casos há captura de peixes e outros organismos
aquáticos jovens.
Cobertura Vegetal de Alagoas 171

Barreira Ecológica - O resultado de qualquer ação Altura. A capoeira representa, na realidade, diferentes
humana que impeça as migrações, trocas ou interações, estágios de regeneração de floresta inicial suprimida.
por meio da divisão ou isolamento de um ou mais
ecossistema. Cerrado - Vegetação que ocorre principalmente no
Planalto Central, caracterizado por árvores baixas e
Bentos - conjunto de seres vivos que vivem restritos ao retorcidas e arbustos espalhados, associados a
fundo de rios, lagoas, lagos ou oceanos. gramíneas.
Biocenose - conjunto equilibrado de animais e de
Chorume - Líquido de coloração escura (âmbar)
plantas de uma comunidade.
produzido a partir da decomposição das matérias
Biodiversidade É a diversificação de espécies animais e orgânicas existentes nos lixos domésticos dos lixões das
vegetais existentes em um determinado ambiente. cidades. Devido ao seu auto grau de contaminação o
Bioma - amplo conjunto de ecossistemas terrestres chorume é a maior das preocupações no descarte do lixo
caracterizados por tipos fisionômicos semelhantes de urbano, para evitar a sua infiltração e posterior
vegetação, com diferentes tipos climáticos. É o conjunto contaminação dos lençóis freáticos.
de condições ecológicas de ordem climática e
Cobertura Vegetal - Termo usado no mapeamento
características de vegetação: o grande ecossistema com
ecológico para determinar os tipos de vegetação natural
fauna, flora e clima próprios. Os principais biomas
mundiais são: tundra, taiga, floresta temperada ou plantada, que recobrem certa área.
caducifólia, floresta tropical chuvosa, savana, oceano e Coleta Seletiva - Processo de coleta de resíduos que
água doce. consiste em separar previamente, o lixo orgânico do lixo
Biomassa - Quantidade de matéria viva em uma área reciclável, na própria fonte geradora contribuindo para
predeterminada. reduzir o volume a ser transportado para os aterros. Esta
coleta é identificada pela cor dos recipientes que irão
Biota - É a composição da fauna e da flora de uma
contê-los: Verde para vidros, Vermelho para plásticos,
determinada região. Conjunto de seres vivos de um
ecossistema. Azul para papeis e Amarelo para metais.

Brejo - Terreno plano, encharcado situado nas regiões Compostagem - Processo de aceleração da
de cabeceiras de rios ou em zonas de transbordamento decomposição do lixo orgânico, por meio da ação de
destes. fungos e bactérias. O resultado deste processo é a
formação de um composto rico em matéria orgânica e
C
que é utilizado na adubação do solo para plantio.
Caatinga - Tipo de vegetação brasileira, protegida por
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
lei, formada por vegetação arbórea espinhosa associada
à Cactáceas e bromélias. Na seca esta vegetação perde Criado pela Lei nº 6.938 de 31.08.81 é a instância
as folhas como meio de proteção e garantia de superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente
sobrevivência. (SISNAMA), com a função de assessorar o Presidente da
República na Formulação de Diretrizes de Política
Cabeceira - Região onde se formam as nascentes dos Nacional do Meio Ambiente.
rios. Esta região tem a sua vegetação protegida por Lei
Federal, sendo proibida a sua supressão. Controle Ambiental - A faculdade de a Administração
Pública exercer a orientação, correção, fiscalização e o
Camuflagem - Disfarce pelo uso de formas, cores e
arranjos que simulam o ambiente circundante, para monitoramento da utilização dos recursos ambientais,
despistar predadores ou para capturar presas de conformidade com as leis em vigor. Conjunto de
desavisadas. O mesmo que mimetismo. ações adotadas visando manter as condições do meio
ambiente em níveis satisfatórios.
Cânion - Vales de paredes verticais íngremes em cujo
fundo normalmente corre um rio. Nosso melhor D
exemplo é o Cânion de Itaimbezinho no Parque Nacional
DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio.
dos Aparados da Serra, entre os Estados do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina. Degradação Ambiental - Processo resultante dos danos
Capão - Bosque isolado que surge em um campo. em uma determinada área com a conseqüente redução
da qualidade de vida e/ou a capacidade produtiva dos
Capoeira - Vegetação que nasce logo após a supressão recursos naturais, decorrente da ação de agentes
de uma mata nativa, sendo deste modo uma cobertura externos ao meio.
de vegetação secundária. Na sua forma mais densa os
indivíduos mais desenvolvidos atingem até 5 metros de DQO - Demanda Química de Oxigênio
172 Cobertura Vegetal de Alagoas

Desertificação - Processo de degradação do solo, comunidades adjacentes aos ecossistemas.


provocado por remoção da cobertura natural ou
Educação Ambiental - O processo de aprendizagem e
utilização predatória, que acaba por transformá-lo em
comunicação visando o desenvolvimento de atitudes
deserto.
que levem à participação das comunidades na
Desflorestamento - Destruição, corte e abate preservação do equilíbrio ambiental.
indiscriminado de matas e florestas, para Efeito Estufa - É denominação dada ao aumento da
comercialização da madeira ou o uso do solo para temperatura ambiente, provocada pela reflexão da
qualquer atividade econômica ou obra de engenharia. temperatura que atinge a superfície terrestre quando a
Diagnóstico Ambiental - É o conhecimento de todos os atmosfera está com altas concentrações de vapores de
componentes ambientais de uma determinada área água, nitrogênio, oxigênio e/ou gases ricos em carbono.
para a caracterização de sua qualidade ambiental. Efluente - Tudo que sai ou é eliminado de algum local.
Quando a área já está impactada este diagnóstico inclui Pode ser líquido, sólido ou gasoso e via de regra torna-se
a indicação de ações que possam mitigar a área. um elemento poluidor do meio ambiente, uma vez neste
lançado sem qualquer tratamento.
Dinâmica Populacional - Estudo das alterações no
número de indivíduos em determinada população e os Endêmica - Diz-se de determinada espécie da flora ou da
diversos fatores que influenciam estas alterações. fauna, cuja presença geográfica se acha limitada a uma
determinada área.
Dormência - Estado de inatividade temporária dos seres
vivos em decorrência do aspecto hostil do meio Entidade Poluidora - Pessoa física ou jurídica, de direito
ambiente em sua volta, seja pelo frio, calor ou falta de público ou privado, causador de atividade poluidora ou
água e que impeça o seu funcionamento normal. potencialmente poluidora do meio ambiente.
Algumas sementes também possuem estado de Epífitas - Plantas que crescem agarradas a outras
dormência que necessita ser quebrado, por meios plantas, tais como as orquídeas, musgos, liquens,
físicos ou químicos, para possibilitar a sua germinação. bromélias, etc.
Dossel - Espaço de uma floresta situada entre o solo e a Erosão - Processo de degradação do solo por efeito do
parte superior da copa das árvores que a compõe. carreamento dos sedimentos por ação dos ventos, das
Duna - Monte de formação arenosa produzido pela ação águas dos rios, das chuvas ou do degelo, e que pode ser
dos ventos. As dunas são formações de grande acelerado pela ação lesiva do homem.
instabilidade que estão em constante movimentação Espécie - A unidade básica de classificação da vida,
até que uma cobertura vegetal a estabilize. São mais composta de uma população de indivíduos semelhantes
comuns no litoral e nos desertos devido à constante e intimamente aparentados, capazes de se
presença de ventos e ao grande estoque de areia. reproduzirem entre si, gerando novos seres
geneticamente assemelhados. Algumas espécies
E
podem reproduzir com outras bastante próximas,
Ecologia - É o estudo das condições de existência dos entretanto seus produtos serão híbridos.
seres vivos e as interações, de qualquer natureza, entre Espécie pioneira - Espécie vegetal que inicia a
estes e o seu meio. ocupação de áreas desabitadas de plantas em razão da
Ecossistema - É a composição harmônica dos diversos ação do homem ou de forças naturais.
elementos físicos, químicos e biológicos em um espaço Estudo de Impacto Ambiental ( EIA ) - Trata-se da
determinado e dos quais depende a vida de uma execução, por uma equipe multidisciplinar, dos estudos
espécie. É um sistema aberto integrado por todos os técnicos e científicos destinados a analisar,
organismos vivos e os elementos abióticos de uma sistematicamente, as conseqüências da implantação de
determinada área, definida no tempo e no espaço. um projeto no meio ambiente, considerando-se a
Ecótipo - Raças de uma mesma espécie que diferem avaliação e a previsão dos impactos. Os estudos são
unicamente em alguns caracteres morfológicos e que se realizados por equipe técnica creditada junto aos
OEMA's, e compreende, a descrição do projeto e suas
encontram adaptadas às condições locais.
alternativas nas diversas fases [ planejamento,
Ecótono - Diz-se das áreas de encontro entre dois implantação, operação e desativação ( quando houver )
ecossistemas diferentes. É a zona de transição entre os ]; a delimitação geográfica e o diagnóstico ambiental da
ecossistemas, que pode apresentar grandes extensões área de influência; a identificação, a medição e a
lineares, porem não tão larga quanto às áreas das valoração dos impactos; a comparação das alternativas
Cobertura Vegetal de Alagoas 173

e a previsão da situação ambiental futura, inclusive no Fossa - Depressão profunda e larga do terreno que
caso de não se executar o projeto; a relação das medidas aparece em áreas emersas ou imersas ( fossa
mitigadoras e do programa de monitoramento e a continental, fossa marinha ). Caixa hermética que detêm
apresentação do Relatório de Impacto Ambiental RIMA. os esgotos domésticos, por um determinado período,
com a finalidade de reter os sólidos e gorduras e permitir
Exótica - Espécie viva, animal ou vegetal, introduzida em
a redução dos microrganismos pela ação de bactérias
uma determinada região e que irá competir com as
anaeróbicas.
espécies nativas.
Fragilidade Ambiental - É a maior ou menor capacidade
Extrativismo - ato de extrair madeira ou outros produtos
de determinada área, de manter ou recuperar a situação
das florestas ou minerais.
de equilíbrio do ecossistema diante de uma agressão
Eutrofização - Processo de enriquecimento das águas, sofrida.
devido ao aumento excessivo de nutrientes que
Fundo Nacional do Meio Ambiente FNMA - Fundo
facilitam o crescimento vegetal. Este excesso pode
governamental criado pela Lei nº 7797/89, que visa
resultar em um incremento dos níveis bacterianos no
apoiar ações e projetos direcionados à preservação e/ou
corpo d'água, tornando-o impróprio para existência
recuperação ambiental, com o uso sustentável dos
parcial ou total de vida de espécies locais. O mesmo que
recursos naturais e que garanta uma qualidade de vida
eutrofização.
adequada aos brasileiros.
F
G
Falésia - Termo usado para designar as formas de relevos
Gamboa - Remanso das águas do rio, dando a impressão
litorâneo escarpadas e desnivelamentos assemelhados
da formação de um lago de águas serenas.
nas margens dos rios.
Garimpo - Atividade de extração de argila, areia, metais
Fator Ambiental - Todo elemento do meio susceptível
ou pedras preciosas, geralmente de forma artesanal ou
de agir diretamente sobre os seres vivos, positiva ou
semi-industrial e com ocorrência de depredação do
negativamente, ao menos em uma das fases do seu ciclo
ambiente, ocasionando impactos ambientais de maior
de desenvolvimento.
ou menor monta contaminação da área por mercúrio.
Feromônio - Hormônio específico produzido por cada
Geofácies - Espaço físico e ecológico caracterizado pelo
indivíduo, que serve para identificá-lo, como meio de
domínio de um ecossistema de grande homogeneidade,
comunicação ou de atrativo sexual para seres da mesma
encravado no interior de uma província morfoclimática
espécie.
e fitogeográfica definida.
Fiscalização - Ato de ação direta do Poder Público, com
Geologia Ambiental - A aplicação de dados e princípios
poder de polícia, para verificação da obediência à
da geologia pura para a busca de soluções de problemas
legislação específica.
gerados pela ação do homem no uso do ambiente físico.
Fitoplâncton - Conjunto de plantas flutuantes, como
Gestão Ambiental - A tarefa de conduzir, dirigir e
algas, de um ecossistema aquático.
controlar, por parte do governo, o uso dos recursos
Flora - Totalidade das espécies vegetais que naturais, sem que haja redução da produtividade e da
compreende a vegetação de uma determinada região, qualidade ambiental de modo a manter as comunidades
sem qualquer expressão de importância individual. biológicas. O ato de dirigir e controlar as atividades
Floresta - Ecossistema complexo no qual as árvores produtivas de uma empresa de modo a garantir a
apresentam altura superior a sete metros, cuja copa observância à legislação vigente e à sua própria política
protege o solo dos impactos do sol, ventos e das chuvas. ambiental.

Fluxo - Movimento de energia, matéria, animais e seres Gradiente - Taxa de variações de determinado fator a ser
humanos para dentro ou para fora de um sistema. Fluxo medido. Pode-se determinar o gradiente: dos canais, de
migratório, fluxo turístico, fluxo de radiação, fluxo temperatura, ecológico, geotérmico, latitudinal, de
gênico, etc. salinidade, etc.

Fonte - Local no solo ou em rochas de onde a água flui H


naturalmente para o solo, formando uma massa de água Habitat - É o lugar onde vive ou pode ser encontrado um
( rio ) Ponto ou local de emissão de poluentes, podendo organismo. Soma total das condições ambientais de um
ser fixa ou estacionária ( chaminés ) ou móvel ( determinado lugar, que é ocupado por um organismo,
automóvel ). uma população ou uma comunidade.
174 Cobertura Vegetal de Alagoas

Haloplâncton - Plâncton de águas salgadas. Impacto Ambiental - Qualquer alteração significativa no


meio ambiente, positiva ou não, ocasionada pela ação
Heliotermia - Mecanismo pelo qual os animais de
do homem e que direta ou indiretamente afetem: a) a
sangue frio mantêm o corpo com a temperatura
saúde, a segurança e o bem estar da população; b) as
relativamente elevada por exposição ao sol. Este fato é
atividades sociais e econômicas locais; c) a biota; d) as
muito comum entre os répteis.
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e) a
Herbário - Coleção de peças de plantas ( folhas, flores, qualidade dos recursos ambientais.
raízes) secas e prensadas, arquivadas de forma
De acordo com o tipo de interferência que o impacto
sistemática e que servem para a identificação e
venha causar ao meio ambiente ele será considerado
classificação das espécies de determinada região e sua
como:
comparação taxonômica com outras, até mesmo
- Positivo quando acarreta melhoria da qualidade
desconhecidas.
ambiental
Heterotrófico - Organismos que utilizam matérias - Negativo quando a ação acarreta danos na qualidade
orgânicas como fonte de energia e de nutrientes. ambiental
- Direto quando resulta em uma simples relação de
Hibernação - Estado de latência orgânica apresentada
causa e efeito.
por certos animais que consiste em reduzir a
- Indireto quando é uma reação secundária ou uma
temperatura e o metabolismo corporal, com a
reação em cadeia.
finalidade de superar baixas temperaturas e/ou a
- Local quando afeta o próprio sitio ou suas imediações.
redução ou falta de oferta de alimentos.
-Regional quando se propaga além da área do sitio onde
Hidrosfera - A parte líquida da terra, composta das se dá a ação.
massas oceânicas e pelas águas continentais (rios e - Estratégico quando afeta um componente de
lagos), cons-tituindo-se em 71% da superfície terrestre. interesse coletivo.
-Imediato quando o efeito surge no instante em que se
Homeostase - Capacidade de adaptação que um ser vivo
dá a ação.
apresenta no intuito de manter o seu organismo
- Retardado quando surge depois de certo tempo de
equilibrado em relação às variações ambientais.
ocorrida a ação.
Homeotermos - ou endotermos, são animais que - Temporário quando o efeito desaparece após algum
mantém constantemente sua temperatura corporal, tempo.
independen-temente da temperatura externa, - Permanente quando o efeito é irreversível, num
despendendo uma grande quantidade de energia na horizonte temporal.
realização do seu controle.
Impermeável - Diz respeito à capacidade de impedir a
Homotermia - A capacidade dos animais de sangue
passagem da água. No caso dos solos, diz-se da
quente de manter a estabilidade da temperatura
capacidade deste de impedir a passagem de fluídos ou a
corporal diante das variações de temperatura do
penetração das raízes.
ambiente à sua volta.
Incineração - Processo de combustão controlada de
Hospedeiro - Organismo vivo que hospeda outro e que
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, geralmente
naquele consegue sobreviver. Esta situação pode se dar
poluidores e/ou contaminados, com o intuito de reduzir
de modo definitivo ou apenas em determinado período
peso e volume e garantir sua deposição final de forma
da vida do hospedado ou parasito.
mais segura.
Húmus - Material orgânico inerte, resultante da
Insetívoro - Indivíduo ( animal ou vegetal ) que se
decomposição microbiana das plantas e substâncias
alimenta basicamente de insetos.
animais, composto de 60% de carbono, 06% de
nitrogênio e quantidades menores de enxofre e fósforo Inundação - A ação das águas sobre uma determinada
e que torna o solo próprio para ser utilizado pelas superfície terrestre normalmente livre delas. A ação do
plantas. homem no meio ambiente, via de regra, é a maior causa
destas, devido a impermeabilização do solo, alterações
I
em cursos d'água, acumulo de lixo.
Ictiofauna - É a fauna de peixes de uma região.
J
Imaturo - Diz-se do organismo que se acha em estágio
Jazida - Massa de substâncias minerais ou fósseis
de desenvolvimento, não tendo atingido ainda a
encontradas na superfície ou no interior da terra, que
maturidade sexual.
Cobertura Vegetal de Alagoas 175

apresentem valor econômico. Lixão - Deposição inadequada de resíduos sólidos ( lixo


doméstico ) pela simples descarga do material no solo,
Jusante - Ponto na direção da corrente, rio abaixo, em sem qualquer técnica ou controle, favorecendo a
relação a outro. Diz-se de uma área que se encontra proliferação de vetores de doenças, a geração de odores
abaixo de outra à qual se refere. desagradáveis, a contaminação do aqüífero, a atividade
L de catação e a alimentação por parte de animais
domésticos.
Lagoa - Pequeno lago. Porção de água acumulada em
uma depressão do terreno por um rio ( lagoa fluvial ), por Lodo - Resíduo pastoso produzido pelas estações de
tratamento de esgotos, com grande concentração de
água do mar ( laguna ) ou por águas das chuvas ( lagoa
matéria orgânica e outros materiais contaminantes.
pluvial). Lagoa de estabilização é denominação de uma
área preparada para receber efluentes líquidos com Loteamento - Subdivisão de uma gleba de terra, para
grandes concentrações de matéria orgânica para que vendas parceladas com o fim de edificar, e que esteja em
sofram a ação de microorganismos com a finalidade de consonância com a Lei Federal nº 6.766 e o disposto no
depuração por meio da oxidação. Código de Urbanismo local.

Lapa - Denominação genérica, porem regionalista, dada M


às cavernas que aparecem nas encostas das rochas. Mancha - Expressão perjorativa para descrever a
unidade discreta do espaço ambiental, com
Lavra - É o local ou a operação efetuada visando a
características bem definidas e descontínuas de outras
exploração comercial de uma jazida.
áreas do mesmo ecossistema.
Legislação Ambiental - Conjunto de regulamentos Manejo - Uso adequado dos bens naturais de forma a
jurídicos especificamente dirigidos às atividades que garantir a preservação das espécies, proporcionando
afetem a qualidade ambiental. fontes de produtos biológicos para o homem bem como
Licença - Ato Administrativo pelo qual o Poder Público, fonte de conhecimento científico e de lazer.
verificando que o interessado atendeu a todas as Manejo Florestal Sustentável de Uso Múltiplo -
exigências legais, faculta-lhe o desempenho de Administração da floresta para a obtenção de benefícios
determinada atividade, por este solicitada. econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os
mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do
LP - Licença Prévia É expedida na fase inicial do
manejo, e considerando-se a utilização dos produtos e
planejamento da atividade. Sua concessão subprodutos de múltiplas espécies e outros bens e
implica no compromisso do requerente em serviços de natureza florestal.
manter o projeto final compatível com as
condicionantes do deferimento. Manguezal - Ecossistema associado à Mata Atlântica,
situado ao longo da costa brasileira, do Estado do Amapá
LI - Licença de Implantação É expedida com ao de Santa Catarina, em áreas costeiras,
base na projeto executivo final, autorizando o permanentemente alagado e que sofre a interferência
i n i c i o d a s i n sta l a ç õ e s d a at i v i d a d e , direta das marés. Protegido do impacto direto das
subordinando-a às condições contidas na ondas, oferece abrigo, área de reprodução e
emissão. crescimento e fornecedora de alimentos para diversas
espécies animais.
LO - Licença de Operação É expedida após a
conclusão das obras do projeto e com base em Maré - O fluxo e refluxo das águas do mar. Este
vistoria, teste de operação ou outros, movimento se caracteriza pela subida e descida das
autorizando seu funcionamento, subordinado à águas de forma alternada duas vezes por dia, em espaço
continuidade das condicionantes contidas na LP mais ou menos uniformes de seis horas. São chamados
de preamar (subida das águas) e baixa-mar ( descida ) e
e LI.
são decorrentes do efeito gravitacional da lua. A maior
As licenças ambientais são expedidas pelos Órgãos do maré é denominada de maré de equinócio ou de sizígia e
SISNAMA, observando os ditames da Resolução a menor maré de quadratura.
CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1999. Matéria Orgânica - Matéria de origem animal ou
Linha de captura - Conjunto de armadilhas dispostas vegetal, viva ou morta, encontrada sobre o solo ou
seqüencialmente e eqüidistantes, para a captura de imediatamente abaixo deste.
animais, com a finalidade de determinar a densidade de Medidas Mitigadoras - São as medidas adotadas para
indivíduos e a diversidade de espécies em determinada prevenir impactos negativos e/ou reduzir a sua
região. magnitude.
176 Cobertura Vegetal de Alagoas

Meio Ambiente - O somatório de todos os fatores milímetros da superfície. São divididos em epinêustons
físicos, químicos, biológicos e sócio-econômico que ( aqueles que vivem sobre a superfície ) e hiponêustons (
atuam sobre um indivíduo, uma população ou uma os que vivem por sob a superfície dos corpos d'água ).
comunidade. A soma de fatores externos e internos e
Nicho ecológico - Os muitos intervalos de variação das
influências que afetam a vida, o desenvolvimento e a
condições e qualidades de recursos nos quais o
própria sobrevivência de um indivíduo. A Constituição
indivíduo ou uma espécie convive, ou, espaço ocupado
Brasileira de 1988 no seu artigo 225 dita:
por um organismo no ecossistema, incluindo também o
“ Todos têm direito ao meio ambiente seu papel na comunidade e a sua posição em gradientes
ecologicamente equilibrado, bem comum do ambientais de temperatura, umidade, pH, solo e outras
povo e essencial à sadia qualidade de vida, condições de existência.
impondo-se ao Poder Público o dever de
Nictigamia - Fenômeno pelo qual as flores se abrem à
defendê-lo e à coletividade o de preservá-lo
noite, fechando-se durante o dia.
para as presentes e futuras gerações.”
Nível trófico - ou nível alimentar, é a posição ocupada
Microclima - Condição climática típicas em uma
por um organismo na cadeia alimentar. Os produtores
pequena área em contraposição às condições climáticas
ocupam o primeiro nível, os consumidores primários o
gerais da região.
segundo nível, os secundários o terceiro nível e assim
Migração - Movimento periódico de indivíduos entre por diante. Os decompositores podem atuar em
um local e outro, geralmente fugindo de situações qualquer nível trófico.
adversas ( aves ) ou com a finalidade de reprodução (
O
peixes ).
Oásis - Pequena região desértica que apresenta
Monitoramento - Coleta, para um determinado
cobertura vegetal devido ao afloramento pontual de
propósito, de medições ou observações sistemáticas e
água.
intercomparáveis, de qualquer variável ou atributo am-
biental, que forneça uma visão ou amostra ONG - Organização Não Governamental Organização
representativa do meio ambiente. civil sem fins lucrativos e que se dedica a uma
Montante - Ponto na direção da corrente, rio acima, em determinada causa.
relação a outro. Aquilo que se encontra voltado para a Onívoro - Animais de dieta não específica, alimentando-
nascente de um rio. se tanto de animais como de vegetais. Alimentam-se em
Mutação - Qualquer mudança genética em um mais de um nível trófico, ou, os consumidores de um
organismo vivo, seja pela alteração do DNA ou pela ecossistema podem participar de várias cadeias
alteração no número ou estrutura dos cromossomos. As alimentares e em diferentes níveis tróficos, caso em que
mutações são fixas proporcionando a evolução dos são denominados onívoros. O homem, por exemplo, ao
indivíduos mutantes. comer arroz, é consumidor primário; ao comer carne é
secundário; ao comer cação, que é um peixe carnívoro,
Mutualismo - Associação interespecífica harmônica em é um consumidor terciário.
que duas espécies envolvidas ajudam-se mutuamente.
Ovíparo - Animal que se reproduz por meio de ovo que é
N depositado extracorpóreo, em um ninho, no solo, na
Natalidade - Número de indivíduos nascidos em uma vegetação ou sobre outro animal.
coletividade por um determinado espaço de tempo. Ovovivíparo - Animal que se reproduz por meio da
Nativo - Qualidade daquele ou daquilo que é originário geração dos ovos dentro do próprio organismo, sem que
de um local específico. Espécies nativas, aquelas haja trocas entre o embrião e a mãe.
originárias de uma região ou país. Ozônio - Gás cuja molécula consiste de três átomos de
Nebulosidade - Concentração de gases, poeiras ou oxigênio ( O3 ). A sua presença em determinada camada
nuvens que dificultam a visibilidade em determinado da atmosfera ( camada de ozônio ), protege a biosfera da
local ou momento. radiação ultravioleta produzida pelo sol.

Nécton - Designação genérica dos organismos marinhos


que nadam por seus próprios meios P
Nêuston - Organismos aquáticos que vivem na camada Padrão - É o nível ou grau de qualidade mínima de um
superficial dos corpos d'água, nunca abaixo dos dez elemento, substância ou produto, que lhe é próprio ou
Cobertura Vegetal de Alagoas 177

produto, que lhe é próprio ou adequado a um Plâncton - Conjunto de microorganismos que flutuam
determinado uso. Em meio ambiente mede-se vários no meio aquático. Estes organismos podem ser animais (
padrões: balneabilidade, qualidade ambiental, zooplâncton ) ou vegetais (fitoplâncton ).
qualidade do ar, qualidade da água, potabilidade, Poluente - Qualquer substância sólida, líquida ou
efluentes, emissões, etc. gasosa, introduzida no meio ambiente ou em um
Pangéia - Segundo Wegener era um supercontinente ao recurso natural e que o torne impróprio para um
final da Era Paleozóica, e que incluía todas as terrestres determinado uso.
emersas. Poluição Ambiental - É a adição ou o lançamento de
qualquer substância ou forma de energia ( luz, calor,
Parâmetro - É um valor qualquer de uma variável
som ) ao meio ambiente que resultem em quantidades
independente referente a um elemento que confira grau
superiores às normalmente encontradas na natureza.
qualitativo ou quantitativo de determinada propriedade
de corpos físicos a se caracterizar. São utilizados como Predatismo - Relação ecológica que se estabelece entre
indicadores da situação de um corpo físico objeto de uma espécie denominada predadora e outra
estudo. denominada presa. Os predadores caracterizam-se pela
capacidade de capturar e destruir fisicamente as presas
Passivo Ambiental - Custo monetário calculado com para alimentar-se.
base em três itens e cobrada àquele que proporcionou
Preservação - Conjunto de medidas e ações que visam
agressão ao meio ambiente. Os itens levantados para o
proteger, contra a destruição e qualquer forma de dano
cálculo deste custo são: 1- Multas, dívidas, ações
ou degradação, um ecossistema, uma área geográfica
judiciais, taxas e impostos pagos devido à não
definida ou espécies animais e vegetais ameaçadas de
observação dos requisitos legais. 2- Custo da extinção, adotando-se medidas preventivas e de
implantação de procedimentos e tecnologias que fiscalização adequadas.
possibilitem o atendimento à adequação às
conformidade. 3- Custo das ações de recuperação das Q
áreas degradadas e idealizações às populações Qualidade Ambiental - É a mensuração de juízo de valor
atingidas. do estado da água, do solo e dos ecossistemas, em
relação aos efeitos da ação humana ou sobre estes.
Pedoclima - A determinação das condições de
temperatura e umidade do solo. Qualidade de Vida - É o conjunto de fatores objetivos
presentes em uma determinada área e que se referem
Pedreira - Jazida de onde se extraem pedras utilizadas às condições gerais da vida individual ou coletiva:
na contração civil. habitação, saúde, educação, cultura, lazer, alimentação,
Perene - Diz-se do ciclo de vida de longa duração. segurança, etc.
Designação de um curso d'água que contem água Queima Controlada - Processo previsto no Decreto nº
durante todo o ano. 2.661 de 08.07.98, que consiste no uso do fogo
Permeável - Propriedade de permitir a passagem ou controlado e como fator de produção e de manejo em
atividade agropecuárias ou florestais e para pesquisa
perpassagem dentre de sua massa. No solo diz-se da
em áreas de limites claramente definidos
facilidade de líquidos, gases ou raízes vegetais
antecipadamente.
penetrarem através de uma massa de solo.
Queimada - Incêndio proposital e criminoso de uma
Petróleo - Combustível líquido, produzido pela área de vegetação natural com a finalidade de
decomposição milenar de restos de animais e plantas, ampliação das fronteiras agrícolas. Esta prática,
de cor escura formado pela composição de carbono e proibida no Brasil pelo Código Florestal, é remota e
hidrogênio, derivando deste, diversos subprodutos. largamente empregada contribuindo para o
Ph - Potencial hidrogeniônico. A medida quantitativa de empobrecimento do solo e, segundo pesquisadores,
também para o efeito estufa.
acidez ou basicidade de uma solução líquida. Em uma
escala de 0 a 14, o número 7 representa a neutralidade, R
o valor zero a maior acidez e o 14 a maior alcalinidade.
Rarefação - Método de determinação da relação entre a
Pirosfera - Camada da geosfera, formadora do núcleo diversidade de espécies e o tamanho de uma
central da Terra, juntamente com a barisfera e composta amostragem.
de silício e magnésio em fusão. Raro - Escasso, aquilo que apresenta ocorrência muito
Piscicultura - Cultivo de peixes para diversas finalidades, baixa na comunidade. Espécie que é conhecida, sabe-se
dentre as quais o peixamento de rios, lagos e açudes e as de sua existência mas, não aparece em uma série de
atividades de ecoturismo ( pesque e pague ). amostragens.
178 Cobertura Vegetal de Alagoas

Ravina - Sulcos produzidos na superfície do solo de No EIA e deve esclarecer, a qualquer pessoas que a ele
encosta, devido ao trabalho erosivo de escoamentos de tenha acesso, em linguagem simples e clara, e deve
águas superficiais. Origina-se com um escoamento orientar sobre todos os elementos da proposta em
difuso chamado de erosão em lençol e com a estudo. Sua apresentação, juntamente com o EIA, é
continuação do processo, acaba se transformando em obrigatória conforme determina, no seu Artº 18 § 2º a
voçoroca. Lei Federal nº 6.938/81de 31 de agosto de 1981.

Reaproveitar - Dar novo uso a materiais já utilizados Resíduos Sólidos - Todo material inútil, indesejado ou
reciclar. descartado, gerado pelo ser humano em suas atividades
naturais, comerciais ou industriais e que devem ser
Recife - Formação litorânea junto à costa e formado por dispostos de forma correta para evitar a poluição do
arenitos, rochas ou colônias de corais. Os recifes ou meio ambiente.
arrecifes de corais são característicos dos mares
Restinga - Acumulação arenosa litorânea, paralela a
tropicais ou semitropicais.
linha de costa, de forma geralmente alongada,
Recomposição - Recuperação natural de um decorrente da deposição de sedimentos trazidos pelas
determinado ambiente, sem a interferência humana. marés, e associada a vegetação típica, conhecida
genericamente como vegetação de restinga e protegida
Recrutamento - Inclusão de novos indivíduos em uma por Lei Federal.
população, por meio do aumento da natalidade ou da
migração. O número de indivíduos incorporados a uma Risco - Percentual ou freqüência esperada para a
comunidade em um determinado espaço de tempo. ocorrência de um evento indesejado e que seja
ocasionador de danos. Risco ambiental aquele que pode
Recursos - Os elementos naturais bióticos e abióticos de ocasionar danos aos seres humanos. Risco ecológico é o
que dispõe o homem para satisfazer suas necessidades que pode acometer a fauna e a flora.
econômicas, sociais e culturais. Podem ser renováveis,
RPPN - Ver Unidades de Conservação.
como as florestas e os meios de produção e não
renováveis, como as jazidas minerais. S
Reduto - Uma área, região, microambiente ou micro- Saco - Pequena baia no litoral, caracterizada por
ecossistema que conseguiu suportar as agressões apresentar uma boca de barra muito estreita e a área
antrópicas ocorridas em seu entorno. interna muito larga.

Reflorestamento - Ato de recompor a cobertura vegetal Salinidade - É a medida de concentração de sais


de uma determinada área que tenha sido degradada dissolvidos na água. Normalmente diz-se do nível de
pela ação do homem ou da natureza. O reflorestamento cloreto de sódio, entretanto, há que se considerar todos
pode ser com o objetivo de recompor um ecossistema, os sais encontrados na água e é medida em número de
usando-se para tanto árvores nativas, observando-se as partes por mil ( 0/00 ). O nível de salinidade da água do
0
carac-terísticas ecológica da área ou com fins comerciais mar gira em torno de 35 /00.
e/ou sociais usando-se espécies exóticas de Sambaqui - São sítios arqueológicos composto pelo
crescimento rápido e adequadas ao uso múltiplo. acúmulo de conchas de moluscos marinhos, fluviais ou
terrestres, feitos pelos índios durante as cerimônias de
Refúgio - Local para onde migram as espécies que não
sepultamento de seus mortos, sempre acompanhada
mais suportam sobreviver em uma área original, após
de objetos líticos e de cerâmica. Estes sítios são
esta sofrer mudanças ambientais graves, em busca de
protegidos por legislação e apresentam grande
proteção e alimentos.
interesse científicos.
Reino - Cada divisão de tudo que é formador da terra. Saneamento Ambiental - Conjunto de ações e medidas
São seis esta divisão: Mineral, Animal, Vegetal, Fungos, visando a melhoria da qualidade de vida de uma
Protistas e Moneras. população, observando-se os princípios de proteção do
Rejeito - Tudo aquilo que sobra de determinada ecossistema e dos recursos naturais.
atividade humana e que não apresenta utilidade Saturação - É a qualidade de uma área em função do
imediata. O rejeito pode se apresentar na forma sólida, teor de poluente específico, existente ou previsto no
líquida ou de aerossol, podendo ser reciclável ou horizonte do planejamento, se comparado com o limite
reaproveitado em determinadas situações. padrão da área, e compatível com o uso da mesma.
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA - É o documento Sedimento - Material inorgânico carreado por chuvas e/ou
.que apresenta os resultados dos estudos técnicos contidos pelos rios e que vão se depositar em algum ponto a jusante
Cobertura Vegetal de Alagoas 179

da origem. Quando o volume de sedimento depositado possibilitando sua infiltração sem contaminação direta
é muito elevado, poderá haver a formação de ilhas dos corpos d'água.
sedimentares.
Sustentabilidade - Aquele ou aquilo que tem a
Seleção Natural - Processo pelo qual os indivíduos de capacidade de se manter no seu estágio atual por um
uma comunidade ou espécie tendem a melhor se tempo indefinido e duradouro.
adaptar às adversidades do meio garantindo assim,
maiores chances de sobrevida e reprodução, T
transmitindo estas características às gerações futuras. Tabela de Vida - Demonstrativo, por idade, da
Seres consumidores - Seres como os animais, que sobrevivência e fecundidade dos indivíduos de uma
precisam do alimento armazenado nos seres determinada população.
produtores. Tábua de Marés - Tabela demonstrativa das variações de
Seres decompositores - Seres consumidores que se marés (preamar e baixaram) emitida anualmente pela
alimentam de detritos dos organismos mortos. marinha e que serve de orientação para a navegação e a
pesca. A Tábua de Marés contém as alturas e horários
Seres produtores - Seres que, como as plantas, possuem atingidos pelas marés no litoral brasileiro.
a capacidade de fabricar alimento usando a energia da
luz solar. Talude - Superfície inclinada na base de uma encosta de
vale ou de um morro, no qual detritos são depositados.
Senescência - O mesmo que envelhecimento. A
degeneração progressiva dos órgãos, com o avanço da Talvegue - O ponto mais profundo da calha de um rio ou
idade, aumentando a probabilidade da morte. de um vale, resultante do encontro das vertentes de
declives convergentes.
Sensoriamento Remoto - Processo de
acompanhamento, coleta e análise de dados de Teia Alimentar - Todos os elos alimentares contidos em
determinada área, sobre a superfície ou abaixo desta, um determinado habitat, representados pela direção
por meio do tratamento de imagens de fotografia em que estes fluem de consumidor a consumidor. O
aéreas, radares ou satélite. mesmo que cadeia alimentar.
Simbiose - Associação interespecífica harmônica, com Teoria da Evolução - Teoria criada por Charles Darwin
benefícios mútuos e interdependência metabólica. segundo a qual as espécies evoluem segundo um
processo denominado de seleção natural, na qual os
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente Criado
pela Lei federal nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política mais forte têm maior oportunidade de se reproduzir e
Nacional do Meio Ambiente, é constituído pelos Órgãos consequentemente de transmitir sua carga genética às
e entidades da União, Estados, Distrito Federal, dos gerações seguintes. Está teoria está em contraposição à
Territórios e dos Municípios, que estejam envolvidos teoria da Igreja.
com o uso dos recursos ambientais ou que sejam Território - Espaço mínimo necessário para garantir a
responsáveis pela proteção ou melhoria da qualidade sobrevivência de um animal ou uma planta. No caso dos
ambiental. Seu Órgão superior é o Conselho Nacional do animais esta área é demarcada de diversos modos e
Meio Ambiente CONAMA, que tem a função de defendida contra o ingresso de invasores. Para as
assessorar o Presidente da República. plantas o território é o espaço ocupado pala raízes,
Solo - Material superficial que recobre as rochas e no embaixo da terra e pelo tronco e a copa na superfície.
qual se desenvolve a biota, mantendo a vida animal e Tolerância - É a capacidade de um sistema ambiental
vegetal sobre a Terra. absorver determinados impactos de duração e
Submerso - Qualidade daquele que vive ou está intensidade tais, que não afetem irreversivelmente a sua
inteiramente abaixo da superfície da água. qualidade e estabilidade, tornando-o impróprio aos
usos a que se destinam. A indiferença do
Sucessão ecológica - Sequência de comunidades que se
comportamento de uma espécie em relação à presença
substituem, de forma gradativa, num determinado
de outra no mesmo espaço físico ocupado.
ambiente, até o surgimento de uma comunidade final,
estável denominada comunidade-clímax. Topofilia - Elo efetivo entre a pessoa e o lugar ou
ambiente físico. É a capacidade de percepção, atitudes e
Sumidouro - O local por onde a água penetra no solo e
valores para com o meio ambiente.
passa a correr de forma subterrânea, reaparecendo
posteriormente a jusante deste ponto. Poço absorvente Transpiração - Perda de líquido do organismo com a
anexo à fossa séptica que recebe seus efluentes líquidos, finalidade de equilibrar a temperatura externa com a
180 Cobertura Vegetal de Alagoas

Finalidade de equilibrar a temperatura externa com a É proibida a visitação pública, exceto quando um
temperatura corpórea. objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o
Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico.
Tratamento - É o processo artificial de depuração e
remoção de efluentes e/ou impurezas, de modo a tornar A pesquisa científica depende de autorização prévia do
o meio próprio para o consumo humano ou adequado órgão responsável pela administração da unidade e está
para a disposição final. sujeita às condições e restrições por este estabelecidas,
bem como aquelas previstas em regulamento.
Tropismo - Capacidade de se desenvolver ou se deslocar
em direção a uma determinada fonte de estímulo ( Monumento Natural - tem como objetivo básico
tropismo positivo ) ou em direção contrária ao estímulo preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande
( tropismo negativo ). beleza cênica. O Monumento Natural pode ser
constituídos por áreas particulares desde que seja
U possível compatibilizar os objetivos da unidade com a
utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos
Unidades de Conservação - Espaço territorial e seus
proprietários.
recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente A visitação pública está sujeita às normas e restrições
instituído pelo Poder Público com objetivos de estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às
conservação e limites definidos, sob regime especial de normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração ao qual se aplicam garantias adequadas administração, e aquelas previstas em regulamento.
de proteção. Parque Nacional - Tem como objetivo básico a
A criação de uma unidade de conservação deve ser preservação de ecossistemas naturais de grande
precedida de estudos técnicos e de consulta pública que relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a
permitam identificar a localização, a dimensão e os realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento
limites mais adequados para a unidade, conforme se de atividades de educação e interpretação ambiental,
dispuser em regulamento. No processo de consulta o na recreação em contato com a natureza e de turismo
Poder Público é obrigado a fornecer informações ecológico.
adequadas e inteligíveis á população local e a outras O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo
partes interessadas. Na criação de Estação Ecológica ou que as áreas particulares incluídas em seus limites serão
Reserva Biológica não é obrigatória a consulta. desapropriadas, de acordo com o que dispuser a
legislação vigente.
As unidades de conservação são a áreas de interesse
preservacionista ou de relevância cultural, criadas pelos A visitação pública está sujeita às normas e restrições
Poderes Públicos Federal. Estaduais e /ou Municipais As estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às
unidades de conservação dividem-se em dois grupos, normas estabelecidas pelo órgão responsável por
com características específicas: sua administração, e aquelas previstas em
regulamento.
Unidade de Proteção Integral - Cujo objetivo básico é
preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso A pesquisa científica depende da autorização prévia do
indireto dos seus recursos naturais. Este Grupo é órgão responsável pela administração da unidade e está
composto das seguintes categorias: sujeita às condições e restrições por este estabelecidas,
bem como aquelas previstas em regulamento.
A - Estação Ecológica;
Refugio de Vida Silvestre - tem com objetivo proteger
B - Monumento Natural; ambientes naturais onde se asseguram condições para a
existência ou reprodução de espécies ou comunidades
C - Parque Nacional;
da flora local e da fauna residente ou migratória.
D - Refúgio de Vida Silvestre
Pode ser constituídos por áreas particulares desde que
E - Reserva Biológica; seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com
a utilização da terra e dos recursos naturais do local
pelos proprietários.
Estação Ecológica - Tem como objetivo a preservação da Reserva Biológica - tem como objetivo a preservação
natureza e a realização de pesquisas científicas. A integral da biota e demais atributos naturais existentes
Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo em seus limites, sem interferência humana direta ou
que as áreas particulares incluídas em seus limites serão modificações ambientais, executando-se as medidas de
desapro-priadas, de acordo com o que dispõe a lei. recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de
Cobertura Vegetal de Alagoas 181

manejo necessárias para recuperar e preservar o básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais
equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para a
ecológicos naturais. A Reserva Biológica é de posse e exploração sustentável de floresta nativas. A Floresta
domínio público, sendo que as áreas particulares Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as
incluídas em seus limites serão desapropriadas, de áreas particulares incluídas em seus limites serão
acordo com o que dispuser a lei. desapro-priadas, de acordo com o que dispuser a
É proibida a visitação pública, exceto quando um legislação.
objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Nas Floresta Nacionais é admitida a permanência de
Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico populações tradicionais que a habitam quando de sua
e a pesquisa científica depende de autorização prévia do criação, em conformidade com o disposto em
órgão responsável pela administração da unidade. regulamento e no Plano de Manejo da unidade.
2. Unidade de Uso Sustentável cujo objetivo básico é A visitação pública e a pesquisa é permitida
compatibilizar a conservação da natureza com o uso condicionada às normas estabelecidas para o manejo da
sustentável de parcela de seus recursos naturais. Este unidade pelo órgão responsável por sua administração .
Grupo de unidades é composto das seguintes
categorias: A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo,
presidido pelo órgão responsável por sua administração
A - Área de Proteção Ambiental;
e constituído por representantes de órgão públicos, de
B - Área de Relevante Interesse organizações da sociedade civil e, quando for o caso das
Ecológico; populações tradicionais residentes.
C - Floresta Nacional; Reserva de Desenvolvimento Sustentável - é uma área
natural que abriga populações tradicionais cuja
D - Reserva de Desenvolvimento
Sustentável; existência baseia-se em sistemas sustentáveis de
exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao
E - Reserva Extrativista; longo de gerações e adaptados às condições ecológicas
F - Reserva de Fauna locais e que desempenham um papel fundamental na
proteção da natureza e na manutenção da diversidade
G - Reserva Particular do Patrimônio biológica.
Natural.
Tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao
Área de Proteção Ambiental - é uma área em geral mesmo tempo, assegurar as condições e os meios
extensa, constituídas por terras públicas ou privadas necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e
com certo grau de ocupação humana, dotadas de da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais das populações tradicionais, bem como valorizar,
especialmente importantes para a qualidade de vida e o conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de
bem das populações humanas, e tem como objetivos manejo do ambiente, desenvolvido por estas
básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o
populações .
processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do
uso dos recursos naturais. As atividades Desenvolvidas na Reserva de Desen-
volvimento Sustentável obedecerá as seguintes
A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho
condições:
presidido pelo órgão responsável por sua administração
e constituído por representantes dos órgão públicos, de I - é permitido e incentivada a visitação pública, desde
organizações da sociedade civil e da população que compatível com os interesses locais e de acordo
residente. com o disposto no Plano de Manejo da área;
Área de Relevante Interesse Ecológico - é uma área em II - é permitido e incentivada a pesquisa científica
geral de pequena extensão, com pouco ou nenhuma voltada á conservação da natureza, á melhor relação das
ocupação humana, com características naturais populações residentes com seu meio e á educação
extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota ambiental, sujeitando-se á prévia autorização do órgão
regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas responsável pela administração da unidade, às
naturais de importância regional ou local e regular o uso condições e restrições por este estabelecidas e às
admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo normas previstas em regulamento;
com os objetivos de conservação da natureza e é
constituídas por terras públicas ou privadas. III - deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico
entre o tamanho da população e a conservação;
Floresta Nacional - é uma área com cobertura florestal de
espécies predominantemente nativas e tem como objetivo IV - é admitida a exploração de componentes dos
182 Cobertura Vegetal de Alagoas

Ecossistemas naturais em regime de manejo sustentável proibido o exercício da caça amadorística ou


e a substituição da cobertura vegetal por espécie profissional.
cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às
Reserva Particular do Patrimônio Natural - é uma área
limitações legais e ao Plano Manejo da área;
privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de
O Plano Manejo da Reserva de Desenvolvimento conservar a diversidade biológica. O gravante de que
Sustentável definirá as zonas de proteção integral, de trata este artigo constará de termo de compromisso
uso sustentável e de amortecimento e corredores assinado perante o órgão ambiental, que verificará a
ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo existência de interesse público, e será averbado á
da unidade . margem da inscrição no Registro de Imóveis.
Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do
Reserva Extrativista - é uma área utilizadas por Patrimônio Natural, conforme se dispuser em
populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência regulamento:
baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na I - a pesquisa científica;
agricultura de subsistência e na criação de animais de
pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e
os meios de vida e a cultura dessas populações, e educacionais;
assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e
unidade. oportuno, prestarão orientação técnica e científica ao
A Reserva extrativista é de domínio público, com uso proprietário de Reserva Particular do Patrimônio
concedido as populações extrativistas tradicionais Natural para a elaboração de um Plano Manejo ou de
conforme o disposto no Art. 23 desta lei e em Proteção e de Gestão da unidade.
regulamento especifica sendo que as área particulares Usina de Compostagem - Local onde a fração orgânica
incluídas em seu limite devem ser desapropriadas, de
do lixo sofre o processo de compostagem
acordo com o que dispõe a lei.
Usina de Lixo Local onde se processa os resíduos
A Reserva extrativista será gerida por um Conselho
sólidos.
Deliberativo presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes dos Usina de Reciclagem - Unidade onde o lixo previamente
órgão públicos, de organizações da sociedade civil e da separado sofre determinado processo, transformando-
populações tradicionais residentes na área, conforme se em um novo produto utilizável.
dispuser em regulamento e no ato de criação da
Usina de Triagem - Local onde se processa a separação
unidade.
dos diversos componentes do lixo após seu transporte,
A visitação pública é permitida e a pesquisa incentivada, visando o aproveitamento deste.
desde que compatível com os interesses locais e de
acordo com o disposto no Plano Manejo da área. Nestas Vale - Depressão alongada, que pode se estender por
Reservas são proibidas a exploração de recursos vários quilômetros, formado por talvegues e duas
minerais e a caça amadorística ou profissional. A vertentes em um sistema de declividade negativa
exploração comercial de recursos madeireiros só será convergente.
admitida em bases sustentáveis e em situações Variável Ambiental - Um determinado atributo do
especiais e complementares às demais atividades ambiente que tem influência relevante para o meio que
desenvolvidas na Reserva Extrativista, Conforme se está estudando.
Disposto em regulamento e no Plano de Manejo da
unidade. Várzea - Terreno baixo, geralmente plano, às margens
ou próximos de rios e que sofre periódicas enchentes.
Reserva de Fauna - é uma área natural com populações As várzeas são consideradas geomorfologicamente
animais de espécies nativas, terrestre ou aquáticas, como componente do leito dos rios.
residentes ou migratórias adequadas para estudos
técnico-científicos sobre o manejo econômico Vazadouro - Sítio ou terreno onde se despeja detritos ou
sustentável de recursos faunísticos . resíduos sólidos, sem a adoção de qualquer medida de
proteção do meio ambiente. O mesmo que lixão.
A Reserva da fauna é posse de domínio públicos, sendo
que as áreas particulares incluídas em seus limites serão Vegetação - Floresta ou qualquer outro tipo de formação
desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. A florística com espécies predominantemente autóctones
visitação pública pode ser permitida desde que compatível em clímax ou em processo de sucessão ecológica natural. A
com o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua vegetação poderá ser primária, quando apresenta grande
administração, sendo, entretanto, terminantemente diversidade biológica e pouca ou nenhuma ação antrópica
Cobertura Vegetal de Alagoas 183

ou poderá ser secundária quando apresentar um


processo natural de sucessão, após a supressão total ou
parcial por ação antrópica ou por causas naturais.
Vetor - Meio biótico ou não que conduz um agente de
um organismo para outro ou dentre sistemas. Aquilo
que é potencialmente portador de um agente
patogênico de um ser vivo para outro da mesma espécie
ou entre espécies diferentes.
Viviparidade - Capacidade dos animais que geram seus
descendentes dentro do organismo materno, na bolsa
placentária e com eles estabelecem trocas por meio do
cordão umbilical. Certos vegetais cujas sementes
iniciam o processo de germinação antes destas se
desprenderem da árvore
Voçoroca - Erosão provocada pelo escoamento d'água
em declividades. A voçoroca é o estágio adiantado da
ravina. Pode se formar também, pelo desmoronamento
do teto de dutos subsuperficiais, devido ao colapso
destes Boçoroca ou voçoroca.
Vulcão - Abertura natural na rocha, geralmente no cume
de elevações, por onde são expelidos lava, cinzas e gases
que se encontram sob a litosfera, para a atmosfera
X
Xerófico - Característica de certos organismos de
sobreviverem em locais carentes de água.
Xerófita - Planta que possui estrutura própria para
resistir à carência de água e que por isto mesmo
sobrevive nestes ambientes.
Z
Zona - Cada uma das cinco grandes regiões da superfície
terrestre, continentes, delimitadas pelos trópicos e
pelos círculos polares.
Zoneamento - É a integração sistemática e
interdisciplinar da análise ambiental ao planejamento
dos usos do solo, com o objetivo de definir a melhor
gestão dos recursos ambientais identificados.
Zooplâncton - A parte animal do Plâncton. Animais
microscópicos com pouca ou nenhuma motilidade que
vivem no meio líquido e são arrastados pelas correntes.
ANEXOS I
ANEXOS II
VEGETAÇÃO
FOTOS DE IREMAR ACCIOLY BAYMA
Barra de São Miguel
Foto: Iremar Bayma

Capoeiras - Barra de Santo Antônio


Foto: Iremar Bayma
Cerrado - Japaratinga
Foto: Iremar Bayma

Cerrado - Pratagy
Foto: Iremar Bayma
Cerrado - Japaratinga
Foto: Iremar Bayma

Marrecas - Maragogi
Foto: Iremar Bayma
Ibateguara
Foto: Iremar Bayma

Ibateguara
Foto: Iremar Bayma

Remanescente - Jundiá
Foto: Iremar Bayma
Cerrado - Japaratinga
Foto: Iremar Bayma

Mata Atlântica
Foto: Iremar Bayma
Passo do Camaragibe
Foto: Iremar Bayma

Remanescentes - Rio Largo


Foto: Iremar Bayma
Remanescentes - Coruripe
Foto: Iremar Bayma

Remanescentes - Maceió
Foto: Iremar Bayma
Remanescentes - Maceió
Foto: Iremar Bayma

Remanescentes - Maragogi
Foto: Iremar Bayma
Remanescentes - Murici
Foto: Iremar Bayma

Remanescentes - Santa Luzia do Norte


Foto: Iremar Bayma
Remanescentes - São Miguel dos Campos
Foto: Iremar Bayma

Restinga - Barra de São Miguel


Foto: Iremar Bayma
Vale do rio Camaragibe - Passo do Camaragibe
Foto: Iremar Bayma

Vale do rio Meirim - Cerrado - Maceió


Foto: Iremar Bayma
Várzea do Maceiozinho - Barra de São Miguel
Foto: Iremar Bayma

Várzeas e Mata Atlântica - Barra de Santo Antônio


Foto: Iremar Bayma
Vegetação de praia - Poxim - Coruripe
Foto: Iremar Bayma
FAUNA
FOTOS DO ACERVO DO
INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E WEB
Capivaras

Anas Bahamensis

Aetobatus Narinari Alpheus Armilatus

Anchovia Clupeoides

Amazonetta Brasiliensis

Anchoviella Lepidentostole

Amazonetta Brasiliensis Alpheus Heterochaelis American Avocet


Anthozoa Xanthopleura
Aramus Guarauna

Aramides Cajanea

Aramides Mangle Aramus Guarauna

Fluvicola Nengeta Falco Sparverius


Feliz Yagouaroundi Falco Sparverius

Eupetomena Macroura

Eupetomena Macroura

Eupetomena Macroura

Eurytium Limosum

Elops Saurus
Egreta Caerulea

Egretta Alba

Egretta Alba Elaenia Flavogaster Egreta Thula

Elanus Leucurus Elanus Leucurus

Elanus Leucurus Elaenia Flavogaster


Tamanduá Tetradactyla

Dendrocygna Viduata

Euphracts Sexcintus

Didelphis Albiventris Diapterus Rhombeus

Egreta Alba Egreta Caerulea


Clibanarius Sclopetarius Clibanarius Vittatus

Cynoscion Leiarchus

Dendrocygna Viduata

Coereba Flaveola

Columbina Talpacoti

Columbina Picui

Crotophaga Ani
Chloroceryle Amazona

Cychlarrhis Gujanensis

Chloroceryle Americana

Dacnis Cayana

Charadrius Semipalmatus

Cynoscion Acoupa

Citharichthys Spilopterus Dacnis Cayana


Cetengraulis Edentulus

Charadrius Collaris

Charadrius Collaris

Chthamalus Proteus

Charadrius Semipalmatus

Charadrius Semipalmatus Cychlarhis Gujanensis


Cardisoma Guanhumi Cavia Aperea

Centropomus Parallelus Centropomus Pectinatus

Cerdocyon Thous

Centropomus Undecimalis

Ceryle Torquata Centropomus Undecimalis


Cardisoma Guanhumi Caranx Hippos

Callinectes Exasperatus Calinectes Bocourti

Caprella

Bairdiella Ronchus
Caranxl Atus
Bagre Bagre

Arius Sp.

Bagre Marinus

Arundnicola Leucocephala Atobá


Arundnicola Leucocephala

Aratus Pisonis Zonotrichia Capensis Ariranha

Arenaria Interpres
Oligoplites saurus

Opisthonema oglinum

Panopeus lacustris
Pachygrapsus gracilis

Pachygrapsus transversus

palaemon

Pomacea sp. Polydora sp. Polydactylus virginicus

potimirim potimirim
potimirim potimirim
ProgneChalybea

sula dctylatra

Rupornis magnirostris

Rallus longirostris

Rosthramus sociabilis Rupornis magnirostris


pteronura brasiliensis Sphoeroides testudineus

Panopeus occidentalis

Sphaeroma terebrans

Sphyrna sp

pandion-haliaetus

Sphoeroides testudineus

Strongylura marina

Phalacrocorax olivaceus

Stellifer rastrifer Pitangus lictor Pitangus lictor


Pitangus sulphuratus

PitangusSulfuratus

Polyborus plancus

Rallus longirostris

Porphyrula martinica

procyon cacrivorus porzana albicolis


Thraupis Sayaca Thraupis Palmarum

Tangara Cayana Thalassophryne Nattereri

Tamanduá Tetradactyla Synbranchus Marmoratus

Tachycineta Albiventer Synidotea Sp. Thraupis Sayaca

Tachybaptus Dominicus Tachybaptus Dominicus


Tyrannus Melancholicus

Tivela Mactroides

Troglodytes Aedon Vireo Olivaceus

Trichechus Manatus Troglodites Aedon

Troglodytes Aedon Todirostrum Cinereum Todirostrum Cinereum

Tigrisoma Lineatum Tigrisoma Lineatum Uca Leptodactyla


Vireo Olivaceus Vanellus Chilensis

Ucides Cordatus

Vanellus Chilensis

Uca Vocator Uca Mordax

Uca Rapax

Uca Thayeri
Bairdiella ronchus

Gymnothorax funebris

Balanus amphitrite

Gymnothorax funebris

Bathygobius soporator Hippocampus-reidi

balanus improvisus

Hexapanopeus angustifrons Bathygobius sorporator

Gerres cinereus

Bankia Goniopsis cruentata


caranxl atus

Buteo albicaudatus

Botaurus pinnatus

columbina picui

Furnarius figulus Butorides striatus


Butorides striatus

Guira guira

Gallinula chloropus

Hippocampus reidi Hippocampus reidi


Holochilus Sciureus Hydrozoa

Ixobrychus Exilis Ixobrychus Involucris

Hyporhamphus Roberti

Megalops atlanticus
Lagocephalus laevigatus

Ixobrychus Exilis

Lembos Sp. Ixobrychus Involucris Draw


Jacana Jacana

Jaguarundi

Lepidophthalmus Siriboia Gravura

Lutjanus Chrysurus Laterallus Melanophaius


Lutjanus Chrysurus

Megalops Atlanticus

Lutra Longicaudis

Litorina Angulifera Lutjanus Jocu


Melamphus coffeus

Merguia Rhizophorae Macrobrachium Acanthurus Marmosa Murina

Lutjanus Analis
Milvago Chimachima
Molothrus Bonariensis

Mugil Brasiliensis Milvago Chimachima

Micropongonias Furnieri

Mytella Charruana

Mugil Curema

Myiozetetes Cayanensis Myiarchus

Mugil Brasiliensis

Mus Musculus Nereis Zonata Neritina Zebra Neritina Virginea


Nebrius Sp. Nemosia Pileata

Nycticorax Nycticorax

Nycticorax Nycticorax

Vireo Olivaceus

Symphurus Plagiusa Vanellus Chilensis

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